Anestesia no prematuro

Transcrição

Anestesia no prematuro
CIRURGIA
PERIOPERATÓRIO
O sul da Bahia
recebeu
anestesiologistas
de todo o estado
no XI ENAI.
Pág. 02
SEMINÁRIOS
Saiba dos meios
de prevenção,
fisiopatia e
tratamento da
aspiração pulmonar
em anestesia.
Pág. 06
Conheça os novos
conceitos da
anestesia
intravenosa.
Pág. 08
Bahianest
A ABM criou para
você a CREDMED
REVISTA DA SAEB- SOCIEDADE DE ANESTESIOLOGIA DO ESTADO DA BAHIA E DA COOPANEST-Ba - COOPERATIVA DOS MÉDICOS ANESTESIOLOGISTAS DA BAHIA
ANO I | Nº II | AGOSTO 2006
Todos os serviços bancários com taxas e juros bem abaixo dos praticados no mercado:
Anestesia no prematuro
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da área de saúde, cônjuge, além de clínicas, hospitais e laboratórios.
Regulamentada pelo Banco Central e em parceria com o Banco do Brasil.
Carlos Vilmar Design Foto: Sxc.hu
Além de todas as vantagens, as sobras da cooperativa (lucro) são divididas anualmente entre os seus cooperados.
Público-Alvo: Médicos, Odontólogos, Enfermeiros, Assistentes Sociais, Farmacêuticos, Nutricionistas, e demais profissionais
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ou através do telefone 2107-9669,
Karina ou Carla
Associação Bahiana de Medicina
* Todas as condições sujeitas a análise e aprovação de crédito.
Tudo pronto
para mais uma
Jornada Baiana de
Anestesiologia.
Confira a
programação!
Pág. 17
COOPANEST-BA
COOPERATIVA DOS MÉDICOS ANESTESIOLOGISTAS DA BAHIA
CIRURGIA
PERIOPERATÓRIO
Conheça a qualidade
e os desafios na
prática da reanimação
cardiopulmonar.
Pág. 03
SEMINÁRIOS
Anestesiologistas
baianos participaram
da XXX JONNA
Jornada Norte
Nordeste de
Anestesiologia,
em Manaus.
Pág. 09
SAEB inicia
Programação
Científica com
a brilhante presença
de Dr. José Ponte
do King College
Medical Center.
Pág. 11
COOPANEST
elege nova
diretoria e
ganha Prêmio
TOP OF MIND.
Pág. 17
EDITORIAL
Bahianest
REVISTA DA SAEB- SOCIEDADE DE ANESTESIOLOGIA DO ESTADO DA BAHIA E DA COOPANEST - COOPERATIVA DOS MÉDICOS ANESTESIOLOGISTAS DA BAHIA
ANO I Nº 1 | ABRIL 2006
Anestesia no Prematuro
COOPANEST-BA
COOPERATIVA DOS MÉDICOS ANESTESIOLOGISTAS DA BAHIA
BAHIANEST é uma publicação da
SAEB - Sociedade de Anestesiologia do
Estado da Bahia em parceria com a
COOPANEST-Ba - Cooperativa dos
Médicos Anestesiologistas da Bahia.
Redação
Av. Garibaldi, 1815, Sobreloja, Bloco
B, Centro Médico Empresarial,
Ondina, Salvador - Bahia.
Fo n e : 7 1 3 2 4 7 - 4 3 3 3
Responsável pela revista
Dr. Samuel J o s é d e O l i v e i r a
Textos e Edição
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Jornalista DRT 2397
Designer Gráfico
Carlos Vilmar [email protected]
Tiragem 500 exemplares
Impressão
Cartograf
Caros Amigos,
Passados os seis primeiros meses da nossa gestão, agradecemos a todos pela acolhida e
compreensão de nossas intenções à frente desta casa.
A nova Revista Bahianest, o Curso de Atualização, os módulos do Curso de Condutas e
Procedimentos Perioperatórios e o XI ENAI – Encontro de Anestesiologia do Interior da Bahia
foram coroados de grande sucesso, graças à presença, participação e retorno positivo de todos
vocês. Este é o sentido que almejávamos dos sócios da SAEB: interagir conosco dentro deste
espírito científico.
Para o segundo semestre teremos a mais, o Curso de Computação e a XX JORBA – Jornada
Baiana de Anestesiologia, nosso maior evento. Este está sendo elaborado cuidadosamente para
agradar a todos. A Diretoria Científica merece este crédito pelo belo trabalho que tem
apresentado.
Na área da política associativa, nuvens costumeiras pairam nos ares. Rumores, boatos,
factóides rondam a nós e a Coopanest na expectativa de nos enfraquecer como instituição. Não
podemos simplesmente ignorá-las, pois surgem de nosso seio. A quem interessaria uma ruptura
em nossas fileiras? Convido a todos a uma reflexão mais profunda destes fatos, aqui na Saeb verdadeiro Fórum para este debate.
Unir pensamentos “DIFERENTES” é o que gera nossa força. Estejamos juntos, sem nunca
esmorecer contra aqueles que nos querem pequenos.
Somos grandes!
Dr. Samuel José de Oliveira
Presidente da SAEB
O espaço ideal para o sucesso do seu evento
DIRETORIA
Presidente
Dr. Samuel José de Oliveira
Vice-presidente
Dr. Macius Pontes Cerqueira
Secretário Geral
Dr. Marco Aurélio Oliveira Guerra
1º Secretário
Dr. José Admirço Lima Filho
1ª Tesoureira
Dra. Leda Maria Fróes Miranda
2ª Tesoureira
Dra. Lúcia Pereira Nascimento
Diretor Científico
Dr. Rodrigo Leal Alves
A SAEB disponibiliza para locação dois auditórios devidamente
equipados com tecnologia e conforto suficientes para qualquer tipo de
evento. Capacidade para oitenta pessoas confortavelmente sentadas,
sonorização, ar-condicionado, projetor de slides e retroprojetor. Para
outras informações, entre em contato com a nossa secretaria.
Diretor de Defesa Profissional
Dr. Aurino Lacerda Gusmão
Contato:
(71) 3247-4333
na rede
Após jogar minha “tarrafa Cibernética”
Fisguei os seguintes peixes...
O sul da Bahia foi o cenário do
XI Encontro dos Anestesiologistas
do Interior da Bahia
Este ano, Itabuna foi a cidade sede
do XI Encontro de Anestesiologia do
Interior da Bahia, ENAI 2006,
realizado nos dias 20 e 21 de maio. O
evento teve como tema central
“Complicações em Anestesia” com
uma seleção das complicações mais
freqüentes e preocupantes da
especialidade. Adversidades podem
ocorrer com qualquer um, muitas
vezes fruto de fatalidades do acaso,
independente do cuidado e formação
do profissional.
É, portanto, de fundamental
importância que o anestesiologista
esteja apto a detectar, tratar e prevenir
2
essas ocorrências ao longo de sua
carreira. Pensando nisso, convidados
de Salvador e região discorreram
sobre a epidemiologia, fisiopatologia,
tratamento e prevenção de situações
indesejadas e potencialmente letais no
perioperatório. Ainda que o número
de participantes tenha sido abaixo do
esperado, opiniões e dúvidas sobre os
diversos temas abordados foram
extensivamente discutidas nas
palestras e mesas redondas.
Os palestrantes do evento se
caracterizaram pelo brilhantismo e
clareza de suas apresentações,
focando aspectos práticos e objetivos
realísticos, no nosso meio, quando
diante de complicações anestésicas. O
evento também teve sua parte social,
com a festa de encerramento
realizada no próprio hotel sede onde
foi sorteada uma inscrição para o
Congresso Brasileiro de
Anestesiologia.
Não poderíamos deixar de
agradecer a importante participação
dos doutores Paulo de Tarso e Nina
Rosa que foram fundamentais na
viabilização e realização do encontro.
Agradecemos também os
palestrantes e participantes e
esperamos uma maior presença de
todos os colegas da capital e interior
no próximo ENAI, em 2007.
A Comissão Científica
www.google.com.br
Chamá-lo de portal diminui a
grandiosidade e a relevância deste
endereço virtual. O google ultrapassa
qualquer fronteira estabelecida,
qualquer dimensão de tempo e
espaço, qualquer unidade de medida.
Pode-se afirmar que uma boa
porcentagem do conhecimento
humana está relatada, ou mesmo
presente neste site. Lançado
inicialmente como buscador de
outras páginas da internet, o google
ganhou destaque por realizar buscas
rápidas e precisas sobre qualquer
tema desejado. O seu crescimento
foi exponencial, astronômico,
aparecendo novos serviços para os
internautas. Os filhos dos google são:
google earth (mapas mundiais online), google vídeo (os mais diversos
vídeos da NET), google books
(inúmeros livros), google translator
(tradutor línguas), etc.… E não
pára… Nenhum mortal terá tempo
para navegar nas múltiplas páginas do
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A telefonia convencional passará
por momentos difíceis. A Telefonia
de voz sobre IP (VOIP) aparece
como a realização de um dos
maiores desejos modernos, a
realização de chamadas
telefônicas interurbanas ou
internacionais a baixo custo, ou
até mesmo gratuitas. Neste site,
pode-se realizar o download de
um pequeno software, após a sua
instalação e inclusão de cadastro
pode-se iniciar a execução das
chamadas internacionais (alguns
países gratuitos) e as interurbanas
por um custo bem baixo. Como
dica: para obter resultados
satisfatórios existe a necessidade
de conexões de internet de banda
larga.
www.asahq.org
A American Socitey of
Anaesthesiology oferece um
dos portais mais completos
para leigos e anestesiologistas
do mundo inteiro. O lema de
Eterna Vigilância é bem
aplicado em todos os níveis do
site. Informações sobre os
eventos anuais, protocolos,
consensos, histórias da
anestesia, etc. Tudo é
oferecido de forma clara e
objetiva. O símbolo desta
instituição é um farol que se
pode fazer uma alusão para as
nossas buscas no mundo
virtual.
“Mas não precisamos saber pra onde vamos, Nós só precisamos ir”, define
bem a minha curiosidade entres https, www, htmls da vida.
Dr. José Admirço Lima Filho
CRM 15231
1º Secretário da SAEB
3
Capa
A SAEB inserida no
Fantástico Mundo da
Comunicação Virtual
Anestesia no Prematuro
A definição de prematuridade, segundo a Organização Mundial da Saúde é uma gestação com menos de 37
semanas a partir do primeiro dia do último ciclo menstrual. Grandes diferenças são encontradas entre os prematuros,
pois quanto maior a prematuridade, maior é a morbi-mortalidade. Observa-se o crescimento progressivo do número
de pacientes prematuros de baixa idade gestacional e baixo peso, resultado de medidas terapêuticas instituídas pelos
obstetras e neonatologistas nos últimos 40 anos. A anestesia no neonato prematuro é um grande desafio para o
anestesiologista. Além do baixo peso, de difícil manuseio, estas crianças apresentam seus órgãos imaturos, ainda se
desenvolvendo no ambiente extra-uterino.
A circulação fetal é caracterizada por uma baixa resistência vascular
sistêmica devida à presença da circulação placentária e uma alta
resistência vascular pulmonar, que ocorre devido ao colabamento
alveolar, a existência de líquido nestes alvéolos e a hipóxia. Este regime
de pressão associado à presença do canal arterial e do forame oval
patentes leva a um shunt direita/esquerda que desvia 90% do débito
cardíaco da circulação pulmonar.
Nas primeiras 24 horas após o nascimento, ocorre uma redução
importante da resistência vascular pulmonar e um aumento rápido da
resistência vascular sistêmica. Com a elevação da PaO2 e melhora da
acidose ocorre o fechamento funcional do canal arterial através da
constricção do músculo liso do canal, com o fechamento definitivo nas
4
primeiras 3 a 4 semanas após fibrose do canal. Como os prematuros
se mantêm em regime de hipóxia por mais tempo, e têm menor
quantidade de músculo liso no canal, eles apresentam maior chance
de manter este canal pérvio. O aumento da pressão do átrio
esquerdo leva ao fechamento forame oval por um mecanismo de
“flap”. Contudo, em períodos críticos como hipoxemia, hipercarbia,
acidose, hipotermia, infecção e a indução anestésica, pode haver
reversão da circulação neonatal para a fetal, a chamada circulação
transicional, com retorno do shunt D-E, o que leva a eventos
hipoxêmicos prolongados.
A disfunção pulmonar é muito comum no prematuro. A
síndrome do desconforto respiratório ocorre devido às alterações
pulmonares secundárias ao aumento da tensão superficial causado
pela deficiência de surfactante. Cursa com redução da capacidade
residual funcional, shunt intrapulmonar, colapso alveolar e formação
de membrana hialina. O uso materno de corticóide, em gestações de
até 34 semanas diminui sua incidência e gravidade. Também há
diminuição de morbi-mortalidade com o uso de surfactante
intratraqueal em crianças com menos de 28 semanas.
A displasia broncopulmonar é definida como a necessidade de
suplementação de oxigênio após os 30 dias de vida. É causada por
ventilação mecânica, alta FiO2 e por infecções pulmonares. Resulta
em fibrose intersticial, enfisema lobar e componentes de
hiperreatividade de vias aéreas, que pode progredir para hipertensão
pulmonar e insuficiência cardíaca direita. A melhora do quadro ocorre
com o crescimento da criança.
A apnéia da prematuridade é definida
como a ausência de respiração por mais de 15
segundos, ou menos, se houver bradicardia,
cianose ou palidez. È mais comum após a
primeira semana de vida e afeta cerca de 55%
dos prematuros. Altas frequências e duração
aumentam o risco de lesão do sistema
nervoso central. O uso de cafeína reduz sua
incidência e pode ser utilizado bolus de
10mg/kg na indução anestésica. A anestesia
geral aumenta sua incidência quando
comparado a raquianestesia, mas quando esta
é associada a qualquer tipo de sedação a
vantagem não se mantém. Não há consenso
entre os especialistas sobre a idade pósconceptual na qual não há mais risco de
apnéia pós-operatória, variando de 48 a 60
semanas.
A retinopatia da prematuridade tem uma
incidência de 50% nas crianças com peso de
1000-1500g e de mais de 90% nas crianças
com menos de 750g. Ocorre devido a
obliteração vascular da retina, que leva a
neoformação vascular, com hemorragias e
descolamento de retina. O principal fator
causal é o oxigênio sanguíneo, mas ainda não
se sabe o nível que causa lesão. Cerca de 85%
dos casos regridem, mas quanto mais grave
maior a possibilidade de amaurose. O
cuidado que o anestesista deve ter é manter
uma FiO2 baixa o suficiente para obter uma
saturação de 87-93% até a criança ter 44
semanas pós-concepção.
O cuidado com a temperatura é
fundamental no período peri-operatório, pois
hipotermia é fator de risco para mortalidade
neonatal. Os prematuros apresentam grande
perda de temperatura devido a sua alta
relação supervície/volume, a sua postura
flácida, menor quantidade de tecido
gorduroso e de gordura marrom e a sua pele
fina e transparente, com pouca
queratinização. A forma mais eficiente de
manter a temperatura do prematuro é com
manta térmica, além do uso de calor radiante
dos berços e mínima exposição de superfície
corporal. A sala cirúrgica tem que estar com a
temperatura mais quente possível.
Quanto aos fatores metabólicos, deve
existir um maior cuidado nessas crianças
quanto ao controle glicêmico. A taxa de
infusão de glicose mantida habitualmente é de
5-6 mg/kg/min. O recomendado é reduzir
esta infusão pela metade durante o período
peri-operatório e medir a glicemia a cada
hora, alterando a infusão de acordo com a
glicemia. No prematuro, é considerado
hipoglicemia valores abaixo de 40 mg/dl,
tratando-se com glicose 10% 2-5 ml/kg
durante 5 minutos. A hiperglicemia é definida
com um valor maior que 150 mg/dl, sendo a
infusão de glicose a principal causa. A
reposição hídrica nesta criança não deve ser
feita com solução sem sódio, pois elas são
muito susceptíveis a hiponatremia. A solução
de reposição mais recomendada no período
peri-operatório é o ringer lactato. O nível de
hemoglobina ideal ainda não é conhecido.
Uma conduta adotada é a manutenção de
hematócrito acima de 30%. Em crianças
doentes, principalmente com síndrome do
desconforto respiratório, alguns
neonatologistas recomendam manter o
hematócrito acima de 40%.
É importante lembrar que o prematuro
possui proporcionalmente maior conteúdo
de água e menor quantidade de músculos e
gordura. Seu metabolismo hepático, assim
como o fluxo sanguíneo hepático é reduzido.
A taxa de filtração glomerular renal é baixa e a
função tubular imatura. A indução com
agentes inalatórios é muito rápida e a
concentração alveolar mínima é mais baixa.
Sugere-se que o sevoflurano seja o agente
inalatório que cause menor depressão
cardiovascular. A cetamina pode levar a
hipotensão, como também altas doses de
midazolam. A anestesia com opióides,
mesmo em altas doses, mantém a
hemodinâmica, inclusive em crianças
gravemente enfermas.
Para realizar uma boa anestesia nessas
crianças é importante que sua fisiologia seja
bem conhecida. O apoio de um segundo
anestesiologista é sempre bem-vindo. E o
trabalho multidisciplinar, com o cirurgião e a
equipe de neonatologia é fundamental para
que sejam alcançados bons resultados.
Leituras sugeridas:
1.Anesthesia for neonatal surgical emergencies.
Wheeler M. ASA 2002.
2. Pediatric anesthesia. Gregory G. Quarta
edição, 2002.
3. Myths in pediatric anesthesia. Kain Z. ASA
2004.
Dra. Mariana Granato
CRM 15.582
Médica Anestesiologista
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nosso site:
www.saeb.org.br
5
“Há consenso em não utilizar corticóide para tratamento da
broncoaspiração. O seu uso em doses elevadas não trouxe
benefícios na evolução da doença, além de adicionar morbidade.”
opióides, anticolinérgicos e anestésicos
inalatórios). Um outro importante fator de
risco para broncoaspiração é a perda de
reflexos protetores das vias aéreas, como o
fechamento da glote e a tosse. Esta redução de
reflexo ocorre não apenas durante a indução
da anestesia como permanece no período
pós-operatório por efeito residual de drogas
anestésicas.
Alguns pacientes têm uma evolução
benigna e não apresentam sintomas
respiratórios, sendo que esta evolução ocorre
com mais freqüência entre as crianças,
enquanto outros pacientes evoluem com
sintomas respiratórios (tosse, broncoespasmo), podendo evoluir também com
hipoxemia, insuficiência respiratória a até
mesmo para o óbito. As principais síndromes
clínicas pós broncoaspiração estão descritas
abaixo. O pico dos sintomas da pneumonite
química ocorre até 2 horas. Normalmente,
aqueles pacientes que permaneceram
assintomáticos ou com sintomas leves durante
este período terão uma evolução benigna.
Síndromes pós
broncoaspiração:
Aspiração Pulmonar em Anestesia
O primeiro relato de aspiração pulmonar
do conteúdo gástrico durante um
procedimento anestésico foi descrito em
1946, por Mendelson, durante uma anestesia
geral para um parto. Desde então o
conhecimento em torno desta patologia vem
crescendo, principalmente em torno da sua
fisiopatologia, meios de prevenção e
tratamento. A incidência de aspiração
pulmonar no perioperatório é em torno de 1
para cada 3000 procedimentos anestésicos
em adultos, sendo discretamente mais
freqüente nas crianças. Alguns pacientes
apresentam risco aumentado de
broncoaspiração, destacando-se dentre eles
os idosos, pacientes classificados como ASA III
e IV, bem como os pacientes submetidos a
cirurgias de urgência, gestantes e portadores
6
de refluxo gastroesofágico. As conseqüências
clínicas da broncoaspiração dependem do
paciente, da característica da substância
aspirada, da sua quantidade e do tratamento
instituído.
Fatores de risco:
· Redução reflexos protetores de vias
aéreas - TCE, AVC, intoxicação por
drogas, procedimentos anestésicos;
· Alterações anatômicas e mecânicas doenças obstrutivas, íleo paralítico,
hérnia de hiato, refluxo gastroesofágico;
· Diversas - gravidez, procedimentos de
emergência, intubação difícil, ASA III e IV.
Estão envolvidos na fisiopatologia da
aspiração pulmonar do conteúdo gástrico por
vômito ou regurgitação, disfunções no
esfíncter esofágico inferior e superior, alteração na
função gástrica e no seu esvaziamento adequado,
além de diminuição dos reflexos protetores das vias
aéreas. Tidos como valores críticos durante muitos
anos para a ocorrência e gravidade da pneumonite,
o conteúdo gástrico > 0,4ml/Kg e um pH < 2,5
vêm sendo questionados pela falta de correlação
clínica comprovada. O esvaziamento adequado do
conteúdo gástrico exerce um fator protetor. Este
está comprometido em pacientes críticos,
diabéticos e após uso de drogas. O tempo de
esvaziamento é diferente para os alimentos, sendo
mais rápido para proteínas e líquidos e mais lento
para alimentos sólidos e ricos em gordura. Não se
tolera mais a regra do jejum absoluto após a meia
noite. O jejum prolongado não garante o
esvaziamento completo do estômago e está
associado a uma maior secreção ácida no
estômago. O risco de regurgitação aumenta
quando há uma elevação da pressão intragástrica
(ex-quadros obstrutivos, gestantes) e uma redução
da pressão no esfíncter esofágico inferior (ex-uso de
· Pneumonite ou S. Mendelson - lesão
química da árvore traqueobrônquica e
parênquima pulmonar causada pelo
conteúdo ácido gástrico levando a intensa
resposta inflamatória.
· Pneumonia aspirativa - infecção causada
por aspiração de secreção colonizada por
bactérias.
· Obstrução de vias aéreas, Atelectasia,
Abscesso, etc.
O risco de aspiração durante
procedimentos anestésicos é menor durante
anestesia regional em relação à anestesia geral,
sendo que este risco aumenta com a
necessidade de sedação. A intubação traqueal
ainda é considerada padrão ouro na prevenção
de aspiração em pacientes anestesiados,
porém existem evidências de microaspiração
em pacientes intubados. O uso de máscara
laríngea convencional não promove proteção
suficiente contra aspiração. O uso do modelo
modificado de máscara laríngea (ProSeal)
quando bem localizado permite a passagem de
sonda gástrica com esvaziamento do conteúdo
gástrico. A correta aplicação do jejum préoperatório é uma das medidas profiláticas mais
importantes. As recomendações da ASA American Society of Anesthesiologists / Tasq
Force on Preoperative Fanting estão
relacionadas na tabela abaixo. Estas
recomendações são válidas para pacientes
hígidos, não sendo atribuídas a gestantes e não
garantem um completo esvaziamento gástrico.
Vem sendo demonstrado o efeito benéfico da
ingestão de líquidos claros até 2h antes da
cirurgia em reduzir a ansiedade, evitar a
redução o pH gástrico, sem com isso
promover elevação do resíduo gástrico. Em
pacientes considerados como estômago cheio
a intubação acordado ou em seqüência rápida
com manobra de Sellick ainda são consideradas
as formas mais adequadas para acesso a via
aérea e as mais utilizadas em pacientes com
risco elevado de broncoaspiração. Artigo de
revisão recente sobre este tema publicado na
Current Opinion in Anaesthesiology
(2005,18:157-162) contesta o uso da
manobra de Sellick. O uso de drogas no préoperatório para o aumento do pH gástrico e
para acelerar o esvaziamento gástrico não esta
indicado em cirurgias eletivas em pacientes
saudáveis, mas estaria indicado em pacientes
com risco aumentado de broncospiração.
Outros pontos controversos em relação à
prevenção da aspiração pulmonar diz respeito
ao posicionamento adequado (cabeceira
elevada reduziria o risco de regurgitação
porém ocorrendo a regurgitação ou vômito
aumentaria o risco de aspiração.) e a retirada ou
não de sonda gástrica na indução anestésica.
A terapia adequada após episódio de
broncoaspiração deve ser iniciada
imediatamente e consiste em posicionar o
paciente com a cabeceira baixa, aspiração
imediata da orofaringe e realização da intubação
traqueal. Após a intubação proceder aspiração
traqueal se possível antes de iniciar a ventilação
pulmonar. Deve-se solicitar radiografia de tórax
e coleta de hemogasometria arterial para avaliar
a extensão do comprometimento pulmonar e a
sua repercussão nas trocas gasosas. Se
disponível, realizar broncoscopia para aspiração
traqueal, retirada de material sólido e coleta de
material para estudo bacteriológico. Não está
indicada a realização de lavagem
broncoalveolar com intuito de diluir o material
aspirado, pois a lesão química ocorre
rapidamente (60 a 90 segundos) após a
agressão e esta lavagem poderia espalhar as
partículas aspiradas para a periferia pulmonar.
Há consenso em não utilizar corticóide para
tratamento da broncoaspiração. O seu uso em
doses elevadas não trouxe benefícios na
evolução da doença, além de adicionar
morbidade. A recomendação atual é não se
administrar antibioticoterapia profilática. Muitos
pacientes que apresentaram pneumonite não
desenvolveram infecção. O uso de
antibióticoterapia sem critério está associado ao
desenvolvimento de resistência bacteriana. O
tempo de suporte ventilatório dependerá da
evolução do quadro clínico. Alguns pacientes
poderão ser extubados nas primeiras horas,
enquanto outros necessitarão de suporte
ventilatório prolongado, devido a complicações
respiratórias.
Referências:
1. Mark PE. Aspiration pneumonitis and
aspiration pneumonia. NEJM 2001;344:665671.
2. Apfel CC, Roewer N. Ways to prevent and
treat aspiration of gastric contentes. Curr Opin
Anaesthesiol 2005;18:157-162
3. Petroz GC. Lerman J. Pulmonary aspiration
and lung injury. Curr Opin Anaesthesiol
2000;13:291-297.
4. American Society of Anesthesiologists Task
Force on Preopoerative Fasting. Anesthesiology
1999;90:896-905.
5. Moro ET. Prevenção da aspiração
pulmonary do conteúdo gástrico. RBA
2004;54:261-267.
Dr. Nazel Oliveira Filho
CRM 14.449
Médico Anestesiologista
7
Novos conceitos em
anestesia
intravenosa
Em 1934, o primeiro agente hipnótico
intravenoso, o Thiopental, era apresentado à
comunidade anestésica. Era o início de uma
nova técnica anestésica: a intravenosa. Nas
décadas seguintes, conheceríamos mais novos
agentes, os benzodiazepínicos. A prática da
anestesia intravenosa já estava amadurecida,
mas na expectativa de fármacos com melhores
qualidades. O fim desta espera aconteceu na
década de 80, o propofol fora lançado como
um dos melhores hipnóticos, com
características únicas. Na década de 90, o
remifentanil apareceu como o melhor opióide
para infusão contínua.
O avanço da anestesia intravenosa não
aconteceu apenas com a introdução de novos
fármacos. A melhoria dos conceitos
farmacocinéticos, dos sistemas de infusão das
drogas e, mais recentemente, a introdução da
monitorização da consciência fizeram a
popularização desta técnica anestésica.
O propofol e o remifentanil são as drogas
que possuem as melhores características para
uso da anestesia intravenosa. Suas
características farcodinâmicas e
farmacocinéticas são bem estudadas e
delimitadas. Possuem o perfil de despertar
precoce, de não possuírem metabólicos
ativos, grande intervalo de titulação, poucos
efeitos adversos e rápido clerance. Estes
conhecimentos, em conjunto com a
administração por quase duas décadas,
fizeram destas duas drogas as mais utilizadas
para esta prática anestésica. Ainda não são as
ideais, mas hoje são as que possuem os
melhores resultados.
A necessidade de evoluir os conceitos de
como estudar os fármacos intravenosos
proporcionou melhorias na administração, na
manutenção e no despertar. A adoção do
sistema tricompartimental em substituição do
bicompartimental incrementou no
8
entendimento dos caminhos percorridos no
organismo por estes fármacos. Pode-se
calcular, com uma boa segurança, o tempo
para a concentração sanguínea chegará à
metade do valor inicial, o início de ação, o de
eliminação, de excreção.
A grande evolução nos estudos dos
fármacos intravenosos foi feita por Hughes. A
introdução do conceito de meia vida contexto
dependente como o tempo necessário para a
concentração de uma droga diminuir à
metade de seu valor após uma infusão (o
contexto). Assim, Meia Vida Contexto
Dependente não é um valor fixo, mas uma
curva que representa a metade, em tempo,
em função da duração da infusão da droga.
Isso proporcionou administrar os fármacos,
em infusões contínuas, por distintas unidades
de tempo com a possibilidade de saber a sua
concentração logo ao término desta.
Os meios para realizar a anestesia
intravenosa modificaram bastante. O meio
mais simples para infusão, uma agulha
associada a uma seringa fora substituída por
bombas de infusão com múltiplos recursos.
Os meios de infusão são didaticamente
separados em dois grupos: os sistemas de alça
aberta e os sistemas de alça fechada.
Os sistemas de alça aberta são a forma de
infusão mais utilizada. As mais simples
podem-se escolher apenas a vazão a ser
administrada. As mais modernas possuem o
incremento de um software que contém o
perfil farmacocinético de uma determinada
droga. Estes meios de infusão são chamados
de alvo controlado, onde o conhecimento
das características do fármaco proporciona
ajustes na vazão da infusão, para que esta
permaneça com poucas flutuações
plasmáticas da concentração. O único
anestésico, no Brasil, que possui a bomba de
infusão alvo controlado é o propofol.
Os sistemas de alça fechada ainda estão
em fase de estudo. O princípio deste meio é
que logo após a administração das drogas
pode-se obter através de um monitor
adequado (BIS, estimulador de nervo
periférico) a resposta proporcionada pelo
anestésico administrado. Nesta situação, o
que esta sendo avaliado são as alterações
farmacodinâmicas para o ajuste da infusão.
Estes equipamentos, na teoria, serão mais
precisos e eficientes para a utilização na
anestesia intravenosa.
A monitorização da consciência iniciouse no final da década de 90. O BIS fora o
primeiro equipamento destinado para este
fim. Um dos maiores desejos dos
anestesiologistas começou a ser
concretizado, o do conhecimento da
profundidade anestésica. Mesmo em fase
inicial de uso clínico, o aparelho que fornece o
indice bi espectral (BIS), é de grande valia.
Pode-se administrar doses mais precisas para
obtenção do efeito pretendido, com boa
segurança.
Mesmo na quarta geração de evolução, o
BIS ainda apresenta limitações. Outros
aparelhos foram apresentados com o intuito
de fornecer dados sobre a consciência intraoperatória. O monitor de entropia cerebral já
é bem estudado, usado, com bons resultados,
mas necessita de maiores comprovações para
a utilização de larga escala.
Este é um pequeno sumário das grandes
evoluções que ocorreram para a melhoria da
prática anestésica intravenosa. Onde o
conhecimento de diversas áreas do
conhecimento médico fora aplicado para
melhor conforto e segurança do maior bem
da ciência anestesiológica: O PACIENTE.
Dr. José Admirço Lima Filho
CRM 15231
1º Secretário da SAEB
9
QUANTITATIVO PERCENTUAL DE GLOSAS 2005
Prezados Colegas,
Os gráficos, a seguir, representam a evolução das Glosas em 2005 quando contrapostas ao
faturamento do mesmo ano. Tais dados são captados devido o controle diário do nosso sistema de
trabalho.
2,00%
1,60%
1,20%
0,80%
PLANSERV
CASSI
0,00%
PREVMED
Conforme analisado o Planserv lidera o índice de boletins glosados no ano. Muitas destas
glosas ocorrem devido a não observância do prazo de validade das guias de autorização
emitidas pelo convênio.
Conforme Circular COOPANEST-BA 0017/2006, de
20/06/2006, o fato de serem entregues Boletins de Anestesia nesta situação na cooperativa
inviabiliza o faturamento junto ao PLANSERV dos procedimentos realizados, atrasando ou
até glosando os pagamentos pelo convênio. Logo, em havendo discordância quanto à data
do procedimento em relação à Validade da Autorização, é necessária a revalidação desta guia
junto aos postos de atendimento do convênio instalados nos hospitais e clínicas ou no setor
de faturamento aonde não houver postos do PLANSERV.
MEDIAL
·
0,49%
0,32%
0,30%
0,24%
0,11%0,18%
0,02%0,03%0,03%0,05%0,09%
CAMED
0,40%
ASSEFAZ
Fazemos uma ressalva também para alguns avisos que são de importância crucial para que os
dados de glosa não venham evoluir de forma a prejudicar vossos faturamentos mensais.
QUANTITATIVO DE GLOSAS X RECEBIDO 2005
100%
100%
80%
60%
40%
2%
20%
·
·
Informamos ainda que a COOPANEST-BA firmou contrato de prestação de serviços
dentários com a empresa DENTALCORP, reconhecida no mercado, para atender aos
funcionários, extensivo também a todos os médicos cooperados e dependentes. A adesão
junto ao plano odontológico DENTALCORP – Assistência Odontológica Internacional, gera
um custo mensal no valor per capita de R$ 14,98 (quatorze reais e noventa e oito centavos).
Maiores informações, favor procurar o setor financeiro da COOPANEST-BA.
Por fim, informamos que no ano de 2005 (conforme gráfico disposto a seguir) foram
digitados na cooperativa um total de 114.880 Boletins de Anestesia, sendo que para o ano de
2006, em sendo mais preciso, até o dia 03/07/2006, já foram digitados um total de 64.209
Boletins de Anestesia, o que demonstra o grau de empenho de nossos funcionários no
desempenho de suas funções. Desta forma, solicitamos dos nossos cooperados atenção
extremada quando do preenchimento correto dos Boletins de Anestesia, em conjunto,
quando for necessário, das devidas documentações em anexo, no intuito de faturamos
rapidamente os atos cooperativos praticados por cada um.
1%
Todo convênio possui um cronograma de entrega de faturas. É de suma importância que
após realização do procedimento anestésico o Boletim de Anestesia, em conjunto com as
documentações que se fazem necessárias para cada convênio, dêem entrada o quanto antes
na COOPANEST-BA, de preferência com no máximo de 60 dias do procedimento
realizado, para que evitemos glosas desnecessárias devido a decurso de prazo na
apresentação das faturas.
1%
·
0%
FATURAMENTO 2005
GLOSA
RECEBIDO
NÃO RECEBIDO
QUNTIDADE DE BOLETINS DIGITADOS 2005 X jan à jul/06
120.000
114.880
100.000
80.000
60.000
40.000
9.914
20.000
9.724
12.726
10.251
12.080
9.398
116
2005
10
jan/06
fev/06
mar/06
abr/06
mai/06
jun/06
jul/06
11
As obras-primas que poucos leram
CALENDÁRIO DE FATURAS - AGOSTO/06
7/jul
Coelba, Assefaz, Min. Caraíba, Unafisco, Medial
Polimédica, Hap Vida
14/ago
Camed, Correios, Mediservice, Mastermed
Sul América
30/jul
Previna, Prevmed, Casseb (até 12 hrs), Fachesf
Fio Prev
15/ago
Unimed SSA, Blue Life, Omint
31/jul
Mediservice, Camed, Milmed, Plan Assiste
Magnesita, Codevasf, Sul América
1/ago
Sesef, IPS, Unimed SSA, Milmed
2/ago
Conab, Bradesco, Geap
3/ago
Amil, Caixa
4/ago
Fassincra, OAB, Porto Seguro, Cassi
Capesaúde (pegar relatório)
16/ago
Golden Cross
17/ago
Cassi
18/ago
Caixa, Geap, Bradesco
21/ago
OAB, Porto Seguro, Petrobrás, Petrobrás Dist.
Sul América
22/ago
Unimed SSA, Norclínicas, Promédica
23/ago
Novelis, Embrapa, Santa Saúde, Asfeb
7/ago
Planserv, Petrobrás, Petrobrás Dist., Camed
Sul América
24/ago
IH, Unimed Int., Unibanco, Gama, Banco Central
8/ago
Unimed SSA, Asfeb
25/ago
Camed, Sul América
9/ago
Unimed Int., Embrapa, Novelis, IH, Unibanco
Gama, Apub
28/ago
Bradesco
OBS: Clínica São Bernardo, H. Naval e Oftalmoclin,mandar fatura assim que digitarem !
10/ago
Previna, Geap, Conseil, Banco Central
11/ago
Bradesco
inhados à
Os Boletins devem ser encam
semana
COOPANEST-BA até uma
ura.
anterior à data de saída da fat
12
Março de 2005, numa das minhas
visitas de segunda-feira às livrarias de
cimento e tijolo da nossa capital,
deparei com aquilo que para mim
era a realização de um desejo
daqueles que guardamos na
prateleira dos impossíveis: A
editora Record e a escritora Heloísa
Seixas compilaram em livro alguns
dos trabalhos publicados na revista
"Manchete" (semanário fotográfico
de amenidades, um pouco mais
sério que os congêneres atuais),
durante cinco anos, de 1972 a
1977, sob o título um tanto quanto
apelativo... "As obras-primas que
poucos leram".
Os autores tinham sido
convidados pelo diretor da revista
"Manchete", nos idos de 1970, para
escrever artigos sobre clássicos da
literatura universal supostamente
pouco compulsados pelo público. A
série durou de 1972 a 1977 e
abrangeu na sua totalidade mais de
duzentos ensaios assinados por
autores de peso como: Antônio
Houaiss, Paulo Mendes Campos,
Ledo Ivo, Ruy Castro, R. Magalhães
Jr., Josué Montello, Joel Silveira,
José Lino Grunewald e,
principalmente, Otto Maria
Carpeaux, campeão absoluto da
série. Seria muito importante
lembrar que Otto Maria Carpeaux
(1900-1978), um paradoxal
presente do nazismo à nossa
pindorama, integrou um grupo de
intelectuais que fugiu da Europa e se
estabeleceu no Brasil compondo ao
lado de Anatol Rosenfeld e de Paulo
Rónai (1907-1992), um trio de
peso nas letras do país. Recomendo
especial atenção aos ensaios de
Carpeaux, que, com sua espantosa
erudição e fantástico "background"
(ele conta ter travado um insólito
diálogo com Kafka na fervilhante
Berlim dos anos 20), consegue
transformar o texto mais ligeiro
numa aula de apreciação artística.
Os ensaios contam com um
esquema para cada artigo: a
biografia do autor, a história contada
ou o tema abordado em cada livro e
um resumo crítico da obra.
A seleção primária feita por
Heloísa era de apenas setenta
obras, e a editora não teve acesso
ao material iconográfico que
acompanhava cada artigo. Seria
uma pena ficar só nestes setenta
artigos. Porém, acaba de sair mais
dois volumes com ensaios
relacionados ao teatro e à poesia
que complementam o conjunto e
vêm para saciar o gostinho de
quero mais de quem leu os dois
primeiros.
(como "Ulisses"), mas do fato de as
obras capitais da literatura serem
coisas das quais o leitor médio foge.
Mas nem isso vale para alguns
exemplos. O próprio ensaio de
Carpeaux sobre "Madame Bovary",
de Flaubert, sublinha que o livro
"saiu em mais de trezentas edições,
foi traduzido para todas as línguas,
existe em abomináveis edições...".
O mesmo sucesso desfrutou
"Alice no País das Maravilhas", que,
segundo José Guilherme Mendes,
"é um dos livros mais difundidos e,
em conseqüência, lidos em todo o
mundo", com 160 edições em 42
idiomas. Considerações como esta
podem ser feitas sobre "Crime e
Castigo", de Dostoiévski, "O
Médico e o Monstro", de Robert
Louis Stevenson, ou "A Peste", de
Albert Camus.
Se você não tem tempo de ler
os originais (na sala de cirurgia, nem
pensar!) ou gostaria de saber o que
se considera clássico ou mesmo ver
o que gente inteligente e erudita
tem a dizer sobre o extrato bruto da
cultura de forma concisa e confiável,
eu recomendaria esta coleção.
Bem... Olha eu aí... Pediram-me
para resenhar uma indicação e eu
saio com estas quatro que têm 140
embutidas! Nunca se sabe quando
será a próxima chance!
Dr. Manoel Rodrigues
Medeiros Neto
CRM 10112
Médico Anestesiologista
Talvez fosse o caso de o título da
série ser: "As Obras-Primas, que
Poucos Leram". Ou seja, não
estamos tratando de clássicos
pouco lidos pelo grande público
13
Aniversários dos Associados SAEB
Adelson Dias Costa
Adhemar Chagas Valverde
Adriana Navarro Machado
Adriano Cordeiro Salles
Adriano Curvello Neves
Alci Fernandes Cardoso
Alexandre Chaves Mira
Alexandre R. Chaves Sampaio
Alexandre Vieira Figueiredo
Altamirando Lima de Santana
Ana Katharina Nobre de Matos
Ana Rosa Pereira Garcia
Anderson Cardoso Gazineu
Antonedson Pinto Franca
Antonio Andrade Brito Filho
Antonio Carlos C. Oliveira
Antonio Carlos Freitas
14
22/11/
21/10/
25/08/
18/08/
01/12/
23/08/
23/07/
04/07/
03/09/
28/08/
18/12/
10/08/
28/12/
09/07/
19/08/
15/11/
05/07/
Antonio Carlos Oliveira Luz
27/12/
Antonio do Vale Filho
02/09/
Antonio Jarbas Ferreira Junior 29/09/
Antonio Jorge Barreto Pereira 12/08/
Antonio Miranda Rocha Junior 15/07/
Arayci F. P. Abbehusen Miguel 02/09/
Aristoteles Marques Gazineu 27/07/
Armando Pereira de Almeida 19/10/
Artur Emilio Carvalho Franca 15/09/
Barbara Cristina S. Freitas
04/12/
Beila Consuelo Santana Santos11/09/
Boanerges Carneiro Rocha
19/08/
Bruno Friederick Neto
09/11/
Carlos Alberto de Souza
10/10/
Carlos Alberto Souza Cardoso 24/10/
Carlos Eduardo A.de Araujo
15/11/
Carlos Henrique dos S.Pedreira15/07/
Carlos Magno Oliveira Gomes 29/09/
Carlos Roberto Souto Batista 18/09/
Carlos Rubens C.de Assis
21/08/
Carmelia Carvalho C. Correia 12/09/
Celso Antonio L. de Oliveira
14/07/
Clicio de Oliveira Costa
22/07/
Clisia Maria Lobo dos Santos 25/12/
Clodoaldo Lopes Dias
17/10/
Clodoaldo Raimundo B.Gondim19/09/
Cynthia Castilhano L.da Silva 01/10/
Davino Vitor F. Ribeiro
22/09/
Demetrio Gomes de Almeida 21/11/
Denise Mendonca Lavigne
20/10/
Djalma Neves Costa
15/07/
Djalma Novaes A. Segundo
16/08/
Edilma Maria Lima Dorea
10/07/
Eduardo Ferreira S. Biscarde 28/09/
Eduardo Lins F.de Araujo Filho 03/08/
Edvaldo Tavares Lira
20/07/
Elba Jussara Maia de Araujo 08/08/
Eleonora Peixoto Valente
17/07/
Elga de Oliveira Dourado
13/09/
Emmanuel Isaias de S. Correia 08/12/
Ernestina D.P.Dourado Oliveira 16/09/
Evanio Rodrigues Tavares
03/10/
Fabio de Souza Ribeiro
21/08/
Fabio Francisco Ferreira Souza 18/11/
Fabricio Modesto dos R. Costa 18/09/
Fabricio Tobias D.Carneiro
29/12/
Fabrizzio Vargens Ferraz
13/09/
Fernando Ferreira de Brito
20/09/
Francisco Caldas S. Netto
23/11/
Gabriel Pinheiro Moura
11/10/
George Sidney da S.Ferreira 26/09/
Georgia Biao Lima Oliveira
02/10/
Geraldo Angelo de S. Freitas 02/12/
Geraldo Carlos V. B. Andrade 14/07/
Gilberto Caymmi Ferreira Neto 17/12/
Gilvan da Silva Figueiredo
23/10/
Gladson Soares Moreira
26/08/
Glaucia Celeste F. G. Quadros 29/10/
Griselda Cristina Tierno Salto 19/08/
Gustavo Gomes Pereira Franca15/07/
Herman Ferreira Lopes
16/12/
Hilda Maria Trindade Costa
07/12/
Hugo Eckener D. P. Cardoso 30/09/
Ilka Aranha de Aguiar
02/09/
Isabella Vincent Santoro
27/12/
Jakson Almeida de Cerqueira 25/09/
Jarbas Machado Almeida
08/08/
Jedson dos Santos Nascimento31/07/
Joao Alves Fernandes
26/12/
Joao Braulio Nogueira Macedo 01/08/
Joao Marinho Falcao Neto
08/07/
Jocelene de Andrade Freitas 28/12/
Joel Alcantara de Azevedo
15/07/
Jonathan Miranda
09/12/
Jorge Maia de Vasconcelos
07/07/
Jose Andrade da Silva
12/07/
Jose Antonio Fernandes S.
04/07/
Jose Aparecido de O. Santos 23/11/
Jose Bahia Bastos Filho
10/07/
Jose Carlos Ribeiro de Souza 07/11/
Jose de Souza Andrade Neto 01/09/
Jose Goncalves Sao Pedro
09/10/
Jose Moraes Silva Neto
09/11/
Jose Roberio Dewilson Oliveira 01/07/
Jose Siquara da Rocha Filho 16/07/
Joselito Rodrigues Silva
11/09/
Jurandi Martins Leao
07/10/
Katia Virginia Sampaio Almeida 27/09/
Katiane Kilma V.de Almeida
13/09/
Lauro de Melo Pita Filho
12/07/
Leda Maria Froes Miranda
28/08/
Licio Duarte Dias Junior
06/12/
Liliana Mara Cirne Britto
19/12/
Lorena Costa Assis Nogueira 10/08/
Lucia Pereira Nascimento
14/12/
Luciano Teixeira Lopes
12/08/
Lucimar Paraguassu B.Ferro 30/12/
Luis Afonso Borges Martinho 21/10/
Luis Claudio Paula de Oliveira 01/08/
Luis Teixeira da Fonseca
19/08/
Luiz Alberto Vicente Teixeira
18/07/
Luiz Mauricio L. da Fonseca
26/12/
M. A. Duarte Guimaraes
01/07/
Macius Pontes Cerqueira
27/07/
Magda Rejane Fagundes S.
06/11/
Magnolia Montenegro M.Granja23/12/
Manoel Rodrigues M. Neto
02/12/
Marcelo da Cunha Bastos
24/09/
Marcelo de Andrade Pinheiro 04/08/
Marcelo de Souza Carvalho
14/09/
Marcio Henrique L. Barbosa
27/07/
Marcio James de Abreu Ribeiro 28/11/
Marco Aurelio Neves de Aquino 15/07/
Marco Aurelio Oliveira Guerra 17/07/
Marcos Antonio L.de Oliveira 23/11/
Maria Alice A.Maranhao Dantas 15/12/
Maria Celia Pacheco Negrao 29/08/
Maria Emilia V. F. Monteiro
29/10/
Maria Goreth Oliveira Carvalho 20/08/
Maria Jose Pedreira Ramalho 30/10/
Maria Jucinalva Lima Costa
30/11/
Marilda Soares Monteiro
03/12/
Mariluce Peixoto Santos
04/08/
Marlindo Pereira Fernandes
20/12/
Mauricio Freitas Reis Lopes
24/10/
Mauricio Santana B de Oliveira 04/07/
Mauricio Santos Barretto
18/09/
Miguel Carlos Salhes
27/09/
Nazel Oliveira Filho
07/10/
Nelson Costa Figueiredo
07/08/
Nelson Pereira Salles
19/07/
Neuma Lima Dias
17/12/
Nicolas Nassim Nader
05/10/
Nilton Barros
20/11/
Nina Rosa Nunes Brandao
22/08/
Oliveiros Guanais de Aguiar
19/08/
Onofre Eduardo C. de Oliveira 07/12/
Osano Fernandes Barbosa
02/10/
Osvaldo de Oliveira Gomes
28/07/
Patricia Falcao Pitombo
17/09/
Paula Marcia C. S. Gomes
03/10/
Paulino T. Evangelista Segundo04/11/
Paulo Cesar Rodrigues Freitas 18/11/
Paulo Cezar Medauar Reis
30/09/
Paulo de Tarso Santos Pinheiro 21/10/
Paulo Henrique A.de Carvalho 11/12/
Paulo Henrique V.da Silva
12/09/
Paulo Sergio S. dos Santos
29/11/
Pedro Augusto Costa R. Castro 23/12/
Pedro Neves de Carvalho
23/10/
Regina Celi Frazao de Araujo 02/10/
Reginaldo Costa Gomes
02/11/
Renata Matos Amancio
29/10/
Ricardo Dourado Vasconcelos 09/09/
Ricardo Luiz Costa Pereira
02/08/
Ricardo Ramos Santana
06/09/
Rita de Cassia Fadigas Rocha 24/09/
Roberto Antonio Valois Mendez 09/09/
Rodrigo Maia Amoedo
03/10/
Rogerio Franco de Andrade
14/07/
Rogerio Lima Leal Silva
25/08/
Romulo Jose Cunha Araujo
28/11/
Ronaldo Soares Farias
17/10/
Rosangela R.P.C.Gibson
02/11/
Rosanne Pedreira Xavier
29/11/
Rose Pereira Cordeiro
29/11/
Sergio Roberto de O.R.Costa 05/07/
Silvana Neves F.de Assuncao 22/10/
Silvia Urquieta Franklin
19/11/
Solon Neves Caires
03/08/
Susane Junqueira Gomes
31/12/
Suzane Lima Leal Silva
30/09/
Sylvia Maria R.Issa Figueiredo 27/08/
Tamara Karina B. Prado
06/09/
Telma Carneiro Cardoso
06/09/
Telma Regina Oliveira Dantas 26/09/
Tomas Araujo Almeida
08/09/
Tulio Cesar Azevedo Alves
13/09/
Ubaldo Coelho Goncalves Fº 25/09/
Uira Ramos Cotrin Pires
09/08/
Valdir Cavalcanti Medrado
11/12/
Vanessa Alves Costa
25/09/
Vanessa Alves Fernandes Pinto10/08/
Vania Delfina Borba Goncalves 24/11/
Vania Julita F.Bulhoes Maia
28/10/
Vera Lucia Mello R. Almeida
29/12/
Vinicius Klann
26/12/
Virginia Dayse F.Ferreira
25/07/
Vivaldo P.Barretto Sobrinho
12/12/
Viviane Borges Passos Mineiro 06/12/
Viviane Lucia Barao Paixao
14/11/
Wagner Luis B. Balthazar
27/09/
Waldeck V. Sacramento
29/09/
Waldivio Loureiro da Silva
19/07/
Walter Menezes Rojas
30/07/
Walter Santos Almeida
08/09/
Walter Vianna
07/12/
Wilson Andrade dos Santos
01/10/
ERRATA
Parabenizamos a Dra. Onsly Fernandes de
Canedo, pelo seu aniversário comemorado
em 05 de junho.
Caso algum outro membro da Sociedade
não tenha o nome citado na lista é devido a
desatualização dos dados pessoais junto à
SAEB
Atualize seus dados
pessoais com a SAEB
Fone: 71 3247.4333
[email protected]
15
Conto
Ilusões
clandestinas
Naquela tarde tudo era lento e fastidioso, merencória repetição. Estava
estupefato, contando a pressa tempo. Apenas esperava que ela aparecesse. Não
podia fugir das divagações e sem elas não podia imaginar seus dias. Seus achaques não
eram apenas desvarios, sim fies sectários da impaciência. E poderia vê-la nítida por
entre os pêlos densos de sua sobrancelha, por certo no instante de maior agonia.
Contudo, naquela hora, nem mesmo encontrava os costumeiros sinais, prelúdio
do seu prazer. Apenas as mesmas pobres ilusões. Ouvia, sim, sem frivolidades, sons
de desiguais desarmonias, enquanto recontava as janelas sempre fechadas do
convento. E seguia as linhas inexistentes entre elas, que diferiam no traçado, nas
dimensões, nas direções..., e, vez por outra, teimavam em ganhar movimentos
desordenados.
Posto logo cedo à janela, hesitava impacientado, ora num, ora noutro ombro.
Seus tiques acompanhavam o intranqüilo bater de olhos. Os cigarros queimavam
apressados, no ritmo do seu respirar ofegoso, enquanto as mãos trêmulas
deleitavam uma provisória liberdade, espalmadas sobre a madeira crua da sacada.
Desejava loucamente vê-la uma vez mais
Seus pensamentos derivavam e seu mundo era diferente, sem fronteiras. E se no
coração faltavam-lhe afeições, descaminhos do passado, convívios brotavam nos
rumores da sua própria inconsciência.
Sabia da loucura.
Esforçava-se. Por certo ela viria, como outrora, fugaz, plácida, constante ao hábito
de suplicar. Abriria uma das janelas, acenderia velas, e por-se-ia de joelhos, em frente
à imagem da santa, com as mãos postas e o rosto encoberto por um véu. E
permaneceria imóvel apenas orando, até retornar, indiferente, ao seu costumeiro
recolhimento.
Era apenas para ela seus pensamentos mais lascivos, a sua única alegria sonhada, a
redenção entre os desvarios. E valeria a dilação apenas imaginar a cor de seus cabelos,
sempre ocultos, o desenho do seu olhar, a mansidão de sua pele diáfana. Um
verdadeiro regozijo divagar em sua intimidade, no seu âmago desconhecido. Uma
volúpia fantástica.
Há muito havia se livrado das compunções e seus anseios sugeriam, sim, um
sentimento peculiar por aquela mulher. E sabia já não suportar ficar sem vê-la.
Contudo, seus olhos conseguiam enxergar apenas vultos indefinidos entre as
multidões, percorrendo as paredes do convento ou sobre sua cama de dormir. E já
anteviam desconfiados aquela ausência.
Já tremia por inteiro e vacilava na postura quando desistiu da emoção. Limpou as
cinzas do parapeito e com certa brusquidão, sem vacilar, fechou sua janela. Deu o
suspiro da insatisfação e enxugou o suor da face.
Então, já que ela não aparecera, voltou a tomar seus remédios. E tomou até não
restar mais nenhum. Desejou a liberdade.
Aquietou-se e deitou no incólume silêncio do crepúsculo. Ele sabia não existir
nada, apenas ilusões clandestinas.
Dr. Alexandre Figueiredo
CRM 13503
Médico Anestesiologista
16
INFORMAÇÕES E INSCRIÇÕES
Pabx: (71) 3247-4333
Fax: (71) 3235-3133
E-mal: [email protected]
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Sociedade de Anestesiologia
do Estado da Bahia
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