Polícia Federal – A guardiã da fronteira

Transcrição

Polícia Federal – A guardiã da fronteira
FACULDADES INTEGRADAS DO BRASIL – UNIBRASIL
ANDREA CRISTINA EL HORR DE MORAES
ELISANA FUCKNER
POLÍCIA FEDERAL – A GUARDIÃ DA FRONTEIRA:
VIDEODOCUMENTÁRIO INSTITUCIONAL SOBRE A ATUAÇÃO DO
ÓRGÃO CONTRA O TRÁFICO DE DROGAS NA FRONTEIRA DO
PARANÁ
CURITIBA
2012
ANDREA CRISTINA EL HORR DE MORAES
ELISANA FUCKNER
POLÍCIA FEDERAL – A GUARDIÃ DA FRONTEIRA:
VIDEODOCUMENTÁRIO INSTITUCIONAL SOBRE A ATUAÇÃO DO
ÓRGÃO CONTRA O TRÁFICO DE DROGAS NA FRONTEIRA DO
PARANÁ
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado como requisito para a
obtenção do título de Bacharel em
Comunicação Social – Habilitação em
Jornalismo, Escola de Comunicação
Social das Faculdades Integradas do
Brasil – Unibrasil
Orientador: Felipe Harmata Marinho
CURITIBA
2012
Dedica-se
este
trabalho
aos
servidores da Polícia Federal que,
por diversas vezes, abrem mão de
sua vida pessoal para empenhar-se
na segurança da sociedade.
Agradecimentos
Obrigada à Deus. Aos meus pais, Ariosto e Fahima, que me proporcionaram a
oportunidade de realizar esse sonho. Às minhas irmãs, Samia e Patricia, que
sempre se disponibilizaram com seus conhecimentos para a concretização desse
projeto e aos meus amigos que souberam compreender minha ausência durante o
processo desse trabalho. Muito obrigada minhas amigas-irmãs, Jessika e a Bruna,
que incondicionalmente estiveram presentes nos momentos em que mais precisei. E
por fim, agradecer o apoio, a atenção, a amizade da minha companheira de
trabalho, faculdade e TCC, Elisana, sem você seria muito mais difícil e muito menos
divertido, com certeza! Obrigada!!
Andréa Cristina El Horr de Moraes
Obrigada à Deus, que me deu força e coragem. Aos meus pais, Maria e Osni, que
acreditaram nos meus sonhos e acima de tudo sempre fizeram o possível e o
impossível para que eu os realizassem. Obrigada por serem minha referência. Às
minhas primas, Patricia e Priscila, pela parceria, amizade e almoços de domingo.
Aos meus amigos e familiares, que souberam entender minha ausência. À minha
amiga, colega de faculdade, de trabalho e de TCC, Andrea, pela amizade incrível,
paciência e apoio. Obrigada pela experiência e por tornar esse ano inesquecível!
Elisana Fuckner
Devemos esse trabalho à dedicação do nosso orientador, Felipe Harmata Marinho,
que nas horas mais difíceis tinha a palavra de apoio que nos acalmava, agradecer
as suas cobranças, que apesar de desesperadoras, nos faziam progredir e
ultrapassar nossos limites em prol desse projeto. Gostaríamos de um dia ser tão
boas profissionais quanto ele. Além disso, agradecer ao Departamento de Polícia
Federal que nos proporcionou o aprendizado e que nos mostrou a realidade da vida.
Em especial aos nossos colegas de trabalho: Dr. Mesquita, Dr. Fabiano, Dr. Smith,
Dr. Renato Lima, Dr. Milanezze, Koren, Davi, Ana Paula, Gildeto, Telles, Nasser e
Schlickmann, além de todos os entrevistados e envolvidos do nosso documentário.
Nosso muito obrigada!!!
Nós
“Falta muito para que a inocência tenha
tanta proteção como o crime.”
François La Rochefoucauld
Resumo
Este trabalho visa apresentar como o jornalismo pode, através de um
videodocumentário institucional, mostrar o trabalho de repressão ao tráfico de
drogas realizado pela Polícia Federal na fronteira do Estado do Paraná. Para
entender como os servidores da Polícia Federal percebem o crime organizado e o
tráfico de drogas na região e como a mídia apresenta as ações da Instituição, uma
pesquisa qualitativa foi aplicada. Debate-se, na revisão teórica, as questões de
controle social. E discute-se a relação de como a comunicação institucional pode
emprestar elementos para um videodocumentário sobre a atuação da Polícia
Federal na sociedade.
Palavras - Chaves
Polícia Federal, Crime Organizado, Tráfico de Drogas, Fronteira e Documentário
Institucional.
LISTA DE SIGLAS
CNFE
-
Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes
GSI
-
Gabinete de Segurança Nacional
IBGE
-
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INCB
-
International Narcotics Control Board
INL
-
Bureau of International Narcotics and Law Enforcement Affairs
IPARDES
-
Instituto Paranaense de Desenvolvimento Ecônomico e Social
IPEA
-
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
SENAD
-
Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas
UNODC
-
United Nations Office on Drugs and Crime
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO........................................................................................
10
2
HISTÓRIA DO CRIME ORGANIZADO NO MUNDO…..........................
12
2.1
ATUAÇÕES DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL …......
15
3
AS CONSEQUÊNCIAS DO TRÁFICO DE DROGAS NA SOCIEDADE
19
3.1
ATUAÇÃO DO TRÁFICO DE DROGAS NA AMÉRICA DO SUL …........
21
3.1.1
O uso de rotas internacionais no tráfico de drogas.…............................
22
3.2
O BRASIL NO CENÁRIO DO TRÁFICO DE DROGAS...........................
23
3.3
O ENRAIZAMENTO DO TRÁFICO DE DROGAS NO PAÍS...................
25
4
A DEFINIÇÃO CONSTITUCIONAL PARA O CRIME ORGANIZADO E
TRÁFICO DE DROGAS NO BRASIL….................................................
28
5
INTRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS.............................
29
5.1
ENTRADAS DA COCAÍNA E MACONHA NO CENÁRIO NACIONAL....
29
6
OS LIMITES FRONTEIRIÇOS INTERNACIONAIS DO ESTADO DO
PARANÁ…..............................................................................................
31
6.1
A TRÍPLICE FRONTEIRA ENTRE ARGENTINA. BRASIL E
PARAGUAI…...........................................................................................
32
7
O SURGIMENTO DA POLÍCIA FEDERAL NO BRASIL........................
33
7.1
A ESTRUTURA DA POLÍCIA FEDERAL NO ESTADO DO
PARANÁ..................................................................................................
35
7.2
POLÍCIA FEDERAL NO COMBATE AO TRÁFICO DE DROGAS...........
36
8
A REPRESENTAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL NA MÍDIA…................
37
9
PROBLEMA............................................................................................
39
10
OBJETIVO GERAL.................................................................................
39
10.1
OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................
39
11
JUSTIFICATIVA......................................................................................
40
12
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..............................................................
42
12.1
O CONTROLE SOCIAL DA SOCIEDADE CIVIL NAS AÇÕES DO
ESTADO..................................................................................................
43
12.2
O ESTADO COMO CONTROLADOR SOCIAL.......................................
46
12.3
O VIDEODOCUMENTÁRIO COMO EXPRESSÃO DA
REALIDADE............................................................................................
49
12.3.1 O Videodocumentário na esfera jornalística............................................
54
12.3.2 O videodocumentário na esfera empresarial e comunicação dirigida....
55
13
METODOLOGIA.....................................................................................
57
13.1
PESQUISA BIBLIOGRÁFICA..................................................................
58
13.2
PESQUISA DE CAMPO: UMA ANÁLISE SOBRE A ATUAÇÃO DA
POLÍCIA FEDERAL NA FRONTEIRA E A VISÃO INTERNA DO
ÓRGÃO SOBRE A MÍDIA........................................................................
60
13.3
ANÁLISE DA PESQUISA QUALITATIVA.................................................
62
13.3.1 Atuação da Polícia Federal na fronteira..................................................
63
13.3.2 Atuação do crime organizado e as dificuldades de desmantelar as
organizações criminosas.........................................................................
65
13.3.3 Relação da Polícia Federal com a mídia.................................................
66
13.3.4 Espaço destinado ás ações da Polícia Federal, ao crime organizado e
ao tráfico de drogas na mídia.….............................................................
67
13.3.5 Como a mídia apresenta as ações da Polícia Federal na
fronteira?.................................................................................................
69
13.3.6 Conclusão da Pesquisa Qualitativa.........................................................
70
14
DELINEAMENTO DO PRODUTO........................................................... 71
14.1
FORMATO.........................................................................................................
71
14.2
EQUIPAMENTOS..............................................................................................
72
14.3
PERSONAGENS...............................................................................................
73
14.4
PÚBLICO-ALVO................................................................................................
75
14.5
VEICULAÇÃO....................................................................................................
76
14.6
PROCESSO DE GRAVAÇÃO E RESTRIÇÕES...............................................
77
14.7
TRILHA SONORA...................................................................................
79
14.8
ORÇAMENTO...................................................................................................
79
14.9
ROTEIRO................................................................................................
81
14.9.1 Imagens...................................................................................................
82
15
CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................
86
16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................
89
17
APÊNDICES............................................................................................ 110
18
ANEXOS................................................................................................. 184
10
INTRODUÇÃO
Este trabalho busca produzir um videodocumentário jornalístico apresentando
as ações do Departamento de Polícia Federal no Estado do Paraná na repressão
da entrada ilegal de entorpecentes – maconha e cocaína – pela região fronteiriça
entre Brasil e Paraguai, usando as entradas pelas cidades de Foz do Iguaçu e
Guaíra.
O crime organizado e, consequentemente, o tráfico de drogas gera problemas
incontestáveis para a sociedade brasileira. Começando pela questão da saúde
dos viciados, até a quantidade de verbas públicas destinadas para combatê-las,
violência urbana, desafetos familiares, entre outros. Assim, destaca-se a
importância do trabalho repressivo1 por meio do Estado, aqui representado pela
Polícia Federal, para a repressão destes métodos criminosos.
O presente trabalho busca mostrar de forma aprofundada estas ações, já que
possui autorização do Departamento de Polícia Federal para acompanhar e
registrar as ações de combate ao tráfico de drogas na fronteira. A escolha pela
elaboração de um videodocumentário jornalístico se caracteriza pela intenção de
apresentar imagens das ações da Polícia Federal, para que a realidade e a
importância do trabalho de repressão sejam apresentadas à sociedade
paranaense.
A primeira parte do trabalho destina-se a delimitação do tema, conceituando o
crime organizado, a partir de informações das estruturas, a ligação entre
organizações criminosas internacionais com o Brasil, além das organizações
criminosas nacionais que possuem atuação comprovada no estado do Paraná.
Também apresenta o tráfico de drogas na América do Sul, no Brasil e por fim, na
Região da Fronteira do Paraná. Mostra uma breve introdução a respeito de
cocaína e maconha e, finalmente, revela a estrutura, história e atuação da Polícia
Federal.
Em termos teóricos, o trabalho trata do controle social relacionado
diretamente a este tema. A importância social que o Estado possui de controlar o
1
Será utilizada a palavra repressão e suas variações gramaticais, por ser um termo comum no
âmbito policial.
11
direito de liberdade individual buscando garantir os direitos coletivos da
sociedade e o grande valor social que existe no fato dos cidadãos controlarem a
atuação do Estado, visando que o serviço público seja satisfatório para a
sociedade. Além disso, busca apresentar o conceito de Autoridade, para justificar
o motivo pelo qual a Polícia Federal atua coercitivamente perante a sociedade
brasileira, mostrando que para toda ação de coerção social existem os prós e
contras.
Este trabalho apresenta, por fim, os resultados de uma pesquisa qualitativa
realizada para aprofundar os conhecimentos sobre os assuntos discutidos na
delimitação do tema e mostrar como a Polícia Federal percebe a sua relação com
a mídia e como a imprensa aborda a atuação de repressão a entorpecentes e a
importância em se destacar os perigos causados pelo tráfico de drogas em uma
sociedade. A pesquisa mostra, através do relato dos profissionais da Polícia
Federal, como é feito o trabalho para o combate ao tráfico de drogas no país,
apresentando as principais rotas de entrada, a origem e o destino das drogas, o
papel das organizações criminosas no cenário do tráfico de drogas e o trabalho
ostensivo e investigativo realizado pela Instituição na Região da Fronteira.
Apesar de ser um assunto de importância social, verifica-se através destas
pesquisas apresentadas que a mídia aborda de forma superficial as ações da
Polícia Federal na fronteira, principalmente, por questões da importância de se
noticiar rapidamente o fato à sociedade, a concorrência editorial dos veículos e
pelas normas internas da Instituição, que restringe o trabalho da imprensa, para
garantir a segurança dos profissionais de jornalismo e não divulgar os meios
utilizados de repressão para não prejudicar futuras operações.
12
2. HISTÓRIA E EVOLUÇÃO DO CRIME ORGANIZADO NO MUNDO
Já havia, nos tempos da Antiguidade, grupos que se uniam com propósitos
políticos e econômicos. Na Idade Média, homens armados participavam de reuniões,
chamadas conventicola, e tinham como objetivo atos ilícitos. Porém, as
organizações com certa estrutura empresarial, estabilidade e finalidade de
conquistar lucros, surgiram nos séculos XVII e XVIII (Madrid, 2004).
Arbex Junior e Tognolli (1996) relatam que esses grupos, que executavam
suas atividades somente no âmbito nacional, passaram, nos anos 80, a firmar
ligações em várias regiões do planeta. Tornaram-se transnacionais. Foi nesse
período, que as primeiras máfias2 se formaram: as máfias italianas, americanas,
africanas e russas; a Yakusa japonesa e as Tríades Chinesas.
Na história das máfias italianas, Souza (2007) explica que, por existirem
diversos grupos, é difícil estabelecer uma data exata para a formação dessas. As
maiores organizações são: Cosa Nostra (Sicília), Camorra (Campania – Nápoles),
Na'dranguetha (Calábria) e a Sacra Corona Unita (Puglia). Foram fundadas para
combater o abuso do poder e proteger os mais fracos. Entraram, na década de 70,
no comércio de cigarros e consequentemente, no tráfico de drogas 3. Madrid (2004)
complementa que, quando entrou para a comercialização de drogas, a máfia italiana
começou a apresentar características do crime organizado4.
A origem da máfia italiana, conclui Oliveira (2007), possibilita entender o crime
organizado, através “da relação entre Estado e grupos criminosos” (p. 32). A máfia
não luta mais contra o Estado, pois ao realizar serviços dentro do local responsável
pelo poder econômico e político, passa a cooperar com eles: facilita a entrada de
imigrantes, a abertura de novas empresas e esquemas de corrupção .
A máfia italiana, portanto, tem sua origem associada à ineficiência do Estado
que não se fez totalmente presente com seu poder de coerção. Com o passar
2
Lupo (2002) define o termo como polissêmico, que assume vários significados. A palavra, para
Maierovitch (1997), começou com as organizações criminosas da Itália e pode ter sido derivada tanto
do latim quanto do dialeto francês. Máfia, para a Legislação Penal Italiana, significa uma “associação
criminosa, distinta das quadrilhas comuns e bandos”.
3
De acordo com Vieira (et al, 2009), existem vários sinônimos para o narcotráfico, como: tráfico de
drogas, tráfico de entorpecentes ou tráfico de substâncias psicotrópicas. O trabalho optou pelo uso do
termo tráfico de drogas, pois é o termo de uso mais comum entre a população.
4
Este termo será abordado com mais detalhes no próximo subtópico.
13
do tempo, a máfia associa-se ao poder econômico e político para lhe prestar
proteção. Por fim, considera-se essa a última etapa do desenvolvimento
institucional da máfia, os mafiosos passam a atuar em paralelo com o poder
do Estado, mas inseridos no mercado capitalista (Oliveira, 2007, p. 33).
A Cosa Nostra se une com grupos semelhantes nos Estados Unidos, criando,
com o mesmo formato, a Cosa Nostra americana. A máfia americana atua no “tráfico
de drogas, jogos ilícitos, prostituição e tráfico de armas” (p. 523) e mantém acordos,
além da Cosa Nostra italiana, com cartéis5 colombianos e Organizacíja6. Surgiu na
década de 20, com a 'lei seca', que proibia o comércio legal de álcool, possibilitando
assim, que organizações encontrassem lucros no contrabando de bebidas alcoólicas
(FERRO, 2009 apud SAPIA, 2011).
As máfias africanas apareceram na Nigéria, nos anos 80, quando o preço do
petróleo caiu e a classe média da cidade de Lagos encolheu. Entre desempregados
estavam estudantes, recém-formados e profissionais. Para sair da situação,
entraram para o narcotráfico. No inicio, era a serviço dos cartéis colombianos,
depois criaram organizações próprias (Arbex Junior e Tognolli, 1996).
Já o crime organizado na Rússia, a Organizacíja, surgiu na década de 90,
com o propósito de conquistar a confiança da população, atraindo, rapidamente, o
comércio, serviços públicos e lazer, que o governo demorava a instalar. Abandonou
este propósito para buscar dinheiro fácil, através do tráfico de drogas, contrabando
de mercadorias e exploração da prostituição e dos jogos (Arbex Junior e Tognolli,
1996).
A máfia japonesa, Yakuza, nasceu, segundo Madrid (2004), no século XVII,
da união de dois grupos que trabalhavam como jogadores de cartas e vendedores
ambulantes: Bakuto e Tekiya. A atividade inicial, para arrecadar lucros, era cuidar
dos jogos de cartas.
Na China, as associações criminosas, que se denominam Tríades Chinesas,
caracterizaram-se,
conforme
Souza
(2007),
pelo
fato
de
se
oporem
ao
estabelecimento da dinastia Ch'ing, em 1644. Firmaram-se em Hong Kong e Taiwan,
em 1842. Especializaram-se no comércio de heroína.
5
A palavra cartel está associada, explicam Filho e Vaz (1997), às organizações que controlam a
“produção, comercialização em rede” (p. 89) e entrega aos consumidores, possuem estruturas para
se sustentarem e comando hierárquico. São usadas apenas para definir os grupos organizados da
Colômbia.
6
Nome utilizado na Rússia para definir o crime organizado.
14
Os cartéis colombianos surgem quando a Cosa Nostra italiana, devido à alta
demanda e à baixa produção da heroína, se une, segundo Maierovitch (1997), com
os grupos criminosos da Colômbia. Estes, durante os anos 70, período em que os
grandes cartéis surgiram, atuavam somente no refino da cocaína, que era plantada
no Peru e na Bolívia. Com o apoio da Cosa Nostra, a Colômbia passou a ser local
de cultivo da droga.
Endo (2006) destaca dois principais cartéis da Colômbia: Cartel de Medellín,
chefiado por Pablo Escobar Gaviria, Rodríguez Gacha e Fabio Ochoa e o Cartel de
Cali, com Gilberto Rodríguez Orejuela. Em contrapartida, Proença Junior (1996) cita
outros dois cartéis: o Cartel de Bogotá e Cartel Norte-Atlântico, ambos com atuação
restrita7.
Atos ilícitos como o “tráfico de esmeraldas, contrabando de produtos
estrangeiros e comércio ilegal de maconha”, para Rodrigues (2004), se
estabeleceram na Colômbia onde a “fronteira entre a legalidade e ilegalidade é
tênue” (p. 183). O conhecimento adquirido com a prática destes crimes impulsionou
a entrada no tráfico de cocaína.
A sociedade colombiana percebeu, então, um fenômeno que havia crescido
silenciosamente nas suas entranhas, e começou a se dar conta também de
que o cultivo, o processamento e o tráfico de drogas já tinham criado raízes
profundas na vida nacional, gerando o negócio mais lucrativo e que mais
dinheiro movimentava no país. Tinha comprometido milhões de pessoas,
introduzindo-se na política tradicional e nas guerrilhas, gerando grupos
armados para proteger o negócio ilegal (VALENCIA, 2005, p. 130).
Os líderes dos cartéis, ressalta Tinoco (2010), formaram uma teia mundial a
qual unia produção e distribuição de cocaína, por meio da união com “plantadores,
refinadores e transportadores” (p.19).
No final da década de 80, os cartéis de Cali e Medellín perderam parte da sua
estrutura organizacional. Um dos principais motivos foi a prisão e a morte dos
líderes, fator que os impactou diretamente. Outra causa foi a política iniciada, em
1970, pelo Governo da Colômbia, denominada Guerra às Drogas (BORBA, 2011).
Mesmo com a extinção dos cartéis no início dos anos 90, o legado dessas
organizações mantém-se presente nos dias atuais. Além da criminalidade e
corrupção oriundas do narcotráfico estarem incrustadas na sociedade
7
Este trabalho irá focar apenas no Cartel de Medellín e no Cartel de Cali, pois possuíam maior
atuação no Brasil.
15
colombiana, muitos de seus membros continuam na ativa, seja nos grupos
paramilitares de direita ou nas guerrilhas de orientação marxista […] (Tinoco,
2010, p. 19).
A relação, do crime organizado no Brasil com os cartéis na Colômbia inicia-se
em 1986, quando o Comando Vermelho8 firma acordo, com Pablo Escobar, para
importar cocaína do Cartel de Medellín. Remessas vindas do Cartel de Cali também
começaram a chegar ao Brasil (Amorim, 1994).
2.1 ATUAÇÕES DAS ORGANIZAÇÕES CRIMINOSAS NO BRASIL
A United Nations Office on Drugs and Crime (UNODC, 2011) define
organizações criminosas como grupos com vínculos hierárquicos que praticam atos
ilícitos e violência para obter lucros ou vantagens materiais.
O crime organizado surgiu no Brasil, segundo Souza (2006), estruturado, com
recrutamento, formação, legislação própria e investimentos, a partir do momento no
qual o “tráfico de drogas passou a mostrar que é uma das atividades mais lucrativas
do mundo, e que a este era possível incorporar o não menos lucrativo mercado de
armas” (p.20). Possui hierarquia, responsabilidades e deveres, mesmo que ilícito, e
visa à conquista do poder e do lucro (Magalhães, 2000).
Oliveira (2005) considera que o crime organizado, mesmo sendo prejudicial à
sociedade, deve ser visto como uma empresa, pois busca criminosos qualificados
em tecnologias e os infiltram no comércio e nos órgãos públicos.
Essas organizações, de acordo com Mingardi (2007), adaptaram quatro
características essenciais das empresas modernas. A primeira delas expõe a
necessidade de selecionar especialistas, de confiança, para que haja retorno
financeiro. Em seguida, vem a rotina de prever os lucros. A divisão do trabalho,
terceira característica, separa os membros do grupo de acordo com as habilidades
criminosas: por exemplo, no tráfico de drogas, há responsáveis pela compra da
substância entorpecente, preparo, venda e contabilidade da droga. Na última
característica, planejamento empresarial, é discutido, antecipadamente, cada
8
A história e influência do Comando Vermelho serão abordadas no próximo tópico.
16
detalhe das ações criminosas. Além disso, há uma quinta que não está presente nas
empresas lícitas, considerada pelo autor como a mais importante, a simbiose com o
Estado. Os maus elementos possuem uma espécie de proteção de alguns
funcionários públicos.
O crime organizado não surgiu da noite para o dia. Ele tem adeptos dentro e
fora da prisão. […] Construiu seu formato, estabeleceu seus códigos, criou
uma nova linguagem, avançou sobre funcionários de presídios, sobre juízes,
policiais, promotores, advogados e sobre jornalistas (Souza, 2006, p.13).
Essas associações criminosas, para Kurek (2009), formam elos que
atravessam as fronteiras nacionais e cooperam em diversas atividades ilícitas, como:
“o narcotráfico, a extorsão, corrupção, exploração da prostituição, tráfico de pessoas
e de órgãos, tráficos de armas e lavagem de dinheiro” (p. 44). Franco (1994, apud
Jesus, 2000) complementa que elas se utilizam de “atos de extrema violência; urde
mil disfarces e simulações e, em resumo, é capaz de inerciar ou fragilizar os poderes
do próprio Estado” (p. 02) para cometer tais crimes.
Decerto, o crime organizado se assemelha a um vírus. Está latente onde não
é visto, possui uma grande capacidade de camuflagem, é responsável por
agressões violentíssimas; contamina órgãos vitais da sociedade, através de
corrupção e outros meios escusos (Oliveira, 2005, p.39).
Oliveira (2007) salienta que as organizações do crime apresentam um perigo
evidente para a sociedade, principalmente, porque elas não fazem distinção entre as
políticas dos diferentes países e também não priorizam regiões desenvolvidas, ou
não, economicamente.
A origem do crime organizado, no Brasil, é bastante controversa. Segundo
Campos e Santos (2007), há quem relacione o início das organizações criminosas
com o cangaço e há também quem faça ligação com a proibição do jogo do bicho no
país. Porém, para o autor, o crime organizado nasceu junto à Ditadura Militar, em
1969, em consequência à Lei de Segurança Nacional9, quando pessoas presas por
assaltos a banco dividiram celas com os presos políticos e estudantes universitários,
detidos por lutar contra o governo repressor da época. Lima (2001) confirma que a
9
Decreto – Lei nº 898, de 29 de setembro de 1969, Art. 3º. “A segurança nacional compreende,
essencialmente, medidas destinadas à preservação da segurança externa e interna, inclusive a
prevenção e repressão da guerra psicológica adversa e da guerra revolucionária ou subversiva”
(FARIA, 2005).
17
convivência entre assaltantes e políticos foi decisiva para que a ideia de comando e
organização empresarial surgisse dentro das cadeias.
De acordo com Pontes (2009), esta convivência entre guerrilheiros e detentos
comuns durou até a anistia ser concedida aos presos políticos, em 1979. Os
conhecimentos transmitidos de um grupo ao outro foi o princípio para que a primeira
organização, Falange Vermelha, assumisse, em 1979, o controle do Instituto Penal
Candido Mendes, localizada na Ilha Grande, Rio de Janeiro.
Nesta época, salienta Amorim (1994), a Falange Vermelha conquistou a
confiança dos demais presos por lutar pelos direitos dentro do Instituto, buscando
melhores condições de vida na prisão e condenando crimes entre os presidiários,
conseguiram permissão para que um time de futebol fosse criado, e que jogos
internos fossem realizados dentro do pátio da cadeia. Adquiriram, também, o direito
de liberdade para andar pelos corredores da penitenciária, ampliando ainda mais
sua popularidade.
Cypriano (2001) explica que a Falange Vermelha se transforma em Comando
Vermelho, logo após a morte de alguns de seus fundadores. Gerando nos líderes
atuais, um novo pensamento a respeito da sua organização e maneira de atuação.
A importância da Falange Vermelha para a história do crime organizado no
país não seria a luta por melhores condições nas penitenciárias. Para Dowdney
(2003), ela viria após a alteração de seu nome e a troca de seus líderes, quando
estes percebessem que a forma de organizar seus adeptos poderia ser utilizada do
lado de fora da cadeia, gerando recursos financeiros que serviriam para ajudar
aqueles que ainda estão presos. A ligação, então, entre os criminosos de assaltos a
bancos e o tráfico de drogas10 seria apenas questão de tempo.
O Comando Vermelho se expande, passando a exercer influência não
apenas nos presídios, mas também em grande parte das favelas cariocas, ao
mesmo tempo em que adota o tráfico de drogas como sua nova fonte de
financiamento. Em 1986, a organização entra no comércio internacional das
drogas. (Amorim, 2005, p.235)
Outras organizações ganharam espaço no cenário nacional, destaca Campos
e Santos (2007). Primeiro, surge o Terceiro Comando, dentro do presídio Bangu I,
tornando-se adversário declarado do Comando Vermelho. Em 1994, une-se a outro
10
O trabalho irá priorizar, primeiramente, a história do crime organizado e se aprofundará na relação
tráfico de drogas e as organizações criminosas mais à frente.
18
grupo organizado conhecido como ADA – Amigo dos Amigos, conseguindo
comandar de dentro da cadeia, 34 favelas do Rio de Janeiro. Também, em 1994,
surge a Seita Satânica, dentro da Casa de Detenção de São Paulo. Além da CRBC
– Comando Revolucionário Brasileiro da Criminalidade, com origem em 1996, na
cidade de Avaré, São Paulo.
O Primeiro Comando da Capital, mais conhecido como PCC, merece
destaque dentre essas outras organizações. Criado em 1993, na Casa de Custódia
de Taubaté, segundo Larizzatti (2009), o grupo já nasceu com a agressividade em
sua formação. Em seu estatuto11, pregava-se a liberdade, lealdade, justiça, respeito
e paz. Queriam, a priori, assim como o Comando Vermelho, melhores condições de
vida dentro do sistema penitenciário, porém, desde o início, usavam da violência
para conseguir os objetivos almejados.
Jozino (2005) destaca como, em tão pouco tempo, o PCC conseguiu tornarse um grupo ilícito com tamanha força nacional. Nasceram hierarquizados e
organizados. Todos aqueles que fossem batizados ao grupo deveriam comprometerse a seguir as leis do Comando. Era necessário que os membros que estivessem
em liberdade contribuíssem com aqueles que estivessem encarcerados. Se alguém
deixasse de ajudar seus colegas, teria a punição decretada pelos seus líderes.
Evidentemente que os integrantes do grupo não tinham apenas deveres. Ao
entrarem para o PCC, teriam segurança dentro dos presídios, além de advogados
contratados para lhes defender e ajuda de custo para suas famílias durante o
cumprimento de sua pena.
O PCC, desde o princípio, demonstrava que, para alcançar os lucros
desejados, não se importariam com o meio utilizado. Nas palavras de Oliveira
(2005):
O PCC patrocina rebeliões e resgates de presos, rouba bancos e carros de
transporte de valores, pratica extorsão de familiares de detentos, extorsão
mediante sequestro e tráfico de entorpecentes, possuindo conexões
internacionais. Ademais, assassinam membros de facções rivais, tanto dentro
como fora dos presídios (Oliveira, 2005, p. 28).
Souza (2006) conclui que o PCC tornou-se uma organização tão complexa,
que poderia ser comparada às grandes organizações mundiais.
11
Veja o estatuto completo no site: <http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u22521.shtml>.
19
O Crime Organizado alcançou tão grandes proporções porque ocupou
perante a população mais carente um lugar que deveria, antes, ter sido
ocupado pelo Estado, sendo que perante a parcela da população mais
abastada surgiu como forma de aumentar ainda mais suas riquezas e seu
poder. Tal é a realidade que há quem diga que o Crime Organizado é tal
como um câncer no seio da sociedade, vez que corrompe todos os seus
segmentos em todas as esferas de poder (Campos e Santos, 2007, p.14).
A questão relacionada ao crime organizado no Brasil, explica Tenório e Lopes
(1995), tornou-se o maior problema de segurança pública na atualidade. Jesus
(2000) complementa que até meados dos anos 80, a polícia lidava apenas com
criminosos facilmente identificados, que agiam independentemente de facções e
possuíam seus próprios interesses. Atualmente, já não é este mesmo cenário,
organizações criminosas usam de estratégias para atingir os objetivos finais,
dificultando o trabalho da polícia nacional.
3. AS CONSEQUÊNCIAS DO TRÁFICO DE DROGAS NA SOCIEDADE
O tráfico de drogas, segundo Souza (2006), é a atividade mais lucrativa do
crime organizado. O relatório anual do International Narcotics Control Board (INCB),
de 2012, aponta o uso de drogas ilícitas presente em todos os países, envolvendo
diversos grupos de pessoas, sem restrição de idade, raça ou classe social.
O consumo de substâncias ilícitas conduz a uma série de problemas sociais,
incluindo a violência, crime organizado, corrupção e desemprego, além do uso de
verbas públicas que poderiam ser usadas, por exemplo, na melhoria do sistema de
saúde e educação (INCB, 2012).
A droga converteu-se numa doença social, que exige políticas públicas nas
áreas de saúde, educação, prevenção, segurança, economia, finanças,
diplomacia. O estado deixa de investir no combate ao flagelo social e as
empresas em iniciativas capazes de gerar rendas e empregos porque as
consequências do uso descontrolado de drogas tomam as verbas
necessárias (Magalhães, 2000, p. 26).
Segundo Valois (2009, apud Kurek, 2009), o tráfico cresceu e se organizou
para suprir o aumento de usuários de drogas no mundo. Outro fator crucial,
20
conforme Vieira (et al, 2009), foi que a melhoria nos sistemas de transportes,
nacionais e internacionais, aproximou diversos países. O que antes era cultivado
apenas para consumo local, agora tem se expandido, com facilidade, para outras
partes do mundo. “O tráfico de drogas pôde converter-se, então, em um dos delitos
internacionais mais graves” (p. 11).
Com a globalização, houve a liberalização das fronteiras para o comércio,
facilitando assim, a relação das organizações ilícitas entre diversos países. Portanto,
a partir do momento que o comércio legal de produtos investe em novas tecnologias
- como melhorias de estradas, comunicação e investimentos no transporte aéreo e
marítimo - o tráfico de drogas passa a usufruí-las (Santos, 2010).
O narcotráfico é um fenômeno essencialmente transnacional, sendo sua
dinâmica ditada, sobretudo, pelas leis da oferta e da demanda. Como tal,
associa-se e nutre-se das transformações de ordem política e econômica
que, sobretudo a partir dos anos setenta, levaram à intensificação do fluxo de
bens, capitais e de pessoas através das fronteiras nacionais (Filho; Vaz,
1997, p. 99).
Costa (2008) explica que, em busca de dinheiro, pessoas se unem, utilizando
até mesmo de violência, para garantir uma fonte financeira alta e rápida. O tráfico
alicia pessoas sem fazer distinção de classe social, gênero ou idade.
O relatório do UNODC (2011) 12 evidencia que “o comércio de drogas ilícitas –
responsável por metade de todos os rendimentos do crime organizado transnacional
e por um quinto de todos os lucros do crime – é o setor mais rentável” (p. 57).
Somente a cocaína, em 2009, rendeu aos traficantes, em escala mundial, cerca de
US$ 84 bilhões. Estes lucros gerados pelo crime deixam o tráfico de drogas mais
forte que outras ações ilícitas, como falsificação, tráfico de seres humanos e
contrabando de armas.
12
UNODC. Estimativa de fluxos financeiros ilícitos decorrentes do tráfico de drogas e outros
crimes transnacionais organizados = Estimating Illicit Financial Flows Resulting From Drug
Trafficking
and
other
Transnational
Organized
Crimes.
2011.
Disponível
em:
<http://www.unodc.org/documents/data-and-analysis/Studies/Illicit_financial_flows_2011_web.pdf>
Acesso em: 15 mar. 2012.
21
3.1 ATUAÇÃO DO TRÁFICO DE DROGAS NA AMÉRICA DO SUL
Na América do Sul, o tráfico internacional de drogas é visto como uma grande
empresa comercial, pois além da organização sob forma empresarial, existem
fornecedores e compradores. Para obter êxito em suas atividades, as organizações
criminosas internacionais aprimoram suas ações e as executam em segredo (Vieira,
et al, 2009).
A experiência de muitos países tem demonstrado que entre os principais
fatores que contribuem para os elevados níveis de consumo figuram a
disponibilidade de drogas ilícitas e a acessibilidade a elas. As fontes e as vias
de abastecimento se adaptam aos níveis de consumo e demanda (Vieira, et
al, 2009, p. 51).
O seminário do Gabinete de Segurança Internacional (GSI, 2004) afirma que
as fronteiras de países estratégicos – para o tráfico - são extensas, o que dificulta a
fiscalização de pessoas, veículos, navios e aeronaves em viagens e no comércio
internacional.
Na América do Sul, destacam-se na venda de cocaína os países Colômbia,
Bolívia e Peru. O Paraguai, em contrapartida, evidencia-se em cultivar e
comercializar a maconha (Magalhães, 2000).
O relatório do INCB (2012) explica que a cocaína, fabricada na Colômbia, tem
como destino final países da América do Norte e Europa. No caso da Bolívia e do
Peru, a droga, além de fornecer aos mercados europeus, também é enviada para a
América do Sul.
A Colômbia representa 43% da produção mundial da droga, o Peru 38% e a
Bolívia apenas 19%. Em 2009, o cultivo de cocaína, na América do Sul, diminuiu 5%
em relação a 2008, passando de 167.600 para 158.800 hectares (UNODC, 2011).
Por outro lado, os dados apresentados pelo INCB (2012) mostram que, na
Bolívia, a produção de cocaína aumentou entre os anos de 2005 a 2009, de 25.400
para 30.900 hectares. Em 2010, a área permaneceu estável, em 31 mil hectares. No
Peru, foi registrado um aumento de 48.200, em 2005, para 61.200, em 2010. Porém,
na Colômbia, houve uma diminuição expressiva de 15% na produção de cocaína,
passando de 73 mil (2009) a 62 mil hectares (2010).
22
O Paraguai é responsável por mais da metade da produção total de maconha
na América do Sul. Segundo o International Narcotics Control Strategy Report (INL,
2011), existem cerca de seis mil hectares de maconha cultivada no país.
O Paraguai continua a enfrentar desafios significativos em sua luta contra a
produção de narcóticos e o tráfico. Sua localização continental, pobreza,
desemprego, criminalidade, corrupção e limitações governamentais e de
presença de segurança em grande parte do país, impede esforços
antinarcóticos, embora a demanda interna de drogas ilegais continue baixa, o
Paraguai continua a produzir plantações de maconha atrás apenas do México
13
(INL, 2011, p.442).
O INCB (2012) destaca que, em 2009, as apreensões de maconha na
América do Sul representaram 10% das apreensões totais no mundo.
3.1.1 O USO DE ROTAS INTERNACIONAIS NO TRÁFICO DE
DROGAS
A rota da cocaína para a Europa, segundo o UNODC (2011), pode sair
diretamente dos países de produção, como Colômbia, Peru e Bolívia. Porém,
também pode seguir por caminhos alternativos, através do Caribe, África e outros
países da América do Sul, como: Brasil, Equador, Venezuela e Argentina. Já para
chegar aos Estados Unidos, a droga se desloca pelo México, América Central ou
Caribe.
A rota do tráfico tem início em três países produtores. Bolívia, Peru e
Equador. Segue depois para aqueles que refinam a pasta-base,
transformando-a em cocaína pura: Colômbia, Brasil, Paraguai e norte da
Argentina, que enviam o produto final aos Estados Unidos e Europa,
passando, quase sempre, por locais considerados pontos-chave como
Bahamas, Panamá, Honduras, México e Jamaica, se destinando à Florida e
Califórnia (SOMOZA, 1990, p. 31).
13
Tradução própria das autoras. “Paraguay continues to face significant challenges in its fight against
narcotics production and trafficking. Its continental location, poverty, unemployment, crime, corruption,
and limited governmental and security presence in much of the country, all impede counternarcotics
efforts although domestic demand for illegal drugs remains low, Paraguay continues to produce a
marijuana crop second only to Mexico” (INL, 2011, p. 442).
23
Em 2010, 90% da cocaína consumida nos Estados Unidos veio da Colômbia,
seguida do Peru e, em quantidades limitadas, da Bolívia. Na Europa, a origem é
mais distribuída, sendo 8% da Colômbia, 7% do Peru e 5% da Bolívia. O local de
produção, dos 80% restante, não é identificado, pelo fato da droga passar por rotas
alternativas, tais como: Argentina, Brasil, Costa Rica, Panamá, Equador e Paraguai,
na América do Sul; Senegal, Mali, Guiné e Nigéria, na África; Países Baixos e
Portugal, na Europa (UNODC, 2011).
O INCB (2012) exemplifica que, no caso da cocaína que saiu da Bolívia, em
2009, mais de 95% ocorreram por terra, por países como a Argentina, Brasil e Chile.
O INL (2011) cita também o Paraguai, pois, além de ser rota para o tráfico de
cocaína, é um importante produtor de maconha. A droga, produzida no Paraguai,
chega ao Brasil através de cidades fronteiriças, como Pedro Juan Caballero (MG),
Salto del Guaíra (PR) e Ciudad del Este (PR).
3.2 O BRASIL NO CENÁRIO DO TRÁFICO DE DROGAS
Desde que os criminosos brasileiros começaram a se unir dentro das cadeias,
a busca pelo dinheiro foi elemento primordial. Primeiramente, queriam conseguir
verbas apenas para pagar advogados aos membros do grupo, depois começaram a
pensar em melhores condições de vida dentro dos presídios, mas a visão de que
poderiam ir muito além não tardaria a chegar. O tráfico de drogas mostraria que era
a melhor e mais rentável fonte de dinheiro, criminalmente falando (Lima, 1991). O
autor do livro Comando Vermelho: A História Secreta do Crime Organizado conta
que:
Nós, ex-assaltantes de bancos que entramos no mercado do tóxico,
catequizamos os favelados e mostramos a eles que o governo não está com
nada e não faz nada para ver o lado deles. Então, nós damos alimentação,
remédios, roupas, material escolar, uniforme para as crianças e até dinheiro.
Pagamos médicos, enterros, e não deixamos os favelados saírem de lá pra
nada (Amorim, 1994).
24
Lima (1991) conta que, a princípio, os criminosos fugitivos da Ilha Grande, se
instalaram nos morros do Rio de Janeiro por uma questão de segurança.
Encontravam ali apenas uma moradia livre do acesso da polícia. Porém, com o
tempo, começaram a ver que o tráfico de drogas, que já existia em menor escala,
poderia trazer dinheiro mais rápido que os assaltos a bancos, já que estes, não
davam o lucro desejado. Partiram então para uma nova perspectiva de ganho de
vida fácil.
Em meados dos anos 80, explica Zaluar (2004), os novos traficantes, já
organizados em grupos, passaram a buscar aliados para que seus negócios
prosperassem. Primeiramente, tentaram o apoio nas associações de moradores das
comunidades. Como não foram bem aceitos, utilizaram de métodos agressivos e
intimidadores, para conquistar o poder das pessoas que ali viviam. Ofereceriam, em
troca disso, segurança em relação àqueles que incomodavam trabalhadores e suas
famílias, além de construírem praças de esportes e centros de lazer para crianças,
tudo com a finalidade de ganhar o respeito de seus vizinhos de favela.
Após dominarem suas comunidades, o próximo passo seria conseguir aliados
mais importantes, como as máfias e cartéis dos países vizinhos, que já estavam
fixados no cenário de drogas internacionais (Procópio Filho, 1999).
O primeiro acerto entre traficantes brasileiros e um cartel latino-americano
aconteceu em Medellín, na Colômbia. Segundo Amorim (1994), Pablo Escobar, o
maior traficante da época, forneceria as drogas para o Rio de Janeiro. O Cartel de
Cáli também seria um fornecedor de renome, que faria negócios com os brasileiros.
Durante quase uma década, os traficantes do Brasil teriam lucro quintuplicado sobre
a venda de cocaína no território nacional, pois a cada quilo da droga que entrasse
no país, após o batismo14, renderiam cinco quilos, como um passe de mágica.
Somente em 1988, as primeiras denúncias começariam a chegar às autoridades
brasileiras. As investigações ligariam o Brasil, a Colômbia e as máfias italianas.
Nesta época, São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis, já teriam uma grande
estrutura para receber cocaína.
Pereira (2011) atribui ao crescimento do tráfico de drogas, a escalada da
violência armada no Brasil. Ferreira (2011) mostra que, para defender os pontos de
vendas e os laboratórios de refino de cocaína, traficantes passaram a usar a droga
14
Mistura da cocaína pura com bicarbonato de sódio, talco ou pó de mármore.
25
como objeto de troca em busca de conseguir armamento. Para gerar lucros cada
vez mais altos, explica Porto (2007), sequestros, contrabando de armas e assaltos
de menor escala, seriam colocados em prática por essas organizações.
Diante de resultados animadores que tiveram os traficantes brasileiros, o
próximo passo dado, seria a transição dos poderes para novos locais, como as
fronteiras, por serem pontos estratégicos para a obtenção das drogas. Além disso, a
fama de grandes organizações que tiveram início no Rio de Janeiro e São Paulo já
estaria se infiltrando em diversos presídios nos estados do Paraná, Mato Grosso do
Sul, Minas Gerais e Bahia (Larizzatti, 2009).
3.3 O ENRAIZAMENTO DO TRÁFICO DE DROGAS NO PAÍS
Para Procópio Filho e Vaz (1997), a localização geográfica do Brasil o
transformou em um intermediário conhecido entre os principais países de produção
e de consumo. Portanto, torna-se um corredor para distribuição de drogas mundial.
Jesus (2000) explica que, além da extensa área de fronteira, o país conta com uma
rede movimentada de transporte aéreo, e também vastas rodovias e redes fluviais
que facilitam o trânsito dos entorpecentes.
A extensão do território, das fronteiras e vasta costa marítima, a vizinhança
com os principais centros produtores, a existência de infraestrutura de
transportes e de comunicações bem desenvolvida colocam o Brasil em
posição privilegiada nos negócios das drogas. Afora isso, o País conta com
um sistema financeiro que cresceu sem mecanismos de controle eficazes
(Procópio Filho e Vaz, 1997, p. 87).
Santos (2010) complementa que a globalização também foi um fator
importante para a colocação do Brasil na rota de tráfico. Pois, aumentou a interação
entre traficantes de diversos países e facilitou o fluxo de informações e
comunicações entre as organizações mundiais.
Até os anos 70, conta Tinoco (2010), o Brasil era considerado apenas um
corredor para o tráfico internacional, entretanto, as experiências obtidas na interação
com os grandes produtores das drogas fizeram com que os traficantes brasileiros
26
começassem a pensar em formas de lucrar com este negócio ilícito. A solução veio
na produção em pequena escala de cocaína, na região amazônica. Porém, os lucros
obtidos ainda não eram os almejados. Parte-se então para a criação de laboratórios
clandestinos de refino de cocaína, transformando a pasta-base, vinda dos países
vizinhos, em cocaína pura e crack. Entrar para o ramo de refino de drogas, declara
Magalhães (2000), foi fácil para os traficantes do Brasil, pois o país é o maior
produtor de acetona e éter da América Latina, sendo estas, as duas principais
substâncias para a transformação da droga.
O desenvolvimento do tráfico de drogas tornou-se possível pelo papel que o
território brasileiro pôde oferecer às máfias envolvidas com o tráfico de
drogas. Fornecedor de precursores químicos para a produção de cloridrato de
cocaína, país de trânsito, além do interesse de bandidos locais em fazer parte
de um negócio próspero e lucrativo, em sociedade com os produtores latinoamericanos (SOUZA, 2010, apud MAMEDE, 2010, p. 02).
Este desenvolvimento do tráfico dentro do Brasil causou um aumento
significativo de consumidores de drogas no país. Segundo o INL (2011), o Brasil é o
maior consumidor de drogas da América Latina. Existiam, em 2011, cerca de 900 mil
usuários de cocaína e, em 2008, havia cerca de três milhões de usuários de
maconha, número em constante crescimento no âmbito nacional.
A partir disto, salientam Procópio Filho e Vaz (1997), o tráfico nacional se
dividiu em dois segmentos. O primeiro busca suprir a demanda internacional das
drogas, movimentando grandes quantidades de substâncias ilícitas e gerando lucros
altíssimos, mas com um número reduzido de pessoas envolvidas. Destacam ainda
que os responsáveis por esses comércios ilegais concentram-se principalmente em
Foz do Iguaçu, Ponta Porã e Corumbá, cidades localizadas na fronteira do Brasil
com Paraguai e Bolívia, além de São Paulo, centro comercial com maior importância
nacional. O outro segmento dedica-se à venda de drogas no cenário nacional,
principalmente nos grandes centros urbanos. Traficantes se instalam em
comunidades carentes, em que o acesso policial é mais difícil e a comercialização
mais fácil. Nesta parte, há indivíduos envolvidos, exercendo funções distintas no
tráfico.
Magalhães (2000) faz um aprofundamento a respeito do organograma do
tráfico de drogas no Brasil. Ele descreve que há: o dono do movimento, que controla
o tráfico; o gerente de endolação, responsável pela separação, o preparo, a
27
pesagem e a embalagem da droga; o gerente do preto, que chefia a venda da
maconha; o gerente do branco, cuida da cocaína; os olheiros, tem a função de
alertar a chegada dos policiais e de traficantes rivais; os soldados, fazem a
segurança; os vapores e aviadores, são vendedores das drogas; e as mulas ou
matutos, levam as drogas para o gerente de endolação.
Tenório e Lopes (1995) afirmam que, apesar de ser uma atividade repulsiva, o
crescimento do tráfico de drogas e de suas organizações é desmedido. Porém,
Gonçalves e Guimarães (2008) ressaltam que a vida no crime torna-se convidativa
quando a remuneração oferecida aos jovens for maior que o salário de um trabalho
formal, ou seja, não ilícito.
Esta relação que se formou entre moradores de comunidades carentes e os
traficantes causam, de acordo com Ferreira (2011), um relacionamento de ajuda
mútua, dividindo sentimentos de medo e de proteção. Os criminosos, nestes locais,
inserem leis próprias, em que o silêncio dos moradores é recompensado com ajuda
de custo, saúde e lazer.
O crime organizado ocupa as lacunas de assistência social que o Estado vai
deixando para trás, ao sabor da crise econômica ou da insensibilidade
política. A dominação sobre as comunidades pobres passa quase que
necessariamente por esse tipo de estratégia, até porque o bandido mora na
favela e é mais permeável às reivindicações do morador. [...] A
marginalização produz esse fenômeno social, ético e político (Amorim, 2005,
p. 216).
Por muitos anos, as favelas foram deixadas nas mãos de ‘chefões do tráfico’,
segundo Sorj (2003). Lideranças comunitárias foram amedrontadas pelos bandidos,
após tentarem diminuir o poder que eles haviam conquistado nestes ambientes. A
soma dos líderes comunitários ofuscados perante os moradores e a falta de ações
sociais realizadas pelo governo do país geraram uma dependência da sociedade
carente com os líderes do tráfico em sua comunidade.
28
4. A DEFINIÇÃO CONSTITUCIONAL PARA CRIME ORGANIZADO E
TRÁFICO DE DROGAS NO BRASIL
A legislação Brasileira15 para crime organizado surge em 1995, com a Lei n°
9.034, que regulamentava a ação do crime organizado no Brasil. Dizia:
Art. 1º - Esta Lei define e regula meios de prova e procedimentos
investigatórios que versem sobre crime resultante de ações de quadrilha ou
bando (BRASIL. Lei n° 9.034, de 03 de maio de 1995).
Porém, havia uma falha na definição quanto ao que seria o crime organizado.
Para resolver a questão, em 2001, um advento da Lei n° 10.217, passou a dizer que:
Art. 1° Esta Lei define e regula meios de prova e procedimentos
investigatórios que versem sobre ilícitos decorrentes de ações praticadas por
quadrilha ou bando ou organizações ou associações criminosas de qualquer
tipo (BRASIL. Lei n º 10.217, de 11 de abril de 2001).
A diferença entre as duas leis é a descrição do que seria julgado como
praticantes de crime organizado.
Em 1976, uma lei entra em vigor no Brasil para regulamentar os crimes
envolvendo substâncias ilícitas dentro do País - a lei 6.368, trazia medidas de
repressão ao tráfico e ao uso de drogas (Kurek, 2009).
Art. 2. Ficam proibidos em todo o território brasileiro o plantio, a cultura, a
colheita e a exploração, por particulares, de todas as plantas das quais possa
ser extraída substância entorpecente ou que determine dependência física ou
16
psíquica. (BRASIL. Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976).
Porém, esta lei foi revogada pela Lei 11.343, em 2006, trazendo novidades
importantes em relação à definição de crimes relacionados à produção e ao tráfico
de drogas.
15
GOMES, Luiz Flávio. Crime Organizado: que se entende por isso?, 2011. Disponível em:
<http://webserver.mp.ac.gov.br/wp-content/files/Crime_organizado_que_se_entende_por_isso_depois_da_Lei_n_10_217_01__Disponvel_em_httpjus.uol.com.brrevistatexto2919crime-organizado-que-se-entende-por-isso-depoisda-lei-no-10-217-01.pdf>. Acesso em: 17 mar. 2012.
16
Veja a lei completa em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6368.htm>.
29
o
Art. 2 Ficam proibidas, em todo o território nacional, as drogas, bem como o
plantio, a cultura, a colheita e a exploração de vegetais e substratos dos quais
possam ser extraídas ou produzidas drogas, ressalvada a hipótese de
autorização legal ou regulamentar, bem como o que estabelece a Convenção
de Viena, das Nações Unidas, sobre Substâncias Psicotrópicas, de 1971, a
respeito de plantas de uso estritamente ritualístico-religioso (BRASIL. Lei nº
17
11.343, de 23 de agosto de 2006).
Foi a partir desta nova Lei que usuários de drogas deixaram de receber uma
pena privativa de liberdade quando apanhados com alguma substância ilícita.
5. INTRODUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS DROGAS
As substâncias psicoativas podem, segundo Vieira (et al, 2009), serem
classificadas quanto à sua origem, podem ser naturais, semissintéticas ou sintéticas.
As drogas naturais são aquelas que estão localizadas na “composição química de
certas plantas e outros produtos naturais, podendo ser extraídas e purificadas por
meio de procedimentos químicos adequados” (p. 19). Já as semissintéticas são
obtidas a partir da mistura de produtos com as plantas naturais e as sintéticas são
totalmente produzidas em laboratórios.
5.1 ENTRADAS DE COCAÍNA E MACONHA NO CENÁRIO NACIONAL
A princípio, a cocaína possuía status de remédio estimulante e analgésico. No
Brasil, o primeiro contato com a droga ocorreu em 1910, também para usos
medicinais (Kurek, 2009). Neste ano, foi publicado na Gazeta Médica, de São Paulo,
um artigo enfatizando os benefícios que as pastilhas de cocaína fariam à saúde.
Somente em 1921, uma lei criada pelo Congresso Nacional, proibiu a venda da
17
Veja a lei completa em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato20042006/2006/Lei/L11343.htm#art75>.
30
substância, pois já se sabia que o uso abusivo prejudicava a saúde e causava
dependência (Magalhães, 2000).
A cocaína é um alcaloide18 presente nas folhas de duas espécies, Erytroxylum
coca e Erytroxylum novogranatense, do vegetal pertencente ao gênero Erytroxylum.
Embora sejam conhecidas cerca de 250 espécies desse gênero, somente essas
duas são importantes para uso ilícito. O alcaloide é obtido pela extração e
purificação com um determinado procedimento químico (Vieira, et al, 2009).
Segundo o UNODC (2011), a cocaína se diferencia de outras drogas
vegetais, como o ópio e a maconha, por ser possível realizar a colheita das folhas
várias vezes ao ano. Vieira (et al, 2009) complementa que o arbusto chega ao seu
período adulto após 18 meses de plantação, mantendo-se produtivo de 10 a 30
anos.
Existem cinco formas de apresentação da cocaína, sendo: cocaína base,
cloridrato de cocaína, crack, merla e free-base, classificadas pelo seu grau de
pureza.
Vieira (et al, 2009) explica que essas apresentações são usadas de maneiras
distintas: injetável (cloridrato de cocaína); inalada (cloridrato de cocaína e cocaína
base); e fumada (pasta base, cocaína base, crack, merla e free-base).
Já a maconha é uma planta nativa da Ásia, entretanto também é cultivada na
África, Índia e países com o clima tropical, como: Brasil, Paraguai, México, Turquia,
Irã e outros. Seu nome científico é Cannabis sativa Linneu, outorgado em 1735, por
Carl Linneu (Vieira, et al, 2009).
No Brasil, segundo Carlini (2005), a maconha foi introduzida em 1549, pelos
escravos africanos, que a trouxeram escondido embaixo dos farrapos de pano que
trajavam quando para cá vieram. A princípio, os brancos que aqui viviam não se
interessaram pelos efeitos medicinais da planta. Apenas na metade do século XIX,
quando Jean Jacques Moreau escreveu um ensaio exaltando os efeitos de prazeres
e sensações de bem estar que a erva causava, os brasileiros passaram a dar maior
atenção para a planta. Em 1905, a classe médica aceitou seus efeitos medicinais,
passando a receitá-la para tratamentos de asma e catarros.
18
É uma classe de substâncias nitrogenadas, identificadas inicialmente em certas espécies vegetais
que biossintetizam a partir de aminoácidos. A presença do átomo de nitrogênio lhe confere
propriedades básicas.
31
Somente após a II Conferencia Internacional do Ópio19, realizada em 1924,
em Genebra, que o Brasil começou a pensar em formas de repressão ao uso da
maconha. Nesta data, Pernambuco Filho, representante brasileiro no evento,
chamou a atenção dos participantes por destacar os malefícios que a maconha
causava ao ser humano, chegando a ser considerada, por ele, pior que o ópio,
complementa Carlini (2005).
Porém, somente em 1938, a maconha veio a ser proibida, em todas suas
formas no Brasil. Quando o Decreto Lei nº 891 regulamentou as atribuições da
Comissão Nacional de Fiscalização de Entorpecentes (CNFE), criada dois anos
antes (OLIVEIRA, 2009).
6. OS LIMITES FRONTEIRIÇOS INTERNACIONAIS DO ESTADO DO
PARANÁ
O Brasil faz fronteira com dez países: Guiana Francesa, Suriname, República
da Guiana, Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Uruguai, Argentina e Paraguai, que
corresponde, segundo o INL (2011), a 16.093 km. Sendo que destes, 8.046 km é
fronteira com países produtores de cocaína: Bolívia, Peru e Colômbia. O Paraguai,
produtor de maconha, possui 1.339 km de limite com o Brasil. O Estado do Paraná20
compartilha 208 km de fronteira com Paraguai e 246 km com a Argentina 21.
Apesar de o Paraná possuir 139 cidades na Faixa de Fronteira22, o trabalho
irá focar somente em Foz do Iguaçu e Guaíra, por possuírem delegacias de Polícia
Federal23.
O Paraguai possui duas principais rotas para a entrada da maconha no
Paraná. A primeira, se direciona à cidade Salto Del Guaíra, onde cruza a fronteira,
tanto por terra quanto pelo rio Paraná e chega à cidade brasileira Guaíra. Na outra
19
O ópio tornou-se um problema de saúde mundial, levando a Liga das Nações a realizar
Conferências anuais para discutirem quais soluções poderiam ser dadas ao problema (Carlini, 2005).
20
Este trabalho somente irá focar na fronteira Paraná-Paraguai.
21
A Argentina não se destaca no cenário do tráfico internacional de drogas em relação ao Estado do
Paraná.
22
A Faixa de Fronteira compreende uma faixa interna de 150 km de largura, paralela à linha divisória
terrestre do território nacional (IBGE, 1999).
23
Este assunto será abordado com mais detalhes no próximo tópico.
32
rota alternativa, a droga sai de Ciudad del Este e entra no Brasil por Foz do Iguaçu
que também é a principal rota de cocaína no Paraná (PIRES, 2011).
A cidade de Guaíra localiza-se no Oeste do Estado do Paraná, às margens do
Rio Paraná, fronteira com as cidades de Salto del Guairá – Paraguai - e Novo
Mundo – Brasil. (Carlos, 2011). Em 1872, quando o Tratado de Limites, demarcou os
países de Brasil e Paraguai, a cidade foi fundada como parte do território brasileiro 24.
Em 2010, segundo dados do IPARDES (2010), Guaíra possuía 30.704
habitantes, em uma área total de 568, 845 km².
Foz do Iguaçu, por sua vez, recebeu seus primeiros habitantes em 1881,
contabilizando, neste ano, 324 pessoas. O censo demográfico de 2010 aponta que
há 250.918 habitantes. A cidade possui uma área total de 617,71 km² e faz divisa
com Itaipulândia, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Puerto Iguazú
(Argentina) e Ciudad del Este (Paraguai) 25.
Os acessos à Foz do Iguaçu podem ser terrestres, através da Rodovia
Federal BR-277 (Brasil), Ponte Internacional da Amizade (Paraguai) e Ponte
Internacional Tancredo Neves (Argentina); fluvial, que se dá pelos rios Paraná e
Iguaçu e pelo Lago de Itaipu e; aéreo, pelo Aeroporto Internacional de Foz do
Iguaçu.
6.1 A TRÍPLICE FRONTEIRA ENTRE ARGENTINA, BRASIL E
PARAGUAI
O Brasil possui nove26 tríplices fronteiras em seu território, porém para este
trabalho somente a do Brasil, Paraguai e Argentina será considerada, já que se trata
24
Prefeitura Municipal de Guaíra. História. Disponível em:
<http://www.guaira.pr.gov.br/?pg=historia01>. Acesso em: 22 de mar. 2012.
25
Prefeitura Municipal de Foz do Iguaçu. Dados Socioeconômicos de Foz do Iguaçu 2011. Disponível
em: <http://www.fozdoiguacu.pr.gov.br/Portal/VisualizaObj.aspx?IDObj=12569> Acesso em: 21 mar.
2012.
26
Tríplices Fronteiras do Brasil: 1. Paraguai-Argentina. 2. Uruguai-Argentina. 3. Bolívia-Paraguai. 4.
Bolívia-Peru. 5. Colômbia-Peru. 6. Colômbia-Venezuela. 7. Guiana-Venezuela. 8. Guiana-Suriname.
9. Guiana Francesa – Suriname (Campana, 2011, p.31).
33
da relação entre as cidades-gêmeas27 de Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto
Iguazú.
A importância dessas cidades, de acordo com Campana (2011) começa a
surgir a partir da construção da Usina Hidrelétrica de Itaipu, na década de 70,
gerando empregos e chamando a atenção da população para esta região. O
crescimento populacional gerou criação de áreas comerciais e o interesse de
imigrantes nos recursos naturais que lá existem.
Porém, ocorreu o ônus do
crescimento, a violência e o tráfico de drogas tornaram-se um problema para a
segurança nacional.
Souza (2009) aponta que, a região se transformou, aos poucos, em um
espaço de pouca preocupação das autoridades, deixando que o crime organizado
tomasse conta da fronteira por quase 20 anos. Somente em 1988, o Brasil
estabeleceu um sistema de controle fronteiriço, designando órgãos públicos para a
segurança e prevenção do tráfico de drogas.
7. O SURGIMENTO DA POLÍCIA FEDERAL NO BRASIL
A Polícia Federal no Brasil tem origem no ano de 1944, durante o governo de
Getúlio Vargas, enquanto o Distrito Federal ainda era localizado na cidade do Rio de
Janeiro. Em 28 de março, o Decreto-Lei nº 6378 transformou a Polícia Civil em
Departamento Federal de Segurança Pública (DFSP), ficando decidido, desde
então, que as funções de segurança pública, segurança das fronteiras, mares e
espaço aéreo, controle de estrangeiros no território nacional, combate ao comércio
de entorpecentes e crimes contra a fé pública, seriam desse novo órgão (Bernardo e
Viana da Silva, 2004).
Na metade da década de 50, a cidade de Brasília estava em fase de
construção para se tornar a nova capital do país, não tendo ainda uma
administração oficial. Porém, já havia um crescimento populacional desordenado, de
27
É comum o aparecimento de núcleos urbanos simetricamente dispostos dos dois lados de um
limite internacional em várias regiões do mundo. Dessa proximidade deriva intenso intercambio de
pessoas, serviços, capitais e informação (House, 1980 apud NETO, 2003, p.03).
34
pessoas vindas de diversas partes do país para trabalhar. Entre elas surgiam os
primeiros casos de assaltos aos comerciantes e operários que trabalhavam na
edificação da cidade, sendo necessária a criação imediata da Guarda Civil Especial
de Brasília (GEB), que fazia parte do Departamento Regional de Polícia de Brasília
(DRPB), criado pelo então governador do Estado de Goiás28.
Com o término da construção de Brasília, o DFSP foi transferido para o novo
Distrito Federal. Como grandes partes dos seus funcionários optaram por
permanecer no Rio de Janeiro, o departamento chegou defasado à cidade,
necessitando de uma reformulação. No dia 21 de abril de 1960, data de inauguração
de Brasília, o DRPB foi incorporado ao DFSP (Bernardo e Viana da Silva, 2004).
O Decreto-Lei n° 200/67 estabeleceu que o DFSP fosse chamado de
Departamento de Polícia Federal (DPF). No mesmo ano, a Constituição Federal, no
artigo 8°, inciso VII, atribuiu à União a competência de organizar e manter o Órgão
(Goersch, 2009).
Art. 1º O Departamento de Polícia Federal - DPF, órgão permanente,
específico singular, organizado e mantido pela União, e estruturado em
carreira, com autonomia orçamentária, administrativa e financeira,
diretamente subordinado ao Ministro de Estado da Justiça, tem por finalidade
exercer, em todo o território nacional, as atribuições previstas no § 1° do art.
144 da Constituição Federal, no § 7º do art. 27 da Lei nº 10.683, de 28 de
maio de 2003 (PORTARIA N° 2.877 de 30 de dez. De 2011).
O DPF possui 27 unidades de Superintendências Regionais, subordinadas à
Direção Geral do Órgão; 97 delegacias descentralizadas, subordinadas às
Superintendências de cada Estado; 15 delegacias especiais; 16 postos temporários;
um posto permanente; dois centros de treinamento e 13 adidâncias 29 (PRUDENTE
2009).
28
Departamento de Polícia Federal. História. Disponível em: <www.dpf.gov.br/institucional/historia>.
Acesso em: 26 mar. 2012.
29
Representação de um órgão público em outro país.
35
7.1 A ESTRUTURA DA POLÍCIA FEDERAL NO ESTADO DO PARANÁ
O Paraná possui uma Superintendência Regional, situada em Curitiba,
responsável por um posto no Aeroporto Internacional Afonso Pena e por oito
delegacias descentralizadas30, sendo Cascavel, Foz do Iguaçu, Guarapuava,
Guaíra, Londrina, Maringá, Paranaguá e Ponta Grossa31.
Atuam no Estado cerca de 100 delegados e 380 agentes, sendo que somente
na fronteira são 31 delegados e 180 agentes.
Com a atribuição de zelar pela segurança das fronteiras, a Polícia Federal no
Estado do Paraná conta, nesta área, com duas delegacias, Foz do Iguaçu e Guaíra,
sendo estas responsáveis por diversas cidades32, de menor tamanho, localizadas
próximo a elas33.
Para auxiliar na atuação da Polícia Federal na fronteira, as delegacias contam
com cerca de 30 embarcações, controladas pelo Núcleo Especial de Polícia
Marítima (NEPOM), 150 viaturas ostensivas e um veículo aéreo não tripulado
(VANT), em fase de testes. A Polícia Federal se faz presente nas entradas aéreas,
terrestres e lacustres da fronteira através da Unidade de Cães de Serviço, do Posto
de Fiscalização na Ponte Internacional da Amizade, do Posto de Fiscalização no
Aeroporto Internacional de Foz do Iguaçu, além dos trabalhos realizados nas
rodoviárias e estradas federais.
30
O trabalho irá focar somente nas delegacias da fronteira, que são Foz do Iguaçu e Guaíra.
Departamento de Polícia Federal. Disponível em: <http://www.dpf.gov.br/institucional/pf-pelobrasil/parana>. Acesso em: 24 mar. 2012.
32
Foz do Iguaçu: Céu Azul, Entre Rios do Oeste, Foz do Iguaçu, Itaipulândia, Matelândia, Medianeira,
Missal, Ramilândia, Santa Helena, Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu e Serranópolis do
Iguaçu.
Guaíra: Alto Piquiri, Altônia, Brasilândia do Sul, Cafezal do Sul, Cidade Gaúcha, Cruzeiro do Oeste,
Douradina, Esperança Nova, Francisco Alves, Guaíra, Guaporema, Icaraíma, Iporã, Ivaté, Marechal
Cândido Rondon, Maria Helena, Mariluz, Nova Olímpia, Mercedes, Pato Bragado, Perobal, Pérola,
Rondon, São Jorge do Patrocínio, Tapejara, Tapira, Terra Roxa, Tuneiras do Oeste, Umuarama, Alto
Paraíso e Xambrê.
33
Portaria de nº. 2099/2011-DG/DPF, de 15 de fevereiro de 2011.
31
36
7.2 POLÍCIA FEDERAL NO COMBATE AO TRÁFICO DE DROGAS
Para Pontes (2009), a reestruturação de organizações do tráfico de drogas
contribuiu para que um novo fenômeno atingisse intensamente a economia, a
segurança e a política de todos os países na esfera mundial. Os governantes
tiveram que aprimorar ou criar formas de repressão para tentar barrar o crescimento
dessa modalidade criminosa.
A Polícia Federal se muniu dos mais variados meios de locomoção para
superar as formas de ocultação da entrada de drogas no país. O tráfico de drogas se
especializou em disfarçar o transporte de maconha e cocaína, sendo que, a principal
distinção entre elas, é a quantidade transportada em cada carregamento. Pois,
segundo Kurek (2009), o carregamento de maconha é feito em maiores quantidades,
por ser mais leve e mais barato. Por este motivo, normalmente, a maconha entra no
país, camuflada, dentro de carros e caminhões, por exemplo, caminhões tanques
são preparados com divisórias para separar a droga da carga lícita. Já a cocaína
também é transportada em veículos, porém pelo seu alto valor de mercado, as
organizações priorizam o carregamento em menor escala para evitar prejuízos.
Além de locais preparados no veículo, já foram catalogadas diversas formas
de transporte de entorpecentes ocultos em cargas e objetos, tais como,
rodas, assoalhos e portas de veículos; em meio a carregamentos de grãos
alimentícios; em bagagens despachadas em terminais rodoviários e
aeroportos; em materiais de construção civil, como cimento e tijolos; no
interior de equipamentos eletrônicos; em peças produzidas em madeira,
interior de brinquedos, em peças de vestuários, em papel embebido na
cocaína, no interior de latas contendo massas em geral, dentre outras formas
(Castro, 2009, p. 47).
A cocaína também pode ser transportada “diluída em alguns líquidos, como
óleo diesel, creme para cabelo, cachaça, latas de refrigerante, detergente” (p.48),
acondicionada ao corpo e ingerida dentro de cápsulas em gel. Mesmo que, a
cocaína perca suas características físicas originais, o processo de reversão para o
estado inicial da droga, permite que ela continue com efeitos alucinógenos (Kurek,
2009).
Porém, Vieira (et al, 2009) afirma que, para a Polícia Federal, a apreensão
das drogas e a prisão de mulas não é objetivo final, pois o foco é desmantelar a
37
organização criminosa como um todo. Para que isto ocorra, diversas formas de
investigação são adotadas, geralmente começam através de denúncias que serão
apuradas por meios de vigilâncias, consulta aos arquivos policiais e, após a prisão,
interrogatório dos envolvidos. O autor conclui que o Brasil não pode fechar suas
fronteiras para acabar com o tráfico de drogas, entretanto, é importante que medidas
de investigação e repressão sejam usadas de maneira eficaz.
De acordo com o Boletim Estatístico da Polícia Federal34, entre janeiro e abril
de 2012, foram apreendidas cerca de 24 toneladas de maconha e aproximadamente
6,4 toneladas de cocaína no Brasil. O Paraná lidera, entre todos os Estados, em
quantidade de apreensão de maconha, com 6.307,44 kg. Somente Foz do Iguaçu,
cidade brasileira que mais apreendeu maconha nesse período, totalizou 4.672,67 kg.
Guaíra, sétima colocada no ranking, apreendeu 597,38 kg.
Em relação à cocaína o Estado do Paraná é o quinto em quantidade de
apreensões, com 435,71 kg. Devido à localização geográfica, Foz do Iguaçu
aparece em oitavo na lista da Polícia Federal, com 222,67 kg. Guaíra, apesar de não
apresentar grande quantidade de apreensões, também aparece na lista com o total
de 12,18 kg.
8. A REPRESENTAÇÃO DA POLÍCIA FEDERAL NA MÍDIA
A mídia propõe uma relação de cumplicidade e confiança com o público.
Guareschi (2007) afirma que, por este motivo, ela alcança um poder, causando
efeitos diretos na sociedade, as pessoas passam a acreditar fielmente naquilo em
que recebem da imprensa.
Bernardes (2010) ressalta que um dos temas abordados pela mídia é a
questão de segurança pública. A violência é retratada nos meios de comunicação
diariamente, desviando o foco de outros problemas sociais, como educação,
moradia e saúde, existentes no país.
34
Boletim Estatístico nos anexos, p.193.
38
Não há que se olvidar que a mídia lucra muito com a criminalidade, haja vista
a proliferação de programas de rádio e televisão de cunho policial, onde são
exploradas situações delituosas de todas as formas, tendo como participantes
os membros da corporação policial em todas as suas alçadas, a população
em geral, e até de integrantes do Poder Judiciário, que detalham para
repórteres como determinadas circunstâncias se desenvolveram (Bernardes,
2010, p. 274).
Por este interesse da mídia pela divulgação da criminalidade, os órgãos
policiais tiveram que se adaptar ao método de repassar informações básicas sobre
as ações. No caso da Polícia Federal, explica Alves (2006), a mudança foi
expressiva a partir de 2003. Antes não estabeleciam relações com a imprensa e
depois passaram a promover uma superexposição institucional, apresentando para a
sociedade suas operações, atraindo o interesse da mídia e da população.
O perfil peculiar de grande parte dos presos e investigados nestas operações
- empresários, políticos, magistrados, delegados e agentes policiais, fiscais,
dentre outros - funciona como atrativo adicional para o interesse do público e
da mídia. Para a opinião pública, em termos simbólicos, a prisão de “ricos e
poderosos”, soa como um alento à sensação generalizada de impunidade e
corrupção, principalmente em relação aos que detém poder políticoeconômico ou prestígio social (Alves, 2006, p. 78).
Etchichury Junior (2011) observa que, a partir do momento em que as
operações com prisões de pessoas do alto escalão social passaram a serem
retratadas na mídia, os meios de comunicação tiveram de se adaptar, buscando
profissionais capacitados no campo de segurança pública. Antropólogos e
psicanalistas passaram a analisar, junto a profissionais judiciários, ações como
tráfico de drogas e chacinas no âmbito jornalístico.
Com essa exposição, a maior beneficiada é a sociedade, pois passa a
conhecer os fatos, que antes não lhes eram relatados, possibilitando uma
interpretação dos problemas enfrentados na comunidade (CRUZ, 2009).
39
9. PROBLEMA
Como um videodocumentário institucional jornalístico pode abordar a atuação
da Polícia Federal contra o tráfico de drogas na fronteira Brasil (Paraná) – Paraguai
(Canindeyú e Alto Paraná)?
10. OBJETIVO GERAL
Levantar
discussões,
através
de
um
videodocumentário
institucional
jornalístico, sobre a relação entre o tráfico de drogas na fronteira e o combate
adotado pela Polícia Federal.
10.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Apresentar detalhes da atuação da Polícia Federal contra o tráfico de drogas
na fronteira do Paraná.
Mostrar, por meio das informações internas da Instituição, a atuação da
Polícia Federal, as rotas do tráfico de drogas e as consequências na
sociedade.
Trazer elementos da comunicação institucional para um videodocumentário
jornalístico.
40
11. JUSTIFICATIVA
O trabalho visa abordar o combate ao crime organizado, especificamente o
tráfico de drogas, na fronteira Brasil (Paraná) – Paraguai (Canindeyú e Alto Paraná)
sob o olhar da atuação da Polícia Federal35.
Este trabalho se justifica a partir do momento em que, “o crime organizado
age contra a paz, a segurança e o desenvolvimento socioeconômico. Além disso, é
prejudicial ao meio ambiente, aos direitos humanos, à democracia e à governança”
(p. 05), ou seja, pretende ressaltar o impacto causado por essas organizações
(UNODC, 2009). O principal é a violência, que causa temor na população. Segundo
pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA, 2011), a percepção de
ameaça36 se destaca para o crime organizado. 54,2% dos entrevistados, no Brasil,
admitem o medo das consequências, em suas vidas, das ações realizadas pelos
integrantes das associações ilícitas.
Além do crime organizado, o trabalho também possui uma relevância social
importante, na medida em que, o Brasil possui cerca de 900 mil usuários de cocaína
e três milhões de usuários de maconha, sendo que, as maiores incidências ocorrem
nas regiões de fronteira (UNODC, 2009).
O alto consumo leva a diversos tipos de problemas, primeiro em relação aos
males causados aos usuários, como produção ou agravamento de doenças, queda
no desempenho profissional, conflitos familiares e transtornos mentais, segundo por
gerar acidentes de trânsito, brigas, homicídios e disputas entre organizações
criminosas, aumentando, consideravelmente, os índices de violência (ACOSTA,
2011).
Por sua vez, a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad, 2009)
ainda salienta a questão da saúde pública, quando o Sistema Único de Saúde (SUS)
transfere verbas que poderiam ser usadas em tratamentos diversos, para atender as
demandas
35
dos
usuários
de
drogas.
Somente
em
2007,
registraram-se
De acordo com a pesquisa qualitativa apresentada na p. 122, a Argentina não é considerada rota
oficial para entrada de cocaína no Brasil e não se caracteriza como rota de maconha, nem de forma
alternativa.
36
Representa ou pode vir a representar, para os brasileiros, “algum tipo de ameaça à sua
sobrevivência, bem-estar ou condição social e política, bem como à integridade do país e das
instituições nacionais” (IPEA, 2011, p. 04).
41
aproximadamente 135 mil internações relacionadas ao consumo de substâncias
entorpecentes.
A grande procura pelas drogas aumentou o interesse dos traficantes que
buscam o lucro em suas atividades. Por consequência, a Senad (2009) mostra,
através de dados da Polícia Federal, que em 2001, três mil pessoas foram
indiciadas37 por este crime, já em 2007, houve um considerável aumento nestes
indiciamentos, passando para cinco mil.
Optou-se por uma pesquisa qualitativa, visando que o conhecimento
presencial dos agentes e delegados da Polícia Federal pode trazer informações
práticas, não encontradas nas teorias. Dantas e Cavalcante (2006) afirmam que a
pesquisa qualitativa possui um caráter exploratório, pois instiga os entrevistados a
analisarem livremente o tema. A pesquisa é utilizada quando se procura um
entendimento profundo sobre uma questão.
Para mostrar, com riquezas detalhes, a relação entre crime organizado, tráfico
de drogas e as ações de repressão da Polícia Federal, o trabalho usará a mídia
visual, através de um videodocumentário jornalístico.
Portela (2010) explica a importância da imagem para a compreensão de um
determinado assunto, pois traz uma clareza perante situações e momentos diversos,
já que somente as palavras deixam lacunas que dificultam o entendimento.
O registro da imagem, segundo Carrière (2006), é um importante elemento da
história, pois se caracteriza como objeto de investigação. Ainda acrescenta que, em
alguns anos, não será possível ensinar história sem utilizar os meios midiáticos.
Em toda trajetória histórica do documentário, desde o início do século
passado, os assuntos abordados no cinema ou na televisão sempre
envolveram a realidade de determinados fatos ou pessoas. Com isso, reforçase a teoria de que ele pode ser um importante instrumento para o
conhecimento real dos acontecimentos, de maneira a compreender os
mecanismos de construção daquela realidade. Nesse sentido destaca-se o
papel da televisão e do jornalismo, na difusão das informações pertinentes ao
desenvolvimento crítico da sociedade, com o vídeo documentário.
(ZANDONADE e FAGUNDES, 2003)
37
Pessoas indiciadas passam pelo procedimento do inquérito policial, que “é todo procedimento
destinado a reunir os elementos necessários à apuração da prática de uma infração penal e de sua
autoria. Trata-se de uma instrução provisória, preparatória, informativa, em que se colhem elementos
por vezes difíceis de obter na instrução judiciária, como auto de flagrante, exames periciais etc”
(MIRABETE, 2006, p. 60).
42
Nichols (2005) ressalta que os documentários estimulam o desejo de saber
mais sobre determinado assunto nas pessoas, ativa a percepção de consciência
social, propõe a seu público que compartilhe seus conhecimentos com aqueles que
desejam saber.
O videodocumentário, que aborda apenas a visão da Polícia Federal sobre o
tráfico de drogas e a atuação do Órgão contra o crime organizado, foi definido como
um produto institucional, direcionado para uma comunicação dirigida. Salienta-se
que este videodocumentário não pretende apresentar dados quantitativos sobre o
efetivo, viaturas, entre outros. O objetivo é mostrar qual é a forma de atuação da
Polícia Federal contra o tráfico de drogas.
Sarti e Muller (2008) afirmam que um documentário institucional é uma
maneira de prestar contas à sociedade. O vídeo pode se dirigir a um público
específico, sem utilizar os meios massivos de comunicação, normalmente
empregados para as campanhas publicitárias das Instituições.
O videodocumentário é uma ferramenta empregada para apresentar detalhes
e peculiaridades, que apenas o papel ou as palavras não conseguiriam reforçar, por
isso é uma aliada das Instituições (Zanetti, 2010).
O didatismo desta ferramenta de comunicação facilita a assimilação dos
conteúdos que ganham força com o impacto dos recursos audiovisuais. A
transmissão das informações fica mais leve, natural e até divertida. Um vídeo
bem planejado e produzido encurta o tempo das apresentações, tem mais
precisão, principalmente quando for necessário mostrar muitas informações
de uma só vez (Zanetti, 2010, p. 08).
Kunsch (2003) conclui que as Instituições precisam criar uma identificação
com o público, por isso utilizam os meios orais, escritos, audiovisuais, entre outros,
para criarem um ‘sujeito institucional’ que se relaciona com a população.
12. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nesta etapa do trabalho o debate gira em torno da teoria de controle social
para o embasamento do tema e a teoria de videodocumentário para fundamentar a
escolha do produto.
43
12.1 O CONTROLE SOCIAL DA SOCIEDADE CIVIL NAS AÇÕES DO
ESTADO
Há duas formas de controle social, de acordo com Oliveira Machado (2011),
sendo a primeira o controle do Estado sobre a sociedade civil e a segunda, a
sociedade civil sobre as ações do Estado. Bresser Pereira (1995) define sociedade
civil como classes sociais e grupos que juntos formam a população. Já o Estado, é
uma estrutura organizacional e política. O Estado firma com a sociedade civil um
contrato social, onde a população cede parte da liberdade para, em troca, o Estado
“manter a ordem ou garantir os direitos de propriedade e a execução dos contratos”
(p. 88).
Pionório (et al, 2009) também define o controle social como uma troca entre
sociedade e Estado, porém classifica em instâncias formais e instâncias informais.
“Os agentes informais do controle social são: a família, a escola, a profissão, a
opinião pública, etc. Os agentes formais são: a polícia, a justiça, a administração
penitenciária, etc” (p. 07). Para Pionório (et al, 2009) os agentes informais procuram
acondicionar a sociedade a viver dentro dos padrões estabelecidos. Quando estes
falham, entram em ação os agentes formais. Cabe também à instância informal
reprimir condutas impróprias praticadas pelos agentes do Estado.
Foucault (2004) afirma que o controle/poder possui uma relação descendente,
ou seja, parte do Estado e, através de instrumentos, como a disciplina, se
encaminha à população. Deleuze (2005) aponta que, para Foucault, o poder é um
conjunto de forças, que transita pelos dominadores e apoia-se nos dominados, que
lutando contra esse poder, usam os pontos afetados pelo próprio poder para se
apoiarem.
A "disciplina" não pode se identificar com uma instituição nem com um
aparelho; ela é um tipo de poder, uma modalidade para exercê-lo, que
comporta todo um conjunto de instrumentos, de técnicas, de procedimentos,
de níveis de aplicação, de alvos; ela é uma "física" ou uma "anatomia" do
poder, uma tecnologia (Foucault, 2004, p. 177).
Porém, várias instituições, como escolas, exército e indústrias, aplicam a
disciplina, ou seja, exercem um controle/poder para induzir as pessoas a
44
funcionarem sob a ordem e a obediência. A disciplina fixa, paralisa os movimentos,
soluciona as aglomerações, domina as forças, entre outros. A força policial também
possui o objetivo de reforçar e exercer a ordem disciplinar. A aplicação da disciplina
não é somente institucional, mas cultural, pois as pessoas precisam estar
preparadas para recebê-la (Foucault, 2004).
Além da disciplina, Foucault (2004) conclui que há vigilância e punição. A
vigilância é uma maneira de verificar se as pessoas estão se portando da maneira
correta e a punição é um modo de corrigir as pessoas que infringiram as regras da
sociedade. A vigilância e a punição também se encontram nas Instituições. O
objetivo de disciplinar, vigiar e punir é criar pessoas que se comportam como
sujeitos dóceis.
Althusser (1970) enfatiza que o aparelho repressivo de Estado, como a polícia
e os presídios, trabalham através da violência e atuam de forma segura dentro dos
chamados aparelhos ideológicos: igrejas, famílias, escolas, etc. Além disso, o
diferencial entre os dois modelos é que no repressivo há uso da violência, física ou
não, e o ideológico atua com ideologia. Porém, conclui que “não há aparelho
puramente repressivo. Exemplos: o Exército e a Polícia funcionam também pela
ideologia, simultaneamente para assegurar a sua própria coesão e reprodução pelos
valores que projetam no exterior” (p. 47), assim como também não há aparelho
puramente ideológico. O aparelho repressivo de Estado atua de maneira
massivamente prevalente pela repressão, já os aparelhos ideológicos de Estado
operam de maneira massivamente prevalente pela ideologia.
Cunha (2003) afirma que o controle da sociedade no Estado possui como
pilar a fiscalização das ações públicas, mas procura também dar opções e ideias
para melhorar as ações do Estado, além de promover a participação da população
nas decisões públicas. O controle da Gestão Pública tem a finalidade de “se firmar
como um espaço de co-gestão entre Estado e sociedade” (p. 02) para fornecer uma
cidadania ativa e possibilitar uma maior transparência no uso dos recursos públicos
e na responsabilidade dos gestores.
Estamos falando de uma relação direta entre atores da sociedade civil e do
Estado, que deve incluir desde a troca de informações, debate, deliberação
e/ou intervenção sobre ações do Estado, gestão pública e políticas públicas
em todas as suas fases – desde a sua definição até a fiscalização e avaliação
de sua implementação, sempre visando a partilha de poder entre Estado e
45
sociedade, defendendo o interesse público e respeitando a autonomia dos
atores da sociedade civil (Serafim, 2008, p. 02).
Para
existir
uma
troca
perfeita
entre
as
ações
do
Estado
e
o
acompanhamento do cidadão, Serafim (2008) complementa que, a sociedade deve
fazer parte dos debates, das discussões e, também, defender interesses da
população geral e não de grupos específicos.
Noce (2008) conclui que o controle da sociedade civil no Estado pode ser
definido como ‘participação cidadã’ e é uma participação qualificada, pois atuam no
aparelho burocrático ou em processos decisórios.
Soares Ferreira (2005) interpreta o controle social como uma qualidade da
sociedade civil, pois permite aos cidadãos controlar as ações do Estado para que o
interesse da sociedade não seja contrariado. Por isso, há instituições e pessoas que
atuam como coerção do próprio poder público.
Além da sociedade civil, Soares Ferreira (2005) afirma também que, existem
organizações formais, estabelecidas por lei, que atuam no controle social do Estado,
como: Tribunais de Contas, as Casas Legislativas municipais e o Ministério Público.
Os meios de comunicação também são uma forma de controle, pois buscam debater
os problemas da sociedade.
Meksenas (2005) também destaca a imprensa como controladora social. A
comunicação torna públicas as ideias, valores, crenças e práticas vividas por uma
coletividade. “Pela comunicação, somos capazes de nos organizar em reflexão e na
solução dos problemas vividos no cotidiano social” (p. 11). Meksenas (2005) nomeia
esta comunicação de 'social intencional e ativa', onde visam tornar público
problemas vividos. O autor destaca que o Estado precisa estar munido também de
práticas comunicativas, para apresentar ao público as políticas e ações.
Portanto, o controle social praticado pela sociedade torna-se importante a
partir do momento que a população passa a zelar pelos interesses da comunidade
(Bresser Pereira, 1995).
46
12.2 O ESTADO COMO CONTROLADOR SOCIAL
Já neste item, a análise acontece pelo outro lado: o controle social visto
através da perspectiva do Estado, o controle formal, que é exercido por diversos
órgãos públicos visando à repressão de pessoas que não respeitam as regras
sociais. Pionório (et al, 2009) explica que a sociedade espera que pessoas que
cometem o desvio social sejam disciplinadas a fim de manter o equilíbrio social
necessário para se viver em uma comunidade.
Considerando o Controle Social como aquele praticado pelo Estado sobre a
sociedade civil, Coutinho (2002) afirma que o objetivo do controle é proteger e
defender a sociedade dos indivíduos que exponham algum comportamento
periculoso.
A violência, a criminalidade e o narcotráfico, de acordo com Machado da Silva
(1999), são alguns dos problemas cotidianos mais graves que atingem a sociedade,
pois provocam ameaça à integridade física e à propriedade privada. Adorno (2002)
complementa que o narcotráfico prejudica e amedronta todas as classes sociais.
Este é um daqueles problemas que afeta toda a população,
independentemente de classe, raça, credo religioso, sexo ou estado civil. São
consequências que se refletem tanto no imaginário cotidiano das pessoas
como nas cifras extraordinárias representadas pelos custos diretos da
criminalidade violenta (BEATO FILHO, 1999, p. 01).
Correia (2005) afirma que, para diminuir a ocorrência destes problemas
diários, é necessário disciplinar os indivíduos envolvidos aos padrões e princípios
impostos pela sociedade, utilizando um controle social. Bobbio, Matteucci e
Pasquino (1988) explicam que os conjuntos de intervenções, positivas ou não,
colocadas por uma comunidade para garantir que os membros se adaptem e se
conformem às normas estabelecidas são entendidas como controle social.
Bobbio, Matteucci e Pasquino (1988) completam que o Estado deve, como
função, impor limites à liberdade de indivíduos e grupos visando à ordem pública.
Para isso, é necessário que designe um órgão que fique competente dessas
atribuições. E é neste sentido que a polícia age coercitivamente para com a
sociedade.
47
A polícia, segundo Battibugli (2009), é uma das responsáveis pelo controle
social em um país, em relação à questão da ordem pública. Sendo que, quando
necessário, dentro das leis nacionais, utilize-se de meios coercitivos para a
preservação da paz. Ela possui a função de resolver de modo rápido situações
inesperadas, zelar pela moralidade, além de proteger a vida e a propriedade privada
e pública. A polícia, como um todo, presta serviços à comunidade, através do
controle social.
A polícia como agente do Estado reflete, até certo ponto, em suas ações, as
diretrizes governamentais, ainda que tenha relativa margem de autonomia
para estruturar e realizar tarefas de policiamento. A polícia é, portanto, uma
instituição chave para se avaliar a efetividade dos valores democráticos de
um país, de seu governo e sua sociedade (Battibugli, 2009, p. 51).
Paixão (1997) afirma que o Estado monopoliza o uso da força policial – dentro
das leis – para garantir a proteção pública e estatal dos cidadãos. Portanto, torna-se
permitido a aplicação coercitiva das normas, visando que o direito à propriedade e à
vida dos indivíduos seja garantido. Pinório (et al, 2009) completa que a policia possui
habilidades e orientação para exercer este controle social, sendo que, quando
necessário, utilize de meios mais repressores e agressivos.
Desta forma, Maranhão Costa (2004) analisa que a polícia exerce vários
papéis no controle social, podendo assumir o papel central dentro do Estado ou
apenas complementar a ação de controle social exercida pela sociedade civil. E
ainda pode reconhecer e administrar a existência de conflitos sociais. Caetano
(1977, apud Lazzarini, 1995) observa que não existe o conceito de polícia, se não
houver a ideia de Estado, pois eles se completam. “Numa sociedade policiada, como
se dizia em português clássico, há de estar garantida a convivência pacífica de
todos os cidadãos de tal modo que o exercício dos direitos de cada um não se
transforme em abuso e não ofenda, não impeça, não perturbe o exercício dos
direitos alheios” (p. 73).
O Estado deve conter os excessos da sociedade para garantir que haja um
equilíbrio entre os direitos individuais e coletivos. Surge, então, o dever da polícia
em controlar os limites de liberdade particular dos cidadãos (TACITO, 2001).
Portanto, Jesus (2008) complementa que, para o Estado zelar pela paz e
segurança social, necessita de uma autoridade que lhe é concedida pela própria
48
sociedade, que renuncia de liberdades individuais para respeitar os direitos
coletivos, representados pelas leis.
As leis surgem no corpo político para assegurar as liberdades públicas e a
autoridade do governo, ao mesmo tempo em que protegem os membros da
comunidade, restabelecendo, pelo viés do Direito, a liberdade natural dos
homens. Ainda, pela lei, é assegurado ao Estado o exercício dos poderes que
lhe foram conferidos respeitando a vontade geral (Jesus, 2008, p. 37).
No caso da relação existente entre o Estado, aqui representado pela Polícia
Federal, e a sociedade brasileira, conclui-se que a autoridade e o controle social
exercidos vêm de uma lei federal, que procura manter a ordem e a segurança do
país.
Quaresma (1999) explica que, segundo Weber, o poder do Estado só existe
se um conjunto de pessoas obedecerem às autoridades designadas por eles e que
estas pessoas reconheçam a autoridade como legitima.
Neste sentido, Bobbio, Matteucci e Pasquino (1988), explicam que,
focalizando em autoridade como fonte de poder e analisando o âmbito social, podese dizer que quem possui autoridade tem o direito de exercer o poder sobre
determinada pessoa e quem está sujeito a obedecer a essa autoridade, deve seguir
suas diretrizes.
Pode-se dizer que a Autoridade é a aceitação do poder como legítimo que
produz a atitude mais ou menos estável no tempo para a obediência
incondicional às ordens ou às diretrizes que provêm de uma determinada
fonte. Naturalmente, isto se verifica dentro da esfera de atividade à qual a
Autoridade está ligada ou dentro da esfera de aceitação de Autoridade. É
evidente, na verdade, que uma relação de Autoridade como toda e qualquer
outra relação de poder diz respeito a uma esfera que pode ser mais ou
menos ampla ou mais ou menos explícita e claramente delimitada (Bobbio,
Matteucci e Pasquino, 1988, p. 08).
Sennett (2001) ressalta que a palavra autoridade é vista com medo. Teme-se
que a autoridade passe a ter uma influência em relação à liberdade, tanto no âmbito
familiar quanto no social. Porém, destaca que a autoridade é fundamental para o
convívio social. Maranhão Costa (2004) explica que apesar da importância da
autoridade em uma sociedade, há autoridades que praticam o abuso da violência,
que podem ser interpretadas de três formas distintas. No ponto de vista jurídico, o
policial usa a força sem autorização legal; na visão sociológica, utilizam da força
admitida e até mesmo justificada para, por exemplo, controlar uma greve ou
49
manifestação; e por fim, Klockars (1996, apud Maranhão Costa, 2004) afirma que
existe a percepção profissional, na qual “um agente usa mais força que do um
policial bem treinado acharia necessário empregar” (p. 109).
Araújo, Fernandes e Viana (2004) explicam que essa ambiguidade em
relação à importância da autoridade deve-se a existir duas vertentes sobre o seu
conceito. Eles explicam que Weber entende autoridade e poder como um recurso
que um grupo possui para obrigar as pessoas a agirem de acordo com seus
interesses. Já Sennett (2001), vê a autoridade e o poder como algo existente nas
relações sociais, independente de recursos utilizados.
Costa (2005) acrescenta que, importante ou não para a sociedade, a
autoridade e o controle social existem, em todas as esferas sociológicas. “É difícil
imaginar a existência de uma sociedade que não adote qualquer dispositivo de
segurança, visando à contenção das condutas que ameaçam a sua própria ordem”
(p.56). E mais, salienta que a autoridade vem de normas, o que confere para os
detentores de autoridades o poder de coerção, com o objetivo único de impor
disciplina.
Então, para representar a atuação da Polícia Federal como um dos
responsáveis
pelo
controle
social,
o
trabalho
optou
por
utilizar
um
vídeodocumentário.
12.3 O VIDEODOCUMENTÁRIO COMO EXPRESSÃO DA REALIDADE
O documentário, de acordo com Machado (2006), é um produto, onde a
realidade é representada, de maneira ampla, através de imagens que, transmitem
uma mensagem ao telespectador. Ribeiro e Moreira (2009) acrescentam que, o
documentário retrata os “espaços e momentos, factuais ou miméticos, de uma
determinada realidade” (p. 02). Ramos (2008) complementa que, além do
documentário narrar com imagens, ele também “estabelece asserções sobre o
mundo, na medida em que haja um espectador que receba essa narrativa como
asserção sobre o mundo” (p. 29).
50
Mesmo com denominações diferentes, Nichols (2005) observa que “todo filme
é um documentário” (p. 26) e classifica-o em dois tipos: o primeiro, onde todo o filme
serve para satisfazer os desejos que, são as ficções; e o segundo, que é o filme de
representação social e procura apresentar novas visões da realidade. Mas, Penafria
(2003) propõem, em vez de assumir que todo filme é um documentário, adotar a
“atitude documentarista, a atitude de documentar, de registrar ações ou sentimentos,
quer tenham efetivamente ocorrido ou não no nosso mundo” (p. 08).
O documentário se utiliza de técnicas do próprio cinema como: escolhas de
planos, preocupações estéticas de enquadramento, iluminação, montagem,
separação das fases de pré-produção, produção, pós-produção e outros. Mas, para
ter a característica de ser uma reprodução do real, o documentário precisa respeitar
algumas convenções: a não direção de atores, o uso de cenários naturais, as
imagens de arquivo e a câmera ao ombro (Penafria, 2001).
Apresentar novos modos de ver o mundo ou de mostrar aquilo que, por
qualquer dificuldade ou condicionalismos diversos, muitos não vêm ou lhes
escapa, é então a principal tarefa de um documentarista. Estes muitos a que
38
me refiro, podem ser os espectadores ou os próprios intervenientes de um
filme (Penafria, 2001, p. 07).
Nichols (2005) conclui que os documentários são representações, visões do
mundo, e não são apenas reproduções ou réplicas da realidade. Além de
representar o mundo, o documentarista, segundo Penafria (2001), intervém na
realidade ao exercer e mostrar seu ponto de vista. O documentarista interage com o
mundo.
Mas, para Spuldar (2005) o documentário não é um registro completo do que
o documentarista pretende retratar. É uma visão fragmentada. A escolha das
imagens, da edição, das falas transforma a realidade em fragmentos.
Penafria (2003) ressalta ainda que entre a imagem retratada e o real existe a
codificação da representação, que se observa na captação/criação de imagens.
“Não se trata então apenas de imitar o mundo, mas de criar um mundo” (p. 02). As
imagens, junto com a montagem, resultam na narrativa documentária. “Um
documentário é feito de vários documentos que são incompletos, mas que ganham
sentido e interesse quando interligados uns com os outros” (p. 09).
38
Segundo Penafria (2001), a partir da decisão de realizar um documentário já há uma intervenção
da realidade, que são os chamados intervenientes.
51
Os instrumentos de gravação (câmera e gravadores) registram impressões
(visões e sons) com grande fidelidade. Isso lhes dá valor documental, pelo
menos no sentido de documento como algo motivado pelos eventos que
registra. A ideia de documento é aparentada à ideia da imagem que serve
como índice daquilo que a produziu (Nichols, 2005, p. 65).
O documentário, segundo Ramos (2008), se utiliza dos personagens para ter
domínio do assunto explorado. Não são atores, são pessoas que viveram ou
presenciaram situações, posteriormente registradas pelo documentário, que se
tornam os personagens.
Ao entrevistar diversas pessoas, o documentarista pretende “confirmar uma
tese (caso, por exemplo, dos documentários biográficos)” ou “confrontar opiniões
(caso dos documentários sobre conflitos urbanos, sociais, raciais, religiosos etc.)”.
Todas as opiniões se unem para predominar o ponto de vista do autor (Melo;
Gomes; Morais, 2001, p. 06).
Melo (2002) afirma que o documentarista ouve diversas opiniões e realiza
várias entrevistas, que nem sempre irão integrar o documentário, mas servem para a
construção do texto.
Para classificar os documentários, Nichols (2005) divide o gênero em seis
categorias: Poético, Expositivo, Observativo, Participativo, Reflexivo e Performático.
O Poético se caracteriza por ter semelhanças com o cinema de vanguarda; o
Expositivo possui um comentário verbal e uma lógica argumentativa; o Observativo
dá ênfase ao cotidiano representado pelo tema do cineasta, e utiliza câmera
discreta; o Participativo enfatiza a interação do cineasta e tema; o Reflexivo se
baseia na hipótese que rege o documentário e incentiva o espectador a elevar sua
consciência com o documentário e o assunto apresentado e o Performático é
subjetivo ao mostrar a interação entre cineasta, o tema e a receptividade do público.
O documentário produzido por este trabalho possui características do modo
observativo e reflexivo. Nichols (2005) afirma que um documentário reflexivo pode
abranger tomadas observativas ou participativas e que as características dominantes
de um modo estruturam o filme, mas não especificam todos os aspectos, pois há
liberdade para mesclar.
O gênero observativo, que surgiu em 1960, apresenta a cena ou o
acontecimento no momento em que ocorre, espontaneamente e sem interferência do
cineasta (Estevão e Garzon, 2011). Devido ao estilo observativo, os documentários
52
são estruturados sem efeitos, músicas, legendas, reconstituições históricas,
entrevistas e ações repetidas. “O que vemos é o que estava lá” (Nichols, 2005, p.
147).
Para Fontes (2010), o modo reflexivo traz fatos e problemas e possui uma
relação com o espectador. Utiliza montagens técnicas, criando um roteiro para os
personagens e uma narrativa.
Os documentários politicamente reflexivos reconhecem a maneira como as
coisas são, mas também invocam a maneira como poderiam ser. Nossa
consciência mais exacerbada abre uma brecha entre conhecimento e desejo,
entre o que é e o que poderia ser (Nichols, 2005, p. 169).
Além
de
conter
particularidades
observativas
e
reflexivas,
o
videodocumentário deste trabalho exerce também funções institucionais39, pois
apresenta particularidades do trabalho realizado pela Polícia Federal na fronteira.
Fonseca (2003, apud Kunsh, 2003) define os vídeos institucionais como um produto
capaz de difundir informações diversas sobre a instituição.
Penafria (2001) qualifica o documentário em duas estruturas: dramática e
narrativa. “A estrutura dramática é constituída por personagens, espaço da ação,
tempo da ação e conflito. A estrutura narrativa implica saber contar uma história;
organizar a estrutura dramática em cenas e sequências, que se sucedem de modo
lógico” (p. 02). A busca pela legitimação, para Coelho (2011), é o mais importante
fator responsável pela firmação da narrativa.
Na narrativa documentária, há três histórias que se entrelaçam: do cineasta,
do filme e do público (Nichols, 2005).
Penafria (2001) também classifica a narrativa. Afirma que podem existir vários
pontos de vista: Na primeira pessoa, onde os acontecimentos são passados através
do olhar de uma personagem; Na terceira pessoa, com a “ação vista por um
observador ideal” (p. 02), raramente com apenas um ponto de vista; Omnisciente,
com o recurso da voz em off, explicativa, indicando o que os personagens pensam;
e Ambíguo, onde altera entre o ponto de vista na terceira pessoa e o ponto de vista
na primeira pessoa.
O nível de envolvimento entre o documentarista e o ponto de vista escolhido
se obtém através de duas formas. Controle gráfico e controle narrativo. O controle
gráfico se caracteriza pelos planos, enquadramentos, iluminação, entre outros. Já o
39
Este assunto será abordado com mais detalhes no tópico 12.3.1.
53
controle narrativo deriva da montagem, ritmo, técnica, etc. (Katz, 1991 apud
Penafria, 2001).
Resende (2008) observa vários métodos de criação de um documentário. No
primeiro, o documentarista realiza grandes pesquisas bibliográficas, de sons e
imagens, construindo a partir do resultado encontrado uma argumentação que, será
o embasamento do vídeo. O autor apresenta a observação como o segundo método,
onde o documentarista acompanha os personagens, interagindo ou não com eles.
Por último, o tema é abordado indiretamente, particularmente, limitando-se “a um
espaço ou geografia rigorosamente definidos” (p. 27).
Um documentário, além de se tornar um documento, também se transforma
em material atemporal, ou seja, “a todo momento pode ser acionado, revisitado,
reconstituído e alargando uma memória coletiva mais ampla” (Henn, 2009, p. 12). A
escolha de um tema, para a realização do documentário, provoca uma seleção de
eventos ou assuntos que serão lembrados pela população (AGUIAR, 2011).
No início, o documentário teve como base os filmes de Lumiére. Obras como:
Saída dos Trabalhadores das Fábricas Lumiére e A Chegada do Comboio à Estação
ofereciam uma visão diferenciada do próprio mundo e “registravam o cotidiano
conforme ele acontecia” (p. 118). Outro passo para o documentário se desenvolver
foi iniciado por cineastras e fotógrafos que, adquiriram uma necessidade de observar
as diversas facetas do mundo e explorar através da implementação de personagens
e narrativas (Nichols, 2005).
Porém, segundo Nichols (2005), foi em 1922, com a narrativa Nannok, o
esquimó, de Robert Flaherty, que John Grierson conseguiu, no fim da década de 20,
tornar conhecido, através de sua capacidade comercial, o cinema documentário.
Até o final dos anos 50, prevalecia o uso da voz explicativa, em off. A partir de
1960, o documentário passa a ter “argumentos sendo expostos em forma de
diálogos” (p. 23). Os entrevistados falam por si e abrangem, de forma dialógica, a
compreensão dos fatos (Ramos, 2008).
54
12.3.1 O videodocumentário na esfera jornalística
A relação do documentário com o jornalismo inicia-se com uma característica
em comum: ambos procuram a factualidade, o real e tendem a mostrá-lo através de
fatos e narrativas. O documentário supera o jornalismo quando problematiza os
acontecimentos (RONALDO, 2009).
Melo; Gomes; Morais (2001) explicam que, ainda há discussões sobre
diferenciar documentário de grande reportagem de TV. Uma maneira de destacar o
documentário é a profundidade do assunto tratado. Em contrapartida, há
argumentos que, a reportagem também pode ter uma maior profundidade. O tempo
também entra na discussão, mas, para Melo; Gomes; Morais (2001) “não é possível
classificar, de maneira consistente, uma matéria que dure 15 minutos como
reportagem e, outra, com 15 minutos e 30 segundos, como documentário” (p. 02). O
documentário necessita, também, de um maior tempo para elaborar, realizar e
finalizar a obra.
A produção de um documentário se aproxima também do fazer investigativo.
A procura pelo conhecimento e realidade é destaque dentro de uma criação
audiovisual, que se desenvolve com a espécie humana (GODOY, 2001).
Apesar do jornalismo e do documentário desenvolverem uma relação com o
interesse social, são produções diferentes. Ribeiro e Moreira (2009) explicam que,
uma diferença importante é estímulo, ou não, que ambos causam no espectador. O
jornalismo diário procura acalmar, ao apenas reproduzir a notícia, e o documentário
encorajar a reflexão, o pensamento. Além disso, o jornalismo diário trabalha com o
instante do acontecimento, “através da testemunha do repórter”, já o documentário
expõe a ação por “personagens/espaço/tempo de um mesmo fato/objeto abordado
por meio da visão – e suas subjetividades – o autor” (p. 04).
Este gênero é fortemente marcado pelo “olhar” do diretor sobre seu objeto. O
documentarista não precisa camuflar a sua própria subjetividade ao narrar um
fato. Ele pode opinar, tomar partido, se expor, deixando claro para o
espectador qual o ponto de vista que defende. Esse privilégio não é
concedido ao repórter sob pena de ser considerado parcial, tendencioso e,
em última instância, de manipular a notícia (Melo, 2002, p. 07).
55
Além do olhar opinativo, Souza (2006) também aponta outra característica do
documentário. O jornalismo diário tende a ficar apenas com informações que
considera importante para a notícia. Quem procura obter os dados mais
aprofundados é o documentarista. “Seria ingênuo pensar que os documentaristas
fazem os filmes para costurar as arestas deixadas pelo jornalismo, mas
indiretamente, eles acabam cumprindo esse papel quando procuram transcender o
campo noticioso” (p. 04).
O tempo de preparação e conhecimento que o documentário pede, causa um
contato maior com os personagens. Já no jornalismo diário o entrevistado é apenas
alguém que vai confirmar ou acrescentar uma informação básica à matéria (Souza,
2006).
Já para Henn (2009), o documentário apenas adensa o jornalismo, ao
“dinamizar a agenda, recuperar personagens e fatos e estabelecer novos nexos
perdidos” (p. 10). Para Ribeiro e Moreira (2009) a facilidade de informar, o poder de
convencer e a utilização de uma linguagem clara e objetiva tornam-se fundamentais
para a presença do documentário nos gêneros informativos.
12.3.2 O videodocumentário na esfera empresarial e na comunicação
dirigida
Este trabalho possui um caráter documental, pois apresenta a atuação da
Polícia Federal contra o tráfico de drogas na fronteira. Porém, optou-se buscar
elementos da comunicação empresarial e da comunicação dirigida porque é
privilegiado o olhar da Polícia Federal no videodocumentário. Foram usados
somente entrevistados que trabalham na Polícia Federal, além de imagens de
arquivo da própria Instituição.
Dentro do contexto jornalístico existem vários meios de comunicação, dentre
eles, a comunicação empresarial que será tratada nesse tópico.
56
A comunicação empresarial, que se divide em diversas formas – entre elas
comunicação de massa e comunicação dirigida40 –, abrange diversos meios,
estratégias, recursos, produtos, entre outros, com a finalidade de intensificar a
imagem de uma instituição, aproximando o público interno e externo (Bahia, 1995).
Este tipo de comunicação exige o conhecimento de atributos institucionais como
missão e valores. Portanto, as estratégias devem ser bem planejadas para não se
tornar apenas uma propaganda institucional (Kunsch, 2003).
Como qualquer outra, a empresarial também necessita segmentar o público,
adequando a linguagem para tornar a comunicação mais eficaz.
Neste caso a
comunicação dirigida apresenta-se como uma solução para as instituições
(Rodrigues, 2012).
Como quaisquer veículos, os de comunicação dirigida também supõem um
emissor que transmite a mensagem e um receptor que responde a ela. Na
comunicação dirigida, o emissor, dirigindo-se a um receptor (público) restrito
e determinado, usa, além disso, um código (linguagem) adequado a ele,
facilmente decifrável por ele (Kunsch, 2003, p. 187).
A comunicação dirigida mostra a informação de uma maneira particular, pois
ao contrário das comunicações de massa não busca atingir o grande público e sim,
o público selecionado, tornando-se mais direto e econômico, já que com um
planejamento bem estruturado, alcança resultados rapidamente (Santana, 2004).
Costa (2009) afirma que a comunicação dirigida e de massa se diferenciam
na utilização dos meios para atingir seus públicos. A comunicação de massa tem
como prioridade alcançar o maior número de pessoas em menor tempo, já a
comunicação dirigida elabora mensagens eficazes, com os efeitos desejados pela
instituição, para se relacionar com o público alvo. Barros (et al, 2008) complementa
que apesar das diferenças a comunicação dirigida é uma fragmentação da
comunicação de massa, pois ambas utilizam-se de veículos tradicionais como
jornais, rádios, TVs e cinema.
De acordo com Andrade (2005), a comunicação dirigida se subdivide em
quatro tipos: escrita (mala direta, correspondências, periódicos), oral (reuniões,
congressos, entrevistas), auxiliar (gráficos, vídeos, fotografia) e aproximativa (visitas,
inaugurações, concursos). Cesca (1995) classifica a comunicação dirigida auxiliar
em visuais, auditivos e audiovisuais.
40
Este trabalho irá focar apenas na comunicação dirigida.
57
Dentro dos recursos audiovisuais, Fortes (2003, apud Westerkamp e
Carissimi, 2001) aponta diferentes finalidades para os vídeos corporativos. A
primeira é destinada a imprensa, com breves informações. O documentário,
segunda finalidade, registra acontecimentos e situações. A terceira destaca os
vídeos institucionais, criados para divulgar a marca da instituição. A integração,
quarta finalidade, é destinada à divulgação dos produtos. Já o jornal, os recursos
humanos e o motivacional se dedicam aos funcionários da instituição.
Os vídeos são ferramentas que atingem com maior precisão seu público alvo,
pois apresentam as informações de maneira mais atraente e utilizam uma linguagem
acessível (Sarti, 2008). Neste sentido, Zanetti (2010) ressalta que as técnicas
utilizadas na criação de um vídeo mostram detalhes de situações das quais não
seriam possíveis serem relatadas oralmente ou por escrito sem perder a realidade e
a emoção do momento.
Na base da formação do povo brasileiro estão os indígenas e os africanos,
duas culturas da tradição oral – não dominavam as técnicas da escrita. Os
brasileiros usam muito mais os meios de comunicação oral e visual para
transmitir e receber suas mensagens. Para nosso povo assistir a um vídeo é
muito mais fácil do que ler extensos relatórios (Zanetti, 2010, p. 09).
Dubois (2004) afirma que o vídeo possui uma forma singular, é uma arte e
tem uma linguagem específica e consistente. Além disso, possui um potencial
equivalente ao cinema, à televisão e à fotografia.
O vídeo reúne as imagens e
através disso, “pensa o que elas são, fazem ou criam” (p. 116).
O vídeo, na comunicação institucional, é auxiliar, complementa outros
recursos comunicacionais e é um apoio para que a instituição divulgue o trabalho
realizado. Já a comunicação dirigida é um direcionamento fundamental para que a
instituição potencialize o custo e o tempo, e conquiste a eficiência (Barros, 2008).
13. METODOLOGIA
Neste capítulo explicam-se os meios utilizados para a realização desse
trabalho de pesquisa. Kaplan (1972, apud Gressler, 2004) afirma que o objetivo de
58
se fazer uma metodologia é descrever e analisar o trabalho realizado. Para ele,
serve como uma ferramenta de entendimento do processo realizado na pesquisa.
Para este trabalho foram realizadas duas pesquisas, sendo que a primeira,
pesquisa bibliográfica é a parte inicial de qualquer trabalho de pesquisa, pois
engloba a identificação, localização e planejamento sobre o objeto de estudo
escolhido. Stumpf (2011) explica que “num sentido restrito, é um conjunto de
procedimentos que visa identificar informações bibliográficas, selecionar os
documentos pertinentes ao tema estudado e proceder à respectiva anotação ou
fichamento das referencias […] para que sejam posteriormente utilizadas na redação
de um trabalho acadêmico” (p. 51). A outra pesquisa realizada foi uma pesquisa de
campo com especialistas da Polícia Federal. Nesta fase de entrevista em
profundidade, Duarte (2011) afirma que a importância é obter respostas e absorver o
conhecimento que a fonte tenha para lhe passar com sua experiência no assunto,
acrescentando-lhe dados que permitam interpretação própria.
Dentro do que se pretende mostrar neste Trabalho de Conclusão de Curso,
procurou-se apresentar os métodos utilizados para a pesquisa bibliográfica e a
pesquisa de campo separadamente, assim como os resultados obtidos com a
pesquisa de campo.
13.1 PESQUISA BIBLIOGRÁFICA
Nesta fase há o aprofundamento do tema do trabalho, que seria a relação do
jornalismo com a atuação da Polícia Federal na repressão ao tráfico de drogas na
região da fronteira. Para delimitar o tema do projeto, autores como Madrid (2004),
Tinoco (2010), Magalhães (2000), Mingardi (2007) e Oliveira (2005) foram utilizados
para esclarecimento dos assuntos relacionados ao crime organizado. Relatórios da
INCB (2010), UNODC (2011), além de autores como Kurek (2009), Vieira (2009) e
Procópio Filho (1999) explicaram os temas de tráfico de drogas mundiais e no Brasil,
além de um resumo sobre maconha e cocaína. Pontes (2009), Castro (2009) e
Goersch (2009) auxiliaram na questão da atuação da Polícia Federal no Brasil e no
59
Paraná. Em relação à mídia foram utilizados autores como Guareshi (2007),
Bernardes (2010), Alves (2006) e Cruz (2009).
A pesquisa bibliográfica, ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia
já tornada pública em relação ao tema de estudo, desde publicações avulsas,
boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias, teses, material
cartográfico, etc. (Marconi e Lakatos, 2002, p. 92).
Stumpf (2011) acrescenta que com a pesquisa bibliográfica é possível utilizarse das descobertas que os outros fizeram, juntar ideias, concordar e levantar
discussões sobre um determinado assunto, aumentando sua gama de conhecimento
e tornando-se, assim, uma atividade prazerosa.
Após o processo de delimitação do tema, o trabalho chegou ao referencial
teórico, na qual a abordagem escolhida pelas autoras seria a teoria de controle
social. Primeiramente existe o controle social da sociedade para o Estado e o
controle social do Estado para a sociedade. Autores como Bobbio (1998), Bresser
Pereira (1995), Pionório (2009), Soares Ferreira (2005) e Foucault (2004) foram
usados como base.
Ao delimitar o tema e basear o trabalho nas teorias de controle social, a
pesquisa pode, enfim, chegar a um produto que transmitisse ao público de forma
completa os resultados alcançados: um videodocumentário. Este foi escolhido
principalmente pela importância das imagens para documentar o assunto. Ramos
(2008) explica que os documentários não foram feitos para entreter as pessoas, eles
são criados para apresentar uma nova visão de mundo, entretanto eles podem
interagir e prender seu espectador de forma tão completa quanto qualquer outro
filme. Além de Ramos, outros autores como Nicholls (2005), Soares (2009), Henn
(2009) e Penafria (2005) complementam a importância desse meio de comunicação.
60
13.2 PESQUISA DE CAMPO: UMA ANÁLISE SOBRE A ATUAÇÃO DA
POLÍCIA FEDERAL NA FRONTEIRA E A VISÃO INTERNA DO ÓRGÃO
SOBRE A MÍDIA.
Outra fase do processo deste trabalho foi a realização de uma pesquisa
qualitativa, através de entrevistas com quatro especialistas da Polícia Federal,
escolhidos dentre os diversos servidores do órgão no Estado do Paraná, por
possuírem cargos diferentes dentro da Instituição, entretanto relacionados ao tema
do trabalho. A pesquisa procura aprofundar os conhecimentos a respeito da atuação
da Polícia Federal na região da fronteira, explicar a atuação de organizações
criminosas nesta região e a periculosidade para a sociedade. Também pretende
apresentar a visão interna da Polícia Federal em relação à mídia. Os entrevistados,
além da relação de proximidade com a mídia, possuem experiência em entrevistas e
coletivas de imprensa, trabalharam no mínimo dois anos na região de fronteira e
possuem mais de cinco anos de carreira na Polícia Federal. Além disso, os
entrevistados delegados e o comunicador social são os chefes de seus setores.
A investigação qualitativa trabalha com valores, crenças, hábitos, atitudes,
representações, opiniões e adequa-se a aprofundar a complexidade de fatos
e processos particulares e específicos a indivíduos e grupos. A abordagem
qualitativa é empregada, portanto, para a compreensão de fenômenos
caracterizados por um alto grau de complexidade interna (PAULILO, 1999).
Duarte (2011) complementa que a pesquisa qualitativa, chamada por ele de
entrevista em profundidade, possui uma técnica dinâmica e flexível, pois se baseia
em uma entrevista informal, porém com características jornalísticas, que buscam
entender o que o outro tem a oferecer sobre o assunto estudado.
Pesquisa de Campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir
informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se
procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou,
ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles (Marconi e
Lakatos, 2002).
Buscando entender a visão dos servidores da Polícia Federal em relação à
mídia e absorver informações e conhecimentos a respeito do crime organizado e
61
tráfico de drogas na fronteira, foi organizada uma pesquisa qualitativa, na qual
perguntas despadronizadas41 foram aplicadas para os seguintes entrevistados:
1. Wagner Mesquita de Oliveira, 39 anos, Delegado-Chefe da Delegacia
Regional de Combate ao Crime Organizado da Polícia Federal no Estado do
Paraná. Formado em Direito, possui nove anos de experiência na Polícia
Federal, sendo que destes, dois anos e meio foram na região de fronteira.
2. Marco Berzoini Smith, 32 anos, Delegado-Chefe da Delegacia de Repressão
a Entorpecentes da Polícia Federal no Estado do Paraná. Formado em Direito
e especialista em Criminologia e Direito Penal, atua há sete anos na Polícia
Federal, possuindo quatro anos de experiência na região de fronteira.
3. Marcos Koren, 47 anos, Chefe da Comunicação Social da Polícia Federal no
Estado do Paraná. Formado em Direito, trabalha há 15 anos na Polícia
Federal, porém atua na área de comunicação há apenas cinco anos, sendo
que destes, dois anos foram na região de fronteira e três anos em Curitiba.
4. Gildeto Stel Meira, 42 anos, Agente da Polícia Federal no Estado do Paraná.
Formado em História, trabalha na Polícia Federal há 16 anos, sendo que 14
anos foram na região de fronteira.
Para a realização desta pesquisa, foram utilizadas questões semiabertas42,
que, de acordo com Duarte (2011), são perguntas previamente formuladas, como
um guia a ser seguido, porém com a liberdade de ampliar o leque de
questionamentos de acordo com as respostas obtidas durante a entrevista. AnderEgg (1978, apud Marconi e Lakatos, 2001) completam que “há um roteiro de tópicos
relativos ao problema que se vai estudar e o entrevistador tem liberdade de fazer as
perguntas que quiser: sondar razões e motivos, dar esclarecimentos, não
obedecendo, a rigor, a uma estrutura formal” (p.197).
As entrevistas foram realizadas pessoalmente, na Superintendência da
Polícia Federal em Curitiba, na semana do dia 23 a 27 de abril de 2012, utilizando o
gravador de áudio, da marca H1 - Handy Record, em formato MP3. Todos os
41
Segundo Marconi e Lakatos (1996, apud Carnevalli e Miguel, 2000) são questões formuladas
abertamente e que permitem alterações durante o percurso da entrevista.
42
A base da pesquisa aplicada encontra-se em apêndices, na p. 122.
62
entrevistados foram previamente avisados da utilização do aparelho para a
gravação.
A pesquisa qualitativa aplicada aos servidores da Polícia Federal no Estado
do Paraná foi separada em três etapas, com a intenção de aprofundar os diversos
assuntos que poderiam ser explorados com cada entrevistado. A primeira parte
possuía perguntas idênticas para todos os entrevistados, com informações básicas
que serviram como uma breve apresentação de cada um, contendo nome, idade,
formação acadêmica e período de experiência na Instituição e na Região de
Fronteira. Na segunda etapa assuntos específicos sobre a área de atuação de cada
um deles foram explorados. E por último, a pesquisa buscou analisar a visão que os
servidores da Polícia Federal possuem em relação ao contato com a mídia.
13.3 Análise da Pesquisa Qualitativa
A pesquisa qualitativa concentrou-se em cinco assuntos diferentes. Dois
temas são referentes às ações da Polícia Federal contra o tráfico de drogas e o
crime organizado, sendo representados pelos tópicos: ‘Atuação da Polícia Federal
na fronteira Brasil (Paraná) – Paraguai (Canindeyú e Alto Paraná)’ e ‘Atuação do
crime organizado e as dificuldades de desmantelar as organizações criminosas’.
Esta pesquisa procurou se aprofundar também na relação da Polícia Federal com a
mídia. Os três últimos tópicos – ‘Relação da Polícia Federal com a mídia’, ‘Espaço
destinado às ações da Polícia Federal, ao crime organizado e ao tráfico de drogas
na mídia’ e ‘Como a mídia apresenta as ações da Polícia Federal na fronteira?’ –
abordam a ligação do tema deste trabalho com o jornalismo.
63
13.3.1 Atuação da Polícia Federal na fronteira
A Polícia Federal atua, contra o tráfico de drogas e crime organizado, na
região de fronteira, através de duas delegacias, com sede em Curitiba, que
fornecem o apoio necessário para as operações e ações: a Delegacia de Repressão
a Entorpecentes (DRE) e a Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado
no Paraná (DRCOR). Ambas atuam na capital e oferecem coordenação em todo o
Estado do Paraná. Segundo o delegado Marco Berzoini Smith, chefe da Delegacia
de Repressão a Entorpecentes, a DRE e a DRCOR coordenam as ações, já que o
“combate direto, do dia-a-dia é feito pelos núcleos especializados das delegacias de
Guaíra e Foz”.43 O delegado Wagner Mesquita de Oliveira, chefe da Delegacia
Regional de Combate ao Crime Organizado no Paraná, complementa que o objetivo
é dar meios para que as delegacias especializadas “venham a ter o máximo de
eficácia nas ações e nas investigações”, com um apoio material, informações de
inteligência e trabalho ostensivo com recrutamentos, etc.
A Polícia Federal trabalha de duas formas: trabalho ostensivo e investigativo.
A forma ostensiva, característica de áreas de fronteira, é a fiscalização do fluxo de
pessoas que transitam por áreas importantes e próximas à região fronteiriça. “O
trabalho ostensivo é o que dá presença do Estado. A pessoa entra no país e vê lá o
policial vestido de preto, com a camiseta escrita Polícia Federal, abordando os
veículos, verificando os documentos, revistando compartimentos desse veículo”,
afirma o agente de Polícia Federal, Gildeto Stel Meira. Um dos principais objetivos
do trabalho ostensivo é identificar o tráfico de drogas, armas e mercadorias
contrabandeadas. Para Meira, esse trabalho ajuda a atualizar os policiais das
tendências dos traficantes. Por exemplo, há uma grande demanda de drogas
escondidas dentro de pneus. Essa descoberta ajuda o policial a prestar mais
atenção nas próximas abordagens. Já o trabalho investigativo procura entrar na
‘veia’ do tráfico. É possível detalhar, identificar e destruir uma organização
criminosa. O agente ainda complementa que “o trabalho ostensivo é o trabalho mais
presencial, com o objetivo aleatório e já o trabalho investigativo é um trabalho
velado, só que com um objetivo mais específico”.
43
As aspas apresentam os resultados da pesquisa qualitativa.
64
O trabalho investigativo, normalmente, procura atender a três situações: o
pequeno tráfico - as chamadas ‘bocas’, as grandes quadrilhas nacionais e as
grandes quadrilhas internacionais. Nas ‘bocas’ o foco são os pequenos vendedores.
“Você acaba amealhando informações que vão te levar aos fornecedores, porque o
pequeno traficante não vai até a fronteira, ele não vai até os países vizinhos, por
portadores e exportadores de droga para comprar o entorpecente que ele vende, ele
compra de alguém”, afirma Smith. Já a principal preocupação da Polícia Federal é
desmantelar as grandes quadrilhas nacionais – que atendem o mercado interno – e
as internacionais – que usam o país como rota de passagem. A atuação da Polícia
Federal no combate ao tráfico de drogas é satisfatória.
Para atender o trabalho de desmantelamento das quadrilhas internacionais, o
Departamento procura manter ligações com órgãos e países vizinhos. O Brasil
possui acordo com o Paraguai, Bolívia e Colômbia, além do DEA (Drug Enforcement
Administration), agência de combate a entorpecente dos EUA. Possui também
adidâncias policiais, criadas em 2006, com o objetivo de realizar intercâmbio de
policiais, auxiliando o trabalho da Polícia Federal.
Já os equipamentos utilizados, pela Polícia Federal, na região de fronteira,
são carentes em alguns locais, já em outros, atendem a demanda existente. Por
exemplo, alguns locais não possuem acesso à internet, por não existir telefonia na
região. Isso provoca uma carência em todo o serviço prestado pelos policiais, no
local. Já em outras cidades, como Foz do Iguaçu, há aparelhos de raio-x e bodyscanners nos aeroportos, scanner, Vant - que segundo Meira, a principal função é
voar em locais de difícil acesso e manter uma vigilância direta. Além da tecnologia, é
necessária também uma grande equipe humana nos locais, tanto para analisar e
operar os equipamentos, quanto para executar as ações.
Uma das maiores falhas da atuação da Polícia Federal na fronteira é a falta
de efetivo policial. Para Smith, em termos de comparação, “o efetivo global da
Polícia Federal é um terço da Polícia Civil do Paraná”. Além disso, segundo Oliveira,
falta uma política de incentivo para aquele servidor que busca resultados na
corporação.
Apesar da falta de pessoas, Meira define que mesmo tendo poucos policias
trabalhando na fronteira, a Polícia Federal “é a melhor polícia do mundo”. Por
exemplo, no Brasil, na questão números de apreensões, a soma é inferior ao das 54
polícias estaduais existentes. “Nós conseguimos muito com muito pouco”, define
65
Meira. Porém, assume que, para atender à demanda da fronteira, a Polícia Federal
precisaria dobrar o efetivo policial de Guaíra e Foz do Iguaçu.
Já na atuação da Polícia Federal contra o tráfico de drogas na fronteira, as
principais drogas apreendidas são a maconha, cocaína, lança-perfume, haxixe e
ecstasy. “As outras não são comuns”, explica Smith. Meira acrescenta que a forma
mais usual do tráfico de entorpecentes se dá por terra, através de algum tipo de
veículo automotor - automóvel ou caminhão – em compartimentos falsos como:
“pneus, nas estruturas metálicas dos veículos, seus chassis, para-choques,
compartimentos internos, em baixo das forrações, etc.”.
O delegado Smith afirma também que, os traficantes não utilizam a divisa
Argentina (Misiones) – Brasil (Paraná) como rota de passagem da maconha. Smith
explica que por não ser produtora de maconha, a rota somente aumentaria o risco
para os traficantes que, precisariam passar a droga por duas fronteiras, por
exemplo, do Paraguai – produtor da droga - para a Argentina e da Argentina para o
Brasil. O tráfico somente do Paraguai para o Brasil, com extensas áreas fronteiriças,
algumas de difícil policiamento, é a opção dos traficantes. No caso da cocaína, a
fronteira Argentina/Brasil é utilizada como rota para outros países, porém na Tríplice
Fronteira, a única substância ilegal que adentra o país é o lança-perfume. “A
Argentina é utilizada para, principalmente, se comprar lança-perfume, que seria pra
eles um contrabando e para nós, tráfico de drogas”, concluiu Smith. Não é
considerado ilegal o uso de lança-perfume na Argentina.
13.3.2 Atuação do Crime Organizado e as dificuldades de desmantelar
as organizações criminosas
O delegado Oliveira confirma que algumas organizações criminosas, como
PCC (Primeiro Comando da Capital) e CV (Comando Vermelho) atuam no Paraná. O
PCC procura centralizar em presídios, já o CV tem como característica não se ater
apenas em um Estado e procura atuar ativamente nas fronteiras.
Apesar da diminuição do uso das denominações - Organização criminosa,
PCC, CV - na mídia, não significa que essas associações perderam importância ou
66
presença. Procura-se não enaltecer o crime, lideranças ou facções. Para Oliveira, ao
dar notoriedade às organizações, por exemplo, jovens e crianças podem adquirir
uma falsa ideia de poder, facilitando a entrada destes no crime. “Então eu acho que
é válido não ter que se exaltar esse tipo de coisa mesmo e inclusive, exaltar sim,
que a notoriedade é usada pelo crime organizado”, conclui Oliveira.
O trabalho da Polícia Federal contra o crime organizado barra na dificuldade
de obter provas contra as facções criminosas. “Algumas organizações já se
protegem, já vem na origem protegidas”, afirma Oliveira. A principal maneira de
proteção é a formação em forma de células, sem contato uma com a outra. Além
disso, o crime organizado atua com funcionários públicos, esconde patrimônios e
para desmantelar tudo, leva certo tempo. Além disso, os chefes de associações
criminosas, mesmo presos, continuarão a dar ordens. Isso ocorre devido às visitas
de advogados, visita intima de parente. “Então a nossa legislação isola a liberdade
física dele, mas não a liberdade intelectual e não o poder de mando, ela permite que
tenha esse poder de mando, isso ficou claro nas nossas operações”, conclui o
delegado Oliveira.
Outra dificuldade para desestruturar o crime organizado é a deficiência na lei
de expropriação de bens dos traficantes. Patrimônio obtido através, principalmente,
do tráfico de drogas. Para o delegado Smith, fazer com que haja um risco maior de
perda dos bens diminuiria a incidência dos criminosos.
13.3.3 Relação da Polícia Federal com a mídia
A mídia possui um papel essencial para a divulgação das ações realizadas
pela Polícia Federal no Brasil. A relação existente entre a imprensa e a Instituição,
de acordo com a pesquisa realizada, é bastante satisfatória. Marcos Koren, chefe da
comunicação social da Polícia Federal no Estado do Paraná, destaca que se foi
construindo uma relação de sucesso entre o órgão e a mídia, houve um
amadurecimento nesta relação, “nós temos um excelente relacionamento, que é
fruto da construção do trabalho nos últimos anos, de mútuo respeito, de grande
consideração da imprensa para conosco e da nossa parte para com a imprensa”.
67
É importante ressaltar que, mesmo sendo satisfatória, não é vista, pelos
entrevistados, como completa. No entender da Polícia Federal, é necessário que se
crie uma cultura dentro do jornalismo como um todo, para que especialistas no
assunto, ou pelo menos entendedores, atuem no ramo policial. Pois o que se vê é
que os repórteres que cobrem as ações da polícia não possuem conhecimento
prévio sobre os assuntos relacionados ao crime e às atribuições da polícia, não
apenas em relação à Polícia Federal, o que acaba criando notícias superficiais.
Meira salienta que o problema nas matérias que saem sobre a Instituição, muitas
vezes, é pela falta de experiência dos repórteres nesta área, “você tem gente que
em um dia trata, principalmente na imprensa escrita, do aumento do preço do arroz
e no outro dia ele está tratando de questões policiais. Então a gente nota que a
mídia poderia se especializar mais em uma área”.
Ainda em relação à importância da mídia, Meira afirma que no Brasil ainda se
encontram profissionais de comunicação que queiram passar a impressão de
‘justiceiros’, que pregam a ideia de que ‘bandido bom é bandido morto’, e não é esta
visão que a Polícia Federal busca apresentar à população. A principal importância
de se noticiar a prisão de uma determinada pessoa ou mostrar uma grande
apreensão de entorpecentes, além de prestar contas para a sociedade, é fazer com
que as pessoas entendam o trabalho da polícia e para que este conhecimento
chegue a elas. Para isso, então, seria imprescindível a especialização dos
repórteres no assunto.
13.3.4 Espaço destinado às ações da Polícia Federal, ao crime
organizado e ao tráfico de drogas na mídia
A Polícia Federal aparece com frequência na mídia, as apreensões de
quantidades de entorpecentes, prisões de traficantes são temas de interesse da
sociedade e, consequentemente, dos grandes veículos da imprensa. Entretanto,
nota-se que as informações passadas sobre as ações da polícia possuem apenas a
intenção de mostrar os resultados da ação, então dados como quantos presos e a
quantidade de droga apreendida tornam-se mais atrativa para a mídia que a
68
apresentação de como se chegou a este fim. A deflagração de uma operação é a
última etapa de uma investigação, porém apenas esta fase é apresentada, com
frequência, para a população. Oliveira acredita que essa preferência, de apresentar
apenas a informação resumida, está vinculada diretamente ao fato de que se espera
uma rapidez na informação e por a imprensa possuir um público que se interessa
por assuntos diversos e precisar saciar estes tantos interesses - como esportes
política e economia – os veículos buscam dividir seu tempo, com informações
rápidas e sem aprofundamento, entre os diferentes assuntos.
Oliveira completa que seria interessante tornar-se assunto de pauta para o
jornalismo a prevenção ao crime e não apenas mostrar as ações de repressão. Em
relação ao espaço destinado aos assuntos sobre crime organizado e tráfico de
drogas, houve uma melhora em relação à divulgação das ações da mídia. Oliveira
ressalta que é visível a diferença de espaço que as ações da polícia possuem na
imprensa em relação ao espaço da cultura do crime, “enxergo isso como um
processo de melhora. Já houve épocas ai que se ressaltava essa cultura da
marginalidade, a gente via isso, principalmente nos locais mais simples”. Ainda
completa que assuntos envolvendo política e crimes financeiros possuem maior
espaço que o crime organizado entre os meios de comunicação. “Normalmente
quando envolvem partidos políticos, dinheiro público, futebol, alguma coisa de
comoção popular, aí o crime vinculado aquilo é tratado com mais atenção”.
Sobre o tráfico de drogas, Smith é enfático ao afirmar que a mídia possui
influência em relação a esse tema. “O problema é o seguinte: o ser humano é um
ser sociável e entre aspas, é um macaquinho de imitação, ele aprende muito com o
comportamento do vizinho. A mídia, como um todo – não só jornalistas e repórteres
– é uma das grandes usuárias de drogas do Brasil”. Para ele, enquanto a mídia, e
isso inclui atores e cantores brasileiros, pregarem que uma determinada droga tenha
de ser liberada e que o álcool não traz malefícios para a sociedade, certa quantidade
de pessoas irão sim, experimentar essas substâncias, por influência.
Quando vários jornalistas, vários artistas fazem pronunciamento de
que a maconha é uma droga leve e deveria ser descriminalizada,
quando a gente sabe que a maconha, realmente não é das drogas
mais pesadas, mas é a grande porta de entrada, juntamente com o
álcool, para as drogas ditas mais pesadas. [...] A mídia como um todo,
não só os jornalistas, não só os atores, não só os cantores teriam que
repensar essa relação que eles têm na vida das pessoas. (Marco
Smith)
69
Meira completa que a mídia ainda peca na forma como trata o tráfico de
drogas, pois utiliza, em sua visão, uma leitura sociológica ultrapassada em que o
crime se justifica pela pobreza e que os traficantes são bons para as suas
comunidades. “O crime nunca resolveu problema social nenhum, o crime nunca tirou
ninguém da miséria. O crime só aumenta a miséria e só traz mais tristeza e
desgraça”, finaliza.
13.3.5 Como a mídia apresenta as ações da Polícia Federal na
fronteira?
A pesquisa realizada sobre o trabalho de mídia na fronteira chegou a diversas
conclusões sobre as dificuldades encontradas na divulgação de ações da Polícia
Federal nesta área, sendo necessária explicar inicialmente o funcionamento das
comunicações sociais nas cidades de Guaíra e Foz do Iguaçu. Através das
respostas obtidas, foi analisado que os responsáveis não são formados em
jornalismo e não possuem cursos de especialização neste ramo, o que, com certeza,
prejudica na divulgação dos trabalhos realizados. Nestas cidades, servidores
formados em outros cursos assumem a responsabilidade de fazer o assessoramento
interno - com a comunicação entre os funcionários – e o assessoramento de
imprensa – divulgação e acesso à imprensa para informações internas. Koren
explica que há uma preocupação para que funcionários destinados a esta área
estudem e se aprimorem no ramo de comunicação social para cuidar da imagem da
Polícia Federal, porém ainda não é a realidade. “Seria interessante que a Instituição,
em algum momento, preparasse cursos de formação, de capacitação, de
treinamento nessa área, para que nós tenhamos uma resposta à altura do que a
Instituição merece”. Em segundo plano, foi possível observar que as apreensões
nestas áreas são diárias, o que torna as notícias repetitivas e de menor interesse
para a mídia. Além disso, há outra questão que dificulta a ação da imprensa em
relação à fronteira que são as normas internas, nas quais se exige que a segurança
seja prioridade. “Nós temos que pensar na responsabilidade que é do agente
70
público, no caso do policial, a segurança do colega jornalista que estaria
acompanhando a equipe”, explica Koren.
13.3.6 Conclusões da Pesquisa Qualitativa
Segundo o que se pode analisar com a pesquisa, o trabalho realizado pela
Polícia Federal na fronteira, de acordo com a própria polícia, é eficiente, porém
possui problemas. A falta de funcionários, por exemplo, é uma questão abordada por
todos os entrevistados, mas, apesar de pouco efetivo, a polícia ainda consegue
desmantelar diversas quadrilhas e prender vários criminosos. A fronteira, por ser
extensa, precisaria do dobro de policias para fiscalizá-la com qualidade.
Já no combate ao tráfico de drogas e ao crime organizado, a Polícia Federal
se mune de diversas tecnologias e equipamentos para investigar com qualidade e
para retirar os indivíduos, participantes das facções e ações criminosas, da
sociedade. Mesmo assim, a Polícia Federal é barrada por diversos problemas como:
a proteção interna das próprias organizações criminosas, a facilidade de
comunicação do preso com a quadrilha, entre outros.
É possível, diante das situações apresentadas, concluir que a Polícia Federal
no Estado do Paraná vê a mídia como uma parceira em suas ações. Porém, por
questões internas – instruções normativas e os cuidados para não divulgar
informações que poderiam prejudicar próximas investigações –, por falta de
jornalistas com especialidade em segurança pública e crime organizado e pelas
concorrências editoriais existentes dentro dos meios de comunicação, a sociedade
perde a oportunidade de conhecer mais profundamente a atuação da Polícia Federal
no Estado.
Ainda existem falhas internas na Polícia Federal em relação aos responsáveis
por responder pela imagem da Instituição, o que leva a notícias repetitivas e que se
torna de menor interesse para os editores dos veículos de comunicação. Também é
possível perceber uma forma errônea de como a mídia aborda as questões
relacionadas ao crime organizado e ao tráfico de drogas, podendo chegar à
conclusão de que a imprensa possui a sua parcela de responsabilidade no assunto,
71
pois aborda de maneira insuficiente a questão do consumo das drogas, além de
tratar de forma superficial a questão da repressão a entorpecentes.
14. DELINEAMENTO DO PRODUTO
Nessa etapa do trabalho, apresentam-se as considerações a respeito das
escolhas que encaminharam o projeto para a fase de conclusão do produto final, o
videodocumentário “Polícia Federal – A Guardiã da Fronteira”. Os tópicos auxiliam a
compreender o caminho escolhido pelas idealizadoras deste projeto, ressaltando a
decisão de mostrar como é realizado o trabalho da Polícia Federal no Estado do
Paraná no combate ao tráfico de drogas na região de fronteira.
14.1 FORMATO
O videodocumentário exibe a atuação da Polícia Federal contra o tráfico de
drogas na fronteira Brasil (Paraná) – Paraguai (Canindeyú e Alto Paraná). As
cidades apresentadas no videodocumentário são Guaíra e Foz do Iguaçu.
A escolha do produto para a concretização deste trabalho foi a primeira etapa
decidida, pois a apresentação de imagens e sons que representem a atuação da
Polícia Federal na fronteira, visto do ângulo da Instituição, se diferencia de outras
formas da exibição deste tema44.
O videodocumentário jornalístico tem a duração de aproximadamente 30
minutos, em formato de média-metragem, no qual se caracteriza por ter a duração
entre 15 e 70 minutos45. Zanetti (2010) acrescenta que, em caso de
videodocumentário institucional, deve ter entre 17 e 40 minutos para que não se
44
Argumentação no tópico da Justificativa, p. 40.
Veja a Instrução Normativa no site: <http:// www.ancine.gov.br/legislacao/instrucao-normativa-n-78de-14-de-outubro-de-2008>.
45
72
confunda com um vídeo institucional, que deve possuir no máximo oito minutos de
duração.
O produto não usou a narrativa com voz locutor (off) para não tirar o tom
realístico do vídeo. Depois de pesquisar autores como Bill Nichols, chegou-se a
conclusão que este videodocumentário se enquadra na mistura de características do
formato observativo e reflexivo.
Foi utilizado para a apresentação dos personagens o Gerador de Caracteres
(GC), contendo o nome dos personagens em alaranjado – uma das cores da Polícia
Federal –, e o cargo dentro da Instituição. Também foram acrescentadas algumas
informações durante as imagens de corte, que seguiram o padrão visual do GC.
A escolha do nome foi a última decisão deste trabalho, pois por opção das
autoras, primeiramente seria assistido o produto, na sua versão final, para alcançar
o nome que melhor representasse os assuntos discutidos no videodocumentário.
14.2 EQUIPAMENTOS
Para a gravação foram utilizadas duas câmeras sendo uma Panasonic
HGVDC 20 MINI DV, disponibilizada pelas Faculdades Integradas do Brasil e Canon
t3i, emprestada pelo Departamento de Polícia Federal durante o processo de
gravação. Todas as entrevistas foram gravadas com microfone de lapela, Sony ECM
44B, também disponibilizado pelas Faculdades Integradas do Brasil. A edição foi
realizada pelas próprias acadêmicas utilizando o programa Vegas Pró 11, já a
finalização do videodocumentário foi realizada por um editor de vídeos profissional,
utilizando o programa After Effects.
73
14.3 PERSONAGENS
Os personagens escolhidos para a gravação do videodocumentário foram
selecionados por apresentarem algumas características importantes, como tempo de
trabalho na fronteira do Paraná e relação do trabalho desenvolvido no combate ao
tráfico de drogas.
Os entrevistados de Foz do Iguaçu foram selecionados por serem chefes de
setores ou por serem profissionais de alto nível, ou seja, chefes substitutos.
A Unidade de Cães de Serviços – setor responsável por cães detectores de
drogas – foi representada pelo chefe do setor, Carlos Alberto Pinheiro Cruz, 44
anos, conhecido pelo seu ‘nome de guerra’, APF Cruz. Escolhido pelo cargo de
chefia, trabalha há 15 anos na Polícia Federal e durante todo esse período ficou
lotado na cidade de Foz do Iguaçu, participando de aproximadamente 15
operações46 de tráfico de drogas.
No Núcleo de Polícia Marítima, Nepom, dois policiais foram selecionados para
participar do videodocumentário. Primeiramente, o chefe do setor, Augusto da Cruz
Rodrigues, 51 anos, conhecido por APF Rodrigues, trabalha na cidade de Foz do
Iguaçu, desde que entrou na Polícia Federal no ano de 1985. No período da
gravação deste videodocumentário estava em missão na cidade de Guaíra, local
onde foi gravada a entrevista. O segundo entrevistado do Nepom, Celso João Calori,
54 anos, chefiava o núcleo em Foz do Iguaçu, durante a ausência de Rodrigues.
Calori trabalha na Polícia Federal há 24 anos e, como Rodrigues, sempre foi lotado
na região de fronteira. Os dois participaram juntos, de mais de 300 operações
durante esses anos de carreira.
Responsável por comandar as ações no Aeroporto Internacional de Foz do
Iguaçu e Ponte da Amizade, Laércio Aparecido Grejanin, 46 anos, atua há seis anos
na Polícia Federal, com mais de 45 operações de repressão ao tráfico de drogas.
Gildeto Stel Meira, 42 anos, possui a formação acadêmica em História, porém
atua, como agente, na Polícia Federal há 16 anos. Sua experiência de 14 anos, na
região de fronteira, o fez acumular cerca de 160 operações contra o tráfico de
drogas. Apesar de trabalhar em Curitiba, estava em missão na cidade de Guaíra
46
Nesses números não foram contabilizados as apreensões de rotina da Polícia Federal.
74
durante as gravações do videodocumentário. Fábio Telles da Silva, 33 anos, atua
em parceria com Gildeto, há seis anos, desde que entrou na Polícia Federal e
mantêm a média de aproximadamente 10 operações de repressão ao tráfico de
drogas na região fronteira. Apesar de também estar em Guaíra, no período das
gravações, sua entrevista só foi gravada em Curitiba, por estar em diligência.
Marco Berzoini Smith, conhecido por Delegado Smith, 32 anos, trabalha na
Polícia Federal há seis, sendo cinco anos na região fronteiriça. Assim como Telles e
Gildeto, encontrava-se na cidade de Guaíra. Smith representa um personagem
importante, principalmente, por sua experiência em operações na fronteira,
aproximadamente 20, que o levou a chefiar a Delegacia de Repressão a
Entorpecentes, em Curitiba, desde 2011.
Em Curitiba foram entrevistados os delegados Mesquita, Renato Lima e
Milaneze. Wagner Mesquita de Oliveira, 39 anos, Chefe da Delegacia Regional de
Combate ao Crime Organizado no Estado do Paraná, trabalha na Polícia Federal há
nove anos, sendo dois deles na região de Foz do Iguaçu. Foi responsável por
comandar mais de vinte operações policiais que resultaram na prisão de traficantes
de renome nacional, como Fernandinho Beira-Mar (Operação Fenix), Éder Conde
(Operação Ressaca), Juca Pires (Operação Catimbó), entre outras.
O Delegado Marcos Renato da Silva Lima, 35 anos, atua há nove anos no
ramo policial, sendo sete em Foz do Iguaçu. Atuando no núcleo de operações da
Polícia Federal, participou de mais de vinte operações da polícia. E em 2012, está
lotado na cidade de Curitiba, assim como o Delegado Roberto de Mello Milanezze.
Em Foz do Iguaçu, Álvaro Webber dos Santos, 53 anos, foi entrevistado por
trabalhar no setor da carceragem da Polícia Federal, e apesar de estar no cargo há
apenas dois anos, detêm um conhecimento aprofundado sobre as características
dos presos que ficam custodiados na Polícia Federal por tráfico de drogas, pois
trabalha na Instituição desde 1984.
Como característica primordial, todos os entrevistados já deveriam ter no
currículo policial passagem pelas cidades de Foz do Iguaçu ou Guaíra. Dos
primeiros selecionados, houve uma segunda seleção para verificar suas histórias e
se possuíam experiência em entrevistas, nessa fase, as acadêmicas optaram por
personagens que apresentassem uma boa locução.
Nenhum dos servidores da Instituição recusou-se a dar entrevista para a
equipe. Todos os entrevistados assinaram a Autorização para uso de Imagem.
75
14.4 PÚBLICO-ALVO
O videodocumentário tem como público alvo interessados no trabalho que a
Polícia Federal realiza contra o tráfico de drogas na fronteira do Paraná. Para
estabelecer um grupo, optou-se pelos estudantes universitários, que estudam em
cursos relacionados com o tema, por exemplo, jornalismo, direito e serviço social.
A universidade propicia um amplo debate sobre vários assuntos, entre eles a
segurança pública. Por isso, apresentar o produto visual dentro das salas de aulas
pode acarretar estudos sobre os modelos de segurança pública adotada pelas
polícias brasileiras. Por ser um órgão público, a Polícia Federal precisa prestar
contas do seu serviço para a sociedade. Apresentar este serviço aos estudantes
trará discussões e análises dentro das salas de aula.
A escolha dos cursos se deu em razão da proximidade que estes profissionais
podem ter, durante o exercício de suas profissões, com o trabalho da Polícia
Federal. Estudantes de direito podem se tornar delegados, agentes ou escrivães da
Instituição. Os jornalistas, principalmente aqueles que irão para a área policial,
precisam entender os mecanismos de trabalho da Polícia Federal para agregar
conhecimento às reportagens. A área de serviço social é voltada para a análise dos
prejuízos causados pelo tráfico de drogas nas áreas pobres, além do trabalho com
os próprios envolvidos.
Além dos alunos universitários, o produto também tem como público alvo os
cursos preparatórios para os concursos públicos, principalmente àqueles voltados à
área de segurança pública. Os estudantes que se preparam para entrar na Polícia
Federal, ao assistir o videdocumentário, terão um conhecimento extra sobre o
trabalho da Instituição. Trabalho a qual eles farão parte quando entrarem no Órgão.
Bittner (2003) avalia o trabalho policial como um conjunto de habilidades,
competência e conhecimento. Por isso, entender como funciona o tráfico de drogas
na região de fronteiras é importante para o futuro policial, pois ao entrar para o curso
da Academia Nacional de Polícia o aluno já terá um domínio sobre a maneira de
atuação das organizações criminosas em relação ao tráfico de drogas. Este
conhecimento poderá induzir o aluno a levantar discussões mais aprofundadas
sobre novas formas de combate da Polícia Federal contra o tráfico de drogas na
76
fronteira. Já os estudantes de outras polícias, como Polícia Militar, Civil e Rodoviária
Federal poderão compreender como a Polícia Federal trabalha contra o tráfico de
drogas na fronteira, para desenvolver novos métodos de atuação ou capacitar
policiais da Instituição escolhida.
Os servidores que trabalham nos órgãos de segurança pública também são
considerados público alvo. Por já trabalharem dentro da área, o interesse pelo
assunto é grande.
14.5 VEICULAÇÃO
A veiculação deste documentário, visando alcançar o público alvo definido,
será nas salas de aula dos cursos universitários de direito, jornalismo e serviço
social de várias faculdades do Paraná; nas salas de aula dos cursos preparatórios
para concursos públicos na área de Segurança Pública, como Polícia Federal,
Polícia Militar, Policia Rodoviária Federal, entre outros; em órgãos públicos ligados
ao tema e em festivais universitários.
Para apresentar o documentário nas salas de aula das universidades, será
estabelecido um contato com a coordenação dos cursos propostos para a
apresentação do trabalho. A seguir haverá um acordo sobre o modo de exibição do
documentário e disponibilidade das datas e horários da universidade.
Já nas aulas dos cursos preparatórios de concursos, também haverá um
contato com a coordenação da empresa visando apresentar o trabalho. Será
instituído um acordo sobre as datas, horários, local e modo de exibição, além da
proposta de haver um contato entre as autoras do documentário e o público.
O produto visual também será disponibilizado nos órgãos de segurança
pública, como a própria Polícia Federal, a Polícia Militar, a Polícia Civil, a Polícia
Rodoviária Federal, além do Exército Brasileiro, que também participa da segurança
das fronteiras brasileiras.
O videodocumentário também será inscrito nos festivais universitários
brasileiros. Após a inscrição, a aprovação será estabelecida pelos organizadores.
77
14.6 PROCESSOS DE GRAVAÇÃO E RESTRIÇÕES
O trabalho de gravação que resultou no videodocumentário sobre a atuação
da Polícia Federal na fronteira do Brasil com o Paraguai foi realizado na região da
fronteira, especificamente nas cidades de Foz do Iguaçu e Guaíra, durante a
semana dos dias 22 a 29 de julho de 2012.
O processo começou uma semana antes da data da viagem, pois a equipe
seria acompanhada por um agente federal desde Curitiba até as cidades de Foz do
Iguaçu e Guaíra, sendo necessária a prévia autorização do Superintendente da
Polícia Federal no Estado do Paraná, José Alberto de Freitas Iegas.
Antes da viagem, os personagens já estavam pré-selecionados, assim como
o pré-roteiro com a ordem das entrevistas e perguntas para os entrevistados, porém
este pré-roteiro teve algumas modificações, devido ao tempo das entrevistas,
rendimento de material, cenas não programadas para filmagem, entre outros
assuntos. Apesar do pré-roteiro das entrevistas, novas perguntas foram adicionados
no decorrer do trabalho.
A primeira cidade de gravação foi Guaíra, com duração de dois dias. Nesta
cidade, no primeiro dia de gravação, agentes do Núcleo de Polícia Marítima da
Polícia Federal – NEPOM – acompanharam a equipe de gravação para as filmagens
nas embarcações da Polícia, com o intuito de apresentar os principais trajetos de
traficantes de drogas da região pelo Rio Paraná. No dia seguinte, no período da
manhã, a equipe viajou de carro, com um agente da Policia Federal para a divisa
entre o Mato Grosso do Sul e Paraguai para mostrar a divisa terrestre entre Brasil e
Paraguai. A tarde foi reservada às quatro entrevistas de Guaíra que foram gravadas
na Delegacia de Guaíra e no NEPOM. Já no período da noite, policiais federais
montaram uma barreira policial de rotina na entrada de Guaíra, para que a equipe
pudesse filmar as suas ações por meio terrestre. Nesta fase da gravação a principal
restrição ocorreu pela pouca quantidade de efetivo, cerca de 50 pessoas,
trabalhando na cidade nessa semana.
Na quarta-feira, no período da tarde, a equipe chegou a Foz do Iguaçu. Em
razão do horário, apenas se apresentou ao Chefe da Delegacia de Foz e marcou as
primeiras entrevistas para o dia seguinte. Pelo tamanho e importância dessa cidade
78
para o contexto do presente trabalho, os dias de gravação foram maiores que na
cidade de Guaíra. No primeiro dia, a entrevista foi gravada dentro da delegacia, no
setor da carceragem. Ainda pela manhã, a equipe acompanhou a equipe do NEPOM
– de Foz do Iguaçu – até sua sede, localizada dentro das dependências da ITAIPU,
sendo permitida a gravação durante todo o trajeto dentro da propriedade. Pelo mau
tempo que fazia na cidade no dia da gravação não foi possível que a equipe
gravasse no Lago Itaipu e no Rio Paraná, porém foram cedidas imagens feitas pela
própria Policia Federal. Já no período da tarde, a equipe do canil, que estava
preparada para realizar uma barreira policial na BR 277, com o intuito de vistoriar os
ônibus de sacoleiros que passam pelo local, permitiu o acompanhamento dessa
ação. Porém, já no local, a chuva acabou prejudicando a barreira policial e,
consequentemente, a filmagem. Entretanto, para que nossa equipe pudesse
presenciar a ação completa, uma nova barreira foi programada para o dia seguinte.
Na sexta-feira, a equipe, pela manhã, gravou as ações da Polícia Federal,
primeiramente na Ponte da Amizade e depois no Aeroporto Internacional de Foz do
Iguaçu. À tarde, a equipe gravou com o responsável pelo canil da Polícia Federal e
após a gravação, acompanhou-os até o ponto de fiscalização da Polícia Federal, na
BR 277. Após três horas de gravação, um rapaz, menor de idade, foi flagrado com
LSD, sendo necessário que os agentes se deslocassem à Delegacia de Polícia Civil,
para que as medidas necessárias fossem tomadas. A equipe acompanhou toda essa
ação, que teve o término próximo às 22h da noite. Já no sábado, a Polícia Federal
realizou a apreensão de aproximadamente 150 quilos de cocaína. Agentes da
Polícia Federal aguardaram a chegada de nossa equipe para começar a abrir os
compartimentos do caminhão que guardavam a droga, para que a ação pudesse ser
filmada.
Em Guaíra, três entrevistas foram gravadas, em Foz do Iguaçu, quatro e em
Curitiba mais quatro entrevistas foram feitas com delegados e agentes da Polícia
Federal, que possuem experiência na região de fronteira.
As principais limitações encontradas durante o processo de gravação foram
as dificuldades para conversar com o lado oposto da Polícia Federal a respeito do
tráfico de drogas. Foi permitido que a equipe visitasse e conhecesse a Penitenciária
Federal de Catanduvas, no Estado do Paraná, porém não foi permitido que presos
fossem ouvidos pela nossa equipe, já que seria necessária uma autorização prévia
da Justiça.
79
14.7 TRILHA SONORA
Para esse videodocumentário foram utilizadas duas trilhas sonoras. A
primeira, que começa e finaliza o videodocumentário, é intitulada como “O dia que
não terminou”47, do cantor e compositor brasileiro Tico Santa Cruz. A música foi
lançada no ano de 2004, no segundo álbum da banda, gravada pela Warner
Brothers Records, na cidade do Rio de Janeiro. As autoras desse trabalho
conseguiram a autorização de direitos autorais48, através de contato telefônico com
o empresário da banda.
Já a segunda música utilizada foi retirada do site 'freeplaymusic.com', cujo
termo de uso49, libera a utilização livre das músicas para estudantes que utilizem seu
material para apresentação que conste no currículo acadêmico. A música escolhida
“Gates to Adis”, do compositor Dimitrius Hatzisavas, compõem a vinheta de abertura
do documentário, juntamente com o áudio, cedido pelo Departamento de Polícia
Federal, “A goiaba escapou”, gravado durante investigações da Polícia Federal na
fronteira.
14.8 ORÇAMENTO
A versão realizada para a apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) não utilizou a mão de obra de jornalistas formados, sendo gravado e editado
pelas próprias acadêmicas, reduzindo estes custos. Os equipamentos utilizados
para a produção deste videodocumentário jornalístico foram emprestados pelo
Departamento de Polícia Federal no Estado do Paraná e pelas Faculdades
Integradas do Brasil, havendo apenas o custo de dez fitas mini-dv, no valor de R$
9,70 (valor unitário), totalizando 97 reais. Apesar de a edição ter sido realizada pelas
próprias acadêmicas, foi realizado um orçamento na empresa Ludovic Produções
47
Veja em anexo a letra da música “O dia que não terminou”, p. 192.
Autorização em apêndices, p. 183.
49
Veja o termo de uso no site http://freeplaymusic.com/licensing/termsofuse.php.
48
80
para a cotação de preços de edição de vídeo. Foi necessário o pagamento de um
editor de vídeo para realizar a finalização do videodocumentário, no valor de 200
reais.
O valor dos profissionais de uma reportagem cinematográfica, de acordo com
a Tabela de Salário e Free Lance do Sindicato dos Jornalistas do Paraná, gira em
torno de 397,44 reais, por dia, enquanto o valor mensal de um repórter
cinematográfico mensal chega a 2.323,68 reais.50
A filmagem ocorreu nas cidades de Guaíra e Foz do Iguaçu, havendo, assim,
um custo adicional com a locomoção.
Orçamento
Pedágio
51
Gasolina
Hotel Palmeiras (localizado em Laranjeiras do
Sul)
Hotel Sete Quedas
Alimentação
Locomoção dentro da cidade
Subtotal
Curitiba – Guaíra
55, 50 reais
127,01 reais
90,00 reais – quarto duplo – Uma noite
Orçamento
Pedágio
Gasolina
Subtotal
Guaíra – Foz do Iguaçu
10,30 reais
48,32 reais
R$ 58, 62
Orçamento
Hotel Corados
Alimentação
Locomoção dentro da cidade
Subtotal
Foz do Iguaçu
110,00 reais – quarto duplo – Quatro noites
20 reais por dias (5 dias) – uma pessoa
80 reais
R$ 720,00
Orçamento
Pedágio
Gasolina
Subtotal
Foz do Iguaçu – Curitiba
73,70 reais
127,20 reais
R$ 200,90
Orçamento
52
Câmera Filmadora
Materiais Adicionais
168,00 (segunda a quinta) – 5 dias
210,00 (sexta, sáb, dom) – 4 dias
9,40 reais (unidade) – 10
0,98 reais (unidade) – 10
R$ 1783,80
Fita Mini DV
DVD
Subtotal
50
100 reais – quarto duplo – Duas noites
20 reais por dias (3 dias) – uma pessoa
Sem custo
R$ 592,51
Veja a tabela em anexos, p. 189.
Valor aproximado, calculado pelo site <www.mapeia.com.br>, considerando o consumo do veículo
11 km/l e o valor da gasolina em R$ 2,20.
52
Orçamento detalhado na p. 186.
51
81
Orçamento
53
Repórter Cinematográfico
Editor de Vídeo
Profissionais
2.323,68 reais (por repórter ) - 2 pessoas
54
2.300,00 reais
Editor para finalização
Subtotal
200, 00
R$ 7.147,36
Valor Total:
R$ 10.503,19
Porém, no caso deste Trabalho de Conclusão de Curso, não houve o custo
com a mão de obra de repórter cinematográfico, editor de vídeos e equipamentos de
filmagem, reduzindo os custos de produção.
O produto pode ser viabilizado através do apoio e patrocínio do Departamento
da Polícia Federal, que inclusive auxiliou nos custos da viagem, diminuindo o valor
das despesas.
14.9 ROTEIRO
A primeira decisão para a construção do roteiro foi que seria imprescindível a
viagem para a região de fronteira para a gravação com os personagens do
videodocumentário e imagens de corte. A partir disso, começaram a seleção dos
entrevistados e a preparação para a viagem, que teve a data escolhida de acordo
com a agenda profissional das acadêmicas.
Os assuntos abordados no videodocumentário foram: o funcionamento do
tráfico de drogas e do crime organizado na fronteira, a rota utilizada pelos criminosos
para a entrada da droga vindas do exterior para o Brasil – através do Estado do
Paraná, as consequências dessas ações no âmbito social, e principalmente, qual é a
atuação da Polícia Federal na região de fronteira para coibir essas atividades ilegais.
53
Os valores, de acordo com a tabela de Salários e Free Lance do Sindjor-Pr para repórter
cinematográfico apresentam diferenças de valores para gravações na cidade em que o repórter
reside e para gravações em cidades que demandam viagem.
54
Orçamento detalhado em anexo, p. 188.
82
14.9.1 Imagens
Em relação à identidade visual do videodocumentário, a primeira decisão foi
em relação ao enquadramento padrão que seria em primeiro plano que, de acordo
com Machado (1999), é a “posição ocupada pelas pessoas ou objetos mais
próximos à câmara, à frente dos demais elementos que compõem o quadro” (p. 09).
Porém, em algumas situações, outros enquadramentos como Plano Médio e
Contraplongê
também
foram
utilizados.
Em
determinadas
cenas
do
videodocumentário foi necessário que, através da edição, alguns rostos de civis,
fossem ocultados para não criar nenhum tipo de constrangimento. Foram utilizados
cortes secos durante o decorrer do videodocumentário.
Todas as imagens de corte do videodocumentário foram produzidas pelas
acadêmicas, com exceção de algumas ações da Polícia Federal que foram cedidas
pelo Departamento para utilização no trabalho, sendo elas: movimentação na
fronteira, com pessoas carregando caixas na beira do Lago de Itaipu (tempo no
videodocumentário: 00:07 à 00:18); policiais federais saindo no barco e entrando nas
margens do Rio Paraná
(tempo no videodocumentário: 03:54 à 03:54);
movimentação de carros na Ponte da Amizade (tempo no videodocumentário: 04:00
à 04:02); imagem aérea da lancha da Polícia Federal no Lago de Itaipu (tempo no
videodocumentário: 05:16 à 05:36); lancha da Polícia Federal interceptando barco
ilegal no Lago de Itaipu (tempo no videodocumentário: 05:45 à 05:59); imagens da
câmera térmica (tempo no videodocumentário: 06:44 à 06:58); barco da Polícia
Federal em diligência pelo Lago de Itaipu (tempo no videodocumentário: 07:17 à
07:30); retirada de maconha de dentro de um veículo (tempo no videodocumentário:
09:34 à 09:47); ônibus passando na Ponte Internacional da Amizade (tempo no
videodocumentário: 09:55 à 09:58); fiscalização da Polícia Federal dentro de um
ônibus de viagem
(tempo no videodocumentário: 14:52 à 16:19); retirada de
maconha de dentro do veículo (tempo no videodocumentário: 29:20 à 29:47).
Buscou-se, no decorrer do videodocumentário, apresentar imagens que
representassem o trabalho da Polícia Federal, no seu dia a dia. De acordo com o
Memorando nº 18/2012 - DREX55, o fuzil é uma das armas utilizadas pela Instituição
55
Veja o Memorando n°18/2012 – DREX na p. 190.
83
no combate ao crime organizado, portanto foi escolhido como imagem do título. A
imagem do Gerador de Caracteres (GC) utilizada no videodocumentário é a
representação, em figura, de um agente de Polícia Federal uniformizado.
Em determinadas cenas sentiu-se a necessidade de apresentar um lettering,
mantendo a identidade do videodocumentário, para explicar ao público o que
acontecia na cena no momento. Zanetti (2010) explica que o lettering são
informações, através de palavras, que sobrepõem imagens para situar o
telespectador.
Para que não houvesse dúvidas sobre os entrevistados o videodocumentário
apresentou, através do GC, nome e sobrenome de todos os entrevistados, além do
cargo que ocupam dentro da Polícia Federal.
Com a opção de fazer um videodocumentário institucional da Polícia Federal,
na qual a principal intenção era apresentar o trabalho da Instituição sob o ponto de
vista dos próprios servidores do Órgão, optou-se por não utilizar a locução em off,
pois qualquer interpretação feita pelas acadêmicas poderiam influenciar na situação
apresentada ao telespectador. Então, o videodocumentário apresenta-se todo
através de relatos e imagens da Polícia Federal.
Após a gravação, todas as entrevistas e imagens de corte foram decupadas,
para que houvesse uma visão geral do material bruto, totalizando 80,46 gigabytes.
Somente com esse material em mãos foi possível que o primeiro roteiro fosse
desenvolvido. A partir disso, alterações foram necessárias, chegando ao roteiro final,
após 10 versões editadas pelas próprias acadêmicas.
Na última versão do videodocumentário, houve uma mescla de imagens e
entrevistas para, primeiramente, chamar a atenção do telespectador e também para
alertá-lo que após determinada imagem, o assunto mudaria.
Antes de mostrar para o público o trabalho da Polícia Federal, ou seja, antes
da abertura oficial do videodocumentário, foi apresentado brevemente o que é o
tráfico de drogas e quais as rotas utilizadas pelos traficantes para a entrada de
drogas no Brasil, através do Estado do Paraná. A vinheta de abertura oficial entra
depois da apresentação dos dados, para mostrar que o videodocumentário fala da
atuação da Polícia Federal na repressão da atividade criminosa.
Apesar de se tratar de um videodocumentário institucional da Polícia Federal,
o foco não era apresentar os números de viaturas, policiais ou outros dados, e sim
apresentar o tráfico de drogas e a ação da polícia, sob uma visão interna, para o
84
público-alvo. Então, os entrevistados mostraram, através de suas experiências, o
que vivem ou viveram na fronteira, na atividade de repressão ao tráfico de drogas.
Explicou-se durante o decorrer do trabalho a diferença entre os cargos dentro
do crime organizado e o tráfico de drogas, por exemplo: a diferença entre uma
“mula” do tráfico e um “traficante de ofício”, ou seja, aquele que vive apenas para
traficar. Outro ponto destacado no documentário foram as formas de transporte das
substâncias entorpecentes, ou seja, os métodos de ocultação da droga. Também
foram mostrados como é a atuação da polícia e quais os meios que ela possui para
agir, por exemplo: a divisão em núcleos para que todas as formas de entradas da
droga possam ser fiscalizadas ao mesmo tempo, como o Núcleo de Polícia Marítima,
Aeroportos, Postos na Ponte Internacional da Amizade e Unidade de Cães de
Serviço.
Outro ponto discutido no trabalho foi a questão do valor do tráfico de drogas
na sociedade. Os entrevistados apresentaram, através de exemplos, quanto um
traficante de drogas recebe para cometer essa atividade ilícita e mais, propuseram
um comparativo com outros investimentos que também são capazes de gerar lucros
em nosso país. As consequências do tráfico de drogas na sociedade e histórias
vivenciadas pelos servidores da Polícia Federal completaram os assuntos
abordados, durante o videodocumentário.
Porém, para que o trabalho não se resumisse apenas às entrevistas, optou-se
por apresentar diversas imagens, com o áudio original, para que o público pudesse
sentir e vivenciar, através delas, um pedaço do que é a fronteira do Paraná. Nessas
imagens não houve intervenções para que o telespectador pudesse tirar suas
conclusões sobre a atuação da Polícia Federal. Outro recurso visual utilizado foi a
apresentação de mapas animados em 2D, para que a rota do tráfico ficasse
completamente clara na visão do público. E ainda, na questão de animação, foi
apresentada uma tabela, durante a exposição sobre os diferentes tipos de
investimento, para que o telespectador pudesse acompanhar o pensamento e a
argumentação do entrevistado.
Na última parte do documentário, foram apresentados dados de número de
prisões e internações médicas por tráfico de drogas em tela preta para chamar a
atenção do telespectador.
Ao final do videodocumentário, subiram os créditos que, segundo Machado
(1999), se caracteriza por demonstrar reconhecimento e agradecimento a qualquer
85
tipo de contribuição feita por uma pessoa física ou jurídica que tenha contribuído
para a produção e execução do produto audiovisual. Nesta fase, a imagem
selecionada é a do pôr-do-sol da cidade de Guaíra, gravada durante uma diligência
no Rio Paraná, para que as acadêmicas pudessem conhecer pessoalmente o foco
do trabalho realizado pela equipe marítima da Polícia Federal na cidade.
Para criar uma base videográfica na construção do roteiro foram assistidos,
no primeiro semestre de 2012, diversos videodocumentários brasileiros. Edifício
Master e Jogo de Cena, do diretor Eduardo Coutinho, produzidos nos anos de 2002
e 2007 respectivamente; Entreatos, dirigido por João Moreira Salles, em 2004;
Falcão – Meninos do Tráfico, de MV Bill e Celso Athayde, em 2006; Jogo de Cena,
com direção de José Padilha, no ano de 2002; e Aborto dos Outros, da diretora
Carla Gallo, em 2008. De cada um desses documentários, foi buscado inspiração e
exemplos para auxiliar na produção do videodocumentário “Polícia Federal – A
Guardiã da Fronteira”.
86
15. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a elaboração deste trabalho, foi possível observar e analisar o trabalho
realizado pela Polícia Federal, na região de fronteira, visando o combate ao tráfico
de drogas. Além disso, foi discutida a relação existente entre crime organizado e o
tráfico de entorpecentes, apresentando as principais consequências desses métodos
ilícitos em toda a sociedade brasileira.
Primeiramente buscou-se delimitar o tema para entender como drogas que
não são produzidas, ou produzidas em pequena escala, em território nacional
podem estar presentes em notável quantidade no Brasil. Pôde-se compreender que
as drogas são produzidas em grande escala nos países andinos – Bolívia, Peru e
Colômbia –, no caso da cocaína, e Paraguai, no caso da maconha. O Brasil se
torna, portanto, um corredor de passagem dessas drogas, gerando interesse dos
traficantes estrangeiros e cooptando brasileiros para este ramo ilegal. Percebe-se
também que não se trata de uma prática recente, pois, apesar de não possuir uma
data fixa para o início da atividade, estima-se que exista há pelo menos trinta anos
no Brasil e na esfera mundial, desde a Idade Média.
Como é analisado durante o trabalho, a relação existente entre o tráfico de
drogas e crime organizado se dá, exclusivamente, pela capacidade que o tráfico
possui para arrecadar dinheiro, financiando a prática de outros crimes. Portanto, o
tráfico de drogas pode ser considerado como o financiador de outros crimes e, como
moeda de troca, recebe a proteção de organizações criminosas.
Então, a partir do momento em que o Brasil se torna um dos principais
corredores para a passagem de drogas da América do Sul para a Europa e Estados
Unidos, o Estado do Paraná destaca-se por sua localização geográfica, pois possui
uma extensa área de fronteira terrestre e lacustre que facilitam a passagem das
substâncias ilícitas. Para tentar coibir essas ações criminosas, surge a atribuição da
Polícia Federal, que é, neste caso, zelar pelas entradas do território brasileiro.
Para complementar o conteúdo bibliográfico a respeito das atuações da
Polícia Federal foi aplicada a pesquisa qualitativa na qual apresentou que a
Instituição atua de forma investigativa e ostensiva, ou seja, presente nas fronteiras.
Portanto a forma investigativa se torna a principal arma contra as ações criminosas,
87
pois se utiliza mais a inteligência policial que a força física. Em relação à mídia, notase que apesar de aparecer nos diversos meios, sente-se a necessidade de notícias
mais aprofundadas a respeito das ações policiais. Sendo essa barreira colocada,
principalmente, pela própria Polícia Federal, que se mostra em fase de adaptação
para aceitar a imprensa como parceira. Por outro lado, também se entende que essa
barreira da Instituição deve-se ao pouco preparo dos profissionais da área
jornalística para tratar de assuntos específicos sobre segurança pública, dificultando
a comunicação entre órgão e imprensa.
Essa necessidade de aproximação entre a Polícia Federal e seu público,
através da mídia, é a principal resposta para o problema indicado neste trabalho. O
videodocumentário institucional jornalístico pôde apresentar a atuação da Polícia
Federal contra o tráfico de drogas na fronteira do Brasil/Paraguai, mostrando por
meio de relatos de agentes e delegados federais, que possuem conhecimento
bibliográfico e vivencial nessa área, como é a verdadeira situação da região
fronteiriça. Sendo amparados através de imagens para que as histórias relatadas
não se tornassem apenas objetos da imaginação do público, mas sim um
conhecimento real.
Para que houvesse uma base teórica, optou-se pela teoria de controle social,
bastante discutida por estudiosos, pois ao mesmo tempo em que é vista como a
salvação da sociedade atual para uns, ela causa repúdio para outros.
Características bastantes presentes nos pensamentos Foucaultianos, que é
visivelmente contra o controle exercido pelas organizações. Entretanto, mesmo
contra esse fenômeno, admite que o controle social, bom ou não, se faz presente na
sociedade e em diversos meios.
Já vendo o controle social, pelo outro lado, autores como Bobbio, admitem
que o Estado deva impor limites para a sociedade para que a ordem pública e o
direito coletivo sejam preservados, pois vivemos em uma comunidade com
diferentes pensamentos que podem levar ao caos social se não bem administrados.
Por fim, de acordo com as considerações apresentadas durante o decorrer
deste trabalho, constatou-se que a Polícia Federal atua de forma presente na região
de fronteira, buscando atualizar-se e modelar-se com as modificações realizadas
pelas organizações criminosas, visando que o tráfico de drogas diminua suas ações
no âmbito nacional. Fica, portanto, o convite para que novas pesquisas acerca do
88
trabalho policial e o meio jornalístico sejam realizados, proporcionando um
relacionamento mais integrado entre a Polícia e a sociedade.
89
16. REFERENCIAS
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Desafios para a atividade de Inteligência no século XXI, Brasília, 2004. Disponível
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90
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APÊNDICES
111
112
113
114
115
116
117
118
119
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121
122
PESQUISA QUALITATIVA56
DECUPAGEM 01
Nome: Gildeto Stel Meira
Função: Agente da Polícia Federal
Tempo de Experiência: 16 anos
Tempo de Experiência na Fronteira: 14 anos
Idade: 42 anos
Formação: História
1 - Qual a função de um agente da Polícia Federal na Fronteira?
Cabe ao agente de Polícia Federal apoiar as autoridades policiais nas investigações
de crimes afetos ao Departamento de Polícia Federal. O Departamento de Polícia
Federal tem suas atribuições expressas no artigo 144, da Constituição Federal, que
diz que somos Polícia Judiciária, que exercermos com exclusividade a função de
Polícia Judiciária da União, além de termos como atribuições primeiras, o controle
migratório, o policiamento de fronteiras, a investigação de crimes federais, proteção
de autoridades federais e o combate ao narcotráfico.
2- Você acha que o efetivo é suficiente para a demanda do trabalho?
Não, nós temos nos onze estados brasileiros, que fazem fronteiras exteriores,
vamos chamar assim. Nós temos pouquíssimas unidades, entre postos e
delegacias, nós não temos cinquenta unidades, no país todo. O Brasil tem uma área
de fronteira imensa, uma área geograficamente muito diversa. Você trabalha, como
56
As respostas foram adequadas à norma culta no momento da decupagem.
123
já trabalhei no Rio Grande do Sul, com temperaturas abaixo de 0, a menos 2, menos
3 graus, patrulhando a fronteira, como você trabalha em temperaturas que chegam a
50º graus na região Norte do país, com umidade de 90 e tantos por centos. Então
você tem uma diversidade muito grande, uma necessidade de policiamento que
aumenta a cada dia, porque os problemas na fronteira brasileira estão se
acumulando. Nós fazemos fronteira com vários países produtores: Paraguai, maior
produtor mundial de maconha; Bolívia, o segundo maior produtor mundial de
cocaína (de folha de coca); Peru, maior produtor mundial de folha de coca;
Colômbia, o terceiro maior produtor mundial de folha de coca. E você tem aí áreas
de mineração clandestinas, no caso das Guianas, da Guiana Francesa, da
República da Guiana, Suriname. Muito problema migratório, como nós vimos a
questão agora, dos estrangeiros se aglomerando junto as cidades de fronteira no
Acre – em Guajará Mirim – no Amazonas. Então, antes nós tínhamos um problema
de fronteiras, relacionados ao contrabando de mercadorias, em razão de questões
tributárias e a questão do dólar; depois veio o narcotráfico e o tráfico de armas na
sequência. Hoje nós temos também uma questão que vai crescer e eu acredito que
é o problema de fronteira que mais vai crescer, na próxima década, que é o aumento
do fluxo de imigrantes clandestinos. Resultado de uma economia brasileira, que
segundo especialistas que a gente lê hoje na área econômica, dizem que a
economia brasileira é a que mais vai crescer nos próximos vinte anos e nós somos
cercados de países pobres, e é uma tendência que está se verificando já, de um
aumento substancial na entrada, no fluxo de imigrantes legais. São pessoas que
estão fugindo de seus países por questões econômicas, são refugiados econômicos,
só que nós temos que procurar controlar isso, porque senão o Brasil vai virar a
solução econômica dos problemas dos países da América do Sul, então tem
problemas com seus pobres? Mandam seus pobres para o Brasil, nós não podemos
permitir isso.
3- Quais as formas mais comuns de transporte de drogas?
A forma mais comum que você tem de transporte de entorpecente é ele em algum
tipo de veículo automotor, seja ele automóvel ou caminhão. Esse veículo camuflado,
124
em meio ao que nós chamamos de fundo falso, em compartimentos que são
construídos dentro dos veículos - nos pneus, nas estruturas metálicas dos veículos,
seus chassis, para-choques, compartimentos internos, em baixo das forrações –
para o transporte de drogas. E a principal droga transportada é a maconha.
4- Qual a diferença entre trabalho ostensivo e investigativo?
Ah! A diferença, ela é muito grande né? O trabalho ostensivo é essencialmente e
característicos das delegacias de fronteira, porque a presença do Estado não deve
se fazer, unicamente, através daquele trabalho do dia a dia, velado, através de
entrevistas que você vai formando o quebra-cabeça a fim de identificar quem está
cometendo o ilícito penal, no caso aqui da entrevista, o narcotráfico e mapeando as
redes com o objetivo de prender as pessoas importantes que fazem parte dessa
rede, é assim que é a investigação. O trabalho ostensivo é o trabalho que dá
presença do Estado. A pessoa entrar no país e ver lá o policial vestido de preto, com
a camiseta escrita Polícia Federal, abordando os veículos, verificando os
documentos, revistando compartimentos desse veículo. Com o intuito de identificar e
localizar o tráfico de drogas, o tráfico de armas, mercadorias contrabandeadas e
essa atividade ostensiva, mesmo que você não tenha um trabalho de inteligência
prévia, ela se vale de informações de investigações também. Através da análise dos
dados que você consegue a partir de investigações das ações, você descobre
tendências. Ah! A tendência maior hoje, com o narcotráfico, é a utilização de pneus
em veículos para o transporte de drogas. No trabalho ostensivo, você recebe essa
informação e então, a partir dessa investigação, você está ali, ostensivamente, nas
estradas, você vai, olha a tendência do momento é o que? Que eles transportem
drogas nas laterais das portas. Então você vai com mais atenção naquele ali e é
muito importante, é a presença do Estado. Você vai tirar de circulação muita gente.
Em Foz, nós chegamos a fazer sete flagrantes em um único dia, com o trabalho
ostensivo, certo? Só que a gente sabe que é casos excepcionalíssimos, de muita
sorte, você vai tirar as mulas de circulação e, principalmente, tentar interromper o
fluxo de entrada de drogas. Agora a investigação, você vai à veia do negócio, você
trabalha para identificar, mapear e destruir as organizações, esse é o objetivo da
125
investigação. Então o trabalho ostensivo é o trabalho mais presencial, com o objetivo
aleatório e já o trabalho investigativo é um trabalho velado só que com um objetivo
mais específico.
5- Qual a importância dos equipamentos (VANT, lanchas, equipamentos de
raio-x, equipamento que filme a noite com infravermelho) para o trabalho da
Polícia Federal?
O Brasil cresceu de costas para a fronteira, nós somos um país de origem lusitana,
em um mar hispânico, essa é a realidade brasileira. Então, o Brasil nunca teve
interesse em se integrar com seus vizinhos hispânicos. A exceção da Argentina que
existe toda uma rivalidade, mas o brasileiro sempre teve uma afinidade maior, até
uma afinidade em razão da cultura, o tango, então a Argentina sempre exerceu certo
fascínio sobre o Brasil. Os demais países, por serem países muito pobres e de áreas
de fronteiras e selva, o Brasil nunca demonstrou grande interesse. Só que com o
passar das décadas, com o aumento populacional e, principalmente, após a criação
do MERCOSUL e o crescimento da economia brasileira, o Brasil está procurando se
integrar às economias dos países de origem hispânica, procurando ganhar esses
mercados. Pra que eu vou exportar para o Japão, se eu tenho um mercado aqui ao
lado, que é muito mais barato e meu produto chega com condições de
competitividade. Então houve um crescimento muito grande. Quando eu comecei a
trabalhar, aos fins de 1996, pra hoje, acho que multiplicou, em cinco ou seis, o
número de pessoas na fronteira. E a partir do momento que você não tem um
aumento de efetivo, você tem um aumento do fluxo de veículos, um aumento
exponencial do fluxo de caminhões, por esse comercio pulsante e vivo que está na
fronteira, ocorrendo e aumentando todos os dias, nós temos que nos valer cada vez
mais de meios de tecnologia. Hoje nós não podemos falar de policiamento de
fronteira efetivo sem tecnologia. Sejam scanners para escanear as cargas de
caminhão, que estão enchendo as aduanas brasileiras ao longo da fronteira; sejam
scanners para escanear os veículos que transitam pelas cidades de fronteira, nas
praças de fronteiras; seja o VANT, que vai nos possibilitar colher inteligência, a
principal função do VANT, o VANT não vai lá prender ninguém, o VANT é um avião
126
sem piloto, ele não vai descer e prender ninguém, o VANT vai poder voar em locais
que hoje é de difícil acesso, nós mantemos um olho naquele local suspeito, porque o
VANT tem uma capacidade de voo superior a 24 horas contínuas, você não tem
aquele fator humano de ter que descer porque o piloto está cansado, não o piloto vai
pra casa e o outro assume. Nós temos um olho sobre a fronteira, e grande parte da
fronteira brasileira ainda é selva, o que é praticamente inacessível, então o VANT vai
nos dar uma condição melhor de compreender e analisar o que está acontecendo na
fronteira. Então o scanner, o VANT, os raio-x em aeroportos, os body-scanners, que
estão sendo instalados nos aeroportos, Foz é um exemplo, a apreensão de droga
aumentou. Então nós temos que investir maciçamente em tecnologia. Só que nós
não podemos esquecer que tecnologia não investiga, não analisa informação,
tecnologia não prende ninguém, o que faz isso é o ser humano, é termos um policial
com um nível intelectual cada dia maior, o Departamento pensa dessa forma e
procurar capacitá-lo cada vez mais, para que além dele operar toda essa
parafernália tecnológica, nós temos gente com capacidade de tomada de decisão e
o principal, decidir de forma correta.
5- Você sente falta de maior quantidade de equipamentos ou de mais
tecnologias nas regiões de fronteira?
Sim, a fronteira ela merece, o policiamento de fronteira merece um investimento
maciço. O colega que está lá ponta está trabalhando na área de fronteira, ele tem
que ter acesso à informação com rapidez. Nós temos unidades que não tem acesso
à internet, não porque o Departamento não forneceu, é porque na região onde ele
está não tem internet, não tem telefonia. Então nós temos que possibilitar
comunicação via satélite, porque se eu estou lá, em São Gabriel da Cachoeira, eu
abordo um colombiano suspeito, eu tenho que ter acesso à informação que vai me
dizer se ele é quem ele diz que é, se eu não estou com um Pedro, mas na realidade
é José, se essa pessoa não possui um mandado de prisão, até mesmo um mandado
internacional, eu posso estar diante de um perigoso terrorista das FARC, então eu
tenho que ter acesso à tecnologia. Hoje ela é essencialíssima para uma policia que
127
quer operar de forma republicana, com respeito aos direitos humanos e com
eficiência, é a questão tecnológica.
6 - Você acha satisfatório o trabalho da Polícia Federal na fronteira?
Essa pergunta nos permite fazer duas análises diferentes. Se você for olhar de
forma quantitativa, o que quantitativamente o Departamento de Polícia Federal está
conseguindo com pouco – nós temos menos de mil policiais trabalhando nas
fronteiras do Brasil – nós somos a melhor polícia do mundo. O que a Polícia Federal
apreende de drogas, os mil policiais federais que estão na fronteira, apreendem
cocaína, crack e maconha, é superior a soma de todas as 54 policias estaduais que
nós possuímos no Brasil, então o trabalho você não tem como discutir. Agora, se
nós formos discutir o trabalho diante da demanda, nós temos muito que avançar. Só
que esse avanço depende do aumento da presença efetiva da policia, das pessoas.
Nós precisaríamos dobrar o efetivo policial de Foz do Iguaçu, precisaríamos dobrar o
efetivo policial que temos na delegacia de Guaíra, dobrar o efetivo policial que temos
na delegacia de Cascavel, abrirmos a Delegacia de Policia Federal de Francisco
Beltrão, é uma necessidade que se faz hoje, para aí sim. Estou te falando isso em
termos de Paraná, aí sim estaríamos prestando um serviço, atendendo toda a
demanda, mas o que nós temos hoje, apesar de toda a carência, o resultado é
fantástico. Nós conseguimos muito, com muito pouco.
7- O que falta na Polícia Federal hoje?
Gente!
128
8 - Qual é a relação da Polícia Federal com a mídia?
Eu acredito que a Polícia Federal, quando eu entrei em 96, era horrível, nós
vínhamos em um período que a Polícia Federal foi construída por uma atividade de
polícia política do regime militar, então ela tinha horror à mídia. E de 88 pra cá, com
a nova Constituição, ela foi se transformando e eu acredito que nós temos uma
excelente relação com a mídia. A principal preocupação, não sou da área de
Comunicação Social, mas o que a gente vê, como servidor e como cidadão, é que a
Polícia Federal se preocupa em prestar conta daquilo que faz à população. Daí
dessa prestação de contas diária que o Departamento faz, vem os índices
fantásticos de popularidade do Departamento e a confiança da população com o
Departamento de Polícia Federal.
9- Qual a sua percepção da imagem retratada da Polícia Federal na mídia?
A mídia, ela peca, às vezes, o jornalismo peca, às vezes, por ele não buscar
especialização. Então você tem gente que em um dia trata, principalmente na
imprensa escrita, do aumento do preço do arroz e no outro dia ele está tratando de
questões policiais. Então a gente nota que a mídia poderia se especializar mais em
uma área. O jornalismo policial no Brasil ainda tem muito haver com aquele do
‘justiceiro’, que prega ‘vamos matar bandidos’ e coisas assim, e isso é uma coisa
que não deve existir mais. Hoje, existe uma demanda por um jornalismo policial mais
técnico, que explique para a população o que a polícia está fazendo, sob um olhar
técnico, já que a população, às vezes, não consegue compreender e ela quer
entender. Existe esse mercado de pessoas que querem entender o que a policia
está fazendo. E o Departamento de Polícia Federal é a melhor mercadoria que tem,
em matéria de notícia de polícia, com certeza vende e vende muito bem.
129
10 - Porque a Polícia Federal é menos criticada pela mídia que as Polícias
Militar e Civil?
Combate à corrupção interna. A população está cansada de corrupção, não só as
policias, mas todos os órgãos públicos estão sujeitos a malfeitos, como diz a nossa
presidente. Então há sujeitos, pessoas que cedem à tentação. Na polícia, a tentação
é diária e o Departamento não coaduna, ele não tem medo de cortar a própria carne,
sempre foi assim. A Polícia Federal, em alguns anos, foi o órgão que mais demitiu
no serviço público da União. Então, a nossa popularidade vem da confiança e a
confiança da população advém porque ela sabe que a corrupção aqui não é
institucional e que é um caso isolado e que se a gente descobre, a gente vai pra
cima, vamos prender e vamos expulsar esse policial, é dai que vem a confiança das
pessoas na gente.
11- Qual a sua opinião sobre a mídia? Ela ajuda ou atrapalha o trabalho da
Polícia Federal?
Olha, eu acho que a mídia, primeiro não tem função nem tem de ajudar, nem de
atrapalhar. Ela tem função de informar, essa é a principal função da mídia, é
informar a população. Ela não deve se fazer, às vezes, de policia, e querer ser
polícia. Que é como eu já disse na pergunta anterior, as pessoas não querem mais
aquele radialista, principalmente do rádio, que vai lá xingar bandido. Aquele
jornalista que vai bater boca com bandido na delegacia, não, as pessoas querem um
jornalismo que a informe, e que a informe corretamente e que a faça entender.
Porque a internet, que é a grande revolução do jornalismo, está sendo a grande
evolução da informação como um todo, permite que você receba muita informação.
Então, hoje, ninguém mais reclama da falta de informação como um dado bruto, o
que as pessoas querem é a informação com qualidade, aquilo que eu informo o fato
e explico para o leitor ou passo para quem tá assistindo de forma tal, que a pessoa
consiga compreender. As pessoas querem compreender o que está se passando no
mundo. Nós estamos em um período de grandes transformações, então o problema
130
das drogas, a polícia prendeu um pé de chinelo; ah ela prendeu um grandão, não é
por ai, a função da mídia não é endeusar a polícia, a função da mídia não é falar mal
da mídia, a função da mídia é expor para a população. Porque há alguns veículos e
alguns jornalistas que são tendenciosamente contra a polícia, mesmo quando a
polícia acerta, a polícia brasileira e toda a polícia brasileira é muito boa e eu vou
dizer o seguinte, tem estados que pagam 450 dólares por mês para um policial e
querem que este policial com 450 dólares faça com o que um policial americano faz
ganhando cinco mil dólares, é uma questão de custo e do serviço que eu vou
receber, eu quero pagar preços famélicos e receber um serviço que vou receber em
um grande estado francês, isso não dá. O Departamento melhorou em razão de que
a política de melhora salarial, que, aliás, está sendo deixada de lado e nós estamos
lutando para que volte a questão da valorização humana, do ser humano,
investimento maciço em tecnologia, combate diuturna corrupção, a melhor arma que
o policial pode ter com ele é o respeito que advém do seu cargo, não é uma bazuca,
um fuzil, um míssil, um avião não, é o que a população acha dele.
12- Você acha que o fato da Polícia Federal possuir regras, que não existem
em outras instituições policiais, por exemplo, a divulgação dos dados e
imagens dos presos, acaba perdendo espaço na mídia?
Ela perde espaço na mídia, às vezes, por não divulgar nome de pessoas, por não
divulgar rosto das pessoas. Então ainda tem uma parte da mídia que não está
focando em explicar para o cidadão, ela quer mostrar e escrachar, quer mostrar a
foto do cara lá e chamar de bandido e se no outro dia o cara for inocentado não é
problema dessa mesma mídia, certo? Então a gente, às vezes, perde espaço em
alguns veículos em razão disso.
131
13- Como a imprensa aborda o combate ao tráfico de drogas?
O tema das drogas é um tema muito polêmico, porque no Brasil nós vivemos uma
dicotomia, é o seguinte fala-se em descriminalizar a droga, mas as drogas já estão
descriminalizadas, hoje se o pessoal for pego fumando uma maconha ou cheirando
cocaína vai ser feito um termo circunstanciado, ele vai se apresentar ao juiz em seis
meses e lá ele vai receber um puxão de orelhas. Então, não existe mais crime, na
prática não existe mais crime. E a mídia, às vezes, fica vendendo uma imagem que
não é verdadeira. ‘Ah! O traficante que subiu o morro porque ele ajuda a
comunidade!’, eu estou há 16 anos na polícia e nunca vi traficante ajudar ninguém,
ele aterroriza as pessoas, ele mata as pessoas, ele queima a casa, ele estupra
mulheres, assassina filhos na frente de mães, ele ateia fogo em pessoas vivas, isso
sim eu vi o tráfico fazer e vi pessoalmente, não li, não me falaram. Então a gente vê,
por parte de alguns, que ficam procurando justificar o crime por conta da pobreza,
“ah o cara é pobre, em razão disso ele cometeu um crime” . Não, ninguém comete
por isso, se a pobreza fosse um motivo para cometimento de crime, nós teríamos
milhões de criminosos e não temos. Aliás, quem mais quer polícia nesse país são os
pobres, quem não quer polícia são os ricos que querem a Polícia Federal bem longe,
porque quando nós vamos á casa deles, vamos por crimes tributários, crimes de
evasão de divisas, sonegação fiscal, roubo de dinheiro público e isso não é o pobre
que está fazendo, o pobre quer polícia nas ruas, porque não quer ver ninguém
fumando um cigarro de maconha na frente da porta da deles, ele não quer que o
filho dele sendo agredido ali na esquina por que um bando de viciados que querem
tomar cinco reais para poder comprar uma pedra na boca da esquina. Então, o
jornalismo, às vezes, peca porque ele generaliza alguns pontos de vista a partir de
posições políticas e ideológicas que hoje estão ultrapassadas. Sociologicamente foi
comprovado que são teses falsas, a questão do crime em razão da pobreza. O crime
sim aterroriza e ocupa as regiões pobres abandonadas pelo serviço público. O que
as populações querem é policia, o que as populações querem é serviço público de
qualidade e tem alguns veículos que ainda querem fazer qualquer tipo de
associação com o crime com luta social e não tem nada a ver, o crime nunca
resolveu problema social nenhum, o crime nunca tirou ninguém da miséria. O crime
só aumenta a miséria e só traz mais tristeza e desgraça.
132
14- Qual a sua opinião sobre a imprensa acompanhar o trabalho da Polícia
Federal?
Então, essa semana eu estava lendo a questão do jornalista francês que foi
capturado pelas FARC em uma ação do exército colombiano. Essa questão do
jornalismo dentro das forças policiais, dentro das forças militares foi criada pelos
americanos na Guerra do Golfo, em 1991, que é o tal do jornalista agregado, tem um
termo em inglês que agora me fugiu, certo? Eu não vejo mal nenhum na imprensa
acompanhar, desde que seja um acompanhamento responsável, certo? A imprensa
tem o papel de informar, de auxiliar na educação dessas pessoas e de explicar o
que está acontecendo. A imprensa não tem que tomar posição, para criticar ou
elogiar a polícia. A gente não quer que você vá ao jornal e escreva lá que a Polícia
Federal é maravilhosa e nem ao contrário, a gente quer que o jornal escreva que
ontem a Polícia Federal fez mais uma operação de combate ao narcotráfico
internacional em Paranaguá e a investigação foi assim, assim, assim, assim. E deixe
que a partir do que você está escrevendo, a população entenda o que está
acontecendo, que aquilo ali é ação dentro de um quadro muito maior do mundo em
que nós estamos vivendo hoje. Então uma participação responsável, de um
jornalismo de qualidade e responsável, eu não vejo mal algum.
15 – Você acha que a imprensa se interessa apenas pelos resultados da Polícia
Federal?
A mídia até pela pressão desse novo jornalismo que tá nascendo com a internet, ela
acaba sendo muito superficial. O jornalismo escrito, por isso que eu não acredito no
fim do jornal escrito, vai ter um espaço e tá tendo um espaço e vai ter um espaço
ainda maior no futuro, com espaço de explicar. A TV vai ser mais aquela situação
imediata, a imagem. Agora o jornalismo escrito vai ter sempre espaço para explicar.
Então, eu acho que grande parte ainda é um jornalismo superficial, você coloca uma
foto, explica ali rapidamente, até porque existe uma pressão em saber o que está
acontecendo e uma demanda e demanda grande e tal por notícia, não é mais por
133
dia, é por minuto. Então a gente sabe que não tem tempo de se fazer uma análise,
mas a análise é importante e isso quem tem condições de fazer é a imprensa de
qualidade, é a imprensa responsável, é a imprensa engajada na democracia, no
respeito aos direitos humanos, certo? Como uma função pública, a imprensa tem
uma função pública de orientar o público, então nisso eu acho que, hoje, ela peca
muito na superficialidade.
134
DECUPAGEM 02
Nome: Marco Berzoini Smith
Função: Chefe da Delegacia de Repressão a Entorpecentes
Tempo de Experiência: 7 anos
Tempo de Experiência na Fronteira: 4 anos
Idade: 32 anos
Formação: Curso Superior em Direito e Especialização em Criminologia e Direito
Penal
1- Como funciona o trabalho da DRE?
Você tem duas frentes, uma das frentes é o combate ao tráfico de entorpecentes na
cidade de Curitiba e Região Metropolitana – como se fosse uma delegacia da cidade
de Curitiba – e a outra frente é a coordenação do combate ao tráfico de drogas em
todo o Estado do Paraná. Então, além de combater o tráfico aqui, nós coordenamos
as delegacias do interior no combate ao tráfico de entorpecentes.
2- Qual a importância da DRE na região da fronteira? Ela é bastante atuante?
Na região de fronteira você tem as delegacias descentralizadas com núcleos que
combatem entorpecentes. A DRE, ela dá apoio a estas delegacias, ela coordena as
ações dessas delegacias e presta o apoio. E o combate direto, do dia-dia é feito
pelos núcleos especializados das delegacias de Guaíra, Foz, Ponta Porã, etc.
135
3- Qual o peso do tráfico de drogas em relação à sociedade?
Dois grandes problemas do tráfico de drogas em relação à sociedade. Você tem por
um lado a vitimização do dependente, na qual acaba se tornando uma párea, um
peso pra sociedade, que precisa ser tratado e recuperado, traz um trauma social e
um custo muito grande para o Estado, em termos de saúde. Um custo muito grande
para o Estado, em termos de aparelho repressivo. Mas, por outro lado, o tráfico
acaba gerando muito dinheiro e este dinheiro, de uma forma ou de outra, entra na
economia das cidades e algumas cidades de fronteira e do interior do Brasil,
infelizmente tem a sua economia fortemente influenciada pelo dinheiro do tráfico,
que acaba tornando outro problema, que é a dependência econômica de algumas
regiões do tráfico de drogas.
4- Existe para a Polícia Federal uma diferença entre combater o tráfico de
drogas realizado por membros que alimentam as grandes organizações
criminosas e o realizado por indivíduos que buscam o beneficio próprio, sem
participar de uma organização?
Na verdade, nós acabamos combatendo os dois. A atribuição de combate à
entorpecentes, pela Constituição, é da Polícia Federal. Os estados combatem o
tráfico de entorpecentes, por convênios firmados com a União. A atribuição
constitucional de combate ao tráfico de drogas é da Polícia Federal. Então, nós
fazemos esse combate, em duas frentes, no chamado grande tráfico e no tráfico
pequeno, as chamadas 'bocas'. A 'boca' de droga, o local de comercialização de
droga no varejo tem uma grande importância no seu combate para o vizinho, para a
população em geral e é o que mais toca o cidadão comum. Por outro lado, quando
você combate este pequeno tráfico, você acaba amealhando informações que vão te
levar aos fornecedores, porque o pequeno traficante não vai até a fronteira, ele não
vai até os países vizinhos, por portadores e exportadores de droga pra comprar o
entorpecente que ele vende, ele compra de alguém. E ao combater essas bocas,
nós acabamos conseguindo informações pra desbaratar grandes quadrilhas. Nas
136
grandes quadrilhas, você tem duas frentes: a quadrilha nacional e a quadrilha
internacional. A quadrilha que interna o entorpecente no Brasil, para venda no
mercado doméstico e a quadrilha que usa o Brasil como rota de passagem para
mandar para a Europa, Estados Unidos, Oriente Médio, para o exterior em geral.
Então, são duas formas de trabalho, de atuação, bastante diferentes com relação às
grandes quadrilhas.
5- A Polícia Federal atua em conjunto com outros órgãos internacionais?
Como é esta relação?
Nós temos diversos acordos de cooperação firmados com o Paraguai, com a Bolívia
e com a Colômbia. Estávamos, até aonde eu sei, assinando um contrato com o
Peru. Já temos uma relação bastante antiga com o DEA, que é o Drug Enforcement
Administration, que é a agencia de combate a entorpecentes dos Estados Unidos,
inclusive toda a estrutura de combate a entorpecentes com inteligência brasileira é
baseado no modelo americano, porque há cerca de dez a quinze anos atrás, através
de convênio, os policiais foram capacitados nos Estados Unidos, então se
aproveitou o modelo deles adaptado a realidade brasileira. Então nós podemos dizer
que somos “um filhote” do estilo americano de combate ao crime. Com relação aos
países sul-americanos, principalmente com os países fronteiriços, através das
adidâncias policiais que foram criadas a partir de 2006, nós estreitamos as relações
com as policias locais e passamos a assinar tratados de cooperação, que permite
inclusive o intercambio de policiais, por exemplo: policiais paraguaios vêm para o
Brasil, policiais brasileiros vão para o Paraguai, para a Bolívia, para a Colômbia e
etc. E isso ajuda não só a inteligência clássica como a inteligência operacional.
6- Qual a diferença entre inteligência clássica e operacional?
Inteligência clássica é um conhecimento produzido no auxílio das decisões. Então,
por exemplo, um superintendente tem um setor de inteligência que analisa todas as
137
conjunturas da região onde ele está com conjunturas internas e externas – as
vulnerabilidades da polícia federal –, com chamadas de contra inteligência e as
potenciais ameaças e acontecimentos do lado de fora. Então, essa inteligência,
chamada clássica produz conhecimentos gerais, noções específicas que auxiliam à
tomada de decisão do dirigente. A inteligência operacional é voltada para o
desbaratamento de uma quadrilha, então é o que vocês chamam de 'grampo'. As
nossas operações são inteligências operacionais, inteligência aplicada é a
inteligência com determinado fim, por exemplo, desbaratar aquela quadrilha, não
para fazer o assessoramento de um dirigente superior.
7- Porque a Argentina mesmo sendo uma rota de tráfico, segundo a ONU, ela
não se caracteriza como trânsito de maconha e cocaína para o Brasil?
De maconha? Porque 90% da maconha consumida no Brasil são produzidas no
Paraguai. O Brasil tem extensas fronteiras com o Paraguai. E algumas delas de
difícil policiamento e difícil acesso, que são utilizadas para que se internalize essa
maconha. Então não há necessidade de se utilizar o território argentino, até porque,
com a maconha saindo do Paraguai, você precisaria passar pela fronteira da
Argentina, para depois passar pela Fronteira brasileira, então você está duplicando o
risco. Você está andando com droga e duplicando o risco, é mais fácil você sair do
Paraguai para o Brasil do que você passar pela Argentina eventualmente.
8- Então, da Argentina, quais são os tipos de drogas traficadas?
Muito lança-perfume da Argentina. Já que na Argentina não é ilegal lança-perfume,
ele é considerado aromatizador de ambientes, é vendido livremente. Inclusive a nós
estávamos, quando eu saí de Foz, em tratativas avançadas com a polícia nacional
da Argentina, para que se restringisse a venda do aromatizador de ambiente. Eles
estavam sensíveis a esse problema, porque apesar de não ser usado como droga
na Argentina, o é no Brasil, e é um entorpecente, por incrível que pareça que traz
138
um lucro muito elevado para as quadrilhas, pois é comprado muito barato na
Argentina – por que é legal – e vendido no Brasil até 30, 40, 50 reais um frasco de
lança-perfume, então traz um lucro muito grande. A Argentina é utilizada,
principalmente, para se comprar lança-perfume, que seria para eles um contrabando
e para nós, tráfico de drogas. Algumas quadrilhas, notadamente no Leste Europeu,
usam a Argentina como rota alternativa para internar o entorpecente, principalmente,
Cocaína no Brasil e do Brasil para outras partes, Oriente Médio e Europa,
principalmente.
9- Quais as principais drogas apreendidas pela Polícia Federal na Fronteira?
Na fronteira, principalmente aqui do Paraná, em termos de quantidades é a
maconha – disparado maconha, depois nós temos cocaína – nas suas diversas
formas de apresentação: cloridrato de cocaína, o pó de cocaína, pasta base e o
crack. Também bastante lança-perfume, haxixe – que é um derivado da maconha,
um óleo produzido pela planta de maconha. E agora estamos começando a
apreender ecstasy. As outras drogas não são comuns.
10- Você acha que a legislação brasileira, em relação ao tráfico de drogas, é
falha?
O problema da legislação brasileira, não é tanto a pena aplicada, é a lei de
execuções penais. A lei de execução penal é muito branda, como regra o
condenado vai cumprir 1/6 em regime fechado da pena. Então se o sujeito é
condenado a seis anos de cadeia, ele vai cumprir um. A lei é bastante adequada,
mas a lei de execução penal é mais falha. Por outro lado, a lei brasileira deveria ser
ágil não tanto no aspecto penal e sim, na expropriação de bens dos traficantes,
porque o tráfico como qualquer outro crime e como a maioria das atividades
humanas, visa o lucro. Se você consegue fazer com que essa atividade não gere
lucro ou potencialmente, gere muito risco de perda daquele patrimônio aliado com o
139
tráfico, você diminui bastante a incidência do problema. E por outro lado, a
legislação brasileira de entorpecentes historicamente tem duas facetas: a faceta da
repressão e a faceta da prevenção. Isso inclusive na lei 11343, de entorpecentes,
uma boa parte dela é dedicada à prevenção e na prevenção a gente deixa muito a
desejar. Em que pese ter fontes de recursos já previstas na lei, as campanhas
governamentais são muito fracas neste sentido e não existe, apesar de ultimamente
o Rio de Janeiro ter sido pioneiro em internações compulsórias, a previsão de
tratamento compulsório ao dependente, que na minha visão, é um sujeito que não
está em plenas faculdades mentais, portanto não poderia tomar decisões sozinho.
Teria que ser tratado de forma compulsória.
11- O que falta na Polícia Federal hoje?
Sei que falta muita coisa, faltam recursos materiais, faltam recursos humanos, a
quantidade de pessoal que temos hoje é muito pequena, é ridículo comparado a
qualquer outro país, a qualquer outra força. O efetivo global da Polícia Federal é um
terço da polícia civil do Paraná, por ai você já vê que é bem precário. Por outro lado,
em que pese ter havido uma grande melhora na parte de recursos materiais, de
carros, de armas, de munição, ainda falta bastante para a gente chegar lá e falta um
pouco de algumas alterações legislativas e uma sensibilização do judiciário. O
judiciário hoje é muito garantista, ele pensa demais no direito individual e não só
pesa o que aquele direito individual está fazendo de mal para a coletividade, então
se protege o direito de um indivíduo em detrimento dos direitos da coletividade.
12 - Qual é a relação da Polícia Federal com a mídia?
É excelente. O problema da relação da Polícia Federal com a mídia é mais interno,
nas nossas normas de como cuidar com a imprensa e etc., do que com a mídia em
si. A mídia sempre foi uma parceira, muito mais uma ajuda que um problema.
140
13- Você acha que pelo fato da Polícia Federal possuir regras, que não existem
em outras instituições policiais, por exemplo, a divulgação dos dados e
imagens dos presos, acaba perdendo espaço na mídia?
Quando você faz uma norma, você pensa sempre no panorama geral, você não
pensa nos panoramas particulares. O “cliente” – o preso da polícia federal,
normalmente é um preso mais qualificado, é um corrupto, é um sujeito que desvia
dinheiro público, é um sujeito que comete crimes financeiros. Este tipo de gente não
faz a menor diferença você mostrar o rosto dele na imprensa, você divulgar o nome
não vai fazer diferença para a apuração dos fatos que estão sendo investigados. E
por outro lado, vão prejudicar a pessoa se forem divulgados. Já outros crimes, como
os da Operação Mercúrio, como na ‘Operação Desarme’, em que se combatem os
roubos interestaduais, a divulgação de fotos e nomes das pessoas, ajuda e muito a
investigação. Inclusive na Desarme, diversas pessoas que vieram prestar
depoimento e reconhecer o preso, vieram por conta de reportagens da imprensa.
Então, eu acho que a Polícia Federal tem que evoluir na sua política de
comunicação social e vislumbrar cenários diferentes, não só aqueles que nós
estamos acostumados. Existem operações em que mostrar o rosto e divulgar a
pessoa é importante para a investigação e isso deveria ser levado em conta.
14- Porque a Polícia Federal é menos criticada pela mídia que as Polícias
Militar e Civil?
Em termos, hoje em dia a Polícia Federal é um pouco menos criticada, mas ela já foi
muito criticada pela imprensa. Já foi dito que operações, que inclusive eu participei,
que a Polícia Federal só fazia pirotecnia, que não condenava ninguém, que as
operações não dava em nada, que era só circo armado para fazer mídia, para ajudar
o governo e etc. Então, a Polícia Federal já teve sim seu quinhão de críticas.
Algumas delas merecidas, outras injustas. A visão da sociedade, que eu vejo da
Polícia Federal, é uma polícia de elite, isso vem muito mais do tipo de trabalho que a
141
gente faz e da forma como isso é divulgado. Não que as outras policias sejam piores
ou melhores do que a nossa, simplesmente são diferentes e tratam de crimes mais
banais, talvez por isso a diferença.
15- Após uma coletiva de imprensa ou uma entrevista, como a mídia apresenta
o trabalho da Polícia Federal? É satisfatório? É completo? Fica algo a desejar?
No geral é satisfatório, apesar de ser superficial, as duas coisas ao mesmo tempo.
Muitas vezes o repórter não sabe o que está perguntando. Muitas vezes quando
você está dando uma entrevista na deflagração de uma operação, o repórter quer
saber quantos presos em flagrantes foram presos naquele dia, os flagrantes não
foram dados naquele dia, naquele dia são presos os integrantes da quadrilha que
não tinham sido presos em flagrante anteriormente. Então, existe uma falta de
conhecimento por parte dos repórteres, que a gente percebe, bastante grande. Acho
que eles teriam que dar uma pesquisada, dar uma ‘estudadazinha’. Isso acontece
bastante, mas no geral, as reportagens em que pesem um pouco rasas acabam
sendo favoráveis para a Polícia Federal.
16- Em sua opinião, a mídia possui algum tipo de responsabilidade no ciclo
vicioso que é o tráfico de drogas? O tráfico de drogas só é uma atividade
rentável, pois existem consumidores para ele, portanto a partir do momento
que a mídia não apresenta a verdadeira realidade dos malefícios causados
pelo consumo da droga, ela pode ser considerada como uma das responsáveis
pela estabilidade do tráfico?
O problema é o seguinte: o ser humano é um ser sociável e é um “macaquinho de
imitação”, ele aprende muito com o comportamento do vizinho. A mídia, como um
todo, não só jornalistas e repórteres, é um dos grandes usuários de drogas do Brasil.
Eu, particularmente, já participei da prisão do Fabio Assunção, um dos grandes
consumidores de droga em São Paulo, foi monitorado durante um tempo, sem saber
142
quem era. Então, fica um pouco complicado você dizer que a mídia deveria dar o
exemplo, quando ela dá o exemplo contrário. Quando vários jornalistas, vários
artistas fazem pronunciamento de que a maconha é uma droga leve e deveria ser
descriminalizada, quando a gente sabe que a maconha realmente não é das drogas
mais pesadas, mas é a grande porta de entrada, juntamente com o álcool, para as
drogas ditas mais pesadas como: cocaína, no Brasil e heroína, nos Estados Unidos.
Existe sim essa relação, existe sim a propensão do sujeito que experimenta
maconha, passar para outras drogas, não por que seja a maconha, mas sim pelo
espírito de transgressão e pela sensação de que fiz, não aconteceu nada, vou
continuar fazendo. Então, a mídia como um todo, não só os jornalistas, não só os
atores, não só os cantores teriam que repensar essa relação que eles têm.
143
DECUPAGEM 03
Nome: Marcos Koren
Função: Chefe da Comunicação Social da Polícia Federal no Estado do Paraná
Tempo de Experiência: 5 anos
Tempo de Experiência na Fronteira: 2 anos
Idade: 47 anos
Formação: Curso Superior em Direito
1- Qual é o trabalho da Comunicação da Polícia Federal?
O trabalho da Comunicação Social da Polícia Federal, basicamente, é comunicar a
sociedade dos trabalhos realizados pela Polícia Federal em todo o país. Nós temos
uma organização normativa, ou seja, está delineada em um ato normativo do
Diretor-Geral da Polícia Federal, qual é a atribuição de cada setor e no nosso caso
da Comunicação Social, nós nos dividimos em três grandes grupos de tarefa: o
trabalho com a imprensa, o trabalho de relações públicas e o trabalho de cerimonial,
isso em razão das cerimonias, das solenidades que a própria Polícia Federal
organiza. Em relação ao tópico das relações públicas é o relacionamento
institucional da nossa polícia com outros órgãos do Poder Público Federal, Municipal
e Estadual e, sobretudo com outros órgãos da Segurança Pública, no âmbito federal
e estadual. E com relação à imprensa, basicamente, é a comunicação das nossas
operações, dos nossos resultados, para que a sociedade brasileira conheça qual é
nível de excelência do trabalho realizado pela PF.
144
2- A comunicação social é submetida a regras impostas por superiores de
Brasília?
Sim, o nosso trabalho, como eu disse, é balizado por uma norma, que é uma
instrução normativa do Diretor-Geral e ela é, o trabalho é fiscalizado aqui, no âmbito
regional, pelo Superintendente Regional, que é nosso chefe imediato.
3- Como é a atual relação entre a mídia e a Polícia Federal? É uma relação de
parceria ou de venda de matérias?
Eu diria que nós temos, hoje, aqui no Paraná, um dos melhores níveis de
relacionamento entre a Comunicação da PF e os jornalistas de todo o Brasil, nós
temos um excelente relacionamento, que é fruto da construção do trabalho nos
últimos anos, de mútuo respeito, de grande consideração da imprensa para conosco
e da nossa parte para com a imprensa. Basicamente, eu diria que é o respeito pelo
trabalho que o profissional de jornalismo executa e a compreensão das suas
necessidades.
4- Qual a sua percepção da imagem retratada da Polícia Federal na mídia?
Eu penso que nós temos uma excelente imagem, nós conseguimos traduzir com a
comunicação dos nossos trabalhos uma imagem institucional bastante relevante,
bastante positiva, isso se reflete nas pesquisas de opinião – a Polícia Federal, hoje,
ela é muito bem vista pela sociedade brasileira e ocupa um dos patamares mais
altos de credibilidade que uma Instituição Pública já ocupou no Brasil. Nós só
chegamos a isso por meio do trabalho correto exercido pela imprensa que divulga
então, em ultima análise, os nossos trabalhos.
145
5- E, por exemplo, a Polícia Militar, a Polícia Civil, elas não tem uma imagem,
digamos assim, tão boa na mídia, porque você acha que acontece isso?
Bem, nós temos uma vantagem que é a nossa atuação uniforme em todo o Brasil,
nós não temos limites territoriais para agir contra a criminalidade. De outra parte, nós
temos também uma atribuição constitucional estampada no artigo 147, perdão, 144
da Constituição, que dá à Polícia Federal a atribuição de Polícia Judiciária da União,
significa isso que será sempre a Polícia Federal a fazer as grandes investigações,
dos grandes delitos no nosso país. Então a macro criminalidade, o crime organizado,
o crime organizado em nível nacional e transnacional é de competência da Polícia
Federal investigar e reprimir, então isso nos dá a condição de uma melhor projeção
na mídia, claro, na medida em que nós tivermos o que mostrar os bons resultados.
Então, como nós felizmente temos tido bons resultados nos últimos anos, em
decorrência direta da alta qualidade do trabalho dos nossos policiais, e esse fator
combinado com os demais que eu referi dão à Polícia Federal brasileira, hoje, um
nível de credibilidade que as instituições dos estados, infelizmente, ainda não têm.
6- Qual a sua opinião sobre a mídia? Ela ajuda ou atrapalha o trabalho da
Polícia Federal?
A mídia só ajuda. A mídia só ajuda. Se nós pensarmos que para construir uma
imagem que temos hoje, teríamos de contratar campanhas de publicidade a preços
milionários, e se pensarmos que já temos um excelente nível de credibilidade, sem
termos feito nenhuma contratação neste sentido, apenas com o resultado do nosso
trabalho diário com a mídia, de respeito mútuo e parceria, nós concluímos daí, que a
mídia apenas tem ajudado.
146
7- Após uma coletiva de imprensa ou uma entrevista, como a mídia apresenta
o trabalho da Polícia Federal? É satisfatório? É completo? Fica algo a desejar?
Eu acho que é muito completo, é muito completo, é essa responsabilidade nossa,
raramente eu verifiquei, na minha experiência, que as divulgações, a cobertura em
geral, teriam feitas de forma insatisfatória. Se nós fizermos bem o nosso trabalho,
reunirmos com clareza e com objetividade as informações de que a mídia necessita
para fazer o seu trabalho, o resultado será satisfatório.
8- Você acha que existe uma abordagem mais aprofundada, por exemplo, de
uma operação, ou é mais básico a forma que eles apresentam?
Eu penso que isso depende da operação em si, do nível de complexidade que ela
tem e do nível de interesse que ela sucinta e também é certo que nós competimos
com outros temas na atenção dos editores dos veículos de comunicação, seja no
rádio, na internet, na televisão, no jornal de papel. Nós temos de saber que se em
algum determinado momento nós apresentarmos um fato relevante, complexo, que
para nós, na nossa avaliação é importante comunicar para a sociedade, nós
sabemos que esse fato, essa divulgação vai competir naquele dia, eventualmente,
com outro fato relevante, em outro âmbito, que não da Segurança Pública. Então,
isso é do mercado, isso é do mercado e nós temos de saber conviver com isso, mas
em linhas gerais, a cobertura é muito satisfatória.
9- Você acha que por a Polícia Federal possuir regras, que não existem em
outras instituições policiais, por exemplo, a divulgação dos dados e imagens
dos presos, acaba perdendo espaço na mídia?
Não, a nossa experiência é no sentido contrário, nós não perdemos espaço de forma
nenhuma. Apenas, é claro, não conseguimos, às vezes, as pessoas têm a
147
impressão ou a expectativa de que nós vamos mostrar os criminosos presos e nós
não poderemos fazer. Mas ainda assim não temos perdido espaço por conta disso.
10- Qual a sua opinião sobre a imprensa acompanhar o trabalho da Polícia
Federal?
Bem, eu acho que a imprensa deve acompanhar o trabalho da Polícia Federal até
para poder, a própria divulgação dos resultados da Polícia é um acompanhamento.
O que nós não podemos, no nosso modelo de trabalho no Brasil, permitir, em razão
da segurança dos agentes envolvidos, é a participação direta de pessoas estranhas
ao serviço público, no cumprimento dos mandados de prisão e de busca e
apreensão, porque estes mandados são expedidos pelo Poder Judiciário, então as
franquias constitucionais da privacidade das pessoas, do recesso da sua casa por
exemplo, são afastadas pelo juiz, em favor do trabalho policial e não em favor do
trabalho de cobertura da imprensa, por exemplo. Então essa é uma vedação legal,
para que uma equipe da imprensa acompanhe a polícia no mesmo momento que ela
está entrando na casa de um criminoso ou realizando a sua prisão. Além disso, nós
temos que pensar na responsabilidade que é do agente público, no caso do policial,
a segurança do colega jornalista que estaria acompanhando a equipe.
11- Como é o trabalho da Assessoria de Imprensa em Foz do Iguaçu e em
Guaíra?
O trabalho de assessoria que nós fazemos em Foz do Iguaçu e Guaíra é bastante, é
diretamente proporcional à importância que tem aqueles locais, são locais em que
diariamente a Policia Federal recebe presos trazidos ou pelos próprios policiais
federais ou por outras forças de segurança para lavratura de prisões em flagrante,
formalização de apreensão de objetos apreendidos: mercadorias e contrabando em
geral ou drogas. Então é um trabalho muito extenso, de grande volume, de grande
complexidade e nesses dois locais a assessoria de comunicação da PF enfrenta
148
seus maiores desafios, que é diariamente comunicar a repetição desses fatos, das
prisões e de apreensões, e manter ainda vivo o interesse da imprensa em relação
ao trabalho da PF na fronteira.
12- O que falta melhorar na Comunicação Social da Polícia Federal para que
haja uma ampla divulgação?
Nós precisamos, institucionalmente falando, alcançar um nível de profissionalização
em todas as nossas unidades. Nós temos excelentes profissionais trabalhando no
Paraná, em outros locais do Brasil, mas na maioria dos locais ainda não há uma
profissionalização desse trabalho. Então seria interessante que a Instituição, em
algum momento, preparasse cursos de formação, de capacitação, de treinamento
nessa área, para que nós tenhamos uma resposta a altura do que a Instituição
merece.
13- Em sua opinião, o trabalho realizado nas comunicações sociais das
descentralizadas deveria ser realizados por profissionais especializados na
área?
Sim, o trabalho é muito importante e ele merece ser feito por especialistas. Sejam
jornalistas de carreira, contratados com essa finalidade, seja por policiais com essa
capacitação e que tenham este talento, que tenham essa vontade de fazer um bom
trabalho em prol da imagem institucional da Polícia Federal. A Polícia Federal tem
27 superintendências em todo o Brasil, uma em cada estado, e uma delegacia da
Polícia Federal, que está presente em mais de cem cidades do Brasil, deveria cada
uma ter um profissional dedicado exclusivamente ao cuidado da imagem da
Instituição, essa não é, infelizmente, a nossa realidade ainda e por isso é que a
minha opinião, neste sentido, é que a Polícia deve perseguir esse ideal para em
termos finalísticos apresentar o melhor trabalho possível à sociedade.
149
14- Porque as Delegacias da Fronteira (Guaíra e Foz do Iguaçu) não aparecem
com frequência no cenário nacional, mesmo possuindo uma importância para
a sociedade?
Eu penso que ocorre em razão da repetição dessas prisões e apreensões de menor
complexidade. Quando são operações importantes que fogem da rotina, elas são
razoavelmente divulgadas, porém o trabalho rotineiro, diário de prisões e
apreensões de contrabando e mercadorias em geral e tráfico, ele não obtêm a
projeção necessária para a divulgação em nível nacional. Contudo, quando na
fronteira, ocorrem operações grandes, elas são razoavelmente divulgadas.
150
DECUPAGEM 04
Nome: Wagner Mesquita de Oliveira
Função: Chefe da Delegacia Regional de Combate ao Crime Organizado no Paraná
Tempo de Experiência: 9 anos
Tempo de Experiência na Fronteira: 2 anos
Idade: 39 anos
Formação: Curso Superior em Direito
1- Como funciona o trabalho da DRCOR?
A DRCOR tem por missão dar meios para que as delegacias especializadas atuem
interagir com outros órgãos, enfim estruturar a Polícia Federal dentro do Estado, de
forma com que ela venha a ter o máximo de eficácia nas ações, nas investigações,
gerenciar recursos humanos, recursos materiais, informações de inteligências com
outras instituições, enfim interagir e dar suporte para as operações. Quando chega a
fase ostensiva que tem convocação, recrutamento, viatura. Enfim, esse meio
logístico todo.
2- Qual a importância da DRCOR na região de fronteira? Esta delegacia é
bastante atuante nesta região?
É acumulativo. Vamos dizer, eu acho que o estado que tem uma fronteira como a
nossa, nós temos as atribuições normais do Estado que não tem, e mais a questão
do policiamento ostensivo e tráfico redobrado de entorpecentes e contrabando, que
é a nossa preocupação. Então, a gente faz o trabalho de DRCOR, que tem nos
outros também - de inteligência, de investigação, de suporte à investigações, apoio
nas operações ostensivas – e mais a questão do trabalho ostensivo, de fronteira, o
151
caso do DEPONs, enfim, contrabando, tráfico. Então é plus né, é uma obrigação
maior, a mais do que a gente já tem normalmente.
3- O Primeiro Comando da Capital e o Comando Vermelho atuam nas fronteiras
do Paraná?
Também. Algumas organizações criminosas tem por característica centralizar, ter
um foco maior dentro de unidades prisionais, como é o caso do Primeiro Comando
da Capital. Outras, como o Comando Vermelho, já não tem muito esse forte, então
já nos preocupa mais a questão da fronteira. Mas crime organizado, uma das
características é essa interestadualidade, então nós temos que nos preocupar com
isso sim. E é um elemento de cuidado nosso
4- Como é a atuação, eles perderam importância ao longo dos anos?
Continuam, continuam.
5- Porque há alguns anos as ações do PCC e do CV eram enaltecidas pela
mídia e hoje são abafadas? É uma tática da Polícia Federal para que as
organizações percam a importância, a imprensa deixou de citá-las ou elas
realmente perderam importância?
Eu acho que a sociedade em si está acordando para o fato de que você enaltecer,
um dos objetivos dessas facções é justamente isso, ganhar simpatia do povo e, para
isso, utilizam música, existe toda uma cultura, uma contracultura da marginalidade,
né? E isso tem música, vestimenta. A marginalidade, ela tem essa contracultura. A
sociedade em si está acordando para o fato de você dar muita notoriedade, você tá
botando foco, você tá botando foco. Então, eu concordo quando eu percebo, às
152
vezes, nos meios de comunicação, que se oculta algumas coisas, falar da facção,
enaltecer lideranças e tem que fazer isso mesmo, tem que fazer isso mesmo.
Porque, principalmente, a população mais pobre, sem o menor acesso, a cultura e
educação e também o jovem, ai você vai juntar nesse cenário à droga, sedução pela
arma, a sedução por aquele poder, a falta de perspectiva em cima do estudo e da
educação, faz com que forme um caldeirão, que fica mais fácil pra facção criminosa
atuar, e conseguir gente e trabalhar e ter ações criminosas, perigosas né?
Criminosas né? Pessoas mal formadas, ter um baixo nível de escolaridade, ficam
mais suscetíveis a ser cotados pelo crime organizado. Então eu acho que realmente
não se deve dar muita luz a esse tipo, e a gente sabe, que principalmente, alguns
lideranças de crime organizado, usam factoides para se fazer famosos, vou te dar
um exemplo: Estão dentro da cadeia e passam o livro lá, a oportunidade de ir a
biblioteca, pega o livro de filosofia, pega o livro de sociologia, pega o livro de
discussões sociais e na verdade ele não está querendo saber o que tem dentro do
livro, mas ele sabe que alguém vai perceber que ele esta lendo aquilo e vai
caracterizar como um movimento social, como um cara que está estudando e não tá
nada. O cara sabe disso, é malandro, é esperto, esperto. Inclusive nós vemos isso
ai, até em profissionais do direito, que começam: “Ah! Vamos estudar o perfil do
criminoso!”. Não tem que estudar o perfil do criminoso, nesse aspecto, com esse
foco, porque você está dando mais luz pra ele, está dando mais foco pra ele. E ele
sabe disso e usa isso. Então eu acho que é válido, não tem que se exaltar esse tipo
de coisa mesmo. E inclusive, exaltar sim, que a notoriedade é usada pelo crime
organizado. Vide os bailes funks do Rio de Janeiro, o funk proibido que tenha
aquelas coisas toda.
6- Porque mesmo quando as organizações criminosas perdem parte de sua
estrutura organizacional, elas ainda conseguem se refazer, reestruturar?
Trabalho de investigação é muito difícil, formação de prova é muito difícil, a coisa é
muito difusa. Algumas organizações já se protegem e já vem na origem protegidas,
faz estruturas em forma de células e ai você destrói uma célula, mas uma não tem
contato com a outra, então você não tem como fazer aquela investigação andar para
153
pegar todas as outras células. Então, isso é uma estratégia de crime organizado,
essa formação em célula. A dificuldade de fazer prova, hoje em dia, é muito grande.
Você não pode sustentar uma investigação por três, quatro anos. Existem
discussões jurídicas sobre isso, então inviabiliza também você fazer uma
investigação muito profunda. O crime organizado também esconde patrimônio,
atuação de funcionários públicos, então, realmente, pra você desestruturar de vez,
você teria que abraçar tudo isso. Tirar patrimônio, tirar estrutura, tirar funcionários
públicos, e não é de uma hora para outra que você consegue fazer. A dificuldade é
grande. Hoje em dia, um sistema carcerário que nós temos, não impede que uma
pessoa dê ordens, um chefe da organização. Você vai impedir que um executor,
execute a ordem. Ele vai ficar ali encarcerado, mas os chefes, os diretores vão
continuar dando ordens através de visita de advogados, visita intima de parente.
Então, a nossa legislação isola a liberdade física dele, mas não a liberdade
intelectual e não o poder de mando, ela permite ainda que tenha esse poder de
mando, isso ficou claro nas nossas operações.
7- Qual o peso do tráfico de drogas em relação ao crime organizado?
Ah! Vários aspectos, né? Financeiro, tem organizações que usam o tráfico para se
capitalizar para outros crimes, para roubo. Usam o tráfico para sustentar mão de
obra de execução. Tráfico de drogas movimenta milhões no mundo todo, então
enquanto tiver gente usando, vai ter gente lucrando e é um dinheiro que está
enfronhado na nossa sociedade. Comércios que nós frequentamos, que na verdade
são lavagem de drogas, e que nós não sabemos. Então, apreensões nossas, aqui
no Estado do Paraná, tivemos uma apreensão de quatro toneladas de cocaína pura
indo para Europa, quatro toneladas avaliadas em três milhões de euros ou dólares,
não me lembro de agora, eu teria que ver. É muito dinheiro, é um PIB de um país, é
muito dinheiro. Esse dinheiro aplicado, para se lavar, tem que ter fábrica, tem que ter
comércio para gerar tudo isso. Então o tráfico, não é só pensar naquele tráfico
formiguinha só. È uma empresa que movimenta muita coisa e que está no nosso
meio, movimento comércio, grandes negócios de fachada, financia campanhas
políticas. Enfim, está muito mais enfronhado e a nós não discutimos muito o uso,
154
fala-se muito do tráfico, mas não se discute o uso e uma coisa não tem como viver
sem a outra.
8- Quais são os passos de uma operação? (denúncia ou provas, investigação,
deflagração, prisão, finalização do inquérito).
A informação chega para a Polícia de várias formas: às vezes de uma investigação
anterior, às vezes de outra unidade, outra delegacia que está investigando um fato e
aí aparece outro fato, em outro local e passa pra polícia, às vezes a própria
população passa alguma coisa mais fundada que você chegar, enfim, várias formas
que a informação chega para a Polícia. Se nós temos condições, se você reúne
condições de começar um trabalho, vê que aquilo ali tem um fundamento e dá para
chegar num ponto final, nós começamos. No caso da Polícia Federal, nós
começamos a investir um pouco mais nessa informação. Fulano está demonstrando,
ostentando patrimônio e tem relações com traficantes de outros estados, então
provavelmente tá atuando aqui também. Aí começa o trabalho, leva o trabalho para
a Justiça, a Justiça aceitando o início de um trabalho judicial, vendo que ali tem
possibilidades, aí começa uma fase mais incisiva com quebra de sigilos, de várias
formas, aí vão ser várias formas, varias diligencias polícias, que vão tentar identificar
quem faz parte dessa organização, o que cada um faz e comprovar que eles fazem,
ou seja, o cara que lava dinheiro, lava dinheiro; que o cara que compra a droga,
compra a droga, que a droga existe, a apreensão da droga que ela existe, o
patrimônio da droga que está em volta, quem faz o que, quem transporta e aí
prender todo mundo ao final. Ao final do trabalho, que tenha durando ai alguns
meses que seja, normalmente alguns meses, tendo efetuando apreensões, tendo
provado que aquela equipe, aquela organização, atua naquele sentido. Se estiver
suficiente, nós levamos para o juiz os mandados, e expedidos, nós cumprimos e aí é
uma nova fase da investigação: é a instalação de inquérito policial, interrogatórios,
análise do material apreendido, perícia, tudo isso vai ser compilado no inquérito
policial que ao final, em um grande relatório vai compilar tanto a fase de
investigação, quanto a fase do inquérito policial, depois da deflagração. Basicamente
isso.
155
9- Você acha que a legislação brasileira, em relação ao tráfico de drogas, é
falha?
Eu acho que ela avançou no aspecto patrimonial, houve um avanço e um retrocesso
na questão do uso, na medida em que tirou a pena do usuário. Não pelo fato de que
tirou a pena do usuário, até porque se o cara é usuário, ele tem um problema físico,
médico, só que não deixou nenhuma outra pena coercitiva e isso ficou uma lacuna
grande. Então, hoje em dia, o policial não tem o que fazer. É crime, mas não existe
pensa suficiente coercitiva para a situação. Então, para mim, foi o grande
retrocesso, ter tirado a pena de reclusão do usuário e não ter posto nada coercitivo
no lugar. Um tratamento, uma internação. Na verdade, não só isso, agora já está se
insurgindo para a pena alternativa para pequenos traficantes e, eu sou totalmente
contra, para mim reclusão é reclusão até o final. Pode estar sendo condescendente
de um lado, devido a uma falta de estrutura carcerária, estamos sendo
condescendentes, mas a consequência disso vai ser mais necessidade de
encarceramento, não menos, não menos.
10- O que falta na Polícia Federal hoje?
Recursos humanos, concurso, gente para trabalhar, gente para trabalhar e uma
política de estímulo àqueles que buscam um resultado na Polícia. Na polícia, como
em qualquer órgão público, você tem algumas garantias que é o caso da
estabilidade, que é uma garantia justa a instabilidade no emprego, no entanto,
facilita que alguns colegas não tenham obrigação de produzir nada, façam o mínimo,
fiquem no seu horário e não produza. Somada a isso, a falta realmente de efetivo,
gente aposentando, então, você tem aí falta de recursos humanos, sejam eles
qualificados e motivados e até geral, números mesmo.
156
11 – Acho que isso principalmente na fronteira né?
Também. Naquele tipo de trabalho, mas aqui o trabalho é diferente.
12 - Qual é a relação da Polícia Federal com a mídia?
Eu acho que a mídia tem um papel importante, tanto preventivo, educativo, na
questão de conscientização da população. Eu acredito que é um fator muito
explicativo da importância do trabalho nosso. Eu acho que a Polícia Federal já
passou da fase de autoafirmação, não precisa mais se autoafirmar, não precisa mais
dizer que ela faz um trabalho. Na medida em que a gente mostra as operações
como foram feitas, eu acho que é um cunho educativo para quem está vendo que
você está sujeito sim, a ser responsabilizado criminalmente. E até hoje, dentro da
minha experiência, como delegado, nunca tive uma experiência negativa de
tratamento da mídia, entre polícia e mídia, realmente não tive.
13- Qual a sua percepção da imagem retratada da Polícia Federal na mídia?
Boa. Eu acho que é importante, motiva, faz com que as pessoas procurem a polícia
com uma boa visão.
14- Após uma coletiva de imprensa ou uma entrevista, como a mídia apresenta
o trabalho da Polícia Federal? É satisfatório? É completo? Fica algo a desejar?
È é na velocidade da mídia né? Cada vez mais rápida. A gente entende, lógico, o
interesse da mídia é informar a população em geral que não quer só saber do
trabalho de polícia, ela quer saber do esporte, quer saber da política, quer saber de
157
outras coisas também, então é rápido. Difícil você ter um espaço mais completo
dentro da mídia para contar a história toda da operação, de como começou e aquela
coisa toda e a polícia também não pode divulgar todas suas técnicas, então a gente
entende. Tem momentos, que tem que somente informar o resultado; o que
aconteceu; quantos foram presos. Eu acho que é uma relação suficiente. Gostaria
de ter mais espaço para mostrar atitudes preventivas da polícia e não só
repressivas, mas eu sei que é difícil dentro da velocidade que o mundo vive no
mundo de hoje.
15- Você acha que por a Polícia Federal possuir regras, que não existem em
outras instituições policiais, por exemplo, a divulgação dos dados e imagens
dos presos, acaba perdendo espaço na mídia?
Acredito que não. E acredito também que as regras não são fixas. Por exemplo, no
caso da nossa ultima operação (DESARME) em que os presos praticaram vários
crimes de roubo à população, então existe necessidade nesse caso sim de expor,
vocês que trabalham aqui, são testemunhas da quantidade de gente que veio aqui
reconhecer os presos. Então, nessa situação especifica, eu acho que o foco
principal da Polícia Federal é não expor o preso ao ridículo, não expor o preso ao
constrangimento, não agredir o preso, mas expor a sua figura, para que
eventualmente, a sociedade reconheça e venha ali praticar o ato de polícia de
reconhecimento, eu acho que tem que ser válido.
16- E, por exemplo, a Polícia Militar, a Polícia Civil, elas não tem uma imagem,
digamos assim, tão boa na mídia, porque você acha que acontece isso?
Eu acho que no caso da Polícia Civil, é a falta de estrutura, aí o motivo dessa falta
de estrutura, a gente vai entrar em conjecturas políticas e falta de orçamentos,
enfim, outras questões. No caso da Polícia Civil, que estaria, poderia fazer grande
parte do trabalho que nós fazemos é falta de estruturas, falta de investimentos em
158
recursos humanos qualificados e falta de equipamentos. No caso da Polícia Militar,
que eu acho que, no Estado do Paraná justamente, ela tem equipamentos
suficientes. Quanto mais serviço uma pessoa tem, maior a probabilidade de erro. A
Polícia Federal tem um tipo de trabalho, que a gente investiga meses, quando
decide, quando acha por bem encerrar, nós temos um grande conhecimento do que
está fazendo, porque conhecemos todo o modus operantis da quadrilha, o teatro de
operações, nós sabemos tudo. No caso da Polícia Militar, eles são acionados para
encarar situações que não sabem o que vão acontecer, então acerta e erra. E esses
erros, no caso os erros da polícia, chamam muito atenção. Então, acontecem muitos
erros da Polícia Militar que acabam tirando um pouco do brilho nas coisas boas que
eles fazem. Então quanto mais for a gol, mais vão cometer faltas, no caso deles né?
Na Civil eles teriam toda a possibilidade de ter tanto reconhecimento público quanto
nós, mas não tem equipamentos suficientes e gente qualificada para isso, mas ai os
motivos disso são vários né?
17- Como a mídia aborda o combate ao crime organizado?
Eu acho que quando se entra no aspecto político, como o do Monte Carlo que está
sendo anunciado agora, ai a mídia, porque ela está contextualizando uma operação
policial com política, com disputa partidária, com orçamento, enfim, dai se torna um
caldeirão mais interessante para a imprensa. No caso das organizações que não
tem muito esse viés, eu percebo, dai pode ser uma percepção errada minha, mas eu
percebo que não tem o mesmo interesse. Normalmente, quando envolvem partidos
políticos, dinheiro público, futebol, alguma coisa de comoção popular, aí o crime
vinculado àquilo é tratado com mais atenção.
159
18- Há um equilíbrio na abordagem da mídia em relação ao trabalho de
combate aos crimes organizados e a visão dos criminosos?
Ah não! Eu acho que mais no combate, felizmente, mais no combate. Não vejo
muito, eu acho que isso teve bastante melhora inclusive. Enxergo isso como um
processo de melhora. Já houve épocas ai que se ressaltava essa cultura da
marginalidade, a gente vê isso ai, principalmente nos locais mais simples, que as
crianças têm poucas perspectivas, não tem educação dos pais suficientes, não tem
perspectivas de estudo, enfim, de trabalho, de futuro, então acaba sendo abraçada
por essa contracultura.
160
PERGUNTAS GERAIS – ENTREVISTAS DOCUMENTÁRIO
1) Nome, Idade, tempo de trabalho total na Polícia Federal e na fronteira e
quantas operações contra o tráfico de drogas já participou.
2) O que é tráfico de drogas?
3) Como funciona/acontece o tráfico de drogas?
4) Qual é a importância da fronteira para o tráfico de drogas?
5) Quais são as consequências do tráfico de drogas? O que ele causa para a
sociedade?
6) No Paraná quais as cidades que são mais utilizadas pelos traficantes?
7) Por que a fronteira é o inicio do tráfico de drogas? Por que ele não acaba na
fronteira?
8) Como é a atuação da Polícia Federal no tráfico de drogas na fronteira? Qual é
sua importância?
9) Por que a Polícia Federal atua em diversos meios? (Nepom, Aeroporto,
Canil)?
10) Qual foi a maior apreensão de drogas que você participou na fronteira?
11) Faça um balanço do que é o trabalho da Polícia Federal na fronteira.
12) Explique porque o tráfico de drogas tem características de uma empresa.
13) Qual a importância da localização geográfica do Brasil para o tráfico de
drogas? E o mercado interno?
14) Por que a Argentina não representa relevância nas apreensões de maconha
e cocaína na fronteira do Paraná?
15) Quais são os diferentes cargos que existem dentro do tráfico? Quais as
diferenças entre eles?
16) Qual é o perfil do traficante? E da mula?
17) O que o tráfico de drogas representa dentro das organizações criminosas?
18) Qual é a atuação das organizações criminosas no Paraná?
19) Qual é a importância da Polícia Federal para diminuir a atuação do PCC e do
CV na fronteira do Paraná?
20) Quais as dificuldades de um policial na fronteira?
21) As apreensões de drogas aqui na fronteira são frequentes? Por quê?
161
22) Quais são as principais maneiras de ocultação da droga?
23) Como é a reação do traficante (mula) antes e depois da prisão?
24) Há muitos traficantes (mulas) menores de idade?
25) Como é o seu dia a dia? Fale da rotina do seu trabalho.
26) Já passou por alguma prisão ou apreensão difícil/complicada? Como foi?
27) Há muitas fugas? Por quê?
28) Como são as perseguições?
29) Qual foi a prisão/apreensão mais marcante? Por quê?
30) Já participou de uma operação contra o tráfico de drogas? Cite a maior e
conte como foi a deflagração.
31) Já sofreu ameaça de morte?
32) O que é o nepom?
33) Quais são os perigos para o policial que fiscaliza com embarcações?
34) Qual é o procedimento ao avistar uma embarcação suspeita?
35) A quantidade de embarcações que a PF possui é suficiente para fiscalizar
toda a fronteira? Por quê?
36) Após verificar que a mercadoria é droga, quais são os procedimentos a
seguir?
37) De que maneira a droga entra pelo aeroporto? (Malas, coladas no corpo,
estomago). Detalhar. Qual a mais frequente?
38) A fiscalização é feita na maioria dos veículos?
39) Como é realizada a busca nos veículos? Em quais locais as drogas são
normalmente ocultas?
40) Como é a reação dos passageiros? Colaboram com a fiscalização?
41) A fiscalização é feita por causa de alguma denúncia?
42) O que ocorre quando é encontrada a droga na mala? Quais são os
procedimentos?
43) Normalmente as drogas localizadas nas fiscalizações de ônibus não são de
grande quantidade. Já houve alguma apreensão que surpreendeu você?
44) Em quais situações eles são usados? Explique.
45) Como é o treinamento/dia a dia de um cão farejador?
162
ROTEIRO
ROTEIRO – VIDEODOCUMENTÁRIO PF
TÉCNICA/TEXTO/TEMA
IMAGEM
Tela preta
Introdução 01: O Dia que não Terminou
- Pôr do sol
- Carros na PIA
- Movimentação do tráfico na PIA
- Imagem noturna
- Placa Foz
- Placa Itaipu
- Barragem Itaipu
- Placa Guaíra
- Lancha no Rio Paraná
Fade Out
GC: Renato Lima
Delegado
(O Tráfico de drogas é a comercialização, na
Entrevista Renato Lima
verdade, temos vários verbos no artº 33 da lei de
drogas, a compra, a venda, o plantio, todo esse
cenário de drogas, entorpecentes que são aquelas
substâncias previstas na portaria em lei enfim, nas
nossas normas. E o tráfico internacional é quando
essa movimentação da droga, o transporte dela,
vem do exterior, tanto que aí a pena é acentuada, é
um pouco mais grave, nesse caso.)
GC: Roberto Milanezze
Delegado
(Mas Foz do Iguaçu e Guaíra ocupam uma situação
bem estratégica porque nessas duas cidades tem
uma situação de comércio muito grande de Entrevista Milanezze
mercadorias, entre aspas, lícitas né? Eletrônicos e
outras mercadorias típicas de compra de free shop
163
que acabam gerando uma movimentação na cidade
e fazendo com que o tráfico aproveite dessa
movimentação para se ocultar no meio dessa
multidão de pessoas que está sempre passando por
ali, por aquela região de fronteira).
GC: Wagner Mesquita
Delegado
(Foz do Iguaçu é uma grande porta de entrada
devido ao tamanho do Paraguai, do tamanho de Entrevista Mesquita
negócios ali na fronteira com o Paraguai. Guaíra
também, Guaíra e aquela região toda sempre tem, é
naturalmente envolvida, tem a facilidade de ter
pequenos portos, então o material ser internado
através do rio, o que é difícil fazer uma fiscalização
eficaz. A nossa divisa com o Estado do Mato
Grosso também é uma divisa complicada delicada,
nós temos cidades do lado paraguaio que tem
fronteira com o Mato Grosso, que tradicionalmente
são rota de entrada de maconha no país e armas.
Então o Paraná está servido dessas principais
vertentes de entrada de drogas, armas, material
ilícito em geral)
(A fronteira é o começo do trafico, porque como eu Entrevista Milanezze
tava dizendo, o Paraguai ele é um país produtor de
maconha, é um país que tem sua renda, do povo do
interior, do povo da lavoura é muito focada na
produção de maconha né? Ou a pessoa é um
grande produtor de soja ou um grande produtor de
gado ou ele não vai conseguir sobreviver daquelas
culturas de subsistência, como por exemplo a
mandioca, não tem uma lucratividade muito grande.
Então para o pequeno produtor, aquele lavrador
mesmo que vive da enxada produzir a maconha é
muito mais lucrativo pra ele, mesmo ele sabendo os
riscos que ele corre né? Então esse problema social
que existe no Paraguai, de uma pobreza, gera essa
grande produção de maconha. É uma produção
muito grande mesmo, então essa mercadoria tem
que escoar para algum lugar e o Brasil é o país
mais fácil para escoar, o Paraguai não tem ligação Mapa – Rota – Maconha
com o mar e o Brasil tá aqui com um mercado
164
consumidor enorme, uma população muito grande
para consumir essa maconha, por outro lado, a
cocaína que é produzida nos países andinos né, o
Paraguai não produz cocaína, a cocaína é
produzida em países como Bolívia, Peru, Colômbia,
então essa facilidade que o Paraguai proporciona
de ser uma passagem para essas drogas baseadas
Mapa – Rota - Cocaína
nas folhas de cocaína devido a movimentação da
tríplice fronteira, a tríplice fronteira é muito dinâmica,
como isso gera uma movimentação muito grande de
veículos e pessoas então facilita essa ocultação de
pessoas, elas se misturam na multidão que está ali
fazendo comprar legalmente e acabam tendo uma
facilidade maior de entrar no Brasil, o Brasil se torna
muitas vezes o país de passagem, o Brasil não é
apenas consumidor de cocaína, toda a cocaína que
entra no Brasil pelo Paraguai, não é só consumida
aqui, mas também parte para países da Europa e
dos Estados Unidos, então por isso que o Brasil
combate, da melhor maneira que ele pode, para que
também favoreça os outros países).
Fade Out
- Lancha e Policial
Introdução 02: Gats To Adis
- Policiais Nepom
- Policial e cachorro
- Fiscalização Aeroporto
- Carros PIA
Flash
Tela Preta
Entra Áudio - traficante
Animação Polícia Federal
Animação Arma
Animação Polícia Federal
Animação Arma
Título do documentário
Fade Out
165
GC: Fabio Telles
Agente
(O trafico de drogas é um crime extremamente Entrevista Telles
prejudicial à sociedade, e por atribuição
constitucional a repressão dele é cargo da Polícia
Federal, não apenas o trafico internacional mas todo
o trafico em si)
(as varias formas que o trafico usa pra ele poder
escoar a droga, então por exemplo, em foz do
iguaçu e Guaíra existem o núcleo de policia
marítima que fazem o patrulhamento do lago de
Itaipu e do rio Paraná que faz a fronteira com o
Paraguai, já no aeroporto, muita, principalmente
cocaína, ela sai do Brasil pra ir pra outros países,
como Europa, estados unidos, através do aeroporto,
e existe também policiamento na rodovia, quando a
droga já esta no Brasil, ela sai de carro, sai de
ônibus, então o combate tem que ser feito tanto
terrestre como na área de fronteira, na área fluvial
ali, marítima, e também já quando esta dentro do
país aqui.)
- Imagem aérea Lancha Nepom
GC: Celso Calori
Agente
(O NEPOM faz um trabalho ostensivo da Polícia
Federal com embarcações, nós realizamos Entrevista Calori
operações no Lago de Itaipu e também nos rios
Paraná e Iguaçu. Nosso trabalho é específico, é
especializado com embarcações, porém também
fazemos trabalho, fazemos patrulhamento com
viaturas né, tantos nas margens do Rio Paraná e
- Abordagem Lancha
Rio Iguaçu e no Lago de Itaipu.)
GC: Augusto Rodrigues
Agente
(Nós verificamos ali os locais onde que existe mais
166
incidência de passagem e nesses locais é feito um Entrevista Augusto
trabalho de acompanhamento, de levantamento, de
investigação, de inteligência e a partir disso nós
partimos para as ações policiais que visam
justamente fazer a apreensão. Então já ocorreram
apreensões em embarcações. As embarcações
passando do lado paraguaio pro lado brasileiro, elas
são abordadas, são fiscalizadas e, vamos dizer
assim, essa droga geralmente ela não vem
escondida. Ela já vem dentro da própria
embarcação porque são grandes quantidades.)
(O que as pessoas utilizam são horários que eles
têm certeza que não tem uma fiscalização, pode ser Entrevista Calori
usando a cobertura da noite – que dificulta a
visualização – e em pontos essa travessia, essa
travessia é feita em pontos é em que o sistema de
vigilância deles consegue detectar a presença
policial numa distância maior, então quando você
chega, até você chegar a margem já deu tempo - Barcos – Noite
suficiente para eles até retornarem com essa droga
para o lado paraguaio ou ter escondido dentro de
uma residência numa favela, numa dessas favelas
que tem aí com mais de duzentas residências,
então é muito difícil você localizar essa droga
depois.)
- Fiscalização Lago Itaipu
Sobe Lettering
Fiscalização de Rotina
Lago do Itaipu
Fade Out
(Tudo o que movimenta pessoas e material é uma
oportunidade pro tráfico atuar, seja em estradas, Entrevista Mesquita
fiscalizações em estradas, aeroportos, portos, então
nós temos um vasto histórico no Paraná de
apreensões em várias modalidades, seja em portos,
aeroportos, na estrada, no rio, em fiscalização de
passageiros, em veículos, enfim, toda a
oportunidade que o tráfico vê de internar material, a
gente tem que na sequência se mobilizar e tentar
fazer aquilo ficar menos fácil né?)
- Carros PIA
167
Fade Out
GC: Laércio Grejanin
Agente
(A fiscalização aqui na Ponta da Amizade tanto na
saída do Brasil, quanto na entrada ela é feita Entrevista Laércio
aleatoriamente, é como a quantidade, o fluxo de
veículos é muito grande tanto saindo quanto
entrando no Brasil, não há possibilidade com as
pessoas, com a quantidade de efetivo de fiscalizar
todos os veículos e pessoas que saem e entram no
Brasil. Hoje é feito por amostragem, por
amostragem e pela experiência do policial hoje na
fronteira, ele já escolhe as pessoas e veículos para
fiscalizar, é uma forma de resumir a fiscalização, ele
aborda a pessoa e o veículo que realmente vale a
pena fiscalizar. )
Sobe Lettering
Fiscalização de Rotina
Ponte Internacional da Amizade
- Fiscalização de um carro – PIA
Fade out
GC: Gildeto Meira
Agente
(Devido o Paraguai ser o segundo maior produtor de Entrevista Gildeto
maconha do mundo, após o Marrocos, aqui na
fronteira do Paraná, as apreensões de drogas,
principalmente maconha, são diárias.)
(São várias as formas de entrada da droga pela
Ponte da Amizade, as formas de ocultação são Entrevista Laércio
muito variadas, as vezes é caminhão, é no corpo da
pessoa, mala, fundo falso de veículos, é muito
variado, não tem um padrão de ocultação.)
- Tirando droga do carro
(Creio que dos flagrantes que eu tive o privilégio de Entrevista Renato Lima
estar lavrando de maconha foi de um ônibus que foi
168
apreendido em cima da Ponte Internacional da
Amizade... e na ocasião não teve digamos assim,
nenhuma informação, nada de inteligência, - Ônibus na PIA
simplesmente o ônibus estava cheio de maconha e
passando vazio e aí o policial que resolveu fazer a
fiscalização estranhou aquela situação, entrou
sentiu o odor característico de maconha, a pessoa
que estava ali dirigindo se demonstrou bastante
nervosa, então começaram a fazer uma vistoria
mais, um pente fino maior no veículo, no ônibus e
acabaram encontrando, calculo eu que foi mais de
uma tonelada.
Nessa apreensão do ônibus é interessante notar
que eles tinham modificado completamente o ônibus
e tava escondido no assoalho e no fundo falso que
tinha na traseira do ônibus, ou seja, numa
fiscalização rápida talvez não fosse identificada a
maconha.)
(Na verdade a Polícia tem que atuar em vários
meios porque os traficantes usam vários meios, Entrevista Milanezze
então a polícia tem que estar sempre
acompanhando as várias metodologias utilizadas né
e eles, os traficantes, vão variando sua metodologia
e a polícia tem que estar sempre detectando essas
mudanças, então, por exemplo, tem que fiscalizar
através de cães, até mesmo a correspondência
enviada pelo correio né, que também é um meio de
envio de drogas, o método usado para ocultar, as
vezes é em pneus, as vezes é na carroceria, as
vezes sei la dentro do painel, então eles vão
modificando conforme eles vão criando a
criatividade deles permite.)
- Apreensão de cocaína e crack
Sobe Lettering
Apreensão Foz do Iguaçu
69 kg de cocaína e 87 kg de crack
(Geralmente essas cargas grandes vão para Rio de Entrevista Milanezze
Janeiro ou São Paulo né, o motorista sabia o que
tava fazendo de errado, geralmente eles não
confessam né, pelo menos não em sede policial, as
vezes até em juízo eles podem confessar para
169
conseguir alguma redução de pena, alguma delação
premiada, mas vide regras não confessam e eles
tentam numa ingenuidade querer justificar sua
conduta dizendo que achavam que era contrabando
né, eles tentam justificar dizendo que achavam que
estavam cometendo um crime menor, que eles
entregam o caminhão com uma carga lícita, ficam
sem ver o caminhão por algum tempo e de repente
o caminhão volta já preparado com a carga ilícita,
que eles alegam, geralmente, achar que era
contrabando que eram mercadorias que não droga
né e isso não exime eles porque também é crime o
contrabando e as demais circunstâncias acabam
evidenciando que eles sabem que é droga né.)
- Apreensão de cocaína e crack
(A atuação da Polícia Federal é bem diversificada e Entrevista Renato Lima
eu diria que cada vez mais estaríamos investindo
em trabalhar com inteligência para que não seja
preso apenas aquele que está transportando, que
invariavelmente é a chamada mula, que seria uma
pessoa que foi cooptada pelo tráfico, simplesmente
como um transportador, mas na verdade nem é
aquele que acaba se beneficiando dos lucros e dos
grandes rendimentos que a droga causa, então por
isso a inteligência serve para irmos mais a fundo e
tá trabalhando com os principais, entre aspas, com
os cabeças, com os mentores, com os lideres que
praticam o crime organizado, então trabalhamos
com inteligência. E também trabalhamos de forma
ostensiva até para estar coibindo, porque nem todo
o tráfico de drogas é feito assim de forma assim tão
organizada assim, tem gente que simplesmente vai
até a região de fronteira, atravessa o país, compra a
droga, entra no ônibus e vai embora, então também
é importante estar tendo fiscalização em ônibus, nas
estradas, muitas vezes utilizando cães farejadores
como temos feito, então a gente tem que trabalhar
com esses diversos aspectos até mesmo para quem
está de fora observando fala “opa, a policia se faz
presente”, ou seja, também forma ostensiva.)
- Ricky no ônibus
Fade in
170
GC: Carlos Cruz
Agente
(você imagina um ônibus com quarenta
passageiros, se você pedir para que todos os Entrevista Cruz
passageiros desçam do veículo com suas
bagagens, tirar a bagagem da parte inferior do
veículo, do bagageiro, separar. Você passar o cão
nas pessoas, ou melhor, o policial, revistar pessoa
por pessoa, bagagem por bagagem, isso aí vai
demandar no mínimo duas horas num único ônibus - Fiscalização no ônibus
né. Com o cão não, com o cão você consegue fazer
com as pessoas dentro do ônibus, com a bagagem
no seu local acondicionado entendeu e o cão se
alguém tiver portando substância entorpecente ou
até mesmo ter sido usado um cigarro de maconha
que deixou impregnado na roupa, o cão tem
condições de identificar e a gente consegue otimizar
o tempo que seria em torno de duas horas, a gente
faz em torno de quinze minutos.)
Sobe Lettering
Fiscalização em Ônibus
Foz do Iguaçu
GC: Marco Smith
Agente
(Na fronteira você vai encontrar todo tipo de
Entrevista Smith
ocultação de droga. Desde a droga engolida por
pessoas, pelas mulas que levam a droga no seu
corpo, até fundo falso em veículos, em
embarcações, em aeronaves, passando por fundo
falso em caixa de mercadoria, em ocultação no
meio de cargas. Você vai encontrar praticamente
todas as formas de ocultação de drogas aqui na
região de fronteira.)
- Aeroporto
(No Aeroporto de Foz do Iguaçu a principal droga
apreendida é a cocaína, a cocaína é a campeã
Entrevista Laércio
aqui das apreensões, depois vem a maconha e o
haxixe.)
171
(Normalmente a fiscalização ela é feita
antecipadamente, antes do check-in, então a
pessoa que já está com alguma coisa oculta, seja - Bagagem no aparelho raio-x
dentro do organismo ou em fundo falso, ela passa
pela fiscalização ali pela área da Receita Federal,
onde atuam os policiais federais, naquele momento
já é perceptível que a pessoa está um pouco
nervosa, um pouco ansiosa e ali é o indicio que a
pessoa pode estar com algum, com alguma
irregularidade. A pessoa normalmente é parada, o
policial aborda a pessoa e verifica o itinerário de
viagem da pessoa, esse itinerário já é um grande
indício de que também a pessoa pode estar levando
alguma coisa errada, seja mercadorias que não são
declaradas né, oriundas do Paraguai, ou até mesmo - Fiscalização de bagagens
entorpecente.)
(E tem a forma engolida que é que muito praticada
aqui em Foz do Iguaçu, por que aqui é um corredor
né de saída de drogas pra Europa e muitas mulas
de nacionalidade paraguaia engolem as drogas e
passam pelo aeroporto.)
(Tem uma história que não tem um final feliz. Foi Entrevista Renato Lima
quando uma engolidora trouxe cocaína dentro do
seu ventre e quando ela estava, foi identificado que
ela estava com cocaína no aeroporto e aí foi levado
para o hospital e depois de um tempo teve uma
explosão e aquilo acabou rompendo e ela veio a
óbito, então essa é uma das formas mais cruéis
assim de se estar levando a droga)
(É o risco é muito grande, a qualquer momento
pode se romper uma cápsula de cocaína no
Entrevista Laércio
organismo da pessoa e a pessoa vai a óbito em
poucos segundos, é praticamente impossível salvar
uma pessoa no aeroporto se ela tiver, se romper
uma cápsula de cocaína, é praticamente impossível
salvar ela, normalmente ela vai a óbito mesmo.)
(Uma vez uma mãe estava levando dentro de uma Entrevista Renato Lima
criança morta cocaína, ela tava com aquele bebe no
colo mas, na verdade, ele tinha morrido e estava
172
recheado de drogas dentro. Cruel.)
GC: Álvaro Webber
Agente
(O perfil dos presos que tem aqui na delegacia, hoje
são essencialmente homens, não existem mais Entrevista Webber
mulheres custodiadas na delegacia, nós temos aqui
basicamente
brasileiros
e
paraguaios,
essencialmente presos por tráfico de drogas, podese dizer que 90% do número de presos aqui são por - Delegacia de Foz
tráfico de drogas.)
- Carceragem
Entrevista Webber
(O perfil do preso aqui, é, normalmente, aquele
preso que é chamado de 'mula', é aquele que é
cooptado pelo crime, pra execução específica do
transporte da droga. O perfil desse criminoso, na
realidade, é uma vítima da sociedade, é uma
pessoa de baixo nível cultural, é uma pessoa de
baixo nível financeiro, que não tem posses pra
poder resolver a sua vida, ele é cooptado por
- Carceragem 01
cinquenta, cem reais, duzentos reais, pra poder
fazer esse crime.)
(A mula em si, pouquíssimas mulas retornam a
cometer crimes, pouquíssimas mulas, é muito raro - Carceragem 02
uma mula voltar a ser presa.)
(O traficante já de ofício, esse já tem uma
contumácia na ação e é uma das, das, outras
características que ele não sabe fazer outra coisa, a
não ser traficar.)
(mas normalmente o patrão ele já conhece tanto o
sistema carcerário, já passou pelo banco dos réus, Entrevista Mesquita
já uma ou duas vezes, tem contatos na fronteira,
vários, eventualmente até já morou na fronteira, já
tem familiares na região de fronteiras)
- Fechando porta da carceragem
(As pessoas que trabalham no tráfico geralmente
173
são muito bem remuneradas né? um caminhoneiro Entrevista Telles
vou te dar um exemplo, ele levar uma carga, um
frete normal, que demoraria uma semana pra ele ir
com o caminhão e voltar, talvez ele ganharia nessa
uma semana de trabalho, dirigindo todos os dias
durante muito tempo, as vezes até com o próprio
caminhão dele, ele ganharia.. sobraria pra ele entre
1000 e 1500 reais livre, se ele leva uma carga de
droga, muitas vezes a gente já viu ele ganhar
10,000 mil, 20.000 mil reais. O problema da droga é
que ela custa X no Paraguai ou na Bolívia, na hora
que você conseguir entregar ela em São Paulo, ela
vai custar 20X, é uma margem de lucro
astronômica, vai custar 20 vezes mais, se você
conseguir entregar ela fora do Brasil, nos estados
unidos talvez ela custe 50 ou 100X, dependendo da
situação, então agrega muito valor o fato de você
conseguir fazer com ela chegue ao local da
encomenda, então é uma sedução muito grande
porque os valores envolvidos são muito grandes,
mesmo pras pessoas que estão trabalhando no
escalão menor, na base)
(Certamente ele é um crime, é um ato, digamos
assim antijurídico, mas mais do que isso a gente
Entrevista Renato Lima
pode estar encarando ele por uma perspectiva
econômica. O que nós queremos dizer com isso?
Encarando com as visões da economia, como se
fosse um negócio, um empreendimento, todo o
empreendimento, todo negócio, (ele para e pensa
na palavra certa e continua a frase), como se fosse
um investimento. Os investimentos ele basicamente
tem três aspectos que devem ser observados antes
de ser feito que é o grau de risco, a liquides e,
finalmente, o rendimento. Vou dar o exemplo a
poupança, a poupança é um investimento que tem
um baixo grau de risco, ou seja, é garantido pelo
Governo, quem investiu nele, difícil, não vai sair
perdendo, ela tem uma grande liquides, ou seja,
quando você precisar do dinheiro, você o terá na
mão, basta sacar no banco e por causa disso, pra
- Tabela
compensar, ela vai ter um baixo rendimento, tanto
que é de 1/2% ao mês, 6/5% +- ao ano. Vamos
estar encarando outro investimento, por exemplo a
bolsa de valores, ela tem um rendimento maior,
pode subir, pode descer e aí a gente já entra no
174
risco, em compensação ela tem um risco maior e
ela tem uma boa liquides. Agora vamos pensar em
um que tem uma baixa liquides, imóveis, por
exemplo, os imóveis você investiu dinheiro nele,
dificilmente você vai estar conseguindo estar
retirando esse dinheiro de volta com tanta
facilidade, em compensação tem um bom
rendimento e uma certa segurança. A droga a gente
pode estar encarando dessa forma, como ela tem,
digamos assim, um alto risco, já que a pessoa pode
colocar o dinheiro e perder tudo por uma apreensão
da polícia e ela tem uma difícil mobilidade, já que o
dinheiro que você investe não vai ter um tempo de
retorno tão rápido, ela tem o terceiro aspecto que é
a alta rentabilidade, ou seja, o preço da maconha no
Paraguai, é diferente do preço que ela vai ter, por
exemplo, em São Paulo, ou até mesmo na Europa,
cada vez que você vai pulando essas etapas de
risco e de transporte, vai tendo um valor mais alto. E
o papel da Polícia Federal nessa cadeia, mais do
que estar impedindo aquela ação naquele momento,
certo é esse a função primária, é também estar
fazendo com que os riscos de tornem tão altos que
acabe desestimulando a prática do crime.)
(O Brasil busca parceria com o Paraguai pra que se
façam operações dentro do país produtor, antes do
Entrevista Mesquita
limite da fronteira, e essas sim são operações que
você tem um resultado eficaz, você tem um
resultado realmente majorado, então o Brasil cede
aeronaves, a Polícia Federal vai lá com suas
aeronaves, seu efetivo, entra em território
paraguaio, lógico que sob cooperação internacional,
faz o cultivo daquela maconha e queima toda
aquela maconha, então você foi na fonte e tirou ali
no momento da produção. Então isso é muito mais
eficaz do que pegar a conta gotas depois da
fronteira pra cá. Então esse seria o objetivo maior,
esse teria o maior ideal, estamos buscando fazer
hoje em dia com a Bolívia, com o Peru, mas é difícil
instrumentalizar esse tipo de operação. Mas aí sim
seria, além da fronteira seria o ideal pra fazer o
combate. Da fronteira pra dentro aí já é um
problema de atuação direta da polícia, mas enfim, aí
o mal já está mais ou menos feito né? podemos
considerar que o mal já está feito e muito mais difícil
175
de tratar, você vai prender eventualmente uma
mula, você vai prender o motorista, pra você
prender realmente o dono da droga, o intermediador
você vai ter que fazer um trabalho muito mais
demorado, com muito mais qualidade técnica,
enfim, juntar muito mais provas né?)
(A partir do momento que você esta combatendo o
trafico de drogas, você também esta combatendo a
Entrevista Telles
atividade das facções criminosas ne? Basicamente
a atividade.. a facção criminosa é o meio e o trafico
de drogas seria o fim, então não adianta você
combater só o traficante, o trafico de drogas em si,
se você não fizer um trabalho que visa você atingir
as facções criminosas ne?)
(E o Paraná por ser uma importante rota de acesso
aos grandes, aos grandes centros consumidores é o Entrevista Gildeto
Estado que mais se apreende maconha no país. A
Polícia Federal no Paraná é a policia que mais
apreende maconha no país e não somente ela,
como a Polícia Militar, a Polícia Rodoviária Federal,
a Polícia Civil. E grande número de pessoas do
Estado de São Paulo são presas e ficam
encarceradas geralmente em delegacias do Estado
do Paraná. Pessoas com ligações ao PCC. Daí o
alastramento da presença do PCC, principalmente
nas delegacias do Estado do Paraná.)
(Em relação com comando vermelho eu tive a
oportunidade de fazer, de conduzir um trabalho Entrevista Mesquita
chamado operação fênix. Essa operação durou dois
anos, 2007 à 2009, nós realizamos a apreensão de
4 toneladas de drogas durante dois anos, foram
doze flagrantes, 22 pessoas presas, apreendemos
aviões, fuzis, metralhadoras, armas longas,
maconha, cocaína, e o principal articulador era o
Luiz Fernando da Costa, conhecido como
Fernandinho beira Mar, nessa operação a gente
conseguiu prender, responsabilizar criminalmente e
prender a esposa dele, filho, advogado, enfim,
varias pessoas envolvidas com a facção do
comando vermelho. Empresas, nós propiciamos que
176
a Justiça bloqueasse e cessasse a atividade da
lavagem também, além da droga, todos eles
receberam altas penas.)
(durante as investigações ficou provado a ligação
entre as duas facções, lideres dessas facções se
conheceram no presídio de Catanduvas, e ai
fizeram consorcio de drogas em são paulo, nós
fizemos apreensões em são paulo também,
voltadas ao PCC, entao já tivemos resultados
práticos aqui no paraná, de atuação em cima das
facções criminosas.)
(O trafico de droga hoje dentro do crime organizado,
em termos até mundiais, é muito forte porque,
houve um estudo feito pela ONU, que revelou que Entrevista Telles
se fosse tirado do sistema bancário mundial todo
dinheiro que é utilizado pro trafico de drogas, pelos
traficantes, da atividade ilícita do trafico de drogas, o
sistema bancário ele entra em colapso, de tanto
dinheiro que ele tem inserido ne dentro do mercado
mundial ne? E dentro do Brasil basicamente, o
crime organizado, as facções criminosas, e o crime
organizado de uma forma geral ele usa o trafico de
drogas pra se capitalizar, porque é um atividade
muito muito rentável.)
- Fiscalização em Guaíra
- Tirando drogas no carro 01
Entra música – O dia que não Terminou em fade in
- Tirando drogas no carro 02
e vai a BG
(As consequências do tráfico de drogas são
devastadoras, você consegue ver famílias Entrevista Renato Lima
destruídas, forças policiais e até mesmo estatais
sendo, muitas vezes, corrompidas por causa dele,
por sorte e também pelo muito trabalho da Polícia
Federal e das outras instituições isso é certamente
uma exceção, mas na sociedade em geral a gente
vê isso daí a droga tem esse poder, tanto que é um
crime contra a saúde, de estar debilitando a pessoa,
177
fisicamente e também a relação com os familiares,
são famílias destruídas, são pessoas que roubam
coisas dentro de casa, que ficam alienadas e muitas
vezes transtornadas em busca da droga.)
(é uma questão de segurança pública porque muitos
homicídios estão ligados a questão do trafico de
Entrevista Telles
drogas. Em Foz do Iguaçu posso te dar um exemplo
de que acredito que 70 a 89% dos homicídios estão
ligados ao trafico de drogas, disputas entre as
quadrilhas, os usuários que são mortos por
assumires dividas com os traficantes e não
conseguirem saldar isso depois, e é um problema
também de que acaba no sistema penitenciário,
porque hoje no Paraná, acredito que metade do
sistema penitenciário paranaense esta composto
por pessoas condenadas ou presas provisoriamente
por questão do trafico de drogas.)
Música vai a fade in
Tela preta:
No Paraná, apenas em abril/2012, dos 21908
custodiados no Sistema Penitenciário, 6009 são
acusados do crime de Tráfico de Drogas. *Dados do
Depen
(Essa visão do consumo de droga poética, hippie, Entrevista Mesquita
isso aí não existe. Isso é uma parcela mínima
dentro do universo do tráfico.)
Música vai a fade in
Tela preta:
Mais de 100 mil pessoas são internadas, por ano,
no
Brasil,
por
consumo
de substâncias
entorpecentes. *Dados da Senad
(Por isso também a gente entende que não é só um Entrevista Renato Lima
caso de, entre aspas, de polícia, mas também é um
desafio para toda a população, para todo o governo,
178
para todos nós.)
Fade in
Música vai a fade in
Créditos:
Polícia Federal – A Guardiã da Fronteira
Andrea Moraes e Elisana Fuckner
Trabalho de Conclusão de Curso
Jornalismo Unibrasil
Direção, Produção e Roteiro
Andrea Moraes
Elisana Fuckner
Edição
Andrea Moraes
Elisana Fuckner
Finalização
Guto Pimentel
Professor Orientador
Felipe Harmata Marinho
Trilha Sonora
- Pôr do sol - Guaíra
179
“O Dia que não Terminou”
Cedida por:
Tico Santa Cruz
Interpretação:
Detonautas Roque Clube
“Áudio: Goiaba escapou”
Cedido por:
Departamento de Polícia Federal
“Gates to Adis”
Retirado de: freeplaymusic.com
Composição: Dimitrius Hatzisavas
Entrevistados
Álvaro Webber dos Santos – Agente
Augusto da Cruz Rodrigues – Agente
Carlos Alberto Pinheiro Cruz – Agente
Celso João Calori – Agente
Fabio Telles da Silva – Agente
Gildeto Stel Meira – Agente
Laércio Aparecido Grejanin – Agente
Marco Berzoini Smith – Delegado
Marcos Renato da Silva Lima – Delegado
Roberto Mello Milanezze – Delegado
Wagner Mesquita de Oliveira – Delegado
Todas as imagens foram produzidas pelas
acadêmicas, com exceção de algumas cedidas pelo
Departamento de Polícia Federal.
Imagens Cedidas
-
Movimentação
na
fronteira,
com
pessoas
180
carregando caixas na beira do Lago de Itaipu
(tempo no videodocumentário: 00:07 à 00:18);
- Policiais federais saindo no barco e entrando nas
margens
do
Rio
Paraná
(tempo
no
videodocumentário: 03:54 à 03:54);
- Movimentação de carros na Ponte da Amizade
(tempo no videodocumentário: 04:00 à 04:02);
- Imagem aérea da lancha da Polícia Federal no
Lago de Itaipu (tempo no videodocumentário: 05:16
à 05:36);
- Lancha da Polícia Federal interceptando barco
ilegal
no
Lago
de
Itaipu
(tempo
no
videodocumentário: 05:45 à 05:59);
- Imagens da câmera térmica (tempo no
videodocumentário: 06:44 à 06:58);
- Barco da Polícia Federal em diligência pelo Lago
de Itaipu (tempo no videodocumentário: 07:17 à
07:30);
- Retirada de maconha de dentro de um veículo
(tempo no videodocumentário: 09:34 à 09:47);
- Ônibus passando na Ponte Internacional da
Amizade (tempo no videodocumentário: 09:55 à
09:58);
- Fiscalização da Polícia Federal dentro de um
ônibus de viagem (tempo no videodocumentário:
14:52 à 16:19);
- Retirada de maconha de dentro do veículo (tempo
no videodocumentário: 29:20 à 29:47)
Agradecimentos
Ao Departamento de Polícia Federal
Aos entrevistados da Polícia Federal
Ao Superintendente da PF no Estado do Paraná
José Alberto de Freitas Iegas
Ao Agente Marcos Koren
Ao orientador
Felipe Harmata Marinho
181
Ao Perito Silvino Schlickmann Junior
Ao Delegado Fabiano Bordignon
Ao Comunicador Márcio Alves
Ao Técnico de Informática
Davi Silveira
Aos colegas
Lúcio Woytovicz Júnior
Ramon Voltolini
E a todos nossos amigos que nos acompanharam e
ajudaram na concretização deste trabalho
Curitiba
2012
Contato:
[email protected]
[email protected]
182
183
184
ANEXOS
185
186
187
188
189
190
191
192
O Dia que não terminou – Tico Santa Cruz
Detonautas
Me sinto tão estranho aqui
Que mal posso me mexer, irmão
No meio dessa confusão
Não consigo encontrar ninguém
Onde foi que você se meteu, então?
Tô tentando te encontrar
Tô tentando me entender
As coisas são assim
Me sinto tão estranho aqui
Que mal posso me mexer, irmão
No meio dessa confusão
Não consigo encontrar ninguém
Me sinto tão estranho aqui
Que mal posso me mexer, irmão
No meio dessa confusão
Não consigo encontrar ninguém
Onde foi que você se meteu, então?
Tô tentando te encontrar
Tô tentando me entender
As coisas são assim
Meus olhos grandes de medo
Revelam a solução, a solução
Meu coração tem segredos
Que movem a solidão, a solidão
Me sinto tão estranho aqui
Diferente de você, irmão
A sua forma e distorção
Não pareço com ninguém, sei lá
Pois eu sei que nós temos o mesmo destino então
Tô tentando me encontrar
Tô tentando me entender
Por que tá tudo assim?
Quem de nós vai insistir e não
Se entregar sem resistir então
Já não há mais pra onde ir
Se entregar à solidão e não
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