INTERNATIONAL HORTICULTURAL CONGRESS

Transcrição

INTERNATIONAL HORTICULTURAL CONGRESS
revista da
Fruticultura
Viticultura
Olivicultura
Horticultura Herbácea
Horticultura Ornamental
ISSN - 1646 - 1290 - Publicação Trimestral Preço de venda: 5€ n.º101 Abril - Maio - Junho 2010
associação portuguesa de Horticultura
International Horticultural Congress - Lisboa 2010
A pêra passa de Viseu: produto regional a certificar
Anomalias florais EM oliveira Santulhana e Conserva de Elvas
Fungos na segurança alimentar
A cultura do ananás dos Açores
Homenagem e títulos honoríficos da APH
Relatórios e Plano de Actividades da APH
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7
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Editorial
O IHC Lisboa 2010 está quase a chegar!
Maria Elvira Ferreira
Notícias
International Horticultural Congress, Lisboa 2010
11ª Visita Vitivinícola da APH: Bucelas, Carcavelos e Colares
Ainda... em Notícia
II Simpósio Nacional de Fruticultura
Raúl Rodrigues
11
Concurso FrutArt
Maria Paula Simões
12
Comemoração do 100.º Número da Revista da APH
Isabel Mourão
14
I Jornadas Técnicas da Batata
Maria Elvira Ferreira & Maria da Graça Palha
15
Simpósio Vitivinícola do Alentejo
Teresa Mota
16
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II Gala Viva Frutas & Legumes
Maria Elvira Ferreira & Maria da Graça Palha
Homenagem
Weber de Oliveira - Horticólogo de Honra (1979) e Vice-presidente para a Horticultura da APH (1979/81, 1981/83 e 1983/85)
Carlos M. Portas, Manuel R. Figueiredo & Martin Stilwell
20
Títulos Honoríficos
22
Rui Maia de Sousa
“Técnico Hortícola de Honra”
Maria de Graça Barreiro
24
Vitor Manuel Bandeira Araújo
“Horticultor de Honra”
Raúl Rodrigues
26
Artigos Técnicos
31
Fertilização e protecção fitossanitária no controlo de anomalias florais nas cultivares de oliveira Santulhana e Conserva de Elvas
M. Encarnação Marcelo, Clara Medeira, Isabel Maia, M. Teresa
Carvalho & João Lopes
João Manuel Reis de Matos Silva
“Horticólogo de Honra”
António Mexia
A pêra passa de Viseu: produto regional a certificar
Raquel Guiné
34
Fungos na segurança alimentar
Maria Cristina Lopes & Victor C. Martins
38
A cultura do ananás dos Açores / S. Miguel
Ricardo Filipe Santos
41
Doutoramento
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55
Necessidades hídricas e resposta da oliveira (Olea europaea L.)
ao deficit hídrico na região da terra quente
Anabela Afonso Fernandes Silva
Entrevista
Cooperativa Agrícola do Távora - Prof. João António Pereira da Silva
Rosa Guilherme & Maria da Graça Barreiro
Actividade Interna
Assembleia Geral
Relatório de Actividades 2009
Relatório e Contas da APH. Exercício de 2009
Parecer do Conselho Fiscal. Exercício de 2009
Orçamento 2010
Plano de Actividades 2010
Duas novas edições da APH
Novos sócios
Sócios Patrono
Calendário de Eventos
Nota:
O conteúdo dos artigos publicados é da inteira responsabilidade dos seus autores
Autor da capa: Ricardo Filipe Santos
Revista da APH (Associação Portuguesa de Horticultura)
Propriedade e edição: Associação Portuguesa de Horticultura
Rua da Junqueira, 299 1300-338 Lisboa
Tel. 213623094 e-mail: [email protected] www.aphorticultura.pt
Director: Maria Elvira Ferreira ([email protected])
Editor: Isabel Mourão ([email protected])
Co-Editor: Maria da Graça Barreiro
Redacção: Alberto Vargues, Gonçalo Santos Andrade, Isabel Mourão, Maria Elvira Ferreira, Mário Reis, Teresa Mota.
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Design Editorial: Miguel Frazão ([email protected], www.fanq.eu )
Impressão: Europress
Publicação Trimestral N.º 101 (Abril, Maio, Junho)
Tiragem: 2000 exemplares
Preço: 5€ - Isenta do Registo na ERC nos termos da alínea a) do n.º1
do Artigo 12.º do Decreto Regulamentar n.º 8/99, de 9 de Junho
ISSN: 1646-1290
Dep. legal: 1566/92
Editorial
O IHC Lisboa 2010 está
quase a chegar!
Os Congressos Internacionais de
Horticultura (IHC) realizam-se de quatro em quatro anos sob a égide da
International Society for Horticultural
Science (ISHS). Os países candidatos
à organização deste evento apresentam propostas que são votadas em
reuniões do Conselho da Sociedade,
realizadas nos anos dos Congressos.
Quando há 12 anos, em Bruxelas,
nas reuniões que antecederam o 25th
International Horticultural Congress, a
candidatura de Sevilha 2006, em parceria da APH com a nossa congénere espanhola Sociedad Española de
Ciencias Hortícolas (SECH), foi preterida pela de Seoul 2006 (27th International Horticultural Congress), persistiu
a vontade de trazer para a Península
Ibérica um evento desta índole. A APH
e a SECH continuaram a trabalhar em
conjunto e daí resultou um projecto
para Lisboa 2010. Foi precisamente
em 2002, em Toronto, que a candidatura ibérica saiu vencedora.
São muitas as pessoas que desde
esse dia ficaram envolvidas em tão árduo trabalho, que se acentua à medida
que se aproxima o evento, mas que felizmente está já a ser compensado pelo
elevado número de inscrições já efectuadas (perto de 3100) e das mais de
3500 comunicações, orais e em painel,
que se esperam.
No mês de Agosto, toda a comunidade científica ligada à Horticultura es-
tará centrada em Lisboa e esperamos
que este Congresso não seja mais um,
mas antes ‘O Congresso de Lisboa’,
de que todos nos possamos orgulhar,
perpetuando-o na nossa memória.
Vejamos um pouco como surgiram
estes congressos, cuja primeira edição
decorreu em 1864 em Bruxelas (Bélgica), fruto da necessidade, sentida por
investigadores ligados à horticultura,
de haver fóruns para troca de conhecimentos, de forma a globalizar os esforços nacionais e/ou locais. Em 1923,
foi fundada a Comissão Internacional
dos Congressos de Horticultura (International Commission for Horticultural
Congresses), mas só em 1959 foi formalmente constituída a ISHS.
Até 1958, os congressos ocorreram espaçadamente, sem uma periodicidade fixa, mas a partir dessa data
começaram a realizar-se de quatro em
quatro anos, intervalo que ainda hoje
se mantém.
Se até 1962, inclusive, o Congresso
realizou-se na Europa, com excepção
de 1893 que decorreu nos EUA, a partir
daí tem havido um esforço para que o
congresso percorra os cinco Continentes. Assim, já se organizou uma edição
na Oceânia (1978), três no Continente
Asiático (1970, 1994 e 2006), quatro
no Continente Americano (1893, 1966,
1986 e 2002) e as restantes no Continente Europeu.
A Bélgica e a França são os países
europeus com maior número de congressos realizados (6), seguindo-se a
Holanda (3), a Itália, o Reino Unido e
a Alemanha (2) e a Áustria e a Polónia
(1). Paris foi a cidade europeia anfitriã
do maior número de congressos (5),
seguida de Bruxelas (4), Amesterdão e
Londres (2).
Desde o número 96 da Revista da
APH que temos vindo a incluir notícias
sobre o Congresso de Lisboa, e este número não é excepção, dando informação
sobre os oito Colóquios que, nesse âmbito, se vão realizar. A página da Internet
do congresso está em permanente actualização, pelo que a sua consulta é aconselhada (http://www.ihc2010.org).
Se o IHC Lisboa 2010 concentrará
as atenções da APH no 2.º semestre
do ano, reduzindo desta forma o número de eventos a decorrer, o mesmo não
se passou no 1.º semestre o que é bem
patente nesta Revista.
Comecemos então pelo 2.º Simpósio Nacional de Fruticultura, que decorreu em Castelo Branco, em Fevereiro
último, e que contou com a presença
de cerca de 200 participantes. De salientar o esforço da Comissão Organizadora que conseguiu distribuir a Acta
n.º 16 da série ‘Actas Portuguesas de
Horticultura’, no primeiro dia do Simpósio. É claro que isto só foi possível com
a entrega atempada das comunicações
por parte dos autores, bem como da
Comissão Científica que fez a respecRevista da APH N.º 101
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tiva revisão. Foram dois dias de interessantes comunicações e animados
debates em que a APH atribuiu três Títulos Honoríficos: Horticólogo de Honra
a João Matos Silva; Técnico Hortícola
de Honra a Rui Maia de Sousa e Horticultor de Honra a Vitor Araújo.
Paralelamente ao Simpósio, decorreu a FrutArt, iniciativa de louvar pelos
objectivos e pelo sucesso que alcançou entre o elevado número de jovens
participantes, estudantes de escolas
do ensino secundário da região.
A Sessão Comemorativa do 100.º
Número da Revista da APH foi outro
ponto alto deste semestre, não só pelo
que ela representou para a vida da
APH, mas também pela adesão de sócios e convidados. Foi uma agradável
tarde de troca de impressões e de convívio entre associados e convidados.
No decorrer das ‘I Jornadas Técnicas da Batata’ e no ‘8.º Simpósio de
Vitivinicultura do Alentejo’ tivemos possibilidade de divulgar as actividades
da APH e também o IHC Lisboa 2010.
Estes contactos são importantes para
fortalecer as ligações com os associados e com o sector, permitindo ainda
angariar novos sócios.
Quisemos também neste número da
Revista recordar, numa singela homenagem, o Eng.º Weber de Oliveira, pelo
muito que representou como profissional no sector hortícola e na sua relação
com a APH.
Os quatro artigos técnicos apresentados são diversificados e o primeiro
remete-nos para a Pêra Passa de Viseu, um produto típico da região de Viseu que interessa certificar para a sua
valorização e pela mão-de-obra que
pode vir a absorver. É, realmente, um
produto com umas características especiais, que aconselhamos prová-lo a
quem não o conhece.
A racionalização da adubação e a
correcta/eficiente protecção fitossanitária das oliveiras evita o aparecimento
de anomalias nos órgãos florais e, consequentemente, a quebra de produção desta secular cultura. No segundo
trabalho aqui publicado podem ver-se
imagens de anomalias florais observadas à lupa e ao microscópio. Aliás, o
relato da tese de Doutoramento que se
apresenta também é referente à oliveira, o que comprova a importância da
cultura no país.
O alerta sobre os alimentos que comemos é-nos feito pelo artigo ‘Fungos
na segurança alimentar’. Felizmente
que os consumidores já estão mais
conscientes e conhecedores dos perigos que alguns alimentos podem tra4
Revista da APH N.º 101
zer. Muitas vezes eles são devidos a
deficientes condições de conservação
dos alimentos.
O quarto artigo apresenta-nos um
fruto que é rei, ou pelos menos, que
tem coroa e que é de facto a ‘jóia da
coroa’ da Ilha de S. Miguel/Açores. Não
incentivamos a sua prova, porque estamos em crer que não há português que
se preze que ainda não o tenha feito,
mas sim o seu consumo. Com certeza que a partir de agora o apreciarão
melhor, pois todo o trabalho que a sua
produção acarreta é deveras merecedor do nosso respeito e consideração.
Não poderíamos terminar este editorial sem dar os nossos parabéns à Cooperativa Agrícola do Távora, pela sua
actividade e pela dinâmica que introduz
na região em que está implantada há já
55 anos. É importante divulgar os bons
exemplos nacionais, porque apesar dos
tempos difíceis e da grande incerteza
que atravessamos, ainda há quem enfrente as dificuldades com determinação. É curioso referir que na data em
que estamos a escrever este pequeno
texto, a Cooperativa esteja a ser visitada pelo Sr. Ministro da Agricultura, do
Desenvolvimento Rural e das Pescas.
Neste primeiro trimestre do ano realizou-se também a Assembleia Geral
Ordinária em que foram aprovados o
Relatório de Actividades e de Contas
de 2009, bem como o Plano de Actividades e o Orçamento de 2010 que,
desde essa data, estão disponíveis
para consulta no site da APH (http://
www.aphorticultura.pt).
Resta-nos dizer que vai valer mesmo a pena participar no IHC Lisboa
2010 que está quase a chegar e marcamos encontro para Agosto no stand
da APH, esperando ser visitados pelos
nossos associados, onde serão recebidos com uma lembrança que estamos
a preparar para o efeito.
Saudações hortícolas!
Maria Elvira Ferreira
Notícias
28th International
Horticultural Congress
Lisboa 2010
O 28th International Horticultural Congress que decorrerá em Lisboa de 22 a 27 de Agosto está a
ter uma forte adesão por parte da comunidade hortícola internacional, manifestada quer pelo elevado
número de congressistas já inscritos (acima de 2500), quer pelas mais de 2800 comunicações a serem
apresentadas oralmente ou na forma de painel.
Recordemos que durante o Congresso decorrerão oito Colóquios, 18 Simpósios, 14 Seminários,
32 Workshops e 18 Sessões Temáticas. Destacamos agora os 8 Colóquios que de 23 a 26 de Agosto,
entre as 9h00 e as 10h30, preencherão o programa do Congresso.
COLÓQUIOS, TEMAS & CONVENERS
C01 – Desafios e oportunidades para a
horticultura numa economia global
dinâmica
C02 – Nanotecnologia:
aplicações em horticultura
Vão-se abrindo numerosas oportunidades ao
desenvolvimento de novas e inovadoras culturas
hortícolas, produtos e serviços, paralelamente ao
aumento da aplicação de conhecimentos locais, que
chamarão a atenção dos consumidores, conduzindo ao
aumento do bem-estar das comunidades.
A nanotecnologia é uma área emergente que trabalha
sobre corpos com cerca de 1 a 100 nm, nos quais
surgem novos fenómenos interfaciais que conduzem a
novas propriedades e funcionalidades. Esta tecnologia
pode revolucionar os sistemas de produção de plantas e
alimentos em todas as áreas de saber envolvidas. O limite
ao desenvolvimento nesta área de tão rápida expansão,
depende da nossa imaginação As ciências hortícolas
devem envolver-se nesta revolução, acompanhando o
desenvolvimento desta tecnologia que, juntamente com a
informação e a biotecnologia, tem o poder de revolucionar
a ciência e a horticultura no século 21.
Ian Warrington
Errol Hewett
Massey University, New Zealand i.warrington@
massey.ac.nz
Institute of Food, Nutrition and Human Health, Massey
University, New Zealand
[email protected]
Pietro Tonutti
Sant’Anna School of Advanced Studies, Italy.
[email protected]
C03 – Plantas, pessoas e lugares
C04 – Sequenciação da próxima geração
na investigação hortícola
Este colóquio aborda o efeito das plantas e do seu
cultivo na saúde física e psicológica, e no bem-estar do
Homem, incluindo a alimentação e a saúde, o local de
trabalho, a casa e os locais de lazer. Coloca-se uma
ênfase especial na melhoria do impacte da depressão
global.
A tecnologia de sequenciação em larga escala
permite a análise genética com uma profundidade
nunca antes atingida, expandido o conhecimento das
sequencias de DNA a todas as culturas. Este colóquio
irá incidir sobre o uso de NGS na sequenciação de
genomas completos, descoberta e mapeamento por
SNP e resequenciação em várias culturas hortícolas,
incluindo as implicações dos resultados obtidos na
produção de novas ferramentas para o melhoramento
de plantas.
Quatro peritos internacionais irão abordar a importância
da horticultura no mundo desenvolvido e, em particular,
a importância das árvores em casa e nos locais de
trabalho e de lazer, para a saúde mental e psicológica
no mundo desenvolvido e em desenvolvimento, e a
sua interacção com o ambiente urbano e rural como
agentes de mitigação das alterações climáticas globais.
Geoff Dixon
Pere Arús
University of Reading & GreenGene International,
England
[email protected]
IRTA, Centre de Recerca en Agrigenòmica CSIC-IRTAUAB, Spain
[email protected]
[email protected]
Revista da APH N.º 101
5
COLÓQUIOS, TEMAS & CONVENERS
C05 - Educando a nova
geração de profissionais
de horticultura
C06 – Inovação tecnológica em
horticultura
O conhecimento, a experiência e as ferramentas
fornecidas nos programas educativos para
profissionais de horticultura deveriam reflectir as
mudanças em curso na ciência, no mundo comercial,
aspectos sociais, globalização, clima e comunicação
que serão requeridas de futuro para obter sucesso.
As comunicações fornecerão informação sobre
segurança alimentar, o desenvolvimento de programas
governamentais para atingir as necessidades da
educação no futuro, que reflictam as alterações no
conhecimento actual e as futuras oportunidades
profissionais.
Produtores e industriais de produtos hortícolas
devem aproveitar a inovação tecnológica e integrar
o conhecimento de genética, fisiologia e sistemas
de engenharia para aumentar a sua eficiência,
sustentabilidade e rendimento económico. Aqueles
agentes enfrentam enormes desafios, incluindo
a competição num mercado global, aumento dos
factores de produção e mão-de-obra, medidas de
redução do impacte ambiental e alterações climáticas.
Serão discutidos os desafios colocados e as
oportunidades para desenvolver, validar e implementar
tecnologias apropriadas.
Fredrick A. Bliss
Jim McFerson
University of California, Davis, USA
Washington Tree Fruit Research Commission, USA
[email protected]
[email protected]
C07 – Encontro da Ibéria com a América e a
Ásia: a troca de plantas hortícolas
C08 – COPING WITH REDUCING PESTICIDES
Celebração da troca de germoplasma promovida por
Portugueses e Espanhóis no Mundo.
A horticultura deve reduzir a sua dependência dos
produtos químicos para o controlo de doenças,
pragas e infestantes. Este colóquio aborda as formas
de atingir este desiderato integrando aproximações
inovadoras baseadas em engenharia, IT, genómica e
sistemas biológicos.
Jules Janick
Ian Crute
Department of Horticulture and Landscape
Architecture,
Purdue University, USA
Agriculture and Horticulture Development Board,
United Kingdom
[email protected]
[email protected]
Para obter mais informações sobre estes Colóquios, bem como os respectivos oradores, consultar a
página do Congresso na Internet, em: www.ihc2010.org na ligação: Programme.
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Revista da APH N.º 101
A Comissão Organizadora
Notícias
11.ª Visita Vitivinícola da APH:
Regiões de Bucelas,
Carcavelos e Colares
Este ano, convidamos todos os sócios da APH e acompanhantes a conhecerem três pequenas regiões vitícolas,
mas só pequenas em área, pois são das
mais emblemáticas e antigas regiões
vitícolas portuguesas, com muita história e tradição: “Bucelas“, “Carcavelos”
e “Colares”. Todas nas imediações de
Lisboa, sofrem fortes pressões urbanísticas que fazem perigar a subsistência
e expansão das áreas vitícolas, mas a
singularidade cultural e a diversidade de
vinhos nelas produzidos espicaçam a
nossa curiosidade!
A região de Bucelas situa-se a
25 km a norte de Lisboa, uma zona ainda marcadamente rural, que produz um
excelente vinho branco. A cultura da vinha faz-se de forma invulgar, distribuindo-se pelas várzeas do rio Trancão e da
ribeira da Bemposta.
Julga-se que a cultura da vinha foi
introduzida na região pelos romanos.
No entanto, o vinho de Bucelas ficou conhecido internacionalmente graças às
Invasões Francesas, uma vez que o Duque de Wellington, que comandou forças militares luso-britânicas, em defesa
do exército napoleónico (em princípios
do século XIX), era grande apreciador
deste vinho, e levou-o de presente ao
então príncipe regente, mais tarde Rei
Jorge III de Inglaterra. Depois da Guerra
Peninsular, este vinho tornou-se um hábito na corte Inglesa.
A região demarcada de Bucelas foi
criada por lei em 1911. A área geográfica correspondente à Denominação de
Origem “Bucelas” abrange a freguesia
de Bucelas e parte das freguesias de
Fanhões (lugares de Fanhões, Ribas de
Cima, Ribas de Baixo, Barras e Cocho)
e de Santo Antão do Tojal (lugares de
Pintéus, Meijoeira e Arneiro), do concelho de Loures.
O vinho com direito a denominação de
origem controlada é o branco, com 11,5º,
perfumado, seco, aveludado que, quando
velho, ganha um tom amarelo-dourado.
O Vinho de Carcavelos é um dos
vinhos generosos portugueses mais
afamados e como a sua produção é
muito limitada, tornou-se uma verdadeira raridade. Foi o 1º Conde de Oeiras e
Marquês de Pombal, Sebastião José de
Carvalho e Mello, que iniciou a sua produção na sua quinta de Oeiras. Como
o apreciava tanto convenceu o Rei D.
José I a oferecê-lo à corte de Pequim,
em 1752, tendo assim iniciado o seu
percurso além fronteiras. Mereceu ainda, elogios de ilustres portugueses e
outros de todo o mundo, como o Duque
de Wellington, aquando da sua estadia
em Portugal. As tropas inglesas levaram
consigo o nome e a fama do Vinho de
Carcavelos, tornando-o conhecido num
dos maiores mercados internacionais.
Desde 18 de Setembro de 1908 que
o Vinho de Carcavelos detém qualida-
des reconhecidas e confirmadas, por
Carta de Lei, na qual foram definidos os
princípios gerais da sua produção e comercialização.
A área geográfica correspondente à
Denominação de Origem “Carcavelos”
abrange os concelhos de Cascais (freguesias de Carcavelos, Parede, São
Domingos de Rana e parte das freguesias de Alcabideche - lugares de Carrascal de Manique de Baixo e Bicesse
e do Estoril - lugares de Livramento e
Alapraia), Oeiras (parte da freguesia de
Oeiras e São Julião da Barra - lugares
de Ribeira da Laje, Cacilhas e Porto Salvo, parte da freguesia de Paço de Arcos
- a faixa confinante com a freguesia de
Oeiras e São Julião da Barra até à Ribeira de Porto Salvo).
O Vinho de Carcavelos é um vinho
licoroso, delicado, de cor topázio, aveludado, com um certo aroma amendoado,
adquirindo um perfume acentuado e característico com o envelhecimento.
A cultura da vinha é também muito
antiga na região de Colares, datando
de 1255. Colares foi ganhando fama
com os seus vinhos, que foi reforçada
quando da violenta invasão da filoxera,
que em 1865 iniciou a devastação de
uma grande parte das regiões vinícolas de Portugal. As vinhas desta região
não foram atacadas devido aos solos de
areia em que são plantadas. Em virtude
da forte brisa marítima que se faz sentir
nessa região, as vinhas são protegidas
por paliçadas, o que aliado ao tipo de
plantio rasteiro originam imagens deslumbrantes que dão à viticultura local
uma especificidade única no mundo.
A área geográfica correspondente
à Denominação de Origem “Colares”
situa-se no concelho de Sintra, entre a
Serra de Sintra e o Oceano Atlântico,
numa zona junto ao mar, compreendendo as freguesias de Colares, São
Martinho e São João das Lampas. É a
Região Demarcada mais ocidental da
Europa continental.
O Vinho de Colares é um vinho de
cor rubi, mas que, com o envelhecimento, ganha um aveludado e ‘bouquet’ excepcionais.
A 11.ª Visita Vitivinícola da APH está
prevista para os próximos dias 2 e 3 de
Outubro.
Estejam atentos que em breve daremos mais notícias.
Comissão Organizadora
Revista da APH N.º 101
7
Ainda… em Notícia
2.º Simpósio Nacional
de Fruticultura
A Associação Portuguesa de Horticultura (APH), a Escola Superior Agrária de Castelo Branco (ESACB) e o
Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN) realizaram
o 2.º Simpósio Nacional de Fruticultura,
que decorreu nos dias 4 e 5 de Fevereiro de 2010 na Escola Superior Agrária
de Castelo Branco. Para além da APH,
ESACB e COTHN, colaboraram na Comissão Organizadora a Associação de
Agricultores para a Produção Integrada de Frutos de Montanha (AAPIM), a
Associação de Protecção e Produção
Integrada do Zêzere (APPIZEZERE),
a Cerfundão (Embalamento e Comercialização de Cereja da Cova da Beira,
Lda.), a Direcção Regional de Agricultura e Pescas do Centro (DRAPC) e a
Universidade da Beira Interior (UBI).
A região da Beira Interior, em especial devido às suas condições climáticas de elevada radiação e à dimensão
média das propriedades, apresenta
grandes potencialidades para a produção de frutos de elevada qualidade,
pelo que a fruticultura é uma actividade
agrícola com expressiva representa-
ção na criação de riqueza desta região,
com especial destaque para a cereja e
o pêssego, razões pelas quais a cidade
de Castelo Branco foi escolhida para
palco deste evento.
O 2.º Simpósio Nacional de Fruticultura teve como objectivo fundamental a
divulgação do conhecimento científico
no âmbito da fruticultura, fomentando
o debate sobre as carências existentes
no sector frutícola, de modo a incrementar o desenvolvimento das linhas
de investigação que mais contribuam
para a sua melhoria e valorização dos
seus produtos. Pretendeu-se reunir
toda a fileira da fruticultura nacional e
destacar a importância do trabalho desenvolvido pela APH, como principal
fórum de intercâmbio técnico-científico
dos agentes ligados ao sector.
Este evento foi dirigido a produtores, empresários, investigadores, professores, estudantes de graduação e
de pós-graduação, técnicos e outros
profissionais ligados à fileira da fruticultura procurando-se, desta forma, dar
a conhecer a realidade da fruticultura
nacional, as suas tendências e as ne-
Sessão de Abertura do 2.º Simpósio Nacional de Fruticultura.
8
Revista da APH N.º 101
cessidades de investigação. Tal como
na sua primeira edição, o programa do
2.º Simpósio Nacional de Fruticultura foi
estruturado ao longo de dois dias. Os
grandes temas em debate neste evento
foram: Produção Frutícola, Biotecnologia e Saúde, Pós-colheita, Protecção
das Culturas; e Economia. A edição n.º
16 das Actas Portuguesas de Horticultura foi dedicada exclusivamente a este
Simpósio Este volume das Actas inclui
40 comunicações apresentadas e debatidas durante o evento, sob as formas
de comunicações orais ou em painel.
A realização do 2.º Simpósio Nacional de Fruticultura só foi possível
graças ao empenho de uma vasta e
diversificada equipa que incluiu os
membros da Comissão Organizadora
e da Comissão Científica, palestrantes convidados, autores de comunicações, bem como, as instituições que de
forma directa ou indirecta apoiaram e
patrocinaram a sua realização. A todos
endereçamos os nossos sinceros agradecimentos.
O 2.º Simpósio Nacional de Fruticultura decorreu no Auditório da Esco-
la Superior Agrária de Castelo Branco
(ESACB) e contou com a presença de
cerca de 200 participantes, excluindo
alunos do IPCB, que marcaram presença em diversas sessões temáticas,
relacionadas com as suas áreas de formação.
Durante o jantar do Simpósio, foram
homenageados, pela APH, com títulos
honoríficos:
• Professor Doutor João Matos Silva
– Horticólogo de Honra
• Eng.º Rui Manuel Maia e Sousa
– Técnico Hortícola de Honra
• Sr. Vítor Manuel Araújo Bandeira
– Horticultor de Honra
Aspecto do auditório da Escola Superior Agrária de Castelo Branco.
Primeiro dia
1 Produção
Orador convidado: Dr. Joan Bonany
(IRTA-Girona)
O tema “Produção” incluiu 20 comunicações que reflectiram algumas
preocupações actuais de extrema importância para esta fileira, designadamente: 1) cultivares; 2) regulação da
produção; e 3) uso eficiente dos factores de produção.
Relativamente a cultivares apresentaram-se diversos resultados sobre
a produção e a qualidade dos frutos,
de ensaios de adaptação e comportamento agronómico de diversas cultivares (algumas recentes) de aveleiras e
macieiras na região da Beira Alta, e de
pessegueiro e damasqueiro na região
da Cova da Beira.
Salientam-se, também, os trabalhos
sobre monda de frutos: a utilização do
ensombramento como alternativa mais
ecológica à monda química na macieira; o mecanismo de acção do ácido
naftaleno-acético na nespereira; e o
desenvolvimento de uma metodologia
para determinar a carga óptima da árvore em função do calibre pretendido
para o fruto, que se baseia na relação
inversa entre a carga e o peso médio
do fruto.
2 Biotecnologia
e Saúde
Oradores convidados: Dr.ª Cristina
Sales e Dr.ª Daniela Seabra
A sessão temática sobre Biotecnologia e Saúde iniciou-se com os oradores
convidados que apresentaram o tema
“O consumo da fruta e a saúde”, tendo
estado em evidência os três grupos de
benefícios múltiplos para a saúde, provenientes do consumo de fruta: elevado teor em vitaminas e antioxidantes;
fonte de fibras solúveis fundamentais
Mesa da sessão temática ‘Produção’.
para a flora intestinal; modulação dos
níveis de insulina para a prevenção
de obesidade e de diabetes. A fruta
deverá ser ingerida principalmente
crua no início e entre as refeições, ou
cozinhada como sobremesa. Em comunicações posteriores foi destacado
o valor antioxidante dos frutos secos,
principalmente das nozes, do medronho e das folhas de medronheiro para
fins farmacêuticos e químicos. A nível
da conservação da fruta foi confirmada
a ideia que a concentração de oxigénio
no interior da embalagem é irrelevante
para a qualidade da pêra “Rocha” cortada e foram realçadas as vantagens
da utilização de estufa solar no processo de secagem de peras, também por
apresentarem análises físico-químicas
mais semelhantes às do processo tradicional. Este foi o tema que maior interesse despertou em termos de debate
público.
3 Pós-colheita
Oradores convidados: Eng.ª Délia
Fialho e Eng.º Filipe Silva
As tecnologias pós-colheita têm
vindo a assumir uma importância crescente no sector frutícola. Neste tema,
foram abordados diversos assuntos
essenciais para o aperfeiçoamento dos
métodos de conservação através de
uma análise dos problemas que poderão afectar a vida pós-colheita dos frutos e cuja resolução permitirá manter
a sua qualidade durante um maior período de tempo e minimizar as perdas
da qualidade dos frutos. As doenças
de conservação de origem patológica
e fisiológica apresentam-se como um
dos principais factores que diminuem
a qualidade dos frutos durante o armazenamento, tendo sido alvo de análise
quanto às suas causas e consequências no período pré e pós-colheita.
A aplicação de espectroscopia de infravermelho próximo, que tem vindo a
demonstrar uma importância crescente
na avaliação da qualidade, foi também
estimada quer em pomóideas quer em
prunóideas mostrando-se uma ferramenta de futuro no controlo expedito de
qualidade de uma forma não-destrutiva,
que permite uma redução de custos ao
longo do processo. Justifica-se, assim, a
necessidade de maior investimento e de
mais investigação ao nível da criação de
conhecimento na área da pós-colheita
que deve obedecer a um conjunto de
prioridades determinadas pela importância económica dos principais factores de
quebras de qualidade observadas.
Revista da APH N.º 101
9
5 Espaço Empresa
Nesta sessão, pretendeu-se fornecer às empresas patrocinadoras a
oportunidade de apresentarem as suas
soluções para os mais diversos problemas da agricultura:
ADP - apresentou as suas gamas de
adubos e fertilizantes para a fruticultura.
Bayer CropScience - apresentou um
novo insecticida para fruticultura, destacando o seu baixo perfil toxicológico
para o ambiente e fauna auxiliar.
Syngenta Crop Protection - apresentou o projecto “Operation pollinator”
que está a ser implementado em várias
regiões portuguesas.
Mesa da sessão temática ‘Protecção das culturas’.
6 Economia
Convidado: Prof. Francisco Avillez
Nesta sessão apresentou-se a comunicação por convite subordinada
ao tema “A fruticultura em Portugal:
situação actual e perspectivas futuras”,
evidenciando-se o peso que o sector
representa na economia nacional e a
necessidade de acabar com o constante divórcio entre a produção, a comercialização e o interesse do consumidor.
Sessão de Encerramento do 2.º Simpósio Nacional de Fruticultura.
Segundo dia
4 Protecção
das culturas
Orador convidado: Prof. José Carlos
Franco
O tema abordado foi ‘Infra-estruturas ecológicas e limitação natural dos
inimigos das culturas fruteiras’. O fomento da biodiversidade é considerado um elemento chave nas regras da
produção sustentável em fruticultura,
podendo ser incrementado activamente através da manutenção e instalação
de infra-estruturas ecológicas.
A classificação toxicológica dos pesticidas para as abelhas, adoptada em
Portugal, é insuficiente em relação à informação internacional, o que dificulta
a selecção dos pesticidas menos tóxicos para as abelhas e a adopção das
indispensáveis medidas de segurança.
A problemática da resistência dos fungicidas ao pedrado da macieira na Cova da Beira esteve em destaque com a apresentação
10
Revista da APH N.º 101
de resultados relativos a trabalhos realizados
à escala regional. Os dados do trabalho, com
ensaio de campo e “in vitro”, levantaram sérias preocupações, a técnicos e fruticultores,
para a gestão do risco de resistência a esta
família de fungicidas. Como há poucas novas
famílias de fungicidas a entrar no mercado
torna-se importante proteger as já existentes.
A testagem de diferentes feromonas
para a monitorização dos adultos de
bichado-da-castanha, na Ilha Terceira
dos Açores foi outro tema em destaque,
face ao problema que esta praga apresenta, não só na região autónoma dos
Açores, como no continente. Este trabalho apresentou resultados da aplicação
de feromonas de três empresas diferentes em armadilhas do tipo Delta. Destas,
as feromonas das empresas Iscalure e
Syngenta foram as que registaram um
maior número de capturas. As armadilhas devem ser colocadas no início do
voo e retiradas somente no fim de Novembro (após a colheita).
7 Debate com os
principais agentes
da Fileira
Neste debate participaram representantes da grande distribuição:
Auchan, Sonae, Jerónimo Martins e
Sumolis e da produção, Frutoeste e
Kiwi Greensun. Durante o debate,
foi referido por parte dos intervenientes o problema de falta de organização por parte do sector da
produção, enquanto por parte da
produção, Vitor Araújo da empresa
Kiwi Greensun, dirigiu-se aos representantes da grande distribuição referindo
que esta não valoriza a qualidade e que
apenas pretende dos produtores fruta a
preços baixos, razões pelas quais 80%
da sua produção é destinada exclusivamente para o mercado externo.
Findo o debate, procedeu-se à cerimónia de encerramento, que foi precedida da leitura das conclusões do simpósio e que contou com a presença do
Sr. Secretário de Estado das Florestas
e do Desenvolvimento Rural, Eng.º Rui
Barreiros.
Raúl Rodrigues
Ainda… em Notícia
Concurso FrutArt
A Escola Superior Agrária de Castelo
Branco (ESACB) organizou o concurso
FrutArt que decorreu como actividade
paralela ao 2.º Simpósio Nacional de
Fruticultura (SNF), que teve lugar em
Fevereiro de 2010. Este concurso foi patrocinado pela Câmara Municipal de Castelo Branco, pelo Instituto Politécnico de
Castelo Branco e pela Direcção Regional
de Agricultura e Pescas do Centro, tendo
como principais objectivos:
• Divulgar a importância da fruticultura na região;
• Divulgar e valorizar o papel de consumo de fruta na saúde e alimentação;
• Valorizar a actividade frutícola;
• Promover a interacção entre os sectores de educação, agricultura e investigação;
• Fomentar e desenvolver a capacidade criativa dos jovens;
• Divulgar e valorizar o 2.º Simpósio
Nacional de Fruticultura.
O concurso compreendeu a decoração/pintura de peras, maçãs, pêssegos e cerejas de material cerâmico
produzidos à escala real, e distribuídos
por 30 Escolas de Ensino Básico e Secundário da região da Beira Interior.
Participaram no concurso as Escolas
de Belmonte, Covilhã, Castelo Branco,
Fundão, Guarda, Idanha-a-Nova, Manteigas, Penamacor, Proença-a-Nova,
Seia, Sertã, Teixoso, Tourais, Trancoso
e S. Vicente da Beira, tendo abrangido
os alunos do 9.º ano Geral e 10.º, 11.º
e 12.º anos de Artes, num total de 1930
frutos distribuídos.
Para a realização deste concurso a
ESACB contou com o apoio da ESART
– Escola de Artes Aplicadas do IPCB,
e o seu domínio de saber, concebendo
os moldes dos frutos e das folhas correspondentes a cada espécie (Figura
1). Todos os moldes foram produzidos
em empresas do concelho de Aveiro.
Antes de enviarem os frutos já pintados
para a ESACB, as Escolas participantes
elegeram os melhores frutos de cada espécie produzidos pelos seus alunos.
Durante o 2.º Simpósio Nacional de
Fruticultura os frutos eleitos por cada
Escola estiveram expostos em vitrinas
e os participantes do Simpósio depositaram o seu voto para a eleição do
melhor fruto de cada espécie. Simultaneamente, todos os restantes fru-
tos enviados pelas Escolas estiverem
expostos podendo ser adquiridos por
qualquer participante do 2.º SNF ou
membro da sociedade em geral. A exposição recebeu visitantes de diversas
escolas e pessoas de diversas idades.
A criatividade dos jovens e o empenho e dedicação dos professores
envolvidos neste projecto nas diversas
escolas permitiu a obtenção de uma
exposição muito interessante.
Em resultado da votação realizada
durante o SNF foram eleitos vencedores
os frutos correspondentes à Figura 2. O
resultado da votação indica a preocupação com a selecção de frutos que contivessem mensagens capazes de valorizar a produção e consumo de fruta.
Os prémios aos alunos vencedores
foram entregues na 2.ª Gala Viva ‘Frutas & Legumes’, que teve lugar no passado dia 2 de Junho de 2010, no Casino da Figueira da Foz. Por amabilidade
do COTHN, que organizou a Gala da
Fruta, estiveram presentes não só os
alunos vencedores, como também os
professores envolvidos. De realçar que
dois dos frutos vencedores (pêssego e
pêra) provinham da Escola do Teixoso
Figura 1 – Moldes dos frutos com a respectiva folha
onde se colocava a identificação do aluno e Escola.
(concelho da Covilhã), tendo toda a turma envolvida no projecto FrutArt marcado presença nessa Gala.
A exposição FrutArt, que compreende os 240 frutos eleitos pelas Escolas,
esteve patente no espaço comercial
Allegro, em Castelo Branco, durante o
mês de Março de 2010, no Centro de
Ciência Viva, em Proença-a-Nova, durante o mês de Abril e na 2.ª Gala Viva
‘Frutas & Legumes’.
Um dos objectivos deste concurso
foi atingido – cativar o pensamento e
a atenção dos jovens para o consumo
de fruta, para a fruticultura como actividade económica e para a existência de
encontros científicos como o 2.º SNF.
Maria Paula Simões
Presidente da Comissão Organizadora
do 2.º Simpósio Nacional de Fruticultura e docente da Escola Superior Agrária de Castelo Branco
Figura 2 - Frutos Vencedores.
Revista da APH N.º 101
11
Ainda… em Notícia
Sessão Comemorativa do
100.º Número da Revista da APH
No passado dia 15 de Junho de
2010 decorreu, na sede da APH, a
Sessão Comemorativa do 100.º Número da Revista da APH, com a presença
de cerca de mais de 50 associados e
convidados. Em representação do Sr.
Secretário de Estado das Florestas
e Desenvolvimento Rural esteve presente o seu Assessor, Dr. Ricardo Segurado e ainda deram a honra da sua
presença o Prof. Nuno Moreira, Presidente da Escola de Ciências Agrárias e
Veterinárias da UTAD, a Prof. Fernanda Delgado, Sub-directora da Escola
Superior Agrária de Castelo Branco/
IPCB, o Prof. Albino Bento, Director da
Escola Superior Agrária de Bragança/
IPB e o Prof. José Regato, em representação da Escola Superior Agrária
de Beja/IPB.
A sessão de comemoração foi introduzida pela Dr.ª Maria Elvira Ferreira,
Presidente da Direcção da APH, e incluiu duas conferências no âmbito do
Ano Internacional da Biodiversidade,
nomeadamente “A Importância da Biodiversidade na Gestão da Horticultura”
proferida pelo Eng.º Tito Rosa (Presidente do Instituto da Conservação da
Natureza e Biodiversidade) e “A Biodiversidade na Protecção das Culturas”
pelo Prof. António Mexia (Instituto Superior de Agronomia/UTL).
As conferências foram moderadas
pelo Prof. Carlos Portas (sócio n.º 1 da
APH e 1.º Editor da Revista) e foram
uma oportunidade de conhecimento e
diálogo sobre a importância da biodiversidade para o equilíbrio e sustentabilidade dos sistemas de produção hortícola e para os agro-ecossistemas em
geral. A compreensão da preservação
da biodiversidade e a sua gestão nos
sistemas produtivos é indispensável
para o sucesso da produção integrada,
que é hoje um objectivo fundamental. O
debate foi bastante interessante e participado, salientando-se a necessidade
de se dar prioridade à investigação e
desenvolvimento de novas tecnologias,
de forma a tornar mais competitiva e
sustentável a fileira dos produtos hortofrutícolas. Houve ainda oportunidade
de abordagem de outros temas, como
as estratégias de protecção de espécies vegetais e animais raras ou em
vias de extinção que, necessariamente, interagem com as diferentes actividades sócio-económicas do meio rural.
O 100.º Número da Revista da APH
foi comemorado ainda pela edição de
um DVD intitulado “100 Números da
Revista da APH”, apresentado pela
Prof. Isabel Mourão, editora da Revista
da APH e entregue a todos os participantes. Este DVD inclui todas as revis-
tas da APH digitalizadas e representa
um importante documento histórico e
uma ferramenta de grande interesse
técnico e científico, pelos cerca de 140
artigos do sector hortícola, publicados
desde 1981.
Inserido nas comemorações foi ainda inaugurada a “Galeria dos Presidentes da APH”, como forma de perpetuar
os responsáveis da Associação e, simbolicamente, todas as equipas por eles
lideradas, que tanto contribuíram para
que a APH atingisse a relevância que
hoje tem na horticultura nacional. No
dia 7 de Julho de 2010, completam-se
34 anos em que, nas mesmas instalações, foi eleito o 1.º Presidente da Di-
Abertura da Sessão Comemorativa do 100.º Número da Revista da APH, pela Dr.ª Maria Elvira Ferreira. Constituição da
mesa das conferências: Prof. Carlos Portas, Eng.º Tito Rosa, Dr. Ricardo Segurado e Prof. António Mexia.
12
Revista da APH N.º 101
Aspecto da sala da Sessão Comemorativa do 100.º Número da Revista da APH.
recção da APH, Carlos Martins Portas
(1976/1978 e 1983/1985), seguindo-se
Manuel Ruivo Figueiredo (1978/1979),
Cláudio Bugalho Semedo (1979/1983),
Carlos Saraiva Frazão (1985/1988),
António Almeida Monteiro (1988/1992),
José Dias Carreiro (1992/1996), António Cruz Marreiros (1996/2000), Isabel
de Maria Mourão (2000/2004) e Manuel Augusto Soares (2004/2009).
Um Porto de Honra foi o culminar
deste momento de festa da APH e de
convívio entre os associados e seus
convidados.
Inauguração da “Galeria dos Presidentes da APH”.
Isabel Mourão
Revista da APH N.º 101
13
Ainda… em Notícia
I Jornadas Técnicas de Batata
A 23 de Fevereiro, decorreram as
‘I Jornadas Técnicas de Batata’, organizadas pelo COTHN, a Escola Superior Agrária de Santarém (ESAS), a
Agromais, a Agrotejo, a Federação Nacional das Organizações de Produtores de Frutas e Hortícolas (FNOP) e a
Eurobatata, na ESAS, com o objectivo
de promover um espaço de divulgação
científica e tecnológica e de debate,
capaz de contribuir para o lançamento de novas estratégias de inovação e
competitividade, indispensáveis para a
modernização e o desenvolvimento da
fileira da batata.
Estas Jornadas contaram com o
apoio da APH, tendo participado cerca
de 220 pessoas que debateram temas
como a rega, infestantes, aspectos fitossanitários e mercado.
Antes de serem lidas as conclusões
das Jornadas, a Presidente da Direcção da APH fez uma breve apresentação sobre os sete Colóquios Nacionais
de Produção de Batata que decorreram
nas décadas de 80 e 90 do século passado, na região de Aveiro, com uma
co-organização da APH e que pode ser
consultada em www.aphorticultura.pt,
na ligação Notícias/Novidades. O êxito destas Jornadas, que demonstrou
a força e a vitalidade da fileira da batata, levou à proposta da organização
do oitavo Colóquio em 2012. O convite
foi feito a todos os participantes, bem
como a uma região do País que queira
ser a anfitriã do VIII Colóquio Nacional
de Produção de Batata.
Na Sessão de Encerramento, a
Comissão Organizadora das ‘I Jornadas Técnicas da Batata’, apresentou
as seguintes conclusões:
• Foi sentida por todos a necessidade
de desenvolver tarefas que venham a
contribuir para a organização do sector
produtivo da batata;
• Neste âmbito, deverão ser agendados encontros informais entre os principais agentes do sector: Organizações
de Produtores; Empresas de exportação e importação; Empresas de dis-
14
Revista da APH N.º 101
tribuição; Empresas de importação de
batata-de-semente; Escolas Agrárias;
Instituto Nacional dos Recursos Biológicos (INRB); Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP); Direcção
Geral de Agricultura e Desenvolvimento
Rural (DGADR) e Direcções Regionais
de Agricultura e Pescas;
• Perspectiva-se a criação de uma
página “Web”, associada ao portal do
COTHN, com a finalidade de servir de
espaço de discussão, partilha de informação e de comunicação de matérias
relacionadas com o sector (reunir informação técnica, publicitar eventos, informação sobre mercados, alertas, fórum
de discussão);
• Num horizonte de médio prazo
propõe-se a criação de um organismo
interprofissional;
• Articular o PRODER de modo a que
os agricultores tenham ajudas efectivas
por parte da nova legislatura;
• Reconhecimento da importância e
criação de linhas de apoio dirigidas aos
agentes ligados à produção e exportação da batata primor;
• Solicitar que, no âmbito do PRODER,
os concursos para investimento estejam
permanentemente abertos;
• Solicitar apoios financeiros, no
âmbito do PRODER, para que as associações de agricultores/OP possam
estabelecer contratos no sentido de
serem desenvolvidos trabalhos de experimentação aplicada e/ou inovação
tecnológica dentro do sector;
• Face ao enquadramento legislativo
já existente, deverão ser criadas equipas multidisciplinares, incluindo investigadores do Instituto Nacional dos Recursos Biológicos, técnicos da Direcção
Geral de Agricultura e Desenvolvimento
Rural, Escolas Agrárias, Direcções Regionais de Agricultura, Organizações
de Produtores e Agricultores, com o objectivo de:
•Tentar minorar os impactes ambientais, especialmente os relativos
à poluição dos recursos hídricos,
sem pôr em causa a rendibilidade
das culturas e o rendimento das explorações agrícolas;
•Testar, em colaboração com as
empresas do sector dos adubos,
produtos fitofarmacêuticos, variedades ou equipamento agrícola,
novas tecnologias capazes de aumentar as eficiências biológicas e
económicas da cultura;
•Estabelecer uma linha especial de
trabalho experimental para avaliar o
efeito das rotações na gestão adequada da fertilidade, das infestantes, das pragas e doenças;
•No que diz respeito ao consumo
da água, há necessidade de criar,
implementar e promover sistemas
que promovam o aumento da sua
eficiência de utilização;
•Aos Centros Operativos Tecnológicos deverão ser atribuídos meios
técnicos e financeiros, para poderem desenvolver acções de formação de técnicos especializados,
para trabalharem junto das associações e/ou organizações de produtores;
•Proceder à caracterização sistemática e completa do sector, nomeadamente, no que diz respeito aos
sistemas de produção, superfícies
cultivadas, rendimentos obtidos e
contas de cultura;
•Criar uma estrutura de discussão
e partilha de informação, para que
todos os agentes do sector possam
beneficiar dessa mesma criação de
conhecimento.
Ficamos a aguardar propostas para
a realização do VIII Colóquio Nacional de Produção de Batata, em 2012.
Maria Elvira Ferreira
Maria da Graça Palha
Ainda… em Notícia
8.º SIMPÓSIO DE
VITIVINICULTURA DO ALENTEJO
Decorreu de 5 a 7 de Maio no Auditório da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Alentejo, em
Évora, o 8.º Simpósio de Vitivinicultura do
Alentejo, numa organização conjunta entre a ATEVA (Associação Técnica dos Viticultores do Alentejo), CVRA (Comissão
Vitivinícola do Alentejo), CCDRA (Comissão de Coordenação e Desenvolvimento
Regional do Alentejo), DRAPAL (Direcção Regional de Agricultura e Pescas do
Alentejo) e UE (Universidade de Évora).
Este simpósio, com uma cadência
trianual, é em termos nacionais o único
evento vitivinícola desta natureza que
tem sido realizado ininterruptamente,
atraindo técnicos e investigadores de
norte a sul do pais, e mais recentemente do estrangeiro.
O objectivo principal deste simpósio é
a troca da actualidade técnico-científica,
que este ano foi desde o tema do material vegetal a várias vertentes da tecnologia da vinha, e na enologia, predominou
o tema da capacidade antioxidante e
composição fenólica.
Foram 47 os trabalhos apresentados, repartidos por 3 Sessões de Viticultura, 2 Sessões de Enologia e 1
Sessão de Internacionalização e Marketing. Tiveram ainda lugar 4 Conferências Temáticas proferidas por
oradores convidados: I- Doenças do
Lenho por Helena Oliveira (Portugal);
II- Produção Enológica e Marketing por
Christophe Gerland (França) e Brien
Howard (Reino Unido); III- Sustentabilidade I por J. Ramon Lissarague
(Espanha) e IV- Sustentabilidade II por
Joel Rochard (França), Lisa Francioni
(EUA) e Timothy Hogg (Portugal).
O último dia, sexta-feira 7 de Maio,
foi dedicado a uma viagem pelo Alentejo com visita a várias adegas, nomeadamente, Adega Cooperativa de Portalegre, Adega Mayor em Campo Maior
e Herdade do Monte da Cal (Dão Sul)
em Fronteira.
Este ano, a abertura por parte da
Comissão Organizadora, permitiu que
a APH estivesse presente, divulgando
a sua actividade junto do Grupo da
Viticultura, e anunciando o próximo
Congresso Internacional de Ciências
Hortícolas.
Teresa Mota
Revista da APH N.º 101
15
Ainda… em Notícia
2.ª Gala Viva ‘Frutas & Legumes’
Promover o sector das frutas e hortícolas, distinguir os agentes económicos,
criar laços de cooperação para o futuro e
fazer um balanço do programa ‘Regime
de Fruta Escolar’ foram os objectivos que
nortearam o Centro Operativo e Tecnológico Hortofrutícola Nacional (COTHN) na
organização da 2.ª Gala Viva ‘Frutas &
Legumes’, que reuniu no passado dia 2
de Junho no Casino da Figueira da Foz
cerca de 500 pessoas ligadas à fileira. O
COTHN pretendeu, ainda, promover o
consumo de frutas e hortícolas nacionais
e a sua importância para uma alimentação saudável, especialmente na camada
da população mais jovem.
A Gala começou com uma exposição
e degustação de frutas e legumes, confeccionados pelas Escolas de Hotelaria
de Lamego, de Santa Maria da Feira e do
Estoril, com produtos fornecidos pela Associação Nacional de Produtores de Pêra
Rocha (ANP) e pela Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça (APMA).
Estiveram também presentes a Confraria Gastronómica da Maçã Portuguesa
e a Confraria da Pêra Rocha Portuguesa.
Seguiu-se a apresentação do filme
‘Porque devemos consumir Frutas e
Legumes nacionais?’, que conta com
opiniões de técnicos, consumidores e
crianças que incentivam a consumir
esse tipo de alimentos.
A Assessora do Secretário de Estado
da Educação, Dr.ª Isabel Baptista, fez o
balanço do primeiro ano do Programa
‘Regime de Fruta Escolar’ (RFE), que
envolve os Ministérios da Agricultura,
Pescas e Desenvolvimento Rural, da
Educação e da Saúde. Este regime visa
a distribuição de frutas e produtos hor-
16
Revista da APH N.º 101
tícolas frescos e/ou transformados às
crianças nos estabelecimentos de ensino. O RFE é subvencionado pela União
Europeia e a ajuda comunitária é requerida pelas autarquias, a quem compete a
execução deste programa. Este regime
aplica-se nos estabelecimentos de ensino público aos alunos que frequentam
o 1.º ciclo dos agrupamentos de escolas
e escolas não agrupadas. Os produtos
devem, preferencialmente, obedecer aos
regimes públicos de qualidade certificada
de produção integrada, de modo de produção biológico, de denominação de origem protegida, de indicação geográfica
protegida ou de protecção integrada.
O COTHN apresentou ainda a vontade de criar a Interprofissional Hortofrutícola de Portugal, que integre as organizações profissionais da produção,
da comercialização e/ou da transformação em torno de objectivos comuns
tendentes à promoção e à adaptação
de um produto ao mercado, abrangendo aspectos que vão desde a sua produção até ao seu consumo, impulsionar o desenvolvimento e organização
do sector hortofrutícola e melhorar a
comercialização destes produtos.
Os principais objectivos da Interprofissional Hortofrutícola de Portugal serão:
• Promover o consumo nacional
através de programas ambiciosos de
comunicação;
• Assegurar o desenvolvimento da
quota de exportação;
• Pôr em marcha e fazer respeitar os
acordos interprofissionais que garantam a qualidade e definam as regras
entre os elementos da fileira;
• Encorajar programas de investigação técnica e de formação, nomeadamente no posto de venda;
• Conhecer os mercados e as tendências dos consumidores.
Durante a Gala, foram, ainda, distribuídos os prémios aos alunos vencedores
do concurso FrutArt promovido pelo Instituto Politécnico de Castelo Branco, através da Escola Superior Agrária e da Escola Superior de Artes Aplicadas e com o
patrocínio da Câmara Municipal de Castelo Branco. Informação mais detalhada
sobre esta iniciativa pode ser consultada
nas páginas desta revista.
O COTHN distinguiu também 11
personalidades/empresas, com seis tipos de prémios, da seguinte forma:
• Prémio Jovem/Espírito Jovem ao
Eng.º Belmiro de Azevedo (Sonae);
• Prémio Personalidade ao Eng.º
Paul Dolleman (Presidente da AHSA e
consultor da Horticonsult) e a Carlos M.
Soares Miguel (Presidente da Câmara
Municipal de Torres Vedras);
• Prémio de Empreendorismo ao Dr.
António Silvestre (Vale da Rosa); Dr.
Bernardo Horgan (Beirabaga) e Carlos
Ferreira (Hortomelão);
• Prémio Promoção ao Grupo Jerónimo Martins;
• Prémio Promoção para a Exportação
à Coopval, à Unirocha.com e à Granfer;
• Prémio Promoção DO’s e IGP’s à
Compal, S.A.
Antes de dar a palavra ao Ministro
da Agricultura, do Desenvolvimento
Rural e das Pesca, Prof. Doutor António Serrano, o Presidente da Direcção do COTHN, Eng.º Armando Torres
Paulo usou da palavra, agradecendo
a presença de todos e anunciou a 3.ª
gala para o ano de 2012. A este respeito o Ministro da Agricultura manifestou o desejo que a 3.ª gala abrangesse
também as flores.
Esta agradável e enriquecedora noite de convívio terminou com um magnífico espectáculo intitulado ‘Show Time’.
A Direcção da APH agradece o simpático convite que lhe foi endereçado
para participar nesta gala e deseja as
maiores felicidades para o COTHN,
esperando que a Interprofissional Hortofrutícola de Portugal seja uma realidade no mais curto espaço de tempo.
Maria Elvira Ferreira
Maria da Graça Palha
Homenagem
WEBER DE OLIVEIRA
HORTICÓLOGO DE HONRA (1979) E
VICE-PRESIDENTE PARA A HORTICULTURA DA
ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE HORTICULTURA
(1979/81, 1981/83 E 1983/85)
1- O homem, o horticólogo,
o extensionista
Nascimento, família, infância,
formação escolar e académica
Weber de Oliveira nasceu a 9 de
Fevereiro de 1919, em Ílhavo. O pai,
Fernando Oliveira da Velha, frequentou
a Escola Náutica (Lisboa) e era oficial
náutico, fazendo carreira na Marinha
Mercante. A mãe, Rosa Gonçalves
Sarrico, inseria-se numa família
de agricultores e tinha actividade
doméstica. O ambiente familiar,
económico e social foi, seguramente,
influenciado quer por uma agricultura
intensiva e diversificada onde a
horticultura e a pecuária dominavam,
quer pelo Mar Atlântico. A região tinha
como envolventes a Costa Norte, as
Gafanhas e a Ria de Aveiro.
Infância e adolescência foram assim
passadas entre os concelhos de Ílhavo
e de Aveiro: instrução primária recebida
na terra natal e ensino liceal cursado
em Aveiro. Aos 10 anos, por acto no
Registo Civil, fica só com o apelido
Oliveira.
Em 1936, veio para Lisboa
frequentar o Instituto Superior de
Agronomia (ISA). As classificações
mais altas de disciplinas são: Patologia
Vegetal, 17 v., Química Geral e
Agrícola e Microbiologia, 16v. É bom
a Matemática. Os “calcanhares de
Aquiles” são a Mecânica Racional e
a Hidráulica! Em paralelo participou
em aulas livres de Arquitectura
Paisagística e cursou Culturas e
Indústrias Tropicais, 18 v..
Vejamos alguns aspectos do seu
Relatório de Tirocínio (4 meses)
apresentado para discussão em
Julho de 1943 e dedicado aos Profs.
Carlos Helbling1 (Agricultura Geral)
que o orientou e ao Prof. Luís Góis1
(Tecnologia Agrícola) que o reviu.
Comecemos pelo título: “Os meus
trabalhos na Tapada da Ajuda”. Tem
três capítulos: o primeiro sobre “a
1. Estes professores foram-no também dos
autores deste capítulo de memória. Recordamo-los
com saudade.
conservação de bersim em silagem”, o
segundo trata “a conservação no silo de
misturas de leguminosas e gramíneos
e drenagem respectiva”. Apresentam
centenas de medições analíticas de
campo e laboratório. E fez uma autocrítica pelas “deficiências” encontradas,
afirmando que de “futuro (aquelas)
serão remediadas”, acrescentando
que os ensaios “não foram inúteis”.
Isto revela já duas das suas grandes
qualidades: muito competente mas não
auto-suficiente.
Contudo o que ficou por muitos anos
foi o terceiro capítulo: “Reconhecimento
agrológico da Tapada da Ajuda”,
dedicado ao Prof. Joaquim Botelho
da Costa2, que também o orientou.
Trata-se da primeira Carta de Solos da
Tapada da Ajuda. É uma carta de Séries
e Fases, na escala 1/1000. Descreve
17 Séries (7 de basalto, 8 de calcário
e 2 mistas), cada qual com Fases: das
muito espessas às pedregosas; das
argilosas às francas. Abriu 32 covas
com 1,30/1,50 m de profundidade e
implantou uma quadrícula completa
de 400 sondagens. Refere níveis
e intensidade do enraizamento e a
vegetação espontânea. Iria ser a carta
de solos da Tapada durante cerca de
três dezenas de anos.
O Relatório é classificado com 18
valores e a nota final no Curso de
Engenharia Agronómica foi de 15 v. (Bom).
Meticuloso,
como
sempre
o
conhecemos, pede nesse mesmo dia a
carta de curso.
do Jardim Botânico (…) tendo alguns
deles sido devidamente objectivados”.
Ingressou depois no Serviço Público,
então quase único empregador de
engenheiros agrónomos e silvicultores.
Começou e seguiu pela Junta
Nacional das Frutas (JNF). Mas
com consentimento desta “auxilia” a
Secção de Arboricultura, Horticultura e
Jardinagem do ISA (era uma espécie de
2.º assistente eventual). Após pedido do
ISA à JNF, faz outro estágio profissional
na 6.ª Repartição da Câmara Municipal
de Lisboa (Arborização e Jardinagem),
para praticar jardinagem.
Seguir-se-á também uma colaboração
frequente com a Direcção Geral dos
Serviços Agrícolas.
A actividade profissional vai ser,
sobretudo de natureza tecnológica,
no campo da inovação e transferência
de tecnologia. E vai desenvolver-se
em grande parte da sua vida, no vasto
sector da horticultura herbácea com
particular relevância no tomate de
indústria, tendo contribuído activamente
para o impulso que este subsector
conheceu nas décadas de 60 a 80 e
ainda hoje mantém.
No capítulo 2 disto dará bom
testemunho Martim Stilwell, um dos
seus mais chegados discípulos e
colaborador.
Profissão
O seu importante papel
na APH. A participação na
I.S.H.S. (Sociedade Internacional de Ciências
Hortícolas)
Acabado o curso realiza, um
estágio de Outubro de 1993 a Março
de 1944 na secção de Horticultura,
Arboricultura e Jardinagem do ISA. O
Prof. André Navarro atesta, por escrito
“de sua mão”, que ele demonstrou
“invulgares qualidades de investigador
e de profissional…” apresentando
“numerosas sugestões sobre arranjos
paisagísticos da Tapada da Ajuda e
Falemos da inserção de Weber de Oliveira na APH. Ele foi um dos firmantes de
boa parte dos “documentos fundacionais”
em 1975 e 1976 (“APH 25 anos”, ed.
APH, 2001).
Vamos relembrá-los: acta da
primeira reunião nas Caldas da
Rainha (2. Julho. 1975); convocatória
da Reunião Geral de Tavira (20 e 21.
Maio, idem); convocatória da reunião
2. Iria ser a figura marcante da direcção do ISA até
ao início da década de 60.
Revista da APH N.º 101
17
de sócios e simpatizantes para a sede
da SCAP, depois desta ter dado “luz
verde” (assim se escreveu) à entrada
da “APH (em organização) “como sua
filiada” (7. Julho. 1976). E está entre
os 30 presentes na primeira reunião
formal (acta de 23. Julho. 1976).
Estes documentos fundacionais de
1975/6, quando colectivos, tinham uma
característica curiosa mas que define
uma filosofia ou modo de estar próprios
de ilusões (ainda bem) daquele “tempo”
da Revolução de Abril: os firmantes
assinam por ordem alfabética do
primeiro nome. Assim: Carlos Frazão,
Carlos Portas, Inocêncio Mourato, José
Suspiro, Manuel Figueiredo, Manuel
Palma e Weber de Oliveira.
Ora este é o único de uma geração
bem anterior (tem 56/57 anos) à nossa
(entre os 30 e os 40 anos), assim
acorrendo a juntar-se à iniciativa, sem a
contestar e pelo contrário envolvendo-se
e dando-lhe consistência e uma maior
unidade – o que também diz da sua
formação associativa.
Foi o sócio n.º 11 e como diz o nosso
título, seria depois Vice-Presidente para a
Horticultura durante três mandatos (6 anos).
Mas é também indispensável
relembrar que Weber de Oliveira faz parte
do Council (conselho geral) da Sociedade
Internacional de Ciências Hortícolas
(ISHS)
na
primeira
participação
portuguesa, em 1960/64.
O seu papel na
investigação aplicada
Deve agora referir-se o contributo
de Weber de Oliveira para o projecto
de investigação e desenvolvimento
tecnológico METI (Mecanização da
Cultura do Tomate para Indústria),
criado em 1974 sob a liderança
da Universidade de Évora e com
financiamento parcial proveniente da
então Junta Nacional de Investigação
Científica e Tecnológica (JNICT), em
parceria com várias empresas de
tomate: SUGAL Azambuja (na pessoa
do seu presidente Dr. Luís Ortigão
Costa que foi dos mais assíduos e
entusiastas); COPSOR, Coruche (a
grande cooperativa agrícola do Vale do
Sorraia); CAIA, Campo Maior (grupo C.
Santos); ETA, Alvalade-Sado (Glória
Pereira e família Passanha) e mais tarde
o grupo ACIL-FIT, Pegões e Lisboa
(família Costa Braga). Este projecto
também incluía uma cooperação
estreita da divisão agrícola da H. J.
Heinz em Portugal (Weber de Oliveira
e Martin Stilwell) que geriam o único
programa activo de melhoramento
(transferência de tecnologia) no tomate
de indústria no país.
Os trabalhos científicos e tecnológicos
eram publicados no boletim “Divulgando”.
Chegou a criar-se um protótipo de
colhedora mecânica de tomate (de que
18
Revista da APH N.º 101
se exportaram 5 unidades).
Em boa parte como resultado destes
trabalhos, em 1979 teve lugar em Évora o
I Simpósio Internacional da Produção de
Tomate de Indústria, organizado no âmbito da ISHS.
A Associação Portuguesa de Horticultura (APH) resolve então honrar Weber de Oliveira com o título de Horticólogo de Honra, aproveitando a sessão
de encerramento deste Simpósio.
Esta decisão não deixou de ser alvo
de alguma contestação, tanto mais
que os outros três homenageados tinham: um o nível de Prof. Catedrático
(Estados Unidos da América, Califórnia), outro o mesmo (na Alemanha
Federal, Munique), e o terceiro era,
obviamente, o Professor Investigador
Joaquim Vieira Natividade, a título
póstumo. Para muitos dos sócios um
“horticólogo” era um estudioso ou investigador no domínio da horticultura
e pensavam que tal honra não deveria ser atribuída a alguém que não era
nem professor, nem investigador, nem
Doutor, mas só um excelente tecnólogo
e extensionista de nível superior, com
actividade durante boa parte da sua
vida em serviços afins do Ministério da
Agricultura, depois numa empresa multinacional. Esta era uma visão curta,
para não dizer tacanha. Como se fazer
ciência fosse mais importante para o
progresso económico-social da sociedade que criar as tecnologias para
a sua aplicação. Também aqui a APH
abriu fronteiras...
Weber de Oliveira é depois também
colaborador do programa MET/IBER.
Com efeito o METI alargou-se para
Espanha, passando a METIIBER, em
colaboração com a Escola Superior de
Engenheiros Agrónomos (Universidade
Politécnica de Madrid) e a Junta da
Extremadura (Badajoz). A H. J. Heinz
era muito importante na difusão interna
das novas tecnologias.
Sem o interesse, a capacidade
de comunicação, o sentido crítico e
a assiduidade de Weber de Oliveira,
estes projectos teriam sido de
realização bem mais difícil.
A actividade radiofónica
Após a década de 70 reforma-se da
sua actividade principal e inicia uma
nova etapa do seu percurso: a participação em programas radiofónicos.
Conhecendo-se bem de perto as suas
muitas qualidades, foi convidado pelo
primeiro autor desta resenha biográfica
para colaborador do programa radiofónico “Homem da Terra”, patrocinado
pela empresa Bayer e que decorria diariamente das 6 às 7 da manhã na Rádio
Renascença (R.R.). A este sucedia das
7 às 10 horas um dos programas radiofónicos então de maior audiência no
país: o “Despertar” (deste sendo criador e responsável António Sala). Weber de Oliveira aceitou encarregar-se
do seu consultório técnico. Assim respondeu a milhares de questões postas
por agricultores acerca da utilização de
produtos fitossanitários. Trabalhou com
vários locutores conhecidos entre os
quais José Candeias.
Mais tarde a R.R. convidou-o para
outro programa ao final da tarde e com
destinatários mais urbanos, que se
chamou “Uma flor à janela”. Abordava
a temática das plantas ornamentais e
do seu contributo para o bem-estar e
a melhoria do ambiente. A actividade
radiofónica prolongou-se pois por mais
de uma dezena de anos.
Outros aspectos
da sua dimensão social
Estas múltiplas actividades foram
contemporâneas das profundas transformações que ocorreram em Portugal
e em Espanha durante as décadas de
70 e 80, em Portugal: “primavera marcelista”, “25 de Abril a 25 de Novembro”, consolidação da democracia. Em
Espanha foi a chamada “transição democrática”. As transformações interagiram com o que passava, na vida social,
económica e científica e tecnológica
nesta Europa mais Ocidental.
Ora Weber de Oliveira era um homem
de consciência social bastante profunda
e não o sentimos perturbado quanto da
evolução inevitável que Portugal viveu
nestes períodos (preocupado sim com
algumas vertentes, o que era outra coisa). Foi muito interessante trocar amiúde impressões com ele ao longo destes
anos complicados, complexos e difíceis.
O seu bom senso ajudou a minorar os
efeitos negativos dessa crise – que os
houve – sobre uma actividade aparentemente tão afastada da decisão política
como a produção e indústria do tomate.
Tinha uma boa cultura geral e “sabedoria”. O que o tornava uma pessoa
querida daqueles com quem trabalhava: gestores e administradores, técnicos, seareiros, operários das fábricas,
etc., enfim todos os actores da fileira
que protagoniza.
Devem referir-se outros aspectos da
sua faceta de convívio. Era um assíduo
frequentador dos chamados “Almoços
de Belém”, onde participava com entusiasmo na companhia de vários amigos, alguns ilustres consócios da APH,
como Cláudio Bugalho Semedo, Belo
de Oliveira, Rafael Monjardino, João
Oliveira e Silva, Gonçalo Ribeiro Teles,
Manuel Figueiredo e outros.
Pela singularidade distinguimos uma
outra particularidade no domínio da gastronomia destes almoços: quando se
aproximava o Natal ele presenteava os
comensais com um belíssimo e exclusivo
Bolo-rei!
Weber de Oliveira e a sua sensibilidade artística ficaram bem visíveis
também nos jardins que desenhou. E
tocava música e falava várias línguas
(não era frequente aprendê-las naquele tempo). Era assinante e leitor assíduo do “National Geographic Magazine”, pois teve sempre muito interesse
pela Vida no planeta e pelas questões
ambientais.
Como escreveu a sua filha Margarida, uma dos seus dois filhos e colega
agrónoma do Gabinete de Planeamento
e Políticas do M.A.D.R.P., “partiu mas
não nos deixou a 4 de Junho de 2009”.3
Carlos M. Portas
Sócio n.º 1
e Presidente da APH
(1976/78,1983/85).
Manuel R. Figueiredo
Sócio n.º 6 e
Presidente da APH (1977/1979).
3. Agradece-se a ajuda amiga que a esta resenha deu a sua filha Margarida Oliveira. Também
se agradece aos serviços académicos do Instituto
Superior de Agronomia o auxílio nas pesquisas
de informação relativa a actividade académica de
Weber de Oliveira.
2- WEber de Oliveira:
referência especial ao seu
papel na cultura do tomate para indústria
Em 1960, Weber de Oliveira foi convidado a entrar nos quadros do recém
criado Departamento de Desenvolvimento Agrícola Estrangeiro (Overseas Agricultural Development) da empresa H. J.
Heinz, então como hoje um dos maiores
grupos agro-industriais do sector hortícola com sede nos EUA. O convite foi feito
por John Eccles, Administrador responsável pelos abastecimentos de Matériasprimas do Grupo.
A H. J. Heinz (Europa), na altura,
como hoje grande consumidor de derivados de tomate, encontrava-se com
sérias dificuldades de abastecimento,
dado o rápido crescimento de consumo de conservas alimentares e a sua
dependência quase em exclusivo do
abastecimento vindo do Ontário (Canadá).
No sentido de ultrapassar estas dificuldades a H. J. Heinz efectuou um
aprofundado estudo na área mediterrânea, identificando a área do Ribatejo
em Portugal como a mais bem adaptada à cultura do tomate.
Weber de Oliveira, que teria acompanhado o início do projecto da introdução desta cultura em Portugal como
funcionário da Junta das Frutas, entrou
então no grupo para acompanhar os
primeiros passos da jovem indústria
transformadora do tomate.
Era sua responsabilidade a trans-
ferência dos conhecimentos e tecnologias da cultura extensiva do tomate
para os novos agricultores em Portugal. Daqui resultou um sucesso reconhecido pelos intervenientes e hoje por
vezes esquecido.
Vivemos numa época em que muito
se fala agora na inovação e na introdução de novas tecnologias. Ora aqui
tivemos um homem que no seu tempo
o fez de uma forma discreta, humana e
sem dúvida notável.
A indústria de transformação do
tomate é hoje em Portugal a mais eficiente e produtiva da Europa, com os
agricultores de maior dimensão e produtividade. Weber de Oliveira foi uma
das peças importantes do início deste
processo.
Saía cedo de Lisboa, às vezes muito cedo, porque gostava de voltar a sua
casa todos os dias. Dirigindo-se para o
Ribatejo ou para as zonas de produção
no Alentejo, tinha tempo para explicar as
histórias de cada terra que se passava
e identificar um ou outro pássaro menos
vulgar (trazia sempre uns binóculos).
Algo tímido mas profundamente
amigo dos seus amigos, Weber de Oliveira tinha o dom particular de conseguir transmitir ao pequeno agricultor os
seus profundos conhecimentos da biologia da planta do tomate e conhecia
pelo nome milhares de agricultores. Foi
um grande professor com tudo o que
significa essa palavra.
Martin Stilwell
Vogal da Direcção da APH (1976/79)
Revista da APH N.º 101
19
Títulos Honoríficos
João Manuel Reis de Matos Silva
‘Horticólogo de Honra’
2.º Simpósio Nacional de Fruticultura
António Mexia*
Faz exactamente 24 anos que o
nosso homenageado de hoje foi convidado, em Fevereiro de 1986, para
apoiar a formação da Professora de
Fruticultura da Escola Superior Agrária de Castelo Branco/IPCB, Maria de
Lurdes Santiago Carvalho. O convite
foi autorizado pelo Conselho Directivo do Instituto Superior de Agronomia
(ISA) em Março do mesmo ano e por
ele prontamente aceite.
Mas é igualmente verdade que se
este 2.º Simpósio Nacional de Fruticultura estivesse a decorrer em Faro ou
Évora, o início deste texto laudatório do
homenageado poderia ser igual já que
as respectivas Universidades do Algarve e de Évora fizeram idênticos pedidos ao ISA /UTL, em 1983 e 1985, tendo em vista o seu apoio à formação dos
respectivos docentes de Fruticultura.
20
Revista da APH N.º 101
E tudo isto porque o nosso homenageado de hoje, o Sr. Professor Associado do ISA, João Manuel Reis de Matos
Silva, aposentado, “estava de serviço”.
Era o tempo, nas palavras do Professor Catedrático Carlos Portas, em
parecer sobre o Relatório Curricular
elaborado pelo Professor João Matos
Silva, em 1990, ”… em que este Professor na vertente formação académica, era não só membro mas, mais do
que isso, arguente obrigatório de todas
as provas de concurso académico ou
de investigação que se realizam no
país no domínio das fruteiras lenhosas:
nada menos que 13 participações no
período 1985-1990.”.
Este era, também, o tempo em que,
por morte prematura dos Professores
J. Vieira Natividade e C.R. Marques de
Almeida e reforma do Professor André
Navarro, mais de uma década antes
da Jubilação do Professor Catedrático
Luís Costa e Sousa, seu orientador
científico nacional, em 1981, “… não
existe no país nenhum Professor Catedrático na área das fruteiras lenhosas, onde aliás o Professor Associado
João Manuel Reis de Matos Silva foi,
de 1980 a 1985, o único doutorado…”
conforme o parecer do Professor Carlos Portas, já mencionado.
Não é, pois, de estranhar que tenha
estado nos doutoramentos de António
Monteiro, Rogério de Castro, Luís Carneiro, Alberto Santos, Pedro Correia,
Dalila Espírito Santo, Ana Paula Silva,
António Maria Ramos, este na Universidade de Córdoba, mas também nas
dissertações de Mestrado de Cristina
Oliveira, Maria de Lurdes Santiago de
Carvalho, Nuno Barba, entre outros,
muitos dos quais aqui presentes neste
jantar - homenagem.
De 1989 a 1992 ”… esteve de serviço ao INIA…”, especialmente nas Estações Agronómica Nacional e de Fruticultura Vieira Natividade, mencionando
as provas de Graça Barreiro, Fausto
Leitão, José Serrano, Manuel Dias de
Oliveira, Olímpio Salgueiro Pereira,
Gomes Pereira, Teresa Valdiviesso, alguns dos quais também presentes.
Mas quem é João Manuel Reis de
Matos Silva, o nosso homenageado?
Nasceu em Lisboa, na Lapa, a 9
de Março de 1945, mas a sua identificação regional passou, sobretudo,
pela Quinta da Granja, à saída do
Bombarral para as Caldas da Rainha,
em várzea fértil do Rio Real. Filho de
João Matos Silva, oficial do Exército e
natural de Louriçal do Campo, Castelo
Branco, com família na Soalheira, e de
Maria do Socorro de Jesus Laíns Reis
de Matos Silva, natural de Alenquer, Aldeia Garzuta, foi um dos filhos do meio
de quatro irmãos.
De 1955/56 até 60/61 foi aluno do Colégio Militar, experiência que certamente
deixou marcas e marcos na sua formação, e terminou o ensino Secundário no
Liceu Gil Vicente, em Lisboa, com a classificação de 16 valores, em 1962.
Nesse mesmo ano inscreveu-se no
ISA, tendo concluído o 5.º ano da Licenciatura em Agronomia em Outubro
de 1967, com a média de 14 valores.
Ingressou como estagiário na cadeira de Horticultura e Arboricultura, tendo
terminado o Relatório Final em 1970,
com 18 valores, o qual versou “Ensaios
sobre a cultura e a conservação da
cebola (Allium cepa L.)”, trabalho de
grande extensão, profundidade, rigor
de delineamento experimental, sobre a
cebola Valenciana tardia, e que foi considerado pelo Professor Carlos Portas
como uma excelente dissertação de
Mestrado, quando este grau académico ainda não existia em Portugal.
Neste período colaborou no ensino
da cadeira de Horticultura e Arboricultura, com funções idênticas às que foram mais tarde atribuídas aos monitores. Ingressou no ISA como Assistente
eventual em Janeiro de 1971, passou a
Assistente em Janeiro 1973 e a Professor Auxiliar, após o Doutoramento, em
Julho de 1980. Em Março de 1985, três
dias antes de comemorar 40 anos, foi
promovido a Professor Associado, com
nomeação definitiva em 1992, cargo
que manteve até à sua aposentação,
em Dezembro de 2006.
No seu percurso académico merece realce o estágio que realizou na
Universidade da Califórnia (Davis), de
Janeiro a Abril de 1972, que teve que
interromper por motivo de doença, situação recorrente que muito o atormentou ao longo da carreira e que o leva a
não estar connosco, hoje. Também os
trabalhos que efectuou na Long Ashton
Research Station, Universidade de
Bristol, conducentes ao seu Doutoramento sobre a “Diferenciação floral
e a regularização das produções em
macieira (Golden delicious)” são um
marco no seu currículo. Acresce que os
resultados destes estudos foram publicados em dois artigos em revistas ISI,
acção muitíssimo inovadora atendendo
aos dias de hoje.
Mas o nosso homenageado também ficou conhecido por vicissitudes,
incompreensões e bizarrias. É conhecido o seu desejo de esclarecer qualquer
dúvida que surgisse na classe, mesmo
que para tal tivesse que sair da sala
durante longos minutos e nem sempre encontrava os formandos quando
regressava. Mas não deixa de se lhe
reconhecer a natureza inovadora pois
foi um dos pioneiros a defender o enrelvamento dos pomares, 25 anos antes
da fixação desta prática, recomendada,
no normativo nacional de Produção Integrada de Pomoídeas.
Também os relatórios dos trabalhos
de grupo lhe provocavam dificuldades
de avaliação. No meu caso pessoal há
o episódio das couves em estufa. Em
poucas palavras o caso ficou a dever-se
à inclusão da frase “observamos couves em estufa” em relatório de grupo
relativo a visita de estudo de horticultura à zona de Alcochete, o que foi considerado uma afronta técnica pelo Pro-
fessor João Matos Silva, isto porque a
frase (obviamente pouco cuidada) nem
sequer traduzia qualquer realidade observada. Foi o cabo dos trabalhos para
vencer tamanha impressão negativa. E
o que diria hoje o Professor Matos Silva
se visitasse a estufa da região Oeste
onde um agricultor conhecido produz
nabos em substrato de lã de rocha e fibra de coco, com rega gota-a-gota, ele
que sempre foi inovador?
Procurou, ainda, o Professor João
Matos Silva uma participação activa
na transferência de tecnologia para os
agricultores e as suas organizações,
quantas vezes em parceria com o “sócio”, o “sócio” de nós todos, o saudoso
Eng. Agrónomo Amado da Silva, transferência essa que se às vezes correu
bem outras nem tanto. De igual modo
procurou a difusão de conhecimento
através de revistas de divulgação como
a Sulco, da John Deere, onde colaborou com a Professora Auxiliar do ISA,
Maria Inês de Abrunhosa Mansinho,
albicastrense ilustre, em crónicas onde
procurou expressar os avanços da fruticultura. Recordo particularmente uma
respeitante à cultura de pequenos frutos na aldeia do Alcaide.
Em tempos mais recentes os seus
“hobbies” antigos sobre história, particularmente o período medieval, mas
também as invasões napoleónicas e as
linhas de Torres, o teatro e a equitação,
que tantas alegrias, equimoses e algumas quebras ósseas lhe proporcionou,
ganharam maior expressão.
Afinal, o elogio que o seu orientador
Inglês, o Doutor L. Luckwill, lhe fez em
1979:”…. Mr. Matos Silva was an exceptionally diligent and hard-working
student. Although quiet and reserved
by nature, he nevertheless showed
considerable initiative and was capable
of working for long periods on his own
without reference to his supervisors.
….He made very good use of his time
at Long Ashton and was able to complete a very sound and useful piece of
research …”, é, talvez, o que melhor
define o Professor Associado João
Manuel Reis de Matos Silva.
Saibamos nós preservar, também
com este acto de Horticólogo de Honra da APH, o que o nosso homenageado de bom nos procurou transmitir
enquanto esteve activo na fruticultura
nacional.
*Professor Catedrático ISA/UTL
Revista da APH N.º 101
21
Títulos Honoríficos
Rui Maia de Sousa
‘Técnico Hortícola de honra’
2.º Simpósio Nacional de Fruticultura
Maria da Graça Barreiro
Caros amigos, colegas e participantes, em geral, do 2.º Simpósio Nacional
de Fruticultura,
Ao honroso convite da APH para, em
seu nome, entregar o título de “Técnico Hortícola de Honra” ao Eng.º Rui
Maia de Sousa, só poderia responder
afirmativamente com enorme satisfação e orgulho.
Satisfação pelo reconhecimento público, que iria ser feito, ao Eng.º
Rui Maia de Sousa, pelas relevantes
funções técnicas exercidas, enquanto
técnico do Ministério da Agricultura, no
âmbito da Fruticultura.
Orgulho pelo facto de me ser possível falar de um colega e amigo, pertencente como eu, ao INRB e com quem
sempre pudemos alinhar em equipas
pluridisciplinares.
Esta homenagem é, no entanto, um
pouco invulgar…
Sim, invulgar porque no nosso país
é normal homenagear individualidades
com certa longevidade e frequentemente, em circunstâncias póstumas,
mas já não poderemos dizer que é habitual, ou mesmo fácil, reconhecer as
competências de alguém que esteja
em plena actividade profissional, na
designada fase da “força da vida”.
Mas hoje, felizmente, o invulgar tornou-se realidade e por isso, repetindo
as palavras com que iniciei esta intervenção, é com muito alegria e orgulho
que vos quero falar do colega e amigo:
Rui Maia de Sousa
A sua formação
académica…
- Efectuou o estágio final de Curso
de Engenharia Agrícola, no Departamento de Pomoídeas e Prunóideas da
Estação Nacional de Fruticultura Vieira
Natividade (ENFVN). O trabalho realizado “Contribuição para o estudo da
Figueira” teve a orientação do Investigador João Tomaz Ferreira.
- Formou-se em Engenharia Agrícola, pela Universidade de Évora em
1988, tornou-se especialista em Fruticultura, pela Universidade Técnica de
Lisboa (Instituto Superior de Agronomia), em 2005 e adquiriu, em 2007, o
grau de Mestre em Agricultura e Horticultura Sustentáveis, pela Universidade Técnica de Lisboa (Instituto Superior de Agronomia).
O seu percurso
profissional…
- No âmbito da sua carreira profissional, exercida na ex-Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade,
do INRB foi, durante seis anos, Responsável pelo Centro de Formação
Profissional em Fruticultura e Chefe
de Divisão de Formação Profissional
Pós-Graduada. Exerceu, até 2008, as
funções de Subdirector da Estação Nacional de Fruticultura Vieira Natividade e
é actualmente Coordenador do Centro de
Actividades da Fruticultura do INRB.
- Entre 2001 e 2008, em representação do INIA / INIAP, fez parte da Direcção do Centro Operativo e Tecnológico
Hortofrutícola Nacional (COTHN).
O Técnico…
O Rui de Sousa pertence ao conjunto de técnicos do Ministério da Agricultura que na sua actividade profissional luta, constantemente, para não
se deixar submergir pelas dificuldades
do quotidiano, ele procura incessantemente financiamento que assegure
o funcionamento dos Serviços e a manutenção dos pomares experimentais
através de Programas de Experimentação e Desenvolvimento Experimental, assegura eficazmente a interface
22
Revista da APH N.º 101
técnico-científica com a aplicação prática, a nível dos fruticultores e empresas e
acima de tudo não exerce a sua actividade “apoiado” num conhecimento obsoleto mas antes na modernidade da C&T.
Para a sua valorização profissional,
tenta aprofundar e actualizar o conhecimento técnico e científico, realizando
visitas técnicas ao estrangeiro, designadamente à Turquia, Itália, França, Espanha, Chile, Nova Zelândia e Brasil onde
procura recolher o máximo de informação
possível trazendo para o nosso meio as
últimas novidades técnicas da fruticultura.
De igual modo, está sempre aberto à participação em projectos de Investigação e
Desenvolvimento colaborando e apoiando as equipas.
Nos últimos anos participou em variadíssimos projectos de I&D nacionais
(FCT; PIDDAC; PAMAF e AGRO) e
comunitários na área da Fruticultura,
tendo sido, em alguns deles, o responsável científico.
A sua vasta área de intervenção técnica distribui-se pelas seguintes temáticas: selecção clonal e melhoramento
genético da nogueira, intensificação
cultural das prunóideas, selecção e
propagação intensiva de fruteiras, produção integrada de pomóideas e prunóideas, adaptação de porta-enxertos
e cultivares de amendoeiras e de nogueiras, adaptação de cultivares de figueiras, condução em formas baixas de
figueiras, adaptação de porta-enxertos
de pereira, selecção clonal de pereira
‘Rocha’, eleição de cultivares polinizadoras para a pereira ‘Rocha’, adaptação de porta-enxertos e de cultivares de
macieira, incisões anelares em pereiras
‘Rocha’, fertilização e rega de fruteiras,
prospecção e conservação em campo
de cultivares regionais de figueiras, pereiras, macieiras, nespereiras, romanzeiras, ginjeiras e marmeleiros.
- Em 2004, foi-lhe atribuído, pela
Associação Nacional de Produtores de
Pêra Rocha, o Prémio de Reconhecimento, como distinção pela actividade
desenvolvida no sector.
Contributos para
a divulgação do
conhecimento…
Participou como formador em inúmeras acções de formação para técnicos e agricultores, apresentou elevado
número de comunicações orais em
congressos, jornadas, colóquios, seminários e conferências e orientou diversos estágios curriculares.
Lecciona sobre a cultura da figueira
para alunos de licenciatura e de mestrado em várias Universidades e Escolas tais como: Universidade do Algarve,
Universidade de Trás-os-Montes e Alto
Douro, Instituto Superior de Agronomia,
Escola Superior Agrária de Santarém e
Escola Superior Agrária de Beja.
É autor ou co-autor de um vasto número de artigos técnicos e científicos
publicados em livros, jornais técnicos,
revistas e actas, destacando-se obras
sobre o cultivo da pêra ‘Rocha’ e as incisões anelares, a cultura da ameixeira, tecnologias de Produção Integrada
– Pomóideas e Prunóideas, viveiros na
fruticultura sustentada, polinização e
variedades polinizadoras, condução de
figueiras e a poda de pomóideas.
finalmente o
colega e amigo…
Não poderia terminar esta intervenção sem abordar a faceta humana do
Rui de Sousa, na perspectiva do colega e amigo.
A Fisiologia da Pós-colheita, área de
trabalho onde me incluo, terá sempre
de integrar os factores condicionantes
da pré-colheita, nomeadamente os referentes ao material vegetal, os aspectos edafoclimáticos e as práticas culturais. Só assim, de um modo integrado,
poderemos caminhar decisivamente
para o fornecimento ao consumidor de
frutos com elevados padrões de qualidade nutricional e sensorial, salvaguardando a protecção ambiental.
Assim, de um modo sinérgico temos
pautado as nossas actividades.
Anualmente, quando recebemos estagiários do Programa “Ciência Viva” lá
estou eu a pedir ao Rui que nos receba
e encante com as suas interessantes
lições de fruticultura.
O Rui de Sousa é uma Referência
no quadro da Fruticultura Nacional. O
país precisa dele...
Obrigada, Rui
O Eng.º Rui de Sousa homenageado com o título “Técnico Hortícola de Honra” e o
Vice-Presidente da APH para a Fruticultura, Prof. Raúl Rodrigues.
Revista da APH N.º 101
23
Títulos Honoríficos
Vitor Manuel Bandeira Araújo
‘Horticultor de Honra’
2.º Simpósio Nacional de Fruticultura
Raúl Rodrigues
Vitor Manuel Bandeira Araújo é uma
referência no âmbito da kiwicultura nacional, gerindo actualmente um pequeno império ligado ao sector, que vai
desde o apoio técnico, à produção, conservação e comercialização de kiwis.
Tudo começou no início da década
de oitenta, quando seu pai António João
Araújo decidiu implantar um pequeno pomar com dois hectares no concelho de
Felgueiras. Esta decisão deu início à reestruturação da sua exploração, que se
traduziria, a curto prazo, no abandono em
definitivo da viticultura e do sector leiteiro,
em favor da produção de kiwis. Assim,
onde outrora cresciam vinhas e campos
de milho e pastagens, hoje prosperam excelentes pomares de actinídias, cujo destino é essencialmente o mercado externo.
Nessa altura, Vitor Araújo era um adolescente de tenra idade que cresceu juntamente com os actinidiais de seu pai. Pode
mesmo dizer-se que a fase juvenil dos
pomares acompanhou a sua juventude.
Terminado o ensino básico, Vitor Araújo
rumou a Santo Tirso, durante a segunda
24
Revista da APH N.º 101
metade da década de oitenta, onde, na
Escola Profissional Agrícola Conde de
São Bento, tirou o curso de Técnico Profissional – Ramo Agropecuária. De acordo
com o depoimento dos seus antigos professores, a sua passagem por esta instituição foi vivida intensamente, sem que,
no entanto, o seu aproveitamento escolar
deixasse de ser uma referência para a
grande maioria dos seus colegas.
Terminado o curso, Vitor Araújo voltou às origens e instalou-se como jovem
agricultor, recorrendo para tal, aos fundos
comunitários para a instalação de 45 ha
de actinidias, “um absurdo” para a época,
tendo causado muita apreensão e muitas
dúvidas às entidades oficiais. Nessa altura tivemos oportunidade de lhe perguntar
o porquê de não tirar um curso superior
e a resposta foi clara e evidente: “já me
chega, quero é produzir kiwis!”.
A ambição está-lhe no sangue, a visão
empresarial da agricultura, transmitida
pelo pai, a par do espírito empreendedor
que lhe são característicos, fê-lo ver mais
além. Vitor Araújo sentia necessidade de
saber mais e cada vez mais. A falta de
experimentação e de investigação em
Portugal, não se coadunava com o investimento que fez. Estes motivos levaramno a Itália, o maior produtor mundial de
kiwis, em busca de ‘know-how’, onde travou conhecimento com Marco Bovo, hoje
seu sócio na empresa M. Bovo & Araújo,
vocacionada para a venda de materiais e
assistência técnica a actinidiais, tendo introduzido técnicas inovadoras em Portugal. Para além desta, Vitor Araújo possui
mais quatro empresas: a ‘Kiwi Greensun’
vocacionada para a conservação e comercialização de kiwis e ‘Kiwi-Península’,
‘Pró-Kiwi’ e ‘Rui & Ari’, vocacionadas para
a produção. Toda a comercialização é feita a partir da ‘Kiwi Greensun’, o rosto da
presença no mercado.
Um dos sucessos deste empresário
agrícola reside na automatização dos
serviços e na estrutura leve das suas
empresas, contando presentemente
com dois administrativos, um técnico e
oito operários no entreposto, para além
de 40 trabalhadores de campo. Todo
o investimento em infra-estruturas de
conservação e normalização tem sido
de forma faseada. No ano da sua constituição, em 2003, a ‘Kiwi Greensun’
possuía uma capacidade de frio para
1800 t, tendo comercializado apenas
1200 t, traduzindo-se numa facturação
anual de 750.000€. Actualmente, Vitor
Araújo possui uma área de 160 ha de
actinídias distribuída pelos concelhos
de Felgueiras, Guimarães, Braga, Póvoa de Lanhoso e Amares, grande parte deles ainda em início de produção.
As instalações da ‘Kiwi Greensun’
são modernas, fruto de um investimento de 4,5 milhões de euros, realizado
nos últimos três anos. A central tem
4 mil toneladas de capacidade de armazenamento em frio, com câmaras refrigeradas por água glicolada,
remoção do etileno e ozonificação.
A ‘Kiwi Greensun’ está certificada pelas
normas portuguesas ISO 22000 e espanhola 155/2008.
No ano de 2009, a produção foi de
2200 t e o volume de vendas da ordem
dos 2,5 milhões de euros. O destino da
produção é, essencialmente, o mercado
externo, sendo apenas 20% da produção comercializada em território nacional. A estratégia da empresa é conquistar
nichos de mercado de valor acrescentado, ou seja, cadeias retalhistas que procurem produtos de qualidade.
Questionado sobre o futuro, Vítor
Araújo, no estilo que lhe é bem característico, respondeu que enquanto o
mercado permitir, não tenciona parar de
investir em novas plantações nem na modernização das instalações. Assim e para
O Senhor Vitor Araújo homenageado com o título ‘Horticultor de Honra’, ladeado pelo Director Regional de Agricultura
e Pescas do Centro, Eng.º Rui Moreira e pelo Vice- Presidente da APH para a Fruticultura, Prof. Raúl Rodrigues.
2015, prevê aumentar a capacidade de
frio para 6800 t, de forma a dar resposta
à produção média anual de 5000 t previstas para esse ano.
Para além da produção própria,
Vitor Araújo estabelece ainda contratos de
produção com kiwicultores de dimensão
considerável, representando esta modalidade cerca de 20% do volume de vendas
anuais. Por outro lado, também possui
contratos com empresas galegas, para a
conservação e normalização de kiwis.
No que respeita às cultivares produzidas, e tal como um pouco em todo
o mundo, a “velhinha” Hayward continua a ser a mais importante. No entanto, o seu carácter empreendedor
levou-o mais longe. Hoje, Vítor Araújo é
o produtor exclusivo na Península Ibérica da cultivar precoce de origem italiana
‘Earligreen®’, o que lhe permite estar no mercado com produção logo a
partir do mês de Setembro. A partir do
corrente ano, passou também a deter os mesmos direitos, para a cultivar
‘Tsechelidis®’ de origem grega, uma novidade no mercado, tanto pelo calibre médio (170 g/fruto) como pelo facto de ter
autofertilidade parcial comprovada.
Vitor Araújo é um exemplo a seguir
no sector da fruticultura nacional. Para
ele, agricultura jamais será a arte
de empobrecer alegremente, mas a
arte de produzir riqueza para o país.
A prova é que ele paga IRC, não sabemos quanto, apenas sabemos que
paga, e muito…
A visão empresarial da fruticultura,
associada ao seu espírito empreendedor e inovador e ao prestígio granjeado no mercado internacional, fizeram
deste jovem empresário agrícola um
case study de sucesso, motivo de orgulho para a fruticultura nacional e para a
APH em particular. A atribuição do título de “Horticultor de Honra” ao Sr. Vitor
Manuel Bandeira Araújo foi a forma que
a APH encontrou de reconhecer todo o
contributo prestado ao desenvolvimento da fileira da fruticultura Nacional.
Assim, em nome da Direcção da
APH, o nosso muito obrigado pela sua
presença nesta justa homenagem, e
fazemos votos para que este seu sucesso continue para sempre.
Parabéns e Muito obrigado.
Revista da APH N.º 101
25
Conservação pós-colheita
a pêra Passa de Viseu:
produto regional a certificar
Raquel Guiné
O trabalho aqui apresentado teve por objectivo fazer o levantamento dos principais elementos sobre a pêra de São Bartolomeu e respectivo fruto secado, com a finalidade de se avaliar o
interesse dos intervenientes do sector, a fim de se avançar para a
protecção da pêra de São Bartolomeu como produto tradicional
(DOP – Denominação de Origem Protegida).
26 Revista da APH N.º 101
1. Introdução
A Pêra Passa de Viseu é um produto
tradicional, genuinamente português,
tendo as suas raízes na Beira Alta.
Produzido segundo hábitos ancestrais,
potencia os recursos humanos existentes, gerando postos de trabalho,
contribuindo para a subsistência de
inúmeras famílias que vêem na Pêra
Passa de Viseu uma importante fonte
de rendimento, melhorando a qualidade de vida das populações e fixando-as
no interior do país.
A União Europeia concede uma
protecção especial aos produtores de
especialidades regionais, que está regulamentada (www1). A legislação de
enquadramento pode ser consultada
em http://www.gppaa.min-agricultura.
pt/Valor/DOP_IGP_ETG.html.
O regime possibilita aos produtores
registarem-se num sistema comunitário
de protecção obrigatória de determinados produtos agrícolas e géneros alimentícios com denominação de origem.
Assim, os elementos diferenciadores e
identificadores assumem uma importância acrescida, quer para os produtores
quer para os consumidores, para quem
é importante poder dispor de produtos
reconhecidamente tradicionais, com características de qualidade, reportadas
quer à região de onde são originários,
quer aos modos de produção.
Pretende-se com este trabalho dar
um contributo para a obtenção da certificação da pêra de São Bartolomeu
com a designação de Pêra Passa de
Viseu, enquanto DOP (Denominação
de Origem Protegida), o que seria uma
extraordinária mais-valia para a região
e populações que trabalham dia a dia
no sector primário.
Com a obtenção desta certificação poder-se-ão verificar as seguintes
mais-valias:
• Incentivo da produção agrícola diversificada;
• Protecção do nome contra imitações e utilizações indevidas;
• Estratégias de promoção deste
produto tradicional em nome da região;
• Melhoramento do rendimento dos
agricultores;
• Fixação da população rural;
• Ajuda aos consumidores, fornecendo-lhes informações relativas às características específicas dos produtos.
2. Caracterização da
Pêra Passa de Viseu
e do seu sistema de
produção
A Pêra Passa de Viseu é assim designada pelo facto de ter sido em tempos a cidade de Viseu o principal local
de comercialização (Castilho, 1932), o
que acontecia, principalmente, na feira franca de Viseu, realizada todos os
anos em Setembro, desde 1392, nesta
cidade Beirã.
Em estudos anteriormente realizados com a pêra de S. Bartolomeu foram
identificados diversos compostos fenólicos (Ferreira et al., 2002) e quantificado
um teor relativamente elevado de fibra
dietética (Barroca et al., 2006), sendo
estes compostos de reconhecida importância actualmente no que respeita à
prevenção de certas doenças.
A área geográfica de produção
abrange os concelhos de Oliveira do
Hospital, considerado o Solar da Pêra
Passa, Seia e algumas freguesias
dos concelhos de Mangualde, Nelas,
Gouveia, Santa Comba Dão e Tábua.
A região onde se enquadra a área de
produção apresenta condições edafoclimáticas que se caracterizam por
um clima temperado, invernos frios e
chuvosos e verões muito quentes e secos. No verão as temperaturas podem
atingir os 30 ºC e a pluviosidade normalmente é escassa, mas os solos têm
bastante disponibilidade de água.
A pereira de São Bartolomeu é assim designada pelo facto dos seus frutos amadurecerem por volta do dia de
São Bartolomeu (24 de Agosto), sendo
também conhecida por Rouval, Ruival
ou Vermelha, devido aos tons rosados
que caracterizam os seus frutos (fig.
1), ou ainda como Carvalhal, devido
ao grande porte destas árvores que faz
lembrar o Carvalho (Castilho, 1932).
A polpa é amarela, seca e doce,
um pouco adstringente, apresentado
um grau de firmeza que lhe confere as
qualidades necessárias ao processo
de secagem. As árvores desta variedade encontram-se na maioria dos casos
dispersas, no meio ou na bordadura
dos campos de cultivo.
A árvore é, normalmente, enxertada em franco, sendo por vezes também enxertada em catapereiro (Pirus
communis),
pilriteiro
(Crataegus
oxiacantha) ou marmeleiro (Cydonia
Figura 1 - Peras da variedade S. Bartolomeu.
Figura 2 - Colheita das peras por varejamento.
oblonga). É uma árvore bastante rústica que se adapta bem a qualquer tipo
de terreno, desde que não seja excessivamente seco, sendo ainda bastante
resistente à geada. Contudo, apresenta como fragilidade a susceptibilidade
ao pedrado, responsável por uma quebra importante na produção.
A Pêra Passa de Viseu é produzida
a partir de peras da variedade de São
Bartolomeu, seguindo o método de
secagem tradicional ao Sol, que compreende as seguintes etapas: colheita,
descasque, primeira secagem, embar-
relamento, espalma, segunda secagem
(Castilho, 1932; Fragata, 1994).
As peras são colhidas manualmente, fruto a fruto ou, alternativamente,
por vibração das pernadas, efectuada
directamente pelo operador ou por acção de uma vara, operação essa designada por varejamento (fig. 2). Após a
colheita a pêra é descascada manualmente com recurso a facas.
As peras descascadas são colocadas em eiras de granito, tabuleiros
móveis ou, mais frequentemente, passeiras constituídas por uma cama de
Revista da APH N.º 101
27
caruma de pinheiro ou palha de centeio, onde ficam entre 4 a 6 dias, expostas ao sol, voltando-se uma vez,
quando muito (fig. 3).
O local onde são colocadas as passeiras deve ser arejado e com boa exposição solar, de forma a favorecer a
incidência dos raios solares, permitindo
assim atingir elevadas temperaturas.
Após a primeira secagem, as peras
são retiradas das passeiras, à hora de
maior calor, a fim de serem abafadas
dentro de cabazes ou cestos. Estes
são cobertos com mantas e guardados
à sombra cerca de dois dias (embarrelamento), de forma que a humidade e o
calor acumulados facilitem a operação
seguinte, a espalma.
Depois de retiradas dos cestos, as
peras são espalmadas por achatamento com um instrumento de fabrico artesanal, a espalmadeira. Esta é formada
por duas peças de madeira articuladas
por um pedaço de couro ou dobradiça
(fig. 4). Estas duas peças comprimem
um fruto de cada vez de modo a dar
a forma achatada tão característica do
fruto secado, comparável a um pequeno presunto. Como alternativa, pode
realizar-se a espalma por compressão
de duas pedras lisas.
Os frutos depois de espalmados estendem-se novamente em eiras, desta
vez sobre lençóis brancos, onde permanecem ao sol por um período que
varia ente 2 a 4 dias (fig. 5).
Em alternativa, surge o método de
secagem em estufa solar com extracção de ar que foi utilizado à escala piloto na Escola Superior Agrária de Viseu
(Barroca et al., 2006; Guiné et al., 2001;
Guiné et al., 2007). Após o descasque
as peras são colocadas inteiras sobre
passeiras no interior da estufa solar. A
secagem decorre globalmente durante 4
a 5 dias, dependendo das condições climatéricas. Para promover a renovação
do ar no interior da estufa existem duas
janelas de tecto (com uma rede mosquiteira para evitar a entrada de insectos) e
um ventilador para extracção do ar.
No projecto PTDC/AGR-ALI/74587/2006
financiado pela FCT e liderado pela Escola
Superior Agrária de Viseu, actualmente em
curso, equaciona-se se será conveniente
manter a espalma no final da primeira secagem ou no final do processo. Quanto à
operação de embarrelamento, esta passa
agora a não ser necessária porque se chegou à conclusão que as peras têm elasticidade suficiente para que a espalma ocorra
sem ruptura. A elasticidade deve-se mais
propriamente a uma modificação na estrutura e composição dos polissacarídeos das
paredes celulares do que propriamente à
28
Revista da APH N.º 101
humidade que se gera durante a operação
do embarrelamento (Ferreira, 2003).
Os critérios de avaliação do fruto
secado são: coloração uniforme, em
tom tijolo ou colorau; pedúnculo com
cerca de 1 cm; flexibilidade da polpa.
Quanto ao acondicionamento, a Pêra
Passa de Viseu é um produto bastante
sensível à humidade, rehidratando-se
com alguma facilidade, pelo que o seu
armazenamento e transporte deverão
ser feitos em embalagens apropriadas,
de forma a garantir os teores de humidade baixos, fundamentais para a sua
preservação (Barroca et al., 2006).
A Pêra Passa de Viseu é um produto regional que reúne características
organolépticas ímpares, o que a torna
um produto agro-alimentar tradicional
bastante apreciado pelo consumidor.
3. Menções
obrigatórias
na rotulagem
As menções na rotulagem tornamse obrigatórias após o pedido de protecção enquanto DOP. Na rotulagem
da “Pêra Passa de Viseu” deverão
constar obrigatoriamente as seguintes
menções:
• Nome do produto;
• Nome do produtor;
• Marca de certificação ou conformidade que consigne os seguintes elementos: nome do Organismo Privado
de Controlo e Certificação (OPC) que
garante a rastreabilidade do produto;
• Logótipo da DOP “Pêra Passa de
Viseu” criado pelo agrupamento de
produtores;
• Símbolo e/ou menção comunitária
de “Denominação de Origem Protegida”, a partir do momento em que a decisão comunitária seja proferida.
Mais, não é permitido que o nome
ou denominação social e morada do
produtor sejam substituídos pelo nome
de qualquer outra entidade ainda que
se responsabilize pelo produto ou comercialização; e a denominação de
venda Pêra Passa de Viseu não pode
ser acrescida de outra indicação ou
menção, nomeadamente marcas de
outros distribuidores ou outras.
4. Procedimento
de certificação
O processo de certificação de um
produto divide-se em duas fases:
a) Procedimento nacional de registo;
b) Procedimento comunitário de registo.
a) Procedimento nacional de registo
O pedido de registo ou de protecção é efectuado por um agrupamento
de produtores, que pode ser uma pessoa singular ou colectiva. Esse pedido
deve ser dirigido ao Gabinete de Planeamento e Políticas (GPP), acompanhado dos seguintes documentos:
• Estatuto do agrupamento de produtores;
• Indigitação de um Organismo Privado de Controlo e Certificação (OPC);
• Carta do OPC, aceitando a indigitação e remetendo, no mínimo, o Manual
da Qualidade, o Manual de Procedimentos e o Plano de Controlo;
• Caderno de especificações para o
nome cuja protecção é solicitada e no
qual devem constar:
•Nome do produto, incluindo a Denominação de Origem Protegida
(DOP), Indicação Geográfica Protegida (IGP) e Especialidade Geográfica Garantida (ETG);
•Descrição do produto, incluindo
as matérias-primas, as principais
características físicas, químicas,
microbiológicas ou ainda organolépticas;
•Delimitação da área geográfica;
•Prova de Origem: os elementos
que provam que o produto agrícola
é originário da área geográfica delimitada;
•Método de obtenção: descrever o
método como foi obtido o produto,
e se necessário, os métodos locais,
leais e constantes, bem como os
elementos referentes ao seu acondicionamento;
•Ligação com a origem geográfica:
elementos que justificam as relações entre o produto e suas origens;
•Estrutura de controlo: nome e endereço das autoridades ou organismo que verificam a observância das
disposições do caderno de especificação e as suas missões específicas;
•Regras de rotulagem do produto;
•Normas ou legislação: as eventuais exigências fixadas por disposições comunitárias ou nacionais.
O Gabinete de Políticas e Planeamento notifica, no prazo de cinco dias úteis, a
recepção do processo, e inicia-se o estu-
Figura 3 - Primeira secagem das peras em passeiras ao sol.
Figura 4 - Espalma das peras feita com a espalmadeira.
Figura 5 - Segunda secagem das peras ao sol, em cima de lençóis, depois de espalmadas.
do do mesmo. Num período entre 6 a 9
meses, o GPP pode solicitar elementos
adicionais ao agrupamento e pode iniciar as diligências necessárias para verificar todos os elementos do caderno
de especificações;
Quando o GPP entende que o processo possui os requisitos necessários, determina a entrada do processo
na fase de consulta pública, em que
será publicado um aviso no Diário da
República e os projectos do caderno
de especificações são remetidos para
a Direcção Regional de Agricultura
(DRA).
No prazo de 1 mês a contar da data
de publicação, podem ser efectuadas
oposições à protecção solicitada. A
oposição deve ser devidamente fundamentada, e deve ser entregue ao GPP
ou ao agrupamento dos produtores.
Caso haja oposição, o GPP inicia um
processo de análise às mesmas, que
decorre num prazo que varia entre 3
a 6 meses, devendo verificar se essas
oposições tem fundamento e tentar solucionar as questões que foram levantadas pelos eventuais opositores. O
pedido de reconhecimento é transcrito
e o despacho de reconhecimento é publicado no Diário da República.
O GPP verifica se o OPC aceita a
indicação e se tem condições para ser
reconhecido para este caso específico
(demonstração do cumprimento da NP
45011) e meios humanos e materiais
adequados ao produto em causa. Depois desta verificação, é publicado o
aviso de reconhecimento, acompanhado de modelo e marca de certificação.
b) Procedimento
comunitário de registo
O dossier completo é transmitido à
Comissão Europeia e são publicados no
site da Comunidade Europeia o nome e
a data de recepção do processo. É estudado o dossier de forma a deliberar a
sua publicação no Jornal Oficial da União
Europeia (JOUE) depois de traduzido em
todas as línguas comunitárias. Os Estados membros beneficiam de um período
para efectuarem oposições sobre determinadas matérias.
As oposições existentes são analisadas pela comissão e caso se encontre uma solução sem alterações
ao processo transmitido pelo Estado
Membro, num prazo de três meses, o
nome é escrito no registo comunitário
das Indicações Geográficas, Denominação de Origem ou Especialidade
Tradicional Garantida. Caso contrário,
inicia-se o processo de apresentação
Revista da APH N.º 101
29
do dossier completo à Comunidade
Europeia (CE).
A inscrição no registo europeu é
efectuada através da publicação de
regulamento da comissão n.º 509/2006
e n.º 510/2006, especificando o nome
protegido e a categoria de produto a
que corresponde.
A partir deste momento, os produtores
podem usar a menção DOP, IGP ou ETG
ou os respectivos símbolos comunitários.
5. Entidade
promotora
e gestora
A FELBA, Promoção das Frutas e
Legumes da Beira Alta, A.C.E., será a
entidade promotora e gestora da Pêra
Passa de Viseu. Este agrupamento de
empresas da região da Beira Alta iniciou
a actividade em 23 de Outubro de 2003
e tem como missão promover e gerir
produtos hortofrutícolas, definindo e implementando regras na produção, conservação e comercialização de acordo
com os mais elevados padrões de qualidade e exigências do consumidor.
BIBLIOGRAFIA
Barroca MJMC, Guiné RPF, Pinto A, Gonçalves F,
Ferreira DMS. 2006. Chemical and microbiological
characterization of Portuguese varieties of pears.
Food and Bioproducts Processing, 84: 109-113.
Castilho A. 1932. A Pêra passa de Vizeu. Direcção Geral
dos Serviços Agrícolas, Bol.Est.Agr.Central, série A,
Agosto.
Ferreira DMS. 2003. Estudo das transformações
bioquímicas e químicas da pêra de S. Bartolomeu
durante o processo de secagem – recurso endógeno
da região de Viseu. Tese de doutoramento,
Universidade de Aveiro, Aveiro, Portugal.
Ferreira D, Guyot S, Marnet N, Delgadillo I, Renard
CMGC, Coimbra MA. 2002. Composition of phenolic
compounds in a Portuguese pear (Pyrus communis
L. var. S. Bartolomeu) and changes after sun-drying.
Journal of Agricultural and Food Chemistry, 50: 45374544.
Fragata A. 1994. A Pêra passa de Viseu: um fruto a
renascer? Semente.
Guiné R, Barroca M, Gonçalves F, Ferreira D. 2001.
Produção de Pêra Passa. Modernização de Técnicas
e Diversificação de Variedades. ESAV (Ed.), Viseu,
Portugal.
Guiné RPF, Ferreira DMS, Barroca MJ, Gonçalves FM.
2007. Study of the Solar Drying of Pears. International
Journal of Fruit Science, 7: 101-118.
http://www.gppaa.min-agricultura.pt/Valor/DOP_IGP_ETG.html
AUTOR
Raquel Guiné
[email protected]
Professora Adjunta da Escola Superior
Agrária de Viseu
Especialidade: Engenharia Industrial
e Alimentar
30
Revista da APH N.º 101
Agradecimentos:
Ao Projecto PTDC/AGR-ALI/74587/2006
financiado pela FCT, e liderado pela Escola Superior Agrária de Viseu.
À FELBA, Promoção das Frutas e Legumes da Beira Alta, A.C.E.
Olivicultura
Fertilização e protecção
fitossanitária no controlo
de anomalias florais nas
cultivares de oliveira
Santulhana e Conserva de Elvas
M. Encarnação Marcelo, Clara Medeira, Isabel Maia,
M. Teresa Carvalho & João Lopes
A oliveira possui uma grande facilidade de adaptação a condições muito diversas de solo e clima. Porém, a obtenção de boas produções exige condições edafoclimáticas favoráveis, bem como a utilização de técnicas culturais racionais, nomeadamente a protecção
fitossanitária e a fertilização. A existência de pragas, de doenças e
de desequilíbrios nutritivos nas árvores compromete o seu normal
desenvolvimento, com implicações negativas na actividade vegetativa, na floração e no desenvolvimento do fruto.
Introdução
A floração e a frutificação são processos muito complexos que resultam
da conjugação de diversos factores,
exercendo os de ordem nutricional
uma influência decisiva. Vários estudos indicam que um adequado estado
de nutrição azotada das oliveiras pode
aumentar o número de inflorescências,
de flores perfeitas (fig. 1) e o vingamento bem como diminuir o aborto do
ovário (Cimato et al., 1990; Jasrotia
et al., 1999; Rosa, 2003; FernándezEscobar, et al., 2006). Também outros
nutrientes, como o potássio e o boro,
interferem directamente na diferenciação dos gomos florais e na floração
da oliveira, nomeadamente no crescimento do tubo polínico e na germinação dos grãos de pólen e, ainda, no
vingamento (González et al., 1976;
Perica et al., 2001; Chatzissavvidis et
al., 2005). Todavia, para que haja um
desenvolvimento equilibrado das árvores é necessário garantir que se encontrem num adequado estado nutricional,
razão pela qual este deve ser avaliado,
assim como o estado de fertilidade do
solo, tendo presente as características
de cada olival. Com esta informação é
possível evitar fertilizações desajustadas que terão consequências nefastas
nas produções e no meio ambiente. De
igual modo, o não controlo de pragas e
doenças poderá afectar negativamente
todo o processo reprodutivo.
No presente trabalho foi avaliado o
efeito da fertilização racional e de tratamentos fitossanitários na redução de
anomalias florais das cultivares Santulhana e Conserva de Elvas.
Amostras e
análises efectuadas
O olival da cv. Santulhana foi plantado em 1990 na região de Mirandela
com uma densidade de 204 árvores
por hectare. O olival da cv. Conserva
de Elvas localiza-se na zona de Elvas,
tem uma densidade de 503 árvores por
hectare e foi enxertado em 1979 na cv.
Galega Vulgar.
Em ambos os olivais foram marcados talhões experimentais constituídos
por quatro árvores úteis cada. Consideraram-se os seguintes tratamentos
experimentais: T1 – ausência de tratamentos fitossanitários e de fertilização
Revista da APH N.º 101
31
Figura 1 - Flor seccionada observada em microscopia electrónica de varrimento
(e-estigma; a-antera; ov- ovário; b-bráctea).
Figura 2 - As lesões florais observadas à lupa.
cv. Conserva de Elvas
Anomalias florais (%)
100
96,6
88,0
81,2
80
64,7
60
52,1
53,1
49,3
40
32,9
20
0
2004
2005
cv. Fert
Santulhana
Test
Trat fito
Fert+Trat fito
Anomalias florais (%)
100
80
84,4
76,1
68,8
60
40
41,7
39,7
46,7
46,0
33,3
20
0
2004
Test
2005
Fert
Trat fito
Fert+Trat fito
Figura 3 - Valores médios das anomalias florais (%) obtidos na cv. Santulhana
e na cv. Conserva de Elvas.
32
Revista da APH N.º 101
(testemunha); T2 – apenas fertilização;
T3 – apenas tratamentos fitossanitários;
T4 – fertilização e tratamentos fitossanitários. Estas práticas culturais tiveram
início em 2003 e decorreram até 2005.
Para avaliar o estado nutritivo das
árvores dos diferentes talhões experimentais e para preconizar a fertilização
mais adequada, realizou-se a colheita
de folhas durante o período de repouso
invernal anterior à floração considerada, bem como no período de endurecimento do caroço. As amostragens
incidiram sobre folhas completamente
desenvolvidas do terço médio de raminhos da Primavera anterior.
A fertilização realizada foi, ainda,
baseada nos resultados analíticos das
terras colhidas em todas as parcelas
no início do estudo. O solo do olival
da cv. Santulhana apresenta texturas
areno-franca e franco-arenosa, é muito pobre em matéria orgânica, tem
pH (H2O) = 6,0, baixa capacidade de
troca catiónica, teores médios de fósforo e potássio extraíveis e teores muito
baixos e baixos, respectivamente, de
zinco e boro extraíveis. O olival da cv.
Conserva de Elvas está instalado num
solo com textura franco-arenosa, com
teores baixos de matéria orgânica,
pH (H2O) = 8,2, com média capacidade
de troca catiónica, teores altos e muito
altos de fósforo, potássio, magnésio e
zinco extraíveis e com teores médios
de boro extraível.
Nos talhões experimentais sujeitos
a fertilização aplicaram-se os seguintes
nutrientes: azoto, magnésio e boro, ao
solo, e magnésio, zinco e boro por via
foliar, no caso do olival da cv. Santulhana; azoto e boro, ao solo, e boro por via
foliar ao olival da cv. Conserva de Elvas.
As aplicações ao solo tiveram lugar em
finais de Março ou princípios de Abril e as
aplicações por via foliar foram realizadas
no início de Maio, antes da floração.
Foram efectuados tratamentos fitossanitários para controlo do olho de pavão (Spilocaea oleagina Cast. Hughes)
e da gafa (Colletotrichum spp.) com
oxicloreto de cobre no fim do Inverno e
depois das primeiras chuvas outonais.
Para o controlo da Bractrocera oleae
Gmel utilizou-se o dimetoato depois
das primeiras chuvas outonais.
A quantificação dos gomos florais
com lesões efectuou-se a partir de
amostras de 400-450 gomos provenientes de inflorescências do terço
médio de 16 ramos colhidos nas quatro
árvores de cada talhão experimental.
As observações foram efectuadas à
lupa, uma a duas semanas antes da
plena floração, identificando-se as lesões pelas alterações da superfície
que correspondem à destruição interna dos órgãos (fig. 2). Esta destruição
foi observada em microscopia óptica e
electrónica segundo metodologia referida em Medeira et al. (2002; 2006).
Resultados
e Discussão
Observou-se uma redução significativa da percentagem de gomos com
anomalias florais (fig. 3) em 2004 e
2005, em consequência dos tratamentos experimentais, tanto na cv. Santulhana como na cv. Conserva de Elvas.
A fertilização e os tratamentos fitossanitários conduziram a uma diminuição das
anomalias florais, que foi mais acentuada quando aquelas práticas se realizaram em conjunto (fig. 3). Neste caso,
a percentagem de anomalias florais
situou-se, por vezes, em menos de metade da observada no talhão testemunha (sem fertilização e sem tratamentos fitossanitários). Na cv. Conserva
de Elvas, os tratamentos fitossanitários
tiveram um efeito mais acentuado na diminuição da percentagem de anomalias
florais do que a fertilização. Admite-se
que este resultado possa estar relacionado com as aplicações de oxicloreto
de cobre que reduziram as populações
de fungos, de bactérias e de protistas
amibóides, estes presentes nas peças
florais externas (fig. 4 e 5) e que provocam lesões extensas nos órgãos florais
(Medeira et al., 2002; 2006).
A produção média de azeitona obtida na cv. Santulhana foi muito baixa.
Apesar disso, no primeiro ano, o tratamento experimental que foi sujeito a
fertilização e a tratamentos fitossanitários foi o que produziu maior quantidade de azeitona. No último ano do
estudo, a azeitona produzida no tratamento testemunha da cv. Conserva de
Elvas foi praticamente nula, enquanto
que os talhões em que se realizaram
tratamentos fitossanitários e ambas as
práticas culturais apresentaram valores
de produção elevados. A quantidade de
azeitona produzida mostrou-se negativamente correlacionada com a percentagem de anomalias florais.
Figura 4 - Secção de duas anteras ligadas por um
protista amibóide que as destruía, observada em
microscopia óptica.
Figura 5 - Protista amibóide apresentando aspecto típico de forma plasmodial (P), sobre um pistilo,
observado em microscopia electrónica de transmissão, (C-cutícula; E-epiderme; W-parede celular das células da superfície do pistilo).
Conclusões
A aplicação racional de fertilizantes,
conjugada com a realização de tratamentos fitossanitários adequados, contribui para aumentar o número de flores
sãs na oliveira e, consequentemente,
a produção de azeitona. Assim, estas
práticas culturais deverão ser utilizadas
sempre que os meios de diagnóstico
do estado nutritivo do olival e de fertilidade do solo o indiquem e a presença
de pragas e doenças o aconselhem.
Trabalho financiado pelo projecto
INIAP/PIDDAC 110 / 2002.
BIBLIOGRAFIA
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qualidade da flor e no vingamento da azeitona
‘Blanqueta de Elvas’. Relatório do trabalho de fim de
curso de Engenharia Agronómica. UTL/ISA, Lisboa,
79 pp.
AUTORES
M. Encarnação Marcelo
[email protected]
Investigadora Auxiliar do Instituto Nacional
de Recursos Biológicos (INRB, I.P.) - L-INIA
Especialidade: Nutrição e Fertilização da
Oliveira
Clara Medeira
[email protected]
Investigadora Auxiliar do Instituto Nacional
de Recursos Biológicos (INRB, I.P.) - L-INIA
Especialidade: Fisiologia do
desenvolvimento, Citologia e Citopatologia
Isabel Maia
[email protected]
Assessora do Instituto Nacional de
Recursos Biológicos (INRB, I.P.) - L-INIA
Especialidade: Fisiologia do
desenvolvimento e Citologia
Teresa Carvalho
[email protected]
Investigadora Auxiliar do Instituto Nacional
de Recursos Biológicos (INRB, I.P.) - L-INIA
Especialidade: Fitopatologia
João Lopes
joã[email protected]
Téc. Sup. Principal da Direcção Regional de
Agricultura e Pescas do Norte, responsável do
Núcleo de Produção Agrícola em Mirandela
Especialidade: Olivicultura
Revista da APH N.º 101
33
Segurança alimentar
FUNGOS NA SEGURANÇA
ALIMENTAR
Maria Cristina Lopes & Victor C. Martins
Os fungos têm a capacidade de colonizar, decompor e utilizar
substractos orgânicos actuando sobre outros organismos através
do recurso a enzimas, toxinas, antibióticos e outros metabolitos. Os
alimentos ao conterem compostos orgânicos como hidratos de carbono, lípidos, proteínas e vitaminas constituem fonte de nutrientes
para o crescimento de fungos saprofíticos e parasitas. Em condições propícias, os fungos presentes nos alimentos podem deteriorar
e/ou produzir metabolitos secundários prejudiciais ao Homem e
aos animais.
INTRODUÇÃO
A segurança alimentar pressupõe
a garantia de alimentos com qualidade e que não apresentem riscos para
a saúde. Os fungos podem causar a
deterioração dos alimentos invadindo e decompondo alimentos frescos,
processados e/ou produzirem micotoxinas. Alguns fungos podem mesmo
resistir à pasteurização (Lopes, 1973),
outros fungos vão proliferar em alimentos com baixa actividade da água podendo contaminar toda a espécie de
alimentos de que são exemplo: frutos
secos, especiarias, laticínios, salsicharia, doces.
E ste artigo faz referência a alguns
contaminadores fúngicos (fungos filamentosos) e micotoxinas que podem
apresentar um risco significativo para a
alimentação humana.
Deterioração dos
alimentos por
fungos filamentosos
A deterioração dos alimentos pode
ser descrita como a perda de qualidade dos alimentos (cor, sabor, textura,
odor, etc.,) em resultado de alterações
da composição do substracto que pode
ser causada por microorganismos
(bactérias, leveduras e fungos filamentosos). Nos fungos filamentosos associados à deterioração dos alimentos
podemos considerar três grupos:
- Os fungos que colonizam as plantas durante todo o seu ciclo de vida e
que se tornam mais abundantes com
a senescência dos tecidos vegetais
(Alternaria, Botrytis, Cladosporium,
Fusarium,
Epicoccum,
Phoma,
Pleospora, Trichothecium e Mucurales);
- Os fungos de armazenagem que
se desenvolvem após a colheita das
plantas e que tendem a substituir os
fungos primários como é o caso dos
géneros Aspergillus e Penicillium;
- Os fungos que tendem a instalar-se
numa fase posterior como os géneros
Chaetomium e Sordaria (Ascomycota).
As contaminações surgem ao longo
de toda a cadeia alimentar pelo que é
importante detectar os principais níveis
de risco durante a preparação, o acondicionamento, o transporte e a distribuição dos alimentos.
34 Revista da APH N.º 101
Quadro 1 - Origem de algumas das principais micotoxinas
que ocorrem na alimentação humana e nas rações animais
.
Espécies micológicas
Micotoxinas
Alternaria alternata
alternariol
Aspergillus flavus
aflatoxinas
A.ochraceus, Penicillium viridicatum, P. cyclopium
ocratoxinas
Claviceps purpurea
cravagem (alcaloides)
Fusarium culmorum, F. graminearum
zearalenona
Fusarium moliniforme
ácido fusarico, fumonisina
Fusarium sporotrichoides
toxina T- 2
Penicillium citrinum, P. expansum
citrinina
Penicillum expansum
patulina
Phomopsis leptostromiformis
fomopsinas
Stachybotrys atrum
tricotecenos
ALGUNS DOS FUNGOS
CONTAMINADORES
DOS ALIMENTOS
Alternaria alternata (Fries: Fries) Keissl.
A espécie A. alternata é um dos contaminadores ambientais mais comuns
(Lopes & Martins, 2003-2005). Os esporos depositados nas superfícies de
frutos como azeitona, citrinos, maçã,
pêra e tomate têm a capacidade de se
manterem viáveis a baixas temperaturas durante a armazenagem e posteriormente, infectarem e colonizarem
pequenas feridas que existam na epiderme dos frutos provocando a sua deterioração. A produção de micotoxinas
pode ocorrer em determinadas condições ambientais e com várias estirpes
do grupo A. alternata (quadro 1).
Aspergillus Link
Na maior parte das vezes a ocorrência e abundância de fungos do género
Aspergillus está dependente do substracto e de condições ambientais como:
temperatura, actividade da água, presença de conservantes e competição
microbiana. A sua natureza como fungos do solo, aliada à capacidade de
crescer em ambientes extremos, origina a contaminação de cereais e seus
derivados.
Algumas espécies do género
Aspergillus têm a capacidade de produzir micotoxinas e são potencialmente
perigosas para os humanos e os animais como é o caso da aflatoxinas produzidas pelo A. flavus (quadro 1).
Figura1 - Botrytis cinerea em morango.
MICOTOXINAS
Desde a antiguidade existem referências a fungos que se desenvolvem
nos alimentos e que são capazes de
produzir, sob certas condições ecológicas, metabolitos secundários com carácter tóxico.
Os fungos ao crescerem sobre os
vegetais produzem metabolitos secundários que actuam de modo a favorecer a prevalência de determinada espécie micológica em relação a outros
microrganismos em presença. Alguns
desses metabolitos são tóxicos para os
animais, para o Homem e para as plantas. Estes metabolitos denominam-se
micotoxinas e às doenças por eles pro-
vocadas micotoxicoses.
As micotoxinas são compostos químicos ubíquos com diferentes propriedades químicas, biológicas e toxicológicas. As toxinas podem seguir toda
a cadeia de produção dos alimentos
e entrar na alimentação humana através dos produtos de origem vegetal e
animal (Santos et al., 1998). Contudo
a produção das várias micotoxinas em
substractos vegetais depende não só
das diferentes espécies micológicas,
mas também de factores ambientais
específicos como: temperatura, humidade, pH, actividade da água e quantidade de inoculo, sem os quais as micotoxinas não são produzidas (Correia,
1990; Centeno & Calvo, 2002).
Botrytis cinerea Pers.: Fries
A B. cinerea é uma espécie cosmopolita que ocorre nas regiões temperadas e subtropicais. Comporta-se
como um parasita facultativo e afecta
numerosas culturas provocando a deterioração total dos alimentos (alface,
morango, tomate, uva) em que a contaminação do alimento ocorre provavelmente no campo (fig. 1). Embora B.
cinerea não esteja associada a toxinas
prejudiciais ao Homem e/ou animais,
a sua presença nos alimentos altera
a sua composição (Lopes & Martins,
2003/2005).
Revista da APH N.º 101
35
Fusarium Link: Fries
As espécies pertencentes ao género
Fusarium estão, largamente, distribuídas no solo, na água e no ar associadas aos mais variados substractos orgânicos e são capazes de sobreviver
a condições ambientais extremas através de mecanismos de resistência (p.
ex. a formação de clamidósporos).
Algumas espécies provocam doenças em animais e no Homem como os
Fusarium graminearum, F. oxysporum
e F. solani os quais têm sido isolados
das unhas e da córnea do Homem
(Booth, 1971). Este género é isolado com
frequência nos solos de cultivo e algumas das suas espécies causam graves
prejuízos em culturas de interesse económico como o Fusarium oxysporum
com todas as suas inúmeras formae
specialis (Booth, 1971). Os cereais raramente estão isentos de contaminações por fungos filamentosos onde as
espécies do género Fusarium podem
produzir elevado número de toxinas
(quadro 1).
Figura 2 - Penicillium expansum em maçã.
Penicillum Link
Os fungos de género Penicillium
estão largamente distribuídos na Natureza e crescem na maioria dos ambientes, utilizando quase todas as formas de carbono orgânico associada
a uma grande gama de parâmetros
físico-químicos. Muitas das espécies
do género Penicillium são fungos do
solo colonizando uma grande variedade de materiais orgânicos, em especial
nas plantas em decomposição e em
madeiras (Carlile et al., 1994).
Algumas espécies de Penicillium
têm o seu habitat natural em grãos de
cereais, que se desenvolvem durante a
colheita e armazenagem como é o caso
de P. aurantiogiseum, P. verrucosum,
P. viridicatus que podem ocorrer no
trigo e no milho nas regiões temperadas. As espécies P. brevicompactum, P.
chrysogenum e P. glabrum são ubíquas
e podem colonizar diversos alimentos.
Outras espécies são mais especializadas como o P. digitatum e o P. italicum,
que infectam principalmente os citrinos
e o P. expansum que infecta as maçãs
e as peras (fig. 2, 3).
Os produtos alimentares raramente
estão isentos de contaminações por
bolores como Penicillium que podem
produzir toxinas como ocratoxinas
(P. viridicatum e P. verrucosum) responsáveis por hemorragias e diarreias
e a patulina (P. expansum) responsável
por lesões renais e pulmonares (Santos et al., 1998).
36
Revista da APH N.º 101
Figura 3 - Limão infectado por Penicillium digitatum.
Figura 4 - Rhizopus sp. associado ao morango.
Rhizopus Ehrenh.
As doenças provocadas nas plantas
por espécies do género Rhizopus são
frequentes em todas as latitudes com
especial relevo para R. stolonifer. Os
fungos do género Rhizopus são fungos
do solo e encontram-se associados a
vegetais em decomposição e águas
poluídas e que por vezes provocam a
deterioração total dos alimentos com
relevo para a fruta e “pão duro” (fig. 4).
Stachybotrys chartarum
(Erenb. ex Link) Hughes
Stachybotrys chartarum é uma espécie micológica comum e isola-se
com frequência do solo, de sementes,
de plantas mortas e de produtos de origem celulósica como o papel. Este fungo tem a capacidade de produzir nos
cereais e nas forragens armazenadas
em ambientes húmidos, micotoxinas
muito tóxicas para o Homem e para os
animais (quadro 1).
IMPORTÂNCIA
ECONÓMICA
As perdas económicas associadas
à deterioração dos alimentos causadas por fungos e pela contaminação
de micotoxinas são de difícil avaliação
dado que não existem métodos directos e uniformes para a sua avaliação.
Contudo, estima-se que entre 25-50%
dos produtos colhidos são afectados, o
que se traduz em perdas de produção
e oportunidades de comércio. Estes
factores estão associados a elevados
custos económico que ainda são agravados por custos com a regulamentação e a fiscalização.
Diversas são as razões para que o
comércio de produtos alimentares se
vá ajustando a uma regulamentação
dinâmica, cujos limites vão sendo ajustados em função da exigência e como
consequência do avanço do conhecimento científico e tecnológico relativos
aos diversos tipos de contaminações
onde as micotoxinas têm uma expressão importante.
Nesse sentido, grande parte dos
países estabeleceram regulamentos
sanitários e fitossanitários com a finalidade de proteger os consumidores,
dos riscos para a saúde nos quais, as
micotoxinas estão englobadas dado
que são conhecidas algumas das consequências à exposição prolongada a
micotoxinas (Ragsdale, 2000). Assim,
a curto prazo é previsível que, os limi-
tes de tolerância estabelecidos para a
presença de micotoxinas nos alimentos
exijam novos padrões para detecção
de micotoxinas. Outra estratégia para
minimizar os riscos para a saúde e os
custos a ela associados é aumentar o
nível de exigência e de conhecimento
para sectores da produção, transporte e transformação implementando-se
práticas que minimizem as contaminações e incentivem a adopção de processos baseados em boas práticas
nesses sectores.
AUTORES
CONCLUSÃO
Em termos gerais, os alimentos e
as rações para animais e as forragens
podem conter um largo espectro de
contaminadores fúngicos e micotoxinas. Entre eles destacam-se algumas
espécies de Aspergillus e Penicillum
que, pelo seu comportamento ubíquo
e presença em vários estádios da elaboração dos alimentos, podem ter consequências nocivas nos sectores da
saúde e da economia.
Tecnologias eficientes para secagem, ventilação e refrigeração, além do
emprego de cultivares resistentes que
inibam a acção dos fungos e insectos e
a realização de análises de rotina são
algumas soluções apontadas para se
reduzir a proliferação de fungos e as
consequentes contaminações dos produtos.
O desenvolvimento da bioquímica e
da genética molecular pode contribuir
para que, no futuro, as contaminações
por fungos e por micotoxinas sejam
controladas de modo a que os alimentos sejam produzidos de forma mais
segura e económica.
Como consequência dos conhecimentos adquiridos, nos últimos anos
têm sido publicados no jornal oficial da
União Europeia, regulamentação vária
no que diz respeito aos limites máximos das toxinas nos alimentos (onde
se incluem as micotoxinas).
Maria Cristina Lopes
[email protected]
Investigadora do Instituto Nacional
de Recursos Biológicos, L-INIA,
Especialidade: Micologia (identificação
de fungos filamentosos e Curator
da Micoteca-MEAN, WDCM881).
Victor C. Martins
[email protected]
Assessor do Instituto Nacional de Recursos
Biológicos, L-INIA.
Especialidade: Economia Agrária
(identificação e análise de sistemas; análise
de dados).
BIBLIOGRAFIA
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Universidade do Minho, Braga, Portugal.
Revista da APH N.º 101
37
Fruticultura
A CULTURA DO ANANÁS
DOS AÇORES / S. MIGUEL
Ricardo Filipe Santos
O modo tradicional de produção de ananás nos Açores /
S. Miguel é um sistema de produção em estufa que representa, só
por si, um riquíssimo património cultural e que origina um produto com Denominação de Origem Protegida de excelente qualidade.
Na sequência de um estágio realizado na Profrutos - Cooperativa
de Produtores de Frutas, Produtos Hortícolas e Florícolas de S.
Miguel, que presta apoio técnico à produção e comercialização de
cerca de 70% do ananás dos Açores / S. Miguel, apresenta-se no
presente trabalho, a arte da produção de ananás, exclusiva desta
ilha atlântica.
38 Revista da APH N.º 101
Introdução
O ananás é um fruto de aspecto invulgar e atraente e de agradável
aroma. Sendo originário da América
tropical, é produzido mundialmente
em regiões com este tipo de clima. No
entanto, em Portugal, é bem conhecido
o local onde este fruto é produzido com
bastante qualidade e que se encontra à
mesma latitude que Lisboa - a Ilha de
S. Miguel, nos Açores.
A presença do ananás no Arquipélago
remonta ao século XVII e o seu cultivo
comercial data de meados do século XIX.
No início do século passado, a produção
Micaelense era exportada principalmente
para a Rússia, mas também para Inglaterra e Alemanha. Deste modo, o ananás
tem vindo a ser uma cultura com acentuado peso económico para a Região Autónoma dos Açores.
Recorrendo a técnicas tradicionais
como a aplicação de “fumos” e a utilização de “camas quentes” esta cultura,
desenvolvida em estufas de vidro tradicionais, é única no mundo e permitiu
durante largas dezenas de anos que
este fruto tropical estivesse acessível
aos países europeus (fig. 1). Na base
das ‘camas quentes’ era usual incluir
uma camada de ‘leiva’ constituída por
espécies autóctones como o musgão (Sphagnum sp.), queiró (Calluna
vulgaria L.), urze (Erica azorica Hoscht),
tamujo (Myrsine africana L.) e feto
(Pteridium aquelinum L.), após um período de compostagem de alguns meses. Estas plantas crescem nos Açores
acima dos 500 - 600 metros de altitude
e a sua remoção foi proibida há mais
de vinte anos, devido ao seu importante contributo para o ecossistema da
região. No entanto, de acordo com os
testemunhos dos produtores, era uma
prática que contribuía para a intensificação do aroma dos frutos.
Desde 1996, que o Ananás dos Açores / S. Miguel é um produto com Denominação de Origem Protegida. O fruto
tem forma cilíndrica, ligeiramente afusado, com casca laranja forte e polpa amarela translúcida, um sabor agri-doce sui
generis e um aroma muito agradável.
das, uma de “farelo” e outra de terra de
ciclos anteriores. Esta fase é realizada
em estufas tradicionais (alvenaria, madeira e vidro) ou em estufas de plástico, com regas semanais ou quinzenais,
conforme a época do ano e o estado
hídrico do solo.
Quando os novos propágulos têm
cerca de 30 cm, o que ocorre ao fim
de 4 a 6 meses, são destacados da
“toca” e colocados noutra estufa, onde
a “cama quente” foi previamente preparada. Cada toca origina 3 ou 4 propágulos chamados “brolhos”, sendo
escolhidos os que apresentam as melhores características vegetativas.
Figura 1 - Estufa tradicional em S. Miguel, Açores.
Fase 2 - “Brolho”
Figura 2 - “Toca” com dois “brolhos”..
Figura 3 - distribuição do “farelo” para formas a cama.
Ciclo produtivo
O ciclo cultural do ananás dura dois
anos e divide-se em três fases: Abrolhamento (Toca) - 4-6 meses; Planta
Disposta (Brolho) - 6-8 meses; Planta
Definitiva - 12-15 meses.
Fase 1 - Abrolhamento
A produção do ananás açoriano
começa pela escolha das plantas que
originaram melhores frutos no ciclo anterior. Não sendo utilizada a reprodução por semente, a propagação é feita
a partir de um rizoma que é preparado
com uma desfolha e com a extracção
da base do pedúnculo, que se denomina “toca” (fig. 2).
A utilização das “camas quentes”
para a propagação do ananás é uma
técnica que fornece a temperatura necessária ao desenvolvimento e crescimento das raízes. Na preparação
das camas quentes começa-se por
espalhar uma camada de “lenha” de
incenso (Pittosporum undulatum Vent.)
triturado, que é incorporada no solo
com um motocultivador. Em seguida,
segue-se uma camada de “farelo”nome localmente dado a um subproduto proveniente de trabalhos de corte e limpeza de madeira, sobretudo
de criptoméria (Cryptomeria japonica
Don) (fig. 3). Em seguida, colocam-se
as “tocas” dispostas umas ao lado das
outras, sempre em linhas paralelas,
sendo cobertas por mais duas cama-
Os “brolhos” são plantas pouco robustas e com escassas reservas, pelo
que o objectivo desta fase é a obtenção
de plantas com capacidade de originarem um bom fruto.
Para se preparar a “cama quente” da fase do “brolho”, coloca-se
uma camada de lenha de incenso e
mobiliza-se, depois distribui-se uma
nova camada, desta vez de farelo, e
volta-se a mobilizar o solo, sempre
com um motocultivador. Cada “brolho”
deve sofrer uma desfolha da base do
caule, bem como um corte das raízes,
com o intuito de promover o crescimento de novas raízes.
A fase de “brolho” pode também ser
realizada em estufas tradicionais ou em
estufas de plástico, e as plantas devem
ser plantadas à distância de cerca de
27,5 cm. Num período de 6 a 8 meses,
após a plantação dos “brolhos”, estes
vão adquirir as necessárias reservas
para a plantação definitiva onde irão
produzir o fruto (fig. 4).
Inicialmente as regas deverão ser
abundantes, de modo a promover a
fermentação dos materiais orgânicos
incorporados no solo, o que aumenta
a temperatura necessária ao enraizamento, bem como a disponibilidade de
nutrientes para a planta, devido à mineralização da MO.
Nesta fase da produção de ananás
efectua-se o controlo das infestantes e
é usual caiar a superfície das estufas
nos meses de Primavera e Verão, para
evitar que a luz solar directa atinja as
plantas. Para promover o crescimento
da planta deve ser mantida uma atmosfera quente e húmida dentro da estufa,
o que se obtém com uma boa prática
das operações culturais já referidas.
Revista da APH N.º 101
39
meses após a fumigação, surgem as
primeiras inflorescências (fig. 5).
Cerca de 6 meses após a aplicação de
fumos, os ananases estão prontos para
serem colhidos. No entanto, é importante
referir uma outra operação relevante, que
consiste na remoção do meristema central da coroa, que diminui o crescimento
desta e melhora a qualidade do fruto.
Este procedimento é um dos principais
responsáveis pelas diferenças visuais
que distinguem o ananás dos Açores /
S. Miguel do abacaxi.
Figura 4 - Estufa de 2ª fase/ brolho.
CONCLUSÕES
O Ananás de S. Miguel tem atravessado um período difícil, nomeadamente devido à concorrência do abacaxi,
com menores custos de produção. No
entanto, o ananás micaelense tem uma
qualidade muito superior ao produzido
nos continentes Americano e Africano,
pelo que, mudanças nas tecnologias
de produção, acompanhada por uma
motivação dos produtores para produzir um produto “gourmet”, destinado a
este tipo de mercado na Europa e ainda aos EUA e Canadá, onde se encontra um elevado número de emigrantes
açoreanos, poderá ser um caminho a
seguir, para que não se extinga este
produto tão característico e de tão elevada qualidade.
Figura 5 - Flor de ananás.
AGRADECIMENTOS
Agradece-se à Profrutos e em particular ao Engenheiro António Simas,
que orientou o estágio realizado.
BIBLIOGRAFIA
Tavares JLP, Baptista JAB. 2004. Cultura do Ananás em
estufa Ilha de S. Miguel-Açores. Profrutos. Ponta
Delgada
Tavares JFP, 1985. Ananás em estufas nos Açores.
Arquipélago. Ponta Delgada
Figura 6 - Fruto de ananás.
Fase 3 - Plantação
definitiva
Sendo esta a fase final, as plantas
têm de aceder a todos os nutrientes que
necessitam para a obtenção de frutos
com a melhor qualidade possível. Deste modo, torna-se necessário duplicar a
distância entre plantas (55 cm), sendo
que a preparação das “camas quentes” é idêntica à da fase anterior, mas
com a obrigatoriedade de decorrer nas
estufas tradicionais, de alvenaria, vidro
e madeira. As operações culturais também são semelhantes. Ao fim de cerca
40
Revista da APH N.º 101
de 6 meses, deve-se induzir a floração,
para concentrar a época de colheita.
Esta operação pressupõe a existência
de estufas, em boas condições de hermeticidade, e consiste na fumigação
causada pela queima de material vegetal seco, principalmente de ramos de
criptoméria que são colocados em recipientes móveis no interior das estufas.
Esta fase prolonga-se por um período
que pode ir de 9 a 21 dias. A elevada
concentração de fumo promove a produção de etileno, em detrimento das
auxinas, levando a planta a atenuar o
crescimento vegetativo e, entre 1 e 3
AUTOR
Ricardo Filipe Santos
[email protected]
Aluno do Mestrado em Engenharia Agronómica, no Instituto Superior de Agronomia
Especialidade: Hortofruticultura e Viticultura
Doutoramento
NECESSIDADES HÍDRICAS
E RESPOSTA DA OLIVEIRA
(Olea europaea L.) AO DEFICIT
HÍDRICO NA REGIÃO
DA TERRA QUENTE
Anabela Afonso Fernandes Silva
A oliveira (Olea europaea L.) tem
sido tradicionalmente cultivada em
condições de sequeiro. Contudo, nos
últimos anos tem-se assistido a uma
expansão do olival em condições de
regadio, o que tem suscitado uma série de questões, nomeadamente sobre
as necessidades hídricas e a resposta
produtiva resultante. Foi neste sentido
que se traçaram os objectivos gerais
desta Tese: quantificar as necessidades de rega e caracterizar a resposta
produtiva da oliveira na cv. “Cobrançosa” em função de diferentes dotações
de água de rega. Assim, o estudo experimental realizou-se durante três
anos consecutivos (2004-06) num olival comercial (12 anos, 6 m x 6 m) nas
condições edafoclimáticas da região
da Terra Quente em Trás-os-Montes. A
parcela experimental foi constituída por
três subparcelas adjacentes, as quais
foram submetidas a três tratamentos
de rega: T0-sequeiro, T1-rega deficitária (30-50% ET) e T2-rega máxima
(100% ET).
O estudo focou o efeito da rega no
crescimento vegetativo, na utilização
da água, na produtividade (frutos e
azeite), na composição química e qualidade do azeite, nas eficiências do uso
da água (WUE) e da radiação (RUE) e
na resposta fisiológica.
A evapotranspiração anual (ET) variou de 295 mm no T0 a 700 mm no T2.
Os valores da ET para o T1 variaram
entre 64% a 80% da ET do T2, dependendo do ano. As necessidades estacionais de rega, para o T2 foram cerca
de 1900 m3 ha-1, o que representa em
média 1,46 mm d-1 para um período de
rega cerca de 130 dias (finais de Maio
a finais de Setembro). A relação ET/ET0
obtida neste estudo revelou que a utilização de água pela oliveira é apenas
influenciada pelo deficit de água no solo
(DAS) quando este é superior a 60%.
Em todos os anos a rega aumentou
o crescimento vegetativo, reflectindo-se
num aumento da quantidade de radiação interceptada e, consequentemente, na produção. De facto, a produção
foi fortemente incrementada pela rega,
sendo superior no T2 47% a 88% ao
T0, e 33% a 55% ao T1; enquanto no
T1 foi 45% a 73 % superior ao T0. A
resposta da produtividade (Y) em função da ET foi do tipo linear:
• Frutos
Y = 1,05x - 304 (r2 = 0,95)
• Azeite
Y = 0,35x - 93 (r2 = 0,90)
A rega afectou alguns parâmetros
relacionados com a qualidade e a composição do azeite, tendo-se observado
uma diminuição dos polifenóis e da
estabilidade oxidativa, e um aumento
do índice de peróxidos com o aumento da quantidade de água aplicada. A
composição em ácidos gordos não
foi influenciada pela dotação de rega,
mas respondeu às variações climáticas
inter-anuais. Contudo, as variações
destes parâmetros não foram importantes ao ponto de condicionar a qualidade do azeite.
A relação entre o potencial hídrico de
base do ramo (ΨB) e o teor de água disponível (TAD) no solo permitiu identificar
os seguintes valores críticos: ausência
de deficit hídrico quando o ΨB > -0,70
MPa; deficit hídrico moderado para valores de ΨB que variaram entre -0,70
MPa a -2,0 MPa; deficit hídrico severo
quando o ΨB < -2,0 MPa e extremamente severo quando o ΨB < -4,0 MPa.
As medições das trocas gasosas
indicaram que, em ambos os tratamentos de rega a taxa de fotossíntese aparente (A) aumentou, enquanto
a depressão da taxa de fotossíntese
e da condutância estomática (gs), observada durante os períodos do meio-dia e da tarde diminuiu. Em condições
de elevado deficit de pressão de vapor
do ar (VPD), a oliveira previne a perda
excessiva de água através da diminuição do grau de abertura dos estomas,
Revista da APH N.º 101
41
com um decréscimo proporcional da
gs com o aumento do VPD, pelo menos até 3,2 kPa no T1 e 3,9 kPa no
T2. Em contraste, no T0 observou-se uma menor sensibilidade dos estomas com o VPD. Por outro lado,
verificou-se que nas plantas do T0
em condições de deficit hídrico muito
severo, a gs decresceu drasticamente
quando TAD < 20%, ao contrário das
plantas regadas, onde a gs mostrou-se insensível para valores de TAD >
20%. Em adição, foi observada uma
ausência de relação entre a gs e o potencial hídrico do ramo, independentemente do tratamento de rega, indicando que o efeito do estado hídrico do
solo nos estomas não é mediado pelo
potencial hídrico da folha. Assim, nas
oliveiras em condições de deficit hídrico severo os resultados sugerem que a
existência de sinais químicos e hidráulicos das raízes para as folhas podem
controlar a resposta da condutância estomática ao meio ambiente.
Palavras - chave: Olea europaea L,
“Cobrançosa”, necessidades hídricas,
evapotranspiração, resposta produtiva,
azeite, resposta fisiológica, região da
Terra Quente.
42
Revista da APH N.º 101
AUTORA
Anabela Afonso Fernandes Silva
[email protected]
Prof. Auxiliar do Departamento de Agronomia,
Escola de Ciências Agrárias e Veterinárias
/ Centro de Investigação e de Tecnologias
Agroambientais e Biológicas (CITAB) / Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
Especialidade: necesidades hidricas das culturas, relações solo planta atmosfera, olivicultura.
Entrevista
Cooperativa Agrícola
do Távora
O nosso entrevistado é o Prof. João António Pereira da Silva,
licenciado em Educação Física e Desporto, a leccionar no Agrupamento de Escolas de Sernancelhe, dirigente cooperativo há 12 anos e
a desempenhar as funções de Presidente da Cooperativa Agrícola do
Távora desde 09 de Março de 2003. É simultaneamente produtor de
uvas e maçãs.
A entrevista foi conduzida por Rosa Guilherme e Maria da Graça
Barreiro.
APH – A Cooperativa Agrícola do Távora é um caso de sucesso e uma
referência a nível Nacional. Em que
zona do País se localiza?
João Silva - A Cooperativa Agrícola do
Távora é uma organização credível e
uma referência no panorama cooperativo português. Tem cumprido os objectivos para os quais foi criada e assumido
com os seus colaboradores (associados), fornecedores e clientes, relações
de responsabilidade, compromisso e
honra. É, pois, na região uma empresa
com vigor, com ideias, e com um futuro promissor para aqueles que ainda
acreditam na agricultura portuguesa.
Fica situada na Região do Douro-Sul,
integrando os Concelhos de Penedo-
no, Sernancelhe e Moimenta da Beira e
ainda as franjas dos concelhos de Vila
Nova de Foz Coa, S. João da Pesqueira, Tabuaço, Armamar, Tarouca e Trancoso. Porém, a sede social localiza-se
num espaço nobre da encantadora Vila
de Moimenta da Beira.
APH – Como surgiu este projecto?
Fale-nos um pouco da história desta
Cooperativa.
João Silva - A Cooperativa Agrícola
do Távora (Adega Cooperativa) foi fundada há 55 anos através da iniciativa
de 12 associados. Após a Segunda
Grande Guerra, vivia-se um período
conturbado no sector vitivinícola, devido essencialmente à crise do “Vinho
do Porto”. Os lavradores não conse-
Presidente da Cooperativa Agrícola do Távora, Prof. João Silva e Vice-Presidente Engº Pedro Dias.
guiam escoar os seus produtos, nomeadamente o vinho, o que acarretava
situações de desespero no seio das
inúmeras famílias desta grande região
vinhateira. Havia que concentrar a oferta dos imensos pequenos agricultores
e criar condições para a sua comercialização. Nesse ano de 1ª vindima vinificaram-se 750 pipas de alguns associados do concelho de Moimenta da Beira.
Em 1987/88 iniciaram-se as obras
da construção da Central Fruteira, estrutura com capacidade para quatro mil
toneladas de fruta, conservadas em frio.
Em 1989 entraram as primeiras maçãs.
Hoje a fruteira é uma unidade moderna
que respeita os princípios de qualidade
e das regras de comercialização.
Possui também uma secção moderna de aprovisionamento onde são
comercializados factores de produção,
alfaias e rações para animais. Possui
nestas instalações um Salão Nobre
onde se realizam as assembleias-gerais
dos associados, acções de formação e
outros eventos públicos.
APH – De certo que, para ser alcançado este êxito, terá contribuído a
colaboração de muitas pessoas.
Qual o número de associados da
Cooperativa?
João Silva - O êxito alcançado pelas
organizações cooperativas verifica-se
pelo modo como são liquidados os
produtos entregues pelos seus associados, pela relação de confiança
estabelecida entre os mais diversos
colaboradores. Aqui, na nossa Cooperativa, não iniciamos nenhuma campanha sem pagar a anterior. É assim há
55 anos. Agora, o objectivo imediato é
tentar pagar melhor os produtos entregues pelos nossos associados, para
que ainda sintam estímulo para continuar a labutar e remar contra aquilo
que parece ser a malfadada agricultura
portuguesa. Não posso deixar de falar
no excelente trabalho desenvolvido ao
longo dos tempos pelos nossos técnicos (gestão, laboratório e de campo),
pessoal administrativo, encarregados
das várias secções e funcionários.
Gostaria, também, de recordar o papel que tiveram anteriores Directores
da Cooperativa, em especial o falecido
Comendador Acácio Osório, que souberam investir na hora, aproveitando
os fundos comunitários e que tudo fizeram para levar longe o nome desta
Revista da APH N.º 101
43
Cooperativa Agrícola do Távora.
região e a defesa do cooperativismo
português.
Muito importantes foram as intervenções levadas a cabo pelos técnicos do
Ministério da Agricultura, no apoio sempre presente junto dos agricultores e da
própria estrutura. Sem querer deixar de
fora ninguém, pois todos foram muito
úteis, gostaria de salientar o trabalho
desenvolvido pelo Sr. Eng. Cartageno
Ferreira. Para além das suas capacidades técnicas, da sua amabilidade para
com tudo e para com todos, o facto de
conseguir ver primeiro que muitos, potenciou esta região para o topo da fruticultura nacional. A região, o país e a
Cooperativa em particular, devem-lhe
muita coisa.
Finalmente dizer que a Cooperativa
do Távora é constituída por três secções, Vinho com cerca de 1.420 agricultores, Fruta (maçãs) 320 fruticultores e Aprovisionamento com perto de
4.500 associados.
rio no posto de vendas e mais catorze
funcionários distribuídos pelos vários
serviços da adega. Com o crescimento
do negócio do espumante fomos obrigados a contratar mais oito funcionários. A Secção de Frutas possui um engenheiro responsável, um encarregado
da fruteira, um responsável pelo frio,
um adjunto do encarregado, três operadores de empilhador e cerca de 20 funcionárias que desempenham funções
ligadas ao processo de normalização e
comercialização da fruta. Finalmente, a
Secção de aprovisionamento tem o engenheiro da fruteira como responsável,
um encarregado, um escriturário no
posto de venda e dois operadores de
armazém. Temos a receber formação
uma jovem engenheira que irá ser responsável pela implementação e controlo da qualidade, requisitos importantes
e obrigatórios nas empresas modernas
e que se candidatam à internacionalização dos mercados.
APH - Quais os recursos humanos
de que dispõe a Cooperativa?
APH – Que serviços a cooperativa
presta aos associados e qual a área
de actuação?
João Silva - Os recursos humanos de
que dispõe a Cooperativa estão distribuídos pelas diversas secções. A sua
estrutura de comando assenta na sua
Direcção em estreita colaboração com
o Gestor. Esta atitude permite uma
gestão mais profissionalizada que é
acompanhada pelos serviços administrativos, onde trabalham um técnico de
contas, um técnico informático, uma
operadora informática, uma secretária/escriturária e uma telefonista. De
seguida temos a Secção de Vinhos
constituída por um Enólogo chefe, por
um Enólogo residente, um adegueiro,
um adjunto de adegueiro e chefe de
máquinas, um adegueiro em formação
(Jovem futuro adegueiro), um escriturá44
Revista da APH N.º 101
João Silva - A Cooperativa presta aos
seus associados todo o apoio inerente
ao quotidiano agrícola nomeadamente:
serviço de avisos para a aplicação de
produtos fitofarmacêuticos, datas das
colheitas, recolha de matérias para
análise laboratorial, acompanhamento
nas explorações agrícolas, aconselhamento técnico apropriado ao momento
e à selecção do investimento, serviços
de seguros de colheitas e outros ligados à lavoura.
APH – As principais culturas da Região são a vinha e os pomares de macieiras… quais foram as estratégias
seguidas para apoiar os produtores?
João Silva - A cultura da vinha e da
maçã têm, nesta região de pequena propriedade, uma importância
crucial no rendimento das famílias.
No Douro-Sul a área de pomar de macieiras ultrapassa já os 4.000 hectares,
com uma produção média anual de
maçã superior a 100.000 toneladas.
Na área social da Cooperativa Agrícola do Távora a cultura da vinha ocupa
uma área de 1.200 hectares a que corresponde uma produção média anual
que ronda os 8.000.000 kg de uvas. A
principal estratégia seguida pela Cooperativa assenta na reestruturação das
parcelas agrícolas, na selecção das variedades, na capacidade de incutir nos
agricultores as melhores práticas agrícolas e, essencialmente, motivar jovens agricultores para que se possam
fixar nas suas terras, para ganharem
o futuro e perspectivarem riqueza às
suas famílias. Aproveito, para lembrar
nesta entrevista que me concederam,
as palavras proferidas pelo Sr. Presidente da República Portuguesa, Prof.
Dr. Cavaco Silva, sobre a importância
da pequena agricultura familiar e, consequentemente, o povoamento do interior do país.
APH - Sabe-se, hoje em dia, que o
sucesso de qualquer empresa passa
por uma aposta forte na inovação. É
desta opinião?
João Silva - Certamente que os princípios que nos norteiam assentam no
acompanhamento das realidades do
mundo empresarial. Temos consciência que é preciso inovar, ser competitivo e estar na linha da frente. Assim
Deus e o Governo nos ajudem.
APH – Como se tem perspectivado o
desenvolvimento da Cooperativa face
à necessidade constante de adaptação às solicitações do mercado?
João Silva - Cada vez é mais difícil
entrar neste mercado global. Temos
aproveitado as várias oportunidades
que o Governo tem apresentado, iniciativas privadas onde participamos
em parcerias múltiplas e em iniciativas
próprias junto dos mercados nacionais
e internacionais. Os resultados vão
aparecendo. Sabemos que o processo
é lento mas vamos tendo paciência.
APH – As designações dos vinhos
“Terras do Demo”, “Malhadinhas”
e “Aquilinus” têm uma história…
O que nos pode contar?
Algumas importantes variedades de maçãs, produzidas na região: ‘Gala’ e ‘Bravo de Esmolfe’.
Espumante ‘Terras do Demo’.
João Silva - Em boa hora que a Cooperativa escolheu o nome de algumas
obras do grande escritor Aquilino Ribeiro. É com muita honra que assistimos
ao desfilar dos nossos rótulos nas prateleiras e restauração deste país e do
estrangeiro. Aproveito para agradecer
aos familiares do nosso grande escritor
na pessoa do Sr. Eng. Aquilino Ribeiro
Machado. Muito obrigado.
ta entrevista e desejar à Cooperativa
Agrícola do Távora um próspero futuro
em prol da cultura da vinha e da maçã,
como forte suporte no rendimento das
famílias e alavanca para um desenvolvimento regional sustentável.
De igual modo, não podemos deixar passar a ocasião sem um agradecimento expresso pela gentileza da
vossa oferta em vinhos à organização
do I Colóquio Nacional de Sementes e
Viveiros, que se realizou em Coimbra
de 29 a 30 de Outubro de 2009. Os
famosos vinhos produzidos, engarrafados e comercializados pela Cooperativa Agrícola do Távora foram servidos e
apreciados durante o jantar oficial deste Evento cuja qualidade foi unanimemente reconhecida. Muito Obrigada!
APH – Sabemos também que, ao
longo do percurso da Cooperativa,
já lhe foram atribuídos Prémios de
Excelência, primeiros prémios, medalhas de honra, medalhas de prata,
menções honrosas… Quais os que
tiveram maior impacto na história da
Cooperativa?
João Silva - Ao longo dos 55 anos
da nossa história já nos foram atribuídos muitos prémios. Aquele que tem
um simbolismo maior refere-se à entrega de uma Taça correspondente à
conquista, em três anos consecutivos,
do prémio do melhor vinho branco português. Todos estes prémios resultam
do excelente produto entregue pelos
nossos associados, da maneira delicada e profissional como é realizada a faina na adega pelos nossos funcionários
e, essencialmente, pela capacidade,
competência e sensibilidade posta na
feitura de um vinho, pelo nosso Enólogo, Engenheiro Jaime Brojo. A Cooperativa Agrícola do Távora está-lhe
reconhecida.
APH - Em relação ao futuro, quais os
principais desafios que pensa vir a
enfrentar?
João Silva - O futuro a Deus pertence. Julgo, no entanto, que o principal
desafio que iremos ter pela frente é a
capacidade de produzir produtos de
excelência e sermos competitivos nos
diversos mercados. Direi, ainda, que
teremos de incutir aos nossos associados a ideia de continuar a produzir com
elevada qualidade.
APH - Que apoios ou incentivos gostaria de ter?
João Silva - Gostaria que o Governo
fosse mais célere, mais eficaz, na concretização das ajudas respeitantes às
candidaturas.
Como nota final desta entrevista
gostaria de agradecer a amabilidade
que tiveram para com a Cooperativa
Agrícola do Távora. Muito obrigado.
Em nome da APH gostaríamos também de agradecer a concessão desRevista da APH N.º 101
45
Actividade Interna
Assembleia Geral
No passado dia 22 de Março realizou-se a Assembleia Geral Ordinária
da APH. Da ordem de trabalhos constaram a apreciação e votação do Relatório de Actividades e das Contas de
Gerência do exercício de 2009 assim
como do Plano de Actividades e do Orçamento para o exercício de 2010.
O Relatório de 2009 e o Plano de 2010
foram apresentados pela Presidente da
Direcção, Maria Elvira Ferreira e as Contas de 2009 e o Orçamento para 2010
pelo Tesoureiro, Alberto Vargues.
Em relação ao ano de 2009, foi dado
realce ao trabalho realizado na valorização da Organização Interna, particularmente na melhoria da comunicação
com os associados através do correio
electrónico, na inventariação das publicações existentes em arquivo e na
actualização do site da nossa Associação. Foram apresentados os eventos
técnico-científicos decorridos em 2009.
Para 2010, a Presidente da Direcção reforçou a necessidade de anga-
46
Revista da APH N.º 101
riar novos Sócios Patrono e prometeu o
empenhamento de todos os elementos
da Direcção nesta questão. A continuação da promoção e da divulgação da
APH, não só através da realização de
eventos técnico-científicos nacionais e
internacionais, mas também da tentativa da adaptação das normas de publicação da Revista da APH aos critérios
da SCIELO, fazem também parte do
Plano de Actividades para 2010.
Após esclarecimento de dúvidas os
referidos documentos foram aprovados
por unanimidade podendo ser consultados nas páginas desta revista, assim
como as respectivas apresentações no
site da APH em http://www.aphorticultura.pt/ na ligação Notícias/Novidades.
Rosa Guilherme
Actividade Interna
RELATÓRIO DE ACTIVIDADES 2009
Este relatório apresenta em síntese as actividades desenvolvidas
pela Direcção da Associação Portuguesa de Horticultura (APH), no
primeiro ano de mandato, tendo as acções sido baseadas no Programa da sua candidatura, cujo lema foi: ‘Para nós as dificuldades
serão desafios e as necessidades oportunidades’.
Desta forma, as actividades realizadas agrupam-se em quatro
grandes vertentes: organização interna, eventos técnico-científicos, Revista da APH e publicações não periódicas.
1. Organização
Interna
2. Eventos
Técnico-Científicos
• Organização do Secretariado.
• Organização e actualização do ficheiro de associados, em papel e em
formato digital.
• Listagem de endereços electrónicos
dos associados para divulgação de eventos e de notícias e envio de Boas Festas.
• Listagem e inventariação das publicações existentes em arquivo.
• Elaboração do Catálogo de Publicações Disponíveis para Venda.
• Elaboração do Catálogo de Divulgação de Eventos, por anos, com as
primeiras e segundas circulares e os
cartazes, desde 1983.
• Arquivo de 6 exemplares de cada
número da Folha Informativa da APH
(n.º 1 ao n.º 63), do Boletim Informativo
da APH (n. º 64 ao n.º 79) e da Revista
da APH (n.º 80 a 99).
• Novo design de papel de carta, envelopes, cartões-de-visita, cartões de cumprimentos, postal de aviso de cobrança
de quotas e postal de recibos de quotas.
• Elaboração de um desdobrável de
divulgação sobre a APH.
• Digitalização da Folha Informativa
da APH, do Boletim Informativo da APH
e da Revista da APH, num total de 90
números.
• Actualização do site da APH (www.
aphorticultura.pt).
• Angariação de sócios individuais e
colectivos.
Estabelecimento de protocolos com
três revistas da especialidade para divulgação dos eventos co-organizados
pela APH: Frutas, Legumes e Flores
(Media Partner Oficial), Vida Rural e
Voz do Campo, conforme consta do
quadro 1.
2.1 Eventos
Realizados
VI Congresso Ibérico
de Ciências Hortícolas
Local e data – Logroño, Espanha,
Palácio de Congressos e Auditório de
La Rioja; 25 a 29 de Maio.
Organização – Sociedad Española
de Ciencias Hortícolas (SECH) e APH.
Presidente da Comissão Organizadora (CO) – Alfonso Pardo (CIDASIDTA).
Membros da Direcção na CO –
Maria Elvira Ferreira (Presidente da Direcção).
Membros da Direcção na Comissão
Científica – Maria da Graça Barreiro
(Vogal para as Relações Públicas e
Organização Interna) e Raúl Rodrigues
(Vice-Presidente para a Fruticultura).
N.º de comunicações – 107 orais e
142 em painel.
Notícias – Revista da APH n.º 96 e 97.
6.º Congresso Ibero-americano
de Parques e Jardins Públicos
(PARJAP Portugal 2009)
Local e data – Póvoa de Lanhoso; 23 a 27 de Junho.
Organização – Câmara Municipal da
Póvoa de Lanhoso (CMPL), Associación Española de Parques y Jardines Públicos, em parceria com a Associação
Portuguesa de Arquitectos Paisagistas
e a APH, entre outras entidades.
Presidente da Comissão Executiva
(CE) – Manuel Sousa (CMPL).
Membro da Direcção na CO – Isabel
Mourão (Editora da Revista da APH).
N.º de participantes – 300.
Notícias – Revista da APH n.º 96 e 98.
V Simpósio Nacional de Olivicultura
Local e data – Santarém, Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de
Santarém; 24 a 26 de Setembro.
Organização – APH, Escola Superior
Agrária de Santarém (ESAS).
Presidente da Comissão Organizadora
(CO) – Nuno Barba (ESAS).
Membros da Direcção na CO – Albino
Bento (Vice-Presidente para a Olivicultura) e Alberto Vargues (Tesoureiro).
N.º de participantes – 120.
N.º de comunicações – 23 orais e 16 em
painel.
Atribuição de Título Honorífico – Horticólogo de Honra ao Prof. José Manuel
Batista Gouveia
Publicações – Livro de Resumos e pedido de ISBN para o n.º 14 das Actas
Revista da APH N.º 101
47
Quadro 1 - Divulgação de eventos nas revistas da especialidade
Evento
Frutas, Legumes & Flores
Vida Rural
V Simpósio Nacional de Olivicultura
N.º 108 – Set/Out 2009
N.º 1750 – Set 2009
Voz do Campo
N.º 131 – Jul/Ago 2009
N.º 132 – Set/Out 2009
1.º Colóquio Nacional
de Sementes e Viveiros
N.º 108 – Set/Out 2009
N.º 1751 – Out 2009
N.º 132 – Set/Out 2009
N.º 109 – Nov./Dez 209
N.º 132 – Set/Out 2009
2.º Simpósio Nacional de Fruticultura
N.º 109 – Nov./Dez 209
N.º 1753 – Dez 2009/Jan 2010
N.º 133– Nov/Dez 2009
Portuguesas de Horticultura, onde serão
compiladas as comunicações apresentadas.
Notícias – Revista da APH n.º 96, 97 e 99.
Banca da APH – Divulgação de actividades, angariação de novos sócios e
venda de publicações.
I Colóquio Nacional
de Sementes e Viveiros
Local e data – Coimbra, Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de
Coimbra; 29 e 30 de Outubro.
Organização – APH, Escola Superior
Agrária de Coimbra (ESAC) e Centro
Operativo e Tecnológico Hortofrutícola
Nacional (COTHN).
Presidente da Comissão Organizadora (CO) – Maria da Graça Palha
(Vice-Presidente para a Horticultura
Herbácea).
Membros da Direcção na CO – Alberto Vargues (Tesoureiro), João Moreira (Secretário
do Conselho Fiscal), Maria Elvira Ferreira (Presidente da Direcção), Teresa Mota
(Vice-Presidente para a Viticultura) e Rosa
Guilherme (Secretário).
N.º de participantes – 200.
N.º de comunicações – 25 orais, sete
em painel e quatro mesas redonda.
Atribuição de Título Honorífico – Técnico Hortícola de Honra ao Eng. António
Clímaco (Título Póstumo).
Publicações – Livro de Resumos, pedido
de ISBN para o n.º 15 das Actas Portuguesas de Horticultura, onde serão compiladas as comunicações apresentadas.
Notícias – Revista da APH n.º 96, 97, 98 e 99.
Banca da APH – Divulgação de actividades, angariação de novos sócios e
venda de publicações.
10.ª Visita Vitivinícola da APH:
Planalto Mirandês
Local e data – Planalto Mirandês; 6 a 8
de Novembro.
Organização – Teresa Mota (Vice-Presidente para a Viticultura).
N.º de participantes – 55.
Publicações – Sub-região Vitícola do
Planalto Mirandês
Notícias – Revista da APH n.º 97, 98 e 99.
48
Revista da APH N.º 101
2.2 Eventos em
preparação
2.º Simpósio Nacional de Fruticultura
Local e data – Castelo Branco, Escola
Superior Agrária do Instituto Politécnico de
Castelo Branco; 4 e 5 de Fevereiro de 2010.
Organização – APH, Escola Superior
Agrária de Castelo Branco (ESACB) e
COTHN.
Presidente da Comissão Organizadora
(CO) – Maria Paula Simões (ESACB).
Membros da Direcção na CO – Alberto
Vargues (Tesoureiro) e Raúl Rodrigues
(Vice-Presidente para a Fruticultura).
Notícias – Revista da APH n.º 96, 97, 98 e 99.
I Jornadas Técnicas da Batata
Local e data – Santarém, Escola Superior Agrária; 23 de Fevereiro de 2010
Organização – COTHN, ESAS, Agromais, Agrotejo, FNOP e Eurobatata,
com o apoio da APH.
28th International
Horticultural Congress
Local e data – Lisboa, Centro de Congressos de Lisboa; 22 a 27 de Agosto de 2010.
Organização – APH e SECH.
Presidentes do Congresso – António Monteiro (Portugal) e Vítor Galán
Sauco (Espanha).
Membro da Direcção na CE – Maria
Elvira Ferreira (Presidente da Direcção).
Membro da Direcção na CO – Maria da
Graça Barreiro (Vogal para as Relações
Públicas e Organização Interna).
Membros da Direcção Co-Conveners de:
Simpósio S14 – Organic Horticulture: Productivity and Sustainability – Isabel Mourão
(Editora da Revista da APH); Seminário
Sm14 – Turfgrass – José Monteiro (VicePresidente para a Horticultura Ornamental).
Membro da Direcção na Comissão
Científica do Simpósio S09 – International Symposium on Ornamental Plants
– José Monteiro (Vice-Presidente para
a Horticultura Ornamental).
Notícias – Revista da APH n.º 96, 97, 98 e 99.
3. Revista da APH
• Definição de objectivos.
• Elaboração das ‘Instruções para a
Publicação de Artigos Técnicos na Revista da APH’.
• Publicação de 4 números com 16
artigos técnicos, 3 artigos técnico-comerciais, 2 entrevistas e duas sinopses de trabalhos de doutoramentos em
horticultura.
4. Publicações
não Periódicas
• Actualização das ‘Normas das Publicações Não Periódicas’.
• Publicação dos números 11 (1.º
Simpósio Nacional de Fruticultura, Alcobaça, 2006) e 13 (III Simpósio Nacional de Olivicultura, Castelo Branco,
2003) das Actas Portuguesas de Horticultura e sua distribuição pelos participantes dos respectivos eventos.
• Publicação dos Livros de Resumos do
V Simpósio Nacional de Olivicultura e do
I Colóquio Nacional de Sementes e Viveiros.
No n.º 1 da Revista ‘O Mundo das
Plantas e Jardinagem’ (Março de 2009)
foi publicada uma entrevista com José
Monteiro (Vice-Presidente para a Horticultura Ornamental), em que recorda
um pouco da história da APH, os seus
objectivos e quais as actividades do
sector para o próximo triénio.
Lisboa, 16/03/2010
A Direcção
Actividade Interna
RELATÓRIO DE CONTAS 2009
ANÁLISE POR EVENTOS/ADMINISTRAÇÃO
EVENTOS
ADIANTAMENTOS
CUSTOS
PROVEITOS
APURAMENTO
EM 31/12/2009
OBSERVAÇÕES
2.º SIMPÓSIO NACIONAL
FRUTICULTURA
F.Serv.Terc. - 572,08
EM CURSO
I COLÓQUIO NAC.
SEMENTES E VIVEIROS
F.Serv.Terc. - 6 065,94
Inscrições - 8 320,00
Patrocinios - 4 850,00
Total - 13 170,00
EM CURSO
28º CONG. INTERN. HORTICULTURA IHC2010
89 235,90
F.Serv.Terc. - 25 149,47
Patrocinios - 100 000,00
EM CURSO
V SIMPÓSIO NACIONAL
OLIVICULTURA
F.Serv.Terc. - 9 902,13
Inscrições - 8 360,20
Patrocinios - 8 000,00
Total - 16 360,20
EM CURSO
V CONG.IBÉRICO CIÊNCIAS HORTICOLAS
F.Serv.Terc. - 3 129,25
Inscrições - 11 580,51
8 451,26
ENCERRADO EM 2008
10.ª VISITA
VITIVINICOLA DA APH
F.Serv.Terc. - 7 165,25
Inscrições - 7 180,40
EM CURSO
III COLÓQUIO VITIVINICULA ESTREMADURA
F.Serv.Terc. - 72,00
-72,00
ENCERRADO EM 2008
-13.052,55
-4 673,29 €
F.Serv.Terc.- 11 060,49
Revistas - 18 793,76
ADMINISTRAÇÃO
Livros -
428,33
Quotas - 23 458,00
Impostos - 6,84
Publicidade - 2 950,00
Custo C/Pessoal - 14404,14
Prov.Suplement - 3 600,00
Out.Cust.Operacion. -240,00
Prov.Ganhos Fin. - 1 697,52
Amortizações - 177,27
Out.Cust.Perd.Fin. - 211,76
Out.Cust.Extraord. - 292,14
Total - 45 186,40
TOTAL
89 235,90 €
No ano de 2009, as despesas (custos) foram de 97 242,52 €, tendo ficado aquém do orçamentado (140 150,00
€). As receitas (proveitos) foram de
180 424,96 €, mais 35 324,96 € que o
orçamentado. Apesar desta diferença,
o apuramento em 31/12/2009 apresenta um saldo negativo de 4 673,29 €,
Total -
32 133,85
97 242,52 €
180 424,96 €
em virtude de os eventos organizados
pela APH terem decorrido no 3.º e 4.º
trimestres de 2009 (Setembro, Outubro
e Novembro), o que impossibilita o encerramento das respectivas contas.
Lisboa, 17/03/2010
A Direcção
Revista da APH N.º 101
49
Actividade Interna
RELATÓRIO E PARECER
DO CONSELHO FISCAL
EXERCICÍO DE 2009
Senhores Associados,
Cumpre-nos elaborar relatório, nos
termos legais e estatutários, e emitir
parecer sobre os documentos de prestação de contas do exercício de 2009,
que nos foram a apresentados pela
Direcção.
Obtivemos, por parte dos responsáveis, todos os esclarecimentos solicitados, e verificámos documentos e valores que encontrámos em ordem.
No desempenho das nossas funções, verificámos a exactidão do balan-
50
Revista da APH N.º 101
ço, da demonstração de resultados e
respectivos anexos, que quanto a nós
cumprem os preceitos legais.
De acordo com as contas elaboradas, propomos que aprovem:
• O relatório e contas de 2009;
• A proposta do destino dos Resultados Líquidos do exercício para a conta
de Resultados Transitados.
Lisboa, 22 de Março de 2010
O Conselho Fiscal
Actividade Interna
ORÇAMENTO 2010
Despesas
Conta
Descrição
62
Fornecimentos
e serviços externos
64
Variação
2009 (€)
2010 (€)
(€)
Comunicações e Internet
4 250
2 500
-1 750
Revista APH
20 000
13 200
-6 800
Material de Escritório
2 000
500
-1 500
Patrocínio revista da SCAP
900
900
0
Divulgação no IHC 2010
0
3 000
3 000
Renovação do site
0
1 500
1 500
Gastos gerais
0
3 000
3 000
Honorários (Revista)
5 000
4 800
-200
Pessoal (Secretariado)
15 500
15 500
0
Deslocações e Estadias
3 000
2 000
-1 000
Custos com o pessoal Outros custos operacionais
65
67
Despesas de Representação
1 000
1 000
0
Despesa com Eventos a
Decorrer
87 500
100 000
12 500
Diversos
1 000
1 000
0
Total da Despesa
140 150
148 900
8 750
2009 (€)
2010 (€)
(€)
Quotas de Sócios Individuais
17 500
17 500
0
Quotas Sócios Patronos
9 000
8 100
-900
Receita de Eventos Terminados
8 500
10 700
2 200
Publicidade na Revista da APH
4 000
4 000
0
Custos e perdas extraordinários
Receitas
Conta
Descrição
Vendas
71
73
Proveitos suplementares
74
Subsídios
78
Proveitos e ganhos extraordinários
Variação
Venda de Publicações
500
500
0
Receita de Eventos a Decorrer
100 000
107 000
7 000
Subsídio FCT
1 000
1 000
0
Comparticipação da SCAP
3 600
3 600
0
Juros e Aplicações Financeiras
1 000
1 000
0
Total da Receita
145 100
153 400
8 300
Saldo
4 950
4 500
Lisboa, 17/03/2010
A Direcção
Revista da APH N.º 101
51
Actividade Interna
PLANO DE ACTIVIDADES 2010
A APH prevê realizar, em 2010, um conjunto alargado
de actividades que se encontram agrupadas em cinco grandes áreas: organização interna, eventos técnico-científicos,
Revista da APH, publicações não periódicas e colaboração com
Sociedades Científicas Nacionais e Internacionais:
1. Organização
Interna
Rodrigues (Vice-Presidente para a Fruticultura) e Alberto Vargues (Tesoureiro)
(http://docentes.esa.ipcb.pt/2_snf/).
• Actualizar a base de dados dos sócios;
• Renovar a página da Internet (www.
aphorticultura.pt), para uma versão
mais dinâmica, com novos conteúdos e
novas acessibilidades;
• Oferta de publicações (periódicas e
não periódicas) editadas pela APH, para
as bibliotecas das universidades e das
escolas de ensino superior agrárias, das
escolas profissionais de agricultura, das
direcções regionais de agricultura e pescas e de outras entidades públicas (MA,
GPP, IFAP, DGADR);
• Elaboração do Catálogo de Divulgação de Eventos na Imprensa Escrita;
• Promover a criação do ‘Regulamento Interno da APH’, que integre, para
além das regras do processo eleitoral
(já existente), as normas para a organização de eventos, a elaboração de
protocolos entre entidades organizadoras dos eventos e a criação de Grupos
de Trabalho especializados, conforme
aprovado em Assembleia Geral de
Março de 2008.
I Jornadas Técnicas da Batata
2. Eventos
Técnico-Científicos
2.º Simpósio Nacional de Fruticultura
O ‘2.º Simpósio Nacional de Fruticultura’ é uma organização conjunta da
APH e da Escola Superior Agrária de
Castelo Branco (ESACB) e do Centro
Operativo e Tecnológico Hortofrutícola
Nacional (COTHN) e decorrerá de 4 a 5
de Fevereiro na ESACB. A Comissão Organizadora é presidida por Paula Simões
da ESACB e pela APH participam Raúl
52
Revista da APH N.º 101
As ‘I Jornadas Técnicas da Batata’ são uma organização conjunta do
COTHN, Escola Superior Agrária de
Santarém (ESAS), Agromais, Agrotejo,
Federação Nacional das Organizações
de Produtores de Frutas e Hortícolas
(FNOP) e Eurobatata e decorrerão na
ESAS a 23 de Fevereiro de 2010. Estas Jornadas contam com o apoio da
APH.
28th International Horticultural Congress (28th IHC)
O ‘28th International Horticultural
Congress’ (IHC Lisboa 2010) é uma
organização conjunta da APH e da
Sociedad Española de Ciencias Hortícolas (SECH), sob a égide da International Society for Horticultural Science
(ISHS). O Congresso é presidido por
António Monteiro e Vítor Galán. Decorrerá de 22 a 27 de Agosto de 2010,
em Lisboa. Maria Elvira Ferreira (Presidente da Direcção) integra o ‘Executive
Committee’. Maria da Graça Barreiro
(Vogal para as Relações Públicas e Organização Interna) integra a Comissão
Organizadora. Isabel Mourão (Editora
da Revista da APH) é Co-Convener
do Simpósio S14 – Organic Horticulture: Productivity and Sustainability.
José Monteiro (Vice-Presidente para a
Horticultura Ornamental) faz parte da
Comissão Científica do Simpósio S09 –
International Symposium on Ornamental
Plants e é Co-Convener do Seminário
Sm14–Turfgrass (www.ihc2010.org).
No âmbito deste Congresso será
disponibilizada uma área de exposição
para a APH (com 9 m2), onde se pretende dar a conhecer as actividades
desenvolvidas pela Associação no decurso da sua já longa história e perspectivar o futuro, num compromisso
constante, com o desenvolvimento de
uma Horticultura sustentável.
11.ª Visita Vitivinícola da APH: Bucelas, Carcavelos e Colares
A ‘11.ª Visita Vitivinícola da APH’
decorrerá em Outubro nas Regiões
Demarcadas de Bucelas, Carcavelos e
Colares. A organização estará a cabo
de Teresa Mota (Vice-Presidente para
a Viticultura).
IV Encontro de Docentes de
Horticultura do Ensino Superior
O ‘IV Encontro de Docentes de
Horticultura do Ensino Superior’ será
organizado conjuntamente com a Universidade do Porto (UP) e a APH e
decorrerá em Novembro, no Porto. A
Comissão Organizadora será presidida
por Jorge Queiroz da UP.
3. Revista da APH
O número 100 da Revista da APH
será editado em Abril e pretende-se
que seja uma edição diferente que
contenha informação indexada dos 99
números anteriores, relativamente a
eventos realizados, trabalhos publicados, títulos honoríficos e entrevistas
publicadas.
A publicação deste número será assinalada com uma Sessão Comemorativa, durante o mês de Maio, na sede
da Associação.
Ainda no âmbito do número 100 da
Revista da APH, serão compiladas em
DVD as 100 Revistas já editadas. Esta
edição será um marco importante na
história da Associação e será utilizada
como oferta em momentos especiais, à
semelhança do Livro dos 25 Anos da
APH.
Com o número 100 e a partir daí, a
Revista da APH estará disponível em
formato digital, na página da Internet
da APH (www.aphorticultura.pt), para
os associados.
Prevê-se a publicação de 4 números
da Revista da APH durante o ano de
2010.
Tentar-se-á elaborar uma candidatura para a indexação da Revista
da APH, submetendo-a aos critérios
SciELO Portugal.
4. Publicações não
periódicas
Pretende-se publicar e distribuir pelos respectivos participantes as Actas
dos seguintes eventos:
• Sixth International Symposium on
Olive Growing, que decorreu em 2008,
em Évora. Estas actas integrarão a
série Acta Horticulturae, editada pela
ISHS.
• V Simpósio Nacional de Olivicultura, que decorreu de 24 a 26 de
Setembro de 2009, em Santarém. Estas Actas serão o n.º 14 da série Actas
Portuguesas de Horticultura.
• 1.º Colóquio Nacional de Sementes
e Viveiros, que decorreu de 29 a 30 de
Outubro de 2009, em Coimbra. Estas
Actas serão o n.º 15 da série Actas Portuguesas de Horticultura.
• 2.º Simpósio Nacional de Fruticultura, que decorreu de 4 a 5 de Fevereiro
de 2010, em Castelo Branco. Estas Actas serão o n.º 16 da série Actas Portuguesas de Horticultura.
5. Colaboração
com Sociedades
Científicas
Nacionais e
Internacionais
Manter e ampliar as relações existentes entre a Sociedade de Ciências
Agrárias de Portugal (SCAP), a ISHS
e a SECH.
Lisboa, 17/03/2010
A Direcção
Revista da APH N.º 101
53
Actividade Interna
Duas novas
edições da APH
As comunicações apresentadas no
2.º Simpósio Nacional de Fruticultura
(Castelo Branco, 2010) foram compiladas no volume 16 da série ‘Actas Portuguesas de Horticultura’, em papel. As
40 comunicações apresentadas, oralmente ou sob a forma de painel, estão agrupadas pelos seguintes temas:
Produção; Biotecnologia e Saúde;
Pós-colheita e Protecção das Plantas.
J. Raúl Rodrigues e Maria Paula
Simões,
respectivamente
Vice-presidente para a Fruticultura da APH
e Presidente da Comissão Organizadora do Simpósio coordenaram esta
edição.
Por ocasião da edição n.º 100 da
Revista da APH, reuniu-se num DVD
os 100 números da revista que, des-
de 1981, tem vindo a ser editada pela
APH. O DVD intitulado ‘100 Números
da Revista da APH’ foi apresentado na
Sessão Comemorativa do 100.º Número da Revista da APH.
O preço do livro é de 15,00 e 17,50
euros, respectivamente para sócios e
não sócios e o DVD 7,50 e 10,00 euros, também para sócios e não sócios.
A aquisição de qualquer uma destas
edições pode ser solicitada à sede da
APH por correio (Rua da Junqueira,
299, 1300-338 Lisboa), por telefone
(213623094), fax (213633719) ou correio electrónico (aph@aphorticultura.
pt). Os pedidos serão enviados por
correio, após boa cobrança, sendo os
preços indicados acrescidos dos portes
do correio.
NOVOS
SóCIOs
Tiago Manuel Ferreira Lopes Guerreiro de Matos Daniel Moreira Gonçalves
Adelaide Perdigão
João Pedro Marques Dinis
Telmo Rui Aires Veiga Tania Cristina Duarte Ferreira
José António Rodrigues da Silva
Maria Sónia Simões Torres
Sérgio Miguel Aleixo Viseu
José Alberto Póvoa dos Santos
Maria Madalena Morais Betencourt da Câmara Correia
Carlos de Sá Felgueiras
Sílvia Marques de Sousa
João Filipe Boiões Barrona
Sócios
Patrono
- A. Pereira Jordão, Lda.
- ADP Fertilizantes, SA
- Alípio Dias & Irmão, Lda.
- António Silvestre Ferreira
- Associação da Maçã de Alcobaça
- Brasplanta, Viveiro de Plantas, Lda.
- Dow AgroSciences, SA
- Grupo Hubel
- Koppert, Comércio de Produtos Biológicos Lda.
- Lusosem, Produtos para Agricultura, S.A
Secretariado
54
Revista da APH N.º 101
1820 1821
1822
1823
1824
1825 1826
1827
1828
1829
1830
1831
1832
1833
Venda do Pinheiro
Amorim
Poço do Canto
Bárrio
Gemunde Maia
Roxo
Arcozelo
Lisboa
S. Martinho do Bispo
Águeda
Lisboa
Vila Real
Beja
Montijo
- Mercado Abastecedor da Região de Coimbra, SA
- Raul Patrocínio Duarte, Lda
- Sativa, Desenvolvimento Rural, Lda.
- SAPEC S.A
- Selectis, Produtos para a Agricultura, SA
- Sementíbrida, Lda.
- Soares & Rebelo
- Sugalidal, Indústrias de Alimentação, SA
- Tecniferti, Fertilizantes Líquidos
- Viveiros Mirajardim
Horário de funcionamento: De 2.ª a 6.ª Feira, das 8.30 às 14.30h
Tel.: 213 623 094 / 213 633 719 Fax: 213 633 719
E-mails: Secretariado - [email protected], Geral - [email protected]
Presidente: [email protected]
Tesoureiro: [email protected]
Editor da Revista: [email protected]
Rua da Junqueira, n.º 299, 1300-338 Lisboa
Calendário de Eventos
Data
Evento
Local
Site
25-30/07
III International Symposium on Tomato Disease
Nápoles, Itália
www.3istd.com
1-5/08
X International Conference on Grapevine
Breeding and Genetics
Geneva, USA
www.grapebreeding2010.com
2-4/08
Asia Pacific Symposium on Postharvest
Research Education and Extension
Bangkok, Tailândia
www.kmutt.ac.th/APS2010/
16-20/08
XII International Workshop on Fire Blight
Warsaw, Polónia
www.fireblight2010.pl
22-27/08
XXVIII International Horticultural Congress - IHC2010
Lisboa, Portugal
www.ihc2010.org
30/08/09
II International Symposium on the Genus Lilium
Pescia, Itália
www.symplitaly2010.com
1-3/09
1st International Strawberry Congress
Antuérpia, Bélgica
www.hoogstraten.eu/congress
5-9/09
International Symposium on Plum Pox Virus
Sofia, Bulgária
www.ippvs2010.com
VII International Symposium on Kiwifruit
Faenza, Itália
www.avenuemedia.eu/source/congressi/congressi_2010/7th_Symposium_Kiwifruit/indice_7th_International_
Symposium_Kiwifruit.html
14th Ramiran Conference, “Treatment and use
13-15/09 of organic residues in agriculture: Challenges and
opportunities towards sustainability”
Lisboa, Portugal
www.ramiran2010.net
12-17/09
20-21/09
V International Phylloxera Symposium
Viena, Áustria
www.viticulture-research.com
11-14/10
International Conference
on Organic Greenhouse Horticulture
Bleiswijk, Holanda
www.organicgreenhousehorticulture.com
17-22/10
VII International Congress on Cactus Pear and
Cochineal
Agadir, Marrocos
www.ishs.org/calendar/
cactusVII_1stannouncement.pdf
25-28/10
International Workshop on Biological Control of
Postharvest Diseases: Challenges and Opportunities
Leesburg, Virginia, USA
www.ishs.org/calendar/BCPD_
Workshop2010.pdf
25-29/10
International Conference on Food Innovation 2010
Valencia, Espanha
www.foodinnova.com
2-3/10
11.ª Visita Vitivinícola da APH
Bucelas, Carcavelos
e Colares, Portugal
www.aphorticultura.pt
11-12/11
International Symposium on Pyrethrum
Launceston, Austrália
E-mail: [email protected]
15-18/11
9th Conference of the European Foundation
for Plant Pathology (EFPP) e 6th Congress
of the Sociedade Portuguesa de Fitopatologia (SPF)
Évora, Portugal
www.efpp10.uevora.pt
21-25/11
I International Symposium on Genetic Research
of Bamboos and Palms and III International Symposium on Ornamental Palms
Campinas, Brasil
www.infobibos.com/symbampalm
22-26/11 I International Symposium on Tropical Horticulture
Kingston, Jamaica
ocs.mona.uwi.edu/ocs/index.php/th/th1
Secretariado
23-26/11
XI International Pear Symposium.
General Roca,
Argentina
www.inta.gov.ar/
altovallePears2010/index.html
5-9/12
International Symposium on Urban and Peri-rban
Horticulture in the Century of Cities: Lessons,
Challenges, Opportunities.
Dakar, Senegal
www.fao.org/agriculture/crops/
core-themes/theme/
hort-indust-crops/isd/en/
Revista da APH N.º 101
55