Combinar vinho com alcachofra é difícil. Será?
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Combinar vinho com alcachofra é difícil. Será?
ConVisão ANO 2 - NÚMERO 17 - Novembro de 2006 R$ 6,00 Combinar vinho com alcachofra é difícil. Será? Vinhos uruguaios em ascensão A qualidade dos vinhos finos uruguaios, de uvas viníferas, está em ascensão, assim como o trabalho para exportação. São 280 bodegas, nenhuma de grande porte, e algumas delas hoje focadas para a produção de qualidade. Apostam num diferencial de mercado que é a uva Tannat. Página 4 A Região da Bairrada Cerca de 60% dos espumantes portugueses são feitos na Bairrada, inclusive espumantes tintos, rústicos e frutados, na maioria das vezes harmonizados com a especialidade gastronômica da região, o leitão assado. Página 11 De onde vêm os sabores do Jack Daniel’s Página 4 Vinhos rosés Muitos criticam os vinhos rosados, baseando-se em toda sorte de argumentos, quase sempre puramente preconceituosos. É bom lembrar que a diversidade e a qualidade dos bons rosés garantem um fiel e crescente contingente de apreciadores no mundo todo. Penne com alcachofra e nozes do restaurante Piccolo Bistrot, em São Paulo Aproveitando a época de safra da alcachofra, quando podemos apreciála bem fresca, o Jornal Vinho & Cia propôs o desafio de descobrir vinhos que harmonizassem adequadamente com um prato com essa flor na sua composição. Confira o resultado nas páginas 8 e 9. Sérgio Inglez de Souza Página 5 CAFÉ PREMIADO NA INGLATERRA Página 14 Escolha o seu vinho da Austrália Página 10 2 Novembro de 2006 Jornal Vinho & Cia Editorial Mais prazer e conhecimento A preciar um vinho é algo ligado ao nosso prazer. Como toda atividade nesse sentido, nossa satisfação é maior se temos mais conhecimento. Se pouco sabemos sobre determinado assunto, certamente não conseguimos vivenciar profundamente uma experiência. Se assistimos a um filme no cinema, podemos gostar da sua estória, nos envolvermos com ela e nos emocionarmos. Se conhecemos um pouco, ou muito, sobre detalhes da produção de um filme, assistiremos a ele com outros olhos, perceberemos coisas que o leigo em cinema não viu e certamente teremos um olhar mais crítico e maior capacidade para apreciar o bom e deixar de lado o ruim. O importante é que o bom pode ficar melhor e a gente passa a ter a capacidade de evitar o ruim. Esse mesmo raciocínio vale para a comida, a prática de esportes, o sexo e os demais prazeres da vida. Esta edição do Jornal Vinho & Cia é mais uma que está aqui para nos proporcionar mais prazer em função da informação. Podemos conhecer as novidades que o mercado está lançando e escolher o que apreciar. Podemos entender a combinação de vinhos com um ingrediente de sabor peculiar como a alcachofra. Podemos entender o que a indústria nacional está fazendo de bom, para também apreciarmos os vinhos do nosso país, sem nos restringirmos, por preconceito, ao universo dos importados. Podemos saber mais sobre esse grande universo de importados e relacionarmos vários vinhos dele para experimentá-los. Podemos descobrir restaurantes que nos proporcionam boas experiências com vinhos. Podemos conhecer um pouquinho da região vinícola portuguesa da Bairrada e descobrirmos porque os produtos de lá podem nos satisfazer. Podemos ler estórias que têm o vinho como papel principal, ou pano de fundo, e nos divertirmos com elas... Podemos, enfim, muita coisa. Porque conhecimento também é prazer. E conhecimento gera mais prazer. Hummmmmm! ANO 2 - Nº 17 Novembro de 2006 EDI TO R Regis Gehlen Oliveira PUBLI CA ÇÃO ConVisão Al. Araguaia, 933, 8o. andar Alphaville 06455-000, Barueri - SP +55 (11) 4196-3637 vinho@jor nal vi nhoe cia.com.br www.jor nal vi nhoe cia.com.br REDAÇÃO Adriana Bonilha Oliveira Beto Acherboim Cesar Adames Denise Cavalcante Estevam Norio Ito (fotos) Euclides Penedo Borges Fernando Quartim B. Figueiredo Jaqueline Barroso José Ivan Santos Sérgio Inglez de Souza Valfrido Rico (cartum) Walter Tommasi DESIGNER GRÁFICO Aristides Neto PUBLI CI DA DE Assine e aprecie sem moderação O Jornal Vinho & Cia traz matérias e artigos deliciosos sobre o fascinante mundo do vinho, além de roteiros e dicas. Tudo de uma forma descomplicada e irreverente pra você curtir ainda mais o ladodescontraído da vida… Assinatura anual (11 edições) R$ 70,00 Ligue (11) 41- ou mande um e-mail para [email protected] Será enviado boleto bancário para pagamento. Nome ou Razão Social Endereço Cidade Fone ( ) e-mail CPF ou CNPJ CEP UF Al. Araguaia, 933, 8o. andar – Alphaville 06455-000, Barueri - SP +55 (11) 4196-3637 Álvaro Cézar Galvão alvaro@jornalvinhoecia.com.br ASSI NA TU RAS (11) 4196-3637 jor nal@jor nal vi nhoe cia.com.br CIRCULAÇÃO EM SP Jeferson Tavares (JM Transportes) IMPRES SÃO O Jornal Vinho & Cia é uma publi ca ção da ConVisão diri gi da ao seg men to de eno gastro no mia. Circula prin ci pal men te na Grande São Paulo e no Rio de Janeiro para públi co lei tor sele cio na do, deter mi na do espe ci fi camen te pelo inte res se no assun to. Seu conteú do é des con traí do, abran gen do o mundo do vinho e suas rela ções com o lado gos to so da vida, por meio de lin gua gem fácil e inte ligen te, com tex tos úni cos e com pro mis sa dos com o lei tor e o seg men to. Os arti gos e comen tá rios assi na dos não refletem neces sa ria men te a opi nião do Jornal. A men ção de qual quer nome neste Jornal não impli ca neces sa ria men te em rela ção traba lhis ta ou vín cu lo con tra tual remu ne ra do. Novembro de 2006 Jornal Vinho & Cia Mais de 25 modelos de adegas e climatizações de ambientes que combinam com a sua casa. 2 aNos de garaNtIa Para toda lINha Metal. Show Room Fábrica: 11 5525-2400 - São Paulo www.artdescaves.com.br LojaS MaiSon DeS caveS www.maisondescaves.com.br escolha adegas art des caves. soFIstIcaÇÃo Para sUa casa, traNQÜIlIdade Para seUs vINhos. 4 Novembro de 2006 Jornal Vinho & Cia Notícias Vinhos uruguaios em ascensão De onde vêm os sabores do whiskey Jack Daniel’s O Uruguai é um país pequeno, do tamanho do Rio Grande do Sul, pouco povoado, 3,2 milhões de habitantes, equivalente à população da Grande Recife, mas com consumo interno de vinhos em 2005 de 93 milhões de litros, semelhante ao brasileiro. Seu consumo per capita é de 32 litros por ano, ante apenas 2 litros nosso. Assim como no Brasil, o consumo de vinhos de uvas não viníferas ainda é grande, principalmente de rosados. Mas o que nos interessa é que a qualidade dos vinhos finos uruguaios, de uvas viníferas, está em ascensão, assim como o trabalho para exportação. São 280 bodegas, nenhuma de grande porte, e algumas delas hoje focadas para a produção de qualidade. Apostam num diferencial de mercado que é a uva Tannat, de origem francesa, que se adaptou muito ao clima e ao solo O Jack Daniel’s está entre os destilados mais vendidos no mundo. É do Tennessee, nos EUA, é um whiskey, não é um whisky escocês, não é um Bourbon. Tem características próprias de produção, que o seu destilador mestre, Jimmy Bedford, controlador de toda a sua qualidade, veio ao Brasil apresentar junto com a novidade: a versão Single Barrel, diferente da mundialmente conhecida Old No. 7 e da outra, a Gentleman Jack. Os sabores característicos advêm principalmente dos seus destiladores de cobre, da água proveniente de uma caverna na destilaria, do carvão de árvores de maple utilizado para suavização e dos barris de carvalho branco americano queimados por dentro. A maturação nos barris e a sua localização nos armazéns determinam as diferenças entre as versões. Um Single Barrel fica sempre em barris na parte mais alta dos armazéns, com temperaturas mais elevadas, que proporcionam maior amadurecimento. Vinhos aromáticos e baratos Conservas especiais com vinhos Poucos produtos têm uma relação preço-qualidade que ao serem provados nos tentam a dizer a frase: “isso parece barato”. Em geral é esse o caso dos vinhos espanhóis Jerez e que se aplica bem a um dos seus produtores expoentes, Fernando de Castillo. Vinho & Cia provou a sua linha, composta pelos tipos Fino, A m o n t i l l a d o , Oloroso, Palo Cortado e Pedro X i m e n e z . Todos muito aromáticos e deliciosos. Confira na distribuidora Casa Flora os preços. A frase vai sair nos lábios. (11) 3327-5199 São preparadas só com ingredientes nobres, como azeite extra-virgem. Podem ser utilizadas como aperitivos, antipastos ou para complementar com toques especiais pratos de cozinha. São diferentes, como o tomate seco ao sol, preto e crocante, ou a abobrinha pequena, ambos com baixa acidez. São as conservas salgadas e doces da argentina Almacen del Sur, já nas prateleiras de lojas finas. A Impexco, sua importadora, preparou uma tabela com vinhos que podem combinar. Que tal experimentar? (21) 2424-1624 do Uruguai. Os vinhos de Tannat em geral são de grande corpo e estrutura, com bastantes taninos, ótimos para acompanhar carnes, e causam muito impacto sensorial. Algumas bodegas produzem vinhos com outras uvas, mas geralmente fazem mesclas com a Tannat. O Inavi (Instituto Nacional de Vitivinicultura do Uruguai) está em campanha para promoção dos seus vinhos no Brasil. Nós provamos vários e recomendamos: procure as importadoras e experimente, pois vai se surpreender! Prazeres do vinho que cabem no nosso bolso A proposta é bem clara: a associados oferecer informações, vinhos de 15 a 60 reais e jantares de alta qualidade em condições mais acessíveis. É o objetivo do Clube dos Amigos do Vinho, que tem como um dos fundadores Jorge Monti de Valsassina, presidente da Abaga, Associação Brasileira de Alta Gastronomia. O site do Clube apresenta programação e informação educativa do mundo do vinho, em forma de páginas de Internet, “rádio” e “TV”. Além disso, traz um cadastro de importadores e produtores com vinhos na faixa de preços do Clube, que podem ser entregues diretamente na casa ou no escritório do associado. O primeiro evento, por 60 reais, foi um jantar no restaurante Tarsila do Hotel Intercontinental em São Paulo, com vinhos da World Wine harmonizados com 8 pratos preparados pelo chef Marcelo Pinheiro, candidato do Brasil no Concurso Mundial de chefs de Cozinha Bocuse D’Or 2007 na França. www.clubeamigosdovinho. com.br Comparando a tecnologia das adegas Alcir Penna Vidigal, um dos sócios da Art des Caves, comemora a expansão da empresa para outros mercados e destaca que um dos motivos do seu sucesso é a tecnologia das suas adegas para vinhos, que difere daquela de uma geladeira e de outros produtos similares. Ele alerta para que se compare o sistema de refrigeração, pois o que utiliza é o de compressor, que mantém maior estabilidade de temperatura e opera independentemente da temperatura externa, de modo diferente do sistema Peltier ou do de Pastilhas Termoelétricas, comuns na Europa, adaptados ao clima de lá, mas não o tempo todo ao do Brasil, onde se atinge mais de 30°C no inverno. Esse sistema, segundo ele, também é superior à refrigeração por absorção, cujo consumo de energia é aproximadamente três vezes maior. (11) 5525-2400 Adega da Art des Caves, com dois compartimentos, para brancos e tintos, que utiliza a tecnologia de refrigeração com compressor. Novembro de 2006 Jornal Vinho & Cia Painel Brasil Goûtez le différent com Salton! Em outubro no SIAL, Salão Internacional de Alimentos, cerca de 150 empresas brasileiras estiveram presentes em Paris. O slogan “Goûtez le différent!” tocou no ponto de valorizar a diversidade nacional, com sabores únicos no mundo. Vinhos e espumantes tiveram seu papel. O Salton Flowers foi um dos ganhadores do prêmio “best buy”. Miolo exportando O Miolo Wine Group aposta nas exportações de seus vinhos e lançou em Paris o Merlot Terroir e o Brut Millésime. Na cidade luz, no Grande Hotel Intercontinental e no restaurante L’Arpege, com a presença do renomado enólogo internacional Michel Rolland, consultor da Miolo, tiveram destaque também o Quinta do Seival Castas Portuguesas e o RAR. A previsão da Miolo é em 2006 superar a marca de US$1 milhão em exportação. Aurora e Valduga para mulheres Com a patronagem da Organisation Internationale de la Vigne et du Vin (OIV) no sexto concurso La Mujer Elige, na Argentina, foram avaliadas 472 amostras de vinhos de 19 países por um júri formado somente por especialistas mulheres. A vinícola Aurora conquistou 7 medalhas, sendo ouro para o espumante Aurora Brut, e a Casa Valduga ganhou 3 de prata, uma delas com o Cabernet Sauvignon Premium 2004. ABE aos 30 anos Outubro também foi o mês de comemoração dos 30 anos da Associação Brasileira de Enologia (ABE), em Bento Gonçalves. Num jantar-baile, o enólogo Firmino Splendor, primeiro presidente da entidade, foi eleito pelos associados como o Enólogo do Ano de 2006. Já em Farroupilha... Também em jantar-baile em outubro na cidade gaúcha de Farroupilha, foram premiados os vinhos do primeiro concurso local. Dois destaques foram o tinto 2005 da Casa Perini, da uva Ancellotta, e o branco da Xangrilá, da uva Moscato. Em noite de gala Já em novembro as atenções para os vinhos nacionais estão dirigidas a Bento Gonçalves, na serra gaúcha. O dia 10 é a data da 10a. edição da Noite de Gala, que reúne amantes do vinho, em um ambiente com shows, vinhos, espumantes e pratos brasileiros. O evento marca o encerramento do III Concurso Internacional de Vinhos do Brasil, promovido pela Associação Brasileira de Enologia (ABE), e o lançamento da Fenavinho Brasil 2007. Música na Peterlongo Com base em experiências australianas, a Peterlongo incentiva o enoturismo por meio de uma inovação na recepção aos turistas na sua vinícola: um músico brinda o público com canções italianas e gaúchas. SÉRGIO INGLEZ DE SOUZA Não me provoque... Sou rosa-choque! M uitos criticam os vinhos rosados, baseando-se em toda sorte de argumentos, quase sempre puramente preconceituosos. A maior parte desses negativistas vê nos rosés unicamente uma mistura de vinho tinto com vinho branco. Ao contrário do que proclama essa ótica simplista, existem diferentes estilos deste vinho, alguns deles exibindo uma complexa estrutura, que pede pratos mais elaborados para harmonização. Discussões à parte, é bom lembrar que a diversidade e a qualidade dos bons rosés garantem um fiel e crescente contingente de apreciadores no mundo todo. A maior presença dos rosés ocorre em charmosas regiões turísticas de países onde o vinho é tradição, naquelas áreas onde o calor do verão pede a sua refrescância e delicadeza. O rosé é um vinho que, não raro, requer harmonização para ressaltar seus predicados. O vinho rosé pode ser degustado? Como os espumantes e os fortificados, os rosés formam uma classe de vinho cujos estilos indicam apreciação em situações apropriadas, algumas das quais em que outros tipos de vinho não se enquadrariam com perfeição. O prazer da degustação de um vinho rosado começa pelas suas cores. A intensidade da cor corresponde ao estilo ou à origem: uma cor muito tênue pode ser um defeito para uma região e o correto para outra. O brilho e a limpidez do corpo seguem as indicações adotadas para os brancos. As tonalidades que poderão enfeitar seu cálice podem variar de um rosado bem pálido com reflexos acinzentados até rosa pálido, rosado, cereja, framboesa, morango, rosa envelhecido, salmão, tijolo, avermelhado ou casca de cebola. No nariz, procurar uma natureza não complexa que, embora com certa simplicidade, deve apresentar um leque de aromas puxados aos florais e frutados, com eventuais toques minerais. Como exemplos, aroma vegetal de pimenta nos Cabernet Sauvignon, aroma floral de rosa e violeta nos Pinot Noir, aromas frutados de morango e framboesa nos Tannat ou Cinsaut, aromas frutados de pêssego e pêra nos Grenache, e assim por diante. Na boca, a alta qualidade vai se apresentar com evidente frescor e com o equilíbrio entre vivacidade-acidez e a maciez-untuosidade. A vinosidade vai traduzir a potência alcoólica e certa pequena expressão tânica. Provamos alguns exemplares. Vejamos: 1) Mas de Cadenet, 2005, SainteVictoire, AOC Côtes de Provence, rosé de Grenache, Syrah e Cinsaut, 12,5%. Vermelhosalmão, toques de tostados e especiarias, levemente adocicado, acidez agradável, com um elegante frutado de morango silvestre e traços cítricos. Persistente. (Le Tire Bouchon). 2) Domaine D’Alzipratu, 2005, AOC Calvi – Córsega, rosé orgânico das uvas Sciacarellu e Niellucciu, 13,5%. Vermelhogroselha, nariz herbáceo com traços de especiarias, boca mineral com interessantes toques de casca de tangerina , acidez ativa e elegante, persistente. (Le Tire Bouchon). 3) Villa Francioni Rosé, 2005, São Joaquim/Bom Retiro, SC, rosé de Cabernet Sauvignon, Merlot e Pinot Noir, 13,1%. Cor entre vermelho-groselha e casca de cebola, nariz frutado de ameixa, maçã verde, lima da pérsia e traços mélicos. Boca evoluída lembrando trufa, cogumelo, toques cítricos e mel. Persistente. 4) Duetto Casa Valduga, 2004, Vale dos Vinhedos, rosé de Sangiovese e Barbera, 12,3%. Vermelho casca de cebola com reflexos salmão, nariz frutado, ameixa preta e notas mélicas. Boca plena, acidez refrescante e ataque frutado com maçã e toques cítricos. 5) Casa Valduga Estações, 2004, Vale dos Vinhedos, espumante blush de Chardonnay e Pinot Noir, 12,5%. Casca de cebola, muito frutado com notas de framboesa e amora. Boca agradável, delicada e de elegante frescor. Como pode se ver desses poucos exemplos, existem dezenas de possibilidades de se satisfazer com bons vinhos rosés, com seu lado feminino sempre muito atraente. Sérgio Inglez de Souza é enófilo, colunista e escritor sergio@jornalvinhoecia.com.br Novembro de 2006 Jornal Vinho & Cia No Circuito do Vinho Por Fernando Quartim Barbosa Figueiredo Mulheres, vinhos e rouge em que a óbvia e já conhe- te aconchegante, com seu cida habilidade da “Cordon interior vermelho, ou melhor, Bleu” Renata proporcio- rouge, conforme seu nome. nou pratos adequados aos Tem uma sala intermediávinhos trazidos pela Monica. ria, com boa privacidade, [email protected] Noite inesquecível! adequada para um enconO Chef Rouge é um res- tro com vinho a dois. O Ainda com as deliciosas taurante que sempre se salão principal também tem lembranças da 14ª Edição preocupou em mostrar uma uns cantinhos gostosos com da Avaliação Nacional de excelente culinária associa- mesas para dois, ou mais, Vinhos safra 2006, em Bento da à arte da harmonização de preferência longe da Gonçalves, recordei-me com os vinhos. Parte do entrada da cozinha, onde se que, há uns anos, enquanto cardápio se dedica a sugerir registra uns decibéis a mais almoçava no Chef Rouge, vinhos que acompanham os por conta da manipulação comentei com o Eudes, o respectivos pratos. dos talheres. Na “varanda” gerente, a respeito de uma visita que havia feito à vinícola Lídio Carraro no Vale dos Vinhedos, e da ótima impressão que ela havia me causado. Contei que uma das coisas que me havia chamado a atenção era a desenvoltura, a competência, a dedicação, a graça e a beleza da enóloga encarregada da parte técnica da vinícola, a Monica Rosseti, paralelamente à qualidade dos seus vinhos. Eudes, por sua vez, comentou com a Chef de Cousine Renata Brauner e Cantinhos do restaurante CHEF ROUGE, em São Paulo. com a proprietária Vanessa o que eu havia falado e A Carta de Vinhos do Chef da entrada o clima é deslogo se cristalizou uma idéia Rouge é bastante variada, contraído, mais esportivo, entre Renata e Vanessa de cobrindo uma boa gama com o charme da ambienfazer um jantar de apresen- para acompanhar os deli- tação floral e a curiosidade tação do vinho Lídio Carraro ciosos quitutes de Renata, do “controle” de quem entra para o mercado paulistano, com sobrepreços hones- e sai. Mas se você quiser enfatizando suas qualida- tos. Eudes domina a Carta uma refeição privê, solicite des e a mão feminina sobre com muito profissionalis- a sala superior, adequada ele. mo. Suas sugestões são para uma reunião de umas Era uma oportunidade de sempre muito adequadas e 10 ou 12 pessoas. mostrar mulheres no vinho, equilibradas. O Chef Rouge pode intena cozinha e no restauranO Chef Rouge dispõe grar um Circuito do Vinho, te. Combinação sinérgica de uma variada oferta de onde encontramos um de enorme potencial. Ainda vinhos em taças, o que ótimo serviço, com profisbem que, tudo isso, para torna a harmonização muito sionalismo, em um ambiencolocar à nossa disposição mais versátil. te bastante agradável, onde todas essas maravilhas! Ele também nos oferece o vinho, sempre presente, Tivemos um lindo jantar um ambiente extremamen- faz um final feliz! Novembro de 2006 Jornal Vinho & Cia Mundo do Vinho Miguel Torres no Brasil Em novembro está no Brasil um dos maiores produtores de vinhos espanhóis: Miguel Torres. A sua importadora, a carioca Reloco, promove uma degustação inédita com diversos exemplares bem reconhecidos em concursos e pela imprensa internacional. Petrópolis Gourmet BETO ACHERBOIM da cozinha, o Azaït tem uma ótima adega e também um empório, em que a variedade de azeites é destaque. Guia de vinhos O sommelier Manoel Beato, do Fasano, lançou um guia de vinhos com mais de mil produtos no mercado brasileiro. O livro traz as suas avaliações pessoais de grandes vinhos e também dos mais comuns, disponíveis em supermercados, desde que tenham recebido pelo menos a nota 10, de no máximo 20. Novembro é mês também da 6ª edição do evento gastronômico Petrópolis Gourmet, nos dias 9 a 19. Na cidade serrana flumi- Brasileiro nense 27 restaurantes traduzido participam com cardápios O livro “Vino y Algo especiais. O vinho vai Más”, de Marcelo Copello, acompanhando. é o primeiro sobre vinhos produzido por um brasileiro Porto aos a receber uma tradução. Lançado na Argentina e no 250 anos Chile, é composto por 32 Jóia da vinicultura portucrônicas que relacionam o guesa e patrimônio da culvinho a outro tema, como tura internacional, o Vinho música, erotismo, arte, do Porto faz 250 anos cachorros, mulheres, poeem 2006. O marco inicial sia, entre outros. foi a criação da Região Demarcada do Porto, a partir da Companhia Geral Gastronomia da Agricultura e das Vinhas na praia do Alto Douro, em 1756. Seis restaurantes de O Solar do Vinho do Porto de São Paulo programa Camburi, em São Sebastião, eventos para as comemo- no litoral norte de São Paulo, (Acqua, Antigas, rações. Cantinetta, Manacá, Ogan e Tié) incentivam a gastroTraz e leva nomia e o vinho na praia. O Azaït nos Jardins em De 10 a 20 de novemSão Paulo presta um servi- bro, ocorre a quinta edição ço bem interessante. Traz de um festival com pratos de segunda a sexta-feira, especiais e degustações, em carro com motorista, entre elas uma no Acqua, os clientes da região ao de espumantes nacionais restaurante e os leva de em harmonia com aperivolta à casa ou ao escri- tivos do mar. Inscrições: tório, gratuitamente. Além (12) 3865-1866. Gregos e troianos A nalisando o tema combinações, vejo como é difícil a vida de um vinho. Pois é, agradar a gregos e troianos é muuuuito complicado. Isso é possível comprovar por estes depoimentos colhidos recentemente. Palavra do vinho branco No meu ponto de vista, agrado aos peixinhos e a todos os seres vivos aquáticos e marinhos, encaro com bravura vários vegetais e legumes, agüento um braço de ferro com uma penosa e até suporto um leve porquinho. Mas perco, de goleada, para seres que pastam e ruminam, e não me sinto confortável na presença de molhos vigorosos, com gordura em excesso. Tenho várias versões (aromático, mineral, com madeira ou sem madeira, etc.), e posso ir ao outro lado do planeta num passeio por temperos e condimentos dos mais variados tipos sem perder a classe e a compostura, pois continuo com brilho, viço, e uma presença marcante na taça. Mas, ai, tenho um ponto fraco. Quando vejo um confeiteiro pela frente, tremo de medo, como se assim pensasse: não, doces não! Xô chocolate! Não combino com açúcar… (só meus primos doces, já que todos me acham muito seco). Palavra do rosé (ele, que acha que é tinto, mas tem um corpinho de branco… ou será o contrário?) Tem horas que fico mais vermelho, e não é de vergonha. Quando isso acontece, enchome de coragem para encontrar um animal de maior porte. Até consigo formar um par romântico com o javali, contanto que não tenha nenhum molho forte para separar-nos! Porcos em geral, domesticados ou selvagens, perdem o rebolado diante de uma taça comigo dentro. Eles me adoram! Assim como muitos temperos, e, óbvio ululante, todos na praia e no rio me amam, com exceção de um certo bacalhau… Meu problema é quando tento encontrar um boizão de frente. Caio na real quando percebo que é muito peso para meu corpinho delicado – e tiro meu time de campo. E nos doces então? Sou igual ao branco. Fico totalmente sem graça! Tinto Pois lá vem Mister tintão chegando muito sabiamente, dizendo que sabe jogar pesado, e que se adapta a qualquer tipo de jogo! Bois, galos briguentos, todos os animais de caça são facilmente abatidos e domados por minhas diversas variedades. Se chega um molhão por perto, lá vou eu me arrumar para o encontro, e, pode ter certeza, você verá estrelas! Queijos, embutidos, massas, risotos? Com poucas exceções, tá tudo dominado! O problema é lidar com delicadezas… não tenho leveza suficiente para isso. Frutos do mar? Peixinhos? Penosas sem molho? Legumes e verduras já são difíceis de agradar, mas esses, com jeitinho, dá para levar numa boa. Nos doces a complicação é ainda maior. Somente poucos de nós conseguem sobreviver a uma luta entre açúcar, gorduras e taninos. Dos secos não sobra nada. Como no caso dos brancos, somente na versão doce, que foi feita somente para isso. Champagne Eis que chega Monsieur Champagne, com toda sua experiência, sabedoria e eficiência, pronto para a festa. Combinações difíceis é comigo mesmo! Encaro tudo que anda (alguns com muita dificuldade, lógico), que voa, que brota da terra, que nada nas águas doces e salgadas, pratos exóticos (tentem me provar com uma feijoada…), e, por que não, alguns doces – sem chocolate. Delicadeza quando preciso, peso quando necessário, vivacidade em todo o seu esplendor, e uma sensação eterna de quero mais, de boca limpa, sou eu, o Champagne (e seus parentes diretos, espumantes), e ninguém mais, quem pode acompanhar uma refeição do início ao fim. Eu, Beto, confesso: de todos os que já bebi até hoje, contando espumantes de todas as nacionalidades, e os grandes Champagnes, dois nunca me saíram da memória, nem nunca sairão: Dom Pérignon, millésimes 1989 e 1990. Quem já provou sabe o que estou falando. Inenarrável! Até a próxima. Beto Acherboim é relações públicas, enófilo, são-paulino e apreciador das boas coisas da vida. beto@jornalvinhoecia.com.br 8 Novembro de 2006 Jornal Vinho & Cia Jornal Vinho & Cia Novembro de 2006 Cia do mês Veja: combinar vinhos com alcachofra não é tão difícil! Na literatura sobre vinhos, a alcachofra aparece sempre na lista dos ingredientes difíceis de combinar. O fato está relacionado ao seu sabor característico, com toques amargos e metálicos. Aproveitando a época de safra da alcachofra, quando podemos apreciá-la bem fresca, o Jornal Vinho & Cia propôs o desafio de descobrir vinhos que harmonizassem adequadamente com um prato com essa flor na sua composição. Nesse sentido, aproveitando a iniciativa do restaurante Piccolo Bistrot de São Paulo, que desenvolve nesta época um festival de vários pratos com o ingre- diente, escolhemos um que suavizasse um pouco o seu efeito e ao mesmo tempo mantivesse as suas características básicas: “penne com molho de alcachofra e nozes”. O prato, elaborado pelo chef e proprietário do Piccolo, Sandro Sarbach, pode ser descrito como bem aromático, delicado e crocante, com impacto marcante em todos os sentidos. Às importadoras, distribuidoras e vinícolas coube o papel de indicar livremente vinhos que pudessem combinar bem com esse prato, para serem apreciados às cegas (sem conhecimento do rótulo) por degustadores do Jornal, incluindo a equipe como se poderia imaginar, poucos foram os vinhos que realmente não poderiam ser apreciados adequadamente com o prato. Pelo resultado das medalhas, observou-se que não há um tipo de vinho mais recomendado, mas, sim, uma gama de opções de uvas e sabores que podem proporcionar muito prazer. Os comentários de alguns degustadores estão na página ao lado. O Jornal Vinho & Cia agradece o Piccolo Bistrot pela comida, pelo serviço e pelo espaço e os fornecedores pelo encaminhamento dos vinhos. Vale experimentar! E mais uma vez quebrar as regras! de redação e convidados. Os vinhos indicados (espumantes, brancos, rosés e tintos) estão apresentados na tabela seguinte. Os degustadores reuniram-se no ambiente pequeno e charmoso do Piccolo no final de outubro, numa noite quente, com os vinhos servidos na temperatura correta, para avaliarem cada um em conjunto com o prato, e não puros. Os seis vinhos que melhor combinaram receberam as medalhas Cia de Ouro, Prata e Bronze, e estão apresentados na página ao lado. A opinião geral dos degustadores é que, em função do prato escolhido, a combinação não foi difícil Piccolo Bistrot: R. Tucuna, 689, Perdizes, São Paulo, (11) 3872-1625, www.piccolobistrot.com.br Vinhos indicados pelos fornecedores para combinar com penne ao molho de alcachofra e nozes it. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 fornecedor Adega Alentejana Adega Alentejana Aurora Aurora Casa Flora Casa Flora Del Maipo Del Maipo Don Laurindo Don Laurindo Impexco Impexco Interfood Interfood La Vigne La Vigne Lusitana Lusitana Miolo Miolo Mistral Reloco Reloco Salton Salton San Marinno San Marinno Santar Santar Sulvin Sulvin Vinhas do Douro Vinhas do Douro Wine Company Wine Company fone (11) 5054-5760 (11) 5054-5760 (54) 3455-2000 (54) 3455-2000 (11) 3327-5199 (11) 3327-5199 (61) 3234-9973 (61) 3234-9973 (54) 3459-1600 (54) 3459-1600 (21) 2424-1624 (21) 2424-1624 (11) 6602-7255 (11) 6602-7255 (41) 3667-0700 (41) 3667-0700 (11) 5054-2032 (11) 5054-2032 (11) 2167-1600 (11) 2167-1600 (11) 3372-3400 (21) 2580-0350 (21) 2580-0350 (11) 6959-3144 (11) 6959-3144 (11) 6942-0681 (11) 6942-0681 (11) 3227-7355 (11) 3227-7355 (11) 3292-8800 (11) 3292-8800 (11) 6842-0883 (11) 6842-0883 (19) 3294-1570 (19) 3294-1570 produtor Eborae Eborae Aurora Aurora Casablanca Denis & Florence Tamaya Estepa Don Laurindo Don Laurindo Buena Vista Carrau Calvet Calvet Casa Montes Omnia Peralillo Encosta do Guadiana Via Wines Osborne Cia das Quintas Torres Chateau Los Boldos Salton Salton Viña la Rosa Viña la Rosa Cousiño-Macul Ariano Sulvin Sulvin Agri-Roncão Quinta de Mosteirô Escorihuela Gascón Sto Isidro de Pegões vinho Vale da Torre Tinto Singularis Tinto Aurora Brut Aurora Varietal Merlot Rosé Santa Isabel Single Chardonnay Clos Floridene Tamaya Special Reserve Estepa Tierras Trousseau Don Laurindo Reserva Tannat Don Laurindo Reserva Merlot Buena Vista Carneros Merlot Amat Tannat Calvet Sauvignon Blanc Calvet Merlot-Cabernet Anpakama Viognier Kumkani Sauvignon Blanc Arenal Chardonnay Albernoas Tinto DO Sauvignon Blanc Solaz Blanco Viura Prova Régia Bucelas Arinto Torres Milmanda Los Boldos Vieilles Vignes Cabernet Salton Reserva Ouro Brut Salton Classic Gewurztraminer La Palma Rosé Don Reca Limited Chardonnay Cousiño-Macul Antiguas Reservas Cabernet Don Adelio Ariano Reserve Tannat Casa de Amaro Reserva Chardonnay Casa de Amaro Reserva Sangiovese D.R. Reserva Quinta de Mosteirô Escorihuela Gascón Viognier Vale da Judia Moscatel tipo Tinto Tinto Espumante Rosé Branco Branco Branco Branco Tinto Tinto Tinto Tinto Branco Tinto Branco Branco Branco Tinto Branco Branco Branco Branco Tinto Espumante Branco Rosé Branco Tinto Tinto Branco Tinto Tinto Tinto Branco Branco uva Várias Trincadeira-Aragonês Chardonnay Merlot Chardonnay N/I Chardonnay-Viognier Blanc de Noir Tannat Merlot Merlot Tannat Sauvignon Blanc Merlot-Cabernet Viognier Sauvignon Blanc Chardonnay Várias Sauvignon Blanc Viura Arinto N/I Cabernet Sauvignon Várias Gewurztraminer Merlot-Cabernet Chardonnay Cabernet Sauvignon Tannat Chardonnay Sangiovese Várias Várias Viognier Moscatel safra 2004 2003 N/I 2006 2003 2004 2003 2005 2004 2004 1999 2001 2004 2004 2005 2004 2004 2004 2004 2005 2004 2004 2004 N/I 2005 2006 2004 2004 2002 2003 2004 2002 1999 2004 2003 origem Portugal Portugal Brasil Brasil Chile França Chile Argentina Brasil Brasil EUA Uruguai França França Argentina África do Sul Chile Portugal Chile Espanha Portugal Espanha Chile Brasil Brasil Chile Chile Chile Uruguai Brasil Brasil Portugal Portugal Argentina Portugal �������� �������� �������� �������� �������� �������� medalha Prata Ouro Bronze Bronze Prata Bronze - Que lições tiramos? “Todos os manuais de harmonização que já tive a oportunidade de ler destacam entre os ‘alimentos de difícil harmonização’ ela, a alcachofra! E não é que, por causa do molho especial preparado pelo chef Sandro Sarbach, encontramos duas harmonizações interessantes e de certa forma opostas? Por semelhança, pelo tanino, um tinto Tannat (Uruguaio) e, por contraste, pelo frutado, um brasileiríssimo Salton Classic Gewürztraminer! Uma rara oportunidade! Valeu! Sandro, parabéns!” “A alcachofra confere à maioria dos vinhos um sabor metálico - amargo. Com ela vão bem brancos aromáticos, com alta acidez, o que aconteceu com o Gewürztraminer, da Salton (2º colocado). A surpresa para mim foi a boa harmonização com o Tannat uruguaio, Amat, da Bodegas Carrau. Acredito que o molho com nozes deu destaque à característica amendoada do vinho, que passou bastante tempo em carvalho” Amat Tannat Salton Classic Gewurztraminer Tamaya Special Chardonnay-Viognier Safra: 2001 Tipo: Tinto Uva: Tannat Produtor: Carrau Fornecedor: Impexco Fone: (21) 2424-1624 Origem: Uruguai Safra: 2005 Tipo: Branco Uva: Gewurztraminer Produtor: Salton Fornecedor: Salton Fone: (11) 6959-3144 Origem: Brasil Safra: 2003 Tipo: Branco Uva: Chardonnay e Viognier Produtor: Tamaya Fornecedor: Del Maipo Fone: (61) 3234-9973 Origem: Chile Safra: 2004 Tipo: Tinto Uva: Cabernet Sauvignon Produtor: Chateau Los Boldos Fornecedor: Reloco Fone: (21) 2580-0350 Origem: Chile “Essa degustação com o gostoso e aromático penne ao molho de alcachofra e nozes preparado pelo Sandro Sarbach serviu para quebrar mais uma daquelas regrinhas do mundo do vinho criadas para ‘facilitar’ o entendimento, mas que limitam o prazer de experimentar e apreciar livremente. Dá, sim, para combinar vinhos com pratos de alcachofra! E mais, com esse prato, descobrimos que vários tipos de vinhos podem harmonizar: os 6 medalhados são totalmente diferentes!” Safra: 2004 Tipo: Tinto Uva: Várias Produtor: Encosta do Guadiana Fornecedor: Lusitana Fone: (11) 5054-2032 Origem: Portugal Safra: 2004 Tipo: Branco Uva: Chardonnay Produtor: Viña la Rosa Fornecedor: San Marinno Fone: (11) 6942-0681 Origem: Chile 9 Novembro de 2006 Jornal Walter Tommasi é exe cu ti vo de mul ti na cio nal, enó fi lo e artis ta plás ti co tom ma si@jor nal vi nhoe cia.com.br obs Mineral Apimentadinho Final de tabaco Belo vinho Apimentado Curioso Agradável Bela mistura Mineral, delicioso Extremamente macio Beleza Macio e gostoso Acidez instigante Redondão Mentolado Apimentado, redondo Potente Muito interessante Que concentração! Campeão Estupendo R$* 35 40 47 48 49 59 66 70 73 75 90 95 115 128 129 140 145 173 180 215 328 safra 2003 2002 2003 2001 2004 2002 2002 2005 2004 2003 2003 2001 2003 2003 2000 2000 2002 2001 2004 2000 2001 uva Chardonnay Cabernet Sauvignon Durif Sémillon, Chardonnay Shiraz Malbec Cabernet, Shiraz, Merlot Sémillon, Sauvignon, Riesling Riesling Shiraz Shiraz Shiraz Shiraz Shiraz Cabernet Sauvignon Shiraz Shiraz Shiraz Shiraz Shiraz, Cabernet, Merlot Cabernet Sauvignon tipo Branco Tinto Tinto Branco Tinto Tinto Tinto Branco Branco Tinto Tinto Tinto Tinto Tinto Tinto Tinto Tinto Tinto Tinto Tinto Tinto vinho Masterpiece Chardonnay Three Steps Cabernet Might Murray Durif Koonunga Hill Sémillon-Chardonnay Nottage Hill Shiraz Bleasdale Malbec Wynns CSM Poacher’s Blend Clare Valley Riesling Red Belly Black Shiraz The Footbolt Jacob’s Creek Reserve Shiraz Kangarilla Road Shiraz Elderton Shiraz Tintara Cabernet Generations Shiraz Premium Shiraz Vasse Felix Shiraz Woodcutter’s Keyneton Estate SCM Ashmead Cabernet no início, um cumprimento clássico sem intimidade (ele era o presidente!), depois a lacônica recomendação para que ele fizesse um curso básico que abriria na SBAV, o telefone, um abraço, Aguinaldo. Não desmanchou-se ali sua admiração por ele, mas esperava mais, achou que receberia um e-mail mais “uau, Antonio, e pirim-pororom”, que depois ele responderia, e viraria uma longa e íntima troca de informações. Ficariam amigos, ele freqüentaria sua casa, o convidaria para tomar seus vinhos... Quem sabe até batizasse um filho seu um dia! Mas por que esta expectativa? Sim, justamente porque sua namorada naquela altura merecia “uma lição” (quem disse que ele não lhe escreveria, hein?!). Assim, com o e-mail do mestre, ele não se fez de rogado e encaminhou. Ah, não iria perder esta oportunidade. Ainda, escreveu mais ou menos assim. “Amor, tá vendo só? Acabei de receber o e-mail do ‘f...’ dos vinhos”. E, irônico, terminou: “Eu te amo”. Sua vingança estava consumada. Mais tarde foi checar seus e-mails; esperava encontrar um humilde de sua namorada, jogando a toalha, admitindo que ele estava mesmo certo, que Aguinaldo Záckia Albert era mesmo o máximo, que queria um livro seu, que o filho deles em sua homenagem se chamaria Aguinaldo (sem “u” e “i”), etc e tal. Seu e-mail não chegava. Estava estranhando, ela nunca demorava cinco minutos para responder. Nada, decidiu ligar. “Oi, Amor, tudo bem? Então...”. “Como assim, não recebeu? Eu mandei, sim!”. Com o telefone na mão, olhava no Outlook as Mensagens Enviadas. Fulano, beltrano... Nada. Agui... Não, não, não era possível. Havia, ao invés de encaminhar o e-mail para sua namorada, respondido para Aguinaldo aquele monte de bobagens. Andou para lá e cá, e não viu outra saída: enviar um novo e-mail ao mestre, pedindo todas as desculpas do mundo, informando que o e-mail deveria ter ido para a namorada, enfim! Que saia justa, gente! O mais engraçado de tudo é que hoje Aguinaldo e Tony escrevem e são membros do grupo de degustadores da mesma revista, mas o episódio nunca foi comentado. O segredo está agora sendo desvendado e a saia justa vai virar bermuda. Quanto à namorada, hoje ela é “Ex”... He he he. produtor Andrew Peace Hope Andrew Peace Penfolds Hardys Bleasdale Wynns St Hallett Angove’s Angove’s D’Arenberg Jacob’s Creek Kangarilla Road Elderton Hardys Bleasdale Sandalford Vasse Felix Torbreck Henschke Elderton M eu amigo Tony tem muitos predicados, um deles é a forma apaixonada com que ele enfrenta seus desafios, sendo que um deles foi o de aprender a degustar vinhos. Tudo começou com uma apostila que ele recebeu de outro amigo e que por uma semana virou seu “livro de cabeceira”, substituído posteriormente por diversas pesquisas na Internet, que, pela constância, chegaram até a incomodar sua namorada do momento. Zakia, Ambruster, Telles, Azevedo e outros tornaram-se seus ídolos; assinou todas as publicações especializadas em vinho; e aí decidiu que o Aguinaldo deveria ser seu mestre no mundo do vinho. Ele precisava conhecer o Aguinaldo pessoalmente de qualquer maneira! Um dia criou coragem, ligou para a SBAV e pediu o e-mail do seu candidato a Guru, e qual não foi a felicidade quando esta porta lhe foi aberta! Orgulhoso, foi dividir a alegria do feito com a namorada, mas esta, talvez já bem incomodada pela concorrência do vinho até nos fins de semana, fulminou “Ha, ha ha... Duvido que ele vá responder. Não vai sequer dar atenção!”. “Vai, sim, quer apostar?” disse o indignado Tony. Aquilo martelou sua cabeça, O Aguinaldo (íntimo...), o Aguinaldo, não. Ele não faria isso! Aí decidiu validar a decisão com seu amigo, que de tanto ouvir falar e ler as matérias do “Aguinaldo”, já tinha virado fã também. Pois bem, pegou o PC e resolveu teclar o importante e-mail. Era curto e direto. Dizia de sua admiração e pedia conselhos. Como aprender, indicação de cursos, livros, etc. Ainda indignado, ligou para a namorada e informou o envio do e-mail, mas ela continuou com suas ironias. Fato consumado, checava regularmente o “Outlook” e nada... Num mesmo dia, chegou a verificar a esperada resposta várias vezes e... Nada. O medo do mestre não responder e de confirmar o presságio (praga) da namorada era maior do que a certeza de que o presidente da SBAV não teria tido tempo ainda de checar os e-mails. Dois dias depois, mais distraído, ao ligar o computador, ele começou a leitura dos e-mails e lá estava: Aguinaldo Záckia Albert. Olha de novo... Não acreditava, era verdade! Em pleno momento de êxtase gritou para seu amigo para que lesse consigo as pérolas de sabedoria que o oráculo do vinho lhe teria falado, mas este estava ocupado, pediu para esperar. Lê seu nome Que tal esta seleção do Jornal Vinho & Cia? fone (11) 3722-2155 (11) 3819-4020 (11) 3722-2155 (11) 3372-3400 (11) 3048-2282 (11) 3327-5199 (11) 3372-3400 (11) 3819-4020 (11) 3085-3055 (11) 3085-3055 (11) 3071-2900 (0800) 14-2011 (19) 3294-1570 (11) 4613-3333 (11) 3048-2282 (11) 3327-5199 (11) 3819-4020 (11) 4613-3333 (19) 3294-1570 (11) 4613-3333 (11) 4613-3333 A saia justa virou bermuda Escolha o seu vinho da Austrália fornecedor Best Wine KMM Best Wine Mistral Aurora Bebidas Casa Flora Mistral KMM World Wine World Wine Zahil Pernod Ricard Wine Company Expand Aurora Bebidas Casa Flora KMM Expand Wine Company Expand Expand WAL TER TOM MA SI Vinho & Cia it. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 10 11 Novembro de 2006 Jornal Beabá A Região da Bairrada Vinho & Cia MAISON DES CAVES. A LOJA PARA VOCÊ VIVER O MUNDO DO VINHO DO JEITO QUE VOCÊ GOSTA. Por José Ivan Santos [email protected] Nota da redação: neste artigo José Ivan Santos prossegue na descrição de regiões vinícolas portuguesas. Nos artigos anteriores foram abordados o Dão e as suas Quintas. Mapa da REGIÃO VINÍCOLA DA BAIRRADA, EM PORTUGAL mum para uma região de vinhos portugueses, na Bairrada existia a supremacia da uva baga, de bagos pequenos, casca grossa e incrivelmente tânica. Um vinho para ostentar a Denominação de Origem Bairrada deveria ter grande percentagem dessa uva em sua composição. Recentemente, essa restrição foi alterada, tendo sido permitido ao produtor usar as uvas que achar melhor e denominar seu vinho de Bairrada. Foi criada a denominação Bairrada Clássico para vinhos em que entrem 85% de uvas tradicionais portuguesas (baga, alfrocheiro, touriga nacional, tinta roriz, camarate e rufete), sendo obrigatórios 50% de baga. Os 15% restantes podem ser de quaisquer uvas que constem de uma lista aprovada pela Câmara de Provadores da Bairrada. Entre as uvas brancas, destaca-se a bical, semelhante à riesling, que origina um branco que, quando jovem, apresenta gosto de grama e, depois de alguns anos em garrafa, adquire um toque mineral, de petróleo. Outras uvas brancas da Bairrada são maria gomes, arinto, cercial e rabo-de-ovelha. Cerca de 60% dos espumantes portugueses são feitos na Bairrada, inclusive espumantes tintos, rústicos e frutados, na maioria das vezes harmonizados com a especialidade gastronômica da região, o leitão assado. Aprecie com moderação. A Bairrada situa-se entre os vales dos rios Vouga e Mondego. O primeiro nasce em Aveiro, o principal porto pesqueiro de Portugal, e o último atravessa a cidade de Coimbra, situada no sul da região. Com clima influenciado pelo oceano Atlântico e caracterizado por verões com dias quentes e noites frescas, a Bairrada é uma região de colinas suaves, cujos limites são as areias da orla marítima e as serras do Buçaco e do Caramulo. As principais cidades da Denominação de Origem são Anadia, Mealhada e Cantanhede, e seus concelhos, situados mais ao sul, próximos a Coimbra. O nome bairrada deriva de “barro”, palavra portuguesa que significa argila e constitui a maior parte do solo da região. De uma maneira inco- Climatização de ambientes e adegas especiais. Mais de 200 rótulos de grandes vinhos do mundo todo, acessórios e taças. Mais de 25 modelos de adegas, servidores de vinho e umidores de charutos. 2 ANOS DE GARANTIA PARA TODA LINHA METAL. São Paulo: Jardins: 11 3891-1920/1816 Morumbi Shopping: 11 5181-1723/1725 D&D: 11 3043-9968 Rio de Janeiro: Casa Shopping: 21 2431-0592 Brasília: Park Shopping: 61 3361-0252 www.maisondescaves.com.br 12 Novembro de 2006 Jornal Vinho & Cia Vinho & Ocasião CESAR ADAMES Por Adriana Bonilha Oliveira Onde fumar sem incomodar C ada vez mais as proibições aos fumantes aumentam e os apreciadores de charutos ficam sem espaço para apreciar seus puros, sozinhos ou na companhia de amigos. A solução encontrada é ficar em casa ou freqüentar os espaços cigar friendly, como são chamados os locais que recebem os apreciadores de charutos e não necessariamente são charutarias. O ideal para encontrar o melhor local para degustar seu charuto começa pelo atendimento. É fundamental encontrarmos um profissional em quem realmente possamos confiar. Afinal de contas iremos passar um bom tempo em seu estabelecimento e também queremos estar entre os primeiros, a saber, de novos produtos, novas marcas e eventos. Mesmo que esta pessoa se torne um de seus melhores amigos, nunca hesite em lhe devolver um charuto com problemas. Ele não irá ficar chateado, afinal de contas o problema é com o charuto e não com o atendimento. Posteriormente ele irá encaminhar este charuto ao fabricante para que ele verifique o problema e evite perder a credibilidade conquistada pela marca. Como saber se estou freqüentando o melhor local da cidade? É simples, você gosta do estabelecimento e das pessoas? A conversa flui com facilidade? O vendedor parece compreender seus gostos e preferências? Você confia nas recomendações que lhe faz com relação a novos tipos de charutos? Sugere novos produtos para que você possa ampliar sua experiência com charutos? Ou apenas quer empurrar produtos para esvaziar as prateleiras? Outro ponto fundamental é ver como os charutos estão armazenados. O ideal é que o espaço tenha um ambiente especial para armazenar os charutos com temperatura (16 a 18oC) e umidade (65% a 70%) controlados evitando que os charutos estejam impróprios para o consumo. Embora comprar e degustar um charuto sejam um ritual maravilhoso, não permita que esta experiência se torne um fato desagradável. Fique aberto a novas possibilidades de locais e produtos e principalmente ao seu gosto, que pode mudar e amadurecer. Atualmente é possível encontrar em São Paulo cerca de quinze espaços que recebem muito bem quem quer degustar o seu charuto com tranqüilidade. Um dos pontos mais tradicionais e antigos na arte do bem receber é o hotel Renaissance, que tem dois ambientes distintos, o Havana Club, sob o comando do experiente Bruno Pegorer, e o Lobby Bar, que conta com a competência de Camilo Poveda e a simpatia da Renata Pascoal. Em Moema, ao lado do Shopping Ibirapuera, temos o Roma Cigar Bar e o atendimento do Francisco Macedo, que é um especialista em cachaças. Na Vila Olímpia, no Bar Maré Alta, é possível petiscar ótimos frutos do mar com o serviço refinado de Samuel Bensemann, atual campeão do concurso Epicure Sommelier, que premia o melhor serviço de charutos e bebidas. Para finalizar, na Ponte da Cidade Jardim temos a Advanced House, com seu ótimo café e serviço de Carlos Alberto. Podíamos contar com a simpatia de Rodrigo Gorga da Tabacaria Lenat na Banca Siciliano, mas infelizmente os donos da Siciliano resolveram tirar a Lenat de lá para colocar uma doceria, que com certeza vai vender muito mais doces feitos à base de açúcar cristal do que café e charutos. É uma pena, pois São Paulo perdeu um excelente espaço onde se podia ler revistas, um bom livro e tomar um ótimo café acompanhado de um bom charuto. Mas nem tudo está perdido, a Lenat para não deixar seus clientes na mão, fez uma grande reforma e até o final do mês vai estar com um excelente espaço e o serviço do Rodrigo no piso superior de sua loja na Oscar Freire. Vale a pena passar por lá para conferir. Cesar Adames é consultor na área de tabaco adames@jornalvinhoecia.com.br [email protected] Golfe obrigatório?! Que tal uma taça? Ambiente do restaurante GOGA, no Onne Unigolf em São Paulo. Uma universidade chinesa incluiu no seu currículo obrigatório aulas de golfe para estudantes de administração, direito, economia e computação. O intuito é auxiliar no raciocínio e na elaboração de estratégias, além de ir para o lado prático, pois muitos negócios são fechados em campos de golfe. Então por que não podemos aproveitar a idéia? Não gosta? Não sabe jogar? Ah... Basta umas aulinhas... Mas a proposta aqui é de apenas aproveitarmos o glamour do jogo para um bom prato e uma boa taça de vinho. O que? Estou misturando tudo como os chineses? Eu não, quem misturou foi o Onne Unigolf, que, em plena Marginal Pinheiros em São Paulo, uniu golfe com gastronomia e criou o Goga. Em espaço descontraído e casual, mas com todo o charme que essa atividade esportiva sugere, o chef Fernando Morais cria pratos interessantes para nosso deleite, como o “coelho marinado ao funcho” (feito do próprio molho, com arroz na manteiga queimada e castanhas do Pará) ou “filet de arraia com purê de cará” (salteada e aromatizada com manteiga trufada). Vale uma visita para uma tarde ou noite gostosa. E não se esqueça de acompanhar com um belo vinho. Apesar da carta ainda enxuta, o restaurante oferece algumas opções de vinhos em taça, entre elas Periquita 02 de José Maria da Fonseca, Santa Rita 120 Cabernet 03 e Masterpeace Merlot 05. E antes ou depois, quem sabe, umas tacadas... 13 Novembro de 2006 Jornal Vinho & Cia Nas ondas do Rio EUCLIDES PENEDO BORGES Por Jaqueline Barroso [email protected] As Terças do Vinho Ribamar Aragão, dono do restaurante Empório Santa Fé, criou “As Terças do Vinho”, em homenagem aos enófilos. No dia o cliente tem 25% de desconto em toda a carta. São mais de 400 rótulos de todas as nacionalidades. É um espetáculo! Dessa forma o consumidor pode aproveitar o preço e conhecer vários rótulos sem “pesar” muito no bolso. O Empório Santa Fé também tem uma loja de vinhos dentro do restaurante, possibilitando a compra do nosso “caldo” com a garantia de um perfeito acondicionamento devido à adega climatizada. A promoção não tem data de validade. Praia do Flamengo, 2, (21) 2245-6274. das 12h até o último cliente. Rua Quintino Bocaiúva, 151, São Francisco, Niterói. (21) 2717-4505. Sucesso! Primavera no Alcaparra Para esta primavera, o Chef Didi, do Restaurante Alcaparra, volta com menus especiais. Sexta-feira é dia de Tilápia da Serra Viva: filés de tilápia (peixe de água doce e não congelado) cobertos com molho de caju e servidos com arroz de castanha. No Domingo é o prato preferido do simpático gerente Raimundo Ferreira: rabada com polenta italiana. Para harmonizações é só pedir sugestão para o sommelier Batista. Reservas pelo fone (21) 2558-3937. Praia do Flamengo, 150. Balacobaco em Nikity Festa da Primavera Além mar... Niterói ABS-Rio (carinhosamente chama- da de Nikity) tem agora o Balacobaco Champanheria. O sommelier Dionísio Chaves juntamente com seu sócio Márcio André escolheram o bairro de São Francisco, uns dos mais charmosos da cidade, para oferecer tapas, espumantes, champagnes, vinhos e também um elaboradíssimo cardápio de massas, carnes e peixes. É uma casa linda, descontraída e com um visual maravilhoso do Rio e da natureza. O funcionamento é de terça a sábado das 18h até o último cliente e no domingo A Festa da Primavera ABS-Rio, o evento mais esperado do ano pelos seus associados, aconteceu no último dia 28 no Le Méridien. Foi a XVII edição, uma noite brilhante, com muita confraternização, regada a vinhos de todas as nacionalidades e especiarias das mais diversas. O diretor de eventos Antonio Dantas “arrasou” mais uma vez na organização. O salão foi ineditamente ornamentado com enormes cachos de uvas brancas e tintas feitas de balão: “show”! Parabéns! De um lado e de outro da Cordilheira Q uem já atravessou os Andes por terra, de Santiago para Mendoza, sabe do que se trata. Sobe-se a cordilheira por estrada sinuosa até alcançar o “Paso de los Caracoles”, lá em cima. Avista-se o Aconcágua, imponente, e segue-se caminho após passar a fronteira, descendo suavemente para Mendoza. Em todo o percurso, paisagens de sonho, com escarpas vertiginosas encimadas por neves eternas. Nos pontos de partida e de chegada do roteiro, vinhedos e mais vinhedos, diferenciados uns dos outros, pois a cordilheira é um paredão que garante clima marítimo ao lado chileno e impõe clima desértico ao lado argentino. Na parte alta da área metropolitana de Santiago destaca-se um arco nortesul de vinte vinícolas, algumas bem conhecidas (Cousiño Macul, Concha y Toro, Carmen) e outras nem tanto (Domus, Huelquen, Antiyal, com a cordilheira a leste). A distância entre as duas vinícolas mais afastadas desse arco (Aquitania no norte e Hacienda Chada no sul) não chega a trinta quilômetros. Em meio a elas descem as águas do Rio Maipo, de leste para oeste, cortando o arco ao meio. O que elas têm em comum? Pertencem todas ao terroir do Alto Maipo. Lá, as chuvas invernais só caem depois de maio, de modo que se pode colher tardiamente, até fins de abril. A supermaturação leva a mostos açucarados e vinhos alcoólicos, em que os aromas de frutas maduras associam-se ao eucalipto e ao chocolate dos tintos chilenos, principalmente de Cabernet Sauvignon, Merlot e Carmenère. Do outro lado dos Andes, na área de influência de Mendoza, um conjunto de vinte vinícolas acompanha a Cordilheira, descortinada a oeste. Algumas bem conhecidas (Terrazas, Norton, Chandon) e outras nem tanto (CAP Vistalba, Nieto Senetiner, Dolium). A distãncia entre as duas extremas (Alta Vista no norte e Catena Zapata no sul) não chega a trinta quilômetros. Entre elas corre o Rio Mendoza, de oeste para leste. O que elas têm em comum? Pertencem ao terroir de Luján de Cuyo, Mendoza, que inclui Vistalba na margem esquerda do rio e Agrelo, paraíso da Malbec, na margem direita. Lá o espaço é desértico e as altitudes elevadas, entre 900 e 1000 metros acima do nível do mar. Solos de aluvião com seixo rolado da milenar desintegração dos Andes, camadas de solo de textura arenosa e ótima drenagem, riqueza mineral e pobreza orgânica. Por isso, um vinho de Cabernet Sauvignon de lá apresenta outras características: cor violácea, aromas de fruta escura e minerais, condimentado. Associado à Syrah, pede pratos contundentes. É assim que, numa área relativamente pequena em planta, mas com incríveis desnivelamentos e alturas em corte, encontram-se vinhos tão diferentes em tipo e estilo: chilenos distintos e famosos e argentinos de qualidade reconhecida, em plena ascensão. Euclides Penedo é enófilo, escritor e vice-presidente da ABS do Rio de Janeiro [email protected] 14 Novembro de 2006 Jornal Últimos aromas proSecco com 13 medalhaS O espumante Peterlongo Prosecco recebeu recentemente medalha de ouro na Seleção de Vinhos e Espumantes de Garibaldi, e desde o seu lançamento em 2004 ganhou 11 prêmios internacionais e 2 nacionais. É feito exclusivamente com a uva Prosecco, de origem italiana, que a cada dia conquista mais espaço na produção de espumantes brasileiros. Peterlongo: (54) 3462-1355. Vinho & Cia 15 Novembro de 2006 Jornal Vinho & Cia Última hora REGIS GEHLEN OLIVEIRA Com espírito light, Ted Bebedor toma café da manhã Muitas experiências no Rio O início de novembro foi marcado pela realização do I Fórum de Enogastronomia do Rio de Janeiro, no Hotel Internacional. Foram quatro dias para várias experiências, como degustar em duas exposições vinhos de produtores nacionais e de importadoras, apreciar jantares temáticos e participar de palestras e debates, como “As mulheres no universo do vinho”. Na foto: Ana Maria Lúcia Rodrigues (Presidente da Confraria Amigas do Vinho), Marise Brandão (participante), Regina Randon (FEBAVE), Patrícia Possamai (sommelier da Georges Aubert), Mike Taylor (consultor e organizador do Fórum), Deyse Tanuri (presidente da Georges Aubert), Helene Wevers (Chandon), Jaqueline Barroso (consultora e colunista do Jornal Vinho & Cia). Mais alta gastronomia e vinho A Associação Brasileira de Alta Gastronomia (Abaga) e o Jornal Vinho & Cia firmaram um convênio de parceria. O objetivo principal é o desenvolvimento de várias ações no sentido de divulgar cada vez mais as relações da gastronomia de qualidade com o universo do vinho, além de promover eventos em conjunto. Na foto: Jorge Monti de Valsassina, presidente da Abaga A h! Nada como levantar de manhã, tomar um bom banho, abrir a janela, sentir o ar fresco, os aromas da primavera e o céu azul! Inspiração para um bom café da manhã... Da geladeira, pego um leite integral. Coloco um CD da Marisa Monte, com a música Preciso me Encontrar, do Cartola. “Deixe-me ir, preciso andar / Vou por aí a procurar / Rir pra não chorar Quero assistir ao sol nascer / Ver as águas dos rios correr / Ouvir os pássaros cantar...” - Ted Bebedor, leite integral? Não tem muita gordura? - Caro leitor, não é aquela água com cal, que costumam chamar de um leite light, né? Argh! Do forninho, retiro um pãozinho francês fresco e quentinho. Do armário, sai uma aromática manteiga Aviação de lata... - Ted, manteiga de lata? Isso não é muito saudável, né? - Ah!, caro leitor, vamos ver os ingredientes na lata... Creme de leite e sal... Que tal comparar com uma margarina light? - Você vê o rótulo de uma, Ted? - Deixe-me ver... Água, óleos vegetais líquidos e interesterificados, vitaminas, ácido fólico, estabilizantes mono e diglicerídeos de ácidos graxos e ésteres de poliglicerol, com ácido ricinoleico, conservador sorbato de potássio, acidulante ácido cítrico, aromatizante idêntico ao natural de margarina e corantes urucum e curcuma... Ah! E diz que é bom para o coração... - Tudo natural, né, Ted? E será que com isso o coração sobrevive? - Pode ser, caro leitor, pode ser, mas acho que a alma, não... - Ted, agora... Pãozinho francês não engorda? - Ah! A alternativa são aqueles pães empacotados em plástico natural, com textura que parece ração Bonzo? - É... Hum!... Na mesa, um queijo meia cura bem cremoso... Toca o CD. “Eu quero nascer, quero viver Deixe-me ir preciso andar / Vou por aí a procurar / Rir pra não chorar Se alguém por mim perguntar / Diga que eu só vou voltar / Quando eu me encontrar...” - Ted, mas queijo amarelo não é muito gorduroso? - Ah... Os ingredientes são leite, coalho e sal. Mas, que tal então um requeijão light com zero porcento de gordura e 75 porcento menos calorias? - Boa pedida, né, Ted? - Vamos ver o rótulo, caro leitor? - Vamos... - Bom... Leite destanado, sal, fermento lácteo, estabilizantes polifosfato de sódio, goma guar, xantana e carragenina, corante dióxido de titânio e conservador sorbato de potássio. Aqui diz que é o verdadeiro requeijão... - Light, né, Ted? - É... E parece que você está comendo uma gostosa cola tenaz... “Quero assistir ao sol nascer / Ver as águas do rio correr / Ouvir os pássaros cantar...” - Ted, e hoje você não vai tomar nenhum vinho? - Sim, caro leitor, como sobremesa do café, uma tacinha de espumante Prosecco Georges Aubert... Ah! E depois um expresso curto, bem forte, com café Turmalin... Hummm! - Com cafeína? - Sim, naturalmente. - Ted, nada como viver a vida light, né? - Naturalmente, caro leitor, naturalmente... Regis Gehlen Oliveira é editor deste jornal. De vez em quando bebe. regis@jornalvinhoecia.com.br Para ser lembrado no ano todo, neste fim de ano presenteie clientes, amigos, família e quem você ama com uma assinatura ou números anteriores do Jornal Vinho & Cia Assinatura por um ano: 70 reais Números anteriores: 6 reais por exemplar, mais despesas de correio (11) 4196-3637 [email protected]
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