CARCINOMA DO OVÁRIO EM MULHER JOVEM QUANDO
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CARCINOMA DO OVÁRIO EM MULHER JOVEM QUANDO
CARCINOMA DO OVÁRIO EM MULHER JOVEM QUANDO CONSERVAR? JP Coutinho Borges, A Santos, A Carvalho, J Mesquita, A Almeida, P Pinheiro Serviço de Ginecologia e Obstetrícia – ULSAM Viana do Castelo OBJETIVO Apresentação e discussão de um caso clínico de carcinoma do ovário em doente jovem e sua orientação terapêutica. CASO CLÍNICO - 17 anos, nuligesta - Ciclos menstruais regulares - Sem método contracetivo - Dor pélvica moderada, intermitente, sem relação com ciclo menstrual - Antecedentes Pessoais: irrelevantes - Sem história familiar de cancro da mama, ovário ou colon - Antecedentes Cirúrgicos: não tem CASO CLÍNICO - Exame ginecológico sem alterações - EcografiaTV: quisto simples no ovário direito com 3.5 cm diâmetro (sem septações e sem componente sólido); sem outras alterações. Atendendo à idade da doente e características do quisto à Atitude expectante - Após 5 anos de vigilância: à Sem dor pélvica à EcografiaTV: quisto com características semelhantes mas crescimento progressivo (crescimento de cerca de 5 cm em 5 anos) - Marcadores tumorais: CA 125, alfafetoproteína, CEA, β-hCG negativos Referenciada para observação no Serviço de Ginecologia da ULSAM CASO CLÍNICO - EcografiaTV: Quisto do ovário direito, com 8,5cm diâmetro, ecos na zona média, doppler apresentando resistência periférica normal ao fluxo. A B A) Imagem ecográfica 4 anos após dx inicial (quisto simples com 5cm) B) Imagem ecográfica 5 anos após dx (quisto com 8cm e áreas de hipotransparência no interior) CASO CLÍNICO - Decide-se realizar quistectomia por via laparoscópica (Maio 2012): à Observada massa com cerca de 8cm na dependência do ovário direito, regular, cápsula intacta; restantes orgãos pélvicos sem alterações. à Quistectomia complicada por rotura intraoperatória da cápsula do quisto e exteriorização do seu conteúdo (muco e gordura). CASO CLÍNICO Resultado: - Extemporâneo: “Neoplasia ovárica mucinosa (Borderline vs Maligna, pendente de estudo em parafina)” - Definitivo: Carcinoma mucinoso do ovário moderadamente diferenciado. A A) Tecido neoplásico epitelial com estruturas glandulares e papilares B B) Invasão estromal, classificando o tumor como maligno CASO CLÍNICO - Tratamento discutido na Consulta de Grupo de Ginecologia Oncológica do IPO Porto e com a doente - Maio 2012: Laparotomia exploradora com lavado peritoneal, anexectomia bilateral, linfadenectomia pélvica e lomboaórtica bilateral, biópsias peritoneais, omentectomia inframesocólica, apendicectomia e exérese dos orifícios dos trocares. - Cirurgia conservadora à histerectomia não realizada a pedido da doente - Ovário esquerdo enviado para criopreservação - Resultado histológico das peças operatórias não revelou malignidade residual Estadiamento: IC G2 CASO CLÍNICO - Cumpriu 6 ciclos de quimioterapia com Carboplatina e Paclitaxel - Atualmente: à assintomática à vigiada em consulta de Ginecologia na ULSAM e no IPO Porto REVISÃO TEÓRICA - Massas anexiais na mulher jovem são comuns, podem ter etiologias variadas e constituem um dilema diagnóstico e terapêutico. - Ecografia pélvica à 1ª linha para avaliação de malignidade de massa anexial - Quistos simples: à fluido anecóico preenchendo cavidade do quisto, paredes finas e reforço acústico distal à são comuns e, habitualmente, benignos - Casos descritos de quistos simples que se verificaram ser malignos: à Nodularidades detetadas na histologia, não observaveis por ecografia à Habitualmente em quistos volumosos (> 8cm diâmetro) REVISÃO TEÓRICA - Atitude à morfologia na ecografia, idade da paciente, sintomatologia, história familiar e marcadores tumorais - Tamanho da massa à sem relação direta com malignidade - Massa com crescimento progressivo à excisão para caracterização histológica - Via laparoscópica à risco de rotura de quisto à risco potencial de disseminação intra-abdominal à não consensual ê Sem ≠ sobrevida livre de doença 1 ê Estadios IA / IB vs IC (por rotura intraoperatória da cápsula) 1 Bakkum-Gamez, JN, et al; Influence of intraoperative capsule rupture on outcomes in stage I epithelial ovarian cancer. Obstet Gynecol; 113:11, 2009. REVISÃO TEÓRICA Cancro do ovário: - Baixa incidência (cerca de 7 novos casos/100000 pessoas por ano) - É um dos cancros mais letais na mulher - Surge, sobretudo, na pós-menopausa - Geralmente diagnosticado em estadios avançados - Carcinoma epitelial é o tipo histológico mais comum mas muito raro na 3ª década de vida (incidência +/- 2/100000). - Carcinoma do ovário mucinoso é um subtipo de epitelial REVISÃO TEÓRICA Cancro do ovário: - Estadiamento é cirúrgico (laparotomia exploradora) - Na mulher jovem à estadiamento cirúrgico e tratamento à comprometimento de fertilidade? - Tratamento padrão à cirurgia citorredutora + QT adjuvante - Cirurgia conservadora à preservação de ovário e/ou útero para manter fertilidade à < 40 anos, desejo de preservar fertilidade à Sem hx de cancro hereditário à Estadios iniciais (IA G1/G2 e IC G1 unilateral com rotura intraoperatória) à Nota: Nos estadios IA G3, IB e IC pode ser equacionada preservação uterina à Completar cirurgia aos 40 anos ou após planeamento familiar FIM Obrigado pela atenção.
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