Estudo Teórico de Desempenho da Aeronave Cessna, Modelo
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Estudo Teórico de Desempenho da Aeronave Cessna, Modelo
Estudo Teórico de Desempenho da Aeronave Cessna, Modelo A152, Remotorizada. Edson Bruno Piramo Júnior*, Rogério Frauendorf de Faria Coimbra.** Área do Conhecimento: III – Engenharias. Resumo: O objetivo deste trabalho é a realização de um estudo teórico de desempenho da aeronave Cessna, modelo A152, visando a sua remotorização. Durante o estudo foi avaliado o comportamento da aeronave, em condições normais de voo, visando efetuar a substituição do motor original, marca Textron Lycoming, modelo O-235-L2C, de 110 HP, por um motor de mesmo fabricante, porém, modelo O-320-E2D, de 150 HP. Os principais parâmetros considerados para o estudo foram Razão de Subida Máxima, Velocidade Máxima, Teto de Serviço, Teto Absoluto, Tempo de Subida, Distância de decolagem normal e Distância de decolagem com obstáculo de 50 ft. Para a obtenção dos parâmetros os cálculos foram efetuados, através de modelos matemáticos preexistentes, para três níveis de voo relevantes. Os parâmetros obtidos foram comparados aos parâmetros existentes no manual de voo aprovado para a aeronave e o estudo foi concluído. Palavras-chave: Aeronave; A152; Cessna; desempenho; remotorização. Abstract: The purpose of this work was the realization of a theoretical study of performance of the Cessna aircraft, model A152, when it become re-powered. At the time of development of this study the behavior of the aircraft has been evaluated, in normal flight, before the replacement of the original engine Textron Lycoming, model O-235-L2C, 110 HP, by a motor of the same manufacturer, however, model-320-E2D, 150 HP. The main parameters considered for study are Maximum Rate of Climb, Maximum Speed, Service Ceiling, Absolute Ceiling, Time to Climb, Normal Take Off distance and Takeoff with a 50 ft obstacle distance. For implementation of the study parameters, were performed calculations using mathematical models existing, for three relevant flight levels. The parameters obtained were compared to existing parameters in the Approved Flight Manual and the study was completed. Key Words: Aircraft; A152; Cessna; performance; re-powered. 1.0 – Introdução. A aeronave Cessna, modelo A152, foi originalmente desenvolvida como uma aeronave monomotora, monoplana, com estrutura monocoque, asas semi-cantiléver, trem de pouso fixo, do tipo triciclo e com capacidade para o transporte de duas pessoas ou 250 kgf de carga útil. Desde o projeto original, a aeronave possui instalado em seu grupo motopropulsor, um motor * Graduando em Engenharia Aeronáutica e Espaço – FEAU/UNIVAP 2009. ** Professor da FEAU/UNIVAP Textron Lycoming, modelo O-235-L2C, de 110 BHP @ 2550 R.P.M. @ M.S.L e é destinada à realização de voos de turismo e voos acrobáticos ou de alto desempenho, suportando fatores de carga de +6g e 3g. Diante das características acima e a aplicação principal da aeronave, principalmente quanto ao desempenho, durante a realização de manobras acrobáticas em voos de demonstração e treinamento, o projeto original demonstra-se insatisfatório, o que pode afetar a segurança de voo. Com vistas ao aperfeiçoamento do projeto foram analisadas algumas alternativas que possibilitam uma melhoria no rendimento da aeronave: - Supressão de um assento; - Diminuição da autonomia da aeronave; - Incremento de potência do motor; - Substituição da hélice; e - Substituição do Grupo Motopropulsor. Após analisar as cinco opções e as confrontar com os requisitos de voo, a 5ª alternativa foi eleita, pois, entende-se que é a solução mais adequada dentre as demais opções, as quais acarretariam em penalização e limitações de itens fundamentais dos requisitos operacionais e que pouco adiantariam para a melhoria da performance. 3.0 - Três Vistas da Aeronave. Abaixo, a Figura 1 apresenta o esquema das três vistas da aeronave. A figura foi retirada do Manual de Voo Aprovado para a aeronave Cessna, Modelo A152: Cessna A152 Baseando em modificações realizadas anteriormente, a seguir será demonstrado o estudo de desempenho realizado, bem como, a técnica empregada e os resultados obtidos para a aeronave Cessna A152. 2.0 – Especificação da aeronave, versão original. - Velocidade máxima @ MSL: 109 Knots - Vel. de cruzeiro 75% @ 8000 Ft: 106 Kt - Razão de subida @ MSL: 715 Ft/min - Teto de serviço: 14700 Ft Desempenho na decolagem: - Distância de decolagem normal: 725 Ft - Dist. total c/obstáculo de 50 Ft: 1340 Ft Desempenho no pouso: Figura 1 – Cessna A152 – Três Vistas - Distância de pouso normal: 475 Ft - Dist. Total c/obstáculo de 50 Ft: 1200 Ft Velocidade de estol: - Flapes recolhidos, 600 RPM: 48 KCAS - Flapes estendidos, 600 RPM: 43 KCAS - Peso vazio: 1129 lbs - Peso máximo de rampa: 1675 lbs - Peso Max. decolagem e pouso: 1670 lbs - Carga útil: 546 lbs - Peso de máximo de bagagem: 120 lbs - Capacidade de combustível: 26 Gal - Carga alar: 10.5 Pounds/Sq ft. - Carga de potência: 15.2 Pounds/HP 4.0 – Especificação do G.M.P. Original. Motor: Lycoming, cilindros horizontais e opostos. Número de cilindros: 4 Modelo: O235-L2C Potência: 110 BHP @ 2550 RPM Hélice: McCauley, passo fixo, 69 IN Modelo: 1A103/TCM6958 5.0 - Descrição dos métodos e meios empregados para o desenvolvimento do estudo. Para realização do estudo foi empregada uma técnica bastante utilizada na engenharia aeronáutica. Os estudos foram baseados em modelos matemáticos pré-existentes e emprego de cálculo diferencial e integral, método de máximos e mínimos, análise e construção de gráficos com auxílio de software comercial do tipo Microsoft Excel versão 2007. 6.0 - Ambientes de voo. Gráfico 1 – Polar de Arrasto – MSL Para a avaliação do desempenho da aeronave foram eleitos os níveis de voo mais comuns, dentre os utilizados pela aeronave. Como níveis de voo principais, foram utilizados o seguintes, 0 pés, 5000 pés e 10000 pés, sob condições ISA. As pressões barométricas utilizadas foram calculadas, tomandose como base a pressão padrão ao nível do mar que é igual a 101.325 Pa. O nível de voo máximo a ser considerado para a utilização da aeronave em estudo é 12000 pés, pois, neste caso foram consideradas que este é o nível máximo onde são encontradas as mínimas condições de conforto, para um ser humano normal, sem auxílio de pressurização ou oxigênio suplementar. Esta limitação visa o conforto dos ocupantes, visto que a aeronave não possui instalados sistema de pressurização ou de oxigênio suplementar. Gráfico 2 – Polar de Arrasto – 5000 FT 7.0 - Polar de Arrasto - Cessna A152 A partir de alguns dados conhecidos, tais como, peso da aeronave (N), área das asas (m²), pressão atmosférica do nível considerado (inHg) e velocidade de deslocamento da aeronave (m/s), foi possível calcular o coeficiente de sustentação, Cl, e a partir deste foi possível obter o coeficiente de arrasto, Cd, o que permitiu calcular a tração requerida para o deslocamento da aeronave, com o emprego do seguinte modelo matemático: Sabendo-se que T = D e D = Tração Re q = 1 × ρ × V 2 × S × Cd 2 1 × ρ × V 2 × S × Cd 2 Com os resultados obtidos através do modelo matemático acima, foram construídas as curvas polares de arrasto para MSL, 5000 pés e 10000 pés, conforme demonstrado nos gráficos 1, 2, e 3, a seguir: Gráfico 3 – Polar de Arrasto – 10000 FT 8.0 – Gráfico Potência Requerida e Potência Disponível. O gráfico da potência requerida foi obtido a partir do cálculo da tração requerida e da velocidade de voo. A potência requerida é obtida pela equação: Pot Re q = T Re q × V A potência disponível é obtida através da utilização do arranjo abaixo: Pot Disponível = Pot Motor × η Hélice Onde: η Hélice = Eficiência da hélice = 0,8 Gráfico 5 – Potência Requerida x Potência Disponível Os valores obtidos através dos cálculos foram ajustados para que os mesmos fossem adequados aos parâmetros fornecidos pelo manual de voo aprovado. Para o ajuste foi utilizado o seguinte arranjo matemático: n Hélice = 0,006 × Vanv + 0,5 Para a obtenção do arranjo matemático acima foi considerado o gráfico da eficiência da hélice em função da velocidade de voo da aeronave e para isto a primeira derivada foi determinada. A partir da derivada e através da equação da reta foi possível obter o fator de correção, igual a 0,5, o qual foi utilizado para a obtenção da potência disponível do motor. Os gráficos 4, 5 e 6 demonstram as curvas da Potência Requerida e da Potência disponível: Gráfico 6 – Potência Requerida x Potência Disponível 9.0 – Cálculo da Razão de Subida. Os valores de Razão de Subida foram obtidos através da seguinte equação: R/C = Pot .Disp − Pot . Re q MTOW Onde: R/C = Razão de Subida (m/s) Pot.Disp= Potência Disponível(W) Pot.Req= Potência Requerida(W) MTOW= Peso Max.de Decolagem(N) Gráfico 4 – Potência Requerida x Potência Disponível Os valores de razão de subida foram adquiridos para MSL, 5000FT e 10000 FT e com estes valores foram construídos os gráficos 7, 8 e 9: 9.1 – Correção dos valores de Razão de Subida e Velocidade de Voo. Os parâmetros adquiridos, através dos cálculos de razão de subida em função da velocidade de voo, estavam muito próximos aos descritos no manual de voo aprovado para a aeronave, mas como foi determinado no item anterior, visando validação do método que foi empregado e com o objetivo de determinar o real desempenho da aeronave após a remotorização, corrigiu-se os valores primários utilizando os seguintes fatores de correção: Gráfico 7 – Razão de Subida Calculada – MSL Fc Razãodesubida = R / C Manual − R / C Calculada R / C Manual FcVelocidade = V Manual − VVoo V Manual R / CCorrigida = R / CCalc. + (R / CManual × FcRazãodesubida ) VCorrigida = VVoo + (V Manual × FcVelocidade ) Gráfico 8 – Razão de Subida Calculada – 5000 ft Através dos fatores de correção e das relações de velocidade e razão de subida foi possível construir os gráficos 10, 11 e 12, os quais apresentaram os valores de razão de subida em função da velocidade próximos aos descritos no manual de voo aprovado. Estes valores obtidos demonstram que o método é válido para a aquisição de dados comparativos, o quais foram utilizados durante a análise do desempenho da aeronave. A seguir podem ser observados os gráficos mencionados acima: Gráfico 9 – Razão de Subida Calculada – 10000 ft Através dos gráficos foi possível verificar que os dados obtidos ficaram próximos dos valores constantes no manual aprovado para a aeronave, porém, foi necessário efetuar um ajuste para que o método empregado tornasse o mais fiel possível, pois, no estudo não foram utilizados dados experimentais adquiridos através de ensaio em voo ou túnel de vento. Gráfico 10 – Razão de Subida Calculada x Razão de Subida Corrigidas possível também determinar a velocidade que deverá ser empregada, para que um ótimo valor de razão de subida seja atingido pela aeronave, quando em voo ascendente. Os valores do melhor ângulo de subida foram determinados através da derivada primeira da curva da razão de subida, ou seja: dR / C BestCimbAngle = dv Os ângulos foram determinados tanto para os valores de razão de subida calculados, quanto para os valores corrigidos. Gráfico 11 – Razão de Subida Calculada x Razão de Subida Corrigidas Os melhores ângulos de subida são conhecidos através do inverso da tangente à curva de razão de subida, conforme demonstrado pelas linhas tracejadas e de cor laranja, nos gráficos 10, 11 e 12, para conhecer o ângulo é necessário calcular a tangente inversa. Neste momento, foi determinada também a melhor velocidade de razão de subida. Os ângulos e as velocidades determinadas para a aeronave, quando esta está equipada com o motor de 110HP são mostrados nas tabelas 2, 3, 4 e 5, a seguir: Valores Calculados Gráfico 12 – Razão de Subida Calculada x Razão de Subida Corrigidas Abaixo encontram descritas, em uma tabela comparativa - Tabela 1- as velocidades de razão de subida máximas, determinadas nesta fase: Nível Voo R/C (m/s) MAS (º) MSL 3,572 8,833 5000 FT 2,588 5,69 10000 FT 1,448 2,80 Tabela 2 – Razão de Subida x Melhor Ângulo de Subida. Valores Corrigidos R/C R/C R/C Manual Calculado Corrigida Nível Voo R/C (m/s) MAS (º) (m/s) (m/s) (m/s) MSL 3,632 6,96 MSL 3,632 3,572 3,632 5000 FT 2,565 5,05 5000 2,565 2,588 2,565 10000 FT 1,519 3,00 10000 1,524 1,448 1,519 N.Voo (FT) Tabela 3 – Razão de Subida x Melhor Ângulo de Subida . Tabela 1 – Razão de Subida Máxima do Manual , Calculada Valores Calculados e Corrigida – Todos os níveis de voo. 9.2 – Melhor Ângulo e Velocidade de Subida. Um dos dados importantes para verificação do desempenho em subida de uma aeronave é o melhor ângulo de subida. Conhecendo esse ângulo é Nível Voo Vel. melhor R/C (m/s) MSL 18,519 5000 FT 21,206 10000 FT 27,265 Tabela 4 – Velocidade de Melhor Ângulo de Subida. Valores Corrigidos Nível Voo Vel. melhor R/C (m/s) MSL 25,200 5000 FT 25,207 10000 FT 26,757 Tabela 5 – Velocidade de Melhor Ângulo de Subida. 9.3 – Teto de Serviço e Teto Absoluto. O teto de serviço de uma aeronave é definido como a altitude em que a aeronave não consegue estabelecer uma razão de subida maior do que cem pés por minuto, enquanto que o teto absoluto é aquele em que a razão de subida da aeronave é igual a zero. Visando a verificação destes parâmetros, os mesmos foram calculados com as características da configuração original, para uma posterior comparação com os dados da nova configuração. Os valores obtidos encontram-se disponíveis na tabela 6 e no gráfico 13: Dados Teto de Serviço Teto Absoluto Altitude (ft) 14000 16000 Tabela 6 – Teto de Serviço x Teto Absoluto. Gráfico 14 – Razão de Subida Inversa x Altura Utilizando a técnica de integração demonstrada abaixo foi possível calcular a área e revelar o tempo de subida. dt = dh →t = R/C h2 h2 ∫ R/C → t = ∫ R/C dh h1 dh 0 O tempo de subida calculado para a aeronave com a configuração original, partindo-se de MSL até 10000 ft, foi de 25 minutos, o que gerou uma razão de subida média de 400 ft/min (2 m/s). 10 – Distância de Decolagem O parâmetro da distância de decolagem também foi avaliado, e de duas formas: - Sem transposição de obstáculo; e - Com transposição de um obstáculo de 50ft. Para a avaliação deste parâmetro, foi necessário calcular o Coeficiente de Sustentação na decolagem e para o cálculo foi empregado o seguinte arranjo matemático: Gráfico 13 – Teto de Serviço e Teto Absoluto. O manual de voo aprovado estabelece que o teto de serviço da aeronave é 14700 ft, o valor obtido pelo método foi 14000 ft e esta diferença pode ter como causa a não utilização de dados experimentais obtidos através de ensaios em vôo. 9.4 – Tempo de Subida. O tempo de subida é um parâmetro útil para avaliação do desempenho da aeronave. O mesmo foi calculado a partir da curva da razão de subida inversa pela altura, gráfico 14: W = 1 × ρ × S × V 2 × Cl Decol . 2 Sendo o peso da aeronave e a velocidade de estol parâmetros conhecidos, o arranjo fica: Cl Decol. = W 0,5 × ρ × S × V 2 Para peso e velocidade de estol iguais a 7590,90N e 25,7m/s, respectivamente. Os Coeficientes de Sustentação na decolagem para MSL, 5000 e 10000 FT são os demonstrados nas tabelas 7 e 8. Altitude MSL 5000 FT 10000 FT Cl de decolagem Cl de decolagem (Sem Obstáculo) (Obstáculo 50 ft) 1,260021765 1,07537787 0,922043785 1,080078926 0,945156331 0,782204735 Tabela 7 – Coeficiente de Decolagem. Através dos Coeficientes de Sustentação na Decolagem foi possível calcular o Parametro de Decolagem, o qual é revelado pela equação abaixo: 11 – Velocidade de Máximo Alcance. A velocidade de máximo alcance é outro parâmetro importante e que deve ser conhecido para a verificação do desempenho de uma aeronave . Este dado indica qual é a menor velocidade que deverá ser empregada para que a aeronave atinja a maior distância possível, com uma dada quantidade de combustível. A determinação desta velocidade é feita através dos gráficos 16, 17 e 18 abaixo: W S σ × Cl Decol. × T W A razão de pressão, σ , para o nível do mar é 1, para 5000 FT é 0,86 e para 10000 FT é igual a 0,74 e assim para o motor de 110 HP os parâmetros de decolagem calculados foram: Altitude – (FT) MSL 5000 10000 Parâmetro de Decolagem (Sem Obstáculo) (Obstáculo 50 ft) 126,51 173,23 234,14 147,60 196,14 276,17 Gráfico 16 – Potência Requerida x Potência Disponível Tabela 8 – Parâmetro de Decolagem. Gráfico 17 – Potência Requerida x Potência Disponível Gráfico 15 – Estimativa de Distância de Decolagem Lançando os valores no gráfico 15, as distâncias estimadas de decolagem para a aeronave são: Altitude MSL 5000 FT 10000 FT Distância decolagem Distância decolagem (Sem Obstáculo) (Obstáculo 50 ft) 180 m 300 m 340 m 240 m 330 m 390 m Tabela 9 –Distância Estimada de Decolagem. Gráfico 18 – Potência Requerida x Potência Disponível. Para encontrar a velocidade de Máximo Alcance é necessário traçar uma reta tangente à curva da potência requerida. A velocidade de máximo alcance é aquela que coincide onde a reta toca a curva de potência requerida. A linha pontilhada de cor verde nos gráficos 16, 17 e 18 representa o ponto exato da velocidade. Os valores encontrados para a aeronave estão demonstrados na tabela 10. N.Voo V.M.A.(m/s) V.M.A.(m/s) (FT) Manual Calculado MSL 40,64 31,89 5000 40,12 34,46 10000 41,67 36,52 Tabela 10 – Velocidade de Máximo Alcance. 11.1 – Velocidade de Máxima Autonomia A velocidade de máxima autonomia pode ser conhecida através da curva de potencia requerida. A velocidade é a localizada no ponto onde a curva é convergente, ou seja, o ponto de mínima potência requerida. O ponto mencionado na linha anterior, pode ser conhecido quando a primeira derivada da equação abaixo é igualada a zero. P= 1 kW 2 × ρ × V 3 × CD0 + 1 2 × ρ × Vs 2 O ponto de mínimo desta curva, também demonstra a eficiência aerodinâmica da fuselagem e permite estimar quanta energia deverá ser consumida para atingir uma determinada distância. O ponto de mínima potencia requerida pode ser observado nos gráficos 16, 17 e 18 e está assinalado por uma linha tracejada na cor azul. As velocidades de Máxima autonomia estão listadas na tabela abaixo: N.Voo Velocidade de Máxima (FT) Autonomia - (m/s) MSL 24,178 5000 26,236 10000 28,294 Tabela 11 – Velocidade de Máxima Autonomia N.Voo V.MAX. (m/s) V.MAX.(m/s) (FT) Manual Calculado MSL 56,07 52,98 5000 52,47 52,47 10000 52,47 48,87 Tabela 12 – Velocidade Máxima. 13 – Velocidade de Mínimo Ângulo de Planeio. O desempenho da aeronave em uma situação de perda de potência do motor pode ser melhorado quando os valores do mínimo ângulo de planeio e da velocidade de mínimo ângulo de planeio são conhecidos. Quando um voo de planeio é estabelecido e o piloto emprega a velocidade de mínimo ângulo de planeio, a rampa é efetuada com um ângulo ótimo, e este ângulo permite que a aeronave seja conduzida a uma distancia muito maior do que quando são utilizadas velocidades situadas acima ou abaixo desta. Para determinar a velocidade e o mínimo ângulo de planeio, basta traçar uma reta tangente à curva de Potência Requerida, conforme demonstrado nos gráficos 16, 17 e 18, pela linha tracejada de cor amarela. Calculando a tangente o Mínimo Ângulo de Planeio é revelado através da tangente inversa, ou arctg. Na tabela 12, abaixo, estão descritos as velocidades de menores ângulos de planeio e os respectivos ângulos, para a aeronave Cessna, A152: N.Voo VMAP (m/s) MSL 31,895 5000FT 34,467 10000FT 37,039 5,32º Tabela 12 – Velocidade e Mínimo Ângulo de Planeio 13.1 – Alcance em Voo Planado. O alcance máximo em voo planado, quando estabelecido o mínimo ângulo de planeio, pode ser obtido pela seguinte equação: R max = h tan θ As distâncias de alcance em voo planado que foram obtidas para aeronave encontram-se listadas na tabela 13: 12 – Velocidade Máxima. A velocidade máxima é determinada no ponto de cruzamento das curvas de potência requerida e potência disponível, gráficos 16, 17 e 18, pela linha tracejada em laranja. As velocidades que foram através do método acima são mostradas na tabela 12, a seguir: MAP - ϴ Alcance (km) h (m) 300 1500 3000 3,22 16,10 32,21 Tabela 13 – Alcance em voo planado. 14 - Especificação do novo G.M.P. Motor: Textron Lycoming, cilindros horizontais opostos. Número de cilindros: 4 Modelo: O320-E2D Potência: 150 BHP @ 2700 RPM - MSL Hélice: McCauley, passo fixo, 74 In Modelo: 1C172/TM 15 – Seleção de Componentes do novo G.M.P. A seleção dos componentes do grupo motopropulsor que será instalado em substituição ao original foi feita com base no certificado de tipo do motor Lycoming, modelo O-320-E2D e da hélice MCcauley, 1C172/TM. Gráfico 19 – Razão de Subida Calculada. 16 – Procedimentos de Análise. Os procedimentos de análise utilizados para o grupo motopropulsor composto pelo motor de 150HP foram os mesmos empregados para determinar o desempenho com o grupo motopropulsor original. O método validado no decorrer do trabalho demonstrou ser eficaz para a verificação teórica, visto que os resultados obtidos ficaram muito próximos dos resultados previstos no manual de voo aprovado para a aeronave, na configuração original. Sendo assim, avaliou-se os mesmos parâmetros conforme a seguir. Gráfico 20 – Razão de Subida Calculada x Corrigida 16.1 Níveis de Voo Considerados. Foram considerados os mesmos anteriores, ou seja, MSL, 5000 e 10000FT. níveis 16. 2 – Fatores de correção empregados. Foram utilizados descritos no item 9.1. os mesmos critérios 17 – Razão de Subida Máxima com o novo G.M.P. O motor O-235, apresenta uma potência de 69,7 kW ao nível do mar, enquanto que o motor O320 possui uma potência de 95,4 kW, isto é equivalente a dizer que houve um ganho de 36% de potência e este ganho faz com que a razão de subida da aeronave aumente significativamente, isto pode ser observado nos gráficos 19, 20, 21, 22, 23 e 24: Gráfico 21 – Razão de Subida Calculada. Os gráficos 25, 26 e 27, apresentam um meio de comparação mais eficaz, pois, neles as curvas de desempenho em subida das duas configurações consideradas estão sobrepostas. Gráfico 22 – Razão de Subida Calculada x Corrigida . Gráfico 25 – Razão de Subida Comparativo. Gráfico 23 – Razão de Subida Calculada . Gráfico 26 – Razão de Subida Comparativo. Gráfico 24 – Razão de Subida Calculada x Corrigida. 17.1 – Comparação das Razões de Subida Máximas. Para que o ganho de desempenho, em subida, fosse observado e interpretado de uma maneira mais clara foram elaborados 3 gráficos comparativos. Gráfico 27 – Razão de Subida Comparativo. 17.1.1 – Análise dos Gráficos. Valores Corrigidos Através dos gráficos 25 a 27 foi possível verificar que houve ganhos significativos de velocidade de subida e velocidade máxima de voo. O apresentado acima são as melhorias de desempenho desejáveis e neste caso muito importantes, principalmente quando a aeronave é empregada em missões de demonstração aérea e voos de alto desempenho, nestas situações é exigida uma rápida recuperação de altura a cada manobra acrobática. 17.1.2 Valores de Velocidade de Razão de Subida Máxima. Os valores das velocidades de razão de subida máxima, para a configuração que utiliza o motor de 150 HP, foram determinados através dos gráficos 20, 22 e 24 e estão descritos na tabela 14, apresentada a seguir: R/C R/C R/C Manual Calculado Corrigida (m/s) (m/s) (m/s) MSL 3,632 5,919 5,979 5000 2,565 4,554 4,531 10000 1,524 3,112 3,184 N.Voo (FT) Tabela 14 – Razão de Subida Máxima para o motor O-320 18 – Melhor Ângulo e Velocidade de Subida. Nível Voo R/C (m/s) MAS (º) MSL 4,286 10,72 5000 FT 3,883 7,81 10000 FT 2,308 5,45 Tabela 16 – Razão de Subida x Melhor Ângulo de Subida Valores Calculados Nível Voo Vel. melhor R/C (m/s) MSL 14,918 5000 FT 24,693 10000 FT 23,150 Tabela 17 – Velocidade de Melhor Ângulo de Subida Valores Corrigidos Nível Voo Vel. melhor R/C (m/s) MSL 22,635 5000 FT 28,294 10000 FT 24,178 Tabela 18 – Velocidade de Melhor Ângulo de Subida. 18.1 – Teto de Serviço e Teto Absoluto Utilizando os mesmos procedimentos do ítem 9.3, foi construída a curva, onde é possível observar graficamente os valores de Teto de Serviço e Teto absoluto com a nova configuração: Utilizando a mesma metodologia empregada para a configuração original, conforme descrito no ítem 9.2 deste artigo, foram determinadas as velocidades e os melhores ângulos de subida para a nova configuração de G.M.P.. Foram utilizadas as curvas dos gráficos 20, 22 e 24, para determinar os valores. Os valores encontrados estão listados nas tabelas 15,16,17 e 18 a seguir: Valores Calculados Nível Voo R/C (m/s) MAS (º) MSL 3,763 14,15 5000 FT 3,833 8,82 10000 FT 2,308 5,45 Tabela 15 – Razão de Subida x Melhor Ângulo de Subida . Gráfico 28 – Teto de Serviço e Teto Absoluto – O-320 Os valores de teto de serviço e teto absoluto são informados na tabela 19. Dados Teto de Serviço Teto Absoluto Altitude (ft) 17500 19000 Tabela 19 – Teto de Serviço x Teto Absoluto 11.1, porém, para a análise deste quesito foram utilizadas as curvas de potência disponível construídas através dos parâmetros de potência do motor de 150 HP. Veja os gráficos 30, 31 e 32 a seguir: 18.2 – Tempo de Subida. Gráfico 29 – Razão de Subida Inversa x Altura – O-320 O tempo de subida do MSL até 10000 ft, calculado para a nova configuração, e conforme o procedimento descrito no ítem 9.4, foi igual a 12 min., ou seja, foi empregada uma razão de subida média de 833,3 ft/min ( 3,9 m/s). Gráfico 30 – Potência Requerida x Potência Disponível. 19 – Distância de Decolagem. A distância de decolagem foi outro parâmetro avaliado para a nova configuração, para isto foram utilizados os mesmos procedimentos descritos no ítem 10. Os valores obtidos estão mostrados a seguir. Altitude – (FT) MSL 5000 10000 Parâmetro de Decolagem (Sem Obstáculo) (Obstáculo 50 ft) 92,77 127,03 171,70 108,24 143,84 202,52 Gráfico 31 – Potência Requerida x Potência Disponível. Tabela 20 – Parâmetro de Decolagem. Altitude MSL 5000 FT 10000 FT Distância decolagem Distância decolagem (Sem Obstáculo) (Obstáculo 50 ft) 150 m 190 m 300 m 170 m 220 m 340 m Tabela 21 –Distância Estimada de Decolagem. 20 – Velocidade de Máximo Alcance e Velocidade de Máxima Autonomia. Os procedimentos para determinar a velocidade de máximo alcance e velocidade de máxima autonomia, empregados para a nova configuração são os mesmos descritos no ítem 11 e Gráfico 32 – Potência Requerida x Potência Disponível. As velocidades de máximo alcance e máxima autonomia determinadas para a nova configuração estão listadas nas tabelas 22 e 23. N.Voo V.M.A.(m/s) V.M.A.(m/s) (FT) Manual Calculado MSL 40,64 31,89 5000 40,12 34,46 10000 41,67 36,52 Tabela 22 – Velocidade de Máximo Alcance. 22.1 – Alcance em voo planado. Note que as distâncias de alcance em voo planado que foram obtidas para aeronave, conforme o procedimento descrito no ítem 13.1, não sofreram alteração, pois, independem da potencia do motor. As distancias obtidas encontram-se listadas na tabela 26, a seguir: h (m) 300 1500 3000 Alcance (km) 3,22 16,10 32,21 N.Voo Velocidade de Máxima (FT) Autonomia - (m/s) MSL 24,178 5000 26,236 23 – Conclusão. 10000 28,294 Mediante os requisitos estabelecidos, os quais visam a modificação da aeronave Cessna, modelo A152, para que a mesma disponha de maior desempenho, o estudo efetuado obteve diversos dados importantes para a análise do desempenho em voo desta aeronave. Tabela 26 – Alcance em voo planado. Tabela 23 – Velocidade de Máxima Autonomia . As velocidades de máximo alcance e de máxima autonomia não influenciam significativamente o desempenho da aeronave. Estes quesitos foram inseridos no estudo a título de curiosidade. 21 – Velocidade Máxima. Os critérios para determinação da velocidade máxima são os mesmos descritos no ítem 12. Os valores encontrados, para a configuração que utiliza o motor O320, estão listados na tabela 24, a seguir: N.Voo VMAX. (m/s) VMAX.(m/s) (FT) Manual Calculado MSL 56,07 58,64 5000 52,47 59,16 10000 52,47 55,55 Tabela 24 – Velocidade Máxima - Todos os níveis de voo. 22 – Velocidade de Mínimo Ângulo de Planeio e Mínimo Ângulo de Planeio. A velocidade de mínimo ângulo de planeio e o mínimo ângulo de planeio são os mesmos obtidos para a configuração original, pois, estes parâmetros não são influênciados pela potência do motor. N.Voo VMAP (m/s) MSL 31,895 5000FT 34,467 10000FT 37,039 MAP - ϴ 5,32º Tabela 25 – Velocidade e Mínimo Ângulo de Planeio. Foram adquiridos dados, através de métodos matemáticos, para as duas configurações propostas: 1 - Configuração original, que utiliza o motor Lycoming O235-L2C de 110 HP; e 2- Configuração que utiliza o motor O320-E2D de 150 HP. Os principais dados avaliados foram os seguintes: - Ângulo de Melhor Razão de Subida; - Distância de decolagem; - Minimo Ângulo de Planeio; - Razão de subida; - Teto de Serviço e Teto Absoluto; - Tempo de Subida; - Velocidade Máxima; - Velocidade de Máxima Autonomia; - Velocidade de Máximo Alcance; - Velocidade de Mínimo Ângulo de Planeio;e - Velocidade de Melhor Razão de Subida. Estes dados foram medidos para três níveis de vôo considerados relevantes para a operação da aeronave, Nível Médio do Mar, 5000 Pés e 10000 Pés. Para finalizar serão discutidos os dados obtidos de uma forma comparativa, tomando como base os parâmetros do Manual de Voo Aprovado para a aeronave e os dados obtidos para a configuração que utiliza o motor de 150 HP. - Distância de decolagem: É claramente observado que houve um ganho na distância de decolagem da aeronave, pois, utilizando o motor de 110 HP é necessário percorrer as seguintes distâncias para a decolagem normal: - MSL…............................................................180 m - 5000 ft........................................................... 300 m - 10000 ft......................................................... 340 m de 150 HP na aeronave é necessário ainda efetuar uma avaliação destes parâmetros, por meio de um estudo paralelo, a fim de garantir a segurança de voo da aeronave. A aeronave modificada deverá também ser submetida a um processo para obtenção de um CHST - Certificado de Homologação Suplementar de Tipo, junto a autoridade aeronáutica local. Com o motor de 150 HP estas distâncias tornam-se: 24 - Abreviaturas e Acronismos. - MSL…............................................................150 m - 5000 ft........................................................... 190 m - 10000 ft......................................................... 300 m O teto absoluto foi elevado em 18%, pois, com a configuração original este é de 16000 ft e com a nova configuração o mesmo subiu para 19000 ft. BCA – Melhor Ângulo de Subida BHP – Brake Horse Power / Potência medida no eixo Cd – Coeficiente de Arrasto Cl – Coeficiente de Sustentação D - Arrasto Ft – Feet/pés g – Força da gravidade. G.M.P – Grupo Motopropulsor HP – Horse power ISA –Atmosfera Padrão In Hg – Polegadas de Mercúrio KCAS – Velocidade Calibrada em Knots kgf – kilograma força Kt - Knots MSL – Nível Médio do Mar m – metro m/s – metros por segundo MAP – Mínimo Ângulo de Planeio. MAS – Melhor Ângulo de Subida M.V.A. – Manual de Voo Aprovado N – Newton N.Voo – Nível de voo Pa – Pascal R/C – Razão de Subida Req – Requerida RPM – Rotações por Minuto S - área T – Tração tan - Tangente V – Velocidade V.M.A – Velocidade de Máximo Alcance VMAP - Velocidade de Mínimo Ângulo de Planeio VMAX – Velocidade Máxima ρ – Pressão atmosférica @ - em, at º - Graus ϴ - Ângulo Theta - Tempo de Subida: 25 – Referências Bibliográficas. O tempo de subida avaliado sofreu redução de aproximadamente 48%, pois, enquanto a aeronave demora 25 minutos para subir 10000 ft com o motor de 110 HP, utilizando o motor de 150 HP esta subida ocorrerá em aproximadamente 12 minutos. - [1] Raymer, Daniel P., Aircraft design: a conceptual approach / Daniel P. Raymer. – 3rd ed.; - [2] Anderson, John David, Introduction to flight / John D. Anderson Jr. – 5th ed.; - [3] Torenbeek, Egbert., Synthesis of Subsonic Airplane Design. - [4] Cessna Aircraft Company, Pilot's Operating Handbook and FAA Aproved Airplane Flight Manual, Revision 1 – 31 March 1983. Para uma decolagem com um obstáculo de 50 ft a ser transposto as distâncias, quando o motor de 110 HP é utilizado, são as seguintes: - MSL…............................................................240 m - 5000 ft........................................................... 330 m - 10000 ft......................................................... 390 m E com o motor de 150 HP passam a ser: - MSL…............................................................170 m - 5000 ft........................................................... 220 m - 10000 ft......................................................... 340 m - Razão de Subida Máxima: Em relação aos valores de Razão de Subida Máxima, publicados no manual, com a instalação do motor de 150 HP é possível obter um ganho médio de 82,6% entre os parametros obtidos para Nível do Mar, 5000 ft e 10000 ft. Para o nível do mar houve um ganho de 64%, para 5000 ft 76% e para 10000 ft 108%. - Teto de Serviço e Teto Absoluto: O teto de serviço com a configuração original é de 14000 ft e com a configuração que utiliza motor de 150 HP , este subiu para 17500 ft, elevação de 25%. Vale a pena informar que neste estudo, não foram levados em consideração o desempenho estrutural e a estabilidade. Existindo o desejo de instalar o motor