Contextualizando a tutoria em EAD - CINFOP

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Contextualizando a tutoria em EAD - CINFOP
Márcia Helena Mendonça
Mariluci Alves Maftum
Verônica de Azevedo Mazza
Contextualizando a tutoria em EAD
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
Secretaria de Educação Básica
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Pró-Reitoria de Graduação e Ensino Profissionalizante
Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores
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CINFOP
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Revisão
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Revisão de Linguagem
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Professores, autores, pesquisadores, colaboradores
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Consultoria Pedagógica e Análise dos Materiais Didáticos em EAD
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
SISTEMA DE BIBLIOTECAS - BIBLIOTECA CENTRAL
COORDENAÇÃO DE PROCESSOS TÉCNICOS
Mendonça, Márcia Helena
Contextualizando a tutoria em EAD / Márcia Helena Mendonça, Mariluci Alves Maftum, Verônica de
Azevedo Mazza; Universidade Federal do Paraná, Pró-Reitoria de Graduação e Ensino Profissionalizante,
Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores; Ministério da Educação, Secretaria de
Educação Básica. - Curitiba : Ed. da UFPR, 2005.
70p. : iI. - (Formação de tutores, 1)
ISBN 85-7335-143-8
Inclui bibliografia
1. Ensino a distância. I. Maftum, Mariluci Alves. II. Mazza, Verônica de Azevedo, 1962-. III. Universidade
Federal do Paraná. Centro Interdisciplinar de Formação Continuada de Professores. IV. Brasil. Secretaria de
Educação Básica. V. Título.
CDD 371.3
COLEÇÃO FORMAÇÃO DE TUTORES
Módulo 1 - Contextualizando a tutoria em EAD
Módulo 2 - Mediando a comunicação em tutoria
Módulo 3 - Avaliando a Aprendizagem em EAD
AUTORES E COLABORADORES
CD da Coleção
Formação de Tutores
Avaliando a Aprendizagem em EAD
Mediando a Comunicação em Tutoria
Contextualizando a tutoria em EAD
Irapuru Haruo Flórido
José Chotguis
Márcia Helena Mendonça
Mariluci Alves Maftum
Marina Isabel Mateus de Almeida (org.)
Mario de Paula Soares Filho
Sandramara S. K. de Paula Soares (org.)
Verônica de Azevedo Mazza (org.)
Mensagem da Coordenação
Caro(a) cursista,
Ao desejar-lhe boas-vindas, apresentamos a seguir alguns caminhos para a
leitura compreensiva deste material, especialmente elaborado para os cursos
do CINFOP.
Ao se apropriar dos conteúdos dos cursos, você deverá fazê-lo de maneira
progressiva, com postura interativa. Você deve proceder à leitura compreensiva
dos textos, ou seja, refletindo sobre as possibilidades de aplicação dos
conhecimentos adquiridos na sua própria realidade. Aproveite ao máximo esta
oportunidade: observe os símbolos e as ilustrações, consulte as fontes
complementares indicadas, elabore sínteses e esquemas, realize as atividades
propostas.
Tão logo seja iniciado o seu estudo, você deve elaborar uma programação
pessoal, baseada no tempo disponível. Deve estabelecer uma previsão em
relação aos conteúdos a serem estudados, os prazos para realização das
atividades e as datas de entrega.
A intenção dos cursos do CINFOP é a de que você construa o seu processo de
aprendizagem. Porém, sabemos que tal empreendimento não depende
somente de esforços individuais, mas da ação coletiva de todos os envolvidos.
Contamos com as equipes de produção, de docência, de administração,
contamos principalmente com você, pois sabemos que do esforço de todos nós
depende o sucesso desta construção.
Bom trabalho!
A Coordenação
LISTA DE SÍMBOLOS
O material didático foi elaborado com a preocupação de possibilitar a sua interação
com o conteúdo. Para isto utilizamos alguns recursos visuais.
Apresentamos a seguir os símbolos utilizados no material e seus significados.
Realize a pesquisa, complementando o estudo com as
leituras indicadas, para aprofundamento do conteúdo.
Realize a compreensão crítica do texto, relacionando a teoria
e a prática.
Realize as atividades que orientam o acompanhamento do
seu próprio processo de aprendizagem.
Registre os pontos relevantes, os conceitos-chave, as
perguntas, as sugestões e todas as idéias relacionadas ao
estudo que achar importantes, em um caderno, bloco de
anotações ou arquivo eletrônico.
Realize as atividades que fazem a síntese de todo o estudo,
verificando as compreensões necessárias ao seu processo
de formação.
Realize as atividades que consolidam a aprendizagem,
aproximando o conhecimento adquirido ao seu cotidiano
pessoal e profissional.
SUMÁRIO
UNIDADE DIDÁTICA 1 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA .......................1
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................1
OBJETIVO GERAL ...........................................................................................................2
OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................................................2
UNIDADE 1 SOBRE A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) ................................................3
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA ...........................................................................................3
1.2 FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE EAD ...............................................................12
1.3 CARACTERÍSTICAS DA EAD ..................................................................................15
UNIDADE 2 ATORES E MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO PROCESSO
EDUCATIVO EM EAD ...............................................................................17
2.1 O ALUNO ...................................................................................................................17
2.2 O PROFESSOR.........................................................................................................19
2.3 O TUTOR ...................................................................................................................21
2.4 COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DE MEIOS ....................................................................22
UNIDADE 3 POLÍTICAS E LEGISLAÇÃO EM EAD ......................................................25
3.1 POLÍTICAS DE EAD ..................................................................................................25
3.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA VIGENTE SOBRE EAD.................................................27
CONSIDERAÇÕES FINAIS E EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO ............................33
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................37
UNIDADE DIDÁTICA 2 TUTOR E PRÁTICA DE TUTORIA ............................................41
APRESENTAÇÃO ..........................................................................................................41
1.1 O TUTOR E O PAPEL QUE DESEMPENHA............................................................41
1.2 CONCEITOS E SIGNIFICADOS A RESPEITO DO TUTOR .....................................44
1.3 PAPEL E FUNÇÕES DO TUTOR .............................................................................46
1.4 RELAÇÃO ALUNO/TUTOR ......................................................................................51
UNIDADE 2 MODELOS DE TUTORIA: A DISTÂNCIA E PRESENCIAL ......................53
2.1 TUTORIA A DISTÂNCIA............................................................................................56
2.2 TUTORIA PRESENCIAL ...........................................................................................57
2.3 LINHAS GERAIS DA TUTORIA ................................................................................58
SÍNTESE DAS ATIVIDADES QUE UM TUTOR DESEMPENHA...................................63
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................67
GLOSSÁRIO...................................................................................................................69
Contextualizando a Tutoria em EAD
UNIDADE DIDÁTICA 1 FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA
Márcia Helena Mendonça
APRESENTAÇÃO
Prezado Aluno
Nesta Unidade didática procuramos proporcionar-lhe uma visão geral da Educação a
Distância (EAD), fornecendo a base que fundamentará e motivará sua prática tutorial.
Estamos interessados em sua valorização profissional e em incentivá-lo em aplicar o
aprendido no seu contexto de trabalho. Para este resultado, porém, é importante destacar o
seu papel ativo no processo de ensino-aprendizagem.
Aproveite ao máximo esse nosso passeio inicial pelo universo da educação à distância,
participando efetivamente deste desafio. Na interação permanente com seus professores e
tutores, aventure-se nesta construção coletiva de uma nova visão da educação, de uma nova
linguagem e de novas maneiras de apreender a realidade.
Partindo do pressuposto de que o papel do aluno na EAD não se desenvolve mais como mero
espectador e receptor passivo do conteúdo programático, recomenda-se que o processo de
ensino-aprendizagem o torne partícipe constante e permanente na construção do
conhecimento.
Os textos ofertados devem ser objeto não apenas de leitura, mas de reflexão sobre seus
conteúdos e significantes, de forma a viabilizar uma visão crítica da problemática enfrentada
e das soluções apresentadas.
Procure deter-se a cada novo conhecimento para refletir e aprofundar seu entendimento com
novas e importantes informações.
A seqüência recomendada é: leitura do texto, pesquisa nas fontes indicadas, exercícios e
atividades propostas. Mantenha um caderno para suas anotações, dúvidas e reflexões.
1
Nesta Unidade Didática vamos nos dedicar aos conceitos, natureza, características e
perspectivas da Educação a distância. Estudaremos os fundamentos teóricos,
metodológicos, políticos e legais da EAD.
Nossos objetivos são:
OBJETIVO GERAL:
a) Permitir ao estudante um conhecimento amplo do surgimento da EAD e seu
desenvolvimento até nossos dias e facilitar o entendimento dos fundamentos, políticas
e bases legais da EAD, especialmente no Brasil.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
a) Identificar o que seja educação a distância, comparar as diferentes perspectivas
conceituais sobre EAD e analisar suas principais características.
b) Interpretar e distinguir o diálogo mediado e compreender sua importância para a EAD.
c) Identificar o papel de cada um dos atores da EAD e o significado dos meios e da
organização.
d) Identificar os fatores que deram origem e desenvolveram a EAD, oferecendo uma visão
histórica do processo.
Seja Bem Vindo ao Mundo da Educação a Distância!
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Contextualizando a Tutoria em EAD
UNIDADE 1 SOBRE A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD)
As rápidas inovações tecnológicas e as constantes transformações
do mercado de trabalho têm colocado um desafio aos sistemas
educacionais em todo o mundo: fornecer maiores e mais
diversificadas oportunidades educativas, sem o correspondente
aumento orçamentário. Muitas instituições educacionais estão
respondendo a este desafio desenvolvendo programas de
Educação a Distância (EAD), construindo uma ponte entre os atores
do processo educativo quando fisicamente separados.
A EAD vem experimentando uma rápida mudança nos últimos dez
anos, quando as novas tecnologias estão abrindo novas
oportunidades para estudantes fisicamente afastados dos grandes
centros educacionais, para aqueles que necessitam de formas mais
flexíveis para estudar, para os que não puderam estudar na época
oportuna e para quem necessita de educação continuada.
Em acréscimo a isto, a EAD vem experimentando uma crescente
aceitação, embora ainda pequena, por parte das instituições
educacionais (MORGAN JR, 1995; KAUFMAN, 1995),
possibilitando a transição do modelo de escolas centralizadas às
escolas descentralizadas, onde a dinâmica flexível de
relacionamentos de aprendizagem permite às escolas irem até aos
estudantes.
E, para tanto, visando-se atingir uma elevada qualidade no ensino e
aprendizagem a distância, devem ser consideradas as suas
perspectivas teóricas, as do sujeito que aprende, e do seu contexto
tais como características do público alvo e opção tecnológica
adotada como recurso didático (NAIDU, 1994, p. 23-41).
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA
A importância em conhecer as origens do ensino a distância e sua
evolução para a aprendizagem a distância atual, está em se poder
3
estabelecer o nexo causal e os principais fatores de
desenvolvimento dessa vertente educacional.
Veja, a seguir, um resumo dos principais momentos dessa evolução
no mundo (LANDIM, 1997):
1728 - A Gazeta de Boston, em sua edição de 20 de março, oferece
num anúncio: "material para ensino e tutoria por correspondência".
1833 - O número 30 do periódico sueco Lunds Weckoblad comunica
a mudança de endereço, durante o mês de agosto, para as
remessas postais dos que estudam "Composição" por
correspondência.
1840 - Surge um sistema de taquigrafia a base de fichas e
intercâmbio postal com os alunos, criado pelo inglês Isaac Pitman,
que em 1843, passa a ter correção pela Phonographic
Correspondence Society.
1856 - Em Berlim, a Sociedade de Línguas Modernas patrocina os
professores Charles Toussain e Gustav Laugenschied para ensinar
francês por correspondência.
1858 - A Universidade de Londres passa a conceder certificados a
alunos externos que recebem ensino por correspondência.
1873 - Surge, em Boston, Estados Unidos, a Sociedade para a
Promoção do Estudo em Casa.
1883 - Começa a funcionar, em Ithaca, no Estado de Nova Iorque,
Estados Unidos, a Universidade por Correspondência.
1891 - Universidade de Chicago cria o Departamento de Ensino por
Correspondência. O Colégio de Agricultura da Universidade de
Wisconsin mantém correspondência com alunos que não podem
abandonar seu trabalho para voltar às aulas no campus. Nos
Estados Unidos são criadas as Escolas Internacionais por
Correspondência.
1894 - O Rutinsches Fernelehrinstitut de Berlim organiza cursos por
correspondência e a obtenção do Abitur (aceitação de matricula na
Universidade).
1903 - Julio Cervera Baviera abre, em Valência, Espanha, a Escola
Livre de Engenheiros. As Escolas Calvert de Baltimore, Estados
Unidos, criam um Departamento de Formação em Casa, para
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Contextualizando a Tutoria em EAD
acolher crianças de escolas primárias que estudam sob a orientação
dos pais.
1910 - Professores rurais do curso primário começam a receber
material de educação secundária pelo correio, em Vitória, Austrália.
1911 - Ainda na Austrália, com a intenção de minorar os problemas
das enormes distâncias, a Universidade de Queensland começa a
experiência por correspondência para solucionar a dificuldade.
1914 - Na Noruega, funda-se a Norst Correspndanseskole e, na
Alemanha, a Fernschule Jena.
1920 - Na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS), implanta-se sistema de ensino por correspondência.
1922 - A New Zeland Correspondence School começa suas
atividades com a intenção inicial de atender a crianças isoladas ou
com dificuldade de freqüentar as aulas convencionais. A partir de
1928, atende também a alunos do ensino secundário.
1938 - No Canadá, na cidade de Victória, realiza-se a Primeira
Conferência Internacional sobre a Educação por Correspondência.
1939 - Nasce o Centro Nacional de Ensino a Distância na França
(CNED), que, em princípio, atende, por correspondência, a crianças
refugiadas de guerra.
É um centro publico, subordinado ao Ministério da Educação
Nacional.
1940 - Na década de 40 diversos países do centro e do leste europeu
iniciam esta modalidade de estudos. Já por estes anos os avanços
técnicos possibilitam outras perspectivas que as de ensino
meramente por correspondência.
1946 - A Universidade da África do Sul (UNISA) começa a ensinar
também por correspondência.
1947 - Através da Rádio Sorbonne, transmitem-se aulas de quase
todas as matérias literárias da Faculdade de Letras e Ciências
Humanas de Paris.
1951 - A Universidade da
África do Sul, atualmente única
Universidade a Distância na África, dedica-se exclusivamente a
desenvolver cursos a distância.
1960 - Funda-se o Beijing Television College, na China, que encerra
suas atividades durante a Revolução Cultural, o que acontece
5
também ao restante da educação pós-secundária.
1962 - Inicia-se, na Espanha, uma experiência de Bacharelado
Radiofônico. A Universidade de Dehli cria um Departamento de
Estudos por Correspondência, como experiência para atender aos
alunos que, de outro modo, não podem receber ensino universitário.
1963 - Surge na Espanha o Centro Nacional de Ensino Médio por
Rádio e Televisão, que substitui o Bacharelado Radiofônico, criado
no ano anterior. Inicia-se, na França, um ensino universitário, por
rádio, em cinco faculdades de Letras (Paris, Bordeaux, Lille, Nancy e
Strasbourg) e na Faculdade de Direito de Paris, para os alunos do
curso básico. Duas instituições neozelandesas se unem (Victoria
University of Wellington e Massey Agricultural College) e formam a
Massey University Center for University Extramural Studies da Nova
Zelândia.
1968 - O Centro Nacional de Ensino Médio por Rádio e Televisão da
Espanha se transforma no Instituto Nacional de Ensino Médio a
Distância (INEMAD).
1969 - Cria-se a British Open University, instituição verdadeiramente
pioneira e única do que hoje se entende como educação superior a
distância. Inicia seus cursos em 1971. A partir desta data, a
expansão da modalidade tem sido inusitada.
1972 - Cria-se em Madri, Espanha, a Universidad Nacional de
Educación a Distância (UNED), primeira instituição de ensino
superior a suceder a Open University em nível mundial.
1974 - Criada a Universidade Aberta de Israel, que oferece, em
hebreu, cerca de 400 cursos em domínios variados.
1975 - Criada a Fernuniversitatt, na Alemanha, dedicada
exclusivamente ao ensino universitário.
1979 - Criado o Instituto Português de Ensino a Distância, cujo
objetivo era lecionar cursos superiores para população distante das
instituições de ensino presencial e qualificar o professorado.
1988 - O Instituto Português de Ensino a Distância da origem a
Universidade Aberta de Portugal.
Segundo a FernUniversität (Alemanha), existem aproximadamente
1.500 instituições, no mundo inteiro, atuando em EAD, atingindo 10
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Contextualizando a Tutoria em EAD
milhões de estudantes ou até o dobro, no entender de alguns
estudiosos. Em alguns países, como a Espanha, mais de 10% da
população adulta está matriculada em algum curso dentro desta
modalidade (GARCÍA ARETIO, 1994). Este índice alcança os 40%
em outros países, como a Colômbia.
País
Nome da Instituição
Fund.
Alunos
África do Sul
University of South Africa / UNISA
1973
130.000
China
China TV University Sistem / CTVU
1979
530.000
Coréia
Korea National Open University / KNOU
1982
210.578
Espanha
Univ. Nacional de Educación a Distancia / UNED
1972
110.000
França
Centre National d'Enseignement à Distance/CNED 1939
184.614
Grã-Bretanha
The Open University / UKOU
1969
157.450
Índia
Indira Gandhi National Open University / IGNOU
1985
242.000
Indonésia
Universitas Terbuka / UT
1984
353.000
Irã
Payame Noor University / PNU
1987
117.000
Tailândia
Sukhothai Thammathirat Open Univesity / STOU
1978
216.800
Turquia
Anadolu University / AU
1982
577.804
Fonte: Preti, 2000.
A partir dos anos 90, as Universidades a Distância incluiram outra
modalidade de comunicação educativa em seus cursos: a internet,
possibilitando um grande impulso para a EAD. Atualmente, são mais
de oitenta países que adotam a EAD em todos os níveis de ensino,
em sistemas formais e não formais, atendendo a milhões de
estudantes.
Conheça algumas Universidades Virtuais no Mundo.
Visite os seguintes sites:
Teaching and Learning Centers, disponível em:
<http://www.armstrong.edu/FDteaching.htm>
Center of Teaching Excellence. University of Kansas,
disponível em: <http://www.ku.edu/~cte/resources/
websites.html>
Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de
Monterrey. Universidad Virtual de México. Disponível
em: <http://www.ruv.itesm.mx/>
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Universidade de Aveiro. Portugal, disponível em:
<http://ua.pt/>
Universidade Nacional de Educação a Distância.
Espanha, disponível em: <http://wwwuned.es>
Conheça também uma relação de outras
Universidades, pesquisando nos sites a seguir:
NUPPEAD - Núcleo de Pesquisa e projetos em
Educação a Distância, disponível em:
<http://wwwnupeead.unifacs.br/univ-virt.htm>
Directorio Global de Universidades, disponível em:
<http://www.galilei.com.ar/>
Braintrack University Index, disponível em:
<http://www.braintrack.com/>
No Brasil, os principais marcos históricos foram (PIMENTEL, 1995):
1923 - Fundação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro.
1936 - Doação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro ao Ministério
da Educação e Saúde.
1937 - Criação do Serviço de Radiodifusão Educativa do Ministério
da Educação.
1959 - Início das escolas radiofônicas em Natal (RN).
1960 - Início da ação sistematizada do Governo Federal em EAD;
contrato entre o MEC (Ministério da Educação) e a CNBB
(Conferência Nacional dos Bispos do Brasil): expansão do sistema
de escolas radiofônicas aos estados nordestinos, que faz surgir o
MEB - Movimento de Educação de Base - sistema de ensino a
distância não formal.
1965 - Início dos trabalhos da Comissão para Estudos e
Planejamento da Radiodifusão Educativa.
1966 a 1974 - Instalação de oito emissoras estaduais de televisão
educativa.
1967 - Criada a Fundação Padre Anchieta, mantida pelo Estado de
São Paulo com o objetivo de promover atividades educativas e
culturais através do rádio e da televisão (iniciou suas transmissões
em 1969); constituída a Feplam (Fundação Educacional Padre
Landell de Moura), instituição privada sem fins lucrativos, que
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Contextualizando a Tutoria em EAD
promove a educação de adultos através de tele-educação por
multimeios.
1969 - TVE Maranhão/CEMA - Centro Educativo do Maranhão:
programas educativos para a 5ª série, inicialmente em circuito
fechado e a partir de 1970 em circuito aberto, também para a 6ª
série.
1970 - Portaria 408 do MEC - emissoras comerciais de rádio e
televisão: obrigatoriedade da transmissão gratuita de cinco horas
semanais de 30 minutos diários, de segunda a sexta-feira, ou com
75 minutos aos sábados e domingos. É iniciada em cadeia nacional
a série de cursos do Projeto Minerva, irradiando os cursos de
Capacitação Ginasial e Madureza Ginasial, produzidos pela Feplam
e pela Fundação Padre Anchieta.
1971 - Nasce a ABT - inicialmente como Associação Brasileira de
Tele-Educação, que já organizava desde 1969 os Seminários
Brasileiros de Tele-Educação atualmente denominados Seminários
Brasileiros de Tecnologia Educacional. Foi pioneira em cursos a
distância, capacitando os professores através de correspondência.
1972 - Criação do Prontel - Programa Nacional de Tele-Educação que fortaleceu o Sinred - Sistema Nacional de Radiodifusão
Educativa.
1973 - Projeto Minerva passa a produzir o Curso Supletivo de 1º
Grau, II fase, envolvendo o MEC, Prontel, Cenafor e secretarias de
Educação.
1973-74 - Projeto SACI conclusão dos estudos para o Curso
Supletivo "João da Silva", sob o formato de telenovela, para o ensino
das quatro primeiras séries do 1º grau; o curso introduziu uma
inovação pioneira no mundo, um projeto piloto de teledidática da
TVE, que conquistou o prêmio especial do Júri Internacional do
Prêmio Japão.
1974 - TVE Ceará começa a gerar tele-aulas; o Ceteb - Centro de
Ensino Técnico de Brasília - inicia o planejamento de cursos em
convênio com a Petrobrás para capacitação dos empregados desta
empresa e do projeto Logus II, em convênio com o MEC, para
habilitar professores leigos sem afastá-los do exercício docente.
1978 - Lançado o Telecurso de 2º Grau, pela Fundação Padre
9
Anchieta (TV Cultura/SP) e Fundação Roberto Marinho, com
programas televisivos apoiados por fascículos impressos, para
preparar o tele-aluno para os exames supletivos.
1979 - Criação da FCBTVE - Fundação Centro Brasileiro de
Televisão Educativa/MEC; dando continuidade ao Curso "João da
Silva", surge o Projeto Conquista, também como telenovela, para as
últimas séries do primeiro grau; começa a utilização dos programas
de alfabetização por TV - (MOBRAL), em recepção organizada,
controlada ou livre, abrangendo todas as capitais dos estados do
Brasil.
1979 a 1983 - É implantado, em caráter experimental, o Posgrad pós-graduação Tutorial a Distância - pela Capes - Coordenação de
Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior - do MEC,
administrado pela ABT
Associação Brasileira de Tecnologia
Educacional - com o objetivo de capacitar docentes universitários do
interior do país.
1981 - FCBTVE trocou sua sigla para FUNTEVE: Coordenação das
atividades da TV Educativa do Rio de Janeiro, da Rádio MEC-Rio,
da Rádio MEC-Brasília, do Centro de Cinema Educativo e do Centro
de Informática Educativa.
1983 / 1984 - Criação da TV Educativa do Mato Grosso do Sul. Início
do "Projeto Ipê", da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo
e da Fundação Padre Anchieta, com cursos para atualização e
aperfeiçoamento do magistério de 1º e 2º Graus, utilizando-se de
multimeios.
1988 - "Verso e Reverso - Educando o Educador": curso por
correspondência para capacitação de professores de Educação
Básica de Jovens e Adultos/ MEC Fundação Nacional para
Educação de Jovens e Adultos (EDUCAR), com apoio de programas
televisivos através da Rede Manchete.
1991 - O "Projeto Ipê" passa a enfatizar os conteúdos curriculares.
1991 - A Fundação Roquete Pinto, a Secretaria Nacional de
Educação Básica e secretarias estaduais de Educação implantam o
Programa de Atualização de Docentes, abrangendo as quatro séries
iniciais do ensino fundamental e alunos dos cursos de formação de
professores. Na segunda fase, o projeto ganha o título de "Um salto
10
Contextualizando a Tutoria em EAD
para o futuro".
1992 - O Núcleo de Educação a Distância do Instituto de Educação
da UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso), em parceria com
a Unemat (Universidade do Estado do Mato Grosso) e a Secretaria
de Estado de Educação e com apoio da Tele-Universite du Quebec
(Canadá), criam o projeto de Licenciatura Plena em Educação
Básica: 1ª a 4ª séries do 1º grau, utilizando a EAD. O curso é iniciado
em 1995.
A EAD tem evoluído muito no Brasil a partir de 1995.
Para saber mais sobre o momento da EAD no Brasil
atual consulte o site da Secretaria da Educação a
Distância - SEED, do Ministério da Educação,
disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seed>
Pesquise também sobre algumas experiências
notáveis como o PROFORMAÇÃO (Programa de
Formação de Professores em Exercício); PAPED
(Programa de Apaio à Pesquisa em Educação a
Distância); TV Escola; Rede Educação/CEDRT e
UNITINS. Como sugestão consulte o site da SEED
anteriormente referido ou autores como Maia (2003);
Barreto (2003).
Foram fatores que propiciaram o nascimento e
desenvolvimento da EAD (GARCIA ARETIO, apud
RODRIGUES, 2004):
a) os avanços sócio-políticos (aumento da demanda
social por educação, a democratização do acesso à
educação e a existência de camadas desatendidas
da população);
b) a necessidade de aprender ao longo de toda a vida
(educação permanente ou continuada);
c) as transformações tecnológicas;
d) os avanços nas ciências da educação;
e) a insuficiência dos sistemas convencionais.
11
1.2 FUNDAMENTOS E CONCEITOS DE EAD
Apenas como exercício de reflexão, antes de
prosseguirmos, com base na evolução histórica e no
seu conhecimento prévio, conceitue EAD. Depois
compare suas anotações com as definições que
mostramos a seguir.
Vejamos algumas definições de Educação a Distância (EAD):
Educação a Distância é uma forma sistematicamente organizada de
autoestudo onde o aluno se instrui a partir do material de estudo que
Ihe é apresentado, o acompanhamento e a supervisão do sucesso
do estudante são levados a cabo por um grupo de professores. Isto é
possível através da aplicação de meios de comunicação capazes de
vencer longas distâncias (DOHMEM, 1991).
Educação/Ensino a Distância é um método racional de partilhar
conhecimento, habilidades e atitudes, através da aplicação da
divisão do trabalho e de princípios organizacionais, tanto quanto
pelo uso extensivo de meios de comunicação, especialmente para o
propósito de reproduzir materiais técnicos de alta qualidade, os
quais tornam possível instruir um grande número de estudantes ao
mesmo tempo, enquanto esses materiais durarem. É uma forma
industrializada de ensinar e aprender (PETERS, 2001).
Ensino a Distância pode ser definido como a família de métodos
instrucionais onde as ações dos professores são executadas a parte
das ações dos alunos, incluindo aquelas situações continuadas que
podem ser feitas na presença dos estudantes. Porém, a
comunicação entre o professor e o aluno deve ser facilitada por
meios impressos, eletrônicos, mecânicos ou outros (MOORE e
KEARSLEY, 1996).
O termo Educação a Distância esconde-se sob várias formas de
estudo, nos vários níveis que não estão sob a contínua e imediata
12
Contextualizando a Tutoria em EAD
supervisão de tutores presentes com seus alunos nas salas de
leitura ou no mesmo local. A educação a distância se beneficia do
planejamento, direção e instrução da organização do ensino
(HOLMBERG, 1981).
Keegan et al (1991), preferem definir a EAD através das
características, que apontam:
a) separação física entre professor e aluno, que a distingue do
ensino presencial;
b) influência da organização educacional (planejamento,
sistematização, plano, organização dirigida etc.), que a
diferencia da educação individual;
c)
utilização de meios técnicos de comunicação para unir o
professor ao aluno e transmitir os conteúdos educativos uso
da mídia;
d) previsão de uma comunicação bidirecional, onde o estudante
se beneficia de um diálogo e da possibilidade de iniciativas de
dupla via;
e) possibilidade de encontros ocasionais com propósitos
didáticos e de socialização.
A EAD, no sentido fundamental da expressão, é o ensino que ocorre
quando o “ensinante” e o “aprendente” estão separados (no tempo
ou no espaço). No sentido que a expressão assume atualmente
enfatiza-se mais a distância no espaço e se propõe que ela seja
contornada através do uso de tecnologias de telecomunicação e de
transmissão de dados, voz e imagens (incluindo dinâmicas, isto é,
televisão ou vídeo) (CHAVES, 1999).
A Educação a Distância é um sistema tecnológico de comunicação
bidirecional que pode ser massivo e que substitui a interação
pessoal na sala de aula entre professor e aluno como meio
preferencial de ensino pela ação sistemática e conjunta de diversos
recursos didáticos e o apoio de uma organização e tutoria que
propiciam uma aprendizagem independente e flexível (GARCIA
ARETIO, 1994).
13
Preti (1996) comenta a definição de Garcia Aretio (1994),
destacando os seguintes elementos:
a) a distância física professor-aluno: a presença física do
professor ou do tutor, isto é do interlocutor, da pessoa com
quem o estudante vai dialogar não é necessária e
indispensável para que se dê a aprendizagem. Ela se dá de
outra maneira, "virtualmente";
b) de estudo individualizado e independente: reconhece a
capacidade do estudante de construir seu caminho e seu
conhecimento, de se tornar autodidata, ator e autor de suas
práticas e reflexões;
c) um processo de ensino-aprendizagem mediatizado: a EAD
deve oferecer suportes e estruturar um sistema que viabilizem
e incentivem a autonomia dos estudantes nos processos de
aprendizagem.
d) o uso de tecnologias: os recursos técnicos de comunicação,
que hoje têm alcançado um avanço espetacular (correio, rádio,
TV audiocassete, hipermídia interativa, internet), permitem
romper com as barreiras das distâncias, das dificuldades de
acesso à educação e dos problemas de aprendizagem por
parte dos alunos que estudam individualmente, mas não
isolados e sozinhos. Oferecem possibilidades de se estimular
e motivar o estudante, de armazenamento e divulgação de
dados, de acesso às informações mais distantes e com uma
rapidez incrível.
e) a comunicação bidirecional: o estudante não é mero receptor
de informações, de mensagens; apesar da distância, busca-se
estabelecer relações dialogais, criativas, críticas e
participativas.
Segundo a Universidade de Wisconsin, Continuing Education
Extension, dos Estados Unidos Educação a Distância é definida
como uma experiência de ensino/aprendizagem planejada que usa
um grande espectro de tecnologias para alcançar os alunos a
distância e é desenhado para encorajar a interação com os alunos e
a comprovar o aprendizado (RAGHVAN e TRIPATHI, 1998).
14
Contextualizando a Tutoria em EAD
Os mesmos autores, indicam as definições de duas outras
Universidades norte-americanas. A University of Maryland System
Institute for Distance Education define o termo Educação a Distância
como uma variedade de modelos educacionais que tem em comum
a separação física entre os professores e alguns ou todos os
estudantes. Já o Engineering Outrech da University of Idaho
entende que, no seu nível mais básico, Educação a Distância ocorre
quando o professor e os alunos estão separados por distância física,
e a tecnologia (voz, vídeo, dados e impressos), freqüentemente
associada com comunicação presencial é usada como elemento de
ligação para suprir a distância.
1.3 CARACTERÍSTICAS DA EAD
A partir das posições de Keegan et al (1991) e Preti (1996), podemos
citar como características fundamentais da EAD:
a) Separação física professor-aluno e aluno-tutor, o que a
distingue do ensino presencial; o diálogo presencial não é
necessário e indispensável para que se dê a aprendizagem;
ela se dá de maneira virtual, permitindo que professor e aluno
possam arranjar suas obrigações, realidades, disponibilidades
e interesses da forma que melhor atendam seus objetivos.
b) Influência da organização educacional (planejamento,
sistematização, organização dirigida, etc.), que também a
diferencia da educação individual. O planejamento é
indispensável para o sucesso dos programas de EAD. As
improvisações, tão comuns na educação presencial, não têm
lugar na EAD. Acompanhamento e apoio tutorial são
características que exercem influência marcante nessa
modalidade de ensino-aprendizagem.
c) Processo de ensino-aprendizagem mediatizado: a EAD
deve oferecer suportes e estruturar um sistema que viabilize e
incentive a autonomia dos estudantes nos processos de
aprendizagem, com o reconhecimento de sua capacidade de
construir seu caminho, seu conhecimento, por ele mesmo, de
15
se tornar autodidata, ator e autor de suas práticas e reflexões.
d) Utilização de meios técnicos de comunicação para unir, de
forma em geral assíncrona, o professor ao aluno e transmitir os
conteúdos educativos
uso da mídia; trata-se de serem
oferecidas possibilidades de se estimular e motivar o
estudante, de armazenamento e divulgação de dados, de
acesso às informações mais distantes. Os avanços das TICs
(Tecnologias da Informação e Comunicação) têm permitido
que os efeitos sejam cada vez mais sentidos e as
oportunidades multiplicadas.
e) Previsão de uma comunicação bidirecional, onde o
estudante se beneficia de um diálogo, em especial o mediado,
e da possibilidade de iniciativas de mão dupla, estabelecendo
relações dialogais, criativas, críticas e participativas.
f) Possibilidade de encontros ocasionais com propósitos
didáticos e de socialização.
Segundo sua percepção, as características de
abertura, flexibilidade, adaptabilidade, eficácia e
economia seriam mais evidentes na EAD ou no Ensino
Presencial?
Pesquise em Garcia Aretio (1994) ou em outros textos
sobre EAD a que tenha acesso.
Você agora já conhece as principais características a
respeito da EAD e poderá identificar as semelhanças e
as diferenças dessa modalidade com a educação
presencial. Com base no texto da unidade, em outros
materiais sobre EAD e em suas experiências prévias
como aluno e/ou professor, construa uma tabela
comparativa entre a educação a distância e a
educação presencial.
16
Contextualizando a Tutoria em EAD
UNIDADE 2 ATORES E MEIOS DE COMUNICAÇÃO NO
PROCESSO EDUCATIVO EM EAD
Não são os atores que são diferentes no ensino presencial e no
processo ensino-aprendizagem a distância, e sim o papel a ser
desempenhado.
É preciso lembrar, entretanto, que não existe uma única forma de
educação presencial, nem uma única forma de educação a
distância. O que se pode comparar são as possibilidades e
potencialidades de cada meio, as práticas mais comuns na sala de
aula convencional e aquelas utilizáveis em EAD.
A redefinição dos papéis dos professores e alunos pelo uso da
tecnologia envolve questões como estilos de ensino, necessidade
de controle por parte do professor, concepções de aprendizagem e a
percepção da sala de aula como um sistema ecológico mais amplo,
no qual os papéis de professores e alunos estão começando a
mudar.
2.1 O ALUNO
Preti (2000) nos lembra que o aprendizado pode ter, do ponto de
vista do aprendiz, dimensões ontológica, política, metodológica,
técnico-instrumental, afetiva e operacional.
A participação do aluno, no entanto, é elemento “sine qua non” para
que essas dimensões se concretizem e, conseqüentemente, se
construa a autonomia que caracteriza o processo.
Mas, como fazer isso na EAD onde os aprendizes estão, na maioria
das vezes, espacialmente distantes, afastados ou dispersos?
Para enfrentar esse desafio a modalidade tem inventado as mais
diferentes soluções, como os momentos presenciais (individuais ou
coletivos), o estímulo à organização dos aprendizes em
17
comunidades educativas em seus locais de moradia ou de trabalho,
o acompanhamento tutorial, fazendo uso também dos recursos
tecnológicos de comunicação.
Retomando Preti (2000) temos que autonomia, autoformação,
autoaprendizagem, aprendizagem aberta, aprender a aprender e
autoregulação. São terminologias diferentes que remetem a
concepções e práticas diferenciadas, mas que têm em comum
recolocar o aprendiz como sujeito, autor e condutor de seu processo
de formação, apropriação, reelaboração e construção do
conhecimento. Estas novas práticas buscam superar tanto as
concepções que colocam em foco os “determinantes externos”
(empirismo) como os “determinantes internos” (apriorismo)
caminhando em direção a uma visão relacional e interacionista
(dialética).
Em EAD, em que consiste AUTONOMIA?
Segundo Preti (id), a autonomia, uma palavra em
moda nas duas últimas décadas, foi e é a bandeira de
luta na educação. Queremos uma universidade e uma
escola com autonomia.
Em sua etimologia, autonomia vem do grego,
resultado da composição do pronome reflexivo, com
posição atributiva, autós (próprio, a si mesmo) com o
substantivo nomos (lei, norma, regra): capacidade de
autogovernar. Autonomia, pois, rima com democracia,
com cidadania.
A dificuldade está em sabermos, porém, da luta que se
trava nos bastidores, para ser exercida. Há
resistências, pois autonomia representa perda para
quem está no poder, para quem se coloca no outro
lado da relação como detentor do “saber” e das
decisões a serem tomadas.
Já no entender de Pineau (2002) autonomia, no viés
pedagógico significa a capacidade que o sujeito tem
de tomar para si sua própria formação, seus objetivos
18
Contextualizando a Tutoria em EAD
e fins, isto é, tornar-se sujeito e objeto de formação
para si mesmo.
Na relação pedagógica, significa, de um lado,
reconhecer no outro sua capacidade de ser, de
participar, de ter o que oferecer, de decidir, de não
desqualificá-lo, pois, a educação é um ato de liberdade
e de compartilhamento. E, nesse sentido, ela revela
sua estreita e indissociável ligação com o político.
Por outro lado, não é fácil para o professor, que se
coloca como “dirigente” da formação do seu aluno,
tomar para si sua formação, ainda mais que, na
Educação a Distância, a figura do professor presencial
“diretivo” não é visível, desaparece, provocando no
cursista um sentimento de abandono, de estar só.
2.2 O PROFESSOR
Nas Instituições a Distância a docência não é direita utilizando-se
recursos técnicos possibilitam uma comunicação bidirecional com
os alunos e a eficácia do processo depende grandemente da figura
do tutor. A docência está mais focada na motivação da
aprendizagem independente e autônoma do aluno, dependendo
portanto de um planejamento prévio da metodologia das atividades
e de materiais didáticos muito mais depurada do que ensino
presencial (GARCIA ARETIO, 1994).
É preciso que muito embora seja destacado o papel do Professor
como sendo um animador, “um orientador - que apresenta modelos,
faz mediações, explica, redireciona o foco e oferece opções - sendo
como um co-aprendiz que colabora com outros professores e
profissionais” (SHERRY et al, 1997; BERGE, 1997), isso não pode
ser uma visão total e definitiva.
A maioria dos professores ou instrutores que utilizam atividades de
ensino mediadas pelo computador prefere assumir o papel de
19
moderador ou facilitador da interação e da aprendizagem (SHERRY,
1998).
Nessa vertente, destaca-se caber ao professor decidir seu grau de
envolvimento e intervenção nas diversas atividades e contextos de
comunicação em rede, optando, por exemplo, por se excluir de
discussões e dando mais liberdade para os alunos ou, por outro
lado, mantendo uma forte presença na conversação para corrigir,
informar, opinar, convidar alunos para participar.
Há, porém, que se destacar a visão de Nunan quando nos diz que,
"embora a instrução mediada pela rede facilite a aprendizagem
independente e colaborativa e esteja em harmonia com a visão
construtivista do conhecimento, e embora ela ofereça um grande
potencial para aqueles que aderem a abordagens de aprendizagem
construtivistas, centradas no aluno e colaborativas", não há nada
inerente ao meio virtual que conduza a isso (NUNAN, 1999, p. 5274).
De qualquer forma, as possibilidades de mudanças na educação
pela introdução progressiva da tecnologia têm gerado
questionamentos nos professores sobre o seu papel social e sua
prática pedagógica.
Ao decidir adotar para sua prática pedagógica online um modelo
centrado no aluno, na interação e cooperação entre participantes, a
EAD encontrou dificuldades em abrir mão do controle da sala de
aula convencional, como constatou Gunawardena (1992, p. 58-71),
assinalando que alguns alunos encontraram igual dificuldade em
assumir responsabilidade pela sua própria aprendizagem e
solicitaram apoio constante.
Reveste-se, assim, de grande importância o papel do tutor.
20
Contextualizando a Tutoria em EAD
2.3 O TUTOR
De início consistia numa atuação bastante limitada, voltada apenas
para questões referentes ao conteúdo. Novas atividades e
responsabilidades foram, aos poucos, incorporadas ao trabalho da
tutoria diante das demandas que surgiram. A partir disto, foi possível
perceber a necessidade do tutor ter uma atuação mais abrangente,
direcionada tanto para aspectos relacionados a conteúdos como
também tecnológicos e educacionais, podendo fazer uma
integração destes conhecimentos para a construção de uma
Educação a Distância mais atraente e eficaz.
A relação no processo de tutoria tem tríplice aspecto: professor,
educador e tutor. O aspecto de professor se projeta quando colabora
com o estudante para acordar a crítica e a criatividade, quando são
colocadas no plano de julgamento e aproveitamento do já
vivenciado. O de educador manifesta-se, quando os valores que
induzem à autonomia são o foco principal. Desta visão, os dois
papéis se concretizam no processo de tutoria.
Em outras palavras, tratando-se de construção do saber, a tutoria é
marcada pelo trabalho de estruturar os componentes de estudo,
orientar, estimular e provocar o participante a construir o seu próprio
saber, partindo do princípio de que não há resposta feita, a cada um
compete “criar” um pronunciamento marcadamente pessoal.
(EMERENCIANO et al, 1998).
Na tutoria há uma dimensão de busca que perpassa a
aprendizagem e caracteriza-se como uma presença. A presença é
representada como um campo em que podem conviver passado e
futuro, subsidiando projeções a serem vividas autonomamente.
A tutoria pode se dar de duas formas: a distância (o aluno,
individualmente, entrará em contato com o tutor, através de meios
de comunicação disponíveis, nos horários definidos anteriormente)
21
ou presencialmente (o aluno, individualmente ou em pequenos
grupos, se encontrará no Centro com o seu tutor).
Você já prestou atenção que enquanto lê este texto
diversas idéias vão lhe ocorrendo? Isso pode nos
mostrar que o conhecimento não é formado de
maneira linear, mas sim numa constante relação e
conexão com outros conhecimentos, formando uma
rede de informações. Neste mesmo sentido, Landon
afirma que devemos abandonar sistemas conceituais
fundamentados na idéia de margem, hierarquia e
linearidade e substituí-los por outros como a
multilinearidade, nós, links e redes. Reflita sobre o
papel do tutor em EAD nesta nova perspectiva de
construção do conhecimento. Anote suas impressões
(LANDON, 1992 apud RIBEIRO e JUCÁ, 2001).
2.4 COMUNICAÇÃO ATRAVÉS DE MEIOS
Assista ao filme Mens@gem para você, protagonizado
pelos atores Tom Hanks e Meg Ryan, e a trilogia
“Matrix”, com Keanu Reeves, e reflita sobre a
influência do desenvolvimento das TICs (Tecnologias
da Informação e Comunicação), sobre as interações
sociais e as relações interpessoais. Anote suas
impressões.
A EAD é uma alternativa pedagógica de grande alcance e que deve
utilizar e incorporar as novas tecnologias como meio para alcançar
os objetivos das práticas educativas implementadas, tendo sempre
em vista as concepções de homem e sociedade assumidas e
considerando as necessidades das populações a que se pretende
servir.
Segundo Lisboa (2002), o ferramental tecnológico utilizado pela
EAD pode ser classificado em dois grupos principais: um para a
22
Contextualizando a Tutoria em EAD
geração de material didático e outro para interação entre
participantes e informação/conhecimento, cada um deles
subdividido em básicas e avançadas.
Em função dos tipos de mídia de distribuição da informação
educacional, o ferramental tecnológico pode ser classificado como:
mídias síncronas (TV, rádio, chat, videoconferência,
teleconferência) ou mídias assíncronas (material impresso, CDROM, audiotape, vídeotape, internet, e-mail).
Também há a considerar que a EAD caracteriza-se pela utilização
simultânea de meios. A entrega do material relativa ao curso poderá
ser realizada via correio ou diretamente ao aprendiz. Este poderá
também utilizar este meio para se comunicar com seu tutor ou com o
professor-especialista.
Porém, especialmente o trabalho de tutoria a distância poderá ser
realizado, preferencialmente, utilizando-se o telefone, o fax, o
correio ou o correio eletrônico.
Os dados relativos ao percurso dos alunos, bem como das
informações de adequações do material, das atividades de tutoria, e
das avaliações deverão ser armazenados, criando-se bancos de
dados muito úteis para funções informativas, de análise e de
investigação científica.
O fundamental, porém, não é estar usando este ou aquele meio de
comunicação, mas que seja estabelecida, efetivada e dinamizada
uma rede interativa constante e contínua que viabilize o diálogo
entre todos os componentes envolvidos no processo educativo.
O surgimento das novas tecnologias e a crise dos
meta-discursos da modernidade proporcionaram a
morte das distâncias espaço-tempo, um processo de
desterritorialização irreversível e uma virtualização do
23
espaço real. Tem-se a criação, portanto, do
ciberespaço, considerado por Lévy (1999) como o
“sistema com o desenvolvimento mais rápido de toda a
história das técnicas de comunicação”. O ciberespaço
permite que haja uma reciprocidade na comunicação e
a partilha de um contexto, transformando o sistema de
comunicação de massa em um sistema todos para
todos.
O texto apresentado nessa Unidade traz uma síntese
da história dos meios de comunicação usualmente
utilizados na Educação a Distância no Brasil. Procure
investigar mais detalhadamente a história de, pelo
menos, um desses meios (rádio, televisão, material
impresso, informática).
Levando em conta as características da EAD já
estudadas e na sua experiência presente de aluno
nessa modalidade educativa, faça uma análise crítica
de seu desempenho e participação. Inclua no seu
relato que dificuldades e facilidades você tem
encontrado ou espera encontrar?
24
Contextualizando a Tutoria em EAD
UNIDADE 3 POLÍTICAS E LEGISLAÇÃO EM EAD
3.1 POLÍTICAS DE EAD
O período pós-constituinte, como, aliás, ocorreu em outras ocasiões
em que aconteceram mudanças na Carta Magna do país, foi
bastante fértil em alterações nas legislações complementares que
buscam adequar leis e regulamentos, por vezes ultrapassados ou
incompatíveis com os novos dispositivos constitucionais.
A Educação não escapou a este processo de reformulações, ainda
em curso, com a aprovação de uma nova lei de diretrizes e bases, a
proposta de um plano nacional de educação e uma série de outras
modificações que devem continuar nos próximos anos (GARCIA,
2000). Foi o que vimos acontecer com a edição de toda uma coleção
de atos legislativos que conformaram a política adotada para a EAD.
Como explica Niskier (1996), a educação à distância no Brasil é
cercada de preconceitos e considerada um ensino de segunda
classe, muito embora o sistema regular de ensino seja impotente
para atingir todo o país.
Esta situação, difere inteiramente do que ocorre em inúmeros
países em desenvolvimento, que há anos vêm adotando esta
modalidade de ensino e a ela atribuindo o mesmo valor e
credibilidade dos cursos convencionais.
Porém, não se percebeu, durante quase todo o tempo, o
estabelecimento de políticas no campo da EAD.
Na perspectiva de mudar um pouco esse cenário e fazer a
consolidação da modalidade, foi criada, em 2002, uma comissão de
especialistas, no próprio Ministério da Educação e pelo Conselho
Federal de Educação, com a responsabilidade de propor linhas para
a definição de políticas na EAD e a viabilização da Universidade
Aberta no Brasil. Veio à luz, por essa via, o documento denominado:
25
“Ensino a Distância: Uma Opção”, que vai dar origem à legislação
educacional que se seguiu.
Em decorrência de compromisso assumido na Conferência Mundial
sobre Educação para Todos, realizada na Tailândia em 1990, foi
elaborado no Brasil o Plano Decenal de Educação para Todos, para
o período compreendido entre 1993 e 2003 cujo item 8, trata do
Sistema Nacional de Educação à Distância. O Sistema está
direcionado para a pré-escola, a educação especial, o ensino básico
e tecnológico.
Com a edição da nova Leis de Diretrizes e Bases
(Brasil, 1996), a EAD recebeu amparo legal e aval para
contribuir na solução dos graves problemas
educacionais do país. Conheça o reflexo do acerto
desta medida, consultando os principais resultados do
I Censo Brasileiro do Ensino Superior a Distância
(VIANNEY et al, 2003).
Tudo leva a crer que a política assinalada esta de acordo com o
conceito de Lima (2003): a Educação a Distância pode ser uma
modalidade educativa que venha democratizar o conhecimento em
favor das diferentes camadas da sociedade e, dependendo da
concepção filosófico-política que venhamos a adotar em nosso
quadro teórico, podemos tornar a EAD um processo emancipatório e
crítico de formação humana, ou um processo de treinamento
adestrado ou de alienação.
Para saber mais sobre as políticas de EAD visite o site
da Universidade Virtual Brasileira, disponível em:
<http://www.uvb.com.br/main/index.jsp>
26
Contextualizando a Tutoria em EAD
3.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA VIGENTE SOBRE EAD
A Constituição Federal (Brasil, 1988) assegura o direito do brasileiro
à educação (art. 7º) e determina que as regras educacionais sejam
fixadas pela União (art. 22).
Em decorrência disso e no sentido previsto na política alinhada pelo
Conselho Federal da Educação, com o auxílio de parlamentares
com visão aberta para o papel da EAD na estruturação da cultura
nacional, foi produzida a legislação que estabeleceu as bases legais
da EAD no Brasil:
a) Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394,
de 20/12/1996)
b) Decreto nº 2.494, de 10/02/1998 (publicado no Diário Oficial da
União - D.O.U. de 11/02/1998)
c) Decreto nº 2.561, de 27/04/1998 (publicado no D.O.U. de
28/04/1998)
d) Portaria Ministerial nº 301, de 07/04/1998 (publicado no D.O.U.
de 09/04/1998
e) Resolução nº1, do Conselho Nacional de Educação de
03/04/2001
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de
20/12/1996) estabeleu, entre outras disposições:
a) o Poder Público deve incentivar o desenvolvimento e a
veiculação de programas de ensino a distância;
b) o ensino a distância desenvolve-se em todos os níveis e
modalidades de ensino e de educação continuada;
c) a educação a distância organiza-se com abertura e regime
especiais;
d) a educação a distância será oferecida por instituições
especificamente credenciadas pela União;
e) caberá à União regulamentar requisitos para realização de
exames; para registro de diplomas relativos a cursos de
educação a distância;
27
f) caberá aos sistemas de ensino normatizar a produção, controle
e avaliação de programas e autorizar sua implementação;
g) poderá haver cooperação e integração entre os diferentes
sistemas;
h) a educação a distância terá tratamento diferenciado, que
incluirá: custos reduzidos na transmissão por rádio e televisão;
concessão de canais exclusivamente educativos; tempo
mínimo gratuito para o Poder Público, em canais comerciais.
O Decreto nº 2.494, de 10/02/1998 regulamenta o Art. 80 LDB e dá
outras providências. Alguns dos pontos mais importantes sobre este
Decreto, que merecem ser ressaltados, segundo Lobo Neto (1998):
O caput do Art. 1º adota um conceito de educação a distância,
entendida como: a) "uma forma de ensino que possibilita a
auto-aprendizagem"; b) "com a mediação de recursos
didáticos sistematicamente organizados"; c) "apresentados
em diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente
ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de
comunicação".
Já no Parágrafo Único do mesmo Artigo, reconhece o regime
especial como "flexibilidade de requisitos para admissão,
horário e duração, sem prejuízo, quando for o caso, dos
objetivos e das diretrizes curriculares fixadas nacionalmente".
Restringe a "instituições públicas ou privadas especificamente
credenciadas para esse fim" a possibilidade de oferecer cursos
à distância que conferem certificado ou diploma de conclusão
de ensino fundamental para jovens e adultos, do ensino médio,
da educação profissional e de graduação. A oferta de
programas de pós-graduação lato e stricto sensu (mestrado e
doutorado) na modalidade a distância foi remetida a uma futura
regulamentação (Resolução nº1, do Conselho Nacional de
Educação de 03/04/2001).
Os atos de credenciamento de instituições são de
competência do Ministro de Estado da Educação para as
instituições vinculadas ao sistema federal de ensino e para as
28
Contextualizando a Tutoria em EAD
instituições de educação profissional de nível tecnológico e de
ensino superior dos demais sistemas.
O prazo de credenciamento das instituições e de autorização
dos cursos é limitado a cinco anos, podendo ser renovado
após avaliação, o que se compatibiliza com as normas de
credenciamento e autorização de cursos adotados pelo
sistema federal de ensino.
Os certificados e diplomas dos cursos a distância realizados
em instituições estrangeiras deverão ser revalidados para
gerarem efeitos legais, de acordo com as normas vigentes
para o ensino presencial.
A avaliação do rendimento do aluno para fins de promoção,
certificação ou diplomação nos cursos a distância deve ser
feita no processo e por meio de exames presenciais.
Segundo Fragale Filho (2003), merece ainda atenção outros
instrumentos legais (Decretos) e normativos (Portarias) cujo
conhecimento será útil ao estudante de EAD. São relacionados a
seguir na ordem hierárquica das leis:
Decreto 2.026, de 10/10/1996 estabelece procedimentos para
o processo de avaliação dos cursos e instituições de ensino
superior.
Decreto n.º 2.306, de 19/08/1997 traz a regulamentação das
instituições de ensino superior.
Decreto nº 3.276, de 6/12/1999 dispõe sobre a formação em
nível superior de professores para atuar na área de educação
básica, e dá outras providências.
Decreto nº 3.860, de 9/07/2001 dispõe sobre a organização do
ensino superior, a avaliação de cursos e instituições, e dá
outras providências.
Portaria nº877, de 30 de julho de 1997 estabelece
procedimentos para o reconhecimento de cursos/habilitações
de nível superior e sua renovação.
Portaria n.º 971, de 22/08/1997 traz definição dos
procedimentos para o cumprimento do disposto no art. 18, do
Decreto nº 2.306 (Informação das instituições de ensino
29
superior sobre condições de ensino-aprendizagem).
Portaria nº 301, de 7/04/1998 normatiza os procedimentos de
credenciamento de instituições para a oferta de cursos de
graduação e educação profissional tecnológica a distância.
Portaria nº1.465/2001 de 12/07/2001, estabelece critérios e
procedimentos para o processo de recredenciamento de
instituições de educação superior do sistema federal de
ensino.
Portaria nº1.466/2001 de 12/07/2001 fixa critérios e
procedimentos para a autorização de cursos fora de sede por
universidades.
Portaria nº 335, de 6/02/2002 cria a Comissão Assessora para
a Educação Superior a Distância.
Consulte o texto com a minuta de decreto para
regulamentação da educação a distância, na versão
disponibilizada para a análise pública, em abril de
2005.
Disponível em:
<http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/min_ead.pdf>
A legislação atual enfatiza que a EAD favorece a
democratização de oportunidades de acesso à
educação. Reflita sobre as formas como isso poderá
ocorrer. Registre suas anotações.
Com base no que foi discutido nesta unidade didática
e, considerando seu ambiente de trabalho atual,
elabore uma proposta geral de um curso em EAD que
pudesse ser de interesse para sua unidade e/ou
instituição. Defina: a área de conhecimento do curso, o
conteúdo, os objetivos,
o tipo de aluno que se
pretende atingir, o tempo, os recursos necessários, a
metodologia empregada. Não se preocupe com
detalhes sobre tutoria, avaliação e elaboração de
materiais didáticos. Esses temas serão abordados nos
30
Contextualizando a Tutoria em EAD
próximos módulos e, ao longo de nosso curso, você
poderá ir aprimorando a sua proposta.
Como sugestão final, gostaríamos de indicar a leitura
de duas obras: “Estórias de quem gosta de ensinar”
(ALVES, 2003) e “Fomos maus alunos” (DIMEMSTEIN
e ALVES, 2003).
31
Contextualizando a Tutoria em EAD
CONSIDERAÇÕES FINAIS E EXERCÍCIOS DE AUTOAVALIAÇÃO
Espero que possam estimular uma reflexão profunda sobre sua
prática docente e/ou tutorial. Com nossos votos de sucesso e
descobertas sempre renovadas em sua jornada pelos caminhos da
EAD.
EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
1. Palavras cruzadas
1.
2.
3.
4.
5.
6.
7.
Chaves
1. Autor brasileiro que comentou as características da
EAD indicadas por Garcia Aretio.
2. Palavra que veio substituir a expressão ensino da
sigla EAD.
3. Documento que a lei brasileira condiciona a
validação em instituição de ensino nacional.
4. Destinatário e partícipe do processo de ensinoaprendizagem.
5. Seu desenvolvimento foi vital para a expansão da
EAD.
6. Sua forma mediada é essencial para a
aplicabilidade dos princípios da EAD.
7. Foi a primeiro meio de comunicação utilizado para o
ensino à distância.
33
Nos quadros negritados, aparecerá uma atividade
chave para o sucesso da aprendizagem em EAD,
que será objeto de uma das próximas Unidades
Didáticas.
2. Verdadeiro ou Falso
Assinale as seguintes afirmativas com V (se
verdadeiras) ou F (se falsas):
a. ( ) A separação professor-aluno na EAD é absoluta
em todas as circunstâncias.
b. (
) A EAD somente foi regulamentada no Brasil a
partir da LDB de 1948.
c. ( ) As dificuldades do sistema presencial de ensino
não foram suficientes para superar os
preconceitos que consideram a EAD como
ensino de segunda classe.
d. ( ) O cursista em EAD além de aluno é construtor
do próprio conhecimento.
e. ( ) As fontes centrais do conhecimento na EAD são
o professor e/ou o tutor.
f. (
)
Uma concepção processual, planejada,
científica, sistemática e globalizadora faz
referência, fundamentalmente ao enfoque
tecnológico da EAD.
34
Contextualizando a Tutoria em EAD
SOLUÇÕES DOS EXERCÍCIOS DE AUTO-AVALIAÇÃO
Palavras cruzadas
1.
P
R
E
T
I
2.
E
D U C
A
Ç
3.
T
I
T
U
L
O
4.
A
L
U
N
O
5.
I
N
T
E
R
N
E
T
6.
D
I
Á
L
O
7.
C A
R
T
A
Ã
O
G
O
Verdadeiro ou Falso
a. (F)
b. (F)
c. (V)
d. (V)
e. (F)
f. (V)
35
Contextualizando a Tutoria em EAD
REFERÊNCIAS
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Papirus, 2003.
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Distância. Rio de Janeiro: Quartet, 2003.
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Contextualizando a Tutoria em EAD
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Distância. 2003.
39
Contextualizando a Tutoria em EAD
UNIDADE DIDÁTICA 2 TUTOR E PRÁTICA DE TUTORIA
Mariluci Alves Maftum
Verônica de Azevedo Mazza
APRESENTAÇÃO
É possível que ao iniciar esse volume/módulo de estudo você esteja
se perguntando:
a) Quem é o tutor?
b) Por que o uso dessa palavra para denominá-lo?
c) Que papel desempenha na EAD?
d) Em que local permanece para desenvolver a tutoria?
e) De que maneira realiza o seu papel?
f) Qual o número de alunos que um tutor assume a
responsabilidade?
Você já percebeu então, que se trata de um assunto que suscita
muitos questionamentos. Por outro lado, também continuamente
nos perguntamos a respeito do aluno que estará ou está sob nossa
responsabilidade pedagógica. Saber quem é, que formação anterior
possui, de que contexto social vem, são indagações que usualmente
permeiam as discussões entre docentes e dirigentes de instituições
de ensino. Estas indagações ocorrem principalmente quando se
destinam ao embasamento da construção do projeto pedagógico da
instituição e dos cursos que oferta.
Nesta Unidade pretendemos trazer à sua reflexão esses
questionamentos próprios de um tema de vital importância para o
sucesso de uma proposta de curso em EAD, o tutor, o seu papel e
modelos de tutoria.
1.1 O TUTOR E O PAPEL QUE DESEMPENHA
Não se tem um conceito ou idéia homogênea a respeito do tutor,
nem tão pouco o porque da eleição desse termo para designar ao
agente mediador do processo ensino.
41
aprendizagem no sistema
de
EAD.
Conquanto, é o termo mais utilizado nas
diversas experiênciasde educação nessa
modalidade no Brasil e em outros países.
Esse termo é bastante polêmico assim
como é também o seu papel e suas
funções.
Maggio (2001) explicita que na educação a distância existem
algumas questões em torno das quais permanentemente se
traduzem em dúvidas e interrogações, sendo mais comuns aquelas
que dizem respeito ao tutor. As questões comumente presente são:
o Tutor seu papel, suas funções, as tarefas que cabe desempenhar,
as responsabilidades que deve assumir no processo ensino
aprendizagem, como avaliar o seu trabalho. Reforça que essas, sem
dúvida, são com freqüência questionadas, porém sempre se tem
mais dúvidas e questionamentos do que respostas. E, que oriundam
tanto dos gestores quanto dos próprios tutores que se vêem muitas
vezes na dúvida e no impasse da clareza do seu papel .
Alguns autores relatam que, apesar da palavra tulela significar uma
ação de responsabilidade que alguém assume em relação a outra,
tal responsabilidade normalmente é assumida quando o tutelado é
menor de idade pelas leis de um país ou em situação de algumas
doenças ou necessidades específicas, estando incapaz ou sem
condições de gerenciar seus bens e sua vida de um modo geral.
Castillo Aredondo e Garcia Aretio (1996) dizem que a abrangência
da significação deste termo na EAD se estende para além dessa
compreensão.
A discussão a respeito do tutor e do papel que desempenha deve ser
antecedida por uma reflexão sobre a estrutura organizacional da
EAD e suas especificidades. Além das atividades meios para sua
implantação e manutenção, essa modalidade de ensino implica três
grandes grupos de atividades-fim: o desenho do curso e a produção
42
Contextualizando a Tutoria em EAD
de materiais didáticos; a distribuição dos materiais, impressos,
televisivos, virtuais bem como o planejamento da recepção pelos
alunos e o registro acadêmico; e, o processo de apoio à
aprendizagem, por meio da ação tutorial (SALGADO, 2004).
Conquanto existam algumas controvérsias a respeito do tutor, do
papel que desempenha, das competências, características e
atitudes que deve possuir é de consenso que este agente deve:
a) Possuir formação superior.
b) Ter experiência profissional em formação acadêmica.
c) Articular teoria e prática educativa de forma crítica.
d) Familiarizar-se com os meios eletrônicos de informação e
comunicação.
e) Desenvolver a capacidade empática e de escuta ativa.
f) Estar envolvido com a educação de adultos.
g) Ter clara a idéia dos desafios que essa modalidade de ensino
apresenta aos alunos.
h) Desenvolver espírito de cooperação.
i) Ter habilidades de trabalho em equipe.
j) Saber planejar a ação tutorial.
Nos apontamentos de Martins (2005, p. 8):
“a educação a distância aparece no final do século passado com mais vigor
como modalidade que revisa seus princípios fundamentais, renova seus
paradigmas pedagógicos, incorpora a tecnologia no sentido instrumental
criando espaços para o aprofundamento conceitual sobre a temática, por
entender que este é um campo extremamente complexo. [...] Essa forma de
educação utiliza as diferentes mediações do processo de comunicação,
entre tutor e aluno, permitindo relações interpessoais de qualidade, ainda
que virtuais, num tempo pedagógico necessário e adequado a cada
estudante, mediante a flexibilidade que interpenetra todo o processo de
aprendizagem diferencial do estudante.
A comunicação docente/discente/tecnologias que envolve o debate sobre o
ensino aberto e a distância, exige dos docentes novos esquemas mentais,
novas concepções acerca do saber dialogado, de intercâmbios singulares,
criatividade, disponibilidade para investigação contínua, direcionados a um
compromisso real com políticas democráticas e de eqüidade social.
Para dar conta desse compromisso, a universidade precisa ser
constantemente lugar de produção do saber, fato este que requer seja ela,
também, tempo de reflexão, já que o núcleo de qualidade, da vida
acadêmica se diferencia pela produção própria/coletiva e crítica, num
contexto pluralista e democrático”.
43
Assim, o sistema educacional tem nessa perspectiva um papel
primordial.
Quais as dúvidas que você tem sobre o tutor?
Que habilidades e que conhecimentos você acredita
que o tutor deva ter?
Para você: que é o tutor e o quê ele faz?
Volte ao texto de Martins (2005) acima e veja a ênfase
que a autora põe, na necessidade de NOVOS modos e
NOVAS formas de ver e conceber coisas já existentes,
porém reorganizadas e ressignificadas de acordo com
o momento, concepção e necessidade de mundo.
Uma dessas, é o processo de ensino aprendizagem
que vem sendo necessário ser pensado incluindo
novos modelos, para a qual o agente mediador desse
processo também necessita incorporar novos hábitos
para que não haja descompasso.
Neste momento convidamos a você a dar uma pausa e
assistir o filme Mudança de Hábito. Que analogia você
pode fazer com o que acontece com alguns
personagens da trama relativo ao modo de viver e
encarar as coisas com o que explicitamos acima?
Você já havia pensado a respeito das mudanças na
forma de fazer as coisas? De que forma você acredita
que houve mudanças na EAD e no processo ensinoaprendizagem? Como você relaciona o processo
ensino-aprendizagem na EAD com o filme?
Anote suas reflexões.
1.2 CONCEITOS E SIGNIFICADOS A RESPEITO DO TUTOR
Os termos mais comuns utilizados para designar o agente mediador
do processo ensino aprendizagem na EAD são, tutor, facilitador,
consultor e assessor. Arredondo e Aretio dizem que essa polissemia
44
Contextualizando a Tutoria em EAD
referente ao tutor diz mais especificamente a momentos de ação
tutorial para com o aluno durante o percurso do curso, à proposta do
curso e à instituição, pois, o tutor, segundo Castillo Arredondo e
Garcia Aretio (1996):
a) Desempenha as funções de professor quando ensina, explica
e tira dúvidas a respeito do conteúdo.
b) Realiza funções de tutor quando ajuda e tutela o aluno nas
necessidades durante o desenvolvimento de sua
aprendizagem.
c) Assume a função de assessor quando aconselha e sugere
soluções para as dificuldades encontradas.
d) Faz papel de orientador nos momentos em que guia e indica o
que mais convém em determinadas circunstâncias.
e) E age como facilitador quando torna mais compreensível e
exequível os conteúdos e as atividades.
O tutor é considerado principalmente como a figura presencial, o
vínculo que une o aluno à instituição. Desta forma, exerce a ação de
diminuir a distância entre os professores especialistas e as
necessidades do apoio institucional. A palavra tutela, ampliada no
sistema de EAD denota como característica principal do tutor:
fomentar o desenvolvimento do estudo independente. Sua figura
passa a ser basicamente a de um orientador da aprendizagem do
aluno, por vezes, isolado e solitário, que necessita de intervenção,
de apoio e orientação de acordo com suas carências e demandas
para prosseguir no seu estudo. (id)
Gutierrez e Prieto (1994) denominam o tutor de assessor
pedagógico, e dizem que este tem como função prioritária
complementar, atualizar, facilitar e possibilitar a mediação
pedagógica. Os autores reforçam a importância de uma “ponte”
entre a instituição e o interlocutor, que permita passar do informativo
ao comunicativo educativo, acompanhando um processo com a
finalidade de enriquecê-lo com sua experiência e conhecimento.
45
Com base nos apontamentos anteriores,
considerando suas experiências de vida e possíveis
experiências em EAD reflita. O que lhe parece ser o
tutor? Na sua opinião qual a palavra ou termo que
melhor exprime quem seja esse agente? Elabore um
conceito ou explicite o conjunto de idéias que lhe vêm
à mente a respeito do tutor em um texto de um
parágrafo.
1.3 PAPEL E FUNÇÕES DO TUTOR
O Papel do tutor se constitui figura chave na EAD, na medida em
que:
a) Facilita a compreensão do aluno em relação ao material
didático.
b) Torna mais compreensíveis e exeqüíveis alguns conteúdos e
algumas atividades.
c) Promove a comunicação e o diálogo entre aluno-aluno e entre
aluno-tutor.
d) Colabora na superação do sentimento da ausência do
professor presencial.
e) Rompe com possíveis isolamentos do aluno.
f) Estimula a aquisição de habilidades para o uso dos meios
tecnológicos principalmente da informática.
g) Estimula o crescimento da pessoa em si e da sua cidadania
como sujeito de um processo social.
No sistema de EAD o papel do tutor é fundamental, pois é por seu
intermédio que se garante a interrelação personalizada e contínua
do aluno ao sistema e viabiliza uma articulação entre os elementos
do processo. Pela importância e posição que ocupa a sua
46
Contextualizando a Tutoria em EAD
participação se estende a vários âmbitos. A condição básica para
que o processo aconteça é o estabelecimento de uma comunicação
empática entre assessor e estudante (GUTIERREZ e PRIETO,
1994; PRETI, 1996).
A definição do papel do tutor e de sua ação tutorial estão diretamente
relacionados à compreensão do significado que se possui em
relação a EAD (MARTINS, 2001). Portanto, é considerável que na
medida do possível o tutor participe da fase de planejamento da
proposta de curso. Tenha também participação na construção dos
materiais didáticos discutindo os conteúdos, a formatação dos
materiais impressos a ser utilizados e o sistema de
acompanhamento e avaliação do aluno e do curso.
Para desempenhar sua função tutorial, o tutor deve receber
formação específica concernente a modalidade de EAD, e possuir
profundo conhecimento de todo o sistema que dará suporte ao
aluno, bem como ter clareza de suas funções e competências como
tutor.
Embora não se espere que o tutor seja um especialista em todos os
componentes curriculares do curso, ele deve conhecer muito bem
os guias ou manual de estudos e instruções do curso, os demais
recursos didáticos e de apoio a aprendizagem como fitas de vídeos,
materiais impressos, textos complementares e outros materiais
preparados para o uso dos alunos (PRETI, 1996).
Ao tutor cabe desempenhar no concernente as tarefas ou funções
estabelecidas pela instituição de acordo com a proposta de curso e
da organização institucional para o seu desenvolvimento, ou seja,
apesar da amplitude das funções da tutoria é no projeto pedagógico
do curso que seu papel se consolida, que toma uma forma
específica, onde devem estar explicitados os atores envolvidos no
processo e a definição das participações articuladas à proposta
como um todo.
47
É de certo consenso entre autores que se dedicam ao estudo da
temática de EAD que em maior ou menor grau e de acordo com a
proposta de curso e os recursos disponíveis e sua competência
profissional o tutor desempenha as seguintes funções
interdependentes, pedagógica, orientadora e motivadora e gestora:
a) Função pedagógica
Para desempenhar a função pedagógica inerente à ação tutorial
é requerido do tutor que ele possua além da formação acadêmica
superior, conhecimentos específicos de EAD. E, ainda, de
processos de aprendizagem e concepções pedagógicas, bem
como ter conhecimento do conteúdo da disciplina que está sob
sua responsabilidade na tutoria. Caso contrário, corre-se o risco
de o tutor desempenhar funções simplificadas de monitoria
ficando a função pedagógica ao encargo dos materiais didáticos.
Exemplos de como o tutor cumpre função docente de didática é
quando esclarece dúvidas que os alunos apresentam relativas ao
conteúdo das disciplinas e ou módulos de estudo. Ainda, quando
avalia sua aprendizagem e detecta dificuldades tornando
necessário complementar estudos por meio de novos textos ou
outros recursos.
Castillo Arredondo e Garcia Aretio (1996) apud Martins (2001),
colocam que os aspectos mais importantes da função docente
são informar, orientar, motivar, assessorar. Estes aspectos
visam possibilitar que os alunos desenvolvam, entre outras, as
habilidades e técnicas de trabalho intelectual, métodos de
estudo, estratégias de aprendizagem, o interesse contínuo pela
investigação, a utilização de outros recursos e meios técnicos e
audiovisuais.
b) Função orientadora e motivadora
Durante o desenvolvimento do curso o tutor estimula, orienta e
motiva o aluno quando abre espaços para discutir com ele sobre
sua organização das atividades acadêmicas e de autoaprendizagem. É importante reforçar que acredita na capacidade
de aprendizagem e de autonomia do aluno. O tutor deve estar
48
Contextualizando a Tutoria em EAD
atendo para as dificuldades que o aluno possa encontrar ligadas
a compreensão e adaptação a esta modalidade de estudo para
que não resulte em desânimo e consequentemente abandono do
curso.
São várias as possibilidades em que o tutor ao desempenhar as
atividades de tutoria, concomitantemente, também realiza
funções de âmbito relacional, comunicativo e estimulador. Alguns
exemplos são, quando o aluno faz uma remessa de atividades
e/ou trabalho pelo correio eletrônico ou solicita algum
esclarecimento. Neste caso, o tutor, não tardando em dar uma
resposta, ainda que seja somente a de acusar recebimento e
informar que em breve entrará em contato para a efetiva
resposta. Com tal atitude estará valorizando a procura do aluno,
de certa forma comunicando que está ali e atento ao que está
acontecendo com seus alunos. Agindo assim, motiva-o a
prosseguir com seus esforços de estudo.
c) Função gestora
Algumas funções administrativas e organizativas que o tutor
desempenha são:
1) Estabelecer junto ao Coordenador do Curso ou de outras
instâncias responsáveis pelo mesmo, horário (s) e dia (s) da
semana para permanência no local destinado ao
desenvolvimento da tutoria Núcleo ou Centro de Atendimento.
De acordo com o cronograma de atendimento, o aluno poderá
recorrer ao tutor de forma presencial ou pelos meios de
comunicação disponíveis.
2) A determinação do turno de atendimento, manhã, tarde e/ou
noite e a possível inclusão dos finais de semana ou não, é de
responsabilidade da instituição. Isso será estabelecido de
acordo com a característica da proposta, com as necessidades
de cada curso e do modelo tutorial adotado.
3) Realizar avaliação prevista pela instituição em relação à
proposta do curso, à infra-estrutura disponibilizada, ao apoio
administrativo, ao modelo tutorial, aos materiais didáticos
49
impressos, fitas de vídeos, bibliografia recomendada - , às
disciplinas, à forma de avaliação.
4) Manter contato com os demais membros da equipe e com os
especialistas responsáveis pela elaboração dos materiais
didáticos.
Em síntese, você já deve ter percebido que são várias as funções
que cabe ao tutor desempenhar e que, na maioria das vezes uma
está relacionada a outra, e que nenhuma assume menor ou maior
importância no processo. Por isso, afirmamos anteriormente que as
funções pedagógicas, relacionais e administrativas são
interdependentes, pois ao realizar um ação, o tutor poderá atender a
aspectos que abarcam as três instâncias mencionadas.
Ao reportar-se à função orientadora e motivadora do
item b, é importante considerar a autonomia do aluno
na aprendizagem. Assim, a autonomia, em sua
etiologia, vem do grego, resultado da composição do
pronome reflexivo, com posição atributiva, autos
(próprio, a si mesmo) com o substantivo nomos (lei,
norma, regra). Para os gregos, significa a capacidade
de cada cidade se autogovernar, de elaborar seus
preceitos e suas leis, dos cidadãos decidirem o que
fazer. Era o pleno direito à liberdade política e
econômica. É uma qualidade inerente à cidadania
(PRETI, 2004).
Na relação pedagógica autonomia significa,
reconhecer no outro sua capacidade de ser, de
participar, de ter o que oferecer, de decidir, uma vez
que a educação é um ato de liberdade e de
participação. E, nesse sentido, ela revela sua estreita
e indissociável ligação com o político (id.).
Ter autonomia significa ser autor da própria vida, da
sua linguagem e argumentação e do próprio agir.
Infere-se daí a necessidade da coerência entre o falar
50
Contextualizando a Tutoria em EAD
e o agir, entre a ação e o conhecimento (MARTINS,
2005, p.17).
O que vem a sua mente ao pensar na palavra
autonomia? De que forma o aluno pode exercer a
autonomia no seu processo ensino-aprendizagem?
Como cidadão, adulto e estudante, você se considera
autônomo? Relacione fatos em que considera ter
exercido a autonomia.
Para completar sua reflexão sugerimos que consulte
um dicionário para ler o que ele traz sobre esse termo.
A harmonia, a atenção dispensada a cada elemento e etapa do
curso considerando o aluno como sujeito primordial no processo
ensino aprendizagem e o tutor como elo, facilitador, mediador. Isso,
reforça o que Preti (1996, p. 45) explicita sobre o tutor:
“constitui um elemento dinâmico e essencial no processo ensinoaprendizagem, oferendo ao aluno suporte cognitivo, metacognitivo,
motivacional, afetivo, social para que estes apresentem um desempenho
satisfatório durante o curso”.
Pedimos que nesse ponto do percurso em que você se
encontra, teça alguns comentários a respeito da
importância do tutor no processo ensino
aprendizagem em EAD.
1.4 RELAÇÃO ALUNO/TUTOR
O número de alunos que um tutor deve se responsabilizar durante o
curso é uma preocupação que percebemos com freqüência permear
as discussões na EAD. Algumas propostas de EAD, como Programa
de Profissionalização de Profissionais de Saúde - PROFAE do
Ministério da Saúde, no Brasil se destina à formação de especialista
na área da enfermagem, preconiza até 25 alunos por tutor. Nesta
proposta além das atividades individuais que cada aluno deve
realizar e enviar ao seu tutor, são previstas atividades práticas como
51
por exemplo, uma aula a ser ministrada à uma turma de alunos de
algum curso ou uma proposta de educação permanente de uma
instituição de saúde. A avaliação dessa aula pelo tutor é presencial,
necessitando o estabelecimento de calendário, já que o mesmo
deverá assistir 25 aulas em horários, datas e locais diferentes. Para
a obtenção do título é exigido um Trabalho de Conclusão de Curso,
individual ou em grupos de até três alunos.
A Universidade Nacional de Educación a Distância (UNED), em
Madri preconiza 20 a 30 alunos por tutor.
O curso de graduação em Pedagogia em EAD da UFPR é
organizado por disciplinas, sendo que cada uma tem um tutor e um
professor. O tutor deve atender a grupos distintos de 25 alunos por
semana, assim ao final do mês terá atendido 100 alunos, o que
equivale a dizer que cada tutor tem sob sua responsabilidade 100
alunos (SÁ, 2001).
Reforçamos, o que irá determinar a relação tutor-aluno no que
corcene ao quantitativo é a proposta de curso. Um curso de
especialização que prevê a realização de uma monografia por aluno
com defesa pública, com certeza exigirá mais de um tutor do que um
curso de aperfeiçoamento para o qual provavelmente será exigido
um trabalho grupal ou mesmo individual com menos exigência de
rigor metodológico que uma monografia.
Em relação ao número de alunos por tutor, elabore
uma proposta (que você esteja envolvido ou crie uma)
e apresente qual a relação tutor/aluno, justificando o
porquê.
Você determinou uma relação quantitativa, precisará
explicitar as características do curso, ou seja: quais os
recursos tecnológicos disponíveis, quem são os
alunos, quem são os atores envolvidos na proposta.
52
Contextualizando a Tutoria em EAD
UNIDADE 2 MODELOS DE TUTORIA: A DISTÂNCIA E
PRESENCIAL
Alguns modelos tutoriais já foram
desenhados e utilizados por diversas
instituições nas propostas em EAD. A
seguir, faremos breve referência aos que
temos conhecimentos. Contudo,
ressaltamos que, o que irá definir o modelo
de tutoria é a proposta pedagógica da
instituição, levando em consideração as
especificidades regionais, nível de
formação que se pretende, duração do
curso, clientela a ser atendida, meios tecnológicos que dispõe,
equipe de profissionais e apoio administrativos, materiais didáticos,
entre outros.
A tutoria deve ser vista como educação individualizada e
cooperativa, centrada no sujeito da aprendizagem, o aluno. Desta
forma, é uma ação coordenada e mediatizada que põe à disposição
do aluno os mais variados recursos disponíveis, que lhe permita,
com autonomia, desenvolver sua trajetória de aprendizagem
alcançando seu objetivo primordial, o de aprender (PRETI, 1996).
A tutoria se constitui em componente de fundamental importância
tanto no sucesso do desenvolvimento do curso como também em
causa de baixa evasão de alunos. Não deve ser compreendida
apenas como uma peça de um sistema com a função de possibilitar
a mediação entre aluno e material didático. Mas, deve ser entendida:
“como um dos elementos do processo educativo que possibilita a resignificação da educação a distância, principalmente em termos de
possibilitar, em razão de suas características, o rompimento da noção de
tempo/espaço da escola tradicional: tempo como objeto, exterior ao
homem, não experiencial” (MENEZES, 2003).
53
Com base nas idéias de Menezes (2003), você
acredita que na relação interpessoal tutor-aluno, é
possível o rompimento da noção tempo/espaço da
escola tradicional. De que forma isso pode acontecer?
Embora não seja a única forma de promover a interação aluno-aluno
e aluno-tutor-docente-instituição ela é ímpar, pois insere um
componente pessoal, humanizado. Assim, ela faz a mediação entre
o estudante, o material didático e o professor mediante uma
comunicação ativa e personalizada (MASUDA, 2005).
Após discutirmos com você vários aspectos da EAD, nas suas
especificidades, incluindo a figura do tutor, agora queremos trazer à
reflexão outro aspecto próprio dessa modalidade de educação. É
bem provável que você já tenha atentado para o fato de que a EAD
trabalha com a formação e qualificação de adultos. Estes, na maioria
das vezes tiveram formação anterior fundamentada no modelo
tradicional, bancária na qual a autonomia para gerenciar o seu
processo aprendizagem não era considerada. Ao contrário, o aluno
era desmotivado a se colocar como partícipe dos espaços de
aprendizagem.
Há, que se considerar que muitos desses alunos estiveram
afastados dos ambientes escolares por período prolongado de
tempo. E, que nesse período houve um avanço extraordinário no
surgimento e na utilização dos meios de informação e comunicação
nos ambientes escolares. Isso resulta em que a maioria destes
alunos não tenha desenvolvido a cultura da comunicação
informatizada.
O tutor, respeitando a autonomia da aprendizagem de cada aluno se
colocando a sua disposição mediante orientações, supervisões,
estará contribuindo para que gradativamente desenvolvam a
autonomia.
54
Contextualizando a Tutoria em EAD
Não se pode desconsiderar, também, que o aluno adulto agrega ao
seu processo ensino aprendizagem peculiaridades próprias dessa
faixa etária, como por exemplo, a idade cronológica, o fato de já
estarem inseridos no mundo do trabalho e dele já ter sentido suas
exigências em decorrência dos avanços tecnológicos e outros mais,
que determinam algumas de suas expectativas ao iniciar uma nova
trajetória de estudo.
Nesse contexto consideramos importante as afirmações de Martins
(2001, p. 171-172):
“os projetos que se propõem a desenvolver EAD com base metodológica
consistente precisam assegurar um fluxo de comunicação interativa e
bidirecional, mediada pela ação tutorial com o acompanhamento
pedagógico e a avaliação sistemática das aprendizagens dos alunos. Não
se concebe mais a idéia de educação como um processo de inculcação ou
de modelagens de comportamentos, mas sobretudo uma ação consciente
e co-participativa, que possibilite ao aluno a construção de um projeto
profissional político e inovador”.
Corroborando as idéias anteriores a autora explicita “o sub-sistema
de tutoria, muito mais do que um aspecto estrutural e de assistência
ao estudante, deve ser visto como o atendimento à educação
individualizada e cooperativa” e complementa citando Delise et al:
“uma abordagem pedagógica centrada no ato de aprender que põe
à disposição do estudante-adulto recursos que lhe permitam
alcançar os objetivos do curso totalmente, desenvolvendo a
autonomia em sua caminhada de aprendizagem”.
Ressaltamos logo acima que o aluno adulto tem peculiaridades no
seu processo ensino aprendizagem. Pela importância que
atribuímos uma reflexão a esse respeito, convidamos a você, para
antes de prosseguir o estudo deste texto, ler a síntese de Fiorentini
(1997) baseada em Rivilla, A. M. e Fernandez, S. que elenca alguns
traços característicos da aprendizagem dos adultos:
a) Interesse em enriquecer seu mundo cognoscitivo por integrarse melhor na sociedade em contínua mudança e evolução.
b) Adaptação limitada, uma vez que sua própria experiência lhe
ajuda a reestruturar sua aprendizagem.
c) Impaciência, a partir de uma economia de tempo e de esforço;
55
dinamismo, praticidade e distanciamento da abstração
desnecessária para o aprender.
d) Ritmo individual distinto para aprender, o que requer maior
flexibilidade em conteúdos e em metodologia.
e) Responsabilidade pessoal, necessidade de sentir-se partícipe
e responsável no processo educativo. É ideal contar com sua
cooperação no planejamento, realização e avaliação do plano
de trabalho educativo.
f) Emotividade, muito sujeito às possíveis frustrações, ao medo
do fracasso, ao ridículo, à não aceitação por parte do grupo. É
ideal criar um clima cooperativo sem competitividade.
g) Resistência à mudança, uma vez que o adulto possui grande
carga de experiência e princípios, o que pode implicar em
sensação de ameaça na situação presente e um interrogante
para o amanhã.
h) Verificação, no sentido de compensar o esforço pelo
conhecimento dos resultados e do estado que se encontra no
processo formativo.
i) Motivação, que responde a uma tensão interior que lhe anima a
conseguir a meta proposta, originando e potencializando seu
interesse por sua educação.
2.1 TUTORIA A DISTÂNCIA
A tutoria a distância poderá ocorrer de
forma individual ou coletiva. Na individual o
aluno entrará em contato com o tutor por
intermédio dos meios de comunicação que
dispõe e de acordo com sua preferência e
horários pré-estabelecidos (telefone, carta,
correio eletrônico, rádio, fórum, web cam, sala de conversa chat).
Nesta modalidade, o tutor tem a oportunidade de dar atenção
individual auxiliando o aluno a partir de seu contexto pessoal.
Na coletiva um grupo de alunos com situações similares se reúne
podendo formular algumas questões ou dúvidas e solicitar ajuda do
56
Contextualizando a Tutoria em EAD
tutor no esclarecimento. Para tanto, poderão utilizar um sistema
interativo de comunicação, como os já citados. A tutoria grupal tem a
vantagem de:
a) Promover interação entre alunos.
b) Permitir compartilhar idéias e conhecimentos.
c) Promover o desenvolvimento de trabalho cooperativo e o
espírito de equipe.
d) Estimular o surgimento do confronto de idéias e concepções e
a busca de soluções.
Chamamos a atenção para o fato de que a tutoria a distância não
prescinde de uma organização de horários para atendimento. Tal
como a presencial necessita de horários definidos previamente e
informados aos alunos. É certo que nessa modalidade há uma maior
flexibilidade devido à multiplicidade de recursos de comunicação
disponíveis. No caso de o aluno lançar mão do correio eletrônico, por
exemplo, ele poderá enviar sua mensagem no horário de sua
disponibilidade e o tutor também assim o fará.
2.2 TUTORIA PRESENCIAL
Igualmente na tutoria a distância, a
presencial também pode ser realizada
individual ou coletiva. Neste caso o aluno
individualmente ou em pequenos grupos
irá ao encontro do tutor no local onde ele
faz sua permanência. Neste encontro os
alunos poderão tirar dúvidas de compreensão do conteúdo, da
realização das atividades, avaliar seu processo ensino
aprendizagem, mostrar resultados de seu trajeto de estudo como
leituras, atividades realizadas, trabalhos propostos, etc. Enquanto
que o tutor além de procurar atender as demandas dos alunos, pode
fornecer-lhes pistas, diretrizes e outros materiais que ajudarão a
incrementar a sua aprendizagem.
57
A tutoria presencial tem importante função na
transição do estudante de uma posição mais passiva
de aprendizagem, o que ocorre normalmente ao longo
de todo o ensino fundamental e médio, para uma
posição mais ativa, em que ele passa a ser o agente de
sua própria aprendizagem, exercendo papel
fundamental e decisivo neste processo.
Busca criar novos hábitos e comportamentos no
sentido de traçar uma estratégia de estudo que
permita alcançar metas específicas dentro de um
cronograma marcado pelas avaliações presenciais.
Trata-se de criar o hábito de estudar diariamente,
identificando e diferenciando o essencial do
complementar e de tornar a EAD um processo menos
solitário e mais comunitário, colocando a presença
humana no processo de aprendizagem (MASUDA,
2005).
Alertamos que para lograr êxito e cumprir a sua finalidade tanto a
tutoria individual quanto a grupal deve ser planejada, registradas em
cronograma e os alunos terem ciência, antecipadamente, a fim de
que também se organizem para a participação.
2.3 LINHAS GERAIS DA TUTORIA
Nos contatos com os alunos, quer seja presencial ou a distância,
individual ou coletivo, além das funções pedagógicas, o tutor tem
grande oportunidade de estabelecer vínculos de confiança,
credibilidade através da qualidade do acolhimento que faz
demonstrando interesse, cordialidade e aceitação pela procura do
aluno. Isso promove auto-estima e motiva o aluno a continuar sua
permanência no curso.
Colocamos anteriormente que o aluno da EAD é essencialmente
adulto e oriundo predominantemente de formação tradicional. Essas
observações se estendem ao tutor, pois como o aluno, a maioria
58
Contextualizando a Tutoria em EAD
teve também formação profissional nesse modelo. Portanto, é
importante que o tutor tenha conhecimento e domínio no uso dos
recursos da informática e da comunicação, para estimular e
fomentar que os alunos lancem mão desses recursos e participem
de discussões nos espaços reservados para tal.
É importante que o tutor fomente a organização de grupos de
estudos e de discussões e trocas de idéias independentes ou
mediatizados por ele, de maneira presencial ou virtual. A
organização de grupos de alunos para estudarem e desenvolverem
atividades previstas:
a) Motiva, estimula e facilita a compreensão dos conteúdos.
b) Ajuda superar dificuldades e a vencer com mais facilidade os
momentos de desânimos.
c) Promove a interação entre alunos e desenvolve o espírito de
trabalho em equipe.
d) Diminui a dependência da figura do tutor e do professor
presencial que é ainda uma cultura marcante no processo
aprendizagem da maioria dos estudantes.
Você concorda com as afirmações anteriores, quanto
a importância do estudo em grupo? Você é dessas
pessoas que se beneficia do estudo de grupo?
Registre suas opiniões a favor ou contrárias.
Justifique. Caso sua opinião coadune as reflexões do
texto, você teria mais algum benefício a acrescentar as
já apresentadas?
Na organização do modelo tutorial poderão ser previstos encontros
coletivos presenciais ou por teleconferência para:
a) Exposição de temas relevantes condizentes à proposta por
especialistas, principalmente os responsáveis pela elaboração
do material didático.
b) Avaliações presenciais mediante provas escritas.
c) Apresentação de trabalhos na forma de seminário.
59
Na maioria dos cursos organizados no Brasil no sistema de EAD,
são previstos dois encontros ou momentos presenciais. O primeiro
deles, usualmente antecede a qualquer desenvolvimento de
atividades de aprendizagem e tem como objetivo primordial fornecer
orientações relativas a organização/instituição e ao curso. Enquanto
que o encontro final se destina mais à avaliação do processo, de
confraternização, entre outras. MARTINS (2001, p. 14) diz que “no
primeiro encontro com o aluno o tutor deve expressar um
comportamento de excelente receptividade dentro de um clima
motivacional de entendimento pleno”.
Consideramos importante que seja previsto no mínimo um encontro
no início e no final do curso.
Apresentamos a seguir uma listagem que organizamos com
algumas atividades que consideramos comuns e necessárias para a
realização do primeiro momento presencial ou virtual de um curso.
a) Apresentar a instituição e seu projeto político institucional.
b) Apresentar a equipe de tutores, professores, apoio
administrativo e tecnológico.
c) Divulgar cronograma de atividades que serão desenvolvidas e
possibilidades de flexibilização de datas.
d) Apresentar normas e rotinas da instituição e do curso, bem
como ao tipo de certificação que terá direito ao término do
curso.
e) Explicitar as expectativas que se tem em relação ao aluno.
Neste momento é importante enfatizar que o sistema de EAD
pressupõe maior autonomia do aluno no gerenciamento de
seu tempo e modos de aprendizagem. Explicitar que cabe ao
aluno procurar ajuda do tutor, pois este tem a liberdade e
autonomia para identificar suas necessidades de tutoria.
f) Evidenciar as expectativas em relação ao tutor, a finalidade da
tutoria e dos momentos presenciais coletivos e individuais.
Deixar claro que este tempo não é destinado a uma
organização de estudo, mas sim de troca de idéias e ajuda
para solucionar dúvidas e apontar caminhos.
60
Contextualizando a Tutoria em EAD
g) Mostrar os recursos que terão acesso como: correio eletrônico,
fone, fax, chat, fórum. para manter comunicação entre aluno e
instituição, tutores, professores e entre os próprios alunos.
h) Informar o acesso aos recursos didáticos que serão utilizados,
materiais impressos, biblioteca, sites, plataformas virtuais,
videoconferências, entre outros.
i) Apresentar o ambiente virtual no qual o aluno terá acesso aos
conteúdos e dados acadêmicos durante o curso para que
possa acompanhar seu rendimento escolar.
j) Orientar de que forma o aluno poderá utilizar os materiais
impressos, seqüência das disciplinas e ou módulos, interrelação de conteúdos entre as disciplinas.
k) Discutir o sistema de avaliação de sua aprendizagem.
l) Explicitar a organização do plano de tutoria.
Esta etapa é muito importante e não se pode desconsiderar nenhum
detalhe que venha colaborar no esclarecimento do aluno, pois é
neste momento que ele normalmente faz a real opção para realizar o
curso. Portanto, as informações devem ser corretas, claras e
objetivas. Devem estar bem especificados para os alunos os
recursos que necessitará tantos nas questões de tempo pessoal,
tecnologias e financeiros para concluir o curso.
Este é o período adequado para o tutor conhecer os alunos e
começar identificar pontos e aspectos das necessidades de apoio
específico, aprofundando essas informações no decorrer da
proposta.
61
Contextualizando a Tutoria em EAD
SÍNTESE DAS ATIVIDADES QUE UM
TUTOR DESEMPENHA
Analisamos vários escritos a respeito do tutor e das atividades e/ou
funções que desempenha em uma diversidade de proposta de
cursos tanto de tutoria a distância como presencial. Dessa busca
resultaram os itens que relacionamos no agrupamento a seguir.
Antes, porém, chamamos atenção que as atividades que serão
desempenhadas em uma proposta de curso pode não ser
condizente a outra, pois um plano tutorial deve ser organizado de
acordo com cada realidade com vistas a atingir seus objetivos.
1. Orientar, assessorar e atuar como facilitador da aprendizagem do
aluno.
2. Proceder orientação individual, presencial, ou a distância.
3. Orientar metodologia de estudo individual auxiliando em seu
planejamento, sugerindo formas de organização do tempo e
estratégias para o estudo individual dos materiais didáticos, ou
seja, o melhor itinerário para prosseguir no curso.
4. Indicar caminhos para resoluções de dúvidas de conteúdo.
5. Identificar e orientar as dificuldades no desenvolvimento dos
trabalhos e atividades.
6. Participar do processo avaliativo dos alunos .
7. Participar de forma contínua do processo ensino aprendizagem
do aluno.
8. Auxiliar e estimular os alunos na sua auto-avaliação.
9. Ajudar o aluno a tomar consciência de suas falhas e dificuldades
a fim de reorientar seus esforços.
10. Manter contato freqüente com os alunos.
11. Usar meios eletrônicos de informação e comunicação para
contatar com o aluno.
12. Estimular o uso de alternativas (internet - fórum, chat) de
interação com os demais colegas de curso.
13. Ocupar cargos e representações dentro dos Centros, Núcleo e
nos órgãos colegiados da Instituição.
63
14. Ajudar o aluno a se adaptar ao método de estudo em EAD.
15. Apoiar e estimular para o prosseguimento dos estudos.
16. Estimular o interesse dos alunos pela atividade e discutir suas
expectativas.
17. Permitir que o aluno seja autônomo na seleção das questões a
serem discutidas bem como no encaminhamento das mesmas.
18. Realizar a retroalimentação do processo ensino aprendizagem.
19. Desenvolver e promover a comunicação dentro do grupo
(presencial ou virtual).
20. Participar na organização de encontros coletivos presenciais ou
não, seminários temáticos, atividades práticas de ensino, entre
outros.
21. Proporcionar a oportunidade dos alunos se reunirem e
realizarem atividades grupais nos Centros, Núcleos (ou
qualquer outra denominação que a instituição adota) ou fora
deles.
22. Avaliar os materiais de instrução utilizados no curso.
23. Fazer o registro dos resultados (notas ou conceitos) no sistema
de acompanhamento acadêmico de alunos.
24. Participar na avaliação do curso.
25. Avaliar sistematicamente a sua própria atuação.
26. Participar de treinamento para atualização principalmente no
conteúdo específico da disciplina e nas questões de EAD.
27. Organizar sua permanência no Centro ou Núcleo, horários, dias
da semana.
28. Organizar um diário de anotações das demandas dos alunos.
Independentemente do modelo tutorial adotado pela instituição com
o objetivo de lograr êxito no desenvolvimento de uma proposta
pedagógica. Esta deve ser
organizada de forma sistemática
com vistas a possibilitar fluência
no contato com os alunos,
propiciar um rápido retorno às
solicitações, estimular a
participação individual ou
64
Contextualizando a Tutoria em EAD
coletiva, orientar o itinerário e a regularidade da participação. É
também imprescindível que se tenha um conjunto de instrumentos
de controle administrativo-acadêmico da participação do aluno para
o registro de todos os aspectos relacionados à gestão de cada
disciplina e do curso em si afim de possibilitar quando necessária a
reorientação do aluno. Os recursos de registros serão os que melhor
se adequar à modalidade de curso, on line ou semipresencial ou a
combinação de ambos, livro de registro de notas, atividades, pastas
de arquivos, CD room entre outros.
A ação tutorial não pode se constituir em eventos aleatórios,
isolados e espontâneos, mas de situações previsíveis. Portanto
deve ser uma prática planejada que envolve uma seqüência de
ações ordenadas após serem discutidas com toda a equipe de
trabalho e formalizada por escrito, por meio de manuais. Da mesma
forma, no plano individual de trabalho o tutor deve planejar as
informações que fornece aos estudantes sistematizando-as de
modo a diferenciá-las e seqüenciá-las no ordenamento de suas
ações.
65
Contextualizando a Tutoria em EAD
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MENEZES, M. G. A tutoria no curso de licenciatura em educação
básica do núcleo de educação aberta e a distância
NEAD/UFOP. Disponível em: <http://www.tvebrasil.com.br/salto/
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<http://www.tvebrasil.com.br/salto/boletins2003/edu/tetxt3.htm>
Acesso em: 20 dez. 2004.
68
Contextualizando a Tutoria em EAD
GLOSSÁRIO
Apriorismo
Aceitação, na ordem do conhecimento, de fatores
independentes da experiência ou que a
experiência não pode explicar.
Assíncrona
Que ocorre em tempos diferentes (comunicação).
Autonomia
Faculdade de se governar por si mesmo,
liberdade ou independência moral ou intelectual.
Dialética
Processo racional dialógico que procede pela
incessante união de contrários (tese e antítese)
que se resolvem numa categoria superior
a
síntese.
Empirismo
Atitude que admite, quanto à origem do
conhecimento,
que
este
provenha
exclusivamente da experiência, negando a
existência de princípios puramente racionais.
Mediatizados
Através de algum meio; indireto.
Metadiscurso
Trata-se de um discurso sobre discurso.
Caracteriza-se por aspectos lexicais de um texto
que explicitamente se referem à organização do
discurso do escritor em relação ao conteúdo ou
ao leitor. Tem por objetivo direcionar o leitor ao
que necessariamente se quer informar, fazendo
com que o mesmo tenha sua atenção voltada
para as intenções comunicativas do escritor.
Mídias
Designação dos meios de comunicação.
Sine qua non
[Lat. “Sem a qual não”]. Expessão que indica uma
cláusula condição sem a qual não se fará certa
coisa
Virtua
Que tem todos os requisitos para realizar-se,
porém não existe de fato.
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