FACULDADE TECSOMA Curso de Biomedicina Sabrina Luanny de

Transcrição

FACULDADE TECSOMA Curso de Biomedicina Sabrina Luanny de
FACULDADE TECSOMA
Curso de Biomedicina
Sabrina Luanny de Oliveira
INCIDÊNCIA DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO NAS PROFISSIONAIS DO
SEXO DE PARACATU-MG NO PERÍODO DE MARÇO A JUNHO DE 2015
Paracatu
2015
Sabrina Luanny de Oliveira
INCIDÊNCIA DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO NAS PROFISSIONAIS DO
SEXO DE PARACATU-MG NO PERÍODO DE MARÇO A JUNHO DE 2015
Monografia apresentada à disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso II da
Faculdade Tecsoma como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel em
Biomedicina.
Orientador Metodológico: Geraldo Benedito
Batista de Oliveira
Orientadora Temática: MSc. Cláudia Peres da
Silva
Co-orientador: Douglas Gabriel Pereira
Paracatu
2015
O68i
Oliveira, Sabrina Luanny de.
Incidência de Infecção do Trato Urinário nas Profissionais do Sexo de
Paracatu-MG no período de março a junho de 2015. / Sabrina Luanny de
Oliveira. Paracatu, 2015.
81 f.
Orientadora: Cláudia Peres Silva
Co-orientador: Douglas Gabriel Pereira
Monografia (Graduação) – Faculdade Tecsoma, Curso de Graduação
em Biomedicina.
1. Profissional do Sexo. 2. Infecção do Trato Urinário. 3. Doença
Sexualmente Transmissível. I. Silva, Cláudia Peres. II. Faculdade
Tecsoma. III. Título.
CDU: 616.071
SABRINA LUANNY DE OLIVEIRA
INCIDÊNCIA DE INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO NAS PROFISSIONAIS DO
SEXO DE PARACATU-MG NO PERÍODO DE MARÇO A JUNHO DE 2015
Monografia apresentada à disciplina de
Trabalho de Conclusão de Curso II da
Faculdade Tecsoma como requisito parcial
para obtenção do título de Bacharel em
Biomedicina.
________________________________________
Mcs. Cláudia Peres da Silva
Orientadora Temática
________________________________________
Geraldo Benedito Batista de Oliveira
Orientador Metodológico
_______________________________________
Douglas Gabriel Pereira
Professor Convidado
_______________________________________
Leidiane Barcelos
Professora Convidada
Paracatu, 07 de dezembro de 2015.
A Deus por me dar a força necessária para
superar todos os desafios.
AGRADECIMENTO
Primeiramente agradeço а Deus pelo dom da vida.
Ao mеυ pai Geraldo Gilson de Oliveira qυе apesar dе todas аs dificuldades
mе fortaleceu е foi muito importante nessa caminhada.
Agradeço а minha mãе Ângela Maria de Souza Oliveira pelo o apoio e
incentivo nаs horas difíceis, de desânimo е cansaço.
Obrigada minhas irmãs е sobrinhos que nоs momentos dе minha ausência
dedicados ао estudo superior, sеmprе entenderam qυе о futuro é feito а partir dа
constante dedicação nо presente.
O que falar de você minha irmã Priscilla não tenho palavras para te falar
apenas te agradecer que em todos os momentos me incentivou na minha trajetória
acadêmica.
Agradeço também ао mеυ namorado qυе dе forma especial е carinhosa mе
dеυ força е coragem, mе apoiando nоs momentos dе dificuldades.
Quero agradecer pela Faculade Tecsoma, sеυ corpo docente, direção е
administração qυе oportunizaram а janela qυе hoje vislumbro.
Aos meus professores Claúdia Peres da Silva, Marden Mattos Junior e
Douglas Gabriel Pereira, pela orientação, apoio е confiança.
Agradeço а todos оs professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо
apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо
processo dе formação profissional.
A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ
muito obrigado.
“O sucesso é uma consequência e não um objetivo.” (Flaubert, 1870).
RESUMO
A Infecção do trato urinário (ITU) é uma patologia frequente, que acomete pacientes
em todas as idades, do neonato ao idoso. Na vida adulta, a incidência de ITU se
eleva e ocorre mais no sexo feminino, com picos de maior acometimento no início ou
relacionado à atividade sexual, durante a gestação ou na menopausa. A ITU é uma
patologia que pode ser definida como a invasão microbiana de qualquer órgão do
trato urinário desde a uretra até os rins. Este estudo trata-se de uma investigação
descritiva, amostral, com abordagem quantitativa/qualitativa no período de março a
junho de 2015, com um total de cinco mulheres Profissionais do Sexo pesquisadas,
onde verificou-se a incidência de ITU neste público-alvo. Foi possível analisar o
perfil sócio-demográfico, educacional e comportamental do grupo de estudo. Os
resultados encontrados evidenciaram que 60% (n=3) das profissionais do sexo não
apresentaram ITU, e 40% apresentaram (n=2) o que mostra a importância da
efetivação de políticas públicas voltadas para as populações de risco. É
imprescindível a participação de profissionais nas atividades de educação em saúde
como multiplicador de informações, mediante o incentivo de uma prática sexual
segura, valorizando e respeitando cada cliente, além de compreender o contexto
social no qual ele está inserido.
Palavras-chaves: Profissional do Sexo, Infecção do Trato Urinário, Doença
Sexualmente Transmissível.
ABSTRACT
The Urinary tract infection (UTI) is a common condition that affects patients of all
ages, from newborns to the elderly. In adulthood, the incidence of UTI rises and
occurs more in women with higher incidence peaks at the beginning or related to
sexual activity during pregnancy or menopause. The ITU is a condition that can be
defined as the microbial invasion of any body of the urinary tract from the kidney to
the urethra. This study deals with a descriptive, sample research with quantitative /
qualitative approach in the period from march to june 2015, a total of five women Sex
Workers surveyed, where it was found the incidence of UTI in this audience. It was
possible to analyze the socio-demographic profile, educational and behavioral study
group. The results showed that 60% (n = 3) of the sex workers showed no ITU, and
40% were (n = 2) which shows the importance of the effectiveness of public policies
for risk populations. It is essential the participation of professionals in health
education activities as a multiplier of information by encouraging a safe sexual
practice, valuing and respecting each customer, and understand the social context in
which it is inserted.
Keywords: Sex professionals, Urinary tract infection, sexually transmitted disease.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Sistema Urinário ................................................................................... 32
FIGURA 2 – Esquema do meio de Rugai modificado por Pessoa e Silva (IAL) ....... 52
FIGURA 3 – Reação da bioquímica do Rugai Modificado por Pessoa e Silva ......... 53
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Coloração da Urina .............................................................................. 40
TABELA 2 – Cilindros .............................................................................................. 47
TABELA 3 – Cristais Normais na urina ácida .......................................................... 48
TABELA 4 – Cristais Normais na urina neutra ou alcalina ....................................... 49
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Faixa etária das Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da área de
abrangência do ESF Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05), março/junho
2015 .......................................................................................................................... 60
Gráfico 2 – Quantidade de Filhos das Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna
da área de abrangência do ESF Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05),
março/junho 2015...................................................................................................... 61
Gráfico 3 – Renda mensal das Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da área
de abrangência do ESF Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05),
março/junho 2015 ..................................................................................................... 62
Gráfico 4 – Ciclo menstrual das Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da área
de abrangência do ESF Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05),
março/junho 2015 ..................................................................................................... 63
Gráfico 5 – Incidência de Infecção do Trato Urinário em Profissionais do Sexo de
uma Casa Noturna da área de abrangência do ESF Amoreiras do município de
Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015 ................................................................... 64
Gráfico 6 – Frequência de realização de exames laboratoriais das Profissionais do
Sexo de uma Casa Noturna da área de abrangência do ESF Amoreiras do município
de Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015 .............................................................. 65
Gráfico 7 – Uso de medicação pelas Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da
área de abrangência do ESF Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05),
março/junho 2015...................................................................................................... 66
Gráfico 8 – Realização de tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis –
DSTs em Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da área de abrangência do
ESF Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015 ............... 67
Gráfico 9 – Utilização de método contraceptivo de barreira pelas Profissionais do
Sexo de uma Casa Noturna da área de abrangência do ESF Amoreiras do município
de Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015 ............................................................. 68
Gráfico 10 – Frequência da higienização íntima após relações sexuais das
Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da área de abrangência do ESF
Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015 ....................... 69
Gráfico 11 – Frequência de relações sexuais por dia das Profissionais do Sexo de
uma Casa Noturna da área de abrangência do ESF Amoreiras do município de
Paracatu/MG (n= 05), março/junho 2015 ................................................................. 70
LISTA DE SIGLAS
CAPS – Centro de Atenção Psicossocial
CLED – Ágar Cystine Lactose Electrolyte Deficient
DSTs - Doenças Sexualmente Transmissíveis
EAS – Elementos Anormais e Sedimento
ESF – Estratégia Saúde da Família
HEFA – Hospital de Ensino da Faculdade Atenas
ITU – Infecção do trato urinário
PH – Potencial de Hidrogênio
PS – Profissionais do Sexo
SUS – Sistema Único de Saúde
UFC – Unidades formadoras de colônia
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 27
1.1 Justificativa ....................................................................................................... 29
1.2 Objetivos ........................................................................................................... 29
1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................ 29
1.2.2 Objetivos Específicos ................................................................................... 29
2 SISTEMA URINÁRIO ............................................................................................ 31
2.1 Anatomia do Sistema Urinário ........................................................................ 31
2.2 Funções do Sistema Urinário ........................................................................... 34
2.3 Formação da urina pelos rins .......................................................................... 34
2.3.1 Filtração glomerular ...................................................................................... 35
2.3.2 Reabsorção tubular ....................................................................................... 36
2.3.3 Secreção tubular ........................................................................................... 36
2.4 Infecção do Trato Urinário ............................................................................... 36
2.4.1 Fatores predisponentes à infecção do trato urinário .................................. 37
2.4.2 Fatores predisponentes à infecção do trato urinário em Profissionais do
Sexo ......................................................................................................................... 38
3 AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA URINA ......................................................... 39
3.1 Urinálise ............................................................................................................ 39
3.2 Análise da Urina de Tipo I ou EAS .................................................................. 39
3.2.1 Exame físico da urina .................................................................................... 40
3.2.2 Exame químico da urina ............................................................................... 42
3.2.2.1 Potencial de Hidrogênio (pH) .................................................................... 42
3.2.2.2 Proteínas ..................................................................................................... 43
3.2.2.3 Glicose ........................................................................................................ 43
3.2.2.4 Cetonas ....................................................................................................... 44
3.2.2.5 Sangue oculto ............................................................................................. 44
3.2.2.6 Bilirrubina e Urobilinogênio ...................................................................... 45
3.2.2.7 Nitritos ......................................................................................................... 45
3.2.2.8 Esterase leucocitária .................................................................................. 46
3.2.3 Exame microscópico do sedimento da urina (sedimentoscopia) ............. 47
3.3 Urocultura ......................................................................................................... 50
3.4 Antibiograma .................................................................................................... 53
4 METODOLOGIA ................................................................................................... 54
4.1 Tipo de estudo .................................................................................................. 54
4.2 Caracterização da área de estudo .................................................................. 54
4.2.1 Local de estudo ............................................................................................. 54
4.2.2 ESF Amoreiras ............................................................................................... 55
4.3 Delimitação do público-alvo ............................................................................ 55
4.4 Critérios de inclusão e exclusão ..................................................................... 55
4.5 Análise estatística ............................................................................................ 56
4.6 Aspectos Éticos ............................................................................................... 56
4.7 Desenvolvimento do estudo ............................................................................ 56
4.7.1 Análise das amostras urinárias ................................................................... 57
4.8 Resultados esperados ..................................................................................... 58
5 RESULTADOS E DISCURSSÕES ....................................................................... 59
5.1 Perfil socioeconômico das Profissionais do Sexo ....................................... 59
5.2 Histórico pessoal, médico, hábitos de higiene pessoal e fatores de risco
das Profissionais do Sexo .................................................................................... 62
5.3 Perfil sexual das Profissionais do Sexo ........................................................ 67
CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 71
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 72
APÊNDICES ............................................................................................................ 77
1 INTRODUÇÃO
A infecção do trato urinário (ITU) é uma doença que apresenta alta incidência
de casos na clínica médica, pode ser definida como a invasão microbiana de
qualquer órgão do trato urinário desde a uretra até os rins. Esta infecção pode afetar
o rim, a pelve renal, os ureteres, a bexiga e a uretra, além das estruturas adjacentes,
incluindo próstata e epidídimo, com isso merece grande atenção em pesquisas e
estudos nas ciências médicas. (SATO; et al., 2005, p. 398). Segundo Lopes e
Tavares (2005) a infecção urinária compromete somente o trato urinário baixo,
denominada cistite, ou afeta simultaneamente o trato urinário inferior e o superior;
assim, utiliza-se a terminologia infecção urinária alta, denominada pielonefrite.
Segundo Roriz-Filho e outros (2010) a ITU pode ser sintomática ou
assintomática, sendo denominada bacteriúria assintomática a ausência de sintomas.
A ITU é caracterizada pelo crescimento bacteriano de pelo menos 105
unidades formadoras de colônias por ml de urina (100.000 ufc/ml) colhida em jato
médio e de maneira asséptica, porém em paciente idoso, infecção crônica e uso de
antimicrobianos pode ser valorizado crescimento bacteriano igual ou acima de 104
colônias (10.000 ufc/ml). Na bacteriúria assintomática é definida como a presença
de, no mínimo, 10⁵ colônias/ml da mesma bactéria em pelo menos duas amostras
de urina em paciente, habitualmente mulher, que não apresenta os sintomas de
infecção urinária habituais. (LOPES, TAVARES, 2005).
A ITU é uma patologia frequente, que acomete pacientes em todas as idades,
do neonato ao idoso. Na vida adulta, a incidência de ITU se eleva e ocorre mais no
sexo feminino, com picos de maior acometimento no início ou relacionado à
atividade sexual, durante a gestação ou na menopausa, de forma que 48% das
mulheres apresentam pelo menos um episódio de ITU ao longo da vida. Essa maior
susceptibilidade à ITU se deve ao fato da anatomia feminina no qual a uretra é mais
curta e a maior proximidade do ânus com o vestíbulo vaginal e uretra. (HEILBERG;
SCHOR, 2003).
Dados mostram que entre 2 a 4% das mulheres apresentam bacteriúria
assintomática e muitas podem apresentar episódios repetidos de ITU sintomática; e
ainda, 20% das mulheres jovens que apresentam o primeiro episódio de cistite
voltam a apresentar novamente, na sua maioria sendo por reinfecção exógena e não
por persistência da infecção anterior. (SOARES; NISHI; WAGNER, 2006, p. 85).
As Profissionais do Sexo (PS) são uma população de alto risco para as
doenças sexualmente transmissíveis (DST), devido ao elevado número de parceiros
e relações sexuais, inclui também o consumo de drogas ilícitas e de bebidas
alcoólicas, o baixo nível educacional e a marginalização socioeconômica. Outro fator
é o descaso com as PS no qual têm recebido pouca atenção por parte dos órgãos
de saúde pública, decorrendo daí uma grande carência de informações que
permitam um melhor conhecimento de alguns aspectos ligados aos riscos a que são
submetidos. (PASSOS, FIGUEIREDO, 2004). E Dachi et al. (2003) refere que mais
de 95% das infecções urinárias são causadas por bactérias gram-negativo pelo
Enterococcus fecalis e no caso das mulheres sexualmente ativas, também pelos
Staphylococcus saprophyticus.
Segundo Rodrigues e outros (2013) o sistema urinário é dividido em trato
urinário superior que compreende os rins, pelve renal e ureteres; e o outro é o trato
urinário inferior com a uretra e bexiga urinária, sendo que o conjunto formam e
expelem a urina. Os rins são órgãos pares situados na região lombar; neles ocorre a
produção de urina. Esta é um meio apropriado para o desenvolvimento de
microrganismos, que sofre variação quanto a proliferação de acordo com as
concentrações de ureia e ácidos, pH e hipertonicidade. O trato urinário é um sítio
anatômico estéril, com exceção do meato uretral e uretra distal, regiões colonizadas
principalmente por estafilococos, difteróides e outros comensais.
Na ITU os agentes etiológicos da infecção são limitados a poucos
microrganismos de crescimento rápido, incluindo Escherichia coli, Enterococcus spp,
Klebsiella species, Enterobacter spp, Proteus spp, Staphylococcus saprophyticus e
Pseudomonas spp, são encontradas em pacientes hospitalizados quanto da
comunidade. Nos casos da comunidade, cerca de 80% das ITU não complicadas
são causadas por Escherichia coli; e em pacientes hospitalizados deve-se incluir a
Candida spp como potencial patógeno. A flora intestinal anaeróbia raramente é
causa de ITU, apesar de ser 100 a 1.000 vezes mais freqüente que a E. coli na flora
fecal. (BRANDINO, 2007).
Os exames complementares utilizados para o diagnóstico de ITU incluem
urina de rotina, urocultura, antibiograma; e em casos selecionados a hemocultura
(em casos de pielonefrite) e exames de imagem: Ultrassonografia, Tomografia com
computadorizada e Ressonância Magnética. (RORIZ-FILHO et al., 2010).
1.1 Justificativa
A Infecção do Trato Urinário é uma patologia infecciosa muito comum na
prática médica e acomete indivíduos em todas as faixas etárias com prevalência em
mulheres com vida sexual ativa. Sendo assim, vê se a necessidade de realizar este
estudo com Profissionais do Sexo residentes no bairro Amoreiras II do município
Paracatu/MG, visto que o grupo estudado apresenta fatores de risco como
multiplicidade de parceiros, condição socioeconômica baixa, precariedade de acesso
no serviço público e informações de saúde.
Portanto, os dados provenientes do estudo contribuirão para subsidiar as
Políticas Públicas Municipais de controle de ITUs em Profissionais do Sexo,
consequentemente melhorar a qualidade de vida das mulheres e diminuir os
indicadores de morbidade associados. Visto que a presença de uma ITU aumenta
de três a cinco vezes os riscos de se adquirir e transmitir a infecção por HIV
principalmente entre mulheres jovens, tornando assim um problema de saúde que
pode ser prevenido. (BARCELOS, et al, 2008).
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Verificar a incidência de Infecção do Trato Urinário em mulheres Profissionais
do sexo.
1.2.2 Objetivos Específicos

Realizar palestra instrucional para conhecimento do grupo e explicação
sobre o estudo.

Aplicar questionário para o levantamento dos dados, discutir os resultados
e correlacioná-los com os fatores de risco desse grupo.

Orientar sobre a maneira de realização da coleta da urina.

Identificar a partir de análises laboratoriais do material biológico urina,
possíveis alterações dos níveis de Profissionais do Sexo.

Realizar a análises dos exames físicos, químicos, sedimentoscopia; a
urocultura da urina e provas bioquímicas.

Avaliar a contribuição do perfil sócio-demográfico e de saúde no
aparecimento e desenvolvimento de infecções urinárias nesse grupo.

Pesquisar e associar na literatura a relação da incidência de Infecções do
Trato Urinário e Profissionais do Sexo.

Analisar os resultados obtidos e encaminhá-los a Secretaria Municipal de
Saúde para criação de políticas públicas.
2 SISTEMA URINÁRIO
O sistema urinário 96é responsável por filtrar eliminar as substâncias
consideradas tóxicas para o nosso organismo. As atividades metabólicas resultam
na decomposição de proteínas, lipídios e carboidratos, acompanhados de liberação
de energia e da formação de produtos que devem ser eliminados. (DANGELO;
FATTINI, 2011, p.175).
2.1 Anatomia do Sistema Urinário
O sistema urinário é composto por dois rins, duas uretras, uma bexiga e uma
uretra (DANGELO; FATTINI, 2011, p.175).
Os rins são dois órgãos em forma de um grão de feijão, coloração marromavermelhado, e a sua borda medial contém uma identificação, o hilo renal por onde
a artéria renal penetra no rim e saem às veias renais e os ureteres. Estão situados
na parede posterior da cavidade abdominal, apresenta aproximadamente 11
centímetros de comprimento, é envolvido por três camadas de tecidos a cápsula
fibrosa, cápsula adiposa e a fáscia renal e possui três regiões o córtex renal, a
medula renal e a pelve renal. (SPENCE; 1991, p. 576-577).
Cada rim contém cerca de 1 a 1,5 milhão de unidades funcionais chamados
néfrons; estes divide-se em néfrons corticais que são responsáveis pela remoção de
resíduos de produtos e pela reabsorção de nutrientes; e néfrons justamedulares com
a função de promover a concentração da urina. (STRASINGER, LORENZO; 2009,
p.14).
Cada néfron começa com uma área dilatada denominada glomérulo, seguido
do túbulo contornado proximal, da alça de Henle e do tubo contornado distal.
(GUYTON; HALL, 2008).
O glomérulo é formado quando a arteríola aferente se divide em uma rede da
alças constituída de 4 a 8 alças capilares na forma de tufo que invagina o epitélio da
cápsula de Bowman de modo que ele tenha apenas uma camada de células
epiteliais seu redor; assim, o glomérulo é constituído de capilares e uma membrana
basal recoberta de células epiteliais especializadas denominadas de podócitos que
estão separadas da cápsula remanescente por um espaço denominado de Bowman.
(GUYTON; HALL, 2008).
Os glomérulos renais filtram 125 mililitro (mL) de sangue por minuto. Este
órgão é responsável pela formação e emissão de urina e funcionam como glândulas
endócrinas, pois produzem a renina que controla a secreção de aldesterona; e são a
principal fonte de produção de eritropoietina em adultos, que atua sobre as células
da medula óssea vermelha para estimular a produção de hemácias. (Figura 01)
(DANGELO, FATTINI, 2011, p.175).
Figura 01 – Sistema Urinário
Fonte: Pró Rim, 2014 p. 6.
Os demais órgãos são associados à eliminação da urina os ureteres, bexiga
urinária e uretra. (DANGELO, FATTINI, 2011, p.175).
O ureter é um tubo muscular que une o rim à bexiga urinária pelo óstio uretral,
possui um comprimento de aproximadamente 25 centímetros, devido ao seu trajeto
distingue-se em três partes ureter abdominal, pélvica e intramural. (DANGELO,
FATTINI, 2011, p.177).
As paredes dos ureteres são formadas por três camadas a interna ou
mucosa, a média ou muscular e a externa ou fibrosa. A mucosa apresenta uma
camada superficial formada por epitélios de transição, que também é típico da
bexiga urinária e da uretra. A camada muscular é capaz de realizar movimentos
peristálticos, impedindo desta forma a urina em direção à bexiga. (SPENCE; 1991,
p. 585).
A bexiga urinária é revestida pelo tecido epitelial de transição é um epitélio
estratificado cuja camada mais superficial é formada por células globosas, nem
pavimentosas nem prismáticas, a forma dessas células muda de acordo com o grau
de distensão da bexiga, podendo as células ficar achatadas quando a bexiga estiver
cheia. É órgão muscular cavitário com o formato de uma bolsa, localizada
posteriormente à sínfise púbica com a função de reservatório da urina, tem a
capacidade aproximadamente de 500 mL, porém ocorre o desejo de micção com um
volume de 350 mL. (DANGELO, FATTINI, 2011, p.178).
A bexiga possui um corpo, um fundo (porção póstero-inferior), um colo (a
parte que envolve o óstio interno da uretra) e um ápice (voltado em direção anterior).
Possui três orifícios que são denominados óstios do ureter e óstio interno da bexiga;
estes limitam o trígono da bexiga cuja superfície mucosa é lisa e plana. (DANGELO,
FATTINI, 2011, p.178).
A uretra último segmento das vias urinárias, em ambos os sexos é um tubo
mediano que estabelece a comunicação entre a bexiga urinária e o meio exterior.
(DANGELO, FATTINI, 2011, p.179).
Consiste em um tubo muscular, formado por uma membrana mucosa, que sai
da face inferior da bexiga urinária e transporta a urina para o meio externo; na
junção da uretra com a bexiga, a musculatura lisa da bexiga circunda a uretra e atua
com um esfíncter chamado esfíncter interno da uretra, que tende a manter a uretra
fechada. (SPENCE; 1991, p. 589).
Como a uretra atravessa o assoalho da pelve, diafragma urogenital, ela é
circundada por musculatura estriada esquelética quer forma o esfíncter externo. No
sexo feminino, a uretra é curta, aproximadamente 4 centímetro, e se situa
anteriormente a vagina abrindo-se no exterior através do óstio externo da uretra, que
se localiza entre o clitóris e o óstio da vagina. (SPENCE; 1991, p. 589).
2.2 Funções do Sistema Urinário
Segundo Strasinger e Lorenzo (2009) as funções do sistema urinário são:
 Excreção de metabólitos e antígenos – os rins são o principal mecanismo
para eliminar metabólitos desnecessários ao organismo.
 Regulação da pressão arterial – os rins regulam a pressão arterial por meio
da excreção das quantidades variáveis de sódio e de água.
 Regulação do equilíbrio ácido-base – através da excreção de ácidos e da
regulação de reservas de tampões nos líquidos corporais.
 Regulação da síntese de eritrócitos – essa função é dependente da
produção do hormônio renal eritropoietina, a qual estimula a produção de
hemácias.
 Regulação da produção da 1,25-diidroxivitamina D3 – os rins produzem a
forma ativa da vitamina D, a qual tem importante papel na regulação do
cálcio e do fosfato.
 Gliconeogênese – durante jejum prolongado, os rins produzem glicose a
partir de aminoácidos e de outros precursores.
2.3 Formação da urina pelos rins
A urina é composta por água, ureia, ácido úrico, creatinina, sódio, potássio,
cloreto, cálcio, magnésio, fosfatos, sulfatos e amônia; também pode conter
estruturas cilindros, cristais, células sanguíneas e células epiteliais. (MUNDT,
SHANAHAN; 2012, p. 22).
A urina é constituída por uréia e outras substâncias químicas orgânicas e
inorgânicas dissolvidas em água; podem ocorrer grandes variações na concentração
dessas substâncias, devido à influências de fatores como ingestão alimentar,
atividade física, metabolismo orgânico, função endócrina e até mesmo posição do
corpo. A uréia, resíduo metabólico produzido no fígado a partir da utilização de
proteínas e aminoácidos, representa quase metade dos corpos sólidos dissolvidos
na urina. O principal componente inorgânico dissolvido na urina é o cloreto, seguido
pelo sódio e potássio. Também estão presentes outros compostos químicos
inorgânicos, em quantidade ínfimas. Outras substâncias encontradas são:
hormônios, vitaminas e medicamentos. A urina também pode conter elementos que
não fazem parte do filtrado plasmático inicial, como células, cristais, muco e
bactérias, que em níveis elevados, podem ser indício de doença. (GUYTON & HALL,
2002).
A formação de urina ocorre a partir dos seguintes mecanismos: filtração
glomerular, reabsorção tubular e secreção tubular. (GUYTON, HALL; 2008).
2.3.1 Filtração glomerular
Como o sangue circula através dos rins, uma quantidade de plasma é filtrada
para fora do sistema vascular através do endotélio fenestrado, lâmina basal e
membranas fendilhadas, para o interior da cápsula do glomérulo do túbulos renais.
(SPENCE; 1991, p. 584).
A membrana do glomérulo é formada por três camadas: camadas de células
endoteliais, que é a mais interna; membrana basal, a camada intermediária, formada
por proteoglicanos e fibras colágenas e por último, camada de células epiteliais, a
mais externa formada por prolongamentos digitiformes estes prolongamentos ficam
interdigitados com as células adjacentes, abrindo fendas nos prolongamentos
contínuos, possibilitando a passagem de líquido para a cápsula de Bowman.
(GUYTON & HALL, 2008).
A membrana glomerular possui uma particularidade importante que é ser
extremamente permeável à água e a pequenos solutos moleculares; é impermeável
a célula sanguínea e quase impermeável às proteínas. A pressão hidrostática
(originada pelo tamanho menor das arteríolas eferentes e capilares glomerulares)
intensifica a filtração; a pressão vence as pressões opostas vindas do líquido
presente na cápsula de Bowman e da pressão colóide das proteínas plasmáticas
não filtradas presentes nos capilares glomerulares. (GUYTON & HALL, 2008).
2.3.2 Reabsorção tubular
A reabsorção tubular é estabelecida tanto por transporte ativo como por
transporte passivo, assim quando o ultrafiltrado plasmático entra nos túbulos
proximais, por transporte ativo: aminoácidos, ácido úrico, bicarbonato, cálcio, fosfato,
magnésio e sulfato, enquanto, a reabsorção de água, cloretos, ácidos fracos não
ionizados e ureia ocorrem por transporte passivo. (STRASINGER; LORENZO,
2009).
Esse é um processo muito importante, pois as substâncias essencias, de
baixo peso molecular contidas no ultrafiltrado podem ser reabsorvidas pelos rins. O
ultrafiltrado plasmático entra nos túbulo contorcido proximal e a reabsorção de
determinadas substâncias começa através de mecanismos de transporte celular,
conhecidos como transportes ativo e passivo. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
2.3.3 Secreção tubular
A secreção tubular se dá dos capilares peritubulares para a luz dos túbulos e
é considerada uma forma de eliminação de material não filtrado pelos glomérulos e
manutenção do equilíbrio ácido base. As funções são eliminar resíduos não filtrados
pelos glomérulos; regular o equilíbrio ácido básico do organismo (secreção de íons
hidrogênio). (STRASINGER; LORENZO, 2009).
Substâncias como medicamentos, não são filtrados pelo glomérulo por serem
ligadas a proteínas plasmáticas; quando substâncias ligadas a proteínas entram nos
capilares peritubulares, acabam dissociando-se de suas proteínas, transportando-se
para o filtrado pelas células tubulares. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
2.4 Infecção do Trato Urinário
A Infecção do trato urinário (ITU) é um sítio frequente de infecção tanto em
pacientes
da
comunidade
como
em
pacientes
internados
em
hospitais,
representando uma das principais causas de infecção nosocomial. (RORIZ-FILHO,
2010).
O sexo feminino é mais vulnerável do que o sexo masculino para ocorrência
de infecção urinária, as mulheres adultas têm 50 vezes mais chances de adquirir ITU
do que os homens. A principal rota de contaminação do trato urinário é por via
ascendente. (RORIZ-FILHO, 2010).
As mulheres são mais suscetíveis á infecção por causa da proximidade do
ânus com o meato uretral em virtude da uretra curta, característica da genitália
feminina. (POTTER; PERRY, 2004).
As ITUs podem ser sintomática ou assintomática, recebendo na ausência de
sintomas a denominação de bacteriúria assintomática; quanto à localização, é
classificada como baixa ou alta. A ITU pode comprometer somente o trato urinário
baixo denominado cistite, ou afetar simultaneamente o trato urinário inferior e o
superior, configurando infecção urinária alta, denominada de pielonefrite. (RORIZFILHO, 2010).
A sintomatologia habitualmente que manifesta na cistite são disúria, urgência
miccional, polaciúria, nictúria e dor suprapúbica; e já na pielonefrite se inicia
geralmente com quadro de cistite, sendo frequentemente acompanhada de febre
elevada, geralmente superior a 38°C, associada a calafrios e dor lombar uni ou
bilateral; sendo assim, febre, calafrios e dor lombar formam a tríade de sintomas
característicos da pielonefrite, estando presentes na maioria dos casos. (RORIZFILHO, 2010).
Os agentes etiológicos mais frequentemente causadores de ITU adquirida na
comunidade são a Escherichia coli, o Staphylococcus saprophyticus, espécies de
Proteus e de Klebsiella e o Enterococcus faecalis. A E. coli, sozinha, responsabilizase por 70% a 85% das infecções do trato urinário adquiridas na comunidade. A ITU
é adquirida no ambiente hospitalar, em paciente internado, os agentes etiológicos
são bastante diversificados, predominando as enterobactérias, com redução na
frequência de E. coli (embora ainda permaneça habitualmente como a primeira
causa), e um crescimento de Proteus sp, Pseudomonas aeruginosa, Klebsiella sp.,
Enterobacter sp., Enterococcus faecalis e de fungos, com destaque para Candida
sp. (RORIZ-FILHO, 2010).
2.4.1 Fatores predisponentes à infecção do trato urinário
São vários os fatores de risco que favorecem o aparecimento de, sua reicidiva
ou reinfecção, como o gênero, atividade sexual, gravidez, obstrução intestinal,
refluxo vésico-uretral, refluxo calicotubular ou intarrenal, diabete melito, isquemia
renal, diminuição da resposta imunitária (desnutrição) e também instrumentação
cirúrgica. (GODOY, 2006).
2.4.2 Fatores predisponentes à infecção do trato urinário em Profissionais do
Sexo
Segundo Salmeron e Pessoa (2012) Profissional do sexo designa uma
pessoa que faz sexo de forma impessoal por uma determinada quantia de dinheiro
ou troca por qualquer outro bem.
O gênero e a atividade sexual deixa mais propensa a uretra feminina à
colonização com bacilos Gram-negativos, devido a sua proximidade com o ânus e
de sua terminação por de baixo dos grandes lábios. Assim, a relação sexual é
responsável pela introdução de bactérias na bexiga, se tornando a causa mais
comum. A chance de uma mulher contrair infecção do trato urinário aumenta com a
atividade sexual intensa, o que deixa as profissionais do sexo mais susceptíveis a
ITU. (STAMM, 2009).
3 AVALIAÇÃO LABORATORIAL DA URINA
Para obter uma amostra que seja realmente representativa do estado
metabólico do paciente, muitas vezes é necessário controlar certos aspectos da
coleta, como hora, duração, dieta e medicamentos ingeridos e método de colheita.
Os tipos de amostra de urina são aleatória; primeira da manhã; jejum (segunda da
manhã); duas horas pós-brandial; teste de tolerância à glicose; 24 horas (ou
concentrada); cateterizada; jato médio, com assepsia; punção suprapúbica; e coleta
em três frascos. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
3.1 Urinálise
A urinálise é uma forma de triagem que fornece informações importantes, de
forma rápida e econômica para diagnóstico e monitoramento de doenças renais e do
trato urinário e para detecção de doenças sistêmicas e metabólicas não diretamente
relacionadas com o rim. (FUNCHAL; MASCARENHAS; GUEDES, 2008).
3.2 Análise da Urina de Tipo I ou EAS
O exame de urina, também denominado urina tipo I ou EAS (Elementos
Anormais e Sedimento), compreende análises físicas, químicas e microbiológicas,
que avaliam a função renal. (NEVES, 2011).
A análise de urina tipo I é um método diagnóstico para avaliar e acompanhar
os vários distúrbios do sistema urinário. (HENRY, 2008).
O exame da urina tipo I inclui o exame das características físicas como a cor,
aspecto e gravidade específica; características químicas, incluindo pH, proteínas,
glicose, cetonas, sangue, bilirrubina, nitrito, esterase leucocitária e urobilinogênio; e
estruturas microscópicas no sedimento. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
Para realização do EAS a amostra mais utilizada é a primeira urina da manhã,
pois essa amostra costuma ser mais concentrada e ter o pH ácido, o qual ajuda a
conservar as células presentes. A urina deve ser examinada imediatamente após a
micção, pois depois das 2 horas pode haver contaminação por bactérias, dissolução
de células e cilindros, alteração no equilíbrio acidobásico; e a formação de cristais
(NEVES, 2011). O indivíduo deve proceder à coleta realizando a higiene das mãos e
após da região íntima e em seguida desprezar o primeiro jato e coletar o jato médio
no frasco. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
3.2.1 Exame físico da urina
O exame físico da urina inclui a determinação da cor, do aspecto e da
gravidade específica; a observação dessas características fornece informações
preliminares relativas a distúrbios como hemorragia glomerular, hepatopatia, erros
inatos do metabolismo e infecção do trato urinário. (STRASINGER; LORENZO,
2009).
A urina normal apresenta uma grande variedade de cores determinada,
principalmente por sua concentração; a coloração pode variar de amarelo claro a
âmbar escuro, depende da concentração de pigmentos urocromo (amarelo), e em
menor extensão, urobilina (laranja) e uroeritrina (vermelho). (MUNDT; SHANAHAN,
2012).
A coloração da urina depende da concentração de urinária e também o grau
de hidratação da pessoa. Uma urina muito pálida ou incolor é muito diluída e pode
resultado elevado consumo de líquidos, medicação diurética, diuréticos naturais
como café e álcool e doenças como diabetes melito e diabetes insípido. (MUNDT;
SHANAHAN, 2012).
Tabela 1 – Coloração da urina
Coloração
Significado clínico
Amarelo pálido
Urina diluída (diabetes,
consumo excessivo).
Amarelo
Urina normal
Âmbar
Urina
concentrado,
pigmentos de bilirrubina
Imagem
(continua)
Coloração
Significado clínico
Verde
Porfirinas,
mioglobina,
hemoglobina, medicações
Vermelho/rosa
Medicações, mioglobina,
porfirinas, hemoglobina
Laranja
Medicações
Preto
Ácido
melanina
(continuação)
Imagem
homogentísico,
Fonte: Adaptado de ESTRIDGE; REYNOLDS, 2011, p. 471.
O volume depende de vários fatores como ingestão de líquidos, quando que o
rim necessita eliminar, equilíbrio acidobásico; o indivíduo adulto elimina em torno de
18,5 mL por quilograma nas 24 horas, o que representa em média 800 a 1.500
ml/dia. (NEVES, 2011).
A oligúria é a excreção de menos de 500 ml de urina em 24 horas enquanto a
anúria é a supressão quase total da formação de urina. É já a produção de 2000 ml
de urina em 24 horas é denominada poliúria. A noctúria é a excreção noturna de
mais de 500 ml de urina, com uma gravidade específica inferior a 1,018. (HENRY,
2008).
O odor não é relatado rotineiramente, porém pode ser importante como em
casos que possa ajudar no diagnóstico. Normalmente, logo após a micção a urina
possui um odor aromático e não desagradável; assim a mudança no odor da urina
pode ser causado devido a doenças, dietas ou presença de microrganismos.
(ESTRIDGE; REYNOLDS, 2011).
As cetonas exibem odor adocicado ou frutuoso que são encontrados em
pacientes com diabetes descompensada e uma amostra contaminada por bactérias
pode exibir odor pungente devido à amônia produzida. (MUNDT; SHANAHAN,
2012).
A concentração é avaliada pela gravidade específica que corresponde à razão
entre o peso de um volume de urina e o peso do mesmo volume de água destilada a
uma temperatura constante; portanto, é um indicador da concentração de matéria
dissolvida na urina. Assim é utilizada para medir a capacidade de concentração e
diluição dos néfrons em seu esforço para manter a homeostase corporal. (MUNDT;
SHANAHAN, 2012).
A variação normal da densidade de uma amostra aleatória é de 1.003 a
1.035, embora em caso de hidratação excessiva a leitura possa chegar a 1.001 (a
água corresponde a 1.000), indica a concentração de sólidos totais dissolvidos na
urina, varia de acordo com o volume e a quantidade de solutos excretados. Existem
tiras reagentes que contêm um campo com reagente para medir a gravidade
específica, baseia-se na alteração do pKₐ de determinados polieletrólitos prétratados em relação à concentração iônica. (MUNDT; SHANAHAN, 2012).
3.2.2 Exame químico da urina
O exame de urina inclui testes químicos para pH, proteínas, glicose, cetonas,
sangue oculto, bilirrubina, urobilinogênio, nitrito, esterase leucocitária, e um método
com tira reagente para gravidade específica. (MUNDT; SHANAHAN, 2012).
Uma tira reagente consiste em uma tira estreita de plástico com pequenos
campos afixados; cada campo contém reagentes para uma reação distinta,
permitindo a realização simultânea de vários testes; logo, as cores que são geradas
em cada campo variam conforme a concentração do fator analisado. (MUNDT;
SHANAHAN, 2012).
Os dois principais tipos de tiras de reagentes são fabricados sob os nomes
comerciais Multistix (Siemens Medical Soluntions Diagnostics) e Chemstrip (Roche
Diagnostics). (STRASINGER; LORENZO, 2009).
3.2.2.1 Potencial de Hidrogênio (pH)
Uma das funções do rim consiste em auxiliar na manutenção do balanço
ácido-base do organismo. O pH (concentração de íons de hidrogênio) da urina pode
variar de 4,6 a 8,0, porém a média é cerca de 6,0 de modo apresenta-se
ligeiramente ácido. (MUNDT; SHANAHAN, 2012). Na análise da fita reativa, o
resultados que poderão ser obtidos são o vermelho de metila haverá mudança da
cor vermelha para amarela na faixa de pH
entre 4 e 6; e o azul de bromotimol vira de amarelo para azul na faixa entre 6 e 9;
assim, na faixa de pH entre 5 e 9, medida pela tira reagente, observa-se cor laranja
em pH 5, que muda a amarela e verde para azul intenso em pH 9. (STRASINGER;
LORENZO, 2009).
3.2.2.2 Proteínas
A determinação de proteínas é o melhor indicador de doença renal. A
proteinúria é associada com doença renal precoce. A urina normal contém muito
pouca proteína, normalmente, menos de 10 mg/dl ou 100 mg por 24 horas
excretadas. A principal proteína presente na urina, em condições normais, é a
proteína de Tamm-Horsfall. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
Na almofada para avaliar a presença de proteínas apresenta-se o azul de
tetrabromofenol ou 3’,3’,5’, 55’’- tetraclorofenol-3, 4, 5, 6 - tetrabromossulfonftaleína
e um tampão ácido para manter o ph em nível constante. No ph nível 3, ambos os
indicadores são amarelos na ausência de proteínas; no entanto, quando a
concentração das proteínas ausenta, a cor evolui em vários tons de verde e,
finalmente, para o azul (STRASINGER; LORENZO, 2009). O método de tira
reagente é muito sensível à albumina, a principal proteína excretada como resultado
de lesão ou doença glomerular. (MUNDT; SHANAHAN, 2012).
3.2.2.3 Glicose
A análise da presença de glicose na urina é frequentemente utilizado para
detecção e acompanhamento de diabetes melito. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
A fita reativa é específica para a glicose e não reagirá com outro açúcar;
assim a almofada de reagente para glicose contém as enzimas glicose oxidase e
peroxidase e mais um cromógeno, substância que produz cor na reação química.
Essas enzimas reagem com a glicose na urina para modificar a cor da almofada de
reagente. A intensidade da cor formada é proporcional à concentração de glicose.
(ESTRIDGE; REYNOLDS, 2011).
Em circunstância normais, quase toda glicose filtrada pelo glomérulo é
reabsorvido no túbulo contornado proximal; consequentemente, a urina contém
apenas pequena quantidade de glicose. A reabsorção tubular de glicose é por
transporte ativo, em resposta à necessidade do organismo de manter concentração
adequada de glicose. Caso os níveis sanguíneos de glicose se tornem elevados
(hiperglicemia), como ocorre no diabetes mellitus. O nível sanguíneo no qual a
reabsorção tubular cessa (limiar renal) para a glicose e de, aproximadamente, 160 a
180 mg/dl. Níveis de glicemia flutuam, e uma pessoa normal pode ter glicosúria após
uma refeição com teor elevado de glicose. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
3.2.2.4 Cetonas
As cetonas representam os produtos acetona, ácido acetoacético e ácido
beta-hidroxibutírico; a quantidade de cetona mensurada não aparece na urina,
porque a gordura metabolizada é completamente decomposta em dióxido de
carbono e água. Porém, quando utilizamos o carboidrato como a principal fonte de
energia, o estoque de gordura é metabolizado como fonte energética; assim as
cetonas são detectadas na urina. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
Na fita reagente as almofadas para cetonas detectam o ácido acetoacético
e/ou a acetona. O teste para cetonas é baseado na reação das cetonas com o
nitroferricianeto de sódio presente na almofada de reagentes, resultando na
formação de uma cor rosa-escura. (ESTRIDGE; REYNOLDS, 2011).
3.2.2.5 Sangue oculto
Os métodos utilizados na análise de sangue na urina são capazes de detectar
quantidades mínimas não visualizadas macroscopicamente (MUNDT; SHANAHAN,
2012). O sangue pode estar presente na urina sob a forma de glóbulos vermelhos
intactos (hematúria) ou como produto da destruição de glóbulos vermelho no
sangue, hemoglobina (hemoglobinúria). Portanto, testes químicos para hemoglobina
fornecem os meios mais exatos para determinar a presença de sangue; quando o
sangue é detectado, o exame microscópio pode ser utilizado para diferenciar a
hematúria da hemoglobinúria. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
Na tira reagente o procedimento é baseado na atividade do tipo peroxidase da
hemoglobina e da mioglobina, que catalisa a oxidação de um cromógeno por um
peróxido orgânico. A maioria das tiras reagentes é capaz de detectar hemácias
intactas, bem como hemoglobinas e mioglobinas livres. A hemoglobina liberada
reage com o reagente, resultando em pontos verdes sobre um fundo amarelo ou
laranja. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
A presença de hemácias intactas resultará em reação de pontos verdes, ao
passo que a hemoglobina e a mioglobina livres originarão uma cor uniforme verde
ou de verde azul escuro. Resultados falso-positivos ocorrem quando a urina está
contaminada com sague menstrual. Amostras conservadas com formalina originarão
falso-negativo. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
3.2.2.6 Bilirrubina e Urobilinogênio
A bilirrubina é formada pela degradação da hemoglobina no sistema
reticuloendotelial, se liga à albumina, para ser transportada até o fígado onde a
bilirrubina é removida pelas células parenquimatosas e conjugada ao ácido
glicurônico, originando diglicuronídeo de bilirrubina (MUNDT; SHANAHAN, 2012). O
aparecimento da bilirrubina na urina pode fornecer indicação precoce de doença
hepática; muitas vezes, é detectada muito antes do desenvolvimento de icterícia.
(STRASINGER; LORENZO, 2009).
Na banda da tira reativa a bilirrubina se combina com o sal 2,4-dicloroanilina
diazônio ou com 2,6-diclorobenzeno-diazônio-tetrafluoroborato em meio ácido para
produzir um azodye, com cores que variam em graus crescentes de castanho
amarelado ou rosa até violeta, respectivamente. (MUNDT; SHANAHAN, 2012).
A bilirrubina conjugada pode ser excretada através do ducto biliar para o
intestino; assim, as bactérias intestinais convertem a bilirrubina em uma combinação
de urobilinogênio e estercobilinogênio. O urobilinogênio apresenta na urina, porque
quando o sangue que circula no fígado passa através dos rins e é filtrado pelo
glomérulo. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
3.2.2.7 Nitritos
O teste para nitritos oferece um método rápido de triagem para presença de
ITU
detectando
precocemente
bacteriúrias
significantes
e
assintomáticas
(STRASINGER; DI LORENZO, 2009). Organismos comuns capazes de causar
infecções do trato urinário, como Escherichia coli, espécie de Enterobacter,
Citrobacter, Klebiella e Proteus, produzem enzimas que reduzem o nitrato urinário
em nitrito; assim a urina deve permanecer na bexiga por mínimo 4 horas, justificando
a escolha da primeira urina da manhã como amostra para o exame (MUNDT;
SHANAHAN, 2012). O teste de nitrito é importante para detectar infecção inicial da
bexiga (cistite), pois, muitas vezes, os pacientes são assintomáticos. Portanto, a
detecção de bacteriuria pela utilização do teste de triagem de nitrito e subsequente
terapia antibiótica podem evitar essas complicações graves. (STRASINGER;
LORENZO, 2009).
Na detecção de nitrito na urina utilizam ácido p-arsanílico e um composto de
quinolina. O nitrito reage com o ácido p-arsanílico, originando um composto
diazônico; assim, esse composto associa-se a quinolina, produzindo uma cor rosa.
Qualquer tonalidade rosa uniforme deve ser interoretada como teste positivo para
nitrito, sugerindo a presença de 10⁵ ou mais organismos por mililitro. Pontos cor-derosa ou bordas cor-de-rosa não devem ser considerados como resultado positivo.
(MUNDT; SHANAHAN, 2012).
É válido ressaltar que a urina deve ser testada logo após a micção, pois se
mantida por várias horas à temperatura ambiente propicia o crescimento de
organismos, originando nitrito, isso pode ser um resultado falso-positivo. (MUNDT;
SHANAHAN, 2012).
3.2.2.8 Esterase leucocitária
Leucócitos podem ser encontrados em qualquer fluído corporal, o tipo mais
observado em uma amostra de urina é o neutrófilo, normalmente em baixos
números; porém níveis aumentados destes indicam infecção do trato urinário, sua
presença é indicada por um teste positivo para esterase leucocitária. Em amostras
de jato médio
apresenta os valores
de
referência para normalidade 5
leucócitos/campo ou 5.000 leucócitos/ml. (MUNDT; SHANAHAN, 2012).
Na esterase leucocitária para catalisar a hidrólise de um éster embebido na
almofada reagente para produzir composto aromático e ácido. O composto
aromático combina-se com um sal diazônio presente na almofada e produz diazo
púrpura. A presença de agentes oxidantes fortes ou de formalina no recipiente de
coleta leva a resultados falso-positivos. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
Assim, resultado falso-negativos podem ocorrer na presença de altas
concentrações de proteínas (maiores que 500 mg/dl), glicose (mais de 3 g/dl), ácido
oxálico e ácido ascórbico. Nessa reação, o ácido ascórbico também combina com o
sal diazônio. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
3.2.3 Exame microscópico do sedimento da urina (sedimentoscopia)
O exame microscópio do sedimento urinário é realizado apenas em amostras
que reúnam critérios especificados, pois muitos laboratórios devido ao custobenefício tem-se utilizado a triagem macroscópica. (STRASINGER; LORENZO,
2009).
O sedimento da urina normal pode conter uma variedade de elementos,
desde aparecimento de pequeno número de GVs, GBs e cilindros, do mesmo modo,
que algumas amostras não contém nada além de raras células epiteliais ou
filamentos de muco. (STRASINGER; LORENZO, 2009).
No exame microscópico utiliza-se a primeira urina da manhã coletando o jato
médio e análise recente, caso contrário os elementos organizados cilindros,
hemácias, leucócitos perdem sua estrutura normal o que dificulta a identificação.
(LIMA et al., 2010).
Os cilindros urinários são formados no lúmen dos túbulos renais e assim
chamados pelo fato de serem moldados no interior dos túbulos. São de origem renal
e correspondem a importantes indicadores de doença renal intrínseca; distúrbios nos
quais pode haver a presença de cilindros incluem dano glomerular, dano tubular,
inflamação renal e infecção renal (Tabela 02) (MUNDT; SHANAHAN, 2012).
Tabela 2 – Cilindros
Tipos
Hialinos
Características
Transparentes,
incolores,
mais
facilmente
observados quando a
luz do microscópio é
reduzida
e/ou
o
condensador
é
abaixado.
Significado
clínico
Pacientes com
insuficiência
cardíaca,
pielonefrite,
estresse
e
exercício.
Imagem
(continua)
Tipos
Granulares
Cerosos
Características
Significado
clínico
Contém partes de Paciente
com
células desintegradas glomerulonefrite
que aparecem como e pielonefrite.
grânulos
finos
definidos ou grossos
envolvidos
na
proteína.
(continuação)
Imagem
Têm
um
traçado Pacientes com
irregular e acredita-se doença
renal
que sejam cilindros crônica.
velhos que foram
formados devido à
estase
tubular
prolongada.
Fonte: Adaptado de ESTRIDGE; REYNOLDS, 2011; STRASINGER, LORENZO, 2009, p. 499.
Cristais não são geralmente encontrados em urina recém-eliminada, contudo
torna-se presentes se a urina permanecer por determinado período, os cristais
frequentemente encontrados em urina ácida consistem em ácido úrico, oxalato de
cálcio e uratos amorfos (Tabela 03) (MUNDT; SHANAHAN, 2012).
Tabela 3 – Cristais normais na urina ácida
Características
Significado
Clínico
Uratos
São chamados de Paciente
com
amorfos
amorfos porque não gota.
têm nenhuma forma
específica,
quando
tem presença de urato
amorfos no sedimento
após
centrifugado
pode ter aparência
rosada a olho nu.
Oxalato de O oxalato de cálcio Podem
estar
cálcio
forma
de
cristais presente
em
incolores, refringentes pacientes
com
e
octogonais.
Os intoxicação
po
cristais de oxalato de etilenoglicol,
cálcio também podem diabetes
melito,
ser vistos na urina com doenças hepáticas
ph neutro.
e doença renal
crônica grave.
Tipos
Imagem
(continua)
Tipos
Ácido
úrico
Características
Significado
Clínico
Pode formar cristais
amareloamarronzados,
com
varias
formas,
os
cristais de acido úrico
também são vistos em
pacientes com gota.
Níveis
aumentados
de
purinas e ácidos
nucleicos
e
é
observado
em
paciente
com
leucemia
recebem
quimioterapia.
(continuação)
Imagem
Fonte: Adaptado de ESTRIDGE; REYNOLDS, 2011; STRASINGER, LORENZO, 2009, p.501.
Os cristais que podem ser encontrados em urina alcalina incluem fosfatos
triplos, fosfato amorfos, carbonato, carbonato de cálcio, fosfato de cálcio e biuratos
de amônio, também denominados uratos de amônio (Tabela 04) (MUNDT;
SHANAHAN, 2012).
Tabela 4 – Cristais normais na urina neutra ou alcalina
Tipos
Fosfatos
amorfos
Fosfato
triplo
Características
Significado
clínico
Aparecem
como Não
exibem
precipitados brancos importância
no sedimento da clínica.
urina
centrifugada,
microscopicamente,
aparecem
como
partículas incolores,
amorfas
e
granulares.
Cristais de fosfato de Pacientes
com
amônio e magnésio pielite
crônica,
no
sedimento cistite
crônica,
chamados de cristais próstata
de fosfato triplos, aumentada, além
possuem seis lados, de casos quando
são prismas muito a urina é retida
refringentes
e na bexiga.
incolores.
Muitas
vezes são descritos
como
tampa
de
caixão.
Imagem
(continua)
Tipos
Características
Significado
clínico
Não têm nenhum
significado
clínico, apenas
em casos de
cálculos renais.
(continuação)
Imagem
Fosfato de Os fosfato de cálcio
cálcio
tem o formato de
chapa grande, chats
e finas que podem
parecer grânulos e
ser confundidas com
células
epiteliais
escamosas.
Carbonato O carbono de cálcio Não
exibem
de cálcio
forma
cristais importância
pequenos, incolores, clínica.
em forma de haltere
ou em forma de
folha.
Biurato de Os cristais de biurato Não
exibem
amônio
de amônio também importância
são chamados de clínica.
maçãs com espinhos
porque
eles
aparecem
como
esferas
marronsamareladas
com
projeções
espinhosas.
Fonte: Adaptado de ESTRIDGE; REYNOLDS, 2011; STRASINGER, LORENZO, 2009 p. 501.
3.3 Urocultura
A cultura de urina quantitativa, avaliada em amostra de urina colhida com a
higienização correta, jato médio, poderá fornecer, na maioria dos casos, o agente
etiológico causador da infecção e fornecer informações para a conduta terapêutica.
Sua importância crescerá quando, diante de falha da terapia empregada no
tratamento de uma infecção, possibilitará a realização do teste de sensibilidade in
vitro (antibiograma), que orientará uma nova conduta terapêutica. (LOPES,
TAVARES; 2005).
O meio de Ágar MacConkey é destinado ao crescimento de bactérias Gram
negativas e verificar a fermentação ou não da lactose; constitui um meio seletivo
pela presença de sais biliares, cristal violeta e NaCl para o isolamento de bacilos
Gram negativos, principalmente as enterobactérias (Salmonellas, Shigellas e
bactérias coliformes). Diferencia as bactérias fermentadoras de lactose (colônias
vermelho tijolo a rosa, opacas se o crescimento for denso, podem estar rodeadas
por zonas de precipitado de bile, possibilidade: E. coli, Klebsiella spp, Enterobacter
spp) das não fermentadoras de lactose (colônias transparentes a incolore,
observadas melhor a luz transmitida; possibilidades: Salmonella spp, Proteus ssp e
Edwardsiella) pela presença de lactose e vermelho neutro na composição do
produto. (OPLUSTIL, 2010).
O CLED (Cristina Lactose-Eletrólito-Deficiente) é um meio de isolamento
primário rotineiramente mais empregado, sendo que este fornece uma diferenciação
colonial baseada na fermentação da lactose pelos bacilos gram-negativos. Neste
meio desenvolve-se grande maioria das bactérias patogênicas urinárias, permitindo
inclusive
identificar
suas
respectivas
colônias.
A
presença
de
bactérias
contaminadas como difteróides, lactobacilos e outros informa sobre os cuidados que
foram tomados ou não, quando da coleta da amostra de urina. (ALBINI, SOUZA,
CARVALHO, 2006).
A amostra dever ser semeada com alça calibrada de 10 µL em Ágar CLED;
pode-se optar por semear em Ágar sangue e ágar MacConkey. A opção de laminocultivo deve ser considerada pelo laboratório, bem como o uso de meios
cromogênicos, levando em conta o volume de exames, experiência dos profissionais
no uso e na interpretação desses meios. Para urinas com suspeita de elevada
contagem ou infecção mista, pode-se semear com alça de 1 µL.
Os procedimentos para semeadura em meios de cultura são qualitativa e
quantitativa. Na semeadura qualitativa organizam-se as placas, pré-aquecidas em
estufa (ideal para fastidiosos), ou à temperatura ambiente, sobre a bancada
conforme o material a ser semeado; identifica-se com o número da amostra e iniciais
do paciente; separa-se as lâminas correspondentes a cada exame, a serem
preparadas e identificadas; homogeneiza-se o material, quando líquido (urina,
líquido cefalorraquidiano, sangue, pleural, etc.); e procede-se uma semeadura que
permita o crescimento de colônias isoladas.
E a semeadura quantitativa baseia-se na semeadura de um volume
conhecido de material e a contagem do número de UFC (unidades formadoras de
colônia) obtidas após incubação; utilizam-se dois artifícios para o efeito de diluição
do material, uso de pequenos volumes: normalmente de 1, 10 ou 100 µL.
A identificação das bactérias pode ser feita através dos métodos catalase,
coagulase e oxidase. A catalase é uma enzima que decompõe o peróxido de
hidrogênio (H₂O₂) em água e oxigênio, utilizada para identificar Staphylococcus,
Streptococcus, Enterococcus e outras. A coagulase verifica a capacidade de
microrganismos reagirem com o plasma e formarem um coágulo, uma vez que a
coagulase é uma proteína com atividade similar à protombrina, capaz de converter o
fibrinogênio em fibrina, que resulta na formação de um coágulo visível.
O meio IAL/Rugai foi elaborado para triagem de enterobactérias e consiste de
nove provas em apenas um tubo de ensaio: indol (tampa), fermentação de sacarose,
fermentação de glicose, produção de gás, fenilalanina, uréia, H2S, lisina e motilidade
(Figura 2). Baseados nestas provas é possível identificar as seguintes bactérias: E.
coli, Shigella, Enterobacter, Klebsiella, Providencia ssp., Morganella morganni,
Proteus, Salmonella, Citrobacter, Serrati, Vibrio e não fermentadoras. (LEVY, 2004).
Figura 2 – Esquema do meio de Rugai modificado por Pessoa e Silva (IAL)
Fonte: LEVY, 2004, p. 09.
A leitura é baseada na reação bioquímica dos substratos (Figura 03) (LEVY,
2004).
Figura 3 – Reação do bioquímica do Rugai Modificado por Pessoa e Silva
Fonte: LEVY, 2004, p.10.
3.4 Antibiograma
O método do antibiograma consiste na técnica de testar a sensibilidade dos
microrganismos a uma série de antibióticos. (GILLESPIE, 2006).
O antibiograma permite classificar as bactérias como sensíveis, com
sensibilidade intermediária ou resistentes aos antimicrobianos. Na aplicação desse
método usam-se critérios bacteriológicos precisos para o isolamento, obtenção do
inóculo e semadura dos microrganismos, bem como um número variável de discos
estabelecidos em função da espécie microbiana e da infecção ou doença que
provoca. Assim, visando a confiabilidade do método, deve-se atentar para os
seguintes fatores interferentes: tipo de meio de cultura, inóculo, conservação dos
discos de antibiótico, condições de incubação (atmosfera de O₂, temperatura e
tempo). (UFMG, 2012).
4 METODOLOGIA
A
Metodologia
Científica
fundamenta-se
em
técnicas
para
nortear
procedimentos sistemáticos e racionais.
4.1 Tipo de estudo
Trata-se
de
um
estudo
descritivo,
amostral,
com
abordagem
quantitativa/qualitativa.
O estudo descritivo tem a finalidade de informar sobre a distribuição de um
evento na população, em termos quantitativos; aborda quatro aspectos a descrição,
registro, análise, e interpretação de fenômenos atuais. (MARCONI; LAKATOS,
2011).
A amostra consiste é uma escolha intencional de uma parcela do universo, ou
seja, população que será submetida à verificação. (MARCONI; LAKATOS, 2011).
As pesquisas quantitativo-descritivas são investigações empíricas com a
finalidade de delinear ou analisar características de fatos ou fenômenos, avaliação
de programas ou o isolamento de variáveis. Utilizam-se métodos formais
caracterizados pela precisão e controle estatísticos com o intuito de fornecer dados
para verificação de hipóteses. São empregados métodos quantitativos tendo como
objetivo a coleta de dados sobre populações, programas, ou amostras de
populações e programas. (MARCONI; LAKATOS, 2011).
O estudo qualitativo possibilita uma melhor análise e interpretação sobre o
problema investigado, tais como hábitos, tendências de comportamento e a
capacidade
de
observação
com
os
fatores
sócio-econômicos
envolvidos.
(LAKATOS; MARCONI, 2010).
4.2 Caracterização da área de estudo
4.2.1 Local do estudo
O trabalho foi realizado na cidade de Paracatu, durante os meses de março a
junho de 2015.
O município de Paracatu localiza-se no noroeste do estado de Minas Gerais,
a 220 Km de Brasília, capital do Brasil e a 500 km de Belo Horizonte, capital de
Minas Gerais. O nome é de origem tupi-guarani que significa “Rio Bom”, foi
descoberto em 1963. A economia está voltada para a agropecuária e extrativismo
tendo como destaque o ouro e o zinco (IBGE, 2011). Possui uma área de 8.229,595
km² com 90.294 habitantes de acordo com a população estimada para o ano de
2014 conforme o censo demográfico do IBGE de 2014. (IBGE, 2014).
Paracatu possui um hospital municipal, um laboratório municipal, treze
Estratégia Saúde da Família (ESF), um Centro de Saúde e Especialidades, um
Centro de Hemodiálise e um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). E no âmbito
privado um hospital particular (Hospital São Lucas) e o Hospital de Ensino da
Faculdade Atenas (HEFA) com atendimento público e privado; além de clínicas e
laboratórios privados que integra o atendimento a saúde da população do município.
Foi enviado oficio a Secretária de Saúde Municipal (Apêndice A) e também o
Termo de Consentimento Pós-informação (Apêndice B) à enfermeira responsável
pelo ESF Amoreiras.
4.2.2 ESF Amoreiras
O ESF Amoreiras encontra-se situado à Rua Tório, nº 212, bairro Amoreiras
II, na cidade de Paracatu-MG. O quadro de funcionários consiste em uma
enfermeira, uma técnica em enfermagem, uma médica clínico geral, dois cirurgiõesdentistas, uma técnica em higiene bucal e seis agentes comunitários em saúde. São
realizados atendimentos médicos e segue rotina da Atenção Básica de Saúde.
4.3 Delimitação do público-alvo
O público-alvo deste estudo foi constituído de 5 mulheres que trabalham
como Profissionais do Sexo em uma Casa Noturna da área de abrangência do ESF
Amoreiras do município de Paracatu/MG.
4.4 Critérios de inclusão e exclusão
Para delimitação da amostra, foram observados os critérios de inclusão:

Mulheres com idade superior a 18 anos de idade;

O estudo será realizado apenas nas mulheres que trabalham neste local
independente da raça e grau socioeconômico.
Já os critérios de exclusão:

Mulheres menores de 18 anos de idade;

Mulheres que se encontram em antibioticoterapia;

Mulheres que não assinarem o termo de consentimento.
4.4 Análise estatística
Não se aplica.
4.6 Aspectos Éticos
Este estudo seguiu as normas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde, que regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos, a qual incorpora
sobre a óptica dos indivíduos e da coletividade, baseando nos quatro referenciais
básicos da bioética a autonomia, a não maleficência, a beneficência e a justiça;
visando assegurar os direitos e deveres que dizem a respeito à comunidade
científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estudo. (BRASIL, 1996).
O Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apendice C) foi assinado
pelas mulheres Profissionais do Sexo que desejarem participar, autorizando a coleta
dos dados.
4.7 Desenvolvimento do estudo
No mês de fevereiro a junho foi realizado um levantamento de dados nas
mulheres Profissionais do Sexo que trabalham na área de abrangência do ESF
Amoreiras. Após este levantamento foi assinado o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (Apêndice C) por elas e reforçado quanto ao objetivo, sigilo e
privacidade do estudo.
O questionário (Apêndice D) foi redigido e aplicado para as mulheres para o
fornecimento de maiores informações sobre o público-alvo.
Foi realizado um encontro com as mulheres para uma maior aproximação e
esclarecimentos do desenvolvimento do estudo e os objetivos que esperam ser
alcançados. Os assuntos abordados foram: anatomia do sistema urinário; infecção
do trato urinário explicando a etiologia, causas, sintomas, tratamento e prevenção.
Foi entregue uma cartilha (Apêndice E) explicando sobre a assepsia da região
genital, procedimento da coleta, quanto ao armazenamento e transporte da amostra,
além do esclarecimento de possíveis dúvidas da mesma. Ao final da palestra será
entregue os coletores estéreis de urina.
No dia seguinte da palestra foi feito a busca das amostras e armazenada de
forma adequada em uma caixa de isopor contendo bolsas de gelo e após
encaminhadas para o Laboratório da Faculdade Tecsoma onde foram realizados os
exames, sendo que as amostra analisadas em duplicata para o controle da precisão
dos exames.
4.7.1 Análise das amostras urinárias
Primeiramente foi realizado o estudo físico, químico e sedimentoscopia da
urina. A análise física observando a cor, aspecto, odor e gravidade específica
ultilizando o refratômetro para verificação da densidade da urina. A química da urina
foi realizada através das tiras reagentes Labtest, para obter o pH, proteínas, glicose,
cetonas, sangue, bilirrubina, urobilinogênio, nitritos, esterases leucocitárias e
gravidade específica. E a sedimentoscopia realizada através do microscópio óptico
nas objetivas de 10 x e 40 x, com os materiais lâminas e lamínulas.
Depois foi realizada a urocultura das amostras utilizando alça de platina
calibrada 0,001 mL e o método de placa de cultura em meio de Cled e Mac Conkey
estes meios será observado durante 24 horas, em seguida observado se houve
crescimento de colônia bacteriana. Em caso positivo realizou semeadura de nova
amostra para confirmação do exame.
Para confirmação de uma ITU, é considerada uma contagem bacteriana
superior a 100.000 (10⁵) unidades formadoras de colônia (UFC) na placa. Em caso
de contaminação descartou a amostra.
Em caso de resultado positivo, realizou a técnica de coloração de Gram,
prova de catalase e coagulase e provas bioquímicas (Rugai modificado por Pessoa
e Silva) produto adquirido pela empresa Probac do Brasil, contém 09 tipos de
provas, este meio identifica os principais gêneros de enterobactérias, indicando a
presença de bactérias não fermentadoras e Vibrios.
Após o resultado dos exames foi feito o laudo e entregue para as mulheres
juntamente com o auxílio de um profissional da saúde.
Os dados obtidos após a realização deste estudo foram tabulados através do
Programa Microsoft Excel 2010 e posteriormente elaborou-se os gráficos para
demonstrar os resultados obtidos.
4.8 Resultados esperados
Com a realização deste estudo espera obter resultados com confirmação de
ITU causadas por Enterobácterias, pois está mais frequente nas mulheres devido a
posição anatômica. Porém, o estudo limita-se já que o acompanhamento deste
público-alvo acontecerá em um curto espaço de tempo, o que não possibilita uma
realização de outras amostras e controle.
5 RESULTADOS E DISCURSSÃO
A prostituição é identificada na sociedade brasileira, desde o século XIX. A
cada ano, o número de prostitutas tem aumentado significativamente, estando a
cidade de Fortaleza entre os quatro centros do tráfico de mulheres no Brasil,
perdendo apenas para São Paulo, Rio de Janeiro e Goiânia. (NICOLAU; AQUINO;
PINHEIRO, 2008).
Atualmente, mais de 40 milhões de pessoas no mundo se prostituem,
segundo um estudo da fundação francesa Scelles, que luta contra a exploração
sexual. A grande maioria (75%) são mulheres com idades entre 13 e 25 anos.
(FERNANDES, 2012).
O estudo foi realizado com as Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da
área de abrangência do ESF Amoreiras do município de Paracatu/MG. Na casa
noturna, foram entrevistadas 5 mulheres que trabalham no local. De acordo com os
critérios de inclusão e exclusão não houve mulher excluída do estudo sendo assim
todas profissionais do sexo entraram no critério de inclusão.
5.1 Perfil socioeconômico das Profissionais do Sexo
Em relação ao sexo dos entrevistados, 100% (5) são do sexo feminino pelo
fato da Casa Noturna pesquisada ser compostas apenas por mulheres. Porém, a
realidade brasileira difere pelo fato da maioria das casas de shows serem compostas
de heterossexuais e homossexuais.
No Brasil, segundo a Agência do Senado a maioria da população, 20 milhões,
vive em situação de miséria, com escassas oportunidades de emprego, falta de
formação e carência de conhecimento profissional. Assim, por viverem em condições
pouco valorizadas, algumas mulheres são influenciadas a buscar meios mais
lucrativos de vida, entre eles, a prostituição. (PAIVA et al, 2013).
A faixa etária mais vulnerável é o final da adolescência e início da fase adulta,
por ser um momento de transição na vida da mulher com inserção na vida
econômica, social e sexual.
No presente estudo a faixa etária pesquisada é de 18 a 25, 26 a 32, 33 a 39 e
40 a 46 anos predominando a faixa etária de 18 a 25 anos correspondendo a 40 %
da amostra (Gráfico 1).
Gráfico 1 – Faixa etária das Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da
área de abrangência do ESF Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05),
março/junho 2015
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Em contradição ao presente estudo Nicolau, Aquino e Pinheiro (2008)
realizaram um estudo com as prostitutas atuantes no centro de Fortaleza onde a
faixa etária de 21 a 57 anos, com média de 33,07, sendo que 26% da amostra
possuía entre 21 e 25 anos.
A gravidez é uma preocupação muito maior entre as mulheres mais jovens,
provavelmente porque muitas delas ainda não têm filhos. E as mulheres que já
possuem filhos têm uma maior preocupação com a proteção contra as DSTs,
principalmente durante os "programas", quando os clientes oferecem mais dinheiro
para que elas não usem o preservativo. (OLTRAMARI; CAMARGO, 2004).
Neste estudo a prevalência foi de mulheres que não possui filho foi de 60% da
amostra (n=3); enquanto 40% (n=2) possuem 1 filho (Gráfico 2).
Ao contrário deste estudo Nicolau, Aquino e Pinheiro (2008) realizaram um
estudo com profissionais do sexo de Fortaleza no qual o número de filhos superou
as estatísticas nacionais, bem como regionais. Em 2004, o número médio anual de
filhos por mulher na Região Nordeste era de 2,39, com dados para o Ceará acima
da média de 2,42 filhos, o que mostra uma redução contínua no número de filhos por
mulher nesta região.
Gráfico 2 – Quantidade de Filhos das Profissionais do Sexo de uma Casa
Noturna da área de abrangência do ESF Amoreiras do município de
Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
A maioria das Profissionais do Sexo opta por não terem filhos, porém quando
acontece a gravidez é consequência de relação sexual com parceiro conhecido,
quase sempre é fixo. (ESTEVES, MENANDRO, 2005).
Pesquisas relatam que quase um terço da população, ou seja, 49 milhões de
pessoas vive com até meio salário mínimo per capita; o que não difere muito da
população estudada, pois quase a totalidade possuem apenas renda mensal média
de um salário mínimo, ou seja estão buscando uma forma de melhoria de vida,
porém sem muito retorno financeiro. (NICOLAU; AQUINO; PINHEIRO, 2008).
No presente estudo as profissionais predominantemente possuem uma renda
mensal bruta em média de um salário mínimo o que corresponde a 80 % da amostra
(n=4) (Gráfico 3).
Comparando os dados ao presente estudo Nicolau, Aquino e Pinheiro (2008)
realizaram uma pesquisa no centro de Fortaleza no qual à renda familiar mensal
mostraram que 51,9% das prostitutas têm uma renda variando entre um e três
salários mínimos, 39,5% referiram uma baixa renda (menor que um salário mínimo)
e apenas 8,6% possuíam uma renda maior que três salários.
Gráfico 3 – Renda mensal das Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da
área de abrangência do ESF Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05),
março/junho 2015
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Percebe-se que a prostituição é uma atividade que traz pouca remuneração
considerando-se o risco para a saúde, além da instabilidade financeira, por não
garantir direitos trabalhistas, sem falar no constante preconceito social vivenciado
por essas mulheres.
5.2 Histórico pessoal, médico, hábitos de higiene pessoal e fatores de risco
das Profissionais do Sexo
Neste estudo em relação ao ciclo menstrual, a prevalência foi de mulheres
que possuem o ciclo menstrual desregulado 40 % da amostra (n=2) (Gráfico 4).
Esse dado pode estar associado ao número diminuído de mulheres que não fazem
uso de método contraceptivo oral, levando-as a uma maior probabilidade de uma
gravidez indesejada.
Conforme Lopes (2014) durante o ciclo menstrual, a maioria das garotas
dispõe do corpo para trabalhar normalmente. No entanto, se preocupam em
esconder a menstruação para não perderem nenhum programa.
O sexo vaginal prevalece em relação ao sexo anal e oral. Este, no entanto,
em decorrência da troca de fluídos é arriscado para os dois parceiros, quando não
se utiliza o preservativo, principalmente no período menstrual, quando a chance de
infecção
é
maior.
Assim,
muitas
profissionais
do
sexo
fazem
uso
de
anticoncepcionais orais ou injetáveis continuamente para evitar que haja período
menstrual e assim não prejudique seu desempenho para prática sexual constante.
(AQUINO et al, 2008).
Gráfico 4 – Ciclo menstrual das Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da
área de abrangência do ESF Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05),
março/junho 2015
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Na adolescência a prevalência de Infecção do Trato Urinário eleva-se, quando
as
alterações
hormonais
favorecem
a
colonização
vaginal
por
bactérias
nefritogênicas que, migrando para a área periuretral, podem ascender pelo trato
urinário, causando infecção. Nesse período, destacam-se as infecções por
Staphilococcus saprophyticus, em particular nas adolescentes sexualmente ativas.
(GUIDONI; TOPOROVSKI, 2001)
No presente estudo 60% (n=3) das profissionais do sexo não apresentaram
infecção do trato urinário anteriormente; porém das 40% (n=2) que teve infecção
urinária relatou alguns sintomas como disúria e dor pélvica (Gráfico 5).
Em contradição a este estudo Aquino (2007) realizou um estudo com
prostitutas em Fortaleza no qual as mulheres apresentaram história pregressa de
infecção urinária, 23 (54,8%) mulheres apresentaram tal ocorrência e um número
considerável delas, 7 (30,4%), não fizeram o tratamento.
Srougi (2005) complementa, as mulheres adultas jovens existem um aumento
da incidência de infecções urinárias sintomáticas, que parece estar implicado com o
início da vida sexual, fator de risco para esta patologia, principalmente quando
associada a promiscuidade. Os casos mais frequentes são as cistites e apresenta
sintomas como disúria, dor pélvica e poliúria como apresentado pelas discussões do
público-alvo estudado. (SROUGI, 2005).
Gráfico 5 – Incidência de Infecção do Trato Urinário em Profissionais do Sexo
de uma Casa Noturna da área de abrangência do ESF Amoreiras do município
de Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Em relação à procura das profissionais do sexo em relação ao serviço de
saúde, 20% (n=1) das mulheres realizam exames laboratoriais de rotina
mensalmente; 40% (n=2) semestralmente; e outras 40% (n=2) anualmente. Dentre
os tipos de exames realizados citaram o citopatológico, hemograma completo, EAS
e parasitológico (Gráfico 6).
Conforme complementa Srougi (2005) o maior problema encontrado é a falta
de acessibilidade destas Profissionais ao setor da saúde; elas ressaltaram não
receber assistência médica, algumas relataram que procuram o Sistema Único de
Saúde para realização do exame de Papanicolau; porém a maioria descreve a busca
pelo SUS como uma barreira e preferem não buscar orientação médica, ou quando
procuram relatam pedir os exames menos complexos apenas os considerados de
rotina como podemos observar nos relatos.
Porém, se lhes fosse proporcionado atendimento médico e orientações a
respeito da prevenção em relação a doenças sexualmente transmissíveis e
infecções genitais, muitas passariam a colocar a saúde em primeiro lugar e
buscariam assistência médica com maior frequência.
Gráfico 6 – Frequência de realização de exames laboratoriais das Profissionais
do Sexo de uma Casa Noturna da área de abrangência do ESF Amoreiras do
município de Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Neste estudo 60% (n=4) das profissionais do sexo não faz uso de medicação;
e 40% (n=2) fazem o uso, dentre eles foram citados o Ibuprofeno e anticoncepcional
(Gráfico 7).
A maioria das Profissionais do Sexo não faz uso de medicação o que
podemos considerar um ponto positivo, pois é um sinal que os índices de morbidade
estão diminuídos. Por outro lado, as medicações utilizadas são anticoncepcional que
é um preventivo; e a outra medicação é um tipo de analgésico e antinflamatório que
é usado segundo as entrevistadas para aliviar as dores que muitas vezes sentem.
Como na maioria das pessoas, percebe-se uma banalização no uso das
medicações mais populares. Entretanto, o uso indevido de substâncias psicoativas e
até mesmo de drogas consideradas banais pela população, como os analgésicos,
pode acarretar diversas consequências, como reações de hipersensibilidade,
dependência, sangramento digestivo, sintomas de retirada e aumento do risco para
determinadas neoplasia. (LEITÃO et al, 2012).
Conforme Leitão e outros (2012) o alívio momentâneo dos sintomas encobre
a doença de base, que passa despercebida e pode, assim, progredir. Em
contrapartida, o uso desses medicamentos é justificado por proporcionar a
diminuição do sofrimento, ao produzir cura ou alívio da dor, seja física ou psíquica. E
está intimamente ligado às relações de acessibilidade aos serviços e profissionais
de saúde.
O uso de certos antibióticos, principalmente os de amplo espectro, interfere
na manutenção da flora residente. (GIRALDO et al, 2005).
Gráfico 7 – Uso de medicação pelas Profissionais do Sexo de uma Casa
Noturna da área de abrangência do ESF Amoreiras do município de
Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Segundo Nicolau, Aquino e Pinheiro (2008) as Profissionais do Sexo além da
violência e discriminação, estar sujeitas à aquisição de DST/aids, visto que a
multiplicidade de parceiros aumenta essa probabilidade. Além disso, por não
apresentarem condições de trabalho que favoreçam a prática sexual segura, bem
como adequado nível educacional que facilite a percepção do risco, tornam-se alvos
potenciais para essas doenças.
Neste estudo mesmo sendo um grupo de risco, 100% (n=5) das mulheres não
realizaram de nenhum tipo de tratamento de doença sexualmente transmissível
(Gráfico 8). No entanto, mesmo estas não serem usuárias assíduas do serviço de
saúde, não deixam de fazer o exame de Papanicolau que é uma forma diagnóstica
de algumas DSTs.
Gráfico 8 – Realização de tratamento de Doenças Sexualmente Transmissíveis
– DSTs em Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da área de abrangência
do ESF Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Um fator que pode aumentar o risco de contrair DST é o dinheiro, dado o
incentivo do cliente que oferece uma quantia maior para o sexo sem preservativo;
assim as prostitutas mesmo preocupadas com a prevenção de DST, privilegiam os
fatores econômicos, por estarem associados diretamente à sobrevivência.
5.3 Perfil sexual das Profissionais do Sexo
Segundo Aquino (2007) sobre
uso
de métodos contraceptivos, os
preservativos são os usados com maior frequência, seguido dos contraceptivos orais
e laqueadura tubária. As diferentes relações das prostitutas determinam o tipo de
método utilizado; no sexo comercial, há maior difusão do preservativo e percepção
da sua importância para as DSTs; já na prevenção de uma gravidez, existe essa
preocupação, com particular associação ao uso dos hormonais. Destes, o injetável é
preferido em virtude da possibilidade de esquecimento da pílula, principalmente pelo
uso do álcool. Esses métodos são usados para prevenir gravidez com o parceiro fixo
e também com algum cliente.
No presente estudo 80% (n=4) das profissionais do sexo utilizam o método
contraceptivo de barreira, pois exigem o uso para os parceiros; e 20% (n=1) não faz
uso de preservativos apresentando uma maior exposição a DSTs (Gráfico 9).
Gráfico 9 – Utilização de método contraceptivo de barreira pelas Profissionais
do Sexo de uma Casa Noturna da área de abrangência do ESF Amoreiras do
município de Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Muitas das profissionais não utilizam o preservativo em relações sexuais com
companheiro ou de clientes fixos, elas demonstram desconhecer o perigo diante da
ausência da prevenção adequada, estabelecem um vínculo de confiança que
resultam na rejeição à própria saúde, em virtude de uma relação desprotegida.
Moura e outros (2010) complementa, os parceiros utilizam diversos
argumentos para não utilizar o preservativo com a mulheres em todas as relações
sexuais, como por exemplo: o desejo em não usar; relações fixas, representando
confiança, dentre outras; acabam por convencer a prostituta de que somente é
importante o uso do preservativo com clientes desconhecidos e/ou recentes.
Conforme Moura e outros (2010) observa-se que elas ainda não têm a
consciência de que a única maneira para se evitar as DSTs é através do uso
adequado e sistemático do preservativo em todas as relações sexuais. (MOURA et
al, 2010).
O equilíbrio do ecossistema vaginal é mantido por complexas interações entre
a flora vaginal considerada normal, os produtos do metabolismo microbiano, o
estado hormonal e a resposta imune do hospedeiro. A vagina é habitada por
numerosas bactérias de espécies diferentes que vivem em harmonia e que por isso
são consideradas comensais, mas que podem, em situações especiais, tornar-se
patogênica. (GIRALDO et al, 2005).
Neste estudo todas as mulheres entrevistadas (n=5) realizaram a higienização
íntima após as relações sexuais, citaram as formas banho (n=3) e jato médio (n=2)
(Gráfico 10).
As Profissionais do Sexo apresentam a característica singular de manterem
atividade sexual intensa, com grande quantidade de coitos por dia, além de
frequentemente a maioria delas fazerem uso rotineiro de duchas higiênicas vaginais;
e o fato de muitas usarem preservativos nas relações com clientes, o que
proporciona
acréscimo
de
substâncias
químicas
locais
e
eventuais
microtraumatismos vaginais, com provável perturbação do ecossistema vaginal.
Gráfico 10 – Frequência da higienização íntima após relações sexuais das
Profissionais do Sexo de uma Casa Noturna da área de abrangência do ESF
Amoreiras do município de Paracatu/MG (n=05), março/junho 2015
Fonte: Elaborado pela autora (2015).
Conforme Giraldo e outros (2005) alguns fatores extrínsecos podem alterar o
ecossistema vaginal, o uso indiscriminado e frequente de duchas vaginais higiênicas
pode levar à perda do equilíbrio entre os vários microrganismos residentes na
cavidade vaginal, facilitando o aparecimento e manutenção de vulvovaginites. Tal
suposição seria justificada pelo fato de as duchas vaginais promoverem limpeza
mecânica das bactérias próprias da flora local e ao mesmo tempo introduzir
substâncias exógenas que poderiam alterar o pH vaginal e causar reações alérgicas
locais.
O cotidiano da atividade de prostituição é caracterizado por um ambiente
promíscuo, permeado pelo uso de álcool e drogas. As mulheres são comumente
desrespeitadas e ignoradas quanto às suas necessidades individuais, emocionais e
de acesso á saúde, muitas vezes, submetidas a situações de maus-tratos, violência
e rejeição. (DOURADO et al, 2013).
No presente estudo 40% (n=2) realizam três relações sexuais por dia; 20%
(n=1) uma relação sexual; 20 % (n=1) duas relações sexuais; e as outras 20% (n=1)
quatro relações ou mais. Assim, observa-se que elas procuram ter um número maior
de parceiros por dia buscando uma remuneração melhor (Gráfico 11).
Gráfico 11 – Frequência de relações sexuais por dia das Profissionais do Sexo
de uma Casa Noturna da área de abrangência do ESF Amoreiras do município
de Paracatu/MG (n= 05), março/junho 2015
Fonte: Elaborado pela autora(2015).
De acordo com Passos, Figueiredo (2004) o uso de bebidas alcoólicas e
drogas ilícitas pelas profissionais do sexo, está relacionado com a frequência de
relações sexuais diárias, visto que a promiscuidade aumenta com a mudança
comportamental provocada pela ação dessas substâncias.
Os resultados acima mostram a importância da efetivação de políticas
públicas saudáveis voltadas para as Profissionais do Sexo, que é considerada um
grupo de risco. O estudo chama a atenção para os fatores socioeconômicos e
epidemiológicos que influenciam o comportamento das prostitutas e a adoção de
práticas seguras. Percebe-se, que os índices revelam a ausência do uso sistemático
do preservativo, fato que põe em risco a saúde sexual dessas mulheres, expondo-as
a DSTs e gravidez indesejada.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base na coleta de dados, pode-se caracterizar o perfil socioeconômico e
epidemiológico das prostitutas que trabalham em uma Casa Noturna na cidade de
Paracatu/MG. Observou-se que há predominância de mulheres jovens nessa
profissão, fato até esperado, visto que beleza e juventude são adjetivos importantes
nessa profissão.
Na análise dos dados, verificou-se que a renda mensal era baixa. Tal fato é
preocupante, pois a prostituição é uma profissão instável, que não assegura direitos
trabalhistas. Uma renda familiar diminuta pode dificultar o acesso aos métodos
preventivos, tornar a prostituta mais susceptível a aceitar o não-uso do método em
troca de uma quantia maior, deixando-a mais vulnerável à aquisição de DST.
Enfim, conhecer o perfil socioeconômico epidemiológico de prostitutas é
imprescindível para o direcionamento de práticas que objetivem promover a saúde
dessas mulheres. O estudo mostrou que 100% das mulheres não realizam nenhum
tipo de tratamento de DSTs, porém mesmo estas não serem usuárias assíduas do
serviço de saúde, não deixam de fazer o exame de Papanicolau. O profissional de
saúde deverá priorizar as principais necessidades dessa clientela, ajudando-a a
adquirir mudanças comportamentais que visem melhorar a qualidade de vida e,
consequentemente, da saúde delas promovendo a adoção de práticas seguras.
Quanto à incidência de infecção urinária, observou que 40% das prostitutas
do estudo apresentaram este tipo de infecção, tal resultado pode ser considerado
favorável visto que a população estudada é de risco devido a vários fatores como
sexo feminino, promiscuidade e higienização inadequada.
Esses resultados mostram a importância da efetivação de políticas públicas
saudáveis voltadas para as populações de risco, com determinantes de saúde
incompatíveis com a qualidade de vida. É imprescindível a participação desses
profissionais nas atividades de educação em saúde como multiplicador de
informações, mediante o incentivo de uma prática sexual segura, valorizando e
respeitando cada cliente, além de compreender o contexto social no qual ele está
inserido.
REFERÊNCIAS
ALBANI, Carlos Augusto; SOUZA, Helena Aguilar P. H. M. de; CARVALHO, Silmara
Batista de. Meio de Cled: proposta de modificação visando melhoria na identificação
de uropatógenos. NewsLab, São Paulo, n. 74, p. 108-123, 2006. Disponível
em:<http:newslab.com.br/ed_anteriores/74/art05.pdf>. Acesso em: 07 fev. 2015.
AQUINO, Priscila de Souza. Desempenho das atividades de vida por prostitutas.
Universidade Federal do Ceará, 2007. Disponível em:<
http://www.repositorio.ufc.br/ri/handle/riufc/1828>. Acessado em: 12 out. 2015.
AQUINO, Priscila de Souza et al. Perfil sóciodemográfico e comportamento sexual
de Prostitutas de Fortaleza – CE. Texto e Contexto de Enfermagem, v.17, n. 3,
2008. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/tce/v17n3/a03v17n3.pdf>. Acessado
em: 12 out. 2015.
BARCELOS, Mara Rejane Barroso et al. Infecções genitais em mulheres atendidas
em Unidade Básica de Saúde: prevalência e fatores de risco. Revista Brasileira de
Ginecologia e Obstetrícia, n. 30, v. 7, 2008. Disponível
em:<http://www.scielo.br/pdf/rbgo/v30n7/a05v30n7.pdf>. Acessado em: 28/08/2014.
BRANDINO, Benedito Aparecido et al. Prevalência e Fatores Associados à Infecção
do Trato Urinário. Revista NewsLab, ed. 83, 2007. Disponível
em:<http://www.newslab.com.br/newslab/pdf/artigos83/art07/art07.pdf>. Acessado
em: 15 de out. 2014.
BRASIL. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96: diretrizes e normas
regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília: Conselho
Nacional de Saúde, 1996.
DACHI, Sidney Pereira et al. Fatores de risco para infecção urinária em mulheres:
um estudo caso-controle. Arquivos Catarinenses de Medicina. v. 32, n. 1, 2003.
Disponível em:<http://www.acm.org.br/revista/pdf/artigos/162.pdf>. Acessado em: 14
out. 2014.
DANGELO, José Geraldo; FATTINI, Carlos Américo Dangelo. Anatomia humana
sistêmica e segmentar.3 ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2011.
DOURADO, Giovanna de Oliveira Liborio et al. Prostituição e sua relação com o uso
de substâncias psicoativas e a violência: revisão integrativa. Revista de
Enfermagem UFPE on line, Recife, 2013. Disponível em:<
www.revista.ufpe.br/revistaenfermagem/index.php/revista/article/.../6308 >.
Acessado em: 14 out. 2015.
ESTEVES, Janine Raymundi; MENANDRO, Paulo Rogério Meira. Trajetórias de
vida: repercussões da maternidade adolescente na biografia de mulheres que
viveram tal experiência. Estudo de Psicologia, v.10, n.3, 2005. Disponível em:<
http://www.scielo.br/pdf/epsic/v10n3/a04v10n3>. Acessado em: 14 out 2015.
ESTRIGDE, Barbara H.; REYNOLDS, Anna P. Técnicas Básicas de Laboratório
Clínico. 5 ed. Porto Alegre: Artmed, 2011.
FERNANDES, Daniela. Mais de 40 milhões se prostituem no mundo. Revista BBC.
Disponível em:
<http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2012/01/120118_prostituicao_df_is.shtml>.
Acessado em: 18 jan. 2015.
FLAUBERT, Gustave. Pensamentos de Gustave Flaubert. 1870. Disponível em:<
http://pensador.uol.com.br/frase/NjA1Nw/>. Acessado em: 29 nov. 2015.
FUNCHAL, Cláudia; MASCARENHAS, Marcelo; GUEDES, Renata. Correlação
clínica e técnicas de uroanálise: teoria e prática. Porto Alegre: Editora Sulina,
2008.
GUIDONI, Eliane B.M.; TOPOROVSKI, Júlio. Infecção urinária na adolescência.
Jornal de Pediatria, v.77, 2001. Disponível em:<
http://www.arca.fiocruz.br/xmlui/bitstream/handle/icict/10119/Infec%C3%A7%C3%A3
o%20Urin%C3%A1ria%20na%20Adolesc%C3%AAncia..pdf?sequence=2>.
Acessado em: 14 out 2015.
GILLESPIE, Stephen H. Diagnóstico Microbiológico. São Paulo: Premier, 2006.
GIRALDO, Paulo César et al. Influência da freqüência de coitos vaginais e da prática
de duchas higiênicas sobre o equilíbrio da microbiota vaginal. Revista Brasileira de
Ginecologia e Obstetrícia, Rio de Janeiro , v. 27, n. 5, p. 257-262, 2005.
Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010072032005000500005&lng=en&nrm=iso>. Acessado em: 20 out. 2015.
GODOY, Pérsio. Sistema urinário. In: BRASILEIRO FILHO. Bogliolo patologia. 7
ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. Cap. 16, p. 488-553.
GUYTON, Arthur C.; HALL, John E. Fisiologia humana e mecanismos das
doenças.6 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008.
HEILBERG, Ita Pfeferman; SCHOR, Nestor. Abordagem Diagnóstica e Terapêutica
na Infecção do Trato Urinário – ITU. Revista da Associação Médica Brasileira, v.
49, n. 1, 2003. Disponível em:<http://www.scielo.br/pdf/ramb/v49n1/15390.pdf>.
Acessado em: 14 out. 2014.
HENRY, John B. Diagnósticos Clínicos e Tratamento por Métodos
Laboratoriais. 20 ED. Barueri: Manole, 2008.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA-IBGE Cidades @.
2011. Disponível em: <http:ibege.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1>. Acesso em:
12 nov.2014.
___________. IBGE Cidades @. 2014. Disponível em:
http://cidades.ibge.gov.br/xtras/perfil.php?lang=&codmun=314700&search=minasgerais|paracatu. Acesso em: 12 nov.2014.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Mariana de Andrade. Fundamentos de
Metodologia Científica. 7 ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010.
LEITÃO, Elouyse Fernandes et al. A prática cotidiana de saúde das profissionais do
sexo. Revista Brasileira em Promoção da Saúde, v. 25, n.3, 2012. Disponível
em:<http://ojs.unifor.br/index.php/RBPS/article/view/2259>. Acessado em: 12 out.
2015.
LEVY, Carlos Emilio. Manual de Microbiologia clínica para o controle de
infecção em serviços de saúde. Brasília: Anvisa, 2014.
LIMA, A. Oliveira et al. Métodos de laboratório aplicados à clínica: técnica e
interpretação. 8 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010.
LOPES, Hélio Vasconcellos; TAVARES, Walter. Diagnóstico das infecções do trato
urinário. Revista daAssociação Médica Brasileira, São Paulo , v. 51, n. 6, p. 306308, dez. 2005 . Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010442302005000600008&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 14 jun. 2015.
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa. 7 ed.
São Paulo: Atlas, 2011.
MOURA, Ana Debora de Assis et al. O comportamento de prostitutas em tempos de
aids e outras doenças sexualmente transmissíveis: como estão se prevenindo?.
Texto e Contexto de Enfermagem, v. 19, n. 3, 2010. Disponível
em:<http://www.scielo.br/pdf/tce/v19n3/a17v19n3.pdf>. Acessado em: 12 out. 2015.
MUNT, Lilian A., SHANAHAN, Kristy. Exames de urina e de fluidos corporais de
Graf. 2 ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
NEVES, Paulo Augusto. Líquidos biológicos: urina, líquidos cavitários e líquido
sinivial. São Paulo: Rocca, 2011.
NICOLAU, Ana Izabel de Oliveira; AQUINO, Priscila de Souza; PINHEIRO, Ana
Karina Bezerra. Caracterização de prostitutas diante da visão integral da saúde.
Revista Mineira de Enfermagem, v. 12.1, 2008. Disponível em:<
http://reme.org.br/artigo/detalhes/232>. Acessado em: 10 out. 2015.
OPLUSTIL, Carmen Paz et al. Procedimentos Básicos em Microbiologia Clínica.
3 ed. São Paulo: Sarvier, 2010.
ORTRAMARI, Leandro Castro; CAMARGO, Brigido Vigeu. Representações sociais
de mulheres profissionais do sexo sobre a AIDS. Estudos de Psicologia, v.9, n.2,
2004. Disponível em:< http://www.scielo.br/pdf/epsic/v9n2/a13v9n2.pdf>. Acessado
em: 10 out. 2015.
PAIVA, Laécia Lizianne et al. A vivência das profissionais do sexo. Saúde Debate, v.
37, n. 98, 2013. Disponível em: <
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-11042013000300010>.
Acessado em: 19 jan. 2015.
PASSOS, Afonso Dinis Costa; FIGUEIREDO, José Fernando de Castro. Fatores de
risco para doenças sexualmente transmissíveis entre prostitutas e travestis de
Ribeirão Preto (SP), Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 16, n. 2,
2004. Disponível em: <http://www.scielosp.org/pdf/rpsp/v16n2/22243.pdf>.
Acessado: 14 out. 2015.
POTTER, Patrícia A; PERRY, Anne Griffin. Fundamentos de Enfermagem. 5ª ed.
Rio de Janeiro: Guanabara, 2004.
PRÓ-RIM. Transplante de rim. Fundação Pró-rim. 2014. Disponível em:<
http://www.prorim.org.br/site/transplante>. Acesso em: 29 ago. 2015.
RODRIGUES, Carla Elenuska Fernandes Barbosa et al. Perfil Epidemiológico das
Infecções Urinárias Diagnosticadas em Pacientes Atendidos no Laboratório Escola
da Universidade Potiguar, Natal, RN. Revista NewsLab, 2013, ed.119. Disponível
em: <http://www.newslab.com.br/newslab/revista_digital/119/artigo-4.pdf>. Acessado
em: 07 set. 2014.
RORIZ-FILHO, Jarbas S. et al. Infecção Trato Urinário. Revista da Faculdade de
Ribeirão Preto USP, v. 43, n.2, 2010. Disponível
em:<http://revista.fmrp.usp.br/2010/vol43n2/Simp3_Infec%E7%E3o%20do%20trato
%20urin%E1rio.pdf>. Acesso em: 04 jun. 2015.
SALMERON, Neiva de Alencar; PESSOA, Thalita Almeida Martins. Profissionais do
sexo: perfil socioepidemiológico e medidas de redução de danos. Acta Paulista de
Enfermagem, v. 25, n. 4, 2012. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010321002012000400011&lng=pt&nrm=iso&tlng=en>. Acesso em: 04 jum an. 2015.
SATO, Andréa de Fátima et al. Nitrito urinário e infecção do trato urinário por
cocos gram-positivos. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial,
dez. 2005, v. 41, n.6, p. 397-404. Disponível
em:<http://www.scielo.br/pdf/jbpml/v41n6/a05v41n6.pdf>. Acessado em: 07 set.
2014.
SOARES, Leandro Antonio; NISHI, CatalinaYumiMasuda; WAGNER, Hamilton Lima.
Isolamento das bactérias causadoras de infecções urinárias e
seu perfil de resistência aos antimicrobianos. Revista Brasileira de Medicina de
Família e Comunidade, 2006, v. 2, n.6. Disponível
em:<http://rbmfc.org.br/rbmfc/article/view/29/2>. Acessado em: 07 set. 2014.
SPENCE, Alexander P. Anatomia Humana Básica. 2 ed. São Paulo: Manole, 1991.
SROUGI, Miguel. Infecções do trato urinário. Revista de Medicina, v.84, n.3-4,
2005. Disponível em: < http://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/59251>.
Acessado em: 14 out 2015.
STAMM, Walter E. Infecções do trato urinário, pielonefrite e prostatite. In: FAUCI,
Anthony, S. et al. Hanrrison Medicina interna. 17 ed. Rio de Janeiro: McGraw Hill,
2009.
STRASINGER, Susan King; LORENZO, MarjorieSchaub DI. Urinálise e Fluidos
Corporais. 5 ed. São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora, 2009.
UFMG. UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Métodos de determinação
de susceptibilidade de bactérias aos agentes antimicrobianos – Antibiograma.
Departamento de Microbiologia Instituto de Ciências Biológicas da UFMG,
2012. Disponível em:<http://icb.ufmg.info/mic/diaadia/wpcontent/uploads/2012/10/Antibiograma-pr%C3%A1tica.pdf>. Acessado em: 02 jul.
2015.
APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO PÓS-INFORMAÇÃO
Título da pesquisa: Incidência de Infecção do Trato Urinário nas Profissionais do
Sexo de Paracatu-MG no período de março a junho de 2015
Acadêmica: Sabrina Luanny de Oliveira, Biomedicina – Faculdade TECSOMA
Orientação:MSc. Claudia Peres da Silva
Objetivo do estudo: Verificar a incidência de Infecção do Trato Urinário em
mulheres Profissionais do sexo
Procedimentos: Coleta, identificação, realização do exame e liberação do laudo.
Risco e benefícios ao paciente: Devido à coleta do material ser realizada pela
mulheres poderá haver contaminação da amostra, podendo ser solicitado outra
amostra; como benefício, a paciente poderá descobrir uma possível patologia entre
elas a Infecção do Trato Urinário.
Confidencialidade: As mulheres através dos termos assinados poderão escolher se
serão identificadas ou não.
_________________________________________
Marcareth Flávia Ferreira
Enfermeira do ESF Amoreiras
_________________________________________
Sabrina Luanny de Oliveira
Acadêmica Responsável pela Pesquisa
_________________________________________
MSc. Claudia Peres da Silva
Coordenadora do Curso de Biomedicina da Faculdade TECSOMA
APÊNDICE C– TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Resolução nº 196/96 – Conselho Nacional de Saúde
O Sra. está sendo convidado (a) a participar da Pesquisa intitulada:
Incidência de Infecção do Trato Urinário nas Profissionais do Sexo de
Paracatu-MG no período de março a junho de 2015. Este estudo tem como
objetivo Verificar a incidência de Infecção do Trato Urinário em mulheres
Profissionais do sexo.
À convidada será aplicado um questionário referente à coleta de dados
pessoais e de saúde. Neste não constará nenhum dado pessoal do entrevistado.
Não terá nenhum custo ou quaisquer compensações financeiras. Não haverá riscos
de qualquer natureza relacionada à sua participação de colaborar no conhecimento
científico. Seu nome não aparecerá em qualquer momento do estudo e sua
participação é voluntária.
Esta receberá uma cópia deste termo onde consta o celular do pesquisador
responsável, podendo tirar as suas dúvidas sobre o projeto e sua participação, agora
ou a qualquer momento. Desde já agradecemos!
Declaro estar ciente do inteiro teor deste TERMO DE CONSENTIMENTO e
estou de acordo em participar do estudo proposto, sabendo que dele poderei desistir
a qualquer momento, sem sofrer qualquer punição ou constrangimento.
Sujeito da Pesquisa: ______________________________________________
Paracatu, _____ de__________________ 2015
________________________________
Assinatura do Declarante
_________________________
Acadêmica Responsável
Sabrina Luanny de Oliveira
______________________________
Coordenadora do curso de
Biomedicina
MSc. Claudia Peres da Silva
Em caso de dúvida em relação a esse documento, poderá entrar em contato com o telefone da
Acadêmica do 7º Período de Biomedicina da Faculdade TECSOMA Sabrina Luanny de Oliveira, pelo
telefone (38) 99067526.
APÊNDICE D – QUESTIONÁRIO À PROFISSIONAIS DO SEXO
Iniciais: ______________
Idade: _______________
Sexo: ( ) Feminino
1)
Tem filhos?
( ) Sim
2)
(
) Não. Se sim, quantos?___________________________________
Renda mensal?
( ) 1 salário mínimo ( ) 2 salários mínimos ( ) 3 a 4 salários mínimos ( ) mais de
4 salários mínimos.
3)
Qual a data da sua última menstruação?______________________________
4)
Já teve alguma infecção no trato urinário?( ) Sim ( ) Não
 Se sim, qual sintomas apresentou?
( ) disúria
5)
( ) hematúria
( ) dor pélvica
Realiza exames laboratoriais periodicamente?( ) Sim
( ) dor lombar
( ) Não
 Se sim, com que frequência?
( ) mensalmente
( ) semestralmente
( ) anualmente
 Quais?
(
6)
) Hemograma completo
(
) EAS
(
) Parasitológico
( ) Citopatológico
Faz uso de algum medicamento contínuo?
( ) Sim
(
) Não.
 Se sim, qual?___________________________________________________
7)
Já fez tratamento de alguma DST?
( ) Sim
(
) Não
 Se sim, qual?
(
) Sífilis
(
) Gonorreia
(
) Herpes Genital (
) Outros:_______________
8)
Faz uso de preservativo?( ) Sim
(
) Não
 Se sim, quanto ao uso?( ) feminino ( ) indica o homem a usar o masculino
9)
Realiza algum tipo de higienização após as relações sexuais?
( ) Sim (
) Não
 Se sim, que tipo?(
) jato rápido
(
) lenço umedecido
(
) banho
10) Número de relações sexuais por dia?
( ) 1 vez
(
) 2 vezes
(
) 3 vezes
(
) 4 vezes
(
) 5 vezes ou mais
APÊNDICE E – CARTILHA INSTRUCIONAL
INSTRUÇÕES DE COLETA
Exame: Urina Tipo I
1. Higienização antes da coleta
Mulher:
 Lavar as mãos.
 Lavar a região genital, de frente para trás abrindo os grandes lábios.
 Secar com toalha limpa sem fazer movimentos de frente para trás.
2. Coleta:
Colher a primeira urina da manhã;
Desprezar o primeiro jato de urina no vaso sanitário e sem interromper a micção,
coletar o segundo jato de urina (jato médio).
Desprezar o restante no vaso sanitário.
3. Importante:
Guarda na geladeira após a coleta, por um período máximo de 1 hora, até ser
buscada pela acadêmica.
Acadêmica: Sabrina Luanny de Oliveira
Orientadora: MSc. Cláudia Peres da Silva

Documentos relacionados