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Daily Pilgrins Em todas as grandes cidades do mundo encontramos estes indícios, estes sinais do tempo que vivemos – estes neons, estes entardeceres, esta agitação de corpos, de máscaras e de olhares. A cidade contemporânea faz-se fotograficamente abrindo ou mostrando as brechas da inquietação da sua disciplina. As fotografias, que nos oferecem uma sugestão de realidade, são fragmentos imprecisos de totalidades ausentes; é o nosso olhar cultural que reconstitui o sentido do cenário, que lhe empresta ruído e significado num inequívoco consenso de memórias e desejos: um fotógrafo é predador, sabe utilizar as argúcias de um predador. Mas cada cidade tem também a sua atmosfera, a sua história colectiva, a luz e cor que esclarecem sobre os gestos e os sorrisos. Virgílio Ferreira aprisiona esses quase invisíveis que o sobressaltam no transitório urbano, as especificidades de cada lugar branqueadas no multiculturalismo do progresso: estas são cidades que se aproximam do Pacífico, que dizemos do Japão, da China ou da Tailândia, mas que são também lugares de trânsito da globalização, flutuações em movimento contínuo. O fotógrafo, que sabe inventar a cor a partir de processos tradicionais, (ópticos e químicos pois não utiliza a mínima manipulação digital) e um enquadramento feito da evolução de processamentos pessoais, levou consigo um conceito sociológico e soube destacar, aqui e ali, em contextos e atitudes, a singularidade que sempre persiste na população universal dos peregrinos do quotidiano urbano. Maria do Carmo Serén, 2007.
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