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020 MOD Veja - AMARELAS.pmd
Clipping
de
de
Educação
Brasília, 04 de julho de 2016
06/07/16
DINHEIRO EM AÇÃO
EDUCAÇÃO
Anima chega a 100 mil alunos
A Anima Educação desembolsou R$
46 milhões para comprar a Alis
Educacional, que controla duas
universidades em Minas Gerais e, com
isso, reforçar sua presença no Ensino a
Distância (EAD). A aquisição faz com
que o número de alunos da Anima suba
para 100 mil. De acordo com o fato
relevante divulgado na quarta-feira 30,
a Alis Educacional encerrou 2015 com
receita líquida de R$ 37,2 milhões e
Ebitda Ajustado de R$ 6,9 milhões. No
primeiro semestre, as ações subiram
6,18%.
06/07/16
INVESTIDORES
Vale a pena entrar nessa aula?
Ações de empresas de educação oscilam devido à disputa entre Kroton e Ser pelo
controle da Estácio. Saiba o que os especialistas recomendam para os investidores
Por: Flavia Galembeck
A Estácio se tornou alvo de
duas rivais – Kroton e Ser
Educacional. Desde o começo de
junho, elas fizeram quatro
diferentes propostas para a
combinação dos negócios. É a
maior disputa no setor de
educação privada no País, que
envolve ainda um terceiro player:
o principal acionista do grupo
educacional fluminense, Chaim
Zaher, que detém 14% das ações
da Estácio, a preside, e já afirmou
que não irá assistir passivamente
ao movimento dos concorrentes.
Zaher anunciou, na quarta-feira 29,
que pretende fazer uma Oferta
Pública de Aquisição (OPA) para
comprar 36% do capital e, assim,
assumir o controle da Estácio.
Na manhã da sexta-feira, dia 1º,
a Estácio divulgou um fato
relevante enviado à Comissão de
Valores Mobiliários (CVM),
informando que concorda com a
proposta financeira da Kroton.
Isso, porém, não significa que ela
a aceitou. Uma reunião da diretoria
da Estácio deverá analisar as
propostas da Kroton e da Ser
Educacional. Na sexta-feira, as
ações da Kroton fecharam em alta
de 4,88% a R$14,26, e as das
Estácio Participações subiram
0,9%, fechando a R$ 17,11. Os
papéis da Ser Educacional
subiram 0,6% para R$ 12,55. No
fim da tarde, DINHEIRO apurou
com exclusividade que a Ser vai
tentar bloquear a transação no
Cade.
Pela primeira vez, duas
empresas listadas em bolsa
disputam uma terceira também de
capital aberto. Com isso os papéis
das três empresas dispararam. O
negócio começou por causa de uma
pechincha. De janeiro a maio deste
ano, as ações da Estácio
acumulavam queda de 19% e eram
negociadas com grandes descontos
em relação aos seus pares – Ser
Educacional acumulava alta de
50% e Kroton apresentava uma
valorização de 18%.
Parte disso deveu-se aos
resultados do primeiro trimestre,
que vieram abaixo do esperado
pelo mercado. De acordo com
relatórios da BB Investimentos,
apesar na alta de 11,1% na
captação de novos alunos, o
tíquete médio cresceu muito
abaixo da inflação (2,3%, na
comparação com o primeiro
trimestre de 2015), por conta da
política de descontos nas
mensalidades. Somado à alta de
68% nas despesas comerciais, que
foram catapultados por despesas
de marketing (a Estácio é uma das
patrocinadoras da Olimpíada),
houve redução dos resultados
operacionais, gerando um recuo de
2,2 pontos percentuais na margem
Ebitda. O Ebitda da companhia de
janeiro a março foi de R$ 197,5
milhões. Com a desvalorização
das ações, a empresa passou a ser
alvo da concorrência. Rodrigo
Galindo, CEO da Kroton, abriu a
disputa, no que foi seguido por
José Janguiê Diniz, da Ser
Educacional.
Ao final de maio, em relatório
enviado a investidores da
Coinvalores, os analistas
avaliavam que o preço alvo do
papel era de R$ 17,20. A ação da
Estácio, que encerrou maio cotada
a R$ 10,86, fechou junho a R$
16,96 - alta de 56% no mês. Houve
quem arriscou e ganhou. O gestor
americano BlackRock, por
exemplo,
aproveitou
a
desvalorização das ações para
elevar sua fatia na Estácio a 5%,
em 28 de abril. Já a Lazard Asset
Managment optou por reduzir sua
participação no grupo fluminense
de educação para 4,59% na
primeira semana de maio e deixou
de ganhar dinheiro. Mas enquanto
a situação da Estácio permanece
indefinida, qual seria a melhor
estratégia para o investidor que já
tem ações das três empresas ou que
está pensando em comprar?
Para Daniel Liberato e Felipe
Silveira, analistas da corretora
Coinvalores, o momento é de
cautela. “O momento não é de
entrada porque não há um grande
upside para o investidor”, alertam.
Segundo eles, no curto prazo, a
fusão pode diluir as participações
06/07/16
dos acionistas da Kroton ou da Ser
na nova entidade criada, ou o preço
a ser pago na operação pode
pressionar o valor dos papéis. Já
Bruno Giardino, analista de
investimento do Santander,
acredita que o mercado já
precificou o potencial de sinergias
de fusão entre Estácio e Kroton,
dada como a mais provável de
acontecer para o banco. “O
investidor precisa olhar o potencial
de criação de valor da combinação
dos negócios, e muito disso já foi
precificado.”
Na segunda proposta, a Kroton
elevou a relação de troca para
cerca de R$ 17,25 por ação da
Estácio, bem próximo da projeção
feita pelo time da Coinvalores.
Para eles, a recomendação de
compra só acontece quando há
perspectiva de ganhos superiores
a 15%. Por isso, o status atual é
de manutenção dos papéis da
Estácio. Já em relação aos
investidores que têm ações da Ser
Educacional e da Kroton, a
corretora
recomenda
o
acompanhamento do desenrolar
das propostas, porque existe o
risco de o custo da transação
reduzir a margem de ganhos dos
acionistas. O prazo da Kroton
encerrou-se à meia-noite da
quinta-feira 30, mas as
negociações
deverão
ser
prorrogadas. O prazo estabelecido
pela Ser Educacional expira em 8
de julho.
No entanto, outros analistas
ouvidos pela DINHEIRO
recomendam a venda das ações da
Ser e da Kroton porque não há uma
perspectiva de que os valores das
ações continuem subindo por muito
mais tempo e agora é uma boa
oportunidade para embolsar os
ganhos. “Para que essa curva de
preço continue em ascensão é
necessário que haja boas notícias
em um curto prazo”, pondera
Giardino, do Santander. “Caso
nenhuma das fusões se concretize”,
afirma ele, “a tendência é que haja
a destruição do valor criado, ou
seja, as ações devem cair.”
Valor Econômico
04/07/16
EMPRESAS
Bertelsmann vai investir
em universidades no Brasil
Por Gustavo Brigatto | De São
Paulo
específica. A companhia havia
deixado o segmento no começo dos
anos 2000.
como a empresa de serviços
Arvato e a produtora de conteúdo
Fremantle.
No momento em que o setor de
educação se movimenta com a
proposta de fusão de Kroton e
Estácio, o grupo de mídia alemão
Bertelsmann quer garantir um
espaço no segmento de
universidades no país. A
expectativa é que até agosto a
companhia anuncie a compra de
participação minoritária relevante
em uma instituição local. Será o
primeiro de uma série de
investimentos do tipo que a
companhia pretende fazer no
Brasil.
Os recursos para as aquisições
virão de um dos dois fundos que a
companhia tem com a Bozano
Investimentos. O Bozano
Educacional II tem R$ 800 milhões
em recursos, sendo 40% aportados
pela Bertelsmann.
De acordo com Puskaric,
comprar fatias minoritárias é uma
forma de conhecer o mercado e se
integrar a ele. A expectativa do
diretor-geral é que em até três anos
a Bertelsmann faça novos
investimentos para se tornar a
controladora dos negócios. "A alta
gestão [da companhia] defende o
investimento no Brasil. A crise é
grave, a retomada não será rápida.
Mas os fundamentos que
justificaram o investimento em
2012 continuam firmes", afirmou.
Segundo Marc Puskaric, que
assumiu o cargo de diretor-geral
da Bertelsmann no Brasil em
janeiro, o alvo são instituições
familiares com foco nas áreas de
medicina e saúde. O executivo
ressalta, no entanto, não ter
intenção de entrar na disputa por
negócios de maior porte com os
grandes grupos, mas procurar
operações de nicho.
"Se a família quiser um
parceiro que não quer impor uma
marca, um estilo de gestão e manter
o legado, nós queremos ser a
opção", disse o executivo ao
Valor. A área de educação voltou
ao centro das atenções da
Bertelsmann no ano passado, com
a criação de uma divisão
Em junho do ano passado, este
fundo Bozano II comprou 40% da
Affero Lab, de educação
corporativa. O Valor apurou, à
época, que o preço foi de R$ 90
milhões.
O segundo fundo é o BR
Education Ventures, que tem R$
100 milhões para aplicar em
startups de tecnologia do segmento
educacional. O fundo já investiu
em três startups.
Além desses dois fundos com a
Bozano, a companhia tem recursos
em dois dos mais atuantes fundos
de investimento em startups do
país: Monashees e Redpoint
e.ventures.
A compra de participações
minoritárias faz parte da estratégia
que a Bertelsmann vem colocando
em prática desde que abriu um
escritório próprio no Brasil em
2012. Até então, a companhia
vinha atuando no país há quatro
décadas por meio de subsidiárias
O escritório no Brasil foi o
último de cinco unidades
instaladas ao redor do mundo para
apoiar a expansão da companhia
além da Europa e para novas áreas
de atuação. A operação demandou
investimento de • 356 milhões no
ano passado, uma leve melhora em
relação aos • 372 milhões
aplicados um ano antes.
O resultado operacional
(Ebitda) melhorou 9%, para •76
milhões. A estratégia dos centros
de operações, como são chamados
os cinco escritórios, permitiu que
as receitas internacionais subissem
de 20% em 2012 para 35% do total
em 2015.
No plano de crescimento
desenvolvido pelo presidente
04/07/16
mundial Thomas Rabe - que
assumiu em janeiro de 2012 e
acaba de renovar seu contrato para
mais quatro anos à frente das
operações -, a companhia já
investiu em mais de 100 startups
ao redor do mundo e retomou os
negócios de educação, de
gerenciamento de direitos autorais
na área de música (com a BMG) e
constituiu uma joint venture com a
Pearson para criar a Penguin
Random House.
Controlada pela família Mohn,
e com quase 120 mil funcionários
em 50 países, a Bertelsmann
registrou receita de • 17,1 bilhões
em 2015, alta de 3%, com lucro
líquido de • 1,1 bilhão - um salto
de 94%.
No Brasil, as operações
cresceram com os investimentos
no segmento de educação e também
com outras operações como a
compra de 40% da editora
Companhia das Letras pela
Penguin Random House, e da
companhia de recuperação de
crédito Intervalor pela Arvato.
A BMG começou a atuar no
país neste ano e o programa de
talentos "The X Factor" terá sua
primeira edição local exibida pelo
SBT no 2º semestre.
04/07/16
Valor Econômico
04/07/16
EMPRESAS
Kroton e Estácio definem protocolos da fusão
Por Graziella Valenti e Beth
Koike | De São Paulo
Kroton e Estácio tiveram que
ceder para que a combinação das
empresas se tornasse possível. O
mercado prontamente deu tamanho
à transação: uma companhia de
quase R$ 29 bilhões de valor de
mercado, considerando a soma das
duas. O vislumbre dessa
combinação fez os investidores
promoverem uma valorização
contínua durante a negociação, que
culminou em quase R$ 8 bilhões,
na sexta-feira.
Foi um processo rápido, de
exato um mês, em função da
publicidade dada desde o início e
da decisão de Kroton e Estácio de
tornar a operação uma fusão
amigável.
Agora, as companhias
trabalharão na redação dos
protocolos da incorporação.
Basicamente, trata-se de
estabelecer que os acionistas da
Estácio não estarão expostos a
qualquer risco ligado a eventuais
ajustes que a fusão tenha que
sofrer por eventuais determinações
do Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade).
Pelas regras do órgão
regulador da concorrência, a
incorporação societária pode até
ocorrer. Contudo, a Kroton não
pode atuar na gestão da Estácio nem minimamente - enquanto não
houver a setença final sobre o
negócio.
Estácio, manifestou o desejo - até
agora sem definição - de lançar
uma oferta pelas ações da empresa
se a Kroton não ampliasse a oferta.
A concorrente Ser Educacional,
de porte bem menor, promete jogar
combustível na discussão sobre
concentração de mercado. O Valor
apurou que a rival vem preparando
suas armas desde que soube do
negócio - paralelamente à própria
proposta
concorrente
de
combinação com a Estácio.
A Kroton ofereceu na quintafeira o equivalente a 1,33 ação
própria para cada papel da
Estácio,
conforme
havia
antecipado o Valor PRO. A
incorporação, propriamente, será
feita na proporção de 1,281. A
diferença será paga em dinheiro,
na forma de um dividendo
extraordinária aos sócios da rede
carioca de R$ 0,55 por ação - um
total de R$ 170 milhões. As
condições foram definidas com o
conselho da Estácio até o ponto
que seus membros, antes
resistentes, estivessem de acordo
com a operação.
Após a Kroton incorporar a
Estácio, ela será uma empresa de
R$ 8 bilhões de receita, com 1,6
milhão de alunos e uma
participação de 23,5% no mercado
de educação. Em valor, a Estácio
representará 20% da companhia
combinada e a Kroton, 80%.
A convocação da assembleia da
Estácio para aprovar a
incorporação será feita no próximo
dia 8, quando o conselho de
administração da companhia fará
a avaliação dos termos finais
oferecidos. É quando o colegiado
também deve se manifestar sobre
os movimentos concorrentes que
ajudaram a pressionar a Kroton.
A Ser Educacional não apenas
fez uma oferta de fusão com a
Estácio como tentou torná-la mais
competitiva até o último minuto.
Além disso, Chaim Zaher,
presidente e dono de 14% da
Os termos definitivos ficaram
bastante diferentes daqueles que
Rodrigo Galindo, presidente da
Kroton e protagonista da fusão,
sinalizou como parâmetro, em 2 de
junho, quando admitiu o interesse
de fazer o negócio. Naquele
momento, ele entendia que cada
ação da Estácio valia 0,977 ação
da empresa que geria. Com isso,
atribuía à companhia carioca um
valor que representaria pouco
mais de 16% da empresa
combinada. A proposta oficial veio
mais alta, em 1,25. Mas ainda teve
que melhorar um pouco mais. Ao
fim, elevou em 37% os termos de
base para a operação sair sem que
04/07/16
uma guerra ocorresse entre as
companhias.
Com o escudo de seus
assessores, as empresas passaram
o mês mostrando os dentes uma
para outra. Itaú BBA e o escritório
Barbosa Müssnich Aragão (BMA)
estavam do lado da Kroton,
enquanto BTG Pactual e Mattos
Filhos Veiga Filho Marrey Jr e
Quiroga Advogados preparavam a
munição para o conselho da
Estácio.
O pano de fundo eram
investidores estrangeiros que, ao
lado de Galindo, queriam a fusão
e tinham fatias relevantes nas duas
empresas - 56% na Estácio e 36%
na Kroton. A situação beirou o
conflito de interesses quando o
fundo sul-africano Coronation
escreveu ao conselho da empresa
do Rio de Janeiro que queria a
operação a 1,25, mesmo sabendo
da possibilidade de melhoria nas
condições. A única coisa que o
fundo não queria era correr o risco
que a combinação não ocorresse.
Na quinta-feira, a tensão atingiu
o ponto máximo quando pessoas
ligadas à Kroton indicaram estar
articuladas com os fundos para que
estes ou executassem a fusão à
revelia do conselho da Estácio ou
trocassem o colegiado para
conseguir o aval. Qualquer dessas
iniciativas teria disparado uma
guerra. Mas na sexta-feira, antes
do almoço, as empresas já
trabalhavam numa solução
conjunta.
04/07/16
Valor Econômico
04/07/16
EMPRESAS
Galindo, um comprador em série
Por Beth Koike e Graziella
Valenti | De São Paulo
Aos 40 anos, sendo seis deles
à frente da Kroton, Rodrigo
Galindo é um executivo com uma
clara preferência por aquisições
com potencial para transformar a
companhia e nunca escondeu seu
gosto por negócios marcados pela
pressão. Ainda, assim, causou
surpresa quando anunciou sua
intenção de incorporar a segunda
maior companhia de ensino
superior do país, a Estácio.
A surpresa tem suas razões. Há
três anos, Galindo liderou uma
fusão com a Anhanguera que, na
época, também ocupava a viceliderança do setor. Foi um
processo longo, de quase um ano
no Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade), e que
por diversas vezes correu o risco
de não sair do papel. A autarquia
aprovou com a operação com
restrições e a integração das duas
companhias foi concluída em
2015, no auge da crise do Fies, o
programa de financiamento
estudantil reduzido pela metade
pelo governo.
Nem bem a poeira assentou e
Galindo propôs uma fusão com a
Estácio. A transação trouxe à tona
o quão duro Galindo é nas
negociações. O presidente da
maior companhia de educação que,
só neste ano vai gerar mais de R$
2 bilhões de caixa, negociou cada
ponto percentual e cada centavo.
Só no último minuto do segundo
tempo melhorou a proposta da
fusão que ameaçava ir para uma
oferta hostil. Cedeu. Mas cedeu em
nome de uma negociação amigável,
sabendo que essa foi só a primeira
batalha.
Seus
concorrentes
provavelmente devem buscar
apoio da opinião pública com
argumentos de que a formação de
um gigante jogará para baixo a
qualidade do ensino. Galindo tem
ciência dessa estratégia e já
montou um arsenal de dados,
planilhas e números para
convencer que a história não é bem
assim. Uma de suas teses de defesa
é que 60% dos cursos da
Anhanguera tinham notas entre 3 e
5 pela classificação do Ministério
da Educação (MEC) e após a
incorporação com a Kroton esse
percentual subiu para 98%. Com
investidores, a estratégia é a
mesma: usar os números a seu
favor.
Galindo vem construindo sua
carreira na Kroton com aquisições.
Aos 35 anos tornou-se presidente
desta. A Kroton havia adquirido a
faculdade de sua família e em
menos de um ano à frente da
companhia fez a maior aquisição
do setor de educação, na época, ao
levar a Unopar por R$ 1,3 bilhão.
O ativo era cobiçado no setor,
mas não há ponto de se assinar um
cheque tão alto. A Unopar operava
com ensino a distância, segmento
pouco conhecido até então.
Galindo partiu para o tudo ou nada
e cinco meses depois ainda
comprou outro ativo de ensino online, a Uniasselvi, por R$ 510
milhões.
A fusão com a Estácio é a mais
dura na carreira de Galindo. Em
apenas um mês de negociação, a
transação já é conhecida como
"Game of Thrones" da educação.
O GLOBO
04/07/16
SOCIEDADE
Antônio Gois
Primeira infância
Nos Estados Unidos, famílias
mais ricas estão, cada vez mais,
ampliando o investimento que
fazem em seus filhos até os 6 anos
de idade. Esta é a conclusão de
um estudo publicado no mês
passado pela Associação
Americana de Pesquisas
Educacionais. Ele revela que o
gasto das famílias que estão entre
as 10% mais ricas de lá com
livros, jogos, brinquedos ou
atividades culturais direcionadas
a crianças menores de 6 anos
triplicou de 1972 e 2010.
Já entre os demais grupos de
renda, esse tipo de gasto
permaneceu
praticamente
inalterado no mesmo período,
levando a um aumento da
desigualdade. No Brasil, temos
menos pesquisas sobre o assunto,
mas a tendência de aumento da
desigualdade no gasto com as
crianças mais ricas e mais pobres
parece ser a mesma. Um indicativo
disso vem de uma análise da
Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad), do IBGE, feita
pelo economista Ricardo Paes de
Barros (Insper). Ele identificou um
crescimento do acesso à creche
entre todos os grupos de renda
desde 2001.
Mas, para crianças das famílias
que estavam entre as 10% mais
ricas do país, o acesso à creche,
especialmente na rede privada,
aumentou em ritmo maior do que
o verificado entre aquelas que
estavam entre as 10% mais
pobres, que frequentavam
majoritariamente a rede pública.
Em 2014, 54% das crianças mais
ricas estavam em creches até 3
anos de idade.
Entre as mais pobres, este
percentual era de apenas 15%.
Desde 2001, a diferença entre os
dois grupos cresceu de 26 para 39
pontos percentuais. Infelizmente,
não é apenas o acesso que é
desigual. Em estudo debatido no
evento "Educação 360 – Educação
Infantil", o economista Daniel
Santos (USP-Ribeirão Preto)
comparou o desempenho escolar
no 5º ano do ensino fundamental
de crianças que haviam
frequentado creches até os 3 anos
de idade com aquelas que não
haviam tido acesso.
No caso de crianças cuja mãe
tinha alta escolaridade, o impacto
da creche era positivo. Já para os
filhos de mães menos instruídas,
acontecia o oposto: a frequência à
creche estava associada a piores
médias. É um indicativo
preocupante de que um
atendimento de má qualidade na
primeira infância pode até
prejudicar a criança. Claro que não
se deve menosprezar nessa análise
que creches têm também efeitos na
família. Um estudo de Paes de
Barros com mães do município do
Rio mostra que aquelas que
conseguiram uma vaga em creches
municipais apresentavam maiores
taxas de ocupação e renda.
Mas o ponto que a pesquisa de
Santos levanta para o debate é que,
do ponto de vista da criança, não
podemos aceitar qualquer tipo de
creche. É preciso ter qualidade.
No "Educação 360 — Educação
Infantil" foram debatidas também
outras formas de atendimento a
crianças fora de creche, algumas
com resultados positivos e custo
menores. Mas o que temos de
evidência robusta, no caso das
creches ou pré-escolas, é que o
atendimento de qualidade na
primeira infância custa mesmo
caro, pois exige profissionais
capacitados.
A pergunta importante a ser
feita é: o gasto compensa? Os
estudos do economista da
universidade de Chicago James
Heckman, prêmio Nobel de
Economia em 2000, mostram que
sim, e muito. Analisando no longo
prazo os resultados do projeto
Perry Pre- School, que atendia
crianças na pré-escola em situação
de risco no estado de Michgan
(EUA), Heckman e sua equipe
estimaram que cada dólar
investido no projeto representava
uma economia de sete dólares no
futuro.
A economia é explicada pela
maior taxa de conclusão do ensino
médio, menores taxas de gravidez
precoce, de envolvimento em
crimes, entre outros fatores
analisados na pesquisa. Difícil
achar melhor investimento social
do que esse, com altos benefícios
para toda a sociedade.
FOLHA DE SÃO PAULO
04/07/16
EDITORIAL
Evolução sem fronteiras
Estudantes vinculados ao Ciência sem Fronteiras ou interessados
em participar desse programa federal de intercâmbio estão
apreensivos. Enquanto alguns enfrentam dificuldades para renovar
bolsas de estudo no exterior, noticia-se que o governo de Michel
Temer (PMDB) pode cortar benefícios concedidos.
Criado pela gestão Dilma Rousseff (PT), em 2011, o Ciência sem
Fronteiras tinha a meta declarada de levar 101 mil alunos e
pesquisadores brasileiros a instituições de excelência em todo o
mundo.
Como acontece com tantas ideias bem-vindas, porém, a iniciativa
sucumbiu ao populismo marqueteiro.
Empenhado em mandar a maior quantidade possível de estudantes
para o exterior, o governo Dilma não privilegiou o encaminhamento
para entidades melhores que as brasileiras. Reportagem desta Folha
mostrou que menos de 4% dos bolsistas conseguiram vagas nas 25
melhores instituições do planeta.
Pior, muitos nem sequer dominavam o idioma em que teriam aulas
-o que permitiu aos mais sarcásticos descrever o programa como um
cursinho de inglês a preços extorsivos. Só em 2015, o Orçamento lhe
reservou R$ 3,5 bilhões.
A despeito da maneira irresponsável com que foi conduzido, o
Ciência sem Fronteiras é uma ideia valiosa demais para ser
sacrificada, e as restrições impostas pela crise econômica oferecem
a ocasião para que suas cláusulas sejam rediscutidas em termos
adequados à realidade nacional.
Em artigo no jornal "Valor Econômico", Carlos Nobre (expresidente da Capes) e Concepta McManus (UnB), embora façam
uma avaliação muito mais benigna dos resultados até aqui
apresentados, sugerem uma série de medidas para aperfeiçoar o
programa.
Destacam-se, entre elas, as seguintes propostas: criar limites a
alunos de graduação, no intuito de aumentar a participação da pósgraduação; concentrar bolsistas em instituições de ponta; e exigir
proficiência na língua em que os cursos serão ministrados.
É incrível que tais critérios não vigorem hoje. Talvez as pressões
seletivas de um Estado em crise constituam o estímulo necessário
para o Ciência sem Fronteiras evoluir para um programa mais robusto
e mais eficiente.
O ESTADO DE S. PAULO 04/07/16
METRÓPOLE
Estudar de manhã ainda opõe a rotina
dos filhos e dos pais
04/07/16
CORREIO BRAZILIENSE
04/07/16
BRASIL
RIO DE JANEIRO »
Estudante é assassinado na UFRJ
disseram que ele saiu para correr
no câmpus ao meio-dia, mas não
retornou. Por volta das 18h, seu
corpo foi encontrado às margens
da Baía de Guanabara. Vestia a
camiseta com que saiu de casa, mas
estava sem a bermuda.
Após ameaças por e-mail,
amigos acreditam em homofobia
O estudante de arquitetura
Diego Vieira Machado, de 24
anos, foi assassinado no câmpus
da Universidade Federal do Rio
de Janeiro, na Ilha do Fundão, zona
norte da cidade, na tarde deste
sábado, dia 2. O corpo do jovem
tinha marcas de espancamento e o
rosto estava desfigurado. Para os
amigos do estudante, o crime teve
motivação homofóbica. O caso
está sendo investigado pela
Delegacia de Homicídios da
capital.
Diego morava no alojamento
universitário da UFRJ. Amigos
Órfão de pai e mãe, mortos num
acidente de carro em 2014, no
Pará, Diego veio para o Rio
estudar Letras. Recentemente,
pediu transferência para o curso de
Arquitetura. Ele vinha enfrentando
problemas de relacionamento com
colegas. “Ele era teimoso, muito
briguento. Mas só reagia aos
ataques raciais e homofóbicos que
sofria. Eu testemunhei algumas
brigas. Ele era uma pessoa boa”,
contou a estudante de Comunicação
Pérola Gonçalves, 22 anos, amiga
de Machado.
Em maio, alunos do alojamento
haviam recebido um e-mail com
ameaças. Com a morte de Diego,
cópias das mensagens foram
postadas por diferentes perfis do
Facebook, lembrando o episódio.
“Sabemos a vida que você levam
de
baladas,
drogas
e
promiscuidade. Tomem cuidado!
(...) Vamos começar por um certo
alun@ que se diz minoria e
oprimido por ser homossexual, que
gosta de fumar uma maconha (...),
que odeia Bolsonaro, que prega a
liberdade e o amor, mas apoia o
aborto”, diz a mensagem.
Antes do corpo ser achado, no
whastaspp do núcleo de direitos
humanos da universidade,
circulava a informação de que
havia pixações em banheiros da
instituição com os dizeres: “morte
aos gays”. O texto é assinado por
“Juventude Revolucionária Liberal
Brasileira”. A UFRJ informou que
vai investigar o envio da mensagem
com ameaças. A morte do estudante
provocou reação de estudantes e
professores nas redes sociais,
cobrando segurança no câmpus.
CORREIO BRAZILIENSE
04/07/16
OPINIÃO
E se o menino fosse seu filho
DEBORA DINIZ
Professora da Universidade de
Brasília (UnB) e conselheira do
Instituto Uniceub de Cidadania
(IUC)
Em 2015, puxei um plantão na
unidade socioeducativa para
meninas infratoras no Distrito
Federal. Apareci por ali para fazer
pesquisa,
mas
terminei
convivendo
com
gente
desconhecida. Fiz amizades de
todo jeito; uma delas foi com quem
eu antes achava ser gente bandida.
As unidades socioeducativas já
foram chamadas de reformatório
ou Febem; hoje, o nome inventado
é cadeia de papel: nem tanto
cadeia, mas nem em sonho escola.
Conheci todas as meninas,
absolutamente todas, que
passaram por ali em 2015.
Provisórias são aquelas que
permanecem entre as grades por
um período de até 45 dias —
caberá ao juiz decidir se o malfeito
é grave para medida de internação
longa, de seis meses a 3 anos.
Sentenciadas são as infelizes que
amadurecem entre celas e grades.
Com as sentenciadas peguei
sentimento.
Olho para o menino de 10 anos
morto pela polícia de São Paulo e
volto para as meninas que conheci.
Ouço o brado raivoso de quem
pede mais prisão, sentença eterna,
ou mesmo extermínio. Sei o quanto
as pessoas aqui de fora têm medo
daquelas que não querem mais ver,
pois ultrapassaram a fronteira do
inferno e é lá que deveriam
permanecer. Uma cadeia na
adolescência é desgraça para o
futuro: mas o futuro de todos nós,
não só de quem vive entre grades.
Antes de ter visitado a cadeia de
adolescentes, passei tempo longo
no presídio feminino — ali,
descobri que uma em cada quatro
presas em regime fechado havia
passado
por
medida
socioeducativa de internação na
adolescência. Uma em cada quatro
tinha conhecido a prisão ainda
menina.
Antes que me acusem de
defender gente bandida, peço
licença para me explicar. Não há
isso de bandidagem natural, ou
maldade no sangue. Tudo o que
somos para o certo ou para o
errado é da ordem do vivido, é
parte daquilo com que pudemos
conviver quando ainda éramos
crianças miúdas ou quando
viramos gente em um mundo
desigual. Não peço que exercitem
a compaixão, esse é um sentimento
tolo para quem quer mudar
desigualdades, mas peço que
exercitem o espanto: um menino de
dez anos perambulava pela rua, era
engraxate no aeroporto, já tinha
arma ou usava drogas. Isso é
espantoso.
Foi esse o espanto que vivi ao
conhecer as meninas entre trancas.
Foi essa angústia que vivi ao
acompanhar o julgamento das
meninas que conheci no
reformatório e que, agora, estão na
cadeia de mulher adulta. De todas
com quem convivi no tempo do
plantão o destino se resume a três
possibilidades: prisão, cemitério
ou gravidez. Há combinações entre
as reduzidas chances, é verdade:
ir para a prisão grávida e morrer
em uma das saídas. Sempre há uma
ou duas delas com história de fadas
para acomodar nossas crenças de
que “se ela quiser mesmo, mudará
de vida”. Não há mudança
individual quando o crime é parte
da economia da vida — quase
todas as meninas que conheci eram
traficantes de rua, e, talvez por
isso, as que se salvam pelos contos
de fadas não eram comerciantes da
ilegalidade, mas matadoras.
O fatalismo de que não há saída
é ruim para todos nós. Faço
questão de repetir: cuidar de quem
vive na bandidagem menina é
garantir o futuro de todos nós. As
explicações sobre o que aconteceu
na vida do menino de dez anos
morto pela polícia estão
disponíveis, mas não me
satisfazem. A razão? Porque as
perguntas certas não foram feitas
— por que este menino saiu da
escola e não nos causou espanto?
Será mesmo que algum dia foi à
escola? Por que a rua era lugar
04/07/16
feliz para alguém aos oito de
idade? Ele não sentia medo? Como
terá sido a primeira batida
policial? Será que sofreu
violência?
Uma forma de nos provocar
empatia é sempre imaginar “e se
fosse o meu filho?” Sim, as elites
dirão: “meu filho de 10 anos
jamais estaria na rua”. Pois é, esse
deve ser nosso ponto de partida.
O menino não é meu filho, nem de
outras mulheres que passarão por
aqui com a autoridade do texto. O
menino é sempre o filho da outra,
sem nome, distante e desconhecida.
Não acredito que o justo se mova
pelo pensamento familista ou
egoísta “do meu filho”, mas dado
o nosso estado coletivo de apatia,
recorro até mesmo a argumento de
que desconfio para exercitar o
espanto — e se o menino fosse seu
filho?; e se você fosse a mãe ou
pai dele?
JORNAL ALÔ BRASÍLIA-DF 04/07/16
BRASÍLIA
06/07/16
PÁGINAS AMARELAS
Entrevista – Michel Temer
A Lava-Jato não vai abalar meu governo
O presidente em exercício diz
que é "zero" a chance de as
investigações provarem algo
contra ele e que a economia vai
melhorar depois da definição do
impeachment
POLICARPO JUNIOR
E THAIS OYAMA
Perto de completar dois meses
na Presidência da República, o
presidente em exercício, Michel
Temer, tem trabalhado até
dezessete horas por dia — preço
que paga por liderar um governo
montado em prazo bíblico. Foram
sete dias ao todo, segundo ele, um
tempo exíguo que não foi definido
apenas pelas circunstâncias, mas
também por um distanciamento do
poder que ele se autoimpôs às
vésperas da votação do
impeachment na Câmara para
evitar a pecha de conspirador —
já que, como diz, "o vice é sempre
o principal suspeito".
De segunda a sexta, o
peemedebista continua morando
no Jaburu, o belo palácio que
Oscar Niemeyer projetou para
parecer "uma casa de fazenda", e
que lembra mesmo uma, mais
ainda quando as galinhas que
ciscam à beira do lago
comparecem de surpresa às
reuniões que o presidente em
exercício faz na sala envidraçada
voltada para o jardim. Lá, em
entrevista a VEJA, ele defendeu as
privatizações de tudo "o que for
possível", revelou ser contrário à
criação de normas para
"disciplinar" as delações
premiadas, mas disse considerar
"discutível" a decisão que prevê a
prisão imediata dos réus
condenados em segunda instância.
Ao comentar a possibilidade de o
deputado Eduardo Cunha renunciar
à presidência da Câmara, contou
que o aconselhou a "meditar a
respeito". Sobre ele próprio,
afirmou ser "zero" a chance de ter
uma acusação comprovada na
Lava-Jato.
Reclamou
da
"campanha" dos adversários e
elogiou a mulher, Marcela, a quem
julga "preparadíssima" para entrar
na vida pública. A estreia, disse,
se dará assim que ela se mudar
para Brasília com o filho do casal,
Michelzinho, o que deve acontecer
em agosto, se tudo correr como se
prevê e o hoje presidente em
exercício se tornar o 37e
presidente da República do Brasil.
O senhor diz que teve apenas
sete dias para montar o governo.
Por quê?
Quis esperar a votação da
admissibilidade do impedimento
pelo Senado. Apenas seis dias
antes, quando se verificou que ela
se daria, comecei a organizar o
governo. Montar uma equipe em
seis, sete dias é trabalho insano.
Adotei como prioridade a área
econômica, com atenção especial
à questão do desemprego. Acho
que fizemos da melhor maneira
possível.
O prazo curto explica
escolhas que, logo depois, se
mostraram equivocadas?
Eu tinha de fazer uma boa
equação com o Parlamento. Alguns
ministros deixaram o governo
assim que o meu partido declarou
independência. Pelo menos um
(refere-se a Henrique Alves,
ministro do Turismo, acusado de
ter recebido propina no escândalo
da Petrobras) eu tinha até um dever
moral de trazer de volta. O outro é
o senador Romero Jucá, que é
figura importante no plano
governamental, conhece economia
como poucos, tem uma capacidade
de articulação extraordinária. Mas
depois surgiu aquele acidente (o
ministro apareceu em gravação
tentando "estancar a sangria" da
Lava-Jato). O terceiro é Fabiano
Silveira (que deixou o Ministério
da Transparência depois que
apareceu em gravações criticando
a Lava-Jato). Os três pediram para
sair. Aliás, o Henrique até saiu
antes que viesse à luz qualquer
coisa. Ressalte-se: eles saíram de
imediato, diferentemente do que se
via antes.
Esse será o procedimentopadrão de seu governo?
06/07/16
Procurarei
tomar
essa
providência. Mas, antes, farei uma
pré-avaliação. No Brasil, estamos
perdendo um pouco a noção de que
existe todo um processo. Hoje,
basta alguém falar de alguém que
ele já está pré-condenado.
O senhor é a favor da prisão
imediata do réu após a
condenação em segunda
instância?
Como presidente em exercício,
tenho de tomar muito cuidado com
o que digo. Eu diria que é uma
matéria discutível essa da prisão
no segundo grau.
E sobre as tentativas de
restringir
as
delações
premiadas?
Pessoalmente, não sou
favorável à mudança dos critérios
da delação. Tal como está,
considero que está bem. É claro
que o sistema normativo exige que
a delação seja comprovada.
Ao afastar o presidente da
Câmara, Eduardo Cunha, o
Supremo invadiu a competência
do Congresso?
O Supremo muitas vezes decide
segundo
os
princípios
constitucionais, muitas vezes isso
não está na letra da lei. Nesse
caso, o próprio relator,
adequadamente, foi buscar uma
norma no Código do Processo
Penal. Decisão correta, portanto.
Prefiro só dar a opinião jurídica
nesse caso.
De zero a 10, qual é a
possibilidade de a Lava-Jato
abalar seu governo?
Zero. Convenhamos, em 45 dias
resolvemos o problema federativo
no país com a dívida dos estados,
aprovamos a Desvinculação de
Receitas da União, a DRU, em
duas semanas... No caso das
estatais, o projeto estava parado
no Senado. Votamos na Câmara.
São exemplos de que a Lava-Jato
não atrapalha em nada.
E qual é a possibilidade de a
Lava-Jato
atingi-lo
pessoalmente?
O que houve é que fui
presidente do partido por muitos
anos. Entravam doações, todas
oficiais. Há uma tendência para
criminalizar as doações oficiais. É
preciso separar bem o que é
propina do que foi doação legal.
O senhor presidiu o PMDB
durante quinze anos. As
investigações mostram que,
nesse período, houve pagamentos
de propina a José Sarney, Renan
Calheiros, Romero Jucá e
Eduardo Cunha... O senhor
nunca suspeitou de nada?
Eu cuidava das doações oficiais.
Nunca soube que alguém pudesse
dar verbas fora da doação oficial.
E são afirmações que merecem
comprovação, não são definitivas,
têm de ser comprovadas.
O que a interinidade o impede
de fazer no governo?
Embora sinta que a confiança no
Brasil está começando a renascer,
reconheço que o investimento
estrangeiro está esperando para ver
o que vai acontecer em agosto, na
votação do impeachment. Tenho a
impressão de que então se abrirá
um novo campo. É a única
observação que faço em relação ao,
digamos, prejuízo da interinidade.
Fora isso, só o lado pessoal.
Como assim?
Campanhas contra mim, por
exemplo. Enquanto existir a
interinidade, existe a perspectiva
do retorno. E, enquanto existir a
perspectiva do retorno, desejosos
desse retorno se dedicarão a esse
tipo de ação. Tentaram invadir o
meu escritório em São Paulo.
Outro dia, um grupo se postou em
frente à minha casa e começou a
gritar palavrões, assustando minha
mulher e meu filho. Os dois ficaram
chorando, foi muito desagradável.
Do ponto de vista pessoal, sua
vida mudou muito depois de o
senhor assumir a Presidência?
Comecei a compreender que a
vida do presidente da República é
muito devassada, não há como
evitar. Hoje, não vou a cinema, não
vou a restaurante, não ando mais
na praça como fazia. Se eu for, vão
dez seguranças junto.
O senhor tem experiência
nisso, mas a primeira-dama nem
tanto.
Mas graças a Deus ela é muito
discreta, não se deslumbra com
certas coisas. Evidentemente,
vindo para Brasília, ela terá uma
participação nas questões da área
social, acho que será até útil para
ela. Ela até hoje cuidou do nosso
filho.
Ela está preparada para a vida
pública?
Ah, preparadíssima. Ela tem
06/07/16
tranquilidade, especialmente em
face da discrição. Vocês
publicaram aquela reportagem
"Bela, recatada e do lar". Eu
gostei, ela também ficou feliz, mas
os nossos inimigos nos
bombardearam. "Está vendo: não
trabalha, é do lar, fica em casa.
Isso deve ser culpa do Temer, o
Temer a impede."
O senhor mandou impor
restrições à equipe da presidente
afastada Dilma Rousseff?
Nenhuma restrição foi imposta.
A equipe diz que ela foi impedida
de usar os aviões da FAB. Ela não
está em exercício. Portanto, não
está exercendo funções públicas.
Você tem transporte aéreo para
funções atinentes ao governo. Mas
ela começou a usar a estrutura
oficial para participar de um
movimento chamado algo como
"mulheres guerrilheiras contra o
governo e contra o golpe". Então,
ficava esdrúxulo que a senhora
presidente usasse o aparato
governamental para fazer
campanha contra o governo.
Numa reunião com ministros,
o senhor afirmou que o governo
vai "privatizar tudo". O que quer
dizer?
Um Estado liberal como o nosso
é poderoso na medida em que a
iniciativa privada produz bons
resultados. Vamos tomar o caso do
emprego. A administração pública
cria emprego? Não, você cria
emprego quando as empresas
prosperam. Então, quando digo
"vamos privatizar tudo", não é
tudo, claro. É: na medida do
possível, devemos privatizar.
Algum setor será blindado?
A Petrobras, sem dúvida. Ela
está muito ligada à ideia da
nacionalidade, patriotismo.
Correios?
Isso já não me parece tão
complicado.
Bancos públicos?
Não vejo como fazer isso.
Muitos têm uma função social,
como o BNDES e a Caixa
Econômica. Mas tudo o que eu
adiantar agora será um pouco
irresponsável, isso demanda
estudos. Talvez eu abra novas
frentes na área de concessões.
Vamos também incrementar as
áreas de portos, aeroportos, onde
elas já vêm sendo feitas, mas estão
paralisadas.
O senhor tem alguma viagem
internacional prevista para
quando, e se, se tornar presidente
definitivo?
Sim,
quero
buscar
investimentos para o país. Pretendo
ir aos Estados Unidos, aos
Emirados Árabes e ao Japão.
Essas viagens incentivam a
aplicação do capital estrangeiro.
Qual será a primeira medida
se o senhor se tornar presidente
efetivo?
Há medidas que já estão sendo
examinadas. A questão da
Previdência, por exemplo. Elas
demandam estudos e concertação
nacional. Já fiz aqui no Jaburu duas
ou três reuniões com as centrais
sindicais, porque não dá para fazer
uma coisa que vai gerar
movimentos de rua, protestos. Tem
de ter um mínimo de consenso.
O senhor é favorável à redução
da diferença do tempo de
aposentadoria entre homens e
mulheres para três anos?
Defendo a ideia de que no caso
da mulher haja uma pequena
diferença. Agora, há algo
interessante. A Constituição prevê
o somatório de duas condições:
idade e tempo de contribuição.
Está escrito lá: na Previdência,
você só pode se aposentar se
reunir duas condições. A primeira:
65 anos, se homem, e 60 anos, se
mulher. A segunda: 35 anos de
contribuição, se homem, e 30 anos,
se mulher. Agora, não sei o que
aconteceu que, com o tempo, se
entendeu que isso era uma
alternativa e não um somatório das
duas condições.
As pesquisas de opinião lhe
dão um alto índice de
rejeição.Como interpreta esse
resultado?
Não estou preocupado com
isso. Deve estar quem é candidato
em 2018. Como eu não sou, não
estou. Também, essas pesquisas
acho que foram feitas até o
trigésimo dia do governo, as
pessoas ainda estão olhando. Mas
a rejeição não aumentou, até caiu
um pouco. Vamos avaliar daqui a
um ano.
O senhor não será candidato
em 2018 nem na hipótese de seu
governo ser um retumbante
sucesso?
Não preciso mais disso, com
toda a franqueza. Já fiz muita coisa.
Com muita discrição, claro, nunca
fui carro alegórico, mas acho que
já cumpri meu papel. E me
convenci do seguinte: para exercer
06/07/16
certas funções, particularmente a
de presidente, você precisa ter uma
vida interior muito sólida, senão
você não existe. Acho que eu tenho
uma vida interior bastante sólida.
O que é uma vida interior
sólida?
Ah, eu leio muito.
O que o senhor tem lido?
Tanta coisa. Tenho lido muitas
biografias. A do Getúlio, por
exemplo, os três volumes.
E a poesia? Tem conseguido
escrever?
Não, não mais. O livro de
poesias que publiquei foi meio
brincadeira. Mas vou dizer uma
coisa: desde pequeno, sempre quis
ser escritor. Não tinha um autor
preferido, sempre fiz uma leitura
muito variada. Por exemplo, li
todos os volumes do Ken Follett.
Aqueles de mil páginas cada um:
Os Sete Pilares da Sabedoria...
Leio muito variadamente. Mas, em
poesia, Vinicius de Moraes era o
meu encantamento durante a
faculdade. Tinha um colega que
tocava violão muito bem, e nas
festinhas ele cantava e eu
declamava. Agora, se Deus quiser,
meu segundo livro será um
romance. Tenho tudo na cabeça. No
dia em que eu parar, escrevo.
Quem vai se apresentar como
chefe de Estado na cerimônia de
abertura da Olimpíada?
Você se refere à eventual
presença da presidente Dilma?
Isso.
Não me causa
constrangimento.
nenhum
Mas o senhor ficará na
posição destinada ao presidente
da República?
Suponho que sim. Eu sou o
presidente em exercício. Mas, se
pedirem que eu não vá, tudo bem,
eu não vou. Mas vai soar estranho.
Não
tenho
nenhum
constrangimento. A regra é da boa
educação pessoal e cívica.
O senhor recebeu o deputado
Eduardo Cunha no Jaburu no
domingo passado. É adequado?
Acho curioso. Quando eu
recebia membros da oposição, isso
era tido como traição no governo.
Aqui você não pode conversar
com certas pessoas. É o caso do
Cunha. Mas, veja, ele é deputado,
embora afastado é presidente da
Câmara, é do meu partido, ficou
muito tempo envolvido nas
questões todas, e esteve comigo de
fato aqui no domingo, veio
conversar um pouco sobre o
cenário político e a posição dele.
Naturalmente, ele está angustiado.
Muitos propõem que ele renuncie
à presidência.
E o senhor, o que propõe?
Eu não dou muito palpite. É uma
invasão nas questões mais íntimas
dele. Mas, evidentemente, quando
ele me contou isso, eu disse: "Você
deveria meditar a esse respeito".
Há risco real de o Tribunal
Superior Eleitoral impugnar a
chapa Dilma-Temer?
Isso vai acabar com a decisão
do impeachment. Se passar, é claro
que a ação perde objeto, já que ela
foi movida contra a presidente. A
questão é saber se ela segue contra
o vice-presidente. Pessoalmente,
tenho defendido, e isso é um
enfoque exclusivamente jurídico, a
ideia de que o vice é uma figura
institucionalmente apartada do
presidente. É o que diz a
Constituição. Depois, há a questão
dos direitos individuais. Seria o
primeiro caso em que a
condenação de alguém repercute
no outro. É como se você estivesse
dirigindo um carro, tivesse um
acidente, matasse alguém e a
pessoa sentada ao lado também
fosse condenada. Eu tenho essa
visão jurídica. Se prosseguir o
processo, tenho o dever de
construir uma saída jurídica, que
é o que farei.
Além da chapa, havia uma
parceria PT-PMDB no escândalo
da Petrobras.
O escândalo não é do partido,
é de pessoas, pode acontecer. Se
houve corrupção, foram pessoas
que se corromperam.
Não foi o PMDB que foi lá se
corromper na Petrobras.
Era possível um esquema
envolvendo tantos valores e
políticos tão importantes operar
sem o conhecimento do
presidente do partido?
Claro, evidente. Eu não estou
dizendo que tenham feito.
O senhor ainda tem dúvidas?
Estou dizendo que eu não tenho
julgamento sobre isso.
O GLOBO
03/07/16
EDITORIAL
Paralisações agravam situação do ensino no país
O ensino público no Brasil sofre de diversos males
que não estão ligados, a priori, à capacidade cognitiva
dos estudantes. Temos alunos motivados, como a
carioca Lorrayne Isidoro, do Colégio Pedro II,
classificada para representar o país na 16ª Olimpíada
Internacional de Neurociência, na Dinamarca.
Inteligências como a dela, certamente, são
desperdiçadas por condições adversas dentro e fora
das salas de aula. Faltam ao país uma política efetiva
de atração e retenção de bons professores, baseada
na meritocracia; material de apoio adequado;
cuidados na primeira infância; definição de metas
claras; e acompanhamento contínuo de desempenho,
entre outras carências.
O resultado é um desempenho ruim em testes
internacionais. No Pisa, por exemplo, apenas 1,4%
dos brasileiros chega aos níveis 5 e 6 (os mais altos),
sendo que a média dos países da Organização para
Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)
é de 13,8%, e a de Cingapura, 42,4%.
O que dizer, então, quando à precariedade
estrutural se juntam greves longas, acompanhadas de
ocupações que não permitem aos professores dar
aula? Na Unicamp, alunos invadiram a sala para
impedir o professor Serguei Popov de lecionar.
A greve é um direito constitucional, mas as
aspirações salariais não podem ser atendidas por um
Estado estrangulado pela grave crise fiscal. Antes de
serem legítimas, são reivindicações fora da realidade.
A degradação do sistema teve uma contribuição
decisiva dos governos Lula e Dilma Rousseff, que
privilegiaram um programa de expansão do ensino
universitário baseado em obras (novos prédios, novos
campus) e crédito educativo sem limite. O dinheiro
acabou, e agora se demonstra que a gestão de boa
parte das universidades é desastrosa.
Enquanto isso, estudantes deixam de aprender. Para
se ter uma medida do estrago causado, a paralisação
na rede estadual fluminense já inviabilizou o semestre
letivo de cerca de 70 mil alunos.
Não é o caso de se dizer que a reposição das aulas
— quando ocorre — amenize o problema, porque a
interrupção do calendário escolar dispersa os
estudantes e vai contra o caráter gradativo e
permanente do aprendizado.
O pagamento dos dias parados — porque os
governantes têm interesses político-eleitorais — só
agrava a situação, contribuindo para tornar permanente
a situação de greve. É mais um caso em que, pela
leniência do administrador público, o interesse
corporativo se sobrepõe ao coletivo.
A sociedade paga duplamente. Primeiro, para
manter um sistema de ensino que não funciona; depois,
para sustentar greves contra seu interesse: a melhoria
da qualidade da educação no país.
O GLOBO
03/07/16
ECONOMIA
Acionistas da Estácio resistem
em aprovar proposta da Kroton
Negociação já teve o aval do
Conselho. Família Zaher estuda
fazer outra oferta
Os acionistas da rede de
faculdades Estácio ainda não se
dobraram à oferta de compra feita
pela rival Kroton, avaliada em R$
5,5 bilhões e cuja aprovação pelo
Conselho de Administração do
grupo carioca foi anunciada na
sexta-feira. O Clube de
Investimento TCA, composto pela
família Zaher e que detém
participação de 14,13% na
companhia, montou uma equipe
para avaliar a possibilidade de
efetivar uma proposta própria para
adquirir o controle da universidade
carioca em conjunto com bancos
e parceiros, afirmou uma fonte
próxima às negociações.
O TCA já havia enviado carta
à Estácio informando que
planejava fazer uma oferta pública
para adquirir o controle da
companhia, comprando entre 50%
mais uma ação e 75% do capital
da empresa. E, agora, segundo essa
fonte, teria contratado o advogado
Marcelo Trindade, ex-presidente
da Comissão de Valores
Mobiliários (CVM) para avaliar
a possibilidade de estruturar a
oferta. Ainda que o Conselho de
Administração decida pela
convocação de assembleia para
votar a proposta da Kroton, os
Zaher podem correr por fora e
montar outra operação, desde que
dentro do prazo estipulado pela
CVM. A autarquia determinou que,
até o dia 19 deste mês, o TCA
publique os termos da oferta
pública ou declare que não tem
interesse em adquirir o controle da
Estácio por um período de seis
meses.
— O TCA decidiu avaliar uma
oferta depois de conhecer o
conteúdo da primeira proposta da
Kroton, que era de 0,97 ação da
Kroton por cada papel da Estácio.
O preço foi visto como absurdo.
Em uma segunda proposta, e depois
da Ser (Educacional) também rever
sua oferta para cima, chegou a
1,32. Mas o TCA buscava 1,40 —
afirma essa fonte.
‘AINDA NÃO
HOUVE NEGÓCIO’
Na próxima quinta-feira, haverá
nova reunião do Conselho de
Administração da Estácio, para
novamente apreciar a oferta da
Kroton. Se aprovada, será
convocada uma Assembleia Geral,
provavelmente para 30 dias
depois, quando a transação seria
então votada pelos acionistas da
empresa.
Chaim Zaher, que integra o TCA
e é hoje presidente da Estácio,
limita-se a dizer que todas as
propostas estão sendo estudadas,
pois não há negócio fechado.
—
O
Conselho
de
Administração não tem poder para
aprovar a negociação. O que
houve foi o aceite dos termos
financeiros propostos. Ainda
haverá outra reunião para avaliar
a oferta e, só depois, vai para a
assembleia — explicou o
presidente da Estácio. — Alunos
e professores não têm razão para
ter medo porque ainda não houve
negócio.
A disputa pela Estácio
esquentou no início de junho,
quando a Kroton anunciou que faria
uma proposta pela universidade
carioca. A Ser Educacional, outra
rede privada de educação,
antecipouse e apresentou oferta
pela Estácio. O movimento fez
com que a Kroton elevasse sua
proposta, passo que a Ser
acompanhou. Por fim, a oferta
aceita pelo Conselho da Estácio,
incluindo
pagamento
de
dividendos, chega a 1,32 ação da
Kroton para cada uma da Estácio.
FOLHA DE SÃO PAULO
03/07/16
COTIDIANO
Famílias trocam babá e escola
por novos espaços infantis em SP
Babá, televisão, colégio
integral, escolinha de inglês, balé
e natação. Famílias de São Paulo
estão trocando tudo isso por
espaços
que
oferecem
brincadeiras, ensino de emoções
e aulas de artes, esportes e idiomas
em um só lugar.
A maioria dos espaços, muitos
com menos de um ano de idade,
fica perto de colégios particulares
na zona oeste de SP –
especialmente em Pinheiros, mas
não só.
Por até R$ 3.000 por mês,
recebem tanto crianças fora do
horário de aula como aquelas que
ainda não estão na escola. Os
valores variam segundo a
frequência –os pais podem optar
por deixar os filhos ali por um
período que varia de uma hora a
todos os dias da semana. Há
também programação de férias.
Dois fatores influem na
procura: a praticidade e a
valorização de atividades lúdicas.
Na Casa Ubá, aberta em 2015,
panos, sucata e argila, entre outros
materiais, ficam à disposição das
crianças em uma casa na Vila
Madalena.
Educadores estão lá, mas são as
crianças que inventam as
brincadeiras. A proposta é que se
relacionem entre si.
"Hoje em dia, as crianças saem
da escola e vão para a natação,
depois outra aula. É tudo dirigido
por adultos. A ideia é que aqui se
reencontrem", diz Lilia Standerski,
sócia do local com a também
pedagoga Bruna Mutarelli.
também oferece atividades lúdicas,
mas tem como objetivo principal
desenvolver
capacidades
socioemocionais
como
colaboração, solidariedade e
criatividade.
O trabalho com essas
competências é feito dentro de uma
grade que inclui, entre outras
atividades, artes, circo e inglês. O
projeto foi desenvolvido a partir
de estudos de Leticia Lyle, uma das
sócias, na Universidade Columbia,
em Nova York. "Trabalhava com
crianças e sentia que faltava uma
boa gestão das emoções, por
exemplo como lidar com
frustração."
A atriz Daniela Rocha preferiu
levar sua filha de 2 anos lá a
matricular a garota numa escola.
"Não queria ainda uma rotina tão
intensa", diz.
A publicitária Suzana Duarte foi
uma das que se entusiasmou com a
proposta. Além do projeto, ela
elogia o aspecto prático. "Deixo
ele de manhã, depois ele almoça
ali e o acompanham até a escola."
Inaugurada neste ano, a
Afterschool, em Alto de Pinheiros,
COMODIDADE
A demanda por negócios como
03/07/16
esse foi identificada logo no início
pelos criadores da Oficina Toka,
na Vila Madalena, pioneira nesse
nicho.
Inaugurado em 2012, o espaço
recebe 300 crianças para artes,
brincadeiras e esportes. O filho da
consultora Sandra Pimentel é uma
delas. "Prefiro que as crianças
façam escola integral ou cursos
paralelos em vez de ficar em casa
ou com uma cuidadora."
Mudanças na lei ajudam a
explicar a procura, diz Roberto
Sonnewend, um dos sócios. "O
trabalho doméstico encareceu, e
famílias passaram a questionar a
qualidade do tempo dos filhos em
casa."
Em São Paulo, segundo o
Datafolha, a remuneração média de
uma babá varia de R$ 1.659, para
a que não dorme no emprego, a R$
2.160 para a que dorme. Não à toa,
um dos dos programas mais
disputados na Toka é o noturno:
uma sexta-feira por mês, pais
podem deixar no local seus filhos
das 19h às 23h.
Com tanta demanda, o setor só
tende a crescer, avalia outra
pioneira no ramo.
"No início, perguntavam 'por
que trazer minha filha para brincar
aqui se posso ir para a pracinha?'",
diz Luciane Motta, diretora da Casa
do Brincar, aberta em 2009. "No
futuro, acho que seremos em
número igual ao de escolas."
O ESTADO DE S. PAULO 03/07/16
METRÓPOLE
Haddad reduz ronda escolar e põe
Guarda para fiscalizar camelô e multar
LUIZ FERNANDO TOLEDO O ESTADO DE S.PAULO
Total de unidades atendidas
pelo programa até junho caiu
57,9%, em comparação com
2013, e as rondas diminuíram
66,3% no mesmo período
A gestão Fernando Haddad
(PT) esvaziou o programa de
segurança escolar feita por
guardas-civis metropolitanos
(GCMs). Desde 2013, primeiro
ano de Haddad à frente da
Prefeitura,
guardas
que
monitoravam o entorno de escolas
municipais de ensino fundamental,
pré-escolas e creches têm sido
deslocados para as outras
atribuições, como policiamento
florestal, acompanhamento do
programa De Braços Abertos, na
Cracolândia, e fiscalização do
trânsito, entre outras funções.
Neste ano, foi registrada o menor
número de rondas de toda a gestão.
Neste período, as atribuições
da GCM se diversificaram. Foram
criadas três inspetorias da guarda
florestal, com um efetivo de 700
guardas-civis. Outros 250 guardas
foram deslocados para o programa
De Braços Abertos e 800 estão
atuando no combate ao comércio
informal, em substituição aos
policiais
militares
que
participavam da Operação
Delegada.
Além disso, desde setembro do
ano passado, 80 guardas atuam
com radares-pistola nas Marginais
do Pinheiros e do Tietê, usados
para fiscalizar motos.
O governo municipal admite
que houve diminuição do programa
escolar, mas promete chegar a 300
unidades atendidas por 800 GCMs
a partir de agosto. A justificativa é
que houve aumento das atribuições
da guarda sem ampliação do
efetivo. O secretário municipal de
Segurança Urbana, Benedito
Mariano, também promete nomear
500 GCMs dos 2 mil aprovados
em concursos em 2013. A
prioridade será reforçar a ronda
escolar (mais informações nesta
página).
Bico. Para minimizar a falta de
segurança, a Prefeitura tem
oferecido aos guardas que fiquem
em postos fixos nas escolas
consideradas
mais
“problemáticas” nos dias de folga,
o chamado “bico oficial”.
O número de escolas com
policiamento fixo aumentou – eram
52 unidades em 2013, ante 75 neste
ano. Mas esta ação contempla
parcela pequena da rede, que tem
1.424 unidades próprias e outras
2.025 conveniadas (administradas
por entidades privadas). E há, no
total, só 200 guardas nestes
colégios – 3,3% do efetivo.
Além disso, 553 escolas têm
segurança privada, que cuida da
preservação dos bens materiais, ao
custo médio de R$ 15 mil por
unidade, prioritariamente no
03/07/16
período
noturno.
Nesta
modalidade, os agentes não podem
usar armas.
Para o presidente do Sindicato
dos Guardas Civis Metropolitanos
de São Paulo (Sindguardas-SP),
Clóvis Roberto Pereira, o
principal motivo para o
esvaziamento é a redução no
efetivo. “No final de 2004,
tínhamos 6.183 GCMs e a
principal atividade era o
policiamento escolar. Hoje, são
6.005. Temos menor efetivo e muito
mais atribuições. Você tem o
cobertor curto e acaba priorizando
uma coisa ou outra.”
Desânimo. Sob condição de
anonimato, o Estado conversou
com um GCM que está há 20 anos
na corporação. Ele relata
sobrecarga no trabalho e desânimo
com a profissão. “Quando a pessoa
entra numa corporação policial,
entra com uma vontade instigante
de trabalhar. O salário parece bom
no começo, se comparado com o
mínimo que se recebe na iniciativa
privada. Mas, quando você faz a
relação com a responsabilidade
que leva nas costas, fica indignado.
Muita gente está saindo porque não
aguenta mais ficar na corporação.”
Um dos maiores problemas,
segundo o GCM, é que a falta de
efetivo faz com que muitos
trabalhem dobrado e não consigam
tirar folgas. “Posso trabalhar no
radar e no mesmo dia receber uma
missão de ronda escolar. A carga
de estresse é tão grande que muita
gente pega licença. Com efetivo
baixo e falta de concurso, quem
está trabalhando, trabalha por duas
ou três pessoas”, disse.
Outro problema relatado por ele
é o assédio moral. “Há muita
perseguição. Um exemplo: muitas
vezes não chega o uniforme para
trabalhar, e aí precisamos comprar
do nosso bolso. Se você não
compra, o chefe pode até pedir sua
transferência para outro lugar. Se
você pede uma folga, dizem que
vão dar. Aí, de última hora,
cancelam e você precisa
desmarcar todos os planos. Isso
desgasta muito o agente.”
O ESTADO DE S. PAULO 03/07/16
METRÓPOLE
Entrevista / Benedito Domingos Mariano
‘Diminuiu, mas vamos retomar o atendimento’
Secretário de Segurança
Urbana afirmou que sua
prioridade é contratar mais 500
GCMs no segundo semestre
LUIZ FERNANDO TOLEDO O ESTADO DE S.PAULO
Por que houve diminuição no
efetivo das rondas?
A guarda está na cidade inteira.
Inauguramos três inspetorias
ambientais, não existia nenhuma.
São Paulo tem uma área
extraordinária de proteção
ambiental. Há GCMs na operação
do programa De Braços Abertos,
que deve se tornar uma inspetoria
de redução de danos. A segurança
escolar diminuiu muito, mas eu
quero retomar a prioridade.
Por que não contrataram os
2 mil GCMs do concurso de
2013?
Eu já fiz três reuniões com o
sindicato. Todos serão chamados
até o final de 2017, não há
possibilidade de não serem. Nós
estamos trabalhando para chamar
500 em 2016 e, no segundo
semestre, vamos começar a
preparar o orçamento de 2017,
deixando recursos para chamar o
restante. A gestão do prefeito
Fernando Haddad foi a primeira a
fazer concurso depois de 10 anos.
Aumentou muito a demanda e não
fizeram concurso.
Como será a ampliação da
GCM nas escolas?
Hoje, nós atendemos 75 escolas
com policiamento fixo de 200
guardas. Eu flexibilizei a
possibilidade de se fazer atividade
delegada
(bico
oficial)
especificamente nas escolas. Nós
acreditamos que, com isso, vamos
cobrir, a partir de agosto, 300
escolas, com 800 GCMs. E se
tivermos autorização para
contratar mais 500 GCMs no
segundo semestre, a maioria vai
para a segurança escolar. É a
minha prioridade.
O uso do radar-pistola não
prejudicou a ronda escolar?
Não. São só 80 guardas neste
serviço.
CORREIO BRAZILIENSE
O triste hoje da UnB
É do mister das universidades se
ocuparem da universalidade do
conhecimento, em todos os pontos
cardeais. Portanto, nada do que é
humano deve escapar da análise
crítica desses centros do saber. Pelo
menos é assim que deveria ser num
mundo ideal. No caso das
universidades brasileiras, o
reconhecimento natural sobre a
função de pensar a sociedade vem
sendo atropelado por uma espécie
de niilismo político que se imiscuiu
entre nossos pensadores, turvandolhes a visão e a mente.
Nos últimos anos, a ascendência
exacerbada dos partidos políticos e
seus credos sobre o funcionamento
material e intelectual de nossa
universidade vêm, aos poucos,
subtraindo-lhes a primazia do saber,
substituída por uma espécie de
gosma inócua, que busca
uniformizar uns e alijar outros,
pespegando-lhes a tatuagem de
golpistas ou coisa que o valha.
Infelizmente a UnB, como as demais
universidades públicas, não escapou
desse vendaval, e vem sendo
abduzida por esses cantos de sereia.
O que, à primeira vista, parece
tingido pelos matizes da pluralidade,
esconde, no seu âmago, um ódio ao
diferente.
O surrealismo da situação atual
fez daquele professor que
simplesmente quer ministrar suas
aulas um corpo estranho nesse
turbilhão. Cartas de funcionários da
UnB recebidas por esta coluna —
03/07/16
que, por motivos óbvios, pediram
sigilo do missivista — ajudam a
elucidar a situação vivida em nossas
academias. Uma delas explica que o
PT adotou a estratégia em outra
década de controlar os sindicatos
dos professores e daí, mediante
eleição, controlar as reitorias. As
greves eram 80% políticas. Foram
bem-sucedidas. Hoje, controlam 90%
ou mais das reitorias, diz nosso
missivista.
Aparelham
as
administrações e usam recursos e
políticas para fortalecer seu partido.
Trabalham para destruir possíveis
adversários.
Com a mudança dos ventos,
provocada pela Operação Lava-Jato
e pelo processo de impeachment,
houve sensível diminuição no apoio
ao PT. O seu lugar foi imediatamente
tomado por uma franja do mesmo
naipe. O PSol tentou o mesmo
caminho e hoje controla a Andes,
vários sindicatos e algumas reitorias,
com destaque para a UFRJ, a maior
universidade federal. Dentro da
universidade, quem se atreve a
defender o impeachment vira uma
espécie de barata kafkiana e tem de
se esconder dos demais.
Nos países desenvolvidos, a
liturgia é diferente. Conselhos de
luminares (scholar) escolhem os
dirigentes, com maioria de gente
externa. Darcy Ribeiro vislumbrou o
mesmo para a UnB. Pelo menos é o
que está na Lei 3.998/61 e no Decreto
500, de fevereiro de 1962. Ele foi
contra as eleições gerais. O governo
FHC regulamentou o processo
eleitoral, reservando 70% do peso
ARI CUNHA
aos votos dos docentes. A UnB vem
ignorando a lei desde 2008, adotando
a paridade de 1/3 do peso para
docentes, técnicos e alunos. “Eleição
geral para reitor é uma invenção da
esquerda brasileira. Não acontece em
nenhum país desenvolvido, nem em
Cuba, nem na China. As esquerdas
latino-americanas são únicas no
mundo que vivem no passado,
lutando contra a ditadura até hoje,”
descarrega o funcionário.
A rigor, no Brasil, não se tem uma
direita, muito menos uma esquerda.
O que existe, de fato, são aqueles
grupos que estão acima (no poder)
e o restante, situados abaixo. No
meio desses grupos, fica uma grande
maioria silenciosa, indiferente e
descrente. Em outra carta, um dos
professores descrentes desabafa:
Tenho vários amigos que lecionam
na UnB que desistiram de tudo e
passaram a construir a vida ao largo
da vida acadêmica. Agem como
estrangeiros. Vão para as aulas, dão
as aulas e voltam para casa. Se
quiserem entrevistá-los, o último
lugar em que vão encontrá-los é no
Minhocão. Preferem andar
quilômetros a encontrar com
colegas.
História de Brasília
Com isto ficariam satisfeitos os
ministros militares, que já se haviam
pronunciado abertamente quanto à
volta do sr. João Goulart ao país,
como “inconveniente para a
segurança nacional”. (Publicado em
9/9/1961)
CORREIO BRAZILIENSE
03/07/16
À QUEIMA-ROUPA
Professor Reginaldo Veras
Deputado distrital (PDT)
A Câmara Legislativa
aprovou o projeto de lei que
obriga as escolas públicas a
incluírem em seus currículos
debates sobre “valores de ordem
familiar”. Por que o senhor
votou contra a proposta?
Porque é inconstitucional.
Alterações curriculares são
prerrogativas do MEC. Os temas
transversais estão definidos nos
Parâmetros
Curriculares
Nacionais (PCNs) e o primeiro é
ética e moral: respeito mútuo,
solidariedade etc. Logo, o que o
projeto propõe já está legislado.
Como discutir valores
familiares nas escolas sem entrar
em temas controversos ou
doutrinários?
Impossível numa escola
libertária, democrática, crítica,
participativa e preocupada com a
formação da cidadania plena.
Alguns professores têm
ligações partidárias. Acha
correto tratar de política nas
escolas,
por
exemplo,
defendendo que o impeachment
da presidente Dilma Rousseff foi
golpe?
A escola é um espaço de debate
democrático e formação da
cidadania. É possível abordar
CIDADES - EIXO CAPITAL
ANA MARIA CAMPOS
tudo, contanto que seja de forma
plural e dando espaço ao
contraditório.
Como tratar de temas da
atualidade sem influenciar a
opinião dos alunos?
Respeitando a opinião dos
estudantes. A relação professoraluno no processo de ensinoaprendizagem é uma via de mão
dupla: o mestre ensina e aprende
concomitantemente.
Na sua opinião, qual foi o
principal tema discutido pela
Câmara Legislativa no primeiro
semestre?
Indubitavelmente, considerando
o envolvimento da sociedade, a
regulamentação dos aplicativos de
mobilidade urbana, a exemplo do
Uber, em que me manifestei pela
liberação total do serviço.
Como anda a relação do
governador Rodrigo Rollemberg
com a Câmara?
Ainda conturbada. Sem uma
base sólida definida e com
dificuldades de articulação.
Acha que ele inaugurou uma
nova forma de negociação com
os deputados distritais? Houve
avanços?
Ele tentou. Os avanços foram
pequenos, em virtude da
dificuldade de, em pouco tempo,
mudar formas decadais de
negociação. Muitas, ao longo da
história, até pouco republicanas.
CORREIO BRAZILIENSE
03/07/16
CIDADES - EIXO CAPITAL
ANA MARIA CAMPOS
Personal trainer público
Se depender da Câmara
Legislativa, cada ponto de
encontro comunitário espalhado
pelo Distrito Federal terá um
professor de educação física na
supervisão dos exercícios. Será
uma espécie de personal trainer
público. Tem sentido? De autoria
do deputado Juarezão (PSB), o
projeto foi aprovado em segundo
turno na semana passada. Vai ser
difícil para o governador Rodrigo
Rollemberg vetar a proposta do
distrital de seu partido.
JORNAL DA
COMUNIDADE - DF
03/07/16
OPINIÃO
CLDF limpa a pauta cedo
Ninguém acreditava na
promessa da presidente da Câmara
Legislativa do DF (CLDF),
deputada Celina Leão (PPS), de
que o encerramento dos trabalhos
do primeiro semestre de 2016
seriam encerrados mais cedo e não
iriam entrar pela madrugada. Ela
falou e cumpriu, com a ajuda dos
demais deputados distritais.
Assim, a última sessão ordinária
do semestre, foi encerrada por
volta das 21h20, após muitas
discussões e decisões. Celina
destacou que naquele momento de
finalização das atividades, havia
um clima de dever cumprido. E
que não sair do plenário de
madrugada foi uma quebra de
paradigmas e fato inédito.
A justificativa para isso foi a
organização dos parlamentares e
a criação de um cronograma que
permitiu a organização dos
trabalhos com antecedência e a
obediência a este. Celina disse que
quando você cria um cronograma
de trabalho e se estabelece regras,
fica garantido um prazo de
trabalho, e se cumprido, favorece
a um bom resultado. E isso para
ela não é só para os parlamentares,
mas é o que a sociedade espera
dos seus representantes no
Legislativo.
O cronograma estabeleceu que
os projetos dos deputados fossem
discutidos exaustivamente nas
comissões de direito de cada um,
fossem ao Plenário os projetos
para serem apreciados em
primeiro turno, depois daqueles
para ser votados em segundo turno.
Tudo acordado nas reuniões nos
Colégios
de
Líderes,
semanalmente. Isto fez com que os
trabalhos fluíssem e não ficassem
muitas matérias para a última
sessão. Mas a presidente da CLDF,
deputada Celina Leão, fez duras
críticas, mais uma vez, pelo fato
do Poder Executivo ter enviado
projetos na última hora,
classificando isso como um
desrespeito do Poder Executivo
com o Poder Legislativo. E disse
que os parlamentares só acataram
e votaram os projetos de urgência
do Executivo.
Exemplo disso foi o Projeto de
Lei de Diretrizes Orçamentárias
(PLDO) de 2017 ficou por último.
Ele recebeu 132 emendas dos
parlamentares e foi aprovado com
19 votos favoráveis.
Várias propostas que eram
aguardadas para serem votadas, em
segundo turno, tiveram um final
feliz, como a proposta que cria 250
cargos em comissão na Defensoria
Pública do DF. A vibração veio das
galerias com a participação maciça
de servidores que torciam para
esse desfecho positivo.
O projeto dos ‘puxadinhos’ que
era aguardada pelos comerciantes
garantiu que fica estendido até 30
de outubro o prazo para que
comerciantes da Asa Sul possam
requerer a regularização dos
“puxadinhos”.
Também, com empenho dos
deputados, o projeto do GDF que
autoriza o governo a pagar a taxa
de inscrição no Programa de
Avaliação Seriada (PAS), da
Universidade de Brasília (UnB),
mesmo tendo chegado de última
hora,
sensibilizou
os
parlamentares que votaram em
favor dos estudantes. O projeto
prevê que alunos da rede pública,
com renda per capita familiar de
até dois salários mínimos, prevê a
isenção da taxa. Os recursos virão
de emendas parlamentares.
Estima-se que o custo do
benefício seja de R$ 2,5 milhões
ao ano para 30 mil alunos.
Os estudantes também tiveram
outra vitória: a aprovação da
ampliação do passe livre estudantil
para até um ano após o término do
ensino médio, com o objetivo de
terem direito ao benefício para
preparação ao ensino superior.
Ao final dos trabalhos, após
esgotar a pauta, Celina agradeceu
o empenho dos deputados que
participaram dada sessão, votando
matérias de interesse da sociedade
do DF durante todo o semestre.
Este é o exemplo que a CLDF dá,
colocando a população em
primeiro lugar!
JORNAL DA
COMUNIDADE - DF
03/07/16
EDUCAÇÃO
Apenas 4,5% das escolas
têm infraestrutura completa
O país deveria ter definido
parâmetros mínimos de qualidade
dos serviços da educação
Redação
Comunidade
Jornal
da
Fatores básicos, como acesso
à água tratada e esgoto sanitário,
ainda não são universais
Apenas 4,5% das escolas
públicas do país têm todos os itens
de infraestrutura previstos em lei,
no Plano Nacional de Educação
(PNE), de acordo com
levantamento feito pelo movimento
Todos pela Educação. As
condições de infraestrutura são
mais críticas no ensino
fundamental, etapa que vai do 1º
ao 9º ano: 4,8% das escolas
possuem todos os itens. No ensino
médio, a porcentagem sobe para
22,6%.
O levantamento foi feito com
base no Censo Escolar de 2015 e
levou em consideração o acesso a
energia elétrica; abastecimento de
água tratada; esgotamento
sanitário e manejo dos resíduos
sólidos; espaços para a prática
esportiva e para acesso a bens
culturais e artísticos; e,
equipamentos e laboratórios de
ciências. Foi considerada ainda a
acessibilidade às pessoas com
deficiência.
Entre os itens mais críticos
estão o laboratório de ciências –
presente em apenas 8,6% das
escolas públicas de ensino
fundamental e 43,9% de ensino
médio – e a quadra esportiva –
presente em apenas 31% de todas
as escolas públicas. Fatores
básicos, como acesso à água
tratada e esgoto sanitário, ainda
não são universais, sendo
verificados, respectivamente, em
91,5% e 37,9% das escolas
públicas.
“O percentual de escolas bem
equipadas é super baixo. Em
muitos casos estão questões
básicas como água potável e
esgotamento. Esse percentual não
melhora notavelmente. O
investimento nas escolas sem
dúvida vai estar prejudicado com
crise econômica”, diz a
superintendente do Todos Pela
Educação, Alejandra Meraz
Velasco.
Os itens são determinados no
PNE, Lei 13005/2014, que
estabelece metas e estratégias a
serem cumpridas pelo país da
educação infantil a pós-graduação,
até 2024. O PNE estabelece
também
uma
estratégia
intermediária, de dois anos de
vigência (prazo que terminou na
última sexta-feira), quando o país
deveria ter definido parâmetros
mínimos de qualidade dos serviços
da educação básica. Esses
parâmetros seriam utilizados como
referência para infraestrutura das
escolas, recursos pedagógicos,
entre outros insumos relevantes,
bem como instrumento para
adoção de medidas para a
melhoria da qualidade do ensino.
No entanto, isso não foi feito.
“Esses parâmetros servirão de
referência para a infraestrutura e
demais insumos. A partir deles,
poderíamos definir outra questão
do plano, que é o financiamento
com o CAQi [Custo AlunoQualidade inicial]”, diz Alejandra.
Os itens já expressos na lei
deverão estar presentes nas
escolas até 2024. A definição clara
de parâmetros de qualidade, no
entanto, poderá orientar melhor a
infraestrutura e os gastos com
educação.
Segundo Alejandra, enquanto
alguns aspectos do PNE – como o
financiamento e a Base Nacional
Comum Curricular – têm mais
destaque, o básico, que é definir
uma cesta de insumos necessários,
não tem sido discutido. Na opinião
dela, trata-se de um assunto
complexo e que varia conforme
cada localidade do país. “Vai
depender de itens que são
03/07/16
necessários em diferentes lugares,
de condições climáticas distintas.
Isso que não vem sendo discutido,
como lidar com a desigualdade no
pais. Têm redes mais estruturadas,
têm outras que precisam começar
do zero, mesmo dentro das grandes
metrópoles”. (Mariana Tokarnia –
Repórter da Agência Brasil).
Plano Nacional de Educação
completa dois anos com atraso
O Plano Nacional de Educação
(PNE) completa dois anos. De
acordo com a norma, a esta altura,
o Brasil já deveria ter definido um
custo mínimo para garantir a
qualidade do ensino no país, uma
política nacional de formação para
os professores e, até o final do ano,
estar com todas as crianças e
jovens de quatro a 17 anos
matriculados nas escolas. No
entanto, a realidade não é essa.
O PNE – Lei 13.005/2014
ainda não saiu completamente do
papel. Para o cumprimento integral
do plano até 2024, o Brasil teria
até o dia 24 para definir
estratégias
consideradas
fundamentais, já que a lei data de
25 de junho. “Infelizmente, não
vamos cumprir as metas para o
segundo ano, em um cenário em
que o plano está escanteado. Não
é só por política ou crise
econômica, não se vê dos
governantes nenhuma disposição
em colocar o PNE como
prioridade”, diz o coordenadorgeral da Campanha Nacional pelo
Direito à Educação, Daniel Cara.
O PNE estabelece 20 metas
para serem cumpridas até 2024.
Para chegar ao objetivo, há
estratégias e metas intermediárias.
A lei trata do ensino infantil à pósgraduação, inclui a formação de
professores e o investimento no
setor, que deverá sair dos atuais
6,6% para 10% do Produto Interno
Bruto (PIB). Levantamento da
Campanha Nacional pelo Direito
à Educação, diz que nenhuma das
metas do PNE foi cumprida
integralmente.
Estrutura x Qualidade
Não há uma comprovação
unânime entre os estudiosos de que
melhor infraestrutura significa
necessariamente maior qualidade
da educação. Para o professor da
Universidade de Brasília Joaquim
Soares Neto, no entanto, esse fator
faz diferença no contexto
brasileiro.
“Na realidade brasileira,
infraestrutura está sim relacionada
com qualidade de ensino. Temos
uma grande desigualdade de
infraestrutura e infelizmente as
escolas menos equipadas atendem
os alunos mais carentes. Os alunos
vêm com uma dificuldade devido
a diversos fatores e ainda chegam
a escolas menos preparadas”, diz.
Soares, que é membro do Conselho
Nacional de Educação (CNE) e já
foi presidente do Instituto Nacional
de Estudos e Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira
(Inep).
Em 2013, Soares divulgou um
estudo no qual cria uma escala para
os itens de infraestrutura presentes
na escola. Segundo o levantamento,
a maior parte das escolas
brasileiras (84,5%) apresenta uma
estrutura elementar ou básica. Isso
significa que tem apenas itens
como água, banheiro, energia,
esgoto e cozinha.
Na outra ponta, 0,6% das
escolas
apresenta
uma
infraestrutura
considerada
avançada, com sala de
professores,
biblioteca,
laboratório de informática, quadra
esportiva, parque infantil, além de
laboratório de ciências e
dependências adequadas para
atender a estudantes com
necessidades especiais.
JORNAL DA
COMUNIDADE - DF
03/07/16
EDUCAÇÃO
Professores no Brasil ganham menos
Os professores de nível
superior no Brasil ganham menos
do que outros profissionais com o
mesmo nível de formação. De
acordo com análise feita pelo
movimento Todos pela Educação,
os docentes recebem o equivalente
a 54,5% do que ganham outros
profissionais também com curso
superior. A valorização dos
professores é uma das metas do
Plano Nacional de Educação
(PNE), Lei 13.005, de 25 de junho
de 2014, que completou dois anos.
“Como é pouco atraente a
carreira de professor, isso leva à
desvalorização social. A carreira
não é tida como uma boa opção
profissional, diferentemente do
que acontece nos países que estão
no
topo
dos
rankings
internacionais. Além de serem
carreiras
atraentes,
têm
valorização social da função.
Parte disso é decorrente da
compreensão da sociedade de que
educação importa”, diz a
superintendente do Todos Pela
Educação, Alejandra Meraz
Velasco. O PNE estabelece metas
e estratégias para serem cumpridas
até 2024. A lei trata desde o ensino
infantil até a pós-graduação. Uma
das metas do PNE prevê a
elevação do investimento em
educação dos atuais 6,6% para
10% do Produto Interno Bruto
(PIB) por ano, até o final da
vigência.
A Pesquisa de Informações
Básicas Municipais (Munic/IBGE)
diz que em 2014, 89,6% dos
municípios brasileiros declararam
ter plano de carreira para o
magistério; metade deles diz ter
ações de regulamentação e
valorização do magistério e 65,9%
afirmam ter adotado concurso
público para a contratação de
professores.
Falta de verbas
“Temos visto que para melhorar
a educação são necessários três
elementos: bom salário, boa
carreira e boas condições de
trabalho, que envolvem não só a
hora-atividade, mas escolas bem
equipadas e democracia na escola.
Não adianta ter um só, tem que ter
os três elementos”, diz a
secretária-geral da Confederação
Nacional dos Trabalhadores em
Educação (CNTE), Marta Vanelli.
Para os estados e municípios,
falta verba para pagar os
professores e até mesmo para
cumprir a Lei do Piso. De acordo
com levantamento da CNTE, mais
da metade dos estados não pagam
o piso salarial dos professores.
Atualmente, o valor está em R$ R$
2.135,64. Os entes defendem maior
participação da União nos gastos,
uma vez que é a que mais arrecada.
CLÁUDIO HUMBERTO
03/07/16
DIÁRIODOPODER.COM.BR
UNE
PRESSIONA
E
AMEAÇA CÂMARA PARA
ABAFAR CPI
Com medo de ser investigada
na CPI da UNE, já criada na
Câmara, a União Nacional da
Estudantes percebeu a fragilidade
do presidente interino Waldir
Maranhão (PP-MA) e o
pressionou, ameaçando promover
invasões e até vandalismo,
inclusive no Ministério da
Educação. Funcionou: Maranhão
adiou a instalação da CPI, sem
apresentar qualquer justificativa,
provocando revolta entre
deputados.
CAIXINHA, OBRIGADO
Os governos Lula e Dilma
garantiram apoio da UNE (e seu
silêncio, no mensalão e no
petrolão), que levou ao menos R$
44 milhões públicos.
GURU DE MARANHÃO
Atribui-se a Flávio Dino
(PCdoB), governador do
Maranhão, a ordem para o
presidente interino da Câmara
adiar a CPI da UNE.
ASSIM É MOLE
A pressão de Flávio Dino faz
sentido: seu partido, PCdoB,
controla há décadas a milionária
UNE, com eleições indiretas
marotas.
QUE MEDO...
Deputados dizem que a UNE
incluiu o Planalto entre as ameaças
de invasão, junto com MST e CUT,
insinuando depredações.
O GLOBO
02/07/16
O PAÍS
Teori exclui acusações contra Mendonça Filho
-BRASÍLIA- A pedido do
procurador- geral da República,
Rodrigo Janot, o ministro Teori
Zavascki excluiu de um dos
inquéritos da Operação Lava- Jato
trechos de um documento com
acusações contra o ministro da
Educação, Mendonça Filho. No
texto, que estava no inquérito sobre
o ex-ministro Edinho Silva,
Mendonça Filho aparecia como
suspeito de receber propina da U
TC no valor de R$ 100 mil na
campanha eleitoral de 2014.
Segundo a Procuradoria, o
documento está defasado e foi
incluído no inquérito sobre Edinho
de forma involuntária.
Investigadores
teriam
elaborado um relatório sobre as
supostas ligações de Mendonça
Filho com empreiteiras a par tir
de mensagens encontradas no
celular de Walmir Pinheiro, um dos
executivos da UTC, que fez
delação premiada. Numa primeira
versão, chegou-se à conclusão de
que as mensagens indicavam
pagamento de propina disfarçada
de doação eleitoral para
Mendonça, então candidato a
deputado federal pelo DEM de
Pernambuco.
"Além da pessoa do ministro
Edson Antonio Edinho da Silva,
foram encontrados indícios de
possível recebimento de propina
por parte do deputado federal José
Mendonça Bezerra Filho, do
DEM-PE", afirma o trecho do
parecer do Ministério Público
Federal. De acordo com o texto, a
informação teria sido extraída de
um dos celulares apreendidos em
poder de Walmir Pinheiro. Tal
informação, segundo disse o MPF,
era "compatível com folha
impressa identificando o partido
Democratas e informando dados
bancários de uma conta para
doações de campanha eleitoral
para o ano de 2014".
Na anotação havia menção ao
valor de R$ 100 mil e o nome
"Dep. Mendonça Filho". O texto
ainda dizia que também estava
marcado "registro impresso do
tesoureiro" do DEM, Romero
Azevedo. Segundo a ProcuradoriaGeral da República, esta era uma
análise preliminar. Investigações
subsequentes teriam apontado a
regularidade das doações,
declaradas no Tribunal Superior
Eleitoral (TSE). Mas, por um erro
na catalogação, o documento
acabou sendo incluído no pedido
de abertura de inquérito formulado
pelo procuradorgeral contra
Edinho.
O pedido de Janot tinha 27
páginas e foi encaminhado ao STF
em 26 de janeiro deste ano. O nome
de Janot aparece no final do
parecer, mas o documento não está
assinado pelo procurador-geral.
Há duas semanas, o documento foi
tornado público e teve for te
repercussão. Ao rever os autos, o
Ministério Público identificou a
falha e pediu correção.
Quando a notícia foi divulgada,
em nota, o ministro negou ter
recebido doação da UTC em 2014.
"O deputado foi, à época,
procurado por interlocutores da
UTC oferecendo doação legal no
valor de R$ 100 mil. Neste contato,
Mendonça Filho disse que não quer
ia essa doação, mas se a empresa
quisesse doar para o partido o
fizesse. A doação foi feita ao
partido de forma legal e está
registrada na prestação de contas
do par tido de 2014, junto a Justiça
Eleitoral", afirmou trecho da nota
do ministro.
O GLOBO
02/07/16
O PAÍS
Pesquisa aponta 13% de
aprovação do governo Temer
-BRASÍLIA- A primeira
pesquisa Ibope sobre a avaliação
do governo do presidente interino,
Michel Temer, mostra que apenas
uma parcela muito pequena da
população considera seu governo
ótimo ou bom: 13%. Mas se sua
aprovação é muito semelhante à da
presidente afastada Dilma
Rousseff, que em março tinha 10%
nesse quesito, o peemedebista tem
a seu favor um contingente maior
da população que não considera
seu governo nem positivo nem
negativo.
De acordo com a pesquisa
divulgada
ontem
pela
Confederação Nacional da
Indústria (CNI), 36% consideram
a gestão de Michel Temer regular,
13% não opinaram, enquanto os
que consideram ruim ou péssimo
o seu governo são 39%. Há três
meses, 69% de entrevistados
consideravam o governo Dilma
ruim ou péssimo e 19% o
avaliavam como regular — 1%
não opinava.
O ministro da Casa Civil,
Eliseu Padilha, afirmou que a
popularidade do governo interino
ainda não é "o mais importante" e
disse que os rumos da gestão estão
certos.
— Se estamos no rumo certo, a
popularidade maior ou menor, o
reconhecimento maior ou menor,
ainda neste momento não é o mais
importante. O mais importante é
que a gente saiba o rumo que a
gente quer — declarou o ministro,
que ressaltou o prestígio da equipe
econômica e a boa relação com o
Congresso como vitrines da gestão
Temer.
PADILHA:
"APROVAÇÃO BOA"
A pesquisa mostra também que
31% dos entrevistados aprovam a
maneira de Temer governar,
enquanto 53% a desaprovam. No
último levantamento referente à
presidente afastada, Dilma
Rousseff, em março, 14%
aprovavam seu modo de governar,
enquanto 82% desaprovavam.
A pesquisa foi realizada entre
24 e 27 deste mês, com 2.002
pessoas em 141 municípios
brasileiros, e tem margem de erro
de dois pontos percentuais. De
acordo com Eliseu Padilha, a
"média" de aprovação do governo
é boa com o pouco tempo de
interinidade — cerca de um mês e
meio. Em suas contas, o
reconhecimento do governo deve
subir nas próximas semanas.
— Nós temos 47 dias de
governo. Já conseguimos 13%.
02/07/16
Nesta velocidade, nos 90 dias
devemos estar passando de 30%
— afirmou.
77% são contra o peso dos
impostos e 17% o considera
adequado.
Em comparação ao governo
Dilma Rousseff, 44% dos
entrevistados pelo Ibope
consideram que a gestão Temer
está sendo igual à da petista, 23%
avaliaram que está sendo melhor,
e 25% consideraram como pior o
governo Temer do que o de Dilma.
As notícias sobre corrupção
continuam a liderar as citações
espontâneas no levantamento CNIIbope. Dos 37% que responderam,
7% citaram o afastamento de
ministros do governo por
denúncias de corrupção; 6%
falaram na Operação Lava-Jato;
3% lembraram do processo de
cassação do presidente afastado da
Câmara,
Eduardo
Cunha
(PMDBRJ); e outros 3% falaram
genericamente em corrupção sem
especificar o governo. No entanto,
63% dos entrevistados não
lembraram de alguma notícia
relacionada ao assunto sobre o
governo. (Colaboraram Catarina
Alencastro e Eduardo Barretto)
As perspectivas com relação ao
restante do governo são melhores
que a avaliação atual, mas o saldo
permanece negativo: 24% acham
que a gestão Temer vai melhorar;
32% avaliam que ficará regular; e
35% disseram que vai piorar e
ficar ruim ou péssimo. O ponto com
maior índice de desaprovação de
Temer é a carga tributária. Hoje,
O GLOBO
02/07/16
ECONOMIA
Gigante educacional
-SÃO PAULO E RIO- Depois
de uma reunião de mais de sete
horas de duração, o Conselho de
Administração da Estácio
Participações decidiu aceitar a
proposta da rival Kroton. A
operação dará origem à maior
empresa do setor educacional do
mundo, tanto em valor de mercado
como em número de alunos — 1,6
milhão. A companhia formada
pelas duas instituições valerá US$
8,5 bilhões (ou R$ 27,2 bilhões),
levando em conta o preço de suas
ações na quinta-feira. Ainda assim,
há visivelmente um racha entre os
executivos da Estácio. Segundo
fontes que acompanharam a
reunião, a empresa só baterá
definitivamente o martelo sobre a
operação depois de agosto. Até lá,
dependendo do encaminhamento
dos termos da oferta da gigante do
ensino superior, a Estácio
continuará avaliando outras
propostas, afirmou uma fonte
próxima às negociações. Um ponto
importante para o grupo carioca é
a manutenção do nome da
universidade.
Esses números vão lhe garantir
uma grande folga em relação ao
segundo lugar do setor, de acordo
com ranking elaborado pela CM
Consultoria. A segunda maior
companhia, no mundo, passará a
ser a chinesa New Oriental, que
vale US$ 2,9 bilhões (ou R$ 9,3
bilhões) e tem cerca de 700 mil
alunos. Em terceiro lugar, aparece
a americana Devry, com US$ 2
bilhões (ou R$ 6,6 bilhões), que
adquiriu o Ibmec-RJ no fim de
2015.
"HABILIDADE
NA NEGOCIAÇÃO"
A operação, que envolve troca
de ações entre Estácio e Kroton, é
avaliada em cerca de R$ 5,5
bilhões. O negócio ainda depende
de votação dos acionistas e da
aprovação
do
Conselho
Administrativo de Defesa
Econômica (Cade).
— A Kroton é igual a sucuri,
que engole o boi inteiro. Eles não
olham para coisa pequena —
resumiu Carlos Monteiro, da CM
Consultoria.
Para convencer a Estácio, a
Kroton, que fez sua primeira
proposta em 2 de junho, elevou sua
oferta de troca de ações durante a
madrugada de ontem, de 1,25 para
1,28 ação por cada papel da
Estácio. Também foi incluída a
distribuição de R$ 170 milhões em
dividendos. Com isso, a relação de
troca sobe ainda mais: 1,32 ação
da Kroton para cada papel da
Estácio.
Enquanto a transação vai sendo
costurada ponto a ponto, as ações
da Estácio decolam. Somente
ontem, subiram 1,47%, enquanto a
Kroton avançou 5,44%. Em 1º de
junho, véspera do anúncio da
proposta da Kroton, o valor de
mercado do grupo carioca
totalizava R$ 3,52 bilhões. Ontem,
chegou a R$ 5,46 bilhões, quase
um quarto dos R$ 23,22 bilhões da
Kroton, graças a um salto de
58,47% em seus papéis.
A gigante do ensino superior,
contudo, se fechar negócio, terá
garantido bom preço pelo ativo.
No fim de 2014, pouco antes de o
governo federal divulgar a
mudança nas regras do Fies, a
Estácio valia R$ 8,1 bilhões.
A Ser Educacional, a terceira
maior do mercado de educação
(considerando apenas as empresas
de capital aberto), com 150 mil
alunos, também entrou na disputa
pela Estácio, dois dias após o
anúncio do que seria a primeira
proposta da Kroton. E não parou
por aí: 20 dias depois, foi a vez
da família Zaher, segundo maior
acionista da Estácio, com 14% da
empresa, ir ao mercado comunicar
seu interesse de comprar o controle
do grupo carioca.
Ontem, a Estácio informou, por
meio de nota, que seu conselho se
reunirá no próximo dia 8 para
reavaliar todas as condições da
proposta da Kroton e, então,
convocar a assembleia de
acionistas para votar a venda.
"O Conselho de Administração
02/07/16
da Estácio, em reunião realizada
ontem, manifestou que está de
acordo com os termos econômicos
da nova proposta da Kroton, desde
que os demais termos da operação
sejam estabelecidos de forma
satisfatória", diz o documento, sem
detalhar quais seriam esses termos.
Até 8 de julho, a expectativa é de
fortes negociações quanto aos
termos gerais do negócio.
— Parece haver um consenso
quanto ao preço, mas não quanto à
forma do negócio. A Estácio vem
demonstrando grande habilidade
de negociação, reorganizando o
tabuleiro da disputa pela
companhia a seu favor. Questões
de governança e controle não estão
claras e são áreas difíceis de
convergir no modelo de união
Kroton e Estácio — avaliou
Adeodato Volpi Netto, da Eleven
Financial Research.
Chaim Zaher afirmou em
entrevista ao GLOBO, no mês
passado, que seria difícil fazer
mudanças na governança da
companhia, cujo capital é
pulverizado em Bolsa. Ele afirmou
ainda que seria importante que o
nome Universidade Estácio de Sá
fosse preservado. João Cox Neto,
presidente do Conselho de
Administração da Estácio, por sua
vez, argumentou, também em
entrevista ao GLOBO, que as
primeiras ras ofertas de Kroton e
Ser pela empresa carioca estavam
abaixo do valor desejado.
De acordo com executivos que
acompanham as negociações, 52%
dos acionistas já haviam se
declarado a favor da união com a
Kroton. Parte dos acionistas da
Estácio tem participação no capital
da concorrente, o que deu força à
decisão. Já a família Zaher seria
contrária à venda.
A elevação da proposta da
Kroton foi uma surpresa para o
mercado, já que a empresa
garantira que a oferta anterior (de
1,25 ação para cada papel da
Estácio) era final — a primeira
considerava 0,97 ação da Kroton
para cada da empresa carioca.
BOM PARA OS ACIONISTAS
A disputa pela Estácio, iniciada
em 2 de junho, foi acirrada. A
Estácio atraiu a atenção dos
concorrentes por causa do seu
crescimento acelerado (em
número de alunos) no ensino à
distância (EAD), que tem custo
baixo e é focado na classe C. Além
disso, a forte presença no Rio —
mercado considerado difícil para
quem é de fora, tanto por causa dos
aluguéis altos como dos bons
salários de professores oriundos
de um sindicato atuante — foi
decisiva para transformar a
empresa na bola da vez.
O Brasil tem quase 2.100
instituições de ensino superior
privado, que concentram 75% dos
alunos dessa faixa. As operações
de fusão e aquisição, com a
chegada de estrangeiros ao país,
começaram a crescer em 1996,
quando uma lei permitiu a abertura
de capital de universidades com
fins lucrativos. A onda mais forte
de consolidação teve início em
2007.
Entre as marcas da Kroton estão
Anhanguera, Unic, Unopar e
Pitágoras. O crescimento da
Kroton se intensificou a partir de
2010, com uma série de
aquisições, como as do Grupo Iuni
Educacional e da Universidade
Norte do Paraná (Unopar). Em
2013, a Kroton realizou o que
havia sido o maior movimento de
sua história: a fusão com a
Anhanguera, quando se tornou líder
brasileira em ensino presencial e
ensino à distância. Agora, o
negócio com a Estácio assume o
lugar de maior fusão de sua
história.
Segundo especialistas, a fusão
é um bom negócio para os
acionistas, mas nem tanto para o
mercado de educação brasileiro.
Os ganhos com sinergias
decorrentes da operação são
estimados em pelo menos R$ 4
bilhões.
— O modelo de negócios da
Kroton já é conhecido e passa por
redução de custos por meio do
corte de pessoal e manutenção de
preços ao estudante, para que as
margens de lucro cresçam — disse
André Ramos, professor da
Faculdade de Direito da
Universidade de São Paulo (USP).
02/07/16
O GLOBO
02/07/16
ECONOMIA
União de Kroton e Estácio pode
enfrentar resistência no Cade
-RIO, BRASÍLIA E SÃO
PAULO- Caso Kroton e Estácio
oficializem a união, o negócio
entrará em uma fase desafiadora,
que será a aprovação do acordo
pelo Conselho Administrativo de
Defesa Econômica (Cade), que
regula a concorrência no país. O
gigantismo da companhia
resultante pode se tornar um
entrave para a aprovação do
negócio, segundo relatório de
análise de risco concorrencial
preparado pelo escritório Tozzini
Freire Advogados, a pedido da
Estácio.
Cade. A luz vermelha para o aval
do Cade à fusão Kroton/Estácio
reside sobretudo no EAD. A nova
empresa teria 48% de participação
nesse mercado em âmbito
nacional, com concentração
relevante em 15 cursos. Em sete
deles, a participação combinada
das empresas superaria os 50%. Já
no recorte por mercados
municipais,
seriam
524
sobreposições significativas, em
73
localidades.
Haveria
participação acima de 60% em
415 mercados — em 208 destes,
superando 90%.
A operação pode enfrentar
resistência por ser apresentada
apenas dois anos após a união
Kroton/Anhanguera, quando o
Cade expressou preocupações
concorrenciais e considerou a
Estácio o mais agressivo rival do
grupo que surgia.
A Kroton reconhece que a
sobreposição no ensino à distância
vai resultar em medidas fortes do
Cade. O segmento, porém,
representaria apenas 2,5% da
receita total da companhia que
surgiria da fusão com a Estácio,
segundo uma fonte próxima ao
comando da Kroton.
— Certamente o Cade vai
impor restrições ao negócio, como
fez quando a Kroton comprou a
Anhanguera. A tendência é que
haja mais determinações de venda
no segmento de ensino à distância,
onde a concentração será ainda
maior — disse Romário Dazel,
consultor na área de mercado
educacional da Hoper.
Na ocasião, a Kroton precisou
vender a Uniasselvi, de ensino à
distância (EAD), por exigência do
— Vai existir uma dificuldade
no Cade, porque a concentração
será inevitável, tanto no ensino à
distância quanto no presencial —
avaliou Carlos Monteiro, da CM
Consultoria.
OAB JÁ
DENUNCIOU PROPOSTA
O escritório Tozzini Freire não
divulgou nem comentou o relatório
de risco. Mas, segundo fontes, ele
aponta concentração preocupante
no ensino presencial em seis
localidades: Niterói (RJ), Campo
Grande (MS), São Luís (MA),
Santo André (SP), Macapá (AP) e
Ribeirão Preto (SP). Isso exigiria
desinvestimentos. Em algumas
dessas cidades, a venda de apenas
uma instituição de ensino não será
suficiente para reduzir a
concentração. Em Niterói, por
exemplo, nos cursos de Arquitetura
e Urbanismo e de Engenharia
Elétrica, o grupo teria a totalidade
da oferta.
O risco de concentração vem
despertando questionamentos. No
mês passado, a Ordem dos
Advogados do Brasil do Rio
(OAB/RJ) apresentou uma
denúncia ao Cade contra a
possível fusão Kroton/Estácio,
pelo risco de monopólio no setor.
A entidade alega que a fusão pode
resultar em aumentos abusivos de
mensalidade e queda na qualidade
do ensino.
Os deputados Rodrigo Maia
(DEM/RJ) e Vicente Cândido (PT/
SP) pretendem levar a discussão
ao Congresso. Eles devem
apresentar um requerimento em
conjunto, na próxima semana,
convocando o governo federal a se
posicionar.
— Queremos reapresentar esse
debate de forma mais ampla.
02/07/16
Chamar o governo e as empresas
para falar sobre a concentração no
mercado privado de educação e em
alguns programas, como o Fies. O
MEC tem que se manifestar dentro
do Fies — disse Maia, que
defende a manutenção dos
empregos na Estácio.
Segundo o Cade, entre 2001 e
2015, foram analisados 62 atos de
concentração de empresas de
educação superior. Destes, 48
foram aprovados sem restrições, e
13, mediante alguma cláusula de
não concorrência, assinatura de
termo de controle de desempenho
ou ato de controle em
concentração. Só um foi
arquivado.
O GLOBO
02/07/16
ECONOMIA
Clima de incerteza
Enquanto a diretoria da Estácio
está mergulhada em negociações, à
beira de selar a união com o maior
grupo de ensino superior do país,
os estudantes da universidade
afirmam estar à margem do processo
e sem receber informações sobre os
rumos que a instituição irá tomar. Há
pouco mais de 15 dias, Rogério
Melzi renunciou à presidência da
Estácio. Ele foi substituído por
Chaim Zaher, segundo maior
acionista da companhia, com 14%
das ações.
— O Chaim tem uma relação
agressiva com os estudantes. Ele se
recusa a nos receber desde que
assumiu (a presidência). E não
apresentou o projeto dele para os
estudantes em áreas como qualidade
de ensino e sistema educacional. Não
sabemos se vai haver aumento de
mensalidade e outras mudanças —
critica o advogado Victor Travancas,
presidente da Federação Nacional
dos Estudantes de Direito da
Estácio.
Em paralelo, a entidade se reuniu
com Rodrigo Galindo, presidente da
Kroton, e também com Janguiê
Diniz, presidente do Conselho de
Administração da Ser Educacional.
— Os estudantes não são contra
a venda da Estácio. Alunos e exalunos são mais favoráveis à união
com a Kroton, por ter o capital
pulverizado. Mas as duas
proponentes garantiram que
ofereceriam aos estudantes espaço
para discutir reajustes de
mensalidades e outras mudanças —
diz Travancas.
PREOCUPAÇÃO
COM MUDANÇAS
No mês passado, em entrevista ao
GLOBO, Zaher afirmou que, no
comando da Estácio, iria trabalhar
"pelo retorno da credibilidade, da
confiança dos investidores e levantar
a moral dos colaboradores", além de
focar no reconhecimento da
qualidade acadêmica. Nas unidades
da Estácio no Rio, contudo, o clima
é de incerteza entre os estudantes.
A ideia de ver a universidade ser
vendida não traz boas lembranças a
Brian Wagner Vicente: ele estudava
na Gama Filho quando esta fechou
depois de uma crise financeira que
também envolveu negociações de
compra. Atualmente cursando o
sexto período de Arquitetura, ele diz
ter ouvido conversas sobre mudar de
campus, mas não sobre venda do
negócio.
— Na minha experiência, (a
venda) só piora. Fiquei sabendo
agora e nem conheço a empresa
(Kroton). Os alunos e professores
não comentavam sobre uma possível
venda — diz Vicente, que gostaria
de ver investimentos na infraestrutura
dos cursos.
Já João Victor Nunes, que acaba
de terminar o primeiro período de
Cinema, ficou sabendo da
negociação pela repórter do
GLOBO. Ao comentar o assunto
com o grupo da turma no
WhatsApp, um dos participantes
disse temer aumento de burocracia
após a venda. Nunes, por sua vez,
ficou em dúvida sobre o que
acontecerá com as mensalidades:
— Muitos estão aqui porque têm
descontos. Eu consegui um
abatimento com um bom resultado
no Sisu. A Estácio também costuma
fazer provas de descontos. Tem de
ver como vai ficar isso. Em outra
universidade, eu não teria como
pagar. Aqui, foi a minha melhor
opção financeira e educacional. Não
tenho do que reclamar.
O técnico do laboratório de
Engenharia Mecânica Robson Souza
conta que soube da negociação pela
rede interna da Estácio. Há alguns
dias, recebeu um e-mail do gestor
que apontava a "especulação" e a
ausência de acordo quanto à venda
da universidade. A mensagem trazia
ainda a promessa de avisar aos
funcionários assim que uma decisão
fosse tomada pelos superiores. Mas
ele se diz confiante na transição:
— A expectativa é a melhor
possível. Espero que mantenham
esse bom sistema de ensino. Mas
sempre tem o que melhorar, né? O
prédio é antigo, por exemplo. A
internet também poderia melhorar, até
porque
o
sistema
fica
sobrecarregado, fica lento quando
aplico provas aos alunos — afirma
o técnico.
O GLOBO
02/07/16
SOCIEDADE
Associação de estudantes critica
suspensão de bolsas pela Capes
PAULA
FERREIRA
[email protected]
Portaria determina que carta de
concessão do benefício pode ser
suspensa após entrega
Uma decisão oficial da
Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior
(Capes)
possibilita
o
cancelamento de bolsas de
pesquisa já concedidas a
estudantes de graduação e pósgraduação no exterior, usando
como justificativa a restrição
orçamentária.
A portaria 87, publicada pela
Capes em 20 de junho,
regulamenta ainda que “o
recebimento da carta de concessão
não garante a implementação final
da bolsa”, ou seja, mesmo depois
de entregue, o documento pode ser
cancelado.
Esta
possibilidade
de
suspensão preocupa a presidente
da Associação Nacional de Pós-
graduandos (ANPG), Tamara Naiz,
que já pediu explicações à Capes.
— Uma bolsa não é uma mera
concessão como essa portaria está
tratando, é um direito. Essa bolsa
serve para custear aluguel, comida
e, inclusive, para comprar insumos
de pesquisa e fazer viagens de
campo — observa.
NA CONTRAMÃO DO PNE
A mudança na regra de
concessão do benefício, segundo
ela, vai na contramão da meta 14
do Plano Nacional de Educação
(PNE), que estabelece o aumento
no número de mestres de 50.229
em 2014 para 60 mil até 2024, e
de doutores de 16.745 (2014) para
25 mil no mesmo período.
— Aumentar o número de
bolsas é uma necessidade do
Brasil, que precisa de mais gente
fazendo pesquisa — diz Tamara.
Em nota, o Capes informa que
a portaria não traz prejuízo aos
beneficiários com bolsas vigentes:
“Todos os bolsistas da Capes têm
garantia de terminar seus estudos,
desde que possuam mérito e
estejam cumprindo com as
obrigações previstas, conforme
termo de compromisso assinado
no ato da aceitação da bolsa”.
O novo regulamento, diz a nota,
“tem como objetivo unificar e
sistematizar normas que estavam
previstas em outros instrumentos
normativos da instituição
(regulamentos, portarias, editais e
manuais)
das
diversas
modalidades de bolsa de estudo”.
A Capes esclarece, ainda, que
a portaria não faz referência à
interrupção de bolsa de estudos em
andamento por corte orçamentário.
E que a concessão do benefício já
prevê, em eventuais situações de
cortes
orçamentários,
a
possibilidade de cancelamento da
carta de concessão quando o aluno
ainda está no Brasil. “Apesar de
prevista no regulamento, trata de
situação sem histórico nesta
instituição”, ressalta o órgão.
FOLHA DE SÃO PAULO
02/07/16
OPINIÃO
O que vai restar?
ANDRÉ SINGER
A decisão de Michel Temer,
anunciada na quarta-feira, de
aumentar em 12,5% o valor
repassado aos beneficiários do
Bolsa Família mantém vivo, por
ora, um dos principais avanços
sociais do período lulista. Mesmo
um governo neoliberal como o
presente precisa sustentar a renda
mínima conquistada pelos mais
pobres para ter algum apoio
popular. A questão é saber o quanto
isso vai conter a marcha batida
rumo ao aumento da desigualdade
em que estamos metidos.
De acordo com o economista
Rodolfo Hoffman, a desigualdade
voltou a crescer ainda no segundo
mandato de Dilma Rousseff. Dados
prévios elaborados pelo professor
da USP e publicados pela Folha
(20/6) mostram que o coeficiente
de Gini, principal indicador a
respeito, começou a subir em
2015, depois de mais de uma
década (2002-2014) em recuo.
Apenas em setembro próximo,
quando o IBGE deve divulgar a
informação
consolidada,
poderemos ter certeza, mas as
primeiras evidências endossam a
previsão de que o ajuste recessivo
adotado por Dilma depois de
reeleita começaria a desfazer a
obra que ela própria ajudou a
construir. Pudera: a política
escolhida desatou o terror do
desemprego e derrubou a renda
dos empregados.
Tem mais. Com a estagnação da
economia, o salário mínimo,
principal instrumento de melhora
do padrão de consumo dos pobres,
parou de ser valorizado. O próprio
Bolsa Família deixou de ser
reajustado em 2015, completandose agora dois anos de
congelamento.
Assim,
é
inescapável constatar que o
desmonte do lulismo começou
dentro do lulismo.
Mas a tarefa autoatribuída pelo
presidente interino é radicalizar o
"acerto das contas públicas"
iniciado por Joaquim Levy. No
contexto, elevar o pagamento aos
que recebem o Bolsa Família
constitui gasto pequeno visto o
conjunto do orçamento, mesmo
considerando-se que Temer
resolveu dar 3,5 pontos
percentuais a mais do que Dilma
propusera às vésperas do
afastamento. O objetivo estratégico
é aprovar a PEC do teto de gastos
públicos, encaminhada pelo
ministro Henrique Meirelles.
As consequências, caso a PEC
passe no Congresso, parecem
drásticas. Para dar apenas exemplo
ilustrativo, um renomado
economista da área tucana afirmou
recentemente que, caso o atual
titular da Fazenda tenha êxito, o
corte na educação será de tal
monta que tornará quase inevitável
a cobrança de anuidade nas
universidades públicas.
Se mudanças estruturais dessa
magnitude vierem a ocorrer, em
que pese a relevância do Bolsa
Família para os brasileiros da base
da pirâmide, a herança do lulismo
talvez fique reduzida apenas aos
nichos de extrema necessidade. O
sonho rooseveltiano, que embalou
corações e mentes por volta de
2010, será adiado sine die.
FOLHA DE SÃO PAULO
02/07/16
MERCADO
Kroton aumenta oferta e conselho da
Estácio diz que aceita a fusão
O ensino superior privado
brasileiro deu mais um passo em
direção à consolidação. A Kroton,
maior empresa do setor no país e
no mundo, anunciou nesta sexta
(1°) a elevação de sua proposta à
Estácio, a segunda colocada no
ranking, com o objetivo de formar
uma companhia de cerca de 1,5
milhão de alunos.
Fizeram parte dessa novela os
membros da família Zaher, dona de
14% da Estácio. Insatisfeita com
os primeiros preços oferecidos, a
família chegou a anunciar que ela
própria poderia comprar mais
36% da empresa e impedir a venda
à Kroton.
A operação é avaliada em R$
5,5 bilhões e resultará em uma
participação em torno de 80%
para a Kroton na empresa
combinada. Para ser consumado,
o negócio ainda deve passar por
mais uma reunião do conselho,
assembleia de acionistas e análise
do Cade (Conselho Administrativo
de Defesa Econômica).
Especialistas estimam que,
dado o gigantismo do negócio e os
riscos da concentração, o Cade
deve impor restrições. A
negociação já havia provocado
reações como a da OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil) do Rio,
que entrou com denúncia no órgão
no mês passado afirmando que a
operação
pode
provocar
concentração econômica ilegal e
prejudicar concorrência e
qualidade do ensino.
O negócio envolveu uma
disputa com outra grande empresa
no setor, a Ser Educacional, que
também subiu sua proposta inicial
de R$ 590 milhões para R$ 1
bilhão.
RESTRIÇÕES DO CADE
Com cerca de 1,5 milhão de
alunos no ensino presencial e a
distância, a nova empresa poderá
alcançar 25% de participação no
mercado de educação privada,
segundo a consultoria Hoper
Educação.
William Klein, CEO da Hoper,
avalia que uma parte importante
dos alunos ficará mãos de um único
consolidador privado e, por isso,
o Ministério da Educação também
deveria se manifestar.
"Isso é um ativo social porque
a educação está associada aos
interesses do país. Depende disso
a qualidade da mão de obra. O
MEC não pode deixar um assunto,
que é fundamental para o
desenvolvimento do país, ser
avaliado apenas por pareceres de
mercado", diz.
MAIS AQUISIÇÕES
O negócio Kroton/Estácio deve
desencadear novas aquisições no
setor para rivalizar com um líder
tão forte.
02/07/16
"Fala-se muito que, por
determinações do Cade, essa nova
empresa teria que se desfazer de
algum ativo, que poderia ser a
UniSEB, além de outros de menor
porte do ensino presencial", diz
Carlos Monteiro, presidente da
CM Consultoria.
O próprio Janguiê Diniz,
fundador da Ser Educacional,
afirmou publicamente inúmeras
vezes que, caso não fosse o
escolhido para fechar o negócio
com a rede fluminense, se lançaria
em busca de um outro parceiro.
O mercado de ensino superior
se tornou um tesouro no Brasil,
alavancado na esteira do programa
de financiamento Fies e do sucesso
de demanda representado pelas
EADs, as instituições de ensino a
distância, que devem fechar 2016
com 1,6 milhão de matrículas.
LUCRO EM ALTA
As
quatro
empresas
educacionais de capital aberto no
Brasil, Kroton, Estácio, Anima e
Ser, possuem um desempenho em
termos de retorno sobre o capital
investido muito superior à média
histórica das demais empresas
brasileiras de capital aberto,
segundo estudo elaborado pela
Oscar Malvessi Consultoria para
a Fepesp (federação de
professores de São Paulo).
Como efeito dessa elevação na
quantidade de alunos, a
participação dos custos com
serviços prestados (salários,
aluguéis, propaganda) sobre a
receita líquida, caíram de 60%
para 50% de 2011 a 2015.
"Essa possibilidade foi
vislumbrada por entidades
financeiras, que passaram a ver a
educação como grande negócio",
diz Celso Napolitano, presidente
da Fepesp.
DETALHES
A nova proposta oferece 1,281
ação ordinária de emissão da
Kroton para cada ação ordinária
de emissão da Estácio, além da
distribuição de R$ 170 milhões em
dividendos para os acionistas da
Estácio. Ao longo das últimas
semanas, a relação já havia subido
de 0,977 para 1,25.
02/07/16
FOLHA DE SÃO PAULO
02/07/16
MERCADO
ANÁLISE : FABIO TAKAHASHI
Críticas não faltam às gigantes,
mas elas têm valor no sistema de ensino
Concretizada a compra da
Estácio pela Kroton, virá a
garantia de que a gigante resultante
do negócio terá melhores
condições de enfrentar a crise
econômica e a redução da ajuda
federal ao setor. E rentabilizar
melhor os acionistas. Mas qual
será o custo para o sistema
educacional?
Educadores se mostram
preocupados com a onda de
aquisições, que tomou forma na
década passada e chega agora a
novo patamar.
Para esses críticos, o sistema
educacional brasileiro perde
devido à elevada padronização no
que é ensinado. Tanto na oferta de
cursos quanto no que é oferecido
para os alunos.
Para ganhar em escala, os
cursos precisam estar dentro de um
cardápio razoavelmente fechado.
E, de preferência, devem ter baixo
custo de instalação e de
manutenção (que exijam pouco
laboratórios, por exemplo). A
exceção é o curso de medicina, em
que o aluno topa pagar mais de R$
5.000 de mensalidade.
Muitos dos materiais —e
mesmo as aulas— são os mesmos
de Norte a Sul do país nessas
grandes redes de escolas. Perdese a possibilidade de tratar com
mais atenção questões regionais.
Para diminuir custos, boa parte
dos cursos dos grandes grupos
opera num nível mínimo de
qualidade liberado pelo Ministério
da Educação (nota 3, numa escala
até 5).
Diante de tantas incertezas e
críticas, é preciso também pesar o
papel dos grandes grupos no
ensino superior.
Outra preocupação é com a
carência de opções que os
estudantes terão após esse novo
movimento de aquisições (a Ser
Educacional, que também estava
negociando com a Estácio,
prometeu ir atrás de novos
negócios, caso não conseguisse
fechar o um acordo).
São eles que têm conseguido
apresentar algum crescimento no
número de alunos matriculados,
mesmo diante da crise econômica
que o país enfrenta desde 2014 e
do corte no Orçamento da União
(que freia a expansão das
instituições públicas e o apoio às
privadas).
Com menos competitividade,
haverá menos poder de barganha
para alunos em relação às
mensalidades e à qualidade dos
cursos. O próprio mercado espera
que o Cade atue para ao menos
atenuar esse problema.
O crescimento no sistema
universitário brasileiro é urgente.
Com apenas 15% da população
entre 25 e 64 anos com diploma
universitário, o país está atrás da
Colômbia e da Costa Rica, por
exemplo.
O ESTADO DE S. PAULO 02/07/16
NOTAS & INFORMAÇÕES
A formação do professor
O percurso para uma educação de qualidade é longo
e sempre está exposto a retrocessos. É de justiça
reconhecer, porém, que nos últimos anos muita coisa
boa se fez em prol da educação, tanto no âmbito privado
quanto na esfera pública. Surgiram e se consolidaram
várias iniciativas e projetos que trabalham seriamente por
uma educação de excelência. Entre essas promissoras
iniciativas está o esforço do Conselho Estadual de
Educação de São Paulo (CEE-SP), órgão ligado à
Secretaria Estadual da Educação, para melhorar a
formação do professor.
Um curso de pedagogia que não levasse à reflexão
crítica nem fornecesse uma sólida base de sociologia e
filosofia da educação seria gravemente deficiente. Mas
igualmente deficiente seria um curso de pedagogia que
excluísse a dimensão eminentemente prática da docência.
Como é evidente, os cursos de pedagogia existem não
para formar sociólogos da educação, e sim bons
professores, o que exige também conhecer sociologia
da educação. Trata-se de formar pessoas qualificadas a
essa atividade tão nobre, tão complexa e ao mesmo tempo
tão prática, de ensinar às novas gerações.
Além de definir as regras para todas as escolas
públicas e privadas de educação infantil e de ensino
fundamental, médio e profissional em funcionamento no
Estado de São Paulo, o CEE-SP é responsável por
transmitir as orientações para as instituições de ensino
superior públicas do Estado.
Nas diretrizes do CEE-SP sobre a formação de
professores, observa-se o esforço para superar a falsa
disjuntiva entre “teoria” e “prática”, como se fossem
realidades antagônicas. Em boa medida, esse equívoco
– no qual caem não poucas faculdades de educação –
se baseia numa visão da “prática” como “mera aplicação
direta de teorias aprendidas ou mediadas por técnicas,
ou como mero recurso mecânico de receituário de
técnicas”, como lembra a professora e pesquisadora
Bernardete Angelina Gatti, vice-presidente do CEE-SP.
Logicamente, a atividade prática docente é muito mais
rica do que essa visão reducionista.
Em 2012, o CEE-SP fixou diretrizes curriculares para
a formação de docentes da educação básica. Entre outros
pontos, estabeleceu, por exemplo, a distribuição mínima
da carga horária dos cursos de pedagogia e do curso
normal superior. Posteriormente, em 2014 e em 2015,
fizeram-se atualizações dessas diretrizes.
Na consolidação das diretrizes, nota-se o empenho
do CEE-SP em fortalecer o aspecto prático da formação
dos docentes. Por exemplo, a Deliberação 132/2015
estabeleceu que os cursos voltados para a formação de
professores dos anos finais do ensino fundamental e
médio com mais de 3.200 horas devem “destinar, no
mínimo, 960 horas à formação didático-pedagógica,
independentemente das horas dedicadas ao estágio
supervisionado e às atividades científicas culturais”.
A fixação de tempo mínimo para a formação didáticopedagógica do professor é de fundamental importância
para a qualidade do ensino. Se é certo que os professores
devem ter um profundo referencial teórico, não menos
certa é a necessidade de que eles também aprendam –
nesse especial período de formação que é a licenciatura
– as boas práticas de ensino.
Além de impedir que o futuro docente receba a
capacitação profissional que o curso de pedagogia deve
fornecer, o atual distanciamento entre “prática” e “teoria”
na formação acadêmica dos professores significa
implicitamente uma desvalorização do trabalho docente
na sala de aula, como se essa atividade não fosse
importante o suficiente para ser ensinada na cátedra
universitária. Logicamente, esse distanciamento é a última
coisa que um curso de pedagogia deve promover. A
formação acadêmica deve ser um poderoso estímulo para
que o aluno de pedagogia queira ir depois à sala de aula
ensinar.
Para que os brasileiros tenham uma educação de
qualidade é preciso enfrentar e vencer vários e
importantes desafios. O primeiro deles, a absoluta
prioridade de qualquer projeto pedagógico, é formar com
excelência os futuros professores.
O ESTADO DE S. PAULO 02/07/16
» Otimismo. A avaliação de
interlocutores do presidente em
exercício é que há "campo para
crescer", especialmente porque a
pesquisa não pegou ainda os
efeitos provocados pelo aumento
do Bolsa Família e as ações na
Educação.
COLUNA DO ESTADÃO
O ESTADO DE S. PAULO 02/07/16
METRÓPOLE
MEC adia prazo de inscrição no Fies em 15 dias
O início do prazo para que os
pré-selecionados ao Fundo de
Financiamento Estudantil (Fies)
concluam suas inscrições no
Sistema Informatizado do Fies
(SisFies) começaria ontem, mas
foi adiado para o próximo dia 15.
O atraso ocorreu porque houve a
necessidade de "ajustes no
sistema", de acordo com o
Ministério da Educação.
O ministro Mendonça Filho,
que estava cumprindo agenda em
Aracaju, em Sergipe, teve de
voltar emergencialmente a Brasília
para acompanhar a situação no
MEC. O problema no sistema se
refere à comprovação de renda
dos pré-selecionados, que
somaram 294 mil no fim das
inscrições, até anteontem. Antes,
os candidatos aptos ao Fies
deveriam ter até 2,5 salários
mínimos de renda familiar mensal
bruta per capita (R$ 2.200). Em
16 de junho, o MEC anunciou que
ampliaria o limite de renda para
até três salários mínimos (R$
2.640). Porém, segundo apurou o
Estado, o sistema ainda não
ajustou a fórmula de cálculo para
se adaptar à alteração.
Quem não for selecionado entra,
automaticamente, em uma lista de
espera. As vagas que não forem
preenchidas seriam apresentadas
aos candidatos em lista de espera
em 4 de julho – mas o adiamento
da conclusão das inscrições, em
efeito cascata, também vai atrasar
este cronograma para o dia 22.
Depois de se inscrever no SisFies, o estudante ainda deve
validar as informações na
Comissão Permanente de
Supervisão e Acompanhamento da
instituição de ensino para a qual
foi selecionado e procurar um
agente financeiro do Fies,
programa que financia cursos
superiores em instituições privadas
a taxa de juros de 6,5% ao ano.
Após ser procurada pela
reportagem, a Secretaria de
Educação Superior (Sesu), do
MEC, informou, em nota, que "a
mudança no prazo de inscrição não
compromete o processo de
financiamento".
Novas vagas. Mendonça Filho
havia anunciado, no dia 16 de
junho, a abertura de 75 mil novas
vagas financiadas para o segundo
semestre. Para isso, seriam
investidos R$ 450 milhões.
A elevação no limite da renda
mínima dos estudantes para três
salários mínimos ficou abaixo do
que era esperado pelo mercado
naquela oportunidade. Em abril, o
então ministro Aloizio Mercadante
havia
anunciado
o
desenvolvimento de um estudo
para que o limite fosse de 3,5
salários
mínimos.
As
universidades buscavam com essa
elevação conseguir diminuir o
número de financiamentos ociosos
do programa.
O setor ainda pleiteia um
aumento na fatia do valor da
mensalidade que pode ser
financiado. Hoje, estudantes que se
encontram no limite máximo de
renda podem financiar 20% do
preço; as instituições pedem
elevação para até 50%.
O ESTADO DE S. PAULO 02/07/16
METRÓPOLE
Governo cobra devolução
de verba pela Coaf
O governo de São Paulo quer
que a Cooperativa Orgânica de
Agricultura Familiar (Coaf)
devolva R$ 435 mil que recebeu
para construir um barracão para
processar
hortifrútis
em
Bebedouro, no interior de São
Paulo. A obra do prédio ficou pela
metade, e o Estado deu até o dia
15 deste mês para que o dinheiro
seja devolvido. A produção seria
distribuída para a merenda escolar
das escolas públicas.
A Secretaria de Agricultura e
Abastecimento informou que o
dinheiro foi repassado por meio
do Projeto de Desenvolvimento
Rural Sustentável – Microbacias
2. No mês passado, porém, a
gerência técnica do projeto
decidiu pela inelegibilidade das
despesas. Em nota, a secretaria diz
que, se não houver devolução,
abrirá
processo
para
ressarcimento do valor.
A cooperativa alega que ainda
não foi notificada, mas tem
interesse em terminar a obra. A
Coaf viu sua situação financeira se
agravar depois do início da
investigação da Máfia da
Merenda, que apura esquema de
corrupção em contratos para
fornecimento de merenda.
O ESTADO DE S. PAULO 02/07/16
ECONOMIA
Regras para Saúde e Educação
impediram ajuste, diz Meirelles
O ministro da Fazenda,
Henrique Meirelles, afirmou
ontem que o ritmo de crescimento
dos gastos com Saúde, Educação
e
Previdência
Social
"inviabilizaram" um controle
maior das despesas nas últimas
décadas. Em entrevista à "Rádio
Estadão" e ao "Broadcast", serviço
em tempo real da "Agência
Estado", o ministro lembrou que,
com o envio da Proposta de
Emenda à Constituição (PEC) do
teto de gastos ao Congresso, os
dispêndios com Saúde e Educação
passarão a seguir a regra que
prevê correção pela inflação.
"Essas despesas são itens que,
na prática, junto com Previdência,
inviabilizaram um controle maior
de despesas nas últimas décadas",
disse. No caso de Saúde e
Educação, o que será corrigido
pela inflação a partir da aprovação
da PEC será o limite mínimo de
gastos nessas duas áreas, destacou
Meirelles. "Com esses itens
crescendo vinculados à receita
tributária, a tendência é que essas
despesas cresçam mais do que o
restante e inviabilizem o teto",
disse.
Meirelles afirmou ainda que o
projeto representa uma mudança
estrutural no gasto público
brasileiro, pois prevê crescimento
real zero das despesas. "Hoje, o
governo tem capacidade prática
discricionária de pouco mais de
10% do Orçamento. Estamos
mexendo na estrutura fiscal pela
primeira vez desde a Constituição
de 1988", disse o ministro. "É uma
mudança estrutural na evolução das
despesas públicas no Brasil."
"Bondades". O ministro da
Fazenda reforçou durante a
entrevista que o governo do
presidente em exercício, Michel
Temer não concedeu um pacote de
bondades. Segundo ele, todas as
iniciativas aprovadas nos últimos
dias que elevaram despesas do
governo já estavam previstas na
meta de resultado primário, que é
de um déficit de R$ 170,5 bilhões.
Desde que assumiu em 12 de maio,
Temer concedeu medidas que já
somam cerca de R$ 125,4 bilhões
em gastos e renúncias fiscais - com
impactos neste ano e até 2018. Isso
inclui o reajuste do Bolsa Família
e a liberação de recursos para a
educação básica de Estados e
municípios.
"Não (há pacote de bondades).
Já existe uma meta de primário este
ano, e esses valores se enquadram
nessa meta."
O ministro reafirmou que a meta
é realista e lembrou que os
reajustes de servidores, por
exemplo, foram acertados ainda no
governo da presidente afastada,
Dilma Rousseff. Essas propostas
também têm potencial para
impactar as contas públicas.
"Esses acordos já estavam
previstos (na meta) e se
enquadram no teto (de gastos).
Esses aumentos estarão sujeitos ao
teto, ou seja, vão compor essa
regra", destacou Meirelles.
Meirelles disse ainda que a
PEC do teto de gastos vai balizar
todas as negociações do governo
a partir de agora e ressaltou que a
equipe econômica não deve ficar
na negociação "de varejo" no
Congresso.
02/07/16
CORREIO BRAZILIENSE
02/07/16
POLÍTICA
CRISE NA REPÚBLICA »
Os primeiros números sobre a gestão Temer
Pesquisa mostra que 13%
acham governo provisório ótimo
ou bom; 36%, regular; e 39%,
ruim ou péssimo. Percentuais,
contudo, ainda são melhores do
que os de Dilma, que tinha,
respectivamente, 10% de ótimo;
19%, regular; e 69%, de péssimo
JULIA CHAIB
A aposta do Planalto é de que
quanto mais Temer for conhecido,
melhor será a avaliação
Quarenta e sete dias depois de
a presidente Dilma Rousseff ter
sido afastada, a primeira pesquisa
feita pelo Instituto Ibope,
encomendada pela Confederação
Nacional da Indústria (CNI),
mostra uma avaliação do governo
interino de Michel Temer melhor
do que a da petista, mas ainda
baixa. Para 44% dos entrevistados,
o governo de Temer está sendo
igual ao de Dilma. Outros 25% o
consideram pior e 23%, melhor.
Apenas 13% da população acham
o governo provisório ótimo ou
bom e 39% avaliam como ruim ou
péssimo. Dilma tinha os índices de
10% e 69%, respectivamente. O
Planalto avaliou o resultado como
melhor que o esperado.
Outro índice, de 36% de
avaliação como regular, aliado a
63% dos entrevistados que
disseram não lembrar notícias da
atual gestão, mostra um
desconhecimento do governo
Temer, avaliam especialistas. Essa
é a segunda pesquisa realizada
sobre o presidente em exercício,
porém, a primeira do Ibope. A taxa
de confiança no presidente interino
é de 27%, maior que o da
presidente afastada, de 18%. Mas
o índice de pessoas que não
confiam no presidente, porém, é
elevado: 66%.
A região onde Temer tem a
menor popularidade é o Nordeste,
onde 44% avaliam o governo como
ruim ou péssimo. As más notícias
das primeiras semanas desde que
o presidente interino assumiu o
poder também apareceram na
pesquisa. Para 40 % dos
entrevistados, as notícias recentes,
que envolveram a demissão de três
ministros, são negativas. O
conhecimento da população acerca
do governo, porém, é baixo.
Durante as entrevistas, 63% não
sabem citar qualquer notícia sobre
o governo.
Ontem, o ministro da Casa
Civil, Eliseu Padilha, disse que
“não teme” a baixa popularidade
e que o governo atingirá resultados
objetivos. “Nós temos 47 dias de
governo. Já conseguimos 13%.
Nessa velocidade, nos 90, nós
deveremos estar passando de 30%.
Então, tenho tranquilidade
absoluta. (...) Se estamos no rumo
certo, o reconhecimento menor ou
maior, não faz diferença”, disse.
Assessores do Planalto avaliaram
que o resultado foi melhor que o
esperado, em termos de superação
dos índices de Dilma e que Temer
ainda é pouco conhecido, como
indicam as próprias pesquisas
internas.
Ao apresentar a pesquisa, o
gerente executivo de Pesquisa e
Competitividade da CNI, Renato
da Fonseca, disse que o índices em
geral ainda são desfavoráveis. “A
gente percebe uma melhora da
popularidade, mas não tão
significativa. É muito diferente do
que aconteceu com o Collor. Neste
caso, não houve um descolamento
do governo Temer e do de Dilma”,
afirmou Fonseca. Professor do
Insper, o cientista político Carlos
Melo diz que o resultado não
surpreende. “Ainda que alguns
agentes econômicos sejam
otimistas, no campo politico é uma
confusão muito grande”.
Melo pondera, porém, que a
pesquisa pode ter uma repercussão
negativa para o governo em
relação ao Congresso. “O sistema
político vai olhar e dizer: o
presidente é frágil, o governo é
fragil e a gente pode pressionar”,
diz.
02/07/16

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