Lápis Grafite - Richard John

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Lápis Grafite - Richard John
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Lápis Grafite
Graphite Pencil (Ingl.), Lapiz de Grafito ou Lápiz Plomo(Esp.), Crayon Graphite (Fra.), Graphitstift (Alem.)
Principais Fabricantes
Faber-Castell, Conté, Koh-i-noor, Derwent, Staedler, Bruynzeel, Cretacolor.
Breve histórico
O grafite, como o carvão, é um carbono natural criado pela pressão da terra sobre a madeira decomposta de bosques préhistóricos. O carvão é formado apenas pela pressão, enquanto que os cristais de grafite são formados pela combinação de pressão
e calor. Foi descoberto em 1500 e inicialmente utilizado em moldes para a fabricação de balas de canhão (por ser de origem
vulcânica, o calor do ferro fundido não o afeta). Os primeiros lápis de grafite com invólucro de madeira foram feitos por volta de
1600: tiras de grafite puro colocadas numa rachadura entre duas madeiras. Foi somente em 1795 que Nicolas-Jacques Conté
descobriu um método de misturar grafite puro com argila, gerando um grafite sólido. A partir daí desenvolveu-se a forma de
fabricação que permanece até os dias de hoje.
Características essenciais
Um desenho à grafite pode ter um aspecto brilhante, que reflete a luz, dependendo do ângulo em que é visto. Diferente do carvão,
que é completamente opaco e que absorve a luz quase que completamente (gerando a cor preta de forma bastante “fechada”), o
grafite tem um aspecto cinza, prateado ou metálico, principalmente quando cobre grandes áreas da superfície desenhada. Não se
consegue, como no caso do carvão, um preto “total”, uma vez que sua cor natural está mais próxima do cinza do que do preto. No
entanto, mesmo sem o preto, é possível criar gradações de cinza (do cinza muito claro, quase branco, ao cinza escuro) em valores
com variação suficiente para gerar grande realismo em representações de claro e escuro.
Classificação
A maioria dos lápis fabricados no mundo segue o sistema europeu: um código que vai do 9H até o 9B, passando pelo “centro” HB
(equivalente ao lápis n°2 no sistema americano). H de hardness (dureza em inglês), o B significa blackness (pretidão). Há ainda o F,
de fine (para trabalhos finos e detalhados). A série completa tem a seguinte ordem: 9H 8H 7H 6H 5H 4H 3H 2H H F HB B 2B 3B 4B
5B 6B 7B 8B 9B. O lápis 9H é o que tem o grafite mais duro e que “pinta” o cinza mais claro. No outro extremo, o 9B é o lápis mais
macio e que cria o tom de cinza mais escuro. Entre estes dois extremos temos uma escala de tons e durezas que nos permite criar
desenhos com sutis gradações tonais, impossíveis com apenas um lápis da “escala”.
Suportes recomendados
Embora o grafite possa ser utilizado em diversos materiais como tela preparada para pintura, tecido, cartão, etc. o papel continua
sendo o suporte mais indicado. Para um trabalho permanente os papéis de puro algodão são recomendados. Papéis ácidos
amarelam com o tempo e perdem resistência. Em geral, os papéis indicados seriam os mesmos papéis utilizados para aquarela.
Muitos papéis têm texturas diferentes em cada um dos seus lados. Não há um lado “certo”, pode-se utilizar o lado inverso caso a
textura for considerada mais adequada. A rugosidade ou textura do papel é um fator importantíssimo a determinar os resultados
obtidos. Trabalhos mais gestuais e expressivos podem se beneficiar de uma textura maior. Trabalhos mais detalhados e suaves
pedem uma textura mais fina.
Técnicas Básicas
Comece seu desenho com um traçado muito leve, com um lápis HB. As linhas devem ser marcadas muito suavemente, para que
não venham a interferir no resultado final. Nunca faça linhas muito duras nesta etapa, pois o desenho pode necessitar de
passagens de tons sutis ou mesmo áreas claras que não poderão ser criadas sobre traços muito escuros (por causa da mancha) ou
fortes (causados por um lápis duro), que deixam uma marca irreversível no papel.
A ponta do lápis, sua forma e ângulo de utilização, é a principal protagonista do desenho: é ela que deixará sua marca no papel. Um
desenho é composto fundamentalmente por estas marcas deixadas pela ponta do lápis. Algumas aulas de desenho tradicionais
iniciam justamente neste tópico: como apontar um lápis? Deve-se “pensar a ponta”, pois todos os resultados do desenho dependerão
dela. Regra geral, para desenhos detalhados deve-se fazer uma ponta muito fina. Para cobrir grandes áreas, o ângulo do lápis deve ser
sempre o mesmo (sem rotacionar o lápis, o que causaria uma diferença no traço).
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Para se criar imagens realistas, o desenho deve ser construído do claro ao escuro, em etapas graduais. Quanto mais gradual o
processo, maior será o controle sobre seus efeitos, e mais refinado será o resultado. Não tenha pressa para fazer gradações de cinza.
Este é um trabalho de paciência e qualquer “atalho” pode significar um desenho arruinado pela pressa.
Para preencher grandes áreas (ou mesmo pequenas) com o mesmo tom de cinza, deve-se estabelecer uma “estratégia de preenchimento”. Se os traços vão sempre no mesmo sentido, isso pode gerar uma série de linhas e marcas indesejadas, que conduzem o olho
de forma inadequada. Para gerar uma textura homogênea, deve-se variar a direção das linhas, de forma que uma anule a outra e
todas sejam distribuídas de forma equilibrada (sem variação de pressão do lápis e traços em toda a área). Pode-se fazer isto com
achuras (traçados paralelos e entrecruzados) ou com movimentos circulares sobrepostos, que evitam a formação de uma textura muito
marcada.
Trabalhos mais realistas não incluem a linha (a linha é uma abstração) e contam, isso sim, com passagens graduais de tons, como no
sfumatto propagado por Leonardo da Vinci: “sem linhas ou bordas, como uma fumaça ou além do plano focal”, técnica utilizada na
pintura a óleo Mona Lisa (c. 1503–1506). Este estilo, sem bordas precisas, é chamado pictórico. Quando as linhas estão presentes, ou
existem bordas muito precisas, o trabalho é chamado linear (ver a seguir).
Trabalhos mais expressivos, não fotográficos, farão uso da expressividade da linha, dos traços e das marcas. Todas as formas de marcar
o papel com o lápis contarão para a expressão dada. Pode-se, por exemplo, variar a pressão do lápis sobre o papel para criar uma
dinâmica maior na linha, aumentando e diminuindo sua espessura. O uso de uma gestualidade mais ampla e livre, deixando o
desenho mais “solto” e de aparência inacabada, como num esboço, confere uma aparência de grande leveza e frescor. Em geral, é
interessante iniciar uma linha de forma mais branda e aos poucos ir impondo mais vigor nos traços e gestos. Cada gesto equivale a
uma afirmação: quanto mais contundentes os gestos, mais o desenho expressa o que se diz.
Procure usar a textura do papel a seu favor: se o trabalho com o lápis for suficientemente bom, ao ressaltarmos a textura do papel
estaremos enfatizando a relação do traço com a materialidade de seu suporte. É justamente a natureza desta relação (gestualidade
ou traço versus suporte) que faz um desenho algo interessante de ser olhado. O desenho não cobre o papel (a superfície) como na
pintura. O desenho, ao contrário, ativa, valoriza e expõem a superfície sobre a qual se inscreve. Talvez por isto o uso do esfuminho,
lápis feito de papel utilizado para espalhar o pó de grafite, seja de utilização tão crítica (muitos artistas e professores o abominam).
Alguns cuidados
q É aconselhável, aos destros, trabalhar sempre na “direção de leitura”: da esquerda para direita e de cima para baixo. Isto por que
ao passarmos nossa mão ou braço sobre uma parte desenhada podemos borrar o desenho transportando o pó de grafite para
áreas claras. A oleosidade da pele, não importando o quanto suas mãos estejam lavadas, serve como um “meio” para o grafite,
causando os borrões: onde o papel foi tocado há uma tendência que o pó do grafite ali se fixe. Como um cuidado extra para evitar
as “manchas de óleo” que podem gerar os acúmulos de grafite, usar sempre uma folha de papel branco sob a mão, para que ela
não toque diretamente no desenho. Cuide para não “arrastar” esta folha sobre o desenho abaixo.
w O grafite pode e deve ser fixado. Use fixadores de ótima qualidade para não gerar manchas na superfície do desenho. Os
melhores fixadores conhecidos são: Artist´s Fixative (Winsor & Newton), Acrylic Picture Varnish (Talens).
e Quando se guarda vários desenhos empilhados, é recomendável ter uma folha (do tipo papel encerado) entre um desenho e
outro. O transporte ou simples manusear das folhas pode gerar borrões ou manchas, de um desenho ao outro.
r Usar um apontador mecânico (elétrico ou “a manivela”) é uma solução contra o tedioso trabalho de apontar vários lápis,várias
vezes. Alguns desenhistas preferem apontar manualmente, com um estilete, para criar uma ponta mais de acordo com suas
necessidades (o apontador mecânico aponta sempre da mesma maneira).
t Em trabalhos mais delicados, sempre limpe a ponta de seu lápis depois de apontá-lo. Pequenos resíduos de grafite podem fazer
com que a ponta produza linhas irregulares ou grosseiras.
y Nunca, em hipótese alguma, faça “linhas cabeludas” (linhas em “vai-vem”). Elas denotam insegurança e são de horrível leitura.
Toda a beleza da linha se perde: dinâmica, força, peso, direção, potencial descritivo e expressivo, etc.
u Não utilize esfuminhos, eles destroem a sutileza do desenho e conferem a ele um aspecto amador. Faça gradações com achuras ou
traçados paralelos.
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Exercícios propostos
q Criar uma escala de tons com 10 gradações de cinza, do mais claro ao mais escuro.
w Desenhar um ovo iluminado pela esquerda e que projeta uma sombra na diagonal.
Bibliografia
HAYES, Colin. Guia completa de pintura y dibujo : tecnicas y materials. Madrid : Hermann Blume, 1980.
HILLBERRY, J. D.. Drawing realistic textures in pencil. Cincinnati : North Light Books, 1999.
MAYER, Ralph. Materiales y técnicas del arte. Madrid : Hermann Blume, 1985.
PARRAMÓN, J. M.. El grand libro del dibujo. Barcelona : Parramón, 1996.
SMITH, Ray. El manual del artista. Madrid : Hermann Blume, 1990.
SMITH, Stan; TEN HOLT, H. F.. Manual del artista : equipo, materials y tecnicas. Madrid : Hermann Blume, 1980.

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