retratos do saber: “flashs” das experiências promovidas
Transcrição
retratos do saber: “flashs” das experiências promovidas
RETRATOS DO SABER: “FLASHS” DAS EXPERIÊNCIAS PROMOVIDAS EM UM PROJETO DE EXTENSÃO NA ÁREA DAS ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO Priscila Fonseca Bulhões; Leandra, Costa da Costa; Carla Beatriz Kunzler Hosda; Soraia Napoleão Freitas (Orientadora) Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Eixo Temático: Altas Habilidades FIEX/UFSM Palavras-chave: Altas habilidades/superdotação. Programa de Incentivo ao Talento. Fotografia. Adolescentes. 1. Introdução O presente trabalho, caracterizado como um relato de experiências, parte de ações desenvolvidas em um projeto de extensão denominado Programa de Incentivo ao Talento (PIT). Este projeto teve sua realização (2003-2015) junto ao Grupo de Pesquisa Educação Especial: Interação e Inclusão Social (GPESP), da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), coordenado pela Professora Doutora Soraia Napoleão Freitas. O referido projeto possuía entre seus objetivos a implementação de um programa de enriquecimento escolar direcionado à estudantes com indicadores de altas habilidades/superdotação (AH/SD). Dessa maneira, teve-se como pressuposto teórico para o trabalho com estes estudantes, o Modelo de Enriquecimento Escolar (The Schoolwide Enrichment Model – SEM), concebido pelo educador norte-americado Joseph Renzulli (RENZULLI; REIS, 1985). Como estratégias de enriquecimento, utilizava-se no PIT o Modelo Triádico de Enriquecimento, proposto pelo autor supracitado. ISSN 21774013 Este Modelo sugere a implementação de atividades de enriquecimento de três tipos: Tipo I, Tipo II e Tipo III. Conforme Renzulli (2004), a essência desse modelo está em: Assim, as atividades de enriquecimento do Tipo I são experiências e atividades exploratórias ou introdutórias destinadas a colocar o aluno em contato com uma ampla variedade de áreas de conhecimento, que geralmente não são contempladas no currículo regular (CHAGAS; MAIA-PINTO; PEREIRA, 2007). O objetivo das atividades do Tipo II consiste em “desenvolver nos alunos habilidades de “como fazer”, de modo a instrumentá-los a investigar problemas reais usando metodologias adequadas à área de conhecimento e de interesse dos alunos” (CHAGAS; MAIA-PINTO; PEREIRA, 2007, p. 61). No último tipo de atividades, o Tipo III, visa-se: [...] a investigação de problemas reais, por meio da utilização de métodos adequados de investigação, a produção de conhecimento novo, a solução de problemas ou a apresentação de um produto, serviço ou performance. Estas atividades têm ainda como objetivo desenvolver habilidades de planejamento, gerenciamento do tempo, avaliação e habilidades sociais de interação com especialistas, professores e colegas. O aluno, após passar por este tipo de experiência, deverá ser capaz de agir, sentir e produzir como um profissional de uma área específica do conhecimento (CHAGAS; MAIA-PINTO; PEREIRA, 2007, p.62). Nas palavras de Renzulli (2004) “a meta final do Enriquecimento Tipo III e das características-chave subjacentes a ele é substituir a dependência e a aprendizagem passiva pela independência e a aprendizagem engajada” (p.101). Neste contexto, a proposta do PIT foi de possibilitar o desenvolvimento e reconhecimento do potencial destes estudantes bem como, suprir e complementar as necessidades, propiciando um espaço rico em experiências diversas, onde ocorressem redes de diálogo, troca de conhecimentos, aprofundamento teórico e oportunidades para que estes estudantes encontrassem desafios compatíveis com as suas habilidades. As atividades desenvolvidas no PIT foram organizadas a partir de Grupos de Interesse (GIs). A cada semestre eram ofertados em torno de três ou quatro GIs, de modo que estes eram planejados a partir de indicações dos interesses observados nos estudantes. Os GIs, portanto, eram organizados em projetos pedagógicos e contavam com o apoio de profissionais, acadêmicos ou até mesmo de outros projetos de Universidades para auxiliar no aprofundamento da área de conhecimento trabalhada no grupo. ISSN 21774013 Sendo assim, o presente texto apresenta as ações desenvolvidas no segundo semestre de 2013 no GI Fotografia, denominado “Click”, o qual abarcou a temática da Fotografia como eixo central do trabalho com os estudantes adolescentes, com AH/SD, participantes do projeto PIT. O GI Fotografia teve como objetivo pedagógico introduzir o campo da fotografia aprofundando-se nos conhecimentos acerca dos seus conceitos físicos e químicos, suas técnicas bem como na sua dimensão estética, a fim de que os estudantes, através de um olhar apurado, ampliassem sua perspectiva acerca de si mesmos e sobre o mundo. 1. Desenvolvimento Cabe contextualizar que no decorrer das atividades do PIT, especialmente durante o ano de 2013, observou-se que os estudantes adolescentes estavam afastando-se das propostas dos GIs. O “Click” foi criado pois acreditou-se que a fotografia, enquanto arte e técnica, poderia assumir um papel importante de expressão e até mesmo de transcendência de paradigmas, além de possibilitar, através de uma experiência estética e criativa, a aprendizagem de uma nova habilidade. A partir dessa nova proposta, verificou-se a retomada da participação dos adolescentes nas atividades do PIT, através do interesse pela fotografia, bem como pela necessidade de compartilhar suas experiências com seus pares da mesma idade, visto que, anteriormente os participantes desse novo grupo não interagiam entre si porque frequentavam GI diferentes. Dessa forma, entende-se que ao estruturar uma proposta para os adolescentes foi importante estar atentos às inúmeras alterações que essa fase evidencia. Referindo-se ao início do processo da adolescência, Campos (1975) afirma que “A adolescência começa com as relações psicológicas do jovem as suas mudanças físicas da puberdade e se prolonga até uma razoável resolução da sua identidade pessoal” (p.13). Sendo assim, essa fase de construção e resolução da sua identidade inicia com muitas dúvidas, medos, receios e nesse sentido é importante o adolescente vivenciar diferentes áreas de seu interesse, descobrindo suas possibilidades e novos conhecimentos. Ainda nesta perspectiva, segundo Costa (2006), na adolescência os conflitos e as inseguranças próprias da idade despertam à necessidade de ampliação de ideias, desejos e realização de expectativas. Para a autora: ISSN 21774013 Outro aspecto inerente a essa etapa, é a necessidade de o adolescente expressar seu potencial criativo, ter novas idéias – com freqüência, divergentes das idéias apresentadas por outras pessoas, especialmente adultos – e de compartilhar suas experiências com seus pares. (COSTA, 2006, p.110). Considerando que “o negativismo, sobretudo com os pais, e o constante impulso por maior independência são traços da adolescência inicial” (BEE, p.514, 2003), pensou-se que seria relevante ofertar dispositivos que possibilitassem o desenvolvimento do olhar críticoreflexivo, artístico e criativo destes adolescentes, com o intuito de canalizar seus potenciais em produções positivas e prazerosas. Para a realização das oficinas ofertadas ao GI Fotografia, contou-se com a participação voluntária de dois profissionais em Fotografia, estes profissionais tiveram sua proposta pedagógica assessorada e acompanhada pela equipe executora do projeto PIT, composta por profissionais da área da educação. A metodologia de trabalho escolhida primou por ações de cunho reflexivo-teórico-prático. As oficinas foram distribuídas em módulos, cada módulo possuía um tema específico do campo da Fotografia. Os encontros foram realizados aos sábados pela manhã e tiveram a participação assídua de cinco adolescentes. 2. Conclusões Percebeu-se o quanto a fase da adolescência é específica, pois demanda um entendimento acerca das transformações orgânicas e físicas que permeiam este grupo de jovens meninas e meninos. Da mesma forma, são muitas as transformações psicológicas e emocionais, algumas vezes turbulentas, levando os adolescentes a questionarem figuras de autoridade, representações e valores sociais bem como a si mesmos. Concluiu-se que o grupo de adolescentes criou uma identidade própria dentro do PIT e foi fortalecendo-a, por iniciativa própria, inclusive em outros espaços como os virtuais, onde dialogaram e trocaram materiais sobre a área da fotografia. ISSN 21774013 Portanto, pensamos que esta proposta foi de suma importância, mostrando-se muito significativa para os adolescentes que demostraram alto grau de motivação e satisfação com o desenvolvimento destas oficinas. Referências BEE, H. A criança em desenvolvimento. Porto Alegre: Artmed, 2003. CAMPOS, D.M.S. Psicologia da Adolescência: Normalidade e Psicopatologia. Rio de Janeiro: Vozes, 1975. CHAGAS, J. F; MAIA-PINTO, R. R; PEREIRA, V. L. P. Modelo de Enriquecimento Escolar. In: FLEITH, D. de S. (Org). A construção de práticas educacionais para alunos com altas habilidades/superdotação: Volume 2: atividades de estimulação de alunos. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2007. COSTA, M. R. N. da. Um olhar sobre o adolescente com altas habilidades. In: FREITAS, S. N. (Org). Educação e altas habilidades/superdotação: a ousadia de rever conceitos e práticas. Santa Maria: Ed. Da UFSM, 2006. p. 109-125. RENZULLI, J. S. O Que é Esta Coisa Chamada Superdotação, e Como a Desenvolvemos? Uma retrospectiva de vinte e cinco anos. Revista Educação, Porto Alegre, Ano XXVII, v. 52, n. 1, jan./abr. 2004. RENZULLI, J. S; REIS, S. M. The schoolwide enrichment model: a comprehensive plan for educational excellence. Mansfield Center: Creative Learning, 1985. ISSN 21774013 ISSN 21774013