VIDEO-ON-DEMAND Tiago Barroso Nº52164 Instituto Superior
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VIDEO-ON-DEMAND Tiago Barroso Nº52164 Instituto Superior
VIDEO-ON-DEMAND Tiago Barroso Nº52164 Instituto Superior Técnico Av. Rovisco Pais, 1049-001 Lisboa, Portugal E-mail: [email protected] ABSTRACT interface de um destes serviços de VoD a partir do qual o cliente selecciona o conteúdo pretendido. Este artigo de divulgação é sobre o serviço de televisão interactiva Video-on-Demand. Bastante utilizado pelos operadores de redes de cabo/fibra, este artigo descreve a sua história, evolução e utilização actual. São tidos em conta aspectos gerais do serviço, os diferentes tipos existentes, aspectos técnicos e também modelos de negócio possíveis para a sua utilização. Posteriormente é feito um panorama do serviço em Portugal. Para além disso também se dá uma perspectiva da evolução do serviço nos próximos anos. 1. INTRODUÇÃO Numa altura em que a maioria das pessoas têm um serviço de TV quer por cabo, quer através da internet (IPTV), os operadores, numa tentativa de angariar novos clientes e dar uso aos avanços tecnológicos na área do transporte de informação, criam novos serviços cada vez mais interactivos. Um desses serviços interactivos é o serviço de Video-on-Demand (VoD), ou serviço de videoclube, que traz a possibilidade de aceder a vários tipos de conteúdo, como por exemplo, filmes mais ou menos recentes ou documentários, apenas com a utilização de um comando e sem que o cliente saia do conforto do seu lar. Este serviço tem evoluído nos últimos anos com o cliente a ter cada vez mais controlo sobre o que está a ver. 2. O QUE É O VIDEO-ON-DEMAND O sistema de VoD é um serviço interactivo de televisão que usa uma ligação de banda larga e que proporciona a possibilidade de escolher, encomendar e receber, de forma remota, qualquer tipo de conteúdo (filmes, programas de TV, eventos desportivos, música, etc.) de uma biblioteca posta à disposição pelo operador que oferece o serviço. O VoD substitui completamente os leitores de cassetes ou DVDs ao incluir todas as suas funcionalidades (play, stop, pause, rewind, forward) no terminal do cliente, a Set-Top- Box (STB). O serviço funciona como uma loja virtual de conteúdo video/multimédia onde o cliente tem acesso a itens que lhe interessem sem sair de casa [1]. A figura 1 mostra o Fig.1 – Exemplo de um interface de um sistema de VoD 3. HISTÓRIA DO VIDEO-ON-DEMAND [3] 3.1. Primeiro serviço de VoD Em Setembro de 1994, o serviço de Video-on-Demand (VoD) começou a ser testado no Cambridge Interactive TV trial em Inglaterra. Este serviço chegou a providenciar vídeo e dados a 250 casas e escolas ligadas à rede de cabo de Cambridge (mais tarde esta rede faria parte da NTL e hoje em dia da Virgin Media). Os vídeos eram codificados em MPEG-1 e enviados através de uma rede ATM desde o servidor ICL media até às set-top-boxes (STB) feitas pela Acorn Online Media. Estes testes começaram com uma velocidade de serviço de 2 Mbit/s por casa sendo depois aumentado para 25Mbit/s. Os conteúdos eram providenciados pela BBC e Anglia Television. Apesar de ter sido um sucesso a nível técnico, dificuldades a nível de conteúdos levaram ao encerramento do projecto em 1996. A arquitectura do sistema, que se manteve na sua raiz até hoje, é mostrada na figura 2. 1 anteriormente. Outras companhias acabaram por criar também as suas próprias versões. Um dos grandes projectos para este serviço mais rápido vinha de uma junção da BBC, ITV e Channel 4 que planeavam lançar uma plataforma conjunta em 2008. O nome deste projecto era Kangaroo e quando foi proposto à comissão de competição foi chumbado uma vez que a comissão acreditava que uma plataforma conjunta seria demasiado poderosa. 3.4. Até à actualidade Fig.2 – Primeiro sistema de VoD 3.2. Primeiros operadores a utilizar VoD Em 1998, a Kingston Communications tornou-se na primeira companhia inglesa a lançar comercialmente um serviço de VoD assim como a primeira a integrar TV e Internet através de uma única STB utilizando IP numa ligação ADSL. Três anos depois a Kingston Interactive TV já tinha cerca de 15000 assinantes. Em 1999, depois de fazer os testes necessários, a HomeChoice também lançou um serviço de VoD embora fosse restrito a Londres. Em 2006, depois de conseguir angariar cerca de 40000 assinantes, foi comprada pela Tiscali. 3.3. Crescimento e evolução As companhias de TV Cabo Telewest e NTL (hoje Virgin Media) lançaram o seu serviço de VoD em Inglaterra em 2005, passando a competir com a BSkyB, o distribuidor de TV paga tradicional da altura, que respondeu lançando o serviço Sky by broadband, mais tarde renomeado para Sky Anytime on PC. Este serviço foi lançado a 2 de Janeiro de 2006 e utiliza uma forma legal de peer-to-peer para distribuir os seus conteúdos de uma forma mais rápida. Em vez de se fazer o download dos conteúdos somente dos servidores da Sky, este é feito também a partir de outros clientes que fizeram o download do mesmo conteúdo Hoje em dia existe bastante oferta de serviços de VoD. As companhias de TV por cabo e IPTV oferecem um serviço de VoD em streaming que utiliza a largura de banda de downstream dos sistemas de transporte para oferecer aos clientes filmes e programas de televisão. Normalmente, nos filmes provenientes de VoD, é possível fazer pausa, fast-forward e rewind devido a uma baixa latency e à natureza da tecnologia de transporte por cabo (ou fibra). A grande distribuição de um único sinal torna o sistema de VoD em streaming impraticável nos sistemas de TV por satélite. No entanto, a companhia EchoStar tinha planos para oferecer um serviço de VoD aos seus clientes que tivessem gravadores de vídeo digital. Neste serviço os conteúdos seriam armazenados pelos clientes que posteriormente os poderiam ver tendo completo controlo na forma de pausa, fast-forward, rewind e ainda a possibilidade de começar a ver o conteúdo em qualquer ponto. De acordo com o European Audiovisual Observatory existiam 142 serviços pagos de VOD a operar na Europa no final de 2006. 4. TIPOS DE VIDEO ON DEMAND Baseado no nível de interactividade, os serviços interactivos podem ser classificados em diversas categorias [2] que se passam a descrever e que se encontram por ordem de dificuldade de implementação, onde o Pay-per-view (PPV) é o mais simples e o True-VoD (T-VoD) o mais complicado de implementar. O PPV e o Quasi-VoD são serviços usados, por exemplo, para ver filmes, onde o controlador local, a STB, filtra os múltiplos canais existentes para providenciar o conteúdo escolhido. Já o T-VoD necessita de um sinal bidireccional entre o utilizador e o controlador central. 4.1. Broadcast (No-VoD) Este serviço de TV é o mais comum e o primeiro a aparecer, onde o utilizador é um mero participante passivo e não tem qualquer controlo sobre o que está a ver com excepção de poder mudar o canal. 4.2. Pay-per-view (PPV) 2 Um serviço onde o utilizador se inscreve e efectua um pagamento para ter acesso a programas específicos que passam numa determinada altura. 4.3. Quasi Video-on-Demand (Q-VoD) Serviços em que os utilizadores são agrupados por conteúdo e têm um controlo temporal muito simplista, conseguido através da mudança de grupo para um onde o conteúdo esteja a ser transmitido mais à frente ou mais atrás no tempo. 4.4. Near Video-on-Demand (N-VoD) Serviços onde estão presentes funções como forward e reverse mas onde estas são simuladas por transições em intervalos de tempo discretos (por exemplo, 5 minutos). Isto pode ser conseguido através da utilização de múltiplos canais com a mesma programação desfasada no tempo. 4.5. True Video-on-Demand (T-VoD) Serviços onde o utilizador tem completo controlo sobre o que está a ver como se de um leitor de cassetes/DVDs se tratasse. Este controlo inclui as funções de forward, reverse play, freeze e random positioning, entre outras. O T-VoD só precisa de um canal por utilizador. 5. ARQUITECTURA DE UM SISTEMA DE VOD[4] Um sistema de VoD, como se pode ver na figura 3, é constituído por três blocos que são o(s) servidor(es) onde estão armazenados os conteúdos, a rede que transporta os mesmos até à Set-Top-Box (STB) do cliente e a STB do cliente que recebe o stream, descodificando-o e passando o conteúdo para o cliente ver. Fig.3 – Arquitectura base de um sistema de VoD 5.1. Cliente O cliente de um serviço de VoD possui equipamento para ver os conteúdos (por exemplo, uma televisão ou um monitor e colunas) mas para interagir com o sistema tem de ter um controlador que envie os seus comandos para o servidor através da rede. Este controlador, a STB, para além de transmitir os comandos do cliente também armazena os sinais de vídeo recebidos do servidor, descodifica os sinais comprimidos e envia os sinais descodificados na altura certa para o equipamento de visualização. Na figura 4 pode verse um esquema de uma STB com o processador e descodificador e os diversos interfaces necessários. Fig.4 – Esquema de uma STB 5.2. Rede Um serviço de VoD necessita que os conteúdos alugados pelo cliente sejam visualizados em tempo real. O stream de vídeo consiste em frames de imagens, sons correspondentes às imagens e texto associado. Esta quantidade de informação tem de ser enviada ao cliente de modo contínuo com o mínimo de atraso e este é o grande requisito da rede que suporta o serviço. Uma rede de VoD deve ser de alta velocidade sem que hajam grandes erros de transmissão visto que a retransmissão não é uma opção. Actualmente, as redes já atingem velocidades altas de bébito (por exemplo 20Mbit/s) e com a implementação de redes que utilizam fibra óptica até casa do cliente, este tem já acesso a velocidades ainda mais altas (por exemplo 100Mbit/s). 5.3. Servidor O servidor de um serviço de VoD processa comandos dos clientes. Aceita e rejeita pedidos com base no estado do sistema e da rede. Também recebe data dos clientes activos. Ligado ao servidor há um arquivo multimédia que contém a biblioteca de conteúdos disponíveis aos clientes. Dependendo dos requisitos do sistema e do capital disponível, há vários tipos de equipamento de armazenamento que podem ser utilizados como cache (RAM) que, sendo a mais cara, tem os tempos de acesso mais baixos, conjuntos de discos, etc. Um sistema típico de armazenamento utiliza uma combinação de diferentes tipos de equipamento de modo a optimizar a relação custo/eficiência. Um servidor, actualmente, tem os vários tipos de compressão ao seu dispor (MPEG-1, MPEG-2, MPEG-4 e MP3 para o som), tem grandes capacidades (por exemplo 150 horas) e consegue ter um grande número de streams em simultâneo. 6. IMPLEMENTAÇÃO DE UM SISTEMA DE VOD Um sistema de VoD assente numa rede híbrida de cabo/fibra (HFC) consiste em vários blocos [5] como se pode observar na figura 5. 3 A terceira opção é colocar os servidores e as funções de modulação QAM e RF upconversion na central e mover os streams de vídeo para o hub, ou através do hub, utilizando um transporte analógico com recurso a Dense Wavelength Division Multiplexing (DWDM). Para além disso, com vista a maximizar a eficiência do servidor centralizado, os vídeos são transportados em formato pronto para as STBs do cliente desde a central o que faz com que haja um processamento mínimo, ou mesmo não existente, no hub. Fig.5 – Blocos de um sistema de VoD Da perspectiva do operador, estes blocos devem ser implementados com o menor custo possível mas de modo a que seja de confiança. Um dos aspectos principais para um sistema eficaz do ponto de vista do custo é o uso de interfaces com standards abertos entre os blocos. Deste modo, é possível utilizar componentes que são os melhores da sua classe, em particular servidores, adaptadores de rede interactivos (INA) e os componentes do acesso condicional. Também é possível agrupar certas funções num circuito de modo a baixar o custo e tamanho dos componentes. Isto pode ser observado na figura 5 na caixa Stream Conditioning onde se juntam as funções de scrambling, multiplexagem, filtragem, routing, modulação e upconversion num só aparelho. O operador da rede HFC tem duas opções no que diz respeito à localização dos servidores – nos hubs ou nas centrais. Ambas as opções são válidas e utilizadas por vários operadores em todo o mundo, mas há certas vantagens em centralizar o equipamento dos servidores. Na figura 6 são mostradas as diversas opções para a colocação do equipamento de VoD. 6.1. Opções de colocação dos equipamentos Uma primeira opção é colocar os servidores e equipamento de condicionamento nos hubs. São depois utilizadas Wide Area Networks (WAN) de baixa ou média velocidade para colocar nos servidores os conteúdos mais recentes. Isto minimiza o custo de transporte mas tem como desvantagem o facto de serem precisos vários equipamentos no hub. Numa rede com diversos hubs, o custo sobe bastante. A segunda opção consiste em colocar os servidores na central e transportar os streams de vídeo desde a central até ao hub utilizando redes de transporte de alta velocidade e colocar a modulação QAM e a RF upconversion no hub. Ao centralizar os servidores pode diminuir-se a sua capacidade total – tanto no aspecto de se copiarem conteúdos muito procurados como no aspecto de se tornar o sistema mais tolerante a falhas. Aqui também se pode explorar a eficiência das redes de transporte de baixo custo e alta capacidade pois os sinais só são transmitidos para um determinado receptor depois de passarem pelo hub. Fig.6 – Posicionamento do equipamento 6.2. Modelo mais utilizado actualmente [7] O melhor modelo em uso conhecido nos nossos dias, pelas grandes redes de operadores, é o modelo SHE-VHO-VSO. Este modelo pode dividir-se em três partes: uma, que agrupa os conteúdos de uma grande área ou mesmo a nível nacional e entrega conteúdos nacionais a uma grande área, usando tipicamente uma rede de IP, chamado de Super Headend (SHE); uma parte que trabalha com o SHE para integrar conteúdos locais ou regionais na biblioteca, garantindo assim conteúdos nacionais e locais no serviço, chamada de Video Hub Office (VHO) e ainda uma terceira chamada de Video Switching Office (VSO), responsável por registar os conteúdos e a sua localização no access domain para distribuição pelos clientes. O modo tradicional de fazer o streaming de média, como se pode ver na figura 7, é entregar o conteúdo a partir de um servidor que pertence normalmente a uma Content Delivery Network (CDN). Neste ambiente, os pedidos de conteúdos são transmitidos para uma central que supervisiona todo o processo. Assim que o pedido é validado, a central transmite-o a um servidor proxy dentro da rede que por sua vez entrega o conteúdo ao cliente. 4 um serviço melhor e mais variado e pode ganhar novos clientes que estejam interessados nos novos serviços mais modernos[1]. 7.2. Vantagens do cliente em aderir a um serviço VoD Fig.7 – Modelo tradicional SHE-VHO-VSO 7. MODELO DE NEGÓCIO [5] O serviço de VoD traz grandes vantagens competitivas aos operadores de redes HFC. Conteúdos de vídeo por encomenda requerem grande largura de banda para suportar todas as comunicações narrowcast - largura de banda essa, que as redes dos operadores HFC podem providenciar com um custo relativamente baixo quando comparado com tecnologias concorrentes como por exemplo a comunicação via satelite. Este serviço tem uma procura bem conhecida, no sentido em que é possível ter conhecimento do comportamento dos consumidores se se tiver acesso às lojas de aluguer de vídeos da zona. É por estas razões que o serviço de VoD está no topo da lista de novos serviços que os operadores de cabo/fibra querem implementar. No entanto, para que o VoD seja implementado em grande escala, o serviço tem de dar um retorno do investimento necessário que seja atractivo quando comparado com outras possibilidades de investimento. O parâmetro principal a determinar quando se projecta um modelo de VoD é o custo de transporte por stream de vídeo. À medida que a tecnologia vai avançando este preço tem tendência a descer mas cabe aos operadores decidir quais as soluções mais eficientes para as suas necessidades imediatas e futuras. A utilização de standards abertos e transporte DWDM possibilita que custos mais baixos sejam atingidos. Tão importante como baixar os custos de transporte é conseguir ter uma infra-estrutura narrowcast flexível que vá para além das necessidades actuais do VoD de modo que esteja preparado para a evolução e a procura por conteúdo digital mais variado. Também bastante importante para um operador é poder oferecer um serviço o mais competitivo possível e o mais diferenciado dos restantes operadores possivel, de preferencia um que os restantes não consigam igualar. 7.1. Vantagens do operador em criar um serviço VoD Ao criar um serviço VoD o operador passa a receber um maior retorno por parte dos seus clientes devido à oferta de O cliente, ao ter acesso a um serviço VoD, passa a ter a possibilidade de encomendar e ver um filme escolhido ou outro conteúdo sem sair de casa. É um modo muito mais confortável de obter um filme do que ir a uma loja e ainda se poupa tempo. Para além disso o cliente tem acesso individual e remoto ao item que escolheu da biblioteca posta ao seu dispor a qualquer altura do dia, o que é uma grande vantagem em relação à tradicional loja de vídeo. O cliente pode ainda ver o filme ou outro conteúdo como se estivesse a vê-lo num leitor de DVD com as suas funcionalidades (play/stop/pause/rewind/forward) [1]. 8. COMPETITIVIDADE [6] Apesar do sucesso do VoD e dos vários serviços já disponíveis, os analistas avisam que a continuação deste sucesso não é garantida, especialmente se pensarmos na competição com outras formas de entretenimento. Para começar, o serviço de VoD só pode ser utilizado numa rede de cabo/fibra digital, não estando, portanto, disponível a quem tenha serviço de cabo analógico ou satélite. Isto limita o número de pessoas que pode aceder ao serviço de VoD. Para além disso, das casas capazes de aceder ao serviço VoD, apenas cerca de 27% o faz. Com estes dados pode concluir-se que o VoD não vai acabar com os clubes de vídeo, os cinemas ou a maneira tradicional de ver TV nos próximos tempos. 9. O VOD EM PORTUGAL Os serviços de VoD são relativamente recentes em Portugal. Segundo um relatório de 2007 [8] mais de 99% das casas no país tinham TV mas apenas cerca de 37% eram clientes de um serviço de TV por cabo e só cerca de 42% tinham computador pessoal (um dos valores mais baixos da Europa). No final de 2005 havia uma penetração do serviço de banda larga de 32.2%. Em 2001 a TV Cabo lançou o serviço de televisão interactiva TV Cabo Interactiva dando início a este tipo de serviços em Portugal e sendo o primeiro a nível mundial a utilizar a plataforma Microsoft TV. Em 2006 foram lançados os primeiros serviços de VoD, nomeadamente o serviço “Destaques Video-on-Demand” da TV Cabo e o “Home Video Service” da Clix SmartTV. O primeiro, era um serviço assente em televisão por cabo que oferecia aos seus clientes 6 filmes que iam rodando numa base semanal mais os títulos para adultos enquanto o segundo era um serviço de IPTV que oferecia já cerca de 5 500 filmes. Ambos os serviços davam a possibilidade aos seus clientes de alugar um filme por 24h, podendo visualizálo as vezes que se quisesse, e a sua distribuição era feita em streaming. Entretanto os operadores foram-se alterando e os serviços evoluindo e hoje em dia há três operadores principais, um de TV por cabo, a ZON TV Cabo e dois de IPTV, o MEO e a Clix Fibra. Todos eles mantiveram o modo de distribuição por streaming e também o período de aluguer de 24h. O número de conteúdos oferecido por todos eles é de cerca de 2000 e para além de filmes já existem documentários, séries, concertos etc. Nesta altura, estes serviços estão todos a mudar para fibra óptica até casa do cliente, o que dá novas possibilidades de evolução para o seu serviço de VoD. 10. FUTURO DO VOD [7] Há cada vez mais procura por conteúdos digitais e serviços interactivos e os avanços em tecnologias de compressão fazem com que as larguras de banda necessárias para o transporte de média sejam menores. Para além disso, as velocidades dos serviços de cabo/fibra estão a aumentar. Estes dois factos aliados às avançadas tecnologias no campo das telecomunicações e aos conteúdos cada vez mais ricos estão a mudar a natureza dos serviços de entrega ondemand. Devido à facilidade com que, hoje em dia, se tem acesso a variados conteúdos, os clientes destes tipos de serviços começaram a esperar a entrega de conteúdos de alta qualidade a qualquer altura e em qualquer lugar, tanto nos equipamentos fixos como nos móveis. Para além disso os operadores estão à procura de novas e melhores maneiras de levar os seus conteúdos até cada vez mais pessoas e fazer o máximo de lucro com isso. A grande quantidade de conteúdos disponíveis, as capacidades tecnológicas, a infra-estrutura de telecomunicações mais acessível e com velocidades superiores, abriu a porta aos serviços de VoD em larga escala, numa base mais lucrativa para os operadores. As mudanças nos sectores de média, tecnologia e das telecomunicações garantem que o serviço de VoD vai tornar-se um dos melhores serviços de entrega de conteúdos de média nos próximos anos. A seguir vão ser analisados cada um dos sectores em mais pormenor. 10.1. Média Em última análise, a indústria de média é exactamente isto – entregar todas as formas de conteúdo ao maior número possível de tipos de equipamento. E é necessário um grande esforço para conseguir isso num mundo super competitivo como é o da venda de média. A colocação de média tem de ser estudada, analisada e muito bem planeada para se ter sucesso. Para maximizar o potencial de vendas futuras é preciso haver um conhecimento acerca da história de compras do cliente, preferências de downloads assim como tecnologias e modos de entrega de dados preferidos. Ao analisar as compras passadas num longo período de tempo e comparando os resultados, é possível criar profiles para clientes individuais que depois podem ser utilizados por motores de busca e de recomendações para prever compras futuras do cliente de um modo mais preciso. É também bastante importante que as organizações percebam a economia da indústria de média. Ao contrário do que se pensa, a maior parte do valor de conteúdos de um proprietário de média não está nos últimos filmes que estão no cinema ou nos filmes que acabam de chegar aos videoclubes. Ironicamente, está no vasto número de filmes antigos que se forem apresentados a um determinado cliente num determinado momento podem gerar um grande número de vendas. A habilidade de recolher e analisar dados sobre vendas em massa, determinar e fazer recomendações acertadas é, portanto, crítico para se ter um crescimento de receitas no negócio de média. Este modelo é chamado de Long Tail Economics e está representado na figura 8. Fig. 8 – Representação do modelo Long Tail Economics Segundo este modelo, a cauda amarela representa cerca de 80% do valor de uma biblioteca de conteúdos que são os conteúdos mais antigos enquanto a zona cor-de-laranja, mais densa, representa os novos conteúdos que estão em menor número. O operador que conseguir vender mais conteúdos da longa zona amarela é aquele que, normalmente, obtem as melhores receitas. Um fenómeno que pode ser adaptado para ser utilizado neste contexto é a Zipf’s Law, que originalmente descrevia a natureza repetitiva da linguagem e através da qual se podia saber a frequência com que uma palavra era dita. Utilizada no contexto do VoD, uma ferramenta baseada na Zipf’s Law pode observar em qualquer altura se um certo conteúdo é muito ou pouco requisitado. Normalmente o mais requisitado tem o dobro das requisições do segundo mais requisitado que por sua vez tem o dobro das requisições do quarto, etc. Estas observações podem ser usadas para criar modelos de probabilidades para pedidos de conteúdos e também para determinar o grau de compressão que um certo conteúdo pode ter para ser armazenado. Igualmente importante é o papel crescente que o VoD começa a desempenhar nos mercados. Se no inicio era considerado o grande inimigo da entrega de media devido à 6 percepção que iria canibalizar as vendas de DVDs e cassetes, hoje é reconhecido pelo sector de media como sendo viável e um aliado na batalha pelo reconhecimento de qualquer operador. O VoD também facilita a entrega dos serviços ‘triple play’ de voz, vídeo e data. Como é espectável nos Estados Unidos que a indústria de streaming de conteúdos cresça até aos 27 mil milhões de dólares até 2011, é obvio que o VoD é um sistema a ter em conta no futuro. 10.2. Tecnologia O sector da tecnologia tem também um papel muito importante na entrega de VoD. Consideram-se os elementos do sistema que estão entre o cliente e o conteúdo pretendido. Hoje em dia os conteúdos estão armazenados em equipamentos de armazenamento, normalmente DVDs que estão na posse dos clientes. À medida que a tecnologia evolui e o VoD começa a ser aceite como uma realidade lucrativa, pode acontecer uma transição. Os conteúdos que tradicionalmente estão na posse dos clientes podem começar a migrar para a rede e ficar armazenados em servidores a partir dos quais são enviados em streams para os clientes, a pedido dos mesmos. Isto implica a existência de sistemas de armazenamento maciços, interacções complexas entre servidores próximos, capacidades avançadas de processamento de pacotes, bons algoritmos de recolha de dados e pagamentos, e uma rede capaz de transportar grande volume de conteúdos mais ricos. Claro que nada disto é relevante se não for possível entregar os conteúdos pretendidos ao cliente de uma forma expedita e com boa qualidade. Tem de ser garantida uma medida de qualidade de serviço (QoS) e numa rede e ambiente dependente de processamento, o controlo de tráfego é essencial. Por isto é necessária uma boa arquitectura de entrega de dados que tenha em conta os piores cenários possíveis e tenha soluções para os circunscrever. 10.3. Telecomunicações Cada um dos três sectores está ligado aos outros dois e isso é ainda mais verdade para o sector das telecomunicações. Os melhores e mais ricos conteúdos e os modelos de recolha de dados, armazenamento e pagamentos mais complexos e capazes não servem de nada se não houver uma infraestrutura de banda larga de confiança por trás. Vários avanços no domínio das telecomunicações permitiram reinventar o papel das redes, particularmente no que diz respeito a conteúdos por encomenda. A maior mudança foi a evolução de uma rede baseada em multiplexagem por divisão no tempo (TDM) para uma rede baseada em IP. Com esta evolução apareceram serviços como IPTV, VoIP e IMS. Este último vai ter um papel fundamental na entrega de conteúdos de VoD num futuro não muito distante. Originalmente pensado como uma maneira de entregar conteúdos a equipamentos móveis pela Third-Generation Partnership Project (3GPP), o IP Multimedia Subsystem (IMS) é hoje considerado a principal plataforma tecnológica para entrega de conteúdos multimédia em todas as redes. A promessa do IMS é arrojada – Quando estiver implementado na sua totalidade um operador vai ser capaz de entregar qualquer conteúdo a qualquer utilizador em qualquer parte do mundo, através de qualquer rede e utilizando qualquer modalidade de acesso a qualquer tipo de equipamento e o preço será de acordo com as preferências do cliente que vão estar armazenadas numa base de dados na rede. Esta capacidade é a essência do streaming de vídeo e do VoD como negócio. 10.4. Novas arquitecturas 10.4.1. Modelo de servidores distribuídos Na secção 6.2 falou-se do modelo de arquitectura mais usado hoje em dia, o modelo SHE-VHO-VSO. Este é um bom modelo para a distribuição tradicional de conteúdos mas à medida que o interesse em serviços on-demand for crescendo e esses serviços se tornarem numa maior fonte de receitas, começa a ser necessário repensar os modelos em uso. Considerando que o objectivo de qualquer modelo de distribuição de VoD é minimizar o atraso, maximizar a confiança posta na rede utilizada pelo serviço, criar um ambiente de serviço facilmente administrável e garantir um ambiente para o streaming de média previsível e de confiança, começam a emergir diferentes tipos de arquitectura. Uma das considerações mais comuns e mais preocupantes em redes baseadas em servidores são os estreitamentos de tráfego, logo é natural o aparecimento de soluções que se afastam dos modelos com apenas um servidor. Num mundo perfeito, o modelo SHE-VHO-VSO funcionaria bem mas devido à grande complexidade das redes, os conteúdos transmitidos apenas de um servidor podem sofrer um grande número de problemas. O resultado é a utilização de uma arquitectura multi-servidor onde os conteúdos são transmitidos para o cliente a partir de vários servidores. Isso espalha o potencial de falhas pelos vários equipamentos e elimina as possibilidades de haver um estreitamento de banda que prejudique a entrega do conteúdo. Neste modelo, o download dos conteúdos é comandado pelo receptor e não pelo transmissor o que elimina a necessidade de coordenação entre os vários servidores envolvidos. Mais ainda, os pedidos de conteúdo no servidor ocorrem a um nível mais simples o que diminui atrasos de processamento. Adicionalmente a utilização de banda é comandada de forma adaptativa pelos servidores envolvidos no transporte o que significa que as cargas nos servidores são aproximadamente uniformes e a probabilidade de uma falha num servidor causar uma severa interrupção no serviço é nula. 7 13. BIBLIOGRAFIA 10.4.2. Peer-to-Peer Streaming O servidor que é responsável, em última instância, pelo streaming de um conteúdo até ao cliente é normalmente chamado de streaming engine. Num ambiente peer-to-peer o streaming engine principal associa-se a outros servidores (peers) e faz o download de certos blocos para depois entregar ao cliente. Isto resulta numa partilha da responsabilidade de transporte por vários servidores e caminhos da rede, aumentando assim a eficiência do sistema. O principal desafio em utilizar este modelo é o facto das entregas de conteúdo não serem reguladas pelo operador. Se existirem, num dado momento, problemas de tráfego na rede, a qualidade de serviço torna-se imprevisível e o cliente pode ver os conteúdos com menor qualidade que o desejado. Uma solução para este problema é fazer o streaming do conteúdo de mais de um servidor em simultâneo como mostra a figura 9. Nesta situação os pedidos dos clientes vão até à central de gerenciamento e são posteriormente transmitidas em simultâneo para vários servidores proxy que começam a enviar o conteúdo para o cliente em streams paralelos. [1]www.vector.pl/en/systems/digital_television_systems/vod _systems.php [2] Jari Peltoniemi “Video-on-Demand Overview” [3] http://en.wikipedia.org/wiki/Video_on_demand [4] Miranda Ko e Irene Koo “An overview of interactive Video on Demand” [5] John Trail, Damn Emms e Dan Goldfarb “Advanced Optical and Digital Architectures for Video-On-Demand” em www.harmonicinc.com/view_collateral.cfm?ID=40 [6] Tim Gray “Plenty of Competition for Video on Demand” num artigo em http://www.internetnews.com/ [7] Deepak Kataria, LSI Corporation “The future of Videoon-Demand” em www.videsignline.com [8] NPA Conseil “Video-on-Demand in Europe” um relatório para European Audiovisual Observatory e a Direction du développement des médias (DDM-France) Fig.9 – Modelo de streaming em paralelo 11. CONCLUSÃO Como se pôde constatar neste artigo, o serviço de Video-on-Demand existe há relativamente poucos anos e está em crescimento e evolução. Em Portugal o serviço está agora a ser mais utilizado e com o aparecimento das redes em fibra óptica, mais operadores o oferecem a um maior número de clientes e com maior qualidade. O serviço de VoD poderá mesmo mudar a maneira como as pessoas vêm televisão uma vez que se torna possível ver os programas que se quer, quando se quer e as vezes que se quiser. 8