As sete unidades do SENAI/CE em Fortaleza

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As sete unidades do SENAI/CE em Fortaleza
Impresso fechado,
pode ser aberto pela ECT
Impresso
Especial
9912285067/2011-DR/CE
Publicação do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará
Ano V n No 54 n NOVEMBRO/2011
FIEC
CORREIOS
3
Foto: GIOVANNI SANTOS
As sete unidades do SENAI/CE em Fortaleza, Maracanaú
e Juazeiro do Norte receberam cerca de 12 000
estudantes para conhecer as opções de formação
profissional que a instituição oferece no estado
Publicação do Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Ceará
NOVEMBRO 2011 | No 54
........................................................................................
FIRESO
A instituição promove o Programa
Formação Cidadã, em parceria com a
Câmara de Ensino Superior do Ceará.
Trata-se de uma rede de colaboração
formada por 27 instituições de ensino
ENAI 2011
11
O Laboratório de Controle Ambiental do SENAI
agora oferece o serviço de Análises de Emissões
Atmosféricas, desenvolvendo ações para eficiência
dos processos produtivos, atendimento à legislação e
melhoria da qualidade do ar.
SENAI, soluções ambientais para sua indústria.
Tornar a indústria brasileira mais
competitiva e próxima do ambiente
das decisões políticas no país foram
os principais alertas do 6º Encontro
Nacional da Indústria
Sindibrita
14
Português e matemática
O SESI/CE foi escolhido pelo
governo federal para implementar o
projeto piloto de acompanhamento
pedagógico de programa nacional do
Ministério da Educação e Cultura
Novas regras
A partir de janeiro de 2012, os
sindicatos terão de separar, em
suas contabilidades, os recursos
próprios daqueles oriundos da
contribuição sindical
SENAI Casa Aberta
SENAI vai duplicar a oferta de matrícula no Brasil nos
próximos anos. No Ceará, serão investidos 30 milhões de
reais na capacitação de 200 000 novos trabalhadores
até 2014 e na ampliação das sete unidades
Olimpíada do conhecimento
30
No Ceará, o setor mineral está em alerta
com a proposta de nova legislação para
o segmento, que refletirá diretamente
nas unidades produtivas locais, a
maioria de pequeno e médio portes
Transparência
34
22
Novo código mineral
SESI/CE
16
Centro de Treinamento e Assistência às Empresas
Rua Júlio Pinto, 1873 - Jacarecanga
85 3421.5200 | cetae-nac@sfiec.org.br
www.senai-ce.org.br
Desafios
CAPA
Disputa continua
Até outubro de 2012, os dois
primeiros colocados em cada
modalidade continuarão em
treinamento. Quem tiver melhor
desempenho disputará em São
Paulo a etapa nacional
Foto: JOSÉ SOBRINHO
08
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Formação cidadã
ONGs
38
Opinião pública
Fiscalização deficiente e pouca transparência estão colocando
as organizações não governamentais diante da opinião pública
num mesmo patamar negativo
Seções
MensagemdaPresidência........5
Notas&Fatos..............................6
Inovações&Descobertas.........21
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
3
Fernandes, Geraldo Bastos Osterno Júnior, Hélio Perdigão Vasconcelos, Hercílio Helton e Silva, Ivan José Bezerra de Menezes, José
Agostinho Carneiro de Alcântara, José Alberto Costa Bessa Júnior, José Dias de Vasconcelos Filho, Lauro Martins de Oliveira Filho, Marcos
Augusto Nogueira de Albuquerque, Marcus Venicius Rocha Silva, Ricard Pereira Silveira e Roseane Oliveira de Medeiros.
CONSELHO FISCAL Titulares Francisco Hosanan Pinto de Castro, Marcos Silva Montenegro e Vanildo Lima Marcelo Suplentes Fernando
Antonio de Assis Esteves, José Fernando Castelo Branco Ponte e Verônica Maria Rocha Perdigão. Delegados da CNI Titulares Fernando
Cirino Gurgel e Jorge Parente Frota Júnior Suplentes Roberto Proença de Macêdo e Carlos Roberto Carvalho Fujita.
Superintendente geral do Sistema FIEC Paulo Studart Filho
Serviço Social da Indústria — sesi
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Marcos Silva Montenegro,
Alexandre Pereira Silva, Carlos Roberto Carvalho Fujita, Cláudio Sidrim Targino Suplentes Pedro Jacson Gonçalves de Figueiredo, Marcus Venicius,
Coutinho Rodrigues, Ricardo Nóbrega Teixeira, Vicente de Paulo Vale Mota Representantes do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo
Júlio Brizzi Neto Representantes do Governo do Estado do Ceará Efetivo Denilson Albano Portácio Suplente Paulo Venício Braga de Paula
Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Elisa Maria Gradvohl Bezerra Suplente Eduardo Camarço
Filho Representante dos Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Pedro Valmir Couto Suplente Raimundo Lopes Júnior
Superintendente Regional Francisco das Chagas Magalhães
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial — senai
CONSELHO REGIONAL Presidente Roberto Proença de Macêdo Delegados das Atividades Industriais Efetivos Aluísio da Silva Ramalho, Ricard
Pereira Silveira, Edgar Gadelha Pereira Filho, Ricardo Pereira Sales Suplentes Luiz Eugênio Lopes Pontes, Francisco Túlio Filgueiras Colares, Paula
Andréa Cavalcante da Frota, Luiz Francisco Juaçaba Esteves Representante do Ministério da Educação Efetivo Cláudio Ricardo Gomes de Lima
Suplente Samuel Brasileiro Filho Representantes da Categoria Econômica da Pesca no Estado do Ceará Efetivo Paulo de Tarso Teófilo Gonçalves
Neto Suplente Eduardo Camarço Filho Representante do Ministério do Trabalho e Emprego Efetivo Júlio Brizzi Neto Representante dos
Trabalhadores da Indústria no Estado do Ceará Efetivo Francisco Antônio Ferreira da Silva Suplente Antônio Fernando Chaves de Lima
Diretor do Departamento Regional Francisco das Chagas Magalhães
Instituto Euvaldo Lodi — IEL
Diretor-presidente Roberto Proença de Macêdo Superintendente Vera Ilka Meireles Sales
Coordenação e edição Luiz Carlos Cabral de Morais ([email protected]) Redação Ângela Cavalcante ([email protected]), G evan Oliveira ([email protected]), Luiz
Henrique Campos ([email protected]) e Ana Paola Vasconcelos Campelo ([email protected]) Fotografia José Sobrinho e Giovanni Santos Diagramação
Taís Brasil Millsap Coordenação gráfica Marcograf Endereço e Redação Avenida Barão de Studart, 1980 — térreo. CEP 60.120-901. Telefones (085)
3421-5435 e 3421-5436 Fax (085) 3421-5437 Revista da FIEC é uma publicação mensal editada pela Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia (AIRM)
do Sistema FIEC Coordenador da AIRM Luiz Carlos Cabral de Morais Tiragem 5.000 exemplares Impressão Marcograf Publicidade (85) 3421-5434,
9187-5063, 8857-1594 e 8786-2422 — [email protected] e [email protected] Endereço eletrônico www.sfiec.org.br/publicacao/
revistadafiec
Revista da FIEC. – Ano 5, n 54 (nov. 2011) – Fortaleza : Federação das Indústrias do Estado do Ceará, 2008 v. ; 20,5 cm.
Mensal.
ISSN 1983-344X
1. Indústria. 2. Periódico. I. Federação das Indústrias do
Estado do Ceará. Assessoria de Imprensa e Relações com a Mídia.
MensagemdaPresidência
Roberto Proença de Macêdo
Inovação em Israel
Movidos pela busca de referências que nos ajudem
Os avanços científicos e tecnológicos que constataa enfrentar o desafio da inovação, fomos conhecer de perto mos em Israel têm características decorrentes de condia experiência exitosa de Israel na relação Empresa, Universi- ções específicas do país, que levaram o Estado a disciplidade e Estado. A comitiva organizada pela FIEC contou com nar e financiar fortemente o esforço de desenvolvimento
a participação da Universidade Federal do Ceará (UFC), da tecnológico e de inovação por meio da atuação conjunta
Universidade de Fortaleza (Unifor), da Faculdade 7 de Se- das universidades com as empresas, numa visão de lontembro (FA7), da CNI e com industriais cearenses que acre- go prazo. Esse posicionamento do Estado, como estratéditam e querem atuar nesse processo de mudança.
gia de desenvolvimento de país, garantiu uma mudança
Entre os dias 14 e 17 deste mês, visitamos a Ben-Gurion cultural capaz de construir a sólida ponte que uniu a
University, o Centro para Emacademia às empresas.
preendedorismo e Gestão de
Em nossa visita à Watec –
Alta Tecnologia (BENGIS) e os
É impressionante como Conferência e Feira Internaciocentros universitários Sapir e
nal sobre Tecnologias da Água,
nos últimos 30 anos
Ruppin. Vimos ainda como
Energias Renováveis e Controle
funciona o Programa GovernaAmbiental, realizada em Tel Aviv,
o povo israelense conseguiu
mental Magnet, com atuação na
chamou nossa atenção a particifazer uma diversificação no
formação de consórcios universipação direta das universidades
terreno de novas tecnologias,
dade/empresa para a inovação, e o
no desenvolvimento tecnológico
programa Magneton, exemplar na
das empresas expositoras. Concriando centros de pesquisa
produção de alumínio, com baixo
versamos com pesquisadores e
e
desenvolvimento
de
consumo de energia e utilização
professores que participavam
de magnésio, um recurso natural
nos estandes das empresas, presprojeção mundial.
abundante no Mar Morto.
tando esclarecimento sobre as
É impressionante como nos
inovações. Esse fato nos serviu
últimos 30 anos o povo israelense conseguiu fazer uma di- de testemunho vivo da nossa crença de que universidades e
versificação no terreno de novas tecnologias, criando cen- empresas são complementares.
tros de pesquisa e desenvolvimento de projeção mundial.
Com os meios e os processos que vimos adotados em
Embora envolto em circunstâncias históricas e determi- Israel, com a metodologia que nos será passada pela connismos naturais, que conferiram grande necessidade de sultoria que está sendo contratada pela FIEC e com o clima
desenvolvimento da indústria bélica e de refinadas tecno- de aproximação que será construído entre acadêmicos e emlogias no uso do solo e da água, Israel conseguiu atrair presários, e o apoio do governo, estou certo que brevemente
empresas como HP, IBM, Microsoft e General Eletric teremos uma cultura de cooperação que só benefícios trará
para instalar no país núcleos de inovação para atender para colocar as nossas empresas em um novo patamar tecseus mercados globais.
nológico e competitivo, em proveito da sociedade.
“
“
Federação das Indústrias do Estado do Ceará — fiec
DIRETORIA Presidente Roberto Proença de Macêdo 1o Vice-Presidente Ivan Rodrigues Bezerra Vice-presidentes Carlos Prado, Jorge
Alberto Vieira Studart Gomes e Roberto Sérgio Oliveira Ferreira Diretor Administrativo Carlos Roberto Carvalho Fujita Diretor Administrativo
Adjunto José Ricardo Montenegro Cavalcante Diretor Financeiro José Carlos Braide Nogueira da Gama Diretor Financeiro Adjunto Edgar Gadelha
Pereira Filho Diretores Antonio Lúcio Carneiro, Fernando Antonio Ibiapina Cunha, Francisco José Lima Matos, Frederico Ricardo Costa
CDU: 67(051)
4 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
5
q u e
Notas&Fatos
a c on t e c e
no
Si s t em a
F I E C ,
n a
P o l í t i c a
e
n a
E c onomi a
ViraVida
SENAI
Saúde e Segurança
Projeto
VAI PARA
Maracanaú
Caderno lança tendências
para o Inverno 2012
SESI oferece
consultoria
on-line
O presidente do Conselho
Nacional do SESI, Jair
Meneguelli, e o prefeito
de Maracanaú, Roberto
Pessoa, reuniram-se em
outubro para discutir
ações conjuntas para
o projeto ViraVida. A
prefeitura de Maracanaú
poderá indicar jovens
ao processo seletivo do
projeto. O município
irá ceder um galpão
para instalação da
sede da cooperativa
Caxangá, iniciativa de
empreendedorismo
coletivo do ViraVida.
No Ceará, mais de 200
jovens vítimas de abuso
ou exploração sexual já
receberam capacitação
profissional e ingressaram
no mercado de trabalho
mediante o projeto. O
programa é realizado em
13 estados, beneficiando
mais de 1 800 jovens. O
ViraVida é finalista do
Prêmio Fundação Banco
do Brasil de Tecnologia
Social de 2011.
O
O SESI lançou no dia
1º de novembro uma
consultoria on-line para
esclarecer dúvidas sobre
saúde e segurança no
trabalho (SST). São
ofertados serviços como
informações técnicas sobre
doenças ocupacionais,
ações de prevenção e
legislação a respeito do
tema. Para participar,
as empresas devem
preencher um cadastro
no site. O acesso é por
meio do número do CNPJ.
O serviço, prestado por
um grupo de consultores
do SESI em todo o país,
contou com a parceria
do Canadian Centre for
Occupational Health
and Safety, entidade do
Canadá que é referência
internacional em
segurança e saúde no
trabalho. A consultoria
está disponível no site
do Pro-SST (http://prosst1.sesi.org.br).
>> Cartas à redação contendo
comentários ou sugestões de
reportagens podem ser enviadas
para a Assessoria de Imprensa
e Relações com a Mídia (AIRM)
Avenida Barão de Studart, 1980,
térreo, telefone: (85) 3421-5434.
E-mail: [email protected]
Foto: JOSÉ SOBRINHO
SENAI lançou o Caderno Perfil Moda – Inspirações
+ Tendências Inverno 2012 em 27 de outubro,
durante evento na Casa da Indústria. A publicação
é inspirada em pesquisas de macrotendências
internacionais mescladas com informações locais
acerca da cultura brasileira. O objetivo é colaborar
com as empresas na identificação dos diversos perfis
de consumidores de moda e apontar as tendências
para as próximas estações. O caderno tem distribuição
gratuita e é dirigido para estilistas, designers e demais
profissionais e indústrias cearenses do setor.
Sete Cumes
ROSIER ALEXANDRE se prepara para desafio na Antártida
Com patrocínio da FIEC/SESI, o
montanhista cearense Rosier Alexandre
se prepara para, em janeiro de 2012,
escalar o monte Vinson, ponto mais alto
da Antártida (4 897 metros). O desafio é
mais uma etapa do Projeto Sete Cumes,
que consiste na escalada da montanha
mais alta de cada continente. Rosier já
6 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
subiu o Aconcágua, maior montanha da
Ásia; o Kilimanjaro, maior da África; e o
Elbrus, cume da Europa. Os interessados
podem acompanhá-lo pelo site www.
rosier.com.br. Além da FIEC/SESI, o
Sete Cumes tem o patrocínio da Bspar
Incorporações, DCDN, EIM Instalações
Industriais, Esmaltec e AYO Fitness Club.
CIN
DESEMPENHO AMBIENTAL
Empresários
cearenses
viajam à China
FIEC destaca dez
empresas cearenses
Uma missão empresarial
organizada pelo Centro
Internacional de Negócios
levou em outubro cerca
de 50 empresários
cearenses à China.
Representantes dos setores
metalmecânico, químico,
farmacêutico, de rações,
de serrarias, da reciclagem
e da construção civil
participaram da comitiva,
com o objetivo de visitar
feiras e indústrias e ficar
por dentro da realidade
do país. Além de conhecer
empresas em Xangai e
Hong Kong, a comitiva
cearense participou
da Canton Fair, em
Guangzhou, a maior feira
multissetorial do mundo,
que este ano reuniu 210
países, 15 000 expositores
e 32 000 estandes.
AGENDA
...................................................
O Movimento Ceará
Competitivo (MCC) entrega
o Prêmio Ceará de Excelência em Gestão (PCEG)
no dia 1º de dezembro, às
18h30, no auditório Waldyr
Diogo de Siqueira, na Casa
da Indústria. PCEG busca
promover a melhoria da
qualidade da gestão e o
aumento da competitividade das empresas sediadas
no estado, reconhecendo
as melhores práticas. A premiação tem apoio da FIEC,
por meio do INDI. Informações: (85) 3421-5486.
CURTAS
---------------------
Foto: JOSÉ SOBRINHO
O
Notas&Fatos
A
edição 2011 do Prêmio
FIEC por Desempenho
Ambiental, realizada
em 3 de novembro, premiou
a Heineken Brasil, na
categoria Reuso de Água;
a Makro Engenharia e a
Coelce, na modalidade
Educação Ambiental; o
Grupo Tavares em Produção
mais Limpa; e a Nutrilite,
na categoria Integração
com a Sociedade. Ceará
Portos, Gerdau, Cerâmica
Torres, Vulcabras Azaleia e
n
Cerâmica Gomes de Matos
receberam certificado de
participação. A premiação
ocorreu durante a abertura
da Recicla Nordeste 2011,
feira promovida pelo
Sindicato das Empresas de
Reciclagem de Resíduos
Sólidos Domésticos e
Industriais do Estado
do Ceará (Sindiverde),
com apoio da FIEC, por
meio do Instituto de
Desenvolvimento Industrial
do Ceará (INDI).
Protocolo de Madri
Empresários discutem
propriedade intelectual
R
epresentantes da
indústria, do governo
e de organizações
ligadas à propriedade
intelectual debateram
a adesão do Brasil ao
Protocolo de Madri,
tratado internacional que
promove registro único
de marcas em 84 países
signatários. O encontro
foi realizado em 11 de
novembro no escritório
da Confederação Nacional
da Indústria (CNI) em
São Paulo. O governo
brasileiro discute há anos
a assinatura do Protocolo
de Madri, criado em 1989.
A propriedade intelectual
é o primeiro item da
agenda da Mobilização
Empresarial pela Inovação
(MEI), movimento liderado
pela CNI para disseminar a
inovação nas empresas.
n A FIEC sediou o
evento Do álcool ao
crack – uma viagem
sem pai. Realizada
nos dias 18 e 19 de
novembro, a ação
teve como objetivo
promover informações
sobre prevenção e
tratamento na área de
dependência química.
A coordenação foi do
Conselho de Políticas
Públicas sobre Drogas
do Estado do Ceará.
n O Sindicato das
Indústrias Metalúrgicas,
Mecânicas e de Material
Elétrico do Estado do
Ceará (Simec) inaugurou
recentemente a sua
delegacia regional na
região do Cariri. A
unidade, que terá à frente
o empresário Adelaído
de Alcântara Pontes, está
localizada no SENAI de
Juazeiro de Norte.
n O Centro Regional
de Treinamento em
Moagem e Panificação
(Certrem) Senador
José Dias de Macêdo,
unidade do SENAI
no Mucuripe, realiza
a solenidade de
encerramento de mais
uma turma do curso de
Moleiro Júnior em 2 de
dezembro, às 19h. São
16 concludentes.
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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7
Responsabilidade social empresarial
A instituição, por meio do FIRESO, promove o Programa Formação Cidadã
em parceria com a Câmara de Ensino Superior do Ceará. Trata-se de uma
rede de colaboração formada por 27 instituições de ensino superior
A
“
O programa objetiva
formar pessoas com base
na ética e na solidariedade,
contribuindo, ao mesmo tempo,
para a formação da cidadania.
8 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
“
Roberto Macêdo, presidente da FIEC
era da tecnologia tem proporcionado à
humanidade transformações em hábitos,
conceitos e modelos que abarcam desde o
comportamento humano à gestão empresarial,
com reflexos diretos no nosso dia a dia. É nesse
caldo cultural que o mundo tem vivenciado, em
meio à perplexidade e regozijo, as mudanças do
nosso tempo. Se até meados do século passado
ainda nos surpreendíamos com o advento do
telefone, hoje somos obrigados a nos adaptar o
mais rápido possível aos aparelhinhos revolucionários criados por Steve Jobs.
Para o setor produtivo, essas transformações
abrem possibilidades diversas, mas também o
colocam diante de riscos de uma concorrência
cada vez mais voraz inerente ao mercado. Os
avanços tecnológicos, todavia, implicam olhar
holístico, sob pena de esgotarmos as condições
de vida no planeta. Assim, um primeiro passo
é promover a mudança de cultura no segmento
empresarial. Desde 2000, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) tem
se voltado a trabalhar nessa perspectiva
com a criação de ações específicas na área
de responsabilidade social empresarial.
Com vistas a alargar tal conceito, a instituição, por meio do Instituto FIEC de Responsabilidade Social (FIRESO), criou o Programa
Formação Cidadã em parceria com a Câmara
de Ensino Superior do Ceará. O trabalho iniciado em 2002, com a participação de dez faculdades particulares, visa construir projetos
sistêmicos que promovam impactos na formação das futuras gerações em sua visão de mundo e na condução de suas carreiras profissionais. Atualmente, o Formação Cidadã consiste
em uma rede de colaboração formada por 27
instituições de ensino superior comprometidas
com a gestão socialmente responsável.
A iniciativa, pioneira no Brasil, procura
disseminar o conhecimento e a cultura da
Wânia Dummar :
"Não há possibilidade
de transformação
socioambiental e humana
sem que seja firmado um
contrato emocional"
Foto: GIOVANNI SANTOS
FIEC alarga conceito
responsabilidade social, privilegiando o intercâmbio entre as instituições de ensino. Iniciado em Fortaleza, o trabalho do Formação
Cidadã já atinge o interior do estado, com ações
em Sobral, Quixadá e Aracati. O sucesso da iniciativa vai ganhar dimensão nacional em 2012
com a disseminação do projeto pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) por meio do
seu Conselho Temático de Responsabilidade
Social, presidido pelo ex-presidente da FIEC,
Jorge Parente Frota Júnior.
Na visão do presidente da FIEC, Roberto
Proença de Macêdo, a importância do Formação
Cidadã pode ser medida quando se vislumbra a
possibilidade de ir além do aspecto teórico, desenvolvendo também, e principalmente, ações
práticas. Outro aspecto ressaltado é que o projeto nasceu da criação de uma agenda social comum, envolvendo o corpo docente e diretores
das instituições, bem como estudantes e comunidade. “O programa objetiva formar pessoas com
base na ética e na solidariedade, contribuindo, ao
mesmo tempo, para a formação da cidadania. O
propósito é encaminhar o indivíduo como agente atuante, que tome suas próprias ações para o
bem comum”, acrescenta Roberto Macêdo.
Presidente do Conselho de Responsabilidade Social da CNI, Jorge Parente liderava a FIEC
quando o programa foi criado. Por isso conhece
bem a sistemática do trabalho. Segundo ele, a
base de força para a construção de uma sociedade sustentável e próspera é o conhecimento.
Daí porque faz-se necessária a participação das
instituições de ensino nesse processo, unindo
esforços com governos e a sociedade. "As instituições de ensino têm, portanto, papel fundamental na consolidação do desenvolvimento da
formação profissional pautada na ética e na responsabilidade social”, completa Jorge Parente.
Vice-presidente do FIRESO e uma das
idealizadoras do Formação Cidadã, Wânia
Cysne Dummar é entusiasta do projeto por
entender que "estamos literalmente jogados ao
futuro das incertezas", mas que é possível acreditar na possibilidade de uma saída. Para ela,
porém, "não há possibilidade de transformação
socioambiental e humana sem que seja firmado
um contrato emocional, o qual comporta um processo de responsabilização pessoal no interior de
cada indivíduo". Wânia Dummar afirma que "sem
vontade ativa do cidadão do planeta não tem ciência, nem política, nem inovação tecnológica capazes de nos salvar de um desastre anunciado".
Diretora da Faculdade Estácio FIC, Ana Flávia Chaves diz que o projeto Formação Cidadã
tem gerado ganhos para a sociedade porque os
esforços são multiplicados de forma conjunta.
Ela destaca o papel do FIRESO como indispensável para dar amplitude às ideias e ações
com foco em capacitação e transformação da
nossa realidade.
Na visão da diretora geral da Faece/Fafor,
Rita Silveira, o programa tem o mérito de reunir as universidades "para que se aproximem
mais do mercado e, ao mesmo tempo, realizem
um trabalho social". Rita diz ser preciso esse
intercâmbio porque o aluno vai à comunidade
e conhece uma realidade que nem sempre faz
parte do seu dia a dia.
Caminho em construção
O
desenvolvimento de trabalhos por
instituições de ensino na área da
responsabilidade social pelo programa
Formação Cidadã ganhou corpo e exigiu um
espaço específico para a divulgação dessas
iniciativas. Foi assim que surgiu o Encontro de
Responsabilidade Social no Ensino Superior,
que este ano chegou à sua quarta versão. Na
programação do evento, que teve como tema
Sustentabilidade como Aprendizado, a proposta
era discutir a responsabilidade social a partir
de palestras, minicursos, mesa redonda e
apresentação de trabalhos acadêmicos.
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
9
Jorge Parente alertou sobre as tendências globais a caminho do colapso por causa
da poluição do meio ambiente, do crescimento populacional e da crise econômica
Trabalhos apresentados no encontro
A ginástica rítmica como possibilidade de inclusão social: a visão das famílias (FIC).
20 mil contra 1 (FA7).
Grupo Enfermagem da Alegria – Ações de prevenção, promoção e
educação em saúde (FG).
Responsabilidade Social Escola de Postura e Terapia Manual (FIC).
Escola Ambiental Aprendizes Seniores da Natureza – Destino final
dos medicamentos em desuso (FIC).
Percepção do efeito do Bolsa Família na segurança alimentar e
nutricional em famílias beneficiárias (Fateci).
Sustentabilidade no ensino superior – Uma análise Prime
(Faculdade Farias Brito).
Universidades que compõem o programa
Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec)
Faculdade Integrada Grande Fortaleza (FGF)
Faculdade Nordeste (Fanor)
Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza (Fametro)
Faculdade Christus
Instituto Federal do Ceará
Faculdade Ateneu (Fate)
Faculdade Integrada do Ceará (FIC)
Faculdade Católica do Ceará (Marista)
Faculdade Darcy Ribeiro (FDR)
Faculdade de Tecnologia e Aperfeiçoamento Humano (Fatene)
Faculdade de Tecnologia Intensiva (Fateci)
Faculdade Evolutivo (Face)
Faculdade Farias Brito
10 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
Faculdade Oboé
Faculdade Sete de Setembro (FA7)
Faculdade Teológica e Filosófica (Ratio)
Instituto Federal do Ceará (Sobral)
Universidade Vale do Acaraú (UVA)
Faculdade Rainha do Sertão (Quixadá)
Faculdade Cearense (FAC)
Faculdade de Ensino e Cultura do Ceará (Faece)
Faculdade de Fortaleza (Fafor)
Faculdades Inta (Sobral)
Faculdade Luciano Feijão (Sobral)
Faculdade Educare (Sobral)
Faculdade Vale do Jaguaribe
Foto: CNI/MIGUEL ANGELO
Foto: GIOVANNI SANTOS
Na conferência de abertura, Jorge Parente
alertou sobre as tendências globais a caminho
do colapso por causa da poluição do meio
ambiente, do crescimento populacional e da
crise econômica. “Se nada for feito, esse funil
vai se estreitando cada vez mais e a situação
tende a ter uma explosão ou até uma implosão.
Nós temos de transformar esse funil, precisamos
alargar a boca dele com a sustentabilidade
para termos uma perspectiva de vida melhor.”
Apontou ainda que para o futuro os conceitos
são o desenvolvimento sustentável e a
responsabilidade social relacionados com o
tripé ambiental, social e econômico, onde os
três se intercalam. “Se não houver a organização
desse tripé, haverá uma ruptura sem tamanho.
Tudo isso, todavia, está ligado à inovação, pois
não vamos conseguir nada se não for com ela,
que deve ser compartilhada e não isolada.
Deve ser desenvolvida nas esferas acadêmica,
governamental e empresarial”, finalizou Jorge
Parente Frota Júnior.
Robson Braga: "A indústria não pode estar
ausente do ambiente das decisões políticas"
ENAI 2011
Desafios à competitividade
FIEC enviou a São Paulo delegação com 40 pessoas ao 6º Encontro
Nacional da Indústria, que assistiram a grandes palestras e debates
sobre os desafios do setor industrial brasileiro
E
ncontrar caminhos para tornar a indústria brasileira
mais competitiva e também mais próxima do ambiente
das decisões políticas no país foram os principais alertas
deixados aos empresários do setor industrial que participaram do 6º Encontro Nacional da Indústria (ENAI), promovido em São Paulo pela Confederação Nacional da Indústria
(CNI), em 26 e 27 de outubro, no Transamérica Expo. Tendo
como tema central O fortalecimento da competitividade da indústria brasileira, o evento reuniu cerca de 1 500 empresários.
Como uma das mais atuantes do país, a Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC) enviou delegação constituída de 40 pessoas para conferir as palestras do evento, como
também trocar experiências com os demais participantes das
federações brasileiras. O evento teve a participação de importantes nomes da indústria e da economia brasileira.
Na abertura, o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, disse que a indústria não pode estar ausente do ambiente das decisões políticas. Por isso a instituição faz o monitoramento direto de 130 políticas públicas em curso e de
4 500 projetos de lei que tramitam no Congresso Nacional.
Robson Braga criticou a constante mudança de leis no Brasil
e comparou o país com a Inglaterra, onde a confederação da
indústria monitora menos de 20 projetos. “Brasília se tornou
uma fábrica de projetos de lei.”
Segundo Robson Braga, mais de 70 ações diretas de inconstitucionalidade (Adin) foram resultantes da defesa da indústria
perante o Estado. “Conseguimos importantes vitórias”, ressaltou, para acrescentar: “O trabalho de defesa dos interesses da
indústria só pode ser feito com a integração das federações, sindicatos, instituições e empresários”.
O presidente da FIEC, Roberto Proença de Macêdo, vê as
indefinições políticas e legais expostas na fala do presidente da
CNI como dificuldades que o setor empresarial brasileiro de
uma forma geral tem – não apenas o industrial. “O tempo e a
energia que a CNI e as federações gastam com a perseguição
de medidas que poderão acontecer, como mudanças de leis da
noite para o dia, são muito grandes. Temos de correr atrás para
tentar impedir. O melhor é que as medidas indesejadas sejam
contidas, até aumento de impostos, que é algo inadmissível neste momento”, acrescentou Roberto Macêdo.
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
11
Educação profissionalizante
O
utro tema importante para o
desenvolvimento industrial, e destacado
pelos participantes do ENAI, foi a
educação profissionalizante. No painel que
reuniu nomes como o diretor de Educação e
Tecnologia da CNI, Rafael Lucchesi, e o diretor
Global de Recursos Humanos da Vale, Luciano
Pires, além do presidente da Federação das
Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan),
Eduardo Eugênio Vieira, foi discutido que a baixa
qualidade da educação básica, principalmente
no que se refere aos conhecimentos de
português e de matemática, compromete os
resultados da educação profissionalizante.
“
É preciso
mudar a
'cultura do bacharel'
no Brasil.
Foto: CNI/MIGUEL ANGELO
Com um exemplo emblemático, Luciano
Pires ilustrou a situação de crescimento e
desafios no cenário brasileiro. “Abrimos vagas
para 600 aprendizes no Pará e só conseguimos
preencher 400. Ali, em todos os projetos
da Vale há algum tipo de atraso porque as
empreiteiras têm dificuldade de preencher as
vagas. Muitas vezes, observamos que faltam
conhecimentos de português e de matemática.
A situação na base não está boa”, destacou.
(Veja matéria na página 16)
Mesmo anunciando que o Serviço Nacional
de Aprendizagem Industrial (SENAI) vai dobrar o
número de matrículas, Rafael Lucchesi considera
que é preciso mudar a “cultura do bacharel” no
Brasil. “A sociedade brasileira quer seus filhos
médicos, doutores, funcionários do Banco do
Brasil”. Enquanto isso, disse, um técnico soldador,
com uma boa inserção no mercado, tem salário
inicial de 3 000 reais.
O diretor corporativo do Instituto de
Desenvolvimento Industrial do Ceará (INDI),
instituição ligada à FIEC, Carlos Matos Lima,
destacou que a indústria não é uma bolha
isolada da sociedade; é preciso que se perceba
o modelo de sociedade que se quer. “No
painel de educação, nós vimos isso. Que
escola nós queremos? Porque não chegamos
Rafael Lucchesi, diretor de
Educação e Tecnologia da CNI
a essa conclusão, nenhuma pedagogia vai
resolver o problema. Dificuldade de recrutar
novos profissionais vamos ter porque existem
obstáculos em todos os setores. Também há
muitas oportunidades para as quais o país
e os próprios alunos não atentaram. Ficam
pensando apenas na universidade e não na
profissionalização e no nível médio”, alertou.
“Isso acaba não sendo o melhor para ele, para
o país e nem para o setor produtivo.” Carlos
Matos destaca que essa realidade precisa ficar
mais clara. “Acredito que o SENAI não terá
dificuldades. No entanto, tão importante quanto
dobrar o número de vagas é ter uma formação
consistente com a realidade da indústria e com
o que ela precisará no futuro”, arrematou.
O ENAI e o futuro da indústria
“
É sempre uma oportunidade unir
os industriais de todo o Brasil para
que possam mostrar não só sua força,
como também suas necessidades e
colocá-las em discussão. Os painéis
são importantes porque trazem
pessoas de vários setores, colocam
o governo também no contato
direto e outros setores da sociedade,
como o Poder Legislativo, também
participam. É um momento de
reflexão, é um momento de diálogo,
é aquela parada
necessária para que
se coloquem as
ideias no mesmo
nível e se possa
progredir.
Hélio Perdigão,
presidente do Sindiembalagens e diretor da FIEC
Carlos Prado,
vice-presidente da FIEC
”
12 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
“
Foram
discutidos temas
muito importantes
para as federações
e para a CNI, como
a capacitação
profissional. O
SENAI e o SESI estão à frente, com mais
infraestrutura, laboratórios e unidades
móveis de formação de mão de obra.
Isso é fundamental. O que me causou
estranheza foi a falta de interesse do
governo num evento tão importante para
a indústria como este. Poderia haver
mais pessoas influentes participando, o
evento ser mais prestigiado pelo governo.
O industrial brasileiro está aqui e eles não
vêm ouvir nossas reivindicações.
”
“
Além de ser
um momento de
troca de ideias e
de experiências,
ter as federações
reunidas já é uma
grande riqueza.
O que a gente espera é que o governo
ponha os olhos na indústria a partir da
agenda que está sendo montada e que
realmente tenha um compromisso mais
sério. O que vemos é um crescimento
grande e voraz na carga tributária e
esperamos que o governo possa encontrar
soluções para que possamos manter
as responsabilidades do nosso setor.
No Ceará, temos uma situação muito
favorável. A quantidade de oportunidades
tem crescido de forma acentuada.
”
Ricard Pereira, presidente do Simec
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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13
FotoS: JOSÉ SOBRINHO
Foto: CNI/MIGUEL ANGELO
enorme fonte de recursos naturais e, dentre os
mercados emergentes, mostrou capacidade para
inovar. Há fraquezas tradicionais, como a necessidade de melhorar a infraestrutura. Mas há
também muito espaço para crescer”, completou.
Mesmo assim, entende que o futuro do país dependerá “inevitavelmente” do que viera acontecer com a economia global.
“
FIEC levou a São
Paulo comitiva para
conferir as palestras e
debates do ENAI
Para o presidente da FIEC, o setor tem de fazer o governo entender que ele precisa promover
mudanças para aumentar a competitividade das
empresas, destacando ser necessário dar sustentabilidade à sobrevivência das indústrias, além
de construir ações imediatas a fim de evitar que
a crise econômica mundial não atrapalhe o crescimento brasileiro. “Esperamos que a crise não
nos afete numa intensidade indesejada. Temos de
buscar alternativas e caminhos para ocuparmos a
nossa posição. O mundo está enxergando o Brasil
como a bola da vez e não podemos fracassar. Temos de nos preparar para isso”, afirmou.
A crise mundial foi o assunto tratado na conferência de abertura do economista norte-americano de Harvard, Lawrence Summers, ex-diretor
do Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, segundo quem as raízes da crise resultam de
bolhas financeiras emergentes provocadas por
excessiva confiança, empréstimos e gastos. No
entanto, ressaltou que não vê empenho dos países
europeus em resolvê-la e que as consequências
vão muito além dos Estados Unidos e Europa.
Muito otimista em relação ao Brasil, Lawrence Summers destacou que o país tem muito
espaço para crescer. “O Brasil conta com uma
Novo Código Mineral
14 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
Ricardo Montenegro:
"Prazo de 20 anos para
exploração de jazidas
é inviável"
Foto: JOSÉ SOBRINHO
O
Ceará possui hoje cerca de 350 empresas que exploram a atividade mineral, tendo como fontes principais areia e cascalho, argilas comuns, calcário, cobre,
columbita, diatomita, feldspato, ferro, gás natural, gemas,
gnaisse, granito ornamental, lepidolita, magnesita, mármore, mica, pedras britadas, petróleo, quartzo, sal marinho,
rocha fosfática e urânio. Com produção mensal de 142 milhões de reais e gerando cerca de 16 000 empregos, o setor
ainda tem potencial indefinido. Segundo dados do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), somente
a extração de calcário por aqui ultrapassa a produção bruta
anual de um milhão de toneladas.
Apesar disso, a produção é pequena em relação ao país,
representando apenas 2% do total. Em parte, tal fenômeno
se deve à característica das empresas, já que a maioria é de
pequeno e médio portes. É esse um dos principais motivos
que levaram a Câmara Setorial Mineral e o Sindicato das
Indústrias de Extração e Beneficiamento de Rochas para
Britagem do Estado do Ceará (Sindbrita) a preocupar-se
com possíveis mudanças no setor com reflexos diretos nas
unidades produtivas locais.
Atualmente na Casa Civil da Presidência da República, a nova legislação, sob análise da presidente Dilma,
está com cerca de 80% de seu conteúdo definido. Em
breve, seguirá ao Congresso Nacional para ser discutido entre os deputados federais, e deve gerar mudanças
significativas nas empresas cearenses. Pela ideia inicial,
uma das mudanças previstas é na tributação da exploração do minério de ferro, principal produto de exportação
do setor no país, que pode passar dos atuais 2% do faturamento líquido para 4% a 6% do faturamento bruto.
Segundo a proposta, a faixa de tributação em estudo, que
varia de acordo com o minério, elevaria o piso de 0,2%
para 0,5% e o teto de 3% para 6%.
Em todo o país, a Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (CFEM) gerou, em 2010,
1,08 bilhão de reais. Com a nova alíquota, os cálculos
preliminares indicam que as receitas vão aumentar para
mais de 3 bilhões de reais por ano. A definição das tabelas será feita por meio de decreto presidencial, posterior
à aprovação do novo marco regulatório.
projeto começar a ser debatido, ninguém seja
pego de surpresa.
Na opinião de Ricardo Montenegro, apesar de ainda não haver uma minuta de projeto de lei sobre o código, o esboço, que se
encontra no site do Ministério das Minas e
Energia, é preocupante. Ele acrescenta que as
empresas cearenses são pequenas e médias e
o marco regulatório proposto nivela todas,
inclusive as grandes, sem levar em conta as
especificidades regionais.
DNPM deve ser extinto
P
Foto: JOSÉ SOBRINHO
O setor mineral do Ceará está em estado de alerta com a proposta
de uma nova legislação para o segmento, que refletirá diretamente nas
unidades produtivas locais, a maioria de pequeno e médio portes
“
A mobilização
dos empresários é
importante nesse momento,
antecipando um debate que
com certeza deverá esquentar
no Congresso.
“
Preocupação à vista
Outra alteração prevista que preocupa o setor, segundo o presidente da Câmara Setorial
Mineral e presidente do Sindbrita, José Ricardo
Cavalcante Montenegro, é a que diz respeito à
concessão de lavra. De acordo com a proposta, será estabelecido prazo determinado para a
exploração das jazidas. Hoje, cada jazida pode
ser explorada indefinidamente. O novo Código
Mineral, todavia, deve fixar esse prazo em 20
anos, prorrogáveis por mais 20. Mas o prazo,
para o dirigente da Câmara Setorial, é muito
curto porque a consolidação da exploração de
uma jazida não se dá antes de oito ou dez anos.
"É inviável tal prazo", alerta, ressaltando que
atualmente ele é ilimitado.
Segundo o presidente da Câmara Setorial
Mineral, mesmo que a proposta ainda não
tenha sido enviada ao Congresso Nacional, é
preciso que o setor se mobilize a fim de que
a informação sobre os riscos seja disseminada nas empresas. Foi com esse objetivo que
em 7 de novembro o setor esteve reunido na
Federação das Indústrias do Estado do Ceará
(FIEC). De acordo com Ricardo Montenegro, o importante nesse momento é colocar
os empresários em alerta para que, quando o
Fernando Antônio da Costa Roberto,
superintendente do DNPM
ara o superintendente do Departamento Nacional
de Produção Mineral (DNPM) no Ceará, Fernando
Antônio da Costa Roberto, apesar da proposta do
novo Código Mineral já estar no site do Ministério das Minas
e Energia, somente com o envio ao Congresso Nacional
e o início das discussões é que as coisas vão começar a
ficar claras. Fernando Antônio disse que muitos aspectos
podem ser modificados. “A mobilização dos empresários é
importante nesse momento, antecipando um debate que
com certeza deverá esquentar no Congresso.”
Lembrou ainda que a extinção do órgão é esperada logo
que a nova legislação seja discutida, pois, "para se ter um
novo marco regulatório, há a necessidade de ser criada
uma agência nacional de mineração". A nova agência será
responsável por tarefas como autorizações de pesquisa,
concessões de lavras e elaboração de editais. Ao falar
sobre a necessidade do novo órgão, Fernando Antônio
apresentou o diagnóstico do Ministério de Minas e Energia
que classifica a antiga legislação como "burocrática,
focada no procedimento de outorga e como instrumento de
gestão". A favor do novo modelo, entende que irá "fortalecer
a ação do Estado no processo regulatório".
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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15
Experiência será
modelo para o país
Setenta e quatro estudantes da rede estadual de ensino do Ceará
participam da prova conceito de acompanhamento pedagógico de
programa nacional do Ministério da Educação e Cultura
POR ÂNGELA CAVALCANTE
O
Serviço Social da Indústria no Ceará (SESI/CE), entidade componente do Sistema Federação das Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), foi escolhido pelo
governo federal para implementar o projeto piloto de acompanhamento pedagógico do programa Nacional de Acesso
ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), do Ministério da
Educação e Cultura (MEC), por meio do qual serão oferecidos oito milhões de vagas até 2014, em todo o país, para a
formação de jovens do ensino médio e trabalhadores que necessitam de qualificação profissional. A iniciativa se propõe
a reforçar o conhecimento dos estudantes da rede pública
de ensino nas disciplinas de português e de matemática. A
16 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
ideia é melhorar seu desempenho, aumentando, assim, suas
chances de ingresso em cursos técnicos profissionalizantes
e, por consequência, no mercado de trabalho.
Até 16 de dezembro, 74 estudantes da rede estadual, que
estão cursando o primeiro ano do ensino médio na Escola
Moema Távora, no bairro Pirambu, em Fortaleza, estarão
participando da prova conceito do programa (projeto experimental). O curso presencial, ministrado pelo SESI/CE,
oferece 50 horas/aula de português e 50 horas/aula de matemática, totalizando cem horas adicionais de reforço. Para
2012, as metas serão ampliadas com atendimento aos alunos
do segundo e terceiro anos do ensino médio.
“
A escolaridade
básica é muito
fraca. Dessa forma,
o SESI atua para dar
esse acompanhamento
pedagógico – na verdade
um reforço escolar.
Foto: GIOVANNI SANTOS
De acordo com o Departamento Nacional
do SESI, além do Ceará, a prova conceito, que
se propõe a testar a aplicação do programa,
será adotada este ano nos estados de Mato
Grosso do Sul, Rio Grande do Sul, Rondônia,
Espírito Santo, Paraíba e Bahia. Em todos
eles, a iniciativa será desenvolvida por mais
duas instituições apontadas pelo MEC, além
do SESI: o Serviço Social do Comércio (Sesc)
– instituição componente do Sistema S – e os
Institutos Federais de Educação.
“No Ceará, o MEC convidou o SESI, o
Sesc e o Instituto Federal do Ceará (IFCE)
para formatarem o projeto de acompanhamento pedagógico do Pronatec, lançado pelo
governo federal em abril. Porém, o SESI/CE
foi mais uma vez escolhido para aplicar a
prova conceito, que é o projeto piloto”, explica a gerente de Educação do SESI/CE,
Cleosanice Barbosa Lima. Ela acrescenta:
“Juntos, o SESI/CE e a Secretaria da Educação
do Ceará (Seduc) elegeram a escola Moema
Távora para ministrar os cursos de português
e de matemática em caráter experimental”.
Segundo a educadora, o reforço em português e em matemática é uma ação que
antecede o programa de expansão da educação profissional no Ceará e no Brasil, já que
pretende aumentar as chances de os alunos
ingressarem nos cursos de educação profissional que serão oferecidos pelos governos
federal e estadual. “O Serviço Nacional de
Aprendizagem Industrial (SENAI) vai colocar à disposição vagas de curso técnico e de
qualificação profissional dentro do Pronatec,
enquanto o SESI vai fazer o acompanhamento pedagógico dos alunos que não conseguem concorrer aos processos seletivos das
escolas de educação profissional por não
apresentarem conhecimento suficiente exigido no perfil de entrada. Ou seja, a escolaridade básica é muito fraca. Dessa forma,
o SESI atua para dar esse acompanhamento
pedagógico – na verdade um reforço escolar”, diz Cleosanice Barbosa.
A prova conceito do projeto tem o objetivo de sistematizar e validar a metodologia
de ensino, a carga horária, os conteúdos e o
material didático para depois socializar com
mais alunos também noutros estados. Em
3 de outubro, foi aplicada a primeira prova
diagnóstico para os 74 alunos que estão participando do projeto experimental. As aulas
começaram em 17 de outubro.
“
Alunos da escola Moema Távora estão recebendo os cursos de Português e de Matemática em caráter experimental
Foto: JOSÉ SOBRINHO
SESI/CE
Cleosanice Barbosa Lima,
gerente de Educação do SESI/CE
Ganhos
D
e acordo com Cleosanice Barbosa, o
SESI/CE só tem a ganhar estando à
frente de uma experiência inicial de
acompanhamento pedagógico que contribuirá
para o desenvolvimento da educação profissional
e da educação básica de todo o país por meio
de uma política de governo como o Pronatec.
“É o momento também de sistematizar, de
colocar em evidência nossa metodologia, de
mostrar nosso modelo pedagógico para todos os
departamentos regionais.”
Conforme a gerente, o principal motivo
de o MEC ter escolhido o Ceará para aplicar
a prova conceito está ligado à expansão do
ensino profissionalizante, sobretudo no atual
governo. “Existe hoje um incentivo grande para
implantar escolas profissionalizantes, que geram
um aumento significativo de matrículas na
educação profissional do estado. Segundo ela,
com mais escolas de educação profissional e
uma quantidade grande de cursos e vagas, será
necessário também que os alunos da educação
básica estejam preparados para concorrer às
vagas. “Eu penso que o ganho maior é esse.
Vamos poder influenciar na qualidade da
educação básica”, avalia a educadora.
A perspectiva de Cleosanice é que seja
gerado um ciclo virtuoso. “À medida que
desenvolvermos essas atividades com os
alunos e eles ampliem seu conhecimento, tal
fato poderá motivar os professores da rede
pública a refletirem sobre as metodologias
que o SESI/CE utilizou e os materiais didáticos
aplicados que possibilitaram aos alunos
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
|
17
Departamento Nacional
e
mbora a prova conceito seja na modalidade presencial, o
acompanhamento pedagógico para o Pronatec também
utilizará outros métodos de apresentação. “O acompanhamento
pedagógico contará com outras duas modalidades: semipresencial e
a distância, que devem começar a ser desenvolvidas em novembro”,
antecipa a gerente de Educação Básica do SESI, Mara Ewbank.
A prova conceito é o momento em que as três instituições envolvidas
no programa colocam em prática e testam as propostas elaboradas para
o acompanhamento pedagógico que será oferecido aos beneficiários do
Pronatec. “A ideia desse processo é validar a metodologia de ensino, os
conteúdos e o material didático que serão utilizados pelos professores
mais adiante”, ressalta.
Mara Ewbank afirma que o objetivo do acompanhamento não
é recuperar o que o aluno não conseguiu aprender durante a vida
escolar, mas trabalhar habilidades básicas necessárias para que ele
faça bem um curso profissionalizante. “Para 2012, nossa expectativa é
atender 100 000 alunos do ensino médio no primeiro semestre.”
“
“
Foto: CNI/MIGUEL ANGELO
Para 2012, nossa
expectativa é
atender100 000 alunos
do ensino médio no
primeiro semestre.
Mara Ewbank,
gerente de Educação Básica do SESI
18 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
No âmbito do estado, a Secretaria da
Educação (Seduc) estima que, em 2012,
serão ofertadas 28 000 matrículas no ensino
profissionalizante. O processo seletivo para que
os alunos ingressem nos cursos será a média
do ano anterior das disciplinas de português e
de matemática. Dessa forma, quanto maior for a
média de português e de matemática dos alunos,
mais chances eles terão de ingressar nos cursos.
“Na educação básica, eles apresentam muitas
dificuldades nas duas disciplinas, considerando-se
os resultados do Exame Nacional do Ensino Médio
(Enem) e do Sistema Permanente de Avaliação
da Educação Básica do Ceará (Spaece), as duas
avaliações que a Seduc adota. Então, vai ser
fundamental esse acompanhamento pedagógico”,
completa Cleosanice Barbosa.
Foco na
escolaridade básica
P
ara ajudar as indústrias do Ceará a enfrentar
o obstáculo do baixo nível de escolaridade
da força de trabalho, o SESI dispõe de 30
diferentes opções de cursos nas modalidades
educação básica e educação continuada voltados
ao industriário cearense. Para os jovens e adultos
trabalhadores que precisam elevar seu nível de
escolaridade, as opções em educação básica são os
cursos de ensino fundamental e médio. A meta do
SESI é elevar a escolaridade de 30 158 industriários
do Ceará entre 2011 e 2015, conforme projeção do
Plano Estratégico do Sistema SESI de Educação.
Na educação continuada, o SESI possui mais de
20 opções de cursos de curta duração em várias
áreas de atuação, notadamente em leitura, inclusão
digital e matemática. A carga horária média varia de
5 horas/aula a 30 horas/aula. Esses treinamentos
visam melhorar as competências específicas dos
trabalhadores, daí porque foram criados para auxiliálos nas diversas necessidades que surgem nos
ambientes de trabalho. A previsão do SESI é capacitar
214 740 industriários na modalidade até 2015.
“Os programas educacionais desenvolvidos
pelo SESI priorizam o fortalecimento dessas
competências fundamentais requeridas pela
sociedade do conhecimento: flexibilidade,
criatividade, empreendedorismo e inovação”,
sublinha Cleosanice Barbosa. Segundo ela,
investir na educação do trabalhador é investir no
desenvolvimento sustentável do Brasil, considerandose que a educação é fonte de crescimento e uma
das bases da elevação da produtividade.
Entenda o contexto
U
niversalizar e ampliar o acesso à educação,
com atendimento em todos os níveis
educacionais, são metas do Plano Nacional de
Educação (PNE) para vigorar de 2011 a 2020. Com
a aprovação da Emenda Constitucional nº 59/2009,
a obrigatoriedade do ensino dos quatro aos 17 anos
deverá estar garantida até 2016, propósito que vai
ao encontro da meta três do PNE, que propõe a
universalização do ensino médio até 2020, com taxa
líquida de 85% nessa faixa etária de 15 a 17 anos.
Em função desse macrodesafio, o governo federal
conta com o apoio da sociedade e das instituições
com know-how em educação de qualidade, nesse
âmbito, compreendida por educação básica em
concomitância com educação profissional. O
SESI, em sua trajetória de instituição sexagenária,
reúne experiências necessárias para atender às
necessidades e expectativas dos jovens brasileiros,
principalmente por trabalhar na perspectiva do
desenvolvimento de competências e habilidades
que, por estarem contextualizadas, garantem uma
aprendizagem significativa.
O projeto de acompanhamento pedagógico
está pautado nas Diretrizes Curriculares Nacionais
Foto: JOSÉ SOBRINHO
melhorar suas médias, levando-os à aprovação
nos processos seletivos”, diz, para reforçar: “Logo,
vai ser um ganho para a rede pública e para todos
que trabalham com educação no Ceará”.
Ela acrescenta que os cursos técnicos de
qualificação profissional têm um rigor acadêmico
diferente da educação básica. “Há muito
conhecimento tecnológico e muita exigência, na
educação básica não tão valorizados assim.
Por estarem sendo preparados para o mercado
de trabalho – e como no mundo do trabalho
na indústria somos permeados por tecnologia,
por informação e por novos indicadores que
impactam diretamente na competitividade
–, isso requer mais dedicação, mais estudos
técnicos e mais aperfeiçoamento dos
conceitos”, argumenta a executiva.
para o Ensino Médio e não se restringe ao “reforço”
dos conteúdos curriculares, nem à substituição
do aprendizado do aluno de responsabilidade da
escola; ao contrário, apresenta-se como metodologia
diferenciada para que os estudantes acessem
práticas sociais que os auxiliem a aprender de
forma significativa, possibilitando que compreendam
a importância da língua materna e a ciência
matemática como elementos básicos para a
compreensão das relações na sociedade, no trabalho,
na ciência, na tecnologia e na cultura.
Curso de educação
continuada para
trabalhadores da
Fábrica Fortaleza
Foto: CRISTIANO COSTA/fibra
Dilma sanciona lei que
cria o Pronatec
A
presidente Dilma Rousseff destacou a excelência do
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)
na formação de mão de obra ao sancionar, em 26 de
outubro, durante solenidade no Palácio do Planalto, a lei
que cria o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). “Poucos países no mundo podem
contar com a qualificação do SENAI e do Serviço Nacional
de Aprendizagem Comercial (Senac). Com o Pronatec, estamos dizendo: o Estado cumpre a sua parte e os setores
produtivos, como a indústria, dão a sua importante contribuição”, declarou a presidente da República.
O vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Tigre, lembrou, na solenidade, o desempenho dos alunos do SENAI no WorldSkills, o maior torneio
de educação profissional do mundo, realizado entre os dias
5 e 8 de outubro, em Londres. O Brasil obteve o segundo
lugar dentre 51 países competidores, atrás apenas da Coreia
do Sul e à frente de países como Japão, Suíça e Singapura.
“A elevada qualidade da competição torna esse resultado
notável, sobretudo porque o nosso desempenho nas últimas
20 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
três edições do WorldSkills, com dois segundos lugares e um
terceiro, mostra que conseguimos construir uma das melhores educações profissionais do mundo”, assinalou Tigre.
A meta do Pronatec é criar oito milhões de vagas, até
2014, no ensino profissionalizante. O público-alvo do programa são os estudantes do ensino médio de escolas públicas, bolsistas das escolas privadas, trabalhadores e os beneficiários do programa Bolsa Família.
O SENAI tem disponíveis, ainda para este ano, mais de
80 000 vagas de cursos de qualificação para alunos do ensino
médio. Com a iniciativa Você na Indústria, começará a atender, a partir de 2012, também os trabalhadores que queiram
se qualificar ou que sejam reincidentes no recebimento do
seguro-desemprego e ainda os beneficiários do Bolsa Família.
Serviço:
Mais informações sobre os cursos oferecidos pelas unidades do SENAI
podem ser obtidas no site www.vocenaindustria.com.br.
Inovaçoes
&Descobertas
Super pilha
recarregável
Roupas autolimpantes
O maior desafio da indústria
tecnológica atualmente é
aumentar o número de horas de
funcionamento de seus produtos.
As baterias, por exemplo, ainda
são pouco eficientes. A boa notícia
é que uma das maiores empresas
de eletroeletrônicas (Sanyo)
apresentou uma novidade que
promete dar um up no segmento.
Trata-se de uma nova geração das
pilhas eneloop (recarregáveis),
capazes de reter 90% da recarga
original após um ano de uso, e
70% após cinco anos. Além disso,
o número de ciclos de recarga
subiu para 1 800 vezes, 20% a
mais que a geração anterior e 80%
a mais que a primeira eneloop
lançada em 2005. O resultado
são dois anos a mais de uso. O
ganho de desempenho se deu
graças ao desenvolvimento
de uma nova formulação que
melhorou a estrutura cristalina
usada no eletrodo negativo. As
eneloops devem se vendidas
já pré-carregadas com energia
proveniente de fontes renováveis,
como painéis solares, e em
embalagens feitas de PET reciclado
e fabricadas com um material
antibactericida. As pilhas serão
comercializadas a princípio somente
no Japão, e em dois modelos: a
eneloop padrão e a eneloop plus,
que virão com acessórios como
porta USB e um recarregador solar.
Os preços variam de 1 050 ienes
(cerca de R$ 24,00) a 1 260
ienes (cerca de R$ 29,00).
Uma equipe da Universidade da Califórnia, nos
Estados Unidos, desenvolveu um tecido de algodão
autolimpante que, quando exposto à luz, é capaz de
eliminar bactérias que causam maus odores, além
de resíduos químicos. Para chegar ao resultado,
os cientistas incorporaram nas fibras de algodão
um composto chamado 2-AQC (ácido carboxílico
2-antraquinona). O composto liga-se fortemente às
fibras de celulose do algodão, tornando a ligação
resistente mesmo a fortes lavagens. Na presença da
luz, o 2-AQC produz as chamadas espécies reativas
de oxigênio, como os radicais hidroxila e o peróxido
de hidrogênio, que matam bactérias e quebram as
moléculas de compostos químicos como pesticidas
e outras toxinas. Na mesma linha de estudos, a
pesquisadora norueguesa Susie Jahren está criando
um tecido capaz de se autoconsertar em caso de furos.
Para tanto, ela está usando uma solução à base de
Notebook que cozinha
Nessa inovação nem os criadores da
família Jetsons foram capazes de imaginar:
um notebook que funciona como fogão e
tábua de cortar carnes, ou seria um fogão
com acesso à web? Na prática, a intenção do
designer Dragan Trenchevski é possibilitar que,
no mesmo aparelho, seja possível navegar na
internet e cozinhar. O conceito une três pilares
das modernas cozinhas: fogão elétrico que
funciona por indução, capaz de aquecer vários
tamanhos de panelas; uma eficiente e prática
tábua de cortes e um computador com tela
sensível. E tudo isso numa peça do tamanho de
um notebook, ou seja, portátil e leve. A parte do
notebook inclui, além de conexão wi-fi ou 3G e
bluetooth, uma câmera com microfone e acesso
direto às redes sociais.
poliuretano, disperso em tecido plástico, por meio de
microcápsulas. Se um tecido plástico se rasgar ou
for perfurado, por exemplo, as cápsulas se rompem
na área danificada. O selante é liberado e endurece
quando entra em contato com o ar ou com a água.
Pães e massas
Essa é para revolucionar a indústria da
panificação. Pesquisadores do Fraunhofer Institute
for Interfacial Engineering and Biotechnology (IGB),
na Alemanha, desenvolveram um equipamento
autolimpante para a fabricação de massas que evita
o uso de conservantes em alimentos. O produto
foi apresentado na Parts2Clean Trade Fair, no final
de outubro, em Stuttgart. Como se sabe, a massa
usada pelos padeiros se estraga rapidamente
devido ao acúmulo de microrganismos. Com o
novo sistema, a massa passa a ser esterilizada e
pode ser guardada para utilização futura ou até
fabricada fora das padarias e embalada para venda.
Outra vantagem é que o equipamento não precisa
ser desmontado para limpeza, já que o sistema
entra em funcionamento automaticamente depois
de cada lote de massa processado. Segundo
Alexander Karos, responsável pela inovação do
IGB, a máquina não possui arestas nem cantinhos,
evitando-se, assim, o acúmulo de sujeira. “Após a
limpeza, o equipamento automaticamente testa a
água utilizada na lavagem, certificando que está livre
de proteínas, gorduras, carboidratos e resíduos de
agente de limpeza”, explica Alexander Karos.
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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21
Foto: JOSÉ SOBRINHO
SENAI Casa Aberta
Despertando para o
mundo profissional
SENAI vai duplicar a oferta de matrículas no Brasil nos próximos anos.
No Ceará, serão investidos 30 milhões de reais na capacitação de 200
000 novos trabalhadores até 2014 e na ampliação das sete unidades
O
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI)
vai investir R$ 1,5 bilhão até 2014 na criação de cem
novas escolas, cem unidades móveis, 22 institutos de
inovação e 40 institutos de tecnologia em todo o território
nacional. Grande parte dos alunos que viverão essa chamada explosão do ensino profissionalizante participou pelo
Brasil afora da terceira edição do SENAI Casa Aberta, em
20 e 21 de outubro, cujo objetivo foi divulgar as opções de
formação das escolas e também despertar os jovens para as
oportunidades da formação tecnológica.
O evento mudou para melhor a expectativa profissional
de cerca de 12 000 estudantes cearenses. Nas sete unidades do SENAI/CE, entidade componente do Sistema FIEC,
nas cidades de Fortaleza, Maracanaú e Juazeiro do Norte
jovens do ensino médio e fundamental conheceram as instalações, os modernos laboratórios e os cursos do SENAI,
além de ampliar suas perspectivas em relação ao mercado
“
“
Washington Diógenes,
aluno da escola Branca
Carneiro de Mendonça
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Quero ser
engenheiro. E
aqui no SENAI posso
ter uma base técnica
para me tornar um
bom profissional.
22 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
de trabalho. Alguns até descobriram sua vocação e chegaram a decidir a profissão a seguir.
No SENAI da Barra do Ceará (Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira), por exemplo, as escolas
que chegavam eram recepcionadas com festa e ginástica laboral para aumentar a disposição e a expectativa dos jovens
visitantes. Nesse espaço, cada aluno preenchia ficha e recebia
informações sobre os produtos oferecidos pela instituição para
depois assistir no auditório à exibição de um vídeo. Esclarecidas
as primeiras dúvidas, os jovens eram conduzidos por ex-alunos
voluntários em visita supervisionada aos laboratórios e demais
dependências da escola. Em seguida, participavam de palestras
sobre o mercado de trabalho relacionado às qualificações oferecidas pelo SENAI e conheciam a experiência pessoal do ex-aluno anfitrião. Ao final, antes de retornar aos ônibus, pausa
para um brinde – uma mochila com a marca SENAI – e lanche.
Ainda no começo do trajeto, no estacionamento da
escola, os alunos podiam posar para foto em displays
exclusivos do SENAI, que simulavam profissionais da indústria em tamanho real. No espaço vazado das peças, os
visitantes eram fotografados. Washington Felipe Nascimento Diógenes e Rayanne Tayná Duarte da Silva, ambos
alunos do 3º ano do ensino médio da Escola de Ensino
Fundamental e Médio Branca Carneiro de Mendonça, localizada no município de Caucaia, região metropolitana
de Fortaleza, posaram antes de iniciarem a visita às instalações da unidade. Curiosos, os jovens de 18 anos afirmaram estar ansiosos para descobrir o que o SENAI tem a
oferecer. "Aqui no SENAI posso ter uma base técnica para
me tornar um bom profissional. Espero encontrar muitas
oportunidades pela frente”, antecipou Washington. Sua
colega não estava menos otimista. "Quero trabalhar na
área de segurança industrial. Por isso minhas expectativas
são grandes nessa visita”, disse Rayanne.
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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23
V
Depois que a
gente entra
no SENAI as portas
se abrem.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
“
Jean Bandeira,
ex-aluno e hoje
professor do SENAI
Programação conjunta
24 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
izinhas fisicamente, as unidades do
bairro Jacarecanga, na capital cearense –
Centro de Formação Profissional Antônio
Urbano de Almeida e Centro de Treinamento e
Assistência às Empresas (Cetae) –, organizaram
uma programação conjunta num itinerário
que ensejou aos visitantes conhecer o
funcionamento dos laboratórios de cada escola.
Antes de iniciarem o percurso para conhecer
na prática essas instalações nas áreas de
manutenção industrial, fresagem, refrigeração,
gráfica e instalações elétricas prediais, dentre
outras, nas quais recebiam explicações de
técnicos das unidades, os alunos assistiam
a uma palestra sobre as oportunidades do
mercado de trabalho na indústria.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
“Quando esses jovens
chegam aqui, um mundo de
oportunidades se abre para
eles. A maioria não tem a
menor ideia do que faz o
SENAI, daí a importância
do Casa Aberta”, destaca o
gerente do Centro de Formação
Profissional Antônio Urbano de
Almeida, Raimundo Façanha,
para quem as oportunidades
existem, mas não são
conhecidas. “A grande diferença
do SENAI é que a instituição
prepara o aluno diretamente
para a linha de produção.”
Façanha lembra que o
mercado está muito aquecido
por causa dos investimentos que
estão vindo para o Ceará e que
a inserção dos egressos de cursos da instituição
no mercado de trabalho atinge mais de 70% dos
alunos. Um das grandes demandas da escola,
conforme ele, é de profissionais nas áreas
da automação ou mecatrônica, que envolvem
conhecimentos múltiplos e polivalentes, como
mecânica, eletrônica, elétrica e informática.
De fato, um mundo de oportunidades se
abre aos visitantes. Um exemplo do que disse
o gerente da unidade é o da estudante Karen
Viana, 15 anos, que estuda no Colégio Luzardo
Viana, em Caucaia. Ela chegou às unidades do
SENAI Jacarecanga acompanhada da tia, Ivonete
Viana, que viu na televisão uma reportagem
sobre o evento. “Eu resolvi trazer minha
sobrinha para incentivá-la e também para ver
se ela desperta interesse em alguma profissão
porque sei que as escolas do SENAI preparam
bem os jovens para o trabalho”, disse Ivonete.
A jovem Karen Viana, a partir daquele dia,
passou a conhecer o que existia entre os muros
do SENAI e também a enxergar além deles.
“Nunca imaginei que as instalações fossem tão
modernas. Eu tenho muito interesse na área de
desenho e acho que estou no lugar certo.”
Engana-se quem pensa que a construção civil
não é uma área especializada. Nos laboratórios
do Cetae, os visitantes do SENAI Casa Aberta
puderam constatar que erguer estruturas de
concreto, com instalações hidráulicas e elétricas,
não é para qualquer um e requer muita técnica.
Os alunos do Cetae que participaram da
Olimpíada do Conhecimento na unidade tiveram
uma imensa plateia formada pelos jovens
visitantes nos dois dias do evento, ao executarem
as tarefas de revestimento em cerâmica e
construção em alvenaria.
“Historicamente, a evolução tecnológica da
construção civil não conseguiu alcançar outras
áreas. Isso acabou afastando as pessoas da
profissão, mas já estamos vivendo uma época
em que é preciso rever os conceitos, isso porque
a introdução de novas tecnologias nos canteiros
de obras provocou a revisão dos perfis”,
explica Sebastião Feitosa. Por causa disso,
diz ele, conseguiram atrair para a construção
civil pessoas que até então não pensavam
no mercado e isso vem resultando em ótimas
oportunidades na carreira industrial.
“
Alunos assistem a
palestras sobre as
oportunidades do
mercado de trabalho
na indústria
Sei que as
escolas do
SENAI preparam
bem os jovens para
o trabalho.
Ivonete Viana, que levou a
sobrinha Karen para o SENAI
Casa Aberta
Foto: JOSÉ SOBRINHO
“
qualificação, só fica fora do mercado quem
quer”, resume Jean Bandeira.
Para o gerente do Centro de Formação
Profissional Waldyr Diogo de Siqueira, Cid
Fraga, o evento cumpriu seu papel e superou
a meta traçada para este ano na escola. “Conseguimos instigar cerca de 3 000 alunos para
o mundo profissionalizante do SENAI. Nossa
meta era de 2 700 alunos.” Segundo Fraga, a
maioria dos estudantes que visitaram a escola
não sabia o que o SENAI tem a oferecer. “Não
é possível que tanta incentivo não mexa e
motive esses jovens”, acrescentou, esperando
que a escola receba cerca de 9 000 matrículas.
Lá, as áreas mais demandadas são a automotiva e energia, seguidas de telecomunicações
e tecnologia da informação. Ele lembra que
a escola da Barra do Ceará foi a primeira do
SENAI/CE a realizar o Casa Aberta. “Hoje,
já temos know-how. É o terceiro ano que
participamos. E estamos trabalhando para
aumentar a produção de visitas à nossa unidade”, avisa Cid Fraga.
Acompanhando seus alunos no SENAI da
Barra, a professora Marizângela Santiago, da
Escola de Ensino Fundamental e Médio Governador Flávio Marcílio, ressaltou que a visita ao SENAI Casa Aberta ajuda os jovens
em suas escolhas profissionais. “Trazer os
nossos estudantes para cá lhes possibilita a
noção de que profissão seguir, pois nem todos têm a opção de ingressar no ensino superior. O nosso objetivo é mostrar que existem
ótimas oportunidades ao alcance deles”, finalizou Marizângela Santiago.
“
Elisângela Oliveira de Amorim, coordenadora pedagógica do Waldyr Diogo de Siqueira,
apresentou aos visitantes quais as profissões
que a indústria precisa e o que o SENAI tem a
oferecer ao mercado em termos de qualificação profissional. A ideia, segundo ela, é que os
jovens conheçam o que o mercado demanda e
os cursos que estão ao seu alcance na instituição para ver se tem algum com o qual se identifiquem. “Há grande necessidade de mão de
obra qualificada no nosso estado, mas muitas
vezes os jovens buscam profissões saturadas
no mercado e não aquelas que oferecem vagas
de emprego”, argumenta Elisângela.
Conforme a educadora, as possibilidades
de formação são amplas nas sete unidades do
SENAI, mas é necessário que haja interesse
dos alunos para buscarem profissões dentre
as demandas que estão surgindo no mercado.
“Há muita gente desempregada sem formação. Porém, existem muitas formas de se profissionalizar, inclusive com cursos gratuitos,
seja na aprendizagem industrial ou em outros
programas oferecidos em parceria com o governo federal. Formação não falta”, alertou
Elisângela Amorim.
Segundo o ex-aluno Jean Bandeira, 20
anos, o diferencial do SENAI é que ele só cria
cursos de acordo com a realidade da indústria, o que facilita o ingresso do jovem no
mercado de trabalho. “Depois que a gente
entra no SENAI as portas se abrem”, afirmou.
Bandeira é a prova dessa premissa. Chegou
à escola com apenas 16 anos de idade. Logo
que terminou o curso, foi trabalhar na Nacional Gás Butano. Depois, teve a oportunidade de atuar no próprio SENAI na área de
oficina mecânica das Baterias Moura. “Com
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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25
N
“
Nunca havia
participado do
SENAI Casa Aberta.
Ele incentiva a gente a
querer aprender mais.
“
Samara Simplício,
aluna da Escola Estadual Maria Tomásia
Foto: JOSÉ SOBRINHO
o SENAI Parangaba – Centro de Formação
Profissional Ana Amélia Bezerra de Menezes
e Souza – os alunos participaram de palestra
sobre empregabilidade e assistiram à exibição
de um vídeo institucional. Depois, visitaram a
exposição de moda das alunas participantes da
edição 2011 da Olimpíada do Conhecimento. As
criações são das designers Mágyla Tâmara Ribeiro
Bezerra, Ana Carla Andrade Luz e Karine Matos de
Amorim, classificadas nas três primeiras colocações
da etapa estadual. “Além da oportunidade de
conhecer o trabalho das nossas alunas na
Olimpíada e de participar da palestra, os alunos
foram convidados a votar na criação preferida”,
explicou Ana Verônica, técnica do SENAI.
Samara Simplício do Carmo, 16 anos, aluna da
9ª série da Escola Estadual Maria Tomásia, aprovou
a experiência. “Nunca havia participado do SENAI
Casa Aberta. Ele incentiva a gente a querer aprender
mais. Vi que aqui tem curso de aprendizagem
industrial. Agora, quero entrar no SENAI para ter mais
chance de conseguir meu emprego”, disse Samara.
Daniel de Oliveira, 17 anos, aluno do 2º ano do
ensino médio também saiu da visita motivado. “Antes
dessa visita, não sabia bem o que queria ser nem
o que o SENAI podia me oferecer. Hoje, me senti
motivado. Estou interessado em fazer um curso
técnico aqui porque sei que o SENAI vai dar direção
à minha carreira profissional”, finalizou.
Maracanaú e Juazeiro
C
Foto: GIOVANNI SANTOS
om uma programação semelhante à desenvolvida
nas unidades da capital, Juazeiro do Norte e
Maracanaú também mostraram para a comunidade
as vantagens de se profissionalizar em cursos do SENAI.
A unidade do SENAI de Maracanaú (Centro de Educação
e Tecnologia Alexandre Figueira Rodrigues), na região
metropolitana de Fortaleza, recebeu cerca de 2 000
visitantes. Durante a programação, eles participaram
de palestras sobre as especificidades das profissões
e profissionais demandados pela indústria cearense e
atendidos por cursos no SENAI nas áreas de mecânica,
soldagem, automação, petróleo e gás, mecatrônica e
manutenção industrial, dentre outras. Lá, segundo o
gerente da unidade, Tarcísio Bastos, são oferecidos
cinco cursos técnicos, dez cursos de aprendizagem e
mais de 50 variedades de cursos de aperfeiçoamento e
qualificação. Alguns desses alunos que visitaram o Casa
Aberta, certamente, farão parte da ampliação de 7 600
para 10 000 matrículas ainda em 2011.
Em Juazeiro do Norte, o evento realizado no Centro
de Formação Profissional Wanderillo de Castro Câmara
conseguiu atrair jovens e interessados nos cursos da
instituição de várias cidades do Cariri,
como Crato e Barbalha. Assim como nas
outras escolas, os visitantes viram os alunos
do SENAI testando e demonstrando seus
conhecimentos, durante as competições da
Olimpíada do Conhecimento, com provas
nas áreas de tornearia mecânica, mecânica
geral, tecnologia da informação e confecção
de roupas. E mais: receberam dicas de
manutenção de máquinas de moda e
visitaram exposição de peças de vestuário e
calçados. O SESI, na oportunidade, deu uma
atenção especial à saúde dos visitantes,
realizando aferição de pressão arterial e
testes de glicemia.
Mão na massa
Q
uando entrou na sala de vídeos do Centro Regional
de Treinamento em Moagem e Panificação (Certrem)
Senador José Dias de Macêdo, unidade do SENAI/CE
localizada ao lado do Porto do Mucuripe, em Fortaleza, para
participar do SENAI Casa Aberta 2011, Jonathan Rodrigues,
16 anos, aluno do 2º ano do ensino médio da Escola de Ensino Fundamental e Médio Paróquia da Paz, sentiu-se em casa.
A recepção na unidade foi feita por meio da apresentação de
reportagens de TV, mostrando professores e alunos com a
mão na massa, literalmente. “Minha mãe passou vários anos
fazendo pães caseiros para o sustento da família. Quando vi as
reportagens, identifiquei-me na hora com este ambiente”, disse
o adolescente, morador de uma comunidade perto da unidade.
A identificação de Jonathan ficou mais evidente quando ele
visitou a oficina de panificação e confeitaria, ministrada pela
docente Rosimeire Carneiro. Depois de demonstrar como se
faz pães artesanais e tirar dúvidas dos alunos, que, dentre outras
curiosidades, desejavam saber a diferença de fabricação entre o
carioquinha e o massa fina, qual o segredo para o pão crescer,
ou ainda por que alguns são grandes, mas com pouco miolo,
enquanto outros são pequenos e “recheados”, a professora pediu
um voluntário para as demonstrações de confeitaria.
Em coro, a turma com cerca de 30 alunos chamou pelo
garoto de cabelo moicano. “Não, não! Era minha mãe quem
fazia, eu só olhava”, tentava justificar e negando o convite. Mas
logo sucumbiu às pressões e às brincadeiras e resolveu colaborar. Com massa americana (matéria-prima de variadas sobremesas) nas mãos, ele se revelou habilidoso e, sob a orientação
da professora, produziu alguns biscoitos “casadinhos”, devidamente saboreados por ele mesmo, após a experiência.
“Na verdade, eu ajudava minha mãe e aprendi a mexer
na massa desde pequeno. Não é difícil, mas não sabia que
padeiro ou confeiteiro profissional precisava estudar tanto.
É uma profissão bonita e importante para a sociedade, mas
ainda não decidi se entro para a universidade, ou tento um
curso técnico; se decidir por este, o Certrem certamente
será minha escolha”, finalizou.
Para André da Silva Rodrigues, 16 anos, fazer um curso
técnico do SENAI não é só mais uma opção. É uma realidade
que terá início neste mês de novembro. Depois de visitar o
laboratório de trigo do Certrem (a unidade é referência na
América Latina na formação de moleiro júnior), onde os alunos fizeram um passeio pela história e logística do produto,
desde o campo até à prateleira, ele confessa que não vê a hora
de começar as aulas do Curso de Banco de Dados, no SENAI
Waldyr Diogo de Siqueira, na Barra do Ceará.
André faz parte de um programa social do governo denominado Pirambu Digital. A iniciativa oferece capacitações básicas em informática para jovens de comunidades carentes da
periferia de Fortaleza. Para cursos avançados, a entidade faz
parceria com outros organismos educacionais, como o SENAI.
Professora Rosimeire Carneiro mostra como se faz pães artesanais
Foto: GIOVANNI SANTOS
Moda atrativa
“Depois de ver como os laboratórios do Certrem são avançados,
fiquei ainda mais ansioso para iniciar as aulas. Conheço pessoas
que passaram pela entidade e hoje têm uma vida profissional
bem ajustada. É o que todo mundo deseja, não é?, argumenta.
A professora de inglês da escola Paróquia da Paz, Maria
Paula Rocha, às vezes intervia durante as exposições, ressaltando a seus alunos que a opção do curso técnico é, de fato,
uma boa alternativa à vida profissional. “A universidade não
é o único caminho para a pessoa se dar bem. Em países desenvolvidos, a grande maioria da população opta pelos cursos técnicos. A universidade é apenas para quem deseja se
dedicar à vida acadêmica”, sublinhou.
A docente disse ainda que o Brasil precisa de mão de obra
formada por escolas como o SENAI para se desenvolver. “Nosso país é a bola da vez em termos de desenvolvimento, mas esse
progresso só se concretizará com pessoas capacitadas, sobretudo,
tecnicamente. Isso significa que quem faz um curso técnico aqui
terá grandes chances de conseguir emprego”, arrematou.
Por meio de um moderno Laboratório de Controle de Qualidade do Trigo e Derivados (LCQT) o Certrem presta serviços técnicos especializados, realizando as seguintes análises:
moagem experimental, peso hectolitro, umidade, cinzas, cor,
glúten (úmido, seco e index), falling number, granulometria, farinografia, extensografia, alveografia e amilografia. O LCQT é
credenciado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para determinar a classe do trigo, com as análises de umidade, alveografia e falling number.
SENAI de Maracanaú atraiu muitos jovens interessados em seus cursos
26 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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27
U
Construção civil é uma
área na qual o SENAI
está investindo para
aumentar ofertas de
capacitação profissional
m dos desafios da educação profissional no Brasil é capacitar mão de obra
para atender às demandas da indústria.
No Ceará, que vem recebendo muitos investimentos e perspectivas favoráveis ao crescimento econômico, pela vinda, dentre outros,
de empreendimentos como a siderúrgica,
termelétrica e usinas de energia eólica, bem
como de obras da Copa do Mundo e do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
a perspectiva é que as ofertas de cursos profissionalizantes cresçam muito.
Atentas a esse cenário, as escolas do SENAI/CE
estão aumentando a oferta de oportunidades.
Além de investir 30 milhões de reais na capacitação de 200 000 novos trabalhadores até 2014
no estado, as unidades já ampliam instalações e
salas de aulas para suprir a demanda da indústria. E o SENAI Casa Aberta, que recebeu 12 000
visitantes nas sete unidades do Ceará [500 000
no Brasil] para apresentar as oportunidades de
formação para a carreira industrial, funciona
neste momento como um termômetro do que
está por vir.
Isso porque mais 245 000 trabalhadores devem se juntar aos 305 000 dos diversos setores
da indústria cearense. Trata-se de um aumento acima de 80% no setor, fenômeno que vem
sendo visto pela área como o “boom do Ceará”.
28 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
E para que isso realmente ocorra, é necessário
formar pessoas – capacitar e qualificar mão de
obra para acelerar os investimentos.
Conforme o diretor regional do SENAI/CE,
Francisco das Chagas Magalhães, as escolas do
Ceará vão aumentar de 50 000 para 80 000 matrículas até 2014. “A instituição está com pensamento estratégico o tempo todo porque as demandas da indústria são dinâmicas e nós temos
de estar sempre lado a lado. Nós, que trabalhamos com educação, temos de estar de mãos dadas com a indústria, observando as demandas e
oferecendo melhor capacitação para aumentar
a competitividade do segmento”, explica.
As unidades, diz Magalhães, já vivem essa
ampliação, uma vez que muitas estão em obras,
adequando-se para ofertar mais cursos e receber
mais alunos. Nova escola do SENAI no Ceará,
em Sobral, deve ser inaugurada em março de
2012. O diretor regional anuncia ainda a aquisição de cinco unidades móveis, que podem atender às necessidades de cidades do interior aonde
as escolas ainda não chegaram.
Em Fortaleza, dentre as transformações,
Magalhães destaca a construção de área para
oferecer capacitação ao setor têxtil, no SENAI
da Parangaba, resultante de investimentos da
ordem de 10 milhões de reais, e a inauguração
do laboratório de tintas, artes gráficas e de novas instalações para a construção civil nas unidades do bairro Jacarecanga.
A outra inovação é o Centro de Tecnologia
Construtiva, que, de forma geral, vai desenvolver novas tecnologias na construção civil para
serem aplicadas nos empreendimentos. “Por
exemplo, nós podemos estudar e desenvolver
os tipos de estruturas que podem ser utilizadas
para a camada do pré-sal ou o melhor material
para se construir uma ponte de metal em determinado lugar. Será um local de conhecimentos
transversais”, explica Magalhães.
O Centro de Formação Profissional Waldyr
Diogo de Siqueira, na Barra do Ceará, vai quase
que duplicar sua oferta de vagas. Formando profissionais nas áreas de eletroeletrônica, energia,
automotiva, telecomunicações, gestão, tecnologia da informação, segurança do trabalho e
construção civil, a unidade, que tem atualmente
8 000 matrículas por ano, deve atingir, em 2014,
a marca de 16 000 alunos.
“
A instituição
está com
pensamento estratégico
o tempo todo porque as
demandas da indústria
são dinâmicas e nós
temos de estar sempre
lado a lado.
“
Preparando a ampliação
As estratégias, explica o gerente da unidade,
Cid Fraga, já estão em curso. São quatro linhas
de ampliação, relacionadas à área física, com novas instalações, salas de aula e laboratórios; ensino a distância, com etapa presencial, interiorização das ofertas de cursos, por meio das unidades
móveis, e cursos in company, realizados dentro
das empresas, no chão de fábrica.
Com previsão de aumentar o número de matrículas de 7 600 para 20 000 a partir de 2014, o
Centro de Educação e Tecnologia Alexandre Figueira Rodrigues, instalado no Distrito Industrial
de Maracanaú, passará por expansão. A ampliação das instalações ensejará que o local se torne
um centro de tecnologia industrial até o ano de
2014. Por meio do centro, que vai permitir atender à demanda dos novos empreendimentos que
estão chegando ao estado, será possível oferecer
cursos superiores nas áreas de automação e metalurgia. De acordo com Rosane Andrade, analista
da unidade, o processo de transformação deverá
ter como mote a gestão da inovação com foco na
indústria nacional.
O SENAI de Maracanaú atende também por
meio de unidades móveis. Trata-se de carretas
adaptadas com estrutura de salas de aula, que
podem ser levadas para o interior do estado. Segundo o coordenador do Núcleo de Serviço Técnico e Tecnológico, Edglei de Sousa Marques,
essas unidades estão preparadas para suprir a
demanda de qualquer município cearense, desde que não interfira no espaço de abrangência
das demais escolas do SENAI. Ele diz que essa
Francisco das Chagas Magalhães,
diretor regional do SENAI/CE
flexibilidade permite que, mesmo com a capacidade de atendimento chegando a 100% em Maracanaú, a unidade estará constantemente realizando cursos. Por isso, este ano, a meta de 10 000
atendimentos está próxima de ser superada.
Em Juazeiro do Norte, está sendo construída uma oficina na área da construção civil
em prédio de dois andares, propiciando a integração de novas modalidades de cursos em
2012. Conforme a analista técnica Antônia dos
Santos, essa nova estrutura vai oferecer qualificação para mestre de obras, pedreiros e outros
profissionais que atuam na área, atendendo às
necessidade da indústria e de novos empreendimentos na Região do Cariri.
Unidades do SENAI/CE
O Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeida
foi a primeira escola do SENAI do Ceará com instalações físicas próprias.
Criada em 1978, no bairro Jacarecanga, ela atua nas áreas de automação
industrial, administração e gestão da produção, design, gráfica e editorial,
informática, metal-mecânica, mecatrônica, refrigeração e climatização e
segurança no trabalho. Informações: (85) 3421-5300.
O Centro Regional de Treinamento em Moagem e Panificação
Senador José Dias de Macêdo foi criado em 25 de fevereiro de
1980. Localizada no bairro Vicente Pinzón, a escola atua nas áreas
de panificação, culinária, confeitaria, laticínios, chocolataria, massas alimentícias (biscoitos), moagem de trigo e segurança alimentar.
Informações: (85) 3421-5100.
O Centro de Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira
iniciou suas atividades em 1975 homenageando o primeiro presidente
da FIEC. Suas áreas de atuação são automação, automobilística, mecânica automotiva, eletrônica industrial, telecomunicação, tecnologia
da informação, eletroeletrônica, energia, eletrotécnica e informática.
Informações: (85) 3421-5500.
O Centro de Treinamento e Assistência às Empresas foi inaugurado em
1978 no bairro Jacarecanga, sendo voltado aos programas de treinamento operacional de supervisores e gerentes industriais, oferecendo ainda serviços técnicos e
tecnológicos. As áreas de atuação são segurança do trabalho, minerais não metálicos, meio ambiente, gestão e construção civil. Informações: (85) 3421-5200.
O Centro de Formação Profissional Ana Amélia Bezerra de Menezes
e Souza é a unidade do SENAI voltada ao atendimento dos segmentos têxtil e de
vestuário. Informações: (85) 3421-6133 / 3421-6130.
O Centro de Educação e Tecnologia Alexandre Figueira Rodrigues,
também conhecido como SENAI Maracanaú, foi criado em 1979 e oferece cursos
nas áreas de automação industrial, automação pneumática, eletricidade, eletroeletrônica, gás natural, gestão, informática, instrumentação, metal-mecânica, metrologia, refrigeração e soldagem. Informações: (85) 3421-5000.
O Centro de Formação Profissional Wanderillo de Castro Câmara iniciou suas atividades em 1970. Suas áreas de atuação são metalmecânica, informática, confecção industrial, calçados, eletroeletrônica, saúde e segurança, qualidade
e gestão e recursos humanos. Informações: (88) 3571-2185 / 3571-1616.
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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29
Olimpíada do Conhecimento
Foto: JOSÉ SOBRINHO
mas muitos dos que continuaram perseverando estão entre os vitoriosos”, disse. Perseverança e capacidade de superação são qualidades comuns a todos os alunos participantes.
Em cada uma das 16 modalidades disputadas
foram entregues medalhas de ouro, prata ou
bronze. No total, classificaram-se e receberam
medalhas 49 alunos.
No Centro de Formação Profissional Antônio Urbano de Almeida, também em Jacarecanga, foram premiados dez alunos em três modalidades: mecatrônica, mecânica de manutenção
e fresagem. O Cetae, com duas modalidades –
construção em alvenaria e revestimento cerâmico – realizou seis premiações.
Seis medalhas foram entregues pelo Centro
Regional de Treinamento em Moagem e Panificação (Certrem) Senador José Dias de Macêdo,
que participou da Olimpíada 2011 com duas
ocupações: panificação e confeitaria.
O Centro de Formação Profissional Ana
Amélia Bezerra de Menezes e Souza (Parangaba) premiou três alunos em uma modalidade:
design de moda. O mesmo ocorreu em Maracanaú. Concorrendo na modalidade eletricista industrial, o Centro de Educação e Tecnologia Alexandre Figueira Rodrigues conferiu
medalhas de ouro, prata e bronze.
O SENAI da Barra do Ceará – Centro de
Formação Profissional Waldyr Diogo de Siqueira – entrou na disputa em três modalidades: eletrônica digital, mecânica de automóveis
e instalação e manutenção de redes PC. Premiou nove alunos nas três primeiras posições.
Disputa continua
até a etapa nacional
Até outubro de 2012, os dois primeiros colocados em cada modalidade
continuarão em treinamento. Quem tiver melhor desempenho disputará
em São Paulo a etapa nacional em novembro
30 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
A entrega das medalhas aos classificados nos três primeiros lugares da etapa estadual de seis unidades participantes foi realizada na tarde do dia 24 de outubro durante
solenidade realizada no pátio do Centro de Treinamento
e Assistência às Empresas (Cetae) em Jacarecanga. No
Centro de Formação Profissional Wanderillo de Castro
Câmara (Juazeiro do Norte), ocorreu a premiação dos
vencedores caririenses.
Falando em nome dos colegas, Francisco Alexsandro
Lima de Morais, medalha de prata na modalidade revestimento cerâmico pelo SENAI/Cetae, lembrou que a jornada
exigiu a superação dos participantes. “Alguns desistiram,
Francisco Alexsandro (à
direita): “Alguns desistiram,
mas muitos dos que
continuaram perseverando
estão entre os vitoriosos”
Foto: JOSÉ SOBRINHO
D
ezessete jovens alunos do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Ceará (SENAI/CE) disputarão
em novembro de 2012, com alunos da instituição de
outros estados, a etapa nacional da edição 2011 da Olimpíada do Conhecimento na cidade de São Paulo. Estudantes das
unidades localizadas nos bairros Barra do Ceará, Parangaba,
Mucuripe e Jacarecanga, em Fortaleza, em Juazeiro do Norte
(região do Cariri, sul do estado), e em Maracanaú (região
metropolitana de Fortaleza), eles serão escolhidos dentre os
competidores que conquistaram medalhas de ouro ou de
prata na etapa estadual da competição para representarem o
Ceará em 16 modalidades de ocupação industrial.
Em Juazeiro do Norte, 12 alunos obtiveram
os três primeiros lugares em quatro modalidades: tornearia mecânica, mecânica geral, tecnologia da informação e confecção de roupas.
Dentre eles quatro representarão o Ceará na
etapa nacional em suas respectivas modalidades.
Segundo o coordenador técnico da Olimpíada
do Conhecimento no SENAI/CE, analista educacional Jonas Bezerra Rolim, a representação
do estado na etapa nacional poderá ser feita por
alunos que conquistaram a medalha de ouro ou
de prata na etapa estadual. “Ter tirado o primeiro
lugar não garante ao aluno disputar a etapa nacional. Durante um ano, até outubro de 2012, os
dois primeiros colocados em cada modalidade
continuarão em treinamento. O que tiver melhor
desempenho irá para São Paulo disputar a etapa
nacional em novembro do próximo ano”, explica.
Excetuando a ocupação mecatrônica, na qual os
alunos competiram em duplas, todas as outras
modalidades enviarão a São Paulo um único representante à etapa nacional.
Na edição 2010, a etapa nacional da competição foi realizada no Rio de Janeiro e contou com
612 competidores distribuídos em 46 ocupações
profissionais. Mais de 150 000 pessoas, dentre
empresários, estudantes e professores, visitaram
o evento. Para a gerente de Educação e Tecnologia do SENAI/CE, Rangélia Coelho, a grande
repercussão da competição serve de vitrine para
estudantes e docentes porque os estudantes têm
a oportunidade de expor o conhecimento adquirido e serem vistos por empresas que podem se
tornar seus futuros empregadores.
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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31
Vencedores da etapa estadual
Exemplos
Centro de Formação Profissional
Antônio Urbano de Almeida
motivo de tanta persistência: “Além da satisfação pessoal
de vencer a competição, estar entre os melhores, ter
acesso a um amplo leque de cursos na minha área de
conhecimento e tomar parte da competição nacional são
diferenciais na minha carreira profissional. Participar da
etapa nacional da olimpíada vai ser um divisor de águas
na minha vida”.
Dois anos mais jovem, o irmão Felipe Nascimento
Moreira, 18 anos, conquistou a medalha de prata na
mesma modalidade e terminará o curso no SENAI da Barra
em dezembro. “Meu sonho é chegar à etapa nacional”, diz.
Ganhadora da medalha de ouro na ocupação instalação
e manutenção de redes PC, Edlaine Santiago de Oliveira,
19 anos, repetiu a façanha obtida na edição anterior da
competição. “Da outra vez, também fiquei em primeiro lugar
na etapa estadual”, recorda. A jovem fez dois cursos no
SENAI. O primeiro, em 2008, foi de aprendizagem industrial
em telecomunicações. Em 2009, cursou uma ocupação
técnica na área de informática.
Ocupação: mecatrônica (concorreram em duplas)
1° lugar – Tiago Alves e Francisco Heleno
2° lugar – Franklin Teixeira e Danyel Garrison
3° lugar – José Aroldo e Henrique de Sousa
Ocupação: mecânica de manutenção
1° lugar – Alexandre Benício
2° lugar – Francisco Bruno
Ocupação: fresagem
1° lugar – Felipe Henrique
2° lugar – Anderson Soares
Cetae – Centro de Treinamento
e Assistência às Empresas
Ocupação: construção em alvenaria
1° lugar – Daniel Lima Viana
2° lugar – César Sidney Bôa Lima Bezerro
3° lugar – Gustavo André Régis Militão
Ocupação: revestimento cerâmico
1° lugar – Iago Rodrigo Oliveira Juvêncio
2° lugar – Francisco Alexsandro Lima de Morais
3° lugar – Antônio Aloísio Carvalho Junior
Centro de Formação Profissional
Ana Amélia Bezerra de Menezes e Souza
“
Da outra vez,
também fiquei em
primeiro lugar na
etapa estadual.
Ocupação: design de moda
1° lugar – Mágyla Tâmara Ribeiro Bezerra
2° lugar – Ana Carla Andrade Luz
3° lugar – Karine Matos de Amorim
”
SENAI/Certrem – Centro Regional de Treinamento em
Moagem e Panificação Senador José Dias de Macêdo
Ocupação: panificação
1° lugar – Allison Mateus Tomas Morais
2° lugar – Francisco Gilliard Santos Dias
3° lugar – Leidiana da Rocha Coelho
Edlaine Santiago de Oliveira,
medalha de ouro na ocupação
instalação e manutenção de redes PC
”
Ramires Nascimento Moreira,
medalhista de ouro na ocupação
mecânica de automóveis
32 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
“
”
Felipe Nascimento Moreira,
medalhista de prata na ocupação
mecânica de automóveis
Centro de Formação Waldyr
Diogo de Siqueira
Ocupação: eletrônica industrial
1° lugar – Diego Silva de Oliveira
2° lugar – Mauri Saraiva dos Santos
3° lugar – Demetrius Lopes Teixeira Filho
Ocupação: instalação e manutenção de redes PC
1° lugar – Edlaine Santiago de Oliveira
2° lugar – Hanany de Oliveira Silva
3° lugar – Cássio Guimarães Passos
Ocupação: mecânica de automóveis
1° lugar – Ramires Nascimento Moreira
2° lugar – Felipe Nascimento Moreira
3° lugar – Claudiano Sobrinho Pereira
Centro de Formação Profissional
Alexandre Figueira Rodrigues
Ocupação: eletricista industrial
1° lugar – Alexandre Ferreira
2° lugar – João Alves Filho
3° lugar – Clóvis de Sousa Barroso Neto
Centro de Formação Profissional
Wanderillo de Castro Câmara
Ocupação: tornearia mecânica
1° lugar – Josué Santos Teixeira
2° lugar – Humberto Talisson Souza Silva
3° lugar – Diego Silva Oliveira
Ocupação: mecânica geral
1° lugar – Cícero Emerson Ferreira
2° lugar – Regivaldo Moraes Barbosa
3° lugar – Rafael Camargo da Silva
Meu sonho
é chegar à etapa
nacional.
Ocupação: tecnologia da informação
1° lugar – Juliana Bezerra Patrício
2° lugar – Káthia Myra Feitosa Alencar
3° lugar – José Pereira da Silva Neto
Foto: JOSÉ SOBRINHO
Participar da
etapa nacional da
olimpíada vai ser
um divisor de águas
na minha vida.
Ocupação: confeitaria
1° lugar – Rônia Mara Rodrigues Pinheiro
2° lugar – Amanda Karine Jales de Matos
3° lugar – Renan Moreira Reinaldo
FotoS: JOSÉ SOBRINHO
“
Foto: GIOVANNI SANTOS
A
vitória na fase estadual é um importante passo,
que merece ser festejado. Chegar ao pódio, no
último dia 24 de outubro, exigiu sacrifícios e muito
esforço de todos os classificados. Para os vencedores,
que conquistaram medalhas de ouro e de prata, a
exigência foi ainda maior. Sem abnegação, perseverança e
determinação para superar seus próprios limites os jovens
não teriam atingido o objetivo.
O medalhista de ouro na ocupação mecânica de
automóveis pelo SENAI Waldyr Diogo de Siqueira, Ramires
Nascimento Moreira, 20 anos, é exemplo de determinação
e perseverança. Pela segunda vez consecutiva concorrendo
na Olimpíada do Conhecimento, ele se desligou do emprego,
onde recebia cerca de quatro salários mínimos, para se
dedicar exclusivamente à competição, passando a receber
uma bolsa de menos de um salário mínimo.
Ramires diz que não poderia deixar de participar agora
da Olimpíada do Conhecimento porque já tem 20 anos
e essa, portanto, seria sua última chance. Ele justifica o
Ocupação: confecção de roupas
1° lugar – Jéssica de Lima Nonato
2° lugar – Josefa Michele Ferreira de Lima
3° lugar – Roseane Maria de Oliveira
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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33
Contabilidade terá
novas regras
Objetivo é garantir a transparência e a aplicação adequada do
dinheiro recolhido compulsoriamente das empresas, conforme
previsto na Consolidação das Leis do Trabalho
A
partir de janeiro de 2012, os sindicatos terão de separar, em suas contabilidades, os recursos próprios
daqueles oriundos da contribuição sindical. A mudança, que irá impactar na gestão financeira das entidades
classistas, tem base na orientação normativa nº 1 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), datada de 25 de agosto do corrente ano e publicada um dia depois no Diário
Oficial da União (DOU). O objetivo da medida é garantir a
transparência e a aplicação adequada do dinheiro recolhido compulsoriamente das empresas, conforme previsto na
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
O documento informa textualmente no seu artigo 1º
que “as entidades sindicais deverão promover ajustes em
seus planos de contas, de modo a segregar contabilmente as receitas e as despesas decorrentes da contribuição
sindical a fim de assegurar a transparência”. No artigo
seguinte, a norma determina que tais “ajustes nos procedimentos de escrituração contábeis” devem ser adotados
obrigatoriamente a partir de 1º de janeiro de 2012 ou, de
34 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
forma facultativa, a partir da data de publicação, isto é, 26
de agosto deste ano.
Segundo o MTE, a orientação normativa atende ao Acórdão nº 1663/2010 do Tribunal de Contas da União (TCU),
que determina em seu item 9.2 que, no prazo de 60 dias, a
contar da publicação, as entidades adequem seus planos de
contas, fazendo a segregação contábil dos montantes decorrentes da contribuição sindical, de modo a viabilizar o controle da aplicação de recursos públicos.
De acordo com José Itamar Pereira de Matos, coordenador
da Unidade Sindical e Trabalhista do Sistema Federação das
Indústrias do Estado do Ceará (FIEC), a iniciativa do TCU de
criar meios para intensificar o controle dos valores arrecadados
na contribuição sindical foi motivada pela denúncia de que um
sindicato de trabalhadores, noutra região do país, não estaria
utilizando adequadamente o dinheiro que deveria ser aplicado
em benefício dos associados. Provocado, o TCU fiscalizou e
comprovou a destinação irregular, resultando na elaboração e
encaminhamento do acórdão ao MTE.
Vanderley Viana: "Ou
fiscaliza tudo ou nada.
Agora, separar é um
retrocesso de 30 anos"
Foto: GIOVANNI SANTOS
Contribuições sindicais
Presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Materiais Elétricos do
Estado do Ceará (Simec) – um dos mais atuantes sindicatos filiados à FIEC –, Ricard Pereira
Silveira apoia a mudança. “Os recursos dos sindicatos devem ser bem utilizados e com finalidades predefinidas. Acredito que a orientação
deverá garantir tal finalidade, sendo, portanto,
uma coisa positiva”, diz Ricard Pereira.
À frente da gerência de Contabilidade e Orçamento (GCO) do Sistema FIEC, Vanderley
Coelho Viana ratifica que os recursos advindos
das contribuições sindicais devem ser aplicados
exclusivamente em prol do associado, mas alerta
para a dificuldade operacional e a burocracia que
serão geradas com a segregação de contas. “Além
de os sindicatos precisarem criar e administrar
duas contas bancárias separadas, sendo uma específica para o dinheiro das contribuições, eles
terão de apresentar aos conselhos de representantes orçamento e contabilidade especificando a
destinação de cada centavo arrecadado na forma
de contribuição sindical”, observa o executivo.
Para Vanderley Viana, a segregação é “inoportuna”, considerando que as receitas próprias
também são decorrentes da contribuição sindical. “Ou fiscaliza tudo ou nada. Agora, separar
é um retrocesso de 30 anos”, frisa o gerente, que
também levantou a questão no Sindicato dos
Contabilistas do Estado do Ceará e na Federação
dos Contabilistas do Norte e Nordeste, entidades das quais é membro.
Na oitava reunião do Comitê de Pronunciamentos Contábeis do Sistema Indústria,
realizada em 30 de setembro último em Brasília, a orientação normativa do MTE esteve
em pauta, despertando polêmica no meio
industrial. De acordo com Vanderley Viana,
que também integra o Comitê, na ocasião o
gerente executivo jurídico da Confederação
Nacional da Indústria (CNI), Cássio Borges,
pediu atenção para os principais pontos que
estão em jogo a partir da mudança determinada pela orientação normativa.
“Em primeiro lugar, é preciso definir se a
portaria é uma orientação ou uma determinação”, questiona Vanderley, ratificando o primeiro ponto colocado em xeque pela CNI. Segundo
ele, enquanto o primeiro artigo orienta os sindicatos a promoverem ajustes em seus planos de
contas, o segundo já determina que eles sejam
adotados de forma obrigatória a partir de janeiro de 2012. Ou seja, a interpretação dada pelo
MTE ao acórdão do TCU é passível de dúvida.
O segundo ponto é que a medida fere a autonomia sindical. Em terceiro lugar, ele corrobora a CNI quando questiona a competência
de fiscalizar do TCU. O último ponto diz respeito ao fato de que o poder normativo para
baixar normas contábeis, que são de natureza
técnica, não cabe ao MTE – é competência do
Conselho Federal de Contabilidade (CFC). “O
certo é que essa orientação normativa deveria
ter sido mais debatida antes de entrar em vigor”, argumenta Vanderley Viana.
Ações
P
ara tentar reverter a medida, uma das
ações tomadas pelas confederações
patronais (Confederação Nacional da
Indústria, Confederação Nacional do Comércio,
Confederação Nacional da Agricultura,
Confederações Nacionais dos Transportes,
Confederação Nacional do Sistema Financeiro,
Confederação Nacional de Serviços e
Confederação Nacional das Cooperativas) foi
o envio no mês de setembro de expediente
conjunto ao MTE, pedindo a revogação da
orientação normativa 01/11, sob o argumento
principal de que ela viola o princípio da
liberdade sindical. Além disso, o departamento
jurídico da CNI entrará com mandado de
segurança requerendo a revogação da norma.
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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35
“
Enquanto não
houver uma
decisão da Justiça, é
dever da FIEC orientar
seus associados a
se prepararem para
cumprir o disposto na
orientação normativa
do MTE.
Foto: JOSÉ SOBRINHO
O
diretor financeiro da FIEC, José Carlos
Braide Nogueira da Gama, foi quem
trouxe o tema à tona aos industriais
cearenses durante reunião ordinária da diretoria
plena da instituição realizada em 10 de outubro
último. Empresário do setor da construção civil e
diretor do Sinduscon/CE, Gama está sensível
às dificuldades operacionais que serão
causadas pelas novas regras. “Tem razão
o Vanderley quando diz ser necessária a
abertura de contas em separado, de forma
tal que aquela que receber as contribuições
sindicais fique apartada das demais
receitas do sindicato”, pondera. Entretanto,
explica a postura prática defendida pela
Federação: “Enquanto não houver uma
decisão da Justiça, mesmo que preliminar,
é dever da FIEC orientar seus associados a
se prepararem para cumprir o disposto na
orientação normativa do MTE”, arremata.
“
FIEC
José Carlos Braide
Nogueira da Gama,
diretor financeiro da FIEC
C
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ONGs
Vala comum?
Fiscalização deficiente e pouca transparência estão colocando
as organizações não governamentais diante da opinião pública
em um mesmo patamar
POR LUIZ HENRIQUE CAMPOS
O
cupando espaço intermediário entre a esfera pública e a privada, as organizações
não governamentais (ONGs) têm exercido no Brasil, nos últimos anos, importante papel
de complementaridade às ações do estado, seja
no campo das políticas públicas, ou por meio da
pressão legítima em busca de solucionar demandas
dos menos favorecidos. A experiência dessas entidades as tornou socialmente organizadas e profissionalmente preparadas para exercer suas funções,
muitas delas sendo referência internacional. Como
definiu o sociólogo Herbert de Souza, conhecido
como Betinho, "as ONGs são comitês de cidadania
e surgiram para ajudar a construir a sociedade democrática com que todos sonham".
Mas se esses espaços de serviço surgem como
alternativas de sistematização de ações para a sociedade, a amplitude das demandas de um país pobre
como o Brasil também abre portas para o desvirtuamento de finalidades. É o que se tem visto nos
“
As ONGs são
comitês de
cidadania e surgiram
para ajudar a construir
a sociedade democrática
com que todos sonham.
38 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
“
Herbert de Souza, sociólogo
últimos anos com a exposição corriqueira na mídia
de irregularidades envolvendo entidades do gênero. O caso mais recente, relacionado ao programa
Segundo Tempo, do Ministério dos Esportes, não
só levou à queda do ministro Orlando Silva, como
fez com que a presidente Dilma Rousseff decidisse suspender temporariamente convênios federais
com ONGs. Antes, o ministro do Turismo, Pedro
Novais, fora destronado por causa de suspeitas de
desvios na pasta em função de relações com essas
entidades. A bola da vez, agora, é o ministro do
Trabalho, Carlos Lupi, também pego em denúncias
de irregularidades. Reportagem da revista "Veja"
deste mês afirma que três servidores e ex-servidores do Ministério do Trabalho estavam envolvidos
com ONGs num esquema de cobrança de propinas
que revertia recursos para o caixa do PDT, partido
de Lupi, que está afastado temporariamente da presidência da sigla por ser ministro.
Pela medida determinada por Dilma Rousseff,
os recursos só voltarão a ser liberados após parecer técnico que ateste a regularidade da parceria. A
presidente determinou ainda que a Controladoria
Geral da União (CGU) criasse edital-modelo a
ser adotado pelos ministérios para a contratação
de convênios com ONGs. A preocupação não é
sem motivo. Apenas neste ano, mais de 2 bilhões
de reais foram repassados a esse tipo de entidade –
sem licitação, na grande maioria. Nos últimos seis
anos, por exemplo, instituições privadas sem fins
lucrativos receberam cerca de 19 bilhões de reais
da União para executar atividades que caberiam
ao estado, segundo registros do Tesouro Nacional
e revelados pela ONG Contas Abertas, que faz o
acompanhamento sistemático das contas públicas.
O mais grave é que o próprio governo tem se
mostrado ineficaz no controle do repasse de recursos a tais entidades. A péssima estrutura de fiscalização, aliada a um processo simplificado de contratações de convênios, acaba por facilitar a burla e
o desvio de dinheiro. O resultado não poderia ser
outro, com denúncias se avolumando e ganhando
mais espaço nos noticiários. Relatório recente do
Tribunal de Contas da União (TCU) mostra que,
apenas no Ministério do Trabalho, há 500 convênios feitos com recursos do Fundo de Amparo ao
Trabalhador (FAT) nos quais existem prestações de
contas pendentes de análise.
Com base na estrutura deficitária de fiscalização dos órgãos federais, o TCU mostrou também
que, em média, cada servidor de ministério teria
de dar conta hoje de mais de 300 processos com
prazo vencido. Para chegar ao dado, o órgão levantou não apenas contratos com ONGs, mas também
com prefeituras, estados e demais entes públicos.
O Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), por exemplo, ligado ao Ministério
da Educação (MEC), acumula 15 400 prestações de
contas, com repasses totalizando 4 bilhões de reais,
sem que haja pareceres sobre a regularidade. A média de pendências chega a 173 casos por fiscal.
O Fundo Nacional de Assistência Social, do
Ministério do Desenvolvimento Social e Combate
à Fome, tem 347 casos para cada servidor analisar. Na sequência, aparecem o Fundo Nacional de
Segurança Pública, do Ministério da Justiça (126
processos por funcionário), o Ministério do Turismo (92), a Fundação Capes, do MEC (74), e a
Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia (43). O relatório
do TCU analisou os 13 órgãos do governo federal com maior número de convênios. Juntos, respondem por 89% das pendências em termos de
análise, com aproximadamente 44 000 processos
e valores girando em torno de 16 bilhões de reais.
Desse pacote, fazem parte desde programas de
atendimento de saúde à população indígena até
polêmicas emendas parlamentares que destinam
parcela do dinheiro público a obras de interesse
dos políticos, como quadras esportivas ou obras
de infraestrutura turística.
O certo é que o governo Dilma está diante de
uma excelente oportunidade para mudar essa realidade vergonhosa. Deveria aproveitar a medida correta adotada pela presidente, que mandou fazer um
verdadeiro pente fino em todos os contratos com
ONGs. Pode ser o primeiro passo para dar transparência total nessa área, acabando com as boquinhas
destinadas a promover feudos políticos.
Irregularidades no
programa Segundo
Tempo levaram à
queda do ministro
Orlando Silva
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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39
A
s ONGs no Brasil estão inseridas
dentro do chamado terceiro setor,
que corresponde às instituições com
preocupações e práticas sociais, sem fins
lucrativos, que geram bens e serviços de
caráter público. O primeiro setor corresponde
à emanação da vontade popular, pelo voto,
que confere o poder ao governo; o segundo
corresponde à livre iniciativa, que opera o
mercado, define a agenda econômica usando
o lucro como instrumento. Apesar de compor o
terceiro setor, as ONGs são apenas parte dessa
classificação, que inclui outras organizações
sem fins lucrativos, como fundações e
entidades filantrópicas. Todas elas com o
objetivo de gerar serviços de caráter público.
Para se ter uma ideia da dimensão no
Brasil, as organizações sem fins lucrativos
representam 5% do Produto Interno Bruto
(PIB), número que chega a superar o da
indústria extrativa mineral (petróleo, minério de
ferro, gás natural, carvão etc.), e é maior que a
de 22 estados brasileiros (só fica atrás de São
Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande
do Sul e Paraná).
As organizações sem fins lucrativos
representam 5% do Produto
Interno Bruto (PIB)
Os dados são do estudo Manual sobre
a contribuição da sociedade civil para o
desenvolvimento humano, projeto do Programa
de Voluntários das Nações Unidas (UNV),
do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento (PNUD), em parceria com o
Johns Hopkins Center for Civil Society Studies,
instituição norte-americana que estuda as
organizações sem fins lucrativos. Ainda em
elaboração, o trabalho cruza dados de 2002
da Pesquisa Nacional por Amostra (PNAD),
do arquivo do Imposto de Renda de Pessoas
Jurídicas, Sistema Integrado de Administração
Financeira do Governo Federal (Siafi) e dados
de assistência médica sanitária.
O levantamento inclui ONGs, sindicatos,
partidos políticos e instituições filantrópicas. A
última pesquisa do gênero havia sido feita no
ano de 1995. De lá para cá, essa participação
do setor no PIB cresceu quase quatro vezes, já
que à época estava em torno de 1,5%.
No mesmo período, a quantidade de
organizações subiu 71%: de 190 000 para
cerca de 325 000. O número de trabalhadores,
por sua vez, pulou de 1,5 milhão em 1995
para 3 milhões em 2002.
Muitas dessas entidades que se dizem sem
fins lucrativos, todavia, acabam na prática em
busca do lucro, ou voltadas a interesses de
seus gestores. Esse é o caso, por exemplo, de
várias instituições de ensino e hospitais, que,
amparados pelo conceito de filantrópicas ou
fundações, terminam por obter mais lucro do
que até mesmo as empresas privadas.
Sustentabilidade e
transparência
R
esponsável pelo Centro de Apoio
Operacional ao Terceiro Setor do Ministério
Público de Minas Gerais e estudioso do
tema, o procurador de Justiça Tomáz de Aquino
Resende entende que as pessoas precisam
conhecer melhor o assunto. Para ele, “é muito
fácil falar e dar ar de moralidade a quem afirma
que é preciso tirar as ONGs das tetas do Estado”.
Além da necessária denúncia de malfeitos, é
importante analisar "que o terceiro setor tem
cada vez mais influência na sustentabilidade do
país. Gera emprego e renda tal qual o mercado
e cuida de questões sociais e ambientais a
muito menor custo, com mais eficiência e em
maior quantidade do que os governos". Ele cita,
por exemplo, que mais de 70% das internações
hospitalares pelo Sistema Único de Saúde
(SUS) são feitas pelas chamadas entidades
filantrópicas, que nada mais são do que
hospitais do terceiro setor.
As instituições educacionais mantidas por
fundações e associações, aponta o procurador,
“têm também demonstrado que é possível
fazer ensino de qualidade e quantidade a
preço bem mais baixo do que o gratuito
(escandalosamente caro) ensino público”.
Tomáz revela ainda que diagnóstico realizado
em Belo Horizonte confirmou que menos de
40% das organizações sem fins lucrativos
utilizam recursos públicos para atender às
demandas a que se propõem. “Mesmo nelas,
o repasse não representa mais do que 30%
de suas receitas."
“
Em Belo
Horizonte, menos
de 40% das organizações
sem fins lucrativos
utilizam recursos públicos
para atender às demandas
a que se propõem.
“
Peso importante no PIB
Tomáz de Aquino Resende,
procurador de Justiça
Características das Fundações e Associações Privadas
sem Fins Lucrativos no Brasil (Fasfil)
A média salarial nessas entidades é baixa, cerca de 3,8
salários mínimos por mês. Além disso, as organizações empregam em torno de 1,7 milhão de trabalhadores assalariados, mas há, de fato, muito trabalho voluntário, militante e precarizado. As que mais empregam são aquelas que
trabalham nas áreas da saúde e da educação, sendo que
cerca de 70% empregam um milhão de pessoas. O restante se distribui em 30%, consideradas de pequeno porte.
A distribuição regional, ainda que avaliada em proporção à
população das regiões, na pesquisa, demonstra, em relação a 2002, um crescimento de organizações no Nordeste
e afirma o alto percentual de associativismo da região Sul,
já com tradição nesse sentido. O Sudeste é a região que
mais apresenta organizações sem fins lucrativos.
A pesquisa aponta para um crescimento das entidades
classificadas como de “defesa de direitos e de interesses
dos cidadãos”, mas vale desmembrar essa informação
para reconhecer o crescimento também de entidades
corporativas patronais, de defesa de interesses de classe.
Há um percentual de entidades situadas na área
de assistência social que, em relação a 2002, não
sofrem aumento significativo, porém cabe considerar
que muitas não se enquadram exatamente nas atribuições de assistência social do Ministério de Desenvolvimento Social (MDS).
As entidades são relativamente novas, tendo uma
média de 12 anos de existência. A pesquisa não aborda a “mortalidade” delas e seria um aspecto interessante a se levantar para avaliar a sustentabilidade.
As que de fato demonstram maior longevidade são
as que trabalham com saúde, em especial hospitais.
Isso é relevante para entender a sustentabilidade
em termos das relações com o Estado brasileiro, no
acesso a isenções e imunidades fiscais.
Há também um crescimento significativo do grupo
de organizações ligadas ao grupamento de religião,
demonstrando a forte natureza confessional do
associativismo.
Números
- 35,2% das instituições atuam na defesa dos direitos e interesses dos cidadãos.
- 79% das Fasfil não possuíam sequer um empregado formalizado.
- 57,1% dos trabalhadores das Fasfil estavam no Sudeste.
- O tempo médio de existência das Fasfil é 12,3 anos.
Fonte: Estudo Fundações e Associações Privadas Sem Fins Lucrativos no Brasil (2005), pesquisa desenvolvida a partir da parceria entre o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômicas e Aplicadas (IPEA),
Associação Brasileira de ONGs (Abong) e o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (GIFE)
40 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
Novembro de 2011 | RevistadaFIEC
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41
Busca pelo marco regulatório
F
undada em 1991, a Associação Brasileira de
Organizações Não Governamentais (Abong)
é a principal entidade representativa do
setor no país. Por meio da entidade têm partido as
mais importantes conquistas e discussões sobre
o segmento no Brasil. São cerca de 300 filiadas,
a maioria fundada nas últimas três décadas, com
pequeno destaque para o período entre 1981
a 1990. Com dados apontando que o terceiro
setor no país tem cerca de 300 000 entidades
sem fins lucrativos, a representatividade da Abong
seria apenas de 1%, diz Suzany de Sousa Costa,
da ONG Cearah Periferia, e representante do
colegiado da Abong no estado.
Apesar disso, destaca Suzany, a associação há
anos defende a criação de um marco regulatório
[um conjunto de normas, leis e diretrizes que
regulam o funcionamento dos setores nos quais
agentes privados prestam serviços de utilidade
pública] para as entidades sem fins lucrativos. A
ideia é que seu trabalho seja reconhecido e elas
possam, legitimamente e com transparência, ter
acesso a recursos públicos quando sua atividade for
um serviço público – como ocorre na maioria dos
países desenvolvidos. Essa luta se expandiu e está
agregando outros setores, com várias discussões na
perspectiva de desenho de um modelo que garanta
essas normas. Segundo Suzany, a necessidade
de um marco regulatório não se prende apenas à
questão da liberação de recursos. Hoje, diz ela, o
terceiro setor é tratado administrativamente como
empresa em termos de gestão, o que não condiz
com a sua realidade na forma de operar.
Foto: GIOVANNI SANTOS
Suzany Costa: "Não
é possível nivelar por
baixo. Nem toda ONG é
ruim ou rouba"
42 | RevistadaFIEC | Novembro de 2011
"Nós sempre trabalhamos com recursos de
agências internacionais, e não somos entidades
geradoras de lucro", afirma Suzany. Nesse aspecto,
explica que fatores conjunturais interferiram já
antes do governo Lula na mudança do perfil de
sustentabilidade das organizações que compõem
o terceiro setor, “desmistificando o argumento de
que a partir de 2003 o governo passou a liberar
recursos de forma descontrolada às ONGs". Antes,
os recursos eram carreados para várias regiões do
planeta por meio de agências internacionais. O
Brasil era um desses destinos. “Mas começamos
uma discussão sobre esse modelo porque somos
paradoxalmente entidades que trabalhamos para
não existirmos, já que, se conseguirmos erradicar
determinado problema, não seremos mais
necessárias", explica Suzany.
A partir dessa discussão sobre sustentabilidade,
aponta ela, "muitas de nossas ações começaram
a virar política pública e também as ONGs foram
buscando formas de subsistência, seja por meio de
consultorias, parceria com o setor privado, ou com
a venda de produtos para obtenção de receita".
Essa mudança de postura ocorreu a partir de
2000. "Mas isso tudo é difícil e até para conseguir
recursos públicos não é fácil como se diz”,
acrescenta. O marco regulatório, portanto, é visto
por Suzany como fundamental para evitar muitas
distorções. "Cada vez que acontece um escândalo,
somos todos prejudicados."
Ela explica que existe, em relação às ONGs,
aspectos distintos. "Não é possível nivelar por
baixo. Defendemos que, quanto mais transparente
a relação for, mais ela será positiva. Continuamos
trabalhando normalmente e preocupados com os
resultados e impactos que pretendemos atingir.
Fazemos um apelo à sociedade para que conheça
o nosso trabalho. Estamos sempre abertos
para quem quiser nos conhecer. A gente quer
desmistificar a ideia de que toda ONG é ruim ou
rouba. A intenção é que devemos construir juntos",
sublinha Suzany Costa.
A pressa do governo em estancar o escândalo
e a insegurança dessas entidades é o resultado,
dizem muitos ativistas, da inexplicável demora do
governo em criar um marco regulatório para as
relações entre o governo e o chamado terceiro setor.
"Dentre as mais de 300 000 ONGs há algumas
criadas para servir a interesses particulares e
que se beneficiam da ausência desse marco
regulatório", arremata Fátima Mello, do Núcleo
Justiça Ambiental e Direitos da Fase, uma ONG
voltada para a educação.
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