Revista - Marcos Cordiolli

Transcrição

Revista - Marcos Cordiolli
revista
ano 1 • No 1 • maio/2011
Cidadão do
século 21
A importância de
articular habilidades
e competências com
as diferentes áreas
do conhecimento
Ler para
compreender
Venda proibida. Distribuição gratuita.
A leitura como
suporte para a
compreensão do
mundo
Artigos
• A educação
transforma ou
reproduz a sociedade?
• O que esperar de
um mundo mais veloz
do que a luz?
Escolas Inovadoras
Você está pronto para a escola conectada com o mundo, que propõe
aprendizagens significativas e forma alunos críticos e pró–ativos?
2 maio 2011
www.aymara.com.br
maio 2011
3
revista
EXPEDIENTE
Conselho Editorial:
Marcos Melo
Luciana Melo
07
editorial
Produção:
Projeto Comunicação
(41) 3022 3687
[email protected]
08
Bate-Papo
12
Habilidades e Competências
Editora-Chefe:
Melissa Castellano
Colaboradores:
Celso Antunes
Mario Sergio Cortella
Arquivo
Reportagem:
Brisa Teixeira
Luciana Zenti
Rosiane Correia de Freitas
Revisão:
Maikon Kempinski
Projeto Gráfico:
Celso Arimatéia
Em uma entrevista exclusiva, José Pacheco, o
criador da Escola da Ponte propõe uma reflexão
sobre mudanças prementes no currículo da
escola, na formação pessoal e social do aluno,
no espaço mobiliário das instituições e na
relação das famílias com a escola.
Empreendedorismo, trabalho em equipe,
responsabilidade social, comunicação oral e
autoliderança são algumas das habilidades e
competências fundamentais para o cidadão do
século 21. Você sabe como articulá-las com as
diferentes áreas do conhecimento?
Ilustração de Capa:
Marcos de Mello sobre foto
de iStockphoto.com/Caracter
Design; Shutterstock/Ajt
Ilustrações:
Daniel Klein
Marcos de Mello
Fotos:
AI/Guilherme Pupo
Dreamstime.com/Yuri Arcurs
iStockphoto.com/Luoman
Shutterstock/Laurence Gough
Shutterstock/PhotoCreate
Shutterstock/Photocriate
A Revista Educador Educar é uma publicação da
Futuro Eventos. Todos os direitos reservados.
Rua Rolândia, 1281 – Pinhais (PR)
(41) 3033 8100
www.futuroeventos.com.br
4 maio
4 maio
2011
Arquivo
Diagramação e Arte-Final:
Goretti Carlos
16
Escolas Inovadoras
Você está pronto para a
escola que está aberta
para a sociedade, propõe
aprendizagens significativas,
motiva os alunos a aprender
ativamente, forma cidadãos
críticos e preparados para
interagir com o planeta de
maneira integral? Bem-vindo ao
mundo das escolas inovadoras!
22
Ler para compreender
28
Mais veloz que a luz
A leitura deixou de ser apenas um
instrumento de alfabetização. Ela ocupa
cada vez mais espaço como suporte para a
compreensão do mundo.
O educador Celso Antunes questiona
o “aprender a viver” e o despertar da
sensibilidade do aprendiz para que ele se
torne protagonista de seu tempo.
34
30
Tecnologia
38
Para pensar
40
Liderar é preciso
Dos livros às redes sociais: professores e
alunos dividindo diferentes realidades em
sala de aula.
Arquivo
Shutterstock/Photocriate
Índice
Comportamento
O bullying é a mais cruel face da violência
escolar. Saber reconhecê-lo e combatê-lo
é uma tarefa de todos: professores, pais,
funcionários e alunos.
O educador Mário Sérgio Cortella discute
sobre a educação que transforma e reproduz
a sociedade.
Dentro da sala de aula, é necessário instigar,
orientar e formar novas lideranças. Fora
dela, é preciso colaborar para uma melhor
organização da instituição de ensino.
44
42
Três em um
46
Livros e filmes
Uma seleção de livros e filmes para você
reciclar o repertório.
O desenvolvimento sustentável é um dos
grandes desafios da sociedade. A educação,
o caminho pelo qual chegaremos lá.
iStockphoto.com/Alex Slobodkin
Especialistas de três países debatem sobre a
utilização da avaliação como instrumento de
gestão, tanto no aspecto político quanto no
pedagógico.
Sustentabilidade
maio 2011
5
6 maio 2011
Editorial
Quando assumimos a Direção do Educador/Educar, em Dezembro de
2009, sabíamos da imensa responsabilidade em recolocar esse evento no
lugar de destaque que ele sempre teve.
Até então, haviam sido realizadas 16 edições do Educador/Educar e,
a partir de 2010, coube a Futuro Eventos a missão de efetivá-lo como o
maior evento da América Latina.
Para isso, desde o início estabelecemos um planejamento a curto, médio
e longo prazo que vem sendo periodicamente avaliado com o intuito de
atingirmos, a cada momento, um degrau a mais da nossa aspiração.
Nosso foco está voltado para um evento sólido, sustentável e que
atenda os anseios de participantes dos congressos e seminários, visitantes
das feiras, expositores, palestrantes, patrocinadores, apoiadores,
fornecedores e imprensa especializada.
O lançamento da Revista Educador Educar, neste ano, marca um
momento interessante de registro e divulgação dos fatos, dos profissionais
e negócios que estarão envolvidos, ano a ano, nesse evento.
A ideia é ter uma edição voltada para as situações temáticas propostas
nos congressos e seminários e, ainda, no momento que precede a
realização e no encaminhamento para a próxima edição, mostrar o que foi
feito e o que pretendemos para o ano seguinte.
Ótima leitura a todos!
Luciana Melo e Marcos Melo
Futuro Eventos
maio 2011
7
Bate-Papo
É preciso ousar
para mudar
Professores do mundo todo visitam a Escola da
Ponte, em Portugal, e se surpreendem com tanta
inovação. Hoje, José Pacheco, o idealizador da
instituição, fundada em 1976, está aposentado
e deixou-se “colonizar” pelo Brasil. Nesta entrevista exclusiva para a Revista Educador Educar,
José Pacheco nos leva a refletir sobre mudanças
urgentes que precisam ocorrer no currículo da
escola, na formação pessoal e social do aluno, no
espaço mobiliário das instituições e na relação
das famílias com a escola.
8 maio 2011
Divulgação
O educador José Pacheco deixou-se “colonizar” pelo Brasil
É preciso ser ousado e quebrar muitas regras para tornar uma escola
inovadora?
Que disciplinas são imprescindíveis
para o aluno de hoje?
José Pacheco: Para tentar acabar com
na vida. Em vez de nos preocuparmos
a possibilidade de erigir uma escola
em mito, direi que, em 1976, a escola
funcionava num velho edifício contíguo
a uma lixeira. As poucas carteiras com
buraco para o tinteiro ameaçavam desfazer-se. O banheiro estava em ruínas e
não tinha porta. Havia classes de “lixo”,
“Talvez devêssemos incluir no
currículo muito mais formação
pessoal e social, a aprendizagem
da convivencialidade. Talvez seja
necessário aprender a se alimentar
para escapar à tentação do fastfood. Talvez aprender a resistir
ao consumismo e, efetivamente,
respeitar o ambiente...”
José Pacheco
Pacheco: Não se prepara para a vida, mas
com a acumulação cognitiva de conteúdos, que são inutilidades para debitar em
provas, e que a memória (porque é inteligente) esquecerá, talvez devêssemos
incluir no currículo muito mais formação
pessoal e social, a aprendizagem da
convivencialidade. Talvez seja necessário
em sua maioria constituídas por alunos
aprender a se alimentar para escapar à
com idade para sair da escola, mas que
tentação do fast-food. Talvez aprender a
não sabiam ler. Os pais dos alunos não
resistir ao consumismo e, efetivamente,
apareciam na escola. Havia alunos que
respeitar o ambiente. Talvez aprender a
batiam em professores. Estávamos no fim
resistir à violência urbana, sem depender
de uma ditadura de 48 anos. Foi preciso
de novelas, big brothers e outras aliena-
ousadia, trabalho em equipe e apoio da
ções. Talvez desenvolver a sensibilidade
comunidade para fundamentarmos teo-
e o sentido estético para saber distinguir
ricamente tudo aquilo que mudamos na
entre música e o lixo sonoro com que a
nossa prática.
mídia nos bombardeia.
maio 2011
9
Bate-Papo
“As escolas converteram-se ao mundo digital, mas mantêm e
reforçam práticas de ensino obsoletas. No improviso e imediatismo
das “novas” práticas, o insucesso mantém-se e prospera. Lousas
digitais e quadros interativos são mera cosmética, para disfarçar a
manutenção da mesmice.”
José Pacheco
E a alfabetização digital?
Pacheco: Obrigatória ela será, mas não
como vem acontecendo. As escolas
converteram-se ao mundo digital, mas
mantêm e reforçam práticas de ensino obsoletas. No improviso e imediatismo das
“novas” práticas, o insucesso mantém-se
e prospera. Lousas digitais e quadros
interativos são mera cosmética, para
disfarçar a manutenção da mesmice. As
escolas poderiam esvaziar os chamados
“laboratórios de informática” e disponibilizar, em todos os seus espaços, instrumentos de pesquisa, ajudando os jovens
a analisar criticamente a informação que
recolhem. Mais do que cumprir o papel de
censor, os professores deveriam ensinar
os seus alunos a selecionar conteúdos e
sidades concretas, fazendo mediações
do professor autenticidade: um professor
para a prática de currículo subjetivo.
não ensina aquilo que diz; um professor
Cada ser humano é único e irrepetível.
ensina aquilo que é.
Cada aluno deveria poder construir o
seu currículo, em processos de autoconstrução do conhecimento, apoiado
em mediadores que o orientasse na busca
de informação. Porém será necessário
prevenir alguns equívocos provocados
por certas modas pedagógicas – nem
sempre a aprendizagem tem de partir
das necessidades do aluno.
Quais são as principais barreiras
da escola tradicional para se tornar
uma escola adaptada ao mundo
atual?
Pacheco: A primeira barreira é o professor autossuficiente, autocentrado,
A arquitetura das escolas precisa
mudar?
Pacheco: A arquitetura escolar ainda hoje
se inspira num modelo do século 18. Em
1976, adotamos o chamado modelo de
escolas de “área aberta”, libertando a
criança da rigidez dos espaços e do mobiliário tradicionais. É preciso procurar
o ambiente que encoraje uma melhor
comunicação entre alunos e professores;
mobilizar os professores para o trabalho
em equipe; facilitar a adaptação da organização escolar às diferenças individuais
e à contínua aquisição de conhecimentos,
a fim de permitir os reagrupamentos fun-
a comunicar.
solitário. Professor sozinho na sala de
Como deveria ser o currículo desse
novo século?
mais de um século. Mas a cultura e o
Pacheco: É requerido às escolas que edu-
formação reprodutora desse modelo. Não
quem para o consumo, para o ambiente,
sei se é o medo que impede a mudança,
para a saúde, para o trânsito, para a ci-
há muito tempo necessária. Talvez seja
dadania. O conjunto de saberes que uma
acomodação. Talvez a burocracia reine
escola deve abordar deveria depender
sobre a pedagogia nos órgãos de decisão
das peculiaridades do seu entorno, con-
e falte competência àqueles que detêm a
textualizado na sociedade globalizada.
responsabilidade de tomar decisões de
Já não faz sentido alguém prescrever um
política educativa. Talvez falte dignidade
currículo único para diferentes realida-
O que o senhor tem visto de mais
inovador por aqui?
profissional para muitos professores.
des sociais e culturas. Sobretudo num
Pacheco: Eu tive oportunidade de co-
Ou talvez seja conveniente às elites
nhecer muitos professores e escolas de
país como o Brasil. As escolas deverão
que a reprodução da ignorância e das
países europeus, que veem em Reggio
ser produtoras e não reprodutoras de
desigualdades sociais perdure. Talvez os
Emília e na Ponte caminhos possíveis
currículo, trabalhando a partir de neces-
obstáculos desapareçam quando se exigir
para melhorar a educação e o mundo. No
10 maio 2011
aula é algo que já não faz sentido há
peso da tradição são reforçados por uma
cionais de alunos; estimular nas crianças
a multiplicação dos contatos pessoais; e
facilitar múltiplas e diversas organizações, transformações temporárias (por
vezes permanentes), permitir as mais
variadas modificações, dando assim flexibilidade não só aos diferentes modos de
organização escolar, como também aos
diferentes tipos de pedagogia.
Divulgação
José Pacheco sobre o Brasil: “Sinto-me um privilegiado por encontrar tanta generosidade
“Não se prepara para a
vida, mas na vida.”
Os excelentes profissionais que nelas la-
tutores dos seus filhos a qualquer hora
butam possuem saberes suficientes para
de qualquer dia, sem prejuízo no trabalho
romper o círculo vicioso do insucesso. E
dos professores.
Brasil, onde me encontro, contam-se por
compreenderam que o seu país não pa-
centenas as escolas que trabalham inspi-
dece de carência de recursos – o Brasil
radas na Escola da Ponte; são milhares
gere mal ou desperdiça recursos.
os professores e as universidades que esmas não inútil. E, quando me apercebi de
Uma boa relação entre a escola e
a família faz realmente diferença?
que o Brasil tem os professores certos a
Pacheco: Ouvimos falar da crise das
trabalhar de modo errado, deixei-me “co-
instituições e, em particular, da crise
lonizar” pelo Brasil. Encontrei professo-
da instituição família. Muitas crianças
res com salário indigno e estatuto social
chegam às escolas já destruídas por pais
depreciado, que dão sentido às suas vidas
inseguros, permissivos ou prepotentes.
dando sentido à vida das crianças e das
Num tempo de narcisismo exacerbado,
escolas. Sinto-me um privilegiado por
muitos pais esquecem-se de educar os
encontrar tanta generosidade e ousadia
filhos e consideram as escolas depósitos
responsável. Decidi juntar-me a eles, para
de alunos. Na Ponte, a existência de
acabar com os discursos miserabilistas
tutores permite maior aproximação.
e provar que este país tem boas escolas.
Os pais dos alunos são recebidos pelos
tudam a nossa escola. Estou aposentado,
O modelo da Escola da Ponte pode
ser seguido por outras escolas?
Pacheco: Aquilo que na Ponte se faz não
deverá ser clonado. Nada se repete. Cada
escola é diferente de outra escola. Não
há segredo para o “sucesso”. Na Ponte,
apenas fizemos perguntas: Por que razão há alunos que não aprendem? Por
que razão as aulas duram 50 minutos?
Buscamos respostas e substituímos os
absurdos por soluções. Se os professores
de outras escolas se dispuserem a rever as
suas práticas, a identificar as suas dificuldades de ensinar, a assumir autonomia e
efetuar mudanças, também poderão fazer
de todos os seus alunos seres mais sábios,
pessoas mais felizes. Em equipe! 
maio 2011
11
Habilidades
e Competências
por Rosiane Correia de Freitas
Cidadão do século 21
Algumas habilidades e competências se tornam cada vez mais necessárias no mundo atual.
E a escola precisa desenvolvê-las de forma articulada com as áreas do conhecimento.
12 maio 2011
Ilustrações de Daniel Klein
Não importa o ano em que o aluno entre na escola, algumas coisas continuarão
sendo sempre iguais: dois mais dois serão sempre quatro; as leis de Newton continuarão sendo aplicadas da mesma maneira na Física; e Pedro Álvares Cabral continuará
tendo chegado ao Brasil em 1500. No entanto, mudam as gerações e também o mundo
em torno da sala de aula. E, claro, os educadores precisam se adaptar a cada momento
para preparar seus alunos para o mundo real.
Especialistas em educação concordam que o cidadão do século 21, que está em
formação em nossas escolas, precisa dominar, além do conhecimento formal, algumas
competências e habilidades que o ajudarão em sua carreira e na sua vida como um todo.
maio 2011
13
Habilidades
e Competências
Mas quais são essas habilidades? Como
que os alunos de hoje também precisam
fazer para que os estudantes desenvol-
desenvolver acentuada capacidade de
vam as competências necessárias? Essas
trabalhar em equipe. “Hoje nem video
são as perguntas que alguns estudiosos
game se joga sozinho”, brinca o profes-
vêm tentando responder.
sor. “Todas as atividades são sociais. O
Há competências que são consideradas fundamentais. É o caso do empreen-
aluno vai precisar saber trabalhar neste
mundo”, diz.
dedorismo, por exemplo. Hoje, o aluno
E para trabalhar com outras pessoas
tem de chegar ao mercado de trabalho
é essencial saber se expressar bem. “A
disposto não apenas a obedecer: precisa
comunicação oral é a competência que
saber criar, inventar, “fazer a diferença”.
fará com que o aluno interaja mais com
“É uma competência essencial para
outros atores sociais, possibilitando-lhe
sobreviver em uma sociedade que abre
conquistar maior ou menor sucesso, de-
espaços de crescimento para quem é
pendendo de como e o quanto consegue
visionário, sabe planejar, criar e execu-
se comunicar oralmente”, afirma.
tar. Caso contrário, ele será um mero
executor de ações empreendidas por ter-
Gestão do tempo
ceiros”, afirma Nilbo Ribeiro Nogueira,
Outra característica do século 21 que
mestre em Educação pela Universidade
influencia a vida dos jovens – e, portanto,
de São Paulo (USP).
precisa estar presente na mente dos edu-
Questionar
o consultor Christian Barbosa, autor de
cadores – é a gestão do tempo. Segundo
A inovação faz parte desse pacote. E
livros sobre gerenciamento de tempo e
também deve estar presente
produtividade, pesquisas mostram que
Competências do cidadão do
século 21, segundo Eduardo
Shinyashiki
no processo educativo. “O
80% das pessoas desperdiçam de 30 mi-
que se quer é que o aluno
nutos a três horas de seu tempo por dia.
tenha a capacidade de pensar,
“Algumas empresas ainda têm a cultura
Ser – inteligência emocional, capacidade
de lidar com sentimentos, controlar reações e lidar com situações de conflito.
Fazer – capacidade de inovar e de criar.
Relacionar – competência social, habilidade para se relacionar, para lidar com
outras pessoas, para se comunicar.
Pensar – capacidade de pensar, de
aprender, relacionada à cognição.
de reavaliar, de se reinven-
de valorizar o empregado que fica depois
tar”, diz o consultor Eduardo
do horário, como se isso fosse indicativo
Shinyashiki. Para ele, o padrão
de que ele tem muito que fazer. Mas
autoritário de ensino, que não
as empresas que estão se preparando
permite o questionamento,
para ser mais produtivas sabem que o
impede que a troca em sala de
profissional que tem tempo para viver,
aula seja mais prazerosa e de-
que planeja e usa bem o tempo é mais
safiadora para os estudantes.
produtivo”, ensina.
14 maio 2011
“Eu sempre pergunto para os meus
Um dos temas mais prementes hoje
colegas professores se há outra forma de
em todo o mundo é a questão ambiental.
fazer o que estamos fazendo. E eu mesmo
E aqui o discurso tem de ser aplicado
respondo: sim, há tantas formas quanto
na prática. “Já presenciei projetos sobre
a gente quiser”, opina.
meio ambiente em que foram expostas
Doutor em Comunicação e autor de
várias maquetes feitas de isopor e, ao
livros sobre o ambiente corporativo, o
final da exposição, todas foram jogadas
professor da USP Luli Radfahrer diz
no lixo. Como o professor admitiu o uso e
o descarte do isopor, que permanecerá no
de um professor e requer competência.
ambiente por cerca de 100 anos?”, indaga
É obrigação da escola informar os pais
Nilbo Nogueira. No mesmo sentido, a
em relação à educação de seus filhos”,
responsabilidade social é outro tema a ser
afirma o professor no livro ”10 Novas
desenvolvido. “Tal qual o meio ambiente,
Competências para Ensinar”.
considero a responsabilidade social uma
questão primeiro de consciência e depois
de atitude”, afirma.
Dez competências
para ensinar,
segundo Philippe
Perrenoud
quais são as mudanças que o professor
importante é a inteligência emocional.
tem de fazer? De acordo com Perrenoud,
“Relacionar-se bem e plenamente com as
o docente também precisa desenvolver
pessoas, independentemente da emoção
novas competências para desempenhar
que estamos (nós e elas) vivenciando, é
precioso para ter um comportamento de
relacionamento o mais linear possível”.
Aqui, especialmente, há um desafio para
fomos educados formalmente na escola
para desenvolver esta inteligência emo-
2. Administrar a progressão
das aprendizagens.
3. Conceber e fazer evoluir
os dispositivos de
diferenciação.
4. Envolver os alunos em
suas aprendizagens e em
seu trabalho.
5. Trabalhar em equipe.
6. Participar da
administração escolar.
7. Informar e envolver os
pais.
Com o “novo aluno” do século 21,
Para Nogueira, outro fator muito
os professores. “Nós, professores, não
1. Organizar e dirigir
situações de
aprendizagem.
E o professor, como fica?
cional. Portanto, se não desenvolvermos
primeiramente em nós, como seremos
capazes de trabalhar com a educação
emocional de nossos alunos?”, questiona.
Finanças
Outro tema, por fim, destacado
pelos especialistas é a necessidade de
apostar mais na educação financeira
das crianças. “Nosso país só vai dar
certo quando as pessoas aprenderem
a fazer uso consciente do dinheiro. Em
Cingapura, crianças de cinco anos já
têm aulas de educação financeira”, diz
Christian Barbosa.
E os pais, querendo ver tudo isso sendo desenvolvido em seus filhos, cobram
com eficiência o papel de ensinar. A
tecnologia é um componente importante nesta nova sala de aula. Mas, para
o especialista em mídia digital Luli Radfahrer, os alunos já têm familiaridade
com produtos tecnológicos. São os professores que precisam “correr atrás”. “O
professor é que precisa entender que as
ferramentas tecnológicas estão aí. Ele
precisa conhecê-las, precisa aprender a
ser professor nesse mundo”, recomenda.
Já para Nilbo Nogueira, as competências necessárias para se tornar um
melhor docente podem ser resumidas
em dois pontos: comunicação eficaz e
flexibilidade. Ele aponta que o professor
precisa ver o processo comunicativo
como uma via de mão dupla, em que é
permitida a troca. “Para tanto, o professor precisa entender e desenvolver uma
nova linguagem, que é aquela utilizada
pelos alunos. Caso contrário não haverá
comunicação e, sem esta, não ocorrerá a
aprendizagem”, alerta. Nogueira também
8. Utilizar novas tecnologias.
das escolas. De acordo com o sociólogo
9. Enfrentar os deveres
e os dilemas éticos da
profissão.
suíço Philippe Perrenoud, especializado
10. Administrar a própria
formação.
ticipação maior das famílias. Mais do que
possibilidades pedagógicas, se atualizar
isso, deve incentivar tal atitude. “Nos dias
e, principalmente, inovar em função das
de hoje, o dever de informar e envolver os
necessidades comportamentais desta
pais na escola faz parte das atribuições
nova geração de alunos”. 
Fonte: www.unige.ch/fapse/life
em educação, essa cobrança é positiva e
a escola precisa estar aberta a uma par-
recomenda aos professores que sejam
flexíveis “no sentido de mudar rotas,
aceitar desafios, experimentar novas
maio 2011
15
Escolas
Inovadoras
por Brisa Teixeira
Inovação ou
acomodação:
de qual
sua
lado
escola está?
16 maio 2011
Escola inovadora é aquela que aprende com o aluno e não a que
apenas tenta ensinar. É a escola que forma alunos pró-ativos,
com visão crítica, na qual os professores preparam cidadãos
capazes de interagir com o mundo de maneira integral.
“O que as pessoas mais temem é dar um
novo passo, pronunciar uma nova palavra.”
Quando trazemos o pensamento do escritor
russo Fiódor Dostoiévski para dentro dos
muros escolares, percebemos que ele espelha
parte da realidade escolar. Apenas parte. Isso
porque a escola também é terreno fértil para
aqueles capazes de inovar, articular mudanças e projetar o futuro.
Mas, afinal, o que faz uma escola ser
inovadora? Alguns exemplos clássicos, como
a Escola da Ponte, de Portugal, e a italiana
Reggio Emília – onde as classes não são divididas por paredes e a arte é utilizada para
dar significado e sentido ao mundo em que
os alunos vivem –, povoam o imaginário dos
que trabalham com educação.
“Para cada modelo de escola inovadora,
deve-se ter a formulação de um currículo
que dê suporte à forma de organização do
trabalho pedagógico escolhido.”
Marcos Cordiolli
maio 2011
17
Escolas
Inovadoras
No entanto, muitos educadores
defendem que os modelos da Ponte e
da Reggio Emília foram formulados em
contextos históricos e sociais específicos
e não podem ser copiados e aplicados
em outras escolas sem um ajuste e uma
correlação com a realidade das mesmas.
“Suas experiências são importantes e
devem servir de referência, mas não
constituem exemplos esquemáticos
prontos que podem ser transpostos no
tempo e no espaço”, afirma Marcos Cordiolli, consultor em gestão do trabalho
pedagógico e proposições curriculares
na Educação Básica.
Há quem ache, diz o consultor, que
inovação pedagógica tem a ver com mudanças no currículo ou com a introdução
de novas disciplinas. “Para cada modelo
de escola inovadora deve-se ter a formulação de um currículo que dê suporte à
forma de organização do trabalho pedagógico escolhido”.
tempo todo, a serem pró-ativos, a tomar
Colocar em prática
É preciso ousar. Mas só ter ideias
não basta. Quantas escolas deixam seus
projetos na gaveta? “É preciso envolver
e mobilizar a comunidade escolar. Colocar as inovações em prática, promover
diversas experimentações, avaliar cada
passo para reformular o que não está funcionando e aprimorar o que está bom”,
aponta Cordiolli.
Há vários modos de se conceituar
uma escola inovadora e isso, segundo o
educador Carlos Cury, tem uma variação
no tempo e no espaço. “O que chamamos
de escola tradicional já foi, um dia, logo
após a Revolução Francesa, uma escola
inovadora. Pode ser inovadora hoje uma
escola que faça um projeto pedagógico
em equipe e busque a interdisciplinaridade. Mas ela só será inovadora se tais
mudanças de fato se efetivarem.”
Aprendizagem significativa
Para José Manuel Moran, pesquisador
em educação humanista inovadora, não
há lugar para a escola enclausurada na
repetição, centrada na fala do professor,
nas aulas de 50 minutos e na aprendizagem passiva. “A escola necessita incorporar uma mentalidade aberta para o mun-
iniciativas e a saber interagir.
Moran ainda defende que uma boa
escola precisa de menos aulas informativas e mais atividades de pesquisa, experimentação, desafios e projetos. Precisa
ainda fomentar “redes de aprendizagem,
entre professores e entre alunos; que
aprendam com os que estão perto e
também longe, conectados, com os mais
experientes ajudando os que têm mais
dificuldades”.
Escola particular
Foi pensando nas necessidades
das escolas particulares que buscam a
diferenciação e o trabalho pedagógico
articulado com o mundo atual que
a Aymará Educação desenvolveu o
Programa Escola Inovadora, cujo
pré-lançamento acontece no evento
Educador/Educar deste ano.
O Programa Escola Inovadora é baseado em três eixos transversais muito
significativos: a Literatura, as Competências para o século 21 e a Tecnologia. A
inovação do produto está na articulação
desses eixos com os conteúdos curriculares. A proposta traz uma série de serviços
de apoio aos educadores e às escolas,
do, para a vida. Num mundo com tantas
complementando os recursos didáticos
possibilidades interessantes de aprender,
impressos e virtuais.
como podemos ter tantos alunos que não
O eixo Literatura, com a sua rique-
sabem ler, interpretar, pesquisar, escre-
za e diversidade de gêneros textuais,
ver?”, questiona. Segundo ele, a escola
apresenta atividades que visam formar
inovadora é um conjunto de espaços ricos
alunos leitores e alunos cidadãos, a par-
em aprendizagens significativas, presen-
tir dos valores presentes nas narrativas
ciais e digitais, que motivam os alunos
literárias de todas as histórias. Os livros
a aprender ativamente, a pesquisar o
didáticos das áreas do conhecimento fa-
“Pode ser inovadora uma escola que faça um
projeto pedagógico em equipe e busque a
interdisciplinaridade. Mas ela só será inovadora se
tais mudanças de fato se efetivarem.”
Carlos Cury
18 maio 2011
“A escola inovadora promove aprendizagens
significativas, presenciais e digitais, que motivam os
alunos a aprender ativamente, a serem pró-ativos, a
tomar iniciativas e a saber interagir.”
José Manuel Moran
Conflito
de gerações
zem remissões diretas às histórias literárias, articulando os saberes
curriculares com as narrativas, permitindo melhor compreensão por
parte dos alunos.
O eixo Competências para o século 21 traz a educação para o
contexto do mundo atual, articulando protagonismo e cidadania,
com foco em temas-chave, como empreendedorismo, autoliderança,
comunicação oral, trabalho em equipe, administração do tempo,
responsabilidade com o meio ambiente e sustentabilidade, responsabilidade social, educação para o consumo e educação financeira. Tais
temas fazem parte das expectativas dos pais de alunos e dos desafios
enfrentados por muitas escolas, que agora passam a contar com
uma solução formatada e articulada com as áreas do conhecimento.
O eixo Tecnologia amplia as atividades dos materiais impressos,
trazendo para um ambiente virtual de aprendizagem funcionalidades
de rede social monitorada. Este ambiente, chamado de “Plug Escola
Inovadora”, traz objetos interativos de aprendizagem articulados
com livros didáticos, projetos e atividades. Há também o “Espaço do
Educador”, uma área específica para os profissionais com orientações
metodológicas, cursos de capacitação e ambiente colaborativo para
troca de experiências e projetos com outros educadores.
A articulação é uma das características intrínsecas do Programa
Escola Inovadora. Afinal, a escola particular busca cada vez mais
a interdisciplinaridade, a formação de leitores autônomos, a real
integração da tecnologia e o desenvolvimento de habilidades e com-
O conflito de gerações é um dos
pontos que deve ser levado em
consideração, segundo Benne
Catanante, psicóloga e consultora
organizacional, na hora de pensar
em inovar. Para ela, o mundo está
vivendo um fenômeno novo, em que
o maior desafio é reconhecer que as
crianças atualmente já vêm com uma
consciência de mundo muito mais
ampla do que quando esse professor
tinha a mesma idade. Segundo Benne,
muitos professores ainda atuam
com base na hierarquia vertical
da transmissão do conhecimento,
na qual se sentem superiores ao
aluno e exigem respeito com base
nessa premissa equivocada. “Um
educador experiente e bastante
humilde consegue reconhecer essa
diferença e estimular a troca na
diversidade, enriquecendo a todos,
principalmente a si”.
petências adequadas às demandas do século 21 (saiba mais sobre o
Programa Escola Inovadora na página 20).
maio 2011
19
Escolas
Inovadoras
De olho
no futuro
AI/Guilherme Pupo
André Caldeira, diretor-presidente da
Aymará Educação, fala sobre o Programa
Escola Inovadora e as razões da proposta
da empresa para articular Literatura,
Competências para o século 21 e Tecnologia com as áreas do conhecimento.
Quais os principais objetivos
do Programa Escola Inovadora?
Nosso maior objetivo é apresentar para
escolas particulares uma solução nova,
diferenciada, que venha ao encontro do
que as famílias e, por consequência, as
André Caldeira
escolas buscam: um programa pedagógico que desenvolva competências fundamentais, como leitura, protagonismo,
cidadania e uso adequado da tecnologia,
de acordo com o currículo e com as áreas
do conhecimento.
Para quem é destinado esse
programa?
Para escolas particulares que buscam
soluções de vanguarda, inovação e diferenciação em sua proposta pedagógica
e nos materiais didáticos adotados. São
escolas preocupadas em oferecer educação de altíssima qualidade e que, além
disso, estão atentas às novas tecnologias
e às competências que os alunos devem
Hoje, mais do que nunca, a escola ocupa
um papel muito importante na formação
de uma criança, principalmente em uma
sociedade em que os pais têm cada vez
menos tempo para se dedicarem à educação dos seus filhos e, por isso, buscam
soluções cada vez mais eficazes. Os pais
querem ter certeza de que os filhos estão
sendo adequadamente preparados e de
que suas competências essenciais estão
sendo desenvolvidas. Os pais querem ver
em seus filhos o aprendizado dos saberes
tradicionais, mas, tão importante quanto,
querem que seus filhos aprendam a ler
o mundo, que sejam leitores autônomos,
que se conheçam e expressem da melhor
forma suas potencialidades, que sejam cidadãos ativos e responsáveis, que façam
uso adequado e consciente da tecnologia.
E o Programa Escola Inovadora traz exatamente esta proposta.
Como a leitura e a literatura
estão contempladas neste
programa?
A Aymará Educação tem uma experiência
grande e reconhecida em leitura e literatura. Acreditamos que, ao desenvolver
desenvolver, tanto em termos pessoais
um aluno leitor, estamos criando um
como em termos curriculares.
trampolim no processo de aprendizagem
“Articulação é a palavra-chave
do Programa Escola Inovadora.
Articulamos os conteúdos
curriculares com Literatura, com
competências relevantes para o
século 21 e com tecnologia.”
A
ndré Caldeira
20 maio 2011
Qual a expectativa da aceitação das famílias?
do aluno. Como leitor autônomo, este
aluno certamente vai entender melhor
seu mundo, vai aprofundar suas ideias,
questionar pontos de vista e compreender
melhor, inclusive, as áreas do conhecimento.
“O Programa Escola Inovadora é voltado para escolas
que buscam recursos pedagógicos que desenvolvam
competências fundamentais, como leitura, protagonismo,
cidadania e uso adequado da tecnologia, de acordo com o
currículo e as áreas do conhecimento.”
A
ndré Caldeira
O programa dá grande ênfase
à articulação. Por quê?
Articulação é a palavra-chave do Programa Escola Inovadora. Articulamos as
áreas do conhecimento com a literatura,
com as competências relevantes para o
século 21 e com a tecnologia. Tudo isso
é articulado com serviços pedagógicos
diferenciados e consistentes, que dão
Sobre a
Aymará Educação
apoio constante para educadores e escolas adotantes do programa.
A escola interessada terá que
comprar todos os recursos?
Cada escola é diferente e está inserida
em uma realidade distinta. Por isso, nosso
conceito oferece flexibilidade de adoção,
com opções de recursos modularizadas,
para procurar atender às necessidades
individuais de cada escola.
Quem são os profissionais
envolvidos na produção do
material?
Para a produção do Programa Escola
Inovadora, contamos com um time de
talentos formado por mais de 80 pessoas. A abordagem da equipe é a de uma
empresa de educação, que trabalha o
editorial em conjunto com a tecnologia
educacional. Toda a produção é feita
com a preocupação de que tudo o que
estamos criando e desenvolvendo seja
o melhor possível. Para isso, investimos
muito em sondagens e pesquisas formais,
nas principais praças do País, para avaliar
as soluções existentes no mercado e para
ajudar na concepção do Programa Escola
Inovadora. 
A Aymará Educação acredita na educação
para a transformação das pessoas,
escolas, empresas e cidades. Com
esse foco, iniciou suas atividades em
2005 com o propósito de investir em
projetos diferenciados e inovadores,
desenvolvendo produtos e serviços em
diversas mídias e atendendo aos mais
variados públicos: de escolas públicas e
privadas, da Educação Infantil ao Ensino
Médio, a instituições de Ensino Superior,
na modalidade EAD.
Para o mercado corporativo, produz
conteúdo específico e adaptado à
realidade das empresas, além de outros
recursos didáticos próprios. Na área
editorial, tem em seu portfólio livros
didáticos, paradidáticos, transdidáticos
(Coleção Cidade Educadora), de literatura,
obras de referência, audiolivros e livros
para educação a distância, educação
de jovens e adultos, para a formação de
professores e educação especial.
Na área de tecnologia educacional, oferece
soluções inovadoras e convergentes,
que incluem conteúdos interativos
( e-learnings ), Ambientes Virtuais de
Aprendizagem (AVAs), audiolivros, vídeos
educativos, redes sociais e outras
ferramentas. Para saber mais, acesse:
www.aymara.com.br.
maio 2011
21
Leitura
por Brisa Teixeira
Leitura: janela
aberta
para o mundo
A leitura deixou de ser apenas um instrumento de
alfabetização. Ela ocupa cada vez mais espaço como suporte
para a compreensão do mundo.
22 maio 2011
“Quando o leitor se sente
próximo do texto, mais
facilmente ele se deixa envolver
pelo que lê e seguramente vai
querer ler mais e mais”.
Marta Morais da Costa
“Meus filhos terão computadores, sim, mas antes terão livros”. Essa frase, quem
diria, foi dita certa vez pelo multimilionário da informática Bill Gates. Ele sabe muito
bem o fascínio que a tecnologia desperta nas crianças, mas destaca a preocupação
de que ela não deve substituir o livro.
Os baixos números da leitura no Brasil – onde 45% da população é classificada
como “não leitora”, ou seja, não leu nenhum livro no período de um ano – têm mobilizado educadores, mídia e governo em ações a favor da melhoria dos índices e da qualidade da leitura nas escolas brasileiras. Já a população leitora lê, em média, 1,3 livro
AI/Guilherme Pupo
por ano. Quando incluídas as obras didáticas e pedagógicas, o número sobe para 4,7.
Os dados estão na pesquisa “Retratos
atuação mais competente do leitor. Isso
da leitura no Brasil”, feita com 5.012
tudo incentivado com atividades lúdicas,
pessoas em 311 municípios de todos os
criativas e mobilizadoras da sensibilidade
Estados, em 2007. A mesma pesquisa
e do imaginário dos leitores”.
revela que a maior influência para a formação do hábito da leitura vem dos pais,
e é na escola que o hábito se consolida.
Para Marta Morais da Costa, doutora
Marta Morais da Costa
em Literatura Brasileira pela Univer-
Divulgação
sidade de São Paulo (USP) e diretora
do conselho pedagógico da Aymará
Educação, uma das maneiras de incentivar a formação de novos leitores e o
amadurecimento dos já existentes é
a valorização da leitura de diferentes
gêneros textuais, que irá amadurecer
no leitor diferentes habilidades. “Se à
Sandra Bozza
leitura de textos verbais for acrescida
a leitura de diferentes linguagens – a
visual, a gestual, a de movimentos, por
exemplo –, cresce a possibilidade de uma
Culpa da metodologia
A educadora Sandra Bozza – professora de Linguística, Metodologia de
Ensino da Língua Portuguesa, Literatura
Infantil e Práticas Alfabetizadoras – acredita que o pouco interesse pela leitura
por parte dos alunos brasileiros tem sua
origem na metodologia do ensino de Língua Portuguesa. E isso, segundo ela, vem
desde a Educação Infantil. Sandra explica
que, não raro, as crianças de algumas
escolas são colocadas em situação de
aprendizagem da gramática normativa
ou de sílabas e palavras e, como isso
não é do universo vivenciado pelo aluno
(não está nas mídias eletrônicas nem no
cotidiano familiar, por exemplo), não se
estabelece relação entre o ato social da
leitura e aquilo que o aluno é obrigado a
Dificuldades dos brasileiros
vivenciar em situação de aprendizagem
17% leem muito devagar
escolar. “Somente um professor que é
7% não compreendem o que leem
11% não têm paciência para ler
7% não têm concentração
capaz de compreender o valor social da
leitura e da escrita será capaz de ensinar
Fonte: Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 2007.
a ler e a escrever com competência”
(continua na página 26).
maio 2011
23
24 maio 2011
maio 2011
25
Leitura
O brasileiro não lê
Shutterstock/Photocriate
54% por falta de tempo
34% possuem outras preferências
19% por desinteresse
18% por falta de dinheiro
15% por falta de bibliotecas
Fonte: Pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, 2007.
Práticas de letramento
1
Criar um ambiente de letramento
Na cultura contemporânea, muitos
são os suportes e textos que circulam no cotidiano. Cartazes, folhetos,
imagens, publicidades, jornais,
revistas, contas, documentos e
muitos outros exemplos. Usando
esse material, o professor estimula
práticas leitoras variadas, reais e
de uso social.
Fonte: Marta Morais da Costa.
26 maio 2011
2
Dar o exemplo
Um professor que não demonstra
em sua prática que a leitura, os
livros e as múltiplas linguagens
são de seu interesse e fazem parte
de sua atividade diária, terá muita
dificuldade em convencer e demonstrar que ler é uma ação necessária
para o crescimento pessoal, cultural
e social.
3
Compartilhar leituras
Professores são mediadores do
conhecimento e interlocutores
maduros para a troca de experiências de leitura e de significações
resultantes da ação de interpretar.
Rodas de conversa, clubes de
leitura, relatos sobre textos lidos
e apreciados, resenhas críticas
oralizadas e troca de informações
(escritas ou não) constituem
formas de trabalhar para obter
um compartilhamento de textos e
significações.
45% da população brasileira é classificada como “não leitora”,
ou seja, não leu nenhum livro no período de um ano.
A descoberta de cada um
“A leitura tem de ser uma descoberta
pessoal”, defende Gabriel Perissé, doutor
em Filosofia da Educação pela Faculdade
de Educação da Universidade de São Paulo (USP). “Kafka dizia que cada um tem
de ser a sua própria lição de casa. Cada
leitor precisa criar-se como leitor e cada
um pode começar por onde quiser”. Isso
significa procurar expor-se aos livros,
deixar-se conquistar por eles, visitar
livrarias, frequentar bibliotecas e arriscar
essa ou aquela leitura.
O educador Geraldo Almeida, doutor
em Teoria Literária pela Universidade
Federal do Paraná (UFPR), indica leituras diferentes daquelas propostas pelas
escolas. Para ele, nada como a liberdade
de escolha. Deixar o aluno ler o que ele
quiser. “Ninguém começa lendo Machado
de Assis. Muitas crianças e adolescentes
começam com histórias em quadrinhos.
Isso já é um bom começo”, acredita.
Para a escritora Benita Prieto, a contação de histórias também é fundamental
no processo de formação dos leitores. Ela
ajuda o desenvolvimento do raciocínio, a
construção do pensamento estruturado, a
4
Diversificação de suportes
Textos em diferentes suportes
(telas, impressos, corpos, objetos, por exemplo) exigem do leitor
diferentes posturas, modos de ler e
de atribuir significados. A familiarização com essa produção cultural
amplia horizontes e resulta em
maturação leitora e segurança
expressiva.
ampliação do imaginário, a vivência das
como é o computador, a televisão e outras
emoções e a potencialização dos afetos.
mídias”.
“Se isso acontece desde o início da vida,
facilitam-se a promoção da leitura e a
aproximação com a literatura.”
Professor leitor
“Estar atualizado nas questões sobre
a formação do leitor e estar continua-
Visão ampla
mente formando-se leitor são exigências
Na opinião da professora Sandra
naturais para um bom professor. Afinal,
Bozza, crianças da Educação Infantil
quanto mais consistente e amadurecida
podem se interessar pela leitura quando
for a capacidade do professor de interpre-
são levadas a conhecer parlendas (rimas
tar textos, melhores serão suas condições
infantis para divertir), poemas, trava-
para tornar leitores os seus alunos”, diz
línguas, adivinhas e letras de músicas.
Marta. Para ela, a formação de um leitor
Já no Ensino Fundamental, o professor
é ilimitada e interminável, e um bom
terá de levar, para serem refletidos na
professor não se constitui sem a compe-
sala, textos que circulam socialmente,
tência leitora. “Como formar leitores se
cuja discussão seja sobre as ideias que o
o profissional encarregado dessa função
texto veicula e sobre como os conteúdos
não lê com eficácia nem gosta de fazê-
de Língua Portuguesa se organizam
-lo?”, pergunta.
para tornar o texto claro e coeso. “Com
E o mais importante nesta jornada é
essa ação sistemática, o aluno pode
que professores leitores têm habilidades
constatar que ler pode ser interessante
para argumentar, fascinar e produzir em
e dinâmico, pois a diversidade de textos
sala de aula um ambiente favorável ao
trabalhados proporcionará uma visão
diálogo e à provocação intelectual. São
mais ampla da realidade social. Isso
mágicos que transformam textos abstra-
refletirá diretamente na relação do aluno
tos em histórias inesquecíveis e ajudam
com a escrita e fará com que a escola seja
a enriquecer a já fértil cultura brasileira
apenas mais uma janela para o mundo,
também pela palavra escrita. 
5
Seleção e adequação de textos
Um bom profissional formador de
leitores tem bom repertório cultural, capaz de lhe fornecer exemplos
diversificados e que podem ser
adequados a diferentes públicos e
situações. Quando o leitor se sente
próximo do texto, mais facilmente
se deixa envolver pelo que lê e
seguramente vai querer ler mais
e mais.
6
Planejamento de práticas
leitoras
Um bom projeto para a formação
de leitores não abre mão de planejamento prévio. Saber quais
leitores atingir, suas situações e
conhecimentos anteriores (“capital
cultural”), o grau progressivo de
dificuldades a serem vencidas, os
objetivos, o material adequado à
idade e ao interesse dos leitores iniciantes, o entusiasmo do mediador
e seu conhecimento sobre a leitura
são qualidades indispensáveis
para um bom projeto de formação
de leitores.
maio 2011
27
Crônica
por CELSO ANTUNES
O que esperar de um mundo
Escrevo com meu computador apoia-
Há um abismo de diferenças entre
permanecerá se nenhuma força ou ação a
do em uma mesa. Sobre o tampo de vidro
existir e viver, ainda que, na pressa com
tirar de seu lugar. O pedaço de madeira,
que o ampara, existe também um pedaço
que percebemos as palavras, poucos no-
ao contrário, não existia até se tornar
de granito que encontrei em minha ca-
tem essa desigualdade. O existir é frio,
árvore ou arbusto e assim atravessar o
minhada de ontem. Enquanto escrevo,
sem emoções, incapaz de sentimentos e
ciclo de uma existência, que o levará à
lanço um furtivo e enciumado olhar a essa
percepções. Viver é bem mais que existir,
inevitável transformação. Hoje é pedaço
rocha. Descubro os belos veios escuros
ainda que a existência possa ser perene
de pau, amanhã poderá ser tampa de uma
que se desenham na massa quase branca.
e a vida sempre transitória. O cérebro de
caixa ou alimento e, um dia, vermes se
Esse pedaço de granito é real, autêntico
um cão talvez não cogite sobre a diferen-
encarregarão de seu fim.
e belo. Ele efetivamente existe.
ça entre existir e viver, mas todo cérebro
Lá fora, no jardim, Negus, meu que-
humano percebe a diferença.
Uma pessoa, tal como um cão, cumpre também um ciclo existencial e, quem
rido e velho vira-lata, espera impaciente
“Existir” vem do latim existere e sig-
sabe, continuará a existir por meio de
por meu assobio que o convida para uma
nifica ter uma existência real. Uma pedra,
sua obra, se fará presente em alguma
volta. Vez por outra emite um tímido
um pedaço de madeira e uma pessoa
saudade ou lembrança algum tempo após
grunhido, como a me lembrar de que
que olhamos possuem existência real e,
sua extinção. Para a pedra, existir é sina
não devo esquecer o passeio. Finjo que
dessa forma, podemos tocá-los, mas en-
perene, para a madeira, circunstância
o ignoro, mas meu olhar o descobre ali,
tre eles existem diferenças substanciais.
atemporal, e para o homem, uma possi-
estático e atento. Esse cão é real, autênti-
A pedra não possui vida e foi formada
bilidade que se prolonga muito ou pouco,
co e belo. Ele não apenas existe, ele vive.
geologicamente, impassível ao tempo ali
mas que resiste à vida e se perpetua em
28 maio 2011
mais veloz que a luz?
obra ou se esfumaça na lembrança.
as pessoas existem mais intensamente
Este ensino é hoje possível e nele
“Viver” também tem origem latina e
quando aprendem a viver. É esse o magní-
acreditamos. Não é necessário que se
vivere expressa a ideia de possuir vida,
fico sentido das palavras de Oscar Wilde:
realize a cruel verdade declamada pelo
quase como o existir. Mas viver é bem
“Viver é a coisa mais rara do mundo, a
poeta Francisco Otaviano há muitos anos:
mais que apenas existir. Viver expressa
maior parte das pessoas apenas existe”.
“Quem passou a vida em brancas
precisar ser arquiteto, escultor, fotógrafo
Mas o que significa “aprender
a viver”?
ou músico – aprender a admirar os velhos
E, com essa singela pergunta, alcan-
monumentos, deliciar-se em museus e
ça-se a resposta para o título. Ensinar a
exposições de pintura, arrepiar-se de
viver é saber despertar a sensibilidade do
emoção ao assistir a concertos. Viver é
aprendiz e, dessa forma, fazê-lo protago-
anular a solidão por sentir plenamente a
nista efetivo de seu tempo. Ensinar a vi-
natureza e o mundo que se transforma.
ver é se valer dos recentes estudos sobre
fome de sabedoria. Viver significa – sem
É muito breve o viver e há muito a
a mente humana e ajudá-lo a administrar
aprender, mas quem não aprende na
e domar sua atenção. Quem aprende a ser
verdade não vive, não existe. A pedra não
extremamente atento, quem tem olhos
aprende a ser pedra, o pedaço de madeira
e ouvidos abertos à plena sensibilidade
não precisa aprender a ser o que é, mas
sabe viver.
nuvens e em plácido repouso adormeceu,
quem não sentiu o frio da desgraça, quem
passou pela vida e não sofreu foi espectro
de homem, não foi homem, só passou pela
vida, não viveu.” 
Divulgação
desejo de usufruir, vontade de aprender,
Celso Antunes
Educador
maio 2011
29
Tecnologia
por Brisa Teixeira
Do livro às
mídias sociais
Professores e alunos: diferentes realidades dividindo o mesmo espaço na sala de aula.
Alberto tem 15 anos e está se preparando para o retorno às aulas depois
de dois meses intensos de férias. Nesse
período, ele viajou para a casa de seus
primos e passou a maior parte de seu
tempo livre no bate-papo na Internet,
fazendo download de músicas, visitando
os vídeos mais procurados do YouTube,
tuitando e postando fotos das férias nas
redes sociais. Depois de curtir muito,
Alberto já estava com saudades da escola
e não via a hora de encontrar seus amigos
e, é claro, mostrar o seu novo celular que
tira fotos e também filma. Chegando à
escola, ele cumprimenta seus amigos e,
ansioso, espera a primeira aula.
30 maio 2011
A aula é de Geografia e, rapidamente, Alberto se lembra do dia em que estava com
seus primos explorando as páginas do Google Earth, no qual foi possível visualizar a
distância entre a sua casa e a de seus primos. Passados mais de 20 minutos de aula,
Alberto sente um desconforto e, já cansado, percebe que nos próximos 30 minutos
restantes professor e alunos passarão a aula lendo o livro didático e anotando no
caderno o que foi passado no quadro. Assim que termina a aula, Alberto decide falar
com o professor e pergunta: “Professor, quando vamos utilizar o computador?”. Nesse
momento o professor lembrou que não estava preparado para dar aulas utilizando
tecnologia e se esquiva da pergunta. Ficando evidente a realidade de dois mundos
distintos: a do professor, parado no tempo, e a dos alunos, que voa na mesma velocidade que as inovações tecnológicas.
Essa história, embora fictícia, ainda é a realidade de muitas escolas brasileiras,
sejam elas públicas ou particulares. Para o americano David Thornburg, um dos maio-
“Quando minha geração desaparecer, não haverá mais esta
exclusão digital no que diz respeito ao acesso. Mas, na
sociedade da Internet, o complicado não é saber navegar, mas
saber aonde ir, onde buscar o que se quer encontrar e o que
fazer com o que se encontra. Isso requer educação.”*
Manuel Castells
*Entrevista do sociólogo para o jornal espanhol El País, em janeiro de 2008
maio 2011
31
Tecnologia
Informações
disponíveis
precisam de
seleção rigorosa
“os Estudantes precisam aprender a
compreender e a produzir textos nos gêneros
linguísticos das plataformas digitais, como os
posts de blogs, de comunicadores instantâneos
como o MSN, de miniblogs como o Facebook e
Twitter, mensagens de SMS e de e-mails.”
Marcos Cordiolli
res especialistas mundiais em tecnologia na educação, o ideal é que se tenham
computadores disponíveis sempre que necessário na escola e que as tecnologias
trazidas pelos alunos, como os smartphones, sejam usadas como recursos de
aprendizagem. Mas de nada adianta, diz ele, que isso ocorra se os professores
não perceberem a importância da tecnologia para as crianças e adolescentes.
“Primeiro, os professores precisam ser usuários eficazes da tecnologia, saber
utilizá-la e entender o seu uso no ambiente educacional.”
Quem concorda com ele é Sonia Cristina Vermelho, doutora em Educação.
Para ela, quem faz, explora e atribui significado aos artefatos midiáticos e
tecnológicos são as pessoas que os utilizam. Tal apropriação é fortemente marcada por um processo de identificação, que “abre as portas” para situações de
aprendizagem muito ricas e criativas.
32 maio 2011
A facilidade de acesso à Internet
requer dos professores a promoção de formas de seleção das
informações disponíveis. “Apenas
parte do conteúdo que está na
Internet tem lastro acadêmico ou
de confiabilidade. Não se trata de
censura, mas de orientar a busca
de sites que disponibilizam saberes respaldados por instituições
acadêmicas ou por especialistas”,
defende Marcos Cordiolli.
Estudantes, segundo ele, precisam aprender a compreender
e a produzir textos nos gêneros
linguísticos das plataformas digitais, como os posts de blogs,
de comunicadores instantâneos
como o MSN, de miniblogs como
o Facebook e Twitter, mensagens
de SMS e de e-mails e ainda as
composições para as homepages.
“Eles precisam dominar estes
gêneros para produzir e disponibilizar conteúdos.”
Com professores e alunos adaptados aos novos meios de ensinar e aprender, a escola, explica
Cordiolli, vai se consolidar como
um espaço de aprendizagem de
linguagem, de reflexão crítica,
de sistematização e produção
de conhecimentos. “Os pais e
professores serão os que vão
coordenar processos e orientar
os filhos e estudantes a construir
conhecimentos para além das informações e devem estar vigilantes aos perigos das vias digitais”,
alerta o educador. Neste contexto,
continua ele, a superação dos limites disciplinares potencializa as
ações educativas, pois os temas
de estudos podem ser tratados
de diferentes formas, sendo que
o controle dos conteúdos e das
linguagens não está mais restrito
aos professores.
Dicas de
livros e site
LIVROS:
• “Uma Escola Sem/Com Futuro – Educação e Multimídia”, de Nelson De Luca Preto, Ed. Ibepex
• “Novas Tecnologias de Informação e Comunicação em Redes Educativas. Diálogos entre Praticantes da
Educação”, organização de Josias Pereira, Ed. ERD
• “Tecnologia e Educação – As Mídias na Prática Docente”, organização de Wendel Freire, Ed. WAK
SITE:
• www.webparaeducadores.blogspot.com, um blog sobre como utilizar as tecnologias na educação.
Flexibilidade
Para Marcos Cordiolli, mestre em
Educação pela PUC-SP, na medida em que
a organização do trabalho pedagógico
na sala de aula for flexibilizada e aberta,
melhor será a condição de interação entre a escola e as tecnologias. “Na escola,
as formas de tratamento dos conteúdos
sobre a sociedade, a natureza, os esportes e a arte estão mudando rapidamente,
graças aos materiais disponibilizados na
nuvem digital”, explica. A dificuldade
maior, acredita Cordiolli, está nas formas
e nas condições em que professores e
currículos estão se adaptando a esta
nova situação.
nais, como Geogebra e Celestia, estão
e redirecionamento estratégico Marcos
disponíveis gratuitamente.”
Telles. Ele ressalta que nenhum professor
resiste à mudança porque se trata de uma
Inovação
Embora possa ser agradável para
cada criança ter um computador na escola, isso pode não ter qualquer impacto
sobre a educação se as ferramentas não
forem utilizadas com eficácia. A observação é de Thornburg, que defende que
as grandes mudanças devem ocorrer no
aspecto pedagógico e não no tecnológico. O desafio, diz ele, é estabelecer uma
política que todos entendam o uso eficaz
dessas ferramentas. “Se os telefones
celulares são usados em apoio à apren-
“Se não forem bem feitas, estas
dizagem do estudante, essa atividade
mudanças no currículo e no plano peda-
é recomendada. Se ela interfere nega-
gógico podem levar ao desperdício de
tivamente, não é. Muitas escolas ainda
investimentos”, afirma David Thornburg.
têm uma política de ‘nenhum telefone
É preciso, segundo ele, estar atento às
celular’. Eu não acho que isso seja uma
oportunidades oferecidas pelos softwa-
boa ideia a longo prazo.”
res. Ele exemplifica que há muitos pro-
Usar tecnologia em sala de aula requer
gramas poderosos que estão disponíveis
infraestrutura, atividades pedagógicas e
sem nenhum custo, levando as escolas a
um modelo mental aberto à inovação, não
economizar muito dinheiro por muitos
só por parte do professor, mas de diretores
anos. “O OpenOffice é um software livre
e coordenadores. “Sem o claro envolvi-
que faz tudo o que você faria com progra-
mento da direção, dificilmente a adoção
mas comerciais como o Microsoft Office.
de inovações será bem-sucedida numa
Além disso, bons programas educacio-
escola”, acredita o consultor em mudança
mudança. “Ele resiste, legitimamente,
às perdas e inseguranças normalmente
associadas às mudanças. Por isso, o processo de adoção de tecnologia em sala
de aula tem que ser visto, desenhado e
gerido como um processo de mudança.”
Em relação aos alunos, a aceitação
é imediata, pois a proposta possibilita
a prática e o desenvolvimento da criatividade de forma lúdica. A opinião é da
educadora Silvana Zilli, especializada em
robótica. Segundo ela, o professor deve
saber organizar e estimular situações de
aprendizagem, promover trabalhos em
equipe, usar os recursos tecnológicos
e outros materiais relacionados, a fim
de promover seu uso efetivo aplicado
à metodologia orientada ao trabalho
educacional. “O professor, ao trabalhar
com a robótica educacional, por exemplo,
tem um papel de facilitador e mediador
durante todo o processo. Para isso, além
de promover a aprendizagem, ele deve
favorecer aspectos sociais, propondo desafios e estimulando uma ampla reflexão
dos conceitos que envolvem o trabalho,
propiciando o desenvolvimento da análise
crítica”, explica Silvana. 
maio 2011
33
Comportamento
Isto é
problema seu
por Luciana Zenti
O bullying é a mais perversa face da violência escolar. Saber reconhecer
e combater esse tipo de ação é uma tarefa de todos: professores, pais,
funcionários e alunos.
Se você trabalha com educação,
tão” – justamente o significado da palavra
Em outras palavras: o bullying é
certamente já ouviu a palavra bullying.
inglesa bully, que deu origem ao termo
um problema seu. E de todos nós. “A
Nos últimos meses, o tema tomou conta
conhecido hoje como bullying. A ação, no
sociedade tem se conscientizado sobre a
das rodas de discussão em torno de dois
entanto, nem sempre envolve apenas dois
gravidade desse tipo de violência”, diz a
casos bastante graves. Austrália, março
alunos. Muitas vezes a agressão contra a
pedagoga Aloma Felizardo, que, ao lado
de 2011. Um vídeo que mostra uma briga
vítima é feita por um grupo que se forma
de Elenice, fundou o programa Bullying
de escola ganhou o mundo pela Internet.
na própria escola e passa a agir contra
e ciber bullying : o combate de todo
Nas imagens, um garoto coloca um ponto
determinado estudante.
brasileiro. Por meio de palestras, levam
final na perseguição que sofria agredido
por um colega menor (saiba mais no box
Problema antigo
informações a professores de diversas
partes do Brasil. Para elas, a tragédia
da p. 37). Rio de Janeiro, abril de 2011.
O bullying sempre existiu. O que
no Rio de Janeiro acordou o Brasil para
Uma tragédia envolvendo um ex-aluno
chama a atenção é que os casos têm se
o problema. “Infelizmente este será um
de escola pública, suposta vítima de
tornado cada vez mais frequentes. “A
marco nacional e internacional”, lamenta
bullying, chocou o País. Doze crianças
violência escolar vem crescendo há muito
Elenice.
foram mortas a tiros.
tempo, mas só agora estamos tendo co-
O assunto é tão sério que foi incluído
Diante dessas notícias, o questiona-
nhecimento”, alerta a psicopedagoga Ele-
em uma pesquisa nacional do Instituto
mento é inevitável: você, como professor,
nice Silva, autora do livro Corredores de
Brasileiro de Geografia e Estatística
se sente 100% preparado para lidar com
Justiça, que trata do combate ao bullying.
(IBGE) sobre a saúde dos estudantes,
esse tipo de violência na sua escola? O
Por isso, a formação de professores e de
divulgada no ano passado. O estudo fez
bullying é uma agressão física ou emo-
toda a equipe que trabalha nas escolas
um retrato do bullying em 6.780 escolas
cional que se caracteriza pela escolha de
é primordial. “Antigamente o papel da
brasileiras, a partir de respostas forne-
um alvo. Acontece de forma repetitiva e
escola era ensinar. Hoje, é preciso se
cidas por alunos do 9° ano do Ensino
envolve o desequilíbrio de forças entre os
preocupar também com a socialização,
Fundamental, e mostrou que 25,4% já
envolvidos. Nessa forma de violência es-
que influencia no comportamento e na
foram vítimas desse tipo de violência. Os
colar, há sempre o mais fraco e o “valen-
cidadania”, completa Elenice.
casos mais graves, em que a agressão é
34 maio 2011
Ilustração de Marcos de Mello
Dicas de
livros e site
Livros:
constante, afetam 5,4% dos estudantes.
campanha Aprender sem medo, que é
Na maioria, meninos de escolas privadas.
desenvolvida em sintonia com as ações
Entre as capitais, a campeã da violência
globais. O foco está na formação de pro-
é o Distrito Federal, seguido por Belo
fessores e no desenvolvimento de progra-
Horizonte e Curitiba.
mas preventivos que trabalham também
Outra pesquisa recente foi realizada
com os estudantes e suas famílias. A
pela organização não governamental Plan
ideia é envolver toda a sociedade para
International, que trabalha com o desen-
que seja possível criar um ambiente de
volvimento da criança e do adolescente
aprendizagem seguro, justo e solidário.
em 60 países. Os números mostram que
A pesquisa também chama a atenção
o bullying faz parte de um clima genera-
para um dado interessante. A maior parte
lizado de violência no ambiente escolar.
dos casos acontece com adolescentes de
Dos jovens que responderam à pesquisa,
idade entre 11 e 15 anos. “Na entrada
70% afirmaram ter presenciado cenas
da adolescência, as meninas começam
de agressões entre colegas. Outros 30%
a formar ‘panelinhas’ muito fechadas e
afirmaram terem sido vítimas pelo me-
podem isolar alguma colega”, explica o
nos uma vez, e 10% sofreram agressões
psicólogo Marcos Meier, que é mestre
frequentes. Dados bastante próximos dos
em Educação pela Universidade Federal
apresentados pelo IBGE.
do Paraná (UFPR). “Já os meninos fazem
No Brasil, a ONG lançou em 2008 a
• “Ciberbullying: Difamação
na Velocidade da Luz”, de
Aloma Ribeito Felizardo, Ed.
Willem Books.
• “Corredores de Justiça:
Combatendo a prática
do bullying nas escolas,
educando uma sociedade
para a paz”, de Elenice Silva,
Ed. do autor.
• “Bullying escolar:
perguntas e respostas”, de
José Augusto Pedra e Cleo
Fontes, Ed. Artmed.
• “Bullying: o que você
precisa saber”, de Lélio
Braga Calhau, Ed. Impetus
site:
• No www.plan.org
você encontra diversas
publicações produzidas pela
Plan Brasil direcionadas a
professores e pais.
o bullying por meio da agressão física.
maio 2011
35
Comportamento
“A maior dificuldade para
acabar com o bullying é que
muitas pessoas, inclusive
pais e professores,
acreditam que se trata
apenas de uma brincadeira
da idade, saudável para
o amadurecimento das
crianças”
Aloma Felizardo
O cenário
da violência
vezes chega a acreditar que merece ser
Quando a violência se instala na esco-
tenta se proteger procurando a presença
la, todos são prejudicados: quem provoca,
de um adulto. Pede ao professor para fi-
quem sofre e quem assiste. Por isso o
car em sala de aula na hora do recreio ou
educador Marcos Meier defende que a
está sempre na biblioteca. Nos trabalhos
escola esteja permanentemente atenta.
ou jogos, é a última a ser escolhida pelo
“Um simples apelido pode ser uma porta
grupo. Nunca faz perguntas nem tem dú-
de entrada para o bullying”, diz. Quando
vidas. O desempenho escolar muda e as
o professor não dá importância ao fato,
faltas são constantes. Em geral, as notas
repassa aos alunos a mensagem de que
caem, mas há casos em que o isolamento
aquilo é uma atitude aceitável. Com isso,
faz com que o aluno tenha um rendimento
inicia-se um círculo vicioso. “Colegas pró-
acima do que vinha apresentando.
ximos do agressor repetem o mau com-
Em casa, o aluno perseguido pode
portamento e passam também a agredir
apresentar dificuldades para dormir, ter
o colega mais frágil”, completa. “A maior
pesadelos e reclamar da escola ou da
professora – evita, assim, denunciar os
colegas e sofrer mais ataques. Nunca é
convidado para festas nem traz colegas
Aprenda a reconhecer os atores envolvidos na prática de bullying.
Vítima – apresenta alguma característica diferente, um traço físico
marcante, algum tipo de necessidade
especial, o modo de se vestir. A obesidade é uma causa comum. Também
podem ser alvos alunos com poder
aquisitivo superior ao dos colegas ou
meninas que se destacam pela beleza. Costumam ser pessoas tímidas,
inseguras e passivas.
Agressor – sempre espera que todos
façam suas vontades. Tem dificuldade
em se adaptar a regras e aceitar limites. Algumas vezes vem de família
na qual o comportamento agressivo
é tolerado e há pouco afeto. Busca
obter popularidade junto aos colegas
e ser aceito pelo grupo de referência.
É reconhecido à medida que seus atos
são observados e consentidos pela
omissão das testemunhas.
Testemunhas – os alunos que assistem às agressões também fazem
parte do cenário e contribuem para a
manutenção da violência escolar. São
a grande maioria da escola. Temem
serem as próximas vítimas, por isso
se calam. Mas sofrem por se sentirem
inseguros e incomodados.
36 maio 2011
Mal geral
perseguida por ser diferente. Na escola,
em casa. Em casos extremos, a criança
muda de escola, abandona os estudos e
pode tentar o suicídio.
dificuldade para acabar com o bullying é
que muitas pessoas, inclusive pais e professores, acreditam que se trata apenas
de uma brincadeira da idade, saudável
para o amadurecimento das crianças”,
diz Aloma. “Outras vezes a expressão
é banalizada e qualquer briguinha ou
Mitos comuns sobre o bullying
Se você, como professor, já disse ou ouviu alguma destas frases, fique atento. Levar o
problema a sério é o primeiro passo para mantê-lo fora da sua escola.
• O bullying sempre existiu. Por que eu deveria me incomodar com isso se os alunos
sempre se resolveram sozinhos?
A violência escolar não é novidade, mas está mais forte e conta com outros mecanismos,
como o ciberbullying. Além disso, as famílias estão mais ausentes, o que incita a escola
a trabalhar uma educação fundamentada em valores. “As ações pedagógicas devem
ser aplicadas de acordo com as características sociais e culturais de cada escola”, diz
a pedagoga Aloma.
• Isto faz parte da idade, é apenas uma fase que daqui a pouco passa.
O bullying não acontece apenas na idade escolar. Se não for combatido, pode ser levado
pelo agressor para toda a vida adulta, afetando o ambiente nas universidades e no trabalho. “Vivemos em sociedade e precisamos, desde cedo, aprender a conviver com os
outros respeitando as diferenças”, diz a psicopedagoga Elenice.
• É um problema do aluno que está sendo provocado. Ele é que deve reagir.
É papel do educador fazer sua parte para construir um ambiente escolar saudável. “O
desequilíbrio de forças é muito grande. Tem que haver respaldo dos pais, da coordenação
e dos professores. Não é só a vítima que tem que reagir”, diz o educador Marcos Meier.
Shutterstock
Reprodução
Assista na internet
Ciberbullying:
o inimigo virtual
Quer saber mais sobre a história de Casey
Heynes, o estudante australiano que ficou
conhecido na internet após se defender de
bullying? Por meio do código BEETAG ao
lado, você pode assistir no seu celular a uma
reportagem em que Casey e os envolvidos no
caso se pronunciam. Para assistir, basta seguir
os passos a seguir:
1. Com o seu celular, acesse www.phdmobi.com
2. Faça o download do leitor de códigos 2D
3. Abra o aplicativo e use a câmera (scan)
4. Mire ou fotografe o código 2D ao lado
5. Pronto. Você será direcionado ao conteúdo.
brincadeira de mau gosto é chamada de bullying”. É preciso deixar claro que a
ação que ocorre uma única vez não faz parte desse conceito de violência escolar.
Independentemente da razão que leva essas crianças e adolescentes a agredir
de forma tão cruel colegas tão próximos, a escola tem o poder de transformar
essa realidade. Um olhar atento deve recair sobre os autores da violência. “Não
podemos esquecer que esses agressores são crianças e adolescentes”, lembra
Marcos. Punir apenas não resolve o problema, pois faz com que eles se revoltem
e mantenham o mesmo comportamento quando estão longe dos olhos dos adultos.
“O ideal é que a escola assuma a responsabilidade de educar esse jovem para
que ele realmente entenda que suas atitudes provocam dor no outro”, completa.
Ou seja, proteger a vítima é o primeiro passo. Mas a escola só estará livre do
bullying se os agressores forem vistos como alunos que também precisam de
ajuda e de atenção. “O papel da escola é estar preparada. Ser um porto seguro
para formar e capacitar cidadãos fortes, que irão marcar sua geração por meio
da ética e da cidadania”, conclui Elenice. 
Quando o aluno usa recursos tecnológicos – como o computador ou
celular – para agredir sua vítima,
está praticando o ciberbullying.
Trata-se de uma versão moderna da
violência escolar. Difere do bullying
por se propagar mais rapidamente,
muitas vezes sem que o agressor
seja identificado. As armas usadas são os e-mails com conteúdo
maldoso, as mensagens anônimas
enviadas pelo celular e os falsos
perfis construídos em redes sociais
como Orkut, Facebook e Twitter.
Costumam ser divulgadas pelo
agressor fotomontagens e informações sigilosas ou mentirosas sobre
o colega, que acabam se espalhando entre os colegas de escola com a
velocidade de um vírus. Em pouco
tempo, o boato vira “verdade”. O
que muitos alunos desconhecem
é que a publicação de conteúdo
falso na Internet é crime. E os pais,
detentores da guarda dos filhos
menores de idade, é que podem
pagar por esses atos. “É preciso
promover a conscientização sobre
o uso ético, seguro e responsável
das ferramentas disponíveis na
Internet”, alerta a pedagoga Aloma
Felizardo. O desafio é mostrar aos
alunos que as agressões virtuais
têm o mesmo efeito daquelas que
acontecem na vida real. “Se um
aluno rouba a senha de um colega,
é como se estivesse roubando o
dinheiro da mochila dessa pessoa”,
destaca.
maio 2011
37
Para Pensar
por Mario Sergio Cortella
A educação transforma e
Qual é a sua escolha?*
Há uma natureza contraditória das
qualitativa da escola em nosso país.
como nossa sociedade se organiza, é
instituições sociais e, aí, a possibilidade
Para um otimismo crítico, o educador
construir coletivamente os espaços efe-
de mudanças; a Educação tem uma fun-
tem um papel político/pedagógico, ou
tivos de inovação na prática educativa
ção conservadora e uma função inovado-
seja, nossa atividade não é neutra nem
que cada um desenvolve na sua própria
ra ao mesmo tempo.
absolutamente circunscrita. A educação
instituição.
A escola pode, sim, servir para re-
escolar e os educadores têm, assim,
Assim desponta mais fortemente hoje
produzir as injustiças, mas, concomitan-
uma autonomia relativa, que pode ser
uma preocupação: não basta reafirmar
temente, é também capaz de funcionar
representada pela inserção da escola no
que o aumento da quantidade de cidadãos
como instrumento para mudanças; as
interior da sociedade como uma via de
na escola pública leva a uma queda da
elites a utilizam para garantir seu poder,
mão dupla, e não como em um otimismo
qualidade de ensino (com as causas já
mas, por não ser asséptica, ela também
ingênuo (com a escola totalmente inde-
apontadas); é preciso pensar uma nova
serve para enfrentá-las. As elites con-
pendente) nem um pessimismo ingênuo
qualidade para uma nova escola, em uma
trolam o sistema educacional, contro-
(com ela dominada inteiramente).
sociedade que começa, paulatinamente,
lando salários, condições de trabalho,
Os educadores estão, dessa forma,
a erigir a Educação como um direito sub-
burocracia etc., estruturando, com isso,
mergulhados nessa dupla faceta; nossa
jetivo de Cidadania e, portanto, inerente
a conservação; porém, mesmo que não
autonomia é relativa e, evidentemente,
a cada sujeito, a cada pessoa.
queira, a Educação por elas permitida
nossa determinação também é. Por isso,
Fortalece-se a percepção de que, no
contém espaços de inovação a partir das
não é uma questão menor pensar nossa
momento em que as classes trabalhado-
contradições sociais. Não é casual que as
prática nessa contradição; o prioritário,
ras passam a frequentar mais amiúde os
elites evitem ao máximo a universalização
para aqueles que discordam da forma
bancos escolares, os paradigmas pedagó-
38 maio 2011
reproduz a sociedade.
gicos em execução são insuficientes para
acesso. Não se confunda qualidade com
A democratização do saber deve se
dar conta plenamente desse direito social
privilégio; em uma democracia plena, só
revelar, então, como objetivo último da
e democrático.
há qualidade quando todas e todos estão
escola pública, na educação da classe
incluídos; do contrário, é privilégio.
trabalhadora (agora a frequentando em
A qualidade tem que ser tratada junto
Essa qualidade social, por sua vez,
maior número) com uma sólida base
rado o antigo e discricionário dilema da
carece de uma tradução em qualidade de
científica, formação crítica de cidadania
quantidade X qualidade. A democratiza-
ensino e, assim, a formação do educador
e solidariedade de classe social. 
ção do acesso e da permanência deve ser
necessita abranger o elemento técnico
absorvida como um sinal de qualidade
de especialização em uma área do saber
social.
(e a capacitação contínua) e também a
A qualidade na Educação passa, ne-
dimensão pedagógica da capacidade de
cessariamente, pela quantidade. Em uma
ensinar. A discussão sobre tal dimensão
democracia plena, quantidade é sinal de
envolve ainda temas mais amplos, como
qualidade social; se a quantidade total
a democratização da relação professor/
não é atendida, não se pode falar em qua-
aluno, a democratização da relação dos
lidade. Afinal, a qualidade não é obtida
educadores entre si e com as instâncias
por índices de rendimento unicamente
dirigentes, a gestão democrática englo-
em relação àqueles que frequentam
bando as comunidades e, por fim, como
escolas, mas pela diminuição drástica
objetivo político/social mais equânime, a
da evasão e pela democratização do
democratização do saber.
Divulgação
com a quantidade, não pode ser revigo-
Mario Sergio
Cortella
*Fragmentos, rearranjados pelo autor, de: CORTELLA, Mario Sergio. A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos. 13. ed. São Paulo: Cortez, 2009.
maio 2011
39
Gestão
por Rosiane Correia de Freitas
Liderar para fazer
acontecer
Dentro da sala de aula, é preciso orientar os alunos
e formar novas lideranças. Fora dela, é necessário
colaborar para uma melhor organização da
instituição de ensino.
Imagine uma sala de aula. Lá estão os alunos, o quadro-negro, as
carteiras e também, é claro, o professor. Imagine que o professor tem
domínio do conteúdo e os estudantes estão prontos a ouvi-lo. A campainha toca. Tudo está pronto para a aula começar. No entanto, falta um
elemento para termos certeza de que o processo de educação será bem-sucedido. Do que se trata? Estamos falando da capacidade do professor
em transformar aquele momento em algo instigante, que faça os alunos
se engajarem no processo.
A boa condução de uma aula é um fator que está ligado diretamente
a uma das principais competências exigidas de um professor: a liderança. Ser um líder em sala de aula, porém, não esgota todo o papel que a
liderança desempenha na vida profissional de um educador. O professor
deve ser um líder em tempo integral, não pode abrir mão dessa característica em nenhum momento.
“Essa liderança se expressa por meio do planejamento das atividades,
da implantação de um clima participativo e favorável à aprendizagem,
da garantia de que as tarefas serão desenvolvidas e do cumprimento dos
prazos, entre outros pontos”, afirma Júlio Furtado, doutor em Ciências da
Educação pela Universidade de Havana e reitor do Centro Universitário
Uniabeu, no Rio de Janeiro.
“É inconcebível um professor que não seja um líder. A ação educativa
no ambiente escolar pressupõe liderança”, afirma Furtado. Para ele, a
liderança exigida de um professor é necessária para “fazer acontecer”
e se divide em duas partes. Por um lado, existe a liderança dentro de
sala. Por outro, o professor precisa saber tomar a frente dentro da
40 maio 2011
Ilustração de Daniel Klein
própria organização, fazer com que as
àqueles que parecem ter naturalmente
coisas aconteçam da melhor maneira na
uma disposição para serem líderes. Não
instituição de ensino em que trabalha.
se trata, afinal, de criar líderes e lidera-
Júlio Furtado explica que, para a
dos, mas, sim, de dar a chance para que
escola, é fundamental ter profissionais
todos conheçam plenamente o seu poten-
com esse perfil. “Organizacionalmente,
cial e o levem ao máximo grau possível.
a escola não funciona sem uma liderança
Furtado dá algumas dicas de como
que facilite e promova a construção e ma-
isso pode ser integrado à prática cotidia-
nutenção coletiva de um projeto político-
na da sala de aula. Para ele, estimular o
-pedagógico. É por meio desse projeto
trabalho em equipe é fundamental. Mas
que a liderança da escola faz acontecer,
é preciso tomar alguns cuidados: garan-
mobilizando todos os envolvidos no
tir que os grupos não sejam sempre os
processo escolar (família, professores,
mesmos e que os líderes dentro de cada
alunos e comunidade próxima)”, diz.
equipe também se alternem. “Essas são
Reitor da Universidade de Lisboa,
ações essenciais do professor que se
o professor português Antônio Nóvoa
propõe a desenvolver a liderança em seus
concorda com a necessidade de liderança
alunos”, afirma.
dentro da organização da escola. E vai
Formar líderes dentro da sala de aula,
mais longe. Diz que é necessário haver
de acordo com Furtado, acaba sendo uma
líderes mesmo entre os professores,
das principais metas do bom professor. E
levando todo o corpo docente a funcio-
isso se consegue insistindo dia a dia na
nar melhor por meio do exemplo e da
criação de um ambiente que permita aos
iniciativa. “É urgentíssimo consolidar
alunos se desenvolverem. Como se faz
lideranças profissionais nas escolas, com
isso? “Propondo atividades em que os
base nos professores mais competentes e
alunos tenham a oportunidade de liderar.
mais prestigiados, de forma a enquadrar
Essas atividades precisam deixar claras
os ‘menos capazes’ e a definir práticas de
as atribuições do líder e como ele deve
avaliação do trabalho docente”, afirmou
agir. Devem, também, permitir a autoava-
em entrevista recente.
liação do aluno para que ele perceba os
Já a liderança dentro da sala de
aula, diz Furtado, concretiza-se no de-
pontos em que precisa melhorar”, ensina
o professor.
senvolvimento do potencial de liderança
Assim como os alunos, portanto, o
dos alunos. Cabe ao professor dar aos
professor também vai exercitando a sua
estudantes a chance de desenvolver seus
liderança no dia a dia e aprendendo com
talentos e permitir que todos, democrati-
ela. Afinal, educação, como se sabe, é um
camente, possam exercitar sua liderança,
aprendizado contínuo, até mesmo para
não dando essa oportunidade apenas
os líderes. 
maio 2011
41
Avaliação
Três em
um
Especialistas de três países debatem sobre a utilização
da avaliação como instrumento de gestão, tanto no
aspecto político quanto no pedagógico.
Shutterstock/PhotoCreate
Avaliar é o ato de investigar a qualidade, mensurar, documentar, analisar e
estabelecer planos de ação. Os sistemas de gestão não podem trabalhar com
garantias de que encontrarão o resultado esperado. No entanto, mensurar de
forma constante a avaliação de todos os processos escolares (incluídos aí serviços
e produtos) é uma ação fundamental para aqueles que buscam a melhoria e a
inovação em nome do crescimento e da continuidade das instituições de ensino.
Mas como usar a avaliação como processo de gestão?
42 maio 2011
Divulgação
Divulgação
Divulgação
Quem transforma é a gestão
Cipriano Luckesi (Brasil)
Sem esquecer a voz dos sujeitos
Almerindo Afonso (Portugal)
Professor do Programa de pós-graduação
da Faculdade de Educação (FACED)
e Universidade Federal da Bahia (UFBA)
Em qualquer tipo de gestão, a avaliação, por si, sempre foi e sempre será
um recurso que subsidia o processo.
A avaliação, por si, não resolve nada;
quem resolve é a gestão. O que ela
faz, então? Ela investiga a qualidade
dos resultados de uma ação e oferece
essa informação ao gestor, para que
este atue da forma mais adequada
frente aos objetivos que se tenha.
Isso significa que ela subsidia a
gestão de um projeto. Caso o gestor
deseje efetivamente produzir resultados significativos, a avaliação é
sua aliada. Nesse caso, necessita ser
aplicada como uma investigação, o
que exige recursos metodológicos
próprios da pesquisa. Isso implica
que os instrumentos de coleta de
dados a respeito do desempenho dos
educandos devem ser elaborados segundo as regras da metodologia científica. Nenhuma investigação será
realizada com êxito se o investigador
assumir definições prévias arbitrárias à pesquisa. Hoje, infelizmente,
em nossas escolas, os instrumentos
de coleta de dados para a avaliação
são insatisfatórios do ponto de vista
metodológico, o que leva o avaliador
e, consequentemente, o gestor ao
engano, seja na leitura da realidade
ou na intervenção. Desse modo, os
instrumentos não auxiliam a gestão.
Professor associado da Universidade do Minho
diretor do Mestrado em Sociologia da
Educação e Políticas
Mais rigor e preciosismo
Charles Hadji (França)
Professor emérito da Universidade Pierre
Mendès France Grenoble 2 de Filosofia
Na medida em que a avaliação permite obter informações de retorno
(o feedback) sobre o andamento de
um processo, ela é, por essência,
uma ferramenta de regulamentação.
Regular significa intervir no curso de
um mecanismo para mantê-lo dentro
de certos limites ou dirigi-lo para
certos padrões, os quais definem o
objetivo de um trabalho finalizado.
Para conduzir o processo, deve-se
ter: uma visão clara do objetivo; fazer um balanço periódico para saber
onde se está e ajustar suas ações às
informações recolhidas. Sempre se
pode melhorar, seja no nível político
ou educacional. Só são necessários
mais rigor e precisão no levantamento das informações recebidas. Por
exemplo, procurando-se indicadores
mais relevantes ou avaliações mais
informativas e objetivas que nos levarão a um resultado mais justo e útil.
A avaliação tem sido um instrumento
importante para ajudar na tomada
de decisões políticas, em diferentes
âmbitos e patamares dos sistemas
educacionais. O que me preocupa
é a utilização de formas de avaliação que dão grande importância
aos resultados mensuráveis e aos
indicadores quantitativos (o que
alguns autores chamam de “governo
pelos números”), desvalorizando os
processos concretos, esquecendo
a voz dos sujeitos e dispensando a
participação e o diálogo político –
que não pode deixar de reconhecer
os antagonismos presentes numa
sociedade aberta e democrática.
No contexto pedagógico, a avaliação pode ser um instrumento de
discriminação negativa, de seleção
e de reforço das desigualdades ou,
pelo contrário, ser uma oportunidade para o autoconhecimento e o
desenvolvimento pessoal e coletivo,
ajudando na emancipação dos sujeitos. Entre muitos outros fatores,
há que se ter em conta que existem
constrangimentos que pesam sobre
a ação dos educadores e professores,
sendo muito importante a existência
de compromissos políticos e educacionais na busca de uma sociedade
mais justa e igualitária. Por isso,
diferentes formas de avaliação servem a diferentes objetivos, e estes
são, frequentemente, contraditórios.
maio 2011
43
iStockphoto.com/Luoman
Sustentabilidade
Educação verde
por Luciana Zenti
O desenvolvimento sustentável é um dos grandes desafios da sociedade.
E a educação, o caminho pelo qual chegaremos lá.
Sustentabilidade. A palavra é compri-
Mozart Ramos, autor do livro “Educação
necessidades no presente, mas sem
da, mas o significado pode ser resumido
Sustentável”, e conselheiro do movimen-
comprometer que as futuras gerações
como a combinação de crescimento eco-
to nacional Todos Pela Educação.
também satisfaçam suas necessidades.
nômico com desenvolvimento social e
O termo sustentabilidade foi usado
com o uso racional dos recursos naturais.
pela primeira vez em 1987, quando a
E o que tem a educação a ver com isso?
primeira ministra da Noruega Gro Brun-
Educar para sustentabilidade signifi-
Para ser alcançada e incorporada ao
dtland – então presidente de uma comis-
ca preparar pessoas de todas as idades
nosso dia a dia, a sustentabilidade prevê
são das Nações Unidas – publicou o livro
para assumir a responsabilidade de criar
a adoção de novos hábitos e atitudes. E
“Our Common Future” (Nosso Futuro em
um futuro melhor. É nas escolas que
um dos caminhos para isso é a educação
Comum, em tradução livre). Nesta obra,
nascerá uma sociedade preparada para
atuar de maneira sustentável.
O papel da educação
das novas gerações – que têm nas mãos
ela traça um paralelo entre progresso e
a oportunidade de mudar a forma como
meio ambiente e mostra que é possível
A educação informal é outra impor-
vivemos até hoje. “Educar é fundamental.
que os países cresçam sem esgotar os
tante aliada nessa mudança de compor-
Não se trata do único vetor a influenciar
recursos naturais. Também cunhou o
tamento. É o que acredita a Unesco,
o modo como vivemos e a gerar desen-
conceito, até hoje popular, sobre desen-
a agência das Nações Unidas para a
volvimento econômico e social, mas com
volvimento sustentável. A ideia é que
educação, a ciência e a cultura.
certeza é o mais importante”, acredita
nosso padrão de consumo atenda nossas
44 maio 2011
Como forma de mobilizar um grande
Dicas de livros
• “Educação Sustentável”, de Mozart
Ramos, Ed. Altana.
• “Educar para a Sustentabilidade: uma
Contribuição à Década da Educação para
o Desenvolvimento Sustentável”, de
Moacir Gadotti, Ed. Instituto Paulo Freire.
A abordagem da susten-
Apesar de muitas universidades ainda
tabilidade deve estar próxima
não terem acordado para a importância
da realidade diária dos alunos,
da capacitação para o ensino da susten-
desenvolver o pensamento crí-
tabilidade, algumas organizações não
tico e estimular a capacidade
de encontrar soluções para os
problemas que enfrentamos
atualmente. A base de todo
esse trabalho está na constru-
ção de princípios e valores. A palavra é
respeito. Ao próximo, à diversidade, ao
meio ambiente, aos recursos naturais e
às gerações presentes e futuras.
número de pessoas em torno desta causa,
a Unesco decretou o período entre 2005
Educação ambiental
e 2014 como a Década da Educação para
Para a pedagoga Lucy Duró, que
o Desenvolvimento Sustentável. A meta
integra o Grupo de Estudos e Pesquisas
é divulgar um conceito mais amplo de
sobre Atividade Pedagógica da Faculdade
aprendizagem, que busca o equilíbrio
de Educação da Universidade de São
entre o bem-estar humano e econômico
Paulo (USP), é preciso que o professor
com as tradições culturais e o respeito
amplie o campo de visão de seus alunos
aos recursos naturais.
para que eles entendam os impactos de
Preparar professores e outros mul-
suas ações no meio ambiente. “Não tenho
tiplicadores a lidar com o tema da
dúvidas de que a escola pode estimular a
sustentabilidade é um dos objetivos da
Unesco. Não há receita pronta, mas uma
mudança de postura das próprias escolas
mudança de comportamento”, diz. “Mas
esse trabalho está diretamente ligado à
formação dos professores”, completa.
governamentais começaram a fazer sua
parte. É o caso da Fundação SOS Mata
Atlântica. Por meio do Programa Mata
Atlântica Vai à Escola, professores de
escolas do Estado de São Paulo que atuam no Ensino Fundamental estão sendo
preparados a trabalhar com seus alunos
temas que envolvem a conservação do
Meio Ambiente.
Os educadores recebem material
pedagógico e sugestões de atividades
para serem aplicadas em sala de aula. A
proposta é que cada professor trabalhe a
educação ambiental dentro da sua disciplina ou de projetos pedagógicos que já
existem. “O meio ambiente está em tudo
que rodeia uma pessoa, então na escola
deve ser assim também. Dessa forma, o
professor de Português, Matemática ou
qualquer outra disciplina consegue inserir o tema nas suas aulas”, explica Beatriz
Siqueira, coordenadora do programa. 
que devem incluir, de forma transversal,
a discussão sobre assuntos importantes neste nosso século, como consumo
responsável, esgotamento de recursos
naturais e combate à pobreza.
Segundo Celso Schenkel, coordenador de Ciências e Meio Ambiente Unesco
no Brasil, é preciso que a sustentabilidade faça parte dos currículos. Não se trata
de criar uma nova disciplina e, sim, inserir o tema nas diferentes matérias para
que possamos construir uma visão do
que é desenvolvimento sustentável. “Nós
ainda estamos trabalhando em caixinhas.
É preciso acabar com essa divisão e ver
quais são os pontos de contato nas várias
áreas de conhecimento que podem convergir e estabelecer novos parâmetros
para as questões de produção, consumo,
Em sala de aula
Conheça alguns macrotemas que devem
ser incluídos no planejamento da Educação
para o Desenvolvimento Sustentável.
Sociedade – É importante que os alunos
conheçam como funcionam as instituições sociais e os sistemas democráticos
e participativos. Assim será possível que
eles entendam o papel dos governos no desenvolvimento social e, no futuro, exerçam
o direito do voto com responsabilidade. A
dimensão social inclui os seguintes temas: direitos humanos, paz e segurança,
igualdade de gêneros, diversidade cultural
e saúde.
Meio ambiente – Os alunos devem ser conscientizados sobre a utilização dos recursos
naturais e os efeitos das atividades econômicas no meio ambiente. Também devem
compreender que as questões ambientais
são o elemento primordial no desenvolvimento de políticas sociais e econômicas. A
dimensão social inclui os seguintes temas:
recursos naturais (água, energia, agricultura e biodiversidade), mudança climática
e aquecimento global, desenvolvimento
rural, urbanização sustentável e prevenção
de desastres.
Economia – A escola deve abordar a questão do crescimento econômico e de seus
impactos na sociedade e no meio ambiente.
Além disso, deve incentivar que os alunos
reduzam seu consumo individual e coletivo.
A dimensão econômica inclui os seguintes
temas: redução da pobreza, responsabilidade das empresas e economia global de
mercado.
Fonte: Texto adaptado da publicação “Década da Educação das Nações Unidas para um Desenvolvimento Sustentável, 2005-2014: documento final do esquema internacional de implementação”. Brasília: UNESCO, 2005.
distribuição de trabalho e renda”, explica
Celso.
maio 2011
45
Livros e Filmes
Não pode faltar
na sua biblioteca
A arte de ler ou como resistir a adversidade
O livro da antropóloga francesa Michèle Petit apresenta dezenas de testemunhos de jovens sobre a importância da leitura na formação do sujeito e o papel que ela desempenha em contextos de crise. Comentando
experiências de mediadores de leitura, a autora investiga as diferentes
maneiras pelas quais a forma narrativa pode atuar como educadora da
sensibilidade, ao mesmo tempo em que se afirma como instrumento de
resistência ao caos interior e à exclusão social.
Dica de
Betina
Prieto
Editora 34 |Preço sugerido: R$ 46,00
Produzindo texto com “velhas” e “novas” tecnologias
Dica de
Marcos
Cordiolli
O livro de Glaucia Brito e Paulo Negri indica maneiras para
o professor aplicar as novas tecnologias da comunicação
e informação e valoriza instrumentos antigos que, muitas
vezes, o educador pensa em abandonar.
Pró Infantil Editora | Preço sugerido: R$ 26,00
Para ver e rever
DVD
Dica de
Betina
Prieto
Título original: “Entre les Murs”
Lançamento: 2007 (França)
Direção: Laurent Cantet
Atores: François Bégaudeau,
Nassim Amrabt, Laura Baquela,
Cherif Bounaïdja Rachedi.
Duração: 128 min
Gênero: Drama
46 maio 2011
Dica de
Entre os Muros da Escola
Vencedor da Palma de Ouro no
Festival de Cannes, em 2008,
o filme francês “Entre os muros
da escola” retrata a experiência de um professor do Ensino
Fundamental com uma turma
de alunos que pode ser encontrada em qualquer escola do
mundo: alunos desinteressados, agressivos e bagunceiros.
O professor tem de lidar não só
com a falta de interesse dos
alunos, mas também com as
diferenças sociais e o choque
entre as culturas africana,
árabe, asiática e europeia
dentro das quatro paredes da
sala de aula.
David
Thornburg
NA WEB
A escola mata a criatividade?
O especialista em criatividade Sir
Ken Robinson nos desafia a repensar a escola e defende uma revisão
radical dos sistemas escolares
que devem cultivar a criatividade e
reconhecer os diferentes tipos de
inteligências (em inglês).
www.ted.com/talks/lang/eng/ken_robinson_says_schools_kill_creativity.html
Curta na escola
“Curta na Escola” (www.curtanaescola.org.br) é uma rede colaborativa
para o uso de curtas-metragens
brasileiros em salas de aula.
maio 2011
47