SÉRIE CEPPAC 019 Comunicação, Ambiente e Novos Atores Sociais
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SÉRIE CEPPAC 019 Comunicação, Ambiente e Novos Atores Sociais
SÉRIE CEPPAC ISSN Formato Eletrônico 19822693 019 Comunicação, Ambiente e Novos Atores Sociais: A Pan-Amazônia na Imprensa Diária Européia. Carlos Potiara Castro Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas Brasília 2008 1 Reitor da UnB: José Geraldo de Sousa Júnior Diretor do ICS: Gustavo Lins Ribeiro Diretor do CEPPAC: Lucio Remuzat Rennó Jr. Editor da Série Ceppac: Cristhian T. da Silva A Série Ceppac é editada pelo Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas (CEPPAC) desde 2006. Visa a divulgação de artigos, ensaios e dados de pesquisa nas Ciências Sociais na qualidade de textos de trabalho que estejam em diálogo ou sejam resultado das linhas de pesquisa do CEPPAC. A Série Ceppac incentiva e autoriza sua republicação. ISSN formato eletrônico 19822693 Série Ceppac, n. 019, Brasília: CEPPAC/UnB, 2008. Série Ceppac is edited by the Graduate Center for the Comparative Research on the Americas (CEPPAC) since 2006. Its purpose is to disseminate articles, essays and research data as working papers connected to the lines of investigation of CEPPAC. Série Ceppac encourages and authorizes its republication. ISSN electronic format 19822693 Série Ceppac, n. 019, Brasília: CEPPAC/UnB, 2008. 2 Comunicação, Ambiente e Novos Atores Sociais: A Pan-Amazônia na Imprensa Diária Européia Carlos Potiara Castro1 Resumo Essa proposta de trabalho versa sobre a transformação, observada ao longo de duas décadas, do discurso jornalístico sobre a Pan-Amazônia em órgãos de imprensa europeus. Essa transformação se reporta às mudanças concomitantes na própria sociedade européia que vai dar um significado político à maior floresta tropical do planeta ao mesmo tempo em que há um recrudescimento do interesse da opinião pública pelos grupos ecólogos e ambientalistas, assim como pelos partidos verdes, que vão conhecer um momentâneo sucesso eleitoral em eleições municipais. A imprensa escrita, espaço público mediatizado por excelência nas sociedades de capitalismo avançado, vai acompanhar os movimentos da opinião pública, influenciando nas agendas políticas nacionais. Os partidos políticos tradicionais vão internalizar o discurso ambientalista, fazendo uma concessão a uma miríade de grupos ativistas de esquerda, cujos resultados políticos resultariam na elaboração e execução de medidas para a área ambiental a nível internacional. Os efeitos dessas medidas seriam sentidos na própria política interna de vários países nos anos seguintes. 1. Apresentação O processo através do qual se vai ter uma real dimensão de finitude dos recursos naturais de nosso planeta vai levar a um debate sobre a relação que o ser humano estabeleceu desde sempre com a natureza em suas atividades econômicas e sociais. A dominação da natureza era visto como uma dádiva divina, um tipo de relação que estava na própria essência das coisas. Dominação essa que se expandiu aos mais remotos espaços geográficos do planeta. Essa “descoberta” da finitude dos recursos naturais vai ter, sobretudo a partir da segunda metade do século XX, várias etapas, havendo uma modificação de seu próprio conteúdo, passando de uma preocupação mais tópica, com a possibilidade de acidentes ecológicos localizados, a uma noção muito real de problemas ambientais globais, que afetam a todos, sem distinção de classe ou de área geográfica. Exemplo de problema ambiental é o das mudanças climáticas, que vai trazer consigo sua resposta conceitual, o de desenvolvimento sustentável (GUIMARÃES, 2003). O nosso estudo se volta para esse processo de modificação da percepção do próprio ambiente, por um lado, e da ação antrópica e suas conseqüências por outro. É um estudo que se quer de certa maneira confundir com a própria historia da opinião pública e dos movimentos sociais, que vão dar uma conotação política, mas também científica, ao próprio debate sobre esse tema. Para tal escolhemos como eixo discursivo a questão das florestas tropicais úmidas, de um modo geral e mais especificamente, da floresta amazônica, enquanto valor simbólico no discurso ambientalista. Nossa preocupação não é portanto com aspectos físico-naturais da floresta e sua função enquanto reserva de biodiversidade para as futuras gerações e de estabilização do clima 1 Professor e Bolsista PRODOC/CAPES no Centro de Pesquisa e Pós-Graduação sobre as Américas (CEPPAC), UnB. 3 do planeta. Duas observações devem ser feitas aqui no que tange escolhas feitas, deve-se admitir com certa dose de intuição sobre a relevância de certos aspectos que ainda não são dados definitivos. O debate em torno da questão ambiental tal como se deu nas últimas três décadas está intimamente ligado aos avanços científicos que permitiram que se tivesse uma visão de conjunto do planeta. As informações dando conta de forma conclusiva ou não da situação alarmante em que se encontra o ambiente vão pouco a pouco chegar junto ao público em geral. Mas será sobretudo o público dos países europeus e da América do Norte que se sentirão num primeiro momento o mais concernido com esse estado de coisas. Serão esses membros das classes médias urbanas dos países mais industrializados que tomarão as primeiras atitudes para proteger o ambiente da ação predatória do próprio ser humano. E, como veremos, as ações de política interna, através das legislações nacionais e sobretudo as ações ao nível internacional, através das agências multilaterais e de organizações não-governamentais irá influenciar de forma fundamental todo o debate em torno da Amazônia e de outras florestas tropicais úmidas. Influência tal que definirá termos e conceitos dominantes, posicionamentos diante de novos fatos, eixos de novas pesquisas, os itens relevantes, enfim, da agenda ambiental mundial. A influência dos países do norte em todas as etapas da evolução do debate internacional sobre o ambiente será marcante. A inclusão da participação das populações locais dos países do sul no debate é bastante recente. Pois, “a dificuldade reside no fato que a realidade local faz toda a diferença. Um discurso globalizante fabricado nos países do norte que deseja aplicar em todos os lugares as mesmas receitas herdadas das lições de silvicultura ensinada na Europa nos anos 1950, ou pior, elaborado por economistas e ecólogos que nunca passaram mais que dois dias na floresta. Esse discurso não tem nenhuma chance de ser frutífero fora dos circuitos internacionais onde ele se autoalimenta” (SMOUTS, 2001). Restituir a dinâmica dos debates que aconteceram no exterior, nos países do norte, põe certamente uma série de dificuldades. Mas a sua compreensão pode constituir uma contribuição legítima no debate sobre as políticas públicas na América Latina para a proteção do ambiente. Pois, foi a partir dessas dinâmicas entre atores estatais e sociedade civil do Norte que surgiram ações concretas nos países do Sul. A começar pelo transplante legislativo, com a adoção de textos de leis retirados diretamente do aparato legal de outros países, principalmente os Estados-Unidos. Mas também pela política multilateral de investimentos e pela ação de Ongs que já trazem, dependendo da época, algumas de idéias prontas. Como no modelo da caixa preta na sistêmica (cibernética), não existe maneira de trazer de volta à tona o que se passou a não ser indagando a própria caixa. E podemos fazer isso buscando compreender o sentido dos discursos das Ongs e das instituições oficiais, buscando analisar as conseqüências em termos práticos no real. Aqui também fazemos a nossa aposta naquilo que foi publicado na grande imprensa. É preciso mitigar o valor desses artigos visto que eles não refletem sempre os fatos, mas também, e cada vez mais, estratégias comerciais empresariais. Ao mesmo tempo levaremos em conta nestas páginas preferencialmente a dinâmica européia no que diz respeito ao ambiente. E como precisaremos fazer escolhas, trabalharemos especialmente com a questão amazônica, em período entre o final dos anos 1970 e início dos 1990, sem contudo 4 deixar de ligar o que se passou nesse tempo com os fatos que ocorreram antes e depois. 2. Introdução A Amazônia passou a ser, há alguns anos, um símbolo político, portador de um significado específico. De uma região geográfica que possui a sua importância enquanto floresta tropical tornou-se um dos temas mais importantes na agenda política mundial. Esse processo de mudança é perceptível ao longo do tempo, mas não se trata de um tipo de temática que entra por si só nas esferas de discussões e na cena política. Podíamos antecipar inclusive que é o contrário disso. Essa transformação simbólica se dá de uma forma concomitante com a ação militante e a pressão da opinião pública, que vai passar a demonstrar uma série de preocupações com o futuro do planeta. O mundo político teve de incluir os últimos espaços verdes das florestas tropicais úmidas de países do sul em seus horizontes. O nascimento de partidos políticos verdes em vários países europeus e na América Latina é sintomático dessa mudança de rumos. Críticos da concepção mesma de política praticada pelos partidos tradicionais, eles tomam uma parte do espaço deixado pelos movimentos esquerdistas ao final dos anos 1960. Pode-se tentar retraçar a partir daquilo que foi publicado na imprensa o surgimento da Amazônia, enquanto símbolo, na Europa. Essas informações constituem uma importante base de documentação que pode ajudar na compreensão da evolução das mentalidades. Foi sem dúvida graças às lutas realizadas conjuntamente pelos cidadãos diretamente tocados pelos projetos econômicos nos países em questão e pelos grupos militantes nos países mais desenvolvidos, que são as fontes de financiamentos, que houve alguns avanços na relação entre capital e ecologia. O interesse do público da Europa do Oeste pela Amazônia nasce ao mesmo tempo em que há uma tomada de consciência pelos cidadãos dos perigos que pode acarretar os desequilíbrios ecológicos. O destino da maior floresta tropical do mundo se transformou, com esse processo de elaboração, símbolo de uma das principais preocupações ecológicas do mundo. A Amazônia entra por assim dizer na agenda política mundial com a emergência de uma certa idéia de proteção ao meio ambiente, do mesmo modo e quase concomitantemente com a ascensão eleitoral de uma nova força política, a dos partidos que representam as reivindicações ambientalistas. Essa tomada de consciência aparece em intervalos a partir dos anos cinqüenta e sessenta. E se origina a partir de diversos fatos, desde os problemas das grandes indústrias poluidoras nos Estados-Unidos nas décadas que seguem imediatamente o pós-guerra, passando pelos problemas colocados pela bipolaridade do mundo, onde começaria a aparecer de forma bastante palpável no imaginário ocidental uma guerra sem vencedores. É quando os problemas ambientais mais próximos vão se tornar mais palpáveis e visíveis para uma parte crescente da população. Dentre esses problemas observados a partir do período do pós-guerra podemos citar os perigos vistos na indústria nuclear civil, o crescimento das grandes cidades do mundo e, em conseqüência disso o aumento da poluição – em conseqüência principalmente da queima de combustível fóssil – esses problemas são seguidos pelo choque petroleiro de 1973 que 5 exigiu de vários setores produtivos um maior esforço no sentido de se estabelecer uma maior racionalidade no consumo de energia e de bens que eram anteriormente usados de forma descontrolada. O ecológico passa a ser também o fruto de um mundo que reivindica para si uma outra forma de produção de bens e uma reforma no sistema capitalista de forma a torná-lo menos destruidor dos bens comuns. Mas o fato individual mais importante talvez tenha sido a confirmação pelos cientistas já nos anos 1980 do processo de aquecimento global causado pelos gases liberados pela combustão de derivados de petróleo que provocam o efeito estufa. Em oposição ao processo de aquecimento provocado pelos gazes de efeito estufa, as florestas tropicais úmidas, que ainda significam para o mundo urbano e ocidental lugares protegidos, ainda não tocados pelas mãos desastradas dos seres humanos. As florestas são os espaços onde a esperança por um mundo mais justo vai morar. E a floresta amazônica estará em primeiro lugar por suas dimensões A Amazônia constitui então "uma figura emblemática da ligação entre uma crise ecológica e a crise do desenvolvimento. A Amazônia pode ser vista como um mito mobilizador" (LIPIETZ, 1990). O rápido crescimento dos movimentos ambientalistas demonstra que a problemática do impacto da ação do homem sobre o ambiente ficou presente na memória das pessoas, desde o início dos anos 1970. No entanto, o número de questões levantadas, junto com a definição de uma "agenda ambientalista", foi bastante diverso, da mesma forma que as interpretações e possíveis soluções aos problemas levantados. O discurso polivalente de "desenvolvimento sustentável" abriu espaço para movimentos relativamente radicais colaborarem com a definição de pautas para as políticas públicas. Ao mesmo tempo, outros movimentos radicais continuaram à margem, ocupando seu espaço, e por vezes recebendo cobertura positiva por parte da mídia sobre seus atos. 3. Imprensa e novos movimentos ambientalistas Para podermos trabalhar sobre essa temática com arquivos de material jornalístico devemos partir do pressuposto de que a imprensa representa o pensamento de uma determinada classe social, uma certa elite, ou pelo menos de um feixe de forças presentes na sociedade. O jornalista se posiciona, nessa ótica, como um observador de seu tempo que adota esse ponto de vista dominante. Encontramos vários tipos de imprensa nos países estudados. De um modo geral, há jornais que se declaram de direita ou de esquerda, que vão deslocar o seu posicionamento favoravelmente ao ponto de vista de determinado ator ou classe social, seja ele representante dos interesses do capital, no primeiro caso, ou representante dos interesses do trabalho no segundo. Teremos um terceiro tipo de posicionamento diante dos fatos que, na falta de outro termo melhor, é chamado pelos estudiosos da área de “neutro”. Está claro, no entanto, que toda produção jornalística terá uma tendência de opinião em maior ou menor grau. Ao contrário do que se poderia pensar, de acordo com pesquisas realizadas a imprensa dita neutra adota um ponto de vista próximo àquele assumido pelo aparato estatal (GUMG, 1993). Trata-se, portanto, de uma imprensa que, fazendo parte do establishment, vai se comportar como uma instituição necessária ao funcionamento do estado. Esse posicionamento pretende dar representação, através da apresentação dos 6 diversos discursos sobre o real, ao ponto de vista dos representantes das forças que estão presentes no estado burguês contemporâneo. Como tal, esses diários, cujo Le Monde talvez seja o melhor exemplo, aceita dar vazão a uma certa diversidade de discursos. Diversidade, no entanto, que se encontra dentro do estado e dentro da república. Quando falamos, portanto, de neutralidade, estamos descrevendo o funcionamento de uma mídia que adota claramente os pontos de vista e as crenças de uma larga classe média que reproduz os valores de uma cultura burguesa e que vai encontrar os seus limites de abertura à diversidade de discursos presentes na sociedade na própria participação ao contrato dominante que rege as relações de poder na sociedade. Ora, o discurso dos grupos esquerdistas e ambientalistas que produziram as informações que nos interessam neste trabalho não eram reconhecidos por esse establishment e sua imprensa a não ser como marginais aos processos capitalistas dominantes. Não havia elementos que fizessem esperar toda a abertura que eles conheceram posteriormente. Quando falamos que a imprensa representa em suas páginas o debate que se está dando na sociedade, estamos falando de um determinado tipo de confronto de idéias, com atores sociais bem definidos e desempenhando um certo tipo de papel. Quando estudamos a produção jornalística temos que ter a exata medida do grau de representatividade do discurso do órgão de imprensa. Deparamos-nos com a necessidade de conhecer pelo menos parcialmente as forças políticas presentes em determinado momento histórico e as formas específicas de embate de cada uma. Tratase de uma tarefa com certo grau de dificuldade mesmo para alguém que se dedica ao estudo da área. Fazer uma história do tempo contemporâneo requer ferramentas e experiências nem sempre disponíveis e por isso mesmo se faz necessária a leitura de fontes secundárias e terciárias. Os historiadores dos movimentos sociais nos ajudaram de forma definitiva durante o trabalho. A história da esquerda européia nos ajuda a situar a origem e a filiação política dos grupos ambientalistas. Se por um lado os movimentos ambientalistas vão nascer um pouco em todas as partes da Europa como forças autônomas, vamos ver um fenômeno político diverso com a organização e participação nas eleições dos partidos verdes. Fenômeno que vai ser observado em dimensão única na Alemanha. Esses novos partidos vão, no entanto, ser organizados em vários países. Fora da Alemanha o sucesso eleitoral desses partidos vai ser menor e excluindo certos períodos, seu peso nas coligações governantes vai ser menos determinante. 4. Quadro teórico 4.1. Espaço público mediatizado e princípio liberal da informação Será necessário voltar às origens da imprensa de grande público, no início do século XVII na Inglaterra para se fazer uma genealogia e poder ter uma idéia precisa da função desempenhada pelos jornais nas sociedades modernas e contemporâneas. Eles 7 começam a substituir nessa época os panfletos para se tornar órgãos com uma publicação regular, concomitante com as mudanças pelas quais passa a vida política, econômica e social da Europa. É quando a monarquia perde parte de seu poder em um movimento dialético de confronto de classes e que a vida pública começa a se concentrar nas atividades do parlamento que a imprensa se faz necessária sobretudo a uma parcela da sociedade que passa a gerar uma demanda por informações relativas ao funcionamento do estado de então. A publicidade da esfera pública torna possível a uma classe gozando das capacidades intelectuais de produção de críticas ao poder a criação de um debate em torno dos temas em discussão no parlamento. A agenda das discussões parlamentares entra então em círculos literários, clubes, no seio do grupo familiar, para ser submetido a um ponto de vista que reivindica a moralização da atividade política. Assim nascia a opinião pública, um novo elemento nas confrontações pelo poder que constituía antes de tudo uma arma das classes burguesas. Esse modelo se desenvolveu ainda mais quando o número de eleitores aumentou e quando a alternância dos partidos Tories e Whigs passa a se institucionalizar. Assim apareceram os grandes jornais dos séculos XVIII e XIX, que tinha por função informar a opinião pública burguesa. O princípio de publicidade é então o princípio de controle que o público burguês opõe ao poder para colocar um termo à falta de clareza dos atos do estado absolutista. Criador de uma verdadeira esfera pública, esse princípio circunscreve a partir do século XVIII, um novo espaço político onde se tenta efetuar uma mediação entre a sociedade e o estado, sob a forma de uma opinião pública que visa transformar a natureza da dominação. Se apoiando em um determinado conjunto institucional, que permite o desenvolvimento de discussões públicas que têm por objeto questões de interesse geral, o princípio de publicidade submete a autoridade política ao tribunal de uma crítica racional. Para Habermas, esse modelo liberal de funcionamento da esfera pública, além de repousar também na repressão de uma outra opinião pública, plebéia, se releva inadequado para dar conta do espaço político das democracias de massa, regidas por um estado social (Habermas, 1993). No seio desse estado, a esfera pública é caracterizada pelo desmembramento de suas funções de crítica. A publicidade hoje integra o tecido social, a opinião pública não sendo mais a força motriz desse esquema, mas a tentativa de construção de um consenso dividido por todos. Ele considera que é na sociedade e no estado criado pelos valores liberais que as condições institucionais da comunicação política chegou mais longe. Mas como ela entra em choque com a lógica de funcionamento da economia capitalista, ela foi pouco a pouco esvaziada de sua substância e desviada de seus objetivos em proveito de um estado dominado pela elite e potências econômicas em suas mais diversas formas. Habermas resume a sua tese nessas poucas palavras: "É de um lado no sistema político do estado constitucional burguês que se institucionalizou pela primeira vez de maneira eficaz a ficção da formação para a discussão de uma vontade capaz de pôr fim à dominação; por outro lado surge a impossibilidade de conciliar os imperativos do sistema econômico burguês com as 8 exigências próprias à formação de uma vontade democrática. O princípio de publicidade, que, baseado na existência de um público composto de indivíduos cultos, amadores de arte e capazes de razão, se impôs antes de tudo por meio da imprensa burguesa como uma função crítica indiscutível em face das práticas secretas do estado absoluto e que se protegiam atrás dos rituais dos órgãos constitucionais do estado, se encontra desviado de seu objetivo inicial e usado para fins de justificação de atos de manipulação" (Habermas, 1975). Certos pesquisadores se perguntam sobre a pertinência de se admitir a existência da opinião pública enquanto tal. Habermas aceita essa ficção e a reconhece como sendo constituinte do próprio princípio da estrutura do campo político no estado moderno e é para ele necessário examinar o seu porvir e a sua eficácia. Podemos questionar a existência ou não de uma opinião pública enquanto instituição representativa da vontade de um coletivo não homogêneo. Podemos lembrar que os humores da opinião pública, tal como são apresentados para a sociedade, nada mais são do que os resultados da aplicação, por especialistas da área, de métodos qualitativos e quantitativos das ciências sociais a um determinado objeto. É portanto legítima a discussão em torno da validade de tal conceito. No entanto não se pode negar a existência de uma opinião majoritária sobre determinados assuntos públicos, formada ou não por influência de elites econômicas, políticas e intelectuais. Não podemos apenas discutir se ela existe, mas também que ela pode ser influenciada e manipulada. O exemplo do trabalho de gestão da comunicação feito pelos militares durante os períodos de guerra desde a década de oitenta demonstra que a opinião pública medida pelos institutos de pesquisa, mais do que ser vista enquanto apenas instituição independente e reguladora, pode na verdade, como nesse caso, ser a reação dos cidadãos a um ato de comunicação estratégica (HARRIS: 1983; CASTRO: 19961). Sobre a relação entre a opinião pública e a questão ambiental, é necessário observar que a cobertura midiática de um modo geral e especificamente sobre a Amazônia não é uniforme. As diferentes perspectivas mudam de acordo com muitas variáveis, como a proximidade do mundo político e institucional, daquele que produz informação, do ponto de vista das empresas ou ainda dos argumentos adiantados pelos ecologistas e outros atores sociais. Essas perspectivas não são apenas diferenças de estratégias de comunicação, mas modos diferentes de compreender o objeto, com uma linguagem e uma terminologia específica. Em sentido mais largo, se trata de maneiras diferentes de pensar o lugar que deve ocupar os ambientalistas em nossas sociedades ou sobre o direito que possui uma empresa de fazer o máximo para obter os lucros mais elevados. 4.2. Imprensa e simbolismo do campo político Em trabalho relevante para nossa pesquisa, Louis Queré faz um estudo sobre o trabalho social que levam a cabo os meios de comunicação de massa e as mudanças provocadas nas sociedades quando se transforma a estrutura das possibilidades simbólicas e técnicas - de comunicação. Para esse pesquisador da EHESS, "O poder (dos meios de comunicação) não é um poder entre outros, posicionado num 9 universo de interesses e de relação de forças. Ele reside em seu papel de fundação. Ele é correlativo do funcionamento enquanto suporte prático de um modo histórico de objetivação da mediação simbólica constituinte de um sistema sociocultural. Ele está ligado à produção narrativa que eles organizam. Eles constroem o teatro das práticas sociais; eles dão um assento à identidade e à ação individual e coletiva. Mas em sua função de fundação do campo social, eles entram em concorrência e muitas vezes em contradição com outros rituais, outras formas de discursos e outros procedimentos de objetivação do espaço social" (QUERÉ, 1982: 154). Quer dizer que se o simbólico é de fato a forma através da qual o campo político se expressa, então são os meios de comunicação, enquanto repetidores dos discursos presentes nas sociedades e que alimentam o imaginário do público, que fazem a difusão da mensagem que as formas tradicionais de poder querem fazer passar. Uma das fontes de legitimação dos meios de comunicação junto ao público desempenha portanto, esse papel de mediação2. Os meios de comunicação de massa têm a tendência intrínseca a informar o público de todas as atividades do estado, inclusive dividindo os produtos jornalísticos produzidos em seções que se assemelham com as divisões das funções de estados em pastas ministeriais. Do ponto de vista da estrutura de funcionamento dos meios de comunicação, eles vão guardar sempre uma estreita relação com o estado. Para De Certeau, outro autor que trabalhou com esse tema, "Esses atributos (do jornalista, de fazer a ponte entre o poder do príncipe e o resto da população e o discurso que os articula continuam a definir o campo das práticas jornalísticas. Esse campo comporta três pólos, entre os quais se estabelece um conjunto de interações que interessa desvendar: o poder (essencialmente o poder político), o público e o jornalista com o arsenal tecnológico que ele dispõe para cumprir sua missão (...)"... De Certeau diz ainda, explicando melhor essa forma de interpretação, de fundo habermasiano da imprensa: "Colocado próximo ao príncipe para o tornar visível, ele constrói um discurso coerente destinado a relatar, distanciado, sua estratégia, suas tergiversações, seus golpes. Ele dá lições de governo sem conhecer as responsabilidades nem os riscos, ele pensa o poder que ele não tem. Ele fica em permanência à escuta da opinião comum da qual incorpora as esquematizações e as representações em seu relato sobre os gestos e as palavras do poder" (CERTEAU, 1975). Na verdade essa proximidade marca uma grande distância, que acaba por colocar o público em posição de mero espectador. Esse distanciamento se transforma então em uma relação pedagógica e o discurso jornalístico toma uma forma didática. "Seu ato de palavra se metamorfoseia em ato de autoridade, ele se coloca como apóstolo do iluminismo" (QUERÉ, 1982:163). Em nossas sociedades, o poder tem necessidade de ser representado e mais precisamente, relatado. A identificação ficcional do jornalista ao poder que é ator da história e ao poder mestre da organização social, expressa essa reciprocidade necessária 10 entre a posição de poder total procurada pelo campo político e a representação narrativa dos gestos, das palavras e dos atos onde se manifestam esse poder. Ora, esse relato deve ser produzido por uma instância formalmente distinta do poder, para que ele seja produtor de verdade e de universalidade. O sujeito narrador de tal discurso, caso fosse o próprio poder que o produzisse, nada mais seria senão um eu entre outros. Ora, o poder não conta a sua própria história, ele faz a história. Representando assim o cálculo estratégico do poder, a posicionar o poder como potência, a informação vem a criar um espaço em perspectiva e a distribuir os personagens. Ela institui o espaço social como teatro fazendo coexistir numa mesma cena de ficção manequins aos quais os atores históricos se identificam. A história é o relato da maneira segundo a qual o poder se assegura do domínio desse campo. “Quando ele representa o cálculo estratégico desse, ele compõe e descreve o campo perspectivo que se descobre desde esse ponto de vista; de mesmo que distribui os atores da história tais quais eles aparecem percebidos desse local do poder” (QUERÉ: 1982). O jornalista, que age como o tradutor da racionalidade do poder, se posiciona para ver o mundo a partir do ponto de vista adotado pelo estado. Por outro lado, tudo o que não está em seu campo de visão ou tudo o que não entra na racionalidade do estado vai ficar para o jornalista uma atividade social sem legitimidade, uma atividade inexistente, que não tem espaço e direitos. Quer dizer que uma parte maciça das práticas sociais, aquelas muitas vezes mais próximas do cotidiano dos cidadãos, se torna subterrânea, opaca, inacessível, porque ela é regida por uma outra lógica de ação (obrigações simbólicas ou táticas). Esse princípio explica porque os novos movimentos sociais e grupos de ativistas políticos alternativos têm tanta dificuldade em passar seus discursos. Eles devem, antes disso, se legitimar, nem que seja através de suas ações (e não de discursos) diante do estado. Essa foi uma das dificuldades encontradas por certos grupos organizados de militantes na Amazônia. Mas também se pode dizer o mesmo de ONGs européias que não conseguem divulgar o seu ponto de vista sobre os mais diversos temas. Isso aconteceu apenas quando do assassinato de Chico Mendes e a subseqüente reação do público estrangeiro. Na realidade, a fonte desse poder reside em um mecanismo muito simples cuja fórmula é dada pela equação segundo a qual "relatar é fazer conceber" (Marin, 1979). Representar é colocar em cena fragmentos de situações, de ações e de eventos para que em forma de concepções, imagens ou semblantes elas sejam convertidas e lembradas. Em sua análise do poder, Marin colocou em evidência que nunca há coincidência entre o referencial do discurso endereçado e aquele do discurso recebido, e que é na capacidade em manter essa distância e assimetria que reside o segredo do poder de representação. Nessa relação comunicacional as instâncias de emissão e de recepção têm cada uma o seu lugar, cada uma o seu papel. Quando o jornalista informa o leitor ele estabelece uma relação hierárquica onde um possui o saber e outro não. Uma relação que se quer didática, portanto. O primeiro se endereçando ao seu leitor ideal e o segundo tentando ocupar esse lugar imaginário. De repente, a história se mostra conforme a esses esquemas cujo público é equipado antes de toda leitura. Trata-se da comunhão de uma estrutura universal do discurso (Barthes, 1979). Aliás, o fato que o discurso jornalístico explique a causalidade 11 pela sucessão temporal facilita essa projeção. A história se torna atualização de esquemas pré-construídos de interpretação, preenchimento de imagens e por atos e por discursos transmitidos. 5. Análises: 5.1. O imaginário do longínquo e do exótico: Os artigos que consultamos, cobrindo o final dos anos setenta têm em comum uma visão muito distanciada da realidade latino-americana em geral e amazônica em particular. Existe de fato uma consciência de que a floresta poderia ser preservada, ao contrário do que aconteceu nos países da Europa e Estados-Unidos. Essas "fórmulas" que voltam com maior ou menor intensidade nos artigos consultados remetem à questão, que aliás é objeto de discussão para os antropólogos, da relação do viajante com o outro e a sociedade onde vive. No entanto, no caso dos jornalistas, eles podem vir a ter uma atitude igual àquela que eles imaginam que o seu leitor médio teria em seu lugar (QUERÉ: 1982). Ou seja, desejando adotar um ponto de vista fictício sobre um lugar longínquo, semelhante àquele que compra um jornal em Londres, Barcelona ou Paris, o jornalista nada mais faz senão se afastar mais ainda do mundo no qual se encontra de fato. Ele tenta então encontrar no ambiente cultural das grandes cidades européias princípios explicativos àquele objeto que ele está se negando ou tem dificuldade de conhecer. Ele receia de certo modo de cair um vazio simbólico, de não encontrar um meio de descrever em seu artigo a experiência que está tendo. Segundo a teoria do espaço público que remete à idéia de um jornalista narrador da história do Estado, em contato com o outro, distanciado da sociedade à qual pertence, o comunicador teria uma tendência a se remeter a princípios explicativos presentes nas grandes narrativas da cultura de onde é proveniente e, por conseguinte querendo ou não a perder precisão na descrição dos fatos. Fazendo parte do mundo das instituições, desempenhando papel fundamental no funcionamento mesmo da vida política destas sociedades, ele não pode se passar desse contato íntimo com o sentido da história do Estado e da Nação. O jornal francês Libération colocou em seu título por exemplo no dia 20 de outubro de 1980. "Amazone: les vandales multinationaux. Dans cinquante ans l'enfer vert ne sera peut-être qu'un désert." Em artigo escrito pelo enviado especial do jornal inglês The Times do dia 8 de março de 1980 podemos ler o seguinte: "The glittering jewel in green hell" Deep in the Amazon jungle lies the city of Manaus, a thousand miles from de the sea, and from anywhere else for that matter (...). The jungle encroached, the ships stopped coming. 12 But somebody had the idea of making a free zone. Once again prosperous, once again an incongruous oasis in the endless sea of green. The city is now an incongruous juxtaposition of the most primitive in Brazil, with the country's, even the world's, most sophisticated (...). But the hut will have no floor, its roof may be made of leaves, there will be no drains, and its occupants may well be suffering from tropical disease. There's really not much to do in the isolated city, either, and the torrid climate, coupled with money to spend, sometimes brings violence. But this is the Green Hell of Amazonia after all. Figura 1: Principais Temas: 1977-1997 Violência e Direitos Hum anos 22% Viagem / Turis m o 5% Am biente / Ecologia 32% Sociedade 15% Econom ia / Des envolvim ento 26% Fonte: Pesquisa junto ao Cidic Podemos citar igualmente esses títulos publicados com certa conotação ficcional. "The opening-up of the Amazon". "End of the bandit era" - no Financial Times, 13 de Janeiro de 1978. "Jungle story, or how the west is being won" - The Times, 11 de Março de 1978. "L'Amazonie ou la conquête de l'Ouest" - La Croix, 25 de outubro de 1978. "La saga des garimpeiros ou quand les Etats se mêlent de surveiller leurs 13 frontières" - Journal de Genève, 18 de janeiro de 1980. No Figaro de 6 de julho de 1983 podemos ler ainda o seguinte resumo: Enfer vert, poumon du monde, fascinante et inquiétante, cachant l'or et la pierrerie sous la pourriture d'une végétation en décomposition, dissimulant la mygale sous le chatolement de l'orchidée, l'Amazonie a toujours suscité les rêves les plus fous où se mêlent la fortune et l'aventure. Depuis quelques dizaines d'années, les hommes se sont lancés à l'assaut de la jungle, bien décidés à exploiter cette nouvelle caverne d'Ali Baba enfouie dans l'enchevêtrement des arbres et des lianes, gardée par les jaguars, les piranhas, les fourmis mangeuses d'hommes, les caïmans et les serpents (...). E no Le Monde de 9 de outubro de 1978 encontramos um artigo de Pierre Monbeig, do CNRS, que dá uma breve explicação dessas idéias prontas sobre a Amazônia. Esse artigo foi publicado quando do lançamento de um vôo Air France entre Paris e Manaus. Les Français profitent de l'escale d'Air France à Manaus pour découvrir la forêt équatoriale (...). Il est d'usage d'attribuer aux conditions naturelles la responsabilité du retard amazonien: le milieu équatorial avec sa chaleur, ses pluies, ses sols médiocres, sa fragile forêt dense, le risque annuel des inondations dans une plaine infinie, le cortège des germes pathogènes inhérent à un tel environnement - autant de causes généralement avancées pour expliquer la précarité de la condition humaine dans ces parages. Or, si, avec Pierre Gourou, on compare le "bilan" amazoniens à celui d'ensembles régionaux analogues - au bassin congolais par exemple - on voit qu'il n'est pas défavorable. No final dos anos setenta e início dos oitenta, a imprensa se preocupa pouco com a questão amazônica. Nessa época, a região ainda não ganhou a importância que ela terá posteriormente na cena internacional. Os assuntos tratados na imprensa nessa época serão, no entanto, retomados em contexto diferente, quando surgir, a partir do final dos anos oitenta, uma nova consciência ecológica. A descrição do funcionamento e do papel da imprensa em nossas sociedades, portanto, feita por Louis Queré, parece se aproximar da realidade. Podemos confirmar isso nos seguintes títulos: "Amazon jungle invaded by land-hungry settlers" - The Times, 1 de Julho de 1977. "Costly mistakes in the Amazon" - Financial Times, 8 de Novembro de 1977. "Destroying the world's lung" - The Guardian, 12 de Março de 1979. "Un grand trou dans la forêt" - Le Monde, 24 de agosto de 1980. "Un échec désastreux: la transamazonienne" - La Croix, 15 de setembro de 1980. 14 Os temas tratados nesses artigos serão retomados posteriormente com uma nova roupagem. 5.2. Economia, Desenvolvimentismo e Capital Internacional: A partir de um dado momento – notadamente em meados dos anos 1980 - os artigos consultados passaram a demonstrar une preocupação maior, sobretudo com os rumos tomados pelos grandes projetos de desenvolvimento regional implementados pelo governo federal com o apoio de banco multilaterais. O primeiro grande projeto será a construção da barragem de Tucuruí, etapa necessária aos projetos seguintes. Os primeiros problemas ligados a esse projeto vão surgir quando do preenchimento do reservatório da barragem - tanto do ponto de vista das populações locais que serão deslocadas quanto do ambiental quando serão inundados milhares de quilômetros quadrados de floresta virgem. Outros problemas surgirão quando da construção das linhas de transmissão da energia gerada pela usina hidrelétrica. Para desmatar de forma permanente o terreno por onde passariam os cabos de alta tensão, a Eletronorte, empresa dona da hidrelétrica, utilizou um produto conhecido como "agente laranja", de usa militar durante a guerra do Vietnã. Ocorreram dezenas de mortes, abortos involuntários, doenças graves de diversos tipos decorrentes de intoxicação pelo veneno presente na água que escoou para os igarapés e rios da região. O segundo grande projeto, chamado de Grande Carajás foi implantado de tal forma que ele também provocou uma série de problemas para as populações locais e para o ambiente. Havia a necessidade para se assegurar o escoamento dos minerais da construção de uma ferrovia. As indenizações propostas pela Companhia Vale do Rio Doce foram contestadas pelos interessados, gerando inclusive a interdição da via férrea por uma tribo indígena com as terras atravessadas pelos trilhos. Os garimpeiros da região do Grande Carajás estavam em permanente conflito com a CVRD que queria industrializar todas as minas de ouro da região, desempregando aqueles que trabalhavam de forma artesanal. Nesse conflito o Estado esteve de forma constante ao lado da empresa mineradora. Um protesto foi organizado pelos garimpeiros de Serra Pelada que interditaram uma ponte da ferrovia. A polícia foi deslocada para Marabá com a missão de desobstruir a ponte a qualquer custo. Houve conflito com tiros. Muito se jogaram de cima da ponte. O número de desaparecidos e mortos é incerto, mas aproxima-se de 95 pessoas. Durante o trabalho de pesquisa em jornais vamos ver a publicação de algumas notícias sobre o primeiro desses projetos. No Libération, de Paris, vemos no dia 18 de dezembro de 1983 o seguinte título: "Amazonie: la peur de l'Agent Orange". L'utilisation d'un défoliant par une entreprise chargée de la construction de centrales électriques dans le nord du Brésil, a entraîné la mort de 42 personnes. Une enquête est ouverte pour déterminer la nature du produit utilisé, très vraisemblablement des stocks d'"agent orange", cette arme chimique utilisée durant la guerre du Vietnam.. 15 O artigo de Christian Martin continua: Dioxine, "Agent Orange": deux mots qui font peur, associé à la catastrophe écologique de Seveso en Italie et à la guerre du Vietnam. Les deux terribles agents défoliants viennent-ils de frapper de nouveau au Brésil, sou le nom local de Tordon? Selon les autorités de l'Etat amazonien du Para, 42 personnes et "d'innombrables animaux" sont morts après le déboisement d'une longue percée dans la forêt pour l'installation de pylônes d'une ligne de haute tension. Enjeu: acheminer à Belem, en Amazonie orientale, l'électricité produite au barrage de Tucurui(...). Il fallu donc déboiser massivement. Avec quels produits? L'enquête ouverte par le gouvernement de Brasilia le dira peut-être, mais on d'ores et déjà de bonnes raison de rappeler ce qui s'est passé au Vietnam, puis à Seveso. (...) No Le Monde será publicada uma nota no dia 7 de junho de 1984 informando que no Brasil (segundo a AFP): "Toute une région de l'Amazonie serait menacée d'empoisonnement par des défoliants". (...) Toujours selon le secrétaire à l'agriculture de l'Etat, les d'herbicides répandues sur le chantier aurait déjà tué (...) 16 tonnes Depuis le lancement des travaux , en 1977, le barrage a été à l'origine d'autres scandales, notamment la faillite de l'entreprise chargée d'évacuer le bois de coupe. L'entreprise, appartenant à la Capemi (Mutuelle des Militaires) a dû être remplacée par des petites sociétés (...) São esses exemplos de notícias que a opinião pública européia começará a receber. O fluxo de informação é extremamente reduzido, havendo apenas de vez em quando uma nota e mais raramente um artigo. Como veremos, o assassinato de Chico Mendes marcará o período de maior publicação de notícias referentes à Amazônia na imprensa européia. O Le Monde de 11 de novembro de 1984 abre uma manchete com a seguinte temática: "Tucurui, l'hydre de l'Amazonie", puis en bas: Un barrage dévore tout sur son passage. L'électricité produite par la barrage de Tucurui alimentera les mines de Carajas et les usines d'aluminium de Barcarena, près de Belem, et de Sao-Luis. Réfugiés ou manifestants? à voir le campement et ses habitants, on pencherait pour des réfugiés (...) il y a aussi abondance de banderoles, avec slogans revendicatifs et même vengeurs: "A bas les multinationales qui dépouillent le pauvre!"; "nous voulons des terres et une maison!"; "le progrès, oui, mas pour qui?"... Voilà des années qu'ils se battent contre le projet de barrage. Ils ont reçu l'appui des intellectuels contestataires de Belem, la capitale de l'Etat et bénéficient du soutien de la Commission Pastorale de la Terre - CPT (...) ainsi que du parti des travailleurs PT, où se retrouvent militants catholiques, trotkistes ou maoïstes. 16 (...) Une commission a même été formée à Brasilia pour trouver un arrangement. Les indiens et le Syndicat des travailleurs de la terre, dont le président local a été assassiné le 4 juillet dernier, ont chacun envoyé une délégation. "S'il n'y avait pas le CPT et le PT rien n'arriverait", explique tranquillement M. Claudio Formen, sorte de play-boy tropézien, propriétaire d'une fazenda de 26 000 hectares, nommé maire par le gouvernement militaire. Pour lui, aucun doute, le campement des paysans dépossédés n'est qu'un coup monté par l'extrême gauche. "Il y en a trente de Tucurui. Tous les autres sont infiltrés", dit-il en matière de preuve. Infiltrés? Il oublie simplement que c'est au contraire l'eau du barrage qui se répand sur leur terres. L'industrialisation à marche forcée ne s'infiltre pas. Elle submerge. Variação anual do número de Artigos com temática sobre a Amazônia na Imprensa diária européia 1977-1997 19 77 19 78 19 79 19 80 19 81 19 82 19 83 19 84 19 85 19 86 19 87 19 88 19 89 19 90 19 91 19 92 19 93 19 94 19 95 19 96 19 97 40 38 36 34 32 30 28 26 24 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Fonte: Pesquisa no Cidic. 5.3. A morte de Chico Mendes e a imprensa Como foi dito anteriormente, o assassinato de Chico Mendes vai tomar uma significação toda particular aos olhos da opinião pública estrangeira. O seringueiro de Xapuri, sindicalista e militante do Partido dos Trabalhadores, que lutava contra a derrubada da floresta pelos criadores de gado vai dar, mesmo na hora de sua morte, uma contribuição de grande valor na luta pela manutenção dos modos de vida, da cultura local e do meio onde sempre se viveu na Amazônia. Não o primeiro e nem o último líder sindical e militante amazônida que foi assassinado por aqueles que trazem o modelo “moderno” de se viver na região da floresta. O maior símbolo dessa modernidade é a savanização dos territórios florestais para a produção de produtos de baixo ou muito baixo valor agregado. Aspecto esse que adentrou de forma depreciada nos discursos políticos de todos os matizes, mas que não 17 permite que se esconda com isso de que se trata de uma marca cultural de maior importância tanto na história dos países da Bacia Amazônica, como da própria expansão mundial da cultura européia. Essas questões são aos poucos levantadas. Mas na realizada fica a questão de se saber o porquê, quando o Brasil começou a incentivar a destruição maciça da floresta amazônica, os homens que operacionalizaram essa etapa da história brasileira reivindicavam para si um pertencimento de raça e cultural à esfera de influência européia. Pois na América Latina e esse deve ser um dos temas primordiais a serem tratados por nossas ciências sociais, a arena política é fortemente definida por um embate manifesto entre defensores de um europeanismo e outros que são apenas os excluídos dessa área cultural. O europeanismo é o caráter definidor e que dá os contornos mais nítidos do pensamento conservador e reacionário presente nos países latino-americanos. Manter viva a cultura que invadiu, colonizou e destruiu milhares de culturas locais é o sacerdócio do conservador no Brasil e na América Latina, o que significa a exclusão mais violenta de que se pode pensar, a simbólica, de parte expressiva, senão a quase totalidade da população de vastas regiões desses países. Quando Chico Mendes foi morto, ele o foi também porque o seu assassino estava autorizado a fazê-lo pela própria lógica intrínseca presente na cultura européia, de exclusão, de exclusividade de direitos a um único grupo étnico. Quando Chico Mendes foi morto ele o foi como um brasileiro típico, mestiço, caboclo, cuja negação da existência é uma atividade cotidiana tanto das elites conservadoras, quanto das instituições nacionais. A contribuição da filósofa alemã Hannah Arendt é importante aqui para nós. Com ela é feita a ligação dos totalitarismos do século XX, centrados na Europa, e os processos de expansão colonial e imperialista do passado. Essa face visível, porque ocorre no centro irradiador da cultura dominadora, é reveladora de parte de seus caracteres mais importantes e constantes ao longo da história. Contrasta com uma face invisível, a de uma realidade cotidiana, do desprezo pelo ser humano presente de forma tão arraigada na história latino-americana e que se reproduz de forma impressionante com forças renovadas. Quando Chico Mendes foi morto, ele repetiu uma história que é parte integrante e fundadora dos países desta região. Chico Mendes ganhou o prêmio Global 500 da ONU, que o fez se tornar conhecido dos ecologistas do mundo. Quando a notícia de seu assassinato chega aos jornais há um certo número de pessoas capacitadas ao redor do mundo para informar a imprensa sobre quem era ele. A floresta tropical destruída ganha um rosto. Chico Mendes, morto, vai personificar a luta pela proteção das florestas, pela vida harmônica junto com o meio natural. A maneira como a destruição da floresta e dos pequenos produtores se dá se torna inteligível, talvez pela primeira vez para o grande público europeu. Os textos dos artigos que relatam sua morte são simples, mas haverá de qualquer forma toda uma simbologia em torno de seu assassinato. Esse fato vai marcar o ponto culminante do interesse da opinião pública européia, expresso pela imprensa, em relação à ecologia mundial. O gráfico abaixo é bastante representativo. 18 De uma maneira geral, podemos dizer que a preocupação com a questão amazônica está diretamente relacionada com fatores exteriores a ela mesma. A preocupação principal das pessoas está relacionada com a preservação da natureza, ou seja, saúde, bem-estar. Da mesma forma, houvera mudanças quanto à forma de se escrever sobre a Amazônia em vinte anos. 6. Conclusão: De um modo geral, e na tentativa de responder às questões iniciais, podemos dizer que a importância que a questão ambiental, e a Amazônia, enquanto símbolo, tomou, está em estreita relação com fatores tanto internos quanto externos a si, como por exemplo os diversos aspectos econômicos envolvidos na percepção do ambiente enquanto portador de novos valores ligados a classes sociais bem determinadas. A preocupação com o ambiente faz parte de uma esfera de valores pósmaterialistas desligados das necessidades básicas de sobrevivência, que surge a partir dos anos 1960-70. Nesse sentido, a proteção ambiental é desejada de forma diferenciada segundo as classes e segundo os períodos históricos, sendo sobretudo uma aspiração dos extratos da sociedade mais abastados e com nível educacional mais elevado. É necessário que se faça novos estudos sobre a variação de apoio à proteção ambiental de acordo com variáveis como: períodos de crescimento econômico, recessão, variação da taxa de emprego, para se compreender melhor o comportamento do cidadão em relação a esses temas específicos. O crescimento do interesse observado na Europa pela Amazônia precisa ser analisado como tendo beneficiado de aspectos conjunturais. Por um lado, por um período, apesar de curto, de prosperidade generalizada. E por outro lado, pelo aparato estatal de proteção ao ambiente ainda não existir institucionalmente. Alguns anos depois, a bandeira de luta pela proteção do ambiente vai se transformar de maneira significativa - o espaço imediato, local e nacional, passa a receber atenção redobrada. Políticas públicas locais estão em medida de satisfazer as preocupações com o ambiente de parte significativa dos cidadãos dos principais países europeus. Isso não significará uma descontinuidade da popularidade dessas temáticas no que diz respeito às florestas tropicais. Muito pelo contrário, percebe-se que o ambiente continua sendo uma preocupação central para uma parcela importante da população, que se situa, de forma constante ao longo dos anos, sobretudo entre a esquerda e o centro-esquerda. Os partidos políticos tradicionais aparentemente não perceberam ainda a constância com que perdura a preocupação com a proteção do ambiente na população em geral. No Reino Unido o Labor possui o seu conjunto de propostas de política ambiental, mas a população julga que as medidas tomadas não são suficientes. Na Alemanha e na França, a centro-esquerda incorpora em seus projetos de governo as políticas ambientais abrangentes dos partidos verdes através de coligações, o que muitas vezes criou dificuldades entre diversas pastas quando essas chapas venceram as eleições (MAIR: 1996; JAHN: 1997; ROSS e JENSON: 1996). Isso terá um duplo significado. Por um lado, as questões relativas à proteção do ambiente não podem ser compreendidas como capital político-eleitoral específico - que 19 possui grande volatilidade, que surge em determinado período histórico e virá a desaparecer rapidamente segundo os efeitos da moda. Muito pelo contrário, podemos falar com bastante segurança que se trata de um capital difuso - complexo, enraizado em diferentes extratos da sociedade e que se mostra duradouro ao longo do tempo. Os partidos de centro-esquerda que dirigem ou dirigiram a máquina governamental desses três países ainda não possuem uma real dimensão da importância do meio ambiente para a sociedade, o que é demonstrado pela expectativa do eleitorado nas pesquisas de opinião (WORCESTER: 1997). Por outro lado, o ambientalismo, enquanto movimento, não pode ser reduzido a uma ideologia política que visa simplesmente suplantar o capitalismo, apesar de apresentar de fato uma contradição fundamental com este. O ambiente efetivamente se apresenta como um limite natural ao desenvolvimento e à reprodução do sistema capitalista de produção (O’CONNOR: 1996; BENTON: 1989; WILLIAMS: 1994). O objetivo do movimento ambientalista não será de apresentar um novo modelo de produção econômica. Será mais acertadamente a apresentação de uma pauta de políticas públicas e de modelos de regulação do modo de produção existente. Apesar dos discursos que colocam em questão o modelo de consumo nos países ocidentais, a pauta política do movimento ambientalista, na maioria dos casos, apresenta proposições para modificar a atual forma de produção. No entanto, apesar disso, as bandeiras ambientalistas não são tão facilmente incorporadas pelos partidos de centro-esquerda tradicionais pelo fato deles representarem justamente um modelo político-institucional cujos atos e decisões no campo da proteção ambiental são ainda tateantes ou claramente questionados. O movimento ambientalista, seja através de ONGs, seja através dos partidos políticos, vai possuir, portanto, uma legitimidade própria e específica. Especificidade verificável sobretudo na forma de reconhecimento dado pela população ao seu discurso que inclui a incorporação de discursos de fundo científico. Com efeito, o movimento ambientalista, mais que o governo e as indústrias, consegue legitimar a sua interpretação científica aos fatos que ocorrem com o ambiente. Esse movimento, que pode vir a ser o avalista de um discurso sobre o real, portanto, foi quem criou e modificou, enquanto ator portador de significado social e político, a Amazônia. Conjunto simbólico que teve o seu papel discursivo numa determinada conjuntura histórica, que corporificou um modelo de planeta, em que a natureza, protegida, poderia voltar a ser um dado cultural significativo para os seres humanos, sem que a racionalidade desses últimos buscasse a sua submissão incondicional. Notas: 1.Falaremos da guerra das Malvinas como a primeira guerra da era digital. O desenvolvimento de uma técnica de tratar a informação proveniente do front desenvolvido pelo governo Tatcher durante o conflito com a Argentina foi retomado mais tarde pelos militares de outros países na guerra do Golfo Pérsico. Podemos citar como exemplo essa passagem de um artigo publicado no Le Monde sobre a Guerra do Golfo: "certas 'revelações' publicadas em Londres ou em Washington poderiam ser interpretadas como uma 'preparação' da opinião pública. O Sunday Times acredita saber 20 que os iraquianos dispõem de uma terrível arma secreta, um avião sem piloto suscetível de espalhar vírus de antraz, fabricado a partir de um rústico aparelho de uso agrícola, lento, barulhento e fumacento, comprado há tempos na Polônia. O Washington Times, inspirado em fontes da CIA, olha do lado da República Checa, que estaria se preparando a vender a Bagdá radares modernos" (KRAUZE: 1997). 2.Ora, isso pede uma relação de confiança entre as instâncias de emissão das mensagens e de recepção. O tema da credibilidade do discurso dos meios de comunicação e sua relação com o mundo político é discutido pela ciência social, em por exemplo (BURGELIM: 1978). Bibliografia BARTHES, Roland (1979). "L'écriture de l'événement" in Communications. Paris: 12. BECK, Ulrich (1997). "Global risk politics" in JACOBS, Michael (Comp.) Greening the millenium? The new politics of the environment. Oxford: The Political Quaterly/Blackwell Publishers. BENTON, Ted (1989). "Marxism and natural limits: an ecological critique and reconstruction" in New Left Review. Londres: nº 178. BENTON, Ted (1997). "Beyong Left and Right? Ecological politics, capitalism and modernity" in JACOBS, Michael (comp.) Greening the millenium? The new politics of the environment. Oxford: The Political Quaterly/Blackwell Publishers. BURGELIM, Olivier (1978). "Les effets politiques des mass media" in BIRNBAUM, Pierre e VINCENT, Jean-Marie (Comp.) Critique des pratiques politiques. Paris: Galilée. CASTRO, Carlos Potiara. (1996). La phase aéroterrestre de la Guerre du Golfe sur TF1, Antenne 2 e La Cinq. Une analyse comparative. Paris: Universidade de Paris VIII, Maîtrise. COMMISSION COOPÉRATION DÉVELOPPEMENT (1992). 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Brookfield: Avebury Ashgate Publishing. 22 ANEXOS: A Amazônia na Imprensa Internacional Classificação por DATA # Título Subtítulo Fonte 1 End of the bandit era The opening-up of the Amazon The opening-up of the Amazon 13/1/1977 2 Radar Discloses Resources of Amazon Area International Herald Tribune 12/3/1977 Inglaterra 3 La seconde vie de l'Amazonie 4 Conquering the Amazon Jungle 5 Die Aasgeier über der Trasamazónica 6 L'Avenir est dans la jungle 7 Paradis du caoutchouc retourné à l'enfer vert, Manaus et l'Amazonie renaissent grâce à une industrie nouvelle et à de fabuleux produits agricoles Data País EUA L'Express 4/4/1977 França The Wall Street Journal 5/4/1977 EUA Trasse durch grüne Hölle. Siedlerexperiment scheiterte. Multis spekulieren mit "Lunge der Welt" Neue Deutschland 14/5/1977 Alemanh a Freinée par le renchérissement du prix du pétrole, l'expansion brésilienne cherche à s'appuyer sur le richesses de l'Amazonie. Un pari qui pour le moment coûte cher Le Point 16/5/1977 França L'Amazonie ou la conquête de l'Ouest La Croix 25/10/1977 França 8 L'Amazone cache des trésors (Edition de été) Commerce Canada 1/12/1977 Canadá 9 Jungle story, or how the west is being won The Times 11/3/1978 EUA 10 Problems with overseas connections Financial Times 11 La conquista de la Amazonia 12 L'Amazonie: du grandiose Le Monde 9/10/1978 França 13 Brazil's wild west Newsweek 15/1/1979 Pacto ambicioso de cooperación multinacional America Latin 21/7/1978 Inglaterra 28/7/1978 EUA 23 14 Opening the Amazon Newsweek 15/1/1979 EUA 15 Amazon pioneers find dreams turn to nightmares International Herald Tribune 6/2/1979 Inglaterra 16 Destroying the world's lung The Guardian 12/3/1979 Inglaterra Financial Times 3/10/1979 Inglaterra 17 Bauxite bonanza in the Amazon basin 18 L'Amazone: un univers amphibie fermé et infim... Les Grands Fleuves Le Monde 20/10/1979 França 19 La saga des garimpeiros ou quand les Etats se mêlent de surveiller leurs frontières Lettre de Boã Vista (nord du Brésil ) Le Journal de Genève 18/1/1980 Suiça 20 L'ampleur des inondations provoque des interrogations sur la politique de construction de grands barrages Le Monde 27/2/1980 França 21 The private Amazon Kingdom of Mr Daniel K Ludwig The Times 27/2/1980 EUA 22 The glittering jewel in green hell The Times 8/3/1980 EUA 23 Brazil's forest policy teeters The Guardian 2/7/1980 Inglaterra 24 Unionism a new faith The Times 23/7/1980 EUA 25 Un échec désastreux: La transamazonienne La Croix 15/9/1980 França 26 Les sentiers de la guerre Temoignage Chretien 6/10/1980 França 27 Projet de production d'engrais de 81 millions de dollars pour la région de l"amazonie au Brésil Société Financière Internationale 9/10/1980 França 28 Un grand trou dans la forêt Le Monde 24/10/1980 França Libération 28/10/1980 França 29 Amazone: les vandales multinationaux 30 How Brazil ended decades of decline in Manaus Financial Times 11/11/1980 Inglaterra 24 31 Wilderness invaded in search of wealth 32 Greater Carajas scheme 'the project of the century' 33 Countdown for the Amazon 34 Brazil's Amazonian dream ends up as a nightmare 35 The man who inherited a jungle dream Financial Times Lettre from Manaus 29/6/1981 Inglaterra 19/11/1981 EUA Financial Times 17/12/1981 EUA The Guardian 13/1/1982 Inglaterra Financial Times 15/1/1982 Inglaterra 36 Grandeur et décadence d'un empire amazonien Le Monde 14/2/1982 França 37 Natural Resource utilization in eastern Amazônia Centre for Development Studies 1/6/1982 Inglaterra 38 Carajás Iron Ore Project Brings Reality to Amazon Dreams International Herald Trisubune 7/9/1982 Inglaterra 39 Lettre D'amazonie Le grand capital et les hommes La Croix 22/9/1982 França 40 Tackling the Last Frontier The rush is on to develop - and preserve- the Amazon Time 18/10/1982 EUA 41 Brazil Pursues Amazon's Riches With a Project On a Huge Scale Befitting the Region's Vastness The Wall Street 26/10/1982 Journal EUA 42 All along the timeless, Tropical Amazon International Herald Tribune 12/11/1982 Inglaterra 43 Where to stay, where to eat The New York Times 12/11/1982 EUA Le Figaro 6/7/1983 França 44 En Amazonie, le Brés joue son avenir.. 45 Loin de la crise: L'Amazonie La Croix 20/9/1983 França 46 Amazonie: La Peur de L' '' Agent Orange" Libération 18/12/1983 França 47 Les colts et les sarbacanes du Rondônia Le Monde 5/3/1984 França 48 The $62 billion questioned The Amazon forest and its peolpe are being invaded by EEC-backed developers New Statesman 23/3/1984 Inglaterra 25 49 Toute une région de l'Amazonie serait menacée d'empoisonnement par des défoliant Au Brésil 50 Brazil's dispossessed look northwards Le Monde 7/6/1984 França Financial Times 29/8/1984 Inglaterra 51 Brazil's prospecting hordes discover tons of gold, but country finds their quest a mixed blessing The Wall Street Journal 5/10/1984 EUA 52 Tucurui, l'hydre de l'Amazonie Le Monde 11/11/1984 França 53 Brazil opens sluice gates to energy profits Financial Times 54 Brasilsar: un point de rencontre pour le désert vert Le Monde 8/2/1985 França 55 Pioneers on the last frontier South 1/5/1985 EUA 56 'Frontier where men lose their moral brakes' Financial Times 13/7/1985 Inglaterra 57 The unpolished Emerald Forest Financial Times 9/11/1985 Inglaterra 58 La "dernière frontière"du Brésil Le Monde 59 Les Indiens et les chercheurs d'or sont finalement tous victimes de l'inferan Eldorado amazonien 60 Le mythe des dernières terres vierges 11/1/1985 Inglaterra 14/1/1986 França 17/1/1986 França L'Amazonie Sous La Nouvelle République (I) Le Journal de Genève 17/2/1986 Suiça L'Amazonie Sous La Nouvelle République (II) Journal de Genève 18/2/1986 Suiça 61 Grands projets et démesure 62 Allez France-Bresil! Libération 19/4/1986 França 63 Odeur de poudre dans la miine d'or de Serra Pelada Libération 4/1/1988 França 64 Amazone: la poussée brésilienne vers le Nord-Ouest Le Journal de Genève 6/1/1988 Suiça 65 133 chercheurs d'or sont portés disparus aprés des affrontements avec l'armée Le Monde 11/1/1988 França Brésil: selon un rapport de la police fédérale 26 66 Serra Pelada: la these du massacre se précise 67 Ceci n'est pas un film de Cecil B. DeMille 68 Battle brews over rush to Brazilian El Dorado Libération Serra Pelada, la plus grande mine d'or du monde à ciel ouvert 11/1/1988 França 14/1/1988 The Times 5/5/1988 EUA El País 6/6/1988 Espanha Naturalistas de Brasil piden apoyo 69 europeo para frenar la destrucción del Amazonas 70 Guerra du feu em amazonie Libération 5/9/1988 França 71 Threat from Amazon burn-off The Times 6/9/1988 EUA 72 Le Brésil faitun geste pour ses forêts Libération 10/10/1988 França 73 Samba-blasters up the Amazon The Times 15/10/1988 EUA 74 Brésil: 1er congrès des chercheurs d'or Libération 9/11/1988 França 75 L'Amazonie à feu et à fer 12/11/1988 França 76 O Brésil 77 Brésil: assassiné le 22 décembre 78 Les tueurs de la forêt 79 Le Monde 26/12/1988 França Francisco Mendes a été enterré em Amazonie Le Monde 27/12/1988 França Brésil: L'assassinat de "Chico" Mendes Le Monde 30/12/1988 França Brésil: combats sanglants pour conserver la terre 3/1/1989 França 80 Chronique d'une mort annoncée 6/1/1989 81 The man who loved trees Alexander Cockburn reportes on the murder of Chico Mendes, head of the Amazonian rubber toppers' union 6/1/1989 EUA 27 82 Les commanditaires présumés de l'assassinat de Mendes encerclés 83 Forester without honour 84 Au Brésil Le Monde 9/1/1989 França Ivo Dawnay examines Brazil's anti-green Financial Times reaction 7/2/1989 Inglaterra Lés Indiens se mobilisent pour l'Amazonie Seize cents délégués, représentant vingt "nations indiennes", se réunissent pour faire obstacle à um projet d'usine hydroéletrique Le Figaro 21/2/1989 França 85 L' inexorable massacre de la forêt Derniére terre vierge à conquérir, cette immense forèt attire tous les aventuriers Le figaro 22/2/1989 França 86 Destruction in the Amazon 87 L'Amazonie tient sommet 88 Financial Times Trois cents représentants de tribus manacées par la construction d'um barrage sont réunis depuis lundi à Altamira. Inédit. 23/2/1989 Inglaterra Lbération 23/2/1989 França Brazil launches programme to protect Amazon Financial Times 8/3/1989 França 89 Brazil rejects Western fears about destruction of the Amazon The Independent 8/3/1989 90 Au Brésil, le sort de la forêt amazonienne suscite un âpre débat Le Monde 9/3/1989 França 91 Une surface supérieure à celle de la Belgique détruite chaque année Le Monde 9/3/1989 França 92 Amazonie: le chantage nationaliste contrel " impérialismo écologiste" Le Jois de Bruxelle 10/3/1989 Bélgica 93 It's our forest to burn if we want to The Economist 11/3/1989 Inglaterra How Brazil subsidises the destruction Autor: such na alarming rate? Surpringly, The Economist not because it benefits by cutting the of the Amazon 18/3/1989 Inglaterra Why is Brazil losing its tropical rain forest 94 Amazon down 95 A smouldering anger hangs over the forest On brazil's reaction to outrage over ecological destruction in the Amazon basin Financial Times 25/3/1989 Inglaterra 96 Bumpy ride on Brazil's railway to nowhere Bad timing corruption claims put Sarney's project in doubt Financial Times 7/4/1989 Inglaterra 28 97 Brasilia lance la chasse aux orpailleurs 98 Accord pour le retrait des cherceheurs d'or du territoir des Indiens Yanomami La police fédérale brésilienne a lancé, lundi, l'opération "Canaime" pour tenter de déloger de la jungle amazonienne les chercheurs d'or qui mettent en péri les Indiens du territoire Libération 10/1/1990 França Le Monde 11/1/1990 França Libération 12/1/1990 França 99 Imbroglio juridique autour des orpailleurs Le procureur de la République a décleré illégal l'accord conclu mardi entre le gouvernement et les garimpeiros prévoyant leur instalation dans trois "réserves d'orpaillage" sur le terrotoire yanomami 100 La grande détress des Indiens Ianomami Une partie de la plus importante ethnie indigène du Brésil est menacée d'extinction par la ruée des chercheurs d'or Le Monde 12/1/1990 França 101 La guerre de l'or Le gouvernement s'oppose à la présence des "garimpeiros" sur le territoire des Indens Yanomami menacés de disparition Le Figaro 13/1/1990 França 102 Le procureur fédéral annule láccord avec les chercheurs d'or Le Monde 15/1/1990 França 103 La fièvre de l'or monte dans le Roraima Libération 24/1/1990 França Libération 31/1/1990 França 2/7/1990 Inglaterra Dans la Serra Parima, les garimpeiros ramassent l'or et le minerai d'étain. Simples porteurs, prostutuées ou pilotes gagnent ici dix fois plus qu'en villee. De quoi faire rêver... 104 Amazonie, le dernier Eldorado brésilien 105 Balancing man and nature 106 La sociedad moderna vive uma orgía del despilfarro José Lutzenberg, Secretario de Medio Ambiente del Gobierno de Brasil El País 107 Brésil: L"environnement Environnement ou developpement Prospective Fiche Sectorielle 2/3/1992 108 Collor met son Joker vert hors jeu José Lutzenberg, le secrétaire brésilien à l' Environnement, a été limogé pour avoir dénoncé la corruption qui enoure la protection de la nature Libération 24/3/1992 Jose Lutzenberg, Brazil's Minister of Financial Times Environment, speaks to Robert Graham 30/9/1990 Espanha França 29 109 The man who had to go Bazil has fired its charismatic environment chief just before the Earth Summit. Jan Rocha on why a nuclear scientist might be better 110 En bref Le Brésil est rsponsable de 12% des émissions d'oxyde de carbane dans le monde Le Monde 111 Reaper of a Whirlwind Environmentalism does not come naturally to the new man in charge of Brazil's ecology Financial Times 112 Brazil will offer the Earth Summit delegates a chance to see the problems for themselves (Special Edition) The Guardian 27/3/1992 Inglaterra 10/4/1992 França 20/5/1992 Inglaterra There they can study first-hand all the issues being discussed, from rain forest destruction to Brazil's urban degradation. The Guardian And all of it cheek by jowl with Rio's wealth and beauty 1/6/1992 Inglaterra 113 La désertification sous la loupe des satellites Des satellites vont surveiller les progrés de la déforestation sur l'ensemble de la planète. Une innovation qui intéresse les Brésiliens, qu'inquiète le devenir de la forêt amazonienne Libération 2/6/1992 França 114 Scientist with impeccable green credentials José Goldemberg makes no effort to disguise his contempt for what he calls the "hypocrisy of the developed world" Financial Times 2/6/1992 Inglaterra 115 L'avenir du Brésil passe par l'écodéveloppement Les Echos 3/6/1992 França 116 Mme Danielle Mitterrand a rencontré des écologistes Le Monde 21/9/1992 França 117 Le coeur de palmier dans le Pará brésilien Caractéristiques d'une filière Marches Tropicaux 1/1/1993 França 118 A la recherche de l'or propre Dans les mines d"amazonie, on recycle le mercure Courrier International 14/4/1994 119 La forêt amazonienne sous surveillance életronique Courrier International 18/8/1994 120 Kayapo chiefs, once hailed as Rain forest falls victim to the root of all The wall Street environmental heroes exploit logging and 30/12/1994 Journal evil as indians cut deals mining 121 La route de l'Amazonie passe par le Pérou 122 L'ombre de Chico Mendes Deux modèles de développement s'affrontent dans la forêt amazonienne EUA Le Journal de Genève 5/1/1995 Suiça Le Journal de Genève 6/1/1995 Suiça 30 Sur fond de rumours d'espionnage et de Brasilia réxamine le contrat des radars pots-de-vin, Brasilia veut revoir le contrat 123 de surveillance de l'Amazonie, emporté amazoniens La Tribune Desfossés 13/3/1995 Le Brésil ajourne la signature du Thomson a été "doublé" par l'américain Raytheon contrat de surveillance de l'Amazonie Le Monde 20/3/1995 França França par l'ameéricain Raytheon 124 125 Le feu couve toujours dans la forêt d'Amazonie Le président brésilien vante le tourismo vert mais laisse le défrichement se poursuivre Libération 6/4/1995 126 Forêt en détresse Guyana et Surinam courtisés par des investisseur asiatiques Courrier International 15/7/1995 127 L'armée de beautpe en campagne Avon et ses cosmétiques à la com quête de l'Amazonie Courrier International 27/7/1995 128 Deux massacres de paysans sans terre font plusiers dizaines de morts au Brésil L'un met en cause des policiers, l'autre des mercenaires Le Monde 11/8/1995 França 129 La police massacre des paysans qui occupaient une propriété au Brésil Libération 11/8/1995 França 130 Un fleuve qui ressemble à la mer Le Monde 24/8/1995 França 131 Burning of the Amazon forest is worst in years 132 L'Amazonie s'assèche à la cartographie 133 Politics Imperils Shield for Amazon 134 A storm in the rain forest 135 Le dirigeant du mouvement des paysans sans terre 136 Scandalous threat to image of new Brazil 137 Le rêve amazonien de Daniel Ludwig International 13/10/1995 Inglaterra Herald Tribune Les zones inondées par l'Amazone sont vingt fois plus réduites qu'on ne le pensait Libération International Herald Tribune Payoof charges imperil a big Raytheon contract inthe Amazon The Guardian Le Monde França 5/12/1995 Inglaterra Business Week 11/12/1995 Libération Chancellor flies into the eye of a storm over billion-dollar contract to police the Amazon basin electronically 31/10/1995 26/12/1995 EUA França 29/12/1995 Inglaterra 23/3/1996 França 31 138 La tragédie séculaire des paysans du Brésil Le Monde 23/4/1996 França 139 Les brésiliens sans terre défient la violence La Croix 29/4/1996 França 140 Modern-day slavery in the Amazon 8/5/1996 Inglaterra 141 Um des assassins de l'écologiste brésilien Chico Mendes a été arrêté 2/7/1996 França 142 Brazil's rain forest is under the Ax New figures show increased losses since Earth Summit in Rio Internatinal Heral Tribune 13/9/1996 Inglaterra 143 Amazonie Que vive la forêt Courrier International 10/11/1996 144 Costly errors drain Brazil's funds Little to show for Amazon bonanza The Times 26/6/2001 145 Costly mistakes in the Amazon The Time EUA 146 Le gouvernment part en guerre contre le tourisme sexuel Le Monde França 147 Amazon jungle invaded by landhungry settlers The Times Brazil's campaign to combat rural labour Financial Times abuses Le Monde 01/07/198 EUA EUA 32 A AMAZÔNIA NO JORNAL LE MONDE Classificação por data Data Tamanho 14/5/1987 Nota 18/5/1987 Médio Les économistes relaient les écologistes pour sauver les forêts tropcales 7/7/1987 Curto 4 Manifestation de propriétaires terriens à Brasilia 15/7/1987 Curto 5 Polémique entre Brasilia et la Banque Mondiale au sujet des Indiens 27/7/1987 Nota 6 Au moins trente morts lors du naufrage d'un bateau en Amazonie brésilienne 10/9/1987 Nota 7 Le ministre de la réforme agraire se tue dans un accident d'avion 10/9/1987 Curto 8 La mort du général Golbery L'idéologue du régime militaire 21/9/1987 Médio 9 Polémique sur l'exploitation minière des réserves L'Eglise au secours des Indiens 30/12/1987 Longo 10 Lors d'affrontements avec la police Une centaine de chercheurs d'or auraient été tués 5/1/1988 Curto # Título 1 Environement. Rupture de barrage en Amazonie 2 Un projet ferroviaire au relent de scandale 3 Subtítulo Le retour des "éléphants blancs" 33 Selon un rapport de la police fédérale 133 chercheurs d'or sont portés 11 disparus après des affrontements avec l'armée 11/1/1988 Médio 12 Massacre d'Indiens en Amazonie 4/4/1988 Nota 13 En remontant le cours du temps (... et du rio Negro) 25/4/1988 14 L'ouverture des terres du Mato-Grosso Médio Sur les nouvelles frontières agricoles du Brésil 26/4/1988 Longo Au détour du fleuve Maroni Claude Massot a découvert un peu par hasard, en 1970, à l'occasion d'un voyge en Guyane. 11/7/1988 Médio 15 Chronique de quelques indiens Wayana au détour du fleuve Maroni 16 Assassinat de l'un des militants écologistes les plus célèbres de la cause amazonienne 26/12/1988 Nota 17 Assassiné le 22 décembre Francisco Mendes a été enterré en Amazonie 27/12/1988 Curto 18 L'assassinat de "Chico" Mendes 30/12/1988 Médio 19 Les commanditaires présumés de l'assassinat de Mendes encerclés 9/1/1989 Curto 11/1/1989 Nota 28/2/1989 Médio Les tueurs de la forêt Arrestation de l'un des commanditaires 20 présumés de l'assassinat de "Chico" Mendes 21 Les controverses sur le "développement"de l'Amazonie Des Indiens en colère à Altamira 34 Une surface supérieure à celle de la Belgique détruite chaque année. 22 Polémique sur la forêt amazonienne 23 Le sort de la forêt amazonienne suscite un âpre débat 24 La tournée européenne de "Lula" 25 Echos 26 Mise en place du plan "nature" 8/4/1989 27 Sauver l'Amazonie 12/4/1989 Curto 28 Un chef Indien à l'Elysée 14/4/1989 Nota 29 Environnement 15/4/1989 Curto 30 Sting et les Indiens 15/4/1989 Curto 15/4/1989 Longo 17/4/1989 Nota 9/3/1989 Curto 9/3/1989 Longo L'Amazonie contre la dette? 10/3/1989 Médio Sauvons l'Amazonie avec TF1 3/4/1989 Curto La campagne pour sauver la forêt amazonienne 31 Un réservoir génétique extraordinaire 32 Echos 33 De Raoni à Jean-Pierre Foucault 34 Aidez-le! Planète Amazone (Suite) 24/4/1989 A propos de "Sacrée soirée" du 12 avril et du journal qui précédait sur TF1 2/5/1989 Nota Médio Curto 35 35 La critique est aisée 36 Aggravation préoccupante de la criminalité 37 Le "Radeau des cimes" expulsé du Brésil Les "pistoleiros"sèment la terreur dans la forêt amazonienne 38 M. Brice Lalonde ajourne son voyage 39 Disparition d'un Boeing brésilien en Amazonie 40 La catastrophe aérienne de la Havane 15/5/1989 Curto 16/8/1989 Médio 17/8/1989 Nota 22/8/1989 Nota 5/9/1989 Nota 6/9/1989 Nota 41 L'accident d'un Boeing de la Varig Les rescapés de l'Amazonie 7/9/1989 Curto 42 L'Assemblée généralde de l'ONU. Les débats sur la drogue et l'environnement mettent en lumière les clivages Nord-Sud 30/9/1989 Longo Chercheurs d'oiseaux en Amazonie Comment se porte la forêt amazonienne? Un petit groupe d'Anglais passionés d'oiseaux ouvre la route pour nous faire pénétrer au coeur d'une Amazonie, ici, péruvienne. 7/10/1989 Longo Avant d'être assassiné, l'an dernier, Chico Mendes avait formulé le voeu que sa mort, qu'il pressentait, mette 19/10/1989 un terme aux agressions contre les "seringueiros" Longo 43 44 Défense posthume de l'Amazonie 36 45 Trois Français et un Péruvien tués par des Indiens dans la jungle Michel Honorin est parti en Amazonie, au Zaire, en Australie, aux Philippines et en Sibérie, à la recherche des "pionniers" des temps modernes. Il a filmé un quotidien souvent sordide, sur des territoires en cours de civilisation. Une série impressionante 30/10/1989 Nota 8/1/1989 Médio 11/1/1990 Curto 12/1/1990 Médio 46 Derniers Far-West. Les conquérants du XXe siècle 47 Accord pour le retrait des chercheurs d'or du territoire des Indiens Yanomami 48 La grande détresse des Indiens Ianomami 49 Le procureur fédéral annule l'accord avec les chercheurs d'or 15/1/1990 Curto 50 Dynamitage des aérodromes clandestins 28/3/1990 Nota 23/4/1990 Médio 28/5/1990 Nota 51 L'Opéra dans la jungle. 52 Les Verts interdits Une partie de la plus importante ethnie indigène du Brésil est menacée d'extinction par la ruée des chercheurs d'or Aprés trois ans de restauration, l'Opéra de Manaus a été arraché aux termites de la forêt amazonienne et a l'espoir d'acceuillir la Scala de Milan 37 53 Un écologiste sous protection 54 Environnement Projet de reboisement de la forêt amazonienne 17/7/1990 55 La détresse des Indiens Yanomami. Malgré les promesses du nouveau gouvernement brésilien le grand pillage de l'Amazonie continue 2/8/1990 Longo 56 Destruction d'un puits pouvant servir à des explosions nucléaires 20/9/1990 Nota 57 Au Tribunal permament des peuples réuni à Paris. Le Brésil accusé de non-assistance 18/10/1990 à Indiens en danger Curto 58 La soupe aux piranhas 20/10/1990 Médio 59 Trois délinquants lynchés par une foule en colère 26/11/1990 Nota 12/12/1990 Longo 13/12/1990 Médio 1/6/1990 60 La lutte pour la forêt en Amazonie Le procès des assassins de Chico Mendes, qui s'ouvre le 12 décembre, remet en lumière le combat des "seringueiros" contre les "fazendeiros" 61 Le procès de Xapuri Les preuves contre les assassins présumés de Chico Mendes sont nombreuses Nota Nota 38 Les aveux de l'assassin de Chico Mendes 62 Le procès de Xapuri 63 Un procès exemplaire 64 Une réserve indienne envahie par les garimpeiros 29/12/1990 Nota 65 L'utilisation du DDT suspendue en Amazonie 29/12/1990 Nota 66 Vague de suicides dans une réserve d'Indiens 7/1/1991 Curto 7/2/1991 Nota 19/2/1991 Curto 5/3/1991 Nota 5/3/1991 Curto 9/3/1991 Curto 14/12/1990 Curto Les assassins de Chico Mendes ont été condamnés à dix-neuf ans de 18/12/1990 prison Médio 67 L'assassinat d'un syndicaliste agricole 68 Pour se protéger de l'épidemie 69 Des guérilleros colombiens ont tué trois soldats brésiliens 70 Surveillance renforcée des frontières 71 Les rives de l'Oyapock Le Brésil prend des mesures de prévention contre le choléra Le Brésil se protège contre l'épidemie de choléra qui sévit ai Pérou 39 72 La polémique sur le sort des Indiens Le Président Collor interdit l'accès au territoire des Ianomamis 73 Visite "écologique" du prince Charles 24/4/1991 Curto 26/4/1991 Nota 74 47 blessés dans des affrontements entre étudiants et policiers à Belem 17/5/1991 Nota 75 Massacre dans une mine d'or du Mato Grosso 24/5/1991 Nota 76 Limogeage du directeur des affaires indiennes 24/6/1991 Curto 77 Vaste opération contre les chercheurs d'or d'Amazonie 19/7/1991 Nota 78 Fermeture de la plus grande mine d'étain du monde 9/8/1991 Nota 79 Plus d'une tonne de cocaïne saisie à travers le pays 24/8/1991 Curto 80 Des évêques brésiliens protestent contre les agressions visant les paysans et les prêtres 12/9/1991 Curto 17/9/1991 Longo 81 Attention au poumon vert Le Brésil est devennu une plaque tournante du trafic de drogue Avec l'hélicoptère et le bulldozer, les forestiers peuvent sortir le bois de n'importe quel massif, même le plus reculé 40 82 Un disciple de Chico Mendes grièvement blessé dans un attentat 20/9/1991 Nota 83 Une réserve pour les Indiens Yanomamis 19/11/1991 Nota 84 Victime de la crise brésilienne 85 La zone franche de Manaus connaît 9/12/1991 la décadence Médio Choléra au Brésil 11/12/1991 Médio 86 La seconde jeunesse d'un opéragouffre 16/12/1991 Curto 87 Esclavage et assassinats 5/2/1992 Curto 88 Le travail forcé se répand dans les campagnes, selon la Commision pastorale de la terre 6/2/1992 Nota 89 A quatre mois de la conférence de l'ONU sur l'environnement 6/2/1992 Médio 90 Forte réduction de l'aide internationale pour la protection des forêts 13/3/1992 Nota 91 Les nouvelles frontières des Indiens Ianomamis 18/3/1992 Médio Le combat du Père Rezende Rio de Janeiro tente de se mettre à l'heure de l'écologie 41 Le Brésil est responsable de 12% des 92 émissions d'oxyde de carbone dans le monde 10/4/1992 Nota 93 M. Mitterrand participera au "sommet de la Terre" 25/4/1992 Nota 94 Le gouverneur de l'Etat de l'Acre a été assassiné 19/5/1992 Curto 95 Supplement: la Conférence de Rio sur l'environnement forêt L'Amazonie entre utopie et résignation 2/6/1992 Longo 96 La conférence de Rio sur l'environnement Un retour au passé... 3/6/1992 Médio 97 Le sommet de la Terre à Rio Routine onusienne 5/6/1992 Curto 98 La conférence des Nations unies sur l'environnement à Rio Folklore français et art amazonien 9/6/1992 Médio Les rois de l'écobusiness 10/6/1992 Médio 13/6/1992 Longo 99 Une foire internationale à Sao Paulo 10 Le dernier Eldorado des Yanomamis 0 10 1 La fin du sommet de la Terre à Rio Fastes journées pour le Brésil 16/6/1992 Curto 10 2 La fin du sommet de la Terre à Rio M. Mitterrand plaide pour l'obligation "d'assistance mutuelle écologique" 16/6/1992 Longo 42 10 Un chef indien accusé de viol accepte 3 de se livrer à la justice 10 4 L'image ternie de Paulinho Paiakan 19/6/1992 En Amazonie, le chef d'une tribu indienne prospère, convertie à 30/6/1992 l'écologie, est au centre d'une grave affaire judiciaire Plusieurs dizaines d'indiens 10 Ianomamis sont morts de malaria en 5 quinze jours Nota Longo 5/9/1992 Nota 1/10/1992 Curto 10 6 Bulletin Brésil 10 7 Des Indiens prennent quatre cents personnes en otage 6/11/1992 Nota 10 8 Les Indiens Araras obtiennent une réserve dans le Mato-Grosso 28/11/1992 Nota 10 9 Un rapport accablant d'Amnesty international sur le sort des Indiens 16/1/1993 Nota 110 L'ayant experimenté au Brésil contre la Leishmaniose 22/1/1993 Curto 111 Vol d'une capsule de césium-137 à Manaus 6/2/1993 Nota Un pays adulte Une équipe de chercheurs français et brésiliens aurait mis au point le premier vaccin antiparasitaire 43 112 Évasion des assassins de Chico Mendes 17/2/1993 Curto 113 La condamnation du commanditaire du meurtre de Chico Mendes confirmée 26/3/1993 Nota 114 Un fermier blanc acquitté du meurtre d'un chef Indien 1/4/1993 Nota 115 Au moins 500 000 enfants se prostituent, selon une enquête parlementaire 30/6/1993 Nota 14/7/1993 Longo 21/8/1993 Curto 23/8/1993 Nota 116 Rio-Maria ou la loi de la Jungle Une trentaine d'Indiens Yanomamis 117 ont été massacrés par des chercheurs d'or 118 Incarcération d'un grand propriétaire terrien accusé du massacre des Yanomamis 119 Après le massacre de plusieurs dizaines d'Indiens 12 Le président Franco crée un ministère 0 de l'Amazonie Assassinats en série, pratique de l'esclavage: la colonisation anarchique de l'Etat du Para autorise tous les excès Les Yanomamis exigent le départ 24/8/1993 des chercheurs d'or de leur territoire 26/8/1993 Médio Nota 44 12 Le bilan du massacre des Yanomamis 1 ramené à seize morts 3/9/1993 Nota 12 Le président de la Funai démis de ses 2 fonctions 4/9/1993 Nota 12 3 La grande mine "écologique" de Carajas 7/9/1993 Longo 12 4 Dépaysement 28/12/1993 Curto 12 5 Le paradoxe Jivaro 7/1/1994 Longo 12 Le sort des Indiens Tapirapés du Mato6 Grosso 13/6/1994 Curto Le groupe américain Raytheon préféré 12 à Thompson pour la surveillance radar 7 de l'Amazonie 23/7/1994 Curto 12 8 Les bûcherons de l'Amazonie 12 9 Acquittement du cacique Paiakan 13 Le "modèle Cardoso" pour l'Amérique 0 latine Une action d'éclat de Greenpeace pour dénoncer le "massacre" de la forêt équatoriale Artigo de Alain Touraine 7/11/1994 Médio 30/11/1994 Nota 27/1/1995 Longo 45 A AMAZÔNIA NO THE TIMES Classificação por data N# Título Data Tamanho 1 Ecology fighter buried 26/12/1988 Nota 2 Suspect surrenders over his rol in death of Mendes 28/12/1988 Médio 3 Mendes case suspects 29/12/1988 Nota 4 'Robin Hood' holds sway from his Amazon lair 2/1/1999 Longo 5 Amazon murder suspect gives up 9/1/1999 Nota Subtítulo 46 SÉRIE CEPPAC Últimos números publicados 010. SOBRAL, Fernanda; RENNÓ, Lucio & SILVA, Cristhian T. da (orgs.). Paradigmas em Ciências Sociais: Cinco ensaios interdisciplinares – Textos de Le-lyne Paes Leme Vasconcelos Nunes; Ticiana Nascimento Egg; Daniel Capistrano; Renata Motta; Irmina Walczak. Série Ceppac, 2007, 68p. 011. CASTRO, Henrique Carlos de O. de. A Political and Cultural Cross-National Comparative Research as a Tool to Develop a Framework to Improve Social Policymaking. Série Ceppac, 2007, 9p. 012. VÁSQUEZ, Ladislao Landa. Los fantasmas de la subalternidad (La transformación de/en los discursos (sobre los) indígenas em América Latina). Série Ceppac, 2007, 26p. 013. MARTINS, Cristian F. Campos negros, sertões e favelas: Campo de reprodução da experiência subalterna na sociedade brasileira? Série Ceppac, 2007, 22p. 014. PINTO, Simone Rodrigues. Multiculturalismo e Pluralismo Jurídico na América Latina. Série Ceppac, 2008, 15p. 015. O’DWYER, Eliane C. Profetismos e práticas de cura: Saber tradicional dos remanescentes de quilombo de Oriximiná-PA. Série Ceppac, 2008, 13p. 016. SILVA, Cristhian T. da. O Quebec e a Etnologia Indígena. Série Ceppac, 2008, 16p. 017. ÁVILA, Nuria Rodríguez; RANINCHESKI, Sonia & NOVAES, Paola Ramos. Aproximación al Proceso Social de Jubilación en el Adulto Mayor. Série Ceppac, 2008, 17p. 018. BAINES, Stephen & SILVA, Cristhian Teófilo da. Antropólogos, Usinas Hidrelétricas e Desenvolvimentalismo na América Latina. Série Ceppac, 2008, 19p 47 Instruções para os autores Para tornar mais eficiente o preparo de cada número da série, toda e qualquer matéria destinada à publicação deve ser enviada ao Editor da Série Ceppac por meio eletrônico (arquivo .doc, .rtf, .odt). As margens do texto deverão ser espaçosas (esquerda 3cm, direita 3cm, superior 2cm e inferior 2cm), espaço entre linhas “simples”, fonte “Times New Roman”, tamanho 12. O texto deverá ser entregue com alinhamento à “esquerda”. As citações com mais de quatro linhas devem ser destacadas do texto normal em um novo parágrafo e manter o espaço entre linhas “simples”. As notas de rodapé deverão ser breves e excluir simples referências bibliográficas; estas deverão ser incluídas no texto principal entre parêntesis, limitando-se ao sobrenome do autor, ano e páginas, por exemplo: (CARDOSO DE OLIVEIRA, 1998: 09). A referência bibliográfica completa deverá ser indicada na BIBLIOGRAFIA, conforme o seguinte modelo: Livro CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto. O trabalho do antropólogo. São Paulo: Editora Unesp; Brasília: Paralelo 15, 1998. Capítulo de livro LÓPEZ, Claudia Leonor. Processos de formación de fronteras en la región del Alto Amazonas/Solimões: La historia de las relaciones interétnicas de los Ticuna. In: CARDOSO DE OLIVEIRA, Roberto & BAINES, Stephen G. (orgs.) Nacionalidade e etnicidade em fronteiras. Coleção Américas. Brasília: Editora UnB, 2005, pp. 55-83. Artigo científico CRESPO, Carolina. Del ocaso del pasado a la reliquia del presente: Una trayectoria de vida alrededor del arte rupestre em Patagonia argentina. Campos – Revista de Antropologia Social, 06/1-2, 2005, pp. 125-137. Página da internet KELLY, R. Electronic Publisching at APS: Its not just online journalism. APS News Online, Los Angeles, Nov. 1996. Disponível em: http://www.aps.org/apsnews/196/11965.html. Acessado em: 25 de novembro de 1998. Deve-se evitar o uso de negritos, itálicos e sublinhados, assim como o uso de tabulações que afetem a diagramação do texto e dos parágrafos. Os quadros, gráficos, figuras e fotos devem ser apresentados em folhas separadas, numerados e titulados corretamente, com indicação de seu lugar no texto e de forma pronta para impressão. Grato por sua colaboração com a Série Ceppac. 48