a visão dos pais em relação a importância da

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a visão dos pais em relação a importância da
Revista ENAF Science Volume 4, número 2, outubro de 2009 - Órgão de divulgação científica do 47º ENAF - ISSN: 1809-2926
VOLUME 04 - NÚMERO 02 - 2010 - MAGAZINE
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Revista ENAF Science Volume 4, número 2, outubro de 2009 - Órgão de divulgação científica do 47º ENAF - ISSN: 1809-2926
É com grande satisfação que, no vigésimo segundo ano de realização do Encontro
Nacional de Atividade Física/ENAF, em sua quadragésima quinta edição, publicamos a
Revista ENAF SCIENCE Nº 08. Tal publicação pode ser traduzida como uma forma de
agradecimento e retribuição a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para
o desenvolvimento e aperfeiçoamento desse evento que integra o universo da atividade
física e da saúde.
No decorrer desses anos acreditamos ter participado da formação de milhares de
acadêmicos e profissionais da área de educação física, fisioterapia, nutrição, enfermagem,
turismo e pedagogia. A partir de 2004 passamos a realizar o Congresso Científico vinculado
ao ENAF, dando mais um passo na construção dos saberes que unem formação e produção.
É a partir desse contexto que a Revista ENAF SCIENCE é novamente lançada.
Esperamos que essa publicação enriqueça nossa área de ação. Nesta edição, estão
presentes todos os trabalhos apresentados no Congresso Científico, seja sob forma de artigo
completo ou como resumo na forma de pôster.
Esperamos que este seja o primeiro passo que pretendemos empreender na busca
por um novo viés de conhecimento, fazendo com que o ENAF siga seu caminho mais
essencial: participar da construção de uma ciência da atividade física.
Prof. Dennis William Abdala
Prof. Rodney Alfredo Pinto Lisboa
Prof. Arthur Paiva Neto
Prof. Sebastião José Paulino
Artigos - Pág 03 a 180
Pôsteres - Pág 181 a 196
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ARTIGOS
A VISÃO DOS PAIS EM RELAÇÃO A IMPORTÂNCIA DA ADERÊNCIA DE SEUS FILHOS NA INICIAÇÃO DO
FUTEBOL
Dayvid Antonio Toledo¹
[email protected]
Maria Osverlândia Lima da Silva¹
Laura Martins Moreira¹
Luciene Barbosa de Freitas¹
Ms. Maria Inês Bustamante de Carvalho²
1
Acadêmico do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
2
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
Resumo
O crescimento e o desenvolvimento da criança sofrem influência direta dos pais, independente de qual grupo social a
família esteja inserida. O presente estudo teve como objetivo analisar a visão dos pais em relação a importância da
aderência de seus filhos na iniciação do futebol. Os sujeitos desta pesquisa possuem seus filhos alunos do Colégio João
Paulo II (Anglo) de Pouso Alegre/MG, sendo estes frequentadores das aulas de futebol pelo menos duas vezes por
semana. Este trabalho foi realizado através de uma entrevista semi estruturada baseada nas literaturas estudadas. A
pesquisa foi feita com 15 pais sendo que todos são incentivadores da prática do futebol. Pode-se observar também, que
os pais têm pensamentos diferentes quanto a forma de incentivar seus filhos para a prática do futebol. Concluiu-se que
os pais incentivam seus filhos por várias razões, dentre elas, para a promoção da saúde, para recreação, socialização e
até para que se tornem profissionais.
Palavras Chave: Iniciação esportiva, Pais, Futebol.
Introdução
Atualmente é grande a proliferação de escolinhas de esporte para crianças e adolescentes. A iniciação esportiva
é um assunto que está em pauta na nossa sociedade. Muitos são os conceitos e visões que a população tem sobre esta
temática. Antes a iniciação esportiva era privilégio de poucos em clubes e escolas. Isso tem mudado, pois qualquer
pessoa que já teve ligação com o esporte está ingressando neste mundo, ministrando aulas de iniciação esportiva. A
iniciação esportiva tem caráter pedagógico-educacional ou em busca de novos talentos (SCAGLIA, 1996).
O ensino dos esportes e suas etapas seguem certas diretrizes como (estimulação, aprendizagem, prática e
especialização), acreditando ser os passos a serem seguidos por uma criança que ingresse no mundo dos esportes.
(PAES; BALBINO, 2005).
Nas primeiras fases a criança deve ser estimulada as várias formas de movimentos, para possibilitar a
assimilação de inúmeras formas que seu corpo pode responder aos estímulos exigidos pela tarefa. No princípio da
estimulação a criança deve sentir prazer, alegria e interação com a tarefa que ela está executando, assim ela agrega os
padrões de movimento com mais facilidade. A aprendizagem deve ser num plano completamente aberto permitindo que
o iniciante conheça todo seu aparato motor (PAES; BALBINO, 2005).
Apesar de considerar que há fatores inatos que determinam diversos aspectos do ser humano, não há como
desconsiderar que as interações que o indivíduo estabeleça no meio ambiente promovem seu modo de ser no mundo,
definindo, pois, suas características, a partir de dados genéticos e da qualidade de tais interações (MOREIRA, 2006).
Temos que generalizar a aprendizagem, pois o aprendiz está em fase de transição e isso cabe ao professor
mediar esse aprendizado. É um momento no qual a criança começa a executar bases coordenativas oriundas de várias
modalidades esportivas objetivando no futuro um desempenho de alto nível. É uma fase interessante para o aprendizado
pelo motivo que as diferenças em relação à fase anterior são só gradativas. Todas as fases do aprendizado esportivo
estão em interdependência, ou seja, fases posteriores estão ligadas a fases anteriores (PAES; BALBINO, 2005).
De acordo com Bompa (1995, apud Paes; Balbino, 2005) os atletas devem participar de uma variedade de
exercícios vindos de esportes específicos e de outros, que o auxiliarão a melhorar sua base multilateral e prepará-los
para competição no esporte a ser selecionado.
Para o desenvolvimento da criança dentro do esporte é introduzido a prática motora que visa o avanço do
refinamento, sendo uma visão mais fechada do aprendizado. E assim posteriormente temos a especialização motora
uma visão totalmente fechada que engloba o alto desempenho (PAES; BALBINO, 2005).
Salientando sobre a iniciação esportiva podemos dizer que temos os passos a serem seguidos, como citados
acima preocupando apenas com os gestos técnicos. Também temos outras possibilidades de iniciação esportiva,
preocupada não apenas com os gestos técnicos, mas sim com o esporte educação (DARIDO; RANGEL, 2005).
O esporte educação tem finalidades agregadas à iniciação esportiva no âmbito escolar como manifestação social
e do exercício critico da cidadania. Na qual esta pedagogia está atrelada a valores como ensinar os alunos do erro que é
usar drogas para melhorar a performance e também combater a violência dentro e fora do meio esportivo. Essas são
algumas das diretrizes que o esporte educação segue para inserir crianças na iniciação esportiva (DARIDO; RANGEL,
2005).
No mesmo seguimento do esporte educação nos deparamos com esporte participação que está preocupado
apenas com a execução de alguma modalidade esportiva. Um dos métodos de ensinamento da iniciação esportiva é
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usar o lúdico como meio para se chegar ao aprendizado da modalidade em questão. Usando o jogo lúdico possibilito as
crianças uma aprendizagem mais suave para se praticar uma modalidade esportiva (MOREIRA, 2006).
A verdadeira atividade lúdica ocorre quando a criança realiza uma ação subentendendo outra, pois é fato que a
atividade lúdica tem uma configuração simbólica (MUKHINA, 1995).
Alguns estudos mostram que a interação dos pais com a criança depende da cultura. Acreditava-se que apenas
a mãe interferia e interagia no desenvolvimento inicial da criança Well (1988 apud Peruggia et al. 1997). A presença do
pai desde os primeiros anos de vida da criança, principalmente se a criança for homem, tem importante contribuição
para que a criança saiba sua importância na sociedade (MACHADO, 1997).
A iniciação de crianças na prática esportiva pode ser influenciada por inúmeros motivos, desde a perspectiva de
se tornar um herói, até a vontade unicamente dos pais, seja por razões educacionais, de saúde ou pela busca de
ascensão social (MARQUES; KURODA, 2000).
A família pode ser considerada um dos principais influenciadores pela iniciação da criança na prática esportiva. A
família pode ser um elemento positivo para criança e também um elemento negativo para seu desenvolvimento nesta
prática (MARQUES; KURODA, 2000).
Fox e Biddle (1999 apud Marques; Kuroda, 2000) afirmam que o encorajamento dos pais na infância é tido como
um previsor consistente da participação da criança na atividade física quando adulto. Isto quer dizer que os pais são
responsáveis diretos sobre a permanência dos seus filhos na atividade física.
Crianças e jovens que praticam atividades físicas num clube esportivo têm pais que em sua maioria, praticaram
esporte na infância (SAMULSKI, 2002).
O presente estudo tem como objetivo analisar a visão dos pais em relação à aderência do seu filho na iniciação
do futebol.
Materiais e Métodos
Participaram do estudo15 pais (9 homens e 6 mulheres) que possuem seus filhos matriculados na escola João
Paulo II de Pouso Alegre/MG e que freqüentam as aulas de futebol (atividade extra que a escola oferece). As crianças
que freqüentam as aulas estão com 9 e 10 anos de idade.
A seleção foi de forma aleatória e os pais das crianças foram abordados no início e no final dos treinos, de seus
filhos. Este trabalho foi realizado através de uma entrevista semi estruturada baseada nas literaturas utilizadas. As
perguntas da entrevista foram elaboradas pelo pesquisador.
A entrevista foi realizada em salas cedidas pelo Colégio João Paulo II, resguardando sigilo e anonimato dos
participantes. A entrevista foi gravada e após transcrição do seu conteúdo foi descartada.
Resultados e Discussão
100,00%
86,68%
90,00%
80,00%
Porcentagem dos participantes
70,00%
60,00%
50,00%
40,00%
30,00%
20,00%
6,66%
10,00%
6,66%
0,00%
1
F ilh o s
P a is
F a m ília
Gráfico 1. A Prática do futebol foi escolha dos pais ou dos filhos
Os pais foram questionados se a escolha de praticar futebol foi do filho ou deles mesmos. E encontramos que
86,66% (13 pais) responderam que a escolha foi do filho e 6,66% respondeu que a escolha foi do pai e teve 1 pai que
respondeu que a escolha partiu de toda família.
O estudo de Cia et al. teve como objetivo comparar e correlacionar indicadores do repertório de habilidades
sociais e do envolvimento dos pais na educação e comparar mães e pais nos dois conjuntos de medidas. Participaram
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22 mães e 13 pais que tinham um filho na 1° série. O estudo indicou que não ouve diferença na intensidade do
envolvimento de mães e pais com os filhos. Os resultados são tomados como sugestivos da importância do repertório de
habilidades sociais educativas dos pais para maximizar o desenvolvimento infantil e da necessidade de programas
nessa área junto aos pais, visando melhorar a qualidade de seu relacionamento com os filhos.
50,00%
46,67%
45,00%
Porcentagem de Participantes
40,00%
33,33%
35,00%
30,00%
25,00%
20,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
1
Desenvolvimento social
Preferência dos filhos
Promoção da saúde
Gráfico 2. Motivos para o incentivo da prática do futebol.
Foi perguntado aos pais porque incentivam seus filhos a praticarem futebol e as repostas poderiam ser as mais
diversas, mas os pais seguiram três linhas de incentivo. Dentre eles, 46,66% incentivam para que seu filho tenha um
bom desenvolvimento social, 33,33% incentivam apenas porque seus filhos gostam de praticar e 20% incentivam para
promoção da saúde dos seus filhos.
50,00%
46,68%
45,00%
Porcentagem dos participantes
40,00%
35,00%
30,00%
26,66%
26,66%
25,00%
20,00%
15,00%
10,00%
5,00%
0,00%
1
T o rn a r-se P ro fissio n a l
D e se n vo lvim e n to S o cia l
A tivid a d e R e cre a tiva
Gráfico 3. Expectativa perante a prática do futebol.
Os pais foram perguntados quanto as expectativas que tinham perante a prática do seu filho no futebol. As
respostas também seguiram três vertentes, sendo que 26,66% dois pais esperam que seus filhos se tornem
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profissionais, 46,66% estão preocupados apenas com o desenvolvimento social da criança e 26,66% querem que esta
atividade seja apenas uma atividade recreativa.
Na mesma linha de estudo, Simões et al. (1999) estudou a participação dos pais na vida esportiva de jovens
atletas. Duzentos e trinta e cinco escolares participaram da pesquisa respondendo questões descritivas e objetivas
quanto a participação do pai ou da mãe separadamente, em relação à assistência direta, nível de incentivo, nível de
exigência para prática esportiva e nível de exigência para que os filhos se tornassem bons atletas. Não foram
encontrados relações estatisticamente significativas das variáveis estudadas entre o papel da mãe e o fato do(a) jovem
atleta ser garoto ou garota. Já em relação ao papel do pai, verificou-se influência significativa quanto ao gênero
relacionado às variáveis ―nível de exigência para prática esportiva‖ e ―nível de exigência para tornar-se um bom atleta‖.
Os resultados encontrados sugerem uma maior exigência do pai em relação ao filho (46%) do que a filha (38%).
Conclusão
Conclui-se com o presente estudo, que todos os pais incentivam a prática do futebol, sendo os motivos
diferentes. Os pais querem que seu filho tenha um bom desenvolvimento social e confirma a mesma idéia quando
relatam que suas expectativas quanto á prática está diretamente relacionadas com o desenvolvimento social da criança.
Os pais vêem o esporte como importante instrumento de socialização para os filhos
Embora este estudo tenha sido conduzido com uma amostra pequena de pais e restrito apenas a uma escola,
outros estudos seriam importantes para investigar a importância do incentivo no esporte e principalmente a relação dos
pais quanto a este incentivo.
Referências
CIA, F.; PEREIRA, S. C.; DEL PRETTE, P. A. Z.; DEL PRETTE, A. Habilidades sociais parentais e o relacionamento
entre pais e filho. Psicol. Estud., Maringá, v. 11, n. 1, p. 73-81, 2006.
DARIDO, S. C; RANGEL, I. C. A. Educação Física na Escola: Implicações para a Prática Pedagógica. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
MACHADO, A. A. Psicologia do esporte: Temas emergentes. Ápice: Jundiaí, 1997.
MOREIRA, E. C. Educação Física: Desafios e propostas 2. Jundiaí: Fontoura Editora, 2006.
MUKHINA, V. Psicologia da idade Pré-Escolar. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
PAES, Roberto; BALBINO, Hermes. Pedagogia do esporte: contexto e perspectivas. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 2005.
PERUGGIA, L; MELLO, R. M. F; SOBRINHO, L. G. P. Influências de pais, técnicos e torcida. In: MACHADO, A. A.
Psicologia do esporte: Temas emergentes. Ápice: Jundiaí, 1997.
MARQUES J, A, A; KURODA, S, J. Iniciação esportiva: um instrumento para a socialização e formação de crianças e
jovens. In: RUBIO, Katia. Psicologia do esporte: Interfaces, pesquisa e Intervenção. São Paulo: Casa do Psicólogo,
2000.
SAMULSKI, Dietmar. Psicologia do esporte. Editora Manole: Barueri, 2002.
SCAGLIA, A.J. Escolinha de futebol: uma questão pedagógica. Revista Motriz - Unesp-RC, v. 2, n. 1, 1996.
SIMÕES, C. A.; BOHME, S. T. M.; LUCATO, S. A participação dos pais na vida esportiva dos filhos. Rev. Paul. Educ.
Fís. São Paulo, v. 13, n. 1, p. 34-45, 1999.
SOBRAL, F. Desporto Infanto-Juvenil: Prontidão e Talento. Lisboa: Livros Horizonte, 1994.
ANÁLISE DO CONSUMO DE SUPLEMENTOS NUTRICIONAIS EM PRATICANTES DE MUSCULAÇÃO
Felipe de Jesus Lemos¹
[email protected]
Daniel Aparecido Maximo¹
Janilson AparecidoTosta¹
Maria Osverlandia Lima da Silva¹
Ronaldo Júlio Baganha²
1
Acadêmicos do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
2
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
Resumo
O presente estudo teve como objetivo analisar o consumo de suplementos nutricionais em praticantes de
musculação matriculados na academia do Santa Rita Country Club, da cidade de Santa Rita do Sapucaí/MG. Como
método foi aplicado um questionário validado por Amorim (2007). Participaram do estudo 30 indivíduos todos do sexo
masculino com idade entre 18 e 30 anos, praticantes de musculação no mínimo 3 vezes por semana, e tempo mínimo de
pratica de 6 meses. Os resultados encontrados indicam que o maior consumo de suplementos está associado a maior
frequência de exercício físico 77% na frequencia de 5x na semana. Entre os usuários 40% consome apenas um
suplemento, e muitos não tiveram a indicação correta para o tal consumo pois 60% dos individuos responderam que
colegas que indicaram algum tipo de suplemento no qual fez o uso.
Palavras Chave: Musculação, Nutrição, Suplementação.
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Introdução
Dentre os fatores que influênciam o desempenho esportivo, a nutrição tem ocupado um lugar de destaque dentro
dos programas de treinamento. Desde os tempos das olimpíadas gregas, esta influência já era conhecida, sendo nesta
época elaboradas dietas especiais para os atletas e porções à base de ervas, visando à obtenção do aumento da
desempenho (HERNANDES, 2002).
Quando falamos em suplemento é necessário primeiro definir o que isto significa. De acordo com Baylis et al.
(2001), existem diversas definições de suplementos, algumas focadas somente em vitaminas e minerais, enquanto
outras, também em alimentos esportivos especialmente formulados (bebida esportiva, barra protéica, gel repositor, etc.)
e produtos herbais. É importante incluir todos os produtos alimentícios especiais para esportistas, uma vez que a
distinção entre esses produtos é arbitrária, além do enfoque em suplementos diferentes, alguns estudos analisam os
suplementos em categorias (ex.: predominantemente protéicos repositores, etc.). O que se fez aqui foi tentar não
agrupar os suplementos, para se conseguir realmente um panorama do consumo dos diferentes tipos de suplementos
por indivíduos freqüentadores de academias.
A suplementação tornou-se comum em freqüentadores de academia e principalmente na área da musculação,
onde na maioria das vezes as pessoas sem nenhuma informação começam a fazer o consumo dessas substâncias para
ganho de massa muscular, perda de massa gorda e também ganho no seu desempenho durante o exercício em que
realiza.
A utilização de suplementos realizada de maneira inadequada pode provocar distúrbios metabólicos além de
causar efeito contrário ao desejado. Um exemplo claro em praticantes de musculação, ao invés de proporcionar o ganho
de massa desejada, pode aumentar o peso de massa gorda, assim a pessoa que faz a utilização destas substâncias
então terá um resultado esperado. Outro problema é que muitos destes suplementos são comercializados com falsas
promessas e não possuem seus efeitos comprovados cientificamente. Por exemplo, os fat burners não têm seu efeito
sugerido de queimar mais gorduras realmente comprovado cientificamente (PEREIRA; LAJOLO; HIRSCHBRUCH,
2003).
Deve-se atentar ainda para o fato de que através de uma alimentação adequada e variada, se consegue a
quantidade de nutrientes necessários para os objetivos almejados, mas as pessoas não acreditam muito nisso
(SANTOS; BARROS FILHO, 2002).
A categoria de suplementos alimentares possui atualmente alguns suplementos que vem obtendo um grande
destaque em sua utilização devido a diversos estudos científicos terem analisado o grau de eficácia destes suplementos
segundo (HERNANDES, 2002).
-Creatina
-Whey Protein– proteína do soro do leite- Lactoalbumina
-Glutamina
-Aminoácidos de cadeia ramificada ―BCAA‖
-Arginina e Ornitina
-HMB- Beta-hidroxi Beta – metilbutirato
-L-Carnitina e Acetil L-Carnitina
-Cafeína
-Omega-3
A nutrição esportiva vem despontando como ciência apenas nos últimos trinta anos, onde estudos sobre a
influência da ingestão de nutrientes sobre a desempenho física começaram a ser realizados (HERNANDES, 2002).
Em todo o Brasil, tem crescido de uma forma impressionante o número de academias. Infelizmente, os dados
estatísticos disponíveis não são exatos pois existe um órgão que coordena e regularmente essa atividade, no entanto
algumas academias são abertas de forma irregular e sendo assim não são registradas. Entretanto, dessa forma, pode-se
estabelecer a grandeza desse fenômeno quando se percebe o aumento progressivo do número de academias em
grandes e pequenos centros ou quando, em conversas sociais, se pergunta aos amigos ou conhecido em que academia
eles malham. A resposta, com certeza, espantará os interessados (GERALDES; DANTAS, 1998).
Com isso, no Brasil, a prática da musculação tornou-se muito freqüente, principalmente entre adolescentes. Este
padrão cultural deve-se exatamente ao número de academias de ginástica, que tem crescido vertiginosamente e se
sofisticado, atraindo até investidores profissionais (SILVA; MOREAU, 2003).
O presente estudo teve como objetivo analisar o consumo de suplementos nutricionais em praticantes de
musculação.
Materiais e Métodos
Participaram do estudo 30 praticantes de musculação que já estão na modalidade há no mínimo 6 meses, e com
a freqüência na academia de no mínimo 3 vezes por semana, todos do sexo masculino, com idade entre 18 e 30 anos e
que fazem algum tipo de suplementação. O estudo foi feito na academia do Santa Rita Country Clube localizada na
Praça Santa Rita, n° 19, Centro, Santa Rita do Sapucaí – MG. .
Os praticantes do estudo assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido e após a assinatura foi
aplicado um questionário validado Amorim (2007) para verificação da quantidade e tipo de atividade física praticada na
academia, bem como do consumo dos suplementos. A análise estatística utilizada foi a análise descritiva.
Foi feito uma média na idade dos participantes do estudo que é de 22 anos, e com tempo médio de prática na
musculação de 1 ano e 3 meses.
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O estudo esta de acordo com a resolução 196/96 do ministério da saúde para realização de estudos envolvendo
seres humanos sendo o projeto enviado e aprovado pelo comitê de ética da Universidade do Vale do Sapucaí -Univás.
Resultados
No gráfico 1 estão expressos os resultados em porcentagem quanto a prática de atividade semanal de
musculação. No gráfico 2 estão expressos os resultados em porcentagem referente a quantidade de suplementos
consumidos pelos indivíduos que praticam a modalidade.
Gráfico 3 resultados quanto à freqüência deste consumo semanalmente do suplemento. No gráfico 4 estão
expressos os resultados em porcentagem quanto à indicação para uso de suplementos.
3%
7%
13%
77%
3 Vezes por semana
4 Vezes por semana
5 Vezes por semana
6 Vezes por semana
GRÁFICO 1. Porcentagem quanto à prática de atividade semanal.
10%
13%
40%
37%
1 Suplemento
2 Suplementos
3 Suplementos
4 Suplementos
GRÁFICO 2. Porcentagem quanto ao número de suplementos consumidos.
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7%
3%
10%
17%
63%
3 Vezes por semana
4 Vezes por semana
6 Vezes por semana
7 Vezes por semana
5 Vezes por semana
GRÁFICO 3. Porcentagem quanto à freqüência do consumo semanal de
17%
23%
60%
Colegas
Nutricionistas
Professores
suplemento.
GRÁFICO 4. Porcentagem quanto à indicação para uso de suplementos.
Discussão
Após analisar criteriosamente os questionários aplicados aos voluntários, podemos observar que 77% dos
analisados vão à academia com freqüência de 5 vezes na semana.
Em media a duração de cada aula/treino de musculação gira em torno de 1 hora à 1h30’, e 53% dos
pesquisados responderam que suas aula/treinos estão dentro deste perfil.
Este estudo foi feito com pessoas que fazem o uso do suplemento, portanto dos 30 indivíduos analisados 100%
fazem uso de suplemento alimentar. O maior consumo de suplementos está associado a maior freqüência da atividade
física (77% na freqüência de 5x na semana). Grande parte dos usuários (40%) consome apenas um suplemento,
enquanto 37% consomem 2 suplementos, 13% fazem uso de 3 suplementos e 10% consomem 4 ou mais suplementos
alimentares.
Neste estudo constatou que 17 indivíduos fazem uso de BCAA, 9 de Whey Protein, 6 de Animal Pack, 5 de
Creatina, 8 de Maltodextrina e 13 de outros suplementos.
Embora a maioria das pessoas busque independência, elas são suscetíveis às influências externas no uso de
suplementos alimentares. Amigos, treinadores e professores são os que mais contribuem nessa influência quando
falamos em consumo de suplementos alimentares.
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No presente estudo, perguntou-se os pesquisados quem teria feito a indicação para o uso do suplemento. Cerca
de 60% dos analisados relatam que a indicação foi feita por amigos, enquanto apenas 23% foram indicados por
nutricionistas e 17% por professores.
Segundo (ARAÚJO; SOARES, 1999), uma grande quantidade de pessoas faz o uso de suplementação indicada
por amigos e professores, porém, o treinador ou personal trainer se torna o maior responsável pela indicação de
suplementos. O treinador também é a maior fonte de indicação em outros estudos (PEREIRA et al., 2003).
Médicos e nutricionistas são os únicos profissionais legalmente habilitados para a prescrição de suplementos. O
médico indica mais suplementos que o nutricionista, porém, a maioria desses são vitaminas e minerais. Em outros
estudos, a indicação de suplementos pode ser feita pelo médico e nutricionista na mesma proporção (CARVALHO;
HIRSCHBRUCH, 2000).
Conforme o recomendado pela American Dietetic Association (2000), qualquer recomendação para atletas e
esportistas deve ser baseada em dados científicos atuais e em suas necessidades individuais. Verificou-se com este
estudo que não somente no esporte de rendimento, mas na população geral é necessário um acompanhamento com
profissionais capacitados para a orientação com relação à suplementação.
A utilização de suplementação não pode ser considerada a única responsável pelo alcance do objetivo esperado
ao se praticar musculação. É importante lembrar que de nada adianta a suplementação se a atividade proposta não for
exercida de maneira correta e orientada.
No presente estudo, observou-se que a maioria dos usuários considerava a suplementação eficaz, e cerca de
90% dos analisados declararam estar atingindo o resultado esperado, enquanto 10% declararam não estar atingindo o
resultado pretendido.
Conclusão
Conclui-se com o presente estudo que os 100% dos participantes fazem o uso do suplemento. O maior consumo
de suplemento está associado há maior freqüência da atividade física 77% dos indivíduos que freqüentam a academia
possuem uma freqüência de 5 vezes na semana. Mas esse consumo nem sempre é indicado pela pessoa certa já que
60% dos pesquisados admitem ter seguido a indicação de um colega para utilizar algum suplemento.
Referências
American Dietetic Association. Position of the American Dietetic Association, Dietitians of Canada, and the
American College of Sports Medicine: Nutrition and Athletic Performance. J AM Diet Assoc 2000;100:1543-56.
ARAÚJO A. C. M.; SOARES Y. N. G. Perfil de utilização de repositores protéicos nas academias de Belém, Pará.
Revista de Nutrução. Campinas, v. 12, p. 81-89, 1999.
BAYLIS A.; CAMERON-SMITH D.; BURKE L. M. Inadvertent doping through supplement use by athletes: assessment
and management of the risk in Australia. In: J Sport Nutr. Exerc. Metab., v. 11, p. 365-83, 2001.
CARVALHO J. R.; HIRSCHBRUCH M. D. Consumo de suplementos nutricionais por freqüentadores de uma
academia de ginástica de São Paulo. In: I Prêmio Maria Lúcia Cavalcanti. Anais. São Paulo: Conselho Regional de
Nutricionistas, 3a.região, 2000.
DE SOUZA, G.; DOS SANTOS, B. K.; AMORIM, D. B. Estudo antropométrico e consumo de suplementos nutricionais
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BENEFÍCIOS DO TREINAMENTO DE FORÇA DE MEMBROS INFERIORES NAS ATIVIDADES DE VIDA
DIÁRIA EM MULHERES COM IDADE ENTRE 45 E 60 ANOS PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA
Denise Prinz Reis
Acadêmica do curso de Educação Física – Univás, Pouso Alegre – MG
[email protected]
Maurício Borges de Oliveira
Docente do curso de Educação Física da Univás, Pouso Alegre – MG
Doutorando em Ciência da Cultura Física e do Desporto – ISCF/Cuba
Camila Lopes Popitz
Acadêmica do curso de Educação Física – Univás, Pouso Alegre – MG
RESUMO
O envelhecimento é um processo natural, mas, no entanto traz algumas conseqüências que podem até mesmo
nos impossibilitar de realizar as nossas atividades de vida diária, diminuindo assim a qualidade de vida e automia. Por
outro lado o treinamento de força traz benefícios em diversos âmbitos, dentre eles o aumento de força muscular e massa
muscular. Tais fatores diretamente ligados aos problemas relacionados com a terceira idade, no que se refere na
capacidade de gerar força para a realização de atividades cotidianas como sentar, levantar e caminhar. Diante disso, o
objetivo deste estudo é avaliar os benefícios do treinamento de força de membros inferiores nas atividades de vida diária
em mulheres de meia idade, utilizando os testes validados de sentar e levantar, sentar e alcançar e caminhar 10 metros.
Palavras-chave: treinamento de força, mulheres, atividades de vida diária.
INTRODUÇÃO
Segundo Amaral; Pomatti; Fortes (2006) a tecnologia e a facilidade de acesso aos bens de consumo fazem
com que o homem torne-se inativo esquecendo-se ao longo de sua vida de reservar um tempo para si próprio, elevando
assim o seu nível de estresse e a vulnerabilidade aos agravos à saúde que podem surgir na fase adulta e estender-se
até a velhice.
De acordo com Mcardle; Katch; Katch (1998, p. 608) os mais altos níveis de força para homens e mulheres são
alcançados em entre 20 e 30 anos de idade, época em que a área muscular em corte transversal costuma ser máxima.
Daí por diante, a força da maioria dos grupos musculares declina evoluindo lentamente e mais rapidamente após a meia
idade. A perda de força entre os idosos está associada diretamente com sua mobilidade e desempenho físico limitados,
assim como com os aumentos na incidência de acidentes sofridos por aqueles com fraqueza muscular.
A partir dos 20 e 35 anos de idade os desempenhos máximos de força diminuem cerca de 1% a 2% ao ano
(WILMORE, COSTILL, 2001).
A perda de força ocorre principalmente na sexta década de vida sendo mais acentuada nas mulheres e em
adição a essa perda de força temos a perda de potência que consiste na capacidade dos músculos em desenvolver
força rapidamente (FLECK; KRAEMER, 2006)
A atividade física é importante para a saúde, talvez fosse importante torná-la um hábito entre todos os
indivíduos (PALMA, 2000 apud TEIXEIRA, 2006).
Amaral, Pomatti; Fortes (2007) afirmam que a prática regular de atividade física retarda ou atenua os efeitos do
envelhecimento, atuando diretamente na prevenção de alguns agravos, tais como distúrbios osteomusculares, doenças
cardiovasculares, obesidade, entre outros.
―A força é primordial para a interdependência funcional e a perda de força está relacionada com a dependência
funcional sendo mais verificada nos membros inferiores, onde associa-se a menor velocidade de caminhada, menor
equilíbrio, menor habilidade de subir escadas ou levantar-se da posição sentada (GONÇALVES, 2003; RODRIGUES et
al.,2002 apud PEDRO, 2007).
O treinamento de força é um tipo de exercício que exige que a musculatura corporal realize movimento ou tente
mover através de oposição de uma força produzida por um equipamento ou pela utilização de pesos livres. Os
benefícios do treinamento de força podem ser alcançados desde que seja bem elaborado e consistentemente
desenvolvido promovendo aumento de força, aumento de massa magra, diminuição da gordura corporal e melhoria do
desempenho físico em atividades esportivas e de vida diária (FLECK; KRAEMER, 2006).
O treinamento de força aumenta o ganho de força e massa muscular, melhora a coordenação motora, uma vez
que é importante para o idoso manter a força muscular que com o passar do tempo diminui. Melhoras na qualidade de
vida são evidenciadas como bom humor, melhora do sono, diminuição de doenças relacionadas à idade. Melhor
condicionamento físico. De acordo com Wilmore; Costill (2001, p. 550) ―o treinamento não consegue interromper o
processo de envelhecimento biológico, mas pode reduzir o seu impacto sobre o desempenho‖.
A hidroginástica vem sendo cada vez mais indicada devido aos seus diversos benefícios para a saúde,
podendo promover melhoria de diversos componentes da aptidão física, como força, flexibilidade, composição corporal e
condicionamento cardiorespiratório, além disso, os exercícios realizados no meio aquático apresentam um reduzido
impacto comparado com o meio terrestre e um comportamento de freqüência cardíaca e pressão arterial mais baixo. Na
hidroginástica podem ser utilizados exercícios que produzam uma maior resistência na água, através do aumento da
velocidade de execução ou através da alteração da área projetada, que pode ser modificada pela utilização do corpo de
diferentes formas e também pela execução de exercícios com o uso de implementos resistivos (PINTO et al., 2006).
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MATERIAIS E MÉTODOS
Foram sujeitas do presente estudo 18 mulheres com idade compreendida entre 45 e 60 anos, que participaram
voluntariamente mediante assinatura de termo de consentimento livre e esclarecido, sendo 15 clientes da Academia Ana
Maria Ltda, 3 clientes da Academia Energia Vital, ambas academias situadas na cidade de Pouso Alegre-MG. As
voluntárias foram divididas em grupos: hidroginástica e hidroginástica e força. Ambos os grupos praticavam
hidroginástica regularmente, por no mínimo duas vezes por semana nas suas respectivas academias, no entanto o
grupo hidroginástica e força foi submetido a um treino de exercícios resistidos durante 12 semanas, 3 vezes por semana
de membros inferiores com o aumento das cargas progressivamente (65 %, 75% e 85%) de 4 em 4 semanas, sendo os
valores estimados por meio do teste de 1RM.
TABELA 1 Caracterização da amostra. Valores expressos em média e desvio padrão.
Grupo
Idade(anos)
Peso(kg)
Altura(m)
Força e
53,55±4,87
73,03±17,37
1,54±0,02
Hidroginástica
Hidroginástica
52±4,83
64,84±11,77
1,55±0,06
2
IMC(kg/m )
30,82±7,43
26,63±3,55
Os materiais utilizados durante o estudo foram cronômetro, banco de wells, cadeira, balança, fita métrica.
O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Univás (189/09).
As voluntárias se submeteram a testes já validados, teste sentar e levantar (RIKLI;JONES, 1999 apud ALVES
2004), teste sentar e alcançar (BALTACI et al., 2003; LIRA et al., 2000; RICARDO et al., 2001; ARAÚJO, 1999 apud
FONTOURA; FORMENTIN; ABECH, 2008; GUEDES; GUEDES, 2006) e teste de caminhar 10 metros (SIPILA et al.,
1996 apud VALE, 2005).
Para o tratamento estatístico foram utilizados a média (M), o desvio padrão (DP) e teste t de Student para
amostras pareadas levando-se em consideração o nível de significância para p≤0,05. Para tais funções foi utilizado o
pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 11.05 para windows.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados das variáveis pesquisadas dos testes sentar e alcançar, sentar e levantar e caminhar 10 metros
estão expressos na tabela 2.
TABELA 2 – Valores expressos em média±desvio padrão dos testes aplicados pré e pós programa de treinamento.
Grupo Hidroginástica
Grupo Hidroginástica e Força
Testes
Pré
Pós
Pré
Pós
Sentar e
27,88±6,73
32,06±4,66
23,00±9,07
29,19±6,07
1
Alcançar
Sentar e
15,25±4,17
15,25±3,33
13,50±2,98
16,25±1,39
2
Levantar
Caminhar 10
8,05±1,05
6,45±1,11
8,49±1,14
5,78±1,03
3
metros
1) Em cm.
2) Número de repetições em 30 segundos.
3) Em segundos.
Os resultados apresentam valores estatiscamente significantes para o grupo hidroginástica no teste sentar e
alcançar e no teste caminhar 10 metros para p≤0,05 e para o grupo hidroginástica e força valores estatiscamente
significantes nos testes sentar e levantar e caminhar 10 metros para p≤0,05 quando analisados os valores pré e pós
programa de treinamento. Para o teste sentar e alcançar no grupo hidroginástica e força e para o teste sentar e levantar
no grupo hidroginástica, analisando os valores pré e pós treinamentos não houve diferença estatiscamente significante
considerando p≤0,05, de acordo com a tabela 3.
TABELA 3 – Diferenças estatiscamente e não estatiscamente significantes para os grupos nos testes aplicados pré e
pós treinamentos.
Testes
Grupo Hidroginástica
Grupo Hidroginástica e Força
Sentar e Alcançar
0,028*
0,161
Sentar e Levantar
1,000
0,015*
0,002*
0,000*
Caminhar 10 metros
p≤0,05
Em um estudo realizado por Rebelatto et al. (2006) com 32 indivíduos do sexo feminino com idade entre 60 a
80 anos, as quais realizaram um conjunto de atividades físicas regulares, com 174 sessões, durante 58 semanas, por
três vezes por semana intercaladas com períodos de descanso com duração de 50 a 55 minutos cada sessão. Durante
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essas sessões eram realizados alongamentos miofasciais passivos dos principais grupos musculares (posteriores da
perna e coxa, anteriores da coxa e pelve, vertebrais, paravertebrais, peitorais, etc); ativação cardiocirculatória aeróbia,
exercícios de força, potência e resistência adaptados atividades de coordenação, agilidade e flexibilidade; exercícios
respiratórios e de relaxamento e hidratação em dois momentos da sessão (25 minutos após o início e ao final da sessão)
mediram a flexibilidade através do teste sentar e alcançar antes do início do programa, após 29 semanas de intervenção,
após um período intermediário de 18 semanas de descanso e, novamente, após 29 semanas de intervenção não
apresentaram significância relativa concluindo que embora os dados relativos à flexibilidade corporal indiquem uma
possível influência do programa na manutenção de tal capacidade, a ausência de significância estatística indica a
necessidade de reprogramação dos exercícios destinados ao ganho da flexibilidade, mas no entanto observaram que
houve uma manutenção dos valores iniciais fator que não pode ser desprezado quando se focaliza a qualidade de vida e
a independência funcional. E ainda segundo Shepard (1998) apud Rebelatto et al. (2006), durante a vida ativa, adultos
perdem em torno de 8 a 10 centímetros de flexibilidade na região lombar e no quadril, quando medido por meio do teste
sentar e alcançar, e no entanto, dentre os fatores que colaboram para isso estão a maior rigidez de tendões, ligamentos
e cápsulas articulares, devido a deficiências no colágeno enfatizando que a restrição na amplitude do movimento das
grandes articulações torna-se mais pronunciada com o envelhecimento diminuindo a independência funcional do
indivíduo que não consegue utilizar um carro ou um banheiro normal, subir uma escada, ou combinar os movimentos de
vestir-se e pentear os cabelos. Apontando que uma das maneiras de conservar a flexibilidade é por meio de movimentos
realizados em toda a amplitude das principais articulações.
Em um estudo realizado por Alves et al. (2004), onde foi avaliado o teste sentar e levantar e teste sentar e
alcançar em dois grupos, sendo o grupo controle e grupo treinamento ao qual foi ministrada aula de hidroginástica, duas
vezes por semana, com duração de 45 minutos, durante um período de 12 semanas, observou-se que ambos os grupos
apresentaram resultados semelhantes no início da pesquisa para o teste sentar e levantar, mas, no entanto após três
meses o grupo submetido ao treinamento de hidroginástica apresentou melhor performance ao realizar o teste sentar e
levantar, para p≤0,05 do teste T de Student, e para o teste ―sentar e alcançar‖ os resultados também apresentaram
diferença significativa após três meses de hidroginástica no grupo treinamento.
No teste caminhar 10 m os resultados mostram valores estatiscamente significantes para ambos grupos, o que
sugere que tanto o treinamento de hidroginástica quanto o treinamento de força contribuem para a melhora senão para a
manutenção do desempenho funcional relacionado a capacidade de caminhar com mais velocidade. De acordo com a
tabela 4, comparando a média dos grupos hidroginástica e hidroginástica e força na fase pré programa de treinamento o
resultado aponta para a classificação fraco e na fase pós treinamento a classificação passa a ser bom, mostrando que
ambos grupos apresentaram resultados positivos para o teste caminhar 10 metros.
TABELA 4 – Classificação do teste caminhar 10 metros (SIPILA et al., 1996 apud VALE, 2005).
Classificação do teste
Fraco
Regular
Bom
Muito Bom
C10M (s)
+7,09
7,09 – 6,34
6,34 – 5,71
- 5,71
CONCLUSÃO
Concluímos com este estudo que o grupo hidroginástica apresentou valores estatiscamente significantes para
os testes sentar e alcançar e caminhar 10 metros e que o grupo hidroginástica e força apresentou resultados
estatiscamente significantes nos testes sentar e levantar e caminhar 10 metros, sugerindo que o treinamento de
hidroginástica e treinamento de força trazem benefícios aos seus praticantes na capacidade de levantar e sentar de
uma cadeira, aumento da velocidade de caminhada e da flexibilidade, contribuindo para a melhora da qualidade de vida
dos sujeitos, porém sugere-se a realização de outros estudos para a verificação da melhora de outras capacidades
funcionais em indivíduos na faixa etária estuda.
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A influência do exercício físico sobre respostas cardiorrespiratórias na
obesidade grau III: um relato de caso
Keila Facirolli
Mestranda em Fisioterapia
UNIMEP – Universidade Metodista de Piracicaba
[email protected]
Orientadora: Profa. Dra. Ester da Silva
UNIMEP – Universidade Metodista de Piracicaba
[email protected]
RESUMO
A obesidade é uma doença metabólica que causa aumento da incidência de morbi-mortalidade. O objetivo do estudo foi
avaliar a influencia do exercício físico sobre respostas cardiorrespiratórias na obesidade grau III. Foi aplicado o
treinamento de físico 4 a 5 vezes semanais durante um período de 10 semanas em uma voluntária com IMC 40,92
2
kg/m , sendo as avaliações realizadas, na fase pré e pós treinamento, constaram de: ficha de avaliação inicial, captação
da VFC, TEFD-R, medida das pressões respiratórias máximas, além das medidas diárias da FC e PA. Os resultados
obtidos foram: redução do IMC e dos valores da FC, PAD e PAS ao final de cada sessão, aumento das pressões
respiratórias máximas e dos índices da VFC (RMSSD e pNN50), aumento do VO2 LA e pico do exercício. Conclui-se que
o exercício físico misto, aeróbio e resistido, causou adaptações benéficas ao sistema cardiorrespiratório desta voluntária.
PALAVRA CHAVE: Obesidade mórbida, treinamento físico, capacidade funcional aeróbia.
INTRODUÇÃO
A obesidade é uma doença metabólica, definida pelo acúmulo excessivo de tecido adiposo no organismo, resultando
num aumento do peso corporal e promovendo várias alterações no funcionamento de órgãos e tecidos (GEMERT et al.,
2000). Possui etiologia multi-fatorial, estando ligada a fatores orgânicos, genéticos, nutricionais, metabólicos, endócrinos,
culturais e psíquicossociais, que podem atuar isoladamente ou em conjunto sobre o mesmo indivíduo (CLA de
obesidade, 1999). Com o crescimento dos índices de obesidade, há também o aumento das comorbidaddes, como
doenças cardiovasculares, respiratórias, endócrinas (diabetes) e dislipidêmicas (BAGATINI et al., 2006). Esta patologia
tem um tratamento complexo, baseado na orientação e acompanhamento nutricional, na prescrição de atividade física e
no uso de fármacos (SEGAL e FANDIÑO, 2002).
Além das patologias associadas à obesidade, tem se observado que os indivíduos apresentam grandes alterações na
demanda metabólica e no sistema respiratório, aumentando o consumo de oxigênio em repouso e em atividade física
(AULER JR, GIANNINI E SARAGIOTTO, 2003; PAISANI, CHIAVEGATO e FARESIN, 2005). O acúmulo excessivo de
peso também pode comprometer a modulação autonômica da frequência cardíaca (FC) (PICCIRILLO et al., 1998;
SURRENTI et al., 2002). Piccirillo e colaboradores (1998) observaram aumento da modulação simpática, redução da
variabilidade da frequência cardíaca (VFC) e altos níveis de noradrenalina plasmática nesses pacientes, sugerindo uma
alteração sistêmica provocada pela obesidade.
Em relação ao exercício físico, há diversas evidências científicas indicando que sua pratica regular traz benefícios a
saúde física e mental do individuo (WHO, 1997). Segundo o CLA de obesidade (1999), o exercício físico aumenta o
gasto energético e a taxa metabólica em repouso, eleva a capacidade de mobilização e de oxidação da gordura,
proporciona uma melhora do estado físico e da circulação cardíaca, que resultará em uma melhor regulação da pressão
sangüínea, além de reduzir a resistência à insulina, aumentar o colesterol HDL, reduzir o LDL e os triglicerídeos. O
mesmo ainda modifica o controle do sistema nervoso autônomo sobre o sistema cardiovascular, aumentando a atividade
parassimpática associada ou não com a redução da atividade simpática, que juntamente com as modificações na FC,
resultará em bradicardia durante o repouso (MARTINELLI, 1996; ACSM, 2005).
Diante do exposto o objetivo deste estudo foi avaliar a influência de um protocolo de exercício físico em uma mulher com
obesidade grau III a partir da analise da modulação autonômica da FC nas posturas supina e sentada, da capacidade
funcional aeróbia no pico do exercício e no limiar de anaerobiose (LA) durante teste de esforço com carga incremental,
da força muscular respiratória, do comportamento da FC e da pressão arterial (PA) no inicio e ao final de cada sessão.
RELATO DE CASO
Paciente M.S., gênero feminino, 26 anos, costureira, com 111,4 kg, altura de 1.65 m e índice de massa corporal (IMC) de
2
40,92 kg/m . Em sua história pregressa, a paciente relatou ter realizado outros tipos de tratamentos para a perda de
peso, como dietas hipocalóricas e uso de fármacos, porém sem sucesso.
A mesma foi submetida a uma avaliação clínica inicial onde realizou-se o preenchimento de uma ficha constando:
anamnese, hábitos de vida diários, história pregressa e familiar de patologias existentes e exame físico fisioterapêutico.
Foi realizado também nas fases pré e pós treinamento os seguintes registros: eletrocardiograma (ECG) de 12 derivações
em repouso, PA, captação FC e dos intervalos R-R (iR-R) do ECG em repouso na derivação MC5 para analise da VFC,
teste de esforço físico dinâmico contínuo tipo rampa (TEFD-R), medida das pressões respiratórias máximas (pressão
inspiratória máxima – PImáx e pressão expiratória máxima – PEmáx) segundo Black e Hyatt (1969). Durante a
realização do treinamento físico, era aferido a PA e a FC no inicio e no final de cada sessão.
A VFC foi analisada no domínio do tempo pelos índices: raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os
iR-R normais (RMSSD), em milissegundos (ms) e a percentagem de iR-R adjacentes com diferença superior a 50ms
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2
(pNN50), e no domínio da frequência: os valores dos componentes espectrais de baixa frequência em ms (BF – 0,04 a
2
0,15Hz) e de alta frequência em ms (AF – 0,15 a 0,4Hz) e a razão BF/AF.
O treinamento foi baseado em um protocolo misto em todas as sessões, onde inicialmente era aferido a FC e a PA, com
a voluntária em repouso, seguido de um aquecimento de 05 minutos composto de alongamentos ativo e mobilização
articular generalizada, após este realizava-se exercício aeróbio no nível do LA, a partir do controle da FC, em esteira
e/ou bicicleta ergométrica por um período de 30 a 60 minutos e logo após os exercícios resistidos (peck deck, rosca
direta na barra, puxador anterior fechado supinado, pulley costa, cadeira extensora, abdutores e adutores na maquina,
leg press e cadeira flexora) e ao final de cada sessão eram realizados alongamentos passivos de membros inferiores e
novamente aferia-se a FC e a PA. A paciente era monitorada com um frequêncimetro Oregon Scientific Brasil (SE212)
durante a realização do protocolo de exercício. Foram realizadas de 4 a 5 sessões semanais, durante um período de 10
semanas totalizando 44 sessões.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Na tabela 1, estão apresentados os resultados referente ao peso e ao IMC pré e pós intervenção, onde pode-se
observar uma redução de 2,7 kg, equivalente a 2,42% do peso total e 6,22% do peso extra, considerando que seu peso
2
máximo deveria ser 68 kg (IMC 24,97 kg/m ). Em relação ao IMC, houve uma redução em seu valor, alterando-se
positivamente de categoria na classificação, onde inicialmente tinha como classificação a obesidade grau III, passando
para a obesidade grau II, reduzindo assim a intensidade dos riscos decorrentes da mesma, sendo esses achados
concordantes com o estudo realizado por Monteiro, Riether e Burini (2004), onde os autores observaram uma redução
significante do IMC após a aplicação de um programa de exercício físico.
Tabela 1. Valores do peso e IMC, pré e pós aplicação do treinamento.
% da diferença
PRE
POS
2,42
Peso (kg)
111.4
108.7
2
2,42
IMC (kg/m )
40.91
39.92
6,22
Peso extra (kg)
43,4
40,7
2
Kg – quilograma; kg/m – quilograma por metro ao quadrado; IMC – índice de massa corporal
Na tabela 2, encontram-se os dados da frequência cardíaca, pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica, de
inicio e final de cada sessão, os mesmos estão expressos em média e desvio padrão. Podemos observar que nestas
três variáveis obteve-se uma redução dos valores ao final de cada sessão.
Tabela 2. Valores das variáveis hemodinâmicas iniciais e finais de cada sessão.
% da diferença
INICIAL
FINAL
12,24
FC
93.93 ± 6.49
82.43 ± 8.62
6,79
PAS
128.75 ± 6.83
120 ± 5.60
6,33
PAD
86.02 ± 5.56
80.57 ± 5.41
FC - Frequência Cardíaca; PAS - Pressão Arterial Sistólica; PAD - Pressão Arterial Diastólica
Os resultados da tabela acima corroboram com os encontrados na literatura, pois segundo Forjaz e colaboradores
(1998) a PA tende a reduzir o seu valor após 45 minutos de exercício físico. No estudo realizado por HADDAD e
colaboradores (1997) também evidenciou essa redução nos valores da FC e PA sistólica e diastólica logo após o
exercício físico.
Os valores das pressões respiratórias máximas, nas condições, pré e pós treinamento, estão apresentados na tabela 3.
Pode-se verificar que os valores iniciais de PImáx apresentaram um aumento de 13,04% após o período de intervenção.
O mesmo ocorreu na comparação entre os valores da PEmáx que também apresentaram um acréscimo de 25%,
refletindo assim em um ganho de força muscular respiratória.
Tabela 3. Valores das Pressões Respiratórias Máximas, pré e pós treinamento:
PRE
POS
% da diferença
13,04
PImax (cmH2O)
115
130
25
PEmax (cmH2O)
120
150
PImáx – pressão inspiratória máxima; cmH2O – centímetros de água; PEmáx – pressão expiratória máxima.
Na tabela 4, estão apresentados os resultados da analise da VFC, nas posturas supina e sentada, nas fases pré e pós
treinamento, sendo a analise realizada, no domínio do tempo, pelos índices RMSSD e pNN50 que refletem
predominantemente a atividade parassimpática onde as mesmas quantificam as rápidas variações da FC, e no domínio
da frequência, pelas bandas BF que são moduladas tanto pelo simpático quanto pelo parassimpático, porém com
predominância simpática em algumas situações específicas, e que refletem as oscilações do sistema barorreceptor; AF
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que são moduladas pelo sistema nervoso autônomo parassimpático, que corresponde às variações da FC relacionadas
com o ciclo respiratório e Razão (BF/AF) sendo a relação do balanço simpato-vagal.
Tabela 4. Valores dos índices da VFC, nas posturas supina e sentada, pré e pós treinamento:
% da diferença
PRE
POS
supino
sentado
supino
sentado
supino
sentado
RMSSD (ms)
23.18
16,76
34.95
25,73
50,77
53,52
pNN50 (%)
7
2
46
14
557,14
600
2
BF (ms )
0,75
0,84
0,80
0,86
6,66
2,38
2
AF (ms )
0,25
0,15
0,20
0,13
20
13,33
BF/AF
3,07
5,54
4,06
6,58
32,25
18,77
RMSSD – raiz quadrada da média dos quadrados das diferenças entre os iR-R normais; ms – milissegundos; pNN50 –
2 –
percentagem de iR-R adjacentes com diferença superior a 50ms; % - percentagem; BF – baixa frequência; ms
milissegundos ao quadrado; AF – alta frequência; BF/AF – razão (BF/AF) balanço simpato-vagal.
Observa-se um aumento importante no valor das variáveis RMSSD e pNN50, em ambas as posturas, demonstrando
assim uma maior atividade parassimpática após o período de treinamento. Segundo Billman (2002), o aumento da VFC
resultada por pratica de atividades físicas é capaz de aumentar a estabilidade elétrica cardíaca sendo assim um fator de
proteção contra arritmias.
-1
Tabela 5. Valores da Potência (W), VO2 (mL.kg.min ), VO2 (L/min), VCO2 (L/min), Razão VCO2/VO2 (RER) e FC (bpm)
durante o teste ergoespirométrico, no limiar de anaerobiose (LA) e no pico, pré e pós treinamento:
% da diferença
PRE
POS
LA
PICO
LA
PICO
LA
PICO
FC (bpm)
147
130
151
168
2,72
29,23
Potência (Watts)
110
132
141
164
28,18
24,24
Tempo
10:38
11:44
12:09
13:18
16,47
15,20
VO2 (mL.kg.min )
12,1
17
15,1
18,4
24,79
8,23
VO2 (L/min)
1,24
1,88
1,64
1,99
32,26
5,85
VCO2 (L/min)
1,33
1,86
1,57
2,11
18,04
13,44
-1
R
0,93
1,01
0,96
1,06
3,22
4,95
-1
FC - frequência cardíaca; bpm - batimentos por minuto; mL.kg.min - mililitro por quilograma por minuto; L/min - litros por
minuto; VO2 – consumo de oxigênio; VCO2 – produção de gás carbônico; R – Razão de troca respiratória.
A partir dos dados acima podemos observar que a voluntária obteve maiores valores de todas as variáveis descritas,
-1
onde o VO2 no LA alterou-se de 12,1 para 15,1 mL.kg.min , equivalente a 24,79% e VO2 pico de 17 para 18,4
-1
mL.kg.min , igual a 8,23%, resultando em uma melhora do condicionamento físico. Em um estudo realizado
recentemente por Orsi e colaboradores (2008) comparando a aptidão cardiorrespiratória de mulheres saudáveis,
mulheres com sobrepeso e mulheres obesas, os autores observaram menores valores de VO 2 máx nas mulheres obesas
quando comparadas aos demais grupos, sugerindo uma influência negativa do IMC na capacidade cardiorrespiratória.
CONCLUSÃO
Os resultados sugerem que o exercício físico misto, aplicado em um período relativamente curto de tempo, promoveu
adaptações benéficas ao sistema cardiorrespiratório desta voluntária com obesidade grau III. No entanto, por este
estudo ser um relato de caso, sugerimos a realização de novos estudos com numero populacional relevante.
AGRADECIMENTOS
 Profa. Dra. Marlene Moreno;
 Equipe do Laboratório de Pesquisa em Fisioterapia Cardiovascular e Provas Funcionais;
 Preparadores Físicos: Tito e Tércio – Academia Brigante.
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ANÁLISE DA ADERÊNCIA DE ALUNOS AOS PROGRAMAS DE TREINAMENTO DE MUSCULAÇÃO EM ACADEMIAS
DA CIDADE DE POUSO ALEGRE-MG.
David Ribeiro dos Santos¹
[email protected]
Clayton Queiroz Coutinho²
Roberta Manfron de Paula³
¹Acadêmico do Curso de Graduação em Educação Física, Univás, Pouso Alegre/MG
²Acadêmico do Curso de Administração de Empresas, Univás, Pouso Alegre/MG
³Docente da Univás, Pouso Alegre-MG
Resumo
Frente o crescente aumento do número de academias de musculação, bem como a sua procura, este estudo
teve por objetivo analisar os fatores associados à aderência de alunos à prática de musculação em academias de Pouso
Alegre/MG. Constituiu-se o estudo de duas fases: revisão de literatura e pesquisa exploratório-descritiva por
acessibilidade. Aplicou-se um questionário abordando o perfil dos respondentes e informações sobre o treinamento em
musculação. Apurou-se forte aderência aos programas de treinamento, considerando a baixa rotatividade entre as
academias, o tempo de matrícula, a frequência semanal e a permanência diária no treinamento, a falta de dificuldades
ou barreiras a se manterem no treino, a vontade própria de iniciarem-se na prática da musculação, bem como a
qualificação profissional como fator de escolha pelas academias e a confiança neles depositada quanto à prescrição do
treinamento. Esses fatores associados demonstraram forte aderência dos alunos/clientes das academias na cidade de
Pouso Alegre/MG.
Palavras-chave: Aderência, Musculação, Academia.
Introdução
A Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta o sedentarismo como um dos principais inimigos da saúde,
pois, associado à obesidade, hipertensão, tabagismo e distúrbios metabólicos, é uma das causas de morte em grande
escala, presentes nos dias de hoje.
Frente a esta realidade, profissionais da área de educação física vêm promovendo verdadeira revolução no
mercado; investimento em tecnologias e equipamentos de última geração, um trabalho que visa proporcionar aos
alunos/clientes qualidade de vida diferenciada e satisfatória, e um direcionamento à prática de exercício físico regular,
cujos resultados fisicamente aparentes são as respostas objetivas aos investimentos aplicados.
A necessidade de se ter saúde, aliada ao bem estar físico e psicológico, e associada à boa forma física, vem
fazendo com que o número de frequentadores de academias se multiplique a cada dia, sejam eles induzidos por esses
fatores, ou ainda por influência da mídia que propaga em todos os meios de comunicação a necessidade e os benefícios
de manter-se vinculado a um programa de treinamento físico (TAHARA; SILVA, 2003).
Assim, surge a necessidade da intervenção do profissional de educação física de forma objetiva, eficiente,
personalizada e, principalmente, embasada no conceito de ―promoção de saúde‖, apontando ao aluno/cliente as razões
reais e cientificamente comprovadas de que a prática regular do exercício físico, aliado a uma boa dieta e adaptação a
hábitos saudáveis, como abandono do tabagismo e diminuição no consumo de álcool, geram benefícios imediatos para a
sua saúde, inclusive melhorando a aparência física que, consequentemente, promoverá a elevação da auto-estima
(TOSCANO, 2001).
Para viabilizar essa mudança de comportamento, é necessário promover a aderência do aluno/cliente à
academia. Antes, porém, é preciso apresentar o conceito de aderência como sendo um conjunto de determinantes
pessoais, ambientais e características do exercício que propiciam a manutenção da prática física por longos períodos de
tempo (mínimo de 6 meses), a fim de elevar a qualidade de vida do indivíduo e garantir-lhe mais saúde e satisfação
(SABA, 2006).
Assim, os resultados desta pesquisa permitiram fornecer os subsídios necessários a uma nova postura de
gestão, com a finalidade de manter este aluno/cliente fidelizado ao programa de treinamento lhe proposto.
Este trabalho se justifica pelo fato de que alguns alunos/clientes frustram-se durante o transcurso do seu
programa de treinamento, abandonando a prática regular de exercícios físicos, voltando ao sedentarismo e aos maus
hábitos. Daí a necessidade do profissional da área de educação física, que por vezes é o proprietário e/ou gerente da
academia, de intervir de forma eficiente e objetiva, visando detectar quais são os fatores que desmotivam e determinam
o afastamento dos alunos/clientes dos programas de treinamento, antes mesmo dele perceber os benefícios gerados por
essa prática regular.
O objetivo deste estudo foi identificar os fatores que determinaram ou influenciaram diretamente na aderência
dos alunos/clientes aos programas de treinamento em musculação nas academias.
Materiais e Métodos
Participaram deste estudo 70 (setenta) alunos matriculados em 7 (sete) academias de musculação da cidade de
Pouso Alegre/MG, legalmente inscritas nos órgãos comerciais, que aceitaram e autorizaram a realização do mesmo,
sendo que 10 (dez) alunos/clientes de cada academia responderam o instrumento de coleta de dados. O instrumento de
coleta de dados foi elaborado com base nos elementos teóricos constantes da revisão de literatura e submetido ao
Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade do Vale do Sapucaí - UNIVÁS, que o aprovou sob o protocolo nº 199/2009.
Os sujeitos da amostra foram caracterizados quanto ao gênero, estado civil, idade e grau de escolaridade,
sendo expressos os resultados em percentual.
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Do instrumento aplicado nas academias algumas questões foram essenciais à constatação da aderência dos
alunos/clientes, principalmente aquelas que abordaram o número de academias já frequentadas, o tempo de academia,
a frequência semanal, o tempo diário de treinamento, as dificuldades para se manter no treinamento, os fatores que
influenciaram a procura por um treinamento de musculação, os fatores que influenciaram na escolha da academia e a
confiança depositada nos profissionais das academias.
Os dados foram apurados de forma descritiva, em planilhas, verificando-se a distribuição percentual entre os
avaliados e suas respectivas respostas ao questionário. Utilizou-se a planilha Excel 2003 do Microsoft Office, na qual foi
possível organizar gráficos a partir dos dados coletados.
Resultado e Discussão
Com os resultados obtidos foi possível identificar alguns fatores determinantes na aderência dos alunos/clientes
das academias de Pouso Alegre/MG.
Inicialmente, caracterizou-se o perfil da amostra segundo dados demográficos. Apurou-se que com relação ao
gênero e estado civil, dos 70 (setenta) respondentes, 58,57% são do sexo masculino e 41,43% do sexo feminino;
44,29% são solteiros; 41,43% são casados e 4,29% são separados, em igual proporção àqueles que mantêm
relacionamento estável. Divorciados e viúvos 2,85% em igual valor. Quanto à idade 22,85% estão compreendidos entre
15 e 25 anos de idade; 38,57% entre 26 e 40 anos; 21,43% entre 41 e 55 anos; 15,72% entre 56 e 65 anos, e 1,43%
entre 66 e 80 anos de idade. Com relação ao nível de escolaridade, 34,29% possui 2º grau completo, 28,57% superior
completo e, pós-graduados 12,86%. Tais valores se harmonizam com estudo elaborado por Braga e Dalke (2009) e
Santos e Knijnik (2006).
Dentre vários questionamentos feitos aos alunos/clientes das academias, alguns se sobressaíram na indicação
da aderência aos programas de treinamento e às suas respectivas academias. O gráfico 1 representa o número de
academias já frequentadas pelos respondentes.
Número de academias que já frequentou na cidade
de Pouso Alegre
5,71%
5,71%
11,43%
De 1
De 3
De 4
Mais
a3
a4
a5
de 5
77,15%
GRÁFICO 1 – Gráfico representativo do número de academias frequentadas pelos alunos/clientes das academias de
Pouso Alegre/MG
Apurou-se que a maioria dos entrevistados (77,15%) já frequentaram entre 1 e 3 academias; seguidos por
aqueles que frequentaram de 3 a 4 academias (11,43%), de 4 a 5 academias (5,71%), e a mesma porcentagem (5,71%)
já frequentaram mais de 5 academias. A grande maioria dos respondentes desta pesquisa (77,15%) mostrou-se aderida
aos programas de treinamento que lhes são prescritos. Em contrapartida, Carvalho e Fraga (2005) apontaram que
clientes de academias não são fiéis, pois estes procuram entre diversas academias aquela que possa lhe atender em
suas mais urgentes necessidades, sejam elas de ordem física, ou psicossocial. A baixa rotatividade indica aderência,
pois, caso não estejam satisfeitos, imediatamente eles deixam aquela academia e partem à procura de outra.
A constatação acima faz uma ligação direta com os resultados obtidos no questionamento em relação ao tempo
de matrícula na academia, conforme demonstrado no gráfico 2.
Tempo de academia
8,57%
Menos de 6 meses
4,28%
31,43%
22,86%
6 meses a 1 ano
1 ano a 2 anos
2 anos a 4 anos
4 anos a 6 anos
15,72%
17,14%
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Mais de 6 anos
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GRÁFICO 2 – Gráfico representativo do tempo de matrícula dos alunos/clientes nas academias
Os resultados obtidos demonstram que 31,43% dos alunos estão matriculados a menos de 6 meses nas
academias; 22,86% entre 2 e 4 anos; 17,1 entre 6 meses e 1 ano; 15,72% entre 1 e 2 anos; 8,57% entre 4 e 6 anos e,
finalmente, 4,28% acima de 6 anos.
A literatura é clara quando aponta a aderência como sendo a manutenção da participação em um programa de
exercícios físicos, por pelo menos 6 meses (SABA; PIMENTA, 2008). Apurou-se que 31,43%, estão matriculados a
menos de 6 meses nas academias. Somados os demais resultados obtidos, ou seja, todos os itens restantes, que
apontam tempo superior a 6 meses, têm-se o percentual total de 68,57% de alunos matriculados e frequentes há mais
de 6 meses, o que evidencia a aderência concretizada. Costa, Bottcher e Kokobun (2009) apontam resultados
semelhantes. Tahara, Schwartz e Silva (2003) obtiveram resultados expressivos sendo o tempo de matrícula de 2 (dois)
a 4 (quatro) anos. Braga e Dalke (2009) constataram que os praticantes de musculação estão matriculados há mais de 1
(um) ano, demonstrando uma tendência atual da permanência dos praticantes de musculação por períodos superiores
há 6 meses, evidenciando aderência efetiva.
Outro fator importante deste estudo foi a frequência semanal às academias, bem como o tempo de permanência
no treinamento. Apurou-se que 51,3% frequentam as academias 5 dias por semana; 22,86% 4 vezes por semana, sendo
o mesmo percentual para 3 dias, e 2,85% apenas 2 dias por semana. Pereira e Bernardes (2005) apontaram em estudo
que praticantes de musculação frequentam as academias durante 3 a 5 dias por semana. Rojas (2003) também concluiu
que os alunos que frequentam academias mais de 3 dias por semana, demonstram perfil facilitador à aderência aos
programas de treinamento. Pereira e Cabral (2007) apontaram que alunos de musculação comparecem nas academias
de 2 a 5 vezes por semana, indicando que pessoas aderidas a programas de treinamento vão quase todos os dias às
academias.
Com relação ao tempo de permanência diária treinando, apurou-se que 55,71% ficam na academia por pelo
menos 1 hora e 30 minutos; 21,43% por 2 horas; 20% por 1 hora e 2,86% por mais de 2 horas. A individualidade
biológica e as características do treinamento ditam o tempo ideal. Pereira e Cabral (2007) identificaram que os
praticantes de musculação treinam entre 1 e 2 horas, alinhando-se aos resultados deste estudo.
Outro fator determinante na aderência de alunos/clientes é a manifestação em relação às dificuldades
encontradas para se manterem fiéis aos treinamentos, conforme demonstrado no gráfico 3.
Dificuldades e/ou barreiras - manutenção no
programa de treinamento
2,86%
Nenhuma
7,14%
Falta de tempo
17,14%
Horário
Preguiça/ócio
Falta de resultados
72,86%
Distância casa/academia
GRÁFICO 3 – Gráfico representativo das barreiras e/ou dificuldades encontradas pelos alunos/clientes.
Apurou-se que 72,86% dos respondentes não encontram nenhuma dificuldade, o que revela o elevado grau de
aderência aos programas em que estão inseridos. 17,14% apontam a falta de tempo; 7,14% a incompatibilidade de
horários e, 2,86%, apontaram o ócio a maior barreira. Não foram tidos como problemas dois outros itens apresentados,
sendo eles a ―falta de resultados esperados‖ e a ―distância entre suas casas e a academia‖, o que permite concluir pela
satisfação com os resultados que vêm obtendo, bem como o fato de estarem matriculados em academias próximas às
suas residências. Outros estudos demonstram que o fator tempo é um elemento preponderante, devido às atividades
cotidianas (SABA, 2001); (TAHARA; SCHWARTZ; SILVA, 2003).
Outro fator que demonstrou forte aderência dos alunos/clientes entrevistados foi a ―vontade própria‖ como
elemento influenciador para se iniciarem em um programa de treinamento em musculação, conforme demonstrado no
gráfico 4.
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Influência para a prática de musculação
8,57%
8,57%
1,43%
Vontade própria
Amigos
Mídia
Família
81,43%
GRÁFICO 4 – Gráfico representativo dos elementos que influenciaram os alunos/clientes das academias à prática de
musculação.
Os resultados revelaram que 81,43% tiveram iniciativa e vontade própria, seguidos por aqueles que tiveram a
indicações de amigos ou da mídia em igual proporção (8,57%), e 1,43% influenciados pela família.
Diversos motivos induzem um indivíduo a procurar por uma academia, seja de origem intrínseca e extrínseca,
dependendo do que cada indivíduo entende o que é ou não importante para si, porém, a adesão é fortemente
comprovada na medida em que a maioria dos indivíduos busca na prática da musculação uma melhor qualidade de vida
(BRAGA; DALKE, 2009). Pereira e Bernardes (2005) e Tahara, Schwartz e Silva (2003), também apontaram a vontade
própria como iniciativa à inscrição em programas de exercícios físicos. Segundo Ryan & Deci, (2000b apud Balbinoti e
Capazzoli, 2008), o indivíduo, quando intrinsecamente motivado, ingressa por vontade própria em programas de
exercícios físicos.
A influência na escolha da academia também aponta tendência à aderência e fidelidade à prática de exercícios
físicos, conforme demonstrado no gráfico 5.
Influência na escolha da academia
1,43%
2,86%
Profissionais da academia
Outros
7,14%
12,86%
40,00%
Indicação de um amigo
Infra-estrutura
Aparelhos
Tipo de treinamento
14,28%
Preço
21,43%
GRÁFICO 5 – Gráfico representativo dos fatores influenciadores dos alunos/clientes das academias, na escolha da
academia em que se matricularam.
Os profissionais que trabalham nass academia foi a maior indicação dos respondentes(40%); 21,43% apontaram
outros fatores; 14,28% indicação de amigos e 12,86% devido à sua infra-estrutura; 7,14% por causa dos aparelhos;
2,86% em razão do tipo de treinamento e 1,43% em razão do preço. Braga e Dalke (2009) apontaram a qualificação
profissional determinande na procura e escolha de academias. Rojas (2003) constatou que indivíduos procuram as
academias influenciados pela infra-estrutura, sendo elemento preponderante na escolha, contrapondo-se aos resultados
obtidos neste estudo. Carvalho e Fraga (2005) mostraram que o preço e a qualidade dos aparelhos são importantes na
escolha das academias, contrariando os resultados obtidos nesta pesquisa.
Questionado os entrevistados se confiavam ou não nos profissionais que os treinavam, estes foram unânimes
em afirmar que sim, expondo seu grau de confiabilidade. Apurou-se que 51,43% disseram que confiam muito; 40%
confiam plenamente, e 8,57% que confiam pouco. Essa constatação é reforçada quando se compara estes resultados
com aqueles obtidos na questão referente à ―fatores influenciadores na escolha das academias‖, onde a maioria opinou
no sentido de que foram influenciados pelos profissionais que ali atuam. A confiança depositada no profissional está
relacionada à segurança com a qual os profissionais prescrevem exercícios físicos, embasados tecnicamente. Quando
os alunos/clientes respondentes foram questionados se sabiam ou não da graduação dos profissionais, 78,57%
disseram que sim, e 21,43% disseram que não. Ainda, se sabiam qual era a graduação do profissional, 45,45%
informaram que eram graduados em Educação Física; 34,55% pós-graduados em Educação Física; 16,36% estagiários
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em Educação Física e 3,64% se tratavam de Mestres em Educação Física. Prestes, Moura e Hopf (2002), apontou em
estudo que a miaoria dos profssionais de academias são graduados em Educação Física.
No presente estudo apurou-se que os profissionais das academias pesquisadas possuem capacitação
profissional. Eles próprios divulgam sua formação acadêmica e capacitação técnica, visando oferecer segurança aos
alunos.
Ao optar por treinar em uma determinada academia, os alunos/clientes têm a expectativa de encontrar
professores capacitados tecnicamente e com conhecimento específico para atender-lhes as necessidades, sejam elas
de ordem estética ou de melhorar a saúde de forma geral, pois, não tendo ele conhecimento, passa a confiar em quem
acredita ter a habilidade técnica necessária para ajudá-lo (SABA; PIMENTA, 2008).
Com os resultados obtidos neste estudo, torna-se possível fechar o círculo de interesse pessoal dos
alunos/clientes, que escolhe a academia pela capacitação do profissional que ali atua.
Conclusão
Conclui-se com o presente estudo que os alunos/clientes das academias de Pouso Alegre/MG, componentes da
amostra, estão plenamente fiéis aos programas de treinamento em musculação e aderidos às academias onde estão
matriculados.
Novos estudos devem ser elaborados visando distribuir conhecimento aos alunos de Educação Física,
professores, proprietários e/ou gestores de academias, a respeito de um assunto atual e necessário, pois somente
através de estudos e pesquisas pode-se chegar a um consenso na promoção da melhoria da qualidade de vida dos
alunos/clientes das academias.
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ANÁLISE DO VO2MAX DE COMPETIDORES DE
DANÇA DE RUA
Anderson Rosa Andrade
Graduação em Educação Física
UNIVÁS
e-mail: [email protected]
RESUMO
O objetivo deste estudo foi analisar o perfil do VO2max de competidores de Dança de Rua na categoria Street Dance. A
Dança de Rua da cultura juvenil Hip Hop é uma modalidade que vem crescendo muito e conquistando um espaço mais
significativo na sociedade. A amostra, constituída por 22 homens competidores de Dança de Rua apresentou uma média
de idade de 21,6 ± 2,8 anos. Para mensuração do VO2max, os indivíduos foram submetidos ao teste do banco
ergométrico Queens College. Após o levantamento de dados, a pesquisa apontou, que o valor do consumo máximo de
oxigênio médio dos dançarinos de Street Dance foi de 57,16 ± 2,52 ml/Kg/min (variação entre 63,03 e 52,53 ml/Kg/min).
Então, pode-se concluir que a média da capacidade aeróbia dos dançarinos apresentou resultados acima do padrão de
normalidade.
Palavras-chaves: Capacidade aeróbica, VO2max, Dança de Rua
INTRODUÇÃO
Embora todos os componentes da aptidão física relacionada à saúde assumam significados particulares, a
resistência cardiorrespiratória é considerada a de maior importância (HEYMARD, 1991; WILMORE & COSTILL, 2001).
Uma forma tradicionalmente aceita para medida da função cardiorrespiratória é a de submeter o individuo a um teste de
esforço físico submáximo, com o objetivo de determinar o consumo máximo de oxigênio (VO2max) (QUEIROGA, 2005).
O VO2max é a maior quantidade de oxigênio que o sistema cardiorrespiratório é capaz de entregar aos tecidos do
organismo durante o exercício físico (ROBERGS & ROBERTS, 2002 apud VIANNA et al, 2005; LEITE, 1986; McARDLE
et al, 1998). A medida do consumo máximo de oxigênio fornece importantes informações a respeito da saúde e da
potência aeróbia (QUEIROGA, 2005; BASSET & HOWLEY, 1997).
A Dança de Rua da cultura juvenil Hip Hop é uma modalidade que vem crescendo muito e conquistando um
espaço mais significativo na educação e na sociedade, especialmente nas últimas décadas. Jovens de várias faixas
etárias e de todas as classes sociais praticam a dança de rua (ALVES & DIAS, 2001). O Hip Hop surgiu nos EUA, no
final da década de 60, nos subúrbios negros e latinos de Nova Iorque. Onde os jovens enfrentaram todo tipo de
problemas: pobreza, violência, racismo, tráfico, carências de infra-estrutura, etc. E na rua eles encontravam o único
espaço de lazer, e assim eles começaram a praticar várias atividades para seus momentos de recreação (CARMO,
2001). Neste contexto, nascia o Hip Hop com as manifestações artísticas de rua: música (os DJ’s); pintura (Grafite);
poesia; (Mc’s); e a dança, (B. Boy) (ROCHA, 2005 & CIRINO, 2000). E a partir da dança do B. Boy surgiram várias
modalidades ou categorias dentro da dança de rua.
Este estudo é relevante por existir carência de estudos na literatura sobre o assunto que envolva aptidão física e
Dança de Rua.
A multiplicidade cultural dessas manifestações nos alerta sobre a complexidade deste tema. Por isso, nos
interessou pesquisar a aptidão física dos praticantes de Street Dance da Dança de Rua.
Desta forma, o objetivo geral é analisar o perfil do VO2max de competidores de Dança de Rua (Street Dance). E
ainda, comparar com tabelas normativas da população em geral.
MATERIAL E MÉTODO
População de Estudo
A amostra, constituída por 22 homens jovens competidores de Dança de Rua (exercício físico com
predominância aeróbia), apresentou uma média de idade de 21,6 ± 2,8 anos, com 6,4 ± 2,9 anos de prática da atividade
de Dança de Rua e carga horária de ensaios e aulas ministradas de 270 ± 108,5 minutos por semana, estatura de 171,9
± 5,2 cm, peso corporal de 68,8 ± 7,8 Kg e com IMC de 23,23 ± 2,01. Eles fazem parte de grupos de dança da
Associação 100% JUD (Juventude Unida Dançante), CNPJ: 06.257.329/0001-19, da cidade de Pouso Alegre. Os
indivíduos ofereceram-se voluntariamente para participar deste estudo e estavam motivados.
Os critérios para participação no estudo foram: estar praticando a modalidade Dança de Rua há pelo menos seis
meses, com uma freqüência de no mínimo de dois e no máximo de quatro sessões de ensaios por semana, com
duração de 50 a 60 minutos cada ensaio. Ou também, com uma freqüência de no mínimo de duas e no máximo de seis
sessões de aulas ministradas de Dança de Rua por semana, com duração de 50 a 60 minutos cada aula.
Instrumentos e procedimentos da coleta de dados
Para os testes, foram instruídos aos participantes a se absterem da cafeína e do álcool por um mínimo de 24
horas, e toda comida, bebida, e nicotina por duas horas antes de todos os testes de laboratório. Os indivíduos também
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foram instruídos para não realizarem exercícios em alta intensidade no dia anterior e nenhum tipo de atividade física
antes dos testes. Inicialmente, os participantes deste estudo preencheram e assinaram um termo de consentimento.
Depois disto preencheram um questionário com uma entrevista semi-estruturada que serviu para avaliar junto aos testes
se o dançarino fazia outro tipo de atividade além da dança, e, se praticava, há quanto tempo participava desta. Em
seguida foram aferidas as variáveis antropométricas de: estatura com estadiômetro com precisão de 0,1 cm; massa
corporal com balança de precisão de 100g. Logo em seguida, para mensuração do consumo de oxigênio máximo
(VO2max), os indivíduos foram submetidos ao teste do banco ergométrico Queens College segundo o Protocolo
McARDLE et al, 1972 (QUEIROGA, 2005; McARDLE et al, 1998), com a realização de um trabalho físico de subidas e
descidas consecutivas de um banco fixo de 41 cm de altura, com um ritmo de 24 ps/min (passos por minuto) durante 3
minutos. A FC foi verificada imediatamente após o término do teste (em 15 segundos), iniciando, 5 segundos depois. O
metrômero utilizado para demarcar o ritmo ps/min foi o SEIKO Digital metronome Model DM-33 – S. Yard Co., Ltd. A
hemodinâmica de freqüência cardíaca foi mensurada com frequencímetro Polar S410.
Os testes foram realizados no período matutino, entre oito e dez horas. Para os testes, os indivíduos
apresentaram-se em uma sala de avaliação ampla e bem iluminada da Academia Ana Maria em Pouso Alegre – MG.
Análise estatística
Os dados antropométricos obtidos durante o teste foram expressos em média e desvio padrão. E os de VO2max
foram expressos em média, desvio padrão, máximo e mínimo.
RESULTADOS
Após o levantamento de dados deste estudo, a pesquisa apontou, na Tabela 1, o valor médio do VO2max no
teste banco protocolo Queens College de dançarinos de Street Dance da Dança de Rua. Pode-se observar que o
VO2max foi de 57,16 ± 2,52 ml/Kg/min (variação entre 52,53 e 63,03 ml/Kg/min).
Tabela 1 – Consumo Máximo de Oxigênio (VO2max) no teste banco protocolo Queens College
McARDLE et al, 1972 de dançarinos de Street Dance
Homens
Variável
VO2 max (ml/Kg/min)
Média
Desvio Padrão
Máximo
Mínimo
57,16
2,52
63,03
52,53
DISCUSSÃO
Na literatura, acham-se diversos valores recomendados aos padrões ideais de VO2max. Após o levantamento
dos dados, verificou-se que o grupo apresentou valores médios acima do que prevê a literatura para a população em
geral.
Com o objetivo de classificar a aptidão cardiorrespiratória, o Instituto Cooper para Pesquisa Aeróbicas publicou
valores de VO2max de acordo com a idade e sexo (HEYWARD, 1997 apud QUEIROGA, 2005). Se compararmos com
essa proposta, percebemos que o VO2max médio do presente estudo (57,16 ± 2,52 ml/Kg/min) está classificado como
excelente de acordo com a tabela 2, já que a média de idade do presente estudo é de 21,6 ± 2,8 anos e o valor do
VO2max proposto para essa média de idade é ≥49 ml/Kg/min.
Tabela 2: Classificação da aptidão cardiorrespiratória para homens
Idade
Fraco
Regular
Bom
Muito bom
Excelente
20-29
≤37
38-41
42-44
45-48
≥49
30-39
≤35
36-39
40-42
43-47
≥48
40-49
≤33
34-37
38-40
41-44
≥45
50-59
≤30
31-34
35-37
38-41
≥42
≥ 60
≤26
27-30
31-34
35-38
≥39
Fonte: Heyward (1997) apud Queiroga (2005).
Para Wilmore & Costill (2001), universitários homens ativos, com idade entre 18 e 22 anos, apresentam valores
médios do VO2max de 44 a 50 ml/Kg/min. E a American Heart Association (1972) apud Pitanga (2004), sugere uma
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classificação excelente para o valor de VO2max superior a 52 ml/kg/min, para faixa etária de 20 a 29 anos. Portanto o
valor médio do VO2max dos dançarinos do presente estudo, também é superior a essas duas fontes.
A correlação entre a capacidade aeróbia e do estado de Saúde foi descoberto por Cooper (1970) e Astrand
(1970) citados por Kalenine et al (2004). Eles demonstraram que as pessoas com VO2max igual ou maior que
42ml/min/kg não sofrem das doenças crônicas, tendo os índices da pressão arterial nos limites normais.
O presente estudo limitou-se aos competidores da modalidade Dança de Rua na categoria Street Dance na faixa
etária de 18 a 28 anos do sexo masculino. De acordo com Silva et al (1999), os dançarinos que praticam a Dança de
Rua são chamados de B. boy, eles construíam a partir da dança, com os próprios corpos, a conexão e ruptura com um
mundo de alta tecnologia. Outro termo utilizado para a Dança de Rua é o Break Dance (GARCIA & HAAS, 2003).
No rastreamento da Dança de Rua encontramos várias categorias ou segmentos dentro da mesma. De acordo
com as características dos dançarinos do presente estudo e relato dos próprios, a categoria que eles praticam é o Street
Dance. No Brasil, a dança de rua foi influenciada pelos estilos advindos do E.U.A e introduzida nas academias aos
poucos, sofrendo uma série de adaptações, sendo chamada então de Street Dance (ALVES & DIAS, 2001). Os
movimentos do Street Dance se caracterizam por serem agressivos, dinâmicos, energéticos, fortes e precisos (GARCIA
& HAAS, 2003) e geralmente ocupa as salas espelhadas de ginástica das academias (ALVES & DIAS, 2001). É uma
concepção coreográfica com plasticidade, movimentação técnica em grupo, postura em palco e outros critérios que são
avaliados. Para Cirino (2005), o que antes era praticado nas ruas agora compete nos palcos e criou linhas e formas,
remodelou-a com uma leitura melhorada, diferenciada e adaptada para uma arte cênica.
O teste do VO2max foi feito indiretamente pelo teste do banco protocolo Queens College McARDLE et al, 1972.
Esse protocolo foi desenvolvido para avaliar a aptidão cardiorrespiratória de estudantes universitários de ambos os
sexos com idades entre 18 e 30 anos (McARDLE et al, 1998). A faixa etária do presente estudo é de 18 a 28 anos do
sexo masculino. Portanto, os resultados do mesmo somente servirão para homens competidores de Dança de Rua na
categoria Street Dance com esse mesmo protocolo na faixa etária de 18 a 28 anos.
Como todo teste, o teste de banco demonstra algumas limitações. Uma delas é a que a participação no teste
exige do avaliado uma boa coordenação para realização do exercício. E outra limitação é que alguns indivíduos
apresentam dificuldades em relação ao ritmo (QUEIROGA, 2005). No entanto, é necessário levar em consideração que
os indivíduos envolvidos no presente estudo são praticantes de Dança de Rua, ou seja, a base de seus trabalhos
coreográficos é o ritmo e coordenação. Por isso, a escolha do teste banco foi uma opção muito válida.
CONCLUSÃO
Mediante os fatos expostos, pode-se concluir que a média do VO2max de 57,16 ± 2,52 ml/Kg/min dos
competidores da dança de rua deste estudo apresentou valores acima do padrão de normalidade. Acredita-se que a
melhora desta capacidade venha tendo estímulos positivos nas aulas de Streep Dance, atendendo assim, as
necessidades da prática para um bom desempenho nos ensaios e uma boa performance nas apresentações
coreográficas. Conclui-se ainda, que na literatura há pouco assunto sobre o tema dança de rua e aptidão física, portanto,
este estudo pode servir de referência e possibilidades de ampliação de novos conhecimentos para novas pesquisas, por
parte dos professores de Educação Física e Dança.
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DIFERENÇAS NO PERCENTUAL DE GORDURA NOS DIFERENTES PERÍODOS DO CICLO MENSTRUAL
ATRAVÉS DA BIOIMPEDÂNCIA
Rodrigo Alves Rocha
Pós graduando em Musculação e Personal Trainner ENAF/FAGAMMON
[email protected]
Rodrigo Nogueira Campos
Pós graduando em Musculação e Personal Trainner ENAF/FAGAMMON
[email protected]
Alan Peloso Figueiredo
Mestrado em Biotecnologia em Saúde
[email protected]
RESUMO
As alterações hormonais que ocorrem no ciclo menstrual podem alterar o percentual de gordura nas diferentes fases do
ciclo menstrual. Objetivo: Verificar a diferença no percentual de gordura em mulheres nas duas fases do ciclo menstrual
através da bioimpedância. Material e método: Foram mensuradas 20 mulheres, universitárias, com idade 20,9 ± 2,33;
estatura 1,63 ± 0,05; massa corporal 58,45 ± 8,82 e IMC 21,88 ± 2,65. As voluntárias foram avaliadas em duas fazes do
ciclo menstrual. O pós menstrual foi realizado entre o 2º e o 7º dia após o fluxo menstrual; e o pré menstrual entre o 25º
e o 28º dia do ciclo. Resultados: Os valores médios do percentual de gordura na fase pré foi 21,28 ± 4,63, na fase pós
foi de 21,51 ± 5,03, enquanto os valores médios de gordura foram de 12,72 ± 4,52 na fase pré e 12,58 ± 4,71 na fase
pós. Conclusão: Não foi encontrado diferenças significativas nas duas fases do ciclo menstrual.
PALAVRAS-CHAVE: percentual de gordura; ciclo menstrual; bioimpedância.
INTRODUÇÃO
A busca por qualidade de vida vem aumentando cada vez mais a procura por academias de ginástica. Com este
aumento no número de praticantes, a empresa do ―fitness‖ também vai aumentando sua linha e a tecnologia de seus
produtos.
Para estimar o percentual de gordura existem várias técnicas, como a bioimpedância, a antropometria e a
pesagem hidrostática.
A bioimpedância é uma grandeza física que significa oposição à passagem de uma corrente elétrica alternada, e
está inversamente relacionada à condutividade elétrica. (Baumgartner, Chumlea & Roche, 1990; Stacy, Williams,
Worden & McMorris, 1958, citados por Glaner, 2001)
A água é considerada como boa condutora elétrica, pois oferece pouca resistência à passagem de uma corrente
elétrica, já a gordura oferece uma resistência maior. Portanto, partindo dessa premissa é possível estimar a água
corporal total da massa livre de gordura, e a partir daí o percentual de gordura. (GLANER, 2001)
McArdle & Katch, 2003, diz que uma corrente elétrica passa mais rapidamente através dos tecidos corporais
isentos de gordura e da água extracelular que através da gordura e dos tecidos ósseos, por causa do maior conteúdo
eletrolítico do componente isento de gordura.
Sampaio, 2002, diz que um ciclo menstrual regular, dura em média 28 dias e de acordo com as flutuações
hormonais é dividido em fases. Embora a idéia dos hormônios envolvidos em cada estágio seja bastante clara, não
existe um consenso na nomenclatura utilizada, o que pode dificultar a interpretação dos estudos sobre o ciclo menstrual.
Alguns autores dividem o ciclo menstrual em três fases – folicular, ovulatória e lútea (Dias, L.; Simão, R,;
Novaes, J. S., 2005), outros, como Isbii, 2009 e Sampaio, 2002 dividem o ciclo em duas fases, folicular e lútea, inserindo
a fase ovulatória como uma etapa dentro da fase folicular.
Sampaio, 2002, diz que com relação aos hormônios, a fase folicular caracteriza-se pela presença de hormônio
folículo-estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH) e estrógeno, os quais levam ao crescimento do folículo ovariano e
à ovulação. A fase lútea é caracterizada pala presença aumentada de estrógeno e progesterona. Nos últimos dias do
ciclo menstrual, o corpo lúteo vai se degenerando e os níveis de progesterona e estrogênio caem, provocando o início do
fluxo menstrual e um novo ciclo se repete. (CHAVES, C. P. G; SIMÃO, R.; ARAÚJO, C. G. S, 2002)
É na fase lútea que ocorre a maioria das alterações nas mulheres, como retenção de líquidos, elevação da
massa corporal, aumento da demanda energética, dentre outros fatores. (ISBII, C.; NISBINO, L. K.; CAMPOS, C. A. H,
2009)
Glaner (2001), diz que a análise através da bioimpedância pode ser afetada por alguns aspectos como:
equipamento, fatores ambientais (temperatura), e modificações internas ocorridas com o indivíduo (níveis de hidratação,
atividade física, alimentação e ciclo menstrual).
Com relação ao ciclo menstrual têm se observado na literatura resultados divergente. Deurenberg, Weststrate,
Paymans & Van Der Kooy (1998), citados por Glaner (2001) não observaram diferenças significativas entre as médias,
quando mensuraram oito mulheres a cada três dias durante o ciclo menstrual.
Para Gleichauf & Rose (1989) e Mitchell, Rose, Familoni, Winters & Ling (1993) citados por Glaner (2001) as
alterações na água intracelular, água corporal total, razão entre os meios intra e extracelular e a massa corporal durante
o ciclo menstrual serem evidentes, induzem à uma mudança inexpressiva na estimativa da bioimpedância.
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Com uma padronização apropriada das mensurações, o ciclo menstrual não afeta a avaliação da composição
corporal por bioimpedância. (McARDLE & KATCH, 2003)
Assim, o objetivo deste estudo foi verificar a diferença no percentual de gordura em mulheres nas duas fases do
ciclo menstrual através da bioimpedância.
MATERIAIS E MÉTODOS
Amostra: Foram avaliadas 20 mulheres, alunas do curso de Educação Física da Faculdade Presbiteriana
Gammon – FAGAMMON da cidade de Lavras – MG. Todas as voluntárias responderam a um questionário e assinaram
um termo de consentimento.
Procedimentos: As avaliadas estavam entre a faixa etária de 18 e 25 anos, possuíam ciclos menstruais
regulares (28 dias), eram fisicamente ativas, não fizeram uso de bebidas alcoólicas nos dias das avaliações, estavam em
condições normais de hidratação (não haviam ingerido líquidos a pelo menos trinta minutos). As avaliações foram feitas
respeitando o mesmo horário (entre 19:00h e 20:30h) e a temperatura ambiente estava entre 20ºC e 28ºC durante os
dias das avaliações.
As voluntárias foram avaliadas em duas fazes do ciclo menstrual. O primeiro teste foi realizado entre o 2º e o 7º
dia após o fluxo menstrual (pós menstrual); e o segundo entre o 25º e o 28º dia do ciclo (pré menstrual).
Para analisarmos o percentual de gordura, utilizamos um analisador de gordura corporal da marca Tech Line,
modelo FE-068, que utiliza o método da bioimpedância. Para a medida da massa corporal utilizou-se uma balança digital
da marca Tech Line, modelo BAL-150PA. Para a medida da estatura utilizou-se um estadiômetro.
A massa corporal foi mensurada com unidade de medida de 100 gramas e a estatura de um milímetro.
Estatística: Analise estatística descritiva com comparação de médias e desvio padrão. Para comparar as
variáveis, percentual de gordura e quantidade de gordura corporal foi utilizado o teste não paramétrico de Wilcoxon,
adotando um p ≤ 0,05.
RESULTADOS e DISCUSSÂO
Na tabela 1, demonstramos as características da amostra.
N
Idade
20
20,9 ± 2,33
Massa Corporal
(Kg)
58,45 ± 8,82
2
Estatura (m)
IMC (Kg/m )
1,63 ± 0,05
21,88 ± 2,65
A amostra do estudo foi de 20 pessoas , a média de idade foi de 20,9 ± 2,33 anos (18 a 25). A massa corporal
teve média de 58,45 ± 8,82 Kg, (38,2 a 80). A estatura teve média de 1,63 ± 0,05m, (1,53 a 1,72). A massa corporal teve
média de 21,88 ± 2,65 Kg, (16,11 a 27,68). Já Isbii, C.; Nisbino, L. K.; Campos, C. A. H. (2009) em seu trabalho de
caracterização vestibular no ciclo menstrual tiveram também uma amostra de 20 pessoas com faixa etária de 18 a 35
anos. Já Giacchetto, Godoy e Almeida (2004) tiveram em seu trabalho sobre o comportamento do teste ergométrico em
relação as fases do ciclo menstrual uma amostra de n=20, com média de idade de 39,4 ± 4,3 anos (32 a 47) e IMC de
26,42 ± 5,16 (18,3 a 39,1). Dias, L.; Simão, R,; Novaes, J. S., (2005) em um trabalho sobre Ciclo menstrual e força
tiveram uma amostra de n=8, faixa etária de 22,7 ± 1,2 anos (20 a 25), massa corporal de 57,2 ± 6,99 Kg (48 a 71,3) e
estatura de 158,5 ± 4,96 cm (153 a 169).
Na tabela 2, verificamos as diferenças entre o percentual de gordura e da gordura corporal antes e depois da fase
menstrual, onde não encontramos diferenças significativas entre nas variáveis estudadas.
N
%G Pré
%G Pós
20
21,28 ± 4,63
21,51 ± 5,03
Gordura
Corporal
Pré
(Kg)
12,72 ± 4,52
Gordura
Corporal
Pós
(Kg)
12,58 ± 4,71
O percentual de gordura na fase pré menstrual teve média de 21,28% ±4,63, valor mínimo de 13,6% e máximo
de 33%. O percentual de gordura na fase pós menstrual teve média de 21,51% ±5,03, valor mínimo de 13,3% e máximo
de 32%. A gordura corporal na fase pré menstrual teve média de 12,72 Kg ±4,52, valor mínimo de 5,7 Kg e máximo de
26,3 Kg. A gordura corporal na fase pós menstrual teve média de 12,58 Kg ±4,71, valor mínimo de 5 Kg e máximo de
25,6 Kg.
Nos gráficos 1 e 2 vemos a comparação entre as variáveis estudadas, percentual de gordura e gordura corporal.
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Comparação do Percentual de Gordura Pré e Pós fase Menstrual
25
% Gordura
20
15
10
5
Pr
e
Po
s
0
Momentos
A média do percentual de gordura na fase pré menstrual foi de 21,28, enquanto que a média na fase pós
menstrual foi de 21,51, não obtendo alterações significativas, o que também foi comprovado no trabalho de Glaner
(2001), que obteve uma média no percentual de gordura através da bioimpedância na fase pré menstrual de 19,12%,
enquanto na fase pós menstrual de 19,15%.
Comparação da Gordura Corporal Pre e Pós Fase Menstrual
Gordura (Kg)
15
10
5
Pr
e
Po
s
0
Momentos
A média da quantidade de gordura na fase pré menstrual foi de 12,72 ± 4,52, enquanto que a média na fase pós
menstrual foi de 12,58 ± 4,71, não obtendo alterações significativas, o que também foi comprovado no trabalho de
Glaner (2001), que obteve uma média na quantidade de gordura na fase pré menstrual foi de 10,55 ± 4,48, enquanto que
a média na fase pós menstrual foi de 10,55 ± 4,24.
.
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Variaç ão do Aumento e da D iminuiç ão do
P erc entual de G ordura na Amos tra
10
A umento
45
Diminui
Manteve
45
Neste gráfico, vemos que a porcentagem da amostra, que aumentou o percentual de gordura entre as fases do
ciclo menstrual mensuradas, foi a mesma porcentagem das que tiveram redução no percentual de gordura, ambas com
45%, já 10% da amostra não tiveram alterações no percentual de gordura entre as fases mensuradas. Porém, no grupo
que teve aumento no percentual de gordura entre as fases mensuradas do ciclo menstrual apresentaram um aumento
médio de 2,82% no percentual de gordura, convém salientar ainda que uma participante do estudo apresentou uma
variação no percentual de gordura de 5%, e outras 2 uma variação de 3%, as outras 6 mulheres que fizeram parte da
amostra apresentaram um aumento de somente 1%, já a parte da amostra que apresentou uma diminuição existiu uma
variação de 1,48%, onde 7 mulheres apresentaram uma redução de 1% no percentual de gordura e as outras 2
mulheres da amostra a redução foi de 2,5%.
Com relação ao método de bioimpedância, Rodrigues et. al. (2001) diz que existem muitas dúvidas quanto a
confiabilidade e precisão desta técnica, quando comparada com outros recursos, e acrescenta que a bioimpedância
continua a ser uma técnica de futuro promissor, necessitando, porém, de mais estudos, principalmente, no
desenvolvimento de equações específicas, tanto para diferentes populações, quanto para a utilização em diferentes
equipamentos, e na investigação de seus pressupostos básicos, com a finalidade de minimizar as suas limitações.
CONCLUSÃO
Não encontramos variações significativas no percentual de gordura nas duas fases do ciclo menstrual
mensuradas neste estudo. Porém, não podemos afastar a hipótese de que a ausência de variação tenha ocorrido devido
a características da amostra ou por limitações do aparelho utilizado. Estudos mais aprofundados, com amostras maiores,
definição mais precisa das fases do ciclo menstrual e aparelhos mais precisos são necessários para que a questão seja
respondida de forma mais definida.
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O BEBER VOLUNTÁRIO E OS NÍVEIS DE HIDRATAÇÃO APÓS A PRÁTICA DE CICLISMO INDOR
Janilson Aparecido Tosta¹
[email protected]
Daniel Aparecido Maximo¹
Felipe de Jesus Lemos¹
Ronaldo Júlio Baganha²
1
Acadêmico do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
2
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
Resumo
Em qualquer exercício físico é comum que o praticante tenha um aumento da taxa de transpiração que pode
levar a uma redução de água no organismo. Na tentativa de se ajustar à temperatura e evitar a possível desidratação, o
organismo conta com um sistema termorregulatório, o qual a sudorese é o principal mecanismo de dissipação de calor,
porém uma perda hídrica muito elevada pode ocasionar uma possível desidratação que afeta tanto a performance
quanto a saúde do indivíduo. Dessa forma, o objetivo do estudo foi verificar os níveis de hidratação em praticantes de
Ciclismo Indoor (modalidade que vem crescendo a cada dia na maioria das academias do Brasil) através da mensuração
da massa corporal (instrumento utilizado para tal análise). Foram selecionados 11 praticantes do sexo masculino na
faixa etária de 18 a 30 anos e com experiência de seis (6) meses na prática do Ciclismo Indoor. O grupo foi convidado a
pedalar por 50 minutos na Bike estacionária com a intensidade de 70 a 85 % da freqüência cardíaca máxima.
Palavras Chave: Ciclismo Indoor; hidratação, beber voluntário,
Introdução
Durante a prática de exercícios físicos, seja qual for a modalidade praticada, pode haver um acréscimo da
freqüência cardíaca e da intensidade de contrações musculares podendo chegar até 20 vezes mais a quantidade de
calor produzido pelo corpo comparando com o corpo estando em repouso (SAMKA et al.,2005).
As contrações musculares envolvidas nos exercícios produzem calor metabólico que, conseqüentemente, é
transferido do seu local de origem para todo o corpo através da corrente sanguínea. Esse calor gerado pelos exercícios
ainda pode ser potencializado por fatores ambientais, como, umidade e temperatura (BAGGION et al., 2008).
Guyton; Hall, (2002), diz que uma perda de suor suficiente para reduzir a massa corporal em apenas 3% pode
acarretar queda rápida de 5 a 10% na massa ocasionando câimbras musculares e náusea.
Para Wilmore et al., (2001), em exercício físico muito intenso a quantidade de água produzida pelo metabolismo
chega a ser muita pequena mediante a perda de água de um determinado exercício. Porém, o que é produzido pode
colaborar minimizando uma possível desidratação, quanto maior a intensidade do exercício maior também a taxa de
produção de calor que faz aumentar a transpiração.
A temperatura central sobe rapidamente quando o ganho de calor ultrapassa a perda de calor durante os
exercícios físicos e essa perda de calor acontece através dos mecanismos de radiação, condução e conversão (
McARDLE et al.,2001).
A umidade relativa exerce impacto sobre a eficácia da perda evaporativa de calor, essa umidade refere ao
percentual de água no ar ambiente a uma determinada temperatura (McARDLE et al., 2001).
O calor gerado pelos músculos ativos pode elevar a temperatura central até os níveis febris que pode reduzir a
performance do indivíduo (McARDLE et al., 2001).
As alterações da temperatura do corpo durante o exercício são influenciadas pela taxa metabólica (intensidade
do exercício) na medida em que a intensidade do exercício aumenta, a temperatura interna aumenta também e a
resposta da temperatura de um indivíduo é influenciada pela sua aptidão cardiorrespiratória ( ROBERS et al.,2002).
No exercício físico ocorre uma diminuição de água corporal, de volume plasmático, de volume de ejeção e,
consequentemente, terá um aumento da freqüência cardíaca tendo uma insuficiência circulatória (WILMORE et al.,
2001).
Portanto, o acúmulo de calor durante o exercício físico pode elevar a temperatura corporal à índices
incompatíveis com a vida (BACURAU, 2009).
Na realização de quaisquer exercícios físicos, a produção de calor é elevada, dessa forma o organismo precisa
eliminar o calor gerado durante o exercício acionando o mecanismo para dissipação de calor (BACARAU, 2001).
O organismo humano possui um sistema chamado de sistema termorregulatório que mantém os sistemas
funcionais da circulação, respiração e no SNC (Sistema Nervoso Central) e na musculatura. Assim sendo, o homem
possui esse sistema que protege dos perigos de superaquecimentos e que mantém a temperatura corporal,
aproximadamente, constante e o equilíbrio entre produção e perda de calor é determinante para a constância da
temperatura corporal (WEINECK, 2000).
Os mecanismos termorregulatórios do organismo protegem, principalmente, contra o superaquecimento. Essa
defesa contra uma elevação na temperatura central se torna particularmente importante durante o exercício físico em um
clima quente (McARDLE et al., 2001).
A sudorese é o principal mecanismo de dissipação de calor durante o exercício físico em ambientes quentes.
Ela implica na perda de calor por meio de eliminação de água e eletrólitos pelo organismo. Neste caso é produzido o
suor que é lançado à pele, que em seguida é evaporado. Quando os exercícios são realizados em ambientes úmidos e
quentes é particularmente estressante para a manutenção da temperatura (BACURAU, 2009).
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A umidade relativa do ar dificulta a produção de vapor da água a partir do suor, outro caso que pode essa da
evaporação através do mecanismo de evaporação é a roupa adequada para cada tipo de prática esportiva, sem roupa
que possa impeçam a troca adequada de calor (BACURAU, 2009).
Dessa forma, a sudorese é de extrema importância a fim de permitir que o organismo mantenha sua temperatura
durante os exercícios. Porém, é necessário que o praticante tenha consciência de que precisa repor as perdas hídricas
impostas pelo determinado exercício físico evitando as possíveis consequências negativas as quais afetam,
principalmente, a funcionalidade dos mecanismos responsáveis pela termorregulação e o sistema cardiovascular
(BACURAU, 2009).
A desidratação refere-se à perda de água do corpo em um estado hidratado para a uma estado de
hipohidratação. Essa perda pode prejudicar tanto a saúde quanto o desempenho de um praticante seja qual for a
atividade desenvolvida por ele ( McARDLE et al., 2003).
A perda hídrica pela sudorese durante os exercícios físicos pode levar o organismo à desidratação e quanto
maior for a desidratação menor a capacidade de redistribuição do fluxo sangüíneo periférico (MACHADO-MOREIRA et
al., 2006 apud SAMKA, 1992).
Na medida em que o praticante se desidrata, a taxa de transpiração diminui e a temperatura interna do corpo
aumenta e, conseqüentemente há uma menor atividade das glândulas sudoripas aumentando a osmolalidade plasmática
(que retarda saída do fluxo sangüíneo (ROBERS, 2002).
Em conseqüência disso, o organismo tentará se ajustar e o sistema cardiorrespiratório tentará conter o aumento
da temperatura, aumentando a FC (Freqüência cardíaca) em conseqüência do menor retorno venoso e o volume de
ejeção na tentativa de manter um determinado fluxo sangüíneo (ROBERS, 2002).
Várias horas de transpiração intensa podem acarretar na fadiga das glândulas sudoripas que deteriora a
regulação da temperatura central ( McADLE et al., 2001).
Os músculos são verdadeiras máquinas capazes de produzir calor. Portanto, a defesa contra o
superaquecimento consiste na evaporação de calor que é uma das principais defesas fisiológicas ( COSTA et al., 2008
apud McADLE et al., 1998).
O estresse térmico induzido pelos exercícios físicos faz com que as glândulas écrinas secretem uma
determinada quantidade de solução hipotônica. Elas exercem a função de resfriar o sangue periférico permitindo que
possa retornar a fim de captar mais calor (COSTA et al., 2008 apud McADLE et al., 1998).
Materiais e Métodos
Participaram do estudo 11 praticantes de Ciclismo Indoor do sexo masculino a mais de 6 meses com idade
entre 18 a 30 anos da cidade de Pouso Alegre/MG. Na tabela 1 encontram-se as características das voluntárias
participantes do estudo.
TABELA 1. Características dos praticantes de CI que participaram do estudo
Idade (anos)
Massa Corporal (Kg) Altura (m)
IMC(kg/m2)
Média
20,36
72,8
1,78
22,93
Desv Pad
3,05
6,63
0.08
2,19
Em dia e hora marcado previamente com os voluntários, os mesmos compareceram as dependências da
Academia Ana Maria às 13 horas, onde os voluntários passaram por uma avaliação física para caracterização da
amostra, nesta avaliação foram coletados os seguintes dados: idade (anos), peso (kg), altura (metros) e
logo após foi calculado o índice de massa corporal (IMC Kg/m2). Às 13:15 foram orientados a ingerir 500 m / l de agua
para certificar que . Ás 13:40 os voluntários foram convidados a esvasiarem a bexiga, às 13:50 fizaram uma mensuração
da massa corporal e após, cada um dos voluntários recebeu um monitor cardíaco Timex para posicionar sobre o tórax,
Às 14 horas os mesmos iniciaram a prática do ciclismo indoor com intensidade mínima de 70 e máxima de 85% da
frequencia cardíaca máxima ( FCM) calculada de acordo com Tanaka; Monahan; Seals ( 2001) e volume de 50 minutos.
A intensidade foi monitorada a cada 10 minutos de duração, e após os 50 minutos de exercícios os alunos passaram
por uma nova mensuração de massa corporal.
Resultados
Os resultados encontrados no presente estudo foram alterações na massa corporal (kg) pré e pós a prática de
Ciclismo Indoor com duração de 50 mim, acarreta perda média de 0,37 kg na massa corporal sendo que a média do
volume ingerido foi de 0,441 litro de agua.
GRÁFICO 1. Gráfico representativo das alterações da massa (Kg) pré e pós atividade, valores expressos em
média e desvio padrão.
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80
Massa Corporal (kg)
75
70
65
60
55
50
Massa Corporal Pré
Massa Corporal Pós
Momentos
Discussão
Os resultados indicam que o beber voluntario e os níveis de hidratação após a pratica de CI com duração de 50
mim com intensidade de 70 a 85% da FC Max, os praticantes conseguiram manter hidratados, apesar de uma perda
hídrica a qual foi analisadas através da diferença da massa corporal pré e pós exercício, que foi de 0,37 kg da massa
corporal.
Segundo Vimiero-Gomes; Rodrigues (2001), diz que o calor gerado pelo exercício depende diretamente da
intensidade do exercício realizado.
Coelho (2007) diz que a quantidade de perda hídrica corporal através do suor não depende só da intensidade e
duração do exercícios mas também da quantidade de vestimentas. Este estudo constituiu-se de uma aula de Ciclismo
Indoor com duração de 50 mim e durante a atividade os praticantes hidrataram-se voluntariamente e todos esta com
uma vestimentas aparentemente adequada á atividade.
Para TARINI (2006) quando a temperatura externa supera a temperatura da pele, o corpo começa a absorver o
calor do ambiente e passa a depender totalmente da evaporação da transpiração para eliminar o calor para que a
transpiração evapore, a alta umidade do ar compromete e evaporação.
Para Prado et al apud a temperatura, umidade, e intensidade, duração do exercícios, adaptação do atleta ao
meio, pode influenciar no desempenho
No presente estudo a tempera foi de 20,9 e a umidade do ar foi de 66%, observa-se que embora tenha ocorrido
uma redução na massa corporal nos praticantes não foi estatisticamente significativa ( p> 0,05).
Segundo Machado et al (2006), alguns estudo relatam que mecanismo da sede não seria suficiente para repor
as perdas hídricas pela sudorese.
Para Marins (1998), Uma importante resposta orgânica de uma condição de desidratação é a sede, porém
quando surge este estimulo considera-se uma desidratação já presente em torno de 2% do peso corporal, o que já
proporciona potencial redução de performance e o aumento de taxa de sudorese pode ser influenciada pelo horário da
realizado atividade , temperatura ambiente e umidade do ar, aumentando anida mais o ganho de calor gerado pelo
exercício.
A redução da massa corporal como indicador da perda hídrica dos atletas é um dos métodos de avaliações para
o estado de hidratação.
Conclusão
Conclui-se com o presente estudo que O Beber Voluntário e Nives de Hidratação após a pratica de ciclismo
indoor foram suficientes para manterem os praticantes hidratados durante o exercício, apesar dos resultados mostrarem
uma redução da massa corporal não foi estatisticamente significativa, porem os resultados revelam significativas
informações a respeito desse assunto.
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VARIAÇÂO DOS NÍVEIS PRESSÓRICOS APÓS A PRATICA DE EXERCÍCIOS AERÓBIOS EM
HIPERTENSAS
Dicson Paul de Almeida Garcia¹
[email protected]
João Paulo Xavier Magalhães¹
Ms.Carlos Eduardo da Silva Marinho²
¹Acadêmico do Curso de Educação Física da UNÍVAS, Pouso Alegre, MG.
²Docente da Faculdade de Enfermagem da CESEP, Machado, MG.
Resumo
O presente estudo teve como objetivo avaliar as modulações pressóricas após a prática de exercícios aeróbios em
mulheres hipertensas controladas praticantes de exercício físico regular, cadastradas no programa Estratégia de Saúde
da Família (ESF) de Santa Rita do Sapucaí MG. As mulheres realizaram exercício físico aeróbio em esteira rolante
durante 40 minutos com intensidade alvo entre 60 e 75% da freqüência cardíaca máxima foi aferida a pressão arterial
pré e durante a recuperação do exercício. Os resultados encontrados indicam que exercício aeróbio provoca redução
significativa na pressão arterial durante a recuperação. Acreditamos que o exercício físico é uma importante ferramenta
para o tratamento farmacológico da hipertensão artérial sistêmica.
Palavras Chave: Níveis Pressóricos, Exercício Aeróbio, Mulheres Hipertensas
Introdução
A medida da pressão arterial (PA) pelo método indireto com técnica auscultatória é um procedimento
relativamente simples e confiável para se avaliar os níveis da PA desde 1896. (HOLANDA; JUNIOR; PIERIN, 1997).
O monitoramento da PA é um procedimento que deve ser realizado pelo profissional de saúde. Os níveis
aumentados da PA são denominados como hipertensão arterial sistêmica (HAS) e tem sido reconhecida como o
principal fator de risco para a morbidade e mortalidade precoces causadas por doenças cardiovasculares (CONCEIÇÃO
et al., 2007).
A doença cardiovascular é a principal causa de morte e de incapacidade no Brasil e no mundo, determinando um
impacto médico social e econômico de grande magnitude (BRANDÃO et al., 2004).
Após a menopausa, a mulher perde sua ―proteção cardiovascular‖, devido à diminuição nos níveis de estrogênio.
A musculatura lisa se torna mais ativa, aumentando a vasoconstrição, o que resulta em aumento na PA e posteriormente
na HAS (SANDOVAL, 2005).
Um dos principais fatores de risco para complicações cardiovasculares é a HAS, pois atua diretamente na
parede das artérias, podendo produzir lesões. Portanto é muito importante o tratamento anti-hipertensivo na redução da
morbidade e mortalidade cardiovasculares, principalmente na prevenção de acidentes vasculares, insuficiência cardíaca
(PESSUTO; CARVALHO, 1998).
O controle da HAS inicia-se com detecção e observação contínua, não devendo ser diagnosticada com base em
uma medida da pressão arterial. Após sua confirmação, deve ser classificada como hipertensão primária ou secundária,
com verificação dos órgãos alvos como o coração, cérebro, rins e levantamentos de outros fatores de risco
cardiovasculares, além da intolerância a glicose, diabetes, menopausa, estresse emocional (PESSUTO; CARVALHO,
1998).
A pratica regular de exercício físico é uma estratégia adotada para a redução da PA. Estudos têm comprovado o
efeito benéfico do treinamento físico aeróbio de baixa a moderada intensidade sobre os níveis de PA de repouso, com
aplicação de sessões mais prolongadas, mais dias da semana, e levando em consideração a freqüência cardíaca e o
volume máximo de oxigênio. Os benefícios do treinamento sobre a PA podem ocorrer devido a adaptação crônica ao
treinamento ou como uma redução dos níveis pressóricos depois de uma sessão de exercícios, no que denomina
hipotensão pós-exercício (HOWLEY et al., 2000).
Essa estratégia para a redução da PA de repouso a pratica regular de exercícios físicos, vem sendo
comprovado em vários estudos e verifica-se um efeito benéfico do exercício físico tanto aeróbio quanto de força, esses
efeitos podem ocorrer como uma adaptação crônica ao treinamento ou como uma redução dos níveis pressóricos depois
de uma sessão de exercícios (MEDIANO et al., 2005).
A sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) recomenda que os indivíduos hipertensos iniciem programas de
exercício físico regular, desde que submetidos á avaliação clinica prévia (MONTEIRO; FILHO, 2004).
Segundo POLITO et al. (2003) o exercício físico regular contribui para a diminuição da PA em repouso, podendo
ocorrer de duas maneiras distintas. Primeiramente, ocorreria efeito hipotensivo pós exercício, que significa redução dos
valores de repouso da PA após o término do esforço. Essa resposta dá-se nas horas subseqüentes ao término do
exercício físico, podendo perdurar alguns dias. Outra forma da redução da PA é através da resposta crônica
proporcionada pela continuidade do exercício físico.
É interessante lembrar ainda que o exercício físico contínuo é a modalidade de exercício normalmente
empregada em aulas de condicionamento físico aeróbio que visam a melhora e a manutenção da saúde (FORJAZ et al.,
1998).
Em alguns estudos, verificou-se que não somente o exercício físico crônico, mas também uma única sessão de
exercício físico provoca diminuição na PA e parece ser consensual que o exercício aeróbio é o tipo de exercício mais
eficaz para diminuir os valores da PA (FORJAZ et al., 1998).
O objetivo do estudo foi analisar as modulações dos níveis pressóricos após a pratica de exercício aeróbio em
mulheres hipertensas controladas.
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Materiais e Métodos
Participaram do estudo 10 Mulheres Hipertensas controladas pelo uso de fármaco, praticantes de exercício
físico regular, cadastradas no programa Estratégia de Saúde da Família (ESF) de Santa Rita do Sapucaí/MG. O
presente estudo atendeu as normas para realização de pesquisa em seres humanos, Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde, tendo seu projeto de pesquisa submetido e aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa (CEP) da
Universidade do Vale do Sapucaí (UNIVAS) sob o protocolo de nº 209/09. Na tabela apresenta as características das
voluntárias participantes do estudo.
TABELA 1. Características das Mulheres participantes no estudo
Idade (anos)
Peso Corporal (Kg)
Altura (m)
Média
60,80
69,53
1,56
Desv Pad
3,40
6,59
0,07
2
IMC (Kg/m )
28,67
3,10
Em dia e hora marcado previamente com as voluntárias, as mesmas compareceram as dependências da
Academia LIFE em Santa Rita do Sapucaí/MG para realização do exercício físico aeróbio em esteira rolante da marca
phisicus® durante 40 minutos numa zona alvo entre 60 a 75% da freqüência cardíaca máxima de acordo com (TANAKA
et al. 2001) tendo sua pressão arterial aferida pré e durante a recuperação do exercício. A analise estatística utilizada foi
a Análise de Variância – ANOVA, seguida pelo teste T de Student com medidas pareadas ao longo do tempo com p
5%. Foi utilizado o programa estatístico Oringin 6.0.
Resultados
O gráfico 1 apresenta as modulações na pressão arterial sistólica e diastólica (mm/Hg) pré exercício e durante a
recuperação nos diferentes intervalos de tempo.
* Diferença significativa entre o pré exercício após Análise de Variância – ANOVA, seguida pelo teste T de Student com
p ≤ 5%.
Discussão
Os resultados indicam que a pressão arterial sistólica teve reduções significativas durante a recuperação e a
pressão arterial diastólica não, isso indica que o exercício físico aeróbio pode provocar redução nos níveis pressóricos
durante a recuperação após a realização de exercício.
Segundo Forjaz et al. (1998); Cunha et al. (2006), o exercício agudo provoca hipotensão durante a recuperação,
fato este também encontrado no presente estudo.
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O efeito HPE não parece ser tão significativo nos indivíduos normotensos se comparado aos hipertensos, as
reduções da PA, após o exercício agudo, parece ocorrer devido a um ajuste metabólico local (MONTEIRO; SOBRAL
FILHO, 2004).
Segundo Mendes; Barata (2008), a ausência de efeito hipotensor pós exercício em sujeitos normotensos pode
estar relacionada aos baixos valores pressóricos iniciais (pré exercício) tendo relação direta com duração e intensidade
do exercício físico realizado.
Segundo Magnabosco (2007), o efeito do exercício físico sobre os níveis da PA de repouso é importante, uma
vez que, o individuo com HAS pode diminuir a dosagem dos seus medicamentos anti-hipertensivos.
Em indivíduos sedentários e hipertensos, reduções significativas na PA podem ser conseguidas com a prática
regular do exercício físico e algumas mudanças no estilo de vida (MONTEIRO; SOBRAL FILHO, 2004).
Segundo LATERZA et al, (2007) a pratica de exercicio fisico resulta em importantes adaptações autonômicas e
hemodinâmicas que influenciam o sistema cardiovascular.
Uma das possíveis explicações para esse fato reside no aumento da liberação de substâncias vasodilatadoras,
como oxido nítrico, peptídeo natriurético atrial e prostaglandinas, que aumentam o fluxo sanguíneo e diminuem a
resistência vascular periférica (MEDIANO et al., 2005).
Essa diminuição da resistência vascular periférica está relacionada com a diminuição na atividade nervosa
simpática que com a pratica de exercicio fisico tem sido evidenciada pela redução nos níveis de noradrenalina
aumentando a liberação de vasodilatadores (BRANDÃO et al., (2003).
Segundo WILMORE; COSTILL, (2003) esse mecanismos diminuem a freqüência cardíaca e tônus simpático
contribuindo para a redução da PA e promovendo um melhor condicionamento fisico.
O exercício aeróbio promove o melhora do condicionamento cardiorrespiratório. Essa melhora evita a fadiga e a
falta de ar quando se realiza qualquer tipo de exercício físico. O estudo de Monteiro et al. (2007), com 40 indivíduos
portadores de HAS, apresentou que quatro meses de treinamento físico regular foi suficiente para melhorar a
capacidade aeróbia de hipertensos através do aumento do volume máximo de oxigênio (VO 2max) em 42%.
Pode ser que, se no presente estudo aumentássemos o tempo proposto para a realização do exercício
obtivéssemos maior diminuição nos níveis pressóricos de repouso tanto na pressão sistólica ou na diastólica, pois
segundo Forjaz et al (1998) em indivíduos hipertensos uma série de 10 minutos de caminhada na esteira já provocava
diminuição significativa na PA e a magnitude dessa queda pressórica se ampliava a medida que novas series de
exercícios são realizadas.
No estudo de Negrão; Forjaz (2000) foi apresentado que os exercícios físicos realizado durante 45 minutos
provocam queda mais acentuada na PA que o exercício físico realizados durante 20 minutos, o qual tem sido
recomendado no tratamento HAS. Segundo IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial (2003), o trabalho
multiprofissional ajuda os pacientes portadores de HAS a vencer o desafio de adotar atitudes que tornem as ações antihipertensivas efetivas e permanentes; neste contexto o profissional de Educação Física tem como função programar e
supervisionar exercícios físicos dos pacientes e também na elaboração e execução de projetos de exercícios físicos para
prevenção da hipertensão arterial na sociedade.
Conclusão
Conclui-se que no presente estudo que o exercício físico aeróbio provoca diminuições nos níveis pressóricos de
mulheres hipertensas controladas. Portanto o exercício físico é uma importante ferramenta para o tratamento
farmacológico da HAS.
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EFEITO DE UM TREINAMENTO DE FORÇA NOS PARÂMETROS DE PERCEPÇÃO SUBJETIVA DO ESFORÇO EM
MULHERES NAS DIFERENTES
FASES DO CICLO MENSTRUAL
Luciana Moreira Maciel¹
Discente do curso de Pós-Graduação ENAF - FAGAMMON
[email protected]
Mariane Hipólito²
Discente do curso de Pós-Graduação ENAF - FAGAMMON
Alessandro Oliveira³
Docente da Universidade Federal de São João Del-Rei (MG)
RESUMO
Esse estudo teve por objetivo analisar o efeito de um treinamento de força na Percepção Subjetiva do Esforço (TEP) em
mulheres nas diferentes fases do ciclo menstrual (CM). Participaram 10 mulheres eumenorréicas não usuárias de pílula
anticoncepcional, idade de 37,4 (3,95) anos; consumo máximo de oxigênio de 27,55 (6.33) ml/kg/min e percentual de
gordura de 23,42% (4,65). As mesmas realizaram exercícios resistidos no 5°, 12°, 22° e 29° dia após o primeiro dia do
CM. Os exercícios foram pulley costas, rosca bíceps, leg 45º e cadeira extensora para 3 séries de 12 repetições. As
alunas foram questionadas pré e pós cada série em relação à TEP. Para análise estatística utilizou-se ANOVA Two-Way,
Teste T de Tukey Post-Hoc e o Teste de Kruskal-Wallis com Mann-Whitney Post-Hoc. Após análise dos dados verificouse que diferentes dias do CM parecem influenciar a TEP na execução de exercícios resistidos.
PALAVRAS-CHAVE: TEP, ciclo menstrual, treinamento de força
INTRODUÇÃO
A atividade física regular traz benefícios para ambos os sexos, desde que realizada de forma correta e associada
a uma alimentação equilibrada (LEITÃO et al, 2000).
Especificamente o exercício anaeróbio acarreta várias adaptações fisiológicas como aumento de força e
tamanho das fibras musculares, aumento na força dos ligamentos e tendões, bem como o aumento do peso corporal
magro e redução do percentual de gordura. Além desses fatores, ocorre também um aumento no conteúdo mineral e
densidade dos ossos, particularmente importante para as mulheres como forma de evitar a osteoporose, principalmente
após a menopausa período em que ocorre uma queda significativa de estrogênio (McARDLE et al, 2003).
Dessa forma, um número cada vez maior de mulheres tem se dedicado ao treinamento de força como forma de
aperfeiçoar o desempenho esportivo ou simplesmente para melhora estética e aumento do condicionamento físico
(FLECK e KRAEMER, 1999).
Segundo Bompa e Cornacchia (2000) ―no treinamento, nada acontece por acidente, mas sim por planejamento‖
(p.59). Dessa forma, tanto o treinamento para homens quanto para mulheres deve ser baseado num programa que
obedeça às características individuais dos sujeitos bem como os objetivos a serem alcançados.
Segundo Guyton e Hall (1998) o sistema hormonal feminino é formado por diferentes hormônios que são
secretados em quantidades variáveis de acordo com as fases do ciclo menstrual. Tais alterações hormonais que
ocorrem nas mulheres durante o ciclo menstrual, principalmente de estrogênio e progesterona, alteram a fisiologia
feminina (BRAUN e HORTON, 2001).
De acordo com Berne et al (2004) o ciclo menstrual dividi-se em 3 fases: folicular, ovulatória e lútea. A fase
folicular tem início com o sangramento menstrual e dura em média 15 dias, podendo variar de 9 a 23 dias. A fase
ovulatória dura cerca de 1 a 3 dias e culmina em ovulação. Já a fase lútea dura de 13 a 14 dias e é fase mais constante
do ciclo (McARDLE et al, 2003).
Jonge et al (2001) resume afirmando em seu estudo que durante a menstruação as taxas de estrógeno e
progesterona estão baixas, na fase folicular o estrógeno está elevado e a progesterona baixa e durante a fase lútea,
ambos os hormônios estão elevados.
Em um ciclo menstrual completo as mulheres estão sujeitas a várias alterações hormonais e conseqüentes
mudanças de humor e comportamento, principalmente na fase pré-menstrual, onde ocorrem fatores diversos como
inchaço, cansaço e dores de cabeça freqüentes (PETRACO, 1993). Diante dessas variações hormonais, Moraes et al
(2008) salienta sobre a importância da estruturação do treinamento de acordo com as variações individuais do estado
funcional das atletas. Assim, todo treinamento deve ser prescrito baseado na capacidade de trabalho durante as
diferentes etapas do ciclo menstrual.
Devido a estas alterações hormonais, torna-se essencial considerar, conhecer e descrever a percepção do
esforço de mulheres durante o treinamento de força nas diferentes fases do ciclo menstrual para formulação e
periodização adequada do treinamento.
Sendo assim, este trabalho visa analisar o efeito de um treinamento de força nos parâmetros de Percepção
Subjetiva do Esforço em mulheres nas diferentes fases do ciclo menstrual.
MATERIAIS E MÉTODOS
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Cuidados Éticos: Após explicação sobre os objetivos do estudo, metodologia a ser aplicada, bem como as garantias de
acesso, liberdade e confidencialidade, os participantes assinaram voluntariamente e previamente o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido para participação nesta pesquisa.
População e Amostragem: A pesquisa é de caráter experimental e quantitativo. O processo de seleção da amostra foi
estratificado e aleatório. A amostra foi selecionada numa academia da cidade de Lavras – MG num total de 95 mulheres,
das quais 63 eram eumenorréicas. A população do presente estudo foi composta por 10 mulheres com idade média de
37,4 ± 3,95 anos com nível de condicionamento 27,55 ml/kg/min ± 6,33 e percentual de gordura de 23,42% .± 4,65.
Como critérios de inclusão no estudo foram selecionadas mulheres eumenorréicas com ciclo menstrual de 28-30 dias
que não fazem uso de pílula anticoncepcional ou outro método que se utilize de dosagens hormonais extras. As
voluntárias também não fazem uso de remédio controlado e são praticantes regulares de treinamento de força.
Tratamento Experimental: Para determinação das cargas de treinamento foi realizado o teste submáximo de 1RM de
acordo com Billeter e Hopperler (1992) citado por Bossi (2009). A fim de identificar o nível de condicionamento das
alunas aplicou-se o teste de VO2 máx de Bruce (1971). Foram obtidas também as medidas de circunferências centrais
como tórax, abdome e quadril, além da massa e altura para cálculo de percentual de gordura através do protocolo de 3
dobras de Jackson e Pollock (1977).
Procedimentos do Estudo: As voluntárias estavam vestidas com roupas adequadas para a prática de exercícios e foram
informadas de que não deveriam praticar qualquer tipo de exercício antes do teste. Dez (10) mulheres foram submetidas
a treinamento de força agudo no 5° dia e no 12° dia após o início da menstruação, ou seja, durante a fase folicular.
Posteriormente durante a fase lútea, no 22° e 29° dia após o primeiro dia da menstruação, as alunas foram submetidas
novamente ao teste agudo de treinamento de força. É importante ressaltar que as alunas treinaram apenas nos dias
determinados anteriormente para que não ocorresse adaptação ao treinamento. Para o treinamento foram realizadas 3
séries de 12 repetições a 75% de 1RM com 1 minuto de intervalo entre as séries. Os exercícios selecionados para
membros superiores foram pulley costas e rosca bíceps e para membros inferiores foram leg 45º e cadeira extensora.
Antes e após cada série de exercício as alunas foram questionadas em relação à taxação do esforço percebido (TEP) Escala de Borg naquele exato momento. Além disso, antes e depois de iniciar em cada novo aparelho foram aferidas
também a pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD) e a freqüência cardíaca (FC) das voluntárias.
Variáveis de Controle e Instrumentos Utilizados: O nível de condicionamento foi obtido através de teste realizado em
bicicleta ergométrica da marca Moviment Tecnology modelo biocycle 2600 eletromagnetic. Já as medidas foram obtidas
através de fita métrica Sanny, compasso Body Caliper e balança digital Health O Meter. As sessões de treinamento de
força foram realizadas em aparelhos próprios e específicos da marca Righetto. Para estimar a intensidade relativa do
exercício utilizou-se a escala de Borg. Para aferição da PA foi utilizado aparelho da marca Premium AP Glicomed e para
FC utilizou-se frequencímetro Polar modelo F5.
Análise Estatística: O delineamento foi do tipo inteiramente casualizado, tendo como fatores os dias do CM e os tipos de
aparelhos utilizados na pesquisa. Os valores estão demonstrados em valores de média e desvio-padrão. Todos os
dados foram analisados quanto à normalidade por meio do teste de Shapiro-Wilk, apenas o parâmetros de PADpós
considerado como não paramétrico (p<0,05). Para análise estatística da PAS pré exercício, FC pré e pós exercício, TEP
pré e pós 3ª série utilizou-se ANOVA Two-Way, sendo para dia e aparelho o Teste T de Tukey Post-Hoc. A PAD pós
exercício foi analisada através da ANOVA Two-Way e Teste T Tukey Post-Hoc. Para cálculo das demais variáveis
utilizou-se o Teste de Kruskal-Wallis com Mann-Whitney Post-Hoc. Foram utilizados os programas computacionais SPSS
16.0 e SAS para a análise dos dados e o índice de significância utilizado foi de p≤0,05
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Após a plotagem e análise dos dados obtidos pode-se observar que no presente estudo não foi encontrada
diferença entre os dados coletados (p>0,05), quanto ao fator aparelhos e a interação dia do ciclo menstrual (CM) e
aparelho.
Além disso, não houve diferença significativa quanto ao fator dia do CM em relação à pressão arterial sistólicas
antes (PASpré) e após (PASpós) o exercício; pressão arterial diastólica após o exercício (PAD pós), frequência cardíaca
após exercício (FCpós) e da taxação do esforço percebido antes (TEPpré1; TEPpré2) e após (TEPpós1; TEPpós2) as 1ª e 2ª
séries.
Porém, foram encontrados dados relevantes quanto aos diferentes dias do ciclo menstrual (5° e 12°; 22° e 29°)
para a pressão arterial diastólica antes do exercício (PADpré); frequência cardíaca antes do exercício e a taxação do
esforço percebido antes e após a execução da 3ª série (TEPpré3 e TEPpós3)
O gráfico 1 demonstra os valores médios encontrados na PAD pré nos diferentes dias do CM. Neste caso foram
encontrados valores de PADpré maiores no 29º do CM em comparação com os demais dias coletados. (p≤0,05)
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*
GRÁFICO 01: Valores médios encontrados na PADpré nos diferentes dias do CM.
* diferença significativa em relação aos demais dias do estudo.
Quanto à FCpré os dados demonstraram que a média encontrada no 12º dia é superior (p≤0,05) às médias
relativas ao 22º e 29º dias do CM (GRÁFICO 2),
*
GRÁFICO 02: Valores médios encontrados na FC pré nos diferentes dias do CM.
* diferença significativa em relação ao 22º e 29º dia do CM (p≤0,05)
Ao analisar o gráfico 3 quanto as médias encontradas para TEPpré3 e TEPpós3 levando em consideração os dias
do CM pode-se observar que a TEPpré3 apresenta valores médios superiores (p≤0,05) que os demais dias do CM. Já a
TEPpós3 o valor médio encontrado no 12° dia foi menor que o 22º e 29º dias.
GRÁFICO 03: Valores médios encontrados na TEPpré3 TEPpós3 nos diferentes dias do CM. * diferença significativa em
relação ao 22º e 29º dia do CM; ¥ diferença significativa em relação aos valores encontrados no TEP pós3 do 22º e 29º dia
do CM (p≤0,05)
16
¥
14
12
TEP
10
*
TEP pré 3ª série
8
TEP pós 3ª série
6
4
2
0
5°
12°
22°
Dias
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29°
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Em concordância Jonge (2003) e Constantini et al (2005) afirmam que durante a fase menstrual na qual ocorre a
eclosão do óvulo e liberação do sangue, há uma baixa nas concentrações de estrógeno e progesterona. Esse período é
marcado por grande instabilidade emocional e redução da força, velocidade e resistência. Já a fase pós-menstrual, é
marcada pelo aumento nas concentrações de hormônios estrógeno e progesterona, acarretando um aumento da
capacidade de resistência e velocidade. A fase ovulatória caracteriza-se pelo aumento do progesterona e baixa de
estrógeno, onde ocorre uma diminuição da força. A fase seguinte, pós-ovulatória ocorre um pico na liberação de
progesterona, com aumento considerável da força, velocidade e resistência.
Greeves et al (1999) também menciona em seu estudo que devido ao aumento de progesterona na fase
ovulatória ocorre um aumento significativo da força nesse período. É importante ressaltar que segundo os autores
supracitados é nessa fase que as atletas geralmente encontram-se no seu melhor rendimento. No entanto, na fase prémenstrual ocorre uma queda significativa nas concentrações hormonais. É nesse período que as atletas demonstram
grande instabilidade emocional, fadiga e queda significativa da força e resistência.
Rezende et al (2009) demonstra em artigo que um treinamento periodizado levando-se em consideração o ciclo
menstrual promove um aumento significativo de força em 8 semanas de treinamento.
Constantini et al (2005) ainda acrescenta que a elevação ou diminuição nos níveis dos hormônios estrogênio e
progesterona devem alterar a performance durante o exercício físico através de mecanismos tais como metabolismo
dos substratos, função cardiorrespiratória, termorregulação.
No entanto, para McArdle et al (2003) as diferentes fases do ciclo menstrual influenciam o controle vascular
cutâneo e a resposta sudorípara durante o repouso ou atividade física. Observa-se um aumento da temperatura corporal
durante a fase luteínica que coincide com o pico de progesterona. Porém, o autor ressalta que essa elevação na
temperatura corporal na fase lútea não interfere na capacidade de exercitar-se.
De acordo com Fleck e kraemer (1999) a força isocinética não se altera durante as diferentes etapas do ciclo
menstrual. No entanto, os sintomas pré-menstruais podem ter um efeito negativo no desempenho atlético. Estudos
demonstram que um melhor rendimento ocorre entre o período pré-menstrual imediato e o 15º dia do ciclo menstrual.
Barbosa et al (2007) citando Merkle (2005) confirma que em estudo que a performance física das mulheres
atletas é melhor durante o período folicular e pior nas fases pré-menstrual e nos primeiros dias da menstruação
Segundo Gomes et al (2002) a carga do treino para mulheres em um determinado microciclo deve ser média do
1º ao 14º dia, alta do 15º ao 25º dia e baixa no período pré- menstrual, ou seja, do 26º ao 28º dia.
No entanto, para Bassey et al (1995) não há variações de força nas diferentes etapas do ciclo menstrual.
Diferentemente dos achados deste trabalho, Bement et al (2009) realizou um estudo com 20 mulheres jovens (20
± 1 ano) que tinham ciclo menstrual regular com intervalos entre 22 e 36 dias e que não faziam uso de anticoncepcional.
A pesquisa revelou que a TEP, a PA e a FC não se alteram de maneira significativa durante as fases folicular e lútea do
ciclo menstrual. É importante ressaltar que a pesquisa utilizou-se de contração isométrica.
Em concordância Jonge et al (2001) em estudo com 19 mulheres com ciclo menstrual regular que realizaram
trabalho de flexão e extensão de joelho, afirma também que as flutuações hormonais ocorridas durante o ciclo menstrual
não afetam as características contráteis dos músculos. Assim como Leitão (2000) também afirma que as diferentes fases
do ciclo menstrual parecem não interferirem no desempenho.
Em pesquisa realizada por Lebrun et al (1995) com 16 mulheres eumenorréicas durante as fases folicular e
lútea não foram observadas diferenças significativas de força para flexão e extensão de joelho. É importante ressaltar
que também não foram encontradas diferenças entre as fases lútea e folicular para peso corporal, percentual de massa
gorda, dobras cutâneas, concentração de hemoglobina, hematócrito, FC Max e limiar ventilatório.
CONCLUSÃO
Após a análise dos dados pode-se concluir que os diferentes dias avaliados no ciclo menstrual parecem
influenciar na TEP. Sendo que tais diferenças foram mais evidenciadas ao final do ciclo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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EDUCAÇÃO FÍSICA PARA CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS: UMA PROPOSTA CONCRETA
Luiz Antonio Trientini
Mestre em Educação
Secretaria de Educação e Esporte da Prefeitura Municipal de Jundiaí-SP
Unip – Universidade Paulista
[email protected] .br
Eduardo Boaventura
Mestre em Ciências da Motricidade
RESUMO
A Prefeitura do Município de Jundiaí-SP implementou aulas de Educação Física Escolar nas escolas de
Educação Infantil dos quatro meses aos três anos de idade. O objetivo do presente trabalho é analisar a aplicabilidade
do Plano de Ensino. O método utilizado consistiu em analisar os itens mais relevantes do Plano e na aplicação de
questionários em vinte e oito escolas do Município. Os resultados obtidos foram que os principais objetivos do plano são
a ampliação e a melhora das habilidades motoras dos alunos, sendo que em todas as escolas pesquisadas o plano de
ensino foi efetivamente aplicado pelos professores de Educação Física. Os relatórios e observações são os instrumentos
mais acessíveis e utilizados, sendo que algumas habilidades motoras foram mais fáceis de serem desenvolvidas em
detrimento de outras. Por conta destes resultados, estudos estão sendo feitos para ampliar o número de aulas de
Educação Física nesta faixa etária.
Palavras chaves: Educação Física Infantil.
INTRODUÇÃO
Ocupando um tempo considerável no processo de escolarização, a Educação Física precisa estabelecer uma
ligação entre o que é feito em aula e as necessidades da criança. A Educação Física Escolar necessita possibilitar aos
alunos, oportunidades de vivenciarem, por meio do movimento, experiências que permitam o conhecimento e o domínio
do corpo.
O professor de Educação Física atuante na escola em todas as faixas etárias, tem o papel de elaborar planos de
aulas conforme a fase de desenvolvimento e maturação do aluno.
O trabalho coerente com o desenvolvimento motor acarreta mudanças também no cognitivo e no afetivo-social,
como por exemplo, a criança com maior capacidade de engatinhar e alcançar objetos vai explorar mais o ambiente e
adquirir novas experiências (Gallahue, 2001).
Frente a este quadro a Prefeitura do Município de Jundiaí-SP implementou aulas de Educação Física Escolar
nas escolas de Educação Infantil, ou seja, a partir dos quatro meses, idade em que a criança tem o direito de fequentar
a escola. Com essa nova situação, foi elaborado um plano sistemático objetivando estimular e desenvolver as
habilidades motoras da criança, tais como o engatinhar, rolar, rastejar, ficar em pé e andar em todas as direções, além
de outras estudadas nas principais bibliografias inerentes a esta faixa etária.
A sistematização destas experiências se traduz no domínio dos movimentos naturais e domínio das
combinações destes entre si, com objetos e outras situações que se apresentem. Este trabalho integrado a outras
formas de conhecimento e a participação ativa dos alunos e professores, permite efetivamente que a criança se
descubra como sujeito no processo educacional.
O compromisso da criança com o que está fazendo, é parte fundamental dessa formulação. Importante ainda
salientar o uso do lúdico como termo que soluciona todos os problemas conceituais em se tratando do trabalho com
crianças. Esta é a resposta pronta da maioria dos profissionais de Educação Física quanto às atividades desenvolvidas
para esta faixa etária.
Entendemos que a maneira de explorar tais atividades continua muito próxima da forma de aplicação
esportivista e tecnicista, pois não permitimos ao nosso aluno tornar-se sujeito ativo da construção de jogos e
brincadeiras. Estes elementos são as principais estratégias de trabalho, que a nosso ver, são especialidades da criança.
Estamos nos tornando ―tecnicistas do lúdico‖, pois todas as atividades que utilizamos em nossas aulas são
simplesmente reproduções, com regras pré-estabelecidas, o que aparentemente mantém o ―controle da aula‖ pelo
professor.
Conforme o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil (1998), a figura do professor determina as
estruturas no campo das brincadeiras, por meio da oferta de fantasias, brinquedos e jogos. É ele quem organiza o
arranjo dos espaços e estabelece o tempo para brincar, enfim, quem detém as decisões do que, onde, quando e como
fazer.
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Devemos, portanto, perder o medo de permitir que realmente nosso aluno seja o protagonista da aula. É uma
chance de efetivamente mudarmos o discurso e a prática pedagógica.
Objetivo
O objetivo do presente trabalho é analisar a aplicabilidade do Plano de Ensino de Educação Física escolar pelos
professores de Educação Física, implantado na Secretaria de Educação e Esportes da Prefeitura do Município de
Jundiaí-SP, contemplando a faixa etária dos quatro meses aos três anos de idade.
MATERIAS e MÉTODOS
A partir da divisão por faixa etária utilizada, buscamos elencar as habilidades motoras inerentes à idade da
criança em questão. Com este levantamento, elaborou-se o planejamento de Educação Física e sua efetiva aplicação.
No período de três anos estas habilidades foram revistas sistematicamente adequando às realidades das
estruturas físicas e materiais das escolas.
Os dados para análise desta implementação foram coletados através de questionários aplicados em vinte e oito
Escolas de Educação Infantil de 0 a 3 anos, por especialistas em Educação Física e da análise documental do Plano de
Ensino, embasado em pesquisa qualitativa.
Numa primeira etapa, foram identificados os itens mais relevantes do Plano de Ensino e posteriormente foi
aplicado o questionário. Este foi elaborado com as seguintes questões:
1 – Qual foi o resultado do desenvolvimento das habilidades motoras referentes à faixa etária expostos no Plano
de Ensino?
( ) Muito bom ( ) Satisfatório ( ) Insatisfatório
2 - Quais foram os instrumentos de análise?
( ) Observação ( ) Relatório
( ) Check-list
3 – Conseguiu efetivamente aplicar o previsto no Plano de Ensino?
( ) Plenamente ( ) Parcialmente
( ) Não consegui
4 – Cite três habilidades motoras que tiveram maior efetivação em relação ao método proposto:
*____________________________________________________________;
*____________________________________________________________;
*____________________________________________________________.
5 – Cite três habilidades motoras que as crianças tiveram mais dificuldades para realizar:
*____________________________________________________________;
*____________________________________________________________;
*____________________________________________________________.
A partir dessa estrutura, estudou-se e adequou-se esse material, partindo dos ambientes de sua aplicação, das
tarefas a serem realizadas e também do acervo motor apresentado pelos alunos, uma vez que a natureza e o meio
ambiente, a biologia e a cultura normalmente estão inseridas em todos os aspectos do desenvolvimento, mesmo
havendo desacordos que se referem a importância relativa destes aspectos (BEE, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo o documento do Plano de Ensino, os objetivos principais da Educação Física nas escolas de Educação
Infantil até 3 anos de idade foram:
- Ampliar o repertório de movimentos;
- Melhorar a qualidade das habilidades motoras.
As seguintes habilidades motoras foram constatadas, de acordo com a divisão da faixa etária:
- Berçário I e II (4 a 15 meses):
- Executar as seguintes habilidades motoras: controlar a cabeça; rastejar; alcançar e agarrar; rolar;
sentar; engatinhar.
- Demonstrar a idéia motora nas seguintes habilidades: ficar em pé; puxar; empurrar; andar.
- Minigrupo (16 a 27 meses):
- Executar as seguintes habilidades motoras: rolar; rastejar; formas de quadrupedia; equilibrar; andar;
pegar; encaixar; puxar; empurrar.
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- Demonstrar a idéia motora nas seguintes habilidades: correr; lançar; chutar; girar; balançar.
- Maternal I (28 a 36 meses):
- Executar as seguintes habilidades motoras: rolar; rastejar; formas de quadrupedia; andar; equilibrar;
puxar; empurrar.
- Demonstrar a idéia motora nas seguintes habilidades: correr; lançar; chutar; girar; encaixar; saltar.
- Maternal II (36 a 47 meses):
- Executar as seguintes habilidades motoras: rolar; rastejar; formas de quadrupedia; andar; equilibrar;
saltar.
- Demonstrar a idéia motora nas seguintes habilidades: correr; lançar; chutar; flexionar e estender; girar.
Diante desta primeira etapa dos principais dados do Plano de Ensino, podemos observar que houve uma
preocupação com a evolução da complexidade das habilidades motoras, conforme a maturação e desenvolvimento da
criança.
A divisão das habilidades motoras por faixa etária do Plano de Ensino seguiu a literatura dos autores estudados,
para que uma possível e efetiva prática pedagógica ocorra nas escolas de Educação Infantil até três anos de idade, da
Prefeitura do Município de Jundiaí-SP, contribuindo assim para um desenvolvimento global da criança em seus domínios
motor, cognitivo e afetivo-social.
Na segunda etapa, tivemos os seguintes resultados coletados através do questionário aplicado nas vinte e oito
escolas de Educação Infantil da PMJ:
Questão 1
Constatamos que todas as escolas pesquisadas entenderam como muito bom o desenvolvimento das
habilidades motoras dos alunos, o que mostra inicialmente uma participação efetiva por parte destes e também a
aceitação das atividades propostas.
Questão 2
Todos os professores utilizam-se do método de observação e elaboração de relatórios para todas as ações
desenvolvidas neste segmento. Somente 5% das escolas aderiram ao ―check list‖ como forma de avaliar os alunos.
Podemos ver que o relatório e a observação constante dos alunos são as formas mais acessíveis para avaliação do
trabalho.
Questão 3
Todas as escolas responderam que conseguiram efetivamente aplicar o Plano de Ensino e dessa forma atingir
os objetivos buscados, mostrando ser este elemento, coerente para o momento.
Questão 4
As habilidades motoras mais citadas foram o andar, o encaixar e o puxar e empurrar. Sendo assim, na prática
profissional dos Professores de Educação Física o trabalho com tais habilidades foi bastante diverso, uma vez que os
itens apontados não têm uma sequência, sendo normalmente aplicados em certos momentos.
Questão 5
Já as habilidades motoras que os alunos mais tiveram dificuldades foram o rastejar, a partir da etapa em que o
engatinhar e o andar se fazem presentes. O saltar e o lançar diferentes objetos também foram citados, podendo-se
entender que estas são mais complexas, apesar de estarem na faixa de desenvolvimento da criança.
CONCLUSÃO
Segundo Rodriguez (2008), dessa maneira a Educação Física faz parte da vida do aluno desde a mais tenra
idade, pois as Ciências da Educação tem demonstrado que é extremamente importante estimularmos as crianças nessa
faixa etária, por meio de um processo organizado, sistematizado e pedagógico da atividade motora.
Galvão (2008) afirma que o processo pelo qual os atos motores se ajustam ao espaço e às situações exteriores
é gradual e que a tendência que se observa no desenvolvimento gestual é de progressiva objetivação, sendo importante
o caráter expressivo que se mantém predominante na motricidade infantil.
Os resultados mostraram que o plano de ensino foi elaborado conforme dados da literatura específica da área.
Em todas as escolas pesquisadas, a aplicabilidade do plano foi considerada efetiva, acarretando em um bom
desenvolvimento motor pelos alunos.
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Por conta destes fatores, já há um estudo junto à Secretaria de Educação e Esportes do Município de Jundiaí, a
pedido das diretoras e professores de Educação Física, para aumento do número de aulas semanais, buscando ampliar
os momentos de estimulação com as crianças.
REFERÊNCIAS
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BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil. v. 1. Brasília: MEC, 1998.
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e adultos. 1 ed. São Paulo: Phorte Editora, 2001.
GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
RODRIGUEZ, C. G. Educação Física Infantil: motricidade de 1 a 6 anos. 3 ed. São Paulo: Phorte Editora, 2008.
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FORÇA DE MEMBROS INFERIORES DE MULHERES SEDENTÁRIAS
Daniel Aparecido Maximo¹
[email protected]
Maria Osverlandia Lima da Silva¹
Viviane Aparecida Vieira Nogueira¹
Felipe de Jesus Lemos¹
Ronaldo Júlio Baganha²
1
Acadêmico do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
2
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
Resumo
O presente estudo teve como objetivo analisar e avaliar a evolução na perda de força máxima de membros
inferiores de mulheres sedentárias com idades entre 20 a 60 anos. Para avaliação da força máxima foi aplicado o teste
de 1 RM (repetição máxima) em uma cadeira extensora. Os resultados encontrados indicam que em mulheres com idade
entre 20 a 39 anos não ocorre diferença significativa de força máxima, já mulheres com idades entre 40 a 59 anos
ocorrem diferença significante de força máxima com relação as demais idades. O estudo contou com 40 mulheres com
mais de 20 anos de sedentarismo, e que a analise de força máxima dos membros inferiores levou em consideração o
momento atual da vida das voluntárias.
Palavras Chave: Sedentarismo, força, envelhecimento.
Introdução
Com o passar da idade ao longo vida o corpo dos seres humanos tem muitas alterações, essas alterações
descritas, condicionadas ao envelhecimento, que ocorre em cada órgão, que vão influenciar o desempenho no decorrer
do passar da idade, com isso o desempenho corporal máximo é comprometido (WEINECK, 2000).
Os níveis de força para satisfazer as demandas diárias ficam inalterados no decorrer da vida, no entanto a força
máxima de uma pessoa vai diminuindo com o passar da idade, portanto as pessoas com o decorrer da idade terão que
participar de eventos que exijam força muscular (WILMORE; COSTILL, 2001).
A força é, com certeza, uma das valências físicas dos seres humanos que mudam com o crescimento e com o
passar da idade e ao longo da vida, todavia a força muscular é mantida na vida adulta, havendo declínios graduais após
os 30 anos e declínios mais acentuados a partir dos 50 anos (HAYWOOD; GETCHELL, 2004).
Uma das alterações estruturais e funcionais do envelhecimento é o comprometimento do sistema
neuromuscular que afeta diretamente o sistema motor, o declínio da massa muscular principalmente dos membros
inferiores leva os indivíduos no decorrer da idade, à incapacidade funcional e dificuldade na realização das atividades de
vida diária. (COELHO et al, 2006).
A diminuição da capacidade do desempenho físico durante a vida é freqüentemente considerada mais como
uma conseqüência das condições de trabalho e dos hábitos de vida do que de incapacidade biológica, isso pode
comprometer a autonomia funcional do indivíduo quando vai envelhecendo tornando assim dependentes de outras
pessoas (MENESES et al, 2003).
A perda da massa muscular e conseqüentemente a de força muscular é a principal responsável pela
deterioração na mobilidade da capacidade funcional do indivíduo que esta envelhecendo (MARIN et al, 2003).
À medida que envelhecemos os desempenhos máximos, tanto nos eventos de endurance quanto nos de força,
diminuem aproximadamente 1% a 2% ao ano, iniciando entre os 20 e 35 anos de idade, a maioria dos desempenhos
atléticos declinam numa taxa constante durante a meia- idade e a velhice (WILMORE; COSTILL, 2001).
Sob condições normais o desempenho da força apresenta o seu melhor desempenho entre 20 e 30 anos, após
esse período ela permanece relativamente estável ou diminui ligeiramente durante os 20 anos seguintes, é obvio que
esta magnitude depende do sexo e da musculatura especifica, o envolvimento de um longo tempo de treinamento de
força parece compensar esta perda e parece aumentar a capacidade de força muscular. (WEINECK, 2000).
Sabemos que a força é uma das mais importantes valências físicas, a fraqueza pode avançar até que a
pessoa não consiga mais fazer atividades comuns diárias, logo é importante manter a força conforme envelhecemos,
pois ela é vital para a saúde, para a capacidade funcional e para a vida independente e o sedentarismo é um fator
agravante para a perda de força muscular com o passar da idade (FLECK; KRAEMER, 1999).
A fraqueza muscular pode diminuir a capacidade para realizar as atividades diárias levando o individuo a
dependência. Além disso, quando se perde força nos membros inferiores aumenta o risco de trauma em conseqüência
de quedas, mas as perdas de força quanto à de massa muscular ocorre naturalmente com o passar da idade
(BAUMGARTNER et al, 1998).
A diminuição da força muscular e da massa muscular serve como uma das manifestações do envelhecimento
mais conhecidas, o seu desenvolvimento é diferentes nos diversos grupos musculares, a redução mais intensa de força
ocorre nos músculos flexores do antebraço e nos músculos que mantém o corpo ereto. A involução da massa muscular
ocorre de forma mais lenta que a diminuição de força (WEINECK, 2000).
O declínio dos níveis de força muscular com o passar da idade, causado pela redução da atividade neural ou
pela atrofia muscular, deve-se entre outras coisas a falta de atividade física, então, a redução na força muscular causada
pela inatividade física, pode ser atenuada ou revertida pela adoção de um estilo de vida mais ativo (RUDMAN, 1989).
Entre as diversas alterações que ocorre no corpo humano com o passar da idade, podemos citar as alterações
musculoesqueléticas, estas alterações têm uma íntima relação com a diminuição da massa muscular (sarcopenia) que
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acompanha o processo de envelhecimento, esta sarcopenia independe da localização e da função do músculo e parece
ser causada pela redução do tamanho das fibras musculares, pela perda de fibras musculares e pela perda da
quantidade e qualidade de proteínas das unidades contráteis (actina e miosina), além do decréscimo de massa
muscular, há também um aumento da gordura intramuscular (CAMPOS, 2008).
Para entendermos melhor a capacidade do ser humano gerar força temos que em primeiro lugar saber o que é
força e as formas de força. Descrevemos que força é a capacidade de exercer tensão por parte de determinado músculo
contra determinada resistência, esta capacidade é um pré-requisito básico para desempenhar qualquer tipo de atividade
motora e esta altamente ligada ao aos componentes internos nos músculos estriados esqueléticos (fatores musculares e
neurais), tendo relação entre os músculos que desempenham a tarefa que fazem a coordenação intramuscular e
intermuscular (ABOARRAGE, 2008).
O vigor máximo que um músculo pode gerar é determinado força, mas juntamente com a força muscular,
temos a resistência muscular, os dois estão intimamente ligados, pois a resistência muscular é a capacidade que os
músculos apresentam de sustentar ações musculares repetidas ou uma única ação estática (WILMORE; COSTILL,
2001).
A força muscular nas suas formas de manifestação pode ser dividida em diferentes tipos, de acordo com a
forma de observação, sob o aspecto da parcela de musculatura envolvida, diferenciamos entre força geral e local, sob o
aspecto do tipo de trabalho do músculo é denominado força dinâmica e estática, sob o aspecto das principais formas de
exigências motoras envolvidas, denomina-se força máxima, força rápida e resistência de força e sob o aspecto da
relação do peso corporal denominando força absoluta e relativa (WEINECK, 2000).
Dentre os diversos tipos de força muscular, vamos enfatizar o de força máxima, porque vai ser o que ira ser
realizado no projeto.
Força máxima é a capacidade máxima de um músculo ou agrupamento muscular de gerar tensão. É
freqüentemente medida pelo teste de uma repetição máxima (1RM também designada uma execução máxima), que
operacionalmente é definido como a maior carga que pode ser movida por uma amplitude específica de movimento uma
única vez e com execução correta (PEREIRA; GOMES, 2003).
A força muscular é ume um importante componente da aptidão física relacionada à saúde, além de exercer
papel relevante para o desempenho físico em inúmeras atividades diárias ou esportivas (DIAS et al, 2005).
E com o passar da idade conciliado ao sedentarismo e envelhecimento pode ser muito perigoso para pessoas
que tem uma vida diária estressante, que só trabalham e não fazem atividade física alguma.
O objetivo do estudo foi avaliar a produção de força máxima nos membros inferiores com o avançar da idade em
mulheres sedentárias.
Materiais e Métodos
Participaram do estudo 40 mulheres, com idades entre 20 a 59 anos, sedentárias a mais de 20 anos, sendo as
voluntarias separadas por idade com intervalos de 10 em 10 anos, foram 10 mulheres de 20 a 29 anos; 10 mulheres de
30 a 39 anos; 10 mulheres de 40 a 49 anos e 10 mulheres de 50 a 60 anos, caso não se enquadrassem nos requisitos
eram excluídas do estudo.
Tabela 1. Características antropométricas das voluntárias participantes do estudo. Valores apresentados em média e
desvio padrão.
Média
Desvio Padrão
Idade (anos)
Peso (kg)
Altura (cm)
IMC (kg/cm²)
39,75
65,08
1,62
24,69
± 12,07
± 11,53
± 0,07
± 4,30
Em dia e hora marcados previamente com as voluntárias, as mesmas compareceram na Academia Attitude,
sendo elas separadas por uma hora de intervalo por cada grupo de faixa etária, onde por sua vez foram coletadas o
peso corporal (KG), estatura (m) e índice de massa corporal (IMC), em seguida a aplicou-se o teste de uma repetição
máxima (1 RM) na cadeira extensora. E com objetivo de reduzir a margem de erro do teste de 1 RM, no dia adotou-se
algumas estratégias que foram; instruções padronizadas antes do teste, de modo que cada avaliada ficou ciente de toda
rotina envolvida na coleta de dados; as avaliadas foram instruídas sobre a técnica de execução do exercício, inclusive as
avaliadas realizaram algumas vezes para fixar a atividade corretamente; o avaliador ficou atento sobre o posicionamento
da executante no momento da medida, posicionamento errado pode ativar outros músculos, levando a interpretações
errôneas, também houve um pré-aquecimento no próprio aparelho, onde por quinze minutos elas fizeram repetições sem
carga.
O exercício físico ocorreu em uma cadeira extensora da marca Physycal onde as voluntárias se sentaram, com
as costas apoiadas no encosto do aparelho com as pernas em 90°, com regulagem adequada para todas, foram
colocados pesos de cinco em cinco quilos de maneira crescente no aparelho, quando necessário utilizou-se pesos
auxiliares avulsos de um quilo cada e foram colocados pesos até que chegassem a 1 repetição máxima, com intervalo
de 3 minutos entre pesos para recuperação dos agrupamentos musculares envolvidos.
Caso alguma voluntaria sentisse dores nos músculos ou nas articulações eram excluídas do estudo por medida
de segurança.
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O tratamento estatístico utilizado para análise dos dados foi a analise de variância-ANOVA, seguido pelo test T
de student com p ≤ 5%.
Resultados
Os resultados encontrados no presente estudo não mostram diferenças significativas de força máxima nos
membros inferiores entre mulheres de 20 a 49 anos, já para mulheres de 50 a 60 anos houve diferença significante de
força máxima nos valores comparados com as demais idades.
Gráfico 1. Força máxima produzida em cada um dos grupos de acordo com o intervalo de idade. Valores apresentados
em média ± erro padrão.
*#& Diferença significativa após Análise de Variância – ANOVA, seguido pelo teste T de Student com p ≤ 5%. * Diferença
entre o intervalo de idade 20 – 29 anos. # Diferença entre o intervalo de idade 30 – 39 anos. & Diferença entre o
intervalo de idade 40 – 49 anos.
Discussão
Os resultados indicam que mulheres entre 20 a 49 anos não houve uma diferença significativa de força máxima
nos membros inferiores, já mulheres entre 50 a 59 anos houve diferença significante de força máxima entre as mulheres
das demais idades.
Em um estudo realizado por Carvalho; Soares (2004), com o objetivo de comparar a força máxima de sujeitos
não ativos na Europa diz, que a atrofia das fibras musculares acorre a partir dos 25 anos de idade com perda de 10% até
os 50 anos, depois desta idade ocorre uma atrofia mais acentuada.
A força é, com certeza, uma das valências físicas dos seres humanos que mudam com o crescimento e com o
passar da idade e ao longo da vida, todavia a força muscular é mantida na vida adulta, havendo declínios graduais após
os 30 anos e declínios mais acentuados a partir dos 50 anos (HAYWOOD; GETCHELL, 2004).
Segundo Tartaruga et al. (2005), existem diversos fatores que contribuem para a perda da força muscular com o
passar da idade, entre eles podemos destacar: as alterações músculos-esqueléticos, uso de medicamentos e atrofia por
desuso em muitos casos o sedentarismo.
Segundo Monteiro et al. (1999), a reserva funcional de certos indivíduos de idade avançada é, por vezes, tão
reduzida que as perdas de força aparentemente sem importância podem representar a diferença entre uma vida
autônoma ou não.
O envelhecimento do organismo é geralmente caracterizado pela diminuição da capacidade de responder a
desafios à função orgânica, estes desafios em geral oneram a capacidade funcional de nossos órgãos e sistemas, que
diminui com o passar dos anos, de forma interessante, em indivíduos jovens e saudáveis, esta capacidade funcional se
encontra muito além do necessário para o quotidiano, de forma que existe uma denomidada reserva funcional, o
envelhecimento fisiológico ou normal pode também ser entendido como uma diminuição progressiva desta reserva
funcional, de forma a diminuir a capacidade de resposta a desafios.
No estudo de Ceschini (2006), diz que o sedentarismo tem sido considerado como um dos maiores problemas
de saúde pública, além de ser um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento e aumento da prevalência de
diversos problemas relacionados à saúde ao longo da vida.
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Segundo American College of Sports Medicine (1998), em razão de grande parte das evidências de problemas
acionadas por razão do sedentarismo sustentar um estilo de vida ativo e/ou do envolvimento dos indivíduos em
programas de atividade física e exercício na prevenção e minimização dos efeitos deletérios do envelhecimento, os
cientistas enfatizam cada vez mais a necessidade de que a atividade física seja parte fundamental dos programas
mundiais de promoção da saúde. Não se pode pensar hoje em dia em ―prevenir‖ ou minimizar os efeitos do
envelhecimento sem que, além das medidas gerais de saúde, se inclua a atividade física. Esta preocupação tem sido
discutida não somente nos chamados países desenvolvidos ou do primeiro mundo, como também nos países em
desenvolvimento como, é o caso do Brasil.
Conclusão
Conclui-se com o presente estudo que as mulheres sedentárias entre 20 a 49 anos não tiveram diferença
significativa de força máxima nos membros inferiores, já mulheres entre 50 a 60 anos houve diferença significante de
força máxima levando em consideração as demais faixas etárias do estudo. Como o sedentarismo esteve presente no
estudo, isto pode ser sido um fator relevante para tais resultados com mulheres mais velhas. E mais estudos deverão ser
feitos para chegarmos a mais resultados sobre o assunto.
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INTERVENÇÃO FISIOTERAPÊUTICA EM PACIENTE COM SUBLUXAÇÃO DE OMBRO APÓS ACIDENTE VASCULAR
ENCEFÁLICO, UTILIZANDO O MÉTODO DE ELETROESTIMULAÇÃO FUNCIONAL (FES) RELATO DE CASO.
Autor: Fabricio Rodrigues de Oliveira(Academico)
Universidade do vale do sapucai (Univas)
Mail [email protected]
Orientador: Sidiney Benedito Silva
Graduação em Fisioterapia .
Universidade do Vale do Paraíba, UNIVAP, Brasil.
Mestrado em Ciências Biológicas .
Universidade do Vale do Paraíba, UNIVAP, Brasil.
Especialização em Fisioterapia Osteopática .
Colégio Brasileiro de Estudos Sistêmicos.
Especialização em andamento em Fisioterapia Neurofuncional .
CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ.
Co-orientador: Lídia Calorina Nogueira Oríolo
O Acidente Vascular Encefálico (AVE) é uma das patologias que mais acometem idosos nos últimos anos, tendo
grande impacto na saúde pública mundial e tendo maior incidência em homens em relação mulheres na faixa etária de
60 a 74 anos (RODRIGUES et al., 2004). Consiste em uma síndrome de rápido desenvolvimento de sinais e sintomas
locais devido à lesão vascular, resultando em sintomas com duração superior de 24 horas e sendo considerada a
terceira causa mundial de óbito (POLESE, 2008).
O AVE caracteriza-se de duas formas distintas, hemorrágico e/ou isquêmico, sendo que o hemorrágico ocorre
devido a um sangramento anormal no parênquima cerebral em conseqüência de um aneurisma (malformação
arteriovenosa) ou doença arterial hipertensiva, podendo ocorrer de varias formas, sendo as principais aneurisma de um
ponto fraco ou fino na parede de uma artéria, onde com o tempo estes pontos aumentam com a elevada pressão arterial,
causando a ruptura da artéria ( PIRES et al. 2004 ; CANCELA, 2008).
O AVE pode gerar grandes incapacidades que afetam a estrutura física, emocional e social. Em relação ao número
total de sobreviventes após AVE, mais de 80% paciente demonstram hemiplegia. Esta sequela é um dos principais
acometimentos após AVE, apresentando grande comprometimento motor de um hemicorpo contra lateral à lesão
cerebral, caracterizada por um diagnostico polissindrômico (AURI et al.,2000).
Segundo VUAGNAT em (2003), a dor do ombro é uma das complicações mais frequentes de hemiplegia
resultando em seguida em uma subluxação de ombro.
Após a hemiplegia, o paciente pode apresentar subluxação do ombro, em uma proporção de 17% a 81%, sendo
considerado um problema que ocorre devido ao deslocamento da cabeça do úmero à gleno umeral resultante da
fraqueza da musculatura do ombro.
No plano frontal, a escapula é normalmente mantida a um ângulo de 40º graus quando a inclinação da fossa
glenóidea se torna menos oblíqua; o úmero escorrega para baixo e para fora da fossa, resultando em subluxação do
ombro (UMPHRED, 2004).
A subluxação do ombro hemiplegico é uma problema muito comum após o AVE,quando deixado de lado durante a
fase flacida da hemiplegia, pode apresentar varias situações que podem levar como ;limitação de movimentos ,dor no
ombro do hemiplegico,e grandes prejusos durante toda vida. Após ocorrência de muitos estudos, destacou-se como
conduta de tratamento fisioterapêutico mais utilizada para redução da subluxação do ombro, a eletroestimulação
funcional (FES) (DAJPRATHAM, 2006)
OBJETIVO
Analisar a intervenção fisioterapêutica utilizando a estimulação elétrica funcional (FES), em uma paciente com
subluxação de ombro após acidente vascular encefálico (AVE).
CASUÍSTICA E MÉTODOS
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Tipo de estudo: Relato de caso de um paciente com diagnostico clínico AVE com subluxação do ombro.
Local do estudo: O estudo foi realizado no ambulatório de Fisioterapia no Hospital das Clinicas Samuel Libânio.
Sujeito do estudo: Participou do estudo de caso um paciente do gênero fenimino com quadro clínico de AVE
apresentando sequela de hemiplegia à esquerda e subluxação na articulação do ombro. Foi realizado exames clinicos e
radiológicos (RX) e palpação do ombro acometido para verificação da suspeita de subluxação. A pesquisa foi aprovada
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Sapucaí sob protocolo número 34/09 . A participante
assinou o termo de consentimento livre e esclarecido.
Procedimento: Seguiu-se a metodologia descrita por Corrêa et. al. (2009). O paciente foi avaliado clinicamente e logo
após submetido a um raio-X de ombro nas posições ântero-posterior e perfil. Após análise radiográfica quanto ao
espaçamento da subluxação (cabeça o umero até acrômio), foi iniciado a conduda para tratamento, sendo realizada 10
sessões de eletroestimulação
funcional com duração de 30 minutos diariamente. Foi utilizado no tratamento um
aparelho de eletroestimulação funcional (Fes) da marca IBRAMED, sendo seus parametros: frequência 30 Hz, tempo de
duração de pulso 300 microssegundos, tempo de subida 2s, tempo de descida 2s, sustentação de 15s e repouso 10s.
Os eletrodos foram fixados nos pontos motores no sentidos das fibras por fitas adesivas, em região do ombro no
músculo supraespinhoso e músculo deltóide posterior. Finalizado o tratamento foi solicitado um novo exame radiológico
de ombro para análise e comparação.
Resultados e DISCUSSÃO
Após a ocorrência do AVE muitos pacientes apresentam seguelas como hemiplegia, e que divido a essas
seguelas o paciente pode desenvolver também uma subluxação da glenoumeral que tenha definida com uma distância
entre a cabeça do úmero e acrômio resultando-se como uma anormalidade de tônus,principalmente na fase flácida
(DAJPRATHAM MD,2006).
Segundo Brandão et al 2008; a dor no ombro após o AVE pode ser evitada por completa ou uma vez que os
fatores causadores sejam compreendido.Alguns estudos relatam que a prevalência da dor no ombro após esse tipo de
evento, e que algumas literatura pode variar de 47% a 72% e que acostuma aparecer de três semanas após o
acidente.sendo que alguns estudos por causa da espasticidade lesão de tecidos moles ,lesão periférica,distrofia
simpática ,ombro congelado,limitação da ADM e podendo chegar 17% à 75% a subluxação de ombro.
Os artigos e na literatura sugerem que a FES é eficaz, especialmente na fase aguda da hemiplegia ou crônica ; de
igual modo, que FES pode ser usado juntamente com outras estratégias. O FES foi muito eficaz neste estudo de caso
para o paciente com subluxaçao do ombro,apeasr de não ter um resultado satisfatorio , ela proporcionou uma estmulo
positivo quanto a eficiência da fisioterapia para paciente neurológico com subluxação de ombro,melhorado a simetria do
ombro, o aspecto visual e palpável e que também paciente relatou que percebeu grandes melhora em em seu membro
hemiplegico.
Devido a pouca duração tempo , a eletoestimulação poderia ter mais tempo a melhora e eficiência na redução da
subluxação e tendo melhora positiva no aspecto físico da cintura escapular e ombro.
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SAÚDE OCUPACIONAL E ERGONOMIA EM CIRURGIÕES-DENTISTAS
Amanda Luiza da Silva Zuque
Acadêmica de fisioterapia AEMS
[email protected]
Ana Rita Muniz Divino
Educadora Física
[email protected]
Jose Augusto Necchi Junior
MSc. em Engenharia Biomédica
Professor universitário da faculdade AEMS
[email protected]
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi analisar as posturas, registrar e avaliar o grau de risco de cirurgiões-dentistas do
município de Três Lagoas-MS. A avaliação foi realizada em uma população de 10 dentistas, de ambos os sexos, com
idade entre 21 e 40 anos. A avaliação da postura de trabalho se baseou sob a forma de check-lists (formulário): RULA. O
método se baseia em estabelecer pontuações que variam de 1 a 7, onde os valores 1 indicam que existe um baixo risco
ergonômico porém não garante que o posto de trabalho avaliado esteja livre de qualquer problema ergonômico, e a
pontuação 7 a máxima da tabela, indica uma necessidade de maiores investigações pois existe um alto risco. A partir da
avaliação, o resultado revela a pontuação máxima da tabela, indicando um índice elevado de profissionais com dores na
coluna lombar, cervical, já apresentando sintomas de síndrome do túnel do carpo.
PALAVRA-CHAVE
Ergonomia- Saúde ocupacional – Cirurgiões-Dentista
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Avaliar o risco ergonômico em uma população de cirurgiões-dentistas do município de Três Lagoas/MS
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Abordar os problemas comumente enfrentados pelos cirurgiões dentistas, tais como problemas posturais.
Analisar através de métodos disponíveis pela ergonomia para avaliação da postura durante a jornada de
trabalho desses profissionais
Argumentar sobre a importância da execução da Ginástica Laboral com o objetivo de reduzir os efeitos dos
movimentos repetitivos e da postura inadequada.
METODOLOGIA
O presente estudo foi uma pesquisa de campo. A pesquisa de campo consiste investigar uma situação
real, onde uma ou mais variáveis independentes são manipuladas pelo investigador, criando uma situação
especialmente desejável e adaptada. (MOREIRA, 2002)
A pesquisa de campo utilizou técnicas específicas, com o objetivo de recolher e registrar, de maneira
ordenada, os dados sobre o assunto em estudo.
Procedimentos
Os procedimentos utilizados nesta pesquisa podem ser divididos em três etapas
Coleta de dados através de questionários
Avaliação das posturas de trabalho dos cirurgiões-dentistas (sentado)
Proposta de atividades compensatórias
Os dados foram coletados no período de março a junho do ano de 2009, onde foram questionados
fatores biomecânicos e a repetitividade exercida durante os movimentos executados. A pesquisa contou com uma
população de 10 cirurgiões-dentistas.
Estes dados foram coletados por meio da observação, registro fotográfico, e dados fornecidos pelos
avaliados.
O principal método utilizado para a realização da avaliação da postura foi o Método RULA, utilizamos
ainda questionários com o objetivo de fazer um levantamento dos problemas mais comumente encontrados nessa
população.



DESENVOLVIMENTO
Ao longo da prática odontológica, o profissional tem adotado diferentes posturas de trabalho que
repercutem em sua saúde. A primeira posição adotada foi a de pé, ao lado da cadeira, com o paciente sentado. Essa
posição há uma grande carga de pressão concentrada sobre os membros inferiores, pois o peso corporal é distribuído
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de forma desigual, onde ocorre uma sobrecarga nas estruturas dos membros inferiores. A posição do corpo é
freqüentemente alternado e o apoio quase sempre é realizado sobre um único membro, o gera um esforço anormal da
coluna, ombro e braços, o que leva a graves danos à coluna vertebral. (GRAÇA, 2006)
Ainda segundo a autora na década de 50, o dentista passou a trabalhar sentado, mas em condições
desfavoráveis, pois o equipamento não permitia uma posição supina do cliente. As cadeiras de antigamente não possuía
dispositivos de ajuste, o que não oferecia uma boa visualização da boca do cliente. O cabeçote da cadeira impedia que o
profissional acomodasse os membros inferiores sob o encosto da mesma quando inclinada a fim de levar o paciente na
posição supina, dificultando a aproximação; os braços da cadeira geralmente eram largos e obrigavam o profissional
flexionar a coluna e realizar movimentos de torção do corpo e alongamento dos braços para pegar as pontas de alta e
baixa rotação, e os próprios instrumentos de trabalho. Portanto, estar sentado não prevenia os problemas músculoesqueléticos.
Atualmente, as cadeiras odontológicas possuem um desenho anatômico, o que permite uma melhor
acomodação tanto do cliente quanto do profissional, a base dos braços é menor, permitindo uma maior aproximação do
profissional, facilitando a visão direta do campo de trabalho. Os mochos apresentam encosto para apoiar a coluna
lombar e permitem uma regulação dos membros inferiores do profissional com o solo, o que previne o aparecimento de
varizes. (GRAÇA, 2006)
Por definição as doenças ocupacionais são um fenômeno pertinente ao trabalho, caracterizado pela
ocorrência de vários sintomas, sendo mais comum em membros superiores e coluna, a prática profissional odontológica
possui um risco ocupacional em virtude de posturas e hábitos advindos da profissão. Essa preocupação fundamenta-se
na natureza inerente ao trabalho odontológico que exige uma interação freqüente e diretamente com pessoas, materiais
e equipamentos tendo como conseqüências além dos riscos de desenvolverem doenças relacionadas à repetitividade
como também podem desenvolver contaminações devido a radiação e a alguns agentes alergênicos. (COSTA, 2006)
As desordens músculo-esqueléticas estão relacionadas diretamente com os movimentos repetitivos. Isso
demonstra que um conjunto de fatores podem desencadear uma doença de caráter ocupacionais. (ZUQUE, 2008)
Pode-se dizer que a ergonomia se apóia em quatro pontos: o ambiente no qual o indivíduo está inserido;
as ferramentas por ele usadas; os processos de trabalho desenvolvidos para realização da atividade e os elementos
ligados ao próprio indivíduo. (BARBOSA, 2009)
Grandjean (1998) define a ergonomia como uma ciência interdisciplinar, em que leva em consideração a
fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria e a sociedade no trabalho. Onde o objetivo principal é a
adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, do meio ambiente às exigências do homem.
A ergonomia no campo da Odontologia destina-se para melhorar as condições de trabalho dos CDs,
criando aperfeiçoamento de suas ferramentas, mobiliários e instrumentos utilizados por esses profissionais.
O primeiro grande avanço dá-se com a construção da cadeira operatória tipo relax em 1944, onde as
poltronas para pilotos de bombardeios B-29 serviu de inspiração, e proporcionou ao dentista trabalhar com o paciente na
posição sentada ou reclinada, com o mínimo de tensão possível. (PERIM, 2008)
A Ergonomia tem como objetivo obter meios e sistemas para a diminuição do estresse físico e mental,
buscando uma maior produtividade. Ela segue a linha Human Factors onde se busca a racionalização do trabalho com a
organização dos procedimentos clínicos, conceitos sobre gerenciamento empresarial, noções sobre Ergonomia, divisão
da área de trabalho e postura de trabalho, Odontologia a 4 mãos e preservação da saúde do profissional. (RASIA, 2004)
Considerando que a atividade do cirurgião exige frequentemente manutenção de posturas inadequadas
como braços e contrações estáticas durante longos períodos de tempo, tarefas de precisão, trabalho em local de difícil
acesso, uso de ferramentas em movimento de pinça, assim como outras categorias funcionais, estão sujeitos a outros
aspectos subjetivos como motivação, estresse e jornadas longas de trabalho, Pereira (1999) elaborou uma série de
recomendações capazes de minimizar os acometimentos constatados nas avaliações:
Ambiente físico de trabalho:
 Refletor: mínimo de 15.000 lux
 Consultório com iluminação natural e artificial
 Conforto térmico: 20º C à 24ºC
 Umidade relativa do ar: 20% à 40%
 Cores frias para paredes (azul, verde, anil) – repousantes
 Cor branca para teto – transmite calma e segurança;
 Ruído entre 60dB e 70dB
É extremamente importante a organização do trabalho no consultório odontológico para a melhoria da
qualidade de vida do profissional. A padronização do atendimento é um passo para que ocorra a diminuição do risco
profissional. Deve-se considerar os conhecimentos ergonômicos para que a prática odontológica se torne saudável; o
incremento tecnológico opta por equipamentos mais sofisticados de acordo com os fundamentos da odontologia a quatro
mãos. (COSTA, 2006).
A ergonomia contribui para a melhoria das condições de trabalho através do desenho de equipamentos e
postos de trabalho ergonômico, ou seja, a fisioterapia atua principalmente na concepção dos equipamentos.
Costa (2006) Sugere que os profissionais adotem medidas preventivas, tais como consultas com
duração de até uma hora, e a adoção de exercícios de alongamentos entre os atendimentos, para minimizar os danos
causados pelo exercício da profissão.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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A ergonomia dispõe de recursos para a avaliação de postos de trabalhos, cuja atividade apresenta riscos
para a saúde do trabalhador. Segundo a Resolução nº259 de Dezembro de 2003 do Conselho Federal de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional (COFFITO) são atribuições de o Fisioterapeuta prestar assistência à saúde do trabalhador,
independente do local onde ele atue.
A população avaliada sofre com a sobrecarga excessiva em algumas articulações devido aos
movimentos repetitivos e a postura estática e inadequada, trazendo diversos problemas para a saúde do trabalhador e
reduzindo seu rendimento.
De acordo com Barbosa (2009) o trabalho muscular estático é altamente fatigante e deve ser evitado ao
máximo, isso, no entanto é praticamente impossível quando se refere à postura do cirurgião-dentista, no entanto
sugerem-se mudanças de posturas constantes. As doenças ocupacionais causadas nessa população podem gerar
incapacidades.
Através da utilização do método RULA que obteve a pontuação máxima (nota 7) ficou constatado que
maiores investigações precisam ser realizadas, e mudanças imediatas devem ser feitas para a prevenção das lesões
que podem ser causadas pela má postura.
Os questionários revelaram que os principais os problemas enfrentados pela população avaliada foram
as constantes dores na região cervical, lombar e punhos.
CONCLUSÃO
A fisioterapia tem demonstrado competência quando utilizada de forma preventiva. Através do
conhecimento em ergonomia e dispondo de técnicas especificas para avaliação dos postos de trabalho.
No presente estudo buscou-se avaliar todos os fatores causadores de lesões por profissionais da área
odontológica. Os resultados obtidos demonstraram que a fisioterapia dispõe de ótimos recursos para a avaliação dos
postos de trabalho da população avaliada, e se mostra eficiente na intervenção quando há necessidade.
Através da pesquisa pode-se dizer que os CD são acometidos por diversas disfunções causadas pelo
exercício da profissão, mesmo com a contribuição da fisioterapia há uma necessidade de maiores investigações e a
conscientização dos profissionais para que antes da execução de sua atividade laboral um programa de exercícios
compensatórios sejam implantados.
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O LÚDICO NAS AULAS DE NATAÇÃO: UMA VISÃO PROFISSIONAL
Laura Martins Moreira¹
[email protected]
Dayvid Antonio Toledo¹
Luciene Barbosa de Freitas¹
Ms. Maria Inês Bustamante de Carvalho²
1
Acadêmicos do Curso de Educação Física da Univás, Pouso Alegre, MG.
2
Docente do Curso de Psicologia da Univás, Pouso Alegre, MG.
Resumo
Para a criança ter um bom desenvolvimento de suas capacidades é preciso que realizem atividades adequadas a idade,
e crianças entre 3 e 5 anos gostam de atividades lúdicas e prazerosas. Levando em consideração as necessidades das
crianças desta faixa etária este estudo busca saber a visão dos profissionais inseridos na metodologia da natação em
relação ao lúdico como um método de trabalho utilizado nas aulas. Este trabalho foi realizado através de uma entrevista
semi-estruturada baseado nas literaturas estudadas. A pesquisa foi feita com 09 professores de natação para crianças
de 3 a 5 anos de idade e todas as instituições participantes da pesquisa são da cidade de Pouso Alegre – MG. Os
resultados mostraram que todos os professores utilizam o lúdico como método de trabalho, cada um com seu objetivo de
aula e todos adquirindo resultados positivos através do lúdico.
Palavras Chave: Lúdico, Natação, Criança
Introdução
A natação vem crescendo e satisfazendo as exigências da sociedade e do próprio ser humano. Está havendo
uma grande procura pela natação principalmente no sentido do lazer, na busca de um melhor aproveitamento do tempo
livre. Muitas pessoas que dedicam seu tempo ao lazer e ao lúdico estão optando pelas atividades aquáticas. Felizmente
diversos pais têm a consciência da importância da natação para seus filhos na fase de desenvolvimento e incentivam
suas crianças a prática desta atividade (SANTIAGO; TAHARA, 2007).
Para a criança ter um bom desenvolvimento de suas capacidades, é preciso que realizem atividades adequadas
a idade. Crianças entre 3 e 5 anos gostam de atividades lúdicas e prazerosas (CORRÊA; MASSAUD, 2007).
Contudo, conhecendo as características de cada aluno o professor deve realizar atividades que estimulem o
desenvolvimento global, procurando melhores condições para enriquecer suas aulas. Para crianças com a faixa etária
entre 3 e 5 anos de idade, os objetivos das aulas não devem ser somente específicos da natação, como a adaptação ao
meio líquido e a aprendizagem dos nados. Os objetivos devem ser abrangentes, atingindo todas as potencialidades da
criança, compreendendo os domínios afetivo, cognitivo e psicomotor (CORRÊA; MASSAUD, 2007).
A motivação existente nas aulas pode vir do lúdico juntamente com a influência do professor, estabelecendo uma
participação ativa do aluno, por meio da permissão do brincar em meio líquido, dando liberdade a construção de laços
afetivos entre aluno e professor e um relacionamento onde ambos tenham troca de conhecimento (FREIRE;
SCHWARTZ, 2005).
Nos jogos há sempre um desafio fazendo com que a aprendizagem seja natural e rápida, promovendo de forma
agradável e dinâmica o crescimento emocional e social. Brincando a criança tem um aprendizado por meio da
construção e criação do conhecimento, transformando essa brincadeira em trabalho pedagógico pode-se ver o
verdadeiro significado da aprendizagem com prazer (NICOLETTI; GUERRA FILHO, 2004).
Crianças com faixa etária entre 3 e 5 anos de idade, não vão as aulas com a intenção de aprender a nadar, elas
querem ir as aulas para brincar. Porém, os pais visam a natação de várias outras formas: como aprendizado, como
forma de se sentirem seguros quanto ao risco de afogamentos, escutando orientações médicas que relacionam o
esporte à saúde, ou querendo que seus filhos sejam atletas, mas sempre com a intenção do desenvolvimento saudável
de seu filho (Coakley,1992; Smoll, 1993; Hellstedt, 1995; Brustad, 1996; Portella, 2007 apud VENDITTI JUNIOR;
SANTIAGO, 2008).
Os pais e professores têm uma visão restrita sobre a importância do lúdico no desenvolvimento das atividades
com foco no processo de ensino-aprendizagem, eles não percebem o quanto os jogos e as brincadeiras têm valor no
âmbito pedagógico. Não conseguindo entender o uso dos mesmos para ensinar, não tendo conhecimento, acabam
usando apenas como passatempo, num momento de descanso ou, até mesmo usando para descarregar energias, não
utilizando como melhora no desenvolvimento da criança (NICOLETTI; GUERRA FILHO, 2004).
É particularmente importante ressaltar que a natação lúdica pode atender diversos objetivos e é papel do
professor saber utilizar o lúdico em suas aulas para que a criança tenha gosto pela atividade e realizando - a com mais
atenção e prazer.
Materiais e Métodos
Este estudo foi realizado em 5 instituições da cidade de Pouso Alegre - MG onde dentre outras atividades se
desenvolve o trabalho de natação com crianças de 3 a 5 anos. Foram entrevistados todos os professores que atuam
nesta atividade. Os 9 professores entrevistados, de ambos os gêneros, atuam nesta atividade a mais de 2 anos e
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
A entrevista, elaborada pela pesquisadora, com 7 questões semi-estruturadas, foi realizada em salas cedidas
pelas instituições, resguardando sigilo e anonimato dos participantes. Foi gravada e após transcrição do seu conteúdo foi
descartada.
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Resultados
Os profissionais participantes da pesquisa têm em média 8 anos de formação. Quanto ao conhecimento do
profissional sobre o lúdico, e como adquiriu este conhecimento temos:
Respostas
Conhecimento do lúdico em cursos, na faculdade, estágio,
palestras, literaturas
Conhecimento do lúdico somente em cursos
Nº de respostas
5
Total (%)
55,55
4
44,44
O maior número de respostas dos entrevistados mostra que estes têm um conhecimento amplo e dentre os
vários caminhos para obter conhecimento do lúdico, estão: cursos, literatura, palestras, graduação e até mesmo em
estágios.
Quanto a utilização do lúdico:
Respostas
As crianças ficam mais motivadas com o lúdico, assim a aula fica
mais gostosa
Através do lúdico o professor consegue atingir os resultados
propostos numa aula
Com o lúdico consegue-se desviar a atenção da criança livrando
esta do medo e da insegurança
Nº de respostas
4
Total (%)
44,44
3
33,33
2
22,22
A maioria dos sujeitos entrevistados (44, 44%) disseram que o lúdico motiva a aula, deixando a aula mais
prazerosa. De acordo com o sujeito nº 2 ―... o lúdico mexe com interior da criança, a brincadeira, o faz de conta e a
fantasia, fazem parte do desenvolvimento da criança.‖
Um estudo feito por FREIRE e SCHWARTZ (2008) diz que a criança pode ser influenciada a participar com o
professor quando a brincadeira detém um certo aspecto de sedução e que nessa brincadeira proposta deve existir
espaço para criar, expressar fantasias, por meio do faz-de-conta, num tempo que não tem hora. Sendo assim, a
motivação é a veia propulsora da criatividade, permitindo à criança a capacidade de criar e imaginar.
Além da motivação, os outros entrevistados relataram conseguir através do lúdico que a criança aprenda o que
foi proposto para a aula (33,33%), e 22,22% disseram que utilizam o lúdico para tentar livrar o medo e a insegurança da
criança.
De acordo com Brougère (1998) citado por FREIRE e SCHWARTZ (2008), as crianças são motivadas a
participar de determinada brincadeira, mas se associada a alguma experiência vivida anteriormente, que lhe tenha
causado medo no contato do rosto com a água, através do lúdico o medo pode ser minimizado. Gerando emoções e
sensações positivas que motivarão as crianças no contato com o meio líquido.
Com relação a freqüência da utilização do lúdico, os profissionais foram unânimes em responder que fazem uso
diário do lúdico em suas aulas.
Para 5 dos profissionais o lúdico é a forma mais fácil de ensinar a criança na natação, através do lúdico a criança
esquece o medo que existe dentro dela, a atenção da criança é captada com facilidade pelo professor e este consegue
chegar ao objetivo proposto. O sujeito nº 7 relatou que ―... tentei fugir do lúdico porque era mais rápido, menos cansativo
e mais direto, mas não dá pra fugir. Através do lúdico a gente consegue captar atenção da criança e ela mergulha
mesmo no mundo do lúdico e aprende, com o lúdico a gente consegue falar a mesma língua das crianças.‖ Já os outros
4 participantes da pesquisa relataram que a motivação faz a aula render mais e as crianças participam mais. De acordo
com o sujeito nº 8 ―A brincadeira faz com que a criança participe mais, goste do que está fazendo e retorne as aulas com
prazer pra aprender a nadar.‖
Quando perguntado se o lúdico já facilitou a aprendizagem de seus alunos durante as aulas de natação:
Respostas
O lúdico ajudou e continua ajudando muito no aprendizado dos
alunos
Quando a criança é envolvida numa fantasia o aprendizado vai
acontecendo naturalmente
A criança que tem medo, com o lúdico ela consegue se soltar mais.
Nº de respostas
5
Total (%)
55,55
3
33,33
1
11,11
Dos profissionais entrevistados, 5 disseram que o lúdico ajudou e continua ajudando no aprendizado dos alunos.
Para 3 profissionais quando a criança é envolvida numa fantasia o aprendizado vai acontecendo naturalmente.
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De acordo com FREIRE e SCHWARTZ (2004) ―o elemento lúdico é entendido como uma filosofia prática, que
auxilia o processo ensino-aprendizagem em meio líquido, contribuindo na aquisição de habilidades específicas,
permitindo à criança vivenciar suas próprias experiências e expectativas de maneira mais natural.‖
Para 1 profissional a criança que tem medo, com o lúdico ela consegue se soltar mais. E assim FREIRE e
SCHWARTZ (2004) acham que para que o professor possa intervir como agente mediador no processo, é necessário
que ele supere as experiências vivenciadas anteriormente ao seu trabalho pedagógico, porque nem sempre suas
experiências vividas anteriormente em meio líquido foram agradáveis ou de alguma forma, nem todos os seus conflitos
em relação ao sentimento de medo em meio líquido foram superados
Quanto à maior ou menor participação das crianças em aulas lúdicas 7 profissionais responderam que a aula
sem ser lúdica não tem graça para a criança, criança gosta de brincar e por isso participam mais alegres nesse tipo de
aula e os outros 2 participantes responderam que com o lúdico a criança fica mais atenta durante a aula e o professor
consegue alcançar o objetivo da aula.
Conclusão
Concluiu-se com o presente estudo que todos os profissionais reconhecem a importância do uso do lúdico nas
aulas de natação. Foram unânimes em dizer que utilizam este método de trabalho, pois através dele conseguem maior
interesse e motivação de seus alunos. Referiram ainda a possibilidade de trabalhar com esta técnica as inseguranças e
medos trazidos pelas crianças.
Com o lúdico o profissional consegue falar a mesma língua da criança e o aprendizado acontece naturalmente.
Referências
CORRÊA, C. R. F.; MASSAUD, M. G. Natação da iniciação ao treinamento. Rio de Janeiro: Sprint, 2007.
FREIRE, M.; SCHWARTZ, G. M. Afetividade nas aulas de natação: mediação do professor. Revista Digital, Buenos
Aires, n. 94, 2006. Disponível em: <www.efdeportes.com> Acesso em: 04 abr. 2008.
FREIRE, M.; SCHWARTZ, G. M. O papel do elemento lúdico nas aulas de natação. Revista Digital, Buenos Aires, n. 86,
2005. Disponível em: <www.efdeportes.com> Acesso em: 04 abr. 2008.
NICOLETTI, A. A. M.; GUERRA FILHO, R. R. Aprender brincando a utilização dos jogos, brinquedos e brincadeiras
como recurso pedagógico. Revista de divulgação técnico-científica do ICPG, v.2, n.5, p.91-94, 2004.
SANTIAGO, D. R. P.; TAHARA, A. K. Lazer, lúdico e atividades aquáticas: uma relação de sucesso. Revista Movimento
& Percepção, Espírito Santo do Pinhal, v.7, n. 10, p.105 – 115, 2007.
VENDITTI JUNIOR, R.; SANTIAGO, V. Ludicidade, diversão e motivação como mediadores da aprendizagem infantil em
natação: propostas para iniciação em atividades aquáticas com crianças de 3 a 6 anos. Revista Digital, Buenos Aires, n.
117, 2008. Disponível em: <www.efdeportes.com> Acesso em: 06 set. 2008.
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ESTUDO COMPARATIVO DA FLEXIBILIDADE DE MEMBROS INFERIORES E COLUNA VERTEBRAL EM
CRIANÇAS DE 7 A 12 ANOS PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE CAPOEIRA
Carla Aparecida Pereira
Acadêmica do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG
[email protected]
Maurício Borges de Oliveira
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG
Resumo
O objetivo do presente estudo foi analisar o índice de flexibilidade de membros inferiores e coluna vertebral de crianças
praticantes e não praticantes de capoeira, da cidade de Bom Repouso/MG. O método utilizado foi o flexiteste. Os dados
foram coletados na academia Santa Isabel, onde são realizados os treinos de capoeira. A amostra foi selecionada entre
crianças de 7 a 12 anos, que realizaram apenas 11 dos 20 movimentos do flexiteste, os quais se relacionavam com
coluna vertebral e membros inferiores. Participaram do estudo 12 crianças praticantes de capoeira, sendo 6 meninos e 6
meninas com idade média de 9,92±2,47 anos. O grupo de não praticante foi de 5 meninos e 6 meninas, com idade
média de 9,18±1,83 anos. Os resultados observados mostraram que as crianças que praticam capoeira apresentaram
um grau de flexibilidade melhor do que as crianças não praticantes.
Palavras-chave: Flexibilidade, Capoeira, Criança.
Introdução
A capoeira traz muitos benefícios para quem a prática, trabalhando resistência, equilíbrio, força, agilidade,
alongamento, ajuda a melhorar a capacidade cardiorrespiratória, desenvolve tônus muscular, aumenta o equilíbrio e a
resistência física (NETO, 2007).
Este esporte envolve jogo, dança, brincadeira e movimentos perigosos executados com graça, malícia e muitos
rituais. É a luta da resistência negra, constituindo-se na primeira e original manifestação da cultura brasileira, onde o
corpo e a força preservam os mitos da nossa gente.
A capoeira possui um cenário de arte que se faz presente através da música, ritmo, canto, instrumento,
expressão corporal e criatividade de movimentos, necessitando da flexibilidade para dar mais vida nos movimentos. A
arte da capoeira se assemelha a uma graciosa dança, onde a ginga maliciosa exibi a formidável flexibilidade dos
capoeiristas.
A flexibilidade é uma das habilidades que pode assumir grande importância para a execução de movimentos
particulares às modalidades esportivas, no caso da capoeira, quanto maior a amplitude, maior será a facilidade na
execução.
Achour Jr (1996) enfatiza que a flexibilidade na infância se obtém com mais facilidade, pois a pouca tonicidade
muscular e os ossos não são totalmente calcificados, com a capacidade de se desenvolver através da prática de
esportes.
A consignação das relações entre a flexibilidade e aptidão física no esporte, enfatiza o fato de que atletas em
geral seriam mais flexíveis que a média da população de não atletas, essa relação no aumento da flexibilidade são mais
favoráveis com a aprendizagem de gestos esportivos em crianças e antes da puberdade (FARINATTI, 2000).
Negrine (1994) emprega a palavra jogo, como sinônimo de brincadeira, o jogo é um artifício muito importante
para o desenvolvimento da criança de forma completa, não apenas a situação psicológica, mas principalmente na
ampliação da flexibilidade, pois essa atividade harmoniza à criança inúmeras experiências.
Silva (2008) relata que a capoeira pode proporcionar benefícios, tanto biológicos e psicológicos quanto sociais,
como:
- Adquirir apreciação por um estilo de vida ativo;
- Desenvolver uma auto-imagem positiva;
- Aprender a trabalhar como parte integrante de um grupo;
- Desenvolve habilidades sociais com outras crianças e com os adultos;
- Adquirir respeito pelos outros;
- Praticar o bom espírito da camaradagem;
- Aprender a lidar com a vitória e a derrota;
- Desenvolver qualidades físicas como resistência, força e flexibilidade;
- Desenvolver ritmo, consciência corporal e coordenação motora;
- Construir sua identidade com base na cultura brasileira.
A capoeira possui um cenário de arte que se faz presente através da música, ritmo, canto, instrumento,
expressão corporal e criatividade de movimentos, necessitando da flexibilidade para dar mais vida nos movimentos. A
arte da capoeira se assemelha a uma graciosa dança, onde a ginga maliciosa exibi a formidável flexibilidade dos
capoeiristas.
Segundo Dantas (1999) flexibilidade determina os limites dos movimentos dos elos do corpo, e é observada
como prioridade morfofuncional do aparelho locomotor humano.
A flexibilidade é um componente respeitável da aptidão física, podendo ser determinada como a maior amplitude
fisiológica de movimento para a execução de um gesto qualquer (FARINATTI, 2000).
Alongamento muscular e a capacidade de flexibilidade articular (ângulo de amplitude de uma determinada
articulação), são inerentes aos seres humanos e variam, dependendo do genótipo de cada pessoa (SOUZA, 2007).
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Flexibilidade é uma qualidade motriz que depende da elasticidade muscular e da mobilidade articular, expressa
pela máxima amplitude necessária para a perfeita execução de qualquer movimento físico, sem que ocorram lesões
(ARAÚJO, 2005).
Dantas (1995) fala que a amplitude máxima que uma ou mais articulações possui é definido como flexibilidade,
onde é desenvolvida pelo alongamento dos tecidos moles em torno de uma articulação e é muito importante para atletas,
pois melhora significativamente o seu desempenho.
Treinar a flexibilidade em diferentes faixas etárias é bom para manter um auto índice de amplitude nas
articulações, podendo assim não afetar a qualidade de vida (REBELATTO et al. 2006).
Materiais e Métodos
Participaram do estudo 23 crianças, 12 praticantes de capoeira (Tabela 1) e 11 não praticantes (Tabela 2) de
ambos os sexos.
Para este estudo foram consideradas praticantes de capoeira as crianças que treinavam três vezes por semana,
com no mínimo de seis meses de prática.
TABELA 1. Caracterização do grupo praticante de capoeira (GP)
Gênero
Idade (anos)
Peso (kg)
Altura (m)
IMC
Masculino
11,00±0,89
35,77±0,60
1,43±0,08
17,41±1,84
Feminino
8,83±3,13
30,33±7,45
1,35±0,15
16,50±0,97
O grupo não praticante foi constituído por crianças que não praticavam nenhum tipo de exercício físico
específico, apenas atividades normais da vida diária.
TABELA 2. Caracterização do grupo não praticante (GNP)
Gênero
Idade (anos)
Peso (kg)
Altura (m)
IMC
Masculino
8,60±1,82
29,88±11,43
1,41±0,19
15,39±5,34
Feminino
9,67±1,86
34,43±6,72
1,39±0,09
17,96±3,24
O teste utilizado foi o Flexiteste que consiste em 20 movimentos articulares agrupados nas sete maiores
articulações do corpo, onde cada movimento é avaliado de 0 à 4 pontos e a flexibilidade é encontrada através do
somatório da pontuação atingida nos movimentos avaliados (ARAÚJO, 2005).
Para o estudo foram utilizados apenas 11 movimentos, os que envolvem membros inferiores e coluna vertebral.
Durante a execução do teste, os movimentos foram realizados do lado direito do avaliado e pelos mesmos avaliadores.
Para a análise dos dados foi utilizado o teste ―t‖ de Student para amostras não pareadas considerando p≤0,05
através do pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 11.5.
Resultado e Discussão
O gráfico 1 apresenta os resultados encontrados expressos em média e desvio padrão.
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MÉDIA
PRATICANTE
FEMININO *
NÃO PRATICANTE
FEMININO
DP
4,32
29,40
2,79
23,83
PRATICANTE
MASCULINO *
3,72
NÃO PRATICANTE
MASCULINO
3,77
25,67
21,20
* p≤0,05
Gráfico 1. Resultados médios e desvio padrão da flexibilidade de praticantes e não praticantes de capoeira, para ambos
os gêneros.
De acordo com os resultados observou-se que houve diferença estatisticamente significante (p≤0,05) quando
comparados o GP feminino e masculino com o GNP feminino e masculino respectivamente.
Resultados similares foram encontrados por Diniz et al. (2008), sendo que o grupo estudado participava de
atividades recreativas por pelo menos duas vezes por semana.
Em um estudo realizado por Reis e Silva et al (2007), com objetivo de demonstrar os ganhos com o programa de
flexibilidade implantado em um grupo de capoeiristas, distribuídos em dois grupos, de experiência e controle, total de 48
voluntários, com faixa etária entre 12 à 16 anos, constatou diferença significativa quando comparou-se extensão do
tronco e flexão de ombro em praticantes de capoeira (p=0,0002 e p=0,03), sendo que no grupo controle não houve
diferença estatisticamente entre as médias, porém o estudo foi realizado com a utilização do flexímetro.
São poucos os estudos relacionando testes de flexibilidade na modalidade de capoeira. Entretanto, o flexiteste
parece ser um bom instrumento para avaliar a flexibilidade em capoeiristas, por ser um teste adimensional, onde os
resultados são apresentados na forma de pontos, sem unidade métrica ou angular e podendo verificar a flexibilidade de
todas as articulações.
Conclusão
Conclui-se com o presente estudo que os resultados obtidos através do flexiteste mostram a diferença
significativa existente entre os grupos, onde as crianças praticantes de capoeira apresentam um nível de flexibilidade
maior do que as crianças não praticantes. Isso se deve ao fato de o GP realizar treinos contínuos três vezes por
semana, ou seja, são mais ativas do que o GNP.
Vale ressaltar que existem poucos estudos sobre esse assunto e que deve se aplicar teste sobre tal categoria
para nos permitir, além de ampliar as possibilidades de análise, estabelecer, com coerência científica e propriedade
acadêmica, as bases da produção do conhecimento ou da ciência, além de fundar uma relação de compromisso e de
responsabilidade.
Referências
ACHOUR JR, A. Flexibilidade, teoria e prática. Londrina: Atividade Física e Saúde, 1998.
ARAÚJO, C. G. S. de. Flexiteste – um método para avaliar a flexibilidade. Barueri: Manole, 2005.
ALTER, M. J. Ciência da flexibilidade. Porto Alegre: Artmed, 1999.
DANTAS, E. H. M. Flexibilidade: alongamento e flexionamento. Rio de Janeiro: Shape, 1995.
DANTAS, E. H. M. Alongamento e flexibilidade. Rio de Janeiro: Shape, 1999.
DINIZ, T. S.; FREITAS, D. P.; OIVEIRA, D. de.; LOPES, L. F. C.; SLEUTIES, L. Análise dos níveis de flexibilidade de
crianças entre 07 e 14 anos participantes apenas de atividades recreativas. In: Anais da 58ª Reunião anual da SBPC.
Florianópolis: 2006.
FARINATT, P. T. V.; MONTEIRO, W. D. Fisiologia e avaliação funcional. Rio de Janeiro: Sprint, 2000.
NEGRINE, A. Aprendizagem e desenvolvimento infantil: simbolismo e jogo. Porto Alegre: Prodil, 1994.
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NETO, P. C. de O. O perfil dos escolares da educação infantil, praticantes de capoeira, em relação às variáveis
psicomotoras. 2007. 52 p. (Monografia de especialização) – Curso de Educação Física. Uruguaiana, 2007.
REBELATTO J. R.; CALVO, J. I.; OREJUELA, J. R.; PORTILLO, J. C. Influência de um programa de atividade física de
longa duração sobre a força muscular e a flexibilidade corporal de mulheres idosas. Revista Brasileira de Fisioterapia.
São Carlos, v. 10, n. 1, 2006.
REIS E SILVA, R.; BARRETO, S. J. Programa de treinamento para melhoria da flexibilidade do tronco na
modalidade
capoeira.
Projeto
Luta
Pela
Esperança,
2007.
Disponível
em:
<http://www.projetolutapelaesperanca.com.br> Acesso em: 26 de setembro de 2009.
SILVA, G.O.; HEINE, V. Capoeira – um instrumento psicomotor para a cidadania. São Paulo:
Phorte, 2008.
SILVA, J. C. F. Efeito agudo dos métodos de alongamento estáticos e dinâmicos sobre o desempenho da força
dinâmica. 2007. 37p. (Monografia de especialização) – Curso de Educação Física. Pouso Alegre, 2007.
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COMPARAÇÃO DA AUTO-ESTIMA DE MULHERES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO
Luciene Barbosa de Freitas¹
[email protected]
Maria Inês Bustamante de Carvalho²
Dayvid Antonio Toledo¹
Laura Martins Moreira¹
1
Acadêmicos do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
2
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
Resumo
A auto-estima é um fator importante que está diretamente ligado à qualidade de vida, portanto faz-se necessário
conhecer e compreender quais os benefícios que a prática regular de exercícios físicos proporciona às mulheres em
relação a sua auto-estima, pois uma auto-estima positiva indica bem-estar, saúde mental e ajustamento emocional
implicando diretamente na satisfação com a vida. O presente estudo teve como objetivo comparar a auto-estima de
mulheres praticantes e não praticantes de exercício físico. Foram sujeitos 40 mulheres adultas, com idades
compreendidas entre 18 e 35 anos, sendo 20 mulheres praticantes e 20 não praticantes de exercício físico. O
instrumento utilizado para avaliar a auto-estima dessas mulheres foi a Escala de Auto-estima de Rosenberg UNIFESPEPM. Concluiu-se que mulheres que praticam regularmente algum exercício físico possuem auto-estima
significativamente mais elevada que as mulheres que não praticam nenhum tipo de exercício físico.
Palavras Chave: Auto-estima, Exercício físico, Mulheres.
Introdução
A auto-estima, ou ―auto-respeito positivo‖, como prefere Rogers (1997), refere-se ao valor que atribuímos a nós
mesmos, ao conceito que temos sobre nossas limitações e potencialidades.
O auto-conceito e a auto-estima, bases da representação que o indivíduo tem de si, se colocam no campo da
Saúde Pública, uma vez que envolvem o bem-estar individual e social (Assis et al., 2003). A saúde da sociedade
depende em grande parte do estado psicológico com que as pessoas se colocam frente a um desafio (MECCA;
SMELSER; VASCONCELOS; 1989).
A auto-estima pode ser definida como o sentimento, o apreço e a consideração que uma pessoa tem por si
própria, ou seja, o quanto ela gosta de si, como ela se vê e o que pensa sobre ela mesma (Dini, 2004). A análise e a
quantificação do auto-retrato que a pessoa faz de si própria são medidas objetivas baseadas em suas experiências
sociais (ROSENBERG,1965).
A auto-estima influencia tudo que fazemos, pois é o resultado de tudo que acreditamos ser, por isso o autoconhecimento é de fundamental importância para aumentar a auto-estima. Ou seja, confiar em si mesmo, ouvir sua
intuição, acreditar em sua voz interior, respeitar seus limites, reconhecer seus valores, expressar seus sentimentos sem
medo, sentir-se competente, capaz e se tornar independente da aprovação dos outros, tudo isso faz com que a autoestima se eleve. Mas é um processo gradativo que exige trabalho e conscientização. A baixa auto-estima é o sentimento
que se manifesta em pessoas inseguras, criticadas, indecisas, depressivas e que buscam sempre agradar outras
pessoas. A auto-estima elevada em contrapartida é a condição vivida por pessoas que são elogiadas, apoiadas,
autoconfiantes, que tem amor próprio, não vivem em conflito e não são ansiosas e inseguras.
As mulheres não têm muita confiança em si mesmas e em suas habilidades, quando comparadas aos homens,
onde a auto-confiança interfere na expectativa de eficácia no ambiente do desporto sendo mais críticas em relação ao
seu corpo. Sendo assim a auto-estima e o auto-conceito na mulher ocidental refletem uma influência social, onde
ocorrem problemas e conflitos interpessoais, interferindo na sua imagem corporal e na sua saúde mental, onde existem
características físicas que são representadas para cada pessoa a partir da cultura e categorias onde há evidências em
relação à aparência física e a auto-estima (SEIXAS; DUARTE, 2008).
A cada dia aumenta o número de mulheres que procuram uma atividade física com a finalidade de encontrar o
bem-estar psicológico; isto ocorre como resultado de conflitos internos e pressões causadas pelo modelo social que
determina a eterna juventude das mulheres. A mulher desenvolve ansiedade, estresse, depressão, fobias, alterações
negativas no humor, no auto-conceito e na auto-estima. Quando diminui a auto-estima, podem ocorrer várias doenças
que comprometem a saúde, além de interferir na satisfação interior onde a mulher não consegue utilizar suas estratégias
e então a motivação é comprometida quando ela busca a auto-realização (SEIXAS; DUARTE, 2008).
Por isso há uma preocupação em se entender as mulheres para planejar um programa condizente com suas
características físicas, emocionais e psicológicas. A figura feminina dispondo de um corpo frágil e emocional estável
merece cuidado especial. A atividade física deve não só lhe trazer benefícios físicos, mas, sobretudo, morais, visto que,
é do consenso geral que a mulher apresenta um sistema nervoso mais delicado que o do homem, uma sensibilidade
maior e uma resistência moral menos segura (MEDINA, 1996).
O impacto do esporte e da atividade física sobre o auto-conceito também tem sido abordado em diversas
pesquisas. A influência desta variável parece depender não exclusivamente da ação benéfica da atividade física sobre o
funcionamento fisiológico do organismo, mas também da dimensão social presente nesta variável (TAMOYO et al.,
2001).
Segundo Berger; Mclnman (citado por SAMULSKI, 2002), ―a influência do exercício no processo de
envelhecimento afeta diretamente a qualidade de vida, se não, a quantidade de vida‖.
Atualmente os três motivos principais que levam as pessoas a praticar esportes são em função de necessidades
especiais (normalmente por indicação médica), por motivos estéticos e por desejos esportivos (o gosto pela prática). Em
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cada uma das possibilidades a pessoa terá um objetivo e um tipo de desgaste com a prática física, do mesmo modo que
perceberá ou não diferentes tipos de resultados ou benefícios. De qualquer forma, numa etapa inicial os benefícios são
menores em função da necessidade de adaptação ao novo estilo de vida, mas a médio e longo prazo serão facilmente
reconhecidas as vantagens da prática de atividade física.
São inúmeros os benefícios trazidos pela prática regular de exercício físico, como por exemplo: uma postura
ereta e elegante; maior condição de realizar esforços sem se desgastar tanto; desenvolver força, agilidade, resistência e
outras qualidades físicas; melhor funcionamento do sistema digestório e sistema renal; além de prevenir e/ou até mesmo
auxiliar no tratamento de doenças (estresse, má circulação, doenças cardiovasculares, entre outras), pois o objetivo dos
exercícios físicos não é somente melhorar cada vez mais a aparência, o físico, mas, principalmente auxiliar na melhora
da saúde.
A prática de atividade física além de aumentar o nível de satisfação com o corpo contribui para a avaliação mais
positiva e mais precisa da imagem corporal, bem como um maior e melhor investimento no corpo (OLIVEIRA, 2005).
Pelo fato da auto-estima ser um fator importante que está diretamente ligado à qualidade de vida, faz-se
necessário conhecer e compreender quais os benefícios que a prática regular de exercícios físicos proporciona às
mulheres em relação a sua auto-estima, pois uma auto-estima positiva indica bem-estar, saúde mental e ajustamento
emocional implicando diretamente na satisfação com a vida.
O objetivo deste estudo foi comparar a auto-estima de mulheres praticantes e não praticantes de exercício físico.
Materiais e Métodos
Neste estudo foram selecionadas 40 mulheres adultas com idade entre 18 e 35 anos, sendo 20 praticantes de
exercício físico regular (pelo menos três vezes por semana) com no mínino seis meses de prática, matriculadas na
Academia Ana Maria e 20 não praticantes de exercício físico funcionárias da FUVS - Fundação de Ensino Superior do
Vale do Sapucaí. A seleção da amostra foi feita de forma aleatória, sendo que todas as voluntárias responderam a um
questionário contendo seis questões fechadas de múltipla escolha para que se pudesse fazer a seleção e caracterização
da amostra dentro dos critérios de inclusão e exclusão deste estudo. Todas as voluntárias são habitantes da cidade de
Pouso Alegre – MG.
Os exercícios realizados pelo grupo de mulheres praticantes de exercício físico foram exercícios de natureza
aeróbica (podendo ocorrer à combinação de exercícios localizados), sob a supervisão de um profissional formado em
Educação Física.
O instrumento usado foi a Escala de Auto-estima de Rosenberg UNIFESP-EPM, traduzido, adaptado e validado
para o Brasil (Dini, 2000), composta por dez questões de múltipla escolha com quatro alternativas: concordo
plenamente, concordo, discordo e discordo plenamente. A pontuação do questionário varia de zero a trinta, em que zero
corresponde ao melhor estado de auto-estima. Para melhor entendimento dos resultados, os escores de auto-estima
foram agrupados em três níveis, sendo: de 0 a 10 = alta auto-estima, de 11 a 20 = moderada auto-estima e de 21 a 30 =
baixa auto-estima.
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale do Sapucaí, e os
sujeitos da pesquisa assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido.
Os dados foram analisados em software estatístico. Foram utilizadas as seguintes estatísticas descritivas: média
e desvio padrão. Para análise dos resultados utilizou-se o teste t de student. Valores de P iguais ou menores que 0,05
foram considerados estatisticamente significantes.
Resultados e Discussão
O estudo foi efetuado numa amostra de 40 mulheres, sendo 20 praticantes e 20 não praticantes de exercício
físico regular.
TABELA 1: Valores percentuais de mulheres praticantes de exercício físico.
IDADE
18 a 23
24 a 29
30 a 35
50%
30%
20%
TEMPO DE PRÁTICA
MOTIVO
FREQUÊNCIA SEMANAL
<1
1E2
>2
3X
4X
>4X
25%
30%
45%
30%
30%
40%
estética saúde condic.
50%
30%
20%
outros
0%
A tabela 1 mostra que das voluntárias praticantes de exercício físico, 50% compreendiam a faixa etária de 18 a
24 anos, 30% compreendia a faixa etária de 25 a 29 anos, e 20% compreendia a faixa etária de 30 a 35 anos. Em
relação ao tempo de prática 25% praticavam exercícios a menos de um ano, 30% entre 1 e 2 anos, e 45% a mais de 2
anos. Dessas 20 mulheres 30% frequentavam a academia 3 vezes por semana, 30% frequentavam 4 vezes por semana,
e 40% frequentavam mais de 4 vezes por semana. Dentre os motivos que levaram a pratica regular de exercícios físicos,
50% responderam que foi pela estética, 30% pela saúde, e 20% pelo condicionamento físico.
TABELA 2: Valores percentuais de mulheres não praticantes de exercício físico.
MOTIVO
TEMPO QUE NÃO PRATICA
IDADE
desinteresse
<1
1E2
>2
falta de tempo
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outros
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18 a 23
24 a 29
30 a 35
35%
25%
40%
25%
35%
40%
15%
75%
10%
A tabela 2 mostra que das voluntárias não praticantes de exercício físico, 35% compreendiam a faixa etária de
18 a 24 anos, 25% compreendia a faixa etária de 25 a 29 anos, e 40% compreendia a faixa etária de 30 a 35 anos. Em
relação ao tempo em que não praticavam exercícios físicos regularmente, 25% não praticavam a menos de um ano,
35% entre 1 e 2 anos, e 40% a mais de 2 anos. Dentre os motivos que as impediram de praticar exercícios físicos
regulares, 15% responderam que não se interessavam, 75% que não tinham tempo disponível, e 20% citaram outros
motivos.
12,00
Média
Desvio Padrão
10,05
10,00
8,00
6,50
6,00
4,01
3,98
PRATICANTES
NÃO PRATICANTES
4,00
2,00
0,00
GRÁFICO 1: Valores médios e desvio padrão da auto-estima em mulheres praticantes e não praticantes de exercício
físico.
No gráfico 1 pode-se observar a comparação da auto-estima entre os dois grupos (praticantes e não
praticantes). No grupo praticante a média da pontuação foi de 6,50 com desvio padrão de 4,01. No grupo não praticante
a média de pontuação foi de 10,05 com desvio padrão de 3,98. Para obter a análise comparativa dos dois grupos
utilizou-se o teste t de student, onde o valor obtido foi de p= 0,016.
Carvalho (2008), em outro estudo verificou que o fator idade não se mostrou significativo, observou-se mulheres
com auto-estima elevada e com auto-estima baixa, independente da faixa etária, tanto no grupo que pratica vôlei quanto
no grupo das mulheres não praticantes.
Pitanga (2004) afirma que, o nível da auto-estima de um adulto afeta a motivação para a atividade física, os
adultos se comportam de acordo com suas crenças sobre si mesmo, que são adquiridas de experiências reais, das
opiniões alheias e de seus estados fisiológicos.
Segundo Carvalho (2001), a nossa sociedade construiu a imagem do corpo belo como sinônimo de corpo
saudável associado a realizações de práticas corporais, consumo de determinados alimentos, produtos ou
medicamentos. Assim, a simples adoção desses procedimentos no cotidiano de vida das pessoas, poderia prevenir ou
remediar doenças, prolongar a vida independente de outros fatores a serem considerados.
A presente pesquisa confirma o relato dos autores Rodrigues e Baracat (1995), onde é relatado que o exercício
físico estimula a secreção de endorfinas hipotalâmicas, substâncias estas envolvidas na termorregulação hipotalâmica,
reduzindo os sintomas vasomotores. Promove o fortalecimento muscular, a manutenção da mobilidade articular e da
capacidade respiratória, além de menor acúmulo de gordura. A atividade física contribui ainda para a melhora da
imagem corporal, aumentando a auto-estima feminina.
O objetivo principal do presente trabalho foi comparar se o grupo de mulheres praticantes de exercício físico teria
uma maior auto-estima em relação ao grupo de não praticantes.
Os resultados encontrados indicaram que o grupo de mulheres praticantes possui uma auto-estima maior do que
as do grupo de não praticantes, já que as praticantes obtiveram a média de 6,50 pontos e as não praticantes a média de
10,05 pontos relacionados à alta auto-estima. O resultado obtido foi considerado estatisticamente significante com p=
0,016.
Conclusão
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A atividade física contribui muito para o bem-estar mental, a maior capacidade de realização de atividades para
ajudar a diminuir a fadiga e a depressão (FERNANDES, 2004).
Quando o corpo não funciona como uma fonte de auto-estima pode-se desenvolver depressão, ansiedade e
distúrbios alimentares, sendo que, o sexo feminino é culturalmente mais forçado a preencher os padrões impostos de
aparência e comportamento (GOLDENBERG et al., 2000).
Nesse estudo pode-se concluir que mesmo utilizando uma amostra pequena é possível chegar ao resultado de
que mulheres que praticam regularmente algum exercício físico possuem uma auto-estima mais elevada em relação a
mulheres que não praticam nenhum tipo de exercício físico.
É fortemente sugerido pelas pesquisas realizadas até agora que o exercício físico se torna cada vez mais
importante à medida que o indivíduo avança no processo de envelhecimento. A prática de atividades físicas reduz e/ou
atrasa alguns efeitos ―da idade‖, tais como lentidão, diminuição das capacidades físicas, fragilidade, etc. (BERGER;
HECHT, 1989; CODINA, 1994, citados por CARVALHO, 2008).
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COMPARAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA NA REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA EM IDOSOS
PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE TREINAMENTO COM PESOS DA CIDADE DE POUSO ALEGRE/MG.
1
Patrícia Fernanda Brazil de Oliveira
[email protected]
2
Rodney Alfredo Pinto Lisboa
3
Fernandes Mariano de Andrade Júnior
1
Rafaela Maria Marques da Silva
1
Acadêmicas do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
2
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
3
Graduado no Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo comparar a qualidade de vida na realização das atividades da vida diária em
idosos praticantes e não praticantes de treinamento com pesos. Primeiramente os idosos responderam a uma anamnese
para a inclusão neste estudo. A qualidade de vida foi analisada através da versão brasileira do questionário de qualidade
de vida SF-36 traduzido por Ciconelli (1997). Foram avaliados 30 idosos, sendo 15 praticantes e 15 não praticantes de
treinamento com pesos. A idade variou de 60 a 80 anos para as praticantes e de 60 a 78 anos para os não praticantes.
Os resultados indicam que os idosos praticantes de treinamento com pesos apresentaram uma melhor qualidade de vida
na realização das atividades da vida diária quando comparados com os não praticantes. A prática do treinamento com
pesos colaborou para tais resultados.
Palavras Chave: Idosos; treinamento com pesos; atividades da vida diária.
Introdução
Litvoc (2004), relata que um dos fenômenos de maior impacto no início deste novo século é o envelhecimento
da população mundial, uma vez que no século passado consolidou-se uma tendência que vem se mostrando ininterrupta
e que constitui o aumento de esperança de vida ao nascer do homem, observado não só nos países desenvolvidos
como também naqueles em desenvolvimento.
Segundo estatística do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2002), a proporção de idosos vem
crescendo mais rapidamente que à proporção de crianças. Em 1980, existiam cerca de 16 idosos para cada 100
crianças; em 2000, essa relação praticamente dobrou, passando para quase 30 idosos por 100 crianças. A queda da
taxa de fecundidade ainda é a principal responsável pela redução do número de crianças, mas a longevidade vem
contribuindo progressivamente para o aumento de idosos na população.
Dados recentes de Matsudo et. Al; (2000), apontam que hoje em dia não se pode pensar em ―prevenção‖ do
processo de envelhecimento, mas em ―promoção de saúde‖ através da inclusão da atividade física no cotidiano do idoso.
Com o avanço da idade ocorrem mudanças significativas na composição corporal que podem levar ao
desenvolvimento de danos físicos e lesões, a perda de massa óssea e muscular não só faz as atividades da vida diária,
tais como levantar de uma cadeira, subir escadas, tomar banho, abrir um pote ou uma janela mais difícil, mas aumentam
o risco de quedas, fraturas do quadril e incapacidades funcionais. Devido a um decréscimo no conteúdo mineral ósseo, a
um aumento na porosidade dos ossos que se tornam mais frágeis, essas condições que resultam em ossos com menos
densidade e força são sérias preocupações em pessoas idosas. As conseqüências funcionais dessas mudanças
relativas à idade são significativas devido à influência da magnitude e à taxa de mudança à idade na qual uma pessoa
pode se tornar funcionalmente dependente não conseguindo realizar atividades diárias, ou alcançar um limite de
incapacidade (SIMÃO, 2007).
Somando-se a isto há ainda uma degeneração na parte muscular onde dois transtornos acompanham o
envelhecimento: diminuição no tamanho do músculo e a perda da força. A primeira se dá por uma redução sensível na
atividade das fibras com o passar dos anos e a segunda, observa-se no dinamômetro que aos 20 e 30 anos atinge seu
máximo e aos 85 anos possui pouco mais que a metade desta força (CONTURSI, 1998).
De acordo com Souza, Galante e Figueiredo (2003), a obtenção de dados de caracterização da qualidade de
vida e bem-estar dos idosos, do ponto de vista dos próprios, é um dado que pode ser fundamental para dinamizar
medidas adequadas a essa população que permitam alcançar um envelhecimento bem sucedido.
Para Victor et al (2000), os modelos de qualidade de vida vão desde a satisfação com a vida ou bem-estar
social a modelos baseados em conceitos de independência, controle, competências sociais e cognitivas, ou seja,
independência para a realização das atividades da vida diária. Nesta perspectiva, Neri (1993), afirma que para se ter
qualidade de vida é preciso levar em conta o bem-estar, o qual se pode ter indicadores como longevidade, saúde
biológica, saúde mental, satisfação, controle cognitivo, competência social, atividade, eficácia cognitiva e renda.
Para Christovam (2003) uma forma adequada para se promover a saúde do idoso é através da atividade física,
e uma das formas de atividade física que vêm sendo bastante estudadas em pessoas idosas é através do treinamento
contra-resistido, que geralmente é realizado com o auxílio de equipamentos (máquinas de resistência ou pesos livres).
O envelhecimento é acompanhado de várias alterações fisiológicas que reduzem progressivamente a
capacidade funcional, segundo estudos feitos por Simão (2007), o avanço da idade, também é associado a uma redução
da massa muscular (sarcopenia), após os 30 anos existe um decréscimo nas áreas de secção transversa de músculos
individuais com um decréscimo na densidade muscular e um aumento na gordura intramuscular. A inatividade física
resulta em uma hipotrofia muscular e uma gradual e seletiva deteriorização das fibras musculares, mas notadamente das
fibras do tipo II (rápidas), portanto pessoas mais velhas têm menos massa muscular e uma maior proporção de fibras
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musculares do tipo I (lentas). A massa muscular diminuída resulta em uma perda da força muscular, a redução no
tamanho ou número de fibras musculares, especialmente as do tipo II, também leva a uma diminuição na capacidade de
um músculo de gerar potência (exercer força rapidamente). Um decréscimo na capacidade dos músculos de produzir
força rapidamente pode afetar adversamente à capacidade de adultos mais velhos de desempenhar atividades como
subir escadas e caminhar.
Segundo Freitas et. Al; (2002), essas alterações fisiológicas além de limitarem os idosos a realizarem seus
afazeres diários também dificultam a realização de exercícios físicos, pois diminuem a capacidade aeróbica, fazendo
com que a execução de um esforço submáximo seja percebida como requerendo uma grande dose de esforço.
Mas, a idade não aparece para aumentar ou reduzir a capacidade do sistema musculoesquelético de se
adaptar ao treinamento com pesos. Melhoras significativas na força muscular, massa muscular, densidade mineral óssea
e capacidades funcionais têm sido observadas em pessoas mais velhas que participam em programas de treinamento
de força progressiva. O treinamento de força pode ser um dos modos de treinamento de maior benefício para as
populações mais idosas melhorarem sua aptidão física (SIMÃO, 2007).
Segundo Gonçalves; Gurjão; Gobbi (2007), com o aumento das informações disponíveis na literatura sobre os
efeitos positivos da musculação ou treinamento com pesos (TP) para a melhoria de parâmetros morfológicos,
neuromusculares e metabólicos em idosos, sua prática vem sendo amplamente recomendada por diferentes
organizações internacionais ligadas à saúde. A grande possibilidade de manipulação das variáveis envolvidas na
prescrição do TP permite sua aplicabilidade mesmo em idosos bastante fragilizados.
Se o estímulo do treinamento é adequado, os ganhos de força nos adultos mais velhos são similares ou
maiores do que os verificados em indivíduos mais jovens. Em estudos da capacidade de homens e mulheres muito
idosos (87 a 96 anos) para incrementar a força muscular foi demonstrada seguindo-se apenas oito semanas de
treinamento de força, aumentos na velocidade de andar, potência em subir escadas, equilíbrio e atividades espontâneas
total. A participação regular em um programa de treinamento de força também parece ter profundos efeitos anabólicos
(SIMÃO, 2007).
O treinamento na força muscular, na densidade óssea, no equilíbrio dinâmico e no estado global com o
exercício regular pode minimizar ou até mesmo rever a síndrome da fragilidade, proporciona também a maneira mais
efetiva de reduzir a ocorrência de lesões ortopédicas, até mesmo para pessoas mais velhas incapacitadas por doenças
ósseas, os exercícios regulares induzem efeitos sobre as medidas de incapacidade, de dor e de desempenho físico
(McARDLE; KATCH; KATCH, 2003).
Muitos especialistas, como Rocha (1983), Silva (1983), Astrand (1987), Guyton (1989) concordam que a
ciência não é capaz de prolongar o limite de vida natural do homem, mas a meta deve ser manter as pessoas ativas por
mais tempo, melhorando a qualidade de vida destes indivíduos, pois, a velhice não é determinada pela idade
cronológica, mas principalmente pela capacidade de atuar com independência.
Materiais e Métodos
Participaram do estudo 30 idosos de ambos os sexos acima de 60 anos para compor um grupo de praticantes
e um grupo de não praticantes de treinamento com pesos. Na tabela 1 encontram-se as características dos voluntários
participantes do estudo.
TABELA 1. Resultados médios e desvio padrão (DP) da idade, peso, altura e IMC (índice de massa corporal) dos
praticantes e não praticantes de treinamento com pesos.
Idade (anos)
Peso Corporal (kg)
Altura (m)
IMC
Praticantes
67,73 ± 6,03
70,93 ± 11,08
1,63 ± 0,09
26,66 ± 3,50
Não Praticantes
67,87 ± 6,42
71,70 ± 10,09
1,66 ± 0,08
26,16 ± 3,55
Todos os participantes assinaram um termo de consentimento, para que autorizassem formalmente sua
participação no estudo.
O grupo de praticantes foi composto por 15 pessoas idosas acima de 60 anos matriculadas na Força Máxima
Academia Ltda, situada na cidade de Pouso Alegre/MG que praticavam o treinamento com pesos a 6 meses ou mais. O
grupo de não praticantes foi composto por 15 pessoas idosas acima de 60 anos não praticantes de qualquer exercício
físico.
Para analisar a importância do treinamento com pesos no indivíduo idoso, foi aplicado um questionário de qualidade de
vida que avalia por domínios a capacidade funcional, as limitações por aspectos físicos, a dor, o estado geral de saúde,
a vitalidade, os aspectos sociais, as limitações por aspectos emocionais e a saúde mental onde no final é feito um
cálculo do Raw Scale (0 a 100), onde o é o pior e 100 é o melhor resultado.
.
Resultado e Discussão
Os resultados encontrados no presente estudo sugerem que os idosos praticantes de treinamento com pesos
possuem uma melhor qualidade de vida para realizar as atividades da vida diária como subir escadas, carregar objetos,
caminhar, sentar e levantar da cadeira, entre outros, conseguentemente tendo mais facilidade na realização dessas
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tarefas, sua alto estima e estado emocional também são mais elevados se comparado com aqueles que não praticam
treinamento com pesos de acordo com o questionário SF-36.
TABELA 2. Resultados médios e desvio padrão da comparação entre os grupos para o questionário de qualidade de
vida SF-36.
Domínio
Praticantes
Não praticantes
Capacidade funcional
90,67 ± 6,23
59,00 ± 23,24
Limitações por aspectos físicos
93,33 ± 11,44
40,00 ± 35,10
Dor
83,47 ± 14,21
57,93 ± 16,49
Estado geral de saúde
89,33 ± 9,50
51,80 ± 9,56
Vitalidade
82,33 ± 5,94
55,00 ± 13,36
Aspectos sociais
93,33 ± 9,29
68,43 ± 21,11
Limitações por aspectos emocionais
100,00 ± 0,00
33,33 ± 48,80
Saúde mental
90,40 ± 7,22
74,67 ± 21,79
Os idosos praticantes de treinamento com pesos apresentaram notas acima de 80 pontos para todos os
domínios no cálculo do Raw Scale (0 a 100), enquanto os idosos não praticantes conseguiram só notas abaixo de 75
pontos, tendo como melhor nota de domínio a saúde mental que teve média de 74,67 ± 21,79 pontos.
O domínio que somou maior média para os praticantes foi o de limitações por aspectos emocionais com nota
de 100,00 ± 0,00 pontos, enquanto para o mesmo domínio os não praticantes tiveram a menor média de 33,33 ± 48,80
pontos. Esses resultados mostram que os praticantes além de terem mais facilidade na realização de esforços físicos
como subir escadas, carregar objetos, caminhar, sentar e levantar, também tem um alto estima mais elevada e nenhum
problema com aspectos emocionais como depressão e tristeza, enquanto os não praticantes tendo dificuldade para
realizar suas tarefas diárias se sentem limitados, afetando assim seu estado emocional causando depressão e tristeza.
Para Vale et. Al; (2006), o treinamento resistido de força proporciona mudanças positivas no aspecto
físico/funcional, através de incrementos na força, na flexibilidade e na autonomia funcional.
Dias et. al; (2006), confirma que a prática do treinamento com pesos (TP) para indivíduos idosos consiste numa
importante ferramenta para a melhoria da aptidão física, da independência e, conseqüentemente, da qualidade de vida
desta população. Aumentos na força e na potência muscular, são importantes para a manutenção da independência e
para redução das quedas de idosos, e podem ser observados após poucas semanas de TP.
Portanto é necessário que os idosos, para manter uma boa qualidade de vida, pratiquem atividades físicas
regularmente e se conscientizem da importância dos benefícios que o treinamento com pesos proporciona.
Conclusão
Constatou-se no presente estudo que os idosos que praticam o treinamento com pesos tem uma melhor
qualidade de vida para realizar suas atividades da vida diária e menos problemas emocionais quando comparados com
os que não praticam, pois a prática da atividade física regular é uma forma de prevenir a incapacidade de idoso.
Sugerimos que realizem novas investigações sobre a população idosa, e que investigue o efeito do treinamento
com pesos em outras variáveis da aptidão física, podendo assim ter um acervo maior facilitando o serviço dos
profissionais da área e melhorando a qualidade de vida dos mesmos.
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PERFIL DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE COMPETIDORES DA DANÇA DE
RUA
Anderson Rosa Andrade
Graduação em Educação Física
UNIVÁS
e-mail: [email protected]
RESUMO
O objetivo geral deste estudo foi verificar o perfil da composição corporal de competidores de Dança de Rua. A
composição corporal é importante para o desempenho da atividade dança de rua e na qualidade de vida. A amostra,
constituída por 22 homens competidores de Dança de Rua apresentou uma média de idade de 21,6 ± 2,8 anos. Para as
medidas das dobras cutâneas usou-se o Protocolo Jackson e Pollock (1978) para o cálculo da densidade corporal e o
protocolo de Siri (1961) para o cálculo do % de gordura. Após o levantamento de dados, a pesquisa apontou que o valor
médio do percentual de gordura dos dançarinos foi de 8,87% ± 2,77%. Pode-se concluir que os dançarinos
apresentaram níveis de percentual de gordura inferiores às referências da população em geral. Mas, parece que ideal
para essa atividade devido à necessidade do dançarino mostrar leveza durante a execução de alguns movimentos em
uma coreografia.
Palavras-chaves: Composição corporal, Dança de Rua.
INTRODUÇÃO
A composição corporal é um parâmetro importante na qualidade de vida e, consequentemente, para o
desempenho em uma atividade com características aeróbicas como a dança de rua. Para Nahas et al (1995) citado por
Passos et al (2003), a prática regular dos exercícios físicos ou atividades físicas podem alterar o metabolismo do
indivíduo, modificando assim a composição corporal.
O método de mensuração da composição corporal mais utilizado dentre os pesquisadores da área é a de pregas
cutâneas, pelo fácil acesso aos materiais utilizados por este método e além de ser objeto de estudo de inúmeras
pesquisas nesta área. (GUEDES, 1992; WILMORE & COSTILL, 2001). A mensuração dá-se pelo método de pinçar a
superfície da pele para obter a espessura do tecido adiposo, que é medida através de um micrômetro; A coleta é
realizada em determinados locais do corpo, de acordo com o protocolo utilizado e a clientela a ser analisada (OLIVOTO,
2004).
A Dança de Rua, atividade com características aeróbicas, é uma das manifestações artísticas de rua da cultura
Hip Hop (CARMO, 2001), sendo chamado de B. Boy o dançarino praticante da dança de Rua (ROCHA, 2005 & CIRINO,
2000). É uma modalidade praticada por jovens de todas as faixas etárias e que vem crescendo muito nas últimas
décadas (ALVES & DIAS, 2001).
Desta maneira, o objetivo geral é analisar o perfil da composição corporal de competidores de Dança de Rua na
modalidade Street Dance.
MATERIAL E MÉTODO
População de Estudo
Este estudo caracterizou-se como uma pesquisa descritiva e quantitativa.
Amostra
A amostra, constituída por 22 homens jovens competidores de Dança de Rua (exercício físico com
predominância aeróbia), apresentou uma média de idade de 21,6 ± 2,8 anos, com 6,4 ± 2,9 anos de prática da atividade
de Dança de Rua e carga horária de ensaios e aulas ministradas de 270 ± 108,5 minutos por semana, estatura de 171,9
± 5,2 cm, peso corporal de 68,8 ± 7,8 Kg e com IMC de 23,23 ± 2,01. Eles fazem parte de grupos de dança da
Associação 100% J.U.D. (Juventude Unida Dançante), CNPJ: 06.257.329/0001-19, em Pouso Alegre. Os indivíduos
ofereceram-se voluntariamente para participar deste estudo e estavam motivados.
Os critérios para participação no estudo foram: estar praticando a modalidade Dança de Rua pelo menos há seis
meses, com uma freqüência de no mínimo de dois e no máximo de quatro sessões de ensaios por semana, com
duração de 50 a 60 minutos cada ensaio. Ou também, com uma freqüência de no mínimo de duas e no máximo de seis
sessões de aulas ministradas de Dança de Rua por semana, com duração de 50 a 60 minutos cada aula.
Procedimentos de coleta de dados:
Para ambos os testes, foram instruídos aos participantes a se absterem da cafeína e do álcool por um mínimo de
24 horas, e toda comida, bebida, e nicotina por duas horas antes de todos os testes de laboratório. Os indivíduos
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também foram instruídos para não realizarem exercícios em alta intensidade no dia anterior aos testes e nenhum tipo de
atividade física antes dos testes.
Inicialmente, os participantes deste estudo preencheram e assinaram um termo de consentimento. Depois disto
preencheram um questionário com uma entrevista semi-estruturada que serviu para avaliar junto aos testes se o
dançarino fazia outro tipo de atividade além da dança. Em seguida foram aferidas as variáveis antropométricas de:
estatura com estadiômetro com precisão de 0,1 cm; massa corporal com balança de precisão de 100g. Para as medidas
das dobras cutâneas usou-se o método de pinçar a superfície da pele sempre no lado direito do avaliado, e este em
posição anatômica, para obter a espessura do tecido adiposo, que foi medida através de um micrômetro. Usou-se o
compasso LANGE SKINFOLD CALIPER – BETA TECHNOLOGY INCORPORATED, pat. Nº 3,008,239.
O Protocolo utilizado no presente estudo, para o cálculo da densidade corporal é do Jackson e Pollock (1978), e
para o cálculo do % de gordura foi o de Siri (1961), ambos citados por Queiroga (2005).
Os testes foram realizados no período matutino, entre oito e dez horas. Para os testes, os indivíduos
apresentaram-se em uma sala de avaliação ampla e bem iluminada da Academia Ana Maria em Pouso Alegre – MG. Os
avaliados vestiam sunga ou uma vestimenta que não atrapalhasse a medição.
Análise estatística
Os dados antropométricos obtidos durante o teste foram expressos em média e desvio padrão. E os de
percentual de gordura foram expressos em média, desvio padrão, máximo e mínimo.
RESULTADOS
Após o levantamento de dados deste estudo, a pesquisa apontou, na Tabela 1, o valor médio do percentual de
gordura de dançarinos de Street Dance da Dança de Rua. Pode-se observar que o valor do % de gordura médio é de
8,87 ± 2,77 (variação entre 5,90% e 15,86%).
Tabela 1 – Percentual de gordura de dançarinos de Street Dance da Dança de Rua.
Homens
Variável
% Gordura (DC)
Média
Desvio Padrão
Máximo
Mínimo
8,87
2,77
15,86
5,90
DISCUSSÃO
Para Mcardle et al (1998), os padrões mínimos de gordura essencial para o homem é de 3% da gordura corporal
total e os padrões máximos até 20%, dentro desses valores o percentual de gordura são considerados normais. Pode-se
observar que a média de 8,87% ± 2,77% do percentual de gordura corporal encontrada no presente estudo está dentro
dos padrões considerados normais para esses autores. Mas para Heyward (1991) citado por Passos et al (2003),
considera que o percentual de gordura é normal entre 12% e 15% para homens, portanto os dançarinos deste estudo
estariam classificados com ―abaixo do normal‖.
Cada autor determina um padrão, como por exemplo: Morehouse & Miller (1978) citado por Passos et al (2003),
apresentam os valores de 18% para homens e 28% para mulheres; Pollock & Wilmore (1993), recomendam que o % de
gordura não deva ultrapassar 20% para homens; Lohman (1992) citado por Queiroga, 2005, apresenta os padrões
médios de 15% e 23% para homens e mulheres, respectivamente; Petroski (1995) citado por Passos et al (2003)
encontrou um percentual de gordura de 18,14% para homens e 23,18% para mulheres. Este protocolo basicamente para
brasileiros da região sul; E para Nahas (1989) citado por Passos et al (2003), o percentual de gordura ideal para homens
é de 13% e para mulheres 20%.
Pode-se perceber que na literatura, acham-se diversos valores recomendados aos padrões ideais de % de
gordura. E o resultado da pesquisa, de acordo com a tabela 01, mostra que a média de 8,87% ± 2,77% do percentual de
gordura de dançarinos de Street Dance da Dança de Rua está abaixo da normalidade para a população em geral de
acordo com a maioria dos autores citados acima.
A composição corporal é um fator importante na qualidade de vida e, consequentemente, para o desempenho
em uma atividade com características aeróbicas como a dança de rua. Para Nahas et al (1995) citado por Passos et al
(2003), os exercícios físicos ou atividades físicas de prática regular podem mudar o metabolismo do indivíduo,
modificando a composição corporal, aumentando a densidade óssea e a massa magra, ajudando na perda na taxa de
gordura.
Parece que a prática regular da dança de rua pode modificar a composição corporal, já que os resultados do
presente estudo mostram um % de gordura abaixo dos padrões de normalidade.
De acordo com Silva et al (1999), os dançarinos que praticam a Dança de Rua são chamados de B. boy. Outro
termo utilizado para a Dança de Rua é o Break Dance.
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Na Dança de Rua encontramos várias categorias ou segmentos dentro da mesma. De acordo com as
características dos dançarinos do presente estudo e relato dos próprios, a categoria que eles praticam é o Street Dance.
O Street Dance é uma dança que surgiu na década de 70, nas ruas de New York e da Califórnia, nos Estados Unidos.
Sua raiz está na dança Break Dance (GARCIA & HAAS, 2003). Geralmente ocupa os salões espelhados das academias
(ALVES & DIAS, 2001). Para Cirino (2005), o dança de rua que antes era praticado nas ruas passou a se apresentar nos
palcos através de formulações de coreografias para a competição.
CONCLUSÃO
Os resultados permitem-nos concluir que na literatura acham-se diversos valores recomendados aos padrões
ideais do percentual de gordura e que a média de 8,87% ± 2,77% do percentual de gordura dos competidores de dança
de rua, do presente estudo, apresenta níveis abaixo da normalidade da população em geral. No entanto, parece que
ideal para essa atividade devido à necessidade do dançarino mostrar leveza durante a execução de alguns movimentos
em uma coreografia e para um melhor desempenho durante a apresentação de dança. Pode-se concluir também que a
prática regular da dança de rua pode modificar a composição corporal dos praticantes, ajudando na perda na taxa de
gordura, melhorando assim a qualidade de vida dos mesmos.
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ANÁLISE DA QUALIDADE DE VIDA DE IDOSOS PORTADORES DE DIABETES MELLITUS TIPO II
João Paulo Xavier Magalhães¹
[email protected]
Dicson Paul de Almeida Garcia¹
Ms.Carlos Eduardo da Silva Marinho²
¹Acadêmico do Curso de Educação Física da UNÍVAS, Pouso Alegre, MG.
²Docente da Faculdade de Enfermagem da CESEP, Machado, MG.
Resumo
O presente estudo teve como objetivo avaliar o nível de Qualidade de vida de idosas diabéticas tipo 2 praticantes
de exercício físico, cadastradas no programa Estratégia de Saúde da Família (ESF), na Unidade Básica de Saúde da
cidade de Santa Rita do Sapucaí/MG. Foi aplicado o questionário de Qualidade de Vida SF-36 e analisados os
componente de saúde física (CSF) e a saúde mental (CSM). O CFS apresenta as seguintes dimensões: capacidade
funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde. O CMS apresenta as seguintes dimensões: vitalidade, aspectos
sociais, aspectos emocionais e saúde mental. Os valores médios maiores foram obtidos para as seguintes dimensões:
capacidade funcional, aspectos físicos e aspectos emocionais.
Acreditamos que a prática regular de exercício físico
pode melhorar a qualidade de vida das idosas portadoras de Diabetes Mellits tipo 2.
Palavras Chave: Diabetes Mellitus, Exercício Físico, Qualidade de Vida.
Introdução
A qualidade de vida está relacionada com à auto-estima e ao bem estar pessoal e abrange aspectos como a
capacidade funcional, o estado emocional, o autocuidado, a interação social, o próprio estado de saúde, o estilo de vida,
satisfação com as atividades diárias e o ambiente que se vive. Tendo-se em conta que a expectativa de vida está cada
vez mais alta, vários estudos têm sido desenvolvidos de modo a contribuir para a melhoria da qualidade de vida na
terceira idade (VECCHIA; RUIZ; BOCCHI; CORRENTE, 2005).
Segundo CHAIMOWICZ (1996) a população brasileira vem envelhecendo de forma rápida desde o início da
década de 60, quando a queda das taxas de natalidade começou a alterar sua estrutura etária, estreitando
progressivamente a base da pirâmide populacional. No período entre 2000 a 2050 deverá se observar o mais rápido
incremento na proporção de idosos, que saltará de 5% para 15%.
Diante da realidade inquestionável das transformações demográficas iniciadas no último século e que nos
fazem observar uma população cada vez mais envelhecida, evidencia-se a importância de garantir aos idosos não só
uma sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida (VECCHIA; RUIZ; BOCCHI; CORRENTE, 2005).
A rapidez e a extensão da urbanização são algumas características do século XX. Esse processo provocou
modificações agressivas nos hábitos dietéticos e no estilo de vida das pessoas, acarretando enorme redução nos níveis
de atividade física. Essas mudanças provocaram um significativo impacto sobre a saúde de grandes populações,
constituindo em um grave problema de saúde pública (SILVA; LIMA, 2002).
Muitas das alterações relacionadas com a idade se assemelham com a inatividade física, sendo importante
distinguir os inevitáveis efeitos do envelhecimento daqueles relacionados à inatividade. As alterações relacionadas com
o envelhecimento são devidas primariamente ao estilo de vida, então a manutenção de um nível de atividade física,
durante a adolescência e idade avançada, pode prevenir ou retardar muitas das adversas conseqüências do processo
de envelhecimento (CAMPOS, 2004).
Segundo CARVALHO; FERNANDES (1996), o envelhecimento pode ser conceituado como um processo
dinâmico e progressivo onde há modificações tanto morfológicas como funcionais bioquímicas e psicológicas que
determinam progressiva a perda da capacidade de adaptação do individuo ao ambiente, ocasionando maior
vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos que terminam por levá-lo à morte.
Com o passar da idade estamos sujeitos a promover processos patológicos mediante a falta de bons hábitos
dietéticos e inatividade física, esses processos patológicos estão ligados às doenças crônicas não transmissíveis, como
o Diabetes Mellitus.
Em 1975, o perfil da mortalidade apontava a predominância das doenças do aparelho circulatório, das doenças
infecciosas e parasitarias, do aparelho respiratório, dos neoplasmas e das causas externas. Num período de tempo
inferior a duas décadas ocorreram modificações neste perfil, provocadas pela acentuada redução da contribuição das
doenças infecciosas e parasitárias, pela estabilização do peso de doenças do aparelho respiratório e o aumento relativo
do conjunto das doenças crônicas não transmissíveis (FRANCO et al., 1998).
Segundo CAMPOS (2004) diabetes mellitus é uma disfunção do metabolismo de carboidratos, caracterizada
pelo alto índice de açúcar no sangue (hiperglicemia) e presença de açúcar na urina (glicosúria). Ela se desenvolve
quando há uma produção inadequada de insulina pelo pâncreas ou uma resistência à ação da insulina pelas células do
corpo.
O diabetes mellitus tipo 2 é mais comum do que o tipo 1, perfazendo cerca de 90% dos casos de diabetes,
sendo caracterizada por distúrbios na ação da insulina.
Os principais fatores associados à maior prevalência do diabetes no Brasil foram à obesidade, o envelhecimento
populacional e histórico familiar de diabetes (SARTORELLI; FRANCO, 2003).
Um estudo multicêntrico sobre prevalência de diabetes mellitus no Brasil, apontou um índice de 7,6% na
população brasileira entre 30-69 anos, atingindo cifras próximas a 20% na população acima dos 70 anos. Cerca de 50%
dessas pessoas desconhecem o diagnóstico, e 25% da população diabéticas não fazem nenhum tratamento. O controle
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metabólico rigoroso associado a medidas preventivas relativamente simples são capazes de prevenir ou retardar o
aparecimento das complicações crônicas do diabetes mellitus, resultando em uma melhor qualidade de vida ao individuo
diabético (PAIVA; BERSUSA; ESCUDER, 2006).
Fatores extrínsecos como dieta balanceada e exercício físico regular são essenciais ao adequado funcionamento
do corpo humano e influenciam nas estatísticas de mortalidade. Atualmente tem-se dado grande importância ao
exercício físico como forma de melhorar o nível de aptidão física e a qualidade de vida. O exercício físico tem sido cada
vez mais recomendado na prevenção e na reabilitação de doenças cardiorespiratórias, osteoporose, diabetes e no
combate ao estresse (RIBEIRO; OLIVEIRA; MELLO, 2007).
A prática regular de exercício físico pode trazer os seguintes benefícios a curto, médio e a longo prazo: aumento
do consumo de glicose, diminui a concentração basal da insulina, aumenta as respostas dos tecidos à insulina, melhora
os níveis da hemoglobina glicolisada, melhora o perfil lipídico, melhora o funcionamento do sistema cardiovascular,
aumenta a força e a elasticidade muscular e promove uma sensação de bem-estar e melhora da qualidade de vida
(MERCURI; ARRECHEA, 2001).
O objetivo do presente estudo foi avaliar o nível de Qualidade de vida de idosas diabéticas tipo 2 praticantes de
exercício físico.
Materiais e métodos
Participaram do estudo 20 idosas portadoras de Diabetes Mellitus tipo 2, praticantes de exercício físico aeróbio e
anaeróbio, cadastradas no programa Estratégia de Saúde da Família (ESF) na Unidade Básica de Saúde da cidade de
Santa Rita do Sapucaí/MG. Na tabela 1 encontram-se as características das voluntárias participantes do estudo.
TABELA 1. Características das idosas participantes no estudo
Idade (anos)
Peso Corporal (Kg) Altura (m)
Média
61,7
70
1,58
Desv Pad
2,92
10,56
0,05
2
IMC (Kg/m )
28,05
4,68
Em dia e hora marcado previamente com as voluntárias, as mesmas compareceram as dependências da
Unidade Básica de Saúde onde foram coletados os seguintes dados: idade (anos), peso (Kg), altura (metros) e
posteriormente foi feito o cálculo do índice de massa corporal IMC (Kg/m²) para a caracterização da amostra. Após esta
coleta as idosas responderam ao questionário de qualidade de vida SF-36, validado por Ciconeli (1999). O SF-36 é um
instrumento multidimensional, composto por 36 itens, que avaliam dois componentes: componente de saúde física (CSF)
e a saúde mental (CSM). O CFS apresenta as seguintes dimensões: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado
geral de saúde. O CMS apresenta as seguintes dimensões: vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde
mental. A análise estatística utilizada foi à análise descritiva.
O presente estudo está de acordo com a resolução 196/96 do Ministério da Saúde para realização de estudos
envolvendo seres humanos sendo seu projeto enviado e aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade do Vale do
Sapucaí – UNIVÁS sob o protocolo Nº. 233/09.
Resultados
Os resultados encontrados no presente estudo mostra que a prática regular de exercício físico pode melhorar a
qualidade de vida das idosas diabéticas tipo 2 de acordo com a análise dos valores obtidos no CFS e CMS.
TABELA 2. Valores obtidos para cada componente do questionário SF-36
Componentes
Média
Desvio-padrão
Capacidade Funcional
73,70
10,92
Aspectos físicos
89,40
6,57
Dor
57,50
19,01
Estado geral de saúde
53,00
15,03
Vitalidade
50,30
9,52
Aspectos sociais
51,10
3,49
Aspectos emocionais
86,50
2,35
Saúde mental
52,60
12,67
Observamos na tabela 2 que maioria dos valores médios para cada componente do questionário se situou entre
50 e 70 e que os valores médios maiores foram obtidos para as seguintes dimensões: capacidade funcional, aspectos
físicos e aspectos emocionais.
GRÁFICO 1. Análise dos valores para cada componente do SF-36 das voluntárias idosas
diabéticas tipo 2.
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Discussão
O
SF-36 é um
instrumento
multidimensi
onal,
composto
por 36 itens,
que avaliam
dois
componente
s:
componente
de
saúde
física (CSF)
e a saúde
mental
(CSM).
O
CFS
apresenta
as
seguintes
dimensões:
capacidade
funcional
(desempenh
o das atividades diárias, como capacidade de se cuidar, vestir-se, tomar banho e subir escadas), aspectos físicos
(impacto da saúde física das atividades diárias ou profissionais), dor (nível de dor e impacto no desempenho das
atividades diárias ou profissionais), estado geral de saúde (percepção subjetiva do estado geral de saúde). O CMS
apresenta as seguintes dimensões: vitalidade (percepção subjetiva do estado de saúde), aspectos sociais (reflexo da
condição de saúde física nas atividades sociais), aspectos emocionais (reflexo das condições emocionais no
desempenho no desempenho das atividades diárias ou profissionais) e saúde mental (escala de humor e bem-estar).
Os resultados indicam que as idosas diabéticas tipo 2 praticantes de exercício físico apresentam escores
maiores para as dimensões de capacidade funcional (73,70), aspectos físicos (89,40) e aspectos emocionais (86,50) e a
média nas dimensões de dor (57,50), estado geral de saúde (53,00), vitalidade (50,30), aspectos sociais (51,10) e saúde
mental (52,60), os escores variam de 0 a 100, onde zero é o pior estado e cem é o melhor.
A prática regular de exercício físico é um fator importante do tratamento do diabetes mellitus, e contribui para
melhorar a qualidade de vida do portador de diabetes (MERCURI; ARRECHEA, 2001).
A expressão qualidade de vida ligada à saúde é o valor atribuído à duração da vida quando modificada pela
percepção de limitações físicas, psicológicas, funções sociais e oportunidades influenciadas pela doença, tratamento e
outros agravos, tornando-se o principal indicador para pesquisa avaliativa sobre o resultado de intervenções
(GIANCHELLO, 1996).
Podemos observar através dos valores obtidos que a prática regular de exercício físico influencia beneficamente
a realização das atividades diárias ou profissionais das idosas diabéticas.
É importante que abordem mais estudos sobre as variáveis que afetam a qualidade de vida das mulheres idosas
diabéticas visando a promoção de condições para uma velhice longa e saudável.
Conclusão
Conclui-se com este estudo que a prática regular de exercício físico pode melhorar a qualidade de vida das
idosas diabéticas tipo 2, sendo uma das principais bases para manutenção da saúde em qualquer idade. O questionário
SF-36 representa adequado para avaliação do componente de saúde física (CSF) e saúde mental (CSM).
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AVALIAÇÃO DO CONSUMO MÁXIMO DE OXIGÊNIO EM ACADÊMICOS DA UNIVERSIDADE DO VALE DO SAPUCAÍ
UTILIZANDO DUAS METODOLOGIAS DO PROTOCOLO DE BANCO PROPOSTO POR KATCH; MCARDLE (1984).
Leila Dal Poggetto Moreira.
Acadêmica em Educação Física – Univás, Pouso Alegre - MG.
[email protected]
Maurício Borges de Oliveira. Docente – UNIVÁS.
Docente do curso de Educação Física da Univás, Pouso Alegre – MG Doutorando em Ciências da Cultura Física e do
Desporto – ISCF/Cuba.
RESUMO
Um dos índices utilizados para avaliar a potência aeróbia é o consumo máximo de oxigênio (VO 2máx) o qual,
foi criado para avaliar a aptidão cardiorrespiratória de indivíduos numa perspectiva de fácil aplicação e baixo custo. O
presente estudo teve como objetivo utilizar duas metodologias no teste de banco, o qual consiste em subir e descer de
um banco com 41cm de altura, durante três minutos, para ambos os gêneros, controlado por um CD de áudio usando o
protocolo original e o modificado com o uso de frequencímetro. Foi realizado em 42 universitários, 19 do sexo feminino e
23 do masculino. Encontrou-se diferença estatisticamente significativa com relação ao VO 2max para o sexo feminino e
masculino, considerando-se p≤0,05. Conclui-se então que não é possível utilizar o frequencímetro na aplicação do
protocolo de banco para o gênero feminino e masculino recomendando-se a realização de outros estudos para se
confirmar os resultados.
Palavras chave: avaliação, VO2máx, teste de banco.
INTRODUÇÃO
Diante da necessidade de promover a qualidade de vida e de proporcionar um estilo de vida ativo e saudável, a
atividade física torna-se componente indispensável à sociedade, de modo que, programas de exercícios proporcionam
efeitos benéficos aos adeptos (BUGLIA; ARAKAKI, 2005).
A capacidade do ser humano em realizar exercícios de media ou longa duração depende principalmente do
metabolismo aeróbio, ou seja, a utilização de oxigênio como componente principal para a realização e manutenção do
exercício. Portanto, um dos índices mais utilizados para avaliar a potência aeróbia é o consumo máximo de oxigênio
(VO2máx), já bastante utilizado na literatura (SANDOVAL, 2005).
O VO2máx representa a quantidade máxima de oxigênio que pode ser captado, transportado e consumido pelo
organismo durante a realização do exercício, portanto é a variável mais utilizada para determinar e classificar o
condicionamento cardiorrespiratório de um indivíduo (KRUEL et al., 2003).
O VO2max é determinado pela análise do gás expirado, enquanto o indivíduo realiza um esforço prolongado
até à exaustão. Deste modo, à medida que a carga de trabalho aumenta, o consumo de oxigênio aumenta também, de
forma linear, até atingir um ponto máximo que corresponde ao consumo máximo de oxigênio (CAPUTO et al., 2008).
A determinação do VO2máx pode ser efetuada através de métodos diretos e indiretos, sendo este último
realizado através de testes que utilizam corrida, bicicleta, banco, equações de regressão, entre outros.
O presente estudo teve como objetivo utilizar duas metodologias no teste de banco proposto por Kacth;
McArdle (1984 apud MARINS;GIANNICHI, 2003), o qual consiste em subir e descer de um banco com 41cm de altura
controlado por um CD de áudio durante três minutos. Ao término deste tempo, a frequência cardíaca é aferida
manualmente por um período de 15 segundos, do 5º ao 20º segundo de recuperação, sendo esse o protocolo original, e
o modificado com o uso de frequencímetro para as aferições.
Após aplicação de ambas as metodologias observou-se se os valores de VO2max eram estatisticamente
significativos ou não.
A FC em recuperação após subir uma série padronizada de degraus constitui uma maneira prática e efetiva
para classificar as pessoas em termos de aptidão aeróbica. Utilizando equações aplicadas aos resultados do teste de
degrau, o VO2máx também pode ser avaliado indiretamente.
Segundo Guedes; Guedes (2006) a predição dos valores do VO 2máx está alicerçada na suposta relação entre
a capacidade de realização de trabalho muscular e as variações de freqüência cardíaca. Considerando que o trabalho
realizado ou potência apresentam estreita associação com a quantidade de oxigênio consumida durante o esforço físico,
tornando-se possível estimar valores máximos de consumo de oxigênio mediante os cálculos validados.
MATERIAL E MÉTODOS
A população do estudo foi composta por 42 indivíduos, sendo 19 do gênero feminino e 23 do gênero masculino
com idade compreendida entre 20 a 28 anos, além de estarem devidamente matriculados na Universidade do Vale do
Sapucaí (UNIVÁS), no ano letivo de 2009.
Após ser aprovado, o estudo foi realizado em duas etapas, onde primeiramente foram divididos dois grupos,
sendo eles, o grupo A, composto por indivíduos do gênero feminino e o grupo B composto por participantes do gênero
masculino.
Na primeira etapa foi realizada a coleta de dados da massa corporal e idade dos participantes conforme tabela
1. Essa coleta foi concretizada em uma sala reservada para testes e avaliações, somente com a presença da autora do
estudo.
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Tabela 1. Caracterização da Amostra.
Gênero
Idade
Massa Corporal
Feminino
23,11±2,08
±
Masculino
22,96±2,53
±
Já na segunda etapa foram avaliadas as variáveis FC e VO 2máx dos dois grupos através do teste de banco de
acordo com o protocolo proposto por Kacth;McArdle (1984 apud MARINS;GIANNICHI, 2003) usando o protocolo original
e o modificado do referido teste. Para melhor desenvolvimento do trabalho, as coletas foram realizadas em uma sala
reservada, onde os voluntários da pesquisa realizaram o teste, sendo um indivíduo por vez.
Após a coleta dos dados os valores obtidos foram analisados e em seguida foi estimado o VO 2máx através dos
valores da FC,além de verificar se o uso do frequencimetro interferiu nos resultados obtidos.
Visando o bem estar dos participantes foi aplicado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), para
esclarecer toda metodologia do estudo em questão, bem como a aplicação do questionáio PAR-Q, que tem por objetivo
identificar inicialmente pessoas com risco maior ou menor para a prática de atividade fisica.
Para análise estatística foi utilizado o pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão
11.05. Os dados foram analizados através de média, desvio padrão e teste t de Studant para amostras pareadas,
considerando-se p≤0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com a aplicação do protocolo de banco proposto por Kacth;McArdle (1984 apud MARINS;GIANNICHI, 2003)
podemos observar as relações dos valores de VO2máx tanto para o gênero feminino quanto para o masculino expressos
em média±desvio padrão conforme gráficos 1 e 2 respectivamente.
* Protocolo modificado.
** Protocolo Original.
Gráfico 1. Valores médios e desvio padrão do gênero feminino.
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* Protocolo modificado.
** Protocolo Original.
Gráfico 2. Valores médios e desvio padrão do gênero masculino.
Os resultados encontrados indicam diferenças estatisticamente significantes para ambos os gêneros
considerando-se p≤0,05. Diante dos valores encontrados pode-se observar na população estudada que a aplicação do
protocolo original ainda sobressaiu sobre o uso do frequencímetro.
É importante ressaltar que os valores das médias e desvio padrão do gênero masculino foram maiores de que
o feminino, isso ocorre segundo Santos (2006) pelo fato do VO2max ser 25% superior nos homens, do que nas
mulheres, dentro da mesma faixa etária. Portanto essas variações encontradas no VO 2max podem ser principalmente
explicadas pelas variações do volume sistólico máximo.
Outro aspecto relevante da pesquisa pode ser observado nas duas metodologias aplicadas, sendo a original
proposta por Kacth;McArdle (1984 apud MARINS;GIANNICHI, 2003) e o protocolo modificado com o uso do
frequencímetro, ambas podem constatar valores de VO2max maiores no sexo masculino. Caputo et al.,(2008) relata em
um de seus estudos que o VO2max tem sido muito utilizado para avaliar o nível de aptidão aeróbia pelo fato de estar
relacionado com capacidades metabólicas e cardiovasculares, portanto o melhor desempenho demonstrado pelos
valores da tabela 2, pode estar relacionado ao fato dos homens terem uma condição aeróbia melhor do que o sexo
feminino conforme já relatado na literatura especializada.
Segundo um estudo realizado por Vivian et al (ano), que teve como objetivo estudar a correlação do método
indireto e direto de VO2máx. Podemos encontrar algo semelhante ao analisar o método indireto, apesar dos protocolos
aplicados para análise de VO2máx serem de metodologias distintas, também verificou-se diferença significativa no
VO2máx.
Vale ressaltar que existem muitos protocolos para aplicação e mensuração do consumo máximo de oxigênio
numa perspectiva de fácil aplicação, economia de tempo e baixo custo na reprodução do instrumento. Porém,
o
presente estudo teve como finalidade tentar facilitar a aplicação do teste de banco com o uso do frequencímetro e assim
poder empregar outra possibilidade de protocolo para o referido teste.
Conclusão
Através dos resultados obtidos nessa pesquisa, pode-se considerar que o protocolo do teste de banco
modificado apresentou diferença estatisticamente significativa em relação ao protocolo original do teste proposto
Kacth;McArdle (1984 apud MARINS;GIANNICHI, 2003).
Conclui-se então que o uso do frequencímetro não se aplica no protocolo de banco para o gênero masculino e
feminino na população estudada. Portanto, recomenda-se a realização de outros estudos para se confirmar os
resultados.
REFERÊCIAS
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Manole, 2006.
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setembro de 2009.
KRUEL, L. F. M.; COERTJENS, M,; TARTARUGA, L. A. P.;PUSCH, H. C. Validade e fidedignidade do consumo máximo
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2003.
SANDOVAL, A. E. P.; Medicina do Esporte Princípios e Prática. São Paulo: Artimed Editora, 2005.
SANTOS, P. J. M. Bioenergética. Portal da Educação Física, ano II, ed. 59, abril. Disponível em:
<http://www.educacaofisica.com.br/mostra_biblioteca.asp?id=665>. Acesso em: 16 de abril de 2009.
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EDUCAÇÃO FÍSICA PARA CRIANÇAS DE 0 A 3 ANOS: UMA PROPOSTA CONCRETA
Luiz Antonio Trientini
Mestre em Educação
Secretaria de Educação e Esporte da Prefeitura Municipal de Jundiaí-SP
Unip – Universidade Paulista
[email protected] .br
Eduardo Boaventura
Mestre em Ciências da Motricidade
RESUMO
A Prefeitura do Município de Jundiaí-SP implementou aulas de Educação Física Escolar nas escolas de
Educação Infantil dos quatro meses aos três anos de idade. O objetivo do presente trabalho é analisar a aplicabilidade
do Plano de Ensino. O método utilizado consistiu em analisar os itens mais relevantes do Plano e na aplicação de
questionários em vinte e oito escolas do Município. Os resultados obtidos foram que os principais objetivos do plano são
a ampliação e a melhora das habilidades motoras dos alunos, sendo que em todas as escolas pesquisadas o plano de
ensino foi efetivamente aplicado pelos professores de Educação Física. Os relatórios e observações são os instrumentos
mais acessíveis e utilizados, sendo que algumas habilidades motoras foram mais fáceis de serem desenvolvidas em
detrimento de outras. Por conta destes resultados, estudos estão sendo feitos para ampliar o número de aulas de
Educação Física nesta faixa etária.
Palavras chaves: Educação Física Infantil.
INTRODUÇÃO
Ocupando um tempo considerável no processo de escolarização, a Educação Física precisa estabelecer uma
ligação entre o que é feito em aula e as necessidades da criança. A Educação Física Escolar necessita possibilitar aos
alunos, oportunidades de vivenciarem, por meio do movimento, experiências que permitam o conhecimento e o domínio
do corpo.
O professor de Educação Física atuante na escola em todas as faixas etárias, tem o papel de elaborar planos de
aulas conforme a fase de desenvolvimento e maturação do aluno.
O trabalho coerente com o desenvolvimento motor acarreta mudanças também no cognitivo e no afetivo-social,
como por exemplo, a criança com maior capacidade de engatinhar e alcançar objetos vai explorar mais o ambiente e
adquirir novas experiências (Gallahue, 2001).
Frente a este quadro a Prefeitura do Município de Jundiaí-SP implementou aulas de Educação Física Escolar
nas escolas de Educação Infantil, ou seja, a partir dos quatro meses, idade em que a criança tem o direito de fequentar
a escola. Com essa nova situação, foi elaborado um plano sistemático objetivando estimular e desenvolver as
habilidades motoras da criança, tais como o engatinhar, rolar, rastejar, ficar em pé e andar em todas as direções, além
de outras estudadas nas principais bibliografias inerentes a esta faixa etária.
A sistematização destas experiências se traduz no domínio dos movimentos naturais e domínio das
combinações destes entre si, com objetos e outras situações que se apresentem. Este trabalho integrado a outras
formas de conhecimento e a participação ativa dos alunos e professores, permite efetivamente que a criança se
descubra como sujeito no processo educacional.
O compromisso da criança com o que está fazendo, é parte fundamental dessa formulação. Importante ainda
salientar o uso do lúdico como termo que soluciona todos os problemas conceituais em se tratando do trabalho com
crianças. Esta é a resposta pronta da maioria dos profissionais de Educação Física quanto às atividades desenvolvidas
para esta faixa etária.
Entendemos que a maneira de explorar tais atividades continua muito próxima da forma de aplicação
esportivista e tecnicista, pois não permitimos ao nosso aluno tornar-se sujeito ativo da construção de jogos e
brincadeiras. Estes elementos são as principais estratégias de trabalho, que a nosso ver, são especialidades da criança.
Estamos nos tornando ―tecnicistas do lúdico‖, pois todas as atividades que utilizamos em nossas aulas são
simplesmente reproduções, com regras pré-estabelecidas, o que aparentemente mantém o ―controle da aula‖ pelo
professor.
Conforme o Referencial Curricular Nacional Para a Educação Infantil (1998), a figura do professor determina as
estruturas no campo das brincadeiras, por meio da oferta de fantasias, brinquedos e jogos. É ele quem organiza o
arranjo dos espaços e estabelece o tempo para brincar, enfim, quem detém as decisões do que, onde, quando e como
fazer.
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Devemos, portanto, perder o medo de permitir que realmente nosso aluno seja o protagonista da aula. É uma
chance de efetivamente mudarmos o discurso e a prática pedagógica.
Objetivo
O objetivo do presente trabalho é analisar a aplicabilidade do Plano de Ensino de Educação Física escolar pelos
professores de Educação Física, implantado na Secretaria de Educação e Esportes da Prefeitura do Município de
Jundiaí-SP, contemplando a faixa etária dos quatro meses aos três anos de idade.
MATERIAS e MÉTODOS
A partir da divisão por faixa etária utilizada, buscamos elencar as habilidades motoras inerentes à idade da
criança em questão. Com este levantamento, elaborou-se o planejamento de Educação Física e sua efetiva aplicação.
No período de três anos estas habilidades foram revistas sistematicamente adequando às realidades das
estruturas físicas e materiais das escolas.
Os dados para análise desta implementação foram coletados através de questionários aplicados em vinte e oito
Escolas de Educação Infantil de 0 a 3 anos, por especialistas em Educação Física e da análise documental do Plano de
Ensino, embasado em pesquisa qualitativa.
Numa primeira etapa, foram identificados os itens mais relevantes do Plano de Ensino e posteriormente foi
aplicado o questionário. Este foi elaborado com as seguintes questões:
1 – Qual foi o resultado do desenvolvimento das habilidades motoras referentes à faixa etária expostos no Plano
de Ensino?
( ) Muito bom ( ) Satisfatório ( ) Insatisfatório
2 - Quais foram os instrumentos de análise?
( ) Observação ( ) Relatório
( ) Check-list
3 – Conseguiu efetivamente aplicar o previsto no Plano de Ensino?
( ) Plenamente ( ) Parcialmente
( ) Não consegui
4 – Cite três habilidades motoras que tiveram maior efetivação em relação ao método proposto:
*____________________________________________________________;
*____________________________________________________________;
*____________________________________________________________.
5 – Cite três habilidades motoras que as crianças tiveram mais dificuldades para realizar:
*____________________________________________________________;
*____________________________________________________________;
*____________________________________________________________.
A partir dessa estrutura, estudou-se e adequou-se esse material, partindo dos ambientes de sua aplicação, das
tarefas a serem realizadas e também do acervo motor apresentado pelos alunos, uma vez que a natureza e o meio
ambiente, a biologia e a cultura normalmente estão inseridas em todos os aspectos do desenvolvimento, mesmo
havendo desacordos que se referem a importância relativa destes aspectos (BEE, 2003).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Segundo o documento do Plano de Ensino, os objetivos principais da Educação Física nas escolas de Educação
Infantil até 3 anos de idade foram:
- Ampliar o repertório de movimentos;
- Melhorar a qualidade das habilidades motoras.
As seguintes habilidades motoras foram constatadas, de acordo com a divisão da faixa etária:
- Berçário I e II (4 a 15 meses):
- Executar as seguintes habilidades motoras: controlar a cabeça; rastejar; alcançar e agarrar; rolar;
sentar; engatinhar.
- Demonstrar a idéia motora nas seguintes habilidades: ficar em pé; puxar; empurrar; andar.
- Minigrupo (16 a 27 meses):
- Executar as seguintes habilidades motoras: rolar; rastejar; formas de quadrupedia; equilibrar; andar;
pegar; encaixar; puxar; empurrar.
- Demonstrar a idéia motora nas seguintes habilidades: correr; lançar; chutar; girar; balançar.
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- Maternal I (28 a 36 meses):
- Executar as seguintes habilidades motoras: rolar; rastejar; formas de quadrupedia; andar; equilibrar;
puxar; empurrar.
- Demonstrar a idéia motora nas seguintes habilidades: correr; lançar; chutar; girar; encaixar; saltar.
- Maternal II (36 a 47 meses):
- Executar as seguintes habilidades motoras: rolar; rastejar; formas de quadrupedia; andar; equilibrar;
saltar.
- Demonstrar a idéia motora nas seguintes habilidades: correr; lançar; chutar; flexionar e estender; girar.
Diante desta primeira etapa dos principais dados do Plano de Ensino, podemos observar que houve uma
preocupação com a evolução da complexidade das habilidades motoras, conforme a maturação e desenvolvimento da
criança.
A divisão das habilidades motoras por faixa etária do Plano de Ensino seguiu a literatura dos autores estudados,
para que uma possível e efetiva prática pedagógica ocorra nas escolas de Educação Infantil até três anos de idade, da
Prefeitura do Município de Jundiaí-SP, contribuindo assim para um desenvolvimento global da criança em seus domínios
motor, cognitivo e afetivo-social.
Na segunda etapa, tivemos os seguintes resultados coletados através do questionário aplicado nas vinte e oito
escolas de Educação Infantil da PMJ:
Questão 1
Constatamos que todas as escolas pesquisadas entenderam como muito bom o desenvolvimento das
habilidades motoras dos alunos, o que mostra inicialmente uma participação efetiva por parte destes e também a
aceitação das atividades propostas.
Questão 2
Todos os professores utilizam-se do método de observação e elaboração de relatórios para todas as ações
desenvolvidas neste segmento. Somente 5% das escolas aderiram ao ―check list‖ como forma de avaliar os alunos.
Podemos ver que o relatório e a observação constante dos alunos são as formas mais acessíveis para avaliação do
trabalho.
Questão 3
Todas as escolas responderam que conseguiram efetivamente aplicar o Plano de Ensino e dessa forma atingir
os objetivos buscados, mostrando ser este elemento, coerente para o momento.
Questão 4
As habilidades motoras mais citadas foram o andar, o encaixar e o puxar e empurrar. Sendo assim, na prática
profissional dos Professores de Educação Física o trabalho com tais habilidades foi bastante diverso, uma vez que os
itens apontados não têm uma sequência, sendo normalmente aplicados em certos momentos.
Questão 5
Já as habilidades motoras que os alunos mais tiveram dificuldades foram o rastejar, a partir da etapa em que o
engatinhar e o andar se fazem presentes. O saltar e o lançar diferentes objetos também foram citados, podendo-se
entender que estas são mais complexas, apesar de estarem na faixa de desenvolvimento da criança.
CONCLUSÃO
Segundo Rodriguez (2008), dessa maneira a Educação Física faz parte da vida do aluno desde a mais tenra
idade, pois as Ciências da Educação tem demonstrado que é extremamente importante estimularmos as crianças nessa
faixa etária, por meio de um processo organizado, sistematizado e pedagógico da atividade motora.
Galvão (2008) afirma que o processo pelo qual os atos motores se ajustam ao espaço e às situações exteriores
é gradual e que a tendência que se observa no desenvolvimento gestual é de progressiva objetivação, sendo importante
o caráter expressivo que se mantém predominante na motricidade infantil.
Os resultados mostraram que o plano de ensino foi elaborado conforme dados da literatura específica da área.
Em todas as escolas pesquisadas, a aplicabilidade do plano foi considerada efetiva, acarretando em um bom
desenvolvimento motor pelos alunos.
Por conta destes fatores, já há um estudo junto à Secretaria de Educação e Esportes do Município de Jundiaí, a
pedido das diretoras e professores de Educação Física, para aumento do número de aulas semanais, buscando ampliar
os momentos de estimulação com as crianças.
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BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial Curricular
Nacional para a Educação Infantil. v. 1. Brasília: MEC, 1998.
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GALVÃO, I. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infantil. 18 ed. Petrópolis: Vozes, 2008.
RODRIGUEZ, C. G. Educação Física Infantil: motricidade de 1 a 6 anos. 3 ed. São Paulo: Phorte Editora, 2008.
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GRAU DE DESIDRATAÇÃO E TAXA DE SUDORESE EM ATLETAS JUVENIS DE FUTEBOL APÓS TREINAMENTOS
E JOGOS
MARCUS VINÍCIUS DE ALMEIDA CAMPOS
Educador Físico – UNAERP / Especialista em Nutrição HCFMRP – USP / Fisiologista – Radium FC
e-mail: [email protected]
DANIEL SASAKI SILVA
Educador Físico – FEUC / Especialista em Musculação e Personal Trainer – ESEFEM / Preparador Físico – Radium FC
RESUMO
O futebol é um esporte, onde o calor é dissipado principalmente pela transpiração, o que leva a uma perda
considerável de água e eletrólitos, podendo a mesma desencadear um processo de desidratação. Portanto, é de
fundamental importância a reposição dos nutrientes perdidos. Dentro desta perspectiva 20 atletas do sexo masculino,
com idade entre 15 e 17 anos foram pesados antes e após jogos e treinos, além de terem controlada a ingestão de
-1
-1
água, único nutriente ofertado. Os resultados indicam taxa de sudorese de 6,9±2,1ml.min ; 3,7±2,8ml.min e
-1
12,3±4,1ml.min em treinamento físico, treinamento técnico/tático e jogos respectivamente; além de grau de
desidratação após treino físico de 3,1±0,4%; 2,45±0,6 após treinamento técnico/tático e 2,79±1,2% após a realização
dos jogos. Os dados encontrados permite-nos afirmar que estratégias de hidratação de atletas de futebol devem ser
realizadas de forma individualizada, tanto no que se refere à quantidade, como a qualidade do nutriente a ser ofertado.
PALAVRAS- CHAVES: FUTEBOL – DESIDRATAÇÃO - TAXA DE SUDORESE
1. INTRODUÇÃO
O futebol, que surgiu na Inglaterra em 1885, chegando ao Brasil em 1894, sendo hoje um dos esportes mais
1
populares do mundo, promove um intenso gasto de energia durante os treinos e competições .
Durante uma partida de futebol, os atletas realizam atividades de baixa intensidade, como ficar parado de pé;
caminhar (velocidade de aproximadamente 6km\h); trotar (velocidade de aproximadamente 8km\h); correr em baixa
velocidade (velocidade de aproximadamente 12km\h) e correr em velocidade moderada (velocidade de
aproximadamente 15km\h) durante 92% do tempo total de jogo, e atividades intensas, como corridas em alta velocidade
(velocidade de aproximadamente 18km\h); sprints e deslocamentos laterais e para trás, durante 8% do tempo total de
2
jogo .
Para dissipar o calor metabólico produzido durante a partida ou treinamento, atletas de futebol utilizam-se
principalmente da vaporização da água (transpiração). Um efeito colateral da transpiração é a perda de fluidos, sendo a
taxa de perda de fluido, relacionada à intensidade do exercício; tamanho corporal; temperatura ambiente e umidade
relativa do ar; e estado de aclimatação, vestuário e estado de hidratação inicial do atleta. Em situações onde ocorre
perda hídrica elevada, sem reposição da mesma, desencadeia-se a desidratação, que é a perda de liquido maior ou
3
igual a 1% da massa corpórea total .
O estresse do exercício é acentuado pela desidratação, que aumenta a temperatura corporal, prejudica as
respostas fisiológicas e o desempenho físico e produz riscos para a saúde. Estes efeitos podem ocorrer mesmo que a
desidratação seja leve ou moderada, com até 2% de perda do peso corporal, agravando-se à medida que ela se
acentua. Em situações de perda entre 1 e 2%, inicia-se o aumento da temperatura corporal em até 0,4ºC para cada
percentual subseqüente de desidratação. Em torno de 3%, há uma redução importante do desempenho, com diminuição
da resistência muscular, da força muscular; perdas entre 4 e 6% podem promover fadiga térmica e a partir de 6% existe
4, 5
risco de choque térmico, coma e morte .
Além de água, o suor também contém quantidades significativas de sódio (uma média de 50mmol\l, embora as
concentrações variem amplamente), pequeno volume de potássio e pequenas quantidades de minerais como o ferro e o
cálcio. Um litro de suor contém cerca de 3g de cloreto de sódio (NaCl), portando, durante uma hora de atividade física
intensa, a perda de NaCl pelo suor pode chegar a 8g, como o sódio ajuda a manter a água no plasma, a perda de água
pelo suor carrega consigo grandes quantidades de sódio. Além da perda de sódio, ocorre perda de potássio e cloro,
6, 7
sendo que a perda do primeiro leva ao desenvolvimento de cãibra .
Como o suor é hipotônico em relação ao sangue, a desidratação decorrente de uma partida de futebol ou dos
exercícios que constituem o programa de treinamento deste esporte, pode resultar num aumento da osmolaridade
sanguínea. Assim, tanto a hipovolemia como a hiperosmolaridade aumentam a temperatura interna e reduzem a
5
dissipação de calor pela evaporação e convecção .
Dentro desta perspectiva, a água tem se mostrado um importante auxiliar ergogênico em condições de
desidratação, temperatura ambiente e corporal alta, umidade relativa do ar elevada, falta de movimento do ar, falta de
aclimatação ao calor por parte do atleta e em casos de altas taxas de sudorese (mais de 2l\h). Entretanto, estudos têm
mostrado que em situações onde ocorrem altas taxas de sudorese, geralmente em atividades prolongadas (mais que 1
8
hora), como o futebol, é recomendada à ingestão não somente de água, mas também de eletrólitos .
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Nas situações descritas acima, a ingestão apenas de água, pode diluir o plasma sanguíneo e estimular os rins,
fazendo o atleta ter vontade de urinar, o que faz com que não seja interessante água para atletas durante este tipo de
atividade; porém quando não houver possibilidade de reposição de sais minerais, é melhor optar pela água do que
7
deixar o atleta sem opção .
Como o futebol é um esporte que utiliza em diversas situações a via glicolitica, à reposição de carboidratos
também se faz importante, entretanto, é preciso se atentar a quantidade e a qualidade do mesmo a ser ofertado ao
-1
atleta. Uma solução de glicose diluída (40g/l ou mais) deixa mais lenta a taxa de esvaziamento gástrico, porém a
9
atividade de absorção da glicose que é transportada com sódio no intestino delgado estimula a absorção de água .
Portanto, quando o fornecimento de água é prioridade máxima, o conteúdo de carboidrato nas bebidas tem que
-1
ser baixo, cerca de 30-50g\l . Em condições climáticas frias ou para atletas com baixas taxas de suor, uma
-1 10
concentração mais alta de carboidrato pode ser a mais adequada (acima de100g\l ) .
A reposição de eletrólitos e também da reserva de carboidratos do fígado e músculo, têm sido realizada com o
uso de bebidas esportivas, estas contem em sua grande maioria, mais de um tipo de carboidrato em combinações de
4
sacarose, frutose, maltodextrina e eletrólitos como o sódio e o potássio, conforme podemos observa na tabela abaixo .
Tabela 1 - Composição de Repositores Hidroeletrolíticos
Recomendado
Carboidrato
60 a 80 g/L
NaCl
máx. 2 g/L
Osmolidade
180 a 500 mOsm/L
Fontes de Carboidrato (Máxima Quantidade para Evitar Hipertonicidade)
Frutose
35 g/L
Glicose
55 g/L
Sacarose
100 g/L
Maltose
100 g/L
Maltodextrina
100 g/L
Amido
100 g/L
A estratégia mais adequada de se evitar ou minimizar a desidratação e os efeitos da mesma em atletas é a
determinação das necessidades individuais destes, e a prescrição de recomendações específicas; que são calculadas
com base nas taxas de suor, na dinâmica do jogo, e nas características individuais do atleta. Manter o estado de
hidratação em atletas com altas taxas de suor, em esportes com acesso limitado a fluidos, como o futebol, pode ser
difícil, portanto, esforços especiais devem ser realizados a fim de minimizar a desidratação; e também evitar os riscos da
3
hiperhidratação .
Na literatura, temos uma série de trabalhos a cerca das necessidades e recomendações para se evitar a
desidratação em atletas de futebol adulto, entretanto os dados referentes a crianças e adolescentes, que sabidamente
11
possuem sistemas termorregulatórios menos eficientes que dos adultos são escassos . Portanto, dentro desta
perspectiva, a correta determinação da perda hídrica em atletas de futebol da categoria juvenil, pode esclarecer as suas
respectivas necessidades hidroleletrolíticas e auxiliar na determinação da melhor estratégia para se prevenir a
desidratação e seus efeitos adversos, garantindo assim melhores índices de performance a estes atletas e a integridade
da saúde dos mesmos.
2. METODOLOGIA
2.1 Amostra
Participaram deste estudo 20 atletas, do sexo masculino, integrantes da categoria juvenil do Radium Futebol
Clube, da cidade de Mococa-SP; com idade entre 14 e 17 anos, que participam de um programa de treinamento
sistemático e são acompanhados pelo departamento de fisiologia do clube.
2.2 Coleta dos Dados
2.2.1 Massa Corpórea
A obtenção da massa corpórea total dos atletas foi realizada com o auxilio de uma balança digital, da marca
Filizola, com uma precisão de 50g, sendo os atletas pesados antes e após as partida e os treinamentos; vestindo apenas
short e seguindo os procedimentos propostos por Frisancho (1990).
2.2.2 Temperatura Ambiente e Umidade Relativa do Ar
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A temperatura Ambiente e a umidade relativa do ar foram mensuradas com o auxilio de um termohigrometro
digital IMPAC, modelo TH01, sendo a temperatura mensurada em escala de 0,1°C e a umidade relativa do ar em escala
de1%.
2.2.3 Ingestão de água
A quantidade de água ingerida, ofertada de forma ad libitum no período pré-jogo e pré-treino, e durante os
treinos e as partidas foi controlada através de anotações em folhas individuais pelo pesquisador, sendo que toda água
ingerida durante e 1 hora antes da atividade foi ofertada em embalagens padronizadas de 100ml.
2.3 Características dos Jogos e Treinamentos
Os dados foram coletados em 5 partidas amistosas de 70 minutos de duração, divididos em 2 tempos de 35
minutos; em 5 treinamentos físico, onde trabalhou-se velocidade, agilidade, resistência anaeróbia e força especifica, com
duração de 2 horas e 5 treinamentos técnico/tático, onde trabalhou-se fundamentos como chute, cabeceio, passes,
escanteios, faltas e posicionamento em situações de ataque e de defesa, com duração de 2 horas e 30 minutos.
2.4 Cálculos
Foi calculada a desidratação do atleta, tanto de forma relativa (obtida pela subtração do peso inicial – PI –
menos o peso final – PF); como de forma absoluta (obtida pela subtração do valor obtido pela soma do PI e da
quantidade de líquidos ingeridos – LI – menos a soma do PF e do volume de urina produzido – U). Depois de calculada a
variação de peso absoluta e relativa, calculou-se o percentual que a mesma representa da massa corpórea total dos
atletas.
O grau de desidratação foi calculado pela equação proposta por Burke e Hawley (1997): % desidratação =
(mudança no peso corporal – volume urinário durante a atividade) / peso corporal inicial x 100.
A taxa de sudorese foi verificada pela equação proposta por Horswill (1998): taxa de sudorese = [(peso inicial –
peso final) + volume de líquido ingerido – (volume urinário + volume fecal) / tempo de exercício].
2.5 Tratamento Estatístico
Os resultados encontrados foram previamente normalizados por procedimento estatístico descritivo, para
obtenção do grau de parametria, sendo expressos os valores médios e respectivos desvios padrão (±), bem como o
coeficiente de variação.
3.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os atletas estudados possuem em média 16±1 anos, 172±20 cm de altura, massa corpórea total de 58,8±16kg,
percentual de gordura de 10,3±1,8% e volume máximo de oxigênio de 42,6±8,3 ml.kg.min.
Durante os jogos, a temperatura média foi de 28,7°±1,2°C e a umidade relativa do ar 67,8±6%; já nos dias de
treinamento tático/técnico, a temperatura média foi de 29,0±0,9°C e a umidade relativa do ar 68,2±4% e por fim nos dias
em que se realizaram treinamento físico, a temperatura média esteve em 28,2±0,8°C e a umidade relativa do ar
64,3±3%.
Em relação à desidratação relativa dos atletas, eles apresentaram perda de peso média de 830±175g durante
treinamentos técnico/tático, o que representa em média 1,41±0,3% da massa corpórea total dos mesmos. Quando
avaliados durante treinamento físico a perda de peso média dos atletas foi 870±110g, ou seja, 1,48±0,2% da massa
corpórea total dos mesmos; já durante os jogos, a perda de peso dos atletas foi 860±230g, o que representa 1,46±0,4%
da massa corpórea total. A perda de peso absoluta foi de 1144±352g, ou seja, 2,45±0,6% da massa corpórea total dos
atletas durante os treinos técnico/tático. Ao realizarem treinamento físico, os atletas perderam em média 1822±230g, o
que representa 3,1±0,4% da massa corpórea e durante as partidas tiveram uma perda de peso de 1640±705g, o que
equivale a 2,79 ±1,2% da massa corpora total dos atletas (Tabela 2).
Tabela 2 – Desidratação Relativa e Desidratação Absoluta
Treino Físico
Treino Técnico / Tático
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Jogo
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Perda de Peso
Absoluta (g)
1822±230
1144±352
1640±705
% Perda de Peso
Absoluta
3,1±0,4
2,45±0,6
2,79±1,2
Perda de Peso
Relativa (g)
870±110
830±175
860±230
% Perda de Peso
Relativa
1,48±0,2
1,41±0,3
1,46±0,4
Como nenhum atleta urinou durante os treinos e os jogos, o grau de desidratação calculado através da fórmula
proposta por Burke e Hawley (1997) foi similar ao %Perda de Peso Absoluta, sendo o grau de desidratação médio após
treinos físico 3,1±0,4%; 2,45±0,6 após treinamento técnico/tático e 2,79±1,2% após a realização dos jogos.
-1
A taxa de sudorese média observada durante os treinamentos foi 6,9±2,1ml.min quando os atletas realizaram
-1
treinamento físico e de 3,7±2,8ml.min quando da realização de treinamento técnico/tático. Durante os jogos a taxa de
-1
sudorese média foi de 12,3±4,1ml.min .
A perda de peso relativa durante treinamento físico e técnico tático, respectivamente 1,48±0,2% e 1,41±0,3
encontrado neste estudo, se mostram concordantes com o encontrado em estudo realizado por Salum e Fiamoncini
(2006) que encontrou uma variação percentual no peso relativo de atletas profissionais de futebol na faixa de 0,76% e
1,78%, variando este de acordo com a posição dos mesmos em treinamentos físico e técnico. Na literatura não foi
encontrado estudos que avaliassem a perda de peso relativa e/ou absoluta de atletas de futebol juvenil, que podem ter
um comportamento diferente dos atletas adultos.
-1,
A taxa de sudorese média em jogos, 12,3±4,1ml.min se mostrou superior a encontrada por Reis et al (2009)
-1
que observaram uma taxa de sudorese média de 8,8ml.min , porém neste mesmos estudo, os autores observaram uma
-1
-1
variação de 1,7ml.min a 28,3ml.min , estando o valor médio encontrado em nosso estudo, dentro da faixa de variação
encontrada por Reis. Quando comparamos nossos dados, com o de estudos que avaliaram atletas adultos, observamos
uma taxa de sudorese maior por parte de atletas adultos; Maughan e Burke (2004) afirmam que a taxa de sudorese de
-1
atletas de futebol adulto do sexo masculino varia de 16,7 a 20,0 ml.min .
4.0 CONCLUSÃO
A maior parte dos atletas avaliados neste estudo se mostrou desidratados tanto após os treinamentos, como
após os jogos; tal dado e a observação de estudos que analisaram o grau de conhecimento dos atletas com relação ao
conhecimento sobre hidratação, nos permite concluir que é de fundamental importância a orientação dos atletas quanto
suas necessidades nutricionais, e o estimulo ao cumprimento das mesmas, algo que não havia sido feito com estes
atletas antes da realização deste estudo, onde apenas deixamos a água disponível.
Houve uma grande variação no grau de desidratação dos atletas, principalmente após os jogos e os treinos
técnico/tático; permitindo-nos afirmar que a busca por níveis ótimos de hidratação deve ser realizada de forma
individualizada, considerando as necessidades individuais de nutriente do atleta; para assim garantir o fornecimento
adequado no que se refere tanto a quantidade, como a qualidade de nutriente. Entretanto, para o desenvolvimento de
tais estratégias, faz se necessário também a avaliação da composição do suor do atleta, a fim de se determinar a perda
de eletrólitos pelos mesmos, já que apenas o peso não é um bom indicador do grau de desidratação do atleta, uma vez
que estudos demonstram que podem haver variações consideráveis na quantidade de eletrólitos no suor de diferentes
atletas.
Ainda tendo como referência a perda de peso dos atletas, é possível afirmar-mos que para alguns atletas a
reposição hídrica apenas com água é eficaz, enquanto outros necessitam realizar reposição de eletrólitos.
5.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Soccer. J Sports Sci Med. 6(1):63-70. 2007.
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2- ASCENSÃO, A.; REBELO, A.; OLIVEIRA, E.; MARQUES, F.; PEREIRA, P.; MAGALHÃES, J. Biochemical Impact of
a Soccer Match — Analysis of Oxidative Stress and Muscle Damage Markers Throughout Recovery. Clinical
Biochemestry. 41: 841-851. 2008.
3- NATIONAL ATHLETIC TRAINERS' ASSOCIATION. Position Statement: Fluid Replacement for Athletes.
Athletic Training. 35(2): 212-224. 2000.
4- NABHOLZ, T.V. Nutrição Esportiva: Aspectos Relacionados à Suplementação Nutricional. São Paulo: Sarvier.
2007.
5- SOCIEDADE BRASILEIRA DE MEDICINA DO ESPORTE. Modificações Dietéticas, Reposição Hídrica,
Suplementos Alimentares e Drogas: Comprovação de Ação Ergogênica e Potenciais Riscos para a Saúde. Rev
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6- AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION; DIETIANS OF CANADA.
Joint Position Statement: Nutrition and Athletic Performance. Medicine and Science in Sports and Exercise.
32(12): 2130-2145. 2000.
7- TIRAPEGUI, J. Nutrição: Fundamentos e Aspectos Atuais. 1ª Ed. São Paulo: Atheneu. 2000.
8- BACURAU, R. Nutrição e Suplementação Esportiva. São Paulo. Phorte. 2000.
9- MAUGHAN, R.J. Fluid and Electrolyte Loss and Replacement in Exercise. J Sports Sci. 9:117-42. 1991.
10- MONTEIRO, C.R.; GUERRA, I.; BARROS, T.L. Hidratação no Futebol: Uma Revisão. Rev Bras Med Esporte. 9
(4):238-242. 2003
11- BAR, O.; WILK, B. Water and Electrolyte Replenishment in the Exercising Child. Int J Sports Nutr. 6(2):93-99.
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12- FRISANCHO, A.R. Anthropometric standards for assessment of growth and nutritional status. Ann Arbor,
Michigan: University of Michigan Press. 1990.
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17- MAUGHAN, R.J.; BURKE L.M. Nutrição Esportiva. Porto Alegre:Artmed. 2004.
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TREINAMENTO DE FORÇA PARA MEMBROS INFERIORES EM MULHERES COM IDADE ENTRE 45 E 60 ANOS
PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA
CAMILA LOPES POPITZ
[email protected]
Acadêmica do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
Maurício Borges de Oliveira
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
Denise Prinz Reis
Acadêmica do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito de treinamento de força muscular em voluntárias na fase da meia-idade.
Participaram deste estudo 16 voluntárias com idade média de 53,94±4,23, peso médio de 67,94±14,52 e altura média de
1,55±0,06, estas participaram do treinamento durante três meses, realizado três vezes por semana, em dias alternados
(segunda, quarta e sexta-feira), com duração de 40 minutos. O treinamento de força foi realizado em máquinas de
resistências variadas. A força muscular foi avaliada em três períodos: inicial (semana zero), intermédio (7ª semana) e
pós (13ª semana). O teste de 1RM (repetição máxima) foi utilizado para que fossem encontradas as cargas de cada
voluntária, nos aparelhos cadeira extensora, flexora e gêmeos. Os resultados encontrados foram significantes entre os
dois grupos, tornado-se claros a importância da prática de qualquer atividade física.
Palavras-chave: Treinamento de força, Meia-idade, Ganho de força.
Introdução
O recente relatório do Fundo das Nações Unidas afirma que no ano de 2025, terá um aumento de 190 milhões
de habitantes, onde será necessário garantir condições de existência e também ter acesso ao mercado de trabalho.
Então, o Brasil terá alteração em seu perfil demográfico, pois terá um aumento de pessoas acima de 60 anos de idade.
Dentro de pouco mais de 10 anos esta população deve ultrapassar os 13 milhões de habitantes (CORAZZA, 2005).
Com os avanços tecnológicos, aparelhos das academias, parques para realização de caminhadas,
aconteceram aspectos muito importantes para a população, um deles é a conquista da longevidade, indivíduos estão
sobrevivendo por períodos mais longos, mesmo que não estejam vivendo em melhores condições de vida (ATIVIDADE
FÍSICA, 2008). Cerca de 30% dos idosos, sofrem no mínimo uma queda por ano, e acima de 80 anos, este número
eleva-se para 50%. Dados hospitalares afirmam que cerca de 40% dos casos de atendimentos, são decorrentes dessas
quedas, e 30% acabam sofrendo um trauma. Um fato importante a ser observado, é que 50% dos idosos hospitalizados,
após um ano do acontecido chegam a falecer (SAFONS, et al., 2008).
Durante o envelhecimento acontecem quatro tipos de idades: Idade cronológica - número de anos ou meses
desde o nascimento; Idade biológica - mudanças nos processos biológicos ou fisiológicos; Idade psicológica –
capacidades individuais de dimensões mentais ou função cognitiva; Idade social – noção de sociedade, por não saber o
que é apropriado para o individuo daquela faixa etária (CORAZZA, 2005).
O envelhecimento causa uma diminuição dos níveis de VO 2 máximo ou até mesmo a perda das capacidades
motoras, sendo elas: redução da força, flexibilidade, velocidade, tornando cada vez mais difícil a realização das
atividades de vida diária (levantar-se de uma cadeira, varrer o chão, jogar o lixo fora, etc.) é importante manter a força
conforme envelhecemos, por que ela é vital para saúde (FLECK; KRAEMER, 2006).
Estudos mais recentes dizem que o envelhecimento é marcado por modificações na composição corporal
(SANTOS et al, 2005), este fato sendo mais visível em mulheres, por causa da fase da menopausa, pois causa
mudanças como um aumento no percentual de massa gorda, perda natural de massa óssea (osteoporose), causando
uma fragilidade do tecido ósseo, diminuição da massa corporal e gordura visceral, acarretando doenças
cardiovasculares, diabetes e dislipidemias (ROSSATO, et al., 2007). Para combater essas perdas a pratica de exercício
físico é indicada, assim ajudando na saúde do tecido ósseo, volume da massa muscular e regula a perda do percentual
de gordura corporal (ROSSATO, et al., 2007).
Um programa de treino tem como objetivo aperfeiçoar o desempenho de um indivíduo, assim deixando bem
claro que pode ser de forma positiva ou negativa (POWERS; HOWLEY, 2000). Pode-se dizer que, com treino de força
acontece um aumento no nível de força, variando de 25% a 100% (WILMORE; COSTIL, 2001).
Com a realização destes estudos, torna-se mais fácil desenvolver programas de força que possam ajudar no
equilíbrio, ganho de força e no aumento da resistência muscular, com isso prevenindo vários tipos de lesões e também
um aumento na ―performance‖ do indivíduo (DAVIS, HEIDERSCHEITE, BRINKS, 2000; GLEESON, MERCER, 1996
apud CARVALHO, et al., 2003).
A hidroginástica surgiu na Alemanha, por volta de 1722, para atender pessoas com mais idade, que
necessitavam praticar alguma atividade física sem riscos as lesões articulares assim proporcionando o bem estar físico e
mental (SESI, 2008).
Com a prática da hidroginástica podem ser citados alguns benefícios relacionados ao treinamento de força, o
aumento da massa magra, flexibilidade, densidade óssea, velocidade da marcha, capacidade de levantar e carregar,
equilíbrio, aumenta as funções renais, percepção corporal, autoconfiança, melhora da velocidade para subir escadas,
diminui tecido adiposo no abdômen, número de quedas e por conseqüência de lesões ósteo-articulares (fraturas), tempo
de reação, gordura intramuscular (ABOARRAGE, 2008).
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Materiais e métodos
A amostra deste estudo foi composta por 16 voluntárias com idade média de 53,94±4,23 anos, peso médio de
67,94±14,52 kg e altura média de 1,55±0,06 metros. Foi entregue a cada voluntária um termo de consentimento livre e
esclarecido, explicando todos os procedimentos para tal estudo e juntamente a Aplicação do Questionário Internacional
de Atividades Físicas para avaliação do nível de atividades físicas de mulheres idosas: validade concorrente e
reprodutibilidade teste-reteste (BENEDETTI; MAZO; BARROS. 2004). Como critério de inclusão as voluntárias
praticantes de hidroginástica deviam estar matriculadas na academia onde o estudo foi desenvolvido e todas com idade
entre 45 e 60 anos, as que não tinham tais características foram exclusas. Na tabela 1 encontram-se as características
das voluntárias do estudo.
TABELA 1. Características das voluntárias participantes do estudo com valores expressos em média±desvio padrão.
Idade (anos)
Peso (kg)
Altura(m)
IMC (índice de massa corporal)
53,94±4,23
67,94±14,52
1,55±0,06
27,58 ±5,46
As voluntárias compareceram na academia em dia e horário diferenciado, na mesma semana, de acordo com
sua disponibilidade, para coletar a altura (m), peso (kg), IMC e teste de 1RM. Todos estes procedimentos orientados
pela autora do estudo. Para o teste de 1RM, no movimento de extensão dos joelhos na ―cadeira extensora‖, na flexão
dos joelhos na ―cadeira flexora‖ e para panturrilha o aparelho denominado ―gêmeos‖, foi submetido a uma carga baixa e
foram orientadas a realizarem duas repetições seguidas, se caso levantassem com facilidade o peso era aumentado e
se não conseguissem levantar com facilidade a carga era diminuída até a execução das duas completas. Teste realizado
no pré e pós-treinamento.
O programa de treino teve duração de 12 semanas consecutivas. As voluntárias da hidroginástica praticavam
no mínimo duas vezes por semana, e do treinamento de força três vezes por semana.
Ao iniciar o treinamento, era feito um aquecimento no próprio aparelho de musculação com uma carga baixa,
de acordo com a carga máxima de cada voluntária e depois era submetido ao treinamento, sendo que na primeira
semana foram utilizados 65% de 1RM, no inicio da sétima semana foi utilizado 75% do 1RM e no início da oitava
semana utilizou 85% de 1RM (BOMPA, 2002).
Para realizar o tratamento estatístico utilizou-se a estatística Anova One Way e também o test t de Student para
p≤0,05.
Resultados e Discussão
Os gráficos 1 a 2 mostram os resultados encontrados nas fases pré e pós estudo.
GRÁFICO 1 – Relação do aumento de força de membros inferiores realizado na cadeira extensora, flexora e
gêmeos, dos grupos hidroginástica e Hidro+força, no momento pré e pós estudo.
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GRÁFICO 2 – Comparação do ganho de força (média) nos grupos de hidroginástica e Hidro+força, no momento
pré e pós-estudo.
De acordo com os resultados, encontrou-se diferença estatisticamente significativa quando comparados os
valores pré e pós do grupo Hidroginástica, bem como os valores pré e pós do grupo de Hidroginástica + Treinamento de
Força utilizando-se o test t de Student para p≤0,05.
Ao compararem-se os grupos de Hidroginástica (pré e pós) com o grupo de Hidroginástica e Treinamento de
Força (pré e pós) constatou-se uma diferença estatisticamente significativa para p≤0,05 através do teste Anova One
Way.
Kraemer et al (2004) apud Prestes et al (2008), observaram que um treinamento de força de seis meses em
mulheres de meia-idade destreinadas, promoveu aumentos significativos na força de cada voluntária, mas porém as
cargas utilizadas foram de 3-12RM, sendo maiores de que 1RM.
De acordo com o estudo realizado por Carvalho et al (2003) foram observadas alterações significativas para
treinamento de força de membros inferiores, este estudo teve duração de seis meses, onde era realizado extensão e
flexão dos joelhos. Após os três primeiros meses de treino foram encontradas diferenças significativas, mas nos últimos
três meses não houve diferença alguma. Frontera et al (1998) apud Carvalho et al (2003) encontraram aumentos muito
mais expressivos para tal treinamento sendo este no valor de 107%, no movimento de extensão de joelhos após 12
semanas e outro estudo realizado por Fiatarone et al (1990) apud Carvalho et al (2003) descrevem aumentos de 174%
após oito semanas de treinamento, estas diferenças são justificadas pelo fato dos baixos níveis de força iniciais deste
indivíduos.
Em um estudo realizado por Sanders & Maloney-hills (1998) apud Araújo et al (2007), com mulheres idosas,
participantes de um programa de exercícios aquáticos, observou-se uma melhora significativa na força de extensão e
flexão dos joelhos.
No estudo realizado por Prestes et al (2008), houve um aumento significativo para os membros inferiores.
Rhea e Alderman (2004) apud Prestes et al (2008), comentaram que tanto homens quanto mulheres de todas as
faixas etárias e diferentes níveis de treinamento, podem exibir maiores aumentos na força muscular com treinamento de
força.
De acordo com os resultados encontrados no trabalho de Aveiro et al (2004), pode ser observado que houve
uma melhora significativa da força muscular do quadríceps de mulheres osteoporóticas, sendo que todas as voluntárias
aumentaram a força muscular de extensão do joelho e a média do grupo foi aumentada em 25%. Estes resultados
concordam com o estudo realizado por Mitchell et al (1998) apud Aveiro et al (2004), que encontrou um aumento
significativo no aumento do torque de extensão de joelhos de mulheres osteoporóticas após 3 meses de atividade física
que constava levantamento de peso, caminhada e alongamento.
No estudo de Malmros et al (1998) apud Aveiro et al (2004), realizado com mulheres pós menopáusicas com
diagnóstico de osteoporose, observou-se uma melhora significativa da força e massa muscular do quadríceps, realizado
durante 10 semanas de atividade física contendo exercícios de fortalecimento, alongamento, equilíbrio e relaxamento.
Hartard et al (1996), apud Aveiro et al (2004), submeteu um grupo de mulheres pós-menopáusicas com
osteopenia a um treinamento de força. Ao final de seis meses de treinamento de força muscular dos membros inferiores
com freqüência de 2 vezes por semana, obteve um aumento significativo da força muscular, para teste de 1RM, nos
aparelhos leg press, cadeira extensora e flexora.
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Mitchell et al (1998), apud Aveiro et al (2004), obteve uma melhora significativa da força muscular em mulheres
osteoporóticas após treinamento de fortalecimento muscular por 3 meses e concluiu que esta melhora resulta em um
menor número de quedas.
Conclusão
De acordo com o trabalho de treinamento de força para membros inferiores realizado neste estudo, pode-se
perceber a importância da musculação e hidroginástica para mulheres na fase da meia-idade, como houve melhoras
significativas no aumento da força nos dois grupos. Com isto tornando-se claro que todos os indivíduos deveriam incluir
qualquer atividade física em sua vida, assim tornando-se mais independente dos outros e evitando problemas para com
a saúde. Também pode-se perceber que o principal motivo de adesão a atividade física, por parte das mulheres de
meia-idade é a saúde da mente e do físico, bem como a sua integração a sociedade. Ressalta-se aqui a importância da
manipulação e organização das variáveis do treinamento de forma sistematizada, visando promover alterações nos
níveis de força máxima, especialmente em mulheres de meia-idade.
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AS BRINCADEIRAS POPULARES NO COMBATE AO SEDENTARISMO JUVENIL
Fabiana Cristina Terra de Oliveira Alves
(Pós – graduação em Educação Física Escolar e Atividades Recreativas, ENAF/FAGAMMON- Lavras- MG
[email protected])
Natali Cristiane Ferreira
(Pós – graduação em Educação Física Escolar e Atividades Recreativas,
Michelle Aline Barreto (mestranda em educação Física- UFJF)
RESUMO: A nova geração está cada vez mais sedentária. Adepta aos confortos da vida moderna, cheia de controles
remotos e meios eletrônicos que facilitam a vida e minimizam o esforço físico. Este estudo teve como objetivo analisar
como as brincadeiras populares podem combater o sedentarismo de adolescentes em fase escolar. Os sujeitos da
pesquisa foram alunos voluntários, com idade entre treze a quatorze anos, estudantes do 9º ano de uma escola
estadual, onde se utilizou questionários como tarefa de casa e de sala de aula. Pôde-se demonstrar que na escola a
prática das brincadeiras populares na adolescência traz benefícios, contudo, as mesmas precisam ser estimuladas sem
exageros ou cobranças excessivas, devem ser prazerosas, para serem lembradas na vida adulta como algo bom,
portanto passível de ser rememorado e perpetuado.
Palavras-chave: brincadeiras populares; adolescência; sedentarismo.
ABSTRACT: The new generation is getting more and more sedentary nowadays: adept to modern life comforts, full of
remote controls and electronic ways that make life easier and minimize physical effort. This study had as objective
analyzing how popular games can combat sedentary in school stage adolescents. The research subjects where voluntary
th
students, with age between thirteen and fourteen, that course 9 grade of a state school, were where used questionnaires
as homework and class work. It was possible to show that the practice of popular games at adolescence brings
benefices, although, these games need to be stimulated without exaggerations or excessive exigencies; they must be
pleasurable, to be remembered at adult life as something good, thus susceptible to be remembered and perpetuated.
Key-Words: popular games; adolescence; sedentary.
1 INTRODUÇÃO
De acordo com Baruki et al. (2006) ―assistir televisão por mais de três horas/dia e jogar videogame por mais de
duas horas/dia são fatores de risco para sobrepeso e obesidade, verificando uma correlação positiva entre o tempo
gasto nessa atividade e o índice de massa corporal (IMC)‖. Para esse autor podemos observar que nas últimas décadas
a população infanto-juvenil tornou-se menos ativa. A intenção dessa pesquisa foi questionar o crescente esquecimento
das brincadeiras populares por parte da escola, família e sociedade. E os adolescentes, por sua vez, estão envolvidos
em práticas como jogos eletrônicos, televisão e computadores, que fatalmente culminam, muitas vezes, em um estilo de
vida sedentário.
De acordo com o pensamento de Melo (1985), o resgate das brincadeiras populares é de grande relevância,
uma vez que os adolescentes podem desenvolver a linguagem, o pensamento, a socialização, a iniciativa e a autoestima, preparando-se para ser um cidadão capaz de enfrentar desafios e participar na construção de um mundo melhor.
Em sua obra, o autor chama atenção para a enorme importância das manifestações do folclore tradicional, apontando
para a ―perda irreparável‖ que sofrem aqueles que descartam ou desprezam as suas imagens.
A atividade física apresenta diversos efeitos benéficos ao organismo, sendo recomendada como uma
estratégia de promoção da saúde para a população. Entretanto vários estudos mundiais incluindo o Brasil apontam para
um elevado índice de sedentarismo em todos os grupos etários, variando de 50% a mais de 80% na população mundial
(MENDES et al., 2006).
Baruki et al. (2006) destaca que certos hábitos, principalmente familiares adquiridos desde muito cedo,
provocam certos vícios. A televisão, por exemplo, afasta os adolescentes das atividades físicas.
Para Cavalcanti (1996) é através dos programas educativos que o aluno passa a adquirir conhecimentos. Do
ponto de vista pedagógico, temos as brincadeiras populares, que como atividades físicas, são consideradas completas:
brincando de roda a criança exercita naturalmente o seu corpo, desenvolve o raciocínio e a memória, estimula o gosto
pelo canto, onde a poesia, a música e a dança se unem em uma síntese de elementos imprescindíveis a educação
global (MELO,1985).
É inegável que as Cantigas e Brincadeiras-de-roda ocupam um lugar especial no contexto das canções e
movimentos. As Cantigas-de-roda integram o conjunto das canções anônimas que fazem parte da cultura espontânea,
decorrente da experiência de vida de qualquer coletividade humana. Elas se dão numa seqüência natural e harmônica
com o desenvolvimento humano (CÂMARA CASCUDO,1988).
Segundo Câmara Cascudo (1988), as Brincadeiras-de-roda referem-se a brincadeiras do folclore dançadas ou
cantadas, apresentando melodias e coreografias simples, sendo que grande parte delas se apresentam com os
participantes se colocando em roda e de mãos dadas. Mas existem também algumas variações, como os brinquedos-deroda assentados, de fileira, de marcha, de palmas, de pegar, de esconder, incluindo também as chamadas para
brinquedos e as cantigas para selecionar jogadores.
Com relação às músicas folclóricas, que acompanham as brincadeiras-de-roda, estas se transmitem e se
preservam oralmente, expandindo-se com toda a naturalidade e possuindo uma aceitação coletiva. Ela diferencia-se da
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música chamada erudita por nela não ser procurado o rebuscamento ou o aperfeiçoamento de forma intencional e da
música chamada popular, por não ser produzida em série ou ter destinação comercial. Em sua simplicidade, a música
folclórica torna-se mais autêntica e espontânea assumindo um poder de comunicação e uma ressonância imediata no
espírito do povo que a pratica (LAMAS, 1992).
Conforme Câmera Cascudo (1988), o valor do folclore ultrapassa largamente o ângulo do funcionamento
racional, compreendendo muito mais, uma afirmação ou ampliação do emocional.
―Assim, as suas manifestações conformam a fisionomia espiritual das gentes e, se esquecidas ou
desprezadas, "[...] os povos acabam perdendo a consciência do seu próprio destino" (BRANDÃO e MILLECO, 1992). Em
contrapartida, a oportunidade de reviver, experimentar, ou lembrar as manifestações do folclore, implica em entrar em
contato com forças vitais ancestrais e também em reviver conteúdos arquetípicos que estão na base da construção da
identidade dos povos, pois segundo Garcia:
[...] A identidade quer pessoal, quer social, é sempre socialmente atribuída,
mantida e transformada [...]. O processo de identificação é um processo de
construção de imagem. E o suporte fundamental é a memória, através da qual se
obtém informações, conhecimentos, experiência e, por isso mesmo, a
possibilidade de dar lógica, sentido e inteligibilidade aos vários aspectos da
realidade. (Garcia, Souza e Silva e Ferrari,1989)
Pode-se dizer que jogando, brincando, cantando e dançando no grupo de brincadeiras, a criança traz
elementos do passado da humanidade para o seu presente. "A partir da vivência deste passado relacionado aos
conteúdos do seu presente, encontra-se em condições de projetar o seu futuro" (Garcia Souza e Silva e Ferrari, 1989).
"Neste processo a criança tem a possibilidade de transformar o desconhecido em conhecido, o inexplicável em
explicável e reforçar ou alterar o mundo. Pode levantar questões, discutir, inventar, criar e transformar‖ (GARCIA, 1989).
2 MATERIAIS E MÉTODOS
Os sujeitos da pesquisa foram vinte e quatro alunos, com idade entre treze e quatorze anos, do nono ano do
Ensino Fundamental, da Escola Estadual ―Professor Fábregas‖, da cidade de Luminárias, MG. Todos participaram
voluntariamente e com autorização dos pais ou responsáveis.
A coleta de dados foi feita durante cinco meses, em dez aulas de Educação Física, com permissão do
professor atuante e da escola. Uma entrevista semi-estruturada foi aplicada, com três questões, elaboradas pelas
pesquisadoras. Após a entrevista foi solicitada uma pesquisa para casa, em que os adolescentes deveriam perguntar
aos pais, avós e vizinhos, sobre como eram suas brincadeiras no tempo de sua adolescência.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com relação à entrevista, aplicada em sala de aula:
Na questão de número 1, quando os sujeitos foram perguntados se praticam algum esporte e qual praticam,
obteve-se o seguinte resultado:
40%
35%
30%
25%
20%
15%
10%
5%
0%
futsal
vôlei
ciclism o
nenhum
alunos
Observa-se que muitos dos entrevistados não praticam esportes. 38% praticam futsal, 28% praticam vôlei,
28% não praticam esportes e 6% praticam outros esportes.
Todos os alunos se conhecem, o círculo de amizade é grande e as opções de lazer são poucas, na cidade da
pesquisa, portanto, os alunos optam pelas mesmas manifestações que envolvam seus amigos. Esta observação
encontra respaldo em Câmara Cascudo (1988) quando afirma que ―as manifestações populares nascem dos impulsos
criadores, tanto individuais como coletivos [...], cada um improvisa, recria, deixa a sua marca e introduz novos padrões.‖
Na segunda questão, perguntou-se o que gostavam de fazer nas suas horas de folga, com cinco opções
(assistir televisão, navegar na Internet, ler, praticar esportes e outras atividades), em que poderiam escolher mais de
uma, pois todos tinham várias preferências. O resultado apresentado está demonstrado abaixo:
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100%
80%
televisão
60%
Internet
leitura
40%
esporte
20%
outros
0%
alunos
Na primeira opção, todos os entrevistados disseram gostar de assistir televisão preferindo desenhos, filmes e
novelas.
Na segunda opção, 80% dos mesmos, navegam pela Internet, preferencialmente em sites de relacionamento.
Na terceira opção, 28% gostam também de ler.
Já na quarta opção, além assistirem televisão e navegarem na Internet, 60 % também praticam esporte nas
horas de folga.
Na quinta opção, 21% dos entrevistados fazem atividades diversificadas como: nadar, ir à Igreja, comer,
brincar com os vizinhos, correr, ouvir músicas, tocar instrumentos musicais e passear.
Pode-se observar que a preferência é a Televisão e a Internet, embora muitos pratiquem esportes, não se
sabe ao certo quantas vezes por semana. Conforme Pinho (1999) há uma dificuldade de determinar os níveis habituais
da prática de atividades físicas de crianças e adolescentes devido à dificuldade de desenvolver instrumentos
padronizados de medida, impossibilitando a obtenção de informações conclusivas em relação ao comportamento físico
dessa população.
Quando foram indagados, na terceira questão, se conheciam alguma brincadeira popular, ou que seus pais
brincavam, todos responderam afirmativo. Embora todos conhecessem alguma brincadeira popular, grande parte dos
adolescentes entrevistados, não praticam atividades físicas, mas mantêm a preferência por atividades que levem ao
ócio, como Internet e televisão. De acordo com Lyra (1993) ―hoje em dia, com o advento da tecnologia moderna, mais
acessível à quase todas as classes sociais, é que muitos jovens mudaram a sua forma de lazer, preferindo passar horas
por dia em atividades sedentárias, no conforto e proteção do lar.
Sobre a entrevista com pais, tios e vizinhos e avós, as brincadeiras que eles brincavam e que foram anotadas
no caderno são: currupio, esconde-esconde, perna-de-pau, amarelinha, pedrinha, peteca, bete, Maria-mole, pula-corda,
futebol de bola de meia, pula carniça, roda, queimada, pique-bandeira, trole, barra manteiga, bola-de-gude, futebol de
tampinha, escravos de Jô, joga palito, pique-lata, futebol de botão, malha, garrafão, biscoitinho queimado, cabra-cega,
dominó, carrinho de bola, pião, bambolê, caiu no poço, gangorra, caveirinha, estoque, quatro cantos, jogo da faquinha,
pêra-uva-maçã, balança-caixão.
Algumas dessas brincadeiras os alunos não conheciam, então os pais, tios, vizinhos e avós entrevistados
ensinaram como se brinca. Todas as brincadeiras foram testadas pelos alunos que elegeram algumas para serem
desenvolvidas nas aulas de Educação Física. Vale lembrar que, a atividade lúdica, durante as aulas de educação Física,
constitui o aspecto mais autêntico do comportamento do aluno, pois de acordo com Lyra (1993):
Ao brincar, o adolescente, está correspondendo a necessidades vitais suas, dando vazão a
impulsos que o permite desenvolver-se como ser pleno e afirmar a sua existência singular. É
um movimento que faz parte dos seus esforços de compreender o mundo, e que o torna capaz
de lidar com problemas até complexos, que muitas vezes tem dificuldade de compreender.
4 CONCLUSÃO
Concluímos com a pesquisa, que os alunos realmente passam a maior parte do tempo em frente à televisão e
ao computador. Mesmo conhecendo algumas brincadeiras, preferem as atividades sedentárias.
Com a entrevista, todos tomaram conhecimento de brincadeiras que desconheciam e, através da prática nas
aulas, souberam o valor e a diferença entre brincar com colegas ou ficar parado, inerte em frente aos aparelhos
eletroeletrônicos. O desenvolvimento psicomotor dos alunos evoluiu, contribuindo para o processo ensino aprendizagem,
pois se sentiam bem dispostos depois das brincadeiras, ágeis e querendo brincar mais.
Foi uma pesquisa satisfatória, contribuiu para o resgate das brincadeiras populares na escola, servindo de
alerta, tanto para professores e alunos quanto para seus familiares, que compreenderam o prejuízo que o sedentarismo
traz para a saúde. Enfim, os objetivos foram alcançados e esperamos que este trabalho possa colaborar com
professores e alunos em suas atividades diárias.
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COMPARAÇÃO DO EQUILÍBRIO EM IDOSAS PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA
1
Jacqueline Stela da Silva
[email protected]
1
Nathalia Karina Barros Caixeta
2
Sidney Benedito Silva
1
Acadêmicas do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
2
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
RESUMO
Atualmente a expectativa de vida vem crescendo ano após ano, caracterizando um aumento no número de idosos. Com
isso, diversos tipos de atividades físicas são ofertadas para essa população objetivando melhoras nas capacidades
físicas. Uma dessas qualidades é o equilíbrio corporal, que vem sendo bastante estudado. Com isso, esse estudo tem
como objetivo comparar o equilíbrio de idosas praticantes e não praticantes de hidroginástica. Primeiramente as idosas
responderam a uma anamnese para a inclusão neste estudo. O equilíbrio foi analisado através da Escala de Equilíbrio
de Tinetti (1996). Foram avaliadas 40 idosas, sendo 20 praticantes e 20 não praticantes de hidroginástica. A idade variou
de 60 a 74 anos para as praticantes e de 60 a 78 anos para as não praticantes. Os resultados indicam que as idosas
praticantes de hidroginástica apresentaram um melhor equilíbrio quando comparadas com as não praticantes. A prática
da hidroginástica colaborou para tais resultados.
Palavras Chave: Idosas; Equilíbrio; Hidroginástica.
INTRODUÇÃO
Envelhecimento é o conjunto de alterações que ocorrem progressivamente na vida adulta e que
frequentemente reduzem a qualidade de vida do indivíduo (CARVALHÃES NETO, 2005).
Essas alterações, se associadas ao aparecimento de doenças crônico degenerativas, podem acelerar o
declínio funcional do indivíduo idoso que é caracterizado, entre outras coisas por imobilidade, instabilidade e
comprometimento das funções neuromusculares (CARVALHO; PEIXOTO; CAPELLA, 2007).
Segundo Maciel e Guerra (2005) o envelhecimento populacional é uma realidade do nosso país, assim como
em todo o mundo.
O aumento do número de idosos instiga o desenvolvimento de estratégias que possam minimizar os efeitos
negativos do avanço da idade cronológica no organismo. Estas estratégicas visam à manutenção da capacidade
funcional e da autonomia para que as pessoas possam ter uma vida mais longa e com melhor qualidade (TRIBESS;
VIRTUOSO JUNIOR, 2005).
As alterações do corpo humano relacionados à idade são problemas de grande importância na saúde pública
em rápida expansão na população idosa (GUCCIONE, 2002).
Os idosos são mais propensos a doenças que alteram diretamente as funções sensoriais, da integração das
informações periféricas centrais, bem como a senescência dos sistemas neuromusculares e da função esquelética
como, por exemplo, diabetes, aterosclerose, acidente vascular cerebral e depressão que acarretam limitação de suas
atividades motoras em decorrência da perda de massa muscular, flexibilidade e integridade esquelética (SIMOCELI et al,
2003).
Com o envelhecimento, ocorre a diminuição progressiva do equilíbrio, que está diretamente relacionada com a
elevada incidência de quedas observada na população idosa (DIAS; GURJÃO; MARUCCI, 2006).
As mudanças do equilíbrio poderiam ser relacionadas às mudanças nos sistemas corporais, principalmente o
sistema nervoso. Existem mudanças nos receptores sinestésicos, que podem ser mais extremas nos membros inferiores
do que nos membros superiores (HAYWOOD; GETCHELL, 2004).
A manutenção e/ou recuperação do equilíbrio, para o idoso é primordial. A partir desse controle motor, ele será
capaz de realizar suas atividades com mais segurança (VERDERI, 2004).
As alterações do equilíbrio, caracterizadas como tontura, vertigem, desequilíbrio e queda, estão entre as
queixas mais comuns na população idosa e constituem um problema médico de grande importância (SIMOCELI et al,
2003).
Simocelli et al (2003) estimam-se que a prevalência de queixas de equilíbrio na população acima de 60 anos
chegue a 85%, estando associadas a várias etiologias, e podendo se manifestar como desequilíbrio, desvio de marcha,
instabilidade, náusea e quedas frequentes.
È sabido que, no decorrer do envelhecimento, os idosos adotam mecanismos compensatórios para manter a
postura adequada e uma marcha funcional, tais como: alargamento da base de suporte, diminuição do comprimento e
altura do passo e a redução da velocidade da marcha. Desta forma, o idoso está mais susceptível a tropeçar e a cair
(LOJUDICE et al, 2008).
As quedas nos idosos constituem uma importante causa de morbidade e mortalidade, com as consequências
se estendendo, com frequência, para muito além de uma pequena lesão, até a perda significativa da independência
funcional e, mesmo, a morte (GUIMARÃES; FARINATTI, 2005).
As estatísticas sobre queda em lesões e os acidentes com idosos indicam que as quedas são a sétima causa
principal de morte de pessoas acima de 75 anos (SHUMWAY-COOK; WOOLLA-COTT, 2003).
Atualmente, as fraturas decorrentes de quedas são responsáveis por aproximadamente 70% das mortes
acidentais em pessoas acima de 75 anos. Em comparação com as crianças, que também possuem alta taxa de quedas,
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os idosos apresentam 10 vezes mais hospitalizações e oito vezes mais mortes consequentes a estas quedas, taxa que
aumenta em proporção direta com os anos de sobrevida. (SIMOCELI et al, 2003).
O risco de quedas pode ser minimizado com a prática de exercícios físicos. A atividade física tem sido
comprovada como fator de melhora da saúde global do idoso, sendo o seu incentivo, uma importante medida de
prevenção das quedas, oferecendo aos idosos maior segurança na realização de suas atividades do dia a dia
(GUIMARÃES et al, 2004).
Vários estudos atribuem a pratica regular do exercício físico como algo que favorece uma maior longevidade, a
redução do número de medicamentos prescritos, da taxa de mortalidade, a prevenção e a redução da frequência de
quedas e a incidência de fraturas.
Conforme Simões et al (2008), o exercício físico pode diminuir e/ou amenizar alguns dos declínios relacionados
à idade, melhorando a qualidade de vida, manutenção da saúde, a autonomia de movimentos e a funcionalidade geral
do idoso, pois tem efeitos positivos sobre as funções fisiológicas, cognitivas, sociais e emocionais. A hidroginástica
sendo praticada regularmente traz melhoras em cinco componentes do condicionamento físico: resistência aeróbia e
muscular localizada, força, flexibilidade e composição corporal, além de influenciar positivamente os componentes
secundários atingidos pelo processo de envelhecimento, como equilíbrio, agilidade, reflexo e coordenação.
As vantagens da hidroginástica são grandes. Há uma diminuição dos riscos de um problema muscular, pois os
exercícios realizados na água dificultam o desenvolvimento de movimentos bruscos (VELASCO, 2006); a água
massageia todo o corpo ao mesmo tempo, e faz com que ocorra uma melhora na circulação sanguínea periférica; a
recuperação da frequência cardíaca, da máxima para basal dentro d’água é em média 30% mais rápida; a probabilidade
de lesões é reduzida a quase zero, principalmente nas articulações da coluna (SANTOS; CRISTIANINI, 2008).
Vários idosos procuram a hidroginástica por suas vantagens para a saúde e também pelo prazer de uma
atividade no meio líquido (ETCHEPARE et al, 2003). Os exercícios nela realizados consideram os efeitos fisiológicos das
águas aquecidas, proporcionando um aumento na circulação sanguínea e da sensibilidade neuro-sensorial que,
juntamente com a diminuição dos efeitos da gravidade pela água, proporcionam uma melhora no tônus muscular,
levando a uma adequada mobilidade (VELASCO, 2006).
Sendo assim, a atividade física que proporciona melhoras no equilíbrio dos idosos contribui para diminuir o
risco de quedas e para a realização dos esforços do dia a dia.
MATERIAIS E MÉTODOS
Participaram do estudo 40 mulheres idosas acima de 60 anos para compor um grupo de praticantes e um
grupo de não praticantes de hidroginástica. Na tabela 1 encontram-se as características das voluntárias participantes do
estudo.
TABELA 1. Resultados médios±desvios padrões da idade, peso e altura das praticantes e não praticantes de
hidroginástica.
Idade (anos)
Peso Corporal (kg)
Altura (m)
Praticantes
65,55 ±4,77
60 ± 8,84
1,55 ± 0,06
Não Praticantes
64,7 ± 4,54
57,23 ± 6,45
1,55 ± 0,07
Todas as participantes assinaram um termo de consentimento, para que autorizassem formalmente sua
participação no estudo.
O grupo de praticantes foi composto por 20 mulheres idosas acima de 60 anos matriculadas na Clínica de
Fisioterapia Aquafisio da cidade de Cambuí/MG que praticavam a hidroginástica a 6 meses ou mais. O grupo de não
praticantes foi composto por 20 mulheres idosas acima de 60 anos não praticantes de qualquer exercício físico.
Para analisar a importância da hidroginástica no indivíduo idoso, foi realizado o teste de equilíbrio de Tinetti
(1996), que avalia o equilíbrio e a marcha do idoso. Esse teste consiste em avaliar o equilíbrio e a marcha em duas
escalas distintas: O equilíbrio possui 09 itens: equilíbrio sentado, levantando, tentativas de levantar, assim que levanta,
em pé, teste dos três tempos, olhos fechados, girando 360° e sentando. O escore desta escala varia de 0 até 16 pontos,
sendo que quanto mais pontos, melhor o equilíbrio. A marcha possui 07 itens: início da marcha, comprimento/altura dos
passos, simetria do passo, continuidade dos passos, direção, tronco e distancia dos tornozelos. O escore varia de 0 a 12
pontos, sendo que quanto mais pontos, melhor é a qualidade da marcha. Ao final das duas escalas, somam-se os
pontos obtidos nas duas e tem-se um escore de 0 a 28 pontos para classificação geral. Pontuação menor que 19 indica
risco de cinco vezes maior de quedas, e pontuação de 19 a 24 indica um risco moderado de quedas.
.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados encontrados no presente estudo sugerem que as idosas praticantes de hidroginástica possuem
um melhor equilíbrio se comparados com aquelas que não praticam hidroginástica de acordo com o Teste de Tinetti
(1996).
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No escore de equilíbrio, no escore de marcha e no escore total do Teste de Tinetti (1996), demonstraram
diferenças estatisticamente significativas para p<0,05 entre os dois grupos, analisados pelo programa Orangin 6.0 como
mostra a tabela 2.
TABELA 2. Comparação entre os grupos para o Teste de Tinneti.
Tinetti_Equilibrio
Tinetti_Marcha
Tinetti_Total
Praticantes
14,90 ± 1,02
11,90 ± 0,64
26,70 ± 1,13
Não Praticantes
11,6 ± 1,27
10,05 ± 1,05
21,65 ± 1,76
100% das idosas praticantes e 5% das idosas não praticantes de hidroginástica apresentaram valores maiores
que 24 pontos na Escala de Tinetti, sendo classificados como baixo risco de quedas; 80% das não praticantes
apresentaram valores entre 19 e 24 pontos e foram classificadas com moderado risco de quedas e 15% com valores
menores de 19 pontos com alto risco de quedas.
Maiores graus de risco de quedas são dificilmente encontrados em uma população de indivíduos fisicamente
ativos, mesmo em idosas, como os desta amostra avaliada. Em indivíduos inativos podemos esperar um grau de risco
de quedas maiores pela falta da pratica da atividade física (SACCO et al, 2008).
Um estudo recente realizado por Etchepare (2008) constatou que há uma melhora estatisticamente significativa
no equilíbrio do indivíduo idoso e que a hidroginástica atua rapidamente nesta capacidade física.
Lojudice et al (2008) comprovou em um estudo que idosos que realizavam atividades físicas regulares,
apresentaram melhorias nos estados de equilíbrio e de marcha, com consequente diminuição no risco de quedas.
Segundo Beers et al apud Lojudice et al (2008), a atividade física irá prevenir ou minimizar as mudanças decorrentes do
processo de envelhecimento, reduzindo a incidência e a gravidade das quedas. Deste modo, exercícios físicos devem
ser enfatizados, pois beneficiam a saúde e a capacidade funcional do idoso.
Portanto é necessário que os idosos, para manter uma boa qualidade de vida, pratiquem atividades físicas
regularmente e se conscientizem da importância dos benefícios que a hidroginástica proporciona.
CONCLUSÃO
Constatou-se no presente estudo que as idosas que praticam a hidroginástica tem um melhor equilíbrio
comparadas com as que não praticam, pois a pratica da atividade física regular é uma forma de prevenir quedas em
idosas.
Sugerimos que realizem novas investigações sobre a população idosa, e que investigue o efeito da
hidroginástica em outras variáveis da aptidão física.
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Correlação entre a Postura e Incidência de Lesão nos Membros Superiores em Tenistas Amadores
Bruno Ferreira, Gabriel Pádua da Silva, Edson Alves de Barros Junior, Ângelo Piva Biagini, Luis Fernando Approbato
Silistre, Edson Donizetti Verri.
Resumo
O tenista deve apresentar adequadas condições aeróbias e anaeróbias para obter êxito dentro das competições. A
identificação de alterações musculoesqueléticas e posturais fundamentam o perfil do atleta, possibilitando condutas
preventivas no contexto da fisioterapia esportiva. Neste trabalho os autores tiveram como objetivo avaliar a prevalência
de lesões nos membros superiores em tenistas participantes do Circuito Passaredo de Tênis – Etapa Ribeirão Preto
realizado nos dias 6 a 11 de junho de 2009 e correlacionar essas lesões com alterações posturais existentes.
Participaram do estudo 39 tenistas do sexo masculino com idade entre 10 e 22 anos, com média de 14,6 anos ± 2,3.
Todos foram submetidos a duas avaliações; a primeira buscou verificar o histórico de lesões por meio de questionário
estruturado, a segunda contemplou dados antropométricos como peso e altura, bem como, uma inspeção visual postural
seguida por confirmação Fotografica, com padronização de posicionamento do voluntário e da máquina fotográfica em
nível e prumo. Os registros foram realizados nos planos anterior, posterior e lateral. Para registro fotográfico foi utilizada
câmera Kodak* com 3.0 megapixels de resolução para fins de confirmar os achados visuais sendo utilizado o ―Autocad
2009‖. Para os dados estatísticos foram utilizado o programa ―GraphPed InStat versão 3,05‖. Os resultados
demonstraram que 97,5% dos tenistas apresentavam alterações no cotovelo sendo 92,30% com aumento do flexo e
5,12% aumento do valgo; 95% dos atletas apresentavam alteração no ombro, sendo 69,23% com ombros deprimidos,
43,58% ombros anteriorizados, 17,94% com rotação interna do ombro, 10,25% ombros protusos, 5,12% rotação externa
do ombro. As Lesões foram referidas por 62,5% dos tenistas, com prevalência de 42,5% em membro superior, sendo
15,38% no cotovelo todos com relato de cotovelo de tenista, no ombro houve uma incidência de 25,64% sendo as
tendinopatias o relato predominante (100% dos casos). Conclui-se que as alterações adaptativas da postura pelo
esporte praticado, pode ser um fator predisponente ao surgimento das lesões, uma vez que todos os atletas que
relataram alguma lesão apresentavam alterações posturais dos segmentos lesados. As alterações das cadeias
musculares podem ocorrer pelo aumento da exigência muscular, devido ao esforço repetido do esporte, e esses dois
fatores somados podem aumentar a incidência das lesões.
Palavras Chaves: Prevalência de Lesão, Tênis, Postura.
Introdução
O tênis segundo Deutscher (1979) estrutura-se no desenvolvimento físico e mental daqueles que a praticam. Envolve
movimentos físicos de vários outros esportes, tais como correr, saltar e arremessar. Para tanto o tênis pressupõe os
atributos motores básicos de força, rapidez, resistência e destreza. O tenista deve resolver problemas de técnica e
estratégia, visto ainda que este esporte baseia-se na imprevisibilidade, pois devemos levar em conta duração dos pontos
em cada game, duração do jogo, condições climáticas e a influencia nos aspectos fisiológicos do oponente que são
variáveis, Kovacs (2006).
Este esporte utiliza a capacidade aeróbia devido à longa duração das partidas, entretanto é apontado que os golpes e
serviços rápidos exigem muita explosão da musculatura, requerendo desta maneira uma grande capacidade anaeróbia
do atleta, desta forma os músculos tendem a recrutar grandes partes de fibras do tipo 2. Enquanto que as fibras do tipo 1
são muito importantes para diminuir os quadros de fadigas que traria uma queda na performance do atleta. Kovacs
(2007).
Devido a esta grande exigência imposta pela pratica desta modalidade, muitos atletas deixam de evoluir, devido a
problemas ortopédicos e traumatológicos decorrentes da prática exagerada ou inadequada do esporte. Dentro do
esporte amador, a incidência de lesões é ainda mais preocupante, uma vez que a predominância da força e potência
que os atletas vêm desenvolvendo durante as competições fazem com que as articulações sejam cada vez mais
submetidas a grandes esforços, o que leva a lesões de diversos graus Silva (2005).
Com a alta exigência de treinos e de competições, o tênis poderá gerar ao atleta grandes adaptações musculares devido
à micro traumas que repetitivamente tendera a encurtar a musculatura, reduzindo desta forma a flexibilidade e o
desempenho máximo, devendo destacar que a flexibilidade e força estão interligadas. Os estudos relatam que os
tenistas tendem a ter uma rotação interna do ombro mais predominante, com uma pequena retração, gerando um
desequilíbrio muscular na articulação do ombro. Vê-se que atletas de elite tendem a desenvolver varias dores nos
membros inferiores por encurtamentos das musculaturas inferiores e da coluna. Assim se temos a diminuição da
flexibilidade teremos uma queda da performance e uma postura inadequada que trará um déficit no gesto desportivo.
Kovacs (2006).
Abrahão (2008) em seu estudo atribuiu à causa de lesões musculoesquelética a uma série de fatores, entre eles: a
biomecânica do gesto desportivo incorreto, uso excessivo de movimentos repetitivos, uso do equipamento esportivo não
apropriado para a modalidade e /ou para o atleta, tipo de piso da quadra, entre outros fatores.
O objetivo deste trabalho foi correlacionar a presença de alterações posturais e prevalência de lesão em tenistas
amadores.
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Casuística e Metodologia
Neste estudo foram avaliados 39 tenistas do sexo masculino com faixa etária de idade entre 12 a 17 anos, que estavam
inscritos no Circuito Passaredo de Tênis – I Circuito Paulista do Interior realizado nos dias 6 a 11 de junho de 2009. Após
serem esclarecidos sobre a natureza do trabalho, os participantes assinaram um termo de consentimento, e então eram
submetidos a dois tipos de avaliações, onde a primeira tinha como intuito verificar o histórico de lesões por meio de
questionário estruturado especificamente para esta competição, onde era focado: materiais específicos de sua raquete,
tempo de treino, tempo de pratica esportiva não competitiva, tempo de pratica esportiva competitiva, quantidade de
torneios disputados durante o ano, quantidade de torneio disputados durante sua pratica competitiva, índice de lesões e
tipo de tratamento utilizado, assim como o tempo de afastamento da pratica devido à lesão.
A segunda avaliação contemplava dados de inspeção visual postural confirmada por fotografia, sendo padronizada a
posição do voluntario a 3 metros de distancia da lente da câmera, e 30 cm de distancia da parede que ficava então a 3,5
metros de distância da câmera, com altura do tripé de 90 cm, nivelamento do equipamento em plano afim de evitar
quaisquer inclinação na lente e um fio de prumo sendo feito de linha pesqueira e com dois pesos, sendo presos atrás do
paciente na parede com altura superior a da lente fotográfica. Este fio teve como finalidade dar maior segurança em
relação ao nivelamento da câmera e foi utilizado como ponto de referencia para padronização da foto evitando assim
erros na imaginem. A câmera fotográfica utilizada era da marca Kodak com 3.0 megapixels de resolução. Os registros de
posicionamento dos voluntários eram realizados nos planos anterior, posterior e lateral.
Após a coleta dos dados, foi realizado a analise nas fotografias utilizando o programa ―Autocad versão 2009‖ onde
buscava-se a confirmação dos achados via inspeção visual, posteriormente os dados foram organizados por meio de
uma planilha no ―Excel versão 2007‖, ou que não era inscrito efetivo do circuito. A analise dos dados da avaliação visual
e do questionário foi realizada pela conta matemática regra de 3 simples.
Para os dados estatísticos foram utilizado o programa ―GraphPed InStat versão 3,05‖ onde foi utilizado na media de
idade dos indivíduos com desvio padrão.
Resultado
Pode observar que a média de idade dos tenistas era de 14,6 ± 2,3 anos. Os resultados demonstraram que os tenistas
apresentaram 97,5% de alterações no cotovelo, 95% no ombro e 71,79% em punho (tabela 1). Sendo ainda que 62,5%
dos tenistas relataram ter algum tipo de lesão com prevalência de 42,5% nos membros superiores.
Gráfico 1 - Alterações Posturais nos membros superiores
No cotovelo foi encontrado 92,30% de alterações posturais com aumento da semi-flexão e 5,12% de aumento do valgo
fisiológico do individuo (tabela 2). Com incidência de lesão 15,38% no cotovelo com uma freqüência de lesão de 100%
cotovelo de tenista (tabela 3).
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Tabela 1 - Alterações posturais referentes ao cotovelo
Tabela 2 - Incidência de Lesões referente ao cotovelo
No ombro foi observada uma postura alterada com 69,23% com ombros deprimidos, 43,58% ombros anteriorizados,
17,94% com rotação interna do ombro, 10,25% ombros protusos, 5,12% rotação externa do ombro (tabela 4). Já a
incidência de lesão 25,64% relataram alguma lesão no ombro com predomínio de 100% nas tendinopatias (tabela 5)
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Tabela 2 - Alterações posturais relacionadas ao ombro
Tabela 3 - Incidência de Lesões e característica da lesão mais acometida no ombro
No punho foi avaliado que todos os indivíduos com alterações biomecânicas apresentavam um padrão de desvio ulnar
bilateralmente. Tendo um índice de lesão de apenas 2,54% relacionado a tendinopatia.
Discussão
Pode-se verificar que as alterações na biomecânica postural dos atletas têm influencia diretamente as lesões sofridas. Já
referida por Ejnisman (2001) onde relata que o aumento da incidência de lesões na prática do tênis em articulações mais
proximais a raquete pode ocorrer quando não há um equilíbrio muscular adequado. Ainda este autor demonstra os
mecanismos de lesões no ombro do atleta ocorrendo por meio atraumático e traumático. Os movimentos repetitivos,
principalmente dos atletas arremessadores, praticantes de esportes de não-contato (beisebol, natação, tênis e vôlei), são
responsáveis por grande número de lesões atraumáticas. Visto que também foi um achado importante neste estudo, pois
pode-se observar um grande numero de lesões desenvolvidas por tendinopatias.
Silva (2005) que apresenta em seu estudo as incidências de lesões desportivas providas do tênis em atletas amadores,
tendo uma amostra com 160 tenistas amadores, obteve 244 lesões em 122 atletas. Somente 38 (23,8%) atletas não
relataram qualquer tipo de lesão decorrente do tênis. Estas lesões foram apontadas em 8 (23,8%) dos atletas, lesões
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como sendo muscular (excluindo-se a contratura muscular lombar, que separamos desta amostra), sendo este o local
mais freqüentemente referido como sede de lesão. Do restante, 48 (19,7%) atletas relataram lesões no tornozelo e pé,
41 (16,8%) no cotovelo, 36 (14,8%) no ombro, 30 (12,3%) no joelho, 18 (7,3%) na coluna, nove (3,7%) na mão e punho e
quatro (1,6%) em outras regiões do corpo. Visto que ainda este estudo vão de encontro com os dados referidos pelo
autor citado, visto que a maior incidência de lesões dos membros superiores nos atletas avaliados neste estudos são em
cotovelo e ombro.
Pode-se verificar também estas alterações posturais relacionando com a diferença de trofismo o que pode trazer um
desequilíbrio muscular, vemos segundo artigo de Abrahão (2008) a incidência antropométrica bilateral de indivíduos
praticantes de tênis, o autor relatou que ao analisar 2 grupos sendo o primeiro constituídos por crianças praticantes de
tênis e o segundo por instrutores das mesmas eles puderam visualizar um aumento abrupto na predominância das
medidas destras dos instrutores em relação às crianças. Executando uma média de medidas destras as crianças
apresentaram 41,7%, contra 76,0% dos instrutores. Com isso concluíram que quase duplicou a quantidade de medidas
destras do primeiro para o segundo grupo. As medidas sinistras caíram, comparando as crianças com os instrutores, de
33,3% para 16,7%. Demonstrando com isso um crescimento desigual das circunferências entre os hemisférios,
provavelmente motivados pela especialização do desporto unilateral. Desta forma um desequilíbrio vetorial de força das
cadeias musculares, que aumentam a exigência muscular significativamente do grupo muscular não privilegiado com a
alteração com a proposta de estabilizar e reorganizar a postura do mesmo. Visto assim a grande índice de tendinopatias
sendo correlacionado a maior exigência de treinamentos e movimentos repetitivos conciliado com a má postura
tendendo a aumentar as lesões por OverUser.
Conclusão
Conclui-se que as lesões provenientes da prática do tênis, possuíram correlação com a presença de alterações posturais
no grupo avaliado.
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Correlação entre a Postura e a Incidência de Lesão de Atletas do Jiu-Jítsu Amador do Centro Universitário
Claretiano de Batatais.
Bruno Ferreira, Gabriel Pádua da Silva, Aline Aparecida Simsic, Edson Alves de Barros Junior, Ângelo Piva Biagini,
Edson Donizetti Verri.
Resumo
O jiu-jítsu apresenta como princípios biomecânicos da luta aperfeiçoar a força muscular do praticante, anulando a do
oponente ou até mesmo utilizar as valências físicas deste contra ele próprio. Porem por se o jiu-jítsu um esporte de
contato e devido a suas características motoras os praticantes podem estar constantemente sujeitos as lesões
decorrentes dos golpes, como também dos deslocamentos corporais dos atletas. Os desequilíbrios músculosesqueléticos tendem a gerar uma perda da eficiência na prática desportiva. O conhecimento dos desequilíbrios que
podem surgir em cada modalidade desportiva pode ser útil na prevenção de lesões e para aperfeiçoar a desempenho
máximo dos atletas. Neste trabalho os autores tiveram como objetivo analisar a presença de alterações posturais e
correlacioná-las com a incidência de lesão em atletas do jiu-jítsu. Foram avaliados19 atletas amadores do Jiu-Jítsu do
Centro Universitário Claretiano de Batatais, todos do sexo masculino com idade mediam de 25,52 ± 7,81 anos. Após
esclarecimento da natureza do trabalho e assinarem um termo de consentimento, os atletas foram submetidos a duas
avaliações, uma para levantar a incidência de lesões e uma para avaliar a postura. Na primeira etapa os atletas
responderam um questionário estruturado especificamente para a modalidade desportiva. A segunda etapa foi
fundamentada em achados antropométricos como peso e altura, inspeção visual postural que era confirmada por
fotografia, sendo padronizada a posição do voluntario a 3 metros de distancia da lente da câmera, e 30 cm de distancia
entre a parede, com altura do tripé de 90 cm, nivelamento do equipamento e utilização de fio de prumo. A câmera
fotográfica utilizada era da marca Kodak* com 3.0 megapixels de resolução. Os registros de posicionamento dos
voluntários eram realizados nos planos anterior, posterior e lateral. Após a coleta dos dados, foi realizado a analise nas
fotografias utilizando o programa ―Autocad versão 2009‖ onde buscava-se a confirmação dos achados via inspeção
visual, posteriormente os dados foram organizados por meio de uma planilha no ―Excel versão 2007‖. Para indicar os
dados como media da idade com desvio padrão foi utilizado o programa ―GraphPed InStat versão 3,05‖ e analise dos
dados visual e do questionário pela conta matemática regra de 3 simples. Foi verificado que os atletas apresentavam
alterações posturais significativas visto que 89,47% obtinham alterações na coluna lombar com prevalência de 78,94%
com hiperlordose, 84,21% com alterações em cabeça com prevalência de 68,42% de cabeça anteriorizada, 73,68%
demonstraram alterações no quadril visto uma maior incidência de 63,15% de anteroversão pélvica e 73,68% apontou
alterações no joelho com
maior achado de 47,36% joelhos hiperextendidos. Para a incidência de lesões pode-se
verificar que 47,36% dos atletas já tinham sofrido algum tipo de lesão sendo mais prevalente em membros inferiores com
88,88% dos indivíduos lesados com 42,10% de lesão associada a joelho, seguido por lesões de costela com 5,25%,
punho 10,52%, ombro 15,78%, cotovelo 15,78%, dedos 10,52%, tríceps sural 5,26%, tornozelo 10,52%, sendo não
significativas em relação ao joelho. Conclui-se que no grupo avaliado, não houve correlação entre alterações posturais e
surgimento de lesões.
Palavras-Chave: Incidência de lesão, Postura, Correlação, Jiu-Jítsu.
Introdução
Segundo TAKITO; et al (2003), o jiu-jítsu é uma modalidade onde os atletas são subdivididos de acordo com a
graduação e a massa corporal. Os princípios biomecânicos da luta visam otimizar a força muscular do praticante,
anulando a do oponente ou até mesmo utilizar as valências físicas deste contra ele próprio. Princípios como, resultante
vetorial e distribuição de massa no momento correto, são usados nos golpes de forma a imobilizar, derrubar, neutralizar
ataques, pressionar, estrangular, hiperextender e torcer as articulações dos adversários. PADILHA (2005).
As lutas segundo DEL VECCHIO (2006) são classificadas como acíclicas, pois os atletas se utilizam de diferentes
seqüências de movimentos e manifestações de capacidade bimotoras. Um dos princípios do jiu-jítsu é utilizar golpes que
constituem alavancas mecânicas e nesse sentido possibilitam que um indivíduo com menor força muscular consiga
vencer um adversário mais forte, porém com menor habilidade nas execuções das técnicas.
Essa modalidade exige um conjunto amplo de movimentos motores complexos caracterizados pelo nível de
desenvolvimento da capacidade de aplicar esforços explosivos, possuindo certa variedade de adaptação às condições
variáveis de competição. Ao mesmo tempo, é apropriado um alto nível de desenvolvimento da capacidade de resistir à
fadiga sem a diminuição da eficácia das ações técnicas e táticas e dos métodos. (VERKHOSHANSKY, 2000).
Porem devido o jiu-jítsu ser um esporte de contato e devido a suas características motoras os praticantes podem estar
constantemente sujeitos as lesões decorrentes dos golpes, como também dos deslocamentos corporais dos atletas.
Segundo PLATONOV (2004), existe uma característica particular das modalidades desportivas de luta em comparação
as demais modalidades no que se diz respeito ao risco e ocorrência de traumatismos.
Pode ser considerado que o risco na prática dessas modalidades pode ser muito maior quando comparado a outras, pois
o objetivo principal de suas técnicas é fundamentalmente vencer o oponente colocando-o em risco de lesões (obrigando
o mesmo a desistir do combate), ou então fora de ação levado-o à inconsciência (situação de nocaute). (PLATONOV,
2004).
A postura é estabelecida por estruturas músculo-esquelético que se interagem por toda vida de acordo com suas
solicitações. Com isso, os esportes de alto nível caracterizam-se por determinar padrões corporais específicos à
modalidade praticada. A exposição a uma rotina intensa e específica de exercícios físicos, típicos de cada desporto,
produz um resultado estético que independe da nacionalidade, da etnia e dos hábitos de vida a que estão submetidos.
Estas peculiaridades também se traduzem em alterações posturais que estão associadas à eficiência do gesto
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desportivo, no entanto, em longo prazo, podem evoluir para processos crônicos que limitam o indivíduo para prática de
atividades físicas. O desequilíbrio muscular, por sua vez, é definido como uma desordem do sistema músculoesquelético; os movimentos corporais resultam de cadeias musculares e, quando há alterações posturais, o organismo
se reorganiza em cadeias de compensação procurando uma resposta adaptativa a esta desarmonia. No desporto os
desequilíbrios músculos-esqueléticos tendem a gerar uma perda da eficiência no atleta provido de uma exigência
inadequada das cadeias musculares. (Junior et. al., 2004).
O objetivo deste trabalho foi correlacionar à presença de alterações posturais com o surgimento de lesões em
praticantes de jiu-jítsu.
Casuística e Metodologia
Foram avaliados 19 atletas amadores do Jiu-Jítsu do Centro Universitário Claretiano de Batatais, todos do sexo
masculino com idade media de 25,52 ± 7,81 anos. Após terem suas duvidas sanadas e estarem cientes do termo de
consentimento, eles foram submetidos a duas avaliações que buscava levantar a incidência de lesão e avaliar a postura.
Na primeira etapa os atletas responderam um questionário estruturado especificamente para a modalidade desportiva
em questão que buscou levantar: tempo de treino, tempo de pratica esportiva não competitiva, tempo de pratica
esportiva competitiva, se praticavam outro tipo de luta, nível de técnica, profissão, quantidade de torneios disputados
durante o ano, quantidade de torneio disputados durante sua pratica competitiva, índice de lesões e tipo de tratamento
utilizado, tempo de afastamento da pratica devido à lesão.
A segunda etapa foi fundamentada em achados antropométricos como peso e altura, inspeção visual postural
confirmada por fotografia, sendo padronizada a posição do voluntario a 3 metros de distancia da lente da câmera, e 30
cm de distancia entre a parede, com altura do tripé de 90 cm, nivelamento do equipamento e fio de prumo. A câmera
fotográfica utilizada era da marca Kodak com 3.0 megapixels de resolução. Os registros de posicionamento dos
voluntários eram realizados nos planos anterior, posterior e lateral.
Após a coleta dos dados, foi realizado a analise nas fotografias utilizando o programa ―AutoCAD versão 2009‖ onde se
buscava a confirmação dos achados via inspeção visual, posteriormente os dados foram organizados por meio de uma
planilha no ―Excel versão 2007‖. Para indicar os dados como media da idade com desvio padrão foi utilizado o programa
―GraphPed InStat versão 3,05‖ e analise dos dados visual e do questionário pela conta matemática regra de 3 simples.
Resultados
Foi verificado que os atletas apresentavam alterações posturais significativas, sendo 89,47% com alterações na coluna
lombar com prevalência de 78,94% de hiperlordose, 84,21% com alterações em cabeça com prevalência de 68,42% de
cabeça anteriorizada, 73,68% demonstraram alterações no quadril com uma maior incidência de 63,15% de
anteroversão pélvica; 73,68% apresentavam alterações no joelho com maior
achado
de
47,36%
joelhos
hiperextendidos.
Gráfico 1 – Prevalência das alterações posturais
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Tabela 4- Alterações Posturais nos Atletas de Jiu-Jitsu
Na análise da incidência de lesões pode-se verificar que 47,36% dos atletas já tinham sofrido algum tipo de lesão sendo
mais prevalente em membros inferiores com 88,88% dos indivíduos lesados com 42,10% de lesão associada a joelho,
seguido por lesões de ombro 15,78%, cotovelo 15,78%, punho 10,52%, dedos 10,52%, tornozelo 10,52%, posterior de
perna 5,26% e costela com 5,25% sendo não significativas em relação ao joelho.
Tabela 5 - Incidência de Lesão
Discussão
BIRRER (1996) atribuiu os riscos de lesões nas artes marciais como: falha no uso de equipamento protetor, falta de
experiência do atleta, sexo masculino e participação em competições. Sugeriu ainda que a qualificação, a supervisão e a
atitude dos treinadores e árbitros, assim como a presença de um ambiente de treinamento ou competição seguro e
regulamentos rígidos em competições são fatores críticos na epidemiologia de lesões nas artes marciais.
Segundo Carpeggiani o local anatômico mais freqüentemente acometido por lesões, foi o joelho (27%), diferindo dos
resultados encontrados em trabalhos focados no judô, modalidade esportiva que mais se aproxima do jiu-jítsu,
apontaram o ombro como região anatômica mais lesada (72,13%). Outros autores relatam que o ombro também é a área
do corpo mais freqüentemente lesada no judô, o que pode ser justificado pela maior carga de treinamento em posição
ortostática com 18 golpes que utilizam o membro superior como alavanca para ocasionar queda do oponente. Este tipo
de abordagem de luta não é o mais freqüente no jiu-jítsu, modalidade na qual prevalecem os combates no solo, em
posições não ortostáticas, e que exerceriam relativamente menor trauma de forma repetida à cintura escapular do
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oponente, tanto no inicio, quanto no desfecho do golpe. Justificando assim a baixa incidência de lesões no membro
superior. Relacionando assim este trabalho, que vai de encontro com o realizado demonstrando uma maior incidência
devido ao joelho e menor quantidade de lesão em membro superior.
Segundo estudos de BARSOTTINI & GUIMARÃES (2005) in Junior (2009) os praticantes de judô, obtinham lesões com
prevalência de 23%, sob o total de relatos, para articulação do joelho, seguido de 16% para ombro, 22% em dedos de
mãos e pés. Desta forma nossos estudos vão de encontro com os achados já descritos por Barsottini & Guimarães visto
uma maior prevalência de lesão na articulação citada.
Vemos ainda um baixo acervo cientifico em relação à postura dos atletas do jiu-jítsu, visto pelo fato de não ser
correlacionado lesões com posturas. Porem visto que a mesma tem grande influencia no desempenho do atleta e
prevenção de lesão aumentando as tensões no tecido muscular facilitando vários mecanismos de trauma. Porem a
postura não tem relação direita com o índice de lesão, visto estar à maior parte do tempo de luta no chão, diminuindo
assim a exigência muscular. Vê ainda uma alta incidência de lesão no joelho relacionado devido a maior parte da luta
exigir um joelho semi-flexionado ou flexionado anulando a ação dos ligamentos e aumentando a tensão músculotendinea na região, podendo gerar um desequilíbrio ocasionando lesão.
Conclusão
Conclui-se que no grupo avaliado, não houve correlação entre alterações posturais e surgimento de lesões.
Referencia Bibliográfica
FRANCLINI, E.; et al..Frequencia cardíaca e força de prensao manual durante a luta de jiu-jitsu, Revista Digital, Ano 9.
n 65, outubro 2003.
IDE, B. N.; et al.. Possíveis lesões decorrentes das técnicas do jiu-jitsu desportivo, Revista Digital, Ano 10. n83, abril
2005.
DEL VECCHIO, F. B.; et al.. Analise morfo-funcional de praticantes de brazilian jiu-jitsu e estudo da temporolidade e da
qualificação das ações motoras na modalidade, Movimento e Percepção, v.7, n 10. jan/jun 2007.
PLATONOV,.V. N.. Teoria geral do treinamento desportivo olímpico. Porto Alegre: Artmed, 2004.
CARPEGGIANI, João Caetano. Lesões no Jiu-jitsu: estudo em 78 atletas. 36p. Graduação, 2004.
Confederação
Brasileira
de
Jiu-Jitsu
–
CBJJ,
disponível
em:
http://www.cbjj.com.br/regras.htm.
Alves, L. S. Análise postural em atletas de judô da equipe da unisul. Monografia apresentada ao Curso de
Fisioterapia da Faculdade Universidade do Sul de Santa Catarina. Tubarão, 2005
Júnior, J. N.; Pastre, C. M.; Monteiro, H. L. Alterações posturais em atletas brasileiros do sexo masculino que
participaram de provas de potência muscular em competições internacionais. Rev Bras Med Esporte, Vol. 10, Nº 3,
Mai/Jun, 2004.
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SAÚDE DE TRABALHADORES DE DIVERSAS OCUPAÇÕES ENFOCANDO HÁBITOS DE VIDA
Leony Morgana Galliano
Graduada em Educação Física
[email protected]
Luana Ritzel Assmann
Acadêmica de Educação Física
Ms. Isabel Pommerehn Vitiello
Ms. Miriam Beatrís Reckziegel
Dra. Hildegard Hedwig Pohl
Universidade de Santa Cruz do Sul - Departamento de Educação Física e Saúde
RESUMO
Este estudo visa comparar hábitos de vida de trabalhadores de diferentes ocupações, nas categorias ativos e
sedentários. Trata-se de uma pesquisa transversal, descritivo exploratória, integrante do Projeto Saúde do Trabalhador e
Estilo de Vida, aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Santa Cruz do Sul. Foram sujeitos quatrocentos
trabalhadores de ambos os sexos, que constituem a amostra estimada dos trabalhadores formais do município. A coleta
de dados constou de avaliação física e questionário de estilo de vida e bem-estar. Os resultados dos ativos apontam
comportamentos positivos em vários aspectos do controle de estresse, já em relação ao comportamento preventivo os
sedentários obtiveram melhores resultados no consumo de álcool e no conhecimento/controle da pressão arterial e
colesterol. Nas questões alimentares os resultados foram semelhantes. Conclui-se que pesquisas desta ordem são
fundamentais para determinar programas que visem à melhoria das condições de saúde dos trabalhadores e assim, da
comunidade em geral.
Palavras-Chaves: Estilo de Vida, Comportamento Preventivo, Saúde do Trabalhador.
INTRODUÇÃO
Diante do atual quadro relacionado à obesidade e suas comorbidades, diversas ações estão sendo
desenvolvidas para modificar comportamentos. Principalmente ao considerarmos que o conceito ampliado da saúde,
proposto pela OMS (2008) aponta a importância do equilíbrio entre os âmbitos físico, mental e social, ressaltando assim
a relevância na observação dos hábitos de vida, como forma de prevenir uma série de doenças, decorrentes de
comportamentos considerados negativos. Para Goshman (1988), os comportamentos preventivos podem ser
classificados em três categorias: fatores determinantes para o estado de saúde; consequências de diversos processos
psicossociais; e alvos de intervenção no sentido de mudanças comportamentais.
A mudança de hábitos causada pela modernidade, e a conseqüente e persistente acomodação, vem
favorecendo o aumento de riscos à saúde, em especial o sobrepeso em diversas faixas etárias independente da classe
social, fato preocupante quando é cientificamente reconhecida a relação direta entre a inatividade física e o excesso de
peso corporal com conseqüente risco de doenças cardiovasculares (MATSUDO, et. al, 2002). Salienta-se que hábitos
passíveis de modificação como o uso do fumo, o consumo de álcool, a ausência da prática regular de atividade física,
maus hábitos alimentares e o estresse, também são precursores de doenças cardiovasculares. Nesse sentido é
fundamental a orientação para o desenvolvimento de comportamentos preventivos, tanto na prevenção do surgimento de
doenças quanto na redução dos efeitos das enfermidades instaladas.
Estudos acerca da saúde do trabalhador vêm ganhando espaço dada a grande importância desta área, tanto
no aspecto individual do trabalhador quanto na esfera produtiva, espaço privilegiado para ações de promoção da saúde.
Assim, caracterizar o perfil epidemiológico dos trabalhadores é de suma importância, na medida em que estes
representam importante segmento da população. Ao considerar dados de levantamentos epidemiológicos do município,
que têm revelado a elevada prevalência de pacientes acometidos de doenças crônico-degenerativas, associadas à
obesidade e complicações decorrentes, tornam-se imprescindíveis intervenções que contribuam na redução dessas
patologias.
Para as empresas, diante do processo de globalização da reestruturação produtiva e da reconversão
profissional, que introduziu mudanças radicais na vida e nas relações das pessoas, interessam trabalhadores
qualificados e saudáveis. Entretanto, estas modificações associadas aos determinantes da saúde-doença, ao quadro da
morbimortalidade relacionada ao trabalho e a organização das práticas de saúde e de segurança no trabalho, tem
fragilizado a saúde dos trabalhadores (SILVA, JUNIOR, SANT'ANA, 2003).
Compreendendo que a qualidade de vida é influenciada por todos os espaços transitados no cotidiano,
incluindo o ambiente de trabalho, e diante do ilimitado número de indicadores de risco à saúde, e do impacto que o estilo
de vida pode causar no âmbito da saúde física, psíquica e social, torna-se relevante o conhecimento dos hábitos,
comportamentos e condições em que se encontra a saúde dos trabalhadores. A construção do perfil de saúde nesta
área requer a conscientização dos empregadores, dos serviços de saúde das empresas e dos trabalhadores, para o
desenvolvimento de estratégias de atuação na saúde/trabalho, pois a promoção de saúde nos ambientes de trabalho
resulta em benefícios para os trabalhadores, para as empresas e para a sociedade (BASSINELLO, GONÇALVES,
MANCINI, 2006). Diante destas questões, o presente estudo visa comparar os hábitos de vida de trabalhadores de
diferentes ocupações na categoria de ativos e sedentários, no que concerne controle de estresse, comportamento
preventivo e hábitos alimentares.
MATERIAIS E MÉTODOS
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Este estudo é parte do projeto Saúde do Trabalhador e Estilo de Vida, proposto e aprovado pelo Comitê de Ética
da Universidade de Santa Cruz do Sul, conforme resolução CNS 196/96, sob protocolo n° 4.911-07. Trata-se de uma
pesquisa transversal, descritiva exploratória, que, a partir do registro de 29.341 trabalhadores formais do município de
Santa Cruz do Sul, conforme os dados do Ministério do Trabalho e Emprego – RAIS/RAISENTAB (2005), extraiu-se uma
amostra representativa, calculada de acordo com ARKIN E COLTON (apud TAGLIACARNE, 1978). A amostra se
constituiu de quatrocentos trabalhadores, de ambos os sexos, formalmente contratados em diversos ramos de atividade,
ou seja, indústria, comércio, serviços, construção civil e agropecuária. Constaram das avaliações o questionário de estilo
de vida, previamente validado em estudo-piloto realizado em 2007, e da avaliação da aptidão física. Após consentimento
das empresas envolvidas os participantes foram selecionados, por adesão voluntária a pesquisa, mediante termo de
consentimento livre e esclarecido. Os dados obtidos foram tabulados em planilha eletrônica (Excel, Microsoft Office
2000) e analisados no Statistical Package for Social Sciences for Windows (SPSS – versão 9.0).
Os sujeitos da pesquisa apresentam idades entre 17 e 64 anos, sendo 235 homens e 165 mulheres. Para a
coleta de dados foram adotados os seguintes procedimentos metodológicos: instrumentalização dos pesquisadores e
bolsistas para a aplicação dos instrumentos de coleta de dados; contato com as empresas para a seleção dos sujeitos;
aplicação dos instrumentos de coleta de dados, com o uso do questionário; avaliação da aptidão física, através dos
testes antropométricos, da saúde músculo-esquelética e da capacidade cardiovascular; digitação e compilação dos
dados; retorno dos dados e informações coletadas aos trabalhadores e às instituições participantes do projeto;
organização, análise e interpretação dos dados coletados; organização de produções científicas do grupo, divulgação
em eventos científicos e elaboração do relatório. Na presente exposição foram priorizados os resultados coletados no
questionário estilo de vida e bem-estar relacionados aos hábitos de vida. Para caracterizar os grupos sedentários e
ativos foram consideradas as informações auto-referenciadas dos avaliados, em que foram considerados ativos os
indivíduos que praticam atividade física três ou mais vezes por semana, por no mínimo 30 minutos (ACMS, 2006).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Quanto à caracterização dos sujeitos da pesquisa podemos observar que 235 58,8% são do sexo masculino,
44,1% se situam na faixa etária de 20 e 30 anos, 50% dos sujeitos foram considerados ativos, comportamento adotado
por 69,5% (n=200) dos homens, enquanto 52,0% (n=200) das mulheres são sedentárias (Tabela 1).
Tabela 1 – Caracterização dos sujeitos
Variáveis
Geral
(n)
(%)
Sexo
Masculino
235
58,8
Feminino
165
41,3
Total
400
100,0
(n)
139
61
200
(%)
69,5
30,5
100,0
Sedentários
(n)
(%)
96
48,0
104
52,0
200
100,0
Faixa Etária
Entre 20 e 25 anos
Entre 26 e 30 anos
60
40
30,0
20,0
39
37
99
77
24,8
19,3
Ativos
19,5
18,5
Relacionando o hábito regular da prática exercícios físicos com o controle do estresse, podemos observar que
acerca dos relacionamentos (A) e atividades em grupos (B), os ativos apresentaram melhores comportamentos, pois nas
duas questões relacionadas ao controle do estresse, o percentual mais expressivo apontou comportamentos adotados
―sempre‖, em 72,5% e 44%, respectivamente. Na questão sobre sentir-se útil no ambiente social (C), destacou-se em
ambos os grupos a resposta ―às vezes‖, embora na opção ―sempre‖ os ativos (27,5%) constituíram um percentual
superior aos sedentários (22,5%). Ao serem indagados sobre se reservam ao menos cinco minutos do dia para relaxar
(D), e se mantém uma discussão sem se alterar (E), observou-se a prevalência das respostas ―sempre‖ (56%) e ―às
vezes‖ (46,5%) dos ativos, em relação a essas questões, ressalta-se, no entanto, que os comportamentos positivos são
mais acentuados no grupo que se considera ativo. As questões relacionadas ao estresse apontam aspectos positivos no
grupo avaliado, embora Barros e Nahas (2001), em um estudo com 4.225 trabalhadores da indústria, constataram que
50,9% dos indivíduos encontram-se ―às vezes‖ estressado (Tabela 2).
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Tabela 2 – Aspectos relacionados ao Controle do Estresse
Variáveis
Geral
(n)
(%)
A
280
70,0
Sempre
B
142
35,5
Às vezes
Sempre
132
33,1
C
142
35,5
Às vezes
Sempre
100
25,0
D
210
52,5
Sempre
E
180
45
Às vezes
Sempre
83
20,8
(n)
Ativos
(%)
Sedentários
(n)
(%)
145
72,5
135
67,5
54
88
27,0
44,0
88
44
44,0
22,0
66
55
33,0
27,5
76
45
38,0
22,5
112
56,0
98
49,0
93
44
46,5
22,0
87
39
43,5
19,5
Considerando as questões relacionadas ao comportamento preventivo, no que se refere aos hábitos de sono (F),
destaca-se que 34% dos ativos dormem em média 7 a 8 horas por noite, e 32,0% dos sedentários entre 8 e 9 horas,
observando-se que os sedentários dormem mais. Já em relação ao tabagismo (G) observou-se que 66.8% dos sujeitos
não fumam, contribuindo no percentual de não fumantes 69,5% dos ativos e 64% dos sedentários, observou-se
comportamentos mais positivos no grupo ativo, mesmo que grande parte dos sedentários fumem, apresentam
percentuais menores de fumantes quando comparados com os ativos. Em estudo realizado com 871 universitários,
Rodrigues (et. al 2008), considerou que o fator atividade física não tem relação com o tabagismo, já que ativos e
sedentários apresentaram níveis de fumantes na mesma proporção, próximos dos resultados do presente estudo.
No consumo de álcool (H) o destaque foi para os sedentários, apesar dos dois grupos apresentarem valores
semelhantes na resposta ―raramente‖, um número superior de ativos afirmou consumir ―com frequência‖ (22,5%), e em
14,5% dos sedentários. Os valores mais expressivos sobre o conhecimento e controle da pressão arterial e colesterol (I)
denotaram uma preocupação maior dos sedentários, diferente do conhecimento sobre o peso corporal e estatura (J),
quando os ativos (51,5%) demonstraram ter maior preocupação com essas variáveis do que os sedentários (50%). Em
relação à satisfação com o peso (K) a maioria dos sedentários (51,5%) afirmou que gostaria de diminuir, já os ativos
(46%) manifestaram estar satisfeitos com o seu peso corporal (Tabela 3).
Tabela 3 – Aspectos relacionados ao Comportamento Preventivo
Variáveis
Geral
Ativos
(n)
(%)
(n)
(%)
F
125
31,5
68
34,0
Entre 7 e 8 horas
Entre 8 e 9 horas
122
30,7
58
29,0
G
267
66,8
139
69,5
Não fumam
Pararam há mais de 2 anos
55
13,8
29
14,5
Pararam há menos de 2 anos
25
6,3
12
6,0
Fumam menos de 10 cigarros/dia
29
7,3
11
5,5
Entre 10 e 20 cigarros/dia
19
4,8
08
4,0
Mais de 20 cigarros/dia
05
1,3
01
0,5
H
233
58,3
119
59,5
Raramente
Com freqüência
74
18,4
45
22,5
I
123
30,8
67
33,5
Nunca
122
30,5
Às vezes
55
27,5
J
203
50,8
103
51,5
Sim
K
92
46,0
Sim
174
43,5
Não (gostaria de aumentar)
39
9,8
24
12,0
187
46,8
Não (gostaria de diminuir)
84
42,0
Sedentários
(n)
(%)
57
64
28,5
32,0
128
26
13
18
11
04
64,0
13,0
6,5
9,0
5,5
2,0
114
29
57,0
14,5
56
67
28,0
33,5
100
50,0
82
15
103
41,0
7,5
51,5
A partir da análise dos hábitos alimentares verifica-se que a maioria dos sujeitos avaliados, de ambos os
grupos, consomem arroz e feijão juntos (L) diariamente, frituras ou alimentos gordurosos (M) e refrigerantes (N) menos
de três vezes por semana, os ativos dizem consumir cinco porções de frutas e verduras (O) ao dia, menos de três vezes
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por semana, em 34% dos casos, enquanto os sedentários afirmam que nunca o fazem, em 29% dos trabalhadores. Ao
serem questionados sobre o número de 4 a 5 refeições realizadas ao dia (P), os valores mais expressivos indicam que
os ativos comem de 4 a 5 vezes ao dia, em 41,5% dos casos, enquanto os sedentários nunca realizam este número de
refeições, em 43%. Duran, et. al (2004), avaliaram o consumo alimentar de 32 alunos de uma academia, praticantes de
exercícios físicos por um período superior a três meses, sem o recebimento de orientações nutricionais, a partir dos
dados encontrados concluíram que a alimentação do grupo avaliado encontrava-se inadequada, pois havia um excesso
de consumo de carboidrato, além de apresentarem altos níveis glicêmicos, sendo que não este estudo não denotou
correlação estatisticamente significativa entra a prática de exercícios físicos regulares e o consumo de alimentos
saudáveis (Tabela 4).
Tabela 4 – Aspectos Nutricionais
Variáveis
L
Diariamente
M
Menos de 3 vezes/semana
N
Menos de 3 vezes/semana
O
Nunca
Menos de 3 vezes/semana
P
Nunca
Diariamente
(n)
Geral
(%)
(n)
Ativos
(%)
Sedentários
(n)
(%)
208
52,0
103
51,5
105
52,5
278
69,6
134
144
72,0
237
59,3
121
60,5
116
58,0
111
131
27,8
33,3
53
68
26,5
34,0
58
55
29,0
32,5
152
146
38,0
36,5
66
83
33,0
41,5
86
63
43,0
31,5
67,0
Em síntese, trata-se de um grupo de trabalhadores relativamente jovens, dos quais 44% estão situados no
intervalo etário de 20 a 30 anos. Estes trabalhadores, para atender a proposição do presente estudo foram separados
em dois grupos, ativos e sedentários, com base em conceitos auto-referidos. Os homens constituem o grupo maior de
ativos, predominando no grupo feminino o sedentarismo. Esta característica feminina pode estar relacionada a dupla
jornada de trabalho, que acaba por dificultar a aderência a uma via mais ativa.
Enfocamos na análise, ainda, o controle de estresse, o comportamento preventivo e os nutricionais
relacionados com comportamentos caracterizados como ativos e sedentários, que apontaram diferenças entre os dois
grupos. No que concerne ao controle de estresse observou-se comportamentos mais positivos no grupo ativo, que
demonstraram estar mais satisfeitos com os relacionamentos, buscam mais por atividades de lazer, relaxamento, além
de sentirem-se útil no ambiente social, significando que os ativos apresentaram atitudes consideradas mais saudáveis,
uma vez que, por terem o hábito da prática da atividade física regular acabam por incorporar a elas os encontros com
amigos e associações, atividades de lazer, além de ser uma forma de descontração e relaxamento, questões levantadas
no questionário de bem-estar.
Já nas questões relacionados ao comportamento preventivo constatou-se que os sujeitos ativos fumam menos,
mesmo os tabagistas tem um consumo diário menor de cigarros, quando comparados aos sedentários; quanto ao
consumo de álcool observou-se resultados semelhantes entre os dois grupos na opção ―raramente‖, no entanto, houve
prevalência dos ativos no consumo de bebida alcoólica ―com certa frequência‖. Portanto, os ativos, embora fumem
menos, consomem bebidas alcoólicas em frequências superiores, dado que pode ter sido influenciado pelo grupo ativo
ser constituídos na maioria por homens, mais afeitos ao consumo de bebida alcoólica. Por outro lado, os sedentários
manifestaram maior preocupação em conhecer seus níveis de pressão arterial e colesterol; no conhecimento do peso
corporal e altura os índices foram semelhantes entre os grupos. Os sujeitos ativos mostraram-se mais satisfeitos com
seu peso corporal, enquanto no grupo sedentário a prevalência foi o desejo de redução do peso.
Quanto os aspectos nutricionais os grupos obtiveram resultados semelhantes, principalmente em relação
freqüência do consumo de feijão e arroz juntos, alimentos fritos, gordurosos, e refrigerante, havendo destaque positivo
para os ativos no consumo de frutas e verduras, e por realizarem um número maior de refeições ao longo do dia, Já em
relação ao consumo de alimentos fritos, gordurosos e refrigerantes os sedentários mostraram consumir em menor
quantidade quando comparados aos ativos. Portanto, os resultados do presente estudo confirmam os dados de
pesquisas similares, que revelam que sujeitos praticantes de atividades físicas regulares assumem posturas mais
favoráveis à proteção de sua saúde, adotando, juntamente com a prática de exercícios, comportamentos preventivos
(COSTA, et. al, 2004; RODRIGUES, et. al, 2008; MATSUDO, et. al, 2002).
CONCLUSÃO
Os resultados do presente estudo apontam comportamentos diferentes entre os trabalhadores ativos e
sedentários, constituindo os homens o grupo maior de ativos. Diferente dos sedentários, os ativos apresentaram atitudes
mais positivas no controle de estresse, no comportamento preventivo e em alguns hábitos alimentares, não obstante a
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prevalência do consumo de bebida alcoólica com certa freqüência. Já entre os sedentários observou-se um maior índice
de fumantes e menor em relação ao consumo de álcool.
Os programas e ações em favor da saúde dos trabalhadores devem ser vistos como componentes da
estratégia geral de saúde para todos, tendo em vista que a nova concepção de promoção da saúde do trabalhador
transcende a perspectiva de prevenção de acidentes e doenças ocasionadas pelo trabalho, remete à necessidade da
integralidade, visando o favorecimento de diferentes estilos de vida em busca de uma comunidade mais saudável. Além
disto, o estabelecimento do perfil de saúde desses trabalhadores permitirá subsidiar proposições de intervenção mais
próximas da necessidade deste grupo, contribuindo com recomendações de mudanças positivas no estilo de vida.
REFERÊNCIAS
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de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006.
BARROS, M.V.G.; NAHAS, M.V. Comportamentos de risco, auto-avaliação do nível de saúde e percepção de estresse
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BASSINELLO, G.A.H. et al. Trabalhadores, condições de saúde e risco para doenças crônicas. Revista Ciências
Biológicas. 2006.
COSTA, J.S., et al. Consumo abusivo de álcool e fatores associados: estudo de base populacionas. Revista Saúde
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GOSHMAN, D.S. Health behavior: Plural perspectives. In D. S. Gochman (Ed.), Health behavior - Emerging Research
Perspectives (pp. 3-17). New York: Plenum Press, 1988.
MATSUDO, S. M. et al. Nível de Atividade Física da população do Estado de São Paulo: análise de acordo com o
gênero, idade, nível socioeconômico, distribuição geográfica e de conhecimento. In: Revista Brasileira de Ciências e
Movimento. Brasília, vol.10 n. 4, out 2002.
MINISTÉRIO
DA
SAÚDE.
Projeto
promoção
da
saúde.
Disponível
<http://www.saude.gov.br/sps/areastecnicas/promocao/home.htm>. Acesso em: 24 de setembro de 2009.
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NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina:
Midiograf, 2001.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. The World Health Report 2008 - primary Health Care (Now More Than Ever).
Disponível em: <http://www.who.int/whr/2008/en/index.html>. Acesso em: 24 de setembro de 2009.
RODRIGUES, E.S. et al. Nível de atividade física e tabagismo em universitários. Revista Saúde Pública, 2008; 42 (4):
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SILVA, Z. P. et al. Saúde do trabalhador no âmbito municipal. São Paulo Em Perspectiva. São Paulo, v. 17, n. 1, Mar.
2003. Disponível em: www.scielo.br. Acesso em: 24 de setembro de 2009.
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QUALIDADE DE VIDA COM A PRÁTICA DA YOGA
Érika Nogueira Leão¹
[email protected]
Maria Osverlandia Lima da Silva¹
Viviane Aparecida Vieira Nogueira¹
Rodney Alfedro Pinto Lisboa²
¹Acadêmicas do curso de graduação em Educação Física da UNIVÁS
²Docente do curso de graduação em Educação Física da UNIVÁS
RESUMO
A Yoga (termo em sânscrito que significa ―união‖) consiste de uma antiga filosofia de vida de origem indiana com
mais de cinco mil anos. Formada por um conjunto de técnicas posturais, respiratórias e de relaxamento, a prática da
atividade yogue busca a união e a interação do corpo, da mente e das emoções de forma com que o praticante tenha
consciência das transformações inerentes a ele, bem como daquelas relacionadas ao meio em que se encontra inserido.
O presente estudo teve como objetivo analisar a qualidade de vida de mulheres praticantes de Yoga. Foi elaborado um
questionário contendo dez questões que abordam a percepção da qualidade de vida mediante a prática da Yoga. Os
resultados encontrados indicam que as participantes do estudo apresentaram melhora na qualidade de vida mediante a
prática da Yoga nos seguintes aspectos: saúde, capacidade física, disposição, performance, desempenho de atividade
diária, capacidade de concentração, auto estima e redução do estresse.
PALAVRAS CHAVES: Yoga, Qualidade de vida, Mulher.
INTRODUÇÃO
Em seus estudos, Feuerstein (2005) pondera que a Yoga consiste de uma antiga filosofia de vida que tem suas
origens a partir da Índia há mais de cinco mil anos. Esse sistema filosófico é conhecido em todo o mundo como a mais
antiga e mística forma para colocar o corpo e a mente em equilíbrio. A Yoga, termo em sânscrito (linguagem indiana)
que significa ―união‖, busca a união e a interação do corpo, da mente e das emoções de forma com que o praticante
tenha consciência das transformações intrínsecas e extrínsecas ao ser humano.
Conforme Hariharananda (2006), juntamente com o fortalecimento do corpo físico e o desenvolvimento da
flexibilidade através das técnicas respiratórias (Pranayamas) e posturais (Ásanas), a Yoga nos induz à tranqüilidade
mental, clareza de pensamento e percepção interior. Enfim, visa ―unir‖ o homem à sua íntima natureza. Nesse sentido,
Hermógenes (2008) esclarece que a Yoga deve ser entendida como o conjunto de instrumentos, ou seja, de métodos
que foram nascidos da Índia e que até hoje são empregados para realizar esse sentido de união interior.
Os antigos yogues sustentam que além do ―corpo físico‖ (o conjunto dos sistemas orgânico, nervoso, muscular
e esquelético), é importante estabelecer o controle do denominado ―corpo sutil ou energético‖ (conjunto de centros ou
plexos de energia). Segundo Ismael (1985), esses centros de energia, conhecidos pelo termo em sânscrito ―Chacra‖
(roda), são centros de energia vital (Prana). Para Gharote (2005), no corpo humano existem cerca de quarenta e nove
Chacras, mas entre eles distinguem-se sete principais (Muladhara, Svadhisthana, Manipura, Anahata, Vishuddha, Ajna e
Sahasrara) que encontram-se distribuídos ao longo da coluna vertebral.
O conceito de qualidade de vida refere-se a diferentes fatores relacionados aos hábitos de vida que, por sua
vez, são influenciados pela saúde, educação, transporte, moradia e trabalho.
O aprofundamento do conhecimento, tanto das bases conceituais quanto das técnicas de estudo e aplicação
prática sobre Qualidade de Vida em suas diversas formas de expressão buscam muitas dimensões que formam sua
concepção relacionada à saúde, além das aplicações de práticas dirigidas a promoção da saúde, segundo modelos de
inserção individual e populacional (GONÇALVES; VILARTA, 2004).
Conforme Hermógenes (2008), a Yoga melhora a força e a flexibilidade muscular, massageia os órgãos
internos e glândulas. Ela coordena o sistema respiratório com o corpo físico, energiza os músculos e a mente, estimula a
circulação e aumenta a provisão de oxigênio em todos os tecidos. As costas, peito, sistema digestivo e pulmões, são os
mais beneficiados pelos exercícios e o resultado é que o processo enrijecimento devido à inatividade, ao estresse (físico
e mental), a postura incorreta e ao envelhecimento são revertidos. Sem diferenciação de idade ou sexo, a Yoga propicia
amplificação, aprofundamento e maior eficiência em diferentes campos de atividade. A metodologia yogue tem a
oferecer ao praticante que persista: melhora na qualidade de vida, trabalho, defesa contra a fadiga, estresse, doenças e
muito mais.
Este estudo tem por objetivo analisar a qualidade de vida de mulheres praticantes de Yoga.
MATERIAIS e MÉTODOS
Para este estudo foi elaborado um questionário contendo dez questões que abordam a percepção da qualidade
de vida mediante a prática da Yoga. Submeteram-se à pesquisa, quinze mulheres na faixa etária entre 25 a 45 anos
praticantes de Yoga em uma academia localizada no município de Pouso Alegre-MG. Todas as entrevistadas
participavam do programa supra mencionado a mais de um ano e meio, realizando pelo menos duas sessões de
atividade por semana. Para a obtenção dos dados, foi realizada uma análise descritiva utilizando o pacote estatístico
Microsoft Excel 2007.
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RESULTADO e DISCUSSÃO
Tabela 1: Porcentagem de respostas apresentado pela amostra referente as questões 1 a 5 do questionário.
Questão
Questão
Questão
Questão
Questão
1
%
2
%
3
%
4
%
5
%
Nada
0
0
0
0
0
Muito pouco
0
0
0
0
0
Médio
0
0
0
0
0
Muito
6
40%
0
3
20%
1
6,67%
2
13,33%
Completamente
9
60%
15
100%
12
80%
14
93,33%
13
86,67%
Total
15
100%
15
100%
15
100%
15
100%
15
100%
Média
3
3
3
3
3
Considerando a questão um, que aborda o nível de satisfação considerando a Qualidade de Vida, das quinze
mulheres entrevistadas, seis (40%) responderam que estão muito satisfeitas e nove (60%) responderam que obtiveram
completa satisfação.
A questão dois, que questiona a melhora da saúde mediante a prática da Yoga, das quinze entrevistadas, todas
as quinze entrevistadas (100%) responderam que estão completamente satisfeitas.
Por sua vez, a questão três, que trata da alteração da capacidade física em relação à prática da Yoga, três (20%)
entrevistadas responderam que perceberam alterações relativas das suas capacidades físicas, enquanto outras doze
(80%) perceberam uma alteração considerável de suas capacidades físicas.
A questão quatro considera a disposição para a prática da Yoga, onde uma (6,66%) entrevistada considera-se
muito satisfeita e quatorze (93,33) entrevistadas consideram-se completamente satisfeitas.
Ao questionar o índice de conforto durante as sessões de Yoga na questão cinco, duas (13,33) das entrevistadas
sentem-se muito satisfeitas e treze (86,66) das entrevistadas mostraram-se completamente satisfeitas.
Tabela 2: Porcentagem de respostas apresentado pela amostra referente as questões 6 a 10 do questionário.
Questão
Questão
Questão
Questão
Questão
6
%
7
%
8
%
9
%
10
%
Nada
0
0
0
0
0
Muito pouco
0
0
0
0
0
Médio
0
0
0
0
0
Muito
3
20%
6
40%
3
20%
2
13,34%
1
6,67%
Completamente
12
80%
9
60%
12
80%
13
86,66%
14
93,33%
Total
15
100%
15
100%
15
100%
15
100%
15
100%
Média
3
3
3
3
3
Questionando até que ponto o ambiente da prática da Yoga influencia na performance na questão seis, três
(20%) entrevistadas consideram-se muito satisfeitas, e doze (80%) consideram-se completamente satisfeitas.
A questão sete aborda o favorecimento da prática da Yoga no desempenho de atividades diárias, aqui obtivemos
seis (40%) entrevistadas muito satisfeitas, enquanto nove (60%) entrevistadas estão completamente satisfeitas.
Na questão oito, a contribuição para a capacidade de concentração no desempenho das funções cotidianas é
questionada. Nesta questão, três (20%) entrevistadas mostraram-se muito satisfeitas, e doze (80%) entrevistadas
mostraram-se completamente satisfeitas.
Considerando a prática da Yoga, na questão nove perguntamos sobre o nível de satisfação em relação à prática.
Como resposta, duas (13,34%) entrevistadas estão muito satisfeitas, enquanto treze (86,66) entrevistadas estão
completamente satisfeitas.
Por fim, a questão dez pergunta sobre contribuição da Yoga para a saúde e qualidade de vida. Assim, uma (6,67)
entrevistada encontra-se muito satisfeita, e quatorze (93,33%) entrevistadas encontram-se completamente satisfeitas.
CONCLUSÃO
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Com o presente estudo conclui-se que a prática sistemática de um programa de Yoga traz benefícios
consideráveis para a qualidade de vida do praticante. O conjunto de técnicas posturais, respiratórias e de relaxamento,
permite que o praticante perceba um melhor desempenho psicofísico, diminuindo o estresse diário, favorecendo a saúde
e elevando a auto-estima.
Referências Bibliográficas
FEUERSTEIN, G. Enciclopédia da Yoga da Pensamento. São Paulo: Pensamento, 2005.
GONÇALVES, A., VILARTA, R. Qualidade de Vida e Atividade Física. Barueri: Manole, 2004.
GHAROTE, M. L. Yoga Aplicada: da teoria a prática. São Paulo: Phorte, 2005.
HARIHARANANDA, P. Kriya Yoga. Rio de Janeiro: Lótus do Saber, 2006.
HERMÓGENES,J.A.F. Auto Perfeição com a Hatha Yoga. Rio de Janeiro: Nova Era, 2008.
QUILES, I. S. J. Que é Yoga: filosofia mística e técnica. São Paulo: Loiola, 1985.
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FATORES DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE DIABETES TIPO II EM UNIVERSITÁRIOS
Maria Osverlândia Lima da Silva¹
[email protected]
Viviane Aparecida Vieira Nogueira¹
Sidney Benedito Silva²
1
Acadêmica do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
2
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
Resumo
O presente estudo teve como objetivo levantar os fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo II em
universitários, matriculados na Universidade do Vale do Sapucaí - Univás. Como método foi aplicado um questionário
validado que contém os fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo II. Os resultados encontrados indicam
que nos indivíduos que participaram do estudo a prevalência de fatores de risco foi: sedentarismo 60%, dieta 57% e
histórico familiar 65%. A necessidade de se rastrear os fatores de risco e importante para evitar o desenvolvimento de
uma das doenças crônica não transmissível, que mais acomete adultos após os 45 anos e é considerada uma das
doenças que mais trazem custo para seu controle e também é uma das que mais matam e trazem perda na qualidade
de vida relacionada à saúde.
Palavras Chave: Diabetes Mellitus, Diabetes tipo II, Fatores de risco.
Introdução
O diabetes Mellitus, também denominada simplesmente de diabetes, é um distúrbio do metabolismo dos
carboidratos, gorduras e proteínas, caracterizado por níveis elevados de açúcar no sangue (hiperglicemia). Ele ocorre
quando existe uma produção inadequada de insulina pelo pâncreas ou uma utilização inadequada de insulina pelas
células, pois a insulina facilita o transporte de glicose para dentro das células (WILMORE; COSTILL, 2001).
O diagnostico do diabetes é através das alterações de glicose plasmática em jejum ou após o TOTG (Teste oral
de tolerância à glicose). Nas alterações de glicose plasmática em jejum o indivíduo deve estar num jejum de 8 horas e
no TOTG será analisado após 2 h de ingestão de 75g de glicose. A ADA (Associação Americana de Diabetes) considera
a alteração de glicose plasmática como sendo o método de mais fácil acesso para diagnóstico de diabetes devido a sua
fácil utilização (GROSS et al, 2002).
O consenso brasileiro sobre diabetes de 2002, apresenta dados sobre a importância médico-econômico-social,
do diabetes. Que se apresenta como a sexta maior causa de internação hospitalar e contribui para o desenvolvimento de
outras doenças, 30% das internações em unidades coronarianas são diabéticos e é uma das principais causa de
amputações e cegueira (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2003).
Podem-se destacar alguns fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo II, com relação à idade a
incidência de diabetes tipo II aumenta significativamente, já que é considerada uma doença de características de
pessoas adultas (ORTIZ; ZANETTI, 2001).Considerada uma das principais doenças do século XX, o diabetes mellitus
tipo II, acomete grande parte da população mundial se tornando uma das principais doenças em indivíduos de meia
idade e vem se tornando um dos principais problemas de saúde pública mundial pela quantidade de indivíduos afetados,
como pela mortalidade e também o custo no tratamento (SILVA; LIMA, 2002).
A obesidade causa um estado insulino-resistente que pode resultar no desenvolvimento de diabetes tipo II, já
que a resistência à insulina costuma se instalar após ganho excessivo de peso e o risco de desenvolver diabetes
aumenta de acordo com o aumento do peso corporal e da idade. A obesidade causa uma redução dos receptores de
insulina e também defeitos nos pro receptores. Níveis altos de ácidos graxos livres circulantes em obesos, podem causar
resistência à insulina, pois os ácidos graxos inibem a utilização da glicose e estimula a gliconeogênese hepática
(produção de glicose pelo fígado) (ARCIERO; NINDL, 2006).
Segundo Ciolac; Guimarães (2004), a prática de atividade física regular traz melhoras no controle do diabetes e
também ajuda a prevenir o desenvolvimento de diabetes tipo II, mesmo em indivíduos com histórico familiar ou outros
fatores de risco como peso, fumo e hipertensão, e que mudanças no estilo de vida estão diretamente relacionadas com a
diminuição do índice de desenvolvimento de diabetes tipo II em adultos.
O sedentarismo é o fator que mais predomina dentre os fatores de risco para o desenvolvimento de doenças
crônicas não transmissíveis, superando fatores de risco como o tabagismo, hipertensão arterial, excesso de peso e
hipercolesterolemia. A prática de atividade física sempre foi vista como forma de cuidar e manter uma boa saúde e
qualidade de vida, porém nos últimos anos os indivíduos vem se tornando cada vez mais sedentário e com isso
aumentado o risco de desenvolverem doenças crônicas degenerativas não-transmissíveis como problemas
cardiovasculares, câncer e diabetes (MATSUDO et al, 2002).
O fator hereditariedade pode-se notar uma forte tendência para o desenvolvimento de diabetes tipo II em
indivíduos que tem parentes de 1º grau com histórico de da doença, podendo ser considerado de 2 a 5 vezes mais
chances de desenvolver diabetes tipo II (ORTIZ; ZANETTI, 2001).
Mudanças no estilo de vida podem prevenir o desenvolvimento de diabetes tipo II, mesmo em indivíduos com
risco alto para a doença. Fatores de risco como, obesidade e sedentarismo quando reduzidos, diminui-se o risco de
desenvolver diabetes tipo II e suas complicações (TUOMILEHTO, 2001).
A população brasileira vem apresentando um consumo alimentar inadequado, sedentarismo, excesso de peso e
elevação da taxa de envelhecimento populacional, o que pode estar ligado diretamente com o aumento de indivíduos
portadores de diabetes tipo II no Brasil nos últimos anos (SARTORELLI; FRANCO; CARDOSO, 2006).
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Podendo evitar o desenvolvimento dos fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes mellitus tipo II,
diminuiria consideravelmente os índices de indivíduos diabéticos, por tanto mais importante que controlar o diabetes é
necessário evitar o seu desenvolvimento, já que vários dos seus fatores de risco podem ser alterados evitando as suas
complicações secundárias.
A prevenção de doenças como hipertensão, obesidade, diabetes mellitus através de medidas simples com o
controle da alimentação e a prática de atividades física é de fundamental importância pra se evitar o desenvolvimento de
outras doenças principalmente doenças coronarianas como a aterosclerose (SANTOS FILHO; MARTINEZ, 2002).
O objetivo do presente estudo foi levantar os fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo II em
universitários.
Materiais e Métodos
Participaram do estudo 60 alunos de ambos os gêneros (20 masculino e 40 feminino) matriculados na
Universidade do Vale do Sapucaí – Univás, campus Fafiep da cidade de Pouso Alegre/MG. Na tabela 1 encontram-se as
características dos voluntários que participaram do estudo.
TABELA 1: Características dos participantes do estudo.
Gênero
Peso (kg)
Altura (cm)
Idade (anos)
ambos
44,600 – 96,900
1,54 – 1,88
18 - 45
Média
-
64,72
1,67
23,50
Desvio Padrão
-
± 11,63
± 0,08
± 4,57
Em dia e hora marcados previamente com os voluntários, os mesmos compareceram as dependências do Lafip
(Laboratório de aptidão e performance humana), da Universidade do Vale do Sapucaí – Univás, com roupas
apropriadas, onde responderam ao questionário validado de Tuomilehto (2001) e foi coletada a altura utilizando
estadiometro da marca Sany, o peso utilizado balança da marca Toledo e circunferência de cintura utilizando fita métrica
Sany. A análise estatística utilizada foi a análise descritiva
Resultados e Discussão
Os resultados encontrados no presente estudo sugerem que os universitários que participaram do estudo
apresentam com maior incidência três fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo II, segundo o
questionário de Tuomilehto (2001).
40%
60%
Sim
Não
GRÁFICO 1: Porcentagem de participantes quanto à prática de atividade física diária.
Os universitários que participaram do estudo tiveram um prevalência de fatores relacionados com estilo de vida,
como o sedentarismo e alimentação, já o fator hereditariedade que tem relação com a genética e não pode ser alterada,
diferente dos outros fatores que se os indivíduos adotarem um estilo de vida mais saudável podem eliminar esses
fatores.
Levando em consideração o sedentarismo o estudo apresentou porcentagens de 40% que praticam atividade
- Pág. 125 -
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física regular e 60% que não praticam nenhum tipo de atividade física regularmente. A prevalência do sedentarismo na
população é um fator de risco para o desenvolvimento de doenças crônicas.
No estudo de Vuori (2001), realizado na Finlândia a prevalência do sedentarismo foi 71%, superando outros
fatores como fumo 35%, hipercolesterolemia 26%, hipertensão arterial 15% e o excesso de peso 37%, de acordo com
Rego et al, (1990) esse mesmo índice se apresentou na população brasileira. Mesmo não utilizando a mesma
metodologia no presente estudo o sedentarismo também se apresentou como fator de risco para o desenvolvimento de
diabetes tipo II, já que sua prevalência na população estudada foi de 60%.
No estudo realizado por Matsudo (2002), no estado de São Paulo a porcentagem de indivíduos que
apresentaram sedentarismo ou estão irregularmente ativos foi de 46%, já os regularmente ativos a porcentagem foi de
45,7%.
43%
57%
Todos os dias
Ás vezes
GRÁFICO 2: Porcentagem de participantes quanto a consumo de vegetais e frutas.
Um outro fator envolvido no desenvolvimento de diabetes tipo II está à má alimentação, como mostra o
gráfico 2, os indivíduos que participaram do estudo apresentaram um índice alto de dieta inadequada, sendo que 57%
não consomem regularmente frutas e verduras e apenas 43% consomem com regularidade frutas e verduras. Sabendo
que a má alimentação está relacionada com o ganho de peso e sobretudo ao desenvolvimento de diabetes tipo II.
Mudanças no estilo de vida aliados a modificação na dieta e o combate ao sedentarismo, são apontados como fatores
importantes na prevenção e controle do diabetes (TOSCANO, 2004).
A população brasileira vem apresentando um consumo alimentar inadequado, sedentarismo, excesso de peso e
elevação da taxa de envelhecimento populacional, o que pode estar ligado diretamente com o aumento de indivíduos
portadores de diabetes tipo II no Brasil nos últimos anos (SARTORELLI; FRANCO; CARDOSO, 2006).
20%
35%
45%
Não
Sim (avós, tias,tios ou primos 1º grau)
Sim (Pais, irmãos, irmãs ou filhos)
GRÁFICO 3: Porcentagem de participantes quanto à presença de familiar diabético.
Outro fator de risco identificado neste estudo refere-se à hereditariedade que se mostrou presente em mais da
metade do indivíduos, apresentando porcentagens de 45% avós, tios(as) e primos 1º grau diabéticos e 20% pais, irmãos
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e filhos diabéticos e apenas 35% do indivíduos não possuem parente diabéticos. Com relação a esses resultados
demonstra que mais da metade dos participantes do estudo tem a hereditariedade como fator de risco para o
desenvolvimento de diabetes sendo que os 20% que possuem país, irmãos e filhos portadores de diabetes o risco é
maior. Pois segundo Ortiz, Zanetti (2001) o fator hereditariedade pode-se notar uma forte tendência para o
desenvolvimento de diabetes tipo II em indivíduos que tem parentes de 1º grau com histórico da doença, podendo ser
considerado de 2 a 5 vezes mais chances de desenvolver diabetes tipo II.
Segundo Souza et al (2003), no estudo realizado em Campos o histórico familiar foi importante fator de risco
para o desenvolvimento de diabetes tipo II, sendo que a prevalência foi de 10,3% em indivíduos com familiar diabético e
3,9% em indivíduos sem familiar diabético. A prevalência da hereditariedade encontrada nos estudos de Ortiz, Zanetti
(2001) e Souza et al (2003), também se mostrou no presente estudo o que indica que mesmo indivíduos que não
apresentem outros fatores de risco para o desenvolvimento de diabetes tipo II,o fator genético sozinho já é um
importante fator de risco.
No presente estudo os fatores que mostraram maior prevalência foi hereditariedade, sedentarismo e alimentação
para o desenvolvimento de diabetes tipo II esses achados estão bem parecidos com os encontrados no estudo de Ortiz;
Zanetti (2000), realizado com 99 indivíduos de uma instituição superior de ensino, os fatores de risco mais freqüentes
foram: hereditariedade, sedentarismo, estresse e IMC, isso é bem preocupante, pois segundo Wannamethe & Shaper
(1999, apud Ortiz, 2000), indivíduos que apresentam sobrepeso e obesidade por um longo período são mais vulneráveis
ao desenvolvimento de diabetes.
O rastreamento do diabetes tipo II deve ser aplicado em indivíduos acima dos 45 de 3 em 3 anos nos que
apresentem qualquer um dos fatores de risco como: histórico familiar, sobrepeso e obesidade, IMC maior de 25 kg/m²,
intolerância a glicose, hipertensão arterial (≥ 140/90 mm/hg em adultos, colesterol HDL ≤ 35 mg/dl e/ou triglicérides ≥ 250
mg/dl ou histórico de diabetes gestacional (TOSCANO, 2004).
Programas de rastreamento seriam mais efetivos também se ocorre a estratégias de prevenção primária,
sabendo que mudanças alimentares e no estilo de vida de indivíduos com alto risco para o desenvolvimento de diabetes
tipo II, são efetivos para a prevenção do diabetes (Tuomilehto, 2001; Knowler, 2002; Pan, 1997, apud Toscano, 2004).
Segundo o consenso da ―International Diabetes Federation‖ (IDF), medidas devem ser tomadas pelos governos
de todo o mundo, já que influências ambientais e as mudanças nos padrões de alimentação estão ligados ao
desenvolvimento de diabetes. Por isso o consenso da IDF baseia-se em controlar os fatores de risco e propõe 03
passos: identificar indivíduos que possam desenvolver diabetes, avaliar o risco de desenvolver diabetes e Intervir para
prevenir o desenvolvimento do diabetes tipo II (BRITO, 2007).
Conclusão
Conclui-se com o presente estudo que a presença de fatores de risco associados aumentam relativamente às
chances de desenvolvimento de diabetes tipo II e que mesmo em indivíduos que não apresentam a idade como fator de
risco a hereditariedade se mostrou como o fator que representa maior risco, pois diferentemente dos demais não pode
ser alterada com mudanças no estilo de vida.
Referências
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EFEITOS DA GINÁSTICA LABORAL SOBRE A QUALIDADE DE VIDA DE MOTORISTAS DE ÔNIBUS DA CIDADE
DE POUSO ALEGRE-MG
Felipe Fernandes de Lima - Discente - EDUCAÇÃO FÍSICA- UNIVÁS [email protected]
Sidney Benedito Silva – Docente Curso Educação Física UNIVÁS
Michelle Pereira Mariana-Graduada em Educação Física UNIVÁS
Fabiana Fernandes de Lima- Graduada em Fisioterapia UNIVÁS
César Augusto Costa Rodrigues – Docente Educação Física UNIFENAS
RESUMO
O objetivo do presente estudo foi analisar a eficácia de um Programa de Ginástica Laboral na melhora da
qualidade de vida de motoristas de uma empresa de transporte coletivo da cidade de Pouso Alegre – MG. Participaram
do estudo 23 motoristas de ônibus todos do sexo masculino que foram submetidos a responderem o questionário SF-36
de Qualidade de Vida antes e após a aplicação de 12 semanas de Ginástica Laboral Preparatória, realizada três vezes
por semana com duração de 15 minutos por sessão. Para análise dos resultados foi utilizado o teste T de Student com
p<5%. Os domínios Capacidade Funcional, Aspectos Físicos, Dor e Estado Geral de Saúde obtiveram uma melhora
após os 12 semanas de ginástica laboral, principalmente sob os aspectos Dor e Estado Geral da Saúde onde p< 0,05.
Conclui-se que o programa de ginástica laboral foi eficaz para a melhoria da Qualidade de Vida do grupo.
Palavras chave: Ginástica Laboral, Qualidade de Vida e Atividade Física
INTRODUÇÃO
A qualidade de vida é um termo muito utilizado nos dias atuais, pois ela nos permite através de sua abordagem
e termos adjacentes como aspectos profissionais, social, econômico, afetivo e físico, estabelecer condições e analisar o
dia-a-dia de diversas populações.
Por sua vez a profissão de motoristas de ônibus exige muito de vários fatores como o físico e fatores
psicológicos que estão diretamente ligados com a qualidade de vida dessa população, com o agravo desses fatores e
por fatores relacionados diretamente com o trabalho realizado por esses profissionais podemos dizer que é importante
estudos para analisar a qualidade de vida e descobrir quais são as principais causas que afligem os chamados
profissionais do volante.
Ressalta-se para Santos; Silva (2003), a permanência da mesma postura por tempo prolongado pode
estressar algumas regiões devido a maior contração dos grupos musculares, a ponto de produzir sensações dolorosas.
Isto se agrava ainda mais com atividades que requeiram permanência prolongada em uma mesma postura e que podem
estar associadas a um estilo de vida pouco ativo.
Esta mesma lógica de pensamento é reafirmado por Pimenta (2000), onde relata que as más condições de
trabalho relacionadas com o meio físico e material geram um desgaste maior do funcionário e perda da motivação, desta
forma, as empresas estão buscando soluções que visam as necessidades dos trabalhadores, já que a capacidade do
trabalhador é o mais importante fator de se obter produtividade.
Lardner (2001, apud Moreira 2005) descreve que a Ginástica Laboral se mostra importante e eficiência na
prevenção de patologias associadas ao trabalho, pois auxiliam no aumento do comprimento das estruturas elásticas dos
tecidos moles encurtados, aumento assim a performace durante a atividade, além de melhorar a postura e promover
analgesia e relaxamento da mente.
Segundo Couto et al. (1998), a Ginástica de Aquecimento aumenta a temperatura dos músculos e tendões,
facilitando o deslizamento dos filamentos contráteis. Já Achour (1999) diz que o aquecimento contribui também para a
redução da viscosidade intermuscular, acarretando diminuição do tempo de tramitação das mensagens nervosas e
aumento da velocidade de contração muscular. Conseqüentemente, isso resulta em melhor capacidade de esforço
físico.
Com isso o objetivo do presente estudo foi analisar a eficácia de um Programa de Ginástica Laboral na
melhora da qualidade de vida de motoristas urbanos de uma empresa de transporte coletivo da cidade de Pouso Alegre
– MG.
MATERIAIS E MÉTODOS
Participaram do estudo 23 motoristas de ônibus urbano da empresa de transporte coletivo Viação Princesa do
Sul da cidade Pouso Alegre – MG, todos do sexo masculino, com idade de 22 a 52 (média de 37,2 ± 8,05) anos. Todos
os participantes da pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido, conforme a lei 96/96, autorizado
pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade do Vale do Sapucaí.
Foram incluídos no estudo motoristas do sexo masculino, devidamente contratados pela referida empresa, que
concordaram responder os questionários e a participarem de um programa de prevenção de Ginástica Laboral.
Foram excluídos motoristas com menos de um ano (12 meses) de experiência e aqueles que por alguma razão
desistiram de participar das atividades propostas. Outro critério de exclusão foi quanto ao turno trabalhado, todos os
sujeitos deveriam estar empregados e exercerem suas funções no mesmo horário e com a mesma carga horária.
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Foi aplicado o questionário de Qualidade de vida SF-36 (Short Form), validado por Ciconelli (1999). O SF-36
analisa 8 domínios do aspecto qualidade de vida, porém nesta pesquisa analisou-se apenas 4 domínios, sendo eles:
Capacidade Funcional, Aspectos Físicos, Dor e Estado Geral de Saúde.
O questionário foi preenchido após explicação prévia do pesquisador, estando este a disposição para esclarecer
eventuais questionamentos em relação ao mesmo. O questionário foi preenchido no mesmo local e hora prédeterminada diante a presença do pesquisador responsável para não gerar dúvidas.
Também foi perguntado aos participantes da pesquisa se sentiam algum tipo de dor ou desconforto muscular,
para que fosse observado o seu comportamento após as semanas de treinamento.
A segunda etapa do estudo, contou com um programa de Ginástica Laboral com duração de 12 semanas,
realizado três vezes por semana, 15 minutos de duração diária, que foi aplicado na própria empresa no horário de
trabalho dos participantes da pesquisa. A Ginástica Laboral que foi aplicada é a Preparatória, que antecede a jornada de
trabalho e prepara o trabalhador para realizar suas funções diárias.
Foram propostos exercícios de alongamento, massagens e relaxamento enfatizando os grupos musculares mais
exigidos por esses trabalhadores durante suas atividades diárias.
Após o final das 12 semanas do programa de Ginástica Laboral, os pesquisados foram submetidos a responder o
questionário proposto na primeira etapa do estudo, tendo como objetivo analisar os efeitos do programa de Ginástica
Laboral a qual foram submetidos.
Os dados obtidos através das respostas dos questionários foram tabulados no programa freeware EPI INFO®
versão 3.4.1. Os dados foram analisados através do teste T de Student com significância estatística menor que 0,05. Os
dados estão expressos em percentuais e valores absolutos.
RESULTADOS
Dos 23 participantes da pesquisa, 39,1% (9) declararam que praticavam algum tipo de atividade física na
primeira etapa da pesquisa. Após as 12 semanas este percentual subiu para 52,2% (12).
O primeiro domínio analisado através do questionário SF-36 foi percepção do participante em relação a sua
Capacidade Funcional. Obteve-se um resultado de 89,34% para este domínio antes das seções de treinamento e
89,56% as atividades propostas.
Em relação aos Aspectos Físicos, o resultado pré-atividade foi de 85,87%, sofrendo um acréscimo após a
realização da ginástica laboral, passando para 92,17%.
O terceiro domínio analisado foi o de Dor, que apresentou resultado anterior ao treinamento de 71,96%,
melhorando esta condição para 84,22%, resultado estatisticamente significativo com de p < 0,001.
O domínio Estado Geral de Saúde, também houve uma melhora em relação a primeira e a segunda avaliação,
respectivamente de 76,43% e 83,04% com de p < 0,05. Os resultados de todos os domínios podem ser observados na
figura 1.
Além dos domínios do questionário de Qualidade de Vida, foi perguntado aos participantes se sentiam algum tipo
de dor ou desconforto muscular. Houve uma melhora neste aspecto, onde 47,8% dos participantes declaram sentir
alguma dor antes da ginástica laboral, caindo este percentual para 39,1% dos participantes, resultado estatisticamente
significativo com p < 0,01.
Figura 1 – Percentuais dos resultados do Questionário SF-36
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DISCUSSÃO
Em relação ao preenchimento do Questionário de Vida SF-36 os participantes do estudo não encontraram
dificuldades, o que facilitou a tabulação dos resultados e o andamento da pesquisa, fato encontrado em outras
pesquisas demonstrando a aplicabilidade do SF-36 como instrumento de pesquisa para avaliar a Qualidade de Vida
(ALVES, 1999).
Nota-se que, mesmo todos os participantes realizando um programa de atividade física regular, que foi o caso
da ginástica laboral na empresa, alguns ainda não consideraram este programa como uma atividade física regular, pois
47,8% consideraram-se não praticantes de atividade física.
Quanto as atividades propostas de ginástica laboral não houve nenhuma dificuldade em relação a execução
por parte dos participantes, evidenciando a aceitação do programa inserido no grupo pesquisado. Encontrou-se uma
dificuldade no comprometimento da empresa em disponibilizar horários para os colaboradores reduzindo o número de
participantes da pesquisa, por ser uma empresa do setor de transporte coletivo, a qual depende do cumprimento
rigoroso de horários para com seus clientes.
De acordo com pesquisa realizada para avaliar a Qualidade de Vida de caminhoneiros nas rodovias federais
brasileiras, foram encontrados percentuais maiores para os seguintes domínios: Capacidade Funcional, Aspectos
Físicos e Dor, contudo com a aplicação do programa de ginástica laboral do presente estudo obteve-se resultado
superiores no domínio do Estado Geral de Saúde (SOUZA, PAIVA E REIMÃO, 2006). Contudo, em relação à outra
pesquisa envolvendo trabalhadores em transporte nota-se que os resultados obtidos após o programa de ginástica
laboral foram superiores para os quatro domínios, apontando para a eficácia das atividades propostas para o presente
estudo (LIZARDO et all, 2008).
Comparando os resultados desse estudo com uma pesquisa realizada em motoristas de empresas de
transportes de cargas e coletivo de passageiros, nota-se que os resultados obtidos através do programa de ginástica
laboral foram superiores aos encontrados na pesquisa descritiva, onde os motoristas não praticavam nenhuma atividade
física (CARNEIRO, 2005).
Quando questionados em relação a percepção de dores corporais ou desconfortos musculares, os
participantes da pesquisa melhoram significativamente neste aspecto, porém não foi utilizado nenhum instrumento
validado para avaliação desse aspecto.
CONCLUSÃO
Conclui-se que o programa ginástica laboral estruturado para o grupo pesquisado melhorou os quatro domínios
observados através do questionário de Qualidade de Vida SF-36, evidenciando os benefícios causados por um
programa de atividade física elaborado para colaboradores de empresa de transporte coletivo, especificamente para
motoristas de ônibus, que sofrem com a atividade laboral causadora de desconfortos e enfermidades, que contribuem
para uma má Qualidade de Vida.
Outras pesquisas devem ser realizadas com intuito de constatar os benefícios científicos de um programa de
ginástica laboral na empresa.
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AMPUTAÇÃO DE ANTEBRAÇO ATRAVÉS DA OPERAÇÃO DE KRUKENBERG: ASPECTOS FUNCIONAIS E
ESTÉTICOS
Leonardo de Souza Jordão
Fisioterapeuta Pós-Graduando em Fisioterapia Traumato-Ortopédica pela ENAF/FAGAMMON
E-mail: [email protected]
Gerusa Dias Siqueira Vilela Terra
Orientadora
Fisioterapeuta Especialista em Fisiologia do Exercício pela USP Mestranda em Saúde pela UNIFENAS
E-mail: [email protected]
Giancarlo Ribeiro da Silva
Fisioterapeuta Pós-Graduando em Fisioterapia Traumato-Ortopédica pela ENAF/FAGAMMON
E-mail: [email protected]
Edson Gustavo Silva
Fisioterapeuta Pós-Graduando em Fisioterapia Traumato-Ortopédica pela ENAF/FAGAMMON
E-mail: [email protected]
RESUMO
A ―Amputação de Krukenberg‖ foi concebida em 1917, na Alemanha, pelo Dr. Hermann Krukenberg, para amputados de
antebraço, tendo resultados notáveis no que diz respeito à funcionalidade. Esse trabalho relata o caso de um indivíduo
de 48 anos sexo masculino, que foi submetido a uma amputação de Krukenberg, aos 21 anos, após ter se envolvido em
um acidente de trabalho, onde um maquinário ―engoliu‖ sua mão e antebraço direito fazendo-se necessária a
amputação. O referido expõe grau de funcionalidade e independência do indivíduo após o tratamento de reabilitação,
bem como a satisfação do mesmo com relação à técnica de Krukenberg e seus benefícios. O relato nos leva a pensar
num paralelo entre estética e funcionalidade, e torna evidente que este procedimento se faz importante para pacientes
de baixa renda e que seu aspecto funcional supera qualquer outro ponto discutível.
PALAVRAS CHAVES: Operação de Krukenberg; Funcionalidade; Reabilitação.
INTRODUÇÃO
A mão é um instrumento primário de sobrevivência e age por três elementos funcionais básicos: gancho,
preensão e pinça. Ela também aumenta a comunicação e é um componente integrante de auto-estima (SABISTON,
1999). Segundo HUNTER (1996),esta é um dos mecanismos anatômicos mais complexos que executam uma variedade
de funções complexas com esforço consciente mínimo. Como nenhuma prótese nem sempre pode compensar todas as
funções da mão, sua perda conduz a conseqüências devastadoras.
Em 1917 Hermann Krukenberg, um cirurgião de exército alemão, descreveu uma técnica que converte um toco
de antebraço em uma pinça que é motorizada pelos músculos pronadores (GARST, 1991). Consiste em dividir o
antebraço, separando o rádio da ulna, dando para cada osso uma provisão muscular individual e coberta de pele. A ulna
permanece imóvel enquanto o rádio revolve e retém sua habilidade a pronação e supinação (COLP & RANSOHOFF,
1933). Com este conceito ele concebeu uma função de aperto com sensibilidade preservada que nenhum dispositivo
protético poderia prover (MATUSSEK & NEFF, 2003).
De acordo com GARST (1991), a operação cineplástica de Krukenberg transforma o antebraço em pinças radial
e ulnar, que proporcionam preensão e sensação e possibilitam maior capacidade de manipulação.
Isto se obtém fissurando o coto longitudinalmente ao nível da membrana interóssea, para obter um ramo cubital
e outra radial com ampla separação dos extremos dos ossos e fechando, com métodos plásticos, os defeitos cutâneos
situados entre os raios (BOCCOLINI, 1990).
Este procedimento preserva a propriocepção e a estereognosia no toco funcional permitindo manobrar
efetivamente na escuridão. O sucesso deste procedimento depende diretamente em virtude dos músculos pronadores, a
sensibilidade da pele que cerca ulna e rádio, mobilidade de cotovelo, e mobilidade da ulna e rádio na articulação
radioulnar proximal. Expectativas individuais dos pacientes e motivações, embora mais difícil de avaliar, provavelmente
desempenham um papel importante nos resultados (SWANSON & SWANSON, 1980)
Para BOCCOLINI (1990) este tipo de operação é muito útil em regiões em que não se dispõe de centros de
próteses e, especialmente, as crianças aprendem a usar o coto muito eficientemente. SABISTON (1999) conclui ainda
que este procedimento tenha sido usado predominantemente para amputados de antebraços cegos, nos quais o
feedback sensorial tem importância crítica, mas as indicações podem vir ser ampliadas no futuro.
É importante que este procedimento não seja recomendado como um procedimento primário na hora de uma
amputação, e o procedimento deve ser precedido de aconselhamentos apropriados (SWANSON & SWANSON, 1980).
Embora a aparência física (estética) da extremidade tenha sido citada como desvantagem, uma prótese mioelétrica pode
ser usada de modo satisfatório (SABISTON, 1999).
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Este trabalho tem como objetivo divulgar a técnica de Amputação de Krukenberg, haja vista sua grande
importância para pacientes cegos amputados bilateralmente e pacientes de baixa renda, bem como traçar um paralelo
entre estética e funcionalidade, partindo do relato de caso de um paciente submetido a essa técnica. O trabalho também
se fez necessário devido à escassez de publicações literárias nacionais sobre tal assunto.
RELATO DE CASO
Indivíduo J.A.O, 48 anos, sexo masculino, residente em Alfenas - MG, se envolveu em um acidente de trabalho
no dia 3 de maio de 1982, onde teve sua mão e antebraço direito ―engolidos‖ por um maquinário (Carda) utilizado na
construção de fios para tecelagem, gerando laceração da mão e fraturas em toda ulna. O homem foi encaminhado
imediatamente para o hospital da cidade, e após avaliação médica, ficou evidente a necessidade de amputação do terço
distal do antebraço do membro afetado.
Após 4 meses da amputação primária, o paciente foi encaminhado para Belo Horizonte - MG, onde foi realizado
o procedimento de Krukenberg. A cirurgia foi satisfatória, não havendo complicação alguma. O procedimento foi pioneiro
no Brasil, sendo a primeira cirurgia desse tipo realizada em território nacional, segundo relato do amputado.
Posteriormente à amputação, o indivíduo foi submetido a 4 anos de tratamento multidisciplinar (médico,
psicológico e fisioterapêutico) em um centro de reabilitação em Belo Horizonte, com ênfase no tratamento
fisioterapêutico. Os objetivos principais do tratamento foram ganhar auto-suficiência e um aperto forte e funcional das
pinças de Krukenberg, bem como trabalhar edema e tecido cicatricial. Também se trabalhou a sensibilidade da pinça. Ao
término do tratamento o paciente adquiriu habilidade suficiente para desempenhar atividades de seu cotidiano, tornandose totalmente independente. No decorrer do tratamento, o mesmo recebeu uma prótese estética, mas logo abandonou
seu uso devido a pouca ou nenhuma funcionalidade e à difícil fixação, optando pela utilização da pinça nua, já que não
dispunha de recursos financeiros para adquirir uma prótese mais sofisticada e funcional.
RESULTADOS
Atualmente o coto apresenta-se em ótimo estado, tendo a sensibilidade, força (nível 5 na escala de força
motora), cicatrização, coloração e temperatura normais. Ainda na avaliação objetiva, a amplitude da abertura da pinça é
de 5,5 cm, e quando mensurada na goniometria a amplitude é de 33°. As pinças apresentam-se no tamanho ideal para
uma boa funcionalidade do coto: rádio com comprimento de 12 cm e ulna com 11,5 cm. O homem relata ainda, a
percepção do membro fantasma, e dor (ao contato) na região do olécrano, indicativo de um neuroma.
Fig.1: Pinça de Krukenberg.
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Fig. 2: Avaliação de abertura da pinça com paquímetro.
Quando perguntado sobre estética X funcionalidade o indivíduo se mostra muito satisfeito com o procedimento
realizado e diz que com a cirurgia conseguiu voltar a ser independente, e que nenhum olhar de espanto vale mais que a
sensação de ser auto-suficiente: ―Faria tudo de novo‖.
Fig. 3-A
Fig. 3-B
Fig. 3-A: Paciente realizando atividade de forte preensão com as pinças. Fig. 3-B: Mostrando
habilidade para agarrar objetos pequenos como uma caneta.
DISCUSSÃO
Quando analisamos os traumas de mão, podemos afirmar que vivemos em epidemia que resulta no grande
número de pacientes mutilados, cujas seqüelas geram incapacidade para o trabalho e para as atividades da vida diária
(MATTAR JR, 2001).
A perda de uma mão resulta em grau severo de impedimento. Não só causa invalidez física mas também conduz
um impedimento social, psicológico e econômico (VITALI et al., 1978).
Segundo GOFFI (2007), as limitações funcionais apresentadas pelas próteses dos membros superiores fazem
com que se procure conservar qualquer mecanismo de pinça. O procedimento de Krukenberg oferece para o paciente
uma alternativa viável (GARST, 1991).
Estudo realizado por TUBIANA et al. (1966) revelam que os músculos necessários para ativar esta pinça são os
bíceps, supinador e pronador redondo e todos os quais estão localizados proximalmente. A membrana interóssea deve
estar totalmente ressecada, de tal forma a obter o maior diferencial entre os dois ossos, que é de 8 a 9 centímetros. O
nervo
mediano
é
dividido
mais
superiormente,
a
fim
de
evitar
um
neuroma.
O comprimento dos braços da pinça parece ser de 12 a 15 centímetros, mas em casos de necessidade braços muito
curtos de cerca de 7 a 8 centímetros são capazes de retribuir um bom serviço.
Para ESQUENAZZI (2000), os procedimentos de Krukenberg de converter o toco não funcional em órgãos
sensíveis e funcionais fazem o amputado de mão um indivíduo totalmente independente.
GARST (1991) acredita que nenhuma prótese disponível compara com a flexibilidade das pinças de Krukenberg,
especialmente em atividades de cotidiano. Porém o procedimento de Krukenberg é contra-indicado onde o paciente é
mentalmente instável ou não pôde aceitar o procedimento depois de preparação psicológica adequada
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Na literatura, a indicação precisa para este procedimento está em pacientes cegos com amputações bilaterais de
antebraços, mas os autores acreditam que deveria ter uma indicação mais larga. Tem a vantagem de manter a
sensibilidade e a precisão que podem ser obtidos na pinça, ambos permitindo uma excelente função, sem a necessidade
de uma prótese; especialmente nesses casos onde é difícil ou caro de obter uma, por razões sociais ou econômicas
(FREIRE et al., 2005).
CONCLUSÃO
Concluímos que a amputação de krukenberg proporciona ao indivíduo submetido a tal técnica, a sensação de
autonomia e independência devido ao alto grau de funcionalidade das pinças, após um plano de reabilitação bem
executado. Ficou evidente também, que essa cirurgia é de grande valia para paciente com pouca condição financeira e
com nenhum acesso a próteses modernas.
A estética do coto é um assunto subjetivo e discutível, mas a funcionalidade do mesmo é evidente e mensurável,
mas a decisão final é sempre do paciente.
REFERÊNCIAS
BOCCOLINI, F. Reabilitação: Amputados, Amputações e Próteses. Editora Robe, 1990, São Paulo-SP.
COLP, R.; RANSOHOFF, N. S. The Krukenberg Stump. J Bone Joint Surg. 1933; 15:439-443.
ESQUENAZI, A. Upper Limb Amputee Rehabilitation and Prosthetic Restoration, in Physical Medicine & Rehabilitation ,
eds. Braddom , 2000, 263.
FREIRE, J. et al.: Case Report: Functional results after a Krukenberg amputation. Prosthetics and Orthotics International.
Abril 2005.
GARST, R.J. The Krukenberg hand. J Bone Joint Surg, Maio 1991; 73(3): 385-8.
GOFFI, F. S.: Técnica Cirurgica: Bases anatômicas, fisiopatológicas e técnicas cirúrgicas. 4° edição, Volume1, 2007;
Editora Atheneu, São Paulo – Sp.
HUNTER, G. A. Amputation surgery of the arm in adult, in Amputation: Surgical Practice and Patient Management, eds.
Murdoch & Wilson. 1996; 305-312.
MATTAR JR., R. Lesões Traumáticas da Mão. Revista Brasileira de Ortopedia, São Paulo, v. 36, p. 359-366, 2001.
MATUSSEK, J.; NEFF, G. The artificial hand: an overview of hand prostheses (in German). Othopade. 2003.
SABISTON, D. Tratado de Cirurgia: As bases biológicas da prática cirúrgica moderna. 15ª Ed. Volume 2, Editora
Guanabara Koogan 1999.
SWANSON, A.B.; SWANSON, G.D. The Krukenberg procedure in the juvenile amputee. Clin Orthop. 1980.
TUBIANA, R., STACK, H. G., HAKSTIAN, R.W. Restoration of Prehension After Severe Mutilations of the Hand. The
journal of bone and joint surgery. Volume 48. N°3.1996.
VITALI, M.; ROBINSON, K.P.; ANDREWS, B.G.; HARRIS, E.E., Upper Limb Amputation & Prostheses.Amputation and
Prostheses. 1978:109-101.
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INSERÇÃO DE PROFISSIONAIS DE FISIOTERAPIA NA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE TRÊS
LAGOAS/MS
Amanda Luiza da Silva Zuque
Acadêmica de fisioterapia AEMS
[email protected]
Cássia Consuelo de Oliveira Coimbra
Acadêmica de fisioterapia AEMS
[email protected]
Cássia Cristina Valentim
Acadêmica de fisioterapia AEMS
[email protected]
Juliana Hamaji
Especialista em Fisioterapia Hospitalar FAMERP
Fisioterapeuta PSF Três Lagoas
[email protected]
RESUMO
O fisioterapeuta foi incluído recentemente no programa de saúde da família. Atualmente muito se discute sobre o
chamado ―PSF‖, sendo este por vezes considerado mais um modismo entre os muitos movimentos políticos e sanitários
que antecederam. Entretanto, e como em todo processo de transformação, necessitamos de uma analise criteriosa e
ampla, dos fatores que impulsionaram e embasaram o surgimento do Programa Saúde da Família. A pesquisa
apresentada revela a inserção do profissional de fisioterapia dentro desse programa e suas respectivas funções. A
analise foi colhida em formulários de evolução de pacientes de um PSF do município de Três Lagoas/MS, a fim de
realizar um comparativo da problemática da população local. A proposta de humanização da assistência e o vínculo de
compromisso e de co-responsabilidade, estabelecido entre os serviços de saúde e a população, fazem do Programa de
Saúde da Família um projeto de grande potencialidade transformadora do modelo assistencial.
Palavras-Chave
Programa de Saúde; Fisioterapia; Saúde Pública
OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Obter uma média de atendimentos em um determinado PSF
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Quantificar os atendimentos classificando-os por áreas específicas
Argumentar sobre a importância do fisioterapeuta no Programa de Saúde da Família
METODOLOGIA
Foi realizada uma pesquisa quantitativa com o objetivo de obter uma média de atendimento em um PSF
do município de Três Lagoas.
A pesquisa de campo envolveu dados de pacientes atendidos no período de janeiro 2007 a setembro de
2009
Os dados foram transcritos para planilhas no Excel versão 2003, após a análise criteriosa os pacientes
foram divididos em grupos, e classificados por idade, sexo e modalidade no atendimento.
A pesquisa bibliográfica constou com pesquisas recentes sobre o tema, a fim de fazer um comparativo
da importância da inclusão do profissional de fisioterapia no Programa Saúde da Família.
DESENVOLVIMENTO
Ate o final do século passado, o Brasil não tinha uma forma de atuação sistemática sobre a saúde da
população; apenas, e de forma eventual, atuava em situações de epidemias. A economia, na virada do século, era
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essencialmente agrícola e as divisas necessárias para o crescimento do país eram oriundas principalmente da
exportação agrícola. (FONTINELE JR, 2003)
Portando, as primeiras iniciativas do governo no campo da atenção à saúde dão-se a partir de interesses
meramente mercantis. As regiões que não tinham alguma importância estratégica para a economia do país ficavam
abandonadas a própria sorte em termos de praticas sanitárias. Frente a isso, pode-se afirmar que ate então o Brasil não
possuía nenhuma política voltada para a atenção a saúde de seus habitantes.
O PSF focaliza a saúde, quer saber como melhorar sempre. Busca enfatizar o potencial de saúde seja
física, mental, social ou ambiental. Olha par ao indivíduo inserido numa família e sociedade localizadas em determinado
tempo e espaço que lhes conferem características impares. (BELLUSCI, 2003)
A criação do PSF em um município é estimulada pelo ministério da Saúde e regulamentada por decretos
próprios, sendo que deverão ser supridas algumas exigências burocráticas.
O Projeto de Lei nº 4261/2004 inclui os profissionais de fisioterapia no PSF; porém, a forma de inserção
é que se encontra interrogada e uma tentativa do MS são os Núcleos de Saúde Integral (NSI). Esses núcleos são
compostos por três modalidades: atividade física e saúde, saúde mental e reabilitação e existe inclusive um valor de
incentivo de custeio para os NSI variando de acordo com a composição e as modalidades de ação implantadas9.
O grande crescimento da fisioterapia desde o seu reconhecimento pelo Decreto – lei 938/69, nos remete
a algumas reflexões. Apesar do fisioterapeuta ser reconhecido como profissional indispensável na área da saúde, este
ainda é visto, muitas vezes, como tratador/reabilitador mascarando, com isso, uma de suas funções principais que é a
atuação no campo preventivo e de promoção à saúde.
Segundo Rebelatto (2003), a própria origem da Fisioterapia direcionou as definições do campo
profissional para atividades recuperativas/reabilitadoras. O surgimento desse profissional, como uma decorrência das
grandes guerras, faz-se, fundamentalmente, para tratar de pessoas fisicamente lesadas6. No Brasil, a Fisioterapia
implantou-se como ―solução‖ para os altos índices de acidentes de trabalho existentes. Era preciso curar ou reabilitar as
vítimas desses acidentes para integrá-las ao sistema produtivo ou, pelo menos, atenuar seu sofrimento quando não
fosse possível reabilitá-las.
Atualmente, o fisioterapeuta vem ampliando sua área de atuação. Para se alcançar um trabalho
delimitado pela integralidade é necessário agregar cinco diferentes pontos à prática profissional: a prevenção, a
assistência, a recuperação, a pesquisa e a educação em saúde. O fisioterapeuta vem adquirindo crescente importância
nos serviços de atenção primária à saúde como é o caso do PSF. Entretanto, sua inserção nesses serviços ainda é um
processo em construção.
Para Domingues (1998)
A operacionalização do Programa de Saúde da Família deve ser adequada às diferentes
realidades locais, desde que mantidos seus princípios e diretrizes fundamentais. O impacto
favorável nas condições de saúde da população adstrita deve ser preocupação a permear todo
processo de implantação dessa estratégia. Recomenda-se que uma equipe seja responsável,
no âmbito de abrangência da unidade básica, por uma área onde residam 600 a 1.000 famílias,
ou no máximo 4.500 habitantes. Este critério deve ser flexibilizado em razão da diversidade
sócio-política e econômica das regiões, levando-se em conta fatores como: densidade
populacional e acessibilidade aos serviços, além de outros fatores considerados de relevância
social.
A Saúde Pública pode ser considerada uma ciência multidisciplinar integradora de outras ciências, tais
como: Epidemiologia, Administração, Bioestatísticas, Ciências Biológicas, Físicas, Sociais e outras. Esta concepção
abrangente é muito importante na Nova Saúde Pública, e como outras ciências, tem categorias, instituições,
profissionais e seu objeto de estudo é o Processo Saúde - Doença ( (DELIBERATO, 2001)
Acreditamos que estes fatores acarretem nas dificuldades do profissional desenhar esse novo modelo
de atenção centrada principalmente na prevenção de doenças e na promoção da saúde. Portanto, mais do que
recuperar e curar pessoas é preciso criar condições necessárias para que a saúde se desenvolva. E quem poderia ser
mais indicado do que o profissional que se dedica ao estudo e a investigação do movimento humano, das funções
corporais, do desenvolvimento das potencialidades, atividades laborativas e da vida diária, entre outros, e tudo isso
privilegiando a utilização de recursos da natureza e do próprio corpo humano.
Percebe-se que o profissional de fisioterapia tem potencialidades para trabalhar com a tecnologia
principalmente humana, aliada a uma mesma criatividade de desenvolver ações eficientes e efetivas. Espera-se que um
futuro bem próximo ele possa conquistar este espaço com dignidade e competência. (BARROS, 2002)
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados obtidos revelam a importância do profissional de fisioterapia no Programa Saúde da Família.
No período de 2007 à setembro de 2009, foram atendidos em média uma população de 388 pessoas.
Com idades diferenciadas sendo de 25 a 70 anos de idade.
Os dados foram coletados através de fichas cadastrais e de evolução.
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A população feminina se mostrou prevalente, sendo que nesse período o atendimento contou com 197
atendimentos, identificando assim a preocupação das mulheres com a sua saúde. A população masculina constou com
118 atendimentos.
No setor de puericultura foram 73 atendimentos, sendo 42 crianças do sexo feminino e 31 do sexo
masculino.
Houve uma prevalência de doenças ortopédicas como lombalgias, osteoartrose, fraturas e tendinite,
sendo aproximadamente 75% do atendimento total; o setor de neurologia constou em 25% dos atendimentos.
O SUS é uma forma de organização do sistema de saúde do país, baseado nos princípios da
integralidade, universalidade, equidade e inter-setorialidade. Tem como modelo a atenção integral à saúde,
diferenciando-se do modelo de atenção à saúde anterior, que era centrado na doença.
As atividades que vêm sendo desenvolvidas pelos fisioterapeutas que atuam no Programa Saúde da
Família em Três Lagoas MS, são semelhantes as que ocorrem em outras regiões. Esses profissionais carregam o
―estigma da reabilitação‖, advindo do processo histórico da fisioterapia da sua formação acadêmica, que até
recentemente não contemplava ações articuladas com os setores da saúde pública. A grade curricular contempla como
disciplinas obrigatórias: reumatologia, ortopedia, neurologia, cardiologia, dentre outras. Incidindo assim, um desinteresse
dos alunos pelas disciplinas, na maioria das vezes opcionais pertencentes ao campo das ciências humanas, tomando
como exemplo a sociologia e antropologia.
Atualmente no município existe apenas uma faculdade com o curso de fisioterapia, sendo que é
obrigatório o estágio dentro dessas unidades, preparando os acadêmicos para a realidade SUS.
CONCLUSAO
A fisioterapia atua como coadjuvante no Programa Saúde da Família porém possui um papel de grande
importância. A implantação desse profissional no programa proporcionou a população uma melhora significativa na
qualidade de vida.
A construção de caminhos possíveis da Atenção Básica, alicerçados na assistência integral da proposta
do SUS, revela uma exigente revisão nos conceitos da Educação em Saúde, pois estes representam a interface entre
Ensino e Trabalho, quando abordamos currículos de capacitação de profissionais para o PSF
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BARROS, F. O fisioterapeuta na saúde da população: atuação transformadora. Rio de Janeiro:
BELLUSCI, D. Programa saúde da família: manual de implantação para gestores municipais. São Paulo:
Lawbook,2003
BOURGET, M. Programa Saúde da Família: manual para o curso introdutório. São Paulo: Martinari, 2003
BRASIL.SUS: o que você precisa saber sobre o Sistema Único de Saúde. São Paulo: Atheneu, 2008
Dominguez BNR. Programa de saúde da família: como fazer. São Paulo: Parma; 1998.
Fisiobrasil; 2002
REBELLAT, Fisioterapia no Brasil. São Paulo: Manole, 2003.
DELIBERATO, P. Fisioterapia preventiva. São Paulo: Manole; 2001.
RODRIGUES, P. Saúde e Cidadania: uma visão histórica e comparada do SUS. São Paulo: Atheneu, 2009
VERAS, M. A inserção do fisioterapeuta na estratégia Saúde da Família de Sobral-CE. Sobral, CE; 2002.
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AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE MULHERES PRATICANTES E NÃO PRATICANTES DE ALONGAMENTO NA
FAIXA ETÁRIA DE 50 A 60 ANOS
Nathalia Karina Barros Caixeta¹
[email protected]
Rodney Alfredo Pinto Lisboa²
Jacqueline Stela da Silva¹
Edson Rodrigo Pereira Costa¹
1
Acadêmicos do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
2
Docente do Curso de Educação Física da UNIVÁS, Pouso Alegre, MG.
RESUMO
Este estudo objetivou em analisar o grau de flexibilidade em mulheres praticantes e não praticantes de alongamento,
com faixa etária de 50 a 60 anos. Todas responderam um termo de consentimento, para a realização do teste. Foram
analisadas 20 voluntárias, sendo 10 do grupo praticante e 10 do grupo não praticante. A flexibilidade foi avaliada através
do Flextest, proposto por Araújo (2005). Os resultados indicam que as mulheres praticantes de alongamento apresentam
uma melhor flexibilidade quando comparadas com as não praticantes. Podemos perceber que o alongamento é
importante na vida das pessoas, indepentende da idade em que se encontra e principalmente quando esta está
passando pelo processo de envelhecimento.
Palavras chave: Alongamento; Flexibilidade; Meia Idade.
INTRODUÇÃO
Para Corraza (2005), envelhecimento é um processo complexo que envolve muitas variáveis tais como a
genética, estilo de vida e doenças crônicas. Segundo o American College of Sports Medicine (1998), em 2030 o número
de indivíduos com 65 anos ou mais alcançará 70 milhões apenas nos Estados Unidos. Isso por que a população está
com uma expectativa de vida maior, assim tornam-se importante determinar os mecanismos pelos quais o exercício
físico pode melhorar a saúde, a capacidade funcional, a qualidade de vida a independência dessa população.
A Organização Mundial de Saúde tem a seguinte classificação segundo a idade:

Indivíduos entre 45-59 anos são chamados de ―Meia-Idade‖;

Indivíduos entre 60-74 anos são considerados ―Idosos‖;

Indivíduos entre 75-89 anos são ―velhos‖;

Indivíduos acima de 90 anos são os considerados ―Muito Velhos‖.
Essa caracterização se da pela variação nas capacidades fisiológicas, mentais e funcionais que acontece em
cada uma dessas fases (CAMPOS, 2001).
O crescimento da população idosa mundial é um importante indicativo da melhoria da qualidade de vida, pois o
processo de envelhecimento está atrelado a perdas importantes de inúmeras capacidades físicas, as quais culminam,
inevitavelmente, no declínio da capacidade funcional e da independência do idoso (DIAS; GURJÃO; MARUCCI, 2006).
Segundo Campos (2001), as mudanças na capacidade física influenciam, além da performance esportiva, a
capacidade de realizar as tarefas de vida diária como caminhar, subir uma escada, carregar uma sacola, entre outras.
Os indivíduos de mais idade tendem a ser menos ativos tanto no lazer como no trabalho, devido à falta de
condicionamento, inatividade física, ou doença crônica que resultam na diminuição de força, potência, resistência,
flexibilidade e amplitude do movimento.
Segundo Ferneda, et al., (2005), pessoas idosas que praticam atividades físicas regulares com alto nível de
aptidão apresentam menores riscos de doenças cardiovasculares, menos risco de desenvolver alguns tipos de câncer,
como de cólon e de mama, melhora a função cognitiva e declínio cognitivo, quando comparados com idosos com baixo
gasto calórico.
Para Vaisberg; Rosa; Mello (2005), os exercícios físicos também melhoram a função músculo-tendinea,
diminuem a dor, aumenta à força, a flexibilidade, a resistência, a coordenação, o equilíbrio, o tempo de reação e ainda
diminuem os riscos de quedas, além de alguns benefícios como redução das causas de morbidade e mortalidade, mais
freqüentes nas pessoas com mais idade, promove controle de peso, declínio da pressão arterial, maior sensibilidade a
insulina e melhora do metabolismo dos carboidratos, lipídios e proteínas, compensando muitas das repercussões do
envelhecimento.
A prática regular de exercício físico é uma estratégia preventiva primária, atrativa e eficaz, para manter e
melhorar o estado de saúde física e psíquica em qualquer idade, tendo efeitos benéficos diretos e indiretos para prevenir
e retardar as perdas funcionais do envelhecimento, reduzindo o risco de enfermidades e transtornos freqüentes na
terceira idade tais como as coronariopatias, a hipertensão, a diabetes, a osteoporose, a desnutrição, a ansiedade, a
depressão e a insônia (REBELATTO JR; CALVO; OREJUELA JR; PORTILLO, 2006).
Dentre as atividades físicas indicadas e praticadas pelas pessoas com mais idade, destaca-se o trabalho de
alongamento, que apresenta grandes benefícios para um bom desempenho motor, o que aumenta a confiança na
realização dos movimentos corporais e, conseqüentemente, proporciona uma elevação da auto-estima (DANTAS, 1999).
Para Nelson; Kokkonen (2007), qualquer movimento que acarreta aumento da amplitude de uma articulação
pode ser chamado de exercício de alongamento. O alongamento pode ser ativo ou passivo, é ativo quando a própria
pessoa movimenta a parte do corpo e mantém na posição desejada por determinado tempo e é passivo quando o
exercício é feito por outra pessoa.
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Segundo Nieman (1999), a flexibilidade apresenta relação com a idade e com a atividade física. Conforme a
pessoa envelhece, a flexibilidade diminui, embora se acredite que isso ocorra mais devido à inatividade do que o
processo de envelhecimento em si.
Conforme Nelson; Kokkonen (2007), o programa de alongamento deve ser regular, no mínimo três vezes na
semana, as mudanças não ocorrem de um dia pra outro, mas após algumas semanas de dedicação e esforço. O
alongamento intenso mesmo que seja de forma isolada, pode aumentar a flexibilidade, a força muscular e a resistência
muscular. A intensidade do exercício deve aumentar gradualmente. Nesse tipo de treinamento a intensidade é
controlada pela magnitude da dor associada ao exercício. Com base na escala de dor de 0 a 10 temos: dor inicial
(escala de 1 a 3); dor moderada (escala de 4 a 6) e dor forte (escala de 7 a 10). Podemos perceber que a dor inicial
refere-se ao alongamento suave, alongando até provocar uma leve dor. A indicação de dor moderada no músculo
alongado nos diz que esta no grau médio. Já o alongamento forte é o que mais aumentam a flexibilidade e a força.
Uma boa amplitude articular é ideal para que proporcione condições para a execução dos movimentos do diaa-dia, ter maior independência motora e, conseqüentemente, maior disposição para enfrentar os desafios do cotidiano
(DANTAS, 1999).
MATERIAIS E MÉTODOS
Fizeram parte do estudo 20 mulheres com idade entre 50 e 60 anos, praticantes e não praticantes de
alongamento (10 do grupo de praticantes e 10 do grupo de não praticantes). Na tabela 1 encontram-se as características
das voluntárias participantes do estudo.
Tabela 1. Resultados médios±desvio padrão (DP) da idade, peso, altura e IMC das praticantes e não praticantes de
alongamento.
Idade(anos)
Peso(Kg)
Altura(m)
IMC(Kg/m²)
Praticantes
58, 8 ±3,9
61,95 ±7,89
1,55 ±0,06
25,88 ±2,80
Não Praticantes
57,4 ±3,78
70,75 ±12,17
1,54 ±0,09
30 ±6,45
A pesquisa teve como objetivo analisar os resultados obtidos com o Flextest e comparar os dois grupos e assim
relaciona - lá com a prática de alongamento. Após todas as voluntárias assinarem o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, foram submetidas à realização do Flextest, protocolo proposto por Araújo (2005). O grupo de praticantes foi
composto por 10 mulheres matriculadas na Academia Armação Atlética em Pouso Alegre/MG que praticavam
alongamento a mais de 6 meses e o grupo de não praticantes foi composto por 10 mulheres matriculadas na Escola
Estadual Carlos Legnani em Machado/MG, não praticantes de nenhum tipo de exercício físico.
Para analisar a importância da flexibilidade em indivíduos de meia idade, ou seja,de 50 a 60 anos foi realizado o
Flextest. Este teste contem 20 movimentos para articulações de: tornozelo, joelho, quadril, tronco, punho, cotovelo,
ombro e possui uma escala de pontuação de 0 a 4 pontos. A classificação é feita primeiramente pelas articulações onde
temos: 0= deficiente, 1= fraco, 2= médio, 3= bom, 4= excelente, logo após é feita uma classificação geral da soma de
todos os pontos onde temos: deficiente= <20, fraco= 20 a 30, médio(-)= 31 a 40, médio(+)= 41 a 50, bom= 51 a 60,
excelente > 60. Todos os movimentos foram explicados a cada uma das participantes com antecedência para que elas
se sentissem mais seguras e mais tranqüilas na realização do teste que foi marcado previamente com o grupo, as
mesmas compareceram no dia e na hora marcada para realização do Flextest. A análise estatística utilizada foi à análise
descritiva.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados encontrados no presente estudo sugerem que as praticantes de alongamento possuem um melhor
grau de flexibilidade se comparadas com aquelas que não praticam exercício físico de acordo com a classificação do
Flextest (Araújo, 2005) apresentado na tabela 2.
Tabela 2. Comparação entre os grupos de acordo com a pontuação e classificação do Flextest. Média ± Desvio Padrão.
Pontuação do Flextest
Classificação
Praticantes
39,8 ± 8,95
Médio (-)
Não Praticantes
16,2 ± 5,03
Deficiente
O escore de flexibilidade para as praticantes foi de 39,8 ± 8,95 pontos e para as não praticantes foi de 16,2 ±
5,03. Através dos resultados obtidos, pode-se constatar diferenças significativas (p<0,05) dos níveis de flexibilidade das
mulheres praticantes de alongamento quando comparadas com as não praticantes. Os dados foram analisados pelo
programa de estatística Origin 6.0.
A prática de alongamento gera benefícios na vida de todas as pessoas sem levar em consideração a idade,
porém indivíduos com idade mais avançada conseguem se beneficiar mais desse exercício. O alongamento pode
aumentar o grau de flexibilidade, diminuir tensões musculares, melhorar a postura, diminuir o número de lesões que
nessa faixa etária se torna mais comum, dessa forma torna a vida das pessoas mais útil.
Segundo Toseti; Paião (2006), em seu estudo foi comprovado que possuir uma boa flexibilidade significa
melhores condições no dia-a-dia, pois a todo o momento necessitamos realizar tarefas como agachar para pegar algo,
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subir e descer de veículos, trocar de roupas, fazer a higiene pessoal, entre outras, certamente as pessoas que
possuírem menor grau de flexibilidade terão maior dificuldades em realizar as mesmas tarefas.
Durante a realização do Flextest pode-se observar que as mulheres que já praticavam o alongamento
conseguiram realizar de forma mais fácil e natural os movimentos propostos do que as mulheres que não praticavam
exercício físico, essas sentiram desconfortos, incômodos e até dificuldades durante a realização dos movimentos.
Conforme Dantas (1999), os exercícios de alongamento trazem benefícios significativos em relação à
flexibilidade de idosos, no que diz respeito ao um bom desempenho motor, aumento da confiança na realização de
movimentos corporais e, conseqüentemente, proporciona uma elevação da auto-estima.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se por fim, com os resultados obtidos neste estudo que as mulheres que praticam o alongamento têm
uma melhor flexibilidade quando comparadas com as que não praticam, portanto é possível afirmar que o alongamento
contribui para a melhora da flexibilidade das pessoas, principalmente daquelas que passam pelo processo de
envelhecimento, deixando claro que a pratica do alongamento pode diminuir os efeitos degenerativos do
envelhecimento.
Porém sugerimos ainda que realizem novas investigações sobre a essa população, e que investigue o efeito do
alongamento em outras variáveis da aptidão física.
REFERÊNCIAS
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COMPARAÇÃO ANTROPOMÉTRICA DE ALUNOS QUE REALIZARAM TREINAMENTOS COM REPETIÇÕES
MÁXIMAS E PERCENTUAIS DE CARGA ATRAVÉS DE UMA REPETIÇÃO MÁXIMA.
Thiago Conde Silva
Dalton Lúcio de Moraes
“As indagações. A resposta certa, não importa nada: o essencial é que as perguntas estejam certas.”
(Mário Quintana)
RESUMO
Os programas de treinamento de força (TF) são comumente prescritos através de normativas de carga de treinamento
sugeridas pela literatura. O objetivo do presente estudos foi comparar a eficiência de dois métodos de prescrição do
treinamento de força [repetições máximas (RMs) VS % de carga através de uma repetição máxima (1RM)] para
hipertrofia muscular em homens adultos saudáveis. Para tanto, foram selecionados 20 indivíduos treinados em TF há no
mínimo 12 meses e idade entre 18 e 20 anos. Os voluntários foram divididos aleatoriamente em dois grupos de acordo
com o método de prescrição do TF realizado. O ―Grupo A‖ foi submetido a 12 semanas de TF prescrito a 70% de 1RM. O
―Grupo B‖ realizou um programa de treinamento similar, porém o TF foi prescrito por RMs. Para determinação da
composição corporal e, subseqüentemente, acompanhamento da massa magra, adotou-se método de dobras cutâneas,
através do protocolo de sete dobras de Pollock e Jackson (1978). Foi realizado o teste de 1RM para avaliar a carga
máxima nos exercícios utilizados no protocolo. O Grupo A, o qual treinou por % 1RM, apresentou estatisticamente uma
melhora menos expressiva do grau de hipertrofia muscular em relação ao Grupo B, que treinou por RMs.
Palavras Chave: Treinamento de força, Repetições máximas, Composição corporal.
INTRODUÇÃO
―Obter o máximo de ganho de massa muscular num espaço limitado de tempo, é uma tarefa muito complexa.‖
(Yuri V. Verkhoshanski- 1996). Para o treinamento de força como objetivo o aumento de massa muscular,
vem sendo sugeridos muitas variáveis, em relação a métodos, que incluem repetições, intervalos, período de
super-compensação, números de repetições, cargas a serem usadas, entre outros etc.
OBJETIVO
O objetivo deste estudo foi analisar através de uma normativa de treinamento, em relação aos exercícios, intervalos e
divisão de microciclos, a hipertrofia muscular através de dois métodos de utilização de carga.
METODOLOGIA
O método usado neste trabalho, em relação à divisão de treinamento, números de repetições e seguimentos de
exercícios, foi o mesmo para as duas variáveis de intensidade em métodos de utilização de cargas, o método de
treinamento a ser utilizado envolve séries de 12 repetições com intervalos de 1 minuto entre séries, sendo quatro séries
para todos os exercícios, e nove exercícios para cada subdivisão, sendo treino A, B e C por seis dias semanais em um
período de 12 semanas (Tudor O. Bompa, 2000), onde as variáveis para análise são os métodos de cargas a serem
usadas.
MÉTODOS
Amostra
Participaram da pesquisa 20 indivíduos do século masculinos já treinados, com variáveis de 12 a 15 meses de treino
com o mesmo objetivo, onde o percentual de gordura no início tinha a variável de 6% de diferença do mais alto para o
mais baixo, a estatura variou entre 166 cm e 183 cm, sendo que o horário de treinamento era o mesmo, onde também
vale constar que a rotina dos demais era a mesma e também foi proposto a mesma prescrição alimentar para que fosse
mais preciso os resultados.
Instrumentos
Para a execução dos exercícios aparelhos da marca Righetto da linha atrex, pesos livres da mesma marca, o controle de
intervalos foi por um mesmo relógio, da marca Polar, distribuído dentre os participantes e para coleta de dados em
relação a peso /altura e percentual de gordura foram: peso e altura foi uma balança da marca Filizola, um adipômetro da
marca Lang, e como programa de cálculo, foi o programa de avaliação Physical Test.
Procedimento
No grupo A onde o sistema de treinamento foi através da utilização de carga em 70% através da carga de uma repetição
máxima, foi recomendado que os voluntários não realizassem nenhuma atividade de força que envolvesse as
musculaturas utilizadas no dia de teste. O teste seguiu os prescritos critérios onde os mesmos utilizassem os exercícios
a serem seguidos no método de treinamento, no qual foram realizadas cinco séries de uma repetição máxima com
intervalo de 4 minutos dentre os demais, para a coleta de dados para estipular a carga a ser usada em cada indivíduo
desse grupo em seu treinamento, onde os dados colhidos eram usados quando era utilizado de forma correta cada
repetição utilizando a máxima amplitude de movimento em cada exercício, ressaltando que essa coleta de dados em
relação à carga a partir de uma repetição máxima foi realizada toda segunda feira antes do inicio do seu treinamento
para a obtenção da utilização de sua carga semanal.
No grupo B onde o sistema de utilização de ―carga exata ou repetições máximas onde permite a execução apenas de
um número específico de repetições, onde a carga é determinada a partir desse princípio‖ (Willian J. Kraemer, 1996), os
indivíduos desse grupo foram analisados de forma mais constante, onde diariamente necessitava do máximo de carga
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para realizar as repetições necessárias, foi pedido aos participantes desse grupo colaborassem não deixando a carga
ultrapassar o número de repetições, onde os demais participantes seguiram com rigor.
RESULTADOS
No grupo A onde foi analisada os resultados em relação à hipertrofia muscular a partir de variável de treinamento
percentual de 70% da carga máxima para quatro séries de 12 repetições em cada exercício sugerido encontram-se o
resultado no gráfico abaixo colhido através de uma análise antropométrica.
Comparação dos resultados da primeira coleta de dados do grupo A em relação à segunda do mesmo grupo
através de uma análise antropométrica
No grupo B aonde a proposta foi dentro do mesmo critério de treinamento em seus seguimentos como intervalo, divisão
de treinamento, seguimento de exercícios, período de treinamento, foi feita a coleta de dados em uma análise
antropométrica feita no mesmo dia e hora do grupo A chegaram aos seguintes resultados seguidos no gráfico abaixo.
Comparação dos resultados da primeira coleta de dados do grupo B em relação à segunda do mesmo grupo
através de uma análise antropométrica
No gráfico abaixo se encontra através de números as comparações dos dois grupos em relação aos resultados, levando
em conta como variável o método de carga em 84 dias (12 semanas) de treinamento.
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Comparação dos resultados, a partir da coleta de dados em uma análise antropométrica a utilizando o protocolo
de Pollock/Jackson de mensuração de sete dobras coletando a partir daí, peso gordo peso magro e percentual
de gordura.
ESTATÍSTICAS
Comparando os resultados do grupo A com o grupo B nas duas avaliações, observou-se que o grupo A teve um
aumento de 8% no valor total(média) de peso magro, e uma diminuição de 2% no valor total( média) de peso gordo.
O grupo B teve um aumento de 14% no valor total (média) de peso magro, e uma diminuição de 25% no valor total(
média) de peso gordo.
Valor expresso em Kilos
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Valor expresso em Kilos
DISCUSSÃO
O método de treinamento usado como protocolo experimental para a obtenção dos resultados acima teve como variável
a manipulação das cargas em dois grupos diferentes, sendo que o grupo A utilizou como carga para treinamento 70% da
carga máxima a partir do mesmo método de treinamento em relação a seguimento, tendo como objetivo a hipertrofia
muscular. (Tudor O. Bompa, 2000)
Alguns autores ultimamente vêm fazendo citações em artigos e livros em relação a métodos de treinamento com
seguimentos em relação a séries de cargas exatas ou repetições máximas, RM, assim como preferir, para obtenção de
melhor desempenho em relação ao objetivo de hipertrofia muscular (Fleck, Kraemer, Verkhoshanski, Hakkinem), onde
teve o grupo B como grupo de teste em relação a esse método de utilização de carga.
Levando em consideração método de treinamento de forma adaptada a partir de algumas citações (Verkhoshanski,
Lorenzo J. Cornacchia, Kraemer) onde o mesmo microciclo semanal foi utilizado por 12 semanas (84 dias) levando em
consideração a seguinte divisão do treino com seus exercício e intervalo que são:
Intervalo: 1 min. de série para série, números de repetições = 12, números de série = 4
Treino A (segunda e quinta) = supino reto, supino inclinado, cross-over, elevação lateral com halteres, desenvolvimento
na máquina, extensão de joelhos na cadeira, agachamento máquina, reto abdominal na prancha declinada, reto
abdominal solo.
Treino B(terça e sexta) = pulley frente, pulley articulado, remada máquina, remada alta em pé, encolhimento de ombros,
flexora deitada, stiff, obliquo em pé na polia, flexor lombar.
Treino C(quarta e sábado) = rosca direta, rosca Scott, rosca alternada, tríceps testa, tríceps pulley, extensão de cotovelo
em pé, panturrilha na máquina.
A partir do método citado, conseguiram-se os seguintes resultados na pesquisa citada. O grupo A se analisados de
forma minuciosa obtiveram menor resultado considerável em relação ao grupo B pelas seguintes características, após a
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proposta ser de 12 repetições com carga de 70% em todos os exercício e seguimentos musculares, estruturas
musculares menores como bíceps, tríceps, deltóides, obtiveram um resultado pouco significante, pois a partir da carga
pré determinada os indivíduos do grupo conseguiam concluir só 50% das repetições, sendo a carga excessiva para
esses seguimentos. Nos seguimentos de membros inferiores e abdômen considerado grupos musculares maiores os
indivíduos do mesmo grupo conseguia fazer muito mais que 12 repetições da carga pré estabelecida e sendo assim não
obtiveram um desempenho significativo nessa estrutura muscular em relação ao objetivo proposto, e seguimentos como
peitoral, trapézio, dorsais obtiveram um resultado significativo, quando analisados de forma bem detalhada , já o grupo B
teve um resultado significativo trabalhando em praticamente 100% de estimulo metabólico e tensional, quando se parte
do princípio de que hipertrofia muscular é definida como aumento da secção transversal de cada fibra muscular, a
hipertrofia é apontada como a principal adaptação do músculo esquelético diante do treinamento de força (fleck e
Kraemer, 1997). E que hipertrofia muscular se obtém não só com o aumento da secção transversa do músculo que é a
hipertrofia miofibrilar, como também com o aumento do sarcoplasma, ―onde na hipertrofia tensional se obtém o mínimo
de repetições e o máximo de carga e para se obter hipertrofia metabólica precisa do mínimo de carga com o máximo de
repetições‖ segundo Fleck/Kraemer, considerando fatores externos dos dois grupos que não teve como ser controlado, o
grupo B em relação à proposta citada obteve maior sucesso, ou seja, em relação à hipertrofia muscular o método de
repetições máximas e ou cargas exatas na proposta de treinamento sugerida determinou como fator satisfatório o
resultado dos demais participantes desse grupo.
CONCLUSÃO
Os resultados dessa pesquisa mostraram que a partir do principio de hipertrofia muscular, as características devem ser
aproveitadas ao máximo em seu macrociclo.
Os métodos usados neste, são determinantes em relação à pesquisa realizada e citada nesse artigo, onde o grupo A
comparado com o grupo B com suas propostas os resultados foram consideráveis em relação aos resultados.
Dessa forma, os profissionais devem estar atentos quanto à prescrição de treinamento, não só tendo como considerável
o fator subdivisão de seu macrociclo tendo como principal fator a intensidade em carga.
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COMPARAÇÃO ENTRE A INTERFERÊNCIA DOS ESTADOS EMOCIONAIS PRÉ-COMPETIÇÃO EM CORREDORES
DE FUNDO DO SEXO MASCULINO E FEMININO.
RAFAEL CASTRO KOCIAN, Prof. Ms. – UNIP São José do Rio Pardo/ [email protected]
Vanessa B. Batiston, Camila Ap. Honório, Jordana S. Custódio, Lucas Fontanari, Luis Miguel Gonçalves – Discentes
UNIP São José do Rio Pardo-SP
RESUMO: Atualmente no cenário esportivo verificamos que a busca por um melhor rendimento vem superando diversas
barreiras, como novos métodos de treinamento, novos aparelhos esportivos e até, infelizmente, superando barreiras
através do uso de doping por exemplo. Verificamos que os estados emocionais dos atletas mostram-se de relevada
importância para a definição dos resultados. O presente estudo buscou comparar a interferência de estados emocionais
de homens e mulheres corredores de provas de fundo. Trabalhamos com uma pesquisa qualitativa com 37 sujeitos
sendo 26 homens e 11 mulheres. Como resultados encontramos uma parcela significativa das mulheres com alteração
de estados emocionais as vésperas da prova, cerca de 55% e um percentual significante entre os homens, cerca de
30%. Após a análise dos dados podemos concluir que existe alteração de estados emocionais em corredores de fundo,
tanto homens quanto mulheres, com uma predominância maior junto a o sexo feminino. Sugere-se o acompanhamento
de um profissional da psicologia do esporte junto a comissão técnica destes atletas.
Palavras chave: estados emocionais, psicologia do esporte e atletismo.
1 – Introdução
Com a evolução do esporte e seus diferentes métodos de treinamentos, verificamos que cada vez mais a
psicologia do esporte cresce como área de estudo que visa entender o comportamento humano, sobretudo os estados
emocionais, como forma de interferência na prática esportiva. Sabemos que um atleta com o estado psicológico alterado
possivelmente terá alterações, positivas ou negativas, no resultado final. Partindo dessa premissa, os técnicos
desportivos devem estar atentos para as alterações emocionais de seus atletas e buscar respostas para as possíveis
intervenções.
O presente estudo teve como objetivo comparar a influencia dos estados emocionais pré-competição em
corredores fundistas do sexo masculino e feminino, de provas de rua com suas possíveis interferências dentro do
resultado da competição.
A influência dos estados emocionais antes da competição é um fator determinante para o resultado da prova, por
essa razão o presente estudo vem para entender como deve ser a interferência dos profissionais envolvidos direta ou
indiretamente na competição.
2 – Revisão de Literatura
Quando pensamos em estados emocionais e movimento, comumente encontramos uma divisão entre emoções
positivas e emoções negativas. Para facilitar nossa abordagem, trabalharemos com tópicos relativos a estas emoções.
Ao final destas considerações tipificaremos, de forma breve, a prova em questão.
Emoções Positivas
A investigação das emoções tem se concentrado, a princípio, na análise de emoções negativas como medo,
agressão etc, e tem relegado a segundo plano os fenômenos positivos como sorte, alegria, ânimo e satisfação. Na área
do esporte têm sido investigados estados emocionais positivos que podem se apresentar durante a atividade competitiva
(emoções que acompanham as ações esportivas). Diante desse contexto aparecem dois conceitos particularmente
interessantes: o conceito de flow-feeling (sensação de fluidez) de Csikszentmihalyi (1985) e a análise do winning-feeling
(sensação de ganhar) de Unestahl (1983,1985). O termo ―flow‖ é classificado como uma sensação de alegria durante a
atividade, a total e absoluta identificação e concentração na atividade que se realiza, esquecendo de si mesmo. O
winning-feeling (sensação de ganhar), segundo Unestahl (1983,1986), apresenta as seguintes características:amnésia,
concentração, aumento de tolerância à dor e mudanças na percepção.
Emoções Negativas
Durante a competição, pode-se observar uma variedade de situação nas quais o atleta se irrita mais ou menos
intensamente. A hipótese de que a situação especifica podem provocar emoções como alegria, raiva, medo, etc. será
sustentada por investigações que avaliam, por um lado, emoções esperadas em uma situação específica, e por outro
lado, emoções sentidas em uma situação aleatória. (Scherer; Summerfield; Wallbout, 1983).
Motivação
Segundo Samulski (1995) ―a motivação é caracterizada como um processo ativo, intencional e dirigido a uma
meta, o qual depende da interação de fatores pessoais (intrínsecos- onde o indivíduo se compromete em uma atividade
pelo prazer e pela satisfação que aprende, explora, realiza ou quando participa de alguma coisa nova) e ambientais
(extrínsecos - valorizando mais o resultado do que tendo interesse na atividade por si própria)‖. Segundo esse modelo, a
motivação apresenta uma determinante direção do comportamento (intenções, interesses, motivos e metas).
Para Samulski (1995), a motivação para a prática esportiva depende da interação entre a personalidade
(expectativas, motivos, necessidades, interesses) e fatores do meio ambiente, como facilidades, tarefas atraentes,
desafios e influências sociais. No decorrer da vida de uma pessoa, a importância dos fatores pessoais e situacionais
acima mencionadas, pode mudar, dependendo das necessidades e oportunidades atuais.
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De acordo com Samulski in Weinberg & Gould (1999:57), a motivação para a pratica esportiva depende da
interação entre a personalidade (expectativas, motivos, necessidades, interesses) e fatores do meio ambiente como
facilidades, tarefas atraentes, desafios e influencias sociais. No decorrer da vida de uma pessoa, a importância dos
fatores pessoais (personalidade, necessidades, interesses, motivos, metas e expectativas) e situacionais (estilo de
liderança, facilidades, tarefas atrativas, desafios e influências sociais), podem mudar, dependendo das necessidades e
oportunidades atuais.
Medo
O medo é concebido como uma emoção-choque devido à percepção de perigo presente e urgente que ameaça
a preservação daquele indivíduo. Provoca, então, uma série de efeitos no organismo que o tornam apto a uma reação de
defesa como a fuga, por exemplo. Para Santos in Delpierre (1794), o medo pode provocar efeitos contrastados segundo
os indivíduos e as circunstâncias, ou até reações alternadas em uma mesma pessoa: a aceleração dos movimentos do
coração ou sua diminuição, uma respiração demasiadamente rápida ou lenta, uma contração ou uma dilatação dos
vasos sangüíneos, uma hiper ou uma hipossecreção das glândulas, constipação ou diarréia, poliúria ou anúria, um
comportamento de imobilização ou uma exteriorização violenta.
Nos casos-limite, a inibição irá até uma pseudoparalisia diante do perigo (estados catalépticos) e a exteriorização
resultará numa tempestade de movimentos desatinados e inadaptados, característicos do pânico. Podemos analisar que
o medo é uma emoção básica, que existe em todos os seres humanos, sendo assim uma reação biológica comum.
O medo se apresenta quando a expectativa permanece insegura também durante o transcurso da superação de
exigências. O medo será tão mais forte quanto mais inseguro é o desenvolvimento da ação (Lazarus e Averill,1972 in
Samulski). Segundo Samulski in Pekrun (1983) é tomado o conceito de que quanto mais negativo for o valor subjetivo
que se atribui às conseqüências, mais medo resulta da antecipação.
Ansiedade
A ansiedade é um estado emocional negativo caracterizado por nervosismo, preocupação e apreensão e
associado com ativação ou excitação do corpo. No esporte, é diferenciado em dois tipos (Martens-1990): ansiedade
somática e cognitivo. A ansiedade somática surge no momento da competição e envolve a participação do organismo
como um todo, colocando-o em estado de alerta e resultando no aumento dos níveis de adrenalina e cortisol. Já a
ansiedade cognitiva surge mais precocemente ao aproximar-se de uma competição e permanecer em alto nível, é
determinada pela sensação emocional de apreensão e tenacidade psíquica.
Além da diferenciação entre ansiedade cognitiva e somática, outra diferença importante é entre ansiedadeestado e ansiedade-traço. Sendo que a ansiedade-estado é um estado emocional temporário, em constante variação
com sentimentos de apreensão e tensão conscientemente percebidos, associados com a ativação do sistema nervoso
autônomo. A ansiedade-traço é uma tendência comportamental de perceber e responder com ansiedade-estado
desproporcional às circunstâncias comuns.
3 - Metodologia
Trabalhamos com um pesquisa de campo do tipo qualitativa, balizada pelas ciências humanas, buscando coletar
dados através de um questionário aberto e estruturado, junto a praticantes do sexo masculino e feminino de uma corrida
de fundo (6km), ocorrida em São José do Rio Pardo-SP, no dia 30 de agosto de 2009.
Foi garantido sigilo absoluto aos participantes da pesquisa, além de aplicado o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido. O questionário era composto por um cabeçalho de identificação (sexo, idade e tempo de prática da corrida),
e, após o cabeçalho, nosso questionário continha quatro questões abertas, que visavam atender nossos objetivos.
Nossos sujeitos foram selecionados de forma aleatória sem distinção de faixa etária, classe social, nível de treinamento,
etc. Foram entrevistados 26 sujeitos do sexo masculino e 11 do sexo feminino. Após a coleta, os dados foram analisados
sob o ponto de vista das ciências humanas, tabulados e distribuídos graficamente e discutidos.
A pesquisa se utilizou da sétima corrida pedestre ―Duque de Caxias‖ que ocorreu no dia 30 de agosto de 2009,
na cidade de São José do Rio Pardo- SP, onde os participantes deveriam cumprir o percurso de 6.000 metros,
competindo pelas categorias: livre masculino, livre feminino, sub-16 masculino e atiradores.
4 – Resultados e Discussão
Conforme apresentado em nossa metodologia, nosso questionário era iniciado por um cabeçalho de
identificação dos participantes. A partir desse cabeçalho podemos apresentar o seguinte gráfico.
Podemos verificar no gráfico abaixo que foram entrevistados 26 indivíduos do sexo masculino, onde a idade
variou de 14 a 45 anos. Estes foram divididos em faixas etárias, na qual identificamos três indivíduos com idade até 15
anos, 16 indivíduos com idade de 16 a 21 anos, três indivíduos com idade de 22 a 25 anos e quatro indivíduos com
idade acima de 25 anos. Entre as mulheres, 11 participantes que variavam a faixa etária entre 15 e 41 anos.
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18
16
14
Nº de Indivíduos
12
10
Homens
8
Mulheres
6
4
2
0
Até 15 anos
16 - 21 anos
22 - 25 anos
Faixa Etária
A cima de 25 anos
Após o cabeçalho, a primeira pergunta foi: você teve alguma interferência de estados emocionais antes da prova?
Como resultados podemos verificar que uma parcela significante da população masculina (cerca de 30%) e a maioria da
população feminina (cerca de 55%) afirmaram sentir alguma interferência nos estados emocionais antes da prova. Esses
resultados nos levam a refletir que tipo de sensações e emoções estão sentindo nossos atletas e se existe de alguma maneira
um trabalho para monitorar se esses estados emocionais estão prejudicando o rendimento atlético dos participantes de
corridas de fundo.
A Interferência dos Estados Emocionais
20
18
16
Nº de Indivíduos
14
12
Homens
10
Mulhres
8
6
4
2
0
SIM
NÃO
Dando continuidade ao questionários perguntamos o que os atletas estavam sentindo antes da prova, através da
questão: como você está se sentindo. Como resultados encontramos diferentes estados emocionais, quer sejam
positivos ou negativos. Verificamos novamente, assim como na questão anterior, que uma parcela maior dos praticantes
masculinos declaravam se sentir bem antes da prova.
Vale ressaltar que tanto em homens, quanto em mulheres verificamos uma aparição de diferentes estados
emocionais antes da prova, tais como: nervosismo, ansiedade, tranqüilidade, agitação, sonolência, etc. Podemos
verificar essa premissa no gráfico abaixo.
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Os Estados Emocionais dos atletas Pré-Competição
14
12
Nº de Indivíduos
10
8
Homens
Mulheres
6
4
2
0
Tranquilo
Nervoso
Bem
Ancioso
Agitado
Dolorido
Insônia
Emocionado
Estados Emocionais
5 – Conclusão
Após todo o processo de pesquisa, podemos concluir que, dentro do universo pesquisado, existe uma parcela
significativa de atletas que apontam alteração de estados emocionais antes da prova, sobretudo em mulheres, não
deixando de considerar os homens. Concluímos também, que momentos antes do início da prova, tanto homens quanto
mulheres possuem alterações de estados emocionais.
Dessa forma, sugere-se que exista um acompanhamento de um profissional capacitado em atuar com a
psicologia do esporte, uma vez que além da preparação física, em corridas de fundo, faz-se extremamente necessária a
preparação psicológica.
6 – Referências
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AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL DE ATLETAS DE
FUTEBOL DE CAMPO MASCULINO CATEGORIAS DE BASE
Daniel da Veiga Domingues
[email protected]
Profº orientador: Ms Arthur Paiva Neto
1. INTRODUÇÃO
A composição corporal refere-se às quantidades relativas de diferentes compostos corporais e tem uma relação direta com o
desempenho e a aptidão física do individuo. (ROBERT & SCOTT, 2002; BÖHME, 2007; CARAZZATO in GHORAYEB &
BARROS NETO, 2004;).
Atualmente existem diversas técnicas para se avaliar a composição corporal de um individuo, entre elas a técnica de dobras
cutâneas caracteriza-se por um processo muito simples e prático, que mede a gordura subcutânea e nos permite diagnosticar a
adiposidade corporal com razoável exatidão (MCARDLE, 2008; ROBERT & SCOTT, 2002).
Alguns trabalhos realizados no âmbito da composição corporal mostraram que, a aferição de dobras cutâneas é
um excelente método a ser utilizado, de fácil acesso e com resultados satisfatórios. (Slaughterem, Lohman, Boileau,
Horswill, Stillman, Van Loan 1988, citados por HEYWARD, 2001), em um estudo sobre RECOMENDAÇÕES DE
MÉTODOS PARA AVALIAÇÃO CORPORAL, conclui que, ―o método de dobras cutâneas, pode ser usado para calcular
a composição corporal de crianças e adultos, de grupos étnicos diversos, como também atletas femininos e masculinos‖.
Observou-se também que ―A precisão de medidas de dobras cutâneas, são altamente dependentes da habilidade do
avaliador e do tipo de compasso‖.
Segundo Kiss (2003), a facilidade de administração da coleta de dados, treinamento dos procedimentos e
também de se aplicar em campo, este tipo de estudo, aumenta as vantagens do método. Também vale ressaltar, as
facilidades de obtenção dos dados, no que se refere ao tempo despendido pelas equipes e a facilidade de arranjo do
ambiente de coleta de dados.
Por tanto esse estudo tem por objetivo avaliar a composição corporal de atletas de futebol masculino categorias
de base, de escolinhas formativas de duas cidades diferentes.
2. METODOLOGIA
Foram coletados dados de 58 atletas de equipes de Futebol categorias de base, com idades de 10 à 20 anos,
das seguintes instituições: Escolinha Municipal de esportes Garotos de Ouro, de Conceição dos Ouros e Escolinha de
futebol Oscarinn em Monte Sião.
Para a coleta de dados foram utilizados os seguintes equipamentos: Balança digital da marca Plena com
precisão de 50 gramas e escala de 150 quilogramas para medida de massa corporal total (peso); Estadiômetro portátil
marca Sanny com precisão de 0,5 centímetro e escala de 205 centímetros para medir a altura do vértex (estatura);
Adipômetro científico Sanny com precisão em décimos de milímetros, proporção 1:10 e escala de 78 milímetros para
coleta das dobras cutâneas; Lápis demográfico Sanny para marcação dos pontos medidos; Ficha de coleta de dados
desenvolvida pelo autor da pesquisa e ficha de consentimento para utilização dos dados na pesquisa.
A coleta foi feita sempre antes do treinamento ou competição e os atletas estavam trajando apenas roupas de
baixo. Foram realizadas três coletas para cada variável, sendo considerado resultado final a média das medidas. Foi
observada a técnica descrita por Petroski (1999) para a padronização das medidas. As medidas de dobras cutâneas
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foram realizadas sempre no hemicorpo direito. Um único avaliador realizou todas as medidas. Foi perguntado ao atleta
qual a sua posição de atuação.
Para a determinação do peso corporal, o avaliador permaneceu de pé de frente para a escala de medidas da
balança. O avaliado permaneceu em posição ortostática de frente para o avaliador e no centro da balança. Os seguintes
procedimentos foram, tomados para a medida de estatura: o avaliador posicionou-se ao lado do estadiômetro e quando
necessário para realizar a leitura da medida. O avaliado permaneceu em posição ortostática, descalço, pés unidos,
procurando encostar o calcanhar, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital. A cabeça esteve orientada no
plano de Frankfurt.
Em todas as coletas de dobras cutâneas, os pontos de referência anatômica foram marcados com um lápis
demográfico.foram coletadas as seguintes dobras neste trabalho: (subescapular, triciptal, peitoral, biciptal, médio axilar,
supra ilíaca, abdominal, coxa medial, panturrilha medial).
Foram realizados os seguintes procedimentos na realização deste estudo: Para a densidade corporal foi utilizada
a estratégia de (FORSYTH & SINNING, 1973, citado pro HEYWARD, 2001), (equação generalizada para atletas do sexo
Masculino com idade de 07 a 19 anos), descrito pelo seguinte modelo matemático: Dc (g/cm3) = 1.10647 – 0.00162 x
(subescapular) – 0.00144 x (abdôminal) – 0.00077 x (tríceptal) + 0.00071 x (médio axilar). Onde Dc é a densidade
corporal.
O percentual de gordura foi calculado utilizando-se da equação de (SIRI 1961), representada pela seguinte
fórmula: %G = ((4,95 / Dc) - 4,5) * 100. Onde %G representa o percentual de gordura e Dc a densidade corporal; O
índice de massa corporal (IMC), foi obtido pela divisão do peso pelo quadrado da altura do vértex (estatura). Somatório
de nove dobras (9), foi obtido pela soma das dobras subescapular, triciptal, peitoral, médio axilar, biciptal, supra ilíaca,
abdominal, coxa medial e panturrilha medial; Soma das dobras do tronco (GRT): Somatório das dobras subescapular,
peitoral, abdominal e supra ilíaca; Soma das dobras dos membros (GRM).
Os resultados obtidos para este estudo foram submetidos inicialmente ao teste de normalidade (KolmogorovSmirnov). Após este teste as variáveis consideradas normais foram comparadas utilizando-se o teste t de student. As
variáveis não paramétricas foram comparadas pelo teste de (Mann-Witney).Também foi calculado a média e o desvio
padrão de cada variável para os dois grupos. Foi utilizado para realização das análises o pacote computacional SPSS
versão 12.0.
Os dados coletados foram separados por equipes Garotos de Ouro (GO) e Oscarinn, Idade sendo os sujeitos
com idade < 15 e ≥ 15 anos de idade e por posição de atuação informada pelo atleta.
A coleta de dados esteve a todo o momento sujeita a negação dos responsáveis da participação de atletas ou
equipes.
O autor realizou a coleta de todos os dados para que se evitasse o erro inter-avaliadores.
3. RESULTADOS
Quando os atletas foram analisados por equipes, atletas da equipe Garotos de Ouro (GO), de Conceição dos
Ouros e Atletas da equipe Oscarinn de Monte Sião, levando-se em consideração que os atletas da equipe GO tinham
uma média de idade menor que as da equipe Osacrinn, o volume de treino da equipe Oscarinn é consideravelmente
maior que o volume de treino da equipe GO e a equipe Oscarinn possuía 4 jogadores estrangeiros, foram obtidos os
seguintes resultados.
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A média de idade em anos da equipe GO foi de 13,0 com desvio padrão de 1,8 e da equipe Oscarinn foi de 15,6
com desvio padrão de 1,5. A média da estatura em centímetros, da equipe GO, foi de 157,9 com desvio padrão de 12,0
e a equipe Oscarinn, apresentou uma média de 175,0 com desvio padrão de 18,0.
Figura 1 - Média e desvio padrão das medidas de idade em anos, estatura em centímetros, peso corporal em quilos e
Índice de massa corporal, expresso na razão do peso pelo quadrado da estatura, dos atletas dos grupos Garotos de
Ouro (azul) e Oscarinn (vermelho) p≤0,05.
A média de peso em Kg da equipe GO foi de 46,8 com desvio padrão de 11,4 e da equipe Oscarinn foi de 62,9
com desvio padrão de 8,5. A média do IMC da equipe GO foi de 18,5 com desvio padrão de 2,1 e da equipe Oscarinn,
foi de 20,1 com desvio padrão de 4,6. Foram encontradas diferenças estatisticamente significativas apenas nas
variáveis: idade, peso e estatura, sendo que a variável IMC não apresentou diferença significativa. Provavelmente as
diferenças encontradas são devido a maior media de idade dos atletas da equipe oscarinn, que sendo mais velhos em
relação a outra equipe possuem estatura e peso mais elevados.
A média do peso gordo em Kg da equipe GO foi de 5,5 com desvio padrão de 2,9, sendo que a media da equipe
oscarinn foi de 6,3 com desvio padrão de 1,7. A media da variável peso magro em Kg da equipe GO foi de 41,3 com
desvio padrão de 10,4, sendo que a media da equipe Oscarinn foi de 56,6 com desvio padrão de 7,6. A média do
percentual
de
gordura
corporal
apresentado pela equipe GO foi de
11,7 com desvio padrão de 5,7 sendo
a media da equipe Oscarinn um valor
de 10,0 com desvio padrão de 2,3.
Figura 2 - Média e desvio padrão das
medidas de peso gordo em quilos,
peso magro em quilos e percentual
de gordura, dos atletas dos grupos
Garotos de Ouro (azul) e Oscarinn
(vermelho) p≤0,05.
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Entre as três variáveis peso gordo, peso magro e percentual de gordura corporal dos atletas, apenas a variável
peso magro demonstrou uma diferença estatisticamente significativa. Possivelmente essa diferença deve-se ainda a
diferença de idade entres os atletas das duas equipes, vale ressaltar que não houve diferença nas variaveis peso gordo
e percentual de gordura, provavelmente ao maior volume de trabalho da equipe oscarinn, que mesmo com idade mais
elevadas possuem níveis de gordura corporal baixas.
A média da somatória das 9 dobras da equipe GO, foi de 82,0 com desvio padrão de 36,6 sendo que a media
apresentada pela equipe Oscarinn foi de 61,2 com desvio padrão de 14,4. A média das dobras regional do tronco
apresentada pela equipe GO foi de
40,8 com
desvio padrão de 19,8
e da equipe Oscarinn foi de 32,3
com desvio padrão de 6,9.
Figura 3 - Média e desvio padrão
das medidas de somatório das 9
dobra, gordura regional do tronco e
gordura regional de membros, todas
expressas em mm, dos atletas dos
grupos Garotos de Ouro (azul) e
Oscarinn (vermelho) p≤0,05.
A média das dobras regional dos membros apresentada pela equipe GO foi de 41,1 com desvio padrão de 18,1 e
a media da equipe Oscarinn foi de 28,9 com desvio padrão de 9,2. Pode –se observar nesse gráfico que as três
variáveis observadas apresentaram diferenças estatisticamente significativas.
Essas diferentes pode existir devido a maior carga de trabalho da equipe oscarinn com relação a equipe GO,
fazendo com que os níveis de gordura corporal dos atletas estejam em níveis mais baixos.
Quando os atletas foram avaliados segundo a idade, sendo separados em grupos de atletas com idade menor
que 15 anos e maior igual que 15 anos, foram observados os seguinte resultados. A média de estatura em Centimetros
dos atletas < 15 anos foi de 162,2
com desvio padrão de 14,1; dos
atletas ≥ 15 foi de 175,6 com desvio
padrão de 5,6. A média do peso em
Kg apresentada pelos atletas < 15
foi de 49,5 com desvio padrão de
12,2; dos atletas ≥ 15 foi de 64,5
com desvio padrão de 6,9. A média
do IMC dos atletas <15 foi de 18,5
com desvio padrão de 2,1; dos
atletas ≥ 15 foi de 20,1 com desvio
padrão de 4,6.
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Figura 4 - Média e desvio padrão das medidas de estatura em centímetros, peso corporal em quilos e Índice de massa
corporal, expresso na razão do peso pelo quadrado da estatura, dos atletas dos grupos < 15 anos (azul) ≥ 15 anos
(vermelho) p≤0,05.
Os resultados deste gráfico apresentaram diferença significativas nas variáveis: altura e peso, não apresentando
diferença estatisticamente significativa na variável IMC. Para analisarmos esses resultados devemos analisar o nível de
maturação em que os atletas se encontram, o que possivelmente explica essa diferença na estatura e peso entre os dois
grupos. Dias et al (2007) em um estudo sobre características antropométricas em atletas de futsal, concluiu que os
atletas q participaram da pesquisa estavam dentro do perfil normal da população daquela idade, não havendo assim
grande influencia do esporte sobre sua composição corporal.
A média das 9 dobras apresentada pelos atletas < 15 foi de 73,9 com desvio padrão de 32,7; dos atletas ≥ 15 foi
de 65,8 com desvio padrão de 20,6. A média das dobras regional do tronco dos atletas < 15 foi de 36,5 com desvio
padrão de 16,9; dos atletas ≥ 15 foi de 35,6 com desvio padrão 11,3. A média das dobras regional de membros dos
atletas < 15 foi de 37,4 com desvio padrão de 17,1; dos atletas ≥ 15 foi de 30,1 com desvio padrão de 10,5.
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Figura 5 - Média e desvio padrão
das medidas de somatório das 9
dobra, gordura regional do tronco e
gordura regional de membros, todas
expressas em mm, dos atletas dos
grupos < 15 anos (azul) ≥ 15 anos
(vermelho) p≤0,05.
Dentre as três variáveis analisadas neste gráfico, apenas as dobras relacionadas a gordura regional de
membros, apresentaram diferença estatisticamente significativa.
Esses resultados reforçam a idéia de que o exercício físico influencia nos níveis de gordura corporal, tendo em
vista que ao analisarmos essas mesmas variáveis por equipes, sendo a equipe Oscarinn com maior media de idade
demonstrou diferenças em todas as três variáveis, demonstrando a equipe GO com maior níveis de gordura, e quando
dividiu-se os atletas apenas por faixa etária as mesmas variáveis não demonstram diferença. Em trabalhos sobre o efeito
do treinamento em atletas encontrou-se resultados que corroboram com a idéia de que a composição corporal melhora
em conseqüência do treinamento. (NASCENTE ET AL, 2009., CYRINO 2002).
A média do peso magro apresentada pelos atletas < 15 anos foi de 44,0 kg com desvio padrão de 11,5; quanto
aos atletas ≥ 15 anos a media foi de 57,9 kg com desvio padrão 5,8. A média do peso Gordo apresentada pelos atletas <
15 anos foi de 5,4kg com desvio padrão de 2,5; quantos aos atletas ≥ 15 anos a media foi de 6,6kg com desvio padrão
2,0. A média do percentual de gordura apresentada pelos atletas < 15 anos foi de 11,2 com desvio padrão de 5,0;
quantos aos atletas ≥ 15 anos a media foi de 10,2 com desvio padrão 2,6.
Figura 6 - Média e desvio padrão das
medidas de peso gordo em quilos,
peso magro em quilos e percentual
de gordura, dos atletas dos grupos <
15 anos (azul) ≥ 15 anos (vermelho)
p≤0,05.
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Podemos observar nesse gráfico, que a variável peso gordo e peso magro, demonstraram diferenças
estatisticamente significativas, o que não aconteceu com a variável percentual de gordura. Resultados que
possivelmente se dão devido ao nível de maturação em que os atletas se encontram, vale ressaltar que todos os
resultados se encontram em níveis bem baixos de gordura corporal. Pode ser devido a pratica esportiva ou ao processo
de seleção de talentos. Processo de seleção de talentos e um meio para determinacao de individuos que possuam
caracteristicas próprias para o esporte, onde indivíduos que não possuem um perfil para aquele determinado esporte,
dificilmente sera bem selecionado ou tera bons desempenho.(FERNANDES, 2005.,KISS 2004)
Quando os atletas foram avaliados de acordo com sua posição de jogo informada pelos mesmos, os resultados
encontrados foram os seguintes.
A média de idade em anos apresentada pelos goleiros foi de 13,6 com desvio padrão de 2,6; Com relação a
posição zagueiros a media foi de14,7com desvio padrão de 1,7; Com relação a posição lateral a media foi de 14,7 com
desvio padrão de 1,8; Com relação a posição Volantes a media foi de 15,4 com desvio padrão de 2,8; Com relação a
posição Meio campo os resultados foram de 13,9 com desvio padrão de 2,2; Com relação a posição atacante a media foi
de 13,9 com desvio padrão de 2,1;
A média da variável estatura apresentada pelos goleiros foi de 170,8 cm com desvio padrão de 19,4; Com
relação a posição zagueiros a media foi de 173,3 cm com desvio padrão de 14,5; Com relação a posição laterais a
media foi de 163,5 com desvio padrão de 14,1; Com relação a posição Volantes a media foi de 169,9 com desvio padrão
de 7,1; Com relação a posição Meio campo a media foi de 165,5 com desvio padrão de 12,7; Com relação a posição
atacante a media foi de 165,2 cm com desvio padrão de 12,2.
Figura 7 - Média e desvio padrão
das medidas de idade em anos
(azul), estatura em centímetros
(vermelho), peso corporal em quilos
(verde) e Índice de massa corporal,
expresso na razão do peso pelo
quadrado da estatura (roxo), dos
atletas separados por posição de
atuação em campo, informado pelos
mesmos p≤0,05.
A média de peso apresentada pelos goleiros foi de 63,8 kg com desvio padrão de 15,4; A posição zagueiro
apresentou resultados de 61,1 kg com desvio padrão de 15,6; A posição lateral a media foi de 51,8 kg com desvio
padrão de 12,7; Com relação a posição Volante a média foi de 57,5 kg com desvio padrão de 8,7; Com relação a
posição Meio campo a média foi de 53,5 com desvio padrão de 10,6; Com relação a posição atacante a média foi de
52,1 com desvio padrão de 12,5;
A média da variável IMC apresentada pelos goleiros foi de 21,6 com desvio padrão de 1,1; A média para a
posição zagueiro foi de 20,0 com desvio padrão de 2,8; A média para a posição lateral foi de 19,0 com desvio padrão de
2,1; A média para a posição Volante foi de 19,8 com desvio padrão de 1,7; A média para a posição Meio campo foi de
19,4 com desvio padrão de 1,8; A média para a posição atacante foi de 18,8 com desvio padrão de 2,6; A média das 9
dobras apresentada pelos goleiros foi de 100,6 com desvio padrão de 55,5; A média para a posição zagueiro foi de 68,9
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com desvio padrão de 24,6; A média para a posição lateral foi de 72,7 com desvio padrão de 24,6; A média para a
posição Volante foi de 62,7 com desvio padrão de 18,6; A média para a posição Meio campo foi de 76,8 com desvio
padrão de 36,8; A média para a posição atacante foi de 60,0 com desvio padrão de 14,7;
A média das dobras regional do tronco apresentada pelos goleiros foi de 52,4 com desvio padrão de 27,1; A
media para a posição zagueiro foi de 35,5 com desvio padrão de 14,9; A média para a posição lateral foi de 37,7 com
desvio padrão de 12,3; A media para a posição Volante foi de 31,4 com desvio padrão de 8,0; A média para a posição
Meio campo foi de 39,4 com desvio padrão de 18,8; A média para a posição atacante foi de 30,5 com desvio padrão de
7,5;
Figura 8 - Média e desvio padrão das
medidas de somatória das 9 dobras
(azul), gordura regional do tronco
(vermelho) e gordura regional de
membros (verde), todas expressas
em mm, dos atletas separados por
posição
de
atuação
em
campo,
informado pelos mesmos p≤0,05.
A média das dobras regional dos membros apresentada pelos goleiros foi de 48,2 com desvio padrão de 29,1; A
média para a posição zagueiro foi de 33,4 com desvio padrão de 12,2; A média para a posição lateral foi de 35,1 com
desvio padrão de 13,8; A média para a posição Volante foi de 31,3 com desvio padrão de 11,7; A media para a posição
Meio campo foi de 37,4 com desvio padrão de 19,2; A média para a posição atacante foi de 29,6 com desvio padrão de
9,6;
A média da variável peso gordo, encontrada no grupo dos goleiros foi de 9,0 com desvio padrão de 3,1; A média
para a posição zagueiro foi de 6,3 com desvio padrão de 2,7; A média para a posição lateral foi de 5,7com desvio padrão
de 2,3; A média para a posição Volante foi de 5,7 com desvio padrão de 2,5; A média para a posição Meio campo foi de
5,8 com desvio padrão de 1,6; A média para a posição atacante foi de 5,1 com desvio padrão de 1,8;
A média do peso magro, encontrada no grupo dos goleiros foi de 54,8 com desvio padrão de 16,2; A média para
a posição zagueiro foi de 54,9 com desvio padrão de 13,5; A media para a posição lateral foi de 46,1 com desvio padrão
de 11,9; A media para a posição volante foi de 51,9 com desvio padrão de 7,3; A média para a posição Meio campo foi
de 47,7 com desvio padrão de 11,2; A média para a posição atacante foi de 46,9 com desvio padrão de 11,3.
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Figura 9 - Média e desvio padrão
das medidas de peso gordo em
quilos(azul), peso magro em quilos
(vermelho) e percentual de gordura
(verde) dos atletas separados por
posição de atuação em campo,
informado pelos mesmos p≤0,05.
A média do percentual de gordura, encontrada no grupo dos goleiros foi de 14,9 com desvio padrão de 7,9; A
media para a posição zagueiro foi de 9,9com desvio padrão de 2,9; A media para a posição lateral foi de 11,3 com
desvio padrão de 4,6; A media para a posição volante foi de 9,7 com desvio padrão de 3,6; A media para a posição Meio
campo foi de 11,5 com desvio padrão de 4,8; A media para a posição atacante foi de 9,9 com desvio padrão de 2,8.
Para todas as seguintes variáveis: idade, estatura, peso, IMC, somatório das 9 dobras, gordura regional do
tronco, gordura regional dos membros, peso gordo, peso magro e percentual de gordura, nenhuma deles apresentou
diferença estatisticamente significativa, quando avaliadas em relação as diferentes posições do jogo de futebol.
Estudos que observa os aspactos morfológicos de atletas de futebol e futsal profissionais, que encontrou
diferenças entre os atletas de diferentes posicoes GENEROSI (2009).
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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A.; Technique for mensuring Body Composition, Washington: National Academy of Science, 1961.
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DESENVOLVIMENTO MOTOR DE PRÉ-ESCOLARES
Manoela Campos Piedade
Licenciada em Educação Física
Enaf/Fagammon
[email protected]
RESUMO
Este estudo teve como objetivo verificar o desenvolvimento motor de pré-escolares na faixa etária de 5 anos e 5 anos e
11 meses, relacionando a idade cronológica com a idade motora obtida em cada componente avaliado. A avaliação
motora utilizada foi a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por Rosa Neto (2002), que envolve provas
motoras específicas por idade como: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização
espacial e organização temporal. Para atender ao objetivo foi feita uma relação da idade cronológica, com as idades
motoras obtidas em cada prova. Os resultados mostraram que quanto maior a idade cronológica, maiores os valores do
componente motricidade global e organização espacial. Já o esquema corporal não correlacionou com nenhuma
variável, pois todos os valores foram iguais. Conclui-se que cada componente específico da motricidade possui formas
diferenciadas, o que caracteriza o desenvolvimento motor como um processo dinâmico.
PALAVRAS-CHAVE: Pré-escolar. Desenvolvimento motor. Avaliação motora
INTRODUÇÃO
O desenvolvimento motor é um processo de mudanças no grau de funcionamento de um indivíduo, onde a
aquisição de funções cada vez mais complexa é adquirida ao longo dos anos. Este processo se inicia na concepção e se
prolonga até a morte.
Esta contínua mudança se da devido a fatores filogenéticos (são naturais e comuns a todas as pessoas) e
ontogenéticos (que são decorrentes da maturação e experiência adquirida ao longo da vida). As experiências motoras
adquiridas ainda quando criança, é de fundamental importância não só para atender as necessidades desse período,
como poderá implicar no processo de desenvolvimento motor desse indivíduo no futuro.
De acordo com Santos et al. (2004), o desenvolvimento motor nessa fase caracteriza-se pelo aprendizado de
um amplo espectro de habilidades motoras, que possibilita a criança certo domínio do seu corpo em diferentes posturas
(estáticas e dinâmicas), locomover-se pelo ambiente de variadas formas (andar, correr, saltar, etc.) e manipular objetos e
instrumentos diversos (receber uma bola, arremessar uma pedra, chutar, escrever, etc). E é nessa fase que elas
expandem rapidamente seus horizontes, afirmando suas personalidades e desenvolvendo suas habilidades a fim de
testar seus próprios limites e os limites das pessoas que vivem junto dela (CRIPPA, et al 2003).
Estudos sobre a motricidade infantil em geral, são realizados com o objetivo de conhecer melhor as crianças e
de poder estabelecer instrumentos de confiança para avaliar, analisar, e estudar o desenvolvimento de alunos em
diferentes etapas evolutivas (ROSA NETO, 2002).
As formas de avaliar o desenvolvimento motor de uma criança podem ser diversas, no entanto, nenhuma é
perfeita nem engloba holisticamente todos os aspectos de desenvolvimento (SILVEIRA, et al 2005).
Nessa perspectiva Rosa Neto (2002) propõe uma Escala de Desenvolvimento Motor - EDM, que compreende
uma bateria de testes diversificados, que permite avaliar o nível de desenvolvimento motor de crianças de 2 aos 11 anos
de idade.
A EDM avalia os seguintes componentes motores: 1) Motricidade fina, é a coordenação visiomanual, ela inclui
a fase de transporte da mão, seguida de uma fase de agarre e manipulação, o que da um conjunto de objeto/mão/olho.
2) Motricidade global, é a capacidade do indivíduo de, com seus gestos, atitudes, deslocamentos e ritmos compreenderse melhor e buscar novas informações. 3) Equilíbrio, está vinculado à postura corporal correta onde há economia de
energia, para que não ocorra a fadiga corporal, entre outros.
4) Esquema corporal, refere-se à capacidade de discriminar as partes do corpo e organizar as partes deste na execução
de uma tarefa. 5) Organização espacial, é compreender as dimensões do corpo com o espaço, ou seja, a organização
espacial depende ao mesmo tempo da estrutura do nosso corpo, como, da natureza do meio que nos rodeia e suas
características. 6) Organização temporal, refere-se à consciência do tempo onde se estrutura sobre as mudanças
percebidas – independentemente de ser sucessão ou duração, sua retenção está vinculada à memória e a codificação
da informação contida nos acontecimentos (ROSA NETO, 2002). Ainda de acordo com este autor o movimento e seu fim
são uma unidade e, desde a motricidade fetal até a maturidade plena, passando pelo movimento do parto e pelas
sucessivas evoluções, o movimento se projeta sempre frente á satisfação de uma necessidade relacional. A relação
entre o movimento e o seu fim se aperfeiçoa cada vez mais como resultado de uma diferenciação progressiva das
estruturas integradas do ser humano.
Assim, a aquisição de novas habilidades está diretamente relacionada não apenas à faixa etária da criança,
mas também as interações vividas com os outros seres humanos do seu grupo social (SOARES, et al 2006). Essas
habilidades básicas são requeridas para a condução de rotinas diárias em casa e na escola, como também servem a
propósitos lúdicos (SANTOS, et al 2004).
É para que essas habilidades sejam desenvolvidas é necessário que se dê a criança oportunidades de
executá-las (CHIMELO, 2003).
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Dessa forma o objetivo deste estudo foi por meio de testes motores avaliar o desenvolvimento motor de préescolares, determinando a idade motora (IM) no aspecto avaliado e relacionando estas as respectivas idades
cronológicas (ICs).
MATERIAIS E MÉTODOS
Para este estudo foram selecionadas 29 crianças aleatoriamente de ambos os gêneros que tinham entre 60
meses (5 anos) e 71 meses (5 anos e 11 meses), matriculados em uma escola municipal de educação infantil localizada
na região do sul de Minas Gerais, cujos pais assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. As provas motoras
foram realizadas individualmente no pátio da escola, e os alunos que participaram da coleta de dados cursavam o
período escolar diurno.
O instrumento utilizado para a avaliação motora foi a Escala de Desenvolvimento Motor (EDM) proposta por
Rosa Neto (2002). A referida escala procura avaliar as áreas motoras específicas, como: motricidade fina (IM1),
motricidade global (IM2), equilíbrio (IM3), esquema corporal (IM4), organização espacial (IM5) e organização temporal
(IM6). A EDM apresenta ainda um manual completo de como proceder á aplicação dos testes e uma folha de resposta
para facilitar o registro dos resultados dos alunos.
Para atender ao objetivo do estudo a análise foi feita através das variáveis relacionadas aos componentes
motores específicos de cada criança. A prova de organização temporal não foi empregada devido à dificuldade com
relação à aplicabilidade, exigindo treinamento pormenorizado dos aplicadores.
Os resultados foram analisados por meio da idade motora que foi obtida em cada elemento. Independente da
área avaliada, cada prova foi iniciada com o teste correspondente a sua idade cronológica. Caso o sucesso fosse obtido
na tarefa correspondente a sua idade, a tarefa de idade mais avançada foi apresentada, e terminava a avaliação quando
a criança não desempenhava corretamente a tarefa proposta, neste caso foi utilizado o resultado válido obtido na prova
anterior.
Após a aplicação dos testes, os resultados foram lançados em planilha onde foi empregada a correlação linear
de Pearson entre a idade cronológica (IC) e a idade motora (IM) obtida como desempenho em cada prova.
RESULTADO E DISCUSSÃO
Os resultados das idades motoras, expresso em termos de média e desvio-padrão são encontrados na Tabela
1.
IC
IM1
IM2
IM3
IM4
IM5
M
66,79
61,65
72
61,65
60
64,96
DP
2,93
2,72
4,81
4,21
0
6,01
Tabela 1. Médias (M) e Desvio-Padrão (DP)
Os resultados apresentados pelas médias e desvio-padrão para cada componente da motricidade, sugerem que
de acordo com a avaliação motora, a área de maior déficit foi o esquema corporal (IM4), com média de 60 meses. Podese verificar, desta forma um atraso de 6,79 meses em relação à idade cronológica média das crianças que foi de 66,79
meses.
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Relacionando-se a idade cronológica com a idade motora nota-se que os resultados foram estatisticamente
significativos como mostra as figuras 1 e 2 respectivamente.
85
82,5
80
77,5
75
IM2
72,5
70
67,5
65
62,5
60
57,5
55
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
Idade Cronológica
Figura 1. Representação gráfica relacionando a idade cronológica (IC) com a motricidade global (IM2).
Na figura 1, observar-se que quanto maior a idade cronológica, maior e o valor da idade motora global (IM2). De
acordo com Melo 1997 (citado por Crippa, et al., 2003), a motricidade global é entendida como ―a harmonia dos
movimentos voluntários dos grandes segmentos do corpo ou a capacidade de controle dos atos motores que coloca em
ação todo o corpo humano‖. Este resultado pode ser explicado pelo tipo de atividade que as crianças realizam no seu
dia-a-dia, sugerindo que esta vem estimulando e encorajando adequadamente a motricidade global das crianças
(Caetano et al, 2005).
Na figura 2, nota-se também que quanto maior a idade cronológica IC maior e o valor do componente referente
à organização espacial (IM5).
74
72
70
IM5
68
66
64
62
60
58
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
Idade Cronológica
Figura 2. Representação gráfica relacionando a idade cronológica (IC) com a organização espacial (IM5)
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A correlação linear de Pearson revelou outros resultados obtidos na avaliação motora como, a relação dos
alunos com maior valor no componente motricidade fina (IM1), eram os que possuíam também os maiores valores de
motricidade global (IM2), equilíbrio (IM3) e organização espacial (IM5). Talvez o resultado se explica devido a estes
componentes motores não apresentarem linearidade em crianças pré-escolares. Já os alunos com maiores valores de
motricidade global (IM2) e equilíbrio (IM3) eram os que tinham maior valor do componente referente à organização
espacial (IM5). O esquema corporal (IM4) não correlacionou com nenhuma variável, pois todos os valores foram iguais.
Quanto a este último componente, os resultados permitem apontar que a experiência motora na exploração de seu
próprio corpo, acumulada nos anos pré-escolares iniciais, manifesta-se por volta dos 6 anos de idade (SILVEIRA, et al
2005).
CONCLUSÃO
A partir dos resultados deste estudo, nota-se que houve relação da idade cronológica com os componentes
motricidade global e organização espacial. Ao que se refere ao esquema corporal, este foi o componente que obteve
maior déficit em relação às outras áreas avaliadas. Portanto pode-se concluir que a evolução de cada componente
especifico da motricidade apresenta formas diferenciadas, caracterizando o desenvolvimento motor como um processo
dinâmico.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAETANO, M.J.D.; SILVEIRA, C.R.A.; GOBBI, L.T.B. Desenvolvimento motor de pré-escolares no intervalo de 13
meses. Revista Brasileira de Cineamtropometria e Desempenho Humano, v.7, n.2, p.5-13, jun.2005.
CHIMELO, M.C. Desenvolvimento motor de crianças pré-escolares entre 5 e 6 anos. Efdeportes - Revista Digital,
Buenos Aires, ano. 8, n.58, mar. 2003. Disponível em http://www.efdeportes.com. Acesso em 22 de jul. 2009.
CRIPPA, L.R.; SOUZA, J.M.de.; SIMONI, S.; ROCCA, R.D. Avaliação motora de pré-escolares que praticam atividades
recreativas. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v.14, n.2, p.13-20, set.2003.
ROSA NETO, F. Manual de Avaliação Motora. Porto Alegre: Artmed, 2002.
SANTOS, S.; DANTAS, L.; OLIVEIRA, J.A.de. Desenvolvimento motor de crianças, de idosos e de pessoas com
transtornos da coordenação. Revista Paulista de Educação Física, São Paulo, v.18, n.esp. 33, p.33-44, agos.2004.
SILVEIRA, C.R.A.; GOBBI, L.T.B.; CAETANO, M.J.D.; ROSSI, A.C.S.; CANDIDO, R.P. Avaliação motora de préescolares: relação entre idade motora e idade cronológica. Efdeportes - Revista Digital, Buenos Aires, ano. 10, n.83,
abril 2005. Disponível em http://www.efdeportes.com. Acesso em 20 de jul. 2009.
SOARES, A.S.; ALMEIDA, M.C.R.de. Nível maturacional dos padrões motores básicos do chutar e impulsão vertical em
crianças de 7/8anos. Movimentum-Revista digital de Educação Física, Ipatinga: Unileste-MG, v.1, n.1, ago./dez. 2006.
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COMPARAÇÃO DO NIVEL DE MOTIVAÇÃO EM ATLETAS DE ESPORTES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
PARTICIPANTES DO JIMI.
CAROLINA GABRIELA REIS BARBOSA
Licenciada em Educação Física, UNIFEG.
[email protected]
GLAUBER CAETANO FERREIRA LOPES
Licenciado em Educação Física, UNIFEG.
[email protected]
RESUMO
A preparação psicológica de um atleta se caracteriza por um conjunto de informações que exercem influência sobre o
psiquismo, para assim, assegurar a estabilidade necessária para execução de sua modalidade desportiva. De acordo
com o dicionário Aurélio, motivação pode ser definida como interesse, desejo, instinto e necessidade. É inerente ao ser
humano. E a motivação tem o poder de determinar o quanto um indivíduo se esforçará para realizar um objetivo. A
qualidade de execução de um movimento está diretamente relacionada com o nível de motivação. Sendo assim o motivo
que dá início, dirige e integra o comportamento do sujeito. Os atletas devem estar atentos simultaneamente às ações do
adversário, reagir corretamente, executar uma ação, além de muitas vezes controlar o tempo. O que requer grande
estabilidade emocional. Este estudo classificou através de um questionário os níveis motivacionais de atletas de
esportes coletivos e individuais participantes do JIMI.
Palavras chaves: Motivação; esportes.
INTRODUÇÃO
Segundo Paim (2001) o ser humano é motivado por vários fatores internos e externos; a força de cada motivo
influencia na maneira de perceber o mundo que cada indivíduo possui.
Rodrigues (1991, citado por Paim 2001) descreve que a motivação é um dos principais fatores que interferem no
comportamento de uma pessoa.
Em esportes competitivos, sejam eles coletivos ou individuais, a diferença entre o primeiro e segundo colocado
pode estar nos detalhes. Cientes disso, as equipes buscam oferecer o melhor preparo para seus atletas, cuidando de
todas as áreas do seu treinamento: parte técnica, preparo físico, nutrição e orientação psicológica. DESCHAMPS &
ROSE JUNIOR (2006).
Uma atividade ou exercício pode ser realizado por indivíduos animados por motivos distintos e variados níveis de
intensidade.
Segundo Deschamps & Rose Junior (2006) para que um atleta esteja em perfeitas condições para alcançar
ótimos resultados em uma competição, são essenciais a preparação física, a preparação técnico/tática e a preparação
psicológica.
Os mesmos autores acrescentam que os aspectos psicológicos podem influenciar de forma negativa ou positiva
no desempenho do atleta.
Segundo Santos [s.d] a psicofisiologia, assim como a medicina psicossomática admite que a mente seja capaz
de causar a degeneração de um órgão através do pensamento negativo acumulado nele. Exemplificando assim o poder
e importância de uma mente focada e direcionada ao esporte.
O preparo físico não é, portanto a causa única do bom rendimento nos jogos, não podendo ser negada a
importância do preparo mental. Santos [s.d] afirma ainda que cada experiência mental é acompanhada de maneira
simultânea, por uma experiência física e vice-versa, sendo vivenciadas simultaneamente pelo corpo e pela mente.
A preparação psicológica atua sobre alguns campos psicológicos de rendimento. Entre eles: escala de valores
pessoais e sociais; meio ambiente: social, geográfico e motivação.
Portanto, para conseguiria uma otimização dos movimentos o atleta usufrui da utilização de técnicas psicológicas
de treinamento, as quais o ajudarão no desenvolvimento das capacidades cognitivas caracterizadas pela percepção e a
posterior transformação destas informações perceptivas através do pensamento, da imaginação e da memória.
O desenvolvimento mental se constrói continuamente e se constitui pelo aparecimento gradativo de estruturas
mentais. As estruturas mentais são formas de organização da atividade mental que vão se aperfeiçoando e se
solidificando, até o momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de
equilíbrio superior em relação à inteligência, à vida afetiva e às relações sociais. Algumas estruturas mentais podem
permanecer ao longo de toda a vida, como, por exemplo: a motivação. (SANTOS [s.d]).
Deschamps & Rose Junior (2006) afirmam que a eficiência de utilizar a preparação psicológica como instrumento
de trabalho com o objetivo proporcionar ao atleta a capacidade de enfrentar acontecimentos estressantes do ambiente
esportivo e utilizar dessa estrutura pessoal para a obtenção de seu potencial máximo em competição.
A preparação esportiva é destinada principalmente no desenvolvimento da técnica, da tática e no físico dos
atletas. No entanto, para um melhor desempenho em uma competição, as preparações psicológicas e nutricionais são
indispensáveis no processo de treinamento (GOULART s.d).
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Goulart (s.d) afirma que o fator de alguns técnicos não utilizar a preparação psicológica, provavelmente estaria
ligada às experiências de fracasso no emprego de algumas técnicas psicológicas realizadas por eles próprios ou por
profissionais mal preparados e a falta de investimento pessoal ou de tempo para a sua execução.
Quando realizado um treinamento de motivação fundamentado em bases científicas, os treinadores passam a
aprender medidas efetivas de motivação (SAMULSKI, 2002).
Oliveira et al. (2006) afirma que os atletas do sexo masculino têm a percepção de serem mais capazes quando
comparado as atletas do sexo feminino, ou seja, os atletas demonstram muito mais prazer em participar de competições,
provavelmente devido ao fato da família apoiar mais os meninos na realização da atividade física.
A motivação é descrita como em processo ativo, onde o objetivo é alcançar uma meta, através da interação de
fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos), SAMULSKI (1992, citado por DESCHAMPS & ROSE JUNIOR
2006).
Bergamini (1991), citado por Goulart [S.D], afirma que quando os atletas são motivados, sentem-se persistentes
e buscam sucesso em suas atividades.
De acordo com Hernandez et al. (2004) muitos treinadores utilizam do método como gritos, insultos e murros,
pois acreditam que assim seria uma forma de aumentar a motivação de seus atletas.
Segundo Weinberg (2001) através da maneira que a pessoa explica o seu desempenho, afeta suas expectativas
e reações emocionais, que têm grande influência na futura motivação para a realização.
Bergamini (1990) descreve que as pessoas não fazem as mesmas coisas pela mesma razão, cada pessoa
possui seu próprio perfil motivacional, embora existam pessoas que não conhecem o seu próprio esquema de fatores
motivacionais.
Acontece com freqüência situações que se o desportista não alcançar as expectativas previstas, poderá sofrer
um efeito "catastrófico" que fará com que diminua a sua motivação, afetando a confiança no seu treinador e em si
própria. Há treinadores que considera a motivação um traço estável de personalidade do atleta e, portanto, imutável no
tempo (HERNANDEZ e colaboradores 2004).
Sendo qual for o método utilizado a instigação à motivação é um fator presente nos treinos e antecipa as lutas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais
Foram utilizados questionários formulados pelos próprios autores a partir da linha de estudo da psicologia esportiva.
Casuística
Os avaliados eram atletas de ambos os sexos, com idades variadas, participantes do JIMI em modalidade esportivas
coletivas e individuais.
Análise dos dados e tratamento estatístico
Os dados obtidos foram analisados junto a uma psicóloga e a análise estatística foi feita com o programa SPSS.
As perguntas contidas no questionário com as respectivas respostas são as seguintes:
Marque apenas 1 alternativa de acordo com a sua relação com o esporte
Pratico esporte por que:
1 sou obrigado
2 estou com meus amigos
3 meu rendimento é muito bom
4 quero ser cada vez melhor no esporte
Eu gosto de praticar esporte quando:
1 esqueço das outras ocupações
2 o técnico reconhece a minha atuação
3 sinto-me integrado no grupo
4 minhas opiniões são aceitas
Não gosto de praticar esporte quando:
1 não me sinto integrado no grupo
2 não simpatizo com o técnico
3 meus colegas zombam de minhas falhas
4 o técnico compara o meu rendimento como de outro colega
Participo das atividades esportivas por que:
1 gosto de atividade física
2 treinar me dão prazer
3 gosto de aprender novas habilidades
4 acho importante aumentar meus conhecimentos
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5 o que eu aprendo me faz praticar mais
Eu gosto de praticar atividade esportiva quando:
1 aprendo uma nova habilidade
2 dedico o máximo nas atividades
3 as atividades me dão prazer
4 movimento meu corpo
5 o que eu aprendo me faz praticar mais
Não gosto de praticar atividade física quando:
1 não consigo realizar bem as atividades
2 não sinto prazer na atividade proposta
3 quase não tenho oportunidade de jogar
4 exercito pouco o meu corpo
5 não há tempo para praticar tudo o que eu gostaria
Você gosta da sua modalidade esportiva
1 gosto muito
2 gosto pouco
3 indiferente
4 não gosto
5 detesto
RESULTADO E DISCUSSÃO
Gráfico 1 – Comparação das respostas do questionário
Ao se comparar as respostas do questionário de motivação entre os esportes coletivos e individuais obtivemos
os seguintes resultados: Os atletas de esporte coletivo e os atletas de esporte individuais apresentaram semelhança ao
responder o questionário, com excessão na pergunta número 6, que houve diferença .
Provavelmente a partir da análise das respostas pode-se dizer que o s atletas de esportes coletivos não pratica
uma ativadade quando não sente prazer. Já na opnião dos atletas de esporte individuais, estes não gostam de praticar
atividade quando não tem a oportunidade de jogar, sendo assim, a melhor maneira de incluir estes atletas em suas
atividades específicas seria através da motivação tanto individual e coletiva.
Um fato observado nas respostas de todos os atletas avaliados é a importância que o técnico, ou professor atua
para a motivação destes, tanto no aspecto de reconhecimento quanto na simpatia com os atletas.
CONCLUSÃO
A melhor forma de entender motivação é considerar a pessoa e seus atos perante uma situação. O técnico,
instrutor, ou professor de educação física tem papel fundamental para influenciar a motivação de seus atletas.
Além de fatores motivacionais que são de grande preocupação, fatores bioquímicos, psicológicos, sociológicos,
médicos e técnicos-táticos também são de grande significância para o esporte coletivo e individual. Desta forma, eles
merecem destaque em qualquer análise de desempenho.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BERGAMINI, C. W. Motivação: mitos, crenças e mal-entendidos. Revista de Administração de Empresas, São Paulo,
30(2) 23-34 Abr/Jun. 1990
DESCHAMPS, S. R. & ROSE JUNIOR, D. Os aspectos psicológicos da personalidade e da motivação no voleibol
masculino de alto rendimento. Revista Digital - Buenos Aires - Ano 10 , n 92, Jan/ 2006. Disponível em: <
www.efdeportes.com>
GOULART, A. S. A importância da psicologia do esporte para o rendimento do atleta de futsal. (s/d)
HERNANDEZ, J. A. E; VOSER, R. C.; ALBO, M. G. Motivação no esporte de elite: comparação de categorias do
futsal e futebol. Buenos Aires: ano 1º n.77, outubro 2004. Disponível em: < www.efdeportes.com/ Revista Digital>
Acesso em: 17/ago/2009.
OLIVEIRA, S. R. S. SERRASSUELO JUNIOR, H. SIMÕES, A.C. Seleção paulista masculina de judô: estudo do
comportamento das tendências competitivas entre atletas federados. Revista Brasileira de Cineantropometria &
Desempenho Humano 2006.
PAIM, M. C. C. Fatores motivacionais e desempenho no futebol. Revista da Educação Física/UEM Maringá, v. 12, n.
2, p. 73-79, 2. sem. 2001.
SAMULSKI, D. M. Psicologia do esporte.1 edição : Manole editora, 2002.
SANTOS, Rosângela Pires dos. Psicologia aplicada à Educação Física. Universidade Castelo Branco. [s.d] [s.l].
SANTOS, Rosângela Pires dos. Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem Universidade Castelo Branco.
[s.d] [s.l].
WEINBERG, R. S. Fundamentos da psicologia do esporte e do exercício. 2 edição, Porto Alegre: artmed editora,
2001.
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COMPARAÇÃO DA ANSIEDADE ENTRE ATLETAS DE VOLEIBOL (MASCULINO E FEMININO), PARTICIPANTES
DE CAMPEONATOS AMADORES EM MINAS GERAIS.
Douglas Felipe Gomes dos Santos
Licenciado em Educação Física, UNIFEG
[email protected]
Larissa Pereira de Sousa
Licenciado em Educação Física, UNIFEG
[email protected]
Arthur Paiva Neto
Mestre em Educação Física, docente do UNIFEG.
[email protected]
RESUMO
Estudos das variáveis que compõe a psicologia do esporte vem aumentando a fim de melhorar a performance dos
atletas. A ansiedade é um dos fatores que mais é estudado por poder se manifestar em vários níveis, causando
sensações até mesmo fisiológicas. No voleibol os atletas são muito afetados pela ansiedade tendo em vista o fato de
que a cada vez que a bola entra em jogo isso acarretará um ponto, que poderá ser a favor ou contra sua equipe. Os
praticantes se preocupam com a visão dos colegas, do treinador e são constantemente cobrados, que causa
insegurança. O objetivo desse trabalho foi comparar o nível de ansiedade em atletas de voleibol praticantes de
campeonatos amadores. Foi realizado através de um questionário que foi respondido pelos atletas antes de seus jogos.
Palavras chave: ansiedade, voleibol
INTRODUÇÃO
A psicologia do esporte, apontando para o treinamento desportivo, pose ser vista atualmente, como uma
ferramenta indispensável para a formulação de um programa de preparação esportiva voltada para o aumento da
performance. Desta forma, o estudo das variáveis que compõe esta área de estudo possibilita um aumento das
ferramentas de ação para treinamento psicológico na ação direta aplicada ao esporte, assim, tanto para o psicólogo
quanto para o profissional de Educação Física, o conhecimento destas ações pode proporcionar a melhoria da
integração de todo o programa de desenvolvimento dos desportistas associados à competição (SAMULSKI, 2002).
Segundo ROSE JUNIOR & VASCONCELLOS (1997), esportes competitivos são caracterizados por intensa e
contínua confronto, comparações e avaliações de seus participantes onde equipes se confrontam para obter o mesmo
objetivo.
A ansiedade é um dos fatores psicológicos mais estudados na área esportiva, por se manifestar em diferentes
níveis e interferir na performance dos atletas. Há inúmeras definições para o termo ansiedade, porém o mais utilizado é
de: sentimento desagradável de apreensão, acompanhado de reações fisiológicas como vazio ou frio no estômago,
palpitações, dor de cabeça, transpiração, falta de ar. Um fator psicológico que é atribuído a uma perspectiva de perigo
(CASTELLANI et. al, 2007).
Quando se fala sobre ansiedade é comum confundir ansiedade e medo, porém são emoções diferentes, mas essa
diferença não é muito clara, uma vez que ambas são emoções que apresentam fatores psicológicos e fisiológicos que
demonstram tensas e desagradáveis percebidas em situações pré durante e pós competitivas (QUADROS JUNIOR et.
al. 2006). A ansiedade-estado é ligada ao estado emocional em que a pessoa tem variação constante de sentimentos de
tensão e apreensão que são percebidos com a ativação do sistema nervoso autônomo, já a ansiedade-traço é uma
característica da personalidade, que influencia no comportamento está diretamente ligada a situações de avaliações e
competitivas (WEINBERG & GOULD, 2006).
Para a prática do voleibol é necessário desenvolver as capacidades e habilidades motoras exigidas pelo esporte
para melhorar o rendimento e perfeição nos movimentos de seu praticante. O voleibol diferencia-se dos demais esportes
coletivos em alguns fatores como o fato de o atleta não segurar a bola (o que dificulta e torna mais preciso os
movimentos), além de que todo erro ou acerto finaliza-se em um ponto (o que faz com que o jogo acarrete grande
pressão sobre o atleta) (NOVO, 2008 apud OKAZAKI e COELHO, 2004).
Os atletas ficam no estado de ansiedade, pois existe um padrão de vitorioso imposto pela sociedade, assim
sofrem pressão de sempre fazer o seu melhor para não decepcionar a equipe, os técnicos, familiares, patrocinadores,
torcedores (CASTELLANI et. Al, 2007).
Sob o olhar psicológico, o momento pré-competitivo é marcado por ansiedade e estresse, pois apresenta uma
série de oportunidades, riscos e conseqüências, o que acarreta manifestações de medo, reações motoras e emocionais
(DETANICO & SANTOS, 2005).
Lavoura, Botura e Machado (2006) falam que a ansiedade divide-se em cognitiva e somática. Ambos entendem
que a cognitiva relaciona-se com pensamentos duvidosos a respeito de atingir o objetivo de uma vitória ou conquista, ou
seja, expectativas e auto-avaliação negativas que levam o indivíduo ao fracasso, já a somática refere-se a
autopercepção dos elementos fisiológicos provenientes da ansiedade como diarréias, aumento da pressão arterial e de
batimentos cardíacos, enjôos, tensão muscular, perda do controle motor, tremedeira, suor na mão e palidez facial.
Segundo Machado (1997) não é incomum os atletas se sentirem nervosos antes de competições desportivas, já
que sua auto-imagem ou auto-estima depende do seu desempenho nestas competições e, dessa forma, estas situações
podem se tornar muito assustadoras ao invés de lutarem por medalha, dinheiro, honra de campeão, luta-se contra o
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próprio valor; ao invés de aguardar entusiasticamente a oportunidade de atuar, o atleta passa a ficar nervoso, a
aproximação das competições pelo simples medo de falhar.
De acordo com Quadros Junior (2006) apud Cratty (1973), a relação entre treinador e atleta é determinante no
envolvimento desportivo, pois ambos vivem situações de estresse em situações óbvias. Contudo, o modo pelo qual eles
enfrentam este nível de estresse reflete o modo pelo qual cada um vai conseguir lidar com as emoções e características
individuais do outro (treinador / atleta).
Torna-se de fundamental importância o estudo da ansiedade em atletas de todas as modalidades esportivas
buscando uma ampliação do conhecimento do estado emocional dos praticantes, visando sempre à melhoria no
desempenho dos atletas (LAVOURA et. al, 2006).
METODOLOGIA
Cuidados éticos
Esse projeto foi submetido à análise do Comitê de ética do Centro Universitário da Fundação Educacional de
Guaxupé. Os técnicos e os indivíduos voluntários participaram de reunião preliminar com os pesquisadores. Na
oportunidade foram informados dos objetivos e procedimentos metodológicos deste estudo. Foram tomadas as
precauções visando preservar a privacidade dos mesmos, as informações foram obtidas mantidas em sigilo. A saúde e o
bem-estar de cada voluntário estiveram sempre acima de qualquer outro interesse. Os voluntários responderam um
questionário que apresentou 36 questões, com as opções sempre, às vezes ou nunca. Após as respostar terem sido
dadas, os dados obtidos passaram por análises estatísticas mantendo todo sigilo sobre o mesmo.
Amostragem dos indivíduos
Foram avaliados 66 praticantes de voleibol, sendo 41 mulheres e 26 homens com média de idade entre 18 a 27
anos. Todos praticantes de voleibol amadores, participantes de campeonatos em Minas Gerais.
Caracterização do questionário.
Os atletas voluntários responderam a um questionário de 36 questões, segue em anexo o modelo do questionário
respondido pelos atletas.
Procedimentos da coleta de dados
Foi entregue antes dos jogos para os atletas voluntários o questionário, que foi preenchido e entregue aos
pesquisadores para análises estatísticas.
Tratamentos estatísticos
Os resultados obtidos para este estudo foram submetidos inicialmente ao teste de normalidade (KolmogorovSmirnov). Após este teste, as variáveis consideradas normais foram comparadas utilizando-se o teste t de student.
Também foi calculado a média e o desvio padrão de cada variável para os dois grupos. Foi utilizado para realização das
análises o pacote computacional SPSS versão 13.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Comparando os homens mais novos e os mais velhos não houve diferenças estatísticas nas perguntas, a não ser
na questão 22 (Gosto quando o treinador me chama para cobrar algo?) onde os mais novos não gostam de ser
corrigidos enquanto os mais velhos sim, Quadros Junior (2006) apud Cratty (1973), afirma que a relação entre treinador
e atleta é determinante no envolvimento desportivo, pois ambos vivem situações de estresse em situações óbvias, esse
fato pode estar relacionado a confiança que os jogadores depositam em seus treinadores, segundo este mesmo autor,
os atletas passam a maior parte do tempo pensando nos seus treinadores e relembrando as frases ditas por eles, etc.
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Dentre muitas as qualidades que os atletas apreciam em seus treinadores podemos destacar a capacidade que eles têm
de se organizar, motivar e manter uma postura calma.
Na comparação feita entre as mulheres mais novas e as mais velhas foram notadas diferenças estatísticas nas
perguntas 04 (Na hora de jogar sinto enjôo?), 35(Antes da competição não consigo dormir?) onde pode ser notado que
as mulheres mais velhas sofrem mais com a ansiedade somática que pode causar efeitos fisiológicos como enjôo,
diarréia, aumento da pressão arterial e dos batimentos cardíacos durante ou antes das competições segundo Lavoura,
Botura e Machado (2006). Nas perguntas 17 (Não consigo me concentrar no exercício que estou executando?) e 19
(Gosto quando acerto uma jogada?) também foi notado diferença estatística as mais velhas podem ser caracterizadas
como mais inseguras com um grau alto de cobrança sobre seus erros e acertos durante as competições e as mais novas
dizem gostar quando acertam uma jogada o que pode ser caracterizada por sensações de satisfação, onde observam
que não falharam e não causarão decepção aos familiares, técnicos, colegas de equipe e aos torcedores Machado
(1997).
Comparando-se homens e mulheres, podemos notar diferenças estatísticas nas questões 10, 16, 18, 20, 28 e 31
onde os homens se mostraram mais ansiosos e inseguros, se cobrando mais que as mulheres, o que pode ser
relacionado ao fato de que
Para Machado 1997, é comum os atletas sentirem nervosismo antes das competições, uma vez que passam a
lutar contra si próprios, pelo medo de falhar, o momento pré-competitivo é marcado por ansiedade e estresse, pois
apresenta uma série de oportunidades, riscos e conseqüências, o que acarreta manifestações de medo, reações
motoras e emocionais (DETANICO & SANTOS, 2005).
Já na questão 21(Procuro acertas os exercícios que me são passados?), as mulheres se mostraram mais
preocupadas com a melhoria na qualidade dos movimentos realizados para o aperfeiçoamento durante as competições
o que pode ser explicado por (NOVO, 2008 apud OKAZAKI e COELHO, 2004) para a prática do voleibol é necessário
desenvolver as capacidades e habilidades motoras exigidas pelo esporte para melhorar o rendimento e perfeição nos
movimentos de seu praticante. O voleibol diferencia-se dos demais esportes coletivos em alguns fatores como o fato de
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o atleta não segurar a bola (o que dificulta e torna mais preciso os movimentos), além de que todo erro ou acerto finalizase em um ponto (o que faz com que o jogo acarrete grande pressão sobre o atleta).
CONCLUSÃO
Com base nessa pesquisa podemos concluir que ambos os gêneros possuem características de ansiedade
competitiva. Alguns podem se manifestar até mesmo através de efeitos fisiológicos, causados pela ansiedade somática.
Novas pesquisas devem ser realizadas a fim ampliar o conhecimento do estado emocional dos praticantes, visando
sempre à melhoria no desempenho dos atletas.
REFERENCIAL BIOGRÁFICO
CASTELLANI, R. M.; LAVOURA, T. N.; MACHADO, A. A. Comparação entre os gêneros a partir da análise da
ansiedade e sua interferência no rendimento de atletas de alto nível da canoagem slalom. Acessado em
http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires - Ano11 - N° 106 - março de 2007. dia 17-08-2009 as 15:40.
DE ROSE JUNIOR, D. & VASCONCELLOS, E. G.. Ansiedade-traço competitiva e atletismo: um estudo com atletas
infanto-juvenis. Rev. Paul. Educ. Fís. São Paulo, 11(2): 148-54 jul./dez. 1997.
DETANICO, D & SANTOS, S. G. Variáveis influenciando e sendo influenciadas pela ansiedade-traço précompetitiva: um estudo com judocas. Acessado em http://www.efdeportes.com/ Revista Digital - Buenos Aires Ano 10 - N° 90 - Novembro de 2005 DIA 17-08-2009 AS 16:00.
LAVOURA, T. N. ; BOTURA, H. M. L. ; MACHADO, A. A. Estudo da ansiedade e as diferenças entre os gêneros em
um esporte de aventura competitivo. Revista Brasileira de Educação Física, Esporte, Lazer e Dança, v. 1, n. 3, p. 7481, set. 2006.
MACHADO, A. A. Psicologia do esporte: temas emergentes. Jundiaí: Ápice, 1997.
NOVO, N. L. R. S.; PERFIL psicológico de rendimento, habilidades psicológicas e ansiedade e habilidades
psicológicas em atletas de voleibol. Acessado em https://estudogeral.sib.uc.pt/dspace/handle/10316/10657 dia 17-082009 as 15:25.
QUADROS JUNIOR, A. C.; VICENTIM, J.; CRESPILHO, D. Relações entre ansiedade e psicologia do esporte.
Acessado em http://www.efdeportes.com Revista Digital - Buenos Aires - Ano 11 - N° 98 - Julio de 2006 dia 17-08-2009
as 15:40..
SAMULSK, D. M. Psicologia do esporte. Ed Manole. São Paulo. 2002.
WEINBERG, R. S.; GOULD, D. P. Psicologia do esporte e do exercício. 2ª edição. Artmed. Porto Alegre, 2001.
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ANEXO 1
QUESTIONÁRIO DE ANSIEDADE DO ESPORTE
1- Sinto falta de ar durante o treino, ou na hora da competição?
2- Se tenho que me responsabilizar por uma jogada meus músculos ficam tensos?
3- Minhas mãos ficam frias e úmidas enquanto jogo?
4- Na hora de jogar sinto enjôo?
5- Sinto necessidades de urinar freqüentemente antes da competição?
6- Suo freqüentemente quando vou competir?
7- Fico tenso durante a competição?
8- Fico paralisado antes de competir?
9- Durante a competição tenho medo de algo estranho me acontecer?
10- Tenho vontade de chorar quando meus colegas riem de mim?
11- Na maioria das vezes penso que não vou conseguir executar corretamente o exercício?
12- Durante a competição sinto minha boca muito seca?
13- Tenho dificuldade de conversar com meus colegas sobre o exercício que está sendo desenvolvido?
14- Sinto-me desanimado para competir?
15- Sinto-me só na competição, mesmo com meus colegas por perto?
16- Quando vou competir minha barriga dói?
17- Não consigo me concentrar no exercício que estou executando?
18- Tenho um bom desempenho durante as competições?
19- Gosto quando acerto uma jogada?
20- Gosto de participar de todos os exercícios que são aplicados?
21- Procuro acertar os exercícios que são passados?
22- Gosto quando o treinador me chama para cobrar algo?
23- Gosto de participar de todas as atividades com meus colegas?
24- Quero que acabe logo a competição?
25- Quero que acabe logo os exercícios que devo executar?
26- Me sinto cansado antes mesmo de iniciar a competição?
27- Vou contente para as competições?
28- Não consigo me concentrar durante a competição?
29- Gosto de realizar jogadas difíceis?
30- Quando o treinador fica bravo sinto-me ameaçado?
31- Fico com medo de errar as jogadas?
32- Fico assustado quando o treinador chama minha atenção?
33- Quando o treinador vai anunciar quem vai para as competições, sinto um sufoco?
34- Antes da competição sinto dores de cabeça e indisposição?
35- Antes da competição não consigo dormir?
36- Na competição sinto o meu estômago ‖embrulhar‖ (enjôo)?
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AVALIAÇÃO DA MOTIVAÇÃO EM ATLETAS DE JUDÔ DO SEXO MASCULINO PARTICIPANTES DO JIMI.
GLAUBER CAETANO FERREIRA LOPES
[email protected]
CAROLINA GABRIELA REIS BARBOSA
[email protected]
ARTHUR PAIVA NETO (o)
[email protected]
RESUMO
Palavras chaves: Motivação; judô; psicologia do esporte.
INTRODUÇÃO
Para Anastasi (1965) executar um teste psicológico é fundamental, sendo uma medida objetiva e padronizada de
uma amostra de comportamento.
A preparação psicológica de um atleta utiliza métodos que caracterizam o conjunto de influências exercidas sobre o
psiquismo no sentido de assegurar a estabilidade necessária para um desempenho desportiva desejado.
Segundo o dicionário Aurélio motivação pode ser definida como interesse, desejo, instinto e necessidade, sendo
inerente ao ser humano.
É entendendo a motivação que podemos determinar o que leva um indivíduo a realizar determinada ação ou qual
seu objetivo.
Segundo a Associação Campista de Judô, a execução perfeita de um movimento está relacionada com o nível de
motivação. E que sendo assim o motivo é o que dá início, dirige e integra o comportamento do sujeito.
Uma atividade ou exercício pode ser realizado por indivíduos animados por motivos distintos e variados níveis de
intensidade.
Segundo Deschamps & Rose Junior (2006) para que um atleta esteja em perfeitas condições para alcançar ótimos
resultados em uma competição, são essenciais a preparação física, a preparação técnico/tática e a preparação
psicológica.
Os mesmos autores acrescentam que os aspectos psicológicos podem influenciar de forma negativa ou positiva no
desempenho do atleta.
Segundo Santos [s.d] a psicofisiologia, assim como a medicina psicossomática admite que a mente é capaz de
causar a degeneração de um órgão através do pensamento negativo acumulado nele. Exemplificando assim o poder e
importância de uma mente focada e direcionada ao esporte.
O preparo físico não é, portanto a causa única do bom rendimento nos jogos, não podendo ser negada a importância
do preparo mental. Santos [s.d] afirma ainda que cada experiência mental é acompanhada de maneira simultânea, por
uma experiência física e vice-versa, sendo vivenciadas simultaneamente pelo corpo e pela mente.
A preparação psicológica atua sobre alguns campos psicológicos de rendimento. Entre eles: escala de valores
pessoais e sociais; meio ambiente: social, geográfico e motivação.
Portanto, para conseguiria uma otimização dos movimentos o atleta usufrui da utilização de técnicas psicológicas de
treinamento, as quais o ajudarão no desenvolvimento das capacidades cognitivas caracterizadas pela percepção e a
posterior transformação destas informações perceptivas através do pensamento, da imaginação e da memória.
O desenvolvimento mental se constrói continuamente e se constitui pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais.
As estruturas mentais são formas de organização da atividade mental que vão se aperfeiçoando e se solidificando, até o
momento em que todas elas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior em
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relação à inteligência, à vida afetiva e às relações sociais. Algumas estruturas mentais podem permanecer ao longo de
toda a vida, como, por exemplo: a motivação. Santos [s.d]
Segundo Weineck (1999, citado por Lima 2004), os judocas durante a luta devem estar atentos simultaneamente às
ações do adversário, reagir corretamente aos seus golpes, executar um contragolpe ou executar uma esquiva, além de
controlar a velocidade da resposta após o sinal apresentado.
A massa corporal e a idade são fatores classificatórios para os atletas de judô apesar de existir a possibilidade de
atletas mais jovens participarem de competições com faixas etárias superiores às suas. FRANCHINI et al.(1999).
Lolo et al.(2004) contam que os judocas antes da pesagem classificatória das competições são comuns práticas de
perda de peso imediatamente, como a desidratação intencional através de transpiração excessiva e/ou restrição de
fluido é um método de perda de líquidos que tem sido freqüentemente utilizado, porém prejudicial ao desempenho.
Em certos esportes de lutas como o judô, que está baseado no peso corporal é necessário ter um corpo adaptado as
exigências específicas, um peso ideal é um fator importante na participação dos atletas em competições. Porém, esta
grande preocupação com o corpo e com o peso é considerada uma população de risco para o desenvolvimento de um
transtorno alimentar. VIEIRA (2006).
A preparação esportiva é destinada principalmente no desenvolvimento da técnica, da tática e no físico dos atletas.
No entanto, para um melhor desempenho em uma competição, as preparações psicológicas e nutricionais são
indispensáveis no processo de treinamento (GOULART s.d).
Oliveira et al. (2006) afirma que os atletas do sexo masculino têm a percepção de serem mais capazes quando
comparado as atletas do sexo feminino, ou seja, os atletas demonstram muito mais prazer em participar de competições,
provavelmente devido ao fato da família apoiar mais os meninos na realização da atividade física.
A motivação é descrita como em processo ativo, onde o objetivo é alcançar uma meta, através da interação de
fatores pessoais (intrínsecos) e ambientais (extrínsecos), (SAMULSKI (1992, citado por DESCHAMPS & ROSE JUNIOR
2006).
Bergamini (1991), citado por Goulart [s.d], afirma que quando os atletas são motivados, sentem-se persistentes e
buscam sucesso em suas atividades.
De acordo com Hernandez et al. (2004) muitos treinadores utilizam do método como gritos, insultos e murros, pois
acreditam que assim seria uma forma de aumentar a motivação de seus atletas.
Sendo qual for o método utilizado a instigação à motivação é um fator presente nos treinos e antecipa as lutas.
MATERIAIS E MÉTODOS
Materiais
Foram utilizados questionários formulados pelos próprios autores a partir da linha de estudo da psicologia esportiva.
Casuística
Os avaliados eram atletas de ambos os sexos, com idades variadas, participantes do JIMI em modalidade esportivas
coletivas e individuais.
Análise dos dados e tratamento estatístico
Os dados obtidos foram analisados junto a uma psicóloga e a análise estatística foi feita com o programa SPSS.
As perguntas contidas no questionário com as respectivas respostas são as seguintes:
Marque apenas 1 alternativa de acordo com a sua relação com o esporte
Pratico esporte por que:
1 sou obrigado
2 estou com meus amigos
3 meu rendimento é muito bom
4 quero ser cada vez melhor no esporte
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Eu gosto de praticar esporte quando:
1 esqueço das outras ocupações
2 o técnico reconhece a minha atuação
3 sinto-me integrado no grupo
4 minhas opiniões são aceitas
Não gosto de praticar esporte quando:
1 não me sinto integrado no grupo
2 não simpatizo com o técnico
3 meus colegas zombam de minhas falhas
4 o técnico compara o meu rendimento como de outro colega
Participo das atividades esportivas por que:
1 gosto de atividade física
2 treinar me dão prazer
3 gosto de aprender novas habilidades
4 acho importante aumentar meus conhecimentos
5 o que eu aprendo me faz praticar mais
Eu gosto de praticar atividade esportiva quando:
1 aprendo uma nova habilidade
2 dedico o máximo nas atividades
3 as atividades me dão prazer
4 movimento meu corpo
5 o que eu aprendo me faz praticar mais
Não gosto de praticar atividade física quando:
1 não consigo realizar bem as atividades
2 não sinto prazer na atividade proposta
3 quase não tenho oportunidade de jogar
4 exercito pouco o meu corpo
5 não há tempo para praticar tudo o que eu gostaria
Você gosta da sua modalidade esportiva
1 gosto muito
2 gosto pouco
3 indiferente
4 não gosto
5 detesto
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RESULTADO E DISCUSSÃO
Ao analisar as respostas do questionário de motivação dos atletas judocas do sexo masculino obtivemos os
seguintes resultados:
Gráfico 1 – Comparação das respostas do questionário
Provavelmente a partir da análise das respostas pode-se dizer que o s atletas praticam sua modalidade quando
sentem prazer. Um indicativo disso é a motivação existente quando praticam uma atividade na qual possam aprender
coisas novas e participar das competições.
Um fato desmotivante observado nas respostas de todos os atletas seria a influência do técnico, a simpatia dos
alunos para com o técnico e o quanto este consegue motivar seus atletas.
Conforme Samulski (2002) afirma a motivação do rendimento é caracterizado por dois fatores: a busca por êxito
e evitar o fracasso.
Motivação por realizar tarefas refere-se ao esforço para atingir seus limites, superar desafios e obter melhor
desempenho Weinberg (2002, citado por MURRAY, 1938).
CONCLUSÃO
Em um treinamento, principalmente em atletas, a presença da psicologia esportiva torna-se essencial assim como a
preocupação nutricional, o desenvolvimento físico, tático e técnico para tornar completa a preparação dos atletas.
Conforme demonstrado na literatura pesquisada, a motivação pode ser o fator determinante no resultado de uma
competição.
REFERÊNCIAS BIOGRÁFICAS
ANASTASI, A. Testes psicológicos: teoria e aplicação. Herder, 2 edição, São Paulo, 1965.
BERGAMINI, C. W. Motivação: mitos, crenças e mal-entendidos. Revista de Administração de Empresas, São Paulo,
30(2) 23-34 Abr/Jun. 1990
DESCHAMPS, S. R.; ROSE JUNIOR, D. Os aspectos psicológicos da personalidade e da motivação no voleibol
masculino de alto rendimento. Buenos Aires: ano 10, n. 92, janeiro 2006. Disponível em:<www.efdeportes.com>.
Acesso em 16/ago/2009.
FRANCHINI, E.; NAKAMURA, F. Y; TAKITO, M. Y.; KISS. Comparação do desempenho no teste de wingate para
membros superiores entre judocas das classes juvenil, júnior e sênior. Revista da Educação Física/UEM v.10,
p.81-86, 1999.
GOULART, A. S. A importância da psicologia do esporte para o rendimento do atleta de futsal. [S. L] [S.D],
HERNANDEZ, J. A. E.; VOSER, R. C.; ALBO, M. G. Motivação no esporte de elite: comparação de categorias do
futsal e futebol. Buenos Aires: ano 1º, n.77, outubro 2004. Disponível em: < www.efdeportes.com/ Revista Digital>
Acesso em: 17/ago/2009.
- Pág. 179 -
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LIMA, E. V., TORTOZA, C., DA ROSA, L. C. L., LOPES - MARTINS, R. A. B. Estudo da correlação entre velocidade
de reação motora e o lactato sanguíneo, em diferentes tempos de luta no judô. Rev Bras Med Esporte _ Vol. 10, Nº
5 – Set/Out, 2004.
OLIVEIRA, S. R. S. SERRASSUELO JUNIOR, H. SIMÕES, A.C. Seleção paulista masculina de judô: estudo do
comportamento das tendências competitivas entre atletas federados. Revista Brasileira de Cineantropometria &
Desempenho Humano 2006.
VIEIRA, J. L. L, OLIVEIRA, L. P. VIEIRA, L. F, VISSOCI, J. R. N, HOSHINO, E. F, FERNANDES, S. L. Distúrbios de
atitudes alimentares e sua relação com a distorção da auto-imagem corporal em atletas de judô do estado do
Paraná. R. da Educação Física/UEM Maringá, v. 17, n. 2, p. 177-184, 2. sem. 2006
SAMULSKI, D. Psicologia do esporte. Manole, 1 edição, Barueri, 2002.
SANTOS, Rosângela Pires dos. Psicologia aplicada à Educação Física. Universidade Castelo Branco.
SANTOS, Rosângela Pires dos. Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem Universidade Castelo Branco.
WEINBERG, R. S; GOULD, D. Fundamentos do esporte e da psicologia do exercício. Artmed, 2 edição, São Paulo,
2006.
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PÔSTERES
A inter-relação entre a área da mão e a força de preensão palmar em indivíduos saudáveis.
Aline Aparecida Simsic; Bruno Ferreira; Gabriel P. da Silva; Kely M. M. de Oliveira, Brena L. P. Vilela, Edson A. B. Junior,
Ângelo P. Biagini, Edson D. Verri.
Centro Universitário Claretiano de Batatais- CEUCLAR.
Introdução: A mão humana consiste em um instrumento, destinado à manipulação de objetivos múltiplos. A medida da
FPP tem sido um dos meios úteis para a avaliação das características físicas, a evolução durante a reabilitação e o grau
de incapacidade, sendo um dos elementos básicos na pesquisa das capacidades manipulativas, de força e de
movimento da mão.
Objetivo: Demonstrar e levantar hipóteses sobre a relação entre a área da mão do membro dominante de indivíduos
universitários saudáveis com a força de preensão manual.
Materiais e Métodos: Participaram do estudo 11 indivíduos saudáveis (2 sexo masculino e 9 feminino), com média de
idade de 19.846± 0.2493, do curso de fisioterapia do Centro Universitário Claretiano. Estes foram submetidos a uma
sessão de fotografia da região dorsal da mão, com os seguintes pontos: Processo Estilóide da Ulna e Radio. Para coleta
de dados foi utilizado uma câmera da marca Kodak 3.0 megapixel, padronizada com altura do tripé de 30 cm, e um
goniômetro perpendicular a mão, como critérios de padronização. Os dados foram quantificados pelo programa ―Image J
(versão 1.45q)‖ com medida de distancia em ―Cm‖ e estruturação através da ferramenta de ―polígono‖, em todos os
pontos de referencias. Para a análise estatística os dados foram introduzidos no programa estatístico ―GraphPad InStat
(versão 3.05)‖.
Resultados: A área do membro dominante obteve-se uma media de 150,53 cm, destacada como sendo de alta
significância, com (valor P) de 0,01. O coeficiente de correlação(r) demonstrou um resultado de 0.7349, o coeficiente de
determinação (r squared) de 0,5400, e o intervalo de correlação 95% o valor foi de 0.2413 para 0.9264.
Conclusão: A relação da força e a área da mão estão diretamente interligadas, pelo fato que uma área maior na mão
poderia ser vinculada com uma maior potência muscular, gerando, um aumento na força de preensão palmar.
ANÁLISE PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM PROGRAMA DE EQUOTERAPIA NO TRATAMENTO DE DEFICIENTES
FÍSICOS DE MONTES CLAROS – MG
OSÉIAS SOARES BARBOSA
1,2
- [email protected].
ALLAN PATRICK SOARES ARAÚJO - [email protected],
RENATO MARQUES DE SOUZA
1,2 -
1,2
[email protected]
SANDRA DE FÁTIMA VASCONCELOS
1,2 -
JEAN CLAUDE LAFETÁ
[email protected]
2,3,4,5
. [email protected]
1
Graduação em Fisioterapia. Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE). Brasil, 2009.
Núcleo de Estudos em Fisioterapia (NEF – FUNORTE). Brasil, 2009
3
Docente. Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE). Brasil, 2009.
4
Docente. Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Brasil, 2009.
5
Doutorando em Ciência da Saúde. UTAD / Portugal, 2009.
2
INTRODUÇÂO: Vários estudos têm comprovado que a pratica da equoterapia promove um aprimoramento na saúde
corpórea e o desenvolvimento neuromotor de pessoas portadoras de deficiência e/ou com necessidades especiais.
Entretanto, torna-se essencial uma analise da necessidade da implantação de um programa equoterápico para
portadores de necessidades especiais no município de Montes Claros (MG). OBJETIVO: Avaliar a necessidade da
implantação de um programa de equoterapia visando o tratamento de deficientes físicos de Montes Claros – MG.
METODOLOGIA: Este estudo é caracterizado como uma pesquisa descritiva, de carater transversal. Para a coleta de
dados foi realizada uma entrevista junto ao setor de cadastro da ADEMOC (Associação das pessoas com deficiência de
Montes Claros). Para a interpretação dos dados recorreu-se à estatística descritiva. RESULTADOS: O município de
Montes Claros–MG apresenta um número elevado de portadores de deficiência, sendo que grande parte desses
indivíduos são deficientes físicos, totalizando 2.948 pessoas, na qual 313 apresentam deficiências auditivas, 312 visuais,
410 apresentam deficiências mentais e 25 possuem distrofias musculares. Destes números coletados, infelizmente fica
evidenciado que apenas 1,9% dos deficientes físicos realizam tratamento fisioterápico, constituindo dados agravantes
com relação à abordagem multiprofissional necessária para a qualidade de vida destas pessoas. A equoterapia, sendo
uma modalidade terapêutica eficaz e promotora do aprimoramento da qualidade de vida de portadores de deficiências
físicas, deve ser explorada e implantada nesta cidade, pois existe uma grande demanda para a abordagem terapêutica
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destes pacientes. CONCLUSÃO: A partir dos dados apresentados, constata-se a grande necessidade da implantação
de um programa de equoterapia em Montes Claros – MG, visto o pequeno número de pacientes com deficiência física
que são atendidos pela fisioterapia, e por ser uma abordagem diferenciada de reabilitação, que vai proporcionar uma
melhor qualidade de vida desses deficientes.
Palavras - Chave: Programa de Equoterapia, Deficientes Físicos.
Carga total executada por sessão de treinamento de força em crianças
Agatha Caveda Matheus
Graduando em Educação Física – UNIVERSIDADE METROPOLITANA DE SANTOS - FEFIS –
[email protected]
Wanessa Ysis
Graduando em Educação Física – FEFIS
Milena Serrachioli
Graduando em Educação Física – FEFIS
Rafael Barbosa
Graduando em Educação Física – FEFIS
Felipe Bartolloto
Graduando em Educação Física – FEFIS
Rodrigo Pereira
Especialista em Biomecânica – Gama filho; FEFIS/UNIMES;Centro Universitario Monte Serrat- UNIMONTE
Fabrício Madureira
Mestre em Comportamento Motor – USP; FEFIS/UNIMES;
Introdução: Nos últimos 10 anos o treinamento de força para crianças esta tendo grande aceitação entre os
profissionais da área de saúde. Estudos científicos mostraram que é possível crianças e pré-púberes participarem de
programas de treinamento de força. (Blimkie, 1989; Freedson, Ward e Rippe, 1990, Sale, 1989). Segundo o Colégio
Americano de Medicina do Esporte (1998) mostra que 50% das lesões sofridas por crianças nos esportes organizados
poderiam ser evitados pela atenção às técnicas adequadas de treinamentos com procedimentos e equipamentos de
segurança. Objetivo: analisar a carga total levantada por crianças em exercícios de treinamento de força. Metodologia:
foram avaliadas 16 crianças (11 meninos e 5 meninas) com média de idade e massa corporal de 12,5(1,8) anos e peso
58,3(16,3) kg, respectivamente. Todos os voluntários eram iniciantes em treinamento de força, com freqüência média de
3 vezes por semana, com sessões de duração de 45 minutos. Foram computadas todas as cargas executadas nos 7
exercícios diários, sendo o resultado multiplicado pelo número de repetições realizadas nas sessões (3 séries de 10 a 14
repetições) . O método aplicado foi o alternado por segmento, onde consistiu em 4 exercícios de membros superiores e
3 de membros inferiores.
Resultados: ver tabela 1.
Tabela 1. Descrição da carga total de treinamento de força, em crianças.
o
o
N
N de exercicios
N de repetições
Carga total (kg)
11
8
34(5,7)
7397(5168)
Os dados estão sob a forma de média (desvio padrão).
Conclusão: para que professores e treinadores consigam monitorar seus alunos é importante saber quantos
quilogramas ou toneladas são levantados por treinamento, tanto para evitar sobrecarga excessiva ao aparelho locomotor
quanto para aumentar ou diminuir os pesos perto das competições importantes.
BANDAGEM FUNCIONAL NA CORREÇÃO POSTURAL DA CINTURA ESCAPULAR:
RELATO DE CASOS
Patrícia Miqueletti Soares, Graduada no curso de Fisioterapia e Aprimoranda em Fisioterapia Ambulatorial, Centro
Universitário de Rio Preto (UNIRP), [email protected]
Leiliani Alonso da Silva Cerveira, Graduada no curso de Fisioterapia pelo Centro Universitário de Rio Preto, Residente
no Hospital de Base de São José do Rio Preto.
INTRODUÇÃO: Aplicação de bandagem funcional têm eficácia tanto em pacientes esportistas quanto em pacientes não
esportistas, tendo em conta seus efeitos mecânicos pela contenção imposta à articulação, exteroceptivo pela
estimulação dos sensores cutâneos, psicológico e proprioceptivo fundamentado na eventual estimulação dos receptores
musculares, tendinosos e capsulares, que por sua vez desencadeiam estímulos aferentes para o Sistema Nervoso
Central. OBJETIVO: Verificar os efeitos da aplicabilidade da bandagem funcional, permitir correção postural da cintura
escapular e estimular a conscientização do alinhamento corporal. MATERIAL E MÉTODO: Participaram da pesquisa
duas pacientes do gênero feminino com idade de 21 e 42 anos, ambas apresentando protrusão de ombro e escápulas
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aladas. Foram aplicadas bandagens na técnica de quadrado e em cruz de forma alternadas abrangendo as cabeças dos
úmeros e escápulas após manutenção da postura correta. A bandagem manteve essa postura correta por 24 horas e o
feebdback sensorial permitiu a postura alinhada até a próxima aplicação, procedimento este realizado uma vez por
semana, sendo dez aplicações. RESULTADO: Notou-se que o acrômio foi alinhado em 1,01cm no plano frontal posterior
na paciente com menor idade, enquanto, o mesmo foi alinhado em 0,75cm no mesmo plano na segunda paciente. E
ainda, obteve-se correção postural da cintura escapular com retração do ombro a partir da anteriorização e escápulas
menos proeminentes pelo rebaixamento do ombro com medialização das escápulas, conscientização e realinhamento
postural, melhora da estabilidade articular por permitir contração adequada da musculatura e funcionalidade dos
segmentos da cintura escapular. CONCLUSÃO: Conclui-se que a bandagem funcional interferiu na correção postural da
cintura escapular e estimulou a conscientização do alinhamento corporal por meio de feedback sensorial.
BANDAGEM FUNCIONAL NA ESPASTICIDADE DE TORNOZELOS:
RELATO DE CASO
Patrícia Miqueletti Soares, Graduada em Fisiotarapia e Aprimoranda em Fisioterapia Ambulatorial, Centro Universitário
de Rio Preto (UNIRP), [email protected].
INTRODUÇÃO: A espasticidade é um sinal clínico comum nas lesões medulares e se caracteriza por aumento do tônus
com sinais de hiperatividade do reflexo miotático. As lesões medulares exigem um programa de reabilitação longo para
melhoria da qualidade de vida que os auxilia na adaptação a uma nova vida. A fisioterapia visa facilitar o controle de
tônus por meio de métodos inibidores. Aplicação de bandagem funcional proporciona efeitos mecânicos pela contenção
imposta à articulação, exteroceptivo pela estimulação dos sensores cutâneos, psicológico e proprioceptivo
fundamentado na eventual estimulação dos receptores musculares, tendinosos e capsulares, que por sua vez
desencadeiam estímulos aferentes para o Sistema Nervoso Central. OBJETIVO: Verificar os efeitos da aplicabilidade da
bandagem funcional, ganho de amplitude na inibição da espasticidade muscular em tornozelos e qualidade de vida.
MATERIAIS E MÉTODOS: Participou da pesquisa um individuo do sexo feminino, 30 anos, portadora de traumatismo
raquimedular apresentando tônus em hipertonia extensora e flexora de membros inferiores. O protocolo consistiu em 10
aplicações das bandagens funcionais que foram realizadas uma vez por semana, com manutenção da bandagem por 24
horas. Para avaliar a qualidade de vida foi utilizado o Questionário SF-36 pré e pós-tratamento. RESULTADOS: A
bandagem funcional promoveu relaxamento muscular e realinhamento postural pelo feedback sensorial, gerando inibição
da espasticidade muscular de tornozelos. Obteve-se ganho de amplitude de movimento passivo de articulações subtalar
e tíbio-társica bilateralmente e no tônus muscular de ambos os tornozelos, houve diminuição de um grau em todos os
arcos de movimentos. A qualidade de vida demonstrou melhores escores nos aspectos gerais pré e pós-tratamento.
CONCLUSÃO: A bandagem funcional interferiu de forma benéfica na qualidade de vida da paciente, atuando como fator
inibidor da espasticidade em tornozelos promovendo assim, ganho de amplitude de movimento.
AVALIAÇÃO ATRAVÉS DOS TESTES ESPECIAIS NO PRÉ E PÓS TRATAMENTO PELA TÉCNICA DE
ISOSTRETCHING.
Brena Leonel Perereira Vilela – Aluna do 6º período de fisioterapia - Centro Universitário Claretiano –
[email protected]
Kely Monique Mine de Oliveira – Aluna do 6º período de fisioterapia – Centro Universitário Claretiano –
[email protected]
Bruno Ferreira – Aluno do 6º período de fisioterapia – Centro Universitario Claretiano – [email protected]
Gabriel Pádua da Silva – Aluno do 6º período de fisioterapia – Centro Universitario Claretiano –
[email protected]
Edson Donizette Verri - Odontólogo e Fisioterapeuta, - Mestre em Anatomia Humana pela FOP-UNICAMP. Docente
Adjunto da disciplina de Neuroanatomia no Curso de Graduação em Fisioterapia, Farmácia, Fonoaudióloga e
Enfermagem na Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), Docente Titular de Anatomia Humana do Curso de
Graduação em Fisioterapia, Terapia Ocupacional e Biologia no Centro Universitário Claretiano de Batatais – Ceuclar;
Docente do Curso de Pós-graduação Latu Sensu em Reabilitação Neurológica no Adulto na disciplina de Neuranatomia
do Movimento no Centro Universitário Claretiano de Batatais – Ceuclar; Docente do Curso de Pós-graduação Latu
Sensu em Tópicos Avançados em Reabilitação Ortopédico-Traumatológica na disciplina de Anatomia Clínica do Membro
inferior e Coluna Vertebral no Centro Universitário Claretiano de Batatais – [email protected]
Introdução: Os testes especiais mostram-se essenciais na avaliação musculoesquelética, e são utilizados clinicamente
como auxiliar na identificação dos possíveis locais de dor e alterações musculares. As cadeias musculares têm a
propriedade de adaptarem-se em todas as exigências impostas pelos estilos de nado, aumentando o risco de novas
posturas, condições da musculatura e lesões musculares. Na natação os testes especiais servem para analisar à
integridade dos grupos muscular, constatar possíveis encurtamentos ou fraqueza musculares adjacentes.
Objetivo: Avaliar os benefícios das técnicas de isostretching, aplicada em atletas da natação e verificar a interferência
da técnica na melhora das funções do sistema músculo-esquelético, comprovadas pelos testes especiais.
Metodologia: Foram avaliados dois atletas da natação do sexo masculino, com idades de 16 e 17 anos,
respectivamente. Os indivíduos foram submetidos à avaliação através dos testes especiais, Shober e Stibor. Para uma
precisão diagnóstica foi utilizado um goniômetro, uma fita métrica, além de realizado um registro fotográfico dos atletas
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em avaliação. Logo após estes foram submetidos a intervenção da técnica do Isostretching aplicado 2 vezes na semana
totalizando 8 sessões, com um protocolo de posicionamento registrado através de 13 posturas, com repetições de 3
vezes cada, sendo cada repetição de 6 respirações evoluindo na 6° sessão para 8 respiração. Para a análise estatística
os dados foram introduzidos no programa estatístico ―GraphPad InStat (versão 3.05)‖.
Resultados: Os dados obtidos demonstraram um (valor p) de 0,4546 nos testes especiais de Stibor e Shobber, sendo
que o teste de Stibor obteve uma média de evolução de 4,75± 1,25 para 6,50± 2,50. O teste de Shobber evoluiu de
3,00± 0,50 para 3,50± 1,00.
Conclusão: A técnica de isostretching mostrou ser eficaz no ganho da flexibilidade e da mobilidade da coluna toracolombar, fato que poderá possibilitar uma melhora no desempenho dos atletas em competições.
CORRELAÇÃO ENTRE INDÍCE DE MASSA CORPORAL COM DIFERENTES INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS
DE RISCOS CARDIOVASCULARES EM UNIVERSITÁRIOS
OSÉIAS SOARES BARBOSA 1,2 - [email protected]
RENATO MARQUES DE SOUZA1,2 - [email protected]
GEISIANE CARDOSO SANTOS 1,2 - [email protected]
JEAN CLAUDE LAFETÁ 2,3,4,5 . [email protected]
1 Graduação em Fisioterapia. Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE), Brasil, 2009.
2 Núcleo de Estudos em Fisioterapia (NEF – FUNORTE). Brasil, 2009
3 Docente. Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE). Brasil, 2009.
4 Docente. Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Brasil, 2009.
5 Doutorando em Ciência da Saúde. UTAD / Portugal, 2009.
OBJETIVO: Verificar a existência da correlação entre o índice de massa corporal e diferentes indicadores
antropométricos de risco cardiovascular em universitários de duas instituições de ensino superior de Montes Claros –
MG.
METODOLOGIA: A amostra foi composta por 54 indivíduos, de ambos os gêneros, com idade média de 21,7 anos,
sendo que 79,6%(43) do gênero feminino e 20,04%(11) masculino, no qual 53,7% pertenciam a instituição A e 46,3% da
instituição B. Os participantes foram submetidos a uma avaliação física através da mensuração do peso, estatura,
perimetria da cintura e quadril para análise da Relação Cintura e Quadril (RCQ), Relação Cintura e Estatura (RCE),
Índice de Conicidade (IC) e Índice Massa Corporal (IMC). No tratamento dos dados foi utilizada a estatística descritiva,
os testes de normalidade (Kolmogorov-Smirnov e Sapiro-wilk), os testes t Student para amostras independentes e Mannwhitney, e análise de correlação de Spearman’s e Pearson, com nível de significância de 5%. RESULTADOS: Os
sujeitos da amostra apresentaram o IMC adequado (20,85±0,36), sendo que no gênero masculino (22,9±0,89) e no
feminino (20,3 ± 0,35). A RCQ encontrada na amostra foi em média de 0,75(±0,01), nos homens (0,83±0,01) e mulheres
(0,72±0,01). Já a RCE a média foi de 0,43 (±0,01), sendo no sexo masculino (0,45±0,0,01) e feminino (0,43±0,01). O IC
encontrado foi de 1,11 (±0,01), na qual apresentaram os homens (1,14±0,02) e as mulheres (1,09±0,01). Na análise
correlacional foi verificado que o IMC está associado às maiores índices de RCQ (p=0,001), RCE (p=0,000) e IC
(p=0,000), principalmente no gênero masculino com o RCQ/RCE (R=0,945) e no feminino com o RCE (R=0,622).
CONCLUSÃO: A partir dos dados pode-se inferir que existe uma correlação entre o IMC com os indicadores
antropométricos (RCQ, RCE, IC) para a predição de fatores de riscos cardiovasculares, constituindo uma ferramenta a
ser utilizada na saúde pública.
Palavras-chave: Índices de Massa Corporal, Indicadores antropométricos, Riscos cardiovasculares.
EFEITOS DE UM PROGRAMA TECNICO DE CORRIDA NA ANTROPOMETRIA E POTENCIA MUSCULAR EM
CRIANÇAS
Rodrigo Pereira especialista- BIOMECANICA – GAMA FILHO;
FACULDADE DE EDUCAÇÃO FÍSICA DE SANTOS - FEFIS / UNIMES; Centro Universitário do Monte Serrat –
UNIMONTE – [email protected]
Felipe Bartolotto
Graduando em Educação Física – FEFIS/ UNIMES
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Wanessa Ysis
Graduando em Educação Física – FEFIS/ UNIMES
Milena Serrachioli
Graduando em Educação Física – FEFIS/ UNIMES
Rafael Barbosa.
Graduando em Educação Física – FEFIS/ UNIMES
Fabrício Madureira
Mestre em Comportamento Motor – USP; FEFIS/ UNIMES
Introdução: O pedestrianismo é uma prova muito popular na região metropolitana de Santos, e a crescente participação
das crianças torna necessária a reflexão de profissionais sobre o efeito de programas de treinamento infantil específico
para a modalidade, e suas possíveis influencias na composição corporal e em determinadas
capacidades físicas.
Objetivo: analisar o perfil antropométrico e a potencia muscular em crianças após treinamento de corrida. Metodologia:
Foram analisadas 20 crianças (9 meninos e 11 meninas) com média de idade de 10,13 (0,87) anos e 43, 81(16,56)kg.
Que realizaram por seis meses, treinamentos específicos de técnicas para aprimorar a eficiência do gesto motor para o a
habilidade de correr. Foram aplicados os seguintes testes: corrida de 40 segundos (MATSUDO,1988) composição
corporal (SLAUGTHER, 1988) Análise estatística: Após a verificação e confirmação da normalidade, optou-se por
utilizar o teste T de Student para amostras pareadas com objetivo de comparar os efeitos do treinamento pra FRM. O
nível de significância foi estabelecido em α≤0,05).
Resultados: ver tabela 1
Tabela 1- Resultados dos testes de Potência anaeróbia de 40 segundos (PA) em metros e gordura relativa
em percentual (PG%)
Grupo
PA (m)
PG-%
Meninos
144(14,9)
24,5(10,7)
Meninas
135(16,3)
25,3 (7)
Os dados são apresentados na forma de média e desvio padrão
Tabela 2. Alteração na força de resistência muscular de membros inferiores para o teste de pular sobre a
corda.
Grupo
PRÉ (Rep)
PÓS (Rep)
DF_ABS (Rep)
DF_%
Meninas (n=11)
20,7 (4,7)
31,8 (8,3)
11,1*
53%*
Meninos (n=9)
26,8 (8,9)
38,0 (13,2)
11,2*
41%*
* indica diferença estatisticamente significativa para P≤0,0001 entre pré e pós. DF_ABS, diferença absoluta;
DF_%, diferença percentual; Rep, número de repetições. Os dados estão em forma de média e desvio
padrão, para os saltos.
Conclusão: As crianças analisadas neste experimento estão abaixo da média populacional na capacidade de
PA quando comparados pela classificação sugerida por Matsudo (1988), pois para os meninos a classificação é de 200
(17,01) e para as meninas de 189,93 (10,52). Com relação ao sexo masculino está um pouco acima no PG% quando
comparados com a classificação sugerida por Longman (1987) onde os meninos foram classificados como
moderadamente alto (19% a 25%), e as meninas como normal (16% a 25%). Esses dados sugerem que devemos focar
a atenção no nível de prática de atividade física das crianças a fim de evitar problemas futuros. Já o programa mostrouse eficiente para a melhora entre 40 a 50% da força de resistência muscular de membros inferiores em meninos e
meninas.
Relação entre a força de preensão manual entre diferentes modalidades esportivas amadoras
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Aline Aparecida Simsic; Bruno Ferreira; Gabriel P. da Silva; Kely M. M. de Oliveira, Brena L. P. Vilela, Edson A. B. Junior,
Ângelo P. Biagini, Edson D. Verri.
Centro Universitário Claretiano de Batatais- CEUCLAR.
Introdução: A força de preensão manual a capacidade da mão em realizar tarefas, imprimir forças e segurar objetos por
meio de um conjunto de vetores de forças. Em diversos esportes, as mãos são utilizadas em determinadas situações,
com movimentos de alto grau de habilidade, força e resistência muscular, que unidos, permitem a obtenção de um bom
desempenho.
Objetivo: Este trabalho buscou avaliar a força de preensão palmar dentre varias modalidades amadoras, a fim de
melhorar a compreensão biomecânica em relação à mão dentro do desporto podendo trazer uma visão terapêutica e
preventiva.
Matérias e Métodos: Foram avaliados 9 atletas amadores do sexo masculino com idade media de 21.067± 0.8036 das
seguintes modalidades: Handball, Basquetebol, Tênis e jiu-jítsu. Sendo que após os mesmos serem cientes do termo de
consentimento foi realizada uma avaliação da preensão manual dos atletas antes do inicio do jogo. Após os dados foram
selecionados, organizados pelo programa Excel e realizado os dados estatísticos pelo programa ―Graphpad InStat
versão 3,05‖.
Resultados: Os resultados obtidos nesta avaliação foram: no tênis os atletas obtiveram 99.259± 5.459 no membro
superior direito (MSD) e 86.110± 3.611 no membro superior esquerdo (MSE). No jiu-jítsu 104.40± 10.313 no MSD e
96.037± 5.626 MSE. No handball obteve-se 97.099± 6.237 no MSD e 92.778± 5.255 em MSE. O Basquetebol
apresentou 114.02± 7.955 e 113.56± 7.967. Sendo que o valor para os dados relatados foi <0.0001 sendo considerado
extremamente significante estatisticamente.
Conclusão: Desta forma este trabalho pode demonstrar que não houve uma diferença grande entre os resultados
obtidos podendo ser considerado pela falta de treinamento objetivo e diário visto que os mesmo são atletas amadores
com uma freqüência de treino menores do que atletas de elite.
ESTUDO COMPARATIVO DA CORRIDA DE 12 MINUTOS, ABDOMINAL SUPRA E O PEAK FLOW METER ENTRE
CONSCRITOS TABAGISTAS E NÃO TABAGISTAS NO EXÉRCITO BRASILEIRO
ANDRÉ DA SILVA TAVARES
Acadêmico, UNIVÁS, [email protected]
WARLEY ANCHIETA NOGUEIRA
Acadêmico, UNIVÁS, [email protected]
RICARDO CUNHA BERNARDES
Professor Mestre, UNIVÁS, [email protected]
LUIS HENRIQUE SALES OLIVEIRA
Professor Mestre, UNIVÁS, [email protected]
No presente estudo foi realizado uma comparação entre indivíduos tabagistas e não tabagistas ingressos no Exército
Brasileiro no ano de 2009. Foi aplicado um questionário para selecionar a amostra que faria parte desta pesquisa. Foram
incluídos, os conscritos tabagistas e os não tabagistas já os ex-tabagistas ou tabagistas ocasionais foram excluídos.
Estes já selecionados foram submetidos ao Peak-Flow Meter (PFM), um instrumento fidedigno que mensura o pico de
fluxo expiratório máximo indicando quão abertas estão às vias respiratórias. A aplicação do instrumento foi realizada
após o 1º e o 2º Teste de Avaliação Física realizado com todos os militares, e que consiste em avaliar o desempenho
físico do individuo. O valor obtido no Peak-Flow Meter, mais dois dos cinco testes. do Teste de Avaliação Física (TAF) a
nota obtida na corrida de 12 minutos e o abdominal supra, foram comparados entre os grupos tabagistas e os não
tabagistas. Neste estudo foi demonstrado que o tabagismo foi um fator isolado que dentro do exército não prejudicou o
desempenho militar dos conscritos tabagistas. As alterações fisiológicas ocorridas, como a diminuição da capacidade
cardio-respiratória, o aumento da pressão arterial foi compensada pela pratica de atividade física exercida previamente
junto as atividades militares e extra militares. Os resultados do Teste de Avaliação Física em especifico a corrida de 12
minutos a abdominal supra demonstraram neste estudo que um individuo com um bom condicionamento físico
conseguiu amenizar os efeitos deletérios do tabagismo, mas não evitar-los, Os valores do Peak Flow Meter comparados
entre os grupos comprovam que o pico de fluxo expiração maximo dos não tabagistas é maior que o dos tabagistas.
Concluindo que neste estudo os efeitos deletérios do tabaco não afetou os tabagistas no desempenho nos dois testes
avaliados, mas que sua capacidade expiratoria é menor que os não tabagistas.
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Figura 1. – Comparação entre tabagistas e não tabagistas segundo valores encontrados no Peak-Flow Meter.
600
500
400
1 pf
300
2 pf
200
100
0
tabagis ta
não tabagis ta
Figura 2. – Comparação entre tabagistas e não tabagistas segundo valores encontrados na nota da corrida
dentro do TAF.
3030
3020
3010
3000
2990
1 c orrida
2980
2 c orrida
2970
2960
2950
tabagis ta
não tabagis ta
Figura 3. – Comparação entre tabagistas e não tabagista segundo valores encontrados na nota da abdominal
supra dentro do TAF.
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64
62
60
1 abd
58
2 abd
56
54
52
tabagis ta
não tabagis ta
Figura 4. – Gráfico quantitativo de conscritos que praticavam atividade física antes de ingressarem no Exército
Brasileiro no ano de 2009.
Praticava Atividade Fisica
34%
Tabagistas
Não Tabagistas
66%
Figura 5. – Gráfico quantitativo de conscritos que não praticavam atividade física antes de ingressarem no
Exército Brasileiro no ano de 2009.
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Não praticava atividade física
39%
Tabagistas
Não tabagistas
61%
MODIFICAÇÃO DO IMC E RCQ PELO TREINAMENTO RESISTIDO PARA IDOSOS DA CIDADE DE ANDRADINA
VANESSA JUNS GARCIA
Aluno do Curso de Educação Física das Faculdades Integradas Stella Maris de Andradina – SP.
JOSÉ BECHARA NETO
Mestre em Educação Física
Doutorando em Educação
Docente do Curso de Educação Física das Faculdades Integradas Stella Maris de Andradina – SP.
A atividade física é reconhecida pela comunidade científica como um dos mais poderosos agentes na promoção da
saúde e da qualidade de vida. A adoção de um estilo de vida saudável que consiste de atividade física regular e dieta
balanceada, além de melhorar significativamente a qualidade de vida, retarda o processo de envelhecimento e atua com
eficiência no combate e prevenção das doenças degenerativas (Shephard / 1997). A população de idosos no mundo
está aumentando exponencialmente, sobretudo na faixa etária acima de 85 anos (American College Sports Medicine –
ACSM / 1998). O presente estudo foi realizado com 11 indivíduos idosos de ambos os sexos, 50 anos de idade em
média no município de Andradina - SP, que freqüentaram a academia de musculação de terça e quinta feiras durante
três meses. Os indivíduos treinaram os músculos peitoral, costas, tríceps, bíceps, quadríceps, panturrilha em quatro
séries sendo uma de vinte repetições com uma carga leve e três séries de 10 a 12 repetições como carga de treino. O
critério utilizado para a carga dos indivíduos foi o de carga ótima. Os protocolos de avaliação física utilizado para o IMC
foi o da Organização Mundial de Saúde (1997) e o índice relação cintura\quadril (RCQ) apresentados por HEYWARD
(1996). De acordo com resultado obtido no teste de IMC (pretexte 27,7 e pós-teste 27,6) e RCQ (pré-teste 0,893 e pósteste 0,896) verificou-se que não houve diferença estatística com (p<0,05) de significância. Conclui-se que o treinamento
resistido com uma série de 20 repetições e três séries de 10 a 12 repetições com cargas moderadas para idosos é
efetivo para melhorar algumas capacidades físicas, porém não foi efetivo para melhora do IMC e RCQ que tiveram os
resultados antes e após treinamento com classificação de ―normal‖ não havendo mudanças na classificação dentro da
tabela.
PERFIL DA APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE DE ACADÊMICOS DE FISIOTERAPIA DE UMA
INSTITUIÇÃO DE ENSINO SUPERIOR DE MONTES CLAROS – MG.
JEAN CLAUDE LAFETÁ
OSÉIAS SOARES BARBOSA
RENATO MARQUES DE SOUZA
1,2 -
1,2
. [email protected]
- [email protected]
[email protected]
GEISIANE CARDOSO SANTOS
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2,3,4,5
1,2
- [email protected]
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1
2
Educação Física. Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Brasil, 2009.
Graduação em Fisioterapia. Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE). Brasil, 2009.
3
Núcleo de Estudos em Fisioterapia (NEF – FUNORTE). Brasil, 2009.
4
Docente. Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE). Brasil, 2009.
5
Docente. Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Brasil, 2009.
6
Doutorando em Ciência da Saúde. UTAD / Portugal.
RESUMO
INTRODUÇÃO: A Aptidão Física Relacionada à Saúde (AFRS) tem sido apontada como um dos componentes
fundamentais para promoção da saúde. Entretanto, são limitadas as evidências que demonstrem o perfil da AFRS em
profissionais da Fisioterapia. OBJETIVO: Avaliar o perfil da aptidão física relacionada à saúde de acadêmicos de
fisioterapia de uma instituição de ensino superior de Montes Claros(MG). MÉTODOS: A amostra foi constituída por 25
acadêmicos de fisioterapia, de ambos os gêneros, sendo que 80% eram do sexo feminino e 20% masculino, com idade
média de 22,7 anos. Os participantes foram submetidos à análise do peso, estatura(IMC), perimetria da cintura e do
quadril (Relação Cintura-Quadril, Relação Cintura-Estatura, Índice de Conicidade), VO2máx(Caminhada de 1600m),
flexibilidade linear lombar, flexibilidade angular (goniometria) dos músculos isquiotibiais, piriforme, subescapular e
grande dorsal. No tratamento dos dados recorreu-se à estatística descritiva, aos testes t de Studant para amostras
independentes e Mann-Whitney com nível de significância de 5%. RESULTADOS: Percebe-se que a amostra
2
apresentou um IMC dentro da normalidade (21,3±0,61)Kg/cm , visto que no gênero masculino obteve média de
22,9(±1,71) e no feminino (20,9±0,62). Os indicadores antropométricos para risco cardiovascular demonstram resultados
favoráveis em ambos os gêneros, pois os acadêmicos obtiveram uma RCCQ de 0,83(0,01), RCE de 0,44(±0,02) e
IC(1,11±0,03). Já as acadêmicas apresentaram a RCCQ de 0,75(±0,01), RCE (0,44±0,01) e IC (1,14±0,02). Entretanto, o
condicionamento cardiorrespiratório foi considerado moderado em ambos os sexos, pois os rapazes obtiveram em média
-1
40,8(±3,89) e as moças 36(±1,25)ml.kg.min . Já a flexibilidade apresentou aceitável no segmento lombar, embora
encontrados vários encurtamentos musculares, principalmente no piriforme D(31,24º±1,87) e subescapular
D(79,7º±4,80). Ao comparar os resultados com relação ao gênero, observou-se diferenças significativas na
RCQ(p=0,003) e na flexibilidade do grande dorsal E(p=0,015). CONCLUSÃO: A AFRS desta amostra demonstra índices
adequados para composição corporal, embora seja necessário o aprimoramento da aptidão aeróbia e músculoesquelética.
Palavras-chave: Aptidão Física Relacionada à Saúde, Acadêmicos de Fisioterapia.
COMFIABILIDADE DA ELETROGONIOMETRIA E FLEXIMETRIA NA ARTICULAÇÃO UMERO-ULNAR PARA
DIAGNOSTICO CINESIO-FUNCIONAL.
Bruno Ferreira, Gabriel Pádua da Silva, Aline Aparecida Simsic, Edson Alves de Barros Junior, Edson Donizetti Verri,
Marilia Carvalho Almeida.
A avaliação da amplitude de movimento tem sido utilizada para quantificar o déficit musculoesquelético e avaliar a
eficácia de intervenções terapêuticas. Como ferramentas têm-se o goniômetro que é utilizado universalmente. Hoje com
a tecnologia temos o Fleximetro que dividi espaço com a goniométria e eletrogoniometria sendo mais utilizado em
laboratórios biomecânicos. Este trabalho buscou avaliar a confiabilidade do fleximetro e eletrogoniometria para
quantificar angulações na articulação Umero-Ulnar. O primeiro aparelha de quantificação angular utilizado foi um
fleximetro pendular da marca Sanny, modelo Fl 6010. O segundo era um eletrogoniometro da marca EMG System Brasil,
captado por um aparelho de 8 canais do modelo 800C com freqüência de 2000hz, captando o sinal por 10 segundos.
Participaram deste trabalho 13 indivíduos sendo 7 do sexo masculino e 6 do sexo feminino com faixa etária entre 19 a 21
anos. Estes foram submetidos a uma coleta de ambos os ―M‖ corpos em diferentes angulações, tendo como feedback
um goniômetro convencional, devidamente posicionado no epicôndilo lateral. Foram realizadas 48 captação em ambos
os equipamentos totalizando 96 coletas, utilizando 4 graus de amplitude: 90°, 75°, 55° e 30°. Após a coleta dos dados
obteve-se a media de angulação através do programa estatístico GraphPed InStat ―versão 3.5‖, desta forma foi
comparado a media da variação da amplitude do movimento, transformado em porcentagem pela equação regra de 3.
Os aparelhos obtiveram os seguintes resultados: o eletrogoniometro em 90º no lado direito (LD) obteve 93,59% no lado
esquerdo (LD) 93,50%; 75º: LD 91,58%, LE 87,18%; 55º: LD 81,11%, LE 70,25% e 30º: LD 61,79%, LE 93,33%. Já no
Fleximetro: a 90º obteve LD 98,33%, LE 96,38%; 75º: LD 92,88%, LE 93,77%; 55º: LD 91,06%, LE 97,72% e 30º: LD
88,33%, LE 93,33%. Este trabalho demonstrou que o fleximetro é mais confiável para mensurar angulações do que o
eletrogoniometro.
PROTOCOLO PIRÂMIDE PROGRESSIVA: AVALIAÇÃO DE INTENSIDADE DA FORÇA
HUGO CÔRTES PEREIRA
[email protected]
MAURÍCIO CASTRO BONFIM
[email protected]
WALLACE DA SILVA FÉLIX
- Pág. 190 -
Revista ENAF Science Volume 4, número 2, outubro de 2009 - Órgão de divulgação científica do 47º ENAF - ISSN: 1809-2926
[email protected]
RESUMO
Para determinar se os indivíduos estão adequando corretamente as cargas ao número máximo de repetições em
série, um trabalho foi feito com nove indivíduos do sexo masculino, treinados, que se disponibilizariam por quatro dias,
sendo que os três primeiros dias seriam para medir 100% da intensidade e o último dia seria realizado o protocolo
pirâmide. Inicialmente os indivíduos foram convidados a participar de um treinamento, no qual seria verificado se no
método de treinamento em pirâmide está adequada corretamente a carga ao número de repetições em cada série. Em
seguida os indivíduos se propuseram a medir 100% da intensidade da força para 10 RM, 8 RM, 6 RM em cada dia de
visita, a ordem das repetições foram sorteadas para melhor resposta fidedigna, e na última visita os indivíduos
executaram o método de pirâmide com três séries, até a fadiga (falha concêntrica), com o intervalo de descanso de 2
minutos para cada série. Foi realizado um aquecimento de 15 repetições com 40% da carga relativa, 2 minutos antes de
qualquer execução de treinamento. O exercício escolhido para o teste foi o supino reto sentado, máquina Body and Soul.
Os resultados deste estudo mostraram uma hierarquia não efetiva em comparação ao numero de repetições previstas
para carga de 6 RM (p=0,176) e 8 RM (p=0,697), já em relação ao número de repetições prevista para carga de 10 RM
(p=0,021) foram detectadas diferenças significativas. Consideração sobre as diferenças de repetições máximas para as
repetições previstas após cada uma das três séries indica que, em geral, os efeitos do protocolo pirâmide progressiva é
menos significativo para contribuição na melhora da utilização da força, mas há necessidade da realização de novos
estudos para uma conclusão definitiva.
ANÁLISE COMPORTAMENTAL DE ALUNOS DISLÉXICOS DE 1ª Á 4ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL
DURANTE AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Autora: Renata Franciele Tavante, graduanda em Educação Física, Faculdades Adamantinenses Integradas,
[email protected]
Co autora: Gabriela Gallucci Toloi, mestre em Ciências da Educação, Faculdades Adamantinenses Integradas,
[email protected]
RESUMO
Hoje, através de estudos realizados em diversos países, estima – se que entre 15 e 20% dos alunos da 1ª série tenham
dificuldades para aprender. (FARREL, 2008). Entre estes distúrbios podemos destacar a Dislexia. Descrita como uma
síndrome psiconeurológica com perturbações de tempo, linguagem, escrita, soletração, memória, percepção visual,
habilidades motoras e sensoriais e percepção auditiva. O presente trabalho teve por objetivo analisar o comportamento
de crianças disléxicas de 1ª a 4ª série do ensino fundamental, na tentativa de concluir se o respectivo distúrbio de
aprendizagem tem ou não influência em seu desempenho nas aulas de Educação Física. A Educação Física, pode ser
um agente benéfico aos alunos com estes distúrbios, pois, além de poderem extravasar suas emoções podem também
mostrar habilidades em outras tarefas que não aquelas exigidas dentro das salas de aula. Para análise e verificação dos
objetivos pretendidos no presente estudo foi realizada pesquisa em forma de checklist, que foi previamente validado por
docentes especializados na área, com três alunos pré diagnosticados com dislexia. A amostra é composta por um aluno
do sexo feminino e dois do sexo masculino das redes municipais de ensino de Osvaldo Cruz e Adamantina, sendo que
um aluno participa de um projeto de inclusão e é aluno de uma sala especial no ensino regular de Osvaldo Cruz e no
contra – turno freqüenta a APAE no mesmo município. A observação foi realizada durante dez semanas juntamente com
as aulas de Educação Física dos alunos participantes da pesquisa. O roteiro constou de quinze itens sobre as
características comportamentais dos alunos disléxicos, obtidos no Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos
Mentais (DSM – IV) e na Associação Brasileira de Dislexia (ABD). Após observação de dez aulas de Educação Física
dos alunos participantes os itens observados foram quantificados na tentativa de obter um perfil comportamental dos
alunos disléxicos, podendo assim analisar se este distúrbio tem influência sobre o desempenho nas aulas de Educação
Física. A pesquisa está em andamento.
Palavras chaves: distúrbios de aprendizagem, dislexia, comportamento, educação física escolar.
INFLUÊNCIA DO MÉTODO KABAT-FNP NO PICO DE FLUXO EXPIRATÓRIO DE INDIVÍDUOS TABAGISTAS
MARCOS RODRIGO BATISTA DOS SANTOS
Acadêmico, UNIVÁS, [email protected]
RAFAEL ANTÔNIO GIANEZI DE PAIVA
Acadêmico, UNIVÁS, [email protected]
SIDNEY BENEDITO SILVA
Professor Mestre, UNIVÁS, [email protected]
RICARDO CUNHA BERNARDES
Professor Mestre, UNIVÁS, [email protected]
Indivíduos tabagistas apresentam uma variedade de alterações no sistema respiratório e o tabagismo é
considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das maiores causas de doença e de morte. Dentro
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Revista ENAF Science Volume 4, número 2, outubro de 2009 - Órgão de divulgação científica do 47º ENAF - ISSN: 1809-2926
deste contexto, este estudo se mostrou importante por avaliar alterações na retenção de ar nos pulmões de indivíduos
tabagistas através da medida do pico de fluxo expiratório pelo Asses® Peak Flow Meter, após a aplicação de um
protocolo de exercícios dentro das diagonais primitiva e funcional do método Kabat-FNP. Os exercícios foram realizados
com o indivíduo em decúbito dorsal, em 3 séries de 10 repetições com 80% da carga máxima suportada pelo indivíduo
por um período de 12 sessões, e a resistência foi dada por um sistema de polias e anilhas, inserido em um adaptador
confeccionado pelos pesquisadores e devidamente acoplado a maca. Como resultado parcial do estudo, obtivemos uma
média de aumento do pico de fluxo expiratório nos indivíduos participantes de 12% (Indivíduo 1), 4,8% (Indivíduo 2),
26,6% (Indivíduo 3), 30,1% (Indivíduo 4). Nossos resultados acompanham o raciocínio de Moreno, Silva e Gonçalves
(2005) de que as técnicas de FNP podem ser utilizadas como estímulos para os músculos da respiração com o objetivo
de obter melhora na capacidade respiratória, obervando-se no presente estudo um aumento do pico de fluxo expiratório
dos indivíduos participantes até o momento, após a aplicação do protocolo de exercícios dentro das diagonais do
método Kabat-FNP. Os resultados obtidos neste estudo, dentro das condições experimentais em que foi realizado,
sugerem que o protocolo de exercícios realizados dentro das diagonais primitiva e funcional do método Kabat-FNP
parece ser um programa de exercícios eficiente para promover aumento do pico de fluxo expiratório em indivíduos
tabagistas, sugerindo que pode ser utilizado como recurso fisioterapêutico para diminuição da retenção de ar nos
pulmões de tais indivíduos.
Figura 1: Vista frontal do adaptador
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Figura 2: Vista lateral do adaptador
Figura 3: Adaptador acoplado a maca
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Resultados do Pico de Fluxo Expiratório
Indivíduo 1
Indivíduo 2
Indivíduo 3
Indivíduo 4
800
700
L/mim
600
500
400
300
200
100
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10 11 12
Sessões
Figura 4: Resultados obtidos através do Peak Flow Meter
CORRELAÇÃO ENTRE INDÍCE DE MASSA CORPORAL COM DIFERENTES INDICADORES ANTROPOMÉTRICOS
DE RISCOS CARDIOVASCULARES EM UNIVERSITÁRIOS
OSÉIAS SOARES BARBOSA
RENATO MARQUES DE SOUZA
1,2 -
1,2
- [email protected]
[email protected]
GEISIANE CARDOSO SANTOS
1,2
- [email protected]
JEAN CLAUDE LAFETÁ
1
2,3,4,5
[email protected]
Graduação em Fisioterapia. Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE), Brasil, 2009.
2
Núcleo de Estudos em Fisioterapia (NEF – FUNORTE). Brasil, 2009
3
Docente. Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE). Brasil, 2009.
4
Docente. Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Brasil, 2009.
5
Doutorando em Ciência da Saúde. UTAD / Portugal, 2009.
OBJETIVO: Verificar a existência da correlação entre o índice de massa corporal e diferentes indicadores
antropométricos de risco cardiovascular em universitários de duas instituições de ensino superior de Montes Claros –
MG. METODOLOGIA: A amostra foi composta por 54 indivíduos, de ambos os gêneros, com idade média de 21,7 anos,
sendo que 79,6%(43) do gênero feminino e 20,04%(11) masculino, no qual 53,7% pertenciam a instituição A e 46,3% da
instituição B. Os participantes foram submetidos a uma avaliação física através da mensuração do peso, estatura,
perimetria da cintura e quadril para análise da Relação Cintura e Quadril (RCQ), Relação Cintura e Estatura (RCE),
Índice de Conicidade (IC) e Índice Massa Corporal (IMC). No tratamento dos dados foi utilizada a estatística descritiva,
os testes de normalidade (Kolmogorov-Smirnov e Sapiro-wilk), os testes t Student para amostras independentes e Mannwhitney, e análise de correlação de Spearman’s e Pearson, com nível de significância de 5%. RESULTADOS: Os
sujeitos da amostra apresentaram o IMC adequado (20,85±0,36), sendo que no gênero masculino (22,9±0,89) e no
feminino (20,3 ± 0,35). A RCQ encontrada na amostra foi em média de 0,75(±0,01), nos homens (0,83±0,01) e mulheres
(0,72±0,01). Já a RCE a média foi de 0,43 (±0,01), sendo no sexo masculino (0,45±0,0,01) e feminino (0,43±0,01). O IC
encontrado foi de 1,11 (±0,01), na qual apresentaram os homens (1,14±0,02) e as mulheres (1,09±0,01). Na análise
correlacional foi verificado que o IMC está associado às maiores índices de RCQ (p=0,001), RCE (p=0,000) e IC
(p=0,000), principalmente no gênero masculino com o RCQ/RCE (R=0,945) e no feminino com o RCE (R=0,622).
CONCLUSÃO: A partir dos dados pode-se inferir que existe uma correlação entre o IMC com os indicadores
antropométricos (RCQ, RCE, IC) para a predição de fatores de riscos cardiovasculares, constituindo uma ferramenta a
ser utilizada na saúde pública.
Palavras-chave: Índice de Massa Corporal, Indicadores antropométricos, Riscos cardiovasculares.
EDUCAÇÃO FÍSICA PARA JOVENS E ADULTOS:
EXPECTATIVAS E INTERESSES DIANTE DO CONTEXTO ATUAL.
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Revista ENAF Science Volume 4, número 2, outubro de 2009 - Órgão de divulgação científica do 47º ENAF - ISSN: 1809-2926
Autor: Júlio César Porto Aranda
Licenciado em Educação Física
Universidade Guarulhos
Email: [email protected]
Co-autor: Profª. MS. Luciana Venâncio
RESUMO
A Educação de Jovens e Adultos (EJA) é um dos níveis de ensino que compõem a Educação Básica e compreende as
etapas do Ensino Fundamental e Médio, para jovens e adultos que não concluíram seus estudos durante a idade do
ensino regular.
A LDB aponta a Educação Física como componente curricular obrigatório da Educação Básica porem facultativa em
algumas situações que comprovadas por esses alunos, acaba por dispensá-los da participação nas aulas.
Através de uma pesquisa realizada junto a escola estadual com esses alunos buscamos identificar suas expectativas e
importância que atribuem para com as aulas de Educação Física, uma vez que não é ofertada nesta modalidade de
ensino.
A pesquisa de campo foi realizada em escola da rede estadual de São Paulo, no município de Guarulhos, com a
aplicação de questionário com 17 perguntas fechadas e 01 pergunta aberta para 108 alunos com idades entre 17 e 65
anos, sendo 44 do sexo masculino e 64 do sexo feminino.
Com os resultados obtidos na pesquisa podemos concluir que estes alunos-trabalhadores da EJA manifestaram
interesse em conhecer e vivenciar os conteúdos da Educação Física, muitos desses alunos ainda consideram as aulas
de Educação Física apenas como atividade não conseguindo visualizá-la como área do conhecimento.
Entendemos a necessidade da continuidade desta discussão em fóruns mais amplos (instituições formadoras, órgãos
governamentais e comunidade acadêmica), pois a partir do debate sobre estas questões, poderemos reverter a situação
atual e proporcionar a todos os alunos um projeto educacional amplo para a Educação Física, que contemple e atenda
as necessidades do aluno em sua totalidade.
ANÁLISE ERGONÔMICA DA SUSCETIBILIDADE AOS DORT’S E DA SOBRECARGA LABORAL EM
FUNCIONÁRIAS DE SALÃO DE BELEZA
SHIRLEY DE CASSIA AGUIAR2,3 - [email protected]
DANILO RODRIGUES MOREIRA2,3 [email protected]
BRÁULIO MAGNO SOARES SANTOS 1,2,3 – [email protected]
SABRINA SABINO ALKMIM2,[email protected]
IRANEY GUSMÃO2,3 - [email protected]
JEAN CLAUDE LAFETÁ 3,4,5,6. [email protected]
1 Educação Física. Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Brasil, 2009.
2 Graduação em Fisioterapia. Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE). Brasil, 2009.
3 Núcleo de Estudos em Fisioterapia (NEF – FUNORTE). Brasil, 2009.
4 Docente. Faculdades Unidas do Norte de Minas (FUNORTE). Brasil, 2009.
5 Docente. Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes). Brasil, 2009.
6 Doutorando em Ciência da Saúde. UTAD / Portugal.
RESUMO
INTRODUÇÃO: A ergonomia apresenta como um dos objetivos investigar os aspectos do trabalho que possam causar
desconforto e propor modificações nas condições laborais para torná-las confortáveis e saudáveis. Salões de beleza são
locais com grande sobrecarga física e de manutenção de posturas inadequadas. Portanto, torna-se fundamental uma
análise ergonômica destes ambientes, para adotar medidas profiláticas, visando a melhoria da qualidade de vida laboral.
OBJETIVO: Verificar o risco de DORT’s e da sobrecarga laboral em funcionários de salão de beleza. METODOLOGIA: A
amostra foi composta por 10 funcionárias, que exercem atividade laboral em salão de beleza, sendo selecionadas de
forma intencional por conveniência, divididas em dois grupos(Salão 1 e 2), com cinco funcionarias em cada local. Para a
coleta de dados foram aplicados o Check-List de DORTs (Couto,2006) e o questionário Bipolar (avaliação da fadiga
ocupacional e sintomatologia dolorosa). Na interpretação dos dados foram utilizados a analise descritiva e os testes
ANOVA para amostra dependente, Fridman e Mann-Whitney. RESULTADOS: A partir dos dados, foi observado que
ocorreu um aumento significativo da fadiga ocupacional(p=0,000), do quadro álgico na coluna vetebral(5,83±1,37), dos
membros superiores(5,20±1,56), da ansiedade(p=0,000) e ficou configurado uma redução da produtividade no
trabalho(p=0,30) ao final do expediente. Ao comparar os salões de beleza investigados, observou-se que houve uma
diferença significativa na álgia da coluna vertebral(p=0,016) no meio da jornada de trabalho e nos membros
inferiores(p=0,56) no meio e ao final do expediente. A análise ergonômica demonstra que estes locais apresentam um
alto risco do desenvolvimento de DORTs, principalmente pela postura laboral exercida. CONCLUSÃO: As pessoas que
exercem atividade laboral em salões de beleza apresentam um elevado risco para o desenvolvimento dos DORTs, com
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Revista ENAF Science Volume 4, número 2, outubro de 2009 - Órgão de divulgação científica do 47º ENAF - ISSN: 1809-2926
um nível elevado de fadiga ocupacional, ansiedade e de algias, principalmente na coluna vertebral, demonstrando a real
necessidade de uma intervenção ergonômica com aplicação de varias medidas profiláticas.
Palavras-chave: Salões de Beleza, Sobrecarga Laboral, Fadiga Ocupacional, DORT’s.
O ESTRESSE DE INSTRUTORES DE ESPORTES DE AVENTURA E DA NATUREZA DE UMA OPERADORA DE
TURISMO DE AVENTURA DE FLORIANÓPOLIS.
Luis Henrique Torquato Vanucci, Especialista, Cefid-UDESC, [email protected]
Orientador: Prof. Ms. Andrey Portela
Os esportes de aventura têm sido um atrativo crescente na cidade de Florianópolis. Segundo Romão e Pais (2003) apud
Batista (2005), a prática de atividade física relacionado com a natureza possibilita ao praticante confrontar-se consigo
mesmo, estabelecer regras próprias de ação. O espaço natural, como local de prática de atividades físicas possibilita ao
praticante exercitar suas capacidades cognitivas e físico-motoras em atividades que envolvam várias situações
(BATISTA 2005). O estudo teve como objetivo identificar a relação do estresse com os instrutores de esportes de
aventura, se os mesmos apresentam estresse elevado durante ou após a prática e se isto influencia no seu desempenho
profissional e pessoal. O trabalho apresenta também alguns tópicos que abrangem o estilo de vida do homem moderno,
os benefícios da prática de atividades físicas, qualidade de vida no ambiente de trabalho, apresentando conceitos e
informações sobre os aspectos abordados na pesquisa. O estudo caracteriza-se como descritivo do tipo estudo de caso.
Os sujeitos da pesquisa são cinco instrutores de turismo de aventura, escolhidos através do processo de seleção não
probabilística intencional, todos do sexo masculino e com média de idade de aproximadamente vinte e seis anos,
praticantes de paintball, rapel, arvorismo, trekking e mountain bike. O instrumento utilizado foi um questionário adaptado
extraído de Andrade (2001) e Martins (2006). Para o tratamento estatístico utilizou-se a estatística descritiva. A partir dos
dados obtidos conclui-se que os instrutores de esportes de aventura e da natureza desta operadora possuem média de
idade de 26,4 anos e tem como atividade diária o trabalho e o estudo. Os participantes da pesquisa classificaram o
estresse como desequilíbrio emocional e psicológico, e relataram que os esportes praticados ―anulam‖ o estresse, ou
seja, a prática destas atividades possui um efeito positivo sobre o estresse e consequentemente nas condições de
trabalho, relacionamento profissional e social.
USO DE ANABOLIZANTES NA ADOLESCÊNCIA: QUESTÕES BIO-PSICO-SOCIAIS
TAVARES, Rosana Elizete
BARBOZA, Jaqueline Santos
Acadêmicas do curso de Psicologia da Universidade José do Rosário Vellano
[email protected]
GARCIA, José Antonio Dias
Orientador Professor Doutor da disciplina de Fisiologia e Adolescência do curso de Psicologia – UNIFENAS
Este estudo é uma pesquisa bibliográfica, de cunho exploratório, que procurou abordar a questão do uso de
anabolizantes por adolescentes e apontar suas conseqüências biológicas e psicossociais, bem como identificar as
possíveis relações entre a adesão e a existência de modelos de beleza corporal.
Observa-se uma acentuada preocupação com a estética corporal, assim como uma excessiva apreensão da
população em se adequar a um padrão de beleza. O corpo, que se põe como um objeto a serviço da estética, é um
corpo estruturado e situado numa determinada sociedade e cultura, podendo ser socialmente valorizado em
determinados aspectos em detrimento de outros. Assim, entende-se que o corpo é culturalmente conceituado e
valorizado de acordo o momento histórico e com os padrões determinantes.
No mesmo sentido, a adolescência dos dias atuais, compreendida como um processo biopsicossocial transitório
entre a infância e a idade adulta, vai também sendo marcada culturalmente pela ―ditadura da beleza‖, uma vez que é
atravessada por esta cultura. Desta forma, entende-se que o meio social significa as marcas da juventude e do conceito
de beleza a serem impostos e passíveis de imitação.
Atualmente, vários meios são disponibilizados com o objetivo de obter uma modelagem corporal, dentre eles os
anabolizantes, representando uma alternativa de baixo custo e acesso facilitado. Contudo, as alterações fisiológicas e as
patologias causadas pela ingestão dos anabolizantes assinalam risco de morte ao usuário, pois acarretam danos em
órgãos vitais e alteram praticamente toda a homeostase corporal. As conseqüências psicológicas, por sua vez, têm
impacto no social, já que as alterações de humor provocadas pelo uso de hormônios tendem a se manifestar em
comportamentos agressivos, o que pode causar prejuízos relacionais. Dessa forma, os usuários se deparam com vários
efeitos que são opostos aos objetivos de obtenção do corpo ideal e/ou de uma beleza padrão.
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