TECNOLOGIA NA AGRICULTURA - Prof. Dr. Francisco Gelinski Neto
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TECNOLOGIA NA AGRICULTURA - Prof. Dr. Francisco Gelinski Neto
1 TECNOLOGIA NA AGRICULTURA: produtividade e renda Setembro de 2012 Prof. Dr. Francisco 1 Gelinski Neto SUMÁRIO 1.Introdução P.2 (PARTE I) 2. A Tecnologia na teoria econômica P.6 3. A Tecnologia no Brasil: visões acerca da agricultura e do desenvolvimento econômico 3.1. A agricultura e seus papéis no desenvolvimento econômico P.7 3.2. As interpretações clássicas e recentes sobre agricultura e desenvolvimento e os teóricos feudalistas, capitalistas, estruturalistas, dualistas e modernizantes.P.9 3.3 As críticas ao processo de modernização e as dificuldades ainda existentes. P.13 4. Tipos de produtores e tecnologia P.19 5. Por que cada vez mais é necessário incorporar tecnologias e inovações P.25 6.Os recursos para investimentos em inovação e tecnologia nas propriedades P.26 7.Tendência tecnológicas P.29 (PARTE II) 8.Fontes de tecnologia (onde encontrar) P.30. 9.Veículos de comunicação P.31 10.Forma de aquisição de tecnologia P.31 11. A tecnologia necessária: a irrigação P.31 12. Tecnologias adaptadas ou alternativas P32 13.O Brasil e sua tecnologia agrícola no contexto internacional P.34 14.Estudos de caso de inovação e tecnologia P.34 15.Sugestão de sites P.35 16. Deu no jornal P.35 ANEXO 1.Calculando a produtividade P.39 ANEXO 2. A organização Tradicional e as novas exigências na inovação P.40 ANEXO3. Tecnologia e Inovação na agricultura e agronegócio: o papel da EMBRAPA P.41 Bibliografia P.44 1 Professor Teoria econômica e Economia Agroindustrial – UFSC . Departamento de Economia e Relações Internacionais. Centro Sócio Econômico. Mestre Economia Rural pela URGS e Dr. Em Engenharia de Produção – inteligência de Negócios pela UFSC. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 1 2 TECNOLOGIA NA AGRICULTURA: produtividade e renda Setembro de 2012 Prof. Dr. Francisco Gelinski Neto2 1.Introdução Eliseu Alves destaca a necessidade de aumentar a renda das propriedades. A situação ideal seria preços firmes (sem oscilações) e crescentes, aliados a adequadas produtividades e produção. Dificilmente ocorre isto, então a tecnologia viria para aumentar a produtividade reduzindo o custo médio de produção (R$/saca produzida, R$/arroba produzida de carne, R$/litro de leite, etc). 3 2 1 O gráfico acima é uma função de produção com três níveis tecnológicos que provocou deslocamento de produção para níveis mais elevados. É o caso por exemplo da incorporação de uma inovação no plantio que com mesma área de cultivo você obteria maior número de plantas com uma semeadora especial utilizando a mesma quantidade de mão de obra e obtendo maior produtividade. 2 Professor Teoria econômica e Economia Agroindustrial – UFSC . Mestre Economia Rural pela URGS e Dr. Em Engenharia de Produção – inteligência de Negócios pela UFSC. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 2 3 “Tecnologia é um termo utilizado para englobar uma ampla variedade de mudanças técnicas e nos modelos de produção”. (VASCONCELOS e GARCIA, 2005, p.12). “A tecnologia representa um dos fundamentos da atividade econômica moderna, sendo resultante da pesquisa pura e aplicada, a traduzir-se em processos científicos voltados para o desenvolvimento social e econômico”. (GASTALDI, 2001, p.147). As tecnologias na produção agrícola podem ser poupa terra ou poupa trabalho. Na primeira estão entre outras: o uso de fertilizantes e corretivos (calcário e gesso agrícola) que aumentam a produtividade, adequação nas densidades de plantio e na rotação de culturas. Na segunda está basicamente o uso de mecanização. A tecnologia quer seja a ligada a fatores quer seja a ligada à organização/gestão da propriedade pode ser uma alternativa à busca desenfreada por aumento de escala de operações (compras de outras áreas ou empreendimentos). Outros exemplos de tecnologias: novas variedades de cultivo, tais como o do milho híbrido, sementes transgênicas (milho Bt), novas e aprimoradas raças de animais (ovelhas tipo carne da raça Dorper, tipo lã da raça merina australiana, gado holandês ou Jersey para produção de leite, caprino da raça Pardo Alpina, outros), melhores equipamentos e máquinas, defensivos e fertilizantes. A utilização do planejamento e ações administrativas corretas também faz parte da revolução tecnológica. As falhas de planejamento e ou decisões em momentos adequados afetarão a produção mesmo em presença de máquinas, equipamentos, sementes, fertilizantes adequados. Ou seja, o planejamento, a organização, o comando, o controle adequados são partes essenciais da boa administração. Pode-se afirmar que os recursos e ações devem estar disponíveis e realizados no tempo certo para sucesso da produção. Neste sentido o conhecimento de cronogramas e planos de produção são técnicas essenciais. Porém, nem sempre o uso de tecnologias3 e inovações representa redução de custo como o caso mostrado na reportagem sobre produção de queijos artesanais/coloniais no Globo Rural do domingo dia 9 de setembro de 2012. Procurar em G1.com, procure em Globo Rural e desça na página até encontrar o link veja todos os videos de globo rural » 3 Recomendo a leitura do material OS TRANSGÊNICOS SOBREVIVERÃO AO TESTE DO MERCADO? Disponível no moodle. Ver especialmente a página 1 a 6 Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 3 4 então basta você selecionar a data do programa e pronto. Neste caso foram exigências externas por força de regulamentos que estaria obrigando os produtores a adotarem práticas e equipamentos e construções que teoricamente contribuiriam para melhorar a qualidade do produto, mas que acabam por inviabilizar o mercado e a produção devido à excessiva distância e outros custos envolvidos para tal. Tecnologia poupa terra - significa que você aumenta a produção sem aumentar a área de cultivo (devido ao crescimento da produtividade dado incorporação de insumos modernos); Tecnologia poupa trabalho – significa que você obtém maior rendimento por unidade de trabalho, ou seja, um homem consegue produzir muito mais (utilizando um trator, uma colheitadeira, uma debulhadeira, uma esteira de transporte, um novo fluxo de operações, um pulverizador motorizado ao invés de manual, uso de plantas de menor porte que facilitam a colheita, etc.). Por isto, por um lado, muitos críticos afirmam que mecanização exclui mão de obra, por outro lado, a mecanização torna menos penoso e árduo o trabalho do produtor/trabalhador rural. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 4 5 Um exemplo recente da redução do uso de mão de obra de colheita é o caso da obrigatoriedade de colheita mecanizada de cana-de-açúcar em São Paulo que por força de normas ambientais não poderá mais fazer queimadas de canaviais e, desta forma, não poderá mais haver colheita manual (só possível em canaviais queimados). Desde tempos remotos, os agricultores organizavam os conhecimentos e os transformavam em tecnologias. Durante um longo período, eles mesmos geraram os conhecimentos, mas 4 sua difusão não era intermediada pelos governos, pelo menos não o era de forma organizada e propositada. Na linguagem de hoje, sendo lucrativa, a tecnologia se difundia. O processo de difusão foi rápido para algumas coisas simples e se alongou, no tempo, para outras, dependendo do tipo de barreira encontrada. Mas o que era considerado lucrativo acabou por vencer todas as barreiras. Assim, o propósito da difusão de tecnologia organizada, por parte do governo ou da iniciativa particular, é encurtar o tempo entre a geração do conhecimento e sua transformação em tecnologia, pelos agricultores. (ALVES, 2012, s.p.). Embora a tecnologia conforme descrito até aqui tenha muito o caráter microeconômico de aumentar a produtividade e reduzir o custo médio melhorando a renda da propriedade, também há que considerar as pressões externas para novas visões da sociedade sobre o papel da agricultura em especial às relativas ao meio ambiente e 4 A difusão é a disseminação da tecnologia entre os produtores. Os agentes técnicos da extensão atuam para isto. Em meados do século 19, a partir da descoberta das leis da herança e do mecanismo de nutrição de plantas, os conhecimentos passaram a ser cada vez mais produzidos pela ciência, com forte uso do método experimental, em instituições especializadas do governo e da iniciativa particular. Como consequência, a geração de conhecimento concentrou-se em poucos polos, ficando evidente a necessidade de organizar a difusão de tecnologia em instituições com esse propósito e especializadas. Assim nasceu a extensão rural do governo e a assistência técnica da iniciativa particular. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 5 6 aquecimento global e mesmo bem estar animal entre outros aspectos da sustentabilidade ecológica que também interferem sobre a competitividade5 da agricultura. Embora a reestruturação da agricultura brasileira tenha se concentrado entre os anos 80 e, principalmente nos 90 a competitividade e, dela decorrentes a seleção de produtores é um contínuo no agronegócio. Basta se observar a crise da suinocultura catarinense que desencadeou ao longo 20 anos um processo de rápida exclusão e concentração na produção. Além disto, cada vez se exige do produtor mais respeito ao meio ambiente e maior produtividade mesmo frente às condições difíceis de volatilidade de preços e incertezas ambientais com toda sorte de eventos extremos, tempestades, estiagens, granizo e geadas, etc.... A inovação e a tecnologia convencional ou a adaptada poderá ser utilizada tanto por extratos de produtores empresariais quanto por produtores familiares. As tecnologias e inovações assumem relevante importância para aumentar a produtividade, redução de custos e eficiência de gestão para ampliação/ manutenção de mercados. Esta é uma resposta necessária devido ao acirramento competitivo entre produtores e países. Em razão disto tudo a busca por conhecimentos/inovações e tecnologias que resultem ganhos individuais ou coletivos para produtores de determinadas regiões ou países contribuirão para sobrevivência ou crescimento frente ao ambiente econômico cada vez mais exigente. Sobre inovações e também sobre o papel da EMBRAPA ver o anexo (antes da bibliografia) 2. A Tecnologia na teoria econômica Esta seção empresta o título empregado por Silva (1995) em seu trabalho. Ele apresentou a tecnologia sob a ótica dos clássicos, de Marx, de Schumpeter e de os Neoclássicos. Os clássicos citados por Silva foram Smith que estudou a pouca possibilidade de divisão de trabalho na agricultura comparativamente à manufatura e Ricardo que deu sua importante contribuição sobre a renda da terra e em especial na renda diferencial gerada em terras mais produtivas. Este estudo, de Ricardo, assume importância no 5 Competitividade é capacidade de uma empresa crescer e sobreviver de modo sustentável. É característica de um agente (empresa/país). Os blocos de Competitividade para Jank e Nassar (2000): 1) Capacidade produtiva/tecnológica; 2)Capacidade de inovação; 3)Capacidade de coordenação. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 6 7 momento atual da economia agrícola brasileira quando se deseja fazer a recuperação de pastagens para utilização na produção de etanol ou de alimentos num processo que se denomina de integração lavoura pecuária. Marx por sua vez vai sublinhar que a produção é largamente dependente do capital que a determina ao possibilitar aquisição de máquinas equipamentos e processos de produção que estão evidentemente atrelados a proprietários privados capitalistas. Shumpeter deve ser destacado pela relevância de seu pensamento acerca da inovação que é a grande preocupação já há algum tempo na economia global. Na teoria do Desenvolvimento Econômico (Schumpeter 1982) analisa o processo de transformação que uma economia capitalista sofre quando se introduz uma inovação radical em seu processo de produção. É a inovação tecnológica que dispara o mecanismo que provoca mudanças no comportamento dos agentes econômicos, realoca recursos, destrói métodos de produção tradicionais e muda qualitativamente, a estrutura econômica. Silva (1995, p.44). Os autores neoclássicos estudaram nos modelos de crescimento econômico a utilização dos fatores de produção, terra, capital e trabalho. Os principais estudiosos foram Solow (1957), Hicks (1936), Hayami e Ruttan (1998). Estes dois últimos foram bastante utilizados pelos teóricos do desenvolvimento econômico de um país sustentado por o setor agrícola. 3. A Tecnologia no Brasil: visões acerca da agricultura e do desenvolvimento econômico 3.1. A agricultura e seus papéis no desenvolvimento econômico A tecnologia utilizada e desenvolvida no Brasil, tanto para produtores quanto para as agroindústrias fornecedoras de insumos (fatores de produção) quanto das agroindústrias processadoras de alimentos (suínos, aves, bovinos, trigo, leite,etc.) está atrelada ao padrão de desenvolvimento adotado pelo país em meados do século passado em diante. Existiram diversos autores e estudiosos que apregoavam um ou outro modelo de desenvolvimento da agricultura para que ela pudesse cumprir o seu papel no desenvolvimento econômico. A agricultura tem condições de contribuir nos primórdios do desenvolvimento dos países e mesmo depois já com a instalação de indústrias. Inicialmente, lembremos o caso do Brasil colônia e império, o país detinha larga disponibilidade do fator terra (que é um recurso natural) embora ainda tivesse baixo capital e mão de obra. Porém, a agricultura contribuiu para o desenvolvimento por meio de fornecimento de alimentos à população crescente e, principalmente com a exportação que gerou os capitais necessários à instalação de Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 7 8 indústrias. Acontece que estas duas necessidades podem “esbarrar” na baixa velocidade de crescimento da oferta de alimentos devido aos processos de baixa tecnologia empregados na produção CARVALHO (1998). Está claro assim a necessidade de ampliação da oferta de produtos agrícolas. Neste sentido, “nas economias em fase de desenvolvimento, torna-se indispensável a adoção de processos de racionalização e técnica, com vistas à redução ou otimização dos custos e maior eficiência e economicidade na fase produtiva”. (GASTALDI, 2001, p.147). Cumpre agora apontar as funções clássicas da agricultura no processo de desenvolvimento: produção de quantidades crescentes de alimentos para a população que cresce; de suprimento crescente de matéria prima para atender a expansão da indústria; de fluxos de transferência de mão de obra para os setores não agrícolas; da agilização do processo de formação de capital; do crescimento da capacidade de importar; da expansão do mercado interno. Como exposto anteriormente se a agricultura não cresce na velocidade necessária para atender aos anseios da sociedade – seus papéis no desenvolvimento há que procurar as causas e apontar as saídas. Portanto, a agricultura nos anos 50 e 60 era vista como um segmento atrasado e um entrave para o desenvolvimento e haviam duas concepções gerais sobre a justificativa da agricultura não gerar oferta suficiente de produtos agrícolas para acelerar o desenvolvimento. As teses Cepalinas (dos economistas de formação e afiliação às ideias da CEPAL) que consideravam o relativo atraso da agricultura como decorrente de problemas estruturais da agricultura e especialmente o elevado índice de concentração fundiária; de outra forma outro grupo de estudiosos considerava as questões econômicas ligadas à agricultura é que travavam o desenvolvimento. Isto por que haveria um elevado custo dos fatores de produção. A forma para superação deste custo seria por meio da disponibilização dos referidos fatores (fertilizantes, máquinas, sementes, mudas, animais melhorados, vacinas, etc) com industrialização, ou seja, agroindústrias fornecedoras (a montante da agricultura) e, além disto, dever-se-ia facilitar a aquisição dos referidos fatores por meio de financiamento e crédito. Esta ideia foi a que mais avançou com as políticas voltadas para a modernização e financeirização e agro industrialização da agricultura transformando os complexos rurais em complexos agroindustriais. Estes complexos agroindustriais hoje são compostos pela interelação das inúmeras cadeias de produção de Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 8 9 alimentos abastecem o mercado interno e geram importante superávit comercial por meio de exportações. Então, para o grupo da tese econômica a solução para a maioria dos problemas no campo e nas cidades seria industrializar rapidamente o país. Os dois grupos que debateram as questões relativas aos papéis da agricultura para o desenvolvimento econômico e a forma de sair do relativo atraso que se encontrava foi apresentado por PAULILLO (1997) como pertencentes ao grupo de interpretação clássica: 1) Feudalista; 2) Capitalista; 3) Estruturalista; 4) Dualista e 5) Modernizante. Há ainda o grupo dos que interpretam o desenvolvimento sob diversas matizes ao qual ela denominou de autores de interpretações recentes. 3.2. As interpretações clássicas e recentes sobre agricultura e desenvolvimento e os teóricos feudalistas, capitalistas, estruturalistas, dualistas e modernizantes. No caso dos feudalistas a ênfase é agrarista focando o latifúndio como responsável pelo atraso e jamais aceitaram o capitalismo no campo. Os dois autores principais foram Alberto Passos Guimarães e Nelson Werneck Sodré, pode-se afirmar sem medo de errar que foram completamente superados e estão completamente equivocados com o papel dos agricultores e da agricultura, conforme vem comprovando o desenvolvimento econômico nacional. O principal teórico do grupo denominado Capitalista foi no início dos anos 60 no debate Caio PRADO JUNIOR. Ele discordava que os atrasos na agricultura fossem decorrentes de restos feudais, pois, a existência de mercado de trabalho livre seria suficiente para tornar inadequada a pretensa caracterização do perfil feudal da economia brasileira. A preocupação da corrente capitalista não era com o latifúndio produtivo, mas com os trabalhadores e com o latifúndio improdutivo. A solução seria na visão dele: a reforma e a fiscalização da legislação de direito de propriedade e às relações trabalhistas. Portanto, A solução não estaria na reforma agrária generalizada e de caráter camponês, mas na melhoria das condições de emprego da população rural. O necessário aparecimento das organizações representativas de interesses: sindicatos, associações de produtores, etc... poderiam contrabalançar o poder frente a grupos de latifundiários reticentes dos direitos dos trabalhadores. A obra Economia de Enclaves, de Celso Furtado que atribuía à agricultura muitos dos problemas estruturais do desenvolvimento econômico brasileiro foi a principal representante do grupo Estruturalista.Na visão desse grupo a medida que a Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 9 10 agricultura se alastra por todo o país, promoveria o desenvolvimento. A proposta furtadiana era a reforma agrária no nordeste e fortalecimento do mercado de trabalho agrícola. Também para FURTADO os baixos salários no mercado de trabalho rural estaria no cerne da questão agrária. Para Furtado, sobretudo, ao se fortalecerem exportações agrícolas estas poderiam gerar um forte mercado interno por meio de salários condizentes aos trabalhadores agrícolas. Portanto, a constituição de um mercado de trabalho agrícola representaria uma etapa inicial do desenvolvimento econômico. A análise estruturalista enfocou que “já no final do século XIX a economia brasileira era bastante segmentada por: relações arcaicas de trabalho (dependência pessoal); pequena produção familiar; subsistência (em certas regiões); trabalho livre e assalariado (complexo cafeeiro)”. “a abundância de terras e a oferta elástica da mão de obra na agricultura permitiram uma extrema concentração da propriedade e um regime de salários ínfimos”. Ignácio RANGEL com o livro A Questão agrária brasileira (1962) foi o maior representante da “escola” dualista a qual considerava a existência de uma dualidade da agricultura devido à coexistência de relações de produção arcaicas com relações modernas. Na visão dele o latifúndio teria um lado moderno em suas relações com o resto da economia, comportando-se como uma empresa comercial. Poderia acontecer a transformação de latifúndios arcaicos em modernas unidades de produção, mesmo, sem modificar a estrutura fundiária. Para RANGEL (1962), o processo de desenvolvimento é um processo de realocação de recursos (que reorganiza a estrutura produtiva), em que se retira do pólo atrasado para o pólo moderno. Por exemplo, o desenvolvimento capitalista realoca recursos do setor agrícola para o setor industrial, enquanto à mão-de-obra, matéria prima, etc. A política de substituição de importações não mudou a base técnica de produzir, em grandes extensões. O Problema agrário para Rangel era o excedente populacional derivado da velocidade de modernização da agricultura. “Para Rangel, o crescimento da produtividade do trabalho no interior dos complexos rurais liberava força de trabalho muito rapidamente. Gerava-se assim uma capacidade ociosa nos campos, de terras que não mais eram necessárias à produção; e nas cidades, de mão de obra que já não encontrava ocupação produtiva nos novos setores criados pela industrialização substitutiva de importações.” (GRAZIANO DA SILVA, 1996, apud PAULILLO, 1997). E finalmente a “escola” de maior Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 10 11 interesse e que aparentemente sobressaiu-se sobre as demais até o presente momento é a vertente modernizante. A origem deste grupo são os alicerces teóricos neoclássicos (Hayami e Ruttan, 1970 – inovação induzida), Schultz (1945). Este propunha transformar a agricultura através da criação de novos fatores de produção e investimento no capital humano – habilitação de agricultores. Ele havia identificado que a agricultura tradicional possuía decrescente produtividade de mão-de-obra, baixo retorno ao investimento no campo, ineficiência crônica na distribuição de fatores de produção e constante estado de conhecimento (sem inovação). Para eles o importante é que o agricultor seria capaz de se tornar o agente de transformação econômica. Finalmente chegamos ao foco mais específico na tecnologia. Na visão dos modernizantes os agricultores sempre reagiriam favoravelmente aos programas de desenvolvimento, desde que a tecnologia fosse adequada e disponível através de agências (públicas e privadas) eficientes. Os Teóricos e autores brasileiros dessa corrente: Fernando HOMEM DE MELLO, (1980); Afonso Celso PASTORE, (1977) e Guilherme Leite da Silva DIAS, (1976). Eles buscavam a transformação do setor agrícola tradicional ao moderno e dinâmico via mudanças tecnológicas6, capazes de impulsionar o desenvolvimento econômico. As modificações tecnológicas seriam proporcionadas pela adoção de insumos modernos e melhoria no nível de educação do agricultor e trabalhador rural, que permitem maiores produtividades dos fatores de produção e taxas de retorno mais elevadas, além do crescente ritmo das inovações. As mudanças tecnológicas seriam regidas pela dotação relativa de fatores. Por exemplo, se a demanda de certos produtos agrícolas aumentar com o crescimento da população e da renda, os preços dos fatores com ofertas inelásticas (terra) vão se elevar relativamente ao dos fatores com ofertas elásticas (mão-de-obra), tornando mais lucrativas as inovações que 6 Estas mudanças tecnológicas viriam para responder à principal questão que era Como fazer crescer a produção agrícola? A dificuldade estava em alterar o ritmo lento do crescimento de produtividade dos fatores tradicionais de produção – Terra, trabalho e capital . E também a constatação que o ritmo lento era consequência do baixo nível tecnológico existente no modelo tradicional de agricultura geradora de baixa produtividade e, portanto era necessário inovações, ou seja, modificações tecnológicas. Em razão destes argumentos foram incorporados fatores de produção que ao interagirem com os fatores tradicionais gerariam uma produtividade marginal mais alta.= ∆ PT/∆x = (PT é produção total, x é quantidade de insumos ou fatores e ∆ significa variação na produção e na quantidade de insumos). Esta relação indica que ao adicionarmos fatores de produção “modernos” deveríamos obter aumentos substanciais de produção. Neste sentido foram, por exemplo, substituídos fatores de produção de oferta menos elástica por outros de oferta mais elástica. Por exemplo: adubos químicos substituindo adubos orgânicos; máquinas e equipamentos substituindo força de trabalho; etc. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 11 12 poupam os fatores relativamente escassos. Daí as inovações mecânicas – para poupar mãode-obra – e qüimícas – para poupar terra. A interpretação modernizante ganhou notoriedade no início dos anos 70, quando assume importância a idéia do pacote tecnológico nos processos de geração e difusão das inovações no Brasil. Haveria diversas variáveis que dificultam a adoção de tecnologias. Uma delas é a aversão ao risco dados, por exemplo, idade, renda, porte do produtor. A principal crítica a esta vertente refere-se ao fato de não conseguir ser massiva o que tornou o processo excludente na medida que apenas os produtores com acesso a recursos (fatores – financiamentos) lograram incorporar7 tecnologias – qüímicas, mecânicas e outras. Muitos pequenos produtores foram marginalizados – teria sido uma modernização conservadora. Além disso, outros aspectos externos tais como políticas econômicas deixaram de ser considerados mais fortemente principalmente na década dos 70 e 80. De toda forma do esforço de modernização resultou no crescimento da ligação com o setor de serviços (ampliação do transporte, educação e assistência técnica) e o governo teve que desenvolver forte atuação por meio de programas de pesquisa agronômica; extensão rural; crédito; educação; a divulgação educativa (resultado das investigações) vencendo as resistências do agricultor. Relativamente às INTERPRETAÇÕES RECENTES sobre o desenvolvimento da agricultura brasileira PAULILLO (1997) apresenta os seguintes estudiosos Gorender (1994), utilizando a base marxista linkou as interpretações dos anos 60 e os anos 80; Graziano da Silva (1981) – diversos trabalhos sobre a dinâmica da agricultura, progresso técnico, complexos agroindustriais, reforma agrária, etc.; Veiga e Abramovay estudam a agricultura familiar e sustentabilidade. Deste grupo, vários autores entre eles Kageyama et al (1986), Sorj (1986), Delgado (1985) deixaram claro a perda de peso da pequena produção e a perda de representatividade da agricultura e sua substituição8 pelos complexos agroindustriais. “A agricultura passou a se integrar via fluxos tecnoprodutivos com a indústria produtora de 7 Sabe-se que os fatores não convencionais (insumos modernos) : A) são produzidos fora do setor agrícola; B) devem estar disponíveis a preços, quantidade e tempo interessantes. Em razão disto Estreita-se o elo agrícola- industrial, ou seja, o que muitos denominam de penetração do capitalismo no campo. 8 A agricultura teria passado nesta mudança do “complexo agrário” ao “complexo agroindustrial”. Teria ocorrido a substituição da economia “natural” por atividades agrícolas integradas à moderna industrialização, a intensificação da divisão do trabalho e das trocas intersetoriais, a especialização da agricultura e a substituição das importações pelo mercado interno. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 12 13 bens de capital e com a indústria processadora de alimentos (...) estabelecendo-se uma nova dinâmica9, ditada pelo setor industrial”. 3.3 As críticas ao processo de modernização e as dificuldades ainda existentes. Existem muitos críticos que consideram que houve uma modernização conservadora no país dada a utilização de pacotes tecnológicos oriundos do que se denominou revolução verde10. As tecnologia foram adotadas devido ao estímulo de subsídios que acabaram por gerar um viés no campo devido ao fato que muitos agricultores não puderam se apropriar dos benéficos dos subsídios da política vigente que atingia apenas alguns que acessavam os recursos públicos. Porém, a queda de preços dos produtos atingia a todos os produtores indistintamente. Acontecia o aumento de oferta decorrente da utilização massiva de insumos ditos modernos (sementes e mudas selecionadas, animais melhorados, utilização de mecanização agrícola e fertilização e calcareamento), que reduzia o preço para todos. Destaque-se que esta é uma visão parcial conforme mostra e comprova o estudo de Lopes, Lopes e Barcelos (2007). O setor agropecuário pagou um preço muito elevado pela industrialização do País. Sofreu políticas discriminatórias de controles de preços e tributos na exportação. O Brasil, de grande exportador mundial, tornou-se grande importador. Por meio do crédito rural subsidiado, o governo criou políticas compensatórias, que não resolveram os problemas de escassez de alimentos e acabaram concentrando renda na agricultura. Entretanto, quando o Brasil estabilizou sua economia e removeu as políticas protecionistas para a indústria, passando para um regime de exportações mais livres e desgravadas, o setor rural mostrou toda a sua pujança nas exportações e no abastecimento interno. Nessa transição, os 9 O conceito que engloba este relacionamento é o agronegócio ou agribusiness em cujo bojo traz um novo papel ao produtor rural.Segundo Araújo, Wedekin, Pinazza (1990), a propriedade agrícola mudou sua atividade de subsistência para uma operação comercial, em que os agricultores consomem, cada vez menos, o que produzem. O moderno agricultor é um especialista, confinado às operações de cultivo e criação. Por outro lado, as funções de armazenar, processar e distribuir alimento e fibra vão se transferindo, em larga escala, para organizações além da fazenda. Essas organizações transformaram-se em operações altamente especializadas. Criou-se um novo arranjo de funções fora, e a montante, da fazenda: a produção de insumos agrícolas e fatores de produção, incluindo máquinas e implementos, etc. A jusante da fazenda formou-se complexas estruturas e armazenamento, transporte, processamento, industrialização e distribuição ainda mais formidáveis. Atualmente os complexos agro-industriais brasileiros desempenham uma significativa importância na economia do país, referindo-se a todas as instituições que desenvolvem atividades, no processo de produção, elaboração e distribuição dos produtos da agricultura e pecuária, etc... 10 Revolução Verde refere-se à invenção e disseminação de novas sementes e práticas agrícolas que permitiram um vasto aumento na produção agrícola em países menos desenvolvidos durante as décadas de 60 e 70. É um amplo programa idealizado para aumentar a produção agrícola no mundo por meio do 'melhoramento genético' de sementes, uso intensivo de insumos industriais, mecanização e redução do custo de manejo.(Wikpédia). Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 13 14 problemas de ajustamento enfrentados pelo País foram sendo gradualmente resolvidos à medida que investimentos na pesquisa, fruto de um projeto de país, de ciência e tecnologia, aumentaram os rendimentos dos cultivos e da pecuária até o Brasil tornar-se um dos maiores exportadores de alimentos. O setor agrícola foi desafiado ao longo de quase 3 décadas e encontrou forças para sobreviver e competir com os avanços da tecnologia e a estabilização macroeconômica. (LOPES, LOPES E BARCELOS,(2007, p.52). O trabalho dos citados autores demonstra que um largo leque de políticas macroeconômicas adotadas pelo governo brasileiro desde os anos 50 gerou uma situação de crise e estagnação frequente na agricultura brasileira somente superado nos anos 90 após modificação daquelas políticas e abertura comercial tanto para compra de insumos, máquinas quanto para vendas de produtos do agronegócio sem os impedimentos que as taxações provocavam anteriormente. Devido às reformas os índices de produtividade e de produto evoluíram conforme mostram as duas figuras a seguir. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 14 15 Embora uma gama de dificuldades e entraves a agricultura evoluiu dos complexos rurais para os complexos agroindustriais, no qual o produtor agrícola assume uma maior vinculação à agroindústria à montante (fertilizantes, vacinas, sementes, mudas, etc.) e à jusante (compradoras e processadoras de grãos e produtos animais) e também uma maior vinculação aos agentes de crédito e assistência técnica, com grande participação de agentes do governos neste dois últimos casos. Você pode ver mais sobre isto no documento CONTEXTUALIZAÇÃO DO COMPLEXO AGROINDUSTRIAL BRASILEIRO. Sempre lembrar que os incentivos e subsídios forma concedidos tanto aos produtores quanto agroindústrias, até como forma de fortalecer a industrialização do país que inclusive em grande período contava com congelamento de preços dos alimentos para alimentar a massa de assalariados do meio urbano visando evitar pressão social por aumentos salariais e inflação. O texto abaixo do resumo do artigo de Alves, Contini e Hainzelin (2005) permite uma melhor compreensão da evolução e problemas ainda existentes na agricultura. A partir dos anos 50, a agricultura brasileira viveu um período de intensa modernização, associada à industrialização e à urbanização do País. Mesmo que o aumento da produção de muitas culturas se vinculasse à conquista de novos espaços, como os cerrados, é notável o fato de o Brasil ter se tornado, nos últimos 20 anos, um dos principais produtores e exportadores de produtos agrícolas do mundo, graças ao aumento da produtividade. Uma grande parte das propriedades agrícolas ficou, no entanto, à margem desse processo de Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 15 16 modernização, em particular as situadas nas Regiões Norte e Nordeste. A análise da renda auferida pelas propriedades, com ou sem amortização do capital, mostra que a remuneração do trabalho é extremamente baixa na maioria das propriedades, pondo em jogo sua viabilidade econômica. Por conta dessa situação, a pesquisa agropecuária precisa superar muitos desafios tecnológicos e metodológicos.(ALVES, CONTINI E HAINZELIN, 2005, p.1) “Mas apesar dos avanços em incorporação de inovações pela agricultura, um grande número de propriedades rurais brasileiras ainda utiliza baixo conteúdo tecnológico em sua produção”. Do Censo Agropecuário do IBGE de 2006, entre os 5,2 milhões de estabelecimentos rurais no Brasil somente 983 mil usavam alta tecnologia e entre aqueles de agricultura familiar apenas 19%, ou seja, relativamente aos dados de 2006 ao redor de 80% dos estabelecimentos familiares seriam de baixo nível tecnológico. (GASQUES e NAVARRO, 2010 citado por LOPES e CONTINI, 2012,s.p.). O artigo do portal do agronegócio com o título Tecnologia alavanca crescimento da produção agrícola enfatiza a real importância da tecnologia para o agregado da produção brasileira, conforme o pesquisador Eliseu Alves, fundador da EMBRAPA e ex-presidente da mesma - disponível em http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?id=77761. Embora todas as dificuldades de ordem macroeconômica é inegável o avanço em termos de produtividade ocorrido no agregado da agricultura brasileira desde os anos 60 quando a produtividade era baixíssima de 783 quilos de grãos por hectare, para uma agricultura pujante e tecnificada que em 2010 auferiu 3.173 quilos por hectare. A EMBRAPA, os órgãos estaduais de pesquisa e institutos públicos e privados foram decisivos neste processo. Também se deve salientar que a incorporação de tecnologias se deu em razão de políticas e programas governamentais com fundos específicos de financiamento para áreas consideradas estratégicas e que desta forma receberam recursos direcionados. Isto foi possível por que foram criadas instituições e empresas visando ao desenvolvimento dos referidos setores. Assim a atuação científica da EMBRAPA e a extensão rural (disseminação das tecnologias) por meio da EMBRATER que utilizou-se de projetos técnicos para induzir tecnologias. Os projetos técnicos traziam em seu bojo as tecnologias recomendadas, para a concessão de crédito rural disponibilizados por agentes financeiros estatais:BNDES e Banco do Brasil. Alguns programas e fundos foram: Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 16 17 Fundo Nacional de Refinanciamento Rural (FNRR), Fundo de Financiamento para Aquisição de Máquinas e Equipamentos (FFAMEI), Fundo Geral para a Agricultura e Indústria (FUNAGRI) e outros. O Programa Nacional do Álcool (PRÓALCOOL), PRONAGEM (Programa Nacional de Armazenagem), POLONORDESTE (Programa de Desenvolvimento de áreas Integradas do Nordeste), PROPEC (Programa Nacional de Desenvolvimento da Pecuária), POLOAMAZÔNIA (Programa de Desenvolvimento da Amazônia), PROTERRA (Programa de Redistribuição de Terras e Estímulos à Agroindústria do Norte e Nordeste) e o POLOCENTRO (Programa de Desenvolvimento das Áreas de Cerrados). (KAGEYAMA, 1996, p.177-184). Durante largo período até meados dos 80 não havia correção monetária sobre os financiamentos agrícolas e tão somente os juros. Em muitos casos houve ainda subsídios, como foi o programa de aquisição de calcário e, durante muito tempo, subsídios e regulação forte sobre o trigo. Havia uma política deliberada de industrializar o país. Por isto, a agricultura se por um lado era estimulada, por outro, era uma transferidora de renda para o setor urbano industrial. Com a crise de endividamento público as políticas de crédito farto e barato ao setor agrícola foram substituídas por outras mais seletivas e com correção monetária. Inclusive em 1989 a correção pela inflação sobre os débitos dos agricultores foi desencadeadora de crise de endividamento do setor em razão da altíssima taxa de inflação no final do governo Sarney. O desempenho e a pujança nas diversas cadeias do agronegócio11 foram uma conjunção de Pesquisa Tecnológica, instituição com liderança e articulação de atores aliados a investimento em capital e qualificação que acabou por colocar o país entre os principais exportadores de suco de laranja, café, carnes, soja, milho. (GASQUES et alii., 2004). Ver tabela abaixo. Fonte: LOPES, LOPES, BARCELOS (2007, p.67). 11 Desempenho e crescimento do agronegócio no Brasil. IPEA. Texto 1009. Na internet. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 17 18 Esta pujança não se observa para todos os produtores conforme analisa Alves (2012). Pois, não estariam conseguindo aumentar a renda das propriedades e nem participar adequadamente do mercado. A falta de tecnificação não seria problema de difusão uma vez que em 11,4% dos estabelecimentos a produção gerada alcança 86,6% do valor de produção. Neste sentido conclui que se estes produtores conseguiram produtividade é por que eles obtiveram tecnologia e que a mesma estava difundida. Outro indicador desta condição é a pujança do agronegócio exportador e gerador de alimentos por meio das cadeias agroindustriais de carne (suínos, aves, bovinos) soja (óleo, alimentos diversos e rações) milho (rações e alimentos) cana de açúcar (açúcar e bioenergia), laranja (sucos e produto de mesa) café, leite, etc. Porém o problema são os demais ao redor de 88% dos produtores com baixa tecnificação (3,9 milhões de produtores)12 e que embora em muito maior número conseguem produzir apenas 48,8% do produto do setor. Dos 3,9 milhões, 1 milhão produziu 10% do valor de produção. Desse modo, o problema mais complicado está com 2,9 milhões de estabelecimentos. Dissemos que a pesquisa gera conhecimentos, e os agricultores os organizam em tecnologias ou em sistemas de produção, com a ajuda da extensão rural ou da assistência técnica. No caso dos 3,9 milhões, é aconselhável que a pesquisa organize os conhecimentos em sistemas de produção, trabalhando em conjunto com a extensão e lideranças. Um dos critérios de organização é o nível de entendimento das comunidades rurais. Para cada nível de entendimento, aconselha-se um sistema específico. Também a administração do estabelecimento, como um todo, precisa ser considerada. Difundir práticas isoladas é caminho certo para a falência (Alves, 2012, s.p.). SILVA (2003) afirma que a tecnologia afeta o funcionamento das economias camponesas transformando-as profundamente tanto internamente quanto em suas relações com a sociedade capitalista. A tecnologia em nível interno relaciona-se estreitamente com disponibilidade de fatores e recursos (físicos, financeiros) com o processo de produção e com a divisão interna do trabalho inter membros familiares e com trabalhadores eventualmente contratados. “E, em nível das relações externas, a variável tecnológica associa-se fortemente com o grau de mercantilização da produção e a articulação com os sistemas de comercialização e financiamento”. (SILVA, 2003, p.137). Tanto os elementos internos quanto os externos ao 12 O texto Agricultura Brasileira em Crescimento Excludente? O Empobrecimento da Agricultura Brasileira de ALVES, LOPES, CONTINI, Revista de Política Agrícola, jul - 1999 pode esclarecer esta condição Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 18 19 mesmo tempo em que são afetados podem afetar o padrão tecnológico e, em razão disto, a política tecnológica para os pequenos produtores camponeses seria chave para transformação do setor. Isto por que esta política poderá destruir, manter ou elevar a economia camponesa a um patamar mais alto de integração com a economia global. “Em outras palavras, a política tecnológica apresenta-se como de alta relevância no direcionamento dos processos de diferenciação e de decomposição do setor camponês em sentido ascendente ou descendente, isto é, na direção de um processo de proletarização ou de capitalização”. (SILVA, 2003, p.137). 4. Tipos de produtores e tecnologia A visão de Silva (2003), sobre proletarização ou de capitalização dos produtores camponeses poderia ser comparável à de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura que destacou três grupos de produtores que demandariam diferentes políticas públicas em razão de sua maior ou menor relação com o mercado. Seriam eles os produtores consolidados ou de mercado, os de transição e os marginalizados. O segundo grupo poderia ascender ao grupo dos integrados ao mercado ou cair no grupo dos marginalizados. Os agricultores do último grupo demandariam políticas de apoio até mesmo alimentar dado sua elevada fragilidade com produção absolutamente insuficiente para a manutenção familiar. Gonçalves (2011) contrasta duas faces da agricultura brasileira denominando-as de agricultura dos agronegócios e de agropecuária de subsistência. A primeira detém crescente processo de inovação tecnológica e amplificação da produção de riquezas, elevada integração em cadeias de produção como lastro de complexas redes de negócios. A outra face possui reduzida intensidade de inovação tecnológica e manutenção das condições de sobrevivência, lógica das culturas, com baixa integração com os movimentos mais gerais da economia. Se considerarmos que a renda líquida da propriedade deve crescer com incrementos de quantidades, ou seja, com a escala, dada redução persistente de preços será que as pequenas propriedades teriam chance nesta situação? Gonçalves (2003) analisando escala das propriedades, tipo de cultivo e tecnologias (máquinas e insumos) Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 19 20 apropriadas a cada caso considerou que a produção de grãos (soja, milho, arroz, trigo etc.) seria típica ao que ele denomina de lavoura do tipo texano. Este modelo é a intensivo em mecanização, quimificação (fertilizantes e agroquímicos – fungicidas, herbicidas, fertilizantes, foliares). Isto por que estas lavouras são tipicamente produtoras de bens intermediários de baixo valor agregado – os grãos não tem utilização direta pelo consumidor eles são processados e transformados em carnes, margarinas, produtos lácteos. São lavouras típicas da agricultura do Texas, típica dos belts (corn belt, cotton belt – cinturão do milho, cinturão do algodão, nos Estados Unidos da América), associa lavouras mecanizadas com uso intensivo de insumos, produzindo commoditty com elevado padrão de uniformidade, com preços cadentes pelo constante crescimento de produtividade. Ao outro modelo ele denomina californiano que é mais intensivo em trabalho, menor relação capital-trabalho, focando em produtos de alto valor unitário (aqui se incluem as frutas e hortaliças, produtos orgânicos) intensivo em terra (cultivos adensados e cultivos protegidos) e diferenciação pela qualidade (denominação de origem – produto de agricultura familiar, por exemplo). Relativamente a esta modalidade de agricultura, típica de pequena produção intensiva em conhecimento e, possivelmente qualidade diferenciada o Brasil poderia incrementar a agregação de valor, internalizando elos subseqüentes da cadeia de agregação de valor, multiplicando renda e emprego ao conseguir novos mercados exigentes quanto aos atributos de origem, rastreabilidade, ambientalmente corretos, e de comércio justo. Por exemplo, o Brasil poderia se tornar especialista em café de origem controlada (qualidade – modelo californiano) de propriedades familiares altamente especializadas. (GONÇALVES, 2003). Veja mais sobre a exclusão dos produtores que não conseguem acompanhar os avanços da tecnologia no trabalho de Gonçalves (2011) AGRICULTURA BRASILEIRA: TRANSFORMAÇÕES HISTÓRICAS E DIFERENCIAÇÕES ESTRUTURAIS – do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo. Veja também sobre as políticas para cada tipo de produtor. http://www.iea.sp.gov.br/out/palestras/palestra2.pdf Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 20 21 Considerando os conceitos de agricultura modelo texano e de agricultura modelo californiano apontados por Gonçalves fica claro que uma dada tecnologia não se aplica indistintamente para qualquer tipo de produtor, pois, muitos deles dependem de escala, ou seja, tamanhos grandes de áreas ou tamanhos grandes de rebanho. Por exemplo, no Rio Grande do Sul existem os condomínios leiteiros compostos por 3 ou mais produtores que se “associam” na produção e manejo da atividade leiteira visando alcançar escala e poder adotar as técnicas e equipamentos exigidos pela legislação na produção. Para aqueles que não têm escala mínima de rebanho e área e que não atuam associativamente ou em redes de comercialização, fica difícil permanecer na atividade. Neste sentido a análise de Wilkinson (2008) sobre agricultores familiares13 detalha três tendências para este grupo. As conclusões para cada uma das tendências são de que no novo contexto, a partir dos anos 90, mesmo produtores tidos como consolidados viramse ameaçados de exclusão na reorganização das grandes cadeias de commodities, o surgimento de muitos novos mercados de nicho (exemplo o mercado de orgânicos) poderiam oferecer oportunidades de inserção da agricultura familiar, porém, as novas exigências destes mercados em termos tecnológicos e mais ainda mercadológicos representam barreiras para os agricultores tradicionais. Além disto, sem políticas de promover os conhecimentos apropriados, a maior parte destes mercados tende a ser ocupada por novos entrantes, sobretudo profissionais liberais e outros empreendedores. Porém, as pressões para produção em maiores escalas e menores custos nos mercados de commodities vêm acompanhadas de uma crítica cada vez mais generalizada ao modelo de agricultura dominante seja sob a ótica do meio ambiente, de resíduos químicos, da defesa dos animais ou da especialização dos processos produtivos. Desta forma na visão do autor as críticas refortalecem as pressões para uma desintensificação da agricultura, que por sua vez, favorecem modelos produtivos na agricultura familiar. Destas análises de Wilkinson (2008) aliadas às dos demais autores se pode concluir que embora permaneçam as ameaças e dificuldades para amplo leque de produtores isto poderá ser transformado em oportunidades desde que ele se utilize de estratégias para 13 Sobre tecnologia e agricultura familiar sugere-se o trabalho de Mário Otávio Batalha e outros: Agricultura Familiar e Tecnologia no Brasil: características, desafios e obstáculos. Ver na net. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 21 22 sobrevivência e crescimento. Entre elas estão sem dúvida em primeiro lugar a tecnologia. Na verdade ela envolverá todas as demais. Aqui são encontráveis as ligadas a qualidade do produto, certificações nas suas mais diversas formas – desde aquelas que certificam a origem até aquelas que garantem o respeito ao meio ambiente e ao trabalhador rural entre outras, ações coletivas – em especial na comercialização, os condomínios e associações de produtores, busca de inserção em redes de comercialização, entre outras tantas que exigirão cada vez mais informação e atualização permanente dos produtores. A tecnologia para a agricultura hoje não é mais apenas a relativa à produção, mas de caráter sistêmico que envolve uma interação cada vez maior entre produtores com o mercado e aplicações de soluções à suas atividades que atendam as exigências cada vez maiores dos consumidores. Por exemplo, hoje não se admite mais guardar leite na beira de estrada em latões de alumínio, mas em tanques refrigerados. A exportação de carne bovina somente ocorre se houver rastreabilidade por meio de código de barras e brincagem de animais. E, com certeza vai chegar o momento que o produtor vai ter que provar, por exemplo, que ele usa eficientemente a água, pois a agricultura é um dos grandes gastadores de água no mundo. De tudo o que foi considerado anteriormente deve-se salientar que a tecnologia garantirá rentabilidade se a produção extra gerada puder efetivamente ser comercializada com preços adequados o que poderia facilitar a adoção de tecnologias. Novamente destacamos que as certificações assumem relevante papel neste sentido. Abaixo exemplos de redes de agricultores familiares . Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 22 23 A comercialização em rede também acontece em outras pises utilizando inclusive um novo conceito o comércio justo – ver imagens a seguir: Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 23 24 Quanto a políticas e programas do Governo Federal para a agricultura familiar citese como exemplo o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos). Verifique no endereço a seguir: ftp://ftp.fnde.gov.br/web/alimentacao_escolar/encontros_nacionais/programa_de_aqui sicao_alimentos_112005.pdf A figura de GUILHOTO et all, s.d., abaixo mostra que a agricultura familiar contribui com um terço do PIB do agronegócio. Sugere-se uma busca na NET do excelente trabalho que está no formato de slides e de fácil compreensão. GUILHOTO; J.M. et alli. A IMPORTÂNCIA DA AGRICULTURA FAMILIAR NO BRASIL E EM SEUS ESTADOS. MDA. (s.d.). Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 24 25 5. Por que cada vez mais é necessário incorporar tecnologias e inovações Por que os países continuam a enfrentar pressões no front das negociações internacionais no âmbito da OMC e no âmbito do comércio propriamente dito em razão das mudanças do padrão de exigências dos mercados consumidores. Neste sentido o Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE) separou a agenda das negociações internacionais em três. A primeira referente à agenda comercial tradicional onde permeiam os assuntos sobre tarifas, subsídios e trata do protecionismo no comércio agrícola. A segunda agenda é a agenda comercial nova com os novos temas comercias que envolveriam questões sanitárias, bem estar animal, padrões de sanidade e Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 25 26 inocuidade dos alimentos, rastreabilidade, certificações de qualidade, padrões privados e outros. A terceira é a agenda ambiental que está cada vez mais ganhando contornos comerciais a ponto de em algum momento a OMC passar a normatizar elementos de sustentabilidade permitidos para restrições comerciais. Neste caso o ICONE destaca o Protocolo de Cartagena, biocombustíveis, mudança climática, desmatamento, mudança no uso da terra (direta e indireta), emissões de gases efeito-estufa. Vale a pena também observarmos o que vai acontecer no Congresso brasileiro referente ao protocolo de Nagoya do qual o Itamaraty atropelou e aprovou sem ouvir o setor do agronegócio brasileiro que poderá ser impactado por custos de pagamentos de royalties por uso de sementes, mudas, e animais tradicionalmente utilizados em todo o mundo. O pagamento será feito aos países originários. Uma verdadeira afronta uma vez que somente se deve pagar royalties por tecnologia realmente desenvolvida e não por algo já tradicionalmente utilizado a dezena de anos como é o caso da soja, da batata, do milho, do gado holandês, da uva, do gado nelore, etc... Para saber mais procurar na internet o texto do valor econômico com o título de Campo pode ter perda bilionária com Protocolo de Nagoya. 6.Os recursos para investimentos em inovação e tecnologia nas propriedades Devemos considerar que muitas vezes o uso de determinadas tecnologias exigem investimentos em fatores fixos, ou seja, que são amortizados em longo prazo, enquanto os desembolsos podem ser imediatos. Devido a isto a instalação de um equipamento de irrigação, um equipamento de ordenha mecânica, um tanque de refrigeração, a instalação de um pomar, o calcariamento de uma área ou outros do tipo devem receber financiamento apropriado. Então entram os programas de apoio do tipo Moderfrota, programa ABC que visa maior sustentabilidade da agricultura brasileira e entre os objetivos está a recuperação de pastagem e a adoção da técnica integração lavoura-pecuária e floresta que é um programa já vitorioso da EMBRAPA. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 26 27 O governo federal disponibiliza financiamentos para investimentos que são anunciados nos planos safra14 e nos planos para a agricultura familiar15 normalmente no mês de junho ou julho de cada ano. O gráfico a seguir mostra a evolução dos valores de financiamento para custeio e para investimento e também das linhas de crédito disponibilizados nos Planos agrícolas e pecuários entre 2001 a 2011. Observe-se que embora os valores de custeio e comercialização cresçam de maneira acelerada os valores para investimentos (onde são muito necessários para equipamentos de irrigação, correção de solos, equipamentos, cercas, etc.), ou seja, tecnologias não crescem de mesma forma. Fonte: elaboração própria O quadro a seguir, retirado do Plano divulgado pelo governo pode-se observar a composição e a evolução dos valores disponibilizados relativamente à safra 2010/11. Para verificação dos valores deste ano sugere-se verificar no site do Ministério, ou ainda, basta procurar por plano agrícola e pecuário 2012/13. 14 Exemplos de programas disponibilizados por recursos dos planos safra do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) -1. MODERFROTA (Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras. 2. PRODECOOP (Programa de Desenvolvimento Cooperativo para Agregação de Valor à Produção Agropecuária). 3. PROPFLORA (Programa de Plantio Comercial e Recuperação de Florestas). 4. MODERAGRO (Programa de Modernização da Agricultura e Conservação de Recursos Naturais. 5. PRODEAGRO (Programa de Desenvolvimento do Agronegócio). 6. PRODEFRUTA (Programa de Desenvolvimento da Fruticultura). 7. FINAME AGRÍCOLA ESPECIAL: manutenção ou recuperação de tratores agrícolas e colheitadeiras, além da aquisição de aviões de uso agrícola. Obs, nem todos estão em vigência. 15 O Ministério do Desenvolvimento Agrário também anuncia seu plano de apoio à agricultura familiar e aos assentados de reforma agrária. Um dos programas usuais é o PRONAF. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 27 28 A seguir comparativo valores disponibilizados para os dois tipos de agricultura no Brasil Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 28 29 Os valores, tipos de produtores, tipos de lavouras e ou criações, taxas de juros, incentivos, pesquisas, apoio à comercialização,etc fazem parte do bojo da Política agrícola brasileira que por meio principalmente dos instrumentos creditícios e de pesquisa agropecuária tentam dar o direcionamento estratégico ao setor de produção agrícola. Note que as políticas comerciais (exportação e importação e negociações em fóruns internacionais do tipo OMC) e as políticas macroeconômicas, por exemplo a cambial também influenciam a trajetória da agricultura. Política agrícola é um conjunto de ações voltadas para o planejamento, o financiamento e o seguro da produção e constitui a base da Política Agrícola do Ministério da Agricultura. Por meio de estudos na área de gestão de risco, linhas de créditos, subvenções econômicas e levantamentos de dados, o apoio do estado acompanha todas as fases do ciclo produtivo. Essas ações se dividem em três grandes linhas de atuação: gestão do risco rural, crédito e comercialização. A gestão do risco rural realiza-se em duas frentes. Antes de iniciar o cultivo, o agricultor conta com o Zoneamento Agrícola de Risco Climático. Essa ferramenta tecnológica indica o melhor período para se plantar em cada município do País, conforme a análise histórica do comportamento do clima. E, para se proteger dos prejuízos causados por eventos climáticos adversos, o produtor pode contratar o Seguro Rural com partes do prêmio subsidiado pelo ministério. As políticas de mobilização de recursos viabilizam os ciclos do plantio. O homem do campo tem acesso a linhas de crédito para custeio, investimento e comercialização. Vários programas financiam diversas necessidades dos produtores, desde a compra de insumos até a construção de armazéns. 7.Tendência tecnológicas A agricultura de precisão por meio de GPS em máquinas agrícolas que plantam, adubam e colhem já é uma realidade no Brasil. A biotecnologia veio para ficar e cada vez mais os produtores procuram ganhos por meio desta inovação em seus cultivos. A integração lavoura-pecuária (ILP) é uma importante ferramenta tecnológica para a recuperação de áreas degradadas ou em fase de degradação e traz uma série de benefícios para produtores, consumidores e, meio ambiente para toda a sociedade. O programa Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 29 30 Agricultura Baixo Carbono é uma ação do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento para estimular a sustentabilidade na agricultura. As redes de comercialização e as exigências dos consumidores quanto a qualidade, rastreabilidade e certificações são outras questões que emergem e pressionam por incorporações tecnológicas e inovações nas atividades das cadeias agroindustriais (de fornecedores até os varejistas). Com tudo o que foi nomeado acima se percebe que os produtores e os demais agentes das diversas cadeias produtivas do agronegócio devem estar atentos com as tendências e obrigatóriamente deverão incorporar novos elementos em suas produções para evitar perda de mercado e restrições por parte de consumidores. O contexto em que está operando o agricultor pode melhor ser entendido nos resultados da pesquisa16 do professor Ulrich Oevemann, da Universidade de Frankfurt em parceria com a empresa Synovate GmbH na qual constatou-se que de forma geral os agricultores são considerados administradores ou cuidadores da terra, são considerados culpados por problemas ambientais (entre 38 a 43% dos respondentes assim opinaram) e, além disto cerca de 70% dos entrevistados não estão dispostos a pagar mais por alimentos produzidos de forma ambientalmente correta. Isto leva a uma séria constatação de que embora culpem e responsabilizem os agricultores por problemas ambientais eles não pagarão mais para melhorar isto, não significando, porém que deixarão de exigir que os produtores assim o façam. Ou seja, os custos serão dos produtores por que as regulamentações estão vindo aí. Os produtores terão legislação ambiental mais rígida – novo código florestal, atualmente eles não podem desenvolver atividades de abate de animais em muitas regiões do país, por exemplo. A reportagem do globo rural do dia 9 de setembro sobre produção e venda de queijos não deixa dúvidas disto. 8.Fontes de tecnologia (onde encontrar) - órgãos de pesquisa e assistência técnica – EMATER, EMBRAPA, IRGA, IAPAR, etc. - universidades; - cooperativas agrícolas e pecuárias; 16 A pesquisa foi executada entre 1800 agricultores e 6000 consumidores no Brasil, India, Estados Unidos, Alemanha e Espanha. (LEDUC, 2012). Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 30 31 - empresas fornecedoras de insumos/máquinas; - associações, Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), ONGs, SEBRAE, outros. 9.Veículos de comunicação - TVs e Rádios (exemplo programa globo rural); - revistas e jornais (Panorama da Aquicultura, Balde Branco, Manchete Rural, Globo Rural, Agroanalyses, etc..) – jornal Valor Econômico página de agronegócio. - internet; - árvore do conhecimento (EMBRAPA). Procure na net Embrapa lança novas árvores do conhecimento — Embrapa - reuniões técnicas, dias de campo em unidades demonstrativas (fazendas modelo). 10.Forma de aquisição de tecnologia - Ao adquirir equipamento ou fator de produção (fertilizante, defensivo agrícola) o sistema ou modelo de uso e produção pode estar embutido; - licenciamento ou compra de teconologia (Know-how). Isto especificamento no caso de instalação de plantas agroindustriais (produção de queijos finos, etanol, vinhos, etc..). 11. A tecnologia necessária: a irrigação Ainda nos anos 70 o governo federal iniciou trabalhos nesta linha com Programa de Irrigação do Nordeste (PROINE) e o Programa Nacional de Irrigação (PRONI). É uma tecnologia sabidamente multiplicadora de produtividade, mas que encontra obstáculos para sua adoção maciça por os produtores. Esta tecnologia assume cada vez maior importância frente aos eventos climáticos relacionados à falta de água. Neste sentido, Cunha (2011) verificou por meio de dados do Banco Mundial que os anos compreendidos entre 1995 e 2006 foram os mais quentes do registro instrumental da temperatura da superfície da global (desde 1850) e que a projeção é aumentar ano a ano, se nada for feito para sustar o aquecimento global. A irrigação pode ser amplamente utilizada, desde que se atue tecnicamente para evitar riscos de salinização, por meio de gotejamento (fruticultura e horticultura), aspersão (horticultura, grãos, pastagem), sulcos (horticultura – tomate por exemplo,ou encharcamento (arroz irrigado – quadras alagadas). Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 31 32 Cunha (2011) ao analisar o impacto das mudanças climáticas sobre a adoção de irrigação no Brasil destaca que a decisão do produtor em adotar ou não a irrigação também é condicionada pelo seu conhecimento técnico, capacidade de gerenciamento e condições de renda. Além disto, que produtores mais capitalizados são os que provavelmente terão mais condições de investir em tecnologias de irrigação, fazendo com que sejam potencialmente menos afetados pelos efeitos adversos das mudanças climáticas. A desculpa de falta de dinheiro neste caso não cabe, basta obter informações sobre alternativas econômicas para irrigar. Por exemplo, existem agricultores que utilizam moringas de barro enterradas, com tampa removível para reabastecimento de água quando necessário, próximo a pés de abobora ou de melancia para fornecer água às plantas (que tal garrafa pet furada?). Logo a seguir ouro exemplo de irrigação alternativa. 12. Tecnologias adaptadas ou alternativas Se o produtor não possui o capital ou área necessária para grandes investimentos e riscos ele poderá adotar esquemas tecnológicos econômicos ou adaptados, mais baratos. Alguns exemplos do programa globo rural. (procurar em G1.com, procure em Globo Rural e desça na página até encontrar o link veja todos os videos de globo rural » então basta você selecionar a data do programa e pronto). Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 32 33 Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 33 34 12.O Brasil e sua tecnologia agrícola no contexto internacional O Brasil por meio da EMBRAPA e outras instituições estão aptos também a fornecer tecnologia para os países do continente africano conforme afirma Guarany (2012). Esta é a resposta sobre a qual poderia ser a contribuição brasileira aos países do cinturão tropical do planeta. Isto por que a carência de capital e Know-how são os principais entraves dos países africanos. Estes são essenciais para produzir qualquer cultura agrícola por que somente terra, água e mão de obra não garantiriam a produção mesmo que estivessem em abundância. Em alguns projetos, avaliados pela Fundação Getúlio Vargas, para países da África o Brasil pode perfeitamente auxiliar com expertise tecnológica (know-how) para resolver a escassez de alimentos e combustíveis. Aí se encontram projetos para produção de óleo de Palma, milho, arroz, açúcar, soja, girassol, amendoim, agro energia com biodiesel e etanol. (GUARANY, 2012). 13.Estudos de caso de inovação e tecnologia 1) AGRINDUS: A Fronteira Tecnológica e os Limites da Rentabilidade Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 34 35 http://yamin.net.br/development/pensa/wordpress/wpcontent/uploads/2011/10/AGRINDUS_a_fronteira_tecnologica_e_os_limites_da_r entabilidade_19951.pdf 2) POOl Leite ABC – inovando na comercialização de leite http://pensa.org.br/wpcontent/uploads/2011/10/Pool_leite_ABC_inovando_na_comercializacao_de_leite_2002.p df 3) Terra preservada: coordenando ações para garantir a qualidade http://pensa.org.br/wpcontent/uploads/2011/10/Terra_preservada_coordenando_acoes_para_garantir_a_qualid ade_1999.pdf 14.Sugestão de sites 1) Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (ICONE) http://www.iconebrasil.org.br/pt/ 2) PENSA - CENTRO DE CONHECIMENTO EM AGRONEGÓCIOS http://pensa.org.br/ 15. Deu no jornal A seguir exemplos de aplicações tecnológicas. “A Agroceres PIC, braço de genética de suínos da Agroceres, prepara-se para fazer a sua primeira venda de créditos de carbono no mercado internacional. A empresa recebeu o aval das Nações Unidas para a operação graças a um projeto de captação de gases nocivos ao ambiente de sua unidade em Patos de Minas (MG)”. Agroceres PIC venderá crédito de carbono Bettina Barros | De São Paulo 29/11/2010 Valor Econômico, caderno B, p.12 Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 35 36 Em 2010 o Brasil estava atrasado no uso da biotecnologia no cultivo do algodão. Naquela época isto foi afirmado na notícia do valor econômico com título: Indústria têxtil prevê algodão em alta até 2012 Entre outras análises afirmava que no Brasil o algodão vinha perdendo espaço nas lavouras para culturas como a soja, que tem custo de produção mais baixo e acesso mais facilitado ao crédito; o Brasil ainda está muito atrasado em relação a outros países em uso de tecnologias de ganho de produtividade."Estamos com dez anos de atraso. Enquanto 90% das áreas cultivadas na Índia usam sementes transgênicas, aqui são 50% com o agravante de ser com variedades mais atrasadas tecnologicamente do que em outros países. Estudo mapeia classes de produtores e sugere nova política agrícola 24/11/2011 Valor Econômico, caderno B, p.16 Por Sergio Leo É urgente mudar o foco da política agrícola e deixar de lado medidas voltadas para produtos específicos para atender com instrumentos diferentes cada classe de produtor, alertou o presidente do Centro de Estudos da Fundação Getúlio Vargas, Mauro Lopes, com base em dados do Censo Agrícola. Em seminário ontem pelos 60 anos da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ele divulgou um estudo sobre as classes de renda na agricultura brasileira que confirmou problemas como a forte dependência de fertilizantes importados, por exemplo, e que, pela primeira vez, trouxe detalhes sobre a "classe média" na produção rural. "Políticas voltadas para a produção são adequadas para as classes A, B e C, mas pouco adequadas para grande parcela das classes D e E", concluiu o especialista. Políticas de apoio para adoção de tecnologia são importantes para a consolidação da classe C e sua ascensão, disse. "A concentração de renda e de área deriva da política dos últimos 20 anos, concentrada nos planos de safra e em produtos (...) Deveríamos ter desenvolvido política centrada em nível de produtor, de acesso a tecnologia, que é a grande causadora da ascensão das classes rurais produtoras." Os pesquisadores descobriram, ainda, que o financiamento de tradings e de empresas integradoras como a Brasil Foods é, de longe, bem mais importante que o financiamento bancário. Esses mesmos agentes são também responsáveis pela manutenção de altos padrões de exigência de produção e baixas margens de lucro ao produtor. FAO prega aceleração de investimentos no campo Svetlana Kovalyova e Jane Baird | Reuters, de Milão 29/10/2010 Valor Econômico, caderno B, p.12 A agricultura mundial necessita urgentemente de bilhões de dólares em investimento anual adicional para impulsionar a produção e reduzir o impacto negativo sobre o ambiente, afirmou ontem a FAO, a agência da ONU para Agricultura e Alimentação. Os produtores precisariam elevar a produção 70% até 2050, quando a população deverá atingir 9 bilhões de habitantes, frente aos 6,7 bilhões de hoje. Veja mais em www.fao.org. Integração entre lavoura e pecuária recupera áreas e reduz custos Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 36 37 No Brasil, 90% dos criadores engordam os animais só no pasto. O maior produtor mundial de carne são os EUA, com metade do rebanho. Do Globo Rural 14/08/2011 A técnica que permite integrar a atividade agrícola com a pecuária já tem mais de 20 anos. No começo, era usada apenas para recuperar as pastagens, baixando os custos do produtor. Hoje, o aperfeiçoamento da integração lavoura-pecuária comprova que, além de baixar custos, melhora a qualidade do solo, ajudando a aumentar a produtividade do milho e da soja. O Brasil tem o maior rebanho bovino comercial do mundo. São 200 milhões de animais, o que corresponde a mais de uma cabeça para cada habitante do país. Porém, o maior produtor mundial de carne não é o Brasil, e sim os Estados Unidos, que têm a metade do nosso rebanho. A diferença está na qualidade genética e, principalmente, no manejo da criação. Nos Estados Unidos, a fase de cria é feita a pasto, mas 90% dos animais são engordados em confinamentos gigantescos, onde recebem indução de hormônios para melhorar o ganho de peso e comida à vontade. Para transformar o cenário, primeiro é preciso fazer uma gradagem, incorporando o mato e destruindo os cupins. Depois, vem o arado aiveca, para descompactar e revirar o solo. Por fim, é necessário passar a grade niveladora para acertar o terreno. Em áreas com declive, é necessário fazer curva de nível para evitar erosões. No início, a cultura recomendada é o arroz, consorciado com a braquiária. A correção do solo e a adubação dependem do resultado da análise do solo. O pulo do gato está na hora do plantio. A plantadeira é regulada para colocar as sementes do arroz a quatro centímetros de profundidade. As sementes do capim, no caso, a braquiária, são colocadas junto com o adubo, a dez centímetros do chão. A técnica faz o arroz nascer primeiro e reduz a competição entre as duas culturas. As sementes do capim aproveitam os resíduos do adubo usado no arroz. Com a colheita, o produtor paga os custos da recuperação do pasto e ainda sobra a palha do arroz para adubar o capim. Duas semanas depois da colheita do arroz, a pastagem já pode ser utilizada para alimentar o gado. Quatro anos depois, quando a área for renovada, o produtor já pode usar culturas de maior valor econômico, como o milho e a soja.... 4 de julho de 2011 | N° 9220DIÁRIO CATARINENSE INDÚSTRIA DO LEITE Aurora inaugura fábrica de R$ 180 mi Unidade, anunciada como a mais moderna do país, processa cerca de 2,2 milhões de litros por dia A Coopercentral Aurora inaugurou a fábrica de processamento de leite anunciada como a mais moderna do país, sábado, às margens da BR-282, em Pinhalzinho, no Oeste de SC. Com investimento de R$ 180 milhões, a indústria tem capacidade de processamento de 2,2 milhões de litros de leite por dia. A empresa iniciou a implantação da unidade no primeiro trimestre de 2007, mas só inaugurou completamente no final de semana. A plataforma de automação adotada na nova planta permite rastreabilidade da produção de leite, garantindo o cumprimento dos critérios de segurança alimentar, o que habilita a venda dos produtos Aurora e Aurolat nos mercados internacionais mais exigentes. Funcionais e orgânicos conquistam prateleiras Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 37 38 31/08/2011 - Filão do Bem-estar prevê R$ 38 bilhões em vendas até 2014 Katia Simões | Para o Valor, de São Paulo. Caderno F, p.8 Há pouco mais de uma década pensar em abastecer prateleiras inteiras com produtos orgânicos ou naturais sequer passava pela cabeça dos varejistas. Os chamados alimentos saudáveis ficavam restritos a empórios especializados e a restaurantes rotulados de 'naturebas'. Hoje, o cenário é bem diferente e o que antes era visto como desejo de poucos, agora é encarado como um excelente nicho de mercado, capaz de alavancar as vendas e fidelizar a clientela. ......... Por aqui, apesar de os especialistas afirmarem que ainda estamos engatinhando, o cenário é bastante animador. Estudos do Euromonitor preveem que até 2014 o movimento do mercado brasileiro de alimentos saudáveis chegará a R$ 38 bilhões, com expansão de 39% em relação ao volume atual. Criada em 1987, em Petrópolis (RJ), a Mundo Verde foi a primeira loja de produtos naturais a virar rede de franquias e a abrir unidades até no exterior. No início, atendia apenas a um nicho de consumidores, com oferta reduzida de produtos. Hoje, são mais de 150 lojas, 5 mil itens nas prateleiras, 100 mil pessoas atendidas por dia, um faturamento de R$ 180 milhões no ano passado e nada menos do que 800 fornecedores, entre eles, a catarinense Vitalin. Nascida como exportadora, a pequena empresa de Jaraguá do Sul (SC), não titubeou em mudar literalmente de ramo em 2006, ao enxergar que havia uma carência de fornecedores de produtos naturais de qualidade. Deixou para trás 12 anos de experiência na área de exportação de cogumelos medicinais. "Fomos pioneiros na difusão dos atributos naturais de alimentos como quinoa, linhaça dourada e amaranto", revela Rogério Mariske, sócio da Vitalin. Hoje, são 27 produtos, entre eles, farinha e semente de linhaça dourada e marrom; quinoa, nas variações farinha, flocos e mista com grãos brancos e vermelhos, além de fibra de maracujá e aveia em flocos enriquecida com quinoa e amaranto em três sabores. "A grande novidade é o shake orgânico de quinoa e os achocolatados orgânicos com açúcar mascavo", diz o empreendedor. Com um crescimento de 30% ao ano, a Vitalin deve encerrar 2011 com um faturamento de R$ 6 milhões. Para driblar a concorrência no ponto de venda, a marca investe em degustações, distribuição de panfletos educativos além da presença de promotores nas lojas. "Nada bate a visita aos nutricionistas, porque são eles os grandes propagadores da alimentação natural", garante Mariske. Colheita expressa (Valor Econômico) 03/09/2010 A paranaense Cocamar Cooperativa Agroindustrial, com sede em Maringá, fará pela primeira vez no Estado um dia de campo especial sobre colheita mecanizada de café. O evento ocorre hoje na propriedade da família Brazolotto, no município de Cianorte, e é considerado um marco na difusão da mecanização da lavoura cafeeira do Paraná, que ainda é muito incipiente. Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO 2 4 Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC 3 5 Página 38 39 21 de setembro de 2010 | N° 8935 INFORME ECONÔMICO | ESTELA BENETTI Vem aí o salmão transgênico • A agência reguladora de alimentos do governo dos Estados Unidos, o FDA (Food and Drug Administration), iniciou ontem e conclui hoje avaliação para decidir se libera a venda comercial do salmão geneticamente modificado. Se a resposta for sim, o salmão será o primeiro animal transgênico considerado seguro para a alimentação humana. Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO 10 Elaborado por: prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO 11 ANEXO ANEXO 1.Calculando a produtividade Note que a produtividade em dado ano pode ser influenciada por fatores climáticos (secas, chuvas na colheita, geadas fora de época, granizo, tempestades, etc..). Você pode calcular a produtividade para as duas lavouras (milho e soja) do exemplo dos gráficos abaixo, simplesmente dividindo a produção total por área de cultivo, obtendo assim o coeficiente de produtividade indicando os ganhos de eficiência no período indicado. Considere que em Santa Catarina tem ocorrido frequentemente estiagens que afetam a produção. A área deve ser multiplicada por 1000. A produção para obtermos kg/ha deveremos multiplicar por 1000 para obermos em toneladas e multiplicarmos por mais mil para obermos em Kg . Ex. para o ano de 10/11 milho 570 X 1000 = área em hectares. Produção será 3.390 mil toneladas X 1000 = 3.390.000 toneldas X 1000 Kg = 3.390.000.000 Kg → Prod/área = 3.390.000.000 / 570.000 = 5.947,37 kg/há. Acho esta produtividade elevada dado que existem muitas propriedades ainda utilizando variedades ao invés de híbridos e também por não calcarearem as terras ou por não corrigirem adequadamente. Será que os dados estão corretos? O instituto cepa ou a epagri (ver na internet) poderiam fornecer dados, ou ainda dados do IBGE de áreas colhidas e produção por estado. Como está evoluindo a produtividade do milho e da soja em SC? = Produção / área = t/há. Calcular tomando por base os dados dos gráficos Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 39 40 ANEXO 2. A Organização Tradicional e as novas exigências na inovação ORGANIZAÇÃO TRADICIONAL DA INOVAÇÃO Fonte: Portugal (2003) Vejamos que já em 2003, ou seja, há apenas 9 anos atrás Portugal (2003) já apontava para as tendências para o agronegócio e, portanto, novas exigências em termos tecnológicos aos agricultores e para a cadeia agroindustrial como um todo Estes conceitos estão na figura abaixo. NOVOS CONCEITOS E VALORES Fonte: Portugal (2003) Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 40 41 ANEXO3. Tecnologia e Inovação na agricultura e agronegócio: o papel da EMBRAPA Sobre inovação ver item 6.3.6 na p. 343 em diante até a p. 370 da tese A inflexão da trajetória evolutiva do cluster da carcinicultura de Laguna: conseqüências nas interações dos agentes e instituições. Tese de GELINSKI NETO, Francisco. UFSC, 2007. Para baixar da net basta procurar pelo título. A EMBRAPA é uma Empresa pública que busca viabilizar soluções tecnológicas para a competitividade e a sustentabilidade do agronegócio brasileiro. É formada por uma grande rede de unidades administrativas, de serviços e de pesquisa, com 45 unidades distribuídas pelas várias regiões do País. A Rede EMBRAPA é formada por unidades centrais (Unidades Administrativas em Brasília) e por unidades de serviço e por unidades dedicadas à pesquisa em produtos, como milho e sorgo, arroz, soja, algodão, etc; unidades dedicadas a temas básicos, para desenvolvimento e adaptação de conhecimentos e inovações em tecnologia agroindustrial, instrumentação avançada, tecnologia da informação, recursos genéticos e botecnologia, etc; e unidades de pesquisas ecorregionais brasileiras, na busca de soluções para uso sustentável da base de recursos naturais que viabilizam as atividades do agronegócio (EMBRAPA, 2002, p.3, EMBRAPA, 2011b). Está sob a sua coordenação o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária - SNPA, constituído por instituições públicas federais, estaduais, universidades, empresas privadas e fundações, que, de forma cooperada, executam pesquisas nas diferentes áreas geográficas e campos do conhecimento científico (EMBRAPA, 2011c). Além disso, a EMBRAPA compõem a RIPA17 (Rede de Inovação e Prospecção Tecnológica para o Agronegócio) criada em 2003 pelo MCT, com a proposta de melhorar, estruturar e preparar o campo do agronegócio brasileiro para as oportunidades e eventuais ameaças do mercado. Para lograr o êxito em sua missão de viabilizar soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da 17 A RIPA foi consolidada no âmbito do CT-Agronegócio, um dos fundos setoriais para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), com recursos do F NDCT e FINEP. A RIPA decorre do convênio da FINEP - IEASC/USP, ABAG, Embrapa, FIPAI, ITAL. Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 41 42 sociedade brasileira compõem ampla gama de parcerias públicas e privadas que participam na inovação e na transferência de tecnologias. Até 2002 a EMBRAPA contava com 1500 parcerias e destas mais de 1000 eram parcerias privadas nas diversas etapas do processo de P&D e transferência tecnológica. Também cooperava com 155 instituições em 55 países, números que devem ter se elevado em razão das recentes prioridades para o continente Africano e Latino Americano (EMBRAPA, 2002b). A transferência tecnológica conta atualmente com uma importante ferramenta gerida pela Agência de Informação Embrapa que é a árvore do conhecimento. Na verdade esta inovação conta com diversas árvores do conhecimento. É uma estrutura, disponibilizada no ambiente virtual da empresa, com informações organizadas numa estrutura ramificada em forma de árvore18. O conhecimento está disponibilizado e organizado de forma hierárquica19. As árvores do Conhecimento contêm informações validadas sobre todas as etapas da cadeia produtiva dos produtos (cultivo e criação) e sobre os temas diversos. Veja mais em http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/. Além dos projetos e parcerias internas a empresa também desenvolve cooperação internacional. Nessa seara a EMBRAPA conta hoje com 78 acordos com 56 países e 89 instituições estrangeiras, envolvendo sobretudo a pesquisa agrícola em parceria e a transferência de tecnologia (EMBRAPA, 2011c). 18 É disponibilizado pela agência, todo o conjunto de árvores desenvolvidas pelas várias unidades sobre produtos e temas do negócio agrícola. 19 Nos primeiros níveis desta hierarquia, estão os conhecimentos mais genéricos e, nos níveis mais profundos, os mais específicos Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 42 43 Figura: representação estilizada de árvore do conhecimento Fonte: Embrapa (2011). Além dos projetos e parcerias internas a empresa também desenvolve cooperação internacional. Nessa seara a EMBRAPA conta hoje com 78 acordos com 56 países e 89 instituições estrangeiras, envolvendo, sobretudo a pesquisa agrícola em parceria e a transferência de tecnologia (EMBRAPA, 2011c). Nesse modelo a EMBRAPA tem desenvolvido um projeto bastante inovador, chamado Labex, ou Laboratório Virtual no Exterior desde 1998. As parcerias com Estados Unidos, com Países da Europa (França, Holanda e Inglaterra), e Ásia visam o desenvolvimento de tecnologia s de ponta. O projeto Labex conta atualmente com cinco laboratórios (em 2002 eram somente dois – o americano e o francês), um localizado no Agricultural Research Center - ARS, que pertence ao Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o segundo localizado em Montpellier, no sul da França, o terceiro está na Universidade de Wageningen, na Holanda, e o quarto no Instituto de Pesquisas de Rothamsted, na Inglaterra. O mais recente deles (quinto) é o LABEX-Coréia, em Seul, na Coréia do Sul. A esses núcleos avançados estão vinculados pesquisadores seniores que realizam um trabalho de interação, antenagem tecnológica e monitoramento do mercado Elaborado por: Prof. Dr. Francisco GELINSKI NETO – UFSC Página 43 44 de inovação, procurando suprir as equipes da EMBRAPA e seus parceiros de informações estratégicas. O Labex busca também viabilizar interações produtivas entre as equipes brasileiras e equipes de instituições congêneres localizadas naqueles países. (EMBRAPA, 2002, p.3, EMBRAPA, 2011c). Bibliografia ALVES, Eliseu. Nosso problema de difusão de tecnologia. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Brasilia. Revista de Política Agrícola. Nº 1 – Jan./Fev./Mar. 2012. Disponível na NET. ALVES, Eliseu; CONTINI, Elisio; HAINZELIN,Étienne. Transformações da agricultura brasileira e pesquisa agropecuária. Cadernos de Ciência & Tecnologia, Brasília, v. 22, n. 1, p. 37-51, jan./abr. 2005. 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