Nº 104 Primeiro quatrimestre 2010
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Nº 104 Primeiro quatrimestre 2010
SEREMOS GRANDES SE CONTRIBUIRMOS PARA QUE A SOCIEDADE O SEJA CONOSCO Na FUNDACIÓN MAPFRE, por meio dos seus diferentes Institutos, trabalhamos pela integração dos grupos que mais o necessitam e fomentamos a segurança e as atividades culturais para contribuir com o progresso da sociedade. www.fundacionmapfre.com editorial Crises e oportunidades Enquanto o aperto da recessão econômica torna-se mais forte e o comércio mundial diminui, a necessidade de segurança aumenta sem parar. As crescentes taxas de desemprego e a contração dos principais indicadores financeiros indicam que a recuperação econômica não poderá ser anunciada antes de 2011. Assim sendo, a metáfora sobre os “brotos verdes”, expressão repetida em toda parte, é uma mensagem para a esperança que, em plena crise e diante de visões menos otimistas, procura evitar uma crise social maior. Entretanto, a crise atual pode se tornar uma oportunidade para enfrentar o futuro? Não seria a primeira vez que os nossos diretores e gerentes de riscos fazem da necessidade uma virtude. Nesse sentido, devemos lembrar que as estatísticas não são um consolo e, claro, muito mais pessoas sofrem de malária do que de gripe A. Mesmo assim, as nossas preocupações e a nossa atenção não mudam somente porque a razão diz que deve ser assim. O profissional da Gerência de Riscos que entrevistamos neste número da revista nos revela como – além de administrar os riscos da maior multinacional privada de Portugal, a Sonae, com presença em vinte seis países – consegue ter tempo para dirigir o quinto broker de resseguros em nível mundial, e inclusive presidir de uma fundação musical a um clube de futebol da primeira divisão lusa. O primeiro estudo, resumo da palestra premiada na terceira reunião de pesquisa em seguros e gestão do risco (RISCO 2009), é um claro paradigma da importância dos métodos quantitativos na medição e gestão do risco e do crescente interesse nestes temas, inclusive em nível de rua, na hora de diversificar carteiras. O segundo estudo apresenta a primeira das duas partes do trabalho no qual o seu autor –anterior diretor desta revista– apoiando-se em abundante informação estatística, analisa a mortalidade por acidentes na Espanha e sua comparação com outros países. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 3 editorial O último estudo apresentado indica as virtudes de um centro de documentação ou biblioteca digital diante do risco da superabundância de informação que trouxeram consigo as novas tecnologias e que, apesar de ter suposto para o pesquisador uma liberdade maior, pode levar a uma falta de análise e à desinformação. O relatório elaborado pelo Centro de Estudos da FUNDACIÓN MAPFRE, sobre o ranking dos maiores grupos seguradores Não Vida 2008, mostra o resultado obtido a partir da análise dos relatórios anuais das próprias companhias. O Observatório de Sinistros nos explica quem cuida do acompanhamento das ações criminosas realizadas contra os bens culturais e ilustra a seção com uma pesquisa desenvolvida em 2008. expediente Como, sem dúvida alguma, os bons desejos fazem parte dos planos de recuperação, não queremos encerrar este editorial sem desejar aos nossos leitores que tenham um feliz ano em 2010. EDITOR • FUNDACIÓN MAPFRE INSTITUTO DE CIENCIAS DEL SEGURO PASEO DE RECOLETOS, 23. 28004 MADRI (ESPANHA) TEL.: (34) 91 581 1240. FAX: (34) 91 307 66 41 • WWW.GERENCIADERIESGOSYSEGUROS.COM • [email protected] DIRETOR • JOSÉ LUIS IBÁÑEZ GÖTZENS REDATORA CHEFE • ANA SOJO GIL COORDENAÇÃO • MARÍA RODRIGO LÓPEZ CONSELHO DE REDAÇÃO • IRENE ALBARRÁN LOZANO, ALFREDO ARÁN IGLESIA, FRANCISCO ARENAS ROS, MONTSERRAT GUILLÉN ESTANY, ALEJANDRO IZUZQUIZA IBÁÑEZ DE ALDECOA, CÉSAR LÓPEZ LÓPEZ, JORGE LUZZI, MIGUEL ÁNGEL MACÍAS, FRANCISCO MARTÍNEZ GARCÍA, IGNACIO MARTÍNEZ DE BAROJA Y RUÍZ DE OJEDA, FERNANDO MATA VERDEJO, EDUARDO PAVELEK ZAMORA, Mª TERESA PISERRA DE CASTRO, CÉSAR QUEVEDO SEISES, FRANÇOIS SETTEMBRINO. REALIZAÇÃO EDITORIAL • COMARK XXI CONSULTORES DE COMUNICAÇÃO E MKT ([email protected]) DESENHO GRÁFICO • ADRÍAN Y UREÑA IMPRESSÃO • GRÁFICAS CGA VERSÃO BRASILEIRA: JORNALISTAS RESPONSÁVEIS • TATIANA CEREZER - MTB 28.298, ANDRÉ GUERRA - MTB 33.675 CONSELHO DE REDAÇÃO • ANTONIO CÁSSIO DOS SANTOS, DIRCEU TIEGS, SÉRGIO W. MARINS BARBOSA TRADUÇÃO • ELIZABETH PINHEIRO COLABORADORES • CARINA RODRIGUES E MICHELL NIERO PROJETO GRÁFICO ADAPTADO • bmew PROPAGANDA DESIGNERS • FLÁVIO BARÃO E MIGUEL DALLACQUA JUNIOR PRÉ-IMPRESSÃO E IMPRESSÃO • IPIIS GRÁFICA EDITORA GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Não é responsável pelo conteúdo de nenhum artigo ou trabalho assinado por seus autores. O fato de publicá-los não implica conformidade ou identificação com os trabalhos expostos. Está proibida a reprodução total ou parcial dos textos e ilustrações desta revista sem autorização prévia e por escrito dos editores. 4 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 PRIMEIRO QUADRIMESTRE 2010 Obs.: Versão brasileira traduzida, originalmente, da edição espanhola da Revista Gerencia de Riesgos y Seguros, 3º Quadrimestre de 2009. índice 104 Atualidade 6 Novidades legislativas. Risco de pandemia. II Congresso Ibérico de Atuários. Jornada em Madri sobre a Teoria da Credibilidade. Congresso Risco 2009. Apresentação do IGREA. Entrevista 12 José Manuel Dias da Fonseca, conselheiro delegado da MDS Holding “A Gerência de Riscos tem que ser ativa e motivadora” Estudos Novas oportunidades de diversificação de riscos. Avaliação e cobertura de derivados de volatilidade. RAQUEL BALBÁS APARICIO ..................................................................................... 24 Análise de mortalidade por acidentes FRANCISCO MARTÍNEZ GARCÍA .............................................................................. 36 Risco de excesso de informação MARISOL REVILLA GUZMÁN ..................................................................................... 48 Relatório Ranking dos maiores grupos seguradores europeus Não Vida 2008 CENTRO DE ESTUDOS FUNDACIÓN MAPFRE ......................................................... 58 Observatório de sinistros Crimes contra o patrimônio histórico. Proteger o nosso passado cultural para assegurar o futuro GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS ............................................................................ 74 Livros 86 Notícias AGERS 90 Caderno Brasil EIMA-7 resulta em carta pela sustentabilidade ............................................................ 92 Alternativas para geração de energia limpa e renovável ............................................... 98 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 5 LEGISLAÇÃO RISCO DE PANDEMIA • Lei 5/2009, de 29 de junho, pela qual se altera a Lei 24/1988, de 28 de julho, de Mercado de Valores, a Lei 26/1988, de 29 de julho, sobre Disciplina e Intervenção das Instituições de Crédito, e o texto consolidado da Lei de Ordenamento e Supervisão dos Seguros Privados, aprovado pelo Real Decreto Legislativo 6/2004, de 29 de outubro, para a alteração do regime de participações significativas em empresas de serviços de investimento, em entidades de crédito em empresas seguradoras. B.O.E. número 157, de 30 de junho de 2009. Enquanto o capítulo da gripe aviaria H5N1 ainda não foi totalmente encerrado, nos deparamos com a ameaça de uma nova pandemia: a gripe suína ou gripe aviar A/H1N1. Não é a primeira vez na história que ocorre uma pandemia. Existem abundantes fontes escritas que descrevem a propagação de doenças entre diferentes países e continentes, como a peste do século VI oque assolou o Império Bizantino na época de Justiniano. A mais conhecida por sua extrema virulência é a denominada peste negra, do século XIV, que acabou com um terço da população mundial, afetando especialmente a Europa, a Ásia e a África. Ocorreram outras epidemias graves no passado século XX, que tiveram como protagonista o vírus influenza. A gripe de 1918, também chamada gripe espanhola, embora os primeiros casos tenham sido detectados na América do Norte, é considerada a terceira catástrofe de saúde da história, junto com a peste bizantina e a peste negra do século XIV. Em 1957 estendeu-se uma nova pandemia, denominada gripe asiática, por sua origem ter ocorrido na cidade de Pequim. Posteriormente, estendeu-se pela Austrália e pela América. Esta epidemia fez um bilhão e 4 milhões de vítimas. Entre 1968 e 1970 ocorreu a terceira pandemia do século XX provocada pelo vírus influenza. Sua origem ocorreu novamente na • Resolução de 19 de maio de 2009, da Diretoria Geral de Seguros e Fundos de Pensões, pela qual se publica a atualização do valor do fundo de garantia e dos limites para determinar a quantia mínima da margem de solvência das empresas seguradoras e resseguradoras. B.O.E. número 134, de 3 de junho de 2009. • Diretiva 2009/20/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 23 de abril de 2009, relativa ao seguro dos proprietários de navios para as reclamações de Direito marítimo. D.O.U.E. número L 131/128, de 28 de maio de 2009. • Resolução de 19 de maio de 2009, da Diretoria Geral de Seguros e Fundos de Pensões, pela qual é aprovado o encargo a favor do Consórcio de Compensação de Seguros para financiar as suas funções com relação ao seguro obrigatório de responsabilidade civil na circulação de veículos a motor. B.O.E. número 128, de 27 de maio de 2009. 6 Atualidade Novidades Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 De fato, a OMS qualifica o estado da nova gripe como de pandemia moderada, ao referir-se à situação global do vírus, ainda que destaque que o desenvolvimento da pandemia depende das características sociais e de saúde de cada país. Por exemplo, na Europa e, portanto, na Espanha, a doença é leve e evolui sem graves complicações. Ásia, mais precisamente em Hong Kong, onde houve mais de 500.000 afetados. Felizmente, a mortalidade desta terceira epidemia foi relativamente baixa em proporção ao número de afetados. Em 11 de junho/09, depois de realizar as correspondentes consultas com a comissão de emergências, e conforme os procedimentos previstos no Regulamento de saúde Internacional, a diretora geral da OMS, Dra. Margaret Chan, decidiu elevar o nível de alerta de pandemia de gripe da fase 5 para fase 6. Segundo fontes do Ministério da Saúde e Política Social da Espanha, a situação de pandemia declarada pela OMS referese à extensão do vírus e à sua transmissão sustentada, não à gravidade clínica da doença. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 II CONGRESSO IBÉRICO DE ATUÁRIOS Durante os dias 11 e 12 de junho celebrou-se o II Congresso Ibérico de Atuários, que ocorreu no campus da Universidad do País Vasco – Euskal Herriko Unibertsitatea, nas instalações da Faculdade de Ciências Econômicas e Empresariais. A Faculdade de Ciências Econômicas e Empresariais é, desde a sua origem, uma das que têm ministrado os ensinos que levam à formação destes profissionais. A organização do II Congresso Ibérico de Atuários ficou por conta do Colégio de Atuários do País Vasco / Euskal Herriko Aktuarioen Elkargoa, junto com o Col. legi d´Actuaris de Catalunya, o Instituto de Atuários Espanhóis e o Instituto dos Actuários Portugueses, contando com a colaboração do Instituto de Estudos Financeiro-Atuariais da UPV-EHU. A presidência do congresso, na sessão de abertura, foi encabeçada pelos respectivos presidentes, Amancio Betzuen, Albert Ferrando (em representação), Julián Oliver e María de Nazaré Barroso. E contou com a presença de Katsumi Hikasa, presidente da Associação Internacional de Atuários. As sessões permitiram, como 7 nos objetivos do congresso, que a centena de assistentes que se distribuíram ao longo das diferentes sessões pudessem escutar daqueles que estão participando da construção da própria normativa as posições existentes em um projeto de grande impacto para a profissão, como o Solvência, e o que o mesmo envolve consolidação, por um lado, e de geração de novos requisitos por outro. As diferentes visões foram abordadas pelos Srs. Borginho, Peraita e Ferrando e pela Sra. Duque. Junto ao Solvência, nas sessões plenárias, foi alvo de atenção a gestão da informação documentária em seguros e gerência de riscos. O aporte de conhecimentos 8 e experiências entre os atuários na sua vertente financeira e atuarial foi abordado também no programa técnico e nas diferentes sessões, que foram agrupadas em diferentes blocos: • Gestão de Riscos de Sobrevivência. • Gestão de Riscos Financeiros. • Solvência II e Dependência. • Seguro Social. • Vida, Planos de Previdência, EPSV e Mutualidades. Com o programa técnico, desenvolveu-se um intenso programa social que permitiu aos assistentes não somente atualizar conhecimentos, mas também desfrutar da riqueza cultural, paisagística e gastronômica de Vizcaya. O encerramento do congresso contou com a presença de Arturo Rodríguez, decano da Faculdade de Ciências Econômicas e Empresariais; Antonio Gallarreta, diretor geral de Inovação e Promoção Econômica da Câmara de Deputados de Bizkaia, e Katsumi Hikasa, presidente da Associação Internacional de Atuários, bem como de Amancio Betzuen, presidente do Colégio de Atuários do País Vasco, que cedeu o testemunho a Juan Oliver, presidente do Instituto de Atuários Espanhóis, a quem caberá liderar a organização do próximo congresso. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 JORNADA EM MADRI SOBRE A TEORIA DA CREDIBILIDADE Em 17 de junho ocorreu no salão de atos da FUNDACIÓN MAPFRE a jornada de divulgação sobre a “Teoria da credibilidade: desenvolvimento e aplicações em prêmios de seguros e riscos operacionais”, organizada pela FUNDACIÓN MAPFRE e o Instituto de Atuários Espanhóis. No evento, ao qual compareceram mais de 80 pessoas dos campos profissional e acadêmico de seguros, foi apresentado o trabalho vencedor do IV Prêmio Internacional de Seguros Julio Castelo Matrán, de Emilio Gómez Déniz e José Ma. Sarabia Alegría. Na sequência, Ángel Vegas Montaner, presidente da Escola de Prática Atuarial e Financeira do Instituto de Atuários Espanhóis, palestrou sobre aplicações atuariais da teoria da credibilidade, e Inmaculada Peña Sánchez, atuária da MAPFRE FAMILIAR, sobre a aplicação prática de modelos de credibilidade na tarifação de seguros de saúde. CONGRESSO RISCO 2009 A FUNDACIÓN MAPFRE acolheu em 18 e 19 de junho a Terceira Reunião de Pesquisa em Seguros e Gestão do Risco (RISCO 2009). A reunião foi organizada pelo Grupo de Pesquisa de Métodos Matemáticos Aplicados à Ciência Atuarial da Universidad Complutense de Madri, em colaboração com o Grupo de Pesquisa do Risco em Finanças e Seguros da Universidad de Barcelona. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 9 A grande participação registrada no congresso, onde foram apresentados 34 trabalhos de 70 autores, reflete o interesse que atualmente desperta na Espanha, o estudo dos problemas relacionados aos seguros e à gestão do risco. A FUNDACIÓN MAPFRE, além de acolher esta terceira edição do congresso, concedeu um prêmio de 1.500 euros à melhor comunicação apresentada, que recaiu na intitulada “Valoración y cobertura de derivados de volatilidad” [Avaliação e cobertura de derivados de volatilidade], de Raquel Balbás. Outrossim, na coleção Cadernos da Fundación foi publicado o livro que contém as exposições realizadas. 10 APRESENTAÇÃO DA IGREA Em 7 de julho foi apresentado em Madri, diante de um seleto grupo de gerentes de riscos das principais empresas do nosso país, uma iniciativa que aspira reunir os profissionais da gerência de riscos na Espanha em um forum profissional e empresarial. Iniciativa dos Gerentes de Riscos Espanhóis Associados (IGREA), nome com o qual é apresentada esta nova associação, pretende alcançar os seguintes objetivos: 1. Potencialização da Gerência de Riscos e Seguros e da Gestão Integral do Risco Empresarial (Enterprise Risk Management – ERM). 2. Fomento e desenvolvimento da profissão de gerente de riscos e seguros. 3. Constituição de um órgão de representação das empresas associadas na qualidade de compradores de seguros e gestão de riscos em relação ao mercado segurador e às instituições. 4. Intercâmbio de experiências e conhecimento sobre controle de riscos empresariais. 5. Defesa das melhores práticas profissionais. As suas atividades, portanto, estarão focadas principalmente em: Forum de debate e encontro permanente sobre aspectos relevantes de caráter profissional, potencializando a comunicação com o mercado de seguros, autoridades reguladoras, associações e a universidade, obtendo informação necessária para a melhor realização das práticas profissionais entre os seus membros. Intercâmbio de experiências que possam enriquecer o debate e ajudar seus membros na sua atividade profissional. Apresentações e debates sobre temas de interesse (coberturas, melhores práticas, gestão e serviço de fornecedores...). Reuniões setoriais para membros da mesma atividade. Por último, esta associação nasce com uma idéia integradora da profissão que ajude a modernizar as práticas atuais e aporte valor às empresas que forem incorporadas. O processo de constituição está em andamento e já foi assinada a ata de fundação, ficando pendente a sua inscrição no correspondente registro. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Agenda AGENDA 2010 CONGRESSOS E JORNADAS JORNADA DATAS LOCAL EXPOSITORES CONFERÊNCIA ANUAL 19 - 21 ABRIL STAFFORDSHIRE (REINO UNIDO) IRM CONGRESSO ANUAL 25 - 29 ABRIL BOSTON, MA (ESTADOS UNIDOS) RIMS XIII CONGRESSO 17 - 20 MAIO PARIS (FRANÇA) AIDA CONGRESSO ANUAL 26 - 27 MAIO MADRI (ESPANHA) AGERS CONFERÊNCIA ANUAL 6 - 9 JUNHO ORLANDO, FLÓRIDA (ESTADOS UNIDOS) PRIMA CONGRESSO ANUAL 15 - 16 JUNHO MANCHESTER (REINO UNIDO) AIRMIC CONGRESSO ANUAL 17 - 18 JUNHO NOORDWIJCK (HOLANDA) NARIM 2º CONGRESSO MUNDIAL DE RISCOS E SEGUROS FINANCEIROS 25 - 29 JULHO SINGAPURA (SINGAPURA) APRIA XIII CONGRESSO 7 - 9 SETEMBRO MUNIQUE (ALEMANHA) DVS entrevista “Na hora de investir, diversificar, inovar, criar... sempre há um risco. É importante, quando se dá um passo a frente, fazê-lo com segurança”, diz José Manuel Dias da Fonseca, Conselheiro Delegado da MDS, o principal ‘broker’ de seguros de Portugal, integrado nas empresas Sonae. O grupo luso, presente em uma infinidade de mercados e com grande diversificação de atividades, criou um modelo quase único de Gerência de Riscos e seguros, com base na motivação, no diálogo e na transparência. TEXTO: ALICIA OLIVAS FOTOS: ALBERTO CARRASCO José Manuel Dias da CO NSE LHE I R O D E L E G AD O D A MD S H OLDI N G 12 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 “A Gerência de Riscos tem que ser ativa e motivadora”. Fonseca Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 13 entrevista Transparência, ética e responsabilidade são os princípios básicos da atuação da Sonae. Como a sua política de Gerência de Riscos é aplicada a estes princípios? Também acrescentaria a independência, um princípio que está presente na nossa estratégia global. A Sonae é um grupo de grande dimensão, com ativos em países diferentes, grande diversificação de negócios e liderança. Pode-se dizer que, direta ou indiretamente, todos os portugueses, de uma forma ou de outra, pelo menos uma vez na vida, são clientes da Sonae: em centros comerciais, lojas de telecomunicações, supermercados, como usuários de tabuleiros de madeira ou como público alvo de meios de comunicação. Por outro lado, o grupo inclui mais de 40.000 trabalhadores que dependem da empresa. Tudo isso envolve uma responsabilidade, e obriga a uma transparência e ética enormes nos negócios, bem como a uma estrutura econômica sustentável. A Sonae tem um respeito muito grande por seus empregados e clientes, que são a sua razão de ser. Por isso, a Gerência de Riscos deve levar em conta tudo: clientes, colaboradores, ativos... Além disso, a Sonae envolve toda a organização na cultura da proteção. Há alguns anos lançamos, com uma consultoria internacional, uma iniciativa para criar nos centros comerciais da Sonae do mundo inteiro uma cultura de segurança, que começa, inclusive, na construção do centro. E temos exemplos muito interessantes, como o da Romênia, onde não paramos um minuto sequer desde o início das obras até a abertura do centro, graças à segurança que conseguiu envolver todo o projeto. Esta iniciativa conta com um investimento muito importante de 5 milhões de euros em cinco anos, e os resultados são realmente bons. A Sonae é um grande grupo formado por três sociedades holdings (Sonae, 14 “A GERÊNCIA DE RISCOS DEVE LEVAR EM CONTA TUDO: CLIENTES, COLABORADORES, ATIVOS... UM MUNDO MUITO GRANDE QUE DEVEMOS CUIDAR E RESPEITAR MUITO”. Sonae Indústria e Sonae Capital) que contém negócios tão variados como o retail, os centros comerciais, as telecomunicações, a mediação de seguros (MDS), os derivados da madeira, o turismo... Existe uma estratégia comum para a Gerência de Riscos em todos os segmentos de atividade? Efetivamente, existe um denominador comum baseado em dois pilares muito importantes. Em primeiro lugar, desde o ano 2000, o grupo conta com uma unidade muito importante: o Conselho Consultivo de Gerência de Riscos, que se reúne quatro vezes ao ano e agrupa todos os responsáveis de riscos. Além disso, tem um presidente, que é, por sua vez, um dos vice-presidentes do Grupo. O Conselho Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 tem inúmeras funções. A primeira delas é propor políticas de Gerência de Riscos, para que sejam incorporadas nas diferentes sociedades e atividades do grupo, estabelecer as mudanças nas estratégias colocadas em funcionamento, ver como evoluem... Também serve como fórum para trocar experiências e saber quais são os resultados que o restante do grupo está fazendo em segurança, proteção, e conhecer. O segundo pilar se refere aos seguros, que são coordenados globalmente para todas as unidades e áreas do grupo através da MDS, a corretora da Sonae, que inclui os riscos de danos materiais, perdas de negócio, avarias de maquinaria, responsabilidade civil, D & O, crédito... e também os riscos pessoais: acidentes, saúde, vida, o que aporta enormes vantagens do ponto de vista de custos e uma experiência muito grande, já que a MDS também atua com independência no mercado. Dentro do Sonae sempre existiu uma grande preocupação pelos seguros e pelo controle dos riscos. A Sonae é um grupo amante do risco inerente a qualquer negócio na hora de investir, diversificar, inovar, criar... Nos negócios sempre existe um risco, mas também é importante, quando damos um destes passos, fazê-lo com segurança, protegendo os ativos, as pessoas... Por isso a Sonae criou a sua própria corretora para administrar os riscos do grupo no mundo inteiro e depois verificar a sua atuação no mercado. É um modelo quase único. Como está organizada a gestão do risco na Sonae? Quais departamentos ou áreas interferem neste processo e qual é o funcionamento? Além do Conselho Consultivo, na holding há uma Diretoria Corporativa de Riscos, à frente da qual há um diretor que é o encarregado da política de gestão de riscos de todo tipo: marca, reputação, operacionais etc. Depois, todos os negóGerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 “DENTRO DO SONAE SEMPRE EXISTIU UMA GRANDE PREOCUPAÇÃO PELOS SEGUROS E CONTROLE DOS RISCOS.” cios têm um responsável ou administrador executivo desta atividade, um diretor de primeira linha que em alguns negócios também cuida da auditoria. Existe uma visibilidade e uma transparência muito grandes na Gerência de Riscos das empresas da Sonae. Sabe-se perfeitamente quem são os responsáveis da Gerência de Riscos e quais são os projetos que desenvolvem. Criar valor é o objetivo primordial da gestão do risco na Sonae. Como alcançarão esta meta? A filosofia da nossa política de Gerência de Riscos é proteger o grupo e permitir que se desenvolva e cresça, ou seja, que não seja um obstáculo ao crescimento e à diversificação, mas totalmente o contrário: criar oportunidades e facilitar o avanço do grupo. A Gerência de Riscos deve acompanhar o crescimento, a diversificação, a inovação, resumindo, deve ser ativa e motivadora, porque qualquer obstáculo impede de nos mover. Também é crucial ser muito realistas, a comunicação, e que exista muita transparência na gestão dos riscos... Na Sonae não escondemos nada: se é bom, é bom; se é ruim, é ruim. A comunicação e a transparência com os seguradores são muito importantes. A Gerência de Riscos deve permitir que o grupo siga adiante, cresça, se diversifique e inove com segurança. A Gerência de Riscos é aplicada em todos os processos do grupo, seguindo os critérios da Entrerprise Risk Management (ERM). Por que optaram por esta metodologia? Trata-se de uma ferramenta que já foi testada. Por outro lado, é uma metodologia que nos agrada muito porque envolve o negócio como um todo e não como ‘partes’ muito específicas. Permite ver uma imagem completa e não centrada em um risco e esquecer o restante; e estabelecer relações entre algumas ame15 entrevista aças, já que há riscos que contaminam... Embora também seja uma ferramenta que exige muito, principalmente em determinadas áreas. Por isso, muitas vezes tem que ser implantada com consenso e passo a passo, e é isso o que estamos fazendo. A Sonae é um grupo que dá grande valor à autonomia e independência de cada negócio. Existe uma grande cultura de autonomia e, por conseguinte, de responsabilidade. O mundo inteiro deve perceber que a Gerência de Riscos é muito importante para sua atividade e implantar a ferramenta por etapas. A gestão do risco é uma responsabilidade de todos os colaboradores, mas a quem cabe semear uma cultura do risco em toda a organização? Poderíamos dizer que ao presidente do Conselho Consultivo de Riscos, uma pessoa que fica no mais alto degrau hierárquico e muito envolvida nesta faceta há anos. Conhece muito bem o mundo do seguro, está muito perto de nós e trabalha diretamente com os gerentes de riscos. Entre os desafios da Sonae está a identificação de todas as ameaças que afetam a sua atividade. Como desenharam o seu mapa de riscos? Não é fácil. No nosso caso, não se trata do “mapa de riscos”, mas “dos mapas de riscos”, que desenhamos com ajuda de uma grande consultoria internacional, que nos permitiu também fazê-lo de uma forma mais rápida e consistente. Começamos na base, em sentido ascendente, ou seja, construindo mapas de risco de negócio e não do grupo; perguntando aos gerentes em cada negócio, em cada país, para depois ir subindo, tecendo a rede. É o que se denomina mapa de cima. Os mapas de riscos do Sonae são claros, muito práticos, nada teóricos, construídos por etapas e muito no estilo do 16 “A GERÊNCIA DE RISCOS TEM QUE PERMITIR QUE O GRUPO CONTINUE, CRESÇA, SE DIVERSIFIQUE E INOVE COM SEGURANÇA”. Sonae, de forma nada burocrática, com muita participação, diálogo; todos intervieram, deram a sua opinião... Se for feito de forma contrária, perde-se um grande conhecimento do que está abaixo: o mercado, os clientes, os corretores... E tem que ter muita motivação. Se as equipes estão muito motivadas para sua empresa, o envolvimento é maior, e, no caso de sinistro, as incidências costumam ser menores que em outras empresas com sinistros parecidos mas equipes menos motivadas. As pessoas devem fazer parte do projeto e sentirem-se integradas nele. Neste momento, quais são os riscos que o preocupam? As ameaças presentes no âmbito do planejamento estratégico de novos negócios ou projetos? Os riscos que afetam o cumprimento de objetivos? Os que afetam os ativos tangíveis ou as pessoas? Os riscos financeiros? Eu acrescentaria também os riscos de reputação, de marca, que para uma empresa como a Sonae são muito importantes. A Sonae é um grupo crucial para a economia do seu país, com muitos colaboradores, diversificado, descentralizado, com muitos clientes e uma reputação muito grande. Muitas marcas são reconhecidas pelos portugueses como símbolos de absoluta confiança. A marca Continente, por exemplo, é considerada todos os anos como uma das primeiras de Portugal, e tudo isto tem que ser protegido permanentemente, porque não podem ocorrer falhas. Em todos os países onde estamos presentes temos padrões muito claros de respeito à lei, cumprimento de obrigações fiscais... Eu diria que isto é uma obsessão para a Sonae. Assim, a nossa reputação é um objetivo permanente, independente da conjuntura econômica, se há mais ou menos crise. Outro objetivo permanente para a Sonae, outra das suas obsessões, são as pessoas: seus clientes, seus colaboradores. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 17 entrevista Além disso, hoje podemos falar de outros riscos: da crise; do crédito, um risco muito importante para um grupo que cresce muito; dos riscos relacionados à expansão geográfica, problemas relacionados à insegurança ou arbitrariedade jurídica de alguns países ou as inadimplências; dos riscos de taxa de câmbio... Todos eles também são muito importantes para nós. E, claro, os riscos que afetam os nossos ativos, principalmente em alguns negócios, como no caso da Sonae Industria, que tem 34 andares especializados na fabricação de tabuleiros de madeira, onde o risco de ocorrer de um sinistro pode ter conseqüências importantes. Outros ocorrem, por conta da grande afluência de público, com os centros comerciais – mais de 50 no mundo inteiro – de grandes dimensões e, por conseguinte, multitudinários; as lojas de retail em Portugal. 18 “HÁ UMA GRANDE VISIBILIDADE E TRANSPARÊNCIA NA GERÊNCIA DE RISCOS DAS EMPRESAS DO SONAE”. A Gerência de Riscos acompanha como o desenvolvimento internacional da Sonae? A expansão internacional é muito importante para a Sonae porque a curto prazo, em alguns negócios, como no caso da venda no varejo, onde a Sonae já conta com uma quota de mercado importante, é muito difícil crescer mais em Portugal. Por isso, apostamos em outros mercados. O primeiro deles por extensão, a Espanha, onde abrem-se lojas quase todos os dias; mas também nos interessam outros países, como a Turquia ou os países do leste da Europa. Quando vamos a um país procuramos conhecer a fundo esse mercado, sua cultura, como funciona, sua língua, suas normas etc. A Gerência de Riscos nos acompanha. Do ponto de vista geográfico, onde estão localizados atualmente os maiores riscos? É difícil responder. Há países onde Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 é maior a insegurança jurídica, em outros são mais importantes as catástrofes naturais... Depende do risco. No contexto da economia global existe um reconhecimento expresso da importância dos riscos ambientais. Na sua opinião, a Gerência de Riscos está preparada para assumir estas ameaças? Não sei se já está suficientemente preparada, mas é evidente que terá que estar. A gestão do risco do meio ambiente na Sonae é anterior às diretivas. Dentro da empresa sempre concebeu-se como um compromisso com a sociedade, que deve ser garantido no futuro. Os proprietários da Sonae adquiriram um compromisso muito ativo relacionado também com o conceito da Responsabilidade Social Corporativa. Assim sendo, em 2008, a Sonae contratou um seguro de Responsabilidade Social do Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 “OS RATINGS SÃO MUITO IMPORTANTES PORQUE POR ELES OS SEGURADORES TRABALHAM COM GRANDE CONFIANÇA CONOSCO.” Meio Ambiente de acordo com a diretiva comunitária, ainda que a norma não obrigue a contratar esta apólice até 2010. Em 1984 a Sonae criou a corretora MDS com o propósito de dirigir os seguros e a política de riscos do grupo. Qual é o seu papel atual no controle dos riscos do grupo? A MDS foi criada como corretora cativa para coordenar os riscos do grupo, que era bem menor que agora. A sua constituição responde à grande preocupação dentro do grupo pelos seguros e riscos. Mas a MDS atua hoje também no mercado e, como negócio, tem que ser rentável, competitivo e destacarse por sua excelência em tudo que esteja relacionado a riscos e seguros. A MDS também apóia o grupo na sua expansão internacional, já que hoje está presente em numerosos mercados mun19 19 entrevista diais. Por exemplo, por meio da Cooper Gay tem presença em todas as grandes capitais do mundo. A capacidade que a MDS desenvolveu para estabelecer laços e relações muito fortes em uma grande quantidade de mercados do mundo pode ser muito importante para um grupo que aposta no mercado internacional, porque cria conhecimento e torna mais fácil a informação. Digamos que as relações estabelecidas com a presença internacional da MDS são muito importantes para o grupo e, ao mesmo tempo, o grupo também pode ajudar a corretora a se desenvolver. “OS RISCOS ESTÃO HOJE MUITO INTEGRADOS E NÃO PODEM SER VISTOS DE FORMA ISOLADA”. “SE AS EQUIPES ESTÃO MUITO MOTIVADAS COM RELAÇÃO À SUA EMPRESA, AS INCIDÊNCIAS No ano de 2000, ainda, constituíram a sua própria cativa, a Sonae Re. Por que deram este passo? Principalmente, pela Gerência de Riscos. Nos últimos anos, a Sonae realizou grandes investimentos industriais, principalmente na Alemanha e na França. Cresceu dentro e fora de Portugal e tornou-se líder mundial, não somente diversificando-se geograficamente, mas também em outros negócios, uns com mais risco e outros com menos; e para as novas atividades ou aquisições fazia falta ter um veículo, uma estrutura que nos permitisse contar com coerência no nosso programa de resseguro, e pensamos que a forma ideal era criar uma cativa que nos ajudasse a construir um programa mundial, eliminando qualquer dependência dos mercados locais. Também, assim seria mais fácil chegar ao mercado de resseguro, com ativos mais importantes, mais prêmios; encontrar melhores preços em coberturas, mais capacidade, transparência. A cobertura dos riscos é negociada dentro de um programa mundial, de forma integrada. Depois divide-se o custo do seguro entre todos os países e os negócios, para o qual se levam em conta alguns fatores. Um dos fatores está claro: os custos locais. A Alemanha pode ser um mer20 SÃO MENORES”. Licenciado em Ciências Econômicas em 1981 e com pós-graduação em Administração Pública, José Manuel Dias da Fonseca conta um uma extensa carreira profissional, principalmente no mundo financeiro. Em 1983 passou a fazer parte do BPA, o banco líder português, onde desenvolveu o primeiro projeto de bancaseguros de Portugal. Além disso, foi membro do conselho de administração de numerosas companhias financeiras e presidente de uma companhia de seguros que introduziu o Assurfinance no país luso. No setor público, foi vice-prefeito da Prefeitura de Matosinhos e chefe do ICEP (o equivalente ao ICEX na Espanha). No ano de 2000, Dias da Fonseca incorporou-se como gerente de Riscos e Seguros ao Sonae Group, a maior multinacional privada de Portugal, presente em 20 países e líder mundial em produtos derivados da madeira. Atualmente, dentro do grupo, é o conselheiro delegado da MDS (o mais importante broker de seguros de Portugal); presidente da Sonae Re (sua resseguradora cativa); diretor da Cooper Gay & Co (o quinto broker de resseguros em nível mundial, com sede em Londres); diretor da Lazam / MDS (um dos mais destacados brokers no Brasil); e presidente da Brokers Link, uma das mais importantes redes de brokers de seguros, presente em mais de 50 países ao redor do mundo. José Manuel Dias da Fonseca é também presidente da Fundação Casa da Música e da APOGERIS (Associação Portuguesa de Gerente de Riscos). Além disso, é presidente do Leixões Sport Club, que milita na primeira divisão do futebol português. Como consegue ter tempo para tantas atividades? Tempo? É uma pergunta que eu faço a mim mesmo. Mas trabalho em um Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 EQUILÍBRIO ENTRE TRABALHO E VIDA PRIVADA grupo que nos motiva a ter uma vida particular, a trabalhar e a ser úteis para a sociedade. Por outro lado, também é muito importante, quando você tem funções múltiplas, contar com boas equipes, muito profissionais, para os quais delegar; e a comunicação, que hoje é muito mais fácil, já que contamos com mais meios ao nosso alcance, como a Internet. A mediação de seguros, a Gerência de Riscos, a música, o futebol... Qual ou quais destas atividades têm maior risco? Sem dúvida, o futebol, porque quase tudo depende das pessoas, o que leva a um risco muito elevado. Investe-se em jogadores para ser campeão, mas a taxa de retorno é muito aleatória e totalmente desconhecida. No futebol tudo é possível. mundo, com escritórios em todos os mercados, grande prestígio e reputação. Também criamos uma companhia cativa de resseguros, a Sonae Re, localizada em Luxemburgo, e uma corretora de seguros de massa para os hipermercados. Outro projeto foi o lançamento da rede Brokers Link, uma operação que se orquestra para dar à Sonae uma presença internacional na área dos riscos e seguros. Isto é o que temos feito nestes nove anos, mas queremos continuar, continuar crescendo no mercado segurador, não somente mediante o crescimento orgânico, mas por meio de aquisições e fusões; e acompanhar o grupo no seu desenvolvimento internacional, na diversificação de negócios. Nestes anos, o grupo cresceu bastante nesta atividade, e continuará crescendo. Ao longo destes nove anos na Sonae, como você contribuiu para o crescimento contínuo do grupo? Tem em mente novos projetos que possa realizar? Quando entrei no grupo, a Sonae tinha uma corretora cativa, a MDS. A idéia da minha incorporação era desenvolver uma nova forma de gestão do risco com a criação de uma cativa, a Sonae Re, e também transformar a MDS em uma corretora aberta ao mercado. Em 2000, a corretora tinha 17 pessoas. Em 2009 somamos mais de 120 e tornou-se o mais importante broker de seguros de Portugal. Além disso, a Sonae integrou em 2002 uma joint-venture com um potente grupo brasileiro que tinha uma corretora chamada Lazam, também pequena, cativa. Nos unimos para abordar o mercado brasileiro. Nessa data, a Lazam representava menos de 2 milhões de reais e agora representa cerca de 65 milhões. Em 2007 também materializamos um importante investimento estratégico, a Cooper Gay & Co, onde começamos com uma participação de 14% e agora, temos 32%, sendo os maiores acionistas desta corretora de resseguros, a quinta do Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 21 entrevista cado mais caro que Portugal. Outro fator é a sinistralidade. As fábricas, as plantas com maior sinistralidade histórica têm que pagar mais. O terceiro fator é a ponderação do risco. Este trabalho é realizado por uma consultoria internacional que estabeleceu ratings com sua própria metodologia, de modo que os negócios com melhor pontuação têm que pagar menos. Além disso, são feitas auditorias todos os anos. Os ratings são muito importantes, porque graças a eles as seguradoras trabalham com grande confiança em nós. Do mesmo modo que os preços e as franquias dependem do rating, isso cria consciência e responsabilidade em cada país, em cada negócio, porque uma parte do custo é assumido pela empresa e a outra parte pela Sonae Re, que também faz parte do grupo. A cativa também torna mais fácil as relações com a seguradora, porque com este veículo os riscos são muito transparentes. Em 2006 tivemos um sinistro muito importante no Canadá, na nossa melhor planta: nova, rentável, produtiva... mas o sinistro aconteceu. Desde o início houve relações muito transparentes, de entendimento com as seguradoras, com os peritos etc. Na qualidade de corretor de seguros, como foram as últimas renovações dos programas de seguros? As últimas renovações da Sonae, no ano passado, foram muito tranqüilas, organizadas, com abundante diálogo, porque se trabalhou nelas com muito tempo, em setembro. A Cooper Gay nos ajuda consideravelmente neste processo. Começamos a sentir certo enrijecimento do mercado. Há duas tendências claras e divergentes. Por um lado, muitas companhias estão começando a ter uma menor rentabilidade que tem origem, freqüentemente, no mercado tranquilo 22 “EM PORTUGAL, A GERÊNCIA DE RISCOS NÃO ESTÁ TÃO DESENVOLVIDA QUANTO EM OUTROS MERCADOS, BASICAMENTE PORQUE É UM PAÍS DE PYMES”. “A MDS TEM UMA GRANDE PREOCUPAÇÃO EM OFERECER SERVIÇOS DE APOIO ÀS EMPRESAS NA ÁREA DE GERÊNCIA DE RISCOS”. de alguns riscos. Por outro lado, agora há menos imprudência. Com o retraimento da economia, a contratação do seguro é menor e a capacidade aumentou para alguns riscos. São duas versões diferentes. Como a Sonae contribui para melhorar a Gerência de Riscos nas empresas? Além da sua atividade principal de mediação, a MDS tem uma grande preocupação em oferecer serviços de apoio às empresas na área de Gerência de Riscos, do ponto de vista dos sinistros, como consultores... A cada dia mais somos nós as corretoras que fazemos parte também deste segmento e não somente a corretagem. A área de riscos é muito importante dentro do grupo. As empresas da Sonae estão muito envolvidas nestas políticas, são muito inovadoras, os gestores são motivados, seus executivos etc. a participarem nos foros profissionais com o fim de criar uma cultura de mercado. Por isso, ajudamos a criar a APOGERIS, a Associação Portuguesa de Gerentes de Riscos, participamos de forma ativa na FERMA, desenvolvemos a Brokers Link, uma rede que oferece um serviço coordenado, em nível global, de Gerência de Riscos para todos os clientes que desejarem sair de Portugal. Na sua opinião, o que devem levar em conta os gerentes de riscos na hora de desenhar as linhas básicas do seu programa de seguros? Sem dúvida, três fatores. Primeiro, conhecer a fundo a cultura do negócio, a história da empresa, seus clientes, projetos, objetivos etc. para não ser teóricos, mas práticos. Em segundo lugar, dialogar muito com os seguradores para que não haja confusões, e criar um clima de confiança, de conhecimento, que é muito importante para desenvolver relações a longo prazo, sólidas e com futuro. Se você Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 sustentabilidade da Sonae. Na sua opinião, é possível, hoje, conceber o desenvolvimento sustentável da empresa sem contar com uma política adequada de Gerência de Riscos? Não. A Gerência de Riscos é uma parte fundamental da sustentabilidade. está bem com alguém, para que mudar. E, finalmente, prestar grande atenção a todos os riscos da companhia. Qual é a situação atual da Gerência de Riscos em Portugal? Como enfrenta o atual contexto de crise? Em Portugal, a Gerência de Riscos não está tão desenvolvida quanto em outros mercados, principalmente porque é um país mais de conceito de pymes que de grandes companhias, lá onde a Gerência de Riscos é mais profissional, formal e está mais desenvolvida. Todas as grandes corporações desenvolveram esta política, mas está pendente no conceito de pymes. De todos modos, acho que é uma faceta que começa a se desenvolver e que começou uma evolução importante. A gestão do risco é um aspecto fundamental da estratégia de Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 “VIVEMOS EM UMA SOCIEDADE DE RISCOS E CADA VEZ MAIS EXISTE MENOS TOLERÂNCIA FRENTE À INCERTEZA”. A formação é um fator chave neste terreno. Por isso, o Sonae patrocina a cada ano um importante programa de desenvolvimento e formação direcionado aos colaboradores que cuidam da gestão do risco. Em que consiste o programa? Todos os anos, a Sonae Industria organiza workshops muito focados em diferentes riscos para os quais convida colaboradores e consultores do mundo inteiro. Trabalha-se sobre casos, que é onde se aprende, no estudo de casos. Além disso, este serviço é muito motivador e serve para criar consciência sobre os riscos e a segurança mediante a troca de experiências. O objetivo da formação na Sonae não é outro senão qualificar os empregados, em consonância com a política do grupo de criar emprego e formar seus trabalhadores. Qual papel desempenharão os gerentes de riscos dentro das empresas nos próximos anos? Sem dúvida, cada vez mais importante, porque vivemos em uma sociedade de riscos e a cada dia existe menos tolerância sobre estas ameaças. Além disso, o gerente de riscos não deve estar isolado, mas envolvido no negócio, fazer parte dos processos, da estratégia e dos procedimentos da empresa. Os riscos estão muito integrados hoje e não podem ser vistos de forma isolada. Por isso, os gerentes terão um papel cada vez mais destacado nas empresas. 23 estudos Novas oportunidades de diversificação de riscos: Os derivados de variação, volatilidade e correlação (derivados de volatilidade) estão sendo cada vez mais negociados, já que estes instrumentos nos permitem novas oportunidades de diversificação de riscos e, como indica a experiência empírica, proporcionam coberturas muito adequadas quando enfrentamos situações de instabilidade nos mercados. Além disso, muitos ‘hedge funds’ e outros investidores amantes do risco vendem regularmente estes produtos devido a seu elevado prêmio de risco. Há dois tipos de enfoques que podem ser utilizados para avaliar e cobrir derivados de volatilidade. O primeiro faz uso de um modelo dinâmico de volatilidade estocástica, por exemplo, Avaliação RAQUEL BALBÁS APARICIO* Departamento de Economia Financeira e Atuarial Universidad Complutense de Madrid *Este trabalho obteve o prêmio de melhor exposição apresentada na Terceira Reunião de Pesquisa em Seguros e Gestão do Risco (RISCO 2009), celebrada em Madri, nos dias 18 e 19 de junho. 24 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 e cobertura de derivados de volatilidade o modelo de Heston, e o segundo utiliza carteiras de réplica compostas por infinitas opções. Este último tem uma vantagem de que a maioria das opções podem ser negociadas no mercado real, de modo que temos um preço de mercado, inclusive com os custos de transação gerados pela clássica armadilha de preços. Entretanto, na prática é impossível utilizar infinitas opções, o que gera erros de cobertura. Este artigo trata deste tipo de réplicas e proporciona aproximações ótimas compostas somente por um número finito de opções, proporcionando uma armadilha de preços alternativa para o derivado de volatilidade, bem como uma estratégia de cobertura dinâmica. Podem ser utilizadas as modernas funções gerais de risco (medidas coerentes ou fixadas pela média, medidas de desvio etc.) para construir tanto a carteira de cobertura quanto a armadilha de preços do derivado de volatilidade. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 25 estudos Q uando compramos um derivado de volatilidade “apostamos” ou “prevemos” um valor numérico que será atingido em uma data futura pela volatilidade realizada de certo ativo financeiro (ativo subjacente). Ganharemos (perderemos) dinheiro na medida em que esta volatilidade realizada for maior (menor) que o valor “apostado”. Os benefícios (perdas) do vendedor coincidem com as perdas (benefícios) do comprador de volatilidade. Os derivados de variação e volatilidade estão se tornando ativos para os quais há interesse crescente nos mercados de capitais. O seu rendimento não depende de estarmos em épocas de altas ou baixas, mas está relacionado à velocidade que ocorrem as mudanças de preços nos mercados. Isto tem feito com que sejam instrumentos muito interessantes na hora de diversificar carteiras. Assim sendo, enquanto a evidência empírica indica que os diferentes índices regionais ou setoriais mostram um altíssimo grau de correlação, especialmente quando “as coisas vão mal”, que é quando desejaríamos que a diversificação fosse mais eficaz, os derivados de volatilidade têm correção muito baixa com estes índices e, além disso, esta correlação é negativa, o que compensa possíveis perdas nos mercados à vista. Por conseguinte, são um bom veículo de diversificação de riscos. Além disso a correlação negativa citada tem feito com que numerosos investidores os comprem para “salvarem” em épocas de baixa. Empiricamente observou-se que este fato tem provocado prêmios geralmente altos, ou seja, os vendedores de variação ou volatilidade costumam “ganhar quase sempre” e “perder com muito pouca freqüência” (Demeterfi et al, 1999). Aproveitando este fato, muitos hedge funds assumiram posições vendedoras nos últimos anos, mas assumem um forte risco de assimetria. Em efeito, novamente a experiência mostra que as perdas, ainda que sejam pouco freqüentes, costumam ser maiores que os habituais ganhos (Demeterfi et al, 1999). Tudo o anterior justifica o interesse crescente que estes derivados despertaram entre os investidores. O volume diário de contratação cresceu de forma permanente, chegando a 30 ou 35 milhões de dólares de nominal em índices dos Estados Unidos em 2008 (Broadie e Jain, 2008). Estes ativos começaram a ser negociados em mercados organizados há aproximadamente dois anos e meio, quando o CBOE (Chicago Board Option Exchange) começou a comercializar o VIX (sobre o SP500), o VXD (sobre o Dow Jones Industrial Average) e o VXN (sobre o NASDAQ100), entre outros (www.cboe.com). Além disso, recentemente começaram a ser negociadas opções binárias ou digitais sobre o VIX neste mercado. Também foram criados fundos de volatilidade e variação, como, por exemplo, o Euroption Strategic Fund, que somente trata com derivados de volatilidade, principalmente sobre índices europeus (www. europtionfund.com). Mais recentemente, começaram a ser negociados derivados de volatilidade em mercados organizados europeus, como, por exemplo, o EUREX, que atualmente negocia futuros sobre swaps de volatilidade (www.eurexchange.com). A assimetria de rendimentos provoca a necessidade de cobrir as posições vendedoras (e compradoras), o que leva à necessidade de modelos de avaliação apropriados. Isto tem feito despertar também o interesse dos pesquisadores teóricos. Assim, Carr e Madam (1998) já dão métodos de avaliação sob casos simples. Muito mais complexa é a metodologia proposta em Carr et al (2005) ou Carr e Wu OS DERIVADOS DE VARIAÇÃO E VOLATILIDADE ESTÃO SE TORNANDO ATIVOS PARA OS QUAIS EXISTE UM CRESCENTE INTERESSE NOS MERCADOS DE CAPITAIS; SÃO INSTRUMENTOS MUITO ATRAENTES NA HORA DE DIVERSIFICAR CARTEIRAS. 26 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 (2006), onde são utilizados vários modelos de volatilidade estocástica. Uma das conclusões importantes de todas estas análises é a sensibilidade, qual o preço teórico e a estratégia de cobertura têm frente ao modelo de avaliação utilizado, bem como os parâmetros estimados para o modelo (vide Moskowitz, 2003). Um procedimento alternativo é a utilização de “carteiras réplicas compostas por infinitas opções européias”, proposto por Demeterfi et al (1999), os que se basearam em idéias préGerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 vias de Neuberger (1994), que não estudou derivados de volatilidade, mas réplicas da função logaritmo com infinitas opções européias. Demeterfi et al (1999) provaram que o swap de variação pode ser replicado e coberto com infinitas opções européias. O método é altamente interessante, pois as opções européias são fáceis de encontrar no mercado e, ao ter um preço disponível, geram um preço de mercado e uma estratégia de cobertura do swap de variação que somente usa dados de 27 estudos mercado e, por conseguinte, é independente de qualquer modelo teórico de avaliação. Demeterfi et al. (1999) mostram como usar a sua metodologia na prática, embora não meçam adequadamente o erro que se comete ao negociar somente com um número finito de opções. É óbvio que na realidade não pode haver carteiras que incorporem infinitos ativos. Os desenvolvimentos de Demeterfi et al (1999) combinaram-se com freqüência com a fórmula de Black e Scholes e o efeito “sorriso da volatilidade” (Carr e Lee, 2007), de modo que possam ser incorporadas opções sintéticas na carteira réplica se o erro for considerado excessivo. Mas continuamos sem ter um critério de erro claro, e a simples interpolação de opções pode distorcer sensivelmente os dados de mercado, especialmente quando este sorriso é muito pronunciado (Branger e Schlag, 2004). Portanto, a maior vantagem do método, a independência do modelo e a única dependência do mercado, parece desvanecer-se ligeiramente. Até onde nós sabemos, Broadie e Jain (2008) são os primeiros a utilizar um critério objetivo para medir o erro cometido. Para tal fim usam o desvio típico da rentabilidade da diferença entre a carteira de cobertura composta por opções européias e o swap de variação coberto. Além disso, Broadie e Jain (2008) dão um segundo passo importante ao usarem também uma carteira com infinitas opções para replicar o swap de volatilidade. Neste caso, não obstante, assumem o modelo de Heston com volatilidade estocástica para explicar o comportamento do subjacente. O enfoque de Broadie e Jain (2008) apresenta duas contribuições importantes, já que estende a análise a outro ativo e mede o erro, mas tem ainda in28 convenientes. Como já foi dito, os derivados de volatilidade mostram uma forte assimetria, com o qual o desvio típico é pouco apropriado para medir erros (não é compatível com a dominância estocástica de segunda ordem, Ogryczak e Ruszczynski, 1999). Além disso, o desvio típico não dá o erro em termos monetários, e a sua medida fixada pela média associada, que sim o faz, não é coerente (Rockafellar et al, 2006). Neste trabalho utilizamos as teorias desenvolvidas em Balbás et al (2009a) e, especialmente, em Balbás et al (2009b), de modo que possamos avaliar e cobrir derivados de volatilidade com um número finito de opções, minimizando o erro cometido mediante medidas de risco coerentes, fixadas pela média, e compatíveis com a dominância estocástica. Exemplos destas medidas de risco são, entre outras, o Conditional Value et Risk ou CVaR (também chamado Tail Conditional Expectation , Average Value at Risk ou Expected Shortfall, Rockafellar et al, 2006), a Dual Power Transform (Wang, 2000), a medida de Wang (Wang, 2000), o Compatible CVaR (Balbás e Balbás, 2009) ou o Weighted CVaR (Cherny, 2006). Além disso, ampliamos a variedade de derivados aos quais é aplicada a metodologia, e, como novidades adicionais, utilizamos também opções digitais européias e consideramos os custos de transação, que podem ser altos, inclusive nos mercados tradicionais e líquidos de opções. Na seção seguinte descrevemos os derivados de volatilidade, variação e covariação mais comuns. Na terceira veremos como replicar qualquer pagamento final mediante uma carteira de Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 infinitas opções digitais e européias, e na quarta veremos como isto nos permite replicar ou aproximar mediante opções digitais e européias um derivado de volatilidade. A quinta seção terá como objetivo mostrar como a metodologia é útil ainda que haja somente um número finito de opções e sejam incorporados os custos de transação. De fato, a metodologia de avaliação e cobertura de Balbás et al, (2009b) pode ser aplicada perfeitamente, e permite minimizar a influência dos inconvenientes mencionados. A última seção apresenta as conclusões mais importantes do trabalho. DESCRIÇÃO DE ALGUNS DERIVADOS DE VARIAÇÃO E VOLATILIDADE da expressão anterior, ou seja Swaps de variação e volatilidade Em essência, um comprador de variação e volatilidade “aposta” em um valor que atingirá a futura variação / volatilidade do subjacente. O comprador ganhará dinheiro se a variação / volatilidade realizada for maior que o seu valor apostado; caso contrário o perderá. Os lucros / perdas do vendedor coincidirão com as perdas / lucros do comprador. Consideremos um horizonte temporário (ou prazo de expiração do derivado) T e um conjunto finito de datas de negociação. A variação realizada em [0, T] é igual a: Onde Uma posição longa em um swap de variação envolve o pagamento de um preço (numérico) , e em troca recebe a quantidade aleatória em t = T, sendo um valor nominal conhecido pelos agentes, e que representa o valor de um ponto de volatilidade. Da mesma forma, o comprador de um swap de volatilidade deve pagar em t = 0 e receber o pagamento aleatório em t = T1. Na próxima seção proporcionaremos fórmulas para avaliar e cobrir ambos os ativos. Na realidade, o preço inicial (numérico) de um swap de variação ou volatilidade paga-se normalmente em t = T também, mas nós não consideraremos esta situação. Em qualquer caso, a diferença entre os dois cenários não é relevante, já que no segundo caso o preço teórico seria obviamente igual ao preço no primeiro caso multiplicado pelo fator de capitalização. Analogamente, a estratégia de réplica seria quase idêntica em ambos os casos. Comentários similares seriam pertinentes se utilizássemos futuros ou opções sobre swaps de variação e swaps de covariação. 1 é uma rentabilidade logarítmica e onde é um dado conhecido pelos agentes. Analogamente, a volatilidade realizada representa-se como a raiz quadrada Gerência de Riscos e Seguros Na prática, os mercados financeiros utilizam normalmente dados diários, ou seja, • nº 104-2010 29 estudos FUTUROS E OPÇÕES SOBRE SWAPS DE VARIAÇÃO Uma posição longa em um futuro sobre swap de variação com vencimento em T1 < T2 implica aceitar em t = 0 o compromisso de comprar um swap de variação em T1 com vencimentos em T2. Simples operações aritméticas permitem comprovar que o futuro sobre o swap de covariação avalia-se e replica-se com combinações destes swaps. Concretamente, se tem: o futuro sobre swap de variação com vencimentos em T1 e T2 replica-se mediante a compra de swaps de variação com vencimento em T2, a venda de swaps de variação com vencimento em T1 e emprestado o preço da estratégia anterior durante o intervalo de tempo [0, T1]. Por conseguinte, o preço de um futuro sobre swap de variação é dado por SWAPS DE COVARIAÇÃO Neste caso, o comprador (vendedor) aposta a covariação que haverá entre dois ativos financeiros e ganhará dinheiro na medida em que o valor apostado ficar abaixo (acima) do que posteriormente será realizado. Consideremos um conjunto finito de datas de negociação 0 = To < t1 < ... < tn = T Consideremos também dois ativos subjacentes cujos processos de preços virão denotados por St e St. Sua covariação realizada em [0, T] é dada por Onde . O comprador de um swap de covariação com vencimento em T pagará em t = 0 o preço numérico e receberá o pagamento aleatório em t = T. Ou se o ativo paga-se em t = T2 Uma opção sobre swap de variação, também chamada swaption pode-se introduzir de diferentes formas que não são equivalentes, ainda que todas elas sejam bastante análogas do ponto de vista teórico, e não há diferenças significativas entre as aproximações que nos permitem avaliá-las e cobri-las. Em qualquer caso, devemos fixar as características da opção que trataremos. Assim, consideraremos que o comprador de uma call (put) européia sobre swap de variação com vencimentos em T1 < T2 tem o direito (não a obrigação) de comprar (vender) um swap de variação em T1 com vencimento em T2, e em troca pagará (receberá) o preço de exercício E. O preço da opção paga-se em t = 0, enquanto o preço de exercício paga-se em T1. AVALIAÇÃO E RÉPLICA DE UM PAGAMENTO ARBITRÁRIO Nesta seção consideraremos um modelo de um período com duas datas de negociação, t = 0 (momento atual) e t = T (momento futuro arbitrário). rf será a taxa livre de risco entre 0 e T, o qual implica que será o fator de capitalização (desconto) para o intervalo de tempo [0, T]. Se denotamos o preço de um ativo por S, então um subíndice t indicará quando estamos avaliando esse preço. Assim, So representará o seu preço atual (numérico), enquanto S T é o preço (aleatório) em T, e poderiam ser utilizadas denotações similares se substituíssemos S por um símbolo diferente. O VOLUME DIÁRIO DE CONTRATAÇÃO DOS DERIVADOS DE VARIAÇÃO E VOLATILIDADE CRESCEU DE FORMA PERMANENTE, CHEGANDO AOS 30 OU 35 MILHÕES DE DÓLARES DE NOMINAIS EM ÍNDICES DOS ESTADOS UNIDOS, NO ANO DE 2008. 30 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Construiremos combinações de opções européias e/ou digitais que replicam pagamentos finais arbitrários (em T). É importante lembrar que uma call (put) européia paga a quantidade CT (k) = (ST - k) + (PT (k) = (k - ST) +) na data de vencimento T, sendo ST o preço final do ativo subjacente e k o preço de exercício da opção2. De forma similar, uma call digital pagará enquanto o pagamento de uma put digital análoga será 1 - DT (k). Em geral, assumiremos que a distribuição final da variável aleatória ST é conhecida. Há duas fórmulas matemáticas simples que fundamentam o uso de infinitas opções, digitais ou européias, na hora de replicar um pagamento final g (ST) que depende do valor final de ST. De fato, do cálculo diferencial sabe-se que servamos (4), ou de três se observamos (5). Centrando-nos em(5), g(S T ) atinge-se comprando o ativo livre de risco em quantidade adequada (primeiro somando, cujo valor não depende de S), o subjacente, também na proporção requerida, e uma terceira carteira cujo pagamento venha dando pela integral. Se para intuir melhor os resultados do ponto de vista econômico / financeiro assimilamos a integral a uma soma infinita, significa que esta integral é alcançada comprando g"(k)dk unidades de um ativo que pague k-S euros, ou seja, g"(k)dk unidades de calls ou puts européias com um preço de exercício k que se move na armação [S, h]. Definitivamente, (4) apresenta que o derivado de S T , g(S T ), podese replicar com carteiras de infinitas opções digitais, enquanto (5) conduz a um resultado similar, mas usando opções européias. AVALIAÇÃO E COBERTURA DE DERIVADOS DE VARIAÇÃO, COVARIAÇÃO E VOLATILIDADE Estudemos agora algumas propriedades das funções É fácil ver que g1 e suas derivadas de qual- quer ordem estejam bem definidas para x > 0 da mesma forma, g2 está bem definida para x>0, e suas derivadas de qualquer ordem estão bem definidas para x > 0 e x 1. Mais ainda, temos um salto da derivada em x = 1, pois as derivadas laterais são Voltemos agora aos derivados de volatilidade. De agora em diante denotaremos x+ = Max {x, 0} 2 Se tomamos S = S T , as fórmulas anteriores sugerem que o valor do pagamento g(S T ) é uma quantia de dois pagamentos se obGerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Neste trabalho, L ( ) denotará o logaritmo natural ou neperiano 3 31 estudos Suponhamos que represente o preço futuro do ativo subjacente com vencimento em T4. Então, em todos os casos (vide Neuberger, 1994, e Demeterfi, 1999), pode-se provar que o preço do swap de variação é igual ao de um ativo cujo pagamento final é Consequentemente, o preço do swap de vola- ii) Comprando preço de exercício k, calls européias com Além disso, Onde Do (k) representa o preço atual da call digital com preço de exercício k. Analogamente, tilidade aproxima-se por ele do ativo cujo pagamento final em T é Por conseguinte, se aplicamos os argumentos de réplica infinita da seção anterior, temos: As seguintes estratégias replicam um ativo cujo preço coincide com o do swap de variação: Estratégia _VarS_1: i) Comprando calls digitais para cada preço de exercício k, ii) Vendendo puts digitais exercício k, sendo Po (k) e Co (k) o preço atual de uma put e call européias com preços de exercício k. De acordo com o que já provamos na seção segunda, o futuro sobre swap de variação é facilmente replicável mediante a combinação de swaps de variação e, por conseguinte, mediante a combinação de infinitas opções digitais ou européias. Com argumentos similares, e levando em conta (6), as seguintes estratégias aproximam a réplica do swap de volatilidade: Estratégia VolS_1: i) Compra de para cada preço de Calls digitais para cada preço de exercício Estratégia_VarS_2: i) Comprando preço de exercício k, puts européias com ii) Venda de (19) puts digitais para cada preço de exercício AS TEORIAS DE BALBAS ET AL PERMITEM AVALIAR E COBRIR DERIVADOS DE VOLATILIDADE COM UM NÚMERO FINITO DE OPÇÕES, MINIMIZANDO O ERRO COMETIDO MEDIANTE MEDIDAS DE RISCOS COERENTE E COMPATÍVEIS COM A DOMINÂNCIA ESTOCÁSTICA. 32 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Estratégia VolS_2: i) Endividamento em euros no ativo sem risco. ii) Venda de unidades do ativo subjacente. iii) Compra de puts européias com preços de exercício k para cada iv) Compra de (20) calls européias com preço de exercício k para cada v) Compra de calls européias com preço de exercício Da mesma forma, podem-se formar carteiras compostas por infinitas opções que aproximem a réplica de um futuro sobre swap de variação, de um swap de covariação ou de um swaption (opção sobre swap) de variação ou volatilidade. EFEITO DAS IMPERFEIÇÕES E DA FALTA DE INFINITAS OPÇÕES A falta de infinitas opções e a existência de custos de transação nos mercados de opções européias podem ter um claro efeito na efetividade das estratégias de réplica anteriores. Como falamos na introdução do trabalho, Demeterfi et al (1999) ignoram esta questão na sua análise do swap de variação, enquanto Broadie e Jain (2008) minimizam o erro cometido através da variação da rentabilidade da carteira global (composta pelo derivado de volatilidade que cubra mais a estratégia de cobertura). Mas, como também foi dito, a forte assimetria, tanto dos rendimentos das opções européias como dos derivados de volatilidade, fazem com que a variação da rentabilidade seja uma medida de risco inadequada, porque não é compatível com as funções de utilidade habituais. Recentemente foram introduzidas novas funções de risco que são capazes de medir este em termos monetários, que costumam ser interpretadas em termos de requerimenGerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 tos de capital, e que frequentemente são compatíveis com a dominância estocástica de segunda ordem. Importantes exemplos são as medidas coerentes do risco (Artzner et al, 1999) e as fixadas pela média (Rockafellar et al, 2006). Casos concretos são o Conditional Value at Risk ou CvaR (também chamado Tail Conditional Expectation, Average Value at Risk ou Expected Shortfall, Rockafellar et al, 2006), a Dual Power Transform (Wang, 2000), a medida de Wang (Wang, 2000), o Compatible CvaR (Balbás e Balbás, 2009) ou o Weighted CvaR (Cerny, 2006), entre muitos outros. 4 Se a relação padrão de paridade à vista / futuro deve cumprir-se, então teremos, sendo D o valor atual dos dividendos a pagar antes de T, ainda que, no momento, não imporemos o cumprimento dessa expressão. 5 Igual ao resultado anterior, as estratégias anteriores nos proporcionam fórmulas concretas para o preço do swap de volatilidade, ainda que as expressões sejam um pouco mais complicadas neste caso. Por exemplo, a estratégia_VolS_1 implica que 3333 estudos Balbás et al (2009b) introduziram um novo método de avaliação e cobertura que se fundamenta nas propriedades das funções de risco anteriores. Basicamente, estes autores consideram o preço da estratégia de cobertura mais os requerimentos de capital representados pela função de risco, e, mediante a redução desta soma, obtêm um preço bid (ou de compra) e outro ask (ou de venda) para um novo ativo a ser analizado e coberto. Da mesma forma, resolvendo o problema de otimização, dá-se a estratégia ótima de cobertura para uma compra (venda) do novo ativo. Esta metodologia é perfeitamente aplicável para resolver o problema que agora nos ocupa. Ou seja, a falta de infinitas opções pode ser resolvida mediante a minimização do risco residual ao qual se incorre ao utilizar somente um número finito, mais o custo da carteira de opções. Isto, ainda, permite incorporar as fricções e/ou a falta de liquidez do mercado de opções. O método nos proporciona preços de compra e venda ótimos (que minimizam a armadilha) para os derivados de volatilidade, bem como a forma mais barata de cobri-los. A teoria desenvolvida em Balbás et al (2009a) e Balbás et al (2009b), e muito especialmente neste último, proporciona duais e algoritmos apropriados para resolver os problemas de otimização resultantes. CONCLUSÕES Os derivados de variação e volatilidade são cada vez mais interessantes, tanto para investidores quanto para teóricos. São instrumentos muito adequados na diversificação de riscos, já que permitem resolver, ao menos parcialmente, os inconvenientes gerados pelas altas correlações que observados entre diferentes ativos e mercados, especialmente em 34 épocas convulsas e de baixa nos mercados de capitais. Também são ativos muito atraentes para investidores especializados capazes de realizar boas coberturas. De fato, a capacidade destes derivados diversificar riscos tem feito com que os seus prêmios costumem ser altos, com os conseqüentes benefícios potenciais para os vendedores. São instrumentos caracterizados, entre outras muitas propriedades, pela forte assimetria dos seus rendimentos, bem como por sua “filas” pesadas. Estes fatos não devem ser esquecidos. Em especial, nunca deve ser utilizada a variação para estimar o seu risco, porquanto esta medida de dispersão não é compatível com as funções de utilidade habituais (com a dominância estocástica de segunda ordem) quando ocorrem estas circunstâncias. Com relação à sua avaliação e cobertura, a literatura prévia os estudou mediante técnicas diversas, embora que aquelas que se baseiam na utilização de infinitas opções européias pareçam ser mais apropriadas, do que quando usam dados de mercado e são mais independentes dos modelos teóricos dinâmicos e estocásticos de avaliação. Porém o uso na prática de um único número finito de opções provoca que se cometa um erro que até agora não tem sido fácil de medir. Este trabalho pretendeu contribuir para a literatura de várias formas. Por um lado, ampliou-se o número de ativos ao qual se aplica a metodologia da réplica com opções. Utilizaram-se também as opções digitais e, muito mais importante, incorporam-se os custos de transação Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 e mediram-se os erros usando medidas gerais de riscos, interpretáveis em termos de possíveis perdas econômicas (VaR, CVaR, Weighted CvaR etc.). Estas medidas são, adicionalmente, coerentes e compatíveis com a dominância estocástica de segunda ordem. Palavras chave: Derivado de volatilidade, carteira pseudo-réplica, medida de risco, otimização de riscos. REFERÊNCIAS • Artzner, P ., Delbaen, F ., Eber, J.M. y Heath, D. ,1999. «Coherent measures of risk». Mathematical Finance, 9, 203-228. • Balbás,A. y Balbás,R., 2009. «Compatibility between pricing rules and risk measures: The CCVaR». RACSAM, 103, en prensa. • Balbás,A., Balbás,R. y Garrido, J., 2009b. «Extending pricing rules with general risk functions». 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E, como é evidente, de todos os danos pessoais, o mais grave é a perda da vida humana, que por esta consideração torna-se a motivação fundamental na hora de justificar a adoção de medidas de proteção e redução de riscos. As decisões políticas e empresariais de funcionamento de planos efetivos de prevenção, como vem ocorrendo nos campos de tráfego viário e trabalhista, têm sido motivadas pelo altos números de mortalidade registrados. Neste sentido, convém levar em consideração que costumam ser acompanhados por importantes repercussões sociais e econômicas que também deverão ser consideradas na hora de avaliar o impacto total. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Neste estudo pretende-se apresentar a importância das diferentes causas de acidentes que resultam em morte e sua análise comparativa na Espanha, em determinados países e no mundo. OS RISCOS NA SOCIEDADE ATUAL O ser humano, desde o início de sua existência, viu-se obrigado a conviver com os diferentes riscos associados à natureza, tecnologias e desequilíbrios sociais. No decorrer do tempo, com a evolução social e tecnológica, surgiram novos riscos, que neste final da primeira década do sécuGerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 lo XXI apresentam uma variedade muito considerável. Estes riscos agrupam-se atendendo a sua origem causal nos seguintes grupos: NATURAIS Meteorológicos: secas, temperaturas extremas, furações, raios etc. Hidrológicos: inundações, tsunamis, temporais marinhos etc. Geológicos: terremotos, vulcões, deslizamentos de terra e neve, deslocamento das placas tectônicas, etc. Cósmicos: meteoritos, vento solar, lixo de satélite, etc. ATUALMENTE EXISTE UMA AMPLA VARIEDADE DE RISCOS, QUE SE AGRUPAM, SEGUNDO A CAUSA DE SUA ORIGEM, EM TRÊS TIPOS: NATURAIS, ANTI-SOCIAIS E TECNOLÓGICOS 37 estudos ANTI-SOCIAIS / MAL-INTENCIONADOS: Roubo, furto. Fraudes, chantagens, extorsão. Espionagem. Assédio no trabalho, sexual, moral. Terrorismo etc. OS GRANDES NÚMEROS DAS ESTATÍSTICAS DE MORTES ACIDENTAIS NUTREM-SE DE SINISTROS REPETITIVOS COM UM NÚMERO REDUZIDO DE VÍTIMAS POR EVENTO, MAS QUE NA SUA MULTIPLICAÇÃO REPRESENTAM UM BALANÇO DE VÍTIMAS MUITO CONSIDERÁVEL. 38 TECNOLÓGICOS: Físicos: mecânicos, elétricos, vibrações, radiações etc. Químicos: tóxicos, energéticos, reativos etc. Organizacionais-psicosociais: métodos de trabalho, turnos, rotina etc. A história é marcada por casos de grandes sinistros da maioria dos ramos indicados, com um enorme saldo de vidas humanas em terremotos, inundações, tsunamis, pandemias, incêndios, explosões, vazamentos tóxicos, atos terroristas, quedas de aviões, naufrágio de navios, choques de trens, entre outras catástrofes naturais e antropogênicas. Não obstante, estes eventos de transbordo de múltiplas vítimas ocorrem de forma esporádica. Lamentavelmente, os grandes números de estatísticas de mortes acidentais nutrem-se de sinistros repetitivos com um número reduzido de vítimas por evento, mas que na sua multiplicação representam um balanço de vítimas muito considerável. Por outro lado, o desenvolvimento humano leva a uma maior exposição aos diferentes riscos, em especial os de caráter tecnológico, acrescentados por algumas novas aplicações com efeitos nocivos ainda pouco conhecidos e a extensão planetária do conjunto de sistemas técnicos. De forma menos visível, os riscos de caráter anti-social globalizaram-se de tal forma nos últimos anos que as ameaças do terrorismo internacional, o crime organizado, a delinqüência comum e do colarinho branco estão presentes em qualquer canto do mundo. Como não poderia ser diferente, as repercussões negativas dos fenômenos da natureza impulsionados pela mudança climática e outras circunstâncias sociais representam perigos incalculáveis para determinados assentamentos cidadãos, agrícolas e industriais escolhidos historicamente pelos seres humanos. Estas condições potenciais de risco e as confirmações reais dos acidentes registrados nos últimos anos apresentam um panorama de grande preocupação que deverá ser avaliado para adotar medidas de redução de riscos e mitigação dos danos que possam ocorrer. A avaliação e acompanhamento continuado dos indicadores de acidentes e da preservação são indispensáveis para garantir uma gestão apropriada dos riscos. EFEITOS DOS ACIDENTES. DANOS PESSOAIS. Na aproximação sistêmica (holística) da análise de riscos apresentam-se alguns possíveis efeitos negativos dos acidentes ordenados nos de tipo pessoal, patrimonial (material e intangível) e de meio ambiente. De todos eles, o principal ativo a ser considerado na gestão de riscos é, sem dúvida alguma, como foi visto, o ser humano. Desse modo, a adoção do tratamento de riscos em nível institucional, empresarial ou familiar baseia-se na importância que estes suponham, principalmente, para as pessoas. Os danos pessoais produzidos pelos acidentes classificam-se, segundo as repercussões físicas, psíquicas e morais; estas duas últimas nas próprias vítimas e nos seus familiares e próximos. De todos eles, o dano físico que resulta em morte constitui o principal e indiscutível valor a ser considerado na tomada de decisões. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Por esse motivo, este estudo se concentra na análise da mortalidade ocasionada pelas diferentes causas acidentais como base de medida da eficácia dos planos de segurança desdobrados pelos Governos e outras entidades envolvidas. Não obstante, os responsáveis políticos e empresariais deverão levar em consideração também, as repercussões sociais e econômicas derivadas dos acidentes e os contextos e fatores particulares de cada país e de cada caso. O falecimento de pessoas em acidentes constitui, em primeiro lugar, um problema humano, pelo desaparecimento inesperado e, normalmente, violento (fortuito) de vidas humanas, em contraste com a morte por causas naturais, avisada pela degradação do organismo humano em um período de tempo amplo. O que neste segundo extremo supõe um fim esperado e inevitável, contrasta com o inesperado, brusco e evitável que caracteriza os acidentes, e que, por isso, demanda notáveis medidas de proteção. Os danos pessoais provocados por acidentes supõem também um problema de saúde pública pelos recursos estruturais, sociais e econômicos de serviços de urgência, emergência e compensações econômicas, que motivam a sua prevenção para evitá-los ou, pelo menos, para reduzir o seu impacto. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Outrossim, as mortes prematuras em acidente acarretam a perda de períodos de vida social e de trabalho esperados que afetam a sociedade e que são avaliados, entre outros, com metodologias do tipo do DALY (Disabled Adjust Life Years – Ajuste de anos de vida perdidos por acidentados). É plenamente aceita a integridade do ser humano, enquanto desempenha atividades nos âmbitos familiar, trabalhista e social, inter-relacionadas entre si para todos os efeitos, incluído, como é mais evidente, o do seu falecimento. Por esse motivo, faz-se necessária a intervenção preventiva nos diferentes âmbitos de ocupação das pessoas: trabalhista, doméstico e de lazer, que nem sempre recebem a suficiente atenção. A ADOÇÃO DO TRATAMENTO DE RISCOS EM NÍVEL INSTITUCIONAL, EMPRESARIAL OU FAMILIAR BASEIA-SE NA IMPORTÂNCIA QUE ESTES SUPONHAM PARA AS PESSOAS. MORTALIDADE POR ACIDENTES. ESTATÍSTICAS. Como destacado, a morte de pessoas em acidentes é o principal indicador de gravidade como ativo afetado e, conseqüentemente, é fundamental dispor de sistemas estatísticos que garantam a confiabilidade destes números para poder atuar preventivamente em consonância com elas e manter um acompanhamento da evolução da acidentalidade. 39 estudos É FUNDAMENTAL CONHECER, POR UM LADO, A CAUSA INICIAL DO FALECIMENTO ACIDENTAL, E POR OUTRO, EM QUE ÂMBITO DE RESPONSABILIDADE PÚBLICA E/OU PRIVADA OCORREU. 40 O estudo da mortalidade por acidentes foi centralizado na Espanha, com a incorporação de certos números comparativos em nível mundial, europeu e de países do seu entorno geográfico, social e econômico. O histórico de dados coletados remonta a 1980, com saltos a cada 5 anos até 2000, a partir do qual tem reflexos cada ano, para poder observar a evolução experimentada ao longo deste tempo. As fontes de informação nacionais e internacionais são muito diversificadas, o que apresenta algumas dificuldades, principalmente por certos critérios muito dispares na hora de elaborar e publicar as estatísticas relativas por causas acidentais. Os critérios mais generalizados são fixados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) de acordo com a 9a Edição da Classificação Internacional de Doenças, estabelecida no seu início pelo doutor Alphonse Bertillon. Entretanto, a operação dos orgãos de alguns países afasta-se frequentemente dos critérios fixados pela OMS. Estas diferenças aumentam quando as estatísticas são processadas por outros organismos oficiais responsáveis de diferentes campos de competências de atuação das pessoas. Em cada item de recopilação de dados é fundamental conhecer, por um lado, a causa inicial e desencadeante do falecimento acidental e, por outro, em qual campo de responsabilidade pública e/ ou privada ocorreu. Neste estudo, a apresentação de análise da mortalidade por acidentes é realizada, em primeiro lugar, com base nos dados de falecimentos por causas externas apresentadas por Classificação Internacional de Doenças estabelecida pela OMS. A seguir, é realizada a análise de causas agrupadas pelos âmbitos de competências administrativas nas quais ocorreram as mortes: trabalho, residência, meios de transporte, policial, entre outros. Em ambos os casos refletem-se os números totais de mortes e a taxa de mortalidade, expressa em número de vítimas por cada milhão de habitantes expostos. Preferiu-se este critério, em vez da mais habitual taxa de incidência por cem mil habitantes, utilizada em relatórios oficiais, por considerá-lo mais fácil de interpretar. Dado o alcance limitado do artigo, selecionaram-se as principais causas e a consideração dos números básicos de mortos e taxas de mortalidade, sem descender aos detalhes das coordenadas e circunstâncias do seu acontecimento – local, idade, dia da semana, hora, sexo, nacionalidade etc. - que são essenciais caso se pretenda tirar conclusões e ensinamentos concretos para a prevenção futura. MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS Segundo o critério seguido pelos órgãos de saúde, os falecimentos são catalogados por causas de doença, de deterioração orgânica e por causas externas aos seres humanos. Estas últimas englobam, com certas variações, os acidentes, considerados como eventos súbitos, inesperados, que iniciam o desencadeamento de uma série de efeitos prejudiciais e ações de caráter voluntário ou intencionado: suicídios e agressões que, para o interesse deste estudo, podem chegar a produzir o fim extremo da morte de pessoas. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 A seguir são apresentadas as principais causas externas de falecimento na Espanha e em nível internacional em séries históricas que permitem observar a sua evolução no tempo. T OTAL DE MORTOS E MORTALIDADE POR ACIDENTES , SUICÍDIOS E AGRESSÕES Do total de falecimentos em nível mundial, 62,7 milhões em 2006, foram registradas 5,3 milhões por causas acidentais, suicídios e agressões, ou seja, 8,5% do valor total e o resultante de uma taxa de mortalidade de 806 mortos por cada milhão de habitantes. Na Espanha, no mesmo ano, ocorreu um total de 371.478 falecimentos, que incluem 16.139 casos por acidentes, suicídios e agressões, que representam 4,35% do total e uma taxa de mortalidade de 358,6 mortos por cada milhão de habitantes. O gráfico 1 reflete os números de mortos por acidentes, suicídios e agressões na Espanha, por uma série histórica que vai de 1980 a 2000 com dados quinzenais e a partir deste ano até 2007 com dados anuais, para estabelecer um acompanhamento contínuo nos últimos anos. Ao mesmo modo, são apresentadas também as taxas de mortalidade correspondentes aos mesmos anos mencionados. O gráfico 2 apresenta a divisão das principais causas externas e as taxas de mortalidade registradas em 2007, último ano disponível. Afim de de poder enquadrar a importância comparativa destes dados da estatística espanhola, são apresentados no gráfico 3 os mesmos conceitos registrados no mundo, na União Européia e em certos países do nosso entorno, no último ano em que estão disponíveis em cada um dos países. Na Espanha observa-se uma diminuição constante da taxa de mortalidade pelo conjunto de causas externas, que passou de 408 mortos por milhão de habitantes em 1980 a 348 em 2007. Por outro lado, esta redução NA ESPANHA OBSERVA-SE UMA DIMINUIÇÃO CONSTANTE DA TAXA DE MORTALIDADE POR CAUSAS EXTERNAS, QUE PASSOU DE 408 MORTOS POR MILHÃO DE HABITANTES EM 1980 A 348 EM 2007. Gráfico 1. Mortos e mortalidade por causas externas: acidentes, agressões e suicídios. Espanha. 1980-2007. Fonte: Instituto Nacional de Estatística. Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 41 estudos OS ACIDENTES NO TRANSPORTE, COM UM TOTAL DE 4.203 FALECIDOS, REPRESENTARAM 25% DO TOTAL DE MORTES ACIDENTAIS NA ESPANHA EM 2007 progressiva da mortalidade por acidente merece ser destacada, já que o seu peso proporcional no total de mortos diminuiu ao longo dos anos analisados – 5,34% em 1980 e 4,13% em 2007 –, apesar da maior expectativa de vida experimentada pela população espanhola. Com relação à incidência da mortalidade por acidentes considerando o gênero dos mortos, esta caiu desde os anos 90, em que 74,3% eram homens, em relação a 68,7% em 2007. Esta porcentagem evidencia uma maior participação da mulher na atividade de trabalho e cidadania. À margem da análise por causas determinadas no conjunto de acidentes e atos voluntários de por fim à vida humana, estabelece-se uma conclusão evidente entre as elevadas taxas registradas nos países em desenvolvimento e as reduzidas dos países avançados, com exceção dos Estados Unidos e França, com elevadas incidências de acidentes domésticos e suicídios, que podem ser observadas em itens posteriores. ACIDENTES DE TRANSPORTE Os diferentes meios de transporte, em sua mais ampla variedade – desde a tração animal à aérea, passando pelo tráfego viário, ferroviário e aquático – constituem a principal causa de mortes acidentais: em torno de 25% do total, com um número absoluto de 4.203 mortos na Espanha em 2007 e uma taxa de 92 mortes por cada milhão de habitantes. Entre os meios incluídos neste item, a maior ocorrência de mortes ocorre no tráfego viário (2.995), seguida dos de tração agrícola (116), aéreos (27), aquáticos (16) e ferroviários (16), ocorridos em 2007 na Espanha. Do total de vítimas mortais, 79,4% foram dos sexo masculino. QUEDAS As quedas de pessoas em diferentes formas – no mesmo nível, por deslizamento, em escadas, andaimes, de edifícios etc. – supõem a quarta causa em importância das Gráfico 2. Principais causas externas de mortalidade. Espanha. Ano de 2007. PAIS Nº DE MORTOS TAXA DE MORTALIDADE Transporte Suicídios Obstrução vias respiratórias Quedas Envenenamentos Afogados Agressões Forças mecânicas Incêndios Eletrocussão Fenômenos naturais Restante Total de mortos: 15.916 348,3 mortos por milhão de habitantes Fontes: Instituto Nacional de Estatística. Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes. 42 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Gráfico 3. Mortos e mortalidade por causas externas. Internacional. Ano de 2006. PAIS Nº DE MORTOS TAXA DE MORTALIDADE Mundo União Europeia Alemanha Argentina (05) Brasil (04) Colômbia Chile (05) Cuba (05) Equador (05) Espanha Estados Unidos França (05) Grã Betanha Itália (03) México (05) Peru (00) DERIVAM ALTAS TAXAS NOS PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO E AS REDUZIDAS DOS PAÍSES DESENVOLVIDOS, COM EXCEÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS E FRANÇA, PELAS ELEVADAS INCIDÊNCIAS DE ACIDENTES DOMÉSTICOS E SUICÍDIOS, RESPECTIVAMENTE. Portugal (03) Venezuela (05) Fontes: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde. Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes. NOTA: Junto ao país, entre parênteses, ano ao qual corresponde o dado se for diferente de 2006. mortes acidentais em 2007, com 10,9% do total. A evolução histórica reflete-se no gráfico 4, na Espanha, e no gráfico 5, a comparação internacional. Do total de mortos por quedas em 2007 na Espanha, 1.740, 57,7%, eram do sexo masculino. A taxa de mortalidade nesse ano situa-se em 38,1 mortos por cada milhão de habitantes. AFOGAMENTOS E SUBMERSÃO EM ÁGUA Os afogamentos por submersão em água de mar, rios, represas, piscinas, banheiras e outros recipientes supõem a sexta causa de mortes acidentais na Espanha, com 3% do total. Sua evolução na série história pode ser observada, junto com as mortes por obstrução de vias respiratórias, no gráfico 6. Em 2007 houveram 482 mortos por afogamento, dos quais 83,4% eram do sexo masGerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 culino. A taxa de mortalidade foi de 10,5. A comparação internacional, acrescentada às mortes produzidas por obstrução das vias respiratórias, que constam conjuntamente nas estatísticas da maioria dos países, é refletida no gráfico 7. OBSTRUÇÃO DE VIAS RESPIRATÓRIAS A obstrução das vias respiratórias por diferentes objetos e produtos alimentícios e gástricos e por falta de oxigênio em espaços confinados com causa de morte situa-se na terceira posição de importância de mortes acidentais, com 13,1% do total de acidentes. Na Espanha, no ano de 2007, ocorreu um total de 2.087 óbitos por esta causa, que é a única na qual ocorre em maior medida no sexo feminino, com 53,6% do total; a taxa de mortalidade foi de 45,7. 43 estudos AS QUEDAS, COM 1.740 CASOS, FORAM A QUARTA CAUSA EM IMPORTÂNCIA DAS MORTES ACIDENTAIS NA ESPANHA NO ANO DE 2007. Gráfico 4. Mortos e mortalidade por quedas. Espanha. 1980-2007. Fonte: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde. Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes. Gráfico 5. Mortos e mortalidade por quedas. Internacional. 2006. PAIS Nº DE MORTOS TAXA DE MORTALIDADE Mundo União Europeia Alemanha Brasil (04) Colômbia Cuba (05) Chile (05) Equador (05) Espanha Estados Unidos França (05) Grã Betanha Itália (03) México (05) Portugal (03) Venezuela (05) Fonte: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde. Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes. 44 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Gráfico 6. Mortos e mortalidade por afogamento e obstrução de vias respiratórias. Espanha. 1980-2007. EM 2007 OCORRERAM, NA ESPANHA, 2.087 ÓBITOS POR OBSTRUÇÃO DE VIAS RESPIRATÓRIAS, ÚNICA CAUSA QUE OCORRE EM MAIOR QUANTIDADE NO SEXO FEMININO, COM 53,6% DO TOTAL. Fonte: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde. Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes. Gráfico 7. Mortos e mortalidade por afogados e obstrução de vias respiratórias. Internacional. 2006. PAIS Nº DE MORTOS TAXA DE MORTALIDADE Mundo União Europeia Alemanha Argentina (05) Brasil (04) Colômbia Cuba (05) Chile (05) Equador (05) Espanha Estados Unidos França (05) Grã Betanha Itália (03) México (05) Perú Portugal (03) Venezuela (05) Fontes: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde. Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes. NOTA: Junto ao país, entre parênteses, ano ao qual corresponde o dado se for diferente de 2006. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 45 estudos A TAXA DE MORTALIDADE ESPANHOLA POR DESCARGAS ELÉTRICAS REDUZIU DE FORMA CONSIDERÁVEL DEVIDO ÀS MELHORAS NA SEGURANÇA NO MANUSEIO DE INSTALAÇÕES ELÉTRICA Gráfico 8. Mortos e mortalidade por lesões auto-infligidas (suicídios). Espanha. 1980-2007. Fonte: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde. Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes. DESTACA A ALTA TAXA REGISTRADA NA FRANÇA, 170, COM RELAÇÃO A MÉDIA MUNDIAL, 133. Gráfico 9. Mortos e mortalidade por lesões auto-infringidas (suicídios). Internacional. 2006. PAIS Nº DE MORTOS TAXA DE MORTALIDADE Mundo União Europeia Alemanha Argentina (05) Brasil (04) Colômbia Cuba (05) Chile (05) Equador (05) Espanha Estados Unidos França (05) Grã Betanha Itália (03) México (05) Perú Portugal (03) Venezuela (05) Fontes: Instituto Nacional de Estatística / Organização Mundial da Saúde. Taxa de mortalidade: Número de mortos por milhão de habitantes. NOTA: Junto ao país, entre parênteses, ano ao qual corresponde o dado se for diferente de 2006. 46 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 1.5 D ESCARGA ELÉTRICA As descargas em linhas elétricas de baixa e alta tensão sobre pessoas ocasionam 0,4% de vítimas mortais na Espanha, e reduziu-se notavelmente a taxa de mortalidade registrada nos anos 80, de aproximadamente 4,5 a 1,4 em 2007, devido às consideráveis melhoras de segurança no manejo de instalações elétricas experimentadas neste período de tempo. Das 69 mortes produzidas em 2007 na Espanha por eletrocussão, 89,1% foram do sexo masculino. 1.6 I NCÊNDIOS Os incêndios e intoxicações por má combustão são a nona causa de mortes acidentais na Espanha, observando-se uma apreciável melhora das taxas de mortalidade dos anos 80 e inícios dos 90 do século passado às existentes nos últimos dez anos considerados. Em 2007 morreram por incêndios 189 pessoas, sendo 66,7% do sexo masculino e uma taxa de mortalidade de 4,1. 1.7 E NVENENAMENTO ACIDENTAL As mortes produzidas por drogas, fármacos e produtos químicos situam-se na Espanha na quinta causa de mortalidade, com uma evolução e taxa de mortalidade refletidas no gráfico 8. Das 767 mortes registradas na Espanha em 2007, 82,3% eram do sexo masculino; outro dado esclarecedor das ações geradoras de sobredose de drogas é que 71,1% do total de mortos estavam em idades compreendidas entre 20 e 40 anos. No gráfico 9 são apresentadas as mortes e taxas de mortalidade em 2006 para os diferentes países incluídos nesta análise. Chama a atenção a elevada taxa (123,2) resultante nos Estados Unidos com relação à taxa média de 57 em nível mundial. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 1.8 L ESÕES AUTO - INFLIGIDAS Esta causa de morte não acidental, mas infringida pela própria vítima supõe na Espanha 20,5% do total de mortes por causas externas em 2007, o que se situa no segundo lugar em importância depois das produzidas por meios de transporte. Do total de suicídios em 2007, 75,5%, 3.263 vítimas, foram pessoas do sexo masculino. Em nível internacional destaca a elevada taxa resultante na França, 170, com relação à média mundial de 133. OS SUICÍDIOS, COM 3.263 CASOS, REPRESENTARAM A SEGUNDA CAUSA DE MORTE POR CAUSAS EXTERNAS NA ESPANHA EM 2007. 1.9 A GRESSÕES A causa externa resultante de morte por agressões com armas brancas ou de fogo, afogamentos, envenenamentos, produtos químicos, entre outros, representa 2,2% do total em 2007, ocupando o sétimo lugar em importância. Em 2007 ocorreram 348 mortes por agressões, das quais 65,2% foram homens. Sobressaem os dados de mortes por agressões em muitos dos diferentes países considerados, onde destacam os elevados índices registrados na Colômbia, Venezuela, Brasil, Peru e México. 47 estudos Na sociedade atual existe um claro “risco de excesso de informação” e com o tempo uma necessidade de permanente atualização e orientação, o que supõe um desafio enriquecedor para o serviço de informação oferecido pelo Centro de Documentação da FUNDACIÓN MAPFRE. Risco de excesso O MARISOL REVILLA GUZMÁN FUNDACIÓN MAPFRE Diretora do Centro de Documentação 48 Centro de Documentação oferece um serviço gratuito de informação especializada acessível pela Internet. Serviço especializado que supõe um instrumento útil para mitigar as consequências do “risco de excesso de informação” na era digital. As atuais linhas de atuação do Centro de Documentação são destinadas a evolução da biblioteca digital de modo que seu catálogo web seja totalmente visível na Internet. Para isso, estão sendo fomentadas relações institucionais que permitam o intercâmbio de publicações digitais e o catálogo está sendo registrado em Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 de informação diferentes buscadores e produtores, tanto nacionais quanto internacionais. Atualmente o catálogo web do Centro de Documentação possui mais de 110.000 registros bibliográficos, organizados nas seguintes coleções: Artigos de revistas especializadas Legislação de seguros e de segurança Monografias (livros, documentos eletrônicos, CD´s, DVD´s...) Normativa técnica Sites relevantes do mercado segurador e de segurança Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Ranking do mercado segurador e financeiro Revistas Após o grande impulso de digitalização realizado em 2009, 40% do catálogo está já em formato digital. A gestão da informação no Centro de Documentação da FUNDACIÓN MAPFRE é feito de acordo com quatro pilares básicos: 1. Seleção e localização de informação 2. Aquisição 3. Organização 4. Difusão 49 estudos 1. SELEÇÃO E LOCALIZAÇÃO DE INFORMAÇÃO Na gestão da informação e documentação o primeiro elo do processo é a identificação, localização e seleção de informação estratégica e relevante do setor e depois onde ele está especializado, no caso em questão em seguros, gerência de risco e segurança e meio ambiente. Para tanto existe uma série de canais de comunicação externos e internos. CANAIS DE COMUNICAÇÃO EXTERNOS DISTRIBUIDORES E FORNECEDORES DE INFORMAÇÃO Dispõe-se de um grande número de distribuidores e/ou fornecedores de informação e documentação, gerais (MundiPrensa, Armazon, Díaz de Santos etc.) ou especializados (Unespa, ICEA, Swiss Re, Münchener, Inese, Forrester, Axco etc.). REVISTAS E IMPRENSA Cada vez mais as próprias revistas enviam ao assinante (via correio eletrônico) alertas com informação atualizada do setor, como, por exemplo, Risk, Asia Insurance Reviw, Business Insurance, Post online etc.). CATÁLOGOS E BASES DE DADOS Existem numerosos catálogos de bibliotecas e bases de dados. A seguir são descritos alguns que o Centro de Documentação consulta de forma assídua: TESEO A base de dados de teses de doutorado Teseo é do Ministério da Educação espanhol. Nele são encontradas teses de doutorado por autor, título ou matéria, mas pode-se acessar somente o resumo. TEXIS DOCTORALES EM XARXA Tesis Doctorales en Red é um diretório cooperativo que contém, em formato digital, todas as teses de doutorado lidas nas universidades da Cataluña e de algumas universidades que se uniram a este projeto de cooperação e impulso do conhecimento da pesquisa na Espanha, e permite o acesso ao texto completo das teses de doutorado. E-PRINTS COMPLUTENSE E-Prints Complutense é o arquivo institucional, com acesso aberto, desenvolvido pela Biblioteca da Universidade Complutense de Madri para gerir a documentação digital, fruto da atividade dos seus docentes e pesquisadores. Pode-se acessar o texto completo dos documentos. OAISTER Oaister é um catálogo coletivo de recursos digitais criado pela Universidade de Michigan (EUA) e financiado por The Andrew W. Mellon Foundation. Proporciona acesso a mais de 22 milhões de registros bibliográficos e aos seus objetos digitais correspondentes, de 1.139 fornecedores de dados. O Centro de Documentação da FUNDACIÓN MAPFRE é, desde 2009, fornecedor de dados e foi coletado pela Oaister, pelo qual, ao buscar neste catálogo, são recuperados documentos com o texto completo do catálogo do Centro de Documentação e de outros muitos diretórios relevantes. A gestão da informação no Centro de Documentação de FUNDACIÓN MAPFRE é realizada de acordo com os quatro pilares básicos: seleção e localização de informação, aquisição, organização e difusão. A GESTÃO DA INFORMAÇÃO NO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA FUNDACIÓN MAPFRE É REALIZADA DE ACORDO COM OS QUATRO PILARES BÁSICOS: SELEÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA INFORMAÇÃO, AQUISIÇÃO, ORGANIZAÇÃO E DIFUSÃO 50 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 OPENDOAR OpenDOAR é um diretório de dados acadêmicos de acesso aberto, criado e mantido pela Universidade de Nottingham (Reino Unido). O Centro de Documentação também faz parte destes dados. BIBLIOTECAS E CENTROS DE DOCUMENTAÇÃO NNo Centro de Documentação são consultados, Assiduamente, numerosos catálogos de bibliotecas, nacionais e internacionais, mas merece destaque nesta ocasião o metabuscador “El Buscón”, que incluiu seu site a Biblioteca Nacional da Espanha. Trata-se de um portal de acesso aos recursos eletrônicos, assinados ou gratuitos, selecionados pela própria Biblioteca Nacional. Permite acessar o texto completo de documentações diversas, distribuídas, mas catalogada em diferentes grupos de recursos: catálogos, artigos, coleções digitais etc NEWSLETTERS TTrata-se de folhas informativas ou boletins que geralmente são recebidas por correio eletrônico e sugere um canal de informação relevante do setor no qual é especializado. Sua assinatura costuma ser gratuita, como, por exemplo, a dos Grupos Aseguranza, Inese, ICEA, Axco etc. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 CANAIS RSS RSS (Really Simple Syndication) é um formato de texto, no formato XML, que serve para distribuir títulos de notícias e conteúdos pela Internet de forma automatizada e sem a necessidade de entrar no site. 51 estudos Há milhões de sites que oferecem informação atualizada e notícias, mas é quase impossível poder consultar todas. O Centro de Documentação está vinculado a uma série de canais RSS especializados que informam seletiva e constantemente as novidades, sem necessidade de acessar todos os sites. SITES O Centro de Documentação realiza uma seleção rigorosa de sites de interesse para os setores nos quais é especializado. Atualmente o Centro conta com mais de 280 sites (de legislação, estatística, normativos, seguros, gerência de riscos, segurança e meio ambiente) catalogadas e consultáveis pelo catálogo da internet. Trata-se de endereços de Internet ativos, já que diariamente é feito um processo informático descontinuo (batch process) que comprova três vezes ao dia se os endereços funcionam corretamente ou não, ou se mudou a URL, sendo que nesse caso é fornecido o novo endereço eletrônico. CANAIS DE COMUNICAÇÃO INTERNOS A informação atualizada das áreas temáticas onde a pesquisa é realizada, e do mercado, chegam ao Centro de Documentação por intermédio da própria FUNDACIÓN MAPFRE: Bolsas de Auxílio à Pesquisa em Seguros, Saúde, Segurança e Meio Ambiente, que são convocadas anualmente. Prêmio Internacional Julio Castelo Matrán, de pesquisa em Seguros, que é convocado bienalmente. Publicações da própria FUNDACIÓN MAPFRE. Relatórios e estudos do mercado espanhol e iberoamericano, e rankings de grupos seguradores europeus e da iberoamérica. DESIDERATAS Desiderata é o termo latino usado em biblioteconomia para referir-se à “papeleta” que antigamente o usuário da biblioteca utilizava para expor a conveniência de aquisição de um livro. Atualmente, o Centro recebe as sugestões de aquisição de qualquer tipo de documento, em diferentes meios e/ou formatos, pessoalmente, por correio eletrônico ou por catálogo de internet (parte inferior do site em “Sugerencias” (sugestões)). 52 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 2. AQUISIÇÃO Após o pilar da seleção, o tema seguinte é a aquisição, que consiste na obtenção do documento por meio da Internet, o empréstimo inter-bibliotecário ou a aquisição propriamente dita. Há três vias de aquisição: Compra de publicações em diferentes meios e assinaturas de revistas, imprensa e bases de dados. Troca: intercâmbio de publicações com outras instituições nacionais e internacionais. Doações de documentação especializada. 3. ORGANIZAÇÃO O Centro de Documentação conta com um sistema integrado de gestão documental que supõe: Um programa cliente com três módulos: catalogação, aquisição e circulação. Uma aplicação web, acessível a todos os usuários pela Internet. Fornecedores de dados A gestão da informação e documentação é realizada segundo padrões internacionais, que permite catalogar e colocar à disposição dos usuários objetos multimídia em diferentes formatos (PDF, JPG, TIFF, GIF, Excel, PPT, MPEG, WAV etc.). Na prática, são usados padrões XML, DCMI, MARC 21 e METS, que permite que as fichas bibliográficas possam ser visualizadas, exportadas ou guardadas em diversos formatos (Ficha, ISBD, Dublin Core RDF, Onix, Ibermarc etiquetado, XMLMARC Schema). Além disso, o arquivo onde são armazenados os documentos cumpre o protocolo OAI-PMH, pelo qual os seus dados podem ser recuperados pelos principais buscadores e coletores. Existem dois agentes fundamentais: Fornecedores de dados Coletores Coletores Especializados Centro de documentação Genéricos Biblioteca virtual do patrimônio bibliográfico, biblioteca virtual de imprensa histórica, dialnet... Oaister, Hispana, Coleta, Roar, Opendoar, E-ciencia... Google O CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO FAZ UMA SELEÇÃO RIGOROSA DOS SITES INTERESSE PARA OS SETORES NOS QUAIS É ESPECIALIZADO. ATUALMENTE CONTA COM MAIS DE 280 PÁGINAS CATALOGADAS E CONSULTÁVEIS ATRAVÉS DO CATÁLOGO “WEB”. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 53 estudos O Centro de Documentação é fornecedor de dados, de informação especializada e graças a isso está incluído na Hispana. Hispana é um diretório e coletor de recursos digitais do Ministério da Cultura Espanhol. Por meio do seu diretório permite localizar os atuais projetos espanhóis digitalizados e seu coletor fornece acesso à informação digital de diferentes instituições, cujas bases de dados são interconectadas. Assim, por exemplo, se são buscados documentos digitais sobre “Seguro de dependência”, o Hispana mostra o número de documentos e seu recurso eletrônico localizado em diferentes sites institucionais. Por último, destacamos que o catálogo virtual do Centro de Documentação da FUNDACIÓN MAPFRE já está disponível na Internet, já que desde janeiro de 2009 o Google indexa todas as suas fichas bibliográficas. Antes, as fichas bibliográficas dos catálogos de bibliotecas eram invisíveis para os buscadores. Assim, quando se buscava no Google por um autor ou título de uma obra, o buscador o levava à página web da entidade ou da biblioteca ou ao seu catálogo, e o usuário tinha que começar a “navegar” por ele. O CATÁLOGO VISTUAL DO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO DA FUNDACIÓN MAPFRE JÁ ESTÁ DISPONÍVEL NA INTERNET, JÁ QUE DESDE JANEIRO DE 2009 O GOOGLE INDEXA TODAS AS SUAS FICHAS BIBLIOGRÁFICAS. 54 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Agora, o catálogo virtual do Centro de Documentação conseguiu o “efeito Google” desejado (buscar = encontrar). Se buscar diretamente no Google, o resultado – quase sempre na primeira posição – é a ficha do próprio catálogo e pode-se acessá-lo e a seu objeto digital, se houver, sem a necessidade do usuário ter que entrar na página do catálogo. O Centro de Documentação da FUNDACIÓN MAPFRE é, desde 2009, fornecedor de dados e, por isso, eles podem ser recuperados pelos principais buscadores e coletores. CATÁLOGO VIRTUAL Basicamente, as principais novidades do catálogo virtual são: 1. Busca simples / avançada, exata, integrada ou em uma coleção concreta. 2. Acesso ao documento original. 3. Exportar, imprimir ou guardar os resultados de uma busca. 4. Revistas: navegação pelos anos e números, e acesso imediato ao PDF, se houver. 5. Serviço de atualização automática e permanente das novidades bibliográficas aos usuários por meio da tecnologia RSS. 4. DIFUSÃO A única razão de ser das bibliotecas e dos centros de documentação são os usuários e o uso dos seus acervos documentais. Há séculos a missão fundamental era a preservação e a conservação dos documentos; atualmente todos os indicadores estatísticos tentam medir e apresentar o grau de difusão da informação, e a utilização dos recursos documentais e aplicação da internet. O Centro de Documentação da FUNDACIÓN MAPFRE faz esta divulgação Por meio de uma biblioteca e um catálogo virtual. BIBLIOTECA Desde outubro de 2009, a Biblioteca do Centro de Documentação está localizada nas novas instalações da FUNDACIÓN MAPFRE em Bárbara de Braganza, 14, Madri (Espanha). Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 55 informe A implementação da tecnologia RSS no catálogo virtual do Centro de Documentação permite que os usuários conheçam, na hora, os novos títulos disponíveis no catálogo ou somente os daquela matéria em que estiverem interessados. O Centro de Documentação apresenta os 50 últimos documentos catalogados, e estas novidades bibliográficas podem ser consultadas diretamente, posicionando-se no termo desejado ou cadastrando-se na fonte RSS correspondente. www.fundacionmapfre.com/documentacion GRAÇAS À TECNOLOGIA RSS IMPLEMENTADA NO CATÁLOGO VIRTUAL DO CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO, OS USUÁRIOS PODEM CONHECER NA HORA OS NOVOS TÍTULOS DISPONÍVEIS OU SOMENTE OS DA MATÉRIA QUE ESTIVEREM INTERESSADOS. 56 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Esta assinatura permite: a) Acessar as novidades bibliográficas diretamente do Google, por exemplo, sem necessidade de recorrer à URL do Centro de Documentação. Pode-se acessar o canal que está cadastrado, portanto, a notícia e o texto completo. b) possuir com um programa de leitura RSS, o usuário recebe na hora alertas dos novos conteúdos dos canais RSS que estiver cadastrado. VER OS FAVORITOS, AS FONTES, O HISTÓRICO Sites Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 eprints.ucm.es hispana.mcu.es oaister.umdl.umich.edu opendoar.org/index.html www.bne.es www.bne.es/es/Catalogos/ElBuscon/index.html www.fundacionmapfre.com/documentacion www.oaister.org www.mellon.org www.micinn.es/teseo/login.jdp www.tesisenxarxa.net 57 informe RANK dos maiores grupos seguradores europeus Não Vida 2008 CENTRO DE ESTUDOS FUNDACIÓN MAPFRE A FUNDACIÓN MAPFRE apresenta pelo quinto ano consecutivo o “Ranking dos maiores grupos seguradores europeus Não Vida 2008”. A classificação foi elaborada com base no volume de prêmios que cada um dos grupos lucrou em 2008 no referido segmento de negócio, procedente de todos os países nos quais opera. Como fonte de informação foram utilizados os relatórios anuais publicados pelas próprias Companhias. Além disso, o estudo fornece informação sobre o índice combinado, comentários sobre os fatos mais destacáveis do exercício e um quadro com o resultado obtido por cada grupo nos ramos Não Vida. 58 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 KING Mantêm-se o critério de incluir os prêmios de resseguro aceito naqueles grupos com filiais resseguradoras, mas sem que esta atividade seja a principal. Não obstante, cabe mencionar o caso particular da Talanx, cujos prêmios de Resseguro Não Vida foram quase iguais aos prêmios de seguro direto em 2007. 3 – Os dados de resultados referem-se ao segmento Não Vida, antes dos impostos e minoritários. No caso do AXA incluiu-se também o Seguro Internacional (negócio incluído também no dado de volume de prêmios). ASPECTOS METODOLÓGICOS 1 – Para a elaboração do ranking levou-se em conta o volume de prêmios brutos (seguro direto mais resseguro aceito) dos ramos Não Vida1. É conveniente esclarecer que no ranking não constam os prêmios de Saúde que são atribuídos ao ramo de Vida1, mas sim aqueles que são classificados em Não Vida ou expressamente diferenciados. 2 – Não são incluídos neste ranking os grupos cuja atividade principal seja o Resseguro. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 4 – No relatório é utilizada a expressão “resultado operacional” para referir-se ao resultado proveniente do negócio segurador, incluindo o resultado dos investimentos associados ao negócio. As perdas ou lucros procedentes de outros investimentos são incluídos no “resultado não operacional”. 5 – A informação sobre o nível de solvência que consta em alguns quadros refere-se à totalidade de operações de cada grupo. O dado representa o número de vezes que o grupo cumpre o capital de solvência obrigatório. De forma geral, nos casos que o seguro de Saúde gera provisões matemáticas, o ramo classificado junto ao de Vida. 1 59 informe MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS NÃO VIDA 2008 Ranking por volume de prêmios brutos (milhões de euros) PRÊMIOS NÃO VIDA ÍNDICE COMBINADO1 % 2007 2008 RANKING 2007 -2,0 93,6 95,1 1 28.851 0,9 97,6 95,5 2 25.882 25.369 -2,0 95,6 98,1 3 Itália 20.845 21.990 5,5 95,8 96,4 4 Eureko Holanda 10.436 15.075 44,5 96,4 96,7 7 6 Aviva Reino Unido 16.613 15.033 -9,5 100,0 98,0 5 7 Groupama França 9.922 10.964 10,5 99,7 98,7 9 8 Mapfre Espanha 9.293 10.891 17,2 92,6 93,9 11 9 Talanx2 Alemanha 11.596 10.800 -6,9 99,4 99,0 6 10 Ergo Alemanha 10.089 10.546 4,5 93,1 90,2 8 11 Rsa Reino Unido 9.638 9.162 -4,9 94,9 94,5 10 12 Covéa França 8.682 8.900 2,5 n.d. n.d. - 13 Fondiaria-Sai Itália 7.318 8.298 -0,3 94,4 98,7 13 14 Rbs Insurance Reino Unido 8.193 6.953 -15,1 n.d. n.d. 12 15 Ing Holanda 6.086 4.943 -18,8 97,1 96,5 14 130.049 227.481 134.672 230.162 NO GRUPO PAÍS 1 Allianz 2 2007 2008 Alemanha 44.289 43.387 Axa França 28.598 3 Zurich Suíça 4 Generali 5 Total 5 primeiros Total 15 primeiros %▲ 3,6 1,2 Fonte: FUNDACIÓN MAPFRE. Elaboração própria de acordo com as demonstrações financeiras consolidadas (sob critérios NIIF). O índice combinado é o apresentado por cada companhia na sua memória. Nos casos que o índice Não Vida e o de Saúde aparecem separados, optou-se pelo índice Não Vida. 2 Baseado na projeção dos resultados financeiros anuais de 2008. 1 OS 15 MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS DO SEGMENTO NÃO VIDA EM 2008 ACUMULARAM 230.162 MILHÕES DE EUROS EM PRÊMIOS, COM UM LEVE RENDIMENTO DE 1,2% COM RELAÇÃO AOS LUCROS OBTIDOS NO ANO ANTERIOR. 60 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 6 – A título de comparação, foram atualizados os valores de lucros e resultados de 2007 publicados pelos grupos seguradores nos seus relatórios anuais de 2008. 7 – Para a conversão a euros dos dados expressos em outras moedas utilizou-se a taxa de câmbio média dos anos de 2007 e 2008, conforme apresentado no quadro seguinte: EURO/1 UNIDADE 2007 2008 Libra esterlina (GBP) 1,461 1,260 Dólar (USD) 0,726 0,683 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Comentários gerais Alguns aspectos destacáveis do ranking de 2008 são: Durante 2008 manteve-se uma situação de intensa concorrência, principalmente no ramo de Automóveis, o que causou uma queda do prêmio médio. A isso se somam os efeitos da crise econômica, com uma queda significativa dos novos registros e a contratação de menos coberturas. ■ As receitas procedentes das filiais estabelecidas em mercados emergentes e as aquisições foram em alguns casos os principais impulsionadores do crescimento. 61 informe O GRUPO MAPFRE OBTEVE EM 2008 O SEGUNDO MAIOR CRESCIMENTO EM PRÊMIOS, DE 17,2%, ESCALANDO TRÊS POSIÇÕES NA CLASSIFICAÇÃO DOS 15 MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS DO SEGMENTO NÃO VIDA, ATÉ ATINGIR O OITAVO LUGAR ■ O resultado do segmento Não Vida viu-se afetado de forma generalizada pela depreciação dos investimentos, consequência da crise dos mercados financeiros internacionais. A maioria dos grupos que fazem parte do ranking obteve menores resultados que no exercício precedente. Somente três grupos obtiveram crescimentos em moedas locais: os britânicos RBS Insurance (14,5%), RSA (13,3%) e a espanhola MAPFRE (8,5%). No caso das duas primeiras entidades, o resultado expressado em euros diminuiu. ■ A valorização do euro frente ao dólar e a libra esterlina é o motivo pelo qual diminuiu o volume de receitas de alguns grupos que publicam a informação financeira nas referidas moedas, como no caso da Aviva, RSA e Zurich, que tiveram crescimentos nas suas respectivas moedas. ■ Com relação aos movimentos produzidos, e em contraste com o que ocorreu no ranking de 2007, somente cinco grupos ocupam o mesmo lugar na classificação igual ao ano anterior. As quatro primeiras posições mantêmse invariáveis. Como novidade, ocorreu a entrada no ranking de 2008 do grupo Covéa, que agrupa três das principais mutualidades francesas de seguros e a saída do grupo Fortis. Os 15 maiores grupos seguradores europeus do segmento Não Vida em 2008 acumularam 230.162 milhões de euros em prêmios, com um leve aumento de 1,2% com relação às receitas obtidas no ano anterior. O referido crescimento é três pontos porcentuais inferior ao obtido em 2007 pelos seguros que compunham parte do ranking, que foi de 4,3%. 62 É importante descartar o significativo aumento das receitas do grupo holandês Eureko, 44,5% graças à fusão com o também holandês Agis e a aquisição da companhia turca Eureko Sigorta. Estas operações foram concluídas em 2007, sendo 2008 o primeiro exercício no qual se consolidou a totalidade das receitas de ambas as companhias. A Eureko sobe duas posições no ranking e ficou em quinto lugar, levando a Aviva à sexta posição. A Groupama, com um crescimento em prêmios de 10,5%, ganha duas posições e passou da nona à sétima posição. O Grupo MAPFRE obteve o segundo maior crescimento em prêmios, 17,2%, e sobe três posições na classificação, até o oitavo lugar. Fondiaria-Sai manteve-se na posição número 13. Os demais grupos caíram posições com relação ao ranking do ano anterior. O melhor índice combinado foi o da Ergo, 90,2%, quase três pontos menos que no ano anterior. É conveniente explicar que o índice refere-se ao segmento Property-Casualty, sem incluir Saúde. Depois da Ergo, a MAPFRE obteve o índice combinado mais baixo, 93,9%, apesar de que em 2008 incrementou-se um ponto em conseqüência do aumento da sinistralidade na Ibero-américa e no resseguro, bem como à integração do The Commerce Group e a consolidação da Genel Sigorta e MVA durante todo o exercício. Ainda que a sinistralidade não tenha tido o mesmo comportamento em todos os grupos, podem-se tirar algumas conclusões gerais dos comentários incluídos nos relatórios anuais: Os danos causados por catástrofes naturais foram elevados, ainda que menores que os de 2007 na maioria dos grupos, sendo os mais destacados os causados pelas tempestades Emma e Hilal e pelo furacão Ike. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Em alguns grupos, a redução da sinistralidade por catástrofes naturais foi contrabalanceada pelo aumento dos sinistros graves. A diminuição do prêmio médio em conseqüência da forte concorrência existente nos mercados e o aumento do custo dos sinistros foram algumas das causas da piora do índice de sinistralidade. Embora a maioria dos grupos destaque que o resultado operacional foi muito positivo no exercício de 2008, o efeito da depreciação dos investimentos em consequência da crise dos mercados financeiros internacionais produziu uma significativa queda do resultado dos investimentos, causando uma diminuição dos resultados do segmento Não Vida na maioria dos grupos, inclusive com perdas na Eureko e Aviva. As exceções foram a RBS Insurance e a RSA, cujos resultados em moeda local aumentaram 14,5% e 13,3%, respectivamente, e a MAPFRE, que cresceu 8,5%. Na falta da publicação do resultado do grupo Covéa2, a soma dos resultados dos demais grupos seguradores foi de 15.410 milhões de euros, o que supõe uma queda de 39,5% com relação ao exercício de 2007, no qual os referidos grupos acumularam um lucro antes dos impostos e minoritários de 25.451 milhões de euros. MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS NÃO VIDA 2008 1 Resultado Não vida(milhões Ranking por volume de prêmios brutos de euros) GRUPO Allianz Generali Zurich Axa Mapfre RBS Insurance Rsa2 Ergo Ing Groupama Fondiaria-Sai Talanx Cóvea Eureko Aviva PAÍS Alemanha Itália Suíça França Espanha Reino Unido Reino Unido Alemanha Holanda França Itália Alemanha França Holanda Reino Unido RESULTADO 2007 2008 7.261 2.461 3.022 3.336 1.105 995 979 823 1.249 962 662 1.126 887 437 1.033 5.936 1.531 1.472 1.419 1.199 983 956 604 511 543 315 197 n.d. -123 -134 % ▲ -18,2 -37,8 -51,3 -57,5 8,5 -1,3 -2,3 -26,6 -59,1 -43,6 -52,5 -82,5 -128,1 -112,9 Fonte: FUNDACIÓN MAPFRE. Elaboração própria a partir dos relatórios anuais. 2 (1)Resultado antes dos impostos e minoritários. (2) Resultado operações continuadas. Covéa publica seus valores durante o mês de junho. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 63 informe Comentários por Grupos ALLIANZ Seu volume de prêmios Não Vida diminuiu 2% devido, principalmente, ao fato de que o negócio de Saúde da Bélgica e da França foi transferido em 2008 ao segmento de Vida e Saúde. Descontando este efeito, os prêmios cresceram 1,7% graças ao aumento das receitas procedentes dos Estados Unidos e dos mercados emergentes. O índice combinado cresceu 1,5 pontos percentuais até 95,1%, impactado, principalmente, por um aumento de 2,2 pontos percentuais no índece de sinistralidade, relacionado principalmente com o seguro de Crédito (o índice de sinistralidade passou de 57,1% em 2007 para 85% em 2008) e o seguro Agrário nos Estados Unidos. O índece de gastos diminuiu 0,4 ponto, de 27,5 para 27,1%. O aumento na severidade dos sinistros foi parcialmente compensado por uma leve diminuição da frequência de sinistro. As indenizações por catástrofes naturais, ainda que elevadas, foram menores que as do exercício anterior. Ao contrário, o impacto dos sinistros graves foi superior ao de 2007. Por outro lado, o resultado líquido dos investimentos reduziu 562 milhões. O resultado não operacional diminuiu 70% devido, principalmente, à forte perda de valor registrada nos investimentos. Como consequência do exposto anteriormente o Prêmios e resultado em milhões de euros PRINCIPAIS INDICADORES 2007 2008 Prêmios 43.387 44.289 VARIAÇÃO -2,0% Índice combinado (%) 93,6 95,1 1,5 p.p. Sinistralidade (%) 66,1 68,0 1,9 p.p. Despesas (%) 27,5 27,1 -04 p.p. Resultado 7.261 5.936 -18,2% Operacional 6.299 5.649 -10,3% 962 287 -70,2% Não operacional Nota: p.p. pontos percentuais. resultado do segmento Property-Casualty, antes de impostos e minoritários, chegou a 5.936 milhões de euros, 18,2% menos que no exercício de 2007. AVIVA O grupo britânico Aviva lucrou 11.934 milhões de libras em prêmios Não Vida em 2008, 5% mais que no ano anterior. Não obstante, a depreciação da libra frente ao euro é a causa de uma diminuição de 9,5% nas receitas expressadas em euros. Aviva obteve uma evolução favorável nos mercados continentais europeus, principalmente na Holanda, que compensou a diminuição dos prêmios no Reino Unido. O índice combinado melhorou dois pontos, situando-se em 98%, graças à ausência de clima adverso, em contraste com as inundações registradas em 2007, e graças também à implantação de políticas de economia de custos. Embora o resultado operacional do segmento Não Vida tenha aumentado 17,3% em moeda local, o resultado do ramo antes de impostos foi negativo, com -106 milhões de libras (-134 Prêmios e resultado em milhões PRINCIPAIS INDICADORES 2007 2008 Prêmios (€) 16.613 15.033 Prêmios (£) 11.369 11.934 Índice combinado (%) 100,0 VARIAÇÃO -9,5% 5,0% 98,0 -2,0 p.p. Resultado (€) 1.033 -134 -112,9% Resultado (£) 707 -106 -115,0% Nota: p.p. pontos percentuais. 64 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 milhões de euros), devido fundamentalmente a menores lucros procedentes da gestão de fundos, impactados pelas más condições dos mercados financeiros. AXA Os prêmios Não Vida do grupo AXA que constam neste estudo são a soma dos segmentos Property-Casualty e Seguro Internaciona l3, motivo pelo qual é conveniente analisar separado o compromisso de cada um deles. No que se refere ao negócio Property-Casualty, os prêmios cresceram 4%, atingindo o número de 26.107 milhões de euros, graças principalmente ao aumento das receitas da área mediterrânea e da América Latina, influenciado por duas aquisições realizadas na região. Em julho de 2008, a AXA concluiu a aquisição de 100% da filial mexicana da ING no México, Seguros ING, que passou a denominar-se AXA Seguros. Em 2007, esta companhia ocupava a segunda posição do ranking Não Vida do México, com um volume de prêmios de 1.100 milhões de euros. No mês de junho a AXA concluiu a aquisição da companhia turca Oyak, na qual já tinha uma participação de 50%. Por outro lado, o volume de prêmios do Seguro Internacional diminuiu 21,5%, devido ao término de um acordo de fronting entre a AXA Re a Paris Ré. Os prêmios deste segmento Prêmios e resultado em milhões de euros PRINCIPAIS INDICADORES 2007 2008 Prêmios 28.598 28.851 25.101 26.107 4,0% 3.497 2.744 -21,5% Property-Casualty Seguro Internacional 0,9% Rateio combinado (%) 97,6 95,5 -2,1 p.p. Sinistralidade (%) 69,7 67,1 -2,6 p.p. Gastos (%) 27,9 28,4 0,5 p.p. Resultado Property-Casualty 3.336 1.419 -57,5% 2.961 1.353 -54,3% 375 66 -82,4% Seguro Internacional 3 VARIAÇÃO Antes de eliminações entre segmentos. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 aumentaram 2.744 milhões de euros que, somadas às da Property-Casualty, chegaram a 28.851 milhões de euros. O índice de sinistralidade do segmento Property-Casualty melhorou 2,6 pontos com relação ao ano anterior em conseqüência de um menor impacto das catástrofes naturais e por um comportamento favorável dos sinistros provisionados. O índice de gastos cresceu cinco décimos, devido ao aumento das despesas de administração. Não obstante, um pior resultado dos investimentos levou a um resultado antes de impostos de 1.353 milhões de euros frente a 2.961 milhões obtidos em 2007. Com relação ao Seguro Internacional, ocorreu uma diminuição de 82,4% em conseqüência de uma perda derivada de uma mudança produzida no valor razoável dos investimentos. COVÉA Covéa é uma Sociedade do Grupo de Seguro Mútuo (SGAM nas suas siglas em francês) que agrupa as mutualidades francesas GMF, MAAF e MMA. A SGAM é uma estrutura jurídica criada pelo direito francês em 2001, que permite às mutualidades de seguro reunir 65 informe em um marco único, mais ou menos restritivo, conforme a vontade das partes, a gestão de duas ou mais mutuas. Na data de encerramento do presente estudo só se dispunha de informação sobre o volume de prêmios Não Vida, que no exercício de 2008 alcançou 8.900 milhões de euros. As referidas receitas situam o grupo francês no duodécima posição deste ranking europeu Não Vida. ERGO Os prêmios dos ramos Não Vida (Saúde, Property-Casualty e Defesa Jurídica) do grupo alemão cresceram 4,5% em 2008 com relação a 2007. O referido crescimento é resultado de: Crescimento sustentado do seguro de Saúde, com um melhor comportamento do negócio internacional que do doméstico, destacando, principalmente, o das suas companhias da Espanha e Bélgica. Na Alemanha, as receitas do ramo viramse afetadas pela reforma da Saúde que entrou em vigor em 2007, com um aumento de 1,6%. Uma das alterações que afetam especialmente o seguro privado de Saúde é o estabelecimento de um período de espera de três anos para os cidadãos que desejam optar pelo referido sistema, desde que demonstrem que nesses anos ultrapassaram o nível de receitas pré-fixadas. Um aumento do segmento PropertyCasualty de 8,2%, impulsionado pelo seu Prêmios e resultado em milhões PRINCIPAIS INDICADORES 2007 2008 10.089 10.546 4,5% Property-Casualty 3.864 4.182 8,2% Saúde 5.317 5.447 2,4% 908 917 Prêmios Defesa jurídica VARIAÇÃO 1,0% Índice combinado P/C (%) 93,1 90,2 -2,9 p.p. Sinistralidade (%) 60,0 59,0 -1,0 p.p. Gastos (%) 33,1 31,2 -1,9 p.p. Resultado Property-Casualty 823 604 -26,6% 524 444 -15,3% Saúde 180 34 -80,8% Defesa jurídica 119 126 5,7% negócio internacional (com 22,2% de crescimento). Os mercados da Europa Central e Oriental mostraram aumento de dois dígitos, com destaque para o da sua companhia na Polônia, 30,6%. Um leve aumento do seguro de Defesa Jurídica de 1%. Com relação ao resultado técnico, cabe destacar: O leve aumento da sinistralidade e dos gastos no ramo de Saúde. A melhora de quase três pontos no índice combinado do segmento Property-Casualty, que está em 90,2%, apesar de em 2008 ter ocorrido algumas catástrofes naturais que ocasionaram grandes danos, como as tempestades Emma e Hilal. Não obstante, os danos não atingiram o elevado nível do ano anterior, afetado principalmente pelo furacão Kyrill. Os resultados diminuíram 26,6% em consequência da queda dos resultados dos investimentos, seguida de um déficit proveniente de perdas dos não investimentos. Nota: p.p. pontos percentuais. 66 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 EUREKO O volume de prêmios aumentou 44,5% em 2008 devido, em grande parte, fusão com a Agis e pela consolidação do total da carteira da Eureko Sigorta, adquirida em 2007. Sem o efeito das fusões, as receitas dos segmentos de Saúde e Não Vida cresceram levemente. O seguro de Saúde, que representa 62% dos prêmios do grupo, rendeu 11.991 milhões de euros, 59% mais que no exercício anterior, em grande parte devido à fusão com a Agis. Esta fusão, que foi concluída no mês de dezembro de 2007, posicionou o grupo Eureko como líder do segmento de Saúde na Holanda, com uma cota de 29%. O crescimento orgânico foi de 3%. O resultado antes de impostos diminuiu 40%, ocasionado fundamentalmente por uma menor contribuição do resultado não operacional em conseqüência da perda de valor dos investimentos e pela diminuição de receitas da sua atividade de prestação de serviços de Saúde. Os prêmios do negócio Não Vida aumentaram 6%, até 3.084 milhões de euros, graças, em grande parte, à consolidação do exercício completo da Eureko Sigorta. O índice de sinistralidade melhorou graças ao fato dos danos produzidos por catástrofes naturais terem sido menores que os do ano anterior, contrabalanceando, em parte, o aumento dos grandes incêndios. O índice de gastos aumentou devido ao aumento dos custos Prêmios e resultado em milhões PRINCIPAIS INDICADORES Prêmios 2007 2008 VARIAÇÃO 10.436 15.075 44,5% Saúde 7.521 11.991 59,4% Property-Casualty 2.915 3.084 Índice combinado (%) 5,8% de aquisição e pelos maiores custos dos projetos relacionados às Tecnologias da Informação. Conseqüentemente, o índice combinado aumentou três décimos e situou-se em 96,7%. Igualmente no ramo de Saúde, o resultado dos investimentos deteriorou significativamente o resultado do segmento Não Vida, que foi de -208 milhões de euros frente aos 296 milhões obtidos em 2007. FONDIARIA-SAI Os prêmios emitidos do segmento Não Vida somaram 7.298 milhões de euros, que representam uma diminuição de 0,3%. Os prêmios de Automóveis diminuíram 2,9% devido à forte concorrência existente no ramo, que provocou uma redução do prêmio médio, e pela crise econômica, que influenciou negativamente no registro de veículos novos e na contratação de novas coberturas. Pelo contrário, o restante dos ramos Não Vida tiveram um aumento de 5,2%. O índice combinado situou-se em 98,7%, comparado com 94,4% de 2007. Esta piora deveu-se principalmente a um aumento em quatro pontos do índice de sinistralidade, pelos motivos acima mencionados, aos quais se deve acrescentar uma menor liberação de reservas. Com relação aos resultados, o grupo Fondiaria-SAI obteve em 2008 um benefício antes de impostos de 315 milhões de euros frente aos 662 do exercício anterior. Esta redução deriva principalmente da desvalorização da conta técnica em consequência dos aspectos acima mencionados (diminuição de novas matriculações e diminuição de tarifas). Outros motivos foram a adoção de uma prudente política de reservas, os eventos meteorológicos adversos e o impacto da amortização das comissões a longo prazo. 96,4 96,7 -0,3 p.p. Sinistralidade (%) 67,2 65,0 -2,2 p.p. Gastos (%) 29,2 31,7 2,5 p.p. Prêmios 1,3 p.p. Índice combinado (%) Combinado Saúde (%) Resultado 99,0 437 100,3 -123 PRINCIPAIS INDICADORES 2007 Resultado 7.318 94,4 662 2008 7.298 98,7 315 VARIAÇÃO -0,3% 4,3 p.p. -52,5% Nota: p.p. pontos percentuais. Nota: p.p. pontos percentuais. Gerência de Riscos e Seguros -128,1% Prêmios e resultado em milhões • nº 104-2010 67 informe GENERALI Os prêmios Não Vida arrecadados pelo grupo Generali aumentaram 21.990 milhões de euros, o que representa um aumento de 5,5% com relação a 2007, principalmente atribuível aos mercados da Europa Central e Oriental, os quais experimentaram um aumento de 17%. No começo do ano, a Generali fechou um contrato de joint venture com o grupo tcheco PPF, líder dos mercados seguradores da Europa centro-oriental, mediante o qual o grupo italiano mantém 51% das participações e o PPF 49% restante. Contribuíram também para o crescimento os mercados da França, Suíça e Argentina, e permaneceram estáveis os da Itália e Alemanha, devido à forte concorrência nos preços no ramo de Automóveis e à diminuição dos registros. O índice combinado aumentou seis décimos, até 96,4%, motivado principalmente pelo aumento do índice de sinistralidade, somente em parte compensado pela melhora do índice de gastos nos mercados da Europa Central e Oriental. Em geral, o resultado operacional foi influenciado pela queda do prêmio médio no seguro de Automóveis em consequência da forte concorrência, pelo aumento do custo médio dos sinistros e pela ocorrência de alguns sinistros significativos. Por outro lado, o resultado dos investimentos vinculado ao negócio segurador cresceu 11,5%. Prêmios e resultado em milhões PRINCIPAIS INDICADORES Prêmios 2008 21.990 VARIAÇÃO 5,5% Índice combinado (%) 95,8 96,4 0,6 p.p. Sinistralidade (%) 69,0 69,2 0,2 p.p. Gastos (%) Resultado Operacional Não operacional Nota: p.p. pontos percentuais. 68 2007 20.845 26,8 27,2 2.461 1.531 2.009 2.118 452 -586 0,4 p.p. -37,8% 5,4% -229,6% Com relação ao resultado não operacional, a depreciação dos investimentos financeiros e imobiliários como consequência da crise internacional gerou um resultado dos investimentos negativo. Consequentemente, o resultado do segmento Não Vida foi de 1.531 milhões de euros, 37,8% menos que em 2007. GROUPAMA Os prêmios Não Vida cresceram 10,5% em 2008, destacando o comportamento do negócio internacional, o qual registrou um aumento de 38,7%. As aquisições realizadas no exercício de 2008 permitiram à Groupama criar importantes plataformas de desenvolvimento na Europa centro-oriental com a compra da companhia húngara OTP Garancia e de suas filiais na Bulgária, Romênia e Eslováquia, bem como pela aquisição da seguradora romena Asiban; na Turquia, o grupo francês tornou-se o quinto segurador de danos após a compra da Güven Sigorta e Güven Hayat. O número do negócio Não Vida da sua filial espanhola aumentou 8,9%, com um importante Prêmios e resultado em milhões PRINCIPAIS INDICADORES 2007 2008 Prêmios 10.964 9.922 Índice combinado (%) Resultado Não Vida 99,7 962 VARIAÇÃO 10,5% 98,7 -1,0 p.p. 543 43,6% Nota: p.p. pontos percentuais. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 crescimento do ramo de Automóveis, que conta com a atividade da sua filial de Internet, Clickseguros. As receitas do mercado doméstico cresceram 2,4%. O resultado dos investimentos foi a principal causa de uma queda de 43,6% no resultado operacional dos ramos Não Vida, já que o resultado técnico melhorou. ING Os prêmios Não Vida do grupo ING diminuíram 18,8% em 2008, e a própria companhia apontou como um dos principais motivos a venda do seu negócio de Saúde no Chile4. Como comentado anteriormente, devese levar em conta também que em julho de 2008 a ING concluiu a venda da sua filial no México, a ING Seguros, ao grupo AXA. O resultado antes de impostos diminuiu 59,1% devido, principalmente, à forte desvalorização do resultado financeiro. Prêmios e resultado em milhões PRINCIPAIS INDICADORES 2007 Prêmios 2008 6.086 4.943 VARIAÇÃO -18,8% Índice combinado (%) 97,1 96,5 -0,6 p.p. Sinistralidade (%) 65,3 64,3 -1,0 p.p. Gastos (%) 31,8 32,2 0,4 p.p. Resultado 1.249 511 -59,1% Nota: p.p. pontos percentuais. Prêmios e resultado em milhões PRINCIPAIS INDICADORES 2007 2008 Prêmios 10.891 9.293 VARIAÇÃO 17,2% Rateio combinado (%) 92,6 93,9 1,3 p.p. Sinistralidade (%) 68,0 68,8 0,8 p.p. 25,1 0,5 p.p. Gastos (%) Resultado 24,6 1.105 1.199 8,5% Nota: p.p. pontos percentuais. MVA durante todo o exercício. Cabe destacar também o sólido crescimento do número de prêmios da MAPFRE AMÉRICA, apesar da desvalorização das principais moedas da região, que procedeu principalmente dos ramos de Automóveis, Saúde e Acidentes do Trabalho. O índice combinado consolidado foi de 93,9%, frente a 92,6% do exercício anterior. O aumento responde principalmente pelo aumento da sinistralidade na Ibero-américa e em resseguro, bem como à integração do The Commerce Group e a consolidação da Genel Sigorta e da MVA durante todo o exercício. O resultado técnico diminuiu 3%, enquanto as receitas financeiras e outras receitas não técnicas aumentaram 21%, inclusive após considerar uma menor quantia de mais-valias realizadas e as perdas derivadas da exposição à Lehman Brothers, Fannie Mae e Fraddie Mac. O resultado do negócio Não Vida, antes de impostos e minoritários, aumentou a 1.199 milhões de euros, 8,5% mais que em 2007. MAPFRE A MAPFRE encerrou o exercício de 2008 com 10.891 milhões de euros em prêmios Não Vida, que representa um aumento de 17,2% com relação ao ano anterior. Esta evolução reflete o bom desempenho do ramo de Seguros Patrimoniais na Espanha, com um notável comportamento das vendas de seguros de residência e do conjunto de Multirriscos, a integração do The Commerce Group e a consolidação da Genel Sigorta e da 4 Venda da sua Isapre ING Saúde ao grupo Said y Linzor Capital Partner Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 69 informe RBS INSURANCE Em 2008, o volume de prêmios da RBS Insurance foi de 5.520 milhões de libras, 1,6% menos que em 2007. O motivo da referida queda explica-se como continuação da sua decisão estratégica de abandonar aqueles acordos de colaboração que fossem menos rentáveis para ela. A variação do volume de prêmios expressado em euros foi de -15,1%. Os gastos diretos aumentaram 4%, em parte devido às ações de marketing, enquanto a sinistralidade líquida diminuiu 7% graças à contenção das reclamações e a melhores condições climáticas. O resultado operacional foi de 780 milhões de libras, com uma melhora de 14,5%. Prêmios e resultado em milhões PRINCIPAIS INDICADORES 2007 2008 VARIAÇÃO Prêmios (€) 8.193 6.953 -15,1% Prêmios (£) 5.607 5.520 -1,6% Resultado (€) 995 983 -1,3% Resultado (£) 681 780 14,5% Nota: p.p. pontos percentuais. RSA 5 Em 2008, as receitas por prêmios atingiram 7.273 milhões de libras, com um aumento de 10,3% com relação ao ano anterior. Entretanto, os prêmios expressados em euros reduziram 4,9%. O crescimento das receitas foi generalizado em todos os mercados nos quais opera, ainda que tenham contribuído em grande parte o negócio internacional e os mercados emergentes. Prêmios e resultado em milhões PRINCIPAIS INDICADORES 2007 2008 VARIAÇÃO Prêmios (€) 9.638 9.162 -4,9% Prêmios (£) 6.596 7.273 10,3% Índice combinado (%) 94,9 94,5 0,4 p.p. Resultado (€) 979 956 -2,3% Resultado (£) 670 759 13,3% Nota: p.p. pontos percentuais. O índice combinado ficou em 94,5%, quatro décimos menos que no ano anterior, como reflexo das ações de melhora na gestão. Com relação à sinistralidade, produziu-se uma melhora da climática que foi em parte contrabalanceada pelo aumento dos sinistros graves. O resultado operacional foi 7% superior, com base em um menor resultado dos investimentos. Os lucros antes de impostos tiveram um aumento de 13%, chegando a 759 milhões de libras. TALANX Os dados da Talanx baseiam-se na projeção de resultados que o grupo realiza de acordo com os resultados trimestrais. Segundo esta estimativa, os prêmios de seguro direto do segmento Não Vida terão uma contração de 3,5% no exercício de 2008 e ficarão em 5.800 milhões de euros. A referida queda Prêmios e resultado em milhões de euros PRINCIPAIS INDICADORES 2007 2008 Prêmios VARIAÇÃO 11.596 10.800 -6,9% Seguro direto P/C 6.012 5.800 -3,5% Resseguro Não Vida 5.584 5.000 -10,5% Índice combinado (%) Resultado Não Vida 99,4 99,0 1.126 197 Seguro direto P/C 240 248 Resseguro Não Vida 886 -51 -0,4 p.p. -82,5% 3,3% -105,8% Nota: índice combinado de P/C e Resseguro Não Vida. 5 70 Royal & SunAlliance alterou em 2008 a sua denominação pela de RSA. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Consequentemente, o resultado cairá até -51 milhões de euros frente aos 886 obtidos no exercício anterior. ZURICH atribui-se em parte à prolongada situação de mercado morno, principalmente no seguro de Automóveis, e em parte a uma política de subscrição orientada ao lucro. O melhor desempenho ocorreu no negócio internacional, principalmente no Brasil. Em conseqüência da crise financeira, as receitas dos investimentos diminuíram cerca de 30%. Por outro lado, prevê-se que uma menor sinistralidade melhorará de forma apreciável o resultado técnico, com uma melhora do índice combinado de mais de quatro pontos, até 95,8%. O resultado antes de impostos será 3,3% superior ao do exercício anterior, atingindo 248 milhões de euros. Com relação ao Resseguro Não Vida, o grupo espera atingir lucros de 5.000 milhões de euros, que representa uma diminuição de 10,5% com relação a 2007. Esta diminuição é atribuível principalmente ao abandono de alguns negócios especializados e à fragilidade do dólar norte-americano. Eventos catastróficos como os furacões Ike e Gustav e dois temporais de granizo na Alemanha tiveram como consequência uma piora do índice combinado em 2,7 pontos, passando de 98,8% para 101,5%. Esta linha de negócio viu-se mais fortemente impactada pela crise financeira, com a conseqüente diminuição do resultado dos investimentos. Embora os prêmios dos ramos Não Vida tenham diminuído 2% em euros, em dólares americanos, moeda em que a Zurich apresenta a sua informação econômico-financeira, tiveram um aumento de 4,2%, uma parte devido ao crescimento orgânico e outra à integração de recentes aquisições. Este crescimento é reflexo da sua estratégia de diversificação, com uma maior atenção ao segmento de ramos pessoais e de pequenos negócios na Europa, bem como em mercados emergentes chaves. O índice combinado aumentou 2,5 pontos percentuais, chegando a 98,1%, devido, principalmente, a piora do índice de sinistralidade em 2,1 pontos e do índice de gastos em 0,4 pontos. O aumento do índice de sinistralidade deveu-se principalmente à queda de tarifas, ao aumento do custo dos sinistros e a um leve incremento das perdas por sinistros catastróficos, sinistros graves e outros sinistros relacionados ao clima. Este menor resultado técnico, ligado aos efeitos da crise financeira sobre o resultado dos investimentos, originou um resultado líquido antes de impostos de 2.156 milhões de dólares, 48% menos que no exercício de 2007. Prêmios e resultado em milhões PRINCIPAIS INDICADORES 2007 2008 Prêmios (€) 25.882 25.369 VARIAÇÃO -2,0% Prêmios (USD) 35.650 37.151 4,2% Índice combinado (%) 95,6 98,1 2,5 p.p. Sinistralidade (%) 70,5 72,6 2,1 p.p. Gastos (%) 25,1 25,5 0,4 p.p. Resultado (€) 3.022 1.472 -51,3% Resultado (USD) 4.162 2.156 -48,2% Nota: p.p. pontos percentuais. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 71 informe ANEXO 1. PARTICIPAÇÃO DO NEGÓCIO NÃO VIDA Participação do negócio Não Vida sobre os prêmios totais Participação do negócio Não Vida no exterior Nota: os dados da Talanx e Covéa referem-se a 2007. Dado calculado sobre os prêmios Não Vida. ANEXO 2. SOLVÊNCIA Como complemento aos dados sobre o negócio Não Vida, considerou-se interessante acrescentar informação sobre o nível de solvência. É importante advertir: Não foi possível indicar o dado de todas as companhias que aparecem no ranking. A informação foi extraída dos relatórios anuais dos grupos seguradores e o dado não está disponível em todas. A informação refere-se ao nível de solvência da totalidade de operações de cada grupo. A informação não é homogênea, pois a forma específica de determinar o capital regulatório depende da normativa estabelecida em cada país. O dado mostrado mede o número de vezes que o grupo cumpre o capital de solvência obrigatório. Em geral, observa-se uma O NÍVEL DE SOLVÊNCIA DOS MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS NÃO VIDA DIMINUIU EM 2008, REFLETINDO O EFEITO DA VOLATILIDADE DOS MERCADOS. 72 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 diminuição do nível de solvência, que reflete o efeito da volatilidade dos mercados financeiros, que envolveu em um maior valor de mais-valia não realizados recolhidos no patrimônio. MAIORES GRUPOS SEGURADORES EUROPEUS NÃO VIDA 2008 GRUPO Nível de solvência 2007 2008 ING1 2,44 2,56 RSA 2,50 2,50 MAPFRE 2,73 2,04 ALLIANZ 1,61 1,61 ZURICH 1,87 1,53 EUREKO 2,32 1,50 AXA 1,54 1,27 FONDIARIA-SAI 1,47 1,27 GENERALI 1,43 1,23 GROUPAMA 2,77 1,22 AVIVA 1,22 1,15 CÓVEA 1,62 n.d. Dado da ING Insurance. A ING Insurance recebeu do ING Group uma injeção de capital de 5.450 milhões de euros. Cabe lembrar que em outubro de 2008 o ING Group recebeu do Governo holandês uma injeção de capital de 10.000 milhões de euros. 1 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 73 observatório de sinistros Crimes contra o patrimônio histórico Proteger o nosso passado cultural para assegurar o futuro Roubo, espoliação, falsificações... Os crimes contra o patrimônio histórico crescem a cada ano. Entretanto, a criação de unidades especializadas para combater estes delitos e a cooperação internacional entre polícias ou a Interpol estão conseguindo que muitos destes sinistros sejam resolvidos rapidamente. Uma fica pendente: despertar uma maior consciência coletiva sobre a necessidade de proteger o nosso passado cultural como meio para assegurar o futuro. 74 GERÊNCIA DE RISCOS E SEGUROS Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 75 observatório de sinistros N a Espanha denominase patrimônio histórico o conjunto de bens, acumulados ao longo do tempo, que podem ter interesse artístico, histórico, paleontológico, arqueológico, documentário, bibliográfico, científico ou técnico. Resumindo, os bens culturais. A tutela do patrimônio histórico cabe aos poderes públicos, segundo estabelece o artigo 46 da Constituição Espanhola, que apresenta expressamente a sua competência na hora de garantir a sua conservação, a promoção do seu enriquecimento e o acesso de todos os cidadãos aos bens nele compreendidos. Outrossim, de acordo com o disposto no artigo 149.1.28, a Administração do Estado protegerá os referidos bens frente à exportação ilícita e a espoliação, um papel que recai sobre o Ministério da Cultura. Além disso, as comunidades autônomas, por meio dos seus estatutos de autonomia, assumiram competência sobre as suas riquezas culturais e, na sua maioria, contam com legislação própria para sua proteção. PROTEGER, ACRESCENTAR E TRANSMITIR A Lei 16/1985, de 25 de junho, do Patrimônio Histórico Espanhol, é o instrumento normativo essencial para a proteção, acréscimo e transmissão às gerações futuras do patrimônio histórico espanhol. Para os efeitos da presente Lei, entende-se por espoliação toda 76 UMA COMISSÃO DO MINISTÉRIO DA CULTURA ESTUDA DESDE 2008 A ATUALIZAÇÃO DA LEI DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO ESPANHOL, CONSIDERADA ATÉ AGORA COMO UM BOM INSTRUMENTO NA PROTEÇÃO DOS BENS CULTURAIS. ação ou omissão que coloque em perigo de perda ou destruição todos ou algum dos valores dos bens que integram o patrimônio histórico espanhol ou interfira o cumprimento da sua função social. Em tais casos, a Administração do Estado poderá solicitar ao departamento competente do conselho de governo da comunidade autônoma correspondente a adoção, com urgência, das medidas oportunas para evitar a espoliação. Caso tal requerimento não seja atendido, colocar em funcionamento todo o necessário, tanto legal quanto tecnicamente, para a recuperação e proteção do bem espoliado. As prefeituras cooperarão com os órgãos competentes para a execução desta Lei na conservação e custódia do patrimônio histórico compreendido no seu termo municipal, com a adoção das medidas oportunas para evitar a sua deterioração, perda ou destruição. Igualmente, notificarão à Administração com- petente qualquer ameaça, dano ou perturbação da sua função social que possa sofrer, bem como as dificuldades e necessidades que tiverem para cuidar destes bens. ATUALIZAÇÃO DA LEGISLAÇÃO Atualmente está se formando uma comissão para o estudo e preparação do anteprojeto da futura Lei do Patrimônio Cultural. Este grupo de trabalho foi criado pelo Ministério da Cultura, em julho de 2008, com o objetivo de analisar as necessidades normativas mais adequadas para a atualização da legislação estatal sobre patrimônio histórico. De um modo geral, a Lei do Patrimônio Histórico Espanhol foi considerada um bom instrumento de proteção; entretanto, as importantes mudanças produzidas nesta matéria nos últimos 20 anos trouxeram à tona a necessidade de uma reforma, que não pretende afetar, de forma alguma, a filosofia protecionista do atual texto normativo. Entre os diferentes objetivos apresentados pela comissão para a reforma da Lei encontram-se a incorporação à normativa interna de convênios internacionais ratificados pela Espanha, a inclusão na lei estatal de novas figuras de proteção do patrimônio, a busca de soluções adequadas aos novos desafios que apresenta a proteção do patrimônio histórico ou o reforço dos mecanismos de coordenação e cooperação com as demais administrações envolvidas na sua proteção. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 LATINSTOCK LUTA CONTRA AÇÕES CRIMINOSAS Mas quem acompanha as ações criminosas cometidas contra os bens culturais? Diferentemente dos seus predecessores, o atual Código Penal dedica um capítulo à parte para proteção do patrimônio histórico. Em concreto, no Livro II, Título XVI, o Capítulo II trata “Dos crimes sobre o patrimônio histórico”. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 A BRIGADA DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA POLÍCIA NACIONAL E O GRUPO DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO DA GUARDA CIVIL SÃO AS DUAS GRANDES UNIDADES DEDICADAS À PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO ESPANHOL. Desta forma, aqueles que causarem danos a um arquivo, registro, museu, biblioteca... ou aos bens de valor histórico, científico e cultural, serão punidos com pena de prisão de um a três anos, e multa de 12 a 24 meses, segundo contempla o artigo 323. Por sua vez, o artigo 324 pune com multa de 3 a 18 meses aquele que por imprudência grave, causar danos, em quantia superior a 400 euros, aos mesmos bens contemplados no caso anterior. 77 observatório de sinistros Outro passo importante, do ponto de vista jurídico, para combater estes crimes foi a criação de fiscalizações especializadas em ações criminosas contra o patrimônio histórico. Esta especialização também chegou aos Corpos de Segurança do Estado. Criada em 1977, a Brigada de Patrimônio Histórico da Polícia Nacional, ligada à Unidade de Delinquência Especializada e Violenta da Delegacia Geral de Polícia Judicial, desenvolve dia a dia um incansável esforço para preservar e proteger o nosso rico patrimônio cultural. A brigada é encarregada de cumprir o estabelecido pela Lei 16/85 do Patrimônio Histórico Espanhol, que atribui ao Corpo Nacional de Polícia a competência para a investigação de todas aquelas atividades, que tanto do ponto de vista penal A PARTIR DE AGOSTO DE 2009 A INTERPOL CRIARÁ UM ACESSO ONLINE À SUA BASE DE DADOS DE OBRAS DE ARTE ROUBADAS. OS USUÁRIOS AUTORIZADOS TERÃO ACESSO A UMA INFORMAÇÃO PERMANENTEMENTE ATUALIZADA. quanto administrativo, podem atentar contra os bens culturais e artísticos. Por extensão, conhece todos aqueles assuntos nos quais estejam envolvidos bens de interesse histórico, artístico ou cultural, com independência de que façam parte ou não desse patrimônio histórico. No desenvolvimento dessa competência, uma das atividades é o controle do comércio desse tipo de bens realizado tanto em estabelecimentos especializados quanto por meio de outros canais (revistas ou catálogos, Internet etc.), a fim de detectar aqueles que possam ser procedentes de fatos criminosos, como roubos, furtos e fraudes. Merecem destaque as suas importantes atuações contra o roubo de obras de arte, as falsificações ou a luta contra o tráfego ilícito de bens culturais, que atualmente transcende as fronteiras nacionais e obriga a uma estreita colaboração internacional com as forças policiais de outros países. Por sua vez, o Grupo de Patrimônio Histórico pertencente à Guarda Civil constitui um instrumento indicado para atender a proteção de um patrimônio igualmente disperso e, por isso, submetido a graves riscos de espoliação. Assim, sobressaem as suas ações contra o espolio arqueológico, tanto na sua vertente terrestre quanto, mais recentemente, subaquática. Além disso, ainda que em menor medida, dispõem de competências neste tipo de crimes alguns corpos de policias autônomos ou locais, participando com o restante dos corpos de segurança no intercâmbio de informação sobre os fatos criminosos. MAIS ALÉM DE NOSSAS FRONTEIRAS Mas a luta contra as atividades criminosas que afetam os bens culturais não 78 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 fica no nosso território, já que, como ocorre no caso de obras roubadas, frequentemente cruzam fronteiras e aparecem no exterior. Por isso, é indispensável a colaboração das unidades especializadas na investigação deste tipo de crime das polícias de outros países, como o Comando Carabinieri do Patrimônio Cultural da Itália, a Brigada de Furto de Obras de Arte de Portugal ou o Escritório Central de Luta contra o Tráfico de Obras Culturais (OCBC) da França. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 A ESPANHA COLABORA ATIVAMENTE COM VÁRIAS UNIDADES ESPECIALIZADAS DE OUTROS PAÍSES NA INVESTIGAÇÃO DAS ATIVIDADES CRIMINOSAS QUE AFETAM OS BENS CULTURAIS DO NOSSO PAÍS. Em nível internacional, a Interpol, por meio da sua secretaria geral, luta desde 1947 contra o tráfico ilícito de bens culturais e ocupa-se de combater a delinqüência contra os bens artísticos e patrimoniais. Para tanto, estabeleceu um sistema de informação sobre obras de arte roubadas que pode ser acessado por todos os Estados membros. Além disso, a partir de agosto, a Interpol criará um acesso on line à sua base de dados de obras de arte roubadas. Como a base de dados é permanentemente atualizada, os usuários autorizados terão acesso em tempo real à informação registrada. Este site conterá, entre outras, as seguintes informações: ■ Obras de arte roubadas. ■ Obras de arte encontradas pela polícia cujo proprietário não tenha sido identificado. ■ Obras de arte contidas na base de dados da Interpol que tenham sido recuperadas. ■ Reproduções das obras de arte mais buscadas. Também o FBI norteamericano, por meio do seu Art Theft Program e seu Art Crime Team, criados em 2004, colabora estreitamente com a Interpol e outras instâncias policiais. O seu trabalho consiste na perseguição do crime contra a propriedade artística ou cultural; e inclui o roubo, o tráfico e a fraude relacionada a obras de arte ou objetos considerados como patrimônio cultura. A atividade criminosa relacionada ao patrimônio artístico e cultural é uma marca 79 observatório de sinistros ROUBOS DE FILME O ROUBO DA “LA GIOCONDA’, OBRA MÁXIMA DE LEONARDO DA VINCI, OCORRIDO NO MUSEU DO LOUVRE EM 1911, FOI UM DOS ROUBOS MAIS CÉLEBRES DO SÉCULO XX; FOI RECUPERADA DOIS ANOS DEPOIS. 80 que afeta em nível mundial tanto os países desenvolvidos quanto aqueles que estão em desenvolvimento. Os crimes mais comuns contra o patrimônio histórico são o roubo e a espoliação, ainda que nos últimos anos tenha aumentado de forma notável o número de falsificações de obras ou de certificados de autenticidade, e as atribuições falsas de autoria. Há uma ampla literatura sobre o roubo (real ou simulado) de obras de arte, um dos mais comuns contra o patrimônio histórico, que serviu também de inspiração a numerosos filmes. Infelizmente, há poucos dados estatísticos que permitem quantificar estes atos criminoso, pois frequentemente os roubos não são denunciados ou em alguns casos, não são descobertos até que as obras aparecem nos circuitos legais do mercado da arte. A maioria dos roubos são registrados em residência, porque a segurança aumentou consideravelmente nos museus, e geralmente trata-se de quadros de artistas modernos. Mas muitas vezes é mais fácil roubar um quadro porque quando se comete um crime deste tipo automaticamente o comércio dos objetos roubados é fechado. A Interpol envia um comunicado não somente às forças de segurança dos diferentes países, mas também aos leiloeiros, colecionadores, etc., para que estejam alerta. Por isso, cada vez é mais difícil que a obra em questão passe para mãos alheias. Em algumas ocasiões, por não poder se desfazer da mercadoria, as pinturas ou outras obras de arte aparecem em lugares tão estranhos quanto contêineres de lixo, ou, como ocorreu com um Van Gogh e um Monet roubados em Zurich, que foram abandonados Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 em um estacionamento. Em 2004, a obra de Picasso Nature morte a la charlotte foi roubada do Centro Pompidou e um ano depois apareceu entre papelões na periferia de Paris. Um caso encheu as páginas da imprensa espanhola em agosto de 2001. Um grupo de delinquentes saqueou o domicílio madrileno de uma conhecida empresária, apoderando-se 20 quadros, entre eles La caída del burro e El columpio, de Goya. Um golpe de tal porte somente foi possível graças à cumplicidade dos vigias da mansão. A policia, que enganou os ladrões fazendo-se passar por compradores, conseguiu refazer a valiosa pinacoteca um ano depois. OS GOLPES MAIS CÉLERES Um dos roubos mais céleres do século XX é, sem dúvida, o da Gioconda, obra máxima de Leonardo da Vinci. O quadro desapareceu do Museu do Louvre em 1911. Os ladrões tentaram Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 MUITAS VEZES É MAIS DIFÍCIL ‘COLOCAR’ UM QUADRO QUE ROUBÁ-LO. AO COMETER UM DELITO, A INTERPOL COMUNICASE NÃO SOMENTE COM A SEGURANÇA DE OUTROS PAÍSES, MAS COM AS CASAS DE LEILÃO E OS COLECIONADORES. “colocar” seis cópias falsas a outros tantos compradores privados, sem sucesso. Já no século XXI, em agosto de 2004, delinquentes intimidaram com armas os guardas de segurança e os visitantes do Munch-museet de Oslo (Noruega) e levaram El grito e La madonna, de Edward Munch, simplesmente após quebrar as âncoras e pegar os quadros. Após o sinistro, o museu foi parcialmente remodelado para aumentar a segurança das suas salas. Os quadros estavam segurados contra incêndios e inundações, mas não contra roubo. A prefeitura de Oslo ofereceu uma recompensa de 2 milhões de coroas (mais de um quarto de milhão de euros) com o objetivo de recuperar as pinturas. Dois anos mais tarde, em 31 de agosto de 2006, a polícia conseguiu recuperar as obras. Curiosamente, outra versão do El grito de Munch foi roubada em 1994, embora tenha sido recuperado três meses depois. Do mesmo pintor também foram roubadas El vampiro, em 1988, e a litografia Madonna, em 1990, ambas recuperadas posteriormente. Outros golpes famosos são: ■ Em 1º de janeiro de 2000 foi roubada a pintura de Cézanne Auvers-sur-Oise, avaliada em 4,8 milhões de euros. O evento ocorreu no Museu Ashmolean (Reino Unido). ■ No final desse mesmo ano foram roubados do Museu Nacional da Suécia dois Renoir e um Rembrandt, no valor de 10 milhões de euros, que posteriormente foram recuperados. 81 observatório de sinistros ■ Em 27 de agosto de 2003 roubaram no castelo escocês de Drumlanrig o quadro La madonna del huso, de Leonardo da Vinci, avaliado em cerca de 43 milhões de euros, que seria recuperado quatro anos depois. ■ Los dos balcones, de Dalí; La danza, de Picasso; Marine, de Monet, e Jardín de Luxemburgo, de Matisse, foram roubados em fevereiro de 2006 do museu Chácara do Céu, no Rio de Janeiro (Brasil). ■ Em novembro desse ano também desapareceu o quadro de Goya Los niños del carretón, propriedade do Museu de Arte de Toledo (Ohio, Estados Unidos), quando era levado para uma exposição em Nova York, mas foi recuperado dias depois. ■ Em 27 de fevereiro de 2007 foram retirados da casa parisina de Diana Widmairer-Picasso, neta do pintor, o quadro Maya à la poupée e um retrato de Jacqueline, segunda esposa do artista, avaliados em 50 milhões de euros. A polícia francesa nesse mesmo ano os recuperou. ■ Em 20 de dezembro de 2007 roubaram do Museu de Arte de São Paulo (Brasil) El retrato de Sauzanne Bloch, de Picasso, e El labrador de café, de Cándido Portinari. A sua recuperação ocorreu dias mais tarde. ■ Em 7 de fevereiro de 2008 roubaram no centro cultural de Pfaffikon (Suíça) Tête de cheval e Verre et pichet, de 82 ROUBO E ESPOLIAÇÃO SÃO OS DOIS CRIMES MAIS COMUNS CONTRA O PATRIMÔNIO HISTÓRICO, AINDA QUE ULTIMAMENTE ESTEJAM NO AUGE AS FALSIFICAÇÕES DE OBRAS OU DE CERTIFICADOS DE AUTENTICIDADE. Picasso. Ambos os quadros tinham sido emprestados pelo Museu Sprengel de Hannover (Alemanha). ■ Mais recentemente, em junho de 2009, desapareceu do Museu Picasso de Paris um caderno de desenhos do pintor malaguenho, avaliado em 3 milhões de euros. A notícia do roubo espalhouse rapidamente e fotografias do caderno foram enviadas a todas as bases de dados da polícia, via Interpol, porque difundir o sinistro e a descrição das obras roubadas é chave para resgatá-las e ganhar a corrida dos canais criminosos. ESPOLIO DE JAZIDAS ARQUEOLÓGICAS O artigo 42 da Lei 16/1985 do Patrimônio Histórico Espanhol estabelece como requisito prévio para realizar uma escavação ou prospecção arqueológica dispor de uma autorização da Administração competente, e o artigo 44 da mesma Lei considera bens de domínio público os objetos e restos materiais que forem descobertos nestas escavações, em remoções de terra, obras de qualquer índole ou por casualidade. O espolio do patrimônio histórico é tão antigo quanto o próprio patrimônio e não parou até os nossos dias, pois continuamos assistindo a destruições sistemáticas do que constitui a nossa herança cultural. A Brigada de Patrimônio Histórico está orientada a lutar contra os espoliadores de jazidas arqueológicas. É um problema de enorme magnitude não somente pelo que roubam, mas pelos destroços que causam. Entretanto, apesar do trabalho realizado pelas Forças de Segurança de Estado, é necessário conscientizar a toda a sociedade e gerar senso de responsabilidade coletiva sobre a necessidade de proteger o nosso patrimônio. A colaboração do cidadão também é vital para a resolução de muitos dos sinistros, principalmente nos casos de espolio. Igualmente, para uma adequada proteção do patrimônio cultural são de extrema importância valor os inventários, um trabalho que está nas mãos das Administrações Públicas. UM CASO PRÓXIMO: OPERAÇÃO PARMA As falsificações de objetos Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 artísticos sempre existiram. Já na Roma Imperial circulava grande quantidade de objetos artísticos gregos falsificados. Mas agora o número de pinturas e peças de arqueologia que se faz passar por autênticas, sem sê-lo, aumentou consideravelmente, assim como o grau de sofisticação destes crimes. Como exemplo, a seguir relata-se uma investigação realizada em 2008 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 É NECESSÁRIO INFORMAR A TODA SOCIEDADE E GERAR UMA CONSCIENTIZAÇÃO DE RESPONSABILIDADE COLETIVA SOBRE A NECESSIDADE DE PROTEGER O PATRIMÔNIO HISTÓRICO ESPANHOL. 83 observatório de sinistros pela Brigada de Patrimônio Histórico do Corpo Nacional de Polícia. Por meio de uma ligação, uma fonte alertava os membros da Brigada de Patrimônio Histórico de que na edição do mês de dezembro de 2007 de uma revista espanhola especializada em arte estava a venda uma obra denominada Sposalizio della Vergine, atribuída ao pintor do Renascimento italiano Francesco Mazzola Parmigianino. O anúncio dizia textualmente: “Vendo óleo / lienzo de Parmigianino intitulado Sposalizio della Vergine. Catalogado, restaurado para a exposição antológica do pintor celebrada em 2003 em Parma e Viena. A obra é um óleo sobre tela do século XVI, propriedade de um cidadão italiano do qual se desconhece o nome. Pede-se 20 milhões de euros”. Além disso, no anúncio era fornecido, como contato, um número de telefone e um email. Por meio deste último, a polícia solicitou ao ofertante informação sobre o quadro. Prosseguindo com as gestões, determinou-se a filiação completa do ofertante da obra. A seguir, ao dispor de uma imagem do quadro, peritos em arte renascentista italiana do Museu do Prado examinaram a obra e, ainda que estes tenham manifestado que para realizar uma perícia mais adequada deveriam ver a obra original, concluíram que a pintura não era de Parmigianino pelas seguintes observações: 84 A BRIGADA DO PATRIMONIO HISTÓRICO DO CORPO NACIONAL DA POLÍCIA PARTICIPOU, EM 2008, DA RECUPERAÇÃO, NA ITÁLIA, DE UMA VALIOSA PINTURA RENASCENTISTA COLOCADA A VENDA EM UMA REVISTA ESPANHOLA ESPECIALIZADA EM ARTE. “A pintura demonstra uma transcrição óbvia e servil de alguns modelos rafaelescos, própria de um pintor pouco capaz, cujos traços físicos típicos são caracterizadas por anatomias potentes e volumosas, que nada tinham a ver com as alongadas proporções e delicadas anatomias das personagens de Parmigianino”. O tratamento da cor é muito plano, sem que os tons estejam matizados; a execução do quadro é muito dura, com um desenho muito marcado que nada tem a ver com o desenho sinuoso e marcadamente decorativo do pintor italiano”. Portanto, e do seu ponto de vista, tratava-se de uma pintura que não tinha relação alguma com o estilo de Parmigianino, e com nenhum dos seus seguidores da escola emiliana. Com objetivo de confirmar e ampliar estes dados, foi enviado uma cópia ao Comando Carabinieri Tutela Patrimonio Culturale de Roma (Itália), para que analisasse a obra em si e o estudo foi realizado. A resposta indicava que, após ter realizado um controle sobre a monografia completa de Parmigianino, o óleo não constava registrado como obra realizada pelo mestre nem pertencente a nenhum dos seus seguidores da escola emiliana. Além disso, os carabinieri manifestaram no seu relatório que o crítico de arte belga, com residência em Roma, autor do documento que Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 certificava a autenticidade do quadro, encontrava-se incluído em investigações policiais relativas à comercialização de bens artísticos ou obras de arte de natureza ilícita. Tudo indicava que poderia se tratar de uma organização criminosas dedicada às grandes fraudes. A fim de conhecer a totalidade da ação, atividades, conexões, principais responsáveis e intervir nos efeitos e provas do delito, bem como evitar, dentro do possível, que se chegasse a materializar o mal, solicitou-se a quebra de sigilo telefônico dos suspeitos. Constatou-se, então, que o quadro em questão poderia estar em um banco dentro do território da República de San Marino e que os vendedores estariam dispostos a mostrar a obra a possíveis compradores (funcionários policiais) na cidade natal de Francesco Mazzola Parmigianino. Os funcionários da Brigada de Patrimônio Histórico deslocaram-se à cidade italiana de Parma. Paralelamente, solicitou-se a emissão de uma comissão rogatória internacional, dirigida à autoridade judicial competente da Itália, os funcionários indicados a prosseguir as investigações nesse país e a solicitar o apoio judicial e policial necessário para providenciar a prisão dos autores da fraude; a recuperação e a intervenção do quadro Sposalizio della Vergine, atribuído falsamente a Franceso Mazzola, e a sua disponibilidade judicial, e, finalmente, o depoimento dos envolvidos nesta trama criminosa e do crítico de arte incriminado. Deste modo, concluiu-se com sucesso a operação policial que permitiu desmascarar a suposta fraude. REFERÊNCIAS http://www.interpol.int/Public/WorkOfArt/Default.asp http://icom.museum/redlist/ http://www.fbi.gov/hq/cid/arttheft/artcrimeteam.htm http://www.guardiacivil.org/patrimonio/default.jsp Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 85 livros Riesgo operacional Enfoque de distribución de Perdidas em la práctica ALBERTO FERRERAS SALAGRE Madri, Consejo Económico y Social, 2008 234 páginas ISBN: 978-84-8188-299-5 A partir de 2008, o novo acordo do Basiléia II obrigará as instituições financeiras a estimar e dispor de um capital regulatório para risco operacional. O enfoque de distribuição de perdas é, sem dúvida, o paradigma sobre o qual a maioria das empresas que pretendem calcular de forma avançada a referida medida estão desenvolvendo os seus modelos internos de cálculo. O livro pretende introduzir os conceitos básicos da modelação deste risco e analisar a partir de um ponto de vista prático que podem ser algumas das decisões (uso de teoria de valores extremos ou de diferentes modelações limiares) e problemas (falta de dados, bases truncadas…) às quais uma empresa pode ter que enfrentar na hora de utilizar o referido enfoque. Ao interesse científico do trabalho deve ser acrescentado um interesse derivado da sua aplicabilidade, algo muito na linha da transferência de conhecimento universidadeempresa, tantas vezes mencionada, porém nem sempre fácil de encontrar. Algo que agradecerão, sem dúvidas, gestores e estudiosos do Risco operacional e, mais geralmente, especialistas em gestão de Riscos. A origem deste estudo encontra-se na tese de doutorado do autor, que mereceu um accésit na convocatória de 2007 dos Prêmios do CES para Teses de Doutorado. El seguro de las mercancías en el transporte ALBERT BADÍA Barcelona, Abogados Asociados para el Comercio, la Navegación y la Industria, SL. 2009 310 páginas ISBN: 978-84-92442-28-7 O livro se destina a um amplo conjunto de profissionais: corretores e agentes de seguros, exportadores e importadores, tramitadores de sinistros, avarias, transportadores ou advogados. 86 São tratados, do ponto de vista prático, todos os temas relacionados com o seguro de transporte, partindo do marco legal estabelecido cada caso através de exemplos práticos e sentenças. Com este método, cada manifestação da atividade seguradora se torna mais próxima e compreensível. Na seleção de temas e conceitos seguiu-se um critério de atualidade, primando as ferramentas e os contratos que são empregados no tráfego diário sobre os conceitos teóricos e abstratos. Esta obra pretende converter-se em um manual prático ou de bolso para resolver dúvidas ou problemas concretos. Para a realização deste livro, resultou de grande ajuda aos seus co-autores a colaboração de diferentes profissionais, os quais contribuíram com a sua experiência e conhecimento sobre o assunto. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Diccionário técnico Económico-financieroactuarial Inglés/español JULIO G.VILLALÓN / JOSEFINA MARTÍNEZ BARBEITO Valladolid, 2008 658 páginas ISBN: 978-84-612-6968-6 D urante as três últimas décadas, o uso dos métodos estatístico-matemáticos mudou drásticamente. Hoje em dia, as técnicas e idéias estatístico-matemáticas avançadas são utilizadas tanto no setor empresarial como no financeiro. O seu efeito não somente repercute em um nível informático, como também esses conceitos constituem novos enfoques para o direcionamento do risco no setor Econômico-financeiro. Não é fácil reunir todos os autores de publicações relacionadas com os temas tratados devido seu grande número e variedade. A publicação não possui um Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 caráter enciclopédico. Inclui um grande número de abreviações e acrônimos com os seus significados como anexo ao final do trabalho. Os autores destacam a oportunidade da obra pela atualidade do momento em que estamos, de máximo alcance científico referente às matérias tratadas, e agradecem as possíveis sugestões dos leitores com a finalidade de incluí-las nas próximas edições. países, as condições de acesso ao mercado e o ambiente empresarial para os investidores e os meios de pagamento e técnicas de recuperação. O guia expõe de um ponto de vista moderado o futuro do risco país para permitir que os agentes Econômicos sejam conscientes dos Riscos, um serviço muito útil durante uma crise de crédito. Além disso, o guia possui outro propósito: permitir às companhias que sigam em frente com um maior entendimento na aventura do mercado internacional. The handbook of country risk 2009-2010 COFACE London, Coface and GMB Publishing Limited, 2009 398 páginas ISBN: 13-978-1-84673-172-3 A C OFACE divulgou no ano 2000 a primeira qualificação de empresa, segurável e com cobertura mundial. Esta qualificação @ ranting traduz a capacidade de uma empresa para o cumprimento para com os seus clientes ou fornecedores. Este guia que a COFACE publica anualmente analisa na edição de 2009 as perspectivas e o balanço Econômico em 155 países atendendo às opiniões e qualificações da COFACE, as perspectivas por área geográfica e por sector de atividade, os indicadores Econômicos por 87 livros Instituto de Ciencias del Seguro Aproximación a la esponsabilidad Social dela empresa: reflexiones y propuestas de un modelo JUAN JOSÉ ALMAGRO GARCÍA Madri, FUNDACIÓN MAPFRE, 2009 cuaderno no 132 229 páginas - 978-84-9844-140-6 A obra, tese de doutorado de Juan José Almagro, é um estudo didático sobre a empresa atual, seus desafios e responsabilidades e, principalmente, sobre a Responsabilidade Social da Empresa (RSE). O seu objetivo é propor um modelo de RSE que possa ser aplicável a todas as empresas, seja qual for a sua dimensão, volume de vendas, número de trabalhadores ou setor no qual desenvolve a sua atividade. A RSE como atitude que determina uma maneira empresarial de ser e de comportar-se de acordo com valores e princípios que, por sua vez, criam valor. Como modelo que agrupa sinergicamente o bom governo e a ação social, onde os valores éticos predominam sobre os mercantis e o bem comum aparece como o valor por excelência. La designación de la pareja de hecho como beneficiaria en los seguros de vida SUSANA ESPADA MALLORQUÍN Madri, FUNDACIÓN MAPFRE, 2009 Cuaderno no 133 232 páginas - 978-84-9844-155-0 Gestión Integral de riesgos corporativos como fuente de ventajacompetitiva: cultura positivadel riesgo y reorganización estructural CRISTINA MARTÍNEZ GARCÍA Madri, FUNDACIÓN MAPFRE, 2009 Cuaderno no 134 144 páginas - 978-84-9844-156-7 A determinação de um conceito de casal de fato no marco dos contratos de seguro não é tão simples como poderia parecer à primeira vista. Apesar de não existir uma norma estatal que determine o seu regime jurídico, hoje, treze das dezessete comunidades autônomas contam com disposições expressas nesta matéria que chegam a estabelecer estatutos jurídicos próprios para estas relações afetivas. Tanto o vazio em nível estatal como a regulação autônoma 88 afetam o Direito dos Contratos e, concretamente, o contrato de seguro de vida e a interpretação que do termo "cônjuge" for realizado neles. O estudo divide-se em duas partes. A primeira delas tem como objetivo determinar o conceito de casal, de fato, que pode ser utilizada no âmbito mercantil. A segunda analisa a consideração do casal, de fato, como beneficiária nos contratos de seguro de vida, colocando os problemas que podem surgir neste âmbito contratual. O trabalho de pesquisa recorre à problemática atual enfrentada por uma organização ao implementar um modelo interno de gestão do Risco sob um enfoque integral ou enfoque ERM (Enterprise Risk Management, segundo denominação americana), com o objetivo de demonstrar cientificamente, que apesar do crescente interesse do ambiente empresarial no desenvolvimento da disciplina de Gestão de Riscos Corporativos ou Gestão de Riscos, a mudança de filosofia que este enfoque introduz Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 de Riscos e Seguros convocado pela AGERS. está limitada pela incapacidade das organizações para gerenciar a mudança e pelo desequilíbrio atual entre estratégia, cultura e estrutura. A análise da natureza das resistências que oferece uma organização à transformação do seu modelo interno de gestão do Risco justifica que a implementação seja um processo complexo e muito custoso, revelando a necessidade de colocar a transformação do modelo interno de gestão do Risco como um processo estratégico por meio de fórmulas culturais e organizacionais. O presente trabalho foi o ganhador do I Premio de Investigacióon Julio Sáez sobre pesquisa em Gerenciamento de Riscos e Seguros convocado pela AGERS. Aanálisis e interpretación de la gestión del fondo de maniobra en entidades aseguradoras en entidades aseguradoras de incendio y lucro cesante en grandes riesgos industriales ENRIQUE ORSOLICH SIGUERO Madri, FUNDACIÓN MAPFRE, 2009 Cuaderno no 135 198 páginas - 978-84-9844-157-4 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 O trabalho trata, no âmbito dos grandes riscos industriais, o estudo de alguns elementos a serem considerados na contratação do resseguro, para uma gestão equilibrada dos "créditos" e "dívidas" por operações de resseguro cedido e retrocedido, com um duplo objetivo: o primeiro é questionar o grau de validade da sentença "no seguro se produz uma inversão do processo produtivo", axioma que, por novamente, merece, talvez, certa matização. O tema é apresentado a partir da ótica do ciclo de exploração técnica das seguradoras de grandes Riscos, onde o resseguro constitui um fator essencial de produção. O segundo objetivo é, contemplando o resseguro cedido a partir da perspectiva do ciclo de exploração financeiro, a identificação de alguns elementos técnicos a serem considerados na sua contratação, para uma gestão equilibrada de dois componentes básicos do fundo de manobra das seguradoras de riscos industriais: os direitos ou "créditos" e as obrigações ou "dívidas" por operações de resseguro cedido e retrocedido. O presente trabalho obteve uma menção especial do júri do I Premio de Investigación Julio Sáez sobre pesquisa em Gerenciamento Investigaciones en Seguros y Gestión de Riesgos: Riesgo 2009 ANTONIO HERAS, JOSÉ LUIS VILAR e MONTSERRAT GUILLÉN Madri, FUNDACIÓN MAPFRE, 2009 Cuaderno no 136 770 páginas - 978-84-9844-158-1 O livro apresenta as palestras realizadas na terceira convocatória do congresso RISCO 2009, promovido pela FUNDACIÓN MAPFRE nos dias 18 e 19 de junho de 2009. Trata-se de 34 trabalhos de 70 autores que dão uma idéia do interesse que, atualmente, desperta na Espanha o estudo dos problemas relacionados com os seguros e a gestão do risco e do rigor com o qual estão sendo tratadas estas pesquisas. Os artigos foram classificados em quatro grupos temáticos: Metodologia, Seguros Gerais e Resseguro, Gestão de Riscos e Dependência e Envelhecimento. 89 NOTÍCIAS CELEBRAÇÃO DO XX CONGRESSO DA AGERS A Associação Espanhola de Gerência de Riscos e Seguros (AGERS) celebrou em 5 e 6 de maio de 2009, em Madri, o seu XX Congresso sob o título “O valor da Gerência de Riscos e suas soluções para enfrentar a crise”. O congresso, celebrado sob a presidência de honra de S. M. o rei, contou com a presença de 350 diretores e profissionais do setor segurador, brokers e gerentes de riscos das principais empresas. A palestra de abertura ficou a cargo de Claudio Boada, presidente do Círculo de Empresários, que ministrou a palestra “A situação econômica na Espanha e os riscos empresariais”. Na abertura do evento participou Pilar González de Frutos, presidente 90 da UNESPA e vice-presidente da CEOE. Os especialistas apresentaram a função da Gerência de Riscos como fator chave para enfrentar a atual crise, que mostra um panorama difícil na Espanha, enquanto, segundo os indicadores de confiança, melhora a sua situação em nível global. Além da recessão econômica, também se percebeu o interesse despertado pela gripe A/H1-N1 como risco preocupante de se tornar uma pandemia. Durante as sessões foram desenvolvidos três painéis dedicados à solvência, às ferramentas da Gerência de Riscos e Seguros e à contribuição de valor da Gerência de Riscos. O congresso foi concluído com a realização de quatro oficinas sobre riscos corporativos, operacionais, financeiros e sobre as Administrações Públicas. Após o encerramento do congresso realizou-se a assembléia ordinária da AGERS, onde foram aprovados a memória e o balanço de 2008 e o orçamento de receitas e despesas para 2009. Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Na sua reunião de 1º de julho, a junta diretiva acordou completar a sua renovação, ficando composta da seguinte forma: PRESIDENTE - IGNACIO MARTÍNEZ DE BAROJA Y RUIZ DE OJEDA - Hispasat VICE-PRESIDENTE I - MIGUEL A. ZARANDONA ALBURQUERQUE - El Corte Inglés VICE-PRESIDENTE II - UBALDO LLORENTE FERNÁNDEZ - SEUR SECRETÁRIO GERAL - GONZALO ITURMENDI MORALES - Bufete G. Iturmendi y Asociados VICE-SECRETÁRIA - ISABEL CASARES SAN JOSÉ - Marti TESOUREIRO - ANDRÉS ELÓSEGUI ICHASO - BMS Descontaminación y Recuper INTERVENTOR- CONTADOR - MARIANO BLANCO GEMA - Aig Europe VOCAIS: EMILIO GUARDIOLA SALMERÓN (Metro de Madrid), ENRIQUE ZÁRRAGA ARANCETA (Willis Iberia), FERNANDO PÉREZ VILA, FRANCISCO J. FERNÁNDEZ ARMELA (Marsh, S.A.), GONZALO FERNÁNDEZ ISLA, JOSÉ AMÉZOLA PORTUONDO (La Seda de Barcelona), JUAN ARSUAGA SERRATS (Lloyd’ s Iberia Representative), JUAN CARLOS LÓPEZ PORCEL (Arcelormittal España, S.L.), JULIO DE SANTOS ALGAR (Alkora E.B.S.), MARÍA VICTORIA RIVAS LÓPEZ, PAULINO FAJARDO MARTOS (Daviersarnold Cooper S.L.P.), PEDRO MOTAS MOSQUERA (Comunidade Autônoma de Murcia), PEDRO TOMEY GÓMEZ (AON) Outrossim, formaram-se as seguintes comissões e grupos de trabalho com seus respectivos responsáveis: Comissão de Estatutos: Ignacio Martínez de Baroja Comissão de Atos, Comunicação e Imprensa: Pedro Tomey Comissão de Formação: Enrique Zárraga Comissão de Pesquisa: Gonzalo Iturmendi Comissão de Manutenção e Desenvolvimento da Web: Mariano Blanco Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Comissão de Relacionamento e Atendimento Associados: Emilio Guardiola Comissão de Relações Nacionais: Presidente,Vice-presidente e Junta Diretiva Comissão Admissão Novos Associados: Ubaldo Llorente Comissão de Serviços e Desenvolvimento: Francisco Fernández Comitê de Admissão de Novos Associados: Ubaldo Llorente Grupo de Trabalho de Meio Ambiente: José Amézola Grupo de Trabalho do Setor Público: Emilio Guardiola Igualmente, a junta diretiva, por unanimidade, acordou ratificar Mercedes Prieto como gerente da associação, assumindo todas as funções e responsabilidades da direção geral. As atividades formativas desenvolvidas durante os meses de abril a junho foram sobre os seguintes temas: Como conseguir que uma organização avalie a área de riscos e seguros interna. Planos de contingência frente a gripe A H1N1. Responsabilidade civil por danos ao meio ambiente. ERM: a Gerência de Riscos na empresa. Dentro do programa de Seguros de Responsabilidade Civil, que em 2009 apresentavase como novidade, foram concluídos os últimos módulos nas seguintes datas: 21 e 22 de outubro: O seguro de responsabilidade civil na construção 25 e 26 de novembro: O seguro de responsabilidade civil, D&O. Para obter mais informação consulte o site www.agers.es AGERS. Príncipe de Vergara, 86, 1º esc, 2º izq. 28006 Madrid. Telefone: 91 562 84 25. Fax: 91 561 54 05. E-mail: [email protected] 91 caderno nacional EIMA-7 resulta em carta pela sustentabilidade e acordo de cooperação O 7º Encontro Iberoamericano de Desenvolvimento Sustentável (EIMA-7), realizado em Foz do Iguaçu, Paraná, entre os dias 18 e 20 de novembro, resultou na formulação de uma carta aberta internacional pela sustentabilidade e na celebração de um acordo de cooperação técnico-científico entre a Fundación CONAMA, da Espanha, e o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), do Brasil. Pela primeira vez, a Fundación MAPFRE participa como coorganizadora do evento. O convite da Fundación CONAMA, idealizadora da iniciativa, estabelece uma parceria que deverá prosseguir nos próximos encontros, que são realizados anualmente em diferentes países, intercalados com Espanha (Madri). *POR SUCENA SHKRADA RESK 92 G eGreêrnêcnicai ad ed eR iRs icsocso se eS eSgeugruorso s• •n ºn º1 0140-42-021001 0 Shutterstock “VIVEMOS UMA EMERGÊNCIA PLANETÁRIA, DE ORDEM SOCIAL, ECONÔMICA E ECOLÓGICA. TEMOS DE RECONCILIAR A ECONOMIA COM A ECOLOGIA ” G eGreêrnêcnicai ad ed eR iRs icsocso se eS eSgeugruorso s• •n ºn º1 0140-42-021001 0 93 caderno nacional Abertura do evento contou com a presença do presidente da Fundación CONAMA, Gonzalo Echagüe Méndez de Vigo; de Jorge Samek, diretor-geral no Brasil, da Itaipu Binacional; ; Lindsley da Silva Rasca Rodrigues, secretário de Estado de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Paraná; de Rodrigo Tarté, diretor acadêmico da Fundação Cidade do Saber, no Panamá e de Antonio Guzmán Córdoba, diretor-geral de Prevenção, Saúde e Meio Ambiente da Fundación MAPFRE, entre outros. "O BRASIL TEM HOJE UMA FONTE DE ENERGIA PREDOMINANTEMENTE RENOVÁVEL" O evento tem um caráter significativo para o Brasil, por ser também a primeira edição promovida no país. O EIMA-7 se integrou a uma série de iniciativas paralelas, sob denominação geral de 6º Encontro Cultivando Água Boa, que reuniu um público estimado de 5 mil pessoas e diferentes parceiros nacionais e internacionais. Entre eles, o Governo do Paraná, a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná e a Itaipu Binacional, com apoio dos governos da Espanha e do Brasil. O fato de o evento ter sido realizado poucas semanas antes da 15ª Conferência das Partes (COP-15) da ConvençãoQuadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, em Copenhague, na Dinamarca, em dezembro, onzalo Echagüe Méndez de Vigo 94 enriqueceu as reflexões sobre a prática do desenvolvimento sustentável. A pauta, de ordem global, exposta pelos participantes, decorreu em torno do que será decidido por cerca de 200 nações sobre o estabelecimento de compromissos quanto ao Protocolo Pós-Quioto. Um total de 23 horas – divididas entre debates, grupos de trabalho e mesasredondas com especialistas internacionais – resultou em um consenso, por parte da organização do EIMA-7, de que é prioritária a mudança do padrão de desenvolvimento mundial conflitante com Antonio Guzmán Córdoba a Ecologia. O presidente da Fundación CONAMA, Gonzalo Echagüe Méndez de Vigo, destacou aspectos importantes da carta aberta, que apresenta reivindicações e, ao mesmo tempo, exibe estabelecimento de compromissos das organizações participantes. “Vivemos uma emergência planetária, de ordem social, econômica e ecológica, e dessa emergência acumula a tríplice crise global. O aspecto positivo da crise é a convicção de que a necessidade de mudança do modelo de desenvolvimento se tornou unânime. Temos de reconciliar a economia com a ecologia”, destacou. Segundo Méndez de Vigo, as mudanças devem ser rápidas. “Para isso, precisamos articular alianças entre governos, empresas, organizações não governamentais, meios comunitários e universidades, que se Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 revertam, de forma compatível, em mudanças econômicas, tecnológicas e de valores”, afirmou. Na análise de Antonio Guzmán Córdoba, diretor-geral de Prevenção, Saúde e Meio Ambiente da Fundación MAPFRE, todos os setores devem agir localmente, sem esperar somente as decisões das políticas globais, para adotar posturas pró-ativas. “Em Copenhague, serão discutidas essas ações-macro”, diz. O executivo defende que o investimento na educação socioambiental – com o objetivo de prevenção e de mudanças de padrões de consumo –, seja política constante das organizações. “O EIMA-7 é um fórum para partilhar experiências e compatibilidade. Precisamos somar esforços das empresas, nos âmbitos locais e regionais”, disse. Com esse propósito, a Fundación MAPFRE destinou, neste ano, mais de US$ 40 milhões a ações voltadas para a responsabilidade social, a saúde e o meio ambiente, na Espanha e em países Iberoamericanos. “Ao final de 2009, foi consolidado o investimento em mais de 150 bolsas de pesquisa, em 30 eventos, em oito revistas, entre outras iniciativas, principalmente na área socioambiental”, informou. O foco em consumo consciente de água e energia, diminuição da geração de resíduos e reciclagem é uma das prioridades do conjunto de iniciativas. No Brasil, as ações ambientais da MAPFRE, intituladas de Eco MAPFRE, são voltadas à ecoeficiência nos processos do grupo, no apoio à Rede Ecoblogs (http://www.ecoblogse.com.br), que reúne produções de conteúdo de diversos autores da área ambiental no país. Essas ações também se voltam a um dos projetos mais recentes, em parceria com o Governo Rodrigo Tarté do Estado de São Paulo: a criação do Programa Villa Ambiental, no Parque Villa-Lobos, na capital. No encerramento do EIMA-7, o estabelecimento de convênio técnicocientífico entre a Fundación CONAMA e o Parque Tecnológico de Itaipu (PTI), ratificado por outros parceiros, estabeleceu compromissos, por tempo indeterminado, para a promoção de estudos de soluções para alternativas de energias limpas e renováveis. Segundo o diretor-superintendente do Parque Tecnológico de (PTI), Juan Carlos Sotuyo, essa parceria será importante para integrar as duas organizações em projetos sustentáveis. “Isso significa um intercâmbio técnico-científico entre empresas, clientes e fornecedores. O objetivo é trocar experiências, principalmente com foco na biomassa, além de outras fontes, como a solar e a chamada ‘quinta onda’, proveniente das algas”, disse. Durante a programação, vários temas foram discutidos, desde ações desenvolvidas pelos organizadores, passando pelo novo marco da economia verde, até desafios no campo das mudanças climáticas e das alianças multissetoriais. “A ECONOMIA VERDE PROPÕE UM NOVO PACTO GLOBAL, AO INCORPORAR OS PRINCÍPIOS DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL EMPRESARIAL, COMO TECNOLOGIA E GOVERNANÇA” Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 95 caderno nacional “A ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE ESTIMA QUE, ATÉ 2020, A DEPRESSÃO SERÁ A DOENÇA MAIS DIFUSA DO MUNDO.” 96 “A economia verde propõe um novo pacto global, ao incorporar os princípios de desenvolvimento sustentável empresarial, como tecnologia e governança, além de indicadores de sustentabilidade, para a eficácia das ações neste campo. Pesquisas recentes mostram a correlação entre os princípios do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), da ONU, e a pegada ecológica, à medida que os países aumentam o bem-estar social”, disse Rodrigo Tarté, diretor acadêmico da Fundação Cidade do Saber e presidente do Conselho Direito do Centro Internacional para o Desenvolvimento Sustentável, no Panamá. A pegada ecológica é uma expressão que define a quantidade de recursos naturais necessária para sustentar o estilo de vida de cada pessoa. Estima-se que, hoje, consumimos demanda 25% maior do que a oferta de recursos no planeta, segundo o WWF Brasil. A importância da efetivação de mais alianças entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, para a implementação da ecoeficiência, foi destacada por Luís Jiménez Herrero, diretor-executivo do Observatório da Sustentabilidade da Espanha. “Estabelecemos um protocolo de cooperação com a Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Paraná para criar indicadores de sustentabilidade. É importante que se observem nos processos de desenvolvimento as inter-relações e dependências, que muitas vezes não aparecem. Assim, é estudada a realidade complexa e as ações são valorizadas, não só do ponto de vista econômico, mas em relação ao uso dos recursos naturais”, afirmou. Segundo o especialista, os territórios não podem ser vistos como simples mercadorias, mas sim como patrimônios naturais e culturais, um legado às futuras gerações. “Houve uma mudança de paradigma de sustentabilidade na Espanha, um país dos mais ricos em biodiversidade da Europa, mas que tem a tendência de 37% de desertificação”, disse. Luís Jiménez Herrero O diretor brasileiro da Itaipu Binacional, Jorge Samek, reiterou a importância das ações em rede. “Em visita à Espanha, tomei conhecimento dos congressos do CONAMA, que reúnem mais de 10 mil pessoas discutindo e apontando os caminhos. Tive a oportunidade de conhecer a maior usina solar do mundo, próxima a Sevilha, como demonstração inequívoca de que governo, iniciativa privada e sociedade buscam formas limpas de energia”, contou durante sua exposição. O executivo expôs que o caminho está nas parcerias, citando como o país pode contribuir com sua experiência. “O Brasil tem hoje uma fonte de energia Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 predominantemente renovável. Ainda produzimos etanol (proveniente da canade-açúcar), o álcool e o biodiesel”, disse. A representante do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Isabel Martínez, lembrou que a história comprova que as crises levam, paradoxalmente, ao desenvolvimento. “A iniciativa dos empregos verdes (agricultura e silvicultura, entre outros), da economia baseada na sustentabilidade da biodiversidade e do ecossistema é o novo acordo global para 2010”, afirmou. De acordo com a especialista, hoje há 2,3 milhões de trabalhadores empregados em energias renováveis, e em 2030 podem ser 20 milhões de postos de trabalho. Segundo ela, é preciso ações efetivas, já que, só no ano de 2009, houve perdas econômicas mundiais decorrentes da degradação ambiental na ordem de trilhões de dólares. “Nossa demanda sobre o planeta tem duplicado nos últimos 40 anos”, alerta. Com isso, aumenta o número de refugiados ambientais no planeta. Giovanni Barontini, sócio da Fábrica Éthica Brasil e integrante do grupo de Estudos do Futuro da Pontifícia Universidade Católica (PUC), propôs Isabel Martínez a reflexão sobre o posicionamento do mundo corporativo quanto aos padrões de desenvolvimento. “A Organização Mundial da Saúde estima que, até Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Giovanni Barontini 2020, a depressão será a doença mais difusa do mundo. Hoje, mais de 400 milhões pessoas são diagnosticadas como deprimidas, a maioria na Europa e nos Estados Unidos”, afirmou. Em sua análise, o mundo corporativo é causa e reflexo de situações-macro como essa. A reflexão sobre o conceito de sustentabilidade foi proposto por Carola Reintjes, presidente europeia da Organização Mundial de Comércio Justo e coordenadora para a Estratégia Institucional e Política de Alianças da organização espanhola Comércio para o Desenvolvimento (COPADE). “É preciso desafiar o setor empresarial, como grande motor de mudança, tanto reativo como pró-ativo, para que não aja somente por causa da legislação, mas de forma consciente, estabelecendo uma agenda social e ambiental permanente”, considera. A especialista, entretanto, não atribui somente a responsabilidade ao setor empresarial. “O segmento responde a demandas de mercado e a agendas econômicas. Os gestores públicos, muitas vezes, não conseguem dialogar com as empresas. Hoje há corresponsabilidade do setor público nesse processo. Temos de recuperar a riqueza social dessa relação”, afirmou. * Sucena Shkrada Resk é jornalista, com especialização em Meio Ambiente e Sociedade e em Política Internacional 97 caderno nacional Alternativas para geração de energia limpa e renovável A abundância de recursos hídricos no Brasil, somada à disponibilidade do gás natural, colocou em segundo plano o desenvolvimento de outras fontes renováveis de energia elétrica. Neste contexto, a progressiva redução da capacidade de geração hídrica traz à tona a necessidade de fontes de geração complementares à hídrica para a expansão da matriz elétrica brasileira nos próximos anos. O desafio é manter a oferta de energia elétrica limpa, renovável e o preço competitivo. POR ADRIANA AGUILAR 98 Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 O assunto foi discutido durante o V Seminário Geração de Energia e Desenvolvimento Sustentável, com o tema "A vocação e a participação das fontes alternativas na matriz energética brasileira", realizado em parceria com o Insper (ex-Ibmec São Paulo), no dia 25 de agosto de 2009. Aproximadamente 130 pessoas estiveram presentes no evento para ouvir especialistas no assunto. Cerca de 250 milhões de pessoas, em 26 países, enfrentam a falta crônica de recursos hídricos. A previsão é que, daqui a 30 anos, o número saltará para 3 bilhões em 52 países. No Brasil, os recursos hídricos apresentavam uma participação de 71,2 % da potência instalada em 2008 (excluindo importação de Itaipu) e 90% da geração de energia elétrica no País. Este perfil garante ao Brasil a oferta de eletricidade a preços competitivos, com nível de emissão de dióxido de carbono (CO2) abaixo da média mundial. Para se ter uma ideia, o fator de emissão de gases impactantes no efeito estufa de uma usina hidrelétrica fica em torno de 20 gramas por quilowatthora (kWh) gerado, se considerado todo o ciclo de vida da usina. No entanto, uma usina térmica emite entre 600 e 1.200 gramas por kWh, dependendo do combustível fóssil utilizado. De acordo com a evolução planejada para a matriz energética brasileira (2005 a 2030), há a intenção de diminuir a participação de petróleo e derivados de 38,7% para 30%, caindo assim a emissão de CO2. Também é esperada a redução da utilização de lenha e carvão vegetal, de 13% para 5% no período, devido à evolução tecnológica e a pressões ambientais. Ao mesmo tempo, projeta-se o aumento da participação relativa do gás natural de 9,4% para 15% e o aumento da participação de fontes energéticas Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 oriundas da agroenergia (etanol, H-BIO e biodiesel), de 14% a 22%. Até 2030, há a previsão de se manter a proporção de fontes renováveis. Embora ainda existam mais de 150.000 megawatts (MW) potenciais de energia hidrelétrica a serem explorados, a expansão do parque hídrico brasileiro, baseada em grandes e médios empreendimentos, vem sofrendo, gradativamente, restrições crescentes na esfera da legislação ambiental, segundo dados do trabalho "A importância das fontes alternativas e renováveis na evolução da matriz elétrica brasileira", elaborado pelo Grupo de Estudos do Setor de Energia Elétrica (Gesel ), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e apresentado durante o V Seminário, promovido pela FUNDACIÓN MAPFRE. "A cada ano o risco hidrológico é maior. Ninguém sabe como e quanto irá chover no ano seguinte, pois é uma variável aleatória. Daí a importância de desenvolvermos no Brasil uma forma de geração de energia que seja alternativa e complementar à hídrica", afirma o professor Nivalde José de Castro, coordenador do Gesel e autor do estudo que foi apresentado no Encontro. “As projeções de mudanças climáticas indicam que poderá aumentar a frequência de ocorrência da maioria dos fenômenos de secas, estiagens, inundações, vendavais, granizo, resultando em maior quantidade de “AS PROJEÇÕES DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS INDICAM QUE PODERÁ AUMENTAR A FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA DA MAIORIA DOS FENÔMENOS” Estimativas do Potencial da Bioeletrecidade Sucroenergética (em milhão de t e MWmed) Safra Cana (em milhões de toneladas) Potencial de Geração (em MWmed) 2012/13 2015/16 2020/21 696 829 1038 9.642 11.484 14.379 Fonte: Elaborado por GESEL/IE/UFRJ a partir de dados da Unica. 99 caderno nacional deslizamentos, enxurradas e incêndios da vegetação”, explica o pesquisador Emílio La Rovere, do Programa de Planejamento Energético da COPPE/ UFRJ. Uma das consequências pode ser a crescente restrição para atender à demanda de energia no período seco, quando também diminui o índice pluviométrico e os reservatórios de água das hidrelétricas estão com nível reduzido. Segundo dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o atual parque hidrelétrico brasileiro instalado representa cerca de 30% do potencial hidrelétrico do País. O potencial remanescente encontra-se essencialmente na Região Norte do Brasil, cuja extensa área de planície impede a construção de grandes reservatórios. Há ainda a imposição da legislação ambiental, com base na Constituição de 1988, que dificulta a construção livre de novas hidrelétricas, que, mesmo sendo licenciadas, deverão ter características de usinas a fio d'água, pelas restrições físicas e ambientais. "Dois terços do Participação da Geração Hídrica no Total da Geração Elétrica de Países Selecionados 2006 Países 10 Primeiros Noruega Brasil Venezuela Canadá Suécia Rússia Índia China Japão EUA Resto do mundo Média mundo Fonte: IEA 2008 100 % hidro no Total Oferta 98,5 83,2 72,0 58,0 43,1 17,6 15,3 15,2 8,7 7,4 14,3 16,4 potencial ainda por ser explorado nos empreendimentos da Região Norte do País – Belo Monte, Tapajós, Teles Pires, Marabá, entre outros – devem seguir essa tendência", diz o professor Nivalde José de Castro. Segundo o secretário executivo do Comitê de Meio Ambiente, da Associação Brasileira de Concessionárias de Energia Elétrica, Décio Michellis, quaisquer fontes de energia que passem a ter uso intensivo podem gerar impactos socioambientais tão graves e intensos quantos as fontes tradicionais que se pretende substituir. Por isso, todo cuidado é pouco. “A escolha deve considerar especificidades locais e o custo de oportunidade socioambiental”, afirma. Neste cenário, o sistema elétrico brasileiro tem o desafio de complementar o parque hídrico com usinas com vocação de operação durante o período seco. Uma das alternativas é complementar o parque hídrico brasileiro com usinas que operem sazonalmente. Dentre as opções economicamente viáveis destacam-se a bioeletricidade sucroenergética, a energia eólica, as térmicas com baixo custo variável unitário (CVU) e as térmicas inflexíveis. O diretor executivo do ITSEMAP, empresa de gerenciamento de risco do grupo MAPFRE, Ricardo Serpa, lembra que, em quaisquer das opções de fontes de energia mencionadas no estudo, é importante avaliar os riscos, priorizar e identificar processos críticos para a contratação de seguros compatíveis com a continuidade dos serviços. Qual seria a alternativa de energia renovável mais eficiente para complementar a geração de energia elétrica hídrica? O estudo, apresentado pelo Gesel durante o V Seminário da FUNDACIÓN MAPFRE, indica que a Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 Brasil Recursos Renováveis 46,4% Biomassa 31,6% { Madeira: 12,5% Cana: 16% Outras fontes: 3,1% Hidreletricidade 14,7% Urânio (U3O2) 1,4% Carvão Mineral 6,2% Gás Natural 9,3% Petróleo e Derivados 36,7% bioeletricidade gerada nas usinas de açúcar e etanol (sucroenergéticas) mostra-se como uma das formas mais eficazes de se complementar o parque hídrico brasileiro em uma escala condizente com o seu potencial atual e futuro. Como a bioeletricidade sucroenergética é gerada a partir da biomassa residual da produção de etanol e açúcar, há a garantia da segurança do suprimento de energia a preços competitivos, com reduzida emissão de gases impactantes no efeito estufa. É importante ressaltar que, em relação ao CO2, as usinas paulistas assinaram protocolo agroambiental com o Governo do Estado, antecipando o fim da prática das queimadas para 2014. Atualmente, 50% da colheita da cana já é mecanizada. A Região Centro-Sul do País, onde se localiza a maior parte da demanda brasileira por energia elétrica, concentra percentual superior a 80% da produção brasileira de cana-de-açúcar. Até o final de 2009, a potência instalada nas usinas Mundo Recursos Renováveis 13,3% sucroenergéticas deverá totalizar cerca de 4.500 MW, sendo algo em torno de 3.000 MW para autossuprimento. Há estimativa de que esta potência atinja 6.500 MW no final de 2010. Outra alternativa complementar à energia hídrica, segundo o estudo do Gesel é a energia eólica, que vive uma grande expansão no mundo nos últimos anos, atingindo a expressiva marca de 120.000 MW instalados no final de 2008. A energia gerada pelos ventos tem a vantagem de apresentar um fator de emissão de gases impactantes no efeito estufa na mesma ordem de grandeza das usinas hídricas. As atuais usinas de energia eólica instaladas no Brasil têm uma potência conjunta de 417 MW, aos quais se somam 442 MW de usinas em construção. O potencial do Brasil é maior. Hoje, mais da metade do potencial de geração eólica brasileira está na Região Nordeste. Os ventos mais velozes estão nas costas do Ceará e do Rio Grande do Norte. “A CADA ANO O RISCO HIDROLÓGICO É MAIOR. NINGUÉM SABE COMO E QUANTO IRÁ CHOVER NO ANO SEGUINTE, POIS É UMA VARIÁVEL ALEATÓRIA. DAÍ A IMPORTÂNCIA DE DESENVOLVERMOS NO BRASIL UMA FORMA DE GERAÇÃO DE ENERGIA QUE SEJA ALTERNATIVA E COMPLEMENTAR À HÍDRICA.” Gerência de Riscos e Seguros • nº 104-2010 101 Um seguro parra quem sonha alto. Seguro MAPFRE Aeronáutico. S e g u ro M A P F R E A e ro n á u t i c o Um seggur uro o co comp mple mp leto le t e dififer to e en er ente tee p ara r t od odo o ti tipo p de vo po voo. o. C me Co m rc rcia iaal,l agr g íc ícol ola, ol a, r eggio iona n l, ope na pera r çõ ra ções es d dee trran ansp sp por orte tee offof f-sh fshor sh ore, e, u ult ltt ra r lee vees av avan ança an çaado d s, n não ão o i mp m or o ta ta.. Vo ocê ter eráá toda to da a p ro ote t çã ção, o con o, onsu su ult ltor o ia d or dee se segu gura gu ranç ra nça, nç a cob a, ober e tu er tura ras, ra s, s rv se r iç i os e xc xclu luusi s vo os, s pro rogr gram gr a as de pr am prev even ev ençã en çãão de aci c de dent n es nt e mu muit ito o ma mais iss. Af A in inal a , o Se al Segu guro gu ro MA MAPF PFRE RE Aerron o áu áuti tico co é f ei eito t to de ppes e so es soas a com as mo vo v cê cê,, qu q e ad ador oram am a e mo m çã ç o de voa oar, r, m mas a as co om to toda da a sseg egur u an ur ança ç e ttra ça ranq nqui uililida ui daade d . 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