Fundamentação teórica arrumando

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Fundamentação teórica arrumando
INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO
FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL DE BAURU
RENATA LUIZE GIL
THAIS ELIZABETE DE AQUINO ROSSI
TRABALHANDO COM A TRÍADE: EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E SERVIÇO SOCIAL.
BAURU
2009
INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO
FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL DE BAURU
RENATA LUIZE GIL
THAIS ELIZABETE DE AQUINO ROSSI
TRABALHANDO COM A TRÍADE: EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E SERVIÇO SOCIAL.
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
apresentado à Banca Examinadora da
Faculdade de Serviço Social, da Instituição
Toledo de Ensino de Bauru, para obtenção
do grau de Bacharel em Serviço Social,
sob a orientação da Profª. Ms. Gerceley
Paccola Minetto.
BAURU
2009
R833t
Rossi, Thais Elizabete de Aquino.
Trabalhando com a tríade: educação, família e serviço social
/ Thais Elizabete de Aquino e Renata Luize Gil.
-- 2009.
114f.
Orientadora: Profa. Ms. Gerceley Paccola Minetto.
Trabalho de Conclusão de Curso (Serviço Social) –
Instituição Toledo de Ensino – Bauru, SP.
1. Educação. 2. Família. 3. Serviço Social. I. Gil, Renata
Luize. II. Minetto, Gerceley Paccola. III. Título.
CDD -360
DECLARAÇÃO DE AUTENTICIDADE
As alunas Renata Luize Gil e Thais Elizabete de Aquino Rossi, abaixo assinada,
do curso de Serviço Social de Bauru, mantida pela Instituição Toledo de Ensino,
declaram que o conteúdo do trabalho de conclusão de curso, realizado no período de
fevereiro à outubro de 2009, com tema: Trabalhando com a Tríade: Educação, Família
e Serviço Social é autenticado original e de autoria exclusiva.
Por expressão da verdade, firmamos a presente declaração.
Bauru, 30 de outubro de 2009.
___________________________
____________________________
Renata Luize Gil
Thais Elizabete de Aquino Rossi
RG: 34.713.948-6
RG: 41.463.656-9
INSTITUIÇÃO TOLEDO DE ENSINO
FACULDADE DE SERVIÇO SOCIAL DE BAURU
RENATA LUIZE GIL
THAIS ELIZABETE DE AQUINO ROSSI
TRABALHANDO COM A TRÍADE: EDUCAÇÃO, FAMÍLIA E SERVIÇO SOCIAL.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
à Banca Examinadora da Faculdade de
Serviço Social, da Instituição Toledo de
Ensino de Bauru, para obtenção do grau de
Bacharel em Serviço Social, sob a orientação
da Profª. Ms. Gerceley Paccola Minetto.
Banca examinadora
_____________________________________
Orientadora Profª. Ms. Gerceley Paccola
Minetto.
_____________________________________
Profª. Banca
_____________________________________
Supervisora Simone Zago
_____________________________________
Supervisora Tatiane Rosa Rodrigues
Data da aprovação
__/__/__
DEDICATÓRIA
(Renata e Thais)
A DEUS
Dedicamos este trabalho à Deus pela luz, saúde, força, sabedoria, paciência,
compreensão e amor familiar, os quais foram ferramentas essenciais para lutar
pelos nossos objetivos e para a realização desse estudo.
Agradecemos por colocar em nossos caminhos pessoas especiais como: famílias,
amigos e mestres que contribuíram significativamente para hoje chegarmos onde
estamos.
Agradecemos, maiormente por estar do nosso lado em todos os momentos da nossa
vida e por ter nos carregado no colo, quando não agüentávamos mais caminhar.
Nós te amamos Senhor e de todo coração oferecemos primeiramente à ti, esse
sonho realizado.
ÀS NOSSAS FAMÍLIAS
Aos nossos pais e irmãos, por todo o amor e dedicação para conosco, por terem sido
a peça fundamental para que tenhamos nos tornado as pessoas que hoje somos.
HOMENAGENS E AGRADECIMENTOS (RENATA E THAIS)
À orientadora Gerceley Paccola Minetto
Como ninguém, você exerce com maestria essa função. Você professora, já foi
criança e ontem você não entendia muitas coisas, hoje precisa fazer-se entender e
criar soluções.
No seu dia-a-dia a sua capacidade de amar é colocada à disposição de todos.
Quando você volta para casa, a tarefa ainda não está terminada, mas a sua
consciência está em paz.
Você corre em paralelo com o tempo para não ficar ultrapassado. Aceita-se todo por
dentro para mostrar a seriedade que é exigida e ainda sorrir para aqueles que
precisam de afeto.
Na sua angústia existencial ainda se propõe a ajudar a quem procura.
Você avalia. Que coisa difícil é avaliar.
Aprova, reprova e finalmente recupera.
Pelos caminhos da sua vida você vai encontrando tantas portas, umas quase se
fecham, quando deveriam se abrir.
Tantas que se abrem, quando deveriam fechar-se, Portas sombrias, enferrujadas, à
espera de alguém ansioso por um toque, outras escancaradas pela falta de
responsabilidade e amor.
E você, passo a passo, vai contribuindo para cada uma delas.
Você transforma, ilumina, esclarece, compreende e vence o desafio.
É o suave mistério da sua vocação.
Como você é importante!
A Todos os Professores e Funcionários do Curso de Serviço Social
A todos os professores do curso de Serviço Social, pela paciência, dedicação e
ensinamentos disponibilizados nas aulas, cada um de forma especial contribuiu para
a conclusão desse trabalho e consequentemente para nossa formação profissional e
pessoal.
Às Supervisoras Simone Zago e Tatiane Rosa Rodrigues
Agradecemos pela dedicação, paciência e compreensão que teve conosco nesse
período de estágio, agradecemos pelo profissionalismo, ética e respeito que tem em
suas ações profissionais e pessoais. Agradecemos por tudo que nos ensinou, pois,
temos a certeza que muito contribuíram e contribuirão para a nossa formação
pessoal e profissional.
Ficará a saudade dos tempos bons que não voltarão mais, porém, fica a certeza que
seremos ótimas profissionais e companheiras de trabalho.
À equipe do Centro de Educação Infantil Santo Antônio - CEISA
Ao concluir nosso estágio nesta conceituada instituição, este que muito contribuiu
para o nosso aperfeiçoamento profissional, agradecemos a oportunidade que nos foi
dada.
Agradecemos toda equipe do CEISA, que contribuíram com a nossa formação
profissional.
Que fizeram a diferença durante nosso período de estágio, pois pudemos aprender
muito de cada uma dessas profissões e ver o quanto uma equipe unida faz a
diferença!
HOMENAGENS E AGRADECIMENTOS (RENATA)
À minha Mãe Lúcia Regina Luize
Por todo amor e dedicação que sempre teve comigo, mulher pela qual tenho maior orgulho de
chamar de mãe, meu eterno agradecimento por todos os momentos da minha vida, pois,
sempre esteve ao meu lado, me apoiando e me fazendo acreditar que nada é impossível,
pessoa que sigo como exemplo, mãe dedicada, amiga, batalhadora, por estar sempre
torcendo e rezando para que meus objetivos sejam alcançados.
À minha irmã Fernanda Luize Gil
A minha irmã Fernanda, pelo carinho e atenção que sempre teve comigo, sempre me
apoiando em todos os momentos, obrigada pelos conselhos e pela confiança em mim
depositada, meu imenso agradecimento.
Que amor é esse tão grande assim. Amor de anjos que existe em nós (...)
Que amor é esse que a gente sente.Não tem maior, não, é diferente
Dias e noites, mesma paixão. Só sei te amar, sou TUA IRMÃ
(Música Dias e Noites, Sandy e Junior)
À meu marido Ailton Soares Junior
Meu amado marido, pelo amor, carinho, amizade e compreensão que sempre teve comigo
nesses 7 (sete) anos de união.
Agradeço amor, pela ternura, por sempre estar comigo me apoiando e me incentivando,
obrigada por tudo que você me dedicou.
Vida obrigada por fazer parte e ser parte deste sonho, que hoje é realidade!
Deus uniu as nossas vidas de uma vez. E cada dia é o primeiro outra vez
Como um primeiro olhar nada nunca vai mudar.Não vai mudar, não vai mudar...
(Música Amar você, Fernanda Brum)
À minha amiga Thais Elizabete de Aquino Rossi
Agradeço a Deus, pela amizade que ele nos permitiu. Colocando no meu caminho você, Amiga
e Madrinha, que admiro muito e que considero ser uma pessoa muito especial. Thata,
obrigada pelo carinho, atenção, amizade que me proporcionou nesses 4 (quatro) anos.
A Palavra do Senhor nos diz que: “quem encontrou um amigo encontrou um tesouro”. Então,
posso dizer que eu tenho “Uma amiga..., um tesouro!”
Desejo para você, tudo o que há de melhor nesse mundo, pois, você merece muito !!!
Aos meus amigos
Aos amigos que Deus permitiu durante o curso de Serviço Social, agradeço pela verdadeira
amizade que construímos, em particular (Gisele, Elisângela, Thais, Regiane, Roseli, Lúcia,
Jainei e Vanessa), amigos que estavam sempre ao meu lado, obrigada, por todos os
momentos que passamos durante esses 4 (quatro) anos, meu especial agradecimento. Sem
vocês essa trajetória não seria tão prazerosa!
A Professora Giselli Tamarozzi
Agradeço pela simplicidade, pelo companheirismo e pelo amor que nos dedicou nesses 4
(quatro) anos de faculdade. Você, não é SOMENTE nossa professora e sim uma grande
AMIGA, que guardaremos sempre em nossos corações!!!!
Agradeço por tudo o que deixou em mim, principalmente a “MARCA”, de que ser professora
é...
Se alimentar do conhecimento e fazer de si
mesma, janela aberta para o outro.
Ser professa é formar gerações, propiciar o
questionamento e abrir as portas do saber.
Ser professa é lutar pela transformação...
É formar e transformar. (Autor desconhecido)
HOMENAGENS E AGRADECIMENTOS (THAIS)
À minha família: Pai Luiz, Mãe Elisa, irmãos (Jean, Junior, Ana e Isaac), cunhadas,
sogra, avôs, avós, tios e primos.
“Os que confiam no Senhor são como os montes de Sião, que não se abalam, mas
permanecem para sempre”.
Agradeço a cada um de vocês que fazem parte da minha história, agradeço à Deus mais uma
vez por ter me dado uma família maravilhosa, que é a minha vida, meu porto seguro, o meu
lugar forte.
Agradeço á cada um de vocês por existir e aos que não estão mais entre nós, a minha
saudade e o meu muito obrigado, pois também contribuíram pra hoje eu ser quem sou.
À vocês família querida dedico o meu trabalho de conclusão de curso que é fruto de muita
luta, amor e dedicação.
Ao meu noivo Fabrício Gerhart Dittrich
Uma vez eu ouvi que na terra tem anjos fantasiados de gente e você meu amor eu acredito
que é um desses. Agradeço á ti pela paciência que teve comigo nesses últimos anos, pela
compreensão, pelos momentos difíceis que passamos juntos e você esteve sempre ao meu
lado. Agradeço pelo carinho e amor que tem me dispensado em todos os momentos, fazendo
com que eu me sentisse a mulher mais amada e feliz do mundo; Te amo.
À minha amiga Renata Luize Gil
Tudo na vida passa mais você amiga, posso viver mil anos que não passará. Pois é impossível
passar uma amizade como a nossa. Amizade feita de amor, carinho e compreensão.
Momentos bons e ruins, fáceis e difíceis, porém, conseguimos superar a todos com muita
dedicação e respeito. Não tenho palavras para expressar o quanto te admiro e agradeço à
Deus por ter colocado você no meu caminho como minha companheira nessa jornada. A você,
meus agradecimentos sinceros com muito amor.
Aos meus amigos
Agradeço a Deus as amizades que conquistei durante esses quatro anos de curso, amizade
essa que levarei por toda a minha vida. Em especial: Andréa, Elisângela, Gisele, Jainei,
Karoline, Liliane, Maria Lucia e Roseli.
Sem vocês eu não teria conseguido; sem vocês esses quatro anos não teriam tido a mesma
graça; sem vocês eu não seria a pessoa que sou hoje, pois com vocês, eu descobri o
verdadeiro valor de uma amizade. Amo cada um de vocês de um jeito especial, obrigada por
vocês existirem.
RESUMO
O presente trabalho consiste em uma reflexão sobre a participação dos pais no
cotidiano escolar dos filhos e a importância do Serviço Social na relação escola e
família. Trata-se de um estudo de natureza qualitativa, cujo instrumento de coleta de
dados é a observação e a entrevista realizadas no período de fevereiro a novembro de
2009, que ratificam a relevância do profissional de Serviço Social nesta relação. O
universo do estudo é composto pelas 75 famílias e 24 profissionais do CEISA – Centro
de Educação Infantil Santo Antonio - e por 195 profissionais das redes de ensino
municipal, estadual, particular e de responsabilidade social de Bauru. A amostragem
corresponde a 20% do total dos sujeitos do CEISA, dentre os quais 15 famílias e 5
profissionais. Já na rede de ensino de Bauru, a amostragem é de 22 sujeitos entre
coordenadores e diretores de 5 escolas estaduais, 3 particulares, 2 municipais e 1 de
responsabilidade social. Os resultados apontam que os pais responsáveis, diante de
suas convicções e cultura, participam quando convocados das atividades e
responsabilidades da escola, enquanto que os profissionais de ensino qualificam tal
participação como restrita. As estratégias de acompanhamento do processo escolar do
filho, utilizadas pelos pais responsáveis, são a participação em reuniões, a presença
diante das convocações e eventos da escola. Em contrapartida, os profissionais
buscam nessa presença o momento de aproximação para que possam trocar
informações sobre a criança e o respectivo processo de aprendizagem. Quanto à
inserção do Assistente Social no processo educacional, os gestores da educação
reconhecem tal importância e enfatizam a necessidade de tornar conhecido o trabalho,
uma vez que possibilita o fortalecimento dos vínculos entre família e escola, além de ser
relevante para a categoria. Conclui-se que a participação da família na vida escolar dos
filhos é primordial para o bom desempenho e resultados da prática pedagógica, pois
compete ao Assistente Social fazer a mediação entre a família e a escola e efetivar os
direitos de ambas.
Palavras chave: Participação. Aprendizagem. Parceria.
ABSTRACT
This work is a reflection on the participation of parents in daily school life of children and
the importance of social work in the school and family. This is a qualitative study, whose
instrument of data collection is the observation and interviews carried out from February
to November 2009, ratifying the importance of social worker in this relationship. The total
study population consists of 75 families and 24 CEISA - Centro de Educacao Infantil
Santo Antonio - professionals and 195 professionals of the educational city, state,
private and social responsibility of Bauru. The sample represents 20% of CEISA
persons, among which 15 families and 5 professionals. Already in Bauru educational
system, the sample covers 22 persons between coordinators and directors from 5 state
schools, 3 private, 2 city and 1 from social responsibility. The results show that
responsible parents in front of their beliefs and culture, participate when called upon
activities and responsibilities of school, while teaching professionals qualify as restricted
such participation. Strategies to monitor the process of child at school, used by
responsible parents are: participating in meetings, the presence at the school events
and convocations. In contrast, the professionals seek on this presence the approach
moment so they can share information about the child and their learning process. About
the inclusion of the social worker in the educational process, education managers
recognize this importance and emphasize the need to make the work to be known, since
it enables the strengthening of bonds between family and school as well as being
relevant to the category. We conclude that family participation in children school life is
primary to good performance and results of teaching practice, as it is for the social
worker to mediate between families and schools and assure the rights of both.
Keywords: Participation. Learning. Partnership.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente
CEISA – Centro de Educação Infantil Santo Antônio
LDB – Lei de Diretrizes e Bases
MEC – Ministério da Educação
PDE - Plano de Desenvolvimento da Educação
PL - Projeto de Lei
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO..........................................................................................16
2
REVISITANDO A EDUCAÇÃO NO BRASIL............................................21
2.1
Rumos atuais da Educação Brasileira e a Educação Escolar.............21
3
AS INTERFACES DA INSTITUIÇÃO FAMÍLIA E SUA
RESPONSABILIDADE NA EDUCAÇÃO DOS FILHOS..........................30
3.1
As interfaces da instituição família.......................................................30
3.2
A Participação dos pais/responsáveis na educação
dos filhos.................................................................................................35
4
A RELAÇÃO FAMÍLIA X ESCOLA E O SERVIÇO SOCIAL COMO
EFETIVADOR DO DIREITO À EDUCAÇÃO...........................................43
4.1
A relação Família x Escola no processo de desenvolvimento
integral da criança..................................................................................43
4.2
Escola, Serviço Social e Família: tripé do sucesso............................46
5
METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA.................52
5.1
Análise dos dados da pesquisa............................................................59
5.1.1
O papel das famílias no processo de aprendizagem dos filhos...............59
5.1.2
Acompanhamento da família na vida escolar de seus
filhos.........................................................................................................64
5.1.3
O papel das famílias no processo de aprendizagem dos filhos na visão
dos profissionais.......................................................................................81
5.1.4
As estratégias utilizadas pelas famílias no processo de participação e
vida dos seus filhos..................................................................................87
5. 1.5
Inserção do Assistente Social junto às escolas.......................................91
6
CONCLUSÃO E SUGESTÃO.................................................................102
REFERÊNCIAS.......................................................................................105
APÊNDICE..............................................................................................112
16
1 INTRODUÇÃO
O tema desse trabalho é a participação da família na vida escolar dos filhos e a
importância do profissional de Serviço Social nas unidades escolares, responsável pela
aproximação entre a escola e a família, e foi realizado juntamente com a população
usuária e equipe de apoio interdisciplinar do Centro de Educação Infantil Santo Antônio
(CEISA) e coordenadores e diretores das escolas estaduais, municipais, particulares e
de responsabilidade social de Bauru.
O Centro de Educação Infantil Santo Antônio – CEISA, localizado na Rua José
de Pinheiro Góes, 4-38, Distrito Industrial, é uma instituição civil sem fins lucrativos, de
natureza privada, caracterizado como Projeto de Responsabilidade Social Empresarial
da Indústria e Comércio de Plásticos, Plasútil - LTDA.
Rodrigues (2009, p 47) complementa que:
Constituída nos molde inicial de “um sonho” do presidente da
Plasútil, e consequentemente com o apoio de outros
colaboradores da Plasútil, que se apropriaram também deste
“sonho”, o CEISA possui um toque muito especial de carinho,
determinado tanto pelos profissionais como pela qualidade dos
produtos e serviços oferecidos.
A unidade desenvolve seu trabalho na área da educação e tem como finalidade o
atendimento de crianças de 0 a 5 anos e 11 meses, sendo 85% oferecido às crianças
residentes nos bairros próximos à região do Distrito Industrial I ( prioridade ao Ferradura
Mirim) e, 15% viabilizado aos colaboradores da Plasútil, visando o atendimento integral
em seus aspectos físicos, psicológicos, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade.
O CEISA atende atualmente 75 crianças, porém este número cresce
gradativamente até completar a sua capacidade de 90 crianças.
A instituição tem atendimento diferenciado aos usuários, já que atende no horário
das 05h30min às 18h30min, trabalha em período integral, busca sempre a aproximação
17
e participação da família na rotina do CEISA, já que a relação família X escola é de vital
importância para o desenvolvimento social da criança. O contato contínuo dos pais ou
responsável garante uma melhor condição de vida para a criança, pois é somente
dando visibilidade nas ações que se poderá ocorrer a transformação social.
O CEISA, como instituição, realiza serviços na educação infantil organizada de
modo que as crianças desenvolvam suas capacidades. As salas são divididas por faixa
etária: Berçário I (0 a 1 ano), Berçário II (1 a 2), Maternal I (2 a 3), Maternal II (3 a 4) e
Infantil I ( 4 a 5 anos).
As demais escolas que compõem o cenário desse estudo são 5 escolas
estaduais, 3 particulares, 2 municipais e 1 de responsabilidade social, da rede de
ensino de Bauru. A pesquisa foi direcionada também aos coordenadores e diretores
das mesmas. Vale ressaltar que as escolas estaduais são do primeiro ano do Ensino
Fundamental ao Ensino Médio, as particulares são do infantil ao Ensino Médio, as
municipais do primeiro ao quarto ano do Ensino Fundamental e a de responsabilidade
social é apenas de educação infantil.
Considerando essa realidade acima exposta, é que propomos, nesse estudo,
evidenciar a importância da participação da família na vida escolar dos seus filhos, bem
como o papel do Assistente Social na instituição escolar, apontando para identificar o
papel das famílias no processo de aprendizagem dos filhos; desvendar as estratégias
utilizadas pelas famílias no processo de participação da vida escolar de seus filhos;
investigar a inserção do assistente social junto às escolas e desvelar o papel do
Assistente Social frente a essa realidade.
O interesse pelo tema estudado surgiu pela identificação das pesquisadoras
Renata Luize Gil e Thais Elizabete de Aquino Rossi pelo mesmo, uma vez que o
estágio no CEISA, desde o ano de 2008, nos fez experienciar o quão é importante a
participação da família no contexto escolar e a extrema relevância do trabalho do
Assistente Social na instituição e, ainda, a pesquisadora Thais, na sua vida profissional,
trabalhou em uma escola particular de Bauru e vivenciou outra realidade acerca da
importância do Assistente Social nas unidades escolares, uma vez que essa escola não
possui esse profissional.
18
Assim, as alunas optaram por pesquisar um tema que relaciona-se com a
realidade atual e a necessidade do campo. Procuramos unir, em um só trabalho, duas
ideias relevantes para a instituição na qual estagiamos e à categoria de uma forma
geral.
Partindo dos questionamentos Qual a importância da participação das famílias
na educação dos filhos e qual o papel do Serviço Social nessa relação? Tomamos
como hipótese que a participação das famílias na educação de seus filhos é
imprescindível para a formação da personalidade dos mesmos, pois diversos estudos
apontam que a criança, cuja família participa de forma mais direta no cotidiano escolar,
apresenta um desempenho superior em relação àquelas cujos pais estão ausentes,
evidenciando sua capacidade de intervir na defesa e efetivação dos direitos sociais. E o
Serviço Social frente a essa demanda faz uma articulação entre o aluno, a escola e a
família.
Brandão (2007, p. 07) expõe que:
Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na
escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços
da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender e
ensinar. Para saber, para fazer, para ser, ou para conviver, todos
os dias misturamos a vida com a educação.
Dessa forma, a educação engloba os processos de ensinar e aprender. É um
fenômeno observado em qualquer sociedade e nos grupos constitutivos destas,
responsável pela sua manutenção e perpetuação, às gerações que se seguem, dos
modos culturais de ser, estar e agir necessários à convivência, ao ajustamento e
participação de um membro no seu grupo ou sociedade.
Partindo deste pressuposto, vemos que a educação é peça importante na vida
do indivíduo e o apoio que este recebe do meio em que vive é fundamental para a sua
formação.
A tipologia da pesquisa é qualitativa, pois há levantamento de dados que
realmente expressam e comprovam a importância da participação da família na
educação dos filhos e do Serviço Social no âmbito escolar. O estudo qualitativo propicia
19
um contato direto com os sujeitos participantes, possibilitando maior entrosamento e
aproximação entre o pesquisador e pesquisado, além de maiores informações que
interessem à investigação, revelando como pensam e agem os sujeitos. Os
instrumentais utilizados na elaboração da coleta de dados são a observação, a
entrevista focalizada no formulário e questionário, com perguntas subjetivas, podendo
certificar as colocações dos sujeitos.
O Universo do estudo é composto pelas 75 famílias e 24 profissionais do CEISA
- Centro de Educação Infantil Santo Antônio e, por 195 profissionais da educação das
instituições da rede de ensino municipal, público, particular e de responsabilidade social
de Bauru. A amostragem constitui-se com 20% do total dos sujeitos do CEISA sendo 15
famílias e 5 profissionais, e na rede de ensino de Bauru, a amostragem é de 22
sujeitos, sendo 5 coordenadores e diretores de escolas estaduais, 3 de escolas
particulares, 2 de escolas municipais e 1 de responsabilidade social.
Esse trabalho apresenta como fundamentação, primeiramente, a história da
educação no Brasil, desde o descobrimento até os dias atuais; a análise do contexto
educacional no Brasil a partir da LDB (Lei de Diretrizes e Bases), Estatuto da Criança e
do Adolescente (ECA), Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), Constituição Federal
de 1988, além de teorias sobre família, participação e Serviço Social escolar e tem
como referências diferentes autores que abordam teorias sociais sobre o tema do
estudo.
Apresentamos o trabalho da instituição Ceisa que foi a peça chave para a
realização desse estudo, pois é uma instituição que trabalha com a efetivação do direito
à educação, perpassando também pela política educacional, que é de grande
relevância para o desenvolvimento de um trabalho com qualidade.
Enfatizamos a importância do trabalho do assistente social nas unidades
escolares, uma vez que este profissional trabalha com as expressões da questão social
configuradas nesse ambiente, tais como baixa escolaridade, evasão escolar,
desinteresse no aprendizado e outras, que configuram dentro dos lares dos alunos e
que refletem nos estudos, tais como desemprego, fome, miséria, violência doméstica,
destituição familiar, entre outros, é o assistente social o profissional preparado para
intervir nessa realidade.
20
Iamamoto (2005, p. 67) ainda reafirma que:
O Serviço Social interfere na reprodução da força de trabalho por
meio dos serviços sociais previstos em programas, a partir dos
quais se trabalha nas áreas de saúde, educação, condições
habitacionais e outras. Assim, o Serviço Social é socialmente
necessário porque ele atua sobre questões que dizem respeito a
sobrevivência social e material dos setores majoritários da
população trabalhadora. Viabiliza o acesso não só a recursos
materiais, mais as ações implementadas incidem sobre as
condições de sobrevivência social dessa população.
Portanto, o estudo aponta a importância da inserção do profissional de Serviço
Social nas unidades educacionais como mais um saber para somar aos saberes já
existentes no campo educacional.
Finalmente, apresentamos as conclusões e sugestões que a realidade evidencia.
21
2 REVISITANDO A EDUCAÇÃO NO BRASIL
A História da Educação no Brasil inicia-se no período colonial quando os
exploradores portugueses descobriram o Brasil, no século XV, e começaram a colonizar
sua nova terra no Novo Mundo. Encontraram um território que era habitado por diversas
tribos indígenas, as quais não tinham desenvolvido um sistema de escrita e nem a
educação escolar, o que foi feito através dos jesuítas que chegaram em 1549,
chefiados pelo Padre Manoel da Nóbrega. Iniciaram-se, assim, as primeiras relações
entre Estado e Educação.
Em um período da história, a partir de 1900, quando o mundo tinha grande parte
da população analfabeta, o Império Português abrigou uma das primeiras universidades
fundadas na Europa - a Universidade de Coimbra, a qual atualmente é uma das mais
antigas universidades em funcionamento contínuo. Durante a dominação portuguesa,
os estudantes brasileiros, principalmente os graduados em missões jesuítas e em
seminários, foram permitidos e até incentivados a ingressarem no ensino superior em
Portugal.
Em 1759 houve a expulsão dos jesuítas e instituído o ensino laico e público,
cujos conteúdos baseavam-se nas Cartas Régias. Muitas mudanças ocorreram até que
se chegasse à pedagogia dos dias de hoje. É a partir de 1930, início da Era Vargas,
que surgem as reformas educacionais mais importantes. A primeira LDB é promulgada
em 1946 (Lei nº 4.024/61) e promove vários debates acerca do tema, conforme se
apresenta neste item.
2.1 Rumos atuais da Educação Brasileira e a Educação Escolar
A educação no Brasil (segundo o que determina a Constituição Federal de 1988
e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) de 1996, que estabelece as
diretrizes e bases da educação nacional) deve ser dirigida e organizada separadamente
por cada nível de governo. O Governo Federal, os Estados, o Distrito Federal e os
22
Municípios devem dirigir e organizar seus respectivos sistemas de ensino. Cada um
desses sistemas educacionais públicos é responsável por sua própria manutenção,
devendo gerar fundos, bem como os mecanismos e fontes de recursos financeiros. A
nova Constituição reserva 25% do orçamento do Estado e 18% de impostos federais e
taxas municipais para a educação.
A educação brasileira é regulamentada pelo Governo Federal através do
Ministério da Educação, o qual define os princípios orientadores da organização de
programas educacionais. Os governos locais são responsáveis por estabelecer
programas educacionais estaduais e por utilizar os financiamentos oferecidos pelo
Governo Federal. As crianças brasileiras atualmente têm que frequentar a escola, no
mínimo, por 9 anos.
A Constituição Brasileira (1988) em seu artigo 205 estabelece que:
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o
exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Logo, a educação é um direito garantido a todos os cidadãos e, hoje,
percebemos que o Brasil se esforça para melhorar a educação básica e manter os altos
padrões que a população espera das universidades públicas, mas ainda mantem-se
distante dos níveis educacionais dos países de primeiro mundo.
Segundo o dicionário Aurélio, Educação é: “o desenvolvimento da capacidade
física, intelectual e moral da criança e do ser humano em geral, visando à sua melhor
integração individual e social” e Educação escolar é: “o processo de educação realizado
em um sistema escolar de ensino, podendo ser desenvolvido em institutos e demais
instituições legitimadas para exercê-la”.
O surgimento da educação escolar relaciona-se ao surgimento das Escolas e
das políticas educacionais exercidas pelos estados e pelo país. O conceito de
educação escolar surge para distinguí- la do processo de educação, uma vez que este
não ocorre, necessariamente, institucionalizado. A distinção entre os termos surge da
23
percepção de que a Escola é o espaço de transmissão de uma cultura específica,
chamada de cultura escolar, e possui
arquitetura, mobiliário, sequência temporal,
ritmos e práticas peculiares.
No sentido mais amplo, educação é um processo de atuação de uma
comunidade sobre o desenvolvimento do indivíduo a fim de que ele possa atuar em
uma sociedade pronta para a busca da aceitação dos objetivos coletivos.
Para tal educação, devemos considerar o homem no plano físico e intelectual,
consciente das possibilidades e limitações, capaz de compreender e refletir sobre a
realidade do mundo que o cerca, seu papel de transformação social como uma
sociedade que supere nos dias atuais a economia e a política na busca pela
solidariedade entre as pessoas e pelo respeito as diferenças individuais de cada um.
Freire (1995, p.67) pontua que:
Educação tem caráter permanente. Não há seres educados e não
educados, estamos todos nos educando. Existem graus de
educação, mas estes não são absolutos.
Essa afirmação nos faz refletir sobre o processo educativo contínuo que visa
constante busca pela melhoria da qualidade da formação docente e discente. A ação
educativa implica em conceito de homem e de mundo concomitantes. Nela é preciso
não apenas estar no mundo, e sim estar aberto ao mundo. Captar e compreender as
finalidades deste a fim de transformá-lo, responder não só aos estímulos, e sim aos
desafios que este nos propõe. Não podemos transmitir conhecimento, pois este já
existe, podemos sensibilizar o indivíduo a buscar esse conhecimento existente e
estimulá-lo a descobrir suas afinidades em determinadas áreas.
A educação não tem uma fórmula pronta a seguir, pois é criada e desvendada a
cada passo em que estimulamos os nossos conhecimentos, trazendo assim, motivação
necessária ao processo de ensino-aprendizagem.
24
Aranha (1998, p. 52) considera que:
Educação é um processo contínuo que orienta e conduz o
indivíduo a novas descobertas a fim de tomar suas próprias
decisões, dentro de suas capacidades.
Sendo assim, podemos afirmar que esse processo acontece durante toda a vida
do ser humano, basta que ele seja incentivado e motive-se a aprender.
Uma sociedade para evoluir necessita de educação de qualidade como um dos
principais pontos de partida, fato este considerado parcialmente distante da realidade
brasileira. Apesar disso, o Governo Federal, com o objetivo de melhorar a educação no
Brasil, criou o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). A principal finalidade do
PDE é oferecer educação básica de qualidade a todos os indivíduos, realizar
investimentos na educação profissional e superior, com vistas a apresentar uma relação
íntima que envolva um trabalho em conjunto, no qual pais, alunos, professores e
gestores visem o sucesso e a permanência do aluno na escola.
A própria Lei de Diretrizes e Bases (LDB, 9394/96) foi embasada no princípio do
direito universal que rege a educação para todos, bem como na série de mudanças
necessárias para a garantia da educação básica.
Um país não progride com educação precária. Todas as pessoas necessitam e
devem ter acesso à educação básica. A aprovação da Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB) propiciou grande avanço no sistema de educação de nosso país, já
que visa tornar a escola um espaço de participação social, valorização da democracia,
do respeito, da pluralidade cultural e da formação do cidadão, fato que verifica o papel
dos estudantes.
O PDE surgiu com várias intenções, uma delas é a inclusão das metas de
qualidade para a educação básica, fazendo parte destas, no sentido de contribuir para
que escolas e secretarias de educação se organizem no atendimento aos alunos e,
consequentemente, no estímulo às famílias para que exijam educação de maior
qualidade. O plano ainda prevê acompanhamento e assessoria aos municípios com
baixos indicadores de ensino, com vistas a melhorias da educação no país. Vale
25
ressaltar que o desenvolvimento da educação no país requer a participação intensiva
da sociedade e esta deve exigir não apenas um projeto voltado ao governo federal, e
sim de toda nação.
Um país precisa do seu povo como companheiro fiel na luta por melhores
oportunidades e condições de vida principalmente em busca da redução da taxa de
analfabetismo que, segundo pesquisas realizadas pelo MEC, têm apresentado uma
queda constante, porém ainda não suficiente, pois está presente em grande percentual
e em diversas regiões do país, principalmente nas menos desenvolvidas.
Entendemos que a história da Educação Brasileira sofreu rupturas marcantes,
fáceis de serem observadas. A primeira grande ruptura ocorreu com a chegada dos
portugueses ao território do Novo Mundo. Não podemos deixar de reconhecer que os
portugueses trouxeram um padrão de educação próprio da Europa, o que não quer
dizer que a população que por aqui vivia já não possuísse características próprias de se
fazer educação. E convém ressaltar que a educação que se praticava entre as
populações indígenas não tinha as marcas repressivas do modelo educacional
europeu.
Quando os jesuítas chegaram por aqui, não trouxeram somente a moral, os
costumes e a religiosidade européia; trouxeram também os métodos pedagógicos. Este
método funcionou absoluto durante 210 anos, de 1549 a 1759, quando uma nova
ruptura marca a História da Educação no Brasil: a expulsão dos jesuítas por Marquês
de Pombal. Se existia alguma estrutura educacional, o que se comprovou a seguir foi o
mais absoluto caos. Tentaram-se as aulas régias, o subsídio literário, mas o caos
continuou até que a Família Real, fugida de Napoleão na Europa, resolveu transferir o
Reino para o Novo Mundo.
Na verdade não se conseguiu implantar um sistema
educacional nas terras brasileiras, mas a vinda da Família Real permitiu uma nova
ruptura com a situação anterior.
Segundo alguns autores, Sylvia Vidigal Moraes, Sérgio Haddad e José Luiz de
Paiva Bello, o Brasil foi finalmente “descoberto” e a nossa história passou a ter uma
complexidade maior.
26
A educação, no entanto, continuou a ter importância secundária, visto que
enquanto nas colônias espanholas em 1538 já existiam muitas universidades, a nossa
primeira Universidade surgiu em 1934 em São Paulo.
Por todo o Império, nas regências de D. João VI, D. Pedro I e D. Pedro II, pouco
se fez pela educação brasileira que era de má qualidade. Com a Proclamação da
República, tentaram-se várias reformas, mas se observarmos, a educação brasileira
não sofreu um processo de evolução que pudesse ser considerado marcante ou
significativo em termos de modelo.
Até os dias de hoje, muito se altera o planejamento educacional, porém a
educação apresenta as mesmas características impostas em todos os países do
mundo, que é a de manter o “status quo” (manter como no início) para aqueles que
frequentam os bancos escolares.
Como a educação sistemática acontece dentro das instituições, há que entendêla como tal. Existem, basicamente, dois tipos de educação: assistemática e sistemática.
A educação assistemática é aquela que ocorre através da observação ou do
ensinamento de fatos que acontecem ao acaso. Por acaso, quando o menino vê, pela
primeira vez, o pai se barbeando, por exemplo, pergunta o que é aquilo e para que
serve. Este é um caso que ilustra a educação assistemática, na qual, acontece o
aprendizado sem que antes ele tivesse sido premeditado.
A educação sistemática é a que acontece normalmente na escola. É a forma de
ensinamento de algo que foi anteriormente pré-estabelecido nos seguintes elementos:
local, data, forma. Quando uma criança vai à escola, já está indo com o intuito de
aprender algo naquele local, naquele dia e de determinado método de ensino. Portanto,
educação assistemática ocorre sem local e data determinada – ocorre ao acaso – e
a sistemática acontece porque antes já fora pensado o local, a data e a forma.
Segundo o dicionário, escola é: “estabelecimento de ensino, colégio, ginásio,
educandário, instituto, corrente literária, científica, filosófica, artística”.
Freire (2001) afirma que:
27
Escola é o lugar onde se faz amigos. Não se trata só de prédios,
salas, quadros, programas, horários, conceitos. Escola é,
sobretudo, feita de gente, gente que trabalha, que estuda, que se
alegra, se conhece, se estima. O diretor é gente, o coordenador é
gente, o professor é gente, o aluno é gente, cada funcionário é
gente. E a escola será cada vez melhor na medida em que cada
um se comporte como colega, amigo, irmão. Nada de ilha
cercada de gente por todos os lados. Nada de conviver com as
pessoas e depois descobrir que não tem amizades de ninguém,
nada de ser como o tijolo que forma a parede, indiferente, frio, só.
Importante na escola não é só estudar, não é só trabalhar, é
também criar laços de amizade, é criar ambiente de
camaradagem, é conviver, é se amarrar nela. Ora, é lógico numa
escola assim vai ser fácil estudar, trabalhar, crescer, fazer
amigos, educar-se, e ser feliz.
A escola ainda pode referir-se a uma instituição de ensino ou a uma corrente de
pensamento com características padronizadas que compõem certas áreas do
conhecimento e da produção humana.
A palavra escola vem do grego scholé, que significa lugar do ócio. Na Grécia
Antiga, as pessoas que dispunham de condições sócio-econômicas e tempo livre, se
reuniam na escola para pensar e refletir.
A escola é um local de ensino onde se aprende várias disciplinas ou
componentes curriculares, entre elas: Matemática, Português, Ciências, História,
Geografia, Educação Artística, Educação Física, entre outras.
Os agentes educacionais da escola são: o professor, o aluno, o coordenador, o
diretor, a comunidade e demais funcionários administrativos.
Porém, Freire ( 1994, p.83) questiona:
Como, porém, aprender a discutir e a debater numa escola que
não nos habitua a discutir? Por que impõe? Ditamos ideias. Não
trocamos ideias. Discursamos aulas. Não debatemos ou
discutimos temas. Trabalhamos sobre o educando. Não
trabalhamos com ele. Impomos-lhe uma ordem a que ele não se
ajusta concordante ou discordante, mas se acomoda. Não lhe
ensinamos a pensar, porque recebendo as fórmulas que lhe
damos, simplesmente as “guarda”. Não as incorpora, porque a
incorporação é o resultado da busca de algo, que exige, de quem
o tenta, o esforço de realização e de procura. Exige reinvenção.
28
Logo, reinventar a escola é justamente propor um modelo de ensino, cujo aluno
seja sujeito de seu próprio processo de aprendizagem, pois só assim teremos uma
sociedade não mais passiva diante de fatos nem acostumada a deixar para um “líder” a
solução de todos os problemas. O que falta na instituição denominada escola são
pessoas que abracem a ideia de um mundo melhor, que acreditem no ser humano em
sua totalidade e permitam que seus sujeitos sejam construtores das próprias histórias.
É um equívoco pensar que o desempenho da escola se expressa apenas nos
resultados da aprendizagem obtidos nas disciplinas e que é fruto exclusivo do trabalho
isolado dos professores. Tradicionalmente, as escolas eram vistas como organismos
sociais legalmente definidos, cuja estrutura se impunha por meio de uma definição
rígida de papéis e funções que delimitava os territórios de cada ator, de forma a
dificultar ou até mesmo impedir a atuação conjunta e mais harmoniosa.
Não é possível pensarmos a escola como uma instituição social com funções
bem definidas e inalteradas ao longo do tempo, cuja preocupação principal é a
preservação do patrimônio cultural, cabendo-lhe a tarefa de transmissão e preservação
da cultura. Essa concepção expressa uma posição funcionalista de organização
coerente com os princípios da burocracia, porém é incompatível com as características
da sociedade atual.
A visão da escola como um sistema fechado, incapaz de refletir as mudanças
que ocorrem na sociedade, é totalmente distante das exigências de uma sociedade que
caracteriza-se por um movimento de mudança acelerada e desconcertante. A grande
contradição, entretanto, é que o motor que impulsiona essa sociedade é o
conhecimento, em outras palavras, esta é uma sociedade do conhecimento e “as
economias do conhecimento são estimuladas e movidas pela criatividade e pela
inventividade” (HARGREAVES, 2004, p.17), aspectos pouco explorados pela escola
atual.
Desta forma, faz-se urgente repensar a escola e suas funções se pretendemos
resgatar o seu valor para a formação das próximas gerações.
É possível afirmar que tanto o ambiente como a cultura da escola são fatores
importantes que condicionam a ação docente e influenciam os resultados das práticas
que se desenvolvem em sala de aula e na aprendizagem do aluno. Não restam dúvidas
29
de que a melhor forma dos gestores favorecerem a construção de um ambiente
saudável e estimulante para os professores, é através do trabalho colaborativo e da
formação de equipes de trabalho. Situações como essas reduzem as distâncias entre
gestores, professores, alunos, funcionários e comunidade e propiciam que todos
possam atuar como sujeitos da educação sem as barreiras criadas pela hierarquia. Isto
é importante porque o trabalho educativo é produto da interação na qual todos os
envolvidos participam e são influenciados de alguma forma. Na condição de educando
ou de educador ambos se modificam. Portanto, o ato educativo é uma ação de via
dupla e é com essa finalidade que professores e alunos devem se envolver nesse
processo.
Quantos de nós, ao longo da vida, ouvimos a frase “a escola é uma instituição
falida”. Tal afirmativa é equivocada pois a escola é feita por cada um que está dentro
dela, cabem aos profissionais e à sociedade cobrar da escola o que lhes é proposto, já
que esta tem a missão de formar indivíduos não alienados e uma sociedade mais justa.
Não é correto pensarmos que a educação se restringe unicamente à instituição
chamada escola. Uma criança com pouco mais de um ano de idade já começa a falar a
língua que seus pais e familiares falam e isso nada mais é do que educação. Essa
criança aprendeu com os pais (geração mais antiga) a língua da comunicação. O ato de
escovar os dentes, de vestir-se, de andar, de como portar-se, todos foram aprendidos
pela observação ou ensino dos mais velhos, portanto a educação assistemática
acontece de maneira espontânea, sem obrigações, regras e imposições, enquanto que
a educação sistemática ele aprende nas diversas instituições de ensino que frequenta
ao longo de sua vida.
É notório e vital o papel da família na educação dos filhos, quer seja na
educação sistemática bem como na educação assistemática, pois é preciso buscar
novos caminhos se quisermos avançar na direção de uma escola mais eficiente e
democrática, aberta à diversidade de pensamentos e culturas, bem como ao diálogo e
às distintas formas de expressão de ideias, assunto que abordaremos no próximo item.
30
3 AS INTERFACES DA INSTITUIÇÃO FAMÍLIA E SUA RESPONSABILIDADE NA
EDUCAÇÃO DOS FILHOS
O termo família é derivado do latim “farmulus” que significa “escravo doméstico”.
Foi criado na Roma Antiga para designar um grupo social que surgiu entre as tribos
latinas, ao ser introduzido à agricultura e também à escravidão.
Partiremos do princípio histórico de que a família é uma construção histórica e
sócio cultural, cuja configuração como lócus é afeto e convivência entre pais e filhos.
A família é o fundamento básico e universal de todas as sociedades bem como a
primeira instituição social na qual somos inseridos desde o nascimento.
Segundo Lakatos (1990, p.169) a família: “é encontrada em todos os
agrupamentos humanos, embora variem as estruturas e o funcionamento”.
A família se estabelece a partir da decisão de algumas pessoas conviverem
juntas e assumem o compromisso de ligação duradoura entre si, incluindo uma relação
de cuidados afetivos e econômicos entre os adultos e deles para com as crianças. Daí
a importância de a compreendermos na sua totalidade.
3.1 As interfaces da instituição família.
Considerada um sistema, a família carrega em seus ombros a função e o dever
de proteger os seus membros e favorecê-los no conhecimento da cultura à qual
pertencem.
Para Kaloustian (2002) a família é: “o lugar indispensável para a garantia da
sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros”. Portanto, tem o
papel decisivo na educação dos filhos e é a responsável em transmitir valores
humanitários, culturais, morais, sentimento de solidariedade, etc. Outra função é a de
oferecer suporte emocional ao propiciar à criança um ambiente equilibrado de amor,
compreensão, afeto, valores. Esta função será o passaporte para o sucesso dessa
criança na vida adulta.
31
Segundo Stanhope (1999) a família é um sistema social uno, composto por um
grupo de indivíduos, cada um com um papel atribuído, e embora diferenciado,
consubstancia o funcionamento do sistema como um todo. O tema família, ao ser
abordado, evoca, obrigatoriamente, os conceitos de papéis e funções em todas as
famílias, independentemente da sociedade, pois cada membro ocupa determinada
posição ou tem determinado estatuto como, por exemplo, marido, mulher, filho, irmão
que são orientados por papéis. Papéis estes que não são mais do que “as expectativas
de comportamento, de obrigações e de direitos que estão associados a uma dada
posição na família ou no grupo social” (STANHOPE, 1999).
Knobel (1992, p. 19) afirma que: “a família é um dos grupos primários e naturais
da sociedade, nos quais o ser humano vive e consegue se desenvolver”. Por isso,
muitos fenômenos sociais podem ser compreendidos quando analisandas as
características familiares do sujeito e da sociedade da qual faz parte.
Segundo Áries (1975, p. 231) a família é uma realidade moral e social, mais do
que sentimentos.
No século XX, com a sociedade capitalista avançada, que é marcada pelo
avanço do mercado de trabalho, as famílias deixam o campo e vão para a cidade
trabalhar em indústrias. Com isso surge o modelo de família nuclear burguesa. Nesse
modelo, a figura do pai é a de provedor, o que influencia em um determinado padrão de
educação para os filhos. A mulher passa a ter um papel fundamental na família e rompe
com os pressupostos de que mulher é aquela que é boa mãe e que deve servir seu
marido. Ao inserir-se no mercado de trabalho, desencadeia novos acontecimentos
como: criação de creches; revolução sexual; liberando a expressividade das diferentes
formas de relacionarem-se como gays; lésbicas e simpatizantes; o divórcio, dentre
outras.
Aranha (1996, p.95) ressalta que:
A partir do capitalismo, a instalação das fábricas separa o local
de trabalho do local de moradia, obrigando a mulher que precisa
complementar o orçamento doméstico a se ausentar de casa.
32
Este modelo de família (burguesa) já não se pauta mais na manutenção das
tradições e continuação da linhagem, mas sim na acumulação de capital e no valor da
escolha individual.
Sarti (2003, apud TAMAROZZI, 2009) considera que:
A partir da década de 60, não apenas no Brasil, mas em escala
mundial, difundiu-se a pílula anticoncepcional, que separou a
sexualidade da reprodução e interferiu decisivamente na
sexualidade feminina. Esse fato criou as condições materiais para
que a mulher deixasse de ter sua vida e sua sexualidade atadas
à maternidade como um “destino”, recriou o mundo subjetivo
feminino e, aliado à expansão do feminismo, ampliou as
possibilidades de atuação da mulher no mundo social. A pílula,
associada a outro fenômeno social, a saber, o trabalho
remunerado da mulher, abalou os alicerces familiares, e ambos
inauguraram um processo de mudanças substantivas na família.
Até meados de 70, a família era considerada uma instituição social e seu modelo
ideológico era família nuclear tradicional constituída pelo casamento (pai, mãe e filhos),
como bem salientada a Constituição Federal de 1934 ao declarar que “a família, base
da sociedade, está sob proteção do Estado (art 144).
Nos anos 80, surgiram novos arranjos nos grupos familiares que romperam com
os pressupostos de que família é pai, mãe e filho. Surgem então os modelos de família
como: monoparental, que são chefiadas por um ou dos pais; a matrifocal, chefiadas por
mulheres; patrifocal, chefiadas por homens; e a família vivida, “que inclui separação,
adoção, relacionamento extraconjugal e outras situações” [...] (LIMA, 2005. p.31).
De acordo com as novas realidades, a Constituição Federal (1988) altera o
conceito de família como um traço dominante da sua evolução, é a sua tendência a se
tornar um grupo cada vez menos organizado e hierarquizado e que, cada vez mais
fundado na afeição mútua, estabelece formas de proteção aos grupos familiares, sem
qualquer distinção ou forma de preconceito, visando as necessidades dos casais,
crianças e adolescentes, que necessitam constituir um grupo familiar de acordo com
seu quadro pessoal e social e que têm acesso ao direito da convivência familiar.
33
Percebemos na historicidade da família, que esta era definida como um
“agregado doméstico (...) composto por pessoas unidas por vínculo de aliança,
consanguinidade ou outros laços sociais, podendo ser restrita ou alargada”, como
afirma Stanhope (2001, p. 22).
É mais do que notório que a família, com todas as suas transformações, passe a
ter novos arranjos, o que chamamos de nova família, tida como contemporânea,
composta por pai; avô e filhos; pai, madrasta e filhos; mãe e filhos; filhos e avós e viceversa.
Percebemos que a família passou por três fases evolutivas: a primeira dita
“tradicional”; a segunda, fase “moderna”, a qual é regida por uma lógica afetiva,
romântica, na qual o casal se escolhe sem a interferência dos pais, procurando uma
satisfação amorosa e sentimental, sendo que o poder e o direito sobre os filhos são
divididos entre os pais e o Estado e/ ou entre pais e mães. Finalmente, a terceira, dita
“contemporânea” também denominada de nova família.
Diante das modificações e estruturações familiares, torna-se inviável analisá-la
como um modelo único e ideal, pois opostamente manifesta-se como um conjunto de
trajetórias modificadas e estruturadas nos últimos tempos, fato que nos impossibilita
identificá-la sob uma perspectiva única ou ideal.
Tamarozzi (2009, p. 228) pontua que:
A constituição da identidade familiar carrega todo o
contexto da experiência de vida, dos valores herdados por
cada núcleo familiar, contribuindo para a construção de
uma nova identidade. Alguns valores são mudados,
alterados, superados, transformados, extintos e outros são
mantidos e valorizados.
A família vem, através dos tempos, acompanhando as mudanças religiosas,
econômicas e sócioculturais. Deste modo, a família deve ser encarada como um todo
que integra contextos mais vastos do que a sociedade determina.
34
Roudinesco (2003) afirma que a família humana reinventa-se permanentemente,
desde os inícios dos tempos, como uma instituição insubstituível para nossa própria
constituição como sujeitos humanos.
O modo de vida na família contemporânea transforma-se num tempo histórico e
social, cria novas articulações de gênero e gerações, elabora novo código e, ao mesmo
tempo, mantém as qualidades essenciais básicas das gerações anteriores, afirma Motta
(1998).
E, como lembra Tamarozzi (2009), na contemporaneidade a família não é mais
vista como organizada “dadas” (pai, mãe e filho) o que seria o modelo tradicional, pois
hoje o principal elemento para se falar em família é a afetividade.
Sabemos que a família é a base na formação do ser humano, local onde da-se
inicio ao desenvolvimento do ser humano, considerado um aspecto primordial na
formação e no desenvolvimento físico, psicológico e social, já que cabe a ela educação
dos filhos.
A família é a principal responsável pela alimentação e proteção da criança, pela
infância e adolescência, por transmitir afeto, amor, respeito, valores morais e éticos,
religião, enfim, pela iniciação das crianças na cultura, nos valores e nas normas de sua
sociedade.
Souza (2008) ressalta que é na família que a personalidade da criança se
delineia. Portanto, seu desenvolvimento emocional será construído através do reflexo
das pessoas que convivem com ela e um ambiente acolhedor é o mais indicado para se
educar uma criança.
Logo, salientamos o quanto é importante perceber e compreender as
perspectivas da família, pois não podemos conceber a construção individual sem
refletirmos sobre o papel da família.
Para o desenvolvimento completo e harmonioso de sua personalidade, a criança
deve crescer em um ambiente familiar, numa atmosfera de felicidade, amor e
compreensão. Portanto, todas as instituições da sociedade devem respeitar e apoiar os
esforços dos pais e de todos os demais responsáveis para alimentar e cuidar da criança
em um ambiente familiar, independentemente de sua constituição, uma vez que as
funções das famílias são tidas por dois objetivos, um de nível interno, como a proteção
35
psicossocial e outro de nível externo, como acomodação a uma cultura e a sua
transmissão.
Assim, as relações entre pais ou responsáveis e filhos têm o poder de
estabelecer vínculos fortes de afetividade.
Portanto, cabe à família respeitar, proteger, dialogar, participar da vida cotidiana
dos seus filhos, pois, essa relação é a base que fará a transmissão cultural e a sua
inserção na sociedade. Desta maneira, se tornarão adultos mais felizes e construtores
de uma sociedade mais justa e, provavelmente, não sofrerão com os problemas
educacionais, emocionais e éticos.
3.2 A Participação dos pais/responsáveis na educação dos filhos.
A participação é uma questão bem antiga, quando a sociedade brasileira viveu
seus tempos de repressão (1964 a 1979), época na qual o que se ditava era imposto e
as pessoas deveriam acatar e cumprir. Dessa maneira, a passividade foi transmitida por
gerações.
Na cultura brasileira, a participação é percebida de forma limitada e limitante:
"seja um bom pai de família e o resto virá por acréscimo"; "seja um bom trabalhador
que os outros cuidarão de sua vida"; "seja um cidadão que vota a cada quatro ou cinco
anos e o Estado fará o resto"; "não participe de tudo nem busque ampliar seus
compromissos; isso só lhe trará dor de cabeça!". No fundo, a mensagem conformista e
excludente é essa: cuide de sua vida e esqueça-se do resto!
A resignação e o medo da participação são resultados da cultura autoritária, que
perpassa pela nossa história, instalou-se na nossa cultura e, portanto, nos nossos
próprios hábitos. Participar, em vez de ser regra geral, tornou-se uma exceção. Temos,
então, o cidadão limitado, fechado, sem iniciativa, dependente e temeroso.
A participação é uma conquista que os seres humanos vêm tentando fazer ao
longo dos séculos. Acontece quando há a oportunidade de expressão ligada ao
pensamento, reflexão, valorização e lutas, pois as grandes conquistas vieram por lutas
36
como: luta das mulheres pela igualdade de direitos, luta contra o racismo (presente nos
dias atuais).
Em síntese, a participação é inerente à natureza social do homem, tendo
acompanhado sua evolução desde a tribo e o clã dos tempos primitivos até as
associações, empresas e partidos políticos de hoje.
A participação é fundamental ao ser humano, assim como o alimento e a saúde.
A participação é o caminho natural para o homem exprimir sua tendência inata de
realizar, fazer, afirmar-se a si mesmo, dominar a natureza e o mundo. Além disso, sua
prática envolve a satisfação de outras necessidades, não menos básicas, tais como a
integração com os demais homens, a auto-expressão, o desenvolvimento do
pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar coisas, e, ainda, a valorização de si
mesmo pelos outros.
Apesar de a participação ser uma necessidade básica, o homem não nasce
sabendo participar. Ela é uma habilidade que se aprende e se aperfeiçoa.
Participação é um dos cinco princípios da democracia. Sem ela não é possível
transformar em realidade, em parte da história humana, nenhum dos outros princípios:
igualdade, liberdade, diversidade e solidariedade. Falamos aqui de participação em
todos os níveis, sem exclusão prévia de nenhum grupo social, sem limitações que
restrinjam o direito e o dever de cada pessoa tomar parte e responsabilizar-se pelo que
acontece no planeta. Em suma, cada um de nós é responsável pelo que acontece nas
questões locais, nacionais e internacionais. Somos cidadãos do mundo e, portanto, coresponsáveis por tudo o que ocorre. A única forma de transformar este direito em
realidade é através da participação.
Dewey (1979, apud NEUTZLING, 1984, p.87) pontua que:
Democracia não é apenas uma ideia e um ideal a atingir, mas é
um modo concreto de vida, um processo de experiência que vai
enriquecendo o próprio processo, o qual, desta forma, avança.
37
A democracia defende o direito de participação de todos, em todas as decisões
que favoreçam a qualidade de vida em sociedade. Para que haja essa verdadeira
participação, todos os indivíduos necessitam conhecer e viver desde sua infância os
princípios democráticos para desenvolverem assim sua “autonomia democrática”.
Nesse sentido, a participação não pode ser uma possibilidade aberta apenas a
alguns privilegiados. Ela deve ser uma oportunidade efetiva, acessível a todas as
pessoas. Além disto, é preciso que ela assuma formas diversas: participação na vida da
família, da rua, do bairro, da cidade, do país. Também da empresa, da escola e da
universidade. Das associações civis, culturais, políticas e econômicas. Participação é,
ainda, um direito que não pode ser restrito por critérios de gênero, idade, cor, credo ou
condição social. É universal.
Participação pode ser primária, representada pela família, grupos e vizinhança.
Pode ser secundária, representada por associações, sindicatos e empresas, ou ainda,
terciária, representada por partidos políticos e movimentos de classe, ou seja, a
participação pode assumir a forma de uma simples ação pessoal, ou pode organizar e
motivar a formação de grupos e instituições, todas são válidas e ocorrem na vida real.
Somente com ampla participação poderemos lutar pelos princípios da
democracia e neutralizar as formas de autoritarismo frequentes em nossa sociedade. É
através dela que elimina-se a desordem de um status quo injusto (estado injusto) que
produz a marginalização. E é também através dela que superamos a resignação e o
medo. Só assim são geradas as condições para o exercício pleno da liberdade e da
cidadania, apenas possíveis em uma sociedade democrática.
As sociedades autoritárias agem para limitar, restringir e desestimular a
participação. Samuel Huntington, um ideólogo conservador americano (1993), dizia que
o excesso de participação era um dos maiores perigos para a democracia. Para ele,
quanto maior a participação da cidadania, maiores os riscos para a estabilidade
democrática. Mas a verdade é que somente através da participação é possível construir
e consolidar a democracia.
Grandes lutas acontecem para que as diversas categorias de seres humanos
possam participar das grandes decisões tomadas por aqueles que detêm o poder.
38
Participar é a grande batalha da humanidade para poder traçar o caminho de seu
próprio destino. Participar é um desafio. É um processo.
Neto (1989, p. 8) complementa que: “participar é tomar parte em alguma coisa, é
ter parte em alguma coisa, é fazer parte de algo. É ser parte de algo, é parte de uma
coisa”.
Assim consideramos que a partir do ato da participação é que os seres humanos
tomam parte, tem parte, são partes da humanidade, enfim têm acesso ao sentimento de
pertencimento.
Os pais são os responsáveis legais e morais pela educação de seus filhos, pois é
através da educação, que os mesmos adquirem e repassam o conceito de valores que
levarão pelo resto da vida.
Segundo Kaloustian (1988), a família é o lugar indispensável para a garantia da
sobrevivência e da proteção integral dos filhos e demais membros. Portanto, tem o
papel decisivo na educação dos filhos e é a responsável em transmitir valores
humanitários, culturais, morais, sentimento de solidariedade, entre outros.
Notamos que a família está delegando o seu papel de educar os filhos para a
escola. A educação escolar não os exime dessa responsabilidade, visto que a
participação dos pais é flagrantemente necessária para que continuem a exercer seu
papel de principais educadores dos filhos.
A família precisa valorizar as oportunidades educativas dentro do âmbito do
cotidiano de cada uma e compreender a escola como formadora de pessoas, assim
como ela.
Infelizmente, diante da complexidade da vida atual, os pais estão sentindo-se
incapazes de promover e facilitar a aprendizagem dos filhos.
Contudo, a responsabilidade de educar os filhos é da família, não há como
transferir para a escola a responsabilidade de quem os gerou; ela pode e deve ser
compartilhada, mas não transferida.
O aluno, quando percebe que seus pais têm interesse em participar do seu
cotidiano, por sua vez terá um bom desenvolvimento. O diálogo é extremamente
necessário entre ambas as partes, escola, filho e pais.
39
Cada contato que os pais fizerem com a instituição escolar, para saber sobre o
rendimento de seus filhos, seja por telefone ou pessoalmente, para fazer cobranças ou
para elogiar, criará um vínculo e estabelecerá uma parceria que tem como objetivo o
pleno desenvolvimento dos filhos.
Esta parceira é um objetivo que as escolas vêm almejando há muito tempo, pois
não se constrói uma escola de qualidade e alunos bem formados sem a contribuição
dos pais. Faz-se necessária a relação de ajuda mútua na formação do ser humano.
Acurcio (2004) diz que é papel da instituição familiar proporcionar a educação
informal, também conhecida como educação de berço.
As escolas tiveram que se adaptar ao novo modelo de instituição familiar, e as
histórias de mães, pais, avós, tias e irmãos, hoje, são surpreendentes. Prado (1982, p.
8) diz que: “apesar de todos os seus momentos de crise e evolução, as famílias
manifestam até hoje uma grande capacidade de sobrevivência e também de
adaptação”; logo, a escola obrigatoriamente, também tem que acompanhar todo esse
movimento.
Essa adaptação vem sendo presenciada por toda a sociedade e, principalmente,
pela escola, já que é ela que recebe os filhos dessa “nova família” e o professor, por
sua vez, terá que prepará-los da melhor maneira possível.
A escola tem um grande papel e potencial para reunir pessoas. Tal papel pode
fazer a diferença e transformar de fato o aluno na prioridade da escola.
De acordo com Mantoan (2003), no Brasil só começou ser possível escolas
democráticas, a partir de 1996, com Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a
qual possibilitou mudanças, pois cada escola ganhou autonomia para escolher sua
maneira de trabalhar. Agora com o paradigma da inclusão, essas escolas passam a ser
não só uma utopia, mas a possibilidade de uma escola de qualidade que contemple a
diversidade humana.
Ação democratizante no interior da escola ocorre pela transformação das
práticas sociais reais que se desenvolvem tendo em vista a necessidade de se ampliar
os espaços de participação, os debates, respeitando-se as diferenças e criando
condições para uma participação autônoma.
40
Uma das características marcantes desse tipo de escola é o diálogo entre todos
os envolvidos no processo como pais, educadores e estudantes ao reunirem em
Assembleia para conversarem sobre o que é necessário para a escola, desde os
conteúdos trabalhados em sala de aula até se a escola precisa de pintura ou não.
A família deve participar e interferir quando necessário, pois tem o papel de
apoio e de responsabilidade pelo desenvolvimento das crianças em atividades
propostas pela escola. Tal trabalho conjunto facilita o entendimento do papel de cada
um.
Sabemos que a instituição familiar é primordial na formação do indivíduo, sendo
assim, tem um papel fundamental no desenvolvimento deste, estimulando-o em todos
os aspectos de sua vida escolar, social e cidadã.
A escola faz parte da vida cotidiana de cada família com filhos em idade escolar.
Os filhos passam a maior parte do tempo dentro da escola e ambas têm objetivos
semelhantes: formar cidadãos para viverem com dignidade em uma sociedade que está
sempre mudando.
A importância da família na vida do indivíduo se estende e continua na escola,
pois ao participar das atividades desenvolvidas por ela pode-se obter sucesso devido a
integração. Esta parceria entre família e escola no processo de aprendizagem dos filhos
é muito importante, pois é um estímulo significativo.
A escola, além de ser um espaço destinado ao trabalho pedagógico formal, é um
espaço aberto à comunidade e tem como objetivo formar para o exercício da cidadania,
ensinar valores morais e éticos, assim como a família.
De acordo com Freire (1994, apud LUDWIG, 1998), uma educação voltada para
a democracia deve possibilitar ao homem a discussão valente de sua problemática, que
o advirta para perigos de seu tempo, a fim de que, consciente deles, ganhe força e o
valor para lutar, em lugar de ser arrastado à perdição de seu próprio eu, submetido às
prescrições alheias.
A participação dos pais no sistema educacional, como toda participação social
equivalente, tem dupla perspectiva: de colaboração e de controle. Com a primeira,
potencializam-se os recursos e as ações da escola, enquanto que com o controle
estimula-se a melhora de qualidade da educação escolar.
41
Segundo Schmidt (1964. p 209), a escola: ”há de ser um apoio forte para as
primeiras rupturas com o meio familiar, fato é que não é fácil definir o papel que cabe
aos pais na escola e no conjunto do sistema educacional”, isto porque não é fácil
distinguir os temas que lhes são próprios, daqueles em que seu papel deveria ser
complementar.
Participar tem sentido mais específico, significa uma conquista que os seres
humanos vêm fazendo no decorrer dos séculos para responsabilizarem-se pela solução
para todo e qualquer problema que exista. Participar vai se tornando uma necessidade
de autoexpressão, de valorização de si mesmo, de valorização da sociedade e
acontece quando o ser humano descobre que nas suas relações com outras pessoas
existe um espaço para que ele expresse seus valores: o que ele é, o que pensa, e o
que faz. Nessa expressão, pensamento, reflexão, valorização, ele se realiza, se sente
útil, responsável e participante.
Quando falamos de participação é necessário um longo período de
aprendizagem, pois para um grupo, um povo, uma nação começar a participar, tem que
aprender a influir sobre os que detêm o poder.
López (1999. p 58) pontua que:
Escola e família são faces da mesma moeda e se tomadas
isoladamente fornecem uma visão distorcida da realidade. A
Escola precisa melhorar. E a família precisa ser assistida de fato.
O Estatuto da Criança e do Adolescente entende que ela é o
melhor lugar para se criar uma criança e adolescente.
A participação ativa dos pais é necessária e de grande valor porque desde
pequena a criança desenvolve-se inteiramente ao redor deles e são eles (família) que
servirão de apoio a sua criatividade e ao seu comportamento produtivo na escola, na
vida em sociedade e quando forem adultos; pois a família é, e sempre será, uma
poderosa influência para o desenvolvimento do caráter dos filhos.
Aranha (1996, p. 61) afirma que a educação dada pela família fornece a base
para sua formação, a partir da qual o homem pode agir até quando achar por bem e,
42
em última instância, rebelar-se contra os valores recebidos. Portanto a família é o local
privilegiado para o desenvolvimento humano.
Logo, a qualidade da participação eleva-se quando as pessoas aprendem a
conhecer sua realidade, a refletir, superar contradições reais ou aparentes, identificar
primeiras subjacentes, a antecipar consequências, a entender novos significados das
palavras e a distinguir efeitos de causa.
A qualidade aumenta quando as pessoas aprendem a manejar conflitos, clarificar
sentimentos e comportamentos, tolerar divergências, pois respeitar opiniões é uma
vivência coletiva que se pode aprender na práxis grupal e o Serviço Social possui
capacidade para desenvolver tal prática.
43
4 A RELAÇÃO FAMÍLIA X ESCOLA E O SERVIÇO SOCIAL COMO EFETIVADOR
DO DIREITO À EDUCAÇÃO.
Podemos afirmar que em nossos dias, a escola não funciona sem a família e a
mesma não completa-se sem a escola. Este trabalho em conjunto tem como objetivo o
desenvolvimento do bem-estar e da aprendizagem.
Segundo Paro (2000) a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato
com os pais para transmitir-lhes informações relevantes sobre seus objetivos, recursos,
problemas e também questões pedagógicas.
A escola também deve ser participativa para despertar nos pais o interesse pelo
desenvolvimento
educacional
dos
filhos;
promover
eventos,
reuniões
(não
necessariamente para falar de notas ou comportamentos, mas para promover a
interação) nas quais serão trocadas informações que podem ser úteis para o dia-a-dia
escolar.
Silva (2008) diz que atualmente existe a necessidade da escola sintonizar-se
com a família, pois é uma instituição que complementa a ação daquela e juntas tornamse lugares agradáveis para a convivência dos filhos e alunos. Uma depende da outra na
tentativa de alcançar o maior objetivo, o melhor futuro para o filho e educando e,
automaticamente, para a criança em sua integralidade e para toda a sociedade.
O Serviço Social é uma profissão interventiva que possibilita a articulação entre a
família e a escola de uma forma mais ampla, cuja participação contribuirá para a melhor
convivência nas relações familiares e no processo de ensino-aprendizagem do aluno.
4.1 A relação Família x Escola no processo de desenvolvimento integral da
criança.
O Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente,
Artigo 53 (BRASIL, 2005, p.11) realça que “é direito dos pais ou responsáveis ter
ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas
44
educacionais”, ou seja, está prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente como é
importante a convivência e responsabilidade da família no contexto escolar.
Compor uma parceria entre escola e família exige de ambas as partes a
compreensão de que a relação família-escola deve manifestar-se de forma que os pais
não responsabilizem somente à escola a educação de seus filhos e, por outro lado, a
escola não pode eximir-se de ser co-responsável no processo formativo do aluno.
Na escola a criança encontra alicerce para a sua formação, para tanto é
importante essa união entre escola e família para a formação do aluno em um cidadão
social.
Podemos dizer que a escola, em todos os seus graus e em função da
maturidade dos educandos, tem de informar e formar. Em outras palavras: tem que
informar formando.
Nérici (1977, p.127) pontua que:
O homem não sobrevive sem informações e muito menos, sem
formação. Não se aprende Democracia sem praticá-la. E a escola
só pode ensinar praticando-a.
A família desempenha um papel importante na formação do indivíduo, pois
permite e possibilita a constituição de sua essencialidade. É nela que o homem
concebe suas raízes e torna-se um ser capaz de elaborar competências próprias.
Cunha (1995, p.447) afirma que:
Lidamos com duas instituições de caráter educacional embutidas
na missão de conduzir pessoas, levando-as do lugar e do estado
em que se encontram no presente para um espaço futuro,
supostamente melhor, mais desejável, superior.
Portanto, a educação deve ser centralizada na formação do caráter moral,
emocional e educacional dos indivíduos e é evidente que a família desempenha um
papel muito importante, pois os pais são os principais responsáveis pela educação dos
45
filhos tanto em casa, como na escola e, à escola, por sua vez, cabe formar cidadãos
capacitados para transformar a realidade.
A escola é uma porta de entrada comunitária. Além de seu papel pedagógico,
formador e de socialização, ela é depositária dos conflitos, limites, esperanças e
possibilidades sociais. A escola recebe e expressa as contradições da sociedade.
Nesse contexto, o Serviço Social tem grande contribuição a dar à política pública da
Educação e aos desafios que se apresentam para a elevação do rendimento escolar, a
efetivação da escola como espaço de inclusão social e a formação cidadã de nossas
crianças e jovens.
Terra (2001, p.12) coloca que apesar da escola ser um dos principais
equipamentos sociais, identificamos um número pequeno de profissionais do Serviço
Social atuando junto dela. No entanto, percebemos que a área da educação tem
constituído-se em um importante espaço de atuação do Assistente Social, já que o
Serviço Social no âmbito educacional tem a possibilidade de contribuir com a realização
de diagnósticos sociais, identificação de possíveis alternativas à problemática social
vivida por muitas crianças e adolescentes, o que refletirá na melhoria das suas
condições de enfrentamento da vida escolar.
O baixo rendimento, desinteresse pelo aprendizado e evasão escolar, dentre
outros, têm sido citados como a grande dificuldade de avanços de determinados
alunos. Porém, constitui-se num grande desafio para o Serviço Social, pois é
responsabilidade e dever do Estado promover a educação, além de garantir o acesso e
a permanência do aluno na escola, e o assistente social, com sua competência social,
política, técnica e ética, poderá contribuir.
Dado a complexidade da realidade social e a crescente percepção de que a
escola está inserida neste processo, é necessário aprofundar essa relação através de
discussões que coloquem a função social da escola e que aproxime a família do
contexto escolar. O alto nível de pobreza e miséria que atingem a população brasileira
afeta de perto a atuação da escola, pois muitas crianças e jovens que deveriam estar
estudando, estão trabalhando para o sustento de suas famílias. O processo
educacional não está alheio a isso, ou seja, o sistema de ensino constitui em um
espaço de concretização dos problemas sociais.
46
4.2 Escola, Serviço Social e Família: tripé do sucesso
Na contemporaneidade, o Serviço Social é uma profissão que tem destacado-se
pelo seu trabalho interdisciplinar e por sua atuação em áreas jamais exploradas por
esse profissional, tais como Organizacional, Funerário, Educacional, porém, nem
sempre foi assim, pois, este passou por muitas dificuldades, as quais trouxeram
avanços no processo de reconceituação da profissão, fato que permitiu aos
profissionais empenho nas lutas de libertação das camadas oprimidas ao trazer em seu
seio muitas contradições a serem vencidas.
O profissional de Serviço Social, por possuir preparação teórico-metodológica
diante das situações da questão social, reforça a importância deste serviço dentro das
escolas atuando em uma equipe interdisciplinar, pois este trabalhará, não somente com
base na política educacional do binômio educação e família, como também no ramo
dos direitos sociais e na construção de um projeto político-pedagógico voltado para a
ampliação e garantia de direitos. Além de ser um elo na mediação entre os programas
de transferência de renda e complementares.
A presença dos assistentes sociais nas escolas expressa uma tendência de
compreensão da própria educação em uma dimensão mais integral, que envolvem os
processos sócio-institucionais e as relações sociais, familiares e comunitárias que
fundam uma educação cidadã, articuladora de diferentes dimensões da vida social
como constitutivas de novas formas de sociabilidade humana, nas quais o acesso aos
direitos sociais é crucial.
Sabemos que o assistente social é um efetivador de direitos sociais e, assim,
nada mais justo de que esteja inserido no contexto educacional, uma vez que a
Educação é um direito garantido por lei na Constituição Federal de 1988, que declara,
em seu artigo 6º:
São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, a moradia, o
lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à
maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na
forma desta Constituição.
47
O direito à educação, bem como o direito ao acesso e permanência na escola,
têm sido garantidos reiteradamente pelos instrumentos legais, tais como a Constituição
Federal (1988), Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8069/90) e pela lei de
Diretrizes e Bases da Educação (9394/96), dentre outras.
Tendo como finalidade a formação do sujeito para o exercício da cidadania,
preparação para o trabalho e sua participação na sociedade, um dos maiores desafios
que o assistente social vive no presente é o de desenvolver a sua capacidade de
decifrar a realidade e construir propostas de trabalhos criativos e capazes de efetivar
direitos, de acordo com as demandas que surgem no cotidiano, constituindo-se um
profissional propositivo e não apenas executivo. (Iamamoto, 2005, p.08).
A educação é parte das condições para a existência digna de uma pessoa que
fará com que esta seja um cidadão crítico.
Os Projetos de Lei (PL) n.º 3.688 de 2000 e n.º 837, de 05 de julho de 2005,
dispõem sobre a introdução do assistente social no quadro de profissionais da
educação da escola pública e traçam pontos centrais da aproximação do Assistente
Social ao campo educacional.
Desta maneira, enfatizamos que há, verdadeiramente, a necessidade deste
profissional na educação, pois no cotidiano escolar enfrentam-se complexas questões
sociais que o conhecimento pedagógico não consegue enfrentar sozinho, visto a
necessidade de outros saberes como o do assistente social.
Dorothy e Haris (2003, p.173) pontuam que:
Peço que leve em conta que a maioria dos problemas do mundo
começa em casa e, tornando-se um pai ou mãe melhor, você
estará contribuindo da maneira mais sólida e concreta para a
solução dos imensos e aparentes insolúveis dilemas que
enfrentamos no mundo de hoje. Nunca subestime o seu poder de
ajudar a criar um futuro melhor, não apenas para seus filhos, mas
para todos.
É neste contexto que insere-se a compreensão da profissão enquanto prática
social. Prática esta que remete a atividades de grupos ou classes, que leva à
48
transformação, à organização e à direção da sociedade. É uma ação com vistas à
transformação, como se verifica a seguir.
Compreende-se que a prática profissional do Assistente Social não está firmada
sobre uma única necessidade. Sua especificidade está no fato de atuar sobre várias
necessidades. Assim, para que esta prática contribua no processo educacional, é
preciso que seja crítica e participativa e esteja relacionada com as dimensões
estruturais e conjunturais da realidade, ou seja, alicerçada no conhecimento da
realidade em sua totalidade.
A inserção do Serviço Social na escola constitui uma decisão política de
fortalecimento das políticas sociais. Hoje, professores e diretores se desdobram na
tarefa de ouvir, compreender e mediar sozinhos as influências da dura realidade social
sobre a vida escolar.
São muitos os casos de exploração e violência sexual, por exemplo, identificados
a partir do comportamento das crianças na escola. Sabemos da presença das drogas.
Conhecemos a incidência do trabalho infantil e seus reflexos no rendimento do aluno e
os altos índices de evasão.
O assistente social tem um papel fundamental nesse país subdesenvolvido. O
Serviço Social Escolar tem um significado político e social muito forte, pois bem
sabemos que é na escola que se configuram muitas das expressões da questão social,
tais como violência, desemprego, miséria, abuso sexual, dependência de substâncias
psicoativas, entre outras. Um dos objetivos do Projeto Serviço Social Escolar é
assegurar que nas escolas sejam avaliadas, elaboradas e executadas ações
preventivas e de enfrentamento às situações emergentes que expressem violência,
dificuldades interpessoais entre alunos, familiares e funcionários, além das de ordem
sócio-econômica que afetem os estudantes na sua totalidade.
Quando falamos em família, devemos tratá-la no plural, famílias, tendo em vista
a multiplicidade étnico-cultural que embasa a composição demográfica brasileira. Desse
modo, pensar em família no plural pode significar uma construção democrática pautada
na tolerância e na diferença com o outro.
Roudinesco (2003) afirma que:
49
A família humana se reinventa permanentemente, mantendo-se
desde os inícios dos tempos, como uma instituição insubstituível
para nossa própria constituição de sujeitos humanos.
A família é imprescindível na formação dos filhos e como já fora citado
anteriormente, portanto, à inserção da mulher no mercado de trabalho trouxe muitas
modificações na estrutura familiar, pois os pais estão cada vez mais longe de seus
filhos, deixando de fazer a sua parte na educação dos mesmos, além das contradições
que advêm do mundo capitalista e globalizado em que vivemos cujos valores estão
cada vez mais distorcidos prevalecendo o ter e não o ser.
Pereira (1995) considera que:
Nos últimos vinte anos, várias mudanças ocorridas no plano
sócio-político-econômico
relacionadas
ao
processo
de
globalização da economia capitalista vêm interferindo na
dinâmica e estrutura familiar e possibilitando mudanças em seu
padrão tradicional de organização.
A prática do assistente social situa-se numa perspectiva crítica e se faz
participante da transformação social. De acordo com a prática, o Serviço Social deverá
desenvolver as seguintes atividades, como cita Terra (2001, p.13):
• Pesquisa de natureza sócio-econômica e familiar para a caracterização da população
escolar, com o objetivo de ampliar o conhecimento acerca da realidade sócio-familiar do
aluno, de forma a possibilitar assisti-lo e encaminhá-lo adequadamente;
• Elaboração e execução de programas de orientação sócio-familiar, que visam
prevenir a evasão escolar e melhor o desempenho e rendimento do aluno e sua
formação para o exercício da cidadania;
• Participação, em equipe multidisciplinar, da elaboração de programas de prevenção à
violência; o uso de drogas e o alcoolismo, bem como visem prestar esclarecimento e
informações sobre doenças infectocontagiosas e demais questões de saúde pública;
50
•
Articulação com instituições públicas, privadas, assistenciais e organizações
comunitárias locais, com vistas ao encaminhamento de pais e alunos para atendimento
de suas necessidades;
• Elaboração e desenvolvimento de programas específicos nas escolas onde existem
classes especiais;
• Empreender e executar as demais atividades pertinentes ao Serviço Social, previstas
pelos artigos 4º e 5º da Lei. 8662/93.
Verificamos que as atuações do Assistente Social nas escolas estão presentes
nas mais variadas expressões cotidianas, tanto nas relações externas como família,
sociedade, entre outros, quanto nas relações internas, que são os diferentes conjuntos
como diretores, docentes e alunos, entre outros, que compõem o campo educacional,
bem como nas diversas expressões da questão social que evidenciam dentro das
escolas. Para Almeida (2000, p.2), a prática do assistente social na escola significa:
[...] pensar sua inserção na área de educação não como uma
especulação sobre a possibilidade de ampliação do mercado de
trabalho, mas como uma reflexão de natureza política e
profissional sobre a função social da profissão em relação às
estratégias de luta pela conquista da cidadania através da defesa
dos direitos sociais das políticas sociais.
Envolver a família na educação, abrir o espaço escolar à comunidade, realizar
trabalhos preventivos contra a evasão, a violência, as drogas e o alcoolismo, identificar
e buscar formas de atendimento às demandas socioeconômicas das crianças e seus
familiares, fortalecer a gestão democrática e participativa da escola, entre tantas outras,
são tarefas que não podem ser exclusivas do corpo técnico da Educação. Elas
remetem a pesquisa e diagnósticos sociais, a diretrizes e direitos estabelecidos no
Estatuto da Criança e do Adolescente e exigem estratégias integradas de
enfrentamento.
A inserção do assistente social na educação é uma necessidade sócioinstitucional cada vez mais reconhecida no âmbito do poder legislativo de diferentes
51
estados e municípios. A presença dos assistentes sociais, sobretudo, nas escolas, tem
sido tomada como a presença de um profissional que possa contribuir com a ampliação
do processo educacional em sentido amplo; contribuindo para o acesso e a
permanência das crianças e jovens na educação escolarizada, assim como para a
extensão dessa convivência para outros membros da família, que por razões sociais
diversas, não concluíram ou experimentaram plenamente esta oportunidade.
O trabalho desenvolvido pelos assistentes sociais não se confunde ao dos
educadores devido a dimensão sócio-educativa de suas ações,pois sua inserção tem
se dado no sentido de fortalecer as redes de sociabilidade e de acesso aos serviços
sociais e dos processos sócio-institucionais voltados para o reconhecimento e
ampliação dos direitos dos sujeitos sociais.
Como cita Iamamoto (2005):
A apresentação do significado histórico da profissão no Serviço
Social só é desvendada em sua inserção na sociedade, pois ela
se afirma como instituição peculiar e parte da divisão social do
trabalho.
Portanto, sua inscrição na organização do trabalho coletivo nas instituições
educacionais não tem se sobreposto a de nenhum outro profissional, com vistas no
estreitamento da interface entre a política educacional com outras políticas sociais
setoriais tem, historicamente, levado ao reconhecimento da necessidade de uma
atuação teórica e tecnicamente diferenciada daquelas desempenhadas pelos
professores e profissionais da educação de um modo geral.
Logo, a presença de assistentes sociais nas escolas expressa uma tendência de
compreensão da própria educação em uma dimensão mais integral que envolva os
processos sócio-institucionais e as relações sociais, familiares e comunitárias, que
fundam uma educação cidadã, articuladora de diferentes dimensões da vida social
como constitutivas de novas formas de sociabilidade humana, nas quais o acesso aos
direitos sociais é crucial.
52
5 METODOLOGIA E ANÁLISE DOS DADOS DA PESQUISA
Este estudo tem como tema central a tríade Educação, Família, e Serviço Social,
e o intuito de verificar a importância dos pais no processo de ensino e aprendizagem
dos filhos, a importância do Serviço Social na relação família x escola. O período da
pesquisa é de fevereiro a outubro de 2009.
A pesquisa objetiva, fundamentalmente, contribuiu para a evolução do
conhecimento humano em todos os setores, sendo sistematicamente planejada e
executada, segundo rigorosos critérios de processamento das informações. Será
chamada pesquisa científica se sua realização for objeto de investigação planejada,
desenvolvida e redigida, conforme normas metodológicas consagradas pela ciência,
como segundo Ruiz (1991) e Andrade (2001) apontam:
Pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação
planejada, desenvolvida e redigida de acordo com as normas da
metodologia consagradas pela ciência.
Pesquisa científica é um conjunto de procedimentos sistemáticos,
baseados no raciocínio lógico, que tem por objetivo encontrar
soluções para os problemas propostos mediante o emprego de
métodos científicos.
Antes de iniciar-se uma pesquisa científica é necessário refletir sobre a mesma.
Assim, o trabalho de pesquisa é desenvolvido por etapas, que constituem num método,
num caminho facilitador do processo que busca mapear o caminho, evitar muitos
imprevistos e esclarecer os rumos para o próprio pesquisador.
A escolha do tema deu-se por identificação com o mesmo, por parte das
pesquisadas e por visualizarmos o quão inovador e imprescindível é o papel do
assistente social no âmbito da educação.
53
Almeida (2005, p.06) argumenta que:
A presença dos assistentes sociais, sobretudo, nas escolas, tem
sido tomada como a presença de um profissional que possa
contribuir com a ampliação do processo educacional em sentido
amplo, ou seja, contribuindo para o acesso e a permanência das
crianças e jovens na educação escolarizada, assim como para a
extensão dessa convivência para outros membros da família, que
por razões sociais diversas não concluíram ou experimentaram
plenamente esta oportunidade. A presença dos assistentes sociais
nas escolas expressa uma tendência de compreensão da própria
educação em uma dimensão mais integral, envolvendo os
processos sócio-institucionais e as relações sociais, familiares e
comunitárias que fundam uma educação cidadã, articuladora de
diferentes dimensões da vida social como constitutivas de novas
formas de sociabilidade humana, nas quais o acesso aos direitos
sociais é crucial.
A escola, além de ser um espaço destinado ao trabalho pedagógico formal, é um
espaço aberto à comunidade e tem como objetivo formar para o exercício da cidadania,
ensinar valores morais e éticos, assim como à família.
De acordo com Freire (1994, apud LUDWIG, 1998), uma educação voltada para
a democracia deve possibilitar ao homem a discussão valente de sua problemática,
adverti-lo para perigos de seu tempo, a fim de que, consciente deles, ganhe força e o
valor para lutar, em lugar de ser arrastado à perdição de seu próprio eu, submetido às
prescrições alheias.
A participação dos pais no sistema educacional, como toda participação social
equivalente, tem dupla perspectiva de co-responsabilidade, colaboração e controle.
Com a primeira, partilham responsabilidades, a segunda, potencializam os recursos e
as ações da escola e estimulam a melhora de qualidade da educação escolar.
Segundo Schmidt (1964. p 209) a escola: ”há de ser um apoio forte para as
primeiras rupturas com o meio familiar, fato é que não é fácil definir o papel que cabe
aos pais na escola e no conjunto do sistema educacional”, isto porque não é fácil
distinguir os temas que lhes são próprios, daqueles em que seu papel deveria ser
complementar.
54
Diante deste contexto, surge o questionamento “qual a importância da
participação das famílias na educação dos filhos e qual o papel do Serviço Social nessa
relação”.
A hipótese sugerida é que a participação das famílias na educação de seus filhos
é imprescindível para a formação da personalidade dos mesmos, pois diversos estudos
apontam que a criança, cuja família participa de forma mais direta no cotidiano escolar
apresentam um desempenho superior em relação àquelas, cujos pais estão ausentes,
evidenciando sua capacidade de intervir na defesa e efetivação dos direitos sociais. E o
Serviço Social frente a essa demanda faz uma articulação entre o aluno, a escola e a
família, através de atendimentos individuais, coletivos, palestras, reuniões, programas e
projetos, que visam a qualidade de vida e efetivação dos direitos das mesmas.
O objetivo geral da pesquisa é evidenciar a importância da participação da
família na vida escolar dos seus filhos, bem como o papel do Assistente Social na
instituição escolar, sendo os específicos: Identificar o papel das famílias no processo de
aprendizagem dos filhos; Desvendar as vantagens pelas famílias no processo de
participação da vida escolar dos filhos; Investigar a inserção do assistente social junto
às escolas; Desvelar o papel do Assistente Social frente a essa realidade.
A educação está como condição da evolução do homem, não pode limitar- se à
escolaridade como escola, mas como prática cotidiana e democrática, ainda que
respeitando os componentes subjetivos de quem para ela está.
Almeida (2005, p. 02) evidencia que:
55
A escola é uma porta de entrada comunitária. Além de seu papel
pedagógico, formador e de socialização, ela é depositária dos
conflitos, limites, esperanças e possibilidades sociais. A escola
recebe e expressa as contradições da sociedade. Nesse
contexto, o Serviço Social tem grande contribuição a dar à
política pública da Educação e aos desafios que se apresentam
para a elevação do rendimento escolar, a efetivação do
rendimento escolar, a efetivação da escola como espaço de
inclusão social e a formação cidadã de nossas crianças e jovens.
Envolver a família na educação, abrir o espaço escolar à
comunidade, realizar trabalhos preventivos contra a evasão, a
violência, as drogas e o alcoolismo, identificar e buscar formas de
atendimento às demandas socioeconômicas das crianças e seus
familiares, fortalecer a gestão democrática e participativa da
escola, entre tantas outras, são tarefas que não podem ser
exclusivas do corpo técnico da Educação. Elas remetem a
pesquisas e diagnósticos sociais, às diretrizes e direitos
estabelecidos no Estatuto da Criança e do Adolescente e exigem
estratégias integradas de enfrentamento.
A atuação do Assistente Social na área da educação vai ao encontro com as
necessidades sociais de um profissional que seja apto tanto para garantir a efetivação
dos direitos dos usuários, quanto para atuar na mediação dos conflitos entre as classes
que compõe a sociedade contemporânea.
Para investigação do referido problema, valeu-se de pesquisa bibliográfica, ou
seja, elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros,
artigos de periódicos e, atualmente, com material disponibilizado na Internet, além da
pesquisa de campo que precede à observação de fatos e fenômenos exatamente como
ocorrem no real, a coleta de dados referentes aos mesmos e, finalmente, à análise e
interpretação desses dados, com embasamento em fundamentação teórica consistente,
objetivando compreender e explicar o problema pesquisado. A pesquisa de campo
parte do levantamento bibliográfico, para maior conhecimento de teorias que
fundamentam o tema, aqui iniciou-se pela elaboração de uma coletânea de livros,
hemeroteca de artigos e fichamento de livros de diferentes autores, os quais facilitaram
a construção de um embasamento teórico e do instrumental de coleta de dados.
A tipologia do estudo realizado é de nível exploratório, pois nos proporciona
maior familiaridade com o problema em questão, tornando-o explícito nas descobertas
de ideias e comprovações da importância do papel da família dentro da escola.
Utilizando a abordagem qualitativa, a qual considera que há uma relação dinâmica
56
entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e
a subjetividade do sujeito, os quais não podem ser traduzidos em números. Para um
levantamento de dados que realmente expressem a importância de haver uma criação
de reflexões, troca de experiências, entre todos os envolvidos no processo educativo
(pais, escola, aluno) e comprovem a importância da participação da família na
educação dos filhos e do Serviço Social no âmbito escolar.
O estudo qualitativo propicia, ainda, um contato direto com os sujeitos
participantes, possibilitando maior entrosamento e aproximação entre o pesquisador e
pesquisado, além de maiores informações que interessem à investigação, as quais
revelam como pensam e agem os sujeitos.
A pesquisa, na sua aplicabilidade, foi dividida entre as pesquisadoras Renata
Luize Gil (pesquisadora 1) que aborda a questão da participação da família no cotidiano
escolar dos filhos e Thais Elizabete de Aquino Rossi (pesquisadora 2) , que trata da
importância da educação e do profissional de Serviço Social no âmbito da educação.
O Universo do estudo é composto por 75 famílias e 24 profissionais do CEISA –
Centro de Educação infantil Santo Antônio de responsabilidade da aluna 1 e por 195
profissionais da educação das instituições da rede de ensino municipal, público,
particular e de responsabilidade social de Bauru, de responsabilidade da aluna 2.
A amostragem constitui-se com 20% do total dos sujeitos do CEISA sendo 15
famílias e 5 profissionais. E na rede de ensino de Bauru, a amostragem é de 22
sujeitos, sendo coordenadores e diretores de 5 escolas estaduais, 3 particulares, 2
municipais e 1 de responsabilidade social.
A pesquisa tem uma amostragem probabilística casual simples, pois os
participantes foram escolhidos aleatoriamente ou por acaso e foi realizada com base
num processo que dá a cada membro do universo a mesma probabilidade de ser
incluído na amostra.
No mês de junho, aplicou-se o pré-teste com 10 sujeitos para verificação do
instrumental e não houve a necessidade de alteração do mesmo.
Para a operacionalização da pesquisa aplicou-se os seguintes instrumentais:
observação assistemática, “quando o pesquisador as faz de modo ocasional e informal,
sendo muito utilizada em estudos exploratórios” (FONTANA 2009 p 14), entrevista
57
focalizada, “que é uma interação de forma livre, que enfoca um tema bem específico e
o entrevistador permite ao pesquisado falar livremente sobre o assunto, tendo que
retomar, quando ocorre o desvio sobre a questão em foco (FONTANA 2009 p 14).
Subsidiada por um formulário (pesquisadora 1) que resume-se em uma coleção de
questões
anotadas por um entrevistador numa situação face a face com a outra
pessoa (o informante), enfim, com perguntas abertas (o pesquisado responde com suas
próprias palavras e, assim, devem ser registradas as respostas), duplas (que reúnem
uma pergunta fechada e outra aberta), ambas são realizadas pelo contato direto entre
pesquisadores e pesquisados, e ressalta-se que este foi construído a partir dos
objetivos específicos da pesquisa, visando o alcance dos mesmos. E, por questionários
(pesquisadora 2) foram entregues pessoalmente no início, todos foram recolhidos com
sucesso, já os que foram enviados por email, de 30, tivemos a devolutiva de apenas 4 e
do total estabelecido, tivemos um déficit de 2 sujeitos.
Sendo assim, dos questionários respondidos obtivemos rica qualidade nas
respostas de forma geral, enfatizando a importância dos objetivos da pesquisa.
A pesquisa de campo realizou-se nos meses de julho e agosto de 2009, após a
aplicação do pré-teste.
Na aplicação da pesquisa da aluna 1, cujo universo é o CEISA, ressaltamos que
não houve dificuldades por parte dos sujeitos em responder os formulários, pois foram
elaborados de forma clara e objetiva, o que facilitou o entendimento dos mesmos.
As entrevistas aconteceram no próprio CEISA, sem agendamento prévio, pois
os funcionários foram entrevistados no decorrer do seu expediente de trabalho,
acontecendo em horários mais tranquilos (no período de sono das crianças) e os pais
foram entrevistados enquanto aguardavam o término da aula de seus filhos. A duração
das entrevistas foi de aproximadamente trinta minutos cada.
Os sujeitos demonstraram satisfação em participar, porém, a dificuldade foi por
parte da pesquisadora, pela escassez de horário para realizar a coleta de dados, uma
vez que possui tempo restrito em função do trabalho. Para efetuar as pesquisas com os
pais, no horário de saída dos seus filhos, tornou-se necessário ir até o campo de
estágio por dez dias consecutivos, para a realização da mesma, embora a
58
pesquisadora 1 tenha tido dificuldades, ressaltamos que a amostra foi realizada no sua
totalidade de sujeitos.
Na aplicação da pesquisa da pesquisadora 2, não houve dificuldade de
entendimento dos questionários entregues, porém, houve dificuldades por parte de
alguns profissionais em responderem os questionários, por causa do adiamento das
aulas por conta da Gripe A e, outros, por puro desinteresse em participar.
Após a aplicação da pesquisa de campo, desenvolvemos o tratamento dos
dados qualitativos caracterizados em três eixos extraídos dos objetivos específicos
deste estudo, a saber: a importância da participação das famílias no processo de
ensino aprendizagem dos seus filhos; a relação família x escola e a importância do
Serviço Social na escola.
Como ressalta Santos (2006 p. 136) quando afirma que:
Em suma, o corpo discente, ao qual a escola atende e para o
qual existe como instituição, influi e é influenciado por essas duas
instituições das quais o aluno é a parte e à qual o aluno
representa: escola e família. Daí não ser possível conceber a
ideia de escola com a qual a família nada tenha a ver, até mesmo
porque, em geral, em nossa sociedade a vida escolar começa na
tenra idade, quando o aluno depende das relações com os
adultos para se desenvolver, ter saúde, se locomover, por isso
depende das instituições família e escola, que em nossa cultura
são as responsáveis por garantir os direitos previstos na
Constituição para todo aquele nascido nesse Estado-nação.
A escola não poderá alcançar seus objetivos se deixar a família à margem desse
processo ensino/aprendizagem, portanto, temos evidente que, a participação da família
no desenvolvimento da criança e da sociedade é condição primordial.
Assim, consideramos que a partir do ato da participação é que os seres humanos
tomam parte, têm parte, são partes da humanidade, enfim, têm acesso ao sentimento
de pertencimento.
Os pais são os responsáveis legais e morais pela educação de seus filhos, é
através da educação que os mesmos adquirem e repassam o conceito de valores que
levam pelo resto da vida.
59
5.1 Análise dos dados da pesquisa
5.1.1 O papel das famílias no processo de aprendizagem dos filhos
A importância da educação para a família está na passagem dos valores
culturais, morais e éticos para os seus descendestes, com vistas a possibilitar aos
mesmos um aprendizado.
Dessa forma, Bruner (1996, apud DEVAL, 2006, p. 11) pontua:
Diz-se que a educação é a maior invenção da humanidade, pois
graças a ela podemos transmitir às novas gerações todo o
conhecimento adquirido pelos que a precederam, sem que para
tanto seja necessário que cada um descubra por si mesmo coisas
que os outros já sabiam.
No entanto, no que se refere à educação transmitida pela família, segundo
Aranha (1996, p. 61) ela fornece a base para a formação, a partir da qual o homem
pode agir até quando achar por bem e, em última instância, se rebelar contra valores e
princípios recebidos. Portanto, a família é o local privilegiado para o desenvolvimento
humano.
Revelar a importância do estudo para a vida dos filhos foi objeto de investigação
nesta pesquisa e os mesmos expressaram que a escola é imprescindível à medida que
a educação permeia projetos de vida socialmente estabelecidos quando pais relatam:
Sim, o estudo é muito importante para meu filho, para ele crescer
um adulto melhor. O estudo estimula para vida. (Pai/Responsável
1 – C. A. P., 29 anos, Op. de caixa)
O estudo é fundamental para o meu filho para ele se inserir no
mundo que vivemos. (Pai/Responsável 5 – J. G. P., 35 anos,
Segurança)
60
Sim, o estudo é muito importante para a vida do meu filho, para a
educação dele, para que ele possa aprender e se desenvolver.
(Pai/Responsável 9 – L. F., 33 anos, Doméstica)
Sim, o estudo é importante para a vida do meu filho, pois, com o
estudo ele aprende várias coisas, e terá um futuro melhor.
(Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Op. máquina)
Sim, o estudo é importante para o estudo do meu filho. Porque a
formação é tudo, é onde a gente começa, sem estudo não
conseguimos nada. (Pai/Responsável 16 – M. A. O. 25 anos,
Auxiliar de produção)
Sim, o estudo é muito importante. Com uma boa formação
educacional sei que meus filhos terão oportunidades de bons
empregos, e mesmo assim não é fácil, sem estudo fica
praticamente
impossível
ter
sucesso
profissional.
(Pai/Responsável 17 - A. G. V. C., 34 anos, Coordenadora de
telemarketing)
Sim, com certeza, pois são nossos filhos que transformarão
nosso mundo em um mundo melhor de se viver, para isso o
estudo é imprescindível. (Pai/Responsável 18– R. J. 34 anos,
Inspetor de qualidade)
Os pais, portanto, reconhecem a importância do estudo como forma de garantir
um futuro melhor aos filhos.
Cunha (1995, p.447) afirma que:
Lidamos com duas instituições de caráter educacional embutidas
na missão de conduzir pessoas, levando-as do lugar e do estado
em que se encontram no presente para um espaço futuro,
supostamente melhor, mais desejável, superior.
Verificamos que a escola é ambiente de significância para os filhos na
concepção dos pais / responsáveis, que compreendem que a mesma se faz necessária
para o bom desenvolvimento e pelo futuro profissional do próprio filho.
Quando questionados, sobre a atuação junto aos filhos no processo de
aprendizagem, os mesmos relatam que acompanham esse processo e acreditam que é
61
fundamental para o desenvolvimento das habilidades de seus filhos no cotidiano de
suas práticas escolares, bem como no preparo para a vida como verificamos:
Sim, acompanho o processo de aprendizagem do meu filho,
gosto muito de estar presente, costumo me oferecer para ajudar,
é a maneira que encontro para estar perto dele. (Pai/Responsável
1 – C. A. P., 29 anos, Op. de caixa)
Acompanho o processo de aprendizagem do meu filho, fazendo
pergunta a ele, observando se ele tem alguma dificuldade, se
precisa de ajuda. Procuro olhar o caderno e quando tenho
necessidade vou à escola dele. (Pai/Responsável 4 – J. F. A., 33
anos, Autônoma)
Sim, acompanho o processo de ensino do meu filho através da
agenda, através das reuniões e dos projetos que a escola
desenvolve e observando em casa, conversando com o filho.
(Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Op. máquina)
Sim, acompanho o processo de ensino do meu filho, no dia a dia,
procuro ensinar o certo, dar conselhos de bons modos de como
falar, a cultura. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos,
Vigilante)
Sim, acompanho o processo de aprendizagem do meu filho.
Pergunto o que ela aprendeu, peço para que ela me ensine o que
aprendeu. Brinco com ela de escrever, de colorir, de com que
letra começa as palavras, nomes, objetos (...). (Pai/Responsável
17 - A. G. V. C., 34 anos, Coordenadora de telemarketing).
Sim, acompanho o processo de aprendizagem do meu filho
procuro acompanhar de perto o dia - a - dia deles, estar sempre
presente na escola perguntando aos professores quais as
dificuldades deles para que em casa possamos ajudá-los. Se não
fizermos assim, ficamos totalmente desligados do que nossos
filhos precisam. Ou seja, devemos dar continuidade em casa
daquilo que eles aprendem na escola. (Pai/Responsável 18 – R.
J. 34 anos, Inspetor de qualidade)
Notamos que o processo de ensino e aprendizagem é acompanhado pelas mães
através de demonstrações de interesse pelos estudos dos filhos. No entanto, uma
minoria de pais afirma que não acompanha o processo escolar dos filhos, porém como
justificativas apresentaram o papel da mãe como central nessa função. Verificamos que
62
a questão cultural de correlacionar a responsabilidade da educação dos filhos à figura
materna evidencia a presença marcante do tradicional machismo da cultura brasileira,
quando relatam:
Eu não acompanho muito, quem acompanha mais é a mãe, ela
vem às reuniões, estuda com nosso filho e sempre tira as dúvidas
na escola. (Pai/Responsável 12 – D. B, 36 anos, Ajudante geral)
As práticas diárias que mantêm certas posturas podem ser transformadas, pois
as relações sociais são construídas cotidianamente e, assim sendo, podem sofrer
mudanças. No entanto, tais mudanças só acontecem quando os atores sociais querem
alterar a realidade e não cultuá-la para que seja passada de geração para geração.
Portanto, podemos mudar conceitos e práticas tanto nas relações sociais, quanto
na própria escola. Os conceitos não são definidos.
Segundo Paro (2000) a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato
com os pais para transmiti-los informações relevantes sobre os objetivos, recursos,
problemas e também questões pedagógicas. Essas práticas de estreitamento podem
auxiliar em muito o acompanhamento dos pais no processo de aprendizagem de seus
filhos, pois aqueles se sentirão parte dela e, consequentemente, também sujeitos da
aprendizagem do filho.
A importância da presença efetiva dos pais na vida escolar do filho é essencial
para que as crianças possam desenvolver-se de maneira a tornarem-se adultos
construtores de uma sociedade mais justa, cuja escola esteja de acordo com os
interesses e aspirações da maioria.
Quando questionados sobre os conhecimentos que possuem a respeito da
escola na qual seu filho estuda, todos respondem que têm conhecimento, porém não o
necessário para serem sujeitos ativos, parceiros e construtores da unidade de ensino,
como comprovam nos relatos:
63
Na escola do meu filho, conheço pouco o espaço físico, porém as
profissionais, os recados que elas passam na agenda ou no
mural, os medicamentos que são dados para meu filho e procuro
observar tudo. (Pai/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, Pedreiro)
Sim, conheço a escola do meu filho. (Pai/Responsável 5 – J. G.
P., 35 anos, Segurança)
Sim, conheço a escola do meu filho. (Pai/responsável 6 – W. S /
18 anos / do lar)
Sim, conheço o espaço físico e as pessoas que trabalham.
(Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, do lar)
Sim, conheço o espaço físico, mas os profissionais não conheço
todos. (Pai/responsável 8 – D. A. R. R. / 26 anos / costureira)
Sim, conheço a escola do meu filho. (Pai/Responsável 14 – M. S.
A., 38 anos, Do lar)
Sim, conheço a escola do meu filho, sei da qualidade do ensino.
(Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos, Vigilante)
As escolas tiveram que adaptar-se ao novo modelo de instituição familiar e às
histórias de mães, pais, avós, tias e irmãos, que hoje, são surpreendentes. Prado
(1982, p. 8) diz que: “apesar de todos os seus momentos de crise e evolução, as
famílias manifestam até hoje uma grande capacidade de sobrevivência e também de
adaptação”; logo, a escola obrigatoriamente também tem que acompanhar todo esse
movimento.
A família pode e deve conhecer e se reconhecer no espaço da escola e em sua
identidade.
Quando pais declaram conhecer a escola, não podemos afirmar que a
desconhecem quanto a localização do equipamento, e quanto as informações das
ações desenvolvidas, porém como sujeitos ativos e participantes das decisões e ações
é pouco evidenciado.
Os pais são indivíduos fundamentais no desenvolvimento do processo de
aprendizagem dos filhos. A participação destes na vida escolar das crianças pode
oferecer impactos positivos mediante a intensidade de envolvimento na vida do aluno.
64
Acompanhar, participar e conhecer as habilidades e dificuldades dos filhos e da
escola é responsabilidade dos pais, pois, buscamos uma educação formal capaz de
atender os interesses de uma sociedade que almeja um mundo com menos contrastes
e muito mais justiça.
5.1.2 Acompanhamento da família na vida escolar de seus filhos
A participação é uma conquista que os seres humanos vêm tentando fazer ao
longo dos séculos e acontece quando há a oportunidade de expressão que é ligada ao
pensamento, reflexão, valorização e lutas, pois, as grandes conquistas vieram por lutas
como a das mulheres para terem os mesmo direitos dos homens e luta contra o racismo
(que acontece nos dias atuais).
A participação é fundamental ao ser humano, assim como o alimento e a saúde.
A participação é o caminho natural para o homem exprimir sua tendência inata de
realizar, afirmar-se a si mesmo, dominar a natureza e o mundo. Além disso, sua prática
envolve a satisfação de outras necessidades, não menos básicas, tais como a
integração com os demais homens, a auto-expressão, o desenvolvimento do
pensamento reflexivo, o prazer de criar e recriar coisas, e, ainda, a valorização de si
mesmo pelos outros.
A democracia defende o direito de participação de todos, em todas as decisões
que favoreçam a qualidade de vida em sociedade. Para que haja essa verdadeira
participação, todos os indivíduos necessitam conhecer e viver, desde sua infância, os
princípios democráticos para desenvolverem, assim, a “autonomia democrática”.
A Constituição Brasileira no artigo 53 (BRASIL, 2005, p.11) declara: “é direito dos
pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da
definição das propostas educacionais”, ou seja, está prescrito no Estatuto da Criança e
do Adolescente como é importante a convivência da família no contexto escolar. Família
e escola são pontos de apoio ao ser humano, quanto melhor e maior for a parceria
entre as duas, melhor serão os resultados na formação do educando.
65
Quando questionados sobre a importância da participação dos pais dentro das
escolas, pais responsáveis expressaram que a participação é muito importante, pois, é
através dela que o acompanhamento da vida do filho acontece, tem-se acesso às
informações e ações do filho e assim, boa educação.
O que significa participação na concepção dos pais é:
Participar é acompanhar de todas as formas, estar presente
mesmo na ausência. É querer saber, se informar como foi o dia
da criança, não é deixá-la pela manhã na escola e recolhê-la no
fim do dia. (Pai/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, Pedreiro)
Participar é acompanhar o desenvolvimento, o dia-a-dia da vida
do meu filho, é compartilhar com ele. (Pai/Responsável 4 – J. F.
A., 33 anos, Autônoma)
Participar é estar sempre atenta a tudo. Saber da criança, sobre
sua saúde, higiene, educação. A participação é muito importante.
(Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, Do lar)
Participar é conviver em grupo, saber da
(Pai/Responsável 12 – D. B., 36 anos, Ajudante geral)
criança.
Participar é ver se o filho está caminhando. (Pai/Responsável 13
– M. R. O. D. S., 30 anos, Soldador)
Participar é acompanhar, perguntar, é me informar para poder
contribuir com o que a escola ensina. (Pai/Responsável 17 - A. G.
V. C., 34 anos, Coordenadora de telemarketing)
Participar é estar sempre presente, perguntar sempre se seu filho
está indo bem, se tem alguma dificuldade, é obrigação dos pais a
educação de seus filhos e a escola apenas nos ajuda. Aliás, nos
ajuda e muito. (Pai/Responsável 18 – R. J., 34 anos, Inspetor de
qualidade)
A troca e compartilhamento de informações e responsabilidade são meios que
podem ser usados para a aproximação entre os pais e a equipe educadora,
oportunizando assim, a construção de laços de camaradagem e conhecimento mútuo.
Spodek e Saracho (1998, p.167) afirmam que:
66
O envolvimento dos pais na educação das crianças tem uma
justificativa pedagógica e moral, legal. Quando os pais iniciam
uma parceira com a escola, o trabalho com as crianças pode ir
além da sala de aula, e a aprendizagem na escola e em casa
pode se complementar mutuamente. A interação entre pais e
educadores torna-se positiva ao desenvolvimento cognitivo,
social, moral dessa criança.
Assim ratificamos que a participação dos pais na vida escolar dos filhos é
fundamental para o desenvolvimento das crianças e o bom desempenho das ações da
unidade de ensino.
Santos (2006, p. 132-133) explana que:
Ser parte, tomar parte, ter parte, fazer parte, pertencer, interagir
para gerar certo movimento, ser social, abrigar diferenças e
semelhanças, constituir um grupo e ter autonomia. Todos esses
aspectos da participação podem ser considerados ao
descrevermos como tem se dado à relação família-escola.
Contudo, ao considerarmos a relação de pertencimento humano,
devemos lembrar que prioritariamente ela acontece como relação
de pertencimento a um grupo social. Nascemos em um núcleo
humano social, que chamamos de família, localizado em um
espaço político e geográfico, e que estabelece trocas sociais
pelas quais nos educamos. Nesse caso, a escola é fruto dessas
relações sociais e não o contrário.
A participação dos pais denota um processo através do qual eles são postos em
contato com a equipe responsável por atendê-los com o propósito de fazer intervenções
pedagógicas e promover atividades que envolvam as crianças e facilitem o
desenvolvimento do educando.
Quanto a importância da participação da família na escola, acham-na
imprescindível, uma vez que a família deve participar e interferir quando necessário na
educação sistemática e assistemática dos filhos, pois tem o papel de apoio e de
responsabilidade pelo desenvolvimento das crianças, principalmente, em atividades
propostas pela escola. Esse trabalho em conjunto facilita o entendimento do papel de
cada um. Relatam que:
67
Sim, acho importante a participação da família na escola, a
ligação que existe, a trocas nas conversas, tudo isso nos ajuda a
lidar com as dificuldades. (Pai/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos,
Op. de caixa)
Sim, acho importante a participação da família na escola, porque
sei com quem estou deixando meu filho e como ele está sendo
educado. (Pais/Responsável 3 – M. A. S., 33 anos, Autônoma)
Sim, acho muito importante a participação da família na escola,
porque a escola sem a família não é nada e a família sem a
escola também não, uma é o complemento da outra.
(Pai/Responsável 5 – J. G. P., 35 anos, Segurança)
Sim, acho muito importante a participação da família na escola,
porque a família é a estrutura e o filho faz o que a mãe faz e essa
participação é um estímulo. (Pai/Responsável 6 – W. S., 18 anos,
Do lar)
Sim, acho muito importante a participação da família na escola,
porque a mãe que trabalha em parceria com a escola melhora a
relação de um todo. (Pai/Responsável 8 – D. A. R. R., 26 anos,
costureira)
Sim, acho muito importante a participação da família na escola
Muito importante para acompanhar o desenvolvimento da
criança. (Pai/Responsável 17 - A. G. V. C., 34 anos,
Coordenadora de telemarketing)
Sim, acho muito importante a participação da família na escola.
Quando a família participa da escola de seus filhos estão vendo
as necessidades diárias facilitando assim a educação deles.
(Pai/Responsável 18 – R. J. J., 34 anos, Inspetor de qualidade)
Os profissionais da educação reconhecem que necessitam da ajuda e
compreensão dos pais para a difícil tarefa de educar e muitos pais estão cada vez mais
tentando participar da melhor maneira possível.
Segundo Meneses (1999) antigamente a escola e professores recusavam
qualquer contato informal com os pais de seus alunos por acharem que essa presença
nada tinha a ver com o trabalho pedagógico. Hoje, essa atitude mudou e a escola está
cada vez mais certa de que necessita da cooperação dos pais na tarefa de educar.
68
Esse distanciamento está sendo superado, pois a escola percebeu que precisa da
família no que diz respeito à educação formal e sistemática.
Meneses (1999) ressalta que vários fatores contribuíram para essa mudança, o
principal deles é o reconhecimento de que os objetivos buscados pela escola e pela
família caminham e juntos incluem a sociedade como um todo. E no momento em que
as duas realmente se entrelaçarem, muito dos problemas enfrentados pela escola
serão superados.
Para isso é necessário que os pais participem do cotidiano escolar de seus filhos
e tenham comprometimento com a escola como um todo, gerando assim uma certeza
de que a escola e a família se complementam. Dessa maneira, o educando passa a
valorizar cada vez mais a escola e o seu professor, pois sabe que é importante para
seus pais seu sucesso educacional.
Investigar a maneira que dá essa participação também é muito importante nessa
realidade e respondem:
Participo quando é preciso, porque é importante.
(Pai/Responsável 9 – L. F., 33 anos, Doméstica)
Participo quando sinto necessidade. (Pai/Responsável 13
– M. R. O. D. S., 30 anos, Soldador)
Participo quando sou convocado e quando sinto
necessidade, com o objetivo de estar sempre informada.
(Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos,Vigilante)
Participo quando sou convocada e quando sinto
necessidade. dou opiniões, sempre. (Pai/Responsável 17
- A. G. V. C., 34 anos, Coordenadora de telemarketing)
Participo quando sou convocada e quando sinto
necessidade. (Pai/Responsável 18 – R. J., 34 anos,
Inspetor de qualidade)
Notamos que a maioria dos sujeitos participa quando são chamados ou
convocados, isso demonstra participação com pouco envolvimento, pois, ainda não
são, de fato, sujeitos do processo. No entanto, há aqueles sujeitos que sentem
69
necessidade de participar, logo possuem uma participação ativa a qual possibilita a
emancipação do sujeito, além de fazer parte do processo de ensino e aprendizagem do
próprio filho. O apoio emocional, social e pessoal poderá construir um sistema de
cooperação entre a família, equipe escolar, aluno e criará uma rede de apoio à qual os
pais podem recorrer quando necessitarem de estímulo, motivação, compreensão e,
principalmente, orientação.
Do ponto de vista da escola, envolvimento ou participação dos pais na educação
dos filhos significa comparecimento às reuniões de pais e mestres, atenção à
comunicação escola–casa e, sobretudo, acompanhamento dos deveres de casa e das
notas. Esse envolvimento pode ser espontâneo ou incentivado por políticas da escola
ou do sistema de ensino (CARVALHO, 2000).
Quando as instituições reconhecem que ambas são de suma importância para a
realização do trabalho pedagógico, a aprendizagem acontece sem traumas. Cabe à
direção criar meios para os pais e a equipe escolar trabalharem de mãos dadas em
direção às mesmas metas.
Para Spodek e Saracho (1998) o envolvimento dos pais na educação das
crianças tem uma justificativa pedagógica e moral, logo, é legal esse envolvimento
perante a sociedade.
Percebemos que existem pais/ responsáveis que possuem uma participação
ativa dentro da escola, sempre buscam soluções conjuntas para as dificuldades
apresentadas no cotidiano escolar.
A família deve mudar o paradigma que possui de escola, que não é apenas um
ambiente formal, onde deixam os filhos e voltam mais tarde para buscá-los. Assim
como a escola mudou, os pais necessitam mudar também, procurar conhecer melhor os
seus colaboradores, professores, os outros pais e também ajudar na tarefa de
melhorias nas condições para o ensino.
As reuniões de pais realizadas apenas para falar da nota e do comportamento
podem ser uma das grandes mudanças que a escola deve usar para solicitar a
colaboração dos pais na tarefa de ensinar.
A resignação e o medo da participação são resultados da cultura autoritária, que
perpassa pela história e se instalou em nossa cultura e, portanto, nos próprios hábitos.
70
Participar, em vez de ser regra geral, tornou-se uma exceção. Temos então, o cidadão
limitado, fechado, sem iniciativa, dependente e temeroso.
Quando perguntamos aos pais/responsáveis se comparecem às convocações da
escola, afirmam:
Sim, atendo as convocações da escola, porque é a mãe que zela
pelo seu filho. Tem que participar e fazer com prazer e acho bom
que a escola fale o lado ruim e o lado bom. (Pai/Responsável 1 –
C. A. P., 29 anos, Op. de caixa)
Sim, eu atendo todas as convocações da escola, porque é
importante para a minha filha e para a família. Serve de
aprendizagem, para aprender a lidar com a minha filha como na
palestra que vocês fizeram de como dizer sim e não aos filhos.
(Pais/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, Pedreiro)
Sim, atendo as convocações da escola porque é importante para
saber do meu filho, como é o dia a dia dele na escola.
(Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, do lar)
Sim, atendo as convocações da escola, porque é importante para
saber da higiene, da alimentação, dos remédios e da saúde do
meu filho. (Pai/Responsável 13 – M. R. O. D. S., 30 anos,
soldador)
Sim, atendo as convocações da escola, porque tem que participar
de tudo o que envolve meu filho. (Pai/Responsável 16 – M. A. O.,
25 anos, auxiliar de produção)
Sim, atendo as convocações da escola. Acho que os mais
interessados no bem-estar dos filhos devem ser os pais. Somente
sabendo como está o desempenho , sabendo o que a escola
espera dela e o que estão oferecendo, vou poder ajudar, poder
cobrar. (Pai/Responsável 17 - A. G. V. C. 34 anos, Coordenadora
de telemarketing)
Sim, atendo as convocações da escola, pois, é uma obrigação
dos pais participarem das atividades da escola em que seu filho
estuda ajuda ajudá-lo a compreender que você é um pai presente
em todos os momentos de sua vida. (Pai/Responsável 18 – R. J.
34 anos, Inspetor de qualidade)
71
A escola tem o papel e potencial para reunir pessoas. Tal participação pode fazer
a diferença e transformar de fato o aluno na prioridade da escola. Quando os pais
apenas atendem convocações, ocorre uma participação imposta, porém, quando tal
atendimento se dá de forma prazerosa, como forma de se expressar o amor que sente
pelo filho, notamos sujeitos capazes de buscarem soluções conjuntas com as escolas e
de criarem projetos. Com o desenvolvimento desses projetos, estarão contribuindo não
somente com a formação e garantia da aprendizagem do educando, mas reforçando
grande parceria entre a família e a escola.
Neste processo é fundamental considerar as necessidades, desejos e vontades
dos educando. Cabe à escola elaborar um diagnóstico de sua realidade escolar, pois os
alunos são a escuta, razão do processo educativo, ou seja, devem também participar
de sua construção.
Quando questionados se participam dos eventos da escola, a maioria dos
pais/responsáveis respondem que:
Sim, já participei de vários eventos na escola do meu filho, como:
Projeto Canguru, Projeto Trocando Sementes, Comissão Técnica
de Apoio, reuniões de desenvolvimento. Quando não posso ir,
fico muito triste, pois, eu gosto muito. (Pai/Responsável 1 – C. A.
P., 29 anos, Op. de caixa)
Sim, participo das reuniões da escola do
(Pai/Responsável 5 – J. G. P., 35 anos, Segurança)
meu
filho.
Sim, participo de várias atividades na escola do meu filho, tais
como: dias das mães, “Projeto Empregabilidade”, “Canguru”,
Comissão Técnica de Apoio e das reuniões. (Pai/Responsável 9
–L. F., 33 anos, Doméstica)
Sim, participo de várias atividades na escola do meu filho dentre
ela, dias dos pais, “Projeto Canguru” e das reuniões.
(Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Op. máquina)
Sim, na escola do meu filho participo de vários Projetos, tais
como: Empregabilidade, Canguru, Trocando Semente e participo
das reuniões. (Pai/Responsável 14 – M. S. A., 38 anos, Do lar)
72
Sim, participo de várias atividades na escola do meu filho, dentre
elas, dias das mães, dos projetos e das reuniões. Só não
participo
quando
o
lado
profissional
não
permite.
(Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos, Vigilante)
Acreditamos que reunir pessoas dentro da escola, para conversar sobre a tarefa
educativa, é saudável e traz novas ideias para o grupo. Isto nem sempre é fácil se o
trabalho em equipe e a discussão conjunta não são habituais na escola, mas é preciso
fazê-los. Notamos que os pais/responsáveis participam dos eventos, reuniões e
projetos que exigem maior engajamento. Contudo, há aqueles pais responsáveis que
participam apenas em ações que atendam interesses particulares como cita o sujeito
12:
Na escola do meu filho, participo somente da atividade de final de
ano,
porque
tem
canto,
presente
e
brincadeiras.
(Pai/Responsável 12 – D. B., 36 anos, Ajudante geral)
Apesar de a participação ser uma necessidade básica, o homem não nasce
sabendo participar. Ela é uma habilidade que aprende-se e aperfeiçoa-se e enquanto o
sujeito não adquire uma consciência social, ou seja, não busca soluções para a maioria,
dificilmente teremos pais envolvidos com a melhora do ensino e aprendizagem como
um todo.
Quando perguntamos se foram convidados a participar do projeto político
pedagógico da escola do seu filho, a maioria dos pais/ responsáveis lembra que foram
convidados e participaram como relatam:
Sim, eu fui convidada a participar do projeto político pedagógico
da escola, o projeto fica à disposição para quem quiser ler. A
escola passa cronograma mensal. (Pai/Responsável 1 – C. A. P.,
29 anos, Op. de caixa)
Sim, eu fui convidada a participar do projeto político pedagógico
da escola do meu filho. Quem participou foi meu marido.
(Pai/Responsável 8 – D. A. R. R., 26 anos, Costureira)
73
Sim, eu fui convidada a participar do projeto político pedagógico
da escola do meu filho. (Pai/Responsável 9 – L. F., 33 anos,
Doméstica)
Sim, eu fui convidada a participar do projeto político pedagógico
da escola do meu filho. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos,
Vigilante)
Sim, eu fui convidado a participar do projeto político pedagógico
da escola do meu filho. A minha esposa que veio.
(Pai/Responsável 16 – M. A. O. 25 anos, Auxiliar de produção)
Sim, eu fui convidada a participar do projeto político pedagógico
da escola do meu filho. (Pai/Responsável 17 -A. G. V. C., 34
anos, Coordenadora de telemarketing)
Sim, sempre somos convidados a participar do projeto político
pedagógico da escola, procuro estar sempre presente, não
costumo faltar. (Pai/Responsável 18 – R. J. 34 anos, Inspetor de
qualidade)
Essa participação ativa dos pais é necessária, tem muito valor porque
desenvolve na criança o comportamento e a habilidade de envolvimentos e demonstra
que a família fornece o alicerce para a formação dos filhos.
Quanto ao conhecimento sobre método de ensino da escola, percebemos que
parte os pais tem clareza quanto ao conteúdo do projeto político pedagógico quando
afirmam:
Sim, eu sei qual é o método de ensino que a escola utiliza. A
Tatiane da coordenação e a Simone do Serviço Social passaram
para nós. (Pai/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, Pedreiro)
Sim, eu sei que o método de ensino que a escola utiliza é um
conjunto de brincadeiras, tais como danças, música e massinha
para desenvolver a coordenação. (Pai/Responsável 7 – G. F. F.,
38 anos, Do lar)
Sim, eu sei que o método de ensino que a escola utiliza são
atividades desenvolvidas com livros, música e tarefas.
(Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Operador de
máquina)
74
Sim, eu sei que o método de ensino que a escola utiliza é
desenvolvido com um conjunto de atividades, brincadeiras
educativas, dança e teatro que estimulam o ensino e o
aprendizado. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27 anos, Vigilante)
Sim, eu sei que o método de ensino que a escola utiliza é
desenvolvido com atividades, dança e teatro e cultura.
(Pai/Responsável 16 – M. A. O., 25 anos, Auxiliar de produção)
A qualidade da participação eleva-se quando as pessoas aprendem a conhecer
sua realidade, a refletir, superar contradições reais ou aparentes, identificar primeiras
subjacentes, antecipar consequências, entender novos significados das palavras e
distinguir efeitos de causas.
Porém há aqueles que respondem:
Não sei qual é o método de ensino que a escola utiliza.
(Pai/Responsável 12 – D. B., 36 anos, Ajudante geral)
Na escola e em todo lugar, também há aqueles sujeitos que não envolvem-se e
não veem necessidade, pois, cabe à escola solucionar e dirimir as questões específicas
do universo de aprendizagem.
O método foi passado, mas não me lembro, acho que é utilizada
apostila, exercícios, caderno de trabalho, enfim desenvolvem
muitas atividades. (Pais/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos,
Operador de caixa)
Quanto ao conhecimento dos representantes da escola, percebemos que os
profissionais do CEISA, são conhecidos e reconhecidos pelos pais responsáveis. Neste
sentido, pontuamos o quão é importante para o aluno perceber que seus pais têm
interesse em participar do seu cotidiano, o que facilita o bom desenvolvimento da
criança. Ressaltamos que o diálogo é extremamente necessário entre ambas as partes,
75
escola, filho e pais, e no CEISA essa questão é cuidada com muito carinho pelos
profissionais como verificamos:
Sim, eu conheço os representantes da escola, sei que a Simone
é Assistente Social, Priscila é professora, a Flávia é ajudante.
Acho que elas fazem um trabalho bem feito e que trabalham com
o que gostam. (Pais/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos, Operador
de caixa)
Sim, eu conheço os representantes da escola, sei que a Simone
é Assistente Social, a Tatiane é coordenadora, a Jackeline é
enfermeira, a Priscila é professora, entre outras. Acho que elas
são profissionais excelentes, que nasceram para exercer a
função. (Pais/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, pedreiro)
Sim, eu conheço os representantes da escola, sei que a Simone
é Assistente Social, Jackeline é enfermeira, a tia Bá é professora,
e acho que são profissionais que trabalham bem
(Pais/Responsável 3 – M. A. S., 33 anos, Autônoma)
Sim, eu conheço quase todos representantes da escola, são
pessoas que fazem o trabalho bem feito. (Pai/Responsável 8 – D.
A. R. R., 26 anos, Costureira)
Sim, eu conheço os representantes da escola, as considero
profissionais envolvidas. Todo mundo trabalha pela mesma
causa, trabalha em união. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27
anos, Vigilante)
Sim, eu conheço os representantes da escola,. Pessoas que
fazem o que gostam de uma competência indiscutível.
(Pai/Responsável 17 - A. G. V. C., 34 anos, Coordenadora de
telemarketing)
Sim, eu conheço os representantes da escola, são pessoas
abençoadas por Deus, minha filha adora a escola e seus
professores, isso é muito importante, em uma escola ter pessoas
capacitadas para a educação afinal, nossos filhos passam mais
tempo na escola do que em casa. Agradeço aos professores todo
tempo (Pai/Responsável 18 – R. J., 34 anos, Inspetor de
qualidade)
Notamos que a equipe profissional procura aprimorar e aproximar os pais
responsáveis. Cada contato que os pais fazem com a instituição escolar, seja por
76
telefone ou pessoalmente, para fazer cobranças ou para elogiar, faz com que seja
criado um vínculo e aumente a parceria que tem como objetivo o pleno
desenvolvimento dos filhos.
Essa parceria dos pais com a escola e o trabalho com as crianças deve ir além
da sala de aula e da aprendizagem, pois, deve ser complementada.
Piaget (2000, p.50) pontua que:
Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais
leva, pois, a muita coisa mais que a uma informação mútua: este
intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e,
frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao
aproximar a escola da vida ou das preocupações profissionais
dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um
interesse pelas coisas da escola, chega-se até mesmo a uma
divisão de responsabilidades.
Essa parceira é algo que as escolas vêm almejando há muito tempo e é muito
difícil construir uma escola de qualidade e alunos bem formados sem a contribuição dos
pais, numa relação de ajuda na formação do ser humano.
Os diretores, coordenadores, assistentes sociais e professores abrem espaços
para diversas opiniões sobre a situação da escola e permitem que a comunidade
analise criticamente as propostas. Neste processo, a escola ganha clareza para
estabelecer aonde quer chegar, confiança para escolher por onde começar e
consciência dos seus limites e possibilidades (CENPEC, 1999)
Perguntamos sobre o que pensam das reuniões que a escola marca, e afirmam:
Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são
interessantes, importantes, são boas é melhoria pra todos.
(Pai/Responsável 6 – W. S. / 18 anos / Do lar)
Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são muito
boas para os pais saberem o que está acontecendo com seus
filhos. A presença dos pais na reunião é muito importante para o
desenvolvimento da criança. (Pai/Responsável 7 – G. F. F. / 38
anos / Do lar)
77
Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são
importantes, e aprendo muito. (Pai/Responsável 10 – M. A. F. /
34 anos / Técnico segurança do trabalho)
Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são boas, o
horário é bom e os assuntos interessantes. (Pai/Responsável 11
– C. U. O. B. / 26 anos / Operador de máquina)
Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são ótimas.
(Pai/Responsável 12 – D. B. / 36 anos /Ajudante Geral)
Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são ótimas,
os assuntos e os horários são acessíveis.(Pai/Responsável 13 –
M. R. O. D. S. / 30 anos /Soldador)
Em minha opinião, as reuniões marcadas pela escola são boas.
São claras, bem legais os assuntos.(Pai/Responsável 16 – M. A.
O. / 25 anos / Auxiliar de produção)
Segundo os entrevistados, as reuniões de pais são prazerosas, trazem proveito e
satisfação para os pais.
Tomam conhecimento das reuniões através das convocações e lembretes na
agenda do filho e pelas informações nos murais.
Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das
crianças
e
pelos
informativos
fixados
nos
murais.
(Pai/Responsável 4 – J. F. A., 33 anos, Autônoma)
Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das
crianças
e
pelos
informativos
fixados
nos
murais.
(Pai/Responsável 5 – J. G. P., 35 anos, Segurança)
Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das
crianças
e
pelos
informativos
fixados
nos
murais.
(Pai/Responsável 6 – W. S., 18 anos, Do lar)
Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das
crianças
e
pelos
informativos
fixados
nos
murais.
(Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, Do lar)
Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das
crianças e pelos informativos fixados nos murais.
(Pai/Responsável 8 – D. A. R. R., 26 anos, Costureira)
78
Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das
crianças
e
pelos
informativos
fixados
nos
murais.
(Pai/Responsável 10 – M. A. F., 34 anos, Téc. segurança do
trabalho)
Fico sabendo das reuniões que a escola marca pela agenda das
crianças
e
pelos
informativos
fixados
nos
murais.
(Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Op máquina)
Esse acompanhamento é parte da responsabilidade dos pais para com os filhos
e as crianças necessitam dessa atenção para que haja a garantia de um
desenvolvimento saudável.
A escola torna-se espaço de vivência da criança, em perfeita sintonia com a
família, pois, é uma instituição que complementa a ação da família e juntas tornam-se
lugares agradáveis para a convivência dos filhos e alunos. Uma depende da outra já
que
conjuntamente
visam
alcançar
os
objetivos
e
preparar
os
filhos
e,
automaticamente, permitir que a criança alcance sua integridade.
Questionados sobre os pontos positivos e negativos existentes nas reuniões,
relatam:
Os pontos positivos nas reuniões da escola são os assuntos
abordados, exemplo doenças sexualmente transmissíveis foi uma
palestra muito boa. E o tema pode ser escolhido pelos pais.
(Pais/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, pedreiro)
Os pontos positivos nas reuniões da escola são vários, acho
muito divertidas as reuniões. (Pais/Responsável 3 – M. A. S., 33
anos, Autônoma)
Os pontos positivos nas reuniões da escola são que as
palestrantes têm paciência e explicam bem e se não entendemos
elas explicam novamente. (Pai/Responsável 6 – W. S., 18 anos,
Do lar)
Os pontos positivos nas reuniões da escola é que tudo o que elas
fazem é para e pelo bem da criança. (Pai/Responsável 7 – G. F.
F., 38 anos, Do lar)
Os pontos positivos nas reuniões da escola é que são sempre
claras. (Pai/Responsável 8 – D. A. R. R., 26 anos, Costureira)
79
Os pontos positivos nas reuniões da escola são as informações
passadas aos pais, as palestras que servem para melhoria do
filho. (Pai/Responsável 11 – C. U. O. B., 26 anos, Op máquina)
Os pontos positivos nas reuniões da escola são os
conhecimentos que adquiro e que tudo o que aprendo usufruo
para a família toda. (Pai/Responsável 13 –M. R. O. D. S., 30
anos, Soldador)
Quanto os pontos negativos da reunião, alegam não existirem, porém para
aqueles que declararam haver pontos negativos, afirmam:
Não há pontos negativos nas reuniões da escola, sei da
importância de tudo e hoje que faço parte da comissão entendo
melhor as coisas. (Pais/Responsável 1 – C. A. P., 29 anos, Op.
de caixa)
Não tem pontos negativos nas reuniões da escola.
(Pais/Responsável 3 – M. A. S., 33 anos, Autônoma)
Não há pontos negativos nas reuniões da escola, nada me
incomoda. (Pai/Responsável 4 – J. F. A., 33 anos Autônoma)
Os pontos negativos nas reuniões da escola são quando tem um
único dia da semana, pois, trabalho um dia sim e um dia não.
(Pai/Responsável 5 – J. G. P., 35 anos, Segurança)
Não há pontos negativos nas reuniões da escola, nada me
incomoda tudo é bom. (Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38 anos, Do
lar)
Não há pontos negativos nas reuniões da escola, nada me
incomoda. (Pai/Responsável 8 – D. A. R. R., 26 anos, Costureira)
Os pontos negativos das reuniões da escola são o horário que
não é bom porque atrapalha o serviço e as perguntas
desnecessárias
dos
pais,
pois,
torna
cansativo.
(Pais/Responsável 2 – M. F. S., 45 anos, pedreiro)
Os pontos negativos nas reuniões é a presença das crianças,
pois, elas são agitadas e gritam muito, tiram a concentração na
reunião. (Pai/Responsável 6 – W. S., 18 anos, Do lar)
80
Consideram importantes as reuniões marcadas pela escola, embora haja alguns
pontos negativos. É sempre bom lembrar que a escola é aberta para receber sugestões
e aperfeiçoar o atendimento, pois os focos das reuniões são a apreensão dos pais /
responsáveis, no entanto, os horários ainda não conseguem agradar a todos.
Evidenciam que a escola atende a todas as expectativas indo além, pois,
oferecem projetos, palestras, reuniões dentre outras ações, voltadas à informação não
somente do cotidiano escolar dos filhos, contam com informações do cotidiano como,
higiene, saúde, desenvolvimento sadio e outros e também informações sobre vários
assuntos importantes para a vida da população como um todo, envolvendo diversos
assuntos como drogas, doenças sexualmente transmissíveis, informações sobre os
direitos, ECA, entre outros.
Não gostaria de ter mais retorno ou informações da escola,
porque já existe bastante. (Pai/Responsável 5 – J.G. P., 35 anos,
Segurança)
Não gostaria de ter mais retorno ou informações da escola.
(Pai/Responsável 6 – W. S., 18 anos, Do lar)
Não gostaria de ter mais retorno ou informações da escola, tudo
o que tem já é o suficiente. (Pai/Responsável 7 – G. F. F., 38
anos, Do lar)
Não gostaria de ter mais retorno ou informações da escola, a
escola tem muitas opções. (Pai/Responsável 15 – A. P. Q., 27
anos, Vigilante)
No entanto há aqueles sujeitos que gostariam de ter mais informações da escola,
no que diz respeito à rotina da escola para poderem continuar a educação do filho em
casa, além de mais informações sobre a saúde, higiene dos filhos, como verificamos:
Sim, gostaria que chamasse uma mãe por mês para que
pudéssemos passar o dia com a escola e dessa maneira,
conhecer a rotina do filho, conhecer melhor a escola, a
alimentação, os cuidados e a educação.
(Pais/Responsável 3 – M. A. S. / 33 anos / Autônoma)
81
Sim, eu gostaria de ter mais retorno ou informações da escola,
sobre higiene do meu filho porque é importante para educar.
(Pai/Responsável 9 – L. F., 33 anos, Doméstica)
Sim, gostaria de ter mais retorno ou informações da escola,
porque nunca é demais. (Pai/Responsável 12 – D. B., 36 anos,
Ajudante geral)
Quando a escola foi refletida como agente de apoio à família, ela foi esboçada
para a educação dos filhos, e como um complemento do trabalho da família.
Quando nos referimos ao acompanhamento dos pais no processo de
aprendizagem de seus filhos, nos remetemos à questão da participação dos pais na
vida de seus filhos, o carinho, a atenção com suas atividades e práticas diárias, as
formas que os pais utilizam para acompanhar a vida de seus filhos auxiliando-os em
seu cotidiano.
A participação diária na vida da criança acentua o fato de que a educação do
filho vale o tempo despendido. O apoio, a interação nas lições, o comparecimento às
reuniões de pais e mestres, as festas, entre outros, são necessários ao longo de todo o
período escolar.
5.1.3 O papel das famílias no processo de aprendizagem dos filhos na visão dos
profissionais
Silva (2008) considera que atualmente existe a necessidade da escola estar em
perfeita sintonia com a família, pois, é uma instituição que complementa a ação da
família e juntas tornam-se lugares agradáveis para a convivência dos filhos e alunos.
Uma depende da outra na tentativa de alcançar o maior objetivo, o melhor futuro para o
filho educando e, automaticamente, para criança em sua integralidade e para toda a
sociedade.
Nesta perspectiva, questionamos os profissionais se a presença dos pais está
relacionada com o desempenho escolar do filho:
82
A presença dos pais está sim relacionada com o desempenho
escolar do filho, essa presença forma um elo que faz com as
“coisas” andem melhor. (Professora 1 - A. B. P. I., 27 anos)
A presença dos pais está relacionada com o desempenho escolar
do filho e a presença dos pais é sempre importante.
(Professora 7 – V. R. S., 31 anos)
A presença dos pais está sim relacionada com o desempenho
escolar do filho, porque é um incentivo, os pais observando a
criança conseguem dar o andamento na educação e continuidade
do trabalho que a escola desenvolve.
(Auxiliar de enfermagem 9 - J. F., 23 anos)
A presença dos pais está sim relacionada com o desempenho
escolar do filho, ”Os pais são os primeiros professores dos filhos”
A criança, cuja família participa de forma direta no cotidiano
escolar, apresenta um desempenho superior em relação aquela
cujos pais estão ausentes do seu processo educacional. Ao
conversarem com o filho sobre o que acontece na escola,
cobrarem dele e ajudarem-no a fazer o dever de casa, ter hábito
de leitura, os pais estarão contribuindo para a obtenção de um
adulto mais seguro e mais confiante sabendo sempre de seus
limites e possibilidades. (Professora 10 – Q. P. J, 25 anos)
A presença dos pais está sim relacionada com o desempenho
escolar do filho, os pais podem se fazer presentes não somente
estando o tempo todo dentro da escola, mas colaborando
juntamente com ela, auxiliando assim o desempenho escolar do
aluno.(Professora 11 - P. A. S. M., 25 anos)
Verificamos nas falas dos sujeitos que a participação dos pais no sistema
educacional, como toda participação, é importante. Assim como comenta Schmidt
(1964. p 209) a escola: ”há de ser um apoio forte para as primeiras rupturas com o meio
familiar, fato é que não é fácil definir o papel que cabe aos pais na escola e no conjunto
do sistema educacional”, isto porque não é fácil distinguir os temas que lhes são
próprios, daqueles em que seu papel deveria ser complementar.
Quando questionado se os pais/responsáveis têm interesse pelo processo de
ensino e aprendizagem de seus filhos, e como é que se dá esse processo, afirmam:
83
Sim, acredito que os pais têm interesse pelo processo de ensino
e aprendizado de seus filhos, porém precisa da conscientização
para que haja interesse. O interesse acontece na escola, através
dos projetos que o Serviço Social desenvolve, para conseguir o
interesse dos pais, alertando os direitos e deveres. (Orientadora
Pedagógica 2 – A. R. D. V., 31 anos)
Sim, acredito que alguns pais têm interesse pelo processo de
ensino e aprendizado de seus filhos, eles mostram o interesse
nas reuniões pelas perguntas que nos fazem sobre o
comportamento dos seus filhos. (Professora 8 – M. S. S. B., 24
anos)
Sim, acredito que alguns pais têm interesse pelo processo de
ensino e aprendizado de seus filhos, pois eles procuram saber o
que estamos trabalhando em sala, auxiliam nas tarefas de casa.
(Professora 11 - P. A. S. M., 25 anos)
A participação dos pais na vida escolar dos filhos é fundamental para o
desenvolvimento dessas crianças.
Notamos que alguns profissionais conseguem visualizar o interesse dos
pais/responsáveis no processo de ensino e aprendizagem dos seus filhos, porém os
que não acompanham, consideram como falta de participação que se resigna a cultura
desses pais em não participarem.
A escola não poderá alcançar seus objetivos deixando a família à margem desse
processo ensino/aprendizagem, portanto, concluímos que a participação da família no
desenvolvimento da criança e da sociedade é condição primordial, como pontuam:
Acredito que o interesse pelo processo de ensino e
aprendizagem dos pais pelos seus filhos tenha melhorado com o
tempo, mas a falta de participação existe. É uma questão cultural
na qual o CEISA trabalha com a reeducação. (Professora 7 – V.
R. S., 31 anos)
84
Atualmente, a maioria dos pais pouco tem participado e
demonstrado interesse pelo desenvolvimento escolar do filho
dentro das propostas pedagógicas, mas se envolvem em outros
tipos de atividades da escola (confraternizações e projetos). Não
demonstram interesse, acredito que até mesmo pela falta de
cultura familiar de valorização aos estudos e à educação,
sobrecarga de obrigações (ocupações remuneradas,) falta de
apoio de outro integrante familiar, entre outros. A não
participação tem base nas tarefas não entregues corretamente,
muitas vezes feitas pelo adulto, não comparecimento às reuniões,
agendas sem assinaturas, falta de higiene diária (...). (Professora
10 – A. P.J / 25 anos)
Na visão dos profissionais a participação ainda é passiva, não comprometida
nem facilitadora do avanço do processo de ensino e aprendizagem como exige a coresponsabilização.
Portanto, a educação deve ser centralizada na formação do caráter moral,
emocional e educacional dos indivíduos e é evidente que a família desempenha um
papel muito importante, já que os pais são os principais responsáveis pela educação
dos filhos tanto em casa, como na escola e esta, por sua vez, compete formar cidadãos
capacitados para transformar a sua realidade.
A escola é uma porta de entrada comunitária. Além de seu papel pedagógico,
formador e de socialização, é depositária dos conflitos, limites, esperanças e
possibilidades sociais. A escola recebe e expressa as contradições da sociedade.
Nesse contexto, o Serviço Social tem grande contribuição a dar à política pública da
Educação e aos desafios que apresentam-se para a elevação do rendimento escolar,
efetivação da escola como espaço de inclusão social e para a formação cidadã das
crianças e jovens.
Questionados se conhecem os pais de seus alunos relatam:
Sim, conheço os pais de meus alunos. Conheço pelo portão,
quando pegamos as crianças. Ou quando temos que tratar de
alguns assuntos. (Professora 1 - A. B. P. I. 27 anos)
Conheço parcialmente os pais dos meus alunos. Pela entrega no
portão e em reuniões. (Professora 5 - F. S. S.,18 anos)
85
Sim, conheço os pais dos meus alunos, conheço a realidade
deles. (Auxiliar de enfermagem 9 - j. f / 23 anos)
Sim conheço os pais dos meus alunos. O primeiro contato se deu
na reunião de pais e os que eu não conheço, não fiz nada até
agora para conhecê-los. (Professora 10 – a. p. j. / 25 anos)
Notamos que alguns pais tornam-se conhecidos, procuram maior envolvimento,
enquanto que outros têm apenas breves contatos.
Os profissionais conhecem os pais de seus alunos e percebem a importância
dessa relação para o desenvolvimento da escola em um modo geral. Já aqueles que
não conhecem os pais dos seus alunos, procuram interagir para que essa aproximação
ocorra, pois percebem o quão é importante o contato com os pais como expressam:
Não conheço todos, porém acho importante esse relacionamento
pra poder fazer trocas e cobranças quando necessário. Para
conhecê-los, procuro me aproximar nas reuniões, pois, é quando
falamos do comportamento das crianças, das regras, do respeito.
É nesse momento que o entrosamento acontece. (Professora 3 R. C. H. S., 49 anos)
Podemos afirmar que a escola não coexiste sem a família nem a mesma sem a
escola. Esse trabalho conjunto facilita o desenvolvimento do bem-estar e da
aprendizagem dos alunos e facilita uma escola de qualidade.
Segundo Paro (2000) a escola deve utilizar todas as oportunidades de contato
com os pais para passar informações relevantes sobre seus objetivos, recursos,
problemas e também sobre as questões pedagógicas.
Como salienta Santos (2006 p. 134) quando expressa:
86
O tema relação família-escola prevê que, a partir do momento em
que um sujeito é potencialmente aluno de uma escola, a família
desse aluno já integra de alguma forma o universo com o qual a
escola deve atuar. Quer seja pelo fato de a família ser a instituição
nuclear á qual pertence o nosso aluno, citado como exemplo
agora, quer seja pelo fato de a família constituir um grande número
de informações que compõem o universo do aluno e sua vida;
informações ás quais a escola deve ter acesso, ainda que
parcialmente, para conhecer e utilizar a organização do processo
de ensino-aprendizagem. Ou seja, sem considerar a condição
familiar do aluno, a escola não poderia atingir a qualidade
imaginada aqui como exercício.
Assim a escola não poderá alcançar seus objetivos se colocar a família à
margem desse processo ensino/aprendizagem. Portanto, é claro que a participação da
família no desenvolvimento da criança e da sociedade é condição primordial.
Quando questionados se os pais/responsáveis frequentam normalmente a escola
ou só vêm quando são chamados, relatam:
Os pais normalmente vêm à escola quando são chamados ou
quando eles precisam do Serviço Social, pois, eles sabem que
podem encontrar no serviço social apoio para a família.
(Professora 1 - A. B. P. I., 27 anos)
Os pais frequentam a escola quando são chamados para os
projetos, reuniões, atendimentos, eles comparecem porque é do
interesse deles. (Orientadora Pedagógica 2 – A. R. D. V., 31
anos)
Os pais que estão no CEISA há alguns anos, participam, tiram
dúvidas e procuram a escola para conversar. Os novos ,pais com
menos tempos não participam, eu vejo como um processo de
adaptação. (Professora 7 – V. R. S., 31 anos)
Parcialmente, os pais frequentam a escola. Os que têm interesse,
são os que geralmente nos procuram para obter informações e os
que não têm interesse só vêm quando são chamados ou
cobrados pela escola. Acredito que a participação esteja ligada à
cultura de cada um. (Auxiliar de enfermagem 9 - J. F, 23 anos)
87
A frequência dos pais é restrita aos chamados da escola e do
professor que muitas vezes se sente impotente na resolução de
situações que deveriam ser resolvidas em parceria com a família
e a escola (comportamentos e atitudes das crianças) Porque os
pais atribuem à escola não só o saber formal, como a educação
de seus filhos; deixando o que deveria ser um hábito saber como
seu filho passou o dia na escola, uma obrigação da escola estar
com aquela criança sem o apoio e auxílio dos pais que deixam
sempre em segundo plano a formação e desenvolvimento dos
filhos em busca sempre de atender as necessidades financeiras,
e outros interesses.(Professora 10 – A. P. J., 25 anos)
É evidente que a participação dos pais/responsáveis restringe-se ao chamado da
escola e que é comum os pais afirmarem que a escola é responsável integralmente por
essas crianças, cabendo a instituição escolar não só o dever de educar formalmente,
mas também o de assumir o papel que caberia aos pais/responsáveis.
A partir do momento que o educador percebe que os pais têm interesse nas
atividades escolares dos filhos, buscarão recursos para melhorar tal interação entre
pais, filhos e escola.
5.1.4 As estratégias utilizadas pelas famílias no processo de participação e vida dos
seus filhos
Apenas com ampla participação poderemos lutar pelos princípios da democracia
e neutralizar as formas de autoritarismo frequentes na sociedade. É através dela que
findamos a desordem de um status quo injusto (estado injusto), que produz a
marginalização.
As sociedades autoritárias fazem tudo para limitar, restringir e desestimular a
participação. Samuel Huntington, um ideólogo conservador americano (1993) diz que o
excesso de participação era um dos maiores perigos para a democracia. Para ele,
quanto maior a participação da cidadania, maiores os riscos para a estabilidade
democrática. Mas a verdade é que somente através da participação é possível construir
e consolidar a democracia.
88
Quando questionados como veem a participação dos pais na escola, a maioria
dos profissionais responde:
Vejo a participação dos pais através da interação na comissão
técnica de apoio, porém não considero uma participação
espontânea. Para a participação vejo que o Serviço Social, a
Pedagogia e os Professores, são fundamentais. (Professora 1 A. B. P. I. / 27 anos)
Vejo que a participação dos pais acontece parcialmente sempre
são pressionados a participar. (Professora 5 - F. S. S. / 18 anos)
Vejo que a participação dos pais acontece pela interação com a
equipe e com todo o ambiente. A participação pode até começar
por uma cobrança e com o tempo ela se torna prazerosa.
(Auxiliar de enfermagem 9 - J. F., 23 anos)
Vejo que a participação dos pais é muitas vezes em busca de um
interesse: “cumprir sua obrigação de estar presente naquele
momento que a escola o impôs.”. Delimitam sua participação em
torno de seus interesses, em reuniões propostas, eventos; nem
sempre sendo espontânea essa participação. Acho que os pais,
no geral, deveriam ter um olhar especial para a educação e
formação de seus filhos, com mais amor e dedicação.
(Professora 10 – A. P. J., 25 anos)
Vejo que não são todos pais / responsáveis que participam, mas
participam através das reuniões da Equipe de apoio, quando
discutem sobre os interesses e necessidades da escola em geral,
transmitindo depois para os outros pais e alguns também como
voluntários em projetos da escola. Mas poderiam ter mais
participações. (Professora11 - P. A. S. M., 25 anos)
Quando a participação não é espontânea, mas se dá através dos projetos da
escola, da comissão técnica de apoio, e muitas vezes por interesses próprios, os
profissionais não consideram como uma participação ativa.
Quando questionados se nas reuniões ha ausência dos pais e a que atribuem
essa ausência, relatam:
89
Sim, há ausência nas reuniões da escola, mas são poucas.
Atribuo as ausências à necessidade de trabalho dos pais.
(Professora 1 - A. B. P. I., 27 anos)
Sim, tem ausência nas reuniões da escola, mas são poucas.
Atribuo as ausências à falta de interesse, pois, quando faltam não
procuram a escola para se justificar. (Professora 5 - F. S. S., 18
anos)
Sim, tem ausência, mas são poucas. Atribuo as ausências à falta
de interesse, pois alguns veem a escola como um local para as
crianças dormirem, comerem, beberem e irem embora e,
algumas, por motivo de trabalho. Não conseguem ver o lado
pedagógico. (Professora 8 – M. S. S. B., 24 anos)
Sim no ano de 2009 estamos com problemas nas presenças, que
eu atribuo à falta de interesse, porém nos outros anos as faltas
eram pouquíssimas e quando ocorriam era por motivo de
trabalho. (Auxiliar de enfermagem 9 - J. F , 23 anos)
Há muitas ausências nas reuniões. Atribuo à falta de interesse e
envolvimento desse “pai” em relação ao filho, pois as
problemáticas e os assuntos na escola são em relação somente
sobre seu filho. Os pais deveriam ter a obrigação de acompanhar
e estimular seus filhos, para esses se envolverem com mais
prazer, e confiança na educação. (Professora 10 – A. P. J., 25
anos)
A efetiva participação da família deve ser vista não pela quantidade de famílias
presentes, mas sim pela qualidade dos momentos oferecidos aos participantes, porém
esta efetiva participação se dá pela qualificação deste espaço, com momentos em que
o educador deve contemplar e direcionar para a discussão do processo de
desenvolvimento da criança, o conhecimento da rotina escolar, o compartilhar do
processo cuidar de educar e o conhecimento de valores, costumes, sentimentos e
expectativas e isso muitas vezes leva ao desestímulo dos pais.
Nesse sentido, é importante citar Içami Tiba (1996, p.140) que diz: "O ambiente
escolar deve ser de uma instituição que complemente o ambiente familiar do educando,
os quais devem ser agradáveis e geradores de afetos. Os pais e a escola devem ter
princípios muito próximos para o benefício do filho/aluno". Logo, numa reunião de pais
que ratifica o mau comportamento do filho e ou o desempenho, não é interessante para
os pais responsáveis
90
Nessa perspectiva, família e escola devem aproveitar, ao máximo, as
possibilidades de estreitamento de relações, porque o ajuste entre ambas e a união de
esforços para a educação das crianças e adolescentes devem redundar, sem dúvida
nenhuma, em elemento facilitador de aprendizagens e de formação do cidadão e não
de momentos desagradáveis.
Quando questionados se acham necessário que sejam desenvolvidas mais
atividades buscando mais participação da família na escola, os profissionais respondem
que não é necessário, pois, o CEISA possui muitos projetos e atividades que envolvem
as famílias e promove a informação possibilitando a conscientização como verificamos:
Hoje o que a escola possui, é o suficiente. É uma conquista para
o Serviço Social e para a Pedagogia. Se fosse um trabalho
isolado, ou seja, somente da pedagogia, não teríamos
conseguido. (Orientadora Pedagógica 2 – A. R. D. V., 31 anos)
Sim, acredito que seja necessário mais atividades dentro da
escola, pois, ajuda na auto estima e estimula para a vida.
(Professora 4 – C. C. M. S., 27 anos)
A escola oferece o necessário, possui reuniões mensais,
trimestrais e os projetos que são desenvolvidos pelo Serviço
Social: Canguru, Trocando Sementes. (Professora 7 – V. R. S.,
31 anos)
A escola oferece o necessário, possui reuniões mensais,
trimestrais e os projetos que são desenvolvidos pelo Serviço
Social: Canguru, Trocando Sementes precisava somente da
conscientização e valorização dos pais. (Auxiliar de enfermagem
9 -J. F., 23 anos)
Nossa escola oferece o necessário, conta com vários projetos e
eventos que envolvem os pais, sem contar que a escola oferece
rica abertura entre os pais, à direção, Serviço Social, e
professores, sendo de grande valia para o envolvimento dos pais
na escola. (Professora 10 – A. P.J., 25 anos)
Na concepção de Libãneo (2004, p. 102) “a participação é o principal meio de
assegurar a gestão democrática da escola, possibilitando o envolvimento de
profissionais e usuários no processo de tomada de decisões e no funcionamento da
organização escolar”.
91
A família vê a escola como lugar seguro e confiável para deixar a criança, pois
neste ponto configura-se sua maior necessidade: “local para deixar a criança em
segurança e bem cuidada”. E não se vê como não parceira, pois elege os momentos
importantes de sua participação e assegura que esta relação é muito boa.
Gokhale (1980) acrescenta que a família não é somente o berço da cultura e a
base da sociedade futura, mas é também o centro da vida social. A educação bem
sucedida da criança na família é que vai servir de apoio à sua criatividade e ao seu
comportamento produtivo quando for adulto. A família tem sido, é, e será a influência
mais poderosa para o desenvolvimento da personalidade e do caráter das pessoas.
5. 1. 5 Inserção do Assistente Social junto às escolas
A escola hoje não sobrevive sem a família e a mesma não afasta-se da escola.
Esse trabalho em conjunto tem como objetivo o desenvolvimento do bem-estar e da
aprendizagem da criança. A escola também deve ser democrática e participativa para
despertar nos pais o interesse pelo desenvolvimento educacional dos filhos,
promovendo diferentes ações que façam com que os pais percebam que fazem parte
dela, tornando-se corresponsáveis, não apenas em eventos, reuniões, trocas de
informações, como também em todo o processo de ensino e aprendizagem e cotidiano
escolar.
O Serviço Social constitui-se uma profissão interventiva que possibilita a ligação
entre a família e a escola de uma forma mais ampla, articula e mobiliza essa
participação que contribuirá para a melhor convivência nas relações familiares e,
consequentemente, no processo de ensino-aprendizagem do aluno.
Nesse estudo, também podemos evidenciar o que pensam os coordenadores e
diretores da rede de ensino municipal, estadual, particular e de responsabilidade social
de Bauru sobre a importância do trabalho do Assistente Social nas escolas e afirmam:
92
Para mim é muito importante, pois o Assistente Social vem ajudar
no trabalho pedagógico junto a família e aos direitos das
crianças. O Serviço Social serve como um fortalecimento para
professores e coordenadores, pois eles nos ajudam além de
educar, compreender e intervir na realidade social de cada aluno.
(Coordenadora 1 - A. R. D. V., 31 anos)
Desde que iniciei no magistério percebi que as escolas, além de
professores e pessoal de apoio, necessitavam de outros
profissionais, como psicólogos e assistentes sociais. Hoje, creio
que podemos prescindir de psicólogos, a favor dos assistentes
sociais, que certamente poderão contribuir com mais amplitude.
(Coordenadora 3 – I. C. M., 62 anos)
A grande importância do Serviço Social na escola é o trabalho
com as famílias, por que as crianças são frutos do processo
histórico – cultural e não podem ser vistas apenas dentro de um
espaço educacional, mas sim, como um ser social. (Diretora 8 K. F. F. M, 53 anos)
É de fundamental importância, pois o contato com a família do
aluno (principal motivo da existência da escola) será realizado por
um profissional e essas informações facilitarão o trabalho
pedagógico dentro da sala de aula. (Coordenador 9 – P. P. C., 39
anos)
Ele é de grande importância. Em nosso Colégio seu auxílio é
realizar um trabalho junto ao setor administrativo verificando as
necessidades dos pais e funcionários e proporcionando um bom
atendimento. (Coordenadora 14 – T. S., 26 anos)
O trabalho do Assistente Social dentro da escola seria um apoio
ao trabalho pedagógico desenvolvido pelo professor, haja vista
que o professor detecta a dificuldade de aprendizagem e essa
pode estar relacionada a problemas sociais que terão a
intervenção do Serviço Social. (Coordenadora 16 – M. L. S. P. T.,
48 anos)
O Assistente Social é o profissional que trabalha com as relações
sociais e suas problemáticas, portanto é profissional
imprescindível na prática educativa, ainda mais nos tempos
modernos em que as necessidades sociais são muitas e estão
em constante mudança. (Diretora 20 – S. T. T. C., 40 anos)
Os entrevistados reconhecem a necessidade do assistente social junto à
educação, pois é um profissional com capacidade interventiva e articuladora. No
entanto, há aqueles que desconhecem seu trabalho quando afirmam:
93
Para ser sincera, não tive a oportunidade de trabalhar em
parceria com nenhum assistente social nas escolas em que atuei,
tanto na coordenação, quanto na prática de sala de aula. Dessa
forma, fica difícil uma resposta objetiva sobre o assunto. Quando
precisei de um aconselhamento, procurei orientação fora da
escola, mas o trabalho aconteceu, efetivamente, com a família da
criança e não dentro da escola. (Coordenadora 13 - G. G. D, 38
anos)
Notamos que alguns profissionais conseguem identificar o trabalho do Assistente
Social, porém não conhecem a profissão ou não tiveram oportunidades de contatos
profissionais com a mesma.
Quando questionamos coordenadores/diretores se acreditam que é importante o
trabalho do Assistente Social com as famílias dos educando, declaram:
Sim, as famílias têm se modificado nestes últimos tempos, o que vem
ocasionando fragilidade nas estruturas sociais, uniões desfeitas, outras
uniões familiares, que prejudicam o desenvolvimento das crianças.
(Coordenadora 3 – I. C. M., 62 anos)
Creio que sim, pois através de um trabalho frequente e preventivo junto
às famílias e alunos, o assistente social ajudará a minimizar grandes
problemas sociais que se evidenciam nos dias de hoje dentro das escolas
públicas e particulares. (Diretora 5 - M. C. M. S., 43 anos)
Sim. Muitas famílias não sabem os lugares que poderiam procurar para
tirar documentação, médicos e outros. Existem muitos projetos que o
Assistente Social poderia desenvolver em uma escola. (Diretora 7 – M.
M. C., 40 anos)
Sim, pois muitas vezes o problema apresentado pela criança dentro da
escola está dentro de sua casa e de sua família. Algumas famílias muitas
vezes não sabem lidar com determinadas situações por falta de
conhecimento de como agir e não por falta de vontade. Uma vez que
essas famílias são orientadas fica mais fácil resolverem os problemas.
(Coordenadora 12 - C. M. F., 51 anos)
Sim, como disse anteriormente, seu trabalho neste colégio que é
Instituição privada, está ligado ao desconto da mensalidade. Acredito que
em escolas municipais e publicas o atendimento envolva outros setores.
(Coordenadora 14 – T. S., 26 anos)
94
Sim, por que a família está deixando somente para a escola a
responsabilidade de educar, mas é necessário o trabalho em conjunto, a
parceria, que resultaria na melhoria da qualidade da aprendizagem do
aluno. (Diretora 15 – M. R. M. S., 42 anos)
Com toda certeza. Por que é necessário um trabalho de resgate da
família no que se refere à preocupação, compromisso e
acompanhamento da vida escolar do filho. (Coordenadora 16 – M. I. S. P.
T., 48 anos)
Sim, poderíamos conhecer com profundidade os lares, o que auxiliaria no
acompanhamento dos alunos na escola. E quem sabe não teríamos mais
as mentiras que somos obrigadas a ouvir, para justificar em pouco o
cuidado com a vida escolar dos filhos. (Coordenadora 17 – A. M., 50
anos)
Os indivíduos questionados reconhecem a importância do trabalho do Serviço
Social na escola, pois, praticamente a totalidade aprova e salienta a importância desse
profissional na área educacional.
O Parágrafo único do Capítulo IV do Estatuto da Criança e do Adolescente,
Artigo 53 (BRASIL, 2005, p.11) declara que: “é direito dos pais ou responsáveis ter
ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das propostas
educacionais”, ou seja, está prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescente como é
importante a convivência da família no contexto escolar.
Compor uma parceria entre escola e família pressupõe de ambas as partes a
compreensão de que a relação família-escola deve manifestar-se de forma que os pais
não responsabilizem somente a escola pela educação dos filhos e, por outro lado, esta
não pode eximir-se de ser corresponsável no processo formativo do aluno.
Na escola,a criança encontra alicerce para a sua formação, para tanto é
importante essa união entre escola e família para a formação do aluno não apenas
como aprendiz de uma educação sistematizada, mas como cidadão do mundo.
A educação deve ser centralizada na formação do caráter moral, emocional e
educacional dos indivíduos já apontado e é evidente que a família desempenha um
papel muito importante, pois os pais são os principais responsáveis pela educação do
filho tanto em casa, como na escola e, esta por sua vez, cabe formar cidadãos
capacitados para transformar a sua realidade.
95
A escola tem um papel pedagógico de formação e de socialização, ela recebe e
expressa às contradições da sociedade, por isso quando questionados sobre o maior
desafio que a escola e professores têm hoje para enfrentar, relatam:
Combater a realidade social que produz jovens sem “sonhos” e
sem preocupação com o futuro. (Coordenador 2 - R. D. F., 62
anos)
A desestruturação familiar que acaba refletindo na vida escolar
dos alunos. (Coordenadora 4 - N. B. P., 43 anos)
Desenvolver nos alunos o hábito de estudar, da leitura, escrita e
o gosto pela matemática, já que muitas vezes os alunos não
recebem este estímulo em casa com suas famílias e a
capacitação profissional dos professores. (Coordenadora 6 - A. C.
F., 31 anos)
É impossível citar o maior desafio, mas posso citar como grandes
desafios: a progressão continuada, a violência dentro e fora da
escola, a crise de valores da sociedade, o consumismo e o
individualismo, as complexas relações familiares. (Coordenador 9
– P. P. C., 39 anos)
Um dos problemas mais graves encontrados na escola refere–se
à estrutura familiar diversificada, ou seja, diferentes formas de
agrupamentos com necessidades específicas e a inserção da
mulher no mercado de trabalho torna a escola muitas vezes o
único local de referência para a criança. (Diretora 10 - S. A. R., 42
anos)
A falta de responsabilidade das famílias para com a vida escolar
(conhecimento/ aprendizagem) dos filhos. (Coordenadora 17 –
A. M., 50 anos)
Evasão escolar, problemas familiares e necessidades financeiras.
(Coordenadora 18 – C. B. F., 44 anos)
A falta de valorização do professor e da instituição escolar.
(Coordenadora 19 – M. M., 49 anos)
A questão familiar é citada por todos os relatos e nesse contexto o Serviço Social
tem grande contribuição a dar junto à instituição família, à política pública da Educação
e aos desafios que se apresentam para a elevação do rendimento escolar, bem como à
96
efetivação da escola como espaço de inclusão social e de formação cidadã das
crianças e jovens.
Terra (2001, p.12) coloca que apesar da escola ser um dos principais
equipamentos sociais, identifica-se um número pequeno de profissionais do Serviço
Social atuando junto dela. No entanto, percebemos que a área da educação tem se
constituído em um importante espaço de atuação do Assistente Social, já que o Serviço
Social no âmbito educacional tem a possibilidade de contribuir com a realização de
diagnósticos sociais, indicando possíveis alternativas à problemática social vivida por
muitas crianças e adolescentes, o que refletirá na melhoria das suas condições de
enfrentamento da vida escolar.
O baixo rendimento, desinteresse pelo aprendizado e evasão escolar, dentre
outros, tem sido muito citados como a grande dificuldade de avanços de determinados
alunos. São grande desafio para o Serviço Social, pois é responsabilidade e dever do
Estado promover a Educação, além de garantir o acesso e a permanência do aluno na
escola e o Assistente Social, com sua competência social, política, técnica e ética
poderá contribuir para a melhoria dessa realidade.
Quanto à relevância do trabalho do Assistente Social para a educação, os
sujeitos afirmam:
Conhecer a realidade social dos seus alunos e encurtar a
distância que a separa do universo familiar. O Serviço Social
deve contribuir para com ações que tornem a educação como
uma prática de inclusão social, de formação da cidadania e
emancipação dos sujeitos sociais. (Coordenadora 1 - A. R. D. V.,
31 anos)
Frente às novas necessidades sociais, o trabalho do Assistente
Social para a educação, seria auxiliar na superação das
desigualdades decorrentes dos processos de exclusão social.
(Coordenadora 3 – I. C. M., 62 anos)
Realização de um trabalho preventivo, minimizando os conflitos
sociais evidentes nos dias de hoje nas escolas. (Diretora 5 - M. C.
C. M. S., 43 anos)
97
Como um parceiro importante para alunos, professores e a
comunidade como um todo, elaborando diagnósticos,
encaminhamentos e providências. (Diretora 11 - R. A. D. S., 49
anos)
Sua contribuição é auxiliar no cuidado com a garantia de uma
boa qualidade de vida. Acompanhar e orientar as famílias,
auxiliando-as a encontrar respostas para os seus problemas. Isso
não significa resolver pela família. (Coordenadora 14 – T. S., 26
anos)
Seria no sentido de verificar o número excessivo de faltas e
levantar as possíveis causas, que identificadas podem ser
trabalhadas e assim a ação da escola seria mais efetiva. (Diretora
15 – M. R. M. S., 42 anos)
Um trabalho de parceria com o professor, orientando o aluno e
integrando a família no ambiente escolar. (Coordenadora 16 – M.
L. S. P. T., 48 anos)
A escola enquanto transmissora de conhecimento e cultura vem
perdendo essa identidade, incumbindo – se de trabalhar as
problemáticas sociais apresentadas pelas famílias. Assim, a
presença do Assistente Social na escola contribuiria para o
resgate da função escolar: o ato ensinar. (Diretora 20 – S. T. T.
C., 40 anos)
Verificamos que para os gestores das escolas há clareza na importância do
Assistente Social na escola e é justamente nas expressões da questão social que esse
profissional deverá atuar.
E ainda, dado a complexidade da realidade social e a crescente percepção de
que a escola está inserida neste processo, é necessário aprofundar essa relação
através de discussões que coloquem a função social da escola aproximando a família
do contexto escolar. O alto nível de pobreza e miséria que atingem a população
brasileira afeta de perto a atuação da escola, pois muitas crianças e jovens que
deveriam estar estudando estão trabalhando para o sustento de suas famílias. O
processo educacional não está alheio a isso, ou seja, o sistema de ensino se constitui
em um espaço de concretização dos problemas sociais.
Contudo, os profissionais da educação veem claramente a importância do
profissional de Serviço Social junto à educação, para amenizar os conflitos e resgatar
junto às famílias a real importância de seu papel na sociedade. Quando solicitados para
98
que conceituassem, o que seria mudado na realidade escolar a partir da intervenção
desse profissional, afirmam:
A intervenção do profissional dessa área facilitaria o trabalho da
direção, coordenação na análise e busca de soluções.
(Coordenador 2 - R. D. F., 62 anos)
Contribuiria mudando a realidade social de muitos de nossos
educandos e suas famílias, pois estes, não sabem a quem
recorrer quando necessitam de um atendimento e a intervenção
do assistente social supriria essa deficiência que a escola, por
maiores que sejam nossos esforços, não conseguiu atende.
(Coordenadora 4 - N. B. P., 43 anos)
Esclarecimento aos professores da realidade vivida pelos alunos
auxiliando os professores na forma de trabalhar com estes
alunos. Melhoria da aprendizagem. (Coordenadora 6 - A. C. F.,
31 anos)
As ações pedagógicas poderiam ser mais efetivas e o contato
com a família nas mais duras questões: aprendizagem, disciplina,
socioeconômicos, falta de higiene pessoal, inclusão, poderiam
ser mais eficientes e seguras. (Coordenador 9 – P. P. C., 39
anos)
Agilidade na busca de solução, maior eficiência nos diagnósticos,
ênfase na valorização da família e do educando como atores e
sujeitos construtores de sua história. (Diretora 10 - S. A. R., 42
anos)
Nossos alunos teriam um acompanhamento em concomitância
com um trabalho com a família, aluno motivado, família
compromissada e responsável = aprendizagem de qualidade.
(Coordenadora 16 – M. L. S. P. T., 48 anos)
Como um elemento de ligação (visitação às famílias) em trabalho
de campo, verificação e acompanhamento das dificuldades de
relação entre escola e família. Poderíamos trabalhar na reconscientização da importância da família em acompanhar a vida
escolar dos filhos. (Coordenadora 17 – A. M., 50 anos)
Haveria um cuidado com os aspectos técnicos quanto ao trabalho
de assistência que não tem espaço no cotidiano escolar por falta
de pessoa. (Coordenadora 19 – M. M., 49 anos)
99
Os profissionais entrevistados entendem que é de vital importância para o bom
funcionamento da escola a inserção do Assistente Social na educação, pois ele
trabalhará diretamente com a família e a equipe educacional melhorando o processo de
ensino-aprendizagem.
O direito à educação, bem como o direito ao acesso e permanência na escola,
tem sido garantido reiteradamente pelos instrumentos legais, tais como a Constituição
Federal (1988), Estatuto da Criança e do Adolescente (lei 8069/90) e pela lei de
Diretrizes e Bases da Educação (9394/96) dentre outras.
Um dos maiores desafios que o Assistente Social vive no presente é o de
desenvolver a sua capacidade de decifrar a realidade e construir propostas de trabalhos
criativos e capazes de efetivar direitos de acordo com as demandas que surgem no
cotidiano bem como ser um profissional propositivo e não apenas executivo.
(Iamamotto, 2006).
A educação faz parte das condições para a existência digna de uma pessoa, que
fará com que esta seja um cidadão crítico.
Os Projetos de Lei (PL) n.º 3.688 de 2000 e n.º 837, de 05 de julho de 2005,
dispõem sobre a introdução do Assistente Social no quadro de profissionais da
educação da escola pública, levando pontos centrais da aproximação do Assistente
Social ao campo educacional, porém falta ainda maior compromisso político para que
tais projetos se efetivem.
Desta maneira, enfatizamos que há, verdadeiramente, a necessidade deste
profissional na educação, pois no cotidiano escolar enfrentamos complexas questões
sociais, cujo conhecimento pedagógico não consegue enfrentar sozinho, sendo
necessário outros saberes como o do Assistente Social.
Compreendemos que a prática profissional do Assistente Social não está firmada
sobre uma única necessidade. Sua especificidade está no fato de atuar sobre várias
necessidades. Assim, para que esta prática contribua no processo educacional é
preciso que seja crítica e participativa e esteja relacionada com as dimensões
estruturais e conjunturais da realidade, ou seja, embasada no conhecimento da
realidade em sua totalidade.
100
A inserção do Serviço Social na escola constitui uma decisão política de
fortalecimento das políticas sociais. Hoje, professores e diretores desdobram-se na
tarefa de ouvir, compreender e mediar sozinhos as influências da dura realidade social
sobre a vida escolar.
Perguntamos aos profissionais da educação a opinião de cada um, sobre o que a
categoria dos Assistentes Sociais deveria fazer pra ser efetivada a sua inserção no
sistema educacional e obtivemos as seguintes respostas:
Demonstrar a importância do trabalho com projetos para a escola
pública, iniciando com atuação de estagiários, para, aquisição de
experiências na escola e pleitear inserção desses profissionais no
sistema educacional. (Coordenadora 3 – I. C. M., 62 anos)
Acredito que um primeiro passo, você está realizando, mostrar
através de seu trabalho de conclusão de curso as necessidades
que a educação vem enfrentando frente às novas necessidades
sociais e como seria imprescindível a atuação do profissional nas
escolas. (Coordenadora 4 - N. B. P., 43 anos)
Trabalhar a política pública, na sua essência, através de ações
junto aos órgãos competentes para definitivamente incluir
assistentes sociais, psicólogos e outros profissionais nas escolas
como parceiros no processo educacional. (Diretora 8 - K. F. F. M.,
53 anos)
Procurar uma maior união com os professores para juntos
realizarem um movimento de conscientização da sociedade e
forçar os legisladores a criar uma lei que obrigue as escolas a
contratarem um ou mais assistentes sociais (a partir da
quantidade de alunos) por escola. (Coordenador 9 – P. P. C., 39
anos)
Mobilizar os órgãos competentes para a criação do cargo.
(Diretora 15 – M. R. M. S., 42 anos)
Movimentação CRESS, CFESS e outros órgãos no sentido de
criar o cargo dentro das escolas públicas. (Coordenadora 16 – M.
L. S. P. T., 48 anos)
De início, conseguir espaço para estagiários nas unidades
escolares. (Coordenadora 19 – M. M., 49 anos)
101
Necessidade de reconhecimento dessa emergência pela
categoria que também deve reivindicar a sua atuação na área da
educação. (Diretora 20 – S. T. T. C., 40 anos)
Por isso a grande maioria dos profissionais entende que para a inserção do
Assistente Social na escola, são necessárias maiores mobilização da categoria,
parcerias com professores, elaboração de projetos que demonstrem para todas as
escolas a importância desse profissional na educação e, inclusive, uma luta do
sindicato inserção de alunos estagiários em unidades escolares. Acreditam que tornarse conhecido é uma tarefa exclusiva do Assistente Social.
O Assistente Social tem um papel fundamental nesse país subdesenvolvido. O
Serviço Social Escolar tem um significado político e social muito forte, pois bem
sabemos que é na escola que se configuram muitas das expressões da questão social,
tais como violência, desemprego, miséria, abuso sexual, dependência de substâncias
psicoativas, entre outras. Um dos objetivos do projeto Serviço Social Escolar é
assegurar que nas escolas sejam avaliadas, elaboradas e executadas ações
preventivas e de enfrentamento às situações emergentes que expressem violência,
dificuldades interpessoais entre alunos, familiares e funcionários, além das ações de
ordem sócio-econômica que afetam os estudantes na sua totalidade. Logo, é fácil
tornar-se conhecido, basta conquistar e abrir espaços.
102
6 CONCLUSÃO E SUGESTÃO
Os objetivos gerais da pesquisa é evidenciar a importância da participação da
família na vida escolar dos seus filhos, bem como o papel do Assistente Social na
instituição escolar, sendo os específicos identificar o papel das famílias no processo de
aprendizagem dos filhos; desvendar as estratégias utilizadas pelas famílias no processo
de participação da vida escolar de seus filhos; investigar a inserção do assistente social
junto às escolas e desvelar o papel do Assistente Social frente a essa realidade.
O problema apresentado é a importância da participação das famílias na
educação dos filhos e o papel do Serviço Social nessa relação.
As análises realizadas evidenciam que pais/responsáveis têm um papel
significativo na vida dos seus filhos. O envolvimento, dos mesmos através do
companheirismo, do carinho, da atenção, da disponibilidade, ajuda-o a sentir motivado,
a buscar o êxito na escola. Sua participação diária na vida da criança acentua o fato de
que a educação do filho vale o tempo despendido. O apoio, a interação nas lições, nas
reuniões de pais e mestres, nas festas, entre outras, são necessárias ao longo de todo
o período escolar.
Assim, o papel da família no processo de aprendizagem dos filhos é de extrema
importância no qual se fazem presentes a participação e acompanhamento.
Os dados obtidos, como toda investigação que possui caráter científico, revelam
que no decorrer da pesquisa fica evidente que a questão cultural dos pais/responsáveis
é crucial no tocante à participação, pois na visão dos mesmos, a participação acontece,
com sua concepção, enquanto que para os profissionais, muito tem que ser melhorado
evidenciando que é restrita. As estratégias de acompanhamento do processo escolar
do filho, utilizadas pelos pais responsáveis, são a participação em reuniões, a presença
diante das convocações e eventos da escola.
Desta forma, concluímos que embora os dados coletados dos pais responsáveis
apontam para a participação da família no processo de ensino e aprendizagem do seu
filho, e os dados dos profissionais apontem para uma não participação desses pais,
afirma-se ainda que os mesmos não podem ser caracterizados como participantes e
103
não participante, uma vez que os aspectos culturais são de extrema influência para que
tal fato ocorra, porém a participação deve ser mais de co-responsabilidade do que de
atendimento a chamados ou a convites. Em contrapartida, os profissionais buscam
nessa presença o momento de aproximação para que possam trocar informações sobre
a criança e o respectivo processo de aprendizagem.
Quanto à inserção do assistente social junto às escolas, percebemos que há uma
aceitação muito grande por parte dos coordenadores e diretores das instituições em
geral e muitos veem nesse profissional a solução para os problemas de ordem social e
familiar encontrados na escola. Concebem o assistente social como um parceiro que
virá para somar saberes e facilitar a prática do trabalho pedagógico, porém enfatizam a
necessidade da categoria tornar conhecido o seu trabalho junto às escolas.
Quanto ao papel do assistente social frente à realidade escolar, podemos dizer
que são inúmeros, porém os que mais destacam-se, são os projetos voltados ao
trabalho com as famílias; estudo sócio econômico para conhecimento da realidade;
participação em equipe multidisciplinar e articulação com as demais políticas sociais.
Portanto, a hipótese sugerida e comprovada é que a participação das famílias na
educação de seus filhos é imprescindível para a formação da personalidade dos
mesmos, pois quando a família participa de forma mais direta no cotidiano escolar, os
filhos apresentam um desempenho superior em relação àquelas cujos pais estão
ausentes, evidenciando sua capacidade de intervir na defesa e efetivação dos direitos
sociais, e o Serviço Social frente a essa demanda faz uma articulação entre o aluno,
escola e família.
A instituição familiar e escolar tem seu papel na vida de qualquer criança, esse por
sua vez só pode ser constituído a partir dos conhecimentos passados pela família
juntamente com os conhecimentos acadêmicos que só a escola fornece.
Mediante tais resultados, apresenta-se a seguinte sugestão: a inserção do
Assistente Social nas unidades escolares de ensino público, municipal, particular e de
responsabilidade social da cidade de Bauru.
Através desse estudo, observamos que é de suma importância a inserção do
Assistente Social nas unidades escolares para aproximar a família da escola, criar um
elo que, infelizmente, não existe nos dias atuais. Com esse resgate, as famílias se
104
tornarão mais participativas, e consequentemente, o processo ensino aprendizagem
apresentará relevância qualitativa.
105
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112
APÊNDICE
FORMULÁRIO PARA APLICAR COM OS PAIS / RESPONSÁVEIS DO CEISA.
Nome:
Idade:
Profissão:
( ) Feminino
( ) Masculino
1. Você acha que o estudo é importante para seu filho? Porque?
2. Como você acompanha o processo de aprendizagem de seu filho? Justifique
3. Você conhece a Escola de seu filho?
4. Você sabe qual é o método de ensino que a escola utiliza?
5. Você foi convidado a participar do projeto político pedagógico da escola do seu filho?
6.Você participa ou já participou de algum evento na escola de seu filho? Como?
7. Você só participa quando é convocado ou quando sente necessidade? Porque?
8. Você atende as convocações da escola? Porque?
9. Você acha importante a participação da Família na escola? Porque?
10. Você conhece os representantes de sua escola? O que acha deles?
11. Você gostaria de ter mais retorno/informações da escola? Porque?
12. Qual a sua opinião sobre as reuniões marcadas pela escola?
13. Como vocês ficam sabendo das reuniões e atividades da escola?
14.Você vai a todas as convocações da escola? Por que?
15. Quais os pontos negativos das reuniões da escola que mais te incomoda?
16. Quais os pontos positivos das reuniões da escola que mais você mais gosta?
17. Para você, o que é participar?
113
FORMULÁRIO PARA APLICAR COM OS PROFESSORES, QUE OBSERVAM A
PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA ESCOLA (CEISA).
Nome:
Idade:
Profissão:
( ) Feminino
( ) Masculino
1. Você acredita que os pais têm interesse pelo processo de ensino e aprendizagem de
seus filhos? Como?
2. Eles freqüentam normalmente a escola ou só vem quando chamado? Por que?
3. Como você vê a participação dos Pais na Escola?
4. Nas reuniões tem muita ausência? A que você atribui essa ausência dos pais?
5. A presença dos pais está relacionada com o desempenho escolar do filho?
6. Você acha necessário que sejam desenvolvidas atividades buscando mais
participação da família na escola em que você atua? Por que? Quais?
7. Você conhece os pais de seus alunos? Se sim, como conhece? Se não, o que faz
para conhecê-los?
114
QUESTIONÁRIO PARA APLICAR COM OS COORDENADORES E DIRETORES DAS
ESCOLAS DE BAURU
Nome:
Idade:
Profissão:
( ) Feminino
( ) Masculino
1. Qual é a importância para a sua profissão o trabalho do Assistente Social dentro da
escola?
2. Você acredita que é importante o trabalho do Assistente Social com as famílias dos
educando? Justifique o por que?
3. Qual maior desafio que a escola e professores tem hoje para enfrentar?
4. Qual a melhor forma do Assistente Social contemporâneo mostrar para o Estado a
relevância do seu papel na área educacional?
5. Para você é fundamental a intervenção do Assistente Social na educação. Descreva
com suas palavras, o que mudaria na realidade escolar essa nova intervenção?
6. O que a categoria deveria fazer pra ver efetivado mais rapidamente a sua inserção
no sistema educacional?

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