TECNOLOGIA NA AGRICULTURA - Prof. Dr. Francisco Gelinski Neto

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TECNOLOGIA NA AGRICULTURA - Prof. Dr. Francisco Gelinski Neto
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TECNOLOGIA NA AGRICULTURA: produtividade e renda
Setembro de 2012
Prof. Dr. Francisco
1
Gelinski Neto
SUMÁRIO
1.Introdução
P.2 (PARTE I)
2. A Tecnologia na teoria econômica P.6
3. A Tecnologia no Brasil: visões acerca da agricultura e do desenvolvimento
econômico
3.1. A agricultura e seus papéis no desenvolvimento econômico P.7
3.2. As interpretações clássicas e recentes sobre agricultura e
desenvolvimento e os teóricos feudalistas, capitalistas, estruturalistas,
dualistas e modernizantes.P.9
3.3 As críticas ao processo de modernização e as dificuldades ainda
existentes. P.13
4. Tipos de produtores e tecnologia P.19
5. Por que cada vez mais é necessário incorporar tecnologias e inovações
P.25
6.Os recursos para investimentos em inovação e tecnologia nas
propriedades P.26
7.Tendência tecnológicas P.29 (PARTE II)
8.Fontes de tecnologia (onde encontrar) P.30.
9.Veículos de comunicação P.31
10.Forma de aquisição de tecnologia P.31
11. A tecnologia necessária: a irrigação P.31
12. Tecnologias adaptadas ou alternativas P32
13.O Brasil e sua tecnologia agrícola no contexto internacional P.34
14.Estudos de caso de inovação e tecnologia P.34
15.Sugestão de sites P.35
16. Deu no jornal P.35
ANEXO 1.Calculando a produtividade P.39
ANEXO 2. A organização Tradicional e as novas exigências na inovação P.40
ANEXO3. Tecnologia e Inovação na agricultura e agronegócio: o papel da
EMBRAPA P.41
Bibliografia P.44
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Professor Teoria econômica e Economia Agroindustrial – UFSC . Departamento de Economia e Relações
Internacionais. Centro Sócio Econômico. Mestre Economia Rural pela URGS e Dr. Em Engenharia de
Produção – inteligência de Negócios pela UFSC.
Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC
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TECNOLOGIA NA AGRICULTURA: produtividade e renda
Setembro de 2012
Prof. Dr. Francisco Gelinski Neto2
1.Introdução
Eliseu Alves destaca a necessidade de aumentar a renda das propriedades. A
situação ideal seria preços firmes (sem oscilações) e crescentes, aliados a adequadas
produtividades e produção. Dificilmente ocorre isto, então a tecnologia viria para aumentar
a produtividade reduzindo o custo médio de produção (R$/saca produzida, R$/arroba
produzida de carne, R$/litro de leite, etc).
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2
1
O gráfico acima é uma função de produção com três níveis tecnológicos que
provocou deslocamento de produção para níveis mais elevados. É o caso por exemplo da
incorporação de uma inovação no plantio que com mesma área de cultivo você obteria
maior número de plantas com uma semeadora especial utilizando a mesma quantidade de
mão de obra e obtendo maior produtividade.
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Professor Teoria econômica e Economia Agroindustrial – UFSC . Mestre Economia Rural pela URGS e Dr. Em
Engenharia de Produção – inteligência de Negócios pela UFSC.
Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC
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“Tecnologia é um termo utilizado para englobar uma ampla variedade de mudanças
técnicas e nos modelos de produção”. (VASCONCELOS e GARCIA, 2005, p.12). “A tecnologia
representa um dos fundamentos da atividade econômica moderna, sendo resultante da
pesquisa pura e aplicada, a traduzir-se em processos científicos voltados para o
desenvolvimento social e econômico”. (GASTALDI, 2001, p.147).
As tecnologias na produção agrícola podem ser poupa terra ou poupa trabalho. Na
primeira estão entre outras: o uso de fertilizantes e corretivos (calcário e gesso agrícola)
que aumentam a produtividade, adequação nas densidades de plantio e na rotação de
culturas. Na segunda está basicamente o uso de mecanização. A tecnologia quer seja a
ligada a fatores quer seja a ligada à organização/gestão da propriedade pode ser uma
alternativa à busca desenfreada por aumento de escala de operações (compras de outras
áreas ou empreendimentos).
Outros exemplos de tecnologias: novas variedades de cultivo, tais como o do milho
híbrido, sementes transgênicas (milho Bt), novas e aprimoradas raças de animais (ovelhas
tipo carne da raça Dorper, tipo lã da raça merina australiana, gado holandês ou Jersey para
produção de leite, caprino da raça Pardo Alpina, outros), melhores equipamentos e
máquinas, defensivos e fertilizantes. A utilização do planejamento e ações administrativas
corretas também faz parte da revolução tecnológica. As falhas de planejamento e ou
decisões em momentos adequados afetarão a produção mesmo em presença de máquinas,
equipamentos, sementes, fertilizantes adequados. Ou seja, o planejamento, a organização,
o comando, o controle adequados são partes essenciais da boa administração. Pode-se
afirmar que os recursos e ações devem estar disponíveis e realizados no tempo certo para
sucesso da produção. Neste sentido o conhecimento de cronogramas e planos de produção
são técnicas essenciais.
Porém, nem sempre o uso de tecnologias3 e inovações representa redução de custo
como o caso mostrado na reportagem sobre produção de queijos artesanais/coloniais no
Globo Rural do domingo dia 9 de setembro de 2012. Procurar em G1.com, procure em
Globo Rural e desça na página até encontrar o link veja todos os videos de globo rural »
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Recomendo a leitura do material OS TRANSGÊNICOS SOBREVIVERÃO AO TESTE DO MERCADO? Disponível
no moodle. Ver especialmente a página 1 a 6
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então basta você selecionar a data do programa e pronto. Neste caso foram exigências
externas por força de regulamentos que estaria obrigando os produtores a adotarem
práticas e equipamentos e construções que teoricamente contribuiriam para melhorar a
qualidade do produto, mas que acabam por inviabilizar o mercado e a produção devido à
excessiva distância e outros custos envolvidos para tal.
Tecnologia poupa terra - significa que você aumenta a produção sem aumentar a
área de cultivo (devido ao crescimento da produtividade dado incorporação de insumos
modernos);
Tecnologia poupa trabalho – significa que você obtém maior rendimento por
unidade de trabalho, ou seja, um homem consegue produzir muito mais (utilizando um
trator, uma colheitadeira, uma debulhadeira, uma esteira de transporte, um novo fluxo de
operações, um pulverizador motorizado ao invés de manual, uso de plantas de menor porte
que facilitam a colheita, etc.). Por isto, por um lado, muitos críticos afirmam que
mecanização exclui mão de obra, por outro lado, a mecanização torna menos penoso e
árduo o trabalho do produtor/trabalhador rural.
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Um exemplo recente da redução do uso de mão de obra de colheita é o caso da
obrigatoriedade de colheita mecanizada de cana-de-açúcar em São Paulo que por força de
normas ambientais não poderá mais fazer queimadas de canaviais e, desta forma, não
poderá mais haver colheita manual (só possível em canaviais queimados).
Desde tempos remotos, os agricultores organizavam os conhecimentos e os transformavam
em tecnologias. Durante um longo período, eles mesmos geraram os conhecimentos, mas
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sua difusão não era intermediada pelos governos, pelo menos não o era de forma
organizada e propositada. Na linguagem de hoje, sendo lucrativa,
a tecnologia se difundia. O processo de difusão foi rápido para algumas coisas simples e se
alongou, no tempo, para outras, dependendo do tipo de barreira encontrada. Mas o que era
considerado lucrativo acabou por vencer todas as barreiras. Assim, o propósito da difusão
de tecnologia organizada, por parte do governo ou da iniciativa particular, é encurtar o
tempo entre a geração do conhecimento e sua transformação em tecnologia, pelos
agricultores. (ALVES, 2012, s.p.).
Embora a tecnologia conforme descrito até aqui tenha muito o caráter
microeconômico de aumentar a produtividade e reduzir o custo médio melhorando a renda
da propriedade, também há que considerar as pressões externas para novas visões da
sociedade sobre o papel da agricultura em especial às relativas ao meio ambiente e
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A difusão é a disseminação da tecnologia entre os produtores. Os agentes técnicos da extensão atuam para
isto. Em meados do século 19, a partir da descoberta das leis da herança e do mecanismo de nutrição de
plantas, os conhecimentos passaram a ser cada vez mais produzidos pela ciência, com forte uso do método
experimental, em instituições especializadas do governo e da iniciativa particular. Como consequência, a
geração de conhecimento concentrou-se em poucos polos, ficando evidente a necessidade de organizar a
difusão de tecnologia em instituições com esse propósito e especializadas. Assim nasceu a extensão rural do
governo e a assistência técnica da iniciativa particular.
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aquecimento global e mesmo bem estar animal entre outros aspectos da sustentabilidade
ecológica que também interferem sobre a competitividade5 da agricultura.
Embora a reestruturação da agricultura brasileira tenha se concentrado entre os
anos 80 e, principalmente nos 90 a competitividade e, dela decorrentes a seleção de
produtores é um contínuo no agronegócio. Basta se observar a crise da suinocultura
catarinense que desencadeou ao longo 20 anos um processo de rápida exclusão e
concentração na produção. Além disto, cada vez se exige do produtor mais respeito ao
meio ambiente e maior produtividade mesmo frente às condições difíceis de volatilidade
de preços e incertezas ambientais com toda sorte de eventos extremos, tempestades,
estiagens, granizo e geadas, etc.... A inovação e a tecnologia convencional ou a adaptada
poderá ser utilizada tanto por extratos de produtores empresariais quanto por produtores
familiares. As tecnologias e inovações assumem relevante importância para aumentar a
produtividade, redução de custos e eficiência de gestão para ampliação/ manutenção de
mercados. Esta é uma resposta necessária devido ao acirramento competitivo entre
produtores e países. Em razão disto tudo a busca por conhecimentos/inovações e
tecnologias que resultem ganhos individuais ou coletivos para produtores de determinadas
regiões ou países contribuirão para sobrevivência ou crescimento frente ao ambiente
econômico cada vez mais exigente. Sobre inovações e também sobre o papel da EMBRAPA
ver o anexo (antes da bibliografia)
2. A Tecnologia na teoria econômica
Esta seção empresta o título empregado por Silva (1995) em seu trabalho. Ele
apresentou a tecnologia sob a ótica dos clássicos, de Marx, de Schumpeter e de os
Neoclássicos. Os clássicos citados por Silva foram Smith que estudou a pouca possibilidade
de divisão de trabalho na agricultura comparativamente à manufatura e Ricardo que deu
sua importante contribuição sobre a renda da terra e em especial na renda diferencial
gerada em terras mais produtivas. Este estudo, de Ricardo, assume importância no
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Competitividade é capacidade de uma empresa crescer e sobreviver de modo sustentável. É característica
de um agente (empresa/país). Os blocos de Competitividade para Jank e Nassar (2000):
1) Capacidade produtiva/tecnológica; 2)Capacidade de inovação; 3)Capacidade de coordenação.
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momento atual da economia agrícola brasileira quando se deseja fazer a recuperação de
pastagens para utilização na produção de etanol ou de alimentos num processo que se
denomina de integração lavoura pecuária. Marx por sua vez vai sublinhar que a produção é
largamente dependente do capital que a determina ao possibilitar aquisição de máquinas
equipamentos e processos de produção que estão evidentemente atrelados a proprietários
privados capitalistas. Shumpeter deve ser destacado pela relevância de seu pensamento
acerca da inovação que é a grande preocupação já há algum tempo na economia global.
Na teoria do Desenvolvimento Econômico (Schumpeter 1982) analisa o processo de
transformação que uma economia capitalista sofre quando se introduz uma inovação radical
em seu processo de produção. É a inovação tecnológica que dispara o mecanismo que
provoca mudanças no comportamento dos agentes econômicos, realoca recursos, destrói
métodos de produção tradicionais e muda qualitativamente, a estrutura econômica. Silva
(1995, p.44).
Os autores neoclássicos estudaram nos modelos de crescimento econômico a
utilização dos fatores de produção, terra, capital e trabalho. Os principais estudiosos foram
Solow (1957), Hicks (1936), Hayami e Ruttan (1998). Estes dois últimos foram bastante
utilizados pelos teóricos do desenvolvimento econômico de um país sustentado por o
setor agrícola.
3. A Tecnologia no Brasil: visões acerca da agricultura e do desenvolvimento econômico
3.1. A agricultura e seus papéis no desenvolvimento econômico
A tecnologia utilizada e desenvolvida no Brasil, tanto para produtores quanto para
as agroindústrias fornecedoras de insumos (fatores de produção) quanto das agroindústrias
processadoras de alimentos (suínos, aves, bovinos, trigo, leite,etc.) está atrelada ao padrão
de desenvolvimento adotado pelo país em meados do século passado em diante. Existiram
diversos autores e estudiosos que apregoavam um ou outro modelo de desenvolvimento
da agricultura para que ela pudesse cumprir o seu papel no desenvolvimento econômico. A
agricultura tem condições de contribuir nos primórdios do desenvolvimento dos países e
mesmo depois já com a instalação de indústrias. Inicialmente, lembremos o caso do Brasil
colônia e império, o país detinha larga disponibilidade do fator terra (que é um recurso
natural) embora ainda tivesse baixo capital e mão de obra. Porém, a agricultura contribuiu
para o desenvolvimento por meio de fornecimento de alimentos à população crescente e,
principalmente com a exportação que
gerou os capitais necessários à instalação de
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indústrias. Acontece que estas duas necessidades podem “esbarrar” na baixa velocidade de
crescimento da oferta de alimentos devido aos processos de baixa tecnologia empregados
na produção CARVALHO (1998). Está claro assim a necessidade de ampliação da oferta de
produtos agrícolas. Neste sentido, “nas economias em fase de desenvolvimento, torna-se
indispensável a adoção de processos de racionalização e técnica, com vistas à redução ou
otimização dos custos e maior eficiência e economicidade na fase produtiva”. (GASTALDI,
2001, p.147). Cumpre agora apontar as funções clássicas da agricultura no processo de
desenvolvimento: produção de quantidades crescentes de alimentos para a população que
cresce; de suprimento crescente de matéria prima para atender a expansão da indústria; de
fluxos de transferência de mão de obra para os setores não agrícolas; da agilização do
processo de formação de capital; do crescimento da capacidade de importar; da expansão
do mercado interno.
Como exposto anteriormente se a agricultura não cresce na velocidade necessária
para atender aos anseios da sociedade – seus papéis no desenvolvimento há que procurar
as causas e apontar as saídas. Portanto, a agricultura nos anos 50 e 60 era vista como um
segmento atrasado e um entrave para o desenvolvimento e haviam duas concepções gerais
sobre a justificativa da agricultura não gerar oferta suficiente de produtos agrícolas para
acelerar o desenvolvimento. As teses Cepalinas (dos economistas de formação e afiliação às
ideias da CEPAL) que consideravam o relativo atraso da agricultura como decorrente de
problemas estruturais da agricultura e especialmente o elevado índice de concentração
fundiária; de outra forma outro grupo de estudiosos considerava as questões econômicas
ligadas à agricultura é que travavam o desenvolvimento. Isto por que haveria um elevado
custo dos fatores de produção. A forma para superação deste custo seria por meio da
disponibilização dos referidos fatores (fertilizantes, máquinas, sementes, mudas, animais
melhorados, vacinas, etc) com industrialização, ou seja, agroindústrias fornecedoras (a
montante da agricultura) e, além disto, dever-se-ia facilitar a aquisição dos referidos fatores
por meio de financiamento e crédito. Esta ideia foi a que mais avançou com as políticas
voltadas para a modernização e financeirização e agro industrialização da agricultura
transformando os complexos rurais em complexos agroindustriais. Estes complexos
agroindustriais hoje são compostos pela interelação das inúmeras cadeias de produção de
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alimentos abastecem o mercado interno e geram importante superávit comercial por meio
de exportações. Então, para o grupo da tese econômica a solução para a maioria dos
problemas no campo e nas cidades seria industrializar rapidamente o país. Os dois grupos
que debateram as questões relativas aos papéis da agricultura para o desenvolvimento
econômico e a forma de sair do relativo atraso que se encontrava foi apresentado por
PAULILLO (1997) como pertencentes ao grupo de interpretação clássica: 1) Feudalista; 2)
Capitalista; 3) Estruturalista; 4) Dualista e 5) Modernizante. Há ainda o grupo dos que
interpretam o desenvolvimento sob diversas matizes ao qual ela denominou de autores de
interpretações recentes.
3.2. As interpretações clássicas e recentes sobre agricultura e desenvolvimento e os
teóricos feudalistas, capitalistas, estruturalistas, dualistas e modernizantes.
No caso dos feudalistas a ênfase é agrarista focando o latifúndio como responsável
pelo atraso e jamais aceitaram o capitalismo no campo. Os dois autores principais foram
Alberto Passos Guimarães e Nelson Werneck Sodré, pode-se afirmar sem medo de errar
que foram completamente superados e estão completamente equivocados com o papel
dos agricultores e da agricultura, conforme vem comprovando o desenvolvimento
econômico nacional. O principal teórico do grupo denominado Capitalista foi no início dos
anos 60 no debate Caio PRADO JUNIOR. Ele discordava que os atrasos na agricultura
fossem decorrentes de restos feudais, pois, a existência de mercado de trabalho livre seria
suficiente para tornar inadequada a pretensa caracterização do perfil feudal da economia
brasileira. A preocupação da corrente capitalista não era com o latifúndio produtivo, mas
com os trabalhadores e com o latifúndio improdutivo. A solução seria na visão dele: a
reforma e a fiscalização da legislação de direito de propriedade e às relações trabalhistas.
Portanto, A solução não estaria na reforma agrária generalizada e de caráter camponês,
mas na melhoria das condições de emprego da população rural. O necessário aparecimento
das organizações representativas de interesses: sindicatos, associações de produtores,
etc... poderiam contrabalançar o poder frente a grupos de latifundiários reticentes dos
direitos dos trabalhadores. A obra Economia de Enclaves, de Celso Furtado que atribuía à
agricultura muitos dos problemas estruturais do desenvolvimento econômico brasileiro foi
a principal representante do grupo Estruturalista.Na visão desse grupo a medida que a
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agricultura se alastra por todo o país, promoveria o desenvolvimento. A proposta
furtadiana era a reforma agrária no nordeste e fortalecimento do mercado de trabalho
agrícola. Também para FURTADO os baixos salários no mercado de trabalho rural estaria
no cerne da questão agrária. Para Furtado, sobretudo, ao se fortalecerem exportações
agrícolas estas poderiam gerar um forte mercado interno por meio de salários condizentes
aos trabalhadores agrícolas. Portanto, a constituição de um mercado de trabalho agrícola
representaria uma etapa inicial do desenvolvimento econômico. A análise estruturalista
enfocou que “já no final do século XIX a economia brasileira era bastante segmentada por:
relações arcaicas de trabalho (dependência pessoal); pequena produção familiar;
subsistência (em certas regiões); trabalho livre e assalariado (complexo cafeeiro)”. “a
abundância de terras e a oferta elástica da mão de obra na agricultura permitiram uma
extrema concentração da propriedade e um regime de salários ínfimos”. Ignácio RANGEL
com o livro A Questão agrária brasileira (1962) foi o maior representante da “escola”
dualista a qual considerava a existência de uma dualidade da agricultura devido à
coexistência de relações de produção arcaicas com relações modernas. Na visão dele o
latifúndio teria um lado moderno em suas relações com o resto da economia,
comportando-se como uma empresa comercial. Poderia acontecer a transformação de
latifúndios arcaicos em modernas unidades de produção, mesmo, sem modificar a
estrutura fundiária. Para RANGEL (1962), o processo de desenvolvimento é um processo de
realocação de recursos (que reorganiza a estrutura produtiva), em que se retira do pólo
atrasado para o pólo moderno. Por exemplo, o desenvolvimento capitalista realoca recursos
do setor agrícola para o setor industrial, enquanto à mão-de-obra, matéria prima, etc. A
política de substituição de importações não mudou a base técnica de produzir, em grandes
extensões. O Problema agrário para Rangel era o excedente populacional derivado da
velocidade de modernização da agricultura. “Para Rangel, o crescimento da produtividade
do trabalho no interior dos complexos rurais liberava força de trabalho muito rapidamente.
Gerava-se assim uma capacidade ociosa nos campos, de terras que não mais eram
necessárias à produção; e nas cidades, de mão de obra que já não encontrava ocupação
produtiva nos novos setores criados pela industrialização substitutiva de importações.”
(GRAZIANO DA SILVA, 1996, apud PAULILLO, 1997). E finalmente a “escola” de maior
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interesse e que aparentemente sobressaiu-se sobre as demais até o presente momento é a
vertente modernizante. A origem deste grupo são os alicerces teóricos neoclássicos
(Hayami e Ruttan, 1970 – inovação induzida), Schultz (1945). Este propunha transformar a
agricultura através da criação de novos fatores de produção e investimento no capital
humano – habilitação de agricultores. Ele havia identificado que a agricultura tradicional
possuía decrescente produtividade de mão-de-obra, baixo retorno ao investimento no
campo, ineficiência crônica na distribuição de fatores de produção e constante estado de
conhecimento (sem inovação). Para eles o importante é que o agricultor seria capaz de se
tornar o agente de transformação econômica. Finalmente chegamos ao foco mais
específico na tecnologia. Na visão dos modernizantes os agricultores sempre reagiriam
favoravelmente aos programas de desenvolvimento, desde que a tecnologia fosse
adequada e disponível através de agências (públicas e privadas) eficientes. Os Teóricos e
autores brasileiros dessa corrente: Fernando HOMEM DE MELLO, (1980); Afonso Celso
PASTORE, (1977) e Guilherme Leite da Silva DIAS, (1976). Eles buscavam a transformação
do setor agrícola tradicional ao moderno e dinâmico via mudanças tecnológicas6, capazes
de impulsionar o desenvolvimento econômico. As modificações tecnológicas seriam
proporcionadas pela adoção de insumos modernos e melhoria no nível de educação do
agricultor e trabalhador rural, que permitem maiores produtividades dos fatores de
produção e taxas de retorno mais elevadas, além do crescente ritmo das inovações. As
mudanças tecnológicas seriam regidas pela dotação relativa de fatores. Por exemplo, se a
demanda de certos produtos agrícolas aumentar com o crescimento da população e da
renda, os preços dos fatores com ofertas inelásticas (terra) vão se elevar relativamente ao
dos fatores com ofertas elásticas (mão-de-obra), tornando mais lucrativas as inovações que
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Estas mudanças tecnológicas viriam para responder à principal questão que era Como fazer crescer a
produção agrícola? A dificuldade estava em alterar o ritmo lento do crescimento de produtividade dos
fatores tradicionais de produção – Terra, trabalho e capital . E também a constatação que o ritmo lento era
consequência do baixo nível tecnológico existente no modelo tradicional de agricultura geradora de baixa
produtividade e, portanto era necessário inovações, ou seja, modificações tecnológicas. Em razão destes
argumentos foram incorporados fatores de produção que ao interagirem com os fatores tradicionais
gerariam uma produtividade marginal mais alta.= ∆ PT/∆x = (PT é produção total, x é quantidade de insumos
ou fatores e ∆ significa variação na produção e na quantidade de insumos). Esta relação indica que ao
adicionarmos fatores de produção “modernos” deveríamos obter aumentos substanciais de produção. Neste
sentido foram, por exemplo, substituídos fatores de produção de oferta menos elástica por outros de oferta
mais elástica. Por exemplo: adubos químicos substituindo adubos orgânicos; máquinas e equipamentos
substituindo força de trabalho; etc.
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poupam os fatores relativamente escassos. Daí as inovações mecânicas – para poupar mãode-obra – e qüimícas – para poupar terra. A interpretação modernizante ganhou
notoriedade no início dos anos 70, quando assume importância a idéia do pacote
tecnológico nos processos de geração e difusão das inovações no Brasil. Haveria diversas
variáveis que dificultam a adoção de tecnologias. Uma delas é a aversão ao risco dados, por
exemplo, idade, renda, porte do produtor. A principal crítica a esta vertente refere-se ao
fato de não conseguir ser massiva o que tornou o processo excludente na medida que
apenas os produtores com acesso a recursos (fatores – financiamentos) lograram
incorporar7 tecnologias – qüímicas, mecânicas e outras. Muitos pequenos produtores
foram marginalizados – teria sido uma modernização conservadora. Além disso, outros
aspectos externos tais como políticas econômicas deixaram de ser considerados mais
fortemente principalmente na década dos 70 e 80. De toda forma do esforço de
modernização resultou no crescimento da ligação com o setor de serviços (ampliação do
transporte, educação e assistência técnica) e o governo teve que desenvolver forte atuação
por meio de programas de pesquisa agronômica; extensão rural; crédito; educação; a
divulgação educativa (resultado das investigações) vencendo as resistências do agricultor.
Relativamente às INTERPRETAÇÕES RECENTES
sobre o desenvolvimento da
agricultura brasileira PAULILLO (1997) apresenta os seguintes estudiosos Gorender (1994),
utilizando a base marxista linkou as interpretações dos anos 60 e os anos 80; Graziano da
Silva (1981) – diversos trabalhos sobre a dinâmica da agricultura, progresso técnico,
complexos agroindustriais, reforma agrária, etc.; Veiga e Abramovay estudam a agricultura
familiar e sustentabilidade. Deste grupo, vários autores entre eles Kageyama et al (1986),
Sorj (1986), Delgado (1985) deixaram claro a perda de peso da pequena produção e a perda
de representatividade da agricultura e sua substituição8 pelos complexos agroindustriais.
“A agricultura passou a se integrar via fluxos tecnoprodutivos com a indústria produtora de
7
Sabe-se que os fatores não convencionais (insumos modernos) : A) são produzidos fora do setor agrícola; B)
devem estar disponíveis a preços, quantidade e tempo interessantes. Em razão disto Estreita-se o elo
agrícola- industrial, ou seja, o que muitos denominam de penetração do capitalismo no campo.
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A agricultura teria passado nesta mudança do “complexo agrário” ao “complexo agroindustrial”. Teria
ocorrido a substituição da economia “natural” por atividades agrícolas integradas à moderna industrialização,
a intensificação da divisão do trabalho e das trocas intersetoriais, a especialização da agricultura e a
substituição das importações pelo mercado interno.
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bens de capital e com a indústria processadora de alimentos (...) estabelecendo-se uma
nova dinâmica9, ditada pelo setor industrial”.
3.3 As críticas ao processo de modernização e as dificuldades ainda existentes.
Existem muitos críticos que consideram que houve uma modernização
conservadora no país dada a utilização de pacotes tecnológicos oriundos do que se
denominou revolução verde10. As tecnologia foram adotadas devido ao estímulo de
subsídios que acabaram por gerar um viés no campo devido ao fato que muitos agricultores
não puderam se apropriar dos benéficos dos subsídios da política vigente que atingia
apenas alguns que acessavam os recursos públicos. Porém, a queda de preços dos produtos
atingia a todos os produtores indistintamente. Acontecia o aumento de oferta decorrente
da utilização massiva de insumos ditos modernos (sementes e mudas selecionadas, animais
melhorados, utilização de mecanização agrícola e fertilização e calcareamento), que reduzia
o preço para todos. Destaque-se que esta é uma visão parcial conforme mostra e comprova
o estudo de Lopes, Lopes e Barcelos (2007).
O setor agropecuário pagou um preço muito elevado pela industrialização do País. Sofreu
políticas discriminatórias de controles de preços e tributos na exportação. O Brasil, de
grande exportador mundial, tornou-se grande importador. Por meio do crédito rural
subsidiado, o governo criou políticas compensatórias, que não resolveram os problemas de
escassez de alimentos e acabaram concentrando renda na agricultura. Entretanto, quando o
Brasil estabilizou sua economia e removeu as políticas protecionistas para a indústria,
passando para um regime de exportações mais livres e desgravadas, o setor rural mostrou
toda a sua pujança nas exportações e no abastecimento interno. Nessa transição, os
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O conceito que engloba este relacionamento é o agronegócio ou agribusiness em cujo bojo traz um novo
papel ao produtor rural.Segundo Araújo, Wedekin, Pinazza (1990), a propriedade agrícola mudou sua
atividade de subsistência para uma operação comercial, em que os agricultores consomem, cada vez menos,
o que produzem. O moderno agricultor é um especialista, confinado às operações de cultivo e criação. Por
outro lado, as funções de armazenar, processar e distribuir alimento e fibra vão se transferindo, em larga
escala, para organizações além da fazenda. Essas organizações transformaram-se em operações altamente
especializadas. Criou-se um novo arranjo de funções fora, e a montante, da fazenda: a produção de insumos
agrícolas e fatores de produção, incluindo máquinas e implementos, etc. A jusante da fazenda formou-se
complexas estruturas e armazenamento, transporte, processamento, industrialização e distribuição ainda
mais formidáveis. Atualmente os complexos agro-industriais brasileiros desempenham uma significativa
importância na economia do país, referindo-se a todas as instituições que desenvolvem atividades, no
processo de produção, elaboração e distribuição dos produtos da agricultura e pecuária, etc...
10
Revolução Verde refere-se à invenção e disseminação de novas sementes e práticas agrícolas que
permitiram um vasto aumento na produção agrícola em países menos desenvolvidos durante as décadas de
60 e 70. É um amplo programa idealizado para aumentar a produção agrícola no mundo por meio do
'melhoramento genético' de sementes, uso intensivo de insumos industriais, mecanização e redução do custo
de manejo.(Wikpédia).
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problemas de ajustamento enfrentados pelo País foram sendo gradualmente resolvidos à
medida que investimentos na pesquisa, fruto de um projeto de país, de ciência e tecnologia,
aumentaram os rendimentos dos cultivos e da pecuária até o Brasil tornar-se um dos
maiores exportadores de alimentos. O setor agrícola foi desafiado ao longo de quase 3
décadas e encontrou forças para sobreviver e competir com os avanços da tecnologia e a
estabilização macroeconômica. (LOPES, LOPES E BARCELOS,(2007, p.52).
O trabalho dos citados autores demonstra que um largo leque de políticas
macroeconômicas adotadas pelo governo brasileiro desde os anos 50 gerou uma situação
de crise e estagnação frequente na agricultura brasileira somente superado nos anos 90
após modificação daquelas políticas e abertura comercial tanto para compra de insumos,
máquinas quanto para vendas de produtos do agronegócio sem os impedimentos que as
taxações provocavam anteriormente. Devido às reformas os índices de produtividade e de
produto evoluíram conforme mostram as duas figuras a seguir.
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Embora uma gama de dificuldades e entraves a agricultura evoluiu dos complexos
rurais para os complexos agroindustriais, no qual o produtor agrícola assume uma maior
vinculação à agroindústria à montante (fertilizantes, vacinas, sementes, mudas, etc.) e à
jusante (compradoras e processadoras de grãos e produtos animais) e também uma maior
vinculação aos agentes de crédito e assistência técnica, com grande participação de
agentes do governos neste dois últimos casos. Você pode ver mais sobre isto no
documento CONTEXTUALIZAÇÃO DO COMPLEXO AGROINDUSTRIAL BRASILEIRO. Sempre
lembrar que os incentivos e subsídios forma concedidos tanto aos produtores quanto
agroindústrias, até como forma de fortalecer a industrialização do país que inclusive em
grande período contava com congelamento de preços dos alimentos para alimentar a
massa de assalariados do meio urbano visando evitar pressão social por aumentos salariais
e inflação. O texto abaixo do resumo do artigo de Alves, Contini e Hainzelin (2005) permite
uma melhor compreensão da evolução e problemas ainda existentes na agricultura.
A partir dos anos 50, a agricultura brasileira viveu um período de intensa modernização,
associada à industrialização e à urbanização do País. Mesmo que o aumento da produção de
muitas culturas se vinculasse à conquista de novos espaços, como os cerrados, é notável o
fato de o Brasil ter se tornado, nos últimos 20 anos, um dos principais produtores e
exportadores de produtos agrícolas do mundo, graças ao aumento da produtividade. Uma
grande parte das propriedades agrícolas ficou, no entanto, à margem desse processo de
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modernização, em particular as situadas nas Regiões Norte e Nordeste. A análise da renda
auferida pelas propriedades, com ou sem amortização do capital, mostra que a
remuneração do trabalho é extremamente baixa na maioria das propriedades, pondo em
jogo sua viabilidade econômica. Por conta dessa situação, a pesquisa agropecuária precisa
superar muitos desafios tecnológicos e metodológicos.(ALVES, CONTINI E HAINZELIN, 2005,
p.1)
“Mas apesar dos avanços em incorporação de inovações pela agricultura, um grande
número de propriedades rurais brasileiras ainda utiliza baixo conteúdo tecnológico em sua
produção”. Do Censo Agropecuário do IBGE de 2006, entre os 5,2 milhões de
estabelecimentos rurais no Brasil somente 983 mil usavam alta tecnologia e entre aqueles
de agricultura familiar apenas 19%, ou seja, relativamente aos dados de 2006 ao redor de
80% dos estabelecimentos familiares seriam de baixo nível tecnológico. (GASQUES e
NAVARRO, 2010 citado por LOPES e CONTINI, 2012,s.p.).
O artigo do portal do agronegócio com o título Tecnologia alavanca crescimento da
produção agrícola enfatiza a real importância da tecnologia para o agregado da produção
brasileira, conforme o pesquisador Eliseu Alves, fundador da EMBRAPA e ex-presidente da
mesma - disponível em http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=77761.
Embora todas as dificuldades de ordem macroeconômica é inegável o avanço em
termos de produtividade ocorrido no agregado da agricultura brasileira desde os anos 60
quando a produtividade era baixíssima de 783 quilos de grãos por hectare, para uma
agricultura pujante e tecnificada que em 2010 auferiu 3.173 quilos por hectare. A
EMBRAPA, os órgãos estaduais de pesquisa e institutos públicos e privados foram decisivos
neste processo.
Também se deve salientar que a incorporação de tecnologias se deu em razão de
políticas e programas governamentais com fundos específicos de financiamento para
áreas consideradas estratégicas e que desta forma receberam recursos direcionados. Isto
foi possível por que foram criadas instituições e empresas visando ao desenvolvimento dos
referidos setores. Assim a atuação científica da EMBRAPA e a extensão rural (disseminação
das tecnologias) por meio da EMBRATER que utilizou-se de projetos técnicos para induzir
tecnologias. Os projetos técnicos traziam em seu bojo as tecnologias recomendadas, para a
concessão de
crédito rural disponibilizados por agentes financeiros estatais:BNDES e
Banco do Brasil. Alguns programas e fundos foram:
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Fundo Nacional de Refinanciamento Rural (FNRR), Fundo de Financiamento para Aquisição de
Máquinas e Equipamentos (FFAMEI), Fundo Geral para a Agricultura e Indústria (FUNAGRI) e outros. O
Programa Nacional do Álcool (PRÓALCOOL), PRONAGEM (Programa Nacional de Armazenagem),
POLONORDESTE (Programa de Desenvolvimento de áreas Integradas do Nordeste), PROPEC (Programa
Nacional de Desenvolvimento da Pecuária), POLOAMAZÔNIA (Programa de Desenvolvimento da Amazônia),
PROTERRA (Programa de Redistribuição de Terras e Estímulos à Agroindústria do Norte e Nordeste) e o
POLOCENTRO (Programa de Desenvolvimento das Áreas de Cerrados). (KAGEYAMA, 1996, p.177-184).
Durante largo período até meados dos 80 não havia correção monetária sobre os
financiamentos agrícolas e tão somente os juros. Em muitos casos houve ainda subsídios,
como foi o programa de aquisição de calcário e, durante muito tempo, subsídios e
regulação forte sobre o trigo. Havia uma política deliberada de industrializar o país. Por
isto, a agricultura se por um lado era estimulada, por outro, era uma transferidora de renda
para o setor urbano industrial. Com a crise de endividamento público as políticas de crédito
farto e barato ao setor agrícola foram substituídas por outras mais seletivas e com correção
monetária. Inclusive em 1989 a correção pela inflação sobre os débitos dos agricultores foi
desencadeadora de crise de endividamento do setor em razão da altíssima taxa de inflação
no final do governo Sarney.
O desempenho e a pujança nas diversas cadeias do agronegócio11 foram uma
conjunção de Pesquisa Tecnológica, instituição com liderança e articulação de atores
aliados a investimento em capital e qualificação que acabou por colocar o país entre os
principais exportadores de suco de laranja, café, carnes, soja, milho. (GASQUES et alii.,
2004). Ver tabela abaixo.
Fonte: LOPES, LOPES, BARCELOS (2007, p.67).
11
Desempenho e crescimento do agronegócio no Brasil. IPEA. Texto 1009. Na internet.
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Esta pujança não se observa para todos os produtores conforme analisa Alves
(2012). Pois, não estariam conseguindo
aumentar a renda das propriedades e nem
participar adequadamente do mercado. A falta de tecnificação não seria problema de
difusão uma vez que em 11,4% dos estabelecimentos a produção gerada alcança 86,6% do
valor de produção. Neste sentido conclui que se estes produtores conseguiram
produtividade é por que eles obtiveram tecnologia e que a mesma estava difundida. Outro
indicador desta condição é a pujança do agronegócio exportador e gerador de alimentos
por meio das cadeias agroindustriais de carne (suínos, aves, bovinos) soja (óleo, alimentos
diversos e rações) milho (rações e alimentos) cana de açúcar (açúcar e bioenergia), laranja
(sucos e produto de mesa) café, leite, etc. Porém o problema são os demais ao redor de
88% dos produtores com baixa tecnificação (3,9 milhões de produtores)12 e que embora
em muito maior número conseguem produzir apenas 48,8% do produto do setor.
Dos 3,9 milhões, 1 milhão produziu 10% do valor de produção. Desse modo, o problema
mais complicado está com 2,9 milhões de estabelecimentos. Dissemos que a pesquisa gera
conhecimentos, e os agricultores os organizam em tecnologias ou em sistemas de produção,
com a ajuda da extensão rural ou da assistência técnica. No caso dos 3,9 milhões, é
aconselhável que a pesquisa organize os conhecimentos em sistemas de produção,
trabalhando em conjunto com a extensão e lideranças. Um dos critérios de organização é o
nível de entendimento das comunidades rurais. Para cada nível de entendimento,
aconselha-se um sistema específico. Também a administração do estabelecimento, como
um todo, precisa ser considerada. Difundir práticas isoladas é caminho certo para a falência
(Alves, 2012, s.p.).
SILVA (2003) afirma que a tecnologia afeta o funcionamento das economias
camponesas transformando-as profundamente tanto internamente quanto em suas
relações com a sociedade capitalista. A tecnologia em nível interno relaciona-se
estreitamente com disponibilidade de fatores e recursos (físicos, financeiros) com o
processo de produção e com a divisão interna do trabalho inter membros familiares e com
trabalhadores eventualmente contratados.
“E, em nível das relações externas, a variável tecnológica associa-se fortemente com
o grau de mercantilização da produção e a articulação com os sistemas de comercialização
e financiamento”. (SILVA, 2003, p.137). Tanto os elementos internos quanto os externos ao
12
O texto Agricultura Brasileira em Crescimento Excludente? O Empobrecimento da Agricultura Brasileira
de ALVES, LOPES, CONTINI, Revista de Política Agrícola, jul - 1999 pode esclarecer esta condição
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mesmo tempo em que são afetados podem afetar o padrão tecnológico e, em razão disto,
a política tecnológica para os pequenos produtores camponeses seria chave para
transformação do setor. Isto por que esta política poderá destruir, manter ou elevar a
economia camponesa a um patamar mais alto de integração com a economia global.
“Em outras palavras, a política tecnológica apresenta-se como de alta relevância no
direcionamento dos processos de diferenciação e de decomposição do setor camponês em
sentido ascendente ou descendente, isto é, na direção de um processo de proletarização
ou de capitalização”. (SILVA, 2003, p.137).
4. Tipos de produtores e tecnologia
A visão de Silva (2003), sobre proletarização ou de capitalização dos produtores
camponeses poderia ser comparável à de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura
que destacou três grupos de produtores que demandariam diferentes políticas públicas
em razão de sua maior ou menor relação com o mercado. Seriam eles os produtores
consolidados ou de mercado, os de transição e os marginalizados. O segundo grupo poderia
ascender ao grupo dos integrados ao mercado ou cair no grupo dos marginalizados. Os
agricultores do último grupo demandariam políticas de apoio até mesmo alimentar dado
sua elevada fragilidade com produção absolutamente insuficiente para a manutenção
familiar.
Gonçalves (2011) contrasta duas faces da agricultura brasileira denominando-as de
agricultura dos agronegócios e de agropecuária de subsistência. A primeira detém
crescente processo de inovação tecnológica e amplificação da produção de riquezas,
elevada integração em cadeias de produção como lastro de complexas redes de negócios. A
outra face possui reduzida intensidade de inovação tecnológica e manutenção das
condições de sobrevivência, lógica das culturas, com baixa integração com os movimentos
mais gerais da economia.
Se considerarmos que a renda líquida da propriedade deve crescer com
incrementos de quantidades, ou seja, com a escala, dada redução persistente de preços
será que as pequenas propriedades teriam chance nesta situação? Gonçalves (2003)
analisando escala das propriedades, tipo de cultivo e tecnologias (máquinas e insumos)
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apropriadas a cada caso considerou que a produção de grãos (soja, milho, arroz, trigo etc.)
seria típica ao que ele denomina de lavoura do tipo texano. Este modelo é a intensivo em
mecanização, quimificação (fertilizantes e agroquímicos – fungicidas, herbicidas,
fertilizantes, foliares). Isto por que estas lavouras são tipicamente produtoras de bens
intermediários de baixo valor agregado – os grãos não tem utilização direta pelo
consumidor eles são processados e transformados em carnes, margarinas, produtos
lácteos. São lavouras típicas da agricultura do Texas, típica dos belts (corn belt, cotton belt –
cinturão do milho, cinturão do algodão, nos Estados Unidos da América), associa lavouras
mecanizadas com uso intensivo de insumos, produzindo commoditty com elevado padrão
de uniformidade, com preços cadentes pelo constante crescimento de produtividade. Ao
outro modelo ele denomina californiano que é mais intensivo em trabalho, menor relação
capital-trabalho, focando em produtos de alto valor unitário (aqui se incluem as frutas e
hortaliças, produtos orgânicos) intensivo em terra (cultivos adensados e cultivos
protegidos) e diferenciação pela qualidade (denominação de origem – produto de
agricultura familiar, por exemplo).
Relativamente a esta modalidade de agricultura, típica de pequena produção
intensiva em conhecimento e, possivelmente qualidade diferenciada o Brasil poderia
incrementar a agregação de valor, internalizando elos subseqüentes da cadeia de
agregação de valor, multiplicando renda e emprego ao conseguir novos mercados
exigentes quanto aos atributos de origem, rastreabilidade, ambientalmente corretos, e de
comércio justo. Por exemplo, o Brasil poderia se tornar especialista em café de origem
controlada (qualidade – modelo californiano) de propriedades familiares altamente
especializadas. (GONÇALVES, 2003).
Veja mais sobre a exclusão dos produtores que não conseguem acompanhar os
avanços da tecnologia no trabalho de Gonçalves (2011) AGRICULTURA BRASILEIRA:
TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS E DIFERENCIAÇÕES ESTRUTURAIS – do Instituto de
Economia Agrícola de São Paulo. Veja também sobre as políticas para cada tipo de
produtor.
http://www.iea.sp.gov.br/out/palestras/palestra2.pdf
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Considerando os conceitos de agricultura modelo texano e de agricultura modelo
californiano apontados por Gonçalves fica claro que uma dada tecnologia não se aplica
indistintamente para qualquer tipo de produtor, pois, muitos deles dependem de escala,
ou seja, tamanhos grandes de áreas ou tamanhos grandes de rebanho. Por exemplo, no Rio
Grande do Sul existem os condomínios leiteiros compostos por 3 ou mais produtores que
se “associam” na produção e manejo da atividade leiteira visando alcançar escala e poder
adotar as técnicas e equipamentos exigidos pela legislação na produção. Para aqueles que
não têm escala mínima de rebanho e área e que não atuam associativamente ou em redes
de comercialização, fica difícil permanecer na atividade.
Neste sentido a análise de Wilkinson (2008) sobre agricultores familiares13 detalha
três tendências para este grupo. As conclusões para cada uma das tendências são de que
no novo contexto, a partir dos anos 90, mesmo produtores tidos como consolidados viramse ameaçados de exclusão na reorganização das grandes cadeias de commodities, o
surgimento de muitos novos mercados de nicho (exemplo o mercado de orgânicos)
poderiam oferecer oportunidades de inserção da agricultura familiar, porém, as novas
exigências destes mercados em termos tecnológicos e mais ainda mercadológicos
representam barreiras para os agricultores tradicionais. Além disto, sem políticas de
promover os conhecimentos apropriados, a maior parte destes mercados tende a ser
ocupada por novos entrantes, sobretudo profissionais liberais e outros empreendedores.
Porém, as pressões para produção em maiores escalas e menores custos nos mercados de
commodities vêm acompanhadas de uma crítica cada vez mais generalizada ao modelo de
agricultura dominante seja sob a ótica do meio ambiente, de resíduos químicos, da defesa
dos animais ou da especialização dos processos produtivos. Desta forma na visão do autor
as críticas refortalecem as pressões para uma desintensificação da agricultura, que por sua
vez, favorecem modelos produtivos na agricultura familiar.
Destas análises de Wilkinson (2008) aliadas às dos demais autores se pode concluir
que embora permaneçam as ameaças e dificuldades para amplo leque de produtores isto
poderá ser transformado em oportunidades desde que ele se utilize de estratégias para
13
Sobre tecnologia e agricultura familiar sugere-se o trabalho de Mário Otávio Batalha e outros: Agricultura
Familiar e Tecnologia no Brasil: características, desafios e obstáculos. Ver na net.
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sobrevivência e crescimento. Entre elas estão sem dúvida em primeiro lugar a tecnologia.
Na verdade ela envolverá todas as demais. Aqui são encontráveis as ligadas a qualidade do
produto, certificações nas suas mais diversas formas – desde aquelas que certificam a
origem até aquelas que garantem o respeito ao meio ambiente e ao trabalhador rural entre
outras, ações coletivas – em especial na comercialização, os condomínios e associações de
produtores, busca de inserção em redes de comercialização, entre outras tantas que
exigirão cada vez mais informação e atualização permanente dos produtores. A tecnologia
para a agricultura hoje não é mais apenas a relativa à produção, mas de caráter sistêmico
que envolve uma interação cada vez maior entre produtores com o mercado e aplicações
de soluções à suas atividades que atendam as exigências cada vez maiores dos
consumidores. Por exemplo, hoje não se admite mais guardar leite na beira de estrada em
latões de alumínio, mas em tanques refrigerados. A exportação de carne bovina somente
ocorre se houver rastreabilidade por meio de código de barras e brincagem de animais. E,
com certeza vai chegar o momento que o produtor vai ter que provar, por exemplo, que ele
usa eficientemente a água, pois a agricultura é um dos grandes gastadores de água no
mundo. De tudo o que foi considerado anteriormente deve-se salientar que a tecnologia
garantirá rentabilidade se a produção extra gerada puder efetivamente ser comercializada
com preços adequados o que poderia facilitar a adoção de tecnologias. Novamente
destacamos que as certificações assumem relevante papel neste sentido.
Abaixo exemplos de redes de agricultores familiares
.
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A comercialização em rede também acontece em outras pises utilizando inclusive
um novo conceito o comércio justo – ver imagens a seguir:
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Quanto a políticas e programas do Governo Federal para a agricultura familiar citese como exemplo o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). Verifique no endereço a
seguir:
ftp://ftp.fnde.gov.br/web/alimentacao_escolar/encontros_nacionais/programa_de_aqui
sicao_alimentos_112005.pdf
A figura de GUILHOTO et all, s.d., abaixo mostra que a agricultura familiar
contribui com um terço do PIB do agronegócio. Sugere-se uma busca na NET do excelente
trabalho que está no formato de slides e de fácil compreensão. GUILHOTO; J.M. et alli. A
IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL E EM SEUS ESTADOS. MDA. (s.d.).
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5. Por que cada vez mais é necessário incorporar tecnologias e inovações
Por que os países continuam a enfrentar pressões no front das negociações
internacionais no âmbito da OMC e no âmbito do comércio propriamente dito em razão
das mudanças do padrão de exigências dos mercados consumidores. Neste sentido o
Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE) separou a agenda
das negociações internacionais em três. A primeira referente à agenda comercial
tradicional onde permeiam os assuntos sobre tarifas, subsídios e trata do protecionismo no
comércio agrícola. A segunda agenda é a agenda comercial nova com os novos temas
comercias que envolveriam questões sanitárias, bem estar animal, padrões de sanidade e
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inocuidade dos alimentos, rastreabilidade, certificações de qualidade, padrões privados e
outros. A terceira é a agenda ambiental que está cada vez mais ganhando contornos
comerciais a ponto de em algum momento a OMC passar a normatizar elementos de
sustentabilidade permitidos para restrições comerciais. Neste caso o ICONE destaca o
Protocolo de Cartagena, biocombustíveis, mudança climática, desmatamento, mudança no
uso da terra (direta e indireta), emissões de gases efeito-estufa.
Vale a pena também observarmos o que vai acontecer no Congresso brasileiro
referente ao protocolo de Nagoya do qual o Itamaraty atropelou e aprovou sem ouvir o
setor do agronegócio brasileiro que poderá ser impactado por custos de pagamentos de
royalties por uso de sementes, mudas, e animais tradicionalmente utilizados em todo o
mundo. O pagamento será feito aos países originários. Uma verdadeira afronta uma vez
que somente se deve pagar royalties por tecnologia realmente desenvolvida e não por algo
já tradicionalmente utilizado a dezena de anos como é o caso da soja, da batata, do milho,
do gado holandês, da uva, do gado nelore, etc... Para saber mais procurar na internet o
texto do valor econômico com o título de Campo pode ter perda bilionária com Protocolo
de Nagoya.
6.Os recursos para investimentos em inovação e tecnologia nas propriedades
Devemos considerar que muitas vezes o uso de determinadas tecnologias exigem
investimentos em fatores fixos, ou seja, que são amortizados em longo prazo, enquanto os
desembolsos podem ser imediatos. Devido a isto a instalação de um equipamento de
irrigação, um equipamento de ordenha mecânica, um tanque de refrigeração, a instalação
de um pomar, o calcariamento de uma área ou outros do tipo devem receber
financiamento apropriado. Então entram os programas de apoio do tipo Moderfrota,
programa ABC que visa maior sustentabilidade da agricultura brasileira e entre os objetivos
está a recuperação de pastagem e a adoção da técnica integração lavoura-pecuária e
floresta que é um programa já vitorioso da EMBRAPA.
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O governo federal disponibiliza financiamentos para investimentos que são
anunciados nos planos safra14 e nos planos para a agricultura familiar15 normalmente no
mês de junho ou julho de cada ano.
O gráfico a seguir mostra a evolução dos valores de financiamento para custeio e
para investimento e também das linhas de crédito disponibilizados nos Planos agrícolas e
pecuários entre 2001 a 2011.
Observe-se que embora
os valores de custeio e
comercialização cresçam
de maneira acelerada os
valores para
investimentos (onde são
muito necessários para
equipamentos de
irrigação, correção de
solos, equipamentos,
cercas, etc.), ou seja,
tecnologias não crescem
de mesma forma.
Fonte: elaboração própria
O quadro a seguir, retirado do Plano divulgado pelo governo pode-se observar a
composição e a evolução dos valores disponibilizados relativamente à safra 2010/11. Para
verificação dos valores deste ano sugere-se verificar no site do Ministério, ou ainda, basta
procurar por plano agrícola e pecuário 2012/13.
14
Exemplos de programas disponibilizados por recursos dos planos safra do Ministério da Agricultura
Pecuária e Abastecimento (MAPA) -1. MODERFROTA (Programa de Modernização da Frota de Tratores
Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras. 2. PRODECOOP (Programa de Desenvolvimento
Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária). 3. PROPFLORA (Programa de Plantio
Comercial e Recuperação de Florestas). 4. MODERAGRO (Programa de Modernização da Agricultura e
Conservação de Recursos Naturais. 5. PRODEAGRO (Programa de Desenvolvimento do Agronegócio). 6.
PRODEFRUTA (Programa de Desenvolvimento da Fruticultura). 7. FINAME AGRÍCOLA ESPECIAL: manutenção
ou recuperação de tratores agrícolas e colheitadeiras, além da aquisição de aviões de uso agrícola. Obs, nem
todos estão em vigência.
15
O Ministério do Desenvolvimento Agrário também anuncia seu plano de apoio à agricultura familiar e aos
assentados de reforma agrária. Um dos programas usuais é o PRONAF.
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A seguir comparativo valores disponibilizados para os dois tipos de agricultura no Brasil
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Os valores, tipos de produtores, tipos de lavouras e ou criações, taxas de juros,
incentivos, pesquisas, apoio à comercialização,etc fazem parte do bojo da Política agrícola
brasileira que por meio principalmente dos instrumentos creditícios e de pesquisa
agropecuária tentam dar o direcionamento estratégico ao setor de produção agrícola. Note
que as políticas comerciais (exportação e importação e negociações em fóruns
internacionais do tipo OMC) e as políticas macroeconômicas, por exemplo a cambial
também influenciam a trajetória da agricultura.
Política agrícola é um conjunto de ações voltadas para o planejamento, o
financiamento e o seguro da produção e constitui a base da Política Agrícola do Ministério
da Agricultura. Por meio de estudos na área de gestão de risco, linhas de créditos,
subvenções econômicas e levantamentos de dados, o apoio do estado acompanha todas as
fases do ciclo produtivo. Essas ações se dividem em três grandes linhas de atuação: gestão
do risco rural, crédito e comercialização.
A gestão do risco rural realiza-se em duas frentes. Antes de iniciar o cultivo, o
agricultor conta com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático.
Essa ferramenta
tecnológica indica o melhor período para se plantar em cada município do País, conforme
a análise histórica do comportamento do clima. E, para se proteger dos prejuízos causados
por eventos climáticos adversos, o produtor pode contratar o Seguro Rural com partes do
prêmio subsidiado pelo ministério.
As políticas de mobilização de recursos viabilizam os ciclos do plantio. O homem do
campo tem acesso a linhas de crédito para custeio, investimento e comercialização. Vários
programas financiam diversas necessidades dos produtores, desde a compra de insumos
até a construção de armazéns.
7.Tendência tecnológicas
A agricultura de precisão por meio de GPS em máquinas agrícolas que plantam,
adubam e colhem já é uma realidade no Brasil. A biotecnologia veio para ficar e cada vez
mais os produtores procuram ganhos por meio desta inovação em seus cultivos. A
integração lavoura-pecuária (ILP) é uma importante ferramenta tecnológica para a
recuperação de áreas degradadas ou em fase de degradação e traz uma série de benefícios
para produtores, consumidores e, meio ambiente para toda a sociedade. O programa
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Agricultura Baixo Carbono é uma ação do Ministério da Agricultura Pecuária e
Abastecimento para estimular a sustentabilidade na agricultura. As redes de
comercialização e as exigências dos consumidores quanto a qualidade, rastreabilidade e
certificações são outras questões que emergem e pressionam por incorporações
tecnológicas e inovações nas atividades das cadeias agroindustriais (de fornecedores até os
varejistas).
Com tudo o que foi nomeado acima se percebe que os produtores e os demais
agentes das diversas cadeias produtivas do agronegócio devem estar atentos com as
tendências e obrigatóriamente deverão incorporar novos elementos em suas produções
para evitar perda de mercado e restrições por parte de consumidores.
O contexto em que está operando o agricultor pode melhor ser entendido nos
resultados da pesquisa16 do professor Ulrich Oevemann, da Universidade de Frankfurt em
parceria com a empresa Synovate GmbH na qual constatou-se que de forma geral os
agricultores são considerados administradores ou cuidadores da terra, são considerados
culpados por problemas ambientais (entre 38 a 43% dos respondentes assim opinaram) e,
além disto cerca de 70% dos entrevistados não estão dispostos a pagar mais por alimentos
produzidos de forma ambientalmente correta. Isto leva a uma séria constatação de que
embora culpem e responsabilizem os agricultores por problemas ambientais eles não
pagarão mais para melhorar isto, não significando, porém que deixarão de exigir que os
produtores assim o façam. Ou seja, os custos serão dos produtores por que as
regulamentações estão vindo aí. Os produtores terão legislação ambiental mais rígida –
novo código florestal, atualmente eles não podem desenvolver atividades de abate de
animais em muitas regiões do país, por exemplo. A reportagem do globo rural do dia 9 de
setembro sobre produção e venda de queijos não deixa dúvidas disto.
8.Fontes de tecnologia (onde encontrar)
- órgãos de pesquisa e assistência técnica – EMATER, EMBRAPA, IRGA, IAPAR, etc.
- universidades;
- cooperativas agrícolas e pecuárias;
16
A pesquisa foi executada entre 1800 agricultores e 6000 consumidores no Brasil, India, Estados Unidos,
Alemanha e Espanha. (LEDUC, 2012).
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- empresas fornecedoras de insumos/máquinas;
- associações, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), ONGs, SEBRAE, outros.
9.Veículos de comunicação
- TVs e Rádios (exemplo programa globo rural);
- revistas e jornais (Panorama da Aquicultura, Balde Branco, Manchete Rural, Globo Rural,
Agroanalyses, etc..) – jornal Valor Econômico página de agronegócio.
- internet;
- árvore do conhecimento (EMBRAPA). Procure na net Embrapa lança novas árvores do
conhecimento — Embrapa
- reuniões técnicas, dias de campo em unidades demonstrativas (fazendas modelo).
10.Forma de aquisição de tecnologia
- Ao adquirir equipamento ou fator de produção (fertilizante, defensivo agrícola) o sistema
ou modelo de uso e produção pode estar embutido;
- licenciamento ou compra de teconologia (Know-how). Isto especificamento no caso de
instalação de plantas agroindustriais (produção de queijos finos, etanol, vinhos, etc..).
11. A tecnologia necessária: a irrigação
Ainda nos anos 70 o governo federal iniciou trabalhos nesta linha com Programa de
Irrigação do Nordeste (PROINE) e o Programa Nacional de Irrigação (PRONI). É uma
tecnologia sabidamente multiplicadora de produtividade, mas que encontra obstáculos
para sua adoção maciça por os produtores. Esta tecnologia assume cada vez maior
importância frente aos eventos climáticos relacionados à falta de água. Neste sentido,
Cunha (2011) verificou por meio de dados do Banco Mundial que os anos compreendidos
entre 1995 e 2006 foram os mais quentes do registro instrumental da temperatura da
superfície da global (desde 1850) e que a projeção é aumentar ano a ano, se nada for feito
para sustar o aquecimento global.
A irrigação pode ser amplamente utilizada, desde que se atue tecnicamente para
evitar riscos de salinização, por meio de gotejamento (fruticultura e horticultura), aspersão
(horticultura, grãos, pastagem), sulcos (horticultura – tomate por exemplo,ou
encharcamento (arroz irrigado – quadras alagadas).
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Cunha
(2011)
ao
analisar
o
impacto
das
mudanças
climáticas
sobre a adoção de irrigação no Brasil destaca que a decisão do produtor em adotar ou não
a irrigação também é condicionada pelo seu conhecimento técnico, capacidade de
gerenciamento e condições de renda. Além disto, que produtores mais capitalizados são os
que provavelmente terão mais condições de investir em tecnologias de irrigação, fazendo
com que sejam potencialmente menos afetados pelos efeitos adversos das mudanças
climáticas.
A desculpa de falta de dinheiro neste caso não cabe, basta obter informações sobre
alternativas econômicas para irrigar. Por exemplo, existem agricultores que utilizam
moringas de barro enterradas, com tampa removível para reabastecimento de água
quando necessário, próximo a pés de abobora ou de melancia para fornecer água às
plantas (que tal garrafa pet furada?). Logo a seguir ouro exemplo de irrigação alternativa.
12. Tecnologias adaptadas ou alternativas
Se o produtor não possui o capital ou área necessária para grandes investimentos e
riscos ele poderá adotar esquemas tecnológicos econômicos ou adaptados, mais baratos.
Alguns exemplos do programa globo rural. (procurar em G1.com, procure em Globo Rural e
desça na página até encontrar o link veja todos os videos de globo rural » então basta você
selecionar a data do programa e pronto).
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12.O Brasil e sua tecnologia agrícola no contexto internacional
O Brasil por meio da EMBRAPA e outras instituições estão aptos também a fornecer
tecnologia para os países do continente africano conforme afirma Guarany (2012). Esta é a
resposta sobre a qual poderia ser a contribuição brasileira aos países do cinturão tropical
do planeta. Isto por que a carência de capital e Know-how são os principais entraves dos
países africanos. Estes são essenciais para produzir qualquer cultura agrícola por que
somente terra, água e mão de obra não garantiriam a produção mesmo que estivessem em
abundância.
Em alguns projetos, avaliados pela Fundação Getúlio Vargas, para países da África o
Brasil pode perfeitamente auxiliar com expertise tecnológica (know-how) para resolver a
escassez de alimentos e combustíveis. Aí se encontram projetos para produção de óleo de
Palma, milho, arroz, açúcar, soja, girassol, amendoim, agro energia com biodiesel e etanol.
(GUARANY, 2012).
13.Estudos de caso de inovação e tecnologia
1) AGRINDUS: A Fronteira Tecnológica e os Limites da Rentabilidade
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http://yamin.net.br/development/pensa/wordpress/wpcontent/uploads/2011/10/AGRINDUS_a_fronteira_tecnologica_e_os_limites_da_r
entabilidade_19951.pdf
2) POOl Leite ABC – inovando na comercialização de leite
http://pensa.org.br/wpcontent/uploads/2011/10/Pool_leite_ABC_inovando_na_comercializacao_de_leite_2002.p
df
3) Terra preservada: coordenando ações para garantir a qualidade
http://pensa.org.br/wpcontent/uploads/2011/10/Terra_preservada_coordenando_acoes_para_garantir_a_qualid
ade_1999.pdf
14.Sugestão de sites
1) Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE)
http://www.iconebrasil.org.br/pt/
2) PENSA - CENTRO DE CONHECIMENTO EM AGRONEGÓCIOS
http://pensa.org.br/
15. Deu no jornal
A seguir exemplos de aplicações tecnológicas.
“A Agroceres PIC, braço de genética de suínos da Agroceres, prepara-se para fazer a
sua primeira venda de créditos de carbono no mercado internacional. A empresa recebeu o
aval das Nações Unidas para a operação graças a um projeto de captação de gases nocivos
ao ambiente de sua unidade em Patos de Minas (MG)”.
Agroceres PIC venderá crédito de carbono
Bettina Barros | De São Paulo
29/11/2010 Valor Econômico, caderno B, p.12
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Em 2010 o Brasil estava atrasado no uso da biotecnologia no cultivo do algodão.
Naquela época isto foi afirmado na notícia do valor econômico com título:
Indústria têxtil prevê algodão em alta até 2012
Entre outras análises afirmava que no Brasil o algodão vinha perdendo espaço nas lavouras
para culturas como a soja, que tem custo de produção mais baixo e acesso mais facilitado ao
crédito; o Brasil ainda está muito atrasado em relação a outros países em uso de tecnologias de
ganho de produtividade."Estamos com dez anos de atraso. Enquanto 90% das áreas cultivadas na
Índia usam sementes transgênicas, aqui são 50% com o agravante de ser com variedades mais
atrasadas tecnologicamente do que em outros países.
Estudo mapeia classes de produtores e sugere nova política agrícola
24/11/2011 Valor Econômico, caderno B, p.16
Por Sergio Leo
É urgente mudar o foco da política agrícola e deixar de lado medidas voltadas para produtos
específicos para atender com instrumentos diferentes cada classe de produtor, alertou o presidente
do Centro de Estudos da Fundação Getúlio Vargas, Mauro Lopes, com base em dados do Censo
Agrícola. Em seminário ontem pelos 60 anos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA), ele divulgou um estudo sobre as classes de renda na agricultura brasileira que confirmou
problemas como a forte dependência de fertilizantes importados, por exemplo, e que, pela primeira
vez, trouxe detalhes sobre a "classe média" na produção rural.
"Políticas voltadas para a produção são adequadas para as classes A, B e C, mas pouco
adequadas para grande parcela das classes D e E", concluiu o especialista. Políticas de apoio para
adoção de tecnologia são importantes para a consolidação da classe C e sua ascensão, disse. "A
concentração de renda e de área deriva da política dos últimos 20 anos, concentrada nos planos de
safra e em produtos (...) Deveríamos ter desenvolvido política centrada em nível de produtor, de
acesso a tecnologia, que é a grande causadora da ascensão das classes rurais produtoras."
Os pesquisadores descobriram, ainda, que o financiamento de tradings e de empresas
integradoras como a Brasil Foods é, de longe, bem mais importante que o financiamento bancário.
Esses mesmos agentes são também responsáveis pela manutenção de altos padrões de exigência
de produção e baixas margens de lucro ao produtor.
FAO prega aceleração de investimentos no campo
Svetlana Kovalyova e Jane Baird | Reuters, de Milão
29/10/2010 Valor Econômico, caderno B, p.12
A agricultura mundial necessita urgentemente de bilhões de dólares em investimento anual
adicional para impulsionar a produção e reduzir o impacto negativo sobre o ambiente, afirmou
ontem a FAO, a agência da ONU para Agricultura e Alimentação. Os produtores precisariam elevar a
produção 70% até 2050, quando a população deverá atingir 9 bilhões de habitantes, frente aos 6,7
bilhões de hoje. Veja mais em www.fao.org.
Integração entre lavoura e pecuária recupera áreas e reduz custos
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No Brasil, 90% dos criadores engordam os animais só no pasto.
O maior produtor mundial de carne são os EUA, com metade do rebanho.
Do Globo Rural 14/08/2011
A técnica que permite integrar a atividade agrícola com a pecuária já tem mais de 20
anos. No começo, era usada apenas para recuperar as pastagens, baixando os custos do
produtor. Hoje, o aperfeiçoamento da integração lavoura-pecuária comprova que, além de
baixar custos, melhora a qualidade do solo, ajudando a aumentar a produtividade do milho
e da soja.
O Brasil tem o maior rebanho bovino comercial do mundo. São 200 milhões de
animais, o que corresponde a mais de uma cabeça para cada habitante do país. Porém, o
maior produtor mundial de carne não é o Brasil, e sim os Estados Unidos, que têm a
metade do nosso rebanho.
A diferença está na qualidade genética e, principalmente, no manejo da criação. Nos
Estados Unidos, a fase de cria é feita a pasto, mas 90% dos animais são engordados em
confinamentos gigantescos, onde recebem indução de hormônios para melhorar o ganho
de peso e comida à vontade.
Para transformar o cenário, primeiro é preciso fazer uma gradagem, incorporando o
mato e destruindo os cupins. Depois, vem o arado aiveca, para descompactar e revirar o
solo. Por fim, é necessário passar a grade niveladora para acertar o terreno. Em áreas com
declive, é necessário fazer curva de nível para evitar erosões.
No início, a cultura recomendada é o arroz, consorciado com a braquiária. A
correção do solo e a adubação dependem do resultado da análise do solo. O pulo do gato
está na hora do plantio. A plantadeira é regulada para colocar as sementes do arroz a
quatro centímetros de profundidade. As sementes do capim, no caso, a braquiária, são
colocadas junto com o adubo, a dez centímetros do chão.
A técnica faz o arroz nascer primeiro e reduz a competição entre as duas culturas. As
sementes do capim aproveitam os resíduos do adubo usado no arroz.
Com a colheita, o produtor paga os custos da recuperação do pasto e ainda sobra a palha
do arroz para adubar o capim. Duas semanas depois da colheita do arroz, a pastagem já
pode ser utilizada para alimentar o gado. Quatro anos depois, quando a área for renovada,
o produtor já pode usar culturas de maior valor econômico, como o milho e a soja....
4 de julho de 2011 | N° 9220DIÁRIO CATARINENSE
INDÚSTRIA DO LEITE
Aurora inaugura fábrica de R$ 180 mi
Unidade, anunciada como a mais moderna do país, processa cerca de 2,2 milhões de litros por dia
A Coopercentral Aurora inaugurou a fábrica de processamento de leite anunciada como a mais moderna do
país, sábado, às margens da BR-282, em Pinhalzinho, no Oeste de SC. Com investimento de R$ 180 milhões, a
indústria tem capacidade de processamento de 2,2 milhões de litros de leite por dia.
A empresa iniciou a implantação da unidade no primeiro trimestre de 2007, mas só inaugurou completamente
no final de semana. A plataforma de automação adotada na nova planta permite rastreabilidade da
produção de leite, garantindo o cumprimento dos critérios de segurança alimentar, o que habilita a venda dos
produtos Aurora e Aurolat nos mercados internacionais mais exigentes.
Funcionais e orgânicos conquistam prateleiras
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31/08/2011 - Filão do Bem-estar prevê R$ 38 bilhões em vendas até 2014 Katia Simões | Para o Valor, de São Paulo.
Caderno F, p.8
Há pouco mais de uma década pensar em abastecer prateleiras inteiras com produtos orgânicos ou naturais sequer passava
pela cabeça dos varejistas. Os chamados alimentos saudáveis ficavam restritos a empórios especializados e a restaurantes
rotulados de 'naturebas'. Hoje, o cenário é bem diferente e o que antes era visto como desejo de poucos, agora é encarado
como um excelente nicho de mercado, capaz de alavancar as vendas e fidelizar a clientela.
.........
Por aqui, apesar de os especialistas afirmarem que ainda estamos engatinhando, o cenário é bastante animador. Estudos do
Euromonitor preveem que até 2014 o movimento do mercado brasileiro de alimentos saudáveis chegará a R$ 38 bilhões,
com expansão de 39% em relação ao volume atual. Criada em 1987, em Petrópolis (RJ), a Mundo Verde foi a primeira loja
de produtos naturais a virar rede de franquias e a abrir unidades até no exterior. No início, atendia apenas a um nicho de
consumidores, com oferta reduzida de produtos. Hoje, são mais de 150 lojas, 5 mil itens nas prateleiras, 100 mil pessoas
atendidas por dia, um faturamento de R$ 180 milhões no ano passado e nada menos do que 800 fornecedores, entre eles, a
catarinense Vitalin.
Nascida como exportadora, a pequena empresa de Jaraguá do Sul (SC), não titubeou em mudar literalmente de ramo em
2006, ao enxergar que havia uma carência de fornecedores de produtos naturais de qualidade. Deixou para trás 12 anos de
experiência na área de exportação de cogumelos medicinais. "Fomos pioneiros na difusão dos atributos naturais de
alimentos como quinoa, linhaça dourada e amaranto", revela Rogério Mariske, sócio da Vitalin. Hoje, são 27 produtos,
entre eles, farinha e semente de linhaça dourada e marrom; quinoa, nas variações farinha, flocos e mista com grãos brancos
e vermelhos, além de fibra de maracujá e aveia em flocos enriquecida com quinoa e amaranto em três sabores. "A grande
novidade é o shake orgânico de quinoa e os achocolatados orgânicos com açúcar mascavo", diz o empreendedor. Com um
crescimento de 30% ao ano, a Vitalin deve encerrar 2011 com um faturamento de R$ 6 milhões. Para driblar a concorrência
no ponto de venda, a marca investe em degustações, distribuição de panfletos educativos além da presença de promotores
nas lojas. "Nada bate a visita aos nutricionistas, porque são eles os grandes propagadores da alimentação natural", garante
Mariske.
Colheita expressa
(Valor Econômico) 03/09/2010
A paranaense Cocamar Cooperativa
Agroindustrial, com sede em Maringá, fará
pela primeira vez no Estado um dia de campo
especial sobre colheita mecanizada de café. O
evento ocorre hoje na propriedade da família
Brazolotto, no município de Cianorte, e é
considerado um marco na difusão da
mecanização da lavoura cafeeira do Paraná,
que ainda é muito incipiente.
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21 de setembro de 2010 | N° 8935
INFORME ECONÔMICO | ESTELA BENETTI
Vem aí o salmão transgênico
• A agência reguladora de alimentos do governo
dos Estados Unidos, o FDA (Food and Drug
Administration), iniciou ontem e conclui hoje
avaliação para decidir se libera a venda
comercial do salmão geneticamente
modificado. Se a resposta for sim, o salmão
será o primeiro animal transgênico
considerado seguro para a alimentação
humana.
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ANEXO
ANEXO 1.Calculando a produtividade
Note que a produtividade em dado ano pode ser influenciada por fatores climáticos
(secas, chuvas na colheita, geadas fora de época, granizo, tempestades, etc..). Você pode
calcular a produtividade para as duas lavouras (milho e soja) do exemplo dos gráficos
abaixo, simplesmente dividindo a produção total por área de cultivo, obtendo assim o
coeficiente de produtividade indicando os ganhos de eficiência no período indicado.
Considere que em Santa Catarina tem ocorrido frequentemente estiagens que afetam a
produção. A área deve ser multiplicada por 1000. A produção para obtermos kg/ha
deveremos multiplicar por 1000 para obermos em toneladas e multiplicarmos por mais mil
para obermos em Kg . Ex. para o ano de 10/11 milho 570 X 1000 = área em hectares.
Produção será 3.390 mil toneladas X 1000 = 3.390.000 toneldas X 1000 Kg = 3.390.000.000
Kg → Prod/área = 3.390.000.000 / 570.000 = 5.947,37 kg/há. Acho esta produtividade
elevada dado que existem muitas propriedades ainda utilizando variedades ao invés de
híbridos e também por não calcarearem as terras ou por não corrigirem adequadamente.
Será que os dados estão corretos? O instituto cepa ou a epagri (ver na internet)
poderiam fornecer dados, ou ainda dados do IBGE de áreas colhidas e produção por
estado.
Como está evoluindo a produtividade do milho e da soja em SC? = Produção / área =
t/há. Calcular tomando por base os dados dos gráficos
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ANEXO 2. A Organização Tradicional e as novas exigências na inovação
ORGANIZAÇÃO TRADICIONAL DA INOVAÇÃO
Fonte: Portugal (2003)
Vejamos que já em 2003, ou seja, há apenas 9 anos atrás Portugal (2003) já
apontava para as tendências para o agronegócio e, portanto, novas exigências em termos
tecnológicos aos agricultores e para a cadeia agroindustrial como um todo Estes conceitos
estão na figura abaixo.
NOVOS CONCEITOS E VALORES
Fonte: Portugal (2003)
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ANEXO3. Tecnologia e Inovação na agricultura e agronegócio: o papel da EMBRAPA
Sobre inovação ver item 6.3.6 na p. 343 em diante até a p. 370 da tese A inflexão da
trajetória evolutiva do cluster da carcinicultura de Laguna: conseqüências nas interações
dos agentes e instituições. Tese de GELINSKI NETO, Francisco. UFSC, 2007. Para baixar da
net basta procurar pelo título.
A EMBRAPA é uma Empresa pública que busca viabilizar soluções tecnológicas para
a competitividade e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. É formada por uma
grande rede de unidades administrativas, de serviços e de pesquisa, com 45 unidades
distribuídas pelas várias regiões do País. A Rede EMBRAPA é formada por unidades centrais
(Unidades Administrativas em Brasília) e por unidades de serviço e por unidades dedicadas
à pesquisa em produtos, como milho e sorgo, arroz, soja, algodão, etc; unidades dedicadas
a temas básicos, para desenvolvimento e adaptação de conhecimentos e inovações em
tecnologia agroindustrial, instrumentação avançada, tecnologia da informação, recursos
genéticos e botecnologia, etc; e unidades de pesquisas ecorregionais brasileiras, na busca
de soluções para uso sustentável da base de recursos naturais que viabilizam as atividades
do agronegócio (EMBRAPA, 2002, p.3, EMBRAPA, 2011b).
Está sob a sua coordenação o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária - SNPA,
constituído por instituições públicas federais, estaduais, universidades, empresas privadas
e fundações, que, de forma cooperada, executam pesquisas nas diferentes áreas
geográficas e campos do conhecimento científico (EMBRAPA, 2011c). Além disso, a
EMBRAPA compõem a RIPA17 (Rede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o
Agronegócio) criada em 2003 pelo MCT, com a proposta de melhorar, estruturar e preparar
o campo do agronegócio brasileiro para as oportunidades e eventuais ameaças do
mercado.
Para lograr o êxito em sua missão de viabilizar soluções de pesquisa,
desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da
17
A RIPA foi consolidada no âmbito do CT-Agronegócio, um dos fundos setoriais para o desenvolvimento da
ciência, tecnologia e inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com recursos do F NDCT e FINEP.
A RIPA decorre do convênio da FINEP - IEASC/USP, ABAG, Embrapa, FIPAI, ITAL.
Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC
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sociedade brasileira compõem ampla gama de parcerias públicas e privadas que participam
na inovação e na transferência de tecnologias. Até 2002 a EMBRAPA contava com 1500
parcerias e destas mais de 1000 eram parcerias privadas nas diversas etapas do processo
de P&D e transferência tecnológica. Também cooperava com 155 instituições em 55 países,
números que devem ter se elevado em razão das recentes prioridades para o continente
Africano e Latino Americano (EMBRAPA, 2002b).
A transferência tecnológica conta atualmente com uma importante ferramenta
gerida pela Agência de Informação Embrapa que é a árvore do conhecimento. Na verdade
esta inovação conta com diversas árvores do conhecimento. É uma estrutura,
disponibilizada no ambiente virtual da empresa, com informações organizadas numa
estrutura ramificada em forma de árvore18. O conhecimento está disponibilizado e
organizado de forma hierárquica19. As árvores do Conhecimento contêm informações
validadas sobre todas as etapas da cadeia produtiva dos produtos (cultivo e criação) e
sobre os temas diversos. Veja mais em http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/.
Além dos projetos e parcerias internas a empresa também desenvolve cooperação
internacional. Nessa seara a EMBRAPA conta hoje com 78 acordos com 56 países e 89
instituições estrangeiras, envolvendo sobretudo a pesquisa agrícola em parceria e a
transferência de tecnologia (EMBRAPA, 2011c).
18
É disponibilizado pela agência, todo o conjunto de árvores desenvolvidas pelas várias unidades sobre
produtos e temas do negócio agrícola.
19
Nos primeiros níveis desta hierarquia, estão os conhecimentos mais genéricos e, nos níveis mais profundos,
os mais específicos
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Figura: representação estilizada de árvore do conhecimento
Fonte: Embrapa (2011).
Além dos projetos e parcerias internas a empresa também desenvolve cooperação
internacional. Nessa seara a EMBRAPA conta hoje com 78 acordos com 56 países e 89
instituições estrangeiras, envolvendo, sobretudo a pesquisa agrícola em parceria e a
transferência de tecnologia (EMBRAPA, 2011c).
Nesse modelo a EMBRAPA tem desenvolvido um projeto bastante inovador,
chamado Labex, ou Laboratório Virtual no Exterior desde 1998. As parcerias com Estados
Unidos, com Países da Europa (França, Holanda e Inglaterra), e Ásia visam o
desenvolvimento de tecnologia s de ponta. O projeto Labex conta atualmente com cinco
laboratórios (em 2002 eram somente dois – o americano e o francês), um localizado no
Agricultural Research Center - ARS, que pertence ao Departamento de Agricultura dos EUA
(USDA), o segundo localizado em Montpellier, no sul da França, o terceiro está na
Universidade de Wageningen, na Holanda, e o quarto no Instituto de Pesquisas de
Rothamsted, na Inglaterra. O mais recente deles (quinto) é o LABEX-Coréia, em Seul, na
Coréia do Sul. A esses núcleos avançados estão vinculados pesquisadores seniores que
realizam um trabalho de interação, antenagem tecnológica e monitoramento do mercado
Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC
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de inovação, procurando suprir as equipes da EMBRAPA e seus parceiros de informações
estratégicas. O Labex busca também viabilizar interações produtivas entre as equipes
brasileiras e equipes de instituições congêneres localizadas naqueles países. (EMBRAPA,
2002, p.3, EMBRAPA, 2011c).
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