Tradução do artigo

Transcrição

Tradução do artigo
EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, S.A
Tradução do artigo publicado na Railway Gazette (edição de março 2016)
Ensaios na linha de Sintra confirmam o potencial da modernização
“low-cost” do sistema de tração
O serviço comercial suburbano em Lisboa de uma unidade quadrupla
elétrica (UQE) equipada com um conversor modernizado com tecnologia
IGBT (Insulated Gate Bipolar Transistor), confirmou o potencial para
aumentar a sua fiabilidade e poupar energia por uma fração dos custos da
substituição de uma unidade de tração completa.
Nick Kingley, Amadora
(Legenda: UMEs das séries 2300/2400 da CP com equipamento de tração da Siemens operam as linhas
que ligam Sintra às estações do Rossio e do Oriente, em Lisboa)
12,5%
(Subtítulo em caixa:
- Poupança de energia conseguida pela conversor modernizado a IGBTs
relativamente ao conversor a GTOs durante os ensaios em serviço)
No dia 27 de Janeiro o compartimento/cofre do equipamento de tração de uma
UME Série 2300/2400 utilizada pela CP na linha Lisboa-Sintra foi entregue numa oficina
da EMEF na Amadora, nos arredores de Lisboa. O cofre continha um conversor de tração
e respetivo equipamento de controlo, mas havia uma prateleira vazia, da qual o
operador já tinha retirado os módulos do antigo conversor de tração a tecnologia GTO.
Esta é a segunda unidade de tração a entrar em serviço comercial enquanto
parte do projeto de modernização “Lusogate”, destinada a equipar a frota da linha de
Sintra com tecnologia de tração IGBT por cerca de um terço do custo de um processo de
modernização convencional – substituição integral de todo o equipamento.
As instalações da Amadora são a sede da EMEF, a empresa de manutenção da
operadora nacional CP, mas grande parte do complexo foi a antiga fábrica da extinta
Sorefame, que montou material circulante para Portugal e vários outros mercados
internacionais até 2005 e onde atualmente funcionam também várias empresas de
sectores não ferroviários.
As instalações da EMEF acolhem igualmente a Nomad Tech – LABFER/NT POWER,
um departamento de eletrónica de potência, que faz parte da Nomad Tech, joint
venture entre a EMEF e a Nomad Digital; a Nomad Tech também presta serviços de
manutenção centrada na fiabilidade e fornece ferramentas de monitorização remota
online (NT Maintain) (RG 2.14 p60) e de eficiência energética (NT Eco). No cerne do
modelo de negócio da solução NT Power está a modernização dos conversores de tração
a GTO (tecnologia obsoleta) por tecnologia IGBT, uma abordagem de baixo custo que irá
influenciar o comportamento deste mercado.
EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, S.A
“Isto é inovação disruptiva em ação”, insiste Costa Franco, Diretor-Geral da
Nomad Tech. “A nossa estratégia de negócio é clara. Somos capazes de oferecer aos
operadores um retorno imediato do investimento.” A Nomad Tech tem vindo a
trabalhar na conceção do seu conversor de tração modificado desde 2010, após a CP ter
pedido à EMEF que encontrasse uma alternativa mais barata para renovar todo o
conjunto de conversores de tração da frota da linha de Sintra.
Costa Franco descreve genericamente a forma como o trabalho inicial realizado
no conversor modernizado a IGBTs foi levado a cabo pela EMEF em parceria com a CP e
a Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, antes da CP ter escolhido a Classe
2300/2400 de UMEs para ensaiar o equipamento Lusogate.
“Não mudem tudo”
Dado que tanto os modernos semicondutores IGBTs se encontram facilmente no
mercado da eletrónica, o desafio com que a NT Power se viu confrontada foi de como
incorporar a montagem da tecnologia IGBT, minimizando ao mesmo tempo a
necessidade de adaptar o software de comando de tração existente no comboio.
Na mesma linha de pensamento, a Nomad Tech estava decidida a assegurar que as
modificações não provocassem a alteração da compatibilidade eletromagnética ou dos
padrões de interferência harmónica para com a catenária e sinalização.
Otimizar a metodologia para o projeto de modernização levou tempo –
passaram-se quase cinco anos desde o início de projeto até que o comboio protótipo
entrasse em serviço normal na linha de Sintra. No entanto, Costa Franco insiste que se
tratou de tempo bem gasto, já que permitiu à Nomad Tech fazer ensaios extensivos para
demonstrar a característica mais marcante desta abordagem: não há necessidade de um
processo de homologação extenso, à semelhança de outros projetos nesta área. O
processo de homologação vem bastante simplificado, dado a estratégia tecnológica
seguida.
“Normalmente, quando um fabricante de equipamento original (OEM) aborda
um operador, propõe a renovação integral do sistema/conversor de tração. Por
definição, isto obriga a requerer novamente a certificação do gestor de infraestruturas e
da autoridade de segurança competentes”, observa Costa Franco. “Nós desenvolvemos,
pelo contrário, uma opção não intrusiva”.
O Diretor-Geral da Nomad Tech para o Material Circulante & Engenharia de
Manutenção, Nuno Freitas, acrescenta que “tivemos de convencer a REFER (atualmente
Infraestruturas de Portugal) de que os parâmetros-chave da autorização não tinham
mudado. Responderam-nos que “nós acreditamos em vocês, mas, mesmo assim, temos
de verificar”. Aqui o papel da REFER e FEUP foram preponderantes para o sucesso do
projeto.
EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, S.A
Poupança de energia
No dia 1 de Março, o primeiro comboio modificado da série 2400 completou um ano de
serviço comercial. A UQE de quatro carruagens, alimentada a 25 kV/50 Hz, dispõe de um
par de conversores de tração, dos quais um está modernizado com tecnologia IGBT e o
outro mantém a anterior tecnologia a GTO. “A CP e a REFER solicitaram um ano de
operação, que incluísse a operação sobre o calor do Verão e também para lhes garantir
a possibilidade de fazerem uma comparação significativa entre os dois conversores de
tração montados num único comboio”, explica Nuno Freitas.
Os ensaios em serviço já estão a gerar benefícios tangíveis, nomeadamente uma
poupança de 12,5% de energia da unidade de tração a IGBTs relativamente à unidade a
GTO, em condições idênticas de exploração.
A Nomad Tech conseguiu igualmente instalar um sistema/equipamento de diagnóstico
remoto em tempo real enquanto parte do projeto de modernização, o que significa que
o sistema de tração pôde ser levado para um regime de manutenção sob condições.
Dado que o equipamento de controlo não foi alterado, a unidade IGBTs está a
funcionar na mesma gama de frequências que a unidade a GTOs.
Nuno Freitas admite que isto significa que não está a ser utilizada a capacidade total da
tecnologia IGBT, pelo que significará que o tempo de vida da unidade de tração pode ser
substancialmente alargado, visto que o conversor a IGBTs é também mais leve e menos
complexo em termos elétricos do que o conversor a GTO.
Costa Franco acredita que, para além de proporcionar a possibilidade de
modernizar uma frota por cerca de um terço do custo frequentemente praticado pelos
fabricantes de equipamentos originais, a Nomad Tech pode oferecer um retorno
“imediato” do investimento, já que permite ao operador ficar imediatamente com um
conjunto de módulos (subequipamentos) GTOs de reserva, reduzindo-se assim os custos
de manutenção e os tempos de imobilização dos veículos ainda não modernizados.
Não há concorrência no mercado dos OEMs, daí não haver pressão sobre os
preços”, acrescenta. “Os grandes fornecedores gostam de preparar o terreno para uma
renovação intercalar aumentando o preço dos componentes – inclusive dos obsoletos –
e insistindo que o operador tem de adquirir conversores inteiramente novos.”
A Nomad Tech acredita que os ensaios da linha de Sintra demonstraram cabalmente que
existe uma opção substancialmente mais barata e mais rápida.
A joint venture pretende agora otimizar o procedimento para que futuras
modernizações não levem mais do que seis meses desde a conceção até à entrada em
serviço comercial. O futuro apontará para a utilização de uma abordagem “plug-andplay” (ligar-e-usar), ou seja a instalação do novo conversor será feita durante os
períodos de manutenção de rotina dos veículos.
EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, S.A
“Foi uma aprendizagem difícil até chegarmos aqui”, admite Costa Franco. “Mas,
no futuro, deverá levar menos de um ano para chegar da conceção até ao serviço
comercial.”
E o mercado é potencialmente enorme – uma oportunidade que se avizinha e
que a joint venture está a estudar é o concurso para a modernização dos conversores de
tração de 475 locomotivas com unidades de tração IGBT em que o operador já estipulou
que quaisquer trabalhos de modernização não deverão implicar a re-homologação das
locomotivas.
(Legendas:
À direita: Nas instalações principais da EMEF, a Nomad Tech criou um banco de ensaios a partir de
componentes já existentes. Um motor de tração universal é alimentado por um inversor de fase única
para replicar as condições de controlo às quais os módulos de tração estão submetidos.
À direita, em baixo: Técnicos trabalham nos produtos Lusogate no laboratório da Nomad Tech na
Amadora.
Em baixo: Um segundo módulo de energia Lusogate IGBT está a ser montado na UQE de ensaio no final de
Fevereiro de 2015;
A Nomad Tech diz que o atual sistema de comando de tração é fiável e pode ser mantido.
(Caixa segunda página)
REDUÇÃO DE CUSTOS
Duas fases da poupança de energia
A joint venture Nomad Tech tem também vindo a explorar técnicas de poupança de
energia em linhas eletrificadas da CP a norte do Porto. Tal como com os métodos de
telemanutenção e diagnóstico remoto desenvolvidos com significativa intervenção do
pessoal das oficinas, a Nomad Tech revela ter posto os maquinistas da CP na primeira
linha da sua iniciativa de poupança de energia.
A EMEF começou a estudar formas de reduzir os custos de energia da CP em
2009, no auge da crise financeira que o país atravessou. Desde então, a EMEF e, mais
recentemente, a Nomad Tech desenvolveram uma metodologia em duas fases centrada
em influenciar o comportamento dos maquinistas, e não na imposição de novas
tecnologias. “Um terço do consumo de energia de um comboio é causado pelos
sistemas auxiliares”, explica Hélder Ribeiro, responsável pelo Departamento de
Engenharia de Software & Eletrónica de Potência da Nomad Tech. “A primeira fase do
nosso trabalho com a CP concentrou-se em sensibilizar os maquinistas a
implementarem certos procedimentos no seu dia de trabalho, por exemplo ativar o
modo de baixo consumo de energia nos comboios durante o seu parqueamento entre
serviços e durante a noite.” Outras questões tratadas passam pela utilização de
iluminação e ar condicionado durante as operações de limpeza dos comboios.
EMEF – Empresa de Manutenção de Equipamento Ferroviário, S.A
“Mostrámos o impacto de manter o equipamento de climatização a funcionar em todos
os veículos de um comboio enquanto o mesmo está a ser limpo por uma única pessoa.
Isto não é eficiência energética.”
A utilização de dados reais do equipamento embarcado de aquisição e
diagnóstico da Nomad Tech significa que o impacto das diferentes ações do maquinista
pode ser otimizado e utilizado em sessões de formação; Hélder Ribeiro observa que a CP
registou poupanças de energia de 9,3% em ambiente real.
A primeira fase da política da NT Eco está atualmente a ser utilizada diariamente
pela CP no seu Depósito de Tração de São Bento; a segunda fase tem vindo a ser
desenvolvida desde 2013. “Trata-se de um sistema de apoio à condução (DAS)”, explica
Hélder Ribeiro, “mas um DAS centrado na componente humana”. A Nomad Tech
desenvolveu inicialmente uma ferramenta estática, em vez de um DAS dinâmico ou
“ligado”, que o maquinista gere através de um tablet portátil, em vez de um dispositivo
montado na cabina.
Os perfis de velocidade e tração utilizados para apoiar o maquinista baseiam-se
no horário do serviço comercial, mas contamos com uma considerável ajuda da equipa
de Tração para finalizar a aplicação. “Cerca de metade da interface surgiu de sugestões
dos próprios maquinistas”, diz Hélder Ribeiro. Além disso, a CP solicitou funcionalidades
adicionais, tais como maior informação de localização para auxiliar os maquinistas
quando encontram situações de nevoeiro, ocorrência que é comum na região do Porto.
Os maquinistas podem também intervir para repor o funcionamento do DAS
aquando da ocorrência de fatores externos, por exemplo para refletir paragens não
previstas. O equipamento embarcado da Nomad Tech regista informações como a
velocidade atual, a tração solicitada e os dados de travagem regenerativa, bem como os
consumos de energia, que são depois utilizados na formação dos maquinistas.
A Nomad Tech crê que a segunda fase poderá gerar poupanças de energia da ordem dos
7 a 15%, como se pôde verificar através dos serviços realizados ao longo de quatro
meses com quatro UMEs no Verão de 2015. “Idealmente, estamos a prever um retorno
muito rápido do investimento”, afirma Costa Franco, o Diretor-geral da Nomad Tech,
que reitera que as ferramentas NT Eco foram desenvolvidas de baixo para cima,
trabalhando com os próprios maquinistas, e revela que poderá haver colaboradores da
CP a acompanhar a Nomad Tech quando esta fizer a demonstração do produto a
potenciais clientes.

Documentos relacionados

ROCM - Inovar em Transportes

ROCM - Inovar em Transportes conversores de tração, da tecnologia Tirístor - Gate Turn-Off (GTO), para a tecnologia Bipolar – Insulated Gate Bipolar Transistor (IGBT)

Leia mais