Baixe agora - Hospital Nossa Senhora da Conceição

Transcrição

Baixe agora - Hospital Nossa Senhora da Conceição
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Sociedade Divina Providência
HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
Irmã Enedina Sacheti
Diretora Geral
José Warmuth Teixeira
Médico anestesista
Irmã Lea Griebler
Colaboradora
Chirle Pereira
Jornalista - Colaboradora
Everson Cardoso
Produtor gráfico
Albertina Felisbino
Revisão de texto
Coan Indústria Gráfica
Impressão e acabamento
264
Elaborada por Sibele Meneghel Bittencourt - CRB 14/244
Todos os direitos reservados ao
Hospital Nossa Senhora da Conceição
Rua Vidal Ramos, 215 - Centro
Tubarão - Santa Catarina
Fone: (48) 631-7000 Fax: (48) 621-7088
Home page: www.hnsc.org.br
2
“Meri” tem sido minha fiel e dedicada
companheira
ao longo destes quarenta e quatro anos em que
trabalho no Hospital.
Sempre tolerante e compreensiva nas
intermináveis
jornadas de rotina e de infindáveis plantões.
A ela dedico esta obra.
Não fosse o Hospital o meu segundo lar,
poderíamos ter
vivido mais tempo juntos.
Penitencio-me por isto.
“Pai”
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4
HOSPITAL NOSSA
SENHORA DA
CONCEIÇÃO
100 ANOS DE
AMOR PELA VIDA
“Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos, é a mim que o fazei.”
(Jó – 13,20).
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Somente as obras edificadas no amor e na fraternidade entre as pessoas
resistem ao tempo e se perenizam na administração, no amor e no respeito
à vida e a sociedade.
Por ter nascido assim e por continuar sendo assim, o HNSC chega aos 100
anos de existência sem marcas de envelhecimento, ao contrário, cada vez
mais vivo, atuante e eficiente.
A vontade de servir através de um obstinado trabalho a todos os irmãos
enfermos marca de forma indelével a presença do HNSC no seio da
comunidade Tubaronense.
O trabalho diuturno e persistente de nossos antecessores nos permite,
hoje, desfrutar de um alto e merecido conceito perante a sociedade. Essa
luta de pessoas cercadas de um só ideal, qual seja a de servir ao próximo,
precisava ser conhecida e eternizada.
Escrever um livro sobre a história do HNSC concretiza um sonho de
muitos anos. Este livro não tem a preocupação única de comemorar o
primeiro centenário, mas, sobretudo, compilar informações e registrar
realizações por escrito e de forma documentada, feitos de grandes obras,
como o amor à vida, promovendo a saúde da comunidade tubaronense,
pois durante muitas décadas, a comunidade de todo o Sul do Estado
contava somente com o Hospital Nossa Senhora da Conceição e o Hospital
Bom Jesus de Laguna. Esta narrativa será considerada um grande ato de
louvor à Divina Providência, que nos sustenta e conduz nesta longa
caminhada; e a Nossa Senhora da Conceição, padroeira do Hospital, que
sempre nos fortalece e nos abençoa. Também servirá para deixar eternizada
a presença participativa da comunidade através de gestos de solidariedade
desde a sua fundação até a presente data.
Torna-se necessário, sobretudo, registrar as realizações e as obras ao longo
do tempo, bem como marcar a passagem do primeiro centenário da
Instituição.
Detentor de vasto material sobre o Hospital Nossa Senhora da Conceição,
aliado à sua capacidade de pesquisar, o Doutor José Warmuth Teixeira se
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apresentava para nós da Direção do Hospital, como a pessoa ideal para a
execução de tarefa tão importante, pois há dez anos já vínhamos
pesquisando, sem conseguir concretizar a edição do livro.
Quis a Providência Divina que o marco do registro do centenário ficasse
documentado. Na primeira reunião no dia 17 de outubro de 2003, para
elaborarmos a programação do ano do centenário, dentre as muitas
sugestões registradas apareceram a de escrevermos um livro da história
dos cem anos do HNSC e que fosse feito o convite para que o Doutor José
Warmuth fosse o autor da obra, pois dos 100 anos de existência do Hospital
ele faz parte de 44 anos de sua história.
Na mesma oportunidade, o consultamos sobre assumir tão nobre e árdua
missão e ele prontamente aceitou. Da idéia à execução foi um trabalho de
muitas pesquisas, entrevistas e leituras. Mas graças à dedicação do autor
e colaboradora, a jornalista Chirle Pereira, o livro ficou pronto.
A obra colocada à nossa disposição retrata com fidelidade a história do
HNSC e se reveste de uma infindável fonte de pesquisa.
Hospital Nossa Senhora da Conceição – 100 anos de amor pela vida.
Irmã Enedina Sacheti
Diretora Geral
Hospital Nossa Senhora da Conceição
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SUMÁRIO
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Je suis L’Immaculée Conception ......................................................... 13
Os primórdios ....................................................................................... 17
O fundador da Divina Providência: uma vida de lutas ...................... 21
A fundação da Congregação ................................................................ 25
A vinda das Irmãs para o Brasil ........................................................... 29
Dados biográficos do Padre Francisco Xavier Topp ............................ 35
Surge o Hospital ................................................................................... 41
O primeiro médico ............................................................................... 49
Doutor Otto Feuerschutte, um prócer da medicina .......................... 53
A gripe espanhola ................................................................................. 59
Os anos vinte ........................................................................................ 61
Os anos trinta ....................................................................................... 65
Curiosidades estatísticas ...................................................................... 69
A farmacêutica: um valor esquecido ................................................... 71
Outra curiosa estatística ...................................................................... 75
Os novos tempos .................................................................................. 77
As Irmãs ................................................................................................ 81
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As Madres Superioras ........................................................................... 87
Os Diretores Clínicos ........................................................................... 91
O crescimento do Hospital .................................................................. 99
Um retrato nostálgico dos anos cinqüenta ...................................... 105
O Hospital Nossa Senhora da Conceição em 1950 .......................... 109
O Hospital no seu cinqüentenário .................................................... 119
A enfermagem e a prática médica nos anos cinqüenta ................... 123
A Segunda Grande Guerra Mundial e as vicissitudes por que
passaram as Irmãs da Divina Providência ........................................ 127
A Segunda Guerra Mundial: sua influência sobre o destino de
dois médicos do Hospital ................................................................... 129
Uma Irmã Missionária, no ultramar ................................................. 133
Visitas de médicos ilustres ................................................................. 137
O Banco de Sangue............................................................................. 141
A história da Enfermagem em Santa Catarina ................................ 147
A história da Enfermagem no Hospital ............................................ 151
A Escola de Enfermagem Madre Benvenutta ................................... 155
A primeira enfermeira ........................................................................ 157
O Hospital e a grande enchente de 1974 .......................................... 161
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Os médicos e a política ...................................................................... 167
Médicos gerando médicos .................................................................. 171
Crônicas .............................................................................................. 175
Quadro estatístico das internações no Hospital .............................. 199
Um caso médico ................................................................................. 205
Um afinado Coral ............................................................................... 209
Quem é Irmã Enedina, o dínamo que energiza o Hospital ............. 213
Hospital referência ............................................................................. 219
Conquista em prol da mãe e do bebê ................................................ 221
Serviços diferenciados ........................................................................ 223
Infra-estrutura: ontem e hoje ............................................................ 227
Surge o Plano de Saúde Conceição .................................................... 235
Hospital de Ensino: Centro de Educação do Profissional de amanhã ..... 237
Voluntários: dedicação e amor ao próximo ...................................... 241
Perspectivas ......................................................................................... 255
Homenagens ....................................................................................... 259
Posfácio ................................................................................................ 261
Referências .......................................................................................... 263
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“JE SUIS
L’IMMACULÉE
CONCEPTION”
Foi como Ela se anunciou para Bernardette Soubirous, em sua aparição
em Lourdes no dia vinte e cinco de março de 1858.
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A história da Imaculada Conceição foi proclamada solenemente em 1854,
mas a devoção a Maria Imaculada é mais antiga: existe aproximadamente
há dois milênios. Naquela época, padres e doutores da Igreja já exaltavam
Maria Mãe de Deus, usando expressões que a colocavam acima do pecado
original. Na igreja ocidental, a doutrina da Imaculada Conceição
encontrava certa resistência, mas sempre foi exaltada como a mais sublime
de todas as mulheres. Assim, em 1300, a doutrina da Imaculada Conceição
fez rápidos progressos na consciência dos fiéis, induzindo a Igreja a
introduzir no calendário romano, já no século XV, a festa da Conceição
Imaculada de Maria. José de Anchieta foi o apóstolo desta doutrina no
Brasil. Dedicou a este mistério inúmeras igrejas, inclusive trinta e cinco
catedrais.
Em oito de dezembro de 1854, após a aparição de Nossa Senhora em
1830, o Papa Pio IX decretou solenemente o “Dogma da Imaculada
Conceição de Maria”, resultado de sinais, pesquisas e estudos realizados
por autoridades do Vaticano, registrado em um processo que foi instaurado
por sua ordem. Como se recorda, o Dogma afirma que “Maria, desde o
primeiro instante de sua conceição (no ventre de sua mãe), por privilégio
singular do Criador e atendendo aos merecimentos de Nosso Senhor Jesus
Cristo, Filho de Deus e seu Divino Filho, foi preservada do Pecado Original”.
A satisfação do povo católico e do clero foi indescritível, isto porque os
Papas e a maioria dos cristãos já consideravam esta verdade plenamente
aceita. Este fato foi muito comemorado em todo o mundo, para
jubilosamente dar ênfase ao Dogma, o qual ardentemente a Igreja
almejava.
Assim como o povo católico, o fundador da Congregação das Irmãs da
Divina Providência, Padre Eduardo Michelis, acreditava que Deus
preservou Maria do pecado original. Homem de grande devoção, podemos
perceber através das suas palavras “Oh! Maria, o que sou tenho de Ti.
Mesmo Deus o recebi de tuas mãos tão liberais. Já te amava Mãe Celeste,
mas porque Jesus me deste hei de Te amar ainda mais...”.
Seguindo o seu fundador, as Irmãs da Divina Providência herdaram sua
devoção pela Nossa Senhora e hoje homenageiam-na através de orações e
contas, bem como através do nome dado ao Hospital de Tubarão, que
tem como missão promover e defender a Vida, assim como Maria o fez.
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A Imaculada Conceição.
Murillo – 1618 – 1682.
Museu de Sevilha.
Nada mais oportuno, portanto, do que homenagear a Imaculada
Conceição, pelo transcurso do sesquicentenário da proclamação do dogma
de Nossa Senhora da Conceição, que ocorre neste ano de 2004.
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OS
PRIMÓRDIOS
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Foi por obra da providência que, em janeiro de 1890, aportou em Desterro
o jovem padre Francisco Xavier Topp. Vinha de Munster, na Vestfalia
onde, como coadjutor de pequena paróquia, alimentava o sonho de vir a
ser missionário no Brasil.
Finalmente atendido em sua pretensão, acabou sendo enviado para atuar
em Teresópolis, depois Águas Mornas, em Santa Catarina.
Transferido para Nossa Senhora da Piedade, hoje Tubarão, desde logo se
preocupou com os problemas do lugar.
Progressista e dotado de grande visão percebeu a enorme carência aqui
existente em termos de estabelecimentos de ensino e de saúde.
Logo, logo estava de volta à Alemanha batendo de porta em porta a procura
de religiosas que se dispusessem a enfrentar a espinhosa missão de
renunciar ao conforto e às boas condições existentes em um país adiantado
e ao convívio de seus entes queridos, em troca de uma vida humilde e de
sacrifícios no ultramar e a milhares de quilômetros de casa, em pequena
comuna perdida na imensidão do Brasil e a centenas de quilômetros de
qualquer centro urbano importante.
Já a ponto de desistir do seu intento, após várias tentativas infrutíferas, o
reverendo Padre Topp viu renascer a sua esperança quando o Diretor das
Irmãs da Divina Providência, Padre Vicente Wienken, acenou com a
possibilidade daquelas Irmãs virem para o Brasil.
Assim foi que, a vinte e sete de março de 1895, conta-nos a Irmã Cléa
Fuck em seu livro Cem Anos de História, desembarcaram em Desterro
“seis Irmãs da Divina Providência, mulheres de aparência exótica aos olhos
da maioria dos ilhéus. Estranhas mulheres no seu hábito religioso da época
pisam pela primeira vez o solo catarinense, fadado a tornar-se-lhes pátria
e abençoado campo de apostolado”.
Das seis que vieram, três para cá se dirigiram: as Irmãs Albina Frehrmann,
Osvalda Wegen e Albertina Koller, enquanto as Irmãs Anna, Rufina
Weiermann e Paula Emping seguiram para Blumenau.
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Após tumultuosa viagem em barco a velas, de Florianópolis a Laguna,
enfrentando mar revolto e ventania que faziam com que a embarcação
adernasse a ponto de tocar com o velame nas ondas, seguiram-se mais
duas horas e meia de trem até Tubarão. Esta viagem deu às Irmãs a
verdadeira dimensão do isolamento a que iam submeter-se.
Aqui chegando, foram festiva e efusivamente recebidas na estação, sendo
saudadas pelas autoridades e pelo povo local, ao som dos acordes da banda
de música da comunidade e o espocar de fogos de artifício. Entre os que
discursaram naquela ocasião, falou o padre Bernard Freise , então pároco
de Tubarão em discurso bilíngüe: em português e em alemão, dando as
boas vindas às Irmãs e ressaltando a importância da sua vinda para
Tubarão.
Sem perda de tempo, as operosas Irmãs se instalaram em uma casa já
adquirida pelo Padre Topp, no terreno onde hoje se encontram o Colégio
São Jose e o Hospital Nossa Senhora da Conceição e, tão logo adquiriram
algum conhecimento da língua portuguesa, lançaram-se às nobres artes
do ensino e da evangelização.
Ressalte-se que, desde a sua instalação no convento, as Irmãs logo
começaram a ser procuradas pelo povo por causa de problemas de saúde
e já mantinham, naquela casa, uma sala para atendimento aos enfermos.
Cumprida sua missão em Tubarão, Padre Francisco Topp foi nomeado
pelo bispo de Curitiba, já em 1896, vigário de Florianópolis, onde
estabeleceu o Colégio Coração de Jesus também administrado pelas Irmãs
da Divina Providência. Foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico de
Santa Catarina que, em 1954, comemorou o centenário de seu nascimento.
Faleceu naquela cidade em vinte e oito de dezembro de 1925.
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O FUNDADOR DA
DIVINA
PROVIDÊNCIA: UMA
VIDA DE LUTAS
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O século XIX foi para a Igreja Católica um tempo de grandes
perseguições. Principalmente na Europa e mais particularmente na
Alemanha, os católicos sofreram pressões por parte dos protestantes.
A Prússia, que se estendia até a Westfalia, declarara o protestantismo
como religião oficial do Império Alemão.
Então começaram as perseguições político-religiosas, o que mais tarde
ganhou o nome de Kulturkampf (“luta cultural”) a partir de 1871 até
1883, na vigência da qual os padres Jesuítas, da Companhia de Jesus,
foram banidos do país por serem considerados perigosos ao regime.
Muitos seminários e congregações católicos foram fechados, Irmãs de
Caridade foram proibidas de usar o hábito e de prestarem os votos, bispos
foram destituídos.
Em 1870, o Primeiro Concílio Ecumênico promulgou o dogma da
Infalibilidade do Papa, aumentando a subserviência dos Católicos alemães
a Roma, o que foi considerado como ameaçador para o Império. Então,
o chanceler Otto Von Bismarck promulgou leis sujeitando o clero à
autoridade do Estado e determinando o casamento civil obrigatório, o
que ia contra os interesses de Roma.
Mercê de uma sólida formação de caráter, com base na integridade
familiar e por força e influência de notáveis mestres e educadores, aliados
a sua luminosa inteligência, tornou-se sacerdote católico de grande valor
pelo seu espírito de luta pelo catolicismo, de empreendedor e apostolar.
Em 1836, aos vinte e três anos de idade, recebeu a ordenação sacerdotal
na Catedral de Munster.
Tornando-se secretário particular do arcebispo de Colônia, Clemens
August Von Droste zu Vischering, logo teve que se mudar para aquela
cidade, onde encontrou um ambiente hostil, fomentado pelas idéias
doutrinárias defendidas por um influente catedrático, o Professor
Hermes, idéias estas condenadas pelo Papa Gregório XVI. Por outro lado,
o governo da Prússia pretendia impor a Renânia o protestantismo, religião
oficial daquele país.
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Padre Eduardo Michelis, fundador da Congregação da Divina
Providência, nasceu em Munster a seis de fevereiro de 1813.
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Eduardo Michelis se manteve fiel aos seus princípios e a sua atividade
como conferencista e escritor, e escreveu ao todo seiscentos e seis textos,
desagradando às autoridades o que lhe valeu o encarceramento e a do seu
arcebispo, a vinte de novembro de 1837, na cidade de Minden. Nas
primeiras semanas, Michelis podia receber visitas de amigos e de pessoas
influentes na sociedade.
Visando impedir estes contatos, Michelis foi transferido para a fortaleza
de Magdeburgo, local de difícil acesso por ser uma prisão política situada
em uma ilha do rio Elba. A sua correspondência, ali, era censurada.
O confinamento e as condições insalubres do lugar ensejaram que Eduardo
Michelis contraísse tuberculose pulmonar, enfermidade de difícil
tratamento e cura antes do advento dos antibióticos. Somente uma vez
por mês ele podia celebrar missa para os presos e não podia conversar
com ninguém.Um guarda fiscalizava, permanentemente, o seu
comportamento.
A censura de três cartas enviadas ao seu colega Padre Binterin, cujos teores
revelavam a sua intenção de introduzir padres jesuítas nas dioceses,
pioraram a sua situação, pois a Companhia de Jesus era mal-vista pelo
governo Prussiano.
Tal iniciativa lhe valeu a acusação de “promover um partido (político?)
para colocar em atividade uma ordem religiosa, a Companhia de Jesus,
considerada, como já foi dito, perigosa para o Estado e para tal fim faltando
para com o respeito devido ao soberano do País, além de ofender a
comunidade eclesial evangélica”.
Finalmente, em 1840, Michelis foi transferido para Efurt, na Pomerânia,
com a proibição de voltar a Renânia ou a Westfalia. Continuaria vigiado
e teria a liberdade apenas para morar em um hotel.
Nesta época, uma violenta hemoptise quase lhe tirou a vida.
Verificando estar o padre Eduardo Michelis debilitado fisicamente e
psiquicamente esgotado, seus algozes acabaram por lhe dar a liberdade
condicional e a permitir a sua volta à terra natal.
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A FUNDAÇÃO DA
CONGREGAÇÃO
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O Arcebispo Clemens Von zu Vischering havia fundado em Munster a
Congregação Klemenswestern (Congregação das Irmãs de Misericórdia),
o que serviu de exemplo e de motivação para o Padre Eduardo.
Aos vinte e oito anos de idade, lutava contra a doença. Planejava fundar
uma Congregação religiosa. Através da Folha Dominical de Munster,
fundada por ele, divulgava esta sua intenção. Na França e nos Países Baixos
(Holanda), surgiam novas congregações voltadas para a assistência social.
Em Munster havia um orfanato para crianças de famílias abastadas.
Em 1841, Michelis fundou, com a ajuda de seu amigo Padre Francisco
Spiegel, um Lar para Órfãs pobres e necessitadas que seriam cuidadas por
moças voluntárias e idealistas.
Não conseguindo recursos por parte da paróquia e do bispado, Eduardo
Michelis vai bater à porta dos nobres, dos burgueses e até mesmo dos
humildes.
O auxílio flui de todos eles o que torna possível a instalação, em 1842, do
Orfanato São Maurício no Bairro São Maurício, em Munster e que seria o
berço da Congregação das Irmãs da Divina Providência. O tempo e a guerra
destruíram a casa original.
Duas professoras e duas jovens voluntárias passaram a cuidar de dez
meninas. A casa ficou pronta a três de novembro de 1842, data considerada
como a da fundação da Congregação.
Para as despesas de manutenção do orfanato foi formado um curatório
que teve no Padre Francisco Spiegel, grande amigo e colaborador de
Michelis, o alavancador na obtenção de recursos. Mas, seguiu-se uma
fase em que a instituição endividou-se, sendo necessária a ação das damas
da sociedade que, de porta em porta, pediam auxílio.
Durante os quatro anos de cativeiro, Eduardo Michelis aprofundou-se
no estudo de Teologia. Em 1844 obteve licenciatura nesta ciência com a
tese para doutoramento “A carta de São Paulo a Filemon”.
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A primeira Casa Matriz –
em Munster.
Destruída por
bombardeios na Segunda
Guerra Mundial.
Estava assim capacitado para realizar outro grande sonho da sua vida:
ensinar Teologia.
A oportunidade para isto surgiu no Luxemburgo já que, no Império
Alemão, Michelis continuava vigiado pelo Governo.
Assim, considerando a Congregação como auto-suficiente e confiando
no suporte dado pelo Padre Spiegel, o emérito fundador retirou-se dela,
rumando, em 1847, para os Países Baixos, onde notabilizou-se como
um autêntico e capacitado mestre.
A oito de junho de 1855, finalmente vencido pela doença que o acometera,
Eduardo Michelis, cercado pelo carinho de seus familiares, amigos e freiras,
entrega sua alma a Deus.
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28
A VINDA DAS IRMÃS
PARA O BRASIL
29
Em onze de fevereiro de 1895 partiram as primeiras irmãs missionárias
com destino ao Brasil.
As despesas de viagem foram pagas pelo Padre Spiegel. O Padre Diretor
Wienken acompanhou-as até o porto de Hamburgo, confiando-as aos
cuidados do Padre Francisco Xavier Topp. Com eles viajaram também o
Padre Tombrock, que iria assumir a paróquia de São Ludgero e o irmão de
Topp, o médico João Topp que se fixou mais tarde em Tubarão.
A dez de março, o navio atracou em Salvador, seguindo depois para
Desterro aonde chegou no início de abril.
Três religiosas, as Irmãs Anna, Rufina e Paula seguiram para Blumenau
enquanto que as Irmãs Albina Fuhrmann, Oswalda Wegener e Albertina
Kohler embarcaram para Laguna a onze de abril, uma sexta-feira santa.
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As Irmãs pioneiras do Hospital.
Irmã Albina, Irmã Oswalda e Irmã Albertina.
31
Sobre esta viagem vale transcrever o que contaram mais tarde as Irmãs:
O mar tormentoso na
travessia.
Desterro – Laguna.
(reconstituição)
“Foi uma viagem inesquecível, uma verdadeira aventura. É impossível
descrever as privações desagradáveis por que passamos desde a noite de
sexta-feira até o sábado santo. Não havia camarotes e o barco era imundo.
Nós nos sentamos na popa e passamos a noite ao relento. Após algum
tempo, um vento fortíssimo deitou o barco para o lado de modo que as
velas mergulharam na água. Nós devíamos deitar sobre o soalho e agarrarnos com toda a força para não sermos jogadas fora do convés. Batíamos
os dentes de frio, pois as noites são, por vezes, bastante frescas em
comparação com o calor diurno. Felizmente a viagem foi relativamente
rápida”.
O Padre Topp pediu ao arcebispo de Munster outros padres. Em 1891
vieram os padres Francisco Auling e Antonio Einsing. Em 1892 Bernard
Freise e Carlos Schmees.
As Irmãs, uma vez por aqui, tiveram dificuldades para se alimentar
adequadamente até que as alunas as ensinaram a plantar legumes típicos
do Brasil.
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Chegada à Laguna.
A curiosidade do povo que nunca havia visto Irmãs de
Caridade. (reconstituição).
Chegada das Irmãs à Tubarão.
(reconstituição).
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34
DADOS
BIOGRÁFICOS DO
PADRE FRANCISCO
TOPP
35
Conta-nos o Padre José Artulino Besen:
Filho de Bernhard Joseph Topp e Johanna Rosina Menge, nasceu em
Warendorf, Alemanha, a 19 de setembro de 1854. Logo, logo se sentiu
atraído pelo ministério sacerdotal, pois ao concluir o estudo secundário,
dirigiu-se a Eichstatt, onde cursou Filosofia e Teologia. Após receber a
Tonsura e as Ordens Menores e posteriormente o título de Subdiácono e
de Diácono, é nomeado Presbítero a 15 de julho de 1877. Doutorou-se em
Teologia no Vaticano.
Seu primeiro campo de apostolado foi uma Capelania em Vehr, na diocese
de Munster.
Grande interesse lhe despertou a leitura, no Jornal da Diocese Kircheliche
Amtsblatt, em l899, de uma carta dos colonos de Braço do Norte, em
Santa Catarina que, dotados de profunda fé cristã, sofriam de insuficiente
assistência sacerdotal. Seu pastor era o padre Guilherme Rohr, de Munster
que residia em Teresópolis, São Pedro de Alcântara. Tendo ido visitar um
doente no distante Braço do Norte, ao voltar, descreveu aos colonos as
boas terras que ali existiam, praticamente inexploradas, incentivando-os
a migrarem para lá. Assim, nasceu a colônia de Braço do Norte.
Já idoso e enfermo, o Pe. Rohr não conseguia mais atender a imensidão do
território que tinha ao seu cargo.
Sabedor desta situação, o Pe. Francisco Xavier Topp, solicita e obtém do
Bispo, permissão para dirigir-se para o Brasil, movido pelo forte espírito
missionário de que era possuído.
Em 1889, aos trinta e cinco anos de idade, chega ao Rio de Janeiro, ali
recebendo as faculdades de Vigário Missionário.
Em janeiro de 1890 desembarca em Desterro, Capital do Estado. Viajando
para o sul do Estado, fixa residência junto à capela de São Ludgero. Então
começa a sua intensa faina de, num raio de noventa quilômetros, assistir
aos fiéis, visitar doentes, rezar missas, enfrentando picadas perigosas,
florestas e nativos ditos canibais. Teve, então, também aos seus cuidados,
os colonos italianos e poloneses da colônia de Grão Pará. Com a retirada e
morte do Pe. Rohr, em 1891, teve que assumir também o Curato de
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Padre Francisco Xavier Topp.
O responsável pela vinda da Congregação para o Brasil.
Teresópolis. Em seguida, chegam em seu socorro os padres Antonio Einsing
e Francisco Auling, também de nacionalidade alemã. A treze de junho de
1891, é nomeado vigário de Nossa Senhora da Piedade, hoje Tubarão.
Educação dos jovens e catequese eram suas preocupações prioritárias.
Assim, Topp funda uma escola em Tubarão na qual ele mesmo era o
professor, apesar de suas dificuldades com a língua.
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Em 1893, chega o Pe. Bernard Freise.
Em 1894, Francisco Topp viaja para sua terra natal. De lá traz as Irmãs da
Congregação da Divina Providência, fundada em Munster pelo Pe.
Eduardo Michelis, que aqui chegam em abril de 1895.
Em 1898, as Irmãs fundam o Colégio Coração de Jesus, em Florianópolis.
Depois seguem para Brusque, onde vão auxiliar o Pe. Einsing na Santa
Casa de Misericórdia, em Azambuja. Sua expansão viria a ser de grande
importância para Santa Catarina: assumiriam colégios e hospitais e viriam
a auxiliar na catequese e na pastoral, por todo o Estado.
O Padre Topp consegue, em 1904, a vinda dos padres do Sagrado Coração
de Jesus, congregação fundada pelo Padre Leon Dehon.
Em 1896, Dom José, Bispo de Curitiba, solicita que um dos três padres da
região Sul, Topp, Schmees ou Freise assuma o cargo de Vigário de Nossa
Senhora do Desterro já que o antigo vigário, João Batista de Oliveira,
retirara-se para Portugal. Topp aceita o desafio. Florianópolis viria a ser a
primeira capital brasileira a ter um vigário alemão.
Ali, além de ter que enfrentar um forte movimento anticlerical, vigente
na época, estimula a fundação do Colégio Catarinense, pelos padres
Jesuítas, funda o Asilo dos Órfãos e a Escola Paroquial Santo Antônio,
com recursos próprios. Empenha-se na reforma de igrejas e estimula a
volta dos fiéis às igrejas. Parte, como missionário, em visita a todas as
localidades do litoral catarinense.
Seu trabalho iria ser reconhecido em 1908 quando, mediante a Bula “Quum
Sanctissimus Dominus Noster", Pio X funda o Bispado de Florianópolis.
Vários são os importantes cargos e títulos eclesiásticos a ele atribuídos
com o passar dos anos.
Na ânsia de ajudar os desprotegidos, Topp endivida o Bispado havendo
quem comentasse: “Dinheiro na mão do Pe. Topp é como manteiga em
focinho de cachorro: Desaparece”.
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Padre Bernard Freise.
Idealizador e edificador do Hospital.
Em 1905, Francisco Topp pretende participar de expedições de bugreiros.
Estes eram grupos que se embrenhavam nas florestas catarinenses em
busca dos índios a quem matavam, alegando ser uma questão da própria
sobrevivência. Nesta empreitada, Topp pretendia catequizar os filhos dos
nativos mortos. Esta infeliz idéia lhe rendeu pesada reprimenda por parte
de Dom Duarte Leopoldo e Silva, que não concordava com a moralidade
de tal ação.
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Não satisfeito com a influência exercida pelas entidades católicas em
Florianópolis, associou-se ao Pe. João Batista Peters, na idéia de fundar
um partido político católico, quando tiveram o apoio de Hercílio Luz. O
partido iria editar um jornal, A VERDADE, que propugnaria pela mudança
das leis republicanas que marginalizavam a Igreja da vida pública.
Uma vez mais, Topp não granjeou o apoio da Igreja e mais uma vez,
indiretamente, sofreu um “puxão de orelhas” por parte de Dom Bernardo
que, em carta dirigida ao Pe. Peters determina: “Vossa Revma. trabalhará
por conta própria ou em nome individual. Sem nenhum direito de dirigirse como padre católico aos padres e aos católicos da minha diocese;
trabalhará sem as bênçãos do seu bispo, de seu pai e amigo”.
Francisco Topp esteve entre os padres estrangeiros que sofreram
hostilidades por ocasião da Primeira Grande Guerra Mundial, de 1914 a
1918.
A 25 de dezembro de 1925, Monsenhor Topp termina o seu trabalho
apostólico de 35 anos, em Santa Catarina. Já idoso, doente, pobre e quase
cego entrega sua alma a Deus.
A rua Monsenhor Topp, em Florianópolis, rende homenagem a este grande
valor da história Catarinense.
40
SURGE O HOSPITAL
41
A preocupação reinante quanto à existência de um hospital em Tubarão,
conta-nos Amadio Vettoretti em seu livro História de Tubarão – Das
Origens ao Século Vinte, é atestada pela Lei Municipal nº. 22, promulgada
em 1898, que criou uma Loteria Municipal, “cujo produto líquido será
aplicado à construção de um hospital de caridade nesta cidade”.
Em 1903, José Maria Gnecco e sua mulher Bernardina da Conceição
doaram um terreno para a construção de um hospital de caridade no Poço
Fundo “não podendo servir o referido terreno para nenhum outro fim sob
pena do mesmo reverter aos seus herdeiros”.
Não se sabe que fim teve aquela doação e, quanto à loteria, não parece ter
tido nenhum resultado prático, em termos financeiros.
Foi então que, em fins de 1904, o iluminado padre Bernard Freise tomou
para si a responsabilidade de construir um hospital já que todo o doente
que necessitasse ser hospitalizado deveria ser transferido para Laguna,
para onde havia trens somente em dias alternados e nenhum outro meio
apropriado de transporte. O hospital de Laguna já existia desde 1855.
Iniciou o padre Freise, a coleta de recursos para a construção da casa de
saúde, usando para isto todos os artifícios possíveis na época. Promoveu
o lançamento da pedra fundamental, em oito de dezembro de 1904, quinta
feira, dia de Nossa Senhora da Conceição, rezando missa campal com o
padre Chylinsk, em honra de Nossa Senhora da Conceição, estando o
terreno festivamente preparado. Neste ato, conseguiu donativos no valor
de 238$000 (duzentos e trinta e oito mil réis). Mas, como consta no livro
Caixa da construção do Hospital, a primeira contribuição foi doada pelas
Irmãs do Convento São José, em Tubarão, em vinte e cinco de setembro
de 1904, no valor de 200$000 (duzentos mil réis).
Conta-nos Edgar Nunes em seu livro “Clube 7 de Julho – 100 Anos de
História, no Capítulo V – O Clube e o Progresso:
42
“O CONVENTO”
Uma das grandes obras da cidade encontrou no Clube 7 um grande aliado.
Embora o atual Colégio São José já existisse quando da fundação do Clube,
mesmo assim, ambos muito jovens, andavam de mãos dadas e se ajudavam
mutuamente. Como prova, a referência do jornal SETE DE JULHO, em
sua edição de 16.12.1901, dando grande destaque aos exames finais
realizados naquele estabelecimento de ensino.
A primeira Casa das
Irmãs da Divina
Providência, no local
onde hoje existe o
Colégio São José.
HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO
As primeiras manifestações quanto à criação de um hospital em nossa
cidade são ainda do jornal SETE DE JULHO, que inclusive teve como o
seu primeiro Provedor o diretor do jornal, fundador e primeiro Presidente
do Clube 7 de Julho, Sr. Antonio Bibiano de Assunção.
Da edição de 21.09.1901, o artigo: HOSPITAL PARA A CIDADE
‘Há muito nos batemos pela realização de tão grande melhoramento. E
mais uma vez temos demonstrado a utilidade prática de um hospital
nesta cidade, centro de uma população superior a 30 mil habitantes, mas
o facto é que até hoje nada se tem feito no sentido de levar a brilhante
idéia à realidade essa obra humanitária.
43
A comissão que há tempo se organizou para angariar donativos para o
hospital projetado, composta pelos Srs. A.B.Tavares Santos e outros, apesar
dos esforços que empregou e do bom acolhimento que encontrou, nada
pode fazer de prático... Entretanto, dia a dia mais se patenteia a necessidade
de um hospital neste município... a idéia ai fica.
Já na edição de 12-01-1902, em extenso artigo, volta a insistir no assunto
referindo que “o clero, acreditamos, o Padre Bernardo Freise, emprestaria
todo o seu apoio para a sua construção.
Até mesmo no primeiro livro caixa do Hospital Nossa Senhora da
Conceição, encontramos sobejas razões para concretizar a participação
do Clube na edificação daquele nosocômio: em 08.05.1906, está registrada
a doação de 7.000 réis oferecida pelo SETE. Também consta a doação de
10.000 réis pelo presidente Antonio Bibiano D’Assunção e outras em 03.04
e 01.05.1907 nos valores de 66.000 e 10.500 réis, produtos de coletas.
O Presidente Bibiano foi Provedor do Hospital até 1905. Finalizamos com
a reprodução de uma nota publicada no nº. 02 de 20.05.1906 de ‘O
TUBARONENSE’:
Inauguração do Hospital Nossa Senhora da Conceição – Soirée no Clube
7 de Julho, com coleta’ de contribuição para o HNSC”.
Contribuições de firmas, de particulares, coletas nas igrejas, em clubes de
atividades sociais, carnavalescas, culturais, esportivas e assistenciais e em
colégios foram gerando parte dos recursos necessários até que, a dezoito
de dezembro de 1906, Bernard Freise fechou o balancete que espelhava
uma dura realidade: gastara ele na construção 14.497$200 (quatorze contos
e quatrocentos e noventa e sete mil e duzentos réis) e arrecadara apenas
5.119$500, o que deixava um descoberto de 9.377$700. Contam os
historiadores que Bernard Freise desembolsou, pelo menos, oito dos nove
mil e poucos contos de réis relativos ao déficit, gastando assim todas as
suas economias no empreendimento, dinheiro este que jamais lhe foi
restituído já que, uma vez em funcionamento, o hospital não se mostrou
autofinanciável, exigindo a continuidade da recepção de donativos para
não parar as suas atividades.
44
Movimento financeiro, do próprio punho do Padre Bernard Freise.
45
O insigne e humanitário padre Freise faleceu repentinamente, vítima de
ataque cardíaco, dois anos após a abertura do hospital.
A rua Padre “Bernardo Freuser”, em Tubarão, perpetua o seu nome tão
querido e importante para esta cidade.
Contou a construção do Nossa Senhora da Conceição com uma
inestimável ajuda por parte do Engenheiro Álvaro Rodovalho Marcondes
dos Reis, então superintendente da Estrada de Ferro Donna Thereza
Christina, que mandou confeccionar, nas oficinas da ferrovia, todas as
aberturas, madeiramento e ferragens necessárias ao edifício,
gratuitamente. Este material era desembarcado dos trens, que paravam
especialmente às portas do hospital, eis que a linha férrea o ladeava.
Finalmente, a vinte e cinco de maio de 1906, com grande pompa e
circunstância, inaugurava-se o Hospital, com a capacidade para vinte e
oito leitos, embora ainda não estivesse totalmente concluído.
O primeiro prédio que abrigou o Hospital.
46
Sobre o acontecimento, vale transcrever o noticiário do semanário O
TUBARONENSE, de vinte de maio daquele ano, conforme conta Walter
Zumblick em seu livro ESTE MEU TUBARÃO:
“Às Dez horas da manhã, realizou-se a missa cantada que foi
concorridíssima; e depois da mesma, precedida pela banda musical
Minerva, dirigiu-se enorme massa popular em procissão cívica ao local
onde está edificado o edifício que se ia inaugurar o qual se achava
artisticamente decorado graças aos cuidados das dignas Irmãs da Divina
Providência, que não pouparam esforços para abrilhantarem aquela festa.
Após a chegada ao local, o revmo. Padre Bernardo Freise, digno vigário
desta cidade, revestido com a capa aspergis, lançou a bênção ao edifício e,
acompanhado pelas Irmãs da Divina Providência, entoou um hymno
dedicado a Virgem da Conceição...”
Seguiram-se os discursos do Padre Bernardo, do Coronel João Cabral de
Mello, superintendente municipal (prefeito) e do Dr. Francisco David
Ferreira Lima, que viria a ser o primeiro médico de Tubarão e do Hospital.
A primeira paciente foi internada no dia dezoito de setembro e seu nome
era Anna Braga de Oliveira.
Fac-símile do registro da primeira internação.
47
48
O PRIMEIRO
MÉDICO
49
Sobre a vinda do Dr. Joaquim David Ferreira Lima para Tubarão, algo de
pitoresco aconteceu: em uma das suas viagens a Desterro, o diligente
político tubaronense Coronel João Cabral de Mello ficou sabendo que
aportara lá um navio de passageiros cujo médico de bordo estava
hospedado em um dos hotéis da cidade. Não titubeou: bateu a porta do
seu quarto no hotel e, identificando-se, convidou-o para ficar em Tubarão.
E foi assim que para cá veio o baiano, natural da Colônia Santana do
Camisão, hoje Ipirá, que em tupi guarani significa rio de peixe.
Aqui ficou até 1909 quando os caminhos da vida o levaram para
Florianópolis onde foi sucessivamente clínico de grande clientela, Diretor
Estadual de Higiene, equivalente nos dias de hoje a Secretário Estadual
de Saúde, Deputado Estadual e Deputado Federal, indo residir no Rio de
Janeiro por longos anos. Daqui levou o destaque de ter sido o nosso
primeiro médico e Carolina, filha do Coronel Cabral, com quem se casou.
Um dos seus filhos, João David Ferreira Lima, nascido em Tubarão, fundou,
muitos anos depois, a Universidade Federal de Santa Catarina, tendo sido
o seu primeiro reitor.
Na rua Ferreira Lima, está perpetuado o nome do nosso primeiro médico.
50
Doutor Joaquim David Ferreira Lima. O primeiro médico do Hospital.
51
52
DOUTOR OTTO
FEUERSCHUTTE, UM
PRÓCER DA
MEDICINA
53
Substituindo o doutor Ferreira Lima, integrou-se ao hospital o doutor
Otto Frederico Feuerschutte, filho de Tubarão onde nascera em 188l. O
primeiro e segundo graus cursou no famoso colégio dos padres, em São
Leopoldo. Concluiu seus estudos na Faculdade Nacional de Medicina, no
Rio de Janeiro, em 1906 onde defendeu tese. O médico foi festivamente
recebido pelo povo e pelas autoridades, ao som de dobrados executados
pela Banda Minerva e o espocar de fogos de artifício.
Exímio cirurgião e competente clínico, Doutor Otto clinicou, com
pequenas interrupções ditadas pela sua militância política, por quase
cinqüenta anos, granjeando também, por ser caridoso e humanitário, a
admiração e o respeito por parte do nosso povo, passando a ser um dos
mais destacados vultos da história de Tubarão.
Conta-se que jamais deixava de atender quem quer que fosse, pudesse ou
não pagar honorários, pagando do próprio bolso as receitas que prescrevia
para os pobres. Para reanimar os enfermos e conformar os moribundos,
achava tempo para cantarolar algumas canções para eles.
Dotado de extraordinário vigor físico e capacidade de trabalho, não tinha
hora para trabalhar e, malgrado qualquer intempérie, deslocava-se até a
casa distante dos enfermos em trole, no lombo de mulas, em charrete ou
automóvel, fosse nos arredores de Tubarão ou em lugares distantes como
São Joaquim e Imbituba.
Dotado de grande capacidade de persuasão e enorme empatia, atribuiase-lhe um certo poder hipnótico como o que exercitou ao atender, a bordo
de um trem da Thereza Christina, a senhora de um apavorado cidadão
tubaronense, que fora tomada por um ataque histérico. Sem qualquer
medicação ou instrumento, Doutor Otto resolveu o problema clínico
apenas olhando fixamente para a paciente. Tal foi a gratidão por parte do
marido, que o médico foi presenteado com um relógio de algibeira em
ouro.
Este foi o único presente de valor que Otto aceitou, rejeitando depois um
telefone instalado e uma casa para veraneio em Imbituba oferecido por
clientes agradecidos.
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Doutor Otto Feuerschutte.
O primeiro médico do Hospital, nascido em Tubarão.
55
O destacado médico casou-se por quatro vezes tendo gerado dez filhos.
Oito com a primeira esposa e mais dois com Irma, sua terceira mulher:
Otirma e Irmoto, este, renomado médico obstetra e ginecologista.
Curiosamente, o nome de ambos é composto pelos do casal.
Conta-nos dona Verônica Kuhnenn, que é natural de Rio Cachoeirinha,
hoje Rio Cachorrinho, em Grão Pará, enfermeira obstétrica e sua quarta
esposa, com quem casou aos sessenta e oito anos, que entre as habilidades
de Otto, estavam a delicada cirurgia de catarata, o exame de vista e receita
de óculos e exames laboratoriais de sangue, fezes e urina, que fazia no
próprio consultório. Somente anos depois chegou o Doutor Gustavo,
primeiro bioquímico na cidade.
Certa feita realizou uma cesariana na esposa de um abastado comerciante
local, tomando o cuidado de convidar o doutor Miguel Boabaid para ajudálo. Ao ser interrogado por Verônica quanto aos honorários, respondeu:
? Eu não cobrei nada. Pois não é que nos convidaram para apadrinhar a
criança!
Conta-nos G.M.S. hoje octogenário: Eu fui eletricista da C.B.C.A. e, certa
feita, estava trabalhando no alto de um poste quando sofri uma queda.
Tive várias fraturas, inclusive na coluna e fiquei entre a vida e a morte.
Até a extrema unção me foi dada.
Doutor Otto, o meu médico, não se deu por vencido: com uns copinhos
aplicados ao meu corpo, “puxou” um pouco de sangue para o peito, um
pouco para as costas. Cortou na frente e atrás e eu fiquei completamente
bom.
Observação: pela descrição, doutor Otto aplicara ventosas para localizar
um hematoma gigante, o que se seguiu de drenagem.
Otto Feuerschutte sempre respeitou as crendices populares. Ele não
contrariava a fé que seus pacientes tinham na medicina e tratamentos
alternativos.
56
Contou-nos JZB que ao consultar sobre problema ginecológico,
manifestou-se:
“Doutor Otto, eu também tenho esta zipra, mas isto não é problema de
médico. É de benzedeira, não é?”.
“ É sim”, disse ele. E receitando uma sulfa, falou-lhe: “mas toma também
este remedinho para ajudar”.
Otto Feuerschutte teve também importante participação na política do
Estado tendo sido Superintendente Municipal de Tubarão (cargo
equivalente a Prefeito), de 1923 a 1930, quando foi substituído, por força
da revolução, por Adolfo Konder.
Cumpriu também dois mandatos como Deputado Estadual.
Aborrecendo-se com a política, deixou de lado também a medicina,
dedicando-se apenas à pecuária em sua Fazenda Cruzeiro, no Campestre,
até 1936, quando retornou à sua atividade como médico.
Um atestado eloqüente do apreço que nutria o povo pelo médico, é a
edição especial do jornal Polyanthéa, de nove de abril de 1921, dedicada a
ele, onde diversas pessoas tecem loas a sua pessoa:
“APÓSTOLO DA SCIENCIA”.
O homenageado a quem o povo de sua terra rende hoje um preito de sincera
gratidão merece, com justiça, a estima pública.
Educado na escola do trabalho honrado, venceu os seis anos de vida
acadêmica, sem tropeços, contando apenas com os recursos de sua intelligência e
o resultado de sua applicação.
Formado em medicina, dedicou-se com carinho a sua novel profissão e não
raras vezes faz sacrifícios, além das suas forças, com prejuízo de sua própria
saúde, para que não faltem, nas mais longínquas regiões do Estado, os socorros
da sciência.
Verdadeiro apostolo da sciencia do bem e da caridade!
Onde quer que esteja, “faz o bem sem olhar a quem”.
57
Sua presença à cabeceira do enfermo, faz surgir a esperança que anima e
a fé que salva.
Como cidadão, é um caracter imppoluto, ornado das mais bellas virtudes
cívicas; como médico, inúmeras tem sido as demonstrações de sua proficiência,
reconhecida no Estado e fora delle; como político, embora novel, goza de geraes
symphatias, pela sua honestidade, correcção e tolerância; como amigo é prestimoso
e sincero e, finalmente, como chefe de família, é pae amantíssimo e esposo
dedicado.
Bem merece, portanto, o homenageado, a estima que se lhe tributa no dia
de seu aniversário natalício, e é por isso que eu me associo de coração àquelles
que hoje rendem honra ao mérito.
Guedes Pinto.”
E mais adiante:
“Ao Dr. Otto,
O pobre doente que, com sua sciencia e philantropia, tirou da morte, qual presa
já segura, tecerá com Fé louvores neste dia, como outros que também rogam pela
sua ventura.
M.P”.
Doutor Otto exerceu a medicina até 1960, quando se aposentou. Faleceu
em 1971, cercado pelo carinho de toda a sua vasta descendência e pela
consternação da grande legião de pacientes a quem ajudou em momentos
críticos de suas vidas.
Em sua homenagem, uma rua na Vila Moema tem o seu nome e o seu
busto, em bronze, pode ser visto na praça Sete de Setembro.
58
A GRIPE
ESPANHOLA
59
O Hospital, que na fundação tinha 28 leitos, registrou o seguinte
movimento anual de internações:
Em 1913 - 166 internações
Em 1915 - 191 internações
Em 1917 - 282 internações
Em 1914 - 153 internações
Em 1916 - 239 internações
Em 1918 - 385 internações
A explicação para o aumento súbito no número de internações a partir de
meados de 1918 até fins de janeiro de 1919 está na coluna do diagnóstico:
folhas inteiras exibiam um único: GRIPE. Era a chamada gripe espanhola
que assolava todo o globo, não poupando Tubarão da sua sanha. Foram
cerca de duzentas internações com uma duração média de quatorze dias
em que ocorreram cinco óbitos. Infelizmente, entre os mortos estavam
as Irmãs Teógona Haverroth e Baptista Strickmann, verdadeiras mártires
da sua profissão e cuja memória como heroínas da profissão da
enfermagem, deve ser guardada para sempre.
Irmã Teógona, cujo nome civil era Elisabeth, nascera em dezoito de abril
de 1880, em Santo Amaro da Imperatriz, filha de Heinrich Haverroth e
Gertrud Busch. Faleceu em quatro de dezembro de 1918, portanto aos 38
anos de idade.
Neste episódio destacou-se uma vez mais o doutor Otto Feuerschutte,
definido por Walter Zumblick como sacerdote da medicina e apóstolo da
caridade: o comércio cerrou suas portas, o convento suspendeu suas aulas,
o Hospital ficou lotado, o velho Clube Porvir foi transformado em
enfermaria e o doutor Otto executou verdadeira via crucis, indo de casa
em casa, sem ao menos ter sido chamado, percorrendo todas as ruas,
atendendo a todos e distribuindo medicamentos que trazia em sua famosa
maleta em forma de baú, isto a qualquer hora do dia ou da noite.
60
OS ANOS VINTE
61
Em 1921, a pedido do seu amigo e correligionário Hercílio Luz, o doutor
Otto foi levar a Europa o filho enfermo do futuro governador, Arnoldo
Luz para submeter-se a um tratamento médico mais avançado e a colocação
de uma perna mecânica. Na volta, trouxe, entre outros instrumentos, a
primeira mesa cirúrgica específica do hospital, que se encontra hoje no
acervo do Museu do Hospital Nossa Senhora da Conceição.
Desde a sua fundação, hospital e convento tinham direção única. À Irmã
Osvalda, do grupo pioneiro, foi confiada a tarefa de coordenar o Colégio
e o Hospital, como comunidade única e o fez durante vinte e um anos.
Em 1922, o Hospital passou a não mais comportar a demanda e então
começou a construção de uma ala lateral. Esta foi concluída em 1923 e ali
se instalaram a sala de operações e a residência do capelão. Neste ano,
Colégio e Hospital passaram a ter direções distintas, sendo a Irmã
Godeharda designada para ser a primeira superiora, auxiliada pelas irmãs
Gabinia e Ferdinande.
Neste mesmo ano começaram as obras de construção da capela e o número
de internações atingiu trezentos e oitenta.
Em 1927, já se tem registro da presença, nesta cidade, do doutor Asdrúbal
Costa, tio-avô do doutor Marcelo Costa, hoje exercendo as especialidades
de pneumologista e intensivista, nesta Casa.
Ligado ao Hospital e à Estrada de Ferro Dona Tereza Cristina, também
não deixava ninguém por atender: em trole, na cabina de locomotiva a
vapor ou em trem de passageiros, lá ia o doutor Asdrúbal até onde os
trilhos chegassem. Sempre com um compêndio médico nas mãos,
aprofundou-se no estudo da pediatria e, nos anos quarenta, transferiu-se
para o Rio de Janeiro onde se tornou famoso pediatra, percorrendo
brilhante carreira acadêmica como livre docente da cadeira de clínica
pediátrica na Faculdade Nacional de Medicina, a importante faculdade
da Praia Vermelha, da Universidade Federal e professor titular de pediatria
da Faculdade de Medicina de Vassouras, estado do Rio de Janeiro.
No Hospital Universitário da Faculdade Nacional de Medicina, na ilha do
Fundão, está a Biblioteca Asdrubal Costa, do Instituto de Puericultura e
Pediatria Martagão Gesteira, especializada em pediatria e puericultura.
62
A procissão passa em frente ao Hospital e se aproxima da
linha férrea, por onde hoje passa a avenida Marcolino
Cabral.
Vista do Hospital e do Colégio.
Anos vinte.
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64
OS ANOS TRINTA
65
Em 1933, estando parte do primitivo prédio totalmente arruinada, foi
este demolido, construindo-se em seu lugar uma casa destinada à moradia
das Irmãs e, ao seu lado, um edifício para isolamento.
Em 1937, o político gaúcho General Flores da Cunha “rebelou-se” contra
Getulio Vargas que até então exercia uma ditadura disfarçada. Esta atitude,
que teria sido combinada com o próprio Getulio, fez com que este
cancelasse as eleições que, por pressões políticas e populares, havia
marcado, instituindo daí por diante uma ditadura formal. Com isto, João
Pessoa, que se afigurava como um fortíssimo candidato, ficou
marginalizado.
Foi assim que para cá foi mandado o Batalhão Escola, do Rio de Janeiro,
que ficou aquartelado em diversos locais da cidade, sendo que durante a
sua permanência, de maio a novembro, o isolamento do Hospital foi
transformado em “hospital militar”.
Dois acidentes com soldados tiveram muita repercussão na época e as
vítimas acabaram nas enfermarias do Hospital: um deles, treinando
futebol no campo do Hercílio Luz, sofreu arranhões e contraiu tétano,
vindo a falecer. Outro soldado, em desabalada carreira em bicicleta, pela
Marechal Deodoro, acabou por atropelar um velho vendedor de ovos que,
com fratura de crânio, sucumbiu no Hospital.
Com a retirada das tropas, aquela instalação foi transformada em
maternidade e assim permaneceu por muitos anos.
Em 1939, a quatorze de agosto, quase vai por terra o sonho do Padre
Freise e vale a pena transcrever o que nos conta Walter Zumblick em seu
livro Este Meu Tubarão:
“Os relógios não marcavam ainda vinte e uma horas quando o sino grande
da velha matriz, num inesperado badalar, coloca em polvorosa a nossa
população”.
O rumo de um imenso clarão, diferente do escuro daquela noite, indicava
uma verdade terrível: estava em chamas uma ala do nosso Hospital.
66
Vista lateral do Hospital.
Anos trinta.
Ao alarme dos sinos e do apito das locomotivas, rápido foi reunir um
grupo de bombeiros voluntários que, com água e coragem, conseguiu
dominar uma tragédia de feição terrível.
Os doentes que inspiravam mais cuidados foram transferidos
para uma dependência do convento próximo, não havendo vítimas a
lamentar.
. . . O prédio sinistrado não possuía seguro contra fogo e os prejuízos
subiram a mais de oitenta contos de réis”.
Alguns pacientes foram também transferidos para a residência
de Theodoto Tonon, que era vizinho do Hospital e que colocou o seu teto
à disposição das Irmãs para alojar os enfermos.
Theodoto Tonon já disponibilizava suas terras para servirem
como potreiro para os animais de tração e montaria que traziam os doentes
para o Hospital.
67
68
CURIOSIDADES
ESTATÍSTICAS
69
Data de dezoito de setembro de 1906, dia da abertura do Hospital à
população, o Estatuto da instituição.
Alguns regulamentos merecem destaque, por espelharem certas
preocupações peculiares à época e outros pelo insólito do seu conteúdo:
No que se refere às internações: “não serão admitidos inválidos, alienados
e doentes de moléstias incuráveis”.
Direção do Hospital: “o Hospital Nossa Senhora da Conceição é
propriedade da SOCIEDADE LITERÁRIA E CARITATIVA DIVINA
PROVIDÊNCIA...”.
Entre as obrigações do doente: “manter boa ordem nas enfermarias de
forma a reinar socego, admoestando aquelles que promoverem disputas,
obrigar a se manterem em seus leitos os enfermos que não tiverem para
isto, licença em contrário do médico, não pemittir visitas senão nos dias
e horas para isto designados”.
Como se vê, curiosamente, aos pacientes era dada a tarefa de fiscalizar
uns aos outros.
No que diz respeito à enfermagem: Às enfermeiras compete: Zelar pelo
asseio e hygiene do Hospital e demais dependências depois do toque de
silêncio a fim de certificar-se de que tudo está em ordem.
Quanto à farmácia:
“capitulo 5: da pharmacêutica: a Sociedade Divina Providência se encarrega
de prover o hospital duma Irmã Pharmacûtica a quem compete a
manipulação de todo o receituário do Hospital”.
70
A FARMACÊUTICA,
UM VALOR
ESQUECIDO
71
Em 1906 já havia em Tubarão, pelo menos uma farmácia: a Pharmácia
Medeiros, na qual eram adquiridos, periodicamente, alguns medicamentos.
Porém, à época, a maioria das receitas continham formulações feitas por
médico, daí a necessidade de haver um profissional para aviar estas
prescrições.
Entre os preciosos “guardados” do Hospital, encontra-se o primitivo livro
de formulações onde encontramos fórmulas escritas em alemão ou em
português ou metade em cada língua.
Pelo seu valor histórico e pela singularidade dos seus conteúdos, citam-se
algumas:
Calmante para os nervos:
Bromureto de potássio ..............................................................
Antypirina ..................................................................................
Água de hortelã .........................................................................
Água de louro cereja ..................................................................
Tintura de valeriana ..................................................................
Xarope de folhas de laranjeira ..................................................
Uma colher de hora em hora.
4gr.
2gr.
150 gr.
10 gr.
4 gr.
30 gr.
Pílulas contra cephaléa dos neurasthênicos:
Phosphureto de zinco ................................................................ 9 centigr.
Ferro reduzido ............................................................................ 7,20 gr.
Extrato de nuzvomica ............................................................... 72 centigr.
F.S.A. 48 pílulas. Para tomar 2 a 3 por dia.
Nota: F.S.A. significa: faça segundo a arte
Pílulas ferruginosas e quinicas:
Lactato de ferro .........................................................................
20 gr.
Sulfato de qq (quinino) .............................................................
30 gr.
.Rhuibarbo em pó ......................................................................
50 gr.
Gomma arábica pulverizada ..................................................... A. A. qb.
Glycerina .................................................................................... A. A. qb.
Xarope ........................................................................................ A. A. qb.
F. S. A .de mil pílulas. 6 a 9 por dia.
72
Página do Formulário da Farmácia do Hospital, note-se a versatilidade
das receitas.
E seguem-se mais de trezentas e quarenta fórmulas, entre as quais
encontram-se: cápsulas laxativas, xaropes diversos, poção antiemética,
pílulas contra a influenza, pílulas diuréticas, vinho ferruginoso, gotas contra
hemorragias, gargarejo de ricoad, clyster de chloral, “fogo vermelho sem
fumaça”, líquido desinfetante, odontalgina contra as dores de dente, elixir
paregórico (ainda hoje industrializado), mistura contra a solitária, fórmula
73
para desinteria, clyster alimentico, tópico contra callos, xarope antiastmático, água chloroformada, serum phisiológico, inalação de Hoffmann
e, curiosamente: verniz, tinta para escrever, tinta para marcar roupas,
veneno para rattos, água de colônia e licor de fehling (para exame de urina).
Com este tipo de arsenal terapêutico, os médicos de então tinham que
fazer suas curas. Somente em 1901, Landsteiner descobriria a existência
dos grupos sanguíneos. Eram recentes as descobertas de Luís Pasteur sobre
as imunizações e sobre os micróbios como agentes de doenças; somente
em 1930 apareceram as sulfas, em 1940 a penicilina. Drogas fabricadas
pelo homem (sintéticas) vieram bem depois.
As Irmãs farmacêuticas tiveram, portanto, ao longo de muitos anos, um
importante papel na medicina da época: o de aviar delicadas receitas sem
poder cometer erros nos componentes nem tampouco nas ínfimas
dosagens, sob pena de colocar a perder o trabalho do médico.
Entre estas valorosas Irmãs farmacêuticas, muito embora todas se tenham
destacado pela competência, citamos as Irmãs Idalina e Terezilda.
Gral em porcelana.
Com ele era preparada a maioria dos remédios manipulados.
74
OUTRA CURIOSA
ESTATÍSTICA
75
Examinando-se os diagnósticos que determinaram as internações
hospitalares em 1912 e 1913, encontra-se, em cento e noventa e quatro
casos, um surpreendente número de trinta e nove ancilostomíases, que é
uma infestação por um verme de nome ancylostoma duodenalis, conhecida
popularmente por amarelão ou mal da terra. Isto representa cerca de vinte
por cento dos casos de internação. Era, portanto, uma infestação endêmica
que revela o não uso de sapatos pela população pobre do lugar, já que a
larva penetra pela sola do pé. Daí o nome mal da terra.
O diagnóstico, feito na época pelo doutor Otto Feuerschutte era,
provavelmente dedutivo em face da anemia intensa, isto porque não havia
então, o exame parasitológico de fezes.
Seguem-se, por ordem de freqüência: abcessos (dezesseis), ferimentos
(treze), reumatismo (oito), tuberculose pulmonar (sete), pneumonia,
cardiopatia e metrite (seis casos, cada) e muitos outros em menor número
entre os quais: "irritação do trato digestivo por ter engolido a dentadura
e outro por ataque de estupidez”. Cinco foram os baleados no período, o
que revela um alto grau de violência também naquela época, em geral
motivada por disputa de terras.
Neste particular, conta um proprietário idoso de terras da região: “era
comum, os limites de uma propriedade serem definidos como: da estrada
até o eucalipto e do arroio até o capão de mato”.
Logo, logo o Hospital adquiriu a confiança das populações sulinas e para
aqui acorriam pacientes domiciliados em Lauro Müller, Criciúma,
Araranguá, Bom Jardim, Nova Veneza, Laguna, Imbituba, Penha,
Forquilinha, Orleães e Urussanga, conforme consta nos registros de
internações.
Em 1926 já havia algumas entidades que se responsabilizavam pelos
enfermos: Henrique Lage, de Imbituba, Caixa de Aposentadoria e Pensões
dos Ferroviários, Estrada de Ferro Donna Thereza Christina e Damas de
Caridade.
76
OS NOVOS TEMPOS
77
Primeiro aparelho de RX de
300 Ma.,de propriedade do
Hospital.
No que se refere à incorporação de equipamentos, cuja necessidade foi
ditada pelo progresso da medicina, aqui chegou em 1941 o Doutor Miguel
Boabaid que, juntamente com o doutor Otto, adquiriu o primeiro aparelho
de Raios X do Hospital. Foi ele o primeiro radiologista e tisiologista na
cidade e também auxiliava nas cirurgias feitas pelo doutor Feuerschutte.
Em 1953, o doutor Ítalo Américo de Patta, cardiologista pioneiro do
Hospital, introduziu o primeiro eletrocardiógrafo.
Também neste ano domiciliou-se em Tubarão, o doutor Alfredo
Nuernberg, bioquímico, que veio ampliar o leque de exames já realizados
por Gustavo Rocha, proprietário da Farmácia São Luiz e considerado como
o primeiro bioquímico da cidade.
Note-se que em 1949, o Hospital já tinha quatro médicos: os doutores
Otto Feuerschutte, Miguel Boabaid, Luiz Campelli, que chegara em 1944,
praticando clínica ginecológica, obstetrícia e cirurgia geral, e Manoel
Miranda, chegado naquele ano, exercendo as especialidades de
otorrinolaringologia e oftalmologia.
78
Miranda e Campelli, mercê da sua grande competência e cultura médica,
muito vieram acrescentar em qualidade ao Hospital, acumulando
numerosa clientela. Campelli, dotado de invejável cultura, trouxe para o
Hospital a sua primeira autoclave (vertical e aquecida por um fogareiro a
querosene), que se encontra no Museu do Hospital. Miranda, mineiro de
Guaxupé, notabilizou-se pela importância e pioneirismo em suas duas
especialidades, sendo carinhosamente alcunhado pelo povo como “o
médico de cabeça”.
Primeira Autoclave do Hospital.
Aquecida a fogareiro. Introduzida pelo
Doutor Luiz Campelli.
79
Embora já residindo em Tubarão desde 1940, onde chefiava a Unidade
Sanitária, o doutor Firmino Cordeiro dos Santos somente ingressou no
quadro clínico do Hospital em 1950, exercendo por muitos anos, com
grande proficiência, a especialidade de pediatria. Ele é considerado o
primeiro pediatra, com formação específica, desta cidade.
Nos anos cinqüenta, começaram a clinicar em Tubarão, respectivamente
em 1953, 1954, 1955 e 1956, os doutores Stélio Cascaes Boabaid, ainda
generalista, mas com importante formação como cirurgião no Serviço do
Professor Fernando Paulino, no Rio de Janeiro. Dedicava-se principalmente
à cirurgia geral e a gineco-obstetrícia. Famoso por suas operações de tiróide,
casou-se com uma das suas pacientes Rosina Cargnin, união que perdura
até hoje. Leo Max Feuerschutte, filho do doutor Otto, que herdou a
habilidade do seu progenitor, sendo exímio cirurgião, Elio Fortunato de
Patta, que prestou grande serviço como cirurgião, ginecologista e obstetra,
clinicando também na Previdência Social e no antigo SAMDU (Serviço
Médico Domiciliar de Urgência). Nilo Bello, que veio somar seus sólidos
conhecimentos em radiologia e tisiologia aos do doutor Miguel Boabaid e
finalmente, Pedro Luiz de Oliveira, também filho de tradicional família
Tubaronense, generalista, também com maior dedicação à ginecologia e
obstetrícia e cirurgia geral e cuja maior preocupação era a atualização,
com o que se capacitou para o tratamento cirúrgico de varizes e de grandes
queimados, entre outras habilidades.
Em 1943, verificou-se na região, uma epidemia de “paratifo”, que na
realidade era a febre tifóide e para a qual os recursos terapêuticos eram
escassos.
Conta-nos uma pessoa que vivenciou o problema, que gente de renome
veio a falecer vitimada pela doença. Entre eles, Audi May, irmão do exprefeito José May. Atribuía-se, como fator determinante da enfermidade,
os banhos no rio Tubarão onde havia um porto pesqueiro no local da
antiga agência do BESC. A queda dos cabelos era, segundo a depoente,
um dos sinais da gravidade da infecção.
80
AS IRMÃS
81
Quando aqui chegaram, as Irmãs da Divina Providência usavam um pesado
hábito de cor preta, dotado de um véu que somente lhes deixava exposta
a face e, como era arredondado no início, o que se podia ver do rosto era
comparável a uma máscara veneziana.
Um grupo de Irmãs em seus impecáveis hábitos.
Submetidas a uma rígida disciplina religiosa, já às cinco da manhã estavam
na capela do Hospital, rezando laudes matinas.Tinham que ser comedidas
no riso e conter as suas emoções no relacionamento social. Não podiam usar
cosméticos e a elas era vedado alimentar-se em público o que criava curiosas
situações nos piqueniques com os alunos no Colégio e em festas do Hospital,
ocasiões em que elas procuravam um lugar para ocultar-se, para poderem
comer. Todas moravam na clausura do Hospital, lugar onde ninguém podia
entrar, com exceção do médico para atender alguma Irmã enferma.
Para sair do Hospital, deviam usar o hábito preto e uma capa e sempre
tinham que se fazer acompanhar por uma ou duas juvenistas. Não podiam
beijar nem os próprios familiares. Do Hospital ao Colégio, caminhavam
lendo o breviário ou rezando o rosário.
Posteriormente, a abertura dos véus tornou-se mais ovalada e as Irmãs
enfermeiras passaram a usar hábitos brancos.
82
Mas a pesada indumentária não era o bastante para esconder a alma
sensível de cada uma delas. Era evidente o seu amor pelas flores, pelos
animais, pela música, pelas crianças e pelos enfermos que tinham ao seu
cuidado, principalmente aqueles em estado terminal. Era comum vê-las
chorar ao constatarem o óbito dos seus pacientes.
Em 1972, a Ordem modernizou os hábitos, que passaram a ser comparáveis
aos uniformes usados por enfermeiras. Algumas Irmãs, principalmente
as mais idosas, continuam usando o antigo hábito, agora simplificado.
Em 1948, o engenheiro Rolf Renhold Max Becke, de saudosa memória, e
que prestava seus serviços gratuitamente como engenheiro das obras do
Hospital, deparou-se com um grande problema: o de construir uma nova
ala para o Hospital e com isto ser necessário desalojar uma coruja do seu
refúgio. As Irmãs não queriam e relutaram em permitir a construção da
nova obra, naquele local, para não perturbar a ave da qual tanto gostavam.
Conta-nos a Irmã Lea Fuck, sobre os percalços sofridos pelas Schwestern
(Irmãs alemãs por nascimento), por ocasião da nacionalização do ensino,
em 1938, quando todas as Irmãs que quisessem continuar a lecionar,
deveriam se naturalizar brasileiras. Pelo que se sabe, todas acederam em
ter suas carteiras de identidade brasileiras. Mesmo assim elas não puderam
continuar a lecionar português, geografia e história, nem tampouco em
jardins de infância, tarefas que, obrigatoriamente, passaram aos cuidados
das professoras nascidas no país. Em 1939, em razão da Segunda Grande
Guerra Mundial, todas as Irmãs com menos de sessenta anos tiveram
que se apresentar à polícia. No que diz respeito ao povo, as Schwestern
da Divina Providência nunca foram hostilizadas, durante o conflito
armado, pelo fato de serem alemãs. Os cidadãos sempre souberam
reconhecer o valor e a importância do seu trabalho.
Com as comunicações cortadas com a Europa, todas perderam o contato
com suas colegas e com seus parentes na Alemanha. Finda a guerra,
ficaram sabendo que vinte e cinco Freiras da Ordem haviam sucumbido
em bombardeios e algumas levaram anos sem saber da morte de alguns
entes queridos. A cidade de Munster havia sido duramente bombardeada
pelos aliados no conflito armado.
Muitas Irmãs que aqui trabalharam galgaram altos postos na
administração da Congregação.
83
Foram muitas as privações por que passaram as Irmãs da Divina
Providência:
Em 1876, em plena vigência da kulturkampf, as Irmãs da Casa Matriz
receberam ordem para fechá-la e para desativar as atividades em Munster.
Muitas outras formas de perseguição foram postas em prática, o que
tornou insustentável a sua permanência na Alemanha.
As Religiosas começaram então a gestionar sobre a sua transferência para
a Holanda, o que culminou com a fundação do Convento São Jose e da
Casa São Vicente em Blerick, na Holanda.
Somente após 1883, com a morte de Pio IX e a ascensão de Leão VIII, as
relações entre o Vaticano e o Império Alemão foram retomadas com volta
das Irmãs da Divina Providência a sua pátria.
“No dia 8 de janeiro de 1952, levou o vôo para o céu a boa Irmã Erna, que
veio nos últimos dias de dezembro fazer um tratamento. Mas Deus achou
que a boa Irmã terminou a sua tarefa e queria dar-lhe a recompensa eterna”.
“No dia 10 de setembro de 1953, pela madrugada, o Divino Mestre
convidou a boa Irmã Ermandina para as núpcias celestes”.
“Em 17 de dezembro de 1977, a querida e idosa Irmã Laura terminou a
sua peregrinação terrestre em troca da perpétua vida celeste”.
Nestas citações existentes nas CRÔNICAS do Hospital, escritas até em
uma feição poética, transparece a grande amizade que as Irmãs nutrem
por suas companheiras de jornada na luta incessante e desinteressada
pelo bem-estar do próximo, assim como a resignação pelo passamento de
algumas delas, fundamentada na firme e inabalável crença em Deus e na
convicção de que uma existência melhor as espera ao término desta vida
terrena.
Torna-se uma tarefa difícil destacar, entre todas as admiráveis religiosas
84
que por esta casa passaram, algumas que se tenham sobressaído entre as
demais, pois todas mantiveram um padrão de excelência no desempenho
da nobre e santa ação de socorrer aos enfermos e desvalidos.
No aspecto missionário, no entanto, três Irmãs se destacaram neste mister:
IRMÃ BERNARDETTA – Catarina Rademacher nasceu aos 16 de janeiro
de 1903, na Alemanha. Entrou para a Congregação em 15 de setembro de
1924, em Munster, animada por um grande espírito missionário.
Veio para o Brasil em 1967 aqui permanecendo até a sua morte em 1993.
Irmã Bernardetta edificava pela fidelidade e pontualidade. Levava muito
a sério a prática que lhe foi indicada quando da sua admissão para a vida
religiosa: FIDELIDADE NAS PEQUENAS COISAS. Esta fidelidade a
acompanhou no dia-a-dia de sua vida: nos momentos de silêncio, nas
orações, no trabalho apostólico, na vida comunitária. Distinguiu-se pelo
desvelado amor e carinho para com os pobres e necessitados. Mantinha
uma “caixa para os pobres” com o auxílio recebido de parentes e de
benfeitores amigos e sofria quando não podia ajudar. Seu interesse não
parava na ajuda material. Dedicou-se, durante muitos anos, a atividades
catequéticas em diversos bairros de Tubarão, preparando para a Crisma,
para a Primeira Eucaristia, promovendo também o Culto Dominical em
locais onde não havia a Santa Missa.
À medida que, por motivo de saúde, abandonava as atividades apostólicas
fora do Hospital, intensificava a pastoral dentro do mesmo, junto aos
médicos, funcionários e doentes, divulgando a boa leitura contida nas
revistas O Mensageiro, Família Cristã, A Rainha, Jornal Missão Jovem,
entre outros, projetando filmes, animando e consolando.
Irmã Bernardetta foi realmente missionária até o fim de sua longa vida.
Após sofrer uma fratura no colo do fêmur tratada aqui, foi levada para a
Casa Divina Providência, em Florianópolis aonde veio a falecer a 2l de
outubro de 1993, aos 91 anos de idade e 70 anos de vida religiosa.
IRMÃ EMÍLIA – Irmã Emília foi competente secretária e dedicada
85
catequista dos funcionários. Todas as noites, após o jantar, convidava as
moças, que moravam no Hospital e que eram cuidadas por ala, para rezar
o terço. Uma vez por ano, organizava Retiro para elas. Uma vez por
semana ensaiava cantos religiosos e motivava as funcionárias a participar
da Santa Missa, às seis horas da manhã.
IRMÃ ZITA – Nasceu em 1923 em São Martinho, SC. Entrou na
Congregação em 1943. Esta foi outra Irmã que deixou um grande exemplo
como profissional de enfermagem, por sua dedicação aos doentes. Até os
dias de hoje, 26 anos depois de sua saída do Hospital, alguns enfermos
perguntam por ela, manifestando sua saudade por aquela que os tratou
com tanto desvelo. Ela deixou recordação indelével no coração de todos a
quem atendeu.
Como homenagem, deu-se o nome de Irmã Zita ao setor Seis do Hospital.
Irmã Zita cultivou um grande amor à Congregação e aos seus superiores.
Acompanhava e se integrava a todos os acontecimentos da Família
Religiosa sempre com o maior interesse.
Todos que a conheceram sabem como ela era simples, mas de personalidade
marcante. Vivia a sua consagração e doação na enfermagem e para com
as pessoas a ela confiadas, dedicando-lhes muito amor e carinho.
Viveu como verdadeira Irmã da Divina Providência e deixou o exemplo
de humildade, disponibilidade e acolhimento. Era alegre, simpática,
disposta e pronta para atender, a qualquer hora do dia ou da noite. Era
uma pessoa de oração, de fé e confiança na Divina Providência, onde
buscava, diariamente, as forças para a sua vida.
Amava a vida comunitária, gostava muito do lazer, do trabalho em equipe.
Irmã Zita deixou o Hospital em 1978 e faleceu em Blumenau em 1988,
aos 64 anos de idade.
86
AS MADRES
SUPERIORAS
87
A partir de 1923, as direções do Colégio São José e do Hospital Nossa
Senhora da Conceição passaram a ser individuais. Até então, a Irmã
Superiora era uma só para as duas instituições.
Nos oitenta e um anos que se passaram, quatorze foram as Irmãs que
tiveram sob sua responsabilidade os destinos da Casa.
Não tem sido uma tarefa fácil gerir um Hospital que, ao longo de todos
esses anos, precisou crescer sempre, para poder atender à crescente
demanda de enfermos. A verdadeira explosão populacional que se observa
na atualidade e o aparecimento de novas especialidades médicas,
acompanhados por uma avassaladora introdução de novos métodos de
diagnóstico e de tratamento, baseados no uso de sofisticados e complexos
equipamentos médicos, exigiram aumentos sucessivos da área física e
adequação de instalações e investimentos de grande monta para poder
acompanhar a modernização da medicina. Poucas foram as fases na história
do Hospital em que o mesmo não ostentava alguma obra civil em
andamento.
Assim, ser a Madre Diretora do Nossa Senhora da Conceição exige muitas
qualidades, entre elas: inteligência, dinamismo, sagacidade e tenacidade
na perseguição e obtenção de recursos, humanitarismo nas relações
humanas necessárias para dirigir harmoniosamente uma grande equipe
de colaboradores e de médicos muitas vezes questionadores e exigentes.
Habilidade para contornar os problemas gerados no complexo tripé
hospital, médicos e usuários. Hoje o Hospital é uma das maiores empresas
de Tubarão.
88
Irmã Godeharda.
Primeira Irmã
Superiora do Hospital
– 1922.
Estas foram, desde 1923, as heroínas que dedicaram parte da sua vida à
problemática e trabalhosa direção do nosso Nosocômio:
1. Irmã Godeharda
- de 1923 até 1928
2. Irmã Onésima
- de 1929 até 1934
3. Irmã Flávia
- de 1935 até 1940
4. Irmã Margarida
- de 1941 até 1947
5. Irmã Escolástica
- de 1948 até 1950
6. Irmã Euspícia
- de 1951 até 1956
7. Irmã Heinrica
- de 1957 até maio de 1963
8. Irmã Hildebaldis
- de junho de1963 até abril de 1970
9. Irmã Mansueta
- de maio de 1970 até fevereiro de 1972
10. Irmã Maria de Lourdes - de fevereiro de 1972 até setembro de 1973
11. Irmã Cacilda
- de outubro de 1973 até janeiro de 1975
12. Irmã Lúcia Herta
- de fevereiro de 1975 até junho de 1977
13. Irmã Ludviga
- de julho de 1977 até 14.04.89
14. Irmã Enedina
- de 14.04.89 até a atualidade.
89
Irmã Ludviga.
Superiora do Hospital de 1977 a 1989.
90
OS DIRETORES
CLÍNICOS
91
Desde 1935 até a atualidade, o Hospital sempre teve um médico que
desempenhou as funções de Diretor Clínico.
Mediante a instituição do “Regulamento Hospitalar Unificado”, da
Província Coração de Jesus em abril de 1998, além de competir ao Diretor
Clínico manter um estreito relacionamento com o Diretor Técnico, sobre
a atividade clínica do Hospital, desempenhando tarefas que lhe forem
delegadas pelo mesmo, deve dirigir, coordenar e orientar o Corpo Clínico
da Instituição, supervisionando as atividades de assistência médica no
Hospital.
São da sua responsabilidade exigir o exercício ético da medicina e contribuir
para a formação dos demais profissionais da saúde, promovendo cursos,
simpósios, jornadas e reuniões sobre atividades próprias da sua profissão,
oportunizando o estudo, a pesquisa e o aperfeiçoamento do Corpo Clínico,
além de colaborar para com o ensino que é ministrado a estudantes,
estagiários e residentes.
Foram os seguintes os médicos que tiveram ao seu encargo essas tarefas
nem sempre fáceis de levar a cabo, principalmente nos aspetos da ética e
do desempenho profissional, inerentes ao um grupo numeroso e
heterogêneo de doutores:
92
Dr. Otto Frederico Feuerschutte.
1935 – 1954.
Dr. Miguel José Boabaid.
1954 – 1959 e 1961 a junho 1967.
Dr. Stélio Boabaid.
1959 – 1961.
Dr. Geraldo Antonio Menezes.
Junho 1967 – junho 1972.
93
Dr. Arary Cardoso Bittencourt.
Junho 1972 – fevereiro 1982.
Dr. Paulo Roberto Souza.
Fevereiro 1982 – fevereiro 1983.
Dr. Jaime César Souza.
Março 1983 – outubro 1984.
Dr. Fernando Wagner.
Outubro 1984 – outubro 1985.
Outubro 3003 até a atualidade.
94
Dr. José Adonis Ribeiro.
Novembro 1985 – novembro
1987.
Dr. Cláudio Búrigo de Carvalho.
Novembro 1987 – agosto 1988.
Dr. Sérgio Adam Mendonça.
Agosto 1988 – fevereiro 1989.
Dr. Clodomir Antonio Vieira.
Fevereiro 1989 – fevereiro 1991.
95
Dr. Vilmar Loch.
Fevereiro 1991 – outubro 1993.
Dr. Marcos Flávio Ghizoni.
Outubro 1993 – outubro 1995.
Dr. Rolando Gomes da Silva.
Outubro 1995 – abril 1997.
Dr. Manoel Bertoncini Silva.
Abril 1997 – março 1998.
96
Dra. Maria Eugênia Ximenes de
Melo.
Março 1998 – outubro 1999.
Dra. Maria Zélia Baldessar.
Outubro 1999 – março 2000.
Dr. Evandro Thomsem Antunes.
Março 2000 – outubro 2001.
Dr. Helivander Alves Machado.
Outubro 2001 – outubro 2003.
97
98
O CRESCIMENTO
DO HOSPITAL
99
Em dezembro de 1943, ficara pronta a chamada ala direita do Hospital.
Tinha ela dois andares com vinte e quatro novos quartos. Tal aumento se
tornara premente para comportar o movimento de internações que atingiu
2.048 em 1946, 2.041 em 1947 e 2.095 em 1948.
A capacidade do Hospital era então de cento e dez leitos e vinte berços. Já
se realizavam cerca de quatrocentas cirurgias por ano e o número de
nascimentos, no Hospital, foi de trezentos e setenta e quatro em 1943 e
de trezentos e cinqüenta e três em 1947.
Vista do Hospital – Anos vinte, vendo-se ainda o prédio primitivo.
Desde a sua fundação, o Nossa Senhora da Conceição passou por diversas
reformas e ampliações, acompanhando pari passu os avanços da medicina
e o aumento da demanda de atendimentos e internações. Assim foram
feitos, ao longo dos anos, uma nova portaria, (já substituída), uma ala
central, a ala direita, já citada, que posteriormente recebeu mais um andar,
a ala esquerda, uma nova sala de operações, hoje enfermaria 320 e um
novo prédio para a lavanderia.
100
Tudo pronto para a procissão de Corpus Christi.
Em frente ao Hospital, a rua Vidal Ramos, ainda em
chão batido, está artisticamente decorada pelas Irmãs e
funcionários.
Em 1973, o prédio de seis andares, onde estão a Emergência e a Sala de
Gesso, no piso térreo; a Pediatria, na atualidade seção Menino Jesus, no
primeiro andar; o setor 7 (enfermarias), hoje Ala Coração de Jesus e a
Capela, no segundo piso; o setor 9 (enfermarias) hoje Ala São Francisco e
o Salão Nobre, no terceiro piso; o setor 5, (enfermarias) hoje Ala Dr. Otto
Feuerschutte e a U.T.I., no quarto piso; o Centro Cirúrgico, Centro de
Esterilização e Recuperação PósAnestésica, no quinto piso. Logo depois,
o prédio recebeu um anexo destinado à Hemodinâmica.
Em 1978, foi construído um novo prédio que abrigou os setores dez e
onze, hoje Alas Divina Providência e São Camilo, respectivamente
(apartamentos). Em seu andar térreo, o Serviço de Arquivo Médico e
Estatística – SAME, a Farmácia, o Almoxarifado, o Museu e o Necrotério.
Hoje tem capacidade para 400 leitos, sendo um dos maiores hospitais de
Santa Catarina.
Outro melhoramento foi a construção da Casa das Irmãs, que tomou o
nome de Casa Cristo Rei e que está situada em terreno em frente ao
Hospital. Ali, as Irmãs têm o merecido conforto e uma área verde para a
prática da horticultura e jardinagem.
101
Vista frontal do Hospital.
Anos trinta.
No momento, está recebendo acabamento uma nova ampliação que terá
5.800 m² de área e que comportará novos serviços e departamentos,
conforme especificado adiante.
Durante muitos anos, o Hospital mantinha um alojamento para o seu
pessoal do sexo feminino uma vez que eram todas moças solteiras e
residiam em lugares distantes, até mesmo em outros municípios. Quando
essas moças casavam, tinham que deixar o Hospital. Em 1952, este
alojamento chegou a ter cinqüenta e cinco camas. Na atualidade este
prédio abriga a Unidade Hospitalar de Ensino, utilizada pela UNISUL
para os cursos da área médica.
Em 1947, para suprir as necessidades do Hospital, foi adquirida uma
chácara no bairro do Humaitá que passou a fornecer hortaliças, carnes,
ovos, laticínios e a melhor manteiga da cidade. Tratava-se da Chácara São
102
E o Hospital cresce. Hoje, toda área ao fundo está ocupada por prédios
de apartamentos e residências.
Vicente de Paula onde existia um cemitério e onde se encontravam
sepultadas por vários anos vinte e duas Irmãs do Hospital, todas elas de
saudosa memória. Cada uma delas deixou uma importante contribuição
em termos de trabalhos prestados à comunidade, principalmente aos
doentes e necessitados.
Seus despojos foram, recentemente, transferidos para o cemitério de Mato
Alto, na Madre, e parte da Chácara, após cinqüenta e quatro anos de
funcionamento, foi vendida.
103
Vista aérea do Hospital.
Anos quarenta.
104
UM
RETRATO
NOSTÁLGICO DOS
ANOS CINQÜENTA
105
Irmã Lea Griebler veio trabalhar no Hospital em julho de 1953. De janeiro
de 1954 a janeiro de 1956 fez o curso de obstetrícia na Maternidade Carlos
Correa, em Florianópolis. Retornando a Tubarão, chefiou a Maternidade
de janeiro de 1956 a abril de l961. Após passagens pelos hospitais da Ordem
em Lages e Tijucas, dirigiu-se a Munster, na Alemanha e a Oxford, na
Inglaterra para estudar inglês.
Imbuída de um grande espírito missionário, em consonância com aquele
já tradicional na Ordem, que causou a vinda das Irmãs para o Brasil, Irmã
Lea, em 1964, viajou para o Malawi, no continente africano, onde ficou
por quinze anos em missão apostolar, tendo inclusive fundado em Muona,
naquele país, uma escola de auxiliares de enfermagem. Constam ainda
no seu currículo: Curso de Administração em Saúde (quinhentas horas),
Curso de auxiliar de enfermagem, datilografia e professora de enfermagem,
em Blumenau.
São de sua lavra os retalhos de uma carinhosa narrativa que nos dá um
quadro fiel e importante sobre a realidade do hospital na década dos
cinqüenta.
Peculiar porque este retrato é visto sob a ótica de uma Irmã de Caridade
que teve toda uma vida dedicada a Hospitais e às pessoas desvalidas e
doentes.
Conta-nos Irmã Lea:
“Tubarão, a Cidade Azul, em Santa Catarina era simpática, modesta e
boa para se viver. A minúscula cidade era cortada pela linha férrea e por um rio
verde que espelhava, do céu azul, as nuvens brancas que alegravam os peixinhos
em suas águas.
No centro da cidade havia sido construída, em 1939, a ponte Nereu Ramos
e o povo que por ela transitava se encantava com a linda paisagem que dali se
descortinava.
Um pouco mais adiante, no bairro que tomou o nome de Passagem, havia
uma ponte ferroviária, construída em 1883. A paisagem era de um verde uniforme
até mesmo no centro da cidade e em torno do nosso querido Hospital. Poucas
eram as pessoas que residiam na margem direita do rio e apenas cerca de sessenta
moravam na margem esquerda. Eram quatro os colégios: o Colégio Estadual
Henrique Fontes e o Colégio Dehon na margem esquerda. Na margem direita, o
Colégio Estadual Hercílio Luz e o Colégio São José, fundado em quatro de junho
1895 pelas Irmãs da Divina Providência.
106
Em uma das várias confraternizações entre os
empregados, um desfile de modas.
Havia uma só igreja no local onde hoje está a Catedral e dificilmente se
encontrava pessoas que professavam outros credos. Não havia outros templos
que não a igreja matriz.
Os padres que atendiam na região eram da Congregação do Sagrado
Coração de Jesus e muitos deles trabalhavam como professores no Colégio Dehon
e um deles era o capelão do Hospital.
Os primeiros padres seculares eram monsenhor Bernardo Peters, vigário
Geral, monsenhor Tombrockc em São Ludgero, padre José Kunz e padre Raymundo
Ghizoni. O clero secular foi aumentando e os religiosos do Sagrado Coração de
Jesus se retiraram para Armazém, São Martinho e para outras comunidades.
O Lar da Menina foi construído para ser uma maternidade, o que não foi
aprovado pela autoridade sanitária e foi colocado à venda. Então o padre Ghizoni
convidou as Irmãs Sacramentinas, da Itália para ali instalarem um abrigo para
meninas carentes. Assim nasceu o Lar da Menina.
Em Tubarão já existiam clubes esportivos: o Hercílio Luz Futebol Clube, o
Grêmio Cidade Azul e o Esporte Clube Ferroviário.
Em 1949 surgiu a Rádio Tuba a qual veio se juntar a Rádio Tabajara em
1956 .Os jornais eram: A Imprensa, o Liberal, a Voz do Povo, o Correio Sulino
(1955) e a Imprensa do Sul.
Desde 1937, já havia o Grupo Escoteiro Tubanharon. Os clubes sociais
alegravam a sociedade tubaronense e eram: Clube 7 de Julho, fundado em 1899,
Clube 29 de Junho (193l), Primeiro de Maio (193l), e Onze de Janeiro
(193l).
Surgiram as primeiras escolas técnicas: CENEG, para mulheres e SENAI,
para homens. Aconteciam corridas a cavalo, carnaval, embora se comemorasse
107
apenas nos clubes. Vez por outra apareciam circos para animar as crianças.
Já havia o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal (somente para
poupança e financiamento e o Banco INCO (Indústria e Comércio de Santa
Catarina). Havia uma única funerária, a São José e apenas um cinema, o Vitória,
dos irmãos Althof. Já existia a entidade filantrópica STAN (Sociedade
Tubaronense de Auxilio aos Necessitados), dirigida pelo padre Itamar que, de
carrocinha e ao som de sua trombeta, passava pelas ruas anunciando que ali
estava recolhendo doações para os necessitados. Os pobres daquela época faziam
alguma coisa para diminuir a sua pobreza: cultivavam hortas caseiras e vendiam
um pouco do que produziam e também o leite da única vaca que possuíam, ovos
e aves.
Naquele tempo não existia processamento do leite e existiam muitas vacas
na cidade, sendo o leite e o pão entregues na porta de cada casa por carrinhos e
por charretes. Em carroças eram vendidas frutas como laranjas e melancias. O
Campo da Eira era alugado para pastagem dos animais e até o gado que
pertencia ao Hospital era levado para lá a fim de se alimentar.
A maioria da população do município residia na zona rural.
Nos anos sessenta, muitas obras grandiosas foram construídas: a linda
Catedral Diocesana, os anexos Casa do Bispo e dos padres da diocese. O
Seminário Nossa Senhora de Fátima, o Lar da Menina, a Igreja Matriz São
José, de Oficinas, a ampliação do Hospital Nossa Senhora da Conceição. A
Escola Profissional Engenheiro Rodovalho e a Escola Técnica de Comércio.
108
O HOSPITAL NOSSA
SENHORA DA
CONCEIÇÃO EM
1950
109
O Hospital era pequeno, mas em construção para aumento do espaço
físico. Havia somente cinco quartos privativos e trinta e dois leitos para
indigentes ( pobres não pagantes).
Havia também um quarto para o capelão do Hospital, na época o padre
Augusto Weickerding e as instalações da maternidade, incluindo o berçário
para até quarenta recém-nascidos, e a copa. Na entrada, de cada lado,
ficavam as salas da Irmã Diretora e o escritório.
Farmácia, sala de cirurgia, sala de curativos, sala para atender emergências
e setor de radiologia eram os demais serviços complementares. Uma
lavanderia modesta e a cozinha desempenhavam suas importantes
funções. Na cozinha, cozinhava-se em fogão a lenha.
Durante muitos anos, os médicos do Hospital tinham seus consultórios
no Hospital. Aos dois iniciais, se somaram mais cinco, todos localizados
em um edifício feito em madeira, especialmente para abrigá-los.
Em um dos porões, localizava-se o necrotério. No segundo andar ficavam
a capela e a sacristia. O capelão era o padre Augusto.(SCJ) e,
eventualmente, o padre Sergio Henkemeyer
Nos fundos do Hospital havia o poço com uma bomba para puxar a água
e algum gado leiteiro.
A linha férrea extremava com o muro do Hospital e dos trens jogava-se,
onde hoje é a entrada dos fundos, carvão e lenha para uso na caldeira e
nos fogões. A lenha vinha da região de Pedras Grandes e era transportada
gratuitamente pela Estrada de Ferro Thereza Christina
Na década de cinqüenta, havia doze médicos que clinicavam no Hospital
e dois médicos na área de saúde no Centro de Saúde.
Eram eles: os doutores Otto Feuerschutte, clínico geral e cirurgião, Miguel
Boabaid, radiologista e tisiologista, Manoel Miranda,
otorrinolaringologista e oftalmologista, Nilo Bello, clínico geral,
radiologista e tisiologista, Luiz Campelli, cirurgião, obstetra e
ginecologista, Stélio Cascaes Boabaid, cirurgia geral e gineco-obstetrícia,
110
Pedro Luiz de Oliveira, cirurgia geral e gineco-obstetrícia, Leo Feuerschutte,
cirurgião geral, ginecologista e obstetra, Elio Fortunato de Patta, cirurgião
e obstetra, Firmino Cordeiro do Santos, pediatra e Ítalo Américo de Patta,
cardiologista. Os doutores Kant Keen de Lima e Arnaldo Bittencourt não
tinham consultório no Hospital, mas tinham acesso ao mesmo para
internações.
A direção e administração das obras de ampliação eram feitas apelo padre
Otto Amann, que residia no Rio de Janeiro, o projetista e engenheiro
responsável era o engenheiro Rolf Reinholf Max Becke e o construtor era
Benjamin Rampinelli.
Engenheiro Rolf Renhold
Max Becke.
Por muito tempo,
engenheiro das Obras do
Hospital.
Benjamim Rampinelli.
Dedicado mestre de obras na
construção da expansão do
Hospital.
111
A primitiva cozinha. O fogão é
a lenha.
Trabalhavam no Hospital, em 1956, as Irmãs: Euspícia (diretora), Emília
(secretária), Hathumara (centro cirúrgico), Conrádia (primeiros socorros
e curativos), Veridiana (Raios X), Ana (enfermagem), Madalena
(enfermagem), Léa (maternidade), Rosalita (cozinha), Berngarda (padaria),
Filomena (lavanderia), Balbina (horta e jardim), Idalina Maria (farmácia,
Aveline, que era alemã, Teodista, Baltazara e Eliana (chácara), Laura
(costura). As Irmãs Osvaldina, Ermandina e Fridelindes e Erna
completavam o quadro das Irmãs.
A direita: A Irmã Lea Griebler com sua equipe no Malawi.
112
Padre Augusto Weickerding.
Foi padre capelão do Hospital e
grande amigo dos médicos e da
comunidade hospitalar.
As comunidades religiosas eram todas da Congregação da Divina
Providência: Colégio São José, Hospital Nossa Senhora de Conceição,
Chácara das Irmãs do Colégio e do Hospital, Casa do Bispo, Colégio Dehon
e Seminário Diocesano.
As Irmãs da chácara faziam o longo trajeto de ida e volta até lá, a bordo
de carroças, mas para assistirem a missa eram buscadas pelo Senhor
Benjamim Rampinelli, todas as manhãs, às cinco e meia.
Faziam parte do corpo de funcionários do Hospital:
Cecília Kammer (costura), Antonia, Hilda Silveira (copeira), Maria
Schmidt (parteira), Maria Marcon (escrituraria), José Nazário
(enfermagem), Ana Batchatka (enfermagem), que aqui trabalhou por
trinta anos e depois como voluntária, Cassimira Batchatka (enfermagem),
Hilda Maria (faxina), Cecília Peters Felippe (enfermagem), esposa do Sr.
Felipe que trabalha até hoje na Chácara. Madalena Loch (enfermagem),
Rosinha (enfermagem), Pedra (lavanderia), Eponina (serviços gerais), Joana
Schmidt (enfermagem), Edwiges (cozinha), Silésio e Jerônimo
(manutenção), Disalina (copa), Cristina Waterkemper (berçário) e Alvaci
Sachetti (copeira que é irmã da Irmã Enedina).
113
Da esquerda para direita,
Alvaci Sacheti, irmã da Irmã
Enedina e Menária prestaram
bons serviços ao Hospital.
Ao serem citados os nomes destas Irmãs e destes funcionários, presta-se
homenagem a todos aqueles que, ao longo de cem anos, dedicaram parte
de suas vidas ao Hospital Nossa Senhora da Conceição.
Trabalhavam, em 1953, cerca de trinta funcionários, a maioria mulheres.
A exigência é que fossem solteiras e a elas eram oferecidas vagas no
dormitório que se situava onde hoje são as salas de aula para os estudantes
da UNISUL. Ali elas faziam também suas refeições. Tradicionalmente,
quando casavam, eram dispensadas.
A maioria das moças era recrutada na colônia, sempre filhas de boas
famílias. Eram treinadas no próprio Hospital, para cada função específica.
Irmãs e funcionários gozavam de alto conceito, sendo muito respeitados
no seio da sociedade.
114
Os setores eram dirigidos por Irmãs que eram mais experientes e mais
bem treinadas do que os leigos.
Era comum haver pacientes que relutavam em ter alta, pois, além de se
afeiçoarem ao pessoal do Hospital, nele recebiam atenções, alimentação
sadia e estada em instalações limpas e confortáveis, quando comparadas
às de sua morada.
Apesar de serem poucos os médicos e parcos os recursos em termos de
aparelhagem, poucos pacientes eram transferidos para outros hospitais,
isto devido à capacidade, competência e dedicação dos profissionais da
área médica.
Sempre que necessário, os funcionários aceitavam ultrapassar os seus
horários, sem reivindicar pagamento por horas extras.
Ressalte-se que os resultados obtidos na maternidade eram muito bons,
pois a maioria das parturientes optava pelo parto normal. Somente nos
casos em que a vida da parturiente ou do bebê corressem perigo, é que
aconteciam partos operatórios (cesarianas).
Os honorários médicos eram determinados pelos salários do paciente ou
do seu responsável, nunca podendo ultrapassar cinqüenta por cento do
ganho mensal.
O Hospital recebia doações como o oxigênio, da Estrada de Ferro Tereza
Cristina através do Engenheiro Rolf Reinhold Max Becke. O carvão para
o caldeirão de água quente e para o ferro de passar roupa, da Companhia
Siderúrgica Nacional, de Capivari. Parte das frutas e verduras eram doadas
por alguns colonos.
Somente uma vez por ano, eram feitos empréstimos para pagar as despesas
com alimentos fornecidos pelos colonos, como carnes, leite, ovos, queijos,
manteiga, legumes, verduras e frutas.
Feijão e arroz eram produzidos na chácara, havendo, para o plantio e
colheita, mutirões com voluntários do Hospital e com os empregados
que lá trabalhavam. Nada era desperdiçado: sucos, mussis e compotas
eram elaborados para consumo durante todo o ano.
115
O Hospital passou por muitas dificuldades quando da retirada do subsídio
que vinha sendo dado à Casa”, por ocasião do governo de Juscelino
Kubitschek. Mas conseguiu superar mais esta dificuldade.
Não havia sistema de plantões nem de sobre-aviso, mas o atendimento
aos pacientes jamais faltava, porque médicos, enfermeiras, Irmãs e até
funcionários se revezavam neste mister, mesmo nos domingos e feriados.
Os médicos, que moravam perto do Hospital, eram sempre solícitos no
atendimento, tanto a particulares, conveniados ou indigentes.
Também as Irmãs, sempre que necessário, não tinham hora para descansar,
não abandonando a cabeceira dos pacientes em estado crítico até que
acontecesse o óbito ou a sua melhora.
Os primeiros convênios foram os da Caixa dos Ferroviários, Companhia
Siderúrgica Nacional e Cia. Souza Cruz.
Pães, doces, cucas e marzipan, que era um doce de amêndoas moídas,
cuja receita fora trazida da Alemanha pelas primeiras schwestern, eram
feitos na padaria do Hospital que, na realidade, era uma excelente
confeitaria. Alguns habitantes das redondezas ali compravam o seu pão
de cada dia e os apreciados doces e biscoitos do receituário da Irmã
Berngarda. Com isto, o Hospital aumentava a sua receita. Muitas famílias
eram amigas do Hospital e das Irmãs, ajudando nas suas necessidades,
sempre que possível. Entre estas, citamos:
Burigo, Heidemann, Althof, Calegari, Sene, May, Faraco, Henkemayer,
Feuerschutte, Cargnin, Efting, Corbeta, Fretta, Carvalho, Kunz, Tonon,
Rodrigues, Peters, Longo, Medeiros, Kestering, Cavaler, Teixeira, Brunning,
Ghizoni, Menezes, Locks, Leão, Colaço, Schlickmann, Boabaid, Castro,
Warmeling, Rampinelli, Genovez, Buss, Neves, Garcia, Michels, Miranda,
Cascaes, Lima, Ramos, Campelli, Ventura, Martins, Geremias, Knabben,
Rocha, Balsini, Coelho, Gonzaga, Gomes, Delpizzo, Zumblick, Corrêa,
Freitas, Oliveira, Fontana, Tavares, Sampaio, Machado, Bittencourt,
Zanella, Caldas, Lemos, Luz, Cavalcante, Tavares e outras.
Os indigentes, que eram muitos, reconheciam o bem que lhe faziam as
irmãs do Hospital.
116
Os pacientes do centro e da periferia da cidade chegavam em “aranhas”,
também conhecidas como charretes ou em “carros de mola”, que eram
táxis-carroça com coberta e bancos estofados.
Os de longe vinham em caminhões e era comum serem acompanhados
por familiares, vizinhos e amigos. Uma verdadeira comitiva. Estes
acompanhantes acabavam por fazer suas refeições no refeitório do Hospital
e aproveitavam a vinda à cidade para conhecê-la e para fazer compras.
Costumavam trazer alguma coisa para ajudar a alimentar os enfermos,
como porcos, ovos e galinhas.Os pacientes da região de Armazém,
principalmente as gestantes, eram sempre acompanhados pela parteira
Maria Efting, conhecida e respeitada em todo o sul catarinense.
Os médicos costumavam visitar os pacientes duas vezes por dia e suas
prescrições eram, na maioria, aviadas na farmácia do Hospital pela diligente
Irmã Idalina, uma vez que, nas farmácias, eram poucos ainda os remédios
industrializados.
Os berços, na maternidade, eram de vime e profusamente ornamentados
com babados e enfeites bordados.
Os recém-nascidos recebiam o BCG e era feita a credeização: nitrato de
prata era pingado nos olhos para evitar infecções nos mesmos.
Ao lado do Hospital havia uma horta que era cultivada pela Irmã Balbina,
que fornecia alguns legumes frescos para consumo no Hospital.
Posteriormente, com a instalação da Chácara, alguns excedentes eram
comercializados.
Em janeiro de 1956, para financiar as obras de ampliação do Hospital, a
diretora de então, Irmã Euspícia, dirigiu-se à Caixa Econômica Federal,
acompanhada por Irmã Lea, para assinar um empréstimo de dez contos
de réis, pagáveis em quinze anos. Segundo a Irmã Lea, uma fortuna para
a época, o que a deixou muito nervosa em face do montante da dívida
assumida, mas, na sua definição, Irmã Esupícia era muito corajosa,
experiente e tinha a calma necessária para enfrentar tal situação, por
confiar na providência divina.
117
A antiga sala cirúrgica da Maternidade.
118
O HOSPITAL
NO SEU
CINQÜENTENÁRIO
119
A pequena comunidade se preocupava e era solidária para com o Hospital.
Por sua iniciativa, encetou um forte movimento para ajudar o nosocômio,
no ano do seu cinqüentenário e possibilitar a ampliação da área física.
Durante um mês, funcionou uma quermesse com fim benemerente, no
centro da cidade, com várias atrações como rifas e sorteios e coleta de
donativos. A criatividade das Irmãs e das damas da sociedade colocou em
prática a comercialização de lanches, petiscos, artesanato como crochê,
tricô, artes em madeira, em vime, em fibra e até em capim.
Durante todos os dias da semana, funcionava a feira e, no intervalo do
almoço, os empregados no comércio consumiam as apetitosas
“bombinhas” produzidas na padaria do Hospital.
Neste empreendimento se revezavam: Valda May, Zita May, Ivete May,
Ruth Althof, Stella Althof, Ruth Faraco, Herta Zumblick, Valdirca Búrigo,
Valkiria Búrigo, Waldimira Balsini e as Irmãs Lea, Zita, Berngarda, entre
outras.
Residentes na periferia de Tubarão e também de outros municípios vinham
até o centro da cidade para usufruir as atrações e para fazer donativos.
À noite, aconteciam outras atrações tais como retretas pela banda, sessões
no cinema Vitória, boi de mamão e jogos de salão.
Nos finais de semana eram servidos churrascos, galinhas assadas e como
era inverno, também o quentão.
Todas estas atividades revelam a complexidade do empreendimento e o
grande trabalho
desenvolvido pelos voluntários e benfeitores, entre estes últimos, Roberto
Prudêncio que doou um lote de terras em Capivari, para ser rifado.
Consta que foram arrecadados cinqüenta contos de réis, o que possibilitou
a construção da ala esquerda de estrutura tão forte que hoje anda suporta
os dois pisos posteriormente construídos sobre ela.
120
Outra prática corrente nos anos cinqüenta eram, as às vezes, longas e
cansativas viagens feitas pelo Padre Otto Amann, Irmã Heinrica e
Benjamin Rampinelli às comunidades vizinhas, aos domingos, para, depois
da missa, pedir empréstimos para o Hospital que eram sempre feitos com
boa vontade, sem prazos de vencimento e por vezes sem cobrança de
juros. A documentação era feita ao ar livre, na praça, sem a exigência de
avalistas e sempre foram honrados e saldados pelo Hospital.
Assim, as edificações que ainda eram construídas em madeira, foram sendo
substituídas por outras em alvenaria.
Como remanescente das construções em madeira, ainda podemos ver a
casa concebida para ser usada por apenas três anos, mas que perdura,
tendo sido usada como enfermaria por dez anos e hoje serve como espaço
alternativo: local para descanso, dinâmicas sócioterápicas, vivências
antiestresse, centro de estudos, encontros e para serviços de alcance social
tais como costura voluntária. Este prédio, ainda em perfeitas condições
de conservação, foi ocupado ainda pela gráfica, pelo arquivo e pela Escola
de Auxiliares de Enfermagem Irmã Benevenuta, que tantos serviços
prestou na profissionalização do pessoal do Hospital.
121
122
A ENFERMAGEM E A
PRÁTICA MÉDICA
NOS ANOS
CINQÜENTA
123
O uso de medicamentos caseiros era prática corrente naqueles anos. De
pai para filho, passavam de geração em geração. Chás, infusões de ervas e
raízes eram de uso popularizado.Usava-se também emplastros de farinha
de mandioca com mostarda, compressas de soro do leite, compressas de
álcool e de água com sal (salmoura, escalda-pés, suadores). Usava-se
amarrar uma folha de couve na testa, para o tratamento da cefaléia.
Erisipela não era doença para médico e sim para benzedor. Um ou outro
“arrumador de osso” ousava manipular fraturas, aplicando talas feitas
com clara de ovo breu, farinha e varetas de bambu. Os resultados eram,
quase sempre desastrosos, com a ocorrência de consolidação viciosa e de
osteomielite. Para grande queimados, era tentado um tratamento caseiro,
com o envolvimento do queimado em folhas de bananeira e quando o
paciente finalmente era encaminhado ao Hospital, já era tarde para evitar
a infecção e a ocorrência de seqüelas.
Muitos pacientes freqüentavam a estância hidro-termal da Guarda,
principalmente os portadores de algumas formas de reumatismo.
A antiga enfermaria Santa Cecília, para indigentes.
Doenças sexualmente transmitidas e o uso de drogas eram muito mais
raros do que na atualidade por que os pais exerciam severa vigilância sobre
os seus filhos, alertando-os sobre os perigos pertinentes.A palavra droga
só era ouvida quando alguma coisa não dava certo “Que
droga!!”.“Tuberculose, hanseníase e sífilis ocorriam com alguma
124
freqüência. Casos de osteomielite eram usuais, pelo tratamento mal
conduzido em fraturas expostas e pela inexistência de antibióticos de
largo espectro.
Algumas cirurgias importantes já eram realizadas, tais como
gastrectomias, colecistectomias, enterectomias e as anestesias, aplicadas
por Irmãs de Caridade, produziam poucos acidentes, mas o não uso de
relaxantes musculares exigia grande habilidade por parte dos cirurgiões.
Seringa de 200 mililitros usada na antiga técnica de transfusão de
sangue “braço a braço”.
Do acervo do Museu do Hospital.
As transfusões de sangue eram feitas com doador e receptor deitados
lado a lado. Duas enfermeiras se empenhavam na técnica: enquanto uma
colhia o sangue do doador por meio de agulha calibrosa e uma seringa de
cinqüenta mililitros, com estrutura metálica, a outra injetava o sangue
com equipamento idêntico, no receptor.
Durante a década, apenas o Dr. Kant Keen de Lima deixou o Hospital.
Somente em meados de 1960, chegou ao Hospital o primeiro médico
anestesista, o Doutor José Warmuth Teixeira.
125
Cena em sala de operações Dr. Otto
Feuerschutte – Irmã Evódia – Enfermeiro
Mário e Dr. Miguel Boabaid.
126
A SEGUNDA
GRANDE GUERRA
MUNDIAL E AS
VICICITUDES POR
QUE PASSARAM AS
IRMÃS DA DIVINA
PROVIDÊNCIA
127
Conforme já foi dito, as Irmãs do Hospital e do Colégio São José, durante
a Segunda Guerra Mundial, jamais sofreram hostilidades por parte da
população, muito embora muitas delas fossem alemãs de nascimento.
Os habitantes da região sempre respeitaram e tinham em grande conta o
importante e humanitário serviço que prestavam às comunidades.
Na Alemanha, porém, conforme nos conta a Irmã Elisabeth Rottmann
em seu livro “É obra do Senhor”, os nazistas foram severos para com a
Congregação.
Ainda em tempos de preparação para a guerra, as Irmãs foram proibidas
de lecionar nas escolas e em jardins de infância.
Em 1938, a Casa Matriz foi requisitada para, em caso de necessidade,
servir de sede para a direção de uma divisão das forças armadas.
Temerosas, as Irmãs transferiram os arquivos para Mettingen e o noviciado
para Vorschungskloster. As Irmãs enfermas da Friedrichsboug (Casa
Matriz) foram recolhidas a um hospital.
Muitas outras casas da Congregação foram requisitadas para o serviço
militar:
26 casas para alojamento de soldados
17 casas para a instalação de quartéis generais
15 casas para cozinha industrial
20 casas para enfermarias
Durante a guerra, as Irmãs tinham que passar noites inteiras em abrigos
subterrâneos (bunkers), para se protegerem de bombardeios. A
Friedrichsbourg foi alvo destes bombardeios porque os aliados estavam
cientes da sua ocupação, mediante informação do serviço de espionagem.
A casa foi quase que totalmente destruída. Ao todo, 25 Freiras sucumbiram
sob os escombros produzidos pelas bombas.
Chama a atenção o grande número de casas mantidas pela Congregação:
setenta e oito, atestado inequívoco da pujança e da importância da
Congregação, na Alemanha por ocasião daquele conflito mundial.
128
A SEGUNDA
GRANDE GUERRA
MUNDIAL: SUA
INFLUÊNCIA SOBRE O
DESTINO DE DOIS
MÉDICOS DO
HOSPITAL
129
Johannes Schneider foi um médico do corpo clínico do Hospital nos anos
sessenta. Nascido e formado em Medicina na Alemanha, imigrou para o
Brasil, fugindo aos horrores da Segunda Grande Guerra Mundial. Para cá
veio com sua esposa, também médica, e dois filhos menores.
Revalidando o seu diploma de médico no Brasil, veio exercer a medicina
interna no Hospital. A esposa não o fez, dedicando-se apenas à criação
dos filhos.
Em 1944 era médico das tropas alemãs e estava engajado na malograda
campanha da Rússia. Em uma das batalhas, o seu regimento foi dizimado
pelos russos e, em dado momento, Schneider se viu sozinho e perdido em
território inimigo.
Então, resolveu tentar voltar a pé para o seu país, escondendo-se durante
os dias e caminhando à noite, guiando-se pela posição das estrelas.
No terceiro dia, não mais suportando a fome por que passava e ao sentir
um apetitoso aroma, verificou vir ele de um forno de barro destes que
ainda temos por aqui na colônia e que ficam fora de casa. Neles os
fazendeiros assavam batatas para dar aos porcos.
Rastejando, o médico chegou até o forno e quando alcançou uma batata,
sentiu o frio cano de uma espingarda em sua têmpora. Era um pelotão
russo. Ele continuava portando o seu uniforme de oficial alemão. Não
tentara disfarçar-se com roupa civil subtraída de algum varal, pelo simples
fato de que, pela convenção de Genebra de 1929, se ele fosse apanhado
em trajes civis, seria considerado espião e, nesta condição, poderia ter
execução sumária.
Levado para a Sibéria, foi “hospedado” em um campo de concentração.
Ao chegar a sua vez, na fila para a entrevista, perguntaram-lhe qual era a
sua profissão
130
“Médico”, respondeu.
Então aqui está o seu novo bisturi e lhe entregaram um machado para
derrubar árvores.
Então, a sua rotina foi a derrubada de árvores, usando o machado até o
ponto de exaustão. Pouco havia o que comer e muitos adoeciam por
carências alimentares.
Certo dia, voltando para o alojamento, os presos formados em coluna
por um, um dos guardas, portando fuzil, por meio de gestos, sugeriu que
ele fugisse e se embrenhasse no matagal próximo. Schneider manteve-se
na fila porque sabia que se corresse, seria fuzilado pelas costas. Ele passaria
a ser uma boca a menos para os russos alimentarem.
Mesmo após o armistício, o médico continuou no campo de concentração,
para pagamento da dívida de guerra, somente tendo sido repatriado por
hipoproteinemia, o chamado edema de fome.
Como neurose de guerra, ficou em Schneider o pavor por fogos de artifício
com estampido, tão ao gosto dos brasileiros. O ruído lhe trazia à memória,
as detonações da artilharia.
Elmar Busch nasceu em São Paulo. Foi o primeiro ortopedista e
traumatologista do Hospital. Formou-se pela Universidade Federal
Fluminense. Sua formação na especialidade foi feita na Santa Casa de
São Paulo (dois anos) e no Hospital dos Servidores do Estado de São Paulo
(dois anos). Foi também residente por seis anos no Hospital Santa
Catarina, também na Paulicéia.
Aqui exerceu de 1969 a l976.
Seu pai, Gustavo Henrique Busch nasceu em Blumenau e aos quinze anos
foi residir na Alemanha onde cursou a Medicina nas Universidades de
131
Hamburgo e Munique.
Em 1922 voltou para o Brasil onde clinicou em São Paulo.
Em 1938, foi de volta para Munique por força da enfermidade de sua sogra
Crescência Sinsinger, que exigia a presença de sua esposa Hilka Maria Busch.
Com a eclosão e transcurso da II Guerra Mundial, não conseguiram voltar
para o Brasil. Somente após o armistício, em 1945, pôde a família solicitar
repatriação, que era feita através da França.
Uma penosa viagem de Munique a Paris foi feita por eles, a bordo de um
caminhão do exército americano. Pai, mãe, Elmar, com doze anos, e seu
irmão Manfred, com oito anos de idade.
Seguiram-se três meses em um campo de repatriação em Paris onde,
segundo Elmar, receberam muitos maus tratos: a comida era escassa e
ruim. Havia um mercado negro de alimentos: trocava-se câmara
fotográfica e binóculos por barras de chocolate.
Finalmente conseguiram embarcar no porto de La Rochelle e a bordo do
navio Desirade, começaram a travessia do Atlântico.
Foi quando o doutor Gustavo contraiu uma pneumonia. Debilitado pelas
privações por que passara, já que priorizara a alimentação da esposa e dos
filhos, o sofrido doutor não conseguiu superar a enfermidade vindo a
falecer nas proximidades das ilhas de São Pedro e São Paulo, já em águas
territoriais do Brasil.
Tudo porque, como nos conta Richard Gordon, em Grandes Desastres da
Medicina, a penicilina ainda era segredo de guerra dos americanos e ingleses
que já a usavam em seus feridos no front, escondendo dos nazistas e
japoneses, a maneira de obtê-la. O tratamento tentado pelo médico de
bordo, um francês, foi anacrônico, com o uso de ventosas sarjadas.
Por não haver como conservar o corpo e pelo fato de a viagem durar vários
dias, o doutor Gustavo foi atirado ao mar, envolto em uma bandeira
brasileira.
132
UMA IRMÃ
MISSIONÁRIA,
ULTRAMAR
133
NO
Aos quatorze anos de idade, Olydia Wilma Griebler, nascida de pais
lavradores em Linha São Pedro, arredores de Montenegro, no estado do
Rio Grande do Sul, foi trabalhar, em 1940, como copeira no Hospital da
Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre. Trabalhando de dia e estudando
a noite, Olydia partia em perseguição ao firme propósito que tinha de se
tornar uma Irmã de Caridade.
Assim foi que, em 1947, formulou os primeiros votos, na Congregação
da Divina Providência e, em 1953, os votos perpétuos, quando recebeu o
nome de IRMÃ LÉA.
O espírito inquieto e ambicioso de Wilma fez com que ela partisse, sempre
com o apoio da Ordem, em busca de sua valorização pessoal. Assim é
que, em 1953, concluiu os cursos de Técnico em Radiologia e de Auxiliar
de Enfermagem, na Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Seguiramse os Cursos de Formação Religiosa Permanente em quarenta dias cada
um, realizados na Casa do Bispado, no Sumaré, no Rio de Janeiro, em
Curitiba e em Joinville.
Estudiosa e disposta, Irmã Lea cursou Administração em Saúde, no
estabelecimento da Vila Clementina, em São Paulo, curso este ministrado
em quinhentas horas.
Dotada de um forte espírito missionário, como aquele que moveu as
primeiras Irmãs da Congregação a imigrarem para o Brasil em 1895, a
nossa Irmã engajou-se na missão de dirigir-se ao continente africano, para,
naquele inóspito continente, exercer a sagradas tarefas da catequese, do
ensino e da promoção da saúde.
Para isto, obteve a égide da Congregação das Irmãs da Divina Providência
que, a convite do bispo Theunissen, de Blantyre, já se haviam estabelecido,
desde 1960, naquela região da antiga colônia inglesa, chamada de
Nyassalândia, hoje Malawi.
Como parte da capacitação para esta empreitada, Irmã Lea esteve em
Birmingham, na Inglaterra onde cursou enfermagem de alto padrão e
enfermagem em obstetrícia, além da língua inglesa. Assim, a freira passou
a dominar três línguas: o português, o inglês e o alemão, já que foi falando
esta língua que ela fez o seu curso primário. Em Munster, na Alemanha,
134
aprofundou os estudos do idioma inglês e da ciência da Enfermagem.
Dirigiu-se então, em 1964 ao Malawi, onde permaneceu ao todo por quinze
anos.
Naquele país, na localidade de Muona, fundou uma Escola de Enfermagem
e Obstetrícia, onde se formaram dezenas de profissionais da saúde. Este
trabalho persistiu mesmo após o país ter se tornado independente, em
1964. Como não havia dentistas, Irmã Lea realizou mais de mil extrações
dentárias, visando tão somente o alívio da dor dos nativos, já que tais
dentes não apresentavam quaisquer condições de serem restaurados.
No Malawi Irmã Lea deixou muitas saudades, além de um grandioso
trabalho realizado. A biblioteca da Escola de Enfermagem, por ela fundada,
leva o seu nome.
No Brasil, Irmã Lea exerceu importantes cargos no âmbito de diversas
casas de saúde nas localidades de Tubarão, Lages, Tijucas, Blumenau e
Januária, em Minas Gerais.
135
136
VISITA
DE MÉDICOS
ILUSTRES
137
Ao longo de todos estes anos, alguns médicos notáveis e famosos aqui
estiveram proferindo palestras para os nossos doutores, sob os auspícios
da Regional Médica de Tubarão, da A.C.M., e a convite de nossos médicos:
Entre eles, o cirurgião plástico Argentino doutor Erdulfo Apiani, que
operava com o doutor Léo Feuerschutte, a convite do mesmo.
O neurocirurgião doutor Eliseu Paglioli, ex-Ministro da Saúde do governo
Vargas, que aqui operou.
Por várias vezes aqui esteve o doutor Nelson Pigossi, cirurgião plástico de
São Paulo, tendo operado, com o doutor Pedro Luiz de Oliveira, cerca de
duzentos pacientes. Pigossi vivia para o trabalho. Operava aos sábados e
domingos. Não sobrava tempo para dedicar-se à família, até que sua esposa
conseguiu que fossem fazer um passeio em um sítio na periferia de São
Paulo. Foi onde um filho seu, pequeno, ao ver uma laranjeira carregada de
laranjas, exclamou:
- Olha mãe! A moça pendura as laranjas na árvore!
O menino até então só tinha visto laranjas na fruteira.
Daí em diante, Nelson Pigossi passou a dar mais atenção à família.
Visitou-nos também, o insigne Professor Eurico Branco Ribeiro, fundador
do Hospital São Lucas, em São Paulo e criador do Dia do Médico no Brasil.
No Hospital, fez demonstrações de cirurgias gastroenterológicas.
Outra personagem de saudosa memória, que aqui esteve fazendo palestras,
foi o saudoso Professor Gaúcho Mário Rigatto que, como pneumologista
e pesquisador, descobriu “que a sede do amor não está no coração e sim
no pulmão, pois é ele que produz o suspiro...”
Visitaram-nos também, entre outros, o anestesista e professor de
Farmacologia da Faculdade de Medicina da U.F.S.C, Danilo Duarte e o
anestesista e professor de Anestesiologia de Santos, Armando Fortuna.
138
Um grupo de médicos e de pessoas influentes na sociedade: Em pé, da
d: Benony Ribas – Walter Zumblick – Pedro Luiz de Oliveira – Francisco
Carlos Regis – Lírio Bez – Francisco David Ferreira Lima – Nilo Bello –
Ítalo de Patta – Leo Feuerschutte – Manoel Miranda – Luiz Campelli –
Elio de Patta – Johannes Schneider – Miguel Boabaid – Firmino
Cordeiro dos Santos – Padre Roque Sentados: Dom Anselmo Pietrulla –
Juiz Marcondes de Mattos – Otto
Feuerschutte – Durval Bez – Willy Zumblick – Herculano Bueno.
139
140
O BANCO
DE SANGUE
141
Em julho de 1960 quando por aqui chegou o anestesista pioneiro José
Warmuth Teixeira, o doutor Pedro Luiz de Oliveira pediu-lhe que
organizasse um Banco de Sangue para o Hospital, pois o sistema vigente
era muito precário: cerca de dez doadores do grupo O (universal), sem
classificação do fator Rh, se revezavam na doação do sangue sempre que
necessário. Usava-se, então, frascos de vidro onde era produzido vácuo,
contendo a solução ACD preparada no Hospital.
Como a preocupação maior era com a temperatura do sangue, este era
estocado no frigorífico do Hospital em meio a carnes e laticínios.
Desde há muito eram feitas transfusões em que o doador e o receptor
deitavam lado a lado e com uma seringa de 200 mililitros e torneira de
três vias, era retirado o sangue do doador e injetado no receptor. Imaginese o estresse do doador ao ver o enfermo, por vezes, sucumbir ao seu lado.
Uma vez montado o Banco de Sangue, passou-se a usar sangue dos grupos
A e B e até o AB, sendo introduzido a determinação do fator Rh,
instituindo-se também a transfusão do plasma e do concentrado de
hemácias (papa) obtidos por simples decantação. Como ainda acontece
nos dias de hoje, o sangue sempre foi escasso com relação às necessidades,
isto porque entre outras crendices e o medo da dolorosa punção venosa
feita com agulha calibrosa, acreditava-se que “uma vez fazendo uma
doação, tornava-se necessário doar sempre”.
Por isso José Warmuth resolveu promover uma campanha para doação
voluntária de sangue e para tal trouxe farto material de propaganda do
Centro de Hemoterapia no Rio de Janeiro, do tipo “Abra sua conta no
Banco de Sangue do Hospital Nossa Senhora da Conceição”. Além desses
cartazes, palestras nas rádios e artigos nos jornais, e também a divulgação
de slogans, exortavam as pessoas a doar sangue.
No dia e hora marcados para o início da coleta, Warmuth foi o primeiro
doador, fingindo não estar nervoso com a punção, para incentivar os
demais, que observavam.
Após todo este trabalho, apareceram ao todo três doadores um dos quais
desmaiou durante a coleta dando um trabalho medonho e espantando os
demais voluntários.
142
A primeira caixa de Diamond para classificação de grupo sanguíneo e
fator rH. Fabrico artesanal em madeira. Do acervo do Museu do
Hospital.
Com a chegada dos doutores Claudionor Borges e Fernando Búrigo, estes
se integraram como equipe, na supervisão do Banco de Sangue.
O benemérito José Benedet, funcionário do DER, hoje domiciliado em
Itajaí, jamais se negava a doar o seu sangue fazendo este ato de caridade
a intervalos de até trinta dias.
Houve uma fase em que se gratificava os doadores. L.R. era um doador
saudável, mas era portador de um leve déficit intelectual. Para ganhar os
trocados que rendia uma doação, passou a doar sangue em toda a Região:
Florianópolis, Laguna, Imbituba, Criciúma, Araranguá.
Resultado: acabou com uma anemia profunda, sendo necessário internarse no Hospital para receber uma transfusão de sangue!
143
Com a instituição da prática da exsanguíneotransfusão (troca total do
sangue de um recém nascido) devido à enfermidade eritroblastose fetal e
as hiperbilirrubinemias, inúmeros atos deste tipo foram executados pelos
anestesistas a quem competia também a canulização dos vasos do cordão
umbilical.
A essa altura já se fazia os exames para a pesquisa de Lues (Sífilis), Doença
de Chagas e Hepatite.
Com o aparecimento da AIDS, tornou-se necessária também a pesquisa
do HIV no sangue. Como o exame era caro, a Previdência Social não
autorizava a realização do mesmo, o que só era feito em seus hospitais
próprios.
Somente após a ocorrência de um acidente em 1978 foi que a Previdência
passou a autorizar o exame para todos os doadores.
Em abril de 1991 entrou para o corpo clínico do Hospital o doutor Nei
Euclides Fava, Hematologista e Hemoterapeuta e, em seguida a doutora
Maria Zélia Baldessari, esposa do Doutor Nei, que assumiram a
responsabilidade de operar o Banco.
Em 18 de setembro de 1998 foi instalado em Criciúma um Hemocentro
(HEMOSC), sob a égide da Secretaria Estadual de Saúde, que não teve a
adesão imediata do HNSC.
Em março de 2002, a Secretaria de Saúde do Estado desativou a Central
Sorológica de Tubarão o que forçou o Hospital a manter convênio com o
HEMOSC de Criciúma, de onde passou a vir todo o sangue e frações para
as transfusões no Nossa Senhora da Conceição.
O novo sistema trouxe um grande inconveniente que foi a necessidade
do deslocamento dos doadores de Tubarão até Criciúma o que demandava
a perda de pelo menos quatro horas subtraídas aos seus afazeres, o que
fez com que muitos deles se esquivassem deste ato de altruísmo.
Recentemente, foi montada uma Unidade de Coleta, na Secretaria
de Saúde em Tubarão onde está sendo feita a captação. O processamento
144
e distribuição continua sob a responsabilidade do HEMOSC de Criciúma.
Tubarão, pela sua condição de cidade pólo e de grande centro médico do
Sul do Estado, deveria ser dotado de uma Agência Transfusional, o que
baratearia o sistema, além de obviar a necessidade do transporte do sangue
em dois percursos entre Tubarão e Criciúma com as suas evidentes
desvantagens.
145
146
A HISTÓRIA DA
ENFERMAGEM EM
SANTA CATARINA
147
Segundo Miriam Süsskind Borenstein, o início da história da
enfermagem em Santa Catarina coincide com a abertura do Hospital
de Caridade, em Florianópolis, no ano de 1789, que foi concebido para
o atendimento a pessoas pobres. Até a chegada de quatro Irmãs da Divina
Providência àquela cidade em 1897, não se sabe ao certo quem cuidava
dos pacientes internados. Em outras regiões do Brasil esta assistência
era prestada por pessoas das comunidades, asilados e escravos, que não
ganhavam remuneração pelo trabalho.
As quatro Irmãs Alemãs pioneiras em Florianópolis foram as Irmãs
Geórgia, Camila, Bortoloméa e Cárola e para lá se dirigiu a Irmã
Albertina, uma das pioneiras em Tubarão, para ser delas a superiora e
orientadora. Estas e outras que por aqui chegaram nos anos seguintes
podem ser consideradas como as sementes da profissão no Estado, pois
até 1945 muitas gerações de Irmãs brasileiras e de mulheres leigas foram
transmitindo os seus conhecimentos e experiência, numa espécie de
universidade da vida. E isto não aconteceu somente em Desterro, mas
também em Tubarão, com a vinda das Irmãs Albina, Oswalda e
Albertina e das Irmãs Rufina, Paula e Anna, para o Vale do Itajaí, todas
da Congregação da Divina Providência.
Aquele ano marca a chegada a Capital de Hilda Anna Krisch, que se
diplomou na Escola Ana Néri, no Rio de Janeiro. Hilda Krisch, como
enfermeira do Ministério da Saúde, no entanto, dedicou-se ao
planejamento e construção de hospitais, à introdução de novos
equipamentos e à organização de serviços de enfermagem em vários
hospitais, além do treinamento de equipes para campanhas de vacinação.
Outra enfermeira catarinense que passou para a história da Enfermagem
no Estado foi Flérida Goudel Cardoso, de tradicional família
florianopolitana, irmã de Laura Cardoso, esposa do médico
anestesiologista pioneiro em Santa Catarina, professor Danilo Freire
Duarte.
Flérida formou-se Enfermeira na Escola Ana Néri, no Morro da Viúva,
no Rio de Janeiro, vindo para Florianópolis em 1946 onde passou a atuar
no Departamento Autônomo de Saúde Pública e na Legião Brasileira de
Assistência (LBA). Organizou o Serviço de Enfermagem e o de
Puericultura. Posteriormente, como Enfermeira do Instituto de
148
Aposentadoria e Pensões dos Comerciários (IAPC) e por fim, do Instituto
Nacional de Previdência Social. Atuou na implantação de postos de
assistência médica e na instalação do Hospital Florianópolis.
Flérida Cardoso aqui esteve quando da unificação dos antigos IAPs em
INPS, chefiando a equipe que procedeu a classificação do nosso Hospital,
segundo as normas da Previdência Social.
1953 marca a chegada ao Hospital de Caridade, de Thereza Hackenhaar,
que recebera o nome religioso de Irmã Concilia, na Congregação. Ela
havia sido graduada na Escola Luiza de Marillac, em Curitiba e foi, no
Caridade, a primeira enfermeira formada em Escola de Nível Superior
Brasileira.
Como era de esperar, Irmã Concilia encontrou resistências por parte
dos médicos, acostumados com o seu absolutismo dentro do nosocômio,
onde tudo o que diziam era a “lei”. Agora tinham que compartilhar e
discutir as suas decisões com aquela nova personagem também vestida
de branco.
Na década de sessenta, depois de um período trabalhando no Hospital
de Beneficência Portuguesa, em Porto Alegre, voltou ao Caridade onde
foi a Madre Superiora.
Preocupada com a qualidade no exercício da profissão, foi professora na
Escola de Auxiliares de Enfermagem Madre Benvenutta e
posteriormente, Diretora do Curso Técnico de Enfermagem do Colégio
Coração de Jesus.
Coube a Ottilie Hammes, que recebeu as ordens sob o nome de Irmã
Cacilda, o planejamento da Escola de Auxiliares de Enfermagem Madre
Benvenutta, no centro de Florianópolis. As poucas Enfermeiras
residentes em Florianópolis passaram a lecionar na Escola, que começou
a funcionar em 1959, onde Irmã Cacilda era professora e diretora. A
escola funcionou até 1972, formando, em média, oitenta e duas
auxiliares de enfermagem por ano. Em março de 1962, foi criada a ABENSC, sendo Ottilie Hammes a sua primeira Diretora.
149
A primeira Escola de Enfermagem de nível superior do Estado foi criada
somente em 1969, sendo homologada pelo Magnífico Reitor de
Universidade Federal de Santa Catarina, João David Ferreira Lima, filho
do doutor Joaquim David Ferreira Lima, primeiro médico do Hospital
Nossa Senhora da Conceição, ficando agregada à Faculdade de Medicina
da UFSC.
Na atualidade já funcionam cursos superiores de enfermagem em Tubarão,
em Concórdia, em Itajaí e Joinville.
150
A HISTÓRIA DA
ENFERMAGEM NO
HOSPITAL
151
Em Tubarão, o padrão descrito também vigeu. As Irmãs da Divina
Providência foram as pioneiras da profissão nesta cidade, ensinando a
Enfermagem para muitas dezenas de Atendentes de Enfermagem, depois
Auxiliares de Enfermagem.
Na primeira metade do século vinte, exerceram também a importante
função de Farmacêutica, no Hospital, em tempos quando a maioria dos
medicamentos eram aviados por manipulação, tarefa de grande
responsabilidade e profissionalismo pela exatidão que o preparo dos
remédios exigia.
Quando, em alguns casos, o preparo de pacientes do sexo masculino para
cirurgia ou para outros procedimentos exigia uma manipulação
considerada constrangedora para as Irmãs e até mesmo para as moças
que desempenhavam as tarefas de Enfermeira, este era feito por
Enfermeiros, sempre um só no efetivo do Hospital, tendo passado à
história os enfermeiros Pedro Wirtz e João Anchter (ambos alemães), Mario
e José Nazário.
José Nazário, hoje com 78 anos, é natural de Pedras Grandes e trabalhou
como enfermeiro de 1950 a 1982, portanto por trinta e dois anos, no
Nossa Senhora da Conceição.
Conta-nos ele que um livro de Humberto Chavort despertou a sua atenção
para a enfermagem e a vocação para a profissão. Este alfarrábio lhe
forneceu toda a teoria da enfermagem e foi seu livro de consulta ao longo
dos anos em que desempenhou a sua função. Com os doutores Otto e
Leo Feuerschutte, Luiz Campelli e Manoel Miranda, aprendeu a prática.
Conhecido na sociedade como José Enfermeiro, era muito procurado para
atendimentos a domicílio. No Hospital só atendia pacientes do sexo
masculino, ajudando cirurgias de fimose, hidrocele, hérnias. Enema opaco
em homens para Raios-X era administrado por ele. Trabalhou por dezoito
anos sozinho. Sente saudades da Irmã Heinrica a quem admirava e com
quem se dava muito bem.
Gostava de viajar e certa feita indo a Porto Alegre, um hospital de lá não
mais queria deixá-lo voltar. Desejavam contratá-lo. “As Irmãs não
deixaram”.
152
José Nazário, o José Enfermeiro.
Trabalhou no Hospital por três décadas.
Gostava de pescar na lagoa da Manteiga e apreciava o futebol, sendo
torcedor, até hoje, do Botafogo, do Rio de Janeiro. Em Tubarão, contounos, “não era do Ferroviário nem do Hercílio Luz”. Assim, ficando “em
cima do muro”, agradava a gregos e troianos, ou seja, a todos os seus
pacientes. Pura psicologia!
Perguntamos se gostava da sua profissão e ele nos assegurou que sim e
que, se pudesse, começaria tudo igual outra vez.
“Pena que a vida passou tão depressa”, confidenciou-nos.
José Nazário teve cinco filhos e tem doze netos, um dos quais é Camile
Neves Nazário, Administradora de Marketing do Hospital.
153
Cometeríamos, certamente, injustiça ao não nomear muitas das Irmãs
de Caridade e Enfermeiras que se destacaram no exercício da profissão
por que o amor ao próximo e a caridade cristã sempre foram marcas no
caráter em todas que por aqui passaram, pois estes belos sentimentos
humanos, de que eram portadoras as primeiras Irmãs vindas da Westfalia,
continuam vivos pelos quartos, dependências e corredores deste Hospital.
Como já foi dito em outro local, durante a epidemia da “gripe espanhola”,
em 1918/19, faleceram, vítimas daquela doença, contaminadas por
pacientes que tratavam, as Irmãs Teógona Haverroth e Baptista
Strickmann. Nunca assistimos, nesta cidade, a qualquer ato de
reconhecimento e homenagem pela condição de heroínas e de mártires
daquelas Irmãs da Divina Providência, que perderam a vida por não terem
abandonado seus doentes a própria sorte.
Máscara de Ombredanne para anestesia Do acervo do Museu do
Hospital.
154
A ESCOLA DE
AUXILIARES DE
ENFERMAGEM
MADRE
BENVENUTTA
“Só aos que lutam, é dado sentir a alegria da vitória”.
155
Palavras da Irmã Enedina Sacheti ao dirigir-se aos alunos da primeira turma
de alunos de Auxiliar de Enfermagem da Escola Madre Benvenutta em
seu discurso de inauguração do estabelecimento, a quatro de abril de 1986.
Desde 1959, funcionava em Florianópolis, a Escola de Auxiliares de
Enfermagem Madre Benvenutta, prestando um grande benefício à
comunidade da saúde da Capital e do Interior do Estado.
Com a fundação do Curso Técnico em Enfermagem no Colégio Coração
de Jesus, em 1972, a Escola foi desativada.
Em 1986 foi aprovada uma lei que estabelecia que no prazo máximo de
dez anos não poderiam mais existir Atendentes de Enfermagem nos
hospitais. O nosso possuía então 212 Atendentes.
Foi quando surgiu a idéia de dar continuidade àquele ensino em Tubarão,
com a fundação de uma escola de Auxiliares de Enfermagem na cidade à
qual foi dado o mesmo nome da de Florianópolis.
A abertura da Escola mereceu ampla divulgação por parte da imprensa
local pela sua importância no que dizia respeito ao ensino e aprimoramento
de profissionais da área da Saúde.
Administrada pelas Irmãs Áurea Schmitz, como Diretora, Léa Griebler,
na secretaria e Irene Neuman como tesoureira, a Escola tinha como corpo
docente: Camila Morong Phillippi, Cleir Spilere, Maria Helena de
Medeiros, Paula Cardoso de Bem, Sônia Regina de Medeiros, Yáskara
Mateus, Ir. Áurea Schmitz e Ir. Lea Griebler.
Nos seus dez anos de existência formou duzentos e oitenta e oito
profissionais, com uma média de vinte e seis alunos por turma. O curso
regular foi desativado em 1996, quando surgiram os Cursos Supletivos
do Projeto FAT – Fundo de Apoio ao Trabalhador, nos quais continuaram
como mestras muitas das nossas Enfermeiras.
156
A PRIMEIRA
ENFERMEIRA
HOSPITAL
157
DO
A dezoito de setembro de 1906, Ana Braga de Oliveira, a primeira paciente
internada no Hospital recebia desvelados cuidados das Irmãs Albina,
Osvalda e Albertina. Elas passaram à história como sendo as primeiras
enfermeiras a atuar na profissão, em Tubarão.
Até 22 de janeiro de 1970, portanto durante 64 anos, o atendimento de
enfermagem foi feito sob a supervisão das Irmãs da Divina Providência,
por atendentes de enfermagem de nível elementar, treinadas pelas próprias
Irmãs.
Nas equipes de Irmãs que se sucederam sempre havia pelo menos uma
que tinha uma sólida formação como Enfermeira. A princípio as alemãs,
que se graduavam no mais alto nível existente no seu país, mas que não
era em nível universitário. Depois as freiras brasileiras. Muitas Irmãs já
haviam sido formadas como auxiliar de enfermagem em Florianópolis e
outras possuíam Certificado de Prática de Enfermagem expedido pela
Escola de Saúde Pública, antes da criação de Escola de Auxiliares de
Enfermagem. Elas eram submetidas a um exame supletivo e aquelas que
obtivessem média sete ou superior a sete, recebiam o Certificado de Prática
em Enfermagem.
Com o aumento da complexidade dos serviços realizados no nosocômio,
regida pela multiplicação das clínicas e pelo emprego de tecnologia mais
sofisticada, tornou-se imperioso organizar e modernizar o serviço de
Enfermagem uma vez que a qualidade do atendimento deveria
acompanhar a modernidade que se verificava em todos os demais aspetos,
no Hospital.
Para que se pudesse atingir este desiderato, é que foi contratada a
Enfermeira Iria Meggiolaro, que veio a ser a primeira enfermeira formada
em Universidade brasileira a trabalhar no Hospital.
O desafio era de grande monta porque tudo havia por organizar e
disciplinar.
Até então, os próprios enfermos se medicavam, já que os remédios ficavam
em suas cabeceiras.
158
Enfermeira Iria Meggiolaro.
Primeira enfermeira do
Hospital formada em
Universidade Brasileira.
Como era de se esperar, Iria encontrou, entre os médicos, uma certa
resistência no que diz respeito à implantação de algumas rotinas.
Habituados e acomodados com a rusticidade das práticas de enfermagem,
na maioria ditadas e criadas por eles mesmos, alguns não aceitaram, de
bom grado, a divisão de responsabilidades com a enfermagem.
Deve-se a Iria Meggiolaro os seguintes melhoramentos:
- Implantação obrigatória de um uniforme padrão e uso de crachás.
- Controle dos medicamentos pela enfermagem.
- Organização do Centro Cirúrgico e criação do seu regulamento.
- Criação de uma área específica para esterilização de material para
medicação parenteral, feita até então por fervura, nas próprias
seções.
- Criação de normas e de padrões para as rotinas.
- Implantação do plantão noturno de enfermagem.
- Contratação de profissionais de melhor nível técnico.
- Destinação de área específica para o preparo de mamadeiras e de
dietas especiais para os pacientes pediátricos.
- Disciplinação dos horários de visita.
- Realização de cursos, palestras e treinamentos visando à
excelência do atendimento.
159
Era prática corrente, na cirurgia, a sutura da pele pela auxiliar de
enfermagem. Ao proibir esta prática, Iria teve contra si a desconformidade
e a crítica por parte dos cirurgiões, que viram na providência, uma
interferência sobre a sua autoridade.
Mas Iria foi uma pioneira a altura e, com pulso firme e muito
profissionalismo, conseguiu implantar os melhoramentos e práticas que
perduram até hoje.
160
O HOSPITAL E A
GRANDE ENCHENTE
DE 1974
161
Uma formidável conjunção de intempéries, entre as quais uma
precipitação pluviométrica sem precedentes na unidade de tempo, altas
marés e ventos do leste, que represaram as águas, além do assoreamento
do rio Tubarão pela devastação da mata ciliar principalmente em suas
cabeceiras, ocasionou o tremendo cataclismo de 23, 24 e 25 de março de
1974: Um verdadeiro dilúvio atingiu todo o vale do Tubarão com as maiores
conseqüências sobre a nossa cidade, por estar esta a apenas sete metros
acima do nível do mar, onde mais de vinte mil casas ficaram submersas e
milhares, total ou parcialmente destruídas, duzentas vidas se perderam e
dezenas de logradouros públicos sofreram danos de grande monta. Ao
baixarem as águas, mais de um metro de altura de lama foi deixado por
todas as áreas atingidas pela torrente.
A grande enchente de março
de 1974.
vendo-se em primeiro plano
o edifício da primitiva
maternidade. Ao fundo, a ala
esquerda, como atual e entre
os dois prédios, o edifício dos
consultórios.
José Warmuth Teixeira, médico anestesista do Hospital, voltava de um
congresso em Campinas e só conseguiu chegar em casa de barco.
Raimundo Tonon, que foi posteriormente médico no nosocômio, perdeu
pai e mãe e uma irmã, que foram levados com casa e tudo rio abaixo.
Vários médicos e empregados perderam todos os seus pertences, incluindo
eletrodomésticos.
A inundação, que ganhou a mídia mundial, destruiu todos os serviços
públicos: a velha central telefônica, a rede de eletricidade, a captação e o
maquinário para o tratamento de água. Um verdadeiro caos.
O setor de Emergência, a manutenção, a lavanderia e a caldeira ficaram
submersos. Os equipamentos removíveis foram levados para cima.
162
A enchente, vista do alto do Hospital.
O rio Tubarão não tinha limites.
À esquerda, o prédio da família Lima e o da revenda da
Volkswagen.
Então começaram a aparecer as vítimas: muita gente com cortes e corpos
estranhos nos pés, por andarem na água e depois na lama. Resfriados e
pneumonias tiveram acréscimo. Casos de depressão e neuroses foram
abundantes. Um reforço em soro antitetânico teve que ser trazido. Embora
acontecesse a preocupação quanto a casos de leptospirose, eles não
ocorreram.
Helicópteros pousavam e decolavam a todo o instante no pátio da catedral
trazendo enfermos que dali eram levados de barco para o hospital.
As clausuras foram abertas para abrigar médicos, funcionários e suas
famílias. As enfermarias ficaram superlotadas por desabrigados.
Um gerador de 90kwa foi instalado no Hospital. Os anestesistas de plantão
eram chamados por aparelhos walkie-talkie..
Apenas a oito de agosto foi instalado um novo gerador dimensionado
para o Nosocômio.
163
A roupa do Hospital passou a ser lavada no Hospital Bom Jesus dos Passos,
em Laguna.
Aconteceu um grande envolvimento por parte das Irmãs da Divina
Providência, da Província de Florianópolis, que para cá enviaram equipes
de Religiosas, roupas e alimentos.
As irmãs idosas foram transferidas para a Casa das Irmãs, em Florianópolis.
Sessenta e oito visitas domiciliares foram feitas aos funcionários do
Hospital, para levantamento de suas necessidades mais prementes.
Centenas de colchões, cobertores, travesseiros, roupas de cama, mesa e
banho foram doados aos empregados.
Milhares de segurados pelo antigo Instituto Nacional de Previdência Social
perderam suas carteiras. Assim, foi necessário generalizar o atendimento
a toda a população e, para atender a grande demanda, a Previdência Social
indenizou Hospital e médicos pela média das cifras de meses anteriores.
O doutor Arary Cardoso Bittencourt, então Diretor Clínico do Hospital,
desempenhou um importante papel na coordenação do serviço médico,
envolvendo todo o corpo clínico nas atividades de assistência médicohospitalar.
Era prefeito de Tubarão o Doutor Irmoto Feuerschutte, médico
ginecologista e obstetra do Hospital e tudo fez que estivesse ao seu alcance
para o socorro do mesmo.
José Warmuth, presidente do Lions Clube Tubarão Centro, conseguiu a
doação de centenas de quilos de sementes para que pudessem ser refeitas
as hortas em pequenas propriedades.
164
A inundação, na Vila Moema.
A água tomou as dependências da Emergência, da
lavanderia, da oficinae da caldeira.
165
166
OS MÉDICOS E A
POLÍTICA
167
Uma Peculiaridade que chama a atenção para os médicos do Hospital é a
sua militância na política nos níveis municipal, estadual e até mesmo
federal.
Tudo começou com o doutor Joaquim David Ferreira Lima, o primeiro
médico do Hospital.
Tendo casado com a filha do influente político Coronel Cabral, tomou
gosto pela política e já em 1909 transferiu residência para Florianópolis
onde se tornou diretor estadual de higiene, deputado estadual e, depois,
deputado federal, ocasião em que se mudou para o Rio de Janeiro.
O seu sucessor, doutor Otto Feuerschutte foi também prefeito de Tubarão
e por duas vezes deputado estadual.
Nos anos cinqüenta, foi a vez do doutor Arnaldo Bittencourt, médico
pediatra, de assumir a prefeitura de Tubarão.
De uma extensa lista de serviços prestados ao município e ao Estado, é
detentor o Doutor Stélio Cascaes Boabaid, médico cirurgião e obstetra:
eleito prefeito de Tubarão na década de sessenta, Stélio sentiu na carne,
por ser da oposição e por ter fundado em Tubarão, o MDB, os rigores da
ditadura militar instalada em 1964. Praticamente em “prisão domiciliar”
ele esteve às voltas com uma verdadeira inquisição pela nova ordem
instaurada no país.
Stélio, entre outras iniciativas, criou o Plano Diretor da Cidade e, no seu
mandato, foi erradicada a linha férrea que atravessava o centro da cidade.
Posteriormente, foi eleito deputado estadual por quatro mandatos
sucessivos tendo sido presidente da Assembléia Estadual.
Os seus cuidados médicos dedicados aos necessitados valeram-lhe muitos
votos nas eleições, por reconhecimento dos seus dotes humanitários.
Nilo Bello, médico radiologista e tisiologista do Hospital foi também
vereador por Tubarão, presidente do PMDB e deputado estadual.
168
Doutores Ferreira Lima e Otto Feuerschutte.
Os primeiros militantes políticos.
Outro destaque, na política estadual foi o doutor Irmoto Feuerschutte,
ginecologista e obstetra, filho do doutor Otto, que foi prefeito de Tubarão
por duas vezes, tendo enfrentado, em 1974, a catastrófica enchente.
Posteriormente, Irmoto foi secretário estadual de saúde e diretor presidente
da Indústria Carboquímica Catarinense, em Imbituba.
169
Doutores Irmoto Feuerschutte e Geraldo Althoff, dois militantes, na
atualidade.
Mário Caporal, imaginologista foi Secretário de Saúde do governo
municipal, no mandato de Miguel Ximenes Filho.
O cirurgião Vendramin Silvestre exerceu os cargos de vereador e de
presidente da CODESC.
Firmino Cordeiro dos Santos foi vereador em Tubarão.
João Ghizzo Neto, geriatra, foi Secretário Estadual de Saúde. Foi ele o
primeiro Diretor Técnico do Hospital.
Foram também secretários municipais de saúde, os doutores Luissaulo
Cunha, pediatra e Manoel Bertoncini da Silva, cirurgião. Em 2004,
Bertoncini foi eleito para a vereança em Tubarão.
Recentemente, o pediatra Geraldo Althof, após ter sido vereador por
Tubarão, exerceu a senatoria como representante do Estado de Santa
Catarina. Este foi, sem dúvida, o cargo público mais importante ocupado
por um dos médicos do Hospital, até a atualidade.
170
MÉDICOS GERANDO
MÉDICOS
171
Um outro fato que chama a atenção para os médicos do Nossa Senhora
da Conceição é o fato da grande tendência que têm as suas proles em se
tornarem médicos também.
Tão logo os filhos de médicos adquirem cognição suficiente, descobrem
nos seus pais e na sua profissão, a importância da sua formação e da sua
atividade. O aspeto sacerdotal de que se reveste o médico é também fator
determinante na sua escolha. Estes jovens acabam por descobrir e idolatrar
o médico que têm sob o mesmo teto e se servem do seu exemplo para
enveredarem pela difícil e por vezes espinhosa carreira de Hipócrates.
Tudo começou com o doutor Otto Feuerschutte do qual descende uma
verdadeira estirpe de médicos: seus filhos, Leo Feuerschutte, generalista
por contingência, cirurgião e obstetra, já falecido e Irmoto Feuerschutte,
ginecologista e obstetra. A sua terceira geração nos deu Henrique, filho
de Henrique, falecido em desastre de automóvel e que era ortopedista no
Paraná, Otto Henrique, ginecologista e obstetra, filho de Leo e Otto
Frederico, oftalmologista, filho de Túlio Feueschutte.
De um recorde, no entanto, é detentor o já falecido psiquiatra Bráulio
Escobar: quatro filhos médicos: Bráulio, psiquiatra como o pai, Valério,
ortopedista, Lars, cardiologista e Jean, clínico geral. Todos trabalham no
Hospital.
Asdrúbal Costa, pediatra, inspirou Marcelo Costa, seu sobrinho-neto, hoje
pneumologista no Hospital.
Stélio Cascaes Boabaid, generalista, cirurgião e obstetra, tem seu lugar
ocupado por seu filho Alexandre, que é psiquiatra.
Luiz Campelli, generalista, obstetra e cirurgião, deixou seu filho Luiz
Ângelo, que é ginecologista e obstetra, como o pai.
Firmino Cordeiro dos Santos nos legou, em segunda geração, sua neta
Andréa, que é ginecologista e obstetra, no Hospital.
Elio de Patta, outro generalista, cirurgião e obstetra tem o seu filho Cícero
clinicando em Roraima.
172
Rolando Gomes da Silva, que é cardiologista, deixou o seu “carimbo” em
sua filha Giuliana, hoje exercendo a cardiopediatria em Joinville.
Claudio Burigo Carvalho, imaginologista, tem a sua continuidade
garantida nos seus filhos Cláudio e Yara, também imaginologistas.
Jairo Nascimento Medeiros, cirurgião geral tem seu filho Fabrício, residente
em anestesiologia e Marcelo, ainda estudante de medicina.
Manoel Miranda, hoje aposentado, tem, oftalmologista como ele, a sua
filha Giselle.
Rui Orlandi, oftalmologista, tem seus passos seguidos por Rui César.
Mesmo nome, mesma especialidade.
Em Florianópolis, clinica Paulo Ferreira Lima, conceituado dermatologista
e alergologista, neto do doutor Joaquim David Pereira Lima, o médico
pioneiro do Hospital.
Elmar Busch, o primeiro ortopedista do Hospital, hoje radicado em
Blumenau, tem seu filho Fabio, que é oftalmologista.
Valdo Bianchini, pediatra, tem seu filho Flávio, residente em clínica médica
no Hospital. Seu outro filho Eduardo, estudante de medicina.
Paulo Roberto de Souza, psiquiatra (falecido), gerou João Paulo, que clinica
em Florianópolis e Ana Beatriz que cursa o 5º. Ano de Medicina na U.F.S.C.
Miguel Boabaid, radiologista e tisiologista tem no seu neto Guido, um
psiquiatra.
Um dos nossos cirurgiões, Darlan Kestering é filho de Lino Kestering,
técnico em radiologia aposentado, que exerceu sua profissão no Hospital.
Alguns médicos, de gerações mais recentes, têm seus filhos estudando
medicina como são os casos de Luissaulo Cunha, pediatra, cuja filha
Daniela estuda medicina; Gil, filho de Manoel Bardini Alves, alergologista;
173
Manuela, filha de Varne Viana e Laurene; pediatras; Michel, filho de
Homero Calegari que é ginecologista e obstetra; Tiago, filho de Celso
Borges de Souza, oftalmologista; Enéas Paulo e Gustavo (falecido), filhos
do imaginologista já falecido, Enéas Paulo Allet da Rocha; Julia, filha do
anestesiologista Adirson Soares; Jaime, filho do cirurgião Jaime Souza;
Felipe, filho do otorrinolaringologista Jose Paulo Fontes Martins; Rodrigo,
filho do ortopedista Jose Adonis Ribeiro; Artur, que tem como pai Salésio
Nicoleit, ginecologista e obstetra; Isabele, filha do oftalmologista Leonardo
Delpizzo; e Eduardo e Marcos, filhos do anestesiologista Flavio Geraldo
Vieira.
Esta é a situação vigente no ano do Centenário, o que faz prever que,
durante muitos anos ainda, veremos carimbos com os clássicos
sobrenomes dos componentes do corpo clínico atual. Filhos, netos,
bisnetos, certamente honrando os respeitados nomes do seus
antepassados.
A nova geração: residentes de Medicina, no Hospital.
174
CRÔNICAS
175
Com este título a direção do Hospital mantém e atualiza um grosso
volume que contém relatórios das atividades do Nossa Senhora da
Conceição, ano após ano.
Sistematizado a partir de 1941, na língua gótica alemã, assim está escrito
até 1951 quando passa a usar o vernáculo pátrio.
Precedendo 1941 e a partir de 1906, há um precioso resumo do que
aconteceu naqueles anos, também escrito em alemão gótico.
A transcrição deste alfarrábio já seria, por si só, uma fiel história do
Hospital muito embora, por ter sido escrito sempre por Irmãs, privilegie
os fatos ligados à clausura e à vida da comunidade eclesiástica hospitalar.
Compulsando aqueles escritos, dele extraímos alguns fatos marcantes na
vida do Hospital, por vezes pitorescos, outras vezes históricos, alguns
que seriam de pouca importância nos dias de hoje, mas marcantes na
época, outros até mesmo emocionantes!
O vai e vem das Irmãs, que eram periodicamente transferidas para não
criar raízes afetivas para com o lugar e para com as pessoas.
A preocupação para com a educação das Irmãs, paralela às suas atividades
no Hospital é manifesta.
A grande tristeza que reinava com a enfermidade e o passamento de Irmãs
idosas ou não e de padres que chegavam ao fim de sua jornada chega a
ser, por vezes, chocante.
Estas Crônicas apresentamos inicialmente tal qual foram escritas e, a partir
de 1943 em forma de excertos, citando os fatos que nos pareceram mais
importantes.
“Tubarão, que é considerado como sendo o berço da Província Brasileira,
é uma cidadezinha na qual as primeiras Irmãs da Divina Providência
iniciaram a sua atividade. A bênção de Deus coroava seu desprendido
labutar e os múltiplos sacrifícios das primeiras pioneiras tanto que, por
meio do sempre mais crescente Colégio São José, ricas bênçãos se
176
derramaram sobre o povo e, em particular, sobre a juventude não
alfabetizada.
Era desejo ardente do Revmo. Pe. Freise, também levar alívio e ajuda aos
pobres e doentes.Fez tudo o que podia e deixou em 1904/5, no terreno do
Colégio, erguer um hospital. Infelizmente, o Senhor sobre a vida e a morte
tirou-lhe repentinamente este trabalho das mãos, quando estava indo ao
seu término.
Era tempo de dura prova. A construção, porém continuou amparada
caritativamente pela irmã do padre falecido, a Senhora Gottemeyer, à
qual devemos perene gratidão. – Em breve lotaram-se os quartos dos
doentes e quando em 1918 nos sobreveio a gripe, qual uma peste, não
houve quase lugar para abrigar os doentes, principalmente o pessoal da
estrada de ferro. Também a família religiosa pagou o seu tributo. Duas
das melhores enfermeiras, Irmã Baptista e Irmã Theógona, perderam,
por contaminação, a sua vida, ainda novas. Profunda dor causou a todas
a perda, sentida por muito tempo. Vieram diversas forças de ajuda para
substituir as caras falecidas. Pouco a pouco, porém, diminuiu a sobrecarga
de serviço e voltou a calma e a organização.
1922
No ano começou-se com a construção do há tempo planejado novo
Hospital, com sala de operação. A entrementes instalada Farmácia foi
donativo das Superioras Gerais da Alemanha.
1923
O ano foi cheio de acontecimentos: trouxe a separação da família claustral
do Colégio. A querida revda. Irmã Superiora Carola, da Casa Matriz de
Florianópolis nos trouxe como representante das queridas reverendas
Irmãs Superioras Provinciais, a Irmã Godeharda como superiora da Filial,
que com isto ficou autônoma. Aumentando cada vez mais o trabalho,
vieram mais algumas Irmãs como força de ajuda. Pelo Governo,
conseguimos uma subvenção financeira.
Neste ano o médico Dr. Otto Feuerschutte foi eleito Superintendente da
Cidade de Tubarão. Devido ao então excesso de trabalho deixou de
177
trabalhar como médico. Por intervenção da querida revda. Madre Superiora
recebemos o Dr. Bernardo Griesedick. Sendo ele operador excelente, entrou
vida nova no velho Hospital. A construção progredia lentamente. A sala
de operação ficou pronta em início de agosto, também os quartos de dormir
das Irmãs e dos funcionários. O revmo.sr.pe. Stolte fez a bênção solene
desta parte nova.
Agora, sendo separado Colégio e Hospital, nada mais a pequena
Comunidade desejava do que ter o Senhor Bom Jesus como Hóspede
permanente na própria capelinha. Alegria jubilosa reinava, quando o
Revmo. Sr. Pe. Vigário Geraldo Spettmann nos trouxe a devida licença do
Senhor Bispo. O dormitório das Irmãs transformou-se num pequeno
santuário, no qual no dia 1º. De março de 1923 se celebrou a 1ª. S.Missa.
A Via Sacra, que se achava no corredor principal, foi umas semanas depois
transferida para a capelinha, com renovada bênção. Geralmente tivemos
algumas Santas Missas por semana. Chegou também a devida licença
para ser dada a bênção sacramental. – Aumentando cada vez mais o
número de doentes, a capelinha tornou-se pequena demais. Com licença
da querida revda. Madre Superiora, fez-se um aumento. Entrementes,
também a nova construção ficara pronta.
1924
O retiro espiritual deste ano foi dirigido pelo revmo.sr.pe. Schrot, S.J. –
Em abril, honrou-nos com sua visita o Exmo.revmo.sr. Arcebispo, Dom
Joaquim Domingues de Oliveira.
1925
No correr do ano cavou-se ao lado direito do Hospital um poço que fornecia
água muito boa para tomar.
1926
Construiu-se um novo curral para os porcos.
1927
Instalou-se na Casa, água encanada, aumentou-se a cozinha, anexando
178
sala para as Irmãs com varanda. No correr deste ano diversos sacerdotes
ficaram no Hospital por tempo prolongado, de maneira que tivemos a
alegria da celebração da Santa Missa à meia noite do Natal.
1928
Dona Dolores Martins presenteou-nos com uma linda estátua do Sagrado
Coração de Jesus para a capela e o generoso Padre José (?) 320$000 para
um novo altar. O corredor foi coberto de ladrilhos – Ao voltar da Alemanha
nossas queridas revdas. Superioras, nossa capela foi ricamente presenteada.
– Durante as Santas Missões, as Missionárias visitaram a miúdo os doentes
do Hospital. Diversos deles festejaram no dia do encerramento, sua
primeira comunhão. Ainda em 1928 a querida revda. Irmã Superiora
Godeharda viajou para o s. Retiro em Florianópolis. Tendo expirado seu
tempo de nomeação a Revda.Irmã Onésima ficou sua sucessora. Depois
da Páscoa as queridas revdas. Superioras vieram conosco para adquirir
um terreno em frente do Hospital como propriedade da Congregação.
1929
Também neste ano sentimos ricamente que a bênção de Deus nos
acompanhava. Foi nos dado melhorar e adquirir diversas coisas. A Capela
recebeu pintura nova e altar novo. Monsenhor Tombrock nos alegrou
com o presente de uma linda Custódia. Senhora Renate de Medeiros
Barbosa doou uma estátua de Santa Terezinha.
Foram melhorados os quartos dos doentes.- Ao terminar a estrebaria o
Senhor Ghizzo nos emprestou duas vacas, que davam diariamente 40
garrafas de leite. – Construiu-se também um necrotério.- Como boa
despedida do ano, a Senhora Castro nos presenteou na noite de São
Silvestre com um donativo de 100$000. No dia do ano novo de 1930 a
Senhora Castro nos surpreendeu com uma bonita estátua de Santo
Antônio. – No correr do ano, fizeram-se melhoramentos no fogão da
cozinha. Foram neste ano atendidos 333 doentes.
Fim do ano de 1929 chegou, por parte do Governo, a confirmação de o
Hospital ser propriedade da Congregação. Durante muito tempo houve
quem o quisesse para si.
179
Página 4 das CRÔNICAS, em língua alemã.
180
1932
Foi planejada a construção de um isolamento e em fins de fevereiro de
1933 houve início. O Senhor Defendente Rampinelli de São José era o
responsável. Por intermédio do Senhor Castro, recebemos uma ajuda de
827$000. Um doente, o Senhor Sciullo deu-nos 250$000. Início de outubro
veio a licença para uma 2ª. Construção. A casa velha foi demolida e por
nova substituída. Com isso, deu-se o aumento da Capela e as Irmãs
ganharam dormitório e instalações sanitárias mais confortáveis.
O Sr. César e a Senhora Catão deram cada um 100$000. O senhor Zomer
nos cedeu uma dúzia de cadeiras. Depois da morte do Sr. João Pedro
Medeiros, falecido aqui no Hospital, recebemos como herança 200$000.
Mencionamos aqui, como grande benfeitor, o Sr. Miguel de Souza Reis,
pois todo o material da construção fazia transportar pela Estrada de Ferro
sem nunca cobrar nada. O Senhor Defendente foi encarregado, pela revda.
Madre Superiora, de fazer da capela “uma caixinha de jóias”. Encarregou
com isto os seus dois filhos. Um fez o serviço de “Skulztur-Arbeit”, o
outro embelezou mais o altar. Um crucifixo, que durante a guerra tinha
sido roubado no convento dos Franciscanos, sendo muito judiado, ele o
reformou e o deu de presente para a nossa Capela.
1934
Em 8 de maio deu-se a bênção da nova Capela bem como das duas casas
novas. Em 11 de maio celebramos a 1ª. St. Missa com a presença de muita
gente. Deixaram-nos uma oferta de 450$000. Em breve chegou o 1º. doente
para o isolamento ao qual outros se seguiram. Fins de maio deu-nos o
dono da Casa Sciullo na despedida 100$000 e uma cama com colchão.
Imbituba deu 50$000 para a farmácia.- Em 5 de janeiro deixou-nos após 6
anos de incansável lidar, a querida Irmã Superiora Onésima. Como
substituta veio a Irmã Superiora Flávia.
1935
Após alguns anos de interrupção o Sr. Dr. Otto Feuerschutte re-iniciou
sua atividade como médico, trabalhando com o Dr. Asdrúbal em nosso
Hospital. Em 13 de dezembro chegou aqui o revmo. Cônego José Ernser
de Rio Negro, como visita. Sua viagem de descanso tornou-se uma viagem
para a eternidade. Adoeceu logo gravemente e faleceu piedosamente em
22 de dezembro. Seu corpo foi levado para Rio Negro.
181
1936
Em 18 de janeiro recebemos um enfermeiro competente da cidade de
Cochem no rio Mosela, na Alemanha, Pedro Wirtz, que por motivo
sobrenatural se encaminhou para as Missões. Logo mais se tornou bemquisto. – Durante três semanas mais ou menos Monsenhor Gersino de
Joinville se fez nosso hóspede. Após algum tempo nos alegramos com a
visita do revmo. Bispo Dom Jaime (Câmara). Durante o mês de agosto
alegrou-nos com sua visita a Revda. Madre Geral, Irmã Berthilda e a Revda.
Irmã Vigária Liduvigis, por 14 dias. – O número de doentes atendidos
neste ano foi de 775.
1937
Em 9 de março chegou aqui, da Alemanha, um novo enfermeiro, João
Anchter. Pedro Wirtz tinha se decidido ficar sacerdote e encaminhou-se
para o Seminário. Já em outubro o novo enfermeiro voltou para a
Alemanha. Em conseqüência disso ensinamos um homem jovem desta
região para o serviço de enfermagem.
Em junho, as autoridades militares das tropas estacionadas em Tubarão,
solicitaram ceder, alugar uma ala do Hospital para tratamento dos soldados
doentes.
A maternidade foi adaptada para este fim e recebíamos mensalmente
300$000 de aluguel. Em 11 de novembro os soldados se despediram. –
Durante esse tempo recebeu o Hospital a visita do Ministro da Guerra e
de diversos generais. Por ocasião da despedida o general comandante
deixou-nos uma carta laudatória que se encontra na Casa Matriz em
Florianópolis. Em agosto visitaram-nos as revdas. Superioras de
Florianópolis. Em outubro organizou-se aqui em Tubarão uma
concentração Mariana. Nesta oportunidade, hospedamos no Hospital 100
pessoas. Fim do ano renovou-se a pintura da Casa. Para os doentes
adquirimos 60 camas novas. No correr do ano 860 doentes foram tratados.
1938
Em março deste ano a Igreja católica festejou o centenário de sua Igreja
Paroquial. O revmo. Sr. Arcebispo e muitos sacerdotes visitaram Tubarão.
182
Hospedamos 7 deles. Para o Dr. Otto Feuerschutte instalou-se um novo
consultório. Para a capela adquirimos novas figuras para o presépio. Neste
ano, as revdas. Superioras nos visitaram um julho. Em 19 de novembro a
Irmã Nivardis de São Ludgero foi internada, gravemente doente. Apesar
de toda a dedicação por parte dos médicos ela chegou a falecer em
conseqüência de graves sofrimentos dos rins. Seu corpo no mesmo dia foi
levado para São Ludgero onde encontrou sua última pousada ao lado da
falecida Irmã Thereza. O número de doentes assistidos durante o ano foi
de 1.026.
1939
Meados de fevereiro abriu-se a ponte sobre o rio Tubarão. Para esta
solenidade vieram muitas pessoas de fora. Diversas autoridades solicitaram
hospedagem no Hospital. No mesmo dia, de manhã bem cedo, Dr. Otto
Feuerschutte celebrou, em nossa capela sua entrada na Igreja Católica,
sua 1ª. S.Comunhão e seu casamento religioso com a Senhora Irma Ghizzo.
Em 19 de março, deu-se o contrato de compra do novo terreno. Da então
maternidade, fez-se uma larga via de comunicação com renovados jardins
de flores. Em alegre expectativa da Festa de Assunção de Nossa Senhora as
Irmãs tinham se reunido para o jantar, quando de repente ouviu-se o brado:
“Fogo, fogo, o que levou a Casa toda em alvoroço”. Pela armação do telhado
da casa das Irmãs saíram enormes labaredas. No mesmo momento os
quartos de baixo pegaram fogo. Embora sendo rapidíssimo o socorro do
povo de Tubarão, quase nada se salvou das chamas. Perderam-se com isso
diversos documentos. O pior é que faltavam luz e água. Com isto o perigo
aumentou. Nunca nós devemos esquecer a generosidade e sob quanto
perigo de vida a população nos ajudou. Todos estavam presentes, tanto
autoridades civis como eclesiásticas, médicos, administração da Estrada
de Ferro, pobre e rico. Assim conseguiram apagar o fogo dentro de três
horas. O Hospital e a capela não foram atingidos. Dois dias depois já se
começou a re-construção. As Damas da Cidade organizaram uma coleta
em favor do Hospital que rendeu quase 5.000$000. Monsenhor Topp doou
fazenda para a confecção de roupas e vestuários. O mesmo fizeram as
damas de Tubarão. Como sendo a mais generosa dos benfeitores
apresentou-se a Irmã Superiora Thunnitrudis do Colégio de Brusque que
sacrificou o último que possuía 100$000 em favor do Hospital. Ao reerguer
a casa, que o Senhor Defendente Rampinelli sobrevisava, fizeram-se muitos
melhoramentos e renovações. A caixa d’água com capacidade para 23.000
litros fez-se fora da Casa, no fundo da cozinha. A cozinha foi aumentada
e por cima da lavanderia fez-se um sótão para enxugar roupa. A Casa toda
183
recebeu pintura nova por dentro e por fora.- Em 3 de dezembro o Revmo.
Pe. Vigário benzeu a Casa e no dia seguinte as Irmãs entraram nela.- O
número de doentes tratados foi de 1.068.
1940
Em 31 de janeiro realizou-se para as Irmãs um desejo há muitos anos
nutrido. O Hospital recebeu um capelão da casa na pessoa do revmo.
Padre Meller, que por muitos anos tinha sido vigário de São Bento. No dia
oito de dezembro, festa da Imaculada Conceição, trouxeram-nos o Revmo.
Monsenhor Others de São Ludgero, sem sentidos, ao Hospital. Os médicos
declararam não ter mais esperanças de melhora. O revmo. Pe. Meller
administrou-lhe o Sacramento da Unção dos Enfermos. Pelas 17 horas,
enquanto na capela foi dada a bênção com o SS Sacramento, ele faleceu
no Senhor, sem ter voltado ao uso da razão. Seu corpo foi levado na manhã
seguinte para São Ludgero. Sua morte repentina provocou grande tristeza
entre pequenos e grandes “pois era um sacerdote segundo o coração de
Deus”. R.i.p. (que descanse em paz). Um dia depois o Revmo. Pe. Meller
nos assustou fortemente. Em vão estávamos esperando a sua chegada
para celebrar a Santa Missa. Tinha sido surpreendido por um ataque de
fraqueza total, de maneira que, até meados de fevereiro, não podia mais
celebrar a Santa Missa. Durante este tempo, os sacerdotes da paróquia o
substituíram. Os doentes tratados foram 1.136.
1941
O ano trouxe a mudança da Superiora. Fim do ano chegou a nossa nova
Superiora, Irmã Margarida. Irmã Flávia permaneceu ainda até 10 de
fevereiro quando deixou a Casa onde durante 6 anos trabalhou com todas
as forças. Nossa capelinha foi presenteada com uma pequena estátua de
São Geraldo de Magella. Em junho, compramos um novo cálice e mais
alguns objetos para a Capela. Neste mês, surpreendeu-nos o revmo.
Arcebispo de Florianópolis com sua visita. A família Zumblick presenteounos com um grande guarda-roupa que, embora usado, bem nos serviu.
Em abril deste ano, festejamos o jubileu de ouro da Irmã Fridoline. Desde
julho um terceiro médico trabalha aqui no Hospital; é o Dr. Boabaid. Em
outubro, nomeou-se um médico, Dr. Pereira, para o tratamento dos
ferroviários. Ambos os médicos permaneceram pouco tempo. (?) – Desde
1º. De setembro não podemos mais ter criação de porcos nas proximidades
da cidade. Em 1941, foram atendidos no Hospital 1.146 pacientes.
184
1942
Em meados de janeiro adoeceu novamente o pe. Meller. Uns dias depois
trouxeram também o nosso vigário, pe. Geraldo Spettmann. Estava
gravemente doente. Três dias depois lhe seguiu seu capelão, o pe. Francisco
Schulkens. Após umas semanas de tratamento, foi levado para o hospital
de Caridade em Florianópolis, para fazer mais uns exames, voltando
semanas depois. Mas veio a falecer a 22 de junho. Em fevereiro, desocupado
o curral de porcos, foi transformado em um lindo galinheiro. Foram
preparados mais três quartos para os doentes e duas instalações sanitárias.
Em fins de fevereiro, veio a Irmã Procuradora, de Florianópolis, para ficar
uns dias conosco, a fim de comprar um pasto para as vacas. Até aí as
vacas pastavam numa propriedade da família Ghizoni em troca de uma
colaboração por nossa parte. Vendida a propriedade, o novo dono não
queria saber de gado estranho. Deste modo, foi adquirido bem perto de
nós, do Sr. Fiúza, um pasto muito bom inclusive com casa de madeira.
Em junho, transformou-se parte de uma varanda em mais um quarto
para sacerdotes. Daí em diante poderíamos hospedar dois de cada vez.
No início de agosto veio do Governo a ordem de deixar no escuro as casas
durante todas as noites. Era coisa bem desagradável. Como nos alegramos
quando, depois de algumas semanas, esta ordem foi revogada. Em 23 de
novembro faleceu a Irmã Boaventuris, Superiora do Colégio daqui, vítima
de grave enfermidade do fígado.
O que há muito tempo se desejava, aconteceu: Recebemos um aparelho
de RX e que pertence aos drs. Otto e Boabaid. Em outubro vieram a revma.
Madre Benvenuta com sua assistente Irmã Geralda. Em novembro foi
construída uma sala para visitas. Em 3 de novembro, festejou-se o 1º.
Centenário da fundação da nossa Congregação ocasião em que, por
intermédio da Cruz Vermelha, recebemos alguma notícia da casa matriz
Friedrichburg.
1943
Faleceu nossa querida Irmã Conrádia em conseqüência de fraqueza senil.
No fim do ano despediu-se o Dr. Asdrúbal e veio em seu lugar o Doutor
Campelli. Como as encomendas a transportar eram pesadas demais para
serem carregadas, compramos, no fim de dezembro, um cavalo e uma
carroça.
185
1944
Quando as madres superioras aqui estiveram em abril, aproveitou-se a
oportunidade para o planejamento de um acréscimo de uma nova
construção. Foi encarregado como chefe da obra o Senhor Defendente
Rampinelli de São José, que também tinha dirigido a construção anterior,
em 1933. Em 19 de junho foi colocada a pedra fundamental.
1945
Verificando-se a carência de água aprofundou-se o poço. Já em junho os
primeiros doentes foram internados no andar superior da construção que,
por necessidade, já tinha ficado pronto. Na cozinha foram feitos
melhoramentos, como chapa nova para o fogão. A 8 de dezembro, ficou
pronta a nova construção.
1946
Depois de alguns anos o Hospital foi pintado por fora. Em março cavouse um novo poço no Colégio São Jose que, com ajuda de um motor,
forneceu água para as duas Casas. Em dezembro ganhamos uma geladeira.
1947
Desde 1 de janeiro até 1 de maio, 5 padres do S.C.Jesus, professores do
Ginásio, fixaram sua residência provisória no nosso Hospital de maneira
que tivemos, diariamente, 3 a 4 s. Missas. Neste ano, foi adquirida uma
chácara além do rio Tubarão, em Humaitá.
1948
Para cá veio a Madre Benvenuta, Superiora Provincial que exerceu o cargo
por 27 anos, para se tratar. Como não podia se locomover, teve sua moradia
perto da capela e nela, um lugarzinho pertinho do altar. A querida madre
Egydia e sua assistente Irmã Geralda fizeram a sua primeira visita em
agosto. Estiveram internados 2.247 doentes.
186
1949
No dia 1º. de janeiro celebrou sua última missa o pe. Geraldo Spettmann
que, em seguida adoeceu gravemente vindo a falecer ainda em janeiro.
Dona Verônica Kuhnen, parteira do Hospital foi levada a Florianópolis
para consulta. Neste ano foram internados 2095 doentes.
1950
O dia 26 de julho trouxe-nos a nova padeira, Irmã Veriana; a Irmã Almira
que até então, com muito carinho, tinha feito o pão e bolachas para os
doentes e cuidado do jardim, foi transferida para Curitiba. Neste mês
veio a Irmã Hathumara, formada na Alemanha em Curso Técnico de
Enfermagem integrar-se a suas novas tarefas e entre estas, a de anestesiar
os doentes. O movimento de internações atingiu 2286. Aqui esteve o
exmo.sr. Deputado Nereu Ramos e sua comitiva, que prometeu interessarse pela causa do Hospital junto ao governo federal.
1951
Neste ano, a Irmã Superiora Escholástica foi substituída pela Irmã Euspícia.
Recebemos uma subvenção de CR$ 200.000,00 e outra relativa ao fundo
hospitalar no valor de CR$ 19.036,00. O ilustre deputado Dr. Jorge Lacerda
nos honrou com sua visita. Nesta ocasião, nos encorajou a pedir
subvenções já que o nosso Hospital atende a grande número de indigentes.
Foram internados 2.521 doentes, no ano.
1952
Neste ano ligou-se a Casa à rede de água da CASAN, sendo desativado o
antigo poço que havia nos fundos do Hospital.
Em maio ficou pronta a nova entrada e a parte central do Hospital, sala
de partos e berçário.
A 23 de novembro o Doutor Rolf Reinhold Max Becke foi crismado.
187
1953
Foram recebidas subvenções no total de setenta mil cruzeiros, doados
pelo Governo do Estado.
Faleceu a Irmã Theodista, a primeira Irmã brasileira da Congregação.
Ativado o terceiro andar mediante a instalação do elevador, que foi o
primeiro em Tubarão. O primeiro paciente foi o Sr. Antonio Miranda, pai
do Dr. Manoel Miranda, que veio de Guaxupé, em Minas Gerais para
operar uma hérnia.
Foram adquiridos um aparelho de ondas curtas e um de infravermelho,
doados pelo Dr. Manoel Miranda.
Foi recebido um auxílio extraordinário de duzentos mil cruzeiros,
intermediado por Nereu Ramos, Joaquim Ramos e Jorge Lacerda.
1954
Instalado o primeiro aparelho de Raios X de 300 Ma, de propriedade do
Hospital.
Chegaram cilindros de oxigênio com máscaras para oxigenioterapia. Até
então eram usados precários odres de borracha. Com o melhoramento,
diminuíram morbidade e mortalidade.
Foram realizadas, em média, oitenta e duas cirurgias por mês.
1955
Inaugurado o novo prédio nos fundos do Hospital (onde hoje estão as
salas de aula para os alunos da UNISUL e a padaria).
1º. andar – lavação e lavanderia.
2º. andar – Padaria e refeitório.
3º. andar – Dormitório paras as moças.
188
1956
Faleceu o capelão Francisco Schulkes. Somente em dezembro chegou o
Padre Augusto Weickerding.
1957
A Irmã Heinrica substituiu a Irmã Euspícia na direção do Hospital.
Inauguradas a nova cozinha e a nova clausura.
Chegou a “máquina de somar”, da Alemanha.
1958
Em dezoito de setembro foi lembrado o 1º. Cinqüentenário do Hospital
(com atraso). Grandes faixas, noticiário em rádios e jornais deram destaque
ao fato, motivando o povo a participar de um grande bazar beneficente
para o qual foram ofertados uma área de terra em Capivari, pelo Sr. Roberto
Prudêncio, três novilhas, uma bicicleta, relógios e outras prendas de valor,
além de miudezas.
“No dia dois de julho abrimos o bazar, na cidade. Todos vinham, uns por
curiosidade, outros por interesse, fazerem suas compras. Nos dias 2 a 10
de agosto houve a festa: as barraquinhas encontravam-se na praça do
centenário. No centro, levantamos um mastro, pendendo do cimo três
fios cheios de luzes de diversas cores, que caíam em lados diferentes. Ainda,
inúmeras bandeirinhas de matéria plástica partiam do mesmo centro,
atingindo todos os lados. Foi um encanto! Houve dias que o belo céu
estrelado parecia estar inclinado, dando um panorama maravilhoso. Apesar
das noites frias, o povo deleitava-se com o quentão e não se cansava de
admirar os deliciosos doces que, sendo desconhecidos na cidade, atraíam
o povo em massa”.
O terreno foi rifado e o sorteado foi a Irmã Heinrica!
Willy Zumblick pintou o retrato do Padre Bernard Freise, presentando-o
ao Hospital.
189
A quermesse rendeu CR$ 650.541,00.
Neste ano, adquiriu-se a câmara frigorífica e um novo foco para a sala de
operações.
Aconteceram as visitas da Madre Sabina e Irmã Assistente Maria Batista,
além dos doutores Irineu Bornhausen e Joaquim Ramos.
1959
Terminada a ligação entre os dois prédios, formando um só.
Adquiridos dois carros térmicos para o transporte de comida para os
pacientes.
Em outubro, início da construção do prédio para os consultórios, em
madeira.
Neste ano, foram recebidos um milhão de cruzeiros do Ministério da
Saúde.
1960
Uma grande enchente danificou a ala do Raios-X e diversos quartos.
O prédio dos consultórios foi inaugurado a 30 de abril e foi também
construída uma outra casa para enfermaria de indigentes que recebeu o
nome de Santa Cecília e que foi inaugurada em outubro com a internação
de dez pacientes.
Em dezembro houve a mudança da Sala de Operações para o terceiro
andar.
Visitas: Madre Sabina e Irmã Assistente Maria Batista. Doutor Celso
Ramos e esposa e Doutor Joaquim Ramos.
Foi festejado no dia 26 de dezembro o jubileu áureo de nossa querida
190
Irmã Sálvia. Na véspera da festa, às 18 horas, tivemos bênção com o SS. e
Magnificat. A clausura estava lindamente ornada com grinaldas, emblemas
e flores.
Dia 26 à noite, também nossas moças apresentaram no palco, alíás
provisório, no refeitório das mesmas, números variados como: bailados,
coro falado, cantos, poesias e etc. e no fim, um belo drama, muito bem
representado. Foi um dia de alegria e surpresas para a nossa querida Irmã
Sálvia.
196l
Demolida a última parte do antigo Hospital.
Adquiridos um novo aparelho de anestesia marca Takaoka, um
condicionador de ar e novo foco para a sala de cirurgia.
Foram introduzidos melhoramentos na maternidade: ampliação da área,
nova mesa para cirurgias e mais uma mesa de partos.
Novidade: comunhão coletiva dos médicos (que eram arredios para tal),
ministrada pelo Padre Roque, seguida de desjejum no Hospital.
Visitas importantes: Padre Otto Amann e conde Schaffgotsch.
1962
Instalada a rede interna de ramais telefônicos.
Durante o carnaval, as “moças” fizeram retiro.
Visita importante: Madre Egydia.
Efeméride: jubileu argênteo (25 anos) da Irmã Hathumara.
1963
A Irmã Hildebaldis substituiu a Irmã Heinrica na direção do Hospital.
A nova ala de três pisos foi terminada. Nela, a cozinha e a clausura.
191
1964
O Hospital foi revestido com pastilhas.
Novo retiro para 95 moças ao fim do qual cada uma entregou uma rosa
para cada uma das enfermas.
1965
Não houve a crônica.
1966
No Raios-X estiveram 6.679 usuários .
Nasceram 1.672 crianças.
1967
Terminado o “esqueleto” do novo prédio de cinco andares.
O número de Irmãs diminuiu de 25 para 21 Irmãs.
Foi grande o revezamento de Irmãs na casa da Praia da Tereza, “para refazer
suas forças”.
1968
Já trabalhavam no Hospital 23 médicos. Eram também 23 as Irmãs,
contando nove delas com mais de 60 anos e quatro aposentadas por idade
avançada. Assim, a força de trabalho se limitava a dez Irmãs.
Em destaque os trabalhos realizados na Chácara da Divina Providência:
40 vacas leiteiras produzindo de 260 a 280 litros de leite por dia.
Sendo criados 28 novilhos e bezerros.
120 porcos dos quais 6 a 8 eram “carneados” por mês.
6.000 galinhas, pintos e frangos com postura de 450 a 500 ovos por semana.
Abate de 150 por mês.
1969
Neste ano, 14 Irmãs que não estudavam desde a infância, retomaram
seus estudos.
192
A nova ala de cinco andares estava semipronta.
Liliana Cavalcanti Soares veio somar forças ao Hospital. Foi ela a primeira
Assistente Social desta Casa.
1970
Inaugurado o novo centro cirúrgico no quinto andar, contando com oito
salas de cirurgia, recuperação pós-anestésica e centro de esterilização.
1971
A casa da praia da Tereza recebeu energia elétrica, geladeira e fogão a gás.
Neste ano os empregados do Hospital eram em torno de 250.
A Rural foi substituída por uma Kombi para proporcionar o transporte de
maior número de pessoas e de bagagens.
O Padre Érico Hahler completou 25 anos de sacerdócio.
A 20 de agosto faleceu, aos 90 anos de idade, o Dr. Otto Feuerschutte, o
primeiro médico nascido em Tubarão a trabalhar no Hospital.
Em 5 de setembro a nova Kombi do Hospital envolveu-se em um acidente,
o que causou a morte da Irmã Eduwiges e seqüelas permanentes na Irmã
Ieda.
1972
As Irmãs Damiana, Terezilda, Zenilda e Lisete foram para Florianópolis
para cursarem o Curso de Auxiliar de Enfermagem, vindo para cá as Irmãs
Julia, Marli, Joana, Hilga e Clélia.
Implantado o SAME, Serviço de Arquivo Médico Estatístico.
O Hospital hospeda alguns casais participantes da XX Convenção Distrital
de Lions Clubes.
O quarto andar do novo prédio é ativado.
No dia primeiro de maio aconteceu “churrascada” para os empregados.
193
1973
Trabalhavam no Hospital 29 Irmãs.
Comemorou-se os 70 anos de vida religiosa da Irmã Laura.
Inaugurados a nova Emergência, o Laboratório de Análises e a UTI.
Estagiaram no Hospital os alunos do Curso de Técnicos em Enfermagem
do Colégio São José.
1974
Com início a 23 de março aconteceu a catastrófica enchente cujo
detalhamento se encontra em outra parte do livro. O Hospital abrigou
muita gente, abrindo a clausura para médicos, funcionários e familiares.
Em 29 de março as Irmãs idosas foram transferidas para a Trindade.
O hospital doou 1.127 peças de roupas de uso pessoal, cama e mesa, para
os empregados flagelados pela enchente.
Admitidos os doutores Alfredo Maia, Orlando Rolin e Rolando Gomes
da Silva.
1975
Iniciado o atendimento ao Funrural.
No dia 5 de janeiro festejou-se, na chácara, o jubileu argênteo da Irmã
Paulina Flack e o jubileu áureo da Irmã Gunilde.
A 4 de fevereiro assumiu o cargo de Diretora, a Irmã Lucia Herta
Rockembach.
Em agosto foi criada a Associação dos Funcionários.
1976
Comemorou-se o jubileu de 70 anos de vida religiosa da Irmã Hildegunda.
Aposentou-se Benjamim Rampinelli, mestre de obras do Hospital por
longos anos.
194
O Bispo da Diocese de Tubarão, Dom Anselmo Pietrula foi homenageado,
no Hospital, com um almoço, ao ensejo do seu septuagésimo natalício.
Instalado o sistema interno de som contando com 50 autofalantes.
1977
As novas superioras têm vindo visitar o Hospital para observá-lo,
principalmente a Irmã Enedina, que é Enfermeira.
As dificuldades financeiras, que incluíam títulos protestados e dívidas
para com os fornecedores, fizerem com que o Hospital tivesse que diminuir
o seu quadro funcional.
Em 18 de agosto aconteceu nova inundação, esta em menores proporções,
com invasão pelas águas na emergência e na lavanderia.
1978
Houve a instalação de uma ala psiquiátrica contando com 31 leitos, por
solicitação do INAMPS e que foi aprovada pelo órgão, mas que nunca
funcionou como Psiquiatria.
Procedeu-se ao reerguimento de dois pavilhões na Granja, que haviam
sido derrubados por um vendaval.
Registra-se com pesar as mortes dos Papas Paulo VI e João Paulo I que
exerceu o pontificado por apenas trinta e três dias, falecendo a seguir,
seguindo-se a eleição do Papa João Paulo II.
Acontece o saneamento econômico-financeiro do Hospital.
O Padre Bertilo Schmidt é agora o capelão do Hospital.
1979
O Hospital contava então com 24 Irmãs.
195
Festejou-se o jubileu argênteo da Irmã Elly.
Foram recebidas, da Alemanha, três grandes caixas contendo crucifixos
doados por um irmão da Irmã Bernardetta, e que foram afixados pelos
quartos e enfermarias.
Aconteceram roubos nas casas de praia da Tereza e do Gi. Esta última
estava sendo compartilhada com as Irmãs do Colégio Stella Maris, de
Laguna.
1980
A Irmã Hildegunda, então com 90 anos, pediu transferência para a
Trindade.
Em 4 e 5 de julho, um grupo de Irmãs viajou para Porto Alegre para ver e
ouvir de perto o Santo Padre, João Paulo II, que estava em visita àquela
cidade.
A partir da década de oitenta, as CRÔNICAS se tornam mais técnicas e
minuciosas e, portanto, mais extensas, narrando o dia-a-dia da vida no
Hospital.e, a partir de 1997, elas são ilustradas com gráficos, estatísticas e
fotografias. Elas mostram, em profusão, a intensa atividade desenvolvida
no Nossa Senhora da Conceição como cursos, simpósios, congressos,
comemorações de efemérides, a vinda de novos médicos, a incessante
aquisição de novos equipamentos.
A continuidade da edição das “CRONICAS” garantirá, a qualquer
momento, o resgate da história do Nossa Senhora da Conceição.
Para o historiador, o nostálgico período estudado representa uma excelente
fonte de informações, a partir da qual é possível formular algumas ilações
sobre a vida no Hospital:
Transparece a forte inserção e a grande importância do Hospital no seio
da comunidade, como a participação em todos os eventos históricos da
Cidade Azul.e da região.
196
É flagrante a histórica e permanente odisséia das Irmãs da Divina
Providência em sua luta para superar as carências do Hospital, na vigência
de um Sistema de Saúde que, desde o início foi extremamente deficiente
em termos de recursos necessários para manter o Hospital e para permitir
a ampliação das suas instalações, em função da crescente demanda ditada
por um notável crescimento populacional e pelo fato de o Nossa Senhora
da Conceição ter se tornado Hospital de Referência no Estado de Santa
Catarina.
O incessante e avassalador progresso da medicina, conseqüência de uma
tecnologia de ponta cuja dinâmica faz com que equipamentos caríssimos
se tornem em pouco tempo obsoletos, acarreta enormes gastos para o
Hospital, sem os quais não é possível acompanhar a modernização na
prática da medicina, no que se refere a resolutividade no tratamento das
doenças.
Milagrosamente, a Direção do Hospital, mercê de um profícuo trabalho e
do irrestrito apoio de alguns políticos que vêm agilizando a obtenção de
recursos e também com doações por parte de beneméritos benfeitores,
vem conseguindo acompanhar a modernização da medicina, com a
aquisição de sofisticados equipamentos que permitem o diagnóstico e a
cura de insidiosas enfermidades, o que era, até bem pouco tempo,
impossível.
Transparecem também as preocupações e as atenções que sempre foram
prestadas pelas Irmãs para com o quadro funcional da Casa.
Como conseqüência de uma mudança de costumes, de uma mentalidade
atual que rejeita o comedimento nos prazeres da vida, e da permissividade
que se observa na sociedade do mundo moderno, estão em queda as
vocações sacerdotais para o exercício de uma atividade que requer renúncia
e desprendimento como o é ser uma Irmã de Caridade.
Assim, é flagrante um progressivo esvaziamento no que tange à procura
do exercício da vida religiosa.
Por este motivo, as equipes diretivas do Hospital, outrora compostas
somente por Irmãs, contam, na atualidade, com pessoas leigas que vieram
somar seus esforços no atingimento de uma boa administração.
197
Não só no Brasil isto acontece. No livro “É obra do Senhor”, da Irmã
Elisabeth Rottmann, que conta a história da Congregação das Irmãs da
Divina Providência, a autora retrata uma dramática queda no contingente
de Irmãs na Alemanha, na década de setenta:
Portanto, ocorreram também na Alemanha, mais óbitos do que admissões,
com relação às Freiras.
198
QUADRO
ESTATÍSTICO DAS
INTERNAÇÕES NO
HOSPITAL
1906 - 2004
199
Quem em 1907, quando o Hospital teve pacientes internados durante
todo o ano, poderia supor que as setenta internações havidas naquele ano
transformar-se-iam em vinte mil, trezentos e quarenta e três, em 1982?
Assim evoluiu a estatística, ao longo da centenária existência do Hospital
Nossa Senhora da Conceição:
200
As internações totalizavam, até 2.003, 789.85l. Vinte e oito eram os leitos
inicialmente. Na atualidade, 400 são os leitos no Hospital. Ele é o maior
hospital no Estado de Santa Catarina.
201
A seguir, alguns parâmetros de atendimento no HNSC nos últimos dez
anos.
* Projeção para 2004.
* Projeção para 2004.
202
* Projeção para 2004.
* Período 01/2004 à 06/2004.
203
204
UM CASO MÉDICO
205
No Hospital Nossa Senhora da Conceição labuta uma plêiade de médicos
de excelente formação e de grande competência, que primam pela
constante atualização, mediante a participação em Cursos e Congressos.
Em número de cento e quarenta cobrindo quarenta e duas especialidades
médicas, a excelência do seu trabalho, aliada a uma competente equipe
de enfermagem e aos equipamentos de última geração, fazem com que o
nosso Hospital mereça a qualificação de Hospital de Referência no Estado
de Santa Catarina.
Ao narrar-se o caso médico que se segue, na individualidade do angiologista
Reginaldo Boppre, homenageiam-se todos os demais médicos que fazem,
com o seu trabalho, a grandeza do Hospital:
Era um primeiro de janeiro. Um Novo Ano começava. Em sua casa, na
distante Madre Laguna, a trinta e cinco quilômetros de Tubarão, dos quais
dezessete eram percorridos ao longo de uma rudimentar, poeirenta e
perigosa estrada de terra, que se lançava morro acima, morro abaixo em
todo o seu percurso, Reginaldo Boppre dormia, descansando do Reveillon
da passagem do ano 1987 para 1988
Foi quando alguém bateu à sua porta aflitamente gritando:
- O Mazinho (Ademar Lindenburg) se machucou com o facão. Está
perdendo muito sangue!
Boppré, do jeito que estava, apenas de calças e sem camisa e descalço,
correu para ver o acidentado. O paciente estava em um carro agonizando.
O pobre homem, ao tentar colher um cacho de bananas, subiu em um
banco que, ao desferir o golpe, quebrou-se, desgovernando o movimento
com o facão, que se cravou na raiz da sua coxa, seccionando as calibrosas
artéria e veia femorais.
A profusa hemorragia que se produzia tiraria a vida do indigitoso lavrador,
de quarenta anos, pai de quatro filhos menores em poucos minutos.
Sem perda de tempo, Boppre enfiou os dois dedos indicadores nas “bocas”
da artéria e da veia, detendo, desta forma, a hemorragia, e ordenou a
206
partida imediata da condução.
Após uma inquietante hora consumida no transporte, o pessoal da
Emergência presenciou a chegada do paciente, banhado em sangue e do
doutor Boppre sem camisa e sem sapatos e também ensangüentado,
ferreamente unido ao paciente, por suas mãos.
Subindo imediatamente para o Centro Cirúrgico, sem qualquer preparo
para cirurgia, o médico clampeou as duas extremidades seccionadas da
artéria e da veia, o que se seguiu de uma anastomose término-terminal
(emenda de boca com boca), feita com grande habilidade e técnica, no
que foi auxiliado pelo cirurgião plástico Luiz Fernando Miranda. Uma
transfusão de cinco litros de sangue tirou o paciente do choque
hipovolêmico.
Assim, Ademar não sucumbiu, lá no longínquo Parobé por causa do seu
seríssimo ferimento o que teria fatalmente acontecido se Reginaldo Boppre
lá não estivesse, certamente colocado pela mão da Providência.
Doutor Reginaldo Boppre.
Um grande valor como médico e como pessoa humana.
207
208
UM AFINADO
CORAL
209
Um dos valores do Hospital Nossa Senhora da Conceição é o seu conjunto
coral.
O simples fato de o grupo ser composto por funcionários, Irmãs, exempregados, aposentados e pessoas da comunidade, já demonstra um
aspeto positivo de integração entre os diversos segmentos humanos ligados
ao Hospital.
Sob a competente direção do maestro Valério Wernke, o coral está sempre
presente nas solenidades e nas missas festivas e solenes que acontecem
no Hospital e em outros locais da comunidade.
Ao repertório de músicas de inspirados compositores, juntou-se em 2004,
o Hino do Centenário do Hospital cuja letra foi escrita pela Irmã Cléa
Fuck, a música composta por José Acácio Fontana e arranjo pelo padre
Silvestre Phillippi.
210
211
212
QUEM É IRMÃ
ENEDINA, O
DÍNAMO QUE
ENERGISA O
HOSPITAL
213
Um domingo pela manhã. “Céu de brigadeiro”, temperatura amena,
convidativa para um contato com a natureza ou para uma simples
caminhada.
Conforme agendado, encontramos Irmã Enedina em seu escritório, no
Hospital, que dirige há quinze anos.
A mesa ostentando grandes pilhas de processos e trabalhos pendentes de
estudo ou de solução. Na estante, muitas pequenas lembranças e
homenagens em forma de placas e de troféus conquistados mercê do seu
incessante labor em prol do Nossa Senhora da Conceição.
Então, começamos a nossa entrevista:
Wth .– Nome civil?
Ene. – Ilda Sacheti.
Wth. – Lugar de nascimento?
Ene. – São Ludgero.
Wth. – o que a levou a abraçar a carreira religiosa?
Ene. – O exemplo que me passaram as Irmãs de Caridade do colégio de
São Ludgero, onde estudei: de bondade, de dedicação, de amor ao próximo.
Wth. Onde fez o seu noviciado?
Ene. – Na Casa Provincial, em Florianópolis no ano de 1959.
Wth. – Em que ano entrou para a Vida Religiosa, na Congregação?
Ene. – Em dezesseis de fevereiro de 1958.
Wth. – E os primeiros votos?
Ene. – Em 11 de fevereiro de 1961 e os votos perpétuos em dez de abril de
1966.
Wth. – Em que instituições trabalhou?
Ene. – Hospital Sagrada Família em São Bento do Sul. Maternidade Tereza
Ramos, em Lages e novamente em São Bento do Sul. Depois de dez anos
em cargos na Direção da Província em Florianópolis e, finalmente, a vinda
214
Irmã Enedina Sacheti.
Atual Diretora Geral do
Hospital
para o nosso Hospital, em 1987.
Wth. – Onde foi a sua formação como Enfermeira?
Ene. – Na Faculdade Católica do Paraná, em Curitiba.
Wth. – Que cargos públicos exerceu?
Ene. – Membro da Diretoria da Associação dos Hospitais de Santa Catarina
e também do Sindicato dos Hospitais de Santa Catarina, de 1981 a 1995.
Fui membro do Conselho Estadual de Saúde, por quatro anos
representando os hospitais de Santa Catarina e ainda titular do CARS,
Centro Administrativo das Regionais de Saúde da Associação dos
Hospitais de Santa Catarina. Exerço o cargo de Presidente do Sindicato
dos Estabelecimentos de Saúde (SINESSUL), por quatro gestões, desde
1995 até a atualidade.
Wth. – E quanto a cargos eclesiásticos?
215
Ene. – Nos dez anos na Direção da Província, exerci durante quatro anos
como assistente provincial e seis como Vice-Superiora Provincial tendo
sido também coordenadora de Saúde responsável pelos hospitais da
Província desde 1977 até hoje.
Wth. – Nesta longa militância eclesial, que personalidades conheceu?
Ene. – Tive a oportunidade de conhecer o Governador Antonio Carlos
Konder Reis, que sempre foi um grande amigo da Congregação; O Ministro
da Saúde Alcenir Guerra de quem recebemos US$ 137.000,00 para a compra
do tomógrafo; o Ministro Adhemar Ghisi, outro grande amigo e benfeitor
do Hospital que sempre esteve conosco junto ao Ministério da Saúde,
intercedendo pelos nossos projetos e aspirações; José Serra, Ministro da
Saúde; os Governadores Wilson Kleinubing e Esperidião Amin sendo que
este último defendeu a Instituição quando a Prefeitura de Florianópolis
pretendia simplesmente desapropriar um valioso terreno na Trindade,
pertencente à Ordem. Amin ajudou na permuta do terreno por calçamento
e iluminação do loteamento Santa Mônica, propriedade das Irmãs, junto
ao IPUF e a CELESC, respectivamente.
Wth. – Que lugares conhece deste mundo de Deus?
Ene. – Em 1982 tive a felicidade de participar do Capítulo Geral da
Congregação, na Friedrichburg, em Munster, durante dois meses. Foi muito
gratificante e emocionante conhecer os lugares onde a Congregação teve
suas raízes e também por onde teve que peregrinar em função da
Kulturkampf e da Segunda Guerra Mundial. Nessa oportunidade conheceu
Keveller, viajando também pela Holanda e Luxemburgo, para onde foram
praticamente expatriadas Irmãs e o Padre Eduardo Michelis, fundador da
Congregação. Da Westfalia, dirigiu-se a Colônia e dali para Roma, com
passagem por Assis.
Em 1996 empreendeu nova viagem, desta vez em forma de peregrinação,
para conhecer Israel, com passagem por Roma e por Lurdes e também
pelo Cairo. Tal viagem, em função dos históricos locais para a religião
católica visitados, foi também uma experiência desvanecedora para ela.
Wth. – O que é da sua lavra, no Hospital?
Ene. – Duas realizações reputo importantes:
Sendo a primeira a implantação do Serviço de Diagnóstico que passou a
contar com tomografia computadorizada, ultra-sonografia com Doppler
colorido, espirometria, retinografia, laser oftalmológico e endoscopia. Estes
216
equipamentos se faziam necessários para acompanhar a corrida
tecnológica hora existente em busca do aperfeiçoamento da prática da
medicina.
A segunda realização é a ampliação do Hospital com a construção de um
novo edifício com sete pisos, com um aumento real da área, na ordem de
seis mil metros quadrados, praticamente consolidados e que já permitiu
a instalação e a ampliação de departamentos como uma nova Unidade de
Tratamento Intensivo, de uma moderna seção de enfermarias, a Pediatria,,
a Ala São Vicente de Paula, de serviços de apoio como Farmácia, Nutrição
Enteral e Parenteral, Almoxarifado, Laboratório de Manipulação, Oficinas
para a Manutenção incluindo Carpintaria, Pintura, Eletroeletrônica,
Gráfica já instalados, e iminente instalação de um novo Centro Cirúrgico
com doze salas para cirurgia, novos apartamentos de luxo dotados de
computadores ligados a Internet e Fax. Sobre o prédio, será construído
um heliponto para a recepção imediata de enfermos de alto risco. Até o
fim de 2004, o novo prédio deverá estar concluído em todos os seus andares
e equipado.
Wth. – Além da sua militância no Hospital Nossa Senhora da Conceição,
o que mais marcou a sua vida como profissional da Saúde?
Ene. – Como Religiosa e Enfermeira, o que mais me marcou foram os dez
anos em que fui responsável, em Lages, pelo berçário de prematuros e
berçário de recém-nascidos normais, no tempo em que não existia pediatra
em berçários. Quem olhava os recém-natos era o obstetra, que era o médico
das mães das crianças.
Muitos foram os recém-natos que nasceram com o coração parado que,
mediante aplicação de adrenalina no músculo cardíaco, feita por mim,
voltaram à vida. Este êxito, é claro, produzia em mim um uma forte
emoção e imensa gratificação que ficaram indeléveis até os dias de hoje.
De todas as crianças assim tratadas e recuperadas, não tenho notícia de
que alguma tenha ficado com seqüelas.
Wth. – Quais os seus planos para o futuro?
Ene.- Concretizar o Plano Diretor do Hospital com reestruturação do
mesmo, que levará em conta humanização, racionalização e modernização,
como a que foi feita recentemente na seção de Neurologia e Neurocirurgia
e na Emergência, inaugurados há poucos dias.
Outra meta é introduzir aqui a quimioterapia, a cirurgia cardíaca, a cirurgia
217
para a cura da epilepsia e ampliar a cirurgia de transplantes com a realização
dos mesmos em outras especialidades.
Wth. – Qual a principal garantia com que a Irmã conta para a concretização
deste ambicioso plano de trabalho?
Ene. – “É a Fé, a confiança em Deus. O que não se consegue, Ele consegue,
pois como se vê na logomarca da Congregação, está escrito: Tua
Providência Tudo Governa”.
218
HOSPITAL
REFERÊNCIA
219
“Preservar a vida, garantindo assistência médica integral à saúde a todos
os segmentos da sociedade, visando qualidade e competência, seguindo
princípios éticos e cristãos” é a missão do Hospital Nossa Senhora da
Conceição que atualmente é o maior do Estado de Santa Catarina em
números de leitos, com um total de 400. Entidade filantrópica de direito
privado e sem fins lucrativos tem a Sociedade Divina Providência como
mantenedora da instituição.
O Hospital Nossa Senhora da Conceição exerce um importante papel na
sociedade. Segundo dados estatísticos, atende mais de 80% dos pacientes
pelo Sistema Único de Saúde - instituição em Santa Catarina que mais
atende pacientes pelo SUS. A dedicação do HNSC para com a saúde da
região permite com que o município de Tubarão se reafirme como póloregional. Contribui para o desenvolvimento econômico da cidade
empregando mais de 720 funcionários, cerca de 120 médicos e mais 15
médicos plantonistas.
Considerado como hospital de destaque para o Estado devido sua
resolutividade é referência hospitalar para atendimentos em urgência e
emergência, alta complexidade em Neurocirurgia nível II, UTI tipo II,
UTI Neonatal/Pediátrica tipo III e alta complexidade em Ortopedia/
Traumatologia. É referência também no atendimento à gestante de alto
risco.
O Hospital Nossa Senhora da Conceição em setembro de 2004.
220
CONQUISTA
EM
PROL DA MÃE E DO
BEBÊ
221
Projeto Mãe Canguru.
Em 15 de março de 2001, o HNSC conquistou o Título ‘Hospital Amigo
da Criança’, concedido pelo Unicef – Fundos das Nações Unidas para a
Infância e Ministério da Saúde e Secretaria de Estado de Saúde, por
incentivar o aleitamento materno. O título foi alcançado graças ao
empenho e dedicação de toda a equipe profissional do HNSC que não
mediu esforços para atingir os 10 passos para o sucesso do aleitamento
materno.
Como recompensa, o HNSC recebe do Ministério da Saúde repasse de
10% nos procedimentos obstétricos, 40% nos ambulatoriais e R$ 40,00
por cada gestante que faz o pré-natal completo. Para alcançar e manter o
título toda a equipe multiprofissional vem atuando desde 1997. Durante
a ocasião da entrega do título estavam presentes representantes do
Ministério da Saúde, da Secretaria do Estado de Saúde, além de autoridades
de Tubarão.
Dentre as inúmeras atividades e serviços que incentivam o aleitamento
materno estão: Curso para gestante, Banco de Leite, Projeto Mãe Canguru
e outros.
222
SERVIÇOS
DIFERENCIADOS
223
Ciente da necessidade de acompanhar as novas tecnologias e exigências
do mercado, o Hospital de Tubarão busca constantemente qualificar seu
quadro funcional e adquirir equipamentos de última geração. Centro de
referência na assistência médica, oferece atendimento espiritual e
humanizado a todos os pacientes, em 37 especialidades, não importando
sua procedência ou condição, seja através do SUS ou de atendimentos
particulares e convênios.
Especialidades oferecidas pelo HNSC
Alergologia, anestesiologia, angiologia, cardiologia, cardiologia pediátrica,
cirurgia buco-maxiliar, cirurgia de cabeça e pescoço, cirurgia pediátrica,
cirurgia geral, cirurgia plástica e reparadora, cirurgia torácica; clínica geral;
dermatologia, endocrinologia; fisioterapia, fonoaudiologia,
gastroenterologia, ginecologia/obstetrícia, hematologia, infectologia,
nefrologia, neonatologia, neurologia, neurocirurgia, nutrição, odontologia,
oftalmologia, oncologia, ortopedia/traumatologia, otorrinolaringologia,
pediatria, pneunomologia, pneumologia pediátrica, proctologia, psicologia,
psiquiatria, radiologia, reumatologia, serviço social e urologia.
Cena de sala de operação: em curso, uma microcirurgia em crânio.
224
O HNSC é uma instituição comprometida com a segurança e qualidade
dos procedimentos realizados, desde o mais simples até os mais complexos,
como as cirurgias neurológicas, na qual somos referência. Um dos
diferenciais do HNSC está nas cirurgias invasivas na qual micro-câmaras
e instrumentos finos permitem que sejam realizadas apenas pequenas
incisões na pele nos pacientes. A complexidade também se estende aos
procedimentos clínicos realizados como tratamento para dor crônica e
aguda, suporte nutricional, psicológico, espiritual, entre outros. Além
disso, o HNSC é credenciado para captação de córneas. Em13 de novembro
de 2003, com o auxílio de cirurgiões de outros municípios do Estado, foi
realizado no HNSC a primeira captação múltipla de órgãos.
O HNSC dispõe ainda do CENTRO DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM,
que através de aparelhos modernos propiciam aos pacientes maior
segurança na realização dos exames. No campo radiológico, por exemplo,
o centro possui os equipamentos para a tomografia computadorizada,
mamografia, ultra-sonografia com doppler colorido, radiologia
convencional e outros exames como endoscopia digestiva,
eletroencefalografia, entre outros.
A Ultrassonografia.
A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA ADULTA, reinaugurada em 29
de março de 2004, é referência na região da Amurel. Dispõe de vinte leitos
credenciados pelo SUS atendendo em média 100 pacientes por mês. É
totalmente equipada com aparelhos de última geração, além de contar
com profissionais especializados em diversas áreas.
A UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL/PEDIÁTRICA,
inaugurada em 2001, também é referência quando o assunto é
atendimento às crianças de 0 a 14 anos. Única na região, atendendo
pacientes desde o município de Garopaba até a divisa do Rio Grande do
Sul, possui sete leitos para a unidade neonatal e três para a pediátrica,
credenciados pelo SUS. Suas características são o atendimento
225
humanizado, o avanço tecnológico e a assistência de especialistas das
diversas áreas da saúde, que prestam cuidados por 24 horas.
Com um programa de educação continuada, o HNSC procura sempre
buscar o tratamento adequado aos pacientes e familiares promovendo
constantemente a integração e a educação dos seus colaboradores com a
intenção do paciente obter conforto no ambiente hospitalar. É
multiplicador de conhecimentos básicos de saúde, alimentação e educação,
através de programas de humanização para os pacientes, familiares e
colaboradores. Inclusive alguns dos seus programas foram indicados como
modelos para outras instituições de saúde do Estado. Os projetos ABC do
Acompanhante e Vida Nova são iniciativas inovadoras e de referência,
bem como o Projeto Mãe Canguru. Para tanto, se faz necessário a
qualificação profissional de seus colaboradores que se torna ainda mais
essencial diante dos pacientes que procuram à Instituição, pois é
fundamental que o colaborador reconheça as fraquezas e individualidades
de cada um. Somente assim poderá oferecer um atendimento com mais
segurança e qualidade.
226
INFRA-ESTRUTURA:
ONTEM E HOJE
227
Consagrando-se como um complexo hospitalar de grande porte no Estado
de Santa Catarina, o Hospital de Tubarão conta atualmente com vinte
mil metros quadrados de área construída e 400 leitos colocados á disposição
da região da Amurel – maior hospital do Estado de Santa Catarina, em
número de leitos. Anteriormente ao lançamento da pedra fundamental
da obra de ampliação, que ocorreu em 08 de outubro de 2001, a área física
da instituição era de 14 mil metros quadrados.
O novo prédio começou a ser erguido com o auxílio do Ministério da
Saúde, por meio de intervenções do senador Geraldo Althoff, com uma
verba inicial de R$ 1.248.000,00. Logo após, foi paralisada em virtude do
contingenciamento de 50% da verba prevista, na época no valor de R$
2.500.000,00 Nesta época, os recursos concedidos pelo ministério
possibilitaram a instituição levantar a estrutura, paredes, rebocos interno
e externo. Para a segunda etapa da obra, como a colocação de portas,
janelas, acabamentos e a instalação de equipamentos, a instituição buscou
auxílio na comunidade.
Dos sete pavimentos da edificação, cinco já foram concluídos. O térreo
abriga o setor de manutenção, departamento de engenharia e gráfica,
concluído com os recursos alcançados com a venda de mercadorias.
Farmácia, laboratório de manipulação, nutrição enteral e parental e
almoxarifado funcionam no primeiro piso. O térreo e o primeiro
pavimento foram concluídos com os recursos alcançados com a venda de
mercadorias recebidas da Receita Federal. A pediatria com 34 leitos,
inaugurada no dia 10 de setembro de 2004, está instalada no segundo
andar, finalizada com recursos do Ministério da Saúde. No terceiro piso
está a Ala São Vicente de Paula, com 39 leitos hospitalares para SUS,
convênios e particulares. Este pavimento foi concluído graças ao
envolvimento da comunidade com o projeto ‘Adote em Leito’. A UTI
adulto, unidade referência no Estado de Santa Catarina, com 20 leitos,
funciona no quarto piso. Esta obra foi finalizada graças aos recursos
recebidos do Governo do Estado de Santa Catarina. O Centro Cirúrgico,
que atualmente dispõe de sete salas cirúrgicas e que com a inauguração
da ampliação do setor passará para 12, funciona no quinto. Já o sexto
piso será dedicado a criação de novos leitos hospitalares. A novidade do
prédio é o heliponto, que ao ser inaugurado, será o primeiro de Tubarão.
Localizado no último andar, facilitará os atendimentos emergenciais e as
captações de órgãos. Hoje, o projeto do heliponto se encontra em fase de
aprovação no Departamento de Aviação Civil (DAC). O projeto
228
arquitetônico da obra é do primeiro engenheiro e funcionário do Hospital,
Luciano Bendo Scandolara que junto às diretoras do Hospital adequaram
a edificação de acordo com as necessidades. O projeto está de acordo com
as normas e exigências da Secretaria de Estado de Saúde.
O Hospital Nossa Senhora da Conceição conta atualmente com os Setores
classificados abaixo:
A equipe diretiva, em 2004.
DIREÇÃO GERAL: coordena dos diversos serviços buscando uma unidade
de ação e estimula a participação de todos os colaboradores.
Diretora Geral: Irmã Enedina Sacheti
Diretora Administrativo/Financeira: Rute M. Meneghel
Diretora de Enfermagem: Irmã Nazarita Rafael
Diretora de Apoio: Camila M. Philippe
Diretora Técnica: Dra. Maria Zélia Baldessar
Diretora de Recursos Humanos: Liliana C. Soares
Assessora de Gestão: Sônia Regina de M. Corrêa
229
DEPARTAMENTO ADMINISTRATIVO: coordena, qualifica e avalia
os serviços administrativos e financeiros.
Almoxarifado – presta serviços de almoxarifado aos setores do
HNSC;
Assessoria de Comunicação – divulga dentro dos princípios
éticos e cristãos, as ações e serviços de assistência social do hospital
a todos os segmentos da sociedade.
Assessoria Jurídica – oferece apoio técnico jurídico à
administração do hospital, desenvolvendo funções de assessoria,
consultoria e prevenção;
Serviço Social – presta assistência social aos funcionários e
clientes do hospital;
Auditoria de Prontuários – agiliza e melhora a qualidade de
preenchimento de prontuário médico do SUS e convênios, a fim de
torná-lo um documento confiável, prático e seguro, favorecendo
um faturamento de modo correto dentro do prazo determinado;
Contabilidade e Tesouraria – elabora relatórios contábeis e gerenciais
tempestivamente e efetua pagamentos e recebimentos de contas e
disponibiliza à direção informações seguras para a tomada de
decisões;
DPVAT – orienta os pacientes vítimas de acidente de trânsito e
elabora e encaminha para a cobrança as contas hospitalares do
convênio DPVAT;
Farmácia – presta serviço de farmácia aos setores da instituição;
Faturamento – elabora as contas hospitalares e as encaminha
para cobrança dentro dos prazos estipulados pelos convênios;
Prontuário – presta serviço de recepção, informação e internação
aos clientes;
CPD – (Centro de Processamento de Dados) – acompanha e
implanta novas tecnologias; a fim de proporcionar ao hospital um
sistema de informação seguro e confiável;
Recursos Humanos: Psicologia e Depto Pessoal – contrata corpo
funcional qualificado e motivado, respeitando a legislação vigente,
desenvolvendo educação e treinamento;
Segurança do Trabalho – desenvolve ações referentes à segurança
do trabalho visando o corpo funcional qualificado e apto a
desenvolver suas tarefas;
Setor de Compras – presta serviços de compra aos setores do
hospital garantindo produtos com melhor preço e qualidade;
Pastoral da Saúde – promove a reflexão e o cultivo espiritual de
toda a comunidade hospitalar, para a defesa e promoção da vida,
230
coordena grupos de voluntários e presta assistência espiritual aos
pacientes.
DEPARTAMENTO DE APOIO: coordena, qualifica e avalia os serviços
de apoio.
Nutrição – presta assistência nutricional e fornece refeições
balanceadas voltadas às necessidades dos clientes, visando ainda
a recuperação da saúde. Aproximadamente 1200 refeições são
produzidas por dia no HNSC.
Costura – confecciona e conserta roupas de acordo com as
necessidades dos clientes;
Manutenção - presta serviço de manutenção corretiva
e preventiva na estrutura hospitalar.
Gráfica – produz material gráfico de expediente e fotocópias.
Higienização e Limpeza - prepara e mantém o ambiente
adequado à execução das atividades hospitalares na infraestrutura do HNSC que é de 20 mil metros quadrados.
Lavanderia – fornece roupa limpa aos seus clientes internos
e externos. Por mês são lavados em média 40 mil quilos de roupas.
SAC - Se rviço de Atendimento ao Cliente – presta atendimento
ao cliente, buscando soluções para as necessidades, objetivando
a satisfação.
DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM: coordena, qualifica e avalia
os serviços de enfermagem, fisioterapia e diagnóstico por imagem.
Alojamento Conjunto – presta assistência de enfermagem a
gestante e puérpera, estimulando a amamentação natural e
proporcionando a participação da família nos processos.
Atualmente oferece 41 leitos, sendo dois para gestantes de altorisco.
UTI Neonatal/Pediátrica –presta assistência integral de
enfermagem a criança de alto risco, de 0 a 14 anos. Dispõe de 10
leitos: sete para a unidade neonatal e três para a pediátrica.
Banco de Leite – presta assistência de enfermagem às mães e
recém-nascidos mantendo a segurança e a qualidade nos
processos de coleta, pasteurização, armazenamento e distribuição
do leite materno humano. Arrecada 100 mil/ml de leite por mês.
Centro Obstétrico – presta assistência de enfermagem as
gestantes, parturientes e recém-nascidos. Em média 200 crianças
nascem por mês no setor. Em 2003, foram realizadas no Centro
Obstétrico 2652 internações.
231
Centro Cirúrgico – oferece serviços de diagnóstico e tratamento
cirúrgicos aos clientes. No setor são realizadas cerca de 880
cirurgias por mês de pequeno, médio e grande porte.
Centro de Esterilização – presta serviço de esterilização e
desinfecção de ferramentas hospitalares.
UTI Adulto – presta assistência de enfermagem especializada e
humanizada a clientes com alto risco de vida. Atualmente conta
com 20 leitos credenciados pelo SUS. Cerca de 100 pacientes por
mês recebem atendimento na unidade que é referência na
AMUREL.
Raios-X – realiza e oferece apoio em exames radiológicos
convencionais e invasivos para pacientes internos e externos.
São realizados por mês aproximadamente oito mil exames
radiológicos.
Emergência – presta assistência ambulatorial de urgência e
emergência aos clientes do SUS. Cerca de 11 mil pessoas são
atendidas por mês.
Pronto Atendimento - presta assistência ambulatorial aos clientes
particulares e de convênios na urgência, emergência e
ambulatório. Por mês são realizadas neste setor cerca de duas
mil consultas.
Ala São Vicente de Paula – presta assistência de enfermagem
médico-cirúrgica para pacientes de convênios e particulares.
Oferece 39 leitos hospitalares.
Pediatria – presta assistência de enfermagem a crianças e
adolescentes. Dispõe de 32 leitos para o SUS e 2 suítes (convênio
e particular), sendo dois leitos para isolamento e quatro para
semi-intensivo, sala para o Projeto Classe Hospitalar, sala de apoio
para as mães e sala de estudos para os estagiários.
Agência transfusional – realiza transfusão de hemocomponentes
proveniente do Hemosc aos clientes internos e externos. São
realizadas por mês em média 300 transfusões de sangue e
derivados.
Setor de Controle de Infecção Hospitalar – coordena e controla
a infecção hospitalar na instituição com a assistência de um
médico infectologista, uma enfermeira e uma escriturária.
Fisioterapia – recupera, previne e proporciona alívio e bem estar,
visando a rápida reabilitação dos clientes externos e internos.
Dispõe de quatro fisioterapeutas e uma assistente, além do auxílio
de estagiários da Unisul. Por mês são realizados 2.270
atendimentos.
232
CDI – (Centro de Diagnóstico por Imagem) – executa assistência
na realização de diagnóstico por imagem em clientes internos e
externos. São realizados por mês em média 1.230 exames.
Setor 05 – presta assistência de enfermagem aos clientes do
SUS no pré e pós-operatório. Dispõe de 37 leitos;
Setor 12 – presta assistência de enfermagem ao cliente
neurológico. Dispõe de 27 leitos para pacientes do SUS.
Setor 08 - presta assistência de enfermagem aos clientes médicocirúrgicos para o SUS e convênios de segunda classe. Dispõe de
35 leitos
Setor 11 - presta assistência de enfermagem integral aos clientes
médico-cirúrgicos para pacientes de convênios e particulares.
Dispõe de 13 leitos.
Setor 03 – presta assistência de enfermagem aos clientes médicocirúrgicos e psiquiátricos de convênios e SUS. Dispõe de 14 leitos.
Setor: 06 – presta assistência de enfermagem a clientes médicocirúrgicos de convênios e particulares. Dispõe de 13 leitos entre
apartamentos e suítes.
Setor 09 – presta assistência de enfermagem ao cliente da clínica
médica feminina. Dispõe de 29 leitos;
Setor 07 – presta assistência de enfermagem a clientes em
tratamento clínico. Dispõe de 36 leitos;
Setor 10 – presta assistência de enfermagem integral aos clientes
médico-cirúrgicos para pacientes de convênios e particulares.
Dispõe de 15 leitos.
233
234
SURGE O PLANO DE
SAÚDE CONCEIÇÃO
235
Sede do Plano de Saúde Conceição.
Com o objetivo de proporcionar a região da Amurel, planos de saúde para
assistência médico hospitalar com qualidade e competência a fim de
garantir a sua auto-sustentação, foi criado em 25 de fevereiro de 1997, o
Plano de Saúde Conceição. Após sete anos, o Saúde Conceição continua
no mercado oferecendo inúmeras vantagens aos seus usuários que são
contemplados com serviços de ambulatório, exames, cirurgias e
internação. O Saúde Conceição auxilia ainda o HNSC com recursos para
melhoria das instalações do Hospital e compra de equipamentos
tecnológicos. Alguns dos auxílios do Saúde Conceição: compra de
mobiliário para os setores seis e 10, compra de uma copiadora, além de
condicionadores de ar para os quartos do setor 11, auxílio na reforma do
Setor 10 e 11 e a compra de um automóvel Uno para o HNSC.
O Plano de Saúde Conceição mantém também convênios com as maiores
instituições hospitalares de Florianópolis.
236
HOSPITAL DE
ENSINO: CENTRO
EDUCAÇÃO DO
PROFISSIONAL DE
AMANHÃ
237
DE
Há 30 anos, o Hospital Nossa Senhora da Conceição, de Tubarão, investe
na formação e educação de novos profissionais da área da saúde. Atuando
como Hospital de Ensino desde 1997, o HNSC oferece seu espaço físico
para mais de 800 estagiários que usufruem a estrutura física para colocar
em prática seus conhecimentos adquiridos durante o período acadêmico
e escolar.
A Instituição Hospitalar oferece campo de estágio para os cursos nas áreas
de medicina, fisioterapia, enfermagem, farmácia, psicologia, serviço social,
em parceria com a Unisul – Universidade do Sul de Santa Catarina. Além
da universidade, mantém convênio com o Senac – Serviço Nacional de
Aprendizagem do Comércio, para estágio no curso técnico de enfermagem,
bem como com a UFSC, Universidade Federal de Santa Catarina.
O Hospital Nossa Senhora da Conceição oferece também programas de
residência médica reconhecidos e credenciados pelo MEC – Ministério da
Educação e Cultura. Desde 2000, 12 médicos residentes já atuaram na
Instituição Hospitalar que dispõe atualmente de dois programas de
residência: Clínica Médica e Medicina Geral Comunitária-Saúde Família.
Em 2004, conquistou o credenciamento para o programa de residência
em Cirurgia Geral e em 2005 iniciará a primeira turma de residentes. O
Hospital de Tubarão pretende conquistar em breve novos credenciamentos
nas especialidades de Pediatria e Ginecologia. Os médicos residentes
permanecem na instituição durante dois anos, cumprindo um programa
coordenado e avaliado pelo MEC e médicos do corpo clínico da instituição.
Além de disponibilizar a estrutura para a atuação dos residentes, a
instituição paga uma bolsa de estudos como forma de incentivo ao
aperfeiçoamento destes profissionais de medicina.
Atualmente a residência no HNSC é coordenada pela cardiologista
intensivista Márcia Regina Pereira e tem como incentivadora a diretora
técnica, Dra. Maria Zélia Baldessar.
238
O prédio com as instalações para os alunos da UNISUL.
239
240
VOLUNTÁRIOS:
DEDICAÇÃO E AMOR
AO PRÓXIMO
241
Além de médicos, funcionários e Irmãs da Sociedade Divina Providência,
o Hospital Nossa Senhora da Conceição conta com o apoio e a dedicação
de grupos de voluntários que diariamente auxiliam os pacientes internados
na instituição, através de diversas ações que complementam o trabalho
do HNSC. Atualmente o Hospital conta com 300 voluntários distribuídos
em 12 grupos formados por pessoas da própria comunidade. Abaixo
destacamos o trabalho de cada grupo:
IRMÃS DA CONGREGAÇÃO DIVINA PROVIDÊNCIA – Desde 1906,
O HNSC conta com o apoio e auxílio de Irmãs que se dedicam diariamente,
sem remuneração, em prol da qualidade e segurança da saúde na região.
Elas atuam no setor administrativo, de enfermagem e na Pastoral, através
da assistência espiritual. Em 1950, chegamos a registrar 40 Irmãs prestando
assistência a comunidade de Tubarão. Segundo relatórios das crônicas do
Hospital, antigamente todas as responsáveis pelos setores eram Irmãs.
Em 2004, esta é a equipe de Irmãs, do Hospital:
Irmã Enedina Sacheti; Irmã Jovina Westrupp; Irmã Adriana Boeing; Irmã
Emélia Tondin; Irmã Alvina Gregorine; Irmã Alfreda Krötz; Irmã Irene
Neumann; Irmã Odilia Bersch; Irmã Delfina Besen; Irmã Filomena
Heidemann; Irmã Lurdes Martins; Irmã Olívia Prim; Irmã Nazarita Rafael;
Irmã Eliete Ferreira dos Santos; Irmã Markelizia Cruz Araújo; Irmã Dalva
Miranda.
A equipe das
Irmãs no ano
do centenário.
242
GRUPO DE SAMARITANAS - Fundado em 1979 por Pe. Bertilo Schmitz,
é o grupo que presta assistência há mais tempo no Hospital. Tem por
objetivo trabalhar a humanização junto aos pacientes e acompanhantes
reforçando o cultivo espiritual, de acordo com os ensinamentos cristãos.
Atualmente o grupo é presidido por Idia Rebelo. Diariamente os grupos
se dividem e visitam os pacientes fazendo orações e oferecendo o
Sacramento da confissão e comunhão aos que desejarem. Em doze de
outubro de 2.004, celebram 25 anos de existência.
CORAL DO HNSC - Desde 1993, o Hospital Nossa Senhora da Conceição possui
um Coral formado por homens e mulheres que juntos abrilhantam eventos e
celebrações eucarísticas realizadas no HNSC e nas comunidades. Atualmente
conta com 40 componentes. O maestro do coral é o Sr. Valério Werncke.
AVOPE - Outro grupo de voluntários que presta atendimento aos pacientes
do Hospital Nossa Senhora da Conceição é a AVOPE – Associação das
Voluntárias da Pediatria que há dez anos contribui para a rápida
recuperação das crianças internadas na pediatria do HNSC, levando alegria
e conforto aos que necessitam. Atualmente a associação é presidida pela
Sra. Maria Suely Brasil Silvestre (2004 a 2005). Entre as inúmeras ações
desenvolvidas pela Avope está o auxílio na transferência da pediatria para
um novo local mais adequado e seguro às crianças. Destacam-se também
as ex-presidentes da associação:
Maria de Fátima Althoff – 1994 a 1996
Mariléia Bardini – 1997 a 1998
Maríleia Maccari – 1999 a 2003
GRUPO DA COSTURA - O grupo foi fundado em 1996 pela Irmã Emélia
Tondin com a finalidade de confeccionar roupas pessoais, além de roupas
de cama, para serem distribuídas entre os pacientes carentes. As roupas
são doadas principalmente no momento da alta hospitalar na qual os
pacientes não têm o que vestir.
AVOMA - Desde 1997, a maternidade do Hospital Nossa Senhora da
Conceição, bem como suas pacientes contam com o apoio da AVOMA Associação das Voluntárias da Maternidade. Com trinta associadas, entre
donas de casa, empresárias e representantes de grupos de serviços, a
entidade tem o objetivo de orientar às gestantes e estimular o aleitamento
materno, além de auxiliar na coleta do leite humano nas residências das
doadoras e na doação de enxovais para as mães carentes. Atualmente é
243
presidida pela Sra. Norma Schotten. Uma das ações de grande destaque
está a reforma do Centro Materno Infantil e o auxílio na conquista do
Título Hospital Amigo da Criança. Destacamos as ex-presidentes da
associação:
Lucia Elizabete da Cunha Bittencourt
Dione Marcon Meneghel
Muitos são os grupos de ajuda ao Hospital.
Em AVOMA – Associação de Voluntárias da Maternidade,
homenageia-se a todos.
GRUPO DE VOLUNTÁRIOS IRMÃ DEMÉTRIA/MISSÃO FAMÍLIA Este grupo foi fundado em 2000 pela Irmã Teresina Rodrigues. Sua meta
é a de atender as pessoas necessitadas, pacientes e outras pessoas da
comunidade, inclusive funcionários do Hospital, através da
comercialização de peças doadas pela comunidade, num bazar montado
na própria instituição. Com estes recursos auxiliam as pessoas carentes
como o pagamento de estudos a pessoas carentes e até auxílio domiciliar.
GRUPO RAIO DE LUZ - Desde 2000, o Hospital Nossa Senhora da
Conceição e os pacientes contam com o auxílio do GRUPO RAIO DE
LUZ. Atualmente é presidido pelo Sr. Amaro Meurer. Dentre as inúmeras
atividades desenvolvidas pelo grupo está a de visitar os pacientes
244
internados, levando orientações de saúde e auxílio no que for necessário.
O voluntário Nilton Guedes Cardoso também foi presidente do grupo.
CONSELHO CONSULTIVO - Criado em 1997, o Conselho é formado
por empresários e representantes de entidades do município. Exercem
um importante papel social no HNSC. Diante das dificuldades enfrentadas
diariamente, os conselheiros assessoram a direção e abraçam as causas do
HNSC para que seus sonhos e ideais sejam alcançados. Uma das ações do
Conselho que merece ser destacada é a busca de recursos junto à
comunidade para a conclusão da Ala São Vicente de Paula.
Alguns membros do Conselho Consultivo em 2004.
245
GRUPO TERÇO DA MÃE PEREGRINA - Desde 2002, o HNSC conta
ainda com o apoio espiritual de grupos de voluntários de diversas paróquias
do município que percorrem os corredores da Instituição cantando e
rezando o terço e levando orações aos enfermos. Todos os domingos, às
15:30h o grupo inicia o trabalho de levar conforto e esperança aos pacientes
do HNSC.
GRUPO DE MINISTROS DA COMUNHÃO – Foi fundado em 2001 pela
Irmã Teresina Rodrigues. O grupo leva a comunhão aos leitos dos pacientes
pelo que, até então, as responsáveis eram as Irmãs. Os integrantes do
grupo participaram de cursos de qualificação e todos os domingos
percorrem orando e cantando por toda a instituição.
TERAPEUTAS DA ALEGRIA - Criado há dois anos pelo acadêmico de
medicina, Thiago Demathé, os Terapeutas da Alegria é um grupo formado
por acadêmicos da Unisul e profissionais da saúde que utiliza música,
teatro (figura palhaço-médico) e expressão corporal como ferramentas
para auxiliar na melhoria do ambiente hospitalar e principalmente
sensibilizar os profissionais quanto à importância da atenção integral que
deve ser dispensada ao paciente durante o período de internação. Percorrem
todo o hospital levando alegria e descontração aos enfermos.
CANTORES DE DEUS – Fundado em 2003 pela Irmã Nazarita Rafael, é
um grupo voluntário formado por funcionários do Hospital que
abrilhantam as celebrações eucarísticas da Instituição levando louvor e
alegria aos encontros espirituais.
Benfeitores: parceiros no dia-a-dia
Há 100 anos fazendo sua história em Tubarão, o HNSC tem conquistado
auxílio de todas as formas junto à comunidade. Os chamados ‘benfeitores
e amigos do Hospital’ têm um importante papel nesses longos anos de
dedicação e assistência à saúde, um diferencial diante das outras
instituições hospitalares. Suas doações têm refletido diariamente nos
serviços prestados por esta instituição.
246
A chegada do tomógrafo e alguns benfeitores.
Um exemplo marcante para o município foi a aquisição do primeiro
tomógrafo computadorizado de Tubarão em 11 de novembro de 1991.
Segundo conta a diretora geral do HNSC, Irmã Enedina Sacheti, em 1990,
a instituição perdeu o único neurocirurgião que prestava serviços, na época,
para o Hospital. Tal ocorrência proporcionou grandes transtornos para a
comunidade tubaronense. Assim, logo a direção procurou o neurocirurgião
o Doutor Marcos Flávio Ghizoni que hoje continua a fazer parte do corpo
clínico. Relata ainda a Irmã Enedina que o mesmo formulou alguns pedidos
para que ele pudesse executar seu trabalho com qualidade e segurança.
As solicitações foram um tomógrafo computadorizado, um aparelho de
pressão intracraniana e um setor de internação para que o Doutor Marcos
treinasse com qualidade os funcionários e internasse seus pacientes para
o tratamento devido. Após esta colocação do neurocirurgião, a diretoria
do HNSC reuniu-se com a diretoria da Associação Comercial e Industrial
de Tubarão (ACIT) e na oportunidade apresentou os problemas que a
instituição estava enfrentando com o serviço de neurocirurgia. Na época
faziam parte da direção da ACIT: Márcio Anselmo Ribeiro, Renato
Meneghel, Humberto Bortoluzzi, Afonso Furghesti, Dite Freitas entre
outros. A partir daí, a sociedade tubaronense iniciou a luta para a aquisição
do tomógrafo. Tempos depois, o empresário Márcio Anselmo Ribeiro
autorizou a direção a fechar a compra do aparelho garantindo o pagamento
da primeira parcela, na época U$ 52.800 mil dólares. Quanto às outras
seis parcelas, a direção tentaria buscar recursos junto da comunidade. E
assim foi o que aconteceu. Graças ao auxílio de Djalma Sacheti (inmemoriam), proprietário do mercado Santa Mônica, hoje Supermercado
Hippo, em Florianópolis, das empresas Itagres Revestimentos Cerâmicos
e da Companhia de Cigarros Souza Cruz, além do ex-ministro do Tribunal
247
de Contas da União, Adhemar Paladini Ghisi e entidades como a
Associação Comercial e Industrial de Tubarão (ACIT) e Lions Clube
Tubarão Centro que intermediaram o pedido junto ao Ministro da Saúde
na época, Doutor Alceni Guerra, foi possível concluir o pagamento do
tomógrafo com o repasse de U$ 137 mil dólares. A carreta que transportou
o equipamento de São Paulo para Tubarão também foi colocada à
disposição do Hospital pela Luminar Montagens Elétricas Ltda. Tempos
depois, o empresário Rui Acácio Lima fez sua doação no valor de U$ 10
mil dólares e a empresa Genésio A. Mendes ofereceu um empréstimo à
instituição, no mesmo valor, que retornou em serviços prestados.
Benfeitores e amigos do HNSC nos anos 90 e 2000
A primeira doação de grande importância para a comunidade aconteceu
em 1990 com o recurso recebido de U$ 20 mil dólares da Alcoa Alumínio
para a compra de equipamentos para o berçário e para o Centro Cirúrgico.
Em 1996, a instituição hospitalar recebeu outra doação de grande
significância à comunidade: um aparelho de Raios-X, que atualmente se
encontra na Emergência, no valor de U$ 43 mil dólares, doado pela
Fundação Alcoa, por meio do empresário Alfredo Pietrovisk, que desde
então continua auxiliando o Hospital, através das doações de recursos
financeiros para a compra de equipamentos e de trabalhos voluntários de
seus próprios funcionários. A implantação do disque-amamentação,
inaugurado em 2001, também foi possível graças ao envolvimento da
família da Alcoa.
Em 1992, o Hospital Nossa Senhora da Conceição inaugurou as instalações
da hemodinâmica, mais um serviço colocado à disposição da comunidade.
Outros equipamentos foram doados ao HNSC proporcionando maior
praticidade e segurança nos serviços oferecidos pelo HNSC. O Secretário
de Estado de Saúde, João Ghizzo repassou à instituição um respirador e
um aparelho de Raios-X portátil para a UTI Adulto, além de monitores e
um aparelho de Raios-X para cirurgias.
Em 1993 a Sobrave – Sociedade Brasileira de Veículos, doou ao HNSC o
valor de U$ 17 mil dólares para aquisição de um aparelho vitriófago
oftálmico para cirurgia de retina. Em 1995, a Fundação do Banco do Brasil
doou U$ 37 mil dólares para a compra de um aparelho de laser
oftalmológico.
248
Em 2000, a Fundação Alcoa realizou mais uma doação em prol do HNSC
no valor de U$ 60 mil dólares para aquisição de aparelho de anestesia
importado, de última geração, bem como outro mais simples.
Neste livro destacamos também a dedicação e a contribuição da Avoma –
Associação das Voluntárias da Maternidade, que mobilizou e liderou o
projeto de reestruturação do Centro Materno Infantil. Após meses de
luta, em 22 de setembro de 2000 foi inaugurado o CMI com o auxílio da
Federação das Industrias do Estado de Santa Catarina (FIESC), das
Centrais Geradoras do Sul do Brasil (Gerasul), Itagres Revestimentos
Cerâmicos e Cecrisa Revestimentos, ambas doaram pisos cerâmicos para
a conclusão da obra. Além desta obra, a Itagres doou ainda pisos para a
reforma dos apartamentos do setor 6.
O Centro Materno Infantil é constituído do Centro Obstétrico,
Alojamento Conjunto, UTI Neonatal/Pediátrica e Banco de Leite.
Um dos quartos da Unidade Coronariana.
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O moderno aparelho para hemodinâmica.
Outra conquista do Hospital de Tubarão em parceira com a comunidade,
foi a inauguração da Ala São Vicente de Paula, em 14 de novembro de
2003. Após sentir a necessidade de aumentar o número de leitos para
atender a demanda da região, a direção da instituição repassou suas
dificuldades ao Conselho Consultivo que logo tomou a iniciativa de buscar
recursos junto à comunidade. O novo setor está localizado no terceiro
piso do novo prédio, cuja obra foi paralisada devido à falta de recursos
financeiros. Para concluir o setor que disponibilizaria à comunidade mais
39 leitos, foram necessários aproximadamente R$ 314 mil reais, valor que
parcelado por 39 leitos chegou a R$ 8 mil por unidade. A diretoria da
instituição e integrantes do Conselho Consultivo visitaram algumas
empresas e obtiveram resultados positivos. Seguem-s abaixo as empresas
que fizeram parte desta conquista:
RL Transportes Ltda e Lima Transportes Ltda, doaram quatro cotas de R$
8 mil e cada empresa ou pessoa nominadas a seguir, doaram uma cota de
R$ 8 mil: Genésio A. Mendes e Cia Ltda, Tranzape, Imobiliária Vendelar,
Unisul, Ossotuba, Ediba, Antônio Silvestre Sobrinho, Diomar da Silva,
Victor Oswaldo Konder Reis, Dr. Helivander Alves Machado, Argemiro
Nunes, Coan Indústria Gráfica, ACIT, Dr. Reny Tito Heinzen e Nildo
Farias, Equimed, Carlos José Stüpp e Sociedade Divina Providência, Alcoa
Alumínios e Ferrovia Teresa Cristina.
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Além das doações em espécie, o HNSC recebeu também materiais e
equipamentos. Empresas como a Cimento Rio Branco, Cimento Pozosul,
Itagres e a Cecrisa doaram materiais para construção e revestimentos
cerâmicos, além da parceria de Botega Eletrônica e Rimini do Brasil. As
empresas,INCOPLAST/COPOBRAS, o HSBC BANK BRASIL E
TRACTEBEL ENERGIA, doaram elevadores.
Em 2003, o Hospital de Tubarão, através do apoio do fiscal da Receita
Federal de Tubarão e membro do Conselho Consultivo, Cleyton do Amaral
e outros dirigentes, a instituição foi agraciada com mercadorias
apreendidas em Foz do Iguaçu, vindas do Paraguai. Os produtos foram
colocados à venda e revertidos em dinheiro para concluir o Setor de
Manutenção, no térreo, o Almoxarifado e a Farmácia, no primeiro piso
do prédio novo.
Aspecto da moderna UTI neonatal.
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Um dos sonhos da direção do Hospital se torna realidade em 29 de março
de 2004 com a inauguração das novas instalações da Unidade de Terapia
Intensiva Adulto (UTI), localizada no 4º piso do prédio novo. A obra teve
início em 2001, para a qual o HNSC contou com o apoio do senador na
época, Geraldo Althoff, que apoiado pela bancada parlamentar catarinense
conseguiu recursos concedidos pelo Ministério da Saúde, mas a unidade
foi definitivamente concluída com o repasse do Governo do Estado de
Santa Catarina, no valor de R$ 300 mil. Na Segunda etapa foram gastos
R$ 350 mil. Esta conquista é dedicada também ao ex-senador Geraldo
Althoff, Eduardo Pinho Moreira, Vice-Governador do Estado, Carlos
Fernandes Augustini, Secretário de Estado de Saúde, Carmem Bonfá
Zanoto, Secretária Adjunta da Secretaria de Estado de Saúde, Edson Bez
de Oliveira, Deputado Federal, Genésio de Souza, Deputado Estadual e
Léo Rosa de Andrade, Secretário de Desenvolvimento Regional de Tubarão.
Novas instalações da UTI adultos.
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A inauguração da nova Pediatria, em 10 de setembro de 2004, foi outra
conquista alcançada pelo Hospital. Graças ao empenho do Ministro da
Saúde, Humberto Costa, da senadora Ideli Salvati, do deputado federal,
Jorge Boeira e do ex-senador e benfeitor do HNSC, Dr. Geraldo Althoff,
crianças e adolescentes estão usufruindo um espaço mais amplo, seguro e
atraente através de pinturas próprias para crianças, idealizada pela pediatra
intensivista, Dra. Ana Carolina Lobor Cancelier. A Avope também
contribuiu com a beleza do setor doando cortinas e cadeiras para as
acompanhantes.
Em 2003, o HNSC protolocou seis projetos no Ministério da Saúde e
solicitou-se o apoio da senadora Ideli Salvati e do deputado federal Jorge
Boeira. Graças ao envolvimento dos mesmos, foram aprovados quatro
projetos, sendo um deles para a reforma da Emergência, inaugurada em
15 de outubro de 2004. Os projetos viabilizam ainda a reforma dos setores
5 e 9, além de recursos para a manutenção da instituição, num valor total
de R$ 1.844.956,60.
Destacam-se abaixo outros nomes que fizeram parte da história do nosso
hospital e que estão expostos na galeria dos ‘Benfeitores e Amigos do
HNSC’ nos anos noventa e dois mil.
• Rui Acácio Lima
• Antonio Carlos Konder Reis – Governador do Estado de SC
• Lions Clube Tubarão Sul
• Léo Rosa de Andrade - Secretário de Desenvolvimento Regional
de Tubarão
• Carlos Fernando Augustini – Secretário de Estado de Saúde
• Imprensa local
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PERSPECTIVAS
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Em 2002, a direção do Hospital Nossa Senhora da Conceição juntamente
com a direção, colaboradores e departamento de engenharia, elaboraram
o plano diretor que prevê melhorias em toda a estrutura física do hospital.
Departamentos administrativos e de enfermagem, como de Radiologia e
o Centro de Diagnóstico por Imagem, sofrerão intervenções que
propiciarão aos clientes e colaboradores maior segurança e comodidade
no dia-a-dia. Um dos inúmeros itens do Plano Diretor do HNSC são as
reformas dos setores que atendem os pacientes pelo Sistema Único de
Saúde como os setores 5, 7, 8 e 9 . Com a execução do projeto de melhoria,
os setores mencionados acima oferecerão sanitários individuais para cada
quarto. Hoje são coletivos. Além destas modificações que beneficiarão os
pacientes internados na instituição, o plano prevê a reestruturação de
toda a estrutura do hospital de acordo com as normas e exigências do
Ministério da Saúde e Vigilância Sanitária.
A nova Pediatria.
O projeto de reforma e ampliação das instalações da Emergência, já foi
concluído. Com o auxílio do governo federal e com o apoio da senadora
Ideli Salvati e da comunidade, o Hospital inaugurou em 15 de outubro de
2004, suas novas instalações da Emergência que propiciam maior
segurança, humanização e qualidade no atendimento prestado aos clientes
vindos de toda Amurel, além de facilitar e agilizar o trabalho diário dos
funcionários, bem como dos acadêmicos da área de saúde. A emergência,
construída em 1973 para uma capacidade de dois mil atendimentos/mês,
atendia em 2003 mais de 11 mil pessoas vindas de toda a região da Amurel.
As reformas proporcionaram expressivas mudanças na área da emergência.
Foram construídos mais consultórios e salas de espera, e no atendimento
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A emergência após a reforma em 2004.
ortopédico foi criada dependência para aparelho de raios-X. As
modificações foram de acordo com as normas e exigências do Ministério
da Saúde. O próximo projeto a ser executado é a conclusão e ampliação
do Centro Cirúrgico.
Atualmente, conta com sete salas cirúrgicas e com a ampliação, mais cinco
serão construídas. Para que este projeto seja concluído é necessário angariar
recursos junto à comunidade e aos órgãos públicos. A expectativa é a de
que até o ano de 2005, o Centro Cirúrgico e o setor de internação, no
sexto piso, estejam prontos, bem como o revestimento do prédio.
Além das modificações na estrutura física, o Hospital Nossa Senhora da
Conceição pretende criar novos serviços que facilitem e assegurem a vida
de seus clientes. Dentre as pretensões da instituição está a de oferecer
serviço de quimioterapia, bem como obter novos credenciamentos para
serviços de cardiologia e cirurgias endovascular e de câncer.
Como pode se perceber, o Hospital de Tubarão não pára por aqui.
Ciente da evolução da tecnologia está sempre atento às novas perspectivas
do futuro. Através da aquisição de aparelhos de última geração e do
atendimento humanizado, o HNSC tem demonstrado seu importante
papel como instituição hospitalar que contribui para o desenvolvimento
da qualidade de vida da região.
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HOMENAGENS
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Nestes 100 anos de dedicação à saúde da região da Amurel é indispensável
destacar o trabalho dos médicos do corpo clínico do Hospital Nossa
Senhora da Conceição. Abaixo, os médicos que no ano de 2002 foram
homenageados pelos mais de 30 anos de prestação de serviços à Instituição.
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Dr. Manoel Miranda
Dr. Irmoto José Feuerschuette
Dr. Italo Américo Fortunato de Patta
Dr. Stelio Cascaes Boabaid
Dr. Geraldo Antônio Menezes
Dr. Vendramin Antônio Silvestre
Dr. José Warmuth Teixeira
Dr. Hélio Raul Fortunato de Patta
Dr. Olegário Mainieri
Dr. Arary Cardoso Bittencourt
Dr. Luiz Ângelo Ramos Campelli
Dr. Eduardo E. Claure Garvizu
Dr. Claudionor Scarpetta Borges
Dr. Nilo Bello (in memoriam)
Médico homenageado em 2003 pelos 30 anos de dedicação do HNSC.
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Dr. Alfredo José Moreira Maia
Em 2004, por ocasião da passagem do Dia dos Médicos, o HNSC prestou
homenagens aos familiares dos médicos falecidos que prestaram serviços
na instituição.
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Dr. Joaquim David Ferreira Lima
Dr. Otto Feuerschuette
Dr. Miguel Boabaid
Dr. Luiz Campelli
Dr. Nilo Bello
Dr. Fernando Búrigo
Dr. Paulo Roberto de Souza
Dr. Firmino Cordeiro dos Santos
Dr. Léo Feuerschuette
Dr. José Carlos Carvalho
Dr Enéas Rocha
Dr. Asdrúbal Costa
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POSFÁCIO
E assim, o nosso centenário Hospital vai trilhando o seu heróico destino.
Nestes cem anos, quantas e quantas tristezas sentiu ao ver seres humanos
perdendo a vida e por quantas alegrias passou ao vivenciar curas por vezes
milagrosas e lindas e robustas crianças vindo à luz.
Ao longo de sua gloriosa existência, quantas piedosas Irmãs de Caridade
viu passar, à cabaceira dos enfermos, muitas vezes até o seu último alento?
Quantos “anjos de branco” observou, na calada da noite, a levar o lenitivo
para os sofrimentos de muitos milhares de enfermos? Quantos médicos,
que já se foram, lutaram, sem armas, na tentativa de obter cura para as
doenças incuráveis de então?
Quanta expansão admitiu em seu corpo para que nenhum enfermo não
viesse a ter direito ao seu socorro, ao seu acolhimento?
Mas o Nossa Senhora da Conceição não é um ancião.
Sempre moderno, sempre atual, continua seguindo o seu caminho em
busca da excelência no benefício que presta às populações do Sul do Brasil.
Profissionais bem formados e dedicados, tecnologia de ponta à disposição
para o diagnóstico e para a cura, modernização das instalações, e os braços
abertos para acolher ricos e carentes fazem do nosso Hospital uma casa
de saúde de grande valor e importância no contexto da preservação da
saúde.
Não estaremos mais por aqui em 2104, mas, de algum lugar, estaremos
vendo o acontecer de um novo centenário, como o que se cumpre agora,
igualmente coberto de muitas glórias, pois Deus, estamos certos,
continuará conosco.
José Warmuth Teixeira
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REERÊNCIAS
BESEN, Padre Artulino. Biografia do Padre Francisco Xavier Topp.
[S.l.: s.n.].
BORENSTEIN, Miriam Süsskind. O cotidiano da enfermagem no
Hospital de Caridade de Florianópolis no Período de 1953 a
1968. Florianópolis (Tese de doutorado). Florianópolis, [s.n.].
CRÔNICAS – Do arquivo do Hospital Nossa Senhora da Conceição.
FUCK, Irmã Cléa. Cem anos de história. [S.l.: s.n.].
GORDON, Richard. Grandes desastres da medicina. [S.l.: s.n.].
JORNAL POLYANTHÉA, 9 abr. 1921.
NUNES, Edgar. Clube 7 de Julho: 100 anos de história. [S.l.: s.n.].
ROTTMANN, Irmã Elisabeth. É Obra do Senhor. [S.l.: s.n.].
VETTORETTI, Amadio. Das origens ao século vinte. Tubarão,
[s.n.].
ZUMBLICK, Walter. Este meu Tubarão. [S.l.: s.n.].
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