Paris: Capital intelectual, indústria de miséria. Assim foi como
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Paris: Capital intelectual, indústria de miséria. Assim foi como Antônio Frederico Ozanam descobriu a capital francesa no dia 5 de novembro de 1831. No começo a grande cidade causa ilusão. A vista e a visita de seus célebres monumentos não o satisfazem; toma consciência de que além destas belezas e luzes, Paris também apresenta seus "horrores, sua pobreza, sua corrupçã~ Um luxo que se ostenta divide espaço com uma miséria que espanta, a mesma que alguns anos depois Victor Hugo descreverá na obra: Os Miseráveis. A Paris de Luis Felipe, período que Ozanam se instala, não é a mesma Paris que o Barão de Haussmann (nomeado prefeito em 28 de junho de 1853) transformará até o ponto de convertê-Ia na "Cidade Luz". Que Paris Ozanam encontra? Com exceção dos bairros aristocráticos, é possível ver em quase todas as partes uma cidade desordenada, com casas amontoadas, ruas estreitas e sujas, sem sistema de esgoto ou passeio (calçamento para pedestres). Uma cidade barulhenta pelo grito dos comerciantes e pelo ruído provocado pelo pavimento desigual, do mal estado das rodas e molas de inúmeras charretes. É compreensível que o horroroso espetáculo da cólera que fez milhares de vítimas em 1832 (estima-se em torno de 20 mil) também tenha impressionado profundamente a Frederico Ozanam. A maioria das pessoas ainda possuíam baixos salários por volta de 1846. Numa população de 1 milhão de habitantes, 650 mil estavam isentos de impostos pois não tinham como pagar. Duas a cada três pessoas não tinham como pagar seu próprio enterro. A mortalidade de 30 a cada mil era superior à média francesa. Cerca de 11 mil dos 27 mil óbitos por ano aconteciam nos hospitais, o que mostra o terror que este povo vivia quando ficava doente. Às vésperas da revolução de 1848, Paris conta com 300 mil indigentes. A cidade está marcada por feridas abertas: crianças abandonadas, prostituição, desemprego, .... É importante recordar estas misérias para compreender a vocação caritativa e social de Frederico Ozanam. Não podemos esquecer que esta cidade também tem sua tradição revolucionária, palco de reformas sociais. Frederico Ozanam acompanhou as manifestações operárias em 1832, 1833 e 1834; as leis policiais mais severas após o atentado contra o rei Luís Felipe. Nesta Paris é que Frederico Ozanam se sentiu desconcertado, horrorizado e desafiado a mudar as estruturas sociais existentes. O distanciamento de sua família foi uma de suas grandes dores: {{ Eu... tão acostumado às conversas em família ... aqui estou sem apoio/sem lugar de encontro, nesta capital cheia de egoísmo, neste turbilhão de paixões e desencontros. Como me faz falta os meus pais! Sou muito jovem para acostumar-me, ao voltar para casa, e me encontrar só, e sentar sem poder dizer para alguém o que sinto no coração. Separado daqueles que amo, não consigo fixar raízes neste chão. Tenho lembranças do meu tempo de menino, da minha casa à sombra do pai e da mãe. Situações que não existem neste ambiente da capital" (Frederico Ozanam). Felizmente também existia o bairro latino que foi o primeiro lugar onde residiu Frederico Ozanam. Uma população de 5 mil estudantes, muitos deles provenientes de Lyon. Aí conheceu André Marie Arnpere que abriu sua casa e onde Frederico Ozanam reencontrou a alegria de viver em família e pode conservar sua fé cristã. Frederico Ozanam que foi por muito tempo avesso à Capital, admite que Paris é verdadeiramente a cidade "onde tudo se torna ativo: as ideias, os trabalhos, as conversas e até as mínimas relações de sociedade".
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