RETROMOBILE NO SEU MELHOR
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RETROMOBILE NO SEU MELHOR
NOTÍCIAS RETROMOBILE NO SEU MELHOR A comemorar 40 anos, o salão parisiense provou estar no auge, reunindo exposições notáveis e registando um aumento no número de visitantes. Texto e Fotos: Thierry Lesparre Imponente e muito elegante o Alfa Romeo 33-2 Daytona Coda Lunga A Retromobile comemorou este ano o seu 40º aniversário. Melcion François e a sua equipa quiseram que o evento estivesse à altura da efeméride, oferecendo ao público uma série de exposições temáticas extraordinárias. A exposição dedicada à Pegaso foi particularmente bem-sucedida, reunindo uma dúzia dos melhores exemplares desta marca extinta. A aventura Pegaso durou cinco anos, durante os quais foram produzidos 84 carros. Wilfredo Ricart, ex-funcionário da Alfa Romeo, sonhava com a produção de um carro de alto desempenho capaz de competir com a Ferrari. O design do primeiro Pegaso foi concebido internamente, com um resultado final um pouco rústico, mas em breve a fabricação das carroçarias 14 seria confiada aos grandes especialistas como a Saoutchik ou a Touring, além dos sete descapotáveis da autoria do carroçador espanhol Serra. Um desses Pegazo Z-102 descapotáveis (No. 0102.150.0140) esteve presente na Retromobile, tendo sido levado por estrada pelo seu proprietário desde o leste de Espanha. Pela primeira vez, o Museu de Mulhouse levou à Retromobile três dos apenas seis Bugatti Royale produzidos. Entre eles está o coupé Napoleon, carro pessoal de Ettore Bugatti e a limusine Parque Ward aos quais se juntou a réplica do roadster Esders mandada produzir pelos irmãos Schlumpf, antigos proprietários dos outros dois exemplares. A intenção de Ettore Bugatti era a de construir um carro para os reis, o que explica o nome do modelo. Contudo, nenhum rei se tornou comprador. A Retromobile é também uma oportunidade para descobrir coleções particulares que são reveladas ao público durante a feira. Este ano, a coleção Lopresto foi o centro das atenções. O arquiteto de Milão Corrado Lopresto tem vindo, ao longo de vários anos, a colecionar protótipos ou modelos com carroçaria única, com especial enfoque nos carroçadores italianos. A exposição contou com uma seleção de doze carros, incluindo os protótipos do Giulietta Bertone e Pininfarina, o Osca 1600 GT Touring, o Lancia Sibilo (base Stratos), o Alfa Romeo 6C 1750 Aprile e o curioso Autobianchi A112 Giovani. Tradicionalmente, o stand da Lukas Hüni é um dos NOTÍCIAS O Royale Coupé Napoleon usado por Ettore Bugatti O 300 SL Competition no espaço da Mercedes Pegaso Z102 Saoutchik Coupé mais belos da Retromobile. Este ano, o comerciante suíço ofereceu uma seleção notável de Bugatti bem como um trio de Talbot Lago T26. O Grand Sport coupé Chambas 1948 (chassis No. 110105), que detém o recorde de cinco participações consecutivas nas 24 Horas de Le Mans (49 a 53) , o Grand Sport Motto de 1950 (número de chassis 110152), e o GS 1951 (chassis No. 110056), que foi pilotado por três dos melhores pilotos da sua época: Gonzalez, Levegh e Pozzi. Todos os carros no stand de Lukas Hüni merecem especial atenção à sua história. Exemplo disso mesmo é o Bugatti T35 que pertenceu a Louis Maurice Trintignant. Durante a II Guerra Mundial permaneceu escondido num celeiro e, posteriormente, passaram-se 30 anos para que Antoine Raffaelli conseguisse convencer o proprietário a vendê-lo. O Bugatti T53 (chassis No. 53002) era um carro à frente de seu tempo, por estar equipado com tração às quatro rodas. Este carro competiu na rampa Shelsley Walsh de 1932, pilotado pelo filho de Ettore Bugatti. Há rumores de que Jean Bugatti saiu de pista enquanto acenava entusiasticamente a uma espectadora particularmente sedutora. O stand da Ascott atraiu especial atenção dos visitantes portugueses por apresentar como uma das suas estrelas o Lola T292 com a decoração do Team BIP (chassis No. HU 64), em tempos propriedade de Rodrigo Gallego. No mesmo espaço encontrava-se March 85G de motor Porsche (chassis nº 6) e dois Venturi: um 400GT e um raro 600 LM (chassis No. 5). Em 1995, o gentleman driver Eric Graham entregou este carro ao artista italiano Gianni Celano Giannici para transformá-lo em “art car” para as 24 Horas de Le Mans daquele ano. Quando Xavier Micheron comprou o Venturi, em 2013, o carro foi repintado de vermelho. Durante o restauro que ainda se encontra em curso, foi possível redescobrir a obra do artista na zona do tejadilho, já que uma espessa camada de verniz permitiu manter a intacta a pintura. Na Retromobile deste ano, esteve um número absolutamente incrível de Mercedes 300 SL. O especialista francês Classic Esporte Leicht apresentou sete exemplares, incluindo dois carros da equipa de fábrica. O primeiro deles foi utilizado por Stirling Moss em 1955 e 56. Este carro foi posteriormente remodelado pela fábrica antes de ser vendido para a empresa Franz Marheineke que o fez alinhar em mais de uma centena de provas, principalmente pelas mãos de Eugen Böhringer. A segunda unidade de fábrica é ainda mais especial, tendo sido usada por Stirling Moss e George Houel durante o Tour de France Automobile de 1956. Depois da prova o SL permaneceu 50 anos na mesma família, sendo esta a sua primeira aparição pública desde 1958! No stand da Historic Cars encontrámos o Cooper T40 Bobtail. Projetado por Owen Maddock e Jack Brabham, foi neste modelo que o Australiano se estreou naFórmula 1, mais precisamente no Grande Prémio da Grã-Bretanha em 1955. Gaël Regent exibiu também o BMW 530 Bastos Juma. Este carro ganhou a sua classe e foi segundo na edição de 1981 das 24H de Spa-Francorchamps. Mais do que nunca, a Retromobile afirmou-se como um dos mais incontornáveis eventos mundiais do universo dos automóveis clássicos. O evidente esforço em tornar especial a edição deste ano foi recompensado, já que ser registou um aumento de 26,5% nas visitas em comparação com 2014. Um sucesso inteiramente merecido. O extraordinário Porsche 908K O Bugatti T53 de quatro rodas motrizes Um brinquedo clássico a evocar o Ferrari 156 Sharknose O espaço Ascott com o Lola Team BIP (HU 64) ao fundo Da coleção Lopresto, o protótipo do Alfa Giulietta Spider 15 NOTÍCIAS ENTUSIASMO SEM EXAGERO, NOS LEILÕES DE PARIS Apesar de todo o mediatismo motivado pelas principais atrações, os leilões de Paris encontraram entusiasmos moderados. Texto e Fotos: Thierry Lesparre Todos os anos a Retromobile atrai um grande número de colecionadores de todo o mundo. A presença na capital francesa de tal concentração de potenciais compradores, não escapou à perspicácia das leiloeiras. Pelo segundo ano consecutivo, o leilão da RM Auction foi adicionado ao da Bonhams e a o leilão oficial da Retromobile foi confiada à Artcurial. O mediatismo de alguns lotes, em particular da coleção Baillon, gerou expectativas elevadas por parte das leiloeiras. Contudo, o entusiasmo dos compradores revelou-se moderado. Ao contrário do que tem vindo a ser hábito, os valores pagos raramente atingiram as estimativas mais elevadas e muitos lotes interessantes ficaram sem comprador. RM Auctions A venda da RM aconteceu sob grandes tendas erguidas no pé das Invalides. A primeira das duas estrelas da venda foi um Delahaye 135S (Unidade: 46094), que pertenceu à “Ecurie France” e teve três participações consecutivas nas 24 Horas de Le Mans (1937 a 1939) e que se manteve por vender. O mesmo aconteceu com o Alfa Romeo 6C 2500 Sports Berlinetta (Chassis: 915033). Houve um total de cinco lotes a ultrapassar o milhão de euros. A maior dos valores da venda parisiense foi para um deslumbrante Ferrari 250 GT/L Lusso Berlinetta (chassis 5085 GT), que mudou de mãos por 1.624.000 €. O Porsche 904 GTS, elegível para muitos eventos de prestígio, alcançou também um grande valor. O exemplar proposto pela RM (Chassis: 904-026), recentemente restaurado e com uma interessante história de competição, foi vendido por 1.428.000 €. A terceira melhor venda coube a um Mercedes 300SL Roadster vendido por 1.232.000 €, enquanto que o Ferrari F40 (chassis 87990) com apenas um registo e 1200 km, foi leiloado por 1.176. 000 Euros. O belo Iso Grifo A3/C Stradale (chassis B 0216), equipado com carroçaria em alumínio num bonito tom “Mela Verde”, mudou de mãos por 1.036.000 €. Entre os carros à venda com especial interesse histórico, destacava-se um Porsche 911S de 1969, um dos O 904 GTS e o Ferrari F40 com apenas 1200km Porsche 904 GTS guardado pelo edifício Les Invalides 16 Uma panorâmica do espaço do leilão RM Auctions NOTÍCIAS seis carros da equipa de fábrica da Porsche nos ralis. Este exemplar (chassis 119 300 932) foi pilotado por Toivonen no Rali da Acrópole e alinhou por três vezes nas 24 Horas de Le Mans em 1970, 71 e 72. Apesar disso, não encontrou comprador. O mesmo aconteceu com o Ferrari 308 Gr. B ex Antonio Zanini. Este exemplar não faz parte da lista de carros preparados pela Michelotto, tendo sido convertido em Gr. B em 1984 pela Serena, um agente da Ferrari em Barcelona. Bonhams O extraordinário Grand Palais, que já serviu de pano de fundo para a mostra L’Automobile entre 1901 e 1961, voltou a receber carros e motos graças ao leilão da Bonhams. O Aston Martin DB5 Volante, um dos 39 produzidos com volante à esquerda, atingiu o melhor resultado do evento com 1.897.500 €. Também vendido acima do milhão foi o Alfa Romeo 6C 1750 Gran Sport, com a troca de proprietários a dar-se a troco de 1.184.500€. O AC Cobra 289 “Mark II”, que pertenceu a Amschel Rothschild, foi vendido a um colecionador inglês por 937.250€. Mais pequeno, mas com proporcional valor, o DAP conduzido por Ayrton Senna no Campeonato Mundial em 1981, foi vendido por 57.500€. Ou seja, o dobro da estimativa alta. O pequeno Simca 8 Sport (Chassis # HS 9154-48) foi vencedor da categoria em 1100 e terceiro à geral no Bol d’Or 1949, conduzido JustEmile Vernet. Foi depois submetido a uma segunda carreira, tendo sido usado pela escola de vôo AGACI no circuito de Montlhery. Foi agora vendido por 109.250 Euros. Ambos os Renault 5 Turbo à venda encontraram proprietários. O primeiro deles era um Turbo 2 com apenas 17.600 km e arrecadou 80.500 €. O outro exemplar era um modelo da primeira geração convertido para a especificação “Tour de Corse”, e arrematado por 115.000€. A Bonhams também apresentou no seu catálogo um Ferrari F40 (Unidade: 84.052). O valor de venda foi bem abaixo do registado pelo exemplar da RM, cifrando-se em 724.500€. Uma diferença que se explica por ser um carro com mais marcas de uso, maior quilometragem e três proprietários registados. O Simca 8 Sport e um Stanguellini Sport Maserati 3500 GT Spyder Vignale Os Renault 5 Turbo 2 e Tour de Corse Um notável quarteto Ferrari O Simca 8 Sport e um Stanguellini Sport Uma ala preenchida com vários Abarth 17 NOTÍCIAS Alfa Romeo 2500 S Freccia d’Oro O Kart DAP de Senna superou a estimativa mais alta Abarth Osella PA1 Artcurial No início de Dezembro de 2014, a leiloeira parisiense Artcurial anunciou, através de um comunicado de imprensa, a descoberta da coleção Baillon. Este era um tesouro escondido de 90 carros muito especiais que permaneceu “esquecido” por 50 anos. A notícia desta descoberta incrível rapidamente se espalhou por todo o mundo, gerando todo o tipo de reações. Roger Baillon foi um empresário da área dos transportes, com sede no Oeste de França, que começou a construir sua coleção na década de 50. Nos anos 70, problemas de liquidez forçaramno a vender cinquenta dos seus carros. Desde então, o resto da coleção permaneceu armazenado em segredo, com o objetivo de ser protegida dos credores. 50 anos depois, são os netos do colecionador a trazer os carros a leilão. A Artcurial optou por apresentar a leilão toda a coleção Baillon disponível, em conjunto com os seus restantes lotes, num total de 176 carros. Os 60 carros da coleção Baillon foram expostos numa sala à parte, em ambiente sombrio, como que a evocar o espírito próprio do “barn-find”. A condição geral da maioria dos carros era desconcertante, levando a questionar o que poderá ser realmente mantido após o restauro? Provavelmente, não muito! Esta consideração, obviamente, não preocupou os licitantes, a julgar pelo 1.700.000€ registados pelo Talbot-Lago T26 Grand Sport SWB com carroçaria Saoutchik, ou pelo 745.000€ gastos por um colecionador americano no Talbot-Lago T26 Cabriolet também carroçado pela Saoutchik. Os dois carros mais bem preservados eram o Maserati A6G 2000 (Chassis # 2140), - um dos quatro com carroçaria Frua - e o famoso Ferrari 250 GT California SWB(chassis # 2935GT) de Alain Delon, uma vez que ambos foram armazenados em garagem desde 1971. O Maserati seria vendido por 2.000.000€ para um colecionador americano, enquanto a estrela indiscutível da venda alcançaria o fantástico valor de 16.300.000€. Ofuscado por todos esses resultados, o resto do leilão foi discreto, apesar de algumas boas vendas, como a do Ferrari 275 GTB (Chassis # 8407), que mudou de mãos por 1.900.000€. Já o Ferrari 275GTB/2 (Chassis # 08641) que foi pertença do cineasta Roger Vadim – criador, entre outros, de “E Deus Criou a Mulher” – ficou por vender. O Maserati A6G 2000 Frua era, a par do Ferrari, o carro mais bem conservado O Ferrari de Alain Delon foi vendido por 16,4 milhões de euros Pouco se poderá preservar do Talbot-Lago T26 Grand Sport SWB Saoutchik O Delahaye 235 Chapron merece renascer 18