conhecendo a saara

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conhecendo a saara
CONHECENDO A S.A.A.R.A
ROSÁLIA VENTURELLI
CONHECENDO A SAARA
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SUMÁRIO
SUMÁRIO........................................................................................................................2
INTRODUÇÃO...............................................................................................................3
RELAÇÃO DOS FUNDADORES.................................................................................4
SÍMBOLO DA SAARA..................................................................................................4
RUAS................................................................................................................................5
ALFÂNDEGA...............................................................................................................5
SENHOR DOS PASSOS...............................................................................................5
BUENOS AIRES...........................................................................................................5
RUA DOS ANDRADAS...............................................................................................6
GONÇALVES LÊDO...................................................................................................6
REGENTE FEIJÓ..........................................................................................................6
TOMÉ DE SOUZA.......................................................................................................7
PRAÇA DA REPÚBLICA............................................................................................7
REPÚBLICA DO LÍBANO.........................................................................................8
RUA DA CONCEIÇÃO...............................................................................................8
O MASCATE...................................................................................................................9
FATOS CURIOSOS......................................................................................................10
........................................................................................................10
GABRIEL HABIB.........................................................................................................11
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................13
CONHECENDO A SAARA
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INTRODUÇÃO
Os caminhos a serem trilhados por nós, nem sempre serão fáceis. Mas,
temos uma única certeza: a de não estarmos sós.
Somos e formamos a partir de hoje uma equipe coesa e consciente, lutando
por um só ideal.
Ideal este que nos eleva na medida em que contribuímos no exercício da
cidadania participativa e, no resgate moral e cultural de uma das mais belas
cidades do mundo.
Creditando um voto de confiança no Rio de Janeiro, plantamos uma
semente de esperança, que trará um futuro bem melhor que o passado e o
presente.
O ideal não é algo que se espera, mas que se constrói.
BOA SORTE!
O RIO DE JANEIRO AGRADECE POR ESTE GESTO DE CARINHO
SAARA
Fundada em 05/10/1962, a SAARA(Sociedade de Amigos das Adjacências
da Rua da Alfândega), é conhecida como a “ONU-BRASILEIRA” por agrupar
povos de todos os hemisférios e continentes que, estão distribuídos em seus
1250 estabelecimentos comerciais e 11 ruas.
A idéia de fundar esta sociedade surgiu durante o governo de Carlos
Lacerda. Ela foi criada em defesa dos comerciantes locais. O governador Carlos
Lacerda tinha um projeto para criar o então, VIADUTO DA PRAÇA XV, que
passaria em muitas ruas da SAARA. Mediante as ameaças de desapropriações,
os comerciantes se uniram e fundaram a sociedade para se defenderem.
O projeto foi cancelado. Esta foi a primeira de inúmeras vitórias e
conquistas da SAARA.
A SAARA tem 1250 estabelecimentos, sendo que 80% dos comerciantes
são filiados a ela.
Ela oferece aos comerciantes toda a assistência perante os órgãos
públicos(Federal, Estadual e Municipal) 24 horas por dia – inclusive aos
domingos e feriados; serviço de segurança; limpeza; utilidade pública; Rádio
SAARA, Revista SAARA Informa, banheiros públicos, estacionamentos e
ambulância com enfermagem.
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A SAARA é o espelho para várias associações do Brasil, como por exemplo
a SARCA(Sociedade de Amigos das Adjacências da Rua da Carioca), dentre
outras na Bahia, Ceará e etc...
RELAÇÃO DOS FUNDADORES
ADIB COSTG TABACH
ALBERTO PEDRUSIAN
DEMÉTRIO CHARL HABIB
EDMUNDO SAUMA
ELIAS CRISTOVÃO CHEADE
EMILE HAIM
FELIPE CALIL RIFF
GERALDO VALDOMIRO DIAS
JOÃO PEREIRA DE SEQUEIROS
JOAQUIM HASCHIK
MICHEL CRISTOVÃO CHEADE
DR. NAGIB HOUH CHAIA
SALIM HALLAK
DR. SALOMÃO SIMÃO
WAHYB SAAD
ADIB ABI-RIHAN
JOSÉ FERES SAUMA
SÍMBOLO DA SAARA
ELMO:
É uma armadura de ferro para a cabeça.
De Júpiter armado, forte e duro.
Júpiter era o pai dos deuses entre os romanos, correspondente ao Zeus dos
gregos.
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MÃOS:
Simbolizam a união entre os povos.
Os “Turcos” como eram chamados, são todos os árabes.
MASCATE:
É a história de imigrantes no início deste século, que estavam determinados
a fazer fortuna na nova terra.
RUAS
ALFÂNDEGA
Começa na Rua Primeiro de Março e termina na Praça da República.
Com a abertura dos portos brasileiros às nações amigas chegaram os
primeiros imigrantes, que eram ingleses.
Mais tarde os Sírios e Libaneses.
Em 1845 instalou seus escritórios nela, a primeira companhia de seguros
do RJ, a “ARGUS FLUMINENSE”, e logo Societé Anonyme Du Gaz, beneficiada
por uma concessão obtida pelo industrial inglês Brianthe, em substituição aos
antigos serviços de iluminação pública feitos pelo Barão de Mauá.
Em 1892 foram vendidos os primeiros fogões e aquecedores a gás usados
pelos cariocas.
Esta rua viu nascer o Clube de Engenharia e abrigou leiloeiros e
antiquários.
Num balcão de loja, onde era caixeiro, FRANCISCO MANUEL DA SILVA,
compôs o HINO NACIONAL.
SENHOR DOS PASSOS
Localizada entre as ruas Uruguaiana e Praça da República.
Em 1843 com a construção da Capela Senhor dos Passos, ela recebeu este
nome.
Esta capela foi elevada à Ordem Terceira de Nossa Senhora do Terço em
1948 e, passou a ser Igreja. Em 1967 ao tomarem conhecimento do conflito
entre Israel e os países Árabes, foi realizado talvez a única manifestação pública
pró-paz, onde se reuniram Árabes e Judeus.
BUENOS AIRES
Tem seu início na rua Primeiro de Março, terminando na Praça da
República. Provavelmente tenha nascido antes do ano de 1624. Teve vários
nomes, até que em 1915 recebeu este nome em homenagem à capital da
Argentina.
Uma das curiosidades desta rua, é que nela havia uma firma, “Mesquita e
Moraes”, limpadora de vasos sanitários e encarregados de jogar suas cargas ao
mar.
A tinta que nossos bisavós escreveram nasceu aqui: a tinta “SARDINHA”.
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Ela foi sede do Grêmio dos Professores, o Clube Ginástico Português, o
Jornal “A MANHÔ, “O POPULAR”, “A TARDE”, e a Liga Metropolitana dos
Desportos Terrestres, fundada na segunda década do séc. XX, quando o futebol
começou a se popularizar.
RUA DOS ANDRADAS
Vai do Largo de São Francisco até a Rua Júlia Lopes de Almeida.
Recebeu este nome em homenagem aos três ANDRADAS: José
Bonifácio(Patriarca da Independência), e seus irmãos Antonio Carlos Martins
Francisco, Senadores e lutadores dos primeiros anos do Brasil Império.
AVENIDA PASSOS
Começa na Praça Tiradentes, terminando na Av. Marechal Foloriano.
Seu primeiro nome foi rua da LAMPADOSA, depois rua do ERÁRIO e rua
do SACRAMENTO.
Em 1820 foi inaugurada a Igreja do Santíssimo Sacramento. Mas só na
administração do Prefeito Edson Passos, em 1903 é que recebeu o nome de
Avenida Passos, sendo oficializada em 1910.
Em meados de século XIX, Dom Pedro I saiu várias vezes da sua Quinta e
veio despachar na casa de José Bonifácio, na esquina da Praça Tiradentes.
GONÇALVES LÊDO
Fica entre a Praça Tiradentes e a Rua da Alfândega.
Recebeu este nome em homenagem a um dos principais líderes do
movimento da independência do Brasil.
Gonçalves Lêdo era natural da cidade do Rio de Janeiro, nascido em 1781 e
faleceu em Cachoeira do Macacu em 1847.
Foi o criador do periódico “Revérbero Constitucional” juntamente com o
Padre Januário da Cunha. Foi um grande lutador para a permanência de Dom
Pedro I no Brasil e pela Assembléia Constituinte. Ao ser acusado pela
conspiração contra os Andradas, fugiu para Buenos Aires. Foi deputado da
oposição liberal, orador eloquente e um dos conselheiros de Dom Pedro I.
REGENTE FEIJÓ
Inicia na Rua Visconde do Rio Branco, terminando na Av. Marechal
Floriano.
Recebeu este nome de Rua do Regente porque o Regente do Império,
Padre Diogo Feijó morou ali.
Diogo Antonio Feijó, foi professor de latim, retórica, filosofia, deputado
junto às Cortes Portuguesas – 1822.
Na primeira legislatura brasileira foi ministro da justiça, senador e regente
do império. Participou da Revolta de Sorocaba em 1842. Combateu o celibato
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clerical. Foi preso por Caxias a mandado para o Espírito Santo, onde morreu no
ano seguinte.
TOMÉ DE SOUZA
Tem seu início na rua Buenos Aires, em prolongamento à Rua República
do Líbano, terminando na Av. Marechal Floriano.
Recebeu este nome em homenagem ao primeiro governador-geral do
Brasil(1549 a 1553).
PRAÇA DA REPÚBLICA
A história desta praça foi marcada por vários episódios de importância
nacional, quer na vida cultural ou política do país.
Foi no séc. XVII um campo de serventia pública, onde os animais podiam
pastar tranquilamente próximos as moradias de seus donos.
Em 1649 foi arrendado para um matadouro que deixava seu gado
depositado até o momento do abate.
No início do séc. XVIII a confraria de Negros São Domingos recebe da
Câmara doação de um terreno no Campo da Cidade, como era chamado e, lá
constrói a Igreja de São Domingos. A partir de então, o campo passa a ser
chamado de CAMPO DE SÃO DOMINGOS.
Sofreu vários desmembramentos e sucessivas desavenças religiosas. Em
1735 os dominicanos forçam a saída de sua igreja, da Irmandade de Sant´Ana,
que tinha a imagem de sua padroeira num dos altares da Igreja São Domingos.
Recebem então do Cônego Pereira da Cunha a doação de terras e, os irmãos de
Sant´Ana constroem sua pequena igreja ao norte da chácara, que dividiu o
campo em dois(hoje a ferroviária D. Pedro II).
Desde então é conhecida como CAMPO DE SANT´ANA.
Com a decadência e ruína da Irmandade de São Domingos, bem como o
desaparecimento de sua igreja, esta denominação tornou-se absoluta.
Até meados do séc. XVIII era deserto e abandonado que servia como local
de despejos dos detritos da cidade. Durante o êxodo da corte portuguesa, o
CAMPO DE SANT´ANA foi escolhido para abrigar o exército, por ser propício
aos exercícios e manobras militares. Assim surgiu o Quartel General do
Exército, posteriormente transformado em Ministério da guerra e atual Palácio
Duque de Caxias. Foi palco de diversas festividades, tais como:
1830 – Grande espetáculo de fogos de artifícios, celebrando o segundo
casamento de D. Pedro I com D. Amélia.
1831 – Protesto contra a formação do novo ministério.
Entre 1871 e 1875 nasceu o primeiro jardim de campo. Um dos ministros
de D. João VI, querendo iniciar a produção de seda no Brasil, plantou amoreiras
numa grande faixa de terra. Mais tarde foram plantadas várias espécies de
plantas tropicais ornamentais nacionais e européias. Somente em 1873 o
Ministro João Alfredo nomeia uma comissão de engenheiros para estudar e
propor a melhoria do embelezamento da cidade. Sob a orientação do arquiteto
paisagista e botânico AUGUSTE FRANÇOIS MARIE GLAZIOU, os trabalhos
começaram. Foram vários anos de trabalho e pesquisa.
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Finalmente em 07/09/1880 a inauguração do “Parque Júlio Furtado”,
como foi batizado. Em 1964 recebeu a denominação oficial de “CAMPO DE
SANT´ANA”.
O fato mais importante deste campo foi a Proclamação da República, a 15
de novembro de 1889.
Em 1889, o governo provisório determinou a mudança do nome da Praça
da Aclamação para Praça da República.
Hoje o Campo de Sant´Ana está dividido em três partes: a Pça. da
República; Pça. Cristiano Otôni e Pça. Duque de Caxias.
REPÚBLICA DO LÍBANO
Foi caminho aberto até a chácara do Carmo.
Recebeu o nome de Rua do Núncio em homenagem ao Núncio
Apostólico, em Lisboa, Dom Lourenço Caleppi, que em 1808 veio para o Brasil
junto com a Corte Portuguesa. Após a sua morte, foi substituído pelo
Monsenhor João Francisco MARAFOSCHI. Em 1898 passou a se chamar Rua
José Maurício em homenagem ao compositor sacro Padre José Maurício Nunes
Garcia, falecido em 1830.
Em 1924, parte da rua foi alargada, tornando-se AVENIDA TOMÉ DE
SOUZA e a parte mais estreita passou a ser a RUA REPÚBLICA DO LÍBANO,
desde 1943.
RUA DA CONCEIÇÃO
Inicia na Rua Luis de Camões e termina na Rua Senador Pompeu.
Em 1643 foi construída uma capela em devoção a Nossa Senhora da
Conceição que, posteriormente foi ocupada pelos capucinhos franceses em 1659,
sendo transformada em residência dos bispos do Rio de Janeiro, a capela e
demais dependências.
Em 1713, Dom Francisco construiu uma fortaleza onde explorou a
retirada de pedras no local.
A fortaleza da Conceição, como é chamada e o Palácio Episcopal são
tombados pelo IPHAN e foram restauradas de acordo com as arquiteturas
originais.
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O MASCATE
Sua estátua fica na Rua Buenos Aires com Rua
Regente Feijó.
No início do século a navegação européia
chegava ao seu clímax. Com a abertura dos
portos brasileiros, começou uma acirrada
disputa entre as companhias existentes,
principalmente as companhias francesas e
italianas. Assim sendo, a vinda dos imigrantes
sírios e libaneses ficou fácil e muito barata. Eles
saiam de seu país de origem direto para a
Europa e de lá para o Brasil, sem quaisquer
outros ônus que a passagem. Os imigrantes
chegavam ao Brasil indo direto ao HOTEL
BOUERI, um prédio de dois andares que ficava na Praça da República, entre a
Rua da Alfândega e a desaparecida Rua General Câmara. Recebiam boa cama,
roupas, café e sobremesa por preços modestos.
Após uma semana dada como aclimatação e adaptação, eram orientados
pelos parentes que aqui já estavam ou por conhecidos. A orientação era para
que procurassem um marceneiro expert na matéria para que ele construísse seu
armarinho ambulante.
Estas caixas eram dos mais variados tamanhos. Hoje podemos comparálas aos grandes magazines.
As caixas tinham 2 metros de altura por 1,20 m de largura, sustentadas
por fortes correias de couro que o “mascate” colocava nos ombros. Um bom
“mascate”(ambulante) andava a pé de 8 a 10 quilômetros por dia, percorrendo
diversos bairros. Ele andava 3 metros e tocava a sua matraca anunciando sua
visita. Nestas caixas havia de tudo um pouco, rendas, lazie, tecidos importados,
perfumes, jóias, chapéus, luvas, calçados e etc...
A maior caixa que se tem notícia no Rio de Janeiro, recebeu o nome de
“Minas Gerais”(devido seu tamanho) e pertenceu a YACOUB ROHANA. O
carrregador, um gigante de 2 m de altura chamado Assad Lehfedeni recebia um
salário de 20.000 réis por mês.
Eles percorriam vilas e povoados. Subiam serras e cruzavam rios,
descobrindo fazendas nos mais remotos sertões do Brasil, levando as utilidades,
conforto e progresso. Independente da sua nacionalidade eram conhecidos
como “turcos”.
Já naquela época existia o pagamento parcelado, tendo como garantia de
crédito, a palavra empenhada.
Muitas fortunas tiveram a sua origem nestas caixas, que hoje são o
orgulho de velhos sírios e libaneses.
Hoje em palacetes, guardam a velha “caixa” e a elas agradecem o apito
diário de suas fábricas.
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A “CAIXA DE MASCATE” tornou um objeto
épico na própria história do desenvolvimento
brasileiro.
FATOS CURIOSOS
1- Surgia, há 70 anos a primeira loja especializada em olhos na cidade, na Rua
BUENOS AIRES.
A “AHRENS”. Entre seus clientes ilustres, figuravam os ex-presidentes Getúlio
Vargas, Eurico Gaspar Dutra e o Brigadeiro Eduardo Gomes.
2- Na época de ouro do Rádio era a Rua República do Líbano que fabricavam os
aparelhos e vendiam as peças.
Com a chegada da Televisão(déc. de 60), ficou conhecidad por concentrar o
comércio de materiais eletrônicos. Atualmente é conhecida pelos materiais de
microeletrônica e computação.
3- CASA TURUNA
Desde 1920, a Casa Turuna acompanha o carnaval carioca. Das caravanas de
carros cheias de foliões aos corsos. Das serpentinas aos confetes e lançaperfumes. Dos Clovis à Colombina, ela mantém sua atualidade e presteza na
maior festa popular do Brasil e talvez do mundo. Ela já foi local de júri de
fantasias e de lançamento de marchas carnavalescas.
A Casa Turuna é uma tradição como é o carnaval. Sempre atualizada, ousada e
criativa dando um sabor charmoso na SAARA.
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GABRIEL HABIB
O Líbano é uma região montanhosa, banhada pelo Mar Mediterrâneo
com 30.000 Km².
Até o final da Primeira Guerra Mundial(1914), o Líbano estava sob o julgo
Otomano. Milhares de libaneses fugindo dessa dominação, imigraram. Essa
evasão causou ao Líbano uma significativa diminuição de braços para a lavoura.
Esta perda pode ser comparada ao fenômeno da Abolição da Escravatura no
Brasil, onde os grandes produtores agrícolas foram arrastados à miséria. Estes
imigrantes driblando com perícia a polícia marítima alcançavam navios
europeus e ganhavam o mundo.
Foi assim que o quase adolescente, GABRIEL HABIB(19anos) chegou ao
Brasil, Rio de Janeiro, a bordo do “Chargeus Réunis” para reunir com seus três
irmãos, Furjalah, Nacle e Habib.
Gabriel Habib teve sua infância interrompida aos 12 anos, quando
começou a trabalhar como ladrilheiro nos arrabaldes de Beirute para ajudar no
sustento da família. Gabriel era de uma família pobre. Trabalhou primeiro como
auxiliar de pedreiro e, em pouco tempo, passou a aprendiz de ladrilheiro. Era
filho de Mitre Abud Habib e Rosine Ajuz Habib, o quarto dos cinco irmãos e
sétimo entre os nove filhos do casal.
Nasceu em 16/11/1894, passando a infância em Beirute.
Aqui trabalhou primeiro com o irmão Nacle e depois Furjalah. Numa
viagem de negócios ao Uruguai conheceu sua esposa Joana Mary voltando
casado.
Sempre demonstrou jeito para o comércio, possuindo um temperamento
calmo e um grande espírito de tolerância, afora um sorriso franco e convincente.
Desde o início ficou interessado nos lotes de terras compradas pelos irmãos, no
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AREAL, hoje o bairro Coelho Neto. A única condução era o trem da Rio D´ouro
que passava duas vezes ao dia em Areal.
Areal era um matagal, não havia estação e os poucos moradores quando
desciam do trem tinham que atravessar um curral. Dias depois de sua primeira
visita ao Areal, Gabriel já planejava construir um bairro ali.
Dos sonhos à realidade foi um pulo. Construiu uma olaria e com ela um
açougue, uma padaria, um armazém, uma quitanda e uma barbearia. Estes
foram os embriões do bairro COELHO NETO. O moço de Mazrah conseguiria
mais uma vitória ao ser instalado um galpão de ferro coberto de telhas de zinco
e cimentado, com o nome: Parada do Areal, feito pelo Departamento de Obras.
Com os produtos da olaria, construiu casas proletárias que eram alugadas
a vinte, trinta e quarenta réis.
Durante muitos anos viveu esta vida de dupla jornada de trabalho em
busca de um sonho. Areal já era um centro agrupado de casas, com praça que,
mesmo sem urbanismo reunia seus moradores após o jantar. A solidão diminuia
e a convivência social crescia. Ainda não havia luz elétrica.
Jovens fizeram um campo de peladas, sempre realizadas aos domingos. O
“TURCO” como era chamado, sempre ia com Dona Mary assistir aos jogos,
mesmo sem entender nada de futebol.
Gabriel tinha em dos quartos de sua casa uma farmácia e, até aprendeu a
aplicar injeções para socorrer aquela gente humilde e pobre de Areal.
Mais tarde conseguiu um aliado, o professor Virgílio e construiram a
primeira escola, cujas glórias ficaram para os políticos que participaram de sua
inauguração.
Gabriel mesmo não tendo oportunidade de frequentar escolas, falava
francês, português, árabe e espanhol. Mas, sabia o quanto a educação era
necessária. A determinação de Gabriel levou Areal ao progresso. Postes foram
fincados no chão e as lâmpadas encaixadas em seus bocais. Chegava a luz
elétrica. Gabriel Habib foi um libanês que amou com sinceridade e
desprendimento o Brasil.
A transformação de Areal foi uma questão de tempo, trabalho e
dedicação.
Areal mudou de nome quando houve a inauguração do jardim da pracinha que
ele ajudara urbanisticamente a fazer, do busto de bronze de COELHO NETO.
Seus olhos encheram-se de lágrimas. Quem dos presentes lembraria que
parte de sua vida seria em prol daquela terra esquecida e que hoje é um bairro?
Ninguém falou em Gabriel Habib, o “TURCO”, pois o engôdo eleitoreiro assim
exigia.
Para ele, o essencial era que sua obra fosse em frente, fosse com quem
fosse. Gabriel via seu Areal com ruas asfaltadas, comércio movimentado e gente,
muita gente.
Esqueceram-lhe o nome, os esforços e os sacrifícios por que passara
grande parte de sua vida, no decorrer dos anos em prol de um bairro. Gabriel
jamais se queixou. Foi um homem generoso e amigo. Um pai e marido
exemplar. Um inovador.
Rompeu uma tradição ao transformar o comércio atacadista da Rua da
Alfândega em comércio varejista.
Certa vez ao ir para o trabalho, Gabriel lendo um jornal de sua terra, viu
que um orfanato iria fechar por falta de recursos. Do Brasil ele mandou
dinheiro, uma pequena fortuna e com isto, salvou o destino de 50 crianças órfãs.
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Gabriel Habib ganhou nome de uma rua em Campo Grande e no Rocha
foi criado um centro de treinamento, o Centro de Treinamento Gabriel Habib.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Gabriel Habib também é homenageado com o livro de Berliet Júnior
“O ROMANCE DE UM IMIGRANTE”.
Assim como Gabriel, muitos outros imigrantes se fixaram pelas ruas da
SAARA tiveram uma vida dedicada ao trabalho e a luta por um Brasil melhor.
Infelizmente não tenho no momento dados ou nomes, mas sei que não
foram poucos.
Faço questão de registrar neste trabalho o meu apreço a tantos
imigrantes anônimos que trouxeram a união e a fraternidade, transformando
um pedaço pequeno de comércio na “ONU-BRASILEIRA”.
Quando você se dedica de corpo e alma em prol de um objetivo, 50% já
estará realizado por Ordem Divina. Os outros 50% serão sua escalada para o
desenvolvimento pessoal, moral e profissional.
O homem se purifica através dos seus atos e das coisas que realiza com
pureza da alma.
Com o verdadeiro amor e a dedicação.
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