Assessoria ao Cirurgião Dentista

Transcrição

Assessoria ao Cirurgião Dentista
Assessoria ao Cirurgião Dentista
Publicação mensal interna a Papaiz – edição VII – fevereiro de 2015
Escrito por:
Dr. André Simões, radiologista da Papaiz Diagnósticos Odontológicos por Imagem
11 3894 3030 papaizassociados.com.br
Os Seios Maxilares e sua relevância para o
Cirurgião Dentista
Segundo Friedrich Anton Pasler, 90% de todas as sinusopatias têm origem rinogênica e, portanto não são usualmente
tratadas por cirurgiões dentistas. Os seios maxilares, por outro lado, representam uma exceção à regra, já que a área
de atuação do cirurgião dentista é “imediatamente adjacente”.
Existe uma relação de proximidade entre os seios maxilares com o processo alveolar da maxila. Eventualmente, frente
a um agente patológico oriundo do processo alveolar, ocorrerão respostas de defesa das cavidades paranasais que
nem sempre levarão a manifestações clínicas. Deste ponto de vista, é imprescindível uma avaliação Imaginológica dos
seios maxilares por parte das diferentes especialidades Odontológicas, de modo a assegurar as atuações do Cirurgião
Dentista dentro do Sistema Estomatognático.
Relembremos
rapidamente
da anatomia do
complexo maxilo
facial
A maxila é um osso par, pertencente ao viscerocrânio ou esplancnocrânio.
Compõe acidentes anatômicos como parte do assoalho da cavidade orbital, da
parede lateral da cavidade nasal e parte do assoalho da cavidade nasal, além, é
claro, de constituir o processo alveolar, que é o alicerce dos dentes superiores.
As raízes dos pré- molares e molares (em alguns casos até as raízes de caninos
e de incisivos laterais) mantêm relação de proximidade/contato com o assoalho
do seio maxilar.
Aspecto Frontal da Maxila – Suas
regiões limítrofes
1 – Processo Frontal (parede medial da órbita)
2 – Assoalho da órbita correspondente à maxila
3 – Processo Zigomático
4 – Corpo
5- Processo Alveolar
Vista Sagital da Maxila
1 – Parede lateral da cavidade nasal
2 – Assoalho da cavidade nasal
3 – Processo Alveolar
4a – Concha Nasal Inferior
4b – Concha Nasal Média
4c – Concha Nasal Superior
5 – Seio Esfenoidal
Radigrafias periapicais
Note acima a relação de contato das raízes dos dentes incisivo lateral, canino, pré-molar e molares do lado esquerdo
com o seio maxilar.
Deste modo, uma afecção odontogênica (uma lesão periapical ou periodontal, um cisto ou tumor ou até fraturas da
maxila) que mantenha contato com o seio maxilar, frequentemente estimula uma repercussão colateral da mucosa
sinusal e esta mucosa muitas vezes responderá com dor, rinorréria, cefaleia, obstrução nasal, coleção purulenta e
febre, ou seja, sinais característicos da sinusite.
Por outro lado, uma inflamação do seio maxilar, não tendo origem dental, pode trazer sintomatologia a um elemento
específico durante a mastigação; o que leva o paciente a procurar o Cirurgião Dentista. Esta é a razão pela qual o CD
deve reconhecer as características radiográficas e imaginológicas das frequentes alterações dos seios maxilares, a fim
de tratar as afecções de origem dental e, indicar um Otorrinolaringologista quando da necessidade de um tratamento
multidisciplinar.
Abordaremos de forma sucinta nesta edição, as sinusopatias mais frequentes observadas através das
Radiografias Panorâmicas e de Tomografias Computadorizadas por Feixe Cônico.
Na próxima edição, ilustraremos as alterações dos seios maxilares de origem odontogênica.
Seios Paranasais e
Imaginologia
Ilustração esquemática da vista frontal dos seios paranasais
(o seio esfenoidal tem localização mais posterior)
O osso da maxila é um osso aerado, ou seja,
uma cavidade que permite a passagem de ar.
Essa cavidade recebe o nome de Seio Maxilar.
O seio maxilar é um dos seios
paranasais; o crânio ainda possui um seio
frontal, um seio esfenoidal e um seio etmoidal
constituído por diversas cavidades, lojas ósseas,
também chamadas de células etmoidais.
Fonte: http://www.improve.com/Paranasal-Sinuses/3441
Os seios maxilares, juntamente com os
demais seios paranasais funcionam como
uma espécie de filtro do ar inspirado:
os seios aquecem, umidificam e captam
impurezas do ar, com a função de
proteger a traqueia e os pulmões. Estes
seios são revestidos por uma membrana
ciliada e produtora de muco. Todos os
seios paranasais tem comunicação com a
cavidade nasal.
O muco, que tem a função de
aquecer e umidificar o ar inspirado, é
constantemente produzido e precisa
ser eliminado. Os seios maxilares
comunicam-se com a cavidade nasal
através de uma estrutura diminuta,
chamada de óstio ou hiato maxilar; a
movimentação da membrana ciliada,
faz com que o muco presente no seio
maxilar atravesse este reparo anatômico
e chegue à cavidade nasal.
Em indivíduos hígidos, existe uma relação
de equilíbrio entre o funcionamento/
movimentação da mucosa ciliar e a
luz dos óstios maxilares. Quando há
um bloqueio dos óstios maxilares por
um processo inflamatório (rinite, por
exemplo), as vias de drenagem de
secreção, obstruídas, comprometem a
ventilação do seio maxilar e instala-se um
quadro de retenção de muco constante e
crescente, e que leva à sinusite.
Corte Coronal
Aspecto da cavidade nasal,
seios maxilares, células
etmoidais e a órbita
Corte Coronal
Cavidade Nasal
(óstio ou hiato maxilar)
Corte Coronal
As setas indicam uma
variação anatômica
frequente e bastante
facilitadora: óstios maxilares
acessórios, que constituem
uma segunda via de
drenagem do muco para a
cavidade nasal
Anatomia Imaginológica do Seio Maxilar
O seio maxilar é o que possui o maior volume dentre as demais cavidades paranasais.
Os seios maxilares, na maioria das vezes, costumam ser simétricos. As regiões limítrofes do seio maxilar são suas seis
paredes: anterior, medial, lateral, posterior, superior e inferior (sendo que as duas últimas estruturas também são
conhecidas como teto e assoalho, respectivamente). Lembrando que a parede superior/teto do seio maxilar é a mesma
estrutura que o assoalho da cavidade orbital, assim como a parede medial do seio maxilar também corresponde à parede
lateral da cavidade nasal.
Radiografia Panorâmica
Tomografia Computadorizada por feixe cônico
Como já descrito, o seio maxilar ocupa o corpo da maxila
e desenvolve-se (pneumatiza-se) em direção ao processo
alveolar até os 22 anos de idade, aproximadamente.
A erupção dos dentes superiores à cavidade bucal estimula
o desenvolvimento supero-inferior dos seios maxilares: o
assoalho do seio maxilar costuma insinuar-se entre as raízes
dos dentes posteriores (ou perto delas).
Da mesma forma, quando um elemento dental é perdido, o seio maxilar tende a estender-se em direção à crista alveolar
correspondente (o que chamamos de hiperpneumatização, ou extensão para alveolar do seio maxilar).
Características Imaginológicas de
Materiais de Enxertia
Esta característica de expansão, de hiperpneumatização
do seio maxilar, quando da ausência de elementos
dentais, interfere no planejamento em implantodontia.
As manobras de levantamento do seio maxilar visam,
por meio de materiais osteoindutores e osteogênicos,
reestabelecer a função do processo alveolar: ser o
alicerce dos dentes do arco superior.
Imagem de densidade diferenciada (semelhantes
à grânulos) no interior do seio maxilar direito :
presença de material de enxertia
Material de enxertia observado em ambos os seios maxilares
Frequentes Alterações dos Seios Maxilares de
interesse em Odontologia
Pólipo
Polipose Sinusal
Fenômeno
de retenção
de muco
O pólipo/polipose sinusal é uma resposta da mucosa de uma (ou
mais) parede(s) sinusal(is) frente a um fator etiológico extrínseco
(poluição, por exemplo) que desencadeia um processo inflamatório.
Radiograficamente pode-se observar tanto uma única projeção
pendular, quanto várias delas, associadas às paredes da cavidade sinusal.
Confira Caso I e II nas páginas 9 e 10.
O fenômeno de retenção de muco ou cisto de retenção mucoso tem etiologia
provavelmente relacionada à obstrução dos ductos secretores das células
caliciformes (células produtoras de muco) presentes nas paredes dos seios
paranasais. Trata-se de um achado radiográfico: a grande maioria destes casos
é assintomática; seu aspecto radiográfico é de imagem arredondada/ovalada
e não corticalizada. Quando há dor, os sinais clínicos são semelhantes à de
sinusite. Alguns autores relatam que o fenômeno de retenção de muco pode
permanecer estacionário no seu tamanho; sua regressão geralmente é de forma
espontânea. Confira Caso I e II nas páginas 11 e 12.
Setas amarelas
Imagem radiopaca, circunscrita e não corticalizada, projetada ao seio
maxilar esquerdo: fenômeno de retenção de muco
Pólipo – Polipose Sinusal (caso 1)
Projeção Pendular associada às paredes medial e inferior do seio maxilar: Pólipo/polipose sinusal
Pólipo – Polipose Sinusal (caso 1I)
Projeções Pendulares associadas às paredes de ambos os seios maxilares: Pólipo/polipose sinusal
Fenômeno de retenção de muco (caso 1)
Imagem de densidade aumentada ao seio maxilar direito, de aspecto oval e não corticalizada
associando-se ao assoalho (parede inferior) e as paredes lateral e medial, quase que
obliterando a cavidade.
Fenômeno de retenção de muco (caso I1)
Imagem de densidade aumentada ao seio maxilar direito, de aspecto oval e não corticalizada,
associando-se ao assoalho (parede inferior).
Referências Bibliográficas
• Gebrim EMS, Toyama C. Nariz e Seios Paranasais In : Gebrim SEM, Chammas MC, Gomes RLE: Radiologia
e Diagnóstico por Imagem da Cabeça e Pescoço. Rio de Janeiro, Ed. Guanabara Koogan, 2010. Capítulo 4.
Pag. 173-221.
• Sales MAO, Moreira CR, Pinheiro LR, Cavalcanti MGP. Patologia – Lesões Benignas In: Cavalcanti MGP:
Diagnóstico por Imagem da Face. 2. Ed - São Paulo: Santos, 2012. Capítulo 11. Pag. 331-394.
• Lawson W, Patel ZM, Lin FY. The development and pathologic processes that influence maxillary sinus
pneumatization. Anat Rec, v291, n.11, p. 1154-63, 2008
• Miranda, Christiana Maia Nobre Rocha de et al. Variações anatômicas das cavidades paranasais à tomografia
computadorizada multislice: o que procurar?.Radiol Bras [online]. 2011, vol.44, n.4 [cited 2014-11-18], pp. 256-262
• Ellis H; Logan BM; Dixon AK. Anatomia Humana Seccional: atlas de secções do corpo humano, imagens por TC e
RM. 3. Ed. – São Paulo: Santos, 2010. Capítulo 2. Pag. 10-80
• Pasler FA. Dentogenic Sinus Pathology. In: Color Atlas of Dental Medicine – Radiology. Stuttgart: Thieme.
Capítulo 3. Pag. 159-170
Confira na próxima edição, as Sinusopatias de Origem Odontogênica.
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