A Produção Leiteira nos Estados Unidos da America 24/07/2012 10

Transcrição

A Produção Leiteira nos Estados Unidos da America 24/07/2012 10
A PRODUCAO LEITEIRA NOS
ESTADOS UNIDOS
Estatisticas
• A produção leiteira durante Janeiro de 2012
superou os 7 bilhões de kg, 3.7% acima de
Janeiro de 2011.
• A produção por vaca foi em media 842 kg em
Janeiro, 20.8 kg acima da produção registrada em
Janeiro de 2011.
• O numero de vacas em lactação em propriedades
foi de 8.5 milhões de cabeças, 93.000 a mais do
que Janeiro de 2011.
Algumas informacoes
• As raças leiteiras predominantes nos Estados
Unidos são a Holandesa e a Jersey.
• Tive oportunidade de visitar leiterias no
estado do Texas. Conheci uma cidade
chamada Dalhart, em que estava operando
uma recente construída fabrica de queijo
mussarela para pizzarias norte-americanas.
Vários produtores de gado Jersey foram
estimulados a migrarem para esta região,
devido ao alto teor de gordura no leite desses
animais, extremamente interessante para a
produção de queijo.
• Leiterias com 3.000 cabeças nessa e outras
regiões são comuns. Existe nesta região
leiterias com 7.500 vacas Jersey, com
ordenhadeira carrossel ordenhando mais de
100 vacas a cada giro.
• O sistema de criação é o free-stall na grande
maioria das propriedades (cerca de 70%).
• As ordenhadeiras mais utilizadas são a do tipo
carrossel e a do tipo linear. A temperatura dos
tanques de coleta de leite é extremamente
controlada e é conferida pelos técnicos
responsáveis da industria que estará captando o
leite semanalmente e diariamente pelos técnicos
da propriedade.
• São avaliados os teores de gordura e proteína e
contagem de células somáticas. Na analise do
leite feita semanalmente pelos técnicos das
industrias é feita também uma busca por
qualquer resíduo que possa ser prejudicial
contido no leite.
• O período de lactação da vaca é em media 305
dias. Os norte-americanos não utilizam o
sistema de ordenha de vacas de alta produção
em 600 dias utilizado em algumas
propriedades brasileiras. Um dos motivos é
devido à alta taxa de reposição do rebanho;
portanto, se faz necessário que a vida
reprodutiva dos animais seja explorada
intensivamente.
• Grande parte dos produtores de leite produz
ao menos um pouco da alimentação fornecida
ao gado, criam e produzem novilhas de
reposição, comercializam produtos lácteos e
animais abatidos.
• A reprodução das vacas leiteiras é feita com a
utilização de inseminação artificial em sua
grande maioria (cerca de 94% das
propriedades). O uso da técnica tem
permitido o crescente melhoramento genético
do rebanho e favorece o fato de não ser
necessário manter um touro nas
propriedades. O sêmen sexado é utilizado em
cerca de 17% das propriedades leiteiras norteamericanas.
• Com esses dados é possível concluir o quão
solida é a produção norte-americana e o
quanto a produção vem aumentando.
Nutricao da vaca leiteira
• Através da ultima década, a media de preço anual
do leite oscilou entre U$12.18 a U$19.21 por cwt
(uma medida de peso utilizada que representa
100 libras, correspondente a 45.35kg). Desde
2005, os lucros têm diminuído devido ao
aumento do custo dos ingredientes da ração. O
custo da alimentação em uma propriedade
leiteira gira em torno de 65%.
• O milho, o feno de alfafa e a soja são ingredientes
principais nas rações. O milho e o feno de alfafa
são os ingredientes primários para se calcular a
taxa de lucro futuro.
• O produtor norte-americano leva muito em
consideração não somente a quantidade de
leite produzida, mas também a quantidade de
ração consumida. Se a taxa consumo de ração
/ produção de leite estiver desfavorável, são
procurados meios alternativos de diminuir
custos, como por exemplo, uma reformulação
da dieta desses animais.
• A nutrição da vaca leiteira é olhada com muito
cuidado, pois a relação consumo de ração /
produção de leite é um indicativo muito
utilizado. A preocupação dos norteamericanos com a qualidade dos ingredientes
das rações e a formulação da ração total são
constantes. Para eles o mais importante é a
eficiência alimentar.
• Na minha opinião, acredito que conversão
alimentar e eficiência alimentar são conceitos
diferenciados. A conversão alimentar seria o
animal transformar uma quantidade “x” de
ração em 1 kg de leite. O conceito de
eficiência alimentar não é diferente na teoria,
mas na pratica.
• Pela experiência que adquiri nos Estados
Unidos, a eficiência alimentar de um animal é
avaliada como aquele animal que produz mais
leite, porem comendo menos ração.
• Diferente de um conceito de conversão alimentar,
quando comparado entre 2 animais, por
exemplo: 2 vacas leiteiras são alimentadas com a
mesma ração. A vaca 1 consegue produzir 3 kg de
leite com 1 kg de ração. A vaca 2 consegue
produzir 3,5 kg de leite com 1 kg de ração. Pela
lógica, podemos concluir que a conversão
alimentar da vaca 2 é melhor que da vaca 1.
• Porem, quando analisado o conceito de eficiência
alimentar, estamos analisando animais que
consigam converter mais comendo menos. Por
exemplo, se existisse no mesmo exemplo acima
uma vaca 3, produzindo 3,5 kg de leite comendo
800 gramas de ração, esta seria a vaca eleita
como a mais eficiente. E é este tipo de animal
selecionado no rebanho norte-americano.
• São sempre selecionados animais que possam
produzir a mesma quantidade de leite ou
maior com um consumo de ração menor. Esse
tipo de animal torna o sistema mais viável
pela redução de custos no fator mais delicado,
que é a alimentação.
• Lembrando sempre que a intenção não seria
diminuir a produção leiteira selecionando
animais que simplesmente tivessem um
consumo menor de ração total e sim aqueles
animais que consigam produzir quantidade
igual ou maior de leite consumindo uma
menor quantidade de ração total.
• O que acredito ser necessário ressaltar para os
produtores brasileiros é a maior organização da
alimentação dos animais para se ter esse tipo de
controle. Não é necessário apenas nos
concentrarmos na receita bruta adquirida com a
comercialização da produção leiteira, mas
também o quanto essa produção nos custou.
Como a alimentação representa a maior parcela
de custo de produção e é também o meio mais
“maleável”, se torna a eleita a ser analisada, se
possível diariamente, em uma propriedade
leiteira. Com esse simples controle, é possível
selecionar animais produtivos e eficientes,
aumentando ainda mais a margem de lucro e
viabilizando o processo de produção.
• É devido a estes e outros fatores que a produção
nos Estados Unidos tem se intensificado, onde se
observa um aumento na produção leiteira
significativo nos últimos anos com relativamente
a mesma quantidade de animais.
• A recria de novilhas é uma fase da produção
extremamente sensível devido à alta taxa de
reposição nas propriedades, onde se trabalha
eficiência alimentar desde o inicio. A reposição é
feita anualmente, em uma taxa aproximada de
25%. É devido a este e outros fatores que a
longevidade dos animais leiteiros nos Estados
Unidos é menor que no Brasil.
Tipos de alimentos utilizados
• Como visto anteriormente, o feno de alfafa, o
milho e a soja são ingredientes principais na dieta
das vacas em lactação.
• Um dos resíduos altamente utilizados na
produção animal dos Estados Unidos é um
subproduto oriundo da produção de etanol a
partir do milho. Devido ao fato de os Estados
Unidos terem aumentado significativamente a
produção de etanol a partir do milho, o uso desse
cereal na nutrição animal ficou inviável. Uma
alternativa encontrada são os chamados Distillers
Grains, ou seja, grãos de milho de destilarias.
• Os grãos de destilaria são bastante utilizados,
tanto pelos produtores de leite, quanto pelos
produtores de carne. Esse subproduto possui
um interessante valor nutricional, o que torna
viável e produtiva a utilização desse
ingrediente na composição da ração total, que
pode compor de 10 a 15% da mistura final
fornecida aos animais.
Aditivos
• Os aditivos mais utilizados na produção
leiteira americana compreendem a
monensina, os probioticos e as leveduras.
• Nos últimos anos a cultura americana tem
mudado e os produtores estão preferindo
utilizar aditivos orgânicos ou naturais, que
possam manter o pH do rúmen dos animais
estável e aumentar a produção leiteira. Hoje
as opções no mercado desse tipo de aditivo
são variadas.
• O consumidor americano tem preferido
produtos de origem animal onde não foram
utilizados qualquer tipo de aditivo que possa
deixar resíduo nesses produtos. A consciência
da população norte-americana em relação à
saúde mudou no bom sentido.
• Já podemos perceber em varias propriedades
(cerca de 40%) o constante crescimento da
utilização de aditivos contendo leveduras e/ou
probioticos.
• Na minha opinião é um passo importante,
pois a saúde do ser humano em qualquer
lugar do mundo tem sido prejudicada devido a
alguns tipos de produtos utilizados na
produção animal.
FATORES QUE TEM INFLUENCIADO A
PRODUCAO NORTE-AMERICANA
• O que tem permitido o aumento na produção
é a organização da propriedade. Percebi em
varias propriedades que todo sistema é
informatizado, onde são coletados dados a
respeito dos animais em cada alimentação e
cada ordenha. Dados reprodutivos,
nutricionais e de saúde são observados
constantemente.
• Na impossibilidade do produtor investir em um
sistema informatizado, uma planilha de controle
extremamente bem organizada resolve o
problema.
• Quanto foi dado de ração para determinado
animal, o quanto ele refugou, o quanto produziu
de leite e como foi a sua produção semanal são
perguntas que devem ser respondidas pelo
controle da propriedade. Desta forma é possível
identificar os animais mais eficientes, diminuindo
a quantidade de ração adquirida e aumentando a
produção leiteira.
CONCLUSAO
• Acredito que a produção brasileira de leite já é
excelente, mas alguns ajustes na propriedade sem a
necessidade de se investir um grande montante de
dinheiro permite aumentar a rentabilidade do negocio,
sendo cada vez mais viável e lucrativa ao produtor.
• A necessidade de se aumentar a produção leiteira é
diária, para viabilizar o processo. Porem, é importante
o produtor brasileiro ter um rígido controle dos seus
animais e do consumo de ração total, pois desta forma
é possível identificar o animal mais eficiente,
aumentando a lucratividade da propriedade
diminuindo custos.
Referencias
• USDA AGRICULTURE COUNTS (NASS);
• PENN STATE EXTENSION.
Médica Veterinária Especialista
em Nutrição e Produção de
Ruminantes
Araucaria Genética Bovina