Combinar vinho com alcachofra é difícil. Será?

Transcrição

Combinar vinho com alcachofra é difícil. Será?
ConVisão
ANO 2 - NÚMERO 17 - Novembro de 2006
R$ 6,00
Combinar vinho
com alcachofra é difícil.
Será?
Vinhos uruguaios
em ascensão
A ­ qu­ali­dade ­ dos­ ­ vi­nhos­ ­ fi­nos­ ­ u­ru­gu­ai­os­, ­ de ­ u­vas­ ­
vi­níferas­, ­es­tá ­em ­as­cens­ão, ­as­s­i­m ­como ­o ­trabalho ­para ­exportação. ­São ­280 ­bodegas­, ­nenhu­ma ­
de ­ grande ­ porte, ­ e ­ algu­mas­ ­ delas­ ­ hoje ­ focadas­ ­
para ­a ­produ­ção ­de ­qu­ali­dade. ­Apos­tam ­nu­m ­di­ferenci­al ­de ­mercado ­qu­e ­é ­a ­u­va ­Tannat.
­
­ ­
Página 4
A Região
da Bairrada
Cerca ­de ­60% ­dos­ ­es­pu­mantes­ ­portu­gu­es­es­ ­s­ão ­
fei­tos­ ­na ­Bai­rrada, ­i­nclu­s­i­ve ­ es­pu­mantes­ ­ ti­ntos­, ­
rús­ti­cos­ ­ e ­ fru­tados­, ­ na ­
mai­ori­a ­ das­ ­ vezes­ ­ harmoni­zados­ ­ com ­ a ­ es­peci­ali­dade ­ gas­tronômi­ca ­
da ­regi­ão, ­o ­lei­tão ­as­s­ado. ­Página 11
De onde vêm
os sabores do
Jack Daniel’s
Página 4
Vinhos rosés
Muitos criticam os vinhos
rosados, baseando-se em
toda sorte de argumentos,
quase sempre puramente preconceituosos. É bom
lembrar que a diversidade e
a qualidade dos bons rosés
garantem um fiel e crescente
contingente de apreciadores
no mundo todo.
Penne com alcachofra e nozes
do restaurante Piccolo Bistrot,
em São Paulo
Aprovei­tando ­ a ­ época ­ de ­ s­afra ­ da ­ alcachofra, ­ qu­ando ­ podemos­ ­ apreci­ála ­bem ­fres­ca, ­o ­Jornal ­Vi­nho ­& ­Ci­a ­propôs­ ­o ­des­afi­o ­de ­des­cobri­r ­vi­nhos­ ­
qu­e ­harmoni­zas­s­em ­adequ­adamente ­com ­u­m ­prato ­com ­es­s­a ­flor ­na ­s­u­a ­
compos­i­ção. ­Confi­ra ­o ­res­u­ltado ­nas­ ­páginas 8 e 9.
Sérgio Inglez de Souza
Página 5
CAFÉ PREMIADO
NA INGLATERRA
Página 14
Escolha o seu
vinho da Austrália
Página 10
2
Novembro de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Editorial
Mais prazer e conhecimento
A
preciar um vinho é algo ligado ao
nosso prazer. Como toda atividade
nesse sentido, nossa satisfação é
maior se temos mais conhecimento. Se pouco
sabemos sobre determinado assunto, certamente
não conseguimos vivenciar profundamente uma
experiência. Se assistimos a um filme no cinema,
podemos gostar da sua estória, nos envolvermos
com ela e nos emocionarmos. Se conhecemos um
pouco, ou muito, sobre detalhes da produção de
um filme, assistiremos a ele com outros olhos,
perceberemos coisas que o leigo em cinema não
viu e certamente teremos um olhar mais crítico e
maior capacidade para apreciar o bom e deixar
de lado o ruim. O importante é que o bom pode
ficar melhor e a gente passa a ter a capacidade
de evitar o ruim. Esse mesmo raciocínio vale
para a comida, a prática de esportes, o sexo e os
demais prazeres da vida.
Esta edição do Jornal Vinho & Cia é mais uma
que está aqui para nos proporcionar mais prazer
em função da informação. Podemos conhecer as
novidades que o mercado está lançando e escolher o que apreciar. Podemos entender a combinação de vinhos com um ingrediente de sabor
peculiar como a alcachofra. Podemos entender
o que a indústria nacional está fazendo de bom,
para também apreciarmos os vinhos do nosso
país, sem nos restringirmos, por preconceito,
ao universo dos importados. Podemos saber
mais sobre esse grande universo de importados
e relacionarmos vários vinhos dele para experimentá-los. Podemos descobrir restaurantes que
nos proporcionam boas experiências com vinhos.
Podemos conhecer um pouquinho da região
vinícola portuguesa da Bairrada e descobrirmos
porque os produtos de lá podem nos satisfazer.
Podemos ler estórias que têm o vinho como papel
principal, ou pano de fundo, e nos divertirmos
com elas... Podemos, enfim, muita coisa. Porque
conhecimento também é prazer. E conhecimento
gera mais prazer. Hummmmmm!
ANO ­2 ­- ­Nº ­17
Novembro ­de ­2006
EDI ­TO ­R­
R­egi­s­ ­Gehlen ­Oli­vei­ra
PUBLI ­CA ­ÇÃO
ConVi­s­ão
Al. ­Aragu­ai­a, ­933, ­8o. ­andar
Alphavi­lle
­06455-000, ­Baru­eri­ ­- ­SP
+55 ­(11) ­4196-3637
vi­nho@jor ­nal ­vi­ ­nhoe ­ci­a.com.br
www.jor ­nal ­vi­ ­nhoe ­ci­a.com.br
R­EDAÇÃO
Adri­ana ­Boni­lha ­Oli­vei­ra
Beto ­Acherboi­m
Ces­ar ­Adames­
Deni­s­e ­Cavalcante
Es­tevam ­Nori­o ­Ito ­(fotos­)
Eu­cli­des­ ­Penedo ­Borges­
Fernando Quartim B. Figueiredo
Jaqu­eli­ne ­Barros­o
Jos­é ­Ivan ­Santos­
Sérgi­o ­Inglez ­de ­Sou­za
Valfri­do ­R­i­co ­(cartu­m)
Walter ­Tommas­i­
DESIGNER­ ­GR­ÁFICO
Ari­s­ti­des­ ­Neto
PUBLI ­CI ­DA ­DE
Assine e aprecie sem moderação
O Jornal Vinho & Cia traz matérias e artigos
deliciosos sobre o fascinante mundo do vinho, além de
roteiros e dicas. Tudo de uma forma descomplicada e
irreverente pra você curtir ainda mais
o ladodescontraído da vida…
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CIR­CULAÇÃO ­EM ­SP
Jefers­on ­Tavares­
(JM ­Trans­portes­)
IMPR­ES ­SÃO
O ­Jornal Vinho & Cia ­ ­é ­u­ma ­pu­bli­ ­ca ­ção ­da ­
ConVi­s­ão ­ di­ri­ ­gi­ ­da ­ ao ­ s­eg ­men ­to ­ de ­ eno ­gas­tro ­no ­mi­a. ­ Ci­rcu­la ­ pri­n ­ci­ ­pal ­men ­te ­ na ­ Grande ­
São ­Pau­lo ­e ­no ­R­i­o ­de ­Janei­ro ­para ­públi­ ­co ­
lei­ ­tor ­ s­ele ­ci­o ­na ­do, ­ deter ­mi­ ­na ­do ­ es­pe ­ci­ ­fi­ ­camen ­te ­ pelo ­ i­nte ­res­ ­s­e ­ no ­ as­s­u­n ­to. ­ Seu­ ­ conteú ­do ­é ­des­ ­con ­traí ­do, ­abran ­gen ­do ­o ­mu­ndo ­
do ­vi­nho ­e ­s­u­as­ ­rela ­ções­ ­com ­o ­lado ­gos­ ­to ­s­o ­
da ­vi­da, ­por ­mei­o ­de ­li­n ­gu­a ­gem ­fáci­l ­e ­i­nte ­li­gen ­te, ­com ­tex ­tos­ ­úni­ ­cos­ ­e ­com ­pro ­mi­s­ ­s­a ­dos­ ­
com ­o ­lei­ ­tor ­e ­o ­s­eg ­men ­to.
Os­ ­arti­ ­gos­ ­e ­comen ­tá ­ri­os­ ­as­s­i­ ­na ­dos­ ­não ­refletem ­neces­ ­s­a ­ri­a ­men ­te ­a ­opi­ ­ni­ão ­do ­Jornal.
A ­ men ­ção ­ de ­ qu­al ­qu­er ­ nome ­ nes­te ­ Jornal ­
não ­i­mpli­ ­ca ­neces­ ­s­a ­ri­a ­men ­te ­em ­rela ­ção ­traba ­lhi­s­ ­ta ­ou­ ­vín ­cu­ ­lo ­con ­tra ­tu­al ­remu­ ­ne ­ra ­do.
Novembro de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Mais de 25 modelos de
adegas e climatizações de ambientes
que combinam com a sua casa.
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Para toda lINha Metal.
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Fábrica: 11 5525-2400 - São Paulo
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traNQÜIlIdade Para seUs vINhos.
4
Novembro de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Notícias
Vinhos uruguaios
em ascensão
De onde vêm os sabores
do whiskey Jack Daniel’s
O ­ Uru­gu­ai­ ­ é ­ u­m ­ país­ ­
pequ­eno, ­do ­tamanho ­do ­R­i­o ­
Grande ­do ­Su­l, ­pou­co ­povoado, ­3,2 ­mi­lhões­ ­de ­habi­tantes­, ­equ­i­valente ­à ­popu­lação ­
da ­Grande ­R­eci­fe, ­mas­ ­com ­
cons­u­mo ­ i­nterno ­ de ­ vi­nhos­ ­
em ­ 2005 ­ de ­ 93 ­ mi­lhões­ ­ de ­
li­tros­, ­ s­emelhante ­ ao ­ bras­i­lei­ro. ­Seu­ ­cons­u­mo ­per ­capi­ta ­é ­de ­32 ­li­tros­ ­por ­ano, ­ante ­
apenas­ ­2 ­li­tros­ ­nos­s­o. ­As­s­i­m ­
como ­ no ­ Bras­i­l, ­ o ­ cons­u­mo ­
de ­ vi­nhos­ ­ de ­ u­vas­ ­ não ­ vi­níferas­ ­ ai­nda ­ é ­ grande, ­ pri­nci­palmente ­de ­ros­ados­. ­
Mas­ ­o ­qu­e ­nos­ ­i­nteres­s­a ­é ­
qu­e ­ a ­ qu­ali­dade ­ dos­ ­ vi­nhos­ ­
fi­nos­ ­ u­ru­gu­ai­os­, ­ de ­ u­vas­ ­
vi­níferas­, ­ es­tá ­ em ­ as­cens­ão, ­ as­s­i­m ­ como ­ o ­ trabalho ­
para ­ exportação. ­ São ­ 280 ­
bodegas­, ­nenhu­ma ­de ­grande ­ porte, ­ e ­ algu­mas­ ­ delas­ ­
hoje ­ focadas­ ­ para ­ a ­ produ­ção ­ de ­ qu­ali­dade. ­ Apos­tam ­
nu­m ­ di­ferenci­al ­ de ­ mercado ­
qu­e ­ é ­ a ­ u­va ­ Tannat, ­ de ­ ori­gem ­frances­a, ­qu­e ­s­e ­adaptou­ ­mu­i­to ­ao ­cli­ma ­e ­ao ­s­olo ­
O ­Jack ­Dani­el’s­ ­es­tá ­entre ­
os­ ­des­ti­lados­ ­mai­s­ ­vendi­dos­ ­
no ­mu­ndo. ­É ­do ­Tennes­s­ee, ­
nos­ ­EUA, ­é ­u­m ­whi­s­key, ­não ­
é ­u­m ­whi­s­ky ­es­cocês­, ­não ­é ­
u­m ­Bou­rbon. ­Tem ­caracterís­ti­cas­ ­ pró­pri­as­ ­ de ­ produ­ção, ­
qu­e ­o ­s­eu­ ­des­ti­lador ­mes­tre, ­
Ji­mmy ­ Bedford, ­ controlador ­
de ­ toda ­ a ­ s­u­a ­ qu­ali­dade, ­
vei­o ­ ao ­ Bras­i­l ­ apres­entar ­
ju­nto ­com ­a ­novi­dade: ­a ­vers­ão ­ Si­ngle ­ Barrel, ­ di­ferente ­
da ­ mu­ndi­almente ­ conheci­da ­ Old ­ No. ­ 7 ­ e ­ da ­ ou­tra, ­ a ­
Gentleman ­Jack.
Os­ ­s­abores­ ­caracterís­ti­cos­ ­
advêm ­ pri­nci­palmente ­ dos­ ­
s­eu­s­ ­ des­ti­ladores­ ­ de ­ cobre, ­
da ­águ­a ­proveni­ente ­de ­u­ma ­
caverna ­na ­des­ti­lari­a, ­do ­carvão ­ de ­ árvores­ ­ de ­ maple ­
u­ti­li­zado ­ para ­ s­u­avi­zação ­ e ­
dos­ ­barri­s­ ­de ­carvalho ­branco ­ameri­cano ­qu­ei­mados­ ­por ­
dentro. ­A ­matu­ração ­nos­ ­barri­s­ ­ e ­ a ­ s­u­a ­ locali­zação ­ nos­ ­
armazéns­ ­ determi­nam ­ as­ ­
di­ferenças­ ­entre ­as­ ­vers­ões­. ­
Um ­Si­ngle ­Barrel ­fi­ca ­s­empre ­
em ­barri­s­ ­na ­parte ­mai­s­ ­alta ­
dos­ ­ armazéns­, ­ com ­ temperatu­ras­ ­ mai­s­ ­ elevadas­, ­ qu­e ­
proporci­onam ­ mai­or ­ amadu­reci­mento.
Vinhos
aromáticos e
baratos
Conservas
especiais com
vinhos
Pou­cos­ ­produ­tos­ ­têm ­u­ma ­
relação ­preço-qu­ali­dade ­qu­e ­
ao ­s­erem ­provados­ ­nos­ ­tentam ­ a ­ di­zer ­ a ­ fras­e: ­ “i­s­s­o ­
parece ­ barato”. ­ Em ­ geral ­ é ­
es­s­e ­o ­cas­o ­dos­ ­vi­nhos­ ­es­panhó­i­s­ ­ Jerez ­ e ­
qu­e ­ s­e ­ apli­ca ­
bem ­ a ­ u­m ­ dos­ ­
s­eu­s­ ­ produ­tores­ ­ expoentes­, ­
Fernando ­ de ­
Cas­ti­llo. ­ Vi­nho ­
& ­Ci­a ­provou­ ­a ­
s­u­a ­li­nha, ­compos­ta ­ pelos­ ­
ti­pos­ ­
Fi­no, ­
A m o n t i­ l l a d o , ­
Oloros­o, ­ Palo ­
Cortado ­e ­Pedro ­
X i­ m e n e z . ­
Todos­ ­ mu­i­to ­
aromáti­cos­ ­ e ­ deli­ci­os­os­. ­
Confi­ra ­ na ­ di­s­tri­bu­i­dora ­
Cas­a ­ Flora ­ os­ ­ preços­. ­ A ­
fras­e ­vai­ ­s­ai­r ­nos­ ­lábi­os­. ­(11) ­
3327-5199
São ­ preparadas­ ­ s­ó­ ­ com ­
i­ngredi­entes­ ­ nobres­, ­ como ­
azei­te ­ extra-vi­rgem. ­ Podem ­
s­er ­ u­ti­li­zadas­ ­ como ­ aperi­ti­vos­, ­ anti­pas­tos­ ­ ou­ ­ para ­
complementar ­ com ­ toqu­es­ ­
es­peci­ai­s­ ­ pratos­ ­ de ­ cozi­nha. ­ São ­ di­ferentes­, ­ como ­
o ­ tomate ­ s­eco ­ ao ­ s­ol, ­ preto ­
e ­ crocante, ­ ou­ ­ a ­ abobri­nha ­
pequ­ena, ­ ambos­ ­ com ­ bai­xa ­
aci­dez. ­ São ­ as­ ­ cons­ervas­ ­
s­algadas­ ­e ­doces­ ­da ­argenti­na ­Almacen ­del ­Su­r, ­já ­nas­ ­
pratelei­ras­ ­ de ­ lojas­ ­ fi­nas­. ­ A ­
Impexco, ­ s­u­a ­ i­mportadora, ­
preparou­ ­ u­ma ­ tabela ­ com ­
vi­nhos­ ­qu­e ­podem ­combi­nar. ­
Qu­e ­tal ­experi­mentar?
(21) 2424-1624
do ­ Uru­gu­ai­. ­ Os­ ­ vi­nhos­ ­ de ­
Tannat ­em ­geral ­s­ão ­de ­grande ­ corpo ­ e ­ es­tru­tu­ra, ­ com ­
bas­tantes­ ­ tani­nos­, ­ ó­ti­mos­ ­
para ­ acompanhar ­ carnes­, ­ e ­
cau­s­am ­ mu­i­to ­ i­mpacto ­ s­ens­ori­al. ­Algu­mas­ ­bodegas­ ­produ­zem ­ vi­nhos­ ­ com ­ ou­tras­ ­
u­vas­, ­mas­ ­geralmente ­fazem ­
mes­clas­ ­com ­a ­Tannat.
O ­Inavi­ ­(Ins­ti­tu­to ­Naci­onal ­
de ­Vi­ti­vi­ni­cu­ltu­ra ­do ­Uru­gu­ai­) ­
es­tá ­em ­campanha ­para ­promoção ­ dos­ ­ s­eu­s­ ­ vi­nhos­ ­ no ­
Bras­i­l. ­ Nó­s­ ­ provamos­ ­ vári­os­ ­
e ­recomendamos­: ­procu­re ­as­ ­
i­mportadoras­ ­e ­experi­mente, ­
poi­s­ ­vai­ ­s­e ­s­u­rpreender!
Prazeres do vinho que
cabem no nosso bolso
A ­ propos­ta ­ é ­ bem ­ clara: ­
a ­ as­s­oci­ados­ ­ oferecer ­ i­nformações­, ­ vi­nhos­ ­ de ­ 15 ­ a ­ 60 ­
reai­s­ ­e ­jantares­ ­de ­alta ­qu­ali­dade ­ em ­ condi­ções­ ­ mai­s­ ­
aces­s­ívei­s­. ­ É ­ o ­ objeti­vo ­ do ­
Clu­be ­dos­ ­Ami­gos­ ­do ­Vi­nho, ­
qu­e ­ tem ­ como ­ u­m ­ dos­ ­ fu­ndadores­ ­ Jorge ­ Monti­ ­ de ­
Vals­as­s­i­na, ­ pres­i­dente ­ da ­
Abaga, ­As­s­oci­ação ­Bras­i­lei­ra ­
de ­Alta ­Gas­tronomi­a.
O ­ s­i­te ­ do ­ Clu­be ­ apres­enta ­ programação ­ e ­ i­nformação ­ edu­cati­va ­ do ­ mu­ndo ­ do ­
vi­nho, ­ em ­ forma ­ de ­ pági­nas­ ­
de ­ Internet, ­ “rádi­o” ­ e ­ “TV”. ­
Além ­di­s­s­o, ­traz ­u­m ­cadas­tro ­
de ­ i­mportadores­ ­ e ­ produ­tores­ ­ com ­ vi­nhos­ ­ na ­ fai­xa ­ de ­
preços­ ­do ­Clu­be, ­qu­e ­podem ­
s­er ­ entregu­es­ ­ di­retamente ­
na ­ cas­a ­ ou­ ­ no ­ es­cri­tó­ri­o ­ do ­
as­s­oci­ado.
O ­ pri­mei­ro ­ evento, ­ por ­
60 ­ reai­s­, ­ foi­ ­ u­m ­ jantar ­ no ­
res­tau­rante ­ Tars­i­la ­ do ­ Hotel ­
Interconti­nental ­ em ­ São ­
Pau­lo, ­ com ­ vi­nhos­ ­ da ­ World ­
Wi­ne ­ harmoni­zados­ ­ com ­ 8 ­
pratos­ ­ preparados­ ­ pelo ­ chef ­
Marcelo ­ Pi­nhei­ro, ­ candi­dato ­ do ­ Bras­i­l ­ no ­ Concu­rs­o ­
Mu­ndi­al ­de ­chefs­ ­de ­Cozi­nha ­
Bocu­s­e ­ D’Or ­ 2007 ­ na ­
França. ­
www.clu­beami­gos­dovi­nho.
com.br
Comparando
a tecnologia
das adegas
Alci­r ­ Penna ­ Vi­di­gal, ­ u­m ­
dos­ ­s­ó­ci­os­ ­da ­Art ­des­ ­Caves­, ­
comemora ­ a ­ expans­ão ­ da ­
empres­a ­para ­ou­tros­ ­mercados­ ­ e ­ des­taca ­ qu­e ­ u­m ­ dos­ ­
moti­vos­ ­ do ­ s­eu­ ­ s­u­ces­s­o ­ é ­
a ­ tecnologi­a ­ das­ ­ s­u­as­ ­ adegas­ ­ para ­ vi­nhos­, ­ qu­e ­ di­fere ­
daqu­ela ­ de ­ u­ma ­ geladei­ra ­
e ­ de ­ ou­tros­ ­ produ­tos­ ­ s­i­mi­lares­. ­
Ele ­ alerta ­ para ­ qu­e ­ s­e ­
compare ­ o ­ s­i­s­tema ­ de ­ refri­geração, ­poi­s­ ­o ­qu­e ­u­ti­li­za ­é ­o ­
de ­compres­s­or, ­qu­e ­mantém ­
mai­or ­ es­tabi­li­dade ­ de ­ temperatu­ra ­ e ­ opera ­ i­ndependentemente ­ da ­ temperatu­ra ­
externa, ­ de ­ modo ­ di­ferente ­ do ­ s­i­s­tema ­ Pelti­er ­ ou­ ­ do ­
de ­ Pas­ti­lhas­ ­Termoelétri­cas­, ­
comu­ns­ ­ na ­ Eu­ropa, ­ adaptados­ ­ao ­cli­ma ­de ­lá, ­mas­ ­não ­
o ­ tempo ­ todo ­ ao ­ do ­ Bras­i­l, ­
onde ­s­e ­ati­nge ­mai­s­ ­de ­30°C ­
no ­ i­nverno. ­ Es­s­e ­ s­i­s­tema, ­
s­egu­ndo ­ ele, ­ também ­ é ­
s­u­peri­or ­ à ­ refri­geração ­ por ­
abs­orção, ­ cu­jo ­ cons­u­mo ­ de ­
energi­a ­ é ­ aproxi­madamente ­
três­ ­vezes­ ­mai­or.
(11) ­5525-2400
Adega da Art des Caves,
com dois compartimentos,
para brancos e tintos,
que utiliza a tecnologia
de refrigeração com
compressor.
Novembro de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Painel Brasil
Goûtez
le différent
com Salton!
Em outubro no SIAL,
Salão Internacional de
Alimentos, cerca de 150
empresas brasileiras estiveram presentes em Paris.
O slogan “Goûtez le différent!” tocou no ponto de
valorizar a diversidade
nacional, com sabores únicos no mundo. Vinhos e
espumantes tiveram seu papel. O Salton Flowers foi um dos ganhadores do prêmio “best buy”.
Miolo
exportando
O Miolo Wine Group
aposta nas exportações de seus vinhos e lançou em Paris o Merlot Terroir e
o Brut Millésime. Na cidade luz, no Grande Hotel
Intercontinental e no restaurante L’Arpege, com
a presença do renomado enólogo internacional
Michel Rolland, consultor
da Miolo, tiveram destaque
também o Quinta do Seival
Castas Portuguesas e o
RAR. A previsão da Miolo
é em 2006 superar a marca
de US$1 milhão em exportação.
Aurora e Valduga
para mulheres
Com a patronagem da
Organisation Internationale
de la Vigne et du Vin (OIV)
no sexto concurso La Mujer
Elige, na Argentina, foram
avaliadas 472 amostras de
vinhos de 19 países por um
júri formado somente por
especialistas mulheres. A
vinícola Aurora conquistou 7
medalhas, sendo ouro para
o espumante Aurora Brut,
e a Casa Valduga ganhou 3 de prata, uma delas com
o Cabernet Sauvignon
Premium 2004.
ABE aos 30 anos
Outubro também foi o
mês de comemoração dos 30 anos da Associação
Brasileira de Enologia
(ABE), em Bento Gonçalves.
Num jantar-baile, o enólogo
Firmino Splendor, primeiro presidente da entidade,
foi eleito pelos associados como o Enólogo do Ano de
2006.
Já em
Farroupilha...
Também em jantar-baile
em outubro na cidade gaúcha de Farroupilha, foram
premiados os vinhos do primeiro concurso local. Dois destaques foram o tinto
2005 da Casa Perini, da uva
Ancellotta, e o branco da
Xangrilá, da uva Moscato.
Em noite
de gala
Já em novembro as atenções para os vinhos nacionais estão dirigidas a
Bento Gonçalves, na serra
gaúcha. O dia 10 é a data
da 10a. edição da Noite de
Gala, que reúne amantes do vinho, em um ambiente
com shows, vinhos, espumantes e pratos brasileiros.
O evento marca o encerramento do III Concurso
Internacional de Vinhos do Brasil, promovido pela
Associação Brasileira de
Enologia (ABE), e o lançamento da Fenavinho Brasil
2007.
Música na
Peterlongo
Com base em experiências australianas, a
Peterlongo incentiva o enoturismo por meio de uma
inovação na recepção aos turistas na sua vinícola:
um músico brinda o público com canções italianas e
gaúchas.
SÉR­GIO ­INGLEZ DE SOUZA
Não me provoque...
Sou rosa-choque!
M
uitos criticam os vinhos rosados, baseando-se em toda sorte
de argumentos, quase sempre
puramente preconceituosos. A maior parte
desses negativistas vê nos rosés unicamente
uma mistura de vinho tinto com vinho branco.
Ao contrário do que proclama essa ótica simplista, existem diferentes estilos deste vinho,
alguns deles exibindo uma complexa estrutura, que pede pratos mais elaborados para
harmonização. Discussões à parte, é bom
lembrar que a diversidade e a qualidade dos
bons rosés garantem um fiel e crescente contingente de apreciadores no mundo todo.
A maior presença dos rosés ocorre em
charmosas regiões turísticas de países onde o
vinho é tradição, naquelas áreas onde o calor
do verão pede a sua refrescância e delicadeza.
O rosé é um vinho que, não raro, requer harmonização para ressaltar seus predicados.
O vinho rosé pode ser degustado?
Como os espumantes e os fortificados,
os rosés formam uma classe de vinho cujos
estilos indicam apreciação em situações apropriadas, algumas das quais em que outros
tipos de vinho não se enquadrariam com
perfeição.
O prazer da degustação de um vinho rosado começa pelas suas cores. A intensidade da
cor corresponde ao estilo ou à origem: uma
cor muito tênue pode ser um defeito para
uma região e o correto para outra. O brilho
e a limpidez do corpo seguem as indicações
adotadas para os brancos. As tonalidades que
poderão enfeitar seu cálice podem variar de
um rosado bem pálido com reflexos acinzentados até rosa pálido, rosado, cereja, framboesa, morango, rosa envelhecido, salmão, tijolo,
avermelhado ou casca de cebola.
No nariz, procurar uma natureza não complexa que, embora com certa simplicidade,
deve apresentar um leque de aromas puxados
aos florais e frutados, com eventuais toques
minerais. Como exemplos, aroma vegetal de
pimenta nos Cabernet Sauvignon, aroma floral de rosa e violeta nos Pinot Noir, aromas
frutados de morango e framboesa nos Tannat
ou Cinsaut, aromas frutados de pêssego e
pêra nos Grenache, e assim por diante.
Na boca, a alta qualidade vai se apresentar
com evidente frescor e com o equilíbrio entre
vivacidade-acidez e a maciez-untuosidade. A
vinosidade vai traduzir a potência alcoólica e
certa pequena expressão tânica.
Provamos alguns exemplares. Vejamos:
1) Mas de Cadenet, 2005, SainteVictoire, AOC Côtes de Provence, rosé de
Grenache, Syrah e Cinsaut, 12,5%. Vermelhosalmão, toques de tostados e especiarias, levemente adocicado, acidez agradável, com um
elegante frutado de morango silvestre e traços
cítricos. Persistente. (Le Tire Bouchon).
2) Domaine D’Alzipratu, 2005, AOC
Calvi – Córsega, rosé orgânico das uvas
Sciacarellu e Niellucciu, 13,5%. Vermelhogroselha, nariz herbáceo com traços de
especiarias, boca mineral com interessantes
toques de casca de tangerina , acidez ativa e
elegante, persistente. (Le Tire Bouchon).
3) Villa Francioni Rosé, 2005, São
Joaquim/Bom Retiro, SC, rosé de Cabernet
Sauvignon, Merlot e Pinot Noir, 13,1%. Cor
entre vermelho-groselha e casca de cebola,
nariz frutado de ameixa, maçã verde, lima da
pérsia e traços mélicos. Boca evoluída lembrando trufa, cogumelo, toques cítricos e mel.
Persistente.
4) Duetto Casa Valduga, 2004, Vale
dos Vinhedos, rosé de Sangiovese e Barbera,
12,3%. Vermelho casca de cebola com reflexos salmão, nariz frutado, ameixa preta e
notas mélicas. Boca plena, acidez refrescante
e ataque frutado com maçã e toques cítricos.
5) Casa Valduga Estações, 2004, Vale
dos Vinhedos, espumante blush de Chardonnay
e Pinot Noir, 12,5%. Casca de cebola, muito
frutado com notas de framboesa e amora.
Boca agradável, delicada e de elegante frescor.
Como pode se ver desses poucos exemplos,
existem dezenas de possibilidades de se satisfazer com bons vinhos rosés, com seu lado
feminino sempre muito atraente.
Sérgio Inglez de Souza é enó­fi­lo, colu­nis­ta e escri­tor
ser­gio@jor­nal­vi­nhoe­cia.com.br
Novembro de 2006
Jornal
Vinho & Cia
No Circuito do Vinho
Por Fernando Quartim
Barbosa Figueiredo
Mulheres,
vinhos e rouge
em que a óbvia e já conhe- te aconchegante, com seu cida habilidade da “Cordon interior vermelho, ou melhor,
Bleu” Renata proporcio- rouge, conforme seu nome.
nou pratos adequados aos Tem uma sala intermediávinhos trazidos pela Monica. ria, com boa privacidade,
[email protected]
Noite inesquecível!
adequada para um enconO Chef Rouge é um res- tro com vinho a dois. O
Ainda com as deliciosas taurante que sempre se salão principal também tem
lembranças da 14ª Edição preocupou em mostrar uma uns cantinhos gostosos com
da Avaliação Nacional de excelente culinária associa- mesas para dois, ou mais,
Vinhos safra 2006, em Bento da à arte da harmonização de preferência longe da
Gonçalves, recordei-me com os vinhos. Parte do entrada da cozinha, onde se
que, há uns anos, enquanto cardápio se dedica a sugerir registra uns decibéis a mais almoçava no Chef Rouge, vinhos que acompanham os por conta da manipulação
comentei com o Eudes, o respectivos pratos.
dos talheres. Na “varanda”
gerente, a respeito de uma
visita que havia feito à vinícola Lídio Carraro no Vale
dos Vinhedos, e da ótima
impressão que ela havia me
causado.
Contei que uma das coisas que me havia chamado
a atenção era a desenvoltura, a competência, a dedicação, a graça e a beleza
da enóloga encarregada da
parte técnica da vinícola,
a Monica Rosseti, paralelamente à qualidade dos seus vinhos.
Eudes, por sua vez,
comentou com a Chef de
Cousine Renata Brauner e Cantinhos do restaurante CHEF ROUGE, em São Paulo.
com a proprietária Vanessa
o que eu havia falado e
A Carta de Vinhos do Chef da entrada o clima é deslogo se cristalizou uma idéia Rouge é bastante variada, contraído, mais esportivo,
entre Renata e Vanessa de cobrindo uma boa gama com o charme da ambienfazer um jantar de apresen- para acompanhar os deli- tação floral e a curiosidade
tação do vinho Lídio Carraro ciosos quitutes de Renata, do “controle” de quem entra
para o mercado paulistano, com sobrepreços hones- e sai. Mas se você quiser
enfatizando suas qualida- tos. Eudes domina a Carta uma refeição privê, solicite
des e a mão feminina sobre com muito profissionalis- a sala superior, adequada
ele.
mo. Suas sugestões são para uma reunião de umas Era uma oportunidade de sempre muito adequadas e 10 ou 12 pessoas.
mostrar mulheres no vinho, equilibradas.
O Chef Rouge pode intena cozinha e no restauranO Chef Rouge dispõe grar um Circuito do Vinho,
te. Combinação sinérgica de uma variada oferta de onde encontramos um
de enorme potencial. Ainda vinhos em taças, o que ótimo serviço, com profisbem que, tudo isso, para torna a harmonização muito sionalismo, em um ambiencolocar à nossa disposição mais versátil.
te bastante agradável, onde
todas essas maravilhas!
Ele também nos oferece o vinho, sempre presente,
Tivemos um lindo jantar um ambiente extremamen- faz um final feliz!
Novembro de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Mundo do Vinho
Miguel Torres
no Brasil
Em novembro está no
Brasil um dos maiores produtores de vinhos espanhóis: Miguel Torres. A
sua importadora, a carioca Reloco, promove uma
degustação inédita com
diversos exemplares bem
reconhecidos em concursos e pela imprensa internacional.
Petrópolis
Gourmet
BETO ACHER­BOIM
da cozinha, o Azaït tem
uma ótima adega e também um empório, em que
a variedade de azeites é
destaque.
Guia de vinhos
O sommelier Manoel
Beato, do Fasano, lançou um guia de vinhos com
mais de mil produtos no
mercado brasileiro. O
livro traz as suas avaliações pessoais de grandes vinhos e também dos mais comuns, disponíveis em supermercados, desde
que tenham recebido pelo
menos a nota 10, de no
máximo 20.
Novembro é mês também da 6ª edição do evento gastronômico Petrópolis Gourmet, nos dias 9 a 19.
Na cidade serrana flumi- Brasileiro
nense 27 restaurantes traduzido
participam com cardápios O livro “Vino y Algo
especiais. O vinho vai Más”,
de Marcelo Copello,
acompanhando.
é o primeiro sobre vinhos produzido por um brasileiro
Porto aos
a receber uma tradução. Lançado na Argentina e no
250 anos
Chile, é composto por 32
Jóia da vinicultura portucrônicas que relacionam o
guesa e patrimônio da culvinho a outro tema, como
tura internacional, o Vinho
música, erotismo, arte,
do Porto faz 250 anos cachorros, mulheres, poeem 2006. O marco inicial
sia, entre outros.
foi a criação da Região
Demarcada do Porto, a
partir da Companhia Geral Gastronomia
da Agricultura e das Vinhas na praia
do Alto Douro, em 1756.
Seis restaurantes de
O Solar do Vinho do Porto
de São Paulo programa Camburi, em São Sebastião,
eventos para as comemo- no litoral norte de São
Paulo, (Acqua, Antigas,
rações.
Cantinetta, Manacá, Ogan
e Tié) incentivam a gastroTraz e leva
nomia e o vinho na praia.
O Azaït nos Jardins em De 10 a 20 de novemSão Paulo presta um servi- bro, ocorre a quinta edição
ço bem interessante. Traz de um festival com pratos de segunda a sexta-feira, especiais e degustações,
em carro com motorista, entre elas uma no Acqua,
os clientes da região ao de espumantes nacionais restaurante e os leva de em harmonia com aperivolta à casa ou ao escri- tivos do mar. Inscrições:
tório, gratuitamente. Além (12) 3865-1866.
Gregos e troianos
A
nalisando o tema combinações,
vejo como é difícil a vida de um
vinho. Pois é, agradar a gregos
e troianos é muuuuito complicado. Isso é
possível comprovar por estes depoimentos
colhidos recentemente.
Palavra do vinho branco
No meu ponto de vista, agrado aos peixinhos e a todos os seres vivos aquáticos
e marinhos, encaro com bravura vários
vegetais e legumes, agüento um braço de
ferro com uma penosa e até suporto um leve
porquinho. Mas perco, de goleada, para
seres que pastam e ruminam, e não me sinto
confortável na presença de molhos vigorosos, com gordura em excesso.
Tenho várias versões (aromático, mineral,
com madeira ou sem madeira, etc.), e posso
ir ao outro lado do planeta num passeio por
temperos e condimentos dos mais variados
tipos sem perder a classe e a compostura,
pois continuo com brilho, viço, e uma presença marcante na taça.
Mas, ai, tenho um ponto fraco. Quando
vejo um confeiteiro pela frente, tremo de
medo, como se assim pensasse: não, doces
não! Xô chocolate! Não combino com açúcar… (só meus primos doces, já que todos
me acham muito seco).
Palavra do rosé
(ele, que acha que é tinto, mas tem um
corpinho de branco… ou será o contrário?)
Tem horas que fico mais vermelho, e não
é de vergonha. Quando isso acontece, enchome de coragem para encontrar um animal
de maior porte. Até consigo formar um par
romântico com o javali, contanto que não
tenha nenhum molho forte para separar-nos!
Porcos em geral, domesticados ou selvagens, perdem o rebolado diante de uma taça
comigo dentro. Eles me adoram! Assim como
muitos temperos, e, óbvio ululante, todos na
praia e no rio me amam, com exceção de um
certo bacalhau…
Meu problema é quando tento encontrar
um boizão de frente. Caio na real quando
percebo que é muito peso para meu corpinho
delicado – e tiro meu time de campo.
E nos doces então? Sou igual ao branco.
Fico totalmente sem graça!
Tinto
Pois lá vem Mister tintão chegando muito
sabiamente, dizendo que sabe jogar pesado,
e que se adapta a qualquer tipo de jogo!
Bois, galos briguentos, todos os animais
de caça são facilmente abatidos e domados
por minhas diversas variedades. Se chega
um molhão por perto, lá vou eu me arrumar
para o encontro, e, pode ter certeza, você
verá estrelas!
Queijos, embutidos, massas, risotos? Com
poucas exceções, tá tudo dominado!
O problema é lidar com delicadezas…
não tenho leveza suficiente para isso. Frutos
do mar? Peixinhos? Penosas sem molho?
Legumes e verduras já são difíceis de agradar, mas esses, com jeitinho, dá para levar
numa boa.
Nos doces a complicação é ainda maior.
Somente poucos de nós conseguem sobreviver a uma luta entre açúcar, gorduras e
taninos. Dos secos não sobra nada. Como no
caso dos brancos, somente na versão doce,
que foi feita somente para isso.
Champagne
Eis que chega Monsieur Champagne, com
toda sua experiência, sabedoria e eficiência,
pronto para a festa. Combinações difíceis
é comigo mesmo! Encaro tudo que anda
(alguns com muita dificuldade, lógico), que
voa, que brota da terra, que nada nas águas
doces e salgadas, pratos exóticos (tentem me
provar com uma feijoada…), e, por que não,
alguns doces – sem chocolate.
Delicadeza quando preciso, peso quando
necessário, vivacidade em todo o seu esplendor, e uma sensação eterna de quero mais,
de boca limpa, sou eu, o Champagne (e seus
parentes diretos, espumantes), e ninguém
mais, quem pode acompanhar uma refeição
do início ao fim.
Eu, Beto, confesso: de todos os que já bebi
até hoje, contando espumantes de todas as
nacionalidades, e os grandes Champagnes,
dois nunca me saíram da memória, nem
nunca sairão: Dom Pérignon, millésimes
1989 e 1990. Quem já provou sabe o que
estou falando. Inenarrável!
Até a próxima.
Beto Acherboim é rela­ções públi­cas, enó­fi­lo,
são­-pau­li­no e apre­cia­dor das boas coi­sas da vida.
beto@jor­nal­vi­nhoe­cia.com.br
8
Novembro de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Jornal
Vinho & Cia
Novembro de 2006
Cia do mês
Veja: combinar vinhos com
alcachofra não é tão difícil!
Na literatura sobre vinhos,
a alcachofra aparece sempre na lista dos ingredientes difíceis de combinar.
O fato está relacionado
ao seu sabor característico, com toques amargos e
metálicos.
Aproveitando a época de
safra da alcachofra, quando podemos apreciá-la bem
fresca, o Jornal Vinho & Cia
propôs o desafio de descobrir vinhos que harmonizassem adequadamente
com um prato com essa
flor na sua composição.
Nesse sentido, aproveitando a iniciativa do restaurante Piccolo Bistrot de
São Paulo, que desenvolve
nesta época um festival de
vários pratos com o ingre-
diente, escolhemos um que
suavizasse um pouco o seu
efeito e ao mesmo tempo
mantivesse as suas características básicas: “penne
com molho de alcachofra e
nozes”. O prato, elaborado
pelo chef e proprietário do
Piccolo, Sandro Sarbach,
pode ser descrito como
bem aromático, delicado
e crocante, com impacto
marcante em todos os sentidos.
Às importadoras, distribuidoras e vinícolas coube o
papel de indicar livremente
vinhos que pudessem combinar bem com esse prato,
para serem apreciados às
cegas (sem conhecimento
do rótulo) por degustadores
do Jornal, incluindo a equipe
como se poderia imaginar,
poucos foram os vinhos que
realmente não poderiam ser
apreciados adequadamente
com o prato. Pelo resultado
das medalhas, observou-se
que não há um tipo de vinho
mais recomendado, mas,
sim, uma gama de opções
de uvas e sabores que
podem proporcionar muito
prazer. Os comentários de
alguns degustadores estão
na página ao lado.
O Jornal Vinho & Cia
agradece o Piccolo Bistrot
pela comida, pelo serviço e
pelo espaço e os fornecedores pelo encaminhamento dos vinhos.
Vale experimentar! E
mais uma vez quebrar as
regras!
de redação e convidados.
Os vinhos indicados (espumantes, brancos, rosés e
tintos) estão apresentados
na tabela seguinte.
Os degustadores reuniram-se no ambiente pequeno e charmoso do Piccolo
no final de outubro, numa
noite quente, com os vinhos
servidos na temperatura correta, para avaliarem
cada um em conjunto com o
prato, e não puros. Os seis
vinhos que melhor combinaram receberam as medalhas Cia de Ouro, Prata e
Bronze, e estão apresentados na página ao lado.
A opinião geral dos
degustadores é que, em
função do prato escolhido,
a combinação não foi difícil
Piccolo Bistrot:
R. Tucuna, 689, Perdizes,
São Paulo, (11) 3872-1625,
www.piccolobistrot.com.br
Vinhos indicados pelos fornecedores para combinar com penne ao molho de alcachofra e nozes
it.
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
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30
31
32
33
34
35
fornecedor
Adega Alentejana
Adega Alentejana
Aurora
Aurora
Casa Flora
Casa Flora
Del Maipo
Del Maipo
Don Laurindo
Don Laurindo
Impexco
Impexco
Interfood
Interfood
La Vigne
La Vigne
Lusitana
Lusitana
Miolo
Miolo
Mistral
Reloco
Reloco
Salton
Salton
San Marinno
San Marinno
Santar
Santar
Sulvin
Sulvin
Vinhas do Douro
Vinhas do Douro
Wine Company
Wine Company
fone
(11) 5054-5760
(11) 5054-5760
(54) 3455-2000
(54) 3455-2000
(11) 3327-5199
(11) 3327-5199
(61) 3234-9973
(61) 3234-9973
(54) 3459-1600
(54) 3459-1600
(21) 2424-1624
(21) 2424-1624
(11) 6602-7255
(11) 6602-7255
(41) 3667-0700
(41) 3667-0700
(11) 5054-2032
(11) 5054-2032
(11) 2167-1600
(11) 2167-1600
(11) 3372-3400
(21) 2580-0350
(21) 2580-0350
(11) 6959-3144
(11) 6959-3144
(11) 6942-0681
(11) 6942-0681
(11) 3227-7355
(11) 3227-7355
(11) 3292-8800
(11) 3292-8800
(11) 6842-0883
(11) 6842-0883
(19) 3294-1570
(19) 3294-1570
produtor
Eborae
Eborae
Aurora
Aurora
Casablanca
Denis & Florence
Tamaya
Estepa
Don Laurindo
Don Laurindo
Buena Vista
Carrau
Calvet
Calvet
Casa Montes
Omnia
Peralillo
Encosta do Guadiana
Via Wines
Osborne
Cia das Quintas
Torres
Chateau Los Boldos
Salton
Salton
Viña la Rosa
Viña la Rosa
Cousiño-Macul
Ariano
Sulvin
Sulvin
Agri-Roncão
Quinta de Mosteirô
Escorihuela Gascón
Sto Isidro de Pegões
vinho
Vale da Torre Tinto
Singularis Tinto
Aurora Brut
Aurora Varietal Merlot Rosé
Santa Isabel Single Chardonnay
Clos Floridene
Tamaya Special Reserve
Estepa Tierras Trousseau
Don Laurindo Reserva Tannat
Don Laurindo Reserva Merlot
Buena Vista Carneros Merlot
Amat Tannat
Calvet Sauvignon Blanc
Calvet Merlot-Cabernet
Anpakama Viognier
Kumkani Sauvignon Blanc
Arenal Chardonnay
Albernoas Tinto
DO Sauvignon Blanc
Solaz Blanco Viura
Prova Régia Bucelas Arinto
Torres Milmanda
Los Boldos Vieilles Vignes Cabernet
Salton Reserva Ouro Brut
Salton Classic Gewurztraminer
La Palma Rosé
Don Reca Limited Chardonnay
Cousiño-Macul Antiguas Reservas Cabernet
Don Adelio Ariano Reserve Tannat
Casa de Amaro Reserva Chardonnay
Casa de Amaro Reserva Sangiovese
D.R. Reserva
Quinta de Mosteirô
Escorihuela Gascón Viognier
Vale da Judia Moscatel
tipo
Tinto
Tinto
Espumante
Rosé
Branco
Branco
Branco
Branco
Tinto
Tinto
Tinto
Tinto
Branco
Tinto
Branco
Branco
Branco
Tinto
Branco
Branco
Branco
Branco
Tinto
Espumante
Branco
Rosé
Branco
Tinto
Tinto
Branco
Tinto
Tinto
Tinto
Branco
Branco
uva
Várias
Trincadeira-Aragonês
Chardonnay
Merlot
Chardonnay
N/I
Chardonnay-Viognier
Blanc de Noir
Tannat
Merlot
Merlot
Tannat
Sauvignon Blanc
Merlot-Cabernet
Viognier
Sauvignon Blanc
Chardonnay
Várias
Sauvignon Blanc
Viura
Arinto
N/I
Cabernet Sauvignon
Várias
Gewurztraminer
Merlot-Cabernet
Chardonnay
Cabernet Sauvignon
Tannat
Chardonnay
Sangiovese
Várias
Várias
Viognier
Moscatel
safra
2004
2003
N/I
2006
2003
2004
2003
2005
2004
2004
1999
2001
2004
2004
2005
2004
2004
2004
2004
2005
2004
2004
2004
N/I
2005
2006
2004
2004
2002
2003
2004
2002
1999
2004
2003
origem
Portugal
Portugal
Brasil
Brasil
Chile
França
Chile
Argentina
Brasil
Brasil
EUA
Uruguai
França
França
Argentina
África do Sul
Chile
Portugal
Chile
Espanha
Portugal
Espanha
Chile
Brasil
Brasil
Chile
Chile
Chile
Uruguai
Brasil
Brasil
Portugal
Portugal
Argentina
Portugal
��������
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medalha
Prata
Ouro
Bronze
Bronze
Prata
Bronze
-
Que lições tiramos?
“Todos
os
manuais
de
harmonização
que já tive a
oportunidade
de ler destacam entre os
‘alimentos de
difícil harmonização’ ela, a
alcachofra! E
não é que, por
causa do molho especial preparado
pelo chef Sandro Sarbach, encontramos duas harmonizações interessantes
e de certa forma opostas? Por semelhança, pelo tanino, um tinto Tannat
(Uruguaio) e, por contraste, pelo frutado, um brasileiríssimo Salton Classic
Gewürztraminer! Uma rara oportunidade! Valeu! Sandro, parabéns!”
“A alcachofra confere à
maioria
dos
vinhos
um
sabor metálico
- amargo. Com
ela vão bem
brancos aromáticos, com
alta
acidez,
o que aconteceu com o
Gewürztraminer, da Salton (2º colocado). A surpresa para mim foi a boa
harmonização com o Tannat uruguaio,
Amat, da Bodegas Carrau. Acredito
que o molho com nozes deu destaque
à característica amendoada do vinho,
que passou bastante tempo em carvalho”
Amat Tannat
Salton Classic
Gewurztraminer
Tamaya Special
Chardonnay-Viognier
Safra: 2001
Tipo: Tinto
Uva: Tannat
Produtor: Carrau
Fornecedor: Impexco
Fone: (21) 2424-1624
Origem: Uruguai
Safra: 2005
Tipo: Branco
Uva: Gewurztraminer
Produtor: Salton
Fornecedor: Salton
Fone: (11) 6959-3144
Origem: Brasil
Safra: 2003
Tipo: Branco
Uva: Chardonnay e Viognier
Produtor: Tamaya
Fornecedor: Del Maipo
Fone: (61) 3234-9973
Origem: Chile
Safra: 2004
Tipo: Tinto
Uva: Cabernet Sauvignon
Produtor:
Chateau Los Boldos
Fornecedor: Reloco
Fone: (21) 2580-0350
Origem: Chile
“Essa degustação com o
gostoso e aromático penne
ao molho de
alcachofra e
nozes preparado pelo Sandro
Sarbach serviu para quebrar mais uma
daquelas regrinhas do mundo do vinho criadas para
‘facilitar’ o entendimento, mas que limitam o prazer de experimentar e apreciar livremente. Dá, sim, para combinar
vinhos com pratos de alcachofra! E
mais, com esse prato, descobrimos que
vários tipos de vinhos podem harmonizar: os 6 medalhados são totalmente
diferentes!”
Safra: 2004
Tipo: Tinto
Uva: Várias
Produtor:
Encosta do Guadiana
Fornecedor: Lusitana
Fone: (11) 5054-2032
Origem: Portugal
Safra: 2004
Tipo: Branco
Uva: Chardonnay
Produtor: Viña la Rosa
Fornecedor: San Marinno
Fone: (11) 6942-0681
Origem: Chile
9
Novembro de 2006
Jornal
Walter Tommasi ­é ­exe ­cu­ ­ti­ ­vo ­de ­mu­l ­ti­ ­na ­ci­o ­nal,
enó­ ­fi­ ­lo ­e ­arti­s­ ­ta ­plás­ ­ti­ ­co
tom ­ma ­s­i­@jor ­nal ­vi­ ­nhoe ­ci­a.com.br
obs
Mineral
Apimentadinho
Final de tabaco
Belo vinho
Apimentado
Curioso
Agradável
Bela mistura
Mineral, delicioso
Extremamente macio
Beleza
Macio e gostoso
Acidez instigante
Redondão
Mentolado
Apimentado, redondo
Potente
Muito interessante
Que concentração!
Campeão
Estupendo
R$*
35
40
47
48
49
59
66
70
73
75
90
95
115
128
129
140
145
173
180
215
328
safra
2003
2002
2003
2001
2004
2002
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2001
uva
Chardonnay
Cabernet Sauvignon
Durif
Sémillon, Chardonnay
Shiraz
Malbec
Cabernet, Shiraz, Merlot
Sémillon, Sauvignon, Riesling
Riesling
Shiraz
Shiraz
Shiraz
Shiraz
Shiraz
Cabernet Sauvignon
Shiraz
Shiraz
Shiraz
Shiraz
Shiraz, Cabernet, Merlot
Cabernet Sauvignon
tipo
Branco
Tinto
Tinto
Branco
Tinto
Tinto
Tinto
Branco
Branco
Tinto
Tinto
Tinto
Tinto
Tinto
Tinto
Tinto
Tinto
Tinto
Tinto
Tinto
Tinto
vinho
Masterpiece Chardonnay
Three Steps Cabernet
Might Murray Durif
Koonunga Hill Sémillon-Chardonnay
Nottage Hill Shiraz
Bleasdale Malbec
Wynns CSM
Poacher’s Blend
Clare Valley Riesling
Red Belly Black Shiraz
The Footbolt
Jacob’s Creek Reserve Shiraz
Kangarilla Road Shiraz
Elderton Shiraz
Tintara Cabernet
Generations Shiraz
Premium Shiraz
Vasse Felix Shiraz
Woodcutter’s
Keyneton Estate SCM
Ashmead Cabernet
no início, um cumprimento clássico sem intimidade (ele era o presidente!), depois a lacônica
recomendação para que ele fizesse um curso
básico que abriria na SBAV, o telefone, um
abraço, Aguinaldo. Não desmanchou-se ali sua
admiração por ele, mas esperava mais, achou
que receberia um e-mail mais “uau, Antonio,
e pirim-pororom”, que depois ele responderia,
e viraria uma longa e íntima troca de informações. Ficariam amigos, ele freqüentaria sua
casa, o convidaria para tomar seus vinhos...
Quem sabe até batizasse um filho seu um dia!
Mas por que esta expectativa? Sim, justamente porque sua namorada naquela altura
merecia “uma lição” (quem disse que ele não
lhe escreveria, hein?!). Assim, com o e-mail do
mestre, ele não se fez de rogado e encaminhou.
Ah, não iria perder esta oportunidade. Ainda,
escreveu mais ou menos assim. “Amor, tá vendo
só? Acabei de receber o e-mail do ‘f...’ dos
vinhos”. E, irônico, terminou: “Eu te amo”.
Sua vingança estava consumada.
Mais tarde foi checar seus e-mails; esperava encontrar um humilde de sua namorada,
jogando a toalha, admitindo que ele estava
mesmo certo, que Aguinaldo Záckia Albert era
mesmo o máximo, que queria um livro seu, que
o filho deles em sua homenagem se chamaria
Aguinaldo (sem “u” e “i”), etc e tal. Seu e-mail
não chegava. Estava estranhando, ela nunca
demorava cinco minutos para responder. Nada,
decidiu ligar. “Oi, Amor, tudo bem? Então...”.
“Como assim, não recebeu? Eu mandei, sim!”.
Com o telefone na mão, olhava no Outlook as
Mensagens Enviadas. Fulano, beltrano... Nada.
Agui... Não, não, não era possível. Havia, ao
invés de encaminhar o e-mail para sua namorada, respondido para Aguinaldo aquele monte de
bobagens. Andou para lá e cá, e não viu outra
saída: enviar um novo e-mail ao mestre, pedindo todas as desculpas do mundo, informando
que o e-mail deveria ter ido para a namorada,
enfim! Que saia justa, gente!
O mais engraçado de tudo é que hoje
Aguinaldo e Tony escrevem e são membros do
grupo de degustadores da mesma revista, mas
o episódio nunca foi comentado. O segredo
está agora sendo desvendado e a saia justa vai
virar bermuda. Quanto à namorada, hoje ela é
“Ex”... He he he.
produtor
Andrew Peace
Hope
Andrew Peace
Penfolds
Hardys
Bleasdale
Wynns
St Hallett
Angove’s
Angove’s
D’Arenberg
Jacob’s Creek
Kangarilla Road
Elderton
Hardys
Bleasdale
Sandalford
Vasse Felix
Torbreck
Henschke
Elderton
M
eu amigo Tony tem muitos predicados, um deles é a forma apaixonada com que ele enfrenta seus
desafios, sendo que um deles foi o de aprender
a degustar vinhos. Tudo começou com uma
apostila que ele recebeu de outro amigo e que
por uma semana virou seu “livro de cabeceira”, substituído posteriormente por diversas
pesquisas na Internet, que, pela constância,
chegaram até a incomodar sua namorada do
momento.
Zakia, Ambruster, Telles, Azevedo e outros
tornaram-se seus ídolos; assinou todas as
publicações especializadas em vinho; e aí decidiu que o Aguinaldo deveria ser seu mestre
no mundo do vinho. Ele precisava conhecer o
Aguinaldo pessoalmente de qualquer maneira!
Um dia criou coragem, ligou para a SBAV
e pediu o e-mail do seu candidato a Guru, e
qual não foi a felicidade quando esta porta
lhe foi aberta! Orgulhoso, foi dividir a alegria
do feito com a namorada, mas esta, talvez já
bem incomodada pela concorrência do vinho
até nos fins de semana, fulminou “Ha, ha ha...
Duvido que ele vá responder. Não vai sequer
dar atenção!”. “Vai, sim, quer apostar?” disse
o indignado Tony.
Aquilo martelou sua cabeça, O Aguinaldo
(íntimo...), o Aguinaldo, não. Ele não faria isso!
Aí decidiu validar a decisão com seu amigo,
que de tanto ouvir falar e ler as matérias do
“Aguinaldo”, já tinha virado fã também. Pois
bem, pegou o PC e resolveu teclar o importante
e-mail. Era curto e direto. Dizia de sua admiração e pedia conselhos. Como aprender, indicação de cursos, livros, etc. Ainda indignado,
ligou para a namorada e informou o envio do
e-mail, mas ela continuou com suas ironias.
Fato consumado, checava regularmente o
“Outlook” e nada... Num mesmo dia, chegou a
verificar a esperada resposta várias vezes e...
Nada. O medo do mestre não responder e de
confirmar o presságio (praga) da namorada
era maior do que a certeza de que o presidente
da SBAV não teria tido tempo ainda de checar
os e-mails.
Dois dias depois, mais distraído, ao ligar o
computador, ele começou a leitura dos e-mails
e lá estava: Aguinaldo Záckia Albert. Olha de
novo... Não acreditava, era verdade! Em pleno
momento de êxtase gritou para seu amigo para
que lesse consigo as pérolas de sabedoria que o
oráculo do vinho lhe teria falado, mas este estava ocupado, pediu para esperar. Lê seu nome
Qu­e ­tal ­es­ta ­s­eleção
do ­Jornal ­Vi­nho ­& ­Ci­a?
fone
(11) 3722-2155
(11) 3819-4020
(11) 3722-2155
(11) 3372-3400
(11) 3048-2282
(11) 3327-5199
(11) 3372-3400
(11) 3819-4020
(11) 3085-3055
(11) 3085-3055
(11) 3071-2900
(0800) 14-2011
(19) 3294-1570
(11) 4613-3333
(11) 3048-2282
(11) 3327-5199
(11) 3819-4020
(11) 4613-3333
(19) 3294-1570
(11) 4613-3333
(11) 4613-3333
A saia justa virou bermuda
Es­colha ­o ­s­eu­ ­
vi­nho ­da ­Au­s­tráli­a
fornecedor
Best Wine
KMM
Best Wine
Mistral
Aurora Bebidas
Casa Flora
Mistral
KMM
World Wine
World Wine
Zahil
Pernod Ricard
Wine Company
Expand
Aurora Bebidas
Casa Flora
KMM
Expand
Wine Company
Expand
Expand
WAL ­TER­ ­TOM ­MA ­SI
Vinho & Cia
it.
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Novembro de 2006
Jornal
Beabá
A Região da Bairrada
Vinho & Cia
MAISON DES CAVES.
A LOJA PARA VOCÊ VIVER O MUNDO DO VINHO
DO JEITO QUE VOCÊ GOSTA.
Por José Ivan Santos
[email protected]
Nota da redação: neste
artigo José Ivan Santos
prossegue na descrição
de regiões vinícolas portuguesas. Nos artigos
anteriores foram abordados o Dão e as suas
Quintas.
Mapa da REGIÃO VINÍCOLA DA BAIRRADA,
EM PORTUGAL
mum para uma região de
vinhos portugueses, na
Bairrada existia a supremacia da uva baga, de
bagos pequenos, casca
grossa e incrivelmente
tânica. Um vinho para
ostentar a Denominação
de Origem Bairrada deveria ter grande percentagem
dessa uva em sua composição. Recentemente,
essa restrição foi alterada, tendo sido permitido ao produtor usar as uvas que achar melhor
e denominar seu vinho
de Bairrada. Foi criada
a denominação Bairrada
Clássico para vinhos em
que entrem 85% de uvas tradicionais portuguesas (baga, alfrocheiro, touriga nacional, tinta roriz,
camarate e rufete), sendo
obrigatórios 50% de baga.
Os 15% restantes podem
ser de quaisquer uvas que constem de uma lista
aprovada pela Câmara de
Provadores da Bairrada.
Entre as uvas brancas, destaca-se a bical,
semelhante à riesling,
que origina um branco
que, quando jovem, apresenta gosto de grama e,
depois de alguns anos em garrafa, adquire um
toque mineral, de petróleo. Outras uvas brancas da Bairrada são maria
gomes, arinto, cercial e
rabo-de-ovelha.
Cerca de 60% dos espumantes portugueses são feitos na Bairrada,
inclusive espumantes tintos, rústicos e frutados,
na maioria das vezes harmonizados com a especialidade gastronômica
da região, o leitão assado.
Aprecie com moderação.
A Bairrada situa-se
entre os vales dos rios Vouga e Mondego. O primeiro nasce em Aveiro, o
principal porto pesqueiro
de Portugal, e o último
atravessa a cidade de
Coimbra, situada no sul
da região.
Com clima influenciado
pelo oceano Atlântico e
caracterizado por verões com dias quentes e noites frescas, a Bairrada
é uma região de colinas suaves, cujos limites são as areias da orla
marítima e as serras do
Buçaco e do Caramulo.
As principais cidades da
Denominação de Origem
são Anadia, Mealhada e
Cantanhede, e seus concelhos, situados mais ao
sul, próximos a Coimbra.
O nome bairrada deriva
de “barro”, palavra portuguesa que significa argila
e constitui a maior parte
do solo da região.
De uma maneira inco-
Climatização de ambientes
e adegas especiais.
Mais de 200 rótulos de grandes vinhos
do mundo todo, acessórios e taças.
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12
Novembro de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Vinho & Ocasião
CESAR ADA­MES
Por Adriana Bonilha Oliveira
Onde fumar sem incomodar
C
ada vez mais as proibições aos
fumantes aumentam e os apreciadores de charutos ficam sem
espaço para apreciar seus puros, sozinhos
ou na companhia de amigos. A solução
encontrada é ficar em casa ou freqüentar
os espaços cigar friendly, como são chamados os locais que recebem os apreciadores de charutos e não necessariamente
são charutarias.
O ideal para encontrar o melhor local
para degustar seu charuto começa pelo
atendimento. É fundamental encontrarmos
um profissional em quem realmente possamos confiar. Afinal de contas iremos passar
um bom tempo em seu estabelecimento e
também queremos estar entre os primeiros,
a saber, de novos produtos, novas marcas
e eventos. Mesmo que esta pessoa se torne
um de seus melhores amigos, nunca hesite
em lhe devolver um charuto com problemas. Ele não irá ficar chateado, afinal de
contas o problema é com o charuto e não
com o atendimento. Posteriormente ele
irá encaminhar este charuto ao fabricante
para que ele verifique o problema e evite
perder a credibilidade conquistada pela
marca.
Como saber se estou freqüentando o
melhor local da cidade? É simples, você
gosta do estabelecimento e das pessoas? A
conversa flui com facilidade? O vendedor
parece compreender seus gostos e preferências? Você confia nas recomendações
que lhe faz com relação a novos tipos de
charutos? Sugere novos produtos para que
você possa ampliar sua experiência com
charutos? Ou apenas quer empurrar produtos para esvaziar as prateleiras?
Outro ponto fundamental é ver como
os charutos estão armazenados. O ideal é
que o espaço tenha um ambiente especial
para armazenar os charutos com temperatura (16 a 18oC) e umidade (65% a 70%)
controlados evitando que os charutos estejam impróprios para o consumo. Embora
comprar e degustar um charuto sejam um
ritual maravilhoso, não permita que esta
experiência se torne um fato desagradável.
Fique aberto a novas possibilidades de
locais e produtos e principalmente ao seu
gosto, que pode mudar e amadurecer.
Atualmente é possível encontrar em São
Paulo cerca de quinze espaços que recebem muito bem quem quer degustar o seu
charuto com tranqüilidade. Um dos pontos
mais tradicionais e antigos na arte do bem
receber é o hotel Renaissance, que tem dois
ambientes distintos, o Havana Club, sob o
comando do experiente Bruno Pegorer, e o
Lobby Bar, que conta com a competência
de Camilo Poveda e a simpatia da Renata
Pascoal. Em Moema, ao lado do Shopping
Ibirapuera, temos o Roma Cigar Bar e o
atendimento do Francisco Macedo, que
é um especialista em cachaças. Na Vila
Olímpia, no Bar Maré Alta, é possível
petiscar ótimos frutos do mar com o serviço refinado de Samuel Bensemann, atual
campeão do concurso Epicure Sommelier,
que premia o melhor serviço de charutos
e bebidas. Para finalizar, na Ponte da
Cidade Jardim temos a Advanced House,
com seu ótimo café e serviço de Carlos
Alberto. Podíamos contar com a simpatia
de Rodrigo Gorga da Tabacaria Lenat na
Banca Siciliano, mas infelizmente os donos
da Siciliano resolveram tirar a Lenat de lá
para colocar uma doceria, que com certeza
vai vender muito mais doces feitos à base
de açúcar cristal do que café e charutos. É
uma pena, pois São Paulo perdeu um excelente espaço onde se podia ler revistas, um
bom livro e tomar um ótimo café acompanhado de um bom charuto. Mas nem tudo
está perdido, a Lenat para não deixar seus
clientes na mão, fez uma grande reforma e
até o final do mês vai estar com um excelente espaço e o serviço do Rodrigo no piso
superior de sua loja na Oscar Freire. Vale
a pena passar por lá para conferir.
Cesar Adames é con­sul­tor na área de taba­co
ada­mes@jor­nal­vi­nhoe­cia.com.br
[email protected]
Golfe obrigatório?!
Que tal uma taça?
Ambiente do restaurante GOGA, no Onne Unigolf
em São Paulo.
Uma universidade chinesa incluiu no seu currículo
obrigatório aulas de golfe
para estudantes de administração, direito, economia e computação. O intuito é auxiliar no raciocínio
e na elaboração de estratégias, além de ir para o
lado prático, pois muitos negócios são fechados em
campos de golfe.
Então por que não podemos aproveitar a idéia?
Não gosta? Não sabe
jogar? Ah... Basta umas aulinhas...
Mas a proposta aqui é
de apenas aproveitarmos o glamour do jogo para um
bom prato e uma boa taça
de vinho. O que? Estou misturando tudo como os chineses?
Eu não, quem misturou foi o Onne Unigolf, que, em
plena Marginal Pinheiros em São Paulo, uniu golfe
com gastronomia e criou o Goga.
Em espaço descontraído e casual, mas com
todo o charme que essa
atividade esportiva sugere, o chef Fernando Morais cria pratos interessantes para nosso deleite,
como o “coelho marinado ao funcho” (feito do
próprio molho, com arroz
na manteiga queimada
e castanhas do Pará) ou “filet de arraia com purê
de cará” (salteada e aromatizada com manteiga
trufada). Vale uma visita
para uma tarde ou noite
gostosa. E não se esqueça de acompanhar com
um belo vinho. Apesar da
carta ainda enxuta, o restaurante oferece algumas opções de vinhos em taça,
entre elas Periquita 02 de
José Maria da Fonseca,
Santa Rita 120 Cabernet
03 e Masterpeace Merlot
05.
E antes ou depois, quem
sabe, umas tacadas...
13
Novembro de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Nas ondas do Rio
EUCLIDES PENEDO BORGES
Por Jaqueline Barroso
[email protected]
As Terças do
Vinho
Ribamar Aragão, dono
do restaurante Empório
Santa Fé, criou “As Terças do Vinho”, em homenagem
aos enófilos. No dia o cliente tem 25% de desconto
em toda a carta. São mais de 400 rótulos de todas as nacionalidades. É um
espetáculo! Dessa forma o
consumidor pode aproveitar
o preço e conhecer vários rótulos sem “pesar” muito
no bolso. O Empório Santa
Fé também tem uma loja
de vinhos dentro do restaurante, possibilitando a compra do nosso “caldo” com
a garantia de um perfeito
acondicionamento devido à
adega climatizada. A promoção não tem data de validade. Praia do Flamengo, 2,
(21) 2245-6274.
das 12h até o último cliente. Rua Quintino Bocaiúva,
151, São Francisco, Niterói.
(21) 2717-4505. Sucesso!
Primavera no
Alcaparra
Para esta primavera, o
Chef Didi, do Restaurante
Alcaparra, volta com menus especiais. Sexta-feira é dia
de Tilápia da Serra Viva:
filés de tilápia (peixe de
água doce e não congelado) cobertos com molho
de caju e servidos com
arroz de castanha. No
Domingo é o prato preferido do simpático gerente
Raimundo Ferreira: rabada
com polenta italiana. Para
harmonizações é só pedir
sugestão para o sommelier
Batista. Reservas pelo fone
(21) 2558-3937. Praia do
Flamengo, 150.
Balacobaco em
Nikity
Festa da
Primavera
Além
mar...
Niterói ABS-Rio
(carinhosamente chama-
da de Nikity) tem agora o
Balacobaco Champanheria.
O sommelier Dionísio
Chaves juntamente com
seu sócio Márcio André
escolheram o bairro de São
Francisco, uns dos mais charmosos da cidade, para
oferecer tapas, espumantes, champagnes, vinhos e
também um elaboradíssimo cardápio de massas,
carnes e peixes. É uma
casa linda, descontraída e
com um visual maravilhoso
do Rio e da natureza. O
funcionamento é de terça
a sábado das 18h até o
último cliente e no domingo
A Festa da Primavera
ABS-Rio, o evento mais esperado do ano pelos seus associados, aconteceu no último dia 28 no Le
Méridien. Foi a XVII edição, uma noite brilhante,
com muita confraternização, regada a vinhos de
todas as nacionalidades e
especiarias das mais diversas. O diretor de eventos Antonio Dantas “arrasou”
mais uma vez na organização. O salão foi ineditamente ornamentado com
enormes cachos de uvas brancas e tintas feitas de
balão: “show”! Parabéns!
De um lado e de outro
da Cordilheira
Q
uem já atravessou os Andes
por terra, de Santiago para
Mendoza, sabe do que se
trata.
Sobe-se a cordilheira por estrada
sinuosa até alcançar o “Paso de los
Caracoles”, lá em cima. Avista-se o
Aconcágua, imponente, e segue-se
caminho após passar a fronteira, descendo suavemente para Mendoza. Em
todo o percurso, paisagens de sonho,
com escarpas vertiginosas encimadas
por neves eternas.
Nos pontos de partida e de chegada
do roteiro, vinhedos e mais vinhedos,
diferenciados uns dos outros, pois a
cordilheira é um paredão que garante
clima marítimo ao lado chileno e impõe
clima desértico ao lado argentino.
Na parte alta da área metropolitana
de Santiago destaca-se um arco nortesul de vinte vinícolas, algumas bem
conhecidas (Cousiño Macul, Concha
y Toro, Carmen) e outras nem tanto
(Domus, Huelquen, Antiyal, com a cordilheira a leste). A distância entre as
duas vinícolas mais afastadas desse
arco (Aquitania no norte e Hacienda
Chada no sul) não chega a trinta
quilômetros. Em meio a elas descem
as águas do Rio Maipo, de leste para
oeste, cortando o arco ao meio. O que elas têm em comum? Pertencem
todas ao terroir do Alto Maipo. Lá, as
chuvas invernais só caem depois de
maio, de modo que se pode colher
tardiamente, até fins de abril. A supermaturação leva a mostos açucarados
e vinhos alcoólicos, em que os aromas de frutas maduras associam-se
ao eucalipto e ao chocolate dos tintos
chilenos, principalmente de Cabernet
Sauvignon, Merlot e Carmenère.
Do outro lado dos Andes, na área
de influência de Mendoza, um conjunto de vinte vinícolas acompanha
a Cordilheira, descortinada a oeste.
Algumas bem conhecidas (Terrazas,
Norton, Chandon) e outras nem
tanto (CAP Vistalba, Nieto Senetiner,
Dolium). A distãncia entre as duas
extremas (Alta Vista no norte e Catena
Zapata no sul) não chega a trinta
quilômetros. Entre elas corre o Rio
Mendoza, de oeste para leste.
O que elas têm em comum? Pertencem
ao terroir de Luján de Cuyo, Mendoza,
que inclui Vistalba na margem esquerda do rio e Agrelo, paraíso da Malbec,
na margem direita. Lá o espaço é
desértico e as altitudes elevadas, entre
900 e 1000 metros acima do nível do
mar. Solos de aluvião com seixo rolado
da milenar desintegração dos Andes,
camadas de solo de textura arenosa
e ótima drenagem, riqueza mineral e
pobreza orgânica. Por isso, um vinho
de Cabernet Sauvignon de lá apresenta
outras características: cor violácea,
aromas de fruta escura e minerais, condimentado. Associado à Syrah, pede
pratos contundentes.
É assim que, numa área relativamente pequena em planta, mas com
incríveis desnivelamentos e alturas em
corte, encontram-se vinhos tão diferentes em tipo e estilo: chilenos distintos
e famosos e argentinos de qualidade
reconhecida, em plena ascensão.
Euclides Penedo é enófilo, escritor e vice-presidente
da ABS do Rio de Janeiro
[email protected]
14
Novembro de 2006
Jornal
Últimos aromas
proSecco com
13 medalhaS
O ­es­pu­mante ­Peterlongo ­
Pros­ecco ­recebeu­ ­recentemente ­medalha ­de ­ou­ro ­
na ­Seleção ­de ­Vi­nhos­ ­e ­
Es­pu­mantes­ ­de ­Gari­baldi­, ­e ­
des­de ­o ­s­eu­ ­lançamento ­em ­
2004 ­ganhou­ ­11 ­prêmi­os­ ­
i­nternaci­onai­s­ ­e ­2 ­naci­onai­s­. ­É ­fei­to ­exclu­s­i­vamente ­
com ­a ­u­va ­Pros­ecco, ­de ­ori­gem ­i­tali­ana, ­qu­e ­a ­cada ­di­a ­
conqu­i­s­ta ­mai­s­ ­es­paço ­na ­
produ­ção ­de ­es­pu­mantes­ ­
bras­i­lei­ros­. ­
Peterlongo: ­(54) ­3462-1355.
Vinho & Cia
15
Novembro de 2006
Jornal
Vinho & Cia
Última hora
REGIS GEH­LEN OLI­VEI­RA
Com espírito light, Ted Bebedor
toma café da manhã
Muitas experiências no Rio
O início de novembro foi marcado pela realização do I Fórum de Enogastronomia do Rio de
Janeiro, no Hotel Internacional. Foram quatro dias para várias experiências, como degustar em duas exposições vinhos de produtores nacionais e de
importadoras, apreciar jantares temáticos e participar de palestras e debates, como “As mulheres no
universo do vinho”.
Na foto: Ana Maria Lúcia Rodrigues (Presidente
da Confraria Amigas do Vinho), Marise Brandão
(participante), Regina Randon (FEBAVE), Patrícia
Possamai (sommelier da Georges Aubert), Mike
Taylor (consultor e organizador do Fórum), Deyse
Tanuri (presidente da Georges Aubert), Helene
Wevers (Chandon), Jaqueline Barroso (consultora
e colunista do Jornal Vinho & Cia).
Mais alta gastronomia e vinho
A Associação Brasileira de Alta Gastronomia
(Abaga) e o Jornal Vinho & Cia firmaram um convênio de parceria. O objetivo principal é o desenvolvimento de várias ações no sentido de divulgar cada
vez mais as relações da gastronomia de qualidade
com o universo do vinho, além de promover eventos em conjunto.
Na foto: Jorge Monti de Valsassina, presidente
da Abaga
A
h! Nada como levantar de
manhã, tomar um bom banho,
abrir a janela, sentir o ar fresco,
os aromas da primavera e o céu azul!
Inspiração para um bom café da manhã...
Da geladeira, pego um leite integral. Coloco
um CD da Marisa Monte, com a música
Preciso me Encontrar, do Cartola.
“Deixe-me ir, preciso andar / Vou por aí a
procurar / Rir pra não chorar
Quero assistir ao sol nascer / Ver as
águas dos rios correr / Ouvir os pássaros
cantar...”
- Ted Bebedor, leite integral? Não tem
muita gordura?
- Caro leitor, não é aquela água com cal,
que costumam chamar de um leite light, né?
Argh!
Do forninho, retiro um pãozinho francês
fresco e quentinho. Do armário, sai uma aromática manteiga Aviação de lata...
- Ted, manteiga de lata? Isso não é muito
saudável, né?
- Ah!, caro leitor, vamos ver os ingredientes na lata... Creme de leite e sal... Que tal
comparar com uma margarina light?
- Você vê o rótulo de uma, Ted?
- Deixe-me ver... Água, óleos vegetais
líquidos e interesterificados, vitaminas, ácido
fólico, estabilizantes mono e diglicerídeos de
ácidos graxos e ésteres de poliglicerol, com
ácido ricinoleico, conservador sorbato de
potássio, acidulante ácido cítrico, aromatizante idêntico ao natural de margarina e
corantes urucum e curcuma... Ah! E diz que
é bom para o coração...
- Tudo natural, né, Ted? E será que com
isso o coração sobrevive?
- Pode ser, caro leitor, pode ser, mas acho
que a alma, não...
- Ted, agora... Pãozinho francês não
engorda?
- Ah! A alternativa são aqueles pães empacotados em plástico natural, com textura que
parece ração Bonzo?
- É...
Hum!... Na mesa, um queijo meia cura
bem cremoso... Toca o CD.
“Eu quero nascer, quero viver
Deixe-me ir preciso andar / Vou por aí a
procurar / Rir pra não chorar
Se alguém por mim perguntar / Diga que
eu só vou voltar / Quando eu me encontrar...”
- Ted, mas queijo amarelo não é muito
gorduroso?
- Ah... Os ingredientes são leite, coalho
e sal. Mas, que tal então um requeijão light
com zero porcento de gordura e 75 porcento
menos calorias?
- Boa pedida, né, Ted?
- Vamos ver o rótulo, caro leitor?
- Vamos...
- Bom... Leite destanado, sal, fermento lácteo, estabilizantes polifosfato de sódio, goma
guar, xantana e carragenina, corante dióxido
de titânio e conservador sorbato de potássio.
Aqui diz que é o verdadeiro requeijão...
- Light, né, Ted?
- É... E parece que você está comendo uma
gostosa cola tenaz...
“Quero assistir ao sol nascer / Ver as
águas do rio correr / Ouvir os pássaros
cantar...”
- Ted, e hoje você não vai tomar nenhum
vinho?
- Sim, caro leitor, como sobremesa do café,
uma tacinha de espumante Prosecco Georges
Aubert... Ah! E depois um expresso curto,
bem forte, com café Turmalin... Hummm!
- Com cafeína?
- Sim, naturalmente.
- Ted, nada como viver a vida light, né?
- Naturalmente, caro leitor, naturalmente...
Regis Gehlen Oliveira é edi­tor deste jor­nal.
De vez em quan­do bebe.
regis@jor­nal­vi­nhoe­cia.com.br
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