estudo radiográfico comparativo de cães

Transcrição

estudo radiográfico comparativo de cães
ESTUDO RADIOGRÁFICO COMPARATIVO DE CÃES
SUBMETIDOS À TÉCNICA DE AVANÇO DA TUBEROSIDADE
TIBIAL MODIFICADA, TRATADOS OU NÃO COM
HIDROTERAPIA NO PÓS-CIRÚRGICO.
COMPARATIVE RADIOGRAPHIC STUDY OF DOGS
SUBMITTED TO TECHNICAL TIBIAL TUBEROSITY
ADVANCEMENT MODIFIED, TREATEDS AND NON-TREATED
WITH HYDROTERAPY IN POST SURGICAL.
Carolina Camargo Zani, João Guilherme Padilha Filho, Regina Mendes Medeiros,
Paola Castro Moraes, Artur Gouveia Rocha – Faculdade de Ciencias Agrárias e
Veterinárias –Campus Jaboticabal – Medicina Veterinária– [email protected]–
PIBIC/CNPq.
Palavras-chave: avanço da tuberosidade tibial, ligamento cruzado cranial, hidroterapia.
Key-words: tibial tuberosity advancement, cranial cruciate ligament, hydroterapy.
1. INTRODUÇÃO
O ligamento cruzado cranial tem a função de impedir o deslocamento cranial da
tíbia em relação ao fêmur e a hiperextensão da articulação, assim como limitar a rotação
interna da tíbia. Forças excessivas em qualquer um desses movimentos podem resultar na
Ruptura do Ligamento Cruzado Cranial (RLCCr), principalmente se este estiver
enfraquecido em decorrência de processo degenerativo crônico. A perda funcional dessa
estrutura leva à instabilidade articular, sendo a principal causa de alterações degenerativas
na articulação femorotibiopatelar. De acordo com a maioria dos estudos realizados, a
Técnica de Avanço da Tuberosidade Tibial (TTA) é considerada o melhor método para a
correção cirúrgica da RLCCr (MILLER, 2007)..
De acordo com KELLY (2005), radiograficamente a ruptura de ligamento cruzado
cranial pode ser caracterizada pela presença do deslocamento cranial da tíbia em relação ao
fêmur, edema intracapsular, alterações articulares degenerativas. Entretanto, a ausência
dessas caracteristica radiográficas nao exclui ruptura parcial do ligamento.
A reabilitação física pós- operatório com o uso da hidroesteira é recomendada e visa
o rápido retorno funcional do membro acometido por estimular a musculatura que estava
em desuso e atrofiada, aumentar ou manter a amplitude de movimento, previnir a contratura
articular e alívio da dor (CLARK & McLAUGHLIN, 2001; MARSOLAIS et al., 2002).
2. OBJETIVO
O estudo teve como objetivo avaliar clínica e radiograficamente os efeitos da técnica
de TTA modificada em cães, comparando os resultados obtidos entre os grupos tratados ou
não com hidroterapia no período pós-operatório (P.O.). A avaliação radiográfica foi
essencial para visibilizar o comportamento dos implantes nos períodos estipulados.
3. MATERIAIS E METODOLOGIA
1085
A TTA modificada requer avaliação radiográfica prévia, para aferição da distância
do avanço da tuberosidade tibial, utilizando-se escalas pré-determinada. Um espaçador de
polímero de mamona foi introduzido na porção proximal da osteotomia, com o tamanho
pré-determinado do avanço da tuberosidade tibial e fixado a dois parafusos corticais.
Foram utilizados 10 cães de porte médio ou grande (Canis familiaris- Linnaeus,
1758), independente do sexo, oriundos do Hospital Veterinário “Governador Laudo Natel”
da FCAV – UNESP Jaboticabal. Todos os animais foram submetidos à técnica de avanço
da tuberosidade tibial (TTA) modificada, depois de diagnosticada a ruptura do ligamento
cruzado cranial. Os animais foram divididos em dois grupos:
• Grupo C (controle): TTA modificada sem fisioterapia (hidroesteira). Cães 1, 2, 3, 4
e 5.
Estes animais, após o procedimento cirúrgico foram apenas avaliados clínica e
radiograficamente, sem qualquer reabilitação específica.
• Grupo T (tratado): TTA modificada com fisioterapia (hidroesteira). Cães 6, 7, 8, 9 e
10.
Todos os animais tiveram o pélvico radiografado no pós-operatório imediato, décimo
quinto, trigésimo e quadragésimo quinto dia pós-operatório. A classificação radiográfica
teve como base o sistema de escala Lane e Sandhu (1987), apresentado no quadro 1.
Quadro 1. Descrição dos parâmetros de formação óssea segundo o sistema de escala
de Lane e Sandhu (1987)
Formação óssea
Escore
Sem evidência de formação óssea
0
Formação óssea ocupando 25% do defeito ósseo
1
Formação óssea ocupando 50% do defeito ósseo
2
Formação óssea ocupando 75% do defeito ósseo
3
Falha completamente preenchida
4
Para a padronização do exame radiográfico utilizou-se as projeções crânio-caudal e
médio-lateral de ambos os membros pélvicos. Desta forma é possível afirmar se o
crescimento ósseo ocorre no centro do enxerto ou lateral a ela.
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Por meio das imagens radiográficas do pós-operatório pode-se observar que o enxerto
de polimero mamona apresentram-se totalmente radioluscentes. Com o tempo pôde-se
observar o aumento da radiopacidade no local da falha ou em suas adjacências, decorrente
do processo ativo de consolidação óssea. No décimo quinto dia pós-operatório houve
aumento da radiopacidade, compatível com crescimento ósseo, no local da falha óssea.
Considerando-se o trigésimo dia pós-operatório, foi observado aumento na
radiopacidade local, com formação de ponte óssea em estágio mais avançado e redução da
área de radioluscência da falha.
O Quadro 3 representa a avaliação radiológica comparativa dos grupos.
1086
Quadro 2. Achados radiográficos nos diferentes grupos experimentais nos dias 15, 30
e 45 do período pós-operatório.
15 dias GC
15 dias GT
30 dias GC
30 dias GT
45 dias GC
45 dias GT
REAÇÃO PERIOSTEAL
++
++
++
+
+
+
FORMAÇÃO ÓSSEA
+
+/++
+/++
++
+++
+++
(+) observado com pouca intensidade, (++) observado com intensidade moderada e (+++) observado com
intensidade elevada. GC-controle, GT-tratado com fisioterapia.
A classificação do grau de preenchimento ósseo no sistema de escala de Lane e Sandhu
(1987), e é apresentada em forma de quadros de acordo com o grupo experimental.
Quadro 3. Classificação radiográfica relativa ao preenchimento do enxerto segundo a
escala de Lane e Sandhu (1987) referente ao grupo controle (GC) e ao grupo tratado
(GT) nos animais -Projeção médio-lateral.
Grupo(animais) Pós-operatória
GC(1/2/3/4/5)
0
GT(1/2/3/4/5)
0
15dias
1
1/2
30dias
2/3
2/3
45dias
2/3/4
3/4
(0):sem preenchimento da falha óssea, (1): preenchimento de até 25% da falha óssea, (2): preenchimento de
até 50% da falha óssea, (3): preenchimento de até 75% da falha óssea e (4) preenchimento de até 100% da
falha óssea (LANE e SANDHU, 1987).
Quadro 4. Classificação radiográfica relativa ao preenchimento do enxerto segundo a
escala de Lane e Sandhu (1987) referente ao grupo controle (GI)-Projeção crâniocaudal.
Grupo
GC
GT
Pós-operatória
0
0
15dias
1
1/2
30dias
2/3
3
45dias
3/4
3/4
(0):sem preenchimento da falha óssea, (1): preenchimento de até 25% da falha óssea, (2): preenchimento de
até 50% da falha óssea, (3): preenchimento de até 75% da falha óssea e (4) preenchimento de até 100% da
falha óssea (LANE e SANDHU, 1987).
De acordo com a classificação de LANE e SANDHU 1987, radiograficamente
houve um padrão de crescimento ósseo, porém este método é subjetivo e sujeito a erros ou
tendencia. Métodos objetivos de avaliar radiograficamente estao em andamento e poderam
ter resultados diferentes ao observado pelo método de LANE e SANDHU, 1987 .
Não houve rejeição dos animais ao enxerto de polimero de mamona, e 7 dos 10
animais utilizaram o membro dia posterior a cirurgia, comprovando a eficiencia deste
método para correção da ruptura de ligamento cruzamento cruzado cranial.
1087
A fisioterapia foi fundamental para hipertrofia da musculatura do membro pélvico,
alivio da dor e uso recente do membro para animais com atrofia muscular severa.
Entretanto, nao houve diferença radiografica em se utilizar ou não a fisioterapia no pósoperatório para crescimento osseo.
5. CONCLUSÕES
Das análises radiográficas conclui-se que a tecnica de TTA modificada para
correção de ruptura de ligamento cruzado cranial é um método eficiente e que possibilita o
retorno rapido do uso do membro afetado.
A hidroterapia é um método eficaz para hipertrofia muscular , melhora da amplitude
de movimento e retorno do uso do membro mais precocimente mas nao interferiu
radiograficamente no crescimento osseo.
Referências Bibliográficas
LANE,J.M.; SANDHU, H.S. Current approches to experimental bone grafting. Orthopedic
Clinics of North America, Philadelphia, v.18, n.2, p.213-225.
KELLY ,J. K.; McAllister, H. Radiologia e ultra-sonografia do cão e do gato. 3.ed.
Barueri:Manole, 2005. p. 260-261.
CLARK, B.; McLAUGHLIN, R.M. Physical rehabilitation in small-animal orthopedic
patients. VetMed, Mississipi, p.234-246, março, 2001.
MILLER, J. M. Effect of 9 mm Tibial Tuberosity Advancement on Cranial Tibial
Translation in the Canine Cranial Cruciate Ligament-Deficient Stifle. 80 f. Thesis
(PhD) – Faculty of the Virginia Polytechnic Institute and State University, Blacksburg,
2007.
1088

Documentos relacionados