ecológicas de hoje educam seus filhos com a fábula do Dr. Seuss
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ecológicas de hoje educam seus filhos com a fábula do Dr. Seuss
n ão h á n a da m a is eco ló gi co d o qu e a sfa lto ? | 199 ecológicas de hoje educam seus filhos com a fábula do Dr. Seuss, O Lorax, que retrata uma cidade cruel destruindo uma paisagem outrora bonita.7 Os verdadeiros ambientalistas deveriam enviar suas cópias desse livro para reciclagem e denunciar a falácia de Lorax de que as cidades são ruins para o meio ambiente. Os pioneiros dos arranha-céus, como William Le Baron Jenney e A.E. Lefcourt, são guias melhores para um futuro mais verde do que Henry David Thoreau. O sonho de viver em um jardim Certamente é injusto só destacar Thoreau por defender a vida em regiões com baixo adensamento populacional. Por milênios, os escritores vinham elogiando as virtudes da volta à natureza, o que fazia mesmo algum sentido antes de as cidades terem conseguido água potável. O poeta clássico Horácio, que deixou a fazenda de seu pai para estudar em Atenas e Roma, escreveu: “O coro de escritores, individual e coletivamente, detesta a cidade e anseia pelo bosque sagrado”.8 No início do século XIX, o prazer de viver no campo durante a velhice, na Inglaterra, ganhou uma das melhores equipes de relações públicas de todos os tempos: Wordsworth, Coleridge, Keats, Shelley e poetas românticos seus amigos,9 todos exaltavam o esplendor da vida no campo. Esses poetas estavam reagindo à primeira explosão de urbanização industrial. Compreensivelmente, eles viam mais poesia no outono ou na brisa vinda do oeste do que em uma fábrica têxtil. Byron foi um dos poucos defensores do movimento ludista na Câmara dos Lordes. Em certo sentido, os anos de Thoreau em Walden corresponderam apenas a uma versão mais extremada da vida de Wordsworth em Lake District. De fato, nenhum deles foi louco ao fugir da doença e da desordem das cidades do século XIX, onde a vida era muitas vezes sórdida, embrutecida e curta. O amor romântico pela natureza se espalhou para as áreas mais práticas da arquitetura e do planejamento urbano. John Ruskin foi criado na Londres do início do século XIX, mas como crítico de arte instou os pintores a “se voltar para a natureza com toda a singeleza do coração. [...] não rejeitando nada e não selecionando nada”.10 Ele detestava a padronização que marcou tanto a industrialização quanto as formas clássicas de arte. Preferia os caprichos da natureza e as estruturas góticas. Ruskin foi também um dos primeiros defensores do planejamento urbano.11 Ele defendia que “de qualquer parte da cidade deveria ser possível alcançar, com poucos minutos de caminhada, o ar perfeitamente fresco, áreas com gramado e a vista do horizonte mais distante”.12 Tinha em mente uma cidade compacta e murada, cingida por um “cinturão de belos jardins e