CresCimento

Transcrição

CresCimento
Dossiê Painéis e Revestimentos PaRte 1
CresCimento
“à Chinesa”
divulgação berneck
Linha de MDP da Berneck, com sede em Araucária (PR) e que inaugurou em
março unidade em Curitibanos (SC): capacidade produtiva em expansão
capacidade instalada da indústria brasileira de painéis vai
ultrapassar os 10,9 milhões de m3 até 2014, o dobro do que o
País era capaz de produzir em 2004 – tais investimentos foram
considerados necessários para atender ao crescimento da
demanda, avaliado em 9,5% ao ano. É este o cenário, três anos
depois de grandes fusões no setor, do setor paineleiro no brasil
Por Wagner de Alcântara Aragão
I
nvestimentos anunciados pelas empresas, avaliações feitas por seus
executivos e indicadores levantados
por analistas e entidades setoriais apontam: os mercados de painéis de madeira
e, atrelado, de revestimentos, vivem no
Brasil uma expansão que supera o ritmo
de aquecimento da própria economia nacional. Sustentado principalmente pela demanda interna, o consumo e a capacidade
produtiva registram expansão em índices
comparáveis àqueles do crescimento da
China que, mesmo com a crise internacional, conseguiu apresentar nos últimos
anos elevado Produto Interno Bruto (PIB).
32 | Móbile Fornecedores 242 | MAio 2012
De acordo com dados da Associação
Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira (Abipa), de 2005 a 2011 a produção
nacional passou de 3,9 milhões de metros
cúbicos para cerca de 6,5 milhões de
metros cúbicos – um salto de 66,6%, em
uma média anual de crescimento da ordem
de 9,5%. A capacidade nominal instalada
terá mais que dobrado em dez anos – dos 5
milhões de metros cúbicos registrados em
2004 para 10,9 milhões de metros cúbicos
em 2014, informa o presidente da entidade, Alexandre Coelho. “Os investimentos
que as empresas anunciaram nos últimos
anos estão mantidos”, frisa o executivo,
que é diretor executivo-comercial da divisão madeira da Duratex, paineleira com
sede administrativa em São Paulo (SP).
Um exemplo está na Arauco Brasil, com
sede em Curitiba (PR). Segundo o diretor de
assuntos corporativos da empresa, Fernando
Lorenz, ainda este ano será inaugurada uma
linha de produção de MDF na planta de
Jaguariaíva (PR), que aumentará em 2,5
vezes a capacidade de produção da companhia – dos atuais 315 mil metros cúbicos
para 887 mil metros cúbicos ao ano. “Com
este investimento, a Arauco do Brasil atingirá
produção de painéis de aproximadamente
1,6 milhão de metros cúbicos para 2013”,
afirma Lorenz. “Hoje estamos produzindo
com nossa capacidade máxima.”
AmpliAção dA Berneck
Outra paineleira que está ampliando
sua capacidade de produção é a Berneck,
com sede em Araucária (PR). A empresa
colocou em funcionamento, no final de
março, uma nova unidade produtiva de
painéis, localizada em Curitibanos (SC),
em um investimento que já soma cerca
de R$ 410 milhões. “Nossa capacidade
de produção, que alcançava 1,2 milhão
CONSUMO EM AlTA NO SETOR PAINElEIRO
A produção de painéis de madeira no brasil e o consumo interno registram ritmo de crescimento semelhante.
reflexo da demanda doméstica em alta é a diminuição das exportações de 2005 para cá. confira:
ANO
PRODUÇÃO*
IMPORTAÇÃO*
EXPORTAÇÃO*
CONSUMO INTERNO*
2005
3,9 milhões
262,7 mil
417,3 mil
3,8 milhões
2006
4,4 milhões
325,7 mil
378,9 mil
4,4 milhões
2007
4,9 milhões
242,9 mil
292,2 mil
4,9 milhões
2008
5,2 milhões
265,6 mil
209,9 mil
5,2 milhões
2009
5,3 milhões
161,1 mil
179,1 mil
5,3 milhões
2010
6,4 milhões
174,7 mil
126,7 mil
6,4 milhões
2011
6,5 milhões
193,1 mil
163,6 mil
6,5 milhões
* em metros cúbicos. estão somados MdP, MdF e hardboard
FonTe: Abipa – abr.2012
PARTE 1 DOSSIÊ PAINÉIS E REVESTIMENTOS
EXPANSÃO INEVITÁVEL
No que depender da resposta do mercado,
os projetos da Berneck devem seguir seu
curso com fluidez. Segundo Sanches, o ano
de 2012 começou bem para a Berneck. “Os
resultados obtidos neste primeiro trimestre do
ano ultrapassaram a casa dos 15% de crescimento em volume, na comparação com o
Divulgação Abipa
de metros cúbicos por ano [na unidade de
Araucária], ficará em torno de 1,5 milhão
de metros cúbicos”, informa o gerente-comercial de painéis, Roberto Sanches.
Conforme informações divulgada pela
Berneck, o projeto para a unidade de Curitibanos compreende três fases. A fábrica
recém-inaugurada de MDF responderia
pela primeira fase. As outras duas seriam
uma serraria (fase 2) e uma unidade de
MDP (fase 3). Em entrevista à Móbile
Fornecedores no ano passado, publicada
na edição 235, a diretora-comercial e de
marketing Graça Berneck Gnoatto revelou
que, após a implementação da segunda a
fase, a capacidade da empresa praticamente dobraria em relação à capacidade atual,
atingindo 1,9 milhão de cúbicos por ano,
somando Araucária e Curitibanos.
Alexandre Coelho, da Abipa: “As paineleiras estão
mantendo os investimentos anunciados”
mesmo período de 2011”, assinala. “Medidas
como a oferta de crédito e, sobretudo, com
juros menores, nos permite projetar ótimos
resultados para o decorrer de 2012.”
A corrida à expansão da capacidade se
apresenta como uma resolução imprescindível para dar conta do consumo em evolução. Se, demonstram os dados da Abipa,
a produção tem se elevado a quase 10% ao
ano de 2005 para cá, a tendência para os
próximos anos é de que haja crescimento
também, avalia o consultor Jefferson
Dorigon Garcia, da STCP Engenharia de
Projetos – empresa sediada em Curitiba
(PR) e que, entre outras atividades, presta
consultoria à cadeia madeireira.
A expansão é, essencialmente, para
atender o mercado interno, reforça Garcia.
“Nos últimos anos, o consumo interno de
MDF/HDF no Brasil cresceu a taxas de
20% [está na casa dos 3 milhões de metros
cúbicos/ano]. Já o consumo interno de
MDP/aglomerado [na casa dos 4 milhões
de metros cúbicos/ano] aumentou a taxas
de 5% ao ano”, aponta o consultor da
STCP. “O consumo de painéis reconstituídos na última década vem sendo incrementado a taxas mais elevadas que aquelas
de outros produtos de madeira”, ressalta.
Lorenz, da Arauco Brasil, reforça a
avaliação do consultor. Em 2011, diz ele,
o mercado cresceu, embora em um ritmo
menor que aquele verificado em exercícios
recentes. Para este e para o ano que vem, o
cenário ainda tende, por sua vez, mais ao
otimismo. “Com a estimativa de aumento
do PIB em 3,2% este ano devemos ter um
mercado de painéis melhor, principalmente
no segundo semestre”, prevê. “Para 2013,
MAIS FUSÕES À VISTA?
Há três anos, o setor paineleiro assistiu a duas grandes fusões: em junho de
2009, com o anúncio da união entre a Duratex e a Satipel, e em agosto, da
Arauco com a Tafisa. Ambas operações, mesmo em curso desde o anúncio
ao mercado, obtiveram aprovação por parte do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade) no ano passado. Mas, com estas duas fusões, será
que a fase de grandes associações e aquisições se encerrou? Ou há mais
movimentos neste sentido a caminho?
Um dos rumores que circulou recentemente no mercado dá conta de que a
Masisa Brasil poderia estar envolvida neste tipo de movimento. A empresa,
por sua vez, rechaça com veemência tal hipótese, como enfatizou a executiva
Marise Barroso, que assumiu em março a presidência da Masisa Brasil. “Muito
pelo contrário. Senão não teríamos anunciado tantos investimentos. Os planos
da matriz no Chile para o mercado brasileiro são de crescer”, enfatizou em
entrevista exclusiva à Móbile Fornecedores no mês de abril, concedida em
mostra da Interprint em Milão, na Itália, organizada por ocasião da ‘Milano
Design Week’, ancorada na realização do Salone Internazionale del Mobile (leia
a entrevista na página 35).
Ao anunciar em fevereiro que a partir de 5 de março Marise Barroso, que atuou
nos últimos 2,5 anos como CEO da Amanco, onde exerceu também a função de
diretora corporativa de marketing, assumiria a presidência do braço brasileiro do
grupo, o CEO da Masisa, Roberto Salas, comunicou também planos de expansão
de ambas unidades produtivas de painéis do grupo no Brasil, localizadas em
Ponta Grossa (PR) e Montenegro (RS).
Na unidade paranaense, a Masisa firmou protocolo com o governo do Estado
para um investimento em torno de R$ 55,5 milhões. O projeto, que deverá gerar
35 novos empregos, abrange a ampliação do parque fabril em 22 mil metros
quadrados, com a instalação de uma nova linha de painéis melamínicos e de
uma linha para produção de papel impregnado – com isso, a fábrica terá capa-
cidade para revestir até 100% de sua linha de painéis de MDF. Também consta
do projeto a implantação de uma nova planta térmica e de um novo pátio de
toras, obras iniciadas no final de 2011. Já em Montenegro, a empresa prevê o
investimento de mais R$ 18 milhões de reais este ano em obras industriais e
fomento florestal. Com sede administrativa em Curitiba (PR), a Masisa atua no
Brasil há 17 anos, tendo inaugurado sua primeira fábrica de painéis no País (em
Ponta Grossa) no ano 2000. A atual capacidade instalada da Masisa Brasil gira
em torno de 1 milhão de metros cúbicos de painéis por ano.
IMPROVÁVEL
O consultor Jefferson Garcia, da STCP Engenharia de Projetos, considera
improvável novas fusões no setor de painéis, entretanto não descarta. “Salvo
alguma exceção, entendo que novas fusões ou incorporações não devem ser
levadas a cabo no médio prazo, isto é, nos próximos cinco anos.” As fusões
Duratex-Satipel e Arauco-Tafisa tornaram o mercado mais concentrado, diz
Garcia, porém em comparação com outros segmentos ligados à madeira –
como o de celulose de fibra curta – o setor paineleiro “é mais diversificado
em termos de empresas e produtos”. “As companhias tradicionais estão
consolidadas e nos últimos anos tivemos grupos entrando no mercado, como
Guararapes (Palmas/PR), o Sudati (Caçador/SC) e, mais recentemente, a
Floraplac (Paragominas/PA).”
Ainda assim, conforme explica o consultor, em torno de 90% da capacidade
instalada está concentrada nas cinco maiores empresas. Os outros 10% estão
divididos entre os demais grupos. Além de não prever fusões de imediato,
Garcia acredita ser difícil a entrada de nova empresa no ramo. “Não devem
aparecer novos players. Também não devem ocorrer grandes modificações
na atual configuração”, acredita. “Os cinco maiores grupos deverão continuar
concentrando de 85% a 90% da capacidade instalada.”
MAIO 2012 | MÓBILE FORNECEDORES 242 | 33
DOSSIÊ PAINÉIS E REVESTIMENTOS PARTE 1
Divulgação/Sayerlack
EMPRESAS CHEGAM AO NORTE E NORDESTE
A indústria de painéis de madeira no Brasil se
concentra no Sul e no Sudeste do País. Já está
em curso, no entanto, um movimento de instalação
dessas empresas – se não com unidades industriais, pelo menos com centros de distribuição – no
Norte e, sobretudo, no Nordeste. É o que indica o
consultor Jefferson Garcia, da STCP, embasado nos
recentes investimentos divulgados neste sentido.
O grupo paraense Concrem, por exemplo, inaugurou
em 2010 em Paragominas, nordeste do Pará, a Floraplac MDF. A Duratex, com fábricas em São Paulo
e em Minas Gerais, anunciou em abril a instalação
de um centro de distribuição em Cabo de Santo
Agostinho, em Pernambuco. “A concentração [das
paineleiras] no Sul e no Sudeste implicou a consolidação de polos moveleiros nas mesmas regiões”,
observa Garcia. “Embora parte da localização das
paineleiras já tenha obedecido à localização de polos
pré-existentes”, pondera. “No entanto”, continua ele,
a estimativa de PIB na casa dos 4% nos dá
certeza da continuidade de expansão no setor de construção civil, forte impulsionador
do consumo de painéis e de móveis.”
CENÁRIO MUNDIAL
Outro “impulsionador” do mercado,
indica Lorenz, é o cada vez maior consumo
de móveis pela população das classes C e
D – fruto da geração de emprego e renda
acumulada nos últimos anos. Constatação
semelhante tem o diretor-comercial da Eucatex, Edison Masayuki Tamura. “O consumo de painéis no Brasil está em ascensão.
É crescente, pautado no incremento de
renda, no acesso ao crédito e na ampliação
de consumo da classe C”, assinala.
Ele menciona, por outro lado, uma preocupação: a crise internacional. O Brasil
não tem sofrido os efeitos com a gravidade
“mesmo com a distância há centros moveleiros relativamente importantes no Nordeste, especialmente
em Pernambuco e no Ceará. Com a inauguração
da Floraplac, e dos centros de distribuição [das
fábricas do Sul-Sudeste] esses polos começam a
se abastecer dessas novas opções”, afirma.
O presidente do Sindicato da Indústria de Móveis de
Pernambuco (Sindimóveis-PE), Vikentios Kakakis,
se queixa da concentração da indústria de painéis
no Sul e Sudeste brasileiros. “A dificuldade está no
frete, e nos impostos incidentes, o que aumenta o
custo da matéria-prima.”
Mesmo no Espírito Santo, esta dificuldade é percebida. “Nossos custos com frete representam 14%
do custo final do produto, o que é muito elevado e
inibe nosso crescimento”, afirma o presidente do
Sindicato das Indústrias da Madeira e do Mobiliário de Linhares e Região Norte do Espírito Santo
(Sindimol), Almir Gaburro.
Marcelo Cenacchi, da Sayerlack: bons negócios
também para a indústria de revestimento
verificada na União Europeia, nos Estados
Unidos e mesmo no Japão. Mas não é possível considerar o País 100% imune. “O
cenário de dificuldades na Europa, Estados
Unidos e Ásia pode influir negativamente
em nossa economia”, ressalva o diretor
da Eucatex.
A instabilidade global traz uma pitada de
preocupação ao executivo de uma empresa
do segmento de revestimentos, o diretor-geral da Sayerlack, Marcelo Cenacchi
– indústria com sede em Cajamar (SP). “A
crise internacional logicamente afeta todos
os mercados, pois tudo está muito interligado”, avalia. Nada, porém, que lhe tire boas
perspectivas. “Como sempre, acreditamos
que existam ainda muitas oportunidades
que podem gerar bons negócios.”
Para Cenacchi, apesar da concorrência
com outros produtos (eletroeletrônicos,
Divulgação Arauco Brasil
linha branca), o mercado de móveis no
Brasil “tem muitas possibilidades de
evoluir e crescer” – embora, pondera ele,
“ainda dependamos muito de distribuição
de renda e crédito”. “Na medida em que
forem atendidas essas necessidades básicas, o móvel terá seu espaço aumentado
e auxiliará o crescimento da indústria
moveleira brasileira”, acredita o diretor.
O presidente da Abipa, Alexandre Coelho,
lembra que a reformulação do ‘Plano Brasil
Maior’, anunciada em abril pela presidente
Dilma Rousseff, encampou medidas que
devem, em maior ou menor grau, beneficiar
a cadeia moveleira – e, por tabela, a indústria
de painéis. Ele destaca também a redução
temporária do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para itens de mobiliário,
ainda que esse benefício tenha prazo de
validade (passou a valer no final de março e
se encerra no final de junho). “É um instrumento muito importante para nossa cadeia
produtiva. Em 2009, quando toda a cadeia
foi desonerada, assistimos a uma rápida e
acentuada recuperação da demanda no mercado interno”, lembra Coelho, que destaca
o peso que a cadeia tem para a economia de
um modo geral: “Estamos falando de uma
cadeia produtiva que gera mais de 260 mil
empregos diretos e [compreende cerca de]
150 mil microempresas que envolvem 300
mil famílias.”
DOSSIÊ – PARTE 2
Prensa de MDF da Arauco Brasil: unidade em Jaguariaíva (PR) terá produção ampliada
34 | MÓBILE FORNECEDORES 242 | MAIO 2012
Na segunda parte do Dossiê, acompanhe a
evolução do mercado de revestimentos e as
tendências em tecnologia para painéis e revestimentos que influenciarão o mercado brasileiro.
DOSSIÊ PAINÉIS E REVESTIMENTOS PARTE 1
Camila Gino
Dobrar os resultados da atuação no Brasil da fabricante chilena de painéis Masisa, pertencente
ao Grupo Nueva, é a meta da executiva Marise Barroso, que assumiu a presidência da divisão
brasileira da companhia, a Masisa Brasil, em 5 de março. Para tanto, anuncia Marise, a Masisa
tem um posicionamento bastante claro: “Vender a operação no Brasil não é algo que esteja no
plano corporativo. Comprar, nós queremos comprar. É uma meta”.
Em entrevista concedida com exclusividade à Móbile Fornecedores, a executiva fala sobre
as estratégias da empresa e um pouco de seu perfil como gestora – ela que, ao atuar por
6,5 anos na Amanco, sendo os últimos 2,5 anos como CEO, elevou o share da empresa do
segmento de construção civil de 13% para 33%.
Entrevista com:
MARISE BARROSO,
presidente da Masisa Brasil
Por CAMILA GINO, de Milão (itália)*
“NÓS QUEREMOS COMPRAR”
MÓBILE FORNECEDORES | Quanto a Masisa pode crescer no País,
nos próximos quatro anos?
Marise Barroso | Nossa expectativa é dobrar o resultado da
empresa. Como vamos dobrar nossa atuação, a meta é de que o
País aumente sua participação no grupo.
FORNECEDORES | Isso significa uma atuação mais agressiva?
Marise | Sem dúvida. Estamos passando por um processo de
replanejamento da empresa como um todo. Com o tema de estar
mais no mercado, ter mais o contato com o consumidor, estar mais
próximo. Uma visão não tão industrial, mais de mercado mesmo.
FORNECEDORES | O que lhe levou à Masisa, qual o desafio que lhe atraiu?
Marise | Está na minha forma de ser, gosto muito de pegar uma
empresa em uma situação menor e fazer crescer. Esta é uma grande
oportunidade que temos na Masisa: fazer com que esta marca seja
conhecida no mercado brasileiro além do setor. De quando se falar
‘Masisa’ todo mundo saber do que se está falando.
FORNECEDORES | Então seu perfil, em termos de gestão, de metas,
é mais objetivo, mais agressivo, certo?
Marise | Eu diria que a agressividade em termos de você ter um
plano muito bem estruturado e ir atrás de executá-lo de maneira
impecável. Fazer com que todo mundo ande na mesma direção.
Acho que isso é o meu DNA, que o grupo Nueva conhecia e me
chamou para trazer à Masisa.
FORNECEDORES | Passamos por um momento de grandes fusões
no segmento de painéis. Há alguma chance de a Masisa comprar ou
ser comprada nos próximos anos?
Marise | Ser comprada, bastante remota, porque os planos
são de crescer no Brasil e no México. Vender a operação no
Brasil não é algo que esteja no plano corporativo. Comprar, nós
queremos comprar. É uma meta.
FORNECEDORES | Esta compra é para ganhar mais força política
dentro do setor, ativos florestais?
Marise | Também. Hoje temos pouca floresta no Brasil, até
pela limitação da legislação brasileira, que não permite capital
36 | MÓBILE FORNECEDORES 242 | MAIO 2012
estrangeiro adquirindo floresta no Brasil. Mas há a possibilidade
de desenvolver sócios locais.
FORNECEDORES | E em ganho de força quanto à concorrência?
Marise | Não olhamos tanto o que o concorrente está fazendo, mas sim o que o mercado tem de oportunidade. Se uma
consolidação no mercado fizer sentido, para se ter um número
menor de jogadores, e for bom para nós e para o parceiro...
não estou falando de só existir a possibilidade de comprarmos
100%, podemos fazer uma associação também, fazer uma
joint venture.
FORNECEDORES | Vocês estão em negociação com alguém?
Marise | Não, neste momento não. Estamos mais focados no
tema florestal, buscando ver como ter mais florestas no Brasil,
que é um pilar muito importante do nosso negócio.
FORNECEDORES | O número atual de paineleiras que temos no Brasil
é muito, pouco, diante do atual contexto de mercado?
Marise | Hoje existe sobrecapacidade no Brasil, em termos
de oferta.
FORNECEDORES | Mas pelo número de empresas...
Marise | Acho que nossa preocupação é menos na quantidade
de empresas e mais na qualidade. Temos empresas de um padrão
extraordinário e outras que deixam a desejar, no mínimo, na
entrega do produto. É um tema que está sendo tratado na Abipa.
FORNECEDORES | O Brasil tem polos de Norte a Sul: ter paineleiras
mais próximas dos polos poderia fazer com que se desenvolvessem
mais. Vocês têm planos neste sentido?
Marise | Não está no nosso plano inaugurar uma nova planta.
Ainda não atingimos o limite de nossa capacidade em Montenegro (RS). Mas após isso, vamos levar em conta qual seria o
melhor lugar para localizar uma planta . Quanto mais próximos
estivermos dos polos, melhor.
Entrevista concedida em 19 de abril, durante o Salone Internazionale del
Mobile, em Milão

Documentos relacionados