Luís Carmelo «roda» novo livro no YouTube
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Luís Carmelo «roda» novo livro no YouTube
Açordas em congresso Portel ~ página 5 €1 www.noticiasalentejo.pt Ano II Nº 11 Março 2007 Luís Carmelo «roda» novo livro no YouTube Associação Académica promove concurso de bandas ~página 19 Quatro curtas metragens, especialmente dirigidas ao serviço de partilha de vídeos online YouTube, marcam no início deste mês a apresentação do décimo romance de Luís Carmelo - «E Deus Pegou-me pela Cintura». Os vídeos foram realizados por Teresa Maria Carmo, produzidos pela empresa Retina Azul e contam com a participação de dois actores profissionais, António Fonseca e Júlia Correia. Luís Carmelo disse ao Notícias Alentejo que a realização dos vídeos produzidos especialmente para a apresentação do livro (marcada para as livrarias do El Corte Inglés de Lisboa, no dia 6, e Gaia, dia 13) conta com o patrocínio de uma empresa ligada ao sector do turismo. O livro conta a história de uma jornalista portuguesa raptada no Líbano, cruzando a actualidade com as vivências portuguesas desde a revolução de 1974. A promoção do novo romance de Carmelo não se fica pelo ineditismo da utilização dos vídeos e pelo recurso ao YouTube. Provocou já alarido na blogosfera. O autor e a editora (Guerra e Paz) deram «vida» à ficção, fazendo rodar na Internet a “notícia” do sequestro de uma jor nalista portuguesa no Líbano. Tratou-se de uma operação de marketing que baralhou narrativa ficcional e realidade. «Évora ao Espelho» celebra Património Mundial ~página 9 As marcas da paisagem L uís Carmelo nasceu em Évora em Agosto de 1954. As marcas que lhe ficaram, diz, estão directamente relacionadas com paisagem plana, a opulência da Sé, os claustros austeros do liceu (nos dias de hoje de novo universidade) e com o silêncio espesso dos verões «muito quentes que pareciam querer abençoar uma graça incomum». Hoje é escritor e publicou ensaios, poesia e romance. É professor universitário e um membro (muito) activo da comunidade internauta. Antes passou por Évora, por Utreque, por Amesterdão e por Lisboa, além de Reguengos de Monsaraz, onde foi professor do ensino secundário. Mas é Évora, de onde faz o vai-vém a Lisboa para trabalhar, que parece ser a sua cidade de eleição. No romance, conta com vários títulos publicados. Entre outros: A Falha (1998, Editorial Notícias, Lisboa; 2ª edição, 2001, Planeta Agostini, Lisboa; 3ª edição, Editorial Notícias, Lisboa; romance adaptado ao cinema por João Mário Grilo em 2002); As Saudades do Mundo (1999, Editorial Notícias, Lisboa); O Trevo de Abel, (2001, Editorial Notícias, Lisboa); Máscaras de Amesterdão (2002, Editorial Notícias, Lisboa e O Inventor de Lágrimas (2004, Editorial Notícias, Lisboa). Reguengos reclama obras na EN 256 ~página 7 pub SÍTIO DAS LETRAS LIVRARIA LER PARA SER REGUENGOS DE MONSARAZ ~ páginas 3 e 4 www.noticiasalentejo.pt 2 entrada~ Carlos Trigo Notícias Alentejo on-line desde 9 de Junho de 2003 www.noticias alentejo.pt ~@ Ficção e realidade [email protected] «E Deus Pegou-me Pela Cintura», o décimo romance de Luís Carmelo (editado pela Guerra e Paz) traz de volta a discussão sobre as diversas possibilidades de interacção entre ficção e realidade. Carmelo usou a blogosfera para o que chamou de «operação performativa». Na «ante-estreia» do seu décimo romance, o autor lançou na Internet uma curiosa (ousada e polémica) campanha, em que deu «vida» à personagem principal da ficção que apresenta no início deste mês. Ou seja, colocou na rede uma história construída a partir do enredo do livro - uma jornalista por tuguesa, Rute Monteiro, foi raptada no Líbano por um grupo extremista islâmico e apenas um jornalista freelancer (também ele virtual) se dedicou ao assunto. A cumplicidade que caracteriza a blogosfera fez o resto, ou seja fez rodar a novidade. O facto foi criado, mesmo antes de escritor e editora assumirem que se tratava de uma acção de promoção da obra, transpondo para a realidade aquilo que era apenas do domínio da ficção. As reacções foram diversas. Luís Carmelo sustenta que a «comunicação actual é a herdeira dos antigos mitos clássicos que habitavam num limbo entre a ficção e o real» e responde aos que criticaram a sua ousadia com duas perguntas: «Por que terá a ficcionalidade de um romance, nos nossos dias, de arrumar-se entre a capa e a contracapa de um livro? Não poderá a ficcionalidade de um romance também saltar para o meio da realidade do vivido e misturar-se com ela?» A fronteira entre ficção e realidade sempre foi navegável. Da Antiguidade recebemos o legado de poemas épicos e de lendas, como a que está associada à conquista de Tróia e ao genial Odisseu (ou Ulisses). O poema atribuído a Homero (Ilíada) está carregado de ficção e realidade. Hoje, no dia-a-dia, da política e da economia, quantas vezes a ficção condiciona a realidade? Não será que vivemos rodeados de antecipação ficcional em quase tudo o que se refere a OPAs e a mega-projectos de investimento? 03.2007 Sumário Ficha Técnica Devagar, devagarinho... com Açordas em Congresso Página 5 Reguengos vai ter Internet em todas as Freguesias Página 7 Na capa: José Calixto Vice-Presidente da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz A Opinião que marca a diferença Páginas 14 e 15 Ciência & Tecnologia, por Afonso de Almeida Páginas 16 e 17 A crónica de Luís Carmelo Página 20 Prazeres... da Fotografia, por João Espinho Página 22 @ A edição do "Notícias Alentejo" é da responsabilidade da sociedade "Notícias Alentejo Produção de Conteúdos Lda.", contribuinte 506596818, com sede na Rua António Janeiro, 13, 7200-337 Reguengos de Monsaraz, capital social de 5000€. Depósito Legal: 247346/06 Impressão: CORAZE, A Folha Cultural, CRL - Oliveira de Azeméis. Direcção-Geral: Carlos Trigo ([email protected]) Direcção Editorial: Luís Rego ([email protected]) Direcção Gráfica: David Prazeres ([email protected]) Fotografia: Susana Rodrigues Colaboradores: Benjamim Formigo, José Frota, Jorge Reis (www.lusomotores.com), Mara Alves e Rute Marques Opinião: Afonso de Almeida, Alberto Magalhães, Antonio Sáez Delgado, Manuel Ferreira Patrício, João Espinho, Joaquina Margalha, José Gabriel Calixto, Luís Carmelo e Rui Namorado Rosa Contacto & Publicidade Telefone: 266 508 012 Fax: 266 508 019 Telemóvel: 967 032 441 E-mail: [email protected] Morada: Rua S. João de Deus, 18 7200-376 Reguengos de Monsaraz www.noticiasalentejo.pt notíciasalentejo~ Março 2007 3 ~destaque Antecipação ficcional Promoção do último livro de Luís Carmelo provoca alarido com notícia ficcional lançada na blogosfera Luís Carmelo apresenta este mês o seu novo livro - «E Deus Pegou-me Pela Cintura», editado pela Guerra e Paz. Será o décimo romance de um dos mais produtivos autores da nova geração de escritores portugueses e o enredo centra-se no rapto de uma jornalista em cenário de guerra. A promoção do livro provocou alarido na blogosfera, quando se espalhou a “notícia” do sequestro de uma jornalista portuguesa no Líbano. Tratava-se, contudo, de uma operação de marketing que baralhou narrativa ficcional e realidade. Editor do blogue «Miniscente» (http://wp.luiscarmelo.net), professor Universitário, escritor, colaborador de jornais, entre os quais o Expresso e o Notícias Alentejo, Luís Carmelo é uma referência na blogosfera portuguesa, com experiências como a novela interactiva «Um Amor Catalão» (em http://luiscarmelo. blogspot.com ou em http:// theminion.blogspot.com). Não será, por isso, de estranhar esta experiência de marketing na Internet para promover o seu mais recente romance. O autor utilizou um blogue, o «freelance» (http://freelance. weblog.com.pt), para, utilizando o nome de Olavo Aragão, referenciado como jornalista independente, lançar uma campanha sobre uma jornalista portuguesa que teria sido raptada no Líbano. Chegou mesmo a colocar no YouTube um vídeo com imagens de Rute, a jornalista sequestrada, para dar força à “notícia”. Tudo ficção, desde o jornalista Olavo à sequestrada Rute, mas uma ficção que, partindo da rede de cumplicidades que caracteriza a blogosfera, se pode tornar numa nova form a (ousad a e polémica) de promover um produto. Uma ideia simples «Tratou-se de uma ideia simples: uma antecipação ficcional», explica Luís Carmelo, para quem, nos dias de hoje, no mundo, «a ficção e a realidade andam de mãos dadas» um pouco por todo o lado e não apenas nos Reality Shows. «Aquilo que os teóricos da comunicação designam por “metaocorrência” é a transformação nos media de ocorrências reais em autênticas efabulações que dão permanentemente a volta ao mundo», acrescenta Carmelo. Assumindo a ousadia de complementar a realidade com ficção, Luís Carmelo interroga: «por que terá a ficcionalidade de um romance de arrumar-se entre a capa e a contracapa de um livro? Não poderá a ficcionalidade de um romance também saltar para o meio da realidade do vivido e misturar-se com ela? Eu creio que sim. E foi o que aconteceu com esta operação performativa». O autor confessa que tem sentido reacções muito interessantes à fórmula encontrada para promover o livro. Essas reacções, diz, consideram a «antecipação ficcional como um gesto artístico que expandiu o do livro a outras realidades» mas reconhece que recebeu outras de teor bem diferente, mais adversas ao classifica de «corrente de ar». Jogo de aparências «É um jogo de aparências, tal como é todo o jogo de imagens em que globalmente vivemos. De facto, quando em Janeiro se discutia o paradeiro da jornalista Rute Monteiro, já se estava a discutir uma realidade dos últi mos c apít ulos do me u romance. Da mesma maneira que, quando se discutem os melhores portugueses de sempre, já se está a discutir uma realidade que tem que ver com as narrativas do nosso quotidiano», sustenta, advertindo, contudo, para a necessidade de olhar o marketing como uma actividade nobre. O recurso à Internet para fazer correr a notícia de um rapto de uma portuguesa promoveu, necessariamente, a curiosidade dos jornalistas. Carmelo recorda que os principais jornais de referência contactaram o jornalista virtual Olavo Aragão. «Eu e o meu editor acabámos por decidir respeitar os códigos dos jornalistas e informámo-los, com pedido de reserva, acerca da antecipação ficcional. O que não impede que não tenha havido diversos órgãos de comunicação social que fizeram notícia do caso comunicacional gerado pela antecipação ficcional do meu romance. E fizeram bem, pois vivemos todos num mundo da comunicação». O livro é apresentado nas Livrarias do El Corte Inglés (18,30h): Lisboa, dia 6, com Francisco José Viegas; e Porto (Gaia), dia 13, com João Pereira Coutinho. ~ página seguinte O enredo da história recente Editado pela editora Guerra e Paz, o décimo romance de Luís Carmelo promete fazer correr muitas páginas na Internet. De acordo com o autor, o enredo do novo romance cruza a actualidade (o rapto de uma jornalista portuguesa após a guerra do Líbano de Julho/Agosto passados) com uma radio- grafia retrospectiva de Portugal, desde a revolução de 1974 ao 09/11. «O romance articula a vertigem de se narrar em tempo real com a nossa história mais recente», diz o autor deste romance, cujo enredo envolve uma teia de interesses num cenário de guerra mas também nos meios políticos e diplomáticos de países como Portugal, Itália e Líbano. Para quem já tem um romance adaptado ao cinema, Carmelo confessa que no que escreve há sempre o «bichinho do cinema». Por isso, admite a ideia de ver «E Deus Pegou-me Pela Cintura» em formato cinematográfico. notíciasalentejo~ Março 2007 4 destaque~ De Évora a Évora, com passagem em Amesterdão Luís Carmelo nasceu em Évora - na Judiaria de Évora, como gosta de dizer em Agosto de 1954. As marcas que lhe ficaram, diz, estão directamente relacionadas com paisagem plana, a opulência da Sé, os claustros austeros do liceu (nos dias de hoje de novo universidade) e com o silêncio espesso dos verões «muito quentes que pareciam querer abençoar uma graça incomum». Hoje é escritor e publicou ensaios, poesia e romance, é professor universitário e um membro (muito) activo da comunidade internauta. Antes passou por Évora, por Utreque, por Amesterdão e por Lisboa, além de Reguengos de Monsaraz, onde foi professor do ensino secundário. Mas é Évora, de onde, nos dias de hoje, faz o vai-vém a Lisboa para trabalhar, que parece ser a sua cidade de eleição. Na auto-biografia que colocou na sua página pessoal (http://luiscarmelo.net), Luís Carmelo confessa que, desde pequeno, entende Évora como uma caixa de surpresas - «Dela se alimentam as sacadas solares, as cornijas voadoras, os brasões sem memória, as ombreiras de tom ocre, os ameados entre sebes, as clarabóias coloridas, as escadarias abismadas, as frestas simuladas, as amarras manuelinas, as águas- furtadas ao vento, os jardins oblíquos, as janelas namoradeiras, os logradouros de ervas aromáticas, os espectros dos frisos, os balaústres fugitivos, os mármores enleados e os terraços presos à névoa crepuscular». No final da adolescência viveu em Tomar e seguiu-se um período que o próprio considera «rico de ruptura, de transição, de ímpeto», «on the road» Europa fora. Nos estudos seguiu sociologia e experimentou a carreira de professor em Reguengos de Monsaraz (secundário). Mas, com os anos 80, voltou a atravessar a fronteira para regressar à Holanda. Numa dezena de anos dedicou-se, em termos académicos, a uma intensa actividade - estudos na área literária e também na área da filosofia escritural islâmica (anos antes estudou árabe), doutoramento na Universidade de Utreque, em Semiótica da Comunicação Profética. Em 1990, regressou a Portugal e passou a viver em Lisboa, iniciando a sua actividade literária cinco anos depois. Tem publicados dez romances, mais de uma dezena de ensaios, além de poesia e crónicas. As tecnologias, diz, tornaram possível o sonho de «viver em Évora, auscultando as virtualidades da periferia do mundo». os livros Romance Entre o Eco do Espelho » 1986, Peregrinação, BadenLisboa; tradução inglesa parcial, Revista New Wave, 20, Universidade do Colorado, Boulder, USA O Trevo de Abel » 2001, Editorial Notícias, Lisboa Máscaras de Amesterdão » 2002, Editorial Notícias, Lisboa Cortejo do Litoral Esquecido » 1988, Vega, Lisboa O Inventor de Lágrimas » 2004, Editorial Notícias, Lisboa No Princípio era Veneza » 1990, Vega; 2ª edição, 1997, Vega, Lisboa Ensaio Sempre Noiva » 1996, Vega A Falha » 1998, Editorial Notícias, Lisboa; 2ª edição, 2001, Planeta Agostini, Lisboa; 3ª edição, Editorial Notícias, Lisboa; tradução espanhola, La Grieta, 2002, Hiru Argitaletxea, Hondarribia, Espanha; romance adaptado ao cinema por João Mário Grilo em 2002 As Saudades do Mundo » 1999, Editorial Notícias, Lisboa A Tetralogia Lusitana de Almeida Faria » 1989, Universidade de Utreque, Holanda; Prémio da Ensaio da Associação Portuguesa de Escritores, 1988 La Représentation du Réel dans des Textes Prophétiques » 1995, Tese de Doutoramento, Universidade de Utreque, Holanda Sob o Rosto da Europa » 1996, Pendor, Évora-Lisboa; 2ª edição e tradução inglesa, Ontology Of The South, Sul, Edição dos Encontros de fotografia de Coimbra, 1996 Anjos e Meteoros. Ensaio Sobre a Instantaneidade » 1999, Editorial Notícias, Lisboa Os Jardins da Voyance » tradução inglesa, The Gardens of vision and the bright Ofélias of the Douro » álbum-encomenda Os Jardins de Cristal, edição da Porto-2001 e Roterdão-2001, com o fotógrafo José M. Rodrigues Islão e Mundo Cristão » 2001, Editora Hugin, Lisboa Água de Prata » sobre a obra do Prémio Pessoa, José M. Rodrigues; 2002, Casa do Sul, Évora Músicas da Consciência » com prefácio de António Damásio; 2002, Publicações Europa-América, Lisboa Órbitas da Modernidade » 2003, Editorial Mareantes, Lisboa Semiótica - Uma Introdução » 2003, Publicações EuropaAmérica, Lisboa Manual de Escrita Criativa » 2005, Publicações EuropaAmérica, Lisboa A Novíssima Poesia Portuguesa e a Experiência Estética Contemporânea » 2005, Publicações EuropaAmérica, Lisboa A Viragem Profética » 2005, Publicações EuropaAmérica, Lisboa Drama e Argumento Nefertiti » libretto de drama musical de José Júlio Lopes, 2000, Edisardo, Lisboa A Falha » argumento para a longa metragem homónima de João Mário Grilo, 2002, Lisboa Poesia Fio de Prumo » 1981, Terramar, Torres Vedras Vão Interior do Rio » 1982, Atelier 18, Amesterdão Ângulo Raso » 1983, Atelier 18, Amesterdão Crónica Do Milénio e Outras Crónicas » 2000, Casa do Sul, Évora Quase a Respirar » Um ano de biografia poética aos cinquenta anos de idade; 2004, Edição de autor, Évora notíciasalentejo~ Março 2007 5 ~portel Tigela mais Original Açordas em congresso O Congresso das Açordas, iniciativa que se assume como um fórum de divulgação e valorização de um dos pratos mais emblemáticos da gastronomia alentejana e portuguesa, é um contributo forte para afirmar o Alentejo, o concelho de Portel a região de Alqueva como destino turístico de qualidade. O autarca Norberto Patinho diz que a gastronomia pode dar um contributo relevante para a promoção turística da região. A primeira edição do Congresso (2 a 4 de Março) dá a conhecer a vertente gastronómica e cultural do evento, incluindo a realização de uma feira gastronómica e de produtos regionais, mas conta também com diversas iniciativas culturais, como exposições temáticas, concursos, animação, cante tradicional e fado. «Um contributo para promover uma região», diz o presidente da Câmara de Portel, que contou com a colaboração da Confraria Gastronómica do Alentejo para organizar o evento. Nos colóquios participam, entre outros, Cláudio Torres («Memória dos Sabores Mediterrânicos»), Alfredo Saramago («Açorda Alentejana: Mito e Identidade») e Maria de Lourdes Modesto («As Açordas com que Cresci»). «E tendo uma gastronomia desta dimensão entendemos importante homenagear a açorda como um aspecto relevante da nossa cultura, sem esquecer a sua maior relevância para promoção turística, no momento em que na nossa região apostamos fortemente no turismo No âmbito do I Congresso das Açordas, a Câmara de Portel lançou o concurso «A Tigela mais Original», dirigido a todos os alunos das escolas profissionais e universidades portuguesas das áreas de design, artes plásticas, cerâmica artística ou de outras áreas ligadas às artes plásticas. Conta com cerca de centena e meia de inscrições. como um caminho do desenvolvimento. Faz sentido que possamos usar todos os nossos recursos em termos de promoção turística e como tal nós entendemos que valorizando a açorda estamos valorizando a nossa gastronomia e estamos dando um contributo forte para afirmar o Alentejo, o concelho de Portel a região de Alqueva como destino turístico de qualidade», refere o autarca. O Castelo em Imagens «Slow Food» Em contraste com a «fast food», o conceito de «slow food» começa agora a entrar em Portugal, associado a hábitos alimentares mais saudáveis e retomando a «dieta mediterrânica. Este conceito «slow food» nasceu com uma associação sem fins lucrativos, criada em 1986 em Itália, e que três anos depois deu origem, em Paris, a um movimento internacional. Integra membros em 104 países, celebra a diferença de sabores, a produção artesanal de alimentos e os pequenos produtores. Borba, recorde-se, aderiu em Fevereiro a este movimento. Norberto Patinho diz que se trata de um «conceito interessante». «Hoje, a geração fast-food é confrontada com as comidas rápidas e com aquilo que é universalista. Nós temos uma série de produtos gastronómicos marcados pelo montado e pela nossa condições naturais. Há valores que temos que preservar e valorizar como uma alimentação de excelente valor nutricional». Simples como a natureza Uma simples açorda - pão, água, azeite, alho, sal e coentros - pode guardar os segredos da gastronomia alentejana, feita de sabores, de saberes e também de cheiros. «A açorda, que veio de um tempo pré-romano, atravessou o império, o tempo árabe e chegou até aos nossos dias com a mesma pujança e os mesmos ingredientes», escreveu Alfredo Saramago na introdução de uma das obras mais completas sobre a diversidade da gastronomia do Alentejo - «Concurso de Cozinha Alentejana, as melhores receitas», editado pela Câmara Municipal de Évora, em parceria com a Confraria Gastronómica do Alentejo. Seguindo a introdução histórica de Alfredo Saramago percebe-se que a cozinha transtagana foi «escrita» por celtas, roma- nos e árabes a partir de uma matriz mediterrânica. A diversidade gastronómica deve-se aos diversos povos que ocuparam o sul da península, mas também ao engenho e arte de gente que foi obrigada a recorrer aos saberes para melhorar os sabores e aos cheiros para estimular os sentidos. Aníbal Falcato Alves, no livro «Os Comeres dos Ganhões - Memória de Outros Sabores» (Campo das Letras), recorda tempos de pouca fartura - «Claro que as açordas comidas pelos trabalhadores não tinham os requintes do bacalhau, da pescada ou de qualquer outro acompanhamento. Mesmo o azeite não era empregado na devida quantidade. À açorda assim comida chamava-se 'açorda pelada'. Às outras, aquelas bem temperadas, só os senhores tinham acesso». Regressa a Portel, de 7 a 12 de Maio, o Castelo em Imagens, agora na sua quinta edição. Fotografia, Desenho, Pintura, e Vídeo vão a concurso (inscrições até 15 Abril) numa edição que integra ainda o 4º Concurso Nacional Escolar. O Castelo em Imagens é uma aposta da Câmara de Portel que começa a ganhar espaço no calendário dos festivais de cinema. O número de espectadores das edições anteriores, as centenas de jovens que se aventuram a concurso e a qualidade da selecção de Lauro António (director do festival) colocam o certame como uma referência a nível nacional. Em simultâneo decorrerá, pelo quarto ano consecutivo, o Concurso Nacional Escolar, destinado a alunos de todas as Escolas e Universidades portuguesas (incluindo Escolas e Universidades de Audiovisual e Cinema, ou de outras áreas da Comunicação Social). pub 95.5fm104.7fm Antena Sul ALENTEJO Opinião que marca diferença. ~ páginas 14 e 15 6 publicidade~ notíciasalentejo~ Março 2007 notíciasalentejo~ Março 2007 7 ~reguengos de monsaraz Autarquia reivindica obras na EN 256 O presidente d a C M Reguengos de Monsaraz, Victor Martelo, reivindicou junto do Governo o ar ranque das obras de beneficiação na EN 256, cujo projecto está aprovado desde há dois anos pela empresa Estradas de Portugal. O autarca deu nota desta reivindicação ao secretário de Estado Adjunto, das Obras Públicas e das Comunicações, Paulo Campos, no decorrer da cerimónia de inauguração de um troço da Estrada Regional 255, que liga S. Marcos do Campo a Amieira. De acordo com o Gabinete de Imprensa da autarquia, Victor Martelo pretende ainda obras nas estradas S.Marcos/Reguengos e Falcoeiras/Reguengos. No que se refere à EN 256, qu e li ga Regu en go s de Monsaraz a Évora, o autarca considera «imprescindível» o alargamento e a correcção do traçado, assim como a construção de uma nova ponte sobre o rio Degebe e variantes na Vendinha (concelho de Évora) e Reguengos de Monsaraz. No que se refere à ER 255, que recebeu obras de benefici aç ão e pa vi me nt aç ão numa extensão de 6,5 km, a estrada enquadra-se na reformulação da rede viária envolvente à albufeira de Alqueva. «Um investimento com repercussões intermunicipais e regionais ao possibilitar mais esta ligação à rede de estradas nacionais e ao Grande Lago, e resulta numa franca melhoria da rede de acessibilidades permitindo reduzir para cerca de metade a distância viária Internet em todas as freguesias entre o concelho de Reguengos de Monsaraz e o de Portel, aproximando os habitantes dos dois municípios. Com estas obras, a faixa de rodagem da ER 255 ficará com duas vias de 3,5 metros de largura cada e ber mas com 1 metro de largura», pode ler-se num comunicado da autarquia. A conclusão e pavimentação da estrada foi reivindicada pela Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz durante quase uma década. Actualmente, esta via assume ainda mais importância devido à sua proximidade ao Grande Lago e aos empreendimentos turísticos que estão projectados para a região. O Município de Reguengos de Monsaraz assinalou, em Fevereiro, o quinto aniversário do Espaço Internet de Reguengos de Monsaraz, que registou desde a abertura ao público quase cem mil utentes. Na mesma ocasião, a autarquia anunciou que vai criar, até ao final do ano, Espaços Internet nas sedes de freguesia - S. Marcos do Campo, Campinho, S. Pedro do Corval, Monsaraz. Trata-se de um investimento superior a 187 mil euros, financiado a 65% pelo Programa Operacional da Sociedade do Conhecimento, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior. O Espaço Internet de Reguengos de Monsaraz dispõe de 10 computadores com ligação à Internet em banda larga e devida- mente equipados para cidadãos com necessidades especiais. Os utentes podem utilizar o espaço para realizar trabalhos, pesquisas na Internet ou simplesmente por lazer. Desta forma, a autarquia pretende proporcionar de forma gratuita a todos os munícipes a utilização das novas Tecnologias da Informação e Comunicação disponibilizando também em permanência um técnico especializado para esclarecer e auxiliar os utentes. O Espaço Internet de Reguengos de Monsaraz está aberto ao público de segunda a sexta-feira entre as 10:00 horas e as 20:00 horas, e nos fins-desemana das 10:00 horas às 13:00 horas e das 14:00 horas às 18:00 horas. pub 8 publicidade~ notíciasalentejo~ Março 2007 notíciasalentejo~ Março 2007 9 ~évora PCP quer suspender encerramento de urgências Évora ao espelho “Évora ao Espelho” é um título comum para a um livro e uma exposição que foram apresentados no Palácio de D. Manuel pela Câmara Municipal de Évora e pela Delegação Regional da Cultura do Alentejo. Serviram de mote para o encerramento do programa das Comemorações dos 20 Anos de Évora Património Mundial, que teve início o ano passado. A autarquia eborense reuniu quatro fotógrafos - Aníbal Lemos, David Infante, Duarte Belo e José Manuel Rodrigues e um escritor, José Luís Peixoto, que actualizaram, através de uma perspectiva artística, a imagem da Évora do nosso tempo, não esquecendo os traços do seu passado. O trabalho individual de cada um destes cinco criadores foi cristalizado num livro, a que se deu o nome de “Évora ao Espelho”, e as imagens que o compõem estarão patentes até 10 de Março no Palácio de D. Manuel. A apresentação crítica do livro esteve a cargo do jornalista Carlos Pinto Coelho, que partilhou com a assistência algumas das suas sensações ao folhear o livro, lendo também algumas passagens escritas por José Luís Peixoto, um jovem escritor que desde 1997 se tem revelado como um dos talentos da literatura portuguesa, tendo sido distinguido através da atribuição de inúmeros galardões, do qual se destaca o Prémio Literário José Saramago (2001) pelo seu romance “Nenhum Olhar”. “Évora ao Espelho” contou com a colaboração de quatro O líder do PCP defendeu a suspensão do processo de encerramento de urgências e a realização de um "grande debate" sobre a reestruturação do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Jerónimo de Sousa criticou o que classificou de "teimosia" do ministro Correia de Campos. fotógrafos que, apesar de uma paixão comum pela fotografia, possuem uma sensibilidade e um sentido estético diferentes. José M. Rodrigues iniciou o seu percurso na fotografia em Amesterdão, nos anos 60, e já foi distinguido pelo Prémio Pessoa em 1999 pelo conjunto da sua obra artística e pela sua contribuição às artes em Portugal. Aníbal Lemos também é um fotógrafo de carreira e fez a sua formação superior em fotografia na Faculdade de Arte e Design da Universidade de Derby, na Inglaterra, que em 1998 lhe conferiu o “PrizeWinner”, possuindo uma vasta obra que tem sido divulgada em exposições e inúmeras publicações. Duarte Belo é formado em arquitectura, actividade com que partilha o seu interesse pela fotografia, tendo já realizado um vasto trabalho no campo fotográfico, inclusivamente através da sua colaboração com o historiador José Mattoso na publicação de “Portugal - O Sabor da Terra” (14 volumes). David Infante é o fotógrafo mais jovem deste grupo, com 24 anos, que vê nesta participação mais uma oportunidade para continuar a consolidar o seu trabalho da imagem fotográfica, que já lhe valeu o primeiro lugar do prémio Pedro Miguel Frade, atribuído pelo Centro Português de Fotografia a jovens talentos. A exposição “Évora ao Espelho” está aberta ao público no Palácio D. Manuel de segunda a sexta-feira, das 10:00 às 12:00 e das 13:00 às 17:00, e Sábados só no período da tarde, encerrando ao domingo. EDP vai patrocinar a eleição das Novas 7 Maravilhas pub A EDP vai patrocinar a eleição das Novas 7 Maravilhas do Mundo. O apoio da empresa à iniciativa - onde competem, por exemplo, o Cristo Redentor (Rio de Janeiro), a Torre Eiffel (Paris) e o Kremlin (Moscovo) - insere-se na política de patrocínios da EDP, que visa contribuir para preservar o património históricocultural. O anúncio do vencedor será feito numa cerimónia em Lisboa, agendada para 7 de Julho deste ano. Até lá decorre uma votação, organizada pela New7Wonders, a fundação suíça, sem fins lucrativos, responsável pela iniciativa. A 7 de Julho, no Estádio da Luz, serão ainda eleitas as sete maravilhas de Portugal, que contam também com o incentivo da EDP. Da lista constam, por exemplo, o Mosteiro do Jerónimos (Lisboa), o Templo de Diana (Évora), as Fortificações de Monsaraz e o Palácio da Pena (Sintra). PSD-Évora denuncia agravamento do desemprego A Comissão Política Distrital de Évora do PSD denunciou, em comunicado, «os graves erros das políticas económicas e sociais do Governo PS, por nomeadamente agravarem o desemprego e as condições de vida dos Alentejanos e dos Portugueses em geral». Diz a estrutura social-democrata que a publicação dos resultados trimestrais da taxa de desemprego verificadas no 4º trimestre de 2006 atingiu o valor de 8,2% o mais alto dos últimos 20 anos. «Verifica-se que no Alentejo aquele valor é de 9,2% e em Évora ainda é superior, afectando principalmente os jovens licenciados. É altura de perguntar ao Governo onde estão os 150.000 postos de trabalhos prometidos em campanha», pode ler-se na nota distribuída à imprensa pelo PSD-Évora. notíciasalentejo~ Março 2007 10 agenda~ ÉVORA ESPAÇO CELEIROS OBSERVAÇÃO ECLIPSE Alto de S. Bento | 21:00H Núcleo de Astronomia da Escola Secundária Gabriel Pereira [email protected] VASCO AGOSTINHO TRIO - JAZZ 23:00H | SHE - Sociedade Harmonia Eborense 01 MAR | 23:00h Concerto/Baile Dites 34 (Jazz/Folk/Trad) 5 músicos desenvolvem uma nova e original música de festa, adicionando novas cores ao mundo da música tradicional. Esta mistura musical original repleta de energia, abre novas trajectórias entre os mundos do jazz, da música tradicional e improvisada. Com os Dites 34, a música tradicional sai dos seus limites e mostra uma surpreendente capacidade de se auto-renovar O3 MAR | 23:30h Concerto/Concert João Madeira e Pedro (Versões de Bossa, MPB e Música Portuguesa) 05 MAR | 22:00H CICLO DE CINEMA ALTERNATIVO Sociedade Harmonia Eborense 06 MAR PASSEIO TEMÁTICO NA ECO-PISTA | VEGETAÇÃO 17:30H | Bebedouro da Eco-pista (Bacelo Oeste) GRUPO DE CANTE ALENTEJANO Espaço Celeiros | 20:00H 08 MAR | AULA ABERTA “A COR COMO VOCABULÁRIO” Colégio do Espírito Santo, Universidade de Évora Anfiteatro |18~20:00h 19 MAR PROCURA ACTIVA DE EMPREGO Palácio D. Manuel | 18:00H 21 MAR “POESIA ITINERANTE” Centro Histórico | 12~18:00H artX 22 MAR REDE EURES- REDE EUROPEIA DE EMPREGO Palácio D. Manuel | 18:00H 23 MAR JOVENS À PROCURA DE (IN) FORMAÇÃO Palácio D. Manuel | 17:00H | IPJ CANTE ALENTEJANO Palácio D. Manuel | 21:30H 26 MAR | 18:00H AULA ABERTA HIP-HOP Palácio D. Manuel 30 MAR | 23:00H CONCERTO | THE GIFT FÁCIL DE ENTENDER Saiba mais em www.cm-evora.pt 09 MAR 10/11 MAR A Leste das Tradições” Projecto financiado pelo Programa Juventude e organizado pela Oficina da Courela, que se alia à Pedexumbo para a realização desta actividade. Este projecto tem por objectivo o fomentar do conhecimento de aspectos da cultura tradicional de países de Leste, por forma a melhorar a compreensão e consequente integração de imigrantes oriundos desses países. MÊS DA JUVENTUDE 01 MAR | 17:00H GIGABOMBOS Jardim Publico 02 MAR | 18~20:00H Workshop - o teatro: EU E O OUTRO APF - Escola de Pais, Cruz da Picada 03 MAR 10º CAMPEONATO NACIONAL DE SKY SURF E 2ª PROVA DO II SKY SURF PRÓ TOUR Aeródromo | cme / Federação Portuguesa de Paraquedismo SCREAM DE ÉVORA - DANÇAS URBANAS Pavilhão da universidade ' 10~19:00H INAUGURAÇÃO DA EXPOSIÇÃO MATEMÁTICA EM JOGO Mercado MuniciPal de Évora | 17.00H | CME - Departamento de Matemática da Universidade de Évora / Associação Ludus JOGOS DE MATEMÁTICA Palácio D. Manuel | 9~19:00H PASSEIO BTT CAMINHOS DE MONFURADO 8:30H | Évora-hotel (PONTO DE ENCONTRO) Évora Jovem - Núcleo de BTT PASSEIO GUIADO AOS CROMELEQUES - PIC-NIC CENTRO AMBIENTAL DE S.MATIAS 9:30H Palácio D. Manuel | 18:00H Évora Jovem 14 MAR DIA ROMANO - VISITA ROMANA Palácio D. Manuel (PONTO DE ENCONTRO) | 15.00H TERTÚLIA “OS JOVENS E A CIDADANIA” Palácio D. Manuel | 18~20:00H Núcleo de Estudantes de Filosofia da U.E. OBSERVAÇÃO ASTRONÓMICA NO TEMPLO ROMANO 21:00H | Núcleo de Astronomia da Escola Gabriel Pereira CICLO DE CINEMA Palácio D. Manuel | 21:00H 15 MAR | AULA ABERTA “A COR NO DESIGN E NA PUBLICIDADE” Palácio D. Manuel | 18:00H giePcn 16 MAR MODA JOVEM Palácio D. Manuel | 21.30H PORTEL CINEMA 05 Março As bandeiras os meus Pais 12 Março Flyboys 18 Março Artur e os Minimeus 19 Março Diamante de Sangue 26 Março 5 Dias, 5 Noites EXPO | 3~29 Março “O Cante…e o Alentejo”, Cerâmica Artística de António Duro - (Capela de Sto. António) TEATRO (Auditório Mun. Portel) 4 Março “A Açorda do Rei” - por Alunos do 1º Ciclo (Encerramento do Congresso das Açordas) 22 Março “Tenho um Morto na Minha Cama”, Teatro Experimental de Pias (Comemoração do Dia do Teatro a Amador) 24 Março Cismenae Vita, a partir da Comédia de Rubena, de Gil Vicente, pela “AMAIA” (Associação de Teatro Jovem de Portalegre) 01 Abril “Falar Verdade a Mentir”, de Almeida Garrett, pelo Grupo de Teatro Amadores de Vila Viçosa O Debate “Estratégia de Lisboa Crescimento e Emprego” Conteúdo / apresentação Definição e enquadramento da temática | Novos desafios para a UE na viragem do século | Conselho Europeu de Lisboa - Março de 2000: lançamento da Estratégia | 2005 - Balanço da Estratégia de Lisboa | Relançamento da Estratégia de Lisboa - focalização no Crescimento e no Emprego | Um novo ciclo de governação entre a UE e os Estados-Membros | Perspectivas Financeiras 2007-2013 | Aplicação da Estratégia de Lisboa a nível nacional | Programa Nacional de Acção para o Crescimento e o Emprego (PNACE) 2005-2008 | Medidas emblemáticas Os debates previstos para a Universidade de Évora Dia 15 de Março de 2007, pelas 10h30, no Auditório do Colégio do Espírito Santo da Universidade de Évora | para alunos do 12º ano Dia 15 de Março de 2007, pelas 14h30, na Sala 131 (Anfiteatro) do Colégio do Espírito Santo da Universidade de Évora | para alunos do Ensino Superior notíciasalentejo~ Março 2007 11 ~debate Interrupção Voluntária da Gravidez O "Sim" ganhou o referendo sobre a despenalização do aborto, com quase 60 por cento dos votos. A lei vai ser alterada no Parlamento. A abstenção foi de 56,4 por cento e, apesar de este ano terem votado mais 1,1 milhão de eleitores do que na consulta de 1998, o referendo voltou a não ser vinculativo. Que leitura política? Diamantino Dias PCP Palma Rita PSD Norberto Patinho PS ‘Valorizar resultados do Sim’ ‘Sociedade mais aberta e mais justa’ ‘Nulidade e desperdício de recursos’ O referendo sobre a IVG, foi a terceira iniciativa referendaria realizada no nosso País, após a consignação deste na Constituição da República, logo não existe ainda uma cultura política para assumir este instituto constitucional como uma prática, por isso é positivo a evolução verificada nesta consulta, se considerarmos o referendo como um instrumento de consulta que não deve ser banalizado. È preciso também alertar os detractores do referendo para duas questões, a democracia participativa não deve restringir a democracia representativa e vice-versa. Por exemplo esta consulta teria sido evitada se o Partido Socialista em sede da Assembleia da Republica tivesse assumido a questão da despenalização da IVG com uma medida legislativa e assumido as suas responsabilidades no quadro da democracia representativa, o que a tinha valorizado, lembrar que a matéria referendaria era um problema muito delicado e para o qual já tinha sido feito uma consulta em 1998, havendo agora a possibilidade de o resolver em sede do parlamento. Lembrar ainda que além do que é obrigatório o referendo deve ser usado em questões cruciais que contribuam para a participação popular e considerado como um instrumento de reforço da democracia participativa e não banalizá-lo. É importante valorizar os resultados no SIM pois mostrou, uma evolução muito positiva, ficando claro que valeu a pena persistir nesta luta contra o aborto clandestino sendo agora urgente sem demoras fazer cumprir a expressão maioritária deste referendo, a despenalização das mulheres que por diversas razões tem de recorrer a uma Interr upção Voluntária da Gravidez, apesar dos votantes não terem chegado aos 50%, registou-se uma evolução muito positiva, o que levou numa matéria tão sensível a existir uma convergência política para transportar os resultados do referendo para uma proposta de lei a ser votada na Assembleia da República, para a qual devem ser transportados os interesses das mulheres portuguesas, colocando fim à humilhação de que estas são vítimas, não permitindo também que exista qualquer período de aconselhamento obrigatória como a direita procura que exista. Logo a conclusão política é que valeu a pena lutar, esta é antes de mais uma grande vitória das mulheres, em como ficou patente que há lugar para se continuar a aperfeiçoar a democracia participada e representativa, instrumentos se bem usado podem e devem servir as populações. Valeu a pena persistir. O “Sim” ganhou o referendo sobre a IVG, com 59% dos votos, contra 41% do “Não”. A interrupção voluntária da gravidez até às dez semanas em estabelecimento de saúde legalmente autorizado vai deixar de ser crime. Foi dado mais um passo firme na construção de uma sociedade mais aberta, mais tolerante e mais justa. Finalmente Portugal vai virar uma página negra da sua história - a do aborto clandestino, a do medo, a da indignidade, a da humilhação, a de uma lei penal injusta e inadequada à realidade. Na consulta popular do passado dia 11 de Fevereiro votaram mais 1,1 milhões de eleitores do que em 1998. Apesar deste substancial e significativo aumento de votantes, o referendo voltou a não ser juridicamente vinculativo pois registou uma taxa de participação inferior aos cinquenta por cento, previstos na nossa legislação. Um referendo vinculativo obriga o Parlamento a agir em função do resultado do mesmo respeitando a vontade popular. Um referendo não vinculativo obriga o poder político a ter em conta em conta o seu resultado e permite ao Parlamento legislar de acordo com a vontade da maioria. Sobretudo quando se trata de uma diferença de votos tão significativa. Com a vitória do “Sim” o legislador fica autorizado a legislar no sentido proposto da despenalização mediante a alteração do Código Penal. Face ao resultado inequívoco do referendo, o Primeiro-Ministro honrando o compromisso assumido com os portugueses, fica “obrigado” à alteração da lei respeitando a decisão expressa pela maioria dos que votaram. O resultado da consulta popular evidencia de forma clara que os portugueses desejam um virar de página na questão do aborto, votando claramente a favor da alteração da lei. Há que respeitar a sua vontade. Segundo estimativas do STAPE, referendo custou no mínimo 9 milhões de €uros, com base nos 2,7 milhões de votos efectivos em 1998. Agora, votou mais 1,1 milhões de eleitores, pelo que os custos terão sido certamente acrescidos em quase 30%. Mas, o resultado prático foi o mesmo: nulidade e desperdício de recursos. Os benefícios para o PS foram no entanto maiores: distraiu os portugueses da crise económica e financeira, da maior fuga de empresas estrangeiras de que há memória, dos incomportáveis níveis de desemprego jovem altamente qualificado, da liberalização de funções nucleares do Estado essenciais ao desenvolvimento, da dispensa de funcionários de um Estado que não conseguem por a trabalhar melhor, da demagogia permanente. Tudo isto à custa de mais de uma dezena de milhões de €uros dos nossos impostos que todos os dias aumentam (contrariando as promessas eleitorais, como em tudo o resto) na carga do IVA, na gasolina e gasóleo, já para não falar na sobrecarga fiscal sobre os bens essenciais. Por isso se empenhou o Primeiro-Ministro de corpo e alma na campanha eleitoral, procurando mobilizar o eleitorado a favor da sua perspectiva. Mas, foi incapaz de encantar o eleitorado para o seu lado e, apesar de ter ganho em votos, perdeu contra os mais de 50% de abstenção que o esmagou. Não tenhamos dúvidas: foi Sócrates quem mais pediu o referendo e que mais força fez para que o resultado fosse vinculativo. Mas, não foi assim o resultado nem o empenho dos portugueses. O referendo em Portugal morreu, por culpa de alguns que poderão ter interesse em fazer agora passar no parlamento decisões tão importantes quanto esta, para a vida dos portugueses, à conta da justificação demagógica dos resultados. Deveria uma questão de consciência como a do aborto ter sido referendada? A resposta não é simples. Mais simples é no entanto a regionalização. Venha a lei, agora sem referendo (objectivo de legitimidade que o PS conseguiu), para afundarmos o resto deste pequeno quintal. notíciasalentejo~ Março 2007 12 referendo~ A geografia do «Sim» entre”aspas” 'O "sim" no referendo sobre a despenalização do aborto não constituiu uma vitória da Esquerda sobre a Direita. Foi a resposta cívica a uma obscenidade que a Igreja e as forças mais reaccionárias têm apoiado. Também não representou o triunfo "político" de José Sócrates sobre a massa circundante' «Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras 10 semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?». A esta pergunta, a maioria dos eleitores que respondeu à chamada respondeu «Sim». O concelho de Aljustrel, distrito de Beja, registou a maior percentagem de votos no «Sim». O «Sim» recolheu 3867 votos em Aljustrel (90,4 por cento), entre os 4320 votantes. No concelho de Câmara de Lobos, na Região Autónoma da Madeira, o «Não» recebeu 9399 votos (84,1 por cento), entre os 11378 votantes. São Bento de Ana Loura (Estremoz, distrito de Évora), a freguesia com menor número de eleitores inscritos em todo o país, voltou a ser «caso único» 'Consistiu numa derrota parcial do Portugal velho, infligida, sobretudo, pelo Portugal novo, que vai despontando no horizonte fosco, ainda tingido pela ignorância, pela superstição, pelo analfabetismo e por abjectos manipuladores de consciências. Estes últimos foram, de facto, os grandes vencidos. A ira indisfarçada dos seus mais visíveis próceres demonstrou a face semioculta do jogo, no qual participou, com milhões de euros, o banco do Opus Dei' Baptista Bastos www.negocios.pt 'Este Portugal calaceiro, atávico, medalhado no queixume e na lamúria, podia ser um País de comédia, uma espécie de enclave anedótico e provinciano para o qual a esmagadora massa de cidadãos olharia de quando em vez para se lembrar do País que não quer. Mas não. Esse Portugal miudinho, tão afoito na corrida à maledicência e ao desprezo, é a nossa maior tragédia. Ao mesmo tempo que «elege», sem sair do sofá, um Salazar de concurso televisivo «para pôr ordem nisto», não descalça as pantufas para ver a revolução passar à porta. Este Portugalzinho está aí, pelos vistos para durar. E com grande audiência. Pena que o outro País, o daqueles que, bem ou mal, votam, escolhem e questionam, não possa mudar de canal. E tenha de tomar decisões andando à chuva. E molhando-se' Miguel Carvalho www.visaoonline.clix.pt As reacções (na noite do Referendo) José Sócrates (PS) » ‘Um resultado inequívoco... O povo falou e falou de for ma clara e veio reforçar a legitimidade do espaço político e legislativo que estava em causa’ Jerónimo de Sousa (PCP) » ‘O respeito pelos resultados torna imperiosa e urgente a necessidade de conclusão do processo legislativo iniciado na Assembleia da República’ www.siconline.pt 'Umas semanas antes do referendo sobre a interrupção voluntária da gravidez assisti, na Universidade Lusófona, no Porto, a uma conferência de Cândido de Oliveira, professor catedrático da Escola de Direito da Universidade do Minho. Estudioso do comportamento eleitoral dos portugueses, o professor tem uma opinião pouco abonatória sobre a forma como os eleitores usam os direitos de cidadania que a democracia tornou possíveis. Nessa sessão - e de forma desassombrada - Cândido de Oliveira traçou um retrato a negro dos portugueses. Faço um resumo, de memória: no geral, os cidadãos nacionais gostam de entregar o destino das suas opções nas mãos de outros, demitem-se das suas responsabilidades, não fiscalizam os eleitos e mantêm traços bem vincados de submissão. Ou seja, os portugueses não têm consciência dos seus direitos e deveres, sentemse confortáveis por saber que alguém manda e nisso não disfarçam a velha mentalidade salazarenta. Com um povo assim, muito dado à má-língua entre um penalty duvidoso e a lamechice de telenovela, é natural que os mandatários se abstenham de prestar contas e facilmente assumam tiques de... mandantes»' num acto eleitoral - 100 por cento de votos no «Sim"». Votaram metade dos 30 eleitores inscritos. Segundo a SIC Online, o «Não» teve igualmente um caso de 100 por cento - Parada de Monteiros, concelho de Vila Pouca de Aguiar, distrito de Vila Real, onde foram às urnas 33 dos 135 eleitores inscritos. Em termos nacionais, o «Sim» venceu com 59,24 por cento dos votos expressos e o «Não» recolheu 40,75 por cento. A abstenção ultrapassou metade dos votantes, com 56,40 por cento. A consulta não foi juridicamente vinculativa, mas os líderes da maioria dos partidos com assento parlamentar consideraram os resultados politicamente relevantes. Francisco Louçã (BE) » ‘Foi uma vitória extraordinária, que não é de partidos políticos. A democracia vinculou a decisão da despenalização e do combate ao aborto clandestino’ Marques Mendes (PSD) » ‘A maioria dos portugueses votou 'sim' no referendo. Entendo que, apesar de o referendo não ser juridicamente vinculativo, essa vontade deve ser respeitada’ Ribeiro e Castro (PP) » ‘Renovo o nosso compromisso, como partido, pelo direito à vida e à saúde’ 2007 56,39% dos inscritos 59,24% 40,76% Abstenção SIM NÃO 68,09% 48,70% 51,30% 1998 notíciasalentejo~ Março 2007 13 ~interrupção voluntária da gravidez perguntas&respostas Depois do Referendo, tudo o que se relaciona com a Interrupção Voluntária da Gravidez fica à espera do processo legislativo. O Primeiro-ministro disse, logo após os resultados, que seria respeitada a vontade popular e o Presidente da República, dias depois, veio a público recomendar que a Assembleia da República deverá analisar as “boas práticas” existentes nos países da União Europeia antes de legislar O que se segue? Seguindo a ideia do ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, que o processo de regulamentação pelo Governo da futura lei do aborto será «eminentemente administrativo» e procurará corresponder ao exercício das melhores práticas europeias, conforme a vontade do PR. O governante falou de um «um trabalho imediato» na Assembleia da República, em sede de especialidade, mas adiantou que paralelamente, «haverá também um trabalho a desenvolver pelo Governo, que tem a ver com a regulamentação de aspectos eminentemente administrativos e que não implicam intervenção do poder legislativo da Assembleia da República». Os trabalhos para a nova lei sobre a interrupção voluntária da gravidez (por opção da mulher até às dez semanas em estabelecimento legalmente autorizado) deverão ficar concluídos até final da sessão legislativa na Assembleia da República. O Serviço Nacional de Saúde tem capacidade de resposta? O titular da pasta da Saúde, Correia de Campos, assegura que o Serviço Nacional de Saúde reúne as condições necessárias para realizar interrupções voluntárias de gravidez até às 10 semanas. «O SNS tem condições de realizar aquilo que os portugueses pediram e dar serviços de qualidade e equidade», disse o ministro na SIC. De acordo com a Visão, o Ministério da Saúde tem já contas feitas e o custo da nova realidade legal da IVG custará entre os 7,2 e os 10,8 milhões de euros. Logo após a realização do Referendo ficou a conhecer-se o interesse de clínicas privadas especialmente dirigidas a IVG, com preços médios a rondar os 450 euros. A objecção de consciência de médicos pode limitar SNS? Para alguns médicos, o resultado do Referendo vai ditar um aumento do número de clínicos que vão recorrer à figura da objecção de consciência. Por exemplo, o director da Maternidade Alfredo da Costa, Jorge Branco, acredita que o sector público não terá capacidade para atender todos os casos de aborto, obrigando hospitais a contratar clínicos fora. Admitese, inclusivamente, a possibilidade do Estado contratualizar serviços com entidades privadas. fonte: stape pub Abertos das 12h00 às 15h30 e das 18h00 às 22h00 Encerram à Segunda-Feira Os 21 finalistas www.aloendroeadegadocachete.com Castelo de Almourol Castelo de Guimarães Castelo de Marvão Castelo de Óbidos Aloendro Restaurante Convento de Cristo Estrada de Évora, 3B Convento e Basílica de Mafra Reguengos Fortaleza de Sagresde Monsaraz Fortificações de Monsaraz Igreja de São Francisco Igreja e Torre dos Clérigos Mosteiro da Batalha E-mail: [email protected] Mosteiro de Alcobaça Telef. 266 de 502Sta 109 Mosteiro Maria de Belém Fax. 519 de 896Vila Viçosa Paço266 Ducal Tlm. 969 067 073 Paços da Universidade Palácio de Mateus Palácio Nacional da Pena Palácio Nacional de Queluz Restaurante Adega do Cachete Ruínas de Conímbriga Rua do Grave, 9 de Évora Templo Romano S. Pedro Corval de Belém Torre de do S. Vicente E-mail: [email protected] Telef. 266 549 568 Fax. 266 519 896 Tlm. 969 067 073 notíciasalentejo~ Março 2007 14 emoutrapátria A. Sáez Delgado [email protected] Excertos de ‘En Otra Pátria’, escrito entre 1998 e 2002 Tradução: David Prazeres “Na obscuridade das entranhas” se intitula o poema do libanês Khalil H‚wi que cai hoje nas minhas mãos e que traduzo da sua versão portuguesa, num terraço da Baixa, para intentar fazê-lo meu: passai com mais doçura sobre os nossos nervos, caminhantes. não, nós não estamos mortos. só fatigados por uma neblina suja com o rosto pútrido e falso que se estira e se faz serpente, polvo, enigmas. antes o ventre da terra que este ar sem ar. passai com mais doçura sobre os nossos nervos, caminhantes. estamos no abrigo de um tranquilo subsolo. mitigando a febre, recuperando o espírito, cantamos. escondemo-nos. Joaquina Margalha escondemos a nossa vida longe das sendas do tempo viandantes, sobre os nossos nervos passai mais docemente. intenta acomodar de imediato a realidade que o rodeia à ordem circundante no seu próprio lugar de origem. Viajamos acompanhados das nossas manias, é verdade: ler o periódico a esta hora, tomar um café ~ depois de almoçar, tomar banho enquanto escutaVolto de uma viagem mos as notícias, ler algo a Londres, essa cidade ligeiro antes de um sonho cuja neblina nos converte que, esse sim, nunca nos em espectros, segundo acompanha longe de Pascoaes. Um temporal esteve a ponto de frustrar casa... Viajamos para fugir de uma rotina que inteno voo, convertendo-o em mais acidentado do que já tamos de imediato instalar no nosso novo reino, por é em si qualquer regresso muito provisional que este ao lugar onde se vive. Viaja-se intentando desco- seja. Essa é a verdade, da qual faz tempo que aprenbrir-se a si mesmo, não di a não fugir: a rotina podemos negá-lo. E, sem sem misericórdia é a caríembargo, passado o susto cia mais plácida da vida, o inicial (eu, que viajo durante boa parte da sema- rosto mais sossegado e na, continuo a pôr-me ner- terno de uma aventura voso antes de apanhar um que se empenha obstinadamente em que olvideautocarro urbano), passado esse sobressalto de sen- mos as suas benévolas virtudes. tir-se todavia extraterrestre numa terra em que nada é familiar, o viajante ~ Inglaterra tem algo de Portugal, é certo, ainda que não tanto como dizia Ramón Gómez de la Serna que tinha Lisboa de Londres. Ramón escreve que passeia por Lisboa e tem a impressão de fazê-lo por uma Londres com outra luz e outro clima. Eu, que estou cansado de fatigar as ruas de Lisboa, não opino o mesmo. Nunca antes, passeando pelas ruas da Baixa, havia sentido a nostalgia de algo que agora tenho ante meus olhos. Porque, com efeito, não há pior nostalgia que a de algo desconhecido, como não há pior (ou melhor) paixão que a que sentimos por aquilo que nos vela o seu verdadeiro rosto. Eu, se por acaso, digo alto e claro que, nestes dias de passeios londrinos, pouco ou nada me recordei de Lisboa, nem para bem nem para mal. A educação e o nível cultural das famílias [email protected] É muitas vezes referido que um dos factores condicionantes do sucesso educativo é o baixo nível cultural das famílias. Mas, o que é um nível cultural baixo? É o contraponto de um nível cultural alto? Então, quais são os critérios que possibilitam afirmar que uma pessoa possui mais ou menos cultura do que outra? Usamos muitas vezes estas expressões para definirmos pessoas que não partilham as nossas referências em relação à educação; tendemos a considerar que quem possui uma matriz de conhecimentos diferente da nossa, ou da que aspiramos obter, é culturalmente pobre. Não aceito a ideia de que há grupos mais ricos ou mais pobres na área do conhecimento porque nem todos ocupamos os tempos livres da mesma forma, ou apreciamos manifestações culturais semelhantes, ou utilizamos as mesmas fontes do saber. E, isto não nos faz mais, ou menos, dotados culturalmente. Apenas nos faz diferentes. É por sermos diferentes que construímos projectos de vida diversos, orientando as nossas pretensões num determinado sentido que não é, forçosamente, coincidente com os dos outros. Fazemo-lo tendo como base um sistema de valores, atitudes e referências que são específicos de cada família. Desta forma, entendo que associar os bons, ou maus, resultados educativos, com tanta convicção, à condição cultural da família é uma forma insuficiente de abordar o problema. A ser assim, seríamos forçados a admitir que só as pessoas/crianças que consideramos culturalmente favorecidas teriam sucesso. Ao invés, importa aferir o valor que cada família atribui ao saber, a atitude que possui em relação à educação dos filhos, que exemplos (referência) dão as famílias aos seus descendentes. Para o fazermos, teremos forçosamente que formular questões: Quais são os projectos de vida das famílias? Que lugar tem neles a educação? Quanto tempo disponibilizam os pais/famílias no apoio, em casa, à vida escolar dos filhos? Como são estes pais/famílias como cidadãos, tanto social como profissionalmente? Poderemos aplicar estas perguntas a famílias, independentemente do seu grupo cultural de pertença, ou daquele em que as queiramos incluir. É que confundimos, com frequência, a problemática da pertença cultural com a social. Será, possivelmente, devido a esta confusão que tecemos afirmações como a que inicia esta coluna: o sucesso educativo é influenciado pelo nível cultural da família, quando, na verdade, deveríamos remeter a problemática para as suas formas de estar em relação à educação, deixando de parte classificações de cariz social ou cultural. notíciasalentejo~ Março 2007 15 ~opinião José Calixto Perceber o Futuro [email protected] Perceber o que é fundamental para o desenvolvimento, sustentado e sustentável, duma comunidade é um desafio colectivo. Sabemos que os grandes decisores se distinguem normalmente por uma elevada capacidade de antecipar variáveis do futuro; uma boa interpretação dos chamados 'sinais dos tempos' ajuda a correcta formulação de cenários estratégicos para o nosso futuro colectivo. No entanto, assim que essa 'verdade' se encontra minimamente consensualizada, deixa de pertencer a pessoas em concreto e passa a ser património intelectual a toda uma comunidade. Como o povo sabiamente interpreta, 'ninguém é dono absoluto da verdade...'. Todos podemos e devemos dar contributos para uma definição estratégica do nosso futuro; no entanto, essas ajudas deverão prever uma forte partilha e interactividade com a diversidade de formas de pensar que sempre constituem uma comunidade. É com esse espírito que assumimos o nosso entendimento sobre o futuro de Reguengos de Monsaraz. Consideramos que um dos sectores económicos fundamentais para o nosso desenvolvimento é o Turismo; a implementação desta estratégia deverá respeitar os mais elevados padrões de qualidade e excelência da polí- tica ambiental. Devemos ter a capacidade para nos tornarmos um destino turístico de EXCELÊNCIA. É igualmente importante partilharmos um conjunto de objectivos para assegurar um futuro com qualidade: » Aproveitamento inteligente dos recursos e do solo, preservando a nossa enorme riqueza paisagística e ambiental; » Promoção a revitalização dos nossos agentes económicos, antecipando oportunidades, ameaças e os novos instrumentos da economia global; » Criação de mais e melhores oportunidades para a nossa juventude; é fundamental a aposta na formação de qualidade e adequada à economia regional; » Forte promoção de infra-estruturas de qualidade nas áreas das acessibilidades, da saúde e da segurança; » Preservação e dinamização da nossa cultura, das nossas tradições e dos valores da nossa comunidade... Perceber o futuro é, de facto, um trabalho colectivo, no âmbito do qual cada crítica sobre uma determinada linha de pensamento deve dar origem, de imediato, a uma nova proposta! pub TINTEIROSWEB www.tinteiros.web.pt RUA S. JO ÃO DE DEU S, 18 REGUENG OS DE MO NSARAZ CP 7200-3 76 T. 266 50 8 010 F. 266 50 8 017 sitio dasletras.r TINTEIROS RECICLADOS, COMPATÍVEIS E ORIGINAIS [email protected] LER PARA t BREVEMENTE EM REGUENGOS DE MONSARAZ NA LIVRARIA SÍTIO DAS LETRAS » SÍTIO DAS LE TRAS LIVRARIA SER notíciasalentejo~ Março 2007 16 emdia Afonso de Almeida [email protected] profissões Sabe o que é um bioquímico? Caro leitor: imagine que a sua empresa o contrata para realizar determinadas tarefas, e depois o obriga a adquirir os meios para que possa cumprir as mesmas. Por exemplo, que lhe fornece um espaço, mas que tem que comprar os materiais para produzir um determinado bem ou, na melhor das hipóteses, que tem que pagar a gasolina para distribuir esses bem. E que os custos a que fica obrigado para poder cumprir as funções para que foi contratado são bem superiores à remuneração que aufere. E que, se o não fizer, fica em incumprimento profissional. Incrível, não? Pois é o que se passa com grande número de professores universitários. O Estatuto da Carreira destes profissionais impõe-lhe a obrigação de efectuar investigação. Contudo, as Universidades não recebem do Estado, seu patrão, qualquer orçamento de funcionamento destino à investigação! O que se passa então? Os docentes têm de concorrer com projectos a mecanismos de financiamento externos, alheios à Universidade. Estes mecanismos têm vindo a aprovar, nos últimos anos, pouco mais de 20% de todas as candidaturas submetidas. Ou seja, os docentes que integraram as candidaturas não aprovadas, a maioria, ficam condenados, pelo menos durante os 3 anos seguintes, a não poderem cumprir aquilo a que estão obrigados pelo seu Estatuto profissional. Bem, dirá o leitor, é porque aquela maioria não tem qualidade. Errado: projectos da Universidade de Évora classificados pelos avaliadores internacionais como MUITO BONS e, até, EXCELENTES, não têm sido financiados. As respectivas equipas ficam impossibilitadas de fazerem investigação, ficam prejudicadas nas suas carreiras, e problemas a requererem investigação, pelo menos a nível regional e local ficam por resolver. Trata-se de uma situação chocante no panorama profissional do nosso País. Mas ainda há pior: uma equipa de investigação que não consegue ver o seu MUITO BOM projecto aprovado num determinado ciclo de avaliação de candidaturas, fica irremediavelmente afastada da “competição” no futuro. Isto porque, três ou mais anos depois, mesmo que a sua proposta de investigação seja EXCELENTE, fica prejudicada pelo facto desta equipa proponente não ter tantas “publicações” como as das outras equipas que tiveram projectos aprovados anteriormente. E a sua “exclusão” do sistema torna-se praticamente inevitável, com as gravíssimas consequências para o desenvolvimento económico e social do meio em que se inserem. Já nem sequer é a “mão de obra” especializada barata do nosso governo. Estamos na presença de “mão de obra” especializada barata e desprezada. Por quê mais no Inverno? Porque está frio? Não! Isso são histórias da avozinha. A gripe é provocada por vírus, por exemplo vírus da gripe, que é contagioso. Um golo de água tomado pelo copo do parceiro do lado, um beijo da sua tia Gertrudes, ou mesmo um simples aperto de mão podem contaminar. Ora, no Inverno, passamos muito mais tempo em “interiores”, normalmente mal arejados, “apinhados” de pessoas... com os seus “micróbios”. É a proximidade que favorece a transmissão da gripe. No Verão, pelo contrário, anda-se mais “por fora”, e o ar circula mais livremente. O vilão do vírus tem muito menos “chance” de nos atingir. E ainda bem, pois há tanta coisa gira para fazer nas férias... perguntámos ao físico Sendo o sol uma bola de fogo que arde há milhões de anos, donde vem tanto combustível, e quando é que se esgota? O sol liberta tanta energia, sob a forma de radiação e de calor, que consegue iluminar e aquecer o nosso planeta situado a 150 milhões de quilómetros. Esta energia é produzida através de reacções nucleares que se verificam no interior da estrela. Em tais reacções, os átomos de hidrogénio “fundem-se” transformando-se em átomos de hélio. Em cada segundo, 700 milhões de toneladas de hidrogénio são convertidas em hélio. O hélio resultante é mais leve que o hidrogénio: uma diferença de massa de 0,7% que se dissipa sob a forma de energia pura. O sol perde, assim, cinco milhões de toneladas de energia por segundo (432 milhares de milhão de toneladas por dia). A este ritmo, ele esgota muito rapidamente as suas reservas de hidrogénio. Mas como é muito maciço, dispõe de enormes quantidades, o suficiente para “brilhar” ainda durante 5 milhares de milhões de anos. dp pub Nos laboratórios, os bioquímicos são muitas vezes os heróis silenciosos da medicina. Eles encontraram a “receita” que serve para “fabricar” todos os seres vivos: a molécula de ADN. Descobriram também o acetaminofeno (paracetamol), que nos livra de muitas dores de cabeça. É graças a eles que sabemos que a produção de insulina é deficiente nos diabéticos, e que dispomos actualmente de milhares de medicamentos. Não é, pois, de surpreender que encontremos bioquímicos na maior parte dos laboratórios por esses mundo fora. Eles desenvolvem medicamentos, asseguram se os desportistas tomaram ou não “drogas”, investigam causas das doenças. E tudo isso nos laboratórios. Servindo-se de produtos químicos, de bactérias, e mesmo da radioactividade, eles conseguem manipular moléculas tão pequenas que não conseguem ser vistas nem com um microscópio! “Mão de obra” especializada, barata e desprezada Maldita gripe www.noticiasalentejo.pt ~ todos os dias são notícia jornal on-line da universidade de évora notíciasalentejo~ Março 2007 17 ~ciência&tecnologia A cor dos olhos é determinada por células “pigmentares” - melanocitos - da íris. Estas células produzem um pigmento castanho chamado melanina (o mesmo pigmento que dá a cor à pele, pelos e cabelo). Quando há muita células produtoras de melanina a íris é cinzenta-azulada, a cor das células da íris vistas por transparência. Uma camada fina de melanocitos produz cor castanha. Combinando com o azul, obtém-se todas as “nuances” do verde, avelã, etc. Ao nascimento, os bebés têm frequentemente olhos azuis porque a sua íris ainda está desprovida de melanocitos. Gradualmente, estas células produzem os seus pigmentos e a íris vai então mudando de cor. Repórter deprimido Um repórter do The Guardian, jornal britânico, submeteu-se a uma prova destinada a determinar a sua quota parte de responsabilidade na poluição com carbono (CO2). Chegou à conclusão que, só à conta do aquecimento central e do gás da cozinha, contribuía com 14 quilos de Carbono por dia. Somando as resultantes da luz de 6 lâmpadas de 100 watts cada, do frigorífico, do automóvel, etc., a sua quota chegou a 5,5 a 8 toneladas por ano! Saiba o leitor que, em média, por cada litro de combustível consumido por um motor de carro, são libertados mais de 2,5 kg de CO2. Agora imagine as consequências dos “engarrafamentos” nas grandes cidades... Os nossos fiéis amigos podem ter sonhos cor de rosa? Os cães e gatos podem sonhar “a cores”...mas provavelmente não ver a vida em cor-de-rosa. São capazes de distinguir as cores que se aproximam do vermelho e do rosa mas, percebem muito melhor outras cores como o azul e o verde. Para eles, o arco-íris não tem sete cores! Isso porque a sua retina tem muito poucos “cones”, as células que detectam as cores. Pelo contrário, contem enormes quantidades de “bastonetes”, as células sensíveis à luz, o que lhes dá uma visão mais “penetrante”. Vêm melhor à noite que os seus donos. Faça o favor de ser feliz (emigrando) Investigadores da Universidade de Warwick verificaram existir uma relação directa entre o grau de felicidade global de uma nação e os problemas de tensão arterial dos seus cidadãos. Os investigadores entrevistaram 15 000 pessoas de vários países europeus acerca de todos os aspectos das suas vidas, incluindo os seus níveis de satisfação com a vida, saúde mental, e se tinham problemas de tensão arterial. A tabela classificativa, ficou assim constituída (dos mais felizes para os mais infelizes): Suécia, Dinamarca, Reino Unido, Holanda, Irlanda, França, Luxemburgo, Espanha, Grécia, Itália, Bélgica, Áustria, Finlândia, Alemanha e Portugal. O mais curioso do estudo é que o “ranking” relativo aos problemas de hipertensão teve exactamente a mesma ordenação! Caramba, por que sempre nós? E, já agora, o desenvolvimento económico não é sinónimo de “bem-estar” humano. Os governos não podem continuar a olhar para o Homem como mero ser “economicus”. Respostas de Estudantes curiosidades O médico e o monstro ‘Germinar: tornar-se natural da Alemanha’ ~ ‘Planeta: um corpo de terra envolvido por céu’ ~ ‘Para a asfixia: aplica-se respiração artificial até que o paciente esteja morto’ O livro O médico e o monstro foi inspirado em William Brodie, um respeitado homem de negócios. Durante o dia, fazia parte do conselho da cidade de Edimburgo mas, descobriu-se, à noite era chefe de uma quadrilha de ladrões. O escritor Robert Louis Stevenson ficou fascinado com a história desse homem de dupla personalidade e criou as figuras do Dr. Jekyll e de Mr. Hyde, em 1886. Sherlock Holmes SÍTIO DAS LETRAS LIVRARIA Tenha calma! Você é mesmo o pai da criança Depois de observar qualquer estranho, o dr. Joseph Bell, um cirurgião de Edimburgo, era capaz de deduzir muito de sua vida e de seus hábitos. Isso impressionou um dos seus alunos, Conan Doyle, que admitiu ter "usado e ampliado os seus métodos quando construiu o detective Sherlock Holmes". Conto do Vigário COMPRE LIVROS E GANHE UMA ASSINATURA ANUAL DO NOTÍCIAS ALENTEJO RUA S. JOÃO DE DEUS, 18 266 508 010 * 266 508 017 (fax) [email protected] REGUENGOS DE MONSARAZ Uma imagem de Nossa Senhora dos Passos doada pelos espanhóis à cidade de Ouro Preto (MG) originou uma disputa entre os vigários de duas igrejas, a de Nossa Senhora do Pilar e a de Nossa Senhora da Conceição. Para resolver o impasse, o vigário de Pilar sugeriu que a imagem fosse colocada em cima de um burro no meio do caminho entre as duas igrejas. O rumo que o animal tomasse decidiria com quem ficaria a imagem. Quando foi solto, o burro imediatamente se dirigiu à igreja de Pilar. Mais tarde, soube-se que ele pertencia ao vigário de lá. notíciasalentejo~ Março 2007 18 figuras&factos~ faça chuva ou faça sol Universidade distingue Vasco Graça Moura A Universidade de Évora distinguiu Vasco Graça Moura com o Prémio Vergílio Ferreira/07. Ensaísta, crítico, tradutor, poeta e ficcionista, Vasco Graça Moura é um dos nomes de referência da cultura portuguesa contemporânea. Recebeu inúmeros prémios literários, entre os quais o Prémio Pessoa (1995), o Prémio de Poesia do PEN Clube (1997), o Grande Prémio de Poesia da Associação Portuguesa de Escritores (1997) e o Grande Prémio de Romance e Novela APE/IPLB, 2004, bem como três prémios internacionais em Itália e macedónia. Em 1998 foi-lhe atribuída a Medalha de Ouro da Cidade de Florença pelas suas traduções de Dante. O Prémio Vergílio Ferreira foi criado pela Universidade de Évora em 1997, para galardoar ensaístas e/ou romancistas de língua portuguesa. Na lista dos distinguidos constam Maria Velho da Costa, Maria Judite de Carvalho, Mia Couto, Almeida Faria, Eduardo Lourenço, Óscar Lopes, Vítor M. Aguiar e Silva, Agustina Bessa Luís, Manuel Gusmão e Fernando Guimarães. PLUZZARTE subiu ao palco O grupo PLUZZARTE apresentou, em Fevereiro, no Auditório Municipal de Reguengos de Monsaraz, a peça de teatro “É urgente o amor”, de Luís Francisco Rebello. A iniciativa, organizada pela Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz e pela Escola Secundária Conde de Monsaraz, teve como actores oito alunos deste estabelecimento de ensino. O grupo PLUZZARTE tem existência dramática desde o ano lectivo 2003/04 e, até ao momento, as suas incursões de palco limitaram-se a pequenas actuações junto da comunidade escolar da Escola Secundária Conde de Monsaraz. Constituído por 13 alunos, com idades compreendidas entre os 13 e os 18 anos, o grupo nasceu da paixão comum pelas artes da representação e da vontade de aproximar o teatro dos jovens. Sócrates, o líder de quem os espelhos gostam Tomou posse em Março de 2005 levando no bolso uma maioria absoluta na Assembleia da República e desde então tem mantido o PS no topo das intenções de voto e uma imagem positiva nas sondagens. José Sócrates ameaça ser um «caso de estudo» do marketing político, apesar da carga fiscal, do desemprego e das manifestações. Visto de fora, o actual Primeiro-Ministro é considerado como um exemplo de político frio e eficaz, que sabe utilizar o instinto e que se preocupa em manter a liderança da agenda política. Por dentro, alguns socialistas gabam-lhe o espírito de iniciativa, mas lamentam os desvios da matriz social que caracteriza o partido em áreas como a saúde. O «actor» José Sócrates, que sabe utilizar o teleponto e «trabalhar» com as câmaras de televisão, tem «semeado» inimigos junto de corporações de vários sectores, da saúde à educação, sem esquecer a Justiça. Ainda assim, o espelho adora-o e confirma-o O Primeiro-Ministro como o líder mais popular cá do pedaço. tem andado à chuva Como se explica, então, o mas não se molha sucesso de Sócrates? Um foto www.governo.gov.pt recente trabalho da revista Visão sobre este tema aponta quatro ideias-chave: credibilidade, confiança, relevância e centralização. É realmente verdade que tem marcado a diferença relativamente a Santana Lopes, que ainda não saltou do comboio em andamento, como Guterres e Barroso, e que tem conseguido manter uma forte disciplina no seio do Governo no que se refere a entre”aspas” «Um "documentário" exibido na RTP (…) transformou-se no exaltado panegírico de Salazar, sob a manhosa aparência de "objectivo". O autor, Jaime Nogueira Pinto, é um homem mensagens fundamentais. astuto, mas não tão inteligente Acrescente-se que tem consequanto. Ocultou, entre um rol guido elogios à sua direita e de malignidades, que o ditador que, até ver, tem contado com fascista destruiu a incipiente um partido conformado, Escola de Matemática de ficando as críticas mais feroLisboa, perseguiu e homiziou zes a cargo do que resta da gente da craveira dos profs. esquerda não alinhada. Ruy Luís Gomes, José Morgado, Acrescente-se, por exemplo, os Aniceto Monteiro (criador da famosa Escola de Matemática argumentos utilizados por da Argentina), Gustavo de José Miguel Júdice ao abanCastro, Bento de Jesus Caraça, donar o PSD. Segundo o Manuel Valadares (que chegou Expresso, o histórico sociala ser convidado por Albert democrata diz que o partido está «muito equívoco» e «mais Einstein para seu assistente), Mário Silva, Pulido Valente, conservador do que há 20 Francisco Martins - a lista anos». Ainda segundo o é inumerável. Está provado: mesmo semanário, Júdice con- Salazar deu ordens directas sidera que quem hoje ocupa «o para o assassínio de Humberto lugar simbólico que antes tive- Delgado. A bestialidade das torram líderes como Sá Carneiro turas na polícia política era dele e Cavaco, é José Sócrates». amplamente conhecida. Não «José Sócrates transformou houve família portuguesa que não tivesse um pai, um filho, o Partido Socialista numa um parente, um amigo, um commetáfora da rapacidade do panheiro na cadeia ou no exílio. cinismo neoliberal, cujas preA PIDE e, antes dela, as antetensões radicam em funções cessoras com outro baptismo, repressivas e no poder cego da possuíam fichas de quatro imanência do económico sobre milhões e meio de portugueses, o humano», escreveu, em e dispunham de quase quatroMaio do ano passado, Baptista centos mil bufos. Eu próprio fui Bastos, jornalista e escritor denunciado por um canalha, que não morre de amores pelo António Morais de Carvalho, líder socialista. redactor do jornal "A Voz" Mas, como refere no mesmo e chefe de Redacção do semanário monárquico "O Debate", artigo do Jornal de Negócios além de procurador à Câmara Baptista Bastos, o segredo do sucesso de Sócrates tem ainda Corporativa. Era amigo do meu Pai e conhecia-me de garoto. outras razões: «A Direita não Pela delação recebeu a imporse entende consigo própria. tância de 200 escudos. Vivemos, Assim sendo, como poderia durante cinquenta anos, entender-se com o País? Os sequestrados pelo medo, pelo seus chefes putativos, Luís terror, pela brutalidade, sob Marques Mendes e José o beneplácito da Igreja e as bênRibeiro e Castro não possuem çãos do cardeal Cerejeira. «carisma» porque não dispõem Mesmo os recalcitrantes eclede qualquer projecto, minima- siásticos, como D. António Ferreira Gomes, bispo do Porto, mente verosímil, para impulsionar alguma alteração ao 'sis- Abel Varzim, Padre Américo, Felicidade Alves, muitos mais tema'». outros, foram importunados. Salazar, culturalmente medíocre, balizou o País segundo a métrica da sua mediania. Foi o mesquinho na mesquinhez. É uma história medonha, impossível de esquecer apesar dos constantes branqueamentos com que inescrupulosos preopinantes tentam suavizar. Lembro, a propósito, um poema da grande Sophia de Mello Breyner, a que chamou "O Velho Abutre": "O velho abutre é sábio e alisa as suas penas / A podridão lhe agrada e seus discursos / Têm o dom de tornar as almas mais pequenas". O poema, assim como outros, de incomparável beleza violenta, compô-los Sophia em 1962 ("Livro Sexto" - III "As Grades"), e constituem um corajoso protesto contra esse "tempo de silêncio e de mordaça", como ela o definiu. Relembrar a poetisa é não só homenagear uma extraordinária portuguesa, como recusar o apagamento da História. Sophia, a maior entre os maiores» A região em debate é lá atrás, na página 11 ~ notícias alentejo Um PDM no país da burocracia pub A Comissão Técnica de Acompanhamento do PDM já deu um parecer favorável sobre a proposta elaborada pela autarquia de Évora, segundo a rádio DianaFm. O presidente da Câmara de Évora, José Ernesto Oliveira, explicou que o documento entrou em fase de consulta por parte de instituições e departamentos públicos que não integram a comissão. Segue-se o período de discussão pública (60 dias). O Plano Director Municipal de Évora entrou em revisão em 1998. Não terá chegado o momento de analisar porque é tudo tão demorado na Administração Pública? Assine o jornal na página 22 É por ali » Baptista Bastos www.negocios.pt notíciasalentejo~ Março 2007 19 ~no fecho Associação Académica promove concurso de bandas Proporcionar oportunidades aos jovens com talento na área musical, estimular a formação e o trabalho desenvolvido pelas chamadas bandas de garagem e oferecer um evento caracterizado por diferentes estilos musicais aos jovens e à comunidade em geral, são os objectivos da realização do Concurso de Bandas, organizado pela Associação Académica da Universidade de Évora. O período de inscrição e entrega de maquetas para o Concurso e termina no dia 7 de Março de 2007. De acordo com a informação disponibilizada classificados SERVIÇOS DE PODAR PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE PODAR DE VINHAS, OLIVEIRAS, etc. Prestação de serviços agrícolas, Sementeira directa, Mondas, adubações, Sementeira de girassol e milho. SERVIÇOS COM GARANTIA DE QUALIDADE. Serviços de jardinagem, manutenções gerais podas, abates de árvores, orçamentos grátis. Contactos: 918 675 580 pela Associação Académica da Universidade de Évora, o primeiro prémio inclui a gravação de três temas e a garantia de actuação da banda no encerramento do mês da Juventude, na Queima das Fitas e na Feira de São João. VENDO BOAS OLIVEIRAS VENDO OLIVEIRAS, para decorar jardins, estradas, quintais, OU OUTROS FINS, etc. DÃO BOA AZEITONA. EM ÓPTIMAS CONDIÇÕES E QUALIDADE SUPERIOR. BONS PREÇOS. O PRÓPRIO. Contactos: 918 675 580 Informações e Contactos: Associação Académica da Universidade de Évora Rua Diogo Cão, n.º 21, 7000-872 Évora Tel.: 266 74 89 50 / 52 Fax: 266 74 89 51 Email: [email protected] Web: www.aaue.pt EXPLICAÇÕES PROF. DE ECONOMIA PROMOVE EXPLICAÇÕES DE ECONOMIA ATÉ AO 12º ANO. PREÇOS ACESSIVEIS. PARTICULAR. Contactos: 918 885 518 ALUGA-SE QUARTOS Évora recebe «Matemática em Jogo» A exposição “Matemática em Jogo” realiza-se de 3 a 10 de Março, das 9 horas às 17 horas, no Mercado Municipal de Évora, organizada pela Associação Ludus, pelo Departamento de Matemática da Universidade de Évora e pela Câmara Municipal de Évora e integrada no mês da Juventude. Esta exposição, que esteve recentemente no Centro Cultural de Belém, conta com uma parte histórica, em que se exploram alguns dos jogos de estratégia que acompanham a humanidade desde tempos imemoriais até aos nossos dias. Conta ainda com réplicas em pedra de jogos mais antigos e com tabuleiros e material diverso para jogar outros jogos apresentados, cujas regras estarão à disposição, bem como apoio de docentes do Departamento de Matemática da Universidade de Évora. Para além disso, serão postas em evidência algumas ligações inusitadas entre a matemática e estes jogos, para além da simples proximidade entre o pensamento estratégico e o pensamento matemático. No dia 9 de Março, Évora recebe a final do 3º Campeonato Nacional de Jogos Matemáticos, no Palácio D. Manuel. Fundação Alentejo-Terra Mãe expõe «Raízes» «Raízes» é o título da exposição de pintura de Pantoja Rojão que vai estar patente, de 16 a 30 de Março, no Salão de Exposições da Fundação Alentejo TerraMãe em Évora. A inauguração da exposição terá lugar no dia 16 de Março, sextafeira, a partir das 17h30, e contará com a actuação do grupo Cantares de Évora Coral Etnográfico. A mostra apresenta ao público cerca de três dezenas de óleos, acrílicos, guaches, aguarelas, técnicas mistas e colagens, incluindo também alguma obra gráfica. Trata-se de um conjunto de trabalhos atra- vés das quais Pantoja Rojão, um dos mais importantes médicos pintores da actualidade, natural de Évora, procura essencialmente retratar “temas e situações ligados à vivência do Alentejo, às suas origens e raízes”. ALUGO VIVENDA NOVA RúSTICA TIPICA DA REGIÃO ALENTEJANA PACATA C/Quartos Amplos Mobilados e Equipados c/wc privativo e Cozinha Equipada, Quintal Amplo c/Barbecue. Restaurantes a 50mt, Hipermercados a 8 min. BARRAGEM A 15 min. Posso alugar a VIVENDA toda desde que haja marcação antecipada. Alugo para FIM DE ANO, NATAL, CARNAVAL, PASCOA, OVIBEJA, FERIADOS ou OUTROS EVENTOS. Posso enviar fotos da vivenda. Alugo a grandes grupos. BONS PREÇOS. Contactos: 918 675 580 OPORTUNIDADE pub Part-time/full-time. Procuramos pessoas, para trabalhar com Empresa Norte-Americana em grande expansão, actuando na área da saúde e cuidados pessoais, para: Recrutamento e Treino de Pessoal; Distribuição e Supervisão, Apoio a Clientes, outros serviços. Marque entrevista TLM: 968 416 374 / 917 249 364 Nome: Sandra / Email: [email protected] notíciasalentejo~ Março 2007 20 crónica~ tópicos A liberdade e a escrita: literatura e blogues * [email protected] Uma pessoa pode ser livre e sentir-se livre, mas se veste o anoraque de escritor deixa imediatamente de o ser. Um escritor está sempre condicionado por uma forma que é a literária e por um universo que dita regras e eficácias de todo o tipo (técnicas, comunicacionais, hermenêuticas, etc.). No entanto, esses limites reais à liberdade é que acabam, paradoxalmente, por construir o horizonte de liberdade que o escritor pode, ou não, usufruir. Esse usufruto é afinal a sua liberdade. E quanto mais o escritor se sentir livre para contornar as narrativas que 'andam no ar' (aqueles 'valores gerais' - políticos, meramente ideológicos ou de “auto-ajuda”, como agora se diz - que são respostas para tudo), mais esse RÁDIO CORVAL, C.R.L. pub RUA DE S. PEDRO, 25 - S. PEDRO DO CORVAL - 7200-132 CORVAL Telefone: 266 509 340 | Fax: 266 509 349 | E-mail: [email protected] RC ALENTEJO 96.2 FM paradoxo da sua liberdade se torna eficaz e mais as vozes criadas pelo escritor serão tendencialmente vozes livres e, portanto, à procura de sentido. A liberdade não é um presente que se receba do céu. É antes uma disposição individual e um entendimento geral que se poderão rever um ao outro no mútuo usufruto dos actos do quotidiano. A literatura é um desses actos, como qualquer outro. Pelo meu lado, nunca sacralizei a actividade, nem tãopouco a entendi como particularmente “libertadora” no sentido de poder estar ao serviço de “causas”. É aí que ela, precisamente, deixa de ser usufruto para passar a não ser livre. Para passar a ser narrativa enclausurada em narrativa. Grande parte da história da literatura, do bilhete postal bilhete postal Luís Carmelo A sua sintonia 24 horas por dia EMISSÃO ON LINE www.rcalentejo.com.pt Há 20 anos uma referência Évora, por David Prazeres porque o Alentejo merece Foto: David Prazeres século XVIII para cá, foi feita nesta ou a partir desta clausura. E sem que ninguém sublinhasse o facto, ou pelo menos a importância que ela releva. Nos blogues, a questão da escrita, em si, não é substancialmente diferente. O que muda é a provisoriedade (as formas em estado de permanente subtracção e adição), a enunciação síncrona e plural, a metacontextualidade (as formas criam o seu próprio contexto, deixando de haver um “de fora” e “um de dentro” evidentes), a reversibilidade (multimodalidade e coexistência de registos) e o incorpóreo (no sentido de um agregado que não é motivado por um centro mas por vários). O que muda é ainda e sobretudo a posição relativa entre escritor e auditóri- La Torada, por Pablo Picasso os, assim como o tipo de interacção que, na comunicação literária, acede ao estético e que, nos blogues, apenas acede à “estesia” (a simultaneidade entre a pura sinalização e um certo regresso ingénuo à poiesis: a linguagem que joga com a linguagem). Seja como for, a liberdade nos blogues continua a não ser uma coisa oferecida. É o usufruto radical de um acto de escrita, no perpétuo pas de deux com os limites desse mesmo acto, que melhor escrutina e define a liberdade. Ela - a liberdade - estará sempre lá, potencialmente, como um gesto lapidar, ou insignificante * publicado no Expresso on-line notíciasalentejo~ Março 2007 21 ~música&letra Pelo canto do olho SÍTIO DAS LETRAS LIVRARIA LER PARA SER J. Alberto Ferreira [email protected] Breves notas sobre ciência Gonçalo M. Tavares complexos e paradoxalmente simples. As Breves notas sobre ciência não fogem a esta regra. Lisboa, Relógio d'Água, 2006 ‘Claro que o Perigo é a origem dos métodos científicos mais eficazes. / Se o Homem fosse imortal ainda não teria inventado a roda [...]’ (p. 11) Perguntas (e respostas) sobre investigação Podem identificar-se ao longo do livro temas nucleares, como que FAQ's (frequently asked questions, perguntas feitas frequentemente), ou o que sempre Dos métodos quis saber sobre investigação. As respostas são, como as percientíficos guntas, sempre parte do problema. A exigir uma leitura A investigação científica está Exactidão? «Ser exacto em na ordem do dia, guindada às ciências é errar num tom de primeiras páginas dos jornais e ao coração da agenda política. voz mais firme do que os outros» (p. 17). Investigar? E, por esta via, presente no «Como seria possível caminhar debate quotidiano com tonalie direcção ao Mistério? dades de rigor matricial e freEm direcção ao que não sei?» quentemente associada a pro(p. 20). A pergunta é feita com messas de felicidade (tecnológiWittgenstein à vista. E a resca ou política, por exemplo) ou posta também, desassombrada: a garantias de futuro. «Se caminho em direcção ao Neste livro de Gonçalo M. Mistério é porque o Mistério já Tavares, autor sobejamente foi desvendado por mim». É que conhecido por obras tão diver«não investigas, divertes-te. sas como Jerusalém (da série Crias dificuldades e conceitos dos livros negros), A colher de Samuel Beckett (teatro) ou os (já para atrasar a tua chegada. / Amanhã chegarás ao esconderiseis) livros da série do bairro, a questão vê-se colocada no plano jo onde ainda hoje escondeste a resposta» (p. 21). O especialista? do literário, mas nem por isso «Queres trazer algo de novo a deixa de pensar a felicidade e a esta caixa quadrada de 1 metro beleza da ciência. Com as marpor 1 metro? / Então procura cas, reconhecíveis já, da escrita algo fora dela [...] Como entenquase aforística deste professor der, pois, os especialistas?» da Universidade de Lisboa, (p. 39). Objectividade? «Quem escrita que se afirmou desde defende a objectividade em ciênlogo única no panorama contemporâneo, pela inventiva radi- cia anula-se como sujeito e orgulha-se disso [...]. Porém, há pescal e pela permanente convocasoas que não acreditam em ciênção (raramente de forma linear cia feita por objectos» (p. 46). ou recorrendo ao argumento de Instrumentos científicos? «Cada autoridade) da reflexão filosófiinstrumento científico é uma ca e epistemológica, de citações resposta às necessidades do de autores literários e pensadoinvestigador» (p. 48). res (Borges e Wittgenstein, por Metodologia? «Tu não usas uma exemplo, ou Brecht e Barthes, ou Valéry e Russell). Os resulta- metodologia. Tu és a metodologia que usas» (p. 62). A verdade: dos são, numa produção que já «Eis as verdades, e eis as menticonta número significativo de títulos, surpreendentes e lumiras» (p. 70). O erro: «Os erros nosos, divertidos e aliciantes, científicos são erros de uma comunidade científica» (p. 80). A mentira: «A ciência proíbe a mentira, porém, a mentira existe, e tudo o que existe é verdadeiro» (104). Investigar outra vez, para fechar o ciclo: «Investigar é não repetir um raciocínio. Eis o difícil» (p. 134). Arte de jardinar Ressalvo que estas Notas breves não se apresentam com o um manual de introdução à investigação (embora o título brinque com a ambiguidade dessa expectativa), antes partilha com outros da produção de Gonçalo M. Tavares (O livro da dança ou Histórias falsas, por exemplo) dessa dimensão de inquirição pela linguagem e pela beleza que caracterizam a literatura deste autor. É por essa via que esta teoria da investigação científica (ficcionada? camuflada?) considera exactamente uma dimensão sen- sorial. É por aí que caracteriza a metáfora como «ferramenta» outra da investigação. Deixá-la «fora da ciência exclui um conjunto de soluções possíveis e, portanto, de problemas» (p. 113). É um caminho, em última instância, em direcção à beleza, porque o «cientista perfeito é também jardineiro: acredita que a beleza é conhecimento» (p. 36; cfr. ainda 37, 100). Pensar ligeiramente ao lado «Observar pelo canto do olho é, em ciência, começar a elaborar a hipótese. [...] Observar a realidade pelo canto do olho, isto é: pensar ligeiramente ao lado. A isto chama-se criatividade. Daqui saíram todas as teorias científicas importantes» (p. 75). Creio que devemos dizer o mesmo desta, entre a poesia e a ciência, entre a filosofia e a beleza. Que outra forma teria o autor de a escrever? FEIRA DO LIVRO Entre os dias 18 a 23 de Março decorrerá, no espaço da Biblioteca Escolar Professor Manuel Talhante, a Feira do Livro numa parceria entre a Escola Secundária e a livraria SÍTIO DAS LETRAS Aguardamos a sua presença 2007 Ano Novo, Livros Novos 7 2007 SÍTIO DAS LETRAS Rua S. João de Deus, 18 [email protected] Tel. 266 508 010 REGUENGOS DE MONSARAZ notíciasalentejo~ Março 2007 22 ‘A desgraça é fotogénica’ João Espinho* ...dafotografia Fala do Homem Nascido [email protected] Anualmente, mais ou menos por esta altura, são divulgadas as fotografias premiadas pela World Press Photo (http://www.worldpressphoto.com/), organização independente sedeada em Amesterdão, vocacionada para promover o fotojornalismo e responsável pelo maior e talvez mais prestigiado concurso de fotografia do mundo. Com mais de 50 anos de existência, a WPP tem tido um trabalho digno de destaque na descoberta de novos valores no fotojornalismo, ao mesmo tempo que confirma a Fotografia como Arte. Refira-se que a exposição itinerante da WPP é vista anualmente por mais de 2 milhões de visitantes em 45 países. Portimão recebe a exposição de 21 de Julho a 12 de Agosto e na cidade da Maia estará patente ao público durante o mês de Novembro. Quem já teve o privilégio de observar as obras patentes nas exposições da WPP, sabe que ali se fala, essencialmente, de jornalismo, da forma como é dada uma notícia, como se transmite determinado acontecimento, não através de textos, mas de fotografias. Invariavelmente, são as imagens captadas em teatros de guerra, ou de desgraça, as mais premiadas. Serão também, não duvido, as mais apreciadas. Corpos mutilados, exércitos lado a lado com esqueletos, cidades destruídas e crianças famintas, são ingredientes que o leitor das imagens da exposição da WPP tem ao seu dispor para construir a notícia. Construir a notícia? Deveria ser assim. Mas o fotojornalismo dos dias de hoje não deixa margem para interpretações. O leitor pode, quanto muito, avançar emotivamente com algumas questões, interrogar-se sobre a crueldade das imagens. A fotografia é, assim, uma antecâmara da exclamação de horror, da manifestação de repúdio. O espectador, magicamente, afasta o fotógrafo - o que pôs em evidência a notícia - esquece os timbres, as escalas, os contrastes - a técnica - e transforma-se em juiz do escândalo, em advogado de acusação dos senhores da guerra, em causídico que denuncia a calamidade. Por momentos - o momento da visita - a notícia é-nos servida de uma forma diferente. Não vamos ver imagens de uma guerra. Não vamos visitar registos de um território dizimado. A exposição WPP serve-nos a guerra, a desgraça, o horror, como se de um revista de culinária se tratasse (e onde sabemos que vamos encontrar as iguarias muito bem compostas e ornamentadas). A fotografia vencedora do Concurso WPP 2007 é disso um bom exemplo. Um grupo de jovens libaneses, de aspecto cosmopolita, fazendo-se transportar num descapotável vermelho metalizado, passeia-se perante um cenário de destruição num bairro de Beirute. A imagem é servida a frio, retrata uma contradição, e ao espectador não restará mais do que lamentar o facto de a desgraça ser tão fotogénica. * editor do blogue http://pracadarepublica.weblog.com.pt cupão de assinatura 1 ano, 12 números, 12 € ...dapoesia venha uma dúzia Nome Venho da terra assombrada, do ventre da minha mãe; não pretendo roubar nada nem fazer mal a ninguém. Só quero o que me é devido por me trazerem aqui, que eu nem sequer fui ouvido no acto de que nasci. Trago boca para comer e olhos para desejar. Com licença, quero passar, tenho pressa de viver. Com licença! Com licença! Que a vida é água a cor rer. Venho do fundo do tempo; não tenho tempo a perder. Minha barca aparelhada solta o pano rumo ao norte; meu desejo é passaporte para a fronteira fechada. Não há ventos que não prestem nem marés que não convenham, nem forças que me molestem, correntes que me detenham. Quero eu e a Natureza, que a Natureza sou eu, e as forças da Natureza nunca ninguém as venceu. Com licença! Com licença! Que a barca se faz ao mar. Não há poder que me vença. Mesmo morto hei de passar. Com licença! Com licença! Com rumo à estrela polar. Morada Cód. Postal Tel. Localidade E-mail Envie para: Rua S. João de Deus, 18 7200-376 Reguengos de Monsaraz ou para o Fax: 266 508 019 informações: Telefone: 266 508 012 Telemóvel: 967 032 441 E-mail: [email protected] Assine aqui e o jornal vai até aí. António Gedeão (Rómulo Vasco da Gama de Carvalho) Nasceu em Lisboa em 1906. Em 1931 licenciou se em Ciências Físico Químicas pela Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e em 1932 conclui o curso de Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras. Professor, investigador, pedagogo e historiador da ciência, bem como o poeta, foi reconhecido publicamente por personalidades da política, da ciência, das letras e da música. Faleceu em 1997. notíciasalentejo~ Março 2007 23 ~prazeres 2 concepts híbridos e o novo Toyota Auris em exibição no Salão Internacional de Genebra O empenhamento da Toyota naquela que é a sua visão para uma mobilidade sustentável vai estar patente no Salão Internacional de Genebra 2007. A revelação de dois concept híbridos demonstra uma das possíveis soluções de aplicação desta tecnologia no transporte no futuro de bens e pessoas. A mostra da tecnologia híbrida vem reforçar o posicionamento da Toyota na pesquisa e aplicação de soluções que tornem os automóveis menos agressivos para o ambiente. O sistema Hybrid Synergy Drive® encontra-se no centro da estratégia, sendo essencial para percorrer o caminho em direcção ao veículo 100% ecológico. No Salão Internacional de Genebra 2007, a Toyota vai marcar a estreia mundial do Hybrid X - um concept que apresenta uma nova linguagem de design para os veículos híbridos, assim como novas soluções técnicas para o futuro. Por outro lado, o FT-HS, Future Toyota Hybrid Sports, apresenta-se como um concept desportivo do século 21 - motor frontal, tracção traseira, design desportivo, projectado para uma aceleração dos 0 - 100 Km/h na fasquia dos quatro segundos. O FT-HS apresenta um enorme potencial da tecnologia híbrida, oferecendo uma nova e emocionante experiência de condução a par da performance ambiental. O novo Toyota Auris vai ser revelado, pela primeira vez na Europa, na versão de três portas. Este Auris vai possuir uma cor distinta, assim como jantes com um design especial. O Toyota Avensis, modelo de topo na vasta gama Toyota, foi melhorado com alguns equipamentos, entre os quais, o sistema de navegação GPS com ecrã de sete polegadas sensível ao toque. Citroën Grand C4 Picasso vence título nacional de «Carro do Ano - Troféu Volante de Cristal - 2007» recém-apresentado C4 Picasso de cinco lugares vem trazer mais uma novidade ao mercado nacional, isto porque é a primeira vez, desde que este prémio foi instituído, em Jorge Reis [email protected] 1984, que um monovolume ganha o título de Carro do Ano em Portugal, curiosamente No mesmo dia em que no mesmo ano em que, a Citroën apresentou, em Barcelona, o novo Citroën em termos internacionais, a Ford tinha dado o "ponC4, de cinco lugares, que deverá chegar ao mercado tapé de saída" com a nomeação de outro mononacional dentro de dois volume, o S MAX, como meses, a marca francesa carro internacional do em Portugal viu o agora ano. apelidado de Citroën Em cerimónia organiGrand C4 Picasso, o modezada pelo AutoSport no lo de sete lugares, ser Blues Café, na zona ribeiescolhido por um painel rinha de Lisboa, o Citroën de 20 jornalistas, em C4 ultrapassou assim os representação de igual restantes 22 modelos colonúmero de órgãos de cados a concurso, naquele Comunicação Social, que foi a edição em que como vencedor do título houve mais modelos insnacional "Carro do Ano Volante de Cristal - 2007". critos para o título nesta categoria que poderemos Este acaba por ser o classificar de "global". segundo prémio para a Na cerimónia desta linha C4 da Citroen, isto quinta-feira foram ainda porque já em 2005 o júri atribuídos prémios aos do Carro do Ano, iniciativencedores das diversas va do jornal AutoSport, classes do Carro do escolhera o Citroën C4 Ano/Troféu Volante de como o vencedor nesse Cristal, que tinham como ano deste importante propósito distinguir as galardão para o mercado melhores propostas do automóvel nacional. ano em cada segmento Esta nomeação do de mercado. Assim, Citroën Grand C4 Picasso - vamos chamar-lhe assim o Peugeot 207 foi nomeapara não o confudirmos, a do Utilitário do Ano, o C4 partir de agora, com o Picasso acumulou com o título de carro do ano o de Monovolume do Ano, enquanto que o Toyota Avensis mereceu a distinção de Carrinha do Ano. Ainda o Lexus GS 430h, como Executivo do Ano, o BMW 335i Coupé, como Desportivo do Ano, e o "português" Volkswagen Eos, nomeado como Descapotável do Ano, a par do BMW X3, indicado como o Todo-o-Terreno do Ano, completaram o leque de nomeações da noite em termos de produtos automóvel. Esta iniciativa, que como referimos atrás foi promovida pelo semanário "AutoSport", homenageou a Renault como "Entidade/Personalidade do Ano", em homenagem aos 25 anos de ligação da marca francesa ao desporto automóvel nacional, de que, curiosamente, se despede este ano com a dedicação praticamente exclusiva à aposta do construtor na Fórmula Um. Foram ainda distinguidos Filipe Albuquerque, como Piloto do Ano em Portugal, e António Félix da Costa como Piloto Revelação. SÍTIO DAS LETRAS LIVRARIA LER PARA SER 2007 Ano Novo, Livros Novos 7 2007 SÍTIO DAS LETRAS Rua S. João de Deus, 18 [email protected] Tel. 266 508 010 REGUENGOS DE MONSARAZ notíciasalentejo~ Março 2007 publicidade~
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