Nº 104 Primeiro quatrimestre 2010

Transcrição

Nº 104 Primeiro quatrimestre 2010
SEREMOS GRANDES SE CONTRIBUIRMOS
PARA QUE A SOCIEDADE O SEJA
CONOSCO
Na FUNDACIÓN MAPFRE, por meio dos seus diferentes Institutos, trabalhamos pela
integração dos grupos que mais o necessitam e fomentamos a segurança e as
atividades culturais para contribuir com o progresso da sociedade.
www.fundacionmapfre.com
editorial
Crises e oportunidades
Enquanto o aperto da recessão econômica torna-se mais forte e
o comércio mundial diminui, a necessidade de segurança aumenta
sem parar.
As crescentes taxas de desemprego e a contração dos principais
indicadores financeiros indicam que a recuperação econômica não
poderá ser anunciada antes de 2011. Assim sendo, a metáfora sobre os
“brotos verdes”, expressão repetida em toda parte, é uma mensagem
para a esperança que, em plena crise e diante de visões menos
otimistas, procura evitar uma crise social maior.
Entretanto, a crise atual pode se tornar uma oportunidade para
enfrentar o futuro? Não seria a primeira vez que os nossos diretores e
gerentes de riscos fazem da necessidade uma virtude. Nesse sentido,
devemos lembrar que as estatísticas não são um consolo e, claro, muito
mais pessoas sofrem de malária do que de gripe A. Mesmo assim, as
nossas preocupações e a nossa atenção não mudam somente porque a
razão diz que deve ser assim.
O profissional da Gerência de Riscos que entrevistamos neste
número da revista nos revela como – além de administrar os riscos da
maior multinacional privada de Portugal, a Sonae, com presença em
vinte seis países – consegue ter tempo para dirigir o quinto broker de
resseguros em nível mundial, e inclusive presidir de uma fundação
musical a um clube de futebol da primeira divisão lusa.
O primeiro estudo, resumo da palestra premiada na terceira reunião
de pesquisa em seguros e gestão do risco (RISCO 2009), é um claro
paradigma da importância dos métodos quantitativos na medição e
gestão do risco e do crescente interesse nestes temas, inclusive em
nível de rua, na hora de diversificar carteiras.
O segundo estudo apresenta a primeira das duas partes do trabalho
no qual o seu autor –anterior diretor desta revista– apoiando-se em
abundante informação estatística, analisa a mortalidade por acidentes
na Espanha e sua comparação com outros países.
Gerência de Riscos e Seguros
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nº 104-2010
3
editorial
O último estudo apresentado indica as virtudes de um centro de
documentação ou biblioteca digital diante do risco da superabundância de
informação que trouxeram consigo as novas tecnologias e que, apesar de ter
suposto para o pesquisador uma liberdade maior, pode levar a uma falta de
análise e à desinformação.
O relatório elaborado pelo Centro de Estudos da FUNDACIÓN
MAPFRE, sobre o ranking dos maiores grupos seguradores Não Vida
2008, mostra o resultado obtido a partir da análise dos relatórios anuais das
próprias companhias.
O Observatório de Sinistros nos explica quem cuida do
acompanhamento das ações criminosas realizadas contra os bens culturais e
ilustra a seção com uma pesquisa desenvolvida em 2008.
expediente
Como, sem dúvida alguma, os bons desejos fazem parte dos planos de
recuperação, não queremos encerrar este editorial sem desejar aos nossos
leitores que tenham um feliz ano em 2010.
EDITOR • FUNDACIÓN MAPFRE
INSTITUTO DE CIENCIAS DEL SEGURO
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revista sem autorização prévia e por escrito dos editores.
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Gerência de Riscos e Seguros
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nº 104-2010
PRIMEIRO QUADRIMESTRE 2010
Obs.: Versão brasileira traduzida, originalmente, da edição espanhola
da Revista Gerencia de Riesgos y Seguros, 3º Quadrimestre de 2009.
índice
104
Atualidade
6
Novidades legislativas. Risco de pandemia. II Congresso Ibérico de Atuários.
Jornada em Madri sobre a Teoria da Credibilidade. Congresso Risco 2009.
Apresentação do IGREA.
Entrevista
12
José Manuel Dias da Fonseca, conselheiro delegado da MDS Holding
“A Gerência de Riscos tem que ser ativa e motivadora”
Estudos
Novas oportunidades de diversificação de riscos. Avaliação e cobertura de derivados
de volatilidade.
RAQUEL BALBÁS APARICIO ..................................................................................... 24
Análise de mortalidade por acidentes
FRANCISCO MARTÍNEZ GARCÍA .............................................................................. 36
Risco de excesso de informação
MARISOL REVILLA GUZMÁN ..................................................................................... 48
Relatório
Ranking dos maiores grupos seguradores europeus Não Vida 2008
CENTRO DE ESTUDOS FUNDACIÓN MAPFRE ......................................................... 58
Observatório de sinistros
Crimes contra o patrimônio histórico. Proteger o nosso passado cultural para
assegurar o futuro
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS ............................................................................ 74
Livros
86
Notícias AGERS
90
Caderno Brasil
EIMA-7 resulta em carta pela sustentabilidade ............................................................ 92
Alternativas para geração de energia limpa e renovável ............................................... 98
Gerência de Riscos e Seguros
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nº 104-2010
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LEGISLAÇÃO
RISCO DE PANDEMIA
• Lei 5/2009, de 29 de junho, pela qual
se altera a Lei 24/1988, de 28 de julho,
de Mercado de Valores, a Lei 26/1988,
de 29 de julho, sobre Disciplina
e Intervenção das Instituições de
Crédito, e o texto consolidado da Lei
de Ordenamento e Supervisão dos
Seguros Privados, aprovado pelo Real
Decreto Legislativo 6/2004, de 29 de
outubro, para a alteração do regime
de participações significativas em
empresas de serviços de investimento,
em entidades de crédito em empresas
seguradoras. B.O.E. número 157, de 30
de junho de 2009.
Enquanto o capítulo da
gripe aviaria H5N1 ainda não
foi totalmente encerrado, nos
deparamos com a ameaça de uma
nova pandemia: a gripe suína ou
gripe aviar A/H1N1.
Não é a primeira vez na história
que ocorre uma pandemia. Existem
abundantes fontes escritas que
descrevem a propagação de doenças
entre diferentes países e continentes,
como a peste do século VI oque
assolou o Império Bizantino na
época de Justiniano.
A mais conhecida por sua extrema
virulência é a denominada peste
negra, do século XIV, que acabou
com um terço da população mundial,
afetando especialmente a Europa,
a Ásia e a África.
Ocorreram outras epidemias
graves no passado século XX, que
tiveram como protagonista o vírus
influenza. A gripe de 1918, também
chamada gripe espanhola, embora
os primeiros casos tenham sido
detectados na América do Norte, é
considerada a terceira catástrofe de
saúde da história, junto com a peste
bizantina e a peste negra do século
XIV.
Em 1957 estendeu-se uma
nova pandemia, denominada
gripe asiática, por sua origem ter
ocorrido na cidade de Pequim.
Posteriormente, estendeu-se pela
Austrália e pela América. Esta
epidemia fez um bilhão e 4 milhões
de vítimas.
Entre 1968 e 1970 ocorreu a
terceira pandemia do século XX
provocada pelo vírus influenza.
Sua origem ocorreu novamente na
• Resolução de 19 de maio de 2009, da
Diretoria Geral de Seguros e Fundos
de Pensões, pela qual se publica a
atualização do valor do fundo de
garantia e dos limites para determinar
a quantia mínima da margem de
solvência das empresas seguradoras e
resseguradoras. B.O.E. número 134, de
3 de junho de 2009.
• Diretiva 2009/20/CE do Parlamento
Europeu e do Conselho, de 23 de
abril de 2009, relativa ao seguro
dos proprietários de navios para as
reclamações de Direito marítimo.
D.O.U.E. número L 131/128, de 28 de
maio de 2009.
• Resolução de 19 de maio de 2009, da
Diretoria Geral de Seguros e Fundos
de Pensões, pela qual é aprovado
o encargo a favor do Consórcio de
Compensação de Seguros para financiar
as suas funções com relação ao seguro
obrigatório de responsabilidade civil na
circulação de veículos a motor. B.O.E.
número 128, de 27 de maio de 2009.
6
Atualidade
Novidades
Gerência de Riscos e Seguros
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nº 104-2010
De fato, a OMS qualifica
o estado da nova gripe como
de pandemia moderada, ao
referir-se à situação global do
vírus, ainda que destaque que o
desenvolvimento da pandemia
depende das características
sociais e de saúde de cada país.
Por exemplo, na Europa e,
portanto, na Espanha, a doença
é leve e evolui sem graves
complicações.
Ásia, mais precisamente em
Hong Kong, onde houve
mais de 500.000 afetados.
Felizmente, a mortalidade
desta terceira epidemia foi
relativamente baixa em
proporção ao número de
afetados.
Em 11 de junho/09,
depois de realizar as
correspondentes consultas
com a comissão de
emergências, e conforme
os procedimentos previstos
no Regulamento de saúde
Internacional, a diretora
geral da OMS, Dra.
Margaret Chan, decidiu
elevar o nível de alerta de
pandemia de gripe da fase 5
para fase 6.
Segundo fontes do
Ministério da Saúde e
Política Social da Espanha,
a situação de pandemia
declarada pela OMS referese à extensão do vírus e à
sua transmissão sustentada,
não à gravidade clínica da
doença.
Gerência de Riscos e Seguros
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nº 104-2010
II CONGRESSO IBÉRICO DE
ATUÁRIOS
Durante os dias 11 e
12 de junho celebrou-se
o II Congresso Ibérico de
Atuários, que ocorreu no
campus da Universidad do
País Vasco – Euskal Herriko
Unibertsitatea, nas instalações
da Faculdade de Ciências
Econômicas e Empresariais.
A Faculdade de Ciências
Econômicas e Empresariais é,
desde a sua origem, uma das
que têm ministrado os ensinos
que levam à formação destes
profissionais.
A organização do II
Congresso Ibérico de Atuários
ficou por conta do Colégio
de Atuários do País Vasco /
Euskal Herriko Aktuarioen
Elkargoa, junto com o Col.
legi d´Actuaris de Catalunya, o
Instituto de Atuários Espanhóis
e o Instituto dos Actuários
Portugueses, contando com
a colaboração do Instituto de
Estudos Financeiro-Atuariais
da UPV-EHU.
A presidência do congresso,
na sessão de abertura, foi
encabeçada pelos respectivos
presidentes, Amancio
Betzuen, Albert Ferrando (em
representação), Julián Oliver
e María de Nazaré Barroso.
E contou com a presença de
Katsumi Hikasa, presidente da
Associação Internacional de
Atuários.
As sessões permitiram, como
7
nos objetivos do congresso, que
a centena de assistentes que
se distribuíram ao longo das
diferentes sessões pudessem
escutar daqueles que estão
participando da construção da
própria normativa as posições
existentes em um projeto de
grande impacto para a profissão,
como o Solvência, e o que o
mesmo envolve consolidação,
por um lado, e de geração de
novos requisitos por outro. As
diferentes visões foram abordadas
pelos Srs. Borginho, Peraita e
Ferrando e pela Sra. Duque.
Junto ao Solvência, nas
sessões plenárias, foi alvo de
atenção a gestão da informação
documentária em seguros e
gerência de riscos.
O aporte de conhecimentos
8
e experiências entre os atuários
na sua vertente financeira e
atuarial foi abordado também
no programa técnico e nas
diferentes sessões, que foram
agrupadas em diferentes blocos:
• Gestão de Riscos de
Sobrevivência.
• Gestão de Riscos
Financeiros.
• Solvência II e Dependência.
• Seguro Social.
• Vida, Planos de Previdência,
EPSV e Mutualidades.
Com o programa técnico,
desenvolveu-se um intenso
programa social que permitiu
aos assistentes não somente
atualizar conhecimentos,
mas também desfrutar da
riqueza cultural, paisagística e
gastronômica de Vizcaya.
O encerramento do congresso
contou com a presença de
Arturo Rodríguez, decano
da Faculdade de Ciências
Econômicas e Empresariais;
Antonio Gallarreta, diretor
geral de Inovação e Promoção
Econômica da Câmara de
Deputados de Bizkaia, e
Katsumi Hikasa, presidente
da Associação Internacional
de Atuários, bem como de
Amancio Betzuen, presidente
do Colégio de Atuários do
País Vasco, que cedeu o
testemunho a Juan Oliver,
presidente do Instituto de
Atuários Espanhóis, a quem
caberá liderar a organização do
próximo congresso.
Gerência de Riscos e Seguros
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nº 104-2010
JORNADA EM MADRI SOBRE A TEORIA DA CREDIBILIDADE
Em 17 de junho ocorreu no
salão de atos da FUNDACIÓN
MAPFRE a jornada de
divulgação sobre a “Teoria da
credibilidade: desenvolvimento
e aplicações em prêmios
de seguros e riscos
operacionais”, organizada pela
FUNDACIÓN MAPFRE
e o Instituto de Atuários
Espanhóis. No evento, ao
qual compareceram mais
de 80 pessoas dos campos
profissional e acadêmico
de seguros, foi apresentado
o trabalho vencedor do IV
Prêmio Internacional de
Seguros Julio Castelo Matrán,
de Emilio Gómez Déniz e
José Ma. Sarabia Alegría.
Na sequência, Ángel Vegas
Montaner, presidente da
Escola de Prática Atuarial e
Financeira do Instituto de
Atuários Espanhóis, palestrou
sobre aplicações atuariais
da teoria da credibilidade, e
Inmaculada Peña Sánchez,
atuária da MAPFRE
FAMILIAR, sobre a aplicação
prática de modelos de
credibilidade na tarifação de
seguros de saúde.
CONGRESSO RISCO 2009
A FUNDACIÓN MAPFRE
acolheu em 18 e 19 de
junho a Terceira Reunião de
Pesquisa em Seguros e Gestão
do Risco (RISCO 2009).
A reunião foi organizada
pelo Grupo de Pesquisa
de Métodos Matemáticos
Aplicados à Ciência Atuarial
da Universidad Complutense
de Madri, em colaboração com
o Grupo de Pesquisa do Risco
em Finanças e Seguros da
Universidad de Barcelona.
Gerência de Riscos e Seguros
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nº 104-2010
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A grande participação
registrada no congresso,
onde foram apresentados 34
trabalhos de 70 autores, reflete
o interesse que atualmente
desperta na Espanha, o estudo
dos problemas relacionados aos
seguros e à gestão do risco.
A FUNDACIÓN MAPFRE,
além de acolher esta terceira
edição do congresso, concedeu
um prêmio de 1.500 euros
à melhor comunicação
apresentada, que recaiu na
intitulada “Valoración y
cobertura de derivados de
volatilidad” [Avaliação e
cobertura de derivados de
volatilidade], de Raquel Balbás.
Outrossim, na coleção
Cadernos da Fundación foi
publicado o livro que contém as
exposições realizadas.
10
APRESENTAÇÃO DA IGREA
Em 7 de julho foi
apresentado em Madri,
diante de um seleto grupo
de gerentes de riscos das
principais empresas do nosso
país, uma iniciativa que aspira
reunir os profissionais da
gerência de riscos na Espanha
em um forum profissional e
empresarial.
Iniciativa dos Gerentes de
Riscos Espanhóis Associados
(IGREA), nome com o qual
é apresentada esta nova
associação, pretende alcançar
os seguintes objetivos:
1. Potencialização da
Gerência de Riscos e
Seguros e da Gestão Integral
do Risco Empresarial
(Enterprise Risk
Management – ERM).
2. Fomento e
desenvolvimento da
profissão de gerente de
riscos e seguros.
3. Constituição de um
órgão de representação
das empresas associadas na
qualidade de compradores
de seguros e gestão de riscos
em relação ao mercado
segurador e às instituições.
4. Intercâmbio
de experiências e
conhecimento sobre
controle de riscos
empresariais.
5. Defesa das melhores práticas
profissionais.
As suas atividades, portanto,
estarão focadas principalmente em:
Forum de debate e
encontro permanente
sobre aspectos relevantes
de caráter profissional,
potencializando a
comunicação com o
mercado de seguros,
autoridades reguladoras,
associações e a universidade,
obtendo informação
necessária para a melhor
realização das práticas
profissionais entre os seus
membros.
Intercâmbio de
experiências que possam
enriquecer o debate e
ajudar seus membros na sua
atividade profissional.
Apresentações e debates
sobre temas de interesse
(coberturas, melhores
práticas, gestão e serviço de
fornecedores...).
Reuniões setoriais
para membros da mesma
atividade.
Por último, esta associação
nasce com uma idéia
integradora da profissão
que ajude a modernizar
as práticas atuais e aporte
valor às empresas que forem
incorporadas.
O processo de constituição
está em andamento e já foi
assinada a ata de fundação,
ficando pendente a sua
inscrição no correspondente
registro.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Agenda
AGENDA 2010
CONGRESSOS E JORNADAS
JORNADA
DATAS
LOCAL
EXPOSITORES
CONFERÊNCIA ANUAL
19 - 21 ABRIL
STAFFORDSHIRE
(REINO UNIDO)
IRM
CONGRESSO ANUAL
25 - 29 ABRIL
BOSTON, MA
(ESTADOS UNIDOS)
RIMS
XIII CONGRESSO
17 - 20 MAIO
PARIS (FRANÇA)
AIDA
CONGRESSO ANUAL
26 - 27 MAIO
MADRI (ESPANHA)
AGERS
CONFERÊNCIA ANUAL
6 - 9 JUNHO
ORLANDO, FLÓRIDA
(ESTADOS UNIDOS)
PRIMA
CONGRESSO ANUAL
15 - 16 JUNHO
MANCHESTER
(REINO UNIDO)
AIRMIC
CONGRESSO ANUAL
17 - 18 JUNHO
NOORDWIJCK (HOLANDA)
NARIM
2º CONGRESSO MUNDIAL DE
RISCOS E SEGUROS FINANCEIROS
25 - 29 JULHO
SINGAPURA (SINGAPURA)
APRIA
XIII CONGRESSO
7 - 9 SETEMBRO
MUNIQUE (ALEMANHA)
DVS
entrevista
“Na hora de investir, diversificar, inovar,
criar... sempre há um risco. É importante,
quando se dá um passo a frente, fazê-lo
com segurança”, diz José Manuel Dias da
Fonseca, Conselheiro Delegado da MDS,
o principal ‘broker’ de seguros de Portugal,
integrado nas empresas Sonae. O grupo luso,
presente em uma infinidade de mercados e
com grande diversificação de atividades, criou
um modelo quase único de Gerência de Riscos
e seguros, com base na motivação, no diálogo
e na transparência.
TEXTO: ALICIA OLIVAS
FOTOS: ALBERTO CARRASCO
José Manuel
Dias da
CO NSE LHE I R O D E L E G AD O D A MD S H OLDI N G
12
Gerência de Riscos e Seguros
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nº 104-2010
“A Gerência de Riscos tem
que ser ativa e motivadora”.
Fonseca
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
13
entrevista
Transparência, ética e responsabilidade
são os princípios básicos da atuação da
Sonae. Como a sua política de Gerência
de Riscos é aplicada a estes princípios?
Também acrescentaria a independência,
um princípio que está presente na nossa
estratégia global. A Sonae é um grupo de
grande dimensão, com ativos em países
diferentes, grande diversificação de negócios e liderança. Pode-se dizer que, direta
ou indiretamente, todos os portugueses,
de uma forma ou de outra, pelo menos
uma vez na vida, são clientes da Sonae:
em centros comerciais, lojas de telecomunicações, supermercados, como usuários de tabuleiros de madeira ou como
público alvo de meios de comunicação.
Por outro lado, o grupo inclui mais
de 40.000 trabalhadores que dependem
da empresa. Tudo isso envolve uma responsabilidade, e obriga a uma transparência e ética enormes nos negócios, bem
como a uma estrutura econômica sustentável. A Sonae tem um respeito muito grande por seus empregados e clientes, que são a sua razão de ser. Por isso,
a Gerência de Riscos deve levar em conta tudo: clientes, colaboradores, ativos...
Além disso, a Sonae envolve toda a
organização na cultura da proteção. Há
alguns anos lançamos, com uma consultoria internacional, uma iniciativa para
criar nos centros comerciais da Sonae do
mundo inteiro uma cultura de segurança, que começa, inclusive, na construção
do centro. E temos exemplos muito interessantes, como o da Romênia, onde
não paramos um minuto sequer desde
o início das obras até a abertura do centro, graças à segurança que conseguiu
envolver todo o projeto. Esta iniciativa
conta com um investimento muito importante de 5 milhões de euros em cinco
anos, e os resultados são realmente bons.
A Sonae é um grande grupo formado
por três sociedades holdings (Sonae,
14
“A GERÊNCIA DE
RISCOS DEVE
LEVAR EM
CONTA TUDO:
CLIENTES,
COLABORADORES,
ATIVOS...
UM MUNDO
MUITO GRANDE
QUE DEVEMOS
CUIDAR E
RESPEITAR
MUITO”.
Sonae Indústria e Sonae Capital)
que contém negócios tão variados
como o retail, os centros comerciais, as
telecomunicações, a mediação de seguros
(MDS), os derivados da madeira, o
turismo... Existe uma estratégia comum
para a Gerência de Riscos em todos os
segmentos de atividade?
Efetivamente, existe um denominador
comum baseado em dois pilares muito
importantes. Em primeiro lugar, desde o
ano 2000, o grupo conta com uma unidade muito importante: o Conselho Consultivo de Gerência de Riscos, que se reúne quatro vezes ao ano e agrupa todos os
responsáveis de riscos. Além disso, tem
um presidente, que é, por sua vez, um dos
vice-presidentes do Grupo. O Conselho
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
tem inúmeras funções. A primeira delas
é propor políticas de Gerência de Riscos,
para que sejam incorporadas nas diferentes
sociedades e atividades do grupo, estabelecer as mudanças nas estratégias colocadas
em funcionamento, ver como evoluem...
Também serve como fórum para trocar
experiências e saber quais são os resultados que o restante do grupo está fazendo em segurança, proteção, e conhecer.
O segundo pilar se refere aos seguros,
que são coordenados globalmente para
todas as unidades e áreas do grupo através
da MDS, a corretora da Sonae, que inclui
os riscos de danos materiais, perdas de
negócio, avarias de maquinaria, responsabilidade civil, D & O, crédito... e também os riscos pessoais: acidentes, saúde,
vida, o que aporta enormes vantagens do
ponto de vista de custos e uma experiência muito grande, já que a MDS também
atua com independência no mercado.
Dentro do Sonae sempre existiu uma
grande preocupação pelos seguros e pelo
controle dos riscos. A Sonae é um grupo amante do risco inerente a qualquer
negócio na hora de investir, diversificar, inovar, criar... Nos negócios sempre
existe um risco, mas também é importante, quando damos um destes passos,
fazê-lo com segurança, protegendo os
ativos, as pessoas... Por isso a Sonae
criou a sua própria corretora para administrar os riscos do grupo no mundo
inteiro e depois verificar a sua atuação
no mercado. É um modelo quase único.
Como está organizada a gestão do risco
na Sonae? Quais departamentos ou
áreas interferem neste processo e qual é
o funcionamento?
Além do Conselho Consultivo, na
holding há uma Diretoria Corporativa
de Riscos, à frente da qual há um diretor
que é o encarregado da política de gestão
de riscos de todo tipo: marca, reputação,
operacionais etc. Depois, todos os negóGerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
“DENTRO DO
SONAE SEMPRE
EXISTIU UMA
GRANDE
PREOCUPAÇÃO
PELOS SEGUROS
E CONTROLE DOS
RISCOS.”
cios têm um responsável ou administrador executivo desta atividade, um diretor
de primeira linha que em alguns negócios
também cuida da auditoria. Existe uma
visibilidade e uma transparência muito
grandes na Gerência de Riscos das empresas da Sonae. Sabe-se perfeitamente quem
são os responsáveis da Gerência de Riscos
e quais são os projetos que desenvolvem.
Criar valor é o objetivo primordial
da gestão do risco na Sonae. Como
alcançarão esta meta?
A filosofia da nossa política de Gerência de Riscos é proteger o grupo e
permitir que se desenvolva e cresça, ou
seja, que não seja um obstáculo ao crescimento e à diversificação, mas totalmente
o contrário: criar oportunidades e facilitar o avanço do grupo. A Gerência de
Riscos deve acompanhar o crescimento,
a diversificação, a inovação, resumindo,
deve ser ativa e motivadora, porque qualquer obstáculo impede de nos mover.
Também é crucial ser muito realistas,
a comunicação, e que exista muita transparência na gestão dos riscos... Na Sonae
não escondemos nada: se é bom, é bom; se
é ruim, é ruim. A comunicação e a transparência com os seguradores são muito
importantes. A Gerência de Riscos deve
permitir que o grupo siga adiante, cresça, se diversifique e inove com segurança.
A Gerência de Riscos é aplicada em
todos os processos do grupo, seguindo
os critérios da Entrerprise Risk
Management (ERM). Por que optaram
por esta metodologia?
Trata-se de uma ferramenta que já
foi testada. Por outro lado, é uma metodologia que nos agrada muito porque
envolve o negócio como um todo e não
como ‘partes’ muito específicas. Permite
ver uma imagem completa e não centrada em um risco e esquecer o restante; e
estabelecer relações entre algumas ame15
entrevista
aças, já que há riscos que contaminam...
Embora também seja uma ferramenta
que exige muito, principalmente em determinadas áreas. Por isso, muitas vezes
tem que ser implantada com consenso
e passo a passo, e é isso o que estamos
fazendo. A Sonae é um grupo que dá
grande valor à autonomia e independência de cada negócio. Existe uma grande
cultura de autonomia e, por conseguinte, de responsabilidade. O mundo inteiro
deve perceber que a Gerência de Riscos
é muito importante para sua atividade e implantar a ferramenta por etapas.
A gestão do risco é uma
responsabilidade de todos os
colaboradores, mas a quem cabe
semear uma cultura do risco em toda a
organização?
Poderíamos dizer que ao presidente
do Conselho Consultivo de Riscos, uma
pessoa que fica no mais alto degrau hierárquico e muito envolvida nesta faceta há
anos. Conhece muito bem o mundo do
seguro, está muito perto de nós e trabalha
diretamente com os gerentes de riscos.
Entre os desafios da Sonae está a
identificação de todas as ameaças
que afetam a sua atividade. Como
desenharam o seu mapa de riscos?
Não é fácil. No nosso caso, não se trata do “mapa de riscos”, mas “dos mapas
de riscos”, que desenhamos com ajuda
de uma grande consultoria internacional,
que nos permitiu também fazê-lo de uma
forma mais rápida e consistente. Começamos na base, em sentido ascendente,
ou seja, construindo mapas de risco de
negócio e não do grupo; perguntando
aos gerentes em cada negócio, em cada
país, para depois ir subindo, tecendo a
rede. É o que se denomina mapa de cima.
Os mapas de riscos do Sonae são claros, muito práticos, nada teóricos, construídos por etapas e muito no estilo do
16
“A GERÊNCIA
DE RISCOS TEM
QUE PERMITIR
QUE O GRUPO
CONTINUE,
CRESÇA, SE
DIVERSIFIQUE
E INOVE COM
SEGURANÇA”.
Sonae, de forma nada burocrática, com
muita participação, diálogo; todos intervieram, deram a sua opinião... Se for feito de forma contrária, perde-se um grande
conhecimento do que está abaixo: o mercado, os clientes, os corretores... E tem
que ter muita motivação. Se as equipes
estão muito motivadas para sua empresa, o envolvimento é maior, e, no caso
de sinistro, as incidências costumam ser
menores que em outras empresas com
sinistros parecidos mas equipes menos
motivadas. As pessoas devem fazer parte
do projeto e sentirem-se integradas nele.
Neste momento, quais são os riscos
que o preocupam? As ameaças presentes
no âmbito do planejamento estratégico
de novos negócios ou projetos? Os
riscos que afetam o cumprimento de
objetivos? Os que afetam os ativos
tangíveis ou as pessoas? Os riscos
financeiros?
Eu acrescentaria também os riscos de
reputação, de marca, que para uma empresa como a Sonae são muito importantes.
A Sonae é um grupo crucial para a economia do seu país, com muitos colaboradores, diversificado, descentralizado, com
muitos clientes e uma reputação muito
grande. Muitas marcas são reconhecidas
pelos portugueses como símbolos de absoluta confiança. A marca Continente,
por exemplo, é considerada todos os anos
como uma das primeiras de Portugal, e
tudo isto tem que ser protegido permanentemente, porque não podem ocorrer
falhas. Em todos os países onde estamos
presentes temos padrões muito claros de
respeito à lei, cumprimento de obrigações
fiscais... Eu diria que isto é uma obsessão
para a Sonae. Assim, a nossa reputação é
um objetivo permanente, independente da
conjuntura econômica, se há mais ou menos crise. Outro objetivo permanente para a
Sonae, outra das suas obsessões, são as pessoas: seus clientes, seus colaboradores.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
17
entrevista
Além disso, hoje podemos falar de
outros riscos: da crise; do crédito, um
risco muito importante para um grupo que cresce muito; dos riscos relacionados à expansão geográfica, problemas relacionados à insegurança ou
arbitrariedade jurídica de alguns países ou as inadimplências; dos riscos
de taxa de câmbio... Todos eles também são muito importantes para nós.
E, claro, os riscos que afetam os nossos ativos, principalmente em alguns negócios, como no caso da Sonae Industria,
que tem 34 andares especializados na fabricação de tabuleiros de madeira, onde
o risco de ocorrer de um sinistro pode
ter conseqüências importantes. Outros
ocorrem, por conta da grande afluência
de público, com os centros comerciais –
mais de 50 no mundo inteiro – de grandes dimensões e, por conseguinte, multitudinários; as lojas de retail em Portugal.
18
“HÁ UMA
GRANDE
VISIBILIDADE E
TRANSPARÊNCIA
NA GERÊNCIA
DE RISCOS DAS
EMPRESAS DO
SONAE”.
A Gerência de Riscos acompanha
como o desenvolvimento internacional
da Sonae?
A expansão internacional é muito
importante para a Sonae porque a curto prazo, em alguns negócios, como no
caso da venda no varejo, onde a Sonae
já conta com uma quota de mercado importante, é muito difícil crescer mais em
Portugal. Por isso, apostamos em outros
mercados. O primeiro deles por extensão, a Espanha, onde abrem-se lojas quase todos os dias; mas também nos interessam outros países, como a Turquia ou
os países do leste da Europa. Quando
vamos a um país procuramos conhecer
a fundo esse mercado, sua cultura, como
funciona, sua língua, suas normas etc.
A Gerência de Riscos nos acompanha.
Do ponto de vista geográfico, onde estão
localizados atualmente os maiores riscos?
É difícil responder. Há países onde
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
é maior a insegurança jurídica, em outros são mais importantes as catástrofes naturais... Depende do risco.
No contexto da economia global
existe um reconhecimento expresso da
importância dos riscos ambientais. Na
sua opinião, a Gerência de Riscos está
preparada para assumir estas ameaças?
Não sei se já está suficientemente
preparada, mas é evidente que terá que
estar. A gestão do risco do meio ambiente na Sonae é anterior às diretivas.
Dentro da empresa sempre concebeu-se
como um compromisso com a sociedade, que deve ser garantido no futuro.
Os proprietários da Sonae adquiriram
um compromisso muito ativo relacionado também com o conceito da Responsabilidade Social Corporativa. Assim
sendo, em 2008, a Sonae contratou um
seguro de Responsabilidade Social do
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
“OS RATINGS
SÃO MUITO
IMPORTANTES
PORQUE
POR ELES OS
SEGURADORES
TRABALHAM
COM GRANDE
CONFIANÇA
CONOSCO.”
Meio Ambiente de acordo com a diretiva comunitária, ainda que a norma não
obrigue a contratar esta apólice até 2010.
Em 1984 a Sonae criou a corretora
MDS com o propósito de dirigir os
seguros e a política de riscos do grupo.
Qual é o seu papel atual no controle
dos riscos do grupo?
A MDS foi criada como corretora cativa para coordenar os riscos do grupo,
que era bem menor que agora. A sua
constituição responde à grande preocupação dentro do grupo pelos seguros e
riscos. Mas a MDS atua hoje também
no mercado e, como negócio, tem que
ser rentável, competitivo e destacarse por sua excelência em tudo que esteja relacionado a riscos e seguros.
A MDS também apóia o grupo na sua
expansão internacional, já que hoje está
presente em numerosos mercados mun19
19
entrevista
diais. Por exemplo, por meio da Cooper
Gay tem presença em todas as grandes
capitais do mundo. A capacidade que a
MDS desenvolveu para estabelecer laços
e relações muito fortes em uma grande
quantidade de mercados do mundo pode
ser muito importante para um grupo que
aposta no mercado internacional, porque
cria conhecimento e torna mais fácil a informação. Digamos que as relações estabelecidas com a presença internacional da
MDS são muito importantes para o grupo e, ao mesmo tempo, o grupo também
pode ajudar a corretora a se desenvolver.
“OS RISCOS
ESTÃO HOJE
MUITO
INTEGRADOS
E NÃO PODEM
SER VISTOS
DE FORMA
ISOLADA”.
“SE AS EQUIPES
ESTÃO MUITO
MOTIVADAS
COM RELAÇÃO
À SUA EMPRESA,
AS INCIDÊNCIAS
No ano de 2000, ainda, constituíram a
sua própria cativa, a Sonae Re. Por que
deram este passo?
Principalmente, pela Gerência de
Riscos. Nos últimos anos, a Sonae realizou grandes investimentos industriais,
principalmente na Alemanha e na França. Cresceu dentro e fora de Portugal e
tornou-se líder mundial, não somente
diversificando-se geograficamente, mas
também em outros negócios, uns com
mais risco e outros com menos; e para
as novas atividades ou aquisições fazia
falta ter um veículo, uma estrutura que
nos permitisse contar com coerência no
nosso programa de resseguro, e pensamos que a forma ideal era criar uma
cativa que nos ajudasse a construir um
programa mundial, eliminando qualquer dependência dos mercados locais.
Também, assim seria mais fácil chegar ao mercado de resseguro, com ativos mais importantes, mais prêmios; encontrar melhores preços em coberturas,
mais capacidade, transparência. A cobertura dos riscos é negociada dentro de um
programa mundial, de forma integrada.
Depois divide-se o custo do seguro entre todos os países e os negócios, para o
qual se levam em conta alguns fatores.
Um dos fatores está claro: os custos
locais. A Alemanha pode ser um mer20
SÃO MENORES”.
Licenciado em Ciências Econômicas
em 1981 e com pós-graduação em
Administração Pública, José Manuel
Dias da Fonseca conta um uma extensa
carreira profissional, principalmente no
mundo financeiro. Em 1983 passou a fazer
parte do BPA, o banco líder português,
onde desenvolveu o primeiro projeto de
bancaseguros de Portugal. Além disso, foi
membro do conselho de administração
de numerosas companhias financeiras e
presidente de uma companhia de seguros
que introduziu o Assurfinance no país
luso. No setor público, foi vice-prefeito da
Prefeitura de Matosinhos e chefe do ICEP
(o equivalente ao ICEX na Espanha).
No ano de 2000, Dias da Fonseca
incorporou-se como gerente de Riscos
e Seguros ao Sonae Group, a maior
multinacional privada de Portugal, presente
em 20 países e líder mundial em produtos
derivados da madeira. Atualmente, dentro
do grupo, é o conselheiro delegado da MDS
(o mais importante broker de seguros de
Portugal); presidente da Sonae Re (sua
resseguradora cativa); diretor da Cooper
Gay & Co (o quinto broker de resseguros
em nível mundial, com sede em Londres);
diretor da Lazam / MDS (um dos mais
destacados brokers no Brasil); e presidente
da Brokers Link, uma das mais importantes
redes de brokers de seguros, presente em
mais de 50 países ao redor do mundo.
José Manuel Dias da Fonseca é também
presidente da Fundação Casa da Música e
da APOGERIS (Associação Portuguesa de
Gerente de Riscos). Além disso, é presidente
do Leixões Sport Club, que milita na
primeira divisão do futebol português.
Como consegue ter tempo para tantas atividades?
Tempo? É uma pergunta que eu faço
a mim mesmo. Mas trabalho em um
Gerência de Riscos e Seguros
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nº 104-2010
EQUILÍBRIO ENTRE TRABALHO E VIDA PRIVADA
grupo que nos motiva a ter uma vida particular, a
trabalhar e a ser úteis para a sociedade.
Por outro lado, também é muito importante,
quando você tem funções múltiplas, contar com
boas equipes, muito profissionais, para os quais
delegar; e a comunicação, que hoje é muito mais
fácil, já que contamos com mais meios ao nosso
alcance, como a Internet.
A mediação de seguros, a Gerência de Riscos, a
música, o futebol... Qual ou quais destas atividades têm
maior risco?
Sem dúvida, o futebol, porque quase tudo
depende das pessoas, o que leva a um risco
muito elevado. Investe-se em jogadores para
ser campeão, mas a taxa de retorno é muito
aleatória e totalmente desconhecida. No futebol
tudo é possível.
mundo, com escritórios em todos os mercados,
grande prestígio e reputação.
Também criamos uma companhia cativa
de resseguros, a Sonae Re, localizada em
Luxemburgo, e uma corretora de seguros de
massa para os hipermercados. Outro projeto foi o
lançamento da rede Brokers Link, uma operação
que se orquestra para dar à Sonae uma presença
internacional na área dos riscos e seguros. Isto é o
que temos feito nestes nove anos, mas queremos
continuar, continuar crescendo no mercado
segurador, não somente mediante o crescimento
orgânico, mas por meio de aquisições e fusões;
e acompanhar o grupo no seu desenvolvimento
internacional, na diversificação de negócios.
Nestes anos, o grupo cresceu bastante nesta
atividade, e continuará crescendo.
Ao longo destes nove anos na Sonae, como você
contribuiu para o crescimento contínuo do grupo? Tem
em mente novos projetos que possa realizar?
Quando entrei no grupo, a Sonae tinha
uma corretora cativa, a MDS. A idéia da minha
incorporação era desenvolver uma nova forma
de gestão do risco com a criação de uma cativa,
a Sonae Re, e também transformar a MDS em
uma corretora aberta ao mercado. Em 2000, a
corretora tinha 17 pessoas. Em 2009 somamos
mais de 120 e tornou-se o mais importante
broker de seguros de Portugal.
Além disso, a Sonae integrou em 2002
uma joint-venture com um potente grupo
brasileiro que tinha uma corretora chamada
Lazam, também pequena, cativa. Nos unimos
para abordar o mercado brasileiro. Nessa data,
a Lazam representava menos de 2 milhões de
reais e agora representa cerca de 65 milhões. Em
2007 também materializamos um importante
investimento estratégico, a Cooper Gay & Co,
onde começamos com uma participação de 14%
e agora, temos 32%, sendo os maiores acionistas
desta corretora de resseguros, a quinta do
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
21
entrevista
cado mais caro que Portugal. Outro
fator é a sinistralidade. As fábricas, as
plantas com maior sinistralidade histórica têm que pagar mais. O terceiro
fator é a ponderação do risco. Este trabalho é realizado por uma consultoria
internacional que estabeleceu ratings
com sua própria metodologia, de modo
que os negócios com melhor pontuação têm que pagar menos. Além disso, são feitas auditorias todos os anos.
Os ratings são muito importantes, porque graças a eles as seguradoras trabalham com grande confiança
em nós. Do mesmo modo que os preços e as franquias dependem do rating,
isso cria consciência e responsabilidade em cada país, em cada negócio,
porque uma parte do custo é assumido
pela empresa e a outra parte pela Sonae Re, que também faz parte do grupo.
A cativa também torna mais fácil
as relações com a seguradora, porque
com este veículo os riscos são muito transparentes. Em 2006 tivemos um
sinistro muito importante no Canadá,
na nossa melhor planta: nova, rentável, produtiva... mas o sinistro aconteceu. Desde o início houve relações
muito transparentes, de entendimento
com as seguradoras, com os peritos etc.
Na qualidade de corretor de seguros,
como foram as últimas renovações dos
programas de seguros?
As últimas renovações da Sonae, no
ano passado, foram muito tranqüilas,
organizadas, com abundante diálogo,
porque se trabalhou nelas com muito
tempo, em setembro. A Cooper Gay nos
ajuda consideravelmente neste processo.
Começamos a sentir certo enrijecimento do mercado. Há duas tendências
claras e divergentes. Por um lado, muitas
companhias estão começando a ter uma
menor rentabilidade que tem origem,
freqüentemente, no mercado tranquilo
22
“EM PORTUGAL,
A GERÊNCIA
DE RISCOS
NÃO ESTÁ TÃO
DESENVOLVIDA
QUANTO
EM OUTROS
MERCADOS,
BASICAMENTE
PORQUE É UM
PAÍS DE PYMES”.
“A MDS TEM
UMA GRANDE
PREOCUPAÇÃO
EM OFERECER
SERVIÇOS
DE APOIO ÀS
EMPRESAS
NA ÁREA DE
GERÊNCIA DE
RISCOS”.
de alguns riscos. Por outro lado, agora há
menos imprudência. Com o retraimento
da economia, a contratação do seguro é
menor e a capacidade aumentou para alguns riscos. São duas versões diferentes.
Como a Sonae contribui para
melhorar a Gerência de Riscos nas
empresas?
Além da sua atividade principal de
mediação, a MDS tem uma grande preocupação em oferecer serviços de apoio às
empresas na área de Gerência de Riscos,
do ponto de vista dos sinistros, como consultores... A cada dia mais somos nós as
corretoras que fazemos parte também deste segmento e não somente a corretagem.
A área de riscos é muito importante
dentro do grupo. As empresas da Sonae
estão muito envolvidas nestas políticas,
são muito inovadoras, os gestores são
motivados, seus executivos etc. a participarem nos foros profissionais com o
fim de criar uma cultura de mercado.
Por isso, ajudamos a criar a APOGERIS, a Associação Portuguesa de Gerentes de Riscos, participamos de forma ativa na FERMA, desenvolvemos
a Brokers Link, uma rede que oferece
um serviço coordenado, em nível global, de Gerência de Riscos para todos os
clientes que desejarem sair de Portugal.
Na sua opinião, o que devem levar
em conta os gerentes de riscos na hora
de desenhar as linhas básicas do seu
programa de seguros?
Sem dúvida, três fatores. Primeiro,
conhecer a fundo a cultura do negócio, a
história da empresa, seus clientes, projetos, objetivos etc. para não ser teóricos,
mas práticos. Em segundo lugar, dialogar
muito com os seguradores para que não
haja confusões, e criar um clima de confiança, de conhecimento, que é muito
importante para desenvolver relações a
longo prazo, sólidas e com futuro. Se você
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
sustentabilidade da Sonae. Na sua
opinião, é possível, hoje, conceber
o desenvolvimento sustentável da
empresa sem contar com uma política
adequada de Gerência de Riscos?
Não. A Gerência de Riscos é uma
parte fundamental da sustentabilidade.
está bem com alguém, para que mudar.
E, finalmente, prestar grande atenção a todos os riscos da companhia.
Qual é a situação atual da Gerência
de Riscos em Portugal? Como
enfrenta o atual contexto de crise?
Em Portugal, a Gerência de Riscos
não está tão desenvolvida quanto em outros mercados, principalmente porque é
um país mais de conceito de pymes que
de grandes companhias, lá onde a Gerência de Riscos é mais profissional, formal e está mais desenvolvida. Todas as
grandes corporações desenvolveram esta
política, mas está pendente no conceito
de pymes. De todos modos, acho que é
uma faceta que começa a se desenvolver e
que começou uma evolução importante.
A gestão do risco é um aspecto
fundamental da estratégia de
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
“VIVEMOS EM
UMA SOCIEDADE
DE RISCOS E
CADA VEZ MAIS
EXISTE MENOS
TOLERÂNCIA
FRENTE À
INCERTEZA”.
A formação é um fator chave neste
terreno. Por isso, o Sonae patrocina
a cada ano um importante programa
de desenvolvimento e formação
direcionado aos colaboradores que
cuidam da gestão do risco. Em que
consiste o programa?
Todos os anos, a Sonae Industria organiza workshops muito focados em
diferentes riscos para os quais convida
colaboradores e consultores do mundo inteiro. Trabalha-se sobre casos, que
é onde se aprende, no estudo de casos.
Além disso, este serviço é muito motivador e serve para criar consciência sobre os riscos e a segurança mediante a
troca de experiências. O objetivo da
formação na Sonae não é outro senão
qualificar os empregados, em consonância com a política do grupo de criar
emprego e formar seus trabalhadores.
Qual papel desempenharão os gerentes
de riscos dentro das empresas nos
próximos anos?
Sem dúvida, cada vez mais importante, porque vivemos em uma sociedade de riscos e a cada dia existe menos
tolerância sobre estas ameaças. Além
disso, o gerente de riscos não deve estar isolado, mas envolvido no negócio,
fazer parte dos processos, da estratégia e dos procedimentos da empresa.
Os riscos estão muito integrados hoje
e não podem ser vistos de forma isolada. Por isso, os gerentes terão um papel
cada vez mais destacado nas empresas.
23
estudos
Novas oportunidades de
diversificação de riscos:
Os derivados de variação, volatilidade e correlação (derivados de volatilidade) estão sendo cada vez mais negociados, já
que estes instrumentos nos permitem novas oportunidades de
diversificação de riscos e, como indica a experiência empírica,
proporcionam coberturas muito adequadas quando enfrentamos situações de instabilidade nos mercados. Além disso, muitos
‘hedge funds’ e outros investidores amantes do risco vendem regularmente estes produtos devido a seu elevado prêmio de risco.
Há dois tipos de enfoques que podem ser utilizados para avaliar e cobrir derivados de volatilidade. O primeiro faz uso de
um modelo dinâmico de volatilidade estocástica, por exemplo,
Avaliação
RAQUEL BALBÁS APARICIO*
Departamento de Economia Financeira e Atuarial
Universidad Complutense de Madrid
*Este trabalho obteve o prêmio de melhor exposição apresentada na Terceira Reunião de Pesquisa em
Seguros e Gestão do Risco (RISCO 2009), celebrada em Madri, nos dias 18 e 19 de junho.
24
Gerência de Riscos e Seguros
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nº 104-2010
e cobertura de derivados de volatilidade
o modelo de Heston, e o segundo utiliza carteiras de réplica compostas por infinitas opções.
Este último tem uma vantagem de que a maioria das opções podem ser negociadas no mercado real, de modo que temos um preço de mercado, inclusive com os custos de transação
gerados pela clássica armadilha de preços. Entretanto, na prática é impossível utilizar infinitas opções, o que gera erros de cobertura. Este artigo trata deste tipo de réplicas e proporciona
aproximações ótimas compostas somente por um número finito de opções, proporcionando
uma armadilha de preços alternativa para o derivado de volatilidade, bem como uma estratégia de cobertura dinâmica. Podem ser utilizadas as modernas funções gerais de risco (medidas coerentes ou fixadas pela média, medidas de desvio etc.) para construir tanto a carteira
de cobertura quanto a armadilha de preços do derivado de volatilidade.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
25
estudos
Q
uando compramos um derivado de
volatilidade “apostamos” ou “prevemos” um valor numérico que será
atingido em uma data futura pela
volatilidade realizada de certo ativo financeiro (ativo subjacente). Ganharemos (perderemos) dinheiro na medida em que esta volatilidade realizada for maior (menor) que o
valor “apostado”. Os benefícios (perdas) do
vendedor coincidem com as perdas (benefícios) do comprador de volatilidade.
Os derivados de variação e volatilidade estão se tornando ativos para os quais há interesse crescente nos mercados de capitais. O
seu rendimento não depende de estarmos em
épocas de altas ou baixas, mas está relacionado à velocidade que ocorrem as mudanças
de preços nos mercados. Isto tem feito com
que sejam instrumentos muito interessantes
na hora de diversificar carteiras. Assim sendo, enquanto a evidência empírica indica que
os diferentes índices regionais ou setoriais
mostram um altíssimo grau de correlação, especialmente quando “as coisas vão mal”, que
é quando desejaríamos que a diversificação
fosse mais eficaz, os derivados de volatilidade
têm correção muito baixa com estes índices e,
além disso, esta correlação é negativa, o que
compensa possíveis perdas nos mercados à
vista. Por conseguinte, são um bom veículo
de diversificação de riscos.
Além disso a correlação negativa citada
tem feito com que numerosos investidores os
comprem para “salvarem” em épocas de baixa. Empiricamente observou-se que este fato
tem provocado prêmios geralmente altos, ou
seja, os vendedores de variação ou volatilidade
costumam “ganhar quase sempre” e “perder
com muito pouca freqüência” (Demeterfi et
al, 1999). Aproveitando este fato, muitos hedge funds assumiram posições vendedoras nos
últimos anos, mas assumem um forte risco
de assimetria. Em efeito, novamente a experiência mostra que as perdas, ainda que sejam
pouco freqüentes, costumam ser maiores que
os habituais ganhos (Demeterfi et al, 1999).
Tudo o anterior justifica o interesse crescente que estes derivados despertaram entre
os investidores. O volume diário de contratação cresceu de forma permanente, chegando
a 30 ou 35 milhões de dólares de nominal em
índices dos Estados Unidos em 2008 (Broadie e Jain, 2008). Estes ativos começaram a
ser negociados em mercados organizados há
aproximadamente dois anos e meio, quando o
CBOE (Chicago Board Option Exchange) começou a comercializar o VIX (sobre o SP500),
o VXD (sobre o Dow Jones Industrial Average) e o VXN (sobre o NASDAQ100), entre
outros (www.cboe.com).
Além disso, recentemente começaram a ser
negociadas opções binárias ou digitais sobre o
VIX neste mercado. Também foram criados
fundos de volatilidade e variação, como, por
exemplo, o Euroption Strategic Fund, que
somente trata com derivados de volatilidade,
principalmente sobre índices europeus (www.
europtionfund.com). Mais recentemente, começaram a ser negociados derivados de volatilidade em mercados organizados europeus,
como, por exemplo, o EUREX, que atualmente negocia futuros sobre swaps de volatilidade (www.eurexchange.com).
A assimetria de rendimentos provoca a
necessidade de cobrir as posições vendedoras (e compradoras), o que leva à necessidade de modelos de avaliação apropriados. Isto
tem feito despertar também o interesse dos
pesquisadores teóricos. Assim, Carr e Madam
(1998) já dão métodos de avaliação sob casos
simples. Muito mais complexa é a metodologia proposta em Carr et al (2005) ou Carr e Wu
OS DERIVADOS DE VARIAÇÃO E VOLATILIDADE ESTÃO SE TORNANDO ATIVOS PARA OS QUAIS EXISTE
UM CRESCENTE INTERESSE NOS MERCADOS DE CAPITAIS; SÃO INSTRUMENTOS MUITO ATRAENTES NA
HORA DE DIVERSIFICAR CARTEIRAS.
26
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
(2006), onde são utilizados vários modelos de
volatilidade estocástica. Uma das conclusões
importantes de todas estas análises é a sensibilidade, qual o preço teórico e a estratégia de
cobertura têm frente ao modelo de avaliação
utilizado, bem como os parâmetros estimados
para o modelo (vide Moskowitz, 2003).
Um procedimento alternativo é a utilização
de “carteiras réplicas compostas por infinitas
opções européias”, proposto por Demeterfi et
al (1999), os que se basearam em idéias préGerência de Riscos e Seguros
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nº 104-2010
vias de Neuberger (1994), que não estudou
derivados de volatilidade, mas réplicas da
função logaritmo com infinitas opções européias. Demeterfi et al (1999) provaram que o
swap de variação pode ser replicado e coberto
com infinitas opções européias. O método é
altamente interessante, pois as opções européias são fáceis de encontrar no mercado e,
ao ter um preço disponível, geram um preço
de mercado e uma estratégia de cobertura do
swap de variação que somente usa dados de
27
estudos
mercado e, por conseguinte, é independente
de qualquer modelo teórico de avaliação.
Demeterfi et al. (1999) mostram como
usar a sua metodologia na prática, embora não
meçam adequadamente o erro que se comete
ao negociar somente com um número finito
de opções. É óbvio que na realidade não pode
haver carteiras que incorporem infinitos ativos.
Os desenvolvimentos de Demeterfi et al
(1999) combinaram-se com freqüência com a
fórmula de Black e Scholes e o efeito “sorriso
da volatilidade” (Carr e Lee, 2007), de modo
que possam ser incorporadas opções sintéticas
na carteira réplica se o erro for considerado excessivo. Mas continuamos sem ter um critério
de erro claro, e a simples interpolação de opções pode distorcer sensivelmente os dados de
mercado, especialmente quando este sorriso é
muito pronunciado (Branger e Schlag, 2004).
Portanto, a maior vantagem do método, a independência do modelo e a única dependência do
mercado, parece desvanecer-se ligeiramente.
Até onde nós sabemos, Broadie e Jain (2008)
são os primeiros a utilizar um critério objetivo
para medir o erro cometido. Para tal fim usam
o desvio típico da rentabilidade da diferença
entre a carteira de cobertura composta
por opções européias e o swap de
variação coberto. Além disso,
Broadie e Jain (2008) dão um
segundo passo importante
ao usarem também uma
carteira com infinitas opções para replicar o swap
de volatilidade. Neste
caso, não obstante, assumem o modelo de
Heston com volatilidade
estocástica para explicar o comportamento do
subjacente.
O enfoque de Broadie
e Jain (2008) apresenta duas
contribuições importantes, já
que estende a análise a outro ativo e mede o erro, mas tem ainda in28
convenientes. Como já foi dito, os derivados de
volatilidade mostram uma forte assimetria, com
o qual o desvio típico é pouco apropriado para
medir erros (não é compatível com a dominância estocástica de segunda ordem, Ogryczak e
Ruszczynski, 1999). Além disso, o desvio típico
não dá o erro em termos monetários, e a sua
medida fixada pela média associada, que sim o
faz, não é coerente (Rockafellar et al, 2006).
Neste trabalho utilizamos as teorias desenvolvidas em Balbás et al (2009a) e, especialmente, em Balbás et al (2009b), de modo que possamos avaliar e cobrir derivados de volatilidade
com um número finito de opções, minimizando
o erro cometido mediante medidas de risco coerentes, fixadas pela média, e compatíveis com
a dominância estocástica. Exemplos destas medidas de risco são, entre outras, o Conditional
Value et Risk ou CVaR (também chamado Tail
Conditional Expectation , Average Value at Risk
ou Expected Shortfall, Rockafellar et al, 2006),
a Dual Power Transform (Wang, 2000), a medida de Wang (Wang, 2000), o Compatible CVaR
(Balbás e Balbás, 2009) ou o Weighted CVaR
(Cherny, 2006).
Além disso, ampliamos a variedade
de derivados aos quais é aplicada
a metodologia, e, como novidades adicionais, utilizamos também opções
digitais européias e
consideramos
os
custos de transação,
que podem ser altos, inclusive nos
mercados tradicionais e líquidos de
opções.
Na seção seguinte descrevemos
os derivados de volatilidade, variação e covariação mais comuns.
Na terceira veremos como
replicar qualquer pagamento
final mediante uma carteira de
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
infinitas opções digitais e européias, e na quarta veremos como isto nos permite replicar ou
aproximar mediante opções digitais e européias
um derivado de volatilidade. A quinta seção terá
como objetivo mostrar como a metodologia é
útil ainda que haja somente um número finito de opções e sejam incorporados os custos de
transação. De fato, a metodologia de avaliação
e cobertura de Balbás et al, (2009b) pode ser
aplicada perfeitamente, e permite minimizar a
influência dos inconvenientes mencionados. A
última seção apresenta as conclusões mais importantes do trabalho.
DESCRIÇÃO DE ALGUNS DERIVADOS
DE VARIAÇÃO E VOLATILIDADE
da expressão anterior, ou seja
Swaps de variação e volatilidade
Em essência, um comprador de variação e
volatilidade “aposta” em um valor que atingirá
a futura variação / volatilidade do subjacente.
O comprador ganhará dinheiro se a variação /
volatilidade realizada for maior que o seu valor
apostado; caso contrário o perderá. Os lucros /
perdas do vendedor coincidirão com as perdas
/ lucros do comprador.
Consideremos um horizonte temporário
(ou prazo de expiração do derivado) T e um
conjunto finito de datas de negociação.
A variação realizada em [0, T] é igual a:
Onde
Uma posição longa em um swap de variação
envolve o pagamento de um preço (numérico) ,
e em troca recebe a quantidade aleatória em t = T, sendo um valor
nominal conhecido pelos agentes, e que representa o valor de um ponto de volatilidade. Da mesma
forma, o comprador de um swap de volatilidade
deve
pagar em t = 0 e receber o pagamento
aleatório em t = T1.
Na próxima seção proporcionaremos fórmulas
para avaliar e cobrir ambos os ativos.
Na realidade, o preço inicial (numérico) de um swap de
variação ou volatilidade paga-se normalmente em t = T
também, mas nós não consideraremos esta situação. Em
qualquer caso, a diferença entre os dois cenários não é
relevante, já que no segundo caso o preço teórico seria
obviamente igual ao preço no primeiro caso multiplicado
pelo fator de capitalização.
Analogamente, a
estratégia de réplica seria quase idêntica em ambos
os casos. Comentários similares seriam pertinentes se
utilizássemos futuros ou opções sobre swaps de variação
e swaps de covariação.
1
é uma rentabilidade logarítmica e onde
é um dado conhecido pelos agentes. Analogamente, a volatilidade
realizada representa-se como a raiz quadrada
Gerência de Riscos e Seguros
Na prática, os mercados financeiros utilizam normalmente dados diários, ou seja,
•
nº 104-2010
29
estudos
FUTUROS E OPÇÕES SOBRE SWAPS
DE VARIAÇÃO
Uma posição longa em um futuro sobre swap
de variação com vencimento em T1 < T2 implica
aceitar em t = 0 o compromisso de comprar um
swap de variação em T1 com vencimentos em T2.
Simples operações aritméticas permitem comprovar que o futuro sobre o swap de covariação
avalia-se e replica-se com combinações destes
swaps. Concretamente, se tem:
o futuro sobre swap de variação com vencimentos em
T1 e T2 replica-se mediante a compra de
swaps
de variação com vencimento em T2, a venda de
swaps de variação com vencimento em T1 e
emprestado o preço da estratégia anterior durante o
intervalo de tempo [0, T1]. Por conseguinte, o preço de
um futuro sobre swap de variação é dado por
SWAPS DE COVARIAÇÃO
Neste caso, o comprador (vendedor) aposta a
covariação que haverá entre dois ativos financeiros e ganhará dinheiro na medida em que o valor
apostado ficar abaixo (acima) do que posteriormente será realizado.
Consideremos um conjunto finito de datas de
negociação
0 = To < t1 < ... < tn = T
Consideremos também dois ativos subjacentes
cujos processos de preços virão denotados por St e St.
Sua covariação realizada em [0, T] é dada por
Onde
. O comprador de um
swap de covariação com vencimento em T pagará em
t = 0 o preço numérico
e receberá o pagamento
aleatório
em t = T.
Ou
se o ativo paga-se em t = T2
Uma opção sobre swap de variação, também
chamada swaption pode-se introduzir de diferentes
formas que não são equivalentes, ainda que todas
elas sejam bastante análogas do ponto de vista teórico, e não há diferenças significativas entre as aproximações que nos permitem avaliá-las e cobri-las.
Em qualquer caso, devemos fixar as características
da opção que trataremos. Assim, consideraremos
que o comprador de uma call (put) européia sobre
swap de variação com vencimentos em T1 < T2 tem
o direito (não a obrigação) de comprar (vender) um
swap de variação em T1 com vencimento em T2, e
em troca pagará (receberá) o preço de exercício E.
O preço da opção paga-se em t = 0, enquanto o
preço de exercício paga-se em T1.
AVALIAÇÃO E RÉPLICA DE UM
PAGAMENTO ARBITRÁRIO
Nesta seção consideraremos um modelo
de um período com duas datas de negociação,
t = 0 (momento atual) e t = T (momento
futuro arbitrário). rf será a taxa livre de risco
entre 0 e T, o qual implica que será
o fator de capitalização (desconto) para o intervalo de tempo [0, T]. Se denotamos o preço de um ativo por S, então um subíndice t
indicará quando estamos avaliando esse preço. Assim, So representará o seu preço atual
(numérico), enquanto S T é o preço (aleatório) em T, e poderiam ser utilizadas denotações similares se substituíssemos S por um
símbolo diferente.
O VOLUME DIÁRIO DE CONTRATAÇÃO DOS DERIVADOS DE VARIAÇÃO E VOLATILIDADE CRESCEU DE
FORMA PERMANENTE, CHEGANDO AOS 30 OU 35 MILHÕES DE DÓLARES DE NOMINAIS EM ÍNDICES
DOS ESTADOS UNIDOS, NO ANO DE 2008.
30
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Construiremos combinações de opções européias e/ou digitais que replicam pagamentos
finais arbitrários (em T). É importante lembrar
que uma call (put) européia paga a quantidade
CT (k) = (ST - k) + (PT (k) = (k - ST) +) na data
de vencimento T, sendo ST o preço final do ativo subjacente e k o preço de exercício da opção2.
De forma similar, uma call digital pagará
enquanto o pagamento de uma put digital análoga será 1 - DT (k). Em geral, assumiremos que
a distribuição final da variável aleatória ST é conhecida.
Há duas fórmulas matemáticas simples que
fundamentam o uso de infinitas opções, digitais
ou européias, na hora de replicar um pagamento
final g (ST) que depende do valor final de ST. De
fato, do cálculo diferencial sabe-se que
servamos (4), ou de três se observamos (5).
Centrando-nos em(5), g(S T ) atinge-se comprando o ativo livre de risco em quantidade adequada (primeiro somando, cujo valor
não depende de S), o subjacente, também na
proporção requerida, e uma terceira carteira
cujo pagamento venha dando pela integral.
Se para intuir melhor os resultados do ponto
de vista econômico / financeiro assimilamos
a integral a uma soma infinita, significa que
esta integral é alcançada comprando g"(k)dk
unidades de um ativo que pague k-S euros,
ou seja, g"(k)dk unidades de calls ou puts européias com um preço de exercício k que se
move na armação [S, h]. Definitivamente, (4)
apresenta que o derivado de S T , g(S T ), podese replicar com carteiras de infinitas opções
digitais, enquanto (5) conduz a um resultado
similar, mas usando opções européias.
AVALIAÇÃO E COBERTURA DE
DERIVADOS DE VARIAÇÃO,
COVARIAÇÃO E VOLATILIDADE
Estudemos agora algumas propriedades das
funções
É fácil ver que g1 e suas derivadas de qual-
quer ordem estejam bem definidas para x > 0 da
mesma forma, g2 está bem definida para x>0,
e suas derivadas de qualquer ordem estão bem
definidas para x > 0 e x 1. Mais ainda, temos
um salto da derivada em x = 1, pois as derivadas
laterais são
Voltemos agora aos derivados de volatilidade.
De agora em diante
denotaremos x+ = Max {x, 0}
2
Se tomamos S = S T , as fórmulas anteriores sugerem que o valor do pagamento g(S T )
é uma quantia de dois pagamentos se obGerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Neste trabalho, L ( ) denotará o logaritmo
natural ou neperiano
3
31
estudos
Suponhamos que represente o preço futuro do
ativo subjacente
com vencimento em T4.
Então, em todos os casos (vide Neuberger, 1994,
e Demeterfi, 1999), pode-se provar que o preço
do swap de variação é igual ao de um ativo cujo
pagamento final é
Consequentemente, o preço do swap de vola-
ii) Comprando
preço de exercício k,
calls européias com
Além disso,
Onde Do (k) representa o preço atual da call
digital com preço de exercício k. Analogamente,
tilidade aproxima-se por ele do ativo cujo pagamento final em T é
Por conseguinte, se aplicamos os argumentos
de réplica infinita da seção anterior, temos:
As seguintes estratégias replicam um ativo
cujo preço coincide com o do swap de variação:
Estratégia _VarS_1:
i) Comprando calls digitais
para cada
preço de exercício k,
ii) Vendendo
puts digitais
exercício k,
sendo Po (k) e Co (k) o preço atual de uma put e
call européias com preços de exercício k.
De acordo com o que já provamos na seção segunda, o futuro sobre swap de variação é facilmente
replicável mediante a combinação de swaps de variação e, por conseguinte, mediante a combinação
de infinitas opções digitais ou européias.
Com argumentos similares, e levando em
conta (6), as seguintes estratégias aproximam a
réplica do swap de volatilidade:
Estratégia VolS_1:
i) Compra de
para cada preço de
Calls digitais para cada preço de exercício
Estratégia_VarS_2:
i) Comprando
preço de exercício k,
puts européias com
ii) Venda de (19) puts digitais para cada preço
de exercício
AS TEORIAS DE BALBAS ET AL PERMITEM AVALIAR E COBRIR DERIVADOS DE VOLATILIDADE COM
UM NÚMERO FINITO DE OPÇÕES, MINIMIZANDO O ERRO COMETIDO MEDIANTE MEDIDAS DE
RISCOS COERENTE E COMPATÍVEIS COM A DOMINÂNCIA ESTOCÁSTICA.
32
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Estratégia VolS_2:
i) Endividamento em
euros no
ativo sem risco.
ii) Venda de
unidades do ativo
subjacente.
iii) Compra de
puts européias com preços de exercício k para
cada
iv) Compra de (20) calls européias com preço
de exercício k para cada
v) Compra de
calls européias com preço
de exercício
Da mesma forma, podem-se formar carteiras
compostas por infinitas opções que aproximem a
réplica de um futuro sobre swap de variação, de um
swap de covariação ou de um swaption (opção sobre
swap) de variação ou volatilidade.
EFEITO DAS IMPERFEIÇÕES E DA FALTA
DE INFINITAS OPÇÕES
A falta de infinitas opções e a existência de
custos de transação nos mercados de opções
européias podem ter um claro efeito na efetividade das estratégias de réplica anteriores.
Como falamos na introdução do trabalho,
Demeterfi et al (1999) ignoram esta questão
na sua análise do swap de variação, enquanto
Broadie e Jain (2008) minimizam o erro cometido através da variação da rentabilidade
da carteira global (composta pelo derivado de
volatilidade que cubra mais a estratégia de cobertura). Mas, como também foi dito, a forte
assimetria, tanto dos rendimentos das opções
européias como dos derivados de volatilidade, fazem com que a variação da rentabilidade
seja uma medida de risco inadequada, porque
não é compatível com as funções de utilidade
habituais.
Recentemente foram introduzidas novas
funções de risco que são capazes de medir
este em termos monetários, que costumam
ser interpretadas em termos de requerimenGerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
tos de capital, e que frequentemente são
compatíveis com a dominância estocástica
de segunda ordem. Importantes exemplos
são as medidas coerentes do risco (Artzner et
al, 1999) e as fixadas pela média (Rockafellar
et al, 2006). Casos concretos são o Conditional Value at Risk ou CvaR (também chamado Tail
Conditional Expectation, Average Value at Risk
ou Expected Shortfall, Rockafellar et al, 2006),
a Dual Power Transform (Wang, 2000), a medida de Wang (Wang, 2000), o Compatible CvaR
(Balbás e Balbás, 2009) ou o Weighted CvaR
(Cerny, 2006), entre muitos outros.
4
Se a relação padrão de paridade à vista /
futuro deve cumprir-se, então
teremos, sendo D o valor atual dos dividendos a
pagar antes de T, ainda que, no momento, não
imporemos o cumprimento dessa expressão.
5
Igual ao resultado anterior, as estratégias
anteriores nos proporcionam fórmulas concretas
para o preço do swap de volatilidade, ainda que
as expressões sejam um pouco mais complicadas
neste caso. Por exemplo, a estratégia_VolS_1
implica que
3333
estudos
Balbás et al (2009b) introduziram um
novo método de avaliação e cobertura que se
fundamenta nas propriedades das funções de
risco anteriores. Basicamente, estes autores
consideram o preço da estratégia de cobertura
mais os requerimentos de capital representados pela função de risco, e, mediante a redução desta soma, obtêm um preço bid (ou de
compra) e outro ask (ou de venda) para um
novo ativo a ser analizado e coberto. Da mesma forma, resolvendo o problema de otimização, dá-se a estratégia ótima de cobertura para
uma compra (venda) do novo ativo.
Esta metodologia é perfeitamente aplicável
para resolver o problema que agora nos ocupa. Ou seja, a falta de infinitas opções pode
ser resolvida mediante a minimização do risco
residual ao qual se incorre ao utilizar somente
um número finito, mais o custo da carteira
de opções. Isto, ainda, permite incorporar as
fricções e/ou a falta de liquidez do mercado
de opções. O método nos proporciona preços
de compra e venda ótimos (que minimizam a
armadilha) para os derivados de volatilidade,
bem como a forma mais barata de cobri-los.
A teoria desenvolvida em Balbás et al
(2009a) e Balbás et al (2009b), e muito
especialmente neste último, proporciona duais e algoritmos apropriados para resolver os problemas
de otimização resultantes.
CONCLUSÕES
Os derivados de variação e volatilidade são
cada vez mais interessantes, tanto para investidores quanto para
teóricos. São instrumentos muito adequados na diversificação de
riscos, já que permitem
resolver, ao menos parcialmente, os inconvenientes
gerados pelas altas correlações
que observados entre diferentes
ativos e mercados, especialmente em
34
épocas convulsas e de baixa nos mercados de
capitais.
Também são ativos muito atraentes para
investidores especializados capazes de realizar
boas coberturas. De fato, a capacidade destes
derivados diversificar riscos tem feito com
que os seus prêmios costumem ser altos, com
os conseqüentes benefícios potenciais para os
vendedores.
São instrumentos caracterizados, entre outras muitas propriedades, pela forte assimetria
dos seus rendimentos, bem como por sua “filas” pesadas. Estes fatos não devem ser esquecidos. Em especial, nunca deve ser utilizada a
variação para estimar o seu risco, porquanto
esta medida de dispersão não é compatível
com as funções de utilidade habituais (com
a dominância estocástica de segunda ordem)
quando ocorrem estas circunstâncias.
Com relação à sua avaliação e cobertura, a
literatura prévia os estudou mediante técnicas
diversas, embora que aquelas que se baseiam
na utilização de infinitas opções européias pareçam ser mais apropriadas, do que quando
usam dados de mercado e são mais independentes dos modelos teóricos dinâmicos e estocásticos de avaliação.
Porém o uso na prática de
um único número finito de
opções provoca que se cometa um erro que até
agora não tem sido fácil de medir.
Este
trabalho
pretendeu
contribuir para a literatura de várias
formas. Por um
lado, ampliou-se
o número de ativos ao qual se aplica a metodologia da
réplica com opções.
Utilizaram-se também
as opções digitais e, muito mais importante, incorporam-se os custos de transação
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
e mediram-se os erros usando medidas gerais
de riscos, interpretáveis em termos de possíveis perdas econômicas (VaR, CVaR, Weighted
CvaR etc.). Estas medidas são, adicionalmente,
coerentes e compatíveis com a dominância estocástica de segunda ordem.
Palavras chave:
Derivado de
volatilidade, carteira
pseudo-réplica,
medida de risco,
otimização de riscos.
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35
estudos
MORTALIDADE
ANÁLISE DA
por
acidentes
(Parte I)
As mortes por causas acidentais
reduziram a sua participação
proporcional no total de mortos na
Espanha nas últimas décadas;
enquanto em 1980, do total de 289.344
mortos, 5,34% foi por acidente e o
restante de forma natural, em 2007
representou 4,13% do total de
385.361 mortos.
FRANCISCO MARTÍNEZ GARCÍA
Perito em Gerência de Riscos
36
N
o conjunto dos efeitos prejudiciais produzidos pelos acidentes e sinistros, sem dúvida
alguma, as pessoas constituem o principal
ativo a ser protegido em qualquer situação
de risco. E, como é evidente, de todos os
danos pessoais, o mais grave é a perda da
vida humana, que por esta consideração
torna-se a motivação fundamental na hora
de justificar a adoção de medidas de proteção e redução de riscos.
As decisões políticas e empresariais de
funcionamento de planos efetivos de prevenção, como vem ocorrendo nos campos
de tráfego viário e trabalhista, têm sido
motivadas pelo altos números de mortalidade registrados. Neste sentido, convém
levar em consideração que costumam ser
acompanhados por importantes repercussões sociais e econômicas que também deverão ser consideradas na hora de avaliar o
impacto total.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Neste estudo pretende-se apresentar a
importância das diferentes causas de acidentes que resultam em morte e sua análise comparativa na Espanha, em determinados países e no mundo.
OS RISCOS NA SOCIEDADE ATUAL
O ser humano, desde o início de sua
existência, viu-se obrigado a conviver com
os diferentes riscos associados à natureza,
tecnologias e desequilíbrios sociais. No
decorrer do tempo, com a evolução social
e tecnológica, surgiram novos riscos, que
neste final da primeira década do sécuGerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
lo XXI apresentam uma variedade muito considerável. Estes riscos agrupam-se
atendendo a sua origem causal nos seguintes grupos:
NATURAIS
Meteorológicos: secas, temperaturas
extremas, furações, raios etc.
Hidrológicos: inundações, tsunamis,
temporais marinhos etc.
Geológicos: terremotos, vulcões,
deslizamentos de terra e neve,
deslocamento das placas tectônicas, etc.
Cósmicos: meteoritos, vento solar,
lixo de satélite, etc.
ATUALMENTE
EXISTE
UMA AMPLA
VARIEDADE DE
RISCOS, QUE
SE AGRUPAM,
SEGUNDO A
CAUSA DE
SUA ORIGEM,
EM TRÊS TIPOS:
NATURAIS,
ANTI-SOCIAIS E
TECNOLÓGICOS
37
estudos
ANTI-SOCIAIS / MAL-INTENCIONADOS:
Roubo, furto.
Fraudes, chantagens, extorsão.
Espionagem.
Assédio no trabalho, sexual, moral.
Terrorismo etc.
OS GRANDES
NÚMEROS DAS
ESTATÍSTICAS
DE MORTES
ACIDENTAIS
NUTREM-SE
DE SINISTROS
REPETITIVOS
COM UM
NÚMERO
REDUZIDO DE
VÍTIMAS POR
EVENTO, MAS
QUE NA SUA
MULTIPLICAÇÃO
REPRESENTAM
UM BALANÇO DE
VÍTIMAS MUITO
CONSIDERÁVEL.
38
TECNOLÓGICOS:
Físicos: mecânicos, elétricos,
vibrações, radiações etc.
Químicos: tóxicos, energéticos,
reativos etc.
Organizacionais-psicosociais:
métodos de trabalho, turnos, rotina etc.
A história é marcada por casos de
grandes sinistros da maioria dos ramos
indicados, com um enorme saldo de
vidas humanas em terremotos, inundações, tsunamis, pandemias, incêndios,
explosões, vazamentos tóxicos, atos terroristas, quedas de aviões, naufrágio de
navios, choques de trens, entre outras
catástrofes naturais e antropogênicas.
Não obstante, estes eventos de transbordo de múltiplas vítimas ocorrem de
forma esporádica.
Lamentavelmente, os grandes números de estatísticas de mortes acidentais nutrem-se de sinistros repetitivos
com um número reduzido de vítimas
por evento, mas que na sua multiplicação representam um balanço de vítimas muito considerável.
Por outro lado, o desenvolvimento humano leva a uma maior exposição aos diferentes riscos, em especial
os de caráter tecnológico, acrescentados por algumas novas aplicações com
efeitos nocivos ainda pouco conhecidos e a extensão planetária do conjunto
de sistemas técnicos. De forma menos
visível, os riscos de caráter anti-social
globalizaram-se de tal forma nos últimos anos que as ameaças do terrorismo internacional, o crime organizado,
a delinqüência comum e do colarinho
branco estão presentes em qualquer
canto do mundo. Como não poderia
ser diferente, as repercussões negativas
dos fenômenos da natureza impulsionados pela mudança climática e outras
circunstâncias sociais representam perigos incalculáveis para determinados
assentamentos cidadãos, agrícolas e
industriais escolhidos historicamente
pelos seres humanos.
Estas condições potenciais de risco e
as confirmações reais dos acidentes registrados nos últimos anos apresentam
um panorama de grande preocupação
que deverá ser avaliado para adotar medidas de redução de riscos e mitigação
dos danos que possam ocorrer. A avaliação e acompanhamento continuado dos
indicadores de acidentes e da preservação são indispensáveis para garantir uma
gestão apropriada dos riscos.
EFEITOS DOS ACIDENTES.
DANOS PESSOAIS.
Na aproximação sistêmica (holística) da análise de riscos apresentam-se
alguns possíveis efeitos negativos dos
acidentes ordenados nos de tipo pessoal, patrimonial (material e intangível) e de meio ambiente. De todos eles,
o principal ativo a ser considerado na
gestão de riscos é, sem dúvida alguma,
como foi visto, o ser humano. Desse
modo, a adoção do tratamento de riscos
em nível institucional, empresarial ou
familiar baseia-se na importância que
estes suponham, principalmente, para
as pessoas.
Os danos pessoais produzidos pelos
acidentes classificam-se, segundo as repercussões físicas, psíquicas e morais;
estas duas últimas nas próprias vítimas e
nos seus familiares e próximos. De todos
eles, o dano físico que resulta em morte
constitui o principal e indiscutível valor a
ser considerado na tomada de decisões.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Por esse motivo, este estudo se concentra
na análise da mortalidade ocasionada pelas
diferentes causas acidentais como base de
medida da eficácia dos planos de segurança
desdobrados pelos Governos e outras entidades envolvidas. Não obstante, os responsáveis políticos e empresariais deverão levar
em consideração também, as repercussões
sociais e econômicas derivadas dos acidentes e os contextos e fatores particulares de
cada país e de cada caso.
O falecimento de pessoas em acidentes
constitui, em primeiro lugar, um problema
humano, pelo desaparecimento inesperado
e, normalmente, violento (fortuito) de vidas humanas, em contraste com a morte por
causas naturais, avisada pela degradação do
organismo humano em um período de tempo amplo. O que neste segundo extremo
supõe um fim esperado e inevitável, contrasta com o inesperado, brusco e evitável
que caracteriza os acidentes, e que, por isso,
demanda notáveis medidas de proteção.
Os danos pessoais provocados por acidentes supõem também um problema de
saúde pública pelos recursos estruturais,
sociais e econômicos de serviços de urgência, emergência e compensações econômicas, que motivam a sua prevenção
para evitá-los ou, pelo menos, para reduzir
o seu impacto.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Outrossim, as mortes prematuras em
acidente acarretam a perda de períodos de
vida social e de trabalho esperados que afetam a sociedade e que são avaliados, entre
outros, com metodologias do tipo do DALY
(Disabled Adjust Life Years – Ajuste de anos
de vida perdidos por acidentados).
É plenamente aceita a integridade do
ser humano, enquanto desempenha atividades nos âmbitos familiar, trabalhista
e social, inter-relacionadas entre si para
todos os efeitos, incluído, como é mais
evidente, o do seu falecimento. Por esse
motivo, faz-se necessária a intervenção
preventiva nos diferentes âmbitos de ocupação das pessoas: trabalhista, doméstico e
de lazer, que nem sempre recebem a suficiente atenção.
A ADOÇÃO DO
TRATAMENTO DE
RISCOS EM NÍVEL
INSTITUCIONAL,
EMPRESARIAL
OU FAMILIAR
BASEIA-SE NA
IMPORTÂNCIA
QUE ESTES
SUPONHAM PARA
AS PESSOAS.
MORTALIDADE POR ACIDENTES.
ESTATÍSTICAS.
Como destacado, a morte de pessoas em
acidentes é o principal indicador de gravidade como ativo afetado e, conseqüentemente, é fundamental dispor de sistemas
estatísticos que garantam a confiabilidade
destes números para poder atuar preventivamente em consonância com elas e manter um acompanhamento da evolução da
acidentalidade.
39
estudos
É FUNDAMENTAL
CONHECER,
POR UM LADO,
A CAUSA INICIAL
DO FALECIMENTO
ACIDENTAL, E
POR OUTRO, EM
QUE ÂMBITO DE
RESPONSABILIDADE
PÚBLICA E/OU
PRIVADA
OCORREU.
40
O estudo da mortalidade por acidentes foi
centralizado na Espanha, com a incorporação
de certos números comparativos em nível
mundial, europeu e de países do seu entorno
geográfico, social e econômico. O histórico
de dados coletados remonta a 1980, com saltos a cada 5 anos até 2000, a partir do qual tem
reflexos cada ano, para poder observar a evolução experimentada ao longo deste tempo.
As fontes de informação nacionais e internacionais são muito diversificadas, o que
apresenta algumas dificuldades, principalmente por certos critérios muito dispares
na hora de elaborar e publicar as estatísticas
relativas por causas acidentais. Os critérios
mais generalizados são fixados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de acordo
com a 9a Edição da Classificação Internacional de Doenças, estabelecida no seu início
pelo doutor Alphonse Bertillon.
Entretanto, a operação dos orgãos de alguns países afasta-se frequentemente dos
critérios fixados pela OMS. Estas diferenças
aumentam quando as estatísticas são processadas por outros organismos oficiais responsáveis de diferentes campos de competências
de atuação das pessoas. Em cada item de recopilação de dados é fundamental conhecer,
por um lado, a causa inicial e desencadeante
do falecimento acidental e, por outro, em
qual campo de responsabilidade pública e/
ou privada ocorreu.
Neste estudo, a apresentação de análise
da mortalidade por acidentes é realizada, em
primeiro lugar, com base nos dados de falecimentos por causas externas apresentadas
por Classificação Internacional de Doenças
estabelecida pela OMS. A seguir, é realizada
a análise de causas agrupadas pelos âmbitos
de competências administrativas nas quais
ocorreram as mortes: trabalho, residência,
meios de transporte, policial, entre outros.
Em ambos os casos refletem-se os números totais de mortes e a taxa de mortalidade, expressa em número de vítimas por cada
milhão de habitantes expostos. Preferiu-se
este critério, em vez da mais habitual taxa de
incidência por cem mil habitantes, utilizada
em relatórios oficiais, por considerá-lo mais
fácil de interpretar.
Dado o alcance limitado do artigo, selecionaram-se as principais causas e a consideração dos números básicos de mortos e taxas
de mortalidade, sem descender aos detalhes
das coordenadas e circunstâncias do seu
acontecimento – local, idade, dia da semana, hora, sexo, nacionalidade etc. - que são
essenciais caso se pretenda tirar conclusões
e ensinamentos concretos para a prevenção
futura.
MORTALIDADE POR CAUSAS
EXTERNAS
Segundo o critério seguido pelos órgãos
de saúde, os falecimentos são catalogados por
causas de doença, de deterioração orgânica e
por causas externas aos seres humanos. Estas
últimas englobam, com certas variações, os
acidentes, considerados como eventos súbitos, inesperados, que iniciam o desencadeamento de uma série de efeitos prejudiciais e
ações de caráter voluntário ou intencionado:
suicídios e agressões que, para o interesse
deste estudo, podem chegar a produzir o fim
extremo da morte de pessoas.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
A seguir são apresentadas as principais
causas externas de falecimento na Espanha
e em nível internacional em séries históricas que permitem observar a sua evolução
no tempo.
T OTAL
DE MORTOS E MORTALIDADE POR
ACIDENTES , SUICÍDIOS E AGRESSÕES
Do total de falecimentos em nível mundial, 62,7 milhões em 2006, foram registradas 5,3 milhões por causas acidentais, suicídios e agressões, ou seja, 8,5% do valor total
e o resultante de uma taxa de mortalidade de
806 mortos por cada milhão de habitantes.
Na Espanha, no mesmo ano, ocorreu
um total de 371.478 falecimentos, que incluem 16.139 casos por acidentes, suicídios
e agressões, que representam 4,35% do total
e uma taxa de mortalidade de 358,6 mortos
por cada milhão de habitantes.
O gráfico 1 reflete os números de mortos por acidentes, suicídios e agressões na
Espanha, por uma série histórica que vai
de 1980 a 2000 com dados quinzenais e a
partir deste ano até 2007 com dados anuais,
para estabelecer um acompanhamento contínuo nos últimos anos. Ao mesmo modo,
são apresentadas também as taxas de mortalidade correspondentes aos mesmos anos
mencionados. O gráfico 2 apresenta a divisão das principais causas externas e as taxas
de mortalidade registradas em 2007, último
ano disponível.
Afim de de poder enquadrar a importância comparativa destes dados da estatística
espanhola, são apresentados no gráfico 3 os
mesmos conceitos registrados no mundo, na
União Européia e em certos países do nosso
entorno, no último ano em que estão disponíveis em cada um dos países.
Na Espanha observa-se uma diminuição
constante da taxa de mortalidade pelo conjunto de causas externas, que passou de 408
mortos por milhão de habitantes em 1980 a
348 em 2007. Por outro lado, esta redução
NA ESPANHA
OBSERVA-SE
UMA
DIMINUIÇÃO
CONSTANTE
DA TAXA DE
MORTALIDADE
POR CAUSAS
EXTERNAS, QUE
PASSOU DE 408
MORTOS POR
MILHÃO DE
HABITANTES EM
1980 A 348
EM 2007.
Gráfico 1. Mortos e mortalidade por causas externas: acidentes, agressões e suicídios.
Espanha. 1980-2007.
Fonte: Instituto Nacional de Estatística.
Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
41
estudos
OS ACIDENTES
NO TRANSPORTE,
COM UM TOTAL
DE 4.203
FALECIDOS,
REPRESENTARAM
25% DO TOTAL
DE MORTES
ACIDENTAIS NA
ESPANHA EM 2007
progressiva da mortalidade por acidente merece ser destacada, já que o seu peso proporcional no total de mortos diminuiu ao longo
dos anos analisados – 5,34% em 1980 e 4,13%
em 2007 –, apesar da maior expectativa de vida
experimentada pela população espanhola.
Com relação à incidência da mortalidade por acidentes considerando o gênero dos
mortos, esta caiu desde os anos 90, em que
74,3% eram homens, em relação a 68,7%
em 2007. Esta porcentagem evidencia uma
maior participação da mulher na atividade
de trabalho e cidadania.
À margem da análise por causas determinadas no conjunto de acidentes e atos voluntários de por fim à vida humana, estabelece-se
uma conclusão evidente entre as elevadas taxas registradas nos países em desenvolvimento e as reduzidas dos países avançados, com
exceção dos Estados Unidos e França, com
elevadas incidências de acidentes domésticos
e suicídios, que podem ser observadas em
itens posteriores.
ACIDENTES DE TRANSPORTE
Os diferentes meios de transporte, em
sua mais ampla variedade – desde a tração
animal à aérea, passando pelo tráfego viário,
ferroviário e aquático – constituem a principal causa de mortes acidentais: em torno
de 25% do total, com um número absoluto de 4.203 mortos na Espanha em 2007 e
uma taxa de 92 mortes por cada milhão de
habitantes.
Entre os meios incluídos neste item, a
maior ocorrência de mortes ocorre no tráfego viário (2.995), seguida dos de tração
agrícola (116), aéreos (27), aquáticos (16) e
ferroviários (16), ocorridos em 2007 na Espanha. Do total de vítimas mortais, 79,4%
foram dos sexo masculino.
QUEDAS
As quedas de pessoas em diferentes formas – no mesmo nível, por deslizamento,
em escadas, andaimes, de edifícios etc. –
supõem a quarta causa em importância das
Gráfico 2. Principais causas externas de mortalidade. Espanha. Ano de 2007.
PAIS
Nº DE MORTOS
TAXA DE MORTALIDADE
Transporte
Suicídios
Obstrução vias respiratórias
Quedas
Envenenamentos
Afogados
Agressões
Forças mecânicas
Incêndios
Eletrocussão
Fenômenos naturais
Restante
Total de mortos: 15.916
348,3 mortos por milhão de
habitantes
Fontes: Instituto Nacional de Estatística.
Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes.
42
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Gráfico 3. Mortos e mortalidade por causas externas. Internacional. Ano de 2006.
PAIS
Nº DE MORTOS
TAXA DE MORTALIDADE
Mundo
União Europeia
Alemanha
Argentina (05)
Brasil (04)
Colômbia
Chile (05)
Cuba (05)
Equador (05)
Espanha
Estados Unidos
França (05)
Grã Betanha
Itália (03)
México (05)
Peru (00)
DERIVAM ALTAS
TAXAS NOS
PAÍSES EM
DESENVOLVIMENTO
E AS REDUZIDAS
DOS PAÍSES
DESENVOLVIDOS,
COM EXCEÇÃO DOS
ESTADOS UNIDOS
E FRANÇA,
PELAS
ELEVADAS
INCIDÊNCIAS
DE ACIDENTES
DOMÉSTICOS
E SUICÍDIOS,
RESPECTIVAMENTE.
Portugal (03)
Venezuela (05)
Fontes: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde.
Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes.
NOTA: Junto ao país, entre parênteses, ano ao qual corresponde o dado se for diferente de 2006.
mortes acidentais em 2007, com 10,9% do
total. A evolução histórica reflete-se no gráfico 4, na Espanha, e no gráfico 5, a comparação internacional.
Do total de mortos por quedas em 2007
na Espanha, 1.740, 57,7%, eram do sexo
masculino. A taxa de mortalidade nesse ano
situa-se em 38,1 mortos por cada milhão de
habitantes.
AFOGAMENTOS E SUBMERSÃO EM ÁGUA
Os afogamentos por submersão em água
de mar, rios, represas, piscinas, banheiras e
outros recipientes supõem a sexta causa de
mortes acidentais na Espanha, com 3% do
total. Sua evolução na série história pode
ser observada, junto com as mortes por
obstrução de vias respiratórias, no gráfico 6.
Em 2007 houveram 482 mortos por afogamento, dos quais 83,4% eram do sexo masGerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
culino. A taxa de mortalidade foi de 10,5.
A comparação internacional, acrescentada às mortes produzidas por obstrução das
vias respiratórias, que constam conjuntamente nas estatísticas da maioria dos países,
é refletida no gráfico 7.
OBSTRUÇÃO DE VIAS RESPIRATÓRIAS
A obstrução das vias respiratórias por diferentes objetos e produtos alimentícios e
gástricos e por falta de oxigênio em espaços
confinados com causa de morte situa-se na
terceira posição de importância de mortes
acidentais, com 13,1% do total de acidentes.
Na Espanha, no ano de 2007, ocorreu
um total de 2.087 óbitos por esta causa, que
é a única na qual ocorre em maior medida
no sexo feminino, com 53,6% do total; a taxa
de mortalidade foi de 45,7.
43
estudos
AS QUEDAS,
COM 1.740
CASOS, FORAM A
QUARTA CAUSA
EM IMPORTÂNCIA
DAS MORTES
ACIDENTAIS NA
ESPANHA NO
ANO DE 2007.
Gráfico 4. Mortos e mortalidade por quedas. Espanha. 1980-2007.
Fonte: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde.
Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes.
Gráfico 5. Mortos e mortalidade por quedas. Internacional. 2006.
PAIS
Nº DE MORTOS
TAXA DE MORTALIDADE
Mundo
União Europeia
Alemanha
Brasil (04)
Colômbia
Cuba (05)
Chile (05)
Equador (05)
Espanha
Estados Unidos
França (05)
Grã Betanha
Itália (03)
México (05)
Portugal (03)
Venezuela (05)
Fonte: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde.
Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes.
44
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Gráfico 6. Mortos e mortalidade por afogamento e obstrução de vias respiratórias.
Espanha. 1980-2007.
EM 2007
OCORRERAM,
NA ESPANHA,
2.087 ÓBITOS
POR OBSTRUÇÃO
DE VIAS
RESPIRATÓRIAS,
ÚNICA CAUSA
QUE OCORRE
EM MAIOR
QUANTIDADE NO
SEXO FEMININO,
COM 53,6%
DO TOTAL.
Fonte: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde.
Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes.
Gráfico 7. Mortos e mortalidade por afogados e obstrução de vias respiratórias. Internacional. 2006.
PAIS
Nº DE MORTOS
TAXA DE MORTALIDADE
Mundo
União Europeia
Alemanha
Argentina (05)
Brasil (04)
Colômbia
Cuba (05)
Chile (05)
Equador (05)
Espanha
Estados Unidos
França (05)
Grã Betanha
Itália (03)
México (05)
Perú
Portugal (03)
Venezuela (05)
Fontes: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde.
Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes.
NOTA: Junto ao país, entre parênteses, ano ao qual corresponde o dado se for diferente de 2006.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
45
estudos
A TAXA DE
MORTALIDADE
ESPANHOLA POR
DESCARGAS
ELÉTRICAS
REDUZIU
DE FORMA
CONSIDERÁVEL
DEVIDO ÀS
MELHORAS NA
SEGURANÇA NO
MANUSEIO DE
INSTALAÇÕES
ELÉTRICA
Gráfico 8. Mortos e mortalidade por lesões auto-infligidas (suicídios). Espanha. 1980-2007.
Fonte: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde.
Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes.
DESTACA A
ALTA TAXA
REGISTRADA NA
FRANÇA, 170,
COM RELAÇÃO A
MÉDIA MUNDIAL,
133.
Gráfico 9. Mortos e mortalidade por lesões auto-infringidas (suicídios). Internacional. 2006.
PAIS
Nº DE MORTOS
TAXA DE MORTALIDADE
Mundo
União Europeia
Alemanha
Argentina (05)
Brasil (04)
Colômbia
Cuba (05)
Chile (05)
Equador (05)
Espanha
Estados Unidos
França (05)
Grã Betanha
Itália (03)
México (05)
Perú
Portugal (03)
Venezuela (05)
Fontes: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde.
Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes.
NOTA: Junto ao país, entre parênteses, ano ao qual corresponde o dado se for diferente de 2006.
46
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
1.5 D ESCARGA ELÉTRICA
As descargas em linhas elétricas de
baixa e alta tensão sobre pessoas ocasionam 0,4% de vítimas mortais na
Espanha, e reduziu-se notavelmente
a taxa de mortalidade registrada nos
anos 80, de aproximadamente 4,5 a
1,4 em 2007, devido às consideráveis
melhoras de segurança no manejo
de instalações elétricas experimentadas neste período de tempo. Das 69
mortes produzidas em 2007 na Espanha por eletrocussão, 89,1% foram do
sexo masculino.
1.6 I NCÊNDIOS
Os incêndios e intoxicações por má
combustão são a nona causa de mortes
acidentais na Espanha, observando-se
uma apreciável melhora das taxas de
mortalidade dos anos 80 e inícios dos
90 do século passado às existentes nos
últimos dez anos considerados. Em
2007 morreram por incêndios 189 pessoas, sendo 66,7% do sexo masculino
e uma taxa de mortalidade de 4,1.
1.7 E NVENENAMENTO ACIDENTAL
As mortes produzidas por drogas,
fármacos e produtos químicos situam-se na Espanha na quinta causa de
mortalidade, com uma evolução e taxa
de mortalidade refletidas no gráfico
8. Das 767 mortes registradas na Espanha em 2007, 82,3% eram do sexo
masculino; outro dado esclarecedor
das ações geradoras de sobredose de
drogas é que 71,1% do total de mortos
estavam em idades compreendidas entre 20 e 40 anos.
No gráfico 9 são apresentadas as
mortes e taxas de mortalidade em
2006 para os diferentes países incluídos nesta análise. Chama a atenção a
elevada taxa (123,2) resultante nos Estados Unidos com relação à taxa média de 57 em nível mundial.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
1.8 L ESÕES AUTO - INFLIGIDAS
Esta causa de morte não acidental,
mas infringida pela própria vítima supõe na Espanha 20,5% do total de mortes por causas externas em 2007, o que
se situa no segundo lugar em importância depois das produzidas por meios
de transporte. Do total de suicídios em
2007, 75,5%, 3.263 vítimas, foram pessoas do sexo masculino.
Em nível internacional destaca a
elevada taxa resultante na França, 170,
com relação à média mundial de 133.
OS SUICÍDIOS,
COM 3.263
CASOS,
REPRESENTARAM
A SEGUNDA
CAUSA DE MORTE
POR CAUSAS
EXTERNAS NA
ESPANHA EM
2007.
1.9 A GRESSÕES
A causa externa resultante de
morte por agressões com armas
brancas ou de fogo, afogamentos, envenenamentos, produtos químicos, entre outros,
representa 2,2% do total em
2007, ocupando o sétimo
lugar em importância.
Em 2007 ocorreram 348 mortes por
agressões, das quais
65,2% foram homens.
Sobressaem os dados
de mortes por agressões
em muitos dos diferentes
países considerados, onde
destacam os elevados índices registrados na Colômbia, Venezuela, Brasil,
Peru e México.
47
estudos
Na sociedade atual existe um claro “risco de excesso de
informação” e com o tempo uma necessidade de permanente
atualização e orientação, o que supõe um desafio
enriquecedor para o serviço de informação oferecido pelo
Centro de Documentação da FUNDACIÓN MAPFRE.
Risco
de excesso
O
MARISOL REVILLA GUZMÁN
FUNDACIÓN MAPFRE
Diretora do Centro de Documentação
48
Centro de Documentação oferece
um serviço gratuito de informação
especializada acessível pela Internet.
Serviço especializado que supõe um instrumento
útil para mitigar as consequências do “risco de
excesso de informação” na era digital.
As atuais linhas de atuação do Centro de
Documentação são destinadas a evolução da
biblioteca digital de modo que seu catálogo web
seja totalmente visível na Internet. Para isso,
estão sendo fomentadas relações institucionais
que permitam o intercâmbio de publicações
digitais e o catálogo está sendo registrado em
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
de informação
diferentes buscadores e produtores, tanto
nacionais quanto internacionais.
Atualmente o catálogo web do Centro
de Documentação possui mais de 110.000
registros bibliográficos, organizados nas
seguintes coleções:
Artigos de revistas especializadas
Legislação de seguros e de segurança
Monografias (livros, documentos
eletrônicos, CD´s, DVD´s...)
Normativa técnica
Sites relevantes do mercado segurador
e de segurança
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Ranking do mercado segurador e financeiro
Revistas
Após o grande impulso de digitalização
realizado em 2009, 40% do catálogo está já em
formato digital.
A gestão da informação no Centro de
Documentação da FUNDACIÓN MAPFRE é
feito de acordo com quatro pilares básicos:
1. Seleção e localização de informação
2. Aquisição
3. Organização
4. Difusão
49
estudos
1. SELEÇÃO E LOCALIZAÇÃO
DE INFORMAÇÃO
Na gestão da informação e documentação
o primeiro elo do processo é a identificação,
localização e seleção de informação estratégica
e relevante do setor e depois onde ele está
especializado, no caso em questão em seguros,
gerência de risco e segurança e meio ambiente.
Para tanto existe uma série de canais de
comunicação externos e internos.
CANAIS DE COMUNICAÇÃO EXTERNOS
DISTRIBUIDORES E FORNECEDORES DE
INFORMAÇÃO
Dispõe-se de um grande número de
distribuidores e/ou fornecedores de
informação e documentação, gerais (MundiPrensa, Armazon, Díaz de Santos etc.) ou
especializados (Unespa, ICEA, Swiss Re,
Münchener, Inese, Forrester, Axco etc.).
REVISTAS E IMPRENSA
Cada vez mais as próprias revistas enviam
ao assinante (via correio eletrônico) alertas
com informação atualizada do setor, como,
por exemplo, Risk, Asia Insurance Reviw,
Business Insurance, Post online etc.).
CATÁLOGOS E BASES DE DADOS
Existem numerosos catálogos de bibliotecas
e bases de dados. A seguir são descritos
alguns que o Centro de Documentação
consulta de forma assídua:
TESEO
A base de dados de teses de doutorado Teseo
é do Ministério da Educação espanhol. Nele
são encontradas teses de doutorado por
autor, título ou matéria, mas pode-se acessar
somente o resumo.
TEXIS DOCTORALES EM XARXA
Tesis Doctorales en Red é um diretório
cooperativo que contém, em formato
digital, todas as teses de doutorado lidas
nas universidades da Cataluña e de algumas
universidades que se uniram a este projeto
de cooperação e impulso do conhecimento
da pesquisa na Espanha, e permite o acesso
ao texto completo das teses de doutorado.
E-PRINTS COMPLUTENSE
E-Prints Complutense é o arquivo
institucional, com acesso aberto, desenvolvido
pela Biblioteca da Universidade Complutense
de Madri para gerir a documentação digital,
fruto da atividade dos seus docentes e
pesquisadores. Pode-se acessar o texto
completo dos documentos.
OAISTER
Oaister é um catálogo coletivo de recursos
digitais criado pela Universidade de
Michigan (EUA) e financiado por The
Andrew W. Mellon Foundation. Proporciona
acesso a mais de 22 milhões de registros
bibliográficos e aos seus objetos digitais
correspondentes, de 1.139 fornecedores de
dados.
O Centro de Documentação da
FUNDACIÓN MAPFRE é, desde
2009, fornecedor de dados e foi coletado
pela Oaister, pelo qual, ao buscar neste
catálogo, são recuperados documentos
com o texto completo do catálogo do
Centro de Documentação e de outros
muitos diretórios relevantes. A gestão da
informação no Centro de Documentação
de FUNDACIÓN MAPFRE é realizada
de acordo com os quatro pilares básicos:
seleção e localização de informação,
aquisição, organização e difusão.
A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA FUNDACIÓN MAPFRE É REALIZADA
DE ACORDO COM OS QUATRO PILARES BÁSICOS: SELEÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO,
AQUISIÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIFUSÃO
50
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
OPENDOAR
OpenDOAR é um diretório de dados
acadêmicos de acesso aberto, criado e
mantido pela Universidade de Nottingham
(Reino Unido). O Centro de Documentação
também faz parte destes dados.
BIBLIOTECAS E CENTROS
DE DOCUMENTAÇÃO
NNo Centro de Documentação são
consultados, Assiduamente, numerosos
catálogos de bibliotecas, nacionais e
internacionais, mas merece destaque nesta
ocasião o metabuscador “El Buscón”, que
incluiu seu site a Biblioteca Nacional
da Espanha. Trata-se de um portal de
acesso aos recursos eletrônicos, assinados
ou gratuitos, selecionados pela própria
Biblioteca Nacional. Permite acessar o
texto completo de documentações diversas,
distribuídas, mas catalogada em diferentes
grupos de recursos: catálogos, artigos,
coleções digitais etc
NEWSLETTERS
TTrata-se de folhas informativas ou boletins
que geralmente são recebidas por correio
eletrônico e sugere um canal de informação
relevante do setor no qual é especializado.
Sua assinatura costuma ser gratuita, como,
por exemplo, a dos Grupos Aseguranza,
Inese, ICEA, Axco etc.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
CANAIS RSS
RSS (Really Simple Syndication) é um formato
de texto, no formato XML, que serve para
distribuir títulos de notícias e conteúdos
pela Internet de forma automatizada e sem a
necessidade de entrar no site.
51
estudos
Há milhões de sites que oferecem
informação atualizada e notícias, mas é quase
impossível poder consultar todas. O Centro
de Documentação está vinculado a uma série
de canais RSS especializados que informam
seletiva e constantemente as novidades, sem
necessidade de acessar todos os sites.
SITES
O Centro de Documentação realiza uma
seleção rigorosa de sites de interesse para os
setores nos quais é especializado. Atualmente
o Centro conta com mais de 280 sites (de
legislação, estatística, normativos, seguros,
gerência de riscos, segurança e meio
ambiente) catalogadas e consultáveis pelo
catálogo da internet.
Trata-se de endereços de Internet ativos,
já que diariamente é feito um processo
informático descontinuo (batch process) que
comprova três vezes ao dia se os
endereços funcionam corretamente ou não,
ou se mudou a URL, sendo que nesse caso
é fornecido o novo endereço eletrônico.
CANAIS DE COMUNICAÇÃO INTERNOS
A informação atualizada das áreas
temáticas onde a pesquisa é realizada,
e do mercado, chegam ao Centro de
Documentação por intermédio da própria
FUNDACIÓN MAPFRE:
Bolsas de Auxílio à Pesquisa em Seguros,
Saúde, Segurança e Meio Ambiente, que
são convocadas anualmente.
Prêmio Internacional Julio Castelo
Matrán, de pesquisa em Seguros, que é
convocado bienalmente.
Publicações da própria FUNDACIÓN
MAPFRE.
Relatórios e estudos do mercado espanhol
e iberoamericano, e rankings de grupos
seguradores europeus e da iberoamérica.
DESIDERATAS
Desiderata é o termo latino usado em
biblioteconomia para referir-se à “papeleta”
que antigamente o usuário da biblioteca
utilizava para expor a conveniência de
aquisição de um livro.
Atualmente, o Centro recebe as sugestões de
aquisição de qualquer tipo de documento,
em diferentes meios e/ou formatos,
pessoalmente, por correio eletrônico ou por
catálogo de internet (parte inferior do site
em “Sugerencias” (sugestões)).
52
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
2. AQUISIÇÃO
Após o pilar da seleção, o tema seguinte
é a aquisição, que consiste na obtenção
do documento por meio da Internet, o
empréstimo inter-bibliotecário ou a aquisição
propriamente dita.
Há três vias de aquisição:
Compra de publicações em diferentes
meios e assinaturas de revistas, imprensa e
bases de dados.
Troca: intercâmbio de publicações com
outras instituições nacionais e internacionais.
Doações de documentação especializada.
3. ORGANIZAÇÃO
O Centro de Documentação conta com um
sistema integrado de gestão documental que
supõe:
Um programa cliente com três módulos:
catalogação, aquisição e circulação.
Uma aplicação web, acessível a todos os
usuários pela Internet.
Fornecedores de dados
A gestão da informação e documentação é
realizada segundo padrões internacionais, que
permite catalogar e colocar à disposição dos
usuários objetos multimídia em diferentes
formatos (PDF, JPG, TIFF, GIF, Excel, PPT,
MPEG, WAV etc.).
Na prática, são usados padrões XML,
DCMI, MARC 21 e METS, que permite
que as fichas bibliográficas possam ser
visualizadas, exportadas ou guardadas em
diversos formatos (Ficha, ISBD, Dublin Core
RDF, Onix, Ibermarc etiquetado, XMLMARC Schema).
Além disso, o arquivo onde são
armazenados os documentos cumpre o
protocolo OAI-PMH, pelo qual os seus
dados podem ser recuperados pelos principais
buscadores e coletores.
Existem dois agentes fundamentais:
Fornecedores de dados
Coletores
Coletores
Especializados
Centro de documentação
Genéricos
Biblioteca virtual do patrimônio bibliográfico,
biblioteca virtual de imprensa histórica, dialnet...
Oaister, Hispana, Coleta, Roar,
Opendoar, E-ciencia...
Google
O CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO FAZ UMA SELEÇÃO RIGOROSA DOS SITES INTERESSE PARA
OS SETORES NOS QUAIS É ESPECIALIZADO. ATUALMENTE CONTA COM MAIS DE 280 PÁGINAS
CATALOGADAS E CONSULTÁVEIS ATRAVÉS DO CATÁLOGO “WEB”.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
53
estudos
O Centro de Documentação é fornecedor
de dados, de informação especializada e graças a
isso está incluído na Hispana.
Hispana é um diretório e coletor de recursos
digitais do Ministério da Cultura Espanhol.
Por meio do seu diretório permite localizar os
atuais projetos espanhóis digitalizados e seu
coletor fornece acesso à informação digital de
diferentes instituições, cujas bases de dados são
interconectadas. Assim, por exemplo, se são
buscados documentos digitais sobre “Seguro de
dependência”, o Hispana mostra o número de
documentos e seu recurso eletrônico localizado
em diferentes sites institucionais.
Por último, destacamos que o catálogo
virtual do Centro de Documentação da
FUNDACIÓN MAPFRE já está disponível na
Internet, já que desde janeiro de 2009 o Google
indexa todas as suas fichas bibliográficas.
Antes, as fichas bibliográficas dos
catálogos de bibliotecas eram invisíveis para
os buscadores. Assim, quando se buscava no
Google por um autor ou título de uma obra,
o buscador o levava à página web da entidade
ou da biblioteca ou ao seu catálogo, e o usuário
tinha que começar a “navegar” por ele.
O CATÁLOGO VISTUAL DO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA FUNDACIÓN MAPFRE JÁ ESTÁ
DISPONÍVEL NA INTERNET, JÁ QUE DESDE JANEIRO DE 2009 O GOOGLE INDEXA TODAS AS SUAS
FICHAS BIBLIOGRÁFICAS.
54
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Agora, o catálogo virtual do Centro de
Documentação conseguiu o “efeito Google”
desejado (buscar = encontrar). Se buscar
diretamente no Google, o resultado – quase
sempre na primeira posição – é a ficha do
próprio catálogo e pode-se acessá-lo e a seu
objeto digital, se houver, sem a necessidade
do usuário ter que entrar na página do
catálogo.
O Centro de Documentação da FUNDACIÓN
MAPFRE é, desde 2009, fornecedor de dados
e, por isso, eles podem ser recuperados pelos
principais buscadores e coletores.
CATÁLOGO VIRTUAL
Basicamente, as principais novidades do
catálogo virtual são:
1. Busca simples / avançada, exata, integrada
ou em uma coleção concreta.
2. Acesso ao documento original.
3. Exportar, imprimir ou guardar os
resultados de uma busca.
4. Revistas: navegação pelos anos e
números, e acesso imediato ao PDF, se
houver.
5. Serviço de atualização automática e
permanente das novidades bibliográficas
aos usuários por meio da tecnologia RSS.
4. DIFUSÃO
A única razão de ser das bibliotecas e dos
centros de documentação são os usuários e o
uso dos seus acervos documentais. Há séculos
a missão fundamental era a preservação e a
conservação dos documentos; atualmente
todos os indicadores estatísticos tentam medir
e apresentar o grau de difusão da informação,
e a utilização dos recursos documentais e
aplicação da internet.
O Centro de Documentação da
FUNDACIÓN MAPFRE faz esta divulgação Por
meio de uma biblioteca e um catálogo virtual.
BIBLIOTECA
Desde outubro de 2009, a Biblioteca do
Centro de Documentação está localizada
nas novas instalações da FUNDACIÓN
MAPFRE em Bárbara de Braganza, 14,
Madri (Espanha).
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
55
informe
A implementação da tecnologia RSS no
catálogo virtual do Centro de Documentação
permite que os usuários conheçam, na hora,
os novos títulos disponíveis no catálogo ou
somente os daquela matéria em que estiverem
interessados.
O Centro de Documentação apresenta os
50 últimos documentos catalogados, e estas
novidades bibliográficas podem ser consultadas
diretamente, posicionando-se no termo
desejado ou cadastrando-se na fonte RSS
correspondente.
www.fundacionmapfre.com/documentacion
GRAÇAS À TECNOLOGIA RSS IMPLEMENTADA NO CATÁLOGO VIRTUAL DO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO,
OS USUÁRIOS PODEM CONHECER NA HORA OS NOVOS TÍTULOS DISPONÍVEIS OU SOMENTE OS
DA MATÉRIA QUE ESTIVEREM INTERESSADOS.
56
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Esta assinatura permite:
a) Acessar as novidades bibliográficas
diretamente do Google, por exemplo, sem
necessidade de recorrer à URL do Centro de
Documentação. Pode-se acessar o canal que está
cadastrado, portanto, a notícia e o texto completo.
b) possuir com um programa de leitura
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Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
eprints.ucm.es
hispana.mcu.es
oaister.umdl.umich.edu
opendoar.org/index.html
www.bne.es
www.bne.es/es/Catalogos/ElBuscon/index.html
www.fundacionmapfre.com/documentacion
www.oaister.org
www.mellon.org
www.micinn.es/teseo/login.jdp
www.tesisenxarxa.net
57
informe
RANK
dos maiores grupos
seguradores europeus
Não Vida 2008
CENTRO DE ESTUDOS
FUNDACIÓN MAPFRE
A FUNDACIÓN MAPFRE apresenta pelo quinto ano consecutivo o “Ranking dos maiores
grupos seguradores europeus Não Vida 2008”. A classificação foi elaborada com base no volume de
prêmios que cada um dos grupos lucrou em 2008 no referido segmento de negócio, procedente de todos
os países nos quais opera. Como fonte de informação foram utilizados os relatórios anuais publicados
pelas próprias Companhias. Além disso, o estudo fornece informação sobre o índice combinado,
comentários sobre os fatos mais destacáveis do exercício e um quadro com o resultado obtido por cada
grupo nos ramos Não Vida.
58
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
KING
Mantêm-se o critério de incluir os prêmios de
resseguro aceito naqueles grupos com filiais
resseguradoras, mas sem que esta atividade seja a
principal. Não obstante, cabe mencionar o caso
particular da Talanx, cujos prêmios de Resseguro
Não Vida foram quase iguais aos prêmios de
seguro direto em 2007.
3 – Os dados de resultados referem-se ao
segmento Não Vida, antes dos impostos e
minoritários. No caso do AXA incluiu-se também
o Seguro Internacional (negócio incluído também
no dado de volume de prêmios).
ASPECTOS METODOLÓGICOS
1 – Para a elaboração do ranking levou-se em
conta o volume de prêmios brutos (seguro direto
mais resseguro aceito) dos ramos Não Vida1.
É conveniente esclarecer que no ranking não
constam os prêmios de Saúde que são atribuídos
ao ramo de Vida1, mas sim aqueles que são
classificados em Não Vida ou expressamente
diferenciados.
2 – Não são incluídos neste ranking os
grupos cuja atividade principal seja o Resseguro.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
4 – No relatório é utilizada a expressão
“resultado operacional” para referir-se ao resultado
proveniente do negócio segurador, incluindo o
resultado dos investimentos associados ao negócio.
As perdas ou lucros procedentes de outros
investimentos são incluídos no “resultado não
operacional”.
5 – A informação sobre o nível de solvência que
consta em alguns quadros refere-se à totalidade
de operações de cada grupo. O dado representa o
número de vezes que o grupo cumpre o capital de
solvência obrigatório.
De forma geral, nos casos que o seguro de Saúde gera provisões
matemáticas, o ramo classificado junto ao de Vida.
1
59
informe
MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS NÃO VIDA 2008
Ranking por volume de prêmios brutos (milhões de euros)
PRÊMIOS NÃO VIDA
ÍNDICE COMBINADO1 %
2007
2008
RANKING
2007
-2,0
93,6
95,1
1
28.851
0,9
97,6
95,5
2
25.882
25.369
-2,0
95,6
98,1
3
Itália
20.845
21.990
5,5
95,8
96,4
4
Eureko
Holanda
10.436
15.075
44,5
96,4
96,7
7
6
Aviva
Reino Unido
16.613
15.033
-9,5
100,0
98,0
5
7
Groupama
França
9.922
10.964
10,5
99,7
98,7
9
8
Mapfre
Espanha
9.293
10.891
17,2
92,6
93,9
11
9
Talanx2
Alemanha
11.596
10.800
-6,9
99,4
99,0
6
10
Ergo
Alemanha
10.089
10.546
4,5
93,1
90,2
8
11
Rsa
Reino Unido
9.638
9.162
-4,9
94,9
94,5
10
12
Covéa
França
8.682
8.900
2,5
n.d.
n.d.
-
13
Fondiaria-Sai
Itália
7.318
8.298
-0,3
94,4
98,7
13
14
Rbs Insurance
Reino Unido
8.193
6.953
-15,1
n.d.
n.d.
12
15
Ing
Holanda
6.086
4.943
-18,8
97,1
96,5
14
130.049
227.481
134.672
230.162
NO
GRUPO
PAÍS
1
Allianz
2
2007
2008
Alemanha
44.289
43.387
Axa
França
28.598
3
Zurich
Suíça
4
Generali
5
Total 5 primeiros
Total 15 primeiros
%▲
3,6
1,2
Fonte: FUNDACIÓN MAPFRE. Elaboração própria de acordo com as demonstrações financeiras consolidadas (sob critérios NIIF).
O índice combinado é o apresentado por cada companhia na sua memória. Nos casos que o índice Não Vida e o de Saúde
aparecem separados, optou-se pelo índice Não Vida.
2
Baseado na projeção dos resultados financeiros anuais de 2008.
1
OS 15 MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS DO SEGMENTO NÃO VIDA EM 2008
ACUMULARAM 230.162 MILHÕES DE EUROS EM PRÊMIOS, COM UM LEVE RENDIMENTO
DE 1,2% COM RELAÇÃO AOS LUCROS OBTIDOS NO ANO ANTERIOR.
60
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
6 – A título de comparação, foram
atualizados os valores de lucros e resultados de
2007 publicados pelos grupos seguradores nos
seus relatórios anuais de 2008.
7 – Para a conversão a euros dos dados
expressos em outras moedas utilizou-se a taxa
de câmbio média dos anos de 2007 e 2008,
conforme apresentado no quadro seguinte:
EURO/1 UNIDADE
2007
2008
Libra esterlina (GBP)
1,461
1,260
Dólar (USD)
0,726
0,683
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Comentários gerais
Alguns aspectos destacáveis do ranking de
2008 são:
Durante 2008 manteve-se uma situação de
intensa concorrência, principalmente no
ramo de Automóveis, o que causou uma
queda do prêmio médio. A isso se somam
os efeitos da crise econômica, com uma
queda significativa dos novos registros e a
contratação de menos coberturas.
■ As receitas procedentes das filiais
estabelecidas em mercados emergentes e as
aquisições foram em alguns casos os
principais impulsionadores do crescimento.
61
informe
O GRUPO MAPFRE OBTEVE EM 2008 O SEGUNDO MAIOR CRESCIMENTO EM PRÊMIOS, DE 17,2%,
ESCALANDO TRÊS POSIÇÕES NA CLASSIFICAÇÃO DOS 15 MAIORES GRUPOS SEGURADORES
EUROPEUS DO SEGMENTO NÃO VIDA, ATÉ ATINGIR O OITAVO LUGAR
■ O resultado do segmento Não Vida viu-se
afetado de forma generalizada pela depreciação
dos investimentos, consequência da crise
dos mercados financeiros internacionais. A
maioria dos grupos que fazem parte do ranking
obteve menores resultados que no exercício
precedente. Somente três grupos obtiveram
crescimentos em moedas locais: os britânicos
RBS Insurance (14,5%), RSA (13,3%) e a
espanhola MAPFRE (8,5%). No caso das duas
primeiras entidades, o resultado expressado
em euros diminuiu.
■ A valorização do euro frente ao dólar e a
libra esterlina é o motivo pelo qual diminuiu
o volume de receitas de alguns grupos que
publicam a informação financeira nas referidas
moedas, como no caso da Aviva, RSA e Zurich,
que tiveram crescimentos nas suas respectivas
moedas.
■ Com relação aos movimentos produzidos, e
em contraste com o que ocorreu no ranking de
2007, somente cinco grupos ocupam o mesmo
lugar na classificação igual ao ano anterior.
As quatro primeiras posições mantêmse invariáveis. Como novidade, ocorreu a
entrada no ranking de 2008 do grupo Covéa,
que agrupa três das principais mutualidades
francesas de seguros e a saída do grupo Fortis.
Os 15 maiores grupos seguradores europeus
do segmento Não Vida em 2008 acumularam
230.162 milhões de euros em prêmios, com um
leve aumento de 1,2% com relação às receitas
obtidas no ano anterior. O referido crescimento
é três pontos porcentuais inferior ao obtido em
2007 pelos seguros que compunham parte do
ranking, que foi de 4,3%.
62
É importante descartar o significativo
aumento das receitas do grupo holandês
Eureko, 44,5% graças à fusão com o também
holandês Agis e a aquisição da companhia
turca Eureko Sigorta. Estas operações foram
concluídas em 2007, sendo 2008 o primeiro
exercício no qual se consolidou a totalidade das
receitas de ambas as companhias. A Eureko sobe
duas posições no ranking e ficou em quinto
lugar, levando a Aviva à sexta posição.
A Groupama, com um crescimento em prêmios
de 10,5%, ganha duas posições e passou da nona
à sétima posição. O Grupo MAPFRE obteve o
segundo maior crescimento em prêmios, 17,2%,
e sobe três posições na classificação, até o oitavo
lugar. Fondiaria-Sai manteve-se na posição
número 13. Os demais grupos caíram posições
com relação ao ranking do ano anterior.
O melhor índice combinado foi o da Ergo,
90,2%, quase três pontos menos que no ano
anterior. É conveniente explicar que o índice
refere-se ao segmento Property-Casualty, sem
incluir Saúde. Depois da Ergo, a MAPFRE
obteve o índice combinado mais baixo, 93,9%,
apesar de que em 2008 incrementou-se um
ponto em conseqüência do aumento da
sinistralidade na Ibero-américa e no resseguro,
bem como à integração do The Commerce
Group e a consolidação da Genel Sigorta e MVA
durante todo o exercício.
Ainda que a sinistralidade não tenha tido o
mesmo comportamento em todos os grupos,
podem-se tirar algumas conclusões gerais dos
comentários incluídos nos relatórios anuais:
Os danos causados por catástrofes naturais
foram elevados, ainda que menores que os de
2007 na maioria dos grupos, sendo os mais
destacados os causados pelas tempestades
Emma e Hilal e pelo furacão Ike.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Em alguns grupos, a redução da
sinistralidade por catástrofes naturais foi
contrabalanceada pelo aumento dos sinistros
graves.
A diminuição do prêmio médio em
conseqüência da forte concorrência existente
nos mercados e o aumento do custo dos
sinistros foram algumas das causas da piora
do índice de sinistralidade.
Embora a maioria dos grupos destaque que
o resultado operacional foi muito positivo no
exercício de 2008, o efeito da depreciação dos
investimentos em consequência da crise dos
mercados financeiros internacionais produziu
uma significativa queda do resultado dos
investimentos, causando uma diminuição dos
resultados do segmento Não Vida na maioria
dos grupos, inclusive com perdas na Eureko
e Aviva. As exceções foram a RBS Insurance
e a RSA, cujos resultados em moeda local
aumentaram 14,5% e 13,3%, respectivamente, e
a MAPFRE, que cresceu 8,5%.
Na falta da publicação do resultado do
grupo Covéa2, a soma dos resultados dos
demais grupos seguradores foi de 15.410
milhões de euros, o que supõe uma queda de
39,5% com relação ao exercício de 2007, no
qual os referidos grupos acumularam um lucro
antes dos impostos e minoritários de 25.451
milhões de euros.
MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS NÃO VIDA 2008
1
Resultado
Não
vida(milhões
Ranking por volume
de prêmios
brutos
de euros)
GRUPO
Allianz
Generali
Zurich
Axa
Mapfre
RBS Insurance
Rsa2
Ergo
Ing
Groupama
Fondiaria-Sai
Talanx
Cóvea
Eureko
Aviva
PAÍS
Alemanha
Itália
Suíça
França
Espanha
Reino Unido
Reino Unido
Alemanha
Holanda
França
Itália
Alemanha
França
Holanda
Reino Unido
RESULTADO
2007
2008
7.261
2.461
3.022
3.336
1.105
995
979
823
1.249
962
662
1.126
887
437
1.033
5.936
1.531
1.472
1.419
1.199
983
956
604
511
543
315
197
n.d.
-123
-134
% ▲
-18,2
-37,8
-51,3
-57,5
8,5
-1,3
-2,3
-26,6
-59,1
-43,6
-52,5
-82,5
-128,1
-112,9
Fonte: FUNDACIÓN MAPFRE. Elaboração própria a partir dos relatórios anuais.
2
(1)Resultado antes dos impostos e minoritários.
(2) Resultado operações continuadas.
Covéa publica seus valores
durante o mês de junho.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
63
informe
Comentários por Grupos
ALLIANZ
Seu volume de prêmios Não Vida diminuiu
2% devido, principalmente, ao fato de que
o negócio de Saúde da Bélgica e da França foi
transferido em 2008 ao segmento de Vida e
Saúde. Descontando este efeito, os prêmios
cresceram 1,7% graças ao aumento das receitas
procedentes dos Estados Unidos e dos mercados
emergentes.
O
índice
combinado
cresceu
1,5
pontos percentuais
até 95,1%, impactado,
principalmente, por um aumento de 2,2
pontos percentuais no índece de sinistralidade,
relacionado principalmente com o seguro de
Crédito (o índice de sinistralidade passou de
57,1% em 2007 para 85% em 2008) e o seguro
Agrário nos Estados Unidos. O índece de gastos
diminuiu 0,4 ponto, de 27,5 para 27,1%.
O aumento na severidade dos sinistros
foi parcialmente compensado por uma leve
diminuição da frequência de sinistro. As
indenizações por catástrofes naturais, ainda que
elevadas, foram menores que as do exercício
anterior. Ao contrário, o impacto dos sinistros
graves foi superior ao de 2007. Por outro lado, o
resultado líquido dos investimentos reduziu 562
milhões.
O resultado não operacional diminuiu
70% devido, principalmente, à forte perda
de valor registrada nos investimentos. Como
consequência do exposto anteriormente o
Prêmios e resultado em milhões de euros
PRINCIPAIS INDICADORES 2007
2008
Prêmios
43.387
44.289
VARIAÇÃO
-2,0%
Índice combinado (%)
93,6
95,1
1,5 p.p.
Sinistralidade (%)
66,1
68,0
1,9 p.p.
Despesas (%)
27,5
27,1
-04 p.p.
Resultado
7.261
5.936
-18,2%
Operacional
6.299
5.649
-10,3%
962
287
-70,2%
Não operacional
Nota: p.p. pontos percentuais.
resultado do segmento Property-Casualty, antes
de impostos e minoritários, chegou a 5.936
milhões de euros, 18,2% menos que no exercício
de 2007.
AVIVA
O grupo britânico Aviva lucrou 11.934
milhões de libras em prêmios Não Vida em
2008, 5% mais que no ano anterior. Não
obstante, a depreciação da libra frente ao
euro é a causa de uma diminuição de 9,5%
nas receitas expressadas em euros. Aviva
obteve uma evolução favorável nos mercados
continentais europeus, principalmente na
Holanda, que compensou a diminuição dos
prêmios no Reino Unido.
O índice combinado melhorou dois pontos,
situando-se em 98%, graças à ausência de clima
adverso, em contraste com as inundações
registradas em 2007, e graças também à
implantação de políticas de economia de custos.
Embora o resultado operacional do segmento
Não Vida tenha aumentado 17,3% em moeda
local, o resultado do ramo antes de impostos
foi negativo, com -106 milhões de libras (-134
Prêmios e resultado em milhões
PRINCIPAIS INDICADORES 2007
2008
Prêmios (€)
16.613
15.033
Prêmios (£)
11.369
11.934
Índice combinado (%)
100,0
VARIAÇÃO
-9,5%
5,0%
98,0
-2,0 p.p.
Resultado (€)
1.033
-134
-112,9%
Resultado (£)
707
-106
-115,0%
Nota: p.p. pontos percentuais.
64
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
milhões de euros), devido fundamentalmente
a menores lucros procedentes da gestão de
fundos, impactados pelas más condições dos
mercados financeiros.
AXA
Os prêmios Não Vida do grupo AXA que
constam neste estudo são a soma dos segmentos
Property-Casualty e Seguro Internaciona l3,
motivo pelo qual é conveniente analisar
separado o compromisso de cada um deles. No
que se refere ao negócio Property-Casualty, os
prêmios cresceram 4%, atingindo o número de
26.107 milhões de euros, graças principalmente
ao aumento das receitas da área mediterrânea
e da América Latina, influenciado por duas
aquisições realizadas na região. Em julho de
2008, a AXA concluiu a aquisição de 100% da
filial mexicana da ING no México, Seguros
ING, que passou a denominar-se AXA Seguros.
Em 2007, esta companhia ocupava a segunda
posição do ranking Não Vida do México, com
um volume de prêmios de 1.100 milhões de
euros. No mês de junho a AXA concluiu a
aquisição da companhia turca Oyak, na qual já
tinha uma participação de 50%.
Por outro lado, o volume de prêmios do
Seguro Internacional diminuiu 21,5%, devido
ao término de um acordo de fronting entre a
AXA Re a Paris Ré. Os prêmios deste segmento
Prêmios e resultado em milhões de euros
PRINCIPAIS INDICADORES 2007
2008
Prêmios
28.598
28.851
25.101
26.107
4,0%
3.497
2.744
-21,5%
Property-Casualty
Seguro Internacional
0,9%
Rateio combinado (%)
97,6
95,5
-2,1 p.p.
Sinistralidade (%)
69,7
67,1
-2,6 p.p.
Gastos (%)
27,9
28,4
0,5 p.p.
Resultado
Property-Casualty
3.336
1.419
-57,5%
2.961
1.353
-54,3%
375
66
-82,4%
Seguro Internacional
3
VARIAÇÃO
Antes de eliminações
entre segmentos.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
aumentaram 2.744 milhões de euros que,
somadas às da Property-Casualty, chegaram a
28.851 milhões de euros.
O índice de sinistralidade do segmento
Property-Casualty melhorou 2,6 pontos com
relação ao ano anterior em conseqüência de
um menor impacto das catástrofes naturais e
por um comportamento favorável dos sinistros
provisionados. O índice de gastos cresceu cinco
décimos, devido ao aumento das despesas de
administração. Não obstante, um pior resultado
dos investimentos levou a um resultado antes
de impostos de 1.353 milhões de euros frente
a 2.961 milhões obtidos em 2007.
Com relação ao Seguro Internacional,
ocorreu uma diminuição de 82,4% em
conseqüência de uma perda derivada de uma
mudança produzida no valor razoável dos
investimentos.
COVÉA
Covéa é uma Sociedade do Grupo de Seguro
Mútuo (SGAM nas suas siglas em francês)
que agrupa as mutualidades francesas GMF,
MAAF e MMA. A SGAM é uma estrutura
jurídica criada pelo direito francês em 2001,
que permite às mutualidades de seguro reunir
65
informe
em um marco único, mais ou menos restritivo,
conforme a vontade das partes, a gestão de duas
ou mais mutuas.
Na data de encerramento do presente estudo
só se dispunha de informação sobre o volume
de prêmios Não Vida, que no exercício de 2008
alcançou 8.900 milhões de euros. As referidas
receitas situam o grupo francês no duodécima
posição deste ranking europeu Não Vida.
ERGO
Os prêmios dos ramos Não Vida (Saúde,
Property-Casualty e Defesa Jurídica) do grupo
alemão cresceram 4,5% em 2008 com relação a
2007. O referido crescimento é resultado de:
Crescimento sustentado do seguro de Saúde,
com um melhor comportamento do negócio
internacional que do doméstico, destacando,
principalmente, o das suas companhias da Espanha
e Bélgica. Na Alemanha, as receitas do ramo viramse afetadas pela reforma da Saúde que entrou em
vigor em 2007, com um aumento de 1,6%. Uma
das alterações que afetam especialmente o seguro
privado de Saúde é o estabelecimento de um
período de espera de três anos para os cidadãos
que desejam optar pelo referido sistema, desde
que demonstrem que nesses anos ultrapassaram o
nível de receitas pré-fixadas.
Um aumento do segmento PropertyCasualty de 8,2%, impulsionado pelo seu
Prêmios e resultado em milhões
PRINCIPAIS INDICADORES
2007
2008
10.089
10.546
4,5%
Property-Casualty
3.864
4.182
8,2%
Saúde
5.317
5.447
2,4%
908
917
Prêmios
Defesa jurídica
VARIAÇÃO
1,0%
Índice combinado P/C (%)
93,1
90,2
-2,9 p.p.
Sinistralidade (%)
60,0
59,0
-1,0 p.p.
Gastos (%)
33,1
31,2
-1,9 p.p.
Resultado
Property-Casualty
823
604
-26,6%
524
444
-15,3%
Saúde
180
34
-80,8%
Defesa jurídica
119
126
5,7%
negócio internacional (com 22,2% de
crescimento). Os mercados da Europa Central
e Oriental mostraram aumento de dois dígitos,
com destaque para o da sua companhia na
Polônia, 30,6%.
Um leve aumento do seguro de Defesa
Jurídica de 1%.
Com relação ao resultado técnico, cabe
destacar:
O leve aumento da sinistralidade e dos
gastos no ramo de Saúde.
A melhora de quase três pontos no índice
combinado do segmento Property-Casualty, que
está em 90,2%, apesar de em 2008 ter ocorrido
algumas catástrofes naturais que ocasionaram
grandes danos, como as tempestades Emma e
Hilal. Não obstante, os danos não atingiram
o elevado nível do ano anterior, afetado
principalmente pelo furacão Kyrill.
Os resultados diminuíram 26,6% em
consequência da queda dos resultados dos
investimentos, seguida de um déficit proveniente
de perdas dos não investimentos.
Nota: p.p. pontos percentuais.
66
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
EUREKO
O volume de prêmios aumentou 44,5%
em 2008 devido, em grande parte, fusão com
a Agis e pela consolidação do total da carteira
da Eureko Sigorta, adquirida em 2007. Sem o
efeito das fusões, as receitas dos segmentos de
Saúde e Não Vida cresceram levemente.
O seguro de Saúde, que representa 62% dos
prêmios do grupo, rendeu 11.991 milhões de
euros, 59% mais que no exercício anterior, em
grande parte devido à fusão com a Agis. Esta
fusão, que foi concluída no mês de dezembro
de 2007, posicionou o grupo Eureko como
líder do segmento de Saúde na Holanda, com
uma cota de 29%. O crescimento orgânico foi
de 3%.
O resultado antes de impostos diminuiu
40%, ocasionado fundamentalmente por
uma menor contribuição do resultado não
operacional em conseqüência da perda de
valor dos investimentos e pela diminuição
de receitas da sua atividade de prestação de
serviços de Saúde.
Os prêmios do negócio Não Vida
aumentaram 6%, até 3.084 milhões de euros,
graças, em grande parte, à consolidação do
exercício completo da Eureko Sigorta.
O índice de sinistralidade melhorou graças
ao fato dos danos produzidos por catástrofes
naturais terem sido menores que os do ano
anterior, contrabalanceando, em parte, o
aumento dos grandes incêndios. O índice de
gastos aumentou devido ao aumento dos custos
Prêmios e resultado em milhões
PRINCIPAIS INDICADORES
Prêmios
2007
2008
VARIAÇÃO
10.436
15.075
44,5%
Saúde
7.521
11.991
59,4%
Property-Casualty
2.915
3.084
Índice combinado (%)
5,8%
de aquisição e pelos maiores custos dos projetos
relacionados às Tecnologias da Informação.
Conseqüentemente, o índice combinado
aumentou três décimos e situou-se em 96,7%.
Igualmente no ramo de Saúde, o resultado dos
investimentos deteriorou significativamente o
resultado do segmento Não Vida, que foi de
-208 milhões de euros frente aos 296 milhões
obtidos em 2007.
FONDIARIA-SAI
Os prêmios emitidos do segmento Não
Vida somaram 7.298 milhões de euros, que
representam uma diminuição de 0,3%. Os
prêmios de Automóveis diminuíram 2,9%
devido à forte concorrência existente no
ramo, que provocou uma redução do prêmio
médio, e pela crise econômica, que influenciou
negativamente no registro de veículos novos e na
contratação de novas coberturas. Pelo contrário,
o restante dos ramos Não Vida tiveram um
aumento de 5,2%.
O índice combinado situou-se em 98,7%,
comparado com 94,4% de 2007. Esta piora
deveu-se principalmente a um aumento em
quatro pontos do índice de sinistralidade, pelos
motivos acima mencionados, aos quais se deve
acrescentar uma menor liberação de reservas.
Com relação aos resultados, o grupo
Fondiaria-SAI obteve em 2008 um benefício
antes de impostos de 315 milhões de euros
frente aos 662 do exercício anterior. Esta redução
deriva principalmente da desvalorização da
conta técnica em consequência dos aspectos
acima mencionados (diminuição de novas
matriculações e diminuição de tarifas). Outros
motivos foram a adoção de uma prudente política
de reservas, os eventos meteorológicos adversos
e o impacto da amortização das comissões a
longo prazo.
96,4
96,7
-0,3 p.p.
Sinistralidade (%)
67,2
65,0
-2,2 p.p.
Gastos (%)
29,2
31,7
2,5 p.p.
Prêmios
1,3 p.p.
Índice combinado (%)
Combinado Saúde (%)
Resultado
99,0
437
100,3
-123
PRINCIPAIS INDICADORES 2007
Resultado
7.318
94,4
662
2008
7.298
98,7
315
VARIAÇÃO
-0,3%
4,3 p.p.
-52,5%
Nota: p.p. pontos percentuais.
Nota: p.p. pontos percentuais.
Gerência de Riscos e Seguros
-128,1%
Prêmios e resultado em milhões
•
nº 104-2010
67
informe
GENERALI
Os prêmios Não Vida arrecadados pelo
grupo Generali aumentaram 21.990 milhões de
euros, o que representa um aumento de 5,5%
com relação a 2007, principalmente atribuível
aos mercados da Europa Central e Oriental, os
quais experimentaram um aumento de 17%.
No começo do ano, a Generali fechou um
contrato de joint venture com o grupo tcheco
PPF, líder dos mercados seguradores da Europa
centro-oriental, mediante o qual o grupo
italiano mantém 51% das participações e o
PPF 49% restante. Contribuíram também para
o crescimento os mercados da França, Suíça e
Argentina, e permaneceram estáveis os da Itália
e Alemanha, devido à forte concorrência nos
preços no ramo de Automóveis e à diminuição
dos registros.
O índice combinado aumentou seis décimos,
até 96,4%, motivado principalmente pelo
aumento do índice de sinistralidade, somente
em parte compensado pela melhora do índice
de gastos nos mercados da Europa Central e
Oriental. Em geral, o resultado operacional
foi influenciado pela queda do prêmio médio
no seguro de Automóveis em consequência
da forte concorrência, pelo aumento do custo
médio dos sinistros e pela ocorrência de
alguns sinistros significativos. Por outro lado,
o resultado dos investimentos vinculado ao
negócio segurador cresceu 11,5%.
Prêmios e resultado em milhões
PRINCIPAIS INDICADORES
Prêmios
2008
21.990
VARIAÇÃO
5,5%
Índice combinado (%)
95,8
96,4
0,6 p.p.
Sinistralidade (%)
69,0
69,2
0,2 p.p.
Gastos (%)
Resultado
Operacional
Não operacional
Nota: p.p. pontos percentuais.
68
2007
20.845
26,8
27,2
2.461
1.531
2.009
2.118
452
-586
0,4 p.p.
-37,8%
5,4%
-229,6%
Com relação ao resultado não operacional,
a depreciação dos investimentos financeiros
e imobiliários como consequência da crise
internacional gerou um resultado dos
investimentos negativo. Consequentemente, o
resultado do segmento Não Vida foi de 1.531
milhões de euros, 37,8% menos que em 2007.
GROUPAMA
Os prêmios Não Vida cresceram 10,5% em
2008, destacando o comportamento do negócio
internacional, o qual registrou um aumento de
38,7%. As aquisições realizadas no exercício de
2008 permitiram à Groupama criar importantes
plataformas de desenvolvimento na Europa
centro-oriental com a compra da companhia
húngara OTP Garancia e de suas filiais na
Bulgária, Romênia e Eslováquia, bem como
pela aquisição da seguradora romena Asiban;
na Turquia, o grupo francês tornou-se o quinto
segurador de danos após a compra da Güven
Sigorta e Güven Hayat.
O número do negócio Não Vida da sua filial
espanhola aumentou 8,9%, com um importante
Prêmios e resultado em milhões
PRINCIPAIS INDICADORES 2007
2008
Prêmios
10.964
9.922
Índice combinado (%)
Resultado Não Vida
99,7
962
VARIAÇÃO
10,5%
98,7
-1,0 p.p.
543
43,6%
Nota: p.p. pontos percentuais.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
crescimento do ramo de Automóveis, que
conta com a atividade da sua filial de Internet,
Clickseguros. As receitas do mercado doméstico
cresceram 2,4%.
O resultado dos investimentos foi a principal
causa de uma queda de 43,6% no resultado
operacional dos ramos Não Vida, já que o
resultado técnico melhorou.
ING
Os prêmios Não Vida do grupo ING
diminuíram 18,8% em 2008, e a própria
companhia apontou como um dos principais
motivos a venda do seu negócio de Saúde no
Chile4. Como comentado anteriormente, devese levar em conta também que em julho de 2008
a ING concluiu a venda da sua filial no México,
a ING Seguros, ao grupo AXA.
O resultado antes de impostos diminuiu 59,1%
devido, principalmente, à forte desvalorização do
resultado financeiro.
Prêmios e resultado em milhões
PRINCIPAIS INDICADORES 2007
Prêmios
2008
6.086
4.943
VARIAÇÃO
-18,8%
Índice combinado (%)
97,1
96,5
-0,6 p.p.
Sinistralidade (%)
65,3
64,3
-1,0 p.p.
Gastos (%)
31,8
32,2
0,4 p.p.
Resultado
1.249
511
-59,1%
Nota: p.p. pontos percentuais.
Prêmios e resultado em milhões
PRINCIPAIS INDICADORES 2007
2008
Prêmios
10.891
9.293
VARIAÇÃO
17,2%
Rateio combinado (%)
92,6
93,9
1,3 p.p.
Sinistralidade (%)
68,0
68,8
0,8 p.p.
25,1
0,5 p.p.
Gastos (%)
Resultado
24,6
1.105
1.199
8,5%
Nota: p.p. pontos percentuais.
MVA durante todo o exercício. Cabe destacar
também o sólido crescimento do número de
prêmios da MAPFRE AMÉRICA, apesar da
desvalorização das principais moedas da região,
que procedeu principalmente dos ramos de
Automóveis, Saúde e Acidentes do Trabalho.
O índice combinado consolidado foi de
93,9%, frente a 92,6% do exercício anterior.
O aumento responde principalmente pelo
aumento da sinistralidade na Ibero-américa e
em resseguro, bem como à integração do The
Commerce Group e a consolidação da Genel
Sigorta e da MVA durante todo o exercício.
O resultado técnico diminuiu 3%, enquanto
as receitas financeiras e outras receitas não
técnicas aumentaram 21%, inclusive após
considerar uma menor quantia de mais-valias
realizadas e as perdas derivadas da exposição
à Lehman Brothers, Fannie Mae e Fraddie
Mac. O resultado do negócio Não Vida, antes
de impostos e minoritários, aumentou a 1.199
milhões de euros, 8,5% mais que em 2007.
MAPFRE
A MAPFRE encerrou o exercício de 2008 com
10.891 milhões de euros em prêmios Não Vida,
que representa um aumento de 17,2% com relação
ao ano anterior. Esta evolução reflete o bom
desempenho do ramo de Seguros Patrimoniais
na Espanha, com um notável comportamento das
vendas de seguros de residência e do conjunto
de Multirriscos, a integração do The Commerce
Group e a consolidação da Genel Sigorta e da
4
Venda da sua Isapre ING Saúde ao
grupo Said y Linzor Capital Partner
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
69
informe
RBS INSURANCE
Em 2008, o volume de prêmios da RBS
Insurance foi de 5.520 milhões de libras, 1,6%
menos que em 2007. O motivo da referida
queda explica-se como continuação da sua
decisão estratégica de abandonar aqueles
acordos de colaboração que fossem menos
rentáveis para ela. A variação do volume de
prêmios expressado em euros foi de -15,1%.
Os gastos diretos aumentaram 4%, em
parte devido às ações de marketing, enquanto
a sinistralidade líquida diminuiu 7% graças
à contenção das reclamações e a melhores
condições climáticas. O resultado operacional
foi de 780 milhões de libras, com uma melhora
de 14,5%.
Prêmios e resultado em milhões
PRINCIPAIS INDICADORES 2007
2008
VARIAÇÃO
Prêmios (€)
8.193
6.953
-15,1%
Prêmios (£)
5.607
5.520
-1,6%
Resultado (€)
995
983
-1,3%
Resultado (£)
681
780
14,5%
Nota: p.p. pontos percentuais.
RSA 5
Em 2008, as receitas por prêmios atingiram
7.273 milhões de libras, com um aumento
de 10,3% com relação ao ano anterior.
Entretanto, os prêmios expressados em euros
reduziram 4,9%. O crescimento das receitas
foi generalizado em todos os mercados nos
quais opera, ainda que tenham contribuído
em grande parte o negócio internacional e os
mercados emergentes.
Prêmios e resultado em milhões
PRINCIPAIS INDICADORES 2007
2008
VARIAÇÃO
Prêmios (€)
9.638
9.162
-4,9%
Prêmios (£)
6.596
7.273
10,3%
Índice combinado (%)
94,9
94,5
0,4 p.p.
Resultado (€)
979
956
-2,3%
Resultado (£)
670
759
13,3%
Nota: p.p. pontos percentuais.
O índice combinado ficou em 94,5%,
quatro décimos menos que no ano anterior,
como reflexo das ações de melhora na gestão.
Com relação à sinistralidade, produziu-se
uma melhora da climática que foi em parte
contrabalanceada pelo aumento dos sinistros
graves. O resultado operacional foi 7%
superior, com base em um menor resultado
dos investimentos. Os lucros antes de impostos
tiveram um aumento de 13%, chegando a 759
milhões de libras.
TALANX
Os dados da Talanx baseiam-se na projeção
de resultados que o grupo realiza de acordo
com os resultados trimestrais. Segundo esta
estimativa, os prêmios de seguro direto do
segmento Não Vida terão uma contração
de 3,5% no exercício de 2008 e ficarão em
5.800 milhões de euros. A referida queda
Prêmios e resultado em milhões de euros
PRINCIPAIS INDICADORES 2007
2008
Prêmios
VARIAÇÃO
11.596
10.800
-6,9%
Seguro direto P/C
6.012
5.800
-3,5%
Resseguro Não Vida
5.584
5.000
-10,5%
Índice combinado (%)
Resultado Não Vida
99,4
99,0
1.126
197
Seguro direto P/C
240
248
Resseguro Não Vida
886
-51
-0,4 p.p.
-82,5%
3,3%
-105,8%
Nota: índice combinado de P/C e Resseguro Não Vida.
5
70
Royal & SunAlliance alterou em 2008
a sua denominação pela de RSA.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Consequentemente, o resultado cairá até -51
milhões de euros frente aos 886 obtidos no
exercício anterior.
ZURICH
atribui-se em parte à prolongada situação de
mercado morno, principalmente no seguro
de Automóveis, e em parte a uma política
de subscrição orientada ao lucro. O melhor
desempenho ocorreu no negócio internacional,
principalmente no Brasil.
Em conseqüência da crise financeira, as
receitas dos investimentos diminuíram cerca de
30%. Por outro lado, prevê-se que uma menor
sinistralidade melhorará de forma apreciável
o resultado técnico, com uma melhora do
índice combinado de mais de quatro pontos,
até 95,8%. O resultado antes de impostos
será 3,3% superior ao do exercício anterior,
atingindo 248 milhões de euros.
Com relação ao Resseguro Não Vida, o
grupo espera atingir lucros de 5.000 milhões
de euros, que representa uma diminuição de
10,5% com relação a 2007. Esta diminuição
é atribuível principalmente ao abandono de
alguns negócios especializados e à fragilidade
do dólar norte-americano.
Eventos catastróficos como os furacões
Ike e Gustav e dois temporais de granizo na
Alemanha tiveram como consequência uma
piora do índice combinado em 2,7 pontos,
passando de 98,8% para 101,5%. Esta linha
de negócio viu-se mais fortemente impactada
pela crise financeira, com a conseqüente
diminuição do resultado dos investimentos.
Embora os prêmios dos ramos Não Vida
tenham diminuído 2% em euros, em dólares
americanos, moeda em que a Zurich apresenta a
sua informação econômico-financeira, tiveram
um aumento de 4,2%, uma parte devido ao
crescimento orgânico e outra à integração de
recentes aquisições. Este crescimento é reflexo
da sua estratégia de diversificação, com uma
maior atenção ao segmento de ramos pessoais
e de pequenos negócios na Europa, bem como
em mercados emergentes chaves.
O índice combinado aumentou 2,5
pontos percentuais, chegando a 98,1%,
devido, principalmente, a piora do índice de
sinistralidade em 2,1 pontos e do índice de
gastos em 0,4 pontos. O aumento do índice de
sinistralidade deveu-se principalmente à queda
de tarifas, ao aumento do custo dos sinistros e
a um leve incremento das perdas por sinistros
catastróficos, sinistros graves e outros sinistros
relacionados ao clima. Este menor resultado
técnico, ligado aos efeitos da crise financeira
sobre o resultado dos investimentos, originou
um resultado líquido antes de impostos de
2.156 milhões de dólares, 48% menos que no
exercício de 2007.
Prêmios e resultado em milhões
PRINCIPAIS INDICADORES 2007
2008
Prêmios (€)
25.882
25.369
VARIAÇÃO
-2,0%
Prêmios (USD)
35.650
37.151
4,2%
Índice combinado (%)
95,6
98,1
2,5 p.p.
Sinistralidade (%)
70,5
72,6
2,1 p.p.
Gastos (%)
25,1
25,5
0,4 p.p.
Resultado (€)
3.022
1.472
-51,3%
Resultado (USD)
4.162
2.156
-48,2%
Nota: p.p. pontos percentuais.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
71
informe
ANEXO 1. PARTICIPAÇÃO DO NEGÓCIO NÃO VIDA
Participação do negócio Não Vida sobre os
prêmios totais
Participação do negócio Não Vida no exterior
Nota: os dados da Talanx e Covéa referem-se a 2007. Dado calculado sobre os prêmios Não Vida.
ANEXO 2. SOLVÊNCIA
Como complemento aos dados sobre o
negócio Não Vida, considerou-se interessante
acrescentar informação sobre o nível de
solvência. É importante advertir:
Não foi possível indicar o dado de todas as
companhias que aparecem no ranking.
A informação foi extraída dos relatórios
anuais dos grupos seguradores e o dado não está
disponível em todas.
A informação refere-se ao nível de solvência
da totalidade de operações de cada grupo.
A informação não é homogênea, pois
a forma específica de determinar o capital
regulatório depende da normativa estabelecida
em cada país.
O dado mostrado mede o número de vezes
que o grupo cumpre o capital de solvência
obrigatório. Em geral, observa-se uma
O NÍVEL DE SOLVÊNCIA DOS MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS NÃO VIDA
DIMINUIU EM 2008, REFLETINDO O EFEITO DA VOLATILIDADE DOS MERCADOS.
72
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
diminuição do nível de solvência, que reflete o
efeito da volatilidade dos mercados financeiros,
que envolveu em um maior valor de mais-valia
não realizados recolhidos no patrimônio.
MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS NÃO VIDA 2008
GRUPO
Nível de solvência
2007
2008
ING1
2,44
2,56
RSA
2,50
2,50
MAPFRE
2,73
2,04
ALLIANZ
1,61
1,61
ZURICH
1,87
1,53
EUREKO
2,32
1,50
AXA
1,54
1,27
FONDIARIA-SAI
1,47
1,27
GENERALI
1,43
1,23
GROUPAMA
2,77
1,22
AVIVA
1,22
1,15
CÓVEA
1,62
n.d.
Dado da ING Insurance. A ING Insurance recebeu do ING Group uma injeção de capital de 5.450
milhões de euros. Cabe lembrar que em outubro de 2008 o ING Group recebeu do Governo holandês
uma injeção de capital de 10.000 milhões de euros.
1
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
73
observatório de sinistros
Crimes
contra o
patrimônio
histórico
Proteger
o nosso passado cultural
para
assegurar
o futuro
Roubo, espoliação, falsificações... Os crimes
contra o patrimônio histórico crescem a
cada ano. Entretanto, a criação de unidades
especializadas para combater estes delitos
e a cooperação internacional entre polícias
ou a Interpol estão conseguindo que muitos
destes sinistros sejam resolvidos rapidamente.
Uma fica pendente: despertar uma maior
consciência coletiva sobre a necessidade de
proteger o nosso passado cultural como meio
para assegurar o futuro.
74
GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
75
observatório de sinistros
N
a Espanha denominase patrimônio histórico o conjunto de
bens, acumulados ao longo do
tempo, que podem ter interesse
artístico, histórico, paleontológico, arqueológico, documentário, bibliográfico, científico ou
técnico. Resumindo, os bens
culturais.
A tutela do patrimônio histórico cabe aos poderes públicos,
segundo estabelece o artigo 46
da Constituição Espanhola, que
apresenta expressamente a sua
competência na hora de garantir
a sua conservação, a promoção
do seu enriquecimento e o acesso de todos os cidadãos aos bens
nele compreendidos.
Outrossim, de acordo com
o disposto no artigo 149.1.28, a
Administração do Estado protegerá os referidos bens frente à
exportação ilícita e a espoliação,
um papel que recai sobre o Ministério da Cultura. Além disso,
as comunidades autônomas, por
meio dos seus estatutos de autonomia, assumiram competência
sobre as suas riquezas culturais
e, na sua maioria, contam com
legislação própria para sua proteção.
PROTEGER, ACRESCENTAR
E TRANSMITIR
A Lei 16/1985, de 25 de junho, do Patrimônio Histórico
Espanhol, é o instrumento normativo essencial para a proteção, acréscimo e transmissão às
gerações futuras do patrimônio
histórico espanhol.
Para os efeitos da presente Lei,
entende-se por espoliação toda
76
UMA COMISSÃO DO
MINISTÉRIO DA CULTURA
ESTUDA DESDE 2008
A ATUALIZAÇÃO DA
LEI DO PATRIMÔNIO
HISTÓRICO ESPANHOL,
CONSIDERADA ATÉ
AGORA COMO UM BOM
INSTRUMENTO NA
PROTEÇÃO DOS BENS
CULTURAIS.
ação ou omissão que coloque
em perigo de perda ou destruição todos ou algum dos valores
dos bens que integram o patrimônio histórico espanhol ou
interfira o cumprimento da sua
função social. Em tais casos, a
Administração do Estado poderá solicitar ao departamento competente do conselho de
governo da comunidade autônoma correspondente a adoção, com urgência, das medidas
oportunas para evitar a espoliação. Caso tal requerimento não
seja atendido, colocar em funcionamento todo o necessário,
tanto legal quanto tecnicamente, para a recuperação e proteção do bem espoliado.
As prefeituras cooperarão
com os órgãos competentes para
a execução desta Lei na conservação e custódia do patrimônio
histórico compreendido no seu
termo municipal, com a adoção das medidas oportunas para
evitar a sua deterioração, perda
ou destruição. Igualmente, notificarão à Administração com-
petente qualquer ameaça, dano
ou perturbação da sua função
social que possa sofrer, bem
como as dificuldades e necessidades que tiverem para cuidar
destes bens.
ATUALIZAÇÃO
DA LEGISLAÇÃO
Atualmente está se formando
uma comissão para o estudo e
preparação do anteprojeto da futura Lei do Patrimônio Cultural.
Este grupo de trabalho foi criado pelo Ministério da Cultura,
em julho de 2008, com o objetivo de analisar as necessidades
normativas mais adequadas para
a atualização da legislação estatal
sobre patrimônio histórico.
De um modo geral, a Lei do
Patrimônio Histórico Espanhol
foi considerada um bom instrumento de proteção; entretanto,
as importantes mudanças produzidas nesta matéria nos últimos 20 anos trouxeram à tona
a necessidade de uma reforma,
que não pretende afetar, de forma alguma, a filosofia protecionista do atual texto normativo.
Entre os diferentes objetivos
apresentados pela comissão para
a reforma da Lei encontram-se a
incorporação à normativa interna de convênios internacionais
ratificados pela Espanha, a inclusão na lei estatal de novas figuras de proteção do patrimônio, a
busca de soluções adequadas aos
novos desafios que apresenta a
proteção do patrimônio histórico ou o reforço dos mecanismos
de coordenação e cooperação
com as demais administrações
envolvidas na sua proteção.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
LATINSTOCK
LUTA CONTRA AÇÕES
CRIMINOSAS
Mas quem acompanha as
ações criminosas cometidas
contra os bens culturais?
Diferentemente dos seus
predecessores, o atual Código
Penal dedica um capítulo à parte
para proteção do patrimônio
histórico. Em concreto, no Livro
II, Título XVI, o Capítulo II trata
“Dos crimes sobre o patrimônio
histórico”.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
A BRIGADA DE PATRIMÔNIO
HISTÓRICO DA POLÍCIA
NACIONAL E O GRUPO
DE PATRIMÔNIO
HISTÓRICO DA
GUARDA CIVIL SÃO
AS DUAS GRANDES
UNIDADES DEDICADAS
À PROTEÇÃO DO
PATRIMÔNIO HISTÓRICO
ESPANHOL.
Desta forma, aqueles que
causarem danos a um arquivo,
registro, museu, biblioteca...
ou aos bens de valor histórico,
científico e cultural, serão punidos
com pena de prisão de um a três
anos, e multa de 12 a 24 meses,
segundo contempla o artigo 323.
Por sua vez, o artigo 324 pune
com multa de 3 a 18 meses aquele
que por imprudência grave,
causar danos, em quantia superior
a 400 euros, aos mesmos bens
contemplados no caso anterior.
77
observatório de sinistros
Outro passo importante,
do ponto de vista jurídico,
para combater estes crimes
foi a criação de fiscalizações
especializadas em ações
criminosas contra o patrimônio
histórico.
Esta especialização
também chegou aos Corpos
de Segurança do Estado.
Criada em 1977, a Brigada de
Patrimônio Histórico da Polícia
Nacional, ligada à Unidade de
Delinquência Especializada e
Violenta da Delegacia Geral
de Polícia Judicial, desenvolve
dia a dia um incansável esforço
para preservar e proteger o
nosso rico patrimônio cultural.
A brigada é encarregada de
cumprir o estabelecido pela Lei
16/85 do Patrimônio Histórico
Espanhol, que atribui ao
Corpo Nacional de Polícia a
competência para a investigação
de todas aquelas atividades, que
tanto do ponto de vista penal
A PARTIR DE AGOSTO
DE 2009 A INTERPOL
CRIARÁ UM ACESSO
ONLINE À SUA BASE DE
DADOS DE OBRAS DE
ARTE ROUBADAS. OS
USUÁRIOS AUTORIZADOS
TERÃO ACESSO A
UMA INFORMAÇÃO
PERMANENTEMENTE
ATUALIZADA.
quanto administrativo, podem
atentar contra os bens culturais e
artísticos.
Por extensão, conhece todos
aqueles assuntos nos quais
estejam envolvidos bens de
interesse histórico, artístico ou
cultural, com independência
de que façam parte ou não
desse patrimônio histórico.
No desenvolvimento dessa
competência, uma das atividades
é o controle do comércio
desse tipo de bens realizado
tanto em estabelecimentos
especializados quanto por meio
de outros canais (revistas ou
catálogos, Internet etc.), a fim de
detectar aqueles que possam ser
procedentes de fatos criminosos,
como roubos, furtos e fraudes.
Merecem destaque as suas
importantes atuações contra
o roubo de obras de arte, as
falsificações ou a luta contra o
tráfego ilícito de bens culturais,
que atualmente transcende as
fronteiras nacionais e obriga
a uma estreita colaboração
internacional com as forças
policiais de outros países.
Por sua vez, o Grupo
de Patrimônio Histórico
pertencente à Guarda Civil
constitui um instrumento
indicado para atender a proteção
de um patrimônio igualmente
disperso e, por isso, submetido
a graves riscos de espoliação.
Assim, sobressaem as suas ações
contra o espolio arqueológico,
tanto na sua vertente terrestre
quanto, mais recentemente,
subaquática.
Além disso, ainda que
em menor medida, dispõem
de competências neste tipo
de crimes alguns corpos de
policias autônomos ou locais,
participando com o restante
dos corpos de segurança no
intercâmbio de informação sobre
os fatos criminosos.
MAIS ALÉM DE NOSSAS
FRONTEIRAS
Mas a luta contra as
atividades criminosas que
afetam os bens culturais não
78
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
fica no nosso território, já que,
como ocorre no caso de obras
roubadas, frequentemente
cruzam fronteiras e aparecem
no exterior. Por isso, é
indispensável a colaboração
das unidades especializadas na
investigação deste tipo de crime
das polícias de outros países,
como o Comando Carabinieri
do Patrimônio Cultural da Itália,
a Brigada de Furto de Obras de
Arte de Portugal ou o Escritório
Central de Luta contra o Tráfico
de Obras Culturais (OCBC) da
França.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
A ESPANHA COLABORA
ATIVAMENTE COM
VÁRIAS UNIDADES
ESPECIALIZADAS DE
OUTROS PAÍSES NA
INVESTIGAÇÃO DAS
ATIVIDADES CRIMINOSAS
QUE AFETAM OS BENS
CULTURAIS DO NOSSO
PAÍS.
Em nível internacional,
a Interpol, por meio da sua
secretaria geral, luta desde 1947
contra o tráfico ilícito de bens
culturais e ocupa-se de combater
a delinqüência contra os bens
artísticos e patrimoniais. Para
tanto, estabeleceu um sistema de
informação sobre obras de arte
roubadas que pode ser acessado
por todos os Estados membros.
Além disso, a partir de
agosto, a Interpol criará um
acesso on line à sua base de
dados de obras de arte roubadas.
Como a base de dados é
permanentemente atualizada,
os usuários autorizados
terão acesso em tempo real à
informação registrada. Este
site conterá, entre outras, as
seguintes informações:
■ Obras de arte roubadas.
■ Obras de arte encontradas
pela polícia cujo proprietário
não tenha sido identificado.
■ Obras de arte contidas na
base de dados da Interpol que
tenham sido recuperadas.
■ Reproduções das obras de
arte mais buscadas.
Também o FBI norteamericano, por meio do seu Art
Theft Program e seu Art Crime
Team, criados em 2004, colabora
estreitamente com a Interpol e
outras instâncias policiais. O seu
trabalho consiste na perseguição
do crime contra a propriedade
artística ou cultural; e inclui
o roubo, o tráfico e a fraude
relacionada a obras de arte ou
objetos considerados como
patrimônio cultura.
A atividade criminosa
relacionada ao patrimônio
artístico e cultural é uma marca
79
observatório de sinistros
ROUBOS DE FILME
O ROUBO DA “LA GIOCONDA’,
OBRA MÁXIMA DE
LEONARDO DA VINCI,
OCORRIDO NO MUSEU DO
LOUVRE EM 1911, FOI
UM DOS ROUBOS MAIS
CÉLEBRES DO SÉCULO XX;
FOI RECUPERADA DOIS
ANOS DEPOIS.
80
que afeta em nível mundial
tanto os países desenvolvidos
quanto aqueles que estão
em desenvolvimento. Os
crimes mais comuns contra o
patrimônio histórico são o roubo
e a espoliação, ainda que nos
últimos anos tenha aumentado
de forma notável o número
de falsificações de obras ou de
certificados de autenticidade, e as
atribuições falsas de autoria.
Há uma ampla literatura
sobre o roubo (real ou
simulado) de obras de arte,
um dos mais comuns contra
o patrimônio histórico, que
serviu também de inspiração
a numerosos filmes.
Infelizmente, há poucos dados
estatísticos que permitem
quantificar estes atos criminoso,
pois frequentemente os
roubos não são denunciados
ou em alguns casos, não são
descobertos até que as obras
aparecem nos circuitos legais do
mercado da arte.
A maioria dos roubos são
registrados em residência,
porque a segurança aumentou
consideravelmente nos museus,
e geralmente trata-se de
quadros de artistas modernos.
Mas muitas vezes é mais fácil
roubar um quadro porque
quando se comete um crime
deste tipo automaticamente o
comércio dos objetos roubados
é fechado. A Interpol envia
um comunicado não somente
às forças de segurança dos
diferentes países, mas também
aos leiloeiros, colecionadores,
etc., para que estejam alerta. Por
isso, cada vez é mais difícil que
a obra em questão passe para
mãos alheias.
Em algumas ocasiões,
por não poder se desfazer da
mercadoria, as pinturas ou
outras obras de arte aparecem
em lugares tão estranhos
quanto contêineres de lixo,
ou, como ocorreu com um Van
Gogh e um Monet roubados em
Zurich, que foram abandonados
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
em um estacionamento. Em
2004, a obra de Picasso Nature
morte a la charlotte foi roubada
do Centro Pompidou e um ano
depois apareceu entre papelões
na periferia de Paris.
Um caso encheu as páginas
da imprensa espanhola em
agosto de 2001. Um grupo
de delinquentes saqueou
o domicílio madrileno de
uma conhecida empresária,
apoderando-se 20 quadros,
entre eles La caída del burro
e El columpio, de Goya. Um
golpe de tal porte somente foi
possível graças à cumplicidade
dos vigias da mansão. A
policia, que enganou os
ladrões fazendo-se passar
por compradores, conseguiu
refazer a valiosa pinacoteca um
ano depois.
OS GOLPES MAIS CÉLERES
Um dos roubos mais céleres
do século XX é, sem dúvida, o
da Gioconda, obra máxima de
Leonardo da Vinci. O quadro
desapareceu do Museu do Louvre
em 1911. Os ladrões tentaram
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
MUITAS VEZES É MAIS DIFÍCIL
‘COLOCAR’ UM QUADRO
QUE ROUBÁ-LO. AO
COMETER UM DELITO,
A INTERPOL COMUNICASE NÃO SOMENTE COM A
SEGURANÇA DE OUTROS
PAÍSES, MAS COM AS
CASAS DE LEILÃO E OS
COLECIONADORES.
“colocar” seis cópias falsas a
outros tantos compradores
privados, sem sucesso.
Já no século XXI, em
agosto de 2004, delinquentes
intimidaram com armas os
guardas de segurança e os
visitantes do Munch-museet de
Oslo (Noruega) e levaram El
grito e La madonna, de Edward
Munch, simplesmente após
quebrar as âncoras e pegar os
quadros. Após o sinistro, o museu
foi parcialmente remodelado
para aumentar a segurança das
suas salas. Os quadros estavam
segurados contra incêndios e
inundações, mas não contra
roubo. A prefeitura de Oslo
ofereceu uma recompensa de
2 milhões de coroas (mais de
um quarto de milhão de euros)
com o objetivo de recuperar as
pinturas. Dois anos mais tarde,
em 31 de agosto de 2006, a polícia
conseguiu recuperar as obras.
Curiosamente, outra versão
do El grito de Munch foi roubada
em 1994, embora tenha sido
recuperado três meses depois.
Do mesmo pintor também
foram roubadas El vampiro, em
1988, e a litografia Madonna,
em 1990, ambas recuperadas
posteriormente.
Outros golpes famosos são:
■ Em 1º de janeiro de 2000 foi
roubada a pintura de Cézanne
Auvers-sur-Oise, avaliada em 4,8
milhões de euros. O evento
ocorreu no Museu Ashmolean
(Reino Unido).
■ No final desse mesmo ano
foram roubados do Museu
Nacional da Suécia dois
Renoir e um Rembrandt, no
valor de 10 milhões de euros,
que posteriormente foram
recuperados.
81
observatório de sinistros
■ Em 27 de agosto de 2003
roubaram no castelo escocês
de Drumlanrig o quadro
La madonna del huso, de
Leonardo da Vinci, avaliado
em cerca de 43 milhões de
euros, que seria recuperado
quatro anos depois.
■ Los dos balcones, de
Dalí; La danza, de Picasso;
Marine, de Monet, e Jardín de
Luxemburgo, de Matisse, foram
roubados em fevereiro de 2006
do museu Chácara do Céu, no
Rio de Janeiro (Brasil).
■ Em novembro desse ano
também desapareceu o
quadro de Goya Los niños
del carretón, propriedade do
Museu de Arte de Toledo
(Ohio, Estados Unidos),
quando era levado para uma
exposição em Nova York,
mas foi recuperado dias
depois.
■ Em 27 de fevereiro de 2007
foram retirados da casa parisina
de Diana Widmairer-Picasso,
neta do pintor, o quadro Maya
à la poupée e um retrato de
Jacqueline, segunda esposa
do artista, avaliados em 50
milhões de euros. A polícia
francesa nesse mesmo ano os
recuperou.
■ Em 20 de dezembro de
2007 roubaram do Museu de
Arte de São Paulo (Brasil) El
retrato de Sauzanne Bloch,
de Picasso, e El labrador de
café, de Cándido Portinari. A
sua recuperação ocorreu dias
mais tarde.
■ Em 7 de fevereiro de 2008
roubaram no centro cultural
de Pfaffikon (Suíça) Tête de
cheval e Verre et pichet, de
82
ROUBO E ESPOLIAÇÃO
SÃO OS DOIS CRIMES
MAIS COMUNS CONTRA
O PATRIMÔNIO
HISTÓRICO, AINDA
QUE ULTIMAMENTE
ESTEJAM NO AUGE
AS FALSIFICAÇÕES
DE OBRAS OU DE
CERTIFICADOS DE
AUTENTICIDADE.
Picasso. Ambos os quadros
tinham sido emprestados pelo
Museu Sprengel de Hannover
(Alemanha).
■ Mais recentemente, em
junho de 2009, desapareceu
do Museu Picasso de Paris
um caderno de desenhos do
pintor malaguenho, avaliado
em 3 milhões de euros. A
notícia do roubo espalhouse rapidamente e fotografias
do caderno foram enviadas
a todas as bases de dados da
polícia, via Interpol, porque
difundir o sinistro e a
descrição das obras roubadas
é chave para resgatá-las e
ganhar a corrida dos canais
criminosos.
ESPOLIO DE JAZIDAS
ARQUEOLÓGICAS
O artigo 42 da Lei 16/1985 do
Patrimônio Histórico Espanhol
estabelece como requisito prévio
para realizar uma escavação
ou prospecção arqueológica
dispor de uma autorização da
Administração competente,
e o artigo 44 da mesma Lei
considera bens de domínio
público os objetos e restos
materiais que forem descobertos
nestas escavações, em remoções
de terra, obras de qualquer
índole ou por casualidade.
O espolio do patrimônio
histórico é tão antigo quanto
o próprio patrimônio e não
parou até os nossos dias, pois
continuamos assistindo a
destruições sistemáticas do
que constitui a nossa herança
cultural.
A Brigada de Patrimônio
Histórico está orientada a lutar
contra os espoliadores de jazidas
arqueológicas. É um problema
de enorme magnitude não
somente pelo que roubam, mas
pelos destroços que causam.
Entretanto, apesar do
trabalho realizado pelas Forças
de Segurança de Estado, é
necessário conscientizar a toda
a sociedade e gerar senso de
responsabilidade coletiva sobre
a necessidade de proteger o
nosso patrimônio. A colaboração
do cidadão também é vital
para a resolução de muitos dos
sinistros, principalmente nos
casos de espolio.
Igualmente, para uma
adequada proteção do
patrimônio cultural são de
extrema importância valor
os inventários, um trabalho
que está nas mãos das
Administrações Públicas.
UM CASO PRÓXIMO:
OPERAÇÃO PARMA
As falsificações de objetos
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
artísticos sempre existiram. Já
na Roma Imperial circulava
grande quantidade de objetos
artísticos gregos falsificados.
Mas agora o número de
pinturas e peças de arqueologia
que se faz passar por autênticas,
sem sê-lo, aumentou
consideravelmente, assim
como o grau de sofisticação
destes crimes. Como exemplo,
a seguir relata-se uma
investigação realizada em 2008
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
É NECESSÁRIO INFORMAR A TODA SOCIEDADE
E GERAR UMA CONSCIENTIZAÇÃO DE
RESPONSABILIDADE COLETIVA SOBRE A
NECESSIDADE DE PROTEGER O PATRIMÔNIO
HISTÓRICO ESPANHOL.
83
observatório de sinistros
pela Brigada de Patrimônio
Histórico do Corpo Nacional
de Polícia.
Por meio de uma ligação,
uma fonte alertava os membros
da Brigada de Patrimônio
Histórico de que na edição
do mês de dezembro de 2007
de uma revista espanhola
especializada em arte estava a
venda uma obra denominada
Sposalizio della Vergine, atribuída
ao pintor do Renascimento
italiano Francesco Mazzola
Parmigianino.
O anúncio dizia
textualmente: “Vendo óleo
/ lienzo de Parmigianino
intitulado Sposalizio della Vergine.
Catalogado, restaurado para a
exposição antológica do pintor
celebrada em 2003 em Parma e
Viena. A obra é um óleo sobre
tela do século XVI, propriedade
de um cidadão italiano do qual
se desconhece o nome. Pede-se
20 milhões de euros”.
Além disso, no anúncio
era fornecido, como contato,
um número de telefone e um
email. Por meio deste último,
a polícia solicitou ao ofertante
informação sobre o quadro.
Prosseguindo com as
gestões, determinou-se a
filiação completa do ofertante
da obra. A seguir, ao dispor de
uma imagem do quadro, peritos
em arte renascentista italiana do
Museu do Prado examinaram a
obra e, ainda que estes tenham
manifestado que para realizar
uma perícia mais adequada
deveriam ver a obra original,
concluíram que a pintura
não era de Parmigianino pelas
seguintes observações:
84
A BRIGADA DO PATRIMONIO
HISTÓRICO DO CORPO
NACIONAL DA POLÍCIA
PARTICIPOU, EM 2008,
DA RECUPERAÇÃO, NA
ITÁLIA, DE UMA VALIOSA
PINTURA RENASCENTISTA
COLOCADA A VENDA EM
UMA REVISTA ESPANHOLA
ESPECIALIZADA EM ARTE.
“A pintura demonstra uma
transcrição óbvia e servil de
alguns modelos rafaelescos,
própria de um pintor pouco
capaz, cujos traços físicos
típicos são caracterizadas
por anatomias potentes e
volumosas, que nada tinham
a ver com as alongadas
proporções e delicadas
anatomias das personagens
de Parmigianino”.
O tratamento da cor é
muito plano, sem que os
tons estejam matizados; a
execução do quadro é muito
dura, com um desenho
muito marcado que nada
tem a ver com o desenho
sinuoso e marcadamente
decorativo do pintor
italiano”.
Portanto, e do seu ponto de
vista, tratava-se de uma pintura
que não tinha relação alguma
com o estilo de Parmigianino,
e com nenhum dos seus
seguidores da escola emiliana.
Com objetivo de confirmar
e ampliar estes dados, foi
enviado uma cópia ao Comando
Carabinieri Tutela Patrimonio
Culturale de Roma (Itália), para
que analisasse a obra em si e o
estudo foi realizado. A resposta
indicava que, após ter realizado
um controle sobre a monografia
completa de Parmigianino, o
óleo não constava registrado
como obra realizada pelo
mestre nem pertencente a
nenhum dos seus seguidores
da escola emiliana. Além disso,
os carabinieri manifestaram no
seu relatório que o crítico de
arte belga, com residência em
Roma, autor do documento que
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
certificava a autenticidade do
quadro, encontrava-se incluído
em investigações policiais
relativas à comercialização de
bens artísticos ou obras de arte
de natureza ilícita.
Tudo indicava que poderia
se tratar de uma organização
criminosas dedicada às
grandes fraudes. A fim de
conhecer a totalidade da ação,
atividades, conexões, principais
responsáveis e intervir nos
efeitos e provas do delito, bem
como evitar, dentro do possível,
que se chegasse a materializar
o mal, solicitou-se a quebra de
sigilo telefônico dos suspeitos.
Constatou-se, então, que
o quadro em questão poderia
estar em um banco dentro do
território da República de San
Marino e que os vendedores
estariam dispostos a mostrar
a obra a possíveis compradores
(funcionários policiais) na
cidade natal de Francesco
Mazzola Parmigianino.
Os funcionários da
Brigada de Patrimônio
Histórico deslocaram-se à
cidade italiana de Parma.
Paralelamente, solicitou-se
a emissão de uma comissão
rogatória internacional,
dirigida à autoridade judicial
competente da Itália, os
funcionários indicados a
prosseguir as investigações
nesse país e a solicitar o apoio
judicial e policial necessário
para providenciar a prisão
dos autores da fraude; a
recuperação e a intervenção
do quadro Sposalizio della
Vergine, atribuído falsamente
a Franceso Mazzola, e a sua
disponibilidade judicial, e,
finalmente, o depoimento
dos envolvidos nesta trama
criminosa e do crítico de arte
incriminado.
Deste modo, concluiu-se
com sucesso a operação policial
que permitiu desmascarar a
suposta fraude.
REFERÊNCIAS
http://www.interpol.int/Public/WorkOfArt/Default.asp
http://icom.museum/redlist/
http://www.fbi.gov/hq/cid/arttheft/artcrimeteam.htm
http://www.guardiacivil.org/patrimonio/default.jsp
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
85
livros
Riesgo operacional
Enfoque de distribución de
Perdidas em la práctica
ALBERTO FERRERAS
SALAGRE
Madri, Consejo Económico y Social,
2008
234 páginas
ISBN: 978-84-8188-299-5
A
partir de 2008, o novo
acordo do Basiléia
II obrigará as instituições
financeiras a estimar e dispor
de um capital regulatório para
risco operacional. O enfoque
de distribuição de perdas é,
sem dúvida, o paradigma sobre
o qual a maioria das empresas
que pretendem calcular de
forma avançada a referida
medida estão desenvolvendo
os seus modelos internos
de cálculo. O livro pretende
introduzir os conceitos básicos
da modelação deste risco e
analisar a partir de um ponto
de vista prático que podem
ser algumas das decisões (uso
de teoria de valores extremos
ou de diferentes modelações
limiares) e problemas (falta
de dados, bases truncadas…)
às quais uma empresa pode
ter que enfrentar na hora de
utilizar o referido enfoque.
Ao interesse científico do
trabalho deve ser acrescentado
um interesse derivado da sua
aplicabilidade, algo muito
na linha da transferência de
conhecimento universidadeempresa, tantas vezes
mencionada, porém nem
sempre fácil de encontrar.
Algo que agradecerão, sem
dúvidas, gestores e estudiosos
do Risco operacional e, mais
geralmente, especialistas em
gestão de Riscos.
A origem deste estudo
encontra-se na tese de
doutorado do autor, que
mereceu um accésit na
convocatória de 2007 dos
Prêmios do CES para Teses de
Doutorado.
El seguro de las mercancías
en el transporte
ALBERT BADÍA
Barcelona, Abogados Asociados para el
Comercio, la Navegación y la Industria, SL.
2009
310 páginas
ISBN: 978-84-92442-28-7
O
livro se destina a um
amplo conjunto de
profissionais: corretores e
agentes de seguros, exportadores
e importadores, tramitadores
de sinistros, avarias,
transportadores ou advogados.
86
São tratados, do ponto de
vista prático, todos os temas
relacionados com o seguro de
transporte, partindo do marco
legal estabelecido cada caso
através de exemplos práticos e
sentenças. Com este método,
cada manifestação da atividade
seguradora se torna mais próxima
e compreensível.
Na seleção de temas e
conceitos seguiu-se um critério
de atualidade, primando as
ferramentas e os contratos que
são empregados no tráfego diário
sobre os conceitos teóricos e
abstratos. Esta obra pretende
converter-se em um manual
prático ou de bolso para resolver
dúvidas ou problemas concretos.
Para a realização deste livro,
resultou de grande ajuda aos
seus co-autores a colaboração
de diferentes profissionais, os
quais contribuíram com a sua
experiência e conhecimento
sobre o assunto.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Diccionário técnico
Económico-financieroactuarial
Inglés/español
JULIO G.VILLALÓN /
JOSEFINA MARTÍNEZ
BARBEITO
Valladolid, 2008
658 páginas
ISBN: 978-84-612-6968-6
D
urante as três últimas
décadas, o uso dos
métodos estatístico-matemáticos
mudou drásticamente. Hoje
em dia, as técnicas e idéias
estatístico-matemáticas
avançadas são utilizadas tanto
no setor empresarial como
no financeiro. O seu efeito
não somente repercute em
um nível informático, como
também esses conceitos
constituem novos enfoques para
o direcionamento do risco no
setor Econômico-financeiro.
Não é fácil reunir todos
os autores de publicações
relacionadas com os temas
tratados devido seu grande
número e variedade.
A publicação não possui um
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
caráter enciclopédico. Inclui um
grande número de abreviações
e acrônimos com os seus
significados como anexo ao
final do trabalho. Os autores
destacam a oportunidade da obra
pela atualidade do momento
em que estamos, de máximo
alcance científico referente às
matérias tratadas, e agradecem as
possíveis sugestões dos leitores
com a finalidade de incluí-las
nas próximas edições.
países, as condições de acesso
ao mercado e o ambiente
empresarial para os investidores
e os meios de pagamento e
técnicas de recuperação.
O guia expõe de um ponto
de vista moderado o futuro do
risco país para permitir que
os agentes Econômicos sejam
conscientes dos Riscos, um
serviço muito útil durante uma
crise de crédito. Além disso, o
guia possui outro propósito:
permitir às companhias que
sigam em frente com um maior
entendimento na aventura do
mercado internacional.
The handbook of country
risk 2009-2010
COFACE
London, Coface and GMB Publishing
Limited, 2009
398 páginas
ISBN: 13-978-1-84673-172-3
A
C OFACE divulgou no
ano 2000 a primeira
qualificação de empresa,
segurável e com cobertura
mundial. Esta qualificação @
ranting traduz a capacidade
de uma empresa para o
cumprimento para com os seus
clientes ou fornecedores.
Este guia que a COFACE
publica anualmente analisa na
edição de 2009 as perspectivas
e o balanço Econômico em 155
países atendendo às opiniões e
qualificações da COFACE, as
perspectivas por área geográfica
e por sector de atividade, os
indicadores Econômicos por
87
livros
Instituto de Ciencias del Seguro
Aproximación a la esponsabilidad
Social dela empresa: reflexiones
y propuestas de un modelo
JUAN JOSÉ ALMAGRO GARCÍA
Madri, FUNDACIÓN MAPFRE, 2009
cuaderno no 132
229 páginas - 978-84-9844-140-6
A
obra, tese de doutorado
de Juan José Almagro,
é um estudo didático sobre a
empresa atual, seus desafios e
responsabilidades e, principalmente,
sobre a Responsabilidade Social da
Empresa (RSE).
O seu objetivo é propor um
modelo de RSE que possa ser
aplicável a todas as empresas, seja
qual for a sua dimensão, volume de
vendas, número de trabalhadores
ou setor no qual desenvolve a sua
atividade. A RSE como atitude que
determina uma maneira empresarial
de ser e de comportar-se de acordo
com valores e princípios que, por
sua vez, criam valor. Como modelo
que agrupa sinergicamente o bom
governo e a ação social, onde os
valores éticos predominam sobre os
mercantis e o bem comum aparece
como o valor por excelência.
La designación de la pareja de
hecho como beneficiaria en los
seguros de vida
SUSANA ESPADA MALLORQUÍN
Madri, FUNDACIÓN MAPFRE, 2009
Cuaderno no 133
232 páginas - 978-84-9844-155-0
Gestión Integral de riesgos
corporativos como fuente
de ventajacompetitiva:
cultura positivadel riesgo y
reorganización estructural
CRISTINA MARTÍNEZ GARCÍA
Madri, FUNDACIÓN MAPFRE, 2009
Cuaderno no 134
144 páginas - 978-84-9844-156-7
A
determinação de um conceito
de casal de fato no marco
dos contratos de seguro não é tão
simples como poderia parecer à
primeira vista. Apesar de não existir
uma norma estatal que determine
o seu regime jurídico, hoje,
treze das dezessete comunidades
autônomas contam com disposições
expressas nesta matéria que chegam
a estabelecer estatutos jurídicos
próprios para estas relações afetivas.
Tanto o vazio em nível estatal
como a regulação autônoma
88
afetam o Direito dos Contratos
e, concretamente, o contrato de
seguro de vida e a interpretação
que do termo "cônjuge" for
realizado neles.
O estudo divide-se em duas
partes. A primeira delas tem como
objetivo determinar o conceito
de casal, de fato, que pode ser
utilizada no âmbito mercantil. A
segunda analisa a consideração do
casal, de fato, como beneficiária
nos contratos de seguro de vida,
colocando os problemas que podem
surgir neste âmbito contratual.
O
trabalho de pesquisa recorre à
problemática atual enfrentada
por uma organização ao implementar
um modelo interno de gestão do
Risco sob um enfoque integral ou
enfoque ERM (Enterprise Risk
Management, segundo denominação
americana), com o objetivo de
demonstrar cientificamente, que
apesar do crescente interesse
do ambiente empresarial no
desenvolvimento da disciplina de
Gestão de Riscos Corporativos ou
Gestão de Riscos, a mudança de
filosofia que este enfoque introduz
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
de Riscos e Seguros convocado pela
AGERS.
está limitada pela incapacidade das
organizações para gerenciar a mudança
e pelo desequilíbrio atual entre
estratégia, cultura e estrutura.
A análise da natureza das
resistências que oferece uma
organização à transformação do seu
modelo interno de gestão do Risco
justifica que a implementação seja um
processo complexo e muito custoso,
revelando a necessidade de colocar a
transformação do modelo interno de
gestão do Risco como um processo
estratégico por meio de fórmulas
culturais e organizacionais.
O presente trabalho foi o ganhador
do I Premio de Investigacióon
Julio Sáez sobre pesquisa em
Gerenciamento de Riscos e Seguros
convocado pela AGERS.
Aanálisis e interpretación de la
gestión del fondo de maniobra
en entidades aseguradoras
en entidades aseguradoras de
incendio y lucro cesante en
grandes riesgos industriales
ENRIQUE ORSOLICH SIGUERO
Madri, FUNDACIÓN MAPFRE, 2009
Cuaderno no 135
198 páginas - 978-84-9844-157-4
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
O
trabalho trata, no âmbito dos
grandes riscos industriais,
o estudo de alguns elementos a
serem considerados na contratação
do resseguro, para uma gestão
equilibrada dos "créditos" e "dívidas"
por operações de resseguro cedido
e retrocedido, com um duplo
objetivo: o primeiro é questionar
o grau de validade da sentença "no
seguro se produz uma inversão do
processo produtivo", axioma que,
por novamente, merece, talvez, certa
matização. O tema é apresentado a
partir da ótica do ciclo de exploração
técnica das seguradoras de grandes
Riscos, onde o resseguro constitui
um fator essencial de produção.
O segundo objetivo é,
contemplando o resseguro cedido
a partir da perspectiva do ciclo de
exploração financeiro, a identificação
de alguns elementos técnicos a serem
considerados na sua contratação,
para uma gestão equilibrada de dois
componentes básicos do fundo de
manobra das seguradoras de riscos
industriais: os direitos ou "créditos" e as
obrigações ou "dívidas" por operações
de resseguro cedido e retrocedido.
O presente trabalho obteve
uma menção especial do júri do I
Premio de Investigación Julio Sáez
sobre pesquisa em Gerenciamento
Investigaciones en Seguros y
Gestión de Riesgos: Riesgo 2009
ANTONIO HERAS, JOSÉ LUIS
VILAR e MONTSERRAT GUILLÉN
Madri, FUNDACIÓN MAPFRE, 2009
Cuaderno no 136
770 páginas - 978-84-9844-158-1
O
livro apresenta as palestras
realizadas na terceira
convocatória do congresso
RISCO 2009, promovido pela
FUNDACIÓN MAPFRE nos dias
18 e 19 de junho de 2009.
Trata-se de 34 trabalhos de
70 autores que dão uma idéia do
interesse que, atualmente, desperta
na Espanha o estudo dos problemas
relacionados com os seguros e
a gestão do risco e do rigor com
o qual estão sendo tratadas estas
pesquisas.
Os artigos foram classificados
em quatro grupos temáticos:
Metodologia, Seguros Gerais e
Resseguro, Gestão de Riscos e
Dependência e Envelhecimento.
89
NOTÍCIAS
CELEBRAÇÃO DO XX CONGRESSO DA AGERS
A
Associação Espanhola
de Gerência de Riscos e
Seguros (AGERS) celebrou
em 5 e 6 de maio de 2009, em
Madri, o seu XX Congresso sob
o título “O valor da Gerência
de Riscos e suas soluções para
enfrentar a crise”. O congresso,
celebrado sob a presidência de
honra de S. M. o rei, contou
com a presença de 350 diretores
e profissionais do setor
segurador, brokers e gerentes de
riscos das principais empresas.
A palestra de abertura ficou
a cargo de Claudio Boada,
presidente do Círculo de
Empresários, que ministrou a
palestra “A situação econômica
na Espanha e os riscos
empresariais”. Na abertura
do evento participou Pilar
González de Frutos, presidente
90
da UNESPA e vice-presidente
da CEOE.
Os especialistas apresentaram
a função da Gerência de
Riscos como fator chave para
enfrentar a atual crise, que
mostra um panorama difícil na
Espanha, enquanto, segundo
os indicadores de confiança,
melhora a sua situação em
nível global. Além da recessão
econômica, também se percebeu
o interesse despertado pela
gripe A/H1-N1 como risco
preocupante de se tornar uma
pandemia.
Durante as sessões foram
desenvolvidos três painéis
dedicados à solvência, às
ferramentas da Gerência
de Riscos e Seguros e à
contribuição de valor da
Gerência de Riscos. O
congresso foi concluído com
a realização de quatro oficinas
sobre riscos corporativos,
operacionais, financeiros
e sobre as Administrações
Públicas.
Após o encerramento
do congresso realizou-se
a assembléia ordinária da
AGERS, onde foram aprovados
a memória e o balanço de 2008
e o orçamento de receitas e
despesas para 2009.
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Na sua reunião de 1º de julho, a junta diretiva acordou completar
a sua renovação, ficando composta da seguinte forma:
PRESIDENTE - IGNACIO MARTÍNEZ DE BAROJA Y RUIZ DE OJEDA - Hispasat
VICE-PRESIDENTE I - MIGUEL A. ZARANDONA ALBURQUERQUE - El Corte Inglés
VICE-PRESIDENTE II - UBALDO LLORENTE FERNÁNDEZ - SEUR
SECRETÁRIO GERAL - GONZALO ITURMENDI MORALES - Bufete G. Iturmendi y Asociados
VICE-SECRETÁRIA - ISABEL CASARES SAN JOSÉ - Marti
TESOUREIRO - ANDRÉS ELÓSEGUI ICHASO - BMS Descontaminación y Recuper
INTERVENTOR- CONTADOR - MARIANO BLANCO GEMA - Aig Europe
VOCAIS: EMILIO GUARDIOLA SALMERÓN (Metro de Madrid), ENRIQUE ZÁRRAGA
ARANCETA (Willis Iberia), FERNANDO PÉREZ VILA, FRANCISCO J. FERNÁNDEZ ARMELA (Marsh,
S.A.), GONZALO FERNÁNDEZ ISLA, JOSÉ AMÉZOLA PORTUONDO (La Seda de Barcelona), JUAN
ARSUAGA SERRATS (Lloyd’ s Iberia Representative), JUAN CARLOS LÓPEZ PORCEL (Arcelormittal
España, S.L.), JULIO DE SANTOS ALGAR (Alkora E.B.S.), MARÍA VICTORIA RIVAS LÓPEZ,
PAULINO FAJARDO MARTOS (Daviersarnold Cooper S.L.P.), PEDRO MOTAS MOSQUERA
(Comunidade Autônoma de Murcia), PEDRO TOMEY GÓMEZ (AON)
Outrossim, formaram-se as
seguintes comissões e grupos de
trabalho com seus respectivos
responsáveis:
Comissão de Estatutos:
Ignacio Martínez de Baroja
Comissão de Atos, Comunicação e
Imprensa: Pedro Tomey
Comissão de Formação: Enrique
Zárraga
Comissão de Pesquisa: Gonzalo
Iturmendi
Comissão de Manutenção e
Desenvolvimento da Web: Mariano
Blanco
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Comissão de Relacionamento
e Atendimento Associados:
Emilio Guardiola
Comissão de Relações Nacionais:
Presidente,Vice-presidente e
Junta Diretiva
Comissão Admissão Novos
Associados: Ubaldo Llorente
Comissão de Serviços e
Desenvolvimento: Francisco
Fernández
Comitê de Admissão de Novos
Associados: Ubaldo Llorente
Grupo de Trabalho de Meio
Ambiente: José Amézola
Grupo de Trabalho do Setor Público:
Emilio Guardiola
Igualmente, a junta diretiva,
por unanimidade, acordou
ratificar Mercedes Prieto
como gerente da associação,
assumindo todas as funções e
responsabilidades da direção
geral.
As atividades formativas
desenvolvidas durante os meses
de abril a junho foram sobre os
seguintes temas:
Como conseguir que uma
organização avalie a área de
riscos e seguros interna.
Planos de contingência
frente a gripe A H1N1.
Responsabilidade civil por
danos ao meio ambiente.
ERM: a Gerência de Riscos
na empresa.
Dentro do programa de
Seguros de Responsabilidade
Civil, que em 2009 apresentavase como novidade, foram
concluídos os últimos módulos
nas seguintes datas:
21 e 22 de outubro: O seguro
de responsabilidade civil na
construção
25 e 26 de novembro: O
seguro de responsabilidade civil,
D&O.
Para obter mais informação consulte o site www.agers.es
AGERS. Príncipe de Vergara, 86, 1º esc, 2º izq. 28006 Madrid.
Telefone: 91 562 84 25. Fax: 91 561 54 05. E-mail: [email protected]
91
caderno nacional
EIMA-7 resulta em carta
pela sustentabilidade
e acordo de
cooperação
O
7º Encontro Iberoamericano de
Desenvolvimento Sustentável
(EIMA-7), realizado em Foz
do Iguaçu, Paraná, entre os dias 18 e 20
de novembro, resultou na formulação
de uma carta aberta internacional pela
sustentabilidade e na celebração de um
acordo de cooperação técnico-científico
entre a Fundación CONAMA, da Espanha,
e o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI),
do Brasil. Pela primeira vez, a Fundación
MAPFRE participa como coorganizadora
do evento. O convite da Fundación
CONAMA, idealizadora da iniciativa,
estabelece uma parceria que deverá
prosseguir nos próximos encontros, que são
realizados anualmente em diferentes países,
intercalados com Espanha (Madri).
*POR SUCENA SHKRADA RESK
92
G eGreêrnêcnicai ad ed eR iRs icsocso se eS eSgeugruorso s• •n ºn º1 0140-42-021001 0
Shutterstock
“VIVEMOS UMA EMERGÊNCIA
PLANETÁRIA, DE ORDEM SOCIAL,
ECONÔMICA E ECOLÓGICA.
TEMOS DE RECONCILIAR A
ECONOMIA COM A ECOLOGIA ”
G eGreêrnêcnicai ad ed eR iRs icsocso se eS eSgeugruorso s• •n ºn º1 0140-42-021001 0
93
caderno nacional
Abertura do evento contou com a presença do presidente da Fundación CONAMA, Gonzalo Echagüe Méndez de
Vigo; de Jorge Samek, diretor-geral no Brasil, da Itaipu Binacional; ; Lindsley da Silva Rasca Rodrigues, secretário
de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Paraná; de Rodrigo Tarté, diretor acadêmico da Fundação
Cidade do Saber, no Panamá e de Antonio Guzmán Córdoba, diretor-geral de Prevenção, Saúde e Meio Ambiente da
Fundación MAPFRE, entre outros.
"O BRASIL TEM
HOJE UMA FONTE
DE ENERGIA
PREDOMINANTEMENTE
RENOVÁVEL"
O evento tem um caráter significativo
para o Brasil, por ser também a primeira
edição promovida no país. O EIMA-7
se integrou a uma série de iniciativas
paralelas, sob denominação geral de 6º
Encontro Cultivando Água Boa, que
reuniu um público estimado de 5 mil
pessoas e diferentes parceiros nacionais e
internacionais. Entre eles, o Governo do
Paraná, a Secretaria de Estado do Meio
Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná
e a Itaipu Binacional, com apoio dos
governos da Espanha e do Brasil.
O fato de o evento ter sido realizado
poucas semanas antes da 15ª Conferência
das Partes (COP-15) da ConvençãoQuadro das Nações Unidas sobre
Mudanças Climáticas, em Copenhague,
na Dinamarca, em dezembro,
onzalo Echagüe Méndez de Vigo
94
enriqueceu as reflexões sobre a prática do
desenvolvimento sustentável. A pauta, de
ordem global, exposta pelos participantes,
decorreu em torno do que será decidido
por cerca de 200 nações sobre o
estabelecimento de compromissos quanto
ao Protocolo Pós-Quioto.
Um total de 23 horas – divididas entre
debates, grupos de trabalho e mesasredondas com especialistas internacionais
– resultou em um consenso, por parte
da organização do EIMA-7, de que
é prioritária a mudança do padrão de
desenvolvimento mundial conflitante com
Antonio Guzmán Córdoba
a Ecologia. O presidente da Fundación
CONAMA, Gonzalo Echagüe Méndez
de Vigo, destacou aspectos importantes da
carta aberta, que apresenta reivindicações
e, ao mesmo tempo, exibe estabelecimento
de compromissos das organizações
participantes.
“Vivemos uma emergência planetária,
de ordem social, econômica e ecológica,
e dessa emergência acumula a tríplice
crise global. O aspecto positivo da crise
é a convicção de que a necessidade de
mudança do modelo de desenvolvimento
se tornou unânime. Temos de reconciliar a
economia com a ecologia”, destacou.
Segundo Méndez de Vigo, as mudanças
devem ser rápidas. “Para isso, precisamos
articular alianças entre governos, empresas,
organizações não governamentais, meios
comunitários e universidades, que se
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
revertam, de forma compatível, em
mudanças econômicas, tecnológicas e de
valores”, afirmou.
Na análise de Antonio Guzmán
Córdoba, diretor-geral de Prevenção,
Saúde e Meio Ambiente da Fundación
MAPFRE, todos os setores devem agir
localmente, sem esperar somente as
decisões das políticas globais, para adotar
posturas pró-ativas. “Em Copenhague,
serão discutidas essas ações-macro”, diz. O
executivo defende que o investimento na
educação socioambiental – com o objetivo
de prevenção e de mudanças de padrões
de consumo –, seja política constante das
organizações. “O EIMA-7 é um fórum para
partilhar experiências e compatibilidade.
Precisamos somar esforços das empresas,
nos âmbitos locais e regionais”, disse.
Com esse propósito, a Fundación
MAPFRE destinou, neste ano, mais de
US$ 40 milhões a ações voltadas para
a responsabilidade social, a saúde e o
meio ambiente, na Espanha e em países
Iberoamericanos. “Ao final de 2009, foi
consolidado o investimento em mais de
150 bolsas de pesquisa, em 30 eventos,
em oito revistas, entre outras iniciativas,
principalmente na área socioambiental”,
informou. O foco em consumo consciente
de água e energia, diminuição da geração de
resíduos e reciclagem é uma das prioridades
do conjunto de iniciativas.
No Brasil, as ações ambientais da
MAPFRE, intituladas de Eco MAPFRE,
são voltadas à ecoeficiência nos processos
do grupo, no apoio à Rede Ecoblogs
(http://www.ecoblogse.com.br), que reúne
produções de conteúdo de diversos autores
da área ambiental no país. Essas ações
também se voltam a um dos projetos mais
recentes, em parceria com o Governo
Rodrigo Tarté
do Estado de São Paulo: a criação do
Programa Villa Ambiental, no Parque
Villa-Lobos, na capital.
No encerramento do EIMA-7, o
estabelecimento de convênio técnicocientífico entre a Fundación CONAMA
e o Parque Tecnológico de Itaipu
(PTI), ratificado por outros parceiros,
estabeleceu compromissos, por tempo
indeterminado, para a promoção de
estudos de soluções para alternativas de
energias limpas e renováveis.
Segundo o diretor-superintendente do
Parque Tecnológico de (PTI), Juan Carlos
Sotuyo, essa parceria será importante para
integrar as duas organizações em projetos
sustentáveis. “Isso significa um intercâmbio
técnico-científico entre empresas,
clientes e fornecedores. O objetivo é
trocar experiências, principalmente com
foco na biomassa, além de outras fontes,
como a solar e a chamada ‘quinta onda’,
proveniente das algas”, disse.
Durante a programação, vários temas
foram discutidos, desde ações desenvolvidas
pelos organizadores, passando pelo novo
marco da economia verde, até desafios
no campo das mudanças climáticas e das
alianças multissetoriais.
“A ECONOMIA VERDE PROPÕE UM NOVO PACTO GLOBAL, AO INCORPORAR
OS PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EMPRESARIAL, COMO
TECNOLOGIA E GOVERNANÇA”
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
95
caderno nacional
“A ORGANIZAÇÃO
MUNDIAL DA
SAÚDE ESTIMA
QUE, ATÉ 2020,
A DEPRESSÃO
SERÁ A DOENÇA
MAIS DIFUSA DO
MUNDO.”
96
“A economia verde propõe um novo
pacto global, ao incorporar os princípios de
desenvolvimento sustentável empresarial,
como tecnologia e governança, além de
indicadores de sustentabilidade, para a
eficácia das ações neste campo. Pesquisas
recentes mostram a correlação entre os
princípios do Índice de Desenvolvimento
Humano (IDH), da ONU, e a pegada
ecológica, à medida que os países
aumentam o bem-estar social”, disse
Rodrigo Tarté, diretor acadêmico da
Fundação Cidade do Saber e presidente do
Conselho Direito do Centro Internacional
para o Desenvolvimento Sustentável, no
Panamá.
A pegada ecológica é uma expressão
que define a quantidade de recursos
naturais necessária para sustentar o estilo
de vida de cada pessoa. Estima-se que,
hoje, consumimos demanda 25% maior
do que a oferta de recursos no planeta,
segundo o WWF Brasil.
A importância da efetivação de mais
alianças entre países desenvolvidos e em
desenvolvimento, para a implementação
da ecoeficiência, foi destacada por Luís
Jiménez Herrero, diretor-executivo do
Observatório da Sustentabilidade da
Espanha.
“Estabelecemos um protocolo de
cooperação com a Secretaria de Estado
do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
do Paraná para criar indicadores
de sustentabilidade. É importante
que se observem nos processos de
desenvolvimento as inter-relações e
dependências, que muitas vezes não
aparecem. Assim, é estudada a realidade
complexa e as ações são valorizadas, não
só do ponto de vista econômico, mas em
relação ao uso dos recursos naturais”,
afirmou.
Segundo o especialista, os territórios
não podem ser vistos como simples
mercadorias, mas sim como patrimônios
naturais e culturais, um legado às futuras
gerações. “Houve uma mudança de
paradigma de sustentabilidade na Espanha,
um país dos mais ricos em biodiversidade
da Europa, mas que tem a tendência de
37% de desertificação”, disse.
Luís Jiménez Herrero
O diretor brasileiro da Itaipu
Binacional, Jorge Samek, reiterou a
importância das ações em rede. “Em
visita à Espanha, tomei conhecimento
dos congressos do CONAMA, que
reúnem mais de 10 mil pessoas discutindo
e apontando os caminhos. Tive a
oportunidade de conhecer a maior usina
solar do mundo, próxima a Sevilha, como
demonstração inequívoca de que governo,
iniciativa privada e sociedade buscam
formas limpas de energia”, contou durante
sua exposição.
O executivo expôs que o caminho
está nas parcerias, citando como o país
pode contribuir com sua experiência.
“O Brasil tem hoje uma fonte de energia
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
predominantemente renovável. Ainda
produzimos etanol (proveniente da canade-açúcar), o álcool e o biodiesel”, disse.
A representante do Programa das
Nações Unidas para o Meio Ambiente
(PNUMA), Isabel Martínez, lembrou que
a história comprova que as crises levam,
paradoxalmente, ao desenvolvimento.
“A iniciativa dos empregos verdes
(agricultura e silvicultura, entre outros),
da economia baseada na sustentabilidade
da biodiversidade e do ecossistema é o
novo acordo global para 2010”, afirmou.
De acordo com a especialista, hoje há 2,3
milhões de trabalhadores empregados em
energias renováveis, e em 2030 podem ser
20 milhões de postos de trabalho.
Segundo ela, é preciso ações efetivas,
já que, só no ano de 2009, houve perdas
econômicas mundiais decorrentes da
degradação ambiental na ordem de trilhões
de dólares. “Nossa demanda sobre o planeta
tem duplicado nos últimos 40 anos”,
alerta. Com isso, aumenta o número de
refugiados ambientais no planeta.
Giovanni Barontini, sócio da Fábrica
Éthica Brasil e integrante do grupo
de Estudos do Futuro da Pontifícia
Universidade Católica (PUC), propôs
Isabel Martínez
a reflexão sobre o posicionamento do
mundo corporativo quanto aos padrões
de desenvolvimento. “A Organização
Mundial da Saúde estima que, até
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Giovanni Barontini
2020, a depressão será a doença mais
difusa do mundo. Hoje, mais de 400
milhões pessoas são diagnosticadas como
deprimidas, a maioria na Europa e nos
Estados Unidos”, afirmou. Em sua análise,
o mundo corporativo é causa e reflexo de
situações-macro como essa.
A reflexão sobre o conceito de
sustentabilidade foi proposto por
Carola Reintjes, presidente europeia
da Organização Mundial de Comércio
Justo e coordenadora para a Estratégia
Institucional e Política de Alianças da
organização espanhola Comércio para
o Desenvolvimento (COPADE). “É
preciso desafiar o setor empresarial, como
grande motor de mudança, tanto reativo
como pró-ativo, para que não aja somente
por causa da legislação, mas de forma
consciente, estabelecendo uma agenda
social e ambiental permanente”, considera.
A especialista, entretanto, não atribui
somente a responsabilidade ao setor
empresarial. “O segmento responde
a demandas de mercado e a agendas
econômicas. Os gestores públicos, muitas
vezes, não conseguem dialogar com as
empresas. Hoje há corresponsabilidade do
setor público nesse processo. Temos de
recuperar a riqueza social dessa relação”,
afirmou.
* Sucena Shkrada Resk é jornalista, com especialização em Meio Ambiente
e Sociedade e em Política Internacional
97
caderno nacional
Alternativas
para geração de energia
limpa e
renovável
A abundância de recursos hídricos no Brasil,
somada à disponibilidade do gás natural, colocou
em segundo plano o desenvolvimento de outras
fontes renováveis de energia elétrica. Neste
contexto, a progressiva redução da capacidade
de geração hídrica traz à tona a necessidade
de fontes de geração complementares à hídrica
para a expansão da matriz elétrica brasileira
nos próximos anos. O desafio é manter a oferta
de energia elétrica limpa, renovável e o preço
competitivo.
POR ADRIANA AGUILAR
98
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
O
assunto foi discutido durante
o V Seminário Geração de
Energia e Desenvolvimento
Sustentável, com o tema "A vocação e
a participação das fontes alternativas na
matriz energética brasileira", realizado
em parceria com o Insper (ex-Ibmec
São Paulo), no dia 25 de agosto de
2009. Aproximadamente 130 pessoas
estiveram presentes no evento para ouvir
especialistas no assunto.
Cerca de 250 milhões de pessoas,
em 26 países, enfrentam a falta crônica
de recursos hídricos. A previsão é que,
daqui a 30 anos, o número saltará para
3 bilhões em 52 países. No Brasil,
os recursos hídricos apresentavam
uma participação de 71,2 % da
potência instalada em 2008 (excluindo
importação de Itaipu) e 90% da geração
de energia elétrica no País. Este perfil
garante ao Brasil a oferta de eletricidade
a preços competitivos, com nível de
emissão de dióxido de carbono (CO2)
abaixo da média mundial.
Para se ter uma ideia, o fator de
emissão de gases impactantes no efeito
estufa de uma usina hidrelétrica fica
em torno de 20 gramas por quilowatthora (kWh) gerado, se considerado todo
o ciclo de vida da usina. No entanto,
uma usina térmica emite entre 600 e
1.200 gramas por kWh, dependendo do
combustível fóssil utilizado.
De acordo com a evolução planejada
para a matriz energética brasileira (2005
a 2030), há a intenção de diminuir a
participação de petróleo e derivados de
38,7% para 30%, caindo assim a emissão
de CO2. Também é esperada a redução
da utilização de lenha e carvão vegetal,
de 13% para 5% no período, devido
à evolução tecnológica e a pressões
ambientais. Ao mesmo tempo, projeta-se
o aumento da participação relativa do gás
natural de 9,4% para 15% e o aumento
da participação de fontes energéticas
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
oriundas da agroenergia (etanol, H-BIO
e biodiesel), de 14% a 22%. Até 2030, há
a previsão de se manter a proporção de
fontes renováveis.
Embora ainda existam mais de
150.000 megawatts (MW) potenciais
de energia hidrelétrica a serem
explorados, a expansão do parque
hídrico brasileiro, baseada em grandes
e médios empreendimentos, vem
sofrendo, gradativamente, restrições
crescentes na esfera da legislação
ambiental, segundo dados do trabalho
"A importância das fontes alternativas e
renováveis na evolução da matriz elétrica
brasileira", elaborado pelo Grupo de
Estudos do Setor de Energia Elétrica
(Gesel ), da Universidade Federal do
Rio de Janeiro (UFRJ), e apresentado
durante o V Seminário, promovido pela
FUNDACIÓN MAPFRE.
"A cada ano o risco hidrológico é
maior. Ninguém sabe como e quanto
irá chover no ano seguinte, pois é uma
variável aleatória. Daí a importância de
desenvolvermos no Brasil uma forma de
geração de energia que seja alternativa
e complementar à hídrica", afirma
o professor Nivalde José de Castro,
coordenador do Gesel e autor do estudo
que foi apresentado no Encontro.
“As projeções de mudanças climáticas
indicam que poderá aumentar a
frequência de ocorrência da maioria
dos fenômenos de secas, estiagens,
inundações, vendavais, granizo,
resultando em maior quantidade de
“AS PROJEÇÕES
DE MUDANÇAS
CLIMÁTICAS
INDICAM
QUE PODERÁ
AUMENTAR A
FREQUÊNCIA DE
OCORRÊNCIA DA
MAIORIA DOS
FENÔMENOS”
Estimativas do Potencial da Bioeletrecidade Sucroenergética
(em milhão de t e MWmed)
Safra
Cana (em milhões
de toneladas)
Potencial de Geração
(em MWmed)
2012/13
2015/16
2020/21
696
829
1038
9.642
11.484
14.379
Fonte: Elaborado por GESEL/IE/UFRJ a partir de dados da Unica.
99
caderno nacional
deslizamentos, enxurradas e incêndios
da vegetação”, explica o pesquisador
Emílio La Rovere, do Programa de
Planejamento Energético da COPPE/
UFRJ. Uma das consequências pode
ser a crescente restrição para atender à
demanda de energia no período seco,
quando também diminui o índice
pluviométrico e os reservatórios de
água das hidrelétricas estão com nível
reduzido.
Segundo dados da Empresa
de Pesquisa Energética (EPE), o
atual parque hidrelétrico brasileiro
instalado representa cerca de 30%
do potencial hidrelétrico do País. O
potencial remanescente encontra-se
essencialmente na Região Norte do
Brasil, cuja extensa área de planície
impede a construção de grandes
reservatórios.
Há ainda a imposição da legislação
ambiental, com base na Constituição de
1988, que dificulta a construção livre de
novas hidrelétricas, que, mesmo sendo
licenciadas, deverão ter características
de usinas a fio d'água, pelas restrições
físicas e ambientais. "Dois terços do
Participação da Geração Hídrica no Total
da Geração Elétrica de Países Selecionados 2006
Países 10
Primeiros
Noruega
Brasil
Venezuela
Canadá
Suécia
Rússia
Índia
China
Japão
EUA
Resto do mundo
Média mundo
Fonte: IEA 2008
100
% hidro no
Total Oferta
98,5
83,2
72,0
58,0
43,1
17,6
15,3
15,2
8,7
7,4
14,3
16,4
potencial ainda por ser explorado nos
empreendimentos da Região Norte do
País – Belo Monte, Tapajós, Teles Pires,
Marabá, entre outros – devem seguir
essa tendência", diz o professor Nivalde
José de Castro.
Segundo o secretário executivo
do Comitê de Meio Ambiente, da
Associação Brasileira de Concessionárias
de Energia Elétrica, Décio Michellis,
quaisquer fontes de energia que
passem a ter uso intensivo podem gerar
impactos socioambientais tão graves e
intensos quantos as fontes tradicionais
que se pretende substituir. Por isso,
todo cuidado é pouco. “A escolha deve
considerar especificidades locais e o
custo de oportunidade socioambiental”,
afirma.
Neste cenário, o sistema elétrico
brasileiro tem o desafio de
complementar o parque hídrico com
usinas com vocação de operação durante
o período seco. Uma das alternativas
é complementar o parque hídrico
brasileiro com usinas que operem
sazonalmente. Dentre as opções
economicamente viáveis destacam-se
a bioeletricidade sucroenergética, a
energia eólica, as térmicas com baixo
custo variável unitário (CVU) e as
térmicas inflexíveis.
O diretor executivo do ITSEMAP,
empresa de gerenciamento de risco do
grupo MAPFRE, Ricardo Serpa, lembra
que, em quaisquer das opções de fontes
de energia mencionadas no estudo, é
importante avaliar os riscos, priorizar
e identificar processos críticos para a
contratação de seguros compatíveis com
a continuidade dos serviços.
Qual seria a alternativa de
energia renovável mais eficiente para
complementar a geração de energia
elétrica hídrica? O estudo, apresentado
pelo Gesel durante o V Seminário da
FUNDACIÓN MAPFRE, indica que a
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
Brasil
Recursos
Renováveis
46,4%
Biomassa
31,6%
{
Madeira: 12,5%
Cana: 16%
Outras fontes: 3,1%
Hidreletricidade
14,7%
Urânio (U3O2)
1,4%
Carvão Mineral
6,2%
Gás Natural
9,3%
Petróleo e
Derivados
36,7%
bioeletricidade gerada nas usinas de açúcar
e etanol (sucroenergéticas) mostra-se
como uma das formas mais eficazes de se
complementar o parque hídrico brasileiro
em uma escala condizente com o seu
potencial atual e futuro.
Como a bioeletricidade
sucroenergética é gerada a partir da
biomassa residual da produção de etanol
e açúcar, há a garantia da segurança
do suprimento de energia a preços
competitivos, com reduzida emissão de
gases impactantes no efeito estufa.
É importante ressaltar que, em
relação ao CO2, as usinas paulistas
assinaram protocolo agroambiental com
o Governo do Estado, antecipando o
fim da prática das queimadas para 2014.
Atualmente, 50% da colheita da cana já é
mecanizada.
A Região Centro-Sul do País, onde
se localiza a maior parte da demanda
brasileira por energia elétrica, concentra
percentual superior a 80% da produção
brasileira de cana-de-açúcar. Até o final
de 2009, a potência instalada nas usinas
Mundo
Recursos
Renováveis
13,3%
sucroenergéticas deverá totalizar cerca
de 4.500 MW, sendo algo em torno de
3.000 MW para autossuprimento. Há
estimativa de que esta potência atinja
6.500 MW no final de 2010.
Outra alternativa complementar à
energia hídrica, segundo o estudo do
Gesel é a energia eólica, que vive uma
grande expansão no mundo nos últimos
anos, atingindo a expressiva marca de
120.000 MW instalados no final de
2008. A energia gerada pelos ventos tem
a vantagem de apresentar um fator de
emissão de gases impactantes no efeito
estufa na mesma ordem de grandeza das
usinas hídricas.
As atuais usinas de energia eólica
instaladas no Brasil têm uma potência
conjunta de 417 MW, aos quais
se somam 442 MW de usinas em
construção. O potencial do Brasil
é maior. Hoje, mais da metade do
potencial de geração eólica brasileira está
na Região Nordeste. Os ventos mais
velozes estão nas costas do Ceará e do
Rio Grande do Norte.
“A CADA ANO O RISCO HIDROLÓGICO É MAIOR. NINGUÉM SABE COMO E QUANTO IRÁ CHOVER NO ANO
SEGUINTE, POIS É UMA VARIÁVEL ALEATÓRIA. DAÍ A IMPORTÂNCIA DE DESENVOLVERMOS NO BRASIL
UMA FORMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA QUE SEJA ALTERNATIVA E COMPLEMENTAR À HÍDRICA.”
Gerência de Riscos e Seguros
•
nº 104-2010
101
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Processos SUSEP: 15414.003621/2008-16 , 005-01627/01, 15414.001054/2008-63. CNPJ: 61.074.175/0001-38
O registro deste plano na SUSEP não implica, por parte da autarquia, incentivo ou recomendação à sua comercialização.
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