MULHERES ARTISTAS: RELATO DE UMA APRENDIZAGEM

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MULHERES ARTISTAS: RELATO DE UMA APRENDIZAGEM
Modalidade: Comunicação Oral
GT: Artes Visuais
Eixo Temático: Iniciação à docência
MULHERES ARTISTAS: RELATO DE UMA APRENDIZAGEM MÚTUA
Silvia Tereza Moura Silva (UFPE, Pernambuco, Brasil)
Fabiana Souto Lima Vidal (UFPE, Pernambuco, Brasil)
RESUMO:
O presente artigo é fruto das reflexões promovidas pela inserção no Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), subprojeto da Licenciatura em Artes Visuais.
Relata a experiência em processo, vivenciada em uma turma de 1º Ano do Ensino Médio,
na disciplina de Artes Visuais, que compõe a Parte Diversificada do Currículo, no Colégio de
Aplicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), no primeiro semestre de 2014.
O tema abordado insere-se no âmbito das contribuições da Teoria Pós-Crítica do Currículo,
quando toma como eixo da disciplina o (re)conhecimento e estudo de mulheres artistas no
Brasil e no mundo, visando ampliar o olhar para esta temática ainda pouco explorada nos
debates e materiais do campo da arte. Tomamos a Abordagem Triangular como norteadora
das ações da disciplina e buscamos estabelecer um olhar plural, entre o local e global, sem
distinções hierárquicas acerca do tipo de produção, do tempo histórico ou do lugar das
artistas estudadas. A experiência vem nos proporcionando pensar o diálogo existente entre
teoria e prática, e proporcionando reflexões sobre as nossas ideias acerca da prática
docente relacionada ao campo da Arte/Educação.
Palavras-chave: Arte/Educação, Artes Visuais, Mulheres, Artistas.
WOMEN ARTISTS: REPORT OF A MUTUAL LEARNING
ABSTRACT:
This article is the result of reflections promoted by inclusion in the institutional program of
initiation to teaching scholarship (PIBID), subproject of degree in visual arts. It reports the
experience in process experienced in a first year high school class, in visual arts subject,
which composes the diverse part of the curriculum, in the Application School of the Federal
University of Pernambuco (UFPE), in the first semester of 2014. The addressed topic falls
within the scope of contributions of post-critical curriculum theory, when takes as axis of
discipline the (ac)knowledge and study of women artists in Brazil and in the world, aiming to
expand the view to this theme still little explored in debates and materials in the arts field.
We took a triangular approach as guiding of actions of the subject and tried to establish a
plural view, between the local and the global, without hierarchical distinctions about the type
of production, of historical time or place of the studied artist. The experience has provided us
to think the existing dialogue between theory and practice, and providing reflections about
our ideas about the teaching practice related to the Art/Education field.
Key words: Art/Education, Visual Arts, Women, Artists.
Introdução: o PIBID como espaço de pesquisa e de imersão no chão da escola
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), como
esclarece o site da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES) é um programa governamental que visa possibilitar o aperfeiçoamento e a
valorização da formação de professores(as) para a Educação Básica. Os projetos
participantes promovem a inclusão dos(as) estudantes no contexto de escolas
públicas desenvolvendo atividades didático-pedagógicas com a coordenação de
um(a) docente da licenciatura, juntamente com um(a) professor(a) supervisor(a) da
escola.
Neste ano, o curso de Licenciatura em Artes Visuais da Universidade Federal
de Pernambuco (UFPE) promove o PIBID Artes Visuais junto com o Colégio de
Aplicação (CAp) da UFPE. Os cinco estudantes participantes foram distribuídos em
duas turmas de Artes, dentre as quais destacamos: uma turma do 9º ano do Ensino
Fundamental e uma turma do 1º ano do Ensino Médio, que compõe a Parte
Diversificada (PD) do currículo e que se constitui objeto do presente relato.
O Colégio de Aplicação possui turmas a partir do início dos anos finais do
Ensino Fundamental até o 3º ano do Ensino Médio, sendo o corpo docente formado
por professores(as) concursados da UFPE com dedicação exclusiva. O corpo
estudantil também se forma a partir de um concurso anual, quando entram 60
estudantes para cursar a partir do 6º ano.
O CAp-UFPE possui uma estrutura física que contempla todas as áreas de
ensino, possui laboratórios de química e física, quadra poliesportiva, salas para
grêmio estudantil, salas ambiente de matemática, música, língua francesa, espanhol
e inglês, além das salas dos serviços – Serviço de Orientação ao Estagiário
(SOAE), Serviço Disciplinar, Serviço de Orientação e Experimentação Pedagógica
(SOEP) e Serviço de Orientação ao Estudante (SOE) –, Pátio Coberto, além das
salas de aula convencionais e demais serviços. Dentre as salas ambientes,
destacamos que as aulas de Artes Visuais acontecem em uma sala específica para
a mesma, dispondo de livros e computadores para pesquisas, bancada com
torneiras e balcão, projetor e materiais diversos para produção prática como: tintas
aquarela, acrílicas, guache, pincéis, lápis de colorir e canetas de hidrocor além de
suportes diversos (papeis, madeiras, vidros, rolos de papelão).
Ao longo dos anos finais do Ensino Fundamental, os(as) estudantes entram
em contato com três linguagens da arte – Música, Artes Visuais e Teatro – assim,
partindo do pressuposto que os(as) mesmos(as) conhecem os campos da arte
mencionados, no 1º ano do Ensino Médio eles(as) podem escolher a linguagem que
desejam cursar, ou seja, fazem a opção por cursar durante um ano, Artes Visuais,
Música ou Teatro em forma de PD. A partir do exposto, podemos afirmar que a
dinâmica e organização do currículo do CAp, atende as orientações legais que
dizem que, no Ensino Médio os(as) estudantes devem ter contato com o campo da
arte. Desse modo, encontra-se em sintonia com o que propõe a LDB 9.394/96, que
nos diz:
Art. 36. O currículo do ensino médio observará o disposto na Seção I
deste Capítulo e as seguintes diretrizes:
I - destacará a educação tecnológica básica, a compreensão do
significado da ciência, das letras e das artes; o processo histórico de
transformação da sociedade e da cultura; a língua portuguesa como
instrumento de comunicação, acesso ao conhecimento e exercício
da cidadania (BRASIL, 1996).
É importante destacar que, no CAp, professores(as) de qualquer disciplina
podem propor uma disciplina como parte diversificada do currículo (PD) onde o
tema, assunto e metodologia abordados estão inteiramente a critério do(a) docente,
buscando, em grande medida, ir além dos conteúdos trabalhados nos livros
didáticos, romper com a ideia de programas herméticos e ainda, trabalhar
elementos, aspectos ou temáticas emergentes que circundam tanto o foco de
pesquisa do(a) docente quanto a curiosidade e desejos dos(as) estudantes. Mais
especificamente, podemos citar que, dentre as PDs oferecidas para o ano letivo
2014, encontramos algumas que chamam nossa atenção, a saber: Design de
Jogos, Política e Eleições, África, Construções Geométricas, Os Índios da História,
Meio Ambiente, Geometria Gráfica, História das Ciências.
A partir do exposto acima, podemos afirmar que o CAp-UFPE está atento
para as orientações da LDB 9.394/96 quando em seu Artigo 26-A, com a redação
dada pela Lei 11.645 de 2008, afirma que “nos estabelecimentos de ensino
fundamental e de ensino médio, públicos e privados, torna-se obrigatório o estudo
da história e cultura afro-brasileira e indígena” (BRASIL, 2008).
No caso das PDs do campo da arte, é importante destacar inicialmente que,
na primeira semana de aula, os(a) professores(as) de Música, Teatro e Artes
Visuais – norteadora do presente relato –, apresentam para os(as) estudantes às
propostas de estudo que serão norteadoras das referidas PDs, em seguida, as
turmas são formadas a partir das escolhas dos(as) mesmos(as) que, de um modo
geral, buscam pela identificação com a PD escolhida, fato este também percebido
na escolha das turmas pela pibidiana que participa do presente relato, tendo em
vista que a mesma já havia trabalhado o tema em pauta na pesquisa de título “A
inclusão da mulher e sua arte na Arte/Educação para uma sociedade mais
igualitária”, realizada no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica
(PIBIC), sob orientação da Professora Dra. Maria das Vitorias Negreiros do Amaral,
quando discutimos o processo de inclusão da mulher no meio da educacão artística
de sua época a partir dos anos 60 em Pernambuco (MOURA; AMARAL, 2014).
Um olhar para a temática norteadora da experiência
A PD de Artes Visuais deste ano tem como tema “Mulheres na História da
Arte”. Essa proposta surgiu a partir de dois caminhos que convergiram: a análise
dos programas da disciplina de Artes do Ensino Fundamental que, não contempla o
estudo dessa temática e, geralmente, as mulheres artistas estudadas ocupam um
espaço menor nos estudos realizados, além da percepção do silenciamento deste
enfoque em grande parte dos livros de História da Arte tomados como referência
nos estudos desse campo.
Ao olharmos para o Programa da PD Artes Visuais, socializado com a equipe
de estudantes do PIBID no início do ano letivo, podemos perceber como o estudo
da temática é desmembrado ao longo do ano, conforme ressaltamos a partir do
fragmento abaixo:
Outras histórias da arte: um olhar para temas silenciados/negados
na história da arte de diferentes períodos;
Artistas mulheres: uma visão do global para o local;
Exploração de técnicas e materiais da arte;
Estudo de alguns elementos/aspectos presentes em obras de
mulheres artistas da cidade do Recife e Olinda;
O estudo do grafite;
Homens e mulheres grafiteiras na cidade do Recife (PROGRAMA
DA PD ARTES VISUAIS, 2014, p. 1).
De acordo com ARRUDA (2011), historiadoras e escritoras como, Linda
Nochlin e Griselda Pollock questionam em seus trabalhos a inexistência de
mulheres na história da sociedade, inclusive no campo da arte. Percebe-se que a
relação de inferioridade feminina perante os homens existe desde o começo da
história da humanidade, logo, está presente também na construção da história
escrita e estudada, explicando talvez a não popularidade das grandes artistas
mulheres em séculos e décadas passadas.
A partir do exposto, podemos inferir que a PD Artes Visuais vem buscando
trabalhar na contramão do silenciamento apontado pelas pesquisadoras
supracitadas.
Dos desdobramentos: da fundamentação teórica norteadora dos
planejamentos à prática
Uma vez definida a temática de estudo da PD Artes Visuais e delineado o
programa anual para a disciplina, o presente relato passa a contemplar os
desdobramentos, ou seja, nosso modo de compreender como as ideias presentes
no programa da disciplina se materializam nos Planos de Aulas e,
consequentemente, nas práticas, formando, a tríade de diálogos que se estabelece
entre documentos/teoria e prática.
Ao leitor deste artigo é importante sublinhar que as ações da Abordagem
Triangular constituem-se eixos basilares para nortear os estudos e práticas
vivenciais na PD Artes Visuais. Desse modo, afirmamos que o relato será norteado
pela tríade, leitura de imagens, contextualização e produção, sem a pretensão de
estabelecermos qualquer hierarquia ou ditar modelos, apenas deixando indicativos
da presença destas nas práticas construídas com os(as) estudantes e relatadas
neste artigo. Sobre a Abordagem Triangular, podemos afirmar que:
Não indica um procedimento dominate ou hierárquico na
combinação das várias ações e seus conteúdos. Ao contrário,
aponta para o conceito de pertinência na escolha de determinada
ação e seus conteúdos enfatizando, sempre, a coerências entre os
objetivos e os métodos (RIZZI, 2008, p. 338).
Num primeiro momento, para introduzir o tema, foi levado para a sala de aula,
um vídeo disponibilizado no Youtube que consiste na palestra da escritora nigeriana
Chimamanda Adichie, intitulado “O perigo da história única”. Neste vídeo, Adichie
discorre sobre os perigos da imposição de um único olhar sobre o mundo trazendo
sua história de vida como referência. Em sua fala, nos mostra que em nossas
pequenas relações do cotidiano impomos padrões para cada grupo da sociedade e
dessa forma limitamos cada ser individualmente e ainda corremos o risco de
estigmatizar e de criar guetos.
Após a exibição do vídeo, a turma foi dividida em grupos para que
discutissem sobre as impressões e registrassem as percepções ressaltadas.
Também foi indicada a leitura do artigo “Mulheres ainda são minoria na arte?”,
extraído da Revista Bravo, nº 189, de maio de 2013.
O artigo supracitado discute a persistência de uma separação de artistas pelo
gênero e também traz diversas referências históricas, a exemplo do impressionismo,
considerado pela matéria como sendo o primeiro movimento artístico com
integrantes mulheres e ainda assim, existem evidências de que a produção das
artistas mulheres presentes no referido movimento não eram vistas com bons olhos
pela sociedade da época, pois caberia à mulher cuidar do lar e participar de
atividades e espaços que destinados ao entretenimento do homem. Também
aborda um fato contemporâneo, a mostra dedicada exclusivamente ao gênero
feminino, “Elles: Mulheres Artistas na Coleção do Centro Georges Pompidou”,
provando que ainda é gritante a falta de reconhecimento de mulheres artistas de
gerações anteriores e, atualmente, ainda que sejam percebidas mudanças, isso
ainda se constitui uma realidade.
A partir destas referências, algumas questões foram apresentadas para os
debates nos pequenos grupos, a saber:
• Que história da arte conhecemos?
• Quais artistas conhecemos?
• Será que lembramos de alguma obra produzida por alguma mulher
artista?
De imediato é possível afirmar a receptividade da turma com o vídeo foi
bastante positiva. Quanto ao debate nos pequenos grupos, destacamos em tópicos
algumas reflexões geradas:
Grupo I:
• Na escola estudaram mais artistas homens;
• Mulheres são subjugadas;
• Artistas que conhecem: Anita Malfatti, uma exposição “A Insustentável
Leveza” a qual visitaram no ano anterior, porém não recordaram o
nome da artista, mas trata-se da artista brasileira Giovana Dantas.
Grupo II:
• Afirmaram que artistas mulheres começaram a ser conhecidas agora;
• Citaram diversas artistas entre as quais algumas não lembravam o
nome, mas que a partir das descrições que destacaram é possível
afirmar que tratava-se de Ana das Carrancas e Marianne Peretti.
Grupo III:
• Afirmaram que artistas mulheres não são muito conhecidas; Artistas
que conhecem: Tarsila do Amaral.
• Grupo IV:
• Afirmaram que artistas mulheres não recebem o mesmo destaque que
os homens;
• Citaram diversas artistas. Como; Frida Kahlo, Tarsila do Amaral e
Marianne Peretti, esta última não lembraram o nome, mas lembraram
de que tinham visitado uma exposição da mesma no ano anterior. A
seguir, alguns registros desses momentos de leituras e debates:
Imagens 01 e 02 – Leituras e debates em pequenos grupos
Fotografias de Fabiana Souto Lima Vidal
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
Ao analisarmos a experiência relatada fomos levadas a compreender que, em um
primeiro momento, mesmo a turma tendo se envolvido com o tema e de terem
participado ativamente do debate, foi perceptível a influência do vídeo em suas
argumentações, o que nos fez pensar se não deveríamos ter passado o vídeo após
a discussão, pois assim, colheríamos primeiramente as ideias iniciais dos(as)
estudantes, no sentido de não influenciar suas reflexões para o debate central
tratado no vídeo, as armadilhas das narrativas únicas que ditam verdades.
Este momento de análise sobre a experiência dentro de sala de aula ocorre
primeiramente ao final de todas as aulas e é posteriormente realizado de forma
aprofundada dentro das reuniões semanais do PIBID com a presença de todos
os(as) pibidianos(as), a professora supervisora e a coordenadora do projeto. Dessa
forma os os graduandos participam dentro do seu processo de formação do que é
chamado por Paulo Freire (1996) de Reflexão Critica sobre a Prática. Em seu livro
Pedagogia da Autonomia, Freire (1996) ressalta a importância do(a) docente –
compreendido por nós como sendo tanto a professora supervisora quanto a
pibidiana do presente relato, docente em formação –, em seu processo contínuo de
aprendizagem, participar não apenas do processo de pensar a aula mais, também,
refletir sobre as práticas vividas dentro da sala de aula para então melhorarem e
desenvolverem suas práticas.
Na aula subsequente foi lançada a seguinte proposta de pesquisa aos(as)
estudantes: procurar em diferentes livros, catálogos de exposições, materiais de
apoio que integram a biblioteca da sala, elementos que tragam indicativos da
presença da mulher na arte. Para tanto, algumas questões destacadas no Plano de
Aula compartilhado pela professora foram orientadoras desse olhar investigativo e
destacadas, a saber:
 Quais são os temas recorrentes na história da arte?
 Como a mulher é representada na arte?
 Quais as artistas mulheres vistas nos materiais distribuídos?
 Em quais movimentos se inserem?
 Quais os temas escolhidos?
 Que tipo de produção estas artistas realizam? (PLANO DE
AULA, 2014, p. 2).
A partir destas questões, em pequenos grupos, os(as) estudantes foram
instigados a discutir e fazer anotações sobre os achados da pesquisa, e,
posteriormente, os achados ou silenciamentos foram discutidos no grande grupo,
proporcionando uma ampliação do olhar dos(as) estudantes para o tema em pauta.
Ao dar continuidade no estudo da temática, mais um texto foi apresentado
para a discussão coletiva, trata-se do artigo “Uma artista mulher em Pernambuco”,
de autoria de Madalena Zacara, que direciona nosso olhar acerca dessa temática
para o contexto local. Desse modo, as reflexões geradas começaram a transitar
entre o global e o local.
Paralelamente, começamos a realizar um levantamento em diferentes fontes
acerca de mulheres artistas de diversos momentos da história da arte. No referido
levantamento, conseguimos um total de 70 mulheres artistas de diferentes épocas,
lugares, estilos. Então, de posse desses nomes, foram sorteadas três artistas para
cada estudante e cada um(a) ficou responsável por trazer as seguintes informações
de cada artista: nome, lugar onde nasceu/viveu, data de nascimento/falecimento.
Os encontros subsequentes foram destinados a realização da montagem de
uma linha do tempo referente as mulheres artistas pesquisadas pela turma. Vale
destacar que, a linha do tempo foi pensada pelo grupo a partir de um momento de
discussão, quando ficou definida como seria a versão inicial dessa produção e,
posteriormente, como será a versão final, após receber os detalhes sugeridos.
Sendo assim, para a versão inicial ficou combinado apenas a utilização de papel e
canetas de hidrocor colorido e, para a versão final foi discutida a possibilidade de
inserir linhas, fitas coloridas e pequenos envelopes coloridos contendo um resumo
da biografia de cada artista contemplada e imagens de algumas de suas produções.
Vale salientar que a versão final da linha do tempo será elaborada apenas no final
da vivência com a temática, de modo que os(as) estudantes tenham mais elementos
para enriquecer essa produção.
A etapa de montagem da primeira versão desta produção consistiu na busca
dos (as) estudantes pelo espaço de suas artistas na linha do tempo transformando o
processo de montagem em um grande jogo, onde os(as) estudantes tinham que
encontrar entre eles(as) a ordem cronológica de nascimento na linha do tempo,
Sendo assim, ao final dessa produção prática, nossa linha do tempo ficou composta
por 70 mulheres artistas, do século XVI até os dias atuais. As imagens abaixo
ilustram esse momento de construção da linha do tempo:
Imagens 03 e 04 – Produção da linha do tempo
Fotografias de Fabiana Souto Lima Vidal
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
O trabalho desenvolvido nos encontros subsequentes tomou como ponto de
partida uma pesquisa mais aprofundada. Assim, ainda tomando os nomes presentes
na pesquisa inicial, cada estudante escolheu uma artista para apresentar para o
restante da turma por meio de seminário. Para tanto, foram dadas algumas
orientações: importância de pesquisar imagens das três artistas e fazer a escolha
pela identificação com o trabalho, apresentar várias imagens de produções da
artista pesquisada de modo a ampliar o referencial da turma, destacar alguns
aspectos relacionados à artista escolhida e que influenciam e/ou esclarecem a
compreensão do trabalho da mesma, e ao final do seminário, todos(as) deveriam
explicar porque escolheram a artista apresentada.
Os seminários se estenderam por quatro semanas e geraram grandes
debates e curiosidades no grupo. Quanto aos motivos apresentados para as
escolhas pelas artistas, destacamos:
• Identificação com a temática trabalhada pela artista;
• Admiração pela técnica explorada pela artista; Surpresa com o estilo
do trabalho da artista;
• Admiração pela história de vida da artista.
Abaixo, alguns registros desse momento:
Imagem 05 – Apresentação do seminário sobre Djanira da Mota e Silva
Fotografia de Silvia Tereza Moura Silva
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
Imagem 06 – Apresentação do seminário sobre Gerogia O’Keeffe
Fotografia de Fabiana Souto Lima Vidal
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
Após as apresentações, fomos instigados(as) a produzir um material de
retrospectiva das artistas que circularam durante os seminários. Desse modo, a
estudante bolsista do presente relato, juntamente com outro pibidiano, coordenou os
debates e instigou os(as) estudantes a pensarem sobre o que poderia ser aprendido
com cada artista estudada.
Ao final, os(as) estudantes foram provocados(as) a escolherem, por meio de
votação, quatro artistas para serem trabalhadas durante a próxima etapa. Assim,
destacamos as artistas escolhidas: Marianne Peretti, Marilá Dardot, Frida Kahlo,
Ana Elisa Egreja. Em nossos planejamentos, essa nova etapa consistirá na
elaboração de um trabalho mais intenso de pesquisa e de produção tendo como
referência as quatro artistas escolhidas, trabalhadas em pequenos grupos.
Ainda como elemento para fechar as apresentações dos seminários, foi
pedido para os(as) estudantes elaborarem uma produção prática – realizar uma
síntese visual do que foi aprendido com os seminários – desse modo, teriam que
contemplar com desenhos elementos, traços, estilos, detalhes, temáticas
exploradas pelas artistas que transitaram e estudaram nos seminários, construindo
com desenho as reflexões vivenciadas, agora representadas imageticamente.
Nos valemos das reflexões trazidas pelo artigo “Releitura, citação,
apropriação ou o quê?”, de autoria de Ana Amália Barbosa, para entender que a
proposta de produção artística realizada aproxima-se da ideia de citação e
apropriação trazida por este autora, quanto tomamos imagens e temáticas como
referências para a elaboração de uma produção. Desse modo, distancia-se da ideia
de releitura comumente utilizada pela má interpretação desse conceito. Sobre isso,
o fragmento abaixo esclarece:
Aproprio-me de imagens da História da Arte e incluo-as em minha
obra, ou seja, tiro a imagem de seu local de origem e a utilizo para
construir outra imagem. Também cito muito em meu trabalho, cito
artistas de que gosto, cito situações e movimentos da História da
Arte. Qual é a diferença? Quando cito, não existe referência direta.
Posso utilizar o modo de trabalhar, da cor mais comum do artista ou
da obra que estou citando. No entanto, quando me aproprio da
imagem, ela está contida em meu trabalho, inteira ou desconstruída,
mas está presente. (BARBOSA, 2005, p. 145).
Cabe aqui atentar que, como prática do CAp-UFPE, antes da produção dos
trabalhos artísticos os(as) estudantes são estimulados a realizar a construção de um
esboço para, só então, ser realizado o trabalho final. Essa se constitui uma prática
tão comum no cotidiano da escola que, no momento que foi proposto a atividade,
os(as) estudantes tomaram a iniciativa de pegar o papel destinado ao esboço
independentemente de qualquer ordem da professora ou dos(as) estagiários
pibidianos(as). A seguir alguns registros desse processo:
Imagem 07 – Esboços elaborados
Fotografia de Fabiana Souto Lima Vidal
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
Imagens 08 e 09 – Esboços e produção definitiva sendo elaborada
Fotografias de Fabiana Souto Lima Vidal
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
A produção em esboço e a ampliação para o papel definitivo durou algumas
aulas e, no momento desta escrita, os(as) estudantes começaram a realizar a
pintura, momento oportuno para repensar o que foi elaborado no esboço, para
refazer e reconstruir aspectos que não estavam bem resolvidos, para pensar os
materiais a serem explorados e disponíveis na sala, dentre os quais podemos citar:
canetas de hidrocor, canetas de nanquim, lápis de colorir, tinta aquarela e giz pastel.
Abaixo, alguns registros desse momento:
Imagens 10 e 11 – Início da pintura com lápis de colorir
Fotografias de Fabiana Souto Lima Vidal
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
Imagens 13 e 14 – Início de pintura com canetas de hidrocor
Fotografias de Fabiana Souto Lima Vidal
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
Algumas produções começaram a ser finalizadas, nessas sínteses visuais
podemos ver claramente algumas referências estudadas: Georgia O’Keefe, Gunta
Stölzl, Ana Carolina Egreja, Ana das Carrancas, Guita Charifker, Marianne Peretti,
Regina Silveira, Valie Export e Frida Kahlo. Vejamos a seguir algumas destas
produções:
Imagem 15 – Produção finalizada da estudante Mikhaela Araújo
Fotografia de Fabiana Souto Lima Vidal
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
Imagem 16 – Produção finalizada da estudante Bianca Xavier
Fotografia de Fabiana Souto Lima Vidal
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
Imagem 17 – Produção finalizada da estudante Isadora Melo
Fotografia de Fabiana Souto Lima Vidal
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
Imagem 18 – Produção finalizada da estudante Laiz Alves
Fotografia de Fabiana Souto Lima Vidal
Fonte: Portfólio de registros fotográficos PIBID
Considerações finais
Ao término deste relato, é preciso deixar claro que o mesmo foi elaborado
durante o processo, logo, o ciclo de estudos desta temática ainda encontra-se em
desenvolvimento e se estenderá por mais algum tempo dentro do planejamento
anual.
Descobertas acerca do tema e das artistas acontecem a cada encontro,
diversas vezes provocadas pelas pesquisas e provocações dos(as) estudantes. Do
ponto de vista da pibidiana, participante desta experiência relatada, todo o processo
vem proporcionando um encontro com o que vem sendo estudado na formação
inicial, deixando-se perceber as aproximações com as leituras realizadas no próprio
curso e agregando outras leituras, sugeridas pela própria dinâmica de estudo do
PIBID. Também, é preciso afirmar que a experiência vem permitindo desenvolver e
refletir sobre nossas próprias ideias acerca da prática docente relacionada ao
campo da Arte/Educação, além de já nos deixar pistas da importância da inclusão
do estudo desta temática na Educação Básica, ao possibilitar outras narrativas,
outros olhares para uma temática silenciada na história da arte.
Referências:
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e Griselda Pollock. São Paulo: Unicamp, 2011.
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Arte/Educação contemporânea: Consonâncias Internacionais. São Paulo: Cortez, 2005, p.
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<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/l9394.htm>. Acesso em: 13 Out. 2008.
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Silvia Tereza Moura Silva. Graduanda em Licenciatura em Artes Visuais (UFPE). Bolsista
CAPES pelo PIBID. http://lattes.cnpq.br/2043469272289695.
Fabiana Souto Lima Vidal. Professora do Colégio de Aplicação (UFPE). Doutoranda em
Educação (UFPE); Mestre em Educação (2011); Licenciatura em Educação Artística/Artes
Plásticas (2005). Pesquisa Arte/Educação e Formação de Professoras(es), com ênfase no
Ensino das Artes Visuais. Membro da diretoria da Federação de Arte-Educadores do Brasil
(2013-2014). Pesquisadora nos grupos: Grupo de Pesquisa em Formação de Professores,
Arte e Inclusão (GEFAI - UFPE) e Grupo Arte na Pedagogia (GPAP - Universidade
Mackenzie - SP). http://lattes.cnpq.br/9258272116465693.

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