File - Alexandre Rocha
Transcrição
File - Alexandre Rocha
2013 - “Cuidado Alexandre!” – Disse-me uma velha amiga. Não me mexi, fiquei estático esperando que alguma coisa acontecesse, o bom e velho medo humano, mas, não, nada aconteceu... Após os breves segundos em que o meu subconsciente tentava traduzir aquela mensagem de perigo, perguntei, de forma apática – Porquê? – E ela apontou para frente, como se houvesse alguma coisa de especial. Novamente, de forma bastante ingénua, repeti a primeira pergunta – Porquê? – Ora, não sabes que passar por debaixo de escadas traz azar? – Respondeu ela. Eu tenho que admitir que fiquei surpreso com a resposta, nem sequer havia reparado que tinha uma escada entre o passeio e a rua, mas, como nunca fui perito em superstições, não notei a presença deste “terrível” objeto. Depois aconteceu uma coisa ainda mais bizarra e fora da minha realidade, eu passei por debaixo da escada, afinal, não acreditava em tal coisa, e esta mesma amiga, sem perder tempo, bateu três vezes em uma porta de madeira ao lado da rua e se aliviou, visto que, segundo ela, isso compensaria a minha “rebeldia”. Após refletir sobre o assunto, eu reparei, de maneira pouco usual, como as pessoas vêm de forma diferente a realidade que nos envolve, porque, para mim, leigo quando se trata de conhecimentos supersticiosos, aquilo não passava de uma escada no meio do meu caminho, que, entretanto, não impedia a minha passagem, mas, aparentemente, para ela, era um “pórtico maligno” que traria mau agouro aos que se atrevessem a trespassá-lo. Porém, ao bater em uma porta de madeira três vezes, o número da perfeição e da santíssima trindade, forças transcendentais iriam combater a décima primeira praga egípcia, que eu acidentalmente havia invocado, para salvarnos do eterno fado. Assim, poderíamos prosseguir a nossa marcha tranquilamente. Só quando nos deparamos com situações como esta é que vemos o quanto os mitos, crenças e superstições estão presentes nas nossas vidas. Existem inúmeras, por um lado, antigas e com valor histórico, como a dos gatos pretos, conhecidos, na Idade Média, por serem, segundo a lenda, bruxas disfarçadas, ou, por outro lado, mais atuais, e, muitas vezes, irracionais, como abrir um guarda-chuva dentro de casa, que, supostamente, trará infortúnios à família, deixar cair o azeite no chão, sinónimo de azar, e, verdade seja dita, é uma superstição bem portuguesa, ou, a minha favorita, a crença que comer laranja à noite mata (“a laranja de manhã é ouro, à tarde é prata e à noite mata!”). Sejam antigas ou atuais, históricas ou inventadas sem qualquer motivo, nenhuma, repito, N.E.N.H.U.M.A supera a do número treze. Se eu pudesse, criaria uma APNT (Associação dos Protetores do Número Treze), porque, apesar de todos os dias ouvirmos falar em bullying, racismo, repressões e afins, ninguém quer saber que esse número infeliz é o símbolo do preconceito! Tudo isso começou porque Judas era considerado o décimo terceiro homem na última ceia, e, se o número se unir à uma sexta-feira, dia da crucificação de Jesus, podemos até fazer um filme de terror! O medo deste é tão grande que tudo que acontece com o treze é pressuposto a dar errado, e isso vive no nosso subconsciente (acho que foi por isso que a minha bisavó “só” teve doze filhos), como a minha décima terceira aula de condução, que foi, literalmente, uma desgraça, e me aproveitei da má fortuna do número para acusá-lo da minha falta de habilidade no volante. O fato é: Este vem sendo excluído diariamente das nossas vidas, e não duvidem disso! Querem ver? Muitos edifícios no mundo inteiro não têm o treze, e não é pela falta de bons matemáticos, o ano tem, no total, doze meses, a infância, melhor fase da vida, acaba aos doze anos, existem doze signos do zodíaco, em Florença, na Itália, as casas não são numeradas com 13, mas sim com 12,5 e pior, segundo a profecia Maia o mundo acaba em 2012! É o cúmulo do preconceito! Se os Maias fossem vivos, eu garanto que iria acusá-los de repressão, agressão psicológica e calúnia! As pessoas acreditam tão fielmente nisso, que chegam a acusar este pobre e indefeso número de ter sabotado a missão do “Apolo XIII”, e o ódio chega a ser tão intenso que já inventaram até uma doença para quem tem horror ao coitado, chama-se “Triscaidecafobia”. Sinceramente, eu não compreendo estas acusações, mas, como já disse, não sou perito em superstições... Enfim, é necessário salientar que, apesar de serem absurdas, estas crenças proliferam como uma praga, e posso dar um exemplo concreto: Há alguns dias, depois de ter iniciado a crónica e lido alguns artigos e blogs sobre o tema, vi uma escada a obstruir a passagem completa do passeio, entretanto, mesmo sabendo que poderia atravessar tranquilamente através do espaço que sobrava, preferi contornar pela rua, porque, afinal, nunca se sabe o que pode acontecer... Mas não vou deixar isto me contaminar por completo, e é por isso que escrevi este texto, eu apoio a causa 2013! Uma causa para todos os que vão sobreviver à “maldição” de 2012 e mostrar, sem qualquer sombra de dúvida, que o 13 é o número que nos vai manter vivos. Apoie a causa, o treze precisa de você! Alexandre Rocha.
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