Richard Hoban Prize 2012
Transcrição
Richard Hoban Prize 2012
Spanish, Portuguese and Latin American Studies Richard Hoban Prize 2012 Thursday 29 March 2012 Room K0.18 18.00 – 20.00 You are invited to participate in the Richard Hoban Prize 2012. The prize was given to the department by the family in his memory, to be awarded to the student who does the best performance in Spanish of a poem. This year, for the first time, we are opening the prize to performance in Portuguese and Catalan, as well as in Spanish, and there will be a further award for the best rendering of a translation of a poem into English. For the prize in poetry translation, students may translate a poem from Spanish, Portuguese or Catalan into English. Poems may be from any period, they should be no longer than 30 lines, and you should state whether your translation is a) a version or b) a contemporary rendition. By ‘version’, we understand a translation of the poem into English that remains close to the style and language of the original in Spanish and aims at retaining its own contemporary cultural environment in English. By ‘contemporary rendition’ we understand a translation of the poem into English that aims to bring the style and language of the original to a 21st century English-speaking cultural environment. Each participant will read the translation. The original must be provided to the Department ([email protected]) on Wednesday 28 March by 17.00 The poems are below. Please take time to prepare your reading, remembering that you want to communicate as effectively as possible your understanding of the poem. For each category there will be a prize of £100. For the Richard Hoban prize for a poem performed in Spanish the winner may choose to be awarded a case of red Rioja wine. The event will be followed by a departmental reception. If you wish to enter you should let us know by emailing [email protected] by Wednesday 28 March @ 17.00. CATALAN ‘Assaig de càntic en el temple’, Salvador Espriu Oh, que cansat estic de la meva covarda, vella, tan salvatge terra, i com m’agradaria allunyar-me’n, nord enllà, on diuen que la gent és neta i noble, culta, rica, lliure, 5 desvetllada i feliç! Aleshores, a la congregació, els germans dirien desaprovant: “Com l’ocell que deixa el niu, així l’home que se’n va del seu indret”, mentre jo, ja ben lluny, em riuria 10 de la llei i de l’antiga saviesa d’aquest meu àrid poble. Però no he de seguir mai el meu somni i em quedaré aquí fins a la mort. Car sóc també molt covard i salvatge i estimo a més amb un desesperat dolor aquesta meva pobra, bruta, trista, dissortada pàtria. 15 CATALAN ‘Calladament’, Miquel Martí i Pol Des d'aquesta aspra solitud et penso. Ja no hi seràs mai més quan treguin fulles els pollancs que miràvem en silenci des del portal de casa. Tantes coses 5 se m'han perdut amb tu que em resta a penes l'espai de mi mateix per recordar-te. Però la vida, poderosa, esclata fins i tot en un àmbit tan estricte. Tu ja no hi ets i els pollancs han tret fulles, el verd proclama vida i esperança i jo visc, i és vivint que puc pensar-te i fer-te créixer amb mi fins que el silenci m'engoleixi com t'ha engolit per sempre. 10 PORTUGUESE ‘Não há fonte que não beba da fronte deste homem’, Corsino Fortes (Cape Verde) I Nas rugas deste homem Circulam estradas de todos os pés que emigram Quebram-se vivas! as ondas de todas pátrias Anulam-se de perfil! as chinas de todas muralhas Na mão bíblica No humor bíblico deste homem crepitam de joelhos Desertos & catedrais Onde deus & demónio jogam noite e dia a sua última cartada E do pó da ilha à mó de pedra Não há relâmpago Que não morda a nudez deste homem Nudez de liberta! Que a dor germina E o espaço exulta E pela ogiva ogiva do olho Não há poente Que não seja Uma oração de sapiência Sobre a face deste homem o povo ergueu a praça pública E os tambores transportam o rosto deste homem Até à boca das ribeiras E ao redor os vulcões respeitam o silêncio deste homem II Não há chuva Que não lamba o osso de tal homem À porta da ilha Diz o sal de toda a saliva O sol ondula oceanos no sangue deste homem Oh cereal altivo! vertical & probo Ainda ontem antes do meio-dia O vento punha velas na viola deste homem Hoje! A viola De tal dor é sumarenta E projecta sobre as almas a seiva De uma árvore imensa Oh oceanos! que ladram à boca das tabernas Se o sangue deste homem é tambor no coração da ilha O coração deste homem é corda no violão do mundo E os joelhos rodas que vão! hélices que sobem com ilhas no interior III Sombras sobre a colina Rosto sobre o povoado Quando pastor & gado jogam à cabra-cega E chifres de sol projectam cidadelas no ocidente O poente galopa a maré-alta E ergue "À taça da noite Sobre as têmporas deste homem" Oh noite verde! oh noite violada Que a noite não apague A memória das cicatrizes E cicatrizes de ontem Sejam Sementes de hoje Para sementeira E floresta de amanhã (Árvore & Tambor, 1986) PORTUGUESE ‘Adeus’, Eugenio de Andrade Já gastamos as palavras pela rua, meu amor, e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes. Gastámos tudo menos o silêncio. Gastámos os olhos com o sal das lágrimas, gastámos as mãos à força de as apertarmos, gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis. Meto as mãos nas algibeiras e não encontro nada. Antigamente tínhamos tanto para dar um ao outro! Era como se todas as coisas fossem minhas: quanto mais te dava mais tinha para te dar. Às vezes tu dizias: os teus olhos são peixes verdes! e eu acreditava. Acreditava, porque ao teu lado todas as coisas eram possíveis. Mas isso era no tempo dos segredos, no tempo em que o teu corpo era um aquário, no tempo em que os meus olhos eram peixes verdes. Hoje são apenas os meus olhos. É pouco, mas é verdade, uns olhos como todos os outros. Já gastamos as palavras. Quando agora digo: meu amor..., já se não passa absolutamente nada. E no entanto, antes das palavras gastas, tenho a certeza de que todas as coisas estremeciam só de murmurar o teu nome no silêncio do meu coração. Não temos já nada para dar. Dentro de ti não há nada que me peça água. O passado é inútil como um trapo. E já te disse: as palavras estão gastas. Adeus. PORTUGUESE ‘Ouvi contar que outrora’, Ricardo Reis/ Fernando Pessoa Ouvi contar que outrora, quando a Pérsia Tinha não sei qual guerra, Quando a invasão ardia na Cidade E as mulheres gritavam, Dois jogadores de xadrez jogavam O seu jogo contínuo. À sombra de ampla árvore fitavam O tabuleiro antigo, E, ao lado de cada um, esperando os seus Momentos mais folgados, Quando havia movido a pedra, e agora Esperava o adversário. Um púcaro com vinho refrescava Sobriamente a sua sede. Ardiam casas, saqueadas eram As arcas e as paredes, Violadas, as mulheres eram postas Contra os muros caídos, Traspassadas de lanças, as crianças Eram sangue nas ruas... Mas onde estavam, perto da cidade, E longe do seu ruído, Os jogadores de xadrez jogavam O jogo de xadrez. Inda que nas mensagens do ermo vento Lhes viessem os gritos, E, ao refletir, soubessem desde a alma Que por certo as mulheres E as tenras filhas violadas eram Nessa distância próxima, Inda que, no momento que o pensavam, Uma sombra ligeira Lhes passasse na fronte alheada e vaga, Breve seus olhos calmos Volviam sua atenta confiança Ao tabuleiro velho. Quando o rei de marfim está em perigo, Que importa a carne e o osso Das irmãs e das mães e das crianças? Quando a torre não cobre A retirada da rainha branca, O saque pouco importa. E quando a mão confiada leva o xeque Ao rei do adversário, Pouco pesa na alma que lá longe Estejam morrendo filhos. Mesmo que, de repente, sobre o muro Surja a sanhuda face Dum guerreiro invasor, e breve deva Em sangue ali cair O jogador solene de xadrez, O momento antes desse (É ainda dado ao cálculo dum lance Pra a efeito horas depois) É ainda entregue ao jogo predileto Dos grandes indif'rentes. Caiam cidades, sofram povos, cesse A liberdade e a vida. Os haveres tranqüilos e avitos Ardem e que se arranquem, Mas quando a guerra os jogos interrompa, Esteja o rei sem xeque, E o de marfim peão mais avançado Pronto a comprar a torre. Meus irmãos em amarmos Epicuro E o entendermos mais De acordo com nós-próprios que com ele, Aprendamos na história Dos calmos jogadores de xadrez Como passar a vida. Tudo o que é sério pouco nos importe, O grave pouco pese, O natural impulso dos instintos Que ceda ao inútil gozo (Sob a sombra tranqüila do arvoredo) De jogar um bom jogo. O que levamos desta vida inútil Tanto vale se é A glória, a fama, o amor, a ciência, a vida, Como se fosse apenas A memória de um jogo bem jogado E uma partida ganha A um jogador melhor. A glória pesa como um fardo rico, A fama como a febre, O amor cansa, porque é a sério e busca, A ciência nunca encontra, E a vida passa e dói porque o conhece... O jogo do xadrez Prende a alma toda, mas, perdido, pouco Pesa, pois não é nada. Ah! sob as sombras que sem qu'rer nos amam, Com um púcaro de vinho Ao lado, e atentos só à inútil faina Do jogo do xadrez Mesmo que o jogo seja apenas sonho E não haja parceiro, Imitemos os persas desta história, E, enquanto lá fora, Ou perto ou longe, a guerra e a pátria e a vida Chamam por nós, deixemos Que em vão nos chamem, cada um de nós Sob as sombras amigas Sonhando, ele os parceiros, e o xadrez A sua indiferença. PORTUGUESE ‘Mundo Grande’, Carlos Drummond de Andrade Não, meu coração não é maior que o mundo. É muito menor. Nele não cabem nem as minhas dores. Por isso gosto tanto de me contar. Por isso me dispo, por isso me grito, por isso freqüento os jornais, me exponho cruamente nas livrarias: preciso de todos. . Sim, meu coração é muito pequeno. Só agora vejo que nele não cabem os homens. Os homens estão cá fora, estão na rua. A rua é enorme. Maior, muito maior do que eu esperava. Mas também a rua não cabe todos os homens. A rua é menor que o mundo. O mundo é grande. Tu sabes como é grande o mundo. Conheces os navios que levam petróleo e livros, carne e algodão. Viste as diferentes cores dos homens, as diferentes dores dos homens, sabes como é difícil sofrer tudo isso, amontoar tudo isso num só peito de homem...sem que ele estale. Fecha os olhos e esquece. Escuta a água nos vidros, tão calma. Não anuncia nada. Entretanto escorre nas mãos, tão calma! Vai inundando tudo... Renascerão as cidades submersas? Os homens submersos—voltarão? Meu coração não sabe. Estúpido, ridículo e frágil é meu coração. Só agora descubro como é triste ignorar certas coisas. (Na solidão de indivíduo desaprendi a linguagem com que homens se comunicam). Outrora escutei os anjos, as sonatas, os poemas, as confissões patéticas. Nunca escutei voz de gente. Em verdade sou muito pobre. Outrora viajei países imaginários, fáceis de habitar, ilhas sem problemas, não obstante exaustivas e convocando ao suicídio. Meus amigos foram às ilhas. Ilhas perdem o homem. Entretanto alguns se salvaram e trouxeram a notícia que o mundo, o grande mundo está crescendo todos os dias, entre o fogo e o amor. Então, meu coração também pode crescer. Entre o amor e o fogo, entre a vida e o fogo, meu coração cresce dez metros e explode. —ó, vida futura! Nós te criaremos. SPANISH ‘Nostalgia’, José Santos Chocano Hace ya diez años que recorro el mundo. ¡He vivido poco! ¡Me he cansado mucho! Quien vive de prisa no vive de veras, quien no echa raíces no puede dar frutos. Ser río que recorre, ser nube que pasa, sin dejar recuerdo ni rastro ninguno, es triste y más triste para quien se siente nube en lo elevado, río en lo profundo. Quisiera ser árbol mejor que ser ave, quisiera ser leño mejor que ser humo; y al viaje que cansa prefiero terruño; la ciudad nativa con sus campanarios, arcaicos balcones, portales vetustos y calles estrechas, como si las casas tampoco quisieran separarse mucho... Estoy en la orilla de un sendero abrupto. Miro la serpiente de la carretera que en cada montaña da vueltas a un nudo; y entonces comprendo que el camino es largo, que el terreno es brusco, que la cuesta es ardua, que el paisaje es mustio... ¡Señor! ¡Ya me canso de viajar! ¡Ya siento nostalgia, ya ansío descansar muy junto de los míos!... Todos rodearán mi asiento para que les diga mis penas y mis triunfos; y yo, a la manera del que recorriera un álbum de cromos, contaré con gusto las mil y una noches de mis aventuras y acabaré en esta frase de infortunio: —¡He vivido poco! ¡Me he cansado mucho! SPANISH Rimas VII, Gustavo Adolfo Becquer Del salón en el ángulo oscuro, de su dueña tal vez olvidada, silenciosa y cubierta de polvo, veíase el arpa. ¡Cuánta nota dormía en sus cuerdas, como el pájaro duerme en las ramas, esperando la mano de nieve que sabe arrancarlas! ¡Ay!, pensé; ¡cuántas veces el genio así duerme en el fondo del alma, y una voz como Lázaro espera que le diga «Levántate y anda»! SPANISH ‘De Otoño’, Rubén Dario Yo sé que hay quienes dicen: ¿por qué no canta ahora con aquella locura armoniosa de antaño? Ésos no ven la obra profunda de la hora, la labor del minuto y el prodigio del año. Yo, pobre árbol, produje, al amor de la brisa, cuando empecé a crecer, un vago y dulce son. Pasó ya el tiempo de la juvenil sonrisa: ¡dejad al huracán mover mi corazón! SPANISH ‘Los heraldos negros’, César Vallejo Hay golpes en la vida, tan fuertes... Yo no sé! Golpes como del odio de Dios; como si ante ellos, la resaca de todo lo sufrido se empozara en el alma... Yo no sé! Son pocos; pero son... Abren zanjas oscuras en el rostro más fiero y en el lomo más fuerte. Serán tal vez los potros de bárbaros atilas; o los heraldos negros que nos manda la Muerte. Son las caídas hondas de los Cristos del alma de alguna fe adorable que el Destino blasfema. Esos golpes sangrientos son las crepitaciones de algún pan que en la puerta del horno se nos quema. Y el hombre... Pobre... pobre! Vuelve los ojos, como cuando por sobre el hombro nos llama una palmada; vuelve los ojos locos, y todo lo vivido se empoza, como charco de culpa, en la mirada. Hay golpes en la vida, tan fuertes... Yo no sé! SPANISH ‘Oda al mar’, Pablo Neruda Aquí en la isla el mar y cuánto mar se sale de sí mismo a cada rato, dice que sí, que no, que no, que no, que no, dice que si, en azul, en espuma, en galope, dice que no, que no. No puede estarse quieto, me llamo mar, repite pegando en una piedra sin lograr convencerla, entonces con siete lenguas verdes de siete perros verdes, de siete tigres verdes, de siete mares verdes, la recorre, la besa, la humedece y se golpea el pecho repitiendo su nombre. Oh mar, así te llamas, oh camarada océano, no pierdas tiempo y agua, no te sacudas tanto, ayúdanos, somos los pequeñitos pescadores, los hombres de la orilla, tenemos frío y hambre eres nuestro enemigo, no golpees tan fuerte, no grites de ese modo, abre tu caja verde y déjanos a todos en las manos tu regalo de plata: el pez de cada día. Aquí en cada casa lo queremos y aunque sea de plata, de cristal o de luna, nació para las pobres cocinas de la tierra. No lo guardes, avaro, corriendo frío como relámpago mojado debajo de tus olas. Ven, ahora, ábrete y déjalo cerca de nuestras manos, ayúdanos, océano, padre verde y profundo, a terminar un día la pobreza terrestre. Déjanos cosechar la infinita plantación de tus vidas, tus trigos y tus uvas, tus bueyes, tus metales, el esplendor mojado y el fruto sumergido. Padre mar, ya sabemos cómo te llamas, todas las gaviotas reparten tu nombre en las arenas: ahora, pórtate bien, no sacudas tus crines, no amenaces a nadie, no rompas contra el cielo tu bella dentadura, déjate por un rato de gloriosas historias, danos a cada hombre, a cada mujer y a cada niño, un pez grande o pequeño cada día. Sal por todas las calles del mundo a repartir pescado y entonces grita, grita para que te oigan todos los pobres que trabajan y digan, asomando a la boca de la mina: "Ahí viene el viejo mar repartiendo pescado". Y volverán abajo, a las tinieblas, sonriendo, y por las calles y los bosques sonreirán los hombres y la tierra con sonrisa marina. Pero si no lo quieres, si no te da la gana, espérate, espéranos, lo vamos a pensar, vamos en primer término a arreglar los asuntos humanos, los más grandes primero, todos los otros después, y entonces entraremos en ti, cortaremos las olas con cuchillo de fuego, en un caballo eléctrico saltaremos la espuma, cantando nos hundiremos hasta tocar el fondo de tus entrañas, un hilo atómico guardará tu cintura, plantaremos en tu jardín profundo plantas de cemento y acero, te amarraremos pies y manos, los hombres por tu piel pasearán escupiendo, sacándote racimos, construyéndote arneses, montándote y domándote dominándote el alma. Pero eso será cuando los hombres hayamos arreglado nuestro problema, el grande, el gran problema. Todo lo arreglaremos poco a poco: te obligaremos, mar, te obligaremos, tierra, a hacer milagros, porque en nosotros mismos, en la lucha, está el pez, está el pan, está el milagro.