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FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES NA AGRICULTURA DO ESTADO DE GOIÁS Novembro/2008 Cezar Ramos ANO VII - N° 63 Encontro da Juventude Cezar Ramos Fátima Cristina Com o tema: Sucessão Rural: Por que a juventude está saindo do campo? Jovens trabalhadores rurais de todo o Brasil reuniram-se para debater políticas públicas para o campo. Página 12 25 DE NOVEMBRO Saiba como as mulheres do município de Edéia celebraram o Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher. Página 9 PLENÁRIA NACIONAL DAS MULHERES Trabalhadoras rurais definem estratégias para avançar no processo de organização das mulheres no MSTTR. Mario Parreira Página 8 SAÚDE E GÊNERO NO CAMPO Trabalhos em grupo são destaque no módulo III do projeto Saúde e Gênero no Campo. Página 5 02 Edição n° 63 •- Novembro/2008 JORNAL DA FETAEG Fátima Cristina EDITORIAL O ano de 2008 foi positivo para a categoria de trabalhadores e trabalhadoras rurais. Conseguimos bons resultados com o número de famílias assentadas e aumento de créditos para essas famílias. Avanços na luta com relação à recuperação das agrovilas, grupo crescente no crédito fundiário. Melhoria nos créditos para o agricultor familiar que este ano pôde ter uma nova casa por meio do programa “Nova Morada”, que disponibilizou recursos para construção de mais de 400 casas para trabalhadores rurais em Goiás. A nossa principal bandeira é a mação sindical, fazer com que a luta pela terra e a manutenção do mulher seja mais participativa e homem do campo no campo. Por conheça seus direitos, trabalhar com isso, precisamos fazer com que as ações sociais, a agenda é bem ampla. aplicações dos recursos do governo Em 2009 o destaque será a camFederal sejam efetivadas na prática. panha de sindicalização, precisaCom isso o saldo será positivo para mos mostrar ao trabalhador e trabaas conquistas no campo. Em agosto lhadora a importância de estar denaconteceu o 8º Congresso do tro do sindicato. Não só de filiar, Movimento dos Trabalhadores (as) mas participar da vida ativa do sinRurais no qual fui eleito e, onde cons- dicato, fazer os cursos. truímos uma plataforma de mandaQueremos que esses trabalhato para os próximos anos. dores que não são filiados, estejam Nas convenções coletivas tive- participando do sindicado, da fedemos avanços significativos para os ração e da confederação. Somente assalariados. Mas, ainda existe o assim seremos ainda mais fortes no desafio no segmento canavieiro. Os estado de Goiás. Juntos, muito cortadores de cana que vão perder o mais é possível. A conquista que emprego, que estão deixando de cor- tivemos ao longo dos anos é portar cana. Por mais que essa profissão que estamos juntos. Apesar de seja considerada como sofrida, qua- todas as dificuldades temos 115 sinlificada, como degradante, eles não dicatos no estado. Temos a maior vão mais receber seu salário para sus- confederação da América Latina a tentar a família. Contag. Nós somos fortes e sereEsse é um desafio. Resolver a mos ainda mais fortes a partir do situação desse trabalhador rural. momento em que os trabalhadores Qualificá-lo, fazer com que migre entenderem que podemos ser a para outra área, onde possa ter um categoria mais forte do país. emprego, ganhar mais, e manter a Outro assunto que merece relefamília. Agora temos muito mais vância é a organização da produção e a para os anos que virão. Melhorar a comercialização desses produtos da saúde e educação no campo, a for- agricultura familiar. A viagem à Europa foi uma conquista e um desafio, para próximo ano precisamos estar preparados para vender os produtos que encontramos saídas no exterior. Contudo, venho dizer que nesta época do ano é momento de reflexão. É nesse mês que devemos avaliar o que passou e traçar metas para ano seguinte. Devemos pensar não só como família mas como comunidade. Para refletir nossa historia e do nosso país. Pensar como vamos mudar as coisas que nos afligem. Principalmente, nós agricultores familiares, assalariados, aposentados, enfim, os trabalhadores que lutam pela terra. No Natal e Ano Novo é quando as famílias se encontram para conversar, abraçar e matar a saudade. Acima de tudo, que Deus nos dê entendimento, compreensão, coletividade e solidariedade. Em nome de todos da Fetaeg desejo um ótimo Natal e um Ano Novo repleto de realizações e conquistas. Então que venha o próximo ano com o Congresso da Contag, o Grito da Terra Brasil e em Goiás e tantas outras lutas. Elias D' Angelo Borges Presidente da Fetaeg Historiador lança livro sobre origem rural de Itapuranga O historiador e professor Valtuir Moreira da Silva lançou em 28 de novembro o livro “Itapuranga e a (re)invenção do cotidiano”. O objetivo do escritor foi narrar à trajetória de organizações rurais do município, mostrando as inúmeras representações existentes que ainda não foram evidenciadas, como a Sociedade da Vaca, Sociedade do Adubo, Associação dos Lavradores do Xixá. A obra, que tem 216 páginas ilustradas, com fotografias históricas retiradas de documentos das inúmeras instituições pesquisadas e dos arquivos pessoais dos personagens e entrevistados da obra. A entrevista foi uma das principais metodologias de história oral utilizadas como forma de pesquisa para construir a obra. Valtuir ouviu muito dos sujeitos históricos que participaram das experiências narradas, além de recorrer aos documentos de arquivos do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Itapuranga, Diocese de Goiás, Comissão Pastoral da Terra (CPT), documentos recolhidos na Prefeitura da cidade e Delegacia de Polícia Civil. www.fetaeg.org.br A primeira edição de “Itapuranga e a (re)invenção do cotidiano” é o segundo livro escrito por Valtuir Moreira da Silva e tem o apoio cultural do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Cooperativa de Agricultura Familiar de Itapuranga (Cooperafi). Perfil Valtuir Moreira da Silva, 39, graduado, mestre e doutor em História, é professor da Universidade Estadual de Goiás (UEG) de Itapuranga, onde leciona História da América e História Regional nos cursos de graduação e pós-graduação. Além da docência, ele coordena grupos de pesquisa e o projeto de extensão Contando história na sala de aula. Valtuir é membro da Associação de Radiodifusão Comunitária de Itapuranga, entidade mantenedora da Rádio Alternativa 87,9 FM, e assessorou o Projeto de Capacitação de Formação de Educadores do Campo, coordenado pela Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Goiás (Fetaeg). JORNAL DA FETAEG FETAEG – Filiada à CUT Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás Órgão de representação do Trabalhador Rural, com sede à Rua 16-A, lote 2-E, nº 409, St. Aeroporto, Goiânia - GO, CEP 74075-150 Fone: (62) 3225.1466 - Fax (62) 3212.7690 - (62) 8114.0202 - Email: [email protected] Presidente: Elias D'Ângelo Borges / Vice presidente e Sec. de Assalariados: José Maria de Lima / 1ª vice presidente e Sec.Políticas Sociais: Sueli Pereira e Silva / 2ª vice presidente: Antonio Lucas Filho / Sec. Geral e Política Sindical e Formação: Alírio Correa / 1ª Sec e Sec. de Política Agrária: Sandra Pereira Faria do Carmo / 2º Sec. e Sec. de Agricultura Familiar: Divino Goulart da Silva / 3º Secretário: Wilson Hermuth Gottems / Tesoureiro Geral e Sec. de Administração: Alair Luiz dos Santos / Secretária da Mulher Trabalhadora Rural: Ana Maria Dias Caetano / Secretária de Juventude: Eliane Divina Pereira Rosa Produção e Edição: TAMBAÚ COMUNICAÇÃO - Luiz Henrique Parahyba, Mário Parreira e Fátima Cristina; Diagramação e Arte: Paulo Batista - Tiragem: 6.000 exemplares O JORNAL DA FETAEG necessariamente não se responsabiliza pelas opiniões dos seus colaboradores ou entrevistados. JORNAL DA FETAEG 03 Edição n° 63 •- Novembro/2008 Agricultores goianos fazem o Roteiro do Algodão “Nunca viajei de avião, mas deve ser bom”, frase forte e com olhar no horizonte; foi assim na madrugada do dia 02 de novembro quando encontramos Ildeu Medeiros. Ele é assentado no município de Novo Planalto - GO. Já plantou algodão e quer se aperfeiçoar para continuar sua produção. Ildeu fez parte da delegação goiana que participou do intercâmbio do Algodão, viajando aos estados da Paraíba e Ceará O grupo composto de trabalhadores e técnicos conheceram fábricas de fios em João Pessoa e Campina Grande no estado da Paraíba. Na capital paraibana, o responsável pela UNITEXTIL, Amarildo de Paiva, garantiu que a empresa tem uma preocupação ecológica com o têxtil e prefere comprar a matéria prima de produção orgânica e familiar. No brejo paraibano, na cidade de Sapé, os participantes do intercâmbio, conheceram também a estação da EMEPA – Empresa Paraibana de Pesquisa Agropecuária – que desenvolve um trabalho de pesquisa com abacaxi. A visita foi motivada por outra demanda apresentada aos agricultores goianos, que estão abrindo mercado para exportação da polpa do abacaxi para a Europa. Ainda na região do brejo paraibano, os trabalhadores e técnicos conheceram o Projeto de Assentamento “MARGARIDA ALVES”. Acompanhados pelo engenheiro a g r ô n o m o d a E M B R A PA ALGODÃO, Felipe Guimarães e Lindemberg Figueiredo do Comitê de Entidades no Combate a Fome e pela Vida, o grupo conheceu a "parcela" do agricultor familiar Joselito Antônio da Silva, que tem 6 hectares e produz algodão no sistema orgânico. Joselito disse que o Projeto de Assentamento existe dede 1994 no município de Juarez Távora. A comunidade dispõe de prensa, descaroçadeira e enfardadeira, cedidas pelo COEP e EMBRAPA. A comunidade local tem a participação de estudantes da UFPB, na elaboração dos projetos e desenvolvimento da produção de algodão. Segundo informações de Joselito Antonio, neste ano a comunidade de "Margarida Alves" deve produzir cerca de 50 toneladas de algodão orgânico. A delegação goiana conheceu a ERVEST, uma fábrica de fios que compra matéria prima da agricultura familiar. Ainda, em Campina Grande, os agricultores e técnicos goianos visitaram a COOPERNATURAL, uma cooperativa de empresários do comércio varejista de roupas e também de artesãos. Quem apresentou a dinâmica da cooperativa foi a diretora presidente, Maysa Motta Gadelha. Segundo a presidente, a cooperativa exporta para 11 países os seus produtos. “Já produzimos algodão, agora estamos incentivando a produção de Agricultores de Goiás e Parahyba Fotos: Luiz Henrique Parahyba Experiência do nordeste pode alavancar cultura em Goiás Algodão irrigado - Bonsucesso algodão colorido orgânico”, disse Maysa aos trabalhadores goianos. No sertão paraibano na cidade de Patos, o grupo conheceu a CAMPAL – Cooperativa Mista de Produtores que existe desde 1951. Mário Lemos, presidente da cooperativa, afirma que tem condições de comprar toda a produção de algodão da região. A CAMPAL ainda produz sementes para os agricultores familiares. Um lote dessas sementes chegou até o Sítio Catolezinho, no município de Bonsucesso. Os membros da delegação goiana ficaram empolgados com a produção de Raimundo Marcos Ferreira; 3 hectares e garante que vai colher 2.500kg de algodão por hectare. Ele é acompanhado por um técnico da CAMPAL. Na região são 20 hectares de algodão branco. O grupo chegou ao município de Pedra Branca no Ceará. A Tecelagem Nossa Senhora de Fátima é anunciada como uma empresa de boas práticas ecológicas. Segundo a direção, a empresa reutiliza água, retalhos e subprodutos da indústria, servem para a fabricação de peças de segunda linha. No pátio da Tecelagem, encontramos dois fardos de algodão colorido produzido em Goiás. A diretora da empresa garante que os primeiro contato foi realizado com assessores da FETAEG durante uma feira no Rio Grande do Sul. Retornando a Paraíba, os trabalhadores visitaram a Unidade da EMBRAPA-ALGODÃO. O engenheiro agrônomo Waltermilton Cartaxo, ouviu os trabalhadores e técnicos goianos, sobre o roteiro de trabalho do Algodão. A EMBRAPA se colocou à disposição para continuar o incentivo a cultura do algodão e distribuiu material sobre o trabalho desenvolvido pelos técnicos da empresa. Segundo Elias D'Angelo Borges, presidente da FETAEG, a direção da entidade vai apostar nos resultados dos intercâmbios realizados pelos trabalhadores goianos. “A nossa parceria com o FIALGO e com a EMBRAPA é sólida e tem bons resultados”, afirmou Elias. Para o ano de 2009, a FETAEG e o FIALGO, vão investir em na cultura do algodão, incentivando assentados e agricultores familiares na região norte do estado. 04 Edição n° 63 •- Novembro/2008 JORNAL DA FETAEG Agricultura familiar: um bom negócio Leite, milho e alho movimentam a economia no "Vale do Inajá" em Caturaí res (parte arrendada) e vende 15 mil/mão de milho para as pamonharias da capital. "É um bom negócio, vendo ao preço de 16 reais/mão - cada mão de milho são 60 espigas. Moisés Correia é casado com Kátia Alves, tem duas filhas e todos cuidam da propriedade, ele é o tradicional agricultor familiar. Com 50 vacas, ele consegue uma produção de 300 litros de leite/dia. "O preço está bom, supero as crises e vendo o litro por 72 centavos para uma multinacional", comemora Moisés. Aproveitando o potencial de água na região do "Vale do Inajá", Moisés, igualmente com o Gentil, planta e comercializa, arroz, feijão e o milho. A palha do milho é aproveitada para ração dos animais. O leite tem controle de qualidade e é armazenado num resfriador de 800 litros. "Vou comprar um resfriador de 2 mil litros", anuncia Moisés. Aproveitando o sucesso do negócio e a superação das crises, Moisés diz: "Não pensamos em ganhar muito, queremos ter as despesas cobertas, temos o mínimo de lucro nos negócios". participa das reuniões e cursos, sempre tem mais chances de produzir melhor e ter mais lucros", salienta a presidente. Elias D'Angelo Borges, presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás (FETAEG) - entidade que congrega 110 sindicatos de trabalhadores rurais - diz que os programas de financiamento para a Agricultura Familiar no Brasil, têm ajudado o crescimento dos negócios. "O êxito do agricultor Moisés, em parte, foi possível por causa do acesso ao crédito do PRONAF Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar. No caso da mini-indústria do Sr. Gentil e Dona Antônia, o Governo Federal, segundo Elias Borges, precisa oferecer condições para esse tipo de negócio sem tirar o trabalhador rural da sua atividade principal na agricultura, ou seja, facilitar a "vida fiscal" do agricultor que produz alimentos e agrega valor com processamento do produto. Luiz Henrique Parahyba As margens do Córrego Inajá, no município de Caturaí, é possível encontrar grande produção de alimentos em várias pequenas propriedades rurais. São os AGRICULTORES FAMILIARES bemsucedidos no "Vale do Inajá". O endereço certo é a Fazenda São Jorge, comunidade Santo Antonio dos Lopes, casa do Sr.Gentil Ferreira da Luz e dona Antônia Ferreira. Milho, alho, feijão, arroz e uma grande variedade de frutas - mamão, laranja e banana. Tudo isso numa área de 35 hectares. Mas a aposta principal do Sr.Gentil e dona Antônia, é o alho. Ele começa a conversa com uma constatação: "O nosso alho nacional está acabando", reclama Gentil da importação do alho argentino e chinês. "Aqui na região tínhamos mais de mil vendedores ambulantes de alho, hoje são pouco mais de cem", pontua. A realidade econômica do mundo não assusta e não abafa o negócio na "Fazenda São Jorge". Produzindo mais de 30 toneladas de alho, Gentil e Antônia fazem da pequena produção um grande negócio. O alho tem três caminhos: venda no varejo nas cidades vizinhas; comercialização para o estado do Piauí e a fabricação de tempero. Dona Antônia cuida da mini-indústria de tempero (Sabor Crem'Alho) e vende para os supermercados da região. "Estou buscando atender o comércio de Goiânia", diz ela, com um tom empreendedor. A produção de milho tem endereço certo: as pamonharias de Goiânia. Sr. Gentil diz que o milho é de melhor qualidade o que garante um delicioso sabor da pamonha consumida pelos goianienses. Mas se o negócio é milho, a conversa é com o Moisés Correia da Silva, ele tem uma área de 53 hecta- ORGANIZAÇÃO DA CATEGORIA Gentil e Moisés são agricultores familiares que participam ativamente de organizações de classe. Eles são sócios do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadores Rurais (STTR) de Caturaí. Ilda Ferreira da Costa, presidente da entidade, confessa que os agricultores que tem sucesso, na maioria das vezes, há um histórico de participação no sindicato. "Quem Hilda, Elias e Moisés Resultados Positivos Fátima Cristina Viagem realizada em outubro à Europa poderá render bons frutos. Reunião em Uruana O presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás (Fetaeg), Elias D' Angelo Borges, esteve em viagem no Vale do São Patrício, nos municípios de Uruana e Jaraguá, para repassar aos representantes dos produtores algumas especificações necessárias para exportação de frutas à Europa. Em Uruana, a reunião aconteceu na sede do Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) com o presidente do sindicato, Mário Rodrigues Braga, o presidente da Associação dos Produtores de Melancia e Irrigantes de Uruana e Região (ASPMIUR), Márcio Velasco, o representante da Secretaria da Agricultura (SeagroUruana), Francisco Delmont, e o presidente da Cooperativa dos Produtores de Uruana (Coopruana), Carmo Barbosa. A cidade de Uruana é destaque na produção de melancia, fruta de interesse na Polônia. “Geralmente, o peso das melancias varia de 15 a 20 quilos, mas para o mercado na Polônia as frutas devem ter no máximo oito quilos. A demanda é de 400 toneladas ano,” diz o presidente da Fetaeg. Essas, são algumas das recomendações necessárias para a exportação das frutas de Goiás. Elias foi falar um pouco sobre a viagem e verificar se há interesse dos produtores em realizar essas adequações. De acordo com Mário Velasco, para que parceria ocorra vai depender da união de todos. “Vamos unir com a cooperativa e expor para os agricultores as exigências solicitadas. Creio que seja possível, sim.” explica o presidente da ASPMIUR. Em Jaraguá, estiveram presentes no Centro Tecnológico da Moda (CETEMJ), o presidente da Cooperativa dos Produtores e Agricultores Familiares de Jaraguá e Região (Cooperfamiliar), Geraldo de Deus, o engenheiro agrônomo, Laércio Cordei- ro, o presidente do Sindicado de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais da cidade, Vanderlei Ribeiro de Souza e o agricultor familiar, Adenilson Cavalcante. Em breve na cidade funcionará uma fábrica para beneficiamento do abacaxi, com produção de polpa, por isso a urgência da reunião. “O mercado tem interesse no concentrado da fruta e a fabrica terá que realizar algumas modificações para produzir o concentrado”, pontua Elias. O mercado europeu tem preferência pelo abacaxi gold (que se destaca por ser mais doce que outras variedades da fruta, ter casca e polpa amarelas, formato retangular e a folha não têm espinhos). De acordo com Elias, parcerias serão buscadas com a UFG e Embrapa Arroz e Feijão para plantio dessa variedade da fruta e para assistência técnica para esse experimento. “Se o mercado europeu pede gold, vamos produzir gold, temos que nos adequar as especificações, mas sem deixar de atender a demanda interna”, diz otimista o agricultor familiar Adenilson Cavalcante. No encontro ficou definido que alguns estudos serão realizados para verificar a viabilidade do negócio. Questões como custo de produção e selo de qualidade também estiveram em pauta. JORNAL DA FETAEG 05 Edição n° 63 •- Novembro/2008 Grupo analisando caderno temático do projeto Mário Parreira acordo com ele todo ser humano tem direito a alimentação regular com qualidade, “eu quis mostrar o caminho que eles devem seguir para conseguir seus direitos”, disse o palestrante. A participação da mulher no desenvolvimento da propriedade rural foi destaque também. O técnico agrícola João Batista, falou que é fundamental a mulher trabalhadora rural ter uma visão de empreendedorismo, “com uma visão detalhista ela é protagonista no processo. Por isso deve conhecer o mundo para se adequar a ele, e, eu vim mostrar um pouco desse mundo nessa palestra”. Após a distribuição dos materiais educativos os participantes se dividiram em grupos, estudaram as questões e apresentaram os trabalhos. Mário Parreira No módulo III do projeto Saúde e Gênero no Campo líderes sindicais, trabalhadores (as) rurais e agentes da saúde fizeram um resgate do que foi visto nos módulos I, II. Participaram, ainda, de discussões em grupo e dinâmicas. Na palestra que abordou saúde e meio ambiente, os representantes dos municípios de Jussara, Itapirapuã, Itaberaí, Faina e Goiás conheceram o projeto Praficar - que trata sobre o reordenamento da agricultura familiar, como: organização da produção, agregação de valor aos produtos, incentivo ao cooperativismo. O secretário executivo do conselho estadual de Segurança Alimentar, Nirlan Arruda de Abreu, explicou o que é segurança e soberania alimentar, foi outro assunto relevante. De Fátima Cristina Saúde e Gênero no Campo termina com ações positivas Secretária de Mulheres da Fetaeg Ana Maria Fátima Cristina Abertura do Módulo III do projeto Saúde e Gênero no Campo Palestrante Nirlan Alguns fizeram teatro, teve até programa de rádio. Todos aprovaram as dinâmicas. “Foram muito boas as apresentações, pois mostrou a realidade. Na que falou sobre violência contra a mulher, por exemplo. Hoje com a lei já diminuiu muito os casos”, afirmou a trabalhadora rural, do acampamento Estrela Dalva, em Itapirapuã, Silvania Teixeira de Brito. Quem passou por lá aprovou o que aprendeu e vai ser o multiplicador no seu município. “Gostei muito do módulo I. No II falamos muito de saúde, conversamos com médicos, foi muito valioso. E agora falamos muito de meio ambiente. Tudo que foi visto aqui vai ser multiplicado no município, pois passaremos as informações para a população da cidade e rural”, diz a agente de saúde de Itaberaí, Maria Benedita “O objetivo é fortalecer o debate a respeito dos direitos sexuais, reprodutivos e qualificar os participantes para atuarem nos processos de mobilização e controle social das políticas de saúde”, explica a secretária de Mulheres Trabalhadora Rural da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás (Fetaeg), Ana Maria Caetano. O evento foi desenvolvido pela Fetaeg em parceria com Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Sindicatos dos Trabalhadores (as) Rurais dos Municípios participantes. FALA FETAEG LUTA EM FORMOSO SAÚDE E GÊNERO NO CAMPO Fábio dos Santos – Agente de saúde do Programa Saúde da Família- Faina “O que aprendemos aqui ,repassamos para os moradores do mu nic ípio . De ssa for ma aca bam os com o medo da população, explicando quais são os direitos que ela tem. E se eles souberem mais vão buscar mais os seus direitos”. Maria Abadia de Jesus e José Aparecido – S a n t o s d o s ro Assentamento Rio Cla Eles decidiram participar para conhecer o programa, aprender e passar para frente o que viram nos três dias de atividades. “Agora já sei mais sobre me io am bie nte , dir eit os trabalhistas. Vou passar para os me us com pan hei ros ”, afirma o trabalhador rural José Aparecido. Wanderlei Modesto 07 Sildo R. da Silveira ELEITOSigues da Silvei- Simão durante visita a Fetaeg Simão Júlio Vieira, 66 anos, chegou em Formoso-GO em 1950, na fazenda "Coqueiro de Galho". Simão participou diretamente da luta pela co nquista da terra da região e sentiu-se fo rtalecido quando ouviu de José Porfírio a seguinte frase: "Eu vou defender es se povo". Simão Júlio disse que na époc a produziram alimentos e depois fora m perseguidos pelos grileiros na regiã o. O trabalhador rural Sim ão Júlio fez uma visita aos dirigentes da FETAEG. Hoje ele é assentado no PA "Noit e Negra", município de Minaçu-GO. “Continuo firme na luta e tenho muita disposição para a produção de alimentos ”, disse Simão. do Rodr Wanderlei Modesto e Sil res por meio do esforra foram eleitos vereado s do Projeto de Assenço e empenho das família no Distrito de Mata tamento Joel da Mata, nte Vidiu do Norte. Azul, no município de Mo apoio porque sempre Eles conseguiram esse comunidades ajudanforam atuantes nas suas a “Pelos benefícios do o próximo. Com o lem s”, Wanderlei conquisdos trabalhadores rurai tos. Ele entende que tou vitória com 118 vo vereador vai buscar tendo maior poder como buscar a aquisição de mais melhorias. “Vamos sso município é muito patrulhas agrícolas. No s. Então quero trazer esquecido pelos político entos”, explica. melhoria para os assentam “Nas mãos de Deus Já Sildo escolheu a frase Decidiu se candidatar no coração do povo”. s trabalhadores rurapara levar benefícios ao ursos para dar uma is. “Pretendo buscar rec r a cada assentado. condição de vida melho o o recurso básico Vamos iniciar solicitand . para o assentamento”, diz TERRA À O T I E R I D TAM S I U era Q N O C ro anos de esp at S u q e A d I is L o Í ep D da FAM issão de posse foi feita a em ago- Arquivo Fátima Cristina Fátima Cristina Mário Parreira Sueli Ferreira Trabalhadora Rural – Jussara “Nós mulheres queremos ser igual , então precisamos par tici par ati vam ent e de todo processo. E para isso temos que nos informar”, afirma a trabalhadora rural Sueli Ferreira sobre a palestra que falou sobre Desenvolvimento Rural Sustentável. Edição n° 63 •- Novembro/2008 JORNAL DA FETAEG Adonizete Pereira - pres idente do sindicato JORNAL DA FETAEG Fotos: Mario Parreira Edição n° 63 •- Novembro/2008 Luiz Henrique Parahyba 06 as Macaúba, Fazenda Inhum ento de Assentam ra, Projeto de o município n s, su Je m Bo ílias São 45 fam Doverlândia. rma fo com a Re beneficiadas ea o dividir uma ár Agrária. Elas vã Em 90 hectares. com mais de am d ar u essoas ag média 135 p lvivo o de Desen agora, o Plan arp entamentos, o mento dos Ass ssão terra e a conce celamento da . m re a produzi de créditos par MESMO SEM RECURSO S ASSENTADOS CONSEG UEM PRODUZIR O Projeto de Assen tamento Jalison José Ve rones possui 27 famílias começa a colher sua prime assentadas e ira produção. Ele está loc alizado no município de moso, região histórica na Forluta pela terra no estado de Goiás. A falta de recurs governo federal não desan os do imou os assentados. O pre sidente do Sindicato dos balhadores (as) Rurais (ST TraTR) de Formoso, Adonize te Jesus Nunes Pereira, de a importância da organiza sta ca ção destas famílias assentad as no projeto, “foi por cau da organização que está sa sendo possível a produção ”. Segundo Adonizete o Ins tituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra tem que fazer a sua parte -Go) . “É preciso que o INCRA faça os investimentos ini que normalmente acontec cia is e na criação de projetos de reforma agrária. O PA son José Verones foi criad Jalio em 2006 e até o mome nto não houve liberação nenhum recurso” diz. de As famílias estão produzin do feijão, milho e hortaliça s, com destaque para o fei jão. Em uma aérea de me io hectare foram colhida s 6 sac as. Para as famílias de tra balhadores (as) rurais é pre ciso à liberação dos recurs os para que ocorra o desen volvimento do projeto. - RECESSO Em função das festas comemorativas de Natal e Ano Novo, a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás informa que suas atividades serão encerradas em 18 de dezembro de 2008. A volta do recesso está marcada para 12 de janeiro. 08 Edição n° 63 •- Novembro/2008 JORNAL DA FETAEG Por sete dias, cerca de 400 trabalhadores rurais da cana cruzaram os braços na Usina Panorama, em Bom Jesus de Goiás, à 265km de Goiânia. Eles reclamavam das condições de trabalho e irregularidades no contrato. Os trabalhadores criaram uma comissão de 10 membros, para negociar com os usineiros. A principal denúncia é sobre o contrato de trabalho. "Fomos enganados, a usina fez um contrato de experiência e depois outro contrato de safra com outro nome", denuncia um dos grevistas. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Goiás (Fetaeg), esteve no município e juntamente com o Sindicato de Trabalhadores (as) Rurais (STTR) de Bom Jesus formalizaram a denúncia a Justiça do Trabalho. Segundo assessoria Jurídica da FETAEG, esse artif ício utilizado pela usina é para tentar descaracterizar um contrato de tempo indeterminado e assim não pagar os direitos trabalhistas no final do contrato. A denúncia foi confirmada pelo presidente da FETAEG - Elias Borges. A Usina contratou os canavieiros por 90 dias em nome da Vale do Verdão SA, e depois renovou o contrato em nome de Susana Ribeiro, Agropecuária Primavera e Libório Manoel, o que significa que há uma tentativa de fraude contra os trabalhadores. Os canavieiros permaneceram na porta do alojamento às margens da BR 452 (liga Bom Jesus à Rio Verde). A situação ficou tensa com a chegada da Polícia Militar que esteve na porta Fotos: Luiz Henrique Párahyba Canavieiros cruzam os braços em Bom Jesus do alojamento dos canavieiros para despejar os trabalhadores rurais do alojamento da empresa, na tentativa de impedir que os líderes da greve continuassem na mobilização. A ordem foi Juiza Rosene Gomes de Meneses, da vara do trabalho em Itumbiara. Os trabalhadores resisitiram. Além das irregularidades nos contratos, eles reclamam a qualidade da alimentação e a precariedade dos alojamentos. A presidente do STTR, Suelene Alves Miranda esteve no local para garantir a permanência dos canavieiros. Os membros da Comissão de Pastoral da Terra-CPT - também apoaram a ação dos canavieiros. A intermediação do Ministéro Público do Trabalho (MPT) e da FETAEG impediu que as demissões e o despejo dos canavieiros fossem concretizados. O Procurador do MPT, Dr. Marcelo Ribeiro, disse que as irregularidades dos contratos na Usina Panorama, serão investigadas. Elias Borges, presidente da FETAEG, disse que a organização dos trabalhadores e a presença do MPT foi determinante para impedir a demissão dos grevistas. "Vamos apurar com detalhes as denúncias sobre a qualidade da alimentação dos trabalhadores e também a falta de equipamentos de segurança para os cortadores de cana", disse Elias. A FETAEG assinou um termo com os usineiros, que dá garantia que os canavieiros não serão perseguidos e receberão todos os direitos trabalhistas no final da safra. Entre os dias 10 e 13 de novembro no Centro de Treinamento Educacional da CNTI, na cidade de Luziânia, foi realizada a 4º Plenária Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, organizada pela Comissão de Mulheres Trabalhadoras Rurais da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Mais de 700 mulheres do campo e da floresta analisaram o cenário político nacional e a atuação no Plano de Desenvolvimento Rural Sustentável e Solidário. Durante quatro dias, as trabalhadoras rurais discutiram e elaboram propostas para fortalecer a participação delas nas plenárias regionais, quando se preparam para o 10º Congresso da Contag. Além de avaliar e estabelecer estratégias para avançar no processo de organização das mulheres no Movimento Sindical de Trabalhadores (as) Rurais (MSTTR). Estiveram presentes representando o estado de Goiás, 28 delegadas. De acordo com a secretária da Mulher Trabalhadora Rural da Fetaeg, Ana Maria Dias Caetano, as mulheres precisam estar atentas e serem participativas. “O encontro serve para organizar, orientar e conduzir as mulheres para que elas sejam empreendedoras, produtivas. Para que elas busquem novos horizontes”, enfatiza. Cezar Ramos Trabalhadoras rurais definem estratégias Da direita para a esquerda Ana Maria Dias Caetano JORNAL DA FETAEG 09 Edição n° 63 •- Novembro/2008 Fotos: Fátima Cristina Mulheres de Edéia na luta contra a violência Elas ficam atentas aos exclarecimentos das palestras Em 25 de novembro em que se celebra o Dia Internacional da Não Violência Contra a Mulher, o Sindicato de Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR) da cidade de Edéia, região sul do estado de Goiás, em parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Goiás (Fetaeg) organizou ato de Combate à Violência Contra as Mulheres Trabalhadoras Rurais. Com o lema “Abram os olhos para seus direitos”, mulheres da cidade, trabalhadoras rurais, assentadas, agentes da saúde e lideranças sindicais fizeram barulho pelas principais avenidas de Edéia, o que movimentou a cidade. Moradores saíram nas sacadas para acompanhar a passeata, pessoas que estavam na rua aderiram ao movi- mento, panfletos foram distribuídos sobre o motivo do evento. Até profissionais que estavam trabalhando como foi o caso da vendedora Ivone Maria de Oliveira deu um jeitinho de olhar as mulheres lutando por seus direitos. “Eu achei muito importante porque está conscientizando as mulheres. Dessa forma elas vão denunciar o que os homens fazem. Se acontecer elas vão buscar, procurar auxílio”, diz a vendedora. Além da passeata as mulheres reuniram-se para assistir a palestra sobre a Lei Maria da Penha (Lei nº 11740), que exemplificou as várias formas de violência. A lei aumenta o rigor das punições das agressões contra a mulher quando ocorridas no âmbito doméstico ou familiar. De acordo com a secretária de Política Agrária da Feta- Mulheres movimentam a cidade com passeata pelas ruas eg Sandra Pereira de Faria para as faz parte do projeto da Comissão mulheres dos acampamentos e assem- Nacional de Mulheres Trabalhadoras tamentos foi uma inovação. “Já diag- Rurais da Contag, que visa o combanosticamos muita violência com as te e enfrentamento da violência conmulheres nos acampamentos. Esta é a tra mulheres trabalhadoras rurais e primeira vez que esse tema é aborada- de prevenção e combate ao câncer. do para as mulheres trabalhadoras O dia 25 de novembro foi escorurais. É o primeiro passo para dimi- lhido para celebrar a luta contra a vionuir os dados”, exclarece Sandra. lência a mulher, em homenagem as Outro assunto que esteve em des- três irmas dominicanas Patria, taque foram os exclarecimentos à res- Minerva e Maria Teresa Mirabal, prepeito do câncer de mama e colo uteri- sas, torturadas e mortas em 1960. A no. A palestra falou da importancia presidente do STTR de Edéia afirda prevenção. A coodenadora de pro- mou que o eventou serviu para unir a jetos Leusa dos Santos de 44 anos, sociedade, “estamos desde de fevereestá com os exames em dia. “Sempre iro fazendo essa campanha e hoje é faço o exame de mama. Acho que a um dia muito importante para as palestra foi muito enriquecedora, mulheres. Queremos preservar a pois nós mulheres dependemos saúde da mulher rural e urbana. Por muito de um bom exclarecimento”, isso estamos reivindicando o mamódestaca Leusa dos Santos. Esta ação grafo para o nosso município. Em cinco dias, uma média 300 mil pessoas passaram pela Marina da Glória, na cidade do Rio de Janeiro para conhecer os produtos da agricultura familiar. Milhares de expositores mostraram seus trabalhos na V Feira da Agricultura Familiar e Reforma Agrária realizada de 26 a 30 de novembro. As opções foram desde alimentos, artesanatos, culinária orgânica, roupas e acessórios. O objetivo de trocar experiência, vender produtos e estabelecer contra- tos futuros foi alcançado. A feira movimentou cerca de 1,6 milhão em vendas diretas e gerou negócios da ordem de 5 milhões. Isso aconteceu devido à grande diversidade e riqueza da produção do Brasil Rural Contemporâneo. A V Feira Nacional da Agricultura Familiar reuniu a maior variedade em produtos de todos os estados brasileiros e de alguns países convidados da América do Sul. O evento foi promovido pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA). Cezar Ramos Feira da Agricultura Familiar mostra sua diversidade no Rio de Janeiro Feira Nacional da Agricultura Familiar No período de realização da feira foi feito o lançamento da campanha para o Enfrentamento da Violência contra as Mulheres do Campo e da Floresta. Com o slogan "Mulheres donas da própria vida - Viver sem violência é um direito das mulheres do campo e da floresta", a campanha tem o objetivo de proteger e prevenir as trabalhadoras rurais da violência doméstica e familiar. 10 Edição n° 63 •- Novembro/2008 JORNAL DA FETAEG 1ª Mostra Rural da Faeg/Senar Comercializados 70% dos produtos da Mostra Rural da Faeg/Senar na Assembléia Wandel Seixas e Antonio Pereira Se a idéia era mais divulgar que comercializar os produtos da 1ª Mostra Rural da Faeg/Senar no hall da Assembléia Legislativa, a segunda idéia prevaleceu nos três primeiros dias de sua apresentação. Aproximadamente cinco mil pessoas transitaram pelo saguão, no período de 4 a 7 de novembro, provocando a comercialização de mais de 70% dos produtos expostos. Os “feirantes”, em sua totalidade produtores rurais que fizeram cursos pelo Senar Goiás, venderam diretamente ao consumidor, sem nenhuma intermediação. Cleide Maria de Araújo, da Associação do Artesanato de Orizona, fez sucesso com obras de artesanato, sobretudo os de motivos natalinos. Maria da Luz, de Goiânia, comercializou até ao meio dia do dia 7, encerramento da feira, cerca de 70% dos bombons de cupuaçu, açaí e castanhas do Pará cristalizados. Neide Rodrigues da Silva Ferreira, do povoado de Dois Irmãos, no município de Pontalina, vendeu “tudo no primeiro dia”, tendo que pedir uma segunda remessa de queijos, doces e biscoitos. Efigênia Perpétua da Luz, também de Pontalina, não ficou atrás. “Vendi 80% do que trouxe apenas em três dias”, confessou. Maria de Lourdes da Silva, de Aloândia, comercializou 50% das bolsas de fibras de bananeira, das obras de argila, capim, bonecas de pano. “Minha satisfação maior é de expor os produtos artesanais da roça”, disse. A Associação das Donas de Casa, ADC, também confirma que “a divulgação é mais importante do que a comerciali z aç ão ne ste momento”, observando que os produtos ficam conhecidos mais numa cidade como Goiânia. A ADC expôs toalhas, almofadas, colchas de cama, panos de prato e chapéus feitos de cordão. De Bela Vista de Goiás, José Ricardo Estrela e Auriluce.... comercializaram 60% do mel de abelha do cerrado, doces de leite e de caju, flores do cerrado e material reciclado. “Vou virar um feirante ambulante”, prometeu. A 1ª Mostra Rural Faeg / Senar surpreendeu a todos, apesar da beleza do material exposto, ninguém imaginou que a comercialização pudesse atingir números fantásticos. JORNAL DA FETAEG 11 Edição n° 63 •- Novembro/2008 1ª Mostra Rural da Faeg/Senar CAIC Darcy Ribeiro A abertura da 1ª Mostra Rural FAEG / SENAR aconteceu às 14:30 h, do dia 4 de novembro, com um discurso do diretor secretário da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás, FAEG, Dirceu Cortez, que parabenizou a iniciativa da Assembléia Legislativa, através do Centro de Cultura e Intercâmbio, na pessoa da Márcia Coutinho Rodrigues, e da Comissão de Agricultura, através do deputado Tiãozinho Costa, que não mediram esforços para que o evento se concretizasse. Dirceu Cortez enfatizou a importância dos Sindicatos Rurais no desenvolvimento das atividades rurais e disse que o elo entre Senar, Faeg e Sindicatos tem que ser tornar cada dia mais forte para um mais rápido crescimento e desenvolvimento do setor agropecuário estadual. Em seguida, o coral do Caic Darcy Ribeiro, de Aparecida de Goiânia, fez uma apresentação de gala. Hino Nacional Brasileiro e o Hino de Goiás fizeram parte do repertório do coral. O Caic Darcy Ribeiro participou da 1ª Mostra Rural Faeg – Senar expondo trabalhos reciclados feitos pelos alunos. O Caic é uma das escolas de Goiás que integra o Programa Agrinho do Senar Goiás. Coral das fiandeiras O Coral das Fiandeiras de Hidrolândia atraiu o público em sua apresentação na manhã do dia 6, no hall da Assembléia Legislativa. As músicas raízes tocadas pelos violeiros e acompanhadas pelas fiandeiras receberam aplausos e pedidos de bis. Degustação Dia 5, à tarde houve uma degustação de carne de Nelore na sala vip da Assembléia Legislativa, com a presença de vários deputados. No dia 6, a Associação Brasileira dos Criadores de Nelore e a Associação Goiana dos Criadores de Nelore realizaram uma nova degustação no saguão da Assembléia ao público presente. No dia 7, nova degustação aconteceu a partir das 9 horas e foi até ao meio dia, quando a mostra se encerrou. Mais de 60 quilos de carne foram servidos pelo chef Paulo Ramos, que veio especialmente de São Paulo, apenas para este evento. A idéia é promover a carne de Nelore, animal de origem indiana que se deu bem no Brasil, sobretudo na região Centro-Oeste. A mostra teve o apoio da Associação das Donas de Casa, do Sebrae e da Associação Brasileira dos Criadores de Nelore e sua afiliada em Goiânia, além de sindicatos rurais e da Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo da Assembléia Legislativa. 12 Edição n° 63 •- Novembro/2008 JORNAL DA FETAEG De 03 a 06 de novembro aconteceu na cidade de Luziânia, localizada na região leste do estado de Goiás, a 1ª Plenária Nacional de Jovens Trabalhadores Rurais, da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag). Em média 400 lideranças de todo o Brasil estiveram reunidas analisando e debatendo questões relacionadas à realidade do jovem do campo. A plenária teve como principal tema: “Sucessão Rural: Por que a juventude está saindo do campo?”. Já na abertura de solenidade as lideranças jovens sindicais destacaram a importância de políticas públicas, acesso a terra, educação e saúde de qualidade para o campo. Elas afirmaram que tudo isso é fundamental para que o jovem permaneça no Helenice Anastácio campo e assim a agricultura familiar possa se fortalecer. Disseram, ainda, da necessidade do governo promover programas que qualifiquem o jovem, para que ele tenha melhores condições de trabalho. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que hoje, encontram-se no meio rural 23% dos jovens. Mas que a previsão é que até 2018 existam apenas 10% desses jovens no campo. A coordenadora da Comissão Nacional de Jovens Trabalhadores Rurais da Contag, Elenice Anastácio, diz que existem vários fatores que contribuem para essa previsão. “Falta de autonomia na gestão da propriedade rural, educação, emprego e melhoria das condições de vida, são motivos que levam o jovem a migrar do campo para a cidade” Para que as lideranças sindicais possam avaliar, propor, analisar e organizar a juventude para participar de plenárias estaduais, especialistas foram convidados para ministrar painéis e abordaram os seguintes assuntos: Conjuntura Brasileira; A complexidade da sucessão rural na ótica regional; A importância da juventude no processo de desenvolvimento rural sustentável; Porque as mulheres jovens estão saindo do campo?; Organização política da juventude rural. Palestrantes do painel sobre desenvolvimento rural sustentável Fotos: Cezar Ramos Jovens debatem políticas públicas para o campo Mística região Centro-Oeste e Sudeste Reunião de gupo Temático Com objetivo de promover o conhecimento das propostas que dizem respeito à juventude os participantes receberam o Documento Base do 10º Congresso Nacional da Contag a realizar-se em março de 2009. Os tópicos foram analisados e, no último dia eles apresentaram as alterações que o documento deve ter. Também nessa data foi entregue ao representante do Secretário Nacional da Juventude a carta da 1ª Plenária, cobrando agilidade no encaminhamento dos projetos apresentados ao governo federal no 1º Festival Nacional da Juventude Rural em 2007 e O Grito da Terra Brasil em maio de 2008. Com os tópicos: reforma agrária, educação no campo, fortalecimento da agricultura famili- ar, melhoria nas condições de trabalho e vida da juventude assalariada rural, sustentabilidade ambiental, política de saúde, integração das políticas públicas de juventude e ação parlamentar. “Queremos os jovens mais envolvidos no Movimento Sindical. Aqui eles estão sendo capacitados para isso. A juventude rural precisa ter conhecimento do que é o movimento”, explica a secretária de Jovens, que esteve no encontro, com uma delegação, representando a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado de Goiás (Fetaeg), Eliane Divina Pereira Rosa. O evento foi organizado pela Comissão Nacional de Jovens Trabalhadores Rurais da Contag (CNJTR).
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