Abril - Gazeta Valeparaibana

Transcrição

Abril - Gazeta Valeparaibana
Edição nº. 29
Todos pela educação
ABRIL 2010
Vale do Paraíba Paulista - Região Serrana da Mantiqueira - Litoral Note Paulista - Região Bragantina - Região Alto do Tietê
Cidadania
e
Meio
Ambiente
Formiguinhas do Vale
Amazônia Brasileira
Uma questão de Segurança Nacional | Páginas 3 e 7
www.fomiguinhasdovale.org
A Associação
tem como principal motivação as mudanças comportamentais da sociedade, que o momento exige, no
que tange a preservação ambiental, sustentabilidade e paz social, reflorestamento, incentivo á agricultura orgânica, hortas comunitárias e familiares, preservação dos ecossistemas, reciclagem e compostagem do lixo
doméstico além, de incentivar a preservação e o conhecimento de nossas culturas e
tradições populares. Formalizado através do
Projeto Social ‘EDUCAR - Uma Janela para o
Mundo’, multiplicado e divulgado através
deste veículo de interação.
Depressão - A Doença do Século | Página 5
RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site
Os tropeiros e o desenvolvimento
do Brasil | Página 6
A Mineração no Brasil | Página 9
O “Ciclo do Café” |
Páginas 10
Projetos integrados:
·
Projeto
“Inicialização Musical”
Este projeto tem por finalidade levar o
conhecimento musical, a crianças e adultos
com o fim de formar grupos multiplicadores,
sempre incentivando a musica de raiz de
cada região, ao mesmo tempo em que se
evidenciam as culturas e tradições populares de cada região. Inicialmente iremos formar turmas que terão a finalidade de multiplicação do conhecimento adquirido, no projeto, em cada Escola e em suas respectivas
comunidades.
e 11
JONGO - Patrimônio Imaterial | Página 12
A Roça de Tereza | Páginas 13 e 14
Projeto
“Viveiro Escola Planta Brasil”
·
O Mundo Lusófono | Página 15
Este projeto visa a implantação de um
Viveiro Escola, especializado em árvores
nativas das Matas Atlântica e Ciliares. Nele
nossas crianças irão aprender sobre os ecossistemas estudados, árvores nativas,
técnicas de plantio e cuidados; técnicas de
compostagem e reciclagem de lixo doméstico, etc. Tudo isto, integrando-se o teórico á
prática, através de demonstrações de como
plantar e cuidar, incentivando e destacando
também, a importância da agricultura orgânica, hortas comunitárias e familiares. Serão
formadas turmas que terão a finalidade de
se tornarem multiplicadoras do conhecimento adquirido em cada comunidade.
Feliz Páscoa
·
Ayrton Senna 16 anos
de saudade... Ultima Página
“O planeta é um capital colocado à nossa
disposição; ou o administramos investindo e
recebendo os frutos
plantados ou gastaremos o capital e, o que
nos resta é a falência”.
·
Filipe de Sousa
Este veículo. transcende a sala de aula como proposta para reflexão, discussão, interação e aprendizagem
bre temas dos projetos desenvolvidos pela OSCIP“Formiguinhas do Vale”,organização sem fins
lucrativos e, com ênfase em assuntos inerentes à sustentabilidade social e ambiental.
Filipe de Sousa
Projeto “Arte&Sobra”
Neste Projeto Social iremos evidenciar
a necessidade da reciclagem, com a finalidade de preservação dos espaços urbanos
e, como fator de geração de renda. Também
serão formadas turmas multiplicadoras de
conhecimento, que terão como função a formação de cooperativas ou grupos preservacionistas em suas comunidades.
so-
Projeto “SaciArte”
Este projeto é um formador de grupos
musicais onde as culturas regionais e a música de raiz sejam o seu tema. Primeiramente será formado um grupo composto por crianças, adolescentes e adultos com responsabilidade de participação voluntária, no
grupo da comunidade da Região Cajuru na
Zona Leste de São José dos Campos.
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Abril 2010
Gazeta Valeparaibana
Crônica do mês
Caminho marcado
A Arte de Cultivar
Virtudes
agredindo mutuamente, ela aprenderá essas lições.
Assim, se temos a intenção de passar nobres ensinamentos a alguém,
se faz necessário que prestemos
muita atenção ao nosso modo de
vida, às nossas ações diárias.
Como todo bom jardineiro, os educadores devem ser bons cultivadores de virtudes e valores.
Devem observar com cuidado as
tendências dos filhos e procurar
semear na alma infantil as sementes das quais surgem as virtudes,
ao tempo em que as preservam das
ervas daninhas, das pragas, da seca
e das enchentes. Sem esquecer o
adubo do amor.
A alma da criança que cresce sem
esses cuidados básicos por parte
dos adultos, geralmente se torna
campo tomado pelas ervas más dos
vícios de toda ordem.
E, de todas as ervas más, as mais
perigosas são o orgulho e o egoísmo, pois são as que dão origem às
demais.
Por isso a importância dos cuidados desde cedo. E para se ter êxito
nessa missão de jardineiro de almas, é preciso atenção, dedicação,
persistência, determinação.
O campo espiritual exige sempre o
empenho do amor do jardineiro
para que possa produzir bons resultados.
E o empenho do amor muitas vezes exige alta dose de renúncia e de
coragem. Coragem de renunciar
aos próprios vícios para dar exemplos dignos de serem seguidos.
Os jardins da alma infantil são
férteis e receptivos aos ensinamentos que percebem nas ações dos
adultos.
Por essa razão vale a pena dedicar
tempo no cultivo das virtudes, antes que as sementes de ervas daninhas sejam ali jogadas, nasçam e
abafem a boa semente.
Para que você seja um bom cultivador de almas, é preciso que tenha em sua sementeira interior as
mudinhas das virtudes.
Somente quem possui pode oferecer. Somente quem planta, pode
colher.
Um avô e seu neto, caminhando
pelo quintal, ora se agachando aqui, ora ali, em animada conversação, não é cena muito comum nos
dias atuais.
O garoto, de 4 anos de idade, aprendia a cultivar e a cuidar das
plantas com o exemplo do seu avô,
que tinha tempo para o netinho
sempre que este o visitava.
Era por isso que o pequeno Nícolas acariciava as mudinhas que
havia plantado e dizia: "quem
planta colhe, né vovô?"
Mas o avô não é habilidoso apenas
no cultivo de plantas, é hábil também na arte de cultivar virtudes.
Entre uma conversa e outra, entre
a carícia numa flor e uma erva daninha que arrancava, ele ia cultivando virtudes naquele coração
infantil.
Ia ensinando que para obter frutos
saborosos e flores perfumadas é
preciso cuidado, dedicação, atenção e conhecimento.
E que, acima de tudo, é preciso
semear, pois sem semeadura não
há colheita.
O cuidado do pequeno Nícolas
pelas plantas era fruto do ensinamento que recebeu desde pequenino, pois nem sempre foi assim.
Quando começou a engatinhar,
suas mãozinhas eram ligeiras em
arrancar tudo o que via pela frente, como qualquer bebê que quer
conhecer o mundo pela raiz...
E, se não tivesse por perto alguém
que lhe ensinasse a respeitar a natureza, talvez até hoje seu comportamento fosse o mesmo, como muitas crianças da sua idade ou até
maiores.
Importante observar que as melhores e mais sólidas lições as crianças aprendem no dia-a-dia, com
os exemplos que observam nos adultos.
É mais pela observação dos atos,
do que pelos conselhos, que os pequenos vão formando seus caracteres.
Se a criança cresce em meio ao
desleixo, ao descuido, às mentiras, Pense nisso, e seja um cultivador
ao desrespeito, vendo os adultos se de virtudes.
Rir faz bem
O marido pergunta
à esposa:
- O que você faria se eu
ganhasse na loteria???
Ela diz:
- Eu pegaria a minha metade e deixaria você,
seu besta...
- Excelente, responde ele. Ganhei 12 reais,
pega aqui seus 6 e some!!!
www.formiguinhasdovale.org
Página 02
Emmanuel
Segue pelo caminho
Que Jesus te marcou...
Perdão, silêncio e paz
Com serviço constante.
Amigos terás muitos,
Mas,companheiros, raros.
Viverás cada dia
de solidão e amor.
Depois, terás a cruz
Por salário do Bem.
Mas, na cruz ouvirás
A mensagem de Deus...
(Do livro “Hora Certa", Emmanuel, Francisco Cândido Xavier, edição GEEM)
SUGESTÕES DO CAMI NH O
André Luiz
Lamentar-se por quê?... Aprender sempre, sim.
Cada criatura colherá da vida não só pelo que faz, mas também conforme esteja fazendo aquilo que faz.
Não se engane com falsas apreciações acerca de justiça, porque o tempo é o juiz de
todos.
Recorde: tudo recebemos de Deus que nos transforma ou retira isso ou aquilo, segundo as nossas necessidades.
A humildade é um anjo mudo.
Tanto menos você necessite, mais terá.
Amanhã será, sem dúvida, um belo dia, mas para trabalhar e servir, renovar e aprender, hoje é melhor.
Não se iluda com a suposta felicidade daqueles que abandonam os próprios deveres, de vez que transitoriamente buscam fugir de si próprios como quem se embriaga para debalde esquecer.
O tempo é ouro, mas o serviço é luz.
Só existe um mal a temer: aquele que ainda exista em nós.
Não parar na edificação do bem, nem para colher os louros do espetáculo, nem para
contar as pedras do caminho.
A tarefa parece fracassar? Siga adiante, trabalhando, que, muita vez é necessário
sofrer, a fim de que Deus nos atenda à renovação.
(Do livro "Sinal Verde", André Luiz, Francisco Cândido Xavier
TODOS PELA EDUCAÇÃO
A Gazeta Valeparaibana, um veículo da OSCIP “Formiguinhas do Vale”, organização sem fins lucrativos, somente publica matérias, relevantes, com a finalidade de
abrir discussões e reflexões dentro das salas de aulas, tais como: educação, cultura, tradições, história, meio ambiente e sustentabilidade e responsabilidade, social
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Assim, publica algumas matérias selecionadas de sites e blogs da web, por acreditar que todo o cidadão deve ser um multiplicador do conhecimento adquirido e, que
nessa multiplicação, no que tange a Cultura e Sustentabilidade, todos devemos nos
unir, na busca de uma sociedade mais justa, solidária e conhecedora de suas responsabilidades sociais.
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Ensino Fundamental e Médio.
“Formiguinhas do Vale”
Uma OSCIP - Sem fins lucrativos
Abril 2010
Gazeta Valeparaibana
Pagina 03
Sobre nosso patrimônio
Exclusão social
Segue abaixo o relato de uma pessoa
conhecida e séria, que passou
recentemente em um concurso público federal e foi trabalhar em Roraima.
Definir e compreender a pobreza e suas várias dimensões é, também, tornar
transparente o número da população excluída de políticas públicas e de direitos
sociais previstos e assegurados pela Constituição brasileira. Portanto, o Brasil,
com 180 milhões de habitantes, a nona economia mundial e a quarta maior concentração de renda do planeta (só perdendo para países como Serra Leoa, República Centro-Africana e Suazilândia), tem em seu território cerca de 50 milhões de
pessoas vivendo em condições de indigência, com renda inferior a 80 reais por
mês. Ou seja, 29,26% da população do país não conseguem atender minimamente a suas necessidades diárias, de acordo com a pesquisa divulgada no primeiro
semestre de 2002 pelo economista Marcelo Neri, da Fundação Getulio Vargas do
Rio de Janeiro.
após ouvir tais relatos: E os americanos
vão acabar tomando a Amazônia e em
todas elas ouvi a mesma resposta em
palavras diferentes. Vou reproduzir a
resposta de uma senhora simples que
Trata- se de um Brasil que a gente não vendia suco e água na rodovia próximo
conhece.
de Mucajaí:
As duas semanas em Manaus foram interessantes para conhecer um Brasil um
pouco diferente, mas chegando em Boa
Vista (RR) não pude resistir a fazer um
relato das coisas que tenho visto e escutado por aqui.
'Irão não minha filha, tu não sabe, mas
tudo aqui já é deles, eles comandam tudo, você não entra em lugar nenhum porque eles não deixam. Quando acabar
essa guerra aí eles virão pra cá, e vão
fazer o que fizeram no Iraque quando
determinaram uma faixa para os curdos
Conversei com algumas pessoas nesses onde iraquiano não entra, aqui vai ser a
três dias, desde engenheiros até pesso- mesma coisa'.
as com um mínimo de instrução.
A dona é bem informada não? O pior é
Para começar o mais difícil de encontrar que segundo a ONU o conceito de nação
por aqui é roraimense, pra falar a verda- é um conceito de soberania e as áreas
de, acho que a proporção é de um rorai- demarcadas têm o nome de nação indímense para cada 10 pessoas é bem ra- gena. O que pode levar os americanos a
zoável, tem gaúcho, carioca, cearense, alegarem que estarão libertando os poamazonense, piauiense, maranhense e vos indígenas. Fiquei sabendo que os
por aí vai. Portanto falta uma identidade americanos já estão construindo uma
com a terra.
grande base militar na Colômbia, bem
próximo da fronteira com o Brasil numa
Aqui não existem muitos meios de sobre- parceria com o governo colombiano com
vivência, ou a pessoa é funcionária públi- o pseudo
ca, e aqui quase todo mundo é, pois em objetivos de combater o narcotráfico. Por
Boa Vista se concentram todos os ór- falar em narcotráfico, aqui é rota de disgãos federais e estaduais de Roraima, tribuição, pois essa mãe chamada Brasil
além da prefeitura é claro.. Se não for mantém suas fronteiras abertas e aqui
funcionário público a pessoa trabalha no tem Estrada para as Guianas e Venezuecomércio local ou recebe ajuda de Pro- la. Nenhuma bagagem de estrangeiro é
gramas do governo.
fiscalizada, principalmente se for americano, europeu ou japonês, (isso pode
Não existe indústria de qualquer tipo.. causar um incidente diplomático). .. DiPouco mais de 70% do Território rorai- zem que tem muito colombiano traficante
mense é demarcado como reserva indí- virando venezuelano, pois na Venezuela
gena, portanto restam apenas 30%, des- é muito fácil comprar a cidadania venecontando- se os rios e as terras improdu- zuelana por cerca de 200 dólares.
tivas que são muitas, para se cultivar a
terra ou para a localização das próprias Pergunto inocentemente às pessoas;
cidades.
porque os americanos querem tanto proteger os índios. A resposta é absoluta(Na única rodovia que existe em direção mente a mesma, porque as terras indígeao Brasil (liga Boa Vista a Manaus, cerca nas além das riquezas animais e vegede 800 km ) existe um trecho de aproxi- tais, da abundância de água são extremadamente 200 km reserva indígena mamente ricas em ouro encontram-se
Waimiri Atroari) por onde você só passa pepitas que chegam a ser pesadas em
entre 6:00 da manhã e 6:00 da tarde, nas quilos), diamante, outras pedras preciooutras 12 horas a rodovia é fechada pe- sas, minério e nas reservas norte de Rolos índios (com autorização da FUNAI e raima e Amazonas, ricas em PETRÓdos americanos) para que os mesmos LEO..
não sejam incomodados.
Parece que as pessoas contam essas
Detalhe: Você não passa se for brasilei- coisas como que num grito de socorro a
ro, o acesso é livre aos americanos, eu- alguém que é do sul, como se eu pudesropeus e japoneses. Desses 70% de ter- se dizer isso ao presidente ou a alguma
ritório indígena, diria que em 90% dele autoridade do sul que vá fazer alguma
ninguém entra sem uma grande burocra- coisa. É pessoal,... saio daqui com a
cia e autorização da FUNAI.
quase certeza de que em breve o Brasil
irá diminuir de tamanho.
Detalhe: Americanos entram na hora
que quiserem, se você não tem uma au- Será que podemos fazer alguma coitorização da FUNAI mas tem dos ameri- sa???
canos então você pode entrar. A maioria
dos índios fala a língua nativa além do Acho que sim.
inglês ou francês, mas a maioria não sabe falar português. Dizem que é comum Mara Silvia Alexandre Costa
na entrada de algumas reservas encon- Depto de Biologia Cel. Mol. Bioag.Patog.
trarem-se hasteadas bandeiras america- FMRP - USP
nas ou inglesas. É comum se encontrar
por aqui americano tipo nerds com cara Opinião pessoal:
de quem não quer nada, que veio caçar
Afinal foi um momento de fraqueza
borboleta e joaninha e catalogá-las, mas
no final das contas pasme, se você qui- dos Estados Unidos que os europeus
ser montar um empresa para exportar
lançaram o Euro, assim poderá se
plantas e frutas típicas como cupuaçu, aproveitar esta situação de fraqueza
açaí camu-camu etc., medicinais ou norte-americana (perdas na guerra do
componentes naturais para fabricação de Iraque) para revelar isto ao mundo a
remédios, pode se preparar para pagar
fim de antecipar a próxima guerra.
'royalties' para empresas japonesas e
americanas que já patentearam a maiori- Celso Luiz Borges de Oliveira
a dos produtos típicos da Amazônia...
Doutorando em Água e Solo
FEAGRI/UNICAMP
Por três vezes repeti a seguinte frase
Filipe de Sousa
No que concerne à concentração de renda no Brasil, é importante notar que, enquanto 1% das famílias mais ricas consome 15% da renda, mais de 85 milhões de
pessoas, que compõem a metade mais pobre da população, consomem apenas
12%. Em meio a esses dados numéricos, há também a triste revelação de que a
concentração extrema da renda está apoiada numa estrutura de poder fortemente
controlada por elites tradicionais - locais e nacionais -, que pouco mudaram sua
maneira de fazer política e de governar o país no último século.
No relatório elaborado em 2000 pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) sobre a pobreza no planeta, foi explicitado que, no Brasil, a
maior parte dos benefícios sociais se destinava à classe média e aos ricos.
Também segundo esse estudo, a persistência da pobreza em nosso território tinha como causa direta as diferenças abissais de renda. Seguindo a mesma ordem de raciocínio, tal relatório afirmava que novas políticas eram necessárias
para reduzir a desigualdade e estimular um maior crescimento econômico. Por
fim, esse documento chamava a atenção para o fato de que a distribuição desigual do gasto social era a grande responsável pela persistência da pobreza no
país.
Em meio a esse cenário desolador, acrescente-se a dificuldade da população empobrecida de ocupar espaços de informação, conscientização, mobilização e participação política. Como é sabido, quanto mais pobres existirem numa sociedade,
menores serão as chances de gerar espaços políticos de controle e mudanças
sociais e políticas.
Inclusão Social
O artesanato alagoano mais uma vez ganha reconhecimento nacional.
Entre as 100 unidades produtivas artesanais escolhidas para receber o
Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato, cinco são de Alagoas: Caleidoscópio, Associação das Artesãs de Pontal de Coruripe, Cooperativa das Artesãs da Ilha do Ferro, Associação de Inclusão Social Bordadeiras de Penedo e a Associação das Artesãs de Feliz Deserto.
Para Marcos Vieira, superintendente do Sebrae em Alagoas, o artesanato
é uma das maiores representações culturais do povo brasileiro e possui
grande importância para o desenvolvimento econômico do Brasil. Segundo ele, o artesanato possibilita a inclusão social e é instrumento de desenvolvimento e fortalecimento da identidade cultural.
O Prêmio Sebrae Top 100 de Artesanato tem como objetivo reconhecer e
valorizar o trabalho realizado por artesãos de todo o País, selecionando
as 100 unidades produtivas mais competitivas do Brasil. “Estética, arte e
cultura são importantes para a confecção de peças artesanais, porém, o
que diferencia o Top 100 de Artesanato da maioria dos prêmios é o fato
da avaliação ir além destes requisitos e levar em conta processos produtivos com foco no mercado”, afirma Vieira.
No processo de avaliação, as concorrentes tiveram que atender 11 critérios de avaliação do Top 100, entre eles, o grau de inovação dos produtos, adequações econômica, logística, correção ambiental, significação
cultural e situação ergonômica dos postos de trabalho, a eficiência produtiva e práticas comerciais e responsabilidade social.
“Os critérios foram rigorosamente cumpridos e os jurados tiveram dificuldades na escolha devido à grande competitividade dos candidatos.
Entre os jurados estavam o consultor de empresas na área de Marketing,
Comunicação Corporativa e Vendas, Eloi Zanetti; o designer industrial e
gerente da Unidade de Negócios de Informação e Gestão Tecnológica da
Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica Industrial (Abipti), Alceu Castelo Branco; a especialista em Varejo e diretora da
Profashional Editora, Sandra Tescher; e a jornalista e curadora especializada em Design, Adélia Borges.
Segundo a gerente da Unidade de Turismo, Artesanato e Cultura do
Sebrae/AL, Vanessa Rocha, o reconhecimento nacional é muito significativo para as classificadas. Mas ela adverte que com a premiação, as unidades produtivas têm maiores responsabilidades em oferecer produtos
de excelente qualidade e com alto valor cultural agregado. “Os consumidores nos mercados nacional e internacional são cada vez mais exigentes e sempre compram dos grupos e empresas artesanais que têm capacidade em atendê-los”, afirma Vanessa.
Da redação
Deixemos para o futuro um mundo mais limpo e, filhos melhores para a sociedade... Colabore, envie sua opinião ou comentário.
Gazeta Valeparaibana
Abril 2010
Pagina 03
Nossa maravilhosa língua portuguesa
É possível escrever sem a letra A?
COMENTÁRIOS DE UMA HOLANDESA
É possível sim!
Sem nenhum tropeço posso escrever o que quiser sem ele, pois
rico é o português e fértil em recursos diversos, tudo isso permitindo mesmo o que de início, e somente de início, se pode ter como
impossível. Pode-se dizer tudo, com sentido completo, mesmo sendo como se isto fosse mero ovo de Colombo.
Desde que se tente sem se pôr inibido pode muito bem o leitor empreender este belo exercício, dentro do nosso fecundo e peregrino
dizer português, puríssimo instrumento dos nossos melhores escritores e mestres do verso, instrumento que nos legou monumentos
dignos de eterno e honroso reconhecimento
Trechos difíceis se resolvem com sinônimos. Observe-se bem: é
certo que, em se querendo esgrime-se sem limites com este divertimento instrutivo. Brinque-se mesmo com tudo. É um belíssimo esporte do intelecto, pois escrevemos o que quisermos sem o "E" ou
sem o "I" ou sem o "O" e, conforme meu exclusivo desejo, escolherei outro, discorrendo livremente, por exemplo sem o "P", "R" ou
"F", o que quiser escolher, podemos, em corrente estilo, repetir um
som sempre ou mesmo escrever sem verbos.
Com o concurso de termos escolhidos, isso pode ir longe, escrevendo-se todo um discurso, um conto ou um livro inteiro sobre o
que o leitor melhor preferir. Porém mesmo sem o uso pernóstico
dos termos difíceis, muito e muito se prossegue do mesmo modo,
discorrendo sobre o objeto escolhido, sem impedimentos. Deploro
sempre ver moços deste século inconscientemente esquecerem e
oprimirem nosso português, hoje culto e belo, querendo substituílo pelo inglês. Por quê?
Cultivemos nosso polifônico e fecundo verbo, doce e melodioso,
porém incisivo e forte, messe de luminosos estilos, voz de muitos
povos, escrínio de belos versos e de imenso porte, ninho de cisnes
e de condores.
Honremos o que é nosso, ó moços estudiosos, escritores e professores. Honremos o digníssimo modo de dizer que nos legou um
povo humilde, porém viril e cheio de sentimentos estéticos, pugilo
de heróis e de nobres descobridores de mundos novos.
Deborah Clasen - Pedagoga Empresarial
Autor: Desconhecido
Utilidade pública - Celulares
Se roubarem seu Celular...
A DICA É MUITO INTERESSANTE, ATÉ PORQUE POUCA
GENTE TEM O HÁBITO DE LER MANUAIS.
Agora, com esta história do 'Chip', o interesse dos ladrões
por aparelhos celulares aumentou. É só ele comprar um novo chip por um preço médio de R$30,00 em uma operadora e
o instalar no aparelho roubado. Por isso, está generalizado
o roubo de aparelhos celulares.
Segue, então, uma informação útil que os comerciantes de
celulares não divulgam. Uma espécie de vingança para quando roubarem celulares.
Para obter o número de série do seu telefone celular (GSM),
digite *#06# Aparecerá no visor um código de algarismos..
Este código é único!!! Anote e guarde-o com cuidado!!!
Se roubarem seu celular, telefone para sua operadora e informe este código. O seu telefone poderá então ser completamente bloqueado, mesmo que o ladrão mude o 'Chip'. Provavelmente, você não recuperará o aparelho, mas quem quer
que o tenha roubado não poderá mais utilizá-lo.
Se todos tomarem esta precaução, imagine, o roubo de celulares se tornará inútil. Envie isto a todos e não esqueça de
anotar o número de série do seu celular!!!
DIVULGUEM: "LEMBREM-SE DE QUE A FORÇA É O PRODUTO DA UNIÃO E QUE NÃO HAVENDO QUEM COMPRE
NÃO HAVERÁ QUEM ROUBE".
Nossa saúde + (Página 5)
SOBRE O BRASIL
'Os brasileiros acham que o mundo todo
presta, menos o Brasil.
E, realmente parece que é um vício falar mal
do Brasil.
Todo lugar tem seus pontos positivos e negativos, mas no exterior eles maximizam os
positivos, enquanto no Brasil se maximizam
os negativos.
Aqui na Holanda, os resultados das eleições
demoram horrores porque não é nada automatizado. Só existe uma companhia telefônica e (pasmem!) se você ligar reclamando
do serviço, corre o risco de ter seu telefone
temporariamente desconectado.
Nos Estados Unidos e na Europa, ninguém
tem o hábito de enrolar o sanduíche em um
guardanapo - ou de lavar as mãos - antes de
comer. Nas padarias, feiras e açougues europeus, os atendentes recebem o dinheiro e
com mesma mão suja entregam o pão ou a
carne.
Em Londres, existe um lugar famosíssimo
que vende batatas fritas enroladas em folhas de jornal - e tem fila na porta.
Na Europa, não-fumante é minoria. Se pedir
mesa de não-fumante, o garçom ri na sua
cara, porque não existe. Fumam até em elevador.
Em Paris , os garçons são conhecidos por
seu mau humor e grosseria. Qualquer garçom de botequim no Brasil podia ir para lá
dar aulas de como conquistar o cliente.'
Você sabe como as grandes potências fazem para destruir um povo?
Impõem suas crenças e cultura. Se você
parar para observar, em todo filme dos EUA
a bandeira nacional aparece, e geralmente
na hora em que estamos emotivos.
O Brasil tem uma língua que, apesar de não
se parecer quase nada com língua portuguesa, é chamada de língua portuguesa, enquanto que as empresas de software a chamam de português brasileiro, porque não
conseguem se comunicar com os seus usuários brasileiros através da língua Portuguesa.
Os brasileiros são vítimas de vários crimes
contra sua pátria, crenças, cultura, língua,
etc...
alguns países vizinhos não possuem nenhuma.
7. Das crianças e adolescentes entre 7 a 14
anos, 97,3% estão estudando.
8. O mercado de telefones celulares do Brasil é o segundo do mundo,
com 650 mil novas habilitações a cada mês.
9. Na telefonia fixa, o país ocupa a quinta
posição em número de linhas instaladas.
10. Das empresas brasileiras, 6.890 possuem certificado de qualidade ISO 9000, maior
número entre os países em desenvolvimento. No México, tem apenas 300 empresas e
265 na Argentina.
11. O Brasil é o segundo maior mercado de
jatos e helicópteros executivos..
12. Por que não se orgulhar em dizer que o
mercado editorial de livros é 20% maior do
que o da Itália, com mais de 50 mil títulos
novos a cada ano.
13.. Que o Brasil tem o mais moderno sistema bancário do planeta?
14. Que as agências de publicidade ganham
os melhores e maiores prêmios mundiais?
15 Por que não se fala que o Brasil é o país
mais empreendedor do mundo e que mais
de 70% dos brasileiros, pobres e ricos, dedicam considerável parte de seu tempo em
trabalhos voluntários?
16.. Por que não dizer que o Brasil é hoje a
terceira maior democracia do mundo?
17. Que apesar de todas as mazelas, o Congresso está punindo seus próprios membros, o que raramente ocorre em outros países ditos civilizados?
18. Por que não lembrar que o povo brasileiro é um povo hospitaleiro, que se esforça
para falar a língua dos turistas, gesticula e
não mede esforços para atendê-los bem?
19. Por que não se orgulhar de ser um povo
que faz piada da própria desgraça e que enfrenta os desgostos sambando.
É! O Brasil é um país abençoado de fato.
20. Que os brasileiros são considerados os
maiores amantes do mundo, enquanto que
os ingleses e os árabes são os piores?
21. Que os brasileiros tomam banho todos
os dias, às vezes mais de um por dia enquanto que os europeus tomam em média
um por semana? O país do mundo onde a
Gessy Lever mais vende sabonetes é o Brasil.
Bendito este povo, que possui a magia de
unir todas as raças, de todos os credos.
Bendito este povo, que sabe entender todos
os sotaques.
Os brasileiros mais esclarecidos sabem Bendito este povo que oferece todos os tique tem muitas razões para resgatar as pos de climas para contentar toda gente.
Por que o brasileiro tem a mania de só ser
raízes culturais.
Os dados são da Antropos Consulting:
1. O Brasil é o país que tem tido maior sucesso no combate à AIDS e outras doenças
sexualmente transmissíveis, e vem sendo
exemplo mundial.
2. O Brasil é o único país do hemisfério sul
que está participando do Projeto Genoma.
3. Numa pesquisa envolvendo 50 cidades de
diversos países, a cidade do Rio de Janeiro
foi considerada a mais solidária.
4. Nas eleições de 2000, o sistema do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) estava informatizado em todas as regiões do Brasil, com
resultados em menos de 24 horas depois do
início das apurações. O modelo chamou a
atenção de uma das maiores potências
mundiais: os Estados Unidos, onde a apuração dos votos teve que ser refeita várias
vezes, atrasando o resultado e colocando
em xeque a credibilidade do processo.
5. Mesmo sendo um país em desenvolvimento, os internautas brasileiros representam uma fatia de 40% do mercado na América Latina.
6. No Brasil, há 14 fábricas de veículos instaladas e outras 4 se instalando, enquanto
nacionalista e patriota durante a Copa do
Mundo?
Se fossem assim todos os dias, vibrantes
como o são durante a Copa, talvez, hoje o
Brasil fosse uma super potência....
Bendita seja, querida pátria chamada Brasil!
Que ao ler estas palavras, pelo menos se
reflita por alguns momentos.
Refletir e sentir orgulho de ser
BRASILEIRO!!!
Quando pensar em desistir, não cruze os braços, lembre-se: O maior homem do Mundo morreu de braços abertos
Gazeta Valeparaibana
Abril 2010
Página 05
Depressão a doença do século
lia decidiu procurar ajuda. "Se demorasse um pouco mais, talvez meu estado estivesse mais crítico", conta a uniClassificada no quadro dos chamados versitária.
distúrbios de humor, a depressão é,
sim, uma doença, e estabelece mudan- Foram 18 meses de terapia intensiva e
ças extremas no comportamento, ener- medicamentos. "A força de vontade é a
gia e ânimo da pessoa atingida, afetan- principal parte do tratamento. Hoje não
do tanto a mente quanto o corpo. tenho mais a doença, mas tenho cons"Quem tem depressão não deve se ciência de que a qualquer hora posso
sentir envergonhado, pois diferente- ter uma recaída, por isso luto todo dia
mente do que muitos pensam, não é contra esse mal. O mais importante é
uma fraqueza de caráter ou um defei- procurar ajuda, a depressão é uma coito", afirma o psiquiatra e pesquisador sa séria e interfere muito no desempeassociado da UnB (Universidade de nho da vida", afirma.
Brasília), Raphael Boechat.
Depressão ou tristeza?
Andar cabisbaixo, falta de apetite, irritação constante e momentos alternados de euforia e tristeza são apenas
alguns dos sintomas. Segundo a professora do Departamento de Neurologia e Psiquiatria da Unesp (Universidade
Estadual Paulista Júlio de Mesquita
Filho), Maria Cristina Pereira Lima, muitas pessoas costumam confundir tristeza com depressão.
"A tristeza é um sentimento natural, ou
seja, faz parte da nossa vida. Porém é
momentânea e não incapacita a pessoa
a continuar suas atividades, não necessitando de tratamento específico.
Já a depressão vai além disso, é uma
tristeza crônica, de longa duração e
com intensidade muito maior", argumenta a psiquiatra. Por tudo isto, a depressão exige um tratamento adequado.
Universitários X depressão
Júlia não está sozinha nessa situação.
Algumas pesquisas realizadas pelas
próprias universidades revelam como é
grande o número de universitários com
depressão ou transtornos psíquicos. A
FMB (Faculdade de Medicina da Unesp
de Botucatu), por intermédio da psiquiatra Maria Cristina Pereira Lima, realizou uma pesquisa com 80% dos alunos
do curso de Medicina para quantificar e
dimensionar o tamanho do sofrimento
psíquico enfrentado pelos universitários. "No universo de 455 alunos entrevistados, 44% possuíam sofrimentos
psíquicos. Dentre eles, a depressão e a
ansiedade foram os de maior incidência", conta Maria Cristina.
A Faculdade de Medicina do ABC também realizou uma pesquisa com todos
os alunos do curso de Medicina, revelando que 7,8% dos entrevistados sofriam de depressão, nos mais variados
níveis da doença. "Um número que apesar de previsível é imenso. Dependendo do grupo de jovens pesquisados, esse índice pode ser superior ou
inferior. Mas acredita-se que a depressão seja mais constante em universitários da área de saúde", assegura o responsável pela pesquisa, Sérgio Baldassim.
ta de concentração em aula são as
principais manifestações de depressão
no estudante. São várias as possibilidades para a explicação do aumento
de universitários com a doença, mas
nenhuma delas possui comprovações
científicas. "Uma suposição é que devido à grande cobrança da universidade
e até do próprio mercado de trabalho,
os universitários, geralmente ainda
muito novos nessa fase, passam por
um momento de transição muito grande, tanto na vida pessoal quanto profissional", diz Maria Cristina.
quiatra. E, em casos mais graves, de
antidepressivos", assegura Boechat.
Para Boechat, o tratamento da depressão, hoje em dia, é muito eficaz, mas
não há cura definitiva. "A qualquer momento a pessoa pode ter uma recaída.
O grande erro no tratamento é suspender o medicamento depois que se observam pequenas melhoras. O risco da
depressão voltar é grande e a recaída é
ainda pior. É necessário cumprir rigorosamente o tratamento para evitar isto", alerta.
"Hoje mais de 30% das universidades
brasileiras oferecem orientação psicológica aos alunos. Uma iniciativa muito
importante para minimizar esses índices. Se alguém tiver dúvida se tem ou
não depressão, é importante não deixar
de procurar ajuda. Ou melhor, é essencial", conclui o psiquiatra Sérgio Baldassim.
A OMS estima que até 2020 a doença atualmente a quinta causa de incapacidade e perda de qualidade de vida no
mundo todo - salte para a segunda posição. Por isso, tratar inadequadamente, ou simplesmente deixar de tratar a
depressão pode ocasionar muitos prejuízos para o paciente. "Além de interferir no tratamento de outras doenças,
pode contribuir para o surgimento de
outras. Mas, o pior é o aumento da
Resquícios da doença
mortalidade dos pacientes por suicíA depressão pode ter melhora, por dio", conta Maria Cristina.
mais difícil que seja este processo. O
mais grave, porém, é que por falta de No Brasil, o suicídio cresceu 20 vezes
informação, apenas dois terços dos nos últimos 20 anos, de acordo com o
pacientes com a doença procuram tra- Ministério da Saúde. Entre os jovens,
tamento. "O mais importante é o reco- de 15 aos 24 anos, essa fatalidade já é
nhecimento da doença pelo paciente. a terceira causa de morte. "De 15% a
Dificilmente a pessoa sai deste proces- 20% dos pacientes com depressão graso sozinha. Na maioria dos casos é ve têm condutas suicidas. Um em cada
preciso ajuda de um terapeuta ou psi- três casos de suicídio entre os jovens
é por conta disto", explica o psicoterapeuta Bahls.
Por
isso,
buscar ajuda não é sinal de fraqueza, mas
de
grande
coragem.
Transição na vida profissional. Este foi
o principal motivo para o desencadeamento da depressão na universitária
Maria Júlia Duarte. Segundo ela, a princípio confundiu a doença com tristeza,
o que é muito comum entre as pessoas
que desconhecem as suas causas. Após dois meses de muita angústia, Jú- A queda do rendimento escolar e a fal-
Vamos rir
O sujeito, depois de
passar a noite na
farra, chega em casa embriagado às
duas da manhã e a
mulher vai logo dizendo:
- Já chegou,
Super-homem?
Da redação
No “VIVEIRO
ESCOLA Planta Brasil”, prioriza o cultivo de mu-
das de árvores nativas e diz não ás exóticas, pratica e incentiva a agricultura orgânica e, as mudas somente são disponibilizadas para replantio, em projetos de reflorestamento em áreas de Mata Atlântica e Ciliares, degradadas e, somente após atingirem o tamanho seguro, para sobreviverem em seu local definitivo.
Mais informações: http://www.formiguinhasdovale.org
A janta está pronta,
Super-homem.
Vai comer agora ou
vai tomar banho
antes, Superhomem?
O marido, intrigado, pergunta:
- Mulher, por que
diabo você tá me
chamando de
Super-homem?
- Porque você tá igualzinho a ele: usando a cueca
por cima da calça.
O Programa
Curiosidades
A maneira mais fácil de diferenciar um animal carnívoro de um herbívoro é olhando
nos seus olhos.
Os carnívoros (cachorros, leões) possuem
os olhos na parte da frente da cabeça, o que
facilita a localização do alimento. Já os herbívoros (aves, coelhos) possuem os olhos
do lado da cabeça para perceber a aproximação de um possível predador.
Cidade
Educadora
foi criado com o
objetivo de despertar nas
pessoas a e nas
autoridades
a consciência de uma
cidadania
Ampla e ativa.
Conheça mais:
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Acertar por vezes é um dever mas, saber reconhecer um erro, é sem dúvida o maior dos acertos...
Gazeta Valeparaibana
Abril 2010
Página 12
Os tropeiros e o desenvolvimento do Brasil
O Tropeirismo no Brasil
A Atividade dos
Tropeiros no Brasil
Por Claudio Recco*
Introdução
mais para a população das minas gerais, pois mais de 90% do consumo de
necessidades dos mineiros a Capitania
opulenta não produzia. Não achavam
razoável deslocar um escravo para a
agricultura, quando esse mesmo escravo, empunhando a bateia, dava lucro cem vezes maior ao seu senhor.
Dai a importância das tropas na movimentação da produção desde os primeiros dias da conquista.
O crescimento das cidades e a formação de uma elite na região mineradora
aumentaram a necessidade de animais, tanto para as atividades locais,
como para o transporte de carga, cada
vez maior, em direção ao Rio de Janeiro. Ao mesmo tempo a riqueza gerada
pela mineração foi responsável por
estimular uma série se atividades paralelas, urbanas, reforçando ainda mais
a atividade dos tropeiros, que transportavam os mais variados produtos e
ainda cumpriam o papel de mensageiros.
A Região Sul e o Gado
A palavra "tropeiro" deriva de tropa,
numa referência ao conjunto de homens que transportavam gado e mercadoria no Brasil colônia. O termo tem
sido usado para designar principalmente o transporte de gado da região
do Rio Grande do Sul até os mercados
de Minas Gerais, posteriormente São
Paulo e Rio de Janeiro, porém há
quem use o termo em momentos anteriores da vida colonial, como no "ciclo
do açúcar" entre os séculos XVI e XVII,
quando várias regiões do interior nordestino se dedicaram a criação de animais para comercialização com os senhores de engenho.
É difícil falar em sul do Brasil, pois na
verdade, quando do início do período
A Mineração
da mineração, a América era ainda dividida pelo Tratado de Tordesilhas e,
Na maioria das obras didáticas, tropei- teoricamente, a região onde encontrarismo é associado com a procriação e mos o atual estado do Rio Grande do
venda de gado, porém essa atividade Sul pertencia à Espanha. Não é à toa
se iniciou com o desenvolvimento da que nesta região as atividades econômineração, entre os séculos XVII e XVI- micas se assemelham às da Argentina,
II.
Paraguai e Uruguai (na verdade, Vice
A descoberta do ouro e posteriormen- Reino do Prata). Se por um lado as
te de diamantes, foram responsáveis condições geográficas e climáticas
por um grande afluxo populacional estimularam essa atividade, por outro
para a região das minas gerais, tanto é necessário lembrar que a criação de
de paulistas, como de portugueses e gado na região platina se iniciou para
ainda de escravos. Essa grande corri- abastecer as minas de prata do interior
da em busca do eldorado foi acompa- do Peru, tanto no sentido de transpornhada por um grave problema, a falta tar para o interior os produtos provenide alimentos e de produtos básicos, entes da Espanha, como no sentido
responsável por sucessivas crises na inverso, trazer das minas a prata, que
primeira década do século 18, onde a era embarcada em navios nos rios da
falta de gêneros agrícolas resultou em Bacia do Prata e no porto de Buenos
grande mortalidade.
Aires.
Estas crises de fome afligiram a zona Foi essa atividade dinâmica na Bacia
mineradora por longos períodos, quan- do Prata que estimulou o governo pordo se chegou inclusive a interromper tuguês a intervir na região. Mesmo anos trabalhos extrativistas para a pro- tes da assinatura do Tratado de Madri,
dução de alimentos. Tais crises de fo- em 1750, Portugal atuava no sentido
me, foram muito fortes nos anos de de incorporar a região a seus domí1697-1698, 1700-1701 e em 1713.
nios, interessado em participar do coDe fato, aqueles que migraram para a mércio local. Isso explica a fundação
região mineradora sonhavam com a da Colônia do Sacramento em 1680 e o
riqueza mineral e poucos se dispu- estímulo dado à ocupação das terras
nham a trabalhar a terra, sendo que tal gaúchas.
situação fez com que florescesse um No entanto podemos dizer que ao loncomércio interligando o porto do Rio go do século XVI e início do XVII, o Rio
de Janeiro ao interior. Tanto os produ- Grande do Sul era "terra de ninguém",
tos manufaturados que chegavam de habitada principalmente por índios
Portugal, quanto os gêneros agrícolas, guaranis e por onde passavam eventueram transportados no lombo de ani- almente alguns bandeirantes em busca
de índios para apresar e escravizar.
Esse quadro foi modificado com a chegada de padres jesuítas que, no início
do século XVII, na região formada pelos atuais estados do Rio Grande do
Sul e Paraná, e pela Argentina e Paraguai, fundaram as Missões jesuíticas.
Nelas se reuniam, em torno de pequenos grupos de religiosos, grandes levas de índios guaranis convertidos.
O crescimento das missões determinou a introdução da atividade pecuarista, de forma extensiva, geralmente
com o gado solto nas pradarias, com o
objetivo de alimentar os índios. Dessa
maneira a região passou a oferecer
dois atrativos para os forasteiros: o
índio que seria escravizado e o gado.
Várias expedições de bandeirantes
paulistas atacaram a região - destacase a expedição comandada por Antonio Raposo Tavares - até 1640
A ação dos bandeirantes e os conflitos
fronteiriços entre Portugal e Espanha
fizeram com que os jesuítas transferissem as reduções para a região noroeste do Rio Grande, onde fundaram os
Sete Povos das Missões, que funcionavam de forma independente dos governos europeus metropolitanos e não
se preocuparam em respeitar as decisões adotadas a partir de 1750. Essa
situação motivou a repressão às Missões. Apesar da resistência por parte
de padres e índios, as Missões foram
desmanteladas, mas deixaram um legado que, por muito tempo, seria a
base da economia gaúcha: os grandes
rebanhos de bovinos e cavalos, criados soltos pelas pradarias.
Dessa maneira pode-se afirmar que a
influência espanhola se fez sentir no
Rio Grande do Sul desde a sua formação. Pode-se mesmo falar que, sem a
participação espanhola, a pecuária que seria a base da economia gaúcha
durante o século XIX e início do XX não existiria com a importância que
tem. Não poderia ser de outra forma.
Afinal, o Rio Grande representou a
principal zona de contato - e conflito com os vizinhos espanhóis.
Os Tropeiros
Nos Séculos XVII e XVIII, os tropeiros
eram partes da vida da zona rural e
cidades pequenas dentro do sul do
Brasil. Vestidos como gaúchos com
chapéus, ponchos, e botas, os tropeiros dirigiram rebanhos de gado e levaram bens por esta região para São
Paulo, comercializados na feira de Sorocaba. De São Paulo, os animais e
mercadorias foram para os estados de
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso.
Em direção às minas, o transporte feito no lombo de animais foi fundamental devido aos acidentes geográficos
da região, que dificultavam o transporte. Já para as regiões de Goiás e Mato
Grosso, a maioria dos produtos eram
transportados através dos rios, nas
chamadas monções.
É difícil definir os homens que se dedicavam a esta atividade. Muitos homens de origem paulista, vicentina, ou
seus descendentes, se tornaram tropeiros, assim como muitos homens de
origem portuguesa.
O fato de a Capitania de São Vicente
ter prosperado de forma limitada, obrigou muitos de seus habitantes a subi-
rem a serra e a se fixarem no planalto.
Assim surgiu a vila de São Paulo, formada por uma camada pobre, que abandonara o litoral. A economia precária baseada numa agricultura de subsistência determinou a necessidade de
atividades complementares, originando o bandeirismo, porém nem todo
homem paulista tornou-se bandeirante. Muitos que inicialmente se dedicaram ao apresamento indígena se fixaram em terras no sul e, com o passar
do tempo, foram se integrando ao pequeno comércio, praticado no lombo
de mulas.
Contando com uma população composta por homens de origem vicentina
e portuguesa, a vila de Laguna era o
ponto extremo do litoral brasileiro e
dela partiram muitas famílias para outras áreas do interior do sul, também
preocupadas com o apresamento indígena num primeiro momento, e que
tomaram contato com a criação de gado, praticada nas missões jesuíticas.
A própria história do Rio Grande do
Sul deu origem a elementos que se
dedicariam ao tropeirismo. A necessidade de povoar a região, segundo interesses dos portugueses, fez com que
o governo real facilitasse o acesso à
terra e garantisse um elevado grau de
liberdade e autonomia para a região,
fato que, teve como uma de suas conseqüências o predomínio da grande
propriedade no século 17, que beneficiava poucas famílias e marginalizava
grande parte do sociedade que ali se
formava.
O tropeiro iniciava-se na profissão por
volta dos 10 anos, acompanhando o
pai, que era o negociante (compra e
venda de animais) o condutor da tropa.
Usava chapelão de feltro cinza ou marrom, de abas viradas, camisa de cor
similar ao chapéu de pano forte, manta
ou beata com uma abertura no centro,
jogada sobre o ombro, botas de couro
flexível que chegavam até o meio da
coxa para proteger-se nos terrenos
alagados e matas.
No Rio Grande, a cidade de Viamão
tornou-se um dos principais centros
de comércio e formação de tropas que
tinham como destino os mercados de
São Paulo. Porém de outras regiões do
sul partiam as tropas, quase sempre
com o mesmo destino. Nesses trajetos, os tropeiros procuravam seguir o
curso dos rios ou atravessar as áreas
mais abertas, os "campos gerais" e
mesmo conhecendo os caminhos mais
seguros, o trajeto envolvia várias semanas. Ao final de cada dia era acesso
o fogo, para depois construir uma tenda com os couros que serviam para
cobrir a carga dos animais, reservando
alguns para colocar no chão, onde
dormiam envoltos em seu manto. Chamava-se "encosto" o pouso em pasto
aberto e "rancho" quando já havia um
abrigo construído. Ao longo do tempo
os principais pousos se transformaram em povoações e vilas. É interessante notar que dezenas de cidades do
interior na região sul do Brasil e mesmo em São Paulo, atribuem sua origem a atividade dos tropeiros.
Na página seguinte abordaremos “A
alimentação dos tropeiros” a conclusão sobre sua importância no desenvolvimento do brasil.
"Existem três Tipos de pessoas no mundo: As que fazem as coisas acontecerem; as que assistem as coisas acontecerem e as que não se dão conta das coisas que acontecem."
Tudo sobre os temas ecologia e meio ambiente - www.formiguinhasdovale.org
Gazeta Valeparaibana
Abril 2010
Emprego
Sobre o Currículo e
formas de avaliação
do candidato.
Texto deve conter as últimas três
empresas trabalhadas.
Quando a experiência profissional é extensa – às vezes somando décadas de trabalho em diversas empresas – o candidato
pode ficar tentado a descrever em seu currículo suas atividades em cada companhia.
No entanto, o detalhamento das ações, requisito para deixar um currículo atraente e
diferenciado, pode, neste caso, atrapalhar.
“A pessoa deve levantar as habilidades e
competências técnicas focadas no objetivo
de hoje. Se ela trabalhou anos atrás em uma área que não é o foco dela atualmente,
não cabe esmiuçar essa experiência”, pondera Carmem Benet, consultora de recursos humanos da Manpower, de São Paulo.
Duas páginas - A medida certa é o candidato colocar, em apenas duas páginas, as
três últimas empresas em que atuou e suas
principais atribuições, sugere a consultora
Neussymar Magalhães, diretora de planejamento e atendimento da Recursos Humanos em Marketing e Comunicação (RHMC).
“As demais empresas em que trabalhou, o
profissional pode apenas citar o nome, o
período e o cargo que ocupou.”
Enxuto – Mas, para Carmem Benet, citar o
nome de uma firma em que se trabalhou há
bastante tempo, somente por se tratar de
uma companhia de renome, não é o mais
recomendado.
Carmen lembra que o candidato é avaliado
por um conjunto de fatores. Segundo ela,
descrever as atribuições e mostrar os resultados alcançados é mais importante do
que o porte da empresa em que atuou.
Cursos e idiomas - Outro ponto que o profissional experiente deve ter cuidado é com
a seção de cursos do currículo. “Ele deve
colocar apenas os mais recentes, realizados há, no máximo, três anos, e que tenham ligação com a área em que ele pretende atuar”, aponta Carmem.
Para enxugar ainda mais o documento, o
domínio dos idiomas também pode ser resumido. Para a consultora, basta colocar o
nível de fluência em cada uma das línguas,
sem citar certificados. “Assim, ele tem mais
espaço para escrever sobre as competências, que é o mais importante”, sugere.
Maria Carolina Nomura
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nesta tarefa
por um Mundo melhor.
Página 07
Tropeiros (continuação)
A alimentação
Dos
TROPEIROS
A alimentação dos tropeiros era
constituída por toucinho, feijão
preto, farinha, pimenta-do-reino,
café, fubá e coité (um molho de
vinagre com fruto cáustico espremido). Nos pousos comiam
feijão quase sem molho com pedaços de carne de sol e toucinho
(feijão tropeiro) que era servido
com farofa e couve picada. Bebidas alcoólicas só eram permitidas em ocasiões especiais:
quando nos dias muitos frios tomavam um pouco de cachaça
para evitar constipação e como
remédio para picada de insetos.
O tropeiro montava um cavalo
que possuía sacola para guardar
a capa, a sela apetrechada, suspendia-se em pesados estribos e
enfeitava a crina com fitas. Chamavam "madrinha" o cavalo ou
mula já envelhecida e bastante
conhecida dos outros animais
para poder atraídos era a cabeça
da tropa e abria o percurso, com
a fila de cargueiros à sua retaguarda; "malotagem" eram os
apetrechos e arreios necessários
de cada animal e acondicionamento da carga e "broaca" os
bolsões de couro que eram colocados sobre a cangalha e serviam para guardar a mercadoria.
Em torno dessa atividade primitiva nasceram e viveram com largueza várias profissões e indústrias organizadas, como a de
"rancheiro", proprietários de
"rancho" ou alojamento em que
pousavam as tropas. Geralmente
não era retribuída a hospedagem,
cobrando o seu proprietário apenas o milho e o pasto consumidos pelos animais, porque as tropas conduziam cozinhas próprias. A profissão de ferrador
também foi criada pelas necessidades desse fenômeno econômico-social, consistindo ela em
pregar as ferraduras nos animais
das tropas e acumulando geralmente a profissão de aveitar ou
veterinário. A incumbência de
domar os animais ainda chucros
era também uma decorrência do
regime de transportes e chamavam-se "paulistas", porque conduziam ao destino os animais
adquiridos em Sorocaba.
No norte de Minas "paulista",
"peão" e "amontador" eram sinônimos, mas tinham significação
específica. Assim é que
"paulista" era o indivíduo que
amansava as bestas à maneira
dos peões de São Paulo. Peão
era todo amansador de eqüinos e
muares à moda do sertão, e amontador era apenas o que montava animais bravios para efeito
de quebrar-lhes o ardor. Depois é
que vinha o "acertador", homem
hábil e paciente, que ensinava as
andaduras ao animal e educava-
lhe a boca ao contato do freio. É
a mais nobre de todas.
Conclusão
Percebemos a importância da
atividade dos tropeiros de diferentes maneiras: o abastecimento da região mineradora e outras,
sem os quais a exploração das
jazidas seria impossível; a ocupação da região interior do Brasil, contribuindo para consolidar
o domínio português, ao mesmo
tempo em que fundaram diversas
vilas e cidades. O comércio de
animais foi fator determinante
para integrar efetivamente o sul
ao restante do Brasil, apesar das
diferenças culturais entre as regiões da colônia, os interesses
mercantis foram responsáveis
por essa fusão e indiretamente,
pela prosperidade tanto da grande propriedade estancieira gaúcha, como de pequenas propriedades familiares, em regiões onde predominaram populações de
origem européia e que abasteciam de alimentos as fazendas pecuaristas.
O Professor Claudio Barbosa
Recco é coordenador do
HISTORIANET.
Segurança Nacional
O NOSSO HAITI É AQUI...
No domingo da 28 de Março do corrente ano, vendo o Canal Livre da Rede Bandeirantes de Televisão,
estava sendo sabatinado o Ministro Celso Amorim.
Ao ser indago sobre a ameaça americana ao instalar uma base militar na fronteira da Colômbia com o
Brasil, o Ilustre Ministro afirmou que não devemos ser lunáticos ou inocentes, sobre a dimensão dessa ameaça.
Segundo o consenso geral a instalação dessa base se deu, com a finalidade de combater o narcotráfico. No entanto, essa mesma base está equipada com aviões com autonomia de vôo de longo alcance,
que poderão alcançar os pólos Norte e Sul com um único reabastecimento.
Pelo que a história nos demonstra os americanos costumeiramente faltam com a verdade nas suas
invasões ou em sua alegação de ajuda e salvação de povos; veja-se o caso do Iraque e agora do Haiti,
para não citar outras atrocidades. Com o slogan de libertar o País ou prestar ajuda a um povo, se oculta a verdadeira intenção que nada mais é que garantir o abastecimento de petróleo em seu país ou remover opositores.
No caso dessa base na Colômbia, levando-se em conta a ameaça já denunciada (veja matéria na página 03 “Sobre o nosso patrimônio”), não se trata, conforme o ministro, de sermos ingênuos ou lunáticos, trata-se sim de uma ameaça real que hoje já nos aflige e ameaça e, para a qual devemos ficar atentos e alertas. Primeiro, porque somos um País auto suficiente em matrizes energéticas e, em segundo lugar, e estes os itens mais importantes, somos possuidores do maior manancial de água potável
do mundo, além de riquezas farmacológicas e minerais ainda incomensuráveis (não dimensionadas em
valores) em especial na Floresta Amazônica.
A água e os bens da floresta serão os ícones de maior valor para o futuro próximo. Os americanos esgotaram os seus recursos naturais e, para continuarem se firmando como “Donos do Mundo” precisam de matrizes energéticas e ambientais, as quais esgotaram em sua corrida armamentista e de desenvolvimento econômico, em seu território.
Assim, devemos ficar atentos e alertas, e mais, devemos investir em Segurança Bélica e Operacional
de Fronteiras e aumentar nosso controle sobre a Amazônia Brasileira.
O nosso HAITI é aqui.
Filipe de Sousa
O Futuro do País estará na qualidade da educação que disponibilizarmos para nossas crianças.
Gazeta Valeparaibana
Abril 2010
Qualidade de vida
Reflexões
A Poluição da água mata mais que a
violência no Mundo.
Que estória curiosa!!!!
ABIDJAN - A população mundial está poluindo os rios e oceanos com o despejo de milhões de toneladas de resíduos sólidos por dia, envenenando a vida marinha e espalhando doenças que matam milhões de crianças todo ano, disse a ONU
nesta segunda-feira.
"A quantidade de água suja significa que mais pessoas morrem atualmente por causa da água poluída e contaminada do
que por todas as formas de violência, incluindo as guerras",
disse o Programa do Meio Ambiente das Nações Unidas (Unep,
na sigla em inglês).
Em um relatório intitulado "Água Doente", lançado para o Dia
Mundial da Água nesta segunda-feira, o Unep afirmou que 2
milhões de toneladas de resíduos, que contaminam cerca de 2
bilhões de toneladas de água diariamente, causaram gigantescas "zonas mortas", sufocando recifes de corais e peixes.
O resíduo é composto principalmente de esgoto, poluição industrial e pesticidas agrícolas e resíduos animais.
Segundo o relatório, a falta de água limpa mata 1,8 milhão de
crianças com menos de 5 anos anualmente. Grande parte do
despejo de resíduos acontece nos países em desenvolvimento,
que lançam 90% da água de esgoto sem tratamento.
A diarréia, principalmente causada pela água suja, mata cerca
de 2,2 milhões de pessoas ao ano, segundo o relatório, e "mais
de metade dos leitos de hospital no mundo é ocupada por pessoas com doenças ligadas à água contaminada."
O relatório recomenda sistemas de reciclagem de água e projetos multimilionários para o tratamento de esgoto.
Também sugere a proteção de áreas de terras úmidas, que agem como processadores naturais do esgoto, e o uso de dejetos animais como fertilizantes.
"Se o mundo pretende sobreviver em um planeta de 6 bilhões
de pessoas, caminhando para mais de 9 bilhões até 2050, precisamos nos tornar mais inteligentes sobre a administração de
água de esgoto", disse o diretor da Unep, Achim Steiner. "O
esgoto está literalmente matando pessoas."
Da redação
Página 8
Um dia, o Senhor chamou Noé que morava no Brasil e ordenou-lhe:
- Dentro de 6 meses, farei chover ininterruptamente durante 40 dias e 40 noites, até que o
Brasil seja coberto pelas águas.
Os maus serão destruídos, mas quero salvar os justos e um casal de cada espécie animal.
Vai e constrói uma arca de madeira.
No tempo certo, os trovões deram o aviso e os relâmpagos cruzaram o céu.
Noé chorava, ajoelhado no quintal de sua casa, quando ouviu a voz do Senhor soar furiosa,
entre as nuvens:
- Onde está a arca, Noé?
- Perdoe-me, Senhor suplicou o homem.
Fiz o que pude, mas encontrei dificuldades imensas:
Primeiro tentei obter uma licença da Prefeitura ,mas para isto, além das altas taxas para obter o alvará, me pediram ainda uma contribuição para a campanha para eleição do prefeito.
Precisando de dinheiro, fui aos bancos e não consegui empréstimo, mesmo aceitando aquelas taxas de juros ...
O Corpo de Bombeiros exigiu um sistema de prevenção de incêndio, mas consegui contornar, subornando um funcionário.
Começaram então os problemas com o IBAMA e a FEPAM para a extração da madeira.
Eu disse que eram ordens SUAS, mas eles só queriam saber se eu tinha um "Projeto de Reflorestamento " e um tal de "Plano de Manejo ".
Neste meio tempo ELES descobriram também uns casais de animais guardados em meu
quintal..
Além da pesada multa, o fiscal falou em "Prisão Inafiançável " e eu acabei tendo que matar
o fiscal, porque, para este crime, a lei é mais branda.
Quando resolvi começar a obra, na raça, apareceu o CREA e me multou porque eu não tinha um Engenheiro Naval responsável pela construção.
Depois apareceu o Sindicato exigindo que eu contratasse seus marceneiros com garantia
de emprego por um ano.
Veio em seguida a Receita Federal , falando em " sinais exteriores de riqueza " e também
me multou.
Finalmente, quando a Secretaria Municipal do Meio Ambiente pediu o " Relatório de Impacto Ambiental " sobre a zona a ser inundada, mostrei o mapa do Brasil.
Aí, quiseram me internar num Hospital Psiquiátrico!
Sorte que o INSS estava de greve...
Noé terminou o relato chorando, mas notou que o céu clareava perguntou:
- Senhor, então não irás mais destruir o Brasil?
- Não! - respondeu a Voz entre as nuvens
- Pelo que ouvi de ti, Noé, cheguei tarde! O governo já se encarregou de fazer isso!
Da redação
FILA INDIANA
Albert Einstein
Para mim, os homens caminham pela face da Terra em fila indiana.
Depressão - Mais que tristeza
A depressão atinge as pessoas em qualquer fase da vida,
mas os mais afetados neste século XXI são os jovens
A depressão é um mal que não vê classe social e muito
menos idade. A chamada "doença do século XXI" era antes mais comum em mulheres de meia idade. Nos últimos
dez anos, no entanto, especialistas começaram a observar um outro público-alvo da doença: os jovens. O cálculo é de que ela atinja um em cada dez deles no mundo.
"Muitos acham que é frescura, mas na verdade é um sentimento incontrolável, acho que resultado da vida moderna", afirma a universitária Maria Júlia Duarte, uma entre
os 10 milhões de brasileiros que sofrem de depressão.
Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), no
mundo todo, são 100 milhões de pessoas atingidas.
"A depressão tem se manifestado cada vez mais cedo.
Não existe nada que efetivamente possa comprovar o
porquê desta incidência, mas acredita-se que um dos
possíveis motivos seja o uso precoce de drogas. A grande pressão e cobrança do mercado de trabalho também
contribuem muito", explica o psiquiatra e professor da
Faculdade de Medicina do ABC, Sérgio Baldassim.
De acordo com o professor do Departamento de Psicologia da UFPR (Universidade Federal do Paraná), Saint Clair Bahls, cerca de 1,5% das crianças brasileiras sofrem de
depressão.
Entre os adolescentes, a incidência aumenta para 8%.
"Este índice vai aumentando conforme a idade. É preciso
tratar as crianças e adolescentes, pois senão a doença se
arrasta para a juventude com conseqüências piores", ressalta.
Leia mais na página: 05
Cada um carregando uma sacola na frente e outra atrás.
Na sacola da frente, nós colocamos as nossas qualidades.
Na sacola de trás, guardamos os nossos defeitos.
Por isso, durante a jornada pela vida, mantemos os olhos fixos nas virtudes que possuímos, presas em nosso peito.
Ao mesmo tempo, reparamos impiedosamente nas costas do companheiro que está adiante, todos os defeitos
que ele possui.
E nos julgamos melhores que ele, sem perceber que a pessoa andando atrás de nós, está
pensando a mesma coisa a nosso respeito.
Mude, ainda dá tempo,e não esqueça...
"A vida é como jogar uma bola na parede:
Se for jogada uma bola azul, ela voltará azul;
Se for jogada uma bola verde, ela voltará verde;
Se a bola for jogada fraca, ela voltará fraca;
Se a bola for jogada com força, ela voltará com força.
Por isso, nunca "jogue uma bola na vida" de forma que você não esteja pronto a recebê-la.
A vida não dá e nem empresta; não se comove e nem se apieda.
Tudo quanto ela faz, é retribuir e transferir aquilo que nós lhe oferecemos...
Albert Einstein
CARATER
Do grego “charactér” de “charássein” que significa GRAVAR.
Etimologicamente, caráter quer dizer “coisa gravada”. O Termo pode ter dois sentidos diversos: 1º.)
como conjunto de disposições psicológicas e comportamentos habituais de uma pessoa, isto é, a
personalidade concreta. 2º.) relacionado à vontade e nesse caso conecta as idéias de energia, honestidade e coerência; é nessa acepção que falamos,em “homem de caráter”.
Há inúmeras classificações de caráter, obedecendo aos mais diversos critérios. Citaremos a de Heymans e Wiersma, baseada nas três propriedades fundamentais do caráter: emotividade, atividade
repercussão das representações. Quanto á emotividade os indivíduos podem ser emotivos e nãoemotivos; Quanto à atividade, distribuem-se em ativos e não-ativos; Quanto à repercussão das representações, distinguem-se os primários (influenciados pelo presente e a ele reagindo) e os secundários (com capacidade de reagir em vista do futuro e não somente em função da situação atual).
O homem de vontade é, precisamente, aquele que sabe criar para si um caráter e que, por esse caráter, orienta sua própria conduta.
Educação se faz com exemplos, competência e respeito.
Gazeta Valeparaibana
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A Mineração no Brasil
INTRODUÇÃO
Desde o final do século XVI na capitânia de São Vicente, o Brasil já tinha
conhecido uma escassa exploração
mineral do chamado ouro de lavagem,
que em razão da baixa rentabilidade,
foi rapidamente abandonada.
Somente no século XVIII é que a mineração realmente passou a dominar o
cenário brasileiro, intensificando a
vida urbana da colônia, além de ter
promovido uma sociedade menos aristocrática em relação ao período anterior, representado pelo ruralismo açuca-
parte da metrópole.
Já por ocasião do escasso e pobre
ouro de lavagem achado desde o século XVI em São Vicente, tinha-se promulgado um longo regulamento estabelecendo-se a livre exploração, embora submetida a uma rígida fiscalização, onde a coroa reservava-se no direito ao quinto, a quinta parte de todo
ouro extraído. Com as descobertas
feitas em Minas Gerais na região de
Vila Rica, a antiga lei é substituída pelo Regimento dos Superintendentes,
Guardasmores e Oficiais Deputados
para as Minas de Ouro, datada de
1702. Esse regimento se manteria até
o término do período colonial, apenas
com algumas modificações.
Ouro Preto, antiga Vila Rica
reiro.
A mineração, marcada pela extração
de ouro e diamantes nas regiões de
Goiás, Mato Grosso e principalmente
Minas Gerais, atingiu o apogeu entre
os anos de 1750 e 1770, justamente no
período em que a Inglaterra se industrializava e se consolidava como uma
potência hegemônica, exercendo uma
influência econômica cada vez maior
sobre Portugal.
CONTEXTO EUROPEU:
INGLATERRA/PORTUGAL
Em contrapartida ao desenvolvimento
econômico da Inglaterra, Portugal enfrentava enormes dificuldades econômicas e financeiras com a perda de
seus domínios no Oriente e na África,
após 60 anos de domínio espanhol
durante a União Ibérica (1580-1640).
Dos vários tratados que comprovam a
crescente dependência portuguesa em
relação à Inglaterra, destaca-se o Tratado de Methuem (Panos e Vinhos) em
1703, pelo qual Portugal é obrigado a
adquirir os tecidos da Inglaterra e essa, os vinhos portugueses. Para Portugal, esse acordo liquidou com as manufaturas e agravou o acentuado déficit na balança comercial, onde o valor
das importações (tecidos ingleses) irá
superar o das exportações (vinhos). É
importante notar que o Tratado de Methuem ocorreu alguns anos depois da
descoberta das primeiras grandes jazidas de ouro em Minas Gerais, e que
bem antes de sua assinatura as importações inglesas já arruinavam as manufaturas portuguesas. O tratado, deve ser considerado assim, bem mais
um ponto de chegada do que de começo, em relação ao domínio econômico
inglês sobre Portugal.
A RIGIDEZ FISCAL
Nesse mesmo período, em que na América espanhola o esgotamento das
minas irá provocar uma forte elevação
no preço dos produtos, o Brasil assistia a passagem da economia açucareira para mineradora, que ao contrário
da agricultura e de outras atividades,
como a pecuária, foi submetida a uma
rigorosa disciplina e fiscalização por
O sistema estabelecido era o seguinte:
para fiscalizar dirigir e cobrar o quinto
nas áreas de mineração criava-se a
Intendência de Minas, sob a direção de
um superintendente em cada capitania
em que se descobrisse ouro, subordinado diretamente ao poder metropolitano. O descobrimento das jazidas era
obrigatoriamente comunicado ao superintendente da capitania que requisitava os funcionários (guardamores)
para que fosse feita a demarcação das
datas, lotes que seriam posteriormente distribuídos entre os mineradores
presentes. O minerador que havia descoberto a jazida tinha o direito de escolher as duas primeiras datas, enquanto que o guarda-mor escolhia uma outra para a Fazenda Real, que depois a vendia em leilão. A distribuição
dos lotes era proporcional ao número
de escravos que o minerador possuísse. Aqueles que tivessem mais de 12
escravos recebiam uma "data inteira",
que correspondia a cerca de 3 mil metros quadrados. Já os que tinham menos de doze escravos recebiam apenas uma pequena parte de uma data.
Os demais lotes eram sorteados entre
os interessados que deviam dar início
à exploração no prazo de quarenta
dias, sob pena de perder a posse da
terra. A venda de uma data era somente autorizada, na hipótese devidamente comprovada da perda de todos os
escravos. Neste caso o minerador só
podia receber uma nova data quando
obtivesse outros trabalhadores. A reincidência porém, resultaria na perda
definitiva do direito de receber outro
terreno.
A cobrança do quinto sempre foi vista
pelos mineradores como um abuso
fiscal, o que resultava em freqüentes
tentativas de sonegação, fazendo com
que a metrópole criasse novas formas
de cobrança.
gir, sob pena de ser decretada a derrama, isto é, o confisco dos bens do devedor para que a soma de 100 arrobas
fosse completada. Posteriormente ainda foi criada a taxa de capitação , um
imposto fixo, cobrado por cada escravo que o minerador possuísse.
Para o historiador Caio Prado Júnior,
"cada vez que se decretava uma derrama, a capitania, atingida entrava em
polvorosa. A força armada se mobilizava, a população vivia sobre o terror;
casas particulares eram violadas a
qualquer hora do dia ou da noite, as
prisões se multiplicavam. Isto durava
não raro muitos meses, durante os
quais desaparecia toda e qualquer garantia pessoal. Todo mundo estava
sujeito a perder de uma hora para outra seus bens, sua liberdade, quando
não sua vida. Aliás as derramas tomavam caráter de violência tão grande e
subversão tão grave da ordem, que
somente nos dias áureos da mineração se lançou mão deles. Quando começa a decadência, eles se tornam
cada vez mais espaçados, embora
nunca mais depois de 1762 o quinto
atingisse as 100 arrobas fixadas. Da
última vez que se projetou uma derrama (em 1788), ela teve de ser suspensa à última hora, pois chegaram ao
conhecimento das autoridades notícias positivas de um levante geral em
Minas Gerais, marcado para o momento em que fosse iniciada a cobrança
(conspiração de Tiradentes)."
muito tempo, os mineradores que só
viam a riqueza no ouro, ignoraram o
valor desta pedra preciosa, utilizada
inclusive como ficha para jogo.
Somente após três décadas que o governador das Gerais, D. Lourenço de
Almeida, enviou algumas pedras para
serem analisadas em Portugal, que
imediatamente aprovou a criação do
primeiro Regimento para os Diamantes, que estabeleceu como forma de
cobrar o quinto, o sistema de capitação sobre mineradores que viessem a
trabalhar naquela região.
O principal centro de extração da valiosa pedra, foi o Arraial do Tijuco, hoje
Diamantina em Minas Gerais, que em
razão da importância, foi elevado à
categoria de Distrito Diamantino, com
fronteiras delimitadas e um intendente
independente do governador da capitânia, subalterno apenas à coroa portuguesa.
A partir de 1734, visando um maior
controle sobre a região diamantina, foi
estabelecido um sistema de exclusividade na exploração de diamantes para
um único contratador. O primeiro deles em 1740, foi o milionário João Fernandes de Oliveira, que se apaixonou
pela escrava Chica da Silva, tornandoa uma nobre senhora do Arraial do
Tijuco.
Devido ao intenso contrabando e soA EXPLORAÇÃO DAS JAZIDAS negação, como também ao elevado
valor do produto, a metrópole decreHavia duas formas de extração aurífe- tou a Extração Real em 1771, representando o monopólio estatal sobre o
ra: a lavra e a faiscação.
diamante, que vigorou até 1832.
As lavras eram empresas que, dispondo de ferramentas especializadas, executavam a extração aurífera em grandes jazidas, utilizando mão-de-obra de
escravos africanos. O trabalho livre
era insignificante e o índio não era empregado. A lavra foi o tipo de extração
mais freqüente na fase áurea da mineração, quando ainda existia recurso e
produção abundantes, o que tornou
possível grandes empreendimentos e
obras na região.
Extração aurífera
A faiscação era a pequena extração
representada pelo trabalho do próprio
garimpeiro, um homem livre de poucos recursos que excepcionalmente
poderia contar com alguns ajudantes.
No mundo do garimpo o faiscador é
considerado um nômade, reunindo-se
às vezes em grande número, num local franqueado a todos. Poderiam ainda ser escravos que, se encontrassem
uma quantidade muito significativa de
ouro, ganhariam a alforria. Também
conhecida como faisqueira, tal atividade se realizava principalmente em regiões ribeirinhas. De uma maneira ou
de outra, a faiscação sempre existiu
na mineração aurífera da colônia tornando-se mais intensa com a própria
das minas, surgindo então o faiscador
que aproveita as áreas empobrecidas
e abandonadas. Este cenário torna-se
mais comum pelos fins do século XVIII, quando a mineração entra num processo de franca decadência.
A partir de 1690 são criadas as Casas
de Fundição, estabelecimentos controlados pela Fazenda Real, que recebiam
todo ouro extraído, transformando-o
em barras timbradas e devidamente
quintadas, para somente depois, devolve-las ao proprietário. A tentativa
de utilizar o ouro sob outra forma -em pó, em pepitas ou em barras não
marcadas -- era rigorosamente punida,
com penas que iam do confisco dos
bens do infrator, até seu degredo perpétuo para as colônias portuguesas na
África. Como o ouro era facilmente
escondido graças ao seu alto valor em A EXTRAÇÃO DE DIAMANTES
pequenos volumes, criou-se a finta,
um pagamento anual fixo de 30 arro- A extração mineral não se restringiu
bas, cerca de 450 quilos de ouro que o apenas ao ouro. O século XVIII tamquinto deveria necessariamente atin- bém conheceu o diamante, no vale do
rio Jequitinhonha, sendo que durante
Gazeta Valeparaibana - O jornal educação
DESDOBRAMENTOS:
SOCIEDADE E CULTURA
O ciclo do ouro e do diamante foi responsável por profundas mudanças na
vida colonial. Em cem anos a população cresceu de 300 mil para, aproximadamente, 3 milhões de pessoas,
incluindo aí, um deslocamento de 800
mil portugueses para o Brasil. Paralelamente foi intensificado o comércio
interno de escravos, chegando do Nordeste cerca de 600 mil negros. Tais
deslocamentos representam a transferência do eixo social e econômico do
litoral para o interior da colônia, o que
acarretou na própria mudança da capital de Salvador para o Rio de Janeiro,
cidade de mais fácil acesso à região
mineradora. A vida urbana mais intensa viabilizou também, melhores oportunidades no mercado interno e uma
sociedade mais flexível, principalmente se contrastada com o imobilismo da
sociedade açucareira.
Embora mantivesse a base escravista,
a sociedade mineradora diferenciavase da açucareira, por seu comportamento urbano, menos aristocrático e
intelectualmente mais evoluído. Era
comum no século XVIII, ser grande
minerador e latifundiário ao mesmo
tempo. Portanto, a camada socialmente dominante era mais heterogênea,
representada pelos grandes proprietários de escravos, grandes comerciantes e burocratas. A novidade foi o surgimento de um grupo intermediário
formado por pequenos comerciantes,
intelectuais, artesãos e artistas que
viviam nas cidades.
CONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE
CIDADANIA + MEIO AMBIENTE
Gazeta Valeparaibana
Abril 2010
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A mineração no Brasil (continuação)
O segmento abaixo era formado
por homens livres pobres (brancos,
mestiços e negros libertos), que
eram faiscadores, aventureiros e
biscateiros, enquanto que a base
social permanecia formada por escravos que em meados do século
XVIII, representavam 70% da população mineira.
do Mestre Valentim, no Rio de Ja- zou ainda mais, uma grande acuneiro.
mulação de capital na Inglaterra,
indispensável para o seu pioneirisNa música destaca-se o estilo sa- mo na Revolução Industrial.
cro barroco do mineiro José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita,
O CICLO DO CAFÉ
além da música popular represenA Expansão do café no Brasil
tada pela modinha e pela cantiga
de ninar de origem lusitana e pelo
Introdução
lundu de origem africana.
A DECADÊNCIA DO PERÍODO
Para o cotidiano de trabalho dos
escravos, a mineração foi um retrocesso, pois apesar de alguns terem
conseguido a liberdade, a grande
maioria passou a viver em condições bem piores do que no período
anterior, escavando em verdadeiros buracos onde até a respiração
era dificultada. Trabalhavam também na água ou atolados no barro
no interior das minas. Essas condições desumanas resultam na organização de novos quilombos, como
do rio das Mortes, em Minas Gerais, e o de Carlota, no Mato Grosso. Com o crescimento do número
de pequenos e médios proprietários a mineração gerou uma menor
concentração de renda, ocorrendo
inicialmente um processo inflacionário, seguido pelo desenvolvimento de uma sólida agricultura de
subsistência, que juntamente com
a pecuária, consolidam-se como
atividades subsidiárias e periféricas.
A acentuação da vida urbana trouxe também mudanças culturais e
intelectuais, destacando-se a chamada escola mineira, que se transformou no principal centro do Arcadismo no Brasil. São expoentes
as obras esculturais e arquitetônicas de Antônio Francisco Lisboa, o
"Aleijadinho", em Minas Gerais e
Na segunda metade do século XVIII, a mineração entra em decadência
com a paralisação das descobertas. Por serem de aluvião o ouro e
diamantes descobertos eram facilmente extraídos, o que levou a uma
exploração constante, fazendo com
que as jazidas se esgotassem rapidamente. Esse esgotamento devese fundamentalmente ao desconhecimento técnico dos mineradores,
já que enquanto a extração foi feita
apenas nos veios (leitos dos rios),
nos tabuleiros (margens) e nas grupiaras (encostas mais profundas) a
técnica, apesar de rudimentar, foi
suficiente para o sucesso do empreendimento. Numa quarta etapa
porém, quando a extração atinge
as rochas matrizes, formadas por
um minério extremamente duro
(quartzo itabirito), as escavações
não conseguem prosseguir, iniciando o declínio da economia mineradora. Como as outras atividades
eram subsidiárias ao ouro e ao diamante, toda economia colonial entrou em declínio. Sendo assim, a
primeira metade do século XIX será
representada pelo Renascimento
Agrícola, fase economicamente
transitória, marcada pela diversificação rural (algodão, açúcar, tabaco, cacau e café), que se estenderá
até a consolidação da monocultura
cafeeira, iniciada por volta de 1870
no Vale do Paraíba.
A suposta riqueza gerada pela mi-
neração não permaneceu no Brasil
e nem foi para Portugal. A dependência lusa em relação ao capitalismo inglês era antiga, e nesse sentido, grande parte das dívidas portuguesas, acabaram sendo pagas
com ouro brasileiro, o que viabili-
Originário da Etiópia, onde já era
utilizado em tempos remotos, o café atravessou o Mediterrâneo e
chegou à Europa durante a segunda metade do século 17. Era a época do Barroco e das monarquias
absolutas, e a expansão do comércio internacional enriquecia a burguesia. Já no início do século 18,
os Cafés tornaram-se centros de
encontro e reunião elegante de aristocratas, burgueses e intelectuais.
Precedido pela fama de "provocar
idéias", o café conquistou, desde
logo, o gosto de escritores, artistas
e pensadores. Lord Bacon atribuíalhe a capacidade de "dar espírito
ao que não o tem". os enciclopedistas eram adeptos fervorosos do
café e dos Cafés, que Eça de Queiroz chegou a afirmar, muito depois,
que foi do fundo das negras taças
"que brotou o raio luminoso de 89",
referindo-se às discussões entre
iluministas que precederam a Revolução Francesa.
No Brasil
No Brasil, o café anda, derruba matas, desbrava as terras do Oeste.
Foi em 1727 que o oficial português
Francisco de Mello Palheta, vindo
da Guiana Francesa, trouxe as primeiras mudas da rubiácea para o
Brasil. Recebera-as de presente
das mãos de Madame dáOrvilliers,
esposa do governador de Caiena.
Ora, como a saída de sementes e
mudas de café estava proibida na
Guiana Francesa, é licito pensar
que o aventureiro português recebeu de Madame não só os frutos,
mas outros favores talvez mais doces. As mudas foram plantadas no
Pará, onde floresceram sem dificuldade.
meçou a ser plantado em 1781 por
João Alberto de Castello Branco.
Tinha início, assim, um novo ciclo
econômico na história do país.
Esgotado o ciclo da mineração do
ouro em Minas Gerais, outra riqueza surgia, provocando a emergência de uma aristocracia e promovendo o progresso do Império e da
Primeira República.
Penetrando pelo vale do rio Paraíba, a mancha verde dos cafezais,
que já dominava paisagem fluminense, chegou a São Paulo, que, a
partir da década de 1880, passou a
ser o principal produtor nacional
da rubiácea (café). Na sua marcha
foi criando cidades e fazendo fortunas. Ao terminar o século XIX, o
Brasil controlava o mercado cafeeiro mundial.
Nas cidades surgem Cafés
e o culto ao "ouro verde"
"No começo do século o Café Lamas é um cenáculo de (...) irrequietos boêmios: estudantes, artistas,
bancários, rapazes do esporte, do
funcionalismo público e do comércio. Funciona dia e noite. Suas portas não se fecham, nem se abrem.
De tal sorte que, uma vez, quando
se amotina a Escola Militar em
1904, durante a Revolta da Vacina e
a notícia corre que, sob o comando
do general Travassos, descem os
alunos pela.rua da Passagem, caminho do Catete, as portas do estabelecimento, de tanto viverem sem
(...) movimento, não podem fechar,
perras, imobilizadas nos seus gonzos. E assim é que se manda chamar, para fazer movê-las, um esperto carpinteiro". (Luiz Edmundo.).
Na madrugada carioca, os caminhos de todos os boêmios convergiam, ziguezagueantes e trôpegos,
para o Café Lamas. Depois da meia-noite era para ali que avançavam,
a passo vacilante, notívagos e intelectuais saídos de outros Cafés famosos, como o Papagaio, o Cascata, o Café Paris e muitos mais.
Nos movimentados Cafés tomavase de tudo, inclusive café, servido
por ágeis e animados garçons, que
talvez não tivessem plena consciência de seu papel na complexa
estrutura econômica do Brasil, mas
cuja função representava o último
elo, fumegante, negro e aromático,
da ampla cadeia do café.
Mas não seria no ambiente amazônico que a nova planta iria tornarse a principal do país, um século e
meio mais tarde. Enquanto na Europa e nos Estados Unidos o consumo da bebida crescia extraordinariamente, exigindo o constante
aumento da produção, o café sal- CONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE
tou para o Rio de Janeiro, onde co-
EDUCAÇÃO
Do latim “educere”, que significa extrair, tirar, desenvolver.
Consiste, essencialmente, na formação do homem de caráter. A Educação é um processo vital, para o qual concorrem forças naturais e espirituais, conjugadas pela ação consciente do educador e pela vontade livre do educando.
Não pode, pois, ser confundida com o simples desenvolvimento ou crescimento dos indivíduos, nem com a sua mera adaptação ao meio.
É atividade criadora, que visa a levar o ser humano a realizar as suas potencialidades físicas, intelectuais, criativas, morais e espirituais. Não se reduz, à preparação para fins
exclusivamente utilitários, como uma profissão, nem para desenvolvimento de características parciais de personalidade, como um dom artístico, mas abrange o homem integral, em todos os aspectos de seu corpo e de sua alma, ou seja, em toda a extensão de sua vida sensível, espiritual, intelectual, moral, individual, doméstica e social, para elevá-la, regulá-la e aperfeiçoá-la.
É um processo continuo, que começa nas origens do ser humano e se estende até sua morte.
Exploração sexual é crime e a pedofilia é crime hediondo.
denuncie:
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Gazeta Valeparaibana
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O Ciclo do Café (continuação)
Financiando, armazenando
e vendendo, as Casas
Comissárias reinam
sobre o café
Contemplando certo edifício em Buenos Aires, Olavo Bilac - então em viagem oficial á Argentina - exclamava em
1910: "Casa querida! Como tu lembras,
aqui, no estrangeiro, todas as casas da
minha vida". Referia-se à sede do Café
Paulista, empresa de comercialização
fundada por Octaviano Alves de Lima
na capital portenha. Notável propagandista, Alves de Lima conseguira aumentar o consumo do café brasileiro
pelos argentinos, divulgando o slogan
"Café Paulista (Brasil) - O melhor do
mundo". O café era o símbolo do Brasil no exterior.
Entre a fazenda produtora e o consumidor estrangeiro, o café passava por
uma série de etapas, mudando várias
vezes de mão. Depois de conduzido
em lombo de burros ou em carros de
boi até a estrada de ferro mais próxima, que passava com freqüência pela
própria fazenda, era embarcado em
vagões, que desciam para o porto de
Santos ou do Rio de Janeiro. Mas não
era imediatamente exportado. Fazia,
antes, um estágio nos armazéns de
alguma Casa Comissária e era então
vendido aos exportadores. Os comissários de café - geralmente comerciantes portugueses e brasileiros, ou grandes fazendeiros que diversificavam
suas atividades metendo-se no comércio e fundando bancos - financiavam
plantações sob hipoteca e por conta
da produção a ser vendida. Vendendo
o café aos exportadores, os comissários tiveram papel decisivo, particularmente no primeiro período de expansão dessa lavoura (final do século
XIX), quando a maior parte dos fazendeiros ainda não se mudara para a cidade e vivia isolada nas casas-grandes
de suas fazendas. .
Os comissários cobravam dos fazendeiros comissão pela venda, despesas
de armazenamento e juros pelo financiamento da plantação. Houve um momento em que foi muito estreita a relação de dependência pessoal do produtor para com o comissário, tomando-se
este uma espécie de conselheiro daquele. "Daí persistir em 1890 o costume de grandes casas comerciais hospedarem, nos seus andares superiores, senhores rurais ou pessoas de
suas famílias. Quando em visita ás cidades, era aí ou nas próprias residências dos seus comissários (...) que se
instalava essa gente do interior".
(Gilberto Freyre.) '.
Entre as mais importantes Casas Comissárias estavam a Prado Chaves,
que era também exportadora - chegando a exportar, em 1910, 1,5 milhão de
sacas de café-, a Whitalter & Brotero, a
Companhia Intermediária de Café de
Santos e a Companhia Paulista de Armazéns de Santos, controlada por ingleses.
Embora a presença estrangeira pudesse ser notada entre os comissários,
era, porém, no comércio de exportação
que mais forte se fazia sentir sua intervenção. Das dez maiores firmas exportadoras, em 1907, apenas uma era brasileira, a Prado Chaves, que ocupava o
sétimo lugar. Todas as outras, como a
Theodor Wille (alemã) e a Neumann &
Gepp (inglesa), pertenciam a estrangeiros. As vendas externas proporcionavam enormes lucros, pois a própria
cotação do café era manipulada pelos
exportadores, numa época em que as
trocas de informações entre os continentes mostravam-se precárias.
Apesar das crises econômicas conjunturais, o consumo mundial de café
crescia constantemente. Os lucros dos
exportadores, entretanto, não subiam
na mesma proporção, pois, entre 1891
e 1900, a exportação de 74 491 000 sacas de café rendeu a cifra de 4691906
contos de réis, enquanto na década
seguinte, isto é, entre 1901 e 1910,
houve uma queda para 4 179 817 contos de réis no pagamento da exportação de uma quantidade maior de café
(130 599 000 sacas). Em 1906, o providencial Convênio de Taubaté viria salvar a situação. E os exportadores poderiam, outra vez, dormir em paz.
Na alta, fortuna.
Na baixa, falência.
Um convênio irá equilibrar essa balança?
Mas, afinal, o que estava acontecendo
com o café? perguntava-se, perplexo,
o homem da rua, em fins de 1902. Não
era ele o "ouro verde" de que tantos
falavam? Que anúncios de crise eram
aqueles? Onde estava a antiga euforia,
aquela impressão de riqueza sem limites, proporcionada pelo café, e que foi
a marca dos últimos decênios do século XIX?
E, com efeito, aquilo que parecia impossível na década de 1880 estava de
fato acontecendo. A cotação internacional do café caía constantemente,
enquanto as fazendas lançavam no
mercado quantidades crescentes do
"ouro verde". A safra dos anos
1901/1902 havia superado a marca de
16 milhões de sacas, para um consumo mundial ligeiramente superior a 15
milhões. E a cotação do produto no
mercado externo, que havia sido de
102 francos-ouro em 1885, caíra para
33 francos-ouro em 1902.
De fato, desde 1893, os preços
internacionais vinham caindo sistematicamente como conseqüência dos
problemas econômicos dos Estados
Unidos, nosso principal cliente, e da
expansão mundial da produção de café.
Mas durante alguns anos a queda dos
preços havia sido compensada pela
desvalorização do mil-réis. Os cafeicultores recebiam menos em libras ou em
francos, mas o montante de suas rendas em moeda nacional não se alterava substancialmente. Essa desvalorização do dinheiro era provocada pelo
"encilhamento" - política de farta emissão de papel-moeda adotada na gestão
de Ruy Barbosa no Ministério da Fazenda (1889-1891), durante o governo
de Deodoro da Fonseca. Visando a aumentar a quantidade de dinheiro em
circulação, para incentivar o estabelecimento de indústrias e possibilitar o
pagamento da massa assalariada que
começava a substituir os escravos, o
"encilhamento" gerou um galopante
processo de inflação. Essa política caracterizou-se também pelo estímulo
oficial à constituição de sociedades
por ações, o que gerou desenfreada
especulação na Bolsa de Valores. (Daí
o nome "encilhamento", que se refere
ao momento em que são apertadas as
selas dos cavalos antes das corridas
nos hipódromos - e o ritmo das apos-
tas se torna frenético.) No final do século XIX, depois de um período de euforia, as ações começaram a baixar - e
muitos cafeicultores abriram falência.
Para restaurar as finanças, o presidente Campos Salles, logo que tomou posse, em 1898, passou a aplicar uma política deflacionária, forçando a revalorização do mil-réis. Ora, revalorizar a
moeda significava - caso a tendência
baixista na cotação do café não fosse
modificada - reduzir fortemente a renda dos cafeicultores. E era o que estava começando a acontecer, agora que
a política "saneadora" de Campos Salles apresentava seus primeiros resultados.
A opulência do passado
entra em crise
Em 1902, olhando os jornais do dia, ao
tomar o fumegante café da manhã, os
homens de negócios não podiam esconder seu temor diante dos fatos. E
preciso fazer alguma coisa! exclamava
o fazendeiro, franzindo o cenho. E preciso fazer algumas coisas! repetiam,
como um eco, deputados e senadores,
presidentes de Estado, potentados do
café. Pois era a rubiácea o sustentáculo da jovem República, assim como o
fora do Império.
Expandindo-se em ondas verdes em
direção do Oeste durante a segunda
metade do século XIX, os cafezais haviam ocupado enormes espaços geográficos do Rio de Janeiro e de São
Paulo. Uma nova classe dirigente surgiu daí, muito mais poderosa e opulenta do que os antigos barões do açúcar.
Mais urbana do que estes e muito ligada á vida cultural e social da Europa,
essa nova classe contribuiu poderosamente para modificar a paisagem das
cidades. Sua ação fez surgir um novo
estilo arquitetônico, copiado de modelos europeus, e levou o fausto da casagrande senhorial às chácaras e sobrados urbanos. No Rio de Janeiro, por
exemplo, Antonio Clemente Pinto, Barão de Nova Friburgo, possuidor de
vinte fazendas, fez construir o Palácio
do Catete, entre 1858 e 1865, por 8000
contos de réis.
A ação urbanizadora do café permitiu
também a modernização das grandes
cidades e motivou a revolução nos
transporte com a implantação das primeiras estradas de ferro. As ferrovias
paulistas - a primeira das quais, ligando Santos a Jundiaí é de 1867 -, abrindo caminho para o oeste, acompanharam a plástica fronteira verde. E foram
plantando cidades em seu avanço. Só
em São Paulo, entre 1891 e 1900, foram
criados 41 municípios.
ficar inteiramente a orientação econômica do Governo federal. Rodrigues
Alves, apesar de paulista e cafeicultor,
opunha-se à valorização, pois queria
dar continuidade à política deflacionária do governo anterior, de Campos
Salles. No entanto, obedecendo aos
reclamos do "complexo do café", os
presidentes Tibiriçá, Peçanha e Salles
firmaram acordo que representava literalmente a "salvação da lavoura". Conhecido como Convênio de Taubaté,
esse acordo fixou os seguintes princípios: a) preço mínimo para a saca de
café; b) negociação de um empréstimo
externo de 15 milhões de libras esterlinas para custear as compras de café a
serem feitas pelos Governos estaduais, com a finalidade de retirar do merc ado um a p a rt e d o p rod ut o;
c) estabelecimento de um fundo para a
estabilização do câmbio, impedindo
assim que o mil-réis fosse revalorizado; esse fundo seria a Caixa de Conversão; d) imposição de uma taxa proibitiva para impedir o surgimento de
novas plantações.
"Depois de alguma luta para demover
os opositores do plano, o Convênio foi
finalmente aprovado pelo Congresso
Nacional, não sem certa resistência de
Rodrigues Alves. Tal resistência, aliás,
custou-lhe o mando político do país.
Durante aquele ano ocorreria a sucessão presidencial e os representantes
dos grandes Estados rejeitaram o candidato preferido de Rodrigues Alves,
escolhendo Affonso Penna, inteiramente identificado com a valorização
do café. Empossado em novembro,
Penna honraria fielmente seus compromissos com cafeicultura.
Durante os três anos seguintes foi implantada a Caixa de Conversão e os
Estados conseguiram dos banqueiros
europeus o ansiado empréstimo de 15
milhões de libras, com o qual puderam
efetuar compras maciças de café excedente. Em 1909, surgiram os primeiros
efeitos da política de valorização. Os
preços internacionais do café começaram a subir, enquanto a Caixa de Conversão conservava o câmbio artificialmente baixo. No entanto, o país endividara-se no exterior. Os grandes bancos europeus passaram a controlar o
comércio do café.
Muitas fazendas foram vendidas a estrangeiros, pois o esquema valorizador
A salvação vem de Taubaté
Em 1906, a crise atingiu seu ponto culminante. A safra de café desse ano
ultrapassou os 20 milhões de sacas,
para um consumo mundial inferior a 16
milhões, enquanto os preços continuavam a cair. Em fevereiro, reuniram-se
em Taubaté os presidentes Jorge Tibiriçá (São Paulo), Nilo Peçanha (Rio de
Janeiro) e Francisco Salles (Minas),
procurando encontrar uma saída para
o impasse. Precedida de intensas pressões dos cafeicultores sobre o presidente da República, Rodrigues Alves que tomara posse em 1902 - para que
fosse aprovado um plano de valorização do café, proposto pelo industrial
paulista Alexandre Siciliano, a reunião
estabeleceu princípios que iriam modi-
enriqueceu apenas uma parte dos produtores.
Os principais beneficiários da nova
política econômica foram basicamente
os banqueiros internacionais e as casas comissárias, que, comprando o
café na baixa e vendendo-o na alta,
auferiram lucros fabulosos. Algumas
delas, aliás, tornaram-se grandes proprietárias de fazendas.
A Prado Chaves, por exemplo, adquiriu, nesse período, catorze fazendas,
vendidas a baixo preço por cafeicultores arruinados, com um total de 3,5
milhões de pés de café.
Da redação
“filho de pobre continuará pobre, o que no Brasil significa não ter acesso à educação e outros serviços básicos, se não frequentar a Escola.”
Abril 2010
Gazeta Valeparaibana
Página 12
Jongo - Patrimônio imaterial
Jongo em patrimônio imaterial
(objeto da matéria do Boletim Famaliá neste link: http://
www.overmundo.com.br/blogs/
artigo-jongo-patrimonio-imaterialbrasileiro) – por sua inusitada relevância nos dias de hoje – me parece um tema por demais polêmico.
Fico mesmo surpreso que ele não
Fazenda com escravos no Vale do esteja sendo amplamente debatido,
Paraíba do Sul.
pelo menos em seu âmbito mais
direto.
Foi logo no início das nossas colaborações por aqui. O Boletim Fa- Eu penso que patrimônio cultural
maliá, no qual o tema apareceu, a- material ou imaterial são conceitos
traindo o meu comentário, já fre- bastante óbvios; patrimônio materiqüentava a minha caixa de e.mail al mais ainda, porque neste caso,
bem antes disso. Andava me dedi- geralmente, estamos nos referindo
cando ao tema há muitos anos e a artefatos, obras concretas, acabaele sempre tinha sido, pelo menos das, que não são muito passíveis
para mim, um mistério irresistível, de intervenção, transformação, ou
coisas antigas, daquela que mãe da mesmo apropriação. O grande X da
gente conta assim, por entre os questão na verdade é mesmo esta
dentes, no meio de uma conversa palavra de peso tão forte: Apropriafortuita sobre assombrações:
ção.
O Jongo! Quem sabe o que é isso exatamente? Para nos situar- Afinal, por que se apropriar? Quem
mos na conversa reproduzo aqui o tem necessidade de se apropriar?
link do verbete (que eu, fiel à me- Ninguém tem necessidade de se
mória do que aprendi e vivi sobre o apropriar de sua própria cultura,
assunto, criei e disponibilizei no conclusão pra lá de óbvia, não é
mesmo? Logo ‘alguém’, por algusistema criative commons).
ma razão (que não discuto ainda)
A natureza das contribuições dos só pode querer se apropriar da culgrupos, comunidades e instituições tura do ‘outro’, daquele culturalenvolvidas no processo deste in- mente diferente, claro!
ventário e, principalmente, o grau ‘Nós’ e os ‘outros’. A velha dicotode ligação real (conhecimento de mia. Temos um problema bem concausa) dos envolvidos, com rela- trovertido aí, vocês não acham?
ção a uma manifestação cultural Esta mesma questão nos leva à outão antiga quanto o Jongo, não es- tra: O Registro. Parece óbvio mas
tão explicitados no corpo do artigo. vale a pergunta: Por que registrar?
Não se pode deixar de aludir que o Já veiculamos e registramos cultuJongo, uma manifestação até bem ra por intermédio das chamadas
pouco tempo vagamente conhecida linguagens artísticas, melhor enpor nossa etnologia, é um tema tendidas, a grosso modo, como Armuito complexo, ligado a uma es- te, Mídia, ou seja lá o que for. Parepécie de ‘elo perdido’ – e sistemati- ce que, de uma forma ou de outra,
camente subestimado por nossa o homem sempre encontrou maneiacademia: O caráter fundamental ras, muito eficientes e sofisticadas
das particularidades das culturas até, de veicular (transmitir, dissemiafricanas originais que informaram nar, etc.) seus pontos de vista, pena cultura negra existente no Bra- samentos, sentimentos, sua cultura
sil.Esta impossibilidade de se fazer enfim. São estas formas de comuuma avaliação criteriosa sobre o nicação que acabam cristalizando
assunto atrapalha bastante a for- certos aspectos de uma manifestamação de um juízo de valor, uma ção cultural, gerando os tais
opinião definitiva a respeito de uma ‘registros’, imprecisos, geralmente
ação de tamanha envergadura, po- codificados em intrincadas simbodendo atrapalhar a própria decisão logias, esoterismos, etc. (como os
da comissão incumbida de legislar da literatura oral, por exemplo) mas
sobre a questão. É importante se que, mesmo no caso das mídias
frisar também que se está propon- mais modernas, não passarão jado a implementação de políticas mais de ‘flash backs’, imagens virpúblicas (de certo modo invasivas), tuais do que já foi, do que ‘já era’.
ações governamentais que produzi- Neste aspecto do Registro e como
rão um impacto importante sobre o argumento preservacionista, a discaráter de uma manifestação cultu- cussão costuma se basear também
ral que, cá entre nós, vivendo há na comparação entre mídias
mais de um século esquecida na ‘modernas’ e ‘arcaicas’. A transmisroça, por alguma razão, de repente são oral (a memória das pessoas
‘caiu na moda’.“No decorrer do contidas em sua arte) seria a mídia
processo de inventário foi funda- imperfeita, frágil, enquanto que a
mental o apoio da Universidade do literatura ‘culta’, a Internet e suas
Rio de Janeiro (UniRio), do Grupo diversas mídias correlatas seria o
Cultural Jongo da Serrinha, da Re- processo ‘novo’ e, por conseqüênde da Memória do Jongo, do Grupo cia, perfeito. Por meio da transmisCachuêra e de lideranças de várias são oral perderíamos gradualmente
o foco, a manifestação se esmaececomunidades jongueiras…”
ria e perderíamos uma peça de nosO pleito pela transformação do so ‘patrimônio’ cultural. Patrimônio? Imaterial? Numa sociedade
tão corrupta como o Brasil vale
perguntar: Patrimônio Imaterial de
quem,“cara pálida”?
O fato é que, ao que parece, não é
correto intervir muito nestas coisas, assim como donos da verdade, como um grupo social isoladamente – uma ‘elite’ portanto -, decidindo que aspectos da cultura de
uma sociedade devem e quais não
devem ser preservados. Isto é menos correto ainda quando não pertencemos àquele meio cultural específico, ou quando somos de contexto social diferente daquelas pessoas que praticam aquilo que estamos querendo ‘preservar’. Aí o perigo é muito grande porque, quando dominamos meios de registro
rápidos, modernos, estando diante
de culturas cujo principal mídia ainda é a transmissão oral, acabamos
nos iludindo e achando que ‘copiar’
Cultura’ é o mesmo que ‘fazer’ Cultura.
É quando nos arriscamos a entrar
n o cam po da ap r o pr i aç ã o
(copiando a Cultura do ‘outro’ com
estranhos fins) ou, o que é pior,
participando da criação de um modelo ‘fake’ daquela cultura,
‘desvirtuando-a’ completamente e
aí sim contribuindo, decisivamente,
para neutralizá-la e destrui-la. Com
efeito, a parte crucial – e surprendente- da matéria (extraída do documento oficial do Iphan) é aquela
que, a título de melhor justificar a
pertinência do pleito, diz o seguinte:
…”As crianças, por exemplo, que
durante muito tempo não podiam
freqüentar as rodas de jongo, hoje
são estimuladas a aprender o canto
e a dança de seus ancestrais. E em
muitas comunidades, hoje em dia,
não é mais necessário ser filho de
jongueiro para ser considerado jongueiro. A aproximação de pesquisadores e estudiosos, bem como,
mais recentemente, de jovens das
camadas médias urbanas, fez com
que a participação em uma roda de
jongo não seja mais limitada aos
membros das comunidades jongueiras. Além disso, algumas comunidades passaram a fazer apresentações artísticas, nas quais as
rodas de jongo acontecem sob a
forma de espetáculo.”
original e de grande personalidade,
reconhecida academicamente como… Cultura ‘Nacional’ brasileira.
Acabam uns querendo se apropriar
(geralmente com os tais estranhos
fins, geralmente pecuniários) da
Cultura dos outros.
Afora outros comentários possíveis
acerca da pouca relevância dada
no texto do Iphan à essencialidade
antropológica das tradições expressas pelo suposto passado do
Jongo (que justificariam, por exemplo, a participação apenas de iniciados), afinal de contas, como justificar a pertinência do pleito pela
transformação de uma manifestação cultural em patrimônio imaterial (um atributo apenas justificável
se comprovada sua perenidade e
autenticidade) se, ao mesmo tempo
se ressalta – ou na verdade quase
se propõe – a sua completa descaracterização, o seu ‘aviltamento’
sociocultural, sua banalização travestida de popularização?
O fato é que não adianta muito gravar um DVD sobre a exótica cultura
de pessoas muito diferentes da
gente ou tentar convencer estas
pessoas a praticar a Cultura que
nós, do alto de nossa suposta
’sabedoria acadêmica’, achamos
que elas devem praticar. No final
serão sempre elas, as pessoas, que
decidirão. Se quisermos praticar
também a cultura que elas praticam, tudo bem, que entremos na
dança pois, mas nunca sem antes
mergulhar de cabeça no jeito de
vida delas, se possível nos transformando nelas também.
Afinal há que se pagar o preço da
travessia, perder o ‘verniz’, ‘trocar
a pele’ (já que, aparentemente, não
existe neutralidade em Cultura). O
certo é que não dá pra se ter um pé
na sala e o outro na cozinha. É melhor procurar, com ética e sinceridade, a nossa turma. Um saião de
chita estampada não fará jamais de
uma garota de Ipanema uma jongueira ou uma caixeira do Divino.
Há também o recurso natural de se
incorporar elementos extraídos da
cultura tradicional em nossa cultura pop, relendo, fundindo, criando
novos gêneros híbridos, um recurEste tipo de processo de apropria- so que sempre gerou excelentes
ção, como o se processa agora resultados artísticos em nossa múcom o Jongo, com o alegado intui- sica popular ou ‘contemporânea’.
to preservacionista, costuma ser
muito comum em países onde a O que não se pode, de jeito nesociedade é muito desigual, muito nhum, é sub-repticiamente trocar a
dividida (como é o caso do Brasil). cultura do ‘outro’ por uma
Aliás o fenômeno anda se tornando ‘adaptação’, de modo a trocar a cópor demais ocorrente em grandes pia pelo original (que passa a ser o
centros urbanos, envolvendo ou- ‘falso’, o impuro), ocupando no
tras manifestações tais como o contexto da cultura tradicional de
Samba tradicional carioca, o Mara- uma sociedade, o lugar que era do
catu e outras manifestações tradi- ‘outro’ , justamente no que diz rescionais, outrora exclusivamente peito a auferir algum tipo de benefí‘populares’. De um lado pessoas cio, verbas, patrocínios, etc.
com muitas posses e pouca ou nenhuma identidade cultural, engolfa- Não seria o caso de se debater
das e, de certo modo, envergonha- mais profundamente o assunto, andas de seu ‘verniz’ ‘estrangeiro’. De tes que seja tarde demais?
outro, pessoas muito pobres mas
com uma cultura tradicional, muito Spirito Santo
Copiar, por vezes, pode se nos apresentar menos arriscado. Mas, as grandes vitórias vêm com a inovação.
Gazeta Valeparaibana
Abril 2010
Página 13
A Roça de Tereza
Juro, de pés juntos,
que é tudo verdade.
Numa noite de 1973, na quadra de uma
Escola de Samba em Cascadura, fiz
uma entrevista impressionante. Eu e
um grupo de amigos (entre os quais
estava o radialista Rubens Confeti, da
Rádio nacional aqui do Rio de Janeiro
e o fotógrafo José Ricardo Almeida).
O impressionante era que a entrevistada estava prestes a completar 117 anos
e…havia sido escrava!
Quem já ouviu, ou mesmo viu, uma
pessoa de 117 anos? São pessoas raras. Muitos eventos que só conhecemos pelos livros, foram para elas corriqueiros. A visão clara que elas tem do
passado remoto, para nós é tão desconcertante que parece mentira.
Mas juro. Não minto e repito: Isto não é
ficção. Desta vez, a história é a mais
pura realidade.
Os incidentes que a entrevistada nos
dá conta são de 1874, quando ela estava com 15 anos. Aconteceram, numa
fazenda de café do Vale do Paraíba do
Sul, Rio de Janeiro, chamada Santa
Teresa, num município denominado
hoje Avellar (que, na época, ainda pertencia à cidade de Paraíba do Sul). O
nome Avellar é emblemático pois o patrão de nossa entrevistada era, ninguém menos, que o Visconde do Paraíba, João Gomes Ribeiro de Avellar.
O nome de nossa entrevistada é Maria
Teresa dos Santos, matriarca de uma
espécie de dinastia que, sediada no
morro da Serrinha, em Madureira, não
só implantou no lugar o Jongo trazido
da roça, como ajudou a criar, em 1947
a Escola de Samba Império Serrano
(Teresa foi a orgulhosa mãe de Antônio
dos Santos, o Mestre Fuleiro, histórico
diretor de harmonia desta escola).
O registro foi feito num gravador K7,
cuja fita, mídia fantástica que é, sobrevive intacta em meu arquivo (o arquivo
do grupo Vissungo), aguardando digitalização. O documento – que eu tenho
um orgulho enorme de ter produzido –
é um dos mais impressionantes registros históricos em áudio, que eu conheço sobre o assunto e será, assim
que digitalizado, posto à disposição
dos interessados em algum acervo público, dos poucos que o Brasil possui.
O primeiro destes arquivos poderá ser,
com certeza, o Overmundo.
Decidi dar a este post, que reproduz a
transcrição da entrevista (também extraída, em parte, do meu livro ‘O Samba
e o Funk do Jorjão), um jeito menos
formal. A idéia foi deixar Teresa falar
sem edição, diretamente, para nós,
seus leitores. Teresa morreu dois ou
três anos depois da entrevista. Tinha,
pelas contas que fazia, 120 anos.
Ao final deste post, alguns comentários se fizeram necessários, já que a
entrevista gerou uma série de questões
inéditas, a serem respondidas por uma
pesquisa, de veios muito ricos, que,
pelo visto não vai acabar tão cedo. Um
destes veios é sobre o Jongo, enquanto ingrediente importante do caldo de
cultura que é o Samba e que, a partir
dos elementos trazidos à luz pela entrevista, ganha contornos muito mais
nítidos, no tempo e no espaço.
Contudo e por tudo, mais uma vez afirmo, é Maria Teresa, a ex-escrava quem
fala sobre o que viu em 1874. Por mais
desconcertante que isto possa parecer,
é tudo verdade.
..“Queria dizer que naquele tempo eles
sabia fazer o que agora num vejo ninguém fazer. Faziam! Se você estava
com dor de cabeça ou uma dor de barriga, eles passavam a mão assim na
tua cabeça e a dor de cabeça ia embora, passavam a mão assim na tua barriga e dor de barriga ia embora. Agora
não. Agora eles não faz nada. Eles não
sabem é nada. Eu não…Naquele tempo
era bom. Eu não. Não sabia (curar). Só
o Jongo. Num podia nada. E, depois…
naquele tempo não podia aprender
mais nada porque o Sr. Num deixava.
Nós carregava os filhos deles. Ah!..
Deus me livre se agora fosse como naquele tempo! Nossa Senhora! Se agora
fosse como naquele tempo…O Visconde era de Paraíba. De Avellar. Visconde
de Avellar.
Num sabe aquela família Avellar?Ainda
está lá. O sobradão branco, diz que tá
cheio de cobra. Num tem mais nada
daquilo. Num tem mais nada daquilo,
meu filho. Fui uma vez lá depois que eu
vim pra aqui, com alguém. O sobrado
tá a mesma confusão mas, o sobrado
eu conheço por dentro. Um apartamento, lá no alto. Sobrado grande. Só a
fazenda! Só o pessoal que tinha! O Visconde tinha escravo de pagode! Tinha
escravo pra duas forma. Duas forma
(cerca de 300 escravos)! O visconde
botava duas forma. Visconde de Avellar. Foi senhor do meu pai.
…Pra quem viu o cativeiro como eu
vi….É triste. Olha…se você não queria
dançar,você tinha que levar couro. Se
não queria fazer qualquer coisa, tinha
que apanhar. Tinha tronco. Tinha tronco de campanha, tinha tronco de botar
nos pés, tinha tronco de botar no pescoço, tinha isso tudo.”
isso tudo, sabe? Esse tempo eu tinha
meus 15, 16 anos.
Eu vi muita coisa, né? Eu era Ventre
Livre, eles queriam me bater, eu disse
não! Eu sou forra! Eu sou ventre livre,
não sou escrava não! Escravo é minha
mãe e meu pai! Queriam me bater?
Não. Não me batem não! Aí eu fugi. Eu
fugi e fui encontrar com meu pai, aí
meu pai era fugido…Que ele vinha fugindo do serviço, ora! Que vinha fugindo da roça!…Aí meu pai me disse: O
que que ocê está fazendo aqui, minha
filha? Eu falei: Eles queriam me bater,
eu fugi! Meu pai: Você não pode apanhar, porque você é forra, minha filha.
Escravo sou eu, que sou seu pai! Agora você não vai mais pra lá!
Aí eu fui lá pela roça, com meu pai. Ia
pra roça com meu pai e minha mãe.
Deus faz a verdade, o que eu vi aquele
pessoal passar aquele tempo. Dava
tapa na cara das criada, dos escravo.
Olha!.. Eu tinha raiva de um tal de nome Lulu. Era filho do Dr. Avellar, de
que meu pai era escravo. Eu não sei o
que foi que meu pai fez, meu pai ia levar o… ele foi, veio de lá, e mandou um
tapa na cara de meu pai. Aí meu pai
ficou revoltoso. Ai meu tio disse assim:
Vamo embora! E o meu pai, não sei se
queria matar ele. Eu num sei. Foi embora. Pra roça. Aí eu tomei raiva dele.
Aí ele falou: Ô crioula! Eu falei: Crioula
é a sua mãe! Que ocê deu um tapa na
cara do meu pai agora! Se eu fosse
meu pai eu te capava a barriga agora! E
ele: Ó sua negrinha! Negrinha, não.
Não sou negrinha. Tava com 15 anos.
Aí eu fui indo pra roça. Aí meu pai: Mas
ocê veio pra roça? Falei: Vim que eu
não quero mais ficar na fazenda. Que
eles botava as crianças, as pequena,
as negrinha, pra brincar com os filhos,
pra carr egar os f i lhos dela.”
A fuga da fazenda
O Munhambano
…“Meu pai era capataz da fazenda.
Meu avô criador de porco, mas era porco mesmo, num era esses porquinho
de hoje não. A gente passava bem e
passava mal. Mas morreu muita gente
e, depois o Dr. Avellar era muito ruim!
O pai dele num era ruim como ele não
mas ele era. É brincadeira? Botar
‘bacalhau’? Não sabe o que é
‘bacalhau’?! Aqui na cidade tinha que
ainda quando eu vim aqui pra cidade
eu vi ‘bacalhau’, vi tronco aqui na cidade. ‘Bacalhau é aquilo que é como se
diz?…Como aquilo que é couro, enroscado assim…Um relho! Mas não era
chicote não. Chicote era trançado e
não era trançado não. É. É o que fazia…Dr. Avellar. Ele era filho do Visconde.
…Se fugia muita gente? Fugia! Fugia!
Chamava Capitão do mato. Procurava
eles. O que procurava eles era o Capitão do Mato. Coitados! Vinha tudo amarrado, algemado assim, tudo algemado, heim!(perguntada se lá tinha
quilombo, não entende a pergunta): Em
Paraíba tinha tudo. Pra onde eles fugia? Era no mato virgem. Era mais na
roça. Paraíba, Campo Verde, Boa Vista,
Conceição, Santa Teresa. Eu fui criada
na fazenda da Santa Teresa. Era do
Visconde de Avellar.
Ficavam lá no mato, coitados. As vezes
eles vinham, roubavam um porco do
senhor e iam comer no mato. Fazia fogo no mato pra comer. Ficava. No mato
eles ficava escondido. Quando pegavam eles…meu senhor! Como passavam mal, como eles passavam mal no
bacalhau…Olhe! Deus soube o que fez.
Deus soube o que fez, meu filho! Eu vi
...”Tinha festa. Eles davam muita festa
pros escravos. Muito. Eles davam S.
João, Santo Antônio, tudo. Eles davam…Natal. Tudo eles davam festa. No
Natal eles davam roupa…Os fazendeiros é que dava. Dava tudo. Graças á
Deus! Dava tudo mas…era aquilo. Mas,
era ali, ó! Minha avó era lavadeira dos
escravos. Meu avô era tratador de porco. Minha avó era Benta! Benta da Silva e meu avô também era Bento. Antônio Bento da Silva. Ela era Munhambana. Ele também era.”
É. Todos dois eram Munhambanos.
Ah…Eles num contaro como era de
onde eles vinham não. Eles num contaro que a gente era criança naquele tempo…Meu avô num era preto não. Meu
avô, o cabelo dele era aqui (mostra abaixo do ombro) Minha avó também.
Meu pai era mulato mas casou com a
minha mãe que era preta. E as outras
minhas irmãs eram tudo mulata. Eu e
meu irmão saiu da cor da minha mãe.
Mas, meu avô? Meu avô o cabelo dele
parava aqui (mostra de novo o ponto).
Nós penteava o cabelo:(imitando avô:)’
Ara! Ara eu! Ara eu pega ocê!’ Tudo
assim que ele falava. (imita de novo:)
‘Oça o tutra!” Sei lá, colher que ele pedia, a gente não sabia, se era uma coisa que ele pedia e a gente não sabia.
(imita de novo:) ‘ Mim dá essa coisa aí
o ningrinha!’: Nós pidia a ele. Aí ele
sabia o que era. Meu avô Antônio. Ele
não era preto. Era mulato. Se era mulato de cabelo liso? Era mulato de cabelo
liso.
É. Veio da África. Meu avô, minha avó
contava, porque na fazenda tinha muita
gente africana, tinha…Angola, isso…
A Roça na voz de Teresa
D’Angola… isso tudo tinha. Os português trazia ele pra aí. Tudo era assim.
(Se irritando): Meu avô era africano!
Meu avô, minha avó, era tudo africano….(de novo irritada com a insistência da pergunta sobre o estranho biotipo de seu avô): É. Africano. Gente africano. Pois ele era africano! Munhambano é África! É África. meu avô era africano! Quantas vezes quer que eu falo?
(mais irritada ainda): Não! É África! Lugar na África (se acalmando:)… Aqui
não tem Madureira? É como assim. É
África. É mesmo que lugar da África.
Aqui não tem cidade? Num tem Paraíba
do Sul? Então? É como a África. É assim.”
“Aquele tempo…A gente morria de medo de fazer filho. De que jeito que a
gente vivia? O filho lá….Um dia chegava, tirava o filho da gente pra vender.
Hum! Minha mãe num foi vendida? Minha mãe num era daqui. Minha mãe era
lá da Bahia. Foi. Vendero aí pra um
vendedor aí, ó! Meu avô num foi vendido? Meu avô era africano e foi vendido.
Então? Foi vendido, num é? Foi o Visconde! Minha avó foi vendida. Isso tudo foi vendido. Agora vai vender quem
é? Vão vender quem é? Vai vender ocê?…(Solta uma gargalhada) Vão vender quem é?”
Teresa e a República
…”Hoje é tudo diferente, meu filho. Óia…Porque que eles tiraram o Deodoro,
da Fonseca? Porque Deodoro sabia
governar!.Inda outro dia (imitando
questionamento dos filhos)… Aí, oh
mãe…Ó mãe, a Sra…(como se a interromper os filhos)…O que?? Deodoro
sabia governar!! Assim que acabou o
cativeiro, foi Deodoro que tomou conta. Deodoro botava tudo ali, na linha.
Agora não. A mulher dele era boa. Ele
era muito bom. A gente comia bem,
bebia bem. Aquelas coisa que ficava
ruim nas venda…ele mandava jogar
tudo fora. Aí…Óia a gente panhando na
rua! Que é de que tá assim agora? Que
é de? Que é de?.. Peixeiro, que chegava aí, da praia, lá do lado de lá, da praia
de Niterói,…Chegava os peixeiros ?
Dava tudo pro home. Ah…!Ele botava
aqueles peixes tudo fora. A gente panhava aqueles peixes grandes. Ficava
bem bom. Óia a gente se espanando
nos peixes. Mas, agora?
Trabalhei pra Deodoro da Fonseca! Eu
que tô aqui! Não me incomoda. Aqueles soldados (imitando o soldado lhe
fazendo a corte:) ..Ih! De adonde ocê é,
heim? E eu: Num tem conversa! Subia.
Levando a roupa que minha tia lavava,
eu ajudava ela a lavar, ajudava a engomar, viu? E tô aí, com a graça de Deus!
Eu agora nem sei o que é soldado!?
Soldado hoje é porcaria, não vale nada,
não vejo nada. Eu ando na rua e num
sei quem é soldado! Porque, aquele
tempo…era SOLDADO! Aquele tempo
ocê conhecia GENERAL! Hoje em dia
num sabe quem é general, não sabe
quem é doutor, num sabe nada nesta
vida!…Aquela época tinha (imitando
marcha:) báu, báu, báu, báu! Aquelas
fardas, que a gente passava, as fardas
alumiando o sol, assim…ninguém podia. Agora, hoje em dia num se vê nada. sentia medo. Soldado que ocê tem
aí? As vezes eu fico assim oiando. Lá
perto de mim mora um soldado. Eu falo
(desalentada:)… Isso é soldado?! Ah…
Eu tinha respeito de soldado. Hoje em
dia não tenho respeito de soldado. Tinha”.
CONTINUA NA PÁGINA SEGUINTE
Conheça um estudo sobre comportamento escolar “bulding”: www.gazetavaleparaibana.com/comportamento.pdf
Gazeta Valeparaibana
Abril 2010
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A Fazenda de Tereza - JONGO
ó (mostra a barriga). Botava no umbigo cantar. Num tem voz! Essa gente aqui
num tem voz pra cantar. Quem vai cana cuia e batia.
tar o Caxambu sou eu…Aquela pequeEu achava o Jongo daquela época mais nazinha hoje num sei se vem, é só. E lá
bonito. Agora eu faço o desse tempo não…todo mundo à cantar, todo munmesmo. Deixa eu lembrar…Um bom… do à dançar! Lá em minha terra. Graças
Jongo dele mesmo, do meu avô. Quan- a Deus! Óia…Todo mundo fala: A Sra.,
do ficou forro e a gente cantava. já tá com essa idade e ainda dança?
Danço! Inda pulo o meu Caxambu! Gra‘Carolina‘. Cantava assim:
ças á Deus!”
”Oh pra que pente carorina?
Notas finais:
Jongo em 1874
Num tem cabelo
Pra que pente Carorina?
...”O Jongo é dos africanos. É do meu
avô…Meu avô era do cativeiro. Chamava Antônio Munhambano, africano. Eu
sou de Paraíba do Sul. Ele primeiro era
do Dr. Avellar. Ele era escravo do Dr.
Avellar, num sabe? Ele era escravo do
Visconde e do Visconde ele foi para o
Dr. Avellar. O Visconde era o pai do Dr.
Avellar. Não sei Visconde de quê. Só
sei que é visconde, seu conde…
naquele tempo, num é ? Foi lá em Paraíba do Sul, na fazenda de Avellar, num
sabe? Meu avô era africano. Foi achado. A parte da África eu não lembro. Só
sei que ele era africano. Era
‘munhambano’. Era de Munhambá e
quem trouxe ele pra aqui foi o português, né? Foi quem trouxe ele. O meu
avô. Ele tinha raiva de português porque trouxeram ele pra aqui. Diz que
abanavam lenço encarnado e eles vinham chegando. Eles não sabiam naquele tempo quem eram e aí, trouxeram
ele.
…O Jongo representa pra mim a mesma coisa que é: Negócio da gente africana. O Jongo era festa dos cativos.
Era Caxambu, viola…Tinha viola. Meu
pai era tocador de viola. Antônio Bento
da Silva. Tocava viola…e meu avô, tocava urucungo.
Não…cantado mesmo em…O Jongo
era a festa dos pretos. Se era dos preto
velho? Não. Era festa dos pretos. Pros
brancos vê a gente dançar. Era um terreiro grande, tocava o caxambu e os
brancos vinham e a gente cantava pra
eles vê a gente cantar e dançar. Era só
pra eles vê. Que a gente era escravo,
tava na fazenda. O que é que ia fazer?
E se não dançasse, ó…!
Era sábado e domingo. As vezes fazia
na festa de São João. Foi meu avô
quem trouxe o Jongo da África e botou
na fazenda pra todo mundo. Até hoje
eu danço, canto o Jongo.
Os instrumentos? O que eu sei era caxambu…É aquele de bater: caxambu. A
viola era de tocar e o pandeiro acompanhava a viola e o meu avô tocava urucungo, sabe o que é não é ? Botava na
barriga …O senhor não sabe o que é
urucungo?! Pois então!? É igual a berimbau. Só que naquele tempo não era
berimbau. Era urucungo. Botava aqui,
Sem cabelo
Pra que pente Carorina?
Ê pra que pente Carorina?
Sem cabelo, pra que pente Carorina?
Maria Teresa teria nascido em 1859. Os
fatos dos quais nos dá conta são de
quando ela estava com cerca de 15 anos. Logo, o Jongo que descreve é,
portanto, aquilo que sobre a manifestação poderia saber uma adolescente.
São preciosas no entanto as descrições sobre uso no Jongo da época, de
instrumentos como o Urucungo (um
arco musical tipicamente Bantu) e a
viola.
Ê pra que pente Carorina?
Não tem cabelo,
pra que pente Carorina?”
Em 1874, já com o processo de decadência das fazendas da região se aguçando, sabe-se que foi hábito comum
entre os ‘Barões do Café’ demonstrar,
ostensivamente, os resquícios de fausto que lhes restavam, forçando seus
escravos a se exibir para visitas, vindas, não raro, da Corte. Foram, certamente, a partir destas viagens, que
danças como o Lundu, por exemplo,
migraram para a os salões da Corte.
…”Mas era eles que cantavam e a gente respondia…Era língua africana sim,
uai?! Assim. A gente até caçoava deles
(zombando): Canta assim, num é ?
(enfática): Era língua sim! (repete a letra do ponto de Jongo sem explicar)…
essa era na língua deles (canta mais) …
mas a gente não respondia assim. Res- São importantíssimas as informações
que presta, no sentido de que seu avô,
pondia depois.”
africano de nação ‘Munhambano’, foi
quem trouxe a prática do Jongo para o
Jongo 100 anos depois
local (não o seu avô, pessoalmente, é
claro, mas africanos bantu, trazidos
…”Hoje num tem mais nada. De primei- para aquela região, de cultura similar a
ro, na casa dessa só tinha Jongo. To- dele). O fato curioso dela falar e insistir
dos os sábados nós dançava mas…o que seus avós eram mulatos de cabelo
pessoal morreu. Num ficou ninguém. liso, pode ser, definitivamente, explicaCada casa tinha Jongo. Cada casa ti- do pelos dados a seguir.
nha Jongo. Era todo sábado. Ah…
Quem canta o Jongo sou eu…tem essa
Num gráfico sobre a demografia escraoutra aqui mais…as outra precisa…
va na região de Vassouras, RJ, está
Pode aprender. Nós aprendemo, num
demonstrada a existência na região de
é? Elas pode aprender, vê a gente danVassouras e Paraíba do Sul de indivíçar, cantar e elas aprende também.
duos da etnia Inhambane, associação
evidente com o ‘Mu-nhambano’ citado
…Tem. Tem. Em Madureira tem muito. por Maria Teresa.
Tem muito, oh!.. A Maria quando deu o
Caxambu teve gente lá assim, ó! Na
Inhambane é de fato, um povo que hacasa dela. Agora eu não. Se ocês for lá
bita uma vasta região ao norte de Mavê. Eu nunca mais dei. Eu não. Meu
puto, em Moçambique, no litoral do pamarido morreu, eu fiquei eu com meus
ís e que foi, por conta disso, exposta,
filhos, sabe. Graças a Deus. Fiz Jongo!
durante muito tempo, às influências
Óia…Ainda hoje eu soube que lá na
gerais das históricas relações entre
minha terra tem Jongo quase todo sáÁsia e África, ocorridas na costa africabado. Diz que tem Jongo. Naquela casa
na do Oceano Índico, relações estas
que ocês….diz que eu vou lá. Ela disse
que produziram, entre outros efeitos,
que qualquer tempo ela vai me levar lá.
alguma mestiçagem de negros com
Diz que o Jongo, que o bagúio lá é asárabes (cujos interesses comerciais
sim! O Caxambu lá é de arromba. (para
penetraram ali antes dos portugueses)
Joana):..Ocê tem num vontade de pular
e indianos (que marcaram fortemente o
no Caxambu de lá não, Maria? O Caperfil étnico da população do Madagasxambu lá é de fato.
car, por exemplo, ilha muito próxima à
costa a Moçambique).
E a gente sabe cantar aqui? Num sabe
Por esta hipótese, os avós de Maria
Teresa foram pegos no território Inhambane e postos num navio que,
atravessando o cabo da Boa Esperança, deu no oceano Atlântico, seguindo
para o Brasil.
Segundo o gráfico acima citado (de
Flávio G. dos Santos), haviam apenas 8
indivíduos de origem Inhambane na
região de Vassouras entre 1837 e 1840,
seis deles residindo em fazendas nas
quais pode ser incluída a Santa Teresa,
citada por Maria Teresa. A hipótese de,
pelo menos, dois destes seis escravos
serem parentes (dois seriam os próprios avós ‘Munhambanos’) de Maria
Teresa é de todo modo, impressionantemente plausível.
Precioso é, do mesmo modo, seu testemunho pessoal – e ocular- de que eram
comuns na região as torturas, as fugas
e os ‘aquilombamentos’. Os locais descritos por ela, correspondem a onde
está circunscrito hoje parte do Município de Avellar, vizinho de Paraíba do
Sul. Na crônica da insurreição de escravos conhecida como ‘Quilombo do
Manoel Congo‘, ocorrida em 1838 nesta
região), tem papel importante nos conflitos a fazenda de Santa Teresa, já pertencente naquela época a João Gomes
Ribeiro de Avellar, o Visconde do Paraíba (chamado de Visconde de Avellar
por Maria Teresa). O Barão de São Luiz,
Paulo Gomes Ribeiro de Avellar, filho
do visconde, (talvez o tal que bateu na
cara do pai de Teresa e é chamado por
ela de ‘Lulu’) é citado no processo que
condenou Manoel Congo à morte, como dono do escravo citado como sendo o próprio ‘Vice Rei’ do quilombo,
um tal de Epifânio Moçambique, morto
na refrega.
Não tendo feito qualquer comentário
sobre o retorno de seu pai, de sua mãe
ou dela mesma para a fazenda, depois
da fuga narrada, fato que, por sua relevância dramática, com certeza teria
sido citado na entrevista, pode-se deduzir que Maria Teresa (e toda a sua
família), viveu na condição de quilombola a partir de 1874.
A afirmação que faz de que ainda viu
instrumentos de tortura na Corte, atesta o fato surpreendente de que ela já
estava residindo no Rio de Janeiro, na
proclamação da República, havendo
ficado livre, portanto, cerca de 14 anos
antes da Abolição.
Spirito Santo
ALGUNS MOTIVOS DE ORGULHO DO BRASIL
* A árvore mais velha do Brasil é um jequitibá-rosa com 3020 anos que se encontra no Parque Estadual de Vassununga, em Santa Rita do Passa Quatro em SP
(Rank Brasil);
* O Brasil tem a frota de helicópteros que mais cresce no mundo. O tráfego de helicópteros em São Paulo é o terceiro maior do mundo (Revista Veja);
* O teatro mais antigo em atividade no Brasil, é o de Ouro Preto, Minas Gerais que está em funcionamento desde 1769 (Rank Brasil);
* A bandeira brasileira hasteada na Praça dos Três Poderes, em Brasília é a maior bandeira hasteada no mundo. Por não suportar o vento e rasgar, ela é trocada
mensalmente. Cada mês um estado brasileiro diferente é responsável pelos custos da nova bandeira. (Site do Vestibular);
* Nos rios amazônicos, já foram descobertas 1.500 espécies de peixes, mas estima-se que exista pelo menos o dobro. Isso é quinze vezes mais do que todas as
espécies de peixes encontradas nos rios da Europa. (Revista Veja);
* Foi um sergipano radicado na França o criador do primeiro cartaz de propaganda de um filme. Cândido de Faria fez em 1902 o cartaz do filme "Les Victimes de l'
Alcoolisme", inspirado na obra de Émile Zola. (Revista Istoé).
Não existe País que se queira grande, sem que se invista em boa educação e saúde, para a suas crianças.
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Uma rádio - web de interação de países da língua portuguesa
apesar da acidentada história da
sua expansão na Europa e, principalmente, fora dela, a língua portuguesa conseguiu manter até hoje
apreciável coesão entre as suas
variedades.
As formas características que uma
língua assume regionalmente denominam-se dialetos. Alguns linguistas, porém, distinguem o falar do
dialeto:
O mundo lusófono
Na área vasta e descontínua em
que é falado, o português apresenta-se, como qualquer língua viva,
internamente diferenciado em variedades que divergem de maneira
mais ou menos acentuada quanto à
pronúncia, a gramática e ao vocabulário.
Tal diferenciação, entretanto, não
compromete a unidade do idioma:
Dialeto seria um sistema de sinais
originados de uma língua comum,
viva ou desaparecida; normalmente, com uma concreta delimitação
geográfica, mas sem uma forte diferenciação diante dos outros dialetos da mesma origem. De modo
secundário, poder-se-iam também
chamar dialetos as estruturas linguísticas, simultâneas de outra,
que não alcançam a categoria de
língua.
alcançado pelo dialeto. Caracterizar-se-ia por ser um dialeto empobrecido, que, tendo abandonado a
língua escrita, convive apenas com
manifestações orais.
língua mãe é hoje de tal ordem que,
mais do que como dialetos, os crioulos devem ser considerados como línguas derivadas do português.
.
No entanto, à vista da dificuldade
de caracterizar na prática as duas
modalidades, empregamos neste
texto o termo dialeto no sentido de
variedade regional da língua, não
importando o seu maior ou menor
distanciamento com referência à
língua padrão.
O português é a língua oficial em
oito países de quatro continentes:
Angola (10,9 milhões de habitantes)
Brasil (185 milhões)
Cabo Verde (415 mil)
No estudo das formas que veio a Guiné Bissau (1,4 milhão)
assumir a língua portuguesa, especialmente na África, na Ásia e na Moçambique (18,8 milhões)
Oceania, é necessário fazer a distinção entre os dialetos e os criou- Portugal (10,5 milhões)
las de origem portuguesa.
São Tomé e Príncipe (182 mil)
As variedades crioulas resultam do
contato que o sistema linguístico Timor Leste (800 mil)
português estabeleceu, a partir do
século XV, com sistemas linguísti- O português é a oitava língua mais falada do planeta, terceira entre as
Falar seria a peculiaridade expres- cos indígenas.
línguas ocidentais, após o
siva própria de uma região e que
inglês e o castelhano.
não apresenta o grau de coerência 0 grau de afastamento em relação à
Coisas do amor
Por: Mário Quintana
O LAÇO E O ABRAÇO
“ Deficiente" ...é aquele que não
Meu Deus!!! Como é engraçado!...
Eu nunca tinha reparado como é curioso um laço...
Uma fita dando voltas? Enrosca-se...
Mas não se embola , vira, revira, circula e pronto: está dado o laço.
É assim que é o abraço: coração com coração, tudo isso cercado de
braço.
É assim que é o laço: um abraço no presente, no cabelo, no vestido, em
qualquer coisa onde o faço.
E quando puxo uma ponta, o que é que acontece? Vai escorregando
devagarzinho, desmancha, desfaz o abraço.
Solta o presente, o cabelo, fica solto no vestido.
E na fita que curioso, não faltou nem um pedaço.
Ah! Então é assim o amor, a amizade. Tudo que é sentimento? Como
um pedaço de fita?
Enrosca, segura um pouquinho, mas pode se desfazer a qualquer hora,
deixando livre as duas bandas do laço.
Por isso é que se diz: laço afetivo, laço de amizade.
E quando alguém briga, então se diz - romperam-se os laços.E saem as duas partes, igual meus pedaços de fita, sem perder nenhum
pedaço.
Então o amor é isso...
Não prende, não escraviza, não aperta, não sufoca.
Porque quando vira nó, já deixou de ser um laço.
Enviado por: Márcia Rocha Beserra
( Autor desconhecido )
LIVRE PARA ANUNCIAR
LIGUE - 0xx12– 9114.3431
consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas
ou da sociedade em que vive, sem ter
consciência de que é dono do seu
destino.
“Louco” ...é quem não procura ser
feliz com o que possui.
"Cego" ...é aquele que não vê seu
próximo morrer de frio, de fome, de
miséria. E só tem olhos para seus
míseros problemas e pequenas dores.
"Surdo" ...é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão, pois está
sempre apressado para o trabalho e
quer garantir seus tostões no fim do
mês.
"Mudo" ...é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde
por trás da máscara da hipocrisia.
“Paralítico” ...é quem não consegue
andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
“Diabético” ...é quem não consegue
ser doce.
"Anão" ...é quem não sabe deixar o
amor crescer.
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois,
"Miseráveis" são todos os que
não conseguem falar com
Deus.
////////////“A pessoa que não lê; mal fala, mal ouve, mal vê.“
Curiosidades
1 - Se todos os cachorros quentes consumidos pelos americanos em 1 ano fosse enfileirados, poderia ser feita uma
"ponte" que daria duas vezes a distância
da Terra até a Lua.
2 - O Sol libera mais energia em um segundo do que tudo que a humanidade já
consumiu em toda a sua existência.
3 - Quando você for ao Mc Donalds,
preste atenção na maneira com que os
atendentes colocam a comida na sua
bandeja: o "M" estará sempre virado para o seu lado.
4 - Ratos não vomitam.
5 - Napoleão Bonaparte calculou que as
pedras usadas para a construção das
pirâmides do Egito seriam suficientes
para construir um enorme muro ao redor
da França.
(Malba Tahan)/////////////
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ÚLTIMA PÁGINA
EDIÇÃO Nº. 29 Ano 3
Saudade... 21 de Março de 1960 x 1º de Maio de 1994
AYRTON SENNA
UM VERDADEIRO HERÓI MODERNO
Ayrton Senna da Silva
nasceu
em 21 de março de 1960, em São Paulo, Brasil, e é considerado um dos melhores pilotos de todos os tempos.
Senna viveu uma vida inteira dedicada
às competições automobilísticas. Conquistou suporte de pessoas importantes do esporte a motor e foi um dos
pilotos mais respeitados pelos especialistas no esporte. Conduzia com facilidade para ser o melhor em todas as
partes. O charme e sorriso jovial fizeram com que Ayrton se tornasse um
verdadeiro herói moderno...
A paixão de Senna por automobilismo
começou ainda na infância, quando
ganhou um kart construído por seu pai,
Milton, um rico empresário. Então os
problemas do garoto desapareceram e
assim começou no mundo do esporte a
motor. Com suporte do pai, Ayrton estreou oficialmente nas pistas em 1973,
durante prova do campeonato brasileiro de kart e não teve dificuldades para
exibir suas habilidades ao volante:
venceu com sobras a etapa realizada
em Interlagos, no dia 1° de julho.
Em 1980, após faturar o campeonato
sul-americano de kart e ficar com o vice no mundial da modalidade, Senna
trocou o Brasil pela Europa, onde as
principais categorias de Fórmula tinham reservado um lugar para ele. Ayrton fechou contrato com a equipe Van
Diemen para disputar a temporada de
1981 do campeonato inglês de Fórmula
Ford 1.600, agradecendo ao pai pelo
apoio nos tempos de kart. Sagrou-se
campeão por antecipação. Então, no
ano seguinte, o brasileiro venceu os
campeonatos europeu e inglês da Fórmula Ford 2.000. E o próximo passo foi
a Fórmula-3 inglesa. Guiando um RaltToyota, o tricampeão teve excitantes
duelos com o inglês Martin Brundle em
diversas corridas da temporada e chegou a mais um título na Inglaterra. Após ganhar o popular Grande Prêmio
de Macau de F-3, Ayrton participou de
uma sessão de testes em Donington
Park com um Williams FW 08C, no circuito de Donington Park, a convite de
Frank Williams. Depois também testou
por Brabham e McLaren, equipes de
primeira linha como a Williams. No entanto, o brasileiro fechou contrato com
a modesta Toleman para disputa da
temporada de 1984 de Fórmula-1.
E foi justamente no Brasil onde Ayrton
estreou na categoria, mais precisamente no Autódromo de Jacarepaguá, no
Rio de Janeiro. E não foi um bom começo: largando apenas em 16° lugar
abandonou a corrida na oitava volta,
com problemas no turbo compressor.
Àquela altura, o futuro tricampeão de
Fórmula-1 era 13° colocado. No entanto, não desistiu. Duas semanas mais
tarde, em Kyalami, teve desempenho
semelhante ao exibido na classificação
para o GP de Jacarepaguá, mas levou
o Toleman TG 183B Hart ao sexto lugar
na corrida e obteve o primeiro ponto na
categoria. Em julho, Senna foi o destaque do chuvoso Grande Prêmio de Mônaco, quando chegou atrás apenas de
Alain Prost (McLaren-TAG Porsche).
Essa corrida é considerada polêmica
por causa da suspensão da corrida na
32ª volta - de um total de 78 voltas. Nono colocado ao fim da temporada, com
13 pontos, Ayrton se transferiu para a
Lotus para ser companheiro de equipe
do italiano Elio de Angelis.
apenas o melhor da história da McLa- gel Mansell, quando faltavam dez volren. Marcou o início de uma das mais tas para a bandeirada...
excitantes e atrativas disputas da Fórmula-1.
Sem motores Honda e repleta de problemas internos, a McLaren teve de
Prova disso foi a eventual quebra de usar propulsores Ford durante a temacordo entre Senna e Prost para que porada de 1993. Após um ano de
não houvesse ultrapassagens entre "descanso", Prost retornou às pistas,
ambos no Grande Prêmio de San Mari- agora pela Williams. Apesar de alguno. Então foi o início de tal rivalidade. mas previsões, Senna foi um rival hoO estágio seguinte seria a corrida em nesto ao francês e reeditaram o velho
Suzuka, onde a controvérsia alcançou duelo. Apesar disso, o campeonato
alto nível. O francês liderava a corrida, ficou com o francês, que venceu sete
seguido pelo brasileiro. No hairpin que corridas, contra cinco triunfos do braantecede a reta principal, Ayrton bus- sileiro. As vitórias mais notáveis de
cou a ultrapassagem sobre Alain, mas Senna aconteceram em Donington Park
ambos colidiram e o francês abando- (GP da Europa), por causa de sua connou. Senna seguiu na corrida e venceu, dução excelente, e em Interlagos, onde
mas foi desclassificado. O título da foi saudado euforicamente por Juan
temporada ficou com Prost. "Não pos- Manuel Fangio no pódio - o pentacamso explicar outra coisa além do que se peão argentino apontava Ayrton como
viu: a manipulação do campeonato de seu sucessor. O brasileiro disse adeus
1989", disse Ayrton. O presidente da à McLaren com mais um primeiro lugar,
FISA, Jean-Marie Balestre, impôs uma o 41° e último da carreira, em Adelaide,
punição ao brasileiro pelas declara- na Austrália. E Senna conquistou seu
ções após a corrida e retirou tempora- objetivo: um lugar na Williams para a
riamente a superlicença do piloto.
temporada de 1994, tendo o inglês Damon Hill como companheiro de equipe.
Logo no segundo GP pela equipe inglesa, Senna faturou a primeira vitória na
Fórmula-1, em chuvosa etapa no circuito de Estoril, Portugal - com mais de
um minuto de vantagem para o segundo colocado, o italiano Michele Alboreto (Ferrari). O brasileiro voltou a vencer
em Spa-Francorchamps, na Bélgica,
fechando a temporada com duas vitórias, sete pole positions e o quarto lu- Ayrton iniciou a temporada de 1990
gar no mundial de pilotos, com 38 pon- pagando uma multa milionária para a
tos.
FISA e pedindo desculpas à cúpula da
entidade. Naquele ano, Prost passou
para a Ferrari, pois alegava que a MNo ano seguinte, o paulistano já era cLaren ficou ao lado de Senna após o
considerado um dos quatro principais acidente na etapa japonesa. E o campilotos do certame, ao lado de Alain peonato foi definido novamente entre
Prost (McLaren-TAG Porsche), Nelson eles e, após mais um acidente entre
Piquet (Williams-Honda) e Nigel Man- ambos em Suzuka, Senna garantiu o
sell (Williams-Honda). A emocionante segundo título na Fórmula-1.
vitória na etapa da Espanha, recebendo
a quadriculada apenas 0.14'' à frente de
Mansell, provaria que a inclusão de O ano seguinte marcou o tricampeonaAyrton no rol dos maiores nomes da to de Ayrton. Nigel Mansell, da Williépoca não era à toa.
ams, falhou pela terceira vez na busca
pelo título mundial. O brasileiro começou a temporada com vitórias nas etaEm 1987, a Lotus passou a receber mo- pas dos Estados Unidos, Brasil, San
tores da Honda - nas duas temporadas Marino e Mônaco, enquanto o inglês só
anteriores, o propulsor era fornecido se "encontrou" no campeonato durante
pela Renault. Nesse ano, o brasileiro a metade daquela temporada. O abanalcançou a primeira de suas seis vitó- dono de Mansell, após uma saída de
rias em Mônaco; saudou os mecânicos pista em Suzuka, abriu caminho para o
euforicamente e no pódio jogou cham- terceiro campeonato de Senna na Fórpanhe para a família real do principado mula-1. Na chuvosa etapa de Interlaencravado entre Nice e Menton. Ao fim gos, o paulistano dedicou a vitória á
do campeonato, Ron Dennis anunciou torcida brasileira - após sete tentativas
Ayrton Senna como piloto da McLaren frustradas de vencer em seu país. Além
para 1988, ao lado de Prost.
disso, entrou para a galeria dos tricampeões, ao lado de Brabham, Stewart,
Lauda, Piquet, Prost...
Nessa temporada, a parceria entre McLaren e Honda rendeu números espetaculares à equipe de Woking: foram 15 Para 1992, as coisas mudaram. Favorevitórias em 16 etapas. Foi o ano do pri- cido pelo fantástico trabalho do time de
meiro título de Ayrton Senna. Embora Frank Williams, Mansell ganhou seu
tenha somado menos pontos que o único campeonato, contabilizando norival francês (95 a 104), o brasileiro fi- ve vitórias em 16 etapas. Ayrton sofreu
cou com o primeiro lugar pois, como o com um McLaren-Honda pouco comperegulamento que previa o descarte dos titivo em relação aos anos anteriores,
cinco piores resultados no ano, o fran- mas faturou três merecidas vitórias:
cês perdeu três segundos lugares, ca- Mônaco, Hungria e Itália. O triunfo em
indo para 88 - contra 91 de Ayrton, que Monte Carlo ocorreu graças a probledescartou apenas um terceiro lugar. No mas em um dos pneus do Williamsentanto, o campeonato de 1988 não foi Renault do líder da prova, o inglês Ni-
"O melhor piloto com o melhor carro
não pode ter outro resultado que não
seja o campeonato mesmo", era dito.
Aliás, o ano começou com dificuldades
a Ayrton que, apesar de das poles nos
GPs do Brasil e do Pacífico abandonou
em ambas corridas, vencidas pelo principal adversário daquele ano, o alemão
Michael Schumacher, da Benetton. O
episódio seguinte, episódio final, seria
aquele de San Marino. As coisas estavam complicadas por causa do acidente espetacular de Rubens Barrichello
durante a sessão de treinos da sextafeira e da morte de Roland Ratzenberger, no sábado. Visivelmente preocupado, o tricampeão teve uma premonição
mas regressou às pistas para competir.
Partiu da pole e estava na liderança da
corrida. Mas na sétima volta, na Tamburello, Senna disse adeus.
Inúmeras coisas foram ditas desde 1°
de maio de 1994. O Brasil chorou por
seu ídolo. E até mesmo o rival francês
Prost ficou muito triste.
Ayrton Senna conquistou 41 vitórias,
65 pole positions e 19 melhores voltas
de corrida durante sua passagem pela
Fórmula-1. Mas simples estatísticas
não constroem um ídolo. O relacionamento entre ele e as pessoas ia além
de um simples Grande Prêmio. O brasileiro tinha talento ilimitado dentro das
pistas. Fora do carro, o tricampeão de
Fórmula-1 era gentil com o povo.
Uma pesquisa feita no Brasil, em 2000,
revelou que Senna é considerado o
maior herói brasileiro de todos os tempos. Mais uma prova para afirmar que
Ayrton é um verdadeiro herói moderno.
LIVRE PARA ANUNCIAR/Invista em Educação/a única saída para o real desenvolvimento econômico e social.
0 xx 12 - 9114.3431