revista Capital setembro 2015_bx

Transcrição

revista Capital setembro 2015_bx
ALCANCE
Envolvente aqui, em Brasília,
não é só o clima ameno e enxuto,
mas também a organização, a paz e os acessos.
Acesso ao conhecimento,
a culturas, a uma convivência intelectual,
a várias opções de empreendimentos,
acesso fácil às novidades
e para qualquer canto da cidade.
Centro das grandes decisões brasileiras,
Brasília abriga o poder e poderosos,
mas também acolhe em seus braços
migrantes carentes e numerosos.
Brasília é uma cidade aberta,
com várias portas para se adentrar.
Basta que se queira seguir um caminho,
daqui é fácil começar,
prosseguir e atingir o sucesso!
holi
n
u
T
reth sta Capital
a
z
a
vi
N
da Re
ra
Edito
Editorial
Instabilidades e Criatividade
Há muita coisa boa no emaranhado em que vivemos. Vale
a pena imaginá-las, buscá-las e colocá-las em nossas vidas. Um
pouco de criatividade pode melhorar bastante os nossos dias, em
tempos de crise.
Só de esperanças e de sonhos, jamais chegaremos ao ponto
almejado. Havendo sonho, é preciso haver vontade de converter
esse sonho em realidade. Em meio às dificuldades impostas pelas
instabilidades que nos cercam, a força de vontade precisa aliar-se
a boas ideias, de forma a criar atalhos diferentes a fim de atrair o
sucesso para nossos empreendimentos. Daí, precisamos apenas
acreditar e agir, confiando no resultado indicado em nossos planos.
Isto pode ser exercitado no dia a dia, podendo se incluir sempre
um ingrediente novo na relação familiar diária, no sentido de despertar mais riso, mais diálogo e gratidão na convivência em casa.
A Revista Capital, neste mês de setembro, além de participar
do Cerimonial de Natalício de JK, renova os votos de sucesso e
alegrias a todos os seus leitores.
Nazareth Tunholi
Expediente
_______________________
Revista Capital – A revista de Brasília
Edição de Setembro/2015
Produzida pela jornalista Nazareth Tunholi – Registro Profissional:
2537/13/15-DF
Fotografias: Nelson Fleury e Mônica Cruz
Revisão: Rogério de Menezes Tunholi
https://www.facebook.com/pages/Capital-Web/
https://revistacapital.wordpress.com/
[email protected]
Fones: (61) 8251-8508 – 9257-1990
* As matérias assinadas são de inteira responsabilidade de seus autores.
Arte
Entre o Brasil e a França . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
Blog
Acontece Brasília . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
Celebração
Cerimonial de Natalício de JK .. . . . . . . . . . . . . .26
55 Anos de Brasília . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .36
Coach
Sou líder de mim . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
Colunas
Nazareth Tunholi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
Elegance . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15 Opinião
Mônica Cortopassi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Japão e Brasil-Tão Próximos e tão Distantes - 52
Brasília Vip . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32 Perfil
Gente que faz . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46 Neyse Fernandes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
Persona
Idair Senna Bastos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Poemas
Abraço Ardente . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .40
Velha Casa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Ponto de Vista
A Debilidade dos Líderes . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
Quinze Anos
Danielle Braz Amarílio da Cunha. . . . . . . . . .42
Reflexões
Comportamento
A Utilidade da Filosofia . . . . . . . . . . . . . . . . . .22
Dividir tarefa doméstica melhora vida sexual - 21 Saúde
Mentalize a Realização de um Sonho. . . . . 12
Oficina de Costura de Bonecas. . . . . . . . . . . . . 40 Talk Show
Conto
Mércia Crema . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
Estrela da Ópera . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44
Diplomacia
Rubén Darío e o Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
Entrevista
Janine Brito . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
Esporte
Prata do Brasil – Lição Altruísta . . . . . . . . . . . . 31
Gente
Fátima Langa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
Juscelino
O que JK diria se estivesse vivo? . . . . . . . . . . . 25
Livros
O sucesso das Bibliotecas Casa do Saber. . . . . .8
Índice
38
21
37
Capa
JANINE BRITO
A empresária e advogada Janine Brito, além de sua
fina presença no meio social de Brasília é uma administradora experiente. Desde dezembro de 2012, é diretora
executiva da Indústria e Comércio de Produtos Siderúrgicos Pinheiro Ltda e desde abril de 2010, da Ferragens
Pinheiro Ltda. Administra também a Pinheiro de Brito
Administração Imobiliária, desde novembro de 1988,
locações e condomínios comerciais, administrando a locação de mais de 300 imóveis comerciais familiares.
Janine Brito dedica-se ainda à administração de
negócios rurais, colecionando sucessos em sua vida
profissional, vendo o progresso das empresas ao longo
dos anos.
A Indústria e Comércio de Produtos Siderúrgicos
Pinheiro produz o beneficiamento do aço e foi criada no
final de 2012 para a execução de projetos de construção
civil com o corte e dobra do aço sob medida, além da
fabricação própria de telhas galvanizadas.
Armazenamento
A Ferragens Pinheiro Ltda é uma empresa com
55 anos de existência, dedicados ao fornecimento de ferragens em geral, especialmente tubos,
telas, alambrados, aço para construção, arames
e acessórios em geral. Trabalha com as melhores
usinas do país, tais como Gerdau, Arcellor Mittal, Aço Cearense, Ferronorte, Usiminas, além de
Eternit, Makita, Esab e outras consagradas marcas do mercado. A empresa conta com uma loja
no Setor de Indústrias de Taguatinga e outra a
ser inaugurada, em breve, no Setor de Indústria
e Abastecimento de Brasília.
Ferragens Pinheiro SIA
Ferragens Pinheiro Taguatinga
4 Revista Capital
Capa
A Pinheiro de Brito Administração Imobiliária,
atua na administração de locações e de condomínios comerciais, desde 1988.
Taguatinga Trade Center
Administração de Negócios Rurais
Edifício Pinheiro SIA
Fazendas Reunidas Palmeiras
Centro Empresarial Pinheiro de Brito
Fazenda Palmeiras
Goiás
Revista Capital
5
Entrevista
JANINE BRITO
Nazareth Tunholi
Janine, é um grande prazer entrevistá-la para
ilustrar uma das páginas de nossa Revista Capital.
– O prazer em fazer parte de uma revista que
tenha sua chancela é todo meu.
Vivemos uma fase de grande turbulência
econômica em nosso país, como a “Ferragens
Pinheiro” está atuando nessa crise?
– Na verdade a empresa sempre adotou uma
política de mínimo risco. Nunca deu passos maiores
do que o possível e nunca se endividou. Sua solidez vem exatamente deste pensamento de que o
crescimento deve ser lento, mas seguro. Para nós,
a crise tem representado uma leve diminuição no
volume de vendas e uma desaceleração do crescimento. A empresa vinha crescendo em torno de
30% (trinta por cento) ao ano e a nossa previsão
para 2015 não ultrapassa os 10% (dez por cento),
evidentemente, descontada a inflação, que deverá
6 Revista Capital
superar as estimativas.
Além de ser uma das personalidades mais empreendedoras do Distrito Federal, sabemos que
você escreve muito bem. Você já pensou em escrever um livro?
– Na verdade, este é um sonho antigo. Já me
planejei para escrever um livro no futuro, quando
tiver tempo para fazê-lo pessoalmente. Gosto de
escrever, pois fui advogada durante mais de vinte
anos, e, guardo no coração essa vocação. Acho que
um livro só poderia ser uma autobiografia, pois já
existe muita história para contar.
O prêmio “Maiores do DF” faz jus à contribuição
social de sua empresa para o crescimento do DF?
– Esse prêmio é uma iniciativa do Jornal de
Brasília juntamente com a Secretaria de Fazenda
e baseia-se no ranking de maiores contribuintes
Entrevista
pois minha família era completamente machista e
mulheres não se sairiam bem nesta profissão. Foi
então que optei pelo Direito e me tornei advogada.
Difícil missão para quem atuou muito tempo nas
Varas de Família e morria de dor quando preparava um divórcio. Atuei também nas Varas Cíveis com
as cobranças, execuções e indenizações, o que me
garantiu certa paz de espírito, já que sempre fui
destemida, e, cobrar quem deve é algo muito justo.
Logo percebi que o Direito seria pouco para minha
vocação de fazer negócio, enquanto que o conheO que você gostaria de dizer aos leitores da Re- cimento administrativo seria fundamental para
realizar aquela montanha de sonhos que pesava em
vista Capital?
minha cabeça. Graduei-me nas duas áreas e fiz, de
– A nossa história de vida se funde com a História quebra, mais de trinta cursos para entender o funde Brasília. Meus pais chegaram à cidade, para fixar cionamento real das empresas e do judiciário. Queresidência, em meados de 1960, quando então, meu ria estar preparada, mas confesso que meu grande
pai, Getúlio Pinheiro de Brito, fundou a sua primeira mestre não foi Rui Barbosa e sim o meu pouco esempresa individual e começou o fornecimento de tudado pai.
Meu pai é daqueles que sabiam de tudo o que
aço e derivados para a construção da cidade. Havia
índios e redemoinhos para todos os lados. O barro estava acontecendo no mundo e no coração das
vermelho do cerrado, em tempos de ventania, co- pessoas. Ensinou-me tudo o que sei, especialmente
bria os cabelos sempre arrumados de minha mãe, a sonhar alto com os pés bem firmes no chão. Foi
que se esforçava para cuidar da casa, do marido e ele quem me mostrou a importância da palavra de
dos filhos, enquanto meu pai buscava o sustento uma pessoa no mundo dos negócios e na família;
da família, de sol a sol. Não é de se admirar que Mostrou-me o quanto vale a perseverança, a detereu tenha crescido com diversos dotes domésticos minação e a economia. Gastar com supérfluo nunca
e uma grande vocação para o empreendedorismo. fez parte de seus ensinamentos. Nossa empresa, a
Sentia muita vontade de multiplicar os pequenos re- Ferragens Pinheiro, nunca teve compromissos não
cursos infantis, oriundos da mesada de filha mulher, cumpridos e cresceu no azul, sua cor oficial. Nada
que era sempre inferior à dos irmãos, enquanto de dívidas!!! – ele repetiu em minha cabeça até
ficava a tocar piano, estudar línguas e cuidar dos que comecei a achar que dever aos outros era algo
afazeres domésticos com minha mãe. A música parecido com uma doença terrível, e, para evitá-la,
tomei vacina todos os dias da minha vida. As coisas
sempre foi minha grande paixão.
No entanto, o tempo vai passando, e, quan- foram lentas, mas caminharam com uma solidez
do nos damos conta, já estamos adultos; a vida que me enche de orgulho e paz.
Em 2010 assumi a gestão do Grupo Pinheiro de
começa a te cobrar definições. O que você pretende
ser? Ouvia constantemente. Vai se profissionalizar Brito e inauguramos, em 2012, a Indústria Pinheiro
em quê? Puxa vida, não há pergunta mais difícil a no Setor de Indústria de Ceilândia e em 2014, a
se fazer para um jovem. Eu não sabia a resposta!!! filial da Ferragens Pinheiro no Setor de Indústria
Queria ser alguém..., fazer algo que me garantisse e Abastecimento de Brasília. Uma história de luta,
uma vida confortável e marcar território com meu trabalho e amor a Brasília não poderia acabar na
trabalho. Nos devaneios da puberdade, queria ser primeira geração. Eu e meus irmãos criamos nosMiss, pois achava que bastaria existir e fazer dieta sos filhos seguindo a mesma cartilha e os pupilos
para ser famosa e rica, mas não tinha beleza para já cresceram sabendo o significado do trabalho e
isso, nem que nascesse novamente; pensei na me- da retidão. Atualmente 10 pessoas da família tradicina, pois achava muito lindo salvar vidas, mas balham para o Grupo Pinheiro de Brito, direta ou
ao desmaiar toda vez que via sangue, desisti. Mais indiretamente, sendo fundamental o preparo das
tarde, pensei que pudesse ser administradora de gerações futuras para a continuidade do trabalho
empresas, mas fiquei com medo do desemprego, de nosso fundador!
do ICMS e ISS do DF. Há vários anos a Ferragens
Pinheiro vem participando desta sofrida lista e participa do evento. Não é fácil pagar pontualmente a
elevada carga tributária que é atribuída às empresas. No entanto, nos enche de orgulho saber que estamos contribuindo para o crescimento da cidade.
Infelizmente, temos situação precária na educação,
saúde, segurança, transporte etc., mas seria ainda
pior se não houvesse empresas cumpridoras de
suas obrigações, como a nossa.
Revista Capital
7
Livros
O Sucesso das Bibliotecas Casa do Saber
por
Nazareth Tunholi
Desde 2007, o projeto Bibliotecas Casa do Saber
é sucesso no DF, tanto em arrecadação de livros, e
aprimoramento das estruturas, quanto na abrangência, pelo alcance de diversas regiões locais, através da criação ou da reforma de sedes públicas ou
não, denominadas Casa do Saber.
Trata-se de uma iniciativa da Cascol Combustíveis
muito bem sucedida, coberta de credibilidade e do
aplauso da população, que tem doado livros, atendendo às campanhas permanentes de equipes voluntárias das Bibliotecas Casa do Saber.
O local da triagem de qualidade, separação e catalogação dos livros fica no posto Cascol da 406 Sul
e é conduzida por bibliotecários voluntários, para
depois ser feita a distribuição do material selecionado para as Bibliotecas, que hoje já contam até
com equipamentos de informática com acesso à internet e programa de controle.
Várias instituições como a ABDF Associação
dos Bibliotecários do Distrito Federal, o IBIT –
Instituto Brasileiro de Inteligência Tecnológica, a
Rede Record, a Marinha, entre outras entidades,
têm participando, inclusive com pessoal, para a
conclusão de bibliotecas.
A instalação de terminal de computador para
cada biblioteca permite um sistema de controle
8 Revista Capital
para a utilização gratuita dos livros. Com o sucesso
do resultado, nasceu a ideia de promover a exportação do modelo Casa do Saber para prefeituras em
todo o país na busca da construção de uma sociedade mais culta e justa.
Preocupados com a manutenção das estruturas
têm sido oferecidos cursos para a profissionalização
de auxiliares de bibliotecas para administrarem os
recursos das bibliotecas em favor dos usuários.
O projeto tem alcançado até unidades prisionais
do Distrito Federal. São mais de 10 bibliotecas instaladas entre o Complexo da Papuda, presídios de
regime semiaberto, presídio feminino e casas de
recuperação de crianças e adolescentes infratores.
Além das fronteiras do Distrito Federal, foram
instaladas bibliotecas nos estados de Goiás, Maranhão e Ceará, vale citar também, o caso de Angola,
que recebeu 20 mil livros doados pelo projeto.
As campanhas para a doação não cessam, assim
como a criação de novas bibliotecas, como é o caso
da Escola Classe 407 Norte, que recebeu da Cascol
Combustíveis a Biblioteca do Saber de número 160,
com inauguração festiva com contou com a presença de autoridades e do diretor do projeto Antonio
Matias, que tem comandado todas as inaugurações.
A festa é sua, mas a
responsabilidade é nossa!
Revista Capital
9
Coluna
Nazareth Tunholi
Iza Matias e Jne Godoy - sessão de
homenagens da Adm. do Lago Sul
O casal Manoel e Neuma Gomes
em Estocolmo, Suécia
A alegria de Gracia Cantanhede,
no seu aniversário no Rio Bistrô
Cláudia Galdina curtindo o carinho de
Laís Amaral
Maria Elvira Jardim e Irany
Vidigal Poubel na sessão
Mércia Crema festejando, em sua residência, o aniversário de Márcia Zardo
Maria Eva Oliveira em Avanos, Capadocia,Turquia. Foto no rio KIrmızı
A elegante Heloísa Aroeira com
a dinâmica presidente do
Rotary Club Brasília Alvorada,
Maryvan Rossi
Maria Olímpia Marotta
comemorou seu aniversário,
com as amigas. Na foto ladeada
por Marli Galego e Irene Maia
10 Revista Capital
É sempre uma grande alegria compartilhar momentos inesquecíveis com as pessoas que fazem
melhores os dias em Brasília. Renovo os meus
parabéns aos aniversariantes, aos vitoriosos e aos
que realizaram e participaram das mais badaladas
recepções dos últimos meses.
A Revista Capital está atenta aos grandes acontecimentos do Distrito Federal.
P
E
R
F
I
L
NEYSE FERNANDES,
Katia Kouzak comemorou seu aniversário em alto estilo,
no Iate Clube. Na foto, ladeada por Catharina Brauner,
Solon, Zenon e Alexandre Kouzak
Sonia Estela Melo abriu as portas
de sua casa no Park Way para o
aniversário da bela Isabel Almeida, na foto, abraçada pela
anfitriã e por Dariane Vale
Nasceu Angela Cristal, filha de Bianka
Karolinne e Reginaldo
Quiuqui Alves, neta da escritora Ângela Veríssimo
qual o tema predileto
para compor seus poemas?
R.: Sem dúvida alguma a essência da alma humana, delineada pelo exercício incondicional do
amor de Deus para conosco, polvilhando a paz, a
esperança, a benignidade entre os povos.
O que acha da esperança em dias melhores?
R.: Em um Brasil nublado por inúmeros problemas,
torna-se quase impossível descrever dias melhores.
Nossa certeza da esperança está em acreditar que
“Feliz é a Nação, cujo DEUS é o SENHOR.” Esta certeza já se fazia presente em dias turbulentos nos
tempos da Antiguidade Oriental, onde reinos se
levantavam contra reinos para a conquista de seus
territórios. Em nossa sociedade globalizada, dias
melhores podem se tornar uma realidade quando o
homem aprender a respeitar o limite, as diferenças,
as opiniões do próprio homem. Destarte, nossa comunidade será mais justa, equânime, igualitária e
exercerá, de fato a democracia.
Em qual área e em qual universidade você concluiu o seu doutorado, recentemente?
R.: Conclui meu doutorado em 2013, na Florida
Christian University, em Psicanalise Clinica com enfoque em Terapia e Aconselhamento Familiar.
Como é viver em Brasília?
R.: Viver em Brasília é sentir sua descendência
frutificar. Para quem viveu o nascimento desta cidade, olhar o horizonte hoje, é perceber que o sonho
pode se tornar realidade. Brasília é uma filha que
cresceu; adulta, é senhora de seu destino. E nos faz
cidadãos do mundo, sem amarras, sem fronteiras,
mas como peregrinos, temos nosso porto seguro,
que nos acolhe e nos acalenta.
Revista Capital 11
Saúde
MENTALIZE A REALIZAÇÃO DE UM SONHO
Érwelley C. de Andrade
Mentalize a realização de um sonho! Mentalizou?
Agora imagine o quão árdua foi a sua batalha pela
concretização deste sonho. Pois bem, é exatamente
assim que me sinto quando vejo meu reflexo no espelho e mil lembranças passam pela cabeça. É nessa
hora que respiro fundo, refaço os passos em alguns
milésimos de segundos e penso alto: EU CONSEGUI! Não apenas emagrecer, não simplesmente
fazer uma dieta e ver resultados, mas consegui me
superar; consegui, REALIZAR VERDADEIRAMENTE
UM SONHO! Porque através de toda essa caminhada, muitos obstáculos foram rompidos, muitas lutas
travadas diariamente para que eu pudesse superar
os meus limites, errar, cair, chorar, enxugar as lágrimas e levantar quantas vezes fosse preciso! Se eu
quis desistir? Muitas vezes! Mas a cada pensamento que me sobrevinha, outro positivo vinha logo em
seguida, sabe por que? Porque o que me manteve
de pé sempre falou mais alto dentro de mim. Você
já deve ter ouvido falar por aí que “dentro de nós
convivem dois leões, um bom e outro mau; eles lutam constantemente! Sabe qual deles vence nessa
luta? O que você mais alimentar! Eu decidi alimentar o que me motivava a batalhar por mim, pela
força interior, meu desejo de lutar, pela concreti-
zação de um SONHO!
Eu queria ter de volta o
controle da minha vida,
ter de volta a persistência de quem vence seus
medos, queria retomar
as rédeas da minha alimentação.
O que para muitos
pode parecer bobagem, para outros é um verdadeiro martírio. Não ter controle sobre a maneira
de como alimentar-se, e este “simples” descontrole
pode levar uma pessoa a cometer diversos deslizes
e perder até mesmo sua própria confiança. E as
consequências podem ser devastadoras!
Aos 26 anos, pesando quase 110 quilos, com a
saúde comprometida, desempregada, e a beira de
uma depressão, esta era a minha vida há 5 anos!
Como eu pude chegar a esse ponto? Me perguntava constantemente! Quando deixei de me preocupar com a minha alimentação? Para onde estava
direcionando a mim e a minha família? Que preço
pagaria por me desobrigar da qualidade de vida
que eles têm direito? Até quando me encheria de
alimentos calóricos, maléficos e nada saudáveis?
Bem, eu não tinha respostas, mas de uma coisa eu
tinha certeza: eu precisava tomar alguma atitude a
respeito. E eu cavei! Cavei fundo uma solução.
Eliminei 50 QUILOS nestes quase 5 ANOS de REEDUCAÇÃO ALIMENTAR e ATIVIDADE FÍSICA. Sem
REMÉDIOS, sem CIRURGIAS, sem NEURAS. Impossível? Não existe! Não quando você se dispõe a
batalhar pelo que tanto deseja realizar. Não quando você “ACREDITA EM SI MESMO” e decide não
se render. Isso é força! Como aprendi a controlar a
vontade de comer besteira? Será um prazer dividir
com você, cada pedacinho desta caminhada. Você
deve estar se perguntando como consegui manter o
equilíbrio durante todo esse tempo. Como emagrecer e não engordar mais? Segredo? Não! O nome
disso é REEDUCAÇÃO ALIMENTAR! QUALIDADE DE
VIDA! No próximo post continuo falando a respeito
de Como emagreci e não engordei mais e como
aprendi a controlar a vontade de comer besteira.
Muito obrigada pelo carinho e por acompanhar o
Blog Vu que é um sucesso!
Ponto de Vista
A DEBILIDADE DOS LÍDERES
*Theófilo Silva
Não se pode falar de Poder sem falar de
Shakespeare. Trata-se de duas palavras indissociáveis. Provo isso, mostrando que ninguém apresentou e deslindou as entranhas do poder com tanta
argúcia e acuidade quanto o genial inglês — indo
bem além do imprescindível Maquiavel, – tal a
enormidade de situações envolvendo questões de
poder contidas em suas peças imortais. Seja conquistando, obtendo, mantendo e perdendo-o. Ele
põe suas personagens, condes, duques, princesas, reis e rainhas mentindo, roubando, guerreando, matando, amando, construindo, trabalhando,
administrando. Igualzinho aos nossos homens e
mulheres nos dias de hoje. E ele fez isso porque
sabia que é assim que o poder funciona. E sabia,
acima de tudo, que a personalidade de alguém que
detém o poder, principalmente poder político, dos
líderes que dirigem um estado, é fator preponderante na condução dos negócios, e que suas fraquezas – orgulho, prepotência, libido, desejo, vaidade
– podem condenar todo um empreendimento, até
mesmo uma sociedade, ao fracasso. E que o sucesso é fruto do equilíbrio desses afetos num indivíduo e da solidez das instituições que o cercam.
Pois o homem é falível – todo mundo sabe disso,
mas ele mostrou quais são as falhas, e dissecouas – tem pontos fracos, às vezes, um único ponto, traços de caráter e personalidade que podem
destruir tudo, ele mesmo, e os que estão ao seu redor. Que o poder é assustador para qualquer um.
E que, quando alguém o conquista, esse alguém
mudará sua maneira de agir, pra melhor ou para
pior: tornando-se cruel, despótico, centralizador,
magnânimo, perdulário, generoso, paciente, apressado, distante, obcecado, perverso, neurótico.
Daí que ele diz em Hamlet, pela boca do Rei Cláudio “Que a loucura dos grandes deve ser vigiada”.
Trago essa discussão porque observo que a sociedade tende a dar caráter de completude, até
mesmo infalibilidade a seus líderes: sejam políticos,
governantes, empresários, benfeitores, transformando-os em ídolos. Achando que eles são “completos”. O fato de alguém com enorme talento,
coragem e capacidade de trabalho, que tem sob seu
poder centenas, milhares e mesmo milhões de pes-
soas, não o transforma
em alguém, como se
quer pensar, em um ser
“perfeito”. Pode ser o
líder de uma empresa,
uma grande corporação, uma cidade, país,
exército, fundação, tribunal etc. Pelo contrário, com quanto mais
situações ele precise
lidar, tanto mais ele apresentará seus defeitos. É comum, ao se decepcionarem com um vencedor, as
pessoas dizerem: “Como um homem que chegou
tão longe pode ser tão burro”. A resposta é: pode!
Sakespeare prova isso. Perguntem para o Eike Batista!
Sabendo disso, em seu gigantesco palco, Shakespeare traçou a personalidade de Brutus, um homem muito rico, educado, honesto, respeitado,
mas ingênuo, que se deixa envolver numa trama
montada por invejosos, fazendo-o participar da
conspiração que matou o poderoso Júlio César, jogando Roma na guerra civil. Ou de Otelo, um general competente, de cor negra, nobre e respeitado,
que se acha incapaz de ser amado por uma mulher
jovem e branca – que o ama verdadeiramente – e
se deixa levar pelas maquinações de um sujeito
perverso, matando sua jovem esposa. Ou de Lady
Macbeth, que, para conquistar o reino da Escócia,
envenena a alma do marido até ele matar o bondoso rei Duncan, obtendo o trono, para perdê-lo
logo em seguida, cometendo suicídio. Ou do velho
rei Lear, da Bretanha, que, incapaz de discernir
o amor das filhas, acaba dividindo seu reino em
três partes, provocando discórdia, guerra e morte.
Ninguém é perfeito, todos sabemos disso,
mas, se damos poder a alguém, devemos estar
preparados para surpresas. E é certo que aquilo mais aparecerá do líder serão suas fraquezas. Administradores vivem sob pressão constante, e é sob pressão que as falhas aparecem.
Hoje, a figura mais badalada na imprensa do país,
chamado de maquiavélico, “durão”, por sua “capacidade”, “inteligência” de grande negociador, é
o presidente da Câmara Federal, o temido carioca
Revista Capital 13
Ponto de Vista
Eduardo Cunha. Um indivíduo que adora parecer
um vilão. Desafia tudo e a todos como se a Câmara
dos Deputados se sobrepusesse a todas as instituições do país. Sempre que vejo Cunha, lembro-me
da frase de Shakespeare em Macbeth “As múltiplas vilanias da natureza enxameavam nele”. Seu
“calcanhar shakespeariano”, que muitos de nós já
conheciam, já nos foi apresentado pela Polícia Federal e Procuradoria da República. Portanto, vamos
aguardar um pouco até que a tragédia se consuma.
Esse artigo não é sobre Eduardo Cunha, ele entrou
aqui de gaiato. É um alerta para todos aqueles que
pensam que seus ídolos são super-heróis.
*Theófilo Silva é escritor, especialista em
Shakespeare e Análises Históricas.
Blog: Shakespeare Indignado
14 Revista Capital
Revista Capital 15
Elegance
Mônica Cortopassi, Nazareth Tunholi e Ester Campante
Waldelice e Lindanor Luchine com Tânia Costa
Olívia Miranda e Édila Chaves
Jacira Abrantes e Marleninha Sousa
Rita Márcia Machado, Trudy Mathias, Benigna Venâncio, Ana Boccucci ,Rosa Rezende e Feliciana Castelo Branco Neta
16 Revista Capital
Elegance
Jacira Abrantes, Gracia Cantanhede, Divanda Pereira
Trudy Mathias, Isabel Brekenfeld e Geru Ponce
Sebas ão Gomes, Sandra Uga e Jô Alencar
Ana Cecília, Maria Lúcia Choairy e Antonia Freire
Isabel e Nazareth Tunholi
Edneusa Carvalho
Avenir e Neyse Fernandes
Revista Capital 17
Elegance
Belane, Núbia, Alice Ribeiro, Ingrid Fenselau, Teresa Kramer, Zaida Alba, Vera Pecoits, Creuza Ferreira e Cibele Azevedo
Isabel Almeida, Sabá Cordeiro, Ceres Flores, July Benevides, Linda Folador, Lourdinha Fernandes,
Maria Irene Maia, Idair Senna Bastos, Lúcia Alasmar e Nazareth Tunholi
18 Revista Capital
Mirtes Gomidi e Divanda Pereira
Elegance
Jane Carol e Vanda Ladim
Jane e Aurinete Leite
Jacqueline e Cleusa Carvalho
Márcia Coelho
Railda Azevedo e Heloisa Queiroz
Sabá Cordeiro Macedo, Darcy Gaspare o, Nair Ewerton, Helena Lima, Lúcia Faria
Elegance
Anete Braga, Nilza Castro e Lourdinha Fernandes
Ana Maria Valadão Naves, Daniela Naves Aguiar
e Malu Naves
Mirtes Cardoso
e Lúcia Chaves
Eliana Alves de Campos
e Elaine Caldas
Lizi Mendes e Cosete Gebrim
20 Revista Capital
Alessandra Neiva Amorim
Conceição Nacle
Maria José Santana
Comportamento
DIVIDIR TAREFAS DOMÉSTICAS
‘melhora vida sexual’
foto divulgação
Emma Wilkinson
Repórter de Ciência da BBC News
Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos
sugere que casais que dividem tarefas domésticas e
o cuidado com os filhos são mais felizes e têm uma
vida sexual melhor.
Após análise de dados de um levantamento feito
em 2006, foi observado também que nos casais
em que estas tarefas ficavam, na maior parte, com
a mulher, homens e mulheres relataram um grau
bem menor de satisfação.
Segundo os pesquisadores da Universidade Estadual da Geórgia, esse impacto negativo não foi
verificado nos casais em que o homem era responsável por uma parte maior dos cuidados com os
filhos.
As conclusões vieram da análise do estudo 2006
Marital and Relationship Study, sobre casamento e
relacionamentos, realizada entre heterossexuais.
Os 487 casais, selecionados de forma aleatória,
tinham filhos, rendas que iam de ‘baixas’ a ‘moderadas’ e as mulheres tinham menos de 45 anos.
Responsabilidade de quem?
Os dados, que estão sendo apresentados em
uma reunião da Associação Americana de Sociologia, mostram que os casais em que a mulher foi
a responsável por mais do que 60% dos cuidados
com os filhos - especificamente em termos do estabelecimento de regras, elogios às crianças e brincadeiras - tiveram as piores avaliações em satisfação
com relacionamentos e em relação à qualidade da
vida sexual.
“Uma das descobertas mais importantes é que
o único arranjo ligado aos cuidados que parece
realmente ser problemático para a qualidade do
relacionamento e vida sexual do casal é quando a
mulher faz a maior parte do cuidado com os filhos”,
disse Daniel Carlson, professor-assistente de sociologia da Universidade Estadual da Geórgia.
A equipe descobriu que quando o pai assume a
maior parte ou toda a responsabilidade pelo cuida-
do com os filhos, isso não afeta de forma negativa a
qualidade do relacionamento do casal.
O estudo não observou quem realizava tarefas
como alimentar e dar banho nas crianças.
Os pesquisadores estão planejando mais estudos
sobre a razão dos casais com divisão igual das res
ponsabilidades nos cuidados com os filhos parecem
ter relacionamentos melhores.
“Estamos tentando entender a razão de casais
acharem tão positivo o compartilhamento das tarefas”, disse Carlson.
O ‘novo homem’
O professor Cary Cooper, especialista em psicologia organizacional e saúde na Escola de Negócios de
Manchester, disse que as descobertas dos pesquisadores americanos fazem sentido, pois o “’novo’
homem que está feliz em dividir a responsabilidade
pelos cuidados provavelmente já investe mais no
relacionamento”.
Cooper acrescentou que é cada vez mais aceitável
para os homens optarem por trabalhos com horários
mais flexíveis e assumirem mais responsabilidades
pela família e vida doméstica.
“Há cada vez mais pressão nos homens que normalmente não fariam isto - a questão é se vai fazer
diferença no relacionamento. Acho que pode fazer”,
acrescentou.
Revista Capital 21
Reflexões
A UTILIDADE DA FILOSOFIA
*Lúcia Maya
Imaginando como descrever o potencial de
transformações que a Filosofia possui, lembrei-me de um antigo exemplo meu, nascido em
sala de aula e já muito repetido, por mim e por
outros, mas que, até onde eu saiba, ainda não
havia sido descrito em um texto.
Quando dava minha aula explicativa sobre a Filosofia que praticamos, voltada para a construção
do homem e para a transformação da sociedade,
um jovenzinho, aparentemente bastante ansioso,
disparou uma indagação ousada e desafiadora,
embora não muito original: ”Você quer dizer que
vamos ajudar a humanidade ensinando Filosofia?
Que coisa mais teórica e inútil! Muito melhor seria
sairmos, todos, nós às ruas, distribuindo alimentos, remédios e outras coisas mais necessárias!”
Curiosa a arte da pedagogia, quando a amamos:
ao invés de despertar a nossa ira, o desafio provoca a nossa imaginação, e posso dizer que, em
situações como esta, nasceram meus melhores
exemplos e reflexões. De maneira bem tranquila,
propus a ele o seguinte exercício de imaginação:
há uma falha na telha e uma infiltração no forro
desta sala em que estamos, e uma insistente goteira provoca uma poça d’água bem no meio da
sala. De acordo com a reação ante este simples
e banal fato, podemos dividir a humanidade em
três grupos...
Primeiro grupo: os “alienados”. São um tipo curioso: não veem nada senão aquilo que lhes traz
vantagens pessoais e imediatas. Em relação a todas as outras coisas (inclusive poças d’água), pisoteiam-nas de forma, quando não inconsciente,
pelo menos indiferente. “Poça d’água? Aaah...
problema dos donos desta escola!” Se a poça
ocupa um espaço público: “- Problema do Governo! Eu pago meus impostos...” E sai, alegremente
e sem culpas, deixando suas marcas de lama pelo
mundo.
Segundo grupo: os “bem intencionados”. Como
o próprio nome diz, têm boa vontade, e costumam reagir rápido: “ – Sujeira? Deixa comigo:
22 Revista Capital
pano, rodo e detergente, um pouco de exercício
físico, e... lá sei vai ela!” É fato: lá se vai... e lá se
vem, pois a goteira não cessa. Nem o trânsito intenso de alienados com sapato sujo. E aí, começa
o drama interminável: limpa/suja, limpa/suja,
limpa/suja... Acontece que nem o pano, nem
o rodo, nem o detergente ou mesmo o próprio
bem intencionado são eternos. Um dia, o esforço
cessará, e o mal estará de volta em minutos. Podemos deduzir, então, que há boa intenção, mas
muito pouca eficácia.
E o terceiro grupo? Aqueles que se intitulam
“filósofos”, ou seja, buscadores da sabedoria, não
descartam a importância de limpar o chão, pois
não há como ver com clareza em meio a tanto
caos. Mas, realizada esta tarefa, farão imediatamente a pergunta crucial: “- Qual é a causa deste
problema?” Olharão, então, para cima e detectarão a raiz da dificuldade. Próximo passo: consertar telha e forro! Finda a causa, findo o efeito,
ou seja, ação bem intencionada e eficaz.
“Só o ingênuo acredita que as causas da miséria
física estão no plano físico; as causas da miséria
física sempre estiveram e estarão na miséria
moral, psicológica e espiritual do homem.” Ou
seja, há mesmo que levantar a cabeça e “olhar
para cima” para encontrar as causas. Você acredita que a fome é devida à falta de alimentos ou
de fraternidade? e a pobreza? Deve-se à falta de
bens materiais ou de honestidade? E a ignorância
e a maldade? É falta de acesso aos bancos de escola ou de formação para usar estes conhecimentos de forma humana e não egoísta?
Como diria o sábio Arquimedes: Eureka! Encontrei! Torna-se óbvio que necessitamos mesmo de Filosofia para construir homens! E necessitamos mesmo de homens de verdade para
mudar o mundo! E devo ser eu o exemplo de
que isso é possível, pois eu sou o mundo que
me corresponde mudar agora. Todas as nossas reflexões, ao longo deste texto, foram inspi-
radas nos conhecimentos de alguns homens,
sempre poucos, na história, que ousaram dar
exemplo de uma condição humana digna,
através de suas obras e de suas vidas; ou seja,
foram filósofos, com boas intenções e eficazes
até nossos dias. Não é um bom desafio? Talvez
um dos maiores e mais nobres. Sinta-se desafiado!
*Lúcia Helena G. Maya é voluntária, professora
e conferencista em Nova Acrópole há 26 anos.
Juscelino
12 DE SETEMBRO
No natalício de Juscelino Kubitschek de Oliveira,
a Revista Capital apresenta o poema Ode a JK, para
celebrar, com os seus leitores, essa data tão signifi-
cativa para os moradores de Brasília, que, até hoje,
demonstram a sua gratidão ao grande estadista
pela construção desta cidade.
Ode a JK
Nazareth Tunholi
Conhecemos tua história, Juscelino,
filho de Júlia e de João César,
nascido e criado em Diamantina,
órfão de pai aos três anos,
senhor de heroico destino!
Repercutiram teus êxitos,
tuas metas e determinação,
de Brasília para os brasileiros!
Ainda agora tua voz ecoa
exaltando o espírito pioneiro!
Da simplicidade mais cristalina
e dos teus sonhos adolescentes,
aos livros, ao diploma de Medicina,
e aos arroubos duma carreira política,
que marcaria a história do Brasil.
Disseste que Brasília, seria
“cérebro das mais altas decisões”.
Ao longo destes 50 anos,
consolidaram-se tuas previsões,
pela tua confiança infinita!
Versátil e impetuoso,
singraste trilhas militares,
chegando a coronel-médico,
e a funções parlamentares,
depois, a nosso presidente!
Hoje te rendemos glórias,
nossa gratidão manifestando
pelo teu amor à liberdade
e ao poder da democracia,
a Deus, pela tua vida, louvando!
Assumiste o projeto colossal,
na amplidão do cerrado,
de construir uma capital,
moderna, estratégica, federal,
a ousadia duma quimera.
Brasília é, portanto,
uma ode das mais altaneiras
ao espírito desbravador
e ao gênio empreendedor
de Juscelino Kubitschek de Oliveira!
No dia 21 de abril
de mil novecentos e sessenta,
Brasília capital do Brasil,
uma cidade pronta em festa...
E choraste na missa inaugural.
24 Revista Capital
O QUE
JK DIRIA SE ESTIVESSE
VIVO?
*Isabelle Braz
Brasileiros,
Desde o princípio, minha campanha propunha o
rápido desenvolvimento do Brasil, 50 anos de progresso em 5 anos de governo. Sinto-me satisfeito
por ter cumprido integralmente o Programa de Metas. Um dos grandes propósitos tratava da mudança
do poder. A ideia de trazer a sede do governo para o
centro do país era antiga, pois desde o período colonial as autoridades da época discutiam por uma
capital longe da vulnerabilidade que o mar trazia,
assim como desejavam maior integração entre os
estados.
Fora definido um quadrilátero na região Centro-Oeste com uma área de aproximadamente
5.800 Km² destinados à implantação do Distrito
Federal. Esta tarefa tornou-se bastante trabalhosa
ao longo dos anos, pois foram necessárias quatro
expedições para definir o local.
Milhares de trabalhadores brasileiros dirigiram-se ao Sítio Castanho, local onde seria erguida
uma das cidades mais influentes da América. Estas
pessoas foram chamadas de candangos e foram essenciais durante a construção. Concedo-lhes títulos
de glória, pois sou eternamente agradecido por terem abraçado a causa e lutado bravamente pela sua
concretização.
Os primeiros anos de governo foram os mais difíceis. Definitivamente, a responsabilidade de fazer
a transferência do governo para o centro do país,
o deserto brasileiro, pesava sobre minhas costas.
Este grande sonho chegou a ser alvo de severas
críticas, pois a maioria dos brasileiros acreditava
ser uma causa impossível. Mesmo com todas as
dificuldades, persisti na ideia de avanço e desenvolvimento. Creio que esse pessimismo cessou,
principalmente quando o Palácio da Alvorada foi
inaugurado dois anos antes de Brasília.
A partir de traços e linhas tortas feitas a lápis
nas pranchetas dos arquitetos Lúcio Costa e Oscar
Niemeyer, o projeto delineou a vida dos futuros
brasilienses e a cidade foi ganhando forma. Logo
que a famosa cruz fora implantada, Brasília recebeu
sua identidade e à medida que a poeira vermelha
acumulava-se sobre meus ombros, tive a certeza
que o sonho de construir a Capital se realizaria.
Brasília nasceu no dia 21 de abril de 1960. Fora,
então, entregue a cidade julgada impossível, fruto
de muito esforço e dedicação de vários brasileiros
que lutaram para dar ao país e ao mundo o progresso e confiança no amanhã.
De fato, esta é uma cidade diferenciada, tanto
pelo fator arquitetônico, quanto pela engenhosidade da disposição das áreas de moradia, lazer e
trabalho. O país se tornou mais unificado e é com
imensa felicidade que vejo o quanto pudemos
avançar.
Este importante objetivo só foi possível pela
união de vários heróis que, direta ou indiretamente,
colaboraram para alcançá-lo. Levarei a honra de ter
contribuído para a vontade popular. Desejo que
todo o país continue agindo com a fé e com o entusiasmo que todos tiveram durante a criação de
Brasília e sigam com o propósito de ordem e progresso.
*Isabelle Braz Amarilio da
Cunha é acadêmica de
Arquitetura e Urbanismo
e acadêmica de Letras.
É apaixonada pela escrita
e por sua cidade natal,
Brasília.
Celebração
CERIMONIAL DE NATALÍCIO DE JK
O Cerimonial de Natalício de JK é um projeto da
jornalista Nazareth Tunholi, que o tem realizado,
anualmente, em parceria com a ALMUB - Academia
de Letras e Música do Brasil.
Trata-se de uma programação cultural para
comemorar a data natalícia de um dos vultos
históricos brasileiros mais reverenciados, desde a
sua morte, em 22 de agosto de 1976.
O evento apresenta música, poesia e discurso,
além de uma sessão de homenagens, em que é outorgada a Medalha do Mérito JK, a personalidades
convidadas para esta homenagem. A solenidade
culmina com uma confraternização e um requintado coquetel. Neste ano, os homenageados são: o
embaixador de Israel Reda Mansour, o presidente
da Associação Nacional dos Procuradores Federais
da Previdência Social, Antonio Rodrigues da Silva,
a escritora moçambicana Fátima Langa, a pianista
Mônica Mendonça, a escritora paraense, Lucy Gorayeb Mourão, o presidente da Fecomércio - Federação do Comércio Adelmir Santana, o diretor da
Gasol Antonio Matias, o médico Célio Menicucci e
o empresário Antonio Carlos Martins.
Para o presidente da ALMUB, maestro Sebastião
Theodoro Gomes, “é muito profícua a parceria com
a Revista Capital nesta realização à memória de JK,
evento que conta, inclusive, com a presença da escritora Palmerinda Donato na organização”.
Embaixador de Israel no Brasil desde outubro/2014, Reda
Mansour é diplomata de carreira, tem mestrado e doutorado, é
poliglota e escritor premiado.
Antonio Rodrigues, presidente da Associação Nacional
dos Procuradores Federais da
Previdência Social - ANPPREV,
cuja missão é defender os interesses profissionais e direitos de
seus associados e pensionistas.
Célio Menicucci é médico reumatologísta e
clínico geral, dos mais prestigiados. Está em
Brasília desde a sua construção.
26 Revista Capital
Preside o Sistema Fecomércio
- Federação do Comércio, Adelmir Santana é empresário e foi
senador da República e defende
o desenvolvimento brasileiro.
Antonio Matias é diretor da
Rede Gasol Combustíveis Automotivos e lidera o projeto Bibliotecas Casa do Saber, com cerca
de 160 unidades no DF.
Mônica Magalhães Mendonça
é pianista, pedagoga, pioneira
e mulher comprometida com
a educação infantil e com a formação musical de crianças, desde a inauguração de Brasilia.
Antonio Carlos Martins é empresário na área de equipamentos médico-hospitalares. Atuou
em várias entidades ocupando
cargos como o de juiz arbitral
e de presidente da Sociedade
Amigos da Marinha – Soamar.
A escritora Fátima J. Correia
Langa é moçambicana, graduada em Jornalismo. É empresária em Maputo, onde reside. Dedica-se à Literatura Infantil.
Advogada,
professora,
escritora, ativista cultural
e política,
Lucy
Gorayeb Mourão tem recebido
prêmios pela sua obra e atua
em várias entidades.
Revista Capital 27
Coluna
MÔNICA CORTOPASSI
Com sua mansão totalmente revestida em belíssima
decoração junina, Lúcia Alasmar recebeu um grupo de
senhoras para comemorar a nova idade. Sua alegria contagiou todas as caipirinhas que se divertiram a valer!
Inspirada no estilo country, a aniversariante
Rita Ballock recebeu seus convidados. A festa
foi em minha residência, animada pelo DJ Tuy
Ribeiro, com pista de dança sobre a piscina,
telão e iluminação cenográfica e com o grupo
country Montana e até touro mecânico! Noite
inesquecível!
Ana Cláudia Leão, Aldaceli di Paula, Gracia Cantanhede, Claudia
Galdina, Thamis Peres, a anfitriã, Gigi Freddi, Leila Chagas e
Cidália Varela
Brunch na residência da Embaixadora dos Estados Unidos da
América - Liliane Ayalde recebeu senhoras do Clube Internacional de Brasília para comemorar a data nacional de seu país.
A aniversariante cercada pelo grupo Mulheres
de Brasília, criado por Jane Godoy
Rita Ballock com o casal Rogério e Nazareth
Tunholi
Jupira Ghedini, a Embaixadora Liliane Ayalde, Maria Luiza Mathias,
Marlene Bacelar, Maria Lúcia Moriconi e Carmen Bocorny
28 Revista Capital
No almoço da Academia Internacional
de Cultura, com a presença de membros e embaixatrizes estrangeiras, recebemos um mimo: o Álbum Gente
de Expressão III, elaborado por NazaLuiz Carlos Ballock reth Tunholi e Meireluce Fernandes, e
o livro Sonhar... Amar... Viver... da brie Luiz Narvaez,
da Embaixada dos lhante presidente Meireluce, na foto,
Estados Unidos com Irene Leite e Nazareth
Aniversário da Deise Aviz
Esta linda empresária recebeu seus amigos para um
delicioso jantar assinado pelo Chef Gute no Lounge
CMNDDE VIP do Shopping Casa Park. Noite muito
agradável e animada!
Aniversário da Lúcia Itapary
O restaurante Dali Camões encheu-se de pessoas que
foram levar o seu abraço a esta baronesa querida por
todos em Brasília. O almoço foi prestigiadíssimo e organizado pelas amigas Rita Ballock, Benigna Venâncio e Mariza
Junqueira, na foto, com Carmen Antony e eu
Com intuito de comemorar os aniversários do
mês, o casal Marília e Paulo Lemos receberam
um grupo de amigos para uma animadíssima
seresta comandada por Leila Chagas, na foto,
com esta colunista, a anfitriã e Rita Ballock
Lucinha com os amigos Amador Outerelo e
Consuelo Badra
No seu aniversário, César Rebouças
recebeu de suas amigas um delicioso almoço no Restaurante Rio
Bistrô. Salão decorado com balões
pretos e laranjas, muita descontração e alegria!
Foto ao lado: O aniversariante rodeado pelas amigas Cátia Vasconcelos e Gracia Cantanhede e, acima, Amador Outerelo e a belíssima
Cláudia Jucá.
Seresta surpresa organizada por amigas, com um delicioso jantar para
comemorar o aniversário de Patrícia
Viçosa. Noite maravilhosa e muito
animada! Na foto, Patrícia ladeada pelo
esposo Pedro Calmon e o filho Saulo
A bela Gracia Cantanhede convidou um grupo de amigas para a comemoração de seu aniversário. O restaurante Rio Bistrô ficou pequeno para tantas mulheres que foram abraçá-la. Foi uma tarde muito alegre e especial!
Marcelo Chaves e Odaiza Rodrigues e,
ao lado, Lúcia Alasmar, Carla di Carli,
Maria Inês Nogueira, Gracia, Iara Castro, Gracy Galeazzi e Elaine Caldas
O Instituto de Cultura Brasileira e Ortiga promoveram desfile de modas para
aquisição de próteses mamárias em
Lúcia Alasmar, Carla di Carli, Maria Inês Nogueira, Gracia, Iara Castro,
benefício de pacientes mastectomizaGraci Galeazzi e Elaine Caldas.
das, no Clube Naval, com a presença da
As amigas da simpática Olímpia Marotta, a sexta na foto, organizaram
Patronesse de Honra, Marcia Rollemno Bar do Alemão um delicioso almoço para comemorar o aniversário da
berg, entre outras que tanto se empe
Maria Olímpia. Foi uma tarde muito animada, cheia de pessoas especiais.
nharam para o seu sucesso. Na foto, a
presidente do ICB, Carmen Minuzzi
30 Revista Capital
Esporte
PRATA DO BRASIL
LIÇÃO ALTRUÍSTA
Rodrigo Pessanha Tunholi
Difícil não misturar as palavras com choros de
alegria ao ver essa imagem se espalhar pela TV
e internet! Aí, vem o filme na cabeça e só a gente que acompanhou o dia a dia dos treinamentos
sabe o quanto vocês merecem viver esse momento! Merecem, não só pela perseverança e raça na
pista, mas pelas lições diárias que dão fora dela.
Certa vez, perguntei para esse cara aí da foto,
Fernando Martins Ribeiro Junior, por que ele não
se dedicava a uma carreira solo? Pensei: “o cara
corre pra caramba!” Aí, ele disse desse jeito: “Rodrigo, não quero! Eu me realizo guiando outra pessoa. Abro mão de um sonho próprio para realizar
o sonho de outro atleta”. E aí, sem querer, tive a
melhor aula de altruísmo, singeleza, naturalidade
e humildade que uma pessoa poderia ter! De um
garoto de 22 anos (20 na época), nascido em Jesus
de Nazareth, um bairro de periferia de Vitória!
Como precisamos de gente como Fernando
nesse País! Como precisamos de gente como a Renata Bazone Teixeira, também! Guerreira! Mãe!
Foi perdendo a visão progressivamente mas não
desistiu! Começou no judô e foi parar no atletismo
sem pretensões. Hoje, uma pessoa para guiá-la nos
800m e 1500m tem que correr muito, se não, quebra geral! Encara o trânsito Serra-Vitória (ES) todos
os dias para treinar e NADA ganha em troca daqueles que, certamente, irão dar uns tapinhas nas costas quando ela voltar ao Brasil! Renata e Fernando,
vocês venceram, (e deixaram o Joaquim Cruz pra
trás!) e continuarão a vencer todos os dias!
Hoje, me senti um pouco vitorioso também, por
ter convivido com seres humanos tão fantásticos e
ver, aqui de longe, a coroação do trabalho sincero e genuíno de pessoas sem segundas intenções!
Minhas sinceras reverências.
Revista Capital 31
Brasília Vip
por Nazareth Tunholi
Palmerinda Donato e esta jornalista abrindo as atividades do Brasília Vip, com almoço no restaurante Rubaiyat
Ronilda Tavares Oliveira com a avó Bia
Lobo Salles em noite
de festa
O prestigiado casal
Renata La Porta e
João Paulo Todde
Nogueira movimentou a alta sociedade
de Brasília com o
seu casamento
Com seus alvíssimos vestidos, Débora Pinheiro, Márcia Lima
e Ana Tourino, na cerimônia religiosa do casamento de Renata e João Paulo Todde
As sempre elegantes, July Benevides, Carminha Manfredini
e Maria Juraci Silva, em tarde de celebração
32 Revista Capital
P
E
R
S
O
N
A
Trudy Mathias, primeira-dama Márcia Rollemberg, Governador
Rodrigo Rollemberg e Cosete Gebrim na 26ª Exposição do CIB
Jair Evangelista com Jane Godoy e Natanry Osório, homenageadas pela Administração do Lago Sul
A charmosa Moema Leão conferindo o Encontro Urbano de Arte, no
Shopping Casa Park
IDAIR SENNA BASTOS, uma das elegantes
de Brasília, destaca-se pelo seu alto astral,
bom gosto e pelos inúmeros amigos que
tem.
Idair, como é o seu fim de semana?
R.: É sempre ao lado dos meus filhos, em
almoços de domingo ou num gostoso lanche
em casa. Também, é passear com meu neto
Rodriguinho, em lugares como o Pontão ou
nas águas do Lago.
Qual sonho lhe deu mais prazer realizar?
R.: Realmente, foi formar uma família com o
meu já falecido marido, meu porto seguro.
Tivemos três filhos maravilhosos, de uma
união de 35 anos, todos brasilienses.
Que tipo de arte faz mais a sua cabeça?
R.: Aprecio as artes plásticas, cênicas, artesanato e a música, que relaxa e nos traz boas
lembranças. Todas são sentimentos materializados do artista. A arte e a história são
testemunhas da evolução do ser humano,
como a Arte Bizantina e Cristã por exemplo.
O que a deixa triste?
R.: A desigualdade entre as pessoas, a violência, principalmente contra a mulher.
A falta de respeito e a intolerância. Como
voluntária, presidi a Ação Social do Planalto, por 7 anos, vivenciei, inclusive, a falta de
educação, moradia e assistência à formação
de jovens em situação de riscos. Agradeço a
Deus por eu ter contribuído para a educação
e profissionalização desses menores. Cito a
frase de um soldado israelita: “ Não diga um
novo dia virá; traga esse novo dia”.
Por qual cidade você trocaria Brasília?
R.: Adoro Brasília! Aqui constituí família, criei
meus filhos, trabalhei e fiz sólidas amizades.
Somente a trocaria por minha terra, Poços
de Caldas!
Revista Capital 33
Fátima Langa
O MORCEGO
PREGUIÇOSO
-Karingana wa karingana!
-Karingana…
-Karingana wa karingana!
-Karingana…
Conta-se que há muito tempo, os animais viviam organizados
e trabalhavam em grupo.
Quando um deles tivesse uma ideia útil para o grupo, comunicava-a ao chefe que logo mandava tocar o sino (que era um
pedaço de ferro pendurado por um arame atado numa árvore).
Imediatamente, todos se juntavam à sombra da grande árvore.
Porém, havia os preguiçosos que raramente se faziam presentes ao chamamento. A título de exemplo, temos o morcego
que se esquivava sempre aos trabalhos em grupo. Nunca lhe faltava um argumento para excluir-se.
Era tempo de seca, a fome assolava a região. Naquela manhã o
sino soou intimando todos os mamíferos a lavrarem a terra para
plantarem cereais e tubérculos para se alimentarem
O morcego recusou-se, afirmando que não era um mamífero,
mas sim um pássaro. E, assim, bateu as asas e fugiu.
Passado algum tempo, os pássaros precisaram de construir
um ninho grande, onde todos pudessem caber, em caso de reunião. E o sino tocou...
Como em tempos, o morcego tinha dito que era um pássaro,
convidaram-no a juntar-se a eles. Porém, mais uma vez se recusou alegando que ele não era pássaro, mas sim mamífero, que
tinha dentes e amamentava as suas crias.
Os pássaros não gostaram nada da maneira de ser do morcego. Muito zangados, murmurando, lá fizeram o trabalho sem
ele.
Os mamíferos e os pássaros em reunião reprovaram o comportamento do morcego, que nem sequer quis
participar da mesma.
Envergonhado, o morcego separou-se definitivamente dos
outros animais, passando a dormir de dia e a passear na calada
da noite.
FIM
Se és bom menino, nunca te
34 Revista Capital
recuses a fazer trabalho em
grupo.
Gente
FÁTIMA LANGA
A escritora Fátima J. Correia Langa é moçambicana, com licenciatura em Jornalismo. É empresária em Maputo, onde reside. Dedica-se à
Literatura Infantil e possui várias obras publicadas.
Fátima Langa é membro de AEMO e tem participado de importantes eventos, como o XI Encontro Internacional de Escritoras, realizado em
Brasília, em março/2014, oportunidade em que
Fátima teve um papel de destaque, divulgando
seus livros infantis e coisas de seu país.
Tem recebido importantes homenagens, entre elas, o título de “Personalidade Africana do
Ano”, outorgado pelo CICESP - Centro de Integração Cultural e Empresarial de São Paulo, em
2014.
Neste ano, Fátima Langa foi indicada para receber a Medalha do Mérito JK, por ocasião do
Cerimonial de Natalício do Presidente Juscelino
Kubitschek, falecido em 1976. Fátima chega ao
Brasil neste mês para a solenidade de outorga
da honraria.
Revista Capital 35
Celebração
REVISTA CELEBRA 55 ANOS DE BRASÍLIA
No dia 23 de abril, esta revista iniciou as comemorações do aniversário de Brasília, com solenidade
no Instituto Histórico e Geográfico, abertura com
a Banda do Batalhão da Guarda Presidencial, entrega da Medalha llustris Personae aos notáveis
previamente indicados e o descerramento do
Painel de Personalidades 2015.
Mesa diretora da solenidade
Painel de Personalidades 2015 e a autora da obra, a
artista plástica Sandra Uga
Banda do Batalhão da Guarda Presidencial da Polícia Militar
O homenageado
empresário Antonio Matias
José Júlio dos Reis, Padre Brandi Aleixo, Roosevelt Beltrão e João
Vicente Feijão
A escritora Dinirá Couto
Cançado entre os agraciados
com a medalha “Illustris
Personae” com a anfitriã
A anfitriã com Kátia Kouzak,
dinâmica pioneira e empresária de Brasília
O casal Antônia e Florêncio
Sinzato
Condecoradas a
professora Vanessa
Boccucci e a escritora
Cácia Leal
Celebração
JANTAR DANÇANTE DOS 55
Com um jantar dançante
bem prestigiado, esta revista comemorou os 55 anos
de Brasília, na Embaixada de
Portugal, no dia 29.04, animado pela Banda Infinity.
A anfitriã, Nazareth Tunholi
Carmen Bocorny, Cosete,
Dodoia Rezende, Olímpia
Gardino e Wanzenir Edler
Emb. Francisco Telles
Estênio Campelo e Palmerinda
Darcy Bicalho e Mário Gardino
Marlene Galeazzi, Cosete
Gebrim e Nena Queiroz
Beatriz Schwab e Cosete
<Francisco Machado, Estênio
Campelo, Gutemberg Fialho, Tiago
Correia, Leonardo Gomes, Cosete,
Lúcia Itapary, July e Clotilde Rocha
Lucila La Porta, July
Benevides, Amador Oterelo e Carmen Bocorny
Talk show
MÉRCIA CREMA
*Nazareth Tunholi
A empresária Mércia Crema está no mercado do
Turismo há mais de 30 anos com a M.S. Turismo
atendendo sua vasta clientela.
Mércia, é um grande prazer recebê-la para este
talk show, neste almoço festivo.
Oi Nazareth, é para mim um grande prazer participar desse talk show. Sinto-me muito lisonjeada!
Muito se ouve acerca do sucesso das viagens
promovidas pela M.S. Quais são os destinos mais
solicitados pelo público de Brasília?
O nosso destino principal é a Disneyworld, destino este em que trabalhamos há 39 anos e já
estamos embarcando uma terceira geração de
brasilienses em nossas excursões.
Também para a Europa, Ásia, Colômbia- agora
tão em moda- para todos os destinos da América
do Sul, enfim, para o mundo todo.
Abrimos há dois anos um novo setor em nossa
empresa, a MS VIP, onde operamos nossas próprias
viagens, sempre utilizando o que há de melhor em
hotelaria mundial, com acompanhantes de nossa
empresa e um serviço diferenciado. Tem sido um
enorme sucesso!
Sabemos que o seu xodó é a Pousada dos Pireneus. É grande a programação de eventos lá na
Pousada. Com quanto tempo de antecedência se
pode agendar um congresso ou outra promoção,
na Pousada dos Pireneus?
Qualquer evento para ter sucesso deve ser
programado com a maior antecedência possível.
Porém, se tivermos disponibilidade de apartamentos e salas de reunião, nós sempre conseguimos
viabilizar qualquer demanda.
Também se pode ir lá para passar um final de semana, comemorar um aniversário com a família?
Sim! É o que sempre acontece, por exemplo, no
Natal e no Reveillon. Hoje em dia está muito difícil e caro fazer festas de Natal em casa. Falta mão
de obra, pessoas para ajudar, buffets disponíveis,
além de que a conta total sempre cai no dono da
casa que está recebendo.
38 Revista Capital
Por este motivo, a cada ano a procura de nosso hotel para essas datas é enorme. São famílias
inteiras, com componentes de várias cidades brasileiras que vem passar essas festas conosco. Cada
um paga sua conta, ninguém tem trabalho, todos
podem desfrutar desse momento sem estresse.
Sabemos que você passou uns anos em Paris,
o que de bom você trouxe de lá para o seu empreendimento?
Meu marido e eu passamos 3 anos em Paris e 8
meses em Londres.
Ele foi fazer um mestrado e eu, além do francês
que fiz e me formei na Sorbonne, fiz um belo curso de gastronomia, na Escola Le Nôtre de Paris e
alguns ateliers de cozinha no Hotel Ritz, na Escola
L´Escoufier.
Foi imensamente proveitosa nossa estada na
Europa e hoje podemos dizer que a cozinha da
Pousada dos Pireneus não deve nada à nenhuma
outra. Desde a cozinha goiana, como a brasileira e
a internacional, são executadas com maestria, pela
nossa equipe muito bem treinada e competente.
O que você acha deste espaço criado pela Revista Capital?
Acho fantástico esses espaços onde as pessoas
podem livremente tirar suas dúvidas sobre diversos assuntos.
Arte
ENTRE O BRASIL E A FRANÇA
*Nazareth Tunholi
Jaci Tóffano, dinâmica, sempre se renovando,
desenvolveu ao longo de sua vida múltiplos talentos, tanto como pianista concertista, arranjadora,
compositora, como também professora, pesquisadora, autora de vários livros, administradora e coordenadora de projetos culturais.
Desde que frequentou a Juilliard School (Nova
Iorque, Estados Unidos), onde obteve o grau de
Mestre em Piano, passando pela sua estreia como
solista da Orquestra Sinfônica do Estado de São
Paulo, sob a regência de Eleazar de Carvalho, e pelas suas apresentações no Lincoln Center de Nova
York, no Teatro Municipal de São Paulo, na Unesco
em Paris, ou do Palácio do Povo em Pequim, Jaci
recebeu muitos prêmios e honrarias.
Jaci morou em Brasília onde desenvolveu uma
carreira de sucesso como professora da Universidade de Brasília. Hoje, divide o seu tempo entre o
Brasil e a França.
Esta brasileira brilhante estreou suas atividades
de 2015 em Paris num concerto promovido pela
Association Brésilienne de Concerts, na Mairie du
7e (no dia 15 de março).
Nos últimos anos tem participado de projetos
musicais a convite da associação francesa La Cléf
Enchentée com apresentações incluindo a sede da
Unesco em Paris e na edição de livros infantis que
acompanham CD com arranjos e direção musical
de sua autoria.
Jaci, nascida em Jaú (SP), é membro da Academia de Letras e Música do Brasil - ALMUB e da
Academia Internacional de Cultura - AIC.
Revista Capital 39
Poesia
ABRAÇO ARDENTE
*Lucy Gorayeb Mourão
Acariciando tuas mãos
procurei compreender
minha razão
e te busquei
para ouvir
tua voz meiga.
Eu queria
palavras de amor
nesse momento.
Queria
teu gesto carinhoso,
palavras sedutoras,
tuas mãos macias
percorrendo meu corpo.
A emoção me domina
e me envolve
num abraço ardente.
De prazer deliramos.
*LUCY GORAYEB MOURÃO nasceu em Belém do Pará.
É bacharel em Direito, cronista, poeta e jornalista. Foi
colabo­radora no jornal “O Liberal”. Tem trabalhos publicados em antologias e é autora dos livros: “Olhos no Futuro” (bilíngue - português e espanhol), Editora Alcance,
Porto Alegre, (distri­buí­do nos países do Mercosul);
“Sem Lugar para o Ódio”, Gráfica Sagrada Família, (com
dois contos premia­dos); e “Crônicas no Presente”, Editora Cejup. É Presidente da LIBRA - Liga das Mulheres Eleitoras do Brasil e membro das Academias: de Letras e Música
do Brasil; Paraense de Letras; Irajaense de Letras e Artes - RJ;
de Letras e Artes de Paranapuã - RJ; Paraense Interiorana;
Paraense de Jornalismo (fundadora); Castro Alves de Letras BA. Tem recebido prêmios e condecorações, como a Medalha
de Ouro pelo conto “Amor de Infância”, concedida pela Academia Brasileira de Estudos e Pesquisas Literárias - RJ.
Advogada, professora, mãe, ativista cultural e política, Lucy
tem acompanhado as mudanças, rigores e egoísmos de todos os tempos, sempre escrevendo versos com sua verve jovial e vibrante.
40 Revista Capital
Comportamento
Oficina de Costura de Bonecas
por Isabel Almeida
Hoje, no mundo que valoriza cada vez mais a
tecnologia e suas ferramentas, costurar parece
coisa de um passado distante, quase inexistente.
Mas para as crianças, costurar significa brincar de
boneca, entrar num mundo mágico ao lado de
panos, agulhas e amigas, e de lá desenvolver sua
criação, concretizar um vestido, tudo isso as fascina. E assim, a estilista mineira Ediene Costa vem
ganhando adeptas dessa arte entre crianças de 8 a
12 anos desde julho deste ano.
A primeira turma contou com 18 crianças que ao
longo do mês das férias trocaram clube, televisão
e outras atividades inerentes a elas para brincar de
costurar. O interesse das alunas foi tamanho que
até os pais se surpreenderam, pois vários não imagi
navam que suas filhas tivessem tanta habilidade
para mexer com agulhas e tesouras.
E brincando de costura, a criança é mergulhada
num mundo lúdico onde suas emoções são expostas e essas experiências que auxiliarão na sua formação cognitiva, no seu desenvolvimento físico e
mental.
A ocasião é um momento de aprendizado e
muita diversão. Na Oficina de Costura de Bonecas
as crianças são estimuladas a criar uma coleção
de roupas. Além de pensar na criação, as crianças
aprendem a arte da costura, trocam ideias com as
amiguinhas, se solidarizam e, juntas, aprendem que
costurar não é mágica, exige paciência, técnica e
Flávia Martins e Daniela Faria
determinação.
Após o mês inteiro mergulhada nesse universo,
as aprendizes puderam mostrar aos pais e amigos
suas criações num desfile promovido pela estilista
no Park Way na residência da presidente da BPW,
Sônia Melo, com direito a passarela e cenário.
A alegria dessas crianças e de seus pais demonstrou o quanto uma época passada é tão importante
para despertar sentimentos de prazer e otimismo,
deixando para trás até a internet, coisa tão viciante
do mundo em que vivemos.
O projeto fez tanto sucesso que muitos pais estão interessados em matricular suas filhas, a oficina
acontece no ateliê da estilista na Asa Norte uma vez
por semana.
Serviço:
SQN 210, bloco C, loja 41, Subsolo
Telefone: 82628497
Ediene Costa com Regina Caldas
Crianças na passarela
Crianças que desfilaram com a presidente da BPW,
Sônia Melo e associadas
Revista Capital 41
15 ANOS
Aluna do 1º ano do Ensino Médio do Leonardo da Vinci - Asa Norte, a graciosa
DANIELLE BRAZ AMARÍLIO DA CUNHA recebeu os amigos para comemorar seus 15 anos. A elegante festa
foi no Splendor Hall, Park Way, no dia 22.08, muito bem preparada pelos seus pais, o oficial de justiça e
avaliador do TJDFT Marcelo Amarílio da Cunha e a advogada e farmacêutica Káttia Maria Braz da Cunha.
Centenas de flores ornavam magníficas peças de cristal
A elegância deixa transparecer a meiguice de Danielle
Emoção descendo a escadaria para apagar as velas
Brindando com a sua bela
família, os pais Káttia e Marcelo e as irmãs, a caçulinha
Gabrielle e Isabelle, acadêmica
de Arquitetura e Urbanismo
(Uniceub) e Letras/Inglês (IFB)
A aniversariante recepcionou
os convidados com um estiloso
modelito azul. Na foto, com os
casais Rogério e
Nazareth Tunholi, Rafael Rocha
e Vanessa Tunholi
Após ouvir as palavras emocionadas de seus pais, irmãs
e amigos, Danielle dançou
uma bela valsa com seu pai e
assim, abriu a pista de dança,
que logo foi tomada pela animação dos convidados
Revista Capital 43
Conto
ESTRELA DA ÓPERA
*Gracia Cantanhede
O teatro, a julgar pelo estacionamento, estava lotado. O jeito, então, foi fazer uma boa caminhada, deixando o carro um pouco distante. Eu precisava prestigiar a amiga, diretora da peça, a quem devo
alguns favores. Quando cheguei não havia promessa de chuva no
céu. Passei pelos canteiros de flores, pela faixa de pedestres e ainda
reparei nas lâmpadas amarelas, meio opacas, que há tempos vêm
substituindo as luzes de neon. A claridade do local diminuíra.
Ao chegar à Sala Martins Pena cumprimentei algumas pessoas, falei com colegas da Academia, sorri para os amigos e conhecidos, pessoas que vejo sempre nos lançamentos de livros ou estreias teatrais,
gente ligada às artes, principalmente teatro, literatura e música.
Assisti, então, ao espetáculo e depois fui à coxia cumprimentar minha amiga. A conversa animada fluiu até mais tarde. Todos estavam
felizes com o resultado da noite. A plateia cheia, muitos aplausos, sucesso, enfim. Nem vi o tempo passar. Já era tarde quando saí. Lá fora,
deparei-me com a chuva. Pingos grossos, enxurrada
descendo pela rua e raios estalando a cada minuto.
Encostei-me à parede, embaixo da marquise e esperei diminuir um pouco aquele aguaceiro. Protegi a cabeça com a sombrinha pequena, quase uma
miniatura, guardada na bolsa para essas surpresas
de verão. Melhor que nada, pensei; e fui caminhando protegida pelo parapeito do teatro. Consegui ir
em frente, devagar, pela calçada. Estava mais fina a
chuva, tanto é que pude notar, ao lado, uma moça
loura, de vestido branco, segurando uma elegante
sombrinha também branca. Tínhamos a mesma
altura e o mesmo tom alourado dos cabelos. Ela,
então, se dirigiu a mim com um sorriso. Perguntou
se eu estava indo para o estacionamento do outro
lado do teatro. Respondi que sim e fomos conversando sobre a peça, os espetáculos de ópera, raros
nos tempos atuais; até chegarmos ao meu carro.
Despedimo-nos com um boa noite amistoso e liguei
o motor para dar a partida. Olhei, curiosamente,
para os lados e não mais vi a moça. Voltei a olhar,
mas o escuro da noite já a havia engolido. O aguaceiro era muito forte. Fui embora, deixando para
trás o estacionamento. No dia seguinte, já refeita
do cansaço e com tantos compromissos na agenda,
44 Revista Capital
a manhã se esgotou. À tarde, voltando do trabalho,
recebi um telefonema. Era da secretaria do Teatro
Nacional convidando-me para uma confraternização natalina, na próxima sexta-feira, na sala do presidente da Fundação Cultural. Anotei os dados do
convite. Porém, era quase impossível comparecer.
Havia uma viagem marcada e outros compromissos
teriam que ser cancelados. Nem eu mesma saberia
explicar, naquele momento, o motivo da mudança
de planos, tão repentina. A razão para aceitar aquele convite era inexplicável, eu já havia adiado minhas compras de fim de ano, e iria, agora, desmarcar a passagem para São Paulo. Um absurdo para
quem já estava atolada nos afazeres do cotidiano. Mas ousei me dar ao luxo de pensar em festa
e confirmei presença no coquetel do teatro. Afinal,
era dezembro, época de reuniões com amigos. Faz
parte da agenda de quase todo mundo.
Na sexta-feira à noite, lá estava eu. Percorri a galeria, festejando jornalistas e artistas, pessoas conhecidas. Quando cheguei à sala da presidência,
observei que o local havia sido reformado e redecorado, portanto, era novo para mim. Fotografias antigas
fixadas em uma parede, chamaram minha atenção.
Uma foto grande reteve meu olhar. Que estranho.
Ali estava a jovem de vestido branco, sorrindo e me aterrorizando. Era, como
não, a moça que vi na noite chuvosa. Era ela, claro. O mesmo olhar, a mesma
cabeleira loura, o mesmo sorriso. O susto foi enorme. Cruz credo! Seria verdade ou estava imaginando coisas? Pedi licença para o poeta que estava ao meu
lado e me sentei, imediatamente, na primeira cadeira vaga à direita. Minhas
pernas tremiam. Desnecessário falar do susto e da perplexidade estampados
em meu rosto. Assim que me acalmei, procurei um amigo que conhecia toda a
história do teatro e lhe perguntei sobre a moça da foto. – Quem era? – Quem
era? Acho que eu parecia aflita, porque ele sorriu malicioso. Deve ter adivinhado meus pensamentos. Elegantemente levou a taça de vinho à boca, fazendo
um suspense insuportável. E eu ali, na expectativa, ansiando pelas explicações
do indiferente interlocutor. Ele ainda chamou o garçom para pedir mais vinho,
fez um trejeito com a boca, puxou para trás os cabelos caídos na testa, assim,
como se tivesse toda calma do mundo. Era para me deixar mais curiosa, mais
tensa. Mais… Enfim, a mágica se deu. Acho que foi isso. Ele começou a falar.
Contou-me que a mulher de branco, aquela mesma mulher estampada no
panteão das deusas, era uma fascinante estrela da Ópera, havia morrido na
porta do teatro, há muitos anos, e deveria aparecer por lá, como tantos outros
artistas mortos que povoam os palcos das madrugadas vazias do Teatro Nacional, segundo afirmam trabalhadores encarregados da limpeza, cheios de
histórias mirabolantes de meter medo em qualquer um. “Todos os teatros
têm suas lendas, não é mesmo?” Ele disse rindo, zombando do meu espanto.
“E seus fantasmas”, acrescentou.
Talvez, ainda, para fazer jus à sua fama de sedutor, concluiu: “-Sabe que
você se parece muito com ela?”
Lancei, mais uma vez, o olhar para a parede dos retratos. A moça loura,
aquela misteriosa companheira da noite chuvosa pareceu piscar para mim. O
inesperado, acreditem, costuma retribuir as surpresas.
*Gracia Cantanhede é advogada e escritora,
com três livros publicados e 16 participações
em antologias.
Revista Capital 45
GENTE QUE FAZ
Os escritores Carlos Magno de Melo, Basilina Pereira e os músicos Ana Boccucci e Airan de Sousa tomaram posse na Academia de Letras e Música do Brasil
Recepção requintada e caliente
do casal, João Pedro e Dilar Ferraz dos Passos aos amigos rotarianos, em sua magnífica casa
Tatiana Paiva de Godoy,
campeã no salto de 60 cm do
Centro Hípico do Parque, com o
cavalo Coragem
A carismática empresária Catharina
Brauner, espargindo charme no salão do
Iate Clube
A escritora Palmerinda
Donato recebeu as amigas
no restaurante Potência
Grill para comemorar o seu
aniversário, no dia 29.08.
Na foto, com Nazareth Tunholi e July Benevides
46 Revista Capital
A encantadora Flávia Oliveira concluiu mestrado em Enfermagem
Poema
VELHA CASA
A casa é velha
pesada
e branca.
Olha o rio
olha a ponte
olha as árvores
com os olhos apagados e vazios das janelas abertas.
Quando a noite abre um grande guarda-sol preto sobre a terra
começa a melopeia sonora dos sapos.
Outras vezes
no terreiro varrido do céu
correm vagalumes
piscam
piscam
e se apagam.
Outras vezes
chove luar.
Uma chuva mansa e luminosa
que enche de pó de arroz a face branca da velha casa
e enverniza de prata as águas do rio
e as folhas verdes das árvores.
E a velha casa cerra os olhos apagados das janelas
e adormece.
*Maria Paula Fleury de Godoy
Na velha casa
pesada e branca
eu vejo a avozinha
alta morena e forte
de lindos olhos inteligentes
sentada em larga rede cuiabana
no meio dos netinhos
que correm
pulam
gritam
cantam
brigam
e como um punhado de borboletas
se espalham pelo pátio.
Eu me vejo entre eles
pequena
ágil
travessa
trigueira como uma índia.
E vejo a sala de visitas
sempre fechada
sempre fresca
sempre cheirosa
cheia de retratos severos
e móveis antigos
alinhados pelas paredes.
Revista Capital 47
Vejo
também
um velho piano
dentro de uma capa de casimira bordada.
E sobre o piano
em rica moldura
um homem formoso e triste
de grandes olhos negros
segue-me por toda parte.
É meu avô
que não cheguei a conhecer
e que não chegou a me amar.
E vejo
um grande relógio-armário
encostado à parede
com bizarras figuras de dragões
rodeando o mostrador.
E jarrões de louça antiga
cheios de flores.
E álbuns luxuosos
cheios de velhas fotografias.
E vejo
as flores do pátio
debruçadas nas seis janelas da varanda.
Ouço a risada vegetal das flores.
Vejo
a dança doirada das abelhas sobre os jasmins
os cravos
as rosas
e as dálias
na festa primaveril da terra.
A casa é velha
pesada
e branca.
Olha o rio
olha a ponte
olha as árvores
com os olhos apagados e vazios das janelas abertas.
Mas lá dentro
já não vejo a avozinha
alta morena e forte
de lindos olhos inteligentes
nem a ronda vadia dos netos
nem os móveis pesados
nem os retratos antigos
nem o piano velho
nem o relógio-armário
nem as flores do pátio...
48 Revista Capital
Gente nova
desconhecida
novos objetos
novas cousas
Vieram para o bojo da velha casa
pesada
e branca...
Não importa!
Quando eu quero ver a velha casa
não passo por lá.
Fecho os olhos...
Fecho os olhos
e de repente
vejo a avozinha
alta morena e forte
e a ronda das crianças
e o retrato do vovô
e os móveis pesados
e os quadros antigos
e o piano velho
e as flores do pátio...
Vejo tudo
tudo...
E me vejo entre eles
pequena
ágil
travessa
trigueira como uma índia.
Vejo tudo
tudo...
A vida que já foi
a vida que já não é
a vida que não mais será
...mais nunca!
dentro da velha casa
pesada e branca
que olha o rio
olha a ponte
olha as árvores
com os olhos apagados e vazios das janelas abertas.
*MARIA PAULA FLEURY DE GODOY
Maria Paula Fleury de Godoy nasceu no
Rio de Janeiro-RJ, no dia 17 de setembro de
1894, filha de Sebastião Fleury Curado e Augusta de Faro Fleury Curado.
Pertenceu à Academia Feminina de Letras
e Artes de Goiás, à União Brasileira de Escritores de Goiás e ao Gabinete Literário Goiano da Cidade de Goiás. Recebeu prêmios
literários em São Paulo, Rio de Janeiro e
Goiânia.
Faleceu em Goiânia, Goiás, no dia 12 de julho de 1982.
Obra: Do Rio de Janeiro à Goiás, comentário sobre o livro publicado por sua
mãe. Belo Horizonte: Oficinas Gráficas de
Veloso, 1961; Sombras, contos. Goiânia: Oficinas Gráficas da Universidade Federal de
Goiás, 1966.
A longa viagem, crônicas. Rio de Janeiro:
Editora Pongetti, 1968; Nós e Elas, Oficinas
Gráficas da Universidade Federal de Minas
Gerais, 1969; Suave Caminho. Editora Pongetti, Rio de Janeiro, 1970; Velha Casa, poemas, Rio de Janeiro, Editora Pongetti, 1971.
A Viagem de Nancy, história infantil. Gráfica
e Editora Bandeirante, Goiânia, 2005.
Deixou inéditos contos, crônicas, poesias e
um pequeno romance.
Revista Capital 49
Blog
ACONTECE BRASÍLIA
*Eldo Gomes
O Acontece Brasília iniciou sua trajetória com
formato de blog, em 2007, ainda na época em que
eu cursava a faculdade de Jornalismo. Virou site,
passou pelos shoppings da cidade como Talk Show,
ganhou canal multimídia – no Youtube – sobre vários temas. Está atualmente no rádio e projeta-se
alcançar novos voos. Tudo no seu devido tempo e
sempre olhando o futuro como oportunidade.
O mercado de jornalismo na web, por várias vezes
e, como atualmente, sempre vive bons e maus momentos. Claro, no quesito sustentabilidade. É muito difícil manter-se no mercado há 08 anos sem
ter vivido crises, dificuldades, vontade de passar
o negócio para frente ou até de pular do barco.
Inúmeras vezes vi isso acontecer. Não há modelo de
negócio digital com receita de sucesso pronta. Cada
um tem sua história e sua trajetória.
Atualmente são quase 100.000 mil leitores por
mês, com uma certa variação. Já é líder de conteúdo e buscas no maior buscador do mundo – o
Google – que atinge um ranking muito positivo.
Tem representatividade na classe política, artística,
50 Revista Capital
empresarial e no setor sindical. Ampla procura por
jornalistas, blogueiros, youtubers, assessorias e por
quem tem pretensão de ser visto na Capital.
Sua marca? Falar da cultura. Seu desafio? Mostrar
o que acontece na política. Sua inovação? Avante,
sempre. Seja nas novas mídias, novas redes e também no que o público tem procurado se conectar.
Até quando? Não sei. Enquanto houver apoio. Incentivo e gente que acredite. Estaremos no ar!
São 08 anos de história, de jornalismo na internet, de pautas e mais pautas. E muitos sonhos. Do
orkut ao msn, vivenciamos o crescimento e o fim,
destas e de outras redes. Muito se fala em inovação
e criatividade. Já vivenciei gente procurando
[facilidade] na web. E copiando quem está no mercado há anos. A resposta é sempre a mesma: Seja
autentico e não tente ser/imitar ninguém. Respeite
o trabalho do outro e valorize quem te quer bem.
Essa teoria se bem aplicada na rede repercute diretamente na vida real. Afinal, já diziam os grandes
pensadores, tudo que vai, volta.
Agradeço a cada apoiador, patrocinador, incentivador e personal motivador deste trabalho. Espero poder investir cada vez mais nesta ferramenta.
Hoje, mais do que um trabalho. É um estilo de vida.
Um modo de dialogar com quem encontro diariamente. Vivo e acredito muito na cultura. E tenho
esperança do poder que é a política, se bem aplicada ao coletivo. Espero que grandes portas se abram
para este caminho traçado com muita luta e garra.
Sempre com fé, de cabeça erguida e braços abertos
para o que pode agregar.
*Eldo Gomes, jornalista e editor do site
AconteceBrasilia.com.br
Coach
Autoconhecimento, Autoliderança
SOU LÍDER DE MIM
*Lizi Mendes
Este é um tema muito atual que tem inspirado muitas pessoas,
levando-as a muitas reflexões.
No dia a dia tão atribulado, nos preocupamos com o que temos
que fazer, mas não necessariamente estas atividades estão relacionadas com a nossa felicidade.
Muitas vezes estamos buscando algo que nos
preencha, nos realize. Esta busca pode ser longa,
carregada de perguntas e dúvidas, ansiedades, tristezas e alegrias. Quando não temos um final feliz,
culpamos os outros. Mas não é preciso. Você pode
mudar isso. Seja um líder. O líder da sua vida.
A primeira habilidade de um líder verdadeiro
é saber liderar a si próprio. Para isto é necessário conhecer seus valores, suas forças e fraquezas,
seus princípios, seus sonhos e saber como realizá-los.
Desenvolva a sua autoliderança, atitude através da
qual as pessoas direcionam a si próprias, no sentido
de realizar as tarefas e procedimentos necessários
para alcançar determinado objetivo. Para isso é
preciso encontrar automotivação, ou seja, motivos
que brotem do nosso interior, do nosso coração, da
nossa essência. A autoliderança é desafiadora, pois
é preciso ter coragem e disciplina para olhar para si
mesmo.
Desenvolva a autorresponsabilidade, certeza absoluta de que você é o único responsável pela vida
que tem levado. Nós colhemos aquilo que plantamos.
O que você está plantando?
Conheça seus valores. Valores governam as nossas decisões, nossas decisões definem a nossa vida.
É no momento das decisões que traçamos o nosso
destino.
Avalie bem suas emoções. Como o seu lado emocional tem impactado a sua vida?
Se algo precisa mudar, lembre-se, só você precisa
mudar. Mudar de atitude, mudar a forma de ver um
problema ou uma situação, mudar seu comportamento, mudar sua visão.
Para encontrar seu caminho, sua felicidade, tome
as rédeas da sua vida. Defina o que deseja conquistar, aonde quer chegar. É necessário ter um mapa
mental de seus objetivos para caminhar em direção
a eles. Clareza e convicção de objetivos são fundamentais. Indecisões e incertezas são inimigas da
autoliderança.
Faça seu planejamento. Isso envolve mudança
de hábitos e atitudes, tão necessários ao desenvolvimento da autoliderança. Maior eficiência do uso
do tempo e dos recursos pessoais, assim como o
desenvolvimento de habilidades pessoais e eliminação de hábitos negativos.
Siga com responsabilidade. Autoliderança é assumir a responsabilidade por si mesmo.
Tenha disciplina. Pratique a gratidão.
Seja grato todos os dias, mesmo que seja por
pequenas coisas. A gratidão nos ajuda a ver o lado
positivo das situações, alivia nossas tensões e preocupações. A gratidão enche o nosso coração de
alegria e amor.
Por isso te faço esse convite:
Seja o líder da sua vida! Diga bem alto todos os
dias: “Sou Líder de Mim”.
Acredite na sua capacidade de criar e recriar uma
nova vida, um novo caminho.
- Acredite que se você quer, você consegue.
- Pratique o amor, o perdão, a gratidão.
- Inspire, transforme. Lidere. Seja único.
- Faça a diferença!
Desafiar a nossa própria capacidade é alimentar
o nosso desejo de ser sempre um vencedor.
Se você quer conhecer um pouco mais, acesse
www.realize-coaching.com ou acompanhe pelo facebook www.facebook.com/souliderdemim
Fazemos palestras e treinamentos para grupos e
empresas.
*Lizi Mendes é Coach, Trainer e Palestrante
www.realize-coaching.com
www.facebook.com/souliderdemim
Revista Capital 51
Japão e Brasil,
tão próximos e tão distantes
*Lucas Oliveira
A imigração japonesa começou no Brasil em 18
de julho de 1908, com apenas 165 famílias trazidas
pelo navio “Kasato Maru”, com o objetivo de contribuir com a mão de obra estrangeira por aqui e
de ajudar as famílias japonesas desempregadas, a
partir de um acordo entre ambos os países. Desde
então, o número de famílias japonesas e misturas
com brasileiros vem aumentando, são os chamados de nikkeis. Hoje, de acordo com as estatísticas,
dos 200 milhões de habitantes do país, 1,5 milhões
são descendentes ou japoneses, o que representa,
aproximadamente, 1% da população, colocando o
Brasil como o país que possui mais japoneses no
mundo, fora do Japão.
Por terem essa conexão há 107 anos, as culturas se entrelaçaram de certa forma, fazendo com
que a união de ambos se tornasse forte e inseparável, mesmo com o fato histórico da segunda guerra mundial. Formaram-se vários bairros na cidade
de São Paulo, alguns unicamente nipônicos, onde
a grande maioria das pessoas só se comunica em
japonês. Um bom exemplo seria o Bairro da Liberdade, onde há comidas, eventos e danças típicas e
todas as lojas mostrando ao mundo que é o maior
52 Revista Capital
reduto da comunidade nipônica no exterior.
Consequentemente, o Japão impactou o Brasil
no âmbito cultural, não só pelo fato de termos essa
pequena comunidade, mas porque temos um pequeno e riquíssimo núcleo de educação e respeito
puro dentro do nosso país.
Comparando com a nossa cultura, os japoneses são muito mais educados e respeitosos, dando
uma sensação de distanciamento, mas a cultura nipônica já está inserida na cultura brasileira. Por ser
um grupo minoritário dentro do país, não consegue
contagiar todo o Brasil, mas sim as pessoas ao seu
redor, de forma notável.
No Japão, há uma grande preocupação com os
transportes públicos, a segurança e a higiene, que
funcionam muito bem. Essa eficiência é consequência da tradição de uma cultura milenar, que prima
pelo respeito ao próximo e, mesmo em casos de
desavenças, os japoneses acreditam que se houver
harmonia na sociedade, vai existir a paz.
Com uma nação superdesenvolvida e numerosa,
uma quantidade de pessoas absurdamente grande,
o Japão é conhecido como “megalópole”, funcionando harmoniosamente. Todos os transportes públi-
Opinião
cos operam de acordo com os horários estabeleci- a demanda de proteção é tão grande, a proporção
dos, com mínimos riscos das pessoas se atrasarem é de um policial a cada mil e quinhentos habitantes.
para seus compromissos, sendo que, com a diversiVale ressaltar uma curiosidade: os poucos roudade de linhas de metrô, trem e de ônibus, aumen- bos, furtos ou até assassinatos que acontecem no
ta a facilidade de se locomover para qualquer lado. Japão, são feitos na maioria das vezes por estranGraças a isso, comprar carro se torna somente uma geiros, inclusive brasileiros, que acabam sujando o
opção e não uma necessidade, que termina favore- nome do nosso país.
cendo o meio ambiente. Por outro lado, no caso do
Em conclusão, registro aqui que ambos os paBrasil, as pessoas têm que ter um carro por necessi- íses são bem próximos porque se conhecem bem
dade, porque o transporte público não é eficiente, culturalmente, há muito tempo, existem regras
não respeita os horários, é superlotado, os veículos semelhantes relativas aos transportes públicos, hinem sempre estão bons e falta higiene.
giene e segurança, mas nós brasileiros não temos a
Vale ressaltar que a higiene no Brasil deixa mesma educação dos japoneses e acabamos transmuito a desejar, se comparada com a do Japão, ob- formando as proximidades em distanciamentos. Na
servando-se um grande distanciamento entre os minha opinião, o Brasil seria melhor, se houvesse
dois países, nesse quesito, apesar dos cuidados que abundância de imigração de japoneses para o nostemos por aqui, especialmente os relativos à saúde. so país.
Desde a infância, os japoneses são ensinados
a cuidar da higiene, não só na questão da limpeza
pessoal, mas também de cuidar dos seus lixos e da
*Lucas Oliveira de Andrade Lima morou em Tópreservação do meio ambiente, sendo obrigados a quio por dois anos e está no segundo período de
ajuntar o lixo que produzem e descartá-lo no lugar Jornalismo do UniCeub.
certo. Eles demonstram um cuidado especial contra
a poluição visual nas ruas e, graças aos grandes projetos de preservação ao meio ambiente, eles conseguem reciclar qualquer coisa e estão sempre com
novidades para preservar melhor. Um exemplo é a
utilização do concreto derrubado dos prédios após
a implosão, sendo que até sua poeira é reutilizada
através de tecnologia renovável, com redes que cobrem os prédios e a utilização de água abundante
por cima delas, evitando que se espalhe e ajudando
a coleta máxima de concreto. Já no nosso caso, temos vários projetos de sustentabilidade, mas não
são eficientes, por que o governo não ajuda e as
pessoas não têm consciência ambiental, a começar
pelas suas próprias ruas.
Por fim, um último ponto importante que distancia Brasil e Japão, que é a segurança. Simplesmente pelo fato de que nós brasileiros vivemos num
país considerado o mais perigoso do mundo e os japoneses tem um país considerado o mais seguro do
mundo. Entretanto, os policiais deles, são bem mais
práticos para resolver os problemas, porque quase
não há, além do que eles costumam ajudar, em dupla, cada pessoa que necessita. Já aqui no Brasil, existem infinitos problemas, além de furtos e roubos,
existem os assassinatos, que dificultam muito a
ação dos policiais para a proteção do povo e, como
Revista Capital 53
Diplomacia
Rubén Darío e o Brasil
*José Carlos Brandi Aleixo
Rubén Darío tem sido preiteado de variadas formas no Brasil. Seu nome está em logradouros de
cidades como Rio de Janeiro e São Paulo. Na Academia Brasileira de Letras foi colocado busto seu. Por
ocasião do Cinquentenário de seu óbito — ocorrido
em 6 de fevereiro de 1916 — houve significativas
homenagens a ele. Os Correios do Brasil emitiram
selo postal. No Rio de Janeiro, houve entrega de
catorze medalhões de bronze de Rubén Darío ao
Embaixador Sansón Balladares, com as placas respectivas, destinados às regiões administrativas
(Departamentos) da Nicarágua. Nesse contexto,
publicou-se “Homenaje a Rubén Darío en el 50º
Aniversario de Su Muerte”, com participação de
vinte escritores, entre os quais: o Chanceler do Brasil, Vasco Leitão da Cunha; o Embaixador Justino
Sansón Balladares; e Manuel Bandeira.
O centenário da morte do insigne poeta nicaraguense — ocorrida em 6 de fevereiro de 2016 — é excelente oportunidade para evocar traços de sua vida
e de seu profícuo relacionamento com o nosso país.
De particular importância para nossa matéria é
o livro Presença do Brasil na obra de Ruben Darío,
de 1985, organizado e introduzido pelo então Embaixador da Nicarágua no Brasil, Ernesto Gutiérrez.
Ele transcreve textos do vate nicaraguense sobre:
O Brasil Intelectual, Machado de Assis, Fontoura
Xavier, Graça Aranha, Joaquim Nabuco e Santos
Dumont.
Duas foram suas viagens ao Brasil. Em julho e
agosto de 1906 integrou a Delegação Nicaraguense que participou, no Rio de Janeiro, da Terceira
Conferência Internacional Americana. Em 1912 escreveu, na mesma cidade, extraordinário discurso
sobre Joaquim Nabuco. Nas duas vindas ao Brasil,
Darío entabulou e estreitou muitas amizades com
escritores do país.
Dentro da vastidão da matéria, esse estudo enfatiza dois brasileiros: Antônio Vicente da Fontoura
Xavier (1856-1922) e Paulo Mendes Campos (19221991). O primeiro foi contemporâneo e grande amigo do Príncipe dos poetas de língua espanhola. O
segundo, de outra geração, consultou ampla biblio54 Revista Capital
grafia para dissertar
sobre
ele.
O
cenário
do encontro
mais prolongado do ilustre
centro-americano com o
diplomata brasileiro Joaquim Nabuco foi o da 3ª
Conferência Internacional Americana.¹ Pode-se
afirmar que esse evento ilustra a interação entre
as relações multilaterais e as bilaterais dos estados.
Pela primeira vez o Brasil recebeu representações
governamentais de dezoito nações, entre as quais
as de Costa Rica, Cuba, El Salvador, Guatemala,
Honduras, Nicarágua e Panamá. E com estes países
o Brasil começou relações diplomáticas bilaterais
pelo Decreto nº 1.561, de 22 de novembro do mesmo ano de 1906.
A cidade do Rio de Janeiro gozava de ótimas
condições para ser a anfitriã. Estava saneada graças a
Osvaldo Cruz e à sua equipe, que conheciam e admiravam o pioneirismo, no combate à malária, do médico
e cientista cubano Carlos Finlay.² Reformas urbanas
melhoraram logradouros e praias. Pouco mais tarde, em 1907, o Brasil recebeu, por esta razão, durante Congresso Sanitário realizado em Berlim,
medalha de ouro oferecida pela Imperatriz da Alemanha.³ Fruto em grande parte do trabalho do
Chanceler Barão do Rio Branco, as dez fronteiras do
Brasil estavam bem definidas. No Consistório de 11
de dezembro de 1905, o Papa Pio X criou Cardeal
Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Joaquim Arcoverde
de Albuquerque Cavalcanti, sendo ele o primeiro
prelado da América Latina a receber tão elevada
investidura.4
É muito relevante o comentário do renomado autor mexicano Jaime Torres Bodet: “Rio de Janeiro
fue un oasis para Darío. Nabuco, Fontoura Xavier,
Elysio de Carvalho y otros escritores brasileños lo
acogieron no solo con fraternal simpatía sino con
respeto y con entusiasmo”.5
Rubén Darío escreveu belo artigo sobre Fontoura Xavier. Nele se lê:
Conheci-o no Rio de Janeiro, na reunião da segunda Conferência Pan-Americana.6 Estava nesse
meio intelectual brasileiro, que com justiça orgulhava, perante os estrangeiros, o nobre Embaixador
Nabuco. No âmbito oficial foi dos meus amigos mais íntimos, juntamente com o grande novelista
Graça Aranha e do ativo, vibrante, cordial e harmonioso Olavo Bilac. Fontoura Xavier ocupava na
época o cargo de cônsul geral em Nova Iorque e acompanhava o Embaixador [Joaquim Nabuco]
à Conferência [...] Afável, garboso, cerimonioso como quase todos os seus compatriotas cultos, o
poeta granjeou de imediato a minha simpatia. Depois soube, e isto me cativou ainda mais, que o
correto funcionário e o impecável diplomata, que prestou verdadeiros serviços a seu país, “foi, quando estudante, um rapaz endiabrado” [...] Opalas é um livro de elegância e harmonia e que mostra a
inutilidade e a inconsciência das modas literárias. Escrito em grande parte antes das moderníssimas
correntes estéticas, que com tanto acerto estudou em seu país Elísio de Carvalho, lê-se hoje com o
mesmo prazer que quando apareceu pela primeira vez. É que a forma e a maneira valem pelo que
encerram do poder criador do poeta, pelo que vem de dentro, do fundo da alma. No verdadeiro
poeta prevalece a vontade de eternidade. Por isso é que Luciano de Samosata [125-192 d.C.], Píndaro [518-438 a.C.], o Arcipreste de Hita [1280-1350], Villon [1875-1963], Heine [1797-1856] e tantos
outros, no plano superior da arte, serão sempre contemporâneos.7
Episódio relacionado com uma das agruras financeiras de Rubén Darío demonstra a admiração do
amigo Fontoura Xavier por ele. Amigo do General
José Santos Zelaya, Rubén Darío foi nomeado por
seu sucessor na Presidência da Nicarágua, Doutor
José Madriz, para representar seu país nas festividades do centenário da Declaração da Independên-
cia do México, em setembro de 1910. Após a deposição do Presidente, apoiada pelo Governo dos
Estados Unidos, a designação foi cancelada. Darío
viajou de Havana à cidade mexicana de Vera Cruz,
mas não pôde ir à capital do país. Regressou a Havana. No dia 8 de novembro de 1910, véspera de
seu embarque em Havana, no navio alemão Ipiran-
1
A Delegação do Brasil era presidida por Joaquim Nabuco, Embaixador do Brasil junto ao Governo dos Estados Unidos. Em
seu Diário, registra Joaquim Nabuco na data de 20 de setembro de 1905: “Jantar no St. Regis aos Fontouras com os Pederneiras
e os Chermonts [...]”. Estavam eles em Nova York. NABUCO, Joaquim. Diários. Rio de Janeiro: Bem-te-vi Produções Literárias;
Editora Massangana, 2005, vol. II (1889-1910), p. 340. Na obra de Joaquim Nabuco Cartas aos amigos (vol. II, São Paulo: Instituto
Progresso Editorial, 1949), há referência a uma carta dirigida a Fontoura Xavier, em 1º de dezembro de 1905, p. 228-229.
2
Após a independência em 1822, a primeira grande epidemia de febre amarela chegou ao Rio de Janeiro quando um navio
norte-americano, depois de passar por Havana, atracou no porto da capital do Brasil, em fins de 1849. Mas em 14 de agosto de
1881, o grande médico cubano apresentou à Academia de Ciências de Havana um mosquito chamado “Culex”, depois “Stegomii
fasciata” e finalmente “Aedes Aegypti” como responsável intermediário necessário na transmissão da febre amarela. Em 1900
a tese científica de Finlay foi comprovada por rigorosas experiências. Ver: TEIXEIRA, Luiz Antonio. Da transmissão hídrica à
Culicidiana: a febre amarela na sociedade de medicina e cirurgia de São Paulo. Revista Brasileira de História, Ciência e Sociedade.
São Paulo, vol. 21, nº 41, p. 217-241, 2001. Um exemplo concreto ilustra como o temor da febre amarela dificultava a presença de
diplomatas estrangeiros no Rio de Janeiro. Em julho de 1890 o governo do México nomeou Juan Sánchez Azcona como representante do país ante as repúblicas sul-americanas do lado atlântico. Estando em Buenos Aires, retardou sua viagem ao Rio de Janeiro
por causa da notícia de que nesta cidade grassava epidemia de febre amarela. PALACIOS, Guillermo. Intimidades, Conflitos e
Reconciliações. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008, p. 84. (Coleção Ensaios Latino-Americanos).
3
SILVA, Hélio; CARNEIRO, Maria Cecília Ribas. Rodrigues Alves: Estadista de dois regimes, 1902-1906. São Paulo: Grupo de
Comunicação Três, 1983, p. 97-101. (Coleção Os Presidentes).
4
CARVALHO, Afonso de. Rio Branco: sua vida e sua obra. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1995, p. 217-218.
5
TORRES BODET, Jaime. Rubén Darío: Abismo y Cima. I Edição em Espanhol, México: Fondo de Cultura Económica – Letras
Mexicanas, Universidad Nacional de México, 1966, p. 192.
6
Trata-se da 3ª Conferência Internacional Americana.
7
DARÍO, Rubén. “Fontoura Xavier”. In Gutiérrez Ernesto: Presença do Brasil na obra de Rubén Darío. Brasília: Embaixada
da Nicarágua, 1985, p. 26-30. Angel Augier, no livro Cuba en Darío y Darío en Cuba, informa que “Darío le dedicó un artículo
encomiástico Diplomáticos Poetas: Fontoura Xavier, que publicó El Fígaro. La Habana, [Cuba], año XXVII, n. 14, p. 214, 1911”
(AUGIER, Angel. Cuba en Darío y Darío en Cuba. La Habana, Cuba: Editorial Letras Cubanas, 1989, p. 239). DARÍO, Rubén.
“Fontoura Xavier”. In: Semblanzas. Madrid: Ediciones de Afrodísio Aguado, 1950, p. 865. (Obras Completas, tomo II, p. 857-865,
de um total de 5 tomos).
Revista Capital 55
ga, com destino ao porto francês do Havre, Darío
encontrava-se em apuros para o pagamento da pas-
sagem. Conta Osvaldo Bazil, cônsul da República
Dominicana na capital cubana:
[Darío] pule admirablemente una breve carta para Fontoura Xavier, como Cellini su joya predilecta […]. A las nueve de la Mañana lo encontré en El Fígaro8, esperando nervioso, intranquilo,
la llegada de Carrasquilla9, portador de la carta de Fontoura Xavier. El pasaje estaba ya apartado
para el Vapor en puerto, que debía partir a las dos de la tarde. Como Carrasquilla tardaba, Rubén
disparaba nuevos cables a Europa, con el carácter de urgentísimos. Aparece, por fin, el cordial y
talentoso Carrasquilla vencedor, en toda la línea. Fontoura remitía al poeta quinientos dólares
y una fina esquela, lamentando no ser más extenso en la dadiva que tanto honor le proporcionaba.10
Diz Rubén Darío em sua autobiografia:
Se me concluyeron en aquella ciudad carísima los pocos fondos que me quedaban y los que
llevaba el enviado del mismo Sierra¹¹ … pude, después de dos meses de ardua permanencia, pagar crecidos gastos y volverme a Paris, gracias al apoyo pecuniario del diputado mexicano Pliego,
del ingeniero Enrique Fernández, y, sobre todo, a mis cordiales amigos Fontoura Xavier, ministro
del Brasil, y general Bernardo Reyes, que me envió por cable, de Paris, un giro suficiente.¹²
Conhece-se o amigo certo na hora incerta.
Outra manifestação do apreço de Rubén Darío
por Fontoura Xavier é a bela poesia intitulada La
Niña Anna Margarida da Fontoura Xavier, hija del
Ministro del Brasil,¹³ composta em Paris em 1912.
Mendes Campos distinguiu-se pelo conhecimento exponencial da literatura de língua castelhana.
Apreciou, sobremaneira, autores do nosso continente. Comprovam-no suas publicações: Atenea
e as Letras Chilenas (1934); Letras Venezuelanas
(1943); Três Itinerários Líricos na Poesia Colombiana (1964); Porfírio Barba Jacob: Poeta da Angústia
e da Morte (1969); e, particularmente, Rubén Darío
e o Modernismo Hispano-Americano (1968).
Cavalgando sobre os séculos XIX e XX (1867-
1916), em menos de dez lustros de luminosa existência, Rubén Darío legou-nos mais de mil páginas
em verso e mais de quatro mil em prosa.14 Sua estatura internacional manifesta-se pela acolhida que
teve, em vida, em diversos países e, postumamente, pelos estudos a ele dedicados, não só em castelhano, mas também em alemão, francês, inglês,
italiano, português e russo. Publicou, no exterior,
em países diferentes, três dos seus principais trabalhos: Azul, no Chile (1888); Prosas Profanas, na
Argentina (1896); e Cantos de Vida y Esperanza, na
Espanha (1905). A boa acolhida de sua obra na Espanha lembra o Retorno dos Galeões, que transportavam ouro e prata da América para a Espanha.
É essa figura planetária que Mendes Campos
Nome de importante jornal cubano da época.
Eduardo Carrasquilla Mallarino nasceu em Bogotá, em 1887, e faleceu em Buenos Aires, em 1925. Para Darío, ele era “el Quevedo Americano”. Cônsul do Panamá em Cuba em 1910, era casado com a escritora cubana Mercedes Borrero y Pierrá (1892-1980).
10
AUGIER, Angel. Op. cit. , p. 242 e 243. O autor cita: BAZIL, Osvaldo. “Como era Rubén Darío”. In: Vidas de iluminación. Habana, Cuba: J. Arroyo, 1932, 76 p. (Conferencia pronunciada en el Lyceum de Señoritas el día 11 de marzo); y en: Rubén Darío y
sus amigos dominicanos. Bogotá: Ed. Espiral, 1948, p. 163.
11
Justo Sierra (1848-1912) foi notável escritor, pedagogo e político mexicano.
12
DARÍO, Rubén. Autobiografía. Managua: Ediciones Internacionales, 2002, p. 136.
13
Revista Americana. Rio de Janeiro, Tomo II, Fasc. 1, p. 641. abr. 1912. Com o título de Balada de la Bella Niña del Brasil, encontra-se em: DARÍO, Rubén. Obras Completas – Poesias. Buenos Aires: Ediciones Anaconda, 1948. Manuel Bandeira traduziu essa
poesia como “Balada da Linda Menina do Brasil”. A Manhã. Rio de Janeiro, 4 dez. 1941, Pensamento da América: Suplemento
Pan-Americano, p. 7.
14
GUTIÉRREZ, Ernesto. Presença do Brasil na Obra de Rubén Darío. Brasília: Embaixada da Nicarágua, 1985, , p. 3.
8
9
56 Revista Capital
analisa magistralmente em seu livro Rubén Darío
e o Modernismo Hispano-Americano15. Discorreu o
autor sobre esse tema em sessão especial, intercalada em Curso de Literatura, de feliz inspiração da
Academia Mineira de Letras, em 1967, ao ensejo do
transcurso do centenário de nascimento do nume
nicaraguense. Mário apresenta dois motivos essenciais para sua participação: primeiramente sua
antiga afeição às letras hispano-americanas e, em
segundo lugar, sua preocupação no sentido de contribuir, como cidadão da América, para o constante
e cada vez mais amplo intercâmbio intelectual e socioeconômico dos povos americanos.16
Demonstra ele familiaridade não apenas com a
vasta obra de Darío, mas, outrossim, com os estudos a respeito, citando a mais de cinquenta autores
de variadas procedências.
Mendes Campos encomia, com numerosos
exemplos, a dimensão internacional presente na
vida e na obra de Darío. Foi correspondente, em
Santiago do Chile, do jornal La Nación, de Buenos
Aires (1889); dirigiu em San Salvador o diário La Unión, arauto da integração centro-americana (1889);
exerceu as funções de Cônsul-Geral da Colômbia
em Buenos Aires (1894); atuou como Enviado especial de La Nación de Buenos Aires na Espanha e na
França; nestes dois países serviu como diplomata
da Nicarágua.
Pode-se dizer que Darío foi eminentemente cidadão das Américas e mesmo do Mundo. Na verdade,
seu entusiasmo pelo nosso continente não excluía
grande apreço pela Europa e, particularmente, pela
pátria de Cervantes. É conhecido seu verso em Los
Cisnes: “Soy un hijo de América, soy un nieto de España”.
Propugnou o entendimento entre os povos,
como aparece em sua Ode Unión Centroamericana:
¡Los Pueblos tienen Fe!
Quien no desea la unión de estas naciones,
Obra que las eleva y endiosea?
Que se acaben los odios y ambiciones,
Pues sobre todo está la gran idea17
As peregrinações de Darío pela América lembram
as de Simón Bolívar, cujos ideais integracionistas
enalteceu em seus inspirados versos.
Com muita propriedade, Mendes Campos ressaltou os numerosos vínculos entre Darío e o Brasil.
Lembrou que seu primeiro texto como correspondente de La Nación18, no Chile, versou sobre a chegada do navio brasileiro Almirante Barroso ao porto
de Valparaíso. Destacou as expressões de apreço
pelo nosso país na Epístola a la Señora de Leopoldo Lugones.19 Recordou elogiosa página na Revista
Mundial, onde diz que Graça Aranha: “Honra não
somente a pátria em que nasceu, mas também a
sua língua que é uma pátria maior"20. Salientou a
amizade entre Darío e o poeta diplomata brasileiro Fontoura Xavier. Assinalou o artigo "El Brasil
Intelectual", em Letras, 1911, onde Darío nomeia
figuras representativas de nossa literatura. Registrou, também, a homenagem que José Veríssimo
rendeu, em 1912, ao ilustre visitante centro-americano, na Academia Brasileira de Letras.²¹
Caberia acrescentar outras presenças do Brasil na
obra de Darío. Dedicou versos carinhosos a Machado de Assis. Exaltou a perseverança e o gênio de
Santos Dumont, inclusive com palavras proféticas:
CAMPOS, Mário Mendes. Rubén Darío e o Modernismo Hispano-Americano. Belo Horizonte: Secretaria de Educação do
Estado de Minas Gerais, 1968.
16
Idem, ibidem.
17
Declamada em 19 de dezembro de 1883 em saudação ao General Justo Rufino Barrios e publicada em: Diario de Centroamérica. Guatemala, 24 ene. 1884.
18
CAMPOS, Mário Mendes. Op. cit. p. 22.
19
Ibidem, p. 100.
20
Ibidem, p. 33.
21
Ibidem, p. 39.
15
Revista Capital 57
Ícaro há de ser finalmente dono do elemento com que há tanto tempo luta... Hoje surge um
filho da terra americana, que representa a antiga estirpe e que talvez seja o marcado pela sorte
para o logro definitivo. Deve-se notar que o novo continente é quem dá hoje esses homens à
glória. E Severo morto²² e Santos Dumont na obra que o arrebata são glória e orgulho não só
para o Brasil, mas também para toda a América. Ou melhor para toda a humanidade.²³
E, finalmente, last but not least, soube retratar,
com rara perspicácia, a excelência literária e a grandeza interior e religiosa de Joaquim Nabuco em tra-
balho de 1912. Sublinhou seu patriotismo, desinteresse e tolerância. E reproduziu, entre outras, estas
joias do pensador pernambucano:
A ciência é em verdade o espelho do infinito, mas um espelho quebrado em mil pedaços que
só a religião pode juntar... O mistério não estreita o horizonte antes o alarga... O super-homem
é o asceta, o santo... A mais bela das profecias divinas: bem-aventurados os mansos porque
eles possuirão a terra... A doçura constrói por todas as partes muito mais que a violência... ela
é a maior força em ação no mundo.24
E comenta Darío:
E em sua alma privilegiada havia uma cadência de ouro puro, que o fazia refratário tanto
à palustre indiferença, como ao desesperante pessimismo; por sua religiosidade, compreendia... o valor da vida e o preço da morte... Poucos entraram como ele nos corações dos poetas;
poucos penetraram mais fundo no destino dos homens.25
Mendes Campos reservou importante espaço à
presença da Religião na obra do grande fautor do
modernismo, reproduzindo vários de seus versos
de inspiração cristã. Anota, outrossim, que "antes
da marcha definitiva teve a consoladora assistência
da Igreja Católica e pôde sentir em sua morada interior a presença de Cristo".26
Dedicou o autor importante parte de seu trabalho aos Fundamentos e aspectos do modernismo
hispano-americano. Observou:
É certo que o marco histórico inicial do Modernismo, em termos de cronologia, tem sido
fixado em 1888, data de publicação do livro Azul; não se pode, todavia considerar o movimento subitamente criado naquela data. A verdade é que o poeta nicaraguano pela pujança de seu
gênio inovador atuou como decisivo elemento de catálise, acelerando e configurando em bloco definitivo os esboços indecisos e os ensaios mais ou menos tímidos de reforma poética.27
O ensaio de Mendes Campos teve ampla res- Alberto Deodato, Oscar Mendes e Edgar de Vassonância na crítica literária. Entre outros, escre- concelos. Eis algumas das apreciações. Disse Danilo
veram a respeito os conceituados Danilo Gomes, Gomes:
Seu comércio diário com os autores hispanos lhe tem proporcionado vasto acervo de
conhecimentos especializados... concorre para diminuir a distância que nos separa dos
escritores de língua espanhola de nosso continente.28
Augusto Severo de Albuquerque Maranhão (Macaíba, 11 de janeiro de 1864 — Paris, 12 de maio de 1902). Faleceu quando
seu dirigível explodiu no ar. Augusto Severo é o nome da avenida no Rio de Janeiro onde está o prédio do Instituto Histórico e
Geográfico Brasileiro (IHGB).
23
DARÍO, Rubén. “Sobre Santos Dumont”. In: GUTIÉRREZ, Ernesto. Op. cit. p. 57.
24
DARÍO, Rubén. “Conferencia sobre Joaquim Nabuco”. In: GUTIÉRREZ, Ernesto. Presença do Brasil na Obra de Ruben Darío.
Brasília: Embaixada da Nicarágua, 1985, p. 46, 47 e 51.
25
Idem, ibidem, p. 48 e 51.
26
CAMPOS, Mário Mendes. Op. cit. p. 48.
27
Idem, ibidem, p. 59.
28
GOMES, Danilo. “Darío Visto por um Escritor Mineiro”. Estado de Minas, 28 abr. 1968, seção 3ª, p. 5.
22
58 Revista Capital
Oscar Mendes elogia a riqueza de noções e escrita e ordenação das ideias. E pondera:
conhecimentos, disfarçada pela amenidade da
Com este seu ensaio tão lúcido, tão compreensivo, tão cheio de justa admiração por uma
das figuras mais geniais de nosso continente, Mário Mendes Campos forja mais um elo dessa
cadeia que deveria unir todos quantos na América se dedicam ao labor da criação de uma
literatura que se destaque pela sua mensagem de beleza, de fraternidade e de exaltação dos
verdadeiros valores espirituais, que torne os homens mais fraternos...29
Edgar de Vasconcelos louva o trabalho do paciente pesquisador. E adiciona:
Conhecedor seguro da literatura hispano-americana, Mário Mendes Campos reúne, nesse
livro, com o fino lavor de seu estilo, um copioso acervo de fatos interessantes sobre o poeta,
dando-nos a justa dimensão do seu valor e da poderosa influência que exerceu sobre a chamada América Espanhola...30
São também grandes conhecedores da obra de Pires de Mello e José Jeronymo Rivera.Horta e José
Rubén Darío: Anderson Braga Horta, José Geraldo Geraldo.
BIBLIOGRAFIA
ALEIXO, José Carlos Brandi. “Antônio da Fontoura
Xavier: Diplomata e Escritor”. Revista Historia Caribe. Atlántico (Departamento de Colombia), Volumen VI, N° 18, pp 31-49, ene/jun. 2011. La Revista
es una publicación de la Universidad del Atlántico.
Disponível também em: <http://investigaciones.uniatlantico.edu.co/revistas/index.php/Historia_Caribe/issue/view/5>. Acesso em: 30 abr. 2012.
taria de Educação do Estado de Minas Gerais, 1968.
CARVALHO, Afonso de. Rio Branco: sua vida e sua
obra. Rio de Janeiro: Biblioteca do Exército, 1995.
CARVALHO, Elísio. “Rubén Darío: Príncipe dos
Poetas de Língua Castelhana”. In: Obras de Elísio de
Carvalho: Ensaios. Brasília: Fundação Casa do Penedo; Editora Universa, 1997, p. 135-170.
AUGIER, Angel. Cuba en Darío y Darío en Cuba. La DARÍO, Rubén. “El Crucero Brasileño Almirante
Barroso en Valparaíso”. La Nación. Buenos Aires, 3
Habana, Cuba: Editorial Letras Cubanas, 1989.
fev. 1889.
BANDEIRA, Manuel. “Rubén Darío”. In: Literatura
Hispano-Americana. Rio de Janeiro: Editora Fundo ______, “La Niña Anna Margarida da Fontoura
Xavier, hija del Ministro del Brasil”. Revista Ameride Cultura, 1960, p. 159-164.
cana. Rio de Janeiro, Tomo II, Fasc. 1, abr. 1912.
BAZIL, Osvaldo. “Como era Rubén Darío”. In: Vidas
de iluminación. Habana, Cuba: J. Arroyo, 1932, 76 p. ______, “Conferencia sobre Joaquim Nabuco” em
Conferencia pronunciada en el Lyceum de Señoritas 1912. O País. Rio de Janeiro, 18 jun. 1912, p. 4;
el día 11 de marzo.
______, “Graça Aranha”. In: Cabezas. Madrid: Im______, Rubén Darío y sus amigos dominicanos. Bogotá: Ed. Espiral, 1948.
prenta de Galo Sáez, 1929.
______, “Graça Aranha”. In: Cabezas: pensadores y
CAMPOS, Mário Mendes. Rubén Darío e o Moder- artistas, políticos. Madrid: Editorial Mundo Latino,
nismo Hispano-Americano. Belo Horizonte: Secre- vol. XXII, p. 15-19.
29
30
MENDES, Oscar. “Um Ensaio de Boa Têmpera”. Estado de Minas, 13 mar. 1969, p. 5.
VASCONCELOS, Edgard. “Rubén Darío e o Modernismo”. Estado de Minas, 11 nov. 1968, p. 5.
Revista Capital 59
GERALDO, José [José Geraldo Pires de Mello].
______, “Balada da Linda Menina do Brasil”. A
“Martí, Darío e Lugones”. In: Ensaios Literários.
Manhã. Rio de Janeiro, 4 dez. 1941, “PensamenBrasília: Thesaurus, 2005, p. 35-50.
to da América: Suplemento Pan-Americano”, p. 7.
GOMES, Danilo. “Darío Visto por um Escritor
Tradução de Manuel Bandeira.
Mineiro”. Estado de Minas, 28 abr. 1968, seção 3ª, p.
______,”Balada de la Bella Niña del Brasil”. Obras
5.
Completas – Poesias. Buenos Aires: Ediciones
GUTIÉRREZ, Ernesto (Org). Presença do Brasil na
Anaconda, 1948.
Obra de Ruben Darío. Brasília: Embaixada da Nica______, “Fontoura Xavier”. In: Semblanzas. Madrid:
rágua, 1985.
Ediciones de Afrodísio Aguado, 1950.
HORTA, Anderson Braga. “Rubén Darío”. In: Tradu______, “Conferencia sobre Joaquim Nabuco” em
zir Poesia. Brasília: Thesaurus, 2004, p. 81-110.
1912. Revista Iberoamericana. s.l., XXVII, nº 52, jul./
dic. 1961, p. 329-356. Introducción y Notas de Fred NABUCO, Joaquim. Cartas aos amigos. São Paulo:
Instituto Progresso Editorial, 1949, vol. II.
P. Ellison.
______, “Graça Aranha”. Jornal de Letras. Rio de Ja- ______, Diários. Rio de Janeiro: Bem-te-vi Produções Literárias; Editora Massangana, 2005 vol. II
neiro, fev./mar. 1967.
(1889-1910).
______, “Conferencia sobre Joaquim Nabuco” em
1912. In: GUTIÉRREZ, Ernesto. Presença do Bra- PALACIOS, Guillermo. Intimidades, Conflitos e Resil na Obra de Rubén Darío. Brasília: Embaixada da conciliações. São Paulo: Editora da Universidade de
São Paulo, 2008. Coleção Ensaios Latino-AmericaNicarágua, 1985, p. 43-52.
nos.
______, “Fontoura Xavier”. In: GUTIÉRREZ, Ernesto. Presença do Brasil na obra de Rubén Darío. “Rubén Darío”. Revista Americana. Rio de Janeiro:
Imprensa Nacional, abr. 1917, p. 156-164.
Brasília: Embaixada da Nicarágua, 1985.
______, “Sobre Santos Dumont”. In: GUTIÉRREZ,
Ernesto. Presença do Brasil na Obra de Ruben Darío.
Brasília: Embaixada da Nicarágua, 1985.
______, Autobiografía. Managua: Ediciones Internacionales, 2002.
______, “Brasil”. In: Prosa Política. Las Repúblicas
Americanas. Madrid: Editorial Mundo Latino, s.d.,
vol XIII, de las Obras Completas, p. 71-81.
ELLISON, Fred P. “Ruben Dario y Portugal”. “Hispanofilia”, Madrid II, 4, sept. 1958, p. 23-33.
______, “Rubén Darío and Brazil”. In: Hispania,
1964, vol. XLVII, nº 1, p. 24-35.
SILVA, Hélio; CARNEIRO, Maria Cecília Ribas. Rodrigues Alves: Estadista de dois regimes, 1902-1906.
São Paulo: Grupo de Comunicação Três, 1983.
Coleção Os Presidentes.
TEIXEIRA, Luiz Antonio. Da transmissão hídrica à
Culicidiana: a febre amarela na sociedade de medicina
e cirurgia de São Paulo. Revista Brasileira de História,
Ciência e Sociedade. São Paulo, vol. 21, nº 41.
TORRES BODET, Jaime. Rubén Darío: Abismo y
Cima. Primera edición en español, México: Fondo
de Cultura Económica – Letras Mexicanas, Universidad Nacional de México, 1966. 361 p.
*Padre José Carlos Brandi Aleixo
Professor Emérito da Universidade de
Brasília, na foto, com a Medalha Illustris
Personae, comemorativa dos 55 anos da
Capital Federal.
60 Revista Capital