Se o E - Fundamentos
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Se o E - Fundamentos
SEÇÃO E COMO JESUS CONSTRÓI A SUA IGREJA ATRAVÉS... E1: As Três Partes da Igreja Parte 1: A Edificação da Igreja E1.1 - O Plano de Deus Revelado: Criação .......................................... 783 E1.2 - O Plano de Deus Arruinado: Rebelião ....................................... 786 E1.3 - O Plano de Deus Restaurado: Redenção ................................... 791 E1.4 - A Nossa Grande Salvação .......................................................... 799 Parte 2: Os Líderes da Igreja E1.5 - O Caráter do Líder: Fruto Espiritual ......................................... 811 E1.6 - O Poder do Líder I: Batismo no Espírito Santo ........................ 815 E1.7 - O Poder do Líder II: Dons do Espírito ...................................... 821 E1.8 - O Chamado do Líder: Dons do Ministério ................................ 824 Parte 3: Membros dos Ministérios da Igreja E1.9 - Ministério ao Senhor: Adoração ................................................ 831 E1.10 - Ministério Recíproco: Serviço ................................................... 835 E1.11 - Ministério ao Mundo: Testemunho .......................................... 845 E2: Louvor e Adoração E2.1 - O Novo Sacerdócio .................................................................... 851 E2.2 - Elementos Vitais de Louvor ....................................................... 856 E2.3 - Louvor: Bênçãos e Barreiras ...................................................... 860 E2.4 - Maneiras Bíblicas Para Louvar e Adorar a Deus ....................... 865 E2.5 - Oferecendo o Sacrifício de Louvor ............................................ 874 E2.6 - O Significado de Louvor e Adoração ......................................... 877 E2.7 - A Música no Louvor e Adoração ............................................... 879 E2.8 - Dirigindo um Culto de Adoração ............................................... 883 E2.9 - A Importância Profética do Louvor ........................................... 887 E3: Quebrando a Barreira Babilônica E3.1 - A Barreira Babilônica ................................................................. 890 E4: Aprender Como Ganhar Almas E4.1 - Métodos do Evangelismo .......................................................... 901 E4.2 - Porque Devemos Evangelizar .................................................... 903 E4.3 - Seguindo os Sinais do Evangelismo ........................................... 915 E4.4 - O Verdadeiro Cristão – Como Ser Salvo .................................... 923 E4.5 - Sugestões Práticas Para Ganhar Almas ...................................... 928 E5: Dar Instruções aos Novos Convertidos E5.1 - A Nova Vida .............................................................................. 935 E5.2 - Batismo na Água – Parte I ......................................................... 942 E5.3 - Batismo na Água – Parte II ....................................................... 948 E5.4 - Padrões da Moralidade Sexual ................................................... 952 E6: Planejamento Para o Crescimento da Igreja Prefácio ................................................................................................... 955 E6.1 - Fazer um Inventário .................................................................. 955 E6.2 - Visão – A Chave Para a Realização ............................................ 963 E6.3 - Estabelecendo Alvos e Prioridades ............................................ 970 E E6.4 - O Dom de Administração .......................................................... 976 E6.5 - Como Planejar ........................................................................... 979 E6.6 - Estratégia, Implementação, Avaliação ........................................ 982 E7: Conservando a Colheita Prefácio ................................................................................................... 988 E7.1 - O Poder de um Profundo Desejo ............................................... 989 E7.2 - O Poder Ilimitado de Uma Unidade Dedicada ........................... 992 E7.3 - A Pregação Plena do Evangelho de Cristo ................................. 996 E7.4 - Os Pregadores e o Povo num Reavivamento Neo-Testamentário 999 E7.5 - A Igreja Universal e as Igrejas Locais no Novo Testamento .... 1002 E7.6 - Analogias Neo-Testamentárias da Igreja Cristã ....................... 1005 E7.7 - O Sacerdócio da Igreja Neo-Testamentária .............................. 1008 E7.8 - Ministérios na Igreja Neo-Testamentária ................................ 1010 E7.9 - Os Dirigentes da Igreja de Uma Cidade e da Igreja Local ........ 1016 E7.10 - Equipamento Sobrenatural Para a Igreja Local ........................ 1020 E7.11 - Todas as Igrejas Locais: Uma Base Para a Evangelização ........ 1026 E7.12 - O Chamado da Colheita ........................................................... 1029 Escreva abaixo as suas anotações pessoais: AS TRÊS PARTES DA IGREJA SEÇÃO E1 / 783 SEÇÃO E1 AS TRÊS PARTES DA IGREJA (Cada Membro um Pastor) UM FORMATO DE ENSINAMENTO PARA O PASTOR Dr. Robert Frost e Ralph Mahoney ÍNDICE DESTA SEÇÃO E1.l E1.2 E1.3 E1.4 PARTE I: A EDIFICAÇÃO DA IGREJA - O Plano de Deus Revelado – Criação - O Plano de Deus Arruinado – Rebelião - O Plano de Deus Restaurado – Redenção - A Nossa Grande Salvação E1.5 E1.6 E1.7 E1.8 PARTE II: OS LÍDERES DA IGREJA - O Caráter do Líder – Fruto Espiritual - O Poder do Líder: Parte I – Batismo no Espírito Santo - O Poder do Líder: Parte II – Dons do Espírito - O Chamado do Líder – Dons do Ministério PARTE III: MEMBROS DOS MINISTÉRIOS DA IGREJA E1.9 - Ministério ao Senhor – Adoração E1.10 - Ministério Recíproco – Serviço E1.11 - Ministério ao Mundo – Testemunho PARTE I: A EDIFICAÇÃO DA IGREJA O Plano de Deus Revelado: Criação bem sucedido em ganhar almas (evangelismo), estabelecer igreja e desenvolver o ministério pastoral?’’ O Índice acima, foi a resposta a tal pergunta. São necessárias nove coisas. Elas são o mínimo de conceitos bíblicos exigidos para conduzir um ministério. Introdução Há alguns anos atrás, um grupo de líderes de igreja se reuniu a fim de responder à pergunta: “Qual o mínimo de entendimento bíblico necessário a um obreiro cristão, para ser A. DEUS DESEJA UMA FAMÍLIA Deus-Pai deseja uma família de filhos e filhas. A forma pela qual Deus tencionava produzir esta família era um mistério (ou segredo divino) que foi revelado ao Apóstolo Paulo pelo Próprio Deus. Capítulo 1 784 / SEÇÃO E1 Paulo menciona esta maravilhosa revelação em sua carta a Igreja de Éfeso: 1. Filhos Dele “Antes que o mundo fosse criado, Deus escolheu fazer de nós filhos Seus através de Jesus Cristo...” 2. Unificados “Ele planejou que todas as coisas, no céu e na terra, fossem unificadas sob o Seu poder.” 3. Um Corpo “Ele O fez Cabeça da Igreja – que é o Corpo de Cristo... “ 4. Um Povo “Neste Corpo, tanto os judeus como os não-judeus tornaram-se um só povo... Pois através de Cristo, todos podem ter acesso ao Pai gratuitamente pelo mesmo Espírito” (Ef 1:5,10,22,23; 2:14-16,18 simplificado). A palavra traduzida por “igreja” no grego do Novo Testamento é “ecclesia”. Ela se refere a todos os que foram “chamados para fora” do mundo para se tornarem membros da família do nosso Pai Celestial. O mesmo Espírito que nos “batiza” ou nos coloca no Corpo de Cristo também nos “gera” ou nos introduz na família e no Reino de Deus. Veremos como a família, o Reino e a Igreja de Deus estão associados, durante o desenrolar da nossa narrativa. B. DEUS REVELOU O SEU PROPÓSITO 1. Revelação: Além da Ciência e da Filosofia Como poderemos descobrir e saber onde nos encaixamos na família do Pai? O propósito divino é celestial, eterno e espiritual, e vai muito além dos nossos limites – criaturas limitadas pelo que é terreno, pelo tempo e por nossas mentes. Os nossos maiores E1.1 – O Plano de Deus Revelado: Criação esforços não conseguem elevar-nos o suficiente – para conhecermos a mente de Deus. O homem, através dos seus próprios esforços e capacidades, nunca conseguiria atingir um ponto suficientemente alto para tocar o Deus Altíssimo, nem o método “do bom senso” da ciência nem o método “da razão” da filosofia conseguem nos levar a Deus. 2. Revelação: do Espírito Santo O homem não consegue descobrir a Deus por si só, mas Deus pode “revelar-Se” ao homem. Em Seu amor, poder e sabedoria, Ele escolheu fazer isto pelo Seu Espírito, através do Seu Filho. Jesus salientou esta mesma verdade com as seguintes palavras: “Graças Te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra. Louvo-Te, pois ocultaste estas coisas dos que são sábios e entendidos, mas as revelaste aos que são semelhantes às criancinhas. Sim, Pai, esta é a Tua vontade e o Teu caminho” (Mt 11:25,26 simplificado). Estes versículos realmente esclarecem a questão. Não conseguimos encontrar Deus através dos nossos próprios esforços – nem conhecê-Lo através da nossa razão somente. A revelação de Deus vem à medida que estivermos dispostos a submeter o nosso espírito ao Seu Espírito numa fé simples e semelhante à de uma criança. Paulo estava falando com base em sua própria experiência pessoal. Ele era sábio nos caminhos do mundo – até mesmo no mundo religioso. Era um homem com muita força de vontade e ambições. No entanto, dispôs-se a submeter o seu coração e a sua mente diante do Senhor como uma criancinha ávida em aprender. E aprender foi o que fez! O Espírito Santo é um professor sábio e poderoso. Paulo foi logo elevado além dos limites da sua mente limitada pelo tempo e do seu corpo limitado pela terra. A revelação que recebeu havia estado oculta no coração de Deus-Pai desde antes de o tempo começar. Deus não somente revelou a Paulo o Seu propósito para as diver- AS TRÊS PARTES DA IGREJA sas épocas; Ele também o introduziu nesta revelação – e a revelação nele. Ela veio do coração de Deus para o coração de Paulo! Deste ponto em diante, Paulo via tudo de uma perspectiva diferente. Todas as coisas na terra e no tempo eram vistas sob a luz do propósito celestial e eterno de Deus. Ele era um homem transformado, como podemos verificar prontamente pelos resultados da sua vida. Eis a história desta surpreendente e maravilhosa experiência com as próprias palavras de Paulo: “Há quatorze anos atrás, fui arrebatado ao céu para uma visita. Não me perguntem se o meu corpo estava lá, ou se foi somente o meu espírito, pois eu não sei. Somente Deus pode responder isto. De qualquer forma, lá estava eu no Paraíso. E ouvi coisas tão maravilhosas que estão além da capacidade do homem de expressá-las com palavras...” (2 Co 12:2-4 simplificado). De fato, o impacto total da revelação de Paulo não dá para ser expresso com palavras. As palavras nascem a partir das experiências aqui na terra e, portanto, não conseguem se igualar às maravilhas do mundo celestial. No entanto, Paulo faz o melhor possível, usando palavras, para nos mostrar o propósito de Deus para a nossa vida aqui na terra. Em seguida, Ele confia que o Espírito Santo revelará ao nosso coração a mesma verdade que Deus havia estabelecido em seu coração: “Como as Escrituras dizem: Deus preparou coisas maravilhosas para os que O amam – coisas que vão além do que o homem pode ver, ouvir, ou até mesmo imaginar. Além disso, Ele compartilhou conosco – através do Seu Espírito – o Seu segredo. Pois o Espírito perscruta e nos mostra os segredos do próprio coração de Deus. “Por esta razão, Deus nos deu de fato o Seu Espírito... para que pudéssemos conhecer tudo o que Ele planejou para nós em Sua graça” (1 Co 2:9-12 simplificado). Vamos, então, orar “para que o Deus de Nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da gló- SEÇÃO E1 / 785 ria, vos dê em seu conhecimento o espírito de sabedoria e de revelação” (Ef 1:17). C. FAZEMOS PARTE DA FAMÍLIA DO PAI O quadro do amor de Deus por Seu Filho é algo maravilhoso de se contemplar. Com base neste relacionamento de amor divino, Paulo viu desvendar-se o plano de Deus para as diversas épocas. E – maravilha das maravilhas – fazemos parte deste plano! 1. Muitos Filhos e Filhas O grande desejo do Pai era expressar ainda mais a glória e a beleza do Seu Filho – através de uma família de muitos filhos e filhas. Cada membro desta família tornar-seia semelhante ao seu “Irmão Mais Velho”, tanto na vida como no caráter. Quando Deus criou o homem, Ele desejava que o homem tivesse a imagem e semelhança de Cristo. Ouça cuidadosamente enquanto Paulo tenta expressar com palavras a maravilha deste mistério: “Há muito tempo atrás – antes mesmo que Ele criasse o mundo – o nosso querido Pai Celestial nos escolheu para que fôssemos Seus. Ele planejou fazer isto através do que Cristo faria por nós. O Pai decidiu então santificar-nos aos Seus olhos, deixando-nos totalmente imaculados. Ficaríamos diante d’Ele, cobertos com o Seu amor. Sim, o plano imutável do nosso Pai sempre foi o de fazer-nos filhos Seus. Este sempre foi o desejo e deleite do Seu coração” (Ef 1:4,5 parafraseado). “Desde o inicio, o nosso querido DeusPai conhecia os que escolheriam amá-lo. Ele decidiu então que estes se tornariam semelhantes ao Seu Filho. O desejo de Deus era que o Seu Filho fosse o primeiro de uma família de muitos filhos” (Rm 8:29 simplificado). 2. A Primeira Família A revelação de Paulo dá um significado muito maior à história da Criação. Podemos observar pela narrativa de Gênesis que o 786 / SEÇÃO E1 E1.2 – O Plano de Deus Arruinado: Rebelião desejo de Deus de ter uma família amada (de membros semelhantes a Jesus) já existia desde o principio: “Façamos o homem a Nossa imagem e que ele domine sobre todas as criaturas do ar, da terra, e do mar. E assim Deus criou o homem segundo a Sua Própria imagem... macho e fêmea os criou. “E aí então Deus os abençoou e disselhes: Frutificai e multiplicai-vos. Enchei a terra e sujeitai-a. Dominai sobre todos os seres vivos do ar, da terra e do mar” (Gn 1:26-28 simplificado). A primeira família da Criação de Deus foi um homem e sua esposa, com os quais Ele tinha uma doce comunhão no frescor do dia (Gn 3:8). Eram também uma família real, pois Ele lhes havia dado um poder e autoridade de reis. Possuíam o direito de governar sobre toda a terra. Sim, a vontade de Deus em Cristo Jesus deveria ser feita na terra – através deles. Que prazer e deleite esta esperança deve ter trazido ao coração do seu Pai e Criador. Que linda cena de amor, alegria e paz para um Pai e Sua família. Sim, que brilhante promessa para o futuro se desvendava diante deles. Infelizmente, no entanto, apareceu de repente uma sombra maligna. A leve e adorável cena que acabamos de retratar não duraria por muito tempo. Naquela sombra obscura jazia uma astuta e linda serpente. E dentro daquela serpente movia-se o espírito maligno do próprio Satanás! Capítulo 2 O Plano de Deus Arruinado: Rebelião A. HOMEM: CRIADO À IMAGEM DE DEUS Sim, Deus criou o homem segundo a Sua Própria imagem. 1. Livre Para Escolher O Pai queria que Adão e Eva confiassem em Seu grande amor, sabedoria e poder. Ele ansiava que o homem recebesse e retribuísse o Seu amor – assim como o Pai e o Filho Se amavam. O amor, no entanto, por sua própria natureza, precisa ser dado livremente – não pode ser forçado. Não podemos compelir ou fazer com que alguém ame. A mesma coisa se aplica à honra, ao respeito e à adoração. A adoração está ligada ao valor de algo. Amamos, honramos e respeitamos o que achamos ser de grande valor ou importância. O amor é uma escolha. A adoração é uma escolha. Escolhemos amar e adorar o que julgamos ser de grande valor para nós pessoalmente. Deus é soberano. Ele tem total liberdade de escolher e concretizar os Seus desejos. Ele sempre escolhe o que é certo, bom e bonito. Ele escolheu criar o homem à Sua Própria imagem para que o homem pudesse conhecer e expressar o Seu amor. Isto significava dar ao homem o livre arbítrio. Com o poder de amar seguia-se o direito de escolher. Devido ao seu livre arbítrio, o homem pode fazer a escolha de amar, adorar e honrar a Deus. Quando Deus, no entanto, deu ao homem esta liberdade de escolha, houve nisto um certo risco. Significou que o homem poderia escolher o bem ou o mal – o certo ou o errado. Ele poderia escolher qualquer um! 2. Criado Para Adorar Todo mundo adora algo! A nossa vida centraliza-se em nossos valores. Amamos, honramos e respeitamos qualquer coisa que julgamos ser mais “valiosa” para a nossa vida. Não é uma questão “se” vamos adorar ou não, e sim “o que” vamos adorar. Deus criou o homem para que ele O adorasse. Com a adoração do homem a Deus viriam em conseqüência o seu amor, a fé e a obediência. Servimos e obedecemos o que adoramos. Isso determina o nosso caráter e a nossa conduta – as nossas atitudes e as nossas ações. AS TRÊS PARTES DA IGREJA Não é de se admirar que Jesus tivesse dito: “Busquem primeiro o Reino de Deus em suas vidas” (Mt 6:33 simplificado), pois quando fazemos isso, tudo o mais se encaixa em seu devido lugar. Deus permitiu que o homem fizesse a sua escolha de adoração, colocando duas árvores especiais no Jardim do Éden. Uma delas era chamada de “Árvore da Vida”. Encoberto no mistério dessa árvore estava o Autor da Vida – o Próprio Senhor Jesus Cristo. A outra árvore era a “árvore da morte”. Era chamada de “Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal”. O homem foi admoestado a não comer dessa árvore. Ele não deveria estabelecer padrões do bem e do mal – do que é certo e do que é errado – para a sua vida, independentemente da sabedoria de Deus: “Há um caminho que parece direito à mente do homem, mas somente leva à morte” (Pv 14:12 simplificado). Encoberto no mistério dessa árvore estava o autor da morte – o próprio Satanás! B. SATANÁS: MALIGNO EM SEU CORAÇÃO Satanás, sob a forma de uma graciosa serpente, entra agora em cena. Ele é sábio nos caminhos do mal e há um propósito maligno em seu coração. De onde veio ele? Por que está ali? O que tentará fazer? Recorramos novamente às Escrituras para encontrar as nossas respostas. A Bíblia usa às vezes cenários e pessoas da terra para nos ensinar sobre as coisas celestiais e espirituais. 1. Obras Através dos Homens O profeta Ezequiel nos fala sobre um certo rei de Tiro, o qual era muito ímpio. O controle de Satanás sobre aquele rei era tão completo que a narrativa revela um surpreendente quadro do próprio Satanás: “Tu eras realmente perfeito em tua sabedoria e formosura. Estavas no Éden, o jardim de Deus. Tuas vestes eram adornadas com preciosas jóias... todas em lindos en- SEÇÃO E1 / 787 gastes do mais fino ouro. Tu as recebeste no dia em que foste criado. Eu te escolhi para que fosses o querubim guardião ungido. Tinhas o direito de vir ao monte santo de Deus. Andavas por entre as pedras de fogo. “Eras perfeito em tudo o que fazias desde a época em que foste criado. Sim, eras perfeito até o dia em que o mal se achou em ti. Tua grande riqueza te encheu com um poder maligno e pecaste... Teu coração se encheu de orgulho por causa da tua formosura. Usaste a tua sabedoria de maneiras erradas para os teus próprios propósitos orgulhosos. Assim sendo, Eu te expulsei e te derribei para a terra” (Ez 28:12-19 simplificado). O mesmo tipo de quadro é retratado pelo profeta Isaías. Com palavras poderosas, ele revela o caráter maligno do ímpio rei da Babilônia. Uma vez mais, o profeta nos mostra a figura maligna de Satanás operando através de um homem. “Como caíste do céu, ó Lúcifer, estrela da manhã! Foste lançado à terra –muito embora fosses poderoso contra as nações do mundo. “Pois dizias em teu coração: Subirei ao céu e dominarei os anjos. Tomarei o mais alto trono. Governarei do alto do monte santo de Deus. Subirei ao mais alto céu e serei semelhante ao Altíssimo. No entanto, serás derribado ao mais profundo abismo do inferno” (Is 14:12-15 simplificado). Cinco vezes Satanás se rebela contra “a vontade de Deus” com “a sua vontade própria”. (É importante ressaltarmos que o Corpo de Cristo sofreu cinco ferimentos na Cruz – o poder da rebelião ou vontade própria de Satanás foi totalmente destruído.) 2. Criado com Livre Arbítrio Satanás, e todos os outros seres angelicais, foram criados com um livre arbítrio para amarem, honrarem, adorarem e servirem a Deus. Como já dissemos anteriormente, a criação de seres com uma liberdade de escolha traz consigo um grande risco – o 788 / SEÇÃO E1 perigo da rebelião. Esses seres têm o direito de fazer escolhas erradas. Os resultados dessas escolhas erradas podem ser trágicos. A rejeição do amor, da verdade e da bondade de Deus significa colhermos os resultados do ódio, do pecado e do mal. Rejeitar uma opção significa escolher a outra – exatamente como o jogo de cara ou coroa com uma moeda – um lado ou o outro será o vencedor. Infelizmente, Satanás fez a escolha errada! Sim, as Escrituras de Ezequiel e Isaías parecem indicar que Satanás havia sido criado por Deus para um sublime e nobre propósito. Ele era perfeito em sua formosura e sabedoria, e havia recebido um grande poder e autoridade. Os querubins do Livro do Apocalipse estão ligados à adoração celestial. É possível que Satanás tenha, outrora, não somente governado as hostes celestiais, mas também dirigido tais hostes em sua adoração a Deus. O seu dever e responsabilidade eram o de guardar a santa vontade e a palavra de Deus e honrar ao Senhor sob todas as formas. Parece que ele era o “supervisor” dos exércitos celestiais. 3. Cegado Pelo Orgulho Devido à sua formosura e posição, o orgulho entrou no coração de Satanás. Paulo o usa como um exemplo ao admoestar sobre o orgulho dos “supervisores” da Igreja Primitiva. “O supervisor precisa ser irrepreensível em todas as áreas da sua vida... Ele não pode ser um novo convertido, pois ele pode ser cegado pelo orgulho e entrar em julgamento, como foi o caso do diabo” (1 Tm 3:2,6 simplificado). O Céu é santo e perfeito. Portanto, o pecado de Satanás deve ter surgido em seu próprio coração. O orgulho e a ânsia de poder tornaram-se a sua derrocada. Ele encontrou mais prazer em sua própria formosura do que na glória de Deus. Tornou-se altivo a seus próprios olhos e buscou a honra e o poder que pertencem somente a Deus. E1.2 – O Plano de Deus Arruinado: Rebelião Satanás queria a adoração celestial e a autoridade do Trono de Deus. E estava disposto a rebelar-se contra o Deus Altíssimo para obtê-las. Infelizmente, um grande número das hostes celestiais uniu-se a Satanás em sua rebelião (2 Pe 2:4; Jd 6). Ficamos imaginando o motivo pelo qual Satanás e suas hostes acharam que poderiam ser bem-sucedidos em sua rebelião contra Deus. As Escrituras dizem até que ele era “cheio de sabedoria”. Como já vimos, no entanto, existe uma “cegueira” no orgulho. O engano significa crer que algo esteja correto quando está errado, que seja bom quando é maligno! Com o orgulho vem também o engano. Satanás foi realmente enganado. Ele era esperto demais para tentar algo que fosse claramente fadado ao fracasso. Ele achava mesmo que poderia vencer! 4. Duvidou e Desobedeceu Ninguém jamais havia desobedecido a Deus. O Seu poder e a Sua autoridade nunca haviam sido testados. Os resultados da rebeldia nunca haviam sido vistos. A morte não era conhecida. Além disso, essa era a primeira vez em que os poderes do bem e do mal entravam em conflito. A batalha de todos os tempos estava para começar! Diferentemente de Deus, Satanás não era “onisciente”, ou seja, ele não conhecia todas as coisas. Sendo um ser criado, tudo o que tinha para se nortear era a palavra de Deus. Com o orgulho vem o engano. E com o engano vem a dúvida. Satanás começou a duvidar da palavra de Deus, e conseqüentemente, ele decidiu desobedecê-la. Os elos da corrente do mal podem agora ser claramente vistos: orgulho – engano – dúvida – desobediência. O último elo era desconhecido e imprevisto – era o elo da “morte”! 5. Deus Sabia Desde o Princípio Uma visão geral das Escrituras parece indicar que Deus escolheu realizar o Seu AS TRÊS PARTES DA IGREJA propósito na Criação através de criaturas com o livre arbítrio. Os anjos, e mais tarde o homem, foram criados com uma liberdade de escolha. Como foi dito anteriormente, isso envolvia um grande risco. Havia o perigo de escolhas erradas e dos resultados maléficos que se seguiriam. Deus previu essa possibilidade, porém descansou em Seu conhecimento de que no final: a. O BEM venceria o MAL b. O AMOR venceria o ÓDIO c. A LUZ venceria as TREVAS d. A VERDADE venceria o ENGANO e. O CERTO venceria o ERRADO Além disso, essas nobres qualidades do caráter de Deus seriam expressas através dos que escolheram amá-Lo, honrá-Lo e obedecê-Lo. No Céu isso seria realizado através dos anjos que escolheram permanecer leais ao seu Criador. Na terra isso se faria através de uma família real de filhos e filhas amados. O “Primogênito” dessa família seria o Próprio Senhor Jesus. 6. Expulso do Céu É possível que Satanás tenha tido ciúme do amor, da honra e da adoração que eram dados a Deus pelas hostes celestiais. A rebelião de Satanás foi uma tentativa de tomar o lugar de Deus e receber a adoração que pertencia ao Próprio Deus. Vocês se lembram como o diabo ofereceu a Jesus os reinos deste mundo numa tentativa de fazer com que Jesus o adorasse no deserto (Lc 4:5-8)? Esse incidente nos mostra que o diabo desejava a adoração que pertencia somente a Deus. Ao opor-se a Deus, Satanás delineou as regras de guerra para o permanente conflito entre o bem e o mal. Como já sabemos pelas Escrituras já mencionadas, Satanás não foi capaz de ser vitorioso no Céu. Ele e sua hoste de anjos caídos foram expulsos. O que perderam no SEÇÃO E1 / 789 Céu, no entanto, tentariam recuperar mais tarde na terra, no Jardim do Éden. 7. Engana a Eva Deus criou o primeiro homem e a primeira mulher e lhes disse para sujeitarem a terra e para enchê-la com uma família de filhos amorosos e leais a Ele. É, portanto, para essa terra e para essa família que Satanás vem agora. A batalha que começou no Céu alcança agora a nova Criação de Deus. Satanás busca roubar da primeira família terrena a sua herança, tentando-os a cometerem o mesmo pecado que causou a sua derrocada dos pináculos celestiais – o orgulho e a rebeldia! Ele vem a Eva sob a forma de uma sábia e linda serpente. Ele não pode sobrepujá-la, pois ela recebeu autoridade sobre todas as criaturas da terra. Ele tem somente uma maneira de alcançá-la com o seu propósito maligno – o engano! Agora podemos ver o motivo de Jesus ter chamado Satanás de “o pai da mentira” (Jo 8:44). O Apóstolo Paulo cita este engano em sua segunda carta a Igreja de Corinto. Ouça as suas palavras de admoestação: “Temo por vocês. Tenho medo de que as suas mentes sejam desviadas do seu puro amor e lealdade para com Cristo. Foi isto o que aconteceu a Eva ao ser enganada pelo diabo – aquela astuta e esperta serpente” (2 Co 11:3 simplificado). Sim, Satanás usou a “Árvore do Conhecimento” (a mente do homem) como instrumento seu para alcançar as vidas deles. Vocês se lembram que Deus Lhes havia dito para não comerem daquela árvore especifica. Ouçamos novamente as Suas palavras de advertência: “Vocês poderão comer livremente de qualquer árvore do jardim. Contudo, não poderão comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, pois no dia em que dela comerem certamente morrerão!’’ (Gn 2:16,17 simplificado). a. Uma Corrente Maligna é Forja- 790 / SEÇÃO E1 da. Satanás começa estão a formar a sua corrente do mal: orgulho – engano – dúvida – desobediência – morte. Estudemos agora cada um dos elos desta corrente da maneira encontrada na própria narrativa: “Ora a serpente era mais esperta e astuta do que qualquer outro animal selvagem que o Senhor Deus havia criado. Ela disse a mulher: Deus disse mesmo que vocês não podem comer de nenhuma árvore do jardim? “A mulher disse a serpente: Deus disse que poderíamos comer de qualquer uma das árvores do jardim, exceto a árvore [do conhecimento do bem e do mal] que se encontra no meio do jardim. Ele nos disse para não tocarmos nela, ou certamente morreríamos. “Vocês não morrerão certamente, disse a serpente à mulher. Deus sabe que quando vocês comerem dela, os seus olhos serão abertos. Aí estão vocês serão como Deus, sabendo a diferença entre o bem e o mal. “Então a mulher viu que o fruto da árvore era bom para se comer e agradável aos olhos. Era algo a ser desejado, pois daria sabedoria às pessoas. Sendo assim, ela pegou um pedaço do fruto e o comeu. Ela também deu um pedaço ao seu marido, que o comeu também’’ (Gn 3:1-6 simplificado). Satanás lhes disse que o fruto da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal não era algo a ser temido, e sim para ser desejado. Ao invés de morrerem como Deus havia dito, começariam realmente a viver. Na verdade, tornar-se-iam semelhantes a Deus e seriam capazes de decidir por si próprios o que era bom ou mal – certo ou errado. Não precisariam de Deus para dirigir suas vidas. Poderiam conhecer a si próprios, serem eles mesmos, e aperfeiçoarem-se ao máximo – e tudo isso sozinhos. Aí então o reino, o poder e a glória seriam deles – só deles! Se Deus os amasse de fato Ele Próprio lhes teria dito isto. E fácil vermos como Satanás primeiramente lançou as sementes do orgulho e do E1.2 – O Plano de Deus Arruinado: Rebelião desejo egoístico. Em seguida, ele os enganou com o intuito de fazê-los duvidarem de Deus. Ele fez com que duvidassem da Palavra de Deus, do amor de Deus e do Seu poder e autoridade. A dúvida deles os levou à desobediência – e essa desobediência os levou a morte! C. HOMEM: DESOBEDECEU E PERDEU TUDO Ao tentar encontrar a sua vida independentemente de Deus, o homem perdeu tudo. Infelizmente, a mentira funcionou tão bem na terra como havia funcionado no Céu. Ao crer nas mentiras de Satanás, a mulher desobedeceu e submeteu-se ao julgamento que Deus havia prometido. Muito embora Adão não houvesse sido enganado, ele também escolheu pecar – e com isto, entregou-se ao domínio de Satanás. Satanás foi rápido em tomar o cetro – o bastão real do domínio – em suas próprias mãos. A autoridade que havia sido outorgada ao homem foi então assumida por Satanás. O homem encontrou-se sob a autoridade do reino das trevas e da morte. Parecia que uma tragédia eterna havia se manifestado. Muitas coisas foram perdidas pelo homem como conseqüência do seu pecado e desobediência: 1. Ele perdeu o seu relacionamento como filho amado. 2. Perdeu a sua cobertura divina e a sua autoridade outorgada por Deus. 3. Perdeu a beleza da imagem de Deus em sua vida. 4. Perdeu o seu destino no propósito divino. 5. Perdeu a sua própria vida – em espírito, alma e corpo. Parecia que o plano de Deus havia se arruinado antes mesmo de começar. Como Satanás deve ter se alegrado nesta derrota do santo propósito de Deus! Satanás pensou que a batalha perdida no Céu havia sido ganha na terra. Agora ele se tornara o prínci- AS TRÊS PARTES DA IGREJA SEÇÃO E1 / 791 Amor Sabedoria Orgulho O fruto da obediência Bondade Verdade Poder Autoridade Engano Rebelião Dúvida Desobediência A minha vontade, não a sua será feita; O Reino, o Poder e a Glória serão meus – para sempre! Morte As Correntes da Maldade de Satã pe deste mundo. E enquanto ele governasse a terra, a glória e o poder do Filho de Deus nunca reinariam nos corações dos homens. Havia, no entanto, um aspecto do caráter de Deus sobre o qual Satanás não sabia nada. Era a Sua graça! Satanás não conhecia a força do amor de Deus – até onde iria para que o homem pudesse ser salvo e restaurado. Gostaríamos de estudar cuidadosamente o grande plano de salvação de Deus, pois nele encontra-se a esperança do homem para a sua restauração – ou recuperação das suas perdas. Capítulo 3 O Plano de Deus Restaurado: Redenção A. TODOS NÓS PRECISAMOS SER SALVOS Antes de estudarmos o grande plano de salvação de Deus, precisamos compreender por completo a nossa necessidade de sermos “salvos”. Todos nós precisamos ser salvos, tanto da penalidade como do poder do pecado – porque todos somos pecadores. Somos pecadores por “natureza” e por “prática”. As Escrituras esclarecem muito esta base dupla do pecado: 1. Pecadores por Natureza “O pecado entrou no mundo (na raça humana) através de um homem – Adão. A conseqüência do pecado foi a morte. Portanto, a morte espalhou-se a todos os homens porque (em Adão) todos pecaram” (Rm 5:12 simplificado). Como cabeça da raça humana, Adão infectou – como numa enfermidade – toda a humanidade com o seu próprio pecado. Assim sendo, somos pecadores ao nascermos e por natureza. Nascemos com uma natureza pecaminosa. As crianças não precisam aprender a pecar, pois são pecadoras congênitas (como seus pais). 2. Pecadores por Prática “Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas. Cada um se desviava pelo 792 / SEÇÃO E1 seu próprio caminho... Verdadeiramente todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus [do Seu santo caráter]” (Is 53:6; Rm 3:23 simplificado). Todos somos pecadores, não somente por natureza, mas também por escolha e por prática. Todos cometemos atos de pecado. Todos escolhemos a nossa vontade própria e o nosso caminho independentemente de Deus. 3. Morte: Penalidade do Pecado Contudo, o caminho de Deus é o único caminho para a vida eterna. Todos os outros caminhos levam à morte. Independentemente de Deus não temos nenhuma esperança. Perdemos tudo – para sempre. O Apóstolo Paulo expressa essa verdade de uma forma bem clara, mas nos dá também a esperança que necessitamos com as seguintes e conhecidas palavras: “Porque a penalidade para o pecado é a morte, mas o dom de Deus é a vida eterna através de Jesus Cristo nosso Senhor” (Rm 6:23 simplificado). 4. Graça: Uma Dádiva de Deus A graça é um dom que não adquirimos. A misericórdia é uma bondade que não merecemos. Deus, por natureza, é cheio de graça e misericórdia. Estas são qualidades do Seu amor. Deus é amor, mas Ele também é santo e justo. Pelo fato de Deus ser santo e justo, Ele não pode fazer vista grossa ao pecado do homem. Se eu pecar (quebrar a lei) e for trazido diante de um juiz justo (reto), ele honrará a lei ou seja, imporá a penalidade prescrita pela lei para o meu crime. Quando um juiz da terra é empossado em seu cargo, ele precisa jurar que honrará a lei. Infelizmente, há juízes que quebram o seu juramento – são juízes injustos e iníquos. Deus é um juiz de retidão. Se Deus não exigisse que a penalidade pelo pecado fosse imposta (paga), então Ele seria um Deus E1.3 – O Plano de Deus Restaurado: Redenção iníquo. Qual é então a penalidade pelo pecado? E quem pagará por ela? Como já vimos, a penalidade é a morte. “A alma que pecar certamente morrerá!” (Ez 18:4,20 simplificado). E o pecador é o indivíduo que merece pagar esse preço. Somente desta forma a justiça de Deus pode ser satisfeita. Uma vez que a penalidade tenha sido paga, somos “justificados” aos olhos da lei. Esta é a única maneira pela qual podemos ser “perdoados” de nossos pecados. Morrer por nossos pecados significa separação. A morte física significa uma separação dos nossos corpos. A morte espiritual (que é a conseqüência ou penalidade pelo pecado) significa uma separação de Deus. O nosso Pai Celestial nos criou para que tivéssemos comunhão em Sua família – uma família que expressasse a gloriosa vida do Seu Filho. O nosso pecado estraga esse lindo relacionamento – não somente para nós, mas para Ele também. Há alguma maneira possível para esse relacionamento de amor e de vida poder ser restaurado? Será que tanto Deus quanto o homem precisam sofrer a dor da penalidade do pecado para sempre? Será que há alguma maneira que possa restaurar o homem ao plano de Deus e à comunhão da família? Louvado seja Deus! A resposta é sim! Chama-se “redenção”! 5. Redenção: a Graça de Deus em Ação “Que vocês possam ser sempre gratos ao nosso Pai Celestial. Ele preparou muitas coisas maravilhosas para o Seu povo que anda na luz. Ele nos capacitou a possuirmos todas estas coisas. “O Pai fez isto, libertando-nos do poder das trevas, e introduzindo-nos no Reino do Seu amado Filho. Sim, fomos redimidos – comprados e trazidos de volta – pelo Seu sangue. Em Jesus temos de fato o perdão dos nossos pecados” (Cl 1:12-14 simplificado). AS TRÊS PARTES DA IGREJA “Redimir” significa comprar e trazer de volta algo que foi perdido. Deus, em Sua graça e misericórdia, veio ajudar o homem, pois o homem não poderia redimir a si próprio. O Próprio Cristo morreu no lugar do homem e pagou a sua penalidade de forma tal que as exigências da lei quebrada e da justiça de Deus fossem satisfeitas. Agora o homem pode ser “justificado” diante da lei. Ele pode ter retidão diante de Deus e ser perdoado do seu pecado. O seu registro pode ficar limpo. Nenhuma falha será agora colocada contra ele, se ele pedir que Jesus perdoe o seu pecado. O homem poderá então apresentar-se diante da santa lei de Deus sem temor. Sim, a penalidade pelo seu pecado foi paga e quando você recebe a graça d’ Ele, a sua culpa termina. Cristo morreu na Cruz em seu lugar. Você e eu deveríamos ter morrido por nossos próprios pecados, mas “... Cristo morreu por nós” (Rm 5:8). O preço por nossa “redenção”, no entanto, não foi barato. Para nos comprar e nos trazer de volta à Sua família, o Próprio Deus teve de pagar a penalidade por nosso pecado, o que Lhe custou a vida do Seu Próprio Filho. Jesus Cristo veio para esta terra na forma de homem para morrer como homem pelos pecados do mundo, para que pudéssemos ser redimidos. O puro, santo, e imaculado Filho de Deus tomou sobre Si Mesmo o nosso pecado e morreu numa cruz. Ele fez isto para que pudéssemos ser justificados diante de Deus e uma vez mais encontrarmos o nosso lugar em Sua família. Ele morreu para que pudéssemos viver. Esta é, de fato, a graça de Deus! Tenho a certeza de que Satanás não contava que Deus chegasse tão longe a ponto de enviar o Seu Próprio Filho para morrer por nossos pecados. Mas Ele o fez! “Porque Deus amou o mundo [de pecadores] de tal maneira que deu o Seu único Filho. Todos os que crerem n’Ele nunca perecerão SEÇÃO E1 / 793 nem morrerão. Ao invés, viverão para sempre” (Jo 3:16 simplificado). 6. Restauração: o Resultado da Redenção Deus não foi pego de surpresa pelo pecado do homem. A dádiva do Filho de Deus foi feita até mesmo antes de o homem ser criado: “Cristo foi escolhido para morrer por vocês antes que o mundo (ou o homem) fosse criado. Mas Ele foi revelado e manifestado ao mundo nestes últimos tempos. “Deus pagou um preço para salvá-los do vão estilo de vida que vocês herdaram de seus pais. Contudo, vocês não foram redimidos com algo perecível como a prata, ou o ouro. Vocês foram comprados e restaurados com o precioso sangue de Cristo, um puro e perfeito Cordeiro” (1 Pe 1:1820 simplificado). “Restauração” significa a volta de algo ao seu lugar e condições originais – onde e como se encontrava no início. Quando o homem caiu, Deus não mudou de idéia com relação ao Seu plano de possuir uma família amada e real. O Seu propósito ainda era encher toda a terra com filhos e filhas cujas vidas refletissem a beleza do seu Deus. Portanto, tão logo o homem pecou e caiu do seu lugar de autoridade real, o plano de redenção de Deus foi colocado em ação. a. O Plano de Redenção Revelado. É interessante que este plano tenha sido primeiramente revelado ao próprio Satanás após a queda. Pela narrativa, parece que Adão e Eva também estavam presentes. A palavra do Senhor, no entanto, foi falada diretamente à serpente: “E o Senhor Deus disse à serpente: Porquanto fizeste isto, maldita és, mais do que todos os outros animais... De agora em diante tu e a mulher serão inimigos. Isto também se aplicará a toda a tua semente (descendência) e à Semente dela (Jesus). Ferirás o Seu calcanhar, mas Ele esmagará a tua cabeça” (Gn 3:14,15 simplificado). Havia duas promessas principais fei- 794 / SEÇÃO E1 tas por Deus; ambas foram dirigidas a Santanás: 1) Você Ferirá o Calcanhar Dele. “Você [a serpente] ferirá [a semente da mulher] o calcanhar dele...” A “Semente da Mulher” refere-se a Jesus. Deus disse à serpente que ela feriria o Seu calcanhar (de Jesus), mas que o ferimento, em última análise, não seria fatal. Isto se refere à morte e ressurreição de Jesus. Satanás – que tomou de Adão o poder da morte – não poderia reter Jesus na sepultura! 2) Ele Esmagará Sua Cabeça. A Semente (Jesus) esmagaria algum dia a cabeça da serpente. Isto se refere a um ferimento fatal, impossível de ser recuperado. A derrota e destruição da serpente seriam finais. A expressão “esmagará a tua cabeça” é muito importante. A palavra “cabeça” refere-se ao poder e autoridade para se governar. A nossa história no Jardim do Éden torna-se agora bem dramática. O Próprio Deus está dizendo ao diabo que algum dia a Semente da Mulher (Jesus) retomaria das suas garras o cetro do governo mundial. Através da morte de Cristo na Cruz, o homem seria redimido e Satanás seria derrotado e despojado de todo o seu poder. O domínio seria restaurado à família de Deus. O Filho de Deus – nascido como Filho do Homem – recuperaria para a humanidade redimida a autoridade para governar o que havia perdido através do pecado. O Reino do Céu governará a terra algum dia através da família de Deus, que é composta de reis e sacerdotes. Jesus, o nosso Real Irmão Redentor é o “Primogênito” desta gloriosa família. Através d’Ele temos uma vitória que durará para sempre. 7. Aceite a Dádiva de Deus Verdadeiramente, a nossa “redenção” é uma grande maravilha da graça de Deus. A dádiva do Filho de Deus revela o Seu grande amor pelo homem pecaminoso. No entanto, muito embora Deus tenha feito isto tudo E1.3 – O Plano de Deus Restaurado: Redenção por nós em Cristo, ainda assim podemos perder todas essas coisas. Uma dádiva (ou presente) não tem valor algum para quem é dada, a menos que seja aceita. Se alguém nos der um copo de água fresca, de nada nos servirá se não o bebermos. Precisamos aceitar a dádiva da graça de Deus “recebendo” a Jesus Cristo em nossos corações como nosso Senhor e Salvador. Nós também precisamos confessar que somos pecadores e que precisamos ser salvos da penalidade do nosso pecado. Se perdermos o amor de Deus perderemos a vida eterna – para sempre! “Deus demonstrou o Seu grande amor para conosco da seguinte maneira: Cristo morreu por nós enquanto ainda éramos pecadores... “Assim como Cristo foi ressuscitado dos mortos pelo Pai, assim também haveremos de andar em novidade de vida... “Porque Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em Seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida, mas quem não tem o Filho de Deus não tem a vida!... “Portanto, somente os que recebem ao Senhor Jesus como seu Salvador recebem o direito de se tornarem filhos de Deus” (Rm 5:8; 6:4; 1 Jo 5:11,12; Jo 1:12 simplificado). B. OS DOIS LADOS DA SALVAÇÃO Imediatamente podemos ver pelo que foi exposto que há dois lados em nossa salvação: a lado de Deus e o nosso lado. Ele faz um papel que não podemos fazer. Nós, porém, temos uma parte a cumprir que Deus não faz. Podemos rever estes conceitos da seguinte forma: 1. A Parte de Deus em Nossa Salvação Ele nos confronta e nos convence do nosso pecado. Em outras palavras, Deus nos confronta com as nossas falhas. Ele prova que somos culpados e nos mostra a penalidade que precisamos pagar por nosso pecado – a morte! Ele faz isto através da AS TRÊS PARTES DA IGREJA Sua Palavra e do Seu Espírito. A palavrachave é “culpa”! Aí então Ele nos revela como podemos ser “salvos” da penalidade pelos nossos pecados e como podemos encontrar o nosso lugar em Sua família. Ele faz isto levando-nos a Jesus – Seu Filho e nosso Salvador. A Sua morte na Cruz prova que Deus não é somente santo e justo, mas também amoroso e misericordioso. A palavra-chave é graça! 2. A Nossa Parte em Nossa Salvação Precisamos responder à nossa culpa e à graça de Deus confessando o nosso pecado e o Filho de Deus. “Confessar” significa concordar, dizer a mesma coisa. Precisamos concordar com Deus que somos pecadores e que precisamos de um Salvador. A palavra-chave é confessar! Precisamos então nos arrepender e receber a Cristo como nosso Salvador. “Arrependerse” significa mudar de idéia. Portanto, escolhemos agora a vontade e o caminho de Deus para nossa vida, ao invés da nossa própria vontade e caminho. Fazemos isto, pedindo que Jesus entre em nosso coração para ser tanto Salvador como Senhor. Respondemos ao amor de Deus pela fé em Seu Filho e pela obediência à Sua Palavra. As palavras-chave são arrepender-se e receber! C. OS RESULTADOS DA SALVAÇÃO Os resultados da nossa salvação são a conversão e a restauração. “Converter” significa mudar a direção e seguir uma outra. Pela graça de Deus mudamos a direção do nosso caminho de morte e passamos a seguir o Seu caminho de vida. A palavra-chave é conversão! Outrora estávamos “alienados” ou separados d’Ele pelo nosso pecado e desobediência. Em Cristo fomos “restaurados” a comunhão com a amada família real de Deus. A palavra-chave é restauração! Sim, precisamos receber a Cristo em nosso coração como nosso Salvador para sermos perdoados de nossos pecados – e SEÇÃO E1 / 795 para termos a vida eterna. Porém, há ainda mais coisas ligadas à nossa grande salvação. Não somente os nossos pecados são perdoados em Cristo, mas também recebemos muitos outros benefícios e bênçãos, os quais são: 1. Um Novo Espírito “Colocarei o Meu Espírito dentro de vocês e farei com que andem em Meus caminhos e guardem as Minhas leis” (Ez 36:27 simplificado). 2. Uma Nova Vida “Este é o testemunho: Deus nos deu a vida eterna, e esta vida está em Seu Filho’’ (1 Jo 5:11 simplificado). 3. Um Novo Nome “E chamar-te-ão por um novo nome, dado pela boca do Senhor... E em Antioquia os discípulos foram pela primeira vez chamados de cristãos” (Is 62:2; At 11:26 simplificado). 4. Uma Nova Natureza “Portanto, se alguém estiver em Cristo Jesus, esta pessoa é uma nova criação (tem uma nova natureza). As coisas velhas se passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5:17 simplificado). 5. Um Novo Coração “Dar-lhes-ei um novo coração e colocarei um novo espírito dentro de vocês” (Ez 36:26 simplificado). 6. Uma Nova Mente “E sejam renovados no espírito de suas mentes; revistam-se do novo homem [natureza] que é santo e reto como Deus... Pois temos a mente de Cristo” (Ef 4:23,24; 1 Co 2:16 simplificado). 7. Uma Nova Autoridade “E Eu (Jesus) lhes dei autoridade sobre todo o poder do inimigo... Resistam ao dia- 796 / SEÇÃO E1 bo e ele fugirá de vocês “ (Lc 10:19; Tg 4:7 simplificado). 8. Uma Nova Família “A todos os que O receberam, Jesus lhes deu o direito de se tornarem filhos de Deus” (Jo 1:12 simplificado). 9. Um Novo Destino “Vocês são uma raça eleita, um sacerdócio real, uma nação santa – o povo especial de Deus. Sim, Ele os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz. Portanto, vocês devem declarar e demonstrar (mostrar e proclamar) o Seu louvor e glória – agora e para sempre!” (1 Pe 2:9 simplificado). Verdadeiramente, como cristãos, fomos redimidos e restaurados. Fomos comprados e restaurados à amada família real do Pai. O plano de Deus para os tempos não mudou. Através do Seu Filho Jesus, Ele perdoou os nossos pecados e nos restabeleceu a uma posição de poder e autoridade. A primeira família fracassou no cumprimento do seu chamado divino. Devido à vitória de Cristo sobre Satanás na Cruz, a “nova família” de Deus será bemsucedida. Esta é a nossa gloriosa esperança; este é o nosso destino divino – como filhos e filhas do Deus Altíssimo! D. UM PADRÃO COM TRÊS ASPECTOS Ao revermos o “Fundamento da Igreja”, podemos verificar um padrão com três aspectos: 1. Deus age; 2. Satanás reage, e então 3. Deus Se opõe. A concretização da vontade de Deus começa com a Sua palavra, a qual é seguida por uma ação. A Sua palavra funciona! Ele fala e as coisas se concretizam! Com a Sua palavra segue-se o poder do Seu Espírito, e assim o Seu propósito divino é executado. Vemos isto na narrativa da Criação: “E disse Deus: haja luz. E houve luz’’ (Gn E1.3 – O Plano de Deus Restaurado: Redenção 1:3). Ele falou e a Sua ordem se concretizou! Aí então Satanás “reage” à palavra e à obra de Deus. Ele tenta estragar o propósito de Deus negando a Sua palavra e opondo-se à Sua obra. Ele se opõe à “ação” de Deus com a sua própria “reação”. Se a história terminasse aqui, Satanás venceria essa guerra de palavras e obras. Os seus propósitos malignos prevaleceriam e a vontade de Deus não seria feita. Mas esse não é o fim da história, pois em seguida Deus Se opõe. Deus sempre tem a última palavra e a ação final. No final o mal será vencido pela Sua boa vontade e propósito. Isto, porém, leva tempo e é um processo. Deus escolheu falar e concretizar a Sua vontade através do Seu Filho e de Sua família. Como já vimos anteriormente, encontramos o nosso lugar na família de Deus através do Seu Filho. Quando isso acontece, o poder do Espírito de Cristo fala e age através de nós. A família real de Deus em Cristo Jesus governará algum dia toda a Criação. Essa é a vontade de Deus desde o início de tudo – e haverá de ser cumprida! Essa é a nossa esperança; esse é o nosso destino! E. DEFINIÇÃO DOS TERMOS Esse padrão com três aspectos que citamos acima encontra-se em forma de esboço a seguir. Definiremos cada um dos termos, a seguir. DEUS SATANÁS DEUS AGE REAGE SE OPÕE ________________________________ Cria Planeja Gera Forma Cobre Concilia Arruína Destrói Degenera Deforma Descobre Aliena Redime Restaura Regenera Reforma Recupera Reconcilia 1. Redenção “Redimir” significa comprar e trazer de volta algo que havia se perdido ou havia AS TRÊS PARTES DA IGREJA sido usurpado por outrem. O propósito de Deus para o homem na Criação foi estragado ou arruinado quando o homem desobedeceu a Sua palavra. Através do seu pecado, ele se submeteu ao controle do diabo e tornou-se seu escravo. O preço da redenção do homem foi a vida do Filho de Deus. Pelo sangue de Jesus fomos “redimidos” do poder do diabo. 2. Restauração “Restaurar” significa restabelecer algo à sua posição ou condição original (inicial) depois de haver sido demolido ou desarraigado. O homem caiu da sua posição de governo e de reino, e perdeu a imagem e semelhança de Deus quando desobedeceu. O santo propósito de Deus para a humanidade foi destruído pelo diabo quando Adão e Eva pecaram. Através de Jesus, Deus providenciou uma maneira de restaurar o homem ao seu lugar legítimo de honra e autoridade. 3. Regeneração “Regenerar” significa reviver algo que já morreu. Ao pecar, o homem perdeu a sua vida com Deus. Na Cruz, Cristo nos salvou do poder de Satanás, do pecado, e da morte. Quando recebemos a Cristo em nossa vida, recebemos os benefícios da Sua morte e ressurreição. Ele morreu por nós para que pudéssemos ser vivificados n’Ele. Ele é a nossa vida – agora e para sempre! 4. Reforma “Reformar” significa restabelecer algo à sua forma ou aparência original após ter sido estragado, arruinado ou danificado. O homem foi criado segundo a bela imagem de Deus. O pecado estragou a beleza desse quadro, o qual nunca conseguiu desenvolver-se de acordo com o que Deus planejara. No entanto, pelo poder do Espírito de Cristo em nosso coração, podemos uma vez mais crescer em Sua glória e graça. As falhas e defeitos do pecado foram removidos. A SEÇÃO E1 / 797 linda imagem de Jesus resplandece uma vez mais com uma beleza ainda maior e mais fulgurante. 5. Recuperação “Recuperar” significa recobrar algo que havia se perdido. Fomos criados para estar sob ou “cobertos” pela luz, amor, e autoridade de Deus. Ao pecar, o homem saiu dessa cobertura e mergulhou nas trevas. Ao fazer isso, ele se expôs a ira e ao julgamento de Deus contra o pecado. Quando Jesus derramou o Seu sangue e morreu por nós, a penalidade pelos nossos pecados foi paga. Ele morreu para que os nossos pecados pudessem ser cobertos pelo Seu sangue. Quando pela fé nos submetemos a Cristo como nosso Salvador, recuperamos a nossa cobertura de luz, amor e autoridade de Deus. 6. Reconciliação “Reconciliar” significa restabelecer alguém a um relacionamento de amizade. Deus criou o homem para ter comunhão com ele. Semelhantemente a Abraão, devemos ser “amigos” de Deus. O pecado quebrou esta amizade e tornamo-nos Seus inimigos. O antigo relacionamento de amor se perdeu. Deus ainda nos amava, porém escolhemos não amá-Lo nem obedecê-Lo. Nós O expulsamos de nossa vida. “Conciliar” significa fazer um amigo. Quando Deus criou o homem, Ele o criou para ser Seu amigo. “Alienar-se” significa afastar-se de um amigo. A separação destrói a amizade. O pecado do homem separou-o da comunhão com Deus. Em Sua graça, Deus – através da morte do Seu Filho – nos reconciliou Consigo. A comunhão foi restaurada! Sim, o Reino de Deus há de vir! A Sua vontade será feita – assim na terra como no Céu. E virá e será feita através do próprio povo de Deus, o qual é um povo especial – um povo que foi redimido, restaurado, regenerado, reformado, recuperado e reconci- 798 / SEÇÃO E1 liado. Esta é a Sua palavra. E Ele sempre tem a última palavra, a palavra final! F. CONCEITOS IMPORTANTES SOBRE A SALVAÇÃO O “Fundamento da Igreja” assenta-se firmemente sobre o nosso grande Salvador, Jesus! Há vários outros termos referentes à salvação que foram usados neste artigo. Devido à sua importância, seria bom citálos e defini-los agora. 1. Salvação Refere-se à obra da graça de Deus em Cristo pela qual somos: a. Salvos “da” penalidade, poder e futura presença do pecado. b. Salvos “para” o propósito de Deus e estabelecidos em Sua família, onde expressamos a semelhança do Seu Filho. Ao morrer na Cruz pelos nossos pecados, Cristo tornou-Se o nosso Salvador. Ele morreu em nosso lugar e pagou o preço (penalidade) pelo nosso pecado. Quando o recebemos pela fé como nosso Salvador, recebemos também o poder da Sua vida ressurreta. À medida que essa nova vida flui para o nosso interior, ela traz consigo uma integridade (cura) para o nosso espírito, alma e corpo. “Ser salvo” significa ser perdoado, curado, liberto, completado e restaurado. Ficamos sãos, salvos e libertos. Ficamos livres para nos tornarmos tudo quanto Deus nos chamou para sermos. 2. Regeneração O termo “gerar” significa criar ou produzir vida. Regeneração, como já aprendemos, refere-se à volta ou restauração da vida após a morte. Estamos “mortos” em nossos pecados. Assim sendo, precisamos receber uma “nova injeção” de vida espiritual (nascer de novo) para sermos reintegrados na família de Deus. Há somente uma forma pela qual podemos nascer numa família da terra, ou seja, E1.3 – O Plano de Deus Restaurado: Redenção pela transmissão ou “injeção” de vida natural. Isto ocorre através do processo da reprodução biológica. Os embriões formam a vida que é necessária para se produzir um novo bebezinho – menino ou menina. O mesmo se aplica com relação ao “nascermos” na família de Deus. É preciso que haja uma “injeção “ de vida espiritual – uma semente divina. Esta “Semente de Vida’’ é uma Pessoa – e esta Pessoa é Jesus. Quando recebemos a Cristo em nosso coração, Ele é a Vida que nos gera na santa família de Deus. Portanto, todos os cristãos têm dois nascimentos: um nascimento natural e um nascimento espiritual. É isto o que significa “nascer de novo”. 3. Expiação A palavra “expiar” significa “remir a culpa e re-harmonizar-se com alguém”. Ela retrata o acordo e a paz resultantes da correção das transgressões. O pecado é uma transgressão contra Deus. Portanto, ele nos separa ou nos “aliena” de Deus. Precisamos ser “reconciliados” ou reintegrados à comunhão com Ele. A única maneira pela qual os resultados do pecado podem ser totalmente anulados é através da justificação (considerar o pecador como sendo reto). A justificação não é o ato (como supõem alguns) de se fazer vista grossa ao pecado ou de se ignorar cegamente as transgressões. Um Deus santo e justo não pode fazer vista grossa ao pecado. O pecado somente poderá ser cancelado, coberto ou posto de lado se a penalidade pelo pecado tiver sido paga. Somente assim a justiça poderá ser satisfeita e o pecado ser removido. Quando a penalidade pela transgressão for, portanto, totalmente paga, aí então é que a comunhão poderá ser restaurada. A penalidade pelo pecado é a morte. Jesus, em Sua graça e misericórdia, pagou a penalidade em nosso lugar ao morrer na Cruz pelos nossos pecados. Desta maneira, podemos dizer que o Seu sangue cobriu e can- AS TRÊS PARTES DA IGREJA SEÇÃO E1 / 799 celou o nosso pecado (“Cancelar” significa tornar inteiramente sem efeito). A expiação é portanto uma obra de Deus – através da morte de Cristo – pela qual a nossa comunhão é restaurada. Entramos uma vez mais em harmonia com Deus. nova natureza – uma nova fonte de força interior – pela qual podemos agora começar a viver uma vida “reta”. A nossa “antiga natureza” morreu com Jesus na Cruz, o que nos dá o direito e a liberdade de expressarmos a nossa “nova natureza’’. 4. Retidão Refere-se ao santo caráter de Deus. Ele é sempre “reto” em pensamentos, palavras e obras – em Suas atitudes e em Suas ações. Ele é reto, bom e veraz, sob todas as formas e em todas as coisas. Este é o “reto” padrão da Lei. Tudo o que não é reto é iníquo, maligno, e errado – em suma, é pecaminoso. Por esta razão, o homem pecaminoso nunca poderia estar diante de um Deus santo. A retidão e a iniqüidade são eternas inimigas. Não há nenhuma base para algo de comum entre elas. Por este motivo, Deus enviou o Seu Filho para “expiar” os nossos pecados. Quando aceitamos a Cristo em nosso coração como nosso Salvador, os nossos pecados são cobertos e cancelados. Deus não mais nos vê em nossos pecados, e sim na retidão do Seu Filho. Ele não somente está em nós, mas nós também estamos n’Ele. Isto se denomina retidão “atribuída”. A palavra “atribuir” é um termo legal. Significa que algo foi depositado em nosso favor por uma outra pessoa. O que é dela agora também nos pertence. A sua posição e as suas posses tornam-se a nossa posição e as nossas posses. É uma conta conjunta. A retidão de Jesus torna-se a nossa retidão. A posição de Jesus a destra de Deus torna-se a nossa posição (Ef 1:20-22; 2:4,5). Além da retidão “atribuída”, que é a nossa posição legal, há uma retidão “conferida”. “Conferir” significa outorgar algo. Quando nos tornamos cristãos, algo é “outorgado” em nossas vidas. Não somente estamos “em Cristo” no sentido legal, mas também Cristo está “em nós” num sentido pessoal e prático. Ao recebermos a Jesus, recebemos também a Sua natureza santa e reta. Temos uma 5. Justificação “Justificar” significa acertar as coisas diante da lei e, portanto, libertar da culpa e da condenação. “Condenar” significa julgar alguém culpado diante da lei. O pecado é a quebra das leis de Deus. Portanto, todos os pecadores são culpados diante de Deus. A penalidade para o nosso pecado é a morte. As exigências da lei não podem ser satisfeitas sem que a penalidade pelo pecado seja paga. A “justiça” não pode fazer vista grossa ao pecado como se ele não tivesse acontecido. No plano de redenção de Deus, a misericórdia e a justiça poderiam dar as mãos somente de uma maneira, que é a seguinte: o Juiz (Deus), não somente pronuncia a sentença, mas também paga, Ele Próprio, a penalidade (a morte de Cristo). O indivíduo culpado agora fica “justificado” diante da lei. O pecador pode agora ser liberto porque o seu Juiz foi não somente justo (o que Lhe exigiu a aplicação da penalidade da lei), mas também cheio de misericórdia (uma vez que Ele pagou a penalidade que a Sua justiça exigia que Ele impusesse sobre o pecador). Foi isso o que Deus fez por nós através da morte de Cristo na Cruz. O pecado foi julgado. A penalidade foi paga, e nós fomos perdoados e libertos! Fomos assim justificados! Capítulo 4 A Nossa Grande Salvação Introdução “Como escaparemos se negligenciarmos a nossa grande salvação?” (Hb 2:3 simplificado). 800 / SEÇÃO E1 Se você não estiver interessado em sua grande salvação, os profetas e anjos estão. Os profetas do Antigo Testamento estavam muito interessados no grande plano de salvação de Deus. Ansiavam em conhecer os detalhes do plano de Deus, o qual seria restaurado através da morte, sepultamento, e ressurreição de Cristo – através da Sua vitória sobre o pecado, Satanás, e a sepultura. Não foram somente os profetas, no entanto, que ansiavam em conhecer o que agora nos é revelado – os próprios anjos ansiavam fervorosamente por compreender e participar do grande plano que era somente para você! Mas este plano não era para os profetas do Antigo Testamento – Deus não incluiu nele nem mesmo os anjos – Ele o reservou todinho para você! Pedro expressa esse pensamento com as seguintes palavras: “Os profetas inquiriram cuidadosamente e tentaram aprender mais sobre esta grande salvação. O Espírito de Cristo estava nestes profetas, e Ele lhes falava sobre as coisas que Cristo sofreria – e a glória que se seguiria. “Eles queriam saber o tempo e para quem seriam estas coisas. Aí então foilhes mostrado que a revelação não seria cumprida em seus dias. Estavam, no entanto, falando da graça que viria para nos. “Sim, era para nós e para a nossa época. Recebemos as boas-novas da salvação através de pregadores que se moveram através deste mesmo Espírito Santo – enviado do Céu. Esta salvação é tão maravilhosa e grandiosa que os próprios anjos anelam em saber mais a respeito dela!” (1 Pe 1:10-12 simplificado). Os profetas do Antigo Testamento teriam dado tudo para conhecer o que a Bíblia nos diz sobre este fantástico e tremendo plano que Deus tem para você! Contudo, se não soubermos quais as E1.4 – A Nossa Grande Salvação grandes riquezas que temos em nossa salvação, esta falta de entendimento nos deixará num lugar de escravidão e pobreza espiritual. Para que isto não acontecesse, o Pai nos enviou o Seu Próprio Espírito Santo para nos ensinar quem somos – e o que o Pai nos deu e planejou para nós – no Senhor Jesus. O Apóstolo Paulo disse: “...recebemos o Espírito de Deus para que pudéssemos conhecer e compreender o que Ele nos deu gratuitamente” (1 Co 2:12 simplificado). Muitos cristãos estão orando e fervorosamente pedindo coisas que Deus já lhes deu. Fiz isto durante muitos anos. Quando você ora pelo que já foi dado, você desperdiça o seu tempo e o tempo de Deus. O Espírito Santo lhe foi dado para que você saiba as coisas que Deus já lhe deu em nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. Assim sendo, estudemos cuidadosamente o importante papel que a nossa salvação tem no grande plano de Deus de todas as eras! A. A CONDIÇÃO DE PECADO O primeiro problema que “A Nossa Grande Salvação” precisa resolver é a questão do pecado. É o nosso pecado que nos separa da santa vontade de Deus e do Seu propósito para a nossa vida. Precisamos compreender porque somos pecadores e porque pecamos se quisermos compreender a grandeza da nossa salvação. Isto levanta então duas importantes questões: • Será que somos pecadores porque pecamos? • Ou será que pecamos porque somos pecadores? Há séculos os teólogos e os estudiosos das Escrituras vem debatendo estas questões. A maioria das pessoas hesitam em responder porque elas próprias não têm certeza. Contudo, algo tão importante assim AS TRÊS PARTES DA IGREJA deveria ser claramente respondido na Bíblia. 1. O Pecado Entrou no Mundo Através de um Só Homem A chave para compreendermos a relação entre o pecado e o pecador pode ser encontrada em Romanos, Capitulo 5. Paulo está falando sobre a origem do pecado e como ele afeta a cada um de nós. Ouça as suas palavras: “O pecado entrou no mundo (na raça humana) por um só homem – Adão. O resultado do pecado foi a morte. Portanto, a morte se espalhou a todos os homens porque (em Adão) todos pecaram” (Rm 5:12 simplificado). A palavra “mundo” é a mesma palavra encontrada em João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira...” Ela vem da palavra grega “kosmos” e refere-se à raça humana. Paulo está dizendo que, como cabeça da raça humana, Adão contaminou toda a humanidade através do seu próprio pecado. O resultado desta incrível contaminação pelo pecado foi a morte – tanto espiritual quanto física. Paulo explica esta verdade da seguinte forma. Entre a época de Adão e de Moisés, ninguém foi julgado como culpado por seus pecados, pois a lei ainda não havia sido dada. Contudo, morriam assim mesmo. A morte dessas pessoas, portanto, não poderia ser devida diretamente aos seus pecados, uma vez que não havia nenhuma lei que decretasse este julgamento. Assim sendo, concluiu Paulo, a razão da morte dessas pessoas só pode ser devida ao pecado de Adão. Estávamos “em Adão” quando ele desobedeceu a Deus. Portanto, sofremos a penalidade desse pecado porque somos membros da raça adâmica. Eis a história nas próprias palavras de Paulo: “O pecado estava no mundo antes que a lei de Moisés fosse dada. No entanto, ninguém é condenado sem a lei. Apesar disto, os homens morreram nesta época, muito embora nenhum deles houvesse pecado da SEÇÃO E1 / 801 mesma forma que Adão pecou... O pecado de um só homem (Adão) fez com que a morte dominasse através dele a toda a humanidade... Pelo fato de um só homem ter desobedecido a Deus, muitos foram feitos pecadores...” (Rm 5:13,14,17,19 simplificado). a. Uma Doença Assassina. Um exemplo ajudará a nossa compreensão. Há uma terrível doença incurável que está se espalhando rapidamente através da África e das nações ocidentais chamada AIDS. Os médicos a denominam “Acquired Immune Deficiency Syndrome” (Síndrome Adquirida de Deficiência de Imunização). Como você sabe, os cortes e contusões que rompem a pele causam a infiltração de bactérias em seu sangue e carne que podem originar terríveis infecções e enfermidades. Geralmente, o seu corpo consegue resistir às enfermidades e infecções que entram nele como conseqüência das bactérias. Isto se deve ao fato de você possuir um sistema de imunização. No entanto, se você tiver AIDS, o sistema de imunização do seu corpo não funcionará mais – e numa questão de meses, terríveis furúnculos, feridas, e infecções penetrarão em todas as partes do seu corpo e, dentro de um ou dois anos, você morrerá. Mas qual é a pior coisa com relação a AIDS? Se os seus pais a tiverem, você será contaminado no útero da sua mãe. Você nascerá com ela – e devido a isto você morrerá também, num curto período de tempo. O pecado é semelhante a isto! O primeiro homem a viver – o nosso ancestral Adão – pecou. O seu pecado contaminou não somente a si próprio mas também todos os seus descendentes. Você e eu nascemos contaminados pelo pecado – e morreremos, física e espiritualmente, se alguém não nos salvar milagrosamente. 2. Em Adão Todos Pecam e Todos Morrem A verdade é bem clara, todos nascemos pecadores devido ao pecado de Adão. Inde- 802 / SEÇÃO E1 pendentemente de qualquer ato pecaminoso da nossa parte, somos herdeiros do pecado de Adão – e da sua natureza pecaminosa. Até mesmo se nunca tivéssemos pecado – nem mesmo uma só vez – ainda assim seríamos pecadores. Pela ofensa de um só homem, o julgamento veio sobre todos. “A morte veio através de um só homem... Por que em Adão todos morrem...” (1 Co 15:21,22 simplificado). Em Adão todos pecamos, e em Adão todos morremos. Este conceito ou idéia de estarmos em Adão é um conceito importante, que precisamos compreender. Como veremos nos capítulos posteriores, esse mesmo raciocínio se aplica ao nosso relacionamento de estarmos “em Cristo”, e esta será uma das verdades pelas quais poderemos compreender muito melhor a nossa grande salvação. a. Um exemplo da Natureza. Esse conceito de estarmos “num outro” também pode ser visto num exemplo da natureza. Ao tentarmos produzir uma melhor variedade de arroz, os cientistas da agricultura expõem as sementes de arroz a raios de alta energia. Esta radiação é capaz de transformar a constituição genética da semente. Através desta radiação de alta energia, a natureza da semente de arroz é transformada. A maneira pela qual ela cresce e sobrevive é alterada. A maioria das transformações nos genes (ou material hereditário) por radiação são maléficas, mas as vezes, as transformações produzem melhorias. As mudanças provenientes das radiações somente podem ser conhecidas plantando-se a semente – e observando-se como é a colheita que ela produz. Uma semente de arroz produz um talo com muitas sementes. Cada uma destas novas sementes da planta apresenta estas transformações genéticas – quer sejam melhores ou piores. O mesmo acontece também com todas as gerações subseqüentes destes grãos de arroz. E1.4 – A Nossa Grande Salvação À medida em que as sementes são plantadas vez após vez, é possível que surja em alguns anos uma grande colheita de arroz. Cada planta terá as mesmas características e a mesma qualidade que as que foram “fixadas” naquela primeira semente irradiada. Se as transformações genéticas foram de melhorias, de onde veio então esta grande colheita de arroz com qualidade superior? Daquela primeira semente! Muitos alqueires deste arroz melhorado estavam todos “naquela única semente”. A mesma coisa acontece se a transformação genética foi para o pior. Naquela única semente ruim encontram-se muitos alqueires de arroz de qualidade inferior. Os resultados da radiação serão transmitidos a todas as gerações subseqüentes. Nenhuma radiação adicional é necessária para se transmitir os resultados prejudiciais que foram produzidos na primeira semente. A natureza do arroz foi transformada para todas as gerações futuras! b. Nos Lombos de Adão. Agora podemos compreender melhor o que Paulo quis dizer ao afirmar que “em Adão” todos pecamos. Quando Adão pecou, estávamos nos lombos (corpo) de Adão. A semente de humanidade de onde você e eu viemos estava em Adão desde o inicio. O que aconteceu então a você e a mim quando Adão pecou? Tornamo-nos pecadores! “Pela ofensa de um só homem, o julgamento veio sobre todos” (Rm 5:18). Davi tinha plena consciência desta verdade. Ele afirmou claramente este conceito num dos seus Salmos: “Certamente eu era pecaminoso quando do meu nascimento; pecaminoso desde o tempo em que minha mãe me concebeu” (Sl 51:5). Davi estava confessando que havia nascido pecador. Ele havia sido feito pecador (como todo outro ser humano) em Adão. Ele sabia que precisava de um coração puro e de um novo espírito, não somente por causa dos seus pecados, mas também por causa da sua natureza pecaminosa inata. AS TRÊS PARTES DA IGREJA Sim, nascemos pecadores porque estávamos em Adão. Pecamos porque temos uma natureza pecaminosa. Isto se torna evidente muito cedo em nossa vida. Nós que somos pais já vimos isto em nossos próprios filhos. Não foi necessário que os ensinássemos a pecar. Eles simplesmente aprenderam naturalmente de seus pais. Aprenderam rapidamente como satisfazer suas próprias vontades e maneiras de ser. Sempre que as suas vontades não eram satisfeitas, suas pequeninas naturezas pecaminosas ficavam cada vez mais ruidosas e fortes. Aquele traço de pecado parecia crescer mais rapidamente do que eles próprios. Qual era a razão para isto? Porque todos puxamos ao nosso ancestral Adão. “Quando ele pecou, muitos foram feitos pecadores” (Rm 5:19). Todos estávamos em Adão desde o início. 3. Pecadores de Nascença É verdade também que você é pecador porque peca. Sim, todos nascemos pecadores. No entanto, validamos isto pelos nossos muitos e repetitivos atos pecaminosos. Paulo nos diz bem claramente que não há “nenhum justo, nenhum sequer... Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:10,23). Portanto, se nos perguntassem: “Pecamos porque somos pecadores?” teríamos que responder “Sim”. Se também nos perguntassem: “Somos pecadores porque pecamos?”, teríamos que responder “Sim” novamente. Ambas as respostas são corretas. Não são duas afirmações do tipo “ou esta ou aquela”. Nascemos pecadores, e todos provamos este fato pelos nossos muitos pecados. Portanto, fomos julgados como pecadores de acordo com estes dois históricos – de acordo com o nosso ancestral pecaminoso (Adão) e de acordo com as nossas ações pecaminosas. São os dois lados da mesma moeda. Sim, todos somos pecadores de nascen- SEÇÃO E1 / 803 ça. No entanto, muitas pessoas religiosas ainda não enxergam a necessidade de serem salvas. Não se consideram pecadoras. Vivem uma vida boa e honesta. Freqüentam uma igreja ou vão a um templo pagão regularmente e o sustentam com suas finanças. Pagam suas contas, não bebem, e não falam palavrões. Tentam guardar os Dez Mandamentos, e crêem que irão para o Céu – através de suas próprias obras de retidão. Este é um erro trágico, pois estão errados, tremendamente errados! Todos somos pecadores – duas vezes – por nascimento e por nossas obras. É um fato da história, é um fato da vida. Não há nada em nós mesmos que possamos fazer a respeito. Nenhuma quantidade de boas obras transformará a nossa natureza pecaminosa, nem cancelará a penalidade pelos nossos pecados. As Escrituras dizem que, na melhor das hipóteses, “as nossas justiças (retidão) são como trapo de imundícia” (Is 64:6 simplificado). Não podemos ter a esperança de cobrirmos os nossos pecados através de nossas “boas obras”. À luz resplandecente da santidade de Deus, podemos somente ser vistos como pecadores, como de fato somos. A nossa esperança nunca pode estar ancorada em nossa bondade – somente na graça de Deus. Precisamos compreender que estamos com uma doença fatal devido ao pecado de Adão e aos nossos próprios pecados antes de podermos receber a Sua cura. B. A PENALIDADE PELO PECADO Já vimos que a condição de pecado é “universal”. Com isto queremos dizer que “todas as pessoas, em toda parte” são pecadoras. Além disso, a penalidade pelo pecado é universal. Todos estão condenados a morrer devido a seus pecados. “Todos pecaram... e o salário (penalidade) do pecado é a morte” (Rm 3:23; 6:23 simplificado). 1. Na Lista da Morte A Bíblia descreve todos os seres huma- 804 / SEÇÃO E1 nos como estando na “lista dos condenados a morte” – sob sentença de morte. Independentemente da graça de Deus, ninguém é isentado. Todos enfrentamos o mesmo destino sombrio – a morte! Desde o inicio, a sentença pelo pecado tem sido a mesma. Deus, veemente e claramente, admoestou a Adão e Eva que a desobediência significava a morte. “Não podeis comer da árvore... pois quando dela comerdes, certamente morrereis” (Gn 2:17). O profeta Ezequiel confirma a penalidade de morte pelo pecado nas seguintes palavras, simples, porém muito fortes: “A alma que pecar, essa morrerá” (Ez 18:4,20 simplificado). Nada poderia ser mais certo. O salário, ou resultado, do pecado é a morte. Pela nossa natureza e por nossas ações somos pecadores. Escolhemos seguir o nosso próprio caminho, ao invés de seguirmos o caminho de Deus. “Todos nós andamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho...” (Is 53:6). Quais são os resultados de termos tudo de acordo com as nossas próprias vontades e de seguirmos os nossos próprios caminhos? “Há caminho que ao homem parece direito, mas o fim dele são os caminhos da morte” (Pv 14:12). O caminho do homem é uma rua sem saída! Não podia na verdade ser diferente, pois Jesus disse: “Eu sou o caminho, a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai, senão por Mim” (Jo 14:6). A vontade e o caminho do Pai para a vida centralizam-se em Seu Filho. Qualquer outro caminho leva à morte. Quando escolhemos desobedecer a Deus e seguir o nosso próprio caminho, isto nos leva somente numa direção: para baixo, em direção à destruição. Uma definição do pecado é a seguinte: a oposição à vontade e o caminho de Deus com a nossa própria vontade e caminho. Por sua própria natureza, a desobediência E1.4 – A Nossa Grande Salvação pode somente nos levar à morte. É por isto que todos os pecadores estão condenados à morte. Todos escolhemos voluntariamente a estrada errada. Começou “em Adão” quando ele escolheu desobedecer a Deus. Não somente fomos vítimas dessa escolha, mas também a nutrimos com nossos próprios atos de desobediência. Independentemente de Deus e da Sua graça, estamos neste mundo sem esperança. A morte é o nosso destino! C. A PROVISÃO DE DEUS PARA O PECADOR Todo pecador neste mundo não tem a Deus e não tem nenhuma esperança. É de fato uma escura noite de desespero. Contra este negro pano de fundo, no entanto, brilha a resplandecente luz do amor de Deus. A Bíblia nos diz que “onde há muito pecado, há muito mais ainda da graça de Deus” (Rm 5:20 simplificado). Podemos ser realmente agradecidos por haver uma segunda parte no versículo que declara: “...o salário do pecado é a morte...” Ela continua para nos trazer uma mensagem de esperança e amor: “... mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6:23). 1. A Vida Eterna: a Dádiva do Amor de Deus Somos informados sobre esta grande dádiva do amor de Deus numa passagem muito familiar do Evangelho de João: “Porque Deus amou o mundo [de pecadores] de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não pereça [morra], mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). a. Definição de Uma Dádiva. A definição legal de uma dádiva envolve três partes necessárias. Estes elementos são os seguintes: 1) Uma oferta; 2) Uma aceitação; 3) Sem pagamentos. AS TRÊS PARTES DA IGREJA Uma dádiva é algo que foi oferecido gratuitamente e que foi aceito sem nenhum pensamento de pagamento. b. Deus Fez a Sua Oferta. Deus fez a Sua oferta quando deu o Seu Filho. No entanto, a Sua oferta não é legalmente uma dádiva até que seja aceita. Vocês se lembram que “Jesus veio aos que eram Seus, mas os Seus não O receberam” (Jo 1:11). Pelo fato de os judeus que viviam na época de Jesus não O terem aceitado, não receberam os benefícios e bênçãos da oferta de Deus. “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o direito de serem feitos filhos de Deus...” (Jo 1:12). c. Salvação: Uma Dádiva Oferecida Gratuitamente. Uma dádiva é algo que é oferecido gratuitamente. Nenhum pagamento pode estar envolvido, ou a “dádiva” torna-se uma “aquisição”, algo que foi comprado. O dom da salvação de Deus foi dado gratuitamente. Ele não nos oferece algo que temos de comprar – Ele nos oferece uma dádiva. “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus. Porém, qualquer pessoa pode ser justificada ou reconciliada com Deus através do dom gratuito da Sua graça... através de Jesus Cristo” (Rm 3:23,24 simplificado). Algumas pessoas não compreendem totalmente que o dom da salvação de Deus foi dado gratuitamente. Tentam, portanto, transformar o dom numa aquisição, tentando receber a graça de Deus pelo seu próprio merecimento. No sudeste asiático, há um grupo de pessoas que tem se esforçado de uma maneira extremamente trágica. São chamadas de “flagelistas”. Na Sexta-Feira da Paixão (antes da Páscoa), dão chicotadas em suas costas até ficarem ensangüentadas. Alguns chegam a ponto de introduzirem pregos em suas mãos numa cruz. Por que as pessoas fazem essas coisas terríveis em nome do cristianismo? É por- SEÇÃO E1 / 805 que não compreendem que a sua salvação é uma dádiva. A vida eterna é uma dádiva de Deus. Não há nada que possamos fazer para merecermos ou adquirirmos a graça de Deus. Somos salvos pela graça, e não pelas “obras”. Caso contrário, poderíamos nos gabar de nossos esforços (Ef 2:8,9). A nossa salvação foi “totalmente paga” no Calvário. Quando Jesus estava morrendo naquela Cruz, Ele disse: “Está consumado”. (Jo 19:30). A nossa fé, portanto, fundamenta-se totalmente na obra consumada de Cristo na Cruz. É verdade que estas pessoas do sudeste asiático são sinceras. Conversei com várias delas. No entanto, são ignorantes. Não sabem, nem compreendem a grandeza da salvação de Deus. Estão buscando a salvação, porém estão fazendo as coisas à sua própria maneira. São de fato muito zelosas, mas o zelo e a sinceridade não nos salvam. Podemos ser sinceros e estarmos enganados ao mesmo tempo – terrivelmente enganados. Paulo cita este zelo religioso em sua carta aos romanos: “Conheço o zelo que eles tem por Deus, porém isto não se baseia no conhecimento. Eram ignorantes e não conheciam a justiça que vem de Deus. Tentaram justificar-se diante de Deus da sua própria maneira. Não quiseram aceitar a maneira de Deus de serem justificados, crendo em Cristo” (Rm 10:2-4 simplificado). O que podemos concluir? Será que estas pessoas são sinceras? Sim. Zelosas? Sim. Enganadas? Sim. Perdidas? Sim – através da ignorância! Não há nenhuma maneira pela qual possamos ser justificados diante de Deus através dos nossos próprios esforços ou obras. Este não é o caminho de Deus para a vida eterna. A salvação é uma dádiva, e não uma aquisição. Não pode ser comprada por ne- 806 / SEÇÃO E1 nhuma coisa que possamos fazer. A obra da salvação já foi feita por Cristo na Cruz. A nossa parte é recebermos o presente que nos foi tão graciosamente dado. Não há nenhuma outra maneira. Muitas pessoas já aceitaram a Cristo como seu Salvador e têm a vida eterna. Existem alguns, no entanto, que acham que de alguma maneira precisam acrescentar algo à obra consumada de Cristo na Cruz. Talvez não cheguem a agredir seus corpos fisicamente, mas muitas vezes torturam-se de outras maneiras. Trabalham arduamente para ganharem a aprovação de Deus, porém nunca se sentem totalmente aceitos. Estão sempre se esforçando para atingirem objetivos mais elevados, mas fracassam sempre. Aí então, dão duras chicotadas em si próprios, com sentimentos de culpa e condenação. Sinceros? Sim. Zelosos? Sim. Enganados? Sim. Perdidos? Bem... não perderam a sua salvação, e sim a alegria da sua salvação – através da ignorância! d. A dádiva Precisa Ser Aceita. Billy Graham, certa vez, chocou a muitas pessoas, dizendo: “Um dos grandes mistérios da redenção é o seguinte: muitos homens maus vão para o Céu, e muitos homens bons vão para o inferno!” Por que os homens maus vão para o Céu? Porque aceitaram a dádiva de Deus da vida eterna. 1) O Ladrão na Cruz. Vocês se lembram daquele ladrão crucificado ao lado de Jesus, não é? Pouco antes de morrer, ele disse: “Lembra-Te de mim, quando entrares no Teu reino!” (Lc 23:42). Esta simples coração estava imbuída de fé. Ela continha todos os elementos da fé salvadora. Quais são eles? a) Ele acreditou que Jesus era o Rei (Senhor) b) Ele acreditou que o Rei teria um Reino c) Ele pediu para ser incluso neste Reino E1.4 – A Nossa Grande Salvação Jesus respondeu: “Hoje estarás Comigo no Paraíso” (Lc 23:43). Jesus aceitou o ladrão porque ele O aceitou como Senhor e Rei. Por que muitos homens bons vão para o inferno? Porque recusaram a dádiva de Deus e confiaram em suas próprias “boas obras”. Jesus expressou esta mesma verdade aos fariseus (que eram muito religiosos, porém muito perdidos) da seguinte maneira: “Em verdade vos digo que os coletores de impostos e as meretrizes entram adiante de vós no Reino de Deus” (Mt 21:31). Por que estes pecadores entravam no Reino, e os fariseus eram deixados de fora? Os fariseus eram homens muito religiosos – freqüentavam o Templo, oravam, pagavam os dízimos, tinham os seus dias de jejum e de festas, e guardavam o Sábado. Por que os fariseus iriam para o inferno, e as meretrizes iriam para o Céu? Porque as meretrizes recebiam a dádiva de Deus, e os fariseus não queriam recebê-la. Ao invés, tentavam assegurar a sua salvação através de suas próprias obras de retidão. O Caminho Divino para a vida eterna estava bem diante deles, mas escolheram seguir o seu próprio caminho. A pequena frase “submeter-se a retidão de Deus” encontra-se em algumas versões de Romanos 10:3. Refere-se à aceitação da dádiva de Deus da salvação em Cristo Jesus. Para muitos de nos, é difícil “submetermo-nos” a qualquer coisa. Algo dentro de nós rebela-se contra qualquer tipo de autoridade – até mesmo a de um Deus sábio e amoroso. Ralph Mahoney (fundador do World MAP – o ministério que fornece O Cajado do Pastor) recorda-se dos tratamentos de Deus em sua própria vida, quando ele era um adolescente orgulhoso: “Fico impressionado por poder ter sido tão cheio do próprio orgulho e auto-retidão. A coisa mais difícil para mim foi submeter-me a dádiva da retidão de Deus. Acho que eu queria salvar a AS TRÊS PARTES DA IGREJA mim mesmo e depois gabar-me diante de Deus de como eu o havia feito! “O que existe no coração humano que nos torna tão orgulhosos e teimosos? Preferimos morrer – tentando fazer as coisas da nossa própria maneira – do que recebermos de Deus o dom gratuito da retidão. “Teria sido mais fácil para mim atravessar os Estados Unidos de joelhos do que andar 10 metros em direção a um altar e humildemente ajoelhar-me para orar em atitude de arrependimento. “Fico muito contente de que o meu Pai Celestial tenha sido paciente comigo durante esses primeiros anos da minha vida. Finalmente cheguei ao fim da minha estrada e busquei a Sua saída. Finalmente, submeti a minha vida à Sua vontade, e recebi a Sua dádiva da vida eterna. Jamais me arrependi de ter feito esta escolha... nenhuma vez sequer!” D. O CORAÇÃO PATERNAL DE DEUS Há uma linda história no Antigo Testamento que ilustra claramente o coração paternal de Deus, repleto de amor. Nessa história, Deus revela-Se não somente como um Pai-Criador, mas também como um Pai-Redentor. O profeta Isaías viu esta revelação dupla do caráter de Deus. “Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: não temas, porque Eu te redimi: Chamei-te pelo tem nome, tu és Meu” (Is 43:1). O Deus que cria também redime. Comprar o homem e restaurá-lo ao propósito da família de Deus custou ao Pai a vida do Seu Único Filho. A Sua vida foi dada – como um Cordeiro Sacrificial – para nos redimir. 1. Abraão e Isaque: um Quadro Profético do Amor Redentor “E aconteceu depois destas coisas, que tentou Deus a Abraão, e disse-lhe: Abraão! E ele disse: Eis-me aqui. E disse Deus: Toma SEÇÃO E1 / 807 agora o teu filho, o teu único filho, Isaque, a quem amas, e vai-te à terra de Moriá, e oferece-o ali em holocausto sobre uma das montanhas, que Eu te direi. “Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque, seu filho; e fendeu a lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera. “Ao terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe. E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós. E tomou Abraão a lenha do holocausto, e pô-la sobre Isaque, seu filho; e ele tomou o fogo e o cutelo na sua mão, e foram ambos juntos. “Então falou Isaque a Abraão seu pai e disse: Meu pai! E ele disse: Eis-me aqui meu filho! E ele disse: Eis aqui o fogo e a lenha, mas onde está o cordeiro para o holocausto?” (Gn 22:1-7). Neste ponto da história, talvez pudéssemos perguntar o motivo pelo qual Deus pediria que um homem matasse o seu único filho. Isaque, que significa “riso”, foi um “bebê-milagre” quando do seu nascimento. Tanto Abraão quanto Sara estavam bem além da idade de ter filhos. Contudo, Deus havia prometido um filho a Abraão, e Ele havia mantido a Sua palavra. Abraão havia esperado 25 anos por aquela promessa e ficou extremamente alegre quando Isaque nasceu. Agora, após aproximadamente 20 anos, Deus diz a Abraão para matar o seu único filho. Será que Deus realmente faria uma coisa dessas? E, em caso afirmativo, por quê? Há um propósito divino para essa história estar na Bíblia. O seu propósito é revelar-nos uma importante verdade. Essa história deveria ser um quadro profético do plano de Deus para a redenção. Ele quer que compreendamos claramente as funções que o Pai e o Filho precisam assumir na obtenção da nossa salvação. 808 / SEÇÃO E1 a. Isaque – o Filho Obediente. Sabemos que Isaque, como filho obediente, é um protótipo do Senhor Jesus. A madeira para o holocausto foi colocada sobre os ombros de Isaque enquanto subiam a montanha. Dois mil anos mais tarde, o Único Filho de Deus carregaria uma Cruz de madeira sobre os Seus ombros, enquanto uma outra montanha era galgada: o Monte do Calvário! Às vezes, subestimamos o fato de que Abraão é um protótipo de Deus-Pai. Ficamos maravilhados ao imaginarmos a dor que deve ter estado em seu coração enquanto carregava em suas mãos o cutelo e o fogo. Deus havia prometido a Abraão que através de Isaque viria uma família tão grande em número quanto as estrelas do Céu. Como poderia ser cumprida esta promessa, se Isaque tivesse que morrer, e a menos que houvesse a esperança de uma ressurreição? (Hb 11:17-19). b. E Caminharam Ambos Juntos. Há um toque de muita ternura em nossa história quando lemos que “caminharam ambos juntos”. Lado a lado, andando em silêncio – um pai amoroso com o seu filho e um filho amoroso com seu pai. O pai Abraão move-se com os firmes passos da fé e da obediência, mas há uma grande dor em seu coração, a qual é somente aliviada pela esperança que ele tem na promessa de Deus. Finalmente, o silêncio é quebrado por uma pergunta dos lábios de Isaque: Onde Está o Cordeiro? Escondido na resposta encontra-se um lindo quadro profético do grande amor redentor de Deus. “E disse Abraão: Deus proverá para Si o cordeiro para o holocausto, meu filho. Assim caminharam ambos juntos” (Gn 22:8). A palavra “juntos” aparece pela segunda vez na narrativa e encontra-se repleta de um tremendo significado. Ela retrata o amor que um tinha pelo outro; retrata também a fé e a obediência deles para com Deus. E1.4 – A Nossa Grande Salvação Abraão deve ter contado a Isaque sobre a vontade de Deus para a sua morte – e da promessa de Deus para a sua vida. Ambos estavam dispostos a se submeterem à Palavra do Senhor. Isaque era um jovem forte e poderia ter reagido facilmente contra seu idoso pai. Que tremenda revelação profética do amor de Deus! Um pai disposto a sacrificar o seu filho amado, e um filho disposto a submeter-se a este sacrifício. A única coisa que podemos fazer é ficarmos observando – em atônito silêncio! Conhecemos o final da nossa história, é claro. No último momento, Deus proveu de fato um sacrifício, na forma de um carneiro que estava preso num arbusto das redondezas. A vida de Isaque foi poupada, e Deus renovou a Sua promessa a Abraão. Através de Isaque viria um povo destinado a abençoar todas as nações da terra. 2. A Mesma História: Dois Mil Anos Mais Tarde Dois mil anos mais tarde, vemos o desenrolar da mesma história. A única diferença é que desta vez não há nenhum resgate de último minuto d’Aquele que entrega a Sua vida como sacrifício. a. Jesus – o Filho Amado. Estamos falando do Filho de Deus, o Qual entregou a Si Mesmo como “Cordeiro de Deus”. Abraão e Isaque formam um lindo protótipo do relacionamento Pai-Filho dentro da Trindade. A primeira vez que uma palavra ou conceito importante aparece nas Escrituras estabelece um padrão para os seus usos subseqüentes. Assim sendo, o cenário em que esta palavra se encontra pressupõe um significado muito especial. Com isto em mente, é interessante descobrirmos que a palavra “amor” aparece primeiramente com referência ao amor de um pai por um filho. Mais especificamente, foi o amor de Abraão por Isaque. “Toma... teu filho, Isaque, a quem amas...” (Gn 22:2). AS TRÊS PARTES DA IGREJA A palavra “amor” no Novo Testamento aparece pela primeira vez nos Evangelhos Sinóticos nesta notável frase: “Tu és Meu amado Filho, em Quem Me comprazo!” (Mt 3:17; Mc 1:11; Lc 3:22). Se Abraão amava o seu único filho, como é tremendamente maior o amor de Deus pelo Seu único Filho! O Evangelho de João é o Evangelho do amor de Deus. Qual é a primeira referência ao grande amor de Deus neste livro especial? Quando descobrimos qual é, ficamos comovidos, grandemente maravilhados, e humildemente atônitos: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que n’Ele crê não morra, mas tenha a vida eterna!” (Jo 3:16 simplificado). b. Eles “Caminharam Juntos”. Sim, o Pai sempre amou o Seu Filho. Desde toda a eternidade passada, Ele O amou (Jo 17:24). De fato, Eles Se amavam tremendamente. No entanto, somos incluídos nesse amor também. Jesus nos diz que o Pai nos ama assim como Ele ama ao Seu Próprio Filho (Jo 17:23). Foi antes da fundação do mundo que o Cordeiro de Deus foi morto. É quase além da nossa compreensão, mas o Pai e o Filho planejaram, em amor, a nossa redenção, antes mesmo que o mundo fosse criado. “Caminharam juntos” neste amor – por você e por mim. Mais do que isto ainda, Eles “executaram este plano juntos” na Cruz. Muitos de nós pensamos erradamente que o Pai estivesse estranhamente afastado do Seu Próprio Filho durante aquela horrível hora em que Ele foi “abandonado”. É verdade que um Deus Santo não pode contemplar o pecado – e que Cristo tomou sobre Si Mesmo o nosso pecado lá naquela Cruz. “O Pai fez com que o Seu Próprio Filho – o Qual não conheceu nenhum pecado – Se tornasse pecado por nós, para que n’Ele, SEÇÃO E1 / 809 pudéssemos ser justificados diante de Deus” (2 Co 5:21 simplificado). Isto, porém, não significa que o Pai sentiu menos dor que o Filho, em Sua agonia na Cruz. Quando o santo, puro, e imaculado Filho de Deus tomou sobre Si Mesmo o nosso pecado, algo terrível aconteceu. Pela primeira vez em toda a eternidade passada, a Sua comunhão com o Pai foi quebrada! O pecado separa. A morte espiritual é uma separação de Deus. Como Filho do Homem, Ele pagou por completo a penalidade pelo nosso pecado – sozinho sobre uma Cruz. O Pai, no entanto, também sentiu a dor dessa penalidade por completo. Quando a comunhão é quebrada, ambas as partes compartilham dessa tremenda dor. Ambos caminharam juntos por essa dolorosa estrada – até o final. Paulo está alcançando o clímax do significado dessa terrível, porém maravilhosa verdade nas seguintes palavras à Igreja de Corinto: “Deus-Pai estava pessoalmente presente em Cristo, reconciliando Consigo o mundo, para não mais imputar os pecados dos homens” (2 Co 5:19 simplificado). Esta é uma parte do mistério da Santíssima Trindade. Jesus disse: “Eu estou no Pai e o Pai está em Mim” (Jo 14:10,11). Quando Jesus nasceu da virgem, lemos em Mateus 1:23 que O chamariam de “Emanuel”, que significa “Deus conosco”. João Batista, ao ver a Jesus, declarou: “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo!” (Jo 1:29). c. “Eu Morrerei no Lugar Deles”. Lembramo-nos que Abraão disse a Isaque: “Meu filho, Deus proverá para Si um cordeiro para o holocausto” (Gn 22:8). Estas palavras proféticas apresentam um lindo quadro do amor pessoal de Deus por nós. Deus proverá a Sua Própria Pessoa como cordeiro Sacrificial pelo nosso pecado. Ele tomou sobre Si Próprio a responsabilidade pela nossa salvação. 810 / SEÇÃO E1 Um Deus santo e justo declarou: “A alma que pecar, esta morrerá” (Ez 18:4). E com isto, o Juiz de toda a terra condenou à morte toda a raça humana. Era a única coisa que a justiça poderia fazer. Contudo, o poderoso Criador do Universo e Juiz de toda a humanidade é também um Pai-Redentor. Ele olha com amor e misericórdia o mundo pecaminoso e toma uma decisão incrivelmente maravilhosa, e contudo terrível: “Morrerei no lugar deles. Pagarei a penalidade que a justiça exige – para que possam viver. Eu os amo demais!” E foi isto o que Deus fez. Ele estava em Cristo Jesus reconciliando o mundo Consigo. Em Seu Filho, Ele reuniu toda a raça humana, e morreu numa cruz. Agora, esta passagem da carta de Paulo aos romanos torna-se viva e com muito mais significado: “Através do pecado de um homem (Adão), a penalidade da morte veio sobre todos os homens. Da mesma maneira, através do ato de justiça de um só Homem (Cristo), o dom gratuito da vida veio para todos os homens, os quais foram n’Ele justificados diante de Deus. “Pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores. Porém, pela obediência de um só Homem, muitos serão justificados... O pecado reinou outrora através da morte. Agora, a graça reina, justificando-nos em Jesus Cristo nosso Senhor. Portanto, haveremos de viver para sempre” (Rm 5:18,19,21 simplificado). Todo o louvor seja para o nosso Deus pelo Seu amor, graça, e misericórdia em Cristo Jesus! E. HOJE É O DIA DA SALVAÇÃO E óbvio que isto não significa que todos os homens sejam salvos sem se achegarem pessoalmente a Cristo para receberem o Seu dom da salvação. Lembramo-nos que uma dádiva não é uma dádiva até que seja aceita. Lemos em Romanos 5:17 que precisamos “receber” pessoalmente o dom gratui- E1.4 – A Nossa Grande Salvação to de Deus de vida em Cristo Jesus. Se não for recebido, Ele não nos traz nenhum beneficio. A oferta já foi feita, mas precisa ser aceita, Somente os que recebem ao Senhor Jesus como seu Salvador, desfrutarão da vida eterna. “Ouçam por favor! Agora é o tempo certo. Eis que hoje é o dia da salvação” (2 Co 6:2 simplificado). Deus o está chamando hoje para você fazer somente uma coisa: receber o Seu Filho como seu Salvador. Nada mais é realmente importante. Charles Wesley escreveu o lindo hino: “Nada trago em minhas mãos, somente a Tua Cruz abraço.” E ele disse tudo. Andrew Murray falou da seguinte maneira: “Todos os seres humanos deveriam colocar todos os seus pecados numa pilha, e todas as suas obras numa outra pilha. Aí então, deveriam fugir de ambas as pilhas em direção a Jesus!” “Sim, o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna através de Jesus Cristo nosso Senhor... Ele veio aos Seus, mas os Seus não O receberam. Contudo, a todos quantos O receberam – e creram no Seu Nome – a estes deulhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (Rm 6:23; Jo 1:11,12). Aleluia, que grande Salvador! E que GRANDE SALVAÇÃO temos N’Ele! 1. Uma Oração de Salvação “Querido Senhor Jesus, eu Te recebo como meu Senhor e Salvador. Abro a porta do meu coração a Ti e peço-Te que entres e vivas em mim. Creio no meu coração que Deus Te ressuscitou dos mortos. Perdoame pelos meus pecados pois arrependo-me verdadeiramente. Através da Tua ajuda e do Teu Espírito, buscarei viver uma vida que seja agradável a Ti. AMÉM.” “Se você crer no seu coração que Deus ressuscitou a Jesus, dentre os mortos, e se você disser com a sua boca que Jesus é o Senhor, então você será salvo” (Rm 10:9 simplificado). AS TRÊS PARTES DA IGREJA Agora diga a alguém: “Acabei de receber a Jesus como meu Senhor e Salvador!” PARTE II: OS LÍDERES DA IGREJA Capítulo 5 O Caráter do Líder: Fruto Espiritual Introdução Como é de fato o caráter de Cristo? Qual é a natureza da Sua vida? Gostaríamos de responder estas perguntas neste capítulo. A “pessoa” de Cristo está, agora, à destra do Pai no Éden. Mas pelo Espírito D’Ele, a Sua “presença” pode estar dentro de você e dentro de mim; e dentro de cada crente por todo o mundo. “Vós porém não estais na carne [antiga natureza pecaminosa.] O espírito de Deus habita em vós” (Rm 8:9). O bebê recebe dos seus pais a natureza e o caráter da família. Esta natureza se desenvolve à medida que a criança continua a crescer. Muitas características físicas logo aparecem: os olhos, a pele, e a cor do cabelo. A estrutura óssea e a altura levam mais tempo para se desenvolverem, mas a “imagem” da família é prontamente vista. Dizemos às vezes que “a criança é de fato a cara dos seus pais”. O mesmo se aplica à família de Deus. Ao nascermos na família de Deus recebemos a vida de Cristo – e a Sua natureza. Nós também devemos desenvolver-nos à semelhança da Sua imagem. A natureza e o caráter da Sua vida devem crescer em nós à medida que crescemos n’Ele. Este é o nosso destino divino – tornarmo-nos semelhantes a Jesus! Esta gloriosa esperança é claramente declarada nas Escrituras: “Devido ao fato de que os nossos rostos não estão cobertos, podemos refletir – como espelhos – a glória do Senhor. Estamos sendo transformados à Sua imagem [semelhança] de gló- SEÇÃO E1 / 811 ria para uma glória ainda maior. Esta transformação vem do Espírito do Senhor” (2 Co 3:18 simplificado). Sim, devemos nos tornar semelhantes a Jesus – em natureza, palavras, e obras. A. O CARÁTER DE CRISTO: O FRUTO DO ESPÍRITO Como é de fato o caráter de Cristo? Qual é a natureza da Sua vida? O tornarmo-nos semelhantes a Jesus deve ser mais do que um mero pensamento agradável. Deve ser mais do que uma mera idéia genérica. Precisamos conhecê-Lo de fato para nos tornarmos semelhantes a Ele. Lemos em 2 Coríntios 3:18 que o Espírito do Próprio Senhor é a fonte da nossa nova vida. Paulo cita as qualidades da vida de Cristo com as seguintes palavras: “O fruto do Espírito é o amor, a alegria, a paz, a paciência, a benignidade, a bondade, a fidelidade, a mansidão, e o auto-controle” (Gl 5:22 simplificado). Os frutos do Espírito formam um lindo “retrato falado” do caráter de Cristo. Cada fruto é uma qualidade específica da Sua vida – um aspecto do Seu “ser”. A mesma coisa é observada na natureza. A luz branca se divide em todas as cores do arco-íris ao passar por um prisma de vidro. Os Frutos do Espírito são as cores do arco-íris da vida de Cristo. Os Frutos do Espírito retratam os lindos aspectos da vida de Cristo. Poderíamos talvez fazer um esboço dos frutos do Espírito da seguinte maneira: 1. Bênçãos Internas a. Amor – sermos amorosos no coração b. Alegria – sermos alegres no coração c. Paz – termos paz no coração 2. Bênçãos Externas a. Paciência – sermos pacientes com os outros 812 / SEÇÃO E1 E1.5 – O Caráter do Líder: Fruto Espiritual O “espírito” de Jesus vem a nós. A “pessoa” de Jesus está no Céu. A IMAGEM DE DEUS A “presença” de habita em nós. b. Bondade – sermos bons para com os outros c. Benignidade – sermos benignos com os outros 3. Bênçãos Ascendentes a. Fidelidade – sermos fiéis a Deus b. Mansidão/Docilidade – sermos dóceis diante de Deus c. Auto-controle – sermos controlados por Deus Podemos ver prontamente que as “bênçãos” acima facilmente se interpolam. Se formos amorosos em nosso coração seremos amorosos para com os outros e para com o Senhor também. Contudo, a ilustração mostra, de fato, como os frutos do Espírito atingem todas as direções para produzirem grandes bênçãos. A lista acima inclui muitas das características importantes da vida de Cristo, mas há outras também. Paulo nos dá estes nove frutos como exemplos a serem estudados por nós. B. CHAVES PARA UMA VIDA FRUTÍFERA 1. Ser Versus Sentir É importante vermos que os frutos do Espírito nos mostram o que Cristo “é”, pois são qualidades do Seu “ser”. Cristo não é somente amoroso – Ele é o amor. Ele não é somente alegre – Ele é a alegria. Ele não somente tem a paz – Ele é a paz. Assim sendo, como resultado do que temos e somos n’Ele, nós também podemos ser amorosos, alegres e podemos ter a paz. Tomemos o fruto da alegria como exemplo. Temos a alegria, quer a estejamos sentindo ou não, porque temos a Cristo em nossos corações. Ele disse que nunca nos deixaria nem nos abandonaria – tampouco a Sua alegria nos deixará. Os sentimentos ou AS TRÊS PARTES DA IGREJA as emoções da alegria seguem a nossa fé com relação a este fato. Eles são a reação emocional à realidade espiritual. A alegria do Senhor é o Senhor! O fruto da alegria pode ser expresso de diferentes formas. Às vezes, pode ser bem intenso, alto e vivido. As pessoas podem até cantar, gritar, dançar e rir: “Transformaste o meu pranto [angústia] em dança. Mudaste as minhas vestes de tristeza para vestes de alegria. O meu coração cantará a Ti e não ficará em silêncio. Ó Senhor meu Deus, dar-Te-ei graças para sempre” (Sl 30:1 1,12 simplificado). Em outras ocasiões, a alegria do Senhor pode fluir como um rio forte e plácido. Ela pode até mesmo nos levar ao fruto da paz, assim como uma cor do arco-íris se mistura com a outra. 2. As Dificuldades Produzem os Melhores Frutos Isto nos conduz a uma outra verdade sobre os Frutos do Espírito. Eles crescem melhor no terreno difícil da nossa vida diária. Enfrentamos muitas coisas, todos os dias, que são opostas à nossa vida em Cristo. Ao invés do amor, enfrentamos o ódio e as hostilidades. Ao invés da alegria, deparamo-nos com a tristeza, com a angústia, e com a dor. Ao invés da paz, encontramos as pressões, as tensões, as discórdias e as lutas. Estas forças das trevas infiltram-se nas pessoas, nos lugares, e nos eventos dos nossos afazeres aqui na terra. Às vezes gostaríamos de poder correr e escapar disso tudo. Em geral isto não é possível, e mesmo se fosse possível, talvez não encontrássemos o alívio desejado. Este seria bem o caso, se parte do problema se devesse às nossas próprias atitudes e ações. No entanto, Deus tem de fato uma resposta. A maioria dos nossos problemas – internos ou externos – são causados por forças opostas aos Frutos do Espírito. Podemos chamar estas forças de frutos da “carne” – a nossa antiga natureza pecaminosa. SEÇÃO E1 / 813 FRUTOS DO FRUTOS DA ESPÍRITO CARNE _____________________________________ Amor Ódio, Egoísmo, Ciúme, Ressentimentos Alegria Tristeza, Desgosto, Depressão, Autocomiseração Paz Preocupação, Temor, Lutas, Conflitos, Tensões Paciência Impaciência, Impetuosidade, Irritabilidade Bondade Crueldade, Grosseria, Rispidez, Agressividade, Tirania Benignidade Maldade, Perversidade, Imoralidade, Avareza Fidelidade Negligência, Irresponsabilidade, Desonestidade, Deslealdade Mansidão Orgulho, Dogmatismo, Ineducabilidade, Criticismo Auto-controle Rebeldia, Indisciplina, Desordem, Fraqueza de Vontade Jesus sempre produz o fruto da “vida” – o fruto do Espírito. Satanás sempre produz o fruto da “morte” – o fruto da carne. Podemos escolher a qual deles nos entregaremos. Em ocasiões de apuros somos geralmente tentados a reagir de acordo com a nossa antiga natureza pecaminosa. Se este for o caso, estaremos nos entregando à influência errada. Isto somente trará uma nuvem de trevas e morte sobre nós – e sobre os outros também. Além disso, quanto mais nos entregamos à “carne”, pior ficamos. Com o passar do tempo, estas características mortais fixam-se em nosso caráter. Quando isto acontece, agimos e parecemos mais com o diabo do que com o Senhor. O quadro mais triste do mundo é o de um cristão derrotado. Ele tem a vida de Cristo em seu coração, mas o Espírito de Deus encontra-Se tremendamente entristecido. Conse- 814 / SEÇÃO E1 E1.5 – O Caráter do Líder: Fruto Espiritual ÁRVORE DA VIDA FRUTO DA CARNE ALEGRIA AMOR PAZ FIDELIDADE Crueldade Orgulho Tirania Tristeza AUTO-CONTROLE Temor Rispidez BENIGNIDADE Criticismo PACIÊNCIA BONDADE Grosseria Indisciplina Maldade Desonestidade Egoísmo TERRENO DAS CONDIÇÕES ADVERSAS Ód i o Desgosto Lutas qüentemente, a glória do Senhor não brilha mais sobre a sua face – somente trevas podem ser vistas. Esta história, porém, pode ser diferente – bem diferente! Os tempos de dificuldades também podem ser tempos de grande crescimento em Cristo. Se olharmos para a vida e o poder do Seu Espírito dentro de nós, poderemos nos fortalecer em nossas áreas fracas. A luz sempre vence as trevas. As trevas nunca conseguem apagar a luz. Uma só vela consegue expulsar as trevas de uma sala inteira. A mesma coisa se aplica no âmbito do Espírito. A luz do amor sempre pode expulsar as lúgubres trevas do temor, da ira, e do pesar. Aliás, os melhores frutos do Espírito de Deus podem desenvolver-se nos tempos mais difíceis. A partir do solo da nossa fraqueza, Ele aperfeiçoa a Sua força. O Seu amor cresce melhor quando nos encontramos num cenário nada amoroso. A nossa reação natural em tempos ruins é a de reagirmos com ira ou temor. O Espírito Santo, no entanto, tenta vencer o mal com o bem. À medida que nos submetemos ao Seu Espírito, o amor de Deus fica cada vez mais forte em nossa vida. Tornamo-nos cristãos melhores e mais semelhantes a Jesus em nosso caráter. A Sua glória paira sobre nossa vida e tornamo-nos uma bênção – para Deus, para os outros, e até mesmo para nós próprios! a. O “Espinho” de Paulo. Esta verdade sobre o desenvolvimento do caráter cristão é observada na vida do Apóstolo Paulo. Ele recebeu um “espinho na carne” para mantê-lo humilde. O que quer que tenha sido, trouxe-lhe muita dor e dificuldades. Por três vezes ele pediu que o Senhor o removesse, mas o seu pedido foi sempre negado. Por que Deus permitiria que algo tão doloroso fizesse parte da vida e do ministério de Paulo? Por que Ele não o removeu quando Paulo orou? A resposta é simples. Deus tinha algo melhor em mente – algo sobre o qual o futuro ministério de Paulo poderia estar firmemente estabelecido. Paulo nos transmite esta verdade com as seguintes palavras: “Aí então Deus me disse: A Minha gra- AS TRÊS PARTES DA IGREJA ça será mais do que suficiente. Minha força, será aperfeiçoada na tua fraqueza. Portanto, gloriar-me-ei de bom grado na minha fraqueza, pois é assim que o poder de Cristo poderá pairar sobre mim poderosamente... Pois é quando estou fraco que Ele me fortalece!” (2 Co 12:9,10 simplificado). O princípio do crescimento de frutos bons é claramente visto: eles crescem melhor no solo das “condições contrárias” – as pessoas e os lugares que se opõem aos frutos do Espírito. Foi a partir do solo da “fraqueza” de Paulo que o fruto da “força” de Deus pôde desenvolver-se. É a partir do solo da nossa tristeza e tribulação, e também do ódio dos outros por nós que o bom e doce fruto do amor, da alegria e da paz pode desenvolver-se. b. Nosso Bem/Sua Glória. Sim, Deus permite que um certo grau de dor, de sofrimento, e de transtornos atinja a nossa vida. Ele, porém, prometeu que nenhuma destas coisas seria em vão. Tudo contribui juntamente para o nosso bem e para a Sua glória. Esse “bem” e essa “glória” são o caráter de Cristo. O nosso ministério a Ele, a Igreja, e ao mundo requer de fato os frutos do Espírito em nossa vida. A falta de caráter é a razão principal pelos fracassos do ministério da Igreja. Os ministros podem ser “chamados”, podem ser altamente “dotados”, e até mesmo “bemsucedidos” em seus ministérios – por algum tempo. Mas não duram muito se não tiverem o caráter cristão. Os frutos do Espírito são o fundamento para um ministério forte, firme e sólido para Deus. Isto se aplicava ao Apóstolo Paulo e também se aplica a nós hoje! “Podemos, portanto, nos regozijar quando nos deparamos com problemas e tribulações. Sabemos que são bons para nós, pois nos ajudam a aprender a ser pacientes. E a paciência desenvolve a força de caráter em nós. Desta forma, aprendemos a confiar em Deus cada vez mais. SEÇÃO E1 / 815 “Finalmente, a nossa esperança e a nossa fé tornam-se fortes e firmes. Aí então somos capazes de ter as nossas cabeças erguidas, não importando o que aconteça. Sabemos que tudo está bem e que Deus nos ama com ternura. Sentimos o Seu caloroso amor dentro de nós porque Deus encheu nosso coração com o Seu Espírito Santo” (Rm 5:3-5 simplificado). Permita que os frutos do Espírito cresçam na sua árvore. Se você fizer isto, você também será frutífero em seu ministério ao Senhor, aos outros e ao mundo. Capítulo 6 O Poder do Líder I: Batismo no Espírito Santo A. JESUS: O “BATIZADOR” NO ESPÍRITO SANTO Uma coisa é termos o Espírito Santo, mas outra totalmente diferente é o Espírito Santo ter a nós – encher todo o nosso ser. Precisamos não somente da “vida” de Cristo dentro de nós, mas também do “poder” para expressarmos essa vida ao mundo. Precisamos estar “cheios e fluindo” com a vida e também com o poder de Deus. E possível termos um relacionamento de vida com Jesus como nosso “Salvador” e ainda assim sermos cristãos bem fracos. Também precisamos conhecer o Senhor Jesus como o poderoso “Batizador” com o Espírito Santo. Essa é a nossa fonte de poder para sermos testemunhas vivas para o Senhor. João Batista “batizava” os seus convertidos nas águas do Rio Jordão. A palavra “batizar” significa “introduzir”. Os convertidos de João Batista eram introduzidos no Rio Jordão. Os seus corpos eram totalmente cobertos (inundados) pela água. João usa isso como uma figura do sermos batizados no Espírito Santo por Jesus: “Na verdade eu vos batizo com água, mas Alguém [Jesus] mais poderoso que eu 816 / SEÇÃO E1 E1.6 – O Poder do Líder I: Batismo no Espírito Santo virá logo... E Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo’’ (Lc 3:16 simplificado). Jesus também falou sobre esse poderoso batismo no Espírito Santo pouco antes de voltar ao Céu. Ele disse aos Seus discípulos que eles necessitavam do pleno poder do Espírito de Deus em sua vida para serem Suas testemunhas no mundo: “Enviarei a promessa do Meu Pai [o Espírito Santo] sobre vocês. Portanto, esperem em Jerusalém até que sejam revestidos [cobertos] com poder do Céu... “Porque João batizou com água, mas logo vocês serão batizados com o Espírito Santo... E receberão poder depois que o Espírito Santo vier sobre vocês. Aí então vocês serão Minhas testemunhas...” (Lc 24:49; At 1:5,8 simplificado). E Jesus cumpriu de fato a Sua palavra enviando a promessa do Pai, pois aconteceu no Dia de Pentecostes exatamente como Ele havia dito: “E quando o dia de Pentecostes havia chegado, todos estavam reunidos no mesmo lugar. E de repente veio do Céu um som, como de um vento veemente e impetuoso... E todos foram cheios com o Espírito Santo e começaram a falar em línguas que não haviam aprendido” (At 2:1,2,4 simplificado). Havia muitos judeus em Jerusalém naquela festa de Pentecostes. Logo eles formaram uma multidão que ficou observando e ouvindo com grande estupefação. Aí então Pedro lhes explicou o que havia acontecido. O Espírito Santo havia sido derramado exatamente como fora predito pelo profeta Joel, ou seja, que Deus faria isto nos últimos dias. (Nota do editor: Os “últimos dias” nesse contexto refere-se ao tempo que vai da Ascensão de Jesus ao Céu até à Sua Segunda Vinda à terra.) Além disso, foi devido ao fato de que Jesus (a Quem os romanos e os judeus haviam crucificado) ressuscitara dos mortos e havia sido levado ao Céu. Lá, Ele recebeu do Pai o Espírito Santo que havia sido prometido e derramou-O sobre os discípulos que estavam orando no Cenáculo. Pedro falou com eles no poder deste Espírito. Como resultado, os judeus foram acometidos com temor e culpa, e perguntaram-lhe o que deveriam fazer. Pedro respondeu com as seguintes e importantes palavras: “Arrependam-se e sejam batizados em nome de Jesus para que os seus pecados possam ser perdoados. Aí então vocês receberão o dom do Espírito Santo. Esta promessa é para vocês, para os seus filhos, e para todos em toda parte que Deus chamar nestes últimos dias” (At 2:38,39 simplificado). B. O PADRÃO COM TRÊS PONTOS PARA A VIDA E O PODER ESPIRITUAL Na resposta de Pedro em Atos 2:38,39 encontramos um importante padrão, com três pontos, para a obtenção da vida e do poder espiritual. Este padrão foi seguido pela Igreja Primitiva em todo o Livro de Atos. Podemos fazer um esboço desse padrão usando as palavras “arrepender-se”, “ser batizado”, e “receber” como sub-tópicos: 1. ARREPENDER-SE (Esboço de um Sermão Sobre o Arrependimento) a. Abandonar o Pecado e Submeterse a Deus. “Arrependam-se! Mudem os seus corações e voltem-se a Deus. Ele apagará os seus pecados e renovará as suas vidas no Espírito do Senhor” (At 3:19 simplificado). b. Crer em Jesus Como Salvador. “...Crê no Senhor Jesus Cristo, e serás salvo tu e a tua casa” (At 16:31). c. Receber o Seu Espírito de Vida. “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8:16). d. Nascer na família de Deus. “O Espírito que temos nos torna filhos de Deus” AS TRÊS PARTES DA IGREJA (Rm 8:15 simplificado). “Vocês são todos filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Vocês foram batizados em Cristo, e, portanto, revestidos d’Ele’’ (Gl 3:26,27 simplificado). e. Ser Batizado no Corpo de Cristo. “Pois todos nós fomos batizados em um Espírito formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito” (1 Co 12:13). f. Produzir os Frutos do Seu Espírito. “Quem vive em Mim – e Eu nele – esse dá muito fruto... E o fruto do Espírito é o amor, a alegria, a paz...” (Jo 15:5; Gl 5:22 simplificado). 2. SER BATIZADO (Esboço de um Sermão Sobre o Batismo) a. Ser Batizado na Água. “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados...” (At 2:38). “Quem crer e for batizado será salvo...” (Mc 16:16). b. Fazê-lo com Fé e por Obediência. “O dilúvio de Noé é uma figura da nossa salvação. No batismo na água demonstramos que nós também fomos salvos...” (1 Pe 3:20,21 simplificado). c. Fazê-lo Como um Testemunho da Nossa Fé. “O dilúvio de Noé é uma figura da nossa salvação. No batismo na água demonstramos que nós também fomos salvos da morte – pela ressurreição de Cristo. (1 Pe 3:20,21 simplificado). d. Receber a Purificação do Pecado Quando Você for Batizado. “No batismo na água demonstramos que nós também fomos salvos da morte. ..Isto não se deve ao fato de os nossos corpos estarem sendo lavados pela água, e sim por estarmos nos voltando a Deus, pedindo-Lhe que Ele purifique os nossos corações do pecado.” (1 Pe 3:20, 21 simplificado). e. Vê-lo Como um Sinal de Uma Nova Vida. “No batismo vocês não foram somente sepultados com Ele, mas também ressuscitados a uma nova vida com Ele. Isto foi possível porque vocês creram no SEÇÃO E1 / 817 poder de Deus que O ressuscitou dos mortos” (Cl 2:12 simplificado). f. Vê-lo Como um Sinal do Batismo no Espírito Santo. “Eu (João) lhes batizo na água, mas Ele (Jesus) lhes batizará no Espírito Santo” (Mc 1:8 simplificado). 3. RECEBER (Esboço de Sermão Sobre o Recebimento do Espírito Santo) a. Receber a Promessa do Pai. “Não saiam de Jerusalém, mas esperem pela promessa do Pai... João batizou na água, mas vocês serão batizados no Espírito Santo dentro de poucos dias... Vocês receberão poder depois que o Espírito Santo vier sobre suas vidas, e vocês serão Minhas testemunhas...” (At 1:4,5,8 simplificado). b. Ser Cheio com o Espírito Santo. “E quando o dia de Pentecostes finalmente chegou... Todos foram cheios com o Espírito Santo... um derramamento do Céu” (At 2:1,4,33 simplificado). c. Ser Batizado no Espírito por Jesus. “...mas o que me mandou batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o Espírito, e sobre ele repousar, esse é o que batiza com o Espírito Santo” (Jo 1:33). d. Receber o Poder do Espírito de Deus. “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vos...” (At 1:8). e. Testemunhar ao Mundo. “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vos; e ser-me-eis testemunhas...” (At 1:8). f. Ser Excelente nos Dons Espirituais. “Desejem avidamente os dons espirituais... Mas procurem ser excelentes (fazer bem) neles para que vocês possam edificar a igreja com amor” (1 Co 14:1,12 simplificado). C. UM BATISMO TRIPLO É interessante observarmos que esse padrão com três pontos envolve um batismo 818 / SEÇÃO E1 E1.6 – O Poder do Líder I: Batismo no Espírito Santo “triplo”. Cada “batismo” se relaciona com os outros de uma forma unificada. Todos eles têm um papel importante no grande plano de salvação de Deus. Eles formam o fundamento para a nossa redenção em Cristo Jesus e tem o seu significado em Jesus como nosso Salvador e “Batizador”. É em Cristo – e pelo Seu Espírito – que recebemos o poder que gera a vida (a capacidade de transmitirmos salvação, cura, e ajuda aos outros). Os frutos e os dons do Seu Espírito fluem para o nosso coração à medida que nos esforçamos para termos um relacionamento de amor com Cristo. 1. Três Coisas em Comum Todos estes três “batismos” têm três coisas em comum: a. Um Candidato. É o novo convertido ou crente que está pronto para o batismo. b. O “Batizador”. É a pessoa que batizará o novo crente. c. O Meio. É o elemento no qual o crente é batizado. Como veremos mais tarde, o “batizador” e o meio são diferentes em todos os três batismos. 2. Os Três Batismos e a Salvação Os três batismos se relacionam com o padrão de três pontos para a salvação da seguinte forma: a. ARREPENDER-SE – (Batismo no Corpo de Cristo). “Todos nós fomos batizados num só Corpo por um só Espírito. Todos nós compartilhamos juntos deste mesmo Espírito” (1 Co 12:13 simplificado). Quando nos arrependemos e voltamo-nos a Cristo como nosso Salvador, somos ressuscitados da nossa condição de morte espiritual e recebemos a Sua vida transformadora. Pelo Seu Espírito somos batizados (introduzidos) em Seu Corpo. Assim sendo, tornamo-nos membros do Corpo d’aquele que é a nossa Cabeça. O Espírito Santo é o “Batizador”. O Corpo de Cristo é onde somos introduzidos. Chamamos a isto de meio ou seja, o lugar em que o batismo nos introduziu. b. SER BATIZADO – (Batismo Na Água). “Portanto ide, e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28:19). Jesus ordenou que os Seus discípulos batizassem os novos crentes na água. O discípulo é o “batizador”. A água é o meio, ou seja, o elemento em que são introduzidos. c. RECEBER – (Batismo no Espírito). “Eu (João) lhes batizei na água, mas Ele (Jesus) lhes batizará no Espírito Santo” (Mc 1:8 simplificado). Este é o batismo no Espírito Santo. Jesus é o “Batizador”. O Espírito Santo é o meio – o elemento em que somos introduzidos. 3. O Padrão de Três Pontos no Livro de Atos O padrão para a salvação esboçado acima pode ser seguido no ministério dos apóstolos como está registrado no Livro de Atos: a. Filipe em Samaria. “E Filipe desceu à cidade de Samaria e pregou a Cristo... Quando eles creram (arrependeramse)... foram batizados na água... Aí então Pedro e João vieram e oraram por eles para que pudessem receber o Espírito Santo, pois Ele ainda não havia descido sobre nenhum deles. “Assim sendo, impuseram suas mãos sobre eles e todos receberam o Espírito Santo” (At 8:5,12,14-17 simplificado). Observe a ordem: 1) Arrependimento 2) Batismo na Água 3) Batismo no Espírito Santo b. Paulo em Éfeso. “Enquanto estava em Éfeso, Paulo encontrou alguns discípulos ou seguidores de João Batista, aos quais perguntou: Vocês receberam o Espírito Santo AS TRÊS PARTES DA IGREJA quando creram? Replicaram-lhe: Nunca chegamos a ouvir nada sequer sobre o Espírito Santo. “Paulo então lhes perguntou: Que tipo de batismo vocês tiveram? Eles responderam: O Batismo que João ensinou. “Paulo disse então: O batismo de João na água era para o arrependimento – corações e vidas transformadas. Depois João Batista disse às pessoas para crerem em Alguém que viria após ele. Este Alguém é Cristo Jesus. Ao ouvirem isto, foram batizados em nome de Jesus. Em seguida Paulo impôs as mãos sobre eles e o Espírito Santo veio sobre eles. E todos falaram em línguas e profetizaram” (At 19:1-6 simplificado). Observe a ordem: 1) Arrependimento 2) Batismo na Água 3) Batismo no Espírito Santo Há outros lugares em Atos onde esse padrão pode ser encontrado (At 8:20-39; 9:17,18; 10:25-28; 34-38; 11:1-4, 15-18). 4. O Propósito Divino de Deus Por detrás desse padrão divino encontra-se o propósito divino. O propósito de Deus é que sejamos estabelecidos ou arraigados na vida e no poder do Seu Espírito. Esta é a base para a nossa obra e testemunho no Corpo de Cristo. É tão importante na vida da Igreja hoje como era naquela época. Somente o poder do Espírito de Deus pode cumprir o propósito de Deus! Talvez haja alguns leitores que gostariam de receber pessoalmente o poder do Pentecostes em suas próprias vidas. Seguindo o esboço abaixo, você poderá experimentar o seu próprio batismo no Espírito Santo. D. O CAMINHO PARA O PODER COM DEUS 1. O Prometido Dom do Pai a. Uma Palavra Pessoal. Deus prometeu batizar todos os cristãos no poder do SEÇÃO E1 / 819 Seu Espírito Santo. O propósito deste batismo e capacitar cada crente a compartilhar a vida e o amor de Jesus com os outros. Ele é não somente o nosso Salvador, mas também o nosso poderoso “Batizador”. b. Versículos das Escrituras. “E João disse a todos eles: Verdadeiramente eu Lhes batizo na água. Contudo, há Alguém muito maior que eu e que está prestes a vir... E Ele (Jesus) Lhes batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Lc 3:16 simplificado). “Antes de voltar ao Céu... Jesus disse a Seus discípulos para não se ausentarem de Jerusalém. Eles deveriam esperar pela promessa do Pai sobre a qual Jesus Lhes havia falado. João Batista batizou na água, mas dentro de poucos dias vocês serão batizados no Espírito Santo” (At 1:4,5 simplificado). “Vocês receberão poder depois que o Espírito Santo vier sobre suas vidas. E vocês serão Minhas testemunhas e falarão sobre Mim em Jerusalém, na Judéia, em Samaria, e nos confins da terra” (At 1:8 simplificado). c. Pergunta Pessoal. Como posso ter este batismo no Espírito Santo efetuado por Jesus? O caminho para o poder com Deus encontra-se nas Escrituras. Ele envolve três passos simples, os quais se acham em forma de esboço abaixo. 2. Peça com Humildade a. Uma Palavra Pessoal. O nosso Pai Celestial conhece a necessidade e o desejo do seu coração. O poder do Espírito Santo em Sua plenitude é o Seu dom para você. Jesus pagou sobre a Cruz o preço desse maravilhoso dom (ou presente). Tudo o que você precisa fazer é pedir que Deus lhe dê o Seu dom e submeter-se a Jesus como seu “Batizador”. b. Versículos das Escrituras. “Tudo o que vocês pedirem em Meu nome Eu farei por vocês. Desta forma, o poder e a glória do Pai serão vistos no Filho... Sim, pedirei 820 / SEÇÃO E1 E1.6 – O Poder do Líder I: Batismo no Espírito Santo ao Pai e Ele Lhes dará um outro Ajudador – o Espírito Santo. Ele estará com vocês para sempre na qualidade de Espírito da verdade” (Jo 14:13,16,17 simplificado). “Assim sendo Eu Lhes digo: Peçam e Deus Lhes dará... Verdadeiramente, se alguém continuar pedindo, esta pessoa receberá... Se um filho pedir ao seu pai no natural por pão... por um peixe... ou por um ovo, será que ele receberia uma pedra... uma cobra... ou um escorpião? Não, claro que não! Até mesmo os maus pais sabem dar coisas boas aos seus filhos. Certamente, portanto, o nosso Pai Celestial dará o Espírito Santo àqueles que Lhe pedirem!” (Lc 11:9,11,13 simplificado). c. Oração Pessoal. “Pai Celestial, estou vindo a Ti na qualidade de filho Teu. Peço-Te humildemente que eu possa ser cheio com o poder do Teu Espírito Santo. “Querido Senhor Jesus, batiza-me agora mesmo no Teu poderoso Espírito de poder, amor e louvor. “Bendito Espírito Santo, convido-Te a ser o meu sempre presente Ajudador e fonte interior de poder. Quero que a minha vida seja um testemunho diário do amor e da verdade de Cristo.” 3. Receba com Fé a. Uma Palavra Pessoal. Jesus disse que se você pedisse, você receberia. Tão logo você se aproxime d’Ele com fé como seu “Batizador”, Ele começará a batizá-lo no Espírito Santo. Você será cheio no seu interior e transbordará para o exterior. O Próprio Espírito Santo trará uma calorosa sensação interior da Sua presença. Quando liberamos a nossa fé, sentimos a paz, o descanso, o poder e a alegria de Deus em nosso coração. b. Versículos das Escrituras. “Cristo pagou a penalidade que a lei exige para o nosso pecado... para que pudéssemos receber a promessa do Espírito pela fé” (Gl 3:13,14 simplificado). “No último dia da grande festa, Jesus levantou-Se e clamou em alta voz: Se al- guém tiver sede, que venha a Mim e beba. Todo aquele que crer em Mim, como dizem as Escrituras, terá rios de água viva fluindo do seu interior. Ele estava falando do Espírito Santo que todos os crentes deveriam receber” (Jo 7:37-39 simplificado). c. Oração Pessoal. “Pai Celestial, obrigado pelo dom do Teu Espírito Santo em Sua plenitude. Eu O recebo agora com uma fé semelhante à de uma criança. “Senhor Jesus, obrigado por me batizar no poderoso rio do Teu Espírito Santo. Faz com que o poder do Teu Espírito possa fluir para dentro de mim, para operar em mim, e para testificar através de mim. “Bendito Espírito de Deus, obrigado por me encher agora mesmo, com o amor, a alegria, a paz, e o poder de Jesus.” 4. Expresse o Louvor a. Uma Palavra Pessoal. A fé sempre responde à presença do Espírito Santo. A sua primeira resposta ao enchimento com o Espírito de Deus deveria ser um transbordamento de louvor. Como observamos nas Escrituras, isto poderia tomar a forma de uma oração ou cântico divinamente direcionado. Isto acontecerá numa língua do Espírito. Tal expressão verbal ou cântico constitui-se de sons e sílabas que não são entendidos pela mente humana. Isto é, no entanto, agradável a Deus e edificante para você. É um sinal divino do poder de Deus em sua vida – para o seu bem e para a glória d’Ele! b. Versículos das Escrituras. “A boca fala do que está cheio o coração. Um bom homem traz coisas boas do bom tesouro do seu coração” (Mt 12:34,35 simplificado). “Todos foram cheios com o Espírito Santo. Aí então, começaram a falar em línguas desconhecidas, à medida em que o Espírito Lhes concedia as palavras a serem expressas” (At 2:4 simplificado). “Enquanto Pedro ainda estava falando, o Espírito caiu sobre todos os que ouviam as suas palavras. E eles... ficaram estupefatos... porque o Espírito Santo fora derra- AS TRÊS PARTES DA IGREJA mado sobre os que não eram judeus. Mas isto era realmente um fato, pois eles os ouviram falar em línguas e glorificar a Deus” (At 10:44-46 simplificado). “Quando Paulo impôs sobre eles as suas mãos o Espírito Santo veio sobre eles. E falaram em línguas e profetizaram “ (At 19:6 simplificado). “Aquele que fala numa língua desconhecida não fala aos homens, mas a Deus. Ninguém entende o que está falando, mas, no Espírito, ele está falando verdades divinas. Aquele que fala em línguas desconhecidas edifica-se a si mesmo no Senhor... Portanto, o que devo fazer? Orarei no Espírito (línguas) e também com a interpretação. Cantarei com o Espírito (línguas) e também cantarei a interpretação” (1 Co 14:2,4,15 simplificado). “Assim sendo, continuemos a oferecer o sacrifício de louvor – o fruto de nossos lábios – sempre dando graças ao Seu nome” (Hb 13:15). c. Oração pessoal. “Pai Celestial, eu libero agora a minha fé e correspondo ativamente à presença do Teu Espírito Santo. Ele está fielmente me enchendo com louvor, adoração e ações de graças – neste exato instante. “Querido Senhor Jesus, recebe a minha adoração. Levanto agora a minha voz numa expressão ou cântico divinamente dirigido. Responderei ao Espírito Santo dentro de mim, falando ou cantando em voz alta sons e sílabas de louvor e adoração. “Espírito Santo de Deus, submeto agora o meu membro mais rebelde – a minha língua – ao Teu controle. Sei que Tu não somente aperfeiçoarás a minha oração, mas também todo o meu ser – para que eu possa viver para sempre para o louvor da Sua glória!” d. Resposta Pessoal. Neste ponto, pare de orar em português. Comece a falar ou cantar em voz alta e com fé – até mesmo se inicialmente forem somente alguns pequenos sons e sílabas. Não pare, pois o Espíri- SEÇÃO E1 / 821 to Santo é fiel. Você não receberá uma “pedra” após ter pedido “pão”. Quanto mais você orar ou cantar em sua nova língua do Espírito, tanto mais facilmente ela fluirá. Não duvide da promessa do seu Pai, mas dê-lhe louvor e glória – em nome de Jesus – e no poder do Seu Espírito! Se no princípio você não encontrar uma liberação total na sua língua espiritual, não fique desanimado nem desiludido. Continue expressando e cantando os Seus louvores, pois Ele é fiel. Além disso, o nosso louvor chega diante d’Ele como incenso suave. A nossa adoração no Espírito é um sacrifício que é agradável aos Seus olhos. Nisto encontramos a nossa liberdade em Seu Espírito. Não duvide da obra interna de Deus em sua vida. Tenha a expectativa de que o Espírito Santo Se moverá de novas formas pelos Seus dons através de você. À medida que você responder ao Espírito de Deus com fé e obediência, você verá cada vez mais o poder de Deus em operação na sua vida. No próximo capítulo estudaremos os dons do Espírito e como você pode recebêlos. Esteja em oração e tenha a expectativa de receber novas coisas em sua vida e ministério, pois o Espírito Santo quer dar-lhe um novo poder e autoridade para você fazer a obra do ministério. Lembre-se: o seu ministério na qualidade de líder de igreja é o de equipar os seus membros para que se tornem ministros ao Senhor, uns aos outros e ao mundo. Capítulo 7 O Poder do Líder II: Dons do Espírito Introdução O recebimento dos dons do Espírito é um resultado natural do sermos batizados no Espírito. Quando os crentes eram batizados no Espírito na época da Igreja Primitiva (Igreja da época em que o Novo Testamento foi escrito), eles falavam em outras línguas, à 822 / SEÇÃO E1 medida que o Espírito Lhes concedia as palavras a serem expressas. Podemos ter a expectativa de que a mesma coisa aconteça conosco quando recebemos o nosso batismo no Espírito (At 2:1-6; 10:44-46; 19:1-6). A. OS DONS DO ESPÍRITO: O SEU PROPÓSITO E O SEU PODER Os primeiros cristãos sobre os quais lemos no Livro de Atos, moviam-se no poder de sua experiência pentecostal. À medida que o faziam, os dons do Espírito tornavam-se ativos em sua obra e testemunho para Deus. As profecias e o falar em línguas (línguas nãoaprendidas) foram registradas nas passagens bíblicas acima. Os outros dons – a palavra de sabedoria, o discernimento das atividades de espíritos malignos, a fé, as curas, etc. – encontram-se em todo o Livro de Atos. Os Frutos do Espírito possibilitam a nossa transformação à semelhança de Jesus em Seu “caráter”, o qual se relaciona à Sua “conduta”. Os Dons do Espírito possibilitam a nossa transformação à semelhança de Jesus em Seu “poder”, o qual se relaciona às demonstrações sobrenaturais de “capacidade” (por exemplo: as curas, as expulsões de demônios, etc.). O Apóstolo Paulo fala sobre os dons espirituais em sua primeira carta à Igreja -de Corinto (Caps. 12-14). Um estudo dos seus espíritos revelam claramente que estes dons não são capacidades naturais ou mentais. Eles podem operar através da mente humana, porém são provenientes do Espírito Santo e são operados pelo Seu poder. São dons provenientes de Deus, concedidos aos Seus servos, para o Seu povo. 1. Os Dons São Concedidos por Deus a. Para um Propósito Específico b. Num Tempo Específico c. Através de um Grupo Específico de pessoas d. Para Pessoas Específicas E1.7 – O Poder do Líder II: Dons do Espírito Os dons nos são concedidos para que os usemos para glorificarmos a Deus e para ajudarmos as pessoas. Podemos ativá-los e colocá-los em execução. Contudo, deveríamos sempre exercitá-los em submissão ao senhorio do Espírito Santo. Deveríamos sempre funcionar em submissão a Deus. Se fizermos isto, Deus será glorificado e as necessidades das pessoas serão supridas através dessas capacidades sobrenaturais que nos foram concedidas. Eles não são “galardões” para as pessoas que vivem vidas boas e santas. São “Dons” (dádivas) da graça de Deus que operam através de homens de fé. 2. Perigo: Poder Sem Caráter Infelizmente, isto significa que os dons de Deus podem as vezes ser usados de maneiras erradas ou por motivos errados. Sansão é um bom exemplo do Antigo Testamento. O caráter de Sansão era falho. Ele viveu com uma prostituta, a qual causou a sua queda e destruição. Estes usos errados trazem o julgamento e a repreensão de Deus. Os resultados podem ser muito sérios para os ministros deste tipo – e também para os seus ministérios. É por isto que o caráter de um homem é tão importante. Os Frutos e os Dons do Espírito deveriam sempre funcionar juntos. O “caráter” e o “poder” de Deus deveriam sempre andar de mãos dadas. 3. Muitos Dons Há muitos e diferentes dons espirituais. Paulo cita alguns dos dons mais comuns em sua primeira carta à Igreja de Corinto. “Cada pessoa recebe um dom espiritual para que possa ser usado para o bem de todos. “O Espírito dá a uma pessoa a palavra de sabedoria; a uma outra, uma palavra de conhecimento. A outro este mesmo Espírito dá uma palavra de fé. Outra pessoa ainda recebe os dons de curas, ou o dom de milagres. O Espírito dá a alguns o dom de profe- AS TRÊS PARTES DA IGREJA cia, ao passo que outros recebem a capacidade de discernirem os espíritos bons dos espíritos malignos. Alguns recebem o dom de falar em línguas (línguas não-aprendidas) e outros recebem a capacidade de interpretar (explicar) as línguas. “O mesmo Espírito faz todas estas coisas. Ele decide quem receberá quais dons” (1 Co 12:7-11 simplificado). B. UM ESBOÇO DOS DONS ESPIRITUAIS Os dons do Espírito citados em 1 Coríntios 12:7-11 possibilitam ao cristão tornarse mais semelhante a Jesus em pensamentos, palavras e obras. Esta será a base do seguinte esboço: 1. Dons de Revelação (Pensamentos) a. Palavra de Conhecimento. Através deste dom, Deus faz com que saibamos detalhes sobre eventos ou coisas sobre os quais não tínhamos conhecimento algum. É algo sobrenatural e geralmente nos é dado através de uma suave impressão em nossas mentes – um quadro que ali se forma ou um sentimento em nossas almas (corações) (Jo 1:48; 4:17-19; At 5:3-5; 21:10,11). b. Palavra de Sabedoria. A palavra de sabedoria define a ação que deveríamos tomar à luz do que sabemos por meio de uma palavra de conhecimento. Quando Deus nos revela algo, precisamos saber o “como”, o “quando”, o “onde” e o “através de quem” a Sua vontade e o Seu plano poderão ser cumpridos. Precisamos de uma sabedoria prática sobre a forma de aplicarmos a palavra de conhecimento (Mt 22:18-21; Lc 12:12; At 15:13-31). c. Discernimento de Espíritos. Esta é a capacitação divina de distinguirmos se a força espiritual por detrás de determinada atividade sobrenatural é 1) celestial, 2) humana ou 3) infernal. SEÇÃO E1 / 823 Através do Dom de Discernimento de Espíritos podemos saber que tipo de espírito está se manifestando através do instrumento humano que está sob o seu poder ou influência. Por exemplo: um espírito de adivinhação (ou feitiçaria) pode imitar a palavra de conhecimento. Um espírito de enfermidade pode camuflar a sua presença no corpo de uma pessoa como se fosse uma doença normal. Um espírito de impureza (imoralidade, etc.) pode muitas vezes ser interpretado como se fosse um amor verdadeiro, ao invés de concupiscência ou sensualidade (1 Co 14:29; At 16:1618). 2. Dons de Expressão Verbal (Palavras) a. Profecia. São expressões verbais (e às vezes pregações) espontâneas e inspiradas pelo Espírito Santo e que geralmente “proclamam” as palavras de Deus. O seu propósito é edificar, consolar (alegrar) e exortar (encorajar) o povo de Deus. O dom de profecia é como um rio que flui e em cuja correnteza pode vir à tona uma palavra de sabedoria, a qual “prediz” o futuro (At 20:23; 21:4,10,11; 1 Co 14:3,24,25). b. Línguas. São expressões verbais sobrenaturais numa outra língua e que vêm sob a forma de sons e sílabas desconhecidos do próprio indivíduo. Em geral expressam orações a Deus, louvores ao Senhor, e ações de graças. Estas três expressões são às vezes acompanhadas por melodias dadas pelo Espírito. Neste caso, vêm numa espécie de cântico ao Senhor. Às vezes a expressão verbal em outras línguas pode conter uma mensagem do Senhor para o povo de Deus, repleta de poder e propósito espiritual. Este dom prepara os corações do povo de Deus para a “interpretação”. Ele também pode ser um “sinal” da presença de Deus ao incrédulo (1 Co 14:2, 13-16,22). c. Interpretação de Línguas. Em geral é o equivalente (numa língua conhecida 824 / SEÇÃO E1 pelos que estão presentes) ao que foi falado numa outra língua. O seu propósito é explicar o significado da língua desconhecida por nós. Seria como uma tradução do que foi falado em línguas. Se o falar em outras línguas foi uma oração, a interpretação poderia ser uma oração. Às vezes a interpretação é feita sendo acompanhada por um cântico melodioso, ou por um louvor falado, ou por ações de graças a Deus, ou por uma exortação à congregação (1 Co 14:5,6, 15). 3. Dons de Poder (Ações) a. Fé. É uma fé sobrenatural (ou um “saber” sem dúvida nenhuma) que faz com que declaremos a palavra (rhema) e a vontade de Deus. O resultado disto é uma manifestação ou demonstração do poder miraculoso de Deus. Ela vai além dos sentimentos e da razão humana (Hb 11:1; Mt 21:21; At 3:4-9, 16). b. Dons de Cura. São obras divinas em que almas e corpos são restaurados a uma perfeita saúde. Há um dom especifico para cada necessidade pessoal no propósito de Deus (Mc 16:17,18; At 28:8,9). c. Milagres. São maravilhas divinas de poder no âmbito da natureza. São eventos “sobrenaturais” – que excedem as leis da física. O seu propósito é revelar o poder e a autoridade de Deus (Mc 16:17-20; At 2:811; 19:11,12; 28:1-6). C. CONCLUSÃO Será de grande interesse para nós estudarmos os dons do Espírito mais detalhadamente. A esta altura, contudo, já ficou claro que tanto os “frutos” como os “dons” do Espírito são necessários para que nos tornemos semelhantes a Jesus em caráter e também no poder. Além disso, como veremos, eles também são necessários para que sejamos realizados em nossos ministérios ou “chamados”. Este será o nosso próximo tema no capítulo seguinte. E1.8 – O Chamado do Líder: Dons do Ministério Capítulo 8 O Chamado do Líder: Dons do Ministério O programa de Deus para a Igreja implica em prepararmos todos os elementos a fim de que se tornem membros ministrantes. De acordo com Efésios 4:11, os dons de liderança do apóstolo, do profeta, do evangelista, do pastor e do mestre têm o objetivo de preparar os membros da Igreja a fim de que eles próprios façam a obra do ministério. Os frutos e os dons do Espírito de Deus nos capacitam, como líderes de igreja, a cumprirmos os nossos “chamados” ou ministérios no Corpo de Cristo. Como já afirmamos anteriormente, isto significa prepararmos os nossos membros para se tornarem ministros. Com este chamado, Deus torna acessível o poder e a autoridade para podermos concretizá-lo. O Espírito Santo vem sobre nós para nos conceder poder e autoridade. Na verdade, a pequenina palavra “sobre” quando se relaciona ao Espírito Santo, quase sempre se refere ao dever e à autoridade divinos. A. O MINISTRO: O SEU PODER E AUTORIDADE ESPIRITUAIS 1. Jesus: a Cabeça da Igreja A Cabeça da Igreja é o Senhor Jesus Cristo. A autoridade da Igreja precede da sua Cabeça. Jesus disse que toda a autoridade – no Céu e na terra – Lhe havia sido outorgada (Mt 28:18). Observe através das seguintes passagens bíblicas como a divina autoridade e o poder de Cristo se relacionam com a presença do Espírito Santo “sobre” Ele: “E o Espírito do Senhor repousará sobre Ele: o Espírito de sabedoria, inteligência, conselho, poder, conhecimento, e temor do Senhor. O Seu deleite será obedecer ao Senhor. Ele não julgará pelo que vê nem pelo que ouve, e sim pelo que é correto e AS TRÊS PARTES DA IGREJA SEÇÃO E1 / 825 Autoridade do Líder justo. Ele defenderá os pobres e os desamparados” (Is 11:2-4 simplificado). “Eis aqui o Meu Servo, a quem sustenho. Ele é o Meu Escolhido e n’Ele Se compraz a Minha alma. Pus o Meu Espírito sobre Ele. Ele produzirá a justiça e a verdade às nações... Ele trará a justiça a todos os que foram injuriados” (Is 42:1,3 simplificado). “O Espírito do Senhor está sobre Mim. Ele Me ungiu e Me chamou para que Eu trouxesse boas novas aos pobres e aos que são injuriados. Ele Me enviou para consolar aos quebrantados de coração, para libertar aos cativos, e para abrir os olhos dos cegos... Pois Eu, o Senhor, amo a justiça” (Is 61:1,8 simplificado). “E o Espírito Santo desceu sobre Ele... E aí então Jesus voltou à Galiléia, cheio do Espírito Santo e sob o Seu poder... E as pessoas se maravilhavam com os Seus ensinamentos pois a Sua palavra tinha autoridade e poder... Com esta autoridade e poder Ele ordenava que os espíritos malig- nos saíssem – e eles saíam!” (Lc 3:22; 4:1,14,36 simplificado). O Espírito Santo nos versículos acima e abaixo é retratado como um “manto real” sobre Jesus. Ele estava “revestido” (envolto) com poder e autoridade. 2. Revestidos de Poder do Alto Lucas 24:49 é uma promessa maravilhosa para nós: “E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai: ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder.” O “ombro” nos versículos abaixo referese à responsabilidade e autoridade divinas – o direito e a capacidade (autoridade e poder) de se governar: “E o governo estará sobre o Seu ombro... O Seu domínio de paz aumentará e nunca cessará” (Is 9:6,7 simplificado). “E revesti-Lo-ei com a tua túnica e colocarei o teu cinto ao redor d’Ele. E entregarei a tua autoridade e domínio real em Suas 826 / SEÇÃO E1 mãos. E a chave (governo) da Casa de Davi estará sobre o Seu ombro... Sim, investirão sobre Ele honra e o pleno peso do dever real para a Casa de Seu Pai” (Is 22:21, 22, 24 simplificado). Foi este tipo de glória, de honra, e de poder que foi dado a Adão e Eva após a Criação. Eles foram criados à imagem de Deus e “revestidos” com uma autoridade divina. Sob Deus, eles deveriam governar toda a terra. Contudo, ao caírem no pecado, eles perderam o seu “manto real” de autoridade com retidão. Satanás tomou o direito de domínio deles e passou a reinar sobre o mundo – até que Jesus veio. Na Cruz, ele foi despojado do seu poder e foi derrotado. Cristo foi o vencedor e recuperou o direito do homem de governar a terra (Hb 2:14,15). Jesus estabeleceu firmemente esta verdade nas mentes de Seus discípulos com as seguintes palavras: “Todo poder e autoridade no Céu e na terra Me foram outorgados... Como o Pai Me enviou, assim também Eu Lhes envio... Verdadeiramente Eu enviarei a promessa do Meu Pai sobre vocês. Assim sendo, esperem em Jerusalém até que vocês sejam revestidos de poder do alto... Pois vocês receberão poder depois que o Espírito Santo vier sobre suas vidas” (Mt 28:18; Jo 20:21; Lc 24:49; At 1:8). 3. Sob Autoridade Pela Palavra do Senhor e pelo poder do Seu Espírito, recebemos autoridade sobre os espíritos malignos e até mesmo sobre o próprio diabo (Lc 10:19). Tiago explica claramente esta verdade em sua epístola: “Sujeitai-vos pois a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4:7). A palavra “sujeitar-se” no grego do Novo Testamento é um termo militar e significa “colocar-se num posto inferior” – colocarse sob a autoridade de um oficial de posto superior. Os que estão em autoridade precisam estar primeiramente sob autoridade. Quando nos colocamos “sob” autorida- E1.8 – O Chamado do Líder: Dons do Ministério de, esta autoridade vem “sobre” nós. Falamos e agimos no poder daquela autoridade, e não no nosso próprio poder. Esta mesma verdade se aplica à autoridade espiritual. Quando nos colocamos sob a autoridade de Jesus, a Sua autoridade vem sobre nós. Quando falamos as Suas palavras e obedecemos as Suas ordens, o poder do Seu Espírito apóia as nossas ações. Estamos falando e agindo em Seu nome. Ele está falando e agindo através de nós. Não é de admirar que os demônios tremam e fujam! B. COMO DESCOBRIR E DESENVOLVER O SEU MINISTÉRIO Deus oferece a todos os líderes o poder e a autoridade necessários ao cumprimento de seus ministérios ou chamados. A questão é a seguinte: “Como descobrimos e desenvolvemos os nossos ministérios e os de nossos membros? Como descobrimos os nossos chamados? Como podemos nos preparar melhor para eles? Onde podemos começar a colocá-los em prática? Estas perguntas são boas e merecem boas respostas. 1. Chamados por Deus Os nossos ministérios no Corpo de Cristo são escolhidos por Deus – e não por nós mesmos ou por outros (Hb 5:4). O Próprio Espírito determina um chamado em nosso coração. À medida que ele se desenvolve, Deus observa e dá a Sua aprovação e promoção, Davi disse: “Porque a promoção e o poder não procedem de nenhum lugar da terra, mas somente de Deus” (Sl 75:6,7). Deus estabelece em Sua Igreja líderes locais que devem ser pastores do Seu Rebanho. Os pastores são chamados para protegerem, dirigirem, corrigirem, alimentarem, ensinarem e tomarem conta das ovelhas. Este tipo de supervisão é necessário para que os ministérios dos membros se desenvolvam de uma forma equilibrada e saudável. AS TRÊS PARTES DA IGREJA 2. A Igreja Local Isso significa que os membros deveriam estar ligados ao Corpo de Cristo num contexto de igreja local. Se houver pastores locais que sejam sábios, amorosos e cheios do Espírito Santo e de fé, a igreja local será o mais sábio e seguro contexto onde os ministérios podem crescer e desenvolver-se. Muitas dores, muitos problemas e muito tempo e energia desperdiçados podem ser evitados por membros que conseguem encontrar líderes sábios e amorosos. Será que você é um deles? Este é o plano de Deus para o Seu povo. Para que o Seu plano funcione, Ele precisa de pastores que sejam amorosos, leais, fiéis e comprometidos com o Senhor e com o Seu Rebanho. Nenhuma igreja local é perfeita. O Senhor não exige líderes que sejam perfeitos. Ele usa líderes imperfeitos para aperfeiçoar membros imperfeitos. Se o Senhor o introduziu numa igreja local com um pastor senior (superior hierárquico), então honre a autoridade desse líder como você honraria a própria autoridade de Cristo. Faça o melhor possível para ajudá-lo de todas as formas e sirva-o em dobro, como você serviria ao Próprio Senhor. 3. As Prioridades dos Líderes Os nossos ministérios no Senhor começam com os que fazem parte do nosso círculo de vida. Nossa vida toca muitas pessoas todos os dias. Deveríamos começar, portanto, com as pessoas do nosso próprio e pequenino mundo – a nossa família, nossa igreja, nossa escola, nosso trabalho, e nossa vizinhança. O nosso desejo é compartilharmos a vida, o amor e a verdade de Jesus com estas pessoas. Gostaríamos de fazer isto de uma maneira calorosa, prática e pessoal. Esforcemo-nos para ajudar e servir aos outros da melhor forma possível – em nome do Senhor! Confie no Espírito Santo para que Ele venha a fluir diariamente através da sua vida SEÇÃO E1 / 827 para trazer a Sua bênção às pessoas ao seu redor. À medida que você ministrar o amor de Deus nas pequenas coisas, oportunidades maiores surgirão. Enxergaremos o que necessita ser feito e como executá-lo com a ajuda dos outros. À medida que nos esforçarmos para trazermos a vida de Deus através das nossas palavras e ações, aprenderemos a confiar no Espírito Santo para recebermos a Sua ajuda e poder. Os frutos e os dons do Espírito funcionarão juntos de uma forma linda e equilibrada. Talvez nem mesmo nos conscientizemos de como são poderosos em nossa vida. Os outros, porém, perceberão! C. OS CINCO DONS BÁSICOS DE MINISTÉRIO De fato, os cinco dons de ministério do apóstolo, profeta, evangelista, pastor e mestre são o fundamento sobre o qual a Igreja se firma (Ef 2:20; 1 Co 3:10-12). São citados por Paulo em sua carta aos efésios: “Cristo deu a cada um de nós um dom especial proveniente do Seu grande depósito de graça. É por isto que o salmista diz: Quando foi elevado ao Céu, Ele deu dons aos homens... Os dons que Ele deu foram homens com diferentes ministérios: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e mestres. Ele fez isto para que o povo de Deus pudesse ser melhor equipado para servi-Lo. Estes dons são necessários para que o Corpo de Cristo cresça e se torne forte e saudável” (Ef 4:7,8,11,12 simplificado). Recapitulemos sucintamente estes cinco ministérios de liderança. 1. O Apóstolo É o homem que assenta os fundamentos de (ou implanta) novas igrejas. Ele designa os líderes locais e os aconselha depois de partir e seguir adiante. Ele mantém contato com esses líderes locais e os informa sobre o que Deus está fazendo na Igreja como um todo. Os apóstolos de Cristo têm um chamado especial a ser cumprido em todas as 828 / SEÇÃO E1 gerações. Este dom de ministério é tão importante hoje quanto em qualquer outra época da história da Igreja (veja Lc 11:49; 1 Co 12:28; Ef 2:20). 2. O Profeta É o homem com uma mensagem oportuna do coração e da mente de Deus. Ele prediz eventos e fala a líderes e outras pessoas sobre o que o futuro Lhes reserva se porventura se afastarem da perfeita vontade de Deus. Sua função secundaria é “edificar”, “exortar” (ou encorajar) e “consolar” (alegrar) o Corpo de Cristo (At 11:28; 13:1; 21:10,11). 3. O Evangelista É o homem que prega o Evangelho de Cristo aos pecadores. Sua mensagem é simples, direta e no poder da Palavra de Deus. As pessoas são tocadas a tomarem uma decisão com relação a Cristo (veja Atos 8:540, 21:8). 4. O Pastor É o homem que tem o coração de um pastor de ovelhas. Ele cuida de cada ovelha pessoalmente, e, contudo, supervisiona o rebanho como um todo. Ele procura dirigir, proteger, corrigir, alimentar e consolar o povo de Deus num contexto de igreja local. 5. O Mestre É um homem que ama a Palavra de Deus e o povo de Deus. Ele procura ensinar verdades divinas tanto de uma forma prática quanto pessoal. Ele ministra às mentes das pessoas para que possam saber como andar sabiamente na vontade de Deus (veja Neemias 8:4-8). D. DONS DE LIDERANÇA PARA INSTRUIR E PREPARAR OS CRENTES O Apóstolo Paulo nos diz que Cristo deu estes cinco dons de Liderança a fim de preparar os crentes nascidos de novo para se tornarem membros ministrantes. Os san- E1.8 – O Chamado do Líder: Dons do Ministério tos devem ser instruídos e preparados para servirem. 1. Os Membros de Igreja Devem Aprender a... Os que foram chamados para um destes cinco ministérios de Liderança têm um importante dever (constituído de três partes) a cumprir. Eles devem ensinar os membros de suas igrejas como: a. ministrarem ao Senhor; b. ministrarem uns aos outros; c. ministrarem ao mundo. 2. Ensinar Como Fazer A tarefa de instruir e preparar os membros para cumprirem essas três áreas de ministério significa ensinar-lhes como fazerem o seguinte: a. Adorar em Espírito e em verdade; b. Vigiar, orar, e interceder; c. Lutar na batalha espiritual; d. Estudar as Escrituras; e. Crescer no caráter de Cristo; f. Exercitar os dons do Espírito; g. Ouvir a voz do Senhor; h. Servir os santos – o povo santo de Deus; i. Testemunhar ao incrédulo. Dessa maneira, os membros amadurecerão e desenvolver-se-ão no Senhor Jesus e fortalecerão o Seu Corpo – a Igreja. 3. Cada Membro um Ministro O povo de Deus não deve ser semelhante às criancinhas, sempre procurando o auxilio dos outros, mas sim crescer em Cristo, para poder servir no Reino de Deus. Eles tiveram este problema com os crentes judeus, nos tempos do Novo Testamento: “Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido alimento. AS TRÊS PARTES DA IGREJA “Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino. “Mas o alimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal” (Hb 5:12-14). Todo membro deve tornar-se membro ministrante! E. OUTROS MINISTÉRIOS CITADOS POR PAULO Além dos cinco dons básicos de Liderança de ministério citados acima, Paulo inclui outros ministérios para aqueles membros que se ajustariam dentro da categoria de membros instrutores para: • Ministração ao Senhor; • Ministração uns aos outros; e • Ministração ao mundo (descrentes). Eles são os seguintes (Rm 12:6-8; 1 Co 12:28,29): 1. Serviços e Auxílios Refere-se ao serviço prático na comunidade local. Incluiria o cargo de diácono, porém inclui muitas outras atividades também. 2. Exortação “Exortar” significa encorajar, inspirar, admoestar e informar o povo de Deus. O propósito desse ministério é incentivar os crentes à adoração, à obra, à batalha espiritual e ao testemunho pelo Senhor. O “exortador” põe fogo em nossa fé. 3. Doação Esse ministério envolve a doação dos bens materiais de uma pessoa (em geral dinheiro) para o sustento da obra de Deus. O doador precisa ser honesto, sincero e humilde. Além de ser sensível ao Espírito e dotado de sabedoria. Somente assim a quantia certa pode ser dada para as pessoas certas, na hora certa, para os motivos certos. SEÇÃO E1 / 829 4. Administração (Governo) Esse ministério se refere aos líderes sábios, fortes e amorosos, e que sabem como planejar, organizar, treinar e estabelecer orçamentos e responsabilidades na igreja. Envolve a estrutura e a organização necessárias à supervisão dos afazeres da igreja (veja Atos 6:3). 5. Misericórdia Esse ministério requer solidariedade – um sentimento de solicitude para com os outros – e sabedoria para sabermos o que fazer. A sabedoria está ligada às ações práticas. É um chamado que não somente supre as necessidades práticas, mas também traz a fé, a esperança e o amor aos que necessitam ajuda. Há uma enorme necessidade no Corpo de Cristo desses “alegres anjos de misericórdia” (veja Tiago 2:1316). 6. Milagres e Curas Os milagres demonstram o poder de Deus e provam a Sua presença. O propósito deles é mostrar para os incrédulos o caminho para Deus e edificar a fé dos santos. São sinais do amor divino em ação pelos necessitados. Estes ministérios preparam o caminho para o Evangelho da graça de Deus. Os dons de curas (no plural nos manuscritos originais em grego) devem suprir o poder de cura de Cristo aos que estão enfermos. Que grande bênção é termos estes dons operando na vida dos crentes! F. MAIS MINISTÉRIOS NO CORPO DE CRISTO Há muitos outros ministérios que são corroborados pelas Escrituras. Depois de uma pequena reflexão já poderíamos acrescentar outras funções à nossa lista. 1. Intercessão A oração e o jejum a favor dos outros sempre foram um poderoso ministério – 830 / SEÇÃO E1 muito embora muitas vezes seja em segredo – na Igreja. 2. Hospitalidade Boas-vindas calorosas num lar cristão têm trazido muitas bênçãos a muitas vidas. Muitos exemplos disto podem ser encontrados nas Escrituras. 3. Visitação Podemos levar o amor de Deus aos outros quando eles não podem vir até nos. Referimo-nos aos enfermos, aos idosos, aos solitários e até mesmo aos que se encontram na prisão. Jesus quer alcançar todos eles! 4. Solicitude Social Deus quer de fato alcançar os pobres e necessitados – os que foram marginalizados e rebaixados. Ele pode tocá-los somente através de nós. 5. Literatura O poder da palavra escrita é muito grande. Deus deu o dom da escrita a muitos, o qual varia de cartas pessoais a artigos e livros publicados. Requer grandes esforços, mas as recompensas são enormes. 6. Mídia Moderna Muitos avanços têm sido feitos no rádio, nos filmes, na televisão, e em outros meios de comunicação. Estes são os métodos modernos que podemos usar para testemunharmos sobre o Evangelho. Deus dá capacidade e treinamento aos que Ele deseja usar de maneiras criativas. Se não nos movermos nestas áreas por Deus, o diabo ficará contente em tomar o nosso lugar. 7. Belas-Artes A graça que Deus deu á música cristã tem sido uma grande bênção através dos anos. Já é tempo para que as outras formas de arte sejam totalmente restauradas ao santo propósito de Deus. Elas podem ser tocadas pelo Espírito de Deus para nos ajudar em nossos E1.8 – O Chamado do Líder: Dons do Ministério ensinamentos, enriquecerem a nossa adoração e melhorarem o nosso testemunho ao mundo. O lema não mais será “a arte pela arte”, e sim, “a arte para a glória de Deus!” 8. Reconciliação “Reconciliar” significa pacificar os que têm sido inimigos. Antes de mais nada, obviamente, o estabelecimento da paz entre uma pessoa e Deus. Em seguida, é necessário estarmos em paz uns com os outros. Isto é verdadeiro de uma forma muito especial na Igreja. As hostilidades e as brigas entre os crentes são como uma dolorosa ferida no Corpo de Cristo. Não é de admirar que as Escrituras declarassem: “Bem-aventurados os pacificadores...” G. ALGUNS PENSAMENTOS FINAIS SOBRE O MINISTÉRIO PESSOAL E fácil percebermos que muitos dos ministérios acima sobrepõem-se ou funcionam conjuntamente. Uma só pessoa pode ter mais de uma função em seu serviço para o Senhor. Além disso, um ministério pode tornar-se o fundamento sobre o qual um outro ministério se edifica. Filipe, o “servo” fiel tornou-se mais tarde Filipe, o ardente “evangelista” (Compare Atos 6 com Atos 8). Todos nós temos um chamado no Corpo de Cristo. Começamos onde estamos – com o que temos – agora! O Espírito Santo, o nosso divino Auxiliador, suprirá os frutos e os dons de que necessitamos para os nossos chamados. É nosso dever “cultivarmos” ou desenvolvermos os frutos, voltando-nos ao Espírito de Deus durante as horas difíceis. E precisamos aprender a “ser excelentes” ou sairmo-nos bem no uso dos dons espirituais. O nosso desejo é tornarmo-nos bons e fiéis servos do nosso Senhor Jesus Cristo. O ministério pessoal é descoberto e desenvolvido de uma forma melhor no contexto da comunhão de uma igreja local batizada no Espírito. Sob uma liderança sábia e AS TRÊS PARTES DA IGREJA SEÇÃO E1 / 831 amorosa, encontraremos o nosso lugar e a nossa função na família de Deus. Desta maneira, a Igreja de Jesus Cristo tornar-seá forte e sadia. Aí então estaremos prontos para ministrarmos ao Senhor, uns aos outros, e a todo este imenso mundo! ministrantes. Todos os membros deveriam cumprir e preencher um lugar de serviço na Igreja. “Cristo nos fez um reino de sacerdotes para servirmos ao Seu Deus e Pai... e governaremos e reinaremos sobre a terra” (Ap 5:10 simplificado). PARTE III: MEMBROS DOS MINISTÉRIOS DA IGREJA B. NOSSO MINISTÉRIO NA ADORAÇÃO Todo ministério cristão deveria começar com um ministério ao Senhor. A “adoração a Deus” deveria ser a fonte de onde jorra a nossa “obra para Deus”. O nosso ministério sacerdotal a Deus envolve quatro funções principais: Capítulo 9 Ministério ao Senhor: Adoração A. TODO CRENTE É UM SACERDOTE Todos os crentes são sacerdotes no esquema do Novo Testamento. “Vocês são um povo eleito, um sacerdócio real, uma nação santa. Vocês são um povo especial, pertencente a Deus. Vocês foram escolhidos para declararem os Seus louvores – pois Ele os chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1 Pe 2:9 simplificado). Este é um lindo retrato falado da Igreja de Jesus Cristo. Somos um povo escolhido – chamados para sermos sacerdotes reais na Igreja. “Ele nos reuniu em Seu Reino e nos fez sacerdotes de Deus, o Seu Pai...” (Ap l:6). Na qualidade de “sacerdócio real”, temos um ministério sacerdotal que é amplo e maravilhoso em sua obra. As fusões desse ministério têm três aspectos em sua natureza: 1. Ministério ao Senhor 2. Ministério recíproco 3. Ministério ao mundo Há apenas uma maneira pela qual uma tarefa tão grande quanto ministrar ao mundo pode ser realizada, ou seja, com todos os membros da Igreja tornando-se membros 1. Oração 2. Louvor 3. Ação de Graças 4. Adoração Cada uma dessas funções tem um propósito especifico. Contudo, neste estudo, colocaremos todas elas juntas sob o titulo geral de “adoração”. Deus é o nosso querido Pai Celestial. Acima de tudo, Ele quer o nosso amor e a nossa adoração. A adoração retrata algo ou alguém “digno” de ser adorado. Deus é “digno” do nosso amor porque Ele nos amou primeiro – e como foi grande esse amor! (Jo 4:19). Os fariseus tentaram certa vez enganar e enredar a Jesus com uma pergunta dura e difícil. Perguntaram-lhe o seguinte: “Qual é a maior lei ou mandamento de Deus?” Jesus, muito rapidamente, os envergonhou com uma resposta muito simples, porém poderosa: “Ama ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, alma, e mente. Este é o primeiro e maior mandamento” (Mt 22:37,38 simplificado). 832 / SEÇÃO E1 Amamos o que adoramos e adoramos o que amamos. A nossa adoração a Deus surge da nossa comunhão com Ele. Sendo um Pai, Deus deseja ter comunhão com a Sua família. Ele quer e espera até que respondamos ao Seu santo amor com a nossa oração, louvor e adoração. Quando nos achegamos a Ele, Ele Se achega a nós (Tg 4:8). Aliás, o salmista Davi disse: “Deus mora e habita nos louvores do Seu povo” (Sl 22:3 simplificado). A adoração a Deus e a comunhão com Ele encontram-se divinamente associadas. Não podemos ter uma delas sem a outra! C. ADORADORES E, ENTÃO, OBREIROS Muitos acham que o maior desejo de Deus é ter “obreiros”. Isso não é verdade. Jesus disse claramente aos Seus discípulos que o Pai estava buscando os que O adorariam em Espírito e em verdade (Jo 4:23). O nosso maior e mais sublime chamado é o de adorarmos a Deus – antes de tudo o mais. Se fizermos isso, Deus não sofrerá uma falta de obreiros. Os verdadeiros adoradores tornam-se sempre verdadeiros obreiros. O verdadeiro amor sempre busca agradar e fazer a vontade do ser amado! Essa verdade é vista claramente na conhecida narrativa de Maria e Marta (Lc 10:3842). Marta encontrava-se na cozinha, trabalhando e preocupando-se. Maria estava aos pés de Jesus, adorando e aprendendo a ouvir. Jesus disse que a parte de Maria era a mais importante e que não seria tirada dela. Os cristãos, em princípio, não foram “salvos para servirem” e sim “chamados para adorarem”. O Senhor quer isso de forma primordial – antes de qualquer outra coisa. Se não iniciarmos um ministério ao Senhor, nunca teremos um ministério eficaz de uns para com os outros, nem para com o mundo. 1. A Igreja de Antioquia A Igreja de Antioquia demonstra que a adoração precisa ter importância prioritária E1.9 – Ministério ao Senhor: Adoração – até mesmo com relação ao serviço. Ela era uma igreja “trabalhadora”, mas antes da sua obra vinha a sua adoração. O que estava fazendo a igreja antes que Paulo e Barnabé fossem escolhidos pelo Espírito e enviados como “obreiros” para o campo missionário? Estavam adorando a Deus! “Enquanto ministravam ao Senhor e jejuavam, o Espírito Santo disse: “ApartaiMe a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13:2). É interessante observarmos que Atos 13:1 nos diz que havia profetas e mestres da Palavra na igreja. Obviamente, a prioridade de ministério deles não era profetizar nem ensinar, e sim adorar. Todos estavam adorando (ministério ao Senhor). Do ministério de adoração fluiu a palavra profética de Deus com relação à obra. Os passos ou estágios vieram claramente na seguinte ordem: a. Adoração b. Palavra c. Obra O ministério ao mundo começa como ministério ao Senhor! 2. Sem Adoração não Vem a Chuva! A prioridade divina da adoração é vista nesta palavra profética proveniente dos lábios de Zacarias: “E acontecerá que qualquer... que não subir a Jerusalém para adorar ao Rei, o Senhor dos exércitos, não virá sobre ela a chuva” (Zc 14:17). O princípio é óbvio: “sem adoração não há chuva!” As atividades sem adoração produzem uma colheita muito pequena – não importa quão duro seja o nosso trabalho. Por quê? É necessário que tenhamos a chuva do Espírito de Deus para produzirmos a colheita. Sem a nossa adoração, não teremos nenhuma chuva. Se não tivermos tempo para a adoração, o nosso tempo de trabalho produzirá poquíssimos frutos. A ordem divina é adoração, e depois, o AS TRÊS PARTES DA IGREJA trabalho. O ministério ao Senhor traz a bênção do Seu Espírito sobre os nossos esforços. O Senhor está muito mais interessado em nosso relacionamento com Ele do que em nosso trabalho para Ele! D. ADORAR EM ESPÍRITO E EM VERDADE Por sete séculos os judeus e os samaritanos haviam estado discutindo sobre o lugar apropriado de adoração. Enquanto passava por Samaria, Jesus encontrou uma mulher ao lado de um poço. Para grande surpresa dela, Ele começou a conversar com ela sobre o profundo desejo e anelo em seu coração para com Deus. Na conversa entre eles, ela levantou a antiqüíssima questão sobre o lugar de adoração correto. Ouçamos o diálogo deles: “Senhor, posso ver que és profeta. Os nossos pais adoraram neste monte, mas vocês, judeus, afirmam que o lugar onde devemos adorar é Jerusalém. Quem está certo? “Mulher, cre-Me, respondeu Jesus, que está vindo a hora em que vocês não adorarão ao Pai neste monte, nem em Jerusalém... Está vindo a hora – e já é chegada agora – em que os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em espírito e em verdade. Este é o tipo de adoradores que o Pai procura” (Jo 4:19- 23). 1. Duas Partes Necessárias A partir destas palavras de Jesus, a adoração pode ser claramente dividida em duas partes: a. ESPÍRITO...... que é a parte de Deus b. VERDADE....... que é a parte do homem Em outras palavras, tanto Deus quanto o homem têm um papel a desempenhar para que a adoração seja completa. 2. A Parte de Deus na Adorarão A parte de Deus na adoração envolve tanto o Seu Filho quanto o Seu Espírito. O SEÇÃO E1 / 833 autor de Hebreus fala sobre o papel que Jesus tem em nossa adoração. Ele cita um salmo de Davi, onde o salmista está falando em nome de Cristo: “Pai, anunciarei o Teu nome aos Meus irmãos. No meio da Igreja cantarei louvores a Ti” (Hb 2:12 simplificado). Esse versículo nos propõe uma questão interessante a ser considerada. Como Jesus canta louvores ao Pai no meio da Igreja? a. O Cântico de Louvor de Jesus. Creio que Ele o faz através dos nossos lábios, usando as nossas vozes, à medida que os Seus rios de adoração ao Pai fluem do nosso interior. A “Pessoa” de Jesus Cristo está agora à destra do Pai. A “presença” do Senhor, no entanto, está em nós pelo Seu Espírito. Assim sendo, à medida que o Espírito nos unge para adorarmos, o cântico de louvor de Jesus pode encher a nossa boca e coração. Quando nos submetemos à ação do Seu Espírito sobre nós, estamos adorando ao Pai em Espírito. Esse é o verdadeiro “cântico do Senhor”, pois enquanto o Espírito está enchendo o nosso espírito com a adoração de Jesus, nós, por nossa vez, a expressamos ao Pai com as nossas vozes. b. Cheios com o Espírito. Infelizmente, é possível termos uma “forma” de adoração sem o envolvimento de Jesus ou do Espírito Santo. Somente o Espírito de Cristo pode produzir a verdadeira adoração, aceitável ao Pai. Sem o envolvimento do Seu Espírito, a nossa adoração, em sua melhor faceta, é apenas um ritual vão. Foi isto o que Jesus quis dizer ao falar sobre os líderes religiosos da Sua época: “Este povo diz que Me honra e Me respeita, mas em seu coração não existe absolutamente nenhum espaço para Mim. Em vão, portanto, Me adoram” (Mt 15:8,9 simplificado). Por outro lado, quando o nosso coração está entregue ao Espírito Vivo de Cristo, a 834 / SEÇÃO E1 adoração não é um formalismo vão. É um estimulante transbordamento de amor e louvor. Paulo expressa essa verdade com estas lindas palavras: “Estejam sempre cheios e fluindo com o Espírito Santo. Cantem salmos, hinos, e cânticos espirituais uns aos outros, e ofereçam louvores ao Senhor. Cantem e façam melodias a Ele em seus corações, dando sempre graças ao seu Deus e Pai em nome do Senhor Jesus Cristo” (Ef 5:18-20 simplificado). Observe no versículo acima que é à medida em que estamos sempre sendo cheios com o Espírito Santo que podemos oferecer louvores ao Senhor, cantar e fazer melodias a Ele. Precisamos da ação do Espírito Santo sobre nós para sermos verdadeiros adoradores. Sim, Deus nos deu o Seu Espírito para que pudéssemos oferecer-Lhe o verdadeiro louvor e adoração – de nosso coração! 3. A Parte do Homem na Adoração “Quem poderá subir ao monte do Senhor? Quem poderá ficar no Seu lugar santo? Quem tem as mãos limpas e um coração puro. O que é honesto em todos os seus caminhos. Este receberá a bênção do Senhor” (Sl 24:3-5 simplificado). A parte do homem na adoração é achegar-se a Deus “em verdade”. Isso significa que o coração do homem diante de Deus deve ser limpo, puro, honesto e sincero. a. As Regras do Tabernáculo. Vemos um quadro nítido dessa verdade no ministério dos sacerdotes do Tabernáculo de Moisés. Na estrutura e no serviço do Tabernáculo encontram-se muitas coisas que retratam o que Jesus e Seus seguidores deviam fazer. Todos os sacrifícios, purificações unções e vestimentas eram exemplos importantes dos princípios espirituais futuros que seriam cumpridos por Jesus e pela Igreja. Antes que os sacerdotes pudessem servir e adorar ao Senhor no Lugar Santo, eles tinham que ser: E1.9 – Ministério ao Senhor: Adoração 1) purificados pelo sacrifício de sangue pelo pecado (Lv 4:3), 2) lavados com água, 3) ungidos para adoração e 4) vestidos com vestimentas sacerdotais (Êx 30:17-33). Na verdade, eles estavam em perigo de vida caso não estivessem adequadamente preparados antes de entrarem na santa presença de Deus. Tinham que estar em retidão e prontos para a adoração! b. A Nossa Preparação é em Cristo Jesus. Nós também devemos: 1) aceitar o sacrifício de sangue de Jesus na cruz (Ap 1:5); 2) estar adequadamente purificados pela água do batismo (At 22:16; Hb 10:22); 3) “estar ungido” para cerimônia, sendo batizados no Espírito (Lc 4:18); 4) “estar revestidos” com poder (Lc 24:49) antes de servirmos adequadamente ao Senhor. c. As Escrituras Declaram. Louvado seja Deus, pois todas essas necessidades foram totalmente supridas em Cristo Jesus. As Escrituras declaram que fomos: 1) Purificados Pelo Seu Sangue. “Se confessarmos os nossos pecados, Deus é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de todo pecado e iniqüidade” (1 Jo 1:9 simplificado). 2) Lavados Pela Água do Batismo e Pela Sua Palavra. “Cristo Se entregou pela Igreja. Ele fez isto para torná-la santa e limpa, lavada com água e pela Palavra” (Ef 5:25,26 simplificado). 3) Ungidos Pelo Seu Espírito. “É Deus que confirma a nossa fé com vocês em Cristo. Ele nos ungiu e nos selou. Ele fez isto colocando o Seu Espírito em nossos corações. Esta é a nossa promessa das coisas vindouras” (2 Co 1:21,22 simplificado). 4) Revestidos em Sua Retidão. “Que os Teus sacerdotes, ó Senhor, sejam vestidos de salvação... Ele me vestiu com vestimentas de salvação e me cobriu com o AS TRÊS PARTES DA IGREJA manto de retidão...” (2 Cr 6:41; Is 61:10 simplificado). d. Cristo Jesus: O Nosso Grande Sumo Sacerdote. O escritor de Hebreus sumariza o privilégio da adoração do homem lavado pelo Sangue com estas lindas palavras: “Queridos irmãos, agora estamos livres para entrarmos diretamente no Lugar Santíssimo – onde Deus está. Podemos fazer isto sem temor por causa do sangue que Jesus derramou por nossos pecados. Podemos entrar pelo novo e vivo caminho que Jesus abriu para nós através do Seu corpo na Cruz. “Ele é o nosso grande Sumo Sacerdote e Ele domina sobre toda a Casa de Deus. Assim sendo, acheguemo-nos a Deus com um coração verdadeiro e cheio de fé. “Os nossos corações foram purificados e fomos libertos de sentimentos de culpa. Os nossos corpos foram lavados com as puras águas do batismo. Portanto, apeguemo-nos firmemente à esperança que confessamos. Podemos confiar que Deus fará o que prometeu” (Hb 10:19-23 simplificado). Sim, Deus nos deu o Espírito do Seu Filho para que pudéssemos adorá-Lo de fato em Espírito e em verdade. Através do Seu Espírito, Jesus ainda busca adorar ao Pai aqui na terra. Ele deseja fazer isto através dos membros que compõem o Seu Corpo – a Igreja. É através de nós e pelo Seu Espírito que o Filho deseja adorar ao Pai. E. SUMÁRIO Vimos que: 1. A Parte de Deus A parte de Deus na adoração envolve tanto o Seu Filho quanto o Seu Espírito. 2. A Nossa Parte Temos também uma parte a cumprir. Temos que nos apresentar diante do Senhor com mãos limpas e um coração puro. Isto SEÇÃO E1 / 835 significa que devemos confessar imediatamente os nossos pecados, falhas, e fracassos ao Senhor. Significa sermos purificados e revestidos da Sua Graça. Significa que devemos manter os nossos pensamentos, palavras e ações corretos e santos aos olhos de Deus – para que possamos viver sempre “... para o louvor da Sua glória” (Ef 1:12). Aí então seremos para Ele de fato “... um povo escolhido, um sacerdócio real, e uma nação santa” (1 Pe 2:9). Com alegria haveremos de compartilhar o Seu amor e graça a todo o mundo – com todo o nosso coração. E tudo isto começa com a adoração. É isto o que queremos dizer quando afirmamos que todos os crentes precisam aprender a “ministrar ao Senhor”. Por que você não entrega os seus lábios e a sua voz ao Senhor agora mesmo para começar a adorá-Lo? Diga-Lhe: “Eu Te amo, ó Deus, e com a minha voz Te adorarei ó meu Rei e Te entoarei, sim o meu louvor Que seja um doce, doce som, para Ti.” Capítulo 10 Ministério Recíproco: Serviço Introdução O ministério recíproco significa “sustentarmos” uns aos outros. Devemos ajudar, apoiar e curar uns aos outros – edificando uns aos outros em nossa santíssima fé. Isto significa um serviço muito prático e pessoal aos membros do Corpo de Cristo que estejam passando por necessidades. Esse tipo de serviço envolve o que podemos chamar de “sistemas de apoio bíblico”. Três sistemas básicos suprem as nossas mais importantes necessidades pessoais. Como líderes, precisamos treinar os nossos membros como ministrarem uns aos outros através dos: • Sistemas de apoio emocional; • Sistemas de apoio financeiro; e • Sistemas de apoio espiritual. 836 / SEÇÃO E1 Esta é a maneira de Cristo alcançar em amor e ministrar ao Seu povo através dos membros do Seu Corpo. Ele os sustenta nos braços dos membros que compõem Sua Igreja. Ele os toca com nossas mãos. Ele quer falar com eles através dos lábios dos membros do Seu Corpo – a Igreja! Recorramos novamente ao Livro de Atos para verificarmos como estes princípios foram postos em prática – como os conceitos funcionam na vida real. Nos versículos que se seguem, vemos reafirmado o esboço que escolhemos para explicar o que você (como um líder de igreja) deve instruir o seu povo a fazer. Foi o que os membros da igreja em Jerusalém fizeram. Os membros ministraram ao Senhor. “Aí então os que creram no que Pedro havia dito foram batizados. Cerca de 3.000 novos crentes foram acrescentados a eles naquele dia. Eles eram fiéis no ouvir os ensinamentos dos apóstolos e leais à comunhão de crentes. Freqüentemente oravam e partiam o pão [Santa Ceia] juntos. Muitas maravilhas e obras poderosas eram feitas pelos apóstolos, e uma grande estupefação e temor santo estavam sobre todos eles” (At 2:41,46,47). Os membros ministraram uns aos outros. “Todos os crentes ficavam juntos e compartilhavam tudo uns com os outros. Até mesmo vendiam o que possuíam e davam o dinheiro a todos os que estavam passando por necessidades especiais. Reuniam-se diariamente no Templo. Em casa, compartilhavam suas refeições com singela alegria em seus corações” (At 2:43). O ministério deles ao mundo surgiu dos outros dois. “Estavam sempre louvando a Deus, e todos os respeitavam e os admiravam. E todos os dias, o Senhor Lhes acrescentava os que estavam sendo salvos” (At 2:47). Do ministério deles a Deus e de uns para com os outros surgiu o testemunho deles ao mundo. Diariamente, muitos crentes novos E1.10 – Ministério Recíproco: Serviço eram acrescentados à comunidade deles. Este é um quadro perfeito do plano e propósito de Deus em ação. Estudemos agora os diferentes sistemas de apoio que fazem parte do nosso ministério recíproco. A. O SISTEMA DE APOIO EMOCIONAL O primeiro sistema de apoio em nosso ministério recíproco refere-se às nossas necessidades emocionais – os nossos “relacionamentos”. Não fomos criados para “ficarmos ou fazermos as coisas sozinhos”. “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem... Não é bom que o homem esteja só” (Gn 1:26; 2:18). Na imagem de Deus encontramos o relacionamento. Fomos criados para termos comunhão com Deus e uns com os outros – para amarmos uns aos outros. Sem este relacionamento estamos incompletos. E isso não é bom. Precisamos muito uns dos outros. Foi assim que Deus planejou as coisas! 1. Koinonia A palavra grega referente à “comunhão” é koinonia. Ela significa a. compartilhar a vida juntos b. em torno de um propósito comum. Para o cristão, o propósito comum é basicamente uma Pessoa – e esta Pessoa é Jesus! A vida que compartilhamos é a Sua vida em nós. 2. Koinonia Encontra Necessidades Emocionais Contudo, isto é algo muito prático em sua ação. A comunhão cristã tem o propósito de suprir as mais profundas necessidades e desejos do nosso coração. É interessante observarmos que “koinonia” era um termo usado nos contratos conjugais (documentos legais) daquela época. A palavra grega referente a “comunidade” também é “koinonia”. Uma “comuni- AS TRÊS PARTES DA IGREJA dade” é um grupo de pessoas que estão unidas em torno de um interesse comum. Novamente, para a comunidade cristã, este interesse é a vida do Próprio Senhor Jesus. Em Sua vida encontram-se o Seu amor e a Sua verdade. O Seu amor é incondicional, com o poder de perdoar, curar e restaurar. Devido a isto, podemos nos arriscar a sermos genuínos – honestos e abertos – numa verdadeira comunidade de cristãos. Esse é o local onde podemos encontrar ajuda. Quando: Precisamos ser: ================================== 1. Fracassamos Perdoados 2. Tropeçamos Sustentados 3. Fomos feridos Curados 4. Estamos presos Liberados 5. Estamos errados Corrigidos 6. Estamos perdidos Direcionados 7. Estamos com medo Protegidos 8. Fomos rejeitados Aceitos 9. Somos odiados Amados Estas são algumas das necessidades emocionais que podem ser encontradas em todas as comunidades cristãs. É somente através de um eficaz sistema de apoio na comunidade que estas necessidades pessoais podem ser supridas. Estes sistemas de apoio são muito importantes em sociedades que se opõem veementemente ao Evangelho cristão. Esse foi o caso da Igreja Primitiva em Jerusalém logo depois do seu inicio. Os líderes judeus da época não aceitaram calorosamente a recém-formada comunidade cristã. Como já vimos em nosso estudo anterior, a Igreja Primitiva logo sentiu o fogo da perseguição e do ódio religioso. Ela foi tratada de formas cruéis e injustas. Os novos crentes, portanto, reuniam-se não somente para adorarem e para aprenderem mais sobre Jesus, mas também para apoiarem uns aos outros dentro de uma sociedade hostil e adversa. SEÇÃO E1 / 837 Estas comunidades, voltadas ao crescimento e apoio cristãos, têm se formado por toda a história da Igreja. Não é de admirar que o deus deste mundo (Satanás) tenha sempre combatido os propósitos de Deus e perseguido o povo de Deus. 3. O Papel Principal dos Grupos Familiares de Comunhão a. Apoio Prático. A forma prática pela qual a Igreja Primitiva apoiava os seus membros era através da comunhão em seus lares. A Igreja de Jerusalém começou no domingo de Pentecostes com 3.000 membros. A comunidade deles cresceu rapidamente, pois um grande número de homens e mulheres era acrescentado à medida que se passavam os dias. Alguns crêem que talvez tenham crescido até 30 ou 40.000 membros em 2 ou 3 anos. Como se abriga um grupo desse tamanho? Jesus os havia alertado que a cidade e o Templo seriam destruídos. Não há registro algum de haverem tentado encontrar ou construir um lugar de reuniões amplo. Em vez disso, eles incentivaram as pessoas a se reunirem em lares. Em seguida, estabeleceram presbíteros para se encarregarem das comunidades recém-formadas. Foi a um destes grupos familiares que Pedro e João relataram o seu encontro com o conselho judaico após a cura do homem coxo na porta do Templo (At 4:23). As casas eram geralmente construídas com o formato de um “U” e muradas na parte de trás. Os diferentes cômodos da casa, portanto, davam para um grande pátio interno, que era um lugar ideal para reuniões de grupos familiares relativamente grandes. A fonte ou cisterna central talvez tenha sido usada para batismos. Os apóstolos podiam então manter-se em contato com todas as pessoas através dos presbíteros que haviam sido instituídos em cada grupo familiar. Os lares eram cenários naturais e simples para a comunhão e para o ministério 838 / SEÇÃO E1 prático. As grandes catedrais e o clero com seus paramentos formais surgiram relativamente mais tarde na história da Igreja. Infelizmente, esse tipo de progresso nos formalismos externos parece estar ligado a um declínio na vida espiritual. As pessoas simples geralmente ficam perdidas nos grandes programas dos sistemas religiosos. Aquele toque pessoal já não existe mais, e as necessidades emocionais do amor e da aceitação não são supridas. b. Contato Pessoal. Tenho certeza que muitos de vocês estão cientes de que as criancinhas precisam de algo mais do que a simples alimentação e roupas adequadas. É preciso que as acariciemos, falemos com elas e as tomemos nos braços. Tem havido situações em grandes berçários onde pequeninos bebês recém-nascidos tiveram todas as suas necessidades físicas supridas, mas chegaram a morrer de fato devido à falta de amor. Num certo lugar, esse problema foi resolvido com a colocação de cadeiras de balanço no berçário a fim de que as enfermeiras pudessem segurar os bebês em seus braços enquanto os alimentavam. Os adultos também podem morrer por falta de amor, muito embora esse seja um processo mais lento. Para alguns é uma morte em vida – são pessoas que não são amadas, desejadas, necessárias, nem apreciadas. Nas nações ocidentais, a solidão é um dos grandes males da nossa época. É possível sentirmo-nos solitários no meio de uma multidão, se acharmos que ninguém nos conhece ou se importa conosco. A Igreja precisa alcançar, de uma forma especial e pessoal, os que se separaram da vida da comunidade cristã. Isto se aplica aos idosos, aos enfermos e a todos os que se encontram afastados de um contato de amor com os outros. Como já dissemos anteriormente, uma das razões para as reuniões de grupos familiares na Igreja Primitiva era fornecer o apoio emocional que cada membro necessitava. Cada indivíduo sabia que pertencia a um E1.10 – Ministério Recíproco: Serviço grupo que orava e se interessava por ele, que o aceitava e o amava no Senhor. A comunidade era um lugar onde o amor de Deus podia ser compartilhado de maneiras práticas e pessoais. As necessidades humanas básicas da afeição (amor) como também da autoridade (verdade) podiam ser supridas. Era a forma de o Pai dar direção, correção, proteção e provisão – tudo isto no contexto caloroso e pessoal da Sua família. Há um sentimento de segurança no sabermos que somos apoiados por mães e pais, irmãos e irmãs na família de Deus. É uma comunidade onde as nossas próprias capacidades e dons divinos são necessários e desejados. Verdadeiramente, é um lugar onde podemos adorar, trabalhar, e testemunhar juntos. B. O SISTEMA DE APOIO FINANCEIRO A segunda forma pela qual a Bíblia nos ensina a ministrarmos uns aos outros é na área das finanças. Para os nossos propósitos, isso incluirá não somente o dinheiro, mas também outras coisas materiais e serviços práticos. 1. Na Igreja Primitiva Vejamos como a Igreja Primitiva agia para desenvolver um sistema de apoio financeiro para os seus membros. Estaremos procurando princípios bíblicos que se apliquem à nossa época e contexto social. Começaremos com a recém-fundada Igreja de Jerusalém. “Todos os crentes ficavam juntos e compartilhavam tudo uns com os outros. Vendiam o que possuíam e davam o dinheiro a todos os que estavam especialmente necessitados. Não havia sequer uma pessoa necessitada no meio deles. Os que possuíam casas ou terras, vendiam-nas e traziam o dinheiro aos apóstolos para que o repartissem justamente com os necessitados” (At 2:44,45; 4:34,35 simplificado). O que fazemos com o nosso dinheiro (e como o fazemos) geralmente revela o que AS TRÊS PARTES DA IGREJA está em nosso coração – para o bem ou para o mal. Deus protegeu a Igreja de Jerusalém dos espíritos malignos do orgulho e do engano (mentira) de uma forma realmente notável. Eis o que aconteceu: “José, a quem os apóstolos chamavam de Barnabé (filho da consolação), era levita, natural de Chipre. Ele vendeu uma propriedade e trouxe o dinheiro aos apóstolos para ser dado aos necessitados. “Havia um homem e sua esposa, chamados Ananias e Safira, que também venderam umas terras. Contudo, mantiveram uma parte do preço, mas agiram como se estivessem trazendo o valor total aos apóstolos. “Pedro, vendo o interior de seus corações, disse diretamente: Ananias... por que mentiste ao Espírito Santo?... As terras e o dinheiro eram teus e podias fazer com eles o que quisesses. Não mentiste a nós, mas a Deus. Ao ouvir isto, Ananias caiu ao chão e morreu!” (At 4:36-5:11 simplificado). Em seguida, como vocês se lembram, o mesmo fim trágico aconteceu a Safira, sua esposa. a. Descoberta dos Princípio. Vários pontos ou princípios importantes e práticos podem ser vistos claramente nesta história sobre o sistema de apoio financeiro da Igreja do Novo Testamento. 1) Os Pedidos de Auxilio Eram Investigados. Os membros que tivessem vivido uma vida de auxílio aos outros, e que estivessem necessitados, seriam ajudados. Paulo estabeleceu princípios práticos para o apoio financeiro aos membros da Igreja. Por exemplo, ele achava que devíamos ser responsáveis pelas viúvas: “Honra as viúvas que verdadeiramente são viúvas” (1 Tm 5:3). a) Idosa ou Fraca. Para ser ajudada, a pessoa tinha que ser idosa ou fraca e estar incapacitada para trabalhar e se sustentar. “Nunca seja inscrita viúva com menos de sessenta anos...” (1 Tm 5:9). b) Trabalhe se Você Puder. Aque- SEÇÃO E1 / 839 les que estiverem física e mentalmente aptos para trabalhar, devem fazê-lo. Eles não serão sustentados pela Igreja. “... quando ainda estávamos convosco, vos mandamos isto, que se alguém não quiser trabalhar, não coma também.” “Porquanto ouvimos que alguns entre vós andam desordenadamente... A esses tais, porém, mandamos e exortamos por nosso Senhor Jesus Cristo que, trabalhando com sossego, comam o seu próprio pão” (2 Ts 3:10-12). c) Os familiares Tomam a Responsabilidade. Os familiares devem se responsabilizar pelos parentes que sejam muito idosos ou fracos para trabalhar. “Mas, se alguma viúva tiver filhos, ou netos, aprendam primeiro a exercer piedade para com a sua própria família, e a recompensar seus pais; porque isto é bom e agradável diante de Deus. “Mas se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel” (1 Tm 5:4,8). Os líderes de igreja devem ensinar isso e pedir que as famílias assumam, prazeirosamente, a responsabilidade pelos seus próprios familiares. d) Devem ser merecedores. Aqueles a quem for concedida ajuda financeira, devem ser merecedores da mesma. “Nunca seja inscrita viúva com menos de sessenta anos... se exercitou hospitalidade, se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda a boa obra.” (1 Tm 5:9-10). e) O exemplo da Igreja em Jerusalém. Muitos dos crentes eram de outras cidades e haviam vindo a Jerusalém para a Festa de Pentecostes (At 2:5-12). Após confessarem a Cristo como seu SalvadorMessias, eram batizados na água, batizados no Espírito Santo, e uniam-se à comunidade cristã em Jerusalém. Em seguida, submetiam-se fielmente aos ensinamentos dos apóstolos e trabalhavam dentro daquela crescente comunidade. 840 / SEÇÃO E1 Eventualmente, o dinheiro de muitos se acabava. Teriam de ter partido se a igreja não tivesse suprido as suas necessidades. Da forma pela qual estavam organizados, essas necessidades eram prontamente relatadas à comunidade cristã. Isto provavelmente acontecia no contexto dos grupos familiares, onde todos eram bem-conhecidos. Os laços de amor dentro da família de Deus eram tão fortes que muitos eram levados a venderem o que possuíam. O dinheiro recebido era então doado aos apóstolos e líderes para ser distribuído de forma justa aos necessitados. 2) Ninguém Era Forçado a Dar. Não havia nenhuma pressão sendo feita sobre o povo para vender o que possuía. Eles correspondiam a necessidades conhecidas, dando o que tinham, livremente e com alegria, aos que não tinham nada. Isso eles faziam sob a supervisão de seus líderes. Assim sendo, tudo era feito de uma maneira justa e ordenada. O pecado de Ananias e Safira não foi o fato de haverem retido parte do dinheiro que receberam proveniente da venda de suas terras. Era direito deles ficar com todo o dinheiro da venda, caso quisessem. Os apóstolos não teriam ficado irados se eles tivessem guardado todo o dinheiro. Até mesmo Deus não teria ficado irado se este tivesse sido o caso. Na verdade, muitos não venderam tudo o que possuíam, ou não teria havido mais nenhuma casa onde pudessem ter reuniões. Não! O pecado de Ananias e sua esposa foi que eles mentiram sobre o dinheiro que deram. Eles fingiram e agiram como se estivessem dando tudo a Deus, quando de fato não estavam. Talvez pensassem que a sua doação Lhes traria um grande privilégio aos olhos dos apóstolos e do povo. A questão é que não era necessário eles darem e não era necessário mentirem. Ainda assim teriam sido amados e aceitos pela comunidade se o seu coração estivesse correto diante de Deus. E1.10 – Ministério Recíproco: Serviço 3) Direção Honesta Era um Dever! A Igreja Primitiva era dotada de líderes corretos – homens honestos e de bom caráter. Os Apóstolos haviam sido treinados pelo Próprio Senhor Jesus. Contudo, houve um homem do grupo deles que foi vencido pelo diabo porque era desonesto e ganancioso. No final ele perdeu sua vida de forma trágica. Ele não somente vendeu a si próprio a Satanás, mas também a seu Senhor aos que O crucificaram. O seu nome era Judas. Como deveria ser isso uma grande admoestação a todo o povo de Deus de todas as épocas! Talvez essa tenha sido a razão pela qual Pedro lidou de forma tão severa com Ananias e Safira. Ele discerniu que o mesmo espírito que havia impulsionado e movido a Judas estava tentando infiltrar-se na comunidade cristã de Jerusalém. O Próprio Espírito Santo moveu-Se rapidamente para desarraigar esse mal antes que pudesse espalhar-se por toda a comunidade. Todos observaram o ocorrido, pois “um grande e santo temor veio sobre toda a igreja” (At 5:11). b. A Política Financeira. Agora podemos compreender o motivo pelo qual os apóstolos eram tão cuidadosos em certificarem-se de que as finanças estavam sendo manipuladas de forma justa e honesta. Era um dever muito sério que tinham diante do Senhor. Baseados no registro de Atos, descobrimos que eles prepararam um plano ou política financeira com muito cuidado e sabedoria, e que é, portanto, algo digno do nosso estudo. 1) Os que Eram Honestos e Cheios com o Espírito. Eram homens sábios e honestos, com um caráter e conduta conhecidos pela comunidade. Não eram intrusos desconhecidos, e sim servos fiéis da comunidade. Suas vidas diárias e seus afazeres familiares pessoais provavam que poderiam ser dignos de confiança. 2) A Ajuda às Pessoas Vinha Primeiro. Quando surgiam necessidades pessoais, AS TRÊS PARTES DA IGREJA a comunidade era informada ou comunicada a respeito. Não havia nenhuma pressão ou desonestidade nos apelos que eram feitos pelos líderes. As pessoas sabiam das necessidades e de como o dinheiro seria usado. Assim sendo, davam com liberdade e alegria. Não eram ameaçadas com a punição de Deus, nem subornadas com as bênçãos de Deus. Em outras palavras, não faziam doações motivadas pelo temor do que Deus faria caso não doassem. Tampouco ofertavam com a idéia de que Deus sempre as recompensaria com grandes lucros financeiros. Davam simplesmente porque o amor de Deus as impulsionava a ajudarem seus irmãos e irmãs em Cristo. Diferentes pessoas, portanto, davam a medida em que o Espírito Santo as orientava. 3) De Acordo com as Necessidades de Cada um. Os líderes distribuíam os fundos “de acordo com a necessidade de cada um”. O sistema de apoio da Igreja de Jerusalém foi instituído para suprir as verdadeiras necessidades do povo – nada mais e nada menos. Todos recebiam o seu justo quinhão. Isso era possível porque as pessoas necessitadas eram conhecidas de fato pelos participantes de seus grupos familiares. Qualquer um que fosse e que não quisesse trabalhar ou servir na comunidade recebia muito pouco em termos de ajuda financeira. As pessoas egoístas e tolas e que acumulavam grandes dívidas não podiam esperar que a igreja as saldasse. Há uma disciplina ou ordem divina que Deus quer que sigamos em nossas finanças. Sempre que contraímos dívidas, subjugamonos a uma escravidão que atrapalha a nossa liberdade de servirmos ao Senhor. Para os que estão enfrentando problemas financeiros, uma regra muito simples de ser seguida é a seguinte: “Se você; não precisa, não adquira. Se você não tem recursos, não compre!” Ficarmos afundados em dívidas não somente limita o nosso serviço para Deus, mas também destrói o nosso testemunho SEÇÃO E1 / 841 perante o mundo. Um sinal de maturidade espiritual é o uso sábio do nosso dinheiro. A política financeira da Igreja Primitiva também evitava um outro problema: 4) Cuidado com o Ministro AutoDesignado. O ministro auto-designado acha que os santos lhe devem o seu sustento. Algumas pessoas saem para a obra de Deus sem nunca terem sido enviadas por um grupo responsável. Entram em cena e informam a comunidade local que foram enviadas por Deus e precisam do seu apoio financeiro. Não se encontram sob a autoridade de ninguém, porém desejam o respeito de todos – e dinheiro. Paulo cita esse tipo de ministros em suas epístolas e alerta o povo com relação a eles. Esse problema ainda existe. Precisamos estar cientes disso para não sermos enganados. Verdadeiramente, há segurança e sabedoria nas diretrizes dadas por Deus referentes às finanças da igreja. c. Relacionamento: a Chave Para Êxito dos Sistemas de Apoio. Já vimos que a Igreja Primitiva tinha um sistema de apoio emocional que colocava a liderança em contato com o povo. Deste relacionamento desenvolvia-se um sistema de apoio financeiro. Não somente as necessidades emocionais das pessoas deviam ser supridas dentro da comunidade cristã, mas também as necessidades físicas e financeiras. Devido ao fato de que os líderes consagrados a Deus e os seus membros conheciam uns aos outros no Senhor, uma política financeira sábia e justa era formada. O Senhor enviava a Sua bênção, “e não havia sequer uma pessoa necessitada no meio deles”. C. O SISTEMA DE APOIO ESPIRITUAL A Igreja de Jerusalém ministrava uns aos outros não somente em suas áreas de necessidades emocionais e financeiras, mas também em suas necessidades espirituais. Eles faziam isto através de um sistema de apoio 842 / SEÇÃO E1 espiritual que pode ser visto em seus grupos familiares. 1. O Grupo Familiar: o Melhor Lugar Para o Crescimento O melhor lugar para uma árvore frutífera crescer é num pomar. O pomar é um lugar onde as árvores são protegidas dos perigos externos através de uma cerca. Suas raízes crescem profundamente no solo aguado e enriquecido com fertilizantes. Seus galhos são aparados e podados para que possam crescer frutos da melhor qualidade. As doenças e pragas vegetais são tratadas imediatamente. É um cenário cuidadosamente planejado a fim de que cada árvore possa tornar-se tão frutífera quanto possível. O pequeno grupo familiar é como um pomar. É um lugar de proteção. 2. O Grupo Familiar: o Melhor Lugar Para o Aprendizado Aprendemos fazendo as coisas, porém no fazer talvez cometamos muitos erros. Como é bom sabermos que no amor de Deus a correção nunca traz a rejeição. Podemos cair sem o temor de sermos expulsos. Caso contrário, talvez tenhamos tanto medo de cometermos um erro que nunca absolutamente nos arriscaríamos a movermo-nos pela fé. A caminhada de Pedro sobre as águas com Jesus é um bom exemplo disso. O pulo e a caminhada de fé de Pedro tiraram-no do barco e o lançaram naquele tempestuoso mar. Quando ele começou a afundar de medo, Jesus o pegou, e aí então ensinou-lhe sobre os perigos de duvidarmos da Palavra de Deus. Após aprender a sua lição, Pedro andou de volta ao barco no meio da tempestade com Jesus – dois homens de fé, lado a lado. O passo de fé por parte de Pedro – mesmo com os seus altos e baixos – foi grandemente abençoado por Deus. Somente Pedro levou a sério a palavra de Jesus. Somente E1.10 – Ministério Recíproco: Serviço Pedro aprendeu a andar pela fé sobre as águas! (Mt 14:22-34). Sim! O grupo familiar também é um lugar onde podemos aprender com segurança e sabedoria a andarmos no Espírito. Felizmente, existirão no seu grupo familiar, aqueles que, sabiamente, poderão protegê-lo e corrigi-lo, quando você duvidar e cometer erros. a. Aprender a Usar os Dons Espirituais. Paulo diz: “Todos podemos profetizar... para que todos possamos aprender” (1 Co 14:31 simplificado). Este Versículo tem dois significados: • “Aprendemos” como profetizar, fazendo-o. • “Aprendemos” com o que ouvimos, quando alguém profetiza. A profecia, geralmente, contém instrução. É importante vermos que as coisas do Espírito não são somente dadas por Deus, mas que também precisam ser aprendidas pelo homem. Não é suficiente sermos chamados e dotados por Deus. Precisamos aprender como sermos “excelentes”, ou seja, fazermos as coisas bem e com sabedoria em nossos ministérios. Isso leva tempo, treinamento e experiência prática. O sistema de apoio espiritual da Igreja, deveria proporcionar sessões para aqueles desejosos de aprender a usar os dons do Espírito – ou um dom de ministério, de pregação ou ensinamento. 3. Ensinar nas Grandes Reuniões Nos encontros onde centenas de pessoas possam estar reunidas, também é possível ensinar aos membros como ministrar uns aos outros. Eis a maneira de se fazer isto: a. Forme Círculos de Oração. Faça com que as pessoas formem “círculos de oração,” tendo cada círculo, de quatro a seis pessoas. Elas farão isto se colocando em círculo, de frente umas para as outras e se dando as mãos. Aí, então, elas farão o seguinte: AS TRÊS PARTES DA IGREJA 1) Introdução. Cada pessoa do circulo de oração se apresenta, dizendo o próprio nome. 2) Partilhando Pedidos de Oração. Cada pessoa partilha, então, um pedido de oração. Este pedido de oração seria por algo que ela gostaria que as outras pessoas orassem junto com ela como, por exemplo, pela própria cura física ou mesmo para que Deus a ajude a conseguir um emprego. 3) Todos Oram. Então, a pessoa número um ora pela pessoa número dois (com o restante orando silenciosamente) durante um ou dois minutos, pedindo a Deus para atender ao pedido feito. A seguir, a pessoa número dois ora pela número três, do mesmo modo. Continuam fazendo isso, até que todos, no círculo de oração, tenham orado por todos. 4) Partilhando as Percepções. Enquanto isso está acontecendo, o Espírito Santo colocará algumas vezes, em nossa mente um quadro (uma visão) que represente a necessidade daquela pessoa pela qual estão orando. Algumas vezes é dada uma “oração profética”. Talvez, um versículo das Escrituras possa vir à mente, o que deve ser partilhado. Todas essas coisas (dadas pelo Espírito) devem ser partilhadas com a pessoa pela qual estão orando. 5) Peça a Confirmação. Devemos, então, perguntar à pessoa com a qual partilhamos a visão, oração profética ou versículo das Escrituras, “O que foi partilhado, corresponde à sua necessidade? Foi dirigido ao motivo da sua preocupação? Estava correto?” Se a pessoa disser NÃO! A pessoa que falou erroneamente, deve responder: “Estou aprendendo e, algumas vezes, cometo erros. Desculpem, eu orarei mais na próxima semana e pedirei ao Senhor para que me ajude a fazê-lo melhor da próxima vez.” Se a pessoa disser SIM! Então agradeça ao Senhor por ajudá-lo a ajudar aos outros. b. Princípios dos Círculos de Oração. Se o esboço dos princípios acima forem seguidos, os círculos de oração se tornarão tempos valiosos de aprendizado. Não SEÇÃO E1 / 843 se esqueça de que esses princípios exigem três coisas: 1) Liberdade para as pessoas tentarem e, tentando ocasionalmente, cometerão erros. 2) Limite. Isto significa que alguém deve verificar se o que está sendo partilhado é correto e verdadeiro. 3) Falibilidade. Isto significa que somos capazes de cometer erros. O nosso caráter e o nosso chamado devem desenvolver-se juntos – de mãos dadas. Ninguém se torna um grande “profeta” da noite para o dia. Há um tempo de treinamento e testes de aprendizado e de correspondência aos caminhos e ações do Santo Espírito de Deus. Que possamos aprender as nossas lições bem, pois somente assim teremos ganho o nosso direito de sermos ouvidos! A maioria das escolas bíblicas e seminários dão muito pouco tempo e atenção aos dons do Espírito. Quando o fazem, quase nunca ensinam aos alunos como reagirem às ações do Espírito Santo. Nunca poderemos aprender como nos movermos no poder do Espírito Santo somente através das linhas gerais de uma palestra. É preciso que haja uma experiência concreta, onde observamos e trabalhamos com outras pessoas que possuam ministérios dotados. c. A Igreja Primitiva. Os novos crentes viam nos pequenos grupos familiares demonstrações de como deviam mover-se no poder do Espírito Santo. Podiam aprender como falar e agir pela fé e, contudo, de acordo com a ordem divina. Eram encorajados e corrigidos por líderes sábios e amorosos. Os frutos e os dons do Espírito Santo eram mantidos em equilíbrio. Os novos crentes podiam, portanto, crescer tanto no caráter como em seus chamados. Verdadeiramente, Deus Se importa tanto com o “obreiro” quanto com a “obra”. Precisamos do aconselhamento de líderes devotos a Deus e da comunhão de nossos irmãos e irmãs para crescermos no Senhor. Aprendemos pela ministração mútua 844 / SEÇÃO E1 da vida d’ Ele e de uns para com os outros. Não fomos criados para “fazermos as coisas sozinhos”! No contexto dos grupos familiares, precisamos enfrentar os frutos de nossas ações para com os outros. Isto mantém a nossa vida em equilíbrio. O nosso caráter e o nosso chamado – as nossas motivações e o nosso ministério – desenvolvem-se de uma forma certa e segura. Aí então, quando estivermos prontos a sairmos para ministrarmos ao mundo lá fora, sairemos com a bênção, com a aprovação, e com o apoio da comunidade local. D. PONDO OS PRINCÍPIOS EM PRÁTICA Colocamos diante de vocês vários princípios referentes aos sistemas de apoio emocional, financeiro, e espiritual. Três coisas, no entanto, deveriam ser mantidas em mente, quando a questão é colocarmos estas idéias em prática: 1. Precisamos Fazê-lo Cuidadosa e Vagarosamente “Os planos dos que são cuidadosos e firmes em seus esforços serão amplamente concretizados, mas um espírito impetuoso e impaciente produzirá a perda e a vergonha” (Pv 21:5 simplificado). Deus não está com pressa. Ele quer fazer as coisas bem e com sabedoria. Isto significa a cuidadosa colocação de um sólido fundamento. Isto começa ensinando-se paulatinamente às pessoas o propósito divino por detrás das mudanças que estão diante delas. Elas precisam saber que tipo de papel terão e as bênçãos que Deus tem guardado para elas. Isto acalma os temores que muitas pessoas têm das mudanças e do desconhecido. Todos precisam compreender: 2. Precisamos Fazê-lo com Boa Vontade “ ...Que Me tragam a oferta; de todo homem cujo coração o mover para isso, E1.10 – Ministério Recíproco: Serviço dele recebereis a minha oferta.” (Êx 25:2.) A adoração, a obra, e o serviço que são agradáveis ao Senhor não podem ser forçados. Isto é contrário à lei do amor, o qual precisa ser dado gratuitamente. As pessoas que são informadas e inspiradas – ensinadas e tocadas pelo Espírito de Deus – respondem com alegria e liberdade. O pastor sábio, com amor, e pacientemente, dirige o seu rebanho a coisas novas. As ovelhas não podem ser empurradas ou apressadas. 3. Precisamos Fazê-lo com Todos em União “Quando toda a igreja se congrega num lugar... que todos estejam prontos para darem um salmo, um ensinamento, uma revelação, uma língua, ou uma interpretação. Que tudo seja feito de uma forma que edifique a igreja... Pois todos vocês podem profetizar, um após o outro, para que todos possam aprender, e todos possam ser encorajados” (1 Co 14:23, 26, 31). O pensamento-chave nestes versículos é que os princípios dos sistemas de apoio são aprendidos somente à medida que são colocados em prática, na comunhão da igreja. Aprendemos fazendo as coisas uns com os outros e de uns para com os outros. O uso de Paulo da palavrinha “todos”, repetidas vezes, mostra-nos claramente que todos devem fazer parte do ministério. Não é somente para aqueles poucos que por natureza são mais extrovertidos e dotados. Todos têm um lugar e uma função no Corpo de Cristo. No plano de Deus, todos devemos aprender uns com os outros através do Seu Espírito. E. CONCLUSÃO Deus sabiamente nos deu princípios e padrões divinos. Através deles, a Sua vontade para os nossos dias pode ser feita por meio do Seu povo. Ao pesquisarmos a Palavra de Deus descobrimos que: AS TRÊS PARTES DA IGREJA 1. Todo Membro é um Sacerdote Ele estabeleceu líderes na Igreja para equiparem e prepararem a todos para serem sacerdotes reais por direito próprio. 2. Todo Membro Tem um Ministério Todos os membros têm um ministério que pode ser descoberto e desenvolvido no contexto pessoal de pequenos grupos familiares. 3. Pequenos Grupos Familiares são Importantes É aqui que podemos aprender com segurança a: a. Adorarmos a Deus juntos; b. Ministrarmos nos dons espirituais juntos; c. Sairmos para testemunhar ao mundo. É assim que nos tornamos membros maduros do Corpo de Cristo. Esta é a vontade de Deus e o caminho de Deus! 4. Os Líderes Devem Fornecer Na qualidade de líderes da Igreja, estabeleçamos portanto os sistemas de apoio para garantirmos o desenvolvimento espiritual de nossos membros. Forneçamos a eles: a. Sistemas de Apoio Emocional: Comunhão (Koinonia) b. Sistemas de Apoio Financeiro: Dinheiro para os necessitados c. Sistemas de Apoio Espiritual: Treinamento nos dons espirituais Se você fizer estas coisas cuidadosamente e em oração, o Senhor acrescentará à sua igreja os que Ele salvar. Capítulo 11 Ministério ao Mundo: Testemunho • Introdução Todos precisam entender: O plano... O QUE será feito SEÇÃO E1 / 845 • • • • • O propósito... PORQUE será feito Os métodos... COMO será feito As pessoas... QUEM o fará O lugar... ONDE será feito O programa... QUANDO será feito Jesus disse aos Seus discípulos que no final dos tempos o mundo enfrentaria uma época de grandes sofrimentos e dificuldades. O temor, o ódio, e a cobiça fariam com que as nações do mundo entrassem em guerra umas contra as outras. Os “últimos dias” serão dias sombrios de fato (Mt 24; LC 21), “Porque eis que as trevas cobriram a terra, e a escuridão os povos; mas sobre ti o Senhor virá surgindo, e a sua glória se verá sobre ti” (Is 60:2). Há, no entanto, uma radiante esperança para a Igreja Cristã. As Escrituras também afirmam que nos últimos dias Deus “derramará o Seu Espírito sobre todas as pessoas em toda parte... E todos os que invocarem o nome do Senhor serão salvos” (At 2:18,21 simplificado). Isso nos ensina que mais pessoas ouvirão o Evangelho e serão salvas nessa hora escura do que em qualquer outro período da história. Haverá um grande reavivamento de final dos tempos, à medida que a luz do Evangelho brilhar e penetrar as trevas de um mundo agonizante. Deus sempre traz um “aviso” e um “testemunho” antes de ocasiões de grandes julgamentos. Por esse motivo, Deus deseja unificar a Igreja em sua adoração, obra, batalha espiritual e testemunho do Evangelho. O reavivamento virá somente à medida que o poder e a glória de Cristo forem revelados através do Seu Corpo por todo o mundo. “Pai, oro para que todos possam ser um... para que o mundo possa crer que Tu Me enviaste... Pois este Evangelho do Reino precisa ser pregado no mundo todo 846 / SEÇÃO E1 como um testemunho a todas as nações. Aí então virá o fim” (Jo 17:21; Mt 24:14 simplificado). A. RECONCILIAÇÃO: PLANO DE DEUS/NOSSA MISSÃO “Reconciliação” é uma palavra linda e maravilhosa. Significa reunir e pacificar os que haviam quebrado a comunhão que tinham. Ao pecar, o homem se opôs a Deus e subjugou-se ao controle do Seu inimigo – Satanás. A desobediência a Deus é pecado. E o pecado nos separa de Deus e nos faz Seus inimigos. Deus, em Sua graça, quer perdoar os nossos pecados e restaurar-nos à Sua família. Em suma, Ele quer que sejamos “reconciliados” e que estejamos em paz com Ele. É por isto que Ele enviou o Seu Filho ao mundo: para morrer por nossos pecados. Deus quer ser nosso Pai. Ele quer ser nosso amigo! Sim, “reconciliação” é uma palavra repleta de um santo maravilhamento. Foi expressa bem do âmago do coração do Próprio Deus. Ela retrata o Seu amor e graça para toda a humanidade. Retrata o Seu de- E1.11 – Ministério ao Mundo: Testemunho sejo de trazer a Si todas as nações do mundo. As nações compõem-se de pessoas. E Deus ama as pessoas – até mesmo as pessoas que pecaram e buscaram a sua própria vontade e os seus próprios caminhos. Através do pecado, o homem perdeu-se do seu caminho com Deus e tornou-se Seu inimigo. Através de Cristo, Deus busca restaurar o mundo inteiro a um relacionamento correto com Ele. “Pois Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu único Filho. Qualquer pessoa que n’Ele acreditar não morrerá, mas terá a vida eterna” (Jo 3:16 simplificado). Deus revelou ao Apóstolo Paulo o Seu grande amor pelas nações do mundo. Além disto, colocou esse mesmo amor no próprio coração de Paulo. Ouça cuidadosamente estas palavras escritas à Igreja de Corinto. “Deus nos reconciliou Consigo através de Cristo. E Ele nos deu esta missão de pacificarmos todas as pessoas com Ele. Sim, Deus estava em Cristo reconciliando o mundo Consigo... Somos, portanto, embaixadores da paz. Somos ministros reais, AS TRÊS PARTES DA IGREJA enviados com esta mensagem divina: Reconciliem-se com Deus!” (2 Co 5:18-20 simplificado). Verdadeiramente, esse é o plano de Deus para as nações – que se reconciliem com Ele. O propósito de Deus sempre foi o de ter uma família composta pelo mundo todo. Ele quer um povo que O conheça, que O ame, que O adore, e que O sirva com todo o seu ser. Ele nunca mudou de idéia. Este ainda é o profundo desejo do Seu coração. 1. Homens com Uma Missão O Livro de Atos é a narrativa de homens com a missão de alcançarem o mundo para Cristo. Nos primeiros capítulos do livro encontramos homens sendo escolhidos, chamados, e preparados para as suas tarefas. O Senhor Lhes deu o tempo e o treinamento necessários para “crescerem” nos frutos do Espírito – e para “serem excelentes” nos dons espirituais. Esse tempo de crescimento envolvia o ministério ao Senhor e o ministério recíproco. Finalmente chegou a hora em que já estavam equipados para ministrarem ao mundo. A história deles fala sobre homens comuns sendo usados de maneiras muito incomuns. Homens pequenos com um grande Deus numa gloriosa missão – alcançarem o mundo para Cristo! Atos 7 e 8 registram como começou o primeiro movimento missionário na Igreja Cristã. a. Estêvão – um Mártir. O Capítulo 7 é uma história sobre um leigo chamado Estêvão. Vocês se recordam que ele foi um dos sete escolhidos para servirem as mesas. Ele se tornou um grande homem de fé e executou muitos sinais e maravilhas no meio do povo. Ele era também um veemente defensor da fé e tornou-se o primeiro cristão a dar a sua vida por Jesus. Estêvão absorveu bastante de Deus em sua curta vida para Deus! O Capítulo 7 assinala um ponto crucial no Livro de Atos. As ações não mais se centra- SEÇÃO E1 / 847 lizarão principalmente nos apóstolos em Jerusalém. O plano de Deus para que “todos os membros sejam ministros” na Igreja de Cristo será posto em ação, o que resultará numa “explosão evangelística” – uma Bomba do Evangelho – que será vista e ouvida em toda parte. Como isso aconteceu e quem estava envolvido constituem uma leitura muito interessante. b. Saulo – um Perseguidor. Após a morte de Estêvão, um homem chamado Saulo entra em cena, e a Igreja de Jerusalém nunca mais seria a mesma. Permitamos que o registro bíblico fale por si mesmo: “Saulo alegrou-se com a morte de Estêvão pois achava que ele merecia morrer... Aí então Saulo começou a destruir a Igreja de uma maneira muito cruel e terrível. Ele passava de casa em casa, arrastando para fora homens e mulheres, e aprisionando-os... “Como resultado, todos os cristãos – com exceção dos apóstolos – foram forçados a fugirem de Jerusalém. Espalharamse para as regiões circunvizinhas da Judéia e Samaria. Onde quer que fossem, pregavam a Palavra – as boas-novas do Evangelho’’ (At 8:1,3,4 simplificado). Ficou muito óbvio que agora todos estavam cada um por si. Não podiam mais recorrer aos apóstolos para pedir direções ou ajuda. Será que haviam sido adequadamente treinados e preparados para aqueles violentos e difíceis dias que Lhes aguardavam? Será que poderiam funcionar independentemente da liderança de Jerusalém? Será que Saulo havia destruído a única igreja neo-testamentária que existia na época? Os tratamentos cruéis que são feitos para se destruir um grupo especial de pessoas são chamados de “perseguição”. Será que Saulo fora bem-sucedido nesses esforços contra suas vitimas desamparadas? Será que o fogo da perseguição enchera de temor os corações dos crentes? Será que ousariam levantar a voz em nome do seu Senhor? As Escrituras nos dão a resposta de uma 848 / SEÇÃO E1 forma muito clara: “Onde quer que fossem, pregavam a Palavra!” Saulo havia cometido o maior erro de sua vida. Ele havia lutado não somente contra a Igreja do Cristo Vivo, mas também contra o Cristo da Igreja Viva. Em seus esforços para extinguir o fogo do Espírito em Jerusalém, ele foi “bem-sucedido” somente em espalhar e iniciar fogueiras por toda a região. Sim, os apóstolos haviam cumprido a sua tarefa de forma satisfatória – “equipar os santos para o serviço”. Eles os ensinaram como orar e pregar por si mesmos, como ouvir e obedecer a voz de Deus. Portanto, quando a hora chegou, a Igreja de Jerusalém estava pronta para continuar levando o seu testemunho à “Judéia, Samaria, e aos confins da terra’’ (At 1:8). Deus na verdade usou a arma de Satanás da “perseguição” como um meio de pôr a Sua Igreja em ação. 2. Uma Missão Para o Mundo Deus sabia que quando o Seu povo estivesse finalmente pronto para ir, todos teriam um papel a cumprir em Seu plano divino. Seriam de fato “um povo especial, um reino de sacerdotes, uma nação santa” (1 Pe 2:9). A sua obra e testemunho não seriam fáceis. Mas seriam “fortes e corajosos porque sabiam que Deus estava com eles e que seriam bem-sucedidos onde quer que fossem” (Js 1:6-9). E “ir” foi exatamente o que fizeram! E com um tremendo êxito! A dolorosa partida de Jerusalém tornou-se uma gloriosa missão ao mundo. Onde quer que fossem em fraqueza, o Evangelho ia com poder! a. Todos Devem Ouvir. A missão da Igreja Primitiva é a missão da Igreja hoje. Deus ainda quer reconciliar as nações. Ele quer que as Boas-Novas de Jesus Cristo se espalhem por toda a terra. A palavra “nação” nas Escrituras referese a um povo que tenha uma língua comum e laços culturais e/ou geográficos. É um agrupamento social onde as pessoas encontram E1.11 – Ministério ao Mundo: Testemunho uma identidade. Essas “nações” são chamadas de “grupos étnicos”. Nenhuma tribo, língua, ou “grupo étnico” deve ser menosprezado. Todos devem ter o direito ou privilégio de ouvir sobre o amor de Deus por eles. A tarefa é grande. Muitas pessoas no mundo todo nunca ouviram o nome de Jesus – nem ao menos uma vez! Há quase 5 bilhões de pessoas no mundo hoje, de acordo com o U.S. Center For World Missions (Centro Americano Para as Missões Mundiais). Estas pessoas podem ser divididas em cerca de 24.000 diferentes “grupos étnicos”. Cerca de 7.000 grupos étnicos já foram alcançados com o Evangelho de Cristo, e incluem cerca de 2,3 bilhões de pessoas. Aproximadamente 17.000 grupos étnicos, ou 2,4 bilhões de pessoas, no entanto, nunca ouviram falar sobre o Senhor Jesus Cristo. Estes números se aproximam a 50% da população do mundo! Quem são essas pessoas que ainda estão por serem alcançadas com o Evangelho? Os grupos principais podem ser incluídos na seguinte lista: GRUPOS ÉTNICOS – POPULAÇÃO Tribais 5.000 135 milhões Chineses 4.000 774 milhões Muçulmanos 2.000 416 milhões Hindus 3.000 561 milhões Budistas 1.000 264 milhões Outros 2.000 281 milhões b. Um Alvo Missionário. Sim, a tarefa é grande, porém não é impossível. Alias, muitos líderes missionários crêem que a Grande Comissão de Cristo de levarmos o Evangelho a todas as “nações” poderia ser realizada antes do ano 2.000. Em 1983 havia cerca de 1,4 bilhões de cristãos no mundo. Isto significa que 1 entre 3 indivíduos se considera cristão. Além disso, a população cristã está crescendo agora a razão de mais de 28 milhões por ano. A cada ano, mais de 50.000 novas igrejas AS TRÊS PARTES DA IGREJA são formadas na Ásia e na África somente. Há 100 anos atrás não havia nenhuma igreja na Coréia. Em 1970, somente 10% dos sulcoreanos eram cristãos. Em 1980, este número havia crescido para 20%. Em 1984, a estimativa já alcançava quase 30%. Em 1949-1950, havia cerca de 1 milhão de cristãos na China. Os comunistas expulsaram todos os missionários e tentaram destruir completamente a Igreja. Nos últimos anos, pelo fato de as portas para a China terem sido abertas uma vez mais, descobriu-se que a força da Igreja que sobreviveu era realmente surpreendente. Ao invés de morrer, ela havia crescido de 30 a 50 milhões de membros! A Igreja está crescendo rapidamente em muitos lugares. Em outros lugares, no entanto, o trabalho de evangelização é muito mais difícil ou até mesmo impossível. Há um pequeno ou nenhum crescimento (e poucos cristãos conhecidos) na República Popular da Mongólia, na Albânia, na Líbia e no Afeganistão. A França, Israel e Bangladesh são também lugares muito difíceis de se divulgar o Evangelho. Contudo, 90% do mundo ainda se encontra aberto ao Evangelho. Em alguns lugares, até mesmo as portas fechadas se reabriram. Infelizmente, não tiramos o máximo proveito destas portas abertas. Há mais de 2,8 bilhões de não-cristãos no mundo hoje. E, como já foi afirmado anteriormente, cerca de 2,4 bilhões de pessoas nunca (nem mesmo uma vez) ouviram as Boas-Novas do amor de Deus. Para podermos alcançá-las, barreiras culturais terão de ser transpostas. O testemunho pode vir somente de fora, pois na parte de dentro não há absolutamente nenhuma igreja. Serão necessários tanto um amor pelos perdidos quanto esforços bem direcionados para alcançarmos essas ”pessoas escondidas” por quem Cristo morreu. É por isto que precisamos estar informados. As informações são necessárias para canalizarmos SEÇÃO E1 / 849 o poder do amor de Deus para essas partes do mundo que são mais carentes. Somente assim, a Grande comissão do Senhor Jesus Cristo poderá ser obedecida e a tarefa completada neste século. Ela pode ser feita – se olharmos, ouvirmos, orarmos e obedecermos! c. Investir em Missões. Em vista disto, o povo de Deus não pode nunca ficar satisfeito até que todas as “nações” tenham sido alcançadas com o Evangelho. Este deveria ser o nosso mais alto alvo e o maior objetivo. Infelizmente, muitos estão mais interessados em “receber” do que em “dar”. Oramos pelo dia em que a maior parte do povo de Deus estará tão disposta a investir em missões quanto em coisas materiais. As casas e os bens materiais são importantes em nosso mundo moderno, mas não são tão importantes assim. Os tijolos, tábuas e metais brilhantes acabarão algum dia, mas as almas dos homens são eternas. Jesus disse que o nosso coração e os nossos tesouros sempre andariam de mãos dadas. Onde encontramos um, encontramos também o outro (Mt 6:21). Os nossos desejos e interesses (coração) sempre indicam a direção dos nossos valores (tesouro). Damos da nossa vida, tempo, talentos e energia ao que achamos que é precioso para nós e de grande valia. As palavras de Jim Elliot, o missionário-mártir aos índios aucas, falam diretamente ao nosso coração: “Não é nenhum tolo aquele que dá o que não pode guardar, para ganhar o que não consegue perder!” d. Ide por Todo o Mundo. Dizem que as últimas palavras de uma pessoa geralmente são as mais importantes de sua vida. As palavras de grandes homens foram registradas pouco antes de morrerem para o benefício dos que ficam – ou ainda estão por nascer. Sabemos disto com certeza: as últimas palavras de Jesus foram registradas e são muito importantes. Suas palavras de des- 850 / SEÇÃO E1 E1.11 – Ministério ao Mundo: Testemunho pedida aos Seus discípulos foram claras e diretas: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a todos e em toda parte” (Mc 16:15 simplificado). Jesus disse para “irmos”. As Escrituras nos dizem que, em simples obediência, eles “foram”. “E o Senhor foi com eles pelo Seu Espírito e confirmou as suas palavras com sinais e maravilhas” (Mc 16:20 simplificado). O que Ele disse para eles e fez por eles Ele está dizendo para nós e também fará por nós hoje. Se formos e obedecermos, Cristo honrará a Sua Palavra em nossa vida – e em nosso mundo – como Ele o fez no caso deles. e. O que Devemos Fazer. Todo crente deveria ser ensinado e preparado para cumprir este mandamento e, então, sair para pregar o Evangelho e orar por aqueles que ofertam o seu dinheiro – seja muito ou pouco – para ajudar financeiramente aqueles que foram escolhidos para pregar o Evangelho em tempo integral. Lembre-se de que esse serviço só pode ser feito na estação da colheita, pois depois que ela passa e começa o inverno, então será muito tarde. O mesmo acontece com a Colheita das Almas. Devemos pregar o Evangelho hoje. Na eternidade, os pobres pecadores com os quais falhamos ao falarmos sobre Cristo, lamentarão, “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos” (Jr 8:20). Quando chegarmos ao Céu, esta falha também poderá nos fazer chorar e lamentar por uns tempos. “E Deus limpará de seus olhos toda a lágrima...” (Ap 21:4). Não é de admirar que o apóstolo Paulo nos adverte: “Vigiai... e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus” (1 Co 15:34). Paulo está nos advertindo de que podemos pecar através de falha em não obedecer à Grande Ordem. Espere, em oração de adoração, até que você tenha sido batizado no Espírito. Comece, dizendo aos seus familiares e aos seus amigos o que Jesus tem feito por você. Se eles necessitarem de cura, imponha suas mãos sobre os enfermos e ore para que sejam curados. Espalhe as bênçãos e a vitória de Cristo. Triunfe sobre Satanás, onde quer que você vá. Assim sendo, ouçamos, aprendamos, confiemos e obedeçamos – para que de fato nos tornemos “um povo peculiar, um sacerdócio real, uma nação santa e um poderoso testemunho” da verdade e do amor de Deus... aos confins da terra. “E este Evangelho do Reino será pregado no mundo todo como um testemunho a todas as nações – e aí então virá o fim... Ora vem Senhor Jesus!” (Mt 24:14; Ap 22:20 simplificado). Escreva abaixo as suas anotações pessoais: LOUVOR E ADORAÇÃO SEÇÃO E2 / 851 SEÇÃO E2 LOUVOR E ADORAÇÃO Gerald Rowlands INDICE DESTA SEÇÃO E2.1 - O Novo Sacerdócio E2.2 - Elementos Vitais de Louvor E2.3 - Louvor: Bênçãos e Barreiras E2.4 - Maneiras Bíblicas Para Louvar e Adorar a Deus E2.5 - Oferecendo o Sacrifício de Louvor E2.6 - O Significado de Louvor e Adoração E2.7 - A Música no Louvor e Adoração E2.8 - Dirigindo um Culto de Adoração E2.9 - A Importância Profética do Louvor INTRODUÇÃO DO AUTOR Louvor e adoração é um dos temas bíblicos de maior importância. É também um dos mais negligenciados. Se não tivermos uma plena apreciação e a prática de um louvor e adoração espirituais puros, perderemos, então, um aspecto vital do nosso mais elevado chamado em Cristo. Nos últimos anos, Deus tem restaurado esse ministério ao Seu povo. Uma característica importante da grande renovação espiritual que está varrendo o mundo é a restauração à Igreja do louvor e adoração, assim como foi profetizado por Joel (Jl 2:21,23,26). Sei que muitos livros bons, sobre este importante assunto, foram publicados recentemente. Não tenho a ilusão de que este estudo aperfeiçoe o que já foi dito nestes excelentes trabalhos. Caso haja uma dimensão que eu, pessoalmente, possa adicionar, pode muito bem ser a da simplicidade. Uma das razões principais de haver compilado este estudo é que a grande maioria dos meus leitores são de nações do Terceiro Mundo, onde estes livros sobre o louvor não são muito acessíveis. É a esses líderes, principalmente, que este estudo é dedicado. A oração do meu coração é que estas paginas possam ajudar, inspirar e motivar a muitos dos meus leitores a tornarem-se louvadores e adoradores de Deus. É isto que o Pai está buscando – “adoradores, que adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:23). Capítulo 1 O Novo Sacerdócio No Antigo Testamento, Deus ordenou um sacerdócio que representasse Seu povo diante Dele. Esse ministério envolvia um complicado sistema de rituais e cerimônias. Essas cerimônias eram símbolos das reali- dades espirituais futuras. Eram a sombra dessas coisas, e não a substância em si. O ministério sacerdotal de Cristo preencheu todos os tipos ou símbolos implícitos no sacerdócio do Antigo Testamento. Ele cumpriu todos os simbolismos. Ele é o cumprimento de todos os protótipos ou símbolos. Os sacerdócios levítico e aarônico foram 852 / SEÇÃO E2 suplantados por um novo sacerdócio. Nos termos da Nova Aliança, todo crente é ordenado para ser um sacerdote a Deus. Não oferecemos sacrifícios de animais, como os sacerdotes da Antiga Aliança ofereciam. Somos chamados para sermos “um sacerdócio santo e para oferecermos sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pe 2:5). Um dos sacrifícios espirituais que somos ordenados a oferecer é o “fruto de nossos lábios.” “Portanto ofereçamos sempre por Ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios, dando graças ao Seu Nome” (Hb 13:15). A palavra grega traduzida por “ofereçamos” é “anaphero”, que significa “trazer, levantar, oferecer”. É a palavra usada em Êxodo 24:5 (na versão Septuaginta), onde ofereceram “holocaustos e sacrificaram ao Senhor sacrifícios pacíficos de bezerros”. A. ASPECTOS DO SACERDÓCIO NO ANTIGO TESTAMENTO A palavra “sacerdote” significa “aproximar-se”. Nos termos da Lei, é usada com relação a alguém que pode aproximar-se da Presença Divina (Êx 19:22; 30:20). É em geral aplicada aos filhos de Aarão, mas tem também uma aplicação muito mais ampla. É também usada com relação a Melquisedeque (Gn 14:18), Jetro (Êx 3:1), e aos sacerdotes mencionados em Êxodo 19:22, os quais exerciam ministérios sacerdotais antes da instituição do sacerdócio aarônico. 1. Três Atribuições do Sacerdócio no Antigo Testamento Em números 16:5 vemos as três coisas que pertencem ao sacerdócio do Antigo Testamento: “O Senhor fará saber quem é seu; e quem é santo; e fará com que aquele a quem escolher se achegue a Ele.” a. Separados para Jeová – “aqueles que são Seus.” b. Santos – “e que são santos.” c. Ordenados a se aproximarem de E2.1 – O Novo Sacerdócio Deus – “E fará com que se acheguem a Ele.” 2. Descrição das Três Atribuições a. Posição. O primeiro item descreve a posição do sacerdote. Ele é santificado – separado do mundo, para Deus. b. Condição. O segundo descreve a sua condição. Ele é santo – consagrado ao Senhor. Todos os vasos oferecidos a Deus tornavam-se santos ao Senhor (Lv 27:28). c. Ministério e Função de Sacerdotes e Comunidade. O terceiro descreve o seu ministério e função – aproximar-se de Deus. Isto se refere a todas as funções que os sacerdotes exerciam. Uma vez que o sacerdócio representava o povo, a sua função também representava os elementos essenciais nos quais toda a comunidade de aliança estava baseada. Deveriam ser: 1) Um grupo “chamado para fora”, separado. 2) Uma nação santa, um povo peculiar. 3) Um reino de sacerdotes a Deus. (Êx 19:4-6). 3. O Papel Para o Povo da Nova Aliança O Novo Testamento também descreve o papel que Deus designou para o Seu povo da Nova Aliança. a. Somos a “Ecclesia” (Igreja) – o grupo dos que foram “chamados para fora”; chamados para fora do Egito, do pecado e do reino de Satanás, e separados para o Reino de Deus e Seu Filho querido (Cl 1:13). b. Devemos ser um povo santo. A santidade é essencial para uma comunhão com Deus. “Sem santidade ninguém verá a Deus” (Hb 12:14). c. Devemos nos aproximar de Deus e oferecer sacrifícios espirituais. “...sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” (1 Pe 2:5). LOUVOR E ADORAÇÃO SEÇÃO E2 / 853 “Portanto ofereçamos sempre por Ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos nossos lábios...” (Hb 13:15). mas quatro cores do véu pendurado diante do Lugar Santo. d. Um barrete de linho. B. Considerações de Mais Alguns Aspectos do Sacerdócio no Antigo Testamento 6. Unção O candidato ao sacerdócio era conduzido à porta do Tabernáculo. a. Seu corpo era lavado com água. b. Ele era vestido com as vestimentas oficiais. c. Era ungido com óleo santo (símbolo do Espírito Santo) (Êx 30:30). 1. Condição de Filhos Deus escolheu os filhos de Aarão para serem sacerdotes (Êx 6:18-20; 28:1). Aarão foi o primeiro sumo sacerdote. Somos filhos de Deus e descendentes de nosso Sumo Sacerdote, Jesus Cristo. 2. Ordenação Os filhos de Aarão foram ordenados ao sacerdócio por Moisés. Somos também ordenados para sermos reis e sacerdotes para Deus por Jesus Cristo (Ap 5:10). 3. Integridade “Nenhum homem... em quem houver alguma deformidade se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor” (Lv 21:17-21). 4. Purificação Exigia-se que os sacerdotes lavassem as mãos e pés antes de entrarem no Tabernáculo (Êx 30:17-21; 40:30-32). 5. Vestuário Mesmo quando não estavam em serviço no Tabernáculo, os sacerdotes usavam um vestuário distinto. Sempre era possível reconhecê-los como sacerdotes do Senhor. No entanto, ao ministrarem no santuário, Exigia-se que usassem suas roupas oficiais, as quais consistiam de quatro partes. Quatro é o número do Reino de Deus. Portanto, era óbvio que eram servos do Reino. Estas quatro partes são: a. Um calção de linho (Êx 28:42). b. Uma túnica, tecida em uma só peça, sem costura alguma. c. Um cinto multicolorido, com as mes- 7. Ministério Sacerdotal (no Tabernáculo, ao Senhor) a. No pátio: Manter o fogo constantemente aceso no altar de sacrifícios (Lv 6:9,13). Tirar as cinzas do altar (Lv 6:10,11). Oferecer os sacrifícios da manhã e do entardecer (Êx 29:38-44). Abençoar o povo depois dos sacrifícios diários (Lv 9:22; Nm 6:23-27). Oferecer os sacrifícios no altar. Tocar as trombetas de prata, ou a corneta do jubileu. b. No Lugar Santo: Queimar incenso no altar de ouro de manhã e de tarde. Limpar e acender as lâmpadas todas as noites. Colocar o pão da proposição em sua mesa todos os sábados. Isto nada mais é que um breve esboço das funções sacerdotais. No entanto, pode ser usado como um guia das nossas funções como “um Reino de Sacerdotes” ao nosso Deus. C. ASSIM TAMBÉM DEVEMOS SER... 1. Filhos de Deus Somente os filhos de Deus (aqueles que verdadeiramente nasceram de novo) têmacesso ao SACERDÓCIO real. É através do novo nascimento que o espírito humano é “vivificado” para Deus. Até que isto acon- 854 / SEÇÃO E2 teça, somos totalmente incapazes de oferecer a adoração espiritual que o Pai procura (Jo 4:24). Adoração espiritual é o Espírito de Deus adorando através de nossos espíritos redimidos e renovados. 2. Sacerdotes ao Nosso Deus Na qualidade de filhos de Deus, nascidos de novo, somos “um sacerdócio real, uma nação santa, um povo peculiar” (1 Pe 2:9). Cristo nos transformou “num reino de sacerdotes para servirmos ao nosso Deus” (Ap 5:10). 3. Íntegros As imperfeições e defeitos físicos descritos em Levíticos 21:17-21 são usados em relação ao sacerdócio da Antiga Aliança, mas são também simbólicos, e neste sentido são usados em referência aos adoradores de hoje. Não são as imperfeições físicas que nos proíbem que cumpramos o nosso papel como sacerdotes, mas sim as imperfeições espirituais. As imperfeições físicas são um protótipo ou símbolo das imperfeições espirituais. Deus deseja os louvores de um povo íntegro. A nossa vida cristã deve ser compatível com o que professamos pela nossa adoração a Deus. Uma fonte não pode jorrar água doce e amarga ao mesmo tempo. Tampouco pode a boca pronunciar bênçãos e maldições (Tg 3:9-11) não podemos louvar a Deus e, com a mesma boca, amaldiçoarmos os homens. Não convém que isto aconteça (vers. 10). 4. Purificados a. Exemplo do Antigo Testamento. Jacó exigiu que a sua casa “tirasse os deuses estranhos que estavam entre eles, que se purificassem [lavassem] e que mudassem os seus vestidos” (Gn 35:2) antes de subirem a Betel para construírem um altar ao Senhor, para que pudessem adorar Aquele que “o ouviu em sua angústia.” E2.1 – O Novo Sacerdócio Moisés também insistiu que Israel se santificasse e lavasse as suas roupas (Êx 19:10) em preparação para a manifestação do Senhor no terceiro dia. Deus insistia que os sacerdotes lavassem suas mãos e pés na pia de cobre antes de entrarem para ministrar no Tabernáculo (Êx 30:18-21; 40:12-16). Nadabe e Abiú morreram diante do Senhor por não haverem cumprido os requisites que Deus havia estabelecido para os sacerdotes que ministravam diante Dele (Lv 10:1-3). Deus disse: “Serei santificado naqueles que se achegam a Mim, e serei glorificado diante de todo o povo” (vers. 3). Precisamos encarar isso como um sinal de alerta. Não é algo leviano nos apresentarmos diante do Senhor. Exercer a função de sacerdote na Antiga Aliança era um imenso privilégio. Isto não mudou nem um pouco até hoje. Aliás, é um privilégio ainda maior agora. Os termos da nossa Aliança são bem superiores aos da Antiga Aliança. É importante que não sejamos relaxados na nossa preparação para a adoração. O ministério sacerdotal de muitas congregações cessou porque, assim como Nadabe e Abiú, não foram cuidadosos em cumprirem os requisitos que Deus estabeleceu para os adoradores. b. Resultados: Observe agora cinco resultados da purificação pelo Sangue, pela Palavra e pelo Espírito: 1) Uma Consciência Pura. A nossa aproximação a Deus não está mais associada com a necessidade de nos espargirmos com o sangue de animais. O sacrifício de Cristo cumpriu tudo o que isto simbolizava. Agora, é com o sangue de Cristo que somos espargidos. À medida em que, pela fé, recebemos o Seu poder, nossos corações são “purificados da má consciência e os nossos corpos são lavados com água limpa” (Hb 10:22). Somente desta maneira podemos nos aproximar de Deus com plena certeza de fé. 2) Mãos Limpas. “Une o meu cora- LOUVOR E ADORAÇÃO ção ao temor [reverência] do Teu nome” (Sl 86:11). “Chegai-vos a Deus, e Ele Se chegará a vós. Limpai as mãos, pecadores; e, vós de duplo ânimo, purificai os corações... Humilhai-vos perante o Senhor, e Ele vos exaltará” (Tg 4:8,10). Temos aqui o equivalente da Nova Aliança do requisito da Antiga Aliança – a lavagem das mãos antes de se ministrar ao Senhor. Precisamos purificar os nossos corações de desejos dúbios. Não deveríamos nunca tentar oferecer adoração, a menos que as nossas mentes estejam inteiramente voltadas ao Senhor. Oferecer louvor enquanto os nossos pensamentos estiverem em outras coisas é um insulto terrível à Pessoa e ao caráter de Deus. 3) Um Coração Puro. “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no Seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente” (Sl 24:3,4). Um coração puro indica motivações corretas. Por que estamos louvando a Deus? Nossas motivações são corretas ou temos motivações secretas e dissimuladas? 4) Um Coração e Espírito Humildes. “Os sacrifícios para Deus são o espírito quebrantado; a um coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus” (Sl 51:17). O “espírito quebrantado” a que Davi se refere não é um quebrantamento de coração no sentido de alguém que esteja triste e com um peso no coração. O espírito quebrantado refere-se a um espírito que foi “amansado” pelos tratamentos de Deus, assim como um cavalo é domado; um espírito que aprendeu a disciplina e se submete ao Senhorio de Cristo. Um coração contrito é um coração arrependido e humilde. Isto descreve a condição em que o coração de Davi se encontrava após os severos julgamentos do Senhor devido ao seu pecado de adultério com Batseba. 5) Reverência e Temor Santo. “Deus deve ser temido em extremo na assembléia SEÇÃO E2 / 855 dos santos, e grandemente reverenciado por todos os que O cercam” (Sl 89:7). 5. Revestidos Não somos chamados para usarmos vestes especiais, como os sacerdotes da Antiga Aliança, mas, espiritualmente, há um sentido bem real em que devemos ser “revestidos”. a. Revestidos com a Salvação. No Salmo 132:16, Deus diz que Ele “revestirá os Seus sacerdotes com salvação.” As vestimentas de linho dos sacerdotes eram simbólicas de duas coisas: 1) O Encobrimento da Carne. – “Para que nenhuma carne se glorie em Sua presença.” 2) Livre da Maldição e Seu Esforço Próprio. Deus estipulou o linho ao invés da lã porque o linho não causa transpiração, como acontece com a lã. A transpiração é um símbolo da maldição e do esforço próprio (Gn 3:19). Além disso, o linho pode ser completamente lavado – o que nunca seria possível com a lã. b. Revestidos com Humildade. Em 1 Pedro 5:5 somos exortados a sermos “revestidos com humildade, porque Deus resiste aos soberbos.” O orgulho carnal não tem lugar na presença de Deus. c. Revestidos com a Retidão. “Uma grande multidão... estava diante do trono e perante o Cordeiro, trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos” (Ap 7:9). Lemos em Apocalipse 19:8 que o linho fino (vestes brancas) é a retidão dos santos. d. Revestidos com Poder. Em Lucas 24:9, Jesus ordenou aos discípulos que esperassem em Jerusalém até que fossem revestidos com poder do alto. Como os sacerdotes de antigamente eram ungidos com óleo antes de começarem os seus ministérios, assim também precisamos ser revestidos com o poder do Espírito, para que possamos cumprir apropriadamente a nossa função de sacerdotes. 856 / SEÇÃO E2 O Próprio Jesus não começou o Seu ministério até que fosse revestido pelo Espírito no Jordão (Mt 3:16). 6. Ministros na Qualidade de Sacerdotes da Nova Aliança Oferecendo a Deus a. Nós Mesmos. “Assim sendo, meus irmãos, por causa das muitas misericórdias de Deus para conosco, rogo-vos, portanto, que ofereçais a vós mesmos, como um sacrifício vivo a Deus, consagrado ao Seu serviço e agradável a Ele. Esta é a verdadeira adoração que devíeis oferecer” (Rm 12:1). Isto significa apresentarmos todo o nosso ser a Deus, para que sejamos total e eternamente Dele e para que possamos bendizer ao Senhor com tudo o que há em nós (Sl 103:1). “E todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Ts 5:23). Somos seres tripartidos – espírito, alma e corpo. Davi nos instruiu a “bendizermos ao Senhor com tudo o que há em nós” (Sl 103:1). 1) Espírito. “Meu espírito se alegra em Deus meu Salvador” (Lc 1:47). 2) Alma. “Bendize, ó minha alma ao Senhor” (Sl 103:1). 3) Corpo. “E toda a carne [corpos] louve o Seu santo nome” (Sl 145:21). b. O Sacrifício de Louvor (Hb 13:15, 16). O termo “sacrifício de louvor” indica que nem sempre é fácil ou conveniente fazermos isto. Devemos louvar ao Senhor em todas as ocasiões, e não somente quando é fácil fazê-lo. O nosso sacrifício de louvor é o “fruto dos nossos lábios”; é o louvor que é verbalizado, expresso audivelmente. c. Demonstrações de Louvor. “...para que anuncieis os louvores Daquele que nos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz” (1 Pe 2:9). d. Cânticos Espirituais, de Salmos e de Hinos (Ef 5:19; Cl 3:16). e. A Nossa Renda. “Honra ao Senhor E2.2 – Elementos Vitais de Louvor com a tua fazenda, e com as primícias de toda a tua renda; e se encherão os teus celeiros abundantemente, e transbordarão de mosto os teus lagares” (Pv 3:9,10). Na Antiga Aliança, Deus exigia que, ao se apresentarem diante Dele, os sacerdotes nunca viessem “de mãos vazias.” Deveriam sempre trazer uma oferta (1 Cr 16:29; Êx 23:15; 34:20; Dt 16:16,17). Nunca deveríamos nos apresentar diante Dele com as mãos vazias. Deveríamos vir com louvor, adoração e ações de graças, e expressando este nosso louvor com cânticos, com regozijo e com nossas rendas. Capítulo 2 Elementos Vitais de Louvor A. O QUE É LOUVOR? Se pudéssemos dissecar e analisar o louvor, o que descobriríamos em seu âmago? Qual é a essência, a substância e a natureza do louvor? Do que consiste o verdadeiro louvor? Quais são os elementos vitais nele envolvidos? Examinemos, primeiramente, algumas das palavras do Antigo Testamento que são traduzidas por louvor, a fim de descobrirmos alguma coisa sobre o significado e importância que elas devem transmitir: 1. Palavras do Antigo Testamento Traduzidas por “Louvor” a. Hallal. É a palavra traduzida por louvor mais freqüentemente usada no Antigo Testamento. Ocorre cerca de 88 vezes. Seu significado básico é “produzir um som claro.” Seu significado adicional é “gabarse, celebrar, elogiar com grande entusiasmo, gloriar-se.” O verdadeiro louvor, portanto, deveria apresentar um som claro e distinto. Não deveria haver confusão alguma quanto a sua função. Deve ser claramente reconhecível pelo que é, ou seja, uma menção de celebração, o nosso gloriar no Senhor com entusiasmo. LOUVOR E ADORAÇÃO b. Hilluwi (derivada de hallal). É uma “celebração de ações de graças pelo término da colheita.” Tal louvor deve ser expresso com alegria. Uma cena pós-colheita, em qualquer pais agrícola, ilustraria a essência desta palavra. Os longos meses de espera se passaram. A colheita já está armazenada com segurança. O trabalho duro já terminou, as ferramentas foram colocadas de lado e a safra está segura. É tempo de se celebrar o término da colheita com sucesso. É tempo de alegria e celebrações. Cânticos e danças são a ordem do dia. O regozijo é uma expressão de ações de graças e de louvor. c. Tehillah (uma outra palavra derivada de hallal). Desta vez, a ênfase é no cantar. Assim sendo, cantamos o nosso “hallal,” a nossa celebração! Cantamos com clareza um cântico de louvor a Deus. Celebramos o Senhor com cânticos. Muitos dos nossos cânticos e hinos são obscuros e abstratos. No entanto, deveriam ser cânticos claros e inconfundíveis de louvor a Deus. Devemos nos gloriar com entusiasmo a respeito do Senhor, tanto na letra como na música. d. Shabach. Significa “gritar com alta voz, um grito de triunfo, gloriar-se na vitória.” O louvor nem sempre tem que ser um som alto. Nem sempre temos que gritar. Há, no entanto, ocasiões em que um grito triunfante é a única maneira apropriada de louvarmos ao nosso Deus. “Gritai a Deus com voz de triunfo” (Sl 47:1). Quando ocasiões assim aparecerem, não hesite – permita que o seu grito de louvor realmente ressoe. e. Zamar. Significa “dedilhar ou tocar as cordas.” Esta é uma referência óbvia a louvar a Deus com instrumentos musicais. Ela tem também o sentido de “cantar louvores com acompanhamento de instrumentos musicais.” Como é maravilhoso tocarmos para o Senhor todos os tipos de instrumentos, fazendo um glorioso hino de louvor a Deus! f. Yadah. O significado básico é “ex- SEÇÃO E2 / 857 pressar uma confissão de agradecimento.” Contudo, esta palavra também transmite a idéia de “estender-se as mãos,” ou de dar graças com as mãos estendidas em direção a Deus. g. Towdah. Esta palavra vem da mesma raiz que “yadah” e tem, obviamente, um significado bem semelhante, mas é ainda mais especifica. Significa “a extensão das mãos em adoração e ação de graças.” h. Barak. Significa “ajoelhar-se em adoração.” Neste caso, a postura do corpo inteiro fala muito sobre o louvor. Ajoelhar-se diante de alguém significa manifestar humildade e demonstrar a dignidade e superioridade da posição dessa pessoa. 2. Ingredientes de Louvor Pensemos por um momento em alguns dos ingredientes que observamos nestas formas de louvor: a. Expressão Física. São os atos e demonstrações físicas de percepções espirituais. O louvor e a adoração são, em principio, uma resposta do interior do coração à revelação de Deus e Sua grandeza. Para que seja um louvor verdadeiro, é preciso ser manifesto. b. Som Audível. A possível exceção seria barak – “ajoelhar-se em adoração.” Esta postura de adoração poderia ser realizada em silêncio. No entanto, podemos também ficar ajoelhados e cantarmos ou clamarmos a Deus. c. Ação Física. O louvor exige uma participação física ativa. Não pode ser sempre silencioso e inativo. O louvor é algo que fazemos! d. Liberação Emocional. Louvar a Deus não é um exercício emocional, e sim uma atividade espiritual. Contudo, é necessário que haja uma liberação emocional. Muitos e muitos cristãos têm medo de expressões emocionais. Sempre tentam suprimi-las por pensarem que sejam carnais. Expressões bíblicas de louvor requerem uma liberação emocional positiva e controlada. 858 / SEÇÃO E2 Deus nos deu as nossas emoções, as quais têm o propósito de glorificá-Lo. Davi diz que devemos “bendizer ao Senhor com tudo que há em nós” (Sl 103:1). Isto inclui as nossas emoções. As emoções humanas precisam ter expressão. Se não permitirmos uma liberação positiva e saudável, então haverá uma liberação negativa e doentia. Louvar a Deus é a maneira mais saudável de liberarmos as nossas emoções. É a maneira estabelecida por Deus! e. Reverência. Toda expressão de louvor verdadeira é reverente. Reverenciar significa honrar e respeitar alguém apropriadamente. Nunca deveríamos permitir que atividades de louvor se degenerem em excessos irreverentes. Louvar a Deus não é um mero instrumento de diversão própria. O louvor não tem o objetivo básico de ser uma diversão humana, ainda que a sua expressão nos traga muita alegria. É, e sempre deveria ser, uma expressão de reverência a Deus. Ao liberarmos as nossas emoções no louvor, o que é tanto bíblico quanto legitimo, deveríamos, com todo o cuidado, evitar entrar em excessos e meramente fazer um “espetáculo” na carne. A verdadeira reverência é sempre um ingrediente essencial do louvor. B. POR QUE DEVERÍAMOS LOUVAR AO SENHOR? Salmos 47:7 diz que devemos “cantar louvores com entendimento.” Deveríamos saber a razão de estarmos oferecendo louvores a Deus. Aqui estão algumas das razões bíblicas para O louvarmos: 1. Por Quem Ele é “Louvai ao Senhor” (Sl 149:1). Em outras palavras, louvai-O porque Ele é o Senhor. Ele é a autoridade suprema, o mais alto poder, o Rei de todos os reis e Senhor sobre todos os senhores. Ele era antes de todas as coisas e é o Criador de todas as E2.2 – Elementos Vitais de Louvor coisas. Portanto, Ele é maior que todas as coisas. “Grande é o Senhor e mui digno de louvor” (Sl 48:1; 96:4). 2. O Louvor Glorifica a Deus “Qualquer um que oferece louvor Me glorifica” (Sl 50:23). Certamente, este deveria ser o grande desejo de todo o povo de Deus: glorificá-Lo. 3. Porque Deus nos Ordena a Fazê-Io “Louvai ao Senhor” não é uma sugestão ou pedido. É um mandamento. 4. Porque Devemos Bendizer ao Senhor por Todos os Seus Benefícios (Sl 103:1-3). 5. Porque Devemos Louvá-Lo pela Sua Bondade (Sl 107:21). 6. Porque Devemos Louvá-Lo pelos Seus Atos Poderosos (Sl 150:2). 7. O Agradecimento é Bom (Sl 92:1,2; 147:1). 8. O Senhor é Digno de Louvor (2 Sm 22:4; Sl 18:3). 9. O Louvor Engrandece a Deus (Sl 69:30). 10. O Louvor é Apropriado... para os Retos! (Sl 33:1) A palavra traduzida por “apropriado” significa “próprio, certo, adequado, conveniente, digno e condizente.” Infelizmente, parece que alguns cristãos acham que louvar a Deus é inconveniente e impróprio. Preocupam-se em não darem a aparência de pouco decoro ou pouca linha. Por alguma razão, pensam que esta assim-chamada “dignidade” seja a atitude adequada aos cristãos. No entanto, a Bíblia ressalta uma idéia totalmente oposta. LOUVOR E ADORAÇÃO Deus diz que as vestes de louvor são realmente adequadas neles. Regozijar-se em Deus e louvar ao Senhor são condizentes e apropriados para os filhos de Deus. Prefiro, de fato, ter a aprovação de Deus do que a dos homens! 11. Deus Habita nos Louvores do Seu Povo (SI 22:3) O Santo de Israel habita em nossos louvores! Se o nosso coração estiver cheio de louvor, então estará também cheio com a presença de Deus, pois Ele habita em nossos louvores. Isto também se aplica aos nossos lares ou igrejas. Se os enchermos com louvores, estarão então cheios da presença de Deus. Podemos nos cercar da presença de Deus, cultivando a atitude de louvor. Certamente ficaremos mais conscientes de Sua presença do que de problemas, dificuldades e circunstâncias adversas. Há muitas bênçãos que experimentamos como resultado de louvarmos a Deus. 12. O Louvor Gera o Poder No Salmo 84 Davi diz: “Bem-aventurados os que habitam em Tua casa: louvarTe-ão continuamente... Bem-aventurado o homem cuja força está em Ti... Segue de força em força...” O homem que louva a Deus tem o Senhor como sua força. Ele também conhece a alegria do Senhor através do louvor, e a alegria do Senhor é a sua força (Ne 8:10). 13. A Alma que Louva Deleita-se no Senhor e Deus lhe Dá os Desejos de seu Coração (Sl 37:4) Muitas pessoas dizem: “Se ao menos Deus me concedesse os desejos do meu coração, como eu O louvaria por isto!” A ordem divina é o oposto disto. Quando O louvamos e regozijamo-nos Nele, então Ele nos dá os desejos de nosso coração, pois o coração que louva tem os desejos corretos. Suas prioridades estão na ordem certa, e SEÇÃO E2 / 859 Deus, então, Se alegra em conceder tais desejos. 14. O Louvor Precede a Vitória Em 2 Crônicas 20, o rei Josafá liderou o povo de Deus numa batalha contra seus inimigos. Deus o instruiu que ordenasse cantores ao Senhor. Estes foram diante do exército, louvando a Deus e dizendo: “Louvai ao Senhor, porque a Sua benignidade dura para sempre. E, ao tempo que começaram com júbilo e louvor, o Senhor pôs emboscadas contra os filhos de Amom e de Moabe e os das montanhas de Seir, que vieram contra Judá, e foram desbaratados” (vers. 21,22). Imagine só um exército sendo liderado por um coral! Como é estranho à mente natural irmos à batalha dessa maneira! Mas as armas de nossa luta não são carnais. São fortes para derrubarem fortalezas. Ao enfrentarmos o nosso inimigo nos dias de hoje, precisamos compreender uma vez mais o poder do louvor e entrarmos na batalha com os altos louvores de Deus em nossas bocas. Podemos então ter a expectativa de vermos a salvação de Deus. As pessoas que realmente aprendem a louvar ao Senhor são aquelas que demonstrarão a Sua presença e poder. C. QUEM DEVERIA LOUVAR AO SENHOR? 1. Todos os Homens em Todo Lugar. (Sl 145:21; 148:11-13; 150:6). 2. Toda Carne. (Sl 145:21). 3. Tudo que Tem Fôlego. (Sl 150:6) 4. O Povo de Deus. (Sl 67:3,5; 78:4; 79:13). 5. Os Retos. (Sl 140:13). 6. Os Santos (Sl 145:10). 7. Os Redimidos (Sl 107:1,2). 8. Os que Temem ao Senhor. (Sl 22:23). 860 / SEÇÃO E2 9. Os que Conhecem e Crêem na Verdade. (1 Tm 4:3). 10. Os Servos de Deus. (Sl 113:1; 134:1; 135:1). 11. Todos os Seus Anjos. (Sl 148:2). 12. Toda a Natureza. (Sl 148:3-10). D. QUANDO DEVEMOS LOUVAR AO SENHOR? 1. De Manhã Até a Noite “Desde o nascimento do sol até o anoitecer, seja louvado o nome do Senhor” (Sl 113:3). 2. Durante o Dia Todo “A minha boca se encherá do Teu louvor e da Tua glória o dia todo” (Sl 71:8). 3. Enquanto Vivermos “Enquanto eu viver louvarei ao Senhor...” (Sl 146:2). 4. Em Todo o Tempo “O Seu louvor estará continuamente na minha boca” (Sl 34:1). 5. Em Ocasiões de Depressão “Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda O louvarei. Ele é a salvação da minha face, e o meu Deus” (Sl 42:11). 6. Em Tudo “Dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo” (Ef 5:20). E. ONDE DEVEMOS LOUVAR AO SENHOR? 1. Na Grande Congregação “Louvar-Te-ei no meio da grande congregação” (Sl 22:22). E2.3 – Louvor: Bênçãos e Barreiras 2. Entre os Povos “Louvar-Te-ei, Senhor, entre os povos; cantar-Te-ei entre as nações” (Sl 57:9). 3. Em Seus Átrios “Entrarei por Suas portas com louvor” (Sl 100:4). 4. Na Assembléia dos Anciãos “Exaltem-No na congregação do povo, e glorifiquem-No na assembléia dos anciãos” (Sl 107:32). 5. Entre as nações “Louvar-Te-ei entre os povos, Senhor, e a Ti cantarei salmos entre as nações” (Sl 108:3). 6. Entre a Multidão “Louvá-Lo-ei entre a multidão” (Sl 109:30). 7. “NA CONGREGAÇÃO...” (SI 149:1). 8. “NO SANTUÁRIO...” (Sl 150:1). Capítulo 3 Louvor: Bênçãos e Barreiras A. COMO O LOUVOR TRAZ AS BÊNÇÃOS DE DEUS 1. Ciclo Hidrológico Na natureza há um ciclo que traz grandes bênçãos a terra. É conhecido como ciclo hidrológico. A Bíblia tem muito a dizer a respeito disto. É um processo de duas etapas: a. Evaporação. A água evaporada dos oceanos ou dos lagos sobe aos céus, formando as nuvens. b. Chuva. A umidade se condensa e cai como chuva, para molhar a terra. Isto faz com que a terra se torne frutífera e produtiva. LOUVOR E ADORAÇÃO É usado para ilustrar princípios espirituais, os quais nos ensinam que, de acordo com a medida de nossos louvores que sobem ao Céu, assim é a abundância das bênçãos que Deus chove sobre nós. “Porventura se pode entender a extensão das nuvens?” (Jo 36:29). Você entende o processo pelo qual Deus produz as nuvens? “Deus espalha luz sobre o oceano” (Jo 36:30). Deus faz com que o sol brilhe sobre o oceano. O calor faz com que a água se evapore. Na forma de vapor quente, a água sobe aos céus, onde este vapor forma as nuvens. Quando o vapor se resfria, há uma destilação e formação de gotas de água. Isto forma a chuva que cai abundantemente sobre o homem (Jo 36:28). 2. Verdades Espirituais Este processo natural ilustra verdades espirituais. a. Deus faz com que Suas bênçãos brilhem sobre os homens assim como o sol brilha sobre os oceanos. b. O coração do homem deveria se aquecer com relação a Deus, em resposta às bênçãos que Deus tem “brilhado” sobre ele. c. Os louvores do homem devem subir a Deus assim como os vapores que são criados pelo sol nos oceanos. d. Estes louvores formam nuvens de bênçãos. e. Deus faz com que elas se destilem em chuva, a qual cai sobre a terra. f. A bênção da chuva torna a terra frutífera e próspera, fornecendo a semente para o semeador e pão ao que come. g. A chuva em excesso forma rios, os quais correm para o mar, de onde ela veio originalmente, e todo o processo começa novamente. 3. Ilustrações das Escrituras Considere as seguintes escrituras, as quais ilustram este processo: SEÇÃO E2 / 861 a. Amós 5:8; 9:6. Deus “chama as águas do mar, e as derrama sobre a terra...” Amós era um fazendeiro e entendia muito bem o processo pelo qual a chuva é formada. Nestes versículos ele descreve o processo de evaporação. Deus “chama as águas do mar.” Ele faz com que os oceanos se evaporem, e deste vapor, faz com que a chuva caia sobre a face da terra. b. Salmo 147:7,8. “Cantai ao Senhor em ação de graças; cantai louvores ao nosso Deus sobre a harpa. Ele é que cobre o Céu de nuvens, que prepara a chuva para a terra, e que faz produzir erva sobre os montes.” c. Provérbios 11:25. “A alma generosa engordará, e o que regar também será regado.” À medida que cantamos louvores a Deus, Ele forma nuvens de bênçãos dos nossos louvores, de onde Ele envia chuva sobre a terra. A quantidade de bênçãos é proporcional a quantidade de louvor que elevamos a Deus. A nossa generosidade estimula uma resposta liberal de Deus. Durante o futuro reino milenar de Cristo sobre a terra, todos os reis do mundo serão obrigados a visitarem Jerusalém anualmente para adorarem a Jeová. Se não o fizerem, Deus impedirá que chova em suas nações (Zc 14:17). Se não houver adoração, tampouco haverá chuva! d. Eclesiastes 1:7. “Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; para o lugar para onde os rios vão, para aí tornam eles a ir.” e. Eclesiastes 11:3. “Estando as nuvens cheias, derramam a chuva sobre a terra...” f. Oséias 6:3. “Ele (o Senhor) virá a nós como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” g. Isaías 45:8. “Destilai vos, Céus, dessas alturas, e as nuvens chovam justiça; abra-se a terra, e produza-se salvação...” h. Zacarias 10:1. “Pedi ao Senhor chu- 862 / SEÇÃO E2 va no tempo da chuva serôdia: o Senhor, que faz os relâmpagos, Lhes dará chuveiro de água, e erva no campo a cada um.” i. Isaías 55:10. “Porque, assim como desce a chuva e a neve dos Céus, e para lá não torna, mas rega a terra, e a faz produzir, e brotar, e dar semente ao semeador, e pão ao que come...” j. Tiago 5:7. “Sede pois irmãos, pacientes até a vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e serôdia.” 4. Derramamento no Final dos Tempos Estas passagens bíblicas mostram claramente que haverá um derramamento do Espírito de Deus, no final dos tempos, antes da vinda do Senhor. Este período será conhecido como “o tempo da chuva serôdia’’ (Zc 10:1). O Espírito cairá do Céu como um dilúvio de chuvas. Joel prediz um derramamento sem precedentes: “a chuva temporã e a serôdia [juntas] no primeiro mês” (Jl 2:23). Israel tinha regularmente duas estações chuvosas: uma no inicio do ano, o que facilitava o plantio das sementes, e a segunda, após muitos meses secos e quentes, no final do ano, o que desenvolvia a lavoura antes da colheita. Estas chuvas eram chamadas de temporã e serôdia, respectivamente. Mas o glorioso derramamento do Espírito de Deus no final dos tempos será como se ambas estas chuvas viessem juntas! O Agricultor Celestial está pacientemente esperando por esta chuva copiosa para que Ele possa finalmente fazer a grande colheita. O que causará esta grande chuva? Os louvores abundantes do povo renovado de Deus! Ele levantará um povo que O louva desta maneira nestes últimos dias. Levantarse-ão como um exército poderoso, marchando pela terra. Os altos louvores de Deus E2.3 – Louvor: Bênçãos e Barreiras estarão em suas bocas, e espadas de dois gumes em suas mãos. Seus louvores formarão nuvens abundantes de bênçãos. Deus as destilará e enviará chuvas de bênçãos mais copiosas do que jamais se viu antes. Amadurecerão a grande colheita final da terra e o povo de Deus guardará a Festa dos Tabernáculos ao Senhor! B. BARREIRAS AO LOUVOR Até mesmo quando algumas pessoas estão convencidas de que o louvor é bíblico, correto e apropriado, ainda assim nem sempre é fácil para elas começaram a louvar a Deus. Muitas desculpas são dadas para isso. As pessoas esforçam-se em explicar a razão de não poderem louvar a Deus. Alguns tentam se desculpar com base em suas tendências ou temperamentos. Alegam que são tímidos, ou o fato de não serem “expansivos” ou de não demonstrarem seus sentimentos. A verdade é que a Bíblia não isenta ninguém por nenhum destes motivos. Davi diz: “Tudo quanto tem fôlego louve ao Senhor. Louvai ao Senhor!” (Sl 150:6). Se você tem fôlego, então você deve louvar a Deus! “Os mortos não louvam ao Senhor, nem os que descem ao silêncio” (Sl 115:17). Há algumas barreiras definidas com relação ao louvor, mas Deus quer lidar com todas elas e vencê-las. Ele não aceita nenhuma delas como uma razão válida de não O louvarmos. 1. Pecado O pecado é a primeira barreira ao louvor. Esta é a razão básica pela qual os não-convertidos não louvam a Deus. É também o motivo pelo qual alguns cristãos não louvam. O pecado que não foi confessado nos inibe na presença de Deus. Não nos sentimos livres ou à vontade na presença de Deus se estivermos conscientes de algum pecado em nossa vida que não tenha sido perdoado. Davi disse: “Se eu atender a iniqüidade no meu coração (se estiver consciente de LOUVOR E ADORAÇÃO pecados em minha vida), o Senhor não me ouvirá” (Sl 66:18). O pecado e a iniqüidade nos separam de Deus (Is 59:2), e perdemos qualquer comunhão que possamos ter desfrutado antes. A percepção de que há algum pecado em nossa vida amarra as nossas línguas diante do Senhor. A única coisa que realmente nos sentimos livres de falarLhe, nestas circunstâncias, é sobre o nosso pecado. Há uma resposta bem óbvia a essa barreira: confesse o pecado a Deus e sinceramente aceite o Seu perdão e purificação, a fim de que um relacionamento correto possa ser restaurado e o fluir do louvor liberado (1 Jo 1:9). 2. Condenação Mesmo quando já fomos perdoados pelo Senhor, nem sempre é fácil aceitar esse perdão por completo e perdoar a nós mesmos. Muitos cristãos permanecem na condenação. Ainda que Deus os tenha perdoado graciosamente, eles não podem perdoar a si mesmos. Isto em geral resulta numa sensação de demérito. A liberdade de se adorar é bloqueada. Tendem, então, a “abaixarem suas cabeças” na presença de Deus. A sensação da presença de Deus tende a fazê-los mais conscientes de sua indignidade do que da misericórdia e a graça de Deus que Ele Lhes estendeu. Esta espécie de atitude origina-se em geral do fato de alguém ser demasiadamente consciente de si mesmo, ao invés de ter consciência de Deus. Se ficarmos constantemente sondando o nosso coração com uma atitude negativa, sempre procurando faltas e fraquezas, é óbvio que as encontraremos. Ninguém é perfeito. Esta auto-inspeção ultracrítica não é saudável. Sempre focaliza a sua atenção no ego, e não em Jesus. A Bíblia nos exorta a “olharmos para Jesus, que é o autor e consumador da nossa fé” (Hb 12:2). Isto realiza pelo menos duas coisas: SEÇÃO E2 / 863 Em primeiro lugar, desvia nossos pensamentos e atenção de nós mesmos para Jesus. Em segundo lugar, quanto mais olharmos para Jesus, pensarmos Nele, meditarmos Nele, ocuparmos nossos pensamentos com Ele, tanto mais desejaremos louvá-Lo. É assim que o louvor começa: olhando-se para Jesus. A nossa admiração e apreço por Ele crescerão continuamente à medida que fizermos isto. A nossa conscientização do valor Dele aumentará, e isto promoverá pensamentos de louvor e adoração a Ele. 3. Mundanismo Oliver Cromwell certa vez definiu “mundanismo” como “tudo o que esfria a minha afeição por Jesus Cristo.” Mundanismo é o oposto de espiritualidade. É a condição predominante quando nossas mentes e pensamentos estão centralizados nas coisas deste mundo, ao invés das coisas de Deus e Seu Reino. Pessoas com mentes mundanas acham que louvar a Deus é extremamente embaraçoso e que isto ofende seus sentidos carnais de dignidade. A cura para este problema é tornar-se cada vez mais centralizado em Cristo. À medida que a nossa conscientização e apreço por Ele aumentam, o mundanismo decresce proporcionalmente. Um dos sintomas do mundanismo é uma obsessão em manter uma dignidade e decência, uma conscientização excessiva de “o que as pessoas pensarão?” – ou muita preocupação sobre quais seriam as reações das pessoas. O nosso primeiro interesse como cristãos é agradarmos ao Senhor. Isto nem sempre agrada ao homem carnal. Se ficarmos muito preocupados em agradar aos homens e ganhar a aprovação deles, certamente correremos o perigo de desagradar a Deus. 4. Um Conceito Errado de Deus Isto é freqüentemente uma forte barreira ao louvor. Muitos têmuma visão de Deus 864 / SEÇÃO E2 completamente negativa. Eles O vêem como alguém que está constantemente tentando pegá-los em alguma falta para poder condená-los, alguém oposto a tudo que fazem. Pensam que há pouca esperança de agradáLo e de usufruir de Sua aprovação. Vêem a Deus como um bicho-papão, alguém determinado a impedir que as pessoas se divirtam de qualquer forma. Como é que alguém jamais poderia pensar em louvar um Deus assim? O louvor começa a levantar-se em nosso coração somente quando recebemos um conceito certo de Deus. O Espírito Santo precisa mostrá-Lo a nós da maneira como Ele realmente é. A leitura da Palavra de Deus é uma cura maravilhosa para os conceitos errados de Deus, mas isto somente acontece quando estamos abertos e permitimos que o Espírito Santo nos revele a verdade. Muitos dos que lêem a Bíblia têm as suas mentes fechadas à verdade. Uma verdadeira conscientização de Deus, quem e o que Ele é, certamente nos conduzirá ao louvor e adoração. 5. Tradições Religiosas Nos dias de Cristo, muitos permitiam que vãs tradições dos homens invalidassem a Palavra de Deus (Mt 15:6). Infelizmente, há muitos hoje em dia que fazem a mesma coisa. Muitos cristãos que cresceram em assim-chamadas tradições cristãs desaprovam o louvor e a adoração. Tais tradições condenam o louvor como um mero emocionalismo. Lembre-se que “a Religião oprime, mas a Redenção libera.” As pessoas que estão aprisionadas nas tradições dos homens em geral também têm conceitos errados de Deus. Deus é um Ser extremamente negativo em suas opiniões. Ele é totalmente desprovido de emoções, e severo e proíbe tudo. Os que crêem num Deus assim tornamse, eles próprios, pessoas com estas falsas características de Deus. A cura para esta E2.3 – Louvor: Bênçãos e Barreiras condição é termos a coragem de ousadamente expormos as nossas tradições à Palavra de Deus, com coração e mente abertos. Sempre que o Espírito Santo revelar os erros das suas tradições, esteja disposto a abandoná-las e a abraçar a Palavra de Deus em seu lugar. 6. Orgulho Eis aqui outra barreira à liberação do louvor. Este é um problema difícil de ser tratado por causa da nossa falta de disposição em reconhecermos o orgulho do coração. O nosso próprio egoísmo não permite que façamos isto! Deus, porém, pode quebrar um orgulho assim e libertar o prisioneiro. O orgulho se refere à preocupação com a auto-imagem, o desejo constante de uma boa reputação, de sermos vistos fazendo o que é considerado certo e apropriado. 7. Temor dos Homens Provérbios 29:25 nos diz que “o temor dos homens traz uma armadilha.” O temor dos homens, seus pensamentos e opiniões criam uma verdadeira armadilha onde muitos são apanhados. “O temor do Senhor é o principio da sabedoria...” (Pv 9:10). Se realmente reverenciamos o Senhor, nunca é preciso temermos aos homens. Deveríamos sempre buscar agradar ao Senhor em todas as coisas, e certamente precisamos louvá-Lo para fazermos isto. Se os homens não gostam disso, é problema deles. Nunca permita que as opiniões deles o impeçam ou atrapalhem o seu desejo e intenção de dar a Deus o louvor que Lhe é devido. 8. Repressão Satânica Chegamos finalmente à mais seria de todas as barreiras: uma repressão do louvor, satanicamente inspirada. E difícil entendermos o profundo ódio que Satanás tem por Deus e o quanto ele detesta ouvir as pessoas louvando a Deus. LOUVOR E ADORAÇÃO Foi o profundo ciúme de Satanás em relação a Deus que causou a sua queda. Em seu orgulho, ele pensa ser maior que Deus. Ele se enche de um ciúme irracional sempre que ouve Deus sendo louvado e engrandecido. Ele, portanto, tenta desanimar e suprimir todo louvor desse tipo. Quando alguém está sob o controle direto de Satanás ou um de seus demônios, sabemos que uma pessoa assim não pode sequer falar o nome de Jesus. Se for encorajada a fazê-lo, sua garganta se paralisa. A palavra simplesmente não sai. Observa-se também que, quando o nome de Jesus é pronunciado na presença de tais pessoas, os demônios dentro delas começam a enfurecer-se. Satanás reage violentamente até mesmo com a simples menção deste Nome. As vítimas às vezes espumam na boca, entram em convulsões, xingam e blasfemam, de tão violenta que é a reação contra o louvor a Deus ou Jesus. C. CONCLUSÃO Sempre que o cristão estiver ciente de alguma aversão ao louvor, uma sondagem sincera e honesta do coração deveria ser feita. Ele deveria pedir a Deus em oração que Ele lhe revele a natureza de seu problema, e o que está restringindo ou bloqueando o fluir do louvor. Depois que isto for descoberto, é preciso que haja um arrependimento e abandono desse impedimento. A pessoa precisa, então, direcionar o seu coração no sentido de ser obediente a Deus e de dar louvores a Ele. Se ainda parecer impossível o fluir no louvor, a pessoa deveria buscar auxilio de alguém maduro e espiritualmente sensível. Talvez haja uma repressão satânica na vida dessa pessoa que precisa ser quebrada. Até que isso seja feito, ela nunca poderá servir a Deus adequadamente. Uma incapacidade de louvar e adorar a Deus indica uma rebeldia em alguma área. Há obviamente um problema básico que precisa ser tratado. Continue buscando a SEÇÃO E2 / 865 Deus até que a vitória venha e que rios de louvor sejam liberados do seu interior! Capítulo 4 Maneiras Bíblicas Para Louvar e Adorar a Deus A. LOUVOR E ADORAÇÃO: EXISTE UMA DIFFERENÇA 1. Ação de Graças Louvor é basicamente uma expressão de admiração e aprovação. Em seu sentido mais amplo, também inclui uma expressão de gratidão e ações de graças por favores recebidos. Assim sendo, louvor e ações de graças são freqüentemente interligados. Contudo, as formas mais puras de louvor não incluem agradecimentos ou gratidão. São em essência expressões de admiração e adoração ao objeto de louvor, independentemente do fato de favores haverem sido recebidos ou não. 2. Adoração Adorar a Deus, portanto, significa basicamente a exaltação de Sua pessoa, caráter, atributos e perfeição. É a adoração de Deus por quem é o que Ele é, e não por nada que Ele tenha feito e que tenha sido para o nosso benefício. “Grande é o Senhor e muito digno de louvor...” (Sl 145:3). A adoração é primeiramente uma conscientização interna de um valor. É, subseqüentemente, uma expressão externa deste apreço interno. Não se torna adoração até que encontre uma expressão externa. Enquanto se encontra no interior do coração e da mente e admiração. Quando encontra expressão e se torna vocal ou visível torna-se então adoração. B. EXPRESSÕES VOCAIS DE LOUVOR E ADORAÇÃO Há muitas maneiras bíblicas pelas quais podemos expressar o nosso louvor a Deus. 866 / SEÇÃO E2 E2.4 – Maneiras Bíblicas Para Louvar e Adorar a Deus Passaremos, a seguir, a examinar algumas delas. Talvez a nossa lista não seja completa. Você poderá encontrar outras maneiras que são também bíblicas. Creio que Deus quer que todo cristão seja livre o suficiente em seu espírito para poder louvá-Lo em qualquer e em todas as maneiras encontradas na Bíblia. Se você estiver consciente de um louvor em seu coração, o qual nunca teve uma expressão adequada, permita-me sugerir que você estude estas várias expressões. Examine as referências bíblicas citadas e considere, em oração, o contexto e o significado delas. Em seguida, pratique qualquer que seja a expressão que você estiver considerando. Por exemplo: se você estiver estudando as referências bíblicas do nosso clamar a Deus em voz alta, então siga em frente e grite (clame) ao Senhor. Você descobrirá um tremendo alívio ao fazê-lo. Algo será liberado em seu interior. Uma nova dimensão de alegria será liberada dentro de você, pois você estará sendo obediente a Deus e estará começando a Louvá-Lo nas novas maneiras que Ele ordenou para você em Sua Palavra. Se você tiver a oportunidade de ensinar a outros estes princípios de louvor, digalhes que façam cada um deles, à medida que você os ensina. Não se contente em somente falar sobre estes métodos de louvor. Encoraje as pessoas a participarem e a realmente fazerem o que você estiver ensinando. 1. Louvar a Deus com a Voz “Os meus Lábios exultarão quando eu Te cantor, assim como a minha alma que Tu remiste. A minha língua falará da Tua justiça todo o dia...” (Sl 71:23,24). “Para publicar com voz de louvor, e contar todas as Tuas maravilhas” (Sl 26:7). Davi constantemente pronunciava os louvores de Deus, dizendo coisas como: “O Senhor é a minha força e o meu escudo; Nele confiou o meu coração, e fui socorri- do; pelo que o meu coração salta de prazer, e com o meu canto O louvarei” (Sl 28:7). Deveríamos também cultivar o hábito de falarmos sobre o Senhor e de exaltarmos as Suas obras maravilhosas. Comece todos os dias pronunciando louvores a Deus. DigaLhe quão grande e maravilhoso Ele é; o quanto você O ama e O aprecia. Agradeça-Lhe por um novo dia e comece a Louvá-Lo pela Sua presença com você durante aquele dia todo. Cante um cântico de louvor e agradecimento a Deus. Use a sua voz, seus lábios e sua boca. Faça deles instrumentos de louvor. Você ficará surpreso de quão rapidamente você cultivará o hábito do louvor. “Louvarei ao Senhor em todo o tempo: o Seu louvor estará continuamente na minha boca” (Sl 34:1). “Folguem e alegrem-se em Ti os que Te buscam: digam constantemente os que amam a Tua salvação: engrandecido seja o Senhor” (Sl 40:16). “Bendizei, povos, ao nosso Deus, e fazei ouvir a voz do Seu louvor” (Sl 66:8). 2. Clamar a Deus O louvor verbal do qual falamos na seção anterior exige apenas um volume de conversação. Estamos falando com Deus, como numa conversação normal, dizendo-Lhe nossa opinião Dele e expressando o nosso apreço. Contudo, há também ocasiões em que é apropriado e bíblico levantarmos as nossas vozes e realmente clamarmos ou gritarmos a Deus. “Clamai a Deus com voz de triunfo”, diz Davi em Salmos 47:1. Muitas pessoas conservadoras têm uma aversão muito grande a clamores ou a qualquer tipo de ruído alto. Pensam que é algo sem dignidade. Alguns até dizem: “não há necessidade alguma de se gritar. Deus não é surdo!” A nossa resposta deveria ser: “Deus não fica nervoso tampouco!” Há ocasiões e lugares apropriados para o som festivo e para o grito de louvor, e não deveríamos ter medo de executá-los quando estas ocasiões chegarem. LOUVOR E ADORAÇÃO “Mas alegrem-se todos os que confiam em Ti; exultem eternamente...” (Sl 5:11). “Alegrai-vos no Senhor, e regozijai-vos, vós os justos; e bradai alegremente todos vós que sois retos de coração” (Sl 32:11). “Exultem e alegrem-se os que amam a Minha retidão...” (Sl 35:27). “Vistam-se os Teus sacerdotes de retidão, e exultem os Teus santos... e os seus santos rejubilarão” (Sl 132:9,16). “Exulta e canta de gozo, ó habitante de Sião, porque grande é o Santo de Israel no meio de ti” (Is 12:6). “Canta alegremente, ó filha de Sião: rejubila, ó Israel: regozija-te, e exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalém” (Sf 3:14). “E a glória do Senhor apareceu a todo o povo... o que vendo todo o povo, jubilaram e caíram sobre as suas faces” (Lv 9:23,24). “E sucedeu que, vindo a área do concerto do Senhor ao arraial, todo o Israel jubilou (gritou de alegria) com grande júbilo, até que a terra estremeceu” (1 Sm 4:5) 3. Cantar “Apresentai-vos a Ele com cânticos” (Sl 100:2). Os cânticos são as reações mais simples e naturais com relação a maravilha que é Deus. São uma expressão espontânea de uma emoção alegre. Sempre foram uma expressão de louvor válida entre o povo de Deus. Imediatamente após o êxodo do Egito, quando Deus os conduziu em segurança através do Mar Vermelho, Miriã guiou aos filhos de Israel nos cânticos de louvores a Deus, o Qual tão maravilhosamente os havia libertado das mãos de seus inimigos. “E Miriã Lhes respondia: Cantai ao Senhor porque sumamente Se exaltou, e lançou no mar o cavalo com o seu cavaleiro” (Êx 15:21). Há muitas referências ao cantar em toda a Bíblia. Estes são apenas alguns exemplos: “Eu cantarei ao Senhor; salmodiarei ao Senhor Deus de Israel” (Jz 5:3). SEÇÃO E2 / 867 “Por isso, ó Senhor, Te louvarei entre os gentios, e cantarei louvores ao Teu nome” (2 Sm 22:50). “Cantai-Lhe, salmodiai-Lhe, atentamente falai de todas as Suas maravilhas” (1 Cr 16:9). “Então ordenaram o rei Ezequias, e os príncipes, aos levitas que cantassem louvores ao Senhor com as palavras de Davi, e de Asafe, o vidente. E cantaram louvores com alegria e se inclinaram e adoraram” (2 Cr 29:30). “Eu louvarei ao Senhor segundo a Sua retidão, e cantarei louvores ao nome do Senhor Altíssimo” (Sl 7:17). “Em Ti me alegrarei e saltarei de prazer; cantarei louvores ao Teu nome, ó Altíssimo” (Sl 9:2). “Cantai louvores ao Senhor, que habita em Sião...” (Sl 9:11). “Cantarei ao Senhor, porquanto me tem feito muito bem” (Sl 13:6). “Exalta-Te, Senhor, na Tua força; então cantaremos e louvaremos o Teu poder” (Sl 21:13). “...Cantarei, sim, cantarei louvores ao Senhor” (Sl 27:6). “Cantai ao Senhor, vós que sois Seus santos, e celebrai a memória da Sua santidade” (Sl 30:4). “Cantai-Lhe um cântico novo: tocai bem e com júbilo” (S1 33:3). “Cantai louvores a Deus, cantai louvores; cantai louvores ao nosso Rei, cantai louvores. Pois Deus é o Rei de toda a terra, cantai louvores com entendimento” (Sl 47:6,7). “Preparado está o meu coração, ó Deus, preparado está o meu coração; cantarei, e salmodiarei” (Sl 57:7). “Eu porém cantarei a Tua força; pela manha cantarei com alegria a Tua misericórdia; porquanto Tu foste o meu alto refúgio, e proteção no dia da minha angústia. A Ti, ó fortaleza minha, cantarei louvores; porque Deus é a minha defesa, e o Deus da minha misericórdia” (Sl 59:16,17). 868 / SEÇÃO E2 E2.4 – Maneiras Bíblicas Para Louvar e Adorar a Deus “Assim cantarei salmos ao Teu nome perpetuamente, para pagar os meus votos de dia em dia” (Sl 61:8). Há muitas outras referências bíblicas a cânticos de louvores a Deus, mas as poucas que apresentamos são suficientes para que tenhamos uma idéia da importância do nosso cantar a Deus. O cantar é um sinal de alegria e contentamento. É um sintoma de alegria e indica uma satisfação com aquilo que recebemos em nossas vidas. É uma expressão saudável de emoções positivas, que ministra uma vitalidade a todo o nosso ser. Deus Se deleita ao ouvir-nos cantando os Seus louvores. a. Uma Variedade de cânticos. Em Efésios 5:19 e Colossenses 3:16 a Bíblia nos exorta a cantar salmos, hinos e cânticos espirituais ao Senhor. Os Salmos nos fornecem um material tremendamente vasto para a adoração em forma de cânticos – desde antigos hinos tradicionais até corinhos modernos que são diretamente tirados deles. Os hinos têm também fornecido grandes temas para a inspiração da Igreja e para o seu louvor a Deus. Os cânticos espirituais são um tanto diferentes das duas categorias anteriores. São cânticos dados diretamente pelo Espírito e são cantados espontaneamente, à medida que o Espírito supre tanto a letra como a melodia. Esses cânticos podem ser na língua da pessoa que os está cantando. Neste caso, são cantados “com o entendimento” (1 Co 14:15). Em outras ocasiões, a letra pode ser em “outras línguas.” Neste caso, o entendimento da pessoa fica “sem frutos” (1 Co 14:14). Sua mente fica sem qualquer entendimento natural do que está sendo cantado, ainda que, intuitivamente, ela saiba que o Espírito está louvando e engrandecendo a Deus, com as “línguas dos anjos.” Em ambos os casos, estes cânticos são totalmente espontâneos e não são planejados. Os cânticos são executados pela fé. O cantor, ouvindo o Espírito de Deus em seu próprio espírito, fielmente segue a melodia e a letra que Ele supre. C. EXPRESSÕES FÍSICAS DE LOUVOR E ADORAÇÃO Além de expressões verbais e audíveis do louvor, a Bíblia cita muitas maneiras pelas quais podemos usar expressões físicas a fim de adorarmos a Deus. 1. Ficar em Pé Ficar em pé é sempre um sinal de respeito. Se uma pessoa de importância entra num recinto, os que estão presentes se levantam para honrar e mostrar respeito a esta pessoa. O Espírito Santo freqüentemente nos inspira a ficarmos em pé diante do Senhor como um ato de adoração e reverência. “Tema toda a terra ao Senhor; levantem-se com um temor respeitoso todos os moradores do mundo” (Sl 33:8). “Eis aqui, bendizei ao Senhor todos vos, servos do Senhor, que vos levantais na casa do Senhor todas as noites” (Sl 134:1). “Louvai ao Senhor. Louvai o nome do Senhor; louvai-O, servos do Senhor. Vós que vos levantais na casa do Senhor, nos átrios da casa do nosso Deus” (Sl 135:1,2). 2. Erguer as Mãos As mãos levantadas são um sinal universal de rendição. Ao levantarmos nossas mãos diante do Senhor, estamos reconhecendo que estamos completamente entregues a Ele. Dizemos a Ele, novamente, que somos incondicionalmente Dele, que não temos desejo algum de nos rebelarmos contra Ele e que não temos nenhuma arma em nossas mãos para lutarmos contra Ele. As pessoas que não estão totalmente entregues a Deus têm grandes problemas para fazer isso, ainda que pareça ser uma coisa tão simples. Elas resistem energica- LOUVOR E ADORAÇÃO mente a essa forma de adoração. No entanto, uma vez que o tenham feito, uma grande liberação ocorre e tornam-se em geral capazes de expressar o louvor de muitas outras maneiras também. “Levantai as vossas mãos no santuário, e bendizei ao Senhor” (Sl 134:2). Isto é também um sinal de um profundo desejo por Deus. “Ouve a voz das minhas súplicas, quando a Ti clamar, quando levantar as minhas mãos para o oráculo do Teu santuário” (Sl 28:2). É também simbólico de sede espiritual por Deus. “Estendo para Ti as minhas mãos; a minha alma tem sede de Ti, como terra sedenta” (Sl 143:6). 3. Bater Palmas Quando alguém faz algo que merece a nossa admiração e aprovação, e queremos que esta pessoa saiba disso, geralmente batemos as nossas mãos numa salva de palmas. Se um pianista, por exemplo, tocar algo realmente bonito e que for muito apreciado pela platéia, em geral ocorre uma salva de palmas espontânea. Se a platéia deseja expressar a sua aprovação de uma forma ainda mais óbvia, então ela se levanta e também bate palmas. Chamamos a isto de “aclamação publica de pé.” Se Deus é tão maravilhoso e tem feito tantas coisas gloriosas que merecem a nossa admiração e aprovação, então seria tão estranho assim o desejo de O aplaudirmos? De fato somos até ordenados a bater palmas para Deus (Sl 47:1). É um sinal de alegria, regozijo e aprovação. 4. Inclinar-se ou Ajoelhar-se Geralmente, quando as pessoas são tomadas pelo sentimento da presença e glória de Deus, elas espontaneamente caem de joelhos ou se inclinam diante de Deus. É um gesto de reverência e respeito. “Ó, vinde, adoremos e prostremo-nos; ajoelhemo-nos diante do Senhor que nos criou” (Sl 95:6). SEÇÃO E2 / 869 Um dia todos os joelhos se dobrarão diante Dele (Fp 2:10). 5. Prostrar-se Diante de Deus Eis aqui uma outra forma de homenagem e adoração extrema. Prostrar-se diante de alguém é um sinal da mais profunda reverência. É um ato nosso de humildade para aumentarmos o sentido da elevação Daquele diante do Qual nos prostramos. 6. Dançar Devido ao fato de que a dança é uma forma de louvor altamente demonstrativa e talvez um tanto emocional, ela tem encontrado muitas criticas e oposições, especialmente de pessoas conservadoras. Por causa desta controvérsia, dediquei um espaço maior à consideração deste assunto. O dançar envolve o uso de todo o corpo a fim de expressar-se alegria, louvor e adoração diante do Senhor. As palavras em hebraico e em grego traduzidas por “dança” na Bíblia tem uma variedade de significados, como: “saltar,” “pular,” “levantar os pés.” Estas traduções retratam um pouco a natureza espontânea e sem estruturas destas danças. Estas danças não são em geral de acordo com movimentos prescritos e programados, mas muito mais respostas simples e espontâneas de alegria diante do Senhor. Acontecimentos como o que foi registrado em Atos 3:8, onde o homem que anteriormente era manco saiu “andando, e saltando, e louvando a Deus” podem agora ser vistos de um ângulo diferente, especialmente quando nos lembramos do papel indispensável que as danças sempre tiveram na adoração do povo de Israel. “Louvem o Seu nome com danças...” (Sl 149:3). “Louvai-O com pandeiros e com danças” (Sl 150:4). a. Alguns exemplos de danças na Bíblia: 1) Para a Celebração de Salvação 870 / SEÇÃO E2 E2.4 – Maneiras Bíblicas Para Louvar e Adorar a Deus ou Libertação. “Então Miriã, a profetisa, a irmã de Aarão, tomou o tamboril (uma espécie de pandeiro) na sua mão, e todas as mulheres saíram atrás dela com tamboris e com danças” (Êx 15:20). “Vindo pois Jefté a Mizpa, a sua casa, eis que a sua filha lhe saiu ao encontro com pandeiros e com danças...” (Jz 11:34). Jefté havia retornado de uma grande vitória. 2) De Regozijo por uma Restauração. Quando a Arca da Aliança estava sendo restaurada para Jerusalém: “Davi dançava com todas as suas forças diante do Senhor...” (2 Sm 6:14). “Mical... via ao rei Davi saltando e dançando diante do Senhor...” (2 Sm 6:16). “... Mical... viu ao rei Davi dançando e tocando...” (1 Cr 15:29). Jeremias profetizou sobre a gloriosa restauração por vir: “Então a virgem se alegrará na dança, e também os mancebos e os velhos; e tornarei o seu pranto em alegria, e os consolarei, e transformarei em regozijo a sua tristeza” (Jr 31:13). De acordo com Lamentações 5:15, as danças deles haviam sido transformadas em pranto, ao serem levados para o cativeiro. Em Jeremias 31:13, vemos que as danças foram restauradas quando eles novamente foram trazidos do cativeiro. Em Joel 1:12, vemos que a sequidão e a esterilidade vêm sobre o povo de Deus quando “a alegria se seca entre os filhos dos homens.” A alegria e o riso que acompanham uma saída do cativeiro são um testemunho aos incrédulos de que “o Senhor fez grandes coisas por nós, e por isso estamos alegres” (Sl 126:3). 3) As danças no Novo Testamento. Os que se opõem às danças na Igreja hoje, argumentam que elas eram meramente um fenômeno do Antigo Testamento e que não têm lugar algum na Igreja do Novo Testamento. Contudo, é óbvio ao lermos o Novo Testamento que essa expressão encontrase lá também. Jesus disse: “Regozijai-vos nesse dia, exultai; porque, eis que é grande o vosso galardão no Céu...” (Lc 6:23). Uma das palavras gregas traduzidas por alegria e que aparece freqüentemente no Novo Testamento é agalliao, que significa literalmente “saltar de alegria.” Este não é um tipo de alegria lá no profundo do nosso íntimo, e sim uma expressão dinâmica e emotiva de uma tremenda alegria, a qual faz com que literalmente “saltemos de alegria.” Em seguida apresentamos algumas referências do Novo Testamento onde ela ocorre: “...Jesus Se regozijou (agalliao) no Espírito...” (Lc 10:21). Disse então Maria: “A minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra (agalliao) em Deus meu Salvador” (Lc 1:46,47). O carcereiro “...alegrou-se (agalliao) na sua crença em Deus, com toda a sua casa” (At 16:34). Os crentes saltam de alegria por causa do poder de Deus para salvar e pela gloriosa herança que está reservada para eles (1 Pe 1:3-7). Bem no final do Novo Testamento encontramos uma exortação: “Regozijemo-nos e alegremo-nos (agalliao – salte de alegria) e demos-Lhe (a Cristo) glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a Sua esposa se aprontou” (Ap 19:7). Quando o filho pródigo foi restaurado ao seu pai, houve “música e danças” (Lc 15:25). Quando ocorrer a restauração de todas as coisas descritas pelos profetas, é preciso que haja danças também, pois esta é uma das coisas preditas pelos profetas (Jr 31:13). b. Alguns Aspectos da Dança Bíblica: 1) E espontânea e não é sofisticada em seu estilo. Não tem uma forma estruturada, exercitada e precisa. É expressa com saltos, pulos e rodopios. LOUVOR E ADORAÇÃO Era às vezes acompanhada por instrumentos musicais (1 Cr 15:29; Sl 149:3). Era em geral acompanhada de cânticos (Êx 15:20,21). 2) Pode ser praticada por um indivíduo ou por um grupo. Davi dançou diante do Senhor. Miriã e todas as mulheres dançaram. 3) Não é executada com membros do sexo oposto. Miriã e todas as mulheres dançaram (Êx 15:20). Homens jovens e velhos juntos (Jr 31:13). 4) Não há limites de idade. Jovens e velhos juntos. 5) Os cânticos e as danças em geral vinham juntos. “Não é este aquele Davi, de quem uns aos outros cantavam nas danças, dizendo: Saul feriu os seus milhares, porem Davi as suas dezenas de milhares?” (1 Sm 29:5). 6) Há uma hora apropriada para as danças. “Tempo de chorar... e um tempo de dançar” (Ec 3:4). 7) Deus profetizou uma restauração das danças. “...e sairás nas danças dos que se alegram” (Jr 31:4). “Então a virgem se alegrará na dança...” (Jr 31:13). c. CUIDADO!!! As danças de natureza carnal estão associadas com o abandono da fé, idolatria, imoralidade e mundanismo, como, por exemplo, as danças ao redor do bezerro de ouro (Êx 32:19). Satanás tem uma falsificação para tudo. As falsificações, no entanto somente provam a realidade do genuíno e original. O fato de que Satanás pode falsificar algo, não significa que não deveríamos praticar o genuíno. 7. Instrumentos Musicais Eram freqüentemente usados na Bíblia para expressarem louvor e adoração. Podem ter também um papel vital na adoração hoje. A Bíblia nos ordena: “Louvai-O com o som de trombeta; louvai-O com o saltério e SEÇÃO E2 / 871 a harpa. Louvai-O com o pandeiro e a flauta; louvai-O com instrumento de cordas e com órgãos. Louvai-O com os címbalos sonoros” (Sl 150:3-5). a. Tocar “no Espírito”. Os músicos que desejam oferecer louvores em seus instrumentos devem buscar a excelência nisto. Precisam aplicar-se para “tocarem os seus instrumentos com habilidade” (Sl 33:3). Isto não significa necessariamente uma habilidade perfeita. Não é uma oferta da habilidade humana. É uma habilidade espiritual, e não um talento natural. A habilidade não está somente no tocar o instrumento, mas na interpretação da direção do Espírito. Chamamos a isto de “tocar no Espírito.” 1) A harpa tocada com habilidade por Davi expulsava os espíritos malignos de Saul (1 Sm 16:23). 2) Os músicos podem produzir um ambiente que conduza ao exercício dos dons espirituais. 3) 4.000 músicos louvaram ao Senhor com seus instrumentos na consagração do Templo de Salomão (1 Cr 23:5). “E ouvi uma voz do Céu, como a voz de muitas águas, e como a voz de um grande trovão; e ouvi uma voz de harpistas, que tocavam com as suas harpas. E cantavam um como cântico novo diante do trono...” (Ap 14:2,3). 8. Com Silêncio Em total contraste ao som dos cânticos, instrumentos musicais, danças etc. é a expressão do louvor através do silêncio. “...tempo de ficar calado, e tempo de calar” (Ec 3:7). Não tenha medo do silêncio. Às vezes o Espírito Santo traz um silêncio santo sobre as congregações. Nessas ocasiões, o silêncio se torna profundo e eloqüente. Há em geral um grande senso de respeito e reverência nessas ocasiões. Podemos ficar em pé ou sentados silenciosamente diante de Deus, contemplando-O, adorando-O e ve- 872 / SEÇÃO E2 E2.4 – Maneiras Bíblicas Para Louvar e Adorar a Deus nerando-O. “Aquietai-vos, e sabei que Eu sou Deus...” (Sl 46:10). 9. Chorar Esta pode ser também uma resposta legitima de louvor a Deus. Não é o choro de tristeza e pesar, mas de gratidão. Às vezes, ao meditarmos na grandeza e bondade de Deus, a única resposta apropriada à Sua bondade é chorarmos lágrimas de gratidão. Não tenha medo de fazer isto. Não é um sinal de fraqueza. Deixe que as lágrimas corram. A nossa reação humana é, em geral, reter as lágrimas. Contudo, o choro pode, às vezes, expressar os desejos mais profundos do nosso ser, de uma maneira como nenhuma outra. Ele geralmente traz uma libertação profunda. Não deveríamos, no entanto, ser dados a muito choro, pois isto pode ser um sinal de que algo está errado em nosso intimo, e, em casos assim, talvez haja uma necessidade de uma cura interior. Quando Neemias começou a ler e explicar a Palavra de Deus, o povo chorou ao ouvir. Neemias permitiu que eles chorassem por algum tempo, mas então interrompeu o choro deles e os instruiu assim: “Ide, comei as gorduras, e bebei as doçuras, ...não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força” (Ne 8:10). Muito choro nos enfraquece, enquanto que a alegria do Senhor é uma fonte de força. 10. Risos Realmente existe algo chamado de “risada santa,” quando um desejo de rirmos para o Senhor nos sobrevém. Não é uma resposta a algo engraçado que alguém tenha dito. É uma expressão de uma alegria tão elevada no Senhor que a única maneira que podemos expressá-la é através da risada. O povo de Israel experimentou isto após o seu retorno do cativeiro. “Então a nossa boca se encheu de riso e a nossa língua de cânticos...” (Sl 126:2). “Eis que Deus não rejeitará ao reto... até que de riso te encha a boca, e os teus lábios de louvor” (Jo 8 :20,2 1 ). 11. Marchar Deus freqüentemente mandava que o Seu exército marchasse. Provavelmente, o melhor exemplo conhecido foi a marcha ao redor de Jericó (Js 6:2-5). Israel marchou em resposta ao mandamento de Deus, e Jeová derribou as muralhas de Jericó. Muitas muralhas ainda caem quando o povo de Deus marcha em resposta à Sua direção (muralhas de orgulho, incredulidade, escravidão espiritual, etc.). Josafá e seu exército marcharam e cantaram louvores a Deus, e Deus entregou os seus inimigos em suas mãos, ainda que estes últimos fossem em muito maior número (2 Cr 20:20-22). Muitas congregações têmfeito marchas em resposta a direção do Espírito. Marchar ao redor de uma igreja pode parecer à mente natural tão ridículo quanto marchar ao redor de Jericó. Mas em geral os resultados têm sido quase tão dramáticos quanto aquele. Muralhas de escravidão, orgulho e amargura têm sido derribadas. Esse tipo de marcha é chamado às vezes de “Marcha de Jericó.” Outros o chamam de “marcha de glória.” A Noiva de Cristo é retratada como um exército marchando em frente e em união (Ct 6:4,10). 12. Regozijando-se no Senhor Esta é ainda uma outra maneira de se louvar ao Senhor. Quando Neemias entrou na presença do rei com um rosto triste, o rei soube imediatamente que algo estava drasticamente errado. Neemias disse: “Eu nunca antes estivera triste diante do rei. E o rei me disse: Por que está triste o teu rosto, pois não estás doente. Não é isto senão tristeza de coração” (Ne 2:1-2). Neemias atemorizou-se. Entrar na presença do rei com um rosto triste parecia ser LOUVOR E ADORAÇÃO uma indicação de que ele estava descontente no serviço do rei. Isto seria um insulto ao rei e não seria tolerado por ele. Por isso é que Neemias atemorizou-se e rapidamente começou a explicar o motivo de seu rosto triste e que não tinha nada a ver com as condições nas quais estava servindo ao rei. Ninguém ousaria entrar na presença do rei com um rosto e gestos tristes. Contudo, muitos cristãos entram na presença do Rei dos reis de uma maneira triste e lamuriante. Fazer isso é um insulto a Deus. É uma indicação de que estamos longe de estarmos satisfeitos com a nossa porção sob Seu governo. A maneira adequada de entrarmos na presença do Rei é com regozijo, o que indica que estamos muito satisfeitos com a nossa posição e que somos gratos pela honra que nos foi concedida de sermos servos do Rei! Freqüentemente, o seguinte era dito ao povo de Deus: “E regozijareis diante do Senhor teu Deus” (Dt 12:12). Deus estava instituindo um lugar onde Ele pudesse Se encontrar com eles: “Então haverá um lugar que escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer habitar o Seu nome; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios,” e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que votardes ao Senhor. E vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus, vós, e vossos filhos, e vossas filhas, e os vossos servos...” (Dt 12:11,12). Assim sendo, Deus decretou que, ao chegarmos no lugar que Ele ordenou para nos encontrarmos com Ele, deveríamos nos apresentar com regozijo. Davi entendeu isto ao dizer: “Entrai por Suas portas com gratidão, e em Seus átrios com louvor...” (Sl 100:4). Quando o povo de Israel guardava as Festas do Senhor, eles deviam fazê-lo com regozijo diante Dele, “...e vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus...” (Lv 23:40). O regozijo é uma maneira de ex- SEÇÃO E2 / 873 pressarmos a nossa gratidão e o louvor. Quando damos um presente a alguém, o regozijo dessa pessoa indica o prazer e a apreciação dela. Assim também quando nos regozijamos diante do Senhor, estamos expressando nosso prazer Nele e nossa apreciação por Ele. É uma pena muito grande que tantas igrejas incutiram a idéia de que a reverência é solenidade, quietude e sobriedade. Parece que elas pensam que o expressar alegria é o ápice da irreverência. Nada poderia estar mais afastado da verdade. Os cristãos deveriam ser as pessoas mais alegres da cidade, e o seu regozijo deveria ser óbvio a todos. A Igreja, em suas reuniões, deveria ser uma celebração. Ela atrairia, então, muito mais pessoas, pois ela refletiria mais fielmente a verdadeira natureza de Deus. Em vez disso, muitas igrejas modernas afastam, muitas vezes, as pessoas devido à sua frieza e tristeza. São tão solenes e pesadas. O ambiente é tão rígido e formal. As pessoas se comportam de uma maneira tão falsa, tão religiosa, e sem naturalidade alguma. Não deveria ser assim. Voltemos ao espírito de regozijo diante do Senhor. Há muitas maneiras pelas quais o nosso regozijo pode ser expresso. Cantando cânticos alegres, ao invés de cânticos melancólicos, é uma maneira”. Levantando as nossas mãos, batendo palmas e dançando são algumas das outras maneiras. O regozijo no Senhor faz com que estejamos muito mais descontraídos na presença de Deus. Precisamos de menos formalidade e de mais realidade! Este mundo já é um lugar triste o suficiente sem que precisemos acrescentar a nossa contribuição de tristeza. Procuremos abrilhantá-lo, pois somos a luz do mundo. No Novo Testamento, a palavra grega “agallia” (já estudada anteriormente; veja a ação “dançar”) é traduzida por ”regozijarse”! Isto significa literalmente ”pular de alegria, regozijar-se extraordinariamente, ficar extremamente contente, com uma alegria enorme.” Esta é uma forma de alegria que é 874 / SEÇÃO E2 E2.5 – Oferecendo o Sacrifício de Louvor livre, desinibida, espontânea e expressiva. É tão livre que pode fazer com que saltemos de alegria como se fôssemos crianças! D. RESUMO Lembre-se de que estas expressões de louvor só serão válidas se elas estiverem expressando verdadeiramente o louvor que está em nosso coração. A mera execução dos movimentos, como os de um robô mecânico, não constitui o louvor. São, apenas meios de expressarmos a admiração, gratidão e respeito que estão dentro de nós. Capítulo 5 Oferecendo o Sacrifício de Louvor “Portanto ofereçamos sempre por Ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que confessam o Seu nome” (Hb 13:15). A. O QUE É SACRIFÍCIO DE LOUVOR? Há uma grande diferença entre louvar a Deus e oferecer o “sacrifício de louvor”. Para um filho de Deus que esteja num relacionamento correto com o Pai, o louvor é, em geral, algo que flui facilmente. Temos tantas coisas pelas quais podemos louvar a Deus, que sempre que pensamos n’Ele, deveria haver um fluir espontâneo de louvor do nosso coração. Geralmente o nosso louvor inclui também ações de graças e ministramos a Deus com louvores por todas as bênçãos e benefícios que Ele trouxe para a nossa vida. O “sacrifício de louvor” é um tanto diferente. Em geral não flui fácil e espontaneamente. Não é o louvor que oferecemos porque tudo está indo bem e estamos felizes e abençoados. O sacrifício de louvor é algo que oferecemos a Deus quando não sentimos o desejo de louvá-Lo. Tudo parece estar indo errado. O nosso mundo parece estar caindo aos pedaços. Nessas circunstâncias, louvamos a Deus, não por causa dessas circunstâncias, mas a despeito delas. O nosso louvor não se eleva por nos sentirmos maravilhosamente bem e por querermos dar expressão aos nossos sentimentos agradáveis. Nestas situações, louvamos a Deus pela fé. Nós O louvamos por obediência. Nós O louvamos por Quem Ele é, e não especificamente pelo que Ele fez. Este tipo de louvor não vem facilmente. Não é algo barato, e sim bem caro. Contudo, traz uma alegria especial ao coração do Pai, o Qual muito aprecia receber o sacrifício de louvor. 1. É um Louvor Contínuo Davi aprendeu esse segredo. Ele disse: “Louvarei ao Senhor em todo o tempo: o Seu louvor estará continuamente na minha boca” (Sl 14:1). Este louvor não é espasmódico e errático. Não é um louvor de “quando tudo vai bem”. Não é um louvor barato e fácil que não custa nada. Não é um louvor sentimental. Não é superficial e vazio. É consistente. É oferecido a Deus continuamente. Nos bons tempos, e nos maus tempos, quando tudo está bem, e quando nada parece estar dando certo. Nas ocasiões em que “o Senhor dá”. E nas ocasiões em que “o Senhor tira”. E somos capazes de dizer: “... bendito seja o nome do Senhor” (Jo 1:21). Significa louvarmos a Deus quando o bebê morre e não entendemos o porquê. Significa louvarmos a Deus quando as doenças atacam e os médicos dizem que não há esperança alguma. Significa louvarmos a Deus ao perdermos o nosso emprego, ou quando estamos a quilômetros de distância da “civilização”, sem um macaco, e com um pneu furado em nosso carro. LOUVOR E ADORAÇÃO E especialmente nas ocasiões em que os céus parecem ser de bronze. Parece que Deus está a milhões de quilômetros de distância. Parece que as nossas orações não são ouvidas e muito menos respondidas. Quando não podemos, de imediato, pensar em nada pelo qual queiramos louvar a Deus, mas O louvamos de qualquer maneira. Isto é o sacrifício de louvor. É o louvor que oferecemos a Deus quando realmente nos custa algo para fazê-lo. Nossos sentimentos naturais argumentam em contrário. Nossos amigos nos desanimam. Nosso coração está pesado e não estamos saltitantes em nossos passos. O Diabo nos diz: “O que você tem como motivo de louvar a Deus? Não se pode esperar que Ninguém louve a Deus nessa espécie de situação. Nem mesmo Deus esperaria que você fizesse isto. Seria fanatismo!” No entanto, sabemos no profundo do nosso ser que Deus é digno de ser louvado. Sabemos que Ele ainda está no Trono. Ele ainda é o Todo-Poderoso, o Deus de todo o Universo. Ele não mudou de maneira nenhuma. Ele é o mesmo, ontem, hoje e para sempre. Louvado seja o Seu maravilhoso Nome! 2. É um Louvor Audível É o fruto de nossos lábios. Nossos lábios produzem as palavras e nos ajudam a verbalizarmos os nossos pensamentos. Assim também, o sacrifício de louvor é algo que dizemos. Algo que falamos audivelmente. Satanás pode ouvi-lo. As pessoas podem ouvi-lo. Nós mesmos podemos ouvi-lo. E, o mais importante de tudo, é que Deus pode ouvi-lo. Foi o sacrifício de louvor que Paulo e Silas ofereceram a Deus à meia-noite, quando estavam acorrentados na mais profunda masmorra. Haviam sido atirados ao cárcere por falarem sobre Jesus. Não eram criminosos. SEÇÃO E2 / 875 Não haviam cometido nenhum crime horrendo. Estavam divulgando as Boas Novas do Reino e foram jogados na cadeia por seus esforços. Haviam sido surrados com muitas chicotadas. Suas costas estavam cortadas e sangrando. Estavam doloridos. Suas feridas ainda estavam sensíveis. Cada nervo de seus corpos gritava de dor. Suas mãos e pés estavam acorrentados à parede. Não podiam sentir-se confortáveis, não importa o que tentassem. Agora era meia-noite. A hora em que o espírito humano está em sua maré mais baixa, a hora em que o espírito deles estaria normalmente nas profundezas da depressão e do desespero. Provavelmente não haviam nunca sentido menos vontade de louvar a Deus do que naquele exato momento. Mas à meia-noite começaram a cantar louvores a Deus. Abriram suas bocas e começaram a cantar audivelmente os louvores do Senhor. Como isto deve ter alegrado o coração de Deus. Ali estavam dois de Seus servos, sofrendo vergonha, dor e desespero pelo Seu Nome. Definhando na prisão porque haviam feito o que Deus Lhes havia ordenado. Será que O amaldiçoariam? Será que O negariam? Será que diriam: “Em que estávamos pensando ao entrarmos nesta confusão toda?” Será que O culpariam, dizendo: “não estaríamos nesta complicação se não fosse por Deus!” Não! Mil vezes não! Começaram a cantar os Seus louvores. À meia-noite. Na hora mais escura. Quando tudo parecia escuro e desanimador. De repente, as paredes da prisão começaram a tremer. Suas correntes se soltaram. Gosto de pensar que, ao ouvir o culto de louvor deles da meia-noite, o Senhor ficou tão entusiasmado que Se uniu a eles e gritou “Aleluia” tão alto que os muros da prisão começaram a ecoar! 876 / SEÇÃO E2 Esses homens estavam oferecendo o sacrifício de louvor. Estavam louvando a Deus apesar de todas as adversidades. Estavam escalando até o topo de suas circunstância se bradando: “Glória a Deus de qualquer maneira!” Os santos de Deus por todo o mundo ainda estão oferecendo esses mesmos tipos de sacrifícios. De celas de prisões em muitas partes desta Terra, onde os santos de Deus sofrem por haverem dado testemunho sobre Jesus, estão eles oferecendo seus sacrifícios de louvor a Deus. 3. Pode Ser Feito Apenas Através de Jesus “Portanto ofereçamos sempre por Ele...” Somente Jesus pode fazer com que esse tipo de oferenda seja possível. É por isso que Cristo é tão maravilhosamente glorificado nesse exercício. O Pai sabe muito bem que Ninguém poderia oferecer louvores e ações de graças num tipo de situação assim, a menos que o Senhor o ajudasse. Assim sendo, Deus vê a maravilha do Seu Filho nesta oferenda. É a graça de Seu Filho que realizou este milagre. Eis aí uma pessoa que anteriormente poderia ter amaldiçoado a Deus numa situação assim, mas que agora, por causa do triunfo da graça de Deus em sua vida, está, na verdade, agradecendo e louvando a Deus, dizendo: “Não estou entendendo porque isso está acontecendo, Deus, mas eu O louvo de qualquer maneira. Não posso entender porque isso deveria acontecer com a minha família e comigo. Não posso discernir a razão ou imaginar o propósito, mas eu O louvo de igual modo.” Sempre que um sacrifício de louvor é oferecido, Jesus Cristo é glorificado! 4. É a Ação de Graças ao Seu Nome Deus quer conduzir-nos ao lugar em que podemos sinceramente “dar sempre gra- E2.5 – Oferecendo o Sacrifício de Louvor ças por tudo a nosso Deus e Pai” (Ef 5:20). Observe que não significa dar graças ao Pai por todas as coisas. Isso é muito mais difícil. Primeiramente, Deus nos ensina a darLhe graças em todas as coisas. Podemos fazer isto somente quando realmente cremos na soberania de Deus. Quando verdadeiramente “... sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito” (Rm 8:28). B. COMO OFERECER O SACRIFÍCIO DE LOUVOR 1. Determine de Antemão que Você Vai Louvar a Deus Faça isto todo o tempo e em qualquer situação. 2. Comece a Fazê-lo Agora Mesmo Louve a Deus todos os dias e o dia todo, não importa o que possa surgir no seu dia, louve a Deus nessa situação, por ela e através dela. Entre no bom hábito de louvar a Deus continuamente. 3. Se os Problemas Vierem no Seu Caminho, ou Você se Encontrar em Dificuldades, Determine-se a Louvar ao Senhor Davi disse: “Aquele que oferece sacrifício de louvor Me glorificará; e aquele que bem ordena o seu caminho Eu mostrarei a salvação de Deus” (Sl 50:23). Determinese a louvar a Deus na sua situação difícil, e Deus preparará uma forma de libertação para você. 4. Comece a Fazê-lo Pela fé Fale audivelmente palavras de louvor. Pela fé, agradeça a Deus em voz alta, ainda que você” talvez não compreenda pelo que está agradecendo a Ele. Comece a louvá-Lo por haver-lhe trazido uma libertação. Você ainda não pode ver de que maneira. Você ainda não sabe como Deus o libertará, mas LOUVOR E ADORAÇÃO já está agradecendo-O e louvando-O do mesmo modo. Você já está na vitória. 5. Uma Vez que Você Começou, Continue Louvando-O Deixe que os seus louvores se elevem cada vez mais alto. Deixe que o Espírito de louvor realmente Se apodere de você. Grite louvores a Deus. Cante para Ele. Dance diante d’ Ele. Glorifique-O e engrandeça o Seu Nome. Ele trará uma forma de salvação para você. Capitulo 6 O Significado de Louvor e Adoração A. O QUE É ADORAÇÃO? Louvar significa falar bem de algo, expressar admiração, cumprimentar, elogiar, congratular, aplaudir, “gabar”, enaltecer. Adorar significa expressar reverência, ter um sentimento de admiração reverente, prostrar-se diante do objeto de adoração, fazendo-lhe mesura. A adoração é a forma mais elevada do louvor. Em geral começamos com o louvor e depois entramos na adoração. A palavra adoração significa “apreciar o valor de alguma coisa e dar uma resposta apropriada a este valor.” SEÇÃO E2 / 877 ser “bombeados” ou forçados a saírem. O nosso cálice, como o de Davi, deveria “transbordar de alegria” (Sl 23:5). 3. Um Derramamento Em terceiro lugar, é o derramamento da alma em profundas expressões de reverência, admiração, maravilhamento e adoração. B. AS PRIMEIRAS REFERÊNCIAS BÍBLICAS À ADORAÇÃO Um dos princípios da interpretação bíblica é a “lei da primeira menção”, segundo a qual a primeira menção bíblica de qualquer assunto nos dá uma indicação clara do seu significado e importância, onde quer que ocorra na Bíblia. É a chave para a compreensão do significado desta palavra ou assunto por toda a Bíblia. A primeira menção da palavra adoração está em Gênesis 22:5. Abraão, dirigindo-se aos moços que o acompanharam e a Isaque ao Moriá disse: “... eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado...” A palavra usada aqui é shachah, que significa “prostrar-se diante, inclinar-se com uma humilde reverência, respeito e fazendo mesura. Examinemos agora algumas das implicações desta primeira menção de adoração. 1. Uma Atitude A adoração é antes de tudo uma atitude do coração. É a ocupação reverente do coração humano com o seu Criador. Ela começa com uma contemplação interior do coração; uma meditação profunda sobre a grandeza e dignidade de Deus. É o sabor de admiração por Deus. É um sentimento interior de reverência e respeito pelo Todo-Poderoso. 1. Deus Ordenou que Abraão Fosse Adorar O louvor e a adoração não são uma opção que podemos decidir fazer ou não fazer, de acordo com os nossos caprichos. São um mandamento de Deus. Quando a Bíblia diz “louvai ao Senhor”, isto não é uma sugestão ou um pedido, e sim um mandamento. Não há nenhuma exceção. Todo e qualquer filho de Deus deve ser um louvador e adorador de Deus. 2. Um Extravasamento Em segundo lugar, é um extravasamento destes pensamentos e emoções, os quais fluem espontaneamente. Eles não deveriam 2. A Resposta de Abraão Foi a Obediência Esta obediência foi essencial para o seu relacionamento de aliança com Deus. Deus 878 / SEÇÃO E2 e ele haviam entrado numa aliança, a qual exigia uma obediência absoluta e um compromisso total de Abraão com Deus. Deus estava a ponto de testar a sinceridade e integridade do compromisso de Abraão. Ele estava exigindo o sacrifício da própria coisa que Abraão considerava mais preciosa: Isaque, o filho da promessa. 3. O Ato de Adoração é Algo Caro Este ato de adoração custaria a Abraão a sua melhor e mais preciosa oferta. Deveria realmente ser um “sacrifício de louvor” (Hb 13:15). Uma vida de adoração exige tudo o que somos e temos (Rm 12:1,2). É preciso que haja uma rendição total de todo o nosso ego a Deus para que nos tornemos verdadeiros adoradores. Davi também entendia este princípio ao dizer: “Ofereceria eu a Deus o que não me custa nada?” (2 Sm 24:24 parafraseado). 4. O Ato de Adoração é um Ato de Fé Todos os passos dados por Abraão naquele dia foram passos de fé. Enquanto subia o Monte Moriá, sabendo que Deus havia exigido a oferta do seu bem-amado filho, ele sabia, pela fé, que de alguma maneira ele e Isaque voltariam juntos (Gn 22:5). 5. A Rendição do Ego Abraão estava não somente preparado para oferecer Isaque. Ofereceria também a Deus os seus próprios planos, desejos, ambições e vontades para o futuro. Seu futuro estava inevitavelmente atado a este rapaz. Este era o filho que Deus lhe havia prometido e através do qual todas as promessas da aliança seriam cumpridas. Entregá-lo em obediência significava entregar a expectativa de tudo quanto ele desejava ver cumprido. Ele entregou a si mesmo. Nunca podemos entrar numa verdadeira adoração até que haja uma rendição total do nosso ego a Deus. O nosso ego sempre se interpõe em nossa adoração. Portanto, E2.6 – O Significado de Louvor e Adoração precisamos entregá-lo por completo a Deus. 6. O Louvor Glorifica a Deus O alto preço do ato de adoração de Abraão glorificou a Deus. Uma reação normal seria: “Quão grande e glorioso deve ser Aquele por Quem Abraão estaria disposto a sacrificar o seu filho amado a fim de oferecer a adoração de obediência e fé!” Deus diz: “Aquele que oferece sacrifício de louvor Me glorificará...” (Sl 50:23). Todos os verdadeiros atos de adoração glorificam a Deus. 7. O Adorador Também é Abençoado A resposta de Deus ao ato de adoração de Abraão indica o Seu grande prazer e também o Seu desejo de abençoar a todos os adoradores. “Porquanto fizeste esta ação, e não Me negaste o teu filho, o teu único, que deveras te abençoarei, e grandissimamente multiplicarei a tua semente como as estrelas dos céus, e como a areia que está na praia do mar; e a tua semente possuirá a porta dos seus inimigos... porquanto obedeceste a Minha voz” (Gn 22:16-18). A história de Maria, a qual ungiu os pés de Jesus com um ungüento precioso, é um lindo símbolo de adoração (Jo 12:3). João nos diz que mais tarde ela “... enxugouLhe os pés com os seus cabelos...” Imagine a doce fragrância que ela deve ter levado em seu cabelo. Onde quer que fosse as pessoas ficavam cientes daquele doce aroma. É assim também com os adoradores. Suas vidas carregam uma doce fragrância onde quer que vão. É a fragrância da presença do Senhor! C. AADORAÇÃO RETRATADA NO TABERNÁCULO Um outro princípio de interpretação bíblica é a “lei de muitas menções”. Este principio diz que a quantidade de menções e LOUVOR E ADORAÇÃO SEÇÃO E2 / 879 espaço dada a um determinado assunto indica a sua importância. Quando consideramos quanto espaço é devotado à descrição do Tabernáculo (cinqüenta e um capítulos) em toda a Bíblia: Êxodo Levítico Números Deuteronômio Hebreus 15 Capítulos 18 Capítulos 13 Capítulos 2 Capítulos 3 Capítulos Percebemos como este assunto é importante. 1. Natureza Vital da Adoração Uma vez que o propósito principal do Tabernáculo era a adoração a Deus, vemos que Deus nos está transmitindo a natureza vital da adoração e a tremenda importância que Ele dá para isto. A primeira peça do Tabernáculo que Deus descreve é a Arca da Aliança, a qual era superposta pelo propiciatório. Deus disse: “E ali virei a ti, e falarei contigo de cima do propiciatório...” (Êx 25:22). O Lugar Santíssimo, onde a Arca ficava, era o lugar onde Deus Se encontrava e comungava com o homem, face a face. Era o lugar de adoração. No sistema da Antiga Aliança, este tremendo privilégio era concedido somente ao sumo sacerdote, e isto em apenas um dia do ano, o Dia da expiação. Quão abençoados somos, sob os termos da Nova Aliança, por termos o privilégio de um continuo acesso pelo sangue de Cristo. O ensinamento básico para nós, cristãos, implícito no Tabernáculo é o da adoração. Deus havia tirado o Seu povo do Egito “com grande força e uma forte mão” (Êx 32:11). Uma vez que a libertação deles do Egito estava completa, a primeira coisa que Ele fez foi incumbir Moisés de construir o Tabernáculo. O primeiro desejo de Deus, após a nossa libertação do Egito (o pecado e sua escravidão), é o de iniciar-nos no ministério da adoração. 2. Ordem e Progressão da Adoração O Tabernáculo nos ensina a ordem e progressão da adoração. Ao entrarmos no pátio externo do Tabernáculo, a primeira coisa que vemos é o altar de cobre para os sacrifícios. É aqui que os nossos pecados e iniqüidades são tratados e recebemos o perdão de Deus. Em seguida vinha a pia de cobre, a qual era símbolo da purificação através da água da Palavra. O adorador em potencial tinha que passar por essas duas experiências antes de chegar à cortina do Lugar Santo. Dentro do Lugar Santo ficavam a mesa dos pães da proposição, o candelabro de sete pontas e o altar de ouro para o incenso, os quais têm um significado profundo no ensinamento da adoração. Por último, havia o Lugar Santíssimo, aquele local sagrado e solene de comunhão, o qual tipifica as formas mais elevadas e puras de louvor e adoração. É nesse lugar que o Espírito quer nos levar. Há uma progressão bem definida no aprendizado das habilidades da adoração. Deus quer nos conduzir através de todas as fases até que, finalmente, possamos entrar no último estágio da adoração sagrada, aquele lugar dentro do véu com Ele. Capítulo 7 A Música no Louvor e Adoração A. A MÚSICA É IMPORTANTE NA ADORAÇÃO A música sempre teve um papel importante na adoração a Deus. Há muito tempo atrás, no início da Criação, “as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus rejubilavam” (Jo 38:7). A música hebraica era predominantemente vocal. Havia bem poucos instrumentos nos primeiros dias de sua história. A voz 880 / SEÇÃO E2 humana era o instrumento mais acessível e popular com o qual a música podia ser feita. A primeira menção bíblica de música e cânticos encontra-se em Gênesis 31:27 e associa-se com a expressão de júbilo. A adoração com cânticos é primeiramente mencionada em Êxodo 15:1-21. Moisés e os filhos de Israel cantaram ao Senhor; Miriã e todas as mulheres, com pandeiros e danças, responderam ao cântico de Moisés. A escavação do poço em Beer foi celebrada com cânticos (Nm 21:17,18). Débora e Baraque celebraram sua vitória com cânticos (Jz 5:1-31). As mulheres de Israel celebraram a vitória de Davi sobre Golias com cânticos (1 Sm 18:6,7). Quatro mil levitas louvaram ao Senhor com instrumentos quando Salomão foi levantado como rei sobre Israel. “E os filhos de Israel... celebraram a festa dos pães asmos sete dias com grande alegria: e os levitas e os sacerdotes louvaram ao Senhor de dia em dia, com instrumentos fortemente retinintes ao Senhor” (2 Cr 30:21). “E disse Davi aos príncipes dos levitas que constituíssem a seus irmãos, os cantores, com instrumentos musicais, com alaúdes, harpas e címbalos, para que se fizessem ouvir, levantando a voz com alegria” (1 Cr 15:16). E óbvio que a música e os cânticos são uma parte vital do louvor e adoração a Deus. Isso é retratado em toda a Bíblia, de Gênesis a Apocalipse. Hoje em dia ainda é assim. São uma expressão vital, gloriosa e positiva de louvor a Deus. B. SATANÁS USA A MÚSICA É também verdade que Satanás usa a música muito eficientemente para alcançar os seus propósitos. Antes de sua queda, Lúcifer era um chefe dos músicos. Ezequiel 28:13 nos diz: “a obra dos teus tambores e dos teus pífaros estava em ti; no dia em que foste criado foram preparados.” Lúcifer era um músico mestre. Ele deveria usar este dom E2.7 – A Música no Louvor e Adoração para a glória de Deus, mas quando se rebelou contra o Senhor e teve que ser expulso do Céu, ele prostituiu este dom e começou a usá-lo para o mal, ao invés do bem. Ele tem feito isso muito eficientemente até o dia de hoje. Foram os descendentes de Caim que inventaram tanto os instrumentos de música como os instrumentos de guerra (Gn 4:21,22). Quando Moisés voltou do seu encontro com Deus na montanha, ele descobriu que os filhos de Israel haviam se afastado de Deus e voltado à adoração de ídolos. Estavam dançando e cantando ao redor do bezerro de ouro. O som de suas músicas era tão confuso aos ouvidos de Moisés que ele não podia discernir imediatamente o significado daquele som. Este tipo de música, cheio de confusão, tem a marca registrada de Satanás, pois ele é um enganador. Muitas músicas modernas estão repletas de confusão. Transtornam e perturbam as pessoas. A música devota, piedosa, tem um efeito exatamente oposto. Ela acalma ao invés de confundir. Talvez ela nos motive, mas nunca faz com que percamos o controle de nossas emoções. Ela nos fortalece, ao invés de nos enfraquecer. Nabucodonosor, rei da Babilônia, usava instrumentos musicais de varias espécies para induzir as pessoas à adoração da imagem de ouro que ele havia erigido (Dn 3:5-7). Herodes sucumbiu à música e dança sedutoras da filha de Herodias e tolamente ordenou a morte de João Batista (Mt 14:6). A música satanicamente inspirada da Babilônia será finalmente destruída quando a cidade da Babilônia for derribada. O som de sua música não mais será ouvido (Ap 18:22). C. A MÚSICA PODE INSPIRAR A ADORAÇÃO A DEUS O Espírito Santo também pode usar a música para a glória de Deus e para a edificação das pessoas. LOUVOR E ADORAÇÃO Observe o poderoso efeito terapêutico que a música ungida tinha sobre Saul (1 Sm 16:23). Davi havia sido ungido por Deus. Ele era um músico habilidoso, um compositor dotado e um doce cantor. Quando tocava e cantava sob a unção do Espírito, o espírito maligno se retirava de Saul, o qual passava a se sentir renovado e melhor. Quando Josafá precisou de um profeta numa ocasião de crise nacional, ele chamou Eliseu. O profeta chamou um músico. “E sucedeu que, tangendo o tangedor, veio sobre ele (Eliseu) a mão do Senhor. E disse: Assim diz o Senhor...” (2 Rs 3:11,15,16). A música obviamente ajudou a criar uma atmosfera e uma disposição para que o dom de profecias operasse. O rei Davi designou 4.000 homens para que profetizassem com harpas, saltérios e címbalos (l Cr 25:l). Foi somente quando Israel estava em cativeiro na Babilônia que eles cessaram de cantar e tocar. A música ungida deles cessou e penduraram suas harpas nos salgueiros (Sl 137). Quando os seus captores babilônicos os incitavam a que cantassem, replicavam: “Como entoaremos o cântico do Senhor em terra estranha?” Quando o cativeiro deles terminou, após 70 anos, voltaram para casa com cânticos alegres e com risos. Havia louvor em seus lábios (Sl 126:1,2). É somente quando a Igreja está em cativeiro espiritual que a sua música ungida cessa. Quando este cativeiro é rompido e as pessoas novamente se libertam, a música, os cânticos, o louvor e as danças e os risos são todos a elas restaurados. D. A MÚSICA E OS CÂNTICOS NO NOVO TESTAMENTO 1. Os discípulos cantaram hinos juntos. (Mt 26:30; Mc 14:26). SEÇÃO E2 / 881 2. Paulo e Silas cantaram louvores a Deus na prisão. (At 16:25). 3. O Apóstolo Paulo instruiu a Igreja com relação aos cânticos ungidos. Eles deveriam cantar: a. Salmos (os Salmos músicados). b. Hinos (cânticos de louvor a Deus). c. Cânticos Espirituais (cânticos espontâneos dados pelo Espírito). Os cânticos da Igreja Primitiva eram louvores ao Senhor. O seu objetivo primário nos cânticos era louvar e engrandecer a Deus. Não cantavam para causarem um impacto ou para entreterem os outros. Os seus cânticos não eram centralizados no homem. Eram dirigidos a Deus, para o Seu prazer somente. E. COMO TER UM MINISTÉRIO DE MÚSICA UNGIDA Este tipo de música e cânticos ungidos, dirigidos a Deus com louvor e adoração, é muito raro na Igreja hoje. Contudo, Deus está restaurando esse ministério ao Seu povo. Aqui estão algumas sugestões para ajudálo a introduzir a sua comunidade num ministério de música ungida com louvores a Deus: 1. Comece Todas as Reuniões com Ações de Graças e Louvores em Forma de Cânticos “Entrai por Suas portas com ações de graças, e em Seus átrios com louvor; agradecei-O, e bendizei o Seu nome” (Sl 100:4) 2. Peça, em Oração, ao Espírito Santo que o Lembre de Cânticos ou Hinos Apropriados Deus tem um tema ou mensagem para cada culto. Em geral, os cânticos apropriados preparam o caminho para o tema ou mensagem. 882 / SEÇÃO E2 E2.7 – A Música no Louvor e Adoração 3. Não Tenha Medo de Cantar os Cânticos Mais de Uma Vez – ou ainda, uma parte especifica deles por parecer especialmente ungida ou abençoada. ção, o que poderá resultar na direção para a reunião. Talvez alguém mais profetize e a exortação venha a fornecer o tema para o resto do culto. 4. Exorte as Pessoas a Realmente “Cantarem ao Senhor” Os hinos são muitas vezes cantados porque é a nossa tradição e costume cantá-los. Temos, porém, um propósito muito mais valioso que este, ou seja, cantar ao Senhor, ou dirigir a nossa atenção para o Céu através de cânticos. 9. As Manifestações do Espírito Deveriam Ser Expressas nos Cultos de Adoração dos Crentes (1 Co 12:8-11) Não “apague” o Espírito (1 Ts 5:19). Incentive a participação e expressão através destes dons espirituais. Contudo, o líder designado e ungido deveria em todo o tempo reter a autoridade espiritual sobre o culto. 5. Comece com Cânticos de Louvor e Ações de Graças Permita que as pessoas expressem, genuinamente, seus louvores através deles. Os cânticos não são louvores em si mesmos. São meros veículos através dos quais podemos expressar o nosso louvor. É bem possível cantarmos muitos hinos e cânticos sem expressarmos nenhum louvor verdadeiro. 6. Os Cânticos de Louvor Inspiram as Pessoas a Adorarem Em geral começamos com o louvor e, em seguida, as pessoas passam progressivamente pelos vários níveis do mesmo até que entrem na adoração, que é o nível mais elevado de louvor. 7. Não “Faça Correndo” o Culto de Louvor Muitos pastores consideram essa parte do culto como uma “preliminar”, uma necessidade maçante, porém tradicional. Conceda esse tempo para cantar, louvar e adorar. Estes são os atos mais importantes da nossa reunião. 8. Dê Oportunidades Para a Participação da Congregação Incentive as expressões espontâneas. Alguém pode dirigir a congregação em ora- 10. Todas as Coisas Deveriam Ser Feitas Para a Edificação Mútua Todas as manifestações bíblicas são legitimas e apropriadas, mas tudo que é feito e a maneira com que é feito tem que ser para a edificação de toda a congregação (1 Co 14:26). 11. Evite “Contribuições” que Geram Confusões “Deus não é autor de confusão” (1 Co 14:33). Se o culto começar a ficar confuso, tome a frente e tire-o da confusão. Se necessário, faça uma pausa e explique à congregação o que está acontecendo, esclarecendo assim a situação. Use situações assim para ensinar a maneira certa e errada de se fazer as coisas. 12. Tudo Deveria Ser Feito Para o Senhor e Para a Glória de Deus Lembre-se que o alvo de todas as reuniões é glorificar a Deus e edificar os crentes. 13. Use um Livreto de Cânticos ou um Retroprojetor Para que as Pessoas Possam Participar Não tenha medo de, num dado momento, colocar de lado o livreto ou a letra dos cânticos e simplesmente adorar ao Senhor de coração. LOUVOR E ADORAÇÃO 14. É Claro que Há Certas “Técnicas” Para a Direção de um Culto de Cânticos ou de Adoração – mas você precisa evitar, ao máximo, tornar-se muito mecânico ou formal. Permita que haja uma liberdade subjacente. Seja flexível. Não insista em seguir o programa. Seja sempre sensível à direção do Espírito e esteja disposto a segui-la. Para uma boa direção de louvor e cânticos é necessário muito mais do que a movimentação dos braços, ainda que isso seja feito corretamente. A liberdade do Espírito e a espontaneidade são mais importantes que a precisão técnica. 15. Procure Ficar Escondido – para que as pessoas possam “ver a Ninguém, senão unicamente a Jesus” (Mt 17:8). Eu me lembro de uma igreja que eu pastoreei por muitos anos em Brisbane, Austrália. Na primeira vez que subi ao púlpito, vi algumas palavras entalhadas nele. Elas confrontavam a todos que subiam àquele púlpito para falarem ou ministrarem. As palavras eram: “Queremos ver a Jesus” (Jo 12:21). Sempre deveríamos ter isto em nossas mentes. As pessoas não vieram para nos verem ou nos ouvirem. Vieram para verem e ouvirem a Jesus. A nossa tarefa, com a ajuda do Espírito, é abrir o véu, para que todos os olhos possam ver o Senhor e adorar diante d’ Ele. Este deveria ser o objetivo mais importante de todos os servos de Cristo que dirigem cultos de adoração. Capítulo 8 Dirigindo um Culto de Adoração A. AS FUNÇÕES MAIS IMPORTANTES DE UMA IGREJA A adoração da congregação é um elemento extremamente importante da Igreja SEÇÃO E2 / 883 do Novo Testamento. O chamado básico dos cristãos do Novo Testamento é a adoração a Deus. As funções mais importantes de uma igreja, em ordem de prioridade, são: 1. Adoração a Deus 2. O Ministério ao Corpo – Edificação dos Santos 3. Ministério ao Mundo – Evangelismo Todas as igrejas deveriam ser uma comunidade de adoradores. No desenrolar de uma adoração conjunta da congregação, muita coisa depende dos dirigentes da adoração. B. QUALIDADES DOS DIRIGENTES DA ADORAÇÃO 1. Dirigir a Adoração é um Ministério Especial Nem todos têm esse ministério. Em geral, os pastores não têm essa habilidade específica. Sendo assim, eles deveriam encontrar alguém na congregação que realmente possua esse dom e estar dispostos a deixar que essa pessoa tome a frente nessa área em particular. 2. O Dirigente Precisa Ser um Adorador É essencial que os que são chamados a dirigirem os outros à adoração sejam capacitados e competentes na adoração a Deus. É impossível dirigir os outros, a menos que o dirigente já tenha aprendido as exigências e a arte da adoração. Os dirigentes deveriam ser livres em seu próprio espírito e capazes de livremente louvarem e adorarem a Deus em sua vida pessoal. 3. Maturidade Espiritual O dirigente da adoração deveria ser uma pessoa com experiência e maturidade nas 884 / SEÇÃO E2 coisas do Espírito. O seu desenvolvimento espiritual deveria ser igual (ou preferivelmente superior) ao da congregação que ele está tentando dirigir. Uma maturidade assim dá ao dirigente uma confiança, o que resulta num sentimento de segurança na congregação. Ele deveria ser capaz de controlar o seu próprio espírito para que os seus pensamentos, sentimentos e emoções pessoais não se intrometam na reunião. Ele também precisa ser um homem de fé, não somente capaz de discernir a direção do Espírito Santo, mas também com fé para implementar o que o Espírito possa estar dizendo à congregação dos santos. Ele deveria ser um exortador, alguém que possa motivar e animar os crentes. 4. Sensibilidade Espiritual O dirigente ideal desenvolveu ouvidos sensíveis para a voz do Espírito Santo. O Próprio Espírito dirige o culto se o dirigente da adoração se move ativamente de acordo com as direções que o Espírito lhe dá. Os cultos de adoração deveriam ser dirigidos pelo Espírito Santo. Contudo, Ele sempre usa canais humanos. Portanto, é preciso que haja uma conscientização espiritual profunda no dirigente da adoração. Isto é transmitido á congregação também, a qual começará a desenvolver a habilidade de ouvir as direções do Espírito e de quieta e confiantemente mover-se nelas. 5. Humildade Genuína Um bom dirigente sempre busca “esconder-se atrás da Cruz.’’ Nada arruína a atmosfera espiritual de um culto mais rapidamente do que um dirigente egocêntrico que constantemente se projeta na reunião. O Espírito Santo ama a glorificação de Cristo e não está, absolutamente disposto a mudar o centro da atenção em Cristo para nenhum ser humano. Nenhuma carne deveria gloriar-se diante de Deus. Ao invés de focalizar E2.8 – Dirigindo um Culto de Adoração a atenção da congregação em si mesmo, o dirigente deve sempre buscar focalizar a atenção das pessoas em Cristo. 6. Preparação em Oração Antes do culto, o dirigente da adoração deveria sempre passar algum tempo sozinho em oração. O tema da reunião pode ser discernido de antemão desta maneira. O espírito do dirigente pode sintonizar-se com o Espírito de Deus, e desta forma, a reunião pode facilmente entrar nos propósitos de Deus desde o seu inicio. Não deveria haver coisas como “partes preliminares” num culto de adoração. Todo o culto, desde o primeiro momento, é dedicado ao louvor e à glória de Deus. Muitos e muitos pregadores consideram tudo o que vem antes de seus sermões como coisas preliminares – necessárias, porém sem importância. A verdade é que o que precede o sermão é em geral muito mais importante, pois o sermão é dirigido às pessoas, mas a nossa adoração é dirigida ao Próprio Deus! 7. Conceda Tempo Suficiente Para a Adoração A maneira pela qual muitos “cultos de adoração” são feitos às pressas é um insulto à majestade de Deus. Precisamos reconhecer a importância da adoração conjunta da congregação e dar tempo suficiente para a mesma. O tempo de adoração não deveria ser desperdiçado com conversas desnecessárias do dirigente da adoração. Sua tarefa verdadeira é harmonizar a congregação com o Espírito de Deus tão rápida e suavemente quanto puder. Conversas e comentários desnecessários podem ser contraproducentes. As pessoas vêm para adorar a Deus e querem se entregar a Ele em louvor e adoração. Torna-se uma coisa triste quando tais pessoas são atrasadas e impedidas por aquele que foi ordenado a dirigi-las nessa adoração. LOUVOR E ADORAÇÃO 8. Seja Aberto ao Espírito Santo É preciso uma fé legítima para se dirigir um culto numa adoração verdadeira, pois uma adoração assim não pode ser prescrita ou programada de antemão. Muitos dirigentes acham que eles precisam ter um programa pré-determinado. Querem saber exatamente o que vai acontecer num determinado culto, e exatamente quando vai acontecer. A adoração espiritual exige mais flexibilidade que isto. Uma vez que o culto tenha começado, procure ficar silenciosamente consciente do caminho pelo qual o Espírito o está conduzindo. Esteja preparado para seguir a Sua direção passo a passo. Ele o instruirá com relação ao momento exato em que a adoração deve ser feita. Nem todos os cultos serão iguais. Deus é um Deus de variedade. Ele não tem que fazer a mesma coisa todas as vezes. Ele tem um propósito especial para cada reunião. O dirigente precisa aprender a discernir qual é esse propósito e fluir junto com ele, à medida que o Espírito o revela passo a passo. Deus pode até mesmo mudar a ordem e direção do culto durante o seu prosseguimento. Um bom dirigente é capaz de discernir os cânticos exatos que deveriam ser cantados, quantas vezes deveriam ser cantados, e com que espécie de ênfase! Às vezes, o culto é radiante e cheio de regozijo. Outras vezes o Espírito pode dirigir-nos de uma maneira muito mais quieta, até mesmo com períodos de silêncio, os quais podem ser extremamente profundos e significativos. 9. Esteja Ciente de Tudo o que Está Acontecendo O dirigente da adoração deveria evitar fechar os seus olhos e ficar “perdido na adoração”. É maravilhosamente possível ficarmos completamente envolvidos na adoração e ainda continuarmos cientes das pessoas e sensíveis a elas. O dirigente deveria ter uma sensibilidade ao Espírito e, ao mes- SEÇÃO E2 / 885 mo tempo, exercitar um controle dócil, porém bem definido sobre o culto. C. ALGUMAS DIRETRIZES SIMPLES PARA A DIREÇÃO DA ADORAÇÃO 1. Comece Exatamente Onde as Pessoas Estiverem Procure fazer um contato imediato com a congregação, exatamente onde as pessoas estiverem. Estabeleça silenciosamente a sua liderança sobre elas. Ajude-as a reconhecerem que Deus o ordenou a dirigir a adoração daquele culto e que, se cooperarem e o seguirem, serão dirigidas exatamente ao Lugar Santíssimo e terão uma gloriosa experiência de adoração. 2. A Direção dos Cânticos não é Necessariamente a Direção da Adoração Há muitos bons dirigentes de cânticos que não têm a habilidade de levarem as pessoas à adoração. Contudo, o dirigente da adoração deve ser capaz de dirigir os cânticos, e também de prosseguir conduzindo as pessoas à adoração. Geralmente, os cultos de adoração começam com cânticos. Quando os cânticos apropriados, aqueles que louvam a Deus e falam de Sua grandeza, poder e esplendor, são cantados, isto ajuda as pessoas a abstraírem-se de si mesmas e de seus problemas, e se voltarem ao Senhor. Os cânticos de louvor e ações de graças são em geral apropriados e convenientes. O cântico da comunidade é também uma boa maneira de se fazer com que as pessoas entrem em unidade. À medida que suas vozes se combinam, também se combinarão suas mentes e espíritos. Uma vez que esta unidade tenha sido alcançada, então as pessoas poderão ser conduzidas à esfera da adoração. Começamos com o louvor e prosseguimos para a adoração. 3. Permita que o Espírito Santo Dê as Direções Isto pode acontecer de qualquer uma dentre várias maneiras. Pode surgir do pri- 886 / SEÇÃO E2 meiro cântico que foi cantado, o que poderá estabelecer o tema para o culto inteiro. Em geral o Espírito nos dirige de um cântico ao outro, todos no mesmo tema ou temas pertinentes. Se há pessoas presentes com dons carismáticos, o Espírito talvez as use para nos indicar o curso que o culto deve seguir. Isto pode ser-nos comunicado através de uma profecia ou de alguma revelação. Às vezes, o propósito do Espírito é levado a efeito no culto de uma forma muito quieta e nada dramática. É somente após a reunião, ao olharmos para trás, que podemos ver tão claro quão maravilhosamente o Espírito nos dirigiu e que unidade e harmonia foram entrelaçados na urdidura do culto. 4. Evite Intrusões e Correntes Contrárias É aqui que a maturidade espiritual do dirigente é tão necessária. Ele precisa ser capaz de discernir uma nova ênfase que talvez seja introduzida e que não é do Espírito. Ele precisa estar alerta espiritualmente para reconhecer tais tendências. As reuniões podem ser redirecionadas muito sutilmente se não formos cuidadosos e vigilantes. Uma vez que o Espírito tenha estabelecido o curso e a direção, seja sensível a qualquer intrusão que possa mudar esta ênfase. A intrusão pode parecer bastante inofensiva. Poderá vir na forma de um belo corinho, bem bíblico quanto ao seu conteúdo, e contudo mudando completamente a direção em que Deus está buscando levar as pessoas. O dirigente precisa ser amável, porém firme, mantendo a adoração no alvo. Há muitas maneiras pelas quais ele pode redirecionar a reunião. Ele poderá dizer diretamente: “E agora, amigos, vamos continuar na direção em que o Espírito está indicando e não nos desviemos dela.” Ou poderá começar um outro corinho que reforce o tema original do Espírito. Talvez haja, ainda, uma outra palavra de profecia, dirigindo as atenções uma vez mais ao tema original. É necessário que o dirigente da adoração E2.8 – Dirigindo um Culto de Adoração tenha fé e ousadia. Ele precisa exercitar discernimento e tato, porém sem comprometer o propósito de Deus para a ocasião. Isso em geral exige muita sabedoria e graça. O Espírito Santo nos fornece estas coisas se confiamos n’Ele implicitamente. 5. Reconheça as Transições e Mudanças O Espírito pode dirigir um determinado culto de qualquer maneira que desejar. Isto freqüentemente significa que pode haver uma mudança na ênfase durante o andamento do culto. Aliás, isto pode acontecer muitas vezes. Esses períodos de transição são muito importantes. O dirigente precisa estar à frente das pessoas, antecipando o que o Espírito está querendo fazer. Ele precisa exercitar uma liderança clara e firme durante esses períodos transicionais, a fim de que a reunião não comece a vagar sem qualquer objetivo. Se permitimos que um período de indecisão se desenvolva, talvez alguém seja tentado a dar direções e uma nota errada poderá se introduzir. O dirigente da adoração tem que se lembrar sempre que Deus o ungiu e o designou para dirigir as pessoas e é, portanto, responsável para fazer exatamente isto. Não domine a reunião com uma mão pesada. Não tente impor a sua vontade às pessoas. Mantenha um controle firme, porém suave sobre a direção e o desenvolvimento da adoração. 6. Mantenha o Propósito em Mente Nunca perca de vista o objetivo e o propósito da reunião. É o de primeiramente louvarmos e glorificarmos ao Senhor. Em segundo lugar, de edificarmos e abençoarmos as pessoas. Nunca permita que a reunião se degenere em nada menos que estes objetivos básicos. 7. “Faz-nos Uma Sinfonia” Um dos muitos corinhos bons que o Espírito está introduzindo hoje diz: “Senhor, faz-nos uma sinfonia, uma sinfonia LOUVOR E ADORAÇÃO de adoração.” A palavra grega symphoneo, da qual a nossa palavra “sinfonia” se deriva, significa “concordar”. Jesus disse: “Se dois de vós concordarem.” Ele usou esta palavra (“symphoneo”) para “produzir uma sinfonia de sons.” Um culto de adoração deveria ser como uma sinfonia. Tudo deveria combinar-se harmoniosamente. Todas as vozes deveriam se combinar, os instrumentos deveriam se combinar, todas as diferentes partes do culto deveriam se combinar. Esse é um dos propósitos básicos que Deus procura alcançar através da nossa adoração em grupo: combinar a todos nós juntos numa gloriosa harmonia. Ao fazer isto Ele nos introduz e nos incentiva à unidade nos níveis mais profundos do nosso ser. Um famoso sacerdote disse: “A família que ora unida, permanece unida.” Poderíamos também dizer que “a congregação que verdadeiramente aprende a adorar unida, permanecerá unida.” 8. Incentive a Participação Muitas vezes, hoje em dia, os membros da congregação se tornam meros expectadores, ao invés de participantes. Freqüentemente encontramos os ministros fazendo tudo e a congregação meramente observando e ouvindo. O Novo Testamento incentiva a participação de todo e qualquer membro. Contudo, ensinamentos bons e sólidos referentes a este assunto precisam ser dados primeiramente. Deveríamos ensinar ao povo de Deus que Ele quer ouvir as vozes de todos os membros, levantadas em adoração. Temos de ensiná-los como participarem e, uma vez que isto seja feito, temos de dar-lhes oportunidades para que o façam. Incentive verbalmente as pessoas para que comecem a fazê-lo. Exorte-as a levantarem suas vozes em louvor. Dê oportunidades para elas expressarem os seus louvores. 9. Que Tudo Seja Feito Decentemente e com Ordem Muitas igrejas usam este versículo (1 Co 14:40) como uma desculpa por não permi- SEÇÃO E2 / 887 tirem nenhuma participação da congregação. Desejam tanto manter a “decência e a ordem” que não permitem que nada seja feito. Não é isto o que a Bíblia diz. Ela não diz: “que nada se faça decentemente e com ordem.” Ela diz: “que tudo seja feito.” Que haja participação. Que haja profecias, revelações, salmos, hinos, cânticos espirituais. Mas que sejam feitos de uma maneira tal que não haja confusões, pois Deus não é o autor de confusões (1 Co 14:33). 10. Procure Ser Excelente O nosso objetivo, ao aprendermos a louvar e adorar a Deus, deveria ser o de finalmente nos tornarmos excelentes nestas coisas. Deveríamos desejar progresso e desenvolvimento nessas áreas vitais. Essa excelência não é uma excelência humana. Não é o desenvolvimento do talento e habilidade humanos. Não é o uso de profissionais com maestria e precisão. É o aprofundamento da vida espiritual. É o aguçamento da sensibilidade espiritual, o crescimento da consciência espiritual e da capacidade de darmos respostas espirituais às direções do Espírito de Deus. O objetivo final da nossa adoração é elevarmos e glorificarmos a Deus. Quanto mais eficientemente pudermos fazer isso, tanto mais agradável será o nosso louvor. Capítulo 9 A Importância Profética do Louvor A. PREPARAÇÃO PARA O REINO DE DEUS NA TERRA A importância do louvor é enfatizada em toda a Bíblia. O louvor sempre foi importante. Contudo, nos últimos dias dessa era, o louvor e a adoração são especialmente importantes e têm um papel especial no cumprimento dos propósitos de Deus. É por isto que Deus está atualmente restaurando o louvor ao Seu povo. Estamos nos moven- 888 / SEÇÃO E2 do rapidamente em direção ao reino manifesto de Cristo na Terra. Uma das grandes características dessa Era será o louvor e adoração. Assim sendo, Deus está preparando o Seu povo para essa época. Já estamos entrando no Reino, e parte da nossa preparação é sermos excelentes no louvor e adoração. 1. Os Altos Louvores de Deus (Sl 149:6) A primeira parte do Salmo 149 está cheia de exortações e mandamentos para louvarmos ao Senhor. Há pelo menos dez mandamentos claros para louvarmos a Deus de várias maneiras. Somos ordenados a cantar a Ele, a regozijarmo-nos n’Ele, a alegrarmonos no nosso Rei, a dançarmos diante d’ Ele, a louvá-Lo com instrumentos musicais, etc. No versículo 6 alcançamos a expressão mais elevada desse louvor, o nível mais alto do louvor puro. Davi o intitula: “os altos louvores de Deus’’. As últimas armas do exército de Deus dos últimos dias são “os altos louvores de Deus em suas bocas e uma espada de dois gumes em suas mãos.” Com essas armas podemos fazer guerra vitoriosamente contra o inimigo e ganhar a grande vitória final, em nome do nosso Deus. a. Deus Está Tentando... nos ensinar muitas coisas sobre o louvor. Ele está nos dirigindo de uma verdade a outra, progressivamente, e sempre buscando purificar ainda mais os nossos louvores, até que, finalmente, possamos entrar nos altos louvores do Senhor. Ele está buscando: 1) Ampliar o nosso entendimento a respeito do louvor; 2) Purificar as nossas motivações no louvor; 3) Refinar as nossas expressões de louvor; 4) Estabelecer o Seu trono nelas (Sl 22:3); 5) Manifestar a Sua autoridade através delas. E2.9 – A Importância Profética do Louvor No versículo 8, Deus nos diz o que Ele realizará quando começarmos a exercitar estes altos louvores. Ele “prenderá reis com cadeias, e os seus nobres com grilhões de ferro.” Estes reis e nobres não são humanos e terrenos. São os principados e poderes que exercitam o domínio espiritual sobre as nações pagãs. Em resposta aos altos louvores do Seu povo, Deus prenderá esses principados satânicos e libertará os povos que eles mantiveram cativos, para que possam receber a bênção do Evangelho do Reino. Isto preparará o caminho para o maior reavivamento espiritual que o mundo já presenciou. As grandes nações pagãs da Terra abrir-se-ão para o Reino de Deus. As multidões que Joel viu profeticamente no “vale da decisão” vão ser libertas da escravidão espiritual por séculos e estarão livres para receberem as bênçãos do glorioso reino de Deus. 2. A Salutar Salvação de Deus a Todas as Nações (Sl 167) Este salmo profético inicia-se com um clamor para que a misericórdia e bênção de Deus sejam reveladas a todas as nações. Ele termina com a predição de que Deus certamente nos abençoará, de que a terra dará o seu fruto, e de que “todas as extremidades da terra O temerão.” A chave que libera uma bênção universal assim são os louvores do povo de Deus (vers. 3 e 5). a. Observe a Progressão do Louvor: 1) Que o Povo de Deus Te Louve, ó Deus. Isto se refere ao povo de Deus, o Seu povo redimido. Eles deverão ser os líderes de um exército de louvadores. Enquanto o povo de Deus não entrar nessas áreas do louvor, esse plano de redenção do mundo continuará dormente. O gatilho que dá início à grande bênção do Senhor para toda a Terra são os louvores do Seu povo redimido. 2) Que Todos os Povos Te Louvem. Isto significa um tempo em que o louvor não mais estará limitado ao povo redimido de Deus, mas que o louvor se espalhará mui- LOUVOR E ADORAÇÃO to além dos redimidos. Até mesmo os que não foram regenerados começarão a louvar ao Senhor. Começarão a reconhecê-Lo como o único Deus verdadeiro e como o único digno de louvor e adoração. 3) Que as Nações se Alegrem e se Regozijem em Cânticos. A esta altura, nações inteiras começarão a falar favoravelmente e em louvor ao Senhor. Começarão a perceber que a única solução para seu dilema humanamente impossível de se resolver é a intervenção do governo de Deus. Quando o gatilho dessa reação em cadeia de louvor tiver sido puxado pelo povo de Deus, ele trará o governo e justiça de Deus à terra (vers.4). Somente isto pode fazer com que “se conheça na terra o Seu caminho e em todas as nações a Sua salvação” (vers.2). A palavra traduzida, neste versículo, por “salvação” é “yeshuah”, que significa saúde, libertação, vitória, prosperidade, bem-estar, etc. Todas estas bênçãos são inerentes a uma Pessoa. Seu Nome é Jesus. Ele é a única resposta aos múltiplos dilemas do mundo. É somente a Ele que buscamos. A Sua vinda será acelerada quando entrarmos nos altos louvores de Deus. 3. O Governo do Reino (Sl 72) O Salmo 72 é um salmo messiânico glorioso e profético, o qual esboça muitos aspectos maravilhosos do Reino vindouro do nosso Messias, Jesus. SEÇÃO E2 / 889 O salmo inteiro está cheio de fatos maravilhosos sobre esse Reino. Contudo, mencionaremos apenas dois deles, os quais estão de acordo com o tema em questão: “E todos os dias O (Messias) bendirão” (vers. 15b). “O Seu nome permanecerá eternamente; o Seu nome se irá propagando enquanto o sol durar; e os homens serão abençoados n’Ele: todas as nações Lhe chamarão bem-aventurado’’ (vers. 17). Uma das características fundamentais do governo eterno e universal de Deus sobre a Terra será a adoração a Jeová, o Senhor. O Trono de Deus será estabelecido em Jerusalém. Cristo assentar-Se-á nele. (Jr 30:9; Ez 37:24,25). Todas as nações subirão a Jerusalém ano após ano para adorarem ao Rei e para guardarem a Festa dos Tabernáculos (Zc 14:16). A Casa do Senhor será estabelecida no cume da montanha, e as pessoas de todas as nações virão para serem ensinadas pelo Senhor (Is 2:2,3). Dirão uns aos outros: “Vinde, e subamos ao monte do Senhor, e à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os Seus caminhos, e nós andemos pelas Suas veredas...” (Mq 4:2). Qualquer um que negligenciar ou recusar-se a ir adorar perderá o direito às chuvas em suas terras (Zc 14:17). Naquele dia a senha será “SANTIDADE AO SENHOR” (Zc 14:20). Ó VINDE E ADORAI-O! AMÉM! Escreva abaixo as suas anotações pessoais: 890 / SEÇÃO E3 E3.1 – A Barreira Babilônica SEÇÃO E3 QUEBRANDO A BARREIRA BABILÔNICA Ralph Mahoney Capítulo 1 A Barreira Babilônica Introdução Há TRÊS GRANDES OBSTÁCULOS à propagação do Evangelho. Estas coisas dificultam a evangelização dos que nunca ouviram as boas novas sobre o que Jesus Cristo fez para salvar e abençoar a todas as nações. Estes obstáculos são: • • • CLERICALISMO DEFICIÊNCIAS PNEUMATOLÓGICAS CONSTRUÇÃO DE CATEDRAIS Nesta seção, Quebrando a Barreira Babilônica, você aprenderá como vencer a CONSTRUÇÃO DE CATEDRAIS . Os outros dois obstáculos serão abordados em outras seções. A. BARREIRA BABILÔNICA A maioria dos líderes cristãos dos dias de hoje não sabem que os eventos de cinco mil anos atrás estão influenciando hoje os seus valores e ações. A influência de Babel ainda se encontra muito presente em nosso meio, substituindo o que Deus ordenou pela sua agenda humanística, egocêntrica e narcisista. Isto está roubando de nós o verdadeiro propósito de Deus na Igreja. 1. Histórico de Babel Quando Noé e seus filhos saíram da área, as instruções de Deus foram claras. “Deus... Lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra’’ (Gn 9:1). Deus tinha um propósito mundial para toda a terra. “Mas vos, frutificai e multiplicai-vos; povoai abun- dantemente a terra, e multiplicai-vos nela” (Gn 9:7). O propósito de Deus para todos os sobreviventes do Dilúvio era que eles “frutificassem e se multiplicassem, e enchessem a terra” (Gn 9:1,7). a. Pecado e Desobediência. Em Gênesis 10, os descendentes de Noé são citados como sendo Sem, Cão e Jafé. Os descendentes de Sem e Jafé foram abençoados. Cão e os seus descendentes (os cananeus) foram amaldiçoados. “E Cão, o pai de Canaã, viu a nudez de seu pai... E Noé despertou do seu vinho, e soube o que o seu filho menor lhe fizera. E disse: Maldito seja Canaã...” (Gn 9:22, 24, 25). Muitos estudiosos acreditam que estes versículos descrevem um ato homossexual cometido por Cão contra o seu pai Noé. Assim sendo, o julgamento veio sobre Cão e os seus descendentes, os cananeus. O primeiro filho de Cão foi Cuse. “Cuse gerou a Ninrode, o qual se tornou poderoso na terra” (Gn 10:8). A palavra hebraica GIBBOWR (traduzida por poderoso) significa “um poderoso guerreiro tirano”. Ele caçava homens para subjugá-los e escravizálos. Ele estava totalmente tomado por um ardente desejo de exercer poder sobre a vida das outras pessoas. O versículo 10 nos diz que “o início do seu reino foi Babel.” b. Um Sistema Religioso Falsificado. Babel foi o resultado do povo camítico, sob a liderança de Ninrode, introduzindo no mundo um sistema religioso falsificado. Ninrode agiu sob uma inspiração satânica e demoníaca para produzir esse substituto da coisa verdadeira. QUEBRANDO A BARREIRA BABILÔNICA Eu gostaria de identificar o que é essa religião babilônica, como você pode reconhecê-la e como você pode abordá-la, a fim de que você possa quebrar a barreira babilônica na sua igreja e na sua vida. Essa antiga influência ainda se faz presente em nosso meio nos dias de hoje. 2. Babel – Impede o Propósito de Deus O que foi que se tornou o grande obstáculo ao propósito de Deus? Deus desejava que o Seu povo “se multiplicasse e enchesse toda a terra, e a fizesse frutífera.” O que se interpôs como obstáculo neste objetivo de o mundo todo tornar-se frutífero e repleto do conhecimento de Deus? Foi o “fator Babel”. A influência de Ninrode entremeou-se no propósito divino para neutralizar o que Deus havia objetivado. “E era toda a terra de uma mesma língua, e de uma mesma fala. E aconteceu que, partindo eles do Oriente, acharam uma planície na terra de Sinear, e habitaram ali. “E disseram uns aos outros: Eia, façamos tijolos, e queimemo-los bem. E foi-lhes o tijolo por pedra, e o barro por argamassa. “Eia, edifiquemos nós uma cidade e uma torre cujo cume toque nos Céus, e façamonos um nome. Façamos tudo isto para que não sejamos espalhados sobre a face de toda a terra” (Gn 11:1-4). Deus queria que o Seu povo se dispersasse por várias regiões, para frutificar, multiplicar-se, e encher a terra. Babel existia para impedir isto. Eles construíram a sua torre “para que isso não acontecesse”, isto é, para impedir que isso acontecesse. A religião de Ninrode ainda é muito proeminente no mundo, e a sua influência projeta uma espessa sombra sobre a Igreja Cristã. B. QUAIS ERAM AS MARCAS DE BABEL? 1. Façamos Primeiramente: “Façamos tijolos e argamassa.” A iniciativa humana, indepen- SEÇÃO E3 / 891 dentemente e em contraposição à vontade de Deus, elevou-se e disse: “Façamos!’’ Contraste isto com Mateus 16:17,18, onde Jesus diz: “Eu farei! Sobre esta rocha, Eu farei a edificação...” Esta é a iniciativa divina. A iniciativa humana se exalta contra o propósito de Deus. A iniciativa divina complementa o propósito de Deus. A afirmação de Babel é: “Façamos!” A afirmação divina é: “Eu farei!” Na qualidade de líder de igreja, a qual destes dois você quer hoje entregar a sua fidelidade? O “Eu farei” de Jesus ou o “Façamos” da sua própria iniciativa? Você tem de fazer essa escolha. O “Façamos’’ leva às torres de Babel dos dias atuais. O “Eu farei” nos leva a um envolvimento na evangelização do mundo. 2. Construamos Em Segundo Lugar: “Construamos uma cidade.” Uma vez mais, contraste isto com as palavras de Jesus: “Sobre esta rocha edificarei a Minha Igreja.” Quem vai fazer a edificação? será que o “Façamos’’ fará a edificação? Ou será que vai ser o “Eu edificarei’’? Você não sabe que Jesus é um grande construtor? O Seu propósito é mundial, e o que Ele faz nunca, nunca, nunca será localizado. A coisa babilônica será totalmente localizada. Será totalmente enfocada num só local, em si próprios. A ênfase será na IGREJA “LOCAL”. (A palavra “local” não se encontra na Bíblia.) Esta é a distinção principal e você precisa observá-la e se precaver com isto. Isso soa de maneira semelhante às ambições de muitos pastores das nações ocidentais? Sim, de fato. Muitos deles são “Ninrodes” da atualidade, apropriando-se indevidamente de suas ambições locais, egos, planos de construção e vontade contra o propósito de Deus de evangelização mundial. Assim sendo, em contraste com o “Construamo-nos uma cidade – construamo-nos 892 / SEÇÃO E3 uma torre; edifiquemos para cima”, a Grande Comissão é sairmos para todo o mundo, levando o Evangelho a toda criatura. O propósito de Deus ainda é o de “... sairmos e enchermos a terra”. O espírito babilônico é “edificar para cima”, ao invés de “para fora”. Qual dos dois hoje está você fazendo, pastor? a. Construtores de Catedrais. Não é por acaso que Ninrode e Babel ainda influenciam a arquitetura das igrejas. A torre de Ninrode era chamada de um Zigurate, que significa um “memorial”. Ela tinha mais de 180 metros de altura (equivalente a um prédio de sessenta andares). Olhando-se diretamente do Céu, num plano perpendicular a ela, o seu formato era semelhante ao de uma Cruz de Colombo. Do norte, sul, leste e oeste, novecentos degraus de escada subiam de cada lado numa linha reta, da sua base até o topo. O seu perfil era muito semelhante ao de uma pirâmide. “E disseram... edifiquemo-nos... uma torre, cujo cume possa tocar nos Céus...” (Gn 11:4). Por que os líderes de igrejas das nações ocidentais constroem catedrais com elevadíssimas torres de igreja? Será que existe um único versículo em toda a Bíblia que nos diz para erigirmos catedrais ou prédios de igreja de qualquer tipo – muito menos os que possuem “...cumes nos Céus’’? Se você conhecer qualquer versículo, por favor me avise. Em mais de quarenta anos ainda não encontrei um único versículo sobre isto. A seguinte afirmação é um sumário de Babel: “Façamo-nos uma cidade, uma torre cujo cume esteja no Céu. Façamo-nos um nome, para que não sejamos dispersos.” Tenho dito freqüentemente: “A maneira pela qual os líderes de igrejas nas nações ocidentais esbanjadamente gastam todo o dinheiro em argamassa (construções) nos levaria a crermos que a Grande Comissão E3.1 – A Barreira Babilônica foi: Ide por todo o mundo e edificai catedrais para toda a criatura.” Jesus e os primeiros apóstolos enfatizaram a MENSAGEM, E NÃO A ARGAMASSA! Não havia nenhuma catedral até a época de Constantino (cerca de quatro séculos depois de Cristo). Este imperador romano “convertido” radicalmente alterou e politizou a Igreja. Ele converteu os templos pagãos em catedrais – introduzindo assim as vaidades de Ninrode na tradição da Igreja. A sua influência, em última análise, produziu a apostasia de mil anos, chamada de “Idade Média” (ou “Eras Escuras”). A Igreja nas nações ocidentais ainda não está livre da influência de Ninrode e de Constantino. 3. Recebamos Adoração Ninrode tomou o lugar de Deus. A cada ano, Ninrode exigia ofertas de adoração, a si próprio, de centenas de quilos de incenso de nardo, no cume do Zigurate de Babel, o que valia milhões de dólares. Esta foi a mesma espécie de nardo que foi posto sobre os pés de Jesus (Veja Mateus 26:7 e João 12:3: “Então veio até Ele uma mulher com uma caixa de alabastro com ungüento muito precioso, de nardo, muito caro...”). Ninrode se proclamou governador e deus de Babel. Ele se tornou a primeira deidade política. Ele iniciou o sistema de governantes deificados, assim como é o caso do imperador do Japão, onde o governante é adorado e venerado como se fosse Deus. Por que Daniel, séculos mais tarde, foi lançado na Cova dos Leões? Foi porque o Rei Dario decretou que Ninguém fizesse petições a nenhum outro deus ou homem, exceto a ele próprio. A recusa de Daniel significou a sentença de morte. Daniel estava se opondo à religião de Ninrode, que percorreu o mundo nos tempos antigos. De onde os Césares romanos tiveram a idéia de que eram deuses? Na época em que o Novo Testamento foi escrito, era contra a QUEBRANDO A BARREIRA BABILÔNICA lei romana o uso da palavra grega Kurios (traduzida por Senhor) para qualquer outra pessoa, além do César. Isto também veio da influência de Ninrode. Os primeiros discípulos correram o risco de serem aprisionados e mortos por chamarem a Jesus de “Kurios” (Senhor – veja Romanos 10:9,10). Para mim é muito interessante o fato de que a palavra grega traduzida por anti-Cristo seja definida na Concordância de Strong da seguinte forma: “anti, significando ao invés de; no lugar de; sendo, portanto, geralmente usada para denotar uma substituição.” Ela não é simplesmente uma palavra de oposição a Cristo, mas significa “tomar o lugar de Cristo”. Você já ouviu dizer sobre o principal prelado da Igreja Romana, que ele é o “Vigário de Cristo na terra” e que ele toma o “lugar de Cristo”? Os nossos queridos bispos anglicanos são “Senhores espirituais” e “Senhores temporais”. Na qualidade de “Senhores espirituais”, eles governam na Igreja. Na qualidade de “Senhores temporais”, desfrutam de um assento reservado na CASA DOS LORDES (ou SENHORES) no Parlamento da Inglaterra. Eu seria o primeiro a reconhecer que muitas pessoas boas e tementes a Deus já ocuparam e ocupam esses cargos nas Igrejas Romana e Anglicana (e também Protestantes). Contudo, os conceitos e a teologia associados com estas práticas são uma escandalosa contradição dos claros ensinamentos de Jesus aos Seus Apóstolos sobre o assunto. “Mas Jesus os chamou para junto de Si, e disse: Sabeis que os príncipes dos gentios exercem domínio sobre eles, e os grandes exercem autoridade sobre eles. Mas não será assim entre vós; todo aquele que quiser ser grande entre vós, que seja o vosso servo. E qualquer um que quiser ser o primeiro dentre vós, que seja o vosso servo, assim como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a Sua vida em resgate de muitos” (Mt 20:25-28). SEÇÃO E3 / 893 Pastor? Líder de igreja? Você crê nas palavras de Jesus e as pratica? 4. Façamos um Nome Para Nós Próprios “Façamos um nome para nós próprios, para que não sejamos dispersos.” Isto é um denominacionalismo sectário, impregnado de orgulho, em sua pior faceta. A palavra “denominar” significa “nomear”. Esta influência tem perturbado a Igreja desde o primeiro século. O denominacionalismo sectário encontrava-se nos discípulos de Jesus: “E João respondeu e disse: Mestre, vimos um que em Teu nome expulsava os demônios e o proibimos porque não Te segue conosco” (Lc 9:49). Paulo teve que lidar com isto junto aos cristãos carnais de Corinto: “Cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Pois enquanto um diz: Eu sou de Paulo, e outro, eu sou de Apolo, porventura não sois carnais?” (1 Co 1:12). A nossa identificação ou o fato de pertencermos a uma família eclesiástica específica (denominação) não é errado. O que é errado é o orgulhoso elitismo, exclusivismo e sectarianismo – e não deveria ter NENHUM lugar no coração e na mente de nenhum verdadeiro seguidor de Cristo. Observe a resposta de Jesus ao seu Próprio discípulo: “E Jesus lhe disse: não o proibais, porque quem não é contra nós, é por nós” (Lc 9:50). Senhor! Livra-nos dessas barreiras de sectarismo babilônico – quer se originem do nosso orgulho denominacional, ou da nossa arrogância por sermos uma igreja “independente”. C. BABELAINDA VIVE! Quando o julgamento de Deus veio sobre Babel e eles foram dispersos, eles levaram consigo a sua falsa religião. 1. Ela Circundou o Globo Terrestre O sistema religioso de Ninrode é visto 894 / SEÇÃO E3 nas pirâmides do Egito – que eram Zigurates modificados. Encontramos a influência de Ninrode no Novo Mundo, dentre os astecas e os incas, os quais construíram os seus Zigurates com um modelo bem semelhante. Encontramos a religião de Ninrode na Índia hoje em dia, nos templos hindus. Nós a encontramos também no Tibete, Laos, e Camboja, dentre os budistas. Esta antiga influência religiosa circundou o globo terrestre e implantou o seu domínio satânico sobre a raça humana, com todas as maldições que a acompanharam. Coexistentes com Babel (os descendentes de Cão), encontravam-se os descendentes de Sem e Jafé, os quais permanecem fiéis ao verdadeiro conhecimento de Deus. A história secular dos tempos nos conta que os semitas eventualmente se levantaram contra Ninrode e o mataram pela blasfêmia – de se fazer como Deus. 2. Ela Frustra o Propósito de Deus de Evangelização A religião de Babel enfocava as expressões de religião que eram localizadas, e que serviam e ministravam a si próprias, em contraposição a visão e causa mundiais que Deus tinha em Sua mente. Ela tem sido o obstáculo através dos séculos, para antagonizar e frustrar os propósitos de Deus. Ela tem sido o inimigo da propagação do verdadeiro conhecimento de Deus e do Evangelho, desde a época de Ninrode até agora. D. DEUS PROMETE ABENÇOAR TODAS AS NAÇÕES 1. Abraão – o Primeiro Missionário de Deus Foi cerca de um milênio após o Zigurate de Babel, que Deus chamou a Abraão para que ele saísse de Ur dos Caldeus, como o Seu primeiro missionário. Jeová fez uma aliança com Abraão. Esta aliança exigia dele algo difícil: “O SENHOR havia dito a Abraão: Deixa o teu país, o teu E3.1 – A Barreira Babilônica povo, e a casa de teu pai, e vai para a terra que te mostrarei” (Gn 12:1). Assim sendo, foi renovada a visão de Deus por um povo que faria com que todo o mundo O conhecesse. Isso exigiria que fosse deixada a família e se fosse a povos de outras nações, línguas e culturas. Abraão tornou-se o primeiro missionário de Deus. A Aliança Abraâmica incluía sete promessas. A sétima era a mais importante. “Em ti todas as famílias (no hebraico = mishpachah, significando “tribos ou grupos étnicos”) da terra serão abençoadas” (Gn 12:3). Para que não fosse deixada nenhuma dúvida com relação ao que Deus quis dizer com isto, Paulo esclarece, sem sombra de dúvida, que Deus estava falando sobre a evangelização do mundo. “As Escrituras previram que Deus justificaria os gentios pela fé e anunciaram o Evangelho de antemão a Abraão: ‘Todas as nações serão abençoadas através de ti’” (Gl 3:8). Dois mil anos antes de Cristo, Deus declarou a Abraão o Seu desejo de que o mundo pagão fosse justificado e evangelizado. Foi uma promessa que seria frustrada pela influência de Babel. “Façamo-nos... edifiquemonos... para que não sejamos dispersos.” a. Um Fracasso de Responsabilidade. Deus havia feito o Seu povo Israel “uma luz para iluminar os gentios” (Is 42:6,7). Será que eles cumpriram este papel? Não! Eles fracassaram miseravelmente. Jeová contou a Abraão o que aconteceria com os seus descendentes. “Saibas, de certo, que os teus descendentes serão estrangeiros numa terra que não é deles, e serão escravizados e afligidos por quatrocentos anos... na quarta geração, os teus descendentes voltarão aqui...” (Gn 15:13,16). Isso aconteceu! Jacó mudou a sua família de setenta almas para o Egito na época de José (Gn 46:26, Êx 1:5). Moisés os tirou de lá quatro séculos mais tarde, como Deus havia dito a Abraão. “E QUEBRANDO A BARREIRA BABILÔNICA aconteceu, no final dos quatrocentos e trinta anos... que todos os exércitos do SENHOR saíram da terra do Egito” (Êx 12:41). 2. Israel Deveria Ser um Reino de Sacerdotes Quando Israel saiu do Egito, a primeira aliança que Deus Lhes ofereceu abrangia a responsabilidade e o privilégio que possuíam a nível mundial. Ele disse: “Se obedecerdes a Minha voz e guardardes a Minha aliança, farei de vós um reino de sacerdotes, uma nação santa” (Êx 19:5,6). Por que Deus precisaria de uma nação santa de 2,5 milhões de sacerdotes (ex 12:37)? O único motivo racional seria o cumprimento da promessa feita a Abraão, Isaque e Jacó. “Visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e todas as nações da terra serão abençoadas nele?” (Gn 18:18). “E em tua semente serão abençoadas todas as nações da terra, porquanto obedecestes a Minha voz” (Gn 22:18). “E multiplicarei a tua semente como as estrelas do céu, e darei à tua semente todas estas terras; e em tua semente todas as nações da terra serão abençoadas” (Gn 26:4). “E a tua semente será como o pó da terra, e estender-se-á ao ocidente, e ao oriente, e ao norte, e ao sul, e em ti e na tua semente todas as famílias da terra serão abençoadas” (Gn 28:14). Deus queria abençoar todas as nações (tribos, grupos étnicos), e Ele precisava de um grande número de sacerdotes missionários para comunicarem a Sua verdade a essas nações. A esperança de Deus era que Israel tivesse fé para aceitar a Sua oferta e cumprir o seu destino. Mas isto não aconteceu! “Por isso Me indignei contra esta geração... [porque] ...a mensagem que ouviram não Lhes foi de valor algum, porque os que a ouviram não a combinaram com a fé” (Hb 3:10;4:2). a. Duas Condições. A aliança (contra- SEÇÃO E3 / 895 to) oferecida tinha duas condições para os israelitas: 1) “obedecer a Minha voz” e 2) “guardar a Minha aliança.” Só precisamos ler Êxodo 20 para vermos que Israel rejeitou a primeira condição: “obedecer a Minha voz’’. “E disseram a Moisés: Fala tu conosco, e ouviremos; mas que Deus não fale conosco...” (Êx 20:19). “...cuja voz os que a ouviram suplicaram que a palavra não mais Lhes fosse dirigida” (Hb 2:19). Tendo rejeitado a voz de Deus, era impossível para esses israelitas cumprirem a vontade e o propósito de Deus para eles no sentido de serem um “reino de sacerdotes”. Alguns capítulos mais tarde vemos que os israelitas também violaram a segunda condição: “guardar a Minha aliança”. “E Moisés voltou e desceu do monte e as duas tábuas do testemunho [aliança] estavam em suas mãos...” “E aconteceu que, tão logo se aproximou do arraial, ele viu o bezerro e as danças, e acendeu-se o furor de Moisés, e arremessou as tábuas das suas mãos, e quebrou-as ao pé do monte” (Êx. 32:15,19). Moisés somente fez o que os israelitas já haviam feito através do seu pecado e desobediência – eles haviam quebrado a aliança; não haviam guardado a aliança. Assim sendo, Moisés arremessou as tábuas em que estava escrita a aliança e as quebrou. “... a aliança que fiz com os seus pais no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito; aliança esta que eles quebraram...” (Jr 31:32). 3. O Sacerdócio Levítico A promessa feita a Israel no Sinai de serem feitos “um reino de sacerdotes” não se refere ao sacerdócio levítico. Os levitas se tornaram sacerdotes como conseqüência do fracasso e da desobediência delineados acima. A primeira condição – “obedecer a Mi- 896 / SEÇÃO E3 nha voz” – foi quebrada. Como Deus poderia manter a Sua aliança e promessa de fazê-los “um reino de sacerdotes’’ uma vez que não queriam ouvir a Sua voz? O propósito de Deus foi uma vez mais frustrado quando os israelitas quebraram a aliança. Naquele dia, Deus decretou um julgamento: “Moisés ficou na entrada do arraial e disse: Quem é do S ENHOR, venha a mim. Então, todos os levitas se ajuntaram a ele. Aí ele Lhes disse: Isto é o que o SENHOR, o Deus de Israel diz: Cada um ponha a sua espada sobre a sua coxa. Voltai e percorrei o arraial de uma extremidade a outra, com cada um matando a seu irmão, e amigo, e ao seu próximo” (Êx 32:26,27). No final das contas, havia apenas uma tribo com armas prontamente disponíveis: a Tribo de Levi. O que havia acontecido com todas as outras tribos? O registro diz: “Aarão os havia despido na presença de seus inimigos.” Ao ler isto, temos a impressão de que eles estavam circulando sem nenhuma roupa! não é isto, no entanto, o que a palavra hebraica significa. Eles se encontravam militarmente expostos (nus) na presença dos seus inimigos. Eles haviam deposto as suas armas, muito embora estivessem rodeados por inimigos. Os filhos de Israel haviam retirado do Egito todo o ouro e toda a prata. Eles haviam multiplicado uma quantia equivalente a milhões de dólares pelos padrões de hoje. Lá estavam eles, os herdeiros do tesouro do mundo antigo, mas haviam deposto as suas armas. Não estavam protegendo a herança. Encontravam-se militarmente nus! Que tolice! Os levitas foram a única tribo fiel. Estando armados, entraram no meio dos desarmados e mataram três mil pessoas naquele dia. Deus designou os levitas para serem sacerdotes porque eles haviam mantido as suas armas ao seu lado. Eles foram os defensores da nação e de sua herança. E3.1 – A Barreira Babilônica Todos os demais haviam comprometido a segurança e o bem-estar da nação. “Os levitas fizeram conforme o que Moisés ordenara. E naquele dia, cerca de três mil pessoas morreram. Aí então, disse Moisés: Vós [levitas] fostes consagrados ao SENHOR hoje... e Ele vos abençoou neste dia” (Êx 32:28,29). Assim sendo, a Tribo de Levi tornou-se a tribo sacerdotal. Entretanto, o propósito de Deus de ter uma nação sacerdotal foi adiado por mais quinze séculos. A maior parte do mundo agora teria que esperar muitas gerações antes de poder conhecer sobre o único Deus verdadeiro. Através de toda a história os Zigurates continuariam a ser construídos ao redor do mundo. A influência de Ninrode aumentaria e obscureceria o conhecimento do Único Deus Verdadeiro. O mundo esperaria durante mais de um milênio por um povo que “obedeceria a voz de Deus” e “guardaria a Sua aliança”. 4. A Promessa Cumprida “Mas, quando a plenitude dos tempos chegou, Deus enviou o Seu Filho, nascido de mulher, nascido debaixo da lei, para redimir os que se encontravam debaixo da lei, para que pudéssemos receber a adoção de filhos” (Gl 4:4,5). E. POR QUE JESUS VEIO? 1. Jesus Veio Para Dar a Israel Uma Última Chance De Abraão a Cristo passaram-se 2.000 anos – vinte séculos em que Israel deixou de se apossar das promessas feitas a Abraão. Todas as nações não estavam sendo abençoadas, como Deus havia objetivado. Israel não estava iluminando os gentios, como Deus desejava. “Eu, o SENHOR, te chamei em retidão... para uma luz dos gentios.” “E Ele disse: também te darei para ser uma luz aos gentios, para que possas ser a QUEBRANDO A BARREIRA BABILÔNICA Minha salvação até aos confins da terra” (Is 42:6;49:6). Em vez de ser a luz de Deus para os gentios, isto é o que foi dito a Israel: “Pois o nome de Deus é blasfemado dentre os gentios através de vós...” (Rm 2:24). “E santificarei o Meu grande nome... o qual profanastes no meio delas; e os pagãos [gentios] saberão que Eu sou o SENHOR...” (Ez 36:23). Quando Jesus veio, Ele chorou sobre Israel e a sua capital: “Ao Se aproximar de Jerusalém e ver a cidade, Ele chorou sobre ela e disse: Se tu ao menos soubesses neste dia o que te traria a paz... “Os dias virão sobre ti em que os teus inimigos... te derribarão, a ti, e a teus filhos dentro dos teus portões. Eles não deixarão pedra sobre pedra, porque não reconheceste o tempo da visitação de Deus para ti” (Lc 19:41-44). Ao ser finalmente rejeitado pelos judeus, Jesus disse: “Portanto Eu vos digo: O Reino de Deus será tirado de vós e será dado a uma nação que dê os seus frutos’’ (Mt 21:43). Quem foi essa nação a quem foi concedido o Reino? Descobriremos isto logo em seguida. Israel pecou e perdeu o seu dia de oportunidade, a sua última chance de ser a nação missionária de Deus – um reino de sacerdotes. Agora outros receberiam a bênção e a chance de serem os sucessores naquilo em que Israel havia fracassado. 2. Jesus Veio Para Acabar com os Templos e a Construção Deles Ele veio para quebrar o poder do sistema religioso de Ninrode, o qual se orgulhava muito das construções religiosas. “E enquanto alguns falavam sobre o Templo, de como era adornado com formosas pedras e dádivas, Ele disse: Quanto a estas coisas que contemplais, os dias virão em que não será deixada pedra sobre pedra que não seja derribada” (Lc 21:5,6). “E, respondendo Jesus, disse-lhe: Vês es- SEÇÃO E3 / 897 tes grandes edifícios? Não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada” (Mc 13:2). Havia uma boa razão pela qual Jesus acabaria com os templos. “Assim diz o SENHOR: O céu é o Meu trono, e a terra é o escabelo dos Meus pés. Onde está a casa que Me edificaríeis?” (Is 66:1) “...o Altíssimo não habita em templos feitos por mãos humanas...” (At 7:48). “O Deus que fez o mundo e tudo o que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templo feito por mãos humanas” (At 17:24). Deus queria habitar no coração do Seu povo. Este era o Seu plano. “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Co 3:16). “...Deus habita em nós, e o Seu amor é aperfeiçoado em nós” (1 Jo 4:12). “...pois sois o templo do Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei, e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo” (2 Co 6:16). Pastor, você é como o rico insensato da parábola de Jesus? “E disse: Farei isto: derribarei os meus celeiros e edificarei outros maiores...” (Lc 12:18). Seja como Jesus e os primeiros apóstolos, os quais enfatizaram A MENSAGEM – E NÃO A ARGAMASSA (construções). A MENSAGEM produz corações prontos a fornecerem a Deus um lugar de habitação. A argamassa (Catedrais – Zigurates) acaricia os egos dos que constroem essas coisas. 3. Jesus Veio Para Abençoar TODAS as Nações Jesus veio para reavivar a antiga promessa e o propósito de Deus – de que todo o mundo fosse abençoado através do conhecimento de Deus. Ao ressuscitar dos mortos, Ele disse: “Todo poder Me é dado no céu e na terra, e eis que estou convosco sempre, até a consumação dos séculos... Portanto IDE!” (Mt 28:18-20). 898 / SEÇÃO E3 Qual era o significado disto? Jesus estava renovando a antiga “Comissão” a Noé e seus filhos. Ele estava reavivando o chamado missionário a Abraão e sua descendência. “Portanto... Ide!” Bem, a Igreja foi... mas somente até Jerusalém. Desde a época de Noé até agora parece que o principal problema do Senhor tem sido o de encontrar pessoas com uma visão mundial. A preocupação comigo, com a minha família, com os meus desejos e ambições parece personificar a maioria de nós. Muitos de nós, crentes pentecostais, temos a seguinte atitude: “Eu, minha esposa, meus dois filhos – nós quatro e fim de papo, Atos 2:4.” Antes que a Igreja Primitiva implementasse a clara comissão de Jesus: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16:15), o Senhor teve de permitir a perseguição. Foi necessário isto para tirá-los de seus confortáveis ninhos e para obedecerem o que Ele havia ordenado. Mesmo assim, não foram os pregadores (os apóstolos) que obedeceram. “E naquela época houve uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos eles foram dispersos por todas as regiões da Judéia e Samaria, exceto os apóstolos” (At 8:1). Foi um movimento “conduzido por leigos” que quebrou a exclusiva franquia dos Apóstolos Judeus sobre o Evangelho. “Portanto, os que foram dispersos [nenhum apóstolo – somente leigos] foram por toda parte, pregando a Palavra” (At 8:4). 4. Jesus Veio Para nos Fazer Uma Nação de Sacerdotes Os apóstolos judeus não prestaram maior atenção à Comissão de Jesus do que nós o fazemos hoje em dia. Eles ficaram sentados, desfrutando do reavivamento e das bênçãos em Jerusalém. Até o Oitavo Capítulo de Atos, quando veio a perseguição, eles não estavam fazendo nada a respeito do propósito mundial de Deus de propagação do Evangelho. Os lei- E3.1 – A Barreira Babilônica gos finalmente responderam, quando a perseguição os dispersou. Pedro diz: “Mas vós sois um povo escolhido, um sacerdócio real, uma nação santa, um povo que pertence a Deus...” (1 Pe 2:9). A mesmíssima coisa que Deus havia prometido aos filhos de Israel, em Êxodo 19, cumpre-se agora em nós. Deus não estabelece condições. Ele simplesmente diz: “VÓS SOIS sacerdotes reais [reis e sacerdotes], uma nação santa!” Não condicionalmente, como era sob a Antiga Aliança, mas incondicionalmente. “Eis que dias vem, diz o SENHOR, em que Eu farei uma nova aliança com a Casa de Israel, e com a Casa de Judá: “Não de acordo com a aliança que fiz com os seus pais no dia em que os tomei pela mão para tirá-los da terra do Egito, e esta Minha aliança eles quebraram...” “...Depois daqueles dias, diz o SENHOR, Eu colocarei a Minha lei no seu interior, e a escreverei em seus corações...” (Jr 31:3133). Agora, na verdade, Deus está dizendo: “Eu farei”. “Tentei obter a cooperação voluntária da Minha nação, Israel, mas eles recusaram. Agora vou fazer a obra, independentemente deles.” Não existe nenhum “clero” nem “leigo” em nenhuma parte da Bíblia. Jesus nos declara “reis e sacerdotes”. “E nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai; a Ele seja a glória e o domínio para todo o sempre. Amém” (Ap 1:6). “E para o nosso Deus nos fizeste reis e sacerdotes; e reinaremos sobre a terra” (Ap 5:10). F. O QUE QUEBRARÁ A BARREIRA BABILÔNICA? O que quebrou a barreira babilônica foi o fato de Deus haver descido e feito com que todos eles falassem em outras línguas. “Por isso se chamou o seu nome Babel, porquanto ali confundiu o SENHOR a língua de toda a terra, e dali os espalhou o SENHOR sobre a face de toda a terra” (Gn 11:6-9). QUEBRANDO A BARREIRA BABILÔNICA Era isso o que o Dia de Pentecostes objetivava alcançar: espalhar sobre toda a terra os que falaram novas línguas – para pregar o Evangelho de Cristo. Tal acontecimento foi para quebrar a barreira babilônica. O propósito daquele Dia não foi o de formar clubinhos do tipo “abençoe-me” que edificam para cima, ao invés de alcançarem os que estão de fora, e sim o de nos capacitar para irmos a todo o mundo e tornarmonos mártires para Jesus Cristo (At 1:8). Foi a confusão das línguas que quebrou a barreira babilônica. 1. Enfoque a Evangelização Mundial Deus queria que o Pentecostes (At 2:4) fosse isto para a Sua Igreja. O derramamento do Espírito Santo deveria fazer com que nos tornássemos internacionais e globais em nossa forma de pensar em nossa mentalidade. O Pentecostes deveria fazer com que percebêssemos que há pessoas de outras nações e línguas que estão esperando pelo Evangelho. Todas as vezes que você fala em línguas você deveria lembrar-se do programa global de Deus para todos os povos de “...todas as tribos e línguas, e povos, e nações.” O Livro do Apocalipse nos leva ao Céu e nos mostra o resultado da Era da Igreja. Reunida diante do Trono encontra-se uma multidão inumerável. “E cantavam um novo cântico: Tu és digno... porque... com Teu sangue compraste homens para Deus de toda tribo, e língua, e povo, e nação, e para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra” (Ap 5:9,10). Se é a vontade de Deus que essas pessoas “de toda tribo, e língua, e povo, e nação” estejam no Céu, é melhor que você ore para que o Deus Todo-Poderoso o ajude a fazer a sua parte, a fim de que elas possam receber o Evangelho. Um enorme segmento do mundo ainda espera pelo Evangelho. Duas entre cinco pessoas (dois bilhões de seres humanos) ainda estão esperando que a Igreja obedeça SEÇÃO E3 / 899 o mandamento de Cristo de IR e pregar – de cooperar com o desejo de Deus de justificar os pagãos através da fé em Jesus Cristo. Até cerca de 200 anos atrás, a Igreja encontrava-se totalmente presa nesta escravidão babilônica. A Idade Média havia trazido a total imersão do propósito divino sob o sistema religioso de Ninrode. Era chamado de “cristianismo”, mas, na verdade, era algo totalmente Ninródico. Era um sistema político com líderes religiosos dirigindo o espetáculo. 2. Pare de Construir “Templos” O que a Igreja fez durante aquelas trevas da Idade Media? Ela descartou o mandamento de evangelizar o mundo e começou a construir catedrais com lindas e altas torres “...cujo cume toque nos Céus...” De que espírito você acha que isto saiu? Será que saiu da Grande Comissão? Será que saiu do amoroso coração de Jesus “que veio para buscar o que se havia perdido” (Lc 19:10)? Não! Saiu da religião de Ninrode, a qual espalhou os seus tentáculos de trevas sobre a Igreja e a amaldiçoou, e produziu a venda dissoluta de indulgências para financiar a construção de torres e catedrais em direção ao Céu – não, como se afirmava, para a glória de Deus, mas sim para a vaidade carnal do homem. Não sou contra o aspecto de a Igreja ter as suas dependências para executar a Sua obra, mas a construção desvairada de torres de Babel para satisfazer o ego do homem é uma maldição pecaminosa sobre a Igreja. Deus nunca ordenou isto. Deus nunca deu este mandamento. Não há sequer uma palavra de autoridade para isto, de Gênesis a Apocalipse. No entanto, em que nós, líderes de igrejas do ocidente, enfocamos a maior parte dos nossos recursos, tempo e esforços. Na minha opinião, a predominância dos líderes são “Ninrodes”, dizendo: “Façamo-nos! Edifiquemo-nos! Para que não sejamos dis- 900 / SEÇÃO E3 persos – e acabemos indo para todo o mundo com o Evangelho.” (Considere isto como um sarcasmo.) As nossas torres de igrejas se projetam em direção ao céu e competimos uns com os outros para vermos quais os edifícios mais ostentosos que podem ser erigidos. É o antigo sistema de Ninrode levantando a sua horrenda cabeça: “Para que não sejamos dispersos por toda a terra para cumprirmos o propósito divino.” Não seria uma tragédia se isto acontecesse? (Esta pergunta é um sarcasmo divino). Esse é um problema antigo, que não desaparecerá com o Ralph Mahoney pregando sobre ele uma vez. Mas se você for um líder com coragem e fé, você poderá levantar-se e quebrar a barreira babilônica. Você poderá começar a orar contra ela, amarrando aqueles antigos e demoníacos principados e potestades que dominam mortalmente as finanças da Igreja e se recusam a liberá-las para a grande colheita do mundo. 3. Re-Ordene as Prioridades Financeiras Nos Estados Unidos, damos 3 centavos de cada 100 dólares doados em nossas igrejas (não 3 centavos de cada dólar, mas sim 3 centavos de cada cem dólares) para a evangelização missionária. Este é um triste comentário sobre uma Igreja dominada pela escravidão de Babel. Quarenta por cento do mundo ainda não possui o Evangelho. Essas pessoas nunca o ouviram e não se encontram ao alcance do Evangelho hoje. Que crime! Quase dois mil anos se passaram desde que Jesus disse aos Seus seguidores o que Ele queria especificamente que fizessem. E3.1 – A Barreira Babilônica Quatro mil anos se passaram desde que Deus contou a Abraão sobre o Seu desejo de possuir um povo que abençoaria a todas as nações. Cinco mil anos se passaram desde que Deus falou sobre o Seu plano mundial a Noé e seus filhos – e o mundo nãoevangelizado ainda está aguardando. “Despertai para a retidão e não pequeis; pois alguns ainda não têm o conhecimento de Deus: Falo isto para vergonha vossa” (1 Co 15:34). Se era uma vergonha trinta anos após o Pentecostes, quando Paulo escreveu isto, é uma vergonha dupla, hoje em dia, o fato de que alguns ainda não possuem o conhecimento de Deus. Nós, líderes de igrejas em nações ocidentais, temos decisões a tomar sobre quando, onde, e como nos levantaremos para quebrarmos a barreira babilônica. Precisamos ter como nossa prioridade número 1 a pregação do Evangelho – espalharmos a mensagem e pararmos de espalhar tanta “argamassa” (a construção de apriscos maiores para abrigarmos as ovelhas). As ovelhas foram feitas para o campo e não para os apriscos. “O campo é o mundo” (Mt 13:38). Digo pela terceira vez que a ênfase da Bíblia é a mensagem. A ênfase do cristianismo ocidental é a argamassa. Pense nisto! G. CONCLUSÃO Um dos principais obstáculos à evangelização mundial é o conceito das catedrais. As catedrais absorvem a maior parte dos recursos financeiros que deveriam ser usados para a propagação do Evangelho. “Senhor! Faça com que nos arrependamos deste terrível pecado contra os não-evangelizados. AMÉM!” APRENDER COMO GANHAR ALMAS SEÇÃO E4 / 901 SEÇÃO E4 APRENDER COMO GANHAR ALMAS Ralph Mahoney e Dr. T. L. Osborn ÍNDICE DESTA SEÇÃO E4.1 - Métodos do Evangelismo E4.2 - Porque Devemos Evangelizar E4.3 - Seguindo os Sinais do Evangelismo E4.4 - O Verdadeiro Cristão – Como Ser Salvo E4.5 - Sugestões Práticas Para Ganhar Almas Capítulo 1 Métodos do Evangelismo Os cristãos das nações ocidentais acham que o ganhar almas é feito dentro dos auditórios das igrejas. Enquanto muitos encontram a Cristo nos prédios das igrejas, nos tempos bíblicos o ganhar almas era feito do lado de fora, onde as pessoas viviam. Portanto, deixe que a cruz seja levantada novamente no centro do mercado, da mesma forma como na parede da igreja. Jesus não foi crucificado numa catedral entre dois candelabros, mas numa cruz entre dois ladrões numa encruzilhada percorrida pelos povos de tantas nações que eles tiveram que escrever a denominação d’Ele em Hebraico, Latim e Grego. O Filho de Deus foi crucificado num lugar onde os cínicos falavam obscenidades, onde os ladrões blasfemavam e onde os soldados jogavam jogos de azar. Por ter sido este o lugar onde Cristo morreu e esta a razão porque Ele morreu, é ali que os cristãos podem compartilhar melhor a Sua mensagem de amor porque é para isso o verdadeiro cristianismo. A. DOIS MÉTODOS DE EVANGELISMO No Livro de Atos havia somente dois métodos de evangelismo: o evangelismo em massa ou o evangelismo pessoal. 1. O Evangelismo em Massa “E descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo. E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia. E havia grande alegria naquela cidade” (At 8:5,6,8). A enorme cruzada de Filipe, na cidade, é um exemplo de evangelismo em massa. Vemos em Atos 8:26-38 este mesmo evangelista, Filipe, praticando o evangelismo pessoal. “E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipe, abrindo a sua boca e começando nesta escritura, lhe anunciou a Jesus” (At 8:34,35). “Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente [evangelismo em massa] e pelas casas [evangelismo pessoal]. Testificando tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20:20, 21). Um século depois do Dia de Pentecostes a discussão teológica tomou o lugar do ganhar almas na Igreja, o que resultou em indiferença e apostasia espiritual. Por volta do quarto século começou a Era das Trevas. 902 / SEÇÃO E4 Foi somente depois do século 18 que o evangelismo em massa começou a reaparecer representado por John Wesley (fundador da igreja Metodista). O evangelismo pessoal, como praticado pela Igreja no Livro de Atos, somente começou a ser redescoberto nesse último século. 2. O Ganhar Almas, Pessoal Durante muitas gerações, os cristãos evangelizaram na Igreja, nas salas de aulas de suas escolas, nos bancos de igrejas; mas não evangelizaram o mundo dos incrédulos. As pessoas eram recrutadas pela classe e pela sociedade, e eram convidadas para a igreja, onde se esperava que elas receberiam a Cristo como o seu Salvador e Senhor. Isto funcionava para aqueles que iam à igreja. Porém 90 por cento, ou mais, das pessoas jamais freqüentarão a igreja e, portanto, elas nunca poderão ser ganhas lá. A nossa maior oportunidade está fora da igreja. Os cristãos devem ganhar almas no seu local de trabalho, nos parques, nas ruas e nas casas. Devemos sair pelo mundo afora, onde as pessoas estão. A Igreja nasceu de uma chama do ganhar almas pessoal. Almas eram ganhas nas casas, num ministério cara a cara. “...E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e da Samaria, exceto os apóstolos.” “Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra” (At 8:1,4). Nota: Era o “leigo” que ia a toda parte pregando a Palavra e guiando o povo para Cristo. Os “apóstolos” permaneceram em Jerusalém. Aquela foi a maneira que Deus planejara. Os líderes foram colocados na igreja para “...a obra do ministério” (Ef 4:12). Todo membro devia ser instruído pelo líder da igreja a como trazer outros para Cristo. E4.1 – Métodos do Evangelismo Uma brisa refrescante do Novo Testamento estilo evangelismo, está soprando através do mundo inteiro. O lema de vida dos cristãos é muito simples: Um Caminho! Um Trabalho! O Caminho é Jesus! O Trabalho é ganhar almas! Não existe alegria como a de dar as boas novas a todos, em toda parte – ganhar almas, onde as pessoas estão! “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19:10). “e o que ganha almas é sábio” (Pv 11:30). “Os entendidos pois resplandecerão, como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça [ganhadores de almas] refulgirão como as estrelas sempre e eternamente” (Dn 12:3). Tornar-se sócio com Jesus na Sua obra poderosa de salvar almas perdidas é a coisa mais importante no mundo. a. Uma Visita a Áquila. Venha comigo, numa visita a cidade de Éfeso. Iremos visitar Áquila e Priscila, pessoas de negócios e líderes de igreja, leigos. “Boa noite Áquila. Sabemos que você é um dos membros desta igreja. Podemos entrar um pouco para visitar?” “Certamente que sim! Entrem!” “Se você não se importa, gostaríamos que nos contasse de que maneira as igrejas aqui na Ásia Menor cuidam dos seus programas de ganhar almas. Lemos que você tem sido um membro da igreja de Corinto e de Roma, assim como desta aqui em Éfeso. Você deve ser muito qualificado para nos falar sobre o evangelismo da Igreja no Novo Testamento. Se você não se importar, gostaríamos de visitar a sua igreja, enquanto estivermos aqui.” “Sentem-se. Vocês já estão no local de reuniões. A igreja se encontra aqui na minha casa.” “Você não tem um prédio da igreja?” “O que é um prédio de igreja? Não, acho que não temos.” “Diga-nos, Áquila, o que a sua igreja está fazendo para evangelizar Éfeso? O que você APRENDER COMO GANHAR ALMAS está fazendo para alcançar a cidade com o Evangelho?” “Oh, nós já evangelizamos Éfeso. Todas as pessoas na cidade entendem o Evangelho claramente.” “Como a igreja fez isto? Vocês não tem rádio, televisão, comunicações eletrônicas ou imprensa. Você teve muitas campanhas evangelísticas?” “Não. Como você provavelmente ouviu, nós tentamos as reuniões em massa nesta área mas a maioria das vezes acabávamos na prisão.” “Como você fez, então?” “Nós simplesmente fomos a todas as casas na cidade. Essa foi a maneira que a igreja em Jerusalém primeiro evangelizou aquela cidade (At 5:42). Os discípulos lá, evangelizaram a cidade inteira de Jerusalém, num curto espaço de tempo. Todas as outras na Ásia Menor seguiram o exemplo deles.” “É eficiente em toda parte?” “Sim, e. há tantos convertidos que alguns dos líderes gentios temem que as religiões deles venham a morrer. Quando Paulo deixou Éfeso pela última vez, ele nos recomendou que continuássemos seguindo este mesmo procedimento” (At 20:20). “Áquila, isso é surpreendente! Neste grau de velocidade, não há como dizer quantas pessoas estão ouvindo e reagindo ao Evangelho.” “Oh, você não sabia? Nós já compartilhamos o Evangelho com cada pessoa na Ásia Menor, com os judeus e os gregos” (At 19:10). “Isto não é possível. Você não quer dizer todos!” “Sim, todos.” “Mas isto incluiria Damasco, Éfeso, dúzias de cidades grandes, assim como aldeias. E as tribos nômades no deserto? Quanto tempo levou para que as igrejas chegassem a todas essas pessoas?” “Não muito tempo: 24 meses, para ser exato” (At 19:10). “A mesma coisa está acontecendo na África do Norte e no Sul da Europa. O Evangelho já alcançou também a Espanha. Ouvimos sobre uma terra cha- SEÇÃO E4 / 903 mada Inglaterra e, neste momento, muitos cristãos devem estar lá.” “Áquila, o que você está nos contando é incrível! Você tem feito mais, numa geração do que nós temos feito em mil anos!” “Isso é estranho. Tem sido muito simples para nós, fazê-lo. É difícil de acreditar que as coisas estejam caminhando tão vagarosamente para vocês. Talvez haja uma forma melhor para espalhar as boas novas, do que pregar nos prédios das igrejas. Talvez vocês precisem tentar os nossos métodos.” Licença Para Ganhar Almas Dê-nos um lema para o momento Uma palavra emocionante, uma palavra de poder; Uma batalha clama, um fogo ardente Um chamado para a conquista ou para a morte; Uma palavra para despertar a igreja do repouso, Para atender ao comando superior do Mestre. O chamado é feito, as hostes se levantam, O lema é EVANGELIZAR! Aos homens decaídos, uma raça agonizante, Faça conhecer o dom da graça do Evangelho. O mundo que agora jaz nas trevas, ó Igreja de Cristo, EVANGELIZAR! Capítulo 2 Porque Devemos Evangelizar A. SETE RAZÕES PARA GANHAR ALMAS 1. Porque Jesus Era um Ganhador de Almas “Esta é uma palavra fiel e digna de toda a aceitação que Cristo Jesus veio ao mun- 904 / SEÇÃO E4 do, para salvar os pecadores...” (1 Tm l:15). “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19:10). a. Jesus Veio Para Salvar as Pessoas. Esta é a missão d’Ele. O primeiro grupo a quem Jesus escolheu para segui-Lo, recebeu este desafio: “...Vinde após mim e eu vos farei Pescadores de homens’’ (Mt 4:19). O último grupo que seguiu Jesus para a Sua ascensão, recebeu esta ordem: “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; “Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado...” (Mt 28:19,20). “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-meeis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1:8). A palavra cristão significa, como Cristo. Cristo veio para salvar as pessoas, para procurar o perdido. Assim, se vamos ser como Cristo devemos ser, também, ganhadores de almas. b. Ele Foi Aonde as Pessoas Estavam. Jesus levou a mensagem d’Ele para as pessoas. Ele foi aonde quer que as pessoas estivessem: nos mercados, nas esquinas das ruas, nos lados das montanhas, nos litorais, nas casas. Ele foi criticado pelos líderes religiosos, por Se identificar com as pessoas, aonde elas estavam. “...Este recebe pecadores e come com eles” (Lc 15:2). Ele nos encoraja: “...Sai pelos caminhos e valados e força-os a entrar, para que a minha casa se encha” (Lc 14:23). Ele jamais disse, “Vá a igreja e ore para que Deus envie pessoas para dentro dela.” Ele disse, “...sai e força-os a entrar, para que a minha casa se encha.” Após a Sua ascensão, os seguidores de E4.2 – Porque Devemos Evangelizar Jesus agiram exatamente como Ele. Eles se ocuparam testemunhando nos mercados, nas ruas, nas casas; falando, argumentando, testemunhando, persuadindo, pregando, ganhando almas, forçando as pessoas a acreditarem no Evangelho – tudo como Jesus fez. A Bíblia diz, “E todos os dias, no tempo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo (At 5:42). Tire um momento, diariamente, para dar uma volta ao mundo no seu Novo Testamento. Enquanto as igrejas têmraramente, mais do que duas ou três reuniões por semana, os casinos, os cinemas, os bares, os parques de diversões e os salões de darujas, estão realizando negócios diariamente. Os cristãos do Novo Testamento estavam diariamente, ensinando e pregando sobre Jesus Cristo, no templo e em todas as casas. c. Ele Disse “Vá e Traga-os.” Oramos para que as pessoas sejam salvas. Jesus disse, “Vá e traga-os.” Elas estarão perdidas se tudo o que fizermos for orar. “...Deus que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra de reconciliação” (2 Co 5:18,19). Deus nos deu o ministério e a palavra de reconciliação para reconciliar os homens com Deus. Deus tem feito tudo o que Ele pode. “Deus... deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pareça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Cristo tem feito tudo o que Ele pode. “E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz... reconciliasse consigo mesmo todas as coisas...” (Cl 1:20). Ele nos incumbe de contar as boas novas a todo o mundo, em toda parte. “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em APRENDER COMO GANHAR ALMAS quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue?” (Rm 10:13,14). A nossa parte é contar às pessoas, deixar que elas conheçam as boas novas sobre o que o nosso Pai Celestial e Seu Filho tem feito para nos salvar. Todos devíamos ser ganhadores de almas, porque Jesus o era. 2. Porque a Colheita é Grande “Então disse aos seus discípulos: A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros” (Mt 9:37). “E, vendo a multidão, teve grande compaixão deles, porque andavam desgarrados e errantes, como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9:36). a. Jesus Enviou Obreiros Para os Campos de Colheita. O que Jesus fez após refletir sobre aquela multidão indigente? Ele chamou doze discípulos, deu-lhes poder para expulsar demônios e curar os enfermos, e os enviou para que ajudassem a ceifar aquela colheita. Por causa da grande colheita, Ele escolheu outros setenta discípulos (veja Lucas 10:1-3). A eles Ele disse: “Eis que vos dou poder para pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo, e nada vos fará dano algum” (Lc 10:19). Jesus fez alguma coisa sobre o amadurecimento dessa Colheita. Ele não Se acomodou simplesmente e ponderou e orou a respeito dela. Ele designou obreiros para os campos dessa Colheita. Nós também podemos ser movidos pela compaixão na direção daqueles que não foram tocados pelo Evangelho. Se somos “como Cristo”, nos tornaremos envolvidos, fazendo alguma coisa sobre compartilhar o Evangelho com eles. b. Devemos Buscar Lá Fora. O ganhar almas é feito lá onde as pessoas vivem, trabalham e se divertem. É vital enfatizarmos esse principio básico de ganhar almas. SEÇÃO E4 / 905 Não vamos pescar nas nossas banheiras. Se desejamos pegar peixes, atiramos a nossa rede no oceano ou no lago. Colocamos a nossa isca no anzol e a jogamos no rio ou no córrego – lá onde os peixes estão. Ceifamos as nossas colheitas nos campos, lá onde o grão está preparado e pronto para ser colhido. Raramente ganhamos almas, permanecendo dentro da igreja. Para fazer a colheita dos não convertidos, carregamos o nosso testemunho para fora dos nossos santuários e o levamos para os mercados, para as ruas, para as prisões, para os hospitais, para as casas das pessoas, para o meio deles. Isto é evangelismo. Os hindus não vão a igreja. Os muçulmanos não entram num templo cristão. Os xintoístas e budistas não tomam parte no culto cristão. O excomungado não vai a igreja. Devemos ir lá “...pelos caminhos e valados e forçá-los a entrar...” (Lc 14:23). Existe um princípio de urgência quando chega a colheita. Se os campos não são ceifados rapidamente, a colheita pode se estragar. As tempestades podem arruinar o trigo ou o milho. Se não forem colhidos rapidamente os frutos podem amadurecer demais e se estragarem. Paulo frisou para outros, o seu próprio senso de urgência: “Isto, porém, vos digo, irmãos, que o tempo se abrevia...” (1 Co 7:29). Se realmente desejamos colher os frutos da colheita da nossa geração, o segredo é redescobrir a urgência, a paixão e o zelo da Igreja primitiva. Os cristãos daquela época saíram pelas cidades e aldeias, numa busca constante de almas perdidas, mesmo colocando a sua vida em risco. Isto é ser como Cristo. Isto é o verdadeiro cristianismo. c. Mobilize Para Evangelizar. Como líder de igreja, é seu dever iniciar o processo de orar, mobilizar e planejar o ganhar almas. Era esta a ordem no ministério de Jesus: 1) Ver. Jesus viu a colheita e foi movido pela compaixão. 906 / SEÇÃO E4 2) Orar. Ele então se pôs a orar para resolver o problema dos obreiros para a Colheita. “E aconteceu que naqueles dias subiu ao monte a orar, e passou a noite em oração a Deus” (Lc 6:12). 3) Escolher. Após orar, Ele selecionou obreiros – os doze e os setenta – e os treinou e os equipou para que saíssem e colhessem os frutos da Colheita. Ele viu – Agora, Ele quer que vejamos. “...Eis que vos digo: Levantai os vossos olhos, e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa” (Jo 4:35). Ele orou – Agora, Ele quer que oremos. “...rogai pois ao Senhor da seara que envie obreiros para a sua seara” (Lc 10:2). Ele escolheu – Agora, Ele quer que escolhamos. “Escolhei pois, irmãos,... sete varões... cheios do Espírito Santo... aos quais constituamos sobre este importante negócio” (At 6:3). Este simples plano de ação – Ver, Orar, Escolher – iniciará o processo de colheita. Nosso Lema: Cada Cristão, um Testemunho! Nossa Missão: Lá, Onde as Pessoas Estão! Esta é a segunda razão porque somos ganhadores de almas: A Colheita é verdadeiramente excelente! 3. Porque os Obreiros São Poucos “Depois disto ouvi a voz do Senhor que dizia: A quem enviarei, e quem há de ir por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, enviame a mim.” (Is 6:8). a. Bilhões Precisam Ouvir. O número de pessoas no mundo está aumentando numa proporção acima de 70.000.000 (setenta milhões) a cada ano. Menos que 3.000.000 (4%) delas estão sendo alcançadas pelo Evangelho. Cerca de 40% das pessoas (dois bilhões) no mundo, estão fora do alcance do Evangelho. b. Sem Cristo as Pessoas Estarão Perdidas. As pessoas não evangelizadas E4.2 – Porque Devemos Evangelizar nunca ouvirão o Evangelho, a menos que você aja para quebrar esta “...fome de... ouvir as palavras do Senhor” (Am 8:11). Mobilizando e treinando ganhadores de almas para irem lá onde os pecadores estão é a única solução para esse dilema. Milhares de cidades e aldeias da China e da Índia, ainda não têm quem Lhes fale sobre Cristo. Lá, as pessoas vivem e morrem sem Cristo. Não porque elas O rejeitem mas porque durante os 2.000 anos passados, nenhum cristão foi até lá para compartilhar com elas o Evangelho do amor de Cristo. Um em cada 500 líderes de igreja, dedica sua vida a alcançar as pessoas. Necessitamos de um reencaminhamento aos princípios adotados pelo Apóstolo Paulo: “E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (Rm 15:20). Paulo sempre ia “Para anunciar o evangelho nos lugares que estão além... (2 Co 10:16), lá onde as pessoas ainda não tinham ouvido sobre Cristo. Pedro também compreendeu que “O Senhor não retarda a sua promessa... não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pe 3:9). NÃO É A VONTADE DE DEUS, que os homens se percam. Eles se perdem porque não Lhes temos ofertado o Evangelho. Não é de surpreender que Paulo fosse tão veemente sobre esse assunto. “Vigiai justamente e não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus; digo-o para vergonha vossa” (1 Co 15:34). São deduzidos três pontos importantes: 1) A Igreja Dorme. As pessoas estão perdidas porque a Igreja está dormindo. O chamado é “Acorda para a retidão...; “...o que dorme na sega é filho que envergonha” (Pv 10:5). 2) É Pecado. É PECADO as pessoas não saberem sobre Deus. Somos advertidos, “...não pequeis; porque alguns ainda não têm o conhecimento de Deus...” APRENDER COMO GANHAR ALMAS Isto é um pecado de omissão. “Aquele pois que sabe fazer o bem e não o faz, comete pecado” (Tg 4:17). 3) É Vergonhoso. Esse fato é causa para vergonha. “... o que dorme na sega é filho que envergonha” (Pv 10:5). O lamento aflito dos perdidos se eleva até o Céu, “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos” (Jr 8:20). Essa condição terrível existe porque são muito poucos os obreiros. “Rogai pois ao Senhor da seara que mande ceifeiros para a sua seara” (Mt 9:38). Nós somos ganhadores de almas porque os obreiros são muito poucos. 4. Por Causa da Grande Incumbência “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura” (Mc 16:15). Todo crente é incumbido e chamado. “Que nos salvou, e chamou com uma santa convocação... segundo o seu próprio propósito e graça...” (2 Tm 1:9). a. Todo Crente Tem Responsabilidade. A “Grande Incumbência” para executar e o “Chamado Santo” para testemunhar e servir, é a autoridade de todo crente, dada por Deus para ministrar. Todo crente tem três ministérios sacerdotais: 1) Ministrar ao Senhor em oração, louvor e adoração. 2) Ministrar uns aos Outros com relação afetuosa e apoio financeiro e espiritual; e 3) Ministrar ao Mundo (incrédulos) através da cura de enfermidades físicas e emocionais, expulsando demônios e lhes contando as boas novas, “...que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15:3,4). Quando os crentes são ensinados a como realizar esses três ministérios, muitos assumirão seus privilégios e responsabilidades SEÇÃO E4 / 907 dados por Deus e dirão, “...Eis-me aqui, envia-me a mim” (Is 6:8). b. Um Grande Privilégio. Cristo não nos deixou um privilégio maior do que o de proclamar o Evangelho para todas as criaturas. Isto foi o que fizeram, dia e noite, os primeiros cristãos. Eles curaram os enfermos; expulsaram demônios e pregaram o Evangelho de casa em casa, nos mercados, nas aldeias, nas estradas movimentadas, nas ruas, nos lugares de encontros, nas celas das prisões, nos calabouços, em toda parte. Eles não tinham catedrais ou esmerados prédios de igrejas, para inibir o seu regozijo desenfreado de ministrar e compartilhar com aqueles que esperavam ansiosamente para receber a Cristo. Eles foram lá onde os pecadores estavam e propagaram o Evangelho. Devíamos viver e respirar para um único propósito: compartilhar o Evangelho com o maior número de pessoas e através de todos os meios possíveis. Não temos que ser “ministros ordenados” para compartilhar o Evangelho. Isto é um privilégio de todo crente. Os cristãos não precisam de um chamado especial para fazer as coisas que Deus autorizou que fossem feitas por toda parte, no mundo. Eles só precisam aceitar a honra conferida a eles de se tornarem embaixadores por Cristo. c. Todo Crente é Incumbido. Porque todo crente é incumbido e chamado, não é necessário um “chamado especial” para ser um ganhador de almas. O ensinamento de Jesus é claro: “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens... Sai pelos caminhos e valados e força-os entrar, para que a minha casa se encha” (Mt 5:16; Lc 14:23). Jesus disse, “...pregai o Evangelho a toda a criatura.” Se uma nação é 95 por cento cristã e uma outra é 95 por cento não cristã, a nossa escolha deve ser alcançar a nação não cristã. Se um campo pequeno de grãos amadurecidos tivesse 100 ceifeiros trabalhando 908 / SEÇÃO E4 nele, e um campo grande tivesse somente um ceifeiro, em qual deles você trabalharia para salvar os grãos? Você deveria escolher o campo onde a necessidade é maior e onde há pouquíssimos obreiros para satisfazer as necessidades. Se dez pessoas estivessem levantando um cepo, estando nove delas na extremidade menor e uma só pessoa na extremidade maior, não seria difícil escolher onde você se colocaria para levantar o cepo. d. Deus Conduzirá. À medida que você motivar os seus membros a orarem e irem aos lugares que precisam do Evangelho, o Espírito de Deus começará a guiá-los à medida em que eles caminham. Você não pode conduzir um navio que esteja parado na água. O movimento do timão é necessário para guiar o navio. Assim é com a orientação de Deus. Em certa ocasião, Paulo estava a caminho da Ásia, mas “...foram impedidos pelo Espírito Santo... intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não lho permitiu. E Paulo teve de noite uma visão.” Nesta visão, “se apresentou um varão da Macedônia, e lhe rogou dizendo: Passa a Macedônia, e ajuda-nos” (At 16:6,7,9). Este é o tipo de direção que você pode receber se você permanecer suscetível e alerta no seu espírito. Paulo já era um apóstolo, um evangelista, indo pelo mundo pregando o Evangelho. À medida que ele ia também a “lugares que estão além,” ele recebia esta orientação para a Macedônia. Quando refletir onde colher, faça esta oração: “Senhor, se existe algum campo, área ou nação onde Tu nos queres, mostra-nos e iremos. Mas se não mostrares, escolheremos a melhor oportunidade para ceifar a colheita mais frutífera e continuaremos lá, ceifando, até que Tu nos guies a um outro lugar.” Ele prometeu, “...eu estou convosco todos os dias” (Mt 28:20). São muito claras as ordens d’Ele para nós: “...IDE por TODO o mundo, pregai o evangelho a TODA a E4.2 – Porque Devemos Evangelizar criatura.” As palavras de Cristo são para serem cumpridas e não para serem analisadas, discutidas ou teorizadas. Somos ganhadores de almas por causa da Grande Incumbência que recebemos de Jesus Cristo. 5. Por Causa do Não Cumprimento das Profecias Concernentes à Volta de Jesus A volta de Cristo à terra é a esperança abençoada de milhões, na Igreja oprimida. Jubilosamente abraçamos esta esperança. “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15:19). Almejamos a volta d’Ele. a. A Pregação do Evangelho no Mundo Todo. Mas, a maioria que ensina isto não está fazendo nada para tornar possível a volta d’Ele. Muitos ensinam que não há profecias não cumpridas prevenindo a volta d’Ele. Jesus deixou bem claro. Existiriam certas condições antes que Ele pudesse voltar à terra. A mais importante delas está em Mateus 24:14: “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim.” “Em verdade vos digo que... este evangelho for pregado em todo o mundo...” (Mt 26:13). “E em seu nome se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados em todas as nações...” (Lc 24:47). “...ser-meeis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1:8). Na linguagem grega, a palavra nações é ethnos. Ela se refere a grupos “étnicos.” Especificamente a grupos de pessoas nãojudias, que têm identidade lingüística e cultural ímpares e que fazem deles diferentes de qualquer outro grupo de pessoas no mundo. Na Índia há mais de 2.000 desses grupos de pessoas. Muitos desses grupos nunca ou- APRENDER COMO GANHAR ALMAS viram o Evangelho e a maioria deles não tem um único versículo da Bíblia em sua língua. b. Santos de Todas as Nações. Foi dada ao Apóstolo João uma visão profética para o futuro. Ele viu uma cena celestial. “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, [ethnos] e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestidos brancos e com palmas nas suas mãos. Estes são os que... lavaram os seus vestidos e os branquearam no sangue do Cordeiro” (Ap 7:9,14). Este é o resultado final da era da Igreja. Os incontáveis milhões de redimidos que compõem a Igreja, estão envolvidos no servir a Deus perante o Seu trono, por toda a eternidade. Observe que eles são de todos os grupos étnicos (nações), de todas as tribos e grupos de idiomas. Se Jesus viesse hoje, a era da Igreja terminaria e nós que O servimos seríamos “...arrebatados... a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor” (1 Ts 4:17). Mas como existem milhares de grupos de pessoas não alcançadas, que ainda não ouviram o Evangelho, Jesus não pode voltar hoje. Se Jesus viesse antes que todos os “ethnos” tivessem ouvido o Evangelho, a visão tida por João não poderia ser verdadeira. As pessoas que não ouvirem o Evangelho não irão para o Céu. “Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo. Como pois invocarão aquele em quem não creram? e como crerão naquele de quem não ouviram? e como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se não forem enviados?” (Rm 10:13-15). Essas perguntas sensatas deviam calar fundo no nosso coração. Devemos compreender que existe alguma coisa que devemos fazer para trazer o Rei Jesus de volta. SEÇÃO E4 / 909 Jesus está perguntando aos líderes de igrejas... “Vós sois meus irmãos, meus ossos e minha carne sois vós: por que pois seríeis os últimas em tornar a trazer o rei?” (2 Sm 19:12). c. Pregue o Evangelho a Todas as Criaturas. A Igreja está envolvida em fazer muitas coisas boas, mas temos negligenciado a instrução mais importante que Jesus nos deu, o Seu último mandamento: “...pregai o evangelho a TODA a criatura” Isto, temos deixado de fazer. “...deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas” (Mt 23:23). Milhões de pessoas que ainda não ouviram sobre Cristo, morrem sem ter tido essa oportunidade. Elas ainda esperam que os líderes de igrejas organizem um tempo de prioridade, pessoas e dinheiro para fazer com que elas consigam a sua primeira chance de ouvir sobre Jesus. A Igreja discute sobre a segunda vinda de Cristo, quando milhares de tribos e grupos não ouviram sobre a Sua primeira vinda. Insistimos na segunda graça divina, enquanto aqueles esquecidos nunca experimentaram a primeira. Argumentamos sobre um reenchimento, quando multidões nunca experimentaram o primeiro enchimento. É justo isso? Devem, aqueles que estão na frente da fila, receber uma segunda rodada antes que os famintos, no fim da fila, tenham recebido a primeira? 1) Os Cristãos Primitivos Eram Motivados. Devemos nos arrepender desta desobediência e dedicar o nosso tempo, o nosso povo e o nosso dinheiro à tarefa de levar o Evangelho ao mundo TODO e a TODAS as criaturas. Esse conceito de ganhar almas para trazer de volta o Rei, motivou de tal modo os cristãos primitivos, que eles propagaram o testemunho do Evangelho através do mundo mais conhecido por eles. Através do Mar Mediterrâneo, a mensagem foi até a África do Norte, salpicada 910 / SEÇÃO E4 de lugares cristãos de adoração. Enfrentando tempestades e perigos no mar, e todos os apuros concebíveis, eles propagaram a mensagem com inigualável bravura. 2) A Queda das Trevas Espirituais. Alguma coisa aconteceu após os primeiros cem anos. Em vez de alugarem as caravanas de camelos do Sul do Saara para as montanhas e florestas africanas, ou se compelirem para leste, além das barreiras continentais das montanhas ou para o norte, em direção às tribos gentias européias, eles se tornaram mais interessados em conservar o que tinham. Eles fracassaram no avanço para fora das partes mais remotas da terra. As disputas doutrinais tomaram o lugar do testemunho pessoal. As assembléias começaram a substituir o evangelismo. As disputas denominacionais e o poder político se tornaram mais importantes do que seguir o Cordeiro. Eles criaram organizações e as chamaram de “igreja.” A treva espiritual começou a descer sobre a terra. A longa e sombria noite dos longos mil anos da Era das Trevas, desceu sobre o mundo. Jesus amou tanto o mundo, que morreu por ele. A igreja, indiferente, abandonou esse mundo para a conquista de Maomé, para as devastações do poderoso mongol Ghenghis Khan, para a espada manchada de sangue, de Napoleão. 3) Os Morávios Oravam e Agiam. Foram necessárias reuniões de orações durante vinte e quatro horas por dia, por mais de cem anos, para quebrar essa ação mortal de indiferença da Igreja. Aquele ministério foi iniciado cerca de 250 anos atrás, através da influência de um pequeno conhecido e não muito considerado príncipe bavário, chamado Conde Van Zinzendorf. A Igreja Morávia, que foi creditada a ele como sendo o seu fundador, desenvolveu os primeiros (e por muitos anos, os únicos) missionários evangélicos dos tempos modernos. Os morávios oravam com paixão pelas E4.2 – Porque Devemos Evangelizar almas perdidas dos homens. Eles não oravam somente, eles agiam para levar o Evangelho até eles. Os morávios deram os melhores dos seus jovens, para se tornarem soldados no exército do Senhor. Dois daqueles jovens ouviram que numa ilha do Mar do Caribe, 40.000 africanos estavam presos, na mais abjeta escravidão. Ninguém era admitido na ilha, a não ser que fosse como um escravo. Os dois jovens morávios foram movidos pela compaixão daqueles escravos. Eles imaginaram que aqueles escravos morreriam com os seus pecados se eles não levassem o Evangelho até lá. Então, os dois jovens morávios venderam-se como escravos para poderem alcançar aqueles Africanos. À medida que eles navegavam do cais em Hamburgo, Alemanha, suas últimas palavras ecoaram através das marés do oceano: “Estamos indo ganhar para o Cordeiro, a recompensa do Seu sacrifício.” Eles acreditavam que pudessem ajudar a trazer o Rei de volta. Eles acreditavam que Jesus não pudesse voltar até que “...este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes.” 4) Aprenda com os Revolucionários Políticos. Você já estudou, alguma vez, como os revolucionários políticos ganham as nações? Eles infiltram líderes nas colinas, nas florestas, nos pântanos e de lá levam a sua influência às tribos locais. Eles prometem escolas, empregos, ajuda e prosperidade (embora raramente cumpram suas promessas). Uma vez entrincheirados entre aquelas pessoas esquecidas, onde a doença e a pobreza são desmedidas, eles organizam bandos de guerrilhas e começam o seu molestamento. Primeiro as aldeias, depois municípios e cidades; o alvo deles e tomar o país inteiro. Esses líderes políticos e mercenários buscam as pessoas que têm sido constantemente negligenciadas pela Igreja. Eles pagam APRENDER COMO GANHAR ALMAS qualquer preço e fazem qualquer sacrifício para viverem nas áreas mais difíceis. Os mensageiros do Evangelho geralmente não são equipados ou encorajados a alcançar essas pessoas. Em geral, eles raramente sobrevivem em tais áreas e, assim, as tribos têm sido deixadas sem Cristo. Em contraste, os rebeldes políticos enviam os seus professores para viverem completamente de modo indígena e fazer sacrifício extremo (freqüentemente a própria vida) para formar aquelas tribos em milícias para os propósitos deles. O que a Igreja não tem feito, os revolucionários fazem. As pessoas simples que têm sido negligenciadas pela Igreja, têm se tornado solo fértil para as sementes de revolução e derramamento de sangue. E através desses meios, eles tomam as nações. Muitos líderes cristãos ensinam, “...todos os sinais da vinda de Jesus têm se realizado. Vem depressa, Senhor Jesus!” Mas as palavras claras de Jesus refutam isto. “... o evangelho seja primeiramente pregado entre todas as gentes” (Mc 13:10). As Escrituras nos mostram o que devemos fazer e o que deve acontecer antes que Jesus possa vir novamente. “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor. E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado.” “O qual convém que o CÉU CONTENHA até aos tempos da restauração de tudo...” (At 3:19-21). Quando completarmos a obra que Ele nos deu. Jesus retornará para a Igreja d’Ele. É por isso que somos ganhadores de almas – para trazer de volta o nosso Rei. 6. Porque Deus nos Responsailizará Deus adverte especificamente aos seus servos de que eles devem transmitir a mensagem que Ele Lhes deu, às pessoas para as SEÇÃO E4 / 911 quais Ele os envia. Do contrário, eles serão responsabilizados pelo fracasso deles. “Filho do homem: Eu te dei por atalaia sobre a casa de Israel; e tu da minha boca ouvirás a palavra, e os avisarás da minha parte. “Quando eu disser ao ímpio: Certamente morrerás; não o avisando tu, não falando para avisar o ímpio acerca do seu caminho ímpio, para salvar a sua vida, aquele ímpio morrerá na sua maldade, mas o seu sangue da tua mão o requererei” (Ez 3:17, 18). “Mas se quando o atalaia vir que vem a espada, não tocar a trombeta, e não for avisado o povo; se a espada vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniqüidade, mas o seu sangue demandarei da mão do atalaia. “A ti pois, ó filho do homem, te constituí por atalaia sobre a casa de Israel; tu pois ouvirás a palavra da minha boca, e lha anunciarás da minha parte. “Se eu disser ao ímpio: Ó ímpio, certamente morrerás; e tu não falares, para desviar o ímpio do seu caminho, morrerá esse ímpio na sua iniqüidade, mas o seu sangue eu o demandarei da tua mão” (Ez 33:6-8). Alguns professores de Bíblia dirão que esta advertência não se aplica aos cristãos. Eles insistem em que não existe perigo para os crentes. Mesmo que fracassemos ao obedecer os mandamentos de Cristo, referente à pregação do Evangelho a TODA a criatura em TODO o mundo, esses professores não vêem punição ou conseqüências resultantes disso. a. Paulo Reconheceu a Obrigação Dele. O Apóstolo Paulo NÃO acreditou naquilo. Ele disse, “Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo do sangue de todos” (At 20:26). Por que Paulo estava seguro de que suas mãos não estavam “manchadas de sangue?” A inocência dele estava baseada na sua obediência à Grande Incumbência. Ele diz, “...Vós bem sabeis, desde o pri- 912 / SEÇÃO E4 meiro dia em que entrei na Ásia... Servindo ao Senhor com toda a humildade e com muitas lágrimas... Como nada que útil seja, deixei de vos anunciar e ensinar publicamente e pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão de Deus, e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo” (At 20:18-21). Paulo havia desobrigado a ele próprio. Ele afirma, “...não fui desobediente à visão celestial” (At 26:19). Paulo não estava presente a ascensão de Cristo. Levaria alguns anos antes dele encontrar o ressurreto Cristo. Quando convertido, Paulo recebeu as instruções que os outros apóstolos receberam na ascensão de Cristo alguns anos antes. “E ele, tremendo e atônito disse: Senhor, que queres que faça? E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e entra na cidade, e lá te será dito o que te convém fazer.” O Senhor diz a Ananias para dizer a Paulo, “porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel. “E logo nas sinagogas pregava a Jesus, que este era o Filho de Deus” (At 9:6, 15, 20). Paulo não teve dúvida sobre o que ele tinha que fazer. Ele reconheceu a sua dívida, a sua obrigação de pregar o Evangelho – com receio de que as suas mãos ficassem manchadas de sangue por desobediência. “Eu sou devedor, tanto a gregos como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes. E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o evangelho, a vós que estais em Roma” (Rm 1:14,15). Paulo conhecia bem as Escrituras, “...o seu sangue eu o demandarei da tua mão.” Ele tinha a certeza de que havia cumprido a sua dívida, a sua obrigação de pregar o Evangelho para os não-alcançados. Ele escreveria, “...vos escrevi mais ousadamente, ...pela graça que por Deus me foi dada... para obediência dos gentios, por E4.2 – Porque Devemos Evangelizar palavra e por obras; Pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém, e arredores, até ao Ilírico [uma área vasta], tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo. E desta maneira me esforcei por anunciar o evangelho, não onde Cristo houvera sido nomeado, para não edificar sobre fundamento alheio” (Rm 15:15,18-20). Paulo foi aos perdidos, ao menor, ao último. Ele não queria o sangue dos não-convertidos em suas mãos. b. Capte a Visão. Um grande ganhador de almas escreveu, “Não alegamos que podemos ganhar o mundo sozinhos para Cristo, mas estamos comprometidos no evangelismo do mesmo modo, posto que os planos de Deus dependem apenas de nós. “Se não pudermos ganhar todos, certamente poderemos ganhar alguns – e devemos ministrar do mesmo modo como a colheita que depende de nós inteiramente. “Não queremos, nunca, que o sangue do não-convertido seja requerido de nossas mãos. É muito simples!” Muitos estão captando a visão do evangelismo no mundo. Os filipinos estão indo para a China. Os latinos americanos estão ganhando almas no Alaska. Os indonésios estão ganhando os perdidos, na Europa. Os asiáticos estão indo para as ilhas do Caribe. Nós somos Cristãos Mundiais. Não deixe que o medo, a incredulidade, o desentendimento ou a censura o detenha. Lembre-se, “...não é a crítica que conta; não é aquele que chama a atenção de como uma pessoa poderosa tropeça, ou onde o executor das obras poderia tê-las feito melhor. “O crédito pertence àquele que está atualmente na arena – em ação – cujo rosto está desfigurado pela poeira, pelo suor e pelo sangue; que está se desgastando numa causa valiosa, que sabe o triunfo de empreendimento elevado; mas que fracassa enquanto ousar desmedidamente.” APRENDER COMO GANHAR ALMAS Quando você tiver se dedicado, dedicado o seu tempo, os seus recursos financeiros e o seu povo, a este ponto mais alto da prioridade em proclamar o Evangelho, então “...se avisares o ímpio e ele não se converter da sua impiedade e do seu caminho ímpio, ele morrerá na sua maldade, mas tu livraste a tua alma” (Ez 3:19). Nós somos ganhadores de almas porque não queremos que o sangue dos pecadores seja requerido de nossas mãos. 7. Por Causa da Experiência que Tivemos “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação, a qual, começando a ser anunciada pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram; “Testificando também Deus com eles, por sinais e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade?” (Hb 2:3,4). a. O Evangelho do Reino. Jesus chamou o Seu Evangelho de o Evangelho do Reino. “E percorria Jesus toda a Galiléia, ensinando nas suas sinagogas, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 4:23). “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do reino, e curando todas as enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9:35). O Rei Jesus sempre demonstrou domínio através da cura dos enfermos e expulsando demônios. Para entender este Evangelho, vamos olhar para trás, por um momento. O domínio foi dado primeiro a Adão e Eva, no Jardim do Éden. “E Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine... macho e fêmea os criou. E... lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e SEÇÃO E4 / 913 enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai... sobre... a terra” (Gn 1:26-28). Em pouco tempo, Satanás estragou os planos de Deus. Satanás queria o domínio dado a Adão e Eva. Ele sabia que para obtêlo teria que fazer com que eles caíssem em pecado. Se isso acontecesse, a coroa do domínio cairia de suas cabeças, e o cetro cairia de suas mãos. Satanás estaria lá para pegálos e, deste modo, usurpar o domínio que acertadamente pertencia ao homem. Uma prova de que Satanás obteve este domínio, é encontrada na tentação de Cristo. “Novamente o transportou o diabo a um monte muito alto; e mostrou-lhe todos os reinos do mundo, e a glória deles. E disse-lhe: Tudo isto te darei se prostrado me adorares” (Mt 4:8,9). Para ser uma tentação valida, o demônio teve que fazer uma oferta válida. Se Satanás não tivesse o domínio (os reinos do mundo) para oferecer a Jesus, não teria havido tentação. É óbvio que Satanás tinha o domínio – e ele o ofereceu a Jesus. Jesus restaurou o domínio para o seu legítimo herdeiro – o homem. Ele faria isto através da Sua morte na cruz. Isto daria a Ele o acesso ao reino da morte e do inferno. Enquanto estivesse lá, Ele venceria a ambos e libertaria os prisioneiros. Davi descreveu esta luta heróica de Cristo, em Salmos 116:3: “Cordéis da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim...” Isaías profetizou como Cristo libertaria os pecadores, da morte e do inferno, em Isaías 28:18. “E o vosso concerto com a morte se anulará; e a vossa aliança com o inferno não subsistirá...” Jesus veio para que “...pela morte aniquilasse [tornou fraco] o que tinha o império da morte, isto é, o diabo” (Hb 2:14). Jesus tornou Satanás ineficiente e tomou dele o domínio. Jesus “regozijo da vitória” está registrado em Apocalipse 1:18: “E o que vivo e fui 914 / SEÇÃO E4 morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno.’’ Porque Ele tem as chaves, Ele agora controla os portões do inferno e da morte. Quando Jesus Se levantou dentre os mortos Ele clamou, “É-me dado TODO O PODER no céu e na terra... eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28:18,20). João descreveu os resultados deste triunfo, nestas palavras: “E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai: a ele glória e poder para todo o sempre. Amém” (Ap 1:6). Essas são as boas novas do REINO: Jesus, agora, tem o DOMÍNIO! Ele está conosco para restaurá-lo para nós. Agora somos sacerdotes soberanos. “Mas vós sois... o sacerdócio real [que significa sacerdotes soberanos]” (1 Pe 2:9). Portanto, podemos proclamar as boas novas de que Satanás não tem mais o domínio. “E este evangelho do reino [Domínio do Rei] será pregado em todo o mundo em testemunho a todas as gentes...” (Mt 24:14). b. Na Palavra e no Poder. Esse Evangelho do Reino foi o que os discípulos e apóstolos primitivos proclamaram e demonstraram. “E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça” (At 4:33). “Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus...” (At 8:12). “E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. . . E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais. “De sorte que transportavam os enfermos para as ruas, e os punham em leitos e em camilhas para que ao menos a sombra de Pedro, quando este passasse, cobrisse alguns deles. “E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzin- E4.2 – Porque Devemos Evangelizar do enfermos e atormentados de espíritos imundos; os quais todos eram curados” (At 5:12,14,15,16). “E, havendo-lhe eles assinalado um dia, muitos foram ter com ele... aos quais declarava com bom testemunho o reino de Deus, e procurava persuadi-los a fé de Jesus...” (At 28:23). “A minha palavra e a minha pregação, não consistiu em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder” (1 Co 2:4). Esse Evangelho do DOMÍNIO SOBERANO é o segredo para o bom êxito do testemunho, do crescimento da igreja, do apoio financeiro adequado e para a maioria de outros problemas que contaminam a Igreja pelo mundo inteiro. Aqueles que têm o Evangelho somente em palavras estão em grande dificuldade. “Porque o nosso evangelho não foi a vós somente em palavras, mas também em poder e no Espírito Santo, e em muita certeza...” (1 Ts 1:5). Por causa da apostasia, grande parte da Igreja rejeitou a capacitação sobrenatural do Espírito Santo. (Veja Seção 4, Sinais e Prodígios Hoje, no Manual de Treinamento de Líderes, para uma explicação mais completa.) Eles pregam um outro evangelho. “Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para outro evangelho. O qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo” (Gl 1:6,7). Se vamos aceitar TODA A GRANDE INCUMBÊNCIA e praticá-la, podemos ganhar o mundo para Cristo. Se rejeitarmos o poder do Espírito Santo e falharmos em dar a Ele o Seu legítimo lugar de Senhorio em nosso ministério, teremos muito poucos frutos. “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda a criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16:15,16). APRENDER COMO GANHAR ALMAS A Grande Incumbência não para aí. Ela continua: “E estes sinais seguirão aos que crerem; Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; “Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. “Ora o Senhor, depois de Lhes ter falado, foi recebido no Céu, e assentou-se a direita de Deus [no lugar de domínio]. “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém” (Mc 16:1720). Capítulo 3 Seguindo os Sinais do Evangelismo A. SINAIS E PRODÍGIOS DADOS PARA CONFIRMAR A PALAVRA À medida que você prega o Evangelho, é importante lembrar que uma das principais razões porque o Espírito de Deus tem sido concedido, é para confirmar a Palavra d’Ele através dos Dons do Espírito. 1. No Antigo Testamento Milagrosamente, Elias levanta dentre os mortos, o filho de uma viúva que diz, “...Nisto conheço agora que tu és homem de Deus, e que a palavra do Senhor na tua boca é verdade’’ (1 Rs 17:24). 2. No Novo Testamento “E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram” (Mc 16:20). Jesus disse: “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as gentes, e então virá o fim” (Mt 24:14). SEÇÃO E4 / 915 A palavra grega para testemunho, no versículo acima, é “maturion”, que significa “alguma coisa comprobatória, com prova, com evidência.” Em outras palavras, alguma coisa para verificar sua autenticidade. Jesus estava dizendo que o evangelho será pregado com alguma coisa para verificar a sua autenticidade e que é para isso que temos os Dons do Espírito Santo. 3. A Aprovação de Deus Demonstrada ao Ministério de Cristo “...Jesus Nazareno, varão aprovado por Deus... com maravilhas, prodígios e sinais que Deus por ele fez...” (At 2:22). “Mas eu tenho maior testemunho do que o de João; porque as obras que o Pai me deu para realizar, as mesmas obras que eu faço, testificam de mim, que o Pai me enviou” (Jo 5:36). “Chegando pois à Galiléia, os galileus o receberam, vistas todas as coisas [miraculosas] que fizera em Jerusalém no dia da festa; porque também eles tinham ido à festa” (Jo 4:45). 4. Verifique a Ajuda de Deus ao seu Ministério “Testificando também Deus com eles, por sinais, e milagres, e várias maravilhas e dons do Espírito Santo, distribuídos por sua vontade” (Hb 2:4). B. OS RESULTADOS MILAGROSOS NA SALVAÇÃO DOS INCRÉDULOS 1. Pedro Cura um Coxo – Atos 3:1-11 Quando Pedro e João foram ao templo para orar, Pedro foi guiado pelo Espírito para curar um homem coxo. Este acontecimento trouxe o povo para ouvir a pregação dos apóstolos (vs 12-26) e, enfim, muitos receberam o Senhor. “Muitos, porém, dos que ouviram a 916 / SEÇÃO E4 E4.3 – Seguindo os Sinais do Evangelismo palavra creram, e chegou o número desses homens a quase cinco mil’’ (At 4:4). “E foi isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor” (versículo 42). 2. Os Apóstolos Oraram por Autoridade – Atos 4:29-31 Tendo experimentado o sobrenatural, os apóstolos oraram para pregar ousadamente a palavra e para fazer mais sinais e prodígios. “Agora pois, ó Senhor, olha para a suas ameaças, e concede aos teus servos que falem com toda a ousadia a tua palavra; Enquanto estendes a tua mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu santo Filho Jesus. E, tendo orado, moveu-se o lugar em que estavam reunidos; e todos foram cheios do Espírito Santo, e anunciavam com ousadia a palavra de Deus”. 7. Elimas o Mágico Cego – Atos 13:6-12 O Espírito deu a Paulo os Dons do Espírito (a Palavra de Sabedoria e a Palavra de Conhecimento) que ajudaram a salvar o proconsul. “Então o proconsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhado da doutrina do Senhor” (versículo 12). 3. Os Apóstolos Fazem Sinais e Prodígios – Atos 5:12-16 “... sinais e prodígios eram feitos entre o povo” (versículo 12). “E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais” (versículo 14). 4. Filipe Faz Milagres – Atos 8:5-8 “E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia” (versículo 6). 5. Pedro Cura Enéias – Atos 9:32-35 Enéias era paralítico há oito anos e após Pedro tê-lo curado, muitos creram. “E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor” (versículo 35). 6. Pedro Levanta Dorcas Dentre os Mortos – Atos 9:36-42 Uma mulher cristã, de nome Dorcas, foi levantada dentre os mortos, na cidade de Jope e muitos creram em Jesus. C. SINAIS E PRODÍGIOS NÃO GARANTEM FRUTOS DURADOUROS Não há garantia de que alguém seguirá Jesus, mesmo após haver experimentado pessoalmente o Seu poder milagroso. Jesus Se moveu poderosamente em sinais e prodígios, mas confessou o Seu desapontamento de que a maioria das pessoas que O seguiram o fizeram por razões errôneas. Elas estavam mais preocupadas em comer os pães e os peixes do que fazer Jesus o Senhor de sua vida (Jo 6:26). Lembre-se de que dez entre milhares de pessoas que viram Jesus Se mover nos milagres, praticamente nenhuma se manteve ao lado d’Ele durante a Sua crucificação. Mesmo em Pentecostes, somente um restante de 120 discípulos (At 1:15) oravam, apesar de 500 terem visto pessoalmente o ressurreto Cristo (1 Co 15:16). 1. Somente um Creu – Lucas 17:12-19 Jesus foi a uma aldeia e curou dez leprosos mas somente um deles se voltou para expressar a sua gratidão e glorificar a Deus. Apesar da sua vida ter sido milagrosamente tocada por Deus, 90 por cento deles seguiram o seu caminho sem vontade de submeterem o seu coração a seguir Jesus. 2. Alguns Creram, Alguns não – Atos 14:1-7 Paulo e os outros discípulos continua- APRENDER COMO GANHAR ALMAS ram a pregar ousadamente, e Deus confirmava as suas palavras, com sinais e prodígios. “Detiveram-se pois muito tempo, falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho a palavra da sua graça, permitindo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios’’ (versículo 3). Mesmo com sinais e prodígios, alguns creram e alguns não. “E dividiu-se a multidão; e uns eram pelos judeus, e outros pelos apóstolos.” O povo quis apedrejá-los até a morte: “E havendo um motim, tanto dos judeus como dos gentios, com os seus principais, para os insultarem e apedrejarem.” “Sabendo-o eles, fugiram para Listra e Derbe, cidades de Licaônia, e para a província circunvizinha. E ali pregavam o Evangelho” (versículos 4,5,6,7). Os discípulos foram “guiados pelo Espírito” (após quase serem apedrejados) a deixarem aquela cidade estranha e a irem pregar em outra parte. “E aconteceu que em Icônio entraram juntos na sinagoga dos judeus, e falaram de tal modo que creu uma grande multidão, não só de judeus mas de gregos’’ (versículo 1). Paulo e outros foram pregar o Evangelho e muitas pessoas creram nas palavras deles. “Mas os judeus incrédulos incitaram e irritaram, contra os irmãos, os ânimos dos gentios” (versículo 2). Os incrédulos incitaram o povo contra eles. D. SINAIS E PRODÍGIOS COMPROVAM A PALAVRA DE DEUS 1. Uma Verdadeira História de Vida A história, a seguir, mostra o que aconteceu na vida de um jovem missionário evangelista na sua busca pela eficácia em “seguir os sinais do evangelismo.” SEÇÃO E4 / 917 a. Fracasso na Índia. Há muitos anos atrás, um jovem missionário cristão e sua esposa, foram para a Índia. Eles não entendiam os versículos esboçados acima. Eles não entendiam o milagre da fé. Eles guiaram algumas almas para Cristo, mas na maioria das vezes eles fracassaram. Quando eles pregaram no nome de Jesus Cristo, os hindus polidamente O aceitaram na teoria, como qualquer outro bom deus, para acrescentar aos vários milhões de outros deuses – mas nenhuma mudança ocorreu na vida deles. Os muçulmanos argumentaram: “Como você sabe que Jesus Cristo é o Filho de Deus ou que Deus O ressuscitou dos mortos?” Eles declararam, “Ele era um homem bom, mas não era o Filho de Deus e, certamente, não foi ressuscitado dos mortos.” Eles argumentaram que o Alcorão era a palavra de Deus e que Maomé era profeta de Deus. O jovem casal declarou que a Bíblia era a Palavra de Deus e que Jesus Cristo era o Seu Filho. “Então provem,” escarneceram os muçulmanos. “Provaremos. Olhem estes versículos. Prestem atenção ao que eles dizem!” Eles começaram a ler a Bíblia para os muçulmanos. “Oh, não!” eles replicaram, “essa não é a palavra de Deus. Isto não é prova. O Alcorão é a palavra de Deus.” A BÍBLIA ou o ALCORÃO? Qual deles era a palavra de Deus? Como poderia o jovem casal provar-lhes que a Bíblia era a Palavra de Deus? Sem milagres, eles não poderiam. Eles almejaram uma experiência como aquelas sobre as quais lemos na Bíblia. “E os apóstolos davam, com grande poder, testemunho [maturion = evidencial, com prova] da ressurreição do Senhor Jesus...” (At 4.33). O casal retornou ao seu país de origem triste, desanimado e com o espírito desfei- 918 / SEÇÃO E4 to. Mesmo assim, eles não desistiram. Eles jejuaram e oraram pela salvação das massas desprivilegiadas sem o Evangelho. Qual foi a resposta? b. Uma Visão de Jesus. O desanimado missionário conta a sua própria história. Uma manha, às 6:00 horas, eu estava acordado no momento em que Jesus Cristo veio ao nosso quarto. Olhando para Ele permaneci lá, deitado como um morto. Eu não conseguia mover um dedo sequer. Corria água dos meus olhos, muito embora eu não estivesse consciente do pranto. Não sei por quanto tempo olhei fixamente para os Seus olhos penetrantes, antes que Ele desaparecesse, nem quanto tempo se passou até que eu pudesse sair da cama. Pulei da cama com o rosto voltado para o chão e permaneci prostrado diante d’Ele, até a tarde. Naquele dia, ao deixar o quarto, eu era um novo homem. Eu havia encontrado Jesus! Ele não era somente uma religião. Ele estava vivo e era real. Eu O vi! Ele Se tornou o Senhor da minha vida. Desde aquele dia, a mim não importa o que as pessoas pensam ou digam. Eu descobri o Cristo vivo e Ele Se tornou o Senhor da minha vida. Seguindo aquela experiência, um homem de Deus veio a nossa cidade, orando e pregando para os enfermos. Testemunhamos centenas de conversões e momentos de milagres de curas, infalíveis. Eu fiquei completamente dominado pelo que vi. Parecia que dez mil vozes rodopiavam sobre a minha cabeça dizendo, “Você pode fazer isto. Isto foi o que Jesus fez. Isto foi o que Pedro e Paulo fizeram. Isto prova que os métodos da Bíblia são para os dias atuais. Você pode fazer isto.” Eu sabia que podia. Eu sabia que Cristo podia fazê-lo em mim e através de mim. Ele nunca mudou. c. Cruzadas de Evangelismo em Massa 1) Os Caraíbas. Fomos, então, atrás E4.3 – Seguindo os Sinais do Evangelismo dos não-convertidos. Voamos para a Jamaica. Em treze semanas, mais de 9.000 almas aceitaram a Cristo; 90 pessoas totalmente cegas foram curadas; mais de 100 surdosmudos se recuperaram. Centenas de outros milagres aconteceram “...cooperando com eles o Senhor” (Mc 16:20). A seguir, fomos para Porto Rico, onde as cruzadas eram ainda maiores. Elas eram mágicas! A nossa mensagem era simples e as pessoas queriam realidade. Elas creram quando “...via os sinais que operava sobre os enfermos” (Jo 6:2). Fomos, então, para o Haiti, onde a mesma coisa aconteceu. Multidões imensas demais para caber no pátio de qualquer edifício ou mesmo nas pistas de qualquer rodovia. Depois fomos para Cuba. Naquela época começou a parecer mais do que uma simples visitação espiritual espontânea, em alguns países. Começou a surgir como um padrão. Aquelas reuniões haviam sido anunciadas através do mundo. Mas a tradição é forte na igreja. Ministros bem intencionados começaram a nos consolar e a nos preparar para o fracasso inevitável. Pois, certamente, nos foi dito que não devíamos esperar que tais coisas acontecessem em toda parte. Alguns nos disseram que de tempos em tempos Deus predestina grandes acontecimentos, mas que poderiam não ser um padrão. Nos foi dito que deveríamos estar preparados para a derrota, tanto quanto para o sucesso, e que eles viriam porque Deus trabalha dessa forma, com receio de que nos tornemos orgulhosos. Tudo aquilo nos soou muito tradicional e não aceitamos as palavras deles. Estávamos convencidos de que a Grande Comissão dada por Jesus era para “todas as nações, a todas as criaturas.” Ele prometeu que esses sinais seguiriam “aqueles que crêem” e nunca mencionou exceção “até aos confins da terra”. Acreditamos que qualquer pessoa, em APRENDER COMO GANHAR ALMAS qualquer nação, no mundo inteiro, creria quando visse os milagres. Nos parecia lógico que se pregássemos o Evangelho, Cristo o confirmaria com milagres. Permanecemos firmes sobre este ponto. Não estávamos preparados para fracassos e continuamos a não estar. Cremos no sucesso. Cristo nunca falha. Sua Palavra nunca falha. O Evangelho nunca falha. Quando chegamos em Cuba, líderes espirituais conversaram conosco sobre a sabedoria do equilíbrio e da paciência, e nos disseram que não devíamos esperar por uma grande assembléia em Cuba por causa do sucesso que havíamos experimentado na Jamaica e em Porto Rico. A lógica que eles defendiam era de que a “Jamaica já era tradicionalmente cristã e que Porto Rico, é claro, tinha sido tão influenciado pelos Estados Unidos que a oposição religiosa não era um fator lá. “Mas, aqui em Cuba,” eles disseram, “as pessoas são radicais na sua tradição religiosa “cristã” e pode não ser a mesma coisa aqui.” A despeito dessas advertências, confirmou-se que as pessoas reagem exatamente do mesmo modo quando o Evangelho do Reino de Deus é pregado. Uma procissão organizada, de uma centena de líderes “cristãos” da igreja tradicional, marchou pelas ruas para advertir o público contra a nossa cruzada mágica. Mas milhares se voltaram para o Senhor, e a cruzada foi um sucesso. 2) Venezuela. Ainda me lembro do que nos disseram lá: “Oh, aqui é diferente. Em Cuba e Porto Rico a oposição religiosa não conta muito porque as pessoas são influenciadas pelos Estados Unidos. Mas, aqui, vocês estão no continente Sul Americano e poderiam ser apedrejados até a morte, pelas pessoas da igreja tradicional.” Na Venezuela foi exatamente como em Cuba. Multidões creram e milhares foram salvos. SEÇÃO E4 / 919 3) Japão. Quando a notícia de que estávamos a caminho se espalhou, muitas foram as cartas cheias de precipitação que recebemos: “Não venham até aqui. O Japão é difícil. Os milagres não são para esta terra. O Japão busca somente esclarecimento acadêmico. Eles olham para os seus ancestrais como sua fonte espiritual. Muitas das religiões, aqui, têm cultos de curas. Nós cristãos não queremos que a nossa religião seja identificada como a desses “curadores”. Além do mais, milagres jamais convencerão os japoneses, sobre Jesus Cristo.” Outros disseram, “O Japão é budista e xintoísta e vocês não estão acostumados a eles. As pessoas do hemisfério ocidental são fáceis de serem alcançadas. Elas já crêem na Bíblia. Elas crêem que Jesus é o Filho de Deus e que o Seu sangue foi derramado pelos nossos pecados; mas os japoneses jamais creriam nisto. Vocês não encontrarão aqui o que encontraram nos outros países. Estas pessoas não são emotivas e não reagirão.” O padrão de sucesso em nossas cruzadas parecia apresentar uma ameaça ao verdadeiro alicerce de tradições da igreja no Japão, o qual provou ser bem ineficiente. Naquela ocasião, era desconhecido ir-se para uma nação pregar em lugares públicos e colher milhares de almas. Os tradicionalistas disseram que aquilo devia ser “sentimentalismo”. Os convertidos do novo evangelismo em massa não durariam. Os missionários e os líderes de igrejas nunca fizeram desse modo, no ultimo século. Eles trabalharam pacientemente durante muitos anos, para conseguirem uns poucos convertidos. Assim, muitos achavam que o evangelismo em massa era superficial e que não suportaria a prova do tempo. Um pastor na Índia me disse, “Tenho ministrado aqui durante cinco anos e jamais ganhei uma alma para Cristo. Na Índia é assim. Você deve aprender a ser paciente.” Um padrão revolucionário parecia estar 920 / SEÇÃO E4 tomando forma. Instintivamente, as mentes tradicionais rejeitam qualquer coisa nova que ameace substituir as políticas e posições instituídas e aceitas pela igreja. Parecia que Deus queria mostrar ao povo d’Ele, em toda parte, que não existem exceções no evangelismo. Jesus quis que todos soubessem que a Grande Comissão d’Ele provasse eficácia onde quer que o Evangelho fosse proclamado com viva fé e ações obedientes. Nem todos os líderes de igrejas, no Japão, eram pessimistas e negativos. Alguns escreveram, “Venham e nos ajudem também. Os conceitos teológicos modernos sobre Cristo não podem jamais salvar os japoneses. Eles têm de ver milagres!” Ainda me recordo a lógica de um pastor batista que escreveu: “O Japão está cheio de falsos cultos de curas. Os japoneses têm que ver a coisa verdadeira. Falta o poder do milagre nas nossas igrejas modernas. Venham e nos ajudem. Vocês têm o que precisamos para ganhar essa nação.” Aceitamos o desafio e o Japão provou ser exatamente como Cuba, Jamaica e Venezuela. Quando viram os milagres, os japoneses gritaram, choraram e se arrependeram com muito mais emoção do que jamais havíamos visto em qualquer outro lugar. Fomos ao coração histórico e religioso do Japão – Kyoto. Lá, num grande campo próximo a área do centro da cidade, milhares ouviram o Evangelho. Quarenta e quatro surdos-mudos afirmaram terem sido curados naquela cruzada. Muitos grandes milagres foram feitos. Aqueles xintoístas e budistas reagiram exatamente como os jamaicanos e os cubanos. Milhares creram sobre Cristo. Os japoneses reagiram como qualquer outro povo. 4) Tailândia. Fomos à Tailândia, a poderosa monarquia budista no Sudeste da Ásia. Alguns disseram: “Isto não será como o Japão. Os japoneses budistas têm sido E4.3 – Seguindo os Sinais do Evangelismo influenciados pela ocupação pós-guerra. Os japoneses são suscetíveis para com os americanos mas, aqui na Tailândia, temos os budistas antiquados. Eles nunca foram governados por um poder estrangeiro. Eles não ouvirão os estrangeiros.” Quando ministramos pela primeira vez na Tailândia, havia menos de uma dúzia de pessoas, no país inteiro, que havia recebido o batismo apostólico no Espírito Santo. Mesmo aqueles líderes batizados no Espírito, não estavam entusiasmados em proclamar o Evangelho em lugares públicos ao ar livre. Isso violaria a cultura tailandesa. Tal aproximação pareceria agressiva demais para qualquer comunidade tailandesa. Elas são pessoas muito serenas e sensíveis. Qualquer aproximação com elas deve ser em manter o tradicional equilíbrio delas. É desnecessário dizer que quando o povo tailandês viu os milagres – o cego enxergando, o paralítico andando, o leproso purificado e o surdo ouvindo – a reação deles não foi diferente da dos japoneses, dos venezuelanos, dos cubanos, dos porto-riquenhos ou dos jamaicanos. Eles receberam o Cristo vivo e entusiasticamente começaram a segui-Lo. Hoje, há milhares de cristãos cheios do Espírito, por toda a Tailândia. Grandes ministérios de ganhar almas têm prosperado lá, construindo igrejas poderosas. 5) Indonésia. Quando ministramos pela primeira vez em Java, Indonésia, a população era 95 por cento muçulmana. Na volta ao mundo, ouvimos o quanto era difícil atingir os muçulmanos. Eles não crêem que Jesus é o Filho de Deus ou que Deus ressuscitou Jesus dentre os mortos. Recordamos como nos sentimos desamparados para convencer o povo da Índia. Entretanto, quando atingimos a cidade da capital na Ilha de Java, as coisas foram diferentes. Sabíamos como crer por milagres. Na primeira noite em que preguei para a multidão, fiz uma coisa incomum no final da mensagem. Eu Lhes disse que não espe- APRENDER COMO GANHAR ALMAS rava que eles aceitassem Jesus Cristo, a menos que Ele provasse estar vivo, através de milagres infalíveis. Expressei meus sentimentos de que um Cristo morto não Lhes faria nenhum bem. Enfatizei o fato de que Jesus Cristo confirmava ser o Filho de Deus através de milagres há 2.000 anos atrás e que se Ele estava vivo hoje, então Deus confirmaria esse fato fazendo milagres infalíveis na presença deles. Eles sabiam sobre o Jesus Cristo histórico. Eles tinham ouvido que Jesus era um homem bom e um profeta com poderes para fazer milagres de curas. Eles também sabiam que Jesus tinha sido crucificado e estavam convencidos de que o ensinamento cristão de Sua ressurreição era falso. Há somente uma mensagem para os muçulmanos: Se Jesus estiver vivo deixe-O fazer os milagres que Ele fez antes de ser morto. Se Ele estiver morto, Ele não poderá fazê-lo. Se Ele estiver ressuscitado, Ele o fará. Chamei pelas pessoas surdas e Lhes disse que oraria no Nome de Jesus. Se Cristo estiver morto, o Seu nome não terá poder. Se Ele estiver vivo, Ele fará o mesmo que Ele fez, antes de morrer na cruz. O primeiro homem por quem oramos, era um sacerdote muçulmano, por volta dos seus 55 anos de idade. Ele usava o seu barrete turco, preto, que indicava ser ele um peregrino na venerável cidade muçulmana de Meca, na Arábia. Ele era surdo de nascença, de um dos ouvidos e jamais ouvira som algum naquele ouvido. Eu testifiquei para ele sobre Jesus Cristo e, então, lhe disse como eu oraria. Expliquei que Deus estava olhando por nós e testifiquei que Deus ressuscitou Seu Filho dentre os mortos. Expliquei-lhe também que Deus queria que as pessoas soubessem que Cristo está vivo e que por essa razão daria provas da Sua ressurreição dentre os mortos, fazendo milagres. Então, eu disse à audiência, “Talvez seja SEÇÃO E4 / 921 conhecido que Jesus Cristo é o Filho de Deus, que Deus O ressuscitou dentre os mortos, que somente através d’Ele e do Seu sangue derramado podemos chegar a Deus e receber a vida eterna. Deixe que isto seja conhecido de acordo com as Escrituras, fazendo com que este ouvido surdo ouça, em Nome de Jesus Cristo. Amém!” A audiência inteira ofegou quando o sacerdote muçulmano pode ouvir o mais débil murmúrio e mesmo o tic-tac de um relógio de pulso. Milhares levantaram as mãos naquela noite, indicando o seu desejo de aceitar a Jesus Cristo como seu Salvador. Como tudo foi diferente do embaraço que sofremos ao tentarmos convencer os muçulmanos na Índia, há sete anos atrás! Os muçulmanos eram exatamente como os japoneses. Quando eles viram a prova das boas novas, de que Jesus está vivo, eles creram. O cristianismo sem milagres não pode provar que Jesus está vivo. Retire os milagres do cristianismo e tudo o que restará será uma outra religião morta. Os muçulmanos sabem que o seu profeta Maomé está morto, mas nós sabemos que o nosso Salvador Jesus está vivo. Quando isso é provado pelos milagres, as pessoas renunciam ao profeta morto e seguem Aquele que está vivo. Sem milagres não há prova. Foi por isso que Jesus incumbiu a todos os crentes de pregar ao mundo todo, prometendo que os sinais sobrenaturais os seguiriam – “em todo o mundo... até aos confins da terra.” Ele sabia que os milagres seriam sempre exigidos para mostrar, realmente, que Jesus está vivo. Quando estivemos na Índia, como jovens missionários, os muçulmanos nos desafiaram: “Provem que o seu Cristo vive!” Ficamos desamparados e embaraçados. Tivemos que deixar a Índia, ou aceitar o estado atual daqueles que acreditavam que “lealdade e paciência sem resultados” era 922 / SEÇÃO E4 uma virtude. Não podíamos nos levar a fazer aquilo. Mas, na Indonésia foi diferente. Uma noite, naquela grande campanha, um jovem sacerdote muçulmano – um verdadeiro fanático – levantou-se bruscamente na plataforma, para me interromper, quando eu pregava. A minha esposa, Daisy, avistou-o vindo e o interceptou nos degraus. Ele disse, “Aquele homem é mentiroso. Jesus está morto e Ele não é o Filho de Deus. Deixe-me falar para as pessoas sobre Maomé, o verdadeiro profeta de Deus.” Minha esposa tentou argumentar com ele, mas ele estava muito agitado emocionalmente. Por fim, ela lhe disse: “Ouça, eu sou uma cristã e eis o que vou fazer. Eu interromperei o meu marido, com uma condição: Iremos juntos para o microfone e não discutiremos. Mostraremos qual dos dois profetas e verdadeiro e está vivo, chamando por alguém totalmente cego para que venha até aqui. “Você vai orar por ele, na presença de todas essas pessoas e em nome de Maomé. Se ela enxergar, acreditaremos no seu profeta. “Se o milagre não acontecer, orarei por ela em Nome de Jesus. Se ela enxergar, então você e o seu povo reconhecerão que o que a Bíblia diz é verdadeiro – que Ele é o Filho de Deus e que Deus O ressuscitou dos mortos para ser o Salvador do mundo.” O jovem sacerdote muçulmano recusou o desafio feito pela minha esposa. Ele virouse e foi embora enfurecido. Isso foi o que não pudemos fazer na Índia, como jovens missionários. 6) Norte da Índia. Finalmente, experimentamos a alegria de retornar ao Norte da Índia, quatorze anos mais tarde, a mesma cidade onde havíamos fracassado tão miseravelmente. Voltamos à universidade da cidade de Lucknow, onde havíamos sido incapazes de provar aos hindus e muçulmanos que Jesus Cristo é o vivo e E4.3 – Seguindo os Sinais do Evangelismo ressurreto Filho de Deus, e o Salvador do mundo. Dessa vez foi diferente! 20.000 a 40.000 pessoas se concentraram em frente ao gramado do grande estádio. Pregamos que “Jesus Cristo é o mesmo ontem, e hoje, e eternamente” (Hb 13:8). E, então, oramos. O surdo ouviu; os paralíticos andaram; as pessoas cegas recuperaram a visão; os leprosos foram purificados. Milhares aceitaram a Cristo. Jesus estava Se mostrando à Índia, através de nós. A nossa busca pela Verdade havia sido paga. Esta foi a forma que o evangelismo mundial foi destinado a ser executado. “...se apresentou vivo com muitas e infalíveis provas...” (At 1:3). Um jovem estudante universitário hindu, levantou-se na multidão, ridicularizando tudo. Quando oramos, Jesus Cristo, repentinamente, apareceu para ele, vestido num robe roxo. Ele abriu as Suas mãos trespassadas pelos pregos e as estendeu para o jovem rapaz e ao fazê-lo, Ele disse essas palavras: “Olhe para as minhas mãos, Eu sou Jesus.” O jovem caiu no chão chorando, se arrependendo e soluçante. Ele correu para o microfone e com lágrimas banhando o seu rosto ele contou o que tinha visto e incitou o seu povo a acreditar sobre Jesus. Como tinha sido diferente das nossas assembléias, quatorze anos atrás! Com milagres, a Índia era como as outras nações. 7) África. Depois foi a África onde, novamente, provamos que as pessoas são iguais em toda parte. Um mendigo muçulmano, na África, estava paralítico devido à poliomielite e há trinta anos ele se rastejava pelo chão. Ele se arrastou na poeira até alcançar a cruzada. Ele ouviu o Evangelho e, quando creu sobre Jesus Cristo, foi curado instantaneamente. Ele ficou de pé na plataforma e, em lágrimas, exclamou: “Jesus Cristo deve estar vivo, do contrário, como Ele poderia ter me APRENDER COMO GANHAR ALMAS curado? Maomé está morto mas Jesus está vivo. Olhem para mim. Vocês me conhecem e sabem que tenho mendigado na suas ruas. Agora posso andar. Olhem! Jesus vive!” Que melhor sermão que este, poderia ser pregado? Soava como o Livro de Atos sendo reinterpretado em nossos dias. Temos visto pelo mundo inteiro que as pessoas querem a Cristo. Elas procuram realidade e crêem quando têm prova de que Jesus está vivo e é verdadeiro. Deus fez todos os seres humanos parecidos. As pessoas são criadas para caminhar com Deus. Instintivamente, elas procuram por Ele. Esta é a razão porque toda tribo evangelizada pratica algum tipo de ritual religioso em busca de Deus. Assim é o Evangelho: direto e em termos simples – não explicado, mas proclamado – “pois é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê...” As pessoas querem o Evangelho. A nossa tarefa é pregá-lo, testemunhá-lo, contálo, confessá-lo em toda parte – para multidões ou individualmente, em lugares públicos ou nos lares privados. As pessoas querem o que temos. Nós temos provado isto pelo mundo inteiro. Por isso é que somos ganhadores de almas – por causa do que temos visto. Capítulo 4 O Verdadeiro Cristão – Como Ser Salvo Introdução Há somente dois tipos de pregadores ou obreiros cristãos: os negativos e os positivos – os céticos e os crentes. Alguns pensam que se pregarem nas ruas Ninguém ouvirá, e os transeuntes zombarão deles; que qualquer folheto que eles distribuam serão atirados ao chão e pisados; que as portas serão batidas nos seus rostos. Essa é uma atitude negativa sobre uma oportunidade muito positiva. SEÇÃO E4 / 923 Acreditamos que quando pregarmos nas ruas, multidões se juntarão ao nosso redor para ouvir a nossa mensagem; que os transeuntes se deleitarão em ver um cristão lá, testemunhando. Acreditamos que quando distribuirmos folhetos sobre o Evangelho, eles serão avidamente recebidos, lidos e guardados. Acreditamos que quando batermos às portas, encontraremos famílias que nos agradecerão pela ajuda; pessoas enfermas que necessitam de cura; problemas que precisam de soluções; corações e ouvidos abertos para o consolo e as orações de um cristão verdadeiro e dedicado, que tem vivido na fé. Essa é uma aproximação positiva e que funciona. Somos ganhadores de almas e temos provado pelo mundo inteiro, em todas as circunstâncias concebíveis, que as pessoas querem a Cristo, mas estão um pouco interessadas numa outra religião. Elas esperam por Deus, pela Sua salvação, pela vida eterna, mas desdenham de mais regras de religião sem vida. Elas são feitas à imagem de Deus, para ser como Ele, para falar e caminhar com Ele. Elas nunca ficam satisfeitas até que encontrem Jesus Cristo, o Qual é o Caminho, a Verdade e a Vida (veja João 4:6). Com sessenta milhões de pessoas não alcançadas sendo acrescentadas cada ano à nossa geração – pessoas buscando a luz e a vida – a nossa prioridade é testemunhar e pregar o Evangelho e produzir para os cristãos as ferramentas para ganhar almas. Essa é a nossa prioridade, até que Jesus regresse. Esta é a sétima razão porque somos ganhadores de almas. Sinta-se a vontade para reimprimir e usar no ganhar almas, o que segue. Esta seção foi especialmente preparada para os seguintes grupos de pessoas: • Se você não está certo sobre a sua própria salvação ou não está certo de que você realmente nasceu de novo; ou 924 / SEÇÃO E4 • • Se você não sabe se é um verdadeiro cristão; ou Se você simplesmente aceitou uma religião, juntando-se a uma igreja e mentalmente concordado com a Bíblia, sem experimentar o novo nascimento. • Eu apresento este capítulo para você que nunca foi salvo ou convertido, e sabe disso. A Bíblia diz que “...sabemos que passamos da morte para a vida...” (1 Jo 3:14). O que segue, ajudará você a saber, sem dúvidas, que você experimentou este milagre interior da nova vida em Cristo. Acontecerá com você enquanto ler isto com respeito e fé. Se você já é um cristão comprometido em ganhar almas, esta seção pode servir como um guia para ajudá-lo a mostrar aos outros como experimentar o milagre do novo nascimento. A. O QUE SIGNIFICA SER SALVO Quero dizer a você que você pode ser salvo do inferno, salvo dos seus pecados, salvo da morte, salvo das enfermidades, salvo do demônio. A Bíblia diz “Esta é uma palavra fiel... que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores...” (1 Tm 1:15). A Bíblia diz “Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele” (Jo 3:17). Pedro disse, “...todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo” (At 2:21). Você pode ser salvo hoje. Isso é o que você precisa: ser salvo, reconhecer Jesus Cristo como o Seu Salvador pessoal. Mas, o que significa ser salvo? 1. Nascidos do Céu Ser salvo significa ser nascido do céu (nascido de novo), se tornar filho de Deus. Jesus disse, “...Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3:7). Isto significa que você tem E4.4 – O Verdadeiro Cristão – Como Ser Salvo que experimentar o nascimento celestial ou espiritual – a contraparte do seu nascimento natural ou terreno. Isso é um milagre do nascimento. Quando é convidado, Cristo vem e mora em você e você é feito novo, porque Ele começa a viver em você. Isso não é aceitar uma religião. Isso é aceitar a Cristo. Ele é uma pessoa, não uma filosofia. Ele é realidade, não uma teoria. Quando você se casa, você aceita a esposa, ou esposo, na sua vida. Você não recebe a “religião matrimônio”. Você recebe uma outra pessoa. Quando você é salvo recebendo Cristo, você não recebe a religião cristã. Você recebe uma Pessoa, o Senhor Jesus. A minha conversão foi uma experiência tão definitiva quanto o meu casamento. Em ambas as ocasiões, uma outra pessoa foi recebida na minha vida. A Bíblia diz de Jesus Cristo, “...a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus...” (Jo 1:12). Que maravilha, aquele que pode receber um novo nascimento e ser nascido na família real de Deus! Você nasceu uma vez – em pecado, um filho do pecado, um servo do demônio. Agora, Cristo diz, “...Necessário vos é nascer de novo” (Jo 3:7). Você deve se converter – ser salvo, mudado, feito novo. 2. Os Pecados São Perdoados Ser salvo significa ter os pecados perdoados. A Bíblia diz, “É ele que perdoa todas as tuas iniqüidades...” (Sl 103:3). O anjo disse, “...e chamarás o seu nome JESUS; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1:21). Deus disse, “...sou o que apaga as tuas transgressões...” (Is 43:25). “E jamais me lembrarei de seus pecados e de suas iniqüidades” (Hb 10:17). “Quanto está longe o oriente do ociden- APRENDER COMO GANHAR ALMAS te, assim afasta de nós as nossas transgressões” (Sl 103:12). 3. Receber Uma Nova Vida Ser salvo significa receber uma nova família espiritual e uma nova descendência. Paulo diz, “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5:17). Isto é exatamente o que acontece quando Cristo salva você. Acontece uma conversão. Os velhos desejos, hábitos e enfermidades morrem. Todas as coisas se tornam novas. Você recebe uma nova vida, uma nova natureza, nova saúde, novos desejos, novas ambições. Você recebe a vida de Cristo. Ele disse, “...eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (Jo 10:10). 4. Receber a Paz Ser salvo significa receber a paz. Jesus disse, “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou...” (Jo 14:27). Ele disse, “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz” (Jo 16:33). A verdadeira paz somente chega com o perdão e a salvação de Cristo. Em pecado você nunca pode ter paz no seu espírito. A Bíblia diz, “Os ímpios, diz o meu Deus, não têm paz” (Is 57:21). a. Dois Tipos de Paz 1) A Paz de Deus. A paz DE Deus é aquele sentimento calmo e seguro de que tudo está bem. Você sabe que Deus está no controle e você está sem medo. Esta é uma paz maravilhosa! “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus” (Fp 4:7). “Porque o reino de Deus... é... justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” (Rm 14:17). Como pecadores, éramos inimigos de Deus, vivendo em rebelião contra a vontade SEÇÃO E4 / 925 e o propósito d’Ele. Estamos na batalha com Ele. “... se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de Seu Filho...” (Rm 5:10). “A vós também que... éreis... inimigos... pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou” (Cl 1:21). C. SETE PASSOS PARA A SALVAÇÃO Se você não está certo de ter aceito, pessoalmente, Jesus Cristo no seu coração como seu Senhor e Mestre, então siga estes sete passes devotadamente: 1. Compreenda que Você é um Pecador “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:23). “Se dissermos que não temos pecados, enganamo-nos a nós mesmos...” (1 Jo 1:8). 2. Lamente Sinceramente Pelos Seus Pecados e se Arrependa Deles “O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia de mim, pecador!” (Lc 18:13). “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação...” (2 Co 1:10). 3. Confesse os Seus Pecados a Deus “O que encobre as suas transgressões, nunca prosperará; mas os que as confessa e deixa, alcançará misericórdia’’ (Pv 28:13). “Se confessarmos os nossos pecados [a Ele] ele é fiel e justo, para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça” (1 Jo 1:9). 4. Abandone os Seus Pecados “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se 926 / SEÇÃO E4 converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar” (Is 55:7). “...mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Pv 28:13). 5. Peça Perdão Pelos Seus Pecados “É ele que perdoa todas as tuas iniqüidades” (Sl 103:3). “Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã” (Is 1:18). 6. Creia que Jesus o Salva Através da Graça d’Ele Graça significa favor não merecido, receber o oposto do que você merece. “Porque pela graça [não merecida] sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2:8,9). 7. Consagre Toda a Sua Vida a Cristo “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional” (Rm 12:1). Conte aos outros sobre Cristo. “Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10:32). “Mas vós sois a geração eleita... para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2:9). D. ACEITE A CRISTO AGORA “...eis aqui agora o dia da salvação” (2 Co 6:2). Não um outro dia – mas, agora, neste exato dia! “Buscai ao Senhor enquanto se pode E4.4 – O Verdadeiro Cristão – Como Ser Salvo achar, invocai-o enquanto está perto. Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar” (Is 55:6,7). Se você ainda não aceitou Jesus Cristo como seu Salvador pessoal, o Senhor está ouvindo a sua oração. Assim, antes de fazer qualquer outra coisa, encontre um lugar onde você possa estar a sós com Deus, onde você não será perturbado. Ajoelhe-se e faça esta oração ao Senhor, em alto e bom som: 1. Ore Para Ser Salvo Querido Pai do Céu, venho perante a Ti receber o dom que Tu prometeste na Bíblia, a vida eterna. Reconheço que tenho pecado contra Ti. Eu mereço morrer pelos meus pecados porque Tu disseste, “a penalidade para o pecado é a morte.” Creio que na Tua infinita misericórdia e no Teu amor por mim, enviaste o Teu Filho, Jesus, o Cristo, para morrer na cruz, para sofrer a punição da morte, pelos meus pecados. Sou eu quem deveria pagar a penalidade pelos meus pecados, mas Jesus me amou o bastante para pagar a penalidade, para sofrer e morrer por mim, no meu lugar. Após morrer na cruz pelos pecados, creio que Ele ressuscitou dos mortos, para viver para sempre, como meu Salvador. Lamento pelos meus pecados os quais me separaram da Tua graça. Sinceramente deixo o meu estilo de vida pecador e me volto para Ti e Te peço perdão por todos os meus pecados. Recebo com alegria, aqui e agora, Jesus Cristo no meu coração como o meu Salvador do pecado, do inferno e de todos os poderes do mal. Eu aceito Cristo como Senhor da minha vida. Aqui e agora, dedico a minha vida para agradar-Te. Aceito a aliança (promessas) oferecida pelo Teu Filho, Jesus Cristo. Agora, Senhor Jesus, quero falar Conti- APRENDER COMO GANHAR ALMAS go. Tu disseste que, “...se eu vier a Ti, Tu me receberás e não me expulsarás.” Venho a Ti agora, Te querendo com todo o meu coração, buscando salvação e confiando somente no sangue que derramaste pelos meus pecados. Tenho a certeza de que não me rejeitas, de que Tu me recebes agora. Tu disseste, “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo’’ (Rm 10:9). Eu creio com todo o meu coração que Tu és meu Senhor e que ressuscitaste dos mortos. Confesso, aqui e agora, que Tu és meu Mestre, meu Salvador, meu Senhor. Te recebo, agora, no meu coração, através da fé. Porque Tu morreste por mim, sofrendo a punição que eu deveria ter sofrido, sei que meus pecados não podem me condenar novamente. Tu pagaste todo o preço pela minha redenção. Porque a Bíblia diz, “Mas a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus...” (Jo 1:12), creio que neste exato momento me dás o poder para me tornar Teu filho. Assim sendo, creio que me perdoas. Teu precioso sangue lava todos os meus pecados. Foste ofendido pelas minhas transgressões. Foste ferido pelas minhas iniqüidades. A punição que eu deveria ter sofrido foi colocada sobre Ti. Eu sei que estou perdoado. Obrigado, Senhor! A partir deste momento, lerei a Tua Palavra e farei o melhor que puder para seguirTe e agradar-Te em tudo o que penso, faço e digo. Agora, sou um cristão verdadeiro, um representante de Jesus Cristo, na terra. Agora eu sei que estou salvo. Como um ato de fé, registre a sua aliança com Jesus, assinando o seu nome embaixo da aliança que segue. 2. Decisão e Aliança Hoje li O Verdadeiro Cristão, e apren- SEÇÃO E4 / 927 di o que significa ser salvo. Acompanhei sinceramente os sete passos esboçados aqui e, respeitosamente, fiz a oração. Recebi Jesus Cristo em minha própria vida e, agora, sou uma nova criatura. Empenho a minha vida para fazer o melhor para agradar a Deus, em tudo o que penso, faço e digo. Com a graça e a ajuda d’Ele, compartilharei Jesus Cristo com os outros. Confiando n’Ele para manter-me na Sua graça, tomei esta decisão hoje, em Nome de Jesus. Assinado __________________________ Data _____________________________ Existe um tempo, não sabemos quando, Um lugar, não sabemos onde; Que assinala o destino dos homens Para a glória ou desespero. Existe uma linha invisível Que cruza todos os caminhos Que assinala a fronteira entre A misericórdia de Deus e a Sua ira Mas naquela fronte Deus colocou Indelevelmente uma marca; Invisível para o homem, pois visto que até o momento Está cego e no escuro. Ele sente, talvez, que tudo está bem E que todos os medos estão serenos; Ele vive, ele morre, ele caminha no inferno, Não somente condenado, mas maldito! Oh, onde está aquela linha misteriosa Que talvez possa ser atravessada pelo homem, Além da qual o Próprio Deus jurou Aquele que a atravessar está perdido? Uma resposta dos céus repete, “Você que se afasta de Deus’’, HOJE Oh ouça a voz d’Ele, 928 / SEÇÃO E4 E4.5 – Sugestões Práticas Para Ganhar Almas HOJE, arrependa-se e não endureça o seu coração. Capítulo 5 Sugestões Práticas Para Ganhar Almas A. ORE POR AQUELES A QUEM VOCÊ QUER GANHAR Intercessão é a maneira que conduz o ganhador de almas. Nenhuma igreja pode prosperar sem ela. Nenhum cristão pode crescer sem ela. A lei da vida exige reprodução “...mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos” (Is 66:8). Jesus intercedeu e labutou por mim. “...porquanto derramou a sua alma na morte, e foi contado com os transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos transgressores intercede” (Is 53:12). Você começa a se preocupar com a espiritualidade do homem, quando passa a orar por ele. “Fazendo sempre com alegria oração por vós em todas as minhas suplicas” (Fp 1:4). “...orando sempre por vós” (Cl 1:3). B. FAÇA CONTATO COM AQUELES QUE VOCÊ QUER GANHAR “Este achou primeiro a seu irmão Simão, e disse-lhe: Achamos o Messias [que, traduzido, é o Cristo]” (Jo 1:41). Com Cristo veio a ênfase de buscar os perdidos. “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19:10). O movimento do cristianismo, nesse mundo, é biblicamente baseado no contato pessoal. Quem realmente conhece Jesus, quererá que outros O conheçam. O segredo está nas palavras de André, “...nós encontramos.” A procura por satisfação, no espírito do homem, e completada num conhecimento vivo de Jesus Cristo. Evangelismo pessoal é compartilhar essa descoberta. “E levou-o a Jesus” (Jo 1:42). Como isso é realizado? Cristo dá a resposta. “Vinde após mim, e eu vos farei pescadores de homens” (Mt 4:19). O amor por Cristo produz o amor pelos homens. C. ELIMINE AS OBJEÇÕES; RESPONDA ÀS PERGUNTAS 1. Algumas Perguntas/Justificação e Suas Respostas a. Pergunta: O que é Pecado? Resposta: Pecado é quebrar as leis de Deus (Jo 3:10). Tudo o que não é moralmente certo é pecado (Jo 5:17). Incredulidade é pecado (Jo 16:8,9) Vícios duvidosos é pecado (Rm 14:23). Obrigação negligenciada é pecado (Tg 4:17). b. Pergunta: Por que Deus Permite o Mal no Mundo? Resposta: A liberdade de escolha é o magnífico presente do Criador, para a raça humana. “Os céus e a terra tomo hoje por testemunhas contra vós, que te tenho proposto a vida e a morte, a bênção e a maldição: escolhe pois a vida, para que vivas, tu e a tua semente” (Dt 30:19). Este versículo da Bíblia nos mostra que Deus dá ao homem a escolha – vida ou morte, bênção ou maldição – e estimula o homem a escolher a vida. O pecado procede do homem e não de Deus. Deus impede o domínio do pecado (Rm 6:14). Deus tem, às Suas próprias custas, conseguido o remédio para o pecado. “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós...” (Rm 5:8). “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?” (Rm 8:32). c. Justificação: Meus Pecados São Pequenos, Então por que me Preocupar? Resposta: Porque qualquer pecado atormenta. “Mas os ímpios não têm paz, disse o Senhor” (Is 48:22). APRENDER COMO GANHAR ALMAS Porque qualquer pecado separa você de Deus (Is 59:2). Porque qualquer pecado escraviza você (Jo 8:34). Porque qualquer pecado termina em morte (Rm 6:23). Porque qualquer pecado exclui você do Céu (1 Co 6:9). d. Justificação: Eu Não Sou um Pecador; Eu Sou Tão Bom Quanto Você. Resposta: Você está certo. Você é tão bom quanto eu e talvez melhor do que eu. Mas pense nisto: É necessária uma mentira para fazer um mentiroso; um assassinato para fazer um assassino. Da mesma forma, é necessário um pecado para fazer um pecador. “Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de todos” (Tg 2:10). “Não há um justo, nem um sequer. Porque todos pecaram...” (Rm 3:10,23). E Deus diz, “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor” (Rm 6:23). Eu não estou salvo porque sou melhor do que você. Eu estou salvo porque eu pedi e recebi o perdão pelos meus pecados e transgressões. Você não gostaria de fazer o mesmo? e. Justificação: Não Posso Superar os Meus Pecados. Resposta: Salvação é uma escolha de vida ou morte. “...se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (Lc 13:3). Você não pode viver de uma maneira e morrer de outra. “Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna” (Gl 6:8). Você não pode superar o pecado com o seu próprio poder. “Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:36). “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4:13). Cristo pode alcançar você onde quer que você esteja (Hb 7:25). SEÇÃO E4 / 929 f. Justificação: Eu Sou um Grande Pecador. Resposta: Jesus veio para salvar todos os pecadores. O Apóstolo Paulo, mesmo tendo matado cristãos inocentes, escreveu, “Esta é uma palavra fiel, e digna de toda a aceitação, que Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores; dos quais eu sou o principal” (1 Tm 1:15). Os seus pecados são escarlates? “Vinde então, e argüi-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve: ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã” (Is 1:18). Você está perdido? “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lc 19:10). Você está sem forças? “Porque Cristo, estando nós ainda fracos morreu a seu tempo pelos ímpios. Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:6-8). Jesus não expulsará ninguém que vá a Ele (Jo 6:37). Deus não faz exceções na Sua oferta de salvação. “E de tudo o que, pela lei de Moisés, não pudestes ser justificados, por ele é justificado todo aquele que crê” (At 13:39). O homicídio não é imperdoável. Davi confessou o seu pecado e foi perdoado (Sl 32:5). O furto não é imperdoável. O ladrão, na cruz, arrependido, foi perdoado (Lc 23:43). A blasfêmia não é imperdoável. Paulo era um blasfemador e foi perdoado (1 Tm 1:13). O adultério não é imperdoável. A mulher de Samaria foi salva (Jo 4:18). Um dos surpreendentes registros de perdão é encontrado em 1 Coríntios 6:9-11. Paulo relaciona todos os pecados pelos quais os coríntios foram perdoados. “Não sabeis que os injustos não hão de 930 / SEÇÃO E4 herdar o reino de Deus? Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbedos, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. “E é o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus.” A pessoa que pede perdão sinceramente, jamais será rejeitada. “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar” (Is 55:7). “Vinde então, arguí-me, diz o Senhor: ainda que os vossos pecados sejam como a escarlate, eles se tornarão brancos como a neve: ainda que sejam vermelhos como o carmesim, se tornarão como a branca lã” (Is 1:18). Veja também Atos 10:43. Paulo foi um grande pecador mas obteve a salvação (1 Tm 1:12-16). Versículos que podem ser usados mais adiante: Mateus 9:13, Hebreus 7:25, Lucas 23:39-43. g. Justificação: Jesus Cristo é Somente um Grande Homem da História. Resposta: Ele afirma ser Deus. “Que, sendo em forma de Deus, não reteve por usurpação ser igual a Deus” (Fp 2:6). Ele foi levado para a morte por esta afirmação (Mt 26:63-65). A ressurreição evidenciou essa afirmação. “Ao qual Deus ressuscitou, soltas as ânsias da morte, pois não era possível que fosse retido por ela” (At 2:24). A grandeza moral de Sua vida supera qualquer coisa nos registros. “Quem dentre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, por que não credes?” (Jo 8:46). Ninguém influenciou tanto a história como Cristo (Lc 2:34). Existe um testemunho repetido de experiência pessoal. “...já não é pelo teu dito que nós cremos; porque nós mesmos o temos ouvido e E4.5 – Sugestões Práticas Para Ganhar Almas sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo” (Jo 4:42). Existe um desafio para provar a divindade d’Ele. “Se alguém quiser fazer a vontade dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus, ou se eu falo de mim mesmo” (Jo 7:17). h. Justificação: Existem Muitos Hipócritas. Resposta: Os hipócritas são perdidos. Se você permitir que os hipócritas o impeçam de ser salvo, você passará a eternidade no inferno com eles. Além do mais, você tem que ser menor do que aquilo onde você se esconde atrás. Se você se esconde atrás de um hipócrita, você deve ser menor do que ele. Versículos que podem ser usados mais adiante: Zacarias 13:6, Atos 1:16, Hebreus 12:2, Atos 17:30,31, Romanos 14:12, Mateus 7:1-5, Romanos 2:16, 1 Samuel 16:7. i. Justificação: Deus é Injusto. Resposta: Quem é Deus? Quem é você? Injustiça é pecado. Você tenciona acusar Deus de pecado? Deus é tão justo que Ele nunca exige dois pagamentos pelo mesmo débito. Jesus pagou seu débito do pecado na cruz. Portanto, quando você aceita a Cristo, você não tem aquele débito do pecado para pagar. j. Justificação: As Pessoas Ririam. Resposta: É melhor deixar que elas riam do que Deus rir. “Também eu me rirei na vossa perdição, e zombarei, vindo o vosso temor” (Pv 1:26). Evite as más companhias. “Não entres na vereda dos ímpios, nem andes pelo caminho dos maus. O caminho dos ímpios é como a escuridão: nem conhecem aquilo em que tropeçam” (Pv 4:14,19). Não se envergonhe de Cristo. “Portanto, qualquer que me confessar diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos Céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10:32,33). APRENDER COMO GANHAR ALMAS k. Justificação: Tenho Medo de Perseguição. Resposta: É uma coisa covarde renegar Jesus Cristo. “Mas quanto aos tímidos... a sua parte será no logo que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte’’ (Ap 21:8). “Porquanto, qualquer que, entre esta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier na glória de seu Pai, com os santos anjos” (Mc 8:38). É pedido muito pouco em retorno, pelo muito. “Porque para mim tenho por certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nos há de ser revelada’’ (Rm 8:18). É tudo ou nada. “Se sofrermos, também com ele reinaremos; se o negarmos também ele nos renegará” (2 Tm 2:12). Junte-se a companhias seletas. É uma chance de fazer, na vida, alguma coisa que valha a pena. “Bem aventurados sereis quando os homens vos aborrecerem e quando vos separarem, e vos injuriarem, e rejeitarem o vosso nome como mau, por causa do Filho do homem. “Folgai nesse dia, exultai; porque, eis que é grande o vosso galardão no céu, pois assim faziam os seus pais aos profetas” (Lc 6:22,23). l. Justificação: Agora Não. Resposta: Sempre que você diz não, fica mais difícil dizer sim. O tempo e o dia são agora. “... eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação” (2 Co 6:2). Busque o Senhor enquanto Ele pode ser encontrado. A demora é decisão para o caminho errado. “Hoje, se ouvirdes a sua voz, não endureçais os vossos corações” (Hb 4:7). O amanhã é o dia quando o homem inútil trabalha, quando o ladrão se torna honesto, quando o bêbado fica sóbrio. O amanhã é SEÇÃO E4 / 931 um período que não se encontra em parte alguma exceto, talvez, no calendário do tolo. O chamado de Deus não é um chamado para amanhã e, sim, para hoje. m. Justificação: Creio que Deus é Bom Demais Para Condenar Alguém. Resposta: Isto não é o que a Bíblia diz. “Pelo que os ímpios não subsistirão no juízo, nem os pecadores na congregação dos justos. Porque o Senhor conhece o caminho dos justos: mas o caminho dos ímpios perecerá” (Sl 1:5,6). Deus coloca a sua salvação ou condenação na sua aceitação ou rejeição de Jesus Cristo (Jo 12:48). Deus não é injusto. O coração humano é que o é. “Mas, segundo a tua natureza e teu coração impenitente, entesouras ira para ti no dia da ira e da manifestação do juízo de Deus” (Rm 2:5). Todo representante de Deus procura guiar você para o arrependimento (2 Pe 3:9). n. Justificação: Como Posso Harmonizar a Doutrina do Inferno com a da Salvação Cristã de Deus? Resposta: “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos’’ (Mt 25:41). Deus preparou o inferno para o diabo e seus seguidores. Se você seguir o diabo, você viverá com ele eternamente. “... Judas se desviou, para ir para o seu próprio lugar” (At 1:25). O lugar para o transgressor é o inferno. “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pe 3:9). Deus não quer mandar ninguém para o inferno. Ele quer que todos se arrependam e sejam salvos. “Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? diz o Senhor Jeová: não desejo antes que se converta dos seus caminhos e viva?” (Ez 18:23). Aqueles que 932 / SEÇÃO E4 deixarem o pecado e se voltarem para Cristo, desfrutarão a vida atual e a vida eterna. “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna” (Mt 25:46). “... Filho, lembra-te de que recebestes os teus bens em tua vida, e Lázaro somente males; e agora este é consolado e tu atormentado” (Lc 16:25). “Serpentes, raça de víboras! como escapareis da condenação do inferno?” (Mt 23:33). “... temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo” (Mt 10:28). o. Pergunta: Não Há na Bíblia Inconsistências e Contradições? Resposta: Onde estão elas? A Bíblia é revelação. “Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor. Porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos” (Is 55:8,9). A Bíblia é um livro fechado para um coração fechado. “Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Dn 12:10). “Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendêlas, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2:14). Certamente, há mistérios introduzidos na Palavra de Deus! Pedro disse, das cartas de Paulo, “...como em todas as suas epístolas... pontos difíceis de entender...” (2 Pe 3:17). Conheça-O e você conhecerá o Livro d’Ele. p. Pergunta: Como Posso Saber que Existe um Deus? E4.5 – Sugestões Práticas Para Ganhar Almas Resposta: Há três fontes de onde podemos retirar a resposta para esta pergunta. Primeiro, existe a Bíblia. “Examinais as Escrituras, porque... elas... de mim testificam” (Jo 5:39). Segundo, existe a Criação. Não poderia existir a Criação sem um Criador. Paulo diz que aqueles que nunca tiveram a Bíblia ainda podiam saber sobre Deus, por causa da Criação. “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta, porque Deus lho manifestou... desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder, como a sua divindade...” (Rm 1:19,20). Terceiro, existe o homem. “Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; Que é o homem mortal para que te lembres dele?...” (Sl 8:3,4). Alguns grupos tribais primitivos, deixaram os antropólogos em dúvida quanto a classificá-los como humanos. Eles criaram um teste: Eles tinham objetos de adoração? Se tivesse, eles eram humanos, pois animais não adoram. Somente o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus e somente o homem é cônscio de Deus. Os três itens acima tornam evidente que existe um Criador. Nada poderia ter sido criado por acidente. q. Pergunta: Por que Eu Preciso do Sangue? Resposta: Essa é a lei eterna da redenção, acreditada por todas as civilizações e encontrada entre todos os povos. “Porque a alma da carne está no sangue, pelo que vo-lo tenho dado sobre o altar, para fazer expiação pelas vossas almas: porquanto é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17:11). Jesus morreu por você e por mim! (Mt 26:28). Alguém teve que tomar o meu lugar e carregar a minha culpa porque... “...sem derramamento de sangue não há remissão” (Hb 9:22). Ele experimentou a morte por mim. Portanto, Ele suportou a penalidade máxima dos meus pecados (Rm 5:9,10). APRENDER COMO GANHAR ALMAS Foi pago o maior preço no universo. “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais. “Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” (1 Pe 1:18,19). r. Justificação: Não Vejo Nenhum Mal nas Diversões Mundanas Resposta: A condução do crente a essa pergunta, deve ser sempre positiva e não negativa. Em vez de perguntar, “Que mal há nisso?” deveria perguntar, “O que há de bom nisso?” “E, quanto fizerdes por palavras ou por obras, fazei tudo em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai” (Cl 3:17). “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus” (1 Co 10:31). “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm: todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Co 6:12). Como cristão, sou responsável por usar o meu corpo e a minha mente para a glória de Deus (1 Co 6:19,20). Fortes advertências aparecem no Novo Testamento: “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (1 Co 3:17). “Pelo que saí do meio deles, e apartaivos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei” (2 Co 6:17). “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras, sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra” (Tt 1:16). A minha meta deve ser sempre dar o máximo para a Supremacia d’Ele (2 Tm 2:4). D. VIVER A VIDA CRISTÃ Após adotar todos os passos esboçados no Capítulo 4, “O Verdadeiro Cristão – SEÇÃO E4 / 933 Como Ser Salvo,’’ você precisa ensinar ao novo convertido a fazer o que segue, para que ele continue a sua nova vida como um discípulo de Jesus. 1. Regozije-se Publicamente Dê o seu testemunho por Cristo. Conte aos outros o que Ele tem feito por você. “Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, será salvo. Visto que com o coração se crê para a justiça, e com a boca se faz confissão para a salvação” (Rm 10:9,10). Veja também Mateus 10:32,33. 2. Peça o Batismo na Água Isso é um testemunho exterior para uma transformação interior. “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16:16). O batismo sem crer é inútil. “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. “Porque, se fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o seremos na da sua ressurreição” (Rm 6:4,5). 3. Leia a Bíblia A Bíblia, a Palavra escrita de Deus, é a fonte da sua fé. “Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus” (1 Jo 5:13). Veja também Romanos 10:17, Salmos 119:105. 4. Fale com Deus em Oração A oração é a conversa com Deus. A vida é sustentada pela união e comunhão (Ef 6:18, Tg 4:2). “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos 934 / SEÇÃO E4 que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos” (1 Jo 5:14,15). 5. Resista a Tentação A Tentação não é pecado. Pecado é permitir a tentação. “Bem aventurado o varão que sofre a tentação; porque, quando for provado, receberá a coroa da vida, a qual o Senhor tem prometido aos que o amam. “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal, e a ninguém tenta. “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. “Depois, havendo a concupiscência concebido, dá a luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte. “Não erreis, meus amados irmãos” (Tg 1:12-16). “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. “Cheguemos pois com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb 4:15,16). 6. Faça Uma Reparação A sua culpa acabou-se e você está perdoado. Agora, você pode provar para os outros a sua nova fé encontrada, fazendo uma reparação àqueles com os quais você possa ter sido injusto, quando você ainda era um incrédulo. E4.5 – Sugestões Práticas Para Ganhar Almas “...e, se nalguma coisa tenho defraudado alguém [injustamente], o restituo quadruplicado” (Lc 19:8). “E por isso procure sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com Deus como para com os homens” (At 24:16). 7. Devolva a Deus as Coisas que São de Deus Comece a dar, imediatamente, o dízimo (10 por cento) da sua renda para sustentar a Igreja. “Roubará o homem a Deus?... Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha casa, e depois fazei prova de mim, diz o Senhor dos exércitos, se eu não vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança’’ (Ml 3:8,10). Veja também 1 Coríntios 16:2. 8. Assista Regularmente a Comunidade da Igreja Associe-se, imediatamente, às pessoas de Deus (Hb 10:25). “E, chegando a Nazaré, onde fora criado, entrou num dia de sábado, segundo o seu costume, na sinagoga, e levantou-se para ler” (Lc 4:16). “E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo... falava com eles...” (At 20:7). 9. Estude o Manual de Treinamento de Líderes em Algum Lugar Neste Livro “Examinais as Escrituras, porque... são elas que de mim testificam” (Jo 5:39). DAR INSTRUÇÕES AOS NOVOS CONVERTIDOS SEÇÃO E5 / 935 SEÇÃO E5 DAR INSTRUÇÕES AOS NOVOS CONVERTIDOS E5.1 E5.2 E5.3 E5.4 - ÍNDICE DESTA SEÇÃO A Nova Vida O Batismo na Água – Parte I O Batismo na Água – Parte II Padrões de Moralidade Sexual INSTRUÇÃO PARA OS LÍDERES: Você (ou alguém que você designe) deve rever esta informação com cada novo crente, num período de um ou dois dias da decisão dele para receber a Cristo. Se você tem aulas ou curso de estudo para Novos Crentes, matricule-os. Caso você não tenha, designe alguém (ou faça você mesmo) para ensinálos, todas as semanas, a matéria do Manual de Treinamento Para Novos Crentes. NOTA : As citações das Escrituras nesta matéria, são da Bíblia Viva e foram usadas com permissão. Capítulo 1 A Nova Vida Por Paul Collins A. COMEÇA UMA NOVA VIDA Você começou uma dimensão de viver, totalmente nova quando recebeu Jesus dentro da sua vida. Certa vez, um homem disse: “Quando você encontra Jesus, a vida encontra você!” A Bíblia Viva coloca isto desta maneira: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5:17). 1. O que Significa Ser “Salvo”? Salvação não é alguma coisa que você faz, mas alguma coisa que Jesus faz quando você O recebe em sua vida. Você pode sal- var a si mesmo tanto quanto um náufrago pode salvar a si próprio. O náufrago necessita da ajuda de alguém mais e só é salvo quando coloca a sua total confiança no salva-vidas. Isso foi o que Jesus fez por nós. Ele nos resgatou de uma vida totalmente dominada pelo pecado, sob o controle de Satanás e nos guiou para o bem merecido julgamento de Deus. Ele plantou os nossos pés no chão firme do domínio de Deus, afastando-nos da nossa antiga natureza e nos dando a vida eterna. A Bíblia diz que Deus “nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor. Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados” (Cl 1:13, 14). Uma transação eterna ocorreu quando Jesus morreu na cruz. Ele representou a você e a mim, perante ao Seu Pai. O justo julgamento de Deus nos pronunciou culpados porque havíamos pecado, mas o Seu imenso amor enviou o Seu Filho para receber, em nosso lugar, a punição que nós merecíamos. Quando recebemos Jesus em nossa vida, essa foi a troca maravilhosa que ocorreu... “Aquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5:21). Agora, uma nova maneira de viver se espalha diante de nós e tudo gira em torno de uma pessoa especial... Jesus Cristo. Quan- 936 / SEÇÃO E5 do nós abrimos a nossa vida para Ele, começamos a viver sob o Seu controle. 2. O que Significa Ser “Nascido de Novo”? A Bíblia tem uma outra maneira de descrever o que nos aconteceu. Chama-se ser “nascido do Espírito”. Uma noite, um homem veio a Jesus. Ele era muito religioso mas, olhando para ele, Jesus logo soube que faltava nele a coisa mais importante de todas. “Nicodemos”, disse Jesus, “você deve ser nascido de novo!”Pobre Nicodemos, ele jamais ouvira semelhante coisa. Ele achou aquilo muito difícil de entender. Como ele poderia entrar no útero de sua mãe e nascer pela segunda vez? Jesus, então, explicou-lhe: “Na verdade, na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus” (Jo 3:5). Jesus usou o nascimento como um esclarecimento. Um bebê não tem conhecimento ou contato com o mundo exterior, antes do seu nascimento. Da mesma forma, todo indivíduo que não tenha sido nascido do Espírito de Deus, não tem conhecimento ou contato com Deus e com as coisas do Céu e da eternidade. Durante nove meses antes de nascer, o bebê está vivo. Ele tem todo o potencial de vida mas sem a habilidade para usá-lo. a. Tem Olhos Mas Não Pode Ver. Existe uma outra visão que se encontra adormecida em cada um de nós, esperando ser “despertada” pelo Espírito de Deus. É a capacidade para entender as coisas de Deus. Imagine dois bebês ainda não nascidos e que pudessem se comunicar entre si, e um dizer para o outro, “Não acredito no que ouvi sobre a vida após o nascimento!’’ Parece ridículo para nós, quando imaginamos todas as tremendas possibilidades que se encontram diante de uma jovem vida, como é nascer para o mundo. A mesma coisa acontece com a vida espiritual. E5.1 – A Nova Vida A Bíblia coloca isso desta maneira: “Ora o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendêlas, porque elas se discernem espiritualmente” (1 Co 2:14). b. Tem Ouvidos Mas Não Pode Ouvir. Muitas vezes, antes de falar para as multidões, Jesus exclamava: “Ele tem ouvidos... deixai-o ouvir!”. Existe uma habilidade para se ouvir Deus através de ouvidos espirituais. Deus sempre deseja se comunicar conosco. Ele nos fez vivos no Espírito para que possamos ouvi-Lo! c. Tem Boca Mas Não Pode Falar. Um bebê também tem boca e o potencial da fala antes dele nascer, mas não tem a habilidade para se comunicar. Deus quer ter companheirismo conosco. Em outras palavras, Ele quer ter uma comunicação mútua... para falar conosco e para que falemos com Ele. Isso só é possível quando estamos espiritualmente vivos. d. Tem Pulmões Mas Não Pode Respirar. A primeira coisa que um bebê faz ao nascer, é chorar. Ele respira o ar pela primeira vez. A Bíblia chama o Espírito de Deus de “sopro de vida”. Quando recebemos Jesus em nossa vida, Deus “soprou” o Seu Espírito para dentro de nós e fomos “nascidos de novo’’. e. Lavado ao Nascer. A enfermeira, então, lava o bebê. Quando somos nascidos espiritualmente, uma limpeza acontece em nossa alma. Toda a sujeira e lodo que acumulamos em toda parte de nossa vida, de coisas que pensamos, dissemos e fizemos, são levados embora pelo Espírito de Deus. f. Vestido com Roupas Novas. Pense nas horas que a mãe gasta preparando aquelas pequeninas peças de roupas, para o novo membro da família. A Bíblia diz que Deus veste os Seus filhos espirituais com as vestimentas da Sua retidão (Is 61:10). DAR INSTRUÇÕES AOS NOVOS CONVERTIDOS g. Protegido e Alimentado. O Apóstolo Pedro escreveu aos novos cristãos e Lhes disse: “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo” (1 Pe 2:2). Cresceremos em nossa fé através da leitura da Palavra de Deus, a Bíblia, que é o nosso alimento espiritual. h. Dado o Nome de família. Quando nascemos no Espírito, nos tornamos parte da família de Deus. Deus é o nosso Pai Que nos ama e que cuida de nós. Agora, carregamos o Nome d’Ele e onde quer que vamos havemos de representá-Lo. 3. Uma Nova Perspectiva Nos apressamos para o limiar de uma nova dimensão de viver. De repente, vemos a vida ao nosso redor com uma nova perspectiva. Nos sentimos tão limpos interiormente e tão cheios da alegria que Deus nos concedeu, que as árvores e as flores parecem mais esplendorosas. Vemos os nossos amigos , e mesmo os nossos inimigos, numa luz diferente. Compreendemos, então, porque algumas vezes eles agem da maneira que agem... eles precisam de Jesus exatamente como nós precisamos. Deus tem sido muito bom conosco e, agora, em vez de ficarmos cheios de pensamentos egoísticos, devemos ajudar aos outros, trazendo-os para a mesma bênção que recebemos. A vida é maravilhosa. Eis o que Jesus disse que Ele tinha vindo fazer: “... eu vim para que tenham vida, e a tenham com abundância” (Jo 10:10). 4. Um Conhecimento Novo Não é somente isso. Também achamos que temos um novo conhecimento das realidades eternas. Deus não é mais, somente, alguma grande influência em algum lugar no firmamento. Ele é uma pessoa real para nós. Ele é um Pai amoroso! SEÇÃO E5 / 937 Jesus é tão real que podemos falar com Ele todos os dias, e ouvi-Lo falar conosco com aquela voz calma e profunda. Jamais estaremos sozinhos novamente. Jesus disse: “...eu estou convosco todos os dias... não te deixarei, nem te desampararei” (Mt 28:20; Hb 13:5). Todos os dias, pelo resto de nossa vida natural, iremos descobrir mais e mais sobre o nosso maravilhoso Senhor. 5. Um Mapa é um Manual Necessitaremos de um mapa e um guia para ajudar-nos, e Deus providenciou ambos. A Bíblia é a Sua Palavra escrita, para nós. Ela projeta para nós tudo o que Jesus fez, está fazendo e fará. Ela contém todas as promessas maravilhosas de Deus, que agora nos pertencem porque pertencemos a Ele. É um manual completo para a vida e que inclui instruções e promessas para cada aspecto da sua vida e do seu futuro. Vamos querer ler, mais do que fazer qualquer outra coisa. À medida que formos lendo, iremos conhecendo as maravilhas do amor de Deus por nós e os planos d’Ele para a nossa vida atual e para todo o sempre na eternidade. Começaremos a ter revelada para nós, a plenitude do que Jesus nos tem concedido e o tipo de pessoas que somos agora, porque pertencemos a Ele. 6. Um Companheiro e Guia Assim como Deus nos deu a Bíblia para ser o nosso mapa da vida, também nos deu o Espírito Santo para ser o nosso constante companheiro e guia. À medida em que começamos a caminhar ao longo da nossa estrada de descobertas, o Espírito Santo vai guiando cada passo do nosso caminho. A Sua função é nos guiar para toda a verdade e nos revelar as muitas qualidades do caráter de Deus. Não somente nos mostrando como Deus é, mas nos modificando para que sejamos como Ele. 938 / SEÇÃO E5 O plano de Deus é para que vivamos com Ele para sempre. Portanto, os anos que vivemos na terra nos são concedidos para desenvolver a capacidade de viver confortavelmente na Sua atmosfera de pureza, santidade, paz, regozijo e veracidade. A obra do Espírito Santo em nós, representa o milagre inicial do novo nascimento e, depois disso, faz com que continuemos a crescer em nossa nova vida. Um dia, todos os cristãos estarão completamente amadurecidos e perfeitamente preparados perante o Senhor. Eis como a Bíblia descreve a obra do Espírito Santo em nossa vida: “Mas todos nós, com cara descoberta, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” (2 Co 3:18). 7. Um Novo Parentesco Essa é uma ocasião de verdadeiro regozijo. Agora fazemos parte da família de Deus... a família real do Universo! Filhos do Rei! O Apóstolo Paulo descreve desta maneira: “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina. “No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo no Senhor. “No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito” (Ef 2:19-22). A Bíblia usa muitas ilustrações para descrever o nosso novo parentesco com Deus e a nossa nova família espiritual. Somos chamados de “pedras vivas, sois edificados casa espiritual” (1 Pe 2:5), ou “soldado de Jesus Cristo” (2 Tm 2:3). Mas, talvez a principal ilustração que Deus usa é aquela do corpo. “E sujeitou todas as coisas a seus pés, e E5.1 – A Nova Vida sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja. Que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos” (Ef 1:22,23). “Por que assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo assim é Cristo também “Ora vós sois o corpo de Cristo, e seus membros em particular” ( 1 Co 12: 12,27). Nos tornamos parte de um Corpo espiritual e, assim como cada parte do nosso corpo físico é importante para o resto dele, também somos importantes para o resto do Corpo de Cristo, e todo indivíduo cristão é importante para nós. 8. Um Novo Tipo de Regozijo O regozijo que experimentamos é um produto do nosso novo parentesco com Deus, através da nossa fé em Jesus. Compreendemos que a nossa salvação não aconteceu pelo que fizemos, pois ela foi uma dádiva. Deus planejou e iniciou a nossa experiência de vir a conhecê-Lo. Assim como aprendemos que é impossível obter a nossa salvação por nós mesmos, também é verdade que é impossível viver a vida cristã sem a ajuda de Deus. Da mesma maneira que confiamos n’Ele para perdoar os nossos pecados, também confiamos n’Ele para viver vitória e regozijo, no nosso dia a dia. O regozijo ocorre continuamente, como resultado desse novo parentesco de confiança no poder do Espírito Santo. Os cristãos do passado viveram tempos de muitas dificuldades, mas a história e a Bíblia confirmam que os crentes experimentam alegrias sob qualquer circunstância. O Apóstolo Paulo escreveu no Novo Testamento, a respeito dessa experiência. “Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo; “Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e DAR INSTRUÇÕES AOS NOVOS CONVERTIDOS nos gloriamos na esperança da glória de Deus. “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência. “E a paciência a experiência, e a experiência a esperança. “E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5:1-5). 9. Sempre Existirão Tentações Todos somos tentados. Estaremos mais alertas do que estivemos no passado, a respeito da tentação do pecado à nossa volta. Até Jesus foi tentado quando esteve na terra, há 2000 anos atrás. Mas a Bíblia esclarece que mesmo tendo sido tentado, Ele jamais pecou. Ele iluminou o caminho à nossa frente para que nós possamos, também, viver diariamente em vitória. A tentação é obra do diabo. Ele sempre tenta fazer com que desacreditemos na nossa experiência com Jesus. O Apóstolo Tiago fez uma surpreendente declaração quando disse: “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência” (Tg 1:14). Existe uma diferença importante entre tentação e o próprio pecado. Todos somos tentados, e o inimigo geralmente pega as áreas mais fracas da nossa vida, como alvo. Portanto, a tentação não se transforma em pecado, a menos que comecemos a acolher e receber os pensamentos errados dentro da nossa vida. Quando um pensamento maligno surge em nossa mente é importante sabermos que o pensamento inicial não é nosso, mas do inimigo apresentando uma tentação, na esperança de que a receberemos. É nesse ponto que fazemos uma escolha, rejeitando a tentação no Nome de Jesus. Se fizermos isto, acharemos que o Espírito Santo estará lá para nos ajudar e nos dar força para resistirmos ao diabo. SEÇÃO E5 / 939 Existe uma promessa em Tiago 4:7: “Sujeitai-vos pois a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”. Uma coisa importante para termos em mente, é permanecermos afastados das áreas, lugares e pessoas que podem provocar uma tentação maior. Estamos cortejando o perigo ao flertarmos com a tentação. Deus nos deu uma promessa maravilhosa, e a vitória será sempre nossa se simplesmente vivermos pela Sua orientação. “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que vos não deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar” (1 Co 10:13). B. AGORA, CAMINHE COM DEUS Quando nos convertemos, demos uma guinada em nossa vida. Portanto, não devemos parar nesse ponto; devemos começar a caminhar com Deus. Isso significa, vivermos o nosso dia a dia com Ele e sermos guiados por Ele. O Senhor Jesus Cristo habita no nosso coração pelo Seu Espírito, mas Ele controla somente aquela parte da nossa vida que entregamos a Ele. 1. Entregar Tudo a Ele O Apóstolo Paulo escreveu aos cristãos sobre isso: “Rogo-vos pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional. “E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus” (Rm 12: 1,2). Porque o Seu Espírito agora habita em nossos corpos; a única maneira d’Ele expressar a Sua vida e o seu amor é através daquele que confia totalmente n’Ele. Não espere que o Espírito Santo transforme a “casa do seu coração”, se você se 940 / SEÇÃO E5 recusa a deixá-Lo entrar em todos os cômodos. Sei que você quer ter a certeza de que entregou tudo a Ele, por isso eis aqui uma sugestão: Pegue alguns pedaços de papel e escreva em cada pedaço, o dinheiro que possui, seu carro e qualquer bem que possua, seus entes queridos e, por último, você mesmo. Ore por um curto período de tempo e faça a entrega a Deus. Dê cada uma dessas coisas que você relacionou, a Deus – “Aqui estão, Senhor, a minha conta bancária, a minha TV, a minha casa. Eu entrego tudo a Ti”. Quando nos entregamos a Deus, nos entregamos à vida, ao regozijo e a paz. Isto é o que realmente significa ser um discípulo de Jesus. 2. Comunicar-se com Jesus A nossa vida crescerá e se desenvolverá à medida que nos comunicarmos com Jesus. O Apóstolo Paulo dá um bom conselho em Filipenses 4:6,7: “Não estejais inquietos por coisa alguma: antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplicas, com ação de graças. “E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus”. a. A Qualquer Hora, em Qualquer Lugar. Orar é simplesmente falar a Deus. Você pode falar com Deus a qualquer hora... no ônibus, no trem, no carro ou em qualquer outro lugar. Contudo, é uma grande idéia você ter um lugar especial e uma hora especial do dia, para se retirar para um lugar secreto com Ele. Fique quieto e ouça. Traga os seus problemas e pedidos para a presença d’Ele. Eis aqui uma promessa importante que Deus fez para encorajar você: “Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que E5.1 – A Nova Vida vê secretamente, te recompensará” (Mt 6:6). b. Encontre um Parceiro de Oração. “Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso Lhes será feito por meu Pai, que está nos céus” (Mt 18:19). Esta é uma promessa especial para duas pessoas quaisquer, que concordarem em orar juntas, em harmonia e fé. Desta forma, uma pode encorajar a outra a acreditar e ser positiva em sua fé. Isso acrescenta um poder extra à sua vida. Existe uma extensão ilimitada neste tipo de oração. Na promessa que Deus fez, Ele diz que devemos pedir QUALQUER COISA! Que possibilidades! Deus o fará do Céu. Que experiência magnífica, juntar-se aos poderes do Céu na visão dos milagres na vida das pessoas! No Antigo Testamento existe uma pergunta: “...seria qualquer coisa maravilhosa para mim?” (Jr 32:27). A resposta é NÃO! c. Junte-se aos Outros. Procure assistir a reuniões de oração e junte-se a outras pessoas na família de Deus, para orar. Coisas importantes estão sendo realizadas na terra através das orações da Igreja. Seja parte delas. 3. Obedeça ao Espírito Santo “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (Fp 4:8). Este é um bom conselho. Do mesmo modo que você é assistido pelo Senhor para orientá-lo no seu novo estilo de vida, essas coisas acontecerão. Você se conscientizará da fala de Deus, através da Sua Palavra à medida que você a ler. Uma convicção interior brotará no seu coração de que uma determinada coisa está DAR INSTRUÇÕES AOS NOVOS CONVERTIDOS certa. Obedeça esta convicção, pois este é o modo como você está aprendendo a ser guiado pelas direções d’Ele. Há muitas vozes no mundo, mas a voz do Espírito Santo nunca pedirá a você para fazer qualquer coisa pecaminosa ou que possa ferir alguém, e nada que seja contrário ao que está escrito na Bíblia. Algumas vezes, as pessoas falharão com você, mas não se sinta desanimado. Deus é sempre o mesmo e o Seu caráter é totalmente de confiança. Quando você se depara com uma decisão ou escolha entre dois caminhos, escolha sempre a estrada superior, aquela que é melhor, mais pura, mais generosa e honesta. Se houver qualquer dúvida sobre alguma coisa, ela é provavelmente errada para você. 4. Leia a Bíblia Diariamente A Bíblia é o seu livro mais estimulante. É o best-seller mundial. Neste livro (composto de 66 livros) está o pensamento de Deus sobre tudo o que é importante. À medida que você ler a Palavra de Deus você se encontrará sendo desafiado a se modificar. Quando você encontrar uma área da sua vida que esteja contrária à maneira de Deus, você vai querer modificá-la. Isto acrescentará alegria à sua vida. Ler a Bíblia será como tomar um banho... trará uma sensação de limpeza e de frescor. O Salmista colocou isto desta maneira: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119:11). Compartilhamos da vida de Deus através das palavras d’Ele, e encontramos forças e autoridade para desafiar e derrotar as tentações de Satanás. Em Efésios 6:7 nos é dito que a espada do Espírito é a Palavra de Deus. Decida-se a ler a Palavra de Deus, diariamente. Comece lendo o Novo Testamento. Ore e peça a Deus para falar a você enquanto você lê. É muito bom ter um caderno de anota- SEÇÃO E5 / 941 ções ou um diário para escrever as lições e os pontos importantes que você aprender, enquanto você estiver lendo. Tome nota, também, das coisas que Deus está pedindo para você fazer. Há uma grande alegria em obedecer as instruções d’Ele, pois elas produzem a verdadeira vida e o caráter de Deus, dentro de nós. 5. Encontre um Lar Espiritual É muito importante encontrar um lar espiritual onde você pode receber ensinamento e solidariedade para ajudar o seu crescimento e entendimento. Você precisa encontrar um pastor (que algumas vezes é chamado de ancião, pastor ou ministro), alguém a quem você possa respeitar e confiar a sua vida, e que poderá vir a ser o seu pai espiritual. Seja leal e fiel a ele e permita que ele o ajude a direcionar sua vida. Se você tiver áreas da sua vida nas quais não tem sido capaz de conseguir vitória por si mesmo, compartilhe-as com o seu pastor. Lembre-se de que Deus deseja que você seja completamente livre. Jesus disse: “Se pois o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (Jo 8:36). 6. Ajude a Obra de Deus Deus deseja que você tenha êxito em sua vida e deseja, também, atender às suas necessidades. O que você deve fazer é honrar a Deus, doando dinheiro e tempo para ajudar a obra d’Ele. Isto é parte da nossa adoração e ajuda a estender o Reino d’Ele. Dessa forma, outros terão a mesma oportunidade que você, de ouvir as boas novas (o Evangelho). Deus nos estimula a separarmos um décimo da nossa renda mensal para a obra d’Ele, e levá-lo para o nosso lar espiritual onde devemos oferecê-lo em adoração ao Senhor, com todos os outros crentes. Essa é a maneira de você expressar o seu 942 / SEÇÃO E5 amor e a sua gratidão a Deus, por tudo o que Ele tem feito por você. 7. Dons de Ministério Para Ajudar Você Deus concedeu dons especiais de ministério para a Igreja, tais como instrutores e mestres. Eles são chamados por cinco nomes diferentes: Apóstolos, Profetas, Evangelistas, Pastores e Mestres. Você aprenderá a reconhecê-los à medida que participar da vida da Comunidade Cristã. Eles são as provisões de Deus para ajudar você. Você pode ler isso em Efésios 4:11-13. 8. Conte aos Outros Sobre Jesus Compartilhe a sua vida com os outros. Isto pode trazer desentendimento ou mesmo perseguição, mas Deus lhe dará a sabedoria de como compartilhar o Evangelho com as pessoas. Lembre-se de que eles necessitam de Jesus, desesperadamente. Ore por eles e compreenda que o Espírito de Deus está usando as suas palavras para agir no coração deles, mesmo quando as evidências parecem indicar o contrário. Você faz parte do mais poderoso exército de testemunho de crentes, ao redor do mundo. Há, literalmente, milhões de pessoas se voltando para Cristo e Ele quer que você também tenha a alegria de ganhar alguém para Ele. Que vida maravilhosa você tem agora! Desfrute-a, e a Deus também. Deus o abençoe e o receba na família d’Ele. C. CONCLUSÃO Lembre-se: • Deus ama você. • Ele vive dentro de você. • Ele está aí para ajudar. • Obedeça, quando sentir que o Espírito Santo está lhe dizendo para fazer alguma coisa. E5.2 – Batismo na Água – Parte I • • • • Fale com Deus, constantemente, em oração. Leia e estude a Sua Palavra. Conte aos outros sobre Jesus. Tenha solidariedade com os outros na família (Igreja) de Deus. Capítulo 2 Batismo na Água - Parte I Graham Truscott Introdução “Quem crer e for batizado será salvo...” (Mc 16:16). Depois de arrepender-se e de receber Jesus Cristo como seu Salvador, o próximo passo na sua vida cristã é o batismo na água. Devemos observar cuidadosamente, que o batismo na água é ordem de Deus: “...seja batizado” (At 2:38). O batismo na água não é algo para agradar a nós mesmos. É essencial que todo crente em Cristo obedeça essa ordem da Palavra de Deus. Também é fundamental obedecêla da maneira bíblica. Jesus disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama...” (Jo 14:21). A Bíblia nos conta em Samuel, que o Rei Saul queria agradar a Deus com o sacrifício de animais, mas ele já havia desobedecido a ordem de Deus. O Senhor falou a ele através do Seu servo Samuel: “Porém Samuel disse: Tem porventura o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios, como em que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar; e o atender é melhor do que a gordura de carneiros” (1 Sm 15:22). Hoje, essas palavras são como uma advertência para nós. Você talvez deseje fazer muita obra para o Senhor e pode estar pronto para isto. Você pode tentar servir a Deus de muitas maneiras, como Saul. Porém, se você não estiver pronto para obedecer á ordem de Deus para “ser batiza- DAR INSTRUÇÕES AOS NOVOS CONVERTIDOS do” na forma bíblica, o Senhor não aceitará os seus serviços e sacrifícios. Vemos a total necessidade de obedecer à ordem do Senhor para “ser batizado” na forma da Bíblia, quando vemos que Jesus “veio a ser a causa de eterna salvação para todos os que lhe obedecem” (Hb 5:9). À luz desta sagrada advertência, examinemos a Palavra de Deus para ver o que Ele tem a dizer sobre o batismo na água. São cinco as perguntas feitas, usualmente, sobre o batismo na água: • QUEM deve ser batizado? • COMO devemos ser batizados? • ONDE devemos ser batizados? • POR QUE devemos ser batizados? • QUANDO devemos ser batizados? As ordens de Deus sobre o batismo na água são muito diferentes das tradições dos homens. Portanto, devemos ter em mente a advertência do Senhor Jesus contra aqueles que “assim invalidastes, pela vossa tradição [as regras legadas pelos seus antepassados] ...o mandamento de Deus” (Mt 15:6). A. QUEM DEVE SER BATIZADO? Antes de subir ao Céu, o Senhor Jesus Cristo ordenou aos Seus discípulos: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o Evangelho a toda a criatura. “Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16:15,16). Podemos ver que a ordem do Senhor Jesus Cristo é muito simples e clara. Somente aqueles que se tornaram verdadeiros crentes, colocando a sua fé em Cristo, devem ser batizados. É óbvio que aqueles a serem batizados, devem ter idade suficiente para tomar a sua decisão pessoal por Cristo. Algumas crianças recebem a Cristo quando ainda são muito pequenas, mas se elas tiverem uma fé verídica em Cristo, elas estarão prontas para o batismo. A Bíblia parece se referir a uma “idade SEÇÃO E5 / 943 de responsabilidade”. Esta idade chega, quando a criança sabe a diferença entre o certo e o errado. “...antes que este menino saiba rejeitar o mal e escolher o bem...” (Is 7:16). Até aquela idade, os filhos dos crentes estão salvos e seguros pela fé dos seus pais. “...os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos” (1 Co 7:14). Novamente em Mateus 28:19,20, Jesus autorizou aos Seus discípulos: “Portanto ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos”. Aqui também, o teor é claro. Somente aqueles que se tornarem discípulos pela escolha de seguir o Senhor Jesus Cristo e Seus ensinamentos, devem ser batizados. Jesus disse que as condições para se tornar um discípulo são as seguintes: “Se alguém vier a mim, e não aborrecer a seu pai, e mãe, e mulher, e filhos, e irmãos e irmãs, e ainda também a sua própria vida, não pode ser meu discípulo. E qualquer que não levar a sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo” (Lc 14:16,27). Portanto, vemos que aquele que for batizado será um discípulo de Jesus Cristo. Um discípulo é aquele que escolheu fazer Cristo o supremo amor de sua vida. Qualquer um que não tenha feito isto “Não pode ser meu discípulo’’, disse Jesus. E se eles não podem ser discípulos d’Ele, eles não podem ser batizados. “Ser batizado”: Quem? Aqueles que colocaram sua fé pessoal no Senhor Jesus Cristo. Aqueles que fizeram sua própria escolha de ser discípulo d’Ele e segui-Lo. Não existe autoridade na Bíblia para batizar qualquer um, exceto aqueles que se arrependeram dos seus pecados e tomaram a sua decisão pessoal de aceitar a Cristo como seu Senhor e Salvador e de segui-Lo. Não podemos obedecer ao segundo man- 944 / SEÇÃO E5 damento – “ser batizado” – enquanto não obedecermos ao primeiro – “arrependerse”. Mesmo aqueles, nascidos num lar cristão, devem arrepender-se verdadeiramente e manter a sua vida de fé em Cristo. 1. Exemplos Bíblicos Durante o ministério dos seguidores de Cristo, somente aqueles que verdadeiramente se arrependiam, acreditavam e aceitavam Cristo em seu coração, eram batizados. a. O Dia de Pentecostes. “E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos? “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados... “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas” (At 2:37,38,41). Observe que aqueles que receberam a palavra e obedeceram à ordem para se arrepender, foram batizados. b. Os Novos Crentes em Samaria. “Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres [sem menção a criança]” (At 8:12). Quando Filipe exortou Cristo em Samaria e demonstrou o poder milagroso de Deus pelos sinais de curas e maravilhas, estava presente uma multidão de homens e mulheres. Nós lemos: “Mas como cressem... se batizavam, tanto homens como mulheres”. c. O Eunuco Etíope. “Então Filipe, abrindo a sua boca e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus. “E indo eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja batizado? E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. “E mandou parar o carro, e desceram E5.2 – Batismo na Água – Parte I ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou” (At 8:35-38). O batismo na água para os crentes, é uma parte essencial das “boas novas sobre Jesus”. Do contrário, o eunuco não teria pedido pelo batismo.. As palavras do evangelista Filipe ao eunuco, são muito claras: “...se crês de todo o coração, [sejas batizado]”. Esta condição jamais mudou. d. Saulo de Tarso (O Apóstolo Paulo). “E Ananias foi, e entrou na casa e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo. “E logo lhe caíram dos olhos como que umas escamas, e recuperou a vista; e, levantando-se, foi batizado” (At 9:17,18). Já vimos como Saulo se arrependeu dos seus pecados, no caminho de Damasco’, e chamou Jesus de “Senhor’’. Ananias era descrito como “um discípulo” (At 9:10). Ele tratava Saulo como “Irmão Saulo”, porque através da sua fé pessoal em Cristo, Saulo havia se tornado seu irmão em Cristo. Então, aquele que se tornaria o grande apóstolo Paulo, foi batizado na água como um crente. e. Cornélio e Sua Companhia. “Pode alguém porventura recusar a água, para que não sejam batizados estes, que também receberam como nós o Espírito, Santo? E mandou que fossem batizados em nome do Senhor” (At 10:47,48). Conforme vimos no nosso estudo sobre arrependimento, Cornélio e sua companhia primeiro creram e se arrependeram (At 11:17,18) e, então, receberam o Dom do Espírito Santo. Observe que aqueles que receberam o Espírito Santo exatamente como os 120 discípulos receberam em Atos 2, foram batizados. f. Os Coríntios. “... e muitos dos Coríntios, ouvindo-o creram e foram batizados” (At 18:8). Não há lugar para debate: primeiro, eles creram; depois eles foram batizados. DAR INSTRUÇÕES AOS NOVOS CONVERTIDOS g. Os Discípulos em Éfeso. “... Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso; e achando ali alguns discípulos... foram batizados em nome do Senhor Jesus” (At 19:1,5). Os discípulos em Éfeso eram seguidores sinceros do Senhor Jesus. E o exemplo deles, como todos os outros, mostra que o batismo na água, bíblico, vem após o arrependimento e a fé pessoal em Cristo. Não há autorização na Bíblia, para batismo daqueles que nunca se arrependeram dos seus pecados, nem tampouco receberam Jesus Cristo em suas vidas. “a Escritura não pode ser anulada” (Jo 10:35). Em todos os exemplos acima de batismo na água, aqueles que foram batizados, primeiro se arrependeram dos pecados e creram em Jesus Cristo. Há na Bíblia, mais quatro exemplos de batismo na água. Veremos, agora, como eles também ensinam que a ordem do Senhor “seja batizado” é para ser obedecida por aqueles que primeiro têm que se arrepender e crer n’Ele. 2. Os Batismos das Famílias Há quatro referências na Bíblia, de batismos das famílias. Trataremos, agora, do assunto de batismo da família, à luz do que a Bíblia diz: a. A Família de Estéfanas. “E batizei também a família de Estéfanas” (1 Co 1:16). “Agora vos rogo, irmãos, sabeis que a família de Estéfanas é as primícias da Acaia, e que se tem dedicado ao ministério dos santos” (1 Co 16:15). Lendo esses dois versículos, conseguimos mentalizar o quadro inteiro, do batismo da família de Estéfanas. A primeira referência nos conta somente que Estéfanas e a família dele foram batizados pelo Apóstolo Paulo. Mas, no segundo versículo, ficamos sabendo que todos na família se “converteram” – significando que eles se arrependeram e se voltaram para Cristo. As palavras SEÇÃO E5 / 945 “e que se tem dedicado ao ministério dos santos” revelam duas coisas sobre essa família: • Estéfanas e os membros da família dele tiveram a salvação pessoal, através da crença em Cristo. • Eles também dedicaram a sua vida ao serviço do povo de Deus. Por haverem se tornado crentes devotos em Cristo, Paulo os batizou na água. Os estudantes acham que a palavra “família” no Novo Testamento significava, nos tempos da Bíblia, dependentes e servos. De fato, cada um daqueles exemplos correspondente às instruções apostólicas – “Arrepender-se”, “Ser batizado”, “Receber o Espírito Santo” – estabelece isto. Todas as três experiências são para pessoas que recebem instrução, entendem o Evangelho, se arrependem e têm fé. b. O Carcereiro e Sua família. “E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo, e será salvo, tu e a tua casa. “E lhe pregavam a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa. “E, tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes os vergões; e logo foi batizado, ele e todos os seus. “E, levando-os a sua casa, lhes pôs a mesa; e, na sua crença em Deus alegrou-se com toda a sua casa” (At 16:31-34). Está bem claro que toda a família do carcereiro correu para a cela da prisão, quando sentiu que o terremoto havia provocado a libertação dos prisioneiros. Paulo e o seu companheiro Silas, pregaram o Evangelho para todos eles na cela da prisão e todos ouviram a Palavra do Senhor. E todos creram e foram batizados. Do mesmo modo, a família do carcereiro ouviu e creu na Palavra de Deus. Portanto, todos foram batizados como crentes e todos se regozijaram na alegria da salvação recém encontrada. Uma vez mais, então, vemos que foi um batismo para crentes. 946 / SEÇÃO E5 c. A Família de Crispo. “E Crispo, principal da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa; e muitos dos Coríntios, ouvindo-o creram e foram batizados” (At 18:8). O homem proeminente creu no Senhor, juntamente com todos os membros da sua família. Portanto, todos eles tiveram o direito de experimentar o batismo dos crentes. Os outros coríntios que creram, também foram batizados na água. d. A Família de Lídia. “E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta ao que Paulo dizia. “E, depois que foi batizada ela e a sua casa, nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso” (At 16:14,15). O coração de Lídia se abriu para o Evangelho e para o Senhor Jesus. Ela se tornou uma crente fiel e foi batizada. Sobre o poder e autoridade dos exemplos anteriores, incluindo o de Lídia, concluímos que: Quer seja da família de Lídia ou de qualquer outra família, todos os membros devem se arrepender dos pecados sinceramente, crer e receber o Senhor Jesus Cristo e o Seu Evangelho, como uma experiência pessoal, antes que todos os membros da família possam ser batizados. Já consideramos todos o exemplos do batismo na água, no Novo Testamento. A ordem para “Ser batizado” é para aqueles que têm fé nas Boas Novas da salvação através de Cristo, e O receberam como seu Senhor e Salvador. “Sepultados com ele no batismo” B. COMO DEVEMOS SER BATIZADOS? Temos determinada na Bíblia a resposta para a pergunta “QUEM deve ser batizado?” Deus nos responde em voz alta e cla- E5.2 – Batismo na Água – Parte I ramente com a Palavra d’Ele. O candidato para o batismo na água deve ter se arrependido e ter experimentado a salvação pessoal através de Cristo. A próxima pergunta “COMO devemos ser batizados?” Se desejamos sinceramente construir um bom e firme alicerce para a nossa vida cristã, é fundamental que encontremos a resposta certa. Na linguagem grega, na qual o Novo Testamento foi escrito, a palavra batismo é “baptizo”, que vem de “bapto” e significa “mergulhar”, “submergir”, “afundar”. Por exemplo, a palavra bapto era usada entre os gregos para indicar a tintura de uma vestimenta. Quando uma peça de roupa era tingida, era mergulhada num líquido matizado até mudar para a cor da tintura. Um outro exemplo do uso dessa palavra, era a retirada de água mergulhando um vaso dentro de outro. O vaso usado para retirar água era mergulhado na água, dentro do vaso maior. É de grande importância que a Igreja Ortodoxa Grega tenha conservado a palavra “Baptizo” em sua linguagem litúrgica desde o início, e que o significado tenha sempre sido entendido como imersão na água. Até aos dias atuais a Igreja grega batiza na água pela imersão. Podemos ter a certeza de que os gregos entendem o significado do seu próprio idioma! 1. O Método Bíblico de Batismo Porque a palavra na Bíblia significa “mergulhar”, “submergir”, “afundar”, devemos presumir ser esse o batismo praticado na Bíblia. E isso é exatamente o que encontramos. a. João Batista. “Então ia ter com ele [João Batista] Jerusalém, e toda a Judéia, e toda a província adjacente ao Jordão, e eram por ele batizados no rio Jordão, confessando os seus pecados” (Mt 3:5,6). A Bíblia não poderia esclarecer de maneira melhor. Eles foram batizados nas águas do rio Jordão. DAR INSTRUÇÕES AOS NOVOS CONVERTIDOS De fato, a Bíblia ensina que ambos, João Batista e Nosso Senhor Jesus, escolheram um lugar onde havia muita água, para fazer o batismo deles: “Depois disto foi Jesus com os seus discípulos para a terra da Judéia; e estava ali com eles, e batizava. Ora João batizava também em Enom, junto a Salim porque havia ali muita água; e vinham ali, e eram batizados” (Jo 3:22,23). Enom significa “fontes” ou “nascentes”. Podemos ir lá hoje, e ainda veremos as abundantes nascentes de água. Uma outra versão de João 3.23 é “porque lá havia muitos tanques e córregos” (tradução de Weymouth). “Muita água” era fundamental, porque eles eram batizados pela imersão do candidato na água. b. O Batismo de Cristo. “E aconteceu naqueles dias que Jesus tendo ido de Nazaré, da Galiléia, foi batizado por João, no Jordão. E, logo que saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito, que como pomba descia sobre ele” (Mc 1:9,10). Nosso Senhor Jesus foi batizado na água. Ele surgiu “deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas” (1 Pe 2:21). Você seguiu o exemplo d’Ele? Você foi batizado na água e se levantou da água? c. O Eunuco Etíope. “E mandou parar o carro, e desceram ambos a água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. “E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho” (At 8:38,39). Por que a Bíblia diz “eles se levantaram da água?” Porque a palavra “batizar” significa mergulhar e o Novo Testamento não fala de batismo de outra forma. 2. Sepultamento e Ressurreição A Bíblia ensina que o batismo é um sepultamento. O candidato é enterrado totalmente na água: “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte? SEÇÃO E5 / 947 “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6:3,4). “Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos” (Cl 2:12). Discutiremos, em breve, o significado espiritual disso. Observamos que todos que foram batizados, foram enterrados na água, do mesmo modo como Cristo foi enterrado na terra. A Bíblia também ensina que o batismo é uma ressurreição para uma nova vida. “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6:4). “Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus que o ressuscitou dos mortos” (Cl 2:12). “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus” (Cl 12:12). No batismo na água, após o candidato ser enterrado ele é levantado de debaixo da água. O batismo é um sepultamento e uma ressurreição. C. ONDE DEVEMOS SER BATIZADOS? Do nosso estudo de “COMO devemos ser batizados?”, a resposta à nossa terceira pergunta é óbvia. “ONDE devemos ser batizados?” A Bíblia diz que eles batizavam na água, onde havia muita água. Batize no mar, nos rios, nas nascentes, nas piscinas, nas fontes e nos-tanques. Onde for possível, batize ao ar livre como na Bíblia como um testemunho público. Contudo, algumas igrejas têm um tanque fundo, ou “batistério”, dentro do pré- 948 / SEÇÃO E5 E5.3 – Batismo na Água – Parte II dio da igreja. Para seguir o padrão da Bíblia é recomendado que o batismo aconteça num lugar onde você possa ser enterrado e levantar-se; um lugar onde haja muita água. Capítulo 3 Batismo na Água - Parte II A. POR QUE DEVEMOS SER BATIZADOS? POR QUE devemos ser batizados? Porque o Senhor Jesus ordenou. Porque é o segundo passo dos ensinamentos dos apóstolos, sobre o qual construiremos a nossa vida como crentes. Além do mais, há um significado espiritual profundo, no batismo na água. Poderiam ser escritos livros inteiros sobre o significado espiritual do batismo. Porem, só temos espaço para considerar rapidamente, os aspectos mais importantes. 1. Uma Consciência Pura “Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a área na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água: “Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo” (1 Pe 3:20,21). É um fato histórico e bíblico que por causa do pecado do homem, Deus cobriu toda a terra com um dilúvio, salvando numa área apenas Noé e sua família. A terra ficou completamente coberta pela água. A Bíblia diz que o batismo “corresponde a isto”. Como o batismo na água “responde a Deus por uma consciência pura?” Significa que Deus está nos perguntando se a nossa consciência está pura. A Bíblia diz, “Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?” (Hb 9:14). Se a sua consciência pecadora foi lavada e purificada no sangue de Cristo, você não mais se sente culpado e envergonhado para se apresentar diante de Deus. Sua consciência está limpa. Portanto o batismo é a confirmação a Deus de que a sua consciência foi purificada pelo sangue de Cristo e que ela está limpa. Louvado seja o Senhor! 2. Um Testemunho Público “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte” ( Rm 6:3). Toda vez que alguém é batizado da maneira bíblica, está testificando ao mundo que o Filho de Deus (Jesus Cristo) foi crucificado, derramou o Seu sangue e morreu pelos nossos pecados. O Seu corpo morto foi colocado no túmulo, mas Ele não ficou lá. Após três dias Ele se levantou da sepultura, vitorioso sobre o pecado e a morte. Sempre que um crente é batizado, confessando a sua fé n’Ele, um testemunho publico é dado a este fato glorioso. “De sorte que fomos sepultados com ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo ressuscitou dos mortos, pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida” (Rm 6:4). 3. O Sepultamento do “Homem Velho” Tem sido dito freqüentemente que o “Batismo é um testemunho exterior de uma experiência interior”. E é. Mas é muito mais do que isto! O batismo também é uma experiência! Vemos, no estudo de Romanos 6 e Colossences 2, que existe uma profunda e preciosa identificação do crente com o Senhor Jesus na Sua morte, no Seu sepultamento e na Sua ressurreição, quando o batismo acontece: DAR INSTRUÇÕES AOS NOVOS CONVERTIDOS “Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado. Porque aquele que está morto está justificado do pecado. Porque o pecado não terá domínio sobre vos...” (Rm 6:6,7,14). “Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos” (Cl 2:12). Que língua pode falar da abençoada libertação que temos na Cruz de Cristo? Livres das lutas! Livres do pecado! Livres da condenação, da culpa e do medo. O pecado pregado na Cruz. O homem velho sepultado. Tudo isso é uma experiência interior para aqueles que seguem o seu Senhor através das águas do batismo. 4. A Declaração de Vitória “Sepultados com ele no batismo... “E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 2:12,15). No batismo bíblico na água, o crente certamente está preparando um bom e firme alicerce! O batismo comprova perante Satanás, junto com todos os seus espíritos malignos, que o Senhor Jesus triunfou sobre todos eles, na Sua cruz. O batismo mostra que Jesus libertou o crente do reino e dos poderes malignos. Aleluia! 5. Confissão de Fé “Portanto, qualquer que me confessor diante dos homens, eu o confessarei diante de meu Pai, que está nos céus. Mas qualquer que me negar diante dos homens, eu o negarei também diante de meu Pai, que está nos céus” (Mt 10:32,33). O Novo Testamento ensina que o primeiro caminho de um novo crente é confessar a sua recém-encontrada fé em Cristo, sendo publicamente batizado na água. Já vimos, no Novo Testamento, exemplos de que o batismo não é algo secreto SEÇÃO E5 / 949 mas, sim, um aberto e ousado testemunho diante de outras pessoas. Esta confissão e este testemunho públicos reforçam a nossa fé e determinação para seguir a Cristo. O Senhor não quer discípulos secretos, fracos e medrosos. Essa é a razão porque Ele ordenou aos crentes para “Ser batizado’’ – para que O confessem perante os homens. 6. Afirmar a Nossa Unidade em Cristo “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gl 3:27,28). Quando o crente é batizado ele está testificando que é igual e um com todos os outros crentes em Cristo. Pelo derramamento do Seu sangue na Cruz, o Senhor Jesus fez todos os crentes n’Ele “...um; e derribando a parede de separação que estava no meio” (Ef 2:14). Em Jesus Cristo não há cristãos judeus, ingleses, africanos, indianos; não há cristãos ricos ou pobres, educados e não educados, servos ou mestres; não há cristãos negros ou brancos, não há machos ou fêmeas, não há denominação ou missão – “...pois todos vós sois um em Cristo Jesus’’. Portanto, quando o crente é batizado, ele está confessando esta igualdade. O novo crente está afirmando unidade em Cristo com todos os outros cristãos no mundo. Ele está se juntando à família de todos que confiam em Cristo e sendo batizado à maneira bíblica. Qualquer crente batizado que ainda mantenha em mente qualquer tipo de sentimento de classe, preconceito racial, opinião sectária ou atitude de superioridade para com outros cristãos, está vivendo contrário à verdade e testemunho do batismo. Tal pessoa 950 / SEÇÃO E5 precisa se arrepender e ser purificada novamente, no sangue de Cristo. 7. Aceitar os Propósitos de Deus “Mas os fariseus e os doutores da lei rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por ele” (Lc 7:30). Apesar deste versículo estar falando do batismo por João Batista, a lição espiritual nele e no batismo do crente em Nome de Jesus Cristo é a mesma. Quando somos batizados na água estamos confessando a nossa voluntariedade de aceitar os propósitos de Deus para a nossa vida. Deus tem um propósito – um plano – para cada um de nós. Mas se não obedecermos à Sua ordem para “Ser batizado”, estaremos rejeitando o propósito d’Ele para nós. Estou certo de que os propósitos de Deus são os melhores, você não acha? 8. Separação da Vida Antiga “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar, e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar” (1 Co 10:1,2). O outro único incidente que nos é dado pelo Antigo Testamento como um quadro do batismo, é o batismo dos israelitas no Mar Vermelho. Apesar do nível da água estar bem acima de suas cabeças e a água ser-lhes como nuro à sua direita e à sua esquerda, “... os filhos de Israel foram pelo meio do mar seco...” (Êx 14:29). Eles foram salvos do julgamento de Deus através do sangue do cordeiro nas suas portas. Ele foram libertados da servidão e escravidão dos egípcios. Mas o seu “batismo em Moisés” significou uma total e final separação do Egito, do Faraó o rei do Egito e dos egípcios. As carruagens do Faraó e dos egípcios e seus cavaleiros, foram atirados no mar e destruídos de E5.3 – Batismo na Água – Parte II baixo da água que Deus trouxe sobre eles (Êx 15:19,21). Da mesma forma, os crentes que têm seguido o seu Senhor através das águas do batismo (e aqueles que pretendem ser batizados) devem viver vidas de completa separação dos maus hábitos e dos caminhos dos pecados do mundo (Egito). 9. Cumprir Toda a Retidão “Então veio Jesus da Galiléia ter com João junto do Jordão, para ser batizado por ele. Mas João opunha-se- lhe, dizendo: Eu careço de ser batizado por ti, e vens tu a mim? “Jesus, porém, respondendo, disse-lhe: Deixa por agora, porque assim nos convem cumprir toda a justiça. Então ele o permitiu. E, sendo Jesus batizado...” (Mt 3:1316.) Se o puro, imaculado Filho de Deus, o Senhor Jesus, teve que ser batizado para cumprir toda a retidão, então que somos nós para dizer que não precisamos ser batizados na água como Ele foi? Os crentes, no seu batismo, mostram que como o Senhor deles eles também estão desejosos para cumprir toda a retidão. 10. Traz Regozijo “E mandou parar o carro, e desceram ambos a água, tanto Filipe como o eunuco, e o batizou. “E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho” (At 8:38,39). “...e logo foi batizado, ele e todos os seus... alegrou-se com toda a sua casa” (At 16:33,34). O eunuco retornou à Etiópia jubiloso e plantou lá, as sementes da Igreja de Jesus Cristo. Os resultados são evidentes até hoje, aproximadamente 2.000 anos mais tarde. O carcereiro não tinha nada para estar feliz. Os prisioneiros estavam livres. A prisão estava arruinada. Mas a alegria da sal- DAR INSTRUÇÕES AOS NOVOS CONVERTIDOS vação e do batismo encheu o seu coração e ele se regozijou com toda a sua família. Hoje, muitos procuram o regozijo de uma forma que não está agradando a Deus. Não há regozijo distante de Deus. “Farme-ás ver a vereda da vida; na tua presença há abundâncias de alegrias” (Sl 16:11). À medida que você seguir o caminho d’Ele que leva ao batismo, você também estará se alegrando, pois existe uma ligação direta na Bíblia entre o batismo na água e a alegria – uma alegria profunda, espiritual e duradoura, como resultado por obedecermos a Deus. Poderíamos relacionar muitas outras razões porque devemos ser batizados, mas estas mostram a ênfase que Deus colocou no batismo. Observe que todas essas experiências do batismo na água são para aqueles que aceitaram e experimentaram a graça e a bênção de Deus. 11. Circuncisão do Coração “...nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne... a que é do coração, no espírito, não na letra...” (Rm 2:28,29). Paulo diz que “servimos a Deus em espírito, e nos gloriamos em Jesus Cristo, e não confiamos na carne” (Fp 3:3). O ritual da circuncisão externa foi substituído pela experiência interior de se remover o poder do pecado e os desejos carnais, pelo batismo dos verdadeiros crentes. “E estais perfeitos nele [Cristo] que é a cabeça de todo o principado e potestade. “No qual também estais circuncidados com a circuncisão não feita por mão no despojo do corpo da carne: a circuncisão de Cristo; “Sepultados com ele no batismo, nele também ressuscitastes pela fé no poder de Deus, que o ressuscitou dos mortos” (Cl 2:10-12). O assunto está encerrado. O batismo é para aqueles que aceitaram Cristo e a plenitude da vida d’Ele. Isso despe o corpo dos SEÇÃO E5 / 951 pecados e desejos carnais, pela experiência espiritual de ser enterrado com Ele, no batismo na água. De acordo com a Bíblia, o batismo é para aqueles que se arrependeram e que têm fé salvadora em Jesus Cristo. Se você não foi batizado desde que se arrependeu dos seus pecados e aceitou a Cristo como seu Salvador, então seu próximo passo deve ser obedecer o mandamento de Deus para cumprir toda a retidão, recebendo o batismo na água. 12. O Mandamento de Deus “POR QUE devemos ser batizados?” Por causa do glorioso testemunho e da experiência abençoada do batismo na água. Porque é um passo fundamental nos planos de Deus para a nossa vida. Acima de tudo, Deus ordenou que fôssemos batizados. Mesmo que não compreendamos todas as razões e significados espirituais do batismo na água, este é um fato que deve nos obrigar a obedecer ao Senhor: é uma ordem d’Ele. Ele disse: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a ele” (Jo 14:21). A verdadeira prova do nosso amor por Cristo, não são as nossas palavras, não são todas as coisas que fazemos por Ele, não são as nossas orações, não é a nossa leitura da Bíblia, não é a nossa ida a igreja; muito embora todas essas coisas tenham o seu lugar. A prova verdadeira é esta: Nós obedecemos os mandamentos d’Ele? “Apressei-me, e não me detive, a observar os teus mandamentos” (Sl 119:60). Você está apressado para obedecer os mandamentos d’Ele para “...que fossem batizados em nome do Senhor...” (At 10:48). B. QUANDO DEVEMOS SER BATIZADOS NA ÁGUA? “E agora por que te detens? Levanta-te, e batiza-te...” (At 22:16). 952 / SEÇÃO E5 Das respostas encontradas na Bíblia para as nossas perguntas anteriores, a resposta para a última pergunta é óbvia. “QUANDO devemos ser batizados na água?” tão logo nos arrependamos dos nossos pecados e creiamos no Evangelho, recebendo o Senhor Jesus Cristo em nosso coração. A palavra para agir, sobre arrependimento e salvação é “agora”! “Mas Deus... anuncia agora a todos os homens, e em todo lugar, que se arrependam” (At 17:30). “...eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação” (2 Co 6:2). Exatamente da mesma maneira, a palavra para agir, sobre o batismo na água é “agora”. “E agora por que te detens? Levanta-te e batiza-te...” (At 22:16). A Bíblia nada conhece sobre “aulas de ensinamento”, “período experimental de três meses”, “ver se vai durar”, “ficar pronto”, “esperar pelo próximo serviço batismal” ou qualquer outra espera ou demora. A ordem de Deus é “agora”. No dia de Pentecostes, as três mil pessoas que se arrependeram dos seus pecados “foram batizados... naquele dia” (At 2:24). E não houve demora. Os samaritanos foram batizados na água “... como cressem...” (At 8:12). O eunuco etíope foi batizado imediatamente após crer em Cristo, mesmo tendo sido o primeiro sermão do Evangelho que ele ouviu na sua vida (At 8:35-38). O Apóstolo Paulo foi batizado pelo primeiro discípulo cristão que apareceu para ele (At 9:17,18). Cornélio e sua companhia foram batizados imediatamente, após terem crido (At 10:48). O carcereiro e sua família foram batizados na mesma noite em que creram em Cristo (At 16:30-34). Tão logo ouviram sobre o batismo de Jesus, os efésios crentes foram batizados por Paulo (At 19:4,5). Não encontramos nenhum tipo de de- E5.4 – Padrões da Moralidade Sexual mora em qualquer dos exemplos dados na Bíblia. Quantas pessoas estão sendo roubadas das maravilhosas bênçãos do batismo ao dizerem “Estou preparando o meu coração. Tão logo eu esteja pronto, obedecerei a ordem para ser batizado.” As únicas condições encontradas na Bíblia para o batismo na água, são arrependimento dos pecados, fé pessoal em Jesus Cristo e a total promessa de ser Seu discípulo. Neste momento o Senhor está falando ao seu coração, a Sua Própria Palavra sobre batismo. Você sente que deve seguir a ordem do seu Senhor para “Ser batizado”. Aja de uma vez! Levante-se e vá a uma igreja, a um pastor ou a um discípulo que esteja vivendo de acordo com a Bíblia. Não demore, pois Deus ordena a você: “E agora por que te detens? Levanta-te e batizate, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor’’ (At 22:16). Se você se arrependeu e creu no Senhor Jesus Cristo como seu Salvador e acredita, de coração, que você é filho d’Ele, então obedeça ao mandamento de Deus. Aja agora mesmo sobre a Palavra d’Ele. “Levanta-te e batiza-te!” Capítulo 4 Padrões da Moralidade Sexual Zac Poonen Hebreus 13:4 diz “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém aos que se dão à prostituição e aos adúlteros Deus os julga”. A. DEUS NOS CHAMA PARA A PUREZA Os crentes, primeiramente, devem ser moralmente e sexualmente puros (compare 2 Co 11:2; Tt 2:5; 1 Pe 3:2). A palavra “puro” ou “casto” significa ser livre de toda e qualquer mácula daquilo DAR INSTRUÇÕES AOS NOVOS CONVERTIDOS que é lascivo. Ela sugere abster-se de todos os atos e pensamentos que incitem desejos que não estejam de acordo com a virgindade ou com os votos do matrimônio. Ela enfatiza a restrição e a anulação de todas as ações sexuais e excitamentos que manchariam, aviltariam ou depreciariam a pureza de alguém perante Deus. Ela abrange o controle de alguém sobre o próprio corpo “em santificação e honra” (Ts 4:4), e não em “concupiscência” ( Ts 4:5). Este ensinamento das Escrituras é para aqueles que são solteiros e para os que são casados. Com respeito ao ensinamento bíblico referente à moralidade sexual, observe o seguinte: 1. Intimidade Sexual Reservada Para o Casamento A intimidade sexual é reservada para o relacionamento matrimonial e é aprovada e abençoada por Deus, somente nesta situação. Através do casamento, o homem e a mulher se tornam um só corpo, de acordo com a vontade de Deus. Os prazeres físicos e emocionais resultantes de um relacionamento fiel no casamento, são determinados por Deus e são mantidos na dignidade, por Ele (Hb 13:4). 2. Os Pecados Sexuais São Severamente Condenados Adultério, fornicação, homossexualidade, sensualidade, desejos impuros e paixões degradantes, são considerados pecados graves na visão de Deus. Ele são uma transgressão à lei do amor e uma profanação ao relacionamento matrimonial. Tais pecados são severamente condenados nas Escrituras. A prática desses pecados coloca a pessoa fora do Reino de Deus (Rm 1:24-32; 1 Co 6:9,10; Gl 5:19-21). 3. Os Pecados Sexuais Ocorrem Fora do Casamento A imoralidade sexual e a impureza são definidos como relações ou atos consuma- SEÇÃO E5 / 953 dos fora do matrimônio. Qualquer ato de prazer sexual com uma outra pessoa que não seja o parceiro do matrimônio, é imoral. Descobrir ou explorar a nudez de alguém que não seja o seu cônjuge, leva ao julgamento de Deus. Alguns professores contemporâneos dizem que qualquer intimidade sexual entre jovens e adultos “comprometidos” mas que ainda não são casados, é aceitável se essa intimidade para um pouco antes de se consumar a união sexual. Esta idéia é contrária à santidade de Deus e ao padrão bíblico de pureza. Deus proíbe explicitamente a “exposição da nudez” ou “ver a nudez” de qualquer pessoa que não seja uma esposa ou um esposo, casados pela lei (Lv 18:6-30; 20:11, 17,19-21). 4. Os Crentes Devem Exercitar o Auto-Controle O crente deve exercitar o autocontrole e a restrição firme, com referência a todos os assuntos sexuais antes do matrimônio. Justificar a intimidade pré-matrimonial sob o pretexto de um compromisso legítimo, compromete, flagrantemente, os santos padrões de Deus. As formas impuras do mundo justificam a imoralidade. Como crentes, não ousemos. Após o matrimônio, a intimidade sexual deve se restringir ao parceiro matrimonial. A Bíblia vê o aspecto do autocontrole como fruto do Espírito. Isto evidencia em nossas vidas, o comportamento puro e positivo que é oposto aos atos sexuais imorais. Prazer, fornicação, adultério e impureza nunca devem ser aceitos entre os crentes. O compromisso de alguém para com a vontade de Deus, abre o caminho para receber o dom do autocontrole (Gl 5:22-24). 5. Termos Bíblicos Para Imoralidade Sexual Os termos bíblicos usados para imoralidade sexual, descrita como o corpo do diabo, são os seguintes: 954 / SEÇÃO E5 E5.4 – Padrões da Moralidade Sexual a. Fornicação. (Em grego, porneia) descreve uma enorme variedade de atividades sexuais antes ou fora do matrimônio. Qualquer atividade sexual íntima ou desempenho fora da relação matrimonial, incluindo o tocar as partes íntimas do corpo de alguém, ou ver a nudez de uma outra pessoa, está incluída nesses termos e é uma transgressão aos padrões morais de Deus para o povo d’Ele (veja Levíticos 18:6-30; 20:11,12,17,19-21; 1 Coríntios 6:18; 1 Tessalonicenses 4:3). b. Lascívia. (Em grego, aselgia ) denota a ausência de princípios morais puros; especificamente o desprezo a discrição e a restrição sexual que mantém o comportamento puro e casto (1 Tm 2:9). Ela inclui a inclinação em direção à entrega ou à provo- cação da concupiscência pecaminosa e, assim, pode levar alguém a participar de uma conduta não bíblica (Gl 5:1; Ef 4:19; 2 Pe 2:2,18). c. Enganar. (Em grego, pleonekteo) significa privar uma outra pessoa da pureza e da castidade moral que Deus deseja para ela, a fim de satisfazer seus próprios desejos egoísticos. Provocar desejos sexuais em alguém e não poder realizá-los com retidão, é enganar aquele alguém (1 Ts 4:6; Ef 4:19; d. Concupiscência. (Em grego epithumid) é ter um desejo imoral, o qual se realizaria se surgisse a oportunidade (veja Mateus 5:28; Efésios 4:19,22; 1 Pe 4:3; 2 Pe 2:18). A verdadeira moralidade é manter os Padrões de retidão quando ninguém, mas somente Deus, saberá o que estamos fazendo. Escreva abaixo as suas anotações pessoais: PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA SEÇÃO E6 / 955 SEÇÃO E6 PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA Ralph Mahoney ÍNDICE DESTA SEÇÃO Prefácio E6.1 - Fazer um Inventário E6.2 - Visão – a Chave Para a Realização E6.3 - Estabelecendo Alvos e Prioridades E6.4 - O Dom de Administração E6.5 - Como Planejar E6.6 - Estratégia – Implementação – Avaliação PREFÁCIO Quando eu era jovem e freqüentava a Igreja Assembléia de Deus do Norte de Hollywood, o Pastor Arne Vick ensinava que as duas chaves para um ministério bem sucedido eram oração e estudo, estudo e oração e então mais oração e estudo. Nós, os jovens, acreditamos nisso e tentamos fazê-lo, mas não deu certo para nós. O que não sabíamos é que por trás da explicação simplista do irmão Vick, havia talentos e dons, os quais ele próprio ignorava. Após diversos anos, aos trancos e barrancos, comecei a entender que o estudo e a oração, por mais fervorosos, fiéis e bem intencionados que fossem, não bastariam. Depois que comecei, por mim mesmo, a reunir e selecionar alguns Princípios Para Realização, tornei-me mais produtivo na obra do Senhor. Quero compartilhar esses princípios com você. Tais princípios não substituem os fundamentos espirituais do ministério e, sim, os complementam. Entendo que o leitor já tenha firmado as pedras fundamentais de dedicação, santidade, consagração, interces- são e um conhecimento básico das Escrituras. Suas motivações são puras. Sua vida pertence totalmente ao Senhor. Se estes fundamentos não fazem parte da sua vida, os princípios que passo o compartilhar não o tornarão bem-sucedido. A vida espiritual precisa estar em primeiro lugar. Quando tudo isso estiver funcionando e em ordem, haverá ainda a necessidade de princípios práticos com os quais se possa trabalhar, elementos práticos de entendimento. Dedico esta seção a todos os líderes de igreja dispostos a pagar o preço e investir seus esforços para fazer a sua vida valer a pena para o Senhor – por toda a eternidade. Capítulo 1 Fazer um Inventário Introdução Existe no meio carismático um desequilíbrio tendente ao lado subjetivo do cristianismo. Nos círculos evangélicos, esse desequilíbrio tende para o lado objetivo. Ser subjetivo significa literalmente viver a vida a partir do sujeito, ou seja “daquilo 956 / SEÇÃO E6 que vem de dentro de você”. A intuição é que dirige. O que você “sente por dentro” é a principal fonte de direção para a sua vida e ministério. Ser objetivo significa “partir do objeto” ou “daquilo que vem de fora de você”. A razão, o intelecto e a lógica, avaliam cuidadosamente cada detalhe e você decide com base na informação objetiva. Já se disse que na experiência cristã subjetividade em demasia faz com que a pessoa se “agigante” e objetividade demasiada faz com que a pessoa se resseque; o equilíbrio certo dos dois faz com que a pessoa “desenvolva e cresça”. É esta espécie de equilíbrio que desejo para mim mesmo, e que procuro desenvolver entre as pessoas a quem sirvo. Permita-me dar um exemplo de desequilíbrio subjetivo. Há alguns anos atrás, um amigo meu e os presbíteros de sua igreja receberam o que pensaram ser uma “palavra do Senhor”, para que fossem a uma certa ilha do Caribe a fim de evangelizar o povo. Depois de pedirem e receberem o apoio dos membros da igreja, prepararam-se para ir, compraram passagens numa agenda de viagem e partiram com planos para uma imensa cruzada evangelística. Os grandes planos foram feitos sem que pesquisassem a história anterior, necessidade atual ou oportunidade para a evangelização naquela ilha. O avião aterrizou num campo cerca de 50 quilômetros da ilha destinada. Dali, colocaram o equipamento num pequeno barco a vela, pertencente a um guia nativo que dizia saber a localização da tal ilha. Velejaram contentes pelo plácido mar do Caribe até o seu destino final. Ao se aproximarem da metade do caminho entre as duas ilhas, o guia perguntou-lhes o que pretendiam fazer quando chegassem em terra. Entusiasmados, responderam “Fomos enviados pelo Senhor para evangelizar esta ilha!” E6.1 – Fazer um Inventário “Bem, senhores,” replicou o barqueiro, “não há pessoas naquela ilha. Sempre foi desabitada. Tem apenas alguns quilômetros de comprimento e só encontrarão nela alguns coqueiros.” “Tem certeza?” perguntaram atônitos. “Podem ver com os próprios olhos”, disse o guia. Ao chegarem, com apenas uns poucos minutos de vistória da ilha, puderam verificar que o guia dissera a verdade. Eles eram as únicas pessoas na ilha. É isso o que eu chamo de “subjetividade” na experiência cristã. Subjetividade exagerada pode nos desviar do caminho. Se esses homens tivessem pesquisado um pouco, teriam evitado o fiasco. Gastaram muito dinheiro e desperdiçaram tempo demais, ao seguir a suposta “direção do Senhor.” Se tivessem procurado uma confirmação da “direção” subjetiva, teriam poupado a eles mesmos e à sua igreja, esse problema. Voltaram para a igreja e tiveram que relatar o fracasso à congregação. Tiveram que explicar porque a grande cruzada nunca se realizou. O povo os perdoou – mas jamais se esqueceu da tolice daquela viagem. Mesmo com a vergonha e os pedidos de desculpas, levou algum tempo para restabelecer a confiança em sua liderança. Procuro equilíbrio, tanto no meu próprio ministério quanto no ministério dos outros. Bons princípios de administração, o “espírito de moderação” (2 Tm 1:7) deve equilibrar a “direção do Espírito”. Esta seção do livro é para mostrar-lhe como oferecer uma administração objetiva a sua igreja e ao seu ministério. A. COMECE DE ONDE VOCÊ ESTÁ É necessário um ponto de partida onde podemos avaliar os recursos pessoais a disposição de cada um de nós no trabalho para o Senhor. Sempre se começa de onde se está, com aquilo que se tem naquela hora. PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA RECURSOS PARA O BOM ÊXITO N A S C I M E N T O T R E I N A M E N T O G R A Ç A E X P E R I Ê N C I A O que é que eu tenho? Faça esta pergunta a você mesmo. Você tem aquilo que você é por NASCIMENTO, por TREINAMENTO, pela GRAÇA DE DEUS e pela EXPERIÊNCIA. Esses são seus recursos e incluem tudo até onde você se encontra atualmente. A fé sempre se apossa do futuro, trabalha sempre para ganhar o futuro e fazê-lo produzir aquilo que Deus quer. Mas precisamos começar com o passado. O seu passado revela e produz os recursos de que você necessita para conseguir realizar as coisas no reino de Deus. Paulo nos diz, “Porque pela graça que me foi dada, digo a cada um dentre vós que não pense de si mesmo além do que convém, antes, pense com moderação segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um... tendo porém diferentes dons segundo a graça que nos foi dada...” (Rm 12:3-6). O apelo de Paulo é para que avaliemos com sobriedade aquilo que somos e aquilo que temos. Utilizando essa avaliação podemos tornar frutífero o nosso trabalho para o Senhor. Ele nos estimula a termos uma opinião equilibrada de nós mesmos. Não SEÇÃO E6 / 957 pense com orgulho sobre si mesmo, e nem se subestime mais do que deve. 1. Seus Recursos Herdados O primeiro item em nossa folha de dados é “dons provindos de nossos pais”. O que foi que seu pai e sua mãe legaram a você? Eles lhe deram APTIDÕES, TEMPERAMENTO e INTELIGÊNCIA. Temos que nos conscientizar daquilo que somos por nascimento porque isso terá um impacto sobre os resultados futuros daquilo que fazemos para estender o reino de Cristo. Em 2 Timóteo 1:5 Paulo destacou uma qualidade importante que Timóteo recebera desde o nascimento. Ele diz: “pela recordação que guardo de tua fé sem fingimento, a mesma que primeiramente habitou em tua avó Loide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também em ti’’. A fé foi transmitida pela avó para a mãe e finalmente para Timóteo pelo processo genealógico. Paulo se refere a ela como “fé sem fingimento” – a fé que veio a Timóteo por nascimento. a. Aptidões. Quando você examina as suas aptidões, pergunte-se: “No que é que eu sou bom?” A resposta, ou as respostas, são suas aptidões, as coisas para as quais você tem um dom natural. Por exemplo, um pianista talentoso pode fazer o seu instrumento “cantar”. Isto é resultado de uma certa qualidade nata. Mesmo com muito treino e prática, aqueles que não possuem talento natural para a música, não serão capazes de tocar no mesmo nível dos que têm essa qualidade nata. Conquanto Deus, por vezes, mude nossos dons naturais, em geral esse não é o Seu método. Normalmente Ele opera através de, e com esses dons. Pare, portanto, e em dez ou quinze minutos escreva num pedaço de papel uma lista de suas aptidões. Essa lista será de muito valor para você, mais tarde. Pare de ler agora mesmo, e faça essa lista! b. Temperamento. A segunda coisa 958 / SEÇÃO E6 que você quer examinar é o seu temperamento. A pergunta, aqui, é “O que gosto, realmente, de fazer?” Alguns cristãos têma idéia de que seja pecado fazer aquilo de que gostam. Existem coisas que talvez lhe dêem prazer e que seriam pecado. Mas o fato de você gostar de fazê-las não é o que as torna pecado. Do que você gosta pode, muita vezes, ser uma indicação do que você deveria estar fazendo. Isto é porque os nossos gostos e antipatias, na maioria das vezes, indicam se uma determinada posição é apropriada ou não, para o nosso temperamento. Faça uma lista das coisas que você gosta de fazer. c. Inteligência. O terceiro fator que recebemos ao nascer, é a inteligência. “Como é que me desempenho na resolução de problemas?” Todo mundo é bom em algum raciocínio. Mas entender qual é a nossa melhor habilidade, é uma de nossas dificuldades. A inteligência é a capacidade de dar uma contribuição útil aos outros e cuidar de si mesmo. Sua capacidade de pensamento claro e lógico é essencial para uma boa liderança. As conclusões do seu processo de raciocínio devem sempre concordar com os ensinamentos da Bíblia. Este é o teste final da inteligência. 2. A Influência do Treinamento A segunda área que precisamos avaliar é a influência do treinamento sobre aquilo que somos por nascimento. Há três aspectos principais que causam impacto sobre a nossa vida como crentes. a. Família. Primeiro, a maior influência sobre a vida de uma pessoa é a família. A posição dos pais molda os filhos para certos hábitos, certo estilo de vida. Se você nasceu num lar amoroso em que o seu pai e a sua mãe se davam bem, isso o ajudará. Se eles deram bastante ênfase positiva aos filhos, desde o nascimento, você terá maior auto-confiança e E6.1 – Fazer um Inventário talvez ouse arriscar-se onde outras pessoas teriam medo. Se os seus pais demonstraram muito amor, muito contacto físico, você naturalmente terá melhores chances de crescer e tornar-se pessoa amigável, que se relacione bem com os outros, tornando a vida um sucesso. Mas talvez você venha de uma família menos ideal, como noventa por cento de nós. Temos alguns fatores negativos no nosso passado. Devemos estar cônscios deles. Modelos negativos não são desculpas para desobedecermos a vontade de Deus. Mas estar consciente dos moldes de treinamento da família poderá ajudá-lo (com a ajuda de Deus) a sobrepujar alguns dos aspectos negativos desse molde. Entendendo isso, você pode aprender a ser um obreiro muito mais forte e positivo para o Senhor. Se você nunca se conscientizou dos efeitos da influência familiar, poderá passar pela vida ofendendo as pessoas e impedindo-se de realizar muito mais, porque as suas atitudes não despertam cooperação nas outras pessoas. b. Igreja. A segunda grande influência em sua vida (se você foi criado num lar cristão) é a igreja. Uma igreja também pode exercer influência bastante negativa em sua vida, dependendo do tipo de igreja em que você cresceu. Nos meus primeiros anos de vida, fui criado numa igreja em que a ênfase era hiper-emocionalista. Se você foi criado nesse tipo de igreja, talvez pense que o emocionalismo seja espiritualidade e que é assim que a igreja deve ser. Nossa igreja de origem, pode nos fazer crer que o cristianismo gire em torno de certas ladainhas, certos ritmos, respondendo a certas piadinhas que o pregador insere em suas mensagens. Certos chavões provocam certas respostas emocionais. Tudo isso faz parte da nossa cultura eclesiástica. Se você vem de uma igreja muito conser- PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA vadora, onde tudo é litúrgico e regulamentado, é óbvio que isso exercerá influência sobre o que você entende de Deus, do cristianismo e da Bíblia. Em sua folha de avaliação, anote as influências positivas e negativas de sua igreja em sua vida. c. Escolas. O preparo acadêmico formal é fator de extrema importância neste processo todo. O treinamento dado pela família, igreja e escola, causa impacto sobre a nossa vida e, junto com as nossas qualidades natas, nos tornam aquilo que somos. O preparo é muito importante. Lucas 12:47 diz “Aquele servo, porém, que conheceu a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem faz segundo a sua vontade, será punido com muitos açoites.” Preparo e treinamento são necessários para que cumpramos a vontade do Senhor. Aqueles que fazem parte de comitês de avaliação de candidatos, devem prestar especial atenção ao que digo aqui. Vocês devem investigar cada candidato ao ministério ou missões, a fim de saber quem são, de nascença e por treinamento. 3. A Graça de Deus A terceira área que necessitamos considerar em nosso inventário pessoal, é a graça de Deus. Para alguns de nós, a graça é o único fator compensador que possuímos. Digo isto com sinceridade. Se alguém tivesse avaliado a minha vida com base no meu nascimento e instrução, teria estimado zero possibilidades. Sou muito grato pelo suprimento abundante da GRAÇA de Deus na minha vida. Isto, para o crente, é a grande recompensa. O que significa a graça de Deus? Primeiramente, no contexto deste estudo, não estou falando de favor imerecido, embora seja este um dos significados da graça. Não me refiro à graça como “o oposto ao que merecemos”, embora isso também seja uma definição de graça. Estou me referindo à “graça” conforme SEÇÃO E6 / 959 Paulo usa em diversas passagens do Novo Testamento. a. Habilidade Divina. Em 2 Coríntios 12:9 Paulo relata que o Senhor lhe disse: “A minha graça te basta porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza”. O que o Senhor estava dizendo a Paulo? Não estaria dizendo “Meu favor imerecido” é sucifiente para você. Não estaria dizendo “dando-lhe o oposto ao que você merece,” é suficiente para você. Ele estava dizendo “Minha habilidade divina” é suficiente para que você viva vitorioso, apesar dos ataques do mensageiro de Satanás. Se examinarmos nosso nascimento e instrução, nós, talvez, sejamos incompetentes. Temos que contar com a graça de Deus, a habilidade divina que Deus pode trazer para a nossa vida. Esta, para o crente, é a dimensão compensadora que o incrédulo não possui. A graça de Deus, habilidade divina, pode ser a grande compensação. Observamos isso na vida de Davi que, quando ainda jovem, partiu para lutar contra Golias. O que foi que o fez ter êxito contra Golias? Foi a habilidade divina, a graça de Deus em sua vida. O que foi que fez José ser bem-sucedido no Egito? Ele tinha muito bons antecedentes de nascimento, mas ele tinha somente 17 anos de idade quando foi preso; portanto ele não tinha muita educação formal. Ele foi criado numa família nômade, nas colinas da Judéia. Ele recebeu uma comunicação divina, uma habilidade divina em sua vida, a qual fez com que se tornasse primeiro ministro do Egito. Aqueles homens conheciam a abundância da graça de Deus. Anime- se! Jesus diz a você “A minha graça te basta.’’ Outra vez Paulo se refere a essa graça em 1 Coríntios 15:10: “Pela graça de Deus (habilidade divina), eu sou o que sou; e Sua graça que me foi dada, não foi em vão, mas labutei mais do que todos eles; contudo não eu, mas a graça de Deus que estava comigo”. Paulo diz que a graça que lhe foi conce- 960 / SEÇÃO E6 dida, não foi em vão “Mas labutei mais abundantemente do que todos eles: contudo, não eu mas a graça de Deus que estava comigo”. Ele reconheceu que a graça de Deus era a grande recompensa para as fraquezas e deficiências humanas. Da perspectiva judaica, Paulo viera de um bom lar. Ele era benjaminta. Quanto à instrução, você não podia culpá-lo. Ele se sentou aos pés de Gamaliel e foi treinado para ser um membro do Sinédrio. Para ser qualificado, ele teve que ser capaz de citar, de memória, os primeiros cinco livros da Bíblia. Seu conhecimento do Velho Testamento era sólido. Ele disse: “Sou o que sou pela graça de Deus – a grande recompensa!” O que Paulo era por nascimento e por instrução, fizeram dele um assassino, apedrejador de cristãos, aos quais arrastava às prisões, permanecendo impassível enquanto Estêvão era martirizado, segurando as roupas daqueles que o apedrejavam. Paulo nasceu e foi educado como um assassino. Mas, pela graça de Deus, ele conduziu milhares à salvação e à vida, e fundou muitas igrejas. Tornou-se um homem que salvou as vidas de outros, conduzindo-os à graça de Deus. 4. Experiência Finalmente, precisamos avaliar nossa “EXPERIÊNCIA ”. Não existe pessoa no mundo mais perigosa do que a recém-formada pela escola bíblica. Não há, no mundo, ninguém mais perigoso do que o pastor que acaba de formar-se em faculdade teológica. Por que ele é tão perigoso? Talvez ele possua fortes habilidades naturais e instrução. Talvez ele tenha recebido habilidade divina (graça). O que lhe falta? experiência! Assumir com presunção a liderança de uma igreja, de um projeto de ministério para o qual não se tem experiência, geralmente resulta em desastre. Você talvez tenha capacidade, preparo E6.1 – Fazer um Inventário e, até mesmo, graça confirmadora; mas sem experiência, você pode gerar problemas para si mesmo e, talvez, para milhares de outros. a. Teste Suas Idéias. Quando chegam homens com doutrinas novas, conceitos ou idéias novos e que dizem revolucionarão a igreja ou o mundo, lhes digo: “Irmãos, vão testar as suas idéias, por uns dois anos, com trinta pessoas, voltem e me digam se funciona”. Não quero ser parte de qualquer “experiência” sociológica ou religiosa, em massa – porque é isso que será nos primeiros dois a cinco anos. A Bíblia nos admoesta em 1 Reis 20:11, “Não se gabe quem se cinge como aquele vitorioso se descinge”. Qual é a diferença? Aquele que está vestido com a sua armadura, não tem experiência. Aquele que a está despojando, está retornando da batalha, com vantagem valiosa. “Não se gabe quem se cinge como aquele vitorioso que se descinge”. Isto nos ensina que até que uma idéia seja testada pela escola da experiência, você pode levar a pique você mesmo e muitas outras pessoas, no processo. Não existe coisa tão importante que não possa ser testada a fim de provar sua validade. Se você tem princípios que funcionam, o mundo fará fila para aprendê-los – porque todos desejam ser bem-sucedidos. Porém, como líderes, devemos evitar conceitos não testados, não provados, mesmo quando eles são populares e acompanhados de “fanfarra”. Não se gabe enquanto você está vestido com a armadura. Espere até que a tenha experimentado. Se você testou a sua armadura no meio de várias batalhas e ainda sobrevive, volte e conteme sobre a sua idéia. É provável que a sua técnica funcione. Mas se você perde a batalha, eu terei que ser cauteloso quanto aos seus princípios. b. Davi Tinha Experiência. Vejamos a história de Davi e Golias. Muitas vezes, professores de escola dominical, interpre- PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA tam-na como um relato de um jovem inocente e inexperiente, que foi capaz de derrotar um guerreiro gigante, munido apenas de bravura e perícia para ajudá-lo. Quero destacar uma coisa muito interessante nessa história. Davi se ofereceu para lutar contra Golias. Ele foi o único, em todo Israel, a se apresentar para a tarefa. Davi nasceu na família certa. Teve a instrução certa. Ele já havia sido ungido pelo profeta (1 Sm 16:12). Ele recebera a graça de Deus e, com todas aquelas vantagens, Davi não se aventurava a fazer algo além da sua experiência. Leia com cuidado 1 Samuel 17:34-40. Você observará que Davi usou a sua experiência para convencer a Saul de que devia deixá-lo lutar contra Golias. Qual era a sua experiência? Ele disse a Saul: “O teu servo apascentava as ovelhas de seu pai; e vinha um leão e um urso, e tomava uma ovelha do rebanho; e eu sai após ele, e o feri, e livrei-a da sua boca: e, levantando-se ele contra mim, lancei-lhe mão da barba, e o feri, e o matei. “Assim feriu o teu servo o leão como o urso: assim será este incircunciso filisteu como um deles; porquanto afrontou os exércitos do Deus vivo.” Disse mais Davi: “O Senhor me livrou da mão do leão, e da do urso; Ele me livrará da mão deste filisteu.” Sobre o que foi que Davi baseou o seu compromisso? experiência! c. Não um Novato. Há uma mentalidade incrível na igreja, que diz que um homem pode tornar-se apto para o serviço missionário, simplesmente por caminhar até ao altar e “render-se ao chamado divino”. Isso está além do alcance da razão. Não entendo essa espécie de pensamento – no entanto, é a única qualificação que muitos aspirantes às missões possuem. Quando é que fizeram um inventário dos seus recursos? Quando é que eles (ou outros) avaliaram o que eram por nascimento, SEÇÃO E6 / 961 instrução, pela graça de Deus ou pela experiência? Convém reconhecer que a experiência é parte importante da embalagem. Note, um pouco mais adiante, em 1 Samuel 17:38, 39: “Saul vestiu a Davi, com a sua armadura, e lhe pôs sobre a cabeça, um capacete de cobre, e o armou com uma couraça. Davi cingiu a sua espada sobre a armadura e experimentou andar, pois jamais a havia usado: então Davi disse a Saul: não posso andar com isso, pois nunca a usei. E Davi tirou aquilo de cima dele’’. Davi não lutaria com armas e armadura com as quais não tivesse experiência. Paulo delineia qualidades de liderança dizendo, em 1 Timoteo 3:6,10 “... não seja neófito, para não suceder que ensoberbeça, e incorra na condenação do diabo”. Noutras palavras, tem que haver alguma espécie de seleção na qual a origem e a experiência sejam validadas antes da pessoa ser promovida a um cargo de liderança. d. Uma História de Credibilidade. Quando se toma um desafio de fé, este deve ser precedido de realizações de fé do passado. Voltando ao exemplo de Davi: seu encontro com Golias não foi simplesmente um caso de um pastorzinho jovem, cuja única arma era a fé, contra um gigante enfurecido por muitas batalhas. Davi tinha um histórico anterior, de conquistas de fé. Como ele disse a Saul: “O leão e o urso vieram sobre minhas ovelhas e eu os matei, rasguei o leão – tive vitória, e vou fazer o mesmo com aquele filisteu de boca suja” (tradução livre). O fato é que seus atos presentes têm que estar de acordo com o seu histórico de realizações de fé. De vez em quando vejo pastores com congregações de 300 pessoas, saltarem para programas de construção de auditórios para 3.000 pessoas. Eles se gabam, “Irmão, Deus me deu uma visão”. Se você planejar saltar de 300 para 3.000, você pode ter visão, mas é certo que não 962 / SEÇÃO E6 possui muita sabedoria. A Bíblia diz que nos movemos “De fé em fé, de glória em glória”. Isso significa que devemos dar passes menores com os quais podemos lidar. Talvez você chegue a ter uma congregação de 3.000, mas é mais provável atingir esse alvo andando em estágios organizados de planejamento, “linha sobre linha, preceito sobre preceito”. Se você tem trinta, construa primeiro para sessenta. Quando atingir 80% do alvo projetado, comece a implementar o próximo passo planejado. Por exemplo, quando tiver 48, em seu alvo de 60, comece a construir para 120. Quando tiver cerca de 100, comece a construir para 300, e assim por diante até 3.000. Se você permitir tempo suficiente, poderá atingir os 3.000 numa série de passos progressivos de fé. Não se vai de zero realizações, à conquista total, numa só batalha. Toma-se uma série de passos de fé. Se você começa a tomar uma série de passos de fé, talvez nem sempre tenha todo o dinheiro para começar o próximo passo. Mas se você tem um histórico de realizações de fé, e tem confiado em Deus, no passado, tendo-O visto operar no cumprimento de Suas promessas você possui “fé verdadeira,” e os recursos virão. Se Deus lhe deu liderança e credibilidade provada, no seu planejamento, o povo da congregação dará as finanças para sustentar a sua visão. Novas conquistas de fé crescem a partir das realizações de fé do passado. Quando você tem experiência, sabe que Deus intervirá e você” verá mais milagres como jamais viu em sua vida. 5. Sumário São estas quatro áreas: nascimento, instrução, graça e experiência, que formam as fundações sobre as quais construir o seu futuro. Depois de fazer esta análise, você está pronto para enfrentar o futuro e agarrar os seus desafios e oportunidades. (Veja o diagrama no inicio do capítulo). E6.1 – Fazer um Inventário Quero, agora, desafiá-lo: se você nunca fez um inventário assim, em sua vida, ajoelhe-se, agora mesmo, para orar. Tome algum tempo para olhar para o Senhor, e procure escrever o inventário de sua vida. Não se torne introspectivo, não fique abatido com o que vê na área de suas aptidões, temperamento ou inteligência. Talvez fosse fraca a sua instrução, mas olhe para a graça de Deus. É a grande compensação para as suas deficiências e fraquezas. Se a graça de Deus não tem se desenvolvido em sua vida, ou se você não tem base de experiência, adie um pouco o seu plano de ação. Adie os seu alvos e planejamento até que você tenha buscado o Senhor seriamente na oração, e tenha recebido a graça de Deus e obtido alguma experiência que a comprove. Trabalhe com um líder bem-sucedido, por dois ou três anos. Obtenha experiência. Você verá que ao tomar tempo para avaliar com sobriedade a sua medida de fé, você será dirigido até ao ponto em que estará pronto para lançar-se a um desafio novo para o Senhor. E poderá realizar algumas coisas, as quais você nunca imaginou ter capacidade para completar. Acompanhe-me inclinando o coração em oração. Senhor Jesus, confio que após cada um ter avaliado cuidadosamente sua vida, poderá dizer com o apóstolo Paulo: “Pela graça de Deus sou o que sou”. Senhor, oro para que sejamos inspirados a sair e trabalhar mais diligentemente, derramando nossa vida integralmente, para que venham ao Teu reino, Tua vontade seja feita na terra, assim como no céu. Senhor, livra-nos de altivez e ambição humana e iniciativas em desacordo com Tua Soberania. Que a compreensão do Teu propósito para a nossa vida, nos seja revelada pelo Teu Espírito. Ajuda-nos a servir-te mais plena e efetivamente, nestes dias gloriosos de oportunidades. Nós Te louvamos e Te agradece- PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA mos, enquanto Te pedimos isto no incomparável nome de Jesus. AMÉM! Capítulo 2 Visão – A Chave Para a Realização Introdução Chegamos, agora, a uma encruzilhada perigosa no nosso estudo de princípios de realização. Descrevemos e analisamos os fatores importantes do nosso passado e estamos prontos para agarrar o futuro e tornálo nosso. A. COMECE COM VISÃO Observe, por um momento, o diagrama na próxima página. É uma seta que aponta para a frente. Aponta para o futuro. Chamo isto de “seta de realização” porque são estes os passos pelos quais a realização chega à vida de um líder cristão. Toda a realização, todos os alvos, todos os programas – tudo o que você deseja fazer – deve começar com a ponta da seta que você vê no diagrama. Deve começar com VISÃO. 1. Sem Visão Para compreender, realmente, o que eu quero dizer quando falo sobre visão, é útil mencionar o que acontece, quando não há visão. Provérbios 29:18 é muito conhecido nos círculos missionários: “Onde não há visão, o povo perece”. A visão da qual o autor de Provérbios fala, não é apenas uma visão para ganhar o mundo para Cristo, embora eu não discuta que se possa aplicá-la para isto. O autor está falando sobre visão profética. Onde não há visão profética, o povo perece. a. O Povo Vive Negligentemente. Uma tradução que eu gosto diz “Onde não há visão, o povo vive desleixadamente,” ou seja, ilegalmente, desenfreado; num estilo de vida sem propósito. É o que acontece, “onde falta visão profética”. SEÇÃO E6 / 963 Por exemplo: por muitos anos o meu País (Estados Unidos) tem tido falta de visão e propósito. Esta nação tem sido como um navio sem leme. Como resultado, o povo habita desordenadamente. Vagamos sem rumo, por recifes próximos à costa perigosa. Quando eu era criança, nos davam um senso de visão, na escola, um sentido de destino individual e nacional, um propósito. Hoje, quando se fala em dar essa espécie de visão aos jovens, muitos educadores nos acusam de fanatismo reacionário. Mas quando eu era jovem, ensinávamos às crianças, um sentido de propósito e destine. Saudávamos a bandeira, com orgulho, todos os dias; honrávamos e respeitávamos os fundadores do nosso pais e julgávamos ter a responsabilidade de ser luz para as outras nações. Escritos na Estátua da Liberdade estão os dizeres: “Dêem-me os cansados, os pobres, as massas sofridas, que almejam respirar liberdade...” Não fazem muitos anos, desde que agíamos como quem acreditasse que os Estados Unidos fossem um refúgio de liberdade. Hoje, vivemos descuidadamente. 2. A Necessidade de Visão Clara Provenientes de uma origem onde se pensa em valores teológicos abstratos, nós, os pregadores, freqüentemente temos muitos conceitos estruturados de maneira ilógica. Expressamo-nos em termos ambíguos, com definições, significados e interpretações generalizadas. Quando alguém nos pergunta qual o alvo de nossa vida, dizemos: “Meu alvo é glorificar a Deus”. Não soa espiritual? Não soa maravilhoso? Quantos de vocês, percebem que é uma declaração ambígua, especialmente para o homem de classe média, da rua? O comentário do homem comum que caminha pela rua, seria “O que é que aquele palhaço está querendo dizer?” 964 / SEÇÃO E6 Se eu fosse perguntar aos leitores para definir o que significa “glorificar a Deus”, eu provavelmente receberia tantas respostas diferentes, quantos fossem os leitores. Uma declaração assim, não tem precisão. a. A Visão Pode Ser Comunicada? Você supõe que uma visão que não pode ser comunicada a outros, terá algum resultado? Meu trabalho com computadores, me ensinou que eu precisava limpar o depósito intelectual de minha própria mente. Ela estava empoeirada e cheia de teias de aranha, chavões e expressões “espirituais” que são comumente aceitas por pessoas religiosas, de modo amplo, sem realmente serem compreendidas. Seja qual for o seu chamado, primeiro você deve definir a visão com palavras claras, compreensíveis, e não com um jargão religioso. É necessário que se comece com uma visão claramente definida. b. Conheça os Propósitos de Deus. O mesmo se aplica para a sua vida e o seu ministério. O ponto de destaque do meu diagrama, é a visão. Se você não tiver uma visão claramente definida, você experimentará a vida, como diz o famoso ditado: “Bem aventurado aquele que gira em círculos todo o dia, pois será chamado uma Roda Gigante.” Você será levado pelo vento, porque não terá bússola ou mapa para guiá-lo. Será como o hindu fatalista, que se vê como uma folha de outono lançada sobre o rio da vida, flutuando desorientadamente, para onde quer que a corrente a leve. Muitos cristãos passam assim pela vida. Mas não foi assim que Deus planejou. Ele determinou, segundo o Seu propósito, que tenhamos direção e visão em nossa vida, sabendo para onde vamos, determinados a ganhar o prêmio. Nós temos um indício, uma meta, uma visão, na direção dos quais somos constantemente movidos. Mas não é do feitio de Deus, forçar a visão a quem E6.2 – Visão – A Chave Para a Realização quer que seja. “Pedi e dar-se-vos-á”, disse Jesus. B. HOMENS BÍBLICOS DE VISÃO Examinemos alguns exemplos bíblicos de homens de visão. 1. José Gênesis 37:5-11 relata a história da visão de José. Aos dezessete anos, de idade, José teve a visão para a sua vida, em dois sonhos dados pelo Senhor. Em termos simples, ele deveria tornar-se um governante entre os homens. Seus irmãos, pai e mãe, um dia se curvariam perante ele e o serviriam. Esta foi a visão de Deus para José. Todos nós sabemos, com que espécie de “entusiasmo” ele se deparou, quando compartilhou a visão com seus pais e irmãos. Gênesis 37:10 relata que o pai o repreendeu e lhe disse: “Que sonho é este que tiveste?” Um pouco antes, em Gênesis 37:8, a resposta dos seus irmãos, à visão de José, é claramente determinada: “E eles o odiaram ainda mais, por causa dos seus sonhos e de suas palavras”. Na verdade, eles planejaram assassiná-lo, mas acabaram vendendoo como escravo, a fim de se livrarem do estranho irmão e sua visão. Quantos de vocês, acreditam que uma visão trará afeto e respeito instantâneos? Acreditem-me, não trará! Como demonstra a história de José, uma visão pode trazer dificuldades sérias. Sua história teve, é claro, um final feliz, mas existe alguma coisa de importância aprendida aqui, um padrão que devemos observar. A visão do Senhor é sempre testada pelas provações e tribulações. 2. Moisés Moisés, como José, teve uma visão. Há um trecho interessante em Atos 7:22-25, que quero compartilhar com você: “E Moisés foi educado em toda a sabe- PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA doria dos egípcios, e era poderoso em palavras e ações. E quando completou quarenta anos, veio-lhe a idéia de visitar seus irmãos, os filhos de Israel. “E vendo um homem tratado injustamente, tomou-lhe a defesa e vingou o oprimido, matando o egípcio pois ele supôs que seus irmãos teriam entendido como o Senhor, pela mão dele, os livraria dos egípcios, mas eles não entenderam”. Deus dera a Moisés uma visão, uma visão de que ele seria o libertador do seu povo. Moisés supôs que seus irmãos entenderiam. Eles entenderam? Eles entenderam melhor do que os irmãos de José? Não, não entenderam. A Escritura diz, “...eles não compreenderam”. “No dia seguinte, ele se aproximou de uns que brigavam, e procurou reconduzilos à paz, dizendo: Homens, vós sois irmãos; por que vos ofendeis uns aos ou- SEÇÃO E6 / 965 tros? Mas o que agredia ao próximo, o repeliu dizendo: Quem te constituiu autoridade e juiz sobre nós? Acaso queres matarme como fizeste com o egípcio?” (At 7:2629). O fato de que seus irmãos não compreenderam, não significou que a visão não fosse de Deus, assim como no caso de José. As visões de José e de Moisés eram de Deus. Mas ambos tiveram que passar por um tempo de prova. 3. Abraão O mais difícil exemplo de prova, no Velho Testamento, é o da visão de Abraão. Deus ordenou-lhe que sacrificasse o seu único filho, Isaque; uma ordem que parecia contradizer a visão que Deus lhe dera. Naquele momento de desesperança, com Isaque no altar, Deus interviu e ressuscitou a visão de Abraão. Ele trouxe Isaque de O CAMINHO DA BÍBLIA PARA A REALIZAÇÃO PLANO PARA CADA ALVO *AÇÃO* ALVOS VISÃO 1) 2) 3) 4) 5) Definitivo Mensuráveis Realizáveis Comunicáveis Tangíveis (O QUE?) RETROSPECTIVA (“FEEDBACK”) P R I O R I Z A R 1. COMO? Programar 2. QUANDO? Agendar 3. QUEM? Administração de Pessoal 4. CUSTO Orçamento I M P L E M E N T A Ç Ã O A V A L I A Ç Ã O 966 / SEÇÃO E6 volta, e Deus cumpriu a Sua promessa para Abraão. 4. Paulo Paulo teve uma visão. Ele disse ao rei Agripa: “Não fui desobediente à visão celestial” (At 26:19). A visão de Paulo lhe foi comunicada durante a conversão dele, e a sua vida foi dirigida, em grande parte, por ela. Digo “em grande parte”, porque havia exceções, sendo que a mais importante delas, leva uma lição de grande importância. Estamos entrando, agora, num assunto de controvérsias. Embora tenhamos a tendência para endeusar grandes homens da Bíblia, Paulo foi um homem vulnerável aos mesmos problemas que você e eu. Ele não era um super-santo sobre-humano. Ele tinha o seu lado humano, como todos nós. Porque tinha grande desejo de ver a conversão dos judeus, Paulo não ficou dentro dos limites da visão de Deus, para ele. Sua falha, em permanecer dentro dos limites da visão de Deus para a sua vida e ministério, fez com que ele tivesse dificuldades. Você acha que Paulo nunca teve problemas? Bem, eu acho que ele teve. Atos 9:15 declara essa visão. Após a conversão de Paulo, o Senhor disse: “Este é para mim, instrumento escolhido para levar o meu nome perante aos gentios e reis, bem como perante aos filhos de Israel”. Em Gálatas 2:7 Paulo escreveu que lhe fora confiado o Evangelho da incircuncisão (gentios). Ele seria o apóstolo dos gentios, e ele bem o sabia. Paulo sabia em termos bastante claros qual era a visão de Deus para a sua vida. Ele foi chamado para os gentios, mas tinha uma preocupação. Quantos de vocês sabem qual era a preocupação dele? Os compatriotas judeus eram o problema de Paulo. Em Romanos 9:3, 4 ele escreve: “Eu desejaria ser excomungado por Cristo se, com isso, conseguisse salvar meus parentes judeus” (Tradução livre). a. Desviando se da Visão. Evidente- E6.2 – Visão – A Chave Para a Realização mente, Paulo não estava inteiramente satisfeito com a visão que Deus lhe dera, de ganhar os gentios para Jesus. Encontramos, assim, um comportamento estranho na vida de Paulo. Ele diz: “E agora, constrangido em espírito, vou para Jerusalém’’ (At 20:22). Nesta ocasião ele se encontra em Mileto, conversando com os presbíteros efésios, compartilhando com eles suas últimas palavras antes de deixá-los. Por que Paulo vai a Jerusalém? Porque ele quer ganhar judeus para Jesus. Ele deseja testemunhar aos judeus e então diz: “Agora, constrangido em meu espírito, vou... não sabendo o que me acontecerá lá, senão que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me assegura que me esperam cadeias e tribulações”. Por que o Espírito Santo estava dando a mesma mensagem a Paulo em cada cidade? será que o Espírito Santo desejava torturálo com cadeias e aflições, prisões e tribulações? Não! Quando o Espírito Santo começar a testificar dessa forma em sua vida, você reconsiderara o seu rumo. Você reconsiderará sua ação e direção e será livrado do sofrimento desnecessário. Em todo lugar onde Paulo ia, o Espírito Santo testificava que cadeias e aflições o aguardavam. Mas o velho e manso Paulo (digo isso jocosamente) não permanecia indiferente a tais advertências. Ele não se dissuadiria. Iria a Jerusalém, custasse o que custasse. Paulo se colocou num curso diferente da vontade de Deus para a sua vida. “Chegando em Tiro... encontrando os discípulos, permaneceram lá durante sete dias; e eles, movidos pelo Espírito, recomendaram a Paulo que não fosse a Jerusalém” (At 21:4). O Espírito Santo falou a Paulo através destes irmãos “Não vá a Jerusalém”. E o que foi que ele fez? Continuou rumo a Jerusalém! Paulo prosseguiu para Cesaréia, onde certo profeta de nome Ágabo, veio ter com ele. O Senhor enviou Ágabo para fazer com que Paulo se alinhasse com a Sua vontade. PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA Ágabo tomou o cinto de Paulo, amarrou seus próprios pés e mãos e disse “Isto diz o Espírito Santo: Assim os judeus em Jerusalém farão ao dono deste cinto, e o entregarão nas mãos dos gentios” (At 21:11). A quem? Aos gentios! Paulo queria ganhar judeus para Jesus, mas a visão que Deus havia estabelecido para a sua vida, seria cumprida, quisesse Paulo ou não. Se continuasse até Jerusalém, eles prenderiam suas mãos e pés e entregariam-no aos gentios (a primeira prioridade do chamado e da visão de Paulo). b. A Escolha de Paulo. Paulo poderia fazer a sua escolha: ir aos gentios como homem livre ou, desprezando a advertência do profeta e dos irmãos de Tiro e Cesaréia, ir de mãos e pés amarrados. Sabe o que ele escolheu? Paulo foi a Jerusalém! Estava orando no templo quando entrou em transe e viu Jesus falando-lhe: “Apressa-te e sai logo de Jerusalém, porque eles não receberão o teu testemunho a meu respeito” (At 22:18). O que fez Paulo? Discutiu com o Senhor. Disse em conseqüência: “Senhor, não sabes todos os fatos deste caso. Eles sabem que eu aprisionei e açoitei em cada sinagoga, aqueles que criam em Ti. “Quando se derramava o sangue de Estêvão, eu também estava presente, e até consenti a morte dele, e guardei as vestes dos que o mataram. Mas Ele [Jesus] me disse: ‘Vai-te porque eu te enviarei para longe, aos gentios.’” O Senhor disse a Paulo “Eu te enviarei aos judeus”? Era a missão de Paulo organizar os judeus para Jesus, apesar de todas as admoestações e daquilo que o próprio Senhor dissera a Paulo? Quase se tem vontade de gritar ao ouvido de Paulo: “Gentios para Jesus, Paulo! Gentios para Jesus!” Sabe como Paulo saiu de Jerusalém? Em correntes. A quem ele foi entregue? SEÇÃO E6 / 967 Aos Gentios! Creio que Paulo poderia ter vivido uma vida mais longa e em liberdade, se tivesse permanecido dentro dos limites da visão de Deus, se tivesse concentrado o seu trabalho entre os gentios. Ele amava, com carinho, ao seu povo judeu e almejava vê-lo salvo. Posso estar errado, mas penso que Paulo se ajustou à vontade permissiva de Deus, ao ir para Jerusalém em vez de atender a vontade perfeita de Deus. A visão é extremamente importante, e você deve se ater à visão que Deus lhe dá. 5. Mantenha a Visão Precisamos aprender com os exemplos bíblicos de homens de visão, como Abraão, José, Moisés e Paulo. Se uma organização, instituição ou indivíduo, se desvia da visão dada por Deus, experimentarão a mesma espécie de problemas que Paulo. Quando Deus estabelece uma visão, Ele não muda de idéia, mesmo que os homens mudem. O Senhor não é um homem que tenha razão para se arrepender, nem filho de homem a quem Ele mentiria. Quando Ele fala, Ele espera que seja cumprido até ao último ponto ou vírgula! Você pode dizer “amém” a isto? A visão pode ser cumprida, assim como foi no caso de Paulo, sem fazer caso de abandoná-la. A escolha talvez seja boa, se nós seguimos em obediência e permanecemos livres, ou escolhemos a segunda como a melhor, e terminamos em correntes e escravidão. A escolha é nossa. Você escolherá as conseqüências da vontade permissiva de Deus? Ou a alegria de Sua vontade perfeita? Mantenha a visão e evite problemas. Seja fiel e verdadeiro para com a visão de Deus para a sua vida, e você terá menos castigo para suportar. C. VISÃO VERDADEIRA Vamos fazer uma pausa, aqui, para explorar alguns fatores sobre uma visão ver- 968 / SEÇÃO E6 dadeira. Mais uma vez, quero enfatizar que visão é extremamente importante. Sem visão, a liderança nada realiza. Sem visão, o povo perece, vagueia sem rumo e vive desordenadamente. 1. A Visão é Iniciada por Deus PRIMEIRO, uma visão verdadeira, é um propósito que vem de Deus ao seu coração, seu espírito. Pode ser que não venha através de sonhos, assim como os de José. Pode ser que não venha como luz ofuscante no caminho para Damasco, derrubando você da sua montaria, como aconteceu a Paulo. Pode ser que não venha como veio a Moisés. (A Bíblia não relata como Moisés soube, inicialmente, que ele seria um libertador, mas o fato é que ele entendeu!) Sua visão foi renovada na sarça ardente. Quarenta anos antes, ele tentara cumprir a visão em sua própria força, e falhara. Pode ser que venha como ocorreu na minha própria vida e na vida de outros. Através dos anos Deus, gradativamente, implantou a visão no fundo do meu espírito, convencendo-me de que haviam certas coisas que deveriam ser realizadas através da minha vida. Eu sabia que a minha vida devia ser dedicada a certos ministérios que nasceriam dessa visão. Porém, quando a sua visão chega, tem que vir de Deus. 2. A Visão Será Testada SEGUNDO, uma visão será provada através de muitos problemas e adversidades. Geralmente porá você em conflito com outras pessoas que procurarão fazer com que você desista, dizendo que ela não procede do Senhor. Toda espécie de ação poderá ser feita contra você, se você se move em direção à visão que Deus lhe deu. Essa é uma parte do processo de teste, do Senhor, para a visão. A Palavra do Senhor é sempre provada. Sempre é testada e parte desse processo é a E6.2 – Visão – A Chave Para a Realização oposição que Deus permite que surja contra você, quando você começa a cumprir a Sua visão. 3. A Visão Tem Limites TERCEIRO, podemos permanecer dentro dos limites ou ir além dos limites da visão. Deus pode nos dar a visão, mas é possível andarmos de modo contrário a ela. Isto se chama “livre arbítrio”. Quando vemos um homem dinamicamente consagrado a Deus como foi Paulo, indo além dos limites da visão de Deus, temos que tomar cuidado. Amar a Deus não nos protege de erros do nosso próprio zelo. 4. A Visão Deve Ser Incubada QUARTO, quando uma pessoa recebe uma visão do Senhor, e sabe disso, parece haver um impulso quase irresistível de correr, de apressar as coisas. Há, por vezes, uma linha muito fina entre o zelo por Deus e a impaciência e, assim, temos que pisar com cuidado. Yongi Cho (da Coréia) diz que a transmissão de uma visão é como a incubação de um ovo. A galinha tem que sentar em cima do ovo e ficar até que o ovo se abra numa expressão de vida. Em termos práticos, diz Yongi Cho, o modo como “chocamos” uma visão é através de tempos de jejum, oração e meditação, quando trazemos à memória a visão que Deus nos deu e refletimos no seu cumprimento e sua expressão, até que Deus esclareça os detalhes. “A terra era sem forma e vazia, e havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito do Senhor pairava sobre as águas” (Gn 1:2). A palavra “pairava” no hebraico, significa literalmente “chocava”. Deus estava sobre as águas transmitindo calor e vida para que elas produzissem vida. Deus tinha uma visão para o Seu mundo, produzido pelo Espírito Santo “chocando” sobre a escuridão que havia sobre a face do abismo. Da profundeza rompeu a PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA palavra criadora que restaurou a terra tornando-a habitável para o homem. Você tem uma visão clara? Se não tiver, espere no Senhor até que Ele lhe dê uma. Permita que Ele a comunique. A visão torna-se a seta, o ponto do propósito de Deus para a sua vida. Quando vier a visão, “choque” sobre ela, permita que ela venha à luz. 5. A Visão Deve Ser Comunicada “O Senhor me respondeu e disse: Escreve a visão, grava-a sobre tábuas, para que a possa ler, até quem passa correndo” (Hc 2:2). O Senhor diz: “Escreve a visão”. Escreva a visão. Compartilhe-a com outros. Os homens desejarão saber qual é a sua visão, e enquanto ela está sendo comunicada a outros, alguns serão chamados para trabalhar com você. Você formará uma equipe, e com essa equipe, naturalmente, realizará mais do que faria sozinho. Um solitário não realiza muito no mundo. Mas o homem que pode organizar outros, para trabalhar por uma visão comum, um homem que edifica uma equipe, pode fazer um trabalho significativo para o reino de Deus. A Bíblia fala a respeito de uma pessoa fazer mil fugirem, e dois, fazerem dez mil. É um salto bastante grande! O que dizer de três ou quatro, ou cinqüenta, trabalhando juntos numa visão comum? Talvez façam fugir milhões de pessoas e ganhem vitórias poderosas no nome do Senhor. Uma visão que possa ser comunicada com clareza, é essencial para mobilizar homens e dinheiro para a realização da obra que o Senhor quer ver feita. Quando você é capaz de comunicar claramente onde você vai, muitos estarão dispostos a ajudá-lo a chegar lá. Os recursos virão. O problema não é dinheiro; o problema é liderança que não comunica visão ou alvos. Talvez, um dos problemas mais simples de liderança, seja o de resolver o problema de sustento financeiro adequado. Há mais dinheiro neste mundo, do que pessoas que sabem usá-lo. Quando você começar a co- SEÇÃO E6 / 969 municar a visão e os alvos, as pessoas se disporão a ajudá-lo financeiramente e por outros meios. O problema financeiro que a maioria dos pastores e demais líderes cristãos enfrentam, surge porque eles não sabem para onde vão. Não é interessante observar, quantos problemas surgem por falta de visão? Quando um líder não tem visão, o povo vive desordenadamente. Se você não tem visão, as pessoas não desejarão contribuir para a sua igreja ou organização. Você precisa comunicar seus alvos e o seu rumo; e um plano claro de como vai chegar onde você quer ir. Então obterá o sustento. Ouço reclamação freqüente de líderes que não comunicam visão. Dizem que o seu pessoal está mandando dinheiro para pessoas e organizações que possuem ministério de rádio e televisão, a “igreja eletrônica”, como é chamada. Você pode adivinhar o porquê? Claro que você pode. Os “ministérios de rádio e televisão”, estão comunicando a visão, metas e planos deles, através da “igreja eletrônica”. Eles têm uma visão e o povo colabora. Digo aos líderes da igreja: “O povo da sua igreja, não estaria mandando dinheiro para outros lugares, se vocês estivessem comunicando visão. Estariam apoiando vocês. Se vocês não sabem para onde vão, e os membros de suas igrejas não sabem para onde vocês estão indo, eles irão mandar o dinheiro deles para alguém que saiba.” Há, porém, uma cláusula qualificadora para que Deus abra com abundância a Sua bolsa para o sustento do ministério. Poderíamos dizer que está escrita com “letras miúdas” perto do final do contrato. Se você não observá-la, poderá comunicar visão e, ainda assim, perder seu sustento financeiro. Qual é essa cláusula em letras miúdas? Deus requer que usemos o dinheiro que Ele providencia com sabedoria e integridade. Ele não honrará o engano. Ele não continuará um compromisso com um pastor ou um 970 / SEÇÃO E6 E6.3 – Estabelecendo Alvos e Prioridades líder que estiver gastando de modo tolo, ou vivendo em luxo exagerado. Se você é um homem ou uma mulher de integridade, se utiliza os fundos para aquilo que você declara, sem desperdício, Deus cuidará de suas finanças. Deus cuida do homem que é honesto, reto e ético em seus afazeres. Ele derramará recursos mais que suficientes, para realizar aquilo que você foi chamado para fazer. Mas você tem que comunicar visão e viver altruisticamente. Oremos Senhor Jesus, esclarece-nos, hoje, a visão que tens para nós e não permitas que nos afastemos dela. Que a recebamos de coração jubiloso e disposto. Dá-nos graça para cumprir a Tua visão, e nós Te rendemos graças em nome de Cristo. AMÉM. Capítulo 3 Estabelecendo Alvos e Prioridades A. OS PROPÓSITOS DOS ALVOS Creio que a maioria de nós no trabalho cristão poderia usar uma visão mais ampla. Temos trabalhado próximos a algumas das pessoas da “Campus Crusade for Christ”. Algumas delas me disseram “Irmão Ralph, um dos nossos problemas é que Bill Bright (o fundador), está sempre aparecendo com visões amplas, do Senhor. Aí, nós temos que colocá-las em funcionamento’’. 1. Os Alvos Ajudam a Realizar a Visão Deus permita que tenhamos visões mais amplas e as expressemos de modo prático e concreto. Fazemos isso estabelecendo alvos e objetivos claros pelos quais trabalhamos, nos dedicamos e mobilizamos outros, para ajudar na realização. Quais são os alvos de sua igreja, para os próximos cinco anos? Qual é a previsão de sua fé? O que é que você espera do seu trabalho, nos próximos seis meses? 2. Os Alvos São Previsão de Fé É isso que os alvos são – previsões de fé. Não limite o seu planejamento para aquilo que os homens podem fazer mas, sim, para o que Deus quer que seja feito. “Se credes, tudo é possível” (Mc 9:23). 3. Os Alvos Definem a Ação O propósito dos alvos é definir a ação que resultará em realizações específicas. Uma visão se torna efetiva somente quando é transformada em ação. Para transformar visão em ação efetiva, são necessários alvos divinamente direcionados. B. QUALIDADES DE UM ALVO Para entender o que é um “alvo”, devemos, primeiramente, deixar o domínio das palavras religiosas e entrar no domínio da linguagem comercial. Muitos de nós empregamos uma terminologia religiosa, a qual um amigo meu denomina LRV – Lixo Religioso Verbalizado. Nós, pregadores, usamos palavras altissonantes para encobrir nossa falta de pensamento concreto, cristalizado e claro. “Qual é o seu alvo?” “Oh, meu alvo é glorificar a Deus”. “Isto é maravilhoso! Como é que você saberá que glorificou a Deus? Qual é a ação, ou quais os resultados que comprovarão que você O glorificou?” “Bem, Ele colocará uma paz especial no meu coração”. Soa familiar? É claro que glorificar a Deus é algo maravilhoso. Mas quando falo de alvos, eu não estou falando daqueles valores ambíguos, subjetivos, indefiníveis, imensuráveis, que nos deixam numa terra de ninguém, de conceitos nebulosos e imprecisos. Estou falando sobre uma ação prática que se pode medir. PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA Talvez o seu alvo seja estabelecer três igrejas, nos próximos três anos, em comunidades perto da igreja sede. Isto é um alvo. Não é abstrato. É claro. Você sabe quando o realiza. Em termos claros, alvos são: 1. Tangíveis – (não abstratos.) 2. Comunicáveis – (não idéias imprecisas ou confusas.) 3. Realizáveis – (não pensamentos do mundo dos sonhos.) 4. Mensuráveis – (quantitativo, não ideais que não podem ser medidos.) 5. Definitivo – (de ação que você tomará.) Um alvo útil para você, seria decorar, agora mesmo, estas cinco características. C. OS ALVOS DEVEM SER DEFINIDOS A definição dos alvos com estas cinco características, é necessária para o cumprimento da visão. Você tem que se agarrar a isto. Não posso dizer quais as ações de alvos a serem definidas para se cumprir a visão que Deus lhe deu. Uma vez dada a visão, você tem que ir ao Senhor e perguntar: “Senhor, quais os passos práticos que devo dar para que esta visão se cumpra?” Lembro-me, há alguns anos atrás, eu e um grupo nos sentamos ao redor de uma mesa de conferência, para fazer alguns planejamentos. Queríamos delinear o que sentimos que Deus queria que fizéssemos, para os próximos cinco anos. Sentamo-nos para fazer a nossa “previsão de fé” diante de Deus, em oração e jejum, planejando coisas que imaginávamos impossíveis. SEÇÃO E6 / 971 Nos cinco anos que se seguiram, Deus fez acontecer coisas que eram superiores a todos os nossos planos. Ele sempre excede aquilo que nos dispomos a fazer sob a Sua direção. Cinco anos mais tarde, ficamos atônitos ao olharmos o nosso plano, o retrospecto de cinco anos, porque Deus realizara “infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos’’ (Ef 3:20). Sei que Deus honra a “previsão de fé”, porque temos visto isto em funcionamento. Vemos o que acontece, quando homens se sentam juntos, em fé, em oração, em jejum e tomam posse do futuro, sem temor, certos de que Deus está Lhes preparando o caminho. Poderemos ter algum controle sobre esse futuro, quando prevemos em fé, o que Deus quer que sejamos ou façamos. À medida que você exercita essa previsão de fé, os resultados vão surgindo maiores do que aquilo que você planejou, se o seu plano estiver de acordo com a vontade de Deus. D. PRIORIDADES DEVEM SER ESTABELECIDAS Chegamos ao ponto onde devemos parar, para estabelecer prioridades. Numa de nossas primeiras reuniões para verificar as prioridades, percebemos que estávamos envolvidos em nada menos que vinte e sete ministérios diferentes. Seria necessário um exército de gênios, para gerenciar vinte e sete alvos diferentes, consumidores de tempo e energia. Isto é demais. Ninguém pode ministrar, adequadamente, em tantas áreas. O problema com muitas organizações, é que elas tentam fazer coisas demais, com mediocridade, em vez de poucas, com perfeição. Organizações farão melhor se especializando e se aplicando em alguns alvos bem definidos e bem planejados. 1. Três Categorias No nosso caso, dividimos nossos vinte e sete projetos em três categorias: 972 / SEÇÃO E6 a. Prioridade Máxima, b. Manutenção de Posição e, c. Alvos Adiados. Fizemos da seguinte forma: Perguntamos: “Se tivéssemos que abandonar tudo nesta lista, exceto uma coisa, o que é que manteríamos?” Esta resposta se tornou a de número dois, em nossas prioridades máximas. Mantivemos este processo, até que todos os vinte e sete ministérios estivessem arrumados em camadas de prioridades, manutenção e adiamento de alvos. Quero compartilhar, com você, um pequeno segredo: Alvos adiados, geralmente morrem por abandono, portanto, não se preocupe com eles. Talvez sejam a “vaca sagrada” de alguém – e, sendo assim, você não quer matá-los. Simplesmente deixe que morram por negligência. 2. O Processo de Escolha a. Afiar a Flecha. Muitas organizações possuem inúmeras “vacas sagradas”, que deveriam ser conduzidas ao “curral de alvos adiados”. Isso lhes daria uma “posição santificada” e ninguém se preocuparia com elas. Mas se você atira na “vaca”, todo mundo se preocupa. Dos vinte e sete itens, ficamos com seis em nossa lista de prioridades. Consideramos esses seis alvos, como aqueles que melhor cumpririam a nossa visão. Colocamos mais seis itens na nossa lista de “manutenção de posição”. Não permitimos que morressem mas, tão pouco, não nos esforçamos para a sua expansão. Iriam sobreviver, mas sem esforço especial. O resto foi colocado em posição de “alvo adiado” e a maioria deles morreu por abandono. Quando podemos nos focalizar em algumas prioridades, dando a estas a ênfase devida, temos o que eu chamo de “afiar a flecha”. Veja o que acontece quando ela dispara. Voa direto para o alvo e o penetra profundamente. E6.3 – Estabelecendo Alvos e Prioridades Paulo disse “Uma coisa faço” (Fp 3:13). É possível que digamos, “Estas três coisas...” ou “Fazemos estas seis...” Se houver mais do que isso, não seremos capazes de realizá-las com perfeição. Tentar realizar muitas prioridades simultaneamente, resultará, simplesmente, na proliferação da mediocridade, realizando pouco ou nada. Estabelecer e manter prioridades, é uma disciplina muito importante. Temos que nos concentrar na única coisa que faríamos, se tivéssemos que abandonar o resto. O que seguraríamos? Qual é o impulso central da visão que Deus nos deu? Determine qual é a primeira prioridade, e faça dela a número um em sua lista. A seguir, determine números dois, três, e assim por diante. Se o seu tempo, seu pessoal e o seu dinheiro estiverem concentrados na obtenção de um número limitado de alvos, dentro de poucos anos você olhará para trás e verá realizações muito significativas em sua igreja ou organização. 3. Previsão de Fé No momento, estamos no processo de fazer previsão de fé para os próximos cinco anos. Deus tem nos aberto portas magníficas de oportunidades. Num só pais, temos convite para entrar e ministrar a milhares de líderes de igreja. As implicações disto são estonteantes! Milhares de líderes, que pouco ou nada sabem sobre o poder e a obra do Espírito Santo, saberão, tão logo tiverem freqüentado a um dos nossos Seminários de Renovação Espiritual do World MAP. A oportunidade daquele pais, exigirá mais de um milhão de dólares e vários anos de tempo e esforço de uma equipe forte. Estamos esperando no Senhor e pedindo a Ele fé, para cumprir os desafios que surgem ao redor do mundo, em muitas nações. Deus está operando, procurando gente que atenda às oportunidades de colheita que esta geração enfrenta. Acredite, os próximos vinte anos serão PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA os mais importantes na história da igreja. Deus está procurando homens aos quais Ele possa comunicar visão e propósito. Homens que coloquem esses alvos em ordem de prioridade, numa seqüência lógica, razoável e que comecem a implementá-los. Aqueles que hoje se comprometem a fazer previsão de fé poderão, dentro de alguns anos, olhar para trás e ver resultados maiores do que podiam imaginar. Eu lanço um desafio: erga-se para um novo nível de envolvimento na obra do Senhor. Talvez você tenha andado desanimado, ou não soubesse como começar. Tome estes princípios bíblicos para realização e dê um passo à frente, um passo de fé. Espere grandes coisas e, conforme a sua fé, será feito. E. IMPLEMENTAÇÃO DOS ALVOS Há algumas coisas que precisamos entender sobre os alvos de ação divinamente dirigidos. Um trecho do livro de Apocalipse ilustra isso. “Fui, pois, ao anjo, dizendolhe que me desse o livrinho. Ele então me fala: Toma-o e devora-o; certamente, ele será amargo ao teu estômago mas, na tua boca, doce como o mel”. “Tomei o livrinho da mão do anjo e o devorei, e na minha boca era doce como o mel, quando, porém, o comi, o meu estômago ficou amargo” (Ap 10:9, 10). Anos atrás, ouvi Bob Mumford dizer “É assim com a visão. Quando Deus fala sobre o que Ele quer que você faça, você acha maravilhoso, doce e apaixonante! Mas quando começa a dar luz à visão, quando começa o trabalho duro de implementação daquilo que Deus disse, poderá se tornar amargo no seu estômago”. 1. Trabalho Árduo é Essencial O famoso administrador e empresário Peter Drucker, destacou que o problema com visão e alvos, é que eventualmente degeneram para TRABALHO. Isto é, “quando se junta a fome com a vontade de comer,” como diz o ditado. SEÇÃO E6 / 973 Lembro-me de um pastor, há alguns anos atrás, que tinha uma congregação na sua igreja, com cerca de quinhentas pessoas. Ele jogava golfe, uns três dias por semana, gozando um estilo de vida tranqüilo. Sua igreja pagava um bom salário. Ele estava numa situação confortável e continuou com as mesmas quinhentas pessoas, por vários anos. Um dia, no campo de golfe, o Senhor lhe falou: “Você quer continuar o resto de sua vida como pastor medíocre, de uma congregação medíocre, com responsabilidades medíocres e um horário medíocre? Ou você quer começar a trabalhar?” Aquele pastor teve que decidir entre o seu estilo de vida fácil e um verdadeiro trabalho. Essa é a decisão que geralmente é tomada quando você se compromete à visão e alvos, em vez de ser levado pela vida. Ele disse: “Senhor, quero trabalhar”. Dentro de três anos, do tempo em que ele se comprometera a gastar as horas, o esforço e a responsabilidade que o Senhor lhe oferecera, a sua igreja contava com cerca de dois mil membros. Ele transformou em ação, a sua visão. Existem pastores que nunca aprenderam a trabalhar. Sei, porque conheço muitos deles. No mundo inteiro, há pastores que vivem como semi-aposentados. Alguns, totalmente aposentados. Eles perguntam por que nada acontece em seus ministérios. Não estão dispostos a trabalhar; são preguiçosos; não conseguem levantar cedo de manhã, porque passaram a metade da noite assistindo televisão. Você não consegue fazê-los aplicarem-se para responsabilidade e planejamento, visão e crescimento. Nações que se encontram em más condições são, freqüentemente, pobres porque a maioria do povo não quer trabalhar. É como uma doença, uma epidemia. Podemos chamá-la de “síndrome de procrastinação”. Você sabe como funciona: “O sol está 974 / SEÇÃO E6 brilhando. Porque consertar o furo no telhado, hoje, se não está chovendo?” Então, quando estiver chovendo, a mesma pessoa dirá “Não posso consertar o telhado, agora, porque está chovendo. Tenho que esperar parar a chuva”. Essa síndrome cobre o mundo como uma praga. Nada de iniciativa, nada de responsabilidade, nada de disposição para o trabalho. 2. Tempo: Nosso ou do Senhor? Quando a visão é traduzida em alvos, alguém tem que trabalhar. Quem você pensa que seja este “alguém”? Este “alguém” é você! Você tem que liderar o bando – e não será emprego das 8.00hs às 5.00hs. Os homens de visão não trabalham com horários fixos Eles não estão procurando por quatro semanas de férias por ano e aposentadoria garantida. Estão em busca de oportunidades para servir ao Rei dos reis e Senhor dos senhores. Homens de visão empregam tudo o que têm num esforço total. Você não faz o trabalho com salários e regulamentações sindicais e semana de quarenta horas. A Bíblia diz “Seis dias trabalharás”. Eram jornadas de onze horas de trabalho nos tempos bíblicos, do alvorecer até o sol se pôr. Isso daria umas sessenta e seis horas. Essa seria provavelmente uma semana de trabalho, conforme a Bíblia. Embora vivamos numa época de lazer, toda visão, todo alvo, para ser atingido, se resume em esforço de trabalho. Quem fará a obra do Senhor? É aí que temos a diferença entre os obreiros fixos e os contratados para uma jornada de trabalho. É claro que podemos falar o dia todo sobre visão – falar é fácil – mas quando se chega ao trabalho necessário para implementá-la, é aí que Deus separa os homens dos meninos. Quando comecei o trabalho de World MAP na Califórnia em 1963, eu não tinha dinheiro suficiente para me dar ao trabalho de contá-lo. E6.3 – Estabelecendo Alvos e Prioridades Deus nos deu um abrigo para frangos, para começar. Nós o limpamos, colocamos uma pequena impressora e começamos a trabalhar. Estávamos naquele “galinheiro” fazendo nosso trabalho. Era a nossa sede de publicações – um abrigo de frango que havíamos limpado! Você sabe como eles constroem um abrigo para frangos? Eles são construidos com dois metros e vinte centímetros de altura na frente e um metro e meio atrás, com o teto inclinado. Isto nos mantinha em “posição constante de oração”, porque o telhado não era suficientemente alto. Não podíamos ficar em pé, direito. Muitas vezes trabalhei contente a noite inteira, curvado sobre as impressoras, naquele pequeno galpão. O trabalho tinha que ser feito e não tínhamos dinheiro para contratar alguém que o fizesse. Assim eu trabalhava, muitas vezes mantendo duas impressoras funcionando simultaneamente. Hoje o Senhor nos tem abençoado com um lindo prédio, avaliado em mais de três milhões de dólares. Mas Deus no-lo deu por muito menos que isso. Nossa bela sede World MAP em Burbank, Califórnia, nos foi dada através de um dos milagres maravilhosos do Senhor. A obra começada num “galinheiro”, cresceu mediante trabalho duro e as bênçãos do Senhor, e hoje é um prédio de três milhões de dólares. É assim que nascem as visões. Se você não estiver disposto a trabalhar, esqueça! Una-se ao sindicato local e arrange um emprego rotineiro das oito às cinco. Entre em semi-aposentadoria, e viva a sua vida de descanso. Se, por outro lado, você quer trabalhar, Deus tem uma imensa oportunidade de serviço para você. Ele transformará suas longas horas em conseqüências fenomenais, resultados jamais imaginados. Ele multiplicará os frutos da sua semana de sessenta ou setenta horas de trabalho, em grandes reali- PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA zações para o evangelho. Deus recompensa a dedicação e o compromisso. 3. Paulo Era Totalmente Dedicado Quando lemos sobre o ministério de Paulo, vemos a dedicação que tinha a sua obra. Ele pregava o evangelho com o risco de sua própria vida. Falando sobre suas dificuldades, Paulo disse: “Cinco vezes recebi dos judeus uma quarentena de acoites menos um; fui três vezes fustigado com varas, uma vez apedrejado, em naufrágio três vezes, uma noite e um dia passei na voragem do mar; em jornadas muitas vezes, em perigos de rios... em trabalhos e fadigas...” (2 Co 11:24-27). Por que ele estava cansado? Por que ele estava em dores? Quando olhamos para o trabalho de Paulo, de dia ele fazia tendas por profissão, ganhando sustento para si e mais sete homens. Era professor, pregador e apóstolo à noite. Realizava ambos os ministérios simultaneamente. Em relação aos demais líderes, ele disse que labutava mais de que todos eles. A graça de Deus, disse Paulo, não era frustrada ou desperdiçada nele, porque ele trabalhava mais e trazia mais consagração ao seu trabalho do que todos os outros apóstolos. Os relatos históricos comprovam isto. Com respeito a este assunto, em Éfeso aconteceu algo interessante: “E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas e os espíritos malignos se retiravam” (At 19:11, 12). Esses “lenços” eram “trapos de suor” enrolados em volta da cabeça e da cintura de Paulo para limpar o suor que escorria do seu corpo, de seu trabalho árduo. Havia mais poder no suor de Paulo do que nos sermões da maioria dos pregadores! A unção acompanhava aqueles trapos, para as muitas pessoas que Paulo não podia visitar pessoalmente – porque tinha que trabalhar longas horas. SEÇÃO E6 / 975 Seria um exercício valioso para muitos pastores preguiçosos tentarem por algum tempo, o método de Paulo. Talvez conseguissem melhores resultados! Quando Paulo escreveu aos Tessalonicenses, preocupado com a mentalidade deles, de “não trabalhar”, usou linguagem dura para repreender a preguiça deles: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma” (vs 10). Falou-lhes da necessidade de se ocuparem em trabalho frutífero, de evitarem a ociosidade e ter um compromisso diário com a disciplina do trabalho árduo (2 Ts 3:6, 12). Através das epístolas todas, ele faz referência ao seu compromisso de labutar, de suor, de lágrimas, de esforço duro para propagar a causa de Cristo. Ele não procurou carga horária leve e nem permitiu que a compensação financeira determinasse como e onde trabalharia para o Senhor. Ele entregou a sua vida plenamente, integralmente, sem reservas. Ele desejava ver cumprida em sua vida a vontade e o propósito de Deus. 4. As Pessoas Apoiarão Alvos de Valor Você descobrirá que pessoas trabalharão com você dando, sacrificadamente, para ajuda-lo com recursos e esforços, a alcançar os seus alvos – se você sabe onde quer chegar. Se você não souber, o dinheiro, o povo e o sucesso seguirão os líderes que sabem onde vão. Se você vier com a visão e os alvos de Deus, e começar a expressá-los comunicando aos outros a direção em que você vai, eles o seguirão, dando apoio e trabalhando juntos para alcançar os seus alvos. Isto é, se você mostrar o caminho, pagar o preço e trabalhar as horas necessárias. Tão logo você saiba onde Deus quer que você vá, e como você deverá chegar lá, encontrará pessoas ao seu redor dispostas a trabalhar com você. Uma vez esclarecida a visão, uma vez definidos os alvos, uma vez 976 / SEÇÃO E6 E6.4 – O Dom de Administração os alvos traduzidos em comunicação clara daquilo que Deus quer que você faça, você verá que os resultados começarão a ultrapassar a sua capacidade para governar. Oremos Senhor, ajuda-nos no compromisso de fazer a Tua obra. Ajuda-nos a dar passos ousados na expressão da Tua visão para nós. Faz com que nossa vida, nossos ministérios e as organizações com as quais trabalhamos, promovam o Teu reino. Ensina-nos a depender, não nestes princípios, mas no Autor dos mesmos, em prol de quem os empregamos. Ensina-nos a colocar os nossos alvos dentro das prioridades da Tua vontade, para que expressemos efetivamente a visão que nos deste. Damos toda a glória a Ti e pedimos isso em nome de Jesus. AMÉM! Capítulo 4 O Dom de Administração Introdução No capitulo anterior discutimos a necessidade de tomar o passo crucial movendo da visão para a ação. Falamos sobre a necessidade de alvos, e de colocá-los em ordem de prioridade a fim de dirigir e focalizar corretamente a obra e a ação. Definimos os alvos como tangíveis, comunicáveis, atingíveis, mensuráveis e definidos, especificando os atos que levarão à tradução de nossa visão em programas que funcionam. Agora é necessário que nos perguntemos, “Quem é que vai juntar tudo isso? Quem vai oferecer uma avaliação prática da melhor forma de empregar nosso pessoal, dinheiro e tempo para realizar a tarefa?” Talvez você seja líder de um rebanho de igreja, uma comunidade ou organização. Mas será que você tem o tempo, a aptidão, o treinamento, a experiência e a perícia para planejar, coordenar e implementar todas essas coisas necessárias, sobre as quais estivemos discutindo? A. A ADMINISTRAÇÃO É IMPORTANTE Há, entre líderes cristãos, a necessidade de buscar conselho sábio nas áreas nas quais eles mesmos têm falta de aptidão, treinamento ou experiência. Isso nos leva a desempenhar o papel dos administradores e da administração. 1. Um Projeto Fracassado Líderes espirituais, freqüentemente se afastam de conselho prático, conhecimento e entendimento, à disposição dentro de suas próprias congregações. Talvez, sem querer, ergam um muro invisível ao seu redor. Como fazem isso? Com pronunciamentos “divinos”. “O Senhor me disse isto”, ou “O Senhor me mostrou aquilo”, eles dizem. Naturalmente, ninguém quer questionar o Senhor. Se alguém ousa levantar uma duvida quanto ao plano do “Chefão”, esse tipo de líder geralmente se torna um surdo a qualquer oposição. No outono de 1935, um líder de uma denominação pentecostal recebeu o que ele disse ser uma revelação do Senhor. Nas belíssimas montanhas do sul da Califórnia, ele deveria erigir um grande tabernáculo onde conduziria conferências e reuniões de acampamentos de verão da sua denominação. Após comprar um pedaço de terra próximo ao Lago Grande Urso, ele contratou uma turma de construção para começar a edificar o tabernáculo. O tabernáculo deveria ser bastante grande, de forma hexagonal, com telhado amplo e achatado. Alguns membros da sua congregação possuidores de experiência em construção nas montanhas, o procuraram dizendo, “Senhor, cremos que está cometendo um erro fatal na maneira em que está construindo este edifício”. PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA “Cavalheiros”, ele replicou, “não questionem o meu plano, pois o Senhor foi quem o deu!”. Mais tarde, um engenheiro municipal que estava passando de carro, viu esse homem dirigindo os construtores. Parou, aproximando-se do superintendente e tentou dizer-lhe que havia erros no desenho do prédio. A única resposta que recebeu por haver se preocupado, foi uma fria repulsa. Isso foi antes da existência de códigos de construção, quando se era permitido construir qualquer tipo de prédio. Mas era também durante os anos da grande depressão econômica, quando dinheiro era raro e cada dólar era contado. As pessoas que moraram em terra de muita neve, podem advinhar o que havia de errado com o desenho do tabernáculo. Cai muita neve nos lugares mais elevados das montanhas, mesmo na “ensolarada Califórnia”! Ali estava um grande tabernáculo, de cerca de duzentos pés de altura, com caibros achatados e compridos, e sem sustentação. No nível de seis mil pés de altura, onde se encontrava, não é raro ter três ou quatro pés de neve pesada no inverno. O que você pensa que aconteceu? O inverno chegou antes que realizassem uma única reunião naquele tabernáculo. Os ventos tempestuosos sopraram, neve caiu, o prédio desabou – e grande foi a sua queda. O peso da neve no telhado largo e achatado, fez com que tudo desabasse estrondosamente, num monte imprestável sobre o chão. Agora, eu previno líderes contra a preocupação com a atitude “divina” no trabalho cristão. Sempre que os homens se isolam do conselho, sugestões e correções, eles estão se colocando (e em geral colocando outros) em posição difícil ou mesmo trágica. 2. Catástrofes Financeiras Como membro de diretoria de diversas organizações cristãs no oeste dos Estados SEÇÃO E6 / 977 Unidos, tenho assistido reuniões nas quais homens de empresa questionaram a falta de planejamento financeiro para certos projetos e propostas de alguns líderes eclesiásticos. Freqüentemente ouço pastores e líderes de igrejas impedirem estes homens de falar, usando chavões tais como, “Irmão, você não entende. Não operamos esta organização como uma empresa, operamos pela fé”. Na semântica de círculos religiosos, “funcionamento pela fé” algumas vezes se traduz em pedir emprestado mais do que se pode pagar, com taxas de juros exorbitantes e termos de pagamento totalmente irrealistas. Chamam isso de “fé”. O empresário, vendo que seu conselho não é bem-vindo, se retira da situação e deixa que os líderes da igreja persistam em sua loucura. Alguns anos mais tarde, e alguns anos além na estrada da vida, muitos desses projetos de fé acabam como catástrofes financeiras. São forçados à falência. Muitos dos ministérios cristãos fracassaram porque um líder rejeitou o dom de administração de um irmão mais experiente. Se você não é administrador, pelo amor de Deus, tenha a humildade de admiti-lo, e permita que aqueles que possuem dons nessa área, tragam ordem e efetividade para este aspecto do seu trabalho para o Senhor. Sem o dom da administração, qualquer igreja ou ministério acabará em sérias dificuldades, ou com a comunidade ou dentro dela. B. A ADMINISTRAÇÃO NA IGREJA PRIMITIVA Na igreja primitiva, conforme descrito em Atos, encontramos uma seqüência interessante de eventos. Isto tem se mostrado útil para me ajudar a entender o desenvolvimento e progresso da organização. • Em Atos, capítulo 1, Deus escolheu certos homens. • Em Atos, capítulo 2, Ele deu àqueles homens um ministério. 978 / SEÇÃO E6 • • • • Em Atos, capítulo 3, vemos uma grande multiplicação. Em Atos, capítulo 4, vemos o nascimento de um grande movimento. Em Atos, capítulo 5, surge uma murmuração. Em Atos, capítulo 6, os apóstolos designam administradores. O estágio da murmuração é o estágio crítico de um movimento. A liderança se depara com duas ou três opções neste ponto. PRIMEIRO, eles podem silenciar os dissensores dizendo, “Se vocês fossem realmente espirituais, não estariam se queixando”. SEGUNDO, poderiam dizer, “Não desafiem a liderança que Deus deu. Submissão! ou Separação!” A maioria de nós já ouviu respostas como estas. TERCEIRO, podem dizer “Irmãos, ouvimos que vocês têm um problema. Vamos examiná-lo para ver se encontramos a solução”. 1. Resolvendo o Problema A terceira abordagem foi aquela que a igreja primitiva adotou. Eles seguiram uma aproximação razoável ao responder a murmuração que surgira dentro do movimento. Eles não procuraram silenciar as queixas; resolveram o problema. Resolveram-no com o dom da administração. Os apóstolos dirigiram o povo na escolha de sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para tomar conta do servir as mesas. Freqüentemente as pessoas têm a impressão de que estes sete homens foram designados para cuidar das mesas onde à comida era servida. Mas estas não eram necessariamente mesas de comida. Mais provavelmente eram mesas de dinheiro. A palavra grega aqui empregada é trapeza, que indica uma mesa usada para alimentos ou para negociações em dinheiro. As viúvas gregas estavam sendo negligenciadas na ministração diária. É provável E6.5 – Como Planejar que elas não estivessem recebendo a sua parte certa em dinheiro. Havia nuances raciais no problema, uma situação perigosa que poderia colocar os gregos contra os judeus. Os apóstolos, orientaram o problema complicado, problema racial, financeiro e social, pedindo que o povo escolhesse dentro do seu próprio meio, homens com dons de administração para supervisionar o dinheiro, a fim de que os apóstolos pudessem se dedicar à oração e à ministração da Palavra. 2. Um Ciclo Contínuo O dom de administração ou ministração, conforme aqui empregado, surge dos seis estágios pelo qual passa o reavivamento. a. Homens movidos por Deus foram dados um b. ministério do qual veio c. multiplicação de onde surgiu um d. movimento de onde veio e. murmuração, de onde teve que sair f. administração. Isso funciona num ciclo contínuo. Da administração correta surgem mais homens, para mais ministérios, para gerar mais multiplicação, que constrói um movimento maior, de onde surge outra vez mais murmuração. Enquanto se lida e se resolve o estágio da murmuração, o movimento continua a se desenvolver e a crescer. Mas se você alcança o estágio onde administração é necessária, e esta é negligenciada, surgem grandes problemas. Não se pode bloquear ou se esquivar do estágio da murmuração. Se você negligencia ou tenta passar por cima, garanto que dentro de poucos meses seu trabalho entrará em colapso e caos. Qualquer que seja, caos fiscal ou organizacional. C. A ADMINISTRAÇÃO É NECESSÁRIA PARA O CRESCIMENTO Se você deseja crescer, terá que dirigir-se com responsabilidade fiscal e organizacio- PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA nal. Isso significa que você precisa de administração. Oitenta e cinco por cento de todas as congregações de igrejas nos Estados Unidos têm menos de duzentas pessoas. Por que as congregações não conseguem crescer além do patamar de duzentos? Porque os homens na liderança não reconhecem a necessidade da administração. Um homem não pode lidar efetivamente com mais de cento e setenta e cinco pessoas, portanto, poucas igrejas vão além desse estágio. Não estou dizendo que isso é errado e nem critico as pequenas congregações. Eu iniciei cada igreja que pastoreei, e igrejas pioneiras contam com pequenas congregações. Os onze anos de trabalho pastoral pioneiro foram verdadeira bênção do Senhor, pois foi naquele tempo que pude ganhar a experiência que mais tarde me ajudaria em esferas mais amplas de responsabilidade. A meu ver, um novo pastor deve ganhar habilidades de administração, ou ele será muito limitado em suas realizações. Quando você tem uma igreja e está apenas começando, não pode “convocar” alguém da congregação dizendo, “Eu preciso focalizar a pregação e o aconselhamento, e assim quero que você enfrente e resolva quaisquer problemas que surgirem, desenvolvendo planos para o crescimento da igreja”. Não pode fazer isso, pelo menos não logo de início. A não ser que um novo pastor saiba reconhecer e lidar com a “murmuração”, ele estacionará bem cedo no seu ministério, em termos de crescimento numérico. Se ele tenta fazer seu trabalho sem se preocupar com a administração, ele criará confusão fiscal ou organizacional. O trabalho dele poderá desmoronar porque os eventos tendem a evoluir além da capacidade do pastor de lidar com eles um de cada vez à medida que surgem. Meu conselho para um pastor novo se- SEÇÃO E6 / 979 ria: aprenda princípios básicos de administração e comece a colocá-los em prática imediatamente. Capítulo 5 Como Planejar Introdução Temos falado a respeito de alvos e da necessidade desses alvos serem mensuráveis, atingíveis, comunicáveis, tangíveis e definidos. Os alvos oferecem objetivos específicos para a ação que tomaremos, a fim de expressarmos a visão que o Senhor nos deu. Já mencionamos a necessidade de colocar esses alvos em ordem de prioridade. Chegamos, agora, a um passo essencial para o seu trabalho como administrador e pastor ou líder de uma organização. É necessário haver um plano para cada alvo. A. TEM QUE HAVER UM PLANO Para cada um dos alvos em sua lista de prioridades, tem que haver um plano. Mais uma vez quero enfatizar que não se deve trabalhar com mais de três a seis alvos prioritários de cada vez. 1. Deus Teve um Plano Deus tem “um plano de salvação”. Quando é que Ele fez esse plano? Antes da fundação do mundo! Se pararmos para pensar, podemos chegar facilmente à conclusão de que Deus estava estabelecendo um exemplo a ser imitado. Ele tinha um plano formulado antes da fundação do mundo. A Bíblia não diz que Ele foi planejando enquanto fazia. Nós também precisamos estabelecer o plano antes de lançar nossa fundação e começar a construir. Porém, na minha experiência, não é assim que muitas organizações cristãs funcionam. Muitas tentam começar um projeto sem pensar no planejamento. Não foi assim que Deus ordenou. Deus não começou sem ter um plano. Ele deli- 980 / SEÇÃO E6 E6.5 – Como Planejar neou o plano d’Ele antes da fundação do mundo, mais do que um arquiteto teria feito. Todo construtor sábio tem um plano antes de iniciar a construção. Com muita freqüência, parece-me que cristãos não são construtores sábios. Paulo enfatizou isto escrevendo em 2 Timoteo 2:5, que não obteremos o prêmio se não lutarmos segundo a norma – de acordo com certas regras, certos princípios e planos. Em 1 Coríntios 3:10 ele nos diz para tomarmos cuidado em como lançamos o fundação. Isso envolve doutrina, mas envolve também planejamento. Se você não tem um plano, não deve tentar construir. Em minha vida tenho observado a capacidade de muitos líderes de mobilizar as pessoas, inspirá-las e fazer com que iniciem projetos maravilhosos. Mas, porque não haviam planejado, cinco ou seis anos adiante a visão desmoronou, caindo em caos econômico e organizacional. A não ser que homens estejam dispostos a trabalhar como Deus trabalha, creio que eles encontrarão a ruína em algum ponto do caminho, e muito pouco alcançarão. Temos que nos lembrar: Deus tinha um plano antes de começar. 1. Defina os Alvos Se você já definiu claramente os alvos e os colocou em ordem de prioridade, já completou o primeiro passo. Os alvos são uma declaração de ações que você espera realizar a fim de implementar e cumprir a visão de Deus para a sua vida e ministério. 2. Planeje com a Ajuda do Senhor É essencial que o planejamento seja feito através de estar em contato com o Senhor em tempo de oração e meditação. Não se pode fechar Deus do lado de fora do planejamento, esperando que dê certo. Você deve orar dizendo “Senhor, mostra-me o plano. Tu sabes para onde estás dirigindo, sabes o que queres realizar, e como o realizarás. Agora, ajuda-me a fazê-lo conforme o que Tu queres”. Quando entramos em parceria com Deus, seguimos Seu exemplo e desenvolvemos um plano para implementar cada um de nossos alvos. Assim, trabalhamos com a visão de Deus, com os alvos de Deus, com o plano de Deus. Geralmente esses componentes surgem 2. Defina os Passos de Ação Como o faremos? A definição de “como” é um dos aspectos mais desafiadores da realização. Definir como você irá implementar e atingir os alvos, requer trabalho – trabalho duro – trabalho que consome o seu tempo. Um amigo meu trabalhava para a Marinha dos Estados Unidos. Sua tarefa era definir como chamar para a ativa a reserva do contingente da Marinha. Milhares de reservistas tinham que estar prontos para lutar dentro de trinta dias, em caso de emergência nacional. Frank chamou dez outros planejadores de primeira categoria para ajudar. Levou três anos para que esses onze homens definissem “como” implementar o alvo. Trinta e da sabedoria de um grupo de irmãos que procuram a Deus em oração e trabalham juntos. A visão usualmente provém do coração e da mente de um homem, mas os detalhes de como colocá-la em prática geralmente surgem de um grupo de irmãos. B. CINCO PASSOS PARA UM PLANO Cinco perguntas precisam ser respondidas com cuidado e completamente, antes que se tenha um plano. São as seguintes: • O que vamos fazer? (Definição dos alvos). • Como faremos? (Definição de passes para a ação). • Quando o faremos? (Passos de planejamento de horário). • Com quem o faremos? (exigências de pessoal). • Quanto custará? (Orçamento). PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA três anos-homem eram necessários para definir “como” atingir o alvo. Talvez seu alvo não seja tão complexo. Para definir “como” implementar seu alvo, não levará trinta e três anos-homem. Mas não se engane: seu potencial para o sucesso está diretamente relacionado com o tempo gasto para definir como você fará para atingir os seus alvos. 3. Agende os Passos de Ação QUANDO o faremos? Uma vez que os passos de ação que definem o “COMO” estiverem completos, é necessário pegar um calendário e calcular QUANDO cada passo de ação será tomado. Para isto, faca uma estimativa de quanto tempo levará para realizar o primeiro passo. Depois, determine o tempo que leva para o passo número dois. Faça uma estimativa do tempo para cada estágio do seu plano e registre-o ao lado do plano de ação definido no Segundo Passo. Agora, determine datas limites (data no calendário) para cada passo a ser realizado. Quando tiver feito isto, você terá seu horário marcado para a implementação. Isto lhe será muito útil mais tarde. Você poderá determinar se o projeto (alvo) está progredindo conforme o plano. Se estiver atrasado, talvez haja necessidade de alguma ação para apressar o andamento, ou então seja a constatação de que algum ponto crítico terá sido passado por cima, tornando impossível prosseguir para a realização do alvo. Por exemplo, se você está planejando uma conferência de mocidade, a fim de alcançar jovens para Cristo, deve anunciar a data da convenção. Se os passos para a ação estão definidos e as estimativas de tempo estabelecidas, talvez você veja que vai levar no mínimo seis meses para fazer o trabalho de promoção para a conferência. Se os anúncios não forem criados, impressos e distribuídos dentro do horário, talvez você não tenha quem apareça na conferência. Sei de um congresso em que os convites SEÇÃO E6 / 981 vieram da impressora depois de ter acabado o evento. Qual foi o resultado? Quase ninguém foi porque os anúncios nunca saíram. Foi um desperdício de tempo, dinheiro e um bom plano – resultado da falha numa junção crítica de tempo, num passo importante da ação. 4. Delegue a Trabalho Com QUEM o faremos? A maioria dos planos envolve a mobilização de outros para ajudar. Se você tenta fazer tudo sozinho, você não é um líder. Um líder é aquele que realiza as coisas através de outros. Ter passos de ação e implementação claramente definidos (segundo passo acima), com estimativa de tempo para a realização, simplifica a tarefa de delegar o trabalho. Para delegar trabalho, anote o nome da pessoa (ou pessoas) que poderão implementar cada passo da ação. Contate seus possíveis futuros ajudantes. Se eles estiverem dispostos, providencie o treinamento necessário para a tarefa, então explique as datas-limite que terão que cumprir, e mantenha-se a par do progresso de cada um, para se certificar de que eles permaneçam dentro do cronograma. ( NOTA: É EXTREMAMENTE importante lembrar que as pessoas não fazem o que você ESPERA – farão aquilo que você INSPECIONA. É essencial seguir de perto após delegar ou, geralmente, o trabalho não será feito.) 5. Determine os Custos Financeiros O que vai custar? Jesus disse “Ninguém edifica uma torre sem primeiro calcular o custo, a fim de ver se tem suficiente para completá-la’’. Determinar o custo financeiro exige o exame de cada passo da ação (Segundo Passo acima) e estimar o custo da implementação daquele passo. Quando você tiver feito isto, some o custo de cada passo e você terá o “custo total” para atingir o alvo. 982 / SEÇÃO E6 Se esse custo estiver acima dos seus recursos financeiros e da sua fé, você deve revisar seu alvo ou seu planejamento. Essa revisão deverá continuar até que o quinto passo (orçamento) esteja dentro dos seus recursos de finanças e/ou fé. Quero adverti-lo para que não dê passos presunçosos. A Bíblia nos ensina a dar passos de fé. Há uma grande diferença entre saltos de presunção e passos de fé. Passos de fé envolvem um progresso gradativo, relacionado com o crescimento e desenvolvimento espiritual. Uma criancinha dá passos curtos e freqüentes para andar um quilômetro. Um adulto forte e bem treinado, dá passos longos. Se a criancinha tentar pular um abismo de cinco metros de largura, ela cairá e morrerá. O adulto poderá tentar saltar essa distância com facilidade e segurança. Sendo assim, se o seu alvo for além de sua fé e de suas finanças, diminua-o em escala. Mate o seu leão e o seu urso antes de enfrentar Golias (veja a seção sobre “Experiência”). Quando você tiver tomado todos os passos acima, com cuidado, usando a mente sã que Deus dá (2 Tm 1:7), suas chances de sucesso são multiplicadas. C. CONCLUSÃO Quase noventa e oito, em cem novos empreendimentos, fracassam. Por quê? Porque os líderes tentam cortar caminho nestes princípios bíblicos. Geralmente o resultado é o fracasso. Não permita que o seu tempo, energia e dinheiro se desviem em atividades não relacionadas com a visão de Deus para a sua vida e ministério. O inimigo se introduzirá com toda a espécie de tentação e pressão, para desviar os seus recursos com questões secundárias irrelevantes e inúteis. Alguma idéia de apelo fantástico pode surgir de repente à sua frente, algo que parece ter mais valor do que aquilo que você está fazendo. Permaneça firme, mantenha a fé e E6.6 – Estratégia, Implementação, Avaliação certifique-se de que seus alvos continuem relacionados a visão de Deus. Quando suas prioridades estiverem estabelecidas, fique firme nelas. Capítulo 6 Estratégia, Implementação, Avaliação A. DESENVOLVENDO ESTRATÉGIAS Estamos em guerra contra os principados e potestades espirituais que têm dominado as nações por séculos. Estamos desafiando esses poderes das trevas. Deus nos ajudará a produzir planos e estratégias para entrar nessas nações e derrubar principados e potestades, libertando países não evangelizados para a penetração do Evangelho. 1. Devem Ser Inspirados Pelo Espírito Santo Mas o diabo é uma pessoa astuta, com vários milhares de anos de experiência em contra-atacar os planos dos cristãos. Precisamos, portanto, de estratégia e planejamento inspirados pelo Espírito Santo, a fim de derrubar o inimigo e nos livrarmos dos seus contra-ataques. Temos aqui espaço somente para ilustrar o gênio maravilhoso do Espírito Santo, em várias das muitas estratégias que Ele tem dado a empreitadas missionárias. a. Uma Estratégia no México. Quero relatar uma história de um irmão no México. Para começar, você deve compreender que é muito difícil evangelizar no México, e em alguns países da América Latina, devido a vários tipos de restrições, e devido a certos costumes, certas barreiras culturais. Mas Deus, pelo gênio do Espírito Santo, colocou um plano no coração do meu amigo, e está sendo implementado com sucesso, hoje, por todo o México. Ele está mobilizando centenas de leigos mexicanos nas igrejas do México, ensinan- PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA do-lhes maneiras simples de testemunhar efetivamente dentro do ambiente cultural latino-americano. É simplesmente fantástico! No México, quando se dá um presente a alguém, torna-se uma pequena cerimônia pública. A cortesia mexicana exige que ninguém se retire até que termine a cerimônia. Retirar-se é fora de cogitação, segundo o seu costume. Meu amigo missionário e seus colaboradores combinam uma reunião de cerca de trinta pessoas em casa de alguém, para presentear ao dono da casa com uma Bíblia em Espanhol. Quando a apresentação é feita, começam perguntando “por que oferecemos Bíblias aos chefes de família?” Eles, então, explicam que quando Cristo entra no coração e na vida do chefe da família, ele se torna melhor pai, um pai mais amoroso. Isso estimula o crescimento de crianças estáveis, que amam a Deus e serão melhores cidadãos do México. Passam, então, a explicar o plano de salvação. Fazem uma apresentação simples (que qualquer leigo no México pode aprender de forma a prender a atenção). Ninguém irá embora durante uma hora. No final da apresentação simples do Evangelho, eles convidam todos para “honrar a família”, recebendo o Cristo de que fala a Bíblia, que acabou de ser “apresentada”. Todos se ajoelham e fazem uma oração de arrependimento e recebimento de Jesus como Senhor e Salvador ressurreto. Muitos, assim, nascem de novo. Então passam a explicar um programa de estudo bíblico. Após isso, perguntam, “Quantos de vocês gostariam de ter uma apresentação assim no seu lar?” Naturalmente, muitos dizem “Sim, eu gostaria!” No México, onde a evangelização é difícil, o gênio do Espírito Santo providenciou essa estratégia simples. O Evangelho está sendo espalhado por leigos, através de um plano simples e maravilhoso. SEÇÃO E6 / 983 Deus está disposto a dar estratégias se você estiver sintonizado n’Ele, e permitir que Ele comunique a Sua mente, a Sua vontade e o Seu entendimento. B. IMPLEMENTAÇÃO – MANTENHA-A FLEXÍVEL Agora, estamos prontos para passar ao estágio de implementação. Podemos definir a implementação como “passos de ação planejados e executados em direção à conquista de um alvo”. Se você tem um plano, você pode solucionar problemas não esperados, trabalhando em volta deles através do uso de uma abordagem diferente. Você pode isolar e corrigir pontos de dificuldades antes que a situação se torne desesperadora. Se você não tem um plano, ficará afundado no lodo. Talvez não saiba o que deu errado, ou porque, ou o que fazer a seguir. Seu plano é o seu projeto de implementação. Se você comparar um prédio em construção com as especificações do projeto, e perceber que algumas coisas não estão combinando, é evidente que quem está construindo não está seguindo o plano. Pode ser que existam boas razões para isto. Talvez o plano necessite de modificações. 1. O “Feedback” é Importante Conforme já ressaltamos, uma coisa que se pode esperar é – nada funciona exatamente segundo o plano. Por isso é necessário “feedback” na implementação. Temos que aprender com os nossos erros e como prosseguir adiante, apesar dos obstáculos inesperados. Aquilo que aprendemos na implementação, freqüentemente nos faz modificar o plano, ou para fortalecer um ponto fraco, ou para tirar proveito de um ponto forte. Nisso está a sabedoria de utilizar o “feedback”. Um simples exemplo: suponhamos que você estivesse construindo uma igreja e planejasse maçanetas folheadas a ouro para as 984 / SEÇÃO E6 portas, quando o ouro ainda estava a $35 a onça. Então e o governo permitisse que o preço do ouro fosse alterado, fazendo-o subir para $600 por onça. Provavelmente você modificaria o seu plano. A notícia da subida do preço do ouro é “feedback”. O “feedback” causaria uma modificação do plano porque o aumento do valor do ouro faria subir o custo além do seu orçamento. Portanto, você se contentaria com maçanetas de metal. Durante o processo de implementação, você encontra algo inesperado: esta informação é realimentada no plano que é, então, modificado; a implementação continua com base no plano modificado. Em círculos cristãos, não é incomum encontrar pessoas “alérgicas” à avaliação ou “feedback”. Líderes que se dizem dirigidos “por revelação” podem se recusar terminantemente a modificarem os seus planos. “Quando Deus diz, é isso mesmo, irmão. Eu não me moverei”. O problema é que, freqüentemente eles não estão seguindo o plano de Deus, mas alguma impressão deles mesmos, talvez porque planejamento seja trabalho duro demais. Para algumas pessoas é bem mais fácil reivindicar revelações e visões, do que fazer o trabalho árduo para desenvolver um plano. É mais fácil dizer “O Senhor me mostrou” ou “o Senhor disse...” “Feedback”, conselho e avaliação, nesses casos, são vistos como crítica contra a maneira como Deus quer fazer as coisas. E quem ousaria criticar a Deus? Não estou dizendo que Deus não possa mostrar-lhe um plano, porque Ele pode. Nem que Deus não possa falar, porque Ele fala. Mas homens que substituem suas impressões do plano de Deus pelo trabalho duro de verdadeiro planejamento, estão se preparando para a decepção. Estão enganando a si mesmos e ao seu povo, porque podem encobrir com “O Senhor disse”. O povo acreditará e, dentro em E6.6 – Estratégia, Implementação, Avaliação breve, o líder estará acreditando, até mesmo quando for óbvio de que não é nada mais do que uma decepção. 2. O “Feedback” Neutraliza o Engano Precisamos utilizar a avaliação para combater a possibilidade de engano ou falta de sabedoria, naquilo que estamos fazendo, ou as deficiências com que estamos implementando nosso plano. Falo com certa quantidade de conhecimento e experiência nessa área, estando no trabalho do Senhor desde 1947. Por exemplo, conheço o caso de um pastor que disse ter recebido uma revelação de ir a uma certa cidade distante, para construir uma escola bíblica. Não havia elaboração de plano algum. Ele e um colega viajaram milhares de quilômetros para outro país, onde diziam que o Senhor os levara diretamente à propriedade que deveriam adquirir. Foram guiados por anjos e visões, se movendo totalmente por direções subjetivas. O pastor que liderava o projeto estava se preparando para deixar uma grande congregação em crescimento, a fim de se dedicar totalmente à sua nova visão. Alguém lhe perguntou, “Onde está o seu plano?” “O Senhor me guiou para fazer isto”, disse ele. “Talvez sim, mas mesmo neste caso Ele deseja que você tenha um plano. Ele teve um plano antes da fundação do mundo e espera que você também tenha um. Você não definiu como, quando ou com quem irá implementar o seu projeto. Não é assim que Deus age”. Aqueles que expressaram preocupação não foram apreciados, e os líderes se fizeram surdos ao conselho. Não estavam abertos à avaliação. Não tenho estado próximo a tal situação por muitos anos, mas sei que eles gastaram milhares de dólares e ainda não têm uma escola bíblica. Há confusão no trabalho daquela organização. Há um hiato de credibi- PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA SEÇÃO E6 / 985 lidade, que talvez leve anos para ser sanado. Pessoas têm sido feridas, e se perguntam se não foram enganadas. sa e fixa). Faça o seu plano flexível, para que possa ser modificado conforme o processo de implementação indicar. 3. O “Feedback” Mantém um Equilíbrio Por que acontecem coisas assim? Porque não buscaram confirmação objetiva para aquilo que eles experimentaram subjetivamente. Sem alvos. Sem prioridades. Sem planos. Acreditem-me, não rejeito as comunicações subjetivas do Senhor. Deus usa nossos dons intuitivos, mas estes têm que ser avaliados pelos fatos. “Feedback” mostra quando o plano está – ou não está – de acordo com os fatos objetivos. Quando o subjetivo e o objetivo estiverem equilibrados, você está num terreno seguro. Está numa estrada de ferro que o conduzirá a algum lugar. Mas não se pode dirigir um trem num trilho único; ambos os trilhos são necessários. Direção subjetiva e fatos objetivos, precisam andar juntos e confirmarem-se mutuamente. Quando andam juntos, pode-se ter quase a certeza de um bom resultado final. Empreendimentos bem-sucedidos requerem um plano cuidadoso. Exigem trabalho árduo, planejamento bem-pensado e prático. Se você não possui o dom de administração, procure alguém que o possua, para ajudá-lo. Não importa o que o Senhor dá a você em termos de visão e alvos, alguém tem que planejar para a implementação deles de modo ordeiro, seqüencial e lógico, para fazer com que aconteça. Se você não segue estes princípios, posso quase garantir que fracassará ou terá desapontamentos em qualquer coisa que tentar fazer. No estágio da implementação, não firme seu plano em concreto. Depois de delineálo, deixe que o conhecimento dos fatos que você descobre durante a implementação o modifique. Não pratique a teologia concreta (confu- C. A AVALIAÇÃO É MUITO IMPORTANTE 1. Ela nos Mostra se o Alvo Foi Atingido Quando você tiver implementado e completado o seu plano, sempre deve tirar tempo para uma avaliação. O alvo foi alcançado? Cumprimos os objetivos? Terminamos o que começamos? A visão se tornou, finalmente, em realidade? Ou nós nos distraímos com algum truque do inimigo, ou de nosso próprio orgulho ou obstinação? Uma das áreas mais “pegajosas” em que tenho entrado nos últimos vinte anos, é a avaliação do ministério missionário. Em geral os missionários não querem ser avaliados. “ Apenas deixem que eu vá para a África glorificar a Deus, irmão, e não faça perguntas”. Com freqüência, esta parece ser a atitude. Quando se começa a avaliar os missionários com critérios objetivos, pode ser bem duro. “O que você realizou na África, em vinte anos, glorificando a Deus? O que aconteceu durante todos aqueles anos? Onde está o fruto? Você pode descrever alguns resultados mensuráveis?” Agora, não quero dar a impressão de que uma equipe de avaliação é constituída de generais hiper-críticos, de corações de pedra. Nossas equipes de avaliação não vão ao campo missionário, alheias aos problemas e às condições locais, para dissecar a vida e carreira de um missionário sofredor. Não é assim. As equipes de avaliação geralmente são sensíveis quanto às condições em várias partes do mundo. Quando encontram um irmão missionário, conduzindo almas ao Senhor sob circunstâncias extremamente difíceis, eles o recomendam e o elogiam por sua realização. É agradável encontrar missões 986 / SEÇÃO E6 bem-sucedidas, saudáveis, produtivas, e nós louvamos ao Senhor por elas e pelas pessoas que as dirigem. 2. Ela nos Mostra se os Esforços São Justificados Mas muitos esforços missionários simplesmente não se justificam com base no que se está fazendo, levando em conta o número de pessoas, recursos, tempo, energia e fundos. É por isso que se torna necessária a avaliação. Onde ela estiver ausente, a tendência é o desenvolvimento de abusos e incompetência. a. Desperdício de Tempo e de Dinheiro. Em uma parte do mundo, um missionário gastou cinco anos e 250.000 dólares, antes que uma equipe de avaliação fosse enviada para verificar como estava a obra dele. Ele morava a um dia de distância, rio acima, por barco a motor. Para ganhar tempo, a equipe de avaliação sobrevoou a selva e finalmente chegou a um grande prédio de blocos de concreto. No meio da selva esse missionário estava planejando “uma escola bíblica para treinar as pessoas para evangelizar os nativos.” O problema era que o vilarejo mais próximo distava horas por barco a motor. Mesmo este vilarejo mais próximo constava principalmente de 2.700 índios pobres e analfabetos. Mesmo assim, teria sido um local muito mais sensato para uma escola bíblica. Estava no meio de nada, a quilômetros de distância do ponto de comunicação mais próximo com o mundo de fora. Toda a área era tão pouco habitada que seria necessário sobrevoá-la de avião para localizar pessoas que seriam evangelizadas – e, assim mesmo, não havia muitas. Para construir um prédio de concreto, este missionário gastou 250.000 dólares em cinco anos. O alto custo do transporte do material, rio acima, e trabalhadores importados dos Estados Unidos, fizeram os custos subirem acima do que deveriam ser. O que esse missionário tinha para mos- E6.6 – Estratégia, Implementação, Avaliação trar por seus cinco anos e duzentos e cinqüenta mil dólares? Ele ainda não tinha dado uma única aula. Não tinha matriculado um único aluno, e ali estava, com um pequeno prédio. Havia pessoas viajando em tempo integral pelos Estados Unidos, mostrando filmes dessa gloriosa aventura missionária nas selvas, para angariar dinheiro. Eles diziam “Louvado seja o Senhor, vamos evangelizar os perdidos e ganhá-los para Jesus! Estamos construindo uma escola bíblica. Não é lindo? Veja só que paisagens maravilhosas da selva, olhe os macacos, papagaios, periquitos – uau!” É necessário considerar o quadro todo. Aqueles indígenas da região não podiam ler, mas supondo que se conseguisse levá-los a uma escola bíblica, por onde se começaria a treiná-los? Primeiro, gastando de cinco a dez anos ensinando-os a ler? Quando é que se começaria a ensinar-lhes a Bíblia? Aquele povo não sabia somar dois mais dois! Não faria mais sentido encontrar pessoas que já sabem ler, e treiná-las para ir testemunhar aqueles indígenas? Estas são espécies de coisas que você tem que considerar no trabalho missionário e na avaliação dos esforços-missionários. Há problemas especiais com a vida, em áreas primitivas. Naquela região não havia encanamento, eletricidade ou água potável. O casal de missionários tinha que ferver a água de beber. Eles se banhavam no rio. Estavam constantemente em tratamento por causa de parasitas de diversas espécies. E estavam tentando criar e educar os filhos no meio de tudo isso. Quando eles teriam tempo para dirigir uma escola bíblica? Chegada a hora da verdade, eles não tinham tempo. Levava oito ou nove horas de cada dia, apenas para eles sobreviverem. Infelizmente este caso não é incomum ao que acontece no campo missionário. A propósito, o missionário era um bom sujeito e, caso ele fosse membro de sua igreja, você provavelmente gostaria dele. Mas PLANEJAMENTO PARA O CRESCIMENTO DA IGREJA durante a entrevista de avaliação, quando ele foi confrontado com as realidades ilógicas da situação, ele finalmente confessou: “Irmão, um dia esta terra vai ser valiosa. Tenho duzentos alqueires e estou construindo isto para o futuro de meus filhos”. A equipe avaliadora mal acreditara no que ouvira. Herança para os filhos? Ele estava ludibriando pessoas em toda a América do Norte para construir uma escola bíblica no meio das selvas, em terreno-lixo, que provavelmente não valerá dois dólares o alqueire quando o Senhor vier! Porque seus motivos eram errados, ele foi enganado, e acreditava que essa terra iria valer milhares de dólares por alqueire. Tudo para deixar terras de herança para os filhos. Ele gastou anos e parece convicto de continuar com o mesmo desperdício. Existem pessoas na América do Norte tolas o suficiente para continuar enviando-lhe dinheiro, cerca de cinqüenta mil dólares por ano. Há grande necessidade de planejamento com sanidade. A viabilidade da visão que alguém, subjetivamente acha que foi dada por Deus, precisa ser avaliada por uma equipe objetiva. Do contrário, o que é que se tem? Tabernáculos com 2.000 lugares e telhados achatados, construídos em terra onde neva, entrando em colapso no primeiro inverno. Temos pessoas viajando milhares de quilômetros para evangelizar uma ilha desabitada no Caribe. Temos uma escola bíblica de um quarto de milhão de dólares no meio da selva, sem um único aluno. D. COMO CONFIRMAR O VALOR DOS PROJETOS Guardar-nos contra projetos sem valor ou enganosos pode ser muito difícil. Em Tessalonicenses 5:12, Paulo diz, “Agora vos rogamos irmãos, que acateis com apreço os que trabalham entre vós.” Esta é a única proteção verdadeira que você tem – conhecer bem aqueles que trabalham entre nós. Auxilia a trabalhar dentro de uma SEÇÃO E6 / 987 esfera de comunhão em que cada pessoa é avaliada por outras, regularmente, e onde todos sabem o que se passa. Um bom exemplo disso está em Êxodo, capítulo 25, quando Deus deu a Moisés a visão do Tabernáculo. Esse projeto requeria a dedicação do que provavelmente chegaria a vários milhões de dólares em ouro, prata, pedras preciosas e outros materiais. O povo de Israel não tinha problema em se comprometer com essa espécie de oferta alçada porque havia evidência clara de que Moisés estava escutando ao Senhor, com base nas suas conquistas de fé e realizações passadas. Mas se Moisés tivesse tentado começar o tabernáculo, quando ele se juntou pela primeira vez ao seu povo no Egito, não teria sido bem-sucedido. Ou, se ele tivesse vindo juntar-se a eles como estranho no deserto, eles não teriam escutado tal proposta. Ele tinha estado com eles por muitos anos e tinha um histórico de credibilidade. Em segundo lugar, Moisés apresentou um plano completo. Era mensurável, atingível, comunicável, tangível, e definido em termos de alvos ou passos de ação. Quando alguém pede a você que participe dum projeto ou doe dinheiro, não tenha medo de fazer perguntas. Se eles não puderem ou não quiserem oferecer respostas claras quanto aos alvos e planos, você tem boas razões para refrear seu apoio. E. CONCLUSÃO São estes os princípios bíblicos para a realização. Alguém disse: “O que Deus abençoa como suplemento, Ele amaldiçoa se for substituído”. Se você tentar substituir estes princípios por dedicação, oração, separação, integridade e outros princípios espirituais, eles se tornarão uma maldição para você. Mas se eles forem um suplemento, ferramentas com as quais você trabalha para elevar o reino do Senhor, tenho a certeza de que eles serão uma bênção. Que você tenha muitos feixes mais para deixar aos pés de Jesus quando Ele voltar. 988 / SEÇÃO E7 E7.1 – Prefácio SEÇÃO E7 CONSERVANDO A COLHEITA Leo Harris ÍNDICE DESTA SEÇÃO E7.1 - O Poder de um Profundo Desejo E7.2 - O Poder Ilimitado de Uma Dedicada Unidade E7.3 - A Pregação Plena do Evangelho de Cristo E7.4 - Os Pregadores e o Povo num Reavivamento Neo-Testamentário E7.5 - A Igreja Universal e as Igrejas Locais no Novo Testamento E7.6 - Analogias Neo-Testamentárias da Igreja Cristã E7.7 - O Sacerdócio da Igreja Neo-Testamentária E7.8 - Os Ministérios na Igreja Neo-Testamentária E7.9 - Os Dirigentes da Igreja de Uma Cidade e da Igreja Local E7.10 - Equipamento Sobrenatural Para a Igreja Local E7.11 - Todas as Igrejas Locais São Uma Base Para a Evangelização E7.12 - O Chamado da Colheita Prefácio Você precisa compreender a palavra “igreja” da forma que é usada no Novo Testamento. Isto o capacitará a aplicar o seguinte ensinamento à sua situação. A palavra traduzida por “igreja” vem da palavra grega “Ekklesia”. Ela é traduzida (na Bíblia Inglesa Versão King James) por “assembléia” três vezes (At 19:32,39,41). Nessas passagens, ela significa um ajuntamento público de pessoas (neste caso, para ouvirem as acusações feitas contra Paulo). Ela é traduzida por “igreja” em 76 versículos e como “igrejas” em 35 versículos. Nestas aplicações, elas se referem: À Igreja Universal: (Mundial ou em muitos lugares): Por exemplo: “Pois também Eu te digo... sobre esta rocha edificarei a Minha Igreja; e os portões do Inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18). “Assim, pois, as igrejas em toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria tinham paz,... e se multiplicavam” (At 9:31). A Igreja de Uma Cidade: (Geralmente constituída de muitas “igrejas locais”): “...E o Senhor acrescentava à Igreja [da Cidade de Jerusalém] diariamente aqueles que se haviam de salvar” (At 2:47). “...E, naquela época, houve uma grande perseguição contra a Igreja que estava em Jerusalém...” (At 8:1; 11:2). “Ao anjo da Igreja de Éfeso [a Igreja da Cidade] escreve...” (Ap 2:1). Você encontrará a igreja de uma cidade citada em contraste a uma igreja “local” (ou “caseira”). “Saúda-vos Gaio, meu hospedeiro, e de toda a igreja [todas as igrejas “caseiras” de uma cidade]...” (Rm 16:23). À Igreja Local (ou “Caseira”): Contraste a última referência acima com relação a “toda a igreja” e uma “igreja local” (ou igreja “caseira”). “Saudai a Priscila e a Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus. Saudai também a igreja que está em sua casa” (Rm 16:3,5). “Saudai aos irmãos que estão em Laodicéia [igreja de uma cidade], e a Ninfa, e à igreja que está em sua casa [igreja local ou igreja caseira]” (Cl 4:15). CONSERVANDO A COLHEITA Você poderá observar que, quando Pedro e João foram libertos após a sua detenção, as Escrituras dizem: “E sendo libertos, foram para os de sua própria companhia [igreja local ou caseira], e relataram tudo o que os principais sacerdotes e anciãos lhes haviam dito” (At 4:23). Quando o anjo libertou Pedro da prisão, ele foi para a sua igreja local (ou “caseira”). “...ele foi à casa [igreja] de Maria, mãe de João, cujo sobrenome era Marcos, onde muitos estavam reunidos e orando” (At 12:12). As Igrejas Locais (ou “Caseiras”) Dentro de Uma Igreja de Uma Cidade: “Se pois toda a Igreja [Igreja de uma cidade] se congregar num lugar...” (1 Co 14:23). “A Igreja toda” se refere as muitas “igrejas locais” (ou igrejas “caseiras”) de Corinto, que constituíam a “Igreja da Cidade”. Ocasionalmente, todas as igrejas locais (ou “caseiras”) se reuniam para comunhão e ministração num grande ajuntamento público. Nesse contexto, Paulo deu instruções especiais sobre a maneira pela qual essa reunião especial deveria ser conduzida. Capítulo 1 O Poder de um Profundo Desejo Introdução Estamos a ponto de considerar uma verdade que bem poderia revolucionar a sua vida. Descobriremos a fonte de águas vivas. Desta fonte jorram a verdadeira fé, a oração eficaz, e todas as bênçãos da vitória espiritual. Estas bênçãos são destinadas a você, individualmente, como também para a Igreja, coletivamente. Não creio que jamais tenhamos concebido o tremendo poder que há no DESEJO. Ouvimos muitas coisas sobre as nossas orações. Já ouvimos muitos sermões sobre a fé. Quando no entanto, abordamos os nossos desejos, estamos colocando as coisas SEÇÃO E7 / 989 principais em primeiro lugar. O desejo é o fundamento sobre o qual podemos construir uma fé que remove montanhas é uma poderosa vida de oração. Eis aqui o segredo de todo verdadeiro reavivamento espiritual. A. O QUE É “DESEJO”? Geralmente usamos esta palavra inadequadamente. Nós a usamos para indicar uma vontade passageira, as nossas esperanças, ou aquilo que “queremos”. Há, no entanto, uma capacidade de desejarmos profundamente alguma coisa que poucos jamais compreenderam. Um profundo e forte desejo significa usarmos a palavra em seu mais verdadeiro e profundo sentido. 1. Uma Forte Paixão Este desejo é uma forte paixão por algo, um apetite santo não-satisfeito que se origina de uma “visão”, um “conceito” que motiva a nossa vida e molda os nossos destinos. Poucos chegaram a conhecer um verdadeiro e notável sucesso sem que tivessem sentido as chamas deste apaixonado desejo ardendo em suas almas. 2. O Conhecimento e a Visão Combinados Há dois versículos interessantes que eu gostaria de comparar: O primeiro é Oséias 4:6: “O Meu povo é destruído por falta de conhecimento.” O conhecimento em si não traz o poder, mas o nosso uso (aplicação) do conhecimento pode trazê-lo. O segundo versículo é Provérbios 29:18: “Onde não há nenhuma visão, o povo perece.” A visão e a luz (revelação) que recebemos sobre o propósito de Deus para a nossa vida e ministérios. Estes dois versículos nos ensinam duas coisas: • As pessoas sem conhecimento estão em perigo de destruição; 990 / SEÇÃO E7 • Porém, as pessoas sem visão estão perecendo. Estão, devagar e sempre, perdendo a sua utilidade. Um profundo desejo é o resultado da combinação do conhecimento com a visão. É o conhecimento incandescente dentro de nós. O conhecimento é semelhante a um maquinário, mas a visão produz o forte desejo, o qual impulsiona (movimenta) esse maquinário. 3. Produz Uma Verdadeira Fé É verdade que a fé vem através do nosso conhecimento da Palavra, mas o conhecimento em si não é suficiente. O nosso conhecimento da Palavra de Deus precisa criar dentro de nós o intenso desejo pelo cumprimento da Sua Palavra. Muitas pessoas conhecem as promessas de Deus, mas nunca agem com base nessas promessas porque carecem desse profundo e intenso desejo. Um desejo desse tipo faz com que não somente conheçamos as promessas de Deus, mas que também constantemente PENSEMOS nelas, FALEMOS sobre elas, NOS REGOZIJEMOS nelas, e AJAMOS com base nelas. Esta é uma fé verdadeira. É o tipo de fé que produz uma VISÃO. É uma fé gerada por um forte desejo. Muitos de nós gostamos muito das palavras de Jesus encontradas em Marcos 11:24: “Tudo o que DESEJARDES, quando ORARDES, CREDE que o RECEBEREIS, e te-lo-eis.” Vemos aqui que a nossa oração, o nosso crer, e o nosso receber – todos se originam do nosso desejar. É maravilhoso conhecermos o Evangelho, as boas-novas da salvação, a verdade da cura divina, o batismo do Espírito Santo, e todas as gloriosas provisões dessa mensagem do Evangelho. O conhecimento dessas coisas, no entanto, não é suficiente para trazer a vitória do reavivamento que precisamos. Vermos as pessoas salvas, curadas, e batizadas no E7.1 – O Poder de um Profundo Desejo Espírito precisa se tornar o nosso intenso desejo e a nossa constante visão. Somente assim poderemos ver e provar o poder do Evangelho. B. QUAL É O MEU MAIS PROFUNDO DESEJO? É bom que cada um de nós se pergunte isto de vez em quando. É bom para nós que tenhamos um desejo de prioridade absoluta em nossa vida. Isto será determinado de acordo com: • as nossas necessidades • o chamado de Deus em nossa vida • as nossas circunstâncias • a nossa experiência espiritual Pare agora mesmo e pergunte-se o seguinte: “Qual é o meu mais profundo e mais forte desejo?” Aí então, faça a mesma pergunta coletivamente – como uma assembléia, uma igreja local (ou “caseira”), como um grupo de crentes no Senhor. C. HÁ PODER NA UNIDADE DE DESEJOS Um dos grandes segredos do sucesso sobrenatural da Igreja Primitiva era a unidade deles. Dizia-se sobre eles que “estavam todos em comum acordo.” Eles tinham uma unidade em seus propósitos, em suas orações, e em seus ministérios. O Novo Testamento nos ensina que há um vasto e ilimitado poder numa visão unida: estarmos de comum acordo em nossos desejos e em nosso crer. D. ÁREAS ONDE A UNIDADE DE DESEJOS É NECESSÁRIA Eis aqui algumas coisas em que deveríamos encontrar uma unidade de desejos: 1. A Salvação de Homens e Mulheres Isso deveria ser primordial em nossas prioridades. CONSERVANDO A COLHEITA O Livro de Atos registra a constante conversão de almas, incluindo-se tanto as conversões em massa quanto o fato de homens e mulheres serem ganhos para o Senhor no dia-a-dia. Há um grande perigo de as pessoas se tornarem empolgadas com a idéia de resultados em massa, de um grande número de pessoas se voltando para o Senhor de uma só vez. Isto é muito maravilhoso e certamente tem o seu lugar no programa da igreja hoje em dia, como acontecia nos dias em que a Bíblia foi escrita. No entanto, nada pode substituir a importância e o valor de uma colheita de almas sistemática, no dia a dia, semana após semana. Em Atos 2:41 lemos que 3.000 almas foram salvas no Dia de Pentecostes. Em Atos 4:4, constatamos que 5.000 homens foram ganhos para Cristo de uma só vez. Estes são eventos notáveis de evangelização em massa. Contudo, em Atos 2:47, encontramos o padrão normal da evangelização feita por uma igreja de cidade: “...e a cada dia Deus lhes acrescentava todos os que estavam sendo salvos.” Muitas e muitas vezes as igrejas contam com o ministério de um evangelista especial, uma grande campanha com muita publicidade, para trazerem almas ao seu convívio. Isto é bom, e certamente deveria haver ocasiões para tais eventos (se as circunstâncias o permitirem). Nada, no entanto, pode substituir a maravilhosa eficácia de uma constante e sistemática salvação de almas. Isto somente poderá acontecer à medida que cada igreja local (ou “caseira”) for impregnada com uma visão vital gerada por um intenso desejo de se ganhar os perdidos. Se Deus não houvesse incluído a salvação de almas em Seu plano para a Igreja, ela teria perecido em sua infância. Graças a Deus que ela não pereceu, e não perecerá enquanto os crentes e igrejas de cidades desejarem acreditarem, orarem e trabalharem pela sal- SEÇÃO E7 / 991 vação de almas, a fim de que possam ser acrescentadas a Igreja dia a dia. 2. A Cura dos Enfermos Há duas razões pelas quais também deveríamos desejar isto de todo o nosso coração: • Porque nos movemos com compaixão pelos que sofrem, e • Porque desejamos que os sinais confirmem o Evangelho que pregamos. 3. O Derramamento do Espírito Santo Que nunca esmoreçamos nem diluamos a nossa mensagem e experiência do Espírito Santo. Esta ainda é a Dispensação do Espírito Santo. Precisamos do Batismo no Espírito Santo. Precisamos dos Dons do Espírito Santo. Precisamos manifestar os Frutos do Espírito Santo. Precisamos do Seu poder em nossa vida e em nossos ministérios. Certamente isso é algo do qual deveríamos ter sede e fome, algo que deveria ser profundamente desejado. Que um verdadeiro reavivamento do Espírito Santo possa ocupar sempre um lugar proeminente em nossa visão! 4. Uma Igreja Neo-Testamentária em Ação Uma visão de reavivamento neo-testamentário inclui todas as bênçãos e todas as provisões que Deus nos proporcionou. Que não somente creiamos no Novo Testamento, mas que também possamos desejar, de todo o nosso coração, trabalharmos, adorarmos, e evangelizarmos de acordo com o padrão do Novo Testamento. Amigos, estou convencido disto: Se estas coisas encherem a nossa visão, se este conceito para todos os crentes e todas as igrejas permear os nossos corações e mentes e se nos dedicarmos a estas coisas em que cremos com toda a certeza, aí então certamente veremos um reavivamento de 992 / SEÇÃO E7 E7.2 – O Poder Ilimitado de Uma Unidade Dedicada proporções ilimitadas antes que esta era termine e Cristo volte. Lembre-se: O conhecimento não é suficiente. Precisamos ter conhecimento, mas, acima de tudo, precisamos ter uma visão e um coração ardendo com desejos divinos. Capítulo 2 O Poder Ilimitado de Uma Unidade Dedicada Introdução Em nosso último capítulo, escrevemos sobre o poder de um profundo desejo em nossos corações e um desejo unido na igreja local (ou “caseira”). Gostaríamos de desenvolver este tema mais detalhadamente e considerar o tremendo poder que é liberado quando homens e mulheres cristãos entram numa unidade dedicada. O programa de cinco pontos para o reavivamento na Igreja é: • Um profundo desejo • Um programa definido • Uma unidade dedicada • Mentes disciplinadas • Um ministério de libertação O primeiro ponto foi abordado no Capitulo 1. O segundo ponto precisa ser elaborado por cada igreja local (ou “caseira”) ou igreja de cidade, de acordo com as suas próprias circunstâncias (Veja o Capitulo 11). Este capítulo aborda o terceiro e quarto pontos, a saber: uma unidade dedicada e mentes disciplinadas. Certamente temos aqui duas chaves muito importantes e que liberam o poder de Deus num genuíno reavivamento neo-testamentário para qualquer igreja local (ou “caseira”) de crentes. A. UM DEDICADO TRABALHO DE EQUIPE Quando falamos em unidade, muitas pessoas a imaginam no sentido passivo. Elas acham que a unidade é alcançada pela mera remoção de atritos ou desacordos no convívio das pessoas. No entanto, o tipo de unidade que o Novo Testamento retrata é mais do que uma unidade passiva: é um agressivo trabalho de equipe. É uma UNIDADE EM AÇÃO. Este tipo de dedicada unidade pode ser colocado em ação em qualquer nível – com os líderes da igreja local, com os ministérios ambulantes, com os membros de uma assembléia, ou de quaisquer grupos de crentes que se dedicam a um propósito comum no serviço do Senhor. 1. Tripla Dedicação Necessária Um trabalho de equipe dessa natureza requer uma tripla dedicação: a. Ao Senhor; b. À visão, ou desejo da equipe, e ao seu programa definido; c. A Cada Membro da Equipe. Este é um segredo essencial do reavivamento e da bênção de Deus em qualquer igreja ou grupo de crentes. No entanto, por incrível que pareça, é um segredo muito negligenciado. Podemos orar pela unidade ou ter a esperança de que ela venha a existir, mas a unidade nunca será alcançada com êxito, a menos que trabalhemos para isto com todo o nosso coração. Os resultados que ela produz serão um abundante galardão para todos os esforços e trabalhos envolvidos. 2. Dois Benefícios do Trabalho de Equipe A Bíblia apresenta dois maravilhosos benefícios de um trabalho de equipe tão dedicado assim. São os seguintes: a. A Proteção que Ele Proporciona. Vemos aqui o valor defensivo de um homem dedicado. Considere a sabedoria de Salomão: “Onde não há nenhum conselho, o povo cai; mas na multidão de conselheiros há segurança’’ (Pv 11:14). Uma vez mais, vemos em Provérbios 15:22: “Sem conselho, os propósitos são frustrados, mas na multidão de conselheiros eles são estabelecidos.” CONSERVANDO A COLHEITA As sutis táticas do “divida e conquiste” são tão velhas quanto o próprio Satanás. No entanto, onde os irmãos se aconselham juntamente num trabalho de equipe dedicado, os esforços do diabo são frustrados e há segurança ou proteção para o povo de Deus. Quantos propósitos dignos são “frustrados” ou deixam de ser cumpridos, por causa da falta de uma unidade dedicada? Quando os crentes compartilham um desejo comum e possuem um trabalho de equipe unido e dedicado, estes propósitos podem ser alcançados. Sim, amigos, a nossa mais segura defesa contra os ataques do diabo encontra-se numa unidade dedicada em nosso meio. Observemos agora o segundo beneficio: b. O Poder que Ele Libera. Nunca podemos deixar de ficar maravilhados com a profundidade e a amplitude do poder que opera milagres, indicadas nas palavras de Jesus encontradas em Mateus 18:19,20: “Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por Meu Pai, que está nos céus. “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome, lá estarei Eu no meio deles.” Algumas Bíblias apresentam um titulo antes do versículo 20: “A FORMA MAIS SIMPLES DE UMA IGREJA CASEIRA”. Na verdade, os comentários de nosso Senhor do Versículo 15 até o final do Versículo 20 são especificamente aplicados à igreja local (ou “caseira”). Aqui Ele nos mostra o poder ilimitado de um dedicado acordo entre os crentes. O Livro de Atos (que é o registro histórico da Igreja Primitiva) chama a nossa atenção para esta vital e fundamental característica da unidade deles: “Todos estes perseveravam DE COMUM ACORDO em oração” (At 1:14). “E cumprindo-se o Dia de Pentecostes, estavam todos reunidos DE COMUM ACORDO num só lugar” (At 2:1). “E eles, perseverando diariamente DE SEÇÃO E7 / 993 COMUM ACORDO no templo, e quebrando o pão de casa em casa, comiam a sua comida com alegria e singeleza de coração” (At 2:46). “Eles levantaram as suas vozes a Deus DE COMUM ACORDO...” (At 4:24). “E a multidão dos que criam tinha UM SÓ CORAÇÃO E UMA SÓ ALMA” (At 4:32). 3. Líderes “Chaves” São Necessários Os patriarcas da Igreja Primitiva tinham um ditado: “Onde há três, aí há uma igreja.” Poderíamos acrescentar: “Onde há três numa unidade dedicada, aí há uma igreja poderosa”. Há uma necessidade de pastores principais ou líderes “chaves” (Veja Jeremias 25:34,35,36). Numa Igreja Neo-Testamentária, precisamos sempre reconhecer e seguir o líder “chave” (ou pastor principal) que foi dado por Cristo. Contudo, este líder “chave” não pode minimizar, de nenhuma forma, a necessidade imperativa de uma dedicada equipe de líderes trabalhando conjuntamente. Toda equipe precisa de um líder “chave”, mas igualmente verdadeiro é o fato de que todo líder “chave” precisa de uma equipe. Toda igreja local (ou “caseira”) precisa de um líder ou pastor principal. Frisamos uma vez mais, no entanto, que todo pastor ou líder torna-se muitas vezes mais eficaz quando é rodeado e sustentado por uma dedicada equipe de outros líderes. B. MANTENHA A UNIDADE A necessidade de estabelecermos uma unidade dedicada iguala-se somente à necessidade de mantermos esta unidade. Com isto em mente, consideremos o seguinte: 1. O Preço a Ser Pago Não é necessário um estudo detalhado do Novo Testamento para descobrirmos o seguinte: Todos os crentes e todas as assembléias 994 / SEÇÃO E7 E7.2 – O Poder Ilimitado de Uma Unidade Dedicada são responsáveis pela manutenção da unidade que Deus criou no Espírito Santo. “Empenhando-se em GUARDAR [ou manter] a unidade do Espírito no vinculo da paz” (Ef 4:3). Uma paráfrase deste versículo seria o seguinte: “Lutando com todos os meios possíveis à vossa disposição para manter a unidade do Espírito, tornando-vos prisioneiros da paz.” Não nos foi dito aqui para “criarmos” nem “organizarmos” uma unidade. Recebemos ordem para guardarmos ou mantermos uma unidade que já foi criada para nós no Espírito Santo. Há, no entanto, um preço a ser pago: que dispostamente nos tornemos “prisioneiros da paz”. Em outras palavras, a verdadeira liberdade tem as suas limitações. Teremos a liberdade de andarmos de bicicleta ou de dirigirmos os nossos carros somente se observarmos as leis de trânsito. Poderemos desfrutar de todos os privilégios da cidadania contanto que cumpramos a lei e mantenhamos a paz. A mesma coisa se aplica na Igreja Cristã. Podemos manter a unidade do Espírito somente até o ponto em que aceitamos a responsabilidade de mantermos a paz com o nosso irmão e irmã. Esta é a responsabilidade que todos nós precisamos aceitar se quisermos usufruir do maravilhoso potencial de poder que pode ser encontrado numa dedicada unidade. Em seguida consideremos: 2. O Padrão a Ser Seguido Certo dia, enquanto estava lendo a minha Bíblia e meditando sobre as necessidades de várias igrejas em que eu havia ministrado, as palavras de Paulo causaram um forte impacto sobre mim: “Mas, não importando o que aconteça comigo, lembrem-se sempre de viver como os cristãos deveriam viver, a fim de que, quer eu os veja novamente ou não, eu possa continuar a receber bons relatórios de que vocês estão de pé e firmes, lado a lado, com um só firme propósito – pregar as Boas Novas, destemidamente, independentemente do que os seus inimigos possam fazer” (Fp 1:27,28). “Apenas que a vossa conduta seja condizente com o Evangelho de Cristo: a fim de que, quer eu vá e vos veja, quer esteja ausente, eu possa ouvir acerca de vós que estais firmes num só espírito, com uma só mente, combatendo juntos pela fé do Evangelho; e em nada aterrorizados por vossos adversários” (Fp 1:27,28 Versão King James). Vemos aqui o grande fardo sobre o coração do Apóstolo Paulo com relação às igrejas sob os seus cuidados. Qual seria a melhor notícia que ele poderia receber com relação à igreja da cidade e às igrejas locais (ou “caseiras”), com as quais ele se preocupava tanto? Isto é o que alegrava o seu coração mais do que qualquer outra coisa: que eles ficassem firmes num só espírito, e com uma só mente, combatendo juntos pela fé do Evangelho. Paulo sabia que se esta condição prevalecesse em qualquer igreja, o restante seguiria – a salvação de almas, a cura dos enfermos e a bênção do reavivamento. Observe as duas coisas que preocupavam a Paulo: • que os crentes permanecessem firmes NUM SÓ ESPÍRITO, e • que com UMA SÓ MENTE eles combatessem em conjunto pelo Evangelho. Eis aqui o padrão para a verdadeira unidade espiritual: a. Firmes Num Só Espírito. Todos os crentes nascidos de novo receberam um novo espírito (Ez 11:19;18:31). Isto é algo que Deus faz por nós quando cremos. É no espírito (ou coração do homem) que experimentamos a regeneração, a justificação, e o poder de Cristo que habita em nós. Este é o milagre do novo nascimento. Cada igreja local (ou “caseira”) é um grupo de homens e mulheres nascidos de novo e com Cristo habitando dentro deles. CONSERVANDO A COLHEITA Esta é então a base para a nossa unidade: Somos todos participantes do Espírito de Cristo. Precisamos aceitar este fato e permanecer firmes nesta revelação. Este é o nosso ponto de partida. Aceitemos o que Deus operou em nossa vida como indivíduos e saibamos que somos um grupo de novas criaturas em Cristo. Vamos ficar firmes num só espírito! b. Com Uma Só Mente Combatendo Juntos. Esta é a nossa responsabilidade! O Novo Testamento tem muito a dizer sobre a renovação de nossas mentes (Rm 12:2; Ef 4:23). Enquanto meditava sobre estas considerações, continuei lendo até Filipenses Capitulo 2 e notei a ênfase que Paulo dava à nossa responsabilidade de tomarmos conta da nossa mente e pensamentos: “Para que pensais o mesmo... de comum acordo, de uma só mente... numa atitude humilde... de sorte que haja em vós a mesma atitude que houve também em Cristo Jesus...” (Fp 2:2,3,5). A nossa mente inclui a nossa vontade, a capacidade de raciocínio, os nossos pensamentos e emoções. É nossa responsabilidade tomarmos conta destas coisas através da direção da Palavra de Deus e da ajuda do Espírito Santo. Deus já fez o que não podemos fazer. Ele criou um novo espírito dentro de nós e nos fez filhos de Deus. Agora precisamos viver e caminhar de uma maneira digna do nosso chamado. O fator controlador em nossas condutas e a nossa atitude mental. Deus nos deu o ponto de partida para a nossa unidade, e, na revelação da nossa posição em Cristo, precisamos tomar uma decisão e permanecer firmes nela. Regozijemonos no que Deus operou em nós. Em seguida, estabeleçamos externamente a nossa vitória, dia após dia, através de nossa mente, de nossos pensamentos, e de nossas ações. 1) Renove a Sua Mente. A mente é o lugar onde o diabo trabalha. Em primeiro SEÇÃO E7 / 995 lugar, ele tenta semear as sementes da desunião, pensamentos preconceituosos, ressentimentos, ciúme e desconfiança. As sementes de suspeitas são semeadas em nossa mente antes mesmo de serem expressas em nossas palavras e ações. Se quisermos manter a unidade e usufruir os tremendos benefícios que podem ser proporcionados através dela, então precisaremos estar dispostos a pagarmos o preço por ela e seguirmos o padrão. Precisamos ficar firmes num só espírito, regozijando-nos no que Deus fez por nós; em seguida, precisamos lutar conjuntamente, numa só mente, operando no exterior aquilo que Deus já operou dentro de nós. Se refletirmos sobre esta verdade, descobriremos que é no mundo da nossa mente que encontramos os nossos maiores obstáculos. Temos fé em nosso coração. No entanto, freqüentemente esta fé é obstruída pela atitude negativa de nossa mente e emoções. Toda a nossa vida espiritual pode ser limitada porque deixamos de ser renovados em nossa mente. Ajuste a sua atitude (mente) a revelação de que a enorme energia ou poder de Cristo está operando em você. Isto é o que Paulo disse em Colossenses 1:29: “Este é o meu trabalho, e somente posso cumpri-lo porque a poderosa energia de Cristo opera dentro de mim.” C. CONCLUSÃO A Igreja Primitiva compreendia este segredo de ficarem firmes num só espírito e de combaterem juntos com uma só mente. Lemos Atos 4:32: “E a multidão dos que criam tinha UM SÓ CORAÇÃO [ou espírito] e UMA SÓ ALMA.” Certamente há um poder ilimitado a ser descoberto e demonstrado através de uma unidade dedicada expressa num trabalho de equipe! Que transformação poderia ser esperada se as igrejas locais (ou “caseiras”) de toda parte pudessem compre- 996 / SEÇÃO E7 E7.3 – A Pregação Plena do Evangelho de Cristo ender o poderoso potencial de uma unidade dedicada, de acordo com o padrão neo-testamentário! Que reavivamento poderia ser experimentado se as assembléias locais (ou “caseiras”) pudessem receber e demonstrar este glorioso conceito neo-testamentário da unidade em ação. Eis aqui uma defesa certa contra os furiosos ataques divisórios do diabo. Esta é a forma divinamente prescrita para o poder e a bênção de um reavivamento neotestamentário. Capítulo 3 A Pregação Plena do Evangelho de Cristo Introdução “Pois não ousarei falar de nenhuma das coisas que Cristo não tenha operado através de mim, para tornar os gentios obedientes, por palavra e obras, através de poderosos sinais e maravilhas, pelo poder do Espírito de Deus; de maneira que desde Jerusalém e arredores, até ao Ilírico, tenho PREGADO PLENAMENTE o Evangelho de Cristo... “E estou certo de que, indo ter convosco, chegarei com a plenitude da bênção do Evangelho de Cristo” (Rm 15:18,19,29). Em nossos capítulos anteriores, apresentamos vários segredos do reavivamento na igreja de uma cidade ou na igreja local (ou “caseira”), que certamente são fundamentais para o êxito em qualquer igreja. Contudo, precisamos ter uma mensagem, a mensagem certa, a mensagem de Deus de acordo com a Sua Palavra. Este, portanto, é um indispensável segredo do reavivamento: O Poder do Evangelho Pleno. A. O QUE É O EVANGELHO PLENO? Quando usamos o termo “Evangelho Pleno”, algumas pessoas acham que estamos concluindo que há dois Evangelhos na Bíblia. Isto, obviamente, não é assim. Creio que Paulo expressou o conceito muito claramente ao escrever: “Tenho pregado PLENAMENTE o EVANGELHO de Cristo”, e, repetindo, “a PLENITUDE da bênção do EVANGELHO de Cristo”. É o mesmo Evangelho na sua Bíblia e na minha, mas a questão que devemos enfrentar é se o Evangelho está sendo “plenamente pregado” ou não. Será que estamos apresentando a “plenitude da bênção do Evangelho” ou não? Não podemos ter um reavivamento neotestamentário a menos que preguemos o Evangelho neo-testamentário. Não podemos obter os resultados que Paulo obteve a menos que preguemos o Evangelho da maneira como Paulo o pregou. Isto, portanto, é um desafio para nós – individualmente, e como uma Igreja. Será que estamos pregando como Paulo pregou? Será que a nossa igreja está pregando como Paulo pregou? Será que estamos pregando plenamente o Evangelho de Cristo? B. COMO PAULO PREGOU O EVANGELHO? Observamos que Paulo disse: “DE MANEIRA QUE... tenho pregado plenamente o Evangelho de Cristo.” Vemos, portanto, que havia certas coisas que eram essenciais na mente de Paulo, para pregarmos plenamente o Evangelho. Para compreendermos todos os detalhes da mensagem de Paulo, seria necessário fazermos um estudo minucioso, tanto do Livro de Atos quanto das epístolas de Paulo. Isto, obviamente, não podemos fazer aqui. No entanto, há certos fundamentos notáveis do ministério de Paulo que serão estudados por nós. 1. Ele Pregou com Demonstrações Paulo disse: “...para fazer os gentios obedecerem o Evangelho, por palavra e obras” (Rm 15:18). “Palavras e obras” CONSERVANDO A COLHEITA eram necessárias na pregação plena do Evangelho. Havia não somente palavras, mas também obras sobrenaturais no ministério de Paulo. As boas novas (Evangelho) da ressurreição de Cristo não eram uma mera teoria no ministério de Paulo. Ele havia visto o Senhor ressurreto. Ele provou a mensagem e a confirmou por uma demonstração do poder de Deus. Isto estava de acordo com todo o ministério dos primeiros apóstolos e evangelistas do Livro de Atos. Lucas, no primeiro versículo do Livro de Atos, cita o Evangelho que escreveu: “Fiz o primeiro tratado [Evangelho de Lucas], ó Teófilo, de tudo o que Jesus começou, não só a fazer, mas a ensinar (At 1:1). Aqui, Lucas afirmava que o registro do ministério de Jesus, contido em seu Evangelho, era “de tudo o que Jesus começou, não só a FAZER, mas a ENSINAR.” Enquanto Lucas escreve o Livro de Atos, ele está escrevendo o registro do ministério da Igreja Primitiva – mostrando como, através do poder do Espírito Santo, Jesus continuou, não só a fazer, mas a ensinar. O ministério do Novo Testamento precisa incluir o FAZER, como também o ENSINAR. É preciso que haja obras de poder, como também palavras de instrução. De acordo com este padrão, o Apóstolo Paulo pregou plenamente o Evangelho, através de palavras e ações. 2. Ele Pregou a Bênção da Salvação “E estou certo de que, indo ter convosco chegarei com a plenitude da bênção do Evangelho de Cristo” (Rm 15:29). Ao dizer isto, Paulo incluiu a bênção da salvação pessoal. Anteriormente, em sua epístola, ele escreveu: “Estou pronto para pregar o Evangelho a vós que estais em Roma também. Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:15,16). SEÇÃO E7 / 997 Ao pregar plenamente o Evangelho de Cristo e apresentar a plenitude da bênção do Evangelho, Paulo ensinou que a salvação era uma experiência bem real e definida, executada pelo poder de Deus. Assim também hoje, o poder do Evangelho pleno que pregamos inclui uma experiência de salvação vital, que transforma os corações. Precisamos pregar para salvarmos as almas! Não ousamos nos contentar, a menos que a nossa pregação, ou a pregação da nossa igreja local (ou “caseira”) traga homens e mulheres à salvação pelo poder de Deus. Como alguém pode afirmar que está desfrutando da plenitude da bênção do Evangelho se esta bênção não estiver trazendo a salvação a homens e mulheres? Como alguém pode estar satisfeito em usufruir do poder do Evangelho pleno se esse poder não estiver tocando a vida dos que não são salvos? 3. Ele Pregou a Bênção da Obediência Ele disse que o Evangelho que ele pregava era “para fazer os gentios obedientes” (Rm 15:18). Crer verdadeiramente no Evangelho significa obedecê-lo. O primeiro passo de obediência para os que dizem que crêem no Evangelho é, obviamente, o de serem batizados na água. Basta-nos ler o Livro de Atos e as muitas passagens nas Epístolas de Paulo para descobrirmos quão firmemente ele acreditava no batismo na água em obediência ao mandamento de Cristo. Um resultado prático da nossa pregação plena do Evangelho será visto naqueles que seguem a Cristo através das águas do batismo em obediência ao Seu mandamento. 4. Ele Pregou com Sinais e Maravilhas As palavras usadas por Paulo – “através de poderosos sinais e maravilhas” (Rm 15:19) – são traduzidas, numa outra ver- 998 / SEÇÃO E7 são, “pelo poder de sinais e milagres”. Foi pelo poder de sinais e maravilhas sobrenaturais que Paulo pregou plenamente o Evangelho em seus dias. O Evangelho que pregamos hoje em dia precisa incluir as mesmas manifestações sobrenaturais. Ao lermos o registro do ministério de Paulo, de acordo com o que encontramos no Livro de Atos, é impossível não observarmos o lugar bem proeminente que é dado ás curas milagrosas. Em Atos 14, há o homem de Listra, que era aleijado de nascença e foi milagrosamente curado através do ministério de Paulo. Em Atos 19, lemos a respeito de milagres especiais executados através do ministério de Paulo. Lenços e aventais eram levados do seu corpo e colocados em enfermos e endemoninhados, os quais eram, então, curados e libertos. Em Atos 28, lemos sobre a cura milagrosa de Públio e dos outros habitantes da ilha, após o naufrágio que Paulo sofreu a caminho de Roma. Aí então, em 1 Coríntios 12, Paulo escreve sobre o Dom da Fé, os Dons de Curas e a operação de milagres sendo estabelecidos na Igreja como uma parte essencial do seu ministério. Amigos, o Apóstolo Paulo somente poderia pregar plenamente o Evangelho de Cristo pelo poder de sinais e maravilhas. Qualquer coisa inferior a isto não poderia ser chamada de “a plenitude da bênção do Evangelho.” Qualquer coisa inferior não poderia ser denominada de “pregação plena do Evangelho”. Se quisermos pregar plenamente o Evangelho, se quisermos oferecer aos homens e mulheres a plenitude da sua bênção, aí então (como era o caso com Paulo, assim também conosco), é preciso que haja o poder de sinais e maravilhas, especialmente na cura milagrosa dos enfermos. Não poderá haver nenhum reavivamento neo-testamentário onde estas manifestações naturais estiverem faltando. E7.1 – Prefácio A Igreja do Novo Testamento é uma Igreja que cura. O Evangelho do Novo Testamento é confirmado com sinais e maravilhas. 5. Ele Incluiu a Bênção do Poder Espiritual Paulo disse que pregou plenamente o Evangelho “através do poder do Espírito Santo” (Rm 15:19). O Senhor havia dito em Atos 1:8: “Recebereis poder depois que o Espírito Santo vier sobre vós.” Paulo recebeu o Espírito Santo (At 9:17). Paulo, da mesma forma, levou os crentes a receberem o Espírito Santo e a serem revestidos de poder. Em Atos 19, o apóstolo cumprimentou os discípulos de Éfeso com a seguinte pergunta: “Recebestes o Espírito Santo quando crestes?” Em seguida, ele impôs as suas mãos sobre eles, os quais receberam o Espírito Santo, com o resultado de que falaram em línguas e profetizaram. A mesma coisa acontece hoje em dia. Nós, os que afirmamos que pregamos um Evangelho pleno e que oferecemos a bênção plena do Evangelho, cremos e ensinamos que todos os crentes deveriam ser batizados no Espírito Santo. Que não seja um ministério de palavras somente, mas de palavras e obras, para que possamos constantemente testemunhar esta gloriosa experiência – homens e mulheres batizados no Espírito Santo e revestidos de poder do alto. Esta é a vital e palpitante vida de todos os crentes de todas as igrejas locais (ou “caseiras”). Não podemos ser “Evangelho Pleno”, nem podemos pregar plenamente o Evangelho, sem a bênção do Espírito de Deus. 6. Ele Pregou a Segunda Vinda de Cristo Como foram claros os ensinamentos de Paulo sobre esta grande verdade! Ele afir- CONSERVANDO A COLHEITA mou veementemente que quando Cristo voltar no final desta era, os crentes mortos serão ressuscitados. Ele disse que os crentes vivos seriam transformados à imortalidade, e, juntos, seriam arrebatados para se encontrarem com o Senhor na Sua vinda (1 Ts 4:17). Creio que Paulo sumarizou os seus ensinamentos sobre a Segunda Vinda em Tito 2:13: “Aguardando a abençoada esperança e o glorioso aparecimento do grande Deus e do nosso Salvador Jesus Cristo.” Paulo disse que esta é a abençoada ou feliz esperança do cristão. Se de fato formos salvos e estivermos aguardando o Senhor, nós também descobriremos que esta é a nossa feliz esperança – que logo o Senhor Jesus Cristo voltará. O pensamento da volta do nosso Senhor certamente traz uma nota de urgência ao nosso ministério de serviço para Ele. Se em algum tempo devemos pregar plenamente o Evangelho, precisamos fazê-lo agora. Se em algum tempo devemos ver sinais e maravilhas sobrenaturais, agora é o tempo. Muitas e muitas pessoas desenvolveram o hábito de esperarem estas coisas para o futuro. No entanto, é AGORA que precisamos desfrutar e apresentar aos outros “a plenitude da bênção de Cristo” (Rm 15:29). C. SUMÁRIO Os fundamentos que acabamos de considerar eram essenciais ao Apóstolo Paulo. Ele pregou plenamente o Evangelho. Como poderemos pregar algo inferior a isto? Como poderemos crer em algo menor que isto? Vamos nos dedicar ao poder do Evangelho pleno – não somente em palavras, mas em ações também. Este Evangelho é a provisão de Deus para o espírito, a mente e o corpo. É a maneira de libertação de Deus para os que estão aprisionados. É o caminho para o reavivamento do Novo Testamento. No dia em que nos apresentarmos dian- SEÇÃO E7 / 999 te do nosso Senhor, que possamos repetir intrepidamente as palavras de Paulo: “Não me esquivei de vos declarar todo o conselho de Deus” (At 20:27). Capítulo 4 Os Pregadores e o Povo num Reavivamento Neo-Testamentário Introdução Eis aqui uma passagem do “Livro-Padrão” para a Igreja. “E muitos sinais e maravilhas eram feitos entre o povo através dos apóstolos. E estavam todos reunidos no Alpendre de Salomão. “Nenhum dos outros ousava ajuntar-se a eles, mas o povo os estimava grandemente. “Contudo, mais do que nunca, os crentes eram acrescentados ao Senhor, em grandes números, tanto de homens como de mulheres, “De sorte que até mesmo transportavam os enfermos às ruas, e os colocavam em macas e esteiras, a fim de que a sombra de Pedro pudesse cair sobre alguns deles enquanto ele passasse” (At 5:12-15). Quando nos aproximamos do final do Livro de Atos não há nenhum “Amém!” (“fim”). Isto é porque este Livro ainda está sendo escrito. Atos fornece o registro inspirado das atividades da Igreja Cristã Primitiva. Deus quis que estas atividades continuassem enquanto a Igreja estivesse sobre a terra, ou seja, até que Cristo volte novamente. Graças a Deus que este registro está sendo continuado em todas as partes do mundo hoje em dia. Relatórios de ministérios e reavivamentos sobrenaturais de acordo com o padrão neo-testamentário continuam a ser escritos. Vamos olhar mais de perto a narrativa que citamos acima para ver se os nossos 1000 / SEÇÃO E7 E7.4 – Os Pregadores e o Povo num Reavivamento Neo-Testamentário ministérios e igrejas atuais obedecem a este padrão inspirado. A. OS PREGADORES NUM REAVIVAMENTO NEOTESTAMENTÁRIO Uma coisa é óbvia: se tivermos pregadores neo-testamentários e um ministério neotestamentário, certamente teremos resultados neo-testamentários. Observe os seguintes pontos com relação aos pregadores deste reavivamento especifico: 1. As Mãos dos Apóstolos Lemos o seguinte: “E pelas mãos dos apóstolos muitos sinais e maravilhas eram feitos entre o povo.” Isto é muito emocionante. A Bíblia tem muito a dizer sobre as mãos humanas como um meio de contato com os nossos semelhantes. As mãos dos servos do Senhor num reavivamento neo-testamentário têm um papel importante na ministração às necessidades do povo. No Antigo Testamento lemos muitas vezes sobre “o braço do Senhor”, o qual, segundo se acredita, é uma referência ao Senhor Jesus Cristo. Lemos, por exemplo, em Isaías: “...a quem o braço do Senhor foi revelado?” (Is 53:1). E o profeta prosseguiu descrevendo os eventos associados com a vinda do Messias. Jesus Cristo, em Seu ministério terreno foi “o braço do Senhor”, estendendo-se sobre a humanidade, com salvação, cura, e libertação. Cristo está agora glorificado à destra do Seu Pai. Mas ainda assim, Ele é “o braço do Senhor”, estendendo-se em amor e misericórdia para salvar e curar através de pessoas que Ele chamou. Assim sendo, quando os apóstolos estendiam as suas mãos para trazerem libertação às pessoas, eles estavam funcionando como “o braço do Senhor’’. Eles eram uma extensão do Seu ministério. Foi no Nome de Jesus que continuaram o próprio ministério sobrenatural de Jesus sobre a terra. Os pregadores de um reavivamento neotestamentário possuem braços e mãos dedicados à libertação das pessoas. 2. Muitos Milagres de Misericórdia As nossas Escrituras nos dizem que através das mãos dos apóstolos “...muitos sinais e maravilhas foram feitos entre o povo.” Isto é algo maravilhoso de se contemplar. Um julgamento sobrenatural acabara de vir sobre Ananias e Safira, que haviam mentido ao Espírito Santo. Esta foi a primeira demonstração drástica de disciplina na Igreja Primitiva. O resultado foi que “um grande temor veio sobre toda a Igreja e sobre todos os que ouviram estas coisas.” E agora, imediatamente após este milagre de julgamento, lemos sobre muitos sinais e maravilhas trazendo libertação às pessoas. Que notável revelação da natureza e do propósito de Deus nesta dispensação: um milagre de julgamento seguido por muitos milagres de misericórdia. 3. Sinais e Maravilhas O nosso relatório sobre este reavivamento neo-testamentário nos diz que muitos sinais e maravilhas foram feitos entre o povo. Qual é a diferença entre “sinais” e “maravilhas”? Um sinal é um ato sobrenatural do poder de Deus com o propósito de transmitir um significado ou uma mensagem às pessoas. Ele tem um significado e alcança um propósito. Por outro lado, uma maravilha tem (como denota a própria palavra) o propósito de fazer com que as pessoas se maravilhem ou é para capturar a atenção delas. Os pregadores do Novo Testamento deveriam ter sinais e maravilhas sendo demonstrados em seus ministérios em Nome de Jesus Cristo. A Grande Comissão, da maneira em que se encontra em Marcos 16:15-18, declara que CONSERVANDO A COLHEITA “estes sinais seguirão aos que crêem...” Estes sinais incluem a expulsão dos demônios, o falar com novas línguas, e a imposição das mãos sobre os enfermos para a sua cura. 4. A Sombra de Pedro Tão numerosos eram estes sinais e maravilhas no ministério dos apóstolos que o povo de Jerusalém colocava os seus enfermos em camas e sofás nas ruas. Eles tinham a esperança de que a sombra de Pedro pudesse passar sobre eles, enquanto ele caminhava pelas ruas. Eles acreditavam que, se as mãos de Pedro não pudessem tocá-los, a sua própria sombra poderia ser um meio para a cura deles. Isto mostra o quanto os sinais e maravilhas haviam incitado a fé deles. Este é o princípio visto numa outra parte do Novo Testamento: as mãos (ou a sombra) tornaram-se um meio de contato através do qual a fé das pessoas era liberada e assim, podiam ser tocadas pelo Senhor. Vocês se lembram que houve uma mulher que tocou a orla das vestes do nosso Senhor (Mt 9:20). Houve o caso dos “lenços ou aventais’’ sendo levados de Paulo e colocados sobre os enfermos ou endemoninhados, os quais eram curados (At 19:12). Desta maneira, o povo de Jerusalém tornou a passagem da sombra de Pedro o meio de contato com o seu ministério para que pudessem ser curados. 5. Um Ministério de Libertação A nossa narrativa descreve como “chegou também uma multidão das cidades circunvizinhas a Jerusalém, trazendo os seus enfermos e os que eram atormentados com espíritos imundos: e todos eles eram curados’’ (At 5:16). Um ministério de libertação, segundo os moldes do Novo Testamento, tem um poder magnético. Ele atrai pessoas de lugares distantes, cujos corações estão abertos e prontos para receberem a Jesus como seu Senhor. SEÇÃO E7 / 1001 Este mundo está repleto de pessoas que estão sendo afligidas em seus corpos e mentes. Apesar de toda a oposição e perseguição que os líderes da Igreja Primitiva sofreram, as pessoas comuns buscaram o ministério deles para que pudessem ser libertas e curadas. Observamos que eles conheciam a diferença entre as enfermidades físicas e os tormentos de poderes demoníacos. O ministério da Igreja Primitiva trazia a cura aos enfermos e a libertação aos que estavam presos e atormentados. Que Deus possa levantar nestes dias uma manifestação ainda mais poderosa de um ministério segundo os moldes encontrados nos registros do Novo Testamento. B. O POVO NUM REAVIVAMENTO NEO-TESTAMENTÁRIO Em todo grande reavivamento há condições a serem satisfeitas tanto pelos pregadores quanto pelo povo. Vamos agora prestar atenção às condições do povo no reavivamento para nós descrito nesta passagem bíblica. 1. De Comum Acordo Lemos que “estavam todos de comum acordo no Alpendre de Salomão” (At 5:12). Esta é uma expressão que lemos freqüentemente no Livro de Atos. No Cenáculo, antes do Pentecostes, todos continuaram “de comum acordo, em oração e súplicas” (At 1:14). No Dia de Pentecostes, os discípulos estavam “todos de comum acordo num só lugar” (At 2:1). Imediatamente após o Pentecostes, lemos que o povo “continuava diariamente de comum acordo no templo” (At 2:46). Num posterior derramamento do Espírito Santo, lemos que “a multidão dos que criam tinha um só coração e uma só alma” (At 4:32). E agora, no meio deste reavivamento, encontramos o povo, uma vez mais reunindose “de comum acordo no Alpendre de Salomão.” Certamente encontramos aqui segre- 1002 / SEÇÃO E7 E7.5 – A Igreja Universal e as Igrejas Locais no Novo Testamento dos infalíveis para o reavivamento numa igreja de uma cidade: um ministério sobrenatural e uma igreja unida. 2. Temor e Simpatia Lemos as seguintes e incomuns palavras: “Nenhum dos outros ousava ajuntar-se a eles, mas o povo os estimava muito.” Assim sendo, no meio de um reavivamento neo-testamentário encontramos: (a) temor e reverência, e (b) uma grande simpatia concedida ao povo de Deus. Lemos sobre esta dupla reação em Atos 2:43,47: “E veio um temor sobre toda alma...” ao passo que, ao mesmo tempo, eles tinham “...uma simpatia diante de todo o povo”. Não há necessidade alguma de diluirmos os padrões absolutos quando o poder de Deus está em ação. As reações públicas encontrarão os seus próprios níveis quando o Espírito do Senhor for manifesto no meio do povo de Deus. 3. Acrescentados ao Senhor Eis o emocionante resultado deste reavivamento neo-testamentário: “E os crentes eram acrescentados cada vez mais ao Senhor, multidões, tanto de homens como de mulheres.” Este é o resultado de um ministério sobrenatural, sustentado por um povo unido. Esta deveria ser a experiência constante de todas as igrejas que estão desfrutando de um reavivamento neo-testamentário. Observe a significativa expressão: “Acrescentados ao Senhor”. Esta é uma verdadeira salvação. Não é suficiente sermos acrescentados a igreja. Não é suficiente termos os nossos nomes acrescentados a uma lista de membros. Estas coisas são boas em si, mas a experiência vital, necessária a todos os homens e mulheres é que eles sejam “acrescentados ao Senhor” – unidos a Cristo pela fé n’Ele. Meu amigo, permita-me assegurar-lhe que nestes dias importantes Deus está levantando pregadores e um povo que estão se moldando ao padrão neo-testamentário. O testemunho deles está sendo confirmado com sinais e maravilhas. A todos os que crêem, eles estão oferecendo o glorioso privilégio, a vital necessidade de serem acrescentados ao Senhor através da fé em Seu poder Salvador. Capítulo 5 A Igreja Universal e as Igrejas Locais no Novo Testamento Introdução Vamos iniciar agora um estudo do padrão do Novo Testamento para a Igreja Cristã. Devido ao espaço limitado, será impossível fazermos deste estudo algo completo e minucioso. Esperamos, no entanto, fornecer aos nossos leitores uma compreensão do projeto bíblico para a Igreja de hoje. A. O QUE SIGNIFICA A PALAVRA “IGREJA”? As palavras “igreja” e “igrejas” originamse da palavra grega “ekklesia”, que simplesmente significa UMA ASSEMBLÉIA CHAMADA PARA FORA. 1. “Igreja” (aparece 80 vezes no Novo Testamento) A palavra “igreja” (no singular) se refere à Igreja Universal, a igreja de uma cidade, ou a uma igreja local (ou “caseira”). Ela nunca se refere a uma denominação nem a um edifício de igreja. Nos dois primeiros usos da palavra “igreja” no Novo Testamento, a referência é primeiramente à Igreja Universal, e, em segundo lugar à igreja local (ou “caseira”). a. Igreja Universal. Primeiro Uso: “Edificarei a Minha Igreja” (Mt 16:18). Cristo está Se referindo à Igreja Univer- CONSERVANDO A COLHEITA sal, e não, a nenhuma seção ou divisão específica dela. b. Igreja Local (ou “Caseira”). Segundo Uso: “...dize-o a igreja: e, se também não escutar a igreja...” (Mt 18:1517). Esta passagem trata das medidas disciplinares a serem seguidas quando a reconciliação for recusada pelo crente ofensor. É bem claro, portanto, que a palavra “igreja”, da maneira usada no segundo exemplo, se aplica à igreja local (ou “caseira”), e não à Igreja Universal. Semelhantemente, em todas as 80 ocasiões em que a palavra “igreja” aparece no Novo Testamento, o contexto mostra se a passagem se refere à Igreja Universal ou a uma igreja local (ou “caseira”). c. Exceção: Israel Como um Símbolo da Igreja. Em Atos 7:38, há uma exceção ao uso genérico da palavra “igreja”. Neste versículo, lemos sobre “a igreja no deserto’’. Esta é uma referência a Israel em sua jornada no deserto, após a sua libertação do Egito através do Mar Vermelho. Ainda que Israel não fosse uma igreja no sentido neo-testamentário, a palavra “ekklesia” é aplicável a Israel em suas jornadas no deserto. Neste papel, a nação de Israel era um símbolo da Igreja Cristã nesta dispensação. • Israel havia sido redimida através do sangue de um cordeiro, • chamada para fora do Egito (o mundo), separada do Egito pelo Mar Vermelho (batismo na água), • recebeu uma provisão sobrenatural no deserto (maná do Céu e água da Rocha – símbolos de Cristo), • foi conduzida através do Rio Jordão (Batismo no Espírito Santo) e estabeleceu-se em Canaã (um símbolo dos lugares celestiais). Assim sendo, Israel, uma assembléia chamada para fora, foi um símbolo da Igreja Cristã. Atos 7:38 é a única ocasião no Novo Testamento em que a palavra “igreja” é aplicada a qualquer outra coisa a não ser a Igreja SEÇÃO E7 / 1003 Universal ou a uma igreja local (ou “caseira”). 2. “Igrejas” (aparecendo 35 vezes no Novo Testamento) A palavra “igrejas” sempre se refere a igrejas locais (ou “caseiras”), e nunca a denominações, grupos organizados de igrejas, ou prédios de igrejas. Alguns usos típicos da palavra “igreja” no Novo Testamento são os seguintes: “... as igrejas dos gentios’’ (Rm 16:4); “... as igrejas de Deus” (1 Co 11:16); “... as igrejas dos santos” (1 Co 14:33); “... as igrejas da Ásia” (1 Co 16:19), etc. Todas estas são referências a grupos de crentes que se reúnem regularmente (geralmente na casa de alguém) para a adoração e o culto. 3. “Assembléia” (aparecendo 5 vezes no Novo Testamento) Consideremos agora a palavra “assembléia” da forma em que aparece no Novo Testamento. É uma palavra geralmente usada com relação as nossas igrejas locais (ou “caseiras”) de hoje. Três das cinco vezes em que a palavra “assembléia” aparece, a aplicação não é com relação a uma igreja, e sim a um ajuntamento comum de pessoas (veja Atos 19:32, 39, 41). Os outros dois usos da palavra “assembléia” encontram-se em Hebreus 12:23, onde a palavra significa literalmente “uma reunião em massa”, que é uma referência à Igreja Universal, e em Tiago 2:2, onde a palavra grega é literalmente “sinagoga”. Foi bem apropriado que Tiago usasse esta palavra, que simplesmente significa “reunir-se”. A sinagoga judaica foi provavelmente o modelo para a reunião da igreja local (ou “caseira”). B. A IGREJA COMO DEUS A VÊ O uso das palavras “igreja” e “igrejas” é extremamente simples. A nossa compreen- 1004 / SEÇÃO E7 E7.5 – A Igreja Universal e as Igrejas Locais no Novo Testamento são destas palavras nos fornece um firme fundamento sobre o qual podemos basear o nosso estudo sobre a Igreja do Novo Testamento. Muito embora a palavra “igreja” seja hoje geralmente usada com relação a uma denominação, como por exemplo, a Igreja Batista, a Igreja Presbiteriana, ou o Pequeno Rebanho, a Bíblia não usa a palavra desta maneira. Do ponto de vista de Deus há apenas uma Igreja Universal, abrangendo os crentes nascidos de novo de todas as terras e de todas as línguas. Deus vê esta grande Igreja de Jesus Cristo dividida apenas em igrejas locais (ou “caseiras”), grupos locais de crentes, reunindo-se regularmente em Seu nome. Estritamente falando, a única organização eclesiástica que a Bíblia reconhece é a que funciona dentro da igreja local (ou “caseira”). Todas as outras organizações são formadas para conveniência destas igrejas e como um meio de coordenação. O Novo Testamento apresenta a igreja local (ou “caseira”) como sendo soberana (que significa “sob o controle dos freqüentadores”), dispondo do seu próprio sustento e governo, e propagando o Evangelho. Igrejas locais (ou “caseiras”) de semelhantes doutrinas e experiências espirituais podem preferir agrupar-se para a promoção de suas visões especificas. No entanto, nunca deveríamos perder de vista este conceito do Novo Testamento: a Igreja Universal é dividida somente em reuniões caseiras de crentes – a “Igreja” e as “igrejas” do Novo Testamento. C. UM SÍMBOLO DE IGREJAS NEOTESTAMENTÁRIAS Em Apocalipse 1, encontramos uma representação simbólica da Igreja do Novo Testamento organizada em suas muitas igrejas de cidades. O Apóstolo João, exilado na Ilha de Patmos, encontrava-se no Espírito, no Dia do Senhor, quando lhe foi mostrada esta visão. Ele viu “Um semelhante ao Filho do Homem” no meio de “sete castiçais de ouro”. Em sua mão, Ele segurava sete estrelas. No versículo 20, temos a interpretação destes símbolos. Os sete castiçais de ouro eram sete igrejas de cidades situadas na Ásia Menor. As sete estrelas eram os anjos (ou líderes) destas igrejas. O Senhor Jesus Cristo aparece como um Sumo Sacerdote cuidando dos castiçais. Eis aqui o cumprimento (anti-tipo) dos tipos encontrados no Tabernáculo de Moisés e no Templo de Salomão do Antigo Testamento. Ao lermos Apocalipse 2 e 3, descobrimos que o Senhor deu uma mensagem especial a cada uma das sete igrejas. A maioria dos estudiosos do Livro do Apocalipse concordam que estas igrejas de cidades existiam na Ásia Menor. No entanto, elas também retratavam sete diferentes períodos da história da Igreja que se desenrolaria nos séculos futuros desta Era (Dispensação) da Igreja. Esta Era estender-se-ia desde os dias de João até a vinda do Senhor. (Veja a Seção Gl do Guia de Treinamento de Líderes para mais detalhes sobre isto). “Sete” nas Escrituras é o número que representa a perfeição. Portanto, os sete castiçais de ouro da visão de João podem ser considerados como que representando toda a Igreja desta dispensação, com cada castiçal simbolizando uma igreja de cidade. Como é inspirador este nosso quadro: o Cristo ressurreto no meio das igrejas de todas as terras e de todas as gerações através desta presente era. Com cada uma delas, Ele trata diretamente. Para cada uma delas Ele tem uma mensagem especial: de repreensão, admoestação, aconselhamento, encorajamento, ou de elogio. Isto se encontra em perfeita harmonia com o conceito neo-testamentário da Igreja de Jesus Cristo. Ele não é somente a Cabeça sobre a Igreja Universal, pois a Sua liderança também é expressa em todas as igrejas de CONSERVANDO A COLHEITA cidades ou igrejas locais (ou “caseiras”). Para cada uma delas Ele tem um propósito e um plano. O Cristo vivo procura manifestar-Se em cada igreja de cidade ou igreja local (ou “caseira”), trazendo correções e afáveis encorajamentos e elogios. Além disso, o ministério é segurado em Suas mãos! Os anjos (ou ministros) recebem as suas mensagens diretamente do Cristo vivo para que possam transmiti-las às suas respectivas igrejas locais (ou “caseiras”) que constituem a igreja de suas cidades. Certamente uma visão como esta deve nos ajudar a ampliar os nossos horizontes e a compreendermos melhor o propósito do Senhor, tanto para a Igreja Universal quanto para as igrejas de cidades ou igrejas locais (ou “caseiras”) do padrão neo-testamentário. Capítulo 6 Analogias Neo-Testamentárias da Igreja Cristã Introdução As analogias da Igreja são formas de explicarmos a Igreja Cristã, comparando-a com coisas que já conhecemos. Por exemplo: às vezes, a Igreja é como um prédio; outras, como um corpo; e, ainda outra forma de vêla é como uma noiva. Consideremos agora algumas analogias neo-testamentárias da Igreja Cristã. Ao fazermos isto, temos em mente a Igreja Universal. Contudo, há um aspecto em que cada igreja local (ou “caseira”) é uma representação em miniatura da Igreja Universal. A. QUATRO ANALOGIAS PRINCIPAIS As quatro analogias principais da Igreja encontradas no Novo Testamento são as seguintes: 1. Um Edifício Podemos observar que a Igreja Cristã não é descrita como “edifícios”, no plural, SEÇÃO E7 / 1005 mas sempre no singular. Há apenas uma Igreja. Em 1 Coríntios 3, encontramos o Apóstolo Paulo descrevendo a Igreja como um edifício. No versículo 9 ele diz: “Vos sois o edifício de Deus.” No versículo 10, Paulo afirma que ele, “como um sábio arquiteto”, havia colocado os fundamentos no que se referia à Igreja de Corinto. Ele disse que outros ministérios, no devido tempo, edificariam sobre aquele fundamento. No versículo 11, esse fundamento é identificado como sendo Jesus Cristo. Isto se encontra em harmonia com as palavras do Próprio Jesus em Mateus 16:13-18. Referindo-Se à revelação dada divinamente de que Ele era “o Cristo, o Filho do Deus Vivo”, Jesus acrescentou: “Sobre esta rocha [fundamento] edificarei a Minha Igreja.” Assim sendo, aceitamos o fato básico de que a Igreja de Jesus Cristo, em seu aspecto universal, é como um edifício. Ela está sendo edificada sobre esta única e grande verdade fundamental de que Jesus é o Cristo, o Filho do Deus Vivo. Voltando a 1 Coríntios 3, descobrimos nos versículos 16 e 17 que Paulo continua o seu tema. Ele cita a Igreja como sendo o Templo de Deus, onde habita o Espírito de Deus. Esta analogia da Igreja como sendo um edifício é repetida em Efésios 2:20-22. Aqui Paulo cita “o fundamento dos apóstolos e profetas”, mas acrescenta que “o Próprio Jesus Cristo é a pedra fundamental.” E ele continua acrescentando: “em Quem todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor: em Quem vós também juntamente sois edificados para uma habitação de Deus através do Espírito.” Pedro também semelhantemente descreve a Igreja em 1 Pedro 2:5: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados como uma casa espiritual.” O propósito de Deus através desta era tem sido o de completar o magnificente edi- 1006 / SEÇÃO E7 E7.6 – Analogias Neo-Testamentárias da Igreja Cristã fício da Igreja, de forma que, nas eras vindouras ela possa manifestar o louvor e a glória de Deus. 2. Uma Família A Igreja é retratada como uma família nos seguintes versículos: “Se chamaram de Belzebu ao pai da família, quanto mais aos seus domésticos?” (Mt 10:25). “A família da fé...” (Gl 6:10). “Agora portanto vós [crentes] não mais sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus” (Ef 2:19). “...pois este Homem [Cristo Jesus] foi considerado digno de uma maior glória do que Moisés, pois o que construiu a casa tem maior honra do que a casa... Cristo, como Filho sobre a Sua Própria Casa, cuja Casa somos nós...” (Hb 3:3,6). Assim sendo, a Igreja é apresentada como sendo uma família, sobre a qual Jesus Cristo é o Chefe da família. 3. Um Corpo Há no Novo Testamento varias referências à Igreja como sendo o Corpo de Cristo. “Assim também nós, sendo muitos, somos um só Corpo em Cristo, e todos somos membros uns dos outros” (Rm 12:5). “Pois assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros deste corpo, sendo muitos, são um só corpo, assim também é Cristo. Pois por um só Espírito todos fomos batizados num só Corpo” (1 Co 12:12,13). “Ora vós sois o Corpo de Cristo e membros em particular” (1 Co 12:27). (Veja também Efésios 1:22,23; 4:4,12,16). O corpo humano, com o inter-relacionamento e coordenação de todos os seus membros, é usado por Paulo como uma analogia da Igreja de Jesus Cristo. Essa analogia mostra a importância e a inter-dependência de todos os membros da Igreja. O apóstolo usa essa analogia especificamente para demonstrar a total necessidade da unidade dentre os membros da Igreja. 4. Uma Noiva Em Efésios 5:23-33, o Apóstolo Paulo faz um paralelo entre o relacionamento de Cristo e a Sua Igreja com o relacionamento do marido com a sua esposa. Nestes versículos, o relacionamento de Cristo com a Sua Igreja é usado como uma ilustração do marido e sua esposa. Consideremos agora os seguintes trechos desta passagem: “Porque o marido é o cabeça da mulher, ASSIM COMO Cristo é a Cabeça da Igreja...” “Portanto, ASSIM COMO a Igreja está sujeita a Cristo, ASSIM TAMBÉM as mulheres sejam sujeitas aos seus próprios maridos em tudo...” “Maridos, amai as vossas esposas, ASSIM COMO Cristo também amou a Igreja...” “Assim devem os homens amar as suas mulheres como a seus próprios corpos... pois nenhum homem ainda odiou a sua própria carne, antes a alimenta e sustenta, COMO TAMBÉM o Senhor à Igreja.” Alguns têm tido dificuldades em ver a Igreja como sendo tanto a Noiva quanto o Corpo de Cristo, mas, nestes versículos, o Apóstolo Paulo afirmou categoricamente que a Igreja é ambas as coisas. Observe como ambas as analogias do corpo e da esposa são apresentadas nos versículos 30 a 32 deste capítulo: “Pois somos membros do Seu Corpo, da Sua carne, e dos Seus ossos. Por esta causa deixará o homem o seu pai e a sua mãe e se unirá à sua mulher, e os dois serão uma só carne. Este é um grande MISTÉRIO: MAS FALO ISTO COM RELAÇÃO A CRISTO E A IGREJA.” À luz dos versículos acima, podemos ver que a grande Igreja Universal de Jesus Cristo é apresentada no Novo Testamento como: UM EDIFÍCIO sendo edificado sobre o fundamento do Próprio Cristo; UMA família sobre a qual Cristo é o Chefe; UM CONSERVANDO A COLHEITA CORPO do qual Cristo é a Cabeça; e UMA NOIVA da qual Cristo é o Noivo. Podemos observar também que há apenas uma Igreja – um Edifício, uma família, um Corpo, uma Noiva – muito embora os homens tenham, por várias razões, dividido esta Igreja Neo-Testamentária com barreiras denominacionais e doutrinárias. Como já consideramos em nossos capítulos anteriores, a única divisão bíblica da Igreja Neo-Testamentária deve ser encontrada na organização das igrejas locais (ou “caseiras”). B. INDIVÍDUOS NA IGREJA Tendo considerado as analogias acima sobre a Igreja Cristã, é fácil compreendermos a verdadeira natureza da nossa qualidade de membros individuais da Igreja – ou seja, da Igreja Universal. Muitos hoje em dia têm presumido que a inclusão de seus nomes numa lista de membros de uma igreja local (ou “caseira”) lhes assegura a sua posição de membros da Igreja de Jesus Cristo. Façamos, no entanto, uma breve revisão das quatro analogias do Novo Testamento apresentadas acima e consideremos o nosso relacionamento individual com cada uma delas. 1. Pedras Vivas Num Edifício Lemos que somos, na qualidade de crentes, “edificados sobre o fundamento” e “edificados juntamente para uma habitação de Deus através do Espírito” (Ef 2:20-22). Uma vez mais o Apóstolo Pedro diz: “E, chegando-vos para Ele, como a uma pedra viva... vós também como PEDRAS VIVAS, sois edificados casa espiritual” (1 Pe 2:4,5). É portanto claro que podemos ser membros da Igreja como um edifício somente à medida que nós próprios nos tornamos pedras vivas através do nosso contato pessoal com Jesus Cristo, a Pedra Fundamental. 2. Nascidos Numa família Em Gálatas 4:6,7 Paulo escreveu: “E porque sois filhos, Deus enviou o Espírito do Seu Filho aos vossos corações, claman- SEÇÃO E7 / 1007 do: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus através de Cristo.” Uma família pode ter servos, ou até mesmo hóspedes, que podem vir e partir como desejarem, mas entramos na família de Deus através do novo nascimento. Pertencemos à família do nosso Pai, e, na qualidade de filhos, compartilhamos da herança da família. 3. Membros do Corpo de Cristo Assumimos o nosso lugar no Corpo de Cristo através de tudo o que é simbolizado pelo nosso batismo. Esta é a nossa identificação com Jesus Cristo (1 Co 12:13). Tornamo-nos “membros de Cristo” através da Sua vida que se encontra em nós. É uma união viva e vital com Jesus na qualidade de Cabeça do Corpo. 4. Parte da Noiva de Cristo O nosso relacionamento individual com o Senhor nesse sentido é apresentado em 1 Coríntios 6:17: “O que se une ao Senhor é um só espírito.” Este mesmo pensamento nos é apresentado em 2 Coríntios 11:2: “Porque estou zeloso de vós com zelo de Deus; porque vos tenho preparado para vos apresentar como a uma virgem pura a um Marido, a saber a Cristo.” Assim sendo, como parte da Noiva de Cristo, estamos casados com Ele e estamos unidos num só espírito. C. CONCLUSÃO Através destas ilustrações bíblicas tornase óbvio que o fato de sermos membros individuais da Igreja de Jesus Cristo não resulta da nossa união formal a uma igreja local (ou “caseira”), nem de colocarmos o nosso nome numa lista de membros de uma igreja, mas resulta de uma experiência pessoal vital entre nós e o Senhor. Esta experiência é chamada de salvação, ou de novo nascimento. É possível que alguém seja colocado numa lista oficial de membros de uma igreja local (ou “caseira”), e, contudo, nunca ter 1008 / SEÇÃO E7 se tornado um membro da Igreja Universal de Jesus Cristo. Por outro lado, é possível que alguém seja membro da Igreja de Cristo através do novo nascimento e, contudo, não ter se ligado a uma igreja local (ou “caseira”) ou organização eclesiástica. Como o Apóstolo Paulo declarou em 2 Timóteo 2:19: “Contudo, o fundamento de Deus permanece firme, lendo este selo: O Senhor conhece os que são Seus”. A nossa inscrição como membros numa igreja local (ou “caseira”) deveria somente seguir a nossa inclusão como membros na Igreja Universal de Cristo. Além disso, quando uma pessoa nasceu de novo, ela deveria, indubitavelmente, buscar a sua inclusão como membro numa comunidade de uma igreja local (ou “caseira”). Temos a seguinte exortação em Hebreus 10:25: “Não abandonando a nossa congregação, como é costume de alguns, mas exortando uns aos outros, e tanto mais, quando vedes que se vai aproximando aquele dia.” Cada um de nós precisa da comunhão, da edificação, do encorajamento e da disciplina de uma igreja local (ou “caseira”). Tendo encontrado o nosso lugar na grande Igreja Neo-Testamentária do nosso Senhor através da fé em Cristo, que todos possamos estar dispostos a nos comprometermos à nossa inclusão como membros de uma igreja local (ou “caseira”), para que todos nós unamos de todo coração, em adoração, testemunho e serviço ao Senhor. Capítulo 7 O Sacerdócio da Igreja Neo-Testamentária A. DIFERENÇAS ENTRE O SACERDÓCIO DO ANTIGO E DO NOVO TESTAMENTO Não conseguimos compreender plenamente o padrão neo-testamentário para a E7.7 – O Sacerdócio da Igreja Neo-Testamentária Igreja Cristã sem uma apreciação da diferença fundamental entre o sacerdócio do Antigo Testamento e o sacerdócio do Novo Testamento. 1. O Sacerdócio Aarônico Deus deu a Israel, nos dias antigos, a oportunidade de se tornar um “reino de sacerdotes” (Êx 19:6). Israel, no entanto, fracassou e não se colocou à altura desse grande privilégio, o que fez com que o Senhor estabelecesse o Sacerdócio Aarônico (Êx 28:1). O próprio Antigo Testamento registra o fracasso desse ministério de fielmente servir ao Senhor e de ministrar em nome do povo de Israel (Ez 22:26). 2. O Sacerdócio do Crente Abrindo o Novo Testamento, descobrimos que o sacerdócio é privilégio de todo crente verdadeiro (1 Pe 2:5,9). Como tais, temos o glorioso privilégio de usufruirmos do acesso a Deus através do nosso Sumo Sacerdote, o Senhor Jesus Cristo. O acesso do crente a Deus é claramente apresentado em Hebreus 10:19-22: “Tendo pois, irmãos, ousadia para entrar no Santuário, pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho, que Ele consagrou para nós, através do véu, isto é, a Sua carne; e tendo um Sumo Sacerdote sobre a Casa de Deus; aproximemo-nos com verdadeiro coração, em plena certeza de fé, tendo as nossos corações purificados de uma má consciência, e os nossos corpos lavados com água limpa.” Na atualidade, algumas denominações cristãs citam somente os seus líderes como sacerdotes. Isto não é sustentado pelo Novo Testamento, pois é totalmente contrário ao princípio fundamental da revelação neo-testamentária para a Igreja. Considere as palavras de 1 Pedro 2:5,9: “Vós também... sois... um sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais, aceitáveis a Deus através de Jesus Cristo. “Mas vós sois uma geração eleita, um CONSERVANDO A COLHEITA sacerdócio real... para que anuncieis os louvores d’Aquele que vos chamou das trevas para a Sua maravilhosa luz.” Esse é o maior privilégio da nossa experiência cristã. Temos acesso ao Santo dos Santos, à própria presença de Deus através de Jesus Cristo. Quando o Salvador morreu no Calvário, o véu do Templo foi rasgado de alto a baixo. Falando-se figurativamente, muitos têm tentado “costurá-lo” novamente, mas tem sido um esforço em vão. O “tipo” foi cumprido para sempre no “anti-tipo”. A “sombra” foi substituída pela “substância”. Cristo está vivo para sempre e é o único Mediador entre Deus e os homens. Na Igreja Cristã, Deus nos forneceu vários ministérios, com pastores e outros, que podem nos orientar e aconselhar. Ninguém, no entanto, pode nos dar acesso a Deus. Cristo fez isto de uma vez por todas. “Cheguemo-nos pois com confiança ao Trono da Graça [Trono da Misericórdia], para que possamos obter misericórdia e achar graça a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hb 4:16). B. OS SACRIFÍCIOS DO CRENTE-SACERDOTE Assim como o sacerdócio do Antigo Testamento oferecia sacrifícios a Deus, semelhantemente nós, na qualidade de sacerdotes do Novo Testamento, temos ofertas a apresentar ao Senhor. O Novo Testamento nos mostra que o nosso sacrifício é triplo: 1. Os Nossos Corpos, a Nossa Vida “Rogo-vos pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo, e agradável a Deus, que é a vossa adoração espiritual” (Rm 12:1). Vemos este sacrifício sacerdotal em seu nível máximo em 1 João 3:16: “Nisto percebemos o amor de Deus, porque Ele entregou a Sua vida por nós; e nós SEÇÃO E7 / 1009 deveríamos entregar as nossas vidas pelos irmãos.” A verdade básica que aceitamos quando nos achegamos ao Senhor é que os nossos corpos são templos do Espírito Santo: “Pois fostes comprados com um preço: portanto, glorificai a Deus em vossos corpos, e em vossos espíritos, os quais pertencem a Deus” (1 Co 6:20). 2. O Nosso Louvor “Por Ele, portanto, ofereçamos o sacrifício de louvor a Deus continuamente, ou seja, o fruto de nossos lábios, dando graças ao Seu Nome” (Hb 13:15). Os sacerdotes do Antigo Testamento ministravam ao Senhor no compartimento do Templo conhecido como Lugar Santo. A perfumada fumaça subia do Altar de Incenso no Lugar Santo. Ela penetrava o véu e entrava no Santo dos Santos, onde Deus habitava acima do Propiciatório (trono de misericórdia). Isto era um “tipo” (quadro profético) de nós, sacerdotes do Novo Testamento, oferecendo o nosso louvor e ações de graças como um sacrifício muito agradável ao Senhor. O Novo Testamento não nos convida a louvarmos ao Senhor somente como uma expressão de sentimentos, mas também para que o façamos como um ministério sacrificial ao Senhor. O sacrifício de louvor não deveria ser oferecido por causa das nossas circunstâncias, mas, geralmente, apesar das nossas circunstâncias. Se fizermos isto, logo descobriremos que no sacrifício de louvor há vitória sobre as circunstâncias. É nosso dever e privilégio sacerdotal louvar ao Senhor! 3. O Nosso Dinheiro Hebreus 13:16 é lindamente explicado na Versão do Novo Testamento Amplificado em Inglês da seguinte maneira: “Não se esqueçam nem negligenciem os atos de benevolência e bondade, de serem generosos e de distribuírem e contribuírem com os 1010 / SEÇÃO E7 E7.8 – Ministérios na Igreja Neo-Testamentária necessitados, pois estes sacrifícios são muito agradáveis a Deus.” Estes e outros versículos nos ensinam que um sacerdote (crente) fiel dedica uma parte do seu dinheiro para ser usada no cuidado com os menos afortunados do que ele e para a obra de Deus. zação criada pelos homens, precisa ter uma liderança divinamente estabelecida e divinamente dotada. Infelizmente, a maior parte do ministério de liderança cristã de hoje em dia é baseada em realizações acadêmicas, e no chamado e nomeação de homens. O padrão neo-testamentário, no entanto, estabelece para a Igreja um ministério sobrenaturalmente escolhido e divinamente equipado. Há certos cargos que funcionam em cada igreja local (ou “caseira”). Os presbíteros e diáconos servem dentro da igreja local (ou “caseira”) e precisam possuir certas qualificações pessoais de acordo com as Escrituras. Estas qualificações serão posteriormente consideradas por nós em nosso estudo. Mas a liderança dotada, que Cristo forneceu para a Sua Igreja, baseia-se em cinco dons ministeriais. Estes dons ministeriais são sobrenaturalmente transmitidos pelo Próprio Cristo a certas pessoas. Estes líderes continuam e levam avante o ministério do Senhor Jesus em Sua Igreja na terra. Eles fazem o que Ele fez. C. NENHUMA DISTINÇÃO ENTRE O CLERO E OS LEIGOS As palavras “clero” e “leigos” não se encontram na Bíblia. Elas passaram a ser usadas como conseqüência de líderes de igreja ensinarem que possuíam um “status” privilegiado sobre os outros membros da Igreja. Esta distinção feita entre o “clero” e os “leigos” não se encontra na Igreja do Novo Testamento. Certamente há vários ministérios e cargos ordenados por Deus, os quais são dados para edificarem a Igreja e fornecerem à liderança ao povo de Deus. O sacerdócio do Novo Testamento cria uma irmandade de homens e mulheres nascidos de novo. Todos desfrutamos do mesmo privilégio de acesso a Deus através de Jesus Cristo, o nosso Sumo Sacerdote. Da mesma forma, todos somos membros do Corpo de Cristo, que é diretamente governado por Jesus Cristo, a Cabeça do Corpo (Ef 1:22; 5:23; Cl 1:18). E vitalmente importante que esta verdade do sacerdócio de todos os crentes seja claramente compreendida e plenamente apreciada. Caso contrário, não valorizaremos os nossos privilégios na Igreja Cristã. Podemos ser vítimas de um sacerdócio criado pelos homens ou de uma hierarquia de líderes religiosos que se assenhoreiam dos outros (1 Pe 5:3). Capítulo 8 Ministérios na Igreja Neo-Testamentária Introdução A Igreja Cristã, sendo um organismo divinamente ordenado, ao invés de uma organi- A. CINCO DONS MINISTERIAIS DADOS A IGREJA “No entanto, Cristo deu a cada um de nós habilidades especiais – tudo o que Ele quiser que tenhamos do Seu rico depósito de dons. “O salmista nos fala sobre isto, pois ele diz que quando Cristo voltou triunfantemente ao Céu após a Sua ressurreição e vitória sobre Satanás, Ele deu generosos dons aos homens. “Observe que aí diz que Ele voltou ao Céu. Isto significa que Ele havia primeiramente descido das alturas do Céu, muito abaixo das mais baixas partes da terra. “Aquele que desceu é também o Mesmo que subiu de volta, para que pudesse encher todas as coisas, em toda parte, Consigo Próprio, desde o mais baixo até o mais elevado” (Ef 4:7-10). “Foi Ele que deu alguns para serem CONSERVANDO A COLHEITA apóstolos, alguns para serem profetas, alguns para serem evangelistas, e alguns para serem pastores e mestres” (Ef 4:11). Estes versículos deixam claro que, após a Sua ascenção ao Céu para voltar à destra do Pai, Cristo deu cinco dons ministeriais aos homens dentro da Sua Igreja. Estes dons ministeriais são expressões parciais do Seu Próprio ministério completo. Nenhum líder de igreja por si só poderia conter todo o ministério de Jesus. Uma variedade de “líderes servos” da Igreja recebem estes dons. Isto é assim para que o ministério completo de Cristo pudesse aparecer novamente entre o Seu povo. 1. Somente Dados por Cristo Estes cinco ministérios são os dons de Cristo e são somente concedidos por Ele. Eles não dependem da nomeação humana. Cristo levantou e equipou estes homens (e mulheres) para os seus ministérios específicos na Igreja. 2. Funcionam Sob a Direção e o Poder do Espírito Santo É bom darmos o devido reconhecimento a estes ministérios quando se encontram em nosso meio. No entanto, quer os reconheçamos ou não, eles funcionam sob a direção e pelo poder do Cristo Vivo. 3. Associados com Homens e Mulheres E interessante observarmos que os dons ministeriais de Cristo estão sempre associados com homens e mulheres. Em contraste, os dons do Espírito Santo (1 Coríntios 12) estão mais associados com o Doador do que com o recipiente. Nós os chamamos de Dons do ESPÍRITO (o Doador). No entanto, não podemos desassociar os cinco dons ministeriais das pessoas a quem foram dados e que os exercem. Nada lemos com relação a homens recebendo “um dom de apostolado” ou “o dom de pastor”, mas lemos o seguinte: “Ele deu SEÇÃO E7 / 1011 alguns para serem apóstolos, alguns para serem profetas,” etc. O dom (ou capacitação) é a identidade deles – quem são e o que são na Igreja. Os próprios homens são os dons de Cristo à Sua Igreja. São batizados no Espírito, equipados sobrenaturalmente – todos exercendo uma parte do glorioso e completo ministério da Cabeça da Igreja – Cristo. B. OS CINCO DONS MINISTERIAIS DESCRITOS Consideremos agora cada um destes cinco dons ministeriais. 1. Apóstolos A palavra “apóstolo” vem da palavra grega “apóstolos”, que significa “alguém enviado” ou “aquele que é enviado (como um embaixador)”. O Senhor Jesus Cristo é O APÓSTOLO (Hb 3:1), Aquele que foi “enviado por Deus”. Ele colocou o fundamento para a Igreja, a qual Ele agora está edificando. a. Os Doze Apóstolos. Durante o Seu ministério terreno, Cristo designou doze apóstolos, a quem Ele plenamente equipou para os seus ministérios e “os enviou” (Mt 10:16). Estes apóstolos não foram nomeados por homens, mas dependiam da comissão e da capacitação (poder e autoridade) de Cristo. Eles são citados como os “Apóstolos do Cordeiro”. “E o muro da cidade tinha doze fundamentos e neles os nomes dos doze apóstolos do Cordeiro” (Ap 21:14). Eles tinham um singular ministério e relacionamento com Israel e o povo judeu. “Jesus enviou estes doze, e lhes ordenou, dizendo: não ireis pelos caminhos dos gentios, nem entrareis em nenhuma cidade de samaritanos. Mas ide antes às ovelhas perdidas da Casa de Israel” (Mt 10:5,6). O galardão deles será o de se assentarem em doze tronos, julgando as doze tribos de Israel (Lc 22:28-30). b. Outros Apóstolos. Um estudo do Novo Testamento revela que havia outros 1012 / SEÇÃO E7 E7.8 – Ministérios na Igreja Neo-Testamentária apóstolos além dos doze que Jesus escolheu para trabalharem com Ele enquanto Se encontrava aqui. Um dos doze primeiros, Judas, o traidor, foi substituído por Matias pouco antes do Dia de Pentecostes (At 1:26; 2:14), restaurando assim o número necessário de doze “Apóstolos do Cordeiro”. No entanto, além de Matias, muitos outros apóstolos foram escolhidos por Cristo e enviados por Ele após o Dia de Pentecostes. Talvez seja apropriado que os citemos como os “Apóstolos da Ascensão”, uma vez que foram dados depois que Cristo subiu de volta ao Céu. Os “Apóstolos da Ascensão” geralmente possuem um relacionamento especial para com a Igreja dos Gentios. Os mencionados no Novo Testamento são Paulo e Barnabé (At 14:14), Andrônico e Júnia (Rm 16:7), Tiago (Gl 1:19), Silas e Timóteo (1 Ts 1:1; 2:6), e outros (1 Co 9:5; 2 Co 8:23). Paulo e Barnabé (At 14:14) são notáveis exemplos de apóstolos dados por Cristo à Igreja após o Pentecostes. Além disso, o fato de que a Igreja Primitiva tinha de ser repetidamente admoestada contra a aceitação de “falsos apóstolos” (2 Co 11:13; Ap 2:2) indica que havia outros apóstolos. O versículo bíblico que afirma mais claramente um ministério apostólico contínuo encontra-se em nossa passagem bíblica citada acima, a qual declara que Cristo “deu alguns apóstolos” APÓS A SUA ASCENSÃO. (OBSERVAÇÃO: Para mais informações sobre os cinco dons ministeriais, veja a Seção C5.) c. Ministério Apostólico. O apóstolo, sendo “alguém enviado” por Cristo, é um pioneiro, colocando os fundamentos, estabelecendo as igrejas com ordem bíblica, supervisionando e cuidando dessas igrejas, como também confirmando-as na Palavra. Ele exerce uma parte ou fragmento do ministério do nosso Supremo Apóstolo, Jesus Cristo. Ele é chamado e levantado por Cristo, e recebe uma visão da obra que deve executar (At 26:15-18). A prova do seu ministério são os frutos da sua obra – o trabalho que ele deixa após a sua partida. Como Paulo escreveu aos coríntios, “Não sou eu apóstolo... porque vós sois o selo do meu apostolado no Senhor” (1 Co 9:1,2). Paulo apontava o estabelecimento da Igreja de Corinto como uma evidência do seu ministério apostólico. Ele também afirmava que o seu ministério viera diretamente do Senhor e não dos homens. “Paulo, um apóstolo, que não foi enviado pelo comissionamento humano nem por autoridades humanas, mas sim por Jesus Cristo e por Deus-Pai, o Qual O ressuscitou dentre os mortos” (Gl 1:1). O ministério apostólico de se fundar novas igrejas é visto nas palavras de Paulo: “De acordo com a graça de Deus que me foi dada, como sábio arquiteto, coloquei o fundamento” (1 Co 3:10). Esse ministério pioneiro ainda funciona hoje em dia. A Igreja é um organismo vivo, e não uma organização sem vida. Novas igrejas locais (ou “caseiras”) ainda estão sendo estabelecidas e novos campos ainda estão sendo penetrados, à medida que a Igreja continua a crescer para cima e para fora. Há evidências que indicam que o dom ministerial apostólico pode incluir elementos dos outros quatro dons ministeriais. Nesta função pioneira, de estabelecimento de fundamentos e de supervisão, esse dom ministerial requer alguns elementos dos ministérios profético, evangelístico, pastoral, e de ensino. Contudo, o dom ministerial apostólico permanece distinto e separado dos outros. 2. Profetas A palavra grega é “prophetes”, a qual se origina de duas outras palavras gregas: Pro, que significa “anterior”, ou seja, “em frente de” é Phemi, que significa “mostrar ou fa- CONSERVANDO A COLHEITA zer conhecidos os pensamentos de alguém”, ou seja, “falar ou dizer, afirmar”. Combinando-se as duas palavras, significa “alguém que possa dizer (ou predizer) os pensamentos (a mente) de Deus ou, ocasionalmente, os pensamentos de outras pessoas”. Por exemplo, Pedro estava agindo sob uma unção profética ao dizer a Ananias: “...por que Satanás encheu o teu coração para que mentisses ao Espírito Santo...?” (At 5:3). Pedro conhecia os pensamentos de Ananias e revelou o engano e hipocrisia. Esta palavra também pode significar “um preletor inspirado”. O registro neo-testamentário, no entanto, mostra que o ministério do profeta é mais do que uma mera pregação. Isso também é indicado pelo fato de que todos os outros dons concedidos (como os de evangelista, pastor, e mestre) envolvem o falar. O profeta é alguém que fala publicamente sob a inspiração do Espírito Santo, sem nenhuma premeditação, nem preparação. O seu ministério talvez envolva muitas vezes o exercício do Dom da Profecia (1 Co 12:10), mas certamente inclui os Dons de Revelação, como a Palavra de Conhecimento e a Palavra de Sabedoria (1 Co 12:8). O Dom da Profecia funciona dentro da igreja de uma cidade ou da igreja local (ou “caseira”) (1 Co 14), mas o dom ministerial do profeta é para o benefício de todo o Corpo de Cristo. O profeta transmite revelações de coisas espirituais e de eventos ou circunstâncias presentes e futuros dos quais ele não tem nenhum conhecimento humano. Ele não exerce um controle (governo) sobre os líderes, seguidores, ou igrejas, nem comanda as suas direções. Em vez disso, ele confirma o que Deus já falou a um indivíduo. Como já vimos em nossos estudos anteriores, há uma diferença fundamental entre o sacerdócio do Antigo Testamento e o do Novo Testamento. Hoje em dia, todos os crentes são sacer- SEÇÃO E7 / 1013 dotes para Deus, com acesso direto ao “Santo dos Santas”. Todos os crentes têm um direito de acesso à mente de Cristo e a conhecerem a vontade de Deus, e não deveriam estar presos pela direção de um profeta. O profeta do Novo Testamento, no entanto, dá de fato um enfoque maior com relação aos eventos presentes ou futuros, e todos os crentes estão livres para agirem à luz destas revelações. Vemos este ministério profético do Novo Testamento funcionando nos seguintes versículos: Atos 11:27-30: Nesta passagem, o profeta Ágabo deu uma revelação com relação à fome iminente. Os discípulos tomaram passos práticos à luz desta profecia e enviaram ajuda aos irmãos de Jerusalém. Atos 20:22-24: Neste trecho, lemos sobre a decisão de Paulo de ir a Jerusalém apesar dos avisos do Espírito Santo (provavelmente através de um ministério profético) de que grilhões e aflições lá o aguardavam. Atos 21:10-14: O profeta Ágabo deu profecias ilustradas e predisse os sofrimentos que aguardavam a Paulo em Jerusalém. Contudo, o apóstolo estava determinado a continuar a sua jornada, e os outros disseram: “Faça-se a vontade do Senhor!” Outros profetas do Novo Testamento foram Judas e Silas (At 15:32). Desta forma, recebemos algumas revelações quanto à função do dom ministerial profético de acordo com o padrão neo-testamentário. Que Deus possa levantar esse tipo de ministério de uma forma maior nos dias vindouros e que Ele possa nos dar sabedoria para reconhecermos o seu funcionamento. (OBSERVAÇÃO: Para mais detalhes sobre o ministério profético, veja a Seção C5.) 3. Evangelistas A palavra significa “um pregador de boas novas”. Talvez o dom ministerial do evangelista seja o dom melhor compreendi- 1014 / SEÇÃO E7 E7.8 – Ministérios na Igreja Neo-Testamentária do de todos. O seu lugar e função na Igreja raramente tem sido alvo de controvérsias. O evangelista não faz a obra do apóstolo (fundar e estabelecer igrejas), nem a obra do pastor. Vemos um notável exemplo do ministério do evangelista em Filipe (At 8:5-40). Filipe desceu a Samaria e pregou Cristo. Muitos creram, à medida que sinais e maravilhas confirmavam o seu ministério. Filipe os batizou na água, mas, em seguida, passou os convertidos (resultados) da sua evangelização aos cuidados dos apóstolos Pedro e João. Aí então, Filipe entrou no deserto para dar as boas novas ao eunuco etíope. Desastres geralmente acontecem na obra de alguns evangelistas hoje em dia. Isto geralmente se deve ao fato de que eles deixam de reconhecer a verdadeira natureza deste dom ministerial. Pelo fato de Deus haver abençoado o evangelista em seu ministério, ele então decide ficar permanentemente num certo local. Isto priva outras pessoas não-alcançadas, não-salvas dos benefícios do seu ministério evangelístico, como também impede que os seus convertidos recebam os benefícios de outros dons, como os ministérios apostólico, pastoral e de ensino. Lembre-se: a Igreja NÃO é edificada sobre o fundamento do evangelista, e sim “edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas...” (Ef 2:20). A menos que os ministérios apostólico e profético entrem em cena para consolidar e confirmar os convertidos do evangelista, a Igreja que poderia ter nascido raramente chega a existir. Caso comece a existir, com o tempo ela fracassa (ou cai) por falta de um fundamento. O evangelista é o “braço” de Cristo, estendendo-se para alcançar o mundo. Os resultados do seu ministério deveriam ser reunidos e introduzidos em igrejas locais (ou “caseiras”) e supridos com os outros ministérios que Cristo estabeleceu em Sua Igreja. Em todos os casos do Livro de Atos (a menos que os convertidos fossem o resulta- do de um ministério apostólico), os apóstolos e profetas vinham logo após para colocarem os fundamentos. Isto transformava estes novos convertidos numa forte igreja. Leia Atos 11:19-27. Muitos creram. Aí então o Apóstolo Barnabé foi para o local. Em seguida, ele foi buscar Saulo (Paulo) para unir-se a ele em Antioquia. Logo depois, chegaram os apóstolos para ajudarem (vs. 27). Ignoramos este padrão, colocando-nos em perigo, como também aos novos crentes. 4. Pastores Neste caso, a palavra grega é “poimen”, que significa “um pastor”. O pastor de igreja é um “pastor de ovelhas”, que cuida do rebanho de Deus e o alimenta. O seu ministério é muito semelhante ao do presbítero. A sua personalidade e o seu ministério demonstram um amor, um cuidado e um interesse em alimentar as ovelhas. A diferença básica do presbítero é que ele geralmente é uma pessoa mais idosa (paternal) e nomeada devido a certas qualificações pessoais (1 Tm 3:1-7; Tt 1:5-9; etc.). O trabalho do presbítero também é o de “alimentar a igreja de Deus” (At 20:28). O cargo de presbítero, no entanto, é local, ao passo que o dom ministerial do “pastor” é concedido para todo o Corpo de Cristo. O pastor pode viajar de igreja a igreja, ao passo que o presbítero geralmente se encontra associado com apenas uma igreja local (ou “caseira”). Alguns sugerem que Timoteo e Tito possuíam o dom pastoral. Estes jovens serviam sob a supervisão geral de Paulo. Eles também foram comissionados por Paulo para ordenarem presbíteros (Tt 1:5). Os pastores também são geralmente qualificados como presbíteros, assim como o Apóstolo Pedro afirmou ser um presbítero (1 Pe 5:1). O cargo de presbítero é restrito à igreja local (ou “caseira”), ao passo que o dom ministerial de pastor, ainda que funcionando em e através de igrejas locais (ou “casei- CONSERVANDO A COLHEITA ras”), é concedido para o benefício de todo o Corpo de Cristo. 5. Mestres A palavra grega é “didaskalos”, que significa “um instrutor”, e é traduzida em nossas Bíblias por doutor e mestre. Há um relacionamento muito íntimo entre os dons ministeriais de pastor e mestre. Isto é sugerido na própria construção do texto de Efésios 4:11: “E Ele deu a alguns, pastores e mestres...” A Versão Moffatt traduz este versículo da seguinte maneira: “Ele concedeu alguns para serem evangelistas, alguns para pastorearem e ensinarem.” Não seria correto considerarmos as palavras “pastor” e “mestre” como sendo termos sinônimos. Não considere estes ministérios como sendo idênticos. Há, no entanto, uma ligação muito íntima entre os dois. O mestre trabalha com o pastor e o presbítero para o pastoreamento e o ensino da igreja local (ou “caseira”), cuidando do seu bem-estar espiritual e da sua instrução na Palavra de Deus. No ministério de ensino, geralmente há uma certa sobreposição. O ministério de ensino geralmente faz parte de um outro ministério. Por exemplo, o Apóstolo Barnabé (At 14:14) é citado como sendo um mestre também: “E havia na igreja que estava em Antioquia certos... mestres, como Barnabé...” (At 13:1). Paulo, semelhantemente, ilustra como um indivíduo possui um dom ministerial com muitas facetas. Ele escreve: “Para o que fui constituído um pregador, e um apóstolo, e um mestre dos gentios” (1 Tm 2:7; 2 Tm 1:11). C. PROPÓSITO DOS DONS MINISTERIAIS Sabemos que todos os membros do Corpo de Cristo têm o seu papel a cumprir na edificação da Igreja e na glorificação de Cristo. Contudo, Cristo, após a Sua ascensão, concedeu os cinco dons ministeriais com SEÇÃO E7 / 1015 um propósito específico, descrito para nós em Efésios 4:12: “Para o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para a edificação do Corpo de Cristo.” A palavra “aperfeiçoamento” neste verso é traduzida da palavra grega katartismos, que significa “completar”. Este termo origina-se da palavra katartizo, que significa “reparar ou ajustar; adequar, reparar; aperfeiçoar, preparar, restaurar”. Isto descreve o motivo pelo qual foram dados os cinco dons ministeriais. Uma outra tradução esclarece este significado: “Para preparar o povo de Deus para as obras de serviço a fim de que o Corpo de Cristo possa ser edificado” (Ef 4:12). Isto abre um novo e desafiante conceito com relação ao propósito dos dons ministeriais na Igreja. Os dons ministeriais NÃO são para executar a obra do ministério. Eles devem reparar as vidas alquebradas e preparar os crentes, a fim de que os membros façam a obra do ministério. Este conceito é confirmado pelo Novo Testamento Amplificado, o qual traduz Efésios 4:12 da seguinte forma: “A Sua intenção era o aperfeiçoamento e o pleno equipamento dos santos [o Seu povo consagrado] para que eles fizessem a obra da ministração tendo em vista a edificação do Corpo de Cristo [a Igreja].” Este conceito de fato ilumina maravilhosamente o propósito do ministério no Corpo de Cristo! Na formação de um exército, os oficiais são primeiramente treinados a fim de que, por sua vez, possam treinar as tropas. Da mesma maneira, Cristo dotou a certas pessoas da Sua Igreja, a fim de que, através dos seus dons ministeriais, eles possam equipar os santos para ministrarem para o benefício de toda a Igreja. Assim sendo, o Corpo de Cristo e cada igreja local (ou “caseira”) deveriam ministrar e edificar a si próprios. Muito embora nem todos os crentes possuam dons ministeriais, todos, no entanto, possuem um ministério a executar 1016 / SEÇÃO E7 E7.9 – Os Dirigentes da Igreja de Uma Cidade e da Igreja Local no desenvolvimento da Igreja e na edificação do povo de Deus. Que cada um de nós, como membro do Corpo de Cristo, possa descobrir o seu ministério e cumpri-lo. “Temos diferentes dons, de acordo com a graça que nos é dada. Se o dom de um homem for profetizar, que ele o use proporcionalmente à sua fé. “Se for servir, que sirva; se for ensinar, que ensine; “Se for encorajar, que encoraje; se for contribuir com as necessidades dos outros, que dê generosamente; se for liderar, que governe diligentemente; se for demonstrar misericórdia, que o faça com alegria” (Rm 12:6-8). Capítulo 9 Os Dirigentes da Igreja de Uma Cidade e da Igreja Local Introdução Havendo considerado os cinco dons ministeriais, que funcionam na Igreja Universal, em todo o Corpo de Cristo, examinemos agora, brevemente, os ministérios que pertencem à igreja de uma cidade e à igreja local (ou “caseira”). Vimos anteriormente que o governo neo-testamentário baseia-se na igreja de uma cidade ou na igreja local (ou “caseira”). O padrão original apresenta um quadro de muitas igrejas locais (ou “caseiras”), com governo próprio, onde os presbíteros guardam e alimentam o rebanho. Estas igrejas locais (ou “caseiras”) dentro de uma cidade (igreja) são coordenadas pelos bispos (supervisores) e cooperam para a expansão do Reino de Deus. Ao abordarmos o dom ministerial de pastor, observamos que há uma notável semelhança entre o ministério de pastor e o cargo de presbítero. A diferença fundamental entre eles é que o dom pastoral, ainda que funcionando na igreja local (ou “caseira”), não precisa ser limitado a uma só igreja local (ou “caseira”). É um dom que pode servir a qualquer igreja local (ou “caseira”) que convidar a este pastor. O pastor serve a todo o Corpo de Cristo. Basicamente há dois cargos na igreja de uma cidade, a saber, os presbíteros (que servem numa igreja local) e os diáconos (que servem a todas as igrejas locais, dentro da igreja de uma cidade). Por exemplo, havia muitas igrejas locais (ou “caseiras”) dentro da Cidade de Jerusalém. Esta igreja da cidade teve 3.000 novos convertidos no Dia de Pentecostes e 5.000 homens (além de mulheres e crianças) pouco tempo depois (Compare At 2:41; 4:4). Eles se reuniam em pequenos grupos nas casas. Os que tinham dinheiro compartilhavam e davam diretamente aos pobres, segundo as suas necessidades (At 2:44,45). Alguns, no entanto, davam o produto da venda de terras e propriedades aos apóstolos, os quais, por sua vez, distribuíam o dinheiro aos necessitados. Aparentemente, o dinheiro não era guardado pelos presbíteros nas igrejas locais (ou “caseiras”). Em vez disso, ele era dado aos apóstolos, os quais escolhiam diáconos para distribuí-lo às viúvas e outros necessitados (Compare At 4:34-37; 5:3; 6:1-7). Em Filipenses 1:1, Paulo escreve “a todos os santos em Cristo Jesus que estão em Filipos [uma igreja de cidade] com os BISPOS e DIÁCONOS.” O bispo era um presbítero superintendente ou supervisor. Veja também Tito 1:5,7. Examinemos agora este cargo um pouco mais detalhadamente. A. PRESBÍTEROS 1. O Trabalho Deles Em Atos 20, lemos sobre a palavra de Paulo aos presbíteros de Éfeso: “...e de Mileto mandou a Éfeso, e chamou os presbíteros da igreja’’ (At 20:17). Paulo Lhes disse; “Porque não me esquivei de vos declarar todo o conselho de Deus. CONSERVANDO A COLHEITA “Olhai pois por vós, e por todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu supervisores, para alimentardes a Igreja de Deus, a qual Ele adquiriu com o Seu Próprio sangue” (At 20:27,28). Nesta ocasião, Paulo falou com os PRESBÍTEROS e Lhes disse que o Espírito Santo os havia feito SUPERVISORES (no grego = presbuteros, que é traduzido como bispos em todas as demais passagens da Versão Autorizada Inglesa). O apóstolo lhes ordenou a ALIMENTAREM o rebanho, sobre o qual eles haviam tornado a supervisão. Isto mostra o intimo relacionamento entre o ministério pastoral e o cargo do presbítero, e, contudo, não há nenhuma referência aqui a um dom ministerial sendo exigido. Esta e outras passagens bíblicas nos fornecem o seguinte sumário do trabalho dos presbíteros na igreja local (ou “caseira”): a. Ficar Atento ao Rebanho. Eles precisam “olhar... por todo o rebanho, sobre o qual o Espírito Santo lhes constituiu supervisores” (At 20:28). b. Alimentar a Igreja. Eles devem “alimentar a igreja de Deus” (At 20:28 – veja também 1 Pedro 5:1,2). c. Tomar Conta da Igreja. Eles devem “tomar conta da igreja de Deus” (1 Tm 3:5). d. Governar Bem. Os presbíteros devem “governar”, e os que “governam bem” devem ser “...bem pagos e deveriam ser muito apreciados, especialmente os que trabalham arduamente, tanto na pregação como no ensino” (1 Tm 5:17). e. Permanecer Fiel à Mensagem. Uma outra responsabilidade do presbítero é “...permanecer firme na mensagem que é digna de confiança como foi ensinado, a fim de que ele possa encorajar os outros através da sã doutrina e refutar os que se opõem a ela” (Tt 1:9). f. Ensinar com Aptidão. O presbítero precisa ser “apto [ou capacitado] para ensinar” (1 Tm 3:2). SEÇÃO E7 / 1017 g. Visitar os Enfermos e Orar por Eles. Os presbíteros precisam estar disponíveis quando são chamados para visitarem os enfermos e para fazerem “a oração de fé” (Tg 5:14,15). Resumindo-se então: Aparentemente havia presbíteros que também eram apóstolos (como era o caso de Pedro); os que tinham responsabilidades em toda a cidade como bispos (supervisão de outras pessoas); os que eram especialmente dotados na pregação e no ensino; e os que, devido à sua idade avançada e ao seu caráter, agiam como pais espirituais numa igreja local (ou “caseira”). 2. As Suas Qualificações As qualificações necessárias para o cargo de presbítero encontram-se em duas passagens: 1 Timóteo 3:1-7 e Tito 1:6-9. Combinando-se estas duas passagens, temos a seguinte lista de qualificações pessoais exigidas pelas Escrituras: “O bispo precisa ser irrepreensível... marido de uma só mulher... vigilante... sóbrio... de bom comportamento... dado a hospitalidade... apto para ensinar... não dado ao vinho... não espancador... não cobiçoso pelo dinheiro... paciente... não contencioso... não ganancioso... não obstinado... não iracundo... não recém-chegado à fé [um noviço] para que, ensoberbecendose não caia na condenação do diabo... “alguém que governe bem a sua própria casa, tendo filhos fiéis e que não sejam acusados de tumultos e indisciplina, tendo os seus filhos em sujeição, com toda austeridade... “ser apreciador de homens bons... justo... santo... sóbrio... além do mais, ele precisa ter uma boa reputação dos que estão de fora, para que não caia em afronta e no laço do diabo.” Portanto, vemos que as características importantes de um presbítero biblicamente qualificado encontram-se em sua vida pessoal. Com relação ao seu ministério, ele deve 1018 / SEÇÃO E7 E7.9 – Os Dirigentes da Igreja de Uma Cidade e da Igreja Local ensinar aquilo que ele próprio foi ensinado e cuidar do rebanho. 3. Não Enfatize em Demasia a Estrutura Ainda que as estruturas que estabelecemos para conservarmos a Colheita possam ser importantes, os líderes de igreja não deveriam enfatizar isto demasiadamente. Qual é o mais importante? O vinho (a Colheita) ou o odre (aquilo que conserva a Colheita). A Bíblia responde a esta pergunta: “...o construtor de uma casa tem maior honra que a casa em si” (Hb 3:3). Jesus está construindo a Sua Casa (a Igreja). Porém, sempre precisamos dar-Lhe muito mais honra do que a Casa em si. A liderança da igreja e os dons ministeriais são necessários para ajudarem na edificação da Igreja. As estruturas de liderança que adotamos para contermos e preservarmos a Colheita são menos importantes que o Senhor da Colheita (Jesus) ou a Colheita em si (os crentes). Portanto, NÃO enfatize demasiadamente o odre, a estrutura, o governo, e como as coisas são organizadas. Adote aquilo que funciona no seu país e na sua cultura. Peça que o Senhor lhe dê sabedoria e o ajude a estabelecer o mínimo de estrutura possível. Lembre-se: a Igreja de Jerusalém tinha mais de 5.000 famílias (30.000 pessoas ou mais) e somente sete diáconos e doze apóstolos. 4. O Presbitério Local Inclui os Dons Ministeriais Os dons ministeriais de pastor e mestre são estabelecidos na Igreja para servirem a muitas congregações. O presbítero, no entanto, executa um ministério semelhante, em seu cargo como presbítero, na igreja local (ou “caseira”). Os pastores talvez venham e se vão; os mestres talvez venham e se vão; mas o cargo do presbítero permanece na igreja local (ou “caseira”). Os cinco dons ministeriais são (na maioria dos casos) presbíteros ambulantes. Aparentemente, o presbitério de uma igreja local (ou “caseira”) pode incluir qualquer um ou todos os cinco dons ministeriais. Pelo menos temos a evidência de que Pedro, que era um apóstolo, também era um presbítero: “...aos presbíteros, que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles...” (1 Pe 5:1). O presbitério da igreja de uma cidade ou de uma igreja local (ou “caseira”) pode incluir uma pessoa que tenha um dom ministerial apostólico, como é o caso de Pedro. Como na Igreja de Antioquia (At 13:1-3), talvez haja outros que possuam o dom ministerial de profeta, evangelista ou mestre, que consideram uma determinada igreja como sendo a sua igreja local. Neste caso, esses homens podem servir no presbitério de sua igreja local (ou “caseira”), e, contudo, os seus ministérios funcionam num âmbito muito maior, para o benefício de todo o povo de Cristo. Além disso, talvez seja possível que uma pessoa possua um dom ministerial, e, no entanto, por algum motivo ela não se qualifique como presbítero desta igreja local (ou “caseira”). Se for este o caso, estes dons ministeriais ambulantes, de acordo com o que cremos, estariam submissos aos presbíteros que Deus ordenou na igreja local (ou “caseira”). Podemos sumarizar estes pensamentos, dizendo que o presbitério constitui a supervisão local e é nomeado de acordo com certas qualificações pessoais. Os dons ministeriais são concedidos pelo Senhor Jesus Cristo para servirem a Sua Igreja em muitas localidades sobre a terra, de acordo com a Sua Própria vontade. B. DIÁCONOS 1. O Trabalho Deles A palavra “diácono” significa “servo”. O trabalho do diácono é servir às necessi- CONSERVANDO A COLHEITA dades práticas dos líderes e membros da igreja de uma cidade e da igreja local (ou “caseira”). Há muitas maneiras pelas quais os diáconos podem servir aos interesses de uma igreja de uma cidade, mas estas maneiras podem ser melhor determinadas por cada igreja e as suas circunstâncias específicas. Em geral deveria ser compreendido que os diáconos têm a responsabilidade de tomar conta dos aspectos materiais (financeiros) do trabalho da igreja de uma cidade. Assim sendo, o ministério e a supervisão são liberados para se devotarem às necessidades espirituais e ao bem-estar da igreja. 2. As Qualificações Deles As qualificações pessoais do diácono foram citadas para nós em 1 Timóteo 3:8-13. Elas incluem todos os aspectos da integridade pessoal, da espiritualidade e de se ter uma vida doméstica bem ordenada. O versículo 13 apresenta uma maravilhosa promessa aos diáconos fiéis: “Os que se saírem bem como diáconos serão bem recompensados, tanto pelo respeito dos outros, como também pelo desenvolvimento da sua própria confiança e intrepidez no Senhor.” Toda a igreja de cidade ativa conhece o valor de diáconos fiéis e eficientes. C. OUTROS REPRESENTANTES Em Atos 6:1-6, lemos sobre a escolha de sete homens batizados no Espírito para aliviarem os apóstolos de suas responsabilidades domésticas, a fim de que pudessem ser liberados para se dedicarem à oração e ao ministério da Palavra. Estes homens talvez tenham sido, como crêem alguns, os primeiros diáconos. Mas o registro bíblico não nos diz isto. Contudo, vemos de fato nesta passagem o princípio da separação dos deveres espirituais dos deveres naturais e domésticos que consomem muito tempo, com relação à SEÇÃO E7 / 1019 igreja de uma cidade e à igreja local (ou “caseira”). Abrindo em Coríntios 12:28, encontramos uma lista de alguns dos ministérios e cargos que o Senhor estabeleceu na Igreja, os quais incluem “ajudas” e “governos” (administração). O Novo Testamento Amplificado em Inglês e a Versão Moffatt traduzem estas palavras como “ajudantes” e “administradores”. Os líderes de igreja de comunidades maiores, ou que também estejam na liderança de muitas igrejas locais (ou “caseiras”) de uma cidade, podem nomear ajudantes na organização e na administração dos afazeres da igreja da cidade. Muitas igrejas nomeiam conselhos (um grupo de diáconos) para supervisionarem os assuntos comerciais envolvidos nos afazeres da assembléia. Provou-se que isto é muito eficiente, especialmente na manipulação das exigências financeiras e legais da igreja. Como regra geral, talvez descubramos que há muitos que são qualificados para servirem à assembléia na qualidade de diáconos, mas que não são, necessariamente, equipados para manusearem os aspectos mais complicados da administração comercial. Assim sendo, vemos a vantagem de conselhos sendo designados para suprirem esta necessidade e para servirem à assembléia sob a supervisão dos presbíteros. D. SUMÁRIO Sumarizando os nossos pensamentos sobre os cargos que funcionam dentro da igreja local (ou “caseira”), diríamos que o Senhor ordenou que: • Os presbíteros constituíssem o governo e supervisionassem as necessidades espirituais da assembléia, muito embora este presbitério também possa incluir irmãos que possuam dons ministeriais. • Os diáconos fossem nomeados para 1020 / SEÇÃO E7 E7.10 – Equipamento Sobrenatural Para a Igreja Local tomar conta do aspecto material (financeiro) das atividades da igreja local (ou “caseira”). O Novo Testamento permite a nomeação dos que são especificamente qualificados para aconselhar e também assistir na administração da igreja da cidade e dos afazeres da igreja local (ou “caseira”). Todas as atividades, no entanto, deveriam funcionar sob a supervisão espiritual do presbitério local. Capítulo 10 Equipamento Sobrenatural Para a Igreja Local OBSERVAÇÃO: Para informações adicionais sobre este tema, estude a Seção D. A. O CRENTE E O ESPÍRITO SANTO “Com relação aos dons espirituais, meus irmãos, não quero que sejais ignorantes” (1 Co 12:1). Com estas palavras, o Apóstolo Paulo começa a nos ensinar sobre a natureza e a operação dos nove Dons do Espírito Santo. Estes três capítulos (1 Coríntios 12, 13 e 14) não são compreendidos pela grande maioria dos mestres e estudantes da Bíblia. Isto se deve ao fato de eles haverem negado a bênção plena do Espírito Santo na vida do cristão e a plena manifestação do Espírito na Igreja dos dias atuais. Contudo, quando concedemos ao Espírito uma livre expressão (quando Ele não é apagado nem extinto), logo descobrimos que não é o Novo Testamento que é antiquado, e sim a experiência do cristianismo moderno. O poder e a manifestação do Espírito Santo são os mesmos hoje que os da época em que a Bíblia foi escrita. Se permitirmos que Ele tenha a liberdade para agir como desejar, estes três capítulos da Carta de Paulo aos Coríntios são compreendidos e vivenciados. 1. “Um Outro Consolador” Quando Jesus estava na terra em carne, os Seus discípulos dependiam d’Ele dia após dia, para o seu treinamento, poder, direção, e correção. Eles contavam com a SUA fé, com a SUA sabedoria e com o SEU poder. Quando Ele lhes contou que precisava deixá-los, eles ficaram extremamente angustiados. O que deveriam fazer agora? Com quem poderiam contar? Foi então que o Mestre lhes disse que se Ele fosse embora, UM OUTRO CONSOLADOR (Ajudante) lhes seria enviado. Este CONSOLADOR foi chamado de “a promessa do Pai” e “o Espírito da verdade”, o Qual já estava habitando COM eles, mas que mais tarde habitaria DENTRO deles (Jo 14:17). Quando o CONSOLADOR (O Espírito Santo) estivesse habitando DENTRO deles, Jesus disse que os discípulos continuariam a fazer as obras de poder que O haviam visto fazendo. Jesus ensinou aos Seus seguidores que eles fariam obras ainda maiores do que as que Ele fez porque, muito embora Ele retornaria ao Céu, o Espírito Santo capacitaria muitos discípulos em muitas partes do mundo durante toda esta Era do Evangelho (veja João 14:12-17; 16:7-15). Já que os primeiros discípulos dependiam completamente de Cristo, será que não deveríamos depender completa e constantemente deste OUTRO CONSOLADOR, o Espírito Santo? Ele foi enviado para nos capacitar a continuarmos o miraculoso ministério de Jesus até a Sua gloriosa Segunda Vinda. Jesus disse aos discípulos: “Tudo o que pertence ao Pai é Meu. Foi por isto que Eu disse que o Espírito tiraria do que é Meu para revelá-lo a vós.” O Espírito Santo deveria ser o agente (representante) de Cristo DENTRO de todos os crentes – tomando CONSERVANDO A COLHEITA a sabedoria DE CRISTO, o SEU poder, a SUA autoridade, o SEU caráter, e revelando isto tudo dentro e através do crente, e de todas as assembléias de crentes. 2. O Espírito Santo Dentro do Crente O Espírito Santo desceu do Céu no Dia de Pentecostes e batizou os 120 discípulos que estavam aguardando em oração no Cenáculo de Jerusalém. Depois disto, o Espírito deveria batizar a todos os crentes espiritualmente famintos e sedentos e capacitar a cada um deles a ser uma eficiente testemunha para Cristo (At 1:8; 2:38,39). O Espírito estava COM todos os crentes, mas os crentes deveriam RECEBER o Espírito para ter o Espírito DENTRO deles. Esta era uma experiência distinta da salvação e do batismo na água (At 8:12-17; 19:1-6). O padrão neo-testamentário é: ARREPENDA-SE, aí então CREIA EM CRISTO, seja BATIZADO na água, e RECEBA A PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO (At 2:38,39; 19:1-7, etc.). B. OS NOVE DONS DO ESPÍRITO SANTO Foi a uma assembléia de pessoas batizadas com o Espírito Santo desta forma que Paulo escreveu estes três capítulos: 1 Coríntios 12, 13, e 14. Ele estava explicando como o Espírito Santo havia vindo para trazer vários DONS (capacitações sobrenaturais), para que o ministério do Cristo exaltado pudesse ser continuado através dos membros do Seu Corpo (a Igreja) aqui na terra. Lá estava o equipamento sobrenatural de Deus para o ministério e para a adoração. Por motivos de conveniência, geralmente dividimos estes nove Dons espirituais em três categorias, com três Dons em cada categoria, da seguinte maneira: DONS DE REVELAÇÃO – Palavra de SEÇÃO E7 / 1021 Conhecimento, Palavra de Sabedoria e Discernimento de Espíritos. DONS DE PODER – Dom da Fé, Dons de Curas e Operação de Milagres. DONS DE FALA INSPIRADA – Dom de Línguas, Dom de Interpretação de Línguas e Dom de Profecia. 1. Dons de Revelação a. Palavra de Conhecimento. Não é um conhecimento naturalmente adquirido e amplificado, e sim uma transmissão sobrenatural da onisciência (ou conhecimento infinito) de Deus. É um Dom do Espírito Santo. É uma transmissão milagrosa de um fragmento do conhecimento de Deus a um crente batizado no Espírito Santo. Assim como uma PALAVRA pode expressar apenas um fragmento do nosso próprio conhecimento, semelhantemente a “PALAVRA de Conhecimento” é simplesmente uma expressão fragmentada do infinito conhecimento de Deus – exatamente o suficiente para suprir a necessidade da ocasião. Ela funciona quando estamos sob a unção e o poder do Espírito. É uma palavra divinamente transmitida com relação a sabermos algo. Talvez seja um conhecimento com relação a um evento, ou uma revelação no tocante ao que está causando uma enfermidade (especialmente no ministério de curas). Também poderia se referir ao conhecimento sobre certas circunstâncias. É um conhecimento espiritualmente transmitido e que não poderia ser obtido de uma outra forma. É um fragmento do infinito conhecimento de Deus que é implantado no coração humano para suprir uma necessidade específica no funcionamento do ministério do Corpo de Cristo na terra. A Palavra de Conhecimento não é dada para satisfazer a nossa curiosidade! Ela é dada com o mesmo propósito de todos os outros Dons do Espírito: “para o bem co- 1022 / SEÇÃO E7 E7.10 – Equipamento Sobrenatural Para a Igreja Local mum de todos” (1 Co 12:7). Ela serve para capacitar os crentes batizados no Espírito a continuarem o milagroso ministério de Jesus. b. Palavra de Sabedoria. Não é uma sabedoria natural, nem a sabedoria do filósofo ou do “pensador”. É o Dom sobrenatural do Espírito Santo. É uma transmissão miraculosa de um fragmento da sabedoria de Deus a um crente batizado no Espírito Santo. Assim como uma PALAVRA pode expressar somente um fragmento da nossa própria sabedoria, semelhantemente a “PALAVRA de Sabedoria” é apenas uma expressão fragmentada da infinita sabedoria de Deus – exatamente suficiente para suprir as necessidades da ocasião. Os que têm sido abençoados com o exercício deste Dom sabem que ele vem, sobrenaturalmente, para suprir uma necessidade específica. Ele funciona somente quando somos ungidos pelo Espírito Santo. Este Dom geralmente funciona juntamente com (ou após) uma Palavra de Conhecimento. Através da Palavra de Sabedoria, sabemos (através do Espírito) o que fazer com (como aplicarmos de uma maneira prática) o conhecimento (as informações) que recebemos quando a Palavra de Conhecimento veio até nós. Certamente esta “Palavra de Sabedoria” é necessária para a liderança e o ministério de cada igreja local (ou “caseira”). c. Discernimento de Espíritos. Este NÃO é, como é freqüentemente citado erroneamente, o Dom de DISCERNIMENTO. O discernimento de espíritos é estritamente limitado ao mundo dos espíritos. Através dele, podemos saber se um milagre ou manifestação é procedente do Espírito Santo, do nosso espírito humano ou de um espírito demoníaco. Ele é especialmente útil no ministério de expulsão de demônios (Mc 16:17, etc.). A palavra grega traduzida por “discernimento” é diakrisis, que significa “um jul- gamento minucioso, um sumário, ou uma avaliação.” Este Dom do Espírito Santo nos capacita a totalmente sumarizarmos a instrução no caso de possessão demoníaca, sabendo o nome, a natureza e a força do demônio, e possuindo o poder para expulsá-lo em nome de Jesus. Já que os poderes das trevas geralmente se encontram por detrás dos tormentos mentais e físicos nunca é demais enfatizarmos a importância deste Dom de Discernimento de Espíritos em nenhum ministério de libertação hoje em dia. 2. Dons de Poder a. Dom da Fé. Todos os cristãos possuem a fé como uma faculdade de seus espíritos humanos. A fé nasce no coração de todos os homens e mulheres. Alguns possuem “pouca fé”, outros uma “fé hesitante”, e outros ainda uma “grande fé”. Este Dom da Fé, no entanto, é uma transmissão Sobrenatural da irresistivel fé de Deus para o coração de um crente batizado no Espírito Santo. É uma fé especial para um propósito especial. É um equipamento sobrenatural para levarmos adiante o milagroso ministério de Jesus, e é um Dom do Espírito Santo. Este Dom funciona sob a unção do Espírito. Os crentes individuais e as assembléias locais (ou “caseiras”) certamente poderiam alcançar grandes coisas para Deus se este Dom fosse manifesto mais freqüentemente. b. Dons de Curas. Estes Dons são para a cura de enfermidades físicas. Há muitas maneiras pelas quais as pessoas são curadas. Existe a cura através de métodos médicos, de métodos naturais de dieta, pelo desenvolvimento de um padrão de pensamento correto, positivo, e saudável, pela nossa própria oração e fé, ou pela oração e fé dos outros. Nenhum destes métodos, no entanto, inclui os DONS DE CURAS. Os Dons de Curas são sobrenaturalmente transmitidos ao crente batizado no Espírito CONSERVANDO A COLHEITA através do poder do Espírito Santo. O seu propósito é o de nos capacitar a levarmos adiante o ministério de cura de Jesus. Eles NÃO se sobrepõem à necessidade de fé por parte da pessoa enferma. Jesus não podia curar onde não havia nenhuma fé (Mc 6:5,6). Entretanto, onde os Dons de Curas estiverem em funcionamento no ministério, o poder de cura encontra-se disponível aos que podem recebê-lo pela fé. Muitos se perguntam o motivo pelo qual Paulo usou o plural “Dons”. Aparentemente, vários Dons são necessários para vários tipos de enfermidades. Seria como no mundo médico, onde há “especialistas” em diferentes enfermidades. Vale a pena observamos que os Dons de Curas deveriam ser uma parte integral do ministério da Igreja – “ESTABELECIDOS” na Igreja (1 Co 12:28). c. Operação de Milagres. A palavra grega é energemo dunamis, que significa literalmente “energia do poder”. Este Dom do Espírito é para a demonstração do poder de Deus. Ele pode ser visto em certas curas milagrosas, como a consolidação instantânea de ossos quebrados, na dissolução de um câncer, etc. Este Dom, no entanto, vai muito além do campo físico. Ele inclui os atos do poder divino sobre a natureza, como a maldição sobre a figueira (Mc 11), e sobre os elementos, como a transformação da água em vinho (Jo 2), a tempestade sendo acalmada (Lc 8), etc. Não há dúvida nenhuma de que, à medida que nos aproximamos do final desta era e o derramamento do Espírito Santo aumenta, haveremos de ver muito mais sendo realizado por meio deste Dom espiritual da “operação de milagres” do que jamais vimos em tempos modernos. 3. Dons de Fala Inspirada a. Dom de Línguas. Não é a capacidade de aprendermos e falarmos em outras SEÇÃO E7 / 1023 línguas, como supõem alguns. Tampouco é o propósito deste Dom a pregação do Evangelho no estrangeiro. No Dia de Pentecostes (At 2) 120 discípulos foram batizados com o Espírito e começaram a falar em outras línguas, de forma que os visitantes de Jerusalém, procedentes de outras nações, puderam entender um pouco aqui e um pouco ali, em suas línguas maternas. Mas quando foi necessário responder as suas perguntas e pregar o Evangelho a eles, Pedro se levantou e falou com todos eles em aramaico, que era a língua falada naquela parte do mundo. O resultado disto é que 3.000 almas se arrependeram e foram salvas. Eles certamente compreenderam a pregação de Pedro. Portanto, as “outras línguas” foram uma evidência do batismo e da capacitação do Espírito, mas não tinha o propósito da pregação a estrangeiros. Em 1 Coríntios 14:2, Paulo diz: “O que fala numa língua estranha NÃO fala aos homens, e sim a Deus.” E no versículo 4: “O que fala numa língua estranha, edifica-se a si mesmo.” No versículo 5 ele diz: “Eu gostaria que todos vocês falassem em línguas”, no versículo 18: “Dou graças a Deus que falo em línguas mais do que todos vocês”, e no versículo 39: “Não proíbam o falar em línguas.” No Livro de Atos, Capítulos 2, 10 e 19, as pessoas receberam o Espírito Santo, com o resultado de que falaram em outras línguas. Este é o sinal inicial mais comum do batismo com o Espírito. Em 1 Coríntios Capítulos 12-14, Paulo está escrevendo sobre o Dom de Línguas, que é a capacidade de se falar numa reunião, e que é seguido pelo “Dom Gêmeo” da Interpretação de Línguas. Em 1 Coríntios 14:27 ele diz que, se um intérprete estiver presente, dois ou TRÊS poderão falar em línguas numa reunião. Se não houver ninguém presente com o Dom de Interpretação, a congregação deveria per- 1024 / SEÇÃO E7 E7.10 – Equipamento Sobrenatural Para a Igreja Local manecer em silêncio com cada um falando consigo próprio e com Deus (1 Co 14:27, 28). Alguns ensinam que o Novo Testamento faz uma distinção entre: • “línguas” como evidência inicial do batismo do Espírito, • “línguas” de adoração ou intercessão, exercitadas em nossas devoções a sós, e • o DOM DE LÍNGUAS para ser exercitado numa reunião, seguido pelo DOM DE INTERPRETAÇÃO , para que todos possam ser edificados por meio dele. Este seu editor descobriu que quando os crentes são adequadamente instruídos e, adquirem experiência com o Dom, eles podem usá-lo em todas as dimensões acima. Paulo também explica que quando uma pessoa fala em línguas, a sua compreensão (mente) é infrutífera (improdutiva) e o seu espírito (e não a sua mente) está falando com Deus (1 Co 14:14,15). “Por esta razão, qualquer um que falar numa língua deveria orar para que pudesse interpretar o que diz” (1 Co 14:13). O Espírito Santo, o Mestre de todas as línguas, move-Se sobre o próprio espírito da pessoa e a inspira para que ela fale em público numa língua que lhe é desconhecida. Este é um Dom do Espírito Santo e é tão sobrenatural quanto qualquer um dos outros Dons previamente estudados. b. Dom de Interpretação de Línguas. É um “gêmeo” do Dom anterior. Em 1 Coríntios 14:5 Paulo diz: “Maior é o que profetiza do que o que fala em línguas, a não ser que interprete, para que a igreja possa receber edificação.” As “línguas”, por si só, são para o beneficio exclusivo do indivíduo (v. 4), a menos que sejam seguidas pelo Dom de Interpretação de Línguas. Isto torna a mensagem inspirada compreensível à congregação. Por esta razão, Paulo diz no versículo 13: “Pelo que, o que fala a língua estranha, ore para que possa interpretá-la.” Isto capacitaria a pessoa que fala em línguas a trazer edificação à congregação exercitando os Dons gêmeos de Línguas e Interpretação de Línguas. A Interpretação de Línguas é tão sobrenatural quanto o Dom de Línguas, ou qualquer outro dos nove dons espirituais. Não APRENDEMOS a língua, mas o mesmo Espírito Santo que inspira o falar em línguas inspira também a sua interpretação. Isto tampouco é uma TRADUÇÃO, a qual é geralmente feita palavra por palavra, ou é uma tentativa de uma interpretação literal. Este Dom de Interpretação, no entanto, nos dá o SIGNIFICADO da mensagem em línguas. O Espírito interpreta o significado do que foi dito em línguas. Isto significa que pode haver uma maior elaboração e explicação do que foi contido nas palavras faladas em línguas. Quando a língua for uma oração, a interpretação poderá ser um relatório em detalhe da oração na língua conhecida. Ou ainda a interpretação poderia incluir a resposta de Deus à oração, inteirando os ouvintes sobre o que Deus vai fazer por causa da oração – e quaisquer condições que precisem ser satisfeitas para que a oração seja respondida. O elo entre o indivíduo que fala em línguas e o intérprete é o Espírito Santo inspirando a ambos. c. Dom de Profecia. Finalmente, vamos considerar este terceiro Dom de fala – Profecia. Este dom não é uma pregação, muito embora a pregação possa, ocasionalmente, elevar-se a esta dimensão. Se este for o caso, aí então o preletor estará pregando por profecia (1 Co 14:6). Há várias palavras gregas referentes à “pregação” e que são usadas no Novo Testamento. Mas “profecia” significa “falar publicamente de acordo com a inspiração de um outro”, “falar sob inspiração”, “ex- CONSERVANDO A COLHEITA pressão verbal não-preparada e não-premeditada”. O Dom da Profecia é tão sobrenatural quanto qualquer um dos outros oito Dons espirituais. Não é uma mensagem preparada e procedentes da mente natural, mas é uma mensagem que flui do interior do nosso espírito. O seu propósito é triplo: “edificação [desenvolvimento], exortação [encorajamento], e consolo [ânimo]” (1 Co 14:3). Muito embora a profecia seja uma expressão verbal inspirada, este dom está sempre sob o controle da pessoa que fala. Assim sendo, lemos em 1 Coríntios 14:32: “Os espíritos dos profetas estão sujeitos ao controle dos profetas.” Isto significa que a própria vontade e as faculdades da pessoa regulam o exercício deste dom espiritual. A “Living Bible” (Bíblia Viva) traduz o versículo acima da seguinte maneira: “Lembrem-se de que a pessoa que tem uma mensagem de Deus tem o poder de se conter ou de esperar a sua vez.” Assim, consideramos brevemente os três Dons de expressão verbal inspirada: Línguas, Interpretação de Línguas, e Profecia. Estes Dons deveriam estar em funcionamento em todas as igrejas. Eles são características de uma igreja neo-testamentária e fazem parte do padrão neo-testamentário para a Igreja de hoje. (OBSERVAÇÃO: A Seção D1 contém mais ensinamentos sobre os Dons do Espírito.) C. O CAMINHO MAIS EXCELENTE Quando são confrontados com o desafio dos dons espirituais hoje em dia, muitos recorrem a um texto mal aplicado, que diz: “Eu prefiro o CAMINHO MAIS EXCELENTE” (Veja 1 Coríntios 12:31, e o Capítulo 13). É uma afirmação errônea que o “caminho mais excelente” é o caminho do amor ao invés dos Dons. SEÇÃO E7 / 1025 Será que devemos crer que o Apóstolo Paulo nos ensinou que deveríamos ter o AMOR, em vez dos DONS DO ESPÍRITO? Absolutamente não! O Capítulo 13 foi sabiamente colocado entre os Capítulos 12 e 14 a fim de fornecer um maravilhoso equilíbrio entre o FRUTO DO ESPÍRITO (representados pelo amor) e os DONS DO ESPÍRITO. O Fruto do Espírito nos capacita a demonstrarmos aos outros o caráter de Cristo. Os Dons do Espírito nos capacitam a demonstrarmos aos outros o poder de Cristo. Precisamos desesperadamente de ambos. O FRUTO (constituído de nove partes) do Espírito é amplificado em Gálatas 5:22, 23, mas o AMOR sintetiza todo este fruto espiritual. O FRUTO é o resultado do crescimento. É necessário algum tempo para que o fruto cresça e amadureça. Da mesma forma, o FRUTO do Espírito é o resultado do crescimento e maturidade espirituais. É a evidência do caráter cristão formado em nossa vida pelo Espírito Santo. Os DONS não são assim: são fornecidos como um equipamento sobrenatural para o serviço e o ministério. Os DONS são distribuídos (dados gratuitamente pelo Espírito). O FRUTO é produzido dentro de nós, como parte de nós, pelo Espírito. Assim sendo, Paulo pode escrever em 1 Coríntios 13 que até mesmo se ele tivesse “as línguas dos homens e dos anjos... profecia... conhecimento... fé”, etc. (com tudo isto sendo bom e recomendável), e, contudo, carecesse de amor em sua vida, ELE não seria nada. Em outras palavras, é possível possuirmos todos os DONS do Espírito para o serviço, e, contudo, não produzirmos o FRUTO para o caráter pessoal cristão. 1. Dons com Amor Assim sendo, qual é o “caminho mais excelente”? será que é o amor às custas dos Dons? Ou os Dons às custas do amor? 1026 / SEÇÃO E7 E7.11 – Todas as Igrejas Locais: Uma Base Para a Evangelização Não! O “caminho mais excelente’’ são os DONS COM AMOR. Não queremos os dons sem o amor, nem o amor sem os dons. Queremos um maravilhoso equilíbrio dos dons (equipamento) com o fruto (caráter). Tendo em mente que não havia nenhuma divisão de capítulos nos escritos originais (estas divisões foram introduzidas pelos tradutores), vemos que o Capítulo 13 é sintetizado no primeiro versículo do Capítulo 14: “Sigam o amor e desejem os dons espirituais.” Este, portanto, é o “caminho mais excelente” para os crentes e as igrejas de hoje em dia: “SIGAM O AMOR, E DESEJEM OS DONS ESPIRITUAIS.” Este “caminho” inclui o fruto do caráter cristão, mais os dons do equipamento sobrenatural. Capítulo 11 Todas as Igrejas Locais: Uma Base Para a Evangelização A. A IGREJA NEO-TESTAMENTÁRIA De acordo com o padrão neo-testamentário, as igrejas locais (ou “caseiras”) deveriam ser: • sustentadas pelo dinheiro dado pelos membros, • governadas por presbíteros locais, e • servidas por diáconos localmente designados. Elas deveriam também estar ocupadas na evangelização e na propagação do Evangelho. Para que o Evangelho seja eficazmente compartilhado com outras pessoas ao nosso redor, cada igreja local (ou “caseira”) precisa tornar-se uma base para atividades evangelísticas. Este era o padrão na Igreja NeoTestamentária Primitiva. 1. A Igreja de Jerusalém Os sete primeiros capítulos do Livro de Atos descrevem as atividades da primeira igreja de Jerusalém. Aparentemente houve vários anos de treinamento e preparação dos novos mem- bros para o ministério, após o derramamento do Espírito Santo no Dia de Pentecostes. Aí então, a igreja assentou-se num conforto espiritual e esqueceu-se das instruções dadas por Jesus. Jesus havia dito: “Mas recebereis poder depois que o Espírito Santo vier sobre vós; e sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, e em toda a Judéia, e Samaria, e até os confins da terra” (At 1:8). O testemunho precisa começar em Jerusalém (nossas cidades natais), e aí então ser levado às regiões vizinhas (Judéia), e aí então a pontos mais distantes e, finalmente, aos confins da terra. 2. A Perseguição Produz a Evangelização Quando a Igreja de Jerusalém deixou de obedecer este mandamento, o Senhor permitiu a perseguição que fez com que as pessoas fossem dispersas. Somente assim o Evangelho foi levado por uma grande porcentagem dos membros a outros lugares. Atos 8 conta a história. Dentre os que foram disperses pela perseguição encontrava-se Filipe. Ele desceu a Samaria e pregou Cristo às pessoas. Seguiu-se um maravilhoso reavivamento. No Capítulo 9 descobrimos que havia crentes em Damasco, e, no versículo 31, lemos sobre “as igrejas... por toda a Judéia, e Galiléia, e Samaria.” Indo para Atos 11:19 lemos o seguinte: “E os que foram disperses com a perseguição que surgiu por causa de Estêvão viajaram até a Fenícia, e Chipre, e Antioquia, pregando a Palavra...” 3. A Igreja de Antioquia Todos estes novos centros de cristianismo foram o resultado das atividades evangelísticas da Igreja de Jerusalém. Contudo, em Atos 13, descobrimos que uma destas novas igrejas desenvolveu-se e transformouse numa outra “base operacional”. Foi a Igreja de Antioquia. CONSERVANDO A COLHEITA Durante um tempo de oração e jejum em Antioquia, o Espírito Santo confirmou o chamado de Paulo e Barnabé para fazerem uma viagem missionária a lugares distantes. Foi em Antioquia que eles impuseram as mãos nestes dois apóstolos e os enviaram. Os Capítulos 13 e 14 descrevem o itinerário de Paulo e Barnabé. Cerca de dois anos depois que partiram lemos o seguinte: “De Atália navegaram de volta a Antioquia, onde haviam sido encomendados à graça de Deus para a obra que haviam acabado de completar. “Ao chegarem lá, reuniram a igreja e relataram tudo o que Deus havia feito através deles, e como Ele havia aberto a porta da fé para os gentios. “E ficaram lá por muito tempo com os discípulos” (At 14:26-28). A Igreja de Jerusalém sempre foi altamente respeitada como o centro original de onde veio o Evangelho, mas eis que surgiu Antioquia, patrocinando as suas próprias atividades evangelísticas e tornando-se uma base para operações missionárias. Não foi a Jerusalém que Paulo e Barnabé retornaram para relatar as suas atividades, e sim a Antioquia – a igreja de cidade que havia patrocinado a viagem pioneira deles. É verdade que Paulo, Barnabé e outros irmãos foram a Jerusalém, onde houve uma conferência de apóstolos e presbíteros (At 15). O propósito desta conferência era o de se resolver uma questão doutrinária fundamental. No entanto, o quadro que nos é apresentado no Livro de Atos é o de igrejas de cidades e igrejas locais (ou “caseiras”) localmente governadas, tornando-se envolvidas na evangelização. Uma variedade dos cinco dons ministeriais funcionava sob a liderança de Jesus Cristo em Antioquia, os quais se moviam no poder do Espírito Santo e patrocinavam viagens evangelísticas e missionárias. SEÇÃO E7 / 1027 4. Reconhecimento dos Dons Ministeriais Todas as igrejas locais (ou “caseiras”) funcionavam sob a supervisão de seus presbíteros, mas todos reconheciam plenamente os dons ministeriais que Deus havia ordenado para a sua liderança, instrução e exortação. Os ministérios apostólicos do Livro de Atos geralmente funcionavam por vários anos, provenientes de um centro. Verificamos que Paulo esteve em Antioquia durante “um ano inteiro” antes do seu itinerário missionário descrito em Atos 13 e 14. Após o retorno de sua viagem missionária, ele “permaneceu por muito tempo com os discípulos” em Antioquia. Em Corinto, Paulo ficou por dezoito meses (At 18:11). Em Éfeso ele ficou durante três anos (At 20:17,31). Assim sendo, vemos como o ministério apostólico de Paulo usou estas igrejas, localizadas em cidades importantes, como centros para o seu ministério durante longos períodos de tempo. No entanto, estas igrejas de cidades e igrejas locais (ou “caseiras”) eram bases evangelísticas que dispunham do seu próprio governo para a propagação do Evangelho. 5. O Padrão Para Hoje Este é certamente o padrão que o Senhor queria que seguíssemos. Deveríamos continuar isto através dos séculos da Era da Igreja, durante toda a história da Igreja sobre a terra. Que Deus possa cada vez mais levantar igrejas locais (ou “caseiras”) solidamente estabelecidas e buscando vigorosamente um programa para se evangelizar e ganhar as almas. É a vontade de Deus que as igrejas locais gerem outras igrejas locais. Desta forma, através da lei da multiplicação composta, o Evangelho pode não somente ser propagado, mas assembléias locais (ou “caseiras”) também podem ser for- 1028 / SEÇÃO E7 E7.11 – Todas as Igrejas Locais: Uma Base Para a Evangelização madas como lares espirituais para os que são trazidos a Cristo. B. MÉTODOS SUGERIDOS PARA OS ESFORÇOS EVANGELÍSTICOS DE NOSSOS DIAS O programa de cinco pontos para o reavivamento que foi esboçado no início desta seção é: • Desejo Profundo • Programa Definido • Equipe Dedicada • Mentes Disciplinadas • Ministério de Libertação Todos estes pontos foram abordados, com exceção do segundo ponto. O programa definido, ou os métodos de esforços evangelísticos de cada assembléia ou grupo de igrejas, precisam ser elaborados de acordo com as condições e as circunstâncias locais. No entanto, eis aqui sugeridas algumas formas de evangelização, as quais estão provando ser eficazes em muitos lugares e que podem ser adaptadas conforme a orientação do Espírito Santo. 1. A PREGAÇÃO DO EVANGELHO Nada pode substituir a pregação ungida da Palavra de Deus. Este é o método ordenado por Deus para a salvação das almas. Sob este título incluiríamos: a pregação em lugares fechados, em igrejas, em salões, ou em tendas, como também ao ar livre (Veja 1 Coríntios 1:21). 2. Campanhas com Evangelistas Visitantes O ministério ungido de um evangelista pode causar um grande impacto. A evangelização é um método bíblico para a salvação das almas. Há evangelistas chamados por Deus, cuja integridade e qualificações são provadas, e que podem ser usados com muito proveito nos esforços evangelísticos das igrejas de cidades ou das igrejas locais (ou “caseiras”). 3. Filmes Cristãos O êxito dos filmes dependerá muito das diferentes condições de cada localidade. O filme certo, na hora certa, no local certo, pode ser muito usado pelo Senhor. Este método de esforço evangelístico, se usado com sabedoria, pode trazer muitas pessoas novas para a igreja local (ou “caseira”), e assim alcançá-las com o Evangelho. 4. A Página Impressa A publicação da Palavra de Deus é uma forma muito importante de esforço evangelístico. Muitas organizações já demonstraram o tremendo poder da página impressa. Deveríamos objetivar a colocação de alguma literatura cristã nas mãos de tantas pessoas quanto possível. Há grandes oportunidades para as assembléias locais no uso deste método de esforço evangelístico. 5. Testemunhos Pessoais Parece que a grande maioria das almas que são salvas são ganhas através do testemunho pessoal. Um dos testemunhos mais eficazes da igreja local (ou “caseira’’) é o testemunho pessoal dos que já provaram a graça e o poder de Deus em sua vida. Os crentes podem exercer este ministério no trabalho, em contatos sociais, e até mesmo indo de casa em casa, conversando com as pessoas. 6. Atividades com os Jovens Dizem que uma coisa que falta em todo criminoso juvenil é uma experiência cristã vital. Eis aqui um vasto campo de oportunidades: alcançarmos os jovens, desde a mais jovem criança até o adolescente de mais idade. As igrejas locais (ou “caseiras”) têm uma maravilhosa oportunidade neste método de esforço evangelístico. 7. Propagandas Ainda que seja verdade que um milagre pode fazer mais do que qualquer outra coi- CONSERVANDO A COLHEITA sa no sentido de fazermos publicidade do Evangelho, podemos também usar eficazmente os vários veículos de comunicação que se encontram disponíveis para nós. A propaganda em jornais geralmente tem provado ser eficiente. Folhetos e impressos também podem ser usados com grandes vantagens. O rádio e a televisão também são duas formas pelas quais podemos alcançar milhares de pessoas com as Boas-Novas. Neste mundo moderno, as igrejas das cidades deveriam buscar usar todas as maneiras modernas de se alcançar esta geração atual. O Evangelho nunca deixa de satisfazer os corações de todos. Vamos tentar nos conformar ao padrão neo-testamentário. Vamos aceitar o desafio dos nossos tempos. Vamos nos engajar numa “operação evangelística”. Vamos ganhar os perdidos a qualquer custo antes que Cristo volte. Haveremos de ser bem recompensados com a alegria de servirmos ao Senhor aqui e agora, e recebendo a coroa das Suas mãos quando Ele vier. (OBSERVAÇÃO: Para mais ajuda sobre Como Ganhar Almas, veja a Seção E4.) Capítulo 12 O Chamado da Colheita “Enquanto isso, os Seus discípulos Lhe rogaram insistentemente dizendo: Rabi, come! “Mas Ele Lhes disse: Tenho uma comida para comer que vocês não conhecem. “Assim sendo, os discípulos disseram uns aos outros: será que alguém Lhe trouxe algo para comer? “Jesus Lhes disse: A Minha comida é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou e terminar a Sua obra. “Vocês não dizem: Ainda há quatro meses até que venha a colheita? Eis que Eu Lhes digo: Levantem os seus olhos e olhem para os campos, pois já estão brancos para a colheita! “E o que colhe recebe recompensas e SEÇÃO E7 / 1029 ajunta frutos para a vida eterna: para que tanto aquele que semeia como o que colhe possam se regozijar juntos” (Jo 4:31-36). A. SIGA O PADRÃO DO CEIFEIRO MESTRE Jesus sempre estava consciente do tempo de colheita, sempre pronto para aproveitar a oportunidade. Freqüentemente durante o Seu ministério terreno Ele citava a colheita amadurecida e a necessidade de ceifeiros trabalhando nos campos. Ele era o Ceifeiro Mestre, e Ele convoca outros ceifeiros a se unirem a Ele nos campos de colheita. Consideremos agora o exemplo do Ceifeiro Mestre, para que possamos seguir o Seu padrão. Nisto poderemos compartilhar da Sua alegria no dia em que viermos com regozijo, trazendo os feixes da colheita (Sl 126:6). 1. A Comida do Mestre Precisa Ser a Nossa Comida O início de João 4 nos dá o pano de fundo desta história. No versículo 4 lemos o seguinte: “Era-Lhe necessário passar por Samaria.” Isto não somente era necessário porque a estrada seguia aquele caminho, mas também cremos que o Mestre sabia que havia uma alma a ser salva. Como resultado desta única alma, uma grande Colheita deveria ser realizada. O versículo 6 nos diz que Ele estava cansado e Se assentou ao lado do poço. Em seguida, aproximou-se a mulher samaritana para tirar água, e Jesus lhe pediu um pouco de água. Lá estava o Seu ponto de contato e uma abertura a um diálogo que levaria a uma Colheita de almas em Samaria. Considere o Mestre, ministrando a uma congregação de uma só pessoa. Aí então os discípulos voltaram com a comida que compraram na cidade. Eles Lhe ofereceram o alimento, pois sabiam que Ele estava cansado e faminto. Para surpresa deles, Ele repli- 1030 / SEÇÃO E7 cou: “Eu tenho uma comida para comer que vocês não conhecem!” O cansaço do corpo e as dores agudas da fome haviam sido esquecidos, pois a Sua fome mais profunda havia sido satisfeita ao ministrar e salvar uma alma da dor, da angústia, da aflição, e do tormento eterno. a. Fazendo a Vontade do Pai. Não é de admirar que Ele pode dizer: “A Minha comida é fazer a vontade d‘Aquele que Me enviou e terminar a Sua obra.” Isto era uma comida mais nutritiva e que satisfazia mais do que qualquer iguaria que os discípulos pudessem comprar. Com que entusiasmo ávido o Mestre havia testemunhado a uma única alma! Quão absorto Ele havia estado nesta evangelização pessoal! Esta era a Sua comida: fazer a vontade do Seu Pai! Amigos, o Mestre nos ensinou que a comida da evangelização, de ganharmos almas, é para ser mais desejada do que a comida natural, o descanso e os confortos da vida. Ele era completamente dedicado a vontade do Seu Pai. Ele havia sido enviado para buscar e salvar os que estavam perdidos. E não havia nada de “beliscar” nesta refeição. Alguns de nós talvez tenhamos a inclinação de “beliscar os alimentos” no que se refere à vontade de Deus. O Mestre tinha um imenso apetite pela vontade do Pai: “A Minha comida é fazer a vontade d’Aquele que Me enviou E TERMINAR A SUA OBRA. “Que nós também possamos ser tão dedicados ao chamado de Deus em nossa vida que nunca nos desviemos até que a obra esteja terminada e a vontade de Deus cumprida. Sim, amigos, a comida do Mestre precisa ser a nossa comida! 2. O Momento do Mestre Precisa Ser o Nosso Momento Jesus estava sempre consciente do urgente desafio do momento: “Vocês não dizem que ainda há quatro meses até que venha a colheita? Eis que Eu Lhes digo: Le- E7.12 – O Chamado da Colheita vantem os seus olhos e olhem para os campos, pois já estão brancos para a colheita.” Demorava quatro meses desde a semeadura até a colheita do milho, mas este não era o caso com a colheita de almas. Aparentemente há simultaneamente uma semeadura e uma colheita. A semente mal havia acabado de ser semeada no coração dessa mulher samaritana e a colheita já estava pronta para ser feita. Levantem os seus olhos e vejam as multidões de samaritanos saindo de sua cidade: “E muitos dos samaritanos daquela cidade creram n‘Ele por causa da palavra daquela mulher” (Jo 4:39). Uma pecadora salva – uma alma salva testemunhando – e como conseqüência, multidões buscando o Senhor. Este é o padrão que segue uma total obediência à vontade do Pai. Em Atos 8, Filipe, o evangelista, continua a fazer a Colheita Samaritana. Até mesmo depois que Cristo havia voltado ao Céu, os efeitos do testemunho daquela mulher foram evidentes. Onde o Mestre havia feito a semeadura e uma Colheita, Filipe agora faz uma Colheita ainda maior: “E as multidões, unanimemente, prestavam atenção nas coisas que Filipe dizia, ouvindo e vendo os milagres que ele fazia. “Pois os espíritos imundos, clamando em alta voz, saíam de muitos que eram possuídos por eles; e muitos paralíticos e coxos eram curados. “E havia uma grande alegria naquela cidade” (At 8:6-8). a. Um Tempo Limitado. A Colheita é um tempo designado. É um tempo de uma oportunidade limitada, um tempo que precisa ser reconhecido e um momento que não pode ser perdido. Durante toda esta era tem havido muitos tempos de colheita, muitos períodos de colheita com a foice do Evangelho. No entanto, Jesus nos disse que haveria uma grande colheita culminante no final desta CONSERVANDO A COLHEITA SEÇÃO E7 / 1031 era: “A colheita é no final do mundo [ou era]” (Mt 13:39). Estamos vivendo no tempo da “Colheita de todas as Colheitas”. Estamos vivendo no final dos tempos. É um tempo preestabelecido, é um tempo limitado, é a oportunidade de todas as oportunidades. “E olhei, e eis uma nuvem branca, e, assentado sobre a nuvem, um semelhante ao Filho do Homem, tendo sobre a Sua cabeça uma coroa de ouro, e na Sua mão uma foice aguda. “E um outro anjo saiu do templo, clamando com grande voz ao que estava assentado sobre a nuvem: Lança a Tua foice, e colhe, pois chegou a hora para que colhas, pois a colheita da terra está madura. “E O que estava assentado sobre a nuvem lançou a Sua foice sobre a terra, e houve a colheita da terra’’ (Ap 14:14-16). Cristo é o Ceifeiro Mestre. O momento do Mestre precisa ser o nosso momento! narmos sobre as curas; não é suficiente termos uma fé doutrinária neste ministério. São as curas e libertações factuais pelo poder de Deus que nos capacitam fazermos a Colheita do nosso tempo. O Evangelho precisa ser confirmado com sinais e maravilhas. As pessoas não somente necessitam ouvir as boas novas, mas necessitam também do poder do Senhor para libertá-las. Estes são os métodos que o Mestre usou, e eles também precisam ser os nossos métodos. Deus não mudou; Cristo não mudou; a natureza humana não mudou; e o poder de Deus ainda se encontra disponível para libertar as pessoas. Estes métodos são adaptáveis a todas as gerações, a todas as civilizações, e a todas as pessoas. À medida que sairmos para fazermos a Colheita da nossa geração, façamos dos métodos do Mestre os nossos métodos! 3. O Método do Mestre Deve Ser o Nosso Método Em Mateus 9:36-38, Jesus citou a Colheita dos Seus dias e exortou: “Rogai pois ao Senhor da seara, que mande ceifeiros para a Sua seara.” O versículo 35, no entanto, nos mostra os métodos que o Mestre usava para fazer a Colheita dos Seus dias: “...pregando o Evangelho do Reino, e curando todas as enfermidades e todas as doenças entre o povo.” Aparentemente, estas palavras sintetizariam o ministério de Jesus. Ele pregava ou proclamava o Evangelho às pessoas. Ele ensinava e instruía as pessoas na Palavra de Deus. E, em toda parte, Ele trazia a cura aos enfermos e a libertação aos cativos. Na Colheita dos nossos dias, prevalecem os mesmos métodos: pregação das boas novas, ensino da Palavra de Deus, e a cura e libertação das pessoas. a. Os Sinais e Maravilhas Confirmam o Evangelho. Não é suficiente ensi- 4. As Motivações do Mestre Precisam Ser as Nossas Motivações Muitas são as motivações que levam as pessoas ao serviço cristão, mas não é da nossa alçada julgarmos isto. No entanto, é imperativo que tenhamos as mesmas motivações que o Mestre tinha. O que O levava adiante, impelindo-O a buscar e salvar os perdidos e a trazer curas aos enfermos? Encontramos a resposta em Mateus 9:36: “Vendo as multidões, Ele teve compaixão delas, porque eram molestadas e estavam desamparadas como ovelhas sem pastor.” A compaixão era a motivação no ministério de Jesus. Ao levantar os Seus olhos e ver as multidões, Ele as via como um vasto campo de Colheita amadurecido. Ele ficava comovido no mais profundo do Seu ser, sentia compaixão, e agia, movido por esta compaixão por elas. a. A Compaixão nos Leva à Ação. A compaixão não é só um sentimento de 1032 / SEÇÃO E7 pena. Talvez tenhamos dó das pessoas, mas não fazemos nada para ajudá-las. A compaixão não é um sentimentalismo. Muitas pessoas se comovem sentimentalmente pelas necessidades dos outros, e, contudo, nada fazem para suprir as suas necessidades. A compaixão sempre leva as pessoas a entrarem em ação. Quando Jesus Se comovia com compaixão pelas multidões, Ele imediatamente convocava obreiros para entrarem na Colheita e ministrarem às necessidades dessas multidões. Considere estas ocasiões em que o Senhor Se moveu com compaixão e imediatamente agiu para suprir as necessidades das pessoas: “E Jesus... moveu-Se com compaixão para com eles e curou os Seus enfermos” (Mt 14:14). “E Jesus, movido de grande compaixão, estendeu a mão, e tocou-o, e disse-lhe: Quero; sê limpo” (Mc 1:41). “E Jesus... moveu-Se com compaixão para com eles porque eram como ovelhas que não tinham pastor, e começou a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6:34). “E quando o Senhor a viu, Ele teve compaixão dela e disse-lhe: não chores.” E então, ressuscitou o filho dela (Lc 7:13-15). Estes e outros versículos demonstram que a compaixão é muito mais do que um sentimento de dó. A compaixão nos leva à ação. A compaixão nos leva a orarmos. A compaixão nos leva a testificarmos. A compaixão nos leva a estudar e a nos preparar para um serviço ativo. Quando a compaixão é a motivação dos nossos ministérios, não ficamos satisfeitos, a menos que as almas sejam trazidas a Cristo, que os enfermos sejam curados, que as pessoas sejam abençoadas com a plenitude do Evangelho. Se quisermos seguir o exemplo do Ceifeiro Mestre, aí então as motivações do E7.12 – O Chamado da Colheita Mestre precisam ser as nossas motivações também. 5. O Galardão do Mestre Precisa Ser o Nosso Galardão Um galardão é uma recompensa. Jesus disse: “O que faz a colheita recebe galardões e ajunta frutos para a vida eterna” (Jo 4:36). Há uma recompensa para o serviço fiel. Há uma coroa para o obreiro digno. O Apóstolo Paulo escreveu: “Pois qual é a nossa esperança ou alegria, ou coroa de regozijo? Porventura não sois vós na presença do nosso Senhor Jesus Cristo na Sua vinda? Pois vós sois a nossa glória e alegria” (1 Ts 2:19,20). Que alegria haverá na presença do Senhor quando os feixes forem trazidos e quando a Colheita final for completada! a. “Frutos Para a Vida Eterna”. No entanto, não há somente os galardões futuros; há também os galardões presentes. Os que fazem a Colheita ajuntam “frutos para a vida eterna”. Quando uma alma é salva, isto significa mais do que “uma outra decisão”, ou “um outro contato”, ou “um novo membro”. Quando uma alma é salva, alguém acabou de nascer para a vida eterna. À medida que saímos para os campos da Colheita embranquecidos, pregando o Evangelho de Cristo, estamos ajuntando “frutos para a vida eterna”. Aí então, quando o Senhor da Colheita aparecer, os semeadores e os ceifeiros receberão juntos os seus galardões. A última mensagem do Evangelho terá sido pregada, o último testemunho pessoal terá sido assegurado, o último contato terá sido feito, o último feixe terá sido colhido. Vamos compartilhar da visão do Ceifeiro Mestre. Vamos seguir os Seus passos. Vamos nos engajar nesta “Operação Evangelística” e fazer a Colheita antes que Cristo volte e esta era termine. AMÉM!