Baixe aqui - Souza Cescon

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Baixe aqui - Souza Cescon
15/02/2015 16h47 - POR ESTADÃO CONTEÚDO
Dólar valorizado atrai estrangeiros para
compra de ativos de cias brasileiras
2015 deve elevar número de fusões e aquisições no país
- em relação já ao alto número do ano passado
As empresas brasileiras deverão recorrer neste ano à venda de ativos não estratégicos, fora do
negócio principal, para buscarem liquidez e garantirem eficiência em um ano de fontes mais
restritas ao crédito. Esses ativos deverão atrair investidores, em especial os estrangeiros, que
ainda estão buscando oportunidades no mercado brasileiro, mesmo diante da estagnação da
economia local e da crise envolvendo a maior empresa brasileira, a Petrobras. Segundo
especialistas, o dólar mais valorizado em relação ao real, na máxima em dez anos, também
vem contribuindo para aumentar a atratividade para a entrada no Brasil, a despeito do cenário
atual.
Com a expectativa de queda para os preços dos ativos, tanto investidores estratégicos como os
financeiros estão olhando oportunidades, o que deve manter os patamares de fusões e
aquisições (M&A, a sigla em inglês) elevados ao longo de 2015 no Brasil, mas o cenário é de
cautela com grande aversão a setores regulados, os quais devem afastar os investimentos
neste ano.
Victor Báez, sócio da consultoria especializada em gestão e reestruturação de empresas
Heartman House, diz que tem aumentado o número de consultas vindas de companhias que
estudam a venda de uma fatia do negócio. "Deverá ter muita movimentação no segundo
semestre", afirma. Báez destaca que os investidores estrangeiros, com visão de longo prazo,
seguem analisando oportunidade de entrada no Brasil, mas que existe cautela e que muitos
estão, neste momento, tentando entender o caso de corrupção envolvendo a Petrobras.
Mesmo nesse cenário, apenas neste mês, a butique de fusões e aquisições Saint Paul Advisors
foi procurada duas vezes sobre transações desse perfil. "Empresas vendem ativos não
estratégicos em momentos mais desafiadores. Elas o fazem para levantar caixa quando o
mercado de capitais não está disponível ou está muito caro. Em outros casos, as empresas
vendem ativos não estratégicos para focar nas atividades mais relevantes buscando otimizar
recursos humanos e financeiros", afirma o sócio da consultoria José Securato.
Valdo Cestari de Rizzo, especialista em direito empresarial e sócio do Lobo & de Rizzo
Advogados, conta que empresas também estão buscando parceiros para seguir com projetos
de investimentos. O advogado diz que o escritório trabalhou recentemente com uma
companhia que estava se estruturando para realizar dois grandes empreendimentos sozinha,
mas que acabou realizando um road show para buscar um parceiro e acabou, no final, atraindo
investidores estrangeiros. "Ela se capitalizou com o intuito de mobilizar menos capital. Com o
crédito mais caro e escasso, essa é uma alternativa", afirma.
Precificação
O líder de Private Equity da EY (antiga Ernst & Young), Carlos Asciutti, diz que a venda de
participações e ativos motivadas pela necessidade de levantar caixa deve, de fato, movimentar
as transações de fusões e aquisições neste ano, mas destacou que os investidores que ainda
não estão presentes no Brasil devem manter a intenção de ingressar no Brasil em compasso de
espera. Segundo Asciutti, neste momento de alta volatilidade, os negócios contam com uma
dificuldade adicional que é peça chave quando se fala de fusões e aquisições: a precificação
dos ativos.
Já o sócio da Landmark Capital, Gianni Casanova, destaca que tem observado o interesse das
empresas em sair de ativos fora do centro do negócio e que esse movimento tem chamado a
atenção inclusive de multinacionais que querem aumentar a atuação no Brasil. "Há empresas
que estão presentes em apenas uma linha de negócio e que estão procurando adquirir
outras", afirma. Segundo Casanova, os investidores estrangeiros estão, de certo, mais
otimistas na comparação com os locais, mas que essa característica também tem como
explicação o fato de que esses investidores analisam o risco sob o prisma de uma geografia
mais extensa, o que acaba permitindo maior tolerância ao risco.
Asciutti, da EY, acredita que a chegada de novos investidores estrangeiros ao Brasil deve
ganhar novo impulso diante de mudanças regulatórias no Brasil, como a possibilidade do
ingresso de capital estrangeiro em hospitais, por exemplo. Ricardo Gaillard, sócio do Souza,
Cescon, Barrieu, & Flesch Advogados, explica que a lei publicada em janeiro flexibilizou o
investimento direto estrangeiro em hospitais e clínicas de saúde e que isso abrirá as portas
para investidores que, em muitos casos, já tinham interesse de investir na área. "Em termos
imediatos há grande interesse de grupos para começar a olhar os hospitais. No fim do dia essa
acaba sendo uma nova forma de essas empresas se capitalizarem", avalia.
Segundo dados divulgados nesta semana pela Associação Brasileira das Entidades dos
Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), as aquisições de brasileiras por estrangeiras
cresceram tanto em número (de 30,4% para 45,9%) quanto em volume (de 33,5% para 50%).
Olhar do estrangeiro
Richard Ziliotto, sócio da family office Taler, destaca que o investimento financeiro do
estrangeiro segue em alta, fator evidenciado pelo fluxo de entrada de capital na Bolsa
brasileira neste ano. No acumulado do ano, até o dia 10 de fevereiro, há um superávit de
recursos estrangeiros de R$ 2,961 bilhões na Bovespa.
"Para o estrangeiro a nossa bolsa está interessante depois da forte reprecificação dos ativos e
do real desvalorizado. O investidor estrangeiro olha essa reprecificação e coloca algumas
fichas", destaca Ziliotto. O especialista diz que o investidor estrangeiro tem a percepção de
que uma queda futura dos juros no Brasil significará valorização de ações.
Fabiane Goldstein, sócia da consultoria MBS Value Partners, conta que o estrangeiro está sim
olhando para o Brasil, especialmente aquele com perfil de mais longo prazo. Segundo ela, a
percepção é de que há oportunidades para entrada em bolsa, mas estatais e setor regulados
estão no momento fora do radar desses investidores.
Além da entrada no mercado de renda variável, a elevada taxa de juros também tem
funcionado como um grande holofote para atrair o capital externo, afirma Adriano Moreno,
presidente da AZ FuturaInvest. "O relaxamento monetário na Europa, com liquidez mais farta
no mercado, sem dúvida, irá ajudar para a entrada de capital para dentro do país", destaca.

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