Sem título-1 - Cáritas Diocesana de Almenara

Transcrição

Sem título-1 - Cáritas Diocesana de Almenara
Ano 7 • nº1061
Dezembro/2013
Jequitinhonha - MG
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Cidona, força e resistência na luta pela terra
e a convivência com o semiárido
Maria Aparecida Alves, 48 anos, mais conhecida como Cidona nasceu na Bahia e desde os 2
anos de vida é mineira de coração. É a primeira filha no grupo de 6 mulheres, por isso desde
cedo teve de aprender a se virar, como ela mesma diz: talvez por isso eu sou desse jeito, alegre,
extrovertida e ágil, não deixo pra fazer amanhã o que pode ser feito hoje, vive no município de
Jequitinhonha/MG. Não é de hoje que Cidona se organiza para a luta por melhores condições
de vida e trabalho em sua comunidade, está há 12 anos no
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e
há 8 anos atua na Articulação do Semiárido (ASA).
Ela conta que conheceu o MST em Jequitinhonha,
quando militantes do estado do Espírito Santo vieram
aqui na região para realizar trabalhos de formação.
Participou da articulação para realizar a ocupação, que
hoje é o Assentamento Franco Duarte e diz: quero viver
com as famílias e quero viver aqui até os próximos 100
anos. Continuo me organizando porque acredito no povo,
acredito na luta do povo.
Cidona apresenta o Jardim do
Semiárido
Cidona nos lembra que a luta pela terra faz parte
da luta por educação, saúde, por projetos e
realização de políticas públicas que segundo ela
não chegam até nós. As tecnologias que precisamos
são sociais e agroecológicas voltadas aos interesses
do povo. Insumos, venenos e 'essas' outras
tecnologias que eles falam por aí não é do nosso
interesse, precisamos de tecnologia que defenda a
vida, os animais e a biodiversidade da nossa
região”.
Carinho e simplicidade na luta pela terra
Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas
Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais
O assentamento Franco Duarte enfrenta um longo período de estiagem, Cidona conta que
este é o terceiro ano que nós aqui do assentamento plantamos e não produzimos direito,
desde quando ocupamos a fazenda o regime de chuvas só vem piorando, as criações tem que
ficar lá na chapada pra não disputar água com a gente. As nascentes que abasteciam as
famílias estão secando, pois na chapada, na divisa com uma fazenda já foram plantadas
vários alqueirões de eucaliptos, desde quando iniciou os plantios do eucalipto já secaram 2
das 4 nascentes que abastecem o assentamento, e o Capital (capitalismo) só está interessado
em investir nestes grandes projetos de monoculturas.
Recentemente a Cáritas Diocesana Baixo Jequitinhonha iniciou a construção de 4 Tanques
de Pedra no Assentamento e em parceria com a Cáritas
Diocesana de Araçuaí iniciaram as construções de 30
Cisternas‐Calçadão, Cidona nos diz que “Aqui no
assentamento, algumas famílias já receberam a primeira e
segunda água, mas falta ainda muita gente pra ter as
cisternas instaladas, espero juntar forças com as Cáritas do
Vale do Jequitinhonha juntamente com a ASA para
conseguirmos trazer mais tecnologias para o “Quero viver aqui até os próximos
100 anos”, diz Cidona
assentamento”.
A cisterna‐calçadão acabou de ser instalada em sua casa pelo mutirão que o assentamento
realizou, e que, aliás, está ocorrendo em várias construções, ela tem esperança que a
cisterna com capacidade para 52 mil litros d’água melhore a sua produção de alimentos
saudáveis, pois assim tenho a certeza que irei
plantar e ter frutos fora dos tempos das águas.
“A ASA é uma injeção de otimismo na minha vida,
pois ela me deu esperança de permanecer no
semiárido, graças às tecnologias, formação e com
o trabalho em mutirão que realizamos, as
construções serão um sucesso e esperamos que
mais cisternas beneficiem mais famílias
assentadas”.
Cisterna‐calçadão e Primeira água: tecnologias
sociais na convivência com o semiárido
Como mensagem final Cidona nos lembra que a luta nunca acaba é preciso ser forte e
persistir na vida e agradece: ASA obrigado por tudo! Por ocupar as políticas públicas, por
lutar pela água e por ajudar milhões de camponeses a reconstruir sua esperança.
É no Semiárido que a VIDA pulsa, é no Semiárido que o POVO resiste!
Realização
Apoio

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