Prezada Senhora Renata Giannini

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Prezada Senhora Renata Giannini
Datos Generales Institución de Pertenencia: Edad: Ejército 38 años Tipo de formación militar (Formación para Suboficial / Oficial y especializaciones): Edad en que ingresó a la formación militar: Oficial médica. Años de servicio: Grado: 5 años Teniente Primero Título: Médica ginecóloga / obstetra Número de años en la institución: 5 años Operación de paz en la que participó: MINUSTAH 33 años Año y periodo en el que participó: Del 21 de mayo al 21 de noviembre de 2008 Otras experiencias relevantes en su carrera 3 años de guardia de emergencia en Porto militar / policial: Real, Resende, Itatiaia, entre otros. Reconocimientos recibidos hasta el momento: Elogio de CMT de operaciones terrestres. 1. Para começar, comente um pouco como decidiu entrar nas Forças Armadas, ou seja, quais foram os fatores motivadores, o significado de ser militar e expectativas para a carreira. Ingressei como médica civil, no Centro de Recuperação de Itatiaia, e me adaptei muito bem ao convívio com os companheiros militares. No ano seguinte me alistei e continuei como tenente temporária e, em seguida, após ter certeza que a vida militar me agradava e que me encaixava neste perfil, fiz a prova para escola de saúde, tendo sido aprovada na primeira tentativa. A convivência com os colegas, o respeito e a disciplina, que fazem parte da rotina militar, foram meus fatores motivadores. Acredito, sinceramente, que esses valores facilitam a convivência e o bom desenvolvimento do serviço. Tenho a pretensão de servir ao Exército enquanto puder ser útil e viver, com intensidade, todas as emoções que esta carreira pode proporcionar. 2. Em relação a sua experiência nas forças armadas antes de participar da Operação de Paz no Haiti, quais foram os desafios ou problemas enfrentados para integrar esta instituição? O desafio é diário e faz parte da profissão médica e militar, portanto, como sempre fizeram parte da minha rotina, passam despercebidos. 3. Por favor, comente um pouco como decidiu participar de uma operação de paz. ‐ Fatores motivadores para a participação na missão de paz do Haiti. Sempre quis participar de uma missão de paz, mesmo antes de ser militar, quando a oportunidade surgiu, não tive dúvidas e me voluntariei. Foi a decisão mais acertada da minha vida, algo do qual sempre me orgulharei. ‐ Significado de fazer parte de uma operação de paz. Para mim foi uma experiência extremamente gratificante, pois estive compondo o BRABATT 9, o Batalhão Brasileiro, tão respeitado e admirado pela população haitiana e pelos demais exércitos que participam da missão no Haiti. Fiz parte de tudo, sou parte de tudo, fiz diferença como indivíduo e como parte do corpo. ‐ Expectativas de sua participação em uma operação de paz. A experiência no Haiti superou todas as minhas expectativas, acredito que tenha sido o ponto alto da minha carreira como médica e como militar. Surpreendentemente todas as minhas expectativas foram superadas e terminei a missão com a sensação de dever cumprido e de ter feito a escolha mais acertada da minha vida. 4. Como foi o processo seletivo pelo qual teve que passar para participar nesta missão? Especifique se o processo seletivo foi o mesmo, destacando os exames, cursos e capacitações que fez no Brasil ou no exterior e qual sua opinião a respeito dos mesmos. Me volutearei pela internet, assim que abriram as vagas. Como sou médica, acredito que tenha sido mais fácil, porque médicos costumam ter outros compromissos que os impedem de viajar, então poucos se voluntariam, eu fui uma das que se voluntariou. 5. Gostaríamos que a senhora comentasse sua experiência na ocasião em que esteve no Haiti. O que mais lhe chamou a atenção nessa experiência? Quais eram as condições de trabalho e em que consistiam as tarefas que desempenhou? Fui como médica da primeira companhia de fuzileiros de paz e minha função estava ligada às operações desses militares, eu os acompanhava em algumas patrulhas e operações de busca e captura. Fazia exame de corpo de delito nos capturados e prestava apoio a tropa, caso houvesse alguém ferido. Houve uma ocasião em que a companhia capturou mais de 10 suspeitos, a base das operações se situava em um local denominado ponto forte 16 e durou várias horas. Porém, acredito que o ponto alto da minha participação da missão tenha ocorrido no resgate das vítimas do desabamento da escola em Pétion Ville, ocasião em que a equipe médica brasileira resgatou com vida e sem mutilações, quatro crianças haitianas que estavam presas nos escombros, com atitude verdadeiramente heróica de toda a equipe, o que me fez ainda mais orgulhosa de pertencer a esse fabuloso grupo. Houve também uma ocasião de auxiliar no transporte e socorro de um grave acidente automobilístico, com mais de 30 mortos e dezenas de feridos, quando da colisão de dois tap taps (transporte público haitiano) com um caminhão. Chamou‐me a atenção a integração de toda a tropa nessas ocasiões, quando éramos realmente um só corpo, onde cada célula era extremamente importante e onde a confiança em um companheiro era fator determinante no desempenhar da função do outro. Laços extremamente fortes se criam nessas circunstâncias. Coisas difíceis de explicar com palavras, só mesmo sentindo...vivendo... 6. A senhora teve alguma dificuldade para desenvolver as tarefas para as quais foi designada ou para integrar‐se à equipe da operação de paz? Não. Nenhuma dificuldade. As vezes o trabalho era cansativo, porque além dessas missões com a companhia, nós médicos tínhamos uma rotina de atendimentos na base e um sistema de prontidão. Isso às vezes era cansativa, mas não consistiu uma dificuldade no desenvolvimento do serviço. 7. Como sabe, a senhora é uma das poucas militares mulheres do Brasil que participou em uma missão de paz. Por que acha que não existem mais mulheres participando das mesmas? Que medidas podem ser tomadas para mudar essa situação? É relativamente recente o ingresso de mulheres no Exército. Acredito, também, que são poucas as funções que podem ser desempenhadas pelas mulheres, uma vez que o Corpo Feminino do Exército é normalmente constituído por médicas, dentistas, professoras. Nossa participação fica limitada ao serviço de saúde e de tradução. Ainda não temos soldados ou de oficiais de armas do seguimento feminino, como outros países. Mas acredito que seja apenas uma questão de tempo. 8. A senhora tem conhecimento de iniciativas que as Forças Armadas ou o Governo Brasileiro estejam desenvolvendo para facilitar a incorporação de mulheres em operações de paz? No Exército Brasileiro há diversas formas de incorporação do segmento feminino, a saber: ‐ O serviço militar inicial para a área de saúde (médicas, dentistas, farmacêuticas e veterinárias); ‐ O serviço técnico temporário (nas áreas de direito, engenharia, educação física, entre outras conforme necessidade do serviço); ‐ E como oficial de carreira, mediante concurso para a Escola de Saúde do Exército (EsSEx) nas especialidades de medicina, odontologia e farmácia, para o Instituto Militar de Engenharia (IME) e para Escola de Administração do Exército (EsAEx) nas especialidades de magistério, direito, administração, informática, ciências contábeis, economia, estatística, comunicação social (relações públicas), psicologia, veterinária e enfermagem, de acordo com as necessidades da Força Terrestre. 9. O que pode ressaltar de sua participação na Missão de Paz do Haiti, destacando seu papel enquanto mulher na zona de conflito? Fiz o que qualquer médico, homem ou mulher, faria nessas circunstâncias. Não acredito que o fato de ser mulher tenha me ajudado ou me atrapalhado em alguma coisa. 10. Finalmente, quais foram seus ganhos particulares ao fazer parte de uma missão de paz? ‐ Oportunidades/benefícios que oferece a carreira policial ao pessoal que esteve em Missões de Paz. ‐ Interesse em realizar outras experiências similares na prevenção/mediação de conflitos. ‐ Os benefícios pessoais que obtive foram de caráter médico e militar, pude conhecer outra cultura, vivenciar os problemas cotidianos da população haitiana e algo da política local. ‐ Adoraria participar novamente da mesma missão ou de outras semelhantes, só tive boas experiências, repetiria tudo outra vez. 11. Quais as razões que a senhora apontaria para a baixa participação de mulheres brasileiras em missões de paz? Acredito que a maior participação das mulheres seja apenas uma questão de tempo, principalmente quando as outras mulheres souberem o quanto foi proveitoso para as militares que já foram. Porém, dentro do universo de vagas que são oferecidas às mulheres estamos ocupando nosso espaço. O segmento que realmente tem baixo voluntariado é o segmento médico. Espero que isso se modifique, porque a experiência é realmente fabulosa em termos médicos, humanos, pessoais e profissionais. A maioria dos médicos que vão pela primeira vez quer voltar, mas quem nunca foi permanece receoso. Eu não tenho dúvidas, voltaria, faria tudo de novo.