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50 JOGADORES 01 EDITORIAL “Não nos iludamos: a dignidade da profissão de futebolista depende de todos. De ti também. Não fiques de fora da nossa equipa” Joaquim Evangelista Presidente do SJPF A cerimónia da FIFA 2012 é passado. Cristiano Ronaldo é presente e futuro. Onde ele está, está o melhor futebol. Sobre isso não nos iludamos. E até Messi, um dia que Cristiano Ronaldo deixe Espanha, terá saudades… Joaquim Evangelista | Presidente da Direção Áreas de Intervenção Assessoria Jurídica e Fiscal Formação e Qualificação Profissional Protecção Social e Seguros Defesa da Saúde Fundo de Garantia Salarial Fundo de Solidariedade Social Estágio do Jogador Football Jobs - O Portal do Emprego Futebol Feminino, Futsal e Futebol de Praia Acordos e Benefícios 02 JOGADORES 50 O ano de 2012, infelizmente, não é de boa memória para os portugueses e consequentemente para os jogadores de futebol. Foi uma ano difícil marcado pela crise económica e pela intervenção da troika. O Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol, apesar disso, procurou desenvolver a sua atividade ao serviço dos jogadores de futebol e do futebol em geral. Privilegiou o apoio direto e a cooperação institucional e como se poderá constatar pelo balanço que consta desta revista podemos, de consciência tranquila, afirmar que o resultado final é positivo. Importa destacar algumas iniciativas, nomeadamente, o 10.º Estágio do Jogador, o protocolo assinado com a Liga, a constituição do Fundo de Garantia Salarial para as competições profissionais e não profissionais. Paralelamente prosseguiu-se o combate diário à praga do incumprimento salarial mobilizando as instituições do futebol para a introdução de mecanismos de fiscalização e garantia. Agora é tempo de perspetivar o futuro. As dificuldades aguçam o engenho e no futebol terá de existir muito para superar os problemas. A fronteira entre o descalabro e a sobrevivência depende de nós. No que nos toca podemos garantir o mesmo empenho na defesa dos interesses dos jogadores de futebol. CRISTIANO RONALDO Sou suspeito para falar de Cristiano Ronaldo. Sou português e seu admirador. E esta admiração ultrapassa, em muito, os aspetos desportivos. Na verdade Cristiano Ronaldo é um exemplo de empenhamento, superação, humanismo e solidariedade. É alguém que, ao contrário de outros, tudo o que tem deve-o a si próprio. Estas qualidades no mundo atual deveriam ser exaltadas mas, infelizmente, há quem se entretenha a promover o acessório e o fútil. Ora, Cristiano Ronaldo é um jovem com as qualidades e defeitos dos outros jovens. E na maioria das vezes exigimos a Cristiano aquilo não exigimos a nós próprios. Esta forma de pensar é injusta e desleal. São inaceitáveis os juízos de valor que alguns dirigentes internacionais fazem sobre Cristiano Ronaldo e sinto indignação. Revolta-me, sobretudo, os comentários originários de alguns que nada acrescentam ao futebol. Mas o futebol tem uma dimensão planetária e os mais jovens reconhecem em Cristiano Ronaldo o seu ídolo. E Cristiano é-o por mérito próprio. Cristiano Ronaldo promove como mais ninguém, o futebol e o desporto, e isso deveria ser reconhecido pelos diversos agentes do futebol. Sobretudo aqueles que se limitam a ocupar uma cadeira num organismo desportivo qualquer e que são notícia porque foram a uma Gala onde o melhor jogador do mundo esteve presente. A cerimónia da FIFA 2012 é passado. Cristiano Ronaldo é presente e futuro. Onde ele está está o melhor futebol. Sobre isso não nos iludamos. E até Messi, um dia que Cristiano Ronaldo deixe Espanha, terá saudades… 50 JOGADORES 03 memória cristiano pela sexta no onze ideal ronaldo vez consecutiva da fifa | fifpro Edição e propriedade SJPF, Rua Nova do Almada, nº 11 3º Drt., 1200-288 Lisboa www.sjpf.pt | [email protected] T: 213 219 590 | f: 213 431 061 ASF — Agência de Serviços Fotográficos — [email protected] | Imagens que fazem história Especial Gala FIFA FIFPro P.08 Dossier Retrospetiva | Sindicato em revista P.18 Jovens Talentos Luís Gustavo e Tiago Ferreira P.50 As Nossas Internacionais Cláudia Neto P.54 portugueses estrangeiros 41% 59% Estudo SJPF Utilização de jogadores | I e II Liga P.34 Diretor Joaquim Evangelista Diretor adjunto Vitor Crisóstomo Redação A Bola TV Gabinete de Comunicação Design Gabinete de Comunicação Paginação Bruno Teixeira Fotografia Bruno Teixeira, Picasa, ASF, Lusa, EPA Colaboradores Gustavo Pires, José Neto e Manuel Sérgio Impressão Moreplace Tiragem 2500 Exemplares Dep. Legal 256825/07 04 JOGADORES 50 03 Editorial 04 Índice 05 Memória: A Bola TV 06 Opinião: João Vieira Pinto 08 Especial: Gala FIFA / FIFPro 16 FIFPro Who’s Who: Rinaldo Martorelli 18 Dossier: Balanço 2012 32 Em Campo: Tirsense, Fafe, Boavista, Sp. Espinho, Fabril e Os Limianos 34 Estudo SJPF 36 Gabinete Jurídico 38 Prémios 42 Estudos vs Profissão: Sandro (V. Setúbal) 44 O Capitão: Hugo (Beira-Mar) 46 Área Técnica: João de Deus (Oliveirense) 48 Apito: Paulo Baptista 50 Jovens Talentos: Luís Gustavo e Tiago Ferreira 52 Opinião: Gustavo Pires 53 Onze Remates: Serginho e Rui Lima 54 As Nossas Internacionais: Cláudia Neto 56 Opinião: Manuel Sérgio 57 Clipping 58 Glórias: Luís Figo 60 Lazer: Automóveis, Relógios e Jogos 65 O Meu Estádio: Bonfim 66 Regresso à Infância: Paulo Torres membro O MEU ESTÁDIO Bonfim P.65 Lazer Porsche Carrera 4 e 4S P.60 Imagem merecedora de ser acolhida, com aconchego, no acervo histórico da comunicação social portuguesa. Formalmente, foi desta forma que se assinalou o início das emissões regulares de A Bola TV no canal 12 do MEO, passavam 12 horas do dia 12 de outubro de 2012. O diário desportivo de inimitável prestígio e tradição sorri, orgulhoso, com o nascimento de rebento ao qual o futuro reserva longa e aventurosa caminhada. Nesse seu trajecto, ao mais recente canal televisivo português incumbe vasta responsabilidade mas também imensurável ao fazer-se acompanhar do nome A Bola, designação que soube, desde o longínquo início do ano de 1945, granjear admiração e reconhecimento de gerações de portugueses independentemente da ocupação, formação, crença, raça e localização. A Bola, jornal de todos os desportos, foi, é e será o jornal de e para todos os portugueses. Assim como a sua televisão... 50 JOGADORES 05 opinião joão vieira pinto CRISTIANO NASCIDO PARA GANHAR Por JOÃO VIEIRA PINTO Diretor da Federação Portuguesa de Futebol para as Seleções A e Sub-21 JOSE COELHO/LUSA No Sporting de 2002/03 existia um conjunto muito razoável de jogadores consagrados, nomes com história feita no clube e no futebol português. Era comum haver miúdos das camadas jovens a treinar connosco. Creio que a maioria deles sentia um misto de orgulho e temor. Não será fácil, para um jovem de 16, 17 ou 18 anos, estar de repente a tentar fintar um André Cruz, um Paulo Bento, um Beto, um Pedro Barbosa. Ou a tentar marcar tanto como o Jardel. Com o Cristiano era diferente. Aos 17 anos já era um rapaz irreverente, sem medo de assumir riscos, de jogar para a frente e, consequentemente, de cometer alguns erros. À qualidade técnica que ficava imediatamente à vista já somava a vontade de ganhar que até hoje o guia dentro de campo. E estou a falar dos treinos! Nos jogos em que foi participando, toda esta atitude tinha os seus reflexos naturais. Marcou logo na estreia, contra o Moreirense, e foi crescendo com consistência dentro de uma equipa, repito, composta por jogadores de grande valia e experiência. Na inauguração do novo Estádio José Alvalade, no início da época seguinte, tive a felicidade de marcar dois golos ao Manchester United, mas foi dele que mais se falou nos dias seguintes. É 06 JOGADORES 50 famosa a história da viagem de avião do United para Inglaterra, durante a qual os jogadores convenceram Alex Ferguson a contratar o Cristiano. E lá foi ele! Voltámos a contactar com maior frequência quando assumi as funções de diretor da Federação Portuguesa de Futebol. Ao longo de mais de um ano já foram bastantes as ocasiões em que estivemos juntos na Seleção Nacional, com um Europeu pelo meio. É fácil para mim, hoje, perceber porque Luiz Felipe Scolari o escolheu para capitão de equipa. É um líder por natureza e mantém uma excelente relação com os colegas. Quem vive o grupo por dentro conhece o peso do Ronaldo em todo um conjunto de aspetos que passam despercebidos ao público e aos observadores em geral. É fácil para mim, hoje, perceber porque Luiz Felipe Scolari o escolheu para capitão de equipa. É um líder por natureza e mantém uma excelente relação com os colegas. É um rapaz brincalhão nas horas em que se pode brincar, e transforma-se, na hora de competir, num modelo de concentração quase inimitável. Além disso, incute aos colegas esse sentido de responsabilidade e essa indomável vontade de vencer. O Cristiano é uma pessoa simples e preocupada com os menos favorecidos. Recentemente soubemos, por exemplo, que se tornou embaixador da “Save the Children”, instituição que zela por uma boa alimentação de crianças de todo o mundo. Mas ele ajuda muito mais pessoas e instituições, embora a maior parte das iniciativas não seja do conhecimento público. Como deve suceder com os verdadeiros beneméritos. Ronaldo tem, na corrida anual à Bola de Ouro, um adversário cuja qualidade todos reconhecemos. Já ganhou e já perdeu. Trata-se, contudo, de um futebolista com uma incrível regularidade de exibições e golos, ano após ano. O Cristiano sabe que num jogo menos conseguido pode deitar muita coisa a perder, e por isso nunca facilita. Porque nasceu para ganhar e tem muitas épocas pela frente na carreira, tenho a certeza que voltará a ser reconhecido como melhor futebolista do mundo. 50 JOGADORES 07 Especial Gala fifa | FIFpro 2012 gala fifa fifpro Pelo sexto ano consecutivo, Cristiano Ronaldo integra o onze ideal do ano. Além do internacional português, a formação de sonho reúne ainda Casillas (Real Madrid), Daniel Alves (Barcelona), Piqué (Barcelona), Sérgio Ramos (Real Madrid), Marcelo (Real Madrid), Xabi Alonso (Real Madrid), Xavi (Barcelona), Iniesta (Barcelona), Messi (Barcelona) e Falcao (At. Madrid). O avançado colombiano, ex-FC Porto e atualmente no Atlético de Madrid, é o único jogador deste 11 que não pertence aos quadros do Barcelona ou do Real Madrid. Já Lionel Messi, 25 anos, foi eleito pelo quarto ano consecutivo o melhor jogador do Mundo. Na luta pela Bola de Ouro, o argentino arrecadou 41,60 por cento dos votos, Cristiano Ronaldo 23,68 e Andrés Iniesta 10,91 por cento. Na categoria de Melhor Treinador do Ano, Vicente Del Bosque (34,51 por cento dos votos) superou José Mourinho (20,49%) e Pep Guardiola (12,91%). Por sua vez a sueca Pia Sundhage, ex-selecionadora feminina dos Estados Unidos da América, venceu a Bola de Ouro para melhor treinador de equipas femininas em 2012 e Franz Beckenbauer foi distinguido pela FIFA com o prémio Presidencial, pela sua contribuição ao futebol. Por fim, Miroslav Stoch, jogador do Fenerbahçe, da Turquia, ganhou o prémio Puskas para melhor golo do ano 2012 e a norte-americana Abby Wambach foi eleita a melhor jogadora do mundo, tendo superado a brasileira Marta e a compatriota Alex Morgan. 08 JOGADORES 50 Fotos: Picasa 50 JOGADORES 09 Especial Gala fifa | FIFpro defesa Gerard Piqué, Daniel Alves e Iker Casillas 2012 defesa Marcelo e Sérgio Ramos meio campo Andrés Iniesta, Xavi e Xabi Alonso gala fifa fifpro ataque Cristiano Ronaldo e Radamel Falcao 10 JOGADORES 50 1. Casillas 2. Daniel alves 3. marcelo 4. piqué 5. sérgio ramos 6. xabi alonso 7. iniesta 8. xavi 9. falcao 10. messi 11. ronaldo bola de ouro Lionel Messi treinador Vicente Del Bosque 50 JOGADORES 11 Especial Gala fifa | FIFpro trio de sonho Cristiano Ronaldo, Andrés Iniesta e Lionel Messi foram os três candidatos a Melhor Jogador do Mundo de 2012. Antes do anúncio oficial de quem iria vencer o galardão, o internacional português revelou o que lhe ia 12 JOGADORES 50 na alma. “Estou de consciência tranquila. Não é algo de vida ou de morte, pois depois a vida continua. Se for um deles a ganhar também será bem entregue”, afirmou. Andrés Iniesta não escondeu a alegria de estar entre os três finalistas. “Estou muito feliz. O que vivi foi muito bom. Foram momentos únicos. Espero que este ano possa ser tão bom. Há muitos jogadores de grande nível. Estar ao lado de Cristiano e Messi é muito bonito”, revelou. Lionel Messi acabou por ser o jogador mais votado e respetivo vencedor. “É incrível receber pela quarta vez consecutiva este prémio. É impressionante. Estou muito orgulhoso. Quero agradecer aos meus colegas do Barcelona, especialmente ao Iniesta. Agradeço também aos meus companheiros da seleção argentina, aos treinadores e capitães que votaram, à minha família, amigos, à minha mulher e ao meu filho”, disse o argentino após receber o galardão no Palácio de Congressos de Zurique, na Suíça. 50 JOGADORES 13 Especial Gala fifa | FIFpro Nos bastidores com a FIFPro Antes da revelação dos vencedores na grande gala anual da FIFA, Ronaldo confraternizou com os elementos da FIFPro. Pelo sexto ano consecutivo, Cristiano Ronaldo integra o onze ideal do ano. O internacional português é, juntamente com Messi e Falcao, um dos avançados escolhidos para a seleção FIFA FIFPro World XI de 2012. Horas antes de subir ao palanque para receber o respetivo prémio, o avançado do Real Madrid passou alguns momentos de descontração com elementos da FIFPro (entre os quais se encontrava Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol) e com outros jogadores também nomeados para o onze ideal. À semelhança do que aconteceu com os restantes futebolistas, Cristiano Ronaldo recebeu da FIFPro um iPad Mini personalizado. Cristiano Ronaldo Neymar 14 JOGADORES 50 Lionel Messi Valderrama Andrés Iniesta Gerard Piqué 50 JOGADORES 15 Associação dos Atletas Profissionais de São Paulo e Federação Nacional de Atletas Profissionais de Futebol RINALDO MARTOrELlI “Já recebi ameaças de morte por telefone” Ex-guarda-redes do Palmeiras e do São Caetano, entre outros, Rinaldo Martorelli foi um dos principais impulsionadores dos direitos dos jogadores no Brasil. Considera que o incumprimento salarial é o maior problema no futebol brasileiro e revela que já foi ameaçado de morte quando o sindicato defendeu a extinção do passe. Qual o cargo que desempenha na Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (FENAPAF)? Como é que surgiu a oportunidade de integrar o sindicato? Presido a FENAPAF e o Sindicato de São Paulo. Em 1993 quando atuava no EC Taubaté fui convidado para fazer parte da direção do sindicato de São Paulo por um antigo companheiro de Palmeiras porque era eu quem discutia os direitos dos jogadores com a direção e então acabei por ficar como presidente. Presidi ao Sindicato ainda como jogador durante quase três anos e depois de impor resistências à Federação de São Paulo fui obrigado a terminar a minha carreira porque nenhum clube local me podia contratar. Quais são os principais serviços prestados pela sindicato? Pagamos os direitos de televisão aos jogadores, atuamos nos mais variados níveis políticos, protocolos com universidades e escolas, orientação profissional e jurídica, acompanhamento profissional, centros de recuperação física, ações para jogadores sem contrato, etc. 16 JOGADORES 50 Qual o maior problema que afeta os jogadores no Brasil? É o incumprimento salarial. O único Estado, por enquanto, que o resolveu nas principais divisões de futebol foi o de São Paulo. Depois de árdua negociação conseguimos com a Federação Paulista incluir no regulamento da competição deste ano a penalização dos clubes incumpridores através da perda de pontos e o incumprimento salarial desapareceu. Foi o marco para trabalharmos no resto do país. iniciado oficial e institucionalmente no Sindicato de São Paulo. Trabalhámos muito com o Pelé quando este era ministro municiando e esclarecendo os deputados para que votassem a favor dos jogadores. Como acompanha o trabalho da FIFPro? E o da Divisão América? Sou membro do Comité Executivo da FIFPro como representante das Américas e presidente da Divisão, ou seja, atuo diretamente na organização dos sindicatos do nosso continente que, diga-se de passagem, está muito coordenado com os objetivos sindicais mundiais na defesa dos jogadores. Dar a cara e defender os jogadores contra clubes poderosos acarreta alguns dissabores. Já passou por alguma situação especialmente difícil? Já ocorreu e ainda ocorre. Quando defendíamos a extinção do passe recebi várias ameaças de morte por telefone. O ambiente era muito tenso porque estávamos a mexer com gente poderosa que tinha interesses que não eram o de defender os clubes. Isso foi de 1996 a 1998. Recentemente, quando interviemos com dois grandes clubes grandes (São Paulo e Corinthians), os adeptos enviaram-me vários emails com ameaças de morte. Felizmente nunca aconteceu nada. Quais as mudanças mais importantes é que se registaram no sindicato? A principal conquista foi o fim do passe no país, e foi um trabalho Como perspetiva a relação entre os sindicatos português e brasileiro? Como é grande a quantidade de jogadores brasileiros a atuar em Portugal, temos de aproveitar e talvez estabelecer uma comunicação semanal mais estreita. Muitas vezes, a adaptação nem sempre é fácil. Qual é a sua opinião sobre o SJPF? Vejo o sindicato português muito bem preparado para defender os direitos dos jogadores e no presidente Joaquim Evangelista um líder preparado e muito disposto a procurar o melhor para a classe e que não tem medo de enfrentar situações muito delicadas. Quer deixar uma mensagem para os futebolistas brasileiros que jogam em Portugal? Que os brasileiros entrem em contato com o sindicato, orientem-se e tentem manter-se totalmente informados sobre os seus direitos e deveres. Que honrem o nome de nosso país com uma conduta profissional e ética, acima de tudo. Rinaldo José Martorelli Idade: 50 anos Posição: Guarda-redes Clubes: Sete de Setembro, Palmeiras, Náutico, Taubaté, São Caetano, Pelotas, Goiás, Paysandu, Noroeste de Bauru e Esportivo de Passos. 50 JOGADORES 17 Retrospetiva Sindicato em revista dossier Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: Bruno Teixeira/SJPF, HERNANI PEREIRA/LIGA PORTUGAL, ASF, sl bENFICA e Lusa Num ano marcado pela grave crise financeira, que se acentua, o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) esteve particularmente ativo. Inúmeros acontecimentos merecem referência no balanço de 2012 mas um em particular destaca-se e, infelizmente, pela negativa. Falamos do incumprimento salarial que conduziu à invulgar rescisão coletiva de 16 futebolistas da União de Leiria. Os jogadores 18 JOGADORES 50 do emblema leiriense não aguentaram a situação, insustentável para muitos deles, de não receberem ordenado ao longo de vários meses. O SJPF tentou por todos os meios resolver o problema entre a SAD leiriense e os atletas mas tal objetivo acabou por revelar-se infrutífero, levando os futebolistas a avançarem para a rescisão coletiva. Infelizmente, uma vez mais, o incumprimento salarial foi uma realidade no futebol português durante 2012, com o “caso U. Leiria” a ser o seu expoente máximo. Mas o ano que acabou recentemente não trouxe só “desgraças”. A 23 de fevereiro, o SJPF comemorou 40 anos de existência. Uma efeméride marcante e que representa quatro décadas em que o sindicato trabalha diariamente em prol dos direitos e dos deveres dos jogadores. Durante 2012, o SJPF auxiliou inúmeros futebolistas em questões processuais e, na maior parte das vezes, com êxito. Em julho, o SJPF e a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, atentas à conjuntura económica adversa, conjugaram esforços e assinaram um acordo de parceria que previa, entre outras medidas, a revisão do Contrato Coletivo de Trabalho. No mesmo mês iniciou-se o 10.º Estágio do Jogador – Uma Perspetiva de Emprego. A iniciativa, dedicada a atletas sem contrato de trabalho, permitiu a que 44 deles arranjassem colocação. Como não poderia deixar de ser, a solidariedade foi outra das áreas à qual o sindicato não esteve indiferente. Pelo nono ano, organizou e promoveu a Semana Contra o Racismo e a Violência no Desporto. Realizada no Martim Moniz, em Lisboa, foi um sucesso. No âmbito social, realce para o protocolo assinado no âmbito do programa “Impulso Jovem” entre o SJPF, o Governo, a Federação Portuguesa de Futebol e a União das Misericórdias Portuguesas que permitirá empregar 100 jogadores de futebol (jovens ou ex-jogadores). Também o futebol feminino não passou ao lado do SJPF que nomeou Carla Couto para embaixadora e promoveu por vários meios, entre eles uma rubrica fixa na revista Jogadores, o futebol feminino. A nível puramente desportivo, destaque para o Euro 2012, onde Portugal alcançou as meias-finais, caindo apenas aos pés da Espanha (campeã mundial e europeia). Ainda na Europa nota para as boas prestações nos rankings da FIFA e da UEFA da Seleção nacional e dos clubes portugueses. Já no plano interno, o FC Porto sagrou-se bicampeão, a Académica venceu a Taça de Portugal e o 1.º Dezembro venceu o título nacional feminino pela 11.ª vez consecutiva. No campo institucional nacional e internacional, o SJPF participou ativamente na Assembleia da República, no Conselho Nacionao de Desporto e nas assembleias-gerais e workshops da FIFPro e da FIFPro Divisão Europa. O incumprimento salarial, o Diálogo Social Europeu, a especificidade do Desporto e o doping foram alguns exemplos de temas abordados nesses encontros. Isto e muito mais para rever no balanço de 2012 que apresentamos nas próximas páginas desta edição. 50 JOGADORES 19 01 janeiro fevereiro 02 formação Governo Observatório do futebol revela que clubes desperdiçam formação. AG fifpro divisão europa cria grupos de trabalho: Sindicatos unidos • Portugal e Espanha discutem problemas que afetam os profissionais de futebol. • fifpro/mdas • Sindicatos refletem sobre organização administrativa e financeira. Regime Fiscal das sociedades desportivas; Profissionalização dos árbitros; Proteção dos jovens talentos desportivos. Executivo apresenta Liga Yannick Djaló sjpf sempre presente Mário Figueiredo eleito presidente Racismo futebol unido Aniversário Ronaldo no onze do ano Conselho nacional do desporto plenário 20 JOGADORES 50 FIFPro Black book 50 JOGADORES 21 03 março abril 04 FIFPro,UEFA, EPFL e ECA Carla Couto Acordo histórico embaixadora 1.º Dezembro campeão SJPF reúne com plantel do Leixões Saná apoiado pelo sindicato fifpro|uefa memorando vitor damas Jogadores prestam homenagem. leixões Plantel unido contra os salários em atraso. união de leiria “Greve” aos treinos. 22 JOGADORES 50 SJPF visita seleção feminina rescisão coletiva União de leiria proteção das seleções e jovens jogadores Relatório com 29 recomendações legislativas para o Governo. FC Porto bicampeão 50 JOGADORES 23 05 maio junho 06 espanha II Liga equipas b aprovadas Seleção espanhola sagra-se bi-campeã europeia. Euro 2012 Portugal cai nas meias finais Andrés iniesta O médio espanhol foi considerado o melhor jogador da competição. Futsal incumprimento salarial sjpf no parlamento Benfica sagra-se campeão dia mundial do refugiado champions Raúl Meireles, Bosingwa, Hilário e Paulo Ferreira sagram-se campeões. Cardozo Melhor marcador da I Liga. antidoping SJPF presente no seminário de Estrasburgo. 24 JOGADORES 50 Lista de convocados Euro 2012 fpf assembleia geral AG FIFPro Divisão Europa 50 JOGADORES 25 07 julho agosto 08 estágio 88 participantes 44 colocações Cunha Rodrigues preside órgão de controlo da UEFA 10º Estágio do Jogador Carla Couto despede-se da seleção Proença na final do Europeu Liga e sindicato parceria estágio do jogador perspetiva de emprego Fundo de garantia salarial 8º torneio FIFPro Competições Profissionais: 500 mil euros; Competições Não Profissionais: 100 mil euros. União de Leiria Pauleta Pedro eleito o 13.º melhor estrangeiro de sempre da liga francesa em processo especial de revitalização. 26 JOGADORES 50 50 JOGADORES 27 09 setembro trofense Em processo especial de revitalização. Miguel Lourenço Melhor Jogador Jovem da Liga Zon Sagres outubro 10 James Rodriguez melhor jogador sindicato apoia anselmo e vilela miguel rosa melhor jogador II liga CND plenário ad CEUTA sandro e moreno APOIADOS PELO SINDICATO congresso anual fifpro Estudo 390 jogadores portugueses lá fora portugal em 3º Protocolo FIFPro Divisão Europa e EFPA 28 JOGADORES 50 Debate formação de agentes desportivos Bola TV A Seleção Nacional chegou ao terceiro lugar, a posição mais alta da sua história no ranking FIFA. Apenas as seleções de Espanha e Alemanha estão à frente de Portugal. 50 JOGADORES 29 11 novembro dezembro 12 flávio ferreira melhor jogador jovem jackson melhor jogador boavista fc SJPF apoia Em processo especial de revitalização. Tozé Marreco e Roberto miguel rosa melhor jogador bruma melhor jogador jovem tribunal arbitral sjpf no parlamento protocolo futebol cria 100 empregos Lilian Thuram rabiola melhor jogador II liga e a luta contra o racismo FIFA FIFPro World XI 30 JOGADORES 50 Mundial futsal feminino Portugal vice-campeão 50 JOGADORES 31 delegados em campo pelos jogadores Sporting Clube de Espinho Com o objetivo de estar sempre ao lado dos jogadores e de dar-lhes todo o auxílio necessário, o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF) acompanha diariamente futebolistas dos clubes das mais variadas divisões. Nestas páginas é possível visualizar as visitas dos delegados do SJPF João Lucas (Zona Norte) e João Oliveira Pinto (Zona Centro) a alguns desses emblemas. A Norte, os jogadores do FC Tirsense, da AD Fafe, do Boavista FC, do Sp. Espinho e da AD Os Limianos (todas equipas da II Divisão) receberam a visita de João Lucas. Já o plantel do Grupo Desportivo Fabril do Barreiro (III Divisão, Série E) posou para a fotografia ao lado do delegado do sindicato João Oliveira Pinto. GD Fabril do Barreiro Associação Desportiva Os Limianos Futebol Clube Tirsense Associação Desportiva de Fafe 32 JOGADORES 50 Boavista Futebol Clube Fotografia: SJPF 50 JOGADORES 33 Infografia: Bruno Teixeira | Joaquim Rebelo UTILIZAÇÃO DE JOGADORES PORTUGUESES E ESTRANGEIROS LIGA ZON SAGRES 1 II LIGA 1 Dados Globais 2 2 Valores médios por nacionalidade e escalões etários 45 Valores médios por nacionalidade e escalões etários 96 64 62 59% 41% Dados Globais 30% 70% 53 47 40 28 24 30 25 12 3 até 23 anos Valores médios por nacionalidade e por clube 12 24-28 anos mais de 29 anos 12 até 23 anos Valores médios por nacionalidade e por clube 24-28 anos mais de 29 anos 14 11 10 10 12 9 9 8 77 77 77 12 11 8 11 11 11 10 8 10 10 10 9 6 6 9 9 8 6 5 5 8 6 4 4 10 77 6 5 12 9 8 3 3 4 3 3 2 2 2 2 4 4 4 4 4 5 5 8 6 8 6 7 7 6 6 6 5 3 2 1 benfica sporting fc porto 34 JOGADORES 50 nacional marítimo v. guimarães gil vicente rio ave estoril académica sp. braga beira-mar moreirense olhanense p. ferreira v. setúbal freamunde atlético oliveirense naval leixões sporting b sp. covilhã v. guimarães b aves penafiel santa clara trofense arouca tondela portimonense benfica b belenenses feirense sp. braga b u. madeira marítimo b fc porto b 50 JOGADORES 35 Gabinete Jurídico esclarece Texto: João Lobão (Jurista) mercado de inverno Janelas de Transferências Está a decorrer, na maioria dos países, o período de inscrição correspondente à janela de inverno. Deixamos-te a informação disponível. datas Portugal, Espanha, Inglaterra, França, Alemanha, Itália | 1 a 31 de janeiro Rússia | 28 de janeiro a 27 de fevereiro Ucrânia | 31 de janeiro a 1 de março Suíça | 16 de janeiro a 15 de fevereiro Angola | até 28 de fevereiro Atenção A inscrição de jogadores desempregados obedece a um regime especial. Atendendo aos diferentes calendários competitivos que se verificam no Mundo, existem diferentes períodos de inscrição. Atenção: Informa-te. Considerando a especificidade do assunto, em caso de dúvidas, não hesites em contactar o gabinete jurídico do Sindicato. simples e transparentes. O TMS exige a informação de detalhes sobre o jogador a ser transferido, sobre os clubes envolvidos e sobre todos os pagamentos (quantias, datas e dados bancários). Todos os detalhes devem ser identificados em provas como documentos de identidade do jogador, o novo contrato de trabalho e o contrato de transferência entre o antigo e o novo clube. Atenção: É da responsabilidade do clube que compra o passe do jogador iniciar o processo de transferência no TMS. CERTIFICADOS Certificado internacional O certificado internacional é o documento que permite a inscrição numa nova Federação e a sua emissão é da responsabilidade da Federação anterior. Fonte: FIFA e EPFL PERGUNTAS FREQUENTES O que é o Transfer Matching System? O Transfer Matching System (TMS) da FIFA é um sistema on-line que torna as transferências internacionais de jogadores mais rápidas, 36 JOGADORES 50 Certificado provisório Sempre que a respetiva federação não emita o certificado, a FIFA pode provisoriamente fazê-lo. O clube quer baixar o meu salário. O que devo fazer? O teu salário é um direito, a alteração das condições salariais deve ser algo que tu concordes e nunca poderá ser imposto pelo clube. Qualquer comportamento de pressão (treinar à parte, não inscrever, etc) no sentido de te forçar a baixar o ordenado deverá ser combatido e denunciado. Não fui inscrito para participar nas provas oficiais. O jogador contratado tem o direito de ser inscrito nas provas em que o clube participa. A não inscrição do jogador confere a este o direito de rescindir o contrato unilateralmente com justa causa. O clube pediu-me para assinar um documento sem esclarecer o seu conteúdo. O que devo fazer? CUIDADO! Alguns clubes aproveitam a falta de atenção dos jogadores e a sua boa-fé para obterem a sua assinatura em documentos que os prejudicam. Por exemplo, é frequente o jogador estar assinar um documento a abdicar dos seus salários e prémios sem o saber. Também acontece que o jogador quando assina o contrato de trabalho, sem o saber, assina ao mesmo tempo a sua rescisão. Para evitar uma situação destas lê sempre o conteúdo do documento que assinas e em caso de dúvida contacta o gabinete jurídico do sindicato. Vou ser emprestado e o clube vai receber uma verba em compensação. Tenho direito a receber alguma parte dessa verba? Sim, os jogadores que forem emprestados e desse empréstimo resulte o pagamento de qualquer compensação ao clube de origem, tem direito a receber pelo menos 7% da mesma. Sou amador, posso mudar de clube? Quando? Um jogador amador pode-se inscrever noutro clube na mesma época, desde que, exista um acordo expresso ou declaração de dispensa do clube ou SAD pelo qual o jogador esteja inscrito, respeitando o formalismo previsto. Informa-te junto do gabinete jurídico. Durante a mesma época, posso inscreverme por quantos clubes? E jogar? O jogador pode assinar por três clubes na mesma época desportiva mas só poderá jogar por dois deles. Atenção: As regras são diferentes quando o jogador tenha jogado num clube na qual a época desportiva seja regulada por um calendário competitivo diferente daquele em que se pretende inscrever. Informa-te. contrato, pode ser considerado como amador decorrido o período de 30 dias após o seu último jogo como profissional. O treinador não conta comigo e disse-me para procurar clube. O que devo fazer? O treinador e o clube só podem cessar o contrato com o jogador invocando justa causa ou por acordo. No primeiro caso só é possível após a instauração do respetivo processo disciplinar. No segundo depende sempre da vontade do jogador. Assinei contrato mas não me deram a cópia. Todo o jogador deve ter a cópia do seu contrato de trabalho. É fundamental seres ativo na defesa dos teus direitos. O contrato de trabalho é a garantia dos teus direitos. Se o clube, por qualquer motivo, não fornecer a respetiva cópia deves fazê-lo. Em caso de dúvida contacta o gabinete jurídico. PRAZOs DE INSCRIÇÃO Para jogadores amadores Nos campeonatos amadores, estes, aceitam inscrição de jogadores provenientes de clubes nacionais de 2 de julho de 2012 até 1 de março de 2013, desde que, participem em jogos oficiais apenas por dois clubes. Para jogadores com contrato de trabalho ou formação em competições não profissionais O segundo período decorre entre 2 de janeiro de 2013 até às 16 horas de 2 de fevereiro de 2013. Para jogadores com contrato de trabalho em competições profissionais O segundo período decorre entre 1 de janeiro de 2013 até 31 de janeiro de 2013. Sou jogador profissional. Posso passar a amador? Um jogador que tenha sido inscrito como profissional, depois de ter terminado o seu 50 JOGADORES 37 melhor jogador ii liga outubro/novembro melhor jogador liga zon sagres outubro/novembro 1.º — Miguel Rosa (Benfica B) 16,1% | 2.º — Márcio Sousa (Tondela) 12,5% | 3.º — Joeano (Arouca) 10,2% Nome: Miguel Alexandre Jesus Rosa | Naturalidade: Lisboa | Data de nascimento: 13 de janeiro de 1989 |Posição: médio | Número da camisola: 77 | Clubes: Benfica (formação), Estoril, Carregado, Belenenses e Benfica B 1.º — Jackson Martínez (FC Porto) 20,1% | 2.º — Lima (Benfica) 17,9% | 3.º — James Rodríguez (FC Porto) 17,6% Nome: Jackson Arley Martínez Valencia | Naturalidade: Medellín, Colômbia | Data de nascimento: 3 de outubro de 1986 | Posição: avançado | Número da camisola: 9 | Clubes: Independiente Medellín (Colômbia), Jaguares (México) e FC Porto | Internacional AA pela Colômbia 38 JOGADORES 50 SL Benfica Hernani Pereira/Liga Portugal JACKSON MARTINEZ MELHOR JOGADOR MIGUEL ROSA MELHOR JOGADOR 50 JOGADORES 39 melhor jogador jovem liga zon sagres outubro/novembro melhor jogador jovem ii liga outubro/novembro 1.º — Flávio Ferreira (Académica) 49,3% | 2.º — Diogo Amado (Estoril) 14,3% | 3.º — Nuno Reis (Olhanense) 13,4% BRUMA MELHOR JOVEM FLÁVIO FERREIRA MELHOR JOVEM 40 JOGADORES 50 Bruno Teixeira/SJPF Bruno Teixeira/SJPF Nome: Flávio Nunes Ferreira | Naturalidade: Oliveira do Hospital | Data de nascimento: 19 de outubro de 1991 | Posição: defesa e médio | Número da camisola: 4 | Clubes: Académica (formação), Tourizense, Sp. Covilhã e Académica. 1.º — Bruma (Sporting B) 32,7% | 2.º — João Mário (Sporting B) 23,2% |3.º — Zézinho (Sporting B) 17,6% Nome: Armindo Tué Na Bangna “Bruma” | Naturalidade: Bissau (Guiné-Bissau) | Data de nascimento: 24 de outubro de 1994 | Posição: avançado | Número da camisola: 51 | Clubes: União Desportiva Internacional de Bissau (Guiné-Bissau) e Sporting (formação), Sporting B 50 JOGADORES 41 Estudos versus profissão SANDRO “Profissão acaba cedo e é preciso preparar o futuro” Aos 35 anos, Sandro pendurou as botas e assumiu a coordenação do futebol de formação do Vitória de Setúbal, o seu clube do coração. Não esconde que a mudança de funções não é fácil e aconselha os jovens a não abandonarem os estudos. Como está a decorrer a passagem de jogador para coordenador do futebol de formação? Está a correr bem, continuo ligado ao futebol e a sentir diariamente o cheiro do balneário. São funções recentes e ainda aperta a saudade de jogar futebol mas aos poucos vou ultrapassando essa saudade. Como é que é o seu dia-a-dia nestas funções? Começa cedo. Chego ao estádio por volta das nove horas e às 10 tenho treino com uma parte da equipa de juniores que infelizmente não está a estudar. Almoço e depois desempenho trabalho de secretaria onde tento organizar e melhorar as condições dos escalões da formação. Além disso, neste momento, estou temporariamente a treinar a equipa de iniciados cujos treinos começam às 19h45. Foi o momento exato para deixar 42 JOGADORES 50 os relvados? Não sei, são opções que temos de tomar. Sei que tinha condições para continuar a jogar mas considerei que os convites que recebi para continuar a jogar não eram os melhores para mim. Então, surgiu a oportunidade de iniciar um novo projeto e tendo em conta que continuaria ligado ao futebol e, acima de tudo, regressava a casa decidi aceitar pendurar as botas. Teve pena de não terminar a carreira no Vitória de Setúbal? Tive, esse sempre foi o meu desejo e nunca o escondi. Foi aqui que comecei e onde passei grande parte da minha vida. É a minha cidade e o meu clube. Teria tido o maior orgulho em ter terminado aqui a carreira. Ainda tentei e lutei por isso mas não foi possível. Não guardo mágoa nem rancor a ninguém. Nos últimos anos, preparou-se, de alguma forma, para o fim da carreira de jogador profissional? Infelizmente não. Tive muitos colegas, mais velhos, que na altura me aconselharam a tirar cursos e a preparar o futuro mas, à semelhança do que acontece com a maioria dos jogadores, dizemos que sim mas não fazemos nada por isso no imediato. E depois, quando chega o momento do abandono não estamos tão preparados como devíamos estar. Agora, é correr atrás do prejuízo e preparar-me da melhor maneira possível para o que aí vem. Sempre pensou continuar ligado ao futebol? Sim, sempre tive esse desejo. É a única coisa que sei fazer e sempre “respirei” este mundo. Se neste momento tivesse que fazer outra coisa penso que seria muito mais difícil. Abandonou os estudos cedo? Deixei de estudar aos 17 anos. Fiquei com o nono ano de escolaridade. Felizmente que mais tarde retomei os estudos e tirei o 12.º ano. É difícil conciliar os estudos com o futebol? Chega a uma altura em que não é fácil, principalmente nos clubes mais pequenos. Nos clubes grandes é um problema menor porque fazem acordos com escolas e assim conseguem incluir os jogadores em turmas especiais. Geralmente quando se chega aos juniores é preciso optar e no Vitória, como em muitos outros clubes, não há acordos com as escolas — pelo menos na minha altura não havia — e escolhi apostar em ser jogador. Felizmente, mais tarde, tive o discernimento de concluir o 12.º ano, o que considero importante. Infelizmente há muitos jogadores e miúdos que não o conseguem. Texto: Vitor Crisóstomo O SJPF está a criar uma estrutura de formação online que combate, em parte, a dificuldade provocada pela mobilidade (mudança de clube ou até de país) dos atletas. Parece-lhe uma boa ideia? É uma excelente ideia. Por mais bom jogador que se possa ser é preciso ter a noção de esta profissão acaba cedo e é preciso preparar o futuro. O SJPF está também a criar um cheque-formação para que os jogadores possam frequentar determinados cursos. Pode ser algo apelativo para os jogadores? Tudo o que seja para formar e ajudar os jogadores é bem-vindo. Tenho que dar os parabéns ao sindicato que ao longo destes anos tem vindo a arranjar condições e ajudas a muitos jogadores. Tendo agora em conta o seu cargo, aconselha os jovens aspirantes a jogadores a não abandonarem os estudos? Sim, incentivo-os a não deixarem de estudar. Nome: Sandro Idade: 35 anos Posição: Médio Clubes: Os Pelezinhos e V. Setúbal (formação), V. Setúbal, Hércules, Villarreal, Salamanca, V. Setúbal, FC Porto, Manisaspor, V. Setúbal, Ceuta e Naval. 50 JOGADORES 43 o capitão HUGO “O capitão é uma peça importante no balneário” Aos 36 anos, Hugo é um dos jogadores mais experientes da I Liga. Capitão do Beira-Mar, o defesa central diz que gosta de capitanear a equipa e não esconde que ficou surpreendido por ter sido o escolhido do treinador para desempenhar o cargo quando chegou a Aveiro. A nível pessoal, que balanço é que faz da presente época desportiva? Não consigo dissociar o individual do coletivo. Como tal, e não estando as coisas coletivamente a correr como foi planeado e como merecíamos, a nível pessoal também haverá melhorias a fazer. É nesse sentido que todos devemos trabalhar, melhorando individualmente para que isso se reflita no coletivo. É o atual capitão do Beira-Mar. Como é que foi escolhido para o cargo? Ficou surpreendido? Fui escolhido para cargo quando cheguei ao clube por Leonardo 44 JOGADORES 50 Jardim, o treinador de então. Fiquei totalmente surpreendido, porque havia colegas que já estavam há mais tempo, com mais anos de casa e alguns deles figuras do clube. Além do Beira-Mar, foi capitão nos outros clubes por onde passou? Só nas camadas jovens do Sporting de Braga. capitão tem de ser uma pessoa responsável, rigorosa e capaz de transmitir esses valores aos seus colegas. Considera que o capitão é uma peça-chave na gestão de um balneário? É mais uma peça, que, conseguindo transmitir determinados valores aos componentes do balneário, acaba por ser uma peça importante, Do meu ponto de vista, um capitão tem de ser uma pessoa responsável, rigorosa e capaz de transmitir esses valores aos seus colegas Gosta de ser capitão? Sim. Quais são as características de um bom capitão? A questão de se ser bom ou mau capitão é relativa. Cada um terá o seu ponto de vista, o que torna a questão subjetiva. Do meu, um embora não uma peça-chave. Qual é o papel do capitão na integração dos novos jogadores no clube? É um papel limitado, mas muito importante, fazendo-os sentir o que é o clube e o que são as dinâmicas da equipa e do grupo. Tentar fazer Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: EDUARDO OLIVEIRA/ASF com que se adaptem o melhor e o mais depressa possível. Há algum capitão de equipa que tenha como exemplo? Só posso falar dos capitães que conheci. E felizmente tive a oportunidade de ter bons capitães, como o Artur Jorge, que teve um papel importante na minha integração e na minha adaptação ao futebol sénior no Sporting de Braga. Depois, o Pedro Barbosa, no Sporting. Como tem visto a atuação do Sindicato no futebol português? Tem vindo a ser uma atuação cada vez mais interventiva, mais próxima, o que é benéfico para os futebolistas e para a modalidade. Já alguma vez precisou de recorrer ao Sindicato? Já. E fiquei satisfeito. Hugo Idade: 36 anos Posição: Defesa Clubes: . Braga, Sampdoria (Itália), Sporting, V. Setúbal e Beira-Mar 50 JOGADORES 45 ÁREA TÉCNICA JOÃO DE DEUS “A tendência para o erro é cada vez menor” Após a boa campanha ao serviço do Atlético, João de Deus foi contratado para orientar a Oliveirense. Natural de Setúbal, o técnico não esconde a sua admiração por José Mourinho e defende que o erro e o individualismo ocupam cada vez menos espaço no futebol. Na I e II ligas só há um treinador estrangeiro (Jokanovic, no União da Madeira). É sinal do valor do treinador português? Há duas razões objetivas para que esse fenómeno aconteça. A primeira tem a ver com a qualidade dos treinadores portugueses e parece-me que nesta altura é unânime em considerar os treinadores portugueses dos melhores do Mundo. A segunda razão tem a ver com o facto de que quem cá está conhece melhor a realidade portuguesa. Penso que a classe dirigente tem cada vez mais a noção de que quem conhece bem a realidade estará mais apto para conseguir alcançar melhores resultados. A reintrodução das equipas B foi uma boa medida para a 46 JOGADORES 50 competição? Mais do que para a competição foi uma boa medida para o futebol português porque se criou espaço para o crescimento do jovem jogador português. Numa altura em que estamos numa crise profunda a emergência do jovem valor nacional tem que ser potenciada em detrimento da importação de “matéria-prima”. É evidente que também traz outro tipo de problemas como mais deslocações, mais despesas e mais problemas financeiros para os clubes. Parece-me que entre o deve e o haver a balança pende para o lado da formação do jogador português. O horário dos jogos tem particular influência no rendimento dos atletas? Não. Por exemplo, discute-se muito o facto de alguns jogos serem realizados de manhã. Mas, todas as equipas profissionais treinam quase sempre de manhã, logo do ponto de vista fisiológico o jogador está predisposto a jogar de manhã. Foi jogador profissional. Nota que o futebol mudou com o passar dos anos? Noto que a tendência para o erro e para a individualidade é cada vez menor. Hoje, pelo menos nos campeonatos profissionais, já não existem equipas desorganizadas e os jogadores acabam por ser muito equivalentes — só os clubes com maior poderio financeiro é que contratam “matéria-prima” de melhor qualidade. Depois tudo o que está à volta do fenómeno futebol também evoluiu bastante. Se calhar, uma das poucas coisas boas desta crise é que os dirigentes ponderam mais e melhor na altura de prescindir dos serviços dos treinadores A relação treinador/jogador tem vindo a alterar-se? Pela minha experiência por conversas que tenho com colegas a relação treinador/jogador tende a ser cada vez mais próxima e as motivações/frustrações de ambas as partes estão cada vez mais esbatidas e só assim faz sentido. Todos devem remar para o mesmo objetivo. Os dirigentes estão mais Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: HELENA VALENTE/ASF pacientes com os treinadores e não recorrem tanto à chamada chicotada psicológica, ou isto é daquelas “coisas” que não há volta a dar? Se calhar, uma das poucas coisas boas desta crise é que os dirigentes ponderam mais e melhor na altura de prescindir dos serviços dos treinadores. Muitas das vezes o treinador é o menos culpado da situação adversa que momentaneamente possa estar criada. Tem alguma referência enquanto treinador? É vulgar dizer-se que as referências são os que ganham e eu gosto dos treinadores que ganham mais vezes. Tenho muito orgulho em José Mourinho ser o melhor treinador do Mundo e é a minha grande referência, não em termos de treino e trabalho porque infelizmente não conheço a realidade do seu trabalho mas fundamentalmente por ser um treinador da minha terra que provou o seu valor e que conseguiu chegar ao topo. Nome: João de Deus Idade: 36 anos Clubes como treinador: Cabo Verde (selecionador), Ceuta, Farense, Atlético e UD Oliveirense 50 JOGADORES 47 Apito PAULO BAPTISTA “Há um défice de árbitros jovens” Árbitro da primeira categoria desde 1995, Paulo Baptista, da Associação de Futebol de Portalegre, defende que a arbitragem portuguesa atravessa uma fase de mudança, que o futuro será risonho para o setor e que a atividade passará a ser mais apelativa para os jovens. Qual é o estado da arbitragem em Portugal? Em termos estruturais está numa fase de profunda mudança. Esta época marca o ano zero, de uma “nova” arbitragem que a médio prazo, estou convicto, será profícua. No presente, não posso deixar de frisar as nomeações do Pedro Proença, nomeadamente para as finais da Liga dos Campeões e do Campeonato da Europa, sinal evidente do prestígio internacional que a arbitragem portuguesa tem além-fronteiras. Foi benéfica a passagem da arbitragem da Liga para a FPF? Essa mudança deveu-se ao facto de a lei assim o exigir. Existir duas cúpulas da arbitragem era impensável, até pelos constrangimentos que isso criava. Com a passagem para a FPF, estão de novo criadas as bases para que a arbitragem seja uma só, a começar 48 JOGADORES 50 pela formação e uniformização de critérios iguais para todos os árbitros a nível nacional, o que não acontecia até aqui. Ter toda a arbitragem centralizada no órgão máximo do futebol português será positivo, até por questões de coerência. Na sua opinião quais são as medidas que devem ser implementadas para melhorar o setor? Estão a ser desenvolvidas várias medidas. Penso que os organismos competentes estão atentos. O facto de existirem mais árbitros em campo nos jogos europeus pode facilitar a tarefa do árbitro. A implementação de algumas tecnologias, como por exemplo, a colocação de tecnologias na linha de baliza. A profissionalização dos árbitros, dando-lhes mais condições para que disponham de mais tempo, para melhorar a preparação física, técnica e psicológica. Quais são os grandes desafios da arbitragem? O Conselho de Arbitragem da FPF está empenhado em ter mais e melhores árbitros e apostado na formação de novos árbitros com mais meios ao seu dispor. Melhorar e alterar a imagem que a arbitragem portuguesa tem intramuros, uma vez que internacionalmente, e como já referi, está muito bem cotada. E como avalia o estado do futebol português? O futebol português é competitivo e a prová-lo estão os bons desempenhos a nível internacional, tanto dos clubes portugueses como da Seleção Nacional. O nosso futebol é reconhecidamente um dos melhores do mundo e é um dos únicos setores de atividade em que Portugal se encontra no top. Ao nível interno, têm sido os mesmos clubes a manter a hegemonia, mas nota-se que não há facilidades em ganhar os jogos. Considera que existe uma boa relação entre os diversos agentes do futebol português? Atualmente as relações tendem a melhorar, assim seja o desejo de todos. O futebol é uma indústria em que, só com todos os agentes em sintonia, se poderá obter excelentes resultados. Como é que deve ser uma relação árbitro/jogador? Deve ser uma relação salutar e de respeito. Árbitros e jogadores entram em campo com as suas missões bem definidas. Os jogadores perceberem (e atualmente é isso que acontece) que os árbitros são agentes que procuram que as leis sejam cumpridas e que algumas vezes, tal qual os jogadores, também falham. Da mesma forma, nós árbitros, percebermos que os jogadores sendo profissionais, procuram também Texto: Vitor Crisóstomo dar o seu melhor na procura dos objetivos para as suas equipas. Tem notado se os jogadores têm mudado o seu comportamento para com os árbitros? Sim e essa alteração foi ganha com a atitude que nós árbitros e jogadores conseguiram na valorização da relação mútua, mas também porque houve uma evolução de mentalidades na forma de encarar o próprio jogo. Hoje existe mais “profissionalismo”. Seria positivo que todos os clubes tivessem na sua estrutura ex-árbitros para auxiliarem jogadores, técnicos e dirigentes? Poderia ajudá-los a perceberem melhor o trabalho dos árbitros e sensibilizá-los mais, naquilo que são as leis de jogo e as perspetivas que por vezes temos dos lances. Ser árbitro é uma atividade apelativa para os jovens? Há um défice de árbitros jovens. Com a mudança estrutural implementada este ano ao nível dos quadros nacionais, estou em crer que passará a ser uma atividade bastante apelativa para os jovens. Paulo Baptista Idade: 43 anos Associação: Portalegre Profissão: Gerente de armazém 50 JOGADORES 49 jovens talentos FC Porto B | Defesa | 19 anos LUÍS GUSTAVO Natural de Braga, foi viver para o Brasil aos cinco anos, é internacional português e alinha no Barcelona B. 50 JOGADORES 50 ALVARO ISIDORO/ASF Ferando Couto, Jorge Costa, Pepe, Ricardo Carvalho ou Bruno Alves são apenas alguns exemplos de defesas centrais que fizeram escola no FC Porto. Aos 19 anos, Tiago Ferreira – internacional por Portugal em vários escalões da formação – parece ser o próximo jogador a seguir as pisadas dos futebolistas atrás mencionadas. Apesar da sua juventude tem liderado com autoridade o quarteto defensivo da formação B azul e branca. É uma das vozes de comando da equipa. Titular indiscutível (enverga a camisola 45), Tiago Ferreira faz lembrar fisicamente o catalão Carles Puyol e Ricardo Carvalho na forma como se impõe no relvado e aos adversários. Classe, elegância e tecnicamente evoluído são alguns dos seus atributos. Além disso, raramente recorre à falta o que agrada a qualquer treinador. Já cobiçado internacionalmente e com contrato durante mais algumas épocas, o jovem futebolista que antes de chegar ao FC Porto passou por Infesta, Pasteleira e Boavista, sonha em afirmar-se no FC Porto, à semelhança do que aconteceu com os seus ídolos Bruno Alves e Pepe. Para já, continua a ganhar estatuto no Dragão. Sem surpresa, Tiago Ferreira foi agraciado com o Dragão de Ouro 2011/12 relativo à categoria Atleta Jovem do Ano. TIAGO FERREIRA Defesa central de largo futuro, Tiago Ferreira é considerado uma das grandes pérolas da formação azul e branca. PEDRO TRINDADE/ASF Barcelona B | Médio | 20 anos Luís Gustavo nasceu a 28 de setembro de 1992. Aos cinco anos foi viver para o Brasil e aos oito começou a jogar futebol. O facto de ser filho de Marcílio dos Santos, ex-jogador do Sporting de Braga e que atuou em Portugal durante nove anos, ajudou-o a ganhar o gosto pelo futebol. No Brasil, entre os oito e os 12 anos jogou nas escolinhas do Cruzeiro, CFR (Clube de Futebol Romualdo) e Corinthians. Aos 13 foi convidado pelo Barcelona a deslocar-se à Catalunha para prestar provas. Foi aprovado e integrado nos iniciados e ficou a viver no La Masia (local de residência para jogadores do Barça). Na Catalunha conheceu aquele que é o seu grande ídolo: Deco. Há sete anos que está nos escalões de formação do Barcelona. Começou como número 10 mas atualmente é o número seis da equipa B do colosso catalão, posição do seu agrado. “No Barcelona o 6 é um jogador muito importante pois o jogo passa quase todo por ele” explica. Segundo os técnicos do Barça, Luís Gustavo é defensivamente muito forte e tecnicamente muito bom. Além de Deco, Thiago e Busquets são as suas referências. Gosta do FC Porto porque era a equipa que mais ganhava quando era pequeno. Internacional português não tem dúvidas em afirmar que se lhe pedissem para escolher entre as seleções principais do Brasil e Portugal que optaria pela portuguesa. Razão? A sua ligação muito forte a Portugal e o desejo de seguir as pisadas do ídolo Deco. 50 JOGADORES 51 opinião ASF Vitor Garcez/ASF CARLOS VIDIGAL JR/ “No quadro económico, político e social do futebol moderno ao treinador já não lhe chega ser simplesmente bom. Ele tem de ser excelente, ele tem de ser um génio, um génio do futebol” jogo de futebol é um ato de confronto entre duas equipas. Só existe jogo se o confronto se consumar na disputa pelo resultado que determina a própria sobrevivência da equipa. Nesta conformidade, a competição desportiva cumpre o princípio básico da dialética de confronto que determina a lógica do pensamento estratégico. Este, enquanto ato de reflexão criativa num ambiente agónico que questiona a própria sobrevivência da equipa, projeta-se para além do planeamento estratégico que se limita a estabelecer o processo metodológico que visa atingir determinados objetivos mais ou menos integrados. Através do planeamento estratégico o treinador prevê, programa, organiza, executa e controla, todas as decisões relativas à condução do treino. Assim sendo, qualquer manual do tipo do “Dossier do Treinador de Futebol” — um livro de José Carvalho e Paulo Correia com prefácio de Manuel Sérgio e editado pela Prime Books — coloca o treinador perante um conjunto de variáveis que deve considerar a fim de organizar a vitória. Mas, ao treinador não lhe 52 JOGADORES 50 chega ser conhecedor das questões burocráticas mais ou menos estandardizadas relativas ao planeamento estratégico. Ao treinador, para além dos procedimentos próprios do planeamento estratégico, compete-lhe pensar estrategicamente o jogo a fim de surpreender a equipa adversária. Quer dizer, o pensamento estratégico da condução do jogo antecede o planeamento estratégico da condução do treino. Porque, se o planeamento estratégico parte de constantes sobre as quais o treinador idealiza uma série de acontecimentos desejáveis que, depois, procura fazer acontecer, já o pensamento estratégico, na sua complexidade, depende da capacidade intuitiva do treinador que lhe permite ganhar verdadeira vantagem competitiva sobre o adversário. Em conformidade, diremos que, sendo necessário que os treinadores dominem toda a teoria prescritiva que decorre dos manuais, todavia, o domínio dessa teoria não é suficiente para ganhar o jogo. Porque, num ambiente competitivo de todos contra todos, qualquer manual prescritivo conduz os adversários às mesmas ou a soluções muito parecidas. Nestas circunstâncias, o vencedor será aquele que for capaz de surpreender o adversário pela criatividade do pensamento estratégico. Quer dizer, para além de qualquer dossier e da sorte determinada pelos favores dos deuses, ainda fica uma grande margem de manobra para a ação criativa e inovadora do treinador no sentido de surpreender o adversário. E esta margem de manobra será tanto mais importante quanto maior for a capacidade do treinador, para além dos mecanismos de coordenação e conjugação do trabalho, pensar estrategicamente o jogo. Este virtuosismo do treinador decorre da sua capacidade intuitiva, isto é, da maneira como utiliza e conjuga a razão do planeamento estratégico com a emoção do pensamento estratégico porque, nas circunstâncias do jogo que é o campeonato, a emoção é um dispositivo fundamental da razão. Quando esta qualidade está presente em grau excecional e é demonstrada por meio de resultados extraordinários, o termo génio é aplicado para descrever a personalidade do treinador. Assim sendo, no quadro económico, político e social do futebol moderno ao treinador já não lhe chega ser simplesmente bom. Ele tem de ser excelente, ele tem de ser um génio, um génio do futebol. s, 30 anos Arouca, guarda-rede Oliveirense, médio, SERGINHO Queen My Name is Khan Coca-Cola RUI LIMA Grupo de música favorito? Um filme? Uma bebida? Audi Marca de automóveis? Salsa Marca de roupa? PES 2013 George Clooney Massa à Bolonhesa Jogo de PC ou consola? Ator e atriz preferidos? Prato favorito? Raúl Cardoso/A SF O génio do treinador Sporting CP Gustavo pires Presidente do Fórum Olímpico de Portugal 34 anos Música de dança e rock O Gladiador Ice Tee de limão Porsche Bray Steve Alan Call of Duty Denzel Washington Angelina Jolie Arroz de Polvo Jogar playstation Hobbie? Brincar com os filhos Michel Preud’Homme Ídolo? Paulo Futre Fisioterapeuta Se não fosse futebolista profissional o que gostaria de ser? Qualquer profissão ligada ao futebol 50 JOGADORES 53 As nossas internacionais CLÁUDIA NETO “É preciso que os grandes clubes apostem no futebol feminino” Há cinco épocas, Cláudia Neto, 24 anos, assinou pelo Prainsa Zaragoza, de Espanha. Para Cláudia foi a realização de uma ambição. “Sempre tive o desejo de emigrar. Além do campeonato espanhol, também gosto do alemão e do francês”, explica a média à revista Jogadores. Adora futebol desde pequena. “Foi o meu pai quem me pegou o bichinho”, revela admitindo que só começou a levar o futebol “a sério” quando ingressou no Prainsa. Cláudia não esconde que inicialmente a estada em Espanha não foi fácil. “Custou-me as saudades da família e ter que viver sozinha”, revela. Incentivada pelos pais a dedicar-se ao futebol feminino – “a minha mãe é a minha fã número um”, diz – a jogadora concorda que o futebol ainda não é uma realidade fácil para as mulheres. “Ainda temos uma sociedade com uma mentalidade muito machista. Há muita gente que critica e que pensa que o futebol não é para mulheres mas, apesar disso, acho que já houve uma evolução bastante positiva”, afirma a centrocampista. Cláudia dedica-se a 100 por cento ao futebol e apesar de dizer que não tem ídolos na modalidade aprecia Cristiano Ronaldo. “Gosto da sua ambição” adianta. Para a internacional portuguesa, a competitividade é a principal diferença entre o futebol feminino em Portugal e Espanha. “O futebol espanhol é mais competitivo, tem jogadoras profissionais – vivem do futebol –, ao contrário de Portugal. Além disso, em Espanha 54 JOGADORES 50 há a aposta dos grandes clubes o que faz com que haja um maior investimento e assim as jogadoras têm mais condições para praticar a modalidade e evoluir.” Na opinião de Cláudia, Portugal só pode seguir por um caminho. “Mais divulgação, uma maior aposta na formação e essencialmente que os grandes clubes apostem no futebol feminino para que possa haver um maior investimento”, explica. Até à data, Cláudia ainda não concretizou o seu maior sonho no futebol feminino: representar Portugal na fase final de um europeu ou mundial. Congratula o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol pela divulgação que faz da modalidade e regista com agrado a nomeação do sindicato de Carla Couto para embaixadora do futebol feminino. “A Carla é a pessoa certa para ocupar este cargo, tem anos de experiência, leva uma vida a lutar pelo futebol feminino e sabe o que tem de ser feito para que possamos saltar para um novo patamar”, conclui. Nome: Cláudia Neto Nacionalidade: Portuguesa Naturalidade: Portimão Idade: 24 Altura: 1,66 m Peso: 56 kg Posição: Média Clubes: UAC Lagos (futsal) e Prainsa Zaragoza Texto: Vítor Crisóstomo 50 JOGADORES 55 clipping opinião “Através do meu convívio com José Maria Pedroto e com Jorge Nuno Pinto da Costa, estou entre os que assistiram ao nascimento ‘deste’ FC Porto. E escrevi ‘deste’, porque há que assentar, antes do mais, num ponto nodal: Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto refundaram o FC Porto” Evangelista escreve carta a instâncias do futebol Lilian Thuram e a luta contra o racismo MANUEL SÉRGIO Filósofo do Desporto O FC Porto o que é preciso dizer... á mais de 40 anos que me iniciei, colaborando na Imprensa, como crítico desportivo, procurando conciliar o respeito pelos meus adversários com a defesa das conclusões a que me levam o estudo e a investigação. Guardo, por isso, ciosamente, a minha identidade e a minha independência — o que me leva a escrever que, através do meu convívio com José Maria Pedroto e com Jorge Nuno Pinto da Costa, estou entre os que assistiram ao nascimento “deste” Futebol Clube do Porto. E escrevi “deste”, porque há que assentar, antes do mais, num ponto nodal: Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto refundaram o Futebol Clube do Porto. Serão muitos, neste passo, os que arremetem e com razão: “Mas quantas vezes falou você, com José Maria Pedroto?”. Respondo, em verdade: Talvez, em números redondos, uma dúzia de vezes. Mas foi o suficiente para concluir que germinava, na mente do “Zé do boné”, a mais poderosa obra de reconstrução de um clube, jamais levada a cabo, no nosso país. Quando o treinador do Porto manifestou interesse em falar comigo, surpreendeu-me, de facto. O 56 JOGADORES 50 professor João Mota, seu adjunto, seu “amigo de todas as horas” e também meu querido amigo, esclareceu-me: “O Sr. Pedroto é assim: se encontra uma pessoa que traz consigo ideias novas, respeitantes ao futebol, imediatamente aproxima-se dela. É de uma curiosidade rara”. E acrescentou a sorrir: “E vai convidá-lo a ir ter com ele à pastelaria Petúlia. É fatal!”. Tudo se passou como o João Mota previu e, numa das minhas idas ao Porto, lá fui à Petúlia, para a minha primeira conversa inesquecível com José Maria Pedroto. A impressão imediata que dele tive foi a de uma pessoa que não cativava, nem aduladores, nem clientelas. Não procurava ser hipocritamente bem-educado. Era-o, mas por uma delicadeza que lhe saía da alma. Demais, era frontal, direto e de grande sagacidade e honestidade. Por isso, as perguntas choveram, como em dia de temporal: “Ó Manuel Sérgio, diga-me cá: por que diz você que não existe Educação Física? E por que acha que a preparação física, no treino desportivo, tem de ser repensada? E o que tem a ver o futebol com as ciências humanas? Qual é então a metodologia que propõe para o treino desportivo? Sem procurar transviar-me das questões levantadas, respondi ao que me era solicitado, com alguma galhardia e a lucidez possível (que não é muita). Ele fitou-me com aprazimento, mas não deixou de acrescentar: “Tudo o que me está a dizer é bonito de ouvir, mas nada resulta, sem uma sólida organização”. E após uma breve pausa: “E vai ser o Jorge Nuno a criar a organização que eu prevejo para o Futebol Clube do Porto”. Há 33 anos, pela generosidade de José Maria Pedroto, ouvi eu o segredo das vitórias deste clube (que é hoje, no que ao futebol diz respeito, um dos melhores do mundo): a organização — que supõe liderança, disciplina e o saber que a Sociedade do Conhecimento inapelavelmente exige. O que distingue o “Porto” dos outros clubes de futebol, em Portugal, não são os favores dos árbitros (os nossos árbitros não temem cotejo com o que de melhor se encontra, na arbitragem, por esse mundo além) nem escondidos conluios com qualquer entidade tenebrosa — o que o distingue é a organização, à luz de um conhecimento atualizado. Este é o segredo das vitórias do FC Porto, no meu modesto entender. É evidente que me esqueci de realçar, na indispensável liderança, a pertinácia, a resistência, a astúcia de Jorge Nuno Pinto da Costa. A sua vivacidade loquaz é o mais aparente de uma sabedoria que se adivinha... Contratual Stability Respect of Contracts Tozé Marreco foi apoiado pelo SJPF Revista do SJPF citada pela imprensa Roberto recorreu ao Sindicato para rescindir com a Naval 1.º de Maio 50 JOGADORES 57 glórias LUÍS FIGO Foi o segundo Bola de Ouro português a seguir a Eusébio. Deu os primeiros toques n’Os Pastilhas, um clube de bairro na Cova da Piedade, no concelho de Almada. Texto: Vítor Crisóstomo | Fotografia: Nuno Ferrari/ASF Luís Filipe Madeira Caeiro Figo nasceu a 4 de novembro de 1972, em Lisboa. Despediu-se dos relvados em 2009 mas parece que foi ontem. Para trás ficou uma carreira ímpar com passagens marcantes por Sporting, Barcelona, Real Madrid e Inter de Milão. Desde tenra idade que se viu que Figo tinha jeito para o futebol. Jogava n’Os Pastilhas e certo dia foi aos treinos de captação do Sporting. No velhinho Estádio José de Alvalade viram o potencial do miúdo e “agarraram-no”. Figo cumpriu todos os escalões de formação do Sporting e estreou-se na Primeira Divisão, pela mão de Raúl Águas, a 1 de abril de 1990, em Alvalade, frente ao Marítimo. Membro ilustre da chamada Geração de Ouro ganhou protagonismo no clube e na Seleção Nacional. Bobby Robson e Carlos Queiroz lapidaram o diamante que tinham em mãos. Luís Figo envergou a camisola verde e branca até 1995. Nesse período conquistou uma Taça de Portugal (vitória ante o Marítimo por 2-0). Saiu a “custo zero” do Sporting depois de não ter conseguido acordo para a renovação do contrato com o 58 JOGADORES 50 presidente leonino Sousa Cintra. Com o passe na mão tornou-se um alvo dos colossos europeus. Assinou por Juventus e Parma e essa dupla assinatura impediu-o de jogar em Itália durante dois anos. Foi então contratado pelo Barcelona de Johan Cruyff. Figo não tremeu no clube catalão e apesar de todas as estrelas do Barça impôs-se como titular indiscutível. Tornou-se um símbolo do principal emblema da rescisão do jogador ao Barcelona no valor de 60 milhões de euros (recorde mundial na altura) e trouxe-o para a capital espanhola. Em Barcelona, Figo passou de amado a odiado e alvo de todos os insultos. Em Madrid reforçou o seu estatuto de jogador de nível mundial e em 2000 ganhou a Bola de Ouro da France Football e em 2001 a Bola de Ouro da FIFA. Nas cinco épocas Para a história fica o seu golo frente à Inglaterra no Euro 2000 que iniciou a reviravolta que permitiu a Portugal derrotar os ingleses por 3-2, depois de estar a perder por 2-0 Catalunha e chegou a capitão de equipa. No Barcelona conquistou ligas, taças do Rei e supertaças espanholas e europeias, além da Taça dos Vencedores das Taças. Amado na Catalunha tornouse arma eleitoral em Madrid. Florentino Pérez prometeu contratá-lo caso fosse eleito presidente do Real Madrid. E das palavras passou à ação. A 24 de julho de 2000, pagou a cláusula de em que representou a formação merengue venceu, entre outras conquistas, a liga espanhola, a Liga dos Campeões e a Taça Intercontinental. No final da temporada de 2004/05, rumou ao Inter de Milão. Quatro épocas depois de chegar a Itália pendurou as botas. Saiu em alta à semelhança do valor do seu futebol. Abandonou os relvados como tetracampeão de Itália e com Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: CHRISTOPHER COURTOIS/EPA José Mourinho como o seu último treinador. Desde então trabalha como diretor de relações externas do Inter de Milão. Ícone da Seleção. Habituado desde cedo às andanças das seleções nacionais, Figo pertenceu à chamada Geração de Ouro, sagrando-se campeão mundial de sub-20 em 1991, em Lisboa. Nesse mesmo ano estreou-se na Seleção A frente ao Luxemburgo (1-1). Foi o início de uma caminhada que o transformou no futebolista que mais vezes envergou a camisola das quinas (127 internacionalizações, 32 golos). Representou Portugal nas fases finais dos europeus de 1996, 2000, 2004 e 2008 e nos mundiais de 2002 e 2006. Anunciou a retirada da Seleção no final do Euro 2004 mas voltou atrás e representou ainda Portugal no Mundial de 2006, na Alemanha. Então terminou sim a sua carreira com a camisola de Portugal. Atualmente desempenha ainda o cargo de embaixador da Seleção Nacional. A nível social criou uma fundação com o seu nome que com as suas ações procura ajudar jovens desfavorecidos. 50 JOGADORES 59 LAZER carros Mais leve, mais rápido, mais ágil Porsche Carrera 4 e Carrera 4S O salão de Paris foi o mote para o lançamento dos novos Porsches 911 Carrera 4 e Carrera 4S, versões com tração às quatro rodas da nova geração 911. O 911 Carrera 4 Coupé é comercializado por 124 733 euros e o Cabrio por 138 775 euros. Já na variante 4S, os preços arrancam nos 144 672 euros para o Coupé e nos 158 185 euros para o Cabrio. O Porsche 911 Carrera 4 Coupé está equipado com seis cilindros boxer de 3,4 litros e 350 cv, acelera dos zero aos 100 km/h em 4,5 segundos (Cabrio em 4,7s) e alcança a velocidade máxima de 285 km/h (Cabrio 282 km/h). Os consumos combinados são de 8,6 l/100 km (CO2 de 203 g/km) para o Coupé e 8,7 l/100 km (CO2 de 205 g/km) para o Cabrio. Já o Porsche 911 Carrera 4S Coupé apresenta seis cilindros boxer de 3,8 litros, 400 cavalos de potência e acelera dos zero aos 100 km/h em 4,1 segundos (Cabrio em 4,3 s). A velocidade máxima é de 299 km/h (Cabrio 296 60 JOGADORES 50 km/h). O consumo combinado é de 9,1 l/100 km (CO2 de 215 g/km) para o Coupé e 9,2 l/100 km (CO2 de 217 g/km) para o Cabrio. Qualquer um destes quatro modelos ostenta as mesmas características que as versões de tração traseira. Ou seja, a construção de peso reduzido, a suspensão, os motores e as caixas de velocidade são idênticas, sendo a única excepção as modificações respeitantes à tração integral. Isto significa que, apesar de um nível de motor mais alto ou de uma melhor dinâmica de condução, os quatro novos modelos consomem significativamente menos combustível do que os seus antecessores. A característica que mais distingue o 911 de tração integral continua a ser a sua traseira mais larga: comparando com o 911 Carrera de tração atrás, cada uma das cavas das rodas traseiras estende-se por mais 22 milímetros para o exterior e os pneus traseiros aumentam dez milímetros cada. Ficha técnica Porsche Carrera 4 Coupé Cilindrada (cc) Potência (CV) Velocidade máxima (km/h) 0-100 km/h (s) Consumo médio (l/100 km) Emissões de CO2 (g/km) Preço (euros) 3400 350 285 4,5 8,6 203 Desde 124 733 Todos os novos modelos possuem, de série, uma caixa manual de sete velocidades, enquanto a caixa Porsche Doppelkupplung (PDK) está disponível como opção. 50 JOGADORES 61 LAZER LAZER relógios jogos Desfrutar do futebol AUDEMARS PIGUET O modelo Royal Oak Offshore Titânio Grande Complicação é um relógio contemporâneo em titânio e cerâmica que só será produzido por encomenda e por unidade por um só artesão. SPEAK-MARIN O novo Renaissance anuncia as horas de forma grandiosa e marca o início de uma nova era para Peter Speake-Marin (daí o nome Renaissance). Preço de venda: 370 000 francos suíços (antes de impostos ou taxas). BAUME & MERCIER A Clifton é uma coleção de referência que espelha o lema da Baume & Mercier: “Aceitar nada menos que a perfeição. Fabricar apenas relógios da mais elevada qualidade”. Para controlar o tempo A par do PES, FIFA é um dos melhores videojogos de futebol de todos os tempos. Todos os anos os adeptos deste título aguardam ansiosamente pela chegada do mesmo. E geralmente as expectativas não saem defraudadas. FIFA 13 está mais perfeito que os seus antecessores. “As inovações vão revolucionar a FIFA 13 inteligência artificial, o drible, o controlo de bola e as colisões criando uma verdadeira batalha pela posse de bola em todo o campo e acrescentando liberdade e criatividade ao ataque”, explicou David Rutter, produtor executivo de FIFA 13. E teve razão. Nesta versão, os jogadores protagonizam arranques mais rápidos e 62 JOGADORES 50 mais de 500 clubes licenciados oficialmente, o jogo mais dinâmico e realista, os avançados mais inteligentes, os treinos de habilidade, as atualizações automáticas tendo em conta o mundo real e a narração e os comentários em português constituem os pontos fortes de FIFA 13. Jogue e divirta-se! de música, transmitem as principais notícias do festival e assinalam os seus feitos nas provas principais. À medida que vai avançando no jogo libertará novos automóveis e adversários mais difíceis de derrotar. Tome atenção ao tipo de piso onde vai correr e opte por um carro que melhor se adequa às características do traçado. Por vezes, a melhor escolha é um veículo com tração às quatro rodas. É importante que os jogadores variem de carro e comprem novos bólides para se manterem competitivos. Forza Horizon Velocidade sem limites CORUM O novo Admiral’s Cup Legend 42, bicolor em azul metalizado e ouro rosa ou aço, inspira-se na primeira versão do modelo de 1983. A produção será limitada a 400 exemplares (300 em aço e 100 em ouro). JAEGER-LECOULTRE A colaboração entre a Jaeger-LeCoultre e a Aston Martin comemorou o oitavo aniversário com a apresentação do AMVOX7, um cronógrafo sedutor e cujo mostrador reproduz o desenho da grelha do radiador dianteiro do Vanquish. GIRARD-PERREGAUX O novo Girard-Perregaux 1966 aposta na sobriedade com um diâmetro de 41 milímetros. dribles mais frequentes aumentando a dinâmico do jogo. Também a bola “reage” de maneira diferente à força do remate e à habilidade do jogador (dominar corretamente a “redondinha” é meio caminho andado para definir o sucesso ou não de uma jogada). Em suma, pode dizer-se que os Em Forza Horizon esqueça as pistas fechadas e prepare-se para acelerar e queimar pneu pelos mais diversos tipos de piso. O argumento do jogo desenrola-se em redor do festival Horizon, no Colorados, nos Estados Unidos da América. Aqui, encontrará de tudo, desde paisagens a perder de vista a estradas com tráfego intenso. O condutor é sempre o protagonista. Se não quiser participar em nenhuma competição pode sempre agarrar na máquina e simplesmente passear. Será recompensado se atingir altas velocidades ou evitar acidentes. As estações de rádio, além 50 JOGADORES 63 O MEU ESTÁDIO Estádio DO bonfim Octávio Machado ASF Características: ção: 18.694 Medidas: 107M x 69 M - Lota Inauguração: 1962 Orgulho vitoriano O Estádio do Bonfim é um dos recintos desportivos mais emblemáticos do futebol português. Inaugurado em 1962, substituiu o Campo dos Arcos como a casa do Vitória Futebol Clube, emblema vulgarmente conhecido como Vitória de Setúbal. Pode dizer-se que o Estádio do Bonfim foi construído em três fases: A primeira coube a Mário Ledo e diz respeito à aquisição de terrenos, terraplanagens, drenagens e arrelvamento do retângulo; a segunda a Magalhães Mexia, presidente da Câmara e a Jacinto Frade, presidente da direção do Vitória, com a construção da bancada poente e anexos do lado nascente; por fim, a terceira fase, deve-se a Manuel Constantino de Goes, que fechou o Estádio. Muitos dos adeptos do clube setubalense que voluntariamente ajudaram na edificação do recinto. Também um pouco por toda a cidade de Setúbal foram colocados “mealheiros” para a angariação de fundos. O Estádio do Bonfim foi inaugurado 64 JOGADORES 50 Nacionalidade: Portuguesa Naturalidade: Setúbal Idade: 63 anos Posição: Médio Clubes: Palmelense (formação), V. Setúbal, FC Porto e V. Setúbal Internacional A por Portugal a 16 de setembro de 1962 e contou com a presença do Presidente da República Américo Thomaz. Em 2012, o Estádio do Bonfim celebrou os 50 anos de existência. Além das cerimónias oficiais realce para o encontro entre as velhas glórias do Vitória e do Benfica. Félix Mourinho, pai de José Mourinho e antigo guardião sadino, deu o pontapé de saída. Curiosamente Félix Mourinho participou no encontro de inauguração do Bonfim, em 1962, que opôs o V. Setúbal à Académica (0-1). O Estádio teve capacidade para cerca de 30 000 espectadores mas após a colocação de cadeiras individuais a lotação oficial foi reduzida para cerca de 21 000 lugares. Atualmente comporta 18 694 espetadores. Até à data grandes jogadores já pisaram o relvado do Bonfim e envergaram o jersey listado na vertical verde e branco. Jaime Graça, Jacinto João, Matine, Tomé, Carlos Cardoso, Vítor Baptista, Diamantino, Jordão, Manuel Fernandes, Yekini, Octávio Machado, Quim, Hélio, Silvino e Aparício, entre muitos outros, são alguns exemplos. Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: CHRISTOPHER COURTOIS/EPA 50 JOGADORES 65 regresso à infância Quando teve noção de que gostava de futebol? Desde muito pequeno. Comecei em Évora por volta dos sete anos. A bola era um vício tremendo. Onde é que jogava na sua infância? Na rua, nos intervalos da escola... Na escola, como não podíamos jogar com bolas pesadas, fazíamos bolas de papel coladas com fita-cola. Jogávamos ainda nos corredores em jogos de dois contra dois. Na rua jogávamos até ficar noite. Dividiam-se as equipas por clubes? Jogava muitas vezes com o pessoal que trabalhava nas obras quando eles deixavam o trabalho. Eram equipas de cinco ou seis para cada lado. Todos me queriam nas suas equipas. Mas o que interessava era a bola rolar. O “gordo” é que ia à baliza? Não, curiosamente eu gostava muito de ir à baliza por causa de um guarda-redes que jogava no Juventude de Évora. Depois deixava a baliza e ia para a frente. Jogavam por algum troféu? Jogávamos até não podermos mais. Nunca nos cansávamos. Quando tínhamos sede íamos ao poço buscar água e depois lá continuávamos a jogar. Tinha alguma alcunha? Era o Paulinho. Quando fui para o Sporting começaram a chamar-me de PT. Quem era o seu ídolo? O João Oliveira Pinto [atual delegado do SJPF para a Zona Centro]. É engraçado porque eu pensava que o João era filho do Manuel Fernandes. Era um verdadeiro craque. Paulo Torres Defesa, 41 anos, ex-Sporting e Salamanca, entre outros. Internacional A e atual treinador do Torreense. “O que interessava era a bola rolar” 66 JOGADORES 50 INÁCIO ROSA/LUSA Primeiro a bola ou a namorada? A bola sempre em primeiro lugar. Só quando fui para o Sporting é que começaram a aparecer as namoradas. Muitos joelhos esfolados? O problema não era os joelhos. Rasgar a roupa e os ténis é que era lixado. Havia algum vizinho chato que não gostava de ver a malta a jogar à bola? Não, pelo contrário. Tinha vizinhos que paravam para me ver jogar. 50 JOGADORES 67 68 JOGADORES 50