Videoarte: Práticas e Contextos no Brasil
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Videoarte: Práticas e Contextos no Brasil
“ O videoclipe musical como campo interdisciplinar: relações entre o audiovisual e as artes visuais”. Liene Nunes Saddi Grupo de Pesquisa “Tecnologia, midia, Criacao Sonora e Audiovisual” Instituto de Artes - Unicamp. [email protected] Videoclipe, Arte e Tecnologia O videoclipe musical como objeto de estudo: construções e desconstruções históricas de um ‘formato’ atrelado ao desenvolvimento tecnológico, mas com desvios poéticos que podem ser identificados pela forma com que estes objetos circulam. contexto - Grosso de uma produção em videoclipes com foco para o circuito televisivo e para a divulgação comercial de um álbum musical lançado. - Objetos que se comportam como desvios: gradativa absorção pelas instituições artísticas (compondo arquivos e mostras). - Situações em que os diretores são videoartistas (com poéticas próprias) ou em que os músicos participam ativamente do processo criativo visual. O Videoclipe musical • Origens do formato ‘Clipe’ – relação música / imagem. • Scopitone europeu - anos 1960. O Videoclipe musical • Origens do formato ‘Clipe’ – relação música / imagem. • Scopitone europeu - anos 1960. O Videoclipe musical • Consolidação do formato – anos 1960 e 1970 (Inglaterra); • Vídeos promocionais para artistas como The Beatles e David Bowie; • Programas Televisivos Britânicos – “Top of the Pops” e “Ready Steady Go!”. • Nos Estados Unidos: fim dos anos 1970 – gravadoras maiores começam a dar ênfase ao formato para lançar novos álbuns. • Music Television (MTV) - primeira transmissão em 1981. Performance / Montagem - Suporte x Expressividade - Caráter dos primeiros trabalhos para videoclipes: experimentando o dispositivo, especialmente com o registro rápido de performances. - Ampliação de possibilidades em manipulação ou interferência na imagem, com situações tecnica e conceitualmente mais complexas. Repertorios - Influências em vanguardas cinematográficas e vídeos experimentais. - Nam June Paik, ‘Global Groove’, 1973. - Nos videoclipes, maior experimentação onde o processo criativo não foi controlado diretamente por gravadoras. Dialogos entre campos - Aproximações entre músicos e artistas visuais. - Contexto artístico norte-americano / europeu na década de 1970 a 1980 em relação ao uso das tecnologias na produção imagética. - Possibilidades expressivas nas trocas entre videoclipes e a videoarte. NAM JUNE PAIK (1932 – 2006) - Nos questiona sobre quantidades e modos de circulação da informação, reinventando de maneira crítica o circuito da comunicação de massa. "Zen for TV," 1963/1982 Paik + BOWIE - performance de David Bowie para a música “Look Back in Anger”; - programa televisivo “Wrap Around the World” (Nam June Paik,, 1988); Paik + BOWIE - exibição ao vivo para dez países (Coréia do Sul, Áustria, Alemanha, Israel, Itália, Japão, Irlanda, Estados Unidos, União Soviética, China e, no Brasil, com transmissão pela Rede Globo). - evento de videoarte ao vivo com transmissão por satélite: experiência multicultural para milhões de espectadores. - parceria com a companhia canadense de dança contemporânea La La La Human Steps - efeitos de distorção gráfica inseridos ao vivo por Nam June. BOWIE E SEUS CONTEMPORANEOS - David Bowie (1947 - ) – potência da circulação global e de um imaginário criado em torno de suas personas, mas sempre com um repertório e expressividade pessoal incorporados ao seu discurso. Storyboard de “Ashes to Ashes” (1981) - Outros artistas que também passaram a compor arquivos de museus ou mostras temporárias: David Byrne (Talking Heads), Laurie Anderson, Lou Reed, e as bandas The Residents e Sonic Youth. Laurie Anderson (1947 - ) Laurie Anderson – formação em artes visuais e relação com a performance. 1981 – música “O Superman” – entre o experimentalismo e a recepção massiva. Laurie Anderson Projects: Laurie Anderson. The Museum of Modern Art, 1978. Instalação “Handphone Table”. Laurie Anderson + Nam june Videoclipe “Excellent Birds” (1981) Laurie, Bowie, Paik “Os videoclipes da MTV já mostraram que há grande intimidade entre som e imagem. As pessoas se acostumaram a essas colagens eletrônicas. Se você compará-las aos filmes underground dos anos 1960, você encontrará vários traços em comum, como cortes abruptos e ângulos não usuais, além de outras características. A MTV não é a única abordagem ao assunto som-e-imagem, mas é uma solução interessante, que contribuiu muito para o desenvolvimento de uma ‘música visual’ e à videoarte. Eu acredito que o trabalho de Laurie Anderson, por exemplo, é muito importante, porque ela faz uma ponte entre o buraco que havia entre a ‘baixa cultura’ e a ‘alta cultura’. [...] músicos como David Bowie ou David Byrne tem uma formação sólida, eles admiram Duchamp e outros artistas importantes. Um artista visual pode conversar com eles porque eles também foram artistas visuais antes de se tornarem músicos profissionais.”. (Nam June em entrevista a Eduardo Kac, 1988) CIRCULACao - Primórdios da MTV (1981): abertura para trabalhos mais autorais; - Anos 2000: internet e novas possibilidades de trocas interdisciplinares e difusões. Sigur Ros - “The Valtary Mistery Film Experiment” (2012) - Sigur Rós. - Videoclipe de ‘Vardeldur’, dirigido por Melika Bass (oriunda do vídeo e do site-specific). - Acesso via website do grupo,YouTube e Vimeo. Sigur Ros - “Vardeldur” - Captação em16mm (textura) e edição digital performance de Selma Banich e o porão como locação. - “realizar um retrato cinematográfico de uma entidade instável em um navio assombrado, arrastada e flutuando para longe do canto da sereia” (Melika Bass). - Não-sincronicidade - Um espaço que fala por si mesmo e a terceira camada na experiência emocional, entre som e imagem – atmosfera. - Imagem rarefeita, mas com densidade - Deleuze (1985). REFLEXOES Sobre as aproximações e limites em tecnologia/expressividade: “Percebemos, na história da arte, uma concessão mútua entre formas simples, combinadas de um modo simples, e complexidades que põem à prova a capacidade organizacional mais sofisticada do sistema nervoso humano. [...] Em si, a tecnologia deve ser entendida como um movimento da inteligência humana, voltado para uma forma de vida que vem a estar de acordo com nossas atitudes atuais” (ARNHEIM, 1989. p. 132). REFLEXOES Sobre a apreensão deste objeto de estudo e das imagens do circuito comunicacional em geral ao campo acadêmico: “Apesar de todas essas relutâncias frívolas, a arte nascida das tecnologias de comunicação segue seu caminho [...] Se as tecnoimagens e seus desenvolvimentos pudessem ajudar a redefinir o que é a arte, seu sítio, seus objetos e seus atores, reunindo assim o trabalho empreendido pelos próprios artistas em seu próprio sítio, já seriam detentoras de todas as virtudes ‘estéticas’ desejáveis – aquelas do domínio da crítica. Sem falar de vanguarda, seriam realmente a parte viva da arte contemporânea” (CAUQUELIN, 2005, pp. 159 -160). BIBLIOGRAFIA ARNHEIM, Rudolf. As novas e velhas ferramentas da arte. In: Intuição e intelecto na arte. São Paulo: Martins Fontes, 1989. p. 129-138. DUBOIS, Philippe. Cinema,Vídeo, Godard. São Paulo: Cosac Naify, 2004. • KAC, Eduardo. Satellite Art: An interview with Nam June Paik. In: O Globo, 10 de julho de 1988. • MACHADO, Arlindo. Uma poética, o videoclipe? In: A Arte do Vídeo. São Paulo: Brasiliense, 1997. p. 169-174. PARENTE, André; CARVALHO,Victa. Cinema as dispositif: between cinema and contemporary art. In: Cinémas: revue d’études cinématographiques, v. 19, n. 1, 2008, p. 37-55. The Museum of Modern Art. Website oficial. www.moma.org The Valtary Mistery Film Experiment.Website com projeto da banda Sigur Ros. www.sigur-ros.co.uk/valtari [email protected]