Baixar - Junta de Missões Mundiais

Transcrição

Baixar - Junta de Missões Mundiais
Seja voz de Deus às nações.
Conecte-se com Missões Mundiais.
Meu Chamado,
Voz de Deus às Nações
H
á um clamor vindo de todas as nações. O mundo clama por paz,
saúde, educação, justiça, amor. O mundo clama por Cristo. Somente no
Senhor Jesus é possível encontrar as respostas aos questionamentos da
humanidade. Ele chama todos os alcançados pela sua boa nova a fazer com
que a resposta chegue aos lugares mais remotos, atingindo corações endurecidos
por falsas ideologias. Não importa qual é o seu papel dentro desta missão. De
alguma forma Deus o usará para levar a sua mensagem até os confins da Terra;
no tempo e lugar escolhidos por Ele. Este é o foco da Campanha 2015 de Missões
Mundiais – Meu Chamado, Voz de Deus às Nações: levantar vocacionados
a fazerem parte dos planos de Deus com tudo o que são, sabem e têm.
Seus dons e talentos podem levar a voz de Deus até onde? Talvez não seja
possível mensurar o alcance da mensagem do Evangelho a partir do uso da sua
vocação. O importante é saber que a partir do momento em que você decide
dedicar a sua vida para o Reino, o Senhor a usará.
Aquele momento em que você leu as notícias dos campos missionários e
resolveu conversar com o Pai sobre as necessidades ali apresentadas, a voz
de Deus foi além. A oferta entregue para o Dia Especial de Missões Mundiais,
também foi voz de Deus. A viagem voluntária ao campo não foi turismo; foi
emprego de dons, tempo e talentos na prática do amor do Pai. O momento em
que compartilhou sobre missões com outra pessoa foi a forma encontrada por
Deus para fazer ecoar a Sua poderosa voz.
Sabemos que Deus chamou todos nós, mas a cada um Ele deu um projeto,
um ministério. A partir desta descoberta da nossa vocação, alcançaremos o
resultado que Deus espera de nós. Vocação não é coisa apenas de pastor.
Vocação é de todo cristão. Todos somos vocacionados.
Inúmeras vezes a Bíblia nos mostra que Deus nos vocacionou como um povo
para louvá-lo, mas principalmente para levar a mensagem do Evangelho às
nações. Por isso escolhemos para esta campanha o texto do apóstolo Paulo que
diz que Deus, pela graça, lhe deu o desafio do apostolado em relação aos gentios. Pegando o exemplo de Paulo, queremos apresentar esse desafio às pessoas.
Foi a partir de Paulo que cresceu a visão de alcançar não somente judeus, mas
também os gentios. De certa forma nós estamos aqui porque o apóstolo Paulo
respondeu a essa vocação, a esse chamado.
Hoje ainda há mais de 4 bilhões de pessoas que não foram alcançadas, e
nós precisamos entender que todos temos responsabilidade com elas. Precisamos
alcançar essas pessoas seja orando, contribuindo, indo, mobilizando. Deus nos
chama para isso. Há uma clara compreensão hoje entre os que estudam missões,
que o Brasil é uma das forças principais nessa ação. Nós precisamos entender
que vivemos nesse tempo e precisamos responder às questões desse tempo.
Você tem um chamado. Todos temos um chamado. Permita-se ser usado por
Deus. Na sua cidade, no seu estado, no seu país ou do outro lado do mundo,
não importa o local ou a circunstância. Deus quer falar através de você, ser resposta àqueles que clamam. E a JMM está aqui para conectar a igreja de Cristo
aos campos missionários.
Não cale o seu chamado. Vem com a gente ser voz de Deus às nações.
Pr. João Marcos Barreto Soares
Diretor Executivo de Missões Mundiais
Por causa da
graça que Deus
me deu, de ser
um ministro de
Cristo Jesus para
os gentios, com
o dever sacerdotal
de proclamar o
evangelho de Deus,
para que os gentios
se tornem uma
oferta aceitável a
Deus, santificados
pelo Espírito Santo.
(Rm 15.15b-16)
Expediente
Revista do Pastor
– Campanha 2015 –
SUMÁRIO
1
Apresentação
Pr. João M arcos Barreto Soares
3
Esta publicação é parte integrante do material promocional
para a mobilização da Junta de Missões Mundiais da
Convenção Batista Brasileira, em 2015. Reprodução
permitida mediante citação da fonte.
Diretor Executivo
Pr. João Marcos B. Soares
Gerente de Comunicação e Marketing
Pr. Davidson Freitas
Jornalista Responsável
Marcia Pinheiro (22582/DRT/RJ)
Redação e Revisão
Marcia Pinheiro (22582/DRT/RJ)
Willy Rangel (31803/DRT/RJ)
Criação
Anderson Oliveira
Anna Letícia Duarte
Ranieri Figueiredo
Pastor, seja voz de Deus
Pr. Josué Salgado
5
PAM e DIA ESPECIAL:
VIABILIZADORES DA VOZ DE DEUS
PR. DAVIDSON FREITAS
6
Voz da justiça
Paul a e Débor a de Oliveir a
8
10
Educação: relevância
no campo missionário
Igreja Perseguida: como anunciar
a verdade sem poder falar
abertamente sobre ela?
Lian Godoi
14
Pastores conectados com a missão
Planejamento de Marketing
Juliana Gonçalves
16
voz para preparar
Planejamento de Comunicação
Fabiano Bispo
18
ENVIANDO A MENSAGEM DE
ESPERANÇA A TODOS OS POVOS
Proibida a venda
Contato:
Rua José Higino, 416 - Casa 21 - Tijuca
Rio de Janeiro - RJ - CEP: 20510-412
Tel: 21 2122-1900
Fax: 21 2122-1944
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Central de
Atendimento
2122-1901 / 2730-6800
cidades com ddd 21
0800 709 1900
demais localidades
[email protected]
PR. DAVIDSON FREITAS
20
Intercessão pela obra missionária
Daisy Santos Correia de Oliveir a
22
Conectando a igreja ao campo
PR. Ezequias Am ancio M arins
24
Chamado para mobilizar
Luiz Henrique Carvalho
26
27
28
29
30
31
32
Devocionais
–A igreja perseguida no Norte da África
–Ouvindo a voz do Espírito Santo em Portugal
–Pequenos gestos que atraem
–Reconhecendo que a vitória vem de Deus
–Pontes entre Deus e as pessoas
–Meu chamado
–Dons, talentos e vocação:
uma receita que dá certo
Pastor, seja
voz de Deus
Por causa da graça que me foi dada por Deus,
de ser ‘trabalhador público’ de Cristo Jesus para os
que não adoram o Deus verdadeiro exercendo
o sacerdócio das boas novas de Deus.
(Romanos 15.15b-16, tradução livre)
O
sacerdócio de todos os crentes fundamentado biblicamente (Ex
19.6; 1Pe 2.9; Ap 1.6, 5.10, 20.6)
encontra no ministério pastoral não a sua negação ou clericalização, mas realização ideal.
O pastoreio ministerial é um sacerdócio per
excellentiam visto ser ele exercido por uma pessoa escolhida, chamada e vocacionada por
Deus como seu porta-voz e separado pela igreja, enquanto os demais ministérios eclesiásticos
são exercidos por escolha e eleição comunitária (At 6.1-7). Não que Deus não use os demais
ministérios como seus porta-vozes, mas é que
a essência do pastorado é contar ao povo o
que se ouviu de Deus, principalmente através
da Sua Palavra. Ser ouvido e voz de Deus é a
razão de ser do pastorado.
Então por que o imperativo afirmativo? Talvez porque sejamos tentados constantemente
a ouvir não só a voz de Deus, mas outras vozes que chegam até nós, reivindicando seus
desejos e interesses. Desse modo tendemos a
ser voz não só de Deus, mas também dessas
outras vozes.
Há na Escritura Sagrada a história de um
jovem levita sacerdote anônimo que não ouviu somente a voz de Deus e que não falou
somente sobre o que ouviu de Deus. O texto
está narrado nos capítulos 17 e 18 do livro
de Juízes. Reproduzo aqui o momento chave
quando ele foi desafiado a ser porta-voz de
Deus (Jz 18.5-6): Então lhe disseram: Consulta
a Deus, para que possamos saber se prosperará o caminho que seguimos. E disse-lhes o
sacerdote: Ide em paz; o caminho que seguis
está perante o Senhor.
O jovem sacerdote é procurado pelos danitas para que ouça a Deus e seja seu porta-voz. Mas o sacerdote prefere falar em nome
de Deus sem consultar a Deus. E fala o que
os outros queriam ouvir ou simplesmente não
fala “coisa com coisa”. Ora, dizer que “o caminho que seguis está perante o Senhor” é falar
obviedade sem qualquer injunção profética. A
consequência é que, mais tarde, quando tenta
falar a Palavra de Deus para os mesmos que
o procuraram antes, ele ouve deles: “E eles
4 | Revista do PASTOR
lhe disseram: Cala-te, e põe a mão na boca”
(Jz 18.19). Quando deixamos de ouvir a Deus
para ouvir outras vozes de comando (a nossa
própria ou a de outras pessoas), logo chegará
o dia em que os que buscam ouvir a Deus não
nos darão ouvidos.
As falhas e motivações daquele sacerdote no exercício infiel do ministério sacerdotal
como porta-voz de Deus são indicados nos
capítulos mencionados de Juízes:
• Ele fazia um ministério de conveniências
pessoais (17.8-9);
• Foi escolhido deturpadamente por um homem, Mica, e não por Deus (17.10-11);
• Interesse pecuniário e por status (17.10-11;
18.19-20);
• Realizava um ministério de legitimação
do pecado e não de porta-voz de Deus
(17.5,12-13);
• Ouvia a voz do sincrético Mica, a voz das
conveniências, a sua própria voz e a de
seus “clientes” (17.8-9; 18.4-6);
• Falava o que queria, o que Mica e seus
“clientes” queriam ouvir, e não o que eles
precisavam ouvir (18.4-6).
O jovem levita e sacerdote falhou no principal de sua missão: ele não foi a voz de Deus!
Estou convencido que as perguntas que os
danitas fizeram ao jovem levita definem de forma clara e inequívoca a essência do genuíno
porta-voz de Deus. “Quem te trouxe aqui, que
fazes aqui e que é o que tens aqui?” (Jz 18.3).
Para sermos legítima e genuinamente vozes de
Deus para a nossa geração, precisamos ter as
respostas certas para essas três perguntas:
• “Quem te trouxe aqui”? Deus mesmo;
• “Que fazes aqui”? Sou voz de Deus para a
minha geração;
• “O que tens aqui”? Tudo o que tenho ou
possuo pertence a Deus.
Seja voz de Deus para sua geração
(At 13.36), a fim de que esta geração viva uma
vida que seja voz de Deus às nações.
Pr. Josué Salgado
Igreja Memorial Batista de Brasília/DF
Observações exegéticas
de Romanos 15.15b-16a
1)Trabalhador público [gr. leitourgos:
composição de laos (povo) + ergon (trabalhar, aquilo com o que
alguém está ocupado)]: leitourgos
é um ministério público, é um empregado do estado, alguém que
trabalha para o povo.
2)Gentios [gr. ethnos]: multidão, família humana, nações estrangeiras que
não adoravam o Deus verdadeiro.
3)Dever sacerdotal de proclamar:
dever sacerdotal de anunciar [gr.
hierourgeo: composição de ieron
(lugar sagrado, templo) + ergon
(trabalhar, aquilo com o que alguém está ocupado). Hierourgeo é
prestar serviço sagrado, agir como
um sacerdote].
PAM e DIA ESPECIAL:
VIABILIZADORES DA VOZ DE DEUS
L
ouvamos a Deus pela
participação ativa dos batistas brasileiros no sustento financeiro do avanço missionário no
Brasil e no mundo.
Atualmente, Missões Mundiais
está presente em mais de 80 países
sendo voz de Deus às nações. Seus
missionários trabalham intensamente
no alcance de vidas levando a mensagem de esperança em Cristo Jesus a
crianças, adolescentes, jovens, adultos e pessoas da melhor idade. Isso
acontece através de uma grande variedade de projetos, tais como plantação de igrejas; trabalhos em escolas
e hospitais; erradicação da fome, especialmente de crianças; acompanhamento de gestantes; acolhimento de
crianças que eram exploradas pela
fortíssima rede de prostituição infantil,
que sequestra o direito que as crianças têm a uma infância saudável. Trabalhamos para resgatar a dignidade
humana, demonstrando o amor de
Deus através da nossa compaixão
e ação na defesa de seus direitos.
Cada ação tem a finalidade de mostrar que há um Deus que se importa
com as dores e angústias e, por isso,
nos enviou a todas as nações como
Sua voz que comunica amor, esperança, compaixão, perdão e justiça.
Contudo, o desenvolvimento de todas estas ações só é possível porque o
povo batista brasileiro contribui financeiramente de maneira fiel para que a
obra missionária continue avançando.
Nesta direção, a receita financeira
que viabiliza nossas ações está concentrada em duas principais fontes: a
Oferta do Dia Especial e a PAM, que
representam 39% e 55%, respectivamente, de toda a receita. Atualmente contamos com a participação de
5.103 igrejas e congregações que enviaram suas ofertas do Dia Especial,
representando 41,6% das igrejas e
congregações que constam em nosso
banco de dados. Com relação à PAM
temos 1.703 igrejas e congregações
participando assim com 63.817 mantenedores ativos que enviam mensalmente suas ofertas para os projetos de
sua preferência. São estes os valentes
da JMM que participam ativamente
do avanço missionário no mundo.
Existem ainda cerca de 3.800 povos não alcançados, nações que ainda
vivem sem o amor e a graça de Deus
que transforma, liberta e restaura. Temos que chegar a estes povos, mas
isso somente acontecerá através do
povo de Deus que se compromete em
participar deste avanço missionário.
Atuamos com toda a transparência
necessária ao fortalecimento da credibilidade de nossa organização. Com
isso, cada membro de uma igreja batista filiada à Convenção Batista Brasileira pode ter acesso a todos os relatórios necessários para a compreensão
da forma como investimos os recursos
financeiros que nos são enviados para
viabilizar o avanço missionário no
mundo. Temos alegria em prestar contas do que fazemos e como fazemos.
Entendemos que o acesso às nossas
informações é, em primeira instância,
um direito de cada batista brasileiro, mas é também além de um dever
nosso, uma segurança para todos os
que servem a nossa denominação
em Missões Mundiais. Isso porque,
quando prestamos contas de maneira
transparente, temos a oportunidade
de mostrar a todos os interessados
que desempenhamos nossas atividades com profundo compromisso com o
nosso bondoso Deus e com nossa denominação. Por isso, buscamos fazer
tudo com a maior excelência possível,
com lisura e honestidade a fim de que
cada centavo enviado seja utilizado
da maneira mais apropriada para que
o avanço do Reino de Deus aconteça
a receita financeira
que viabiliza nossas ações
está concentrada em duas
principais fontes: a Oferta
do Dia Especial e A PAM,
que representam 39% e 55%,
respectivamente, de toda
a receita.
o mais rápido possível. Queremos que
a transparência de nossos processos
dê a você a segurança de que os recursos enviados são efetivamente aplicados no avanço da obra missionária
no mundo.
Sabemos que o papel do pastor é
intensamente importante para que as
igrejas se envolvam e se comprometam
com o avanço missionário. Se o pastor
não tiver esta visão, dificilmente a sua
igreja a terá. Por isso, contamos com
seu comprometimento com o avanço
missionário levando sua igreja a participar da campanha de 2015 através
da oferta do Dia Especial de Missões
Mundiais, assim como através da Parceria na Ação Missionária (PAM).
Desafie sua igreja, mobilize e leve-a
a crescer espiritualmente ao compreender claramente seu papel relevante em uma sociedade que carece
da esperança em Cristo Jesus.
Ore e aceite o chamado de ser voz
de Deus às nações. Se a sua igreja
ainda não é parceira de Missões Mundiais, este é o momento de mudar e de
somar esforços para que o Senhor Jesus seja reconhecido por outros povos
como o Único e Suficiente Salvador.
Pr. Davidson Freitas
gerente de comunicação
e marketing da JMM
missões mundiais/2015 | 5
Voz da
justiça
Conheça o que duas missionárias
dignidade a mulheres e crianças de
um país majoritariamente muçulmano.
6 | Revista do PASTOR
FOTO: Shutterstock.com
são capazes de fazer para levar
C
hegamos a este país no Norte da
África antes da revolução de 2011, ano
até quando um sistema ditatorial imperava
e não havia qualquer problema social
detectável a olho nu. Somente sob a direção de Deus e
através de muita oração foi que descobrimos um país totalmente diferente de tudo que podíamos imaginar.
Além da grande disparidade entre ricos e pobres, uma
pesquisa de 2013 revelou que 93,2% das crianças com
idade entre 2 e 14 anos sofrem vários tipos de violência,
inclusive física, e que a mortalidade infantil é duas vezes
maior nas áreas rurais do que nas zonas urbanas. Aqui também acontecem 1.600 nascimentos de crianças fora do
casamento a cada ano.
No entanto, desde os primeiros protestos, no fim de
2010, temos experimentado até hoje uma realidade totalmente diferente. As manifestações estão em todo o país,
mas isso não significa que muitas coisas mudaram. A luta
pela sobrevivência continua a mesma, assim como a busca
por trabalho e segurança.
Apesar do cunho social da revolução, a instabilidade
política, econômica e social não trouxe verdadeira mudança
para as classes trabalhadoras. A mudança de poder político e o domínio de um partido religioso por quase três
anos causam mais medo e incertezas do que benefícios
para a população. Muito pouco foi feito para resolver
os problemas.
Estamos inseridas em um contexto muito adverso, onde
99% da população é islâmica, com percentual de evangélicos de apenas 0,02% e onde a pregação (proselitismo)
é proibida. Após anos de luta, a nova Constituição manteve a liberdade de escolha, e uma pessoa pode pertencer a outra religião que não a majoritária, porém sempre
existe a possibilidade de discriminação e, em alguns casos,
até perseguição.
Para que possamos testemunhar, começamos com amizades, até que possamos nos sentir seguras para falar abertamente ou mesmo dar uma Bíblia de presente a alguém.
Mas isso é um trabalho árduo e demanda muito tempo.
Nosso primeiro fruto veio depois de quatro anos!
Quando chegamos aqui, nos deparamos com a realidade das mães solteiras e seus bebês, e sempre tivemos em
aceitamos o desafio
de pregar as boas novas,
restaurar os contritos,
proclamar liberdade aos cativos
e abertura de prisão àqueles
que estão longe do Mestre.
nosso coração ajudá-las, pois a situação delas era sempre
algo que nos incomodava e entristecia. Por isso, trabalhamos em associações locais, mesmo com toda a limitação
que isso acarretava, pois sabíamos que era a porta que
o Senhor tinha aberto naquele momento, mas em nosso
coração sempre tivemos o desejo de termos nossa própria
associação para desenvolver o projeto Rahma, que significa “misericórdia”, mas naquele contexto era impossível.
Com todas as mudanças no país e depois de muita
oração, finalmente abrimos em 2012 a Associação Nova
Vida, que tem como objetivo atender mães solteiras, mulheres em situação precária ou desfavorecidas para que elas
possam ter condições de se sustentar e melhorar sua condição de vida. Através do ensino de artesanato, culinária,
informática, corte e costura, entre outras atividades, buscamos dar a elas uma oportunidade de desenvolver alguma
habilidade e, assim, gerar um meio de sobrevivência para
a família. Também ajudamos creches e jardins de infância
e damos assistência prisional, ministrando cursos de artesanato para as presas, para que tenham oportunidade de
mudança de vida e inserção social.
Quando Jesus aplicou a si mesmo o texto de Isaías 61.1-2,
revelando que ele era o Messias prometido e que se Ele
fazia, nós deveríamos fazer o mesmo, aceitamos o desafio de pregar as boas novas, restaurar os contritos, proclamar liberdade aos cativos e abertura de prisão àqueles que
estão longe do Mestre, e principalmente anunciar que este
é o ano aceitável do Senhor.
Paula e Débora de Oliveira
missionárias da JMM no Norte da África
missões mundiais/2015 | 7
Educação:
relevância
no campo
missionário
FOTO: Shutterstock.com
por Willy Rangel
8 | Revista do PASTOR
S
er voz de Deus significa também dar atenção ao contexto em que o Evangelho será anunciado. Seja em campo aberto ou fechado à
Palavra de Deus, o missionário precisa se permitir ser usado
pelo Senhor para ser agente de transformação de vidas,
espiritual e socialmente. A relevância do trabalho missionário também precisa entrar na esfera social, e a educação
tem sido uma das ferramentas mais aplicadas por Missões
Mundiais nesse sentido, sem perder de vista a imprescindibilidade da missão de Deus.
A educação serve para entender melhor o mundo e
para que um indivíduo possa crescer como cidadão, exercendo plenamente direitos e deveres. Vários são os relatos de nossos missionários contando sobre a mudança do
horizonte de vida de alguém, permitindo que essa pessoa
tivesse uma chance para crescer e também ser agente de
transformação na vida de outras pessoas.
Em contextos hostis ao Evangelho, a educação pode
aproximar comunidade e missionário, visando um bem maior.
Tem sido assim nos mais de 20 países na América Latina
e na África onde Missões Mundiais promove o PEPE. O programa socioeducativo, cuja primeira unidade foi criada em
Moçambique no ano de 2001, leva esperança a crianças
de 4 a 6 anos em situação de vulnerabilidade social. Atualmente, cerca de 8 mil crianças estão matriculadas no PEPE.
Educação produz pessoas
com novos horizontes,
novas perspectivas. Pastor,
continue investindo
em Missões Mundiais.
“O PEPE é desenvolvido em parceria com as igrejas
locais e também permite que os alunos sejam preparados
para integração em uma escola regular ao concluírem seu
tempo no programa socioeducativo”, explica a missionária
Terezinha Candieiro, coordenadora do PEPE Internacional.
Em cada unidade, as crianças aprendem a ler e a escrever, são alimentadas e orientadas a orar. O trabalho desenvolvido pelos missionários-educadores, que atuam diretamente com as crianças, geralmente é feito em parceria com
algum missionário efetivo, dando suporte e relevância social
ao ministério deste, pois os pais, principais interessados na
educação dos filhos, estão em contato direto com o professor. E se a criança vai participar de alguma apresentação,
os pais vão assistir e ouvem a Palavra de Deus.
Esporte
também educa
E
ducar não é simplesmente se ater à educação
formal. Educação é um processo que abrange
vários aspectos da vida, entre eles a convivência
e tolerância. E o esporte possui uma linguagem universal e
relevante em diferentes culturas, entre elas a árabe, o que
o torna um excelente veículo para transmitir a mensagem
de salvação.
Utilizando essa estratégia, os missionários Caleb e
Rebeca Mubarak, em campo no Norte da África, desenvolvem o projeto Oásis de Esperança. Das várias atividades,
uma delas é o futebol.
Certa vez, Caleb treinava um grupo de meninos para
um campeonato local. No time, havia um garoto que era
muito bom jogador, mas não sabia atuar em equipe. Esta
foi a oportunidade que os missionários tiveram de ensinar
ao grupo sobre respeito, solidariedade e amor ao próximo.
A equipe estava avançando no torneio, e o garoto
ainda não tinha entendido que deveria passar a bola para
os companheiros. Foi quando os missionários decidiram
que, apesar de habilidoso, o menino não jogaria as finais,
surpreendendo a todos. Após a mãe do garoto se comprometer em conversar com o filho sobre suas atitudes egoístas,
os missionários decidiram dar-lhe mais uma chance.
No dia seguinte, a postura do menino era outra. Não
marcou e tampouco se preocupou em se destacar, mas
jogou para que toda a equipe brilhasse. E o time conquistou o título.
Educação produz pessoas com novos horizontes,
novas perspectivas. Pastor, continue investindo em Missões
Mundiais. Envolva sua igreja e mostre-lhe a importância dos projetos desenvolvidos no campo. Através dessas
ações, missionários são voz de Deus para educar e levar
o Evangelho a milhares de pessoas nas Américas, Europa,
África e Ásia.
missões mundiais/2015 | 9
10 | Revista do PASTOR
Igreja
Perseguida:
como anunciar a
verdade sem poder falar
abertamente sobre ela?
Bem-aventurados os que sofrem
perseguição por causa da justiça,
porque deles é o reino dos céus.
FOTO: Shutterstock.com
Mateus 5.10
missões mundiais/2015 | 11
P
or cima das montanhas tibetanas o sol encerrava o dia espalhando
seus raios com toda liberdade, penetrando todos os lugares, fossem eles
dos nômades ou das cidades. Lembrei-me que somos a luz do mundo e
que temos liberdade para brilhar onde
quisermos, basta termos coragem e sabedoria para saber como.
O que não se diz
é sempre mais
importante do que
o que se diz
Estávamos já há alguns dias viajando pelas montanhas da região
especial tibetana. Já havíamos nos
encontrado com alguns irmãos que têm
corajosamente trabalhado numa das
áreas mais sensíveis e hostis ao Evangelho neste país do Sudeste da Ásia,
ao qual não podemos citar nomes por
questões de segurança. Naquele dia
estávamos investindo tempo com um
casal de missionários muito queridos,
Graça e Oliveira1, que está na região
há anos realizando projetos de desenvolvimento comunitário.
Desde o começo da conversa percebemos que eles estavam tensos e
com muita coisa engasgada, prontos para desabafar. Não era tanto
pelas dificuldades ou dureza do trabalho, mas muito mais pelas expectativas e cobranças de outros que
estavam de fora e que queriam que
eles fizessem deste ou daquele jeito.
Mas uma coisa era certa, a presença
do Pai era notória naquele momento.
Passar pelo vale nervoso das dificuldades dos outros com a certeza
da presença de Deus nos renova
a esperança da cura e restauração
que está sempre a nossa disposição.
“Onde estão os líderes treinados por
vocês?”, “Cadê a igreja plantada?”,
12 | Revista do PASTOR
“Como vocês têm liderado os locais?”.
Perguntas desse tipo eram feitas constantemente por pessoas que passavam
por ali, produzindo neles uma necessidade constante de explicar novamente
o contexto de falta de liberdade em
que viviam.
Nestes contextos o que não se
diz é sempre mais importante do que
o que se diz, especialmente quando
falamos de construir relacionamentos.
E o tempo é sempre longo e, portanto,
a paciência não é somente uma virtude, mas uma necessidade essencial.
A paciência
conquista
O casal disse que ao mudar para
aquele lugar, a Graça começou a dar
aulas de inglês na escola local. Durante oito anos ela fez isso sem nunca
falar uma palavra do Evangelho no
ambiente escolar, com exceção da
semana de Natal quando a escola
pedia que ela explicasse aquela tradição ocidental. Anos depois a oportunidade para estrangeiros trabalharem
como professores foi fechada. Um
resultado importantíssimo veio desse
tempo. Vários de seus alunos agora
assumiam posições estratégicas no
governo da cidade e região, e todos
sabiam que, embora ela fosse cristã,
e testemunhasse disso claramente, não
usava a profissão como desculpa para
ganhar outros para sua “religião”, mas
realizava tudo o que estava em sua
mãos com muita seriedade e profissionalismo. Assim eles deram ao casal
todas as autorizações tão difíceis de
se conseguir para início dos trabalhos
comunitários na região e o visto para
ficar no lugar por um longo tempo.
A pressa os teria feito fracassar e
serem expulsos, mas a paciência os
fez conquistar todos, e alguns tantos
vieram para o Mestre.
A cozinha se
transformou
em templo
Depois de quase duas horas nos
contando as maravilhas que o Pai tem
feito no meio deles, ela olhou para
trás e esticou a mão pegando uma
foto que mostrava eles juntos com um
grupo de nacionais. A foto era muito
reveladora. Todos estavam rindo e
abraçados, como uma grande família.
Mas então ela me disse que deveria
olhar atrás da foto. Havia uma dedicatória escrita pelos locais, parte eu
memorizei. Ela dizia mais ou menos
assim: “Quando eu estava com fome,
vocês me deram de comer; quando
estava com sede, vocês me deram de
beber; quando eu estava sem roupa,
vocês me deram o que vestir; quando
eu estava doente, vocês me trataram
e me curaram; quando eu estava perdido, vocês me mostraram o Caminho... Quando eu estava sozinho e
precisando de um amigo, vocês abriram a porta da sua cozinha e nunca
mais a fecharam para nós. Vocês
são nossa família e nossos amigos.”
Estávamos conversando na cozinha
que se transformou em templo, onde a
presença de Deus invadia os corações
e mentes daquelas pessoas e os abraçava em suas necessidades.
Você é somente
uma gota neste
lago cristalino
do meu reino
Com um copo de café cheiroso
em minhas mãos, perguntei como
eles trabalharam todas aquelas expectativas. Estava mais interessado
em saber quais expectativas eles alimentaram em seus corações e como
lidaram com a demora em ver as coisas acontecerem.
Graça então nos contou que Deus havia
trabalhado essas expectativas e ansiedades
antes de eles chegarem ao país. Quando
ainda estavam em sua terra natal, eles visitaram uma gruta muita linda com um lago iluminado em parte pela luz que vinha de fora e
ao mesmo tempo cheio de sombras e cores
que vinham de dentro da gruta. Graça parou
diante desse pequeno lago e viu bem no meio
dele uma gota que vagarosamente caía de
uma daquelas pedras pontiagudas penduradas no teto, uma estalactite, e uma a uma as
gotas iam provendo a água que embelezava o
ambiente. Deus lhe disse: você é somente uma
gota neste lago cristalino do meu Reino.
Ela concluiu: “Quando me sinto pequena,
me lembro que sou parte desta bela obra de
arte. Quando me sinto grande demais me lembro que sou somente uma pequena parte desta
construção do Reino”. O resultado que
todos esperamos:
festa no céu
Enquanto estava escrevendo este texto no
sofá da minha sala, recebi uma ligação. Era
minha esposa, a Ana, contando que a professora dela, que é de um país fechado ao Evangelho, havia feito a oração de entrega ao Pai.
O nome dela é Aurora2.
Há meses os amigos dela têm dito que
Aurora está diferente, e a diferença é para
melhor, mas ela não sabia exatamente o
motivo. Ela realmente se sentia melhor e muito
mais feliz e produtiva, pois agora não estava
mais gastando tempo tentando melhorar das
crises de tristeza e frustração por causa das
dificuldades. Durante um fim de semana, ela
de repente acordou e conseguiu escrever quatro dos nove trabalhos que desde o começo do
semestre estava tentando escrever para a sua
pós-graduação.
Na última aula, após contar várias mudanças que têm acontecido em sua vida e depois
de a Ana testemunhar a diferença que o Pai faz
em nossa família, ela pediu a minha esposa
que explicasse com detalhes quem é esse
A pressa
os teria feito
fracassar
e serem
expulsos,
mas a
paciência
os fez
conquistar
todos,
e alguns
tantos vieram
para o Mestre.
Deus. Depois de contar quem Ele é e como nos
relacionamos com Ele, Ana também lhe deu um
material sobre as quatro leis espirituais e disse
que na próxima aula seria o material que elas
estudariam. Não deu para estudar este material, pois Aurora chegou eufórica na aula perguntando, sem sequer esperar a resposta da
Ana, e dizendo que toda aquela mudança em
sua vida estava descrita no livrinho que Ana
havia lhe dado. O coração dela nunca esteve
tão satisfeito e feliz. Ela mesma perguntou se
poderia fazer a oração de entrega. Depois de
orarem, as duas se abraçaram e o sorriso não
deixou mais seus lábios o dia inteiro.
Como anunciar
a verdade sem poder
falar abertamente?
Somos a luz do mundo e temos liberdade
para brilhar onde quisermos, mas nossa coragem precisa ser revestida de sabedoria. O
que fazemos será visto por todos e explicará
quem somos, mesmo antes de abrirmos nossa
boca. A paciência que constrói o duradouro
não somente nos fará esperar os melhores resultados, mas conquistará a todos. Destes, muitos
virão para o Pai e precisarão que nossa casa,
nossa cozinha, nossa vida familiar se torne o
lugar onde Deus é mais presente e nos encontra em nossas necessidades. Em todo este processo somos somente uma pequena parte, uma
pequena gota, mas que faz parte de uma obra
de arte do Pai. O foco precisa sempre estar lá
onde existe a expectativa de festa no céu.
Lian Godoi
Missionário no Sudeste da Ásia
1 e 2 Nomes fictícios.
missões mundiais/2015 | 13
Pastores
conectados
com a missão
Missões se faz com
a participação de todos
os que amam cumprir
o chamado de Deus e
entendem que juntos
formamos uma voz mais
forte, uníssona,
que chegará até os
lugares mais remotos do
planeta com a mensagem
da salvação em Cristo.
14 | Revista do PASTOR
P
astores de todo o Brasil reconhecem a importância de sua igreja dentro desta “máquina”
chamada missões, cujo combustível é o amor.
Amor ao Senhor, pela Sua obra e pelos povos que Ele
deseja alcançar. São homens e mulheres que se juntam à
JMM para chegar até aqueles que ainda precisam ouvir a
voz de Deus.
Pastores como Vagner Vaelatti, há 20 anos à frente da
Igreja Batista Boas Novas, em Parque Vila Prudente/SP, um
apaixonado por missões e que tem investido na mobilização
de sua igreja, abrindo suas portas para a JMM. Ele sabe
que uma igreja missionária é uma igreja vencedora.
“Logo depois que a nossa igreja perdeu o Pr. Waldemiro Tymchak, deixou de amar a obra de Missões Mundiais
e Nacionais. Foi um tempo difícil. A igreja foi decaindo,
decaindo até chegar ao número de 40 membros. Ao assumir, montei um projeto de seguir 10 anos nutrindo a semente
da obra transcultural, principalmente entre os indígenas.
Depois desse momento, quando a igreja já estava soerguida, forte, decidimos que teríamos um ano de Missões
Mundiais, um ano dedicado a Missões Nacionais e um
ano para Missões Estaduais. Abraçamos toda esta obra”,
declara o pastor.
FOTO: international mission board
por Marcia Pinheiro
Segundo Vagner, a Boas Novas é sustentada por este
tripé: comunicação do Evangelho através da mídia, a obra
missionária que precisa ser feita em todos os níveis e a
obra social.
“Nossa igreja sempre esteve pronta a apoiar a obra missionária em qualquer necessidade. Mas agora nós vamos
ter definitivamente um orçamento missionário, uma contribuição mensal para Missões Mundiais”, alegra-se.
Para ele, uma grande alegria é poder ver o contato da
igreja com missionários. O pastor traduz isso como algo inacreditável, realmente forte e que mexe com a igreja, colocando na mente e coração dos seus membros as necessidades daquela nação representada pelo missionário. Sei
que trazer um missionário de bem longe não é fácil, pois
tem o seu custo, mas acho que é necessário para as campanhas missionárias.
“Peço a todos os pastores que, ao receberem o envelope da oferta do Dia Especial, o coloquem em cima de
sua mesa imediatamente e leve ao seu povo esta necessidade, mobilizando corações a estabelecerem um alvo para
missões. Essa obra não é dos batistas brasileiros, essa obra
é da igreja local. Missões Mundiais deve ser prioridade
para a igreja”, diz.
Pastores de todo o Brasil têm enviado à JMM seu
apoio, mobilizando suas igrejas. Confira o pensamento de
alguns deles:
“Graças a Deus aqui em Pernambuco podemos
desfrutar de um bom relacionamento com as
instituições missionárias de nossa convenção.
Trabalhamos em parceria com a JMM através
do Pr. Adriano Borges. Pernambuco é um estado
missionário, e esse amor por missões é perceptível
em nossas igrejas por meio da mobilização, da
oração e das ofertas. Pernambuco é um celeiro
de vocacionados. Temos pessoas atuando em
várias regiões do estado, no Brasil e no mundo.
Pernambuco se importa com a evangelização dos
povos não alcançados. Eu também me importo.” Pr. Neilton Ramos
Coordenador da AME – Área de Missões Estaduais
da Convenção Batista de Pernambuco
“No Amazonas trabalhamos juntos pelo Reino de
Deus, fazendo missões em todo o tempo. A ênfase
por Missões Mundiais é sempre muito forte no
primeiro trimestre do ano. Temos um relacionamento
bastante próximo com o missionário mobilizador
local e apoiamos os missionários e as ações em
nosso estado. Frequentemente incentivo nossas
igrejas e organizações missionárias a orar, contribuir,
fazer uma Parceria na Ação Missionária (PAM) e
participar do Dia Especial. Mas principalmente as
incentivo a seguirem ao campo fazendo missões.”
Pr. Teodorio Soares de Souza
Diretor Executivo JME/CBA
“Participar da obra missionária mundial é um
privilégio que temos como crentes em Cristo e
discípulos dispostos a obedecer o ide do Mestre,
seguindo até aos confins da Terra. As igrejas da
Convenção Pioneira historicamente contribuem
com a obra de Missões Mundiais através de
uma participação efetiva nas campanhas anuais,
levantando expressivas ofertas e utilizando o material
promocional com muito zelo. Campanhas de oração
em favor de missões transculturais têm sido feitas por
segmentos das igrejas como MCA e EBD. Também
temos participado de projetos e viagens missionárias.
Destaco ainda a presença de promotores de missões
nos acampamentos anuais e também dos pastores
nos congressos missionários promovidos pela JMM,
além de expressiva participação de nossas igrejas
no Conexão Missionária. Temos também um grande
número de irmãos que fizeram uma Parceria na Ação
Missionária (PAM).”
PR. SAMUEL Esperandio
Diretor Executivo da CB Pioneira
Missões Mundiais é grata pelo envolvimento de tantas
outras amadas igrejas e organizações na obra de evangelização. Sabemos, no entanto, que essa representatividade
ainda é tímida diante de um Brasil que se mostra cada vez
mais evangélico. Segundo o mais recente Censo do IBGE,
divulgado em 2010, o país tem 42,3 milhões de evangélicos. O comprometimento verdadeiro destas pessoas com a
Palavra de Deus, honrando o que um dia disseram ao receberem o Senhor Jesus como seu único e suficiente Salvador,
de fato aceleraria a volta de Cristo, uma vez que rapidamente a sua mensagem alcançaria o mundo todo. Pastor,
desperte sua igreja para este compromisso missionário, que
não é dever de Missões Mundiais, mas de todos aqueles
que se dizem cristãos.
missões mundiais/2015 | 15
voz para
preparar
FOTO: Shutterstock.com
por Marcia Pinheiro
16 | Revista do PASTOR
A
professora Ábia Saldanha
Figueiredo há sete anos é diretora
executiva do SEC (Seminário de Educação Cristã), uma escola de educação teológica no Recife/PE por onde já passaram vários
missionários da Junta de Missões Mundiais.
Um lugar de preparação de vocacionados.
Para Ábia, fazer missões através da educação
é um envolvimento contínuo. Antes de assumir a
direção executiva, ela já lecionava no seminário. São 20 anos preparando vocacionados no
lugar onde no ano de 1963 ela se formou.
“Nós temos aqui no SEC uma grande quantidade de ex-alunos que atuam em Missões
Mundiais. Oferecemos curso superior em educação religiosa com habilitação em missiologia. Temos também a especialização em missiologia e o mestrado. O maior número de alunos atualmente está no curso de missiologia. A
albanesa Fllanxa Vladi, indicada por Missões
Mundiais, mora e estuda aqui. A Karina Dias,
que hoje é missionária no Peru, fez mestrado
aqui no SEC”, comenta a educadora.
O envolvimento de Ábia com missões começou bem cedo, quando ela ainda era uma
Mensageira do Rei, aos 10 anos de idade.
Foi nesta instituição batista que ela aprendeu
muito sobre missões e teve a oportunidade de
conhecer experiências missionárias incríveis
que a fizeram se apaixonar por viver a missão.
Hoje, aos 73 anos de idade, ela está certa de
ter feito a melhor escolha: investir em missões,
na salvação de pessoas para Cristo. De todo
o seu tempo de vida, 52 anos são dedicados
em fazer missões.
“Missões Mundiais faz parte da minha
vida. O Pr. Adriano Borges, missionário mobilizador da JMM aqui no Nordeste, está sempre
aqui no SEC. Também tenho minhas responsabilidades financeiras com os campos transculturais”, conta Ábia.
Ela lembra que a Igreja Batista da Concórdia, da qual é membro, também respira missões,
incentivada principalmente pelo Pr. Miquéias da
Paz Barreto, um homem que, segundo a professora, leva a igreja a amar missões.
O seminário está sempre envolvido com as
campanhas de Missões Mundiais, preparando
vocacionados e recebendo missionários em
promoção no Brasil. Cumprindo a missão.
A professora Ábia sempre encontrou a sua
satisfação pessoal trabalhando com vocacionados. Sempre renovando seu ânimo.
Ela fez um propósito com Deus, de que em
seu gabinete não passaria um vocacionado
dizendo: “Não tenho dinheiro”. “Não posso
estudar”. Ela estava pronta a dizer: “Você não
tem dinheiro, mas Deus tem. Se Ele está chamando, Ele se responsabilizará por sua educação religiosa”. Assim, Ábia acredita que
tem alimentado a vocação de muitos e despertado muitos outros.
“Tem gente que acha uma grande dificuldade ser missionário no exterior, enquanto existem tantos profissionais que usam sua vocação
só para ganhar dinheiro e não veem problema
algum em seguir para o exterior. é preciso se
sentir honrado ao receber um chamado para
fazer missões transculturais. É Deus que sustenta, dizendo: ‘Eu te chamei pelo nome, Eu
te amo e te sustento. Ide por todas as nações.’
O que você ainda quer? Você vai com o dono
do mundo, sob a responsabilidade Dele. Isso é
maravilhoso”, comenta Ábia.
O trabalho do SEC, que tanto contribui
para o avanço missionário, é apenas uma das
forças que movem a missão. Nela estão envolvidos processos como educação, parcerias,
oração, mobilização e, claro, pessoas decididas a ouvirem o chamado de Deus para serem
Sua voz às nações.
O seminário
está sempre
envolvido com
as campanhas
de Missões
Mundiais,
preparando
vocacionados
e recebendo
missionários
em promoção
no Brasil.
Cumprindo
a missão.
missões mundiais/2015 | 17
ENVIANDO A
MENSAGEM DE
ESPERANÇA
A TODOS OS POVOS
E
ntendemos que existem quatro
formas de participar do avanço missionário no Brasil e no mundo: intercedendo – quando investimos tempo clamando
a Deus por cada missionário no campo para
que tenha sabedoria, perseverança, discernimento e estratégias para levar a mensagem de
esperança a cada ser humano nos mais de 80
países onde estamos atuando; mobilizando –
quando compartilhamos com irmãos e amigos
nosso amor pela obra missionária e nossa alegria em participar ativamente de tudo o que o
Senhor está fazendo no mundo; indo – quando
dedicamos nossa vida à obra missionária, seja
através de uma viagem e ação por algum curto
período de tempo, seja participando de ações
humanitárias em momentos de calamidades,
seja dedicando alguns anos de nossas vidas
em um projeto especial ou mesmo quando nos
apresentamos para uma carreira missionária de
longo termo. A quarta forma de participar, que
tem grande importância é ofertar.
É um grande privilégio participar do avanço
missionário no mundo sustentando financeiramente os projetos desenvolvidos por Missões
Mundiais para que todas as nações sejam
alcançadas pela mensagem de esperança em
Cristo Jesus.
18 | Revista do PASTOR
Quando a igreja local compreende
esse privilégio e participa ativamente
do sustento financeiro, ela começa a
se comprometer também com os objetivos missionários locais, pois o comprometimento não é somente com uma
parte do avanço missionário, mas as
pessoas passam a compreender claramente que o povo de Deus deve atuar
na sociedade de maneira efetiva, a
fim de que a mensagem de esperança
em Cristo Jesus seja compartilhada
com todos.
Assim, ofertar para que o avanço
missionário seja uma realidade é
participar ativamente do envio de
missionários que seguem às nações
para ser a voz de Deus transmitindo
esperança, perdão, redenção, restauração, paz e justiça. Encontramos na
Bíblia, Deus enviando muitas pessoas
para cumprirem a Sua missão. Encontramos no livro de Atos a igreja primitiva enviando Paulo e Barnabé para
sua primeira viagem missionária. Eles
foram enviados para fazer discípulos,
batizar e ensinar tudo o que o Senhor
Jesus os havia ensinado. A igreja foi
feita para cumprir a missão de Deus
neste mundo que carece de salvação.
Nossos irmãos da igreja primitiva
compreenderam claramente seu papel
como cooperadores de Deus como o
apóstolo Paulo fala em 1Coríntios 3.9.
Esta verdade perdura durante séculos e
agora é o tempo de sermos estes cooperadores para que a mensagem de
esperança seja espalhada por todo o
mundo alcançando os cerca de 3.800
povos aos quais esta mensagem ainda
não chegou. Salvar pecadores foi a
missão de Jesus e o significado da
cruz. Hoje, nossa missão é viabilizar
o avanço da obra missionária com a
nossa mordomia e aqui, falo sobre a
Ofertar é uma bênção e um privilégio
especial para um povo que foi alcançado pelas
Boas Novas de Jesus Cristo e sente-se motivado
a compartilhar este milagre com todo
semelhante que carece de salvação.
mordomia de nossos recursos financeiros, sabendo que a mordomia cristã
vai muito além disso. Paulo foi reconhecido como o apóstolo das nações
e afirmou que seu chamado foi feito
por meio de Jesus e por causa deste
nome recebeu graça para chamar
todas as nações a uma vida de obediência pela fé, conforme em Romanos
1.4 e 5. Não temos dúvidas de que o
plano de Deus é que todas as nações
sejam alcançadas pela mensagem de
esperança e desafiadas a uma vida
de obediência e fé. Então, eu e você
temos que fazer parte disso investindo
nossos recursos financeiros, entre
outros, para que o avanço missionário seja uma realidade e cumpramos a
missão de Deus em nosso tempo.
Temos o desafio de enviar 100
novos obreiros ao campo missionário
neste ano. Para que isso ocorra, necessitamos dos recursos financeiros suficientes
não somente para enviá-los, mas para
mantê-los viabilizando ainda a implantação e manutenção de seus projetos.
Ofertar é uma bênção e um privilégio especial para um povo que foi
alcançado pelas Boas Novas de Jesus
Cristo e sente-se motivado a compartilhar este milagre com todo semelhante
que carece de salvação.
Para dar a você, pastor, uma segurança em investir financeiramente em
nossos projetos missionários, atuamos
com grande transparência e sentimos
alegria em poder prestar contas de
tudo o que fazemos, como investimos
os recursos enviados no avanço missionário. Hoje, ajudamos a mais de 13
mil crianças agindo para erradicar a
fome, o analfabetismo e combatendo
o tráfico de pessoas, especialmente
de crianças exploradas pela gigantesca rede de prostituição infantil que
sequestra a inocência de crianças que
descobrem muito cedo o quão duro
e cruel é o mundo composto por pessoas que não têm o temor de Deus.
Ore, busque sabedoria e direção
do Senhor para liderar sua igreja num
movimento de transformação do mundo
de hoje sendo voz de Deus às nações,
levando liberdade aos cativos e luz
àqueles que vivem nas profundas trevas do pecado. Leve esperança eterna
àqueles que sentem-se esquecidos, discriminados e abandonados por uma
sociedade movida pela avareza, pela
indiferença e pela sede de poder e
riqueza que tornam o ser humano semelhante a coisas que não têm valor.
Como pastor, você pode participar
ativamente de tudo o que Deus está
fazendo no mundo, levando sua igreja
a contribuir financeiramente para que
o avanço missionário seja cada vez
mais rápido e efetivo.
Pr. Davidson Freitas
gerente de comunicação
e marketing de Missões Mundiais
missões mundiais/2015 | 19
FOTO: Shutterstock.com
INTERCESSÃO
PELA OBRA
MISSIONÁRIA
20 | Revista do PASTOR
A
oração na minha vida cristã foi transmitida por meus pais durante a minha infância.
Eu e meus seis irmãos fomos ensinados não só a
orar, apresentando ao Senhor nossos pedidos e agradecimentos, mas papai e mamãe nos mostravam com palavras
e ações que o próximo deveria ser o principal alvo de nossas preocupações, tanto os que estavam perto, quanto os
de longe. Assim passei a entender a obra missionária como
alvo de nossa intercessão.
Recordo-me que aprendemos desde criança a apresentar ao Senhor os nomes dos missionários e seus campos e
a acompanhar o que estava acontecendo, através de revistas missionárias. Deus colocou no meu coração uma compreensão mais ampla sobre o amor pela obra missionária e
o desejo de interceder diariamente pelos missionários, suas
famílias e sua missão.
Comecei a entender que as cordas precisavam ser sustentadas pelos intercessores e que Deus concederia as bênçãos de acordo com a Sua vontade.
Interceder é fazer apelo a alguém em favor de “outrem”,
assim define o dicionário. A intercessão é um trabalho difícil. Ela envolve comunhão com Deus e compaixão pelas
multidões. É ter a compreensão da paixão de Cristo pelas
pessoas; é esperar que Deus capacite com o poder do alto,
a fim de que possamos levar essas vidas a Deus.
Precisamos ter tempo e poder para interceder. A intercessão é o momento em que o coração do homem, em
comunhão com o Pai, apresenta o próximo, sendo preciosa
ao coração de Deus, mudando o rumo da história.
Cristo intercede por nós. Paulo elogiou Epafras aos colossenses... o qual se esforça por vós em orações... (Cl 4.12).
Epafras tinha um coração de intercessor. Paulo desejava
sempre interceder pela igreja.
A Bíblia Sagrada nos ensina a orar pelas nações, pelas
autoridades governamentais e pelo mundo. No decorrer da
história, homens e mulheres têm se tornado grandes intercessores. Jesus era tanto o grande intercessor, quanto o
grande evangelista.
Precisamos de um exército de homens e mulheres que
preencham o quadro de intercessores. Grandes evangelistas
têm muitos intercessores como D. L. Moody e Billy Graham.
Intercessores veem as multidões como Jesus as via e têm
a paixão de Cristo. Não é um ministério que seja visto e
conhecido em geral pelos homens. O intercessor está por
trás dos cenários. A oração sacerdotal de Jesus é um lindo
exemplo de intercessão que está em João 17, e no livro de
Atos, vemos um exemplo de igreja orando.
A intercessão é o momento
em que o coração do homem, em
comunhão com o Pai, apresenta
o próximo, sendo preciosa ao
coração de Deus, mudando o
rumo da história.
Em Gênesis 18, Deus avisa a Abraão que vai destruir
as cidades de Sodoma e Gomorra. Abraão então passa
a interceder em favor dessas cidades. Depois Deus livra
somente a Ló e sua família, por causa da intercessão.
Na jornada dos israelitas pelo deserto, Moisés intercedeu várias vezes pelo povo. O seu coração ardia de compaixão por eles e sua intercessão era de uma profundidade
sem limites. Tão intensa a ponto de aceitar ter o seu próprio
nome riscado do livro de Deus. Mas a resposta de Deus
não condiciona o desejo que Moisés coloca. Nós devemos
interceder sem impor condições.
Deus quer que olhemos além dos nossos próprios interesses, do nosso círculo familiar e de amigos. Interceder
pelo próximo, mesmo que esteja distante, mesmo que não
o conheçamos. Interceder pelos missionários, mesmo sem
conhecer as suas necessidades. Por meio da intercessão
persistente e fervorosa podemos liberar o Espírito de Deus
de tal forma sobre uma vida que ela encontrará a razão
de viver.
Na obra missionária que hoje os batistas brasileiros
desenvolvem através de Missões Mundiais, precisamos de
um grande exército de intercessores para que as barreiras
sejam quebradas, as nações alcançadas e o Reino de Deus
seja expandido. Que o agir de Deus seja sentido na vida
dos chamados para proclamar as boas novas, não importando as circunstâncias, língua ou condições política, econômica ou social. O Senhor agirá através da nossa intercessão. Interceda pelo mundo, pelos povos, pelos missionários.
Tenha momentos para falar com Deus e ouvir a Sua voz.
Sinta o prazer de uma comunhão com o Pai. Sinta compaixão pelos perdidos e alegria de ver vidas abençoadas pelo
seu clamor.
Daisy Santos Correia de Oliveira
Diretora Executiva da UFMPE
missões mundiais/2015 | 21
FOTO: Shutterstock.com
CONECTANDO
A IGREJA
AO CAMPO
22 | Revista do PASTOR
Jesus deseja ser conhecido e, apesar de
sermos mais de 20 milhões de evangélicos
neste grande país, termos riquezas,
sabedoria, força e louvor, Ele continua
desconhecido em diversos lugares.
H
á um equivoco na
base de um pensamento
corrente em nosso meio
de que missões é uma responsabilidade denominacional pura e simplesmente. Enviam-se recursos financeiros
e pronto, termina a competência da
igreja e começa a de uma junta mantida por uma estrutura que reúne condições de coordenar as atividades do
campo missionário. Grande engano!
A igreja é a força motriz no movimento
missionário. Foi a igreja que em Atos
13 enviou Barnabé e Saulo para a primeira viagem missionária. O verso 2
diz claramente: “Enquanto eles ministravam perante o Senhor e jejuavam,
disse o Espírito Santo: Separai-me a
Barnabé e a Saulo para a obra a que
os tenho chamado.” A igreja precisou
ter a sensibilidade de separar aqueles
que o Senhor havia chamado.
É a mesma ideia que Jesus nos
apresenta em Mateus 9.38: “Rogai,
pois ao Senhor da seara que mande
trabalhadores para a sua seara”. O
texto não nos incita a apelarmos por
trabalhadores e sim para rogar ao
Senhor que mande trabalhadores. A
igreja apenas reconhece os que são
enviados pelo Senhor. Por conta disso
creio que o maior problema da obra
são os obreiros, conforme sugeriu D. L.
Moody. Mas a essência do problema
não é a ausência de obreiros, mas sim
a insensibilidade de algumas igrejas
em enviar esses ao campo. Nossas
igrejas estão com verdadeiros exércitos adormecidos em seus bancos, que
se reúnem semanalmente para “bebericar” verdades espirituais, participando de cultos como quem vai a um
restaurante self-service, mas que jamais
desenvolveram seus dons e talentos
por falta de uma visão que poderia
chamar de “enviadora” da igreja.
Uma igreja com visão “enviadora”
procura identificar em seu rol de membros vocacionados que possam dedicar um tempo de suas férias no campo
missionário, servindo com seus dons
de pedreiro, pintor, eletricista, carpinteiro, professor... Enfim, vivendo a missão e não sendo apenas um mantenedor financeiro.
Em minhas viagens missionárias,
procuro me inteirar na dinâmica do
trabalho missionário, seu peso emocional, suas lutas espirituais, seus dramas
familiares, suas decepções por poucos
resultados, o lado gente da missão. A
igreja que comissiona seus pastores e
líderes para observar o campo missionário (no Brasil, mas principalmente
fora do país) poderá ter como retorno
um líder engajado em missões não no
que ele ouviu, mas do que ele viu e
participou. Isso sim é entrega total.
Proponho uma participação intensa
do pastor na visão missionária da
igreja porque a obra do Senhor tem
pressa. Estamos com o relógio escatológico seguindo seu ritmo divinamente
cronometrado. Vou me ater ao que
disse Ronaldo Lidório em um de seus
artigos: “Jesus deseja ser conhecido e,
apesar de sermos mais de 20 milhões
de evangélicos neste grande país,
termos riquezas, sabedoria, força e
louvor, Ele continua desconhecido em
diversos lugares”.
Devemos entregar nossa vida para
o cumprimento dessa missão: tornar
Cristo conhecido entre as nações.
Viver desse modo é o que nos importa
como pastores batistas brasileiros.
Ezequias
Amancio Marins
Pastor titular da Igreja
Batista Central em Japuiba,
Angra dos Reis/RJ
missões mundiais/2015 | 23
Chamado para
mobilizar
O desafio de pastores e líderes na igreja de Cristo
sempre será a urgência da mobilização pela
edificação de uma consciência no meio do povo
de Deus para assumir plenamente e sem demora
a responsabilidade da evangelização mundial.
FOTO: Shutterstock.com
A consciência global da missão deve ser
algo irresistível para cada um de nós, pois
é assim que nos comprometemos com a
evangelização do mundo.
M
uitos são os desafios do ministério pastoral. Mobilizar uma igreja para a missão de
Deus em toda a Terra é um deles. A tradição
do pensamento sobre engajamento das igrejas no sustento
dos campos sempre teve forte ênfase na oração, oferta e
ida aos campos. Porém a mobilização sempre foi característica fundamental presente no comportamento de igrejas
que são verticalmente usadas pelo nosso Deus.
Biblicamente percebemos que por inúmeras vezes o
nosso Deus mobilizou Seu povo como instrumento de Suas
realizações. No Antigo Testamento, dentre tantos exemplos,
a vida de Neemias foi fundamentalmente usada como liderança para o engajamento de Israel na reconstrução dos
muros de Jerusalém. A mobilização significou naquele momento a construção de uma mentalidade em Israel de que
Deus usaria seu povo para restabelecer o avanço de Sua
vontade. “O Deus dos céus fará que sejamos bem-sucedidos. Nós, os seus servos, começaremos a reconstrução…”
(Ne 2.20a).
Assim como naquele tempo, a história da igreja tem sido
a história dos movimentos de Deus através de uma igreja
mobilizada por Ele.
O desafio de pastores e líderes na igreja de Cristo sempre será a urgência da mobilização pela edificação de
uma consciência no meio do povo de Deus para assumir
plenamente e sem demora a responsabilidade da evangelização mundial.
Deve prevalecer a existência da igreja fiel ao sustento
dos campos do Senhor. É pela fidelidade aos desígnios
de Deus que a igreja marchará mobilizada e sustentará o
avanço e a prosperidade dos desejos do nosso Deus para
o mundo.
Portanto, a práxis da mobilização na igreja perpassa pelo
desenvolvimento de caminhos através dos quais cada crente
sinta que não pode ficar de fora dos planos de Deus para
toda a Terra. A consciência desta visão de mobilização é
agente catalisador a ser ensinado a cada membro da igreja.
Urge que possamos desenvolver e consolidar a visão de
mobilização em nossas igrejas. Não pela tradição como
cosmovisão, mas como uma característica tão essencial
como a oração, a oferta e o ide.
A consciência global da missão deve ser algo irresistível
para cada um de nós, pois é assim que nos comprometemos com a evangelização do mundo. Isto se deve ao
fato de não mais sermos alienados, mas redimidos pela
graça de Cristo, e nos é revelado pelas Santas Escrituras,
que diz que somos convocados a responder como servos
à ordenança bíblica de pregar o Evangelho até os confins
da Terra (At 1.8).
Nisto cremos, e por esta causa nos dedicamos a depender do Espírito Santo para nos conduzir em um estilo de vida
missional, no qual nossa causa é que cada cristão seja um
discípulo de Cristo a viver e professar: “Meu chamado, voz
de Deus às nações”.
Luiz Henrique Carvalho
missionário mobilizador
da JMM NA REGIÃO NORTE
missões mundiais/2015 | 25
Devocional
A igreja perseguida
no Norte da África
V
ivendo fora do contexto da América Latina
há anos, temos experimentado como família
um diferente tipo de igreja. Aqui no Norte da
África, num país que sequer podemos citar o
nome por questões de segurança, encontramos uma
igreja que sobrevive sob uma severa perseguição e em
um ambiente de extremo medo.
É verdade que nos últimos anos alguns países do
Norte da África têm experimentado um avivamento
significativo, como é o caso da Argélia, onde hoje há
casos de 200 irmãos reunidos às escondidas em suas
casas. Mas em outros, o cenário é totalmente distinto: no
Sudão, muitos missionários foram expulsos simplesmente
sem direito a indagar o porquê de tal ato, que vai contra
os direitos humanos, e a igreja nativa que ali existe vive
hoje talvez o seu pior momento.
Na Tunísia, onde todos pensavam que a situação mudaria depois da queda do antigo regime, o que se vê hoje
é um retrocesso em relação à tradição religiosa. É comum
observar nas ruas mais pessoas vestidas tradicionalmente
de acordo com o islamismo do que se via há cinco anos.
No Marrocos, desde 2008 a situação dos missionários que ali puderam ficar é cada vez mais complicada. As autoridades seguem apresentando todo tipo de
impedimento para que estrangeiros possam viver ali. Ao
que parece, a Primavera Árabe em quase nada ajudou
os crentes que vivem e perseveram em seguir ao Senhor
no Norte da África.
Um testemunho vivo
da igreja sofrida
Cada vez que estamos com os irmãos dessa igreja
somos tremendamente abençoados! Na última vez em
que estivemos com eles, ouvimos de um líder sobre as
maravilhas que vivem, apesar das adversidades. O governo, a polícia secreta, os religiosos fundamentalistas
sempre estão buscando uma maneira de expor esses irmãos de uma maneira negativa nos meios de comunicação e também na comunidade onde vivem. Mas ainda
assim, esses valentes irmãos têm vivido um momento de
crescimento espiritual e de comunhão entre eles, o que
os fazem estar cada vez mais unidos e perseverantes.
26 | Revista do PASTOR
A perseguição nos faz crescer!
Sem ela, talvez estaríamos acomodados
com a vida cristã religiosa, mas com a
perseguição, somos forçados a sempre
depender do Senhor e seguir sobrevivendo
em meio às tribulações.
Suas reuniões são feitas em locais pré-determinados
pelos líderes. Nem sempre elas podem ser realizadas
num mesmo lugar devido à vigilância, experiência vivida por quase todos eles. Vigilância que pode vir das
autoridades, mas também de suas próprias famílias. Há
casos de irmãos que estão sofrendo extrema perseguição de seus familiares, e em algumas situações, são os
maridos que não admitem que suas esposas e filhos
tenham ou professem outra crença.
Durante as reuniões, todos os crentes são animados
a seguir com fé, entendendo que Deus está cuidando de
cada um deles e lhes dará a força, e dessa forma todos
eles têm vivido.
Algo que toca o nosso coração é quando ouvimos
seus pedidos de oração. Ao final dos encontros pedimos que nos digam seus motivos de oração, e eles sempre fazem muitos: para que a igreja siga crescendo, que
alcancem maturidade espiritual, por seus filhos… Mas
um pedido é sempre muito especial: eles pedem que
não oremos para que a perseguição termine!
Mas como assim? E eles explicam: “A perseguição
nos faz crescer! Sem ela, talvez estaríamos acomodados com a vida cristã religiosa, mas com a perseguição,
somos forçados a sempre depender do Senhor e seguir
sobrevivendo em meio às tribulações”.
Que forte! Que fé a desses irmãos! Uma fé que não
vivemos na igreja ocidental! E como é de costume, saímos daqueles encontros chorando por sermos testemunhas de tão extraordinária expressão de fé e dependência do Senhor. Não deixe você de orar por essa igreja
que vive às escondidas.
Caleb Mubarak
missionário no Norte da África
Devocional
Ouvindo a voz do
Espírito Santo em Portugal
A
Palavra de Deus nos adverte solenemente: “Quem tem
ouvidos para ouvir, ouça”
(Mt 11.15).
Pensando um pouco sobre este
assunto, quero compartilhar com
você uma história muito interessante:
Um amigo levou um índio para
passear no centro de São Paulo.
Seus olhos não conseguiam acreditar na altura dos edifícios e ele mal
conseguia acompanhar o ritmo frenético das pessoas indo e vindo. Espantava-se com o barulho ensurdecedor das sirenes, dos automóveis,
as pessoas falando em voz alta. De
repente o índio falou: “Ouço um grilo...” O amigo espantado retrucou:
“Impossível ouvir um inseto tão pequeno nessa confusão! O índio insistiu que ouvia o grilo. Tomando o seu
cicerone pela mão, levou-o até um
canteiro de plantas, e afastando as
folhas, apontou para o pequeno inseto: “Como?”, perguntou o amigo,
ainda sem crer. O índio pediu-lhe algumas moedas, e então jogou-as na
calçada. Quando elas caíram e se
ouviu o tilintar do metal, muita gente
se voltou. “Escutei o grilo porque o
meu ouvido está acostumado com
este tipo de barulho. As pessoas
aqui ouvem o dinheiro caindo no
chão porque foram condicionados
a reagirem a esse tipo de estímulo.”
Depois arrematou: “A gente ouve o
que está acostumado ou treinado a
ouvir”. (*)
No ano de 2010, minha esposa, Suely, e eu estávamos preparando-nos para tomar a decisão sobre
o nosso novo campo missionário.
Sucesso sem
sucessor é igual
a fracasso.
Nossa trajetória na JMM nos havia
levado até a Venezuela (17 anos),
Califórnia, EUA (2 anos), Costa Rica (5 anos e meio) e Nova Jersey,
EUA (8 anos). A JMM nos solicitou
que orássemos por algumas possibilidades. Devido à longa experiência
na Venezuela, estávamos inclinados
a decidir-nos pela Colômbia. Porém,
quando faltavam poucos dias para
tomarmos a decisão final, o Pr. Lauro Mandira, então gerente de Missões da JMM, nos convidou para irmos até o seu escritório na sede, no
Rio de Janeiro. Foi então que tomamos conhecimento de um pedido da
Convenção Batista Portuguesa para
que a JMM enviasse a Portugal um
casal de missionários para trabalhar
na revitalização de uma pequena
igreja na região de Trás-os-Montes
que tinha apenas quatro membros.
Aquele pedido chegou ao nosso coração. Suely e eu sentimos o toque
do Espírito Santo à semelhança dos
apóstolos em Atos 16.1-10: “Passem
a Portugal e ajudem-nos!”
Já completamos cinco anos em
Portugal. Como resultado do trabalho de revitalização da pequena
Igreja Batista de Vila Real, poderíamos compartilhar alguns testemunhos
maravilhosos da ação do Espírito
Santo na obra do Senhor. Entre eles
poderíamos ressaltar os batismos
que foram realizados, o crescimento
da igreja, as portas que foram abertas à evangelização, entre outros.
Contudo, quero referir-me a um
testemunho muito específico: o programa dos missionários da terra. Em
janeiro de 2013, convidei um jovem
batista português para ser o nosso
obreiro da terra. O irmão Fernando
Jorge Silva e sua esposa, Christiane,
se mudaram para Vila Real com seus
três filhos em agosto daquele ano.
Desde então, o apoio deles na obra
tem sido uma experiência fantástica.
Como louvamos a Deus pela direção que o Espírito Santo nos deu
para convidarmos Fernando para
trabalhar ao nosso lado. Ele e sua
família têm sido para mim como um
verdadeiro “Timóteo”. A experiência
de ser o seu mentor espiritual e a
alegria de ter um obreiro trabalhando ombro a ombro conosco tem enchido os nossos corações de gozo e
gratidão a Deus.
O que aconteceu conosco em
Vila Real tem servido para que plantemos no coração dos pastores e
missionários batistas em Portugal
uma semente que certamente dará
muitos resultados no futuro: “Sucesso
sem sucessor é igual a fracasso”.
Louvado seja Deus pela maravilhosa experiência de ouvir a voz do
Espírito Santo!
(*) http://www.umceb.com.br/site/
mensagens/238-quem-tem-ouvidos-para-ouvir-ouca.html
José Calixto Patrício
Missionário em Portugal
missões mundiais/2015 | 27
Devocional
Pequenos gestos
que atraem
A
tualmente, ajudo uma pequena igreja numa
cidade vizinha à capital paraguaia Assunção,
chamada Fernando de la Mora. É uma igreja
formada por 29 irmãos. Sonho em vê-los retomar a visão e o crescimento como agência do Reino
de Deus.
Dia 15 de maio é Dia das Mães aqui no Paraguai. Em
2014, nesta data, Deus falou ao nosso coração de lançar
um desafio de maneira informal com a intenção de ver a
reação dos irmãos: “Seriam eles capazes de fazer algo
mais para impactar a vida das mães da comunidade?”.
Bom seria se pudéssemos presentear as mães da
nossa comunidade neste dia tão importante. Lamentavelmente, somos uma igreja muito pequena e com poucos
recursos. Pensei em como seria importante se naquela
data, a igreja batista do bairro batesse à porta de cada
casa e procurasse a mãe, guerreira, valente, esforçada e
preocupada sempre com seus filhos, e lhe desse um bombom. Uma caixinha bem apresentada e, sem outra intenção, lhe desse um abraço acompanhado de um sorriso e
um agradecimento por ser a mãe valente que é.
Levei esse meu desejo àqueles irmãos durante um
culto. Ao final, vários jovens me procuraram se oferecendo para fazer e entregar esses presentes. O tesoureiro da igreja disse que estaria disposto a cobrir os
gastos. Outra irmã se apresentou com uma lista de mães
28 | Revista do PASTOR
que a igreja sabia que há algum tempo não congregavam. Em menos de quatro dias estavam prontas 120
caixinhas com detalhes de carinho.
Marcamos para sair às 16h do dia 15 de maio.
Apesar da forte chuva que caiu naquele dia, sete jovens
apareceram dispostos a distribuir os presentes.
Não sobrou nenhuma caixinha. Todas foram entregues! Vimos algumas senhoras com lágrimas nos olhos,
sensibilizadas por esse gesto de carinho. Outras que já
não congregavam há algum tempo perguntaram: “Mas
vocês ainda se lembram de mim?”. Foram as principais
oportunidades para dizer-lhes: “Deus não se esquece
de você. Nós só estamos aqui para dizer feliz Dia
das Mães!”.
No culto daquele domingo, a vitória foi tremenda!
A pequena igreja contou com a presença de 25 mães.
Entre elas, uma senhora de 96 anos que quis cantar o
seu louvor preferido. Ao todo, 100 pessoas estiveram
presentes ao culto e 13 visitantes deixaram seus endereços para receberem uma visita nossa.
Ouvimos Deus e Ele fez maravilhas!
Elbio Marquez
Orientador Estratégico
para a América Latina
FOTO: Shutterstock.com
Vimos algumas senhoras
com lágrimas nos olhos,
sensibilizadas por esse gesto
de carinho.
Devocional
á alguns anos eu, juntamente com outros homens
envolvidos com o ministério esportivo na Tailândia, fomos responsáveis por um time da terceira divisão local, o Christian Thai, formado
por profissionais autônomos ou homens com horas de
trabalho flexíveis, como motoboys, motoristas de táxi,
vendedores de rua, etc. Esse time pertencia à Associação Cristã de Esportes da Tailândia.
Não conseguíamos treinar, apenas nos encontrávamos
antes dos jogos. Nunca era o mesmo grupo, pois se algum
jogador estivesse ocupado no dia do jogo, ele mandava
algum amigo para substituí-lo. Sendo assim, cada partida
tinha um time diferente. Os jogadores chegavam ao lugar
onde seria o jogo, minutos antes do início da partida. Cada jogador recebia o equivalente a R$ 35,00 ao
final de cada partida. Eles jogavam mais por diversão e
amor ao futebol do que por qualquer outra razão. Eles
não eram cristãos.
Em um dos jogos mais importantes, quando poderíamos subir para a terceira divisão, eu reuni o grupo antes da
partida e apresentei uma tática de jogo. Disse que se eles
seguissem aquela orientação sairíamos vitoriosos, mesmo
estando com o time desfalcado. Estávamos sem goleiro.
O jogo começou e surpreendentemente o nosso
Christian Thai estava ganhando: 3 x 0.
Infelizmente, todo homem natural tem as suas fraquezas. Eu comecei a deixar que o orgulho tomasse conta
de mim. Eu me achei um grande dirigente e que a causa
daquele sucesso era porque eu, Gladimir, sabia como
levar aquele time à vitória
O intervalo chegou e os jogadores foram para o
segundo tempo. Agora as coisas estavam mudando e
o time adversário foi fazendo um gol após o outro e o
resultado final foi 4 x 3 para o time adversário.
Cheguei em casa arrasado. A primeira coisa que fiz
foi ir para o quarto, me ajoelhar ao lado da cama e chorar muito. Eu fiquei muito triste por ter me deixado engrandecer daquela forma e deixar de dar a glória para o
único que merece a glória.
Foi uma dura lição, mas aprendi que só somos o que
somos pela infinita graça do Pai e que Ele, e somente
Ele, é o merecedor de toda a glória.
Gladimir Fernandes
missionário na Tailândia
FOTO: Shutterstock.com
H
Reconhecendo que a
vitória vem de Deus
missões mundiais/2015 | 29
Devocional
A
Pontes entre
Deus e as pessoas
lguns anos atrás, Daniel
e Maria Loreto se conheceram. Eles moravam em
locais muito distantes um
do outro: ele em Calama, e ela em
Arica, cidades no norte do Chile.
Tempos depois, se casaram.
Mary, apelido de Maria, é filha
de batistas, e Daniel era católico
“só de nome”, como ele mesmo
dizia. Foram muito felizes nos primeiros anos, os dois trabalhando, estudando, mas faltava o neném para
completar a família. Mary finalmente ficou grávida, e o sentimento
de satisfação com a vida era cada
vez mais forte.
Quando Mary foi levada ao hospital para ter o bebê, eles já sabiam
que era menino: Benjamin. O parto
foi por cesariana, tudo dentro da
normalidade, muitas fotos com a
família e muita alegria. Mas quando
coube a Benjamin fazer a sua parte,
ele não conseguiu. Não tinha forças
para tomar o leite da mãe.
Os médicos começaram a examiná-lo, ele não respirava bem, e
os batimentos não estavam normais.
Foi diagnosticada uma doença
pouco conhecida que apenas cinco
crianças em todo o Chile tinham.
Para os médicos, restavam poucos
dias de vida para Benjamin. Daniel
e Mary receberam a notícia e ficaram sem chão, e toda a felicidade
acabou. Mas eles tiraram forças no
meio da fraqueza.
Perguntaram ao médico o que
poderiam fazer, pois era filho deles,
30 | Revista do PASTOR
e não uma estatística de doença rara,
e nem mais uma criança que morria
depois de nascer. Era Benjamin.
O médico falou: “Seu filho vai
morrer, não há mais o que fazer.
Deixe-o ir”. Os pais não podiam
acreditar no que o médico falou e
como falou.
Naquele hospital, os médicos
desistiram de lutar por Benjamin, mas
não seus pais. De Calama, foi levado
para Antofagasta em uma ambulância porque não conseguia respirar
sozinho e precisava de oxigênio.
Depois, foi conduzido em um avião-ambulância para Santiago, onde
havia especialistas na doença de
Benjamin. Nessa viagem, a criança
teve duas paradas respiratórias.
A situação era crítica. Mary lembrou que existe um Deus que olhava
aquela situação. Os pais de Mary
oravam em silêncio, tanto por ela
quanto por Daniel e Benjamin. Em
um instante de muita desesperança
e durante uma parada respiratória,
os dois estavam sozinhos orando no
hospital, abraçados e com muitas
lágrimas nos olhos. O Senhor sabe o
que faz e como faz, e deu vida ao
pequeno Benjamin naquele momento.
Sempre penso na ressurreição
de Lázaro, quando lembro o que
o Senhor fez naquele dia. Jesus
disse: “Essa doença não acabará
em morte, é para a glória de Deus,
para que o Filho de Deus seja glorificado por meio dela”. E assim foi
que esse pequeno menino começou
a evangelizar seu pai. Daniel sabia
Benjamin foi a voz,
e ele foi o melhor
pregador, porque
pregou para seu pai
desde seus primeiros
dias de vida.
que foi Deus quem fez o milagre
naquele momento.
A luta não terminava ali. Depois
de estabilizado e saber quais os procedimentos posteriores à alta hospitalar, faltava conseguir os meios
para dar atendimento básico em
casa. E Deus tem sido tão bom, pois
para testemunho de Daniel e sua
família, nada faltou para os cuidados médicos de Benjamin até hoje.
Em dezembro de 2011, Daniel
aceitou a Jesus em seu coração, e
foi uma mudança muito forte para
ele. Começamos o discipulado com
Daniel e Mary no dia do meu aniversário, e os dois se batizaram.
Poucos dias depois, Daniel começou o grupo de escoteiros, no qual
temos evangelizado 50 crianças e
adolescentes.
Deus gosta de nos usar para sermos voz. Benjamin foi a voz, e ele
foi o melhor pregador, porque pregou para seu pai desde seus primeiros dias de vida. Em 2014, nasceu
o segundo filho, Mateo, e Deus cumpriu seu propósito com Benjamin, que
agora é uma criança saudável.
Eliana La Banca
missionária no Chile
Devocional
Meu chamado
F
oi em um culto missionário, quando eu tinha 16
anos, que disse “sim” ao Senhor. Minha entrega
foi tão verdadeira que estava disposta a ir ao
lugar mais difícil se essa fosse a ordem de Deus.
Os anos se passaram e me casei com o Joel
Martiniano, que já era pastor e trabalhava no interior
de Goiás. Na época, a Primeira Igreja Batista de Caldas Novas/GO era uma igreja pequena e me vi desenvolvendo um ministério naquele contexto de igreja em
cidade turística.
Sempre que Joel falava comigo de seu chamado
transcultural, acabávamos discutindo, pois eu estava
satisfeita no ministério em Caldas Novas e não aceitava
a ideia de deixar o Brasil para fazer outro tipo de trabalho. Tinha me esquecido que um dia eu disse ao Senhor
que Ele poderia me enviar para onde Ele quisesse. Pensava que era eu quem decidia onde e como servir.
Em 1998, como quase sempre, eu estava organizando a Campanha de Missões Mundiais na igreja. Foi
um mês muito empolgante, e toda a igreja estava envolvida. Quando estávamos indo para o culto, eu disse
ao meu esposo: “Depois da mensagem, enfatize o chamado para missões. Os jovens estão envolvidos”.
Na hora do apelo comecei a orar para que os
jovens atendessem ao chamado, e senti Deus falando
comigo. Cada palavra que meu esposo dizia entrava
queimando no meu coração. Eu dizia ao Senhor que
aquilo não era para mim, que talvez estivesse emocionada, e pedia a Deus que ajudasse a me concentrar e
orar pelos jovens, mas ele continuou insistindo comigo.
Naquele instante meu esposo disse: “Graças a Deus”,
entendi então que alguém tinha aceitado o convite e pensei: “Realmente estava emocionada, e não era comigo
que Deus estava falando”. Quando abri meus olhos para
ver qual dos jovens atendera ao chamado, para minha
surpresa vi nosso filho de 6 anos. Só ele foi à frente.
Naquele momento ouvi Deus falar comigo: “Você
ainda tem dúvidas de que estou falando com você?”.
Fui à frente. Meu esposo disse à igreja: “Irmãos, nesta
hora Deus está confirmando o que Ele colocou no meu
coração, pois saí de casa decidido a dizer à igreja
que me apresentaria para missões. Não falei nada com
minha esposa porque sabia que ela era resistente, mas
Deus está confirmando o chamado para nossa família”.
Confesso que atendi ao chamado porque Deus não
deixou dúvida, mas continuava não gostando da ideia.
Completamos 10 anos de ministério, e fomos presenteados com uma viagem missionária à Bolívia. Disse ao
Senhor que eu precisava que Ele falasse comigo durante
aquela viagem. Apesar de irmos com uma equipe, ficamos sozinhos para atender uma igreja. Ali saímos com
os jovens da igreja para fazer visitas, e no final do dia
realizávamos um culto em alguma casa.
Não poderia mais me acomodar
ao meu conforto, minha igreja,
minhas posses porque não foi para
isso que nasci, não foi para
isso que fui salva.
Um dia, fomos visitar uma irmã que estava afastada.
De dentro do ônibus, vimos uma pequena igreja, e a
jovem nos disse: “O pastor foi embora, os membros
desanimaram e deixaram de vir. A igreja está fechada”.
Chegamos à casa da irmã, e enquanto meu esposo
pregava, abaixei a cabeça para orar. Quando abri os
olhos, vi que várias pessoas chegaram para ouvi-lo.
Naquele momento, o Senhor trouxe ao meu coração a
passagem de Mateus 9.36-38. Meu coração se encheu
de compaixão por aquelas pessoas e entendi o chamado do Senhor. Não poderia mais me acomodar ao
meu conforto, minha igreja, minhas posses porque não
foi para isso que nasci, não foi para isso que fui salva.
Eu disse a Deus e ao meu esposo que se o Senhor mandasse, nós nem voltaríamos ao Brasil.
Voltamos ao Brasil e dois anos depois fomos para o
campo. Não trocaria nada do que vivi nestes anos no
campo pelo conforto ou comodidade que eu poderia
ter tido no meu país. Importa servir a Cristo e cumprir o
meu chamado sendo voz de Deus às nações.
Lúcia Martiniano
missionária na África do Sul
missões mundiais/2015 | 31
Devocional
Dons, talentos e vocação:
uma receita que dá certo
32 | Revista do PASTOR
Sônia Santos
Nutricionista, Assistente Social
e missionária em Guiné-Bissau
Desde que
me tornei
nutricionista,
Deus tem
me usado
muito nesta
profissão para
o engrandecimento do
seu Reino.
FOTO: international mission board
Q
uando eu tinha apenas 6 anos,
tomei a decisão de seguir a Jesus.
Naquela mesma época Deus
começou a dizer que me levaria
para longe, pois Ele tinha uma missão para
mim. Sempre que faziam desafios missionários, lá estava eu, me colocando diante do
Senhor para o servir.
Aos nove anos me tornei Mensageira do
Rei, comecei a orar por uma missionária que
estava na África e me envolvi ainda mais
com missões. Naquele tempo fiquei doente,
com febre reumática, mas, aos 11 anos, fui
curada por completo durante uma vigília de
oração, em que meus pais me consagraram
totalmente ao Senhor Deus. Participei de
vários projetos missionários com a juventude
da Igreja Batista Central de Campinas e de
vários congressos missionários.
Quando estava no segundo ano da
Faculdade de Nutrição, participei de um
retiro vocacional em Atibaia/SP. Naqueles dias, Deus me falou tão claramente, que
meu desejo era abandonar o curso imediatamente e ir para um seminário. Porém,
meus pais, pastores e a missionária Analzira Nascimento foram usados por Deus
para me aconselhar a terminar o curso, pois
esta profissão seria útil no ministério que o
Senhor tinha para mim. Então, depois de
me formar em Nutrição, fui cursar a Faculdade Teológica.
Após alguns anos de profissão, participei do projeto “Pescador Jovem Moçambique” (promovido pela JUBAM). Foi minha
primeira experiência transcultural como nutricionista. Nunca mais fui a mesma! Conheci
meu marido naquele projeto e nos casamos
no ano seguinte, visando voltar à África.
Mas Deus tem o seu tempo, e Ele nos levou
primeiramente aos campos dos batistas
mineiros, onde nos preparou melhor (agora
também sou assistente social) para voltarmos, desta vez, a Guiné-Bissau (África) com
nossos três filhos, que estão juntos conosco
nesta missão.
Desde que me tornei nutricionista, Deus
tem me usado muito nesta profissão para o
engrandecimento do seu Reino. Atualmente
estamos trabalhando em Guiné-Bissau com
o projeto Semeando Vida, no subprojeto
Sementinha de Vida, que é o atendimento
nutricional às gestantes e crianças em seus
primeiros anos de vida, e o Plantinha de
Vida, que é o acompanhamento nutricional
feito às crianças das unidades do PEPE em
Guiné-Bissau.
Tenho tido a oportunidade de ver muitas
pessoas serem salvas por Jesus através das
minhas profissões. Agradeço a Deus pelas
pessoas que Ele usou para que eu me tornasse um instrumento Dele. Ele me escolheu,
ungiu e capacitou com estas estratégias para
ser Sua voz para as nações!
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