Baixar o arquivo - História da Arquitetura Contemporânea
Transcrição
Baixar o arquivo - História da Arquitetura Contemporânea
Formalismo Antonio Castelnou Castelnou Jay Sarno (1922-84) Ceaser Palace Hotel (1962/66, Las Vegas NV) Introdução Corrente tipicamente norte-americana, o FORMALISMO pós-moderno mostrou uma concepção arquitetônica que acentuava a forma frente ao conteúdo, isto é, valorizava mais os invólucros (fachadas) que a essência (técnica e funcionalidade). Tucker House (1975/77, Mount Kisco NY) Robert Venturi (1925-) Charles Moore (1925-93) Segundo os formalistas, a solução espacial do projeto não deveria nascer mais de problemas utilitários, mas criada a partir da imaginação do arquiteto, que estabeleceria associações simbólicas mesmo sutis. Assim, a FORMA SEGUE O GOSTO, A MEMÓRIA OU A MODA. Rudolph House II (1979/81, Williamstown MA) Beverly Hills Civic Center (1988/92, Los Angeles CA) Humana Corporation Building (1980/83, Louisville KY) Michael Graves (1934-) Plocek House (1980/82, Warren NJ) Sua arquitetura, que encontrou o apogeu entre 1966 e 1978, era determinada estritamente por considerações estéticoformais, tendendo ao fechamento volumétrico e à SIMETRIA, à volta de aberturas isoladas e ao emprego de elementos estilísticos (ornamentos). O ORNAMENTO (plástica secundária) foi redescoberto e novamente aplicado pelos pósmodernistas porque, para eles: Tratava-se de um elemento formal que cria BELEZA e modifica espaços, já que é rico em significados e conotações simbólicas; Levantava expectativas, provocando SURPRESAS e influindo no gosto; Ajudava a reinterpretar a HISTÓRIA, reforçando a idéia de estilo. Michael Graves (1934-) Hans Hollein (1934-2014) Austrian Airlines Tourist Office (1976/78, Viena. Áustria) Inspirando-se no passado, na sociedade de consumo e nas leis mercadológicas – e inclusive no Kitsch –, a ARQUITETURA FORMALISTA volta-se para efeitos compositivos e princípios próprios de uma linguagem simbólica, que se expressava através de metáforas (sinais e aspectos emblemáticos), tudo com a intenção de transmitir uma tensão na mesma obra. Team Disney Building (1990/91, Burbank CA) Michael Graves (1934-) Arquitetura Formalista Influenciados pela Teoria da Comunicação, os arquitetos formalistas usam elementos inspirados na arquitetura popular e comercial de modo provocativo e atraente. Interessados na produção massiva, usam muito concreto armado, vidro e aço; materiais modernos associados aos tradicionais. Além disto, eles absorvem os pressupostos da POP ART dos anos 1950/60, expandindo-os para grande parte da sociedade e redirecionando a atenção arquitetônica para a história, o ornamento e o ideal contemporâneo de beleza. Hans Hollein (1934-2014) Haas Haus (1989/93, Viena Áustria) Os pós-modernos formalistas rechaçavam a arquitetura racional e objetiva sendo muito mais românticos e subjetivos. Buscando significados simbólicos (metáforas) nem sempre legíveis aos leigos, alteraram a fórmula de que a forma segue a função, pois, para eles, segue a vontade artística (gosto). Civic Complex (1980/81, Cathedral City CA) Thomas Gordon Smith (1948-) Basicamente, os fundamentos teóricos da ARQUITETURA FORMALISTA concentram-se em: Formalismo: Preocupação quase absoluta com o aspecto visual da obra; fachadismo; uso de convenções acadêmicas; Grafismo: Fascinação pelo poder evocativo de desenhos e maquetes; ênfase no tratamento gráfico; policromia; Hedonismo: Culto ao prazer e à beleza, através da idéia de conseguir o máximo pelo mínimo esforço; ornamentalismo; Elitismo: Pré-definição do público-alvo e dos parâmetros de conforto e qualidade do ambiente construído; comodismo; Vanguardismo: Crença na beleza, originalidade e importância de suas criações artísticas; ironia e provocação; Anti-funcionalismo: Rejeição da estética funcionalista e da idéia de proeminência da função utilitária; anti-universalismo. Foram estes os principais acontecimentos, na área da arquitetura, que provocaram a difusão das idéias formalistas a partir dos anos 1960/70: A publicação de Complexity and Contradiction in Architecture (1966), de ROBERT VENTURI (1925-), que propunha uma atitude mais consistente com seu tempo, apontando o valor estético da ambiguidade (presença simultânea de vários caracteres arquitetônicos) e da provocação (potencial comunicativo da transgressão e da ironia). A este livro, seguiu-se outro, Learning from Las Vegas (1972), que defendia uma arquitetura complexa e contraditória. LAS VEGAS (NEVADA USA) Strada Novisima (1978/80) A exposição The Architecture of the École des Beaux-Arts (1975; p.1977), realizada no Museum of Modern Art – MoMA de Nova York, organizada por ARTHUR DREXLER (1925-), que resgatou a beleza e o poder de atração das convenções arquitetônicas (simetria, fachada principal, uso de eixos, etc.). Metáforas de Ronchamp A repercussão do livro The Language of Post-Modern Architecture (1977), de CHARLES JECKS (1939-), que constatava o fim da arquitetura moderna; e O impacto causado pelo uso de elementos historicistas no projeto do AT&T Building, atual Sony Building (1978/82, New York), da autoria de PHILIP JOHNSON (1906-2005). Tanto o coroamento com frontão chipendale como a base com arco e colunata não possuíam justificativas funcionais, o que provocou algum alvoroço na mídia. AT&T (Sony) Building (1978/82, New York) Philip Johnson (1906-2005) Características e Expoentes As principais características da linguagem arquitetônica formalista são as seguintes: 1) Busca a criação de lugares ao invés de espaços, uma vez que não usa os mesmos materiais e formas em toda ou qualquer parte do mundo, além de enfatizar o conteúdo histórico da arquitetura – vista como forma de comunicação –, além das superfícies verticais e do ornamento simbólico. Moore House (1963/65, Sea Ranch CA) Charles Moore (1925-93) Chaise-Longue LC (1929) Divã Marilyn (1981) ESPAÇO MODERNO LUGAR PÓSMODERNO (Abstração geométrica e anônima) (Local específico associado à cultura e à história) Determinado por relações matemáticas e geométricas, guiadas por condicionantes funcionais, técnicas e econômicas X Determinado por elementos como material, textura, cor, articulação formal, qualidade de iluminação, clima e topografia, entre outros Hans Hollein (1934-2014) Schullin Jewelry Shop (1969/70, Viena Áustria) 2) Tem uma atitude mais liberal para com a RELAÇÃO FORMA/FUNÇÃO, propondo a livre escolha da forma para satisfazer a função de modo criativo, propiciador de redundância e de tensão (uso de formas contraditórias, ambíguas e incoerentes). Aqui, o conceito de função amplia-se do conteúdo utilitário para as necessidades físicas, psíquicas e culturais do indivíduo. Vitruvian House (1990, South Bend IN) Thomas Gordon Smith (1948-) Charles Jencks (1939-) Thematic House: Sun Room (1979/84, Londres GB) Egypcian Furniture 3) Enfatizava a sensação estética subjetiva (emoção) em detrimento aos aspectos objetivos, estruturais e/ou funcionais (razão), solucionando a forma mediante questões de gosto, determinações subjetivas e associações simbólicas. Pretendendo ser sedutora e efêmera, o FORMALISMO baseia-se na criação de cenários. Ropbert A. M. Stern (1939-) Chestnut Hill Residence (2002, Chestnut Hill MA) 4) Recria códigos formais existentes do passado, transformando determinados princípios de ordenação (simetria, ritmo e equilíbrio axial) e configurações espaciais (uso de ornatos e ênfase da fachada principal), auxiliada pelo conhecimento cultural. Apresentando um decorativismo explícito, reaproveita elementos ornamentais de outros estilos eruditos e inspiração na arquitetura não-oficial (popular, comercial, kitsch, etc.). 222 Berkeley Building (1991, Boston MA) 5) Dá mais ênfase à representação do que propriamente à obra construída, daí a realização de várias exposições: o veículo de seu discurso é o DESENHO DE ARQUITETURA transformado em mercadoria, o “belo desenho”, que afeta outra mercadoria, a arquitetura. Ricardo Bofill (1939-) Residencial de Abraxas (1978/82, Marne-la-Vallée, França) Criticados por sua miscelânea estilística (NOVO ECLETISMO), seus expoentes passaram a se preocupar mais com o contexto da obra, evitando empréstimos formais ou citações gratuitas de outro tempo ou lugar. Com o rápido consumo e previsível esgotamento das formas, a partir dos anos 1980/90, procuraram depurá-las e estabelecer um diálogo contextual. Less is less; more is more Less is bore; mess is more Robert Venturi Alguns dos formalistas ou neorrealistas americanos ficaram conhecidos como GRISES – em contraposição ao neopurismo dos WHITES – e, através de um tom romântico e saudosista que não negava as formas do passado, faziam sua releitura, tornando-a permeável a montagens irreverentes e criando espaços festivos cheios de provocações inusitadas. São considerados os maiores expoentes norte-americanos da arquitetura formalista: PHILIP C. JOHNSON (1906-2005) Plate Glass Building (1984, Pittsburg PA) Lipstick Building (1982/86, New York) Piazza d’Italia (1975/78, N. Orleans LS) CHARLES W. MOORE (1925-1993) Quartel de Bombeiros de Dixwell (1967/74, New Haven CT) Vanna House (1962/64, Philadelphia PA) Guild House (1960/63, Philadelphia PA) ROBERT VENTURI (1925-) & DENISE SCOTT BROWN (1931-) STANLEY TIGERMAN (1930-) & MARGARETH McCURRY (1932-) Daisy House (1977/78, Porter IN) ROBERT A. M. STERN (1939-) Hot Dog House (1975/76, Chicago IL) Ehrman House (1975/76, Armonk NY) Public Services Building (1980/82, Portland OR) MICHAEL GRAVES (1934-) St. Coletta School (2001/06, Washington DC) BEST Store (1975, Houston TX) BEST Peeling (1972, Richmond VA) BEST Notch Showroom (1973/77, Sacramento CA) BEST Store (1978, Towson MD) SITE GROUP (1970): Sculpture in the Environment James Wines (1932-) e Alison Sky (1946-) Highway 86 (1986, Vancouver, Canadá) 200 veículos (ar, terra e mar) em 217 m S. I. T. E. ARQUITECTONICA (1977) Andres Duany (1949-), Elizabeth Plater-Zyberk (1950-), Laurinda Hope Spear (1950) et al. The Atlantis Condominiums (1979/82, Miami FL) Westin Times Square Hotel (2000/02, New York) Entre os representantes do FORMALISMO pós-moderno na Europa, podem ser citados os seguintes arquitetos: JAMES F. STIRLING (1928-92) N.1 Poultry (1988, London UK) National Gallery Extension (1977/84, Stuttgart , Alemanha) ETTORE SOTTSASS (1917-2007) Estante Carlton (1981) Olabuenaga House (1989/97, Maui HI) Gabinete Casablanca (1981) Poltrona (1985) GRUPPO MEMPHIS (1980/88) Swatch Clock Poltrona Wassily (1983) Appiani Chair (1980) STUDIO ALCHIMIA (1977-83) Redesign Thonet (1979) Poltrona Proust (1978) Ollo Chair (1988) ALESSANDRO MENDINI (1931-) Millenium Palace (2014, Bal. Camboriú SC) 1.773m (52 pav.) - Prédio mais alto do Brasil Construtora FG (Apartamentos por R$10 milhões) Leitura Complementar APOSTILA – Capítulo 13. BERNARDELE, O. A. Del posmodernismo a la deconstrucción. B. Aires: Librería Tecnica CP67: Universidad de Palermo, 1994. COLIN, S. Pós-modernismo: repensando a arquitetura. Rio de Janeiro: Uapê, 2004. JENCKS, C. El linguaje de la arquitectura pós-moderna. Barcelona: Gustavo Gili, 1997. PORTOGHESI, P. Depois da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 2002. SANTOS, J. F. O que é pós-moderno. 17. ed. São Paulo: Brasiliense, Col. Primeiros Passos, 1997.