Cap.IV - Produção e viabilização de fitoterápicos

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Cap.IV - Produção e viabilização de fitoterápicos
Capítulo IV
Produção e viabilização de
fitoterápicos
Ana Maria Soares Pereira & Bianca Waléria Bertoni
A vida na terra começou há aproximadamente 3,5 bilhões
de anos através de organismos biológicos que foram evoluindo a
partir de um ancestral comum, originando outras formas distintas
de vida. As plantas surgiram há bilhões de anos e foram se adaptando e diversificando-se até alcançar o gigantesco número de espécies existentes nos dias atuais que ultrapassam duzentas e cinqüenta mil espécies. Os ancestrais do homem surgiram cerca de 3
a 4 milhões de anos atrás. Descoberta arqueológica realizada na
África Oriental, na região do Afar, na Etiópia, tornou o esqueleto
conhecido por Lucy, um Australopitecíneo, a prova mais segura dessa
data. Os mais antigos fósseis conhecidos, com as características do
homem moderno, datam entre 90.000 a 110.000 anos átrás. Na
Europa Ocidental, calcula-se que os primeiros seres humanos com
as características do homem moderno apareceram apenas há 35
il anos. Mais ou menos na mesma época, seres humanos moderos surgiram também na Ásia.
Essas informações mostram o quanto as plantas, em relação ao homem, estão há mais tempo no planeta, num processo
antiquíssimo de adaptação ao meio, elaborando rotas biossintéticas
e estratégias químicas, permitindo que produzissem diversas subs:.âncias de reservas indispensáveis à sobrevivência delas.
O homem primitivo através das plantas uniu-se ao solo e ao
ima da região onde habitava. Aprendeu a se beneficiar das estra:égias de sobrevivência desenvolvidas pelas plantas, utilizando-as
o alimento e medicamento. Iniciou de forma empírica o pro::::sso da "arte da cura": por tentativas, erros e acertos. Os po-,s primitivos identificaram espécies vegetais com potencial
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terapêutico, as partes delas que se adequavam ao uso medicinal, o
habitat onde ocorriam, a época da colheita, aprenderam técnicas de
extrair sucos, secar folhas e raízes, triturar sementes, etc. Esse foi
um processo lento de aprendizagem e o grande manancial de recursos terapêuticos oferecido pela natureza foi sendo utilizado com base
na intuição e em múltiplas experiências.
A maioria das plantas medicinais utilizadas na atualidade, não
passam de legumes selvagens e temperos usados pelos nossos antepassados. A fitoterapia desse modo foi se estabelecendo como um
patrimônio cultural da humanidade. Segundo a Organização Mundial
da Saúde, atualmente dez por cento das espécies de plantas conhecidas botanicamente são utilizadas na elaboração de medicamentos
pela medicina tradicional em todo o mundo.
A natureza é dadivosa e fornece recursos que estabelecem, mantêm e recuperam a saúde. A planta medicinal é um
desses recursos.
Os elementos que compõem as plantas medicinais são as substâncias químicas e os componentes energéticos. As primeiras são
bem estudas por diversos ramos da ciência como a química de produtos naturais, farmacologia, farmacognosia, etc. Quanto aos componentes energéticos ainda necessitam de avanços concretos de outros ramos da ciência. Certamente conceitos importantes desenvolvidos pela física quântica irão, no futuro, corroborar na consolidação
de teorias importantes sobre a atuação bioenergética das plantas
medicinais. No momento, os instrumentos disponíveis para as análises quantitativa e qualitativa dos compostos químicos presentes nas
plantas medicinais podem ser considerados pré-históricos em relação à sofisticação dos futuros aparelhos, que terão a destinação de
dosar e qualificar os componentes energéticos dessas plantas.
Os componentes energéticos existentes nas plantas auxiliam
na revitalização do organismo enfermo e, em geral evitam o colapso
do organismo, quando este recebe descargas emocionais intensas e
por vezes devastadoras. Esses componentes auxiliam na drenagem
de substâncias tóxicas produzidas pelo psicossoma.
O valor intrínseco de uma planta medicinal está no seu efeito
terapêutico, que age no organismo de uma forma integrada, tanto
nos tecidos, células e órgãos, como no sistema energético. Parte do
efeito terapêutico é atribuído a substâncias denominadas princípios
ativos, ou metabólitos especiais ou ainda metabólitos secundários.
Essa última denominação é mais usual porque a grande maioria
das substâncias biologicamente ativas contidas nas plantas são
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elaboradas pelo metabolismo secundário. Essas substâncias têm
reduzido peso molecular, aproximadamente 3000 Daltons, apresentam grande variedade estrutural, sendo portanto subdivididas em
várias classes de compostos denominados: alcalóide, triterpeno,
flavonóide, saponina, etc. Os metabólitos secundários exercem
importantes
funções nas plantas, como a proteção contra
microorganismos, herbívoros, intempéries ambientais, além de interferirem em processos simbióticos e de atração a polinizadores
(Briskin, 2000). São também fontes armazenadoras de carbono e
nitrogênio, que retornam ao metabolismo primário da planta quando isso é necessário.
Quando os recursos naturais são limitados, as plantas "escolhem" onde investir
energia e nutrientes: no crescimento ou em
\
defesas químicas. Como a deficiência de nutrientes limita o crescimento, grande parte dos carboidratos produzidos com essa finalidade não é utilizada. O excesso de carboidratos favorece a síntese e
estocagem de compostos secundários, como por exemplo os
polifenóis. Essas substâncias em geral são produzidas em grande
quantidade, têm alto custo energético e são classificadas como defesas quantitativas das plantas. Do mesmo modo o excesso de nitrogênio, quando não é aproveitado no crescimento, é direcionado
à produção de compostos secundários como alcalóides, piretróides,
etc. Tais substâncias em geral são produzidas em baixos teores,
têm baixo custo energético e são classificadas como defesa qualitativa dos vegetais (Carneiro & Fernandes, 1996).
Os metabólitos secundários em geral não são essenciais para
o crescimento e desenvolvimento da planta, mas são indispensáveis para a sobrevivência e continuidade da espécie dentro do
ecossistema. Os metabólitos secundários estão diretamente relacionados à ecofisiologia das plantas e são responsáveis pelas relações entre o indivíduo e o ambiente onde ele se encontra. A produção desses compostos é gerenciada basicamente pelo código genético e pela interação entre a planta e o ambiente. A presença e
quantidade de metabólitos secundários nas plantas medicinais
determina, em geral, a qualidade dos fitoterápicos.
O organismo humano está melhor adaptado aos fitoterápicos
cujas substâncias são, em parte, semelhantes àquelas encontradas
nos alimentos ingeridos pelo homem, do que aos medicamentos
alopáticos. A síntese de medicamentos alopáticos teve início no
Século XIX, em 1828, quando Friedrich Wohler sintetizou a uréia a
partir de uma substância inorgânica. E a ascensão da produção
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desses medicamentos deu-se em 1883, após Ludwig Knorr ter produzido a antipirina, o primeiro medicamento antitérmico eficaz (Mors,
1982). Em geral, o sucesso terapêutico de um medicamento alopático
é maior quando as sínteses são cópias perfeitas de produtos naturais, ou quando são produtos semi-sintéticos,
isto é, substâncias naturais modificadas por substituição de determinados
grupamentos
funcionais.
De acordo com Ferreira et aI. (1998), o rápido desenvolvimento da bioteCllologia e da biologia molecular a partir da década de 70
parecia tornar obsoleta a pesquisa de novos medicamentos através
do estudo de plantas medicinais. A compreensão dos mecanismos causadores das enfermidades em nível molecular e a capacidade de desenhar proteínas com auxilio de novas ferramentas computacionais abriu
a perspectiva de sintetizar novas1drogas com maior eficácia, partindo
apenas do saber científico acumulado nas academias. Essa percepção
do estudo de plantas medicinais como um método ultrapassado, ou
obsoleto, vem se revelando precipitada nos dias de hoje. Observa-se
uma retomada, por parte das empresas que desenvolvem medicamentos, para o estudo de plantas medicinais. Esse movimento de "volta
às raízes" decorre da compreensão de que a biotecnologia e as ciências correlacionadas
ainda não estão em condições de competir com a
natureza na formulação
de moléculas com atividade terapêutica
(Ferreira et aI., 1998). Além disso, segundo Mors (1982), mais de três
bilhões de dólares são gastos anualmente nos Estados Unidos no tratamento dos chamados males iatrogênicos, ou seja, doenças causadas por medicamentos alopáticos.
Há um consenso geral de que os efeitos adversos
dos
fiitoterápicos
são muito menos freqüentes quando comparados às
drogas sintéticas (Calixto, 2000).
Segundo Gottieb & Borin (1999) a velocidade crescente do
aparecimento de novas doenças, cada vez mais adaptadas aos ambientes mundiais existentes, ameaça a humanidade e suas colheitas. A
sobrevivência
das espécies talvez venha a significar o desenvolvimento de novos antídotos, em ritmo comparável ao aparecimento
das doenças que surgem. A opinião da grande maioria dos pesquisadores da área médica e farmacêutica é que a química combinatória
seja uma alternativa que incorpore uma promessa mais imediata
para a cura de muitas enfermidades.
Porém não se deve esquecer
que a introdução maciça de produtos químicos sintéticos dos mais
variados no ambiente em que vivemos, deve agravar a poluição
ou, o que é pior, talvez proporcione
a adaptação de microorga102
nismos e insetos, potenciais vetores de doenças, que ficarão mais
devastadores e difíceis de controlar do que antes.
Questões de ordem econômica também têm contribuído para a
busca alternativa na produção de substâncias com atividade terapêutica. A síntese de uma nova droga custa de 100 a 500 milhões de dólares
para ser desenvolvida. De cada 100 mil produtos sintetizados, cerca de
100 são testados no homem, 10 tornam-se
medicamentos e dois ou
três revelam competitividade e acabam chegando no mercado. Ao atingirem o mercado a maioria desses medicamentos não é acessível a 60%
da população mundial. Mesmo assim, atualmente, medicamento é um
dos ramos mais rentáveis da economia do mundo. Segundo Laird &
Kate (2002) o mercado de fármacos fatura US$300 bilhões por ano.
O Brasil é o quinto consumidor mundial de medicamentos sintéticos e desenvolveu, até a presente data, apenas um medicamento antiinflamatório
de uso externo. Isso significa que todos os produtos farmacêuticos
comercializados nas farmácias, hospitais e laboratórios, com exceção do Achefan® , são importados.
As cifras que atingem bilhões de dólares e o imperialismo econômico existente na área de saúde explica por que a fitoterapia foi
rapidamente substituída pelos fármacos sintéticos no século XX.
A primeira edição da "Farmacopéia Brasileira", em 1926, inclui 208 monografias de plantas medicinais; a segunda edição, 60
monografias, e a terceira, 24, caracterizando o descaso dos órgãos
competentes com o potencial da flora nacional. O marketing das grandes indústrias farmacêuticas atraíram os profissionais da área médica e pacientes com promessas de uma cura rápida e definitiva. Os
produtos sintéticos tornaram-se líderes quase absolutos nas prateleiras das farmácias do mundo ocidental.
de conhecimento
da grande maioria dos brasileiros que o
a medicamentos sintéticos é restrito, devido os altos custos.
laboratórios nacionais, atualmente, têm investido na produfitoterápicos,
uma vez que o custo de produção desses é
em relação ao proveniente de síntese.
Até meados do século XIX os recursos terapêuticos eram constituídos predominantemente
por plantas e extratos vegetais. Uma
breve consulta em farmacopéias
antigas, como por exemplo a
Farmacopéia Geral para o Reino e Domínios de Portugal (1794), mostra que ali estão registrados 30 produtos de origem mineral, 11 produtos de origem animal e cerca de 400 espécies vegetais como recursos terapêuticos
utilizados
por centenas
de anos na Europa
(Schenkel et al.,1999). Informações
como essas explicam porque
É
acesso
Muitos
ção de
menor
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os preparados fitoterápicos são populares e tão freqüentemente
utilizados nos países desenvolvidos como França, Alemanha, Itália e
Inglaterra. Embora grande parte da população disponha de recursos
financeiros para adquirir medicamentos alopáticos, muitas pessoas
ainda seguem longas tradições de uso de plantas medicinais, que foi
passada através das gerações.
Os séculos avançaram e a fitoterapia continua a ser utilizada
como recurso terapêutico importante. Segundo Bojor (1991) não há
dúvidas que, em detrimento das drogas biosintetizadas in vitra, sintetizadas quimicamente
ou advindas de fontes minerais, a flora é e
ainda será a principal fonte de medicamentos,
para a maioria dos
países da Terra, no terceiro milênio.
De fato há um retorno à fitoterapia e o mercado mundial aponta
uma movimentação de US$ 40 bilhões, que representa aproximadamente 10% das lucros obtidos no mercado de medicamento.
Essa
cifra tem assustado os investidores da área e muitas empresas e
laboratórios especializados em drogas sintéticas têm adquirido e incorporado companhias que trabalham com fitoterápicos.
O mecanismo de ação dos medicamentos vegetais denominados fitocomplexos, como chás, tinturas e extratos não são bem conhecidos no organismo humano, isto é, a ação íntima que um conjunto de
substâncias exerce nas células, tecidos ou órgãos, combatendo ou
anulando as manifestações mórbidas. Os modelos farmacológicos preconizados atualmente, para avaliação do efeito terapêutico de uma
droga, não são adequados para estudos que envolvam múltiplas substâncias, como é o caso de extrato de plantas. Daí a dificuldade de se
conhecer a farmacodinâmica
e o mecanismo de ação.
As substâncias químicas sintéticas em geral atuam nas células
e substâncias internas produzindo oxidações, reduções, hidratações
ou desidratações, neutralizações, absorções, adsorsões, etc. O mais
provável é que as drogas vegetais ajam alterando as condições físicoquímicas do meio interno, como por exemplo, modificando a viscosidade do sangue, facilitando assim as trocas através das membranas
celulares; modificando o pH, enfim, promovendo ou facilitando a eliminação de toxinas e resíduos do metabolismo animal, possivelmente
responsáveis pelos diversos estados mórbidos não específicos.
Apesar da fitoterapia ser uma das práticas terapêuticas mais
antigas e mais utilizadas pelo homem, podemos afirmar que ela ainda está na fase infantil de seu desenvolvimento.
Muitos séculos ainda
serão necessários para uma compreensão
das plantas como recursos terapêuticas.
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e utilização
De acordo
mais ampla
com Alonso
(1998) das 274 mil espécies botanicamente conhecidas apenas
1% delas foi investigada cientificamente e, considerando essa
realidade, podemos ter uma pálida idéia de quanto tempo e
pesquisa ainda serão necessários para se ter avanços nessa área.
Atualmente estima-se que 40 % dos medicamentos disponíveis na terapêutica moderna foram desenvolvidos direta ou
indiretamente de fontes naturais, sendo 25% de plantas, 13%
de microorganismos e 3 % de animais. Mais de 25% das prescrições médicas nos países considerados de primeiro mundo são
feitas com produtos
naturais (Calixto,
2001; Potterat &
Hostettman, K. 1995; Hamburger et aI. 1991).
Milhares de fármacos sintéticos ocupam as prateleiras das
farmácias do mundo todo, mas segundo Mors (1982) apenas
um total de 200 substâncias ativas seriam suficientes para cobrir as necessidades de profilaxia e tratamento das doenças susceptíveis a ação dos quimioterápicos; e destas 20, ou seja, 10%
são de origem vegetal.
Se a previsão do Prof. Mors está correta, cabe uma pergunta:
Quantas plantas seriam necessárias para resolver a maioria dos problemas de saúde que são susceptíveis à ação dos
fitoterápicosi
considerando
que segundo
Hamburger
&
Hostettmann (1991) o extrato de uma planta é uma mistura
complexa e pode conter de centenas a milhares de substâncias?
Esta questão ainda não pode ser respondida, mas acreditamos que o homem certamente não precisa mais de remédio
do que de alimento e talvez cerca de vinte ou trinta plantas
fossem suficientes para auxiliar a maioria dos problemas de saúde
da espécie humana.
Das 270 mil espécies de plantas superiores existentes na
Terra, o homem moderno selecionou cerca de 15 a 20 espécies
que são hoje a base da alimentação humana. Se esse número
de espécies é suficiente para manter uma nutrição balanceada
e tem permitido a sobrevivência da espécie humana através dos
séculos, é possível que um reduzido número de espécies também seja suficiente para auxiliar na manutenção da saúde humana. O grande número de espécies medicinais conhecidas na
atualidade não está relacionada ao número de enfermidades que
atingem a humanidade, mas é o resultado de extensos levantamentos etnofarmacológicos realizados em centenas de países e
milhares de comunidades que, por milênios, selecionou e utilizou plantas para o atendimento primário à saúde.
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o fato de uma planta conter centenas de princípios ativos, e
portanto ser indicada para diferentes enfermidades, tem levado muitos profissionais da área médica a postularem que determinadas plantas servem para tudo e, portanto, são verdadeiras panacéias, inócuas na maioria das vezes, quando não são tóxicas.
Uma importante consideração deve ser feita a respeito. A
idéia de que plantas são sempre seguras e livres de efeitos adversos é falsa, porque elas podem conter substâncias tóxicas, como
os compostos citotóxicos ou por exemplo alcalóides pirrolizidinos,
etc. Nem tudo que advém de plantas é seguro.
Paracelsus (1493-1541) postulou que "todas as substâncias
são tóxicas e que é a dose que diferencia o veneno do remédio". As
plantas medicinais contêm substâncias ativas que curam, quando
administradas na dosagem correta e podem prejudicar a saúde ou
levar a óbit,o quando ingeridas em excesso. O uso prolongado e intermitente de fitoterápicos também não é recomendável, uma vez que
pode promover sérias alterações no trato gastrointestinal, sistema
endócrino, nervoso, etc. Entretanto, quando prescritos adequadamente, são seguros e em geral não apresentam os efeitos adversos
que têm sido registrados com os milhares de produtos farmacêuticos
sintéticos, a cada ano (Elvin-Lewis, 2001). De acordo com o mesmo
autor, a segurança dos fitoterápicos está relacionada à moderada
bio-reatividade desses medicamentos e ao conhecimento secular a
respeito de dosagem e parâmentos de uso, que estão documentados
em centenas de levantamentos etnofarmacológicos.
Os registros que descrevem os efeitos adversos ou ausência
de eficácia dos fitoterápicos estão diretamente relacionados às seguintes questões: a falta de classificação correta da planta, ausência de padronização e de controle de qualidade do produto; ausência de boas práticas de produção; adulteração e contaminação da
matéria-prima com metais pesados, fungos, venenos ou insetos e,
for fim, dosagem incorreta.
A eficácia e segurança de muitas plantas medicinais já foram
comprovadas pelo uso tradicional ao longo de muitos séculos e também cientificamente, o que as legitimizaram como recurso terapêutico
benéfico e eficaz para a humanidade. Entretanto, há problemas de
vários níveis que limitam o seu uso. Entre eles podemos citar:
. Dificuldade de identificação botânica. Muitas plantas possuem semelhanças morfológicas que só podem ser distinguidas por
especialista .
. Algumas espécies sintetizam os metabólitos secundários em
- centrações muito baixas o que exige processos de extração
:ispendiosos e elaboração de formulações farmacêuticas complexas.
s exemplos mais importantes são os das substâncias com atividade
a ti-câncer.
Algumas espécies apresentam enorme variabilidade genétia! com alterações quanti e qualitativas nos metabólitos secundários! o que dificulta a obtenção de droga padronizada.
Muitas espécies estão sob forte pressão antrópica! expostas à
erosão genética e com redução drástica de populações endêmicas! o
que dificulta a utilização em larga escala.
Todos esses itens mencionados interferem direta ou indiretamente no controle de qualidade de fitoterápicos e conseqüentemente
na eficácia e segurança deles.
Os fitoterápicos são preparações padronizadas! consistindo
de mistura complexa de uma ou mais plantas. Portanto! a qualidade
de todos os processos que envolvem a produção desse tipo de medicamento é indispensável.
De acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde!
um fitoterápico contem como ingredientes ativos! partes da planta
ou material da planta na forma processada ou não! acrescida de
certos excipientes como solvente! diluente ou conservante
(Akerele!1993). Em geral o princípio ativo específico responsável pela
atividade farmacológica não é conhecido! uma vez que se trata de
um complexo de substâncias que interagem entre si! embora possa
ser conhecida uma ou mais substâncias que podem ser denominadas
de marcadores químicos. Esses em geral são utilizados no controle
de qualidade químico. A diferença entre fitoterático e fitofármaco é
que o segundo é produzido a partir de princípios ativos isolados.
Os conceitos de medicamento e remédio também são distintos e merecem algumas considerações: o primeiro! de acordo com a
Farmacopéia Brasileira é definido como produto farmacêutico! tecnicamente obtido ou elaborado! que contém um ou mais fármacos juntamente com outras substâncias com finalidade profilática! curativa,
paliativa ou para fins de diagnóstico. O segundo, pode ser apresentado como formulações elaboradas de maneira não industrializada! em
geral preparadas por pessoas com amplo conhecimento prático e intuitivo! cujo controle de qualidade está restrito a aspectos visuais.
Os fitoterápicos em geral são utilizados na forma de chá! pó
e formulações galênicas! ou seja, extrato, tintura! alcoolatura! etc.
Nessas formulações as plantas são utilizadas secasou frescas. Quando
secas é necessário tomar cuidado com a temperatura de secagem;
quando esta ultrapassa a 50oC, em geral, os princípios ativos são
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alterados. Se forem utilizadas plantas frescas estas devem ser manipuladas num período máximo de 12 horas após a colheita, uma
vez que o sistema enzimático da própria planta é ativado logo após
a colheita. A finalidade desse sistema é quebrar várias moléculas,
liberando energia para a manutenção da vida da planta, e os princípios ativos contidos nela são degradados com essa finalidade.
Além do calor, a luminosidade também pode ser prejudicial
no processo de secagem. O procedimento de secagem das plantas
medicinais deve ser realizado com exposição a menor intensidade
de luz possível. Estes quesitos são importantes e vão determinar a
qualidade final do fitoterápico. O assunto qualidade de fitoterápicos
é complexo, envolve dezenas de itens, que vão desde o plantio até
o produto acabado, ou seja, o medicamento propriamente dito que
será utilizado pelo paciente.
A avaliação da qualidade de matéria-prima vegetal para produção de fitoterápico deve obedecer aos seguintes itens:
a) análise sensorial ou organoléptica (coloração, consistência,
sabor e odor)
b) Verificação da autenticidade. Esseitem inclui a identificação
botânica e a caracterização dos constituintes químicos por
métodos cromatográficos.
c) Análise da pureza da amostra.
São necessárias
investigações quanto aos elementos químicos indesejáveis
(aflatoxinas, agrotóxicos ou pesticidas, metais pesados,
etc.), teor de cinzas, teor de umidade, impurezas e
contaminantes microbiológicos.
A qualidade de um fitoterápico também está diretamente
relacionada à padronização de extratos, e para isso é importante
que os indivíduos que compõem uma população de plantas cultivadas sejam aparentadas. A similaridade genética facilita o manejo,
contribui na homogeneidade química da matéria prima e conseqüentemente promove a qualidade.
De modo geral, as plantas medicinais estão distribuídas no
mundo de forma nativa, em estado selvagem e com grande variabilidade genética, situação oposta ao que se deseja para a produção de
fitoterápicos, cujo anseio maior é a obtenção da matéria prima padronizada e, portanto, plantas o mais aparentadas possíveis.
A sobrevivência de uma espécie na natureza se dá através
de gerações. As chances de uma espécie deixar descendentes aumentam consideravelmente se os indivíduos que compõem uma população forem diferentes entre si. Esta é a estratégia das espécies na
natureza: diversificar para sobreviver.
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Embora espécies selvagens possam ser cultivadas, o seu culéivo pode ser uma tarefa difícil, a depender das características
da
espécie em questão. Na natureza, as chances de uma espécie deixar
descendentes aumentam consideravelmente
se os indivíduos que
compõem uma população forem diferentes entre si. Assim, se houver um período de seca, por exemplo, é provável que alguns indivíduos mais resistentes à falta de água consigam sobreviver e deixar
descendentes. O mesmo raciocínio vale para o caso de uma doença,
fogo, ataque de pragas, etc. Assim, em geral, indivíduos de uma
mesma população selvagem, com a mesma idade, que cresceram
num mesmo ambiente, são quase sempre diferentes entre si.
À estas diferenças, atribuídas a fatores herdáveis, entre indivíduos de uma mesma espécie, é dado o nome de variabilidade genética. Ela é a base da dinâmica do processo evolutivo, pois é por seu
intermédio que a seleção natural atua e, em conseqüência, a própria
evolução acontece.
Por trás da expressão variabilidade genética, encontra-se uma
grande variação na dormência das sementes, na morfologia dos indivíduos, no seu desenvolvimento,
na resistência às pragas e doenças,
na sua resposta a condições de fertilidade e água do solo, etc. O teor
de princípios ativos também pode variar com a diversidade genética.
Ao introduzirmos técnicas de cultivo numa determinada área,
cujo ecossistema se encontre em estado original, ou seja, nunca tenha sido alterado, iremos promover uma instabilidade
ambiental,
requerendo muito cuidado para mantê-Ia equilibrado.
O desequilíbrio causado no meio ambiente só ocorre quando
não se faz uso de boas práticas agrícolas, como a cobertura do solo,
enriquecimento
de matéria orgânica, manutenção de espécies nativas, rotação de cultura, a adubação verde, etc. Mas, mesmo adotando essas práticas, o mais provável é que não se atinja o mesmo nível
de equilíbrio que havia antes de se iniciar o cultivo e a domesticação
de espécies.
Uma idéia comum é que, se a planta nasce e cresce espontaneamente em um determinado lugar, ela nascerá e crescerá muito melhor
em ambiente sob cultivo, onde terá maior disponibilidade de água, adubo e cuidados especiais. Esta idéia não é correta, uma vez que a planta
que cresce, muitas vezes, em um ambiente hostil está adaptada àquela
condição e poderá apresentar dificuldades em se adaptar num local
considerado adequado sob o nosso ponto de vista.
Ao optar por cultivar uma planta selvagem, o produtor desencadeará mudanças na estrutura genética da população a ser
manejada. As mudanças desencadeadas
pelo ato de cultivar, são
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uma conseqüência, um reflexo da mudança da base genética da
população cultivada e do aumento do grau de parentesco entre as
plantas da população, o que conseqüentemente as tornarão mais
homogêneas. A este processo dá-se o nome de domesticação.
A domesticação de uma espécie tem conseqüências ecológicas importantes. Cultivar populações com uma base genética
estreita torna o ambiente de cultivo instável. A rusticidade de uma
espécie, com as vantagens que ela traz, também vão sendo perdidas, à medida que a espécie progride no processo de domesticação,
o que a torna dependente do homem. O grau dessa dependência
será proporcional ao grau de domesticação atingida.
O cultivo de plantas medicinais nativas é freqüentemente
desacreditado porque é bastante difundida a idéia de que a planta
medicinal cultivada fora do seu ambiente natural não têm o mesmo efeito terapêutico daquela colhida em ambientes silvestres. O
principal argumento a favor desta teoria baseia-se no fato de que
os princípios ativos acumulados nas plantas medicinais são produzidos a partir de uma resposta da interação da planta com o ambiente. De fato, a produção de princípios ativos em geral está
altamente relacionada ao ambiente em que a planta vive. Mas
também
sabemos que condições ambientais
podem ser
mimetizadas de várias maneiras e com isso estimular a produção
de determinados metabólitos de interesse.
Centenas de estudos realizados com plantas exóticas e nativas cultivadas e domesticadas em vários países, em todos os
continentes, mostraram a viabilidade do cultivo de plantas medicinais. Obviamente cada espécie possui sua própria caraterística e
portanto exige manejo e trato cultural diferenciado. O sistema de
produção agrícola de uma planta medicinal pode interferir no metabolismo secundário, potencializando, reduzindo ou suprimindo
determinados princípios ativos, responsáveis pela atividade terapêutica da planta. A confirmação de presença ou ausência de princípios ativos responsáveis pela ação terapêutica pode ser realizada por técnicas de análises quanti e qualitativas, em aparelhos
sofisticados como o cromatógrafo liquido de alta eficiência e o
cromatógrafo gasoso.
Isso posto, fica esclarecido que espécies medicinais exóticas
podem ser produzidas em vários ecossistemas do planeta, sem a
perda da atividade farmacológica, quando monitorada adequadamente. Entretanto, cabe ressaltar a importância de se valorizar as espécies medicinais endêmicas de cada região e utilizá-Ias sempre que
possível em preferência daquelas que são importadas.
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Cada estado ou região possui plantas medicinais que Ihes são
próprias e que são tradicionalmente
usadas. Portanto cada comunidade, cada programa de saúde que deseje implantar a fitoterapia,
deve criar um receituário próprio, utilizando o máximo possível os
recursos disponíveis na região em que se encontram. Cada comunidade deve produzir e colher as plantas que vão servir para a produção de seus medicamentos no próprio local em que se encontram,
.
multiplicando as espécies úteis para que elas não se extingam.
O sucesso na implantação de programas de fitoterapia com a
utilização de plantas endêmicas está diretamente relacionado ao cultivo dessas espécies, uma vez que elas não são recursos inesgotáveis.
Esse cultivo deve ser realizado em pequena escala, à semelhança de
uma horta. As áreas de cultivo precisam atender a alguns requisitos
básicos: estar protegida contra a entrada de animais; estar localizada
distante de estradas de rodagem e de regiões com poluição ambiental,
depósitos de lixo, rede elétrica de alta tensão; contar com a presença
de um agrônomo
ou técnico agrícola; as plantas precisam ser
identificadas do ponto de vista taxonômico; o cultivo deve ser orgânico; é fundamental que a água utilizada para a irrigação seja de boa
qualidade e por fim, que haja a elaboração de um manual de procedimento operacional padrão (POP), que descreva todas os procedimentos das atividades desenvolvidas no campo de cultivo.
O Brasil tem uma situação privilegiada em relação à viabilidade
de um programa nacional de fitoterapia. O país possui a flora mais rica
do planeta em termos de biodiversidade, a população é conhecedora
das propriedades medicinais da flora e a imensa maioria dos brasileiros está culturalmente adaptada ao uso de plantas medicinais.
O chá de muitas espécies de plantas medicinais está consagrado pela população como medicamento seguro e eficaz em decorrência do uso centenário dele e da ausência de registros ou relatos
sobre sintomas de toxicidade. O chá é uma alternativa viável, de baixo
custo, que atende prontamente à necessidade primária de grande parte
da população brasileira. Exemplos importantes comprovados cientificamente são a Mentha x víllosa (hortelã) no combate a vermes, Bauhinia
forficata (pata de vaca) para diabetes, Cecropia glaziovii (embaúba)
para pressão alta, etc.
Em programas realizados por órgãos públicos, farmácias vivas, pastorais e casas assistenciais as preparações galênicas devem
ser preferidas ao invés de formulações farmacêuticas
sofisticadas,
elaboradas a partir de extratos secos ou princípios ativos puros. As
tinturas e alcoolaturas preparadas de muitas espécies medicinais são
formulações farmacêuticas eficazes contra grande número de enfer111
midades. As preparações galênicas são recomendadas desde que haja
controle de qualidade desde o plantio até à preparação final do medicamento.
As populações do mundo com baixo poder aquisitivo, mas
dotada de grande sabedoria, possuem vasto conhecimento básico a
respeito da medicina tradicional e produzem seus próprios remédios, como chás, ungüentos, cataplasmas, tinturas, etc, para resolver
os problemas básicos de saúde. Muitos desses preparados foram e
estão sendo extensivamente
utilizados como principal e mais importante fonte de informações que permitiram a descoberta da maioria
dos medicamentos de origem natural disponível na medicina moderna. Entretanto, é justamente essa grande parcela da população que
não se beneficia e nem tem acesso às vantagens e descobertas decorrentes da pesquisa de novos medicamentos
à base de produtos
naturais. O modelo econômico global não retorna a essas populações
os benefícios dos recursos terapêuticos industrializados.
Em gera! são as comunidades rurais que mais utilizam as plantas in natura para preparar, de forma tradicional, seus remédios e o
fazem sem nenhuma orientação das instituições governamentais
e
acadêmicas. Entretanto, essa distância entre agricultores, governo e
academias precisa ser reduzida com ações concretas beneficiando os
que se encontram no campo, à margem do progresso que já existe
nessa área. O conhecimento adquirido
nos estudos realizados em
grandes centros de pesquisa precisa chegar até à população que utiliza as plantas medicinais, para que ela possa ser beneficiada com a
informa~ão correta sobre o uso e a eventual toxicidade dessas plantas.
E necessário que se estabeleça
uma aliança entre os praticantes da medicina popular, os agentes de saúde e pesquisadores da
área da botânica, farmácia, química, agronomia, antropologia e medicina, para a criação de novo modelo comunitário de atendimento à
saúde. Assim, poderá promover, caso haja mobilização em torno da
proposta, o fortalecimento definitivo da fitoterapia no Brasil, tal como
aconteceu em países como a China e a Índia, que possuem atualmente uma fitoterapia avançada, graças a um processo secular de
mobilização popular.
O raizeiro, apesar de pouca ou nenhuma escolarictade, passa
uma vida inteira dedicada à experimentação
com plantas no tratamento de doenças e conhece o efeito das ervas no organismo humano. Por isso a união do praticante da medicina popular com o pesquisador científico é de vital importância para o avanço da fitoterapia
brasileira.
112
o Brasil, com uma área territorial extensa de 8.5 milhões de
quilômetros quadrados com vários biomas (Mata Atlântica, Cerrado,
Pantanal, Amazônia e Caatinga), apresenta uma grande diversidade
de solos e climas, que congrega vasta diversidade de fauna e flora.
Somente a Amazônia abriga mais de 25 mil espécies de plantas
superiores (IUCN,1986), a Mata Atlântica mais de 16 mil e o Cerrado
mais de 7 mil (Mendonça et aI., 1998). De acordo com Vieira &,Martins
(2000) 270 espécies de plantas medicinais são encontradas no cerrado e levantamento de dados mais recentes apontam que esse
número ultrapassa 500 espécies. Um número ainda maior que esse,
de plantas medicinais, é encontrado em outros biomas que compõem
o território brasileiro. A tabela 1 contêm algumas das mais conhecidas plantas medicinais nativas de várias regiões do Brasil, indicadas
para diversos tipos de enfermidades e utilizadas secularmente pela
população brasileira.
Paralelamente à grande riqueza fiorística nativa do Brasil, existem ainda as centenas de plantas medicinais introduzidas no processo de colonização, trazidas da Europa, Ásia e África.
As dimensões territoriais do Brasil são amplas e a diversidade
da flora representa uma riqueza inestimável. Nas últimas décadas,
entretanto, a devastação dos ecossistemas tem sido alarmantes e
centenas de espécies estão sendo extintas sem que tenha havido
tempo para estudá-Ias do ponto de vista químico e farmacológico.
Verde sem par! Por quanto tempo? Com urgência devemos
voltar os olhos para nossos recursos renováveis e tratar realmente de
renová-Ios. Desde a época de Pero Vaz de Caminha, o brasileiro está
acomodado em uma sensação de segurança de que esta generosa
terra "tudo dá". Isto foi verdade durante cinco séculos, enquanto a
extração das riquezas se fazia em moldes ainda relativamente comedidos, por uma população que, na imensidão do território era de densidade escassa (Rizzini & Mors, 1995). A realidade hoje é outra!
Em 1992, foi publicada pela Sociedade Botânica do Brasil (SBB)
a Centuria Plantarum Brasiliensium Extintionis Minitata, uma lista de
espécies ameaçadas da flora brasileira. No mesmo ano foi publicada
a Portaria n. 06-N (15/10/92) reconhecendo 100 espécies da Lista
Oficial da flora ameaçada de extinção. Ainda em 1992 esta Portaria
foi substituída pela Portaria n. 37-N, de 3 de abril de 19921 onde
foram acrescentadas mais sete espécies, totalizando 107 (SBB, 1992).
Em pesquisa financiada pelo Ministério de Cooperação Econômica e
Desenvolvimento da Alemanha (Bundesministerium für Wirtschaftliche
Zusammenarbeit - BMZ) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), realizada por Suei ma
113
Ribeiro Silva e colaboradores, foi mostrada uma tabela com as espécies utilizadas como medicinais e que se encontram em listas oficiais
da flora ameaçada de extinção no Brasil (tabela 2).
O mais ameaçado ecossistema, depois da Mata Atlântica,
é
sem dúvida, o cerrado. Até cerca de 30 anos atrás, os 200 milhões de
hectares ocupados por essa savana eram praticamente inexplorados
por atividades econômicas. O principal fator limitante era a elevada
acidez, que tornava o solo impróprio para a agricultura. No entanto,
novos métodos de manejo, irrigação, calagem e aplicação de fertilizante passaram a possibilitar o uso daquelas terras. Dessa forma,
milhões de hectares de cerrado são responsáveis por 30% da nossa
produção de grãos. Se por um lado, são enormes os dividendos econômicos daí resultantes, por outro lado, é evidente a descaracterização
da paisagem, com conseqüências imprevisíveis para o clima, regime
de chuvas, mananciais hídricos e diversidade biológica (Rizzini & Mors,
1995). Nesse bioma, as plantas medicinais estão desaparecendo na
mesma velocidade em que as máquinas avançam para arar o solo.
As únicas alternativas
para minimizar essa devastação são a implantação de unidades de preservação e o desenvolvimento de uma consciência ecológica, com a educação da nova geração, compromissada
em dar novos rumos ao país.
A nação com a maior biodiversidade vegetal do planeta, com
altos índices de extrativismo de plantas medicinais a ponto de extinguir certas espécies, com um elevado número de pesquisadores e
instituições de pesquisas estudando plantas medicinais, ainda não foi
capaz de desenvolver um programa nacional de viabilização de medicamentos fitoterápicos.
Os vários fitoterápicos encontrados no mercado não contam
com registro do Ministério da Saúde, portanto não são considerados
legais. E aqueles que contam com registro foram produzidos em outros países, como a Alemanha, onde a pesquisa no campo da fitoterapia
é bastante avançada. Essa realidade é resultado de mais de trinta
anos de descaso político com a produção de medicamentos no Brasil
e de uma legislação que não visou atender os interesses da nação.
Atualmente o ministério da Saúde através da portaria nO 971,
de 3 de maio de 2006, aprovou a Política Nacional de Práticas
Integrativas e Complementares
(PNPIC) no Sistema Único de Saúde
(SUS) que regulamenta o uso da fitoterapia na rede pública de saúde
e o decreto presidencial nO 5.813, de 22 de junho de 2006 aprovou a
Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos cujo objetivo
geral é "garantir à população brasileira o acesso seguro e o uso raci114
onal de plantas medicinais e fitoterápicos, promovendo o uso sustentável da biodiversidade, o desenvolvimento da cadeia produtiva e da
indústria nacional", o que representa um avanço sem precedente na
área da saúde pública no Brasil.
No Brasil, de acordo com Matos (1994), são produzidos cinco
diferentes tipos de fitoterápicos:
1. Fitote rá pi cos I eg a I mente reg istra dos, prod uzi dos
industrialmente,
com informações sobre sua eficácia,
segurança, controle de qualidade, e com monografia
completa. Ex.: Atroveran, medicamento feito à base de
Atropa beladona L., e outros produtos da mesma classe.
2. Fitoterápicos registrados, produzidos industrialmente, cuja
"monografia" inexiste ou não apresenta dados suficientes.
Ex.: Preparados de jurubeba (Solanum paniculatum L).
3. Fitoterápicos não registrados, produzidos artesanalmente,
com orientação farmacêutica, cujos dados para preparação
da respectiva "monografia" existem. Ex.: Myracrodruom
urundeuva Vell. (aroeira), Lippia sidoides Chamo (alecrimpimenta), Mikania glomerata Baker (Guaco), Coleus
barbatus Benth. (boldo nacional), etc. Xaropes, soluções
anti-sépticas, e preparações utilizadas por instituições
assistenciais, como FarmáciasVivas e Secretarias Municipais
de Saúde.
4. Fitoterápicos não registrados oficialmente mas produzidos
com orientação farmacêutica, cujos dados para preparação
da respectiva "monografia" inexistem. Ex.: xaropes, tinturas
e pomadas preparados por diversas entidades assistenciais
que utilizam plantas medicinais de forma empírica, e às
vezes as comercializam como suplementos alimentares, etc.
5. Fitoterápico não registrado, produzido sem orientação
farmacêutica, de modo desorganizado, cujos dados para
preparação das respectivas monografias inexistem; Ex:
Garrafadas e "ervas" comercializadas por raizeiros nos
mercados e feiras livres.
Todos esses tipos de fitoterápicos, com exceção do primeiro
item, são considerados ilegais de acordo com a legislação vigente.
Em 1998, foi criada a CONAFIT - Subcomissão Nacional de
Assesoramento em Fitoterápicos pela Agência Nacional de Vigilância
Sanitária. Foram nomeados especialistas para assessorar em aspectos técnicos, normativos e científicos para garantir a eficácia e segurança do uso de fitoterápicos, estabelecendo uma nova norma
115
publicada por consenso em 2000 (R:D:C: N.17). A grande novidade
desse documento foi a criação do Produto Fitoterápico Tradicional e
apresentação de uma Relação de Medicamentos Tradicionais, elaborada com base na literatura científica mundial, com caráter acadêmico. A relação oficial de 13 espécies, cujos efeitos terapêuticos foram
comprovados cientificamente,
estão apresentados na Tabela 3.
Atualmente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
vem trabalhando na análise dos processos para o registro de medicamentos fitoterápicos,
realizando as exigências cabíveis conforme a
legislação vigente. Observa-se um maior empenho das indústrias para
obterem a concessão do registro visando o comércio de seus produtos. Entretanto, os custos finais para a concessão de registros são
elevados e apenas indústrias de grande porte terão acesso a eles.
Plantas medicinais estão distribuídas em todas as partes do
planeta, mas estão em maior abundância em regiões tropicais. Isso
porque as condições ambientais dessas áreas são mais propícias ao
surgimento e manutenção da diversidade das espécies. Coincidentemente são nessas regiões que estão· localizados a maioria dos países
subdesenvolvidos
ou em desenvolvimento
onde 65 a 80% da população humana depende essencialmente
de remédios preparados a
partir de plantas medicinais para o atendimento
primário à saúde.
Certamente isso não é obra do acaso, mas uma realidade que permite a todos os povos o acesso a medicamentos, de alguma forma.
O futuro da fitoterapia no Brasil depende de incentivos políticos
e fiscais para o crescimento da indústria brasileira de fitoterápicos; da
proteção e utilização da biodiversidade para fins terapêuticos; dos incentivos a pequenos agricultores, à produção de hortas orgânicas de
plantas medicinais; da implantação de hortas comunitárias e farmáci. as vivas, para que a natureza com os seus recursos possa atender às
necessidades primárias de saúde da população brasileira desprovida
de recursos financeiros para comprar medicamentos sintéticos.
O desenvolvimento
da fitoterapia no Brasil será promissor e
robusto se o foco principal não for o acúmulo de capital, como faz a
indústria de medicamento sintético e com a exploração irracional da
biodiversidade à exemplo do ciclo do café, cacau, borracha etc. Esperamos que todos aqueles que estiverem compromissados
com o
desenvolvimento
da fitoterapia no Brasil tenham a coragem de investir mais no progresso perene do ser humano e da sociedade do
que no acúmulo de riquezas efêmeras.
116
Tabela 1. Plantas medicinais nativas mais conhecidas e usadas
no Brasil.
Asteraceae
cumaru
(Veil)
Mimosoideae
Macela
mentrasto
Meliaceae
Clusiaceae
andiroba
Landim
Mamacadela
Mull.
Flacourtiaceae
E
Faveiro
mbaúba
Pé-de-anta
Pacari
Cana-deBarú
macaco
Leg.
Papilionoideae
AlismataceaeCavalinha
Arnica
Alecrim-de-tabul
Sucuuba
do
cerradoeiro
Catuaba
arvense Apocynaceae
Família
Moraceae
Batata
deMart.
tiú
Nyctaginaceae
Pega-pinto
cPata-de-vaca
umaru
Moraceaea
Verbenaceae
Nome Jatobá-do-cerrado
científico
Nome
S
ucupira-preta
popular
carQueja
Chapéu
G
uaçatonga
Caesalpinideae
Sangra
d'-de-couro
Agua
Papilionodeae
Lecythidaceae
Jequitibá-vermelho
angico
(Pohi)
elliptica
CochIospermaceae
Mimosoiçleae
copaiba
campo
antisiphilitica
(Mart.)
Leg.
Papilionoideae
Eupliorbiaceae
Lythraceae
Carapiá
stignocarpa
Papilionoideae
Alecrim
pimenta
Bignoniaceae
CecropiaeeaeAlgodãozinho-doCaesalpinoideae
Euphorbiaceae
Zingiberaeeae
Equisetaeeae)Mulungu
Baccharis
trimera
(Less.)
De.
Dimorphandra
mollis
Benth
La/oensia
pacari
St.
Hil.
Anadenanthera
colubrina
(Benth.)
Anemopaegma
Caesakoubiudeae
117
Fabaceae
Infalível
Rubiaceae
Rhamnaceae
Juá
Asteraceae
Guaco
ex
Lor.
Jaborandi
Meliaceae
Anacardiaceae
Aroeira
do
Sertão
lG.
Família
Oleaceae
Simaroubaceae
Monimiaceae
Convolvulaceae
Convo!vulaceae
Celastraceae
Batata-depurga
roxo
avellanedae
Barbatimão
Passif10raceae
Lauraceae
P
au-andrade
Amaranthaceae
Rutaceae
Unha
Bolsa-de-pastor
depopular
gato
Piperaeeae
Negramina
Muirapuama
Caapeba
odorifera
(Vei!.)
(Mart)
Bignoniaceae
Mulungu
(Mart.)
adstringes
Apocynaceae
R. Bignoniaceae
E. Catuaba
Ipeca
Maracujá
M
aracujá
glomerata
(Spreng.)
Ginseng
brasileiro
Euphorbiaceae
Quebra-pedra
Ipê-roxo
impetiginosa
heptaphyila
(\lei!.)
IiIIpê-roxo
Espinheira
Nome
santa
Ginseng
brasileiro
Nome
científico
Quassia
I IpêCanela
! Leg. Mimosoideae
Tabebuiapaniculata
Trichilia
catizna
A.Kuntze
Juss.;
Maytenus
aquifolia
Mart.
I L. Benth.
Tabebuja
Ptychopetalum
Operculina
macrcarpa
olacoides
Pfaffia
118
Tabela 2. Espécies medicinais
flora ameaçada do Brasil.
ae
Estado
Araticum
Bibliográfica
do
V
E
Referência
Governo
A.
Castanha
&
Pau-rosa
Fabaceae
R
SBB.l992
excelsa
Anacardiaceae
catuaba
ou
Marme1inho
rosaeodora
Lauraceae
do
Schott
Lauraceae
Annonaceae
Fabaeeae
Moraeeae
Aroeira
Pau-brasi1
Araticum
maranhão
Muriei
Cravo-doFaveiro
Família
do Mendonça
brasiliense
Brasil
Nome
científico
2000;
Mendonça
SBB,1992
Lecythidaceae
pygmaea
Categoria
Bignoniaceae
Gonçalo-alves
deFabaeeae
glaziovii
Malpighiaceae
pauciflora
campo
affinis
(Schrank)
Caryocaracae
Coeh1ospermace
Malpighiaeeae
A1godão-doPiqui
Nome
popular
cabeça-de-negro
carrasco
,1992
1995 Dimorphandra
Annona glaucophylla
mencionadas
Lins, 2000
em listas oficiais da
Estado
Estado2000
Paraná,
1995
Lins,
119
Pau-d'alho
elata
Governo
Caroba
E.Hil)
&
R.
V
EX
R
Krameriaceae
Gentirana
Jatobá
courbaril
do
Referência
vil/osa
sucrei
Convolvulaceae
Annonacaeae
Fabaceae
E
Veludo
Jatobá
Moraceae
&
horrida
Bureau
Moraceae
Gentirana-deAnnonaceae
V
Vl/R2
Araticum
Convolvulaceae
Estado
tomentosa
candicans
VllE2
Tiliaceae
vermelho
Celastraceae
Arnica
Benth
Celastraceae
Celastraceae
RiblinOT~fica
Família
Convolvulaceae
espinho Lins,2000
Asteraceae
Mendonça
2000,
açoita-cavalo
Caiapiá-grande
campestris
Categoria
de
Lins, 2000
Caiapía
Mutamba-preta,
cayapia
Bignoniaceae
Lins,EX
2000
Lins,
gorazema
Phytolaccaceae
Lins,2000
ilieifolia
Nome
popular
Espinheira-santa
Nome
científico
1992
Krameria
Ga/lesia
2000,SBB,
95
992
995 Maytenus
120
Estado
Paraná,
1995;
&
lins,
Lins,
2000
2000
Lins,2000
Lins,
2000
Lins,2000
,-
torta
arrudaE
do-mato
montana
Douradinha,
alba
V
Fabaceae
Barbatimão
Assa-peixe
&
aurea
R
HGoverno
olmes
Jaborandi-doJaborandiAstrollium
PindaibaAnnonaceae
aroma/iea
&Stokes
Rubiaceae
Anacardiaceae
EX
Jaborandi
Aroeira
S!.Ipê-da-serra,
catlzarinensis
Oleo-de-nhamuí
A.
aurea
Rutaceae
Lauraceae
Cheirosa
Canela-sassafrás
do
Asteraceae
Bo1sa-de-pastor
benioeiro
Guapeva
cerrado,
Mendonça
SBB,1992legitimo
SBB,1992
2000;
Família
Referência
Sapotaceae
Ipecacuanha
cymbarum
Canela-preta
Bignoniacae
B
ipêignoniaceae
S
tyracaceae
amarelo-da-serra
pretiosa
Bignoniaceae
Ipê-roxo
Nome
científico
Categoria
de
Nome
popular
Ocotea
1992,
1995
995
995; Pi/ocarpus
Spirallthera
Stryphnodelldron
Pamplzilia
Celastraceae
Lins,
2000;SBB,
Lins,
2000
Lins,
2000
SBB,1992
Lins,
2000
Estado
Lins, 2000
2000
Paraná,
1995;
Lins,
Ocotea
Fonte: Governo do Estado do Paraná, 1995, Mendonça & Lins, 2000; SBB, 1992
E- Em perigo, EX- Provavelmente extinta, R- rara, V- vulnerável
*espécies comercializadas
121
L
L.
.l!.
coe
Tabela 3. Lista oficial das espécies, apresentada pela Anvisa,
cujos efeitos terapêuticos foram comprovados cientificamente.
Alcachofra
Camomilla
Erva-doce
Alho
--Nome
Sene
Calêndula
Boldo
Babosa
Hortelã-pimenta
Gengibre
Confrei
Melissa
Nome cientifico
polular
Maracujá
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