There are two sides to typography. First, it does a practical job of work

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There are two sides to typography. First, it does a practical job of work
There are two sides to typography. First, it does a practical job of work; and second, it is concerned with
artistic form. Sometimes form is accentuated, sometimes function, and in particulary blessed periods form and
function are felicitously balanced.
(Emil Ruder, Tipography Today, Helmut Schmid, 1981, Seibundo Shinkosha)
Wolfgang Weingart nasceu na Alemanha, no decorrer da Segunda Guerra Mundial, em 1941, mais
propriamente em Salem Valley. Ensinou tipografia na Basel School of Design desde 1968, tendo sido convidado por Armin Hofmann como instrutor no programa de verão de Yale. Como designer que marcou
notavelmente a sua área durante o século XX, foi destacado em exposições permanentes de museus e de
galerias privadas, tendo recebido igualmente diversos prémios de design.
O Estilo Suíço, ou Estilo Internacional, foi um estilo que surgiu e se desenvolveu na área do design
gráfico por volta dos anos 50, na Suíça, e que rapidamente se tornou internacional, apresentando uma
linguagem clara, precisa e objetiva. Nas obras de designers e tipógrafos pertencentes a este estilo – como
Armin Hofman, Josef Muller-Brockman e Emil Ruder - é evidente a aplicação de certos princípios como
a utilização da grelha, as proporções matemáticas, os textos alinhados à esquerda, com recurso a fontes
tipográficas não serifadas (Akzidenz Grotesk, Futura e Helvetica, por exemplo) e a utilização da fotografia ao invés da ilustração, havendo uma preocupação em apresentar a informação da forma mais clara
possível. Assim sendo, ideias como a ordem, o pensamento matemático e a informação estruturada são
elementos que definem certamente o design gráfico suíço.
Wolfgang Weingart, que aprendeu com as figuras mais preponderantes do Estilo Suíço, nomeadamente Armin Hoffmann e Emil Ruder, acabou naturalmente por ser integrado neste estilo, abraçando a
abordagem lógica e racional à tipografia que a escola tanto defendia.
The wonderfull feeling which I have everytime from 20’s typography: These characters were not only typographers, they where hand-workers with heart and not only with cold-heads, they where genious discoverers: El
Lissitzky, Piet Zwart and many good persons more.
(Wolfgang Weingart, Tipography Today, Helmut Schmid, 1981, Seibundo Shinkosha)
Contudo, este pensamento racional e matemático acabou por se tornar algo rígido e até mesmo
restritivo para a criação dos projectos gráficos, pelo que certos designers começaram a procurar novas
alternativas ao Estilo Suíço. Wolfgang Weingart foi um deles, tendo introduzido notáveis mudanças no
design grafico por volta da década de 70. Apesar de, inicialmente, ter assumido os princípios do Estilo
Suíço como ponto de partida, bem como os do movimento De Stjil, da Bauhaus e da nova tipografia dos
anos 20, Weingart sentiu a necessidade de explorar diferentes soluções que introduzissem uma nova linguagem gráfica, sobretudo no que dizia respeito à tipografia. Estas explorações tomaram forma através
de diversas experiências tipográficas que tiravam partido das qualidades gráficas das fontes tipográficas
e do surgimento de novas tecnologias.
Assim sendo, e contribuindo fortemente para a mudança das normas tipográficas então difundidas,
as obras de Weingart deixaram de se preocupar com a hierarquia da informação e a disposição matemática dos elementos visuais e textuais, para passarem a apresentar, por exemplo, uma desconstrução das
fontes e imagens, a técnica da fotocomposição e o espaçamento diferenciado entre os tipos, em composições e carácter experimental, assimétrico e dinâmico que, contudo, revelam um grande conhecimento
no que diz respeito as funções e características formais da tipografia.
The emotionally-charged lines, the potent, image-like qualities of his type, the almost cinematic impact of his layouts, all speak of his great passion of creating with graphical forms. His typographic layouts
are compelling yet lucid, free yet controlled. (...) His inspirations were mainly drawn from the processes of
typesetting and reproduction, where he finds great pleasure in discovering their characteristics and pushing
them to their limits.
(Wolfgang Weingart’s typographic landscape, Keith Tam)
Para Weingart era necessário reavaliar os princípios da utilização da tipografia, conhecer as suas
regras para que depois pudessem ser quebradas, sendo que procurou testar a legibilidade e as qualidades
gráficas da tipografia, de modo a evidenciar o seu significado ou função, adaptando cada disposição de
elementos a cada projeto.
For me, typography is a triangular relationship between design idea, typographic elements, and printing technique.
(Wolfgang Weingart,Wolfgang Weingart’s typographic landscape, Keith Tam)
Outro ponto importante é o valor que Weingart atribuía ao uso da tecnologia, de modo que realizou
experiências com processos de reprodução mecânicos e fotográficos, como a fotolitografia, a sobreposição de filmes fotográficos e a utilização da câmara, para conciliar o texto e a imagem.
Devido a estas suas experiências tipográficas, Weingart é considerado o criador do movimento New
Wave (ou Swiss Punk Typography), desenvolvido no início dos anos 70 na Basel School of Design. Marcado por uma abordagem à tipografia que desafiava as construções baseadas na grelha, o movimento
caracteriza-se pela predominância das fontes não serifadas, como no Estilo Suíço, contudo explora os
limites da legibilidade da tipografia, através da alteração dos espaçamentos, da espessura, corpo e forma
das letras, uso de diferentes alinhamentos e ângulos do texto, e o acrescento de textura e colagens. Deste
modo, ao aumentar a expressão da tipografia, consegue-se melhorar a própria comunicação.
Willi Kunz nasceu em 1943, na Suíça, tendo emigrado posteriormente para os Estados Unidos, onde
trabalhou como designer gráfico na empresa de consultoria de identidade corporativa Ansapch, Grossman & Portugal. Uma vez que fora influenciado pelo Estilo Suíço, Willi Kunz acabou por introduzir a
nova tipografia desenvolvida na Suíça nos Estados Unidos.
Typography supports reading, but it is also a source of aesthetic pleasure and inspiration.
(Typography: Formation and Transformation, Willi Kunz)
Enquanto professor na Basel School of Design, Weingart transmitiu as suas ideias aos alunos, incentivando-os explorar os limites e as inúmeras possibilidades das experiências tipográficas e a encontrarem
o seu potencial nestas mesmas experiências. Estas mudanças provocadas por Weingart acabaram por
marcar o percurso de alguns designers, como é o caso de Willi Kunz que, embora tivesse adquirido os
princípios da tipografia convencional do Estilo Suíço, estava aberto a novas abordagens ou experimentações.
Through the relationship between the elements and space, the proportion of elements to one another, and
their rhythm and composition, design not only objectively conveys information but also gives subjective cues
for the interpretation of its contents.
(Typography: Formation and Transformation, Willi Kunz)
Ao tornar-se professor substituto do próprio Weingart, acabou por se inspirar no trabalho deste
para criar um conjunto de 12 interpretações tipográficas das obras do filósofo Marshall McLuhan. Nelas,
Kunz apresenta os pontos de vista de McLuhan através de contrastes entre os pesos das letras, a disposição das mesmas em degraus, o espaçamento diferenciado, a utilização de linhas e barras como “pontuação visual” e de áreas texturadas, de um modo que o aproxima da abordagem experimental à tipografia
do próprio Weingart. É evidente que Kunz compreende a importância do conhecimento das características formais das letras de modo a conseguir explorar ao máximo as suas potencialidades. É conhecendo
as suas formas que se consegue proceder a sua transformação para a criação de novas interpretações
visuais, tal como a sua obra Typography: Formation + Transformation bem explica e demonstra.
“The old adage practice creates the master” still has resonance. Personal experimentation and learning
from mistakes is much more valuable than looking at design annuals and magazines. Artist’s biographies and
autobiographies, which reveal the connection between someone’s life and work, are a great inspiration.
(Typography: Formation and Transformation, Willi Kunz)
Analisando este conjunto de interpretações e de outras obras pode-se perceber como Willi Kunz desenvolve as composições, não dispondo-as numa grelha pré-definida, mas sim construindo-as à medida
que vai explorando as diferentes possibilidades. Há uma preocupação em transmitir a mensagem nas
suas composições tipográficas, que se desdobram e ajustam a cada situação e que recorrem à hierarquia
visual, sintaxe, espaço, proporção e ritmo para assegurar a clareza da informação a ser transmitida.
Concluindo, pode-se perceber como a disseminação de um estilo – o Estilo Suíço – influenciou
muitos designers e como serviu de base para o seu crescimento, possibilitando-lhes a procura de novas
linguagens ou alternativas ao estilo que podem ser vistos como ruturas aos princípios anteriores ou,
melhor, como progressões naturais das mesmas, na medida em que alguns princípios são mantidos,
mas adaptados a novas abordagens que exploram diferentes possibilidades, das quais a “tipografia experimental” de Weingart e o movimento New Wave são exemplo. Mais ainda, é interessante observar
como os designers influenciam ou se deixam influenciar por outros, partilhando ideias entre si, porém,
encontrando o seu próprio “método de design” que em muito contribui para o enriquecimento da área
do design gráfico da atualidade.