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Clipping de de Educação Brasília, 04 de julho de 2016 06/07/16 DINHEIRO EM AÇÃO EDUCAÇÃO Anima chega a 100 mil alunos A Anima Educação desembolsou R$ 46 milhões para comprar a Alis Educacional, que controla duas universidades em Minas Gerais e, com isso, reforçar sua presença no Ensino a Distância (EAD). A aquisição faz com que o número de alunos da Anima suba para 100 mil. De acordo com o fato relevante divulgado na quarta-feira 30, a Alis Educacional encerrou 2015 com receita líquida de R$ 37,2 milhões e Ebitda Ajustado de R$ 6,9 milhões. No primeiro semestre, as ações subiram 6,18%. 06/07/16 INVESTIDORES Vale a pena entrar nessa aula? Ações de empresas de educação oscilam devido à disputa entre Kroton e Ser pelo controle da Estácio. Saiba o que os especialistas recomendam para os investidores Por: Flavia Galembeck A Estácio se tornou alvo de duas rivais – Kroton e Ser Educacional. Desde o começo de junho, elas fizeram quatro diferentes propostas para a combinação dos negócios. É a maior disputa no setor de educação privada no País, que envolve ainda um terceiro player: o principal acionista do grupo educacional fluminense, Chaim Zaher, que detém 14% das ações da Estácio, a preside, e já afirmou que não irá assistir passivamente ao movimento dos concorrentes. Zaher anunciou, na quarta-feira 29, que pretende fazer uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) para comprar 36% do capital e, assim, assumir o controle da Estácio. Na manhã da sexta-feira, dia 1º, a Estácio divulgou um fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), informando que concorda com a proposta financeira da Kroton. Isso, porém, não significa que ela a aceitou. Uma reunião da diretoria da Estácio deverá analisar as propostas da Kroton e da Ser Educacional. Na sexta-feira, as ações da Kroton fecharam em alta de 4,88% a R$14,26, e as das Estácio Participações subiram 0,9%, fechando a R$ 17,11. Os papéis da Ser Educacional subiram 0,6% para R$ 12,55. No fim da tarde, DINHEIRO apurou com exclusividade que a Ser vai tentar bloquear a transação no Cade. Pela primeira vez, duas empresas listadas em bolsa disputam uma terceira também de capital aberto. Com isso os papéis das três empresas dispararam. O negócio começou por causa de uma pechincha. De janeiro a maio deste ano, as ações da Estácio acumulavam queda de 19% e eram negociadas com grandes descontos em relação aos seus pares – Ser Educacional acumulava alta de 50% e Kroton apresentava uma valorização de 18%. Parte disso deveu-se aos resultados do primeiro trimestre, que vieram abaixo do esperado pelo mercado. De acordo com relatórios da BB Investimentos, apesar na alta de 11,1% na captação de novos alunos, o tíquete médio cresceu muito abaixo da inflação (2,3%, na comparação com o primeiro trimestre de 2015), por conta da política de descontos nas mensalidades. Somado à alta de 68% nas despesas comerciais, que foram catapultados por despesas de marketing (a Estácio é uma das patrocinadoras da Olimpíada), houve redução dos resultados operacionais, gerando um recuo de 2,2 pontos percentuais na margem Ebitda. O Ebitda da companhia de janeiro a março foi de R$ 197,5 milhões. Com a desvalorização das ações, a empresa passou a ser alvo da concorrência. Rodrigo Galindo, CEO da Kroton, abriu a disputa, no que foi seguido por José Janguiê Diniz, da Ser Educacional. Ao final de maio, em relatório enviado a investidores da Coinvalores, os analistas avaliavam que o preço alvo do papel era de R$ 17,20. A ação da Estácio, que encerrou maio cotada a R$ 10,86, fechou junho a R$ 16,96 - alta de 56% no mês. Houve quem arriscou e ganhou. O gestor americano BlackRock, por exemplo, aproveitou a desvalorização das ações para elevar sua fatia na Estácio a 5%, em 28 de abril. Já a Lazard Asset Managment optou por reduzir sua participação no grupo fluminense de educação para 4,59% na primeira semana de maio e deixou de ganhar dinheiro. Mas enquanto a situação da Estácio permanece indefinida, qual seria a melhor estratégia para o investidor que já tem ações das três empresas ou que está pensando em comprar? Para Daniel Liberato e Felipe Silveira, analistas da corretora Coinvalores, o momento é de cautela. “O momento não é de entrada porque não há um grande upside para o investidor”, alertam. Segundo eles, no curto prazo, a fusão pode diluir as participações 06/07/16 dos acionistas da Kroton ou da Ser na nova entidade criada, ou o preço a ser pago na operação pode pressionar o valor dos papéis. Já Bruno Giardino, analista de investimento do Santander, acredita que o mercado já precificou o potencial de sinergias de fusão entre Estácio e Kroton, dada como a mais provável de acontecer para o banco. “O investidor precisa olhar o potencial de criação de valor da combinação dos negócios, e muito disso já foi precificado.” Na segunda proposta, a Kroton elevou a relação de troca para cerca de R$ 17,25 por ação da Estácio, bem próximo da projeção feita pelo time da Coinvalores. Para eles, a recomendação de compra só acontece quando há perspectiva de ganhos superiores a 15%. Por isso, o status atual é de manutenção dos papéis da Estácio. Já em relação aos investidores que têm ações da Ser Educacional e da Kroton, a corretora recomenda o acompanhamento do desenrolar das propostas, porque existe o risco de o custo da transação reduzir a margem de ganhos dos acionistas. O prazo da Kroton encerrou-se à meia-noite da quinta-feira 30, mas as negociações deverão ser prorrogadas. O prazo estabelecido pela Ser Educacional expira em 8 de julho. No entanto, outros analistas ouvidos pela DINHEIRO recomendam a venda das ações da Ser e da Kroton porque não há uma perspectiva de que os valores das ações continuem subindo por muito mais tempo e agora é uma boa oportunidade para embolsar os ganhos. “Para que essa curva de preço continue em ascensão é necessário que haja boas notícias em um curto prazo”, pondera Giardino, do Santander. “Caso nenhuma das fusões se concretize”, afirma ele, “a tendência é que haja a destruição do valor criado, ou seja, as ações devem cair.” Valor Econômico 04/07/16 EMPRESAS Bertelsmann vai investir em universidades no Brasil Por Gustavo Brigatto | De São Paulo específica. A companhia havia deixado o segmento no começo dos anos 2000. como a empresa de serviços Arvato e a produtora de conteúdo Fremantle. No momento em que o setor de educação se movimenta com a proposta de fusão de Kroton e Estácio, o grupo de mídia alemão Bertelsmann quer garantir um espaço no segmento de universidades no país. A expectativa é que até agosto a companhia anuncie a compra de participação minoritária relevante em uma instituição local. Será o primeiro de uma série de investimentos do tipo que a companhia pretende fazer no Brasil. Os recursos para as aquisições virão de um dos dois fundos que a companhia tem com a Bozano Investimentos. O Bozano Educacional II tem R$ 800 milhões em recursos, sendo 40% aportados pela Bertelsmann. De acordo com Puskaric, comprar fatias minoritárias é uma forma de conhecer o mercado e se integrar a ele. A expectativa do diretor-geral é que em até três anos a Bertelsmann faça novos investimentos para se tornar a controladora dos negócios. "A alta gestão [da companhia] defende o investimento no Brasil. A crise é grave, a retomada não será rápida. Mas os fundamentos que justificaram o investimento em 2012 continuam firmes", afirmou. Segundo Marc Puskaric, que assumiu o cargo de diretor-geral da Bertelsmann no Brasil em janeiro, o alvo são instituições familiares com foco nas áreas de medicina e saúde. O executivo ressalta, no entanto, não ter intenção de entrar na disputa por negócios de maior porte com os grandes grupos, mas procurar operações de nicho. "Se a família quiser um parceiro que não quer impor uma marca, um estilo de gestão e manter o legado, nós queremos ser a opção", disse o executivo ao Valor. A área de educação voltou ao centro das atenções da Bertelsmann no ano passado, com a criação de uma divisão Em junho do ano passado, este fundo Bozano II comprou 40% da Affero Lab, de educação corporativa. O Valor apurou, à época, que o preço foi de R$ 90 milhões. O segundo fundo é o BR Education Ventures, que tem R$ 100 milhões para aplicar em startups de tecnologia do segmento educacional. O fundo já investiu em três startups. Além desses dois fundos com a Bozano, a companhia tem recursos em dois dos mais atuantes fundos de investimento em startups do país: Monashees e Redpoint e.ventures. A compra de participações minoritárias faz parte da estratégia que a Bertelsmann vem colocando em prática desde que abriu um escritório próprio no Brasil em 2012. Até então, a companhia vinha atuando no país há quatro décadas por meio de subsidiárias O escritório no Brasil foi o último de cinco unidades instaladas ao redor do mundo para apoiar a expansão da companhia além da Europa e para novas áreas de atuação. A operação demandou investimento de • 356 milhões no ano passado, uma leve melhora em relação aos • 372 milhões aplicados um ano antes. O resultado operacional (Ebitda) melhorou 9%, para •76 milhões. A estratégia dos centros de operações, como são chamados os cinco escritórios, permitiu que as receitas internacionais subissem de 20% em 2012 para 35% do total em 2015. No plano de crescimento desenvolvido pelo presidente 04/07/16 mundial Thomas Rabe - que assumiu em janeiro de 2012 e acaba de renovar seu contrato para mais quatro anos à frente das operações -, a companhia já investiu em mais de 100 startups ao redor do mundo e retomou os negócios de educação, de gerenciamento de direitos autorais na área de música (com a BMG) e constituiu uma joint venture com a Pearson para criar a Penguin Random House. Controlada pela família Mohn, e com quase 120 mil funcionários em 50 países, a Bertelsmann registrou receita de • 17,1 bilhões em 2015, alta de 3%, com lucro líquido de • 1,1 bilhão - um salto de 94%. No Brasil, as operações cresceram com os investimentos no segmento de educação e também com outras operações como a compra de 40% da editora Companhia das Letras pela Penguin Random House, e da companhia de recuperação de crédito Intervalor pela Arvato. A BMG começou a atuar no país neste ano e o programa de talentos "The X Factor" terá sua primeira edição local exibida pelo SBT no 2º semestre. 04/07/16 Valor Econômico 04/07/16 EMPRESAS Kroton e Estácio definem protocolos da fusão Por Graziella Valenti e Beth Koike | De São Paulo Kroton e Estácio tiveram que ceder para que a combinação das empresas se tornasse possível. O mercado prontamente deu tamanho à transação: uma companhia de quase R$ 29 bilhões de valor de mercado, considerando a soma das duas. O vislumbre dessa combinação fez os investidores promoverem uma valorização contínua durante a negociação, que culminou em quase R$ 8 bilhões, na sexta-feira. Foi um processo rápido, de exato um mês, em função da publicidade dada desde o início e da decisão de Kroton e Estácio de tornar a operação uma fusão amigável. Agora, as companhias trabalharão na redação dos protocolos da incorporação. Basicamente, trata-se de estabelecer que os acionistas da Estácio não estarão expostos a qualquer risco ligado a eventuais ajustes que a fusão tenha que sofrer por eventuais determinações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Pelas regras do órgão regulador da concorrência, a incorporação societária pode até ocorrer. Contudo, a Kroton não pode atuar na gestão da Estácio nem minimamente - enquanto não houver a setença final sobre o negócio. Estácio, manifestou o desejo - até agora sem definição - de lançar uma oferta pelas ações da empresa se a Kroton não ampliasse a oferta. A concorrente Ser Educacional, de porte bem menor, promete jogar combustível na discussão sobre concentração de mercado. O Valor apurou que a rival vem preparando suas armas desde que soube do negócio - paralelamente à própria proposta concorrente de combinação com a Estácio. A Kroton ofereceu na quintafeira o equivalente a 1,33 ação própria para cada papel da Estácio, conforme havia antecipado o Valor PRO. A incorporação, propriamente, será feita na proporção de 1,281. A diferença será paga em dinheiro, na forma de um dividendo extraordinária aos sócios da rede carioca de R$ 0,55 por ação - um total de R$ 170 milhões. As condições foram definidas com o conselho da Estácio até o ponto que seus membros, antes resistentes, estivessem de acordo com a operação. Após a Kroton incorporar a Estácio, ela será uma empresa de R$ 8 bilhões de receita, com 1,6 milhão de alunos e uma participação de 23,5% no mercado de educação. Em valor, a Estácio representará 20% da companhia combinada e a Kroton, 80%. A convocação da assembleia da Estácio para aprovar a incorporação será feita no próximo dia 8, quando o conselho de administração da companhia fará a avaliação dos termos finais oferecidos. É quando o colegiado também deve se manifestar sobre os movimentos concorrentes que ajudaram a pressionar a Kroton. A Ser Educacional não apenas fez uma oferta de fusão com a Estácio como tentou torná-la mais competitiva até o último minuto. Além disso, Chaim Zaher, presidente e dono de 14% da Os termos definitivos ficaram bastante diferentes daqueles que Rodrigo Galindo, presidente da Kroton e protagonista da fusão, sinalizou como parâmetro, em 2 de junho, quando admitiu o interesse de fazer o negócio. Naquele momento, ele entendia que cada ação da Estácio valia 0,977 ação da empresa que geria. Com isso, atribuía à companhia carioca um valor que representaria pouco mais de 16% da empresa combinada. A proposta oficial veio mais alta, em 1,25. Mas ainda teve que melhorar um pouco mais. Ao fim, elevou em 37% os termos de base para a operação sair sem que 04/07/16 uma guerra ocorresse entre as companhias. Com o escudo de seus assessores, as empresas passaram o mês mostrando os dentes uma para outra. Itaú BBA e o escritório Barbosa Müssnich Aragão (BMA) estavam do lado da Kroton, enquanto BTG Pactual e Mattos Filhos Veiga Filho Marrey Jr e Quiroga Advogados preparavam a munição para o conselho da Estácio. O pano de fundo eram investidores estrangeiros que, ao lado de Galindo, queriam a fusão e tinham fatias relevantes nas duas empresas - 56% na Estácio e 36% na Kroton. A situação beirou o conflito de interesses quando o fundo sul-africano Coronation escreveu ao conselho da empresa do Rio de Janeiro que queria a operação a 1,25, mesmo sabendo da possibilidade de melhoria nas condições. A única coisa que o fundo não queria era correr o risco que a combinação não ocorresse. Na quinta-feira, a tensão atingiu o ponto máximo quando pessoas ligadas à Kroton indicaram estar articuladas com os fundos para que estes ou executassem a fusão à revelia do conselho da Estácio ou trocassem o colegiado para conseguir o aval. Qualquer dessas iniciativas teria disparado uma guerra. Mas na sexta-feira, antes do almoço, as empresas já trabalhavam numa solução conjunta. 04/07/16 Valor Econômico 04/07/16 EMPRESAS Galindo, um comprador em série Por Beth Koike e Graziella Valenti | De São Paulo Aos 40 anos, sendo seis deles à frente da Kroton, Rodrigo Galindo é um executivo com uma clara preferência por aquisições com potencial para transformar a companhia e nunca escondeu seu gosto por negócios marcados pela pressão. Ainda, assim, causou surpresa quando anunciou sua intenção de incorporar a segunda maior companhia de ensino superior do país, a Estácio. A surpresa tem suas razões. Há três anos, Galindo liderou uma fusão com a Anhanguera que, na época, também ocupava a viceliderança do setor. Foi um processo longo, de quase um ano no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), e que por diversas vezes correu o risco de não sair do papel. A autarquia aprovou com a operação com restrições e a integração das duas companhias foi concluída em 2015, no auge da crise do Fies, o programa de financiamento estudantil reduzido pela metade pelo governo. Nem bem a poeira assentou e Galindo propôs uma fusão com a Estácio. A transação trouxe à tona o quão duro Galindo é nas negociações. O presidente da maior companhia de educação que, só neste ano vai gerar mais de R$ 2 bilhões de caixa, negociou cada ponto percentual e cada centavo. Só no último minuto do segundo tempo melhorou a proposta da fusão que ameaçava ir para uma oferta hostil. Cedeu. Mas cedeu em nome de uma negociação amigável, sabendo que essa foi só a primeira batalha. Seus concorrentes provavelmente devem buscar apoio da opinião pública com argumentos de que a formação de um gigante jogará para baixo a qualidade do ensino. Galindo tem ciência dessa estratégia e já montou um arsenal de dados, planilhas e números para convencer que a história não é bem assim. Uma de suas teses de defesa é que 60% dos cursos da Anhanguera tinham notas entre 3 e 5 pela classificação do Ministério da Educação (MEC) e após a incorporação com a Kroton esse percentual subiu para 98%. Com investidores, a estratégia é a mesma: usar os números a seu favor. Galindo vem construindo sua carreira na Kroton com aquisições. Aos 35 anos tornou-se presidente desta. A Kroton havia adquirido a faculdade de sua família e em menos de um ano à frente da companhia fez a maior aquisição do setor de educação, na época, ao levar a Unopar por R$ 1,3 bilhão. O ativo era cobiçado no setor, mas não há ponto de se assinar um cheque tão alto. A Unopar operava com ensino a distância, segmento pouco conhecido até então. Galindo partiu para o tudo ou nada e cinco meses depois ainda comprou outro ativo de ensino online, a Uniasselvi, por R$ 510 milhões. A fusão com a Estácio é a mais dura na carreira de Galindo. Em apenas um mês de negociação, a transação já é conhecida como "Game of Thrones" da educação. O GLOBO 04/07/16 SOCIEDADE Antônio Gois Primeira infância Nos Estados Unidos, famílias mais ricas estão, cada vez mais, ampliando o investimento que fazem em seus filhos até os 6 anos de idade. Esta é a conclusão de um estudo publicado no mês passado pela Associação Americana de Pesquisas Educacionais. Ele revela que o gasto das famílias que estão entre as 10% mais ricas de lá com livros, jogos, brinquedos ou atividades culturais direcionadas a crianças menores de 6 anos triplicou de 1972 e 2010. Já entre os demais grupos de renda, esse tipo de gasto permaneceu praticamente inalterado no mesmo período, levando a um aumento da desigualdade. No Brasil, temos menos pesquisas sobre o assunto, mas a tendência de aumento da desigualdade no gasto com as crianças mais ricas e mais pobres parece ser a mesma. Um indicativo disso vem de uma análise da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do IBGE, feita pelo economista Ricardo Paes de Barros (Insper). Ele identificou um crescimento do acesso à creche entre todos os grupos de renda desde 2001. Mas, para crianças das famílias que estavam entre as 10% mais ricas do país, o acesso à creche, especialmente na rede privada, aumentou em ritmo maior do que o verificado entre aquelas que estavam entre as 10% mais pobres, que frequentavam majoritariamente a rede pública. Em 2014, 54% das crianças mais ricas estavam em creches até 3 anos de idade. Entre as mais pobres, este percentual era de apenas 15%. Desde 2001, a diferença entre os dois grupos cresceu de 26 para 39 pontos percentuais. Infelizmente, não é apenas o acesso que é desigual. Em estudo debatido no evento "Educação 360 – Educação Infantil", o economista Daniel Santos (USP-Ribeirão Preto) comparou o desempenho escolar no 5º ano do ensino fundamental de crianças que haviam frequentado creches até os 3 anos de idade com aquelas que não haviam tido acesso. No caso de crianças cuja mãe tinha alta escolaridade, o impacto da creche era positivo. Já para os filhos de mães menos instruídas, acontecia o oposto: a frequência à creche estava associada a piores médias. É um indicativo preocupante de que um atendimento de má qualidade na primeira infância pode até prejudicar a criança. Claro que não se deve menosprezar nessa análise que creches têm também efeitos na família. Um estudo de Paes de Barros com mães do município do Rio mostra que aquelas que conseguiram uma vaga em creches municipais apresentavam maiores taxas de ocupação e renda. Mas o ponto que a pesquisa de Santos levanta para o debate é que, do ponto de vista da criança, não podemos aceitar qualquer tipo de creche. É preciso ter qualidade. No "Educação 360 — Educação Infantil" foram debatidas também outras formas de atendimento a crianças fora de creche, algumas com resultados positivos e custo menores. Mas o que temos de evidência robusta, no caso das creches ou pré-escolas, é que o atendimento de qualidade na primeira infância custa mesmo caro, pois exige profissionais capacitados. A pergunta importante a ser feita é: o gasto compensa? Os estudos do economista da universidade de Chicago James Heckman, prêmio Nobel de Economia em 2000, mostram que sim, e muito. Analisando no longo prazo os resultados do projeto Perry Pre- School, que atendia crianças na pré-escola em situação de risco no estado de Michgan (EUA), Heckman e sua equipe estimaram que cada dólar investido no projeto representava uma economia de sete dólares no futuro. A economia é explicada pela maior taxa de conclusão do ensino médio, menores taxas de gravidez precoce, de envolvimento em crimes, entre outros fatores analisados na pesquisa. Difícil achar melhor investimento social do que esse, com altos benefícios para toda a sociedade. FOLHA DE SÃO PAULO 04/07/16 EDITORIAL Evolução sem fronteiras Estudantes vinculados ao Ciência sem Fronteiras ou interessados em participar desse programa federal de intercâmbio estão apreensivos. Enquanto alguns enfrentam dificuldades para renovar bolsas de estudo no exterior, noticia-se que o governo de Michel Temer (PMDB) pode cortar benefícios concedidos. Criado pela gestão Dilma Rousseff (PT), em 2011, o Ciência sem Fronteiras tinha a meta declarada de levar 101 mil alunos e pesquisadores brasileiros a instituições de excelência em todo o mundo. Como acontece com tantas ideias bem-vindas, porém, a iniciativa sucumbiu ao populismo marqueteiro. Empenhado em mandar a maior quantidade possível de estudantes para o exterior, o governo Dilma não privilegiou o encaminhamento para entidades melhores que as brasileiras. Reportagem desta Folha mostrou que menos de 4% dos bolsistas conseguiram vagas nas 25 melhores instituições do planeta. Pior, muitos nem sequer dominavam o idioma em que teriam aulas -o que permitiu aos mais sarcásticos descrever o programa como um cursinho de inglês a preços extorsivos. Só em 2015, o Orçamento lhe reservou R$ 3,5 bilhões. A despeito da maneira irresponsável com que foi conduzido, o Ciência sem Fronteiras é uma ideia valiosa demais para ser sacrificada, e as restrições impostas pela crise econômica oferecem a ocasião para que suas cláusulas sejam rediscutidas em termos adequados à realidade nacional. Em artigo no jornal "Valor Econômico", Carlos Nobre (expresidente da Capes) e Concepta McManus (UnB), embora façam uma avaliação muito mais benigna dos resultados até aqui apresentados, sugerem uma série de medidas para aperfeiçoar o programa. Destacam-se, entre elas, as seguintes propostas: criar limites a alunos de graduação, no intuito de aumentar a participação da pósgraduação; concentrar bolsistas em instituições de ponta; e exigir proficiência na língua em que os cursos serão ministrados. É incrível que tais critérios não vigorem hoje. Talvez as pressões seletivas de um Estado em crise constituam o estímulo necessário para o Ciência sem Fronteiras evoluir para um programa mais robusto e mais eficiente. O ESTADO DE S. PAULO 04/07/16 METRÓPOLE Estudar de manhã ainda opõe a rotina dos filhos e dos pais 04/07/16 CORREIO BRAZILIENSE 04/07/16 BRASIL RIO DE JANEIRO » Estudante é assassinado na UFRJ disseram que ele saiu para correr no câmpus ao meio-dia, mas não retornou. Por volta das 18h, seu corpo foi encontrado às margens da Baía de Guanabara. Vestia a camiseta com que saiu de casa, mas estava sem a bermuda. Após ameaças por e-mail, amigos acreditam em homofobia O estudante de arquitetura Diego Vieira Machado, de 24 anos, foi assassinado no câmpus da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Ilha do Fundão, zona norte da cidade, na tarde deste sábado, dia 2. O corpo do jovem tinha marcas de espancamento e o rosto estava desfigurado. Para os amigos do estudante, o crime teve motivação homofóbica. O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da capital. Diego morava no alojamento universitário da UFRJ. Amigos Órfão de pai e mãe, mortos num acidente de carro em 2014, no Pará, Diego veio para o Rio estudar Letras. Recentemente, pediu transferência para o curso de Arquitetura. Ele vinha enfrentando problemas de relacionamento com colegas. “Ele era teimoso, muito briguento. Mas só reagia aos ataques raciais e homofóbicos que sofria. Eu testemunhei algumas brigas. Ele era uma pessoa boa”, contou a estudante de Comunicação Pérola Gonçalves, 22 anos, amiga de Machado. Em maio, alunos do alojamento haviam recebido um e-mail com ameaças. Com a morte de Diego, cópias das mensagens foram postadas por diferentes perfis do Facebook, lembrando o episódio. “Sabemos a vida que você levam de baladas, drogas e promiscuidade. Tomem cuidado! (...) Vamos começar por um certo alun@ que se diz minoria e oprimido por ser homossexual, que gosta de fumar uma maconha (...), que odeia Bolsonaro, que prega a liberdade e o amor, mas apoia o aborto”, diz a mensagem. Antes do corpo ser achado, no whastaspp do núcleo de direitos humanos da universidade, circulava a informação de que havia pixações em banheiros da instituição com os dizeres: “morte aos gays”. O texto é assinado por “Juventude Revolucionária Liberal Brasileira”. A UFRJ informou que vai investigar o envio da mensagem com ameaças. A morte do estudante provocou reação de estudantes e professores nas redes sociais, cobrando segurança no câmpus. CORREIO BRAZILIENSE 04/07/16 OPINIÃO E se o menino fosse seu filho DEBORA DINIZ Professora da Universidade de Brasília (UnB) e conselheira do Instituto Uniceub de Cidadania (IUC) Em 2015, puxei um plantão na unidade socioeducativa para meninas infratoras no Distrito Federal. Apareci por ali para fazer pesquisa, mas terminei convivendo com gente desconhecida. Fiz amizades de todo jeito; uma delas foi com quem eu antes achava ser gente bandida. As unidades socioeducativas já foram chamadas de reformatório ou Febem; hoje, o nome inventado é cadeia de papel: nem tanto cadeia, mas nem em sonho escola. Conheci todas as meninas, absolutamente todas, que passaram por ali em 2015. Provisórias são aquelas que permanecem entre as grades por um período de até 45 dias — caberá ao juiz decidir se o malfeito é grave para medida de internação longa, de seis meses a 3 anos. Sentenciadas são as infelizes que amadurecem entre celas e grades. Com as sentenciadas peguei sentimento. Olho para o menino de 10 anos morto pela polícia de São Paulo e volto para as meninas que conheci. Ouço o brado raivoso de quem pede mais prisão, sentença eterna, ou mesmo extermínio. Sei o quanto as pessoas aqui de fora têm medo daquelas que não querem mais ver, pois ultrapassaram a fronteira do inferno e é lá que deveriam permanecer. Uma cadeia na adolescência é desgraça para o futuro: mas o futuro de todos nós, não só de quem vive entre grades. Antes de ter visitado a cadeia de adolescentes, passei tempo longo no presídio feminino — ali, descobri que uma em cada quatro presas em regime fechado havia passado por medida socioeducativa de internação na adolescência. Uma em cada quatro tinha conhecido a prisão ainda menina. Antes que me acusem de defender gente bandida, peço licença para me explicar. Não há isso de bandidagem natural, ou maldade no sangue. Tudo o que somos para o certo ou para o errado é da ordem do vivido, é parte daquilo com que pudemos conviver quando ainda éramos crianças miúdas ou quando viramos gente em um mundo desigual. Não peço que exercitem a compaixão, esse é um sentimento tolo para quem quer mudar desigualdades, mas peço que exercitem o espanto: um menino de dez anos perambulava pela rua, era engraxate no aeroporto, já tinha arma ou usava drogas. Isso é espantoso. Foi esse o espanto que vivi ao conhecer as meninas entre trancas. Foi essa angústia que vivi ao acompanhar o julgamento das meninas que conheci no reformatório e que, agora, estão na cadeia de mulher adulta. De todas com quem convivi no tempo do plantão o destino se resume a três possibilidades: prisão, cemitério ou gravidez. Há combinações entre as reduzidas chances, é verdade: ir para a prisão grávida e morrer em uma das saídas. Sempre há uma ou duas delas com história de fadas para acomodar nossas crenças de que “se ela quiser mesmo, mudará de vida”. Não há mudança individual quando o crime é parte da economia da vida — quase todas as meninas que conheci eram traficantes de rua, e, talvez por isso, as que se salvam pelos contos de fadas não eram comerciantes da ilegalidade, mas matadoras. O fatalismo de que não há saída é ruim para todos nós. Faço questão de repetir: cuidar de quem vive na bandidagem menina é garantir o futuro de todos nós. As explicações sobre o que aconteceu na vida do menino de dez anos morto pela polícia estão disponíveis, mas não me satisfazem. A razão? Porque as perguntas certas não foram feitas — por que este menino saiu da escola e não nos causou espanto? Será mesmo que algum dia foi à escola? Por que a rua era lugar 04/07/16 feliz para alguém aos oito de idade? Ele não sentia medo? Como terá sido a primeira batida policial? Será que sofreu violência? Uma forma de nos provocar empatia é sempre imaginar “e se fosse o meu filho?” Sim, as elites dirão: “meu filho de 10 anos jamais estaria na rua”. Pois é, esse deve ser nosso ponto de partida. O menino não é meu filho, nem de outras mulheres que passarão por aqui com a autoridade do texto. O menino é sempre o filho da outra, sem nome, distante e desconhecida. Não acredito que o justo se mova pelo pensamento familista ou egoísta “do meu filho”, mas dado o nosso estado coletivo de apatia, recorro até mesmo a argumento de que desconfio para exercitar o espanto — e se o menino fosse seu filho?; e se você fosse a mãe ou pai dele? JORNAL ALÔ BRASÍLIA-DF 04/07/16 BRASÍLIA 06/07/16 PÁGINAS AMARELAS Entrevista – Michel Temer A Lava-Jato não vai abalar meu governo O presidente em exercício diz que é "zero" a chance de as investigações provarem algo contra ele e que a economia vai melhorar depois da definição do impeachment POLICARPO JUNIOR E THAIS OYAMA Perto de completar dois meses na Presidência da República, o presidente em exercício, Michel Temer, tem trabalhado até dezessete horas por dia — preço que paga por liderar um governo montado em prazo bíblico. Foram sete dias ao todo, segundo ele, um tempo exíguo que não foi definido apenas pelas circunstâncias, mas também por um distanciamento do poder que ele se autoimpôs às vésperas da votação do impeachment na Câmara para evitar a pecha de conspirador — já que, como diz, "o vice é sempre o principal suspeito". De segunda a sexta, o peemedebista continua morando no Jaburu, o belo palácio que Oscar Niemeyer projetou para parecer "uma casa de fazenda", e que lembra mesmo uma, mais ainda quando as galinhas que ciscam à beira do lago comparecem de surpresa às reuniões que o presidente em exercício faz na sala envidraçada voltada para o jardim. Lá, em entrevista a VEJA, ele defendeu as privatizações de tudo "o que for possível", revelou ser contrário à criação de normas para "disciplinar" as delações premiadas, mas disse considerar "discutível" a decisão que prevê a prisão imediata dos réus condenados em segunda instância. Ao comentar a possibilidade de o deputado Eduardo Cunha renunciar à presidência da Câmara, contou que o aconselhou a "meditar a respeito". Sobre ele próprio, afirmou ser "zero" a chance de ter uma acusação comprovada na Lava-Jato. Reclamou da "campanha" dos adversários e elogiou a mulher, Marcela, a quem julga "preparadíssima" para entrar na vida pública. A estreia, disse, se dará assim que ela se mudar para Brasília com o filho do casal, Michelzinho, o que deve acontecer em agosto, se tudo correr como se prevê e o hoje presidente em exercício se tornar o 37e presidente da República do Brasil. O senhor diz que teve apenas sete dias para montar o governo. Por quê? Quis esperar a votação da admissibilidade do impedimento pelo Senado. Apenas seis dias antes, quando se verificou que ela se daria, comecei a organizar o governo. Montar uma equipe em seis, sete dias é trabalho insano. Adotei como prioridade a área econômica, com atenção especial à questão do desemprego. Acho que fizemos da melhor maneira possível. O prazo curto explica escolhas que, logo depois, se mostraram equivocadas? Eu tinha de fazer uma boa equação com o Parlamento. Alguns ministros deixaram o governo assim que o meu partido declarou independência. Pelo menos um (refere-se a Henrique Alves, ministro do Turismo, acusado de ter recebido propina no escândalo da Petrobras) eu tinha até um dever moral de trazer de volta. O outro é o senador Romero Jucá, que é figura importante no plano governamental, conhece economia como poucos, tem uma capacidade de articulação extraordinária. Mas depois surgiu aquele acidente (o ministro apareceu em gravação tentando "estancar a sangria" da Lava-Jato). O terceiro é Fabiano Silveira (que deixou o Ministério da Transparência depois que apareceu em gravações criticando a Lava-Jato). Os três pediram para sair. Aliás, o Henrique até saiu antes que viesse à luz qualquer coisa. Ressalte-se: eles saíram de imediato, diferentemente do que se via antes. Esse será o procedimentopadrão de seu governo? 06/07/16 Procurarei tomar essa providência. Mas, antes, farei uma pré-avaliação. No Brasil, estamos perdendo um pouco a noção de que existe todo um processo. Hoje, basta alguém falar de alguém que ele já está pré-condenado. O senhor é a favor da prisão imediata do réu após a condenação em segunda instância? Como presidente em exercício, tenho de tomar muito cuidado com o que digo. Eu diria que é uma matéria discutível essa da prisão no segundo grau. E sobre as tentativas de restringir as delações premiadas? Pessoalmente, não sou favorável à mudança dos critérios da delação. Tal como está, considero que está bem. É claro que o sistema normativo exige que a delação seja comprovada. Ao afastar o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o Supremo invadiu a competência do Congresso? O Supremo muitas vezes decide segundo os princípios constitucionais, muitas vezes isso não está na letra da lei. Nesse caso, o próprio relator, adequadamente, foi buscar uma norma no Código do Processo Penal. Decisão correta, portanto. Prefiro só dar a opinião jurídica nesse caso. De zero a 10, qual é a possibilidade de a Lava-Jato abalar seu governo? Zero. Convenhamos, em 45 dias resolvemos o problema federativo no país com a dívida dos estados, aprovamos a Desvinculação de Receitas da União, a DRU, em duas semanas... No caso das estatais, o projeto estava parado no Senado. Votamos na Câmara. São exemplos de que a Lava-Jato não atrapalha em nada. E qual é a possibilidade de a Lava-Jato atingi-lo pessoalmente? O que houve é que fui presidente do partido por muitos anos. Entravam doações, todas oficiais. Há uma tendência para criminalizar as doações oficiais. É preciso separar bem o que é propina do que foi doação legal. O senhor presidiu o PMDB durante quinze anos. As investigações mostram que, nesse período, houve pagamentos de propina a José Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá e Eduardo Cunha... O senhor nunca suspeitou de nada? Eu cuidava das doações oficiais. Nunca soube que alguém pudesse dar verbas fora da doação oficial. E são afirmações que merecem comprovação, não são definitivas, têm de ser comprovadas. O que a interinidade o impede de fazer no governo? Embora sinta que a confiança no Brasil está começando a renascer, reconheço que o investimento estrangeiro está esperando para ver o que vai acontecer em agosto, na votação do impeachment. Tenho a impressão de que então se abrirá um novo campo. É a única observação que faço em relação ao, digamos, prejuízo da interinidade. Fora isso, só o lado pessoal. Como assim? Campanhas contra mim, por exemplo. Enquanto existir a interinidade, existe a perspectiva do retorno. E, enquanto existir a perspectiva do retorno, desejosos desse retorno se dedicarão a esse tipo de ação. Tentaram invadir o meu escritório em São Paulo. Outro dia, um grupo se postou em frente à minha casa e começou a gritar palavrões, assustando minha mulher e meu filho. Os dois ficaram chorando, foi muito desagradável. Do ponto de vista pessoal, sua vida mudou muito depois de o senhor assumir a Presidência? Comecei a compreender que a vida do presidente da República é muito devassada, não há como evitar. Hoje, não vou a cinema, não vou a restaurante, não ando mais na praça como fazia. Se eu for, vão dez seguranças junto. O senhor tem experiência nisso, mas a primeira-dama nem tanto. Mas graças a Deus ela é muito discreta, não se deslumbra com certas coisas. Evidentemente, vindo para Brasília, ela terá uma participação nas questões da área social, acho que será até útil para ela. Ela até hoje cuidou do nosso filho. Ela está preparada para a vida pública? Ah, preparadíssima. Ela tem 06/07/16 tranquilidade, especialmente em face da discrição. Vocês publicaram aquela reportagem "Bela, recatada e do lar". Eu gostei, ela também ficou feliz, mas os nossos inimigos nos bombardearam. "Está vendo: não trabalha, é do lar, fica em casa. Isso deve ser culpa do Temer, o Temer a impede." O senhor mandou impor restrições à equipe da presidente afastada Dilma Rousseff? Nenhuma restrição foi imposta. A equipe diz que ela foi impedida de usar os aviões da FAB. Ela não está em exercício. Portanto, não está exercendo funções públicas. Você tem transporte aéreo para funções atinentes ao governo. Mas ela começou a usar a estrutura oficial para participar de um movimento chamado algo como "mulheres guerrilheiras contra o governo e contra o golpe". Então, ficava esdrúxulo que a senhora presidente usasse o aparato governamental para fazer campanha contra o governo. Numa reunião com ministros, o senhor afirmou que o governo vai "privatizar tudo". O que quer dizer? Um Estado liberal como o nosso é poderoso na medida em que a iniciativa privada produz bons resultados. Vamos tomar o caso do emprego. A administração pública cria emprego? Não, você cria emprego quando as empresas prosperam. Então, quando digo "vamos privatizar tudo", não é tudo, claro. É: na medida do possível, devemos privatizar. Algum setor será blindado? A Petrobras, sem dúvida. Ela está muito ligada à ideia da nacionalidade, patriotismo. Correios? Isso já não me parece tão complicado. Bancos públicos? Não vejo como fazer isso. Muitos têm uma função social, como o BNDES e a Caixa Econômica. Mas tudo o que eu adiantar agora será um pouco irresponsável, isso demanda estudos. Talvez eu abra novas frentes na área de concessões. Vamos também incrementar as áreas de portos, aeroportos, onde elas já vêm sendo feitas, mas estão paralisadas. O senhor tem alguma viagem internacional prevista para quando, e se, se tornar presidente definitivo? Sim, quero buscar investimentos para o país. Pretendo ir aos Estados Unidos, aos Emirados Árabes e ao Japão. Essas viagens incentivam a aplicação do capital estrangeiro. Qual será a primeira medida se o senhor se tornar presidente efetivo? Há medidas que já estão sendo examinadas. A questão da Previdência, por exemplo. Elas demandam estudos e concertação nacional. Já fiz aqui no Jaburu duas ou três reuniões com as centrais sindicais, porque não dá para fazer uma coisa que vai gerar movimentos de rua, protestos. Tem de ter um mínimo de consenso. O senhor é favorável à redução da diferença do tempo de aposentadoria entre homens e mulheres para três anos? Defendo a ideia de que no caso da mulher haja uma pequena diferença. Agora, há algo interessante. A Constituição prevê o somatório de duas condições: idade e tempo de contribuição. Está escrito lá: na Previdência, você só pode se aposentar se reunir duas condições. A primeira: 65 anos, se homem, e 60 anos, se mulher. A segunda: 35 anos de contribuição, se homem, e 30 anos, se mulher. Agora, não sei o que aconteceu que, com o tempo, se entendeu que isso era uma alternativa e não um somatório das duas condições. As pesquisas de opinião lhe dão um alto índice de rejeição.Como interpreta esse resultado? Não estou preocupado com isso. Deve estar quem é candidato em 2018. Como eu não sou, não estou. Também, essas pesquisas acho que foram feitas até o trigésimo dia do governo, as pessoas ainda estão olhando. Mas a rejeição não aumentou, até caiu um pouco. Vamos avaliar daqui a um ano. O senhor não será candidato em 2018 nem na hipótese de seu governo ser um retumbante sucesso? Não preciso mais disso, com toda a franqueza. Já fiz muita coisa. Com muita discrição, claro, nunca fui carro alegórico, mas acho que já cumpri meu papel. E me convenci do seguinte: para exercer 06/07/16 certas funções, particularmente a de presidente, você precisa ter uma vida interior muito sólida, senão você não existe. Acho que eu tenho uma vida interior bastante sólida. O que é uma vida interior sólida? Ah, eu leio muito. O que o senhor tem lido? Tanta coisa. Tenho lido muitas biografias. A do Getúlio, por exemplo, os três volumes. E a poesia? Tem conseguido escrever? Não, não mais. O livro de poesias que publiquei foi meio brincadeira. Mas vou dizer uma coisa: desde pequeno, sempre quis ser escritor. Não tinha um autor preferido, sempre fiz uma leitura muito variada. Por exemplo, li todos os volumes do Ken Follett. Aqueles de mil páginas cada um: Os Sete Pilares da Sabedoria... Leio muito variadamente. Mas, em poesia, Vinicius de Moraes era o meu encantamento durante a faculdade. Tinha um colega que tocava violão muito bem, e nas festinhas ele cantava e eu declamava. Agora, se Deus quiser, meu segundo livro será um romance. Tenho tudo na cabeça. No dia em que eu parar, escrevo. Quem vai se apresentar como chefe de Estado na cerimônia de abertura da Olimpíada? Você se refere à eventual presença da presidente Dilma? Isso. Não me causa constrangimento. nenhum Mas o senhor ficará na posição destinada ao presidente da República? Suponho que sim. Eu sou o presidente em exercício. Mas, se pedirem que eu não vá, tudo bem, eu não vou. Mas vai soar estranho. Não tenho nenhum constrangimento. A regra é da boa educação pessoal e cívica. O senhor recebeu o deputado Eduardo Cunha no Jaburu no domingo passado. É adequado? Acho curioso. Quando eu recebia membros da oposição, isso era tido como traição no governo. Aqui você não pode conversar com certas pessoas. É o caso do Cunha. Mas, veja, ele é deputado, embora afastado é presidente da Câmara, é do meu partido, ficou muito tempo envolvido nas questões todas, e esteve comigo de fato aqui no domingo, veio conversar um pouco sobre o cenário político e a posição dele. Naturalmente, ele está angustiado. Muitos propõem que ele renuncie à presidência. E o senhor, o que propõe? Eu não dou muito palpite. É uma invasão nas questões mais íntimas dele. Mas, evidentemente, quando ele me contou isso, eu disse: "Você deveria meditar a esse respeito". Há risco real de o Tribunal Superior Eleitoral impugnar a chapa Dilma-Temer? Isso vai acabar com a decisão do impeachment. Se passar, é claro que a ação perde objeto, já que ela foi movida contra a presidente. A questão é saber se ela segue contra o vice-presidente. Pessoalmente, tenho defendido, e isso é um enfoque exclusivamente jurídico, a ideia de que o vice é uma figura institucionalmente apartada do presidente. É o que diz a Constituição. Depois, há a questão dos direitos individuais. Seria o primeiro caso em que a condenação de alguém repercute no outro. É como se você estivesse dirigindo um carro, tivesse um acidente, matasse alguém e a pessoa sentada ao lado também fosse condenada. Eu tenho essa visão jurídica. Se prosseguir o processo, tenho o dever de construir uma saída jurídica, que é o que farei. Além da chapa, havia uma parceria PT-PMDB no escândalo da Petrobras. O escândalo não é do partido, é de pessoas, pode acontecer. Se houve corrupção, foram pessoas que se corromperam. Não foi o PMDB que foi lá se corromper na Petrobras. Era possível um esquema envolvendo tantos valores e políticos tão importantes operar sem o conhecimento do presidente do partido? Claro, evidente. Eu não estou dizendo que tenham feito. O senhor ainda tem dúvidas? Estou dizendo que eu não tenho julgamento sobre isso. O GLOBO 03/07/16 EDITORIAL Paralisações agravam situação do ensino no país O ensino público no Brasil sofre de diversos males que não estão ligados, a priori, à capacidade cognitiva dos estudantes. Temos alunos motivados, como a carioca Lorrayne Isidoro, do Colégio Pedro II, classificada para representar o país na 16ª Olimpíada Internacional de Neurociência, na Dinamarca. Inteligências como a dela, certamente, são desperdiçadas por condições adversas dentro e fora das salas de aula. Faltam ao país uma política efetiva de atração e retenção de bons professores, baseada na meritocracia; material de apoio adequado; cuidados na primeira infância; definição de metas claras; e acompanhamento contínuo de desempenho, entre outras carências. O resultado é um desempenho ruim em testes internacionais. No Pisa, por exemplo, apenas 1,4% dos brasileiros chega aos níveis 5 e 6 (os mais altos), sendo que a média dos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é de 13,8%, e a de Cingapura, 42,4%. O que dizer, então, quando à precariedade estrutural se juntam greves longas, acompanhadas de ocupações que não permitem aos professores dar aula? Na Unicamp, alunos invadiram a sala para impedir o professor Serguei Popov de lecionar. A greve é um direito constitucional, mas as aspirações salariais não podem ser atendidas por um Estado estrangulado pela grave crise fiscal. Antes de serem legítimas, são reivindicações fora da realidade. A degradação do sistema teve uma contribuição decisiva dos governos Lula e Dilma Rousseff, que privilegiaram um programa de expansão do ensino universitário baseado em obras (novos prédios, novos campus) e crédito educativo sem limite. O dinheiro acabou, e agora se demonstra que a gestão de boa parte das universidades é desastrosa. Enquanto isso, estudantes deixam de aprender. Para se ter uma medida do estrago causado, a paralisação na rede estadual fluminense já inviabilizou o semestre letivo de cerca de 70 mil alunos. Não é o caso de se dizer que a reposição das aulas — quando ocorre — amenize o problema, porque a interrupção do calendário escolar dispersa os estudantes e vai contra o caráter gradativo e permanente do aprendizado. O pagamento dos dias parados — porque os governantes têm interesses político-eleitorais — só agrava a situação, contribuindo para tornar permanente a situação de greve. É mais um caso em que, pela leniência do administrador público, o interesse corporativo se sobrepõe ao coletivo. A sociedade paga duplamente. Primeiro, para manter um sistema de ensino que não funciona; depois, para sustentar greves contra seu interesse: a melhoria da qualidade da educação no país. O GLOBO 03/07/16 ECONOMIA Acionistas da Estácio resistem em aprovar proposta da Kroton Negociação já teve o aval do Conselho. Família Zaher estuda fazer outra oferta Os acionistas da rede de faculdades Estácio ainda não se dobraram à oferta de compra feita pela rival Kroton, avaliada em R$ 5,5 bilhões e cuja aprovação pelo Conselho de Administração do grupo carioca foi anunciada na sexta-feira. O Clube de Investimento TCA, composto pela família Zaher e que detém participação de 14,13% na companhia, montou uma equipe para avaliar a possibilidade de efetivar uma proposta própria para adquirir o controle da universidade carioca em conjunto com bancos e parceiros, afirmou uma fonte próxima às negociações. O TCA já havia enviado carta à Estácio informando que planejava fazer uma oferta pública para adquirir o controle da companhia, comprando entre 50% mais uma ação e 75% do capital da empresa. E, agora, segundo essa fonte, teria contratado o advogado Marcelo Trindade, ex-presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para avaliar a possibilidade de estruturar a oferta. Ainda que o Conselho de Administração decida pela convocação de assembleia para votar a proposta da Kroton, os Zaher podem correr por fora e montar outra operação, desde que dentro do prazo estipulado pela CVM. A autarquia determinou que, até o dia 19 deste mês, o TCA publique os termos da oferta pública ou declare que não tem interesse em adquirir o controle da Estácio por um período de seis meses. — O TCA decidiu avaliar uma oferta depois de conhecer o conteúdo da primeira proposta da Kroton, que era de 0,97 ação da Kroton por cada papel da Estácio. O preço foi visto como absurdo. Em uma segunda proposta, e depois da Ser (Educacional) também rever sua oferta para cima, chegou a 1,32. Mas o TCA buscava 1,40 — afirma essa fonte. ‘AINDA NÃO HOUVE NEGÓCIO’ Na próxima quinta-feira, haverá nova reunião do Conselho de Administração da Estácio, para novamente apreciar a oferta da Kroton. Se aprovada, será convocada uma Assembleia Geral, provavelmente para 30 dias depois, quando a transação seria então votada pelos acionistas da empresa. Chaim Zaher, que integra o TCA e é hoje presidente da Estácio, limita-se a dizer que todas as propostas estão sendo estudadas, pois não há negócio fechado. — O Conselho de Administração não tem poder para aprovar a negociação. O que houve foi o aceite dos termos financeiros propostos. Ainda haverá outra reunião para avaliar a oferta e, só depois, vai para a assembleia — explicou o presidente da Estácio. — Alunos e professores não têm razão para ter medo porque ainda não houve negócio. A disputa pela Estácio esquentou no início de junho, quando a Kroton anunciou que faria uma proposta pela universidade carioca. A Ser Educacional, outra rede privada de educação, antecipouse e apresentou oferta pela Estácio. O movimento fez com que a Kroton elevasse sua proposta, passo que a Ser acompanhou. Por fim, a oferta aceita pelo Conselho da Estácio, incluindo pagamento de dividendos, chega a 1,32 ação da Kroton para cada uma da Estácio. FOLHA DE SÃO PAULO 03/07/16 COTIDIANO Famílias trocam babá e escola por novos espaços infantis em SP Babá, televisão, colégio integral, escolinha de inglês, balé e natação. Famílias de São Paulo estão trocando tudo isso por espaços que oferecem brincadeiras, ensino de emoções e aulas de artes, esportes e idiomas em um só lugar. A maioria dos espaços, muitos com menos de um ano de idade, fica perto de colégios particulares na zona oeste de SP – especialmente em Pinheiros, mas não só. Por até R$ 3.000 por mês, recebem tanto crianças fora do horário de aula como aquelas que ainda não estão na escola. Os valores variam segundo a frequência –os pais podem optar por deixar os filhos ali por um período que varia de uma hora a todos os dias da semana. Há também programação de férias. Dois fatores influem na procura: a praticidade e a valorização de atividades lúdicas. Na Casa Ubá, aberta em 2015, panos, sucata e argila, entre outros materiais, ficam à disposição das crianças em uma casa na Vila Madalena. Educadores estão lá, mas são as crianças que inventam as brincadeiras. A proposta é que se relacionem entre si. "Hoje em dia, as crianças saem da escola e vão para a natação, depois outra aula. É tudo dirigido por adultos. A ideia é que aqui se reencontrem", diz Lilia Standerski, sócia do local com a também pedagoga Bruna Mutarelli. também oferece atividades lúdicas, mas tem como objetivo principal desenvolver capacidades socioemocionais como colaboração, solidariedade e criatividade. O trabalho com essas competências é feito dentro de uma grade que inclui, entre outras atividades, artes, circo e inglês. O projeto foi desenvolvido a partir de estudos de Leticia Lyle, uma das sócias, na Universidade Columbia, em Nova York. "Trabalhava com crianças e sentia que faltava uma boa gestão das emoções, por exemplo como lidar com frustração." A atriz Daniela Rocha preferiu levar sua filha de 2 anos lá a matricular a garota numa escola. "Não queria ainda uma rotina tão intensa", diz. A publicitária Suzana Duarte foi uma das que se entusiasmou com a proposta. Além do projeto, ela elogia o aspecto prático. "Deixo ele de manhã, depois ele almoça ali e o acompanham até a escola." Inaugurada neste ano, a Afterschool, em Alto de Pinheiros, COMODIDADE A demanda por negócios como 03/07/16 esse foi identificada logo no início pelos criadores da Oficina Toka, na Vila Madalena, pioneira nesse nicho. Inaugurado em 2012, o espaço recebe 300 crianças para artes, brincadeiras e esportes. O filho da consultora Sandra Pimentel é uma delas. "Prefiro que as crianças façam escola integral ou cursos paralelos em vez de ficar em casa ou com uma cuidadora." Mudanças na lei ajudam a explicar a procura, diz Roberto Sonnewend, um dos sócios. "O trabalho doméstico encareceu, e famílias passaram a questionar a qualidade do tempo dos filhos em casa." Em São Paulo, segundo o Datafolha, a remuneração média de uma babá varia de R$ 1.659, para a que não dorme no emprego, a R$ 2.160 para a que dorme. Não à toa, um dos dos programas mais disputados na Toka é o noturno: uma sexta-feira por mês, pais podem deixar no local seus filhos das 19h às 23h. Com tanta demanda, o setor só tende a crescer, avalia outra pioneira no ramo. "No início, perguntavam 'por que trazer minha filha para brincar aqui se posso ir para a pracinha?'", diz Luciane Motta, diretora da Casa do Brincar, aberta em 2009. "No futuro, acho que seremos em número igual ao de escolas." O ESTADO DE S. PAULO 03/07/16 METRÓPOLE Haddad reduz ronda escolar e põe Guarda para fiscalizar camelô e multar LUIZ FERNANDO TOLEDO O ESTADO DE S.PAULO Total de unidades atendidas pelo programa até junho caiu 57,9%, em comparação com 2013, e as rondas diminuíram 66,3% no mesmo período A gestão Fernando Haddad (PT) esvaziou o programa de segurança escolar feita por guardas-civis metropolitanos (GCMs). Desde 2013, primeiro ano de Haddad à frente da Prefeitura, guardas que monitoravam o entorno de escolas municipais de ensino fundamental, pré-escolas e creches têm sido deslocados para as outras atribuições, como policiamento florestal, acompanhamento do programa De Braços Abertos, na Cracolândia, e fiscalização do trânsito, entre outras funções. Neste ano, foi registrada o menor número de rondas de toda a gestão. Neste período, as atribuições da GCM se diversificaram. Foram criadas três inspetorias da guarda florestal, com um efetivo de 700 guardas-civis. Outros 250 guardas foram deslocados para o programa De Braços Abertos e 800 estão atuando no combate ao comércio informal, em substituição aos policiais militares que participavam da Operação Delegada. Além disso, desde setembro do ano passado, 80 guardas atuam com radares-pistola nas Marginais do Pinheiros e do Tietê, usados para fiscalizar motos. O governo municipal admite que houve diminuição do programa escolar, mas promete chegar a 300 unidades atendidas por 800 GCMs a partir de agosto. A justificativa é que houve aumento das atribuições da guarda sem ampliação do efetivo. O secretário municipal de Segurança Urbana, Benedito Mariano, também promete nomear 500 GCMs dos 2 mil aprovados em concursos em 2013. A prioridade será reforçar a ronda escolar (mais informações nesta página). Bico. Para minimizar a falta de segurança, a Prefeitura tem oferecido aos guardas que fiquem em postos fixos nas escolas consideradas mais “problemáticas” nos dias de folga, o chamado “bico oficial”. O número de escolas com policiamento fixo aumentou – eram 52 unidades em 2013, ante 75 neste ano. Mas esta ação contempla parcela pequena da rede, que tem 1.424 unidades próprias e outras 2.025 conveniadas (administradas por entidades privadas). E há, no total, só 200 guardas nestes colégios – 3,3% do efetivo. Além disso, 553 escolas têm segurança privada, que cuida da preservação dos bens materiais, ao custo médio de R$ 15 mil por unidade, prioritariamente no 03/07/16 período noturno. Nesta modalidade, os agentes não podem usar armas. Para o presidente do Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos de São Paulo (Sindguardas-SP), Clóvis Roberto Pereira, o principal motivo para o esvaziamento é a redução no efetivo. “No final de 2004, tínhamos 6.183 GCMs e a principal atividade era o policiamento escolar. Hoje, são 6.005. Temos menor efetivo e muito mais atribuições. Você tem o cobertor curto e acaba priorizando uma coisa ou outra.” Desânimo. Sob condição de anonimato, o Estado conversou com um GCM que está há 20 anos na corporação. Ele relata sobrecarga no trabalho e desânimo com a profissão. “Quando a pessoa entra numa corporação policial, entra com uma vontade instigante de trabalhar. O salário parece bom no começo, se comparado com o mínimo que se recebe na iniciativa privada. Mas, quando você faz a relação com a responsabilidade que leva nas costas, fica indignado. Muita gente está saindo porque não aguenta mais ficar na corporação.” Um dos maiores problemas, segundo o GCM, é que a falta de efetivo faz com que muitos trabalhem dobrado e não consigam tirar folgas. “Posso trabalhar no radar e no mesmo dia receber uma missão de ronda escolar. A carga de estresse é tão grande que muita gente pega licença. Com efetivo baixo e falta de concurso, quem está trabalhando, trabalha por duas ou três pessoas”, disse. Outro problema relatado por ele é o assédio moral. “Há muita perseguição. Um exemplo: muitas vezes não chega o uniforme para trabalhar, e aí precisamos comprar do nosso bolso. Se você não compra, o chefe pode até pedir sua transferência para outro lugar. Se você pede uma folga, dizem que vão dar. Aí, de última hora, cancelam e você precisa desmarcar todos os planos. Isso desgasta muito o agente.” O ESTADO DE S. PAULO 03/07/16 METRÓPOLE Entrevista / Benedito Domingos Mariano ‘Diminuiu, mas vamos retomar o atendimento’ Secretário de Segurança Urbana afirmou que sua prioridade é contratar mais 500 GCMs no segundo semestre LUIZ FERNANDO TOLEDO O ESTADO DE S.PAULO Por que houve diminuição no efetivo das rondas? A guarda está na cidade inteira. Inauguramos três inspetorias ambientais, não existia nenhuma. São Paulo tem uma área extraordinária de proteção ambiental. Há GCMs na operação do programa De Braços Abertos, que deve se tornar uma inspetoria de redução de danos. A segurança escolar diminuiu muito, mas eu quero retomar a prioridade. Por que não contrataram os 2 mil GCMs do concurso de 2013? Eu já fiz três reuniões com o sindicato. Todos serão chamados até o final de 2017, não há possibilidade de não serem. Nós estamos trabalhando para chamar 500 em 2016 e, no segundo semestre, vamos começar a preparar o orçamento de 2017, deixando recursos para chamar o restante. A gestão do prefeito Fernando Haddad foi a primeira a fazer concurso depois de 10 anos. Aumentou muito a demanda e não fizeram concurso. Como será a ampliação da GCM nas escolas? Hoje, nós atendemos 75 escolas com policiamento fixo de 200 guardas. Eu flexibilizei a possibilidade de se fazer atividade delegada (bico oficial) especificamente nas escolas. Nós acreditamos que, com isso, vamos cobrir, a partir de agosto, 300 escolas, com 800 GCMs. E se tivermos autorização para contratar mais 500 GCMs no segundo semestre, a maioria vai para a segurança escolar. É a minha prioridade. O uso do radar-pistola não prejudicou a ronda escolar? Não. São só 80 guardas neste serviço. CORREIO BRAZILIENSE O triste hoje da UnB É do mister das universidades se ocuparem da universalidade do conhecimento, em todos os pontos cardeais. Portanto, nada do que é humano deve escapar da análise crítica desses centros do saber. Pelo menos é assim que deveria ser num mundo ideal. No caso das universidades brasileiras, o reconhecimento natural sobre a função de pensar a sociedade vem sendo atropelado por uma espécie de niilismo político que se imiscuiu entre nossos pensadores, turvandolhes a visão e a mente. Nos últimos anos, a ascendência exacerbada dos partidos políticos e seus credos sobre o funcionamento material e intelectual de nossa universidade vêm, aos poucos, subtraindo-lhes a primazia do saber, substituída por uma espécie de gosma inócua, que busca uniformizar uns e alijar outros, pespegando-lhes a tatuagem de golpistas ou coisa que o valha. Infelizmente a UnB, como as demais universidades públicas, não escapou desse vendaval, e vem sendo abduzida por esses cantos de sereia. O que, à primeira vista, parece tingido pelos matizes da pluralidade, esconde, no seu âmago, um ódio ao diferente. O surrealismo da situação atual fez daquele professor que simplesmente quer ministrar suas aulas um corpo estranho nesse turbilhão. Cartas de funcionários da UnB recebidas por esta coluna — 03/07/16 que, por motivos óbvios, pediram sigilo do missivista — ajudam a elucidar a situação vivida em nossas academias. Uma delas explica que o PT adotou a estratégia em outra década de controlar os sindicatos dos professores e daí, mediante eleição, controlar as reitorias. As greves eram 80% políticas. Foram bem-sucedidas. Hoje, controlam 90% ou mais das reitorias, diz nosso missivista. Aparelham as administrações e usam recursos e políticas para fortalecer seu partido. Trabalham para destruir possíveis adversários. Com a mudança dos ventos, provocada pela Operação Lava-Jato e pelo processo de impeachment, houve sensível diminuição no apoio ao PT. O seu lugar foi imediatamente tomado por uma franja do mesmo naipe. O PSol tentou o mesmo caminho e hoje controla a Andes, vários sindicatos e algumas reitorias, com destaque para a UFRJ, a maior universidade federal. Dentro da universidade, quem se atreve a defender o impeachment vira uma espécie de barata kafkiana e tem de se esconder dos demais. Nos países desenvolvidos, a liturgia é diferente. Conselhos de luminares (scholar) escolhem os dirigentes, com maioria de gente externa. Darcy Ribeiro vislumbrou o mesmo para a UnB. Pelo menos é o que está na Lei 3.998/61 e no Decreto 500, de fevereiro de 1962. Ele foi contra as eleições gerais. O governo FHC regulamentou o processo eleitoral, reservando 70% do peso ARI CUNHA aos votos dos docentes. A UnB vem ignorando a lei desde 2008, adotando a paridade de 1/3 do peso para docentes, técnicos e alunos. “Eleição geral para reitor é uma invenção da esquerda brasileira. Não acontece em nenhum país desenvolvido, nem em Cuba, nem na China. As esquerdas latino-americanas são únicas no mundo que vivem no passado, lutando contra a ditadura até hoje,” descarrega o funcionário. A rigor, no Brasil, não se tem uma direita, muito menos uma esquerda. O que existe, de fato, são aqueles grupos que estão acima (no poder) e o restante, situados abaixo. No meio desses grupos, fica uma grande maioria silenciosa, indiferente e descrente. Em outra carta, um dos professores descrentes desabafa: Tenho vários amigos que lecionam na UnB que desistiram de tudo e passaram a construir a vida ao largo da vida acadêmica. Agem como estrangeiros. Vão para as aulas, dão as aulas e voltam para casa. Se quiserem entrevistá-los, o último lugar em que vão encontrá-los é no Minhocão. Preferem andar quilômetros a encontrar com colegas. História de Brasília Com isto ficariam satisfeitos os ministros militares, que já se haviam pronunciado abertamente quanto à volta do sr. João Goulart ao país, como “inconveniente para a segurança nacional”. (Publicado em 9/9/1961) CORREIO BRAZILIENSE 03/07/16 À QUEIMA-ROUPA Professor Reginaldo Veras Deputado distrital (PDT) A Câmara Legislativa aprovou o projeto de lei que obriga as escolas públicas a incluírem em seus currículos debates sobre “valores de ordem familiar”. Por que o senhor votou contra a proposta? Porque é inconstitucional. Alterações curriculares são prerrogativas do MEC. Os temas transversais estão definidos nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e o primeiro é ética e moral: respeito mútuo, solidariedade etc. Logo, o que o projeto propõe já está legislado. Como discutir valores familiares nas escolas sem entrar em temas controversos ou doutrinários? Impossível numa escola libertária, democrática, crítica, participativa e preocupada com a formação da cidadania plena. Alguns professores têm ligações partidárias. Acha correto tratar de política nas escolas, por exemplo, defendendo que o impeachment da presidente Dilma Rousseff foi golpe? A escola é um espaço de debate democrático e formação da cidadania. É possível abordar CIDADES - EIXO CAPITAL ANA MARIA CAMPOS tudo, contanto que seja de forma plural e dando espaço ao contraditório. Como tratar de temas da atualidade sem influenciar a opinião dos alunos? Respeitando a opinião dos estudantes. A relação professoraluno no processo de ensinoaprendizagem é uma via de mão dupla: o mestre ensina e aprende concomitantemente. Na sua opinião, qual foi o principal tema discutido pela Câmara Legislativa no primeiro semestre? Indubitavelmente, considerando o envolvimento da sociedade, a regulamentação dos aplicativos de mobilidade urbana, a exemplo do Uber, em que me manifestei pela liberação total do serviço. Como anda a relação do governador Rodrigo Rollemberg com a Câmara? Ainda conturbada. Sem uma base sólida definida e com dificuldades de articulação. Acha que ele inaugurou uma nova forma de negociação com os deputados distritais? Houve avanços? Ele tentou. Os avanços foram pequenos, em virtude da dificuldade de, em pouco tempo, mudar formas decadais de negociação. Muitas, ao longo da história, até pouco republicanas. CORREIO BRAZILIENSE 03/07/16 CIDADES - EIXO CAPITAL ANA MARIA CAMPOS Personal trainer público Se depender da Câmara Legislativa, cada ponto de encontro comunitário espalhado pelo Distrito Federal terá um professor de educação física na supervisão dos exercícios. Será uma espécie de personal trainer público. Tem sentido? De autoria do deputado Juarezão (PSB), o projeto foi aprovado em segundo turno na semana passada. Vai ser difícil para o governador Rodrigo Rollemberg vetar a proposta do distrital de seu partido. JORNAL DA COMUNIDADE - DF 03/07/16 OPINIÃO CLDF limpa a pauta cedo Ninguém acreditava na promessa da presidente da Câmara Legislativa do DF (CLDF), deputada Celina Leão (PPS), de que o encerramento dos trabalhos do primeiro semestre de 2016 seriam encerrados mais cedo e não iriam entrar pela madrugada. Ela falou e cumpriu, com a ajuda dos demais deputados distritais. Assim, a última sessão ordinária do semestre, foi encerrada por volta das 21h20, após muitas discussões e decisões. Celina destacou que naquele momento de finalização das atividades, havia um clima de dever cumprido. E que não sair do plenário de madrugada foi uma quebra de paradigmas e fato inédito. A justificativa para isso foi a organização dos parlamentares e a criação de um cronograma que permitiu a organização dos trabalhos com antecedência e a obediência a este. Celina disse que quando você cria um cronograma de trabalho e se estabelece regras, fica garantido um prazo de trabalho, e se cumprido, favorece a um bom resultado. E isso para ela não é só para os parlamentares, mas é o que a sociedade espera dos seus representantes no Legislativo. O cronograma estabeleceu que os projetos dos deputados fossem discutidos exaustivamente nas comissões de direito de cada um, fossem ao Plenário os projetos para serem apreciados em primeiro turno, depois daqueles para ser votados em segundo turno. Tudo acordado nas reuniões nos Colégios de Líderes, semanalmente. Isto fez com que os trabalhos fluíssem e não ficassem muitas matérias para a última sessão. Mas a presidente da CLDF, deputada Celina Leão, fez duras críticas, mais uma vez, pelo fato do Poder Executivo ter enviado projetos na última hora, classificando isso como um desrespeito do Poder Executivo com o Poder Legislativo. E disse que os parlamentares só acataram e votaram os projetos de urgência do Executivo. Exemplo disso foi o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO) de 2017 ficou por último. Ele recebeu 132 emendas dos parlamentares e foi aprovado com 19 votos favoráveis. Várias propostas que eram aguardadas para serem votadas, em segundo turno, tiveram um final feliz, como a proposta que cria 250 cargos em comissão na Defensoria Pública do DF. A vibração veio das galerias com a participação maciça de servidores que torciam para esse desfecho positivo. O projeto dos ‘puxadinhos’ que era aguardada pelos comerciantes garantiu que fica estendido até 30 de outubro o prazo para que comerciantes da Asa Sul possam requerer a regularização dos “puxadinhos”. Também, com empenho dos deputados, o projeto do GDF que autoriza o governo a pagar a taxa de inscrição no Programa de Avaliação Seriada (PAS), da Universidade de Brasília (UnB), mesmo tendo chegado de última hora, sensibilizou os parlamentares que votaram em favor dos estudantes. O projeto prevê que alunos da rede pública, com renda per capita familiar de até dois salários mínimos, prevê a isenção da taxa. Os recursos virão de emendas parlamentares. Estima-se que o custo do benefício seja de R$ 2,5 milhões ao ano para 30 mil alunos. Os estudantes também tiveram outra vitória: a aprovação da ampliação do passe livre estudantil para até um ano após o término do ensino médio, com o objetivo de terem direito ao benefício para preparação ao ensino superior. Ao final dos trabalhos, após esgotar a pauta, Celina agradeceu o empenho dos deputados que participaram dada sessão, votando matérias de interesse da sociedade do DF durante todo o semestre. Este é o exemplo que a CLDF dá, colocando a população em primeiro lugar! JORNAL DA COMUNIDADE - DF 03/07/16 EDUCAÇÃO Apenas 4,5% das escolas têm infraestrutura completa O país deveria ter definido parâmetros mínimos de qualidade dos serviços da educação Redação Comunidade Jornal da Fatores básicos, como acesso à água tratada e esgoto sanitário, ainda não são universais Apenas 4,5% das escolas públicas do país têm todos os itens de infraestrutura previstos em lei, no Plano Nacional de Educação (PNE), de acordo com levantamento feito pelo movimento Todos pela Educação. As condições de infraestrutura são mais críticas no ensino fundamental, etapa que vai do 1º ao 9º ano: 4,8% das escolas possuem todos os itens. No ensino médio, a porcentagem sobe para 22,6%. O levantamento foi feito com base no Censo Escolar de 2015 e levou em consideração o acesso a energia elétrica; abastecimento de água tratada; esgotamento sanitário e manejo dos resíduos sólidos; espaços para a prática esportiva e para acesso a bens culturais e artísticos; e, equipamentos e laboratórios de ciências. Foi considerada ainda a acessibilidade às pessoas com deficiência. Entre os itens mais críticos estão o laboratório de ciências – presente em apenas 8,6% das escolas públicas de ensino fundamental e 43,9% de ensino médio – e a quadra esportiva – presente em apenas 31% de todas as escolas públicas. Fatores básicos, como acesso à água tratada e esgoto sanitário, ainda não são universais, sendo verificados, respectivamente, em 91,5% e 37,9% das escolas públicas. “O percentual de escolas bem equipadas é super baixo. Em muitos casos estão questões básicas como água potável e esgotamento. Esse percentual não melhora notavelmente. O investimento nas escolas sem dúvida vai estar prejudicado com crise econômica”, diz a superintendente do Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco. Os itens são determinados no PNE, Lei 13005/2014, que estabelece metas e estratégias a serem cumpridas pelo país da educação infantil a pós-graduação, até 2024. O PNE estabelece também uma estratégia intermediária, de dois anos de vigência (prazo que terminou na última sexta-feira), quando o país deveria ter definido parâmetros mínimos de qualidade dos serviços da educação básica. Esses parâmetros seriam utilizados como referência para infraestrutura das escolas, recursos pedagógicos, entre outros insumos relevantes, bem como instrumento para adoção de medidas para a melhoria da qualidade do ensino. No entanto, isso não foi feito. “Esses parâmetros servirão de referência para a infraestrutura e demais insumos. A partir deles, poderíamos definir outra questão do plano, que é o financiamento com o CAQi [Custo AlunoQualidade inicial]”, diz Alejandra. Os itens já expressos na lei deverão estar presentes nas escolas até 2024. A definição clara de parâmetros de qualidade, no entanto, poderá orientar melhor a infraestrutura e os gastos com educação. Segundo Alejandra, enquanto alguns aspectos do PNE – como o financiamento e a Base Nacional Comum Curricular – têm mais destaque, o básico, que é definir uma cesta de insumos necessários, não tem sido discutido. Na opinião dela, trata-se de um assunto complexo e que varia conforme cada localidade do país. “Vai depender de itens que são 03/07/16 necessários em diferentes lugares, de condições climáticas distintas. Isso que não vem sendo discutido, como lidar com a desigualdade no pais. Têm redes mais estruturadas, têm outras que precisam começar do zero, mesmo dentro das grandes metrópoles”. (Mariana Tokarnia – Repórter da Agência Brasil). Plano Nacional de Educação completa dois anos com atraso O Plano Nacional de Educação (PNE) completa dois anos. De acordo com a norma, a esta altura, o Brasil já deveria ter definido um custo mínimo para garantir a qualidade do ensino no país, uma política nacional de formação para os professores e, até o final do ano, estar com todas as crianças e jovens de quatro a 17 anos matriculados nas escolas. No entanto, a realidade não é essa. O PNE – Lei 13.005/2014 ainda não saiu completamente do papel. Para o cumprimento integral do plano até 2024, o Brasil teria até o dia 24 para definir estratégias consideradas fundamentais, já que a lei data de 25 de junho. “Infelizmente, não vamos cumprir as metas para o segundo ano, em um cenário em que o plano está escanteado. Não é só por política ou crise econômica, não se vê dos governantes nenhuma disposição em colocar o PNE como prioridade”, diz o coordenadorgeral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara. O PNE estabelece 20 metas para serem cumpridas até 2024. Para chegar ao objetivo, há estratégias e metas intermediárias. A lei trata do ensino infantil à pósgraduação, inclui a formação de professores e o investimento no setor, que deverá sair dos atuais 6,6% para 10% do Produto Interno Bruto (PIB). Levantamento da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, diz que nenhuma das metas do PNE foi cumprida integralmente. Estrutura x Qualidade Não há uma comprovação unânime entre os estudiosos de que melhor infraestrutura significa necessariamente maior qualidade da educação. Para o professor da Universidade de Brasília Joaquim Soares Neto, no entanto, esse fator faz diferença no contexto brasileiro. “Na realidade brasileira, infraestrutura está sim relacionada com qualidade de ensino. Temos uma grande desigualdade de infraestrutura e infelizmente as escolas menos equipadas atendem os alunos mais carentes. Os alunos vêm com uma dificuldade devido a diversos fatores e ainda chegam a escolas menos preparadas”, diz. Soares, que é membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e já foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Em 2013, Soares divulgou um estudo no qual cria uma escala para os itens de infraestrutura presentes na escola. Segundo o levantamento, a maior parte das escolas brasileiras (84,5%) apresenta uma estrutura elementar ou básica. Isso significa que tem apenas itens como água, banheiro, energia, esgoto e cozinha. Na outra ponta, 0,6% das escolas apresenta uma infraestrutura considerada avançada, com sala de professores, biblioteca, laboratório de informática, quadra esportiva, parque infantil, além de laboratório de ciências e dependências adequadas para atender a estudantes com necessidades especiais. JORNAL DA COMUNIDADE - DF 03/07/16 EDUCAÇÃO Professores no Brasil ganham menos Os professores de nível superior no Brasil ganham menos do que outros profissionais com o mesmo nível de formação. De acordo com análise feita pelo movimento Todos pela Educação, os docentes recebem o equivalente a 54,5% do que ganham outros profissionais também com curso superior. A valorização dos professores é uma das metas do Plano Nacional de Educação (PNE), Lei 13.005, de 25 de junho de 2014, que completou dois anos. “Como é pouco atraente a carreira de professor, isso leva à desvalorização social. A carreira não é tida como uma boa opção profissional, diferentemente do que acontece nos países que estão no topo dos rankings internacionais. Além de serem carreiras atraentes, têm valorização social da função. Parte disso é decorrente da compreensão da sociedade de que educação importa”, diz a superintendente do Todos Pela Educação, Alejandra Meraz Velasco. O PNE estabelece metas e estratégias para serem cumpridas até 2024. A lei trata desde o ensino infantil até a pós-graduação. Uma das metas do PNE prevê a elevação do investimento em educação dos atuais 6,6% para 10% do Produto Interno Bruto (PIB) por ano, até o final da vigência. A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic/IBGE) diz que em 2014, 89,6% dos municípios brasileiros declararam ter plano de carreira para o magistério; metade deles diz ter ações de regulamentação e valorização do magistério e 65,9% afirmam ter adotado concurso público para a contratação de professores. Falta de verbas “Temos visto que para melhorar a educação são necessários três elementos: bom salário, boa carreira e boas condições de trabalho, que envolvem não só a hora-atividade, mas escolas bem equipadas e democracia na escola. Não adianta ter um só, tem que ter os três elementos”, diz a secretária-geral da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Marta Vanelli. Para os estados e municípios, falta verba para pagar os professores e até mesmo para cumprir a Lei do Piso. De acordo com levantamento da CNTE, mais da metade dos estados não pagam o piso salarial dos professores. Atualmente, o valor está em R$ R$ 2.135,64. Os entes defendem maior participação da União nos gastos, uma vez que é a que mais arrecada. CLÁUDIO HUMBERTO 03/07/16 DIÁRIODOPODER.COM.BR UNE PRESSIONA E AMEAÇA CÂMARA PARA ABAFAR CPI Com medo de ser investigada na CPI da UNE, já criada na Câmara, a União Nacional da Estudantes percebeu a fragilidade do presidente interino Waldir Maranhão (PP-MA) e o pressionou, ameaçando promover invasões e até vandalismo, inclusive no Ministério da Educação. Funcionou: Maranhão adiou a instalação da CPI, sem apresentar qualquer justificativa, provocando revolta entre deputados. CAIXINHA, OBRIGADO Os governos Lula e Dilma garantiram apoio da UNE (e seu silêncio, no mensalão e no petrolão), que levou ao menos R$ 44 milhões públicos. GURU DE MARANHÃO Atribui-se a Flávio Dino (PCdoB), governador do Maranhão, a ordem para o presidente interino da Câmara adiar a CPI da UNE. ASSIM É MOLE A pressão de Flávio Dino faz sentido: seu partido, PCdoB, controla há décadas a milionária UNE, com eleições indiretas marotas. QUE MEDO... Deputados dizem que a UNE incluiu o Planalto entre as ameaças de invasão, junto com MST e CUT, insinuando depredações. O GLOBO 02/07/16 O PAÍS Teori exclui acusações contra Mendonça Filho -BRASÍLIA- A pedido do procurador- geral da República, Rodrigo Janot, o ministro Teori Zavascki excluiu de um dos inquéritos da Operação Lava- Jato trechos de um documento com acusações contra o ministro da Educação, Mendonça Filho. No texto, que estava no inquérito sobre o ex-ministro Edinho Silva, Mendonça Filho aparecia como suspeito de receber propina da U TC no valor de R$ 100 mil na campanha eleitoral de 2014. Segundo a Procuradoria, o documento está defasado e foi incluído no inquérito sobre Edinho de forma involuntária. Investigadores teriam elaborado um relatório sobre as supostas ligações de Mendonça Filho com empreiteiras a par tir de mensagens encontradas no celular de Walmir Pinheiro, um dos executivos da UTC, que fez delação premiada. Numa primeira versão, chegou-se à conclusão de que as mensagens indicavam pagamento de propina disfarçada de doação eleitoral para Mendonça, então candidato a deputado federal pelo DEM de Pernambuco. "Além da pessoa do ministro Edson Antonio Edinho da Silva, foram encontrados indícios de possível recebimento de propina por parte do deputado federal José Mendonça Bezerra Filho, do DEM-PE", afirma o trecho do parecer do Ministério Público Federal. De acordo com o texto, a informação teria sido extraída de um dos celulares apreendidos em poder de Walmir Pinheiro. Tal informação, segundo disse o MPF, era "compatível com folha impressa identificando o partido Democratas e informando dados bancários de uma conta para doações de campanha eleitoral para o ano de 2014". Na anotação havia menção ao valor de R$ 100 mil e o nome "Dep. Mendonça Filho". O texto ainda dizia que também estava marcado "registro impresso do tesoureiro" do DEM, Romero Azevedo. Segundo a ProcuradoriaGeral da República, esta era uma análise preliminar. Investigações subsequentes teriam apontado a regularidade das doações, declaradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Mas, por um erro na catalogação, o documento acabou sendo incluído no pedido de abertura de inquérito formulado pelo procuradorgeral contra Edinho. O pedido de Janot tinha 27 páginas e foi encaminhado ao STF em 26 de janeiro deste ano. O nome de Janot aparece no final do parecer, mas o documento não está assinado pelo procurador-geral. Há duas semanas, o documento foi tornado público e teve for te repercussão. Ao rever os autos, o Ministério Público identificou a falha e pediu correção. Quando a notícia foi divulgada, em nota, o ministro negou ter recebido doação da UTC em 2014. "O deputado foi, à época, procurado por interlocutores da UTC oferecendo doação legal no valor de R$ 100 mil. Neste contato, Mendonça Filho disse que não quer ia essa doação, mas se a empresa quisesse doar para o partido o fizesse. A doação foi feita ao partido de forma legal e está registrada na prestação de contas do par tido de 2014, junto a Justiça Eleitoral", afirmou trecho da nota do ministro. O GLOBO 02/07/16 O PAÍS Pesquisa aponta 13% de aprovação do governo Temer -BRASÍLIA- A primeira pesquisa Ibope sobre a avaliação do governo do presidente interino, Michel Temer, mostra que apenas uma parcela muito pequena da população considera seu governo ótimo ou bom: 13%. Mas se sua aprovação é muito semelhante à da presidente afastada Dilma Rousseff, que em março tinha 10% nesse quesito, o peemedebista tem a seu favor um contingente maior da população que não considera seu governo nem positivo nem negativo. De acordo com a pesquisa divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), 36% consideram a gestão de Michel Temer regular, 13% não opinaram, enquanto os que consideram ruim ou péssimo o seu governo são 39%. Há três meses, 69% de entrevistados consideravam o governo Dilma ruim ou péssimo e 19% o avaliavam como regular — 1% não opinava. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou que a popularidade do governo interino ainda não é "o mais importante" e disse que os rumos da gestão estão certos. — Se estamos no rumo certo, a popularidade maior ou menor, o reconhecimento maior ou menor, ainda neste momento não é o mais importante. O mais importante é que a gente saiba o rumo que a gente quer — declarou o ministro, que ressaltou o prestígio da equipe econômica e a boa relação com o Congresso como vitrines da gestão Temer. PADILHA: "APROVAÇÃO BOA" A pesquisa mostra também que 31% dos entrevistados aprovam a maneira de Temer governar, enquanto 53% a desaprovam. No último levantamento referente à presidente afastada, Dilma Rousseff, em março, 14% aprovavam seu modo de governar, enquanto 82% desaprovavam. A pesquisa foi realizada entre 24 e 27 deste mês, com 2.002 pessoas em 141 municípios brasileiros, e tem margem de erro de dois pontos percentuais. De acordo com Eliseu Padilha, a "média" de aprovação do governo é boa com o pouco tempo de interinidade — cerca de um mês e meio. Em suas contas, o reconhecimento do governo deve subir nas próximas semanas. — Nós temos 47 dias de governo. Já conseguimos 13%. 02/07/16 Nesta velocidade, nos 90 dias devemos estar passando de 30% — afirmou. 77% são contra o peso dos impostos e 17% o considera adequado. Em comparação ao governo Dilma Rousseff, 44% dos entrevistados pelo Ibope consideram que a gestão Temer está sendo igual à da petista, 23% avaliaram que está sendo melhor, e 25% consideraram como pior o governo Temer do que o de Dilma. As notícias sobre corrupção continuam a liderar as citações espontâneas no levantamento CNIIbope. Dos 37% que responderam, 7% citaram o afastamento de ministros do governo por denúncias de corrupção; 6% falaram na Operação Lava-Jato; 3% lembraram do processo de cassação do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDBRJ); e outros 3% falaram genericamente em corrupção sem especificar o governo. No entanto, 63% dos entrevistados não lembraram de alguma notícia relacionada ao assunto sobre o governo. (Colaboraram Catarina Alencastro e Eduardo Barretto) As perspectivas com relação ao restante do governo são melhores que a avaliação atual, mas o saldo permanece negativo: 24% acham que a gestão Temer vai melhorar; 32% avaliam que ficará regular; e 35% disseram que vai piorar e ficar ruim ou péssimo. O ponto com maior índice de desaprovação de Temer é a carga tributária. Hoje, O GLOBO 02/07/16 ECONOMIA Gigante educacional -SÃO PAULO E RIO- Depois de uma reunião de mais de sete horas de duração, o Conselho de Administração da Estácio Participações decidiu aceitar a proposta da rival Kroton. A operação dará origem à maior empresa do setor educacional do mundo, tanto em valor de mercado como em número de alunos — 1,6 milhão. A companhia formada pelas duas instituições valerá US$ 8,5 bilhões (ou R$ 27,2 bilhões), levando em conta o preço de suas ações na quinta-feira. Ainda assim, há visivelmente um racha entre os executivos da Estácio. Segundo fontes que acompanharam a reunião, a empresa só baterá definitivamente o martelo sobre a operação depois de agosto. Até lá, dependendo do encaminhamento dos termos da oferta da gigante do ensino superior, a Estácio continuará avaliando outras propostas, afirmou uma fonte próxima às negociações. Um ponto importante para o grupo carioca é a manutenção do nome da universidade. Esses números vão lhe garantir uma grande folga em relação ao segundo lugar do setor, de acordo com ranking elaborado pela CM Consultoria. A segunda maior companhia, no mundo, passará a ser a chinesa New Oriental, que vale US$ 2,9 bilhões (ou R$ 9,3 bilhões) e tem cerca de 700 mil alunos. Em terceiro lugar, aparece a americana Devry, com US$ 2 bilhões (ou R$ 6,6 bilhões), que adquiriu o Ibmec-RJ no fim de 2015. "HABILIDADE NA NEGOCIAÇÃO" A operação, que envolve troca de ações entre Estácio e Kroton, é avaliada em cerca de R$ 5,5 bilhões. O negócio ainda depende de votação dos acionistas e da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). — A Kroton é igual a sucuri, que engole o boi inteiro. Eles não olham para coisa pequena — resumiu Carlos Monteiro, da CM Consultoria. Para convencer a Estácio, a Kroton, que fez sua primeira proposta em 2 de junho, elevou sua oferta de troca de ações durante a madrugada de ontem, de 1,25 para 1,28 ação por cada papel da Estácio. Também foi incluída a distribuição de R$ 170 milhões em dividendos. Com isso, a relação de troca sobe ainda mais: 1,32 ação da Kroton para cada papel da Estácio. Enquanto a transação vai sendo costurada ponto a ponto, as ações da Estácio decolam. Somente ontem, subiram 1,47%, enquanto a Kroton avançou 5,44%. Em 1º de junho, véspera do anúncio da proposta da Kroton, o valor de mercado do grupo carioca totalizava R$ 3,52 bilhões. Ontem, chegou a R$ 5,46 bilhões, quase um quarto dos R$ 23,22 bilhões da Kroton, graças a um salto de 58,47% em seus papéis. A gigante do ensino superior, contudo, se fechar negócio, terá garantido bom preço pelo ativo. No fim de 2014, pouco antes de o governo federal divulgar a mudança nas regras do Fies, a Estácio valia R$ 8,1 bilhões. A Ser Educacional, a terceira maior do mercado de educação (considerando apenas as empresas de capital aberto), com 150 mil alunos, também entrou na disputa pela Estácio, dois dias após o anúncio do que seria a primeira proposta da Kroton. E não parou por aí: 20 dias depois, foi a vez da família Zaher, segundo maior acionista da Estácio, com 14% da empresa, ir ao mercado comunicar seu interesse de comprar o controle do grupo carioca. Ontem, a Estácio informou, por meio de nota, que seu conselho se reunirá no próximo dia 8 para reavaliar todas as condições da proposta da Kroton e, então, convocar a assembleia de acionistas para votar a venda. "O Conselho de Administração 02/07/16 da Estácio, em reunião realizada ontem, manifestou que está de acordo com os termos econômicos da nova proposta da Kroton, desde que os demais termos da operação sejam estabelecidos de forma satisfatória", diz o documento, sem detalhar quais seriam esses termos. Até 8 de julho, a expectativa é de fortes negociações quanto aos termos gerais do negócio. — Parece haver um consenso quanto ao preço, mas não quanto à forma do negócio. A Estácio vem demonstrando grande habilidade de negociação, reorganizando o tabuleiro da disputa pela companhia a seu favor. Questões de governança e controle não estão claras e são áreas difíceis de convergir no modelo de união Kroton e Estácio — avaliou Adeodato Volpi Netto, da Eleven Financial Research. Chaim Zaher afirmou em entrevista ao GLOBO, no mês passado, que seria difícil fazer mudanças na governança da companhia, cujo capital é pulverizado em Bolsa. Ele afirmou ainda que seria importante que o nome Universidade Estácio de Sá fosse preservado. João Cox Neto, presidente do Conselho de Administração da Estácio, por sua vez, argumentou, também em entrevista ao GLOBO, que as primeiras ras ofertas de Kroton e Ser pela empresa carioca estavam abaixo do valor desejado. De acordo com executivos que acompanham as negociações, 52% dos acionistas já haviam se declarado a favor da união com a Kroton. Parte dos acionistas da Estácio tem participação no capital da concorrente, o que deu força à decisão. Já a família Zaher seria contrária à venda. A elevação da proposta da Kroton foi uma surpresa para o mercado, já que a empresa garantira que a oferta anterior (de 1,25 ação para cada papel da Estácio) era final — a primeira considerava 0,97 ação da Kroton para cada da empresa carioca. BOM PARA OS ACIONISTAS A disputa pela Estácio, iniciada em 2 de junho, foi acirrada. A Estácio atraiu a atenção dos concorrentes por causa do seu crescimento acelerado (em número de alunos) no ensino à distância (EAD), que tem custo baixo e é focado na classe C. Além disso, a forte presença no Rio — mercado considerado difícil para quem é de fora, tanto por causa dos aluguéis altos como dos bons salários de professores oriundos de um sindicato atuante — foi decisiva para transformar a empresa na bola da vez. O Brasil tem quase 2.100 instituições de ensino superior privado, que concentram 75% dos alunos dessa faixa. As operações de fusão e aquisição, com a chegada de estrangeiros ao país, começaram a crescer em 1996, quando uma lei permitiu a abertura de capital de universidades com fins lucrativos. A onda mais forte de consolidação teve início em 2007. Entre as marcas da Kroton estão Anhanguera, Unic, Unopar e Pitágoras. O crescimento da Kroton se intensificou a partir de 2010, com uma série de aquisições, como as do Grupo Iuni Educacional e da Universidade Norte do Paraná (Unopar). Em 2013, a Kroton realizou o que havia sido o maior movimento de sua história: a fusão com a Anhanguera, quando se tornou líder brasileira em ensino presencial e ensino à distância. Agora, o negócio com a Estácio assume o lugar de maior fusão de sua história. Segundo especialistas, a fusão é um bom negócio para os acionistas, mas nem tanto para o mercado de educação brasileiro. Os ganhos com sinergias decorrentes da operação são estimados em pelo menos R$ 4 bilhões. — O modelo de negócios da Kroton já é conhecido e passa por redução de custos por meio do corte de pessoal e manutenção de preços ao estudante, para que as margens de lucro cresçam — disse André Ramos, professor da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). 02/07/16 O GLOBO 02/07/16 ECONOMIA União de Kroton e Estácio pode enfrentar resistência no Cade -RIO, BRASÍLIA E SÃO PAULO- Caso Kroton e Estácio oficializem a união, o negócio entrará em uma fase desafiadora, que será a aprovação do acordo pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que regula a concorrência no país. O gigantismo da companhia resultante pode se tornar um entrave para a aprovação do negócio, segundo relatório de análise de risco concorrencial preparado pelo escritório Tozzini Freire Advogados, a pedido da Estácio. Cade. A luz vermelha para o aval do Cade à fusão Kroton/Estácio reside sobretudo no EAD. A nova empresa teria 48% de participação nesse mercado em âmbito nacional, com concentração relevante em 15 cursos. Em sete deles, a participação combinada das empresas superaria os 50%. Já no recorte por mercados municipais, seriam 524 sobreposições significativas, em 73 localidades. Haveria participação acima de 60% em 415 mercados — em 208 destes, superando 90%. A operação pode enfrentar resistência por ser apresentada apenas dois anos após a união Kroton/Anhanguera, quando o Cade expressou preocupações concorrenciais e considerou a Estácio o mais agressivo rival do grupo que surgia. A Kroton reconhece que a sobreposição no ensino à distância vai resultar em medidas fortes do Cade. O segmento, porém, representaria apenas 2,5% da receita total da companhia que surgiria da fusão com a Estácio, segundo uma fonte próxima ao comando da Kroton. — Certamente o Cade vai impor restrições ao negócio, como fez quando a Kroton comprou a Anhanguera. A tendência é que haja mais determinações de venda no segmento de ensino à distância, onde a concentração será ainda maior — disse Romário Dazel, consultor na área de mercado educacional da Hoper. Na ocasião, a Kroton precisou vender a Uniasselvi, de ensino à distância (EAD), por exigência do — Vai existir uma dificuldade no Cade, porque a concentração será inevitável, tanto no ensino à distância quanto no presencial — avaliou Carlos Monteiro, da CM Consultoria. OAB JÁ DENUNCIOU PROPOSTA O escritório Tozzini Freire não divulgou nem comentou o relatório de risco. Mas, segundo fontes, ele aponta concentração preocupante no ensino presencial em seis localidades: Niterói (RJ), Campo Grande (MS), São Luís (MA), Santo André (SP), Macapá (AP) e Ribeirão Preto (SP). Isso exigiria desinvestimentos. Em algumas dessas cidades, a venda de apenas uma instituição de ensino não será suficiente para reduzir a concentração. Em Niterói, por exemplo, nos cursos de Arquitetura e Urbanismo e de Engenharia Elétrica, o grupo teria a totalidade da oferta. O risco de concentração vem despertando questionamentos. No mês passado, a Ordem dos Advogados do Brasil do Rio (OAB/RJ) apresentou uma denúncia ao Cade contra a possível fusão Kroton/Estácio, pelo risco de monopólio no setor. A entidade alega que a fusão pode resultar em aumentos abusivos de mensalidade e queda na qualidade do ensino. Os deputados Rodrigo Maia (DEM/RJ) e Vicente Cândido (PT/ SP) pretendem levar a discussão ao Congresso. Eles devem apresentar um requerimento em conjunto, na próxima semana, convocando o governo federal a se posicionar. — Queremos reapresentar esse debate de forma mais ampla. 02/07/16 Chamar o governo e as empresas para falar sobre a concentração no mercado privado de educação e em alguns programas, como o Fies. O MEC tem que se manifestar dentro do Fies — disse Maia, que defende a manutenção dos empregos na Estácio. Segundo o Cade, entre 2001 e 2015, foram analisados 62 atos de concentração de empresas de educação superior. Destes, 48 foram aprovados sem restrições, e 13, mediante alguma cláusula de não concorrência, assinatura de termo de controle de desempenho ou ato de controle em concentração. Só um foi arquivado. O GLOBO 02/07/16 ECONOMIA Clima de incerteza Enquanto a diretoria da Estácio está mergulhada em negociações, à beira de selar a união com o maior grupo de ensino superior do país, os estudantes da universidade afirmam estar à margem do processo e sem receber informações sobre os rumos que a instituição irá tomar. Há pouco mais de 15 dias, Rogério Melzi renunciou à presidência da Estácio. Ele foi substituído por Chaim Zaher, segundo maior acionista da companhia, com 14% das ações. — O Chaim tem uma relação agressiva com os estudantes. Ele se recusa a nos receber desde que assumiu (a presidência). E não apresentou o projeto dele para os estudantes em áreas como qualidade de ensino e sistema educacional. Não sabemos se vai haver aumento de mensalidade e outras mudanças — critica o advogado Victor Travancas, presidente da Federação Nacional dos Estudantes de Direito da Estácio. Em paralelo, a entidade se reuniu com Rodrigo Galindo, presidente da Kroton, e também com Janguiê Diniz, presidente do Conselho de Administração da Ser Educacional. — Os estudantes não são contra a venda da Estácio. Alunos e exalunos são mais favoráveis à união com a Kroton, por ter o capital pulverizado. Mas as duas proponentes garantiram que ofereceriam aos estudantes espaço para discutir reajustes de mensalidades e outras mudanças — diz Travancas. PREOCUPAÇÃO COM MUDANÇAS No mês passado, em entrevista ao GLOBO, Zaher afirmou que, no comando da Estácio, iria trabalhar "pelo retorno da credibilidade, da confiança dos investidores e levantar a moral dos colaboradores", além de focar no reconhecimento da qualidade acadêmica. Nas unidades da Estácio no Rio, contudo, o clima é de incerteza entre os estudantes. A ideia de ver a universidade ser vendida não traz boas lembranças a Brian Wagner Vicente: ele estudava na Gama Filho quando esta fechou depois de uma crise financeira que também envolveu negociações de compra. Atualmente cursando o sexto período de Arquitetura, ele diz ter ouvido conversas sobre mudar de campus, mas não sobre venda do negócio. — Na minha experiência, (a venda) só piora. Fiquei sabendo agora e nem conheço a empresa (Kroton). Os alunos e professores não comentavam sobre uma possível venda — diz Vicente, que gostaria de ver investimentos na infraestrutura dos cursos. Já João Victor Nunes, que acaba de terminar o primeiro período de Cinema, ficou sabendo da negociação pela repórter do GLOBO. Ao comentar o assunto com o grupo da turma no WhatsApp, um dos participantes disse temer aumento de burocracia após a venda. Nunes, por sua vez, ficou em dúvida sobre o que acontecerá com as mensalidades: — Muitos estão aqui porque têm descontos. Eu consegui um abatimento com um bom resultado no Sisu. A Estácio também costuma fazer provas de descontos. Tem de ver como vai ficar isso. Em outra universidade, eu não teria como pagar. Aqui, foi a minha melhor opção financeira e educacional. Não tenho do que reclamar. O técnico do laboratório de Engenharia Mecânica Robson Souza conta que soube da negociação pela rede interna da Estácio. Há alguns dias, recebeu um e-mail do gestor que apontava a "especulação" e a ausência de acordo quanto à venda da universidade. A mensagem trazia ainda a promessa de avisar aos funcionários assim que uma decisão fosse tomada pelos superiores. Mas ele se diz confiante na transição: — A expectativa é a melhor possível. Espero que mantenham esse bom sistema de ensino. Mas sempre tem o que melhorar, né? O prédio é antigo, por exemplo. A internet também poderia melhorar, até porque o sistema fica sobrecarregado, fica lento quando aplico provas aos alunos — afirma o técnico. O GLOBO 02/07/16 SOCIEDADE Associação de estudantes critica suspensão de bolsas pela Capes PAULA FERREIRA [email protected] Portaria determina que carta de concessão do benefício pode ser suspensa após entrega Uma decisão oficial da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) possibilita o cancelamento de bolsas de pesquisa já concedidas a estudantes de graduação e pósgraduação no exterior, usando como justificativa a restrição orçamentária. A portaria 87, publicada pela Capes em 20 de junho, regulamenta ainda que “o recebimento da carta de concessão não garante a implementação final da bolsa”, ou seja, mesmo depois de entregue, o documento pode ser cancelado. Esta possibilidade de suspensão preocupa a presidente da Associação Nacional de Pós- graduandos (ANPG), Tamara Naiz, que já pediu explicações à Capes. — Uma bolsa não é uma mera concessão como essa portaria está tratando, é um direito. Essa bolsa serve para custear aluguel, comida e, inclusive, para comprar insumos de pesquisa e fazer viagens de campo — observa. NA CONTRAMÃO DO PNE A mudança na regra de concessão do benefício, segundo ela, vai na contramão da meta 14 do Plano Nacional de Educação (PNE), que estabelece o aumento no número de mestres de 50.229 em 2014 para 60 mil até 2024, e de doutores de 16.745 (2014) para 25 mil no mesmo período. — Aumentar o número de bolsas é uma necessidade do Brasil, que precisa de mais gente fazendo pesquisa — diz Tamara. Em nota, o Capes informa que a portaria não traz prejuízo aos beneficiários com bolsas vigentes: “Todos os bolsistas da Capes têm garantia de terminar seus estudos, desde que possuam mérito e estejam cumprindo com as obrigações previstas, conforme termo de compromisso assinado no ato da aceitação da bolsa”. O novo regulamento, diz a nota, “tem como objetivo unificar e sistematizar normas que estavam previstas em outros instrumentos normativos da instituição (regulamentos, portarias, editais e manuais) das diversas modalidades de bolsa de estudo”. A Capes esclarece, ainda, que a portaria não faz referência à interrupção de bolsa de estudos em andamento por corte orçamentário. E que a concessão do benefício já prevê, em eventuais situações de cortes orçamentários, a possibilidade de cancelamento da carta de concessão quando o aluno ainda está no Brasil. “Apesar de prevista no regulamento, trata de situação sem histórico nesta instituição”, ressalta o órgão. FOLHA DE SÃO PAULO 02/07/16 OPINIÃO O que vai restar? ANDRÉ SINGER A decisão de Michel Temer, anunciada na quarta-feira, de aumentar em 12,5% o valor repassado aos beneficiários do Bolsa Família mantém vivo, por ora, um dos principais avanços sociais do período lulista. Mesmo um governo neoliberal como o presente precisa sustentar a renda mínima conquistada pelos mais pobres para ter algum apoio popular. A questão é saber o quanto isso vai conter a marcha batida rumo ao aumento da desigualdade em que estamos metidos. De acordo com o economista Rodolfo Hoffman, a desigualdade voltou a crescer ainda no segundo mandato de Dilma Rousseff. Dados prévios elaborados pelo professor da USP e publicados pela Folha (20/6) mostram que o coeficiente de Gini, principal indicador a respeito, começou a subir em 2015, depois de mais de uma década (2002-2014) em recuo. Apenas em setembro próximo, quando o IBGE deve divulgar a informação consolidada, poderemos ter certeza, mas as primeiras evidências endossam a previsão de que o ajuste recessivo adotado por Dilma depois de reeleita começaria a desfazer a obra que ela própria ajudou a construir. Pudera: a política escolhida desatou o terror do desemprego e derrubou a renda dos empregados. Tem mais. Com a estagnação da economia, o salário mínimo, principal instrumento de melhora do padrão de consumo dos pobres, parou de ser valorizado. O próprio Bolsa Família deixou de ser reajustado em 2015, completandose agora dois anos de congelamento. Assim, é inescapável constatar que o desmonte do lulismo começou dentro do lulismo. Mas a tarefa autoatribuída pelo presidente interino é radicalizar o "acerto das contas públicas" iniciado por Joaquim Levy. No contexto, elevar o pagamento aos que recebem o Bolsa Família constitui gasto pequeno visto o conjunto do orçamento, mesmo considerando-se que Temer resolveu dar 3,5 pontos percentuais a mais do que Dilma propusera às vésperas do afastamento. O objetivo estratégico é aprovar a PEC do teto de gastos públicos, encaminhada pelo ministro Henrique Meirelles. As consequências, caso a PEC passe no Congresso, parecem drásticas. Para dar apenas exemplo ilustrativo, um renomado economista da área tucana afirmou recentemente que, caso o atual titular da Fazenda tenha êxito, o corte na educação será de tal monta que tornará quase inevitável a cobrança de anuidade nas universidades públicas. Se mudanças estruturais dessa magnitude vierem a ocorrer, em que pese a relevância do Bolsa Família para os brasileiros da base da pirâmide, a herança do lulismo talvez fique reduzida apenas aos nichos de extrema necessidade. O sonho rooseveltiano, que embalou corações e mentes por volta de 2010, será adiado sine die. FOLHA DE SÃO PAULO 02/07/16 MERCADO Kroton aumenta oferta e conselho da Estácio diz que aceita a fusão O ensino superior privado brasileiro deu mais um passo em direção à consolidação. A Kroton, maior empresa do setor no país e no mundo, anunciou nesta sexta (1°) a elevação de sua proposta à Estácio, a segunda colocada no ranking, com o objetivo de formar uma companhia de cerca de 1,5 milhão de alunos. Fizeram parte dessa novela os membros da família Zaher, dona de 14% da Estácio. Insatisfeita com os primeiros preços oferecidos, a família chegou a anunciar que ela própria poderia comprar mais 36% da empresa e impedir a venda à Kroton. A operação é avaliada em R$ 5,5 bilhões e resultará em uma participação em torno de 80% para a Kroton na empresa combinada. Para ser consumado, o negócio ainda deve passar por mais uma reunião do conselho, assembleia de acionistas e análise do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Especialistas estimam que, dado o gigantismo do negócio e os riscos da concentração, o Cade deve impor restrições. A negociação já havia provocado reações como a da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) do Rio, que entrou com denúncia no órgão no mês passado afirmando que a operação pode provocar concentração econômica ilegal e prejudicar concorrência e qualidade do ensino. O negócio envolveu uma disputa com outra grande empresa no setor, a Ser Educacional, que também subiu sua proposta inicial de R$ 590 milhões para R$ 1 bilhão. RESTRIÇÕES DO CADE Com cerca de 1,5 milhão de alunos no ensino presencial e a distância, a nova empresa poderá alcançar 25% de participação no mercado de educação privada, segundo a consultoria Hoper Educação. William Klein, CEO da Hoper, avalia que uma parte importante dos alunos ficará mãos de um único consolidador privado e, por isso, o Ministério da Educação também deveria se manifestar. "Isso é um ativo social porque a educação está associada aos interesses do país. Depende disso a qualidade da mão de obra. O MEC não pode deixar um assunto, que é fundamental para o desenvolvimento do país, ser avaliado apenas por pareceres de mercado", diz. MAIS AQUISIÇÕES O negócio Kroton/Estácio deve desencadear novas aquisições no setor para rivalizar com um líder tão forte. 02/07/16 "Fala-se muito que, por determinações do Cade, essa nova empresa teria que se desfazer de algum ativo, que poderia ser a UniSEB, além de outros de menor porte do ensino presencial", diz Carlos Monteiro, presidente da CM Consultoria. O próprio Janguiê Diniz, fundador da Ser Educacional, afirmou publicamente inúmeras vezes que, caso não fosse o escolhido para fechar o negócio com a rede fluminense, se lançaria em busca de um outro parceiro. O mercado de ensino superior se tornou um tesouro no Brasil, alavancado na esteira do programa de financiamento Fies e do sucesso de demanda representado pelas EADs, as instituições de ensino a distância, que devem fechar 2016 com 1,6 milhão de matrículas. LUCRO EM ALTA As quatro empresas educacionais de capital aberto no Brasil, Kroton, Estácio, Anima e Ser, possuem um desempenho em termos de retorno sobre o capital investido muito superior à média histórica das demais empresas brasileiras de capital aberto, segundo estudo elaborado pela Oscar Malvessi Consultoria para a Fepesp (federação de professores de São Paulo). Como efeito dessa elevação na quantidade de alunos, a participação dos custos com serviços prestados (salários, aluguéis, propaganda) sobre a receita líquida, caíram de 60% para 50% de 2011 a 2015. "Essa possibilidade foi vislumbrada por entidades financeiras, que passaram a ver a educação como grande negócio", diz Celso Napolitano, presidente da Fepesp. DETALHES A nova proposta oferece 1,281 ação ordinária de emissão da Kroton para cada ação ordinária de emissão da Estácio, além da distribuição de R$ 170 milhões em dividendos para os acionistas da Estácio. Ao longo das últimas semanas, a relação já havia subido de 0,977 para 1,25. 02/07/16 FOLHA DE SÃO PAULO 02/07/16 MERCADO ANÁLISE : FABIO TAKAHASHI Críticas não faltam às gigantes, mas elas têm valor no sistema de ensino Concretizada a compra da Estácio pela Kroton, virá a garantia de que a gigante resultante do negócio terá melhores condições de enfrentar a crise econômica e a redução da ajuda federal ao setor. E rentabilizar melhor os acionistas. Mas qual será o custo para o sistema educacional? Educadores se mostram preocupados com a onda de aquisições, que tomou forma na década passada e chega agora a novo patamar. Para esses críticos, o sistema educacional brasileiro perde devido à elevada padronização no que é ensinado. Tanto na oferta de cursos quanto no que é oferecido para os alunos. Para ganhar em escala, os cursos precisam estar dentro de um cardápio razoavelmente fechado. E, de preferência, devem ter baixo custo de instalação e de manutenção (que exijam pouco laboratórios, por exemplo). A exceção é o curso de medicina, em que o aluno topa pagar mais de R$ 5.000 de mensalidade. Muitos dos materiais —e mesmo as aulas— são os mesmos de Norte a Sul do país nessas grandes redes de escolas. Perdese a possibilidade de tratar com mais atenção questões regionais. Para diminuir custos, boa parte dos cursos dos grandes grupos opera num nível mínimo de qualidade liberado pelo Ministério da Educação (nota 3, numa escala até 5). Diante de tantas incertezas e críticas, é preciso também pesar o papel dos grandes grupos no ensino superior. Outra preocupação é com a carência de opções que os estudantes terão após esse novo movimento de aquisições (a Ser Educacional, que também estava negociando com a Estácio, prometeu ir atrás de novos negócios, caso não conseguisse fechar o um acordo). São eles que têm conseguido apresentar algum crescimento no número de alunos matriculados, mesmo diante da crise econômica que o país enfrenta desde 2014 e do corte no Orçamento da União (que freia a expansão das instituições públicas e o apoio às privadas). Com menos competitividade, haverá menos poder de barganha para alunos em relação às mensalidades e à qualidade dos cursos. O próprio mercado espera que o Cade atue para ao menos atenuar esse problema. O crescimento no sistema universitário brasileiro é urgente. Com apenas 15% da população entre 25 e 64 anos com diploma universitário, o país está atrás da Colômbia e da Costa Rica, por exemplo. O ESTADO DE S. PAULO 02/07/16 NOTAS & INFORMAÇÕES A formação do professor O percurso para uma educação de qualidade é longo e sempre está exposto a retrocessos. É de justiça reconhecer, porém, que nos últimos anos muita coisa boa se fez em prol da educação, tanto no âmbito privado quanto na esfera pública. Surgiram e se consolidaram várias iniciativas e projetos que trabalham seriamente por uma educação de excelência. Entre essas promissoras iniciativas está o esforço do Conselho Estadual de Educação de São Paulo (CEE-SP), órgão ligado à Secretaria Estadual da Educação, para melhorar a formação do professor. Um curso de pedagogia que não levasse à reflexão crítica nem fornecesse uma sólida base de sociologia e filosofia da educação seria gravemente deficiente. Mas igualmente deficiente seria um curso de pedagogia que excluísse a dimensão eminentemente prática da docência. Como é evidente, os cursos de pedagogia existem não para formar sociólogos da educação, e sim bons professores, o que exige também conhecer sociologia da educação. Trata-se de formar pessoas qualificadas a essa atividade tão nobre, tão complexa e ao mesmo tempo tão prática, de ensinar às novas gerações. Além de definir as regras para todas as escolas públicas e privadas de educação infantil e de ensino fundamental, médio e profissional em funcionamento no Estado de São Paulo, o CEE-SP é responsável por transmitir as orientações para as instituições de ensino superior públicas do Estado. Nas diretrizes do CEE-SP sobre a formação de professores, observa-se o esforço para superar a falsa disjuntiva entre “teoria” e “prática”, como se fossem realidades antagônicas. Em boa medida, esse equívoco – no qual caem não poucas faculdades de educação – se baseia numa visão da “prática” como “mera aplicação direta de teorias aprendidas ou mediadas por técnicas, ou como mero recurso mecânico de receituário de técnicas”, como lembra a professora e pesquisadora Bernardete Angelina Gatti, vice-presidente do CEE-SP. Logicamente, a atividade prática docente é muito mais rica do que essa visão reducionista. Em 2012, o CEE-SP fixou diretrizes curriculares para a formação de docentes da educação básica. Entre outros pontos, estabeleceu, por exemplo, a distribuição mínima da carga horária dos cursos de pedagogia e do curso normal superior. Posteriormente, em 2014 e em 2015, fizeram-se atualizações dessas diretrizes. Na consolidação das diretrizes, nota-se o empenho do CEE-SP em fortalecer o aspecto prático da formação dos docentes. Por exemplo, a Deliberação 132/2015 estabeleceu que os cursos voltados para a formação de professores dos anos finais do ensino fundamental e médio com mais de 3.200 horas devem “destinar, no mínimo, 960 horas à formação didático-pedagógica, independentemente das horas dedicadas ao estágio supervisionado e às atividades científicas culturais”. A fixação de tempo mínimo para a formação didáticopedagógica do professor é de fundamental importância para a qualidade do ensino. Se é certo que os professores devem ter um profundo referencial teórico, não menos certa é a necessidade de que eles também aprendam – nesse especial período de formação que é a licenciatura – as boas práticas de ensino. Além de impedir que o futuro docente receba a capacitação profissional que o curso de pedagogia deve fornecer, o atual distanciamento entre “prática” e “teoria” na formação acadêmica dos professores significa implicitamente uma desvalorização do trabalho docente na sala de aula, como se essa atividade não fosse importante o suficiente para ser ensinada na cátedra universitária. Logicamente, esse distanciamento é a última coisa que um curso de pedagogia deve promover. A formação acadêmica deve ser um poderoso estímulo para que o aluno de pedagogia queira ir depois à sala de aula ensinar. Para que os brasileiros tenham uma educação de qualidade é preciso enfrentar e vencer vários e importantes desafios. O primeiro deles, a absoluta prioridade de qualquer projeto pedagógico, é formar com excelência os futuros professores. O ESTADO DE S. PAULO 02/07/16 » Otimismo. A avaliação de interlocutores do presidente em exercício é que há "campo para crescer", especialmente porque a pesquisa não pegou ainda os efeitos provocados pelo aumento do Bolsa Família e as ações na Educação. COLUNA DO ESTADÃO O ESTADO DE S. PAULO 02/07/16 METRÓPOLE MEC adia prazo de inscrição no Fies em 15 dias O início do prazo para que os pré-selecionados ao Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) concluam suas inscrições no Sistema Informatizado do Fies (SisFies) começaria ontem, mas foi adiado para o próximo dia 15. O atraso ocorreu porque houve a necessidade de "ajustes no sistema", de acordo com o Ministério da Educação. O ministro Mendonça Filho, que estava cumprindo agenda em Aracaju, em Sergipe, teve de voltar emergencialmente a Brasília para acompanhar a situação no MEC. O problema no sistema se refere à comprovação de renda dos pré-selecionados, que somaram 294 mil no fim das inscrições, até anteontem. Antes, os candidatos aptos ao Fies deveriam ter até 2,5 salários mínimos de renda familiar mensal bruta per capita (R$ 2.200). Em 16 de junho, o MEC anunciou que ampliaria o limite de renda para até três salários mínimos (R$ 2.640). Porém, segundo apurou o Estado, o sistema ainda não ajustou a fórmula de cálculo para se adaptar à alteração. Quem não for selecionado entra, automaticamente, em uma lista de espera. As vagas que não forem preenchidas seriam apresentadas aos candidatos em lista de espera em 4 de julho – mas o adiamento da conclusão das inscrições, em efeito cascata, também vai atrasar este cronograma para o dia 22. Depois de se inscrever no SisFies, o estudante ainda deve validar as informações na Comissão Permanente de Supervisão e Acompanhamento da instituição de ensino para a qual foi selecionado e procurar um agente financeiro do Fies, programa que financia cursos superiores em instituições privadas a taxa de juros de 6,5% ao ano. Após ser procurada pela reportagem, a Secretaria de Educação Superior (Sesu), do MEC, informou, em nota, que "a mudança no prazo de inscrição não compromete o processo de financiamento". Novas vagas. Mendonça Filho havia anunciado, no dia 16 de junho, a abertura de 75 mil novas vagas financiadas para o segundo semestre. Para isso, seriam investidos R$ 450 milhões. A elevação no limite da renda mínima dos estudantes para três salários mínimos ficou abaixo do que era esperado pelo mercado naquela oportunidade. Em abril, o então ministro Aloizio Mercadante havia anunciado o desenvolvimento de um estudo para que o limite fosse de 3,5 salários mínimos. As universidades buscavam com essa elevação conseguir diminuir o número de financiamentos ociosos do programa. O setor ainda pleiteia um aumento na fatia do valor da mensalidade que pode ser financiado. Hoje, estudantes que se encontram no limite máximo de renda podem financiar 20% do preço; as instituições pedem elevação para até 50%. O ESTADO DE S. PAULO 02/07/16 METRÓPOLE Governo cobra devolução de verba pela Coaf O governo de São Paulo quer que a Cooperativa Orgânica de Agricultura Familiar (Coaf) devolva R$ 435 mil que recebeu para construir um barracão para processar hortifrútis em Bebedouro, no interior de São Paulo. A obra do prédio ficou pela metade, e o Estado deu até o dia 15 deste mês para que o dinheiro seja devolvido. A produção seria distribuída para a merenda escolar das escolas públicas. A Secretaria de Agricultura e Abastecimento informou que o dinheiro foi repassado por meio do Projeto de Desenvolvimento Rural Sustentável – Microbacias 2. No mês passado, porém, a gerência técnica do projeto decidiu pela inelegibilidade das despesas. Em nota, a secretaria diz que, se não houver devolução, abrirá processo para ressarcimento do valor. A cooperativa alega que ainda não foi notificada, mas tem interesse em terminar a obra. A Coaf viu sua situação financeira se agravar depois do início da investigação da Máfia da Merenda, que apura esquema de corrupção em contratos para fornecimento de merenda. O ESTADO DE S. PAULO 02/07/16 ECONOMIA Regras para Saúde e Educação impediram ajuste, diz Meirelles O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou ontem que o ritmo de crescimento dos gastos com Saúde, Educação e Previdência Social "inviabilizaram" um controle maior das despesas nas últimas décadas. Em entrevista à "Rádio Estadão" e ao "Broadcast", serviço em tempo real da "Agência Estado", o ministro lembrou que, com o envio da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do teto de gastos ao Congresso, os dispêndios com Saúde e Educação passarão a seguir a regra que prevê correção pela inflação. "Essas despesas são itens que, na prática, junto com Previdência, inviabilizaram um controle maior de despesas nas últimas décadas", disse. No caso de Saúde e Educação, o que será corrigido pela inflação a partir da aprovação da PEC será o limite mínimo de gastos nessas duas áreas, destacou Meirelles. "Com esses itens crescendo vinculados à receita tributária, a tendência é que essas despesas cresçam mais do que o restante e inviabilizem o teto", disse. Meirelles afirmou ainda que o projeto representa uma mudança estrutural no gasto público brasileiro, pois prevê crescimento real zero das despesas. "Hoje, o governo tem capacidade prática discricionária de pouco mais de 10% do Orçamento. Estamos mexendo na estrutura fiscal pela primeira vez desde a Constituição de 1988", disse o ministro. "É uma mudança estrutural na evolução das despesas públicas no Brasil." "Bondades". O ministro da Fazenda reforçou durante a entrevista que o governo do presidente em exercício, Michel Temer não concedeu um pacote de bondades. Segundo ele, todas as iniciativas aprovadas nos últimos dias que elevaram despesas do governo já estavam previstas na meta de resultado primário, que é de um déficit de R$ 170,5 bilhões. Desde que assumiu em 12 de maio, Temer concedeu medidas que já somam cerca de R$ 125,4 bilhões em gastos e renúncias fiscais - com impactos neste ano e até 2018. Isso inclui o reajuste do Bolsa Família e a liberação de recursos para a educação básica de Estados e municípios. "Não (há pacote de bondades). Já existe uma meta de primário este ano, e esses valores se enquadram nessa meta." O ministro reafirmou que a meta é realista e lembrou que os reajustes de servidores, por exemplo, foram acertados ainda no governo da presidente afastada, Dilma Rousseff. Essas propostas também têm potencial para impactar as contas públicas. "Esses acordos já estavam previstos (na meta) e se enquadram no teto (de gastos). Esses aumentos estarão sujeitos ao teto, ou seja, vão compor essa regra", destacou Meirelles. Meirelles disse ainda que a PEC do teto de gastos vai balizar todas as negociações do governo a partir de agora e ressaltou que a equipe econômica não deve ficar na negociação "de varejo" no Congresso. 02/07/16 CORREIO BRAZILIENSE 02/07/16 POLÍTICA CRISE NA REPÚBLICA » Os primeiros números sobre a gestão Temer Pesquisa mostra que 13% acham governo provisório ótimo ou bom; 36%, regular; e 39%, ruim ou péssimo. Percentuais, contudo, ainda são melhores do que os de Dilma, que tinha, respectivamente, 10% de ótimo; 19%, regular; e 69%, de péssimo JULIA CHAIB A aposta do Planalto é de que quanto mais Temer for conhecido, melhor será a avaliação Quarenta e sete dias depois de a presidente Dilma Rousseff ter sido afastada, a primeira pesquisa feita pelo Instituto Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostra uma avaliação do governo interino de Michel Temer melhor do que a da petista, mas ainda baixa. Para 44% dos entrevistados, o governo de Temer está sendo igual ao de Dilma. Outros 25% o consideram pior e 23%, melhor. Apenas 13% da população acham o governo provisório ótimo ou bom e 39% avaliam como ruim ou péssimo. Dilma tinha os índices de 10% e 69%, respectivamente. O Planalto avaliou o resultado como melhor que o esperado. Outro índice, de 36% de avaliação como regular, aliado a 63% dos entrevistados que disseram não lembrar notícias da atual gestão, mostra um desconhecimento do governo Temer, avaliam especialistas. Essa é a segunda pesquisa realizada sobre o presidente em exercício, porém, a primeira do Ibope. A taxa de confiança no presidente interino é de 27%, maior que o da presidente afastada, de 18%. Mas o índice de pessoas que não confiam no presidente, porém, é elevado: 66%. A região onde Temer tem a menor popularidade é o Nordeste, onde 44% avaliam o governo como ruim ou péssimo. As más notícias das primeiras semanas desde que o presidente interino assumiu o poder também apareceram na pesquisa. Para 40 % dos entrevistados, as notícias recentes, que envolveram a demissão de três ministros, são negativas. O conhecimento da população acerca do governo, porém, é baixo. Durante as entrevistas, 63% não sabem citar qualquer notícia sobre o governo. Ontem, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disse que “não teme” a baixa popularidade e que o governo atingirá resultados objetivos. “Nós temos 47 dias de governo. Já conseguimos 13%. Nessa velocidade, nos 90, nós deveremos estar passando de 30%. Então, tenho tranquilidade absoluta. (...) Se estamos no rumo certo, o reconhecimento menor ou maior, não faz diferença”, disse. Assessores do Planalto avaliaram que o resultado foi melhor que o esperado, em termos de superação dos índices de Dilma e que Temer ainda é pouco conhecido, como indicam as próprias pesquisas internas. Ao apresentar a pesquisa, o gerente executivo de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, disse que o índices em geral ainda são desfavoráveis. “A gente percebe uma melhora da popularidade, mas não tão significativa. É muito diferente do que aconteceu com o Collor. Neste caso, não houve um descolamento do governo Temer e do de Dilma”, afirmou Fonseca. Professor do Insper, o cientista político Carlos Melo diz que o resultado não surpreende. “Ainda que alguns agentes econômicos sejam otimistas, no campo politico é uma confusão muito grande”. Melo pondera, porém, que a pesquisa pode ter uma repercussão negativa para o governo em relação ao Congresso. “O sistema político vai olhar e dizer: o presidente é frágil, o governo é fragil e a gente pode pressionar”, diz. 02/07/16
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