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VidaBosch abril | maio | junho de 2015 • nº 39 Recicle a informação: passe esta revista adiante Furor bem temperado Na moto, chef Henrique Fogaça deixa de lado sua fama de bad boy Alexandre Schneider Receita de refúgio Cinco princípios que não podem faltar em uma casa de campo editorial Chefs para preparar nosso aperitivo Ao longo das últimas 38 edições, você se acostumou a ler reportagens em que personalidades falavam sobre os carros que tiveram, os carros que dirigiam. Desta vez, decidimos mudar um pouco. O entrevistado, Henrique Fogaça, do reality show MasterChef (TV Bandeirantes), até tem um automóvel, que usa para viajar com a família. Mas o que ele curte mesmo é moto. Sobre esse universo (e sobre sua Harley-Davidson) ele conversou com a VidaBosch, como você verá em eu e minha moto. Falou em chef? Outra novidade desta edição envolve justamente as receitas tradicionalmente publicadas nas páginas finais da revista, em saudável e gostoso. A partir de agora, as delícias virão de cozinheiras especialmente antenadas: as que mantêm blog de culinária. Na estreia, Gabriela Rossi (Blog do Bom Gosto) e Juliana Gonçalez (Limão com Alecrim) dão dicas para fazer pratos irrecusáveis de salmão. Outra pequena alteração aparece em viagem. O tema, desta vez, não é propriamente um destino, mas um caminho: a Estrada da Graciosa, uma das mais belas do Brasil, via histórica que liga Curitiba ao litoral paranaense. Esta é a ideia para os próximos números: abordar também estradas e roteiros em qualquer lugar do mundo aonde seja possível chegar de carro, moto ou até bicicleta. Gostou? Então se prepare. Essas novidades são um aperitivo de outras mudanças que você vai saborear na VidaBosch. Boa leitura! 14 20 30 44 Sumário 02 viagem | No Paraná, história e natureza criaram a estrada mais graciosa do Brasil 08 eu e minha moto | Henrique Fogaça, um easy rider na cozinha e nas estradas 10 torque e potência | Montadoras apostam nos SUVs para continuar crescendo 14 em casa | Os segredos para criar um refúgio aconchegante e seguro no campo 20 tendências | Impressoras 3D abrem caminho para uma nova revolução industrial 26 grandes obras | Vila Olímpica do RJ quer ser a mais sofisticada da história dos Jogos 30 Brasil cresce | Tecnologia no campo mantém café brasileiro no topo do mundo 36 atitude cidadã | Empresas investem em parcerias com as comunidades onde atuam 40 aquilo deu nisso | Há 30 anos, Bosch abria caminho para surgimento dos carros flex 44 saudável e gostoso | Salmão se populariza e vira um hit na mesa do brasileiro Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing e Comunicação Corporativa. Se tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: 0800-7045446 ou www.bosch.com.br/contato Produção, reportagem e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), tel. (11) 3512-2100 / vidabosch@prima pagina.com.br • Projeto gráfico, direção de arte e diagramação: Buono Disegno (cargocollective.com/buonodisegno), tel. (11) 3512-2122 • Tratamento de imagem: Paulo Lopes • Acompanhamento gráfico: Paulo Lopes • Impressão: Gráfica Mundo • Revisão: Marcelo Moura viagem | Por Walterson Sardenberg Sº Marcos Guerra 2 | VidaBosch | Quando o caminho é o Na viagem entre Curitiba e o litoral paranaense, a maior atração é o próprio principal destino trajeto: a Estrada da Graciosa, uma das mais bonitas do Brasil te deste caminho sinuoso ainda é calçado por paralelepípedos, tal como nos idos em que foi inaugurado, no ano de 1873. Se esta pavimentação obriga a dirigir com mais atenção e menos velocidade, também remonta aos tempos do império. A Graciosa é testemunha da história, e uma participante ativa dela, aliás. Em 20 de maio de 1880, o imperador Dom Pedro 2º, em pessoa, acompanhado da mulher, Thereza Christina, e de uma comitiva de sete carros movidos por tração animal, subiu a estrada, rumo a Curitiba. À época, o Paraná somava apenas 150 mil habitantes. A trilha começou a ser destrinchada ainda no século 16, por índios, jesuítas e os primeiros colonizadores. Cem anos mais tarde, tornou-se fundamental para os chamados tropeiros — pioneiros que levavam, em tropas (daí o nome), víveres e artigos em geral das regiões produtoras aos consumidores. No início do século 19, a atividade incrementou-se. A Graciosa passou a servir de rota sistemática para o escoamento da produção de erva-mate, madeira e, mais tarde, de café para os A via tortuosa ainda conserva trechos em paralelepípedo, como os da época em que foi inaugurada, em 1873 portos de Antonina e Paranaguá. Em 1853, quando foi designado governador (àquela altura, dizia-se presidente) do Paraná, Zacarias de Góis e Vasconcelos logo percebeu que a pavimentação da estrada seria essencial para a economia. E tratou de botá-la em prática. Na orientação das placas, a estrada também é conhecida por PR-410. Mas quem a percorre com prazer e frequência costuma preferir o velho batismo. A Graciosa, alguém poderia supor, deve seu nome ao indiscutível charme com que se delineia entre montanhas. Não é esta, porém, a origem da denominação. Ela decorre do fato de a estrada estar encravada na Serra da Graciosa. O conjunto de montanhas, por sua vez, ganhou o batismo em razão de seu formato: a serra, vista de alguns pontos do litoral, assemelha-se à figura de uma Dwph/Shutterstock Estrada da Graciosa, no Paraná, liga Quatro Barras, na região metropolitana de Curitiba, a Morretes, no litoral. Tem pouco mais de 33 quilômetros de extensão. Dito assim, sem adjetivos nem retoques, parece só mais uma via rodoviária, entre outras tantas. Mas tratá-la com tal frieza seria uma injustiça com uma vereda que faz muito mais do que apenas conectar — na estrita e impessoal geografia — o planalto, com seus 1.050 metros de altitude, ao nível do mar, já próximo da Baía de Paranaguá. Para quem tem alguma sensibilidade, esta estrada única liga Curitiba ao melhor da colorida natureza nativa. Não só. Também vincula o Brasil moderno ao seu passado imperial. E mais: interliga o modo de vida agitado da atualidade a um outro sem pressa, contemplativo, com tempo livre para estacionar o carro várias vezes no trajeto e admirar a paisagem. A travessia, no caso, pode ser o próprio destino — e, para muitos viajantes, funciona exatamente assim. Embora curta, a Graciosa já foi chamada, sem favor nenhum, de “a estrada mais bonita do Brasil”. O critério de beleza, como bem sabemos, é sempre subjetivo. Seja como for, basta lembrar que o caminho serpenteia pela área mais preservada da Mata Atlântica — e isso foi reconhecido pela Unesco — para começar a dar razão aos apologistas da Graciosa. Afinal, contando todo o litoral brasileiro, sobraram somente 7% do que havia em vegetação nativa quando o colonizador aqui jogou suas amarras. A Graciosa é, assim, uma exceção verde em um país no vermelho em matéria de preservação ambiental. Neste trecho, a densa Mata Atlântica recepciona, com toda a fidalguia, a passagem de riachos e cachoeiras límpidos. Mas o mais impressionante é a quantidade de flores. Elas estão por quase todo o trecho. São bromélias, hortênsias, marias-sem-vergonha, margaridas e, em especial, orquídeas, para ficar em apenas cinco espécies. A Graciosa daria um tratado botânico. Que outra rodovia do país tem placas onde se lê “Preserve a Natureza: Não colha flores”? Acima de tudo, eis uma estrada que cheira bem — no sentido lato do verbo. E não cobra pedágio! Além da paisagem, a própria rodovia está muito bem preservada. A maior par- viagem | VidaBosch | 5 Luísa Henriqueta/www.laeti.com.br A viagem Luísa Henriqueta/www.laeti.com.br 4 | VidaBosch | A viagem até Morretes (ao alto) pela Serra da Graciosa é um passeio encantador em meio às flores e à bela vegetação da Mata Atlântica esbelta mulher deitada. Uma índia graciosa. Assim também nascem as lendas — e as nomenclaturas. A Graciosa faz jus ao nome não só pela paisagem e pela preservação, mas também pelas intervenções pontuais da arquitetura. Ali estão alguns casarões históricos do século 19, embora nem todos em bom estado de conservação. Um deles, a Casa do Burro Bravo, serviu de armazém e pousada de tropeiros, que ali amarravam seus burros ariscos. Mais tarde, tornou-se um refinado bordel, conhecido por Casa das Francesas. Dalton Trevisan, o maior escritor do Paraná — e um dos principais do país —, faz menção ao imóvel no conto “Em busca da Curitiba perdida”. Em tempos mais recentes, a Estrada da Graciosa ganhou dois parques estaduais bem cuidados (o da Graciosa e o Roberto Ribas Lange). Há também pontos do caminho em que se pode parar o automóvel e contar com a estrutura de banheiros, quiosques, churrasqueiras e mirantes. Para aproveitar tais lugares, recomenda-se vir em dias da semana. Ou viajar bem cedo, pois, em épocas mais concorridas, as vagas já estão preenchidas por volta das 9h30. Evidentemente, é mais fácil arrumar espaço para estacionar carros menores. De todo modo, a Graciosa deve ser desbravada durante o dia, até pela sua exuberância de curvas. Estas, aliás, sucedem-se com frequência. Algumas são tão fechadas que lembram um cotovelo. E trata-se de uma estrada à antiga: uma faixa sobe e a outra desce, quase sem áreas de escape. Na chuva, o paralelepípedo fica ainda mais deslizante que o normal. Perigosa? Nem tanto. Não há ônibus ou caminhões trafegando. Mas cabe ao motorista redobrar os cuidados. A rigor, existem seis lugares para uma parada nesta vereda da Serra do Mar paranaense. No Engenheiro Lacerda, o primeiro ponto para quem parte de Curitiba, foi instalado um belvedere. A partir dele divisam-se as baías de Paranaguá e de Antonina — desde que o céu não esteja encoberto. Na segunda parada, a do Rio Cascata, viagem viagem | VidaBosch | 7 Onde comer LEGENDA Oficinas da rede Bosch Car Service Estrada da Graciosa 116 476 Empório do Largo | Rua Rômulo José Pereira, 152, tel. (41) 3462-1190 — O cenário é muito agradável: um deque sobre um rio. Também faz sucesso a comida. Além do barreado tradicional, servem-se pescados e frutos do mar. Antonina Caçarola do Joça | Praça Romildo G. Pereira, 42, tel. (41) 3432-1286 — Também oferece o onipresente barreado. Mas sua cozinha é variada, com muitos peixes e frutos do mar. Onde ficar Curitiba Transamérica | Av. do Batel, 1732, tel. (41) 3071-1700, www.transamerica. com.br — Um hotel com excelentes instalações e quartos muito espaçosos, mas com preço mais acessível do que os de sua categoria. Além disso, está cercado de bons restaurantes e bares. Morretes Pousada Hakuna Matata | Estrada da Graciosa, km 5, tel. (41) 3462-2388, www.pousadahakunamatata.com.br — Funciona em um antigo haras, cuja área das baias foi transformada em amplos quartos. Fica em uma região arborizada e aos fundos passa um rio. Antonina Camboa Capela | Av. Valle Porto, tel. (41) 3432-3267, www.hotelcaboa.com. br — Instalado em parte de um prédio histórico à beira-mar, fica perto das ruínas do antigo armazém do porto. 116 PR - 417 PR - 410 116 PR - 340 Curitiba PR - 411 PR - 415 Com seu casario histórico e o tradicional barreado, a cidade de Morretes é uma das atrações ao longo da estrada Antonina 116 Morretes PR - 408 277 277 376 o divertimento é uma encantadora queda d’água. Já em Grota Funda, admira-se um vale profundo, assim como em Bela Vista descortinam-se, ao longe, a cidade de Paranaguá e o Pico Marumbi (1.547 metros). Há ainda a parada na curva da Ferradura e, por fim, o Parque Mãe Catira, onde o programa é nadar no rio. Só neste ponto, aliás, o viajante pode banhar-se sem restrições. Um aviso: a água costuma ser um bocado fria — mas também revigorante. No ano passado, chuvas fortíssimas causaram o desmoronamento de um trecho da estrada, no quilômetro 10. Para evitar futuros deslizamentos, uma estrutura de concreto foi erguida, obrigando o governo do Paraná a bloquear a rodovia por seis meses. Por fim, os paralelepípedos foram recolocados, para preservar o encanto e o patrimônio. A Graciosa está novamente tinindo — e ainda mais graciosa. O bloqueio, no entanto, atingiu o bolso dos comerciantes de Morretes. Compreende-se. A cidade vive, sobretudo, do turismo. Não apenas dos que fazem o caminho de automóvel, mas também daqueles que descem a serra de trem, a bordo de um comboio confortável, preparado para atender turistas. Morretes, fundada em 1733, tem 16 mil moradores. Seu casario histórico está razoavelmente bem preservado. Não é ele, todavia, a principal atração. Eis o grande chamariz: o prato mais tradicional do Paraná, o barreado, que, segundo os morretenses, teria nascido ali. A receita consiste em cozinhar em fogo baixo, numa panela de barro, ao longo de ao menos 10 horas, cubos de carne de cortes menos nobres do boi — acém, músculo e patinho — , temperados com cebola, alho, cominho e louro. A carne se desmancha no demorado processo de cozimento. Para isso, é preciso vedar — ou “barrear” — a junção da panela com a tampa, utilizando uma massa de farinha de mandioca e água. O barreado, mesmo em versão light, continua sendo um prato pesado, o que desaconselha, depois de consumi-lo, o retorno no mesmo dia pela Estrada da Graciosa. A alternativa é uma rodovia moderna, a BR-277, para retornar a Curitiba rapidamente. Mas alojar-se em Morretes ou, mais adiante, em Antonina pode ser um desfecho perfeito. E sempre com um assunto em pauta: a Graciosa é ou não é a estrada mais bonita do Brasil? A Bosch na sua vida Curva tranquila à frente Para aproveitar ainda mais as belezas da Estrada da Graciosa, nada melhor do que se preocupar o menos possível com suas curvas sinuosas. Dirigir um carro equipado com controle de estabilidade faz muita diferença nessas horas. “O sistema é muito indicado, ainda mais em viagens longas ou com muitas curvas”, diz Alexandre Pagotto, chefe de marketing da divisão de segurança veicular da Bosch. A empresa fabrica o Electronic Stability Program (ESP), que se desdobra em várias funções (foto 1). Ele faz o controle independente de cada roda, aplicando ou retirando a pressão dos freios. Assim, evita tanto que um pneu gire em falso quanto que trave na frenagem. “O ESP previne em até 80% os acidentes por derrapagem”, destaca Pagotto. O dispositivo também ajuda a evitar acidentes quando o piso está molhado, algo importante na Graciosa: quando chove, o paralelepípedo fica especial- Arquivo Bosch Morretes Armazém Romanus | Rua Visconde do Rio Branco, 41, tel. (41) 3462-1500 — O barreado é o prato mais pedido. Aqui, a gordura das carnes é retirada antes de levadas ao fogo. Isso torna a receita mais leve — mas não menos saborosa. Luísa Henriqueta/www.laeti.com.br 6 | VidaBosch | 1 mente escorregadio. Um sistema associado ao ESP ajuda quando há neblina, comum nesta região do Paraná. Trata-se do Adaptive Cruise Control (ACC), que dispõe de radar no para-choque (foto 2). “O equipamento calcula a distância em relação ao veículo da frente e, se percebe que há uma redução na velocidade, aciona os freios automaticamente através do ESP”, explica. O ESP inclui ainda outras funções, como o controle de tração (TCS) e o assistente de partida em rampa (HHC). Eles asse- 2 guram que mesmo um eventual congestionamento na Graciosa possa virar momento de contemplação da natureza. “Quando o carro parado precisa voltar a andar, o TCS garante uma melhor aderência na subida, evitando derrapagens. Se o motorista tirar o pé do freio, seja na descida ou na subida, o HHC segura o veículo por cerca de dois segundos para que ele arranque e não volte para trás”, diz Pagotto. Para entender melhor como funciona o ESP, acesse http://migre.me/pghI6. eu e minha moto | Por Frederico Kling Piloto de fogões e de motos Fora da cozinha, Henrique Fogaça, um dos jurados do MasterChef, faz jus a seu visual todo tatuado: é um roqueiro que curte suas Harleys O chef Henrique Fogaça costuma dizer que suas criações gastronômicas começam pelo visual — afinal, as pessoas comem primeiro com os olhos. Se a primeira impressão é a que fica, quem vê o jurado tatuado do MasterChef, reality show de culinária da Rede Bandeirantes, pensa que ele deve ser um motoqueiro encrenqueiro que ouve rock no último volume. O estereótipo é quase correto. Só não vale a parte do encrenqueiro. “Sou um cara tranquilo”, diz Fogaça. Mas o chef não só gosta de rock, como é vocalista da banda de hardcore Oitão, cujo nome, aliás, ele traz tatuado de forma nada discreta no pescoço. Já as motos surgiram quase de forma natural para quem passou a infância e a juventude no interior paulista. Fogaça nasceu em Piracicaba e, logo cedo, mudou-se para Ribeirão Preto. “Eu acho que até por uma cultura interiorana, sempre andei muito sobre duas rodas. Costumava andar muito de bicicleta. Depois, mais velho, de mobilete — meu pai comprou uma para mim e para o meu irmão”. A primeira moto que comprou foi uma Suzuki GF 500. “Era um modelo mais esportivo. Com o tempo, fui mudando um pouco e, quando comprei minha Harley, mudei completamente”, diz Fogaça, que gosta tanto da marca que tem uma HarleyDavidson 1200 e uma 1600. “Eu gosto de motos com guidão alto, mais para passeio mesmo. Depois que comprei essas com esse estilo, me acostumei, agora fica difícil de trocar”. O chef não se contenta em ter uma Harley — quer uma que seja a sua cara: “Costumo colocar rodas traseiras maiores e coloridas, para-lamas cortados. Pinto o tanque, levanto o guidão...”. As grandes motos da fabricante norteamericana Harley-Davidson tornaram-se um fenômeno cultural, popularizado pelo filme “Sem destino”, de 1969, que mostrava andanças de dois motoqueiros pelas estradas dos Estados Unidos. Em parte, é esse espírito que o chef aprecia. “Gosto do vento na cara e no corpo, e talvez isso tenha a ver com a liberdade. Gosto de ser livre”, define Fogaça, para logo acrescentar: “Mas rebeldia, não”. O jurado da Band, no entanto, também considera as motos muito úteis em cidades assoladas por congestionamentos. “Uso muito no dia a dia, principalmente por conta do trânsito de São Paulo”. Mas ele não é de correr riscos ziguezagueando entre os carros. “Pelo tamanho, minha moto nem permite que eu faça isso”. Fogaça não só evita os habituais malabarismos, como cuida periodicamente de suas motos: “O risco para quem anda de moto é muito grande e fica ainda maior se você não costuma fazer manutenção”. E é na cidade mesmo que ele mais usa sua Harley. “Quando viajo, costumo ir com minha família, então não há como usar moto”, explica Fogaça, casado e pai de dois filhos. Fama Até 2013, Fogaça era um chef famoso apenas entre os apreciadores da boa comida. Seus estabelecimentos são um reflexo de sua personalidade. O lado tranquilo está presente no Sal Gastronomia, restaurante que abriu em 2005 e que se destaca pelo estilo sóbrio e pela cozinha contemporânea. No andar de cima, fica o Admiral’s Place, um bar que reproduz os ambientes dos clubes ingleses e tem como destaque a carta de whiskies. Já o Cão Véio é um típico bar de rock. O estilo predomina não só nas caixas de som, mas até entre os sócios: além de Fogaça, estão Badauí, vocalista da banda de hardcore CPM22, e Kichi, promoter que já trabalhou com a banda de metal Sepultura. Em 2014, Fogaça se tornou, ao lado de Paola Carosella e Erick Jacquin, um dos jurados do MasterChef. O sucesso na TV mandou para o espaço o anonimato, e andar de moto não é exatamente uma maneira eficaz de evitar o olhar dos curiosos. “Depois do programa, às vezes, algumas pessoas abaixam o vidro do carro e começam a gritar ‘MasterChef, MasterChef’. Acho engraçado, é algo com que não estava acostumado”. No programa, o chef motoqueiro ficou marcado por ser rígido — às vezes, até ríspido –, mas capaz de se emocionar ao dizer adeus a um eliminado. O lado rock and roll e a face tranquila também se encontram nas panelas: “Cozinha é pressão, correria, vontade de acertar, agilidade. Sou a mesma pessoa dentro e fora dali. As duas coisas se combinam”. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Alexandre Schneider 8 | VidaBosch | Freando sem cair Muitos acidentes com motos acontecem quando o piloto realiza uma frenagem de emergência e as rodas travam, causando perda de controle. Redobrar os cuidados, como faz Fogaça, ajuda. Mas a tecnologia pode ser decisiva. A Bosch oferece um sistema de freios ABS – que evita o travamento das rodas – para motos. Antes, esses equipamenos eram iguais aos dos carros, com pequenas adaptações. “Por causa do tamanho do equipamento, ele só podia ser instalado em motos maiores. A Bosch criou uma linha de ABS específicos para motos – módulos leves e pequenos, que podem ser instalados em qualquer moto que tenha pelo menos um freio hidráulico”, explica Alexandre Pagotto, chefe de marketing da divisão de segurança veicular da Bosch. Em modelos mais simples, é possível instalar o ABS só na roda dianteira. Para os modelos maiores, em que o ABS atua nas duas rodas, a Bosch criou um sistema para equalizar a força de frenagem em ambas, o Electronic Combined Brake System (eCBS). “Na moto, os freios são independentes, e o motociclista pode colocar mais pressão em um do que no outro. O eCBS equilibra ambos para evitar acidentes”, diz Pagotto. Para mais informações sobre os freios ABS da Bosch para motos, acesse http://migre.me/pGhRJ. torque e potência | Por Manuel Alves Filho TonyV3112/Shutterstock 10 | VidaBosch | Os SUVs estão chegando Indústria automobilística aposta no lançamento de novos modelos de utilitários esportivos para continuar crescendo A indústria automobilística brasileira teve um 2014 difícil. Fatores como a diminuição do crédito ao consumidor, a grande quantidade de feriados por causa da Copa do Mundo e a instabilidade econômica global culminaram em uma queda de 5,9% nas vendas de veículos fabricados no país em comparação a 2013. Mas um nicho específico foi na contramão e teve desempenho digno de bandeira quadriculada: os SUVs, sigla em inglês que designa os utilitários esportivos — automóveis que unem a robustez dos utilitários ao conforto e potência de carros de passeio maiores. Atuais queridinhos dos brasileiros, esses fora de estrada assumiram tamanha importância no mercado automotivo nacional que provocaram uma mudança nos critérios de classificação da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Até dezembro de 2014, eles eram enquadrados como veículos comerciais leves, na companhia de vans e furgões, mas a partir de janeiro de 2015 foram deslocados para o segmento de automóveis, o mesmo dos populares e dos sedãs. Ao explicar a mudança, o presidente da en- tidade, Luiz Moan, afirmou que o ajuste foi necessário porque esses carros tornaram-se o fiel da balança na análise da performance do setor. Os dados de 2014 ilustram a afirmação de Moan. Classificados como comerciais leves, os SUVs contribuíram para o bom resultado dessa área no ano passado: alta de 1,7% nas vendas. Já os automóveis amargaram um declínio de 6,7% no mesmo período, de acordo com dados da Anfavea. O sucesso dos SUVs não é propriamente uma novidade. A última edição disponível do anuário da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), publicada em 2013, mostra que o número de SUVs que ganharam as ruas do país cresceu de modo constante entre 2009, quando foram comercializadas 167.469 unidades, e 2013, que viu a cifra chegar a 287.130 — um avanço de 71,45%. Tal exuberância transformou o segmento na grande aposta da indústria automobilística para continuar se expandindo em um cenário de incerteza econômica. De olho nesse mercado, várias montadoras estão lançando neste ano no mercado brasileiro modelos novos ou repaginados de torque e potência torque e potência | VidaBosch | 13 whatwolf/Shutterstock A mistura de espaço e potência conquistou o público brasileiro utilitários esportivos. A lista inclui desde marcas chinesas de pouca tradição, como Geely, Lifan, Land Wind, Chery e JAC, até pesos-pesados como Volvo, Land Rover, Ford, Renault, Peugeot, Honda, Toyota, Mitsubishi e Suzuki. O bom momento dos SUVs também atraiu novas montadoras ao país. A Jeep abriu este ano sua primeira fábrica no Brasil, localizada no município de Goiana, em Pernambuco. A inauguração da planta foi acompanhada pelo lançamento do Jeep Renegade, primeiro SUV compacto com motor a diesel no mercado nacional (ver boxe ao lado). A pretensão da marca não é nada modesta: liderar as vendas no segmento. Paixão nacional e internacional O sucesso dos SUVs não é um fenômeno exclusivamente brasileiro. Esses carrões foram igualmente a tábua de salvação da indústria automobilística da Europa nos últimos anos. De acordo com matéria publicada pelo “The Wall Street Journal”, o mercado automotivo europeu amargou declínio entre 2007 e 2013, com exceção dos utilitários esportivos, que apresentaram um crescimento da ordem de 6,7% no período. Lá, um dos modelos mais populares é bastante conhecido do consumidor brasileiro: o Ecosport, uma espécie de ícone da categoria no país, por ter dado, por assim dizer, a arrancada para o sucesso dos “jipinhos” modernos por aqui. Mas qual é o segredo do sucesso dos SUVs? No mercado brasileiro, a primeira explicação está na falta de opções de veículos capazes de transportar uma família com conforto e ainda oferecer um portamalas espaçoso. “Se você observar com cuidado, vai ver que há poucos modelos à venda com essas características, sendo que alguns deles, como as station wagons (peruas), representam projetos ultrapassados”, afirma o engenheiro e consultor Paulo Pedro Aguiar Jr, sócio da Engin Engenharia Automotiva, de São Paulo. Outros dois atrativos são o design es- portivo e o status. “Diferentemente do que ocorre em outros países, o automóvel no Brasil é considerado muito mais um símbolo de prestígio que um meio de transporte”, avalia Aguiar Jr. Os utilitários esportivos agradam principalmente às mulheres, que se sentem mais seguras ao dirigir um automóvel alto — portanto, com visibilidade melhor e mais ampla que a dos demais modelos — e de visual robusto, afirma o experiente jornalista Antônio Fraga, membro da Associação Brasileira da Imprensa Automotiva (Abiauto). O consumidor, no entanto, tem de analisar detidamente os prós e contras no momento da compra de um desses “jipinhos”, afirma o jornalista. As grandes dimensões, por exemplo, podem dar uma sensação de segurança, mas se tornam um problema na hora de estacionar o carro — inclusive em garagens de apartamentos. Outro fator que deve ser colocado na balança é o tipo de motor do veículo. Quem compra um utilitário esportivo pode optar por modelos movidos a diesel, alternativa que não está disponível para os demais automóveis de passeio no país. Os modelos a diesel são mais econômicos na hora de abastecer. Por outro lado, costumam ser mais caros. “Em relação aos motores, muita gente considera ser vantajoso adquirir um SUV a diesel, porque o combustível é mais barato. Entretanto, esse carro custa cerca de 30% a mais que os de motores flex e paga um valor de IPVA proporcionalmente maior”, alerta Fraga. O preço do combustível e o valor inicial, no entanto, não devem ser os únicos critérios a serem levados em conta na hora da escolha. “O grande diferencial que tem que ser considerado na equação é o consumo. Em um veículo do porte de um SUV, o motor a diesel vai consumir uma quantidade de combustível significativamente menor do que o motor a gasolina ou flex. As estimativas apontam uma economia que pode variar de 30% a 50%”, afirma Mário Massagardi, diretor de engenharia da divisão Diesel Systems da Bosch e presidente da Aprove Diesel, associação de empresas criada em 2013 para divulgar os benefícios da tecnologia de motores a diesel, sobretudo para veículos de passeio. Além disso, o preço mais alto dos modelos a diesel se deve ao fato de que esses carros são equipados com motores mais robustos, que duram mais e que têm mais tecnologia, acrescenta Massagardi. A combinação entre potência e economia levou a esta onda de lançamentos de SUVs a diesel no Brasil nos últimos anos. Segundo Massagardi, o avanço se deve ao esforço das montadoras para se enquadrar nas metas de consumo de combustível estipuladas pelo programa Inovar-Auto. Elas são facilmente atendidas por carros pequenos, mas causam problemas para modelos mais pesados, como os utilitários esportivos. Assim, os motores a diesel são uma saída para as montadoras produzirem veículos ao mesmo tempo potentes e econômicos. “Eu interpreto essa onda de lançamentos de SUVs a diesel que está ocorrendo no Brasil como uma iniciativa das montadoras para colocar uma motorização mais econômica e ter mais chances de atingir as metas do Inovar-Auto”, conclui Massagardi. A Bosch na sua vida Queima eficiente Graças a uma tecnologia de injeção desenvolvida pela Bosch e inédita no Brasil, o Jeep Renegade chega ao país como um dos utilitários mais econômicos e modernos do mercado. Lançado oficialmente em 10 de abril, o carro traz como principal novidade um motor a diesel com funções encontradas apenas nos modernos modelos europeus. “Ele é equipado com um sistema Common Rail capaz de executar até oito injeções por ciclo de combustão. Isso permite aproveitar da melhor maneira todas as etapas da queima do combustível no motor”, explica Gustavo Castagna, chefe de desenvolvimento de produto e coordenador do laboratório de teste de motores da Bosch. A otimização da queima de combustível é realizada por uma unidade de coman- do que faz a leitura em tempo real dos sensores de gerenciamento do motor e adapta o sistema de injeção às condições de operação do carro. “Isso possibilita corrigir a curva de trabalho do motor para que ele opere sempre da forma mais otimizada, de acordo com as diferentes condições a que é exposto, sejam elas de condução ou de temperatura e altitude, por exemplo”, acrescenta Castagna. Esses recursos permitem que os SUVs ofereçam o conforto e o espaço valorizados pelos brasileiros, consumindo e poluindo menos. “No Brasil, temos uma legislação que só permite motor a diesel em veículos com capacidade de carga acima de uma tonelada ou 4x4 com marcha reduzida na transmissão. Por estes motivos, eles são carros relativamente pesados, o que Arquivo Bosch 12 | VidaBosch | demanda uma adequação no motor, que é um dos trabalhos desenvolvidos pela Bosch”, finaliza o chefe de desenvolvimento de produto da companhia. Saiba mais sobre o sistema Common Rail em http://migre.me/ptnVa. Para comparar os benefícios das versões a gasolina e a diesel de vários modelos de carros, acesse www.fuel-pilot.de. em casa | Por Letícia Liñeira Spectral-Design/Shutterstock 14 | VidaBosch | Arquitetos e decoradores dão dicas para construir ou decorar Os cinco pilares da casa de campo um repouso de fim de semana 16 | VidaBosch | N em casa ão são apenas Tavito e Zé Rodrix – ou mesmo Elis Regina, que tornou famosos os versos dos dois primeiros. Todo mundo quer “uma casa no campo”. E há milhares de anos: na Roma Antiga, o poeta Horácio já adotava o princípio do fugere urbem (fugir da cidade). No século 18, os poetas neoclássicos brasileiros retomaram o lema e, mesmo vivendo em um país ainda tão pouco urbanizado, faziam versos idealizando vaqueiros, riachos, campinas e prados onde “pasta alegre o manso gado”. Hoje, então, quando nada menos que 85% da população brasileira mora de frente para o asfalto, fugir da muvuca e dar um em casa | VidaBosch | 17 descanso para desacelerar e recarregar o corpo e a mente é praticamente uma questão de sobrevivência. Tanto melhor se isso puder ser feito em seu próprio canto, desenhado de acordo com seus próprios planos, ornamentado segundo seu próprio gosto. A VidaBosch conversou com arquitetos e decoradores que mostram os fundamentos para caprichar nesses repousos campestres. O mais importante é conviver com a vida silvestre, integrar-se a ela. Tanto na decoração quanto na construção. Nem precisa ser um casarão. Basta, como diz a canção imortalizada por Elis, ser o suficiente para “ficar no tamanho da paz”. Abuse de janelas. O lado de fora ajuda a compor o lado de dentro. A iluminação natural é uma maneira de integrar a natureza à decoração Olhar para fora Uma das motivações de quem vai a um sítio ou chácara é passar tardes preguiçosas admirando a paisagem — montanhas, pastos verdinhos, um pomar com frutas caindo do pé ou mesmo um quintal bucólico. Por isso, abuse de janelas, enormes janelas. No campo, o lado de fora ajuda muito a compor o lado de dentro. “A iluminação natural é uma maneira de integrar a natureza à decoração”, comenta a decoradora de interiores Marília Veiga, de São Paulo, que há mais de 30 anos mantém um trabalho caracterizado por linhas neutras, sempre alinhando design e aconchego. Convém, entretanto, que essa escolha seja acompanhada de contrapartidas. Como se sabe, grandes aberturas podem significar, em alguns horários do dia, forte incidência de sol. “É recomendado, por exemplo, o uso de cortinas e persianas para filtrar e não danificar o piso e os móveis”, sugere a decoradora. André Eisenlohr usou sobras de madeira nas paredes internas da casa Eucaliptus Em casas de campo, cai especialmente bem uma decoração despojada. O importante, como resume Marília, é criar espaços que transmitam aquela vontade de não sair dali, de se sentir acolhido, à vontade. Em todos os ambientes, dê preferência a móveis com fibras naturais, como palha, de bambu ou madeiras de demolição. As arquitetas Andrea Teixeira e Fernanda Negrelli, também de São Paulo, aconselham o uso de tecidos naturais (palhas de seda, couro) em tons claros, com toques de cores alegres e contrastes de destaque. O predomínio de um estilo rústico não dispensa o aconchego. Para reforçar o conforto, uma boa pedida é colocar tapetes e lareiras, sobretudo se o sítio ficar em região fria. Se não quiser correr riscos, opte por lareiras ecológicas, abastecidas com fluido. “Coloque flores: além de refrescar, transmitem uma sensação de ar André Eisenlohr/Divulgação André Eisenlohr/Divulgação Aderir ao rústico Na casa Pinus, Eisenlohr usou pilares e vigas suspensas para preservar o terreno em casa em casa | VidaBosch | 19 novo. Almofadas também dão aconchego”, complementa Marília. O projeto de iluminação é outro aliado na criação de espaços convidativos. “Misturar embutidos no teto com abajur favorece o local. A luz mexe bastante com o clima do ambiente”, diz a decoradora. Respeitar o verde Um refúgio no meio do verde é local mais que propício para subir o patamar de respeito à natureza. O arquiteto André Eisenlohr, do escritório paulistano Cabana Arquitetos, tem projetos premiados nessa área, como as já famosas casas Pinus e Eucaliptus. Uma das bases de suas obras é evitar, por exemplo, processos de construção que danificam as características originais do terreno. É preciso respeitar o entorno e (re)aproveitar o máximo possível de materiais. “Os resíduos de madeira gerados durante a obra podem compor paredes internas, prateleiras e móveis, atribuindo uma aparência rústica”, exemplifica. Outro princípio é recorrer a itens que não agridam o meio ambiente. Suas casas são basicamente de madeira. “A casa fica mais confortável, atingindo níveis de desempenho termoacústico melhores, se comparados aos de uma alvenaria comum”, argumenta. Mas as espécies que costuma usar, como eucalipto, pínus, garapeira e muiracatiara, são de áreas de reflorestamento ou de manejo sustentável. Técnicas de captação de água da chuva e painéis solares para colher energia e aquecer a água também são levados em conta na criação do projeto. Marília Veiga/Divulgação Descansar pra valer Dê preferência a móveis feitos com madeira de demolição, aconselha Marília Veiga Se a ideia é relaxar, convém que a casa contribua para isso. As arquitetas Andrea Teixeira e Fernanda Negrelli sugerem fazer um espaço zen, que funciona como um refúgio para se desconectar dos problemas. Num dos projetos que fizeram, o recanto ficava ao lado da lareira. “Um tatame, feito em freijó cimentado e com futon, convidava a pessoa a apreciar a bela vista ou brincar com os filhos. A iluminação foi pensada estrategicamente para que desse continuidade à lareira em relação aos demais elementos do espaço, além de conferir conforto”, conta Fernanda. Para a parte externa, elas sugerem um bangalô de madeira cumaru e sapé no telhado — um toque aconchegante na área da piscina. A ideia é tentar criar uma espécie de santuário de tranquilidade e equilíbrio, em que os detalhes são concebidos para que se possa usufruir de momentos de quietude. “O espaço com deck, também em cumaru, em conjunto com poltronas típicas de Bali, confere ao ambiente serenidade, leveza e elegância. Um convite para desfrutar tardes de leitura, descanso e longas conversas com amigos e familiares”, explica Andrea. Ficar seguro Sossego, bucolismo, repouso, distância do corre-corre. Uma casa no campo pode oferecer tudo isso. Mas você só vai descansar de fato se estiver prevenido contra um problema que, embora seja mais comum Instalar sistemas de alarme e de monitoramento no interior e no entorno da residência ajuda a garantir descanso de fato no campo no meio urbano, também acossa a zona rural. Há algum tempo furtos e assaltos preocupam donos de sítios e chácaras — até porque esses locais geralmente ficam isolados e, durante a semana, inabitados. Há como se precaver, porém. Antes de comprar um imóvel desse tipo ou um terreno para construí-lo, pesquise a região onde ele está situado. Verifique, por exemplo, se há grande incidência de crimes por lá. “Prefira casas ou terrenos dentro de associações com segurança privada, em vez de casas em ruas”, sugere Samuel Rubens Pereira, diretor operacional do Grupo Haganá, uma das maiores empresas de segurança patrimonial de São Paulo. A fim de diminuir as situações de vulnerabilidade, alguns proprietários prefe- rem manter um caseiro no local. “Antes de contratá-lo, pesquise seus antecedentes”, recomenda o especialista. Utilizar materiais bem resistentes nas portas, nas janelas e no teto e instalar sistemas de alarme e de monitoramento no interior e no entorno da residência são outros cuidados que auxiliam no reforço da segurança. “Além de serem preventivas, essas precauções ajudam a detectar possíveis invasões. Utilize, inclusive, recursos de segurança eletrônica, tais como cercas elétricas e proteção perimetral”, sugere Pereira. “Evite deixar objetos de valor — entre eles equipamentos de som, bicicletas e até mesmo botijão de gás — nas áreas externas da casa”, adverte o diretor operacional do Grupo Haganá. É aconselhável que os vizinhos tenham seu telefone, principalmente se forem moradores da região. E, se a casa ficar em loteamentos fechados, tenha os contatos dos responsáveis pela gestão da segurança e dos administradores. A Bosch na sua vida Segurança no campo Sítios e chácaras são ótimos refúgios para escapar dos problemas da cidade grande, mas o isolamento dessas propriedades muitas vezes gera preocupação com a segurança. Um modo de reforçar a proteção é colocar sistemas de segurança como os da Bosch, que trabalham com transmissão de dados via sinal de celular, o que permite o monitoramento remoto de localidades afastadas. Um dos grandes desafios para fazer o monitoramento remoto de sítios e chácaras é a transmissão dos dados, afirma Renato de Araújo Lima, especialista da linha de produtos de intrusão da Bosch no Brasil. Segundo ele, as informações podem trafegar por linha telefônica convencional, sinal de celular, internet a cabo ou 3G. “Nós trabalhamos com todas essas possibilidades, mas a que tem maior alcance no território nacional é o sinal de celular.” Entre as soluções fornecidas pela Bosch está um sensor de perímetro que forma uma cerca virtual por meio de feixes de luz infravermelha. Assim, um alarme será acionado se qualquer pessoa cruzar essa linha. “Dá para fazer ajustes de sensibilidade por conta de neblina e fumaça de queimada, que são comuns nessas localidades rurais. Também contamos com sensores para portas e janelas, e todos eles funcionam sem fio, o que agiliza a instalação”, diz Lima. Os sistemas de intrusão da Bosch também permitem o acesso à transmissão de dados de áreas remotas por meio de um aplicativo para dispositivos móveis (foto). Além disso, o usuário ainda pode contar com a possibilidade de monitoramento por vídeo, integrado no mesmo sistema, caso possua câmeras no local. Assim, se alguma movimentação estranha for captada pelos sensores ou visualizada Arquivo Bosch 18 | VidaBosch | pelas câmeras, a pessoa é informada e poderá tomar as medidas necessárias, como chamar a polícia ou ligar para que alguém que more próximo cheque o lugar. “O mesmo aplicativo permite ao usuário receber as informações sobre os sensores de intrusão e imagens de até quatro câmeras ao mesmo tempo”, ressalta Lima. Saiba mais sobre sistemas de segurança da Bosch em http://migre.me/pgkf4. tendência | Por Tiago Cordeiro nikkytok/Shutterstock 20 | VidaBosch | Imprimindo o futuro Após três décadas restritas a centros de pesquisa, as impressoras 3D estão prestes a conduzir uma revolução industrial marcada pela autonomia e pela criatividade 22 | VidaBosch | tendência tendência | VidaBosch | 23 Sergi Lopez Roig/Shutterstock D esde a Idade da Pedra, a humanidade conhece essencialmente duas formas de produzir: a manufatura (baseada na fabricação artesanal e autoral, mas em pequena escala) e a indústria (baseada em maquinário que cria mercadorias padronizadas em grande escala). Uma invenção da década de 1980, no entanto, abriu caminho para uma terceira modalidade, que tem potencial para desencadear uma nova revolução: as máquinas que imprimem em três dimensões. Em 1984, o engenheiro eletrônico norteamericano Charles W. Hull desenvolveu um sistema capaz de transformar modelos digitais 3D em objetos concretos, da mesma forma que uma impressora comum converte uma imagem virtual em um documento escrito ou visual. Devido à complexidade de operação e aos altos custos, por três décadas esses equipamentos ficaram restritos a laboratórios científicos e grandes empresas, mas com o avanço tecnológico ao longo desse período, agora esses dispositivos parecem prontos para levar o mundo a um novo estágio: o da produção personalizada e replicável em massa. “A impressão em três dimensões reúne as melhores qualidades do artesanato — que são a autonomia e a liberdade criativa do indivíduo — e acrescenta a capacidade de produzir com precisão e, se necessário, em quantidades industriais”, afirma o professor Hod Lipson, diretor do Laboratório de Máquinas Criativas, da Universidade Cornell, nos Estados Unidos. Funcionamento complexo O princípio operacional de uma impressora 3D é simples: assim como um aparelho em duas dimensões, ela faz a leitura de uma imagem digital e a recria em um suporte material. A diferença é que, em vez de lançar tinta sobre uma folha de papel, a impressora 3D usa plástico, aço, titânio, ouro, cerâmica, papel, açúcar, borracha, areia ou mesmo células humanas para moldar objetos tridimensionais. No limite, as possibilidades oferecidas por esse tipo de tecnologia são infinitas. Se o conceito é simples, o funcionamento, nem tanto. Primeiro, o usuário Em vez de transpor uma imagem digital para uma folha de papel, a impressora 3D a recria num suporte material 24 | VidaBosch | tendência cos para criar cada camada do objeto. Na sinterização, um processo mais complexo, a máquina forma pó de metal ou plástico e usa um rolo aquecido para formar as camadas. Por fim, jatos de ar comprimido, ou escovas próprias, removem o excesso de pó. Todas essas técnicas seguem um mesmo princípio: moldam objetos por meio da adição de fatias sucessivas de material. Por isso, toda impressora 3D funciona com uma plataforma móvel que desloca o elemento conforme cada camada é completada. Também por isso, esse processo produtivo foi batizado de manufatura aditiva. Mil e uma utilidades Se, por décadas, as impressoras 3D foram utilizadas apenas para criar protótipos de instrumentos, equipamentos e maquetes de obras, hoje elas são empregadas em empreitadas cada vez maiores e mais variadas. Na China, na Holanda, na Inglaterra e nos Estados Unidos, arquitetos já desenvolvem projetos experimentais de construção de casas inteiras a partir de material pré-moldado feito por impressoras Stefano Tinti/Shutterstock cria no computador um projeto usando um aplicativo de modelagem em 3D. Na sequência, o software da impressora decompõe a imagem em camadas e envia essas informações para um dispositivo que vai “imprimir” o objeto. Assim como acontece com a resolução de uma imagem impressa em 2D, quanto mais camadas, maior a qualidade do objeto e mais demorada a impressão, que pode demorar várias horas. A partir do “fatiamento” da imagem digital em camadas, existem diferentes técnicas de impressão. A primeira foi a criada por Hull em 1984, batizada de estereolitografia. Consiste em projetar um feixe de laser ultravioleta sobre um recipiente cheio de uma resina líquida que se solidifica ao reagir com esse raio de luz. Assim, o laser vai “desenhando” sucessivas camadas na resina líquida, até formar o objeto. De lá para cá surgiram procedimentos diferentes. A modelagem por fusão e depósito, mais simples e muito usada para modelos domésticos, usa um bico injetor para aquecer e modelar filamentos plásti- tendência | VidaBosch | 25 3D. Em 2013, a empresa norte-americana Kor Ecologic terminou a montagem do Urbee, o primeiro carro feito com esse tipo de ferramenta. Na moda, o designer italiano Francis Bitonti criou no computador e imprimiu sapatos, maiôs de natação e um vestido inteiro, todos sem costura (uma das maiores vantagens do método). Na culinária, os equipamentos podem ser usados na produção de pizzas, massas e chocolates caseiros, e estão em andamento pesquisas para desenvolver carne sintética. Na decoração, a nova tecnologia permite personalizar modelos, tamanhos e cores de móveis e enfeites. De todas as áreas, a medicina é uma das mais promissoras. Com a disseminação das impressoras 3D, a produção de próteses se torna mais rápida e barata, e as cirurgias ficam mais ágeis — o que acelera a recuperação e diminui os riscos de infecção por parte dos pacientes. Além disso, as pesquisas para o desenvolvimento de remédios usando a tecnologia estão bem adiantadas. “Num futuro muito próximo, será possível enviar a fórmula do medicamento por e-mail, e o paciente vai imprimi-la em casa, em pílulas adequadas à sua necessidade”, afirma o professor Lee Cronin, do Departamento de Química da Universidade de Glasgow, na Escócia, líder de um grupo de pesquisa na área de impressão de medicamentos. Uma equipe da Universidade Hangzhou Dianzi, na China, já se mostrou capaz de criar tecidos de fígado e de ouvidos, e pesquisadores da Universidade Wake Forest, nos Estados Unidos, conseguiram recriar sete bexigas. São passos gigantescos no caminho dos transplantes mais acessíveis. A odontologia está bem adiantada na criação de próteses sob medida, e os laboratórios universitários se mostram muito avançados na produção de tecidos vivos para transplantes de pele e testes farmacêuticos, um processo que já funcionou para desenvolver partes de crânios, mandíbulas e até mesmo um quadril novo. E mais: o geneticista norte-americano J. Craig Venter, um dos pioneiros no sequencia- mento do DNA, trabalha num projeto de impressão 3D de vacinas. Futuro promissor Nos últimos anos, o surgimento de modelos mais baratos abriu o mundo das impressoras 3D para o consumidor doméstico. Hoje, um equipamento de ponta custa em torno de US$ 2 mil, ao passo que há dez anos custava mais de US$ 20 mil. Além disso, há modelos caseiros simples, de eficácia muito mais limitada, mas preço muito mais acessível — na casa dos US$ 300. Com isso, um relatório da empresa britânica de pesquisa de mercado ReportBuyer prevê que a demanda mundial por produtos impressos desta forma deverá crescer 20% por ano, até atingir US$ 5 bilhões em 2017. Mesmo quem ainda não consegue ter um equipamento próprio em casa pode se reunir a outros fabricantes em espaços comunitários, que fornecem maquinário e permitem que os criadores compartilhem ideias e experiências. Os chamados espaços makers são uma onda no Japão, já se espalharam por vários países do mundo desenvolvido e também existem no Brasil. Em São Paulo, o Garagem Fab Lab, por exemplo, recebe mais de 100 pessoas todo mês. Diante de todas essas possibilidades, não é difícil projetar o tamanho do alcance da revolução que as impressoras 3D estão apenas iniciando. Carros fabricados em casa. Vacinas enviadas pela internet para serem impressas em lugares pobres. Órgãos produzidos a partir de células dos próprios pacientes. Robôs projetados para necessidades específicas, como o trabalho humanitário em campos minados ou no atendimento a portadores de doenças contagiosas. “Em termos de tecnologia, promessas nem sempre são cumpridas. Faltam décadas de pesquisa para que se torne possível, por exemplo, criar robôs caseiros, e muitos obstáculos técnicos precisam ser superados”, ressalva o professor Hod Lipson. “Mas parece claro que as impressoras 3D vieram para ficar e logo terão um impacto muito mais vasto do que apenas imprimir capas de smartphones”. Hoje já é possível conectar um dispositivo a um laptop e imprimir objetos em casa Experiência para criar o futuro Há décadas, a Rexroth, divisão de tecnologias de acionamento e controle do Grupo Bosch, fornece equipamentos de ponta para o mercado mundial. Agora, a empresa está pronta para desempenhar um papel de destaque na nova revolução industrial desencadeada pelas impressoras 3D. A Bosch Rexroth fornece um pacote de componentes para a fabricação de máquinas do gênero utilizadas em ambientes industriais. “É possível fazer uma impressora praticamente completa com os produtos da Bosch Rexroth – uma tecnologia consistente que já está presente há várias décadas no ambiente industrial em máquinas-ferramenta, na robótica e nas linhas de montagem”, afirma o chefe de aplicações para automação fabril da companhia, Paulo Zanini. Os componentes eletrônicos, mecânicos e eletromecânicos que a Bosch Rexroth fornece para impressoras 3D movimentam a cabeça de impressão do aparelho ao longo de três eixos, para recriar um modelo digital tridimensional. Tudo começa com os motion controllers, pequenos computadores responsáveis por enviar comandos para os servomotores que colocam em funcionamento os atuadores eletromecânicos. Estes transmitem os movimentos dos servomotores para a cabeça de impressão. Finalmente, esta é posicionada por guias lineares no ponto exato para moldar a matéria-prima em cada etapa do processo. “Geralmente, são diferentes empresas que fornecem cada componente. Ao trabalhar com a Rexroth, o fabricante obtém todos eles de um único fornecedor”, explica Zanini. Essa tecnologia foi testada e aprovada Arquivo Bosch A Bosch na sua vida pela empresa alemã Voxeljet, que utilizou componentes da Bosch Rexroth em sua impressora 3D, a VX 1000. O equipamento foi usado para imprimir réplicas do Aston Martin DB5, o clássico carro de James Bond, utilizadas nas filmagens de “Operação Skyfal”, último longa-metragem do agente 007. Saiba mais sobre as tecnologias de impressão da Rexroth em http://migre.me/pggHg. 26 | VidaBosch | grandes obras | Por Cláudia Zucare Boscoli Olimpo à beira-mar ambiciosos empreendimentos imobiliários da história do Rio após os Jogos Divulgação Vila que receberá os atletas nas Olimpíadas de 2016 se transformará em um dos mais E m 1969, o arquiteto e urbanista Lúcio Costa apresentou seu plano piloto para a Baixada de Jacarepaguá, apostando que a cidade do Rio de Janeiro — em crescimento e espremida entre mar e montanha — só teria um caminho a seguir: o da Zona Oeste. Um de seus amigos, Carlos Fernando de Carvalho, levou a sério a previsão. Passou a adquirir uma série de terrenos a preços módicos no então grande areal que era a Barra da Tijuca. Hoje, sua construtora está por trás de alguns dos empreendimentos de maior suces- so na região. É dele também um terreno de 800 mil metros quadrados na avenida Salvador Allende, local de construção da Vila dos Atletas, alojamento dos esportistas que disputarão os Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016. Palco do primeiro Rock in Rio, em 1985, a área foi escolhida pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) em razão da proximidade com o Parque Olímpico, local de provas erguido sobre o que um dia foi o Autódromo de Jacarepaguá. Até março do ano que vem, a Vila dos Atletas contará com 3.064 apartamentos, divididos em 31 prédios de 17 andares. Inicialmente, em agosto de 2016, os mais de 10 mil quartos hospedarão os 18 mil atletas que participarão das competições. A pretensão dos organizadores é apresentar ao mundo “a Vila dos Atletas de mais alto padrão da história dos Jogos”. Em setembro, será a vez dos paralímpicos ocuparem o local. No início de 2017, a Vila dará lugar ao bairro planejado Ilha Pura. Os apartamentos, aliás, já estão à venda — a preços que superam a casa dos R$ 9 mil por metro quadrado. Dez anos em quatro A Carvalho Hosken, empresa do dono do terreno, e a Odebrecht Realizações, sua parceira na empreitada, calculam que um projeto semelhante demoraria ao menos dez anos para ser concluído em condições normais. Como deve estar pronto para as Olimpíadas, garantem que entregam tudo antes do fim do quarto ano de obras. Até agora, 70% do prometido ao COI foi feito. Para acelerar o processo, há 7 mil operários divididos em sete equipes, trabalhando simultaneamente no mesmo canteiro — uma média de mil homens para cada um dos sete condomínios independentes que compõem o empreendimento. Até dezembro de 2014 foram usados 370 mil metros cúbicos de concreto (o suficiente para encher 180 piscinas olímpicas), 37 mil toneladas de aço (o que daria para construir cinco torres Eiffel) e 800 mil metros quadrados de tijolos. Isso tudo sem falar nas máquinas: são 27 gruas trabalhando ao mesmo tempo. Na área ambiental, a Vila dos Atletas/ Ilha Pura recebeu duas certificações, uma internacional, do Green Building Council, e outra nacional, da Fundação Vanzolini. Ao adotar práticas como instalação de usina de concreto e implantação de coleta seletiva no próprio canteiro, o projeto deixou de emitir 39 mil toneladas de gás carbônico nos dois primeiros anos de obras — o equivalente à preservação de uma área florestal do tamanho de 65 campos de futebol. grandes obras grandes obras | VidaBosch | 29 Fotos Divulgação Cidade dentro da cidade Os apartamentos, adaptados para pessoas com deficiências e mobiliados para receber atletas com mais de 2 metros de altura, têm metragens que vão de 77 a 230 metros quadrados, com opção de dois, três ou quatro quartos. A Vila contará ainda com um centro de treinamento para 11 esportes olímpicos e oito paralímpicos, um refeitório para 5 mil pessoas e a Zona Internacional, onde serão realizadas as cerimônias de boas-vindas. Haverá uma rua para confraternizações, com cafés, restaurantes e loja. E o Parque Ilha Pura — projetado pelo escritório Burle Marx — contará com 72 mil metros quadrados de verde e uma ciclovia de 4,5 quilômetros ligada aos condomínios. Quando virar um loteamento, o local deve abrigar mais de 12 mil moradores. Mas a promessa é crescer muito mais. Dos 800 mil metros quadrados totais, 200 mil estão sendo utilizados. Ou seja, há espaço para erguer pelo menos mais 60 novas torres. A previsão é abrigar mais de 50 mil moradores nos próximos dez anos. Esses planos, porém, esbarram no desaquecimento do mercado imobiliário do Rio de Janeiro: dos 600 apartamentos do Ilha Pura já colocados à venda, apenas 231 haviam sido vendidos até o primeiro trimestre de 2015. Legado polêmico Após os Jogos, o local vira um loteamento com potencial para abrigar 50 mil pessoas Diferentemente da maioria das vilas olímpicas, a carioca não tem contrapartida pública (o único caso semelhante é o de Sydney, nos Jogos Olímpicos de 2000). Todo investimento é das duas incorporadoras — que não revelam os valores envolvidos. A prefeitura participa com as obras de infraestrutura interna, como pavimentação de ruas, saneamento básico e eletricidade. Os investimentos em infraestrutura externa, também a cargo da prefeitura e considerados o grande legado da Vila dos Atletas para a cidade, privilegiam a mobilidade urbana e vêm de recursos do BNDES. Compreendem a duplicação de duas avenidas, o aumento da oferta de BRTs (Bus Rapid Transit, em inglês, ou ônibus rápidos em faixa segregada) e a integração destes com a Linha 4 do metrô — que liga A obra em números Ipanema ao Jardim Oceânico, único local da Barra a contar com estação desse tipo. Quem defende a escolha da Barra da Tijuca como principal polo olímpico alega que tais investimentos precisariam ser feitos em algum momento nessa região, tamanho seu potencial de crescimento. Os Jogos teriam apenas acelerado o processo. Os críticos, por sua vez, apontam falta de discussão e de transparência nas escolhas. “As Olimpíadas deveriam ser uma oportunidade de tornar a cidade menos desigual. O dinheiro público deveria ser aplicado pensando no todo, mas priorizaram a Barra da Tijuca por interesses do mercado imobiliário”, afirma o professor Orlando Santos Junior, do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Já o arquiteto e urba- 31 prédios residenciais de 17 andares cada 7 condomínios 3.064 apartamentos 7 mil trabalhadores 370 mil metros cúbicos de concreto 800 mil metros quadrados de tijolos 27 gruas trabalhando ao mesmo tempo nista Sérgio Magalhães, coautor do livro “Depois dos Jogos – Pensando o Rio para o pós-2016”, diz que foi um erro concentrar os investimentos olímpicos no transporte rodoviário, como previa o plano de Lúcio Costa, traçado há mais de quatro décadas e, por isso mesmo, ultrapassado. O problema é que alguns críticos esperam das Olimpíadas algo que a competição não pode dar, contrapõe o professor de marketing esportivo Marcelo Weishaupt, da Unicamp, autor do livro “Jogos Olímpicos: Impactos econômicos de megaeventos esportivos”. As expectativas com eventos desse porte são sempre superdimensionadas, afirma. “Parece plausível supor que haverá efeitos positivos para a cidade. Mas alguns segmentos sociais e econômicos são beneficiados, e outros não. No Rio, os efeitos positivos devem se concentrar em turismo e na construção civil”. A Bosch na sua vida Tecnologia para acelerar as obras A menos de 500 dias do início das Olimpíadas do Rio de Janeiro, a rapidez é fator fundamental nas obras da Vila dos Atletas. E a Bosch tem várias ferramentas que dão muito mais agilidade aos serviços no gigantesco empreendimento. O nível a laser GLL 3-80 P (foto 3), por exemplo, possibilita que uma pessoa faça, sozinha, o trabalho que antes demandava, no mínimo, duas. “O equipamento emite raios laser em todo o cômodo no qual está sendo feita a obra, permitindo, assim, ajustar diversos níveis, tanto no solo quanto no teto, facilitando trabalhos como ajuste de piso e instalação de azulejos”, explica o consultor técnico comercial da Bosch, Luiz Cláudio Theophilo. Outra ferramenta que usa a tecnologia para facilitar o trabalho de construção é a trena a laser GLM 80+R60 (foto 1). “Geralmente, usam-se trenas de bambu, que precisam ser esticadas e recolhidas, mas, com este equipamento, basta encostá-lo em uma parede para que ele calcule distâncias e até volumes de um cômodo”, diz Theophilo. Arquivo Bosch 28 | VidaBosch | 2 1 Já a parafusadeira elétrica GSR 6-25 TE (foto 2) é, nas palavras de Theophilo, uma “ajuda no trabalho”. O equipamento é especialmente útil para quem precisa lidar com muitos parafusos. “Ela é bastante usada na instalação de pisos, telhados e estruturas metálicas”, afirma o consultor. Para facilitar ainda mais a vida dos operários que estão construindo a Vila dos Atletas, a Bosch fornece parafusadeiras 3 elétricas sem fio, alimentadas por baterias. “A GSR 14,4 V-LI e a GSR 1800LI são portáteis e servem para trabalhos mais rápidos ou em áreas de difícil acesso. Além disso, também podem ser usadas como furadeira sem impacto”, conta Theophilo. Se quiser saber mais sobre a niveladora a laser e vê-la em funcionamento, acesse http://migre.me/phd1h. brasil cresce | Por Gabriel Ferreira B. and E. Dudzinscy/Shutterstock 30 | VidaBosch | Crescimento com sabor e aroma Indústria brasileira de café investe em tecnologia e produtos de melhor qualidade para manter liderança mundial do setor 32 | VidaBosch | brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 33 SOMMAI/Shutterstock P ara acordar melhor, para enfrentar um dia de trabalho, para colocar a conversa em dia com os amigos... O brasileiro sempre encontra um bom motivo para tomar café — em casa, no trabalho ou em lojas especializadas. Tamanha é a tradição e tantos são os momentos em que a bebida pode ser apreciada, que o Brasil consome 1,6 bilhão de quilos do grão por ano — um dos maiores volumes no mundo. Trata-se da segunda bebida mais consumida no país, atrás apenas da água: 79% das famílias brasileiras bebem café, segundo a última Pesquisa de Orçamentos Familiares, realizada pelo IBGE em 2008 e 2009. “É um hábito que vem de família e passa de geração para geração”, afirma o diretor executivo da Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic), Nathan Herszkowicz. O levantamento do IBGE mostra que outras bebidas têm penetração menor: sucos são consumidos por 40% das famílias; refrigerantes, por 23%; e leite integral, por 12%. Os grandes números também predominam na produção: o Brasil é líder mundial desde meados do século 19. Uma a cada três xícaras de café ingeridas no planeta tem origem em alguma fazenda nacional. O cultivo é de tal dimensão que não só garante os bebericos de uma enorme quantidade de brasileiros como ainda sobra para o exterior: o país exporta cerca de 60% dos grãos que nascem por aqui. A força do setor faz com que ele consiga expandir-se mesmo em anos mais austeros. Em 2014, por exemplo, enquanto o país debatia-se em meio à pasmaceira econômica, o café registrou o maior aumento entre os itens mais exportados. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a alta foi de 26,1% (enquanto as vendas totais a outras nações tombaram 7%). Maior e melhor Ainda que produção e exportação coincidam nas cifras exuberantes, por muito tempo houve discrepância entre o que ficava e o que saía. Não em quantidade, mas em qualidade. Como acontecia em muitos outros setores, o naco mais sofisticado emigrava. Restava ao mercado in- Tischenko Irina/Shutterstock terno o que não tinha propriedade ou aparência boas o suficiente para ser vendido aos clientes internacionais. “O que ficava por aqui tinha qualidade tão baixa que os grãos precisavam ser muito torrados, dando origem àquele café extremamente forte, para mascarar os problemas que apresentava”, diz Ensei Neto, especialista no assunto e autor do site Coffee Traveler. Essa história começou a mudar em meados da década de 1990, quando uma conjunção de fatores fez com que o cafeicultor nacional passasse a investir no aprimoramento de suas mercadorias também para o mercado interno. Foi então que o setor passou a adquirir os contornos atuais: expressiva diversidade de grãos, com variedades planejadas para agradar incontáveis gostos e bolsos. Um dos primeiros fatores foi uma grande crise global de preços. O baque levou as cotações aos menores índices da história — inferiores até às registradas na crise de 1929, quando o governo comprou sacas para que o setor não fosse para o buraco. “A crise dos anos 90 foi tão intensa que muita gente começou a arrancar os pés de café para plantar outras culturas”, afirma Herszkowicz. Para agravar a situação, no final da década, ainda sob efeito do mergulho dos preços, diversas regiões do Brasil foram afetadas por uma geada severa, que comprometeu a safra. “Para combater a crise, a saída encontrada pelos cafeicultores foi investir na qualidade. Era o jeito de fugir dos valores baixos”, diz Ensei Neto. Em paralelo, surgiram as primeiras certificações e os primeiros concursos de qualidade, trazendo maior rigor ao mercado. Stokkete /Shutterstock Daqui para fora Exportação brasileira do grão (em milhões de sacas de 60 kg) 2012 28 2013 31 2014 36 Sempre à mesa Consumo interno no Brasil (em milhões de sacas de 60 kg) 1999 18,4 Tecnologia Os aportes para combater a crise se deram principalmente em tecnologia, em todos os estágios da produção. No campo, boa parte dos aportes ocorreu em melhoramento genético. Estudos conduzidos tanto por grandes cooperativas como pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) geraram frutos melhores e árvores mais produtivas. Além disso, as fazendas investiram em maior mecani- 2010 2011 19,1 19,7 2012 20,3 2013 20,1 2014 20,3 Fonte: Abic 34 | VidaBosch | brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 35 O café foi o produto que liderou os avanços das exportações brasileiras em 2014: as vendas externas caíram 7%, mas as do grão saltaram 26% as embalagens se dá de forma automática, com equipamentos capazes de finalizar mais de mil pacotes por hora. Resultados zação da lavoura, com grandes colheitadeiras e maquinário para secagem dos grãos. “A colheita e a secagem são duas etapas fundamentais na preservação da qualidade, então essa maior mecanização ajuda muito”, aponta Herszkowicz. Do lado da indústria, a aposta em equipamentos sofisticados também tem papel relevante para que o cliente final receba um produto melhor. Há máquinas mais modernas, por exemplo, para torrar café, processo em que o grão ganha o aspecto final para consumo. “É possível controlar melhor esse processo, liberando todo o potencial de aromas e sabores de cada grão”, diz o executivo da Abic. Outro ponto muito relevante para a indústria são os processos de embalagem, que, quanto mais modernos, melhor preservam as características da mercadoria. Atualmente, todo o processo de encher, pesar e selar A principal consequência dessa evolução foi uma maior sofisticação da bebida comercializada no país. “Hoje não há mais diferença entre o café que o brasileiro consome e o que vai para o exterior”, afirma Herszkowicz. As prateleiras dos supermercados são um bom indicativo desta mudança. Se até há pouco tempo encontravam-se apenas grãos dos tipos tradicionais, agora é possível levar para casa uma variedade muito maior — inclusive iguarias que chegam a custar 20 vezes mais do que o cafezinho comum. Só entre as marcas registradas na Abic há mais de 150 cafés especiais. “Há uma mudança cultural, com as pessoas aprendendo que café é um item de características tão complexas e variadas quanto os vinhos”, compara Ensei Neto. Ele estima que, das 20 milhões de sacas consumidas por aqui todos os anos, pelo menos 500 mil sejam de produtos especiais. “Já é um número bastante significativo”. Mesmo para quem não está disposto a gastar R$ 300 por um quilo, há opções mais em conta com perfil elaborado. Os intermediários, com preços na casa dos R$ 40, têm se estabelecido como um importante ponto de acesso do consumidor médio a grãos de melhor qualidade. Exemplo disso são as máquinas caseiras de café em cápsula, que contribuem muito para a divulgação de tipos diferentes, sendo muitas vezes as responsáveis por apresentar ao brasileiro especialidades da bebida com as quais ele não está acostumado, e até a cafés processados em outras nações. Além do esforço da indústria, o que torna este tipo de produto mais popular é a maior diversidade de cafeterias especiais nas grandes cidades e a maior divulgação da profissão de barista — o profissional que prepara cafés de maneiras não muito habituais. “Isso só mostra que, mesmo que o café já tenha grande penetração no país, esse é um mercado com grande potencial para crescer. Se não fosse assim, não surgiam novas empresas investindo no segmento a cada ano”, conclui Neto. AFNR/Shutterstock O próximo passo Um dos grandes saltos tecnológicos que contribuíram para que os cafeicultores brasileiros superassem a crise dos anos 90 foi a mecanização da produção. Agora, o Grupo Bosch está ajudando os agricultores nacionais a darem o próximo passo na modernização da indústria cafeeira. A primeira geração de tratores e colhedoras de café que chegou ao campo brasileiro promoveu um primeiro salto na produtividade, mas operava com uma tecnologia relativamente simples. Nos últimos anos, porém, novos componentes e sistemas desenvolvidos pela Rexroth – divisão de tecnologias de acionamento e controle do Grupo Bosch – têm levado as máquinas agrícolas a um patamar diferente. “Em um primeiro momento tivemos um salto que foi a mecanização da lavoura. Agora, estamos dando um segundo passo, que é a adoção de uma tecnologia muito mais inteligente, chamada load sensing”, afirma Denis Kluge, chefe de gerenciamento de produtos mobil da Bosch Rexroth. A empresa fornece componentes hidráulicos – como bombas de engrenagem, bombas de pistões, cilindros e blocos com válvulas de controle –, responsáveis por acionar partes das máquinas a partir da energia gerada pelo motor. Com a tecnologia load sensing, esses componentes se tornam peças inteligentes que identificam quando a máquina precisa de potência hidráulica e só entram em funcionamento nos momentos necessários. Com isso, o consumo de diesel da máquina cai, reduzindo custos e diminuindo o impacto ambiental. Além dos componentes mecânicos, a Bosch Rexroth também fornece um pacote de sistemas eletrônicos que ajuda a otimizar a operação das máquinas agríco- Arquivo Bosch A Bosch na sua vida las. O pacote BODAS (foto) é formado por sensores, processadores, softwares e equipamentos de vídeo que permitem coordenar os movimentos da colhedora e do trator, entre outras funções. Saiba mais sobre as tecnologias da Bosch Rexroth para máquinas agrícolas em: http://migre.me/pRbE0 36 | VidaBosch | atitude cidadã De bem com a comunidade Ivelin Radkov/Shutterstock Empresas percebem que é preciso conquistar a confiança dos moradores da região onde | Por Claudia Zucare Boscoli D atuam e garantir uma licença social para operar esde que o licenciamento ambiental foi instituído no Brasil, em 1981, as empresas que aqui atuam vêm se preocupando cada vez mais com o futuro de seus negócios e adotando medidas para reduzir possíveis impactos negativos sobre o seu entorno. O problema é que muitas delas ainda se preocupam apenas com os efeitos de suas atividades na natureza e se esquecem de outro elemento fundamental para a sustentabilidade de qualquer empreendimento: as consequências sobre a vida das pessoas que vivem ao redor. Por isso, um outro tipo de licença, ainda pouco conhecido no Brasil, começa a ser debatido e levado em consideração no país, a chamada “licença social para operar”. Ao contrário do licenciamento ambiental, não é um documento emitido por governos ou instituições. Não é uma obrigação prevista em lei, nem um conjunto de regras detalhadas a ser seguido. Não é um certificado, um ISO, um selo de qualidade. Trata-se de um conceito abstrato cada vez mais utilizado no meio corporativo para medir o grau de aceitação de um empreendimento pela região na qual está inserido. “É um processo de construção de legitimidade, de aceitação e de confiança”, define a economista Ana Letícia Silva, gerente de articulação do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), organização sem fins lucrativos de incentivo ao investimento social privado. O termo social license to operate foi usado pela primeira vez em 1997, durante uma conferência do Banco Mundial sobre mineração e comunidades realizada em Quito, no Equador. A partir de então, passou a ser usado para descrever uma situação em que um empreendimento conquista a confiança dos moradores do entorno, que “concede” uma espécie de permissão tácita para ele operar na região. “Não existe um documento comprovando a boa-fé da empresa. O reconhecimento nasce da boa relação com a sociedade”, afirma o engenheiro Cláudio Boechat, professor atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 39 portes. “A mercearia da esquina também vai sofrer consequências se for denunciada por contaminação de comida ou maus tratos contra os funcionários”, exemplifica o consultor. Se a reputação ficar manchada perante a sociedade, corre-se o risco de ter a licença social para operar “cassada” pela comunidade, e o processo para recuperar a credibilidade costuma ser longo e penoso. “O prejuízo é quase imediato, mas o gerenciamento da crise pede resiliência e persistência. As práticas da empresa nunca podem ser contrárias aos valores que ela diz possuir”, sentencia Boechat. Diálogo e parceria Um bom exemplo de companhia que soube construir sua licença social para operar é a Fibria, maior produtora mundial de papel e celulose. Surgiu em 2009, fruto da fusão da Votorantim Celulose e Papel (VCP) com a Aracruz Celulose e metade da Veracel Celulose. Herdou uma série de conflitos de posse de terra no norte do Espírito Santo e no sul da Bahia, envolvendo indígenas, sem-terra e quilombo- e pesquisador do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral. Para uma companhia “obter” essa licença, não basta cumprir requisitos burocráticos ou fazer marketing. Ela precisa realizar um trabalho sério e de longo prazo de modo a conquistar a confiança da localidade onde atua. “O reconhecimento pela ética e pelas boas ações não é algo que surge da noite para o dia. É um processo demorado, de empenho no relacionamento com a comunidade”, explica o engenheiro agrônomo Marco Antonio Fujihara, consultor do Banco Mundial e diretor da Key Associados, consultoria especializada em sustentabilidade. “A licença social para operar legitima a atividade, e isso se dá por alianças com todos os stakeholders”, complementa, referindo-se aos atores que impactam ou são impactados direta ou indiretamente pelo negócio. Pessoas, planeta e lucro De acordo com o moderno conceito de sustentabilidade, as empresas devem se preocupar com um tripé formado por pessoas, planeta e lucro. Em outras palavras, para ser sustentável, uma organização ou um empreendimento deve ser financeiramente viável, socialmente justo e ambientalmente responsável. Como recebem regulação de legislações específicas, as questões contábeis e ambientais já são monitoradas por meio de relatórios de atividades e outros instrumentos de avaliação que analisam questões objetivas. Mas as medidas de relacionamento com a comunidade que garantem a licença social para operar são de mensuração mais difícil. “O que vejo acontecer em larga escala é a licença social para operar ficar a cargo dos departamentos de marketing ou de comunicação, e estes tentarem maquiar ações e resultados, o que é um erro”, avalia Fujihara. A maquiagem, avisa, é facilmente percebida pelo consumidor final, que está cada vez mais consciente ao escolher produtos e serviços com valores agregados. “O marketing deve ser apenas consequência de processos reais, que têm respaldo social e ambiental e a chancela da comunidade. Se não, fica vazio de sentido e não se sustenta no longo prazo”, complementa Ana Letícia, do Gife. Ou seja: a fim de conseguir a licença social para operar, é necessário construir uma boa reputação junto à população do entorno, o que exige credibilidade. O primeiro passo na construção dessa credibilidade é levantar todos os personagens envolvidos com o negócio da empresa — desde investidores, bancos, fornecedores e funcionários diretos ou terceirizados até vizinhos e consumidores finais. E ouvi-los. “É preciso fazer um mapeamento sério, levantar demandas, ouvir o que estes atores têm a dizer e fazer políticas de relacionamento”, recomenda Fujihara. E essa é uma preocupação que deve estar presente em empresas de todos os Fábrica de celulose no sul da Bahia fez parceria com MST e indígenas para reverter impacto negativo na região do entorno las (moradores de áreas remanescentes de quilombos). Diante do impacto às comunidades onde atuava, a Fibria passou a implementar uma série de programas para melhorar as relações com os vizinhos. O mais ousado foi o Projeto Alvorecer, no sul baiano. Em uma iniciativa inédita no Brasil, a partir de agosto de 2011 a empresa começou a desenvolver um programa de implantação de assentamentos rurais sustentáveis em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Os assentamentos foram criados em uma área de 12 mil hectares no município de Prado (BA), onde ficavam cinco fazendas da Fibria ocupadas pelo MST desde 2000. Os terrenos foram desapropriados, com indenização aos proprietários, pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra), em 2012, e passaram a abrigar 1.127 famílias camponesas acampadas na região. Assim, a Fibria transformou um foco de tensão social em uma parceria inédita com a comunidade local, que ganhou impulso ainda maior em 2013, quando foi inaugurado um centro de formação em agroecologia construído por meio da parceria entre a fábrica de papel e celulose e o MST. Além dessa iniciativa pioneira, a Fibria abriu canais de diálogo com indígenas e quilombolas que reivindicam terras nos arredores da unidade fabril do Espírito Santo. “Ela mapeou os atores de seu negócio e identificou suas necessidades, mas não se ateve ao primeiro momento apenas. Mantém um processo de relacionamento constante”, diz Boechat. Entre outras ações, a Fibria permite o uso de suas fontes de água pela comunidade e oferece orientação aos pequenos produtores, transformando-os em parceiros do negócio. “Isso é o que faz a diferença, demonstra as boas intenções”, completa o professor da Fundação Dom Cabral. Graças a essas iniciativas, a Fibria conquistou uma licença social para operar que seria impensável até poucos anos. A Bosch na sua vida Estratégia global, benefício local Há muitos anos a Bosch trabalha para contribuir com o desenvolvimento social das comunidades onde atua. Esta é uma diretriz da empresa, conduzida no Brasil pelo Instituto Robert Bosch, que desde 2000 coordena os projetos sociais no entorno das unidades da companhia. “Nós trabalhamos em parceria com o poder público e com as comunidades para criar um mapa social, que identifica as necessidades das regiões nas quais estamos instalados”, explica o coordenador do instituto, Dirceu Puehler, destacando o envolvimento de diversos atores: “Nunca entramos sozinhos na comunidade: ela precisa nos aceitar antes”. O braço social da empresa mantém foco na educação, trabalha em contato com instituições públicas de ensino e tem como uma de suas metas aproximar a família do ambiente escolar. O Instituto Robert Bosch atua nos municípios em que a Bosch tem unidades de negócio: Curitiba (Paraná), Campinas (São Paulo), Aratu (Bahia), Pomerode e Joinville (Santa Catarina). Em todos os lugares, a estratégia é a mesma: dar autonomia às comunidades para que elas identifiquem seus problemas e proponham soluções. “Nós fazemos reuniões com professores e diretores. Depois, damos a eles um treinamento para o desenvolvimento de projetos”, diz Puehler. São os próprios professores, portanto, que propõem as iniciativas que melhor se adaptem a suas necessidades. “Eles escrevem os projetos e nos apresentam, e, caso haja aprovação, nós financiamos a iniciati- Arquivo Bosch Monkey Business Images/Shutterstock 38 | VidaBosch | va”, afirma o coordenador do instituto. Com esse método, o Instituto Robert Bosch apoia cerca de 40 projetos por ano. “Avaliamos o impacto de nossas ações e percebemos que onde trabalhamos há uma melhor qualidade de vida, um poder público mais presente e jovens mais preparados para o mercado de trabalho”, finaliza Puehler. Saiba mais sobre o Instituto Robert Bosch em www.institutorobertbosch.org.br. 40 | VidaBosch | aquilo deu nisso | Por Bruno Meirelles H O laboratório do flex Arquivo Bosch Há 30 anos, a Bosch inaugurava no Brasil sua divisão Gasoline Systems, berço da tecnologia que revolucionou a indústria automobilística nacional oje, quase todo brasileiro que tem um carro pode parar em um posto e escolher com que combustível quer abastecer o veículo: álcool ou gasolina. A prática se tornou tão corriqueira que pouca gente se lembra que esta é uma das maiores conquistas brasileiras no campo da ciência e tecnologia. Graças a décadas de pesquisas e inovações, os engenheiros nacionais deixaram sua marca na história da indústria automobilística mundial ao criarem o sistema flex fuel, que permite a um carro rodar com dois combustíveis diferentes, de acordo com a preferência do motorista. E esta tecnologia revolucionária nasceu nos laboratórios da divisão Gasoline Systems da Bosch, que em 2015 completa 30 anos de existência no Brasil. A própria fundação da divisão está ligada a uma invenção da indústria automobilística brasileira: os carros totalmente movidos a álcool. O primeiro modelo do gênero foi lançado em 1979, na esteira do Programa Nacional do Álcool (Proálcool), iniciativa do governo brasileiro adotada em 1975 para estimular a produção de etanol e diminuir a dependência do país por gasolina. Durante a primeira metade da década de 80, as vendas de carros a álcool dispararam no Brasil, e em 1985 a Bosch criou uma divisão que realizava testes e adaptações de componentes desenvolvidos para carros movidos a gasolina, mas que no Brasil teriam de trabalhar com o álcool. Inicialmente, o setor se chamava K3, mas logo foi rebatizado de Gasoline Systems. “A Bosch estava em processo de desenvolvimento de componentes que suportassem o uso do álcool. Tais componentes deveriam em um primeiro momento suportar gasolina com álcool e depois motores exclusivamente a álcool”, lembra o atual presidente da Bosch na América Latina, Besaliel Botelho, que participou da criação da divisão Gasoline Systems. Entre as peças testadas nessa época estavam bombas de combustível, reguladores de pressão, filtros de combustível, bicos injetores e as galerias onde é distribuído o combustível. “Ninguém no mundo falava de etanol, apenas o Brasil. Isso nos obrigou a desenvolver novos materiais e fazer tratamentos superficiais nas peças que chegavam ao 42 | VidaBosch | aquilo deu nisso mercado nacional, para que elas resistissem ao contato com o álcool”, lembra Marcos Araújo, responsável regional por bombas de combustível da Bosch. aquilo deu nisso | VidaBosch | 43 Na década de 80, no entanto, ainda existiam limitações tecnológicas que comprometiam o funcionamento dos carros movidos a álcool. O maior problema era na hora de dar a partida em dias frios. O combustível demorava muito para esquentar, e por isso foi preciso equipar os veículos com um tanque auxiliar de gasolina para partida a frio. Como os sistemas de alimentação dos veículos fabricados no Brasil ainda funcionavam apenas com carburador, a quantidade de gasolina injetada para iniciar a combustão no motor a álcool era controlada manualmente, o que criava dificuldades para ligar o carro no inverno. A solução para esse problema foi uma tecnologia criada pela Bosch: a injeção eletrônica. Em meados da década de 80, ela já era uma realidade em outras partes do mundo, mas ainda não havia chegado ao Brasil. A principal barreira era a chamada Lei da Informática, criada para fomentar a indústria nacional do setor. Na prática, ela impedia a importação de bens eletrônicos finais e não permitia que as multinacionais produzissem tais componentes no Brasil. “Nesta época nossos carros eram carburados e movidos a álcool, o que trazia vários problemas, como dificuldade de dar partida em baixas temperaturas”, afirma Fábio Ferreira, responsável regional pelas unidades de controle e calibração da Bosch. A saída para elevar o padrão tecnológico do mercado automotivo nacional sem infringir a legislação foi trazer ao Brasil a injeção analógica, que era de uma geração anterior à eletrônica, mas superior aos carburadores então usados no país. E foi justamente nesta época que a divisão da Bosch passou a se chamar Gasoline Systems. “A estreia da injeção analógica se deu com o Gol GTI 1.8L, em 1988, e trouxe grandes melhorias. No entanto, a evolução das legislações de controle de emissão de Arquivo Bosch Volkswagen divulgação Superando barreiras As limitações tecnológicas não foram as únicas barreiras para a consolidação dos carros movidos a álcool no país. A partir de 1986, o governo brasileiro começou a cortar os estímulos à produção de álcool, o que levou a uma grave crise de abastecimento. Com isso, ficou cada vez mais difícil encontrar etanol nas bombas dos postos, o que praticamente acabou com o mercado de carros a álcool nos anos 90. Nesse período, porém, a divisão Gasoline Systems da Bosch já trabalhava na tecnologia que ressuscitaria a utilização de biocombustíveis no Brasil: o sistema flex fuel. “Fizemos um protótipo em 1994 e apresentamos às montadoras. Porém, era uma tecnologia mais cara do que a dos carros convencionais, e nenhuma se interessou à época”, revela Marcos. As condições ideais para a aceitação do novo conceito só surgiriam em 2003, quando o Brasil debatia sua matriz energética e os benefícios do etanol voltaram a ganhar destaque. Nesta mesma época, a Bosch conseguiu baratear os custos de produção dos modelos flex por meio da criação de uma tecnologia que dispensava o uso de sensores de etanol, que eram caros. “A grande questão que envolve o carro flex é o sistema saber com qual combustível ele está trabalhando. Criamos um algoritmo para fazer esta detecção por meio da quantidade de oxigênio presente na combustão, que é diferente para o etanol e a gasolina”, explica o especialista em bombas de combustível da Bosch. Para completar, o governo brasileiro concedeu subsídios por meio da diminuição da alíquota do IPI dos carros flex, Novas tecnologias Apesar de todos esses saltos evolutivos, alguns problemas antigos ainda persistiam nos veículos nacionais, como o uso do tanquinho de gasolina para dar a partida no motor em dias frios. Para acabar com a necessidade desse dispositivo, a divisão Gasoline Systems desenvolveu o sistema Flex Start, tecnologia exclusiva da Bosch. “Ele é acionado em dias frios e esquenta o etanol na galeria de combustível. O álcool aquecido proporciona melhor queima, melhor dirigibilidade e menor emissão de gases poluentes. Assim, garante maior conforto ao consumidor final, que não tem mais que se preocupar em lembrar de abastecer o tanquinho”, afirma Marcos. O know-how e o pioneirismo da Bosch no desenvolvimento da tecnologia flex fuel também facilitaram o desenvolvimento e preparo dos componentes para uso específico em outra novidade: os sistemas de injeção direta, que proporcionam uma melhor queima de combustível. Além disso, a Bosch fornece componentes para outro sistema que traz benefícios semelhantes, o Advanced-PFI. “A Bosch oferecesoluçõesparaasdiferentesestratégias das montadoras, como o Advanced-PFI, também chamado de A-PFI. Esse sistema une em um único motor diferentes tecnologias, proporcionando uma maior economia de combustível e performance próxima a de um motor semelhante com injeção direta. Dentre essas tecnologias está o Sistema DECOS, que controla a vazão da bomba de combustível conforme a necessidade do veículo”, explica Marcos. Arquivo Bosch Arquivo Bosch Arquivo Bosch Arquivo Bosch poluentes passou a exigir dos carros uma precisão ainda maior, que só seria possível com a injeção eletrônica”, completa Fábio. Para viabilizar a fabricação em território nacional do sistema digital, a Bosch e o Bradesco criaram uma joint venture chamada Digilab. Assim, em 1992, o Vectra se tornou o primeiro carro produzido no Brasil a contar com injeção eletrônica. Revolução no mercado compensando os custos maiores. Com isso, as montadoras concordaram em produzir modelos com essa tecnologia, e eles conquistaram o mercado nacional. “No Brasil, os postos já trabalhavam com etanol na época do Proálcool. A infraestrutura já estava pronta, e com a chegada do flex essas bombas foram reativadas, gerando um enorme volume de vendas de veículos. Hoje os flex representam 90% do nosso mercado”, completa Fábio. 1982 1985 1988 1992 1993 1994 2003 2005 2009 2013 Bosch cria o primeiro sistema de injeção eletrônica do mundo, o KE-Jetronic, uma evolução do sistema de injeção mecânica equipado com sonda lambda Fundação da divisão Gasoline Systems da Bosch no Brasil, que passa a adaptar injetores e bombas de combustível e reguladores de pressão para trabalhar com etanol puro ou misturado na gasolina Lançamento do Gol GTI 1.8L, primeiro veículo a circular no Brasil com injeção analógica Divisão Gasoline Systems da Bosch começa a desenvolver o sistema flex fuel no país Bosch lança no Brasil o Motronic, primeiro sistema de injeção eletrônica adaptado para motores a álcool Lançamento do primeiro protótipo movido a álcool e gasolina. O veículo foi apresentado para autoridades, entidades de classe, montadoras e imprensa Começam a circular no Brasil os primeiros carros equipados com sistema flex fuel Bosch desenvolve novo conceito de aquecimento do etanol dentro do distribuidor de combustível e ganha o Prêmio de Inovação Tecnológica da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) Lançamento do sistema Flex Start, que passa a equipar o Polo E-Flex. Em 2011, essa inovação da Bosch começa a ser produzida em série no Brasil Sistemas de injeção direta flex com componentes desenvolvidos pela Bosch passam a equipar veículos do mercado nacional saudável e gostoso | Por Débora Yuri Natalia Klenova/Shutterstock 44 | VidaBosch | F Salmão para todos Antes restrito a restaurantes sofisticados, o peixe se popularizou – para o prazer de quem aprecia alimentação saudável oi-se o tempo em que ele era artigo de luxo na cozinha, ingrediente gourmet nos restaurantes, espécie rara e cara de pescado — resumindo, um alimento pouquíssimo consumido no Brasil. Dos anos 1980 para cá, o salmão popularizou-se, favorecido pela flexibilização da legislação nacional sobre importações e, principalmente, pela expansão das fazendas marinhas ao redor do mundo. Com essa evolução, ganharam o paladar e a saúde dos brasileiros. Da família das trutas (Salmonidae), o peixe de carne alaranjada tem sabor marcante, permite preparos variados no dia a dia e ainda oferece uma série de benefícios ao organismo. Como todos os peixes, é item essencial para quem deseja seguir uma dieta saudável, afirma a nutricionista Lígia Martini, professora da Faculdade de Saúde Pública da USP e membro da Associação Brasileira de Avaliação Óssea e Osteometabolismo (Abrasso). Não só fornece elementos importantes, como vitamina D, ômega 3, selênio e fósforo. “O salmão se destaca pela quantidade que contém destes nutrientes”, acrescenta. A vitamina D é fundamental para o metabolismo ósseo: protege contra osteoporose e fraturas. “Age no intestino, no rim, em ossos e glândulas paratireoides e é fundamental para o uso adequado do cálcio, contribuindo para a manutenção da massa óssea e do sistema esquelético”, diz a professora. E também atua na prevenção de diabetes, doenças cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Uma posta modesta de salmão (100 gramas) supre de 60% a 70% de nossa necessidade de vitamina D, frisa a nutricionista. Já o ômega 3 é um tipo de ácido graxo benéfico à saúde humana. Faz parte do grupo de gorduras poli-insaturadas, também chamadas de essenciais. O adjetivo não é Prático e versátil na cozinha Hoje figura fácil de encontrar em simples restaurantes por quilo, e queridinho dos rodízios de comida japonesa espalhados pelo país, o peixe oriundo das águas frias do Pacífico e do Atlântico Norte ainda conserva seu charme. Na cozinha, a sugestão das nutricionistas é evitar a adição de fontes de gorduras saturadas, como a manteiga. Sabor real Veja quem são as blogueiras responsáveis pelas receitas desta edição Arquivo Pessoal casual: diversos estudos associam a ingestão dessa substância a uma maior proteção contra problemas cardíacos. Como nosso corpo não consegue produzi-la, ela precisa ser adquirida por meio da alimentação. “Os peixes são especialmente ricos em proteínas de boa qualidade e gorduras poli-insaturadas, e o salmão pertence ao grupo de peixes ricos em ômega 3”, explica a professora Andrea Guerra Matias, do curso de Nutrição da Universidade Presbiteriana Mackenzie. A recomendação de comer salmão com frequência é especialmente válida para gestantes. A professora Andrea cita pesquisas que ligam a presença de ômega 3 ao desenvolvimento adequado do sistema nervoso central do bebê. “Isso ajuda a evitar o parto prematuro e o risco de baixo peso.” Alguns especialistas, porém, recomendam evitar peixe cru nessa fase, para não correr risco de contaminação. Outros nutrientes importantes presentes no pescado alaranjado são o fósforo, aliado de ossos e dentes, e o selênio — mineral que tem ação antioxidante (contribui para retardar alguns processos de envelhecimento celular). Cem gramas do peixe atendem a 100% das recomendações diárias de selênio. Em alguns sites, discute-se se o salmão selvagem, comumente capturado no Alasca, é ou não mais nutritivo que o criado em cativeiro. O primeiro tem maior quantidade de vitamina D. Por outro lado, o espécime criado em fazendas marinhas — como a maior parte do salmão que chega às mesas do Brasil — movimenta-se menos e, por isso, apresenta maiores teores de gordura saudável. Resumindo: seja qual for o tipo que está no seu prato, venha de onde venha, vale a pena comê-lo com gosto. saudável e gostoso | VidaBosch | 47 Nome Gabriela Rossi Blog www.blogdobomgosto.com Formação jornalista Como aprendeu a cozinhar Minha primeira lembrança de estar na cozinha é ao lado de minha avó materna, já falecida. Eu devia ter 4 ou 5 anos e, em cima de uma cadeira, ajudava-a a fazer um delicioso mingau de chocolate. Ela, meu avô e minhas tias paternas me ensinaram muito. Nome Juliana Gonçalez Blog limaocomalecrim.com.br Formação bacharel em Direito e analista financeira, cursando gastronomia Como aprendeu a cozinhar Com influência da minha família. Tudo começou com um pão de mel, que meu pai adora. Entrei no curso de gastronomia para aprender técnicas e as razões pelas quais algumas receitas não davam certo. Todo dia aprendo: na faculdade, em livros, em viagens e restaurantes ou em testes que faço sozinha. Preparações assadas com ervas ou suco de laranja e maracujá são menos calóricas. Retirar a pele do pescado, porém, elimina boa parte do ômega 3 presente. Além de saboroso e saudável, o salmão é um peixe fácil e rápido de fazer em casa. “Mesmo quem não tem prática na cozinha consegue prepará-lo assado no alumínio”, diz Gabriela Rossi, editora do Blog do Bom Gosto. “Peixes costumam ficar deliciosos temperados apenas com sal, pimenta-doreino e limão, quando crus, e cozinham rapidamente, seja no forno ou na grelha.” Não adianta, porém, caprichar no preparo se o salmão não for de boa qualidade. Quem quiser comprar o peixe fresco, ensina Gabriela, deve verificar se as guelras estão vermelhas e brilhantes; se os olhos estão transparentes como vidro; se a pele está úmida e as escamas, firmes. “É melhor consumir o peixe fresco no mesmo dia ou, se temperado e armazenado corretamente na geladeira, no dia seguinte. Quem preferir adquiri-lo congelado deve procurar embalagens bem lacradas e transparentes, que permitam ver a posta limpa, sem manchas e com cor salmão”, diz a blogueira. Para os mais tarimbados na arte da culinária, a versatilidade do salmão é outro aliado. Ele pode ser servido como aperitivo ou entrada, na forma de canapés, tartares, sashimis ou ceviches; pode ser misturado a uma salada verde básica ou virar a estrela de um molho para o espaguete do dia a dia; e vai muito bem marinado com ervas como tomilho-limão, dill ou alecrim. Editora do blog Limão com Alecrim, Juliana Gonçalez é fã do pescado e o utiliza em várias receitas. “Ele faz muito sucesso quando sirvo assado no papel alumínio ou papelote, que mantêm o vapor enquanto o líquido da carne vai se misturando com o tempero”, conta. “Também costumo fazer o salmão cru, no estilo japonês, ou grelhado na churrasqueira, que deixa um gosto de defumado de brasa”. Com tantas possibilidades de preparo, Gabriela Rossi e Juliana Gonçalez apresentam duas receitas para ajudar o leitor da Vida Bosch a preparar pratos saudáveis e gostosos com esse peixe cada vez mais popular no Brasil. Juliana Gonçales/Limão com Alecrim saudável e gostoso Arquivo Pessoal 46 | VidaBosch | Salmão marinado com gengibre e agave Ingredientes 1 filé de salmão 3 colheres de agave 2 colheres de shoyu light 1/2 dente de alho cortado em pequenos pedaços 1/2 cebola roxa cortada em fatias finas 1 cm de gengibre ralado 2 talos de cebolinha picados 1 limão azeite para grelhar leite para cobrir o salmão filme plástico Modo de preparo Deixe o filé de salmão coberto com leite por 30 minutos na geladeira. Isso ajudará a diminuir seu gosto e cheiro fortes. Enquanto ele estiver de molho no leite, corte a cebola em fatias finas, amasse o alho, picando em pedaços bem pequenos, e corte a cebolinha. Após marinar o salmão, retire-o do leite e deixe escorrer (1 porção) um pouco. Espalhe o alho e o gengibre em todos os lados do peixe, distribua a cebola e a cebolinha cortadas. Coloque o agave e o shoyu light por cima, até escorrer. Cubra tudo com filme plástico e leve novamente para marinar por 30 minutos na geladeira. Passado esse tempo, retire toda a cebolinha e todo o alho que cobrem o peixe, pois eles poderão queimar e amargá-lo. Leve o pescado à frigideira com um fio de azeite. Grelhe cada lado por 2 a 3 minutos e reserve. O ponto ideal do salmão é rosado no centro e dourado nas laterais. Ele deve desmanchar ao toque do garfo, sem ser preciso usar uma faca para cortá-lo. Verifique o centro do salmão assim: afaste a carne do miolo com uma faca – ela precisa estar rosada, mas não crua. Para fazer o molho, use a mistura da marinada, com o suco do limão espremido. Coloque o molho na frigideira usada para grelhar o salmão e deixe reduzir até a metade, mexendo sempre, para não queimar. Reduzir significa que a água irá evaporar, e o molho ficará cremoso. Receita de Juliana Gonçalez, editora do blog Limão com Alecrim (www.limaocomalecrim.com.br) saudável e gostoso Gabriela Rossi/Blog do Bom Gosto 48 | VidaBosch | Ingredientes 1 posta de salmão com cerca de 1 kg (com ou sem pele) 8 aspargos verdes frescos 1 cebola grande em rodelas 4 batatas médias em rodelas largas 3 colheres de sopa de alecrim 1 xícara de chá de amêndoas em lascas 200 ml de azeite 2 colheres de sopa de sal Pimenta-do-reino branca a gosto Papel alumínio (4 porções) Modo de preparo Unte um refratário grande de vidro com azeite. Corte a cebola em fatias finas. Coloque os aspargos (sem os talos) em uma panela pequena com água fria, levando ao fogo alto por 7 minutos (assim, eles não ficam moles nem despedaçam). Escorra-os e reserve. Corte as batatas em rodelas com cerca de 1 cm de espessura e coloque em uma panela média com água. Leve ao fogo alto e deixe cozinhar até que fiquem com consistência macia. Escorra a água das batatas e reserve. Corte a posta do peixe em fatias de 3 ou 4 dedos de largura. Nos dois lados de cada fatia, passe o sal, a pimenta e o alecrim. Corte tiras de papel alumínio com cerca de 15 cm de largura (corte quantas for utilizar; cada tira comporta 1 pedaço de peixe). No centro de cada tira do papel, faça uma pilha com os alimentos nesta ordem: batata (4 rodelas por porção), cebola (2 fatias), fatia de peixe, amêndoas (1 colher de sopa rasa por porção). Antes de dobrar o papel, coloque dois aspargos ao lado do peixe e regue tudo com duas colheres de sopa de azeite. Dobre o alumínio de forma a fazer um “pacotinho” fechado com os alimentos dentro. Ajeite as trouxinhas no refratário e leve ao fogo médio (200°C) por 35 minutos. Para servir, leve o refratário à mesa com as trouxinhas semiabertas. Receita de Gabriela Rossi, editora do Blog do Bom Gosto (www.blogdobomgosto.com) destaque para colecionar Salmão assado com legumes e amêndoas no papel alumínio