universidade positivo fernanda valentim nagal inventário de

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universidade positivo fernanda valentim nagal inventário de
UNIVERSIDADE POSITIVO
FERNANDA VALENTIM NAGAL
INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DE FABRICANTE
DE COMPUTADORES.
CURITIBA
2010
FERNANDA VALENTIM NAGAL
INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DE FABRICANTE
DE COMPUTADORES.
Dissertação apresentada como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em Gestão Ambiental,
do Mestrado Profissional em Gestão Ambiental, da
Universidade Positivo (UP).
Orientador: Profº Maurício Dziedzic
CURITIBA
2010
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Biblioteca da Universidade Positivo - Curitiba – PR
N147
Nagal, Fernanda Valentim.
Inventário de emissões de gases de efeito estufa de fabricante
de computadores / Fernanda Valentim Nagal. ― Curitiba :
Universidade Positivo, 2010.
162 p. : il.
Dissertação (mestrado) – Universidade Positivo, 2010.
Orientador : Prof. Dr. Maurício Dziedzic.
1. Computadores – Indústria. 2. Mudanças climáticas. 3. Efeito
estufa (Atmosfera). 4. Gases estufa. I. Título.
CDU 321
TÍTULO: “INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES DE EFEITO ESTUFA DE
FABRICANTE DE COMPUTADORES”
ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA COMO REQUISITO
PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GESTÃO AMBIENTAL
(área de concentração: gestão ambiental) PELO PROGRAMA DE MESTRADO EM
GESTÃO AMBIENTAL DA UNIVERSIDAE POSITIVO. A DISSERTAÇÃO FOI
APROVADA EM SUA FORMA FINAL EM SESSÃO PÚBLICA DE DEFESA, NO DIA 29
DE OUTUBRO DE 2010, PELA BANCA EXAMINADORA COMPOSTA PELOS
SEGUINTES PROFESSORES:
1) Prof. Dr. José Célio S. Andrade – UFBA (Examinador externo);
2) Prof. Dr. Paulo Roberto Janissek – Universidade Positivo (Examinador);
3) Profª. Drª. Mari Elizabete B. Seiffert – Universidade Positivo (Examinador);
CURITIBA – PR, BRASIL
__________________________________
PROF. DR. MAURÍCIO DZIEDZIC
COORDENADOR DO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL
AGRADECIMENTOS
A todos que contribuíram e apoiaram a realização deste trabalho: Professores, Colegas
de mestrado, Colegas de projeto, Amigos, Familiares e em especial à empresa que forneceu as
informações e meios da realização deste estudo.
Agradeço, principalmente, ao orientador, Prof. Maurício Dziedzic, pela oportunidade,
confiança, disponibilidade e utilidade de suas recomendações.
RESUMO
Diversas iniciativas estão sendo desenvolvidas e implementadas visando à limitação
da concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera do planeta. Um inventário de
emissões de GEE é uma “fotografia” das emissões causadas pelas atividades de certa
organização. A realização do inventário permite que a empresa possa identificar as suas fontes
e quantidades de emissão e, assim, direcionar estratégias de redução, ou mesmo, elaborar
planos de compensação das mesmas. A metodologia utilizada na elaboração do inventário de
emissões de GEE da empresa em estudo foi baseada nas diretrizes do Protocolo GHG,
obedecendo aos princípios de relevância, integralidade, consistência, transparência e exatidão.
O ano-base do trabalho é 2008, sendo incorporadas as atividades da empresa realizadas nas
unidades de Curitiba. Todas as fontes de emissão de gases de efeito estufa identificadas foram
incorporadas no inventário da empresa. Após se chegar ao resultado das emissões da empresa,
foram feitas comparações com outras participantes do programa brasileiro do Protocolo GHG
e de outras fabricantes de computadores. Conclui-se que as maiores emissões decorrentes do
ciclo de vida de um computador são das fontes de extração de matéria prima, transporte dos
insumos importados e do consumo de energia durante a utilização, todas enquadradas no
escopo 3. Verificou-se que para comparações de inventários é fundamental a discriminação
das fontes inventariadas no escopo 3. Ainda, as comparações permitiram verificar que o perfil
de emissões do inventário realizado é diferente das organizações situadas fora do país pois,
nessas instituições, a emissão do escopo 2 é significativamente maior do que no Brasil, devido
à diferença das matrizes elétricas dos países. As principais incertezas associadas às
estimativas de emissão dizem respeito aos dados de atividade e aos fatores de emissão.
Palavras-chave: mudanças do clima, gases de efeito estufa, inventário de emissões,
comparativo de emissões, fabricante de computadores.
Enquadramento:
Linha de pesquisa: A - Avaliação e modelagem (descrição de processos)
socioambientais
Projeto de pesquisa: b - Desenvolvimento e aplicação de processos de avaliação,
monitoramento e gerenciamento ambiental.
ABSTRACT
Several initiatives are being developed and implemented which aim to limit the
emissions of greenhouse gases (GHG) into the atmosphere. A GHG inventory is a “snapshot”
of the emissions caused by the activities of a certain organization. Development and
maintenance of the inventory allows a company to identify sources and quantify emissions,
and, thus, define reduction and compensation strategies. The development of the GHG
inventory of the company subject of the work reported herein, a computer manufacturer, was
based on the GHG Protocol guidelines, following the principles of relevance, completeness,
consistency, transparency and accuracy. The base year was 2008, and the inventory
encompassed the company's activities carried out at the Curitiba units. All sources of
emissions of greenhouse gases identified were included in the inventory. After the emissions
were calculated, comparisons were made with inventories published by participants of the
Brazilian GHG Protocol program, and other computer manufacturers, which established the
need for identification of emission sources in each scope to allow comparisons between
different organizations. It was concluded that the largest emissions generated in the life cycle
of a computer arise from extraction of raw materials, transportation of imported components,
and energy consumption during use, all framed within scope 3. It was found that for
comparisons of inventories the discrimination of sources inventoried in scope 3 is
fundamental. These comparisons also showed that the emissions profile of the inventory
reported herein is different from those of organizations outside the country, since their
emissions in scope 2 are significantly higher than in Brazil, due to the differences in
electricity production at each country. The main uncertainties associated with emission
estimates are activity data and emission factors.
Keywords: climate change, greenhouse gases, emissions inventory, comparative
emissions.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Esquema representativo do Efeito Estufa
21
Figura 2 - Histórico da concentração de CO2 e da temperatura da Terra
22
Figura 3 - Indicadores da influência humana na concentração dos GEE
24
Figura 4 - Visão geral dos escopos e fontes de emissão de GEE
31
Figura 5 - Passos para identificação e cálculo das emissões de GEE
34
Figura 6 - Sistema de Gestão da Qualidade do Inventário
35
Figura 7 - Relação entre as partes da ABNT NBR ISO 14064
38
Figura 8 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de
2007
75
Figura 9 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de
2008
76
Figura 10 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de
2009
76
Figura 11 – Fluxograma de entradas e saídas do processo produtivo da empresa em estudo 92
Figura 12 - Emissão por fonte de emissões de CO2e em 2008
123
Figura 13 - Emissão de CO2e por escopo
123
Figura 14 - Emissão total de CO2e pela receita das empresas do programa brasileiro do
Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica
131
Figura 15 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 pela receita das empresas do programa
brasileiro Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica
131
Figura 16 - Emissão total de CO2e por funcionário das empresas do programa brasileiro do
Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica
132
Figura 17 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário pelas empresas do programa
brasileiro Protocolo GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica
132
Figura 18 - Emissão total de CO2e pela receita das fabricantes de computadores, em escala
logarítmica
140
Figura 19 - Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 pela receita das fabricantes de computadores
140
Figura 20 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário das fabricantes de
computadores, em escala logarítmica
141
Figura 21 - Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário das fabricantes de
computadores
141
Figura 22 - Emissões de GEE por escopo
143
Figura 23 - Emissões de GEE por escopo, com mesmas fontes de emissão no escopo 3
144
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Fator de emissão de carbono de combustíveis
45
Tabela 2 - Fatores de emissão de carbono em tC.TJ-1
46
Tabela 3 – Fração de carbono estocada
47
Tabela 4 – Fraçã o de carbono oxidado
48
Tabela 5 – Valores adotados nos cálculos de fatores de emissão de vôos de passageiros
50
Tabela 6 – Fatores de emissão de CO2 para alternativas de ponderações de transporte em vôos
de passageiros
51
Tabela 7 – Fatores de emissão médios para vôos de passageiros, de 2007 e revisado de 2008
52
Tabela 8 – Fatores de emissão para classe dos assentos para vôos de passageiros
53
Tabela 9 – Fatores médio de emissão para transporte aéreo de carga, de 2005 e 2008
54
Tabela 10 – Valores assumidos nos cálculos de fatores de emissão de vôos de transporte de
carga
55
Tabela 11 – Fatores de emissão de CO2 de transporte aéreo para opções de atribuição de
carga em vôos de passageiros
56
Tabela 12 – Média final dos fatores de emissão referentes aos transportes de carga, ano 2008
57
Tabela 13 – Fatores de emissão de CO2 para o transporte marítimo de cargas
57
Tabela 14 – Alterações nas emissões de CO2 causadas pela variação de +/- 50 % na carga em
relação a um peso com 50% de carga
59
Tabela 15 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para veículos pesados
60
Tabela 16 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para transporte de carga rodoviário em
veículos pesados
61
Tabela 17 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para transporte de carga rodoviário em
veículos leves
62
Tabela 18 – Participação no mercado de ônibus das diferentes operadoras
62
Tabela 19 – Dados e fatores de emissão para ônibus
63
Tabela 20 –Fatores de emissão de N2O e CH4 para caminhões
66
Tabela 21 – Conjunto de dados de emissões de CO2 de motocicletas com base na cilindrada
do motor
67
Tabela 22 – Fatores de emissão de CO2 de motocicletas
68
Tabela 23 – Fatores de emissão de N2O e CH4 para motocicletas
68
Tabela 24 – Fatores de emissão de CO2 para o transporte de veículos
69
Tabela 25 – Fatores de emissão de CO2 para GLP e GNV de veículos de passageiros
69
Tabela 26 – Fatores de emissão de N2O e CH4 para veículos de passageiros
70
Tabela 27 – Fatores de emissão de CO2 para veículos a gasool
73
Tabela 28 – Fatores de emissão de CO2 para veículos a álcool hidratado
73
Tabela 29 – Energia térmica convencional gerada (GWh) e fatores de emissão de GEE para o
sistema elétrico
75
Tabela 30 – Fatores de emissão de GEE para o sistema elétrico americano, dados de 2005 77
Tabela 31 – Fatores de emissão de GEE para o sistema elétrico do Reino Unido
78
Tabela 32 – Emissão de GEE conforme gestão de resíduos em tCO2e.tonelada americana de
resíduo-1
82
Tabela 33 – Avaliações ilustrativas das incertezas da base cientifica das estimativas de
emissões
84
Tabela 34 – Potencial de aquecimento global dos gases de efeito estufa
93
Tabela 35 – Fatores de emissão de carbono
96
Tabela 36 – Fatores de conversão de medida para combustíveis
96
Tabela 37 – Fatores de emissão de CO2 dos combustíveis
97
Tabela 38 – Fator de emissão mensal de CO2e pela geração de energia elétrica
97
Tabela 39 - Fatores de emissão para deslocamento de veículos
98
Tabela 40 - Fatores de emissão para transporte de carga
99
Tabela 41 - Fatores de emissão para viagens aéreas
100
Tabela 42 - Consumo proveniente do GLP, ano 2008
103
Tabela 43 - Emissão de CO2e proveniente do consumo de GLP
103
Tabela 44 - Consumo proveniente da gasolina e diesel, ano 2008
103
Tabela 45 - Emissão de CO2e proveniente do consumo de gasolina e diesel
104
Tabela 46 - Consumo de energia elétrica em 2008 pela empresa
105
Tabela 47 - Emissão de CO2e em 2008 proveniente do uso de energia elétrica
105
Tabela 48 - Resíduos orgânicos gerados em 2008
106
Tabela 49 - Emissão de CO2e em 2008 proveniente da disposição de resíduo orgânico
106
Tabela 50 – Quantidade de registro de funcionários da empresa por tipo de transporte
107
Tabela 51 - Distância percorrida em 2008 pelos funcionários da empresa, por tipo de
locomoção
108
Tabela 52 - Emissões de CO2e por tipo de locomoção
109
Tabela 53 - Quantidade de funcionários das Unidades 1 e 2, ao longo de 2008
109
Tabela 54 - Distância percorrida e número de vôos compilados, de acordo com a distância do
vôo
110
Tabela 55 - Emissões de GEE proveniente das viagens dos funcionários
110
Tabela 56 - Consumo de energia de produtos fabricados pela empresa
111
Tabela 57 - Produção da empresa no período de 2003 a 2007
111
Tabela 58 - Produção da empresa em 2008
111
Tabela 59 - Estimativa da emissão de CO2e pelo consumo de energia elétrica dos produtos 112
Tabela 60 - Estimativa de emissões pelo transporte dos produtos
114
A tabela 61 apresenta os resultados das emissões do transporte de resíduos da empresa
114
Tabela 61 - Estimativa de emissões pelo transporte dos resíduos
114
Tabela 62 - Quilômetros percorridos por tipo de veículo pela Transtec
115
Tabela 63 - Emissão proveniente do transporte de resíduos
116
Tabela 64 - Estimativa de emissões pelo transporte dos insumos importados
117
Tabela 65 – Emissões de GEE na extração e produção de insumos para o notebook
120
Tabela 66 – Emissões de GEE na extração e produção de insumos para desktop, monitor LCD
e CRT
120
Tabela 67 – Emissões de CO2e convertidos de GEE emitidos na extração e produção de
insumos para desktop, monitor LCD e CRT
120
Tabela 68 – Emissões de GEE da empresa, ano 2008
122
Tabela 69 – Emissões dos escopos relatadas pelas empresas no Brasil
129
Tabela 70 – Receita e quantidade de funcionários em 2008 – empresas Programa Brasileiro
Protocolo GHG
130
Tabela 71 – Fontes dos escopos 1 e 3 relatadas pelas empresas no Brasil
135
Tabela 72 – País de origem – empresas de informática
137
Tabela 73 - Inventário de emissões de GEE – empresas de informática
138
Tabela 74 – Receita e quantidade de funcionários em 2008 – empresas de informática
139
Tabela 75 – Fontes dos escopos 1 e 3 relatadas pelas empresas de informática
142
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AEE – Office of Environment and Energy
ANP – Agência Nacional do Petróleo
BEN – Balanço Energético Nacional
CAA – Civil Aviation Authority
CETESB – Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo
COD – Carbono Orgânico Degradável
CODF – Fração Carbono Orgânico Degradável
DEFRA - Department for Environment, Food and Rural Affairs
DI – Documento de Importação
eGRID – Emissions & Generation Resource Integrated Database
FAA – Federal Aviation Administration
GCD – Great Circle Distances
GEE – Gases de Efeito Estufa
GLP – Gás Liquefeito de Petróleo
HFCs – Hidrofluorcarbonos
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change
OCDE – Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico
PAG – Potencial de Aquecimento Global
PCI – Poder Calorífico Inferior
PCS – Poder Calorífico Superior
PFCs - Perfluorcarbonos
ppm – Parte por milhão
PROCONVE – Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores
SIN – Sistema Interligado Nacional
tEP – Tonelada Equivalente de Petróleo
UNFCCC - United Nations Framework Convention on Climate Change
WBCSD – World Business Council for Sustainable Development
WRI – World Resources Institute
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO
18
1.1
OBJETIVOS
19
1.1.1
Objetivo geral
19
1.1.2
Objetivos específicos
20
2
REVISÃO DE LITERATURA
21
2.1
EFEITO ESTUFA E O AQUECIMENTO GLOBAL
21
2.2
MUDANÇAS DO CLIMA
23
2.3
GESTÃO CORPORATIVA PARA AS MUDANÇAS DO CLIMA
26
2.4
DIRETRIZES PARA REALIZAÇÃO DE INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE
GASES DE EFEITO ESTUFA
28
2.4.1
Protocolo GHG
28
2.4.1.1
Objetivos
29
2.4.1.2
Princípios
29
2.4.1.3
Objetivos de negócios e concepção do inventário
30
2.4.1.4
Estabelecimento de limites organizacionais e operacionais
31
2.4.1.5
Monitoramento das emissões
33
2.4.1.6
Identificação e cálculo das emissões de GEE
34
2.4.1.7
Gestão da qualidade dos inventários
35
2.4.1.8
Comunicação das reduções e das emissões de GEE
36
2.4.1.9
Verificação das emissões de GEE
36
2.4.1.10 Estabelecimentos de metas de GEE
37
2.4.2
ISO 14064
37
2.4.2.1
ISO 14064:1
39
2.5
FATORES DE EMISSÃO
41
2.5.1
Consumo de combustível
41
2.5.1.1
Consumo de combustíveis por fontes móveis
48
2.5.2
Consumo de energia elétrica
74
2.5.3
Resíduos
79
2.6
INCERTEZAS DOS INVENTÁRIOS DE EMISSÕES DE GEE
83
2.7
REDUÇÃO DE EMISSÕES DE GEE
87
3
METODOLOGIA
92
3.1
EMPRESA EM ESTUDO
92
3.2
INCORPORAÇÃO DAS ORIENTAÇÕES DO PROTOCOLO GHG NO
INVENTÁRIO
93
3.3
COLETA DE DADOS
94
3.4
FATORES DE EMISSÃO E CÁLCULOS DE EMISSÕES
95
3.4.1
Fatores e cálculos de emissão para consumo de combustíveis
95
3.4.2
Fatores e cálculos de emissão para consumo de energia da rede
97
3.4.3
Fatores e cálculo de emissão para transportes
98
3.4.4
Fator e cálculo de emissão para resíduos
100
3.4.5
Emissão da formação da espuma de poliuretano
101
3.4.6
Emissão da extração dos insumos
101
4
RESULTADOS
102
4.1
ESCOPO 1: EMISSÕES DIRETAS
102
4.1.1
Emissão proveniente do uso de GLP nos refeitórios
102
4.1.2
Emissões provenientes dos combustíveis utilizados na motobomba e gerador
103
4.1.3
Emissões provenientes da formação da espuma de poliuretano
104
4.2
ESCOPO 2: EMISSÕES INDIRETAS DA AQUISIÇÃO DE ENERGIA
104
4.3
ESCOPO 3: EMISSÕES INDIRETAS
105
4.3.1
Emissão de GEE proveniente dos resíduos orgânicos gerados
105
4.3.2
Emissão de GEE proveniente dos deslocamentos dos funcionários
106
4.3.3
Emissões provenientes das viagens dos funcionários
110
4.3.4
Emissões provenientes da energia consumida pelos usuários dos produtos
111
4.3.5
Emissões provenientes do transporte dos produtos
112
4.3.6
Emissões provenientes do transporte dos resíduos
114
4.3.7
Emissões provenientes do transporte interno entre as Unidades
115
4.3.8
Emissões provenientes do transporte dos insumos importados
116
4.3.9
Emissões provenientes do transporte das entradas nacionais
118
4.3.10
Emissões provenientes da extração dos insumos
119
4.4
DISCUSSÕES
122
4.4.1
Possibilidades de reduções de emissões
124
4.4.2
Incertezas associadas ao inventário realizado
126
4.4.3
Inventários relatados
127
4.4.3.1
Inventários de GEE das empresas no Brasil
128
4.4.3.2
Fontes relatadas pelas empresas no Brasil
133
4.4.3.3
Inventários de GEE de fabricantes de computadores
137
4.4.3.4
Fontes do escopo 3 relatadas por fabricantes de computadores
142
5
CONCLUSÃO
145
6
REFERÊNCIAS
148
18
1
INTRODUÇÃO
A partir da década de 80, houve uma conscientização global de que ações antrópicas
demonstram risco para a continuidade de um meio ambiente equilibrado. Diversas nações
passaram, a partir de então, a debater as possibilidades e metodologias para enfrentar os
problemas da intervenção antrópica no meio ambiente (SISTER, 2008).
No que se refere à preocupação com a intensificação do efeito estufa e às mudanças do
clima, após uma série de discussões das Nações Unidas, chegou-se ao consenso de que uma
das atitudes para enfrentamento da problemática seria a redução das emissões de gases de
efeito estufa - GEE (SISTER, 2008). Em 1992 foi concebida a Convenção Quadro das Nações
Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), que passou a vigorar no Brasil em 1994
(ROCHA; FURRIELA, 2006). Seu objetivo é de que haja a estabilização das emissões de
gases de efeito estufa na atmosfera em um nível que impeça a interferência antrópica perigosa
no sistema climático, sendo tal nível a ser alcançado em um prazo suficiente que permita a
adaptação natural dos ecossistemas às mudanças climáticas, dentre outros (BRASIL, 1994). A
evolução das discussões sobre o clima, no âmbito da Convenção, se dá por meio de reuniões
chamadas Conferência das Partes, convocadas anualmente, com participação de todos os
países (Partes) signatários (MAN YU, 1994).
Em dezembro de 1997 foi realizada em Quioto a terceira Conferência das Partes, que
destaca-se como uma das mais importantes devido à concepção do documento denominado
Protocolo de Quioto, em que consta o estabelecimento de metas de redução de emissões de
GEE aos países membros da Organização de Cooperação para o Desenvolvimento Econômico
(OCDE) mais as economias de transição (SISTER, 2008; MAN YU, 2004). Dentre as
obrigações das Partes integrantes da Convenção está a elaboração, atualização periódica e
publicação dos inventários nacionais de emissões antrópicas por fontes e das remoções dos
GEE (ROCHA, 2006b). O segundo inventário brasileiro, referente ao período de 1990 a 2005,
foi recentemente publicado e compõe a Segunda Comunicação Nacional do Brasil à
Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (BRASIL, 2010).
Além das iniciativas internacionais, as iniciativas regionais, nacionais e locais, estão
sendo desenvolvidas e implementadas visando à limitação da concentração de GEE na
atmosfera da Terra (ABNT NBR ISO 14064:1, 2007). Para Rocha (2008), dentre as
estratégias de sustentabilidade a serem adotadas pelas empresas está a necessidade do
estabelecimento de uma estratégia de governança climática. Para que possam contribuir no
19
combate às problemáticas associadas à mudança do clima, as empresas precisam, como
primeiro passo, elaborar seus inventários de emissões de gases de efeito estufa (CAMPOS,
2009) que quantificam as emissões de GEE das atividades da empresa (BRASIL et al., 2008).
O inventário é uma ferramenta útil para a identificação de oportunidades de redução e
mitigação das emissões de GEE e, dentre as formas de se estruturar o inventário de emissões
são destaque o Greenhouse Gas Protocol Iniciative – GHG Protocol, e a Norma ABNT ISO
14064 (ROCHA, 2008).
No Brasil, já entraram em vigor legislações relacionadas às mudanças climáticas,
como a LEI 14.933, que institui a política de mudança do clima no município de São Paulo. A
referida lei estabelece, no artigo 25, que o poder público estimulará o setor privado na
elaboração de inventários de emissões antrópicas por fontes de emissão de GEE, bem como a
comunicação e publicação de relatórios sobre medidas executadas para mitigar e permitir a
adaptação adequada à mudança do clima (SÃO PAULO, 2009). Dessa forma, a realização de
inventários de emissões de GEE corporativos já pode ser vista como futura obrigatoriedade
legal.
Cabe ainda ressaltar que, além de preparar as organizações para futuras políticas de
emissão e da possível obrigatoriedade legal da realização do inventário, outros diversos
benefícios podem ser obtidos pelas organizações que quantificam suas emissões, como a
identificação de oportunidade de projetos que gerem créditos de carbono; prestação de contas
a acionistas e partes interessadas; possibilidade de replicar a ação em cadeia; traçar e alcançar
metas de responsabilidade sócio-ambiental (CAMPOS, 2009). O inventário também pode
gerar crédito antecipado por participação em iniciativas voluntárias (ABNT NBR ISO
14064:1, 2007). Ainda, Rocha (2008) afirma que o inventário é uma ferramenta útil para a
mitigação das mudanças do clima, pois possibilita a identificação de oportunidades de
redução das emissões de GEE.
1.1
OBJETIVOS
1.1.1 Objetivo geral
Realizar o inventário de emissões de gases de efeito estufa (GEE) de uma fabricante
de computadores.
20
1.1.2 Objetivos específicos
- Discutir dificuldades e incertezas associadas aos inventários de emissões;
- Identificar as possibilidades de redução de emissões de GEE na empresa;
- Comparar emissões com outras empresas;
- Discutir a relevância do detalhamento dos escopos;
- Verificar a concepção dos fatores de emissão.
21
2
REVISÃO DE LITERATURA
2.1 EFEITO ESTUFA E O AQUECIMENTO GLOBAL
O efeito estufa é um processo natural de retenção de calor pela atmosfera, formada por
uma mistura de gases, sendo os principais nitrogênio (N2) e oxigênio (O2), que preenchem
78,08% e 20,95% do volume atmosférico, respectivamente. Dentre os outros gases presentes
na atmosfera, encontram-se os gases de efeito estufa (GEE), os quais possuem a propriedade
de permitir que as ondas eletromagnéticas provenientes do sol atravessem a atmosfera e
aqueçam a superfície terrestre, mas dificultam a saída da radiação infravermelha refletida pela
Terra. Dessa forma, a atmosfera serve como um cobertor, pois faz com que o calor liberado
pela Terra seja mantido próximo do planeta, aumentando a temperatura local. Segundo Baird
(2002), o efeito estufa é o responsável pela temperatura média da Terra ser de
aproximadamente 15°C. A figura 1 esquematiza o fenômeno do efeito estufa.
Figura 1 - Esquema representativo do Efeito Estufa (USP, 2009).
Miller (2007) aponta que os GEE são: vapor de água, dióxido de carbono (CO2),
metano (CH4), óxido nitroso (N2O), os hidrofluorcarbonos, perfluorcarbonos, hexafluoreto de
22
enxofre (SF6) e ozônio (O3). O vapor de água e o CO2 são os principais GEE, no entanto, o
primeiro não é geralmente determinado pelas emissões antrópicas e sim pelo equilíbrio entre
evaporação e precipitação, dessa forma, o CO2 destaca-se entre os principais GEE.
Medidas da concentração de CO2 ao longo do tempo podem ser realizadas por meio de
coleta das amostras de ar aprisionado no interior de blocos de gelo na Antártida e na
Groenlândia. As medições indicam que a concentração de CO2 na atmosfera em épocas préindustriais, ou seja, antes de 1750, era de cerca de 280 ppm (partes por milhão), havendo sido
observado um aumento de aproximadamente 30% em 1998, com uma concentração de cerca
de 365 ppm (BAIRD, 2002). IPCC (2007) relaciona a concentração de CO2 e temperatura do
planeta para um longo período, conforme ilustra a figura 2.
Figura 2 - Histórico da concentração de CO2 e da temperatura da Terra (IPCC, 2007, adaptado).
O aumento da concentração atmosférica de CO2 é amplamente considerado o fator
determinante do aquecimento global (FLORIDES; CHRISTODOULIDES, 2008). Os autores
estudaram a precisão dos modelos matemáticos e o impacto do CO2 no aquecimento do
planeta e concluíram que as previsões sobre a correlação entre a concentração de CO2 e
temperatura dependem muito da escolha de dados utilizados e, ainda, afirmam que há falta de
confiabilidade nas medições dos testemunhos de gelo. Ainda salientam que a compreensão do
funcioamento do complexo sistema climático da Terra ainda é deficiente e, dessa forma, o
conhecimento científico não se encontra em um nível suficiente a dar respostas concretas e
23
precisas para as causas do aquecimeno global. Os autores afirmam que a tendência de
aumento da concentração de CO2 e da temperatura do planeta é evidente, apesar de haverem
objeções à relação entre tais componentes.
Hansen (2004) observa que nos últimos milhões de anos a Terra tem oscilado entre
eras glaciais e períodos interglaciais quentes e que as oscilações naturais do clima estão
associadas às lentas variações da órbita terrestre que são induzidas pela gravidade de outros
planetas, dentre outras influências naturais no sistema climático. Segundo o autor, essas
perturbações afetam a distribuição geográfica e sazonal da insolação em até 20%. Há, no meio
científico, pesquisadores que afirmam que o aumento da temperatura média do planeta é
devido a variações naturais do sistema. Molion (2007) critica as hipóteses adotadas pelo
IPCC, afirmando que a representatividade global da série de temperaturas apresentadas pelo
Painel é questionável e que a possível intensificação do efeito estufa pelas atividades humanas
e as limitações dos modelos matemáticos de simulação de clima, não justificam a
transformação da hipótese do aquecimento global devido às atividades antropogênicas.
2.2
MUDANÇAS DO CLIMA
A preocupação com a questão ambiental associada ao efeito estufa está relacionada ao
aumento da concentração de GEE na atmosfera (BAIRD, 2002). O IPCC (2007) apresenta o
aumento da concentração desses gases relacionando-o com o período da Revolução Industrial
e associando tal aumento com as atividades humanas que intensificaram o consumo de
combustíveis fósseis nesse período. A figura 3 apresenta a evolução histórica dos valores de
concentração do CO2, CH4 e N2O.
24
Figura 3 - Indicadores da influência humana na concentração dos GEE (IPCC, 2001, adaptado).
Nota-se pela figura que a emissão de GEE na atmosfera aumentou significativamente a
partir de 1800. Sister (2008) aponta a origem da problemática das mudanças climáticas na
revolução industrial, quando, em virtude das ações antrópicas representadas principalmente
pela queima de combustíveis fósseis em usinas termoelétricas, indústrias, veículos e sistemas
de aquecimento, aumentaram-se a emissão e concentração de GEE na atmosfera (SISTER,
2008).
Alexiadis (2007) estudou a ligação entre as atividades humanas e o aquecimento
global, propondo e testando um modelo de retroalimentação utilizado para descrever a
influência das emissões antropogênicas de CO2 sobre a temperatura global e concentração de
CO2 na atmosfera. De acordo com o autor, os resultados demonstraram que o CO2 das
atividades humanas tornou-se o principal causador do aquecimento do planeta e, mesmo no
caso de redução drástica dessas emissões, a temperatura não diminuirá durante certo tempo.
Ainda afirma que o sistema climático no momento pode ser considerado estável, mas que, no
entanto, está muito perto de tornar-se instável, fazendo assim, com que as conseqüências das
mudanças climáticas sejam imprevisíveis.
Dentre as principais alterações possíveis decorrentes da mudança do clima, está o
derretimento das calotas polares, com aumento dos níveis das águas dos oceanos e com a
conseqüente perda de regiões costeiras e, possivelmente, com o comprometimento das
25
reservas de água doce. Também poderão ocorrer distúrbios climáticos, com alteração nos
ciclos da chuva, tempestades e furacões mais violentos, além da perda de biodiversidade e
proliferação de doenças (CONRADO et al., 2006; BAIRD, 2002; MARQUES; ELEN, 2006).
Uma vez considerando a interferência antrópica na mudança do clima, há três
possibilidades de atitudes possíveis: inação, adaptação e mitigação. A inação consiste em não
fazer nada, assim, significa a aceitação dos danos decorrentes das mudanças do clima. Já a
adaptação consiste em tomar medidas para enfrentar os efeitos negativos, adaptando-se ao
novo clima através de ajustes e considerando a capacidade humana e tecnológica. Por último,
a mitigação da mudança do clima consiste em evitar as mudanças por meio da realização de
atividades que visem à redução das emissões de GEE (MEIRA FILHO; FRANGETTO,
2008). Ainda segundo esses autores, as medidas de adaptação, mitigação e os danos causados
pela inação têm um custo, servindo os tratados internacionais para pactuar e repartir esses
custos entre os países.
O primeiro instrumento internacional sobre as alterações no clima foi a Convenção
Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (United Nations Framework
Convention on Climate Change – UNFCCC), concebida em 1992 e iniciada em 1994,
constando no documento a necessidade de se estabelecer ações e metas de redução na emissão
de GEE (SISTER, 2008). Antes disso, em 1988 foi criado o Painel Intergovernamental sobre
Mudança do Clima (Intergovernmental Panel on Climate Change – IPCC), pela Organização
Meteorológica Mundial e PNUMA, das Organizações Unidas, com o objetivo de ser realizada
uma avaliação do estado de conhecimento sobre mudança do clima, sendo o primeiro relatório
de avaliação publicado em 1990 e os posteriores publicados em 1995, 2001 e 2007 (MEIRA
FILHO; FRANGETTO, 2008). O IPCC já produziu relatórios, artigos técnicos, metodologias
e outros produtos que se tornaram trabalhos de referência, amplamente utilizados por
pesquisadores e decisores (KRUG, 2004).
Na terceira reunião das Partes (países) da Convenção-Quadro, chegou-se a um
consenso sobre os princípios e os mecanismos do Protocolo de Quioto, documento que
estipula metas de redução de emissões de GEE dos países desenvolvidos (SISTER, 2008).
Para países em desenvolvimento, não se estabelecem metas de redução, com base no princípio
das responsabilidades comuns, porém diferenciadas (BRASIL et al., 2008). No entanto, o fato
de o Brasil não ter metas de redução não significa que não deve promover esforços de
minimização de emissões de GEE, pois o país pode e deve contribuir para o esforço global de
mitigação do problema (ROCHA; FURRIELA, 2006).
26
2.3
GESTÃO CORPORATIVA PARA AS MUDANÇAS DO CLIMA
As ações de combate às mudanças climáticas pressupõem comprometimento das
esferas federal e estadual, afirma Chang (2009), referindo-se às mudanças climáticas e ações
municipais. A autora também aponta que muitas ações de mitigação das emissões se colocam
no setor privado, visto que boa parte das emissões ocorre durante o processo de produção e,
os produtos ambientalmente mais corretos, que no caso de proteção do clima são aqueles que
emitem menos GEE, têm uma aceitação maior no mercado, transformando-se, portanto, em
um potencial requisito para aumentar a produtividade (CHANG, 2009).
Para Rocha (2008), as estratégias de sustentabilidade adotadas pelas empresas devem
estar relacionadas aos desafios e oportunidades das mudanças climáticas e, ainda, ocupar um
papel central, tornando-se necessário o estabelecimento de uma meta de governança climática.
Busch e Hoffman (2006) sugerem três passos como medidas de gestão integrada de
carbono em uma empresa, sendo elas: reconhecimento da relevância de possível restrição de
carbono para a gestão de riscos corporativos; definição da exposição da empresa em relação
ao tema e estratégias de gestão empresarial.
Campos (2009) afirma que a elaboração de inventário pode ser considerada o primeiro
passo para que uma instituição ou empresa possa dar sua contribuição no combate às
mudanças do clima, uma vez que conhecendo-se o perfil da emissões a partir do inventário, a
organização poderá estabelecer seus planos e metas de redução e gestão de GEE, além de
evidenciar seu engajamento na solução do problema. Além disso, existe uma crescente
pressão da sociedade por ações relacionadas à mitigação das mudanças climáticas, havendo
uma busca constante pelas empresas em reduzirem as emissões de seus processos ou serviços
e de adotarem metas voluntárias de redução (BRASIL et al., 2008).
Boiral (2006) aponta que as respostas corporativas ao aquecimento global exigem uma
prevenção e visão dos gestores. O autor também indica que vários estudos desde o início dos
anos 90 demonstram os benefícios decorrentes de iniciativas verdes nas organizações e que
isso melhora a imagem da corporação e tem efeito positivo na percepção do consumidor e no
marketing dos produtos. Ainda, para Scipione et al. (2009) , com a crescente atenção da
comunidade internacional sobre as mudanças climáticas, o consumo verde passou a
determinar que a produtividade ambiental de uma empresa signifique oportunidade concreta
de alcançar vantagem competitiva. Nesse contexto, torna-se importante a adoção de modelos
27
reconhecidos que possam garantir à empresa a mensuração dos seus impactos sobre as
mudanças climáticas e, na sequência, organizar ações concretas de redução.
Em função da evolução da política das mudanças climáticas, duas organizações –
World Business Council for Sustainable Development (WBCSD) e World Resources Institute
(WRI) deram início a iniciativa denominada Protocolo GHG, reconhecendo-se a necessidade
de uma norma internacional de contabilidade de emissão corporativa de gases de efeito estufa.
Após quase quatro anos da criação do Protocolo GHG, a primeira edição da norma
corporativa para contabilização e relato das emissões de GEE foi publicada em 2001. Desde
então, o Protocolo GHG vêm desenvolvendo um conjunto de ferramentas de cálculos para
auxiliar as empresas a inventariarem as suas emissões de GEE e apresentam outros
documentos de orientação (Protocolo GHG, 2010).
Em 2006, a International Organization for Standartization (ISO) adotou o padrão de
contabilização do Protocolo GHG como base para a ISO 14064-1, que trata da especificação e
orientação para as organizações quantificarem e elaborarem relatórios de emissões e remoções
de GEE. No Brasil, a norma ABNT ISO 14064 foi lançada oficialmente em novembro de
2007 (ANTUNES; QUALHARINI, 2008).
No ano de 2007, iniciou-se o programa brasileiro do Protocolo GHG, com objetivo de
instalar a iniciativa internacional no Brasil e, assim, estabelecer a cultura de inventários
corporativos no país (PROGRAMA BRASILEIRO GHG PROTOCOL, 2010). Algumas
empresas aderiram ao programa como membros e vinte e três realizaram e publicaram os seus
inventários de emissões de gases de efeito estufa do ano de 2008. As informações dos relatos
dos inventários das empresas participantes do Programa Brasileiro do Protocolo GHG e da
pesquisa realizada dos inventários dos fabricantes de computadores são apresentadas no item
4.5.
A gestão voluntária de GEE é considerada por Scipioni et al. (2009) uma questão
primordial para muitas organizações. Os autores afirmam que as orientações criadas para dar
apoio às organizações no que se refere à gestão de GEE apresentam limitações na
identificação dos processos diretos e indiretos que têm impacto sobre as mudanças climáticas
e que devem ser considerados na gestão. Assim, os autores avaliaram os processos por meio
de um estudo de caso na Tetra Pak Group da Itália, fabricante de embalagens de bebidas,
utilizando uma abordagem de ciclo de vida e afirmam que tal abordagem pode ser integrada
com outras referências metodológicas que têm sido adotadas para a realização de inventários
corporativos (ISO 14064 e Protocolo GHG). Afirmam, também, que a aplicação da
abordagem de ciclo de vida no nível organizacional ajudou a identificar os processos diretos e
28
indiretos na cadeia de suprimentos da organização que acarretam em maiores impactos nas
mudanças climáticas, sendo o maior volume de emissões identificados nos processos indiretos
da empresa, com o consumo de matérias-primas sendo a fonte de maior impacto, com 60% de
participação do estudo realizado. Segundo os autores, a maior contribuição está relacionada à
matéria-prima devido, principalmente, à produção de alumínio que é utilizado nas
embalagens. Os autores afirmam que a redução de emissões pode ocorrer focalizando os
esforços da empresa na reutilização e minimização de resíduos de matéria-prima. Ainda,
apontam que maiores reduções de emissões de GEE advindas de tal fonte não podem ainda
ser realizadas pela Tetra Pak devido a limitações tecnológicas.
2.4 DIRETRIZES PARA REALIZAÇÃO DE INVENTÁRIO DE EMISSÕES DE GASES
DE EFEITO ESTUFA
Um inventário de emissões de gases de efeito estufa é a contabilização de emissões de
todas as fontes de uma empresa (BRASIL et al., 2008). Os inventários possuem informações
importantes para a tomada de decisão de grandes empresas no apoio à formulação de políticas
em relação às mudanças climáticas (CAMPOS, 2009).
De acordo com pesquisas realizadas e consultas a especialista em inventários de
emissões de GEE, sabe-se que as orientações usualmente aceitas para a realização de
inventários corporativos seguem as orientações do Protocolo GHG e da Norma ISO 14064
(ROCHA, 2008). A utilização de orientações consolidadas é de extrema importância, pois
sustenta a uniformidade dos inventários.
Nos próximos itens são apresentadas as informações mais relevantes sobre o Protocolo
GHG e as normas da família ABNT NBR ISO 14064 (2007).
2.4.1 Protocolo GHG
Como a presente seção trata do detalhamento da Norma conhecida como Protocolo
GHG, utilizou-se como referência as suas Normas Corporativas de Transparência e
29
Contabilização, do Protocolo de Gases de Efeito Estufa (2003), exceto quando outra
referência é mencionada.
As Normas Corporativas de Transparência e Contabilização do Protocolo de Gases de
Efeito Estufa do Greenhouse Gas Protocol Initiative, foram criadas com a missão de
estabelecer padrões internacionalmente aceitos para quantificação e relato das emissões de
GEE. São fornecidas diretrizes para empresas e outros tipos de organizações que desejem
inventariar as suas emissões de GEE.
São compreendidos na Norma, os gases de efeito estufa: dióxido de carbono (CO2),
metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorcarbonos (HFCs), perfluorcarbonos (PFCs) e o
hexafluoreto de enxofre (SF6).
2.4.1.1 Objetivos
O objetivo das normas e diretrizes é auxiliar as empresas a realizarem o inventário de
GEE, de modo a contabilizar justa e verdadeiramente as suas emissões, por meio da utilização
de princípios e abordagens padronizados, simplificando e reduzindo custos de compilação do
inventário com o fornecimento de informações para a construção de uma estratégia eficaz na
gestão da redução de emissões de GEE. Além disso, objetiva fornecer informações para
facilitar a participação em programas de GEE obrigatórios, ou mesmo voluntários, a fim de
aumentar a conformidade e a transparência dos registros dos inventários de GEE entre
empresas e programas de GEE.
2.4.1.2 Princípios
Conforme descrição da Norma, os registros e relatórios do inventário devem estar
baseados nos princípios de relevância, integralidade, consistência, transparência e exatidão. A
relevância refere-se à quantificação apropriada das emissões da organização, servindo para as
necessidades de decisão dos usuários, que podem fazer parte ou não da empresa. A
integralidade refere-se ao registro e comunicação das fontes e atividades que emitem GEE,
sendo necessária a exposição e justificativa de qualquer exclusão que ocorra. A consistência
30
está relacionada à utilização de metodologia consolidada, a fim de possibilitar comparações
de emissões ao longo do tempo. Para que haja consistência no inventário, as alterações
relevantes de dados devem ser documentadas além de estarem bem definidos os limites do
inventário, e explícitos os métodos utilizados e outros fatores que sejam relevantes. A
transparência é relacionada ao tratamento coerente das informações para a realização do
inventário, com base em relatório e auditorias transparentes. Para que haja transparência,
suposições relevantes devem ser documentadas, e os métodos de cálculos e fontes de dados
utilizados referenciados. A exatidão procura assegurar que as estimativas de emissões de GEE
não sejam sistematicamente superestimadas ou subestimadas em relação aos valores reais, por
meio da redução ao mínimo das incertezas.
2.4.1.3 Objetivos de negócios e concepção do inventário
Diversos fatores servem de motivação para a realização de inventário de GEE de uma
organização. Aqueles identificados pela Norma do Protocolo GHG são: identificação de
oportunidades para redução de emissões e gestão de riscos de GEE, que envolve a
identificação de riscos associados às possíveis limitações futuras de emissões de GEE, além
da identificação de oportunidades de redução de emissões de GEE e possíveis oportunidades
de redução de custos; submissão para participação em relatórios públicos através do envio de
relatórios com registros das emissões de GEE e das ações abrangentes ao assunto, ao governo
e ONGs; a participação em programas voluntários ou obrigatórios de GEE, com a
possibilidade de rotulagem ecológica e de certificações referentes à gestão de GEE;
participação em mercados de GEE, pois há a possibilidade de participação em programas de
comercialização de créditos de carbono e o reconhecimento por ações voluntárias antecipadas,
ou seja, obter crédito perante as partes interessadas da empresa por ação antecipada de cunho
ambiental.
31
2.4.1.4 Estabelecimento de limites organizacionais e operacionais
O estabelecimento dos limites organizacionais é importante devido às variações
estruturais pelas quais uma organização possa passar. Ao definir os limites organizacionais a
serem inventariados, está sendo definida a abordagem para a realização da quantificação de
emissões de GEE.
Com a identificação de fontes de emissões associadas com as operações da
organização, devem-se estabelecer os limites operacionais, com a classificação das emissões
em diretas ou indiretas e identificando o escopo de registro e relatório para as emissões
indiretas.
Os limites operacionais podem ser divididos em escopos 1, 2 e 3. A figura 4 apresenta
uma visão geral da relação dos escopos e das fontes de emissões diretas e indiretas das
atividades de uma empresa.
Figura 4 - Visão geral dos escopos e fontes de emissão de GEE (Protocolo GHG apud ROCHA, 2008).

Escopo 1: emissões diretas de GEE
São as originárias de fontes que pertencem ou que são controladas pela empresa. As
emissões diretas de GEE resultam principalmente das seguintes atividades:
- Geração de eletricidade, calor ou vapor, sendo emissões que resultam da combustão
em fontes estacionárias como caldeiras, fornos e turbinas.
32
- Processamento químico ou físico. Resultam da fabricação ou processamento de
produtos químicos e materiais (ex. cimento, alumínio, ácido adípico, amoníaco e
processamento de desperdícios).
- Transporte de materiais, produtos, resíduos e colaboradores. São resultados da
combustão em fontes móveis controladas pela empresa, como veículos pesados,
barcos, aviões, carros.
- Fuga de emissões. São resultados de descargas, intencionais ou não (ex. fugas nas
ligações dos equipamentos, tampas, embalagens, emissões de metano em minas de
carvão, emissão de hidrofluorcarbonos com a utilização de equipamentos de
refrigeração e de ar condicionado, fugas de metano devido ao transporte de um gás).

Escopo 2: emissões indiretas de GEE pelo uso da eletricidade.
As emissões do escopo 2 são de uma categoria especial de emissões indiretas. As
emissões provenientes da aquisição da eletricidade, para algumas empresas,
representam uma das maiores fontes de emissão de GEE e também a oportunidade
potencial para redução de emissões. Assim, o relato da emissão do escopo 2 separado
das demais emissões, também permite às empresas avaliarem os riscos e
oportunidades associadas a alterações nos custos da eletricidade.

Escopo 3: outras emissões indiretas de GEE.
O escopo 3 é opcional, uma vez que as empresas podem se ater apenas aos registros
das atividades que são relevantes para o seu negócio e objetivos.
São exemplos de atividades relacionadas ao escopo 3: atividades relacionadas com
transporte de materiais ou bens comprados; extração e produção de materiais;
combustíveis comprados, viagens de negócios dos funcionários, deslocamento dos
funcionários do e para o trabalho, transporte de produtos vendidos, transporte de
resíduos, atividades relacionadas com eletricidade que não estejam incluídas no
escopo 2 como extração, produção e transporte de combustíveis para consumo na
produção de eletricidade comprada ou produzida pela própria empresa, compra de
eletricidade para revenda ao consumidor final, produção de energia elétrica consumida
em um sistema de T&D (transmissão e distribuição), bens arrendados, atividades de
terceirização de serviços ou mesmo franchises, utilização de produtos e serviços
vendidos, destinação dos resíduos e destinação dos produtos vendidos no final da sua
vida útil.
33
As atividades descritas deverão ser incluídas no escopo 1 se as respectivas fontes de
emissão forem de propriedade ou controladas pela empresa.
O registro duplo é uma preocupação freqüente no levantamento das emissões indiretas,
pois duas empresas diferentes podem incluir as mesmas emissões em seus respectivos
inventários. O registro duplo tem importância, ou não, dependendo da forma com que a
informação comunicada é utilizada. Sob o Protocolo de Quioto, são compilados inventários
nacionais, assim, é preciso evitar o registro duplo, porém, tais inventários são geralmente
elaborados através de uma abordagem de cima pra baixo, utilizando dados da economia do
país ao invés de agregarem dados. Na gestão de risco de GEE e para relatórios voluntários, a
Norma afirma que o registro duplo não é tão importante.
Os limites, ou fronteiras, estabelecidos pelo Protocolo GHG diferem-se do conceito de
fronteiras de sistema de uma avaliação de ciclo de vida (ACV). ABNT ISO 14040 (2001)
afirma que em uma ACV os critérios usados para estabelecimento das fronteiras devem ser
identificados e justificados no escopo do estudo. Coltro (2007) explica que a fronteira do
sistema estabelece limites dentro dos processos que serão avaliados. Ainda, a autora afirma
que as fronteiras precisam ser estabelecidas em diversas dimensões, como: i) fronteiras em
relação aos sistemas naturais - entre sistema técnico e o meio ambiente, ou seja, especificação
no início e do fim do sistema; ii) fronteiras geográficas - delimitação da área do sistema
estudado; iii) fronteiras temporais - perspectiva de tempo de estudo (passado, presente ou
futuro); iv) fronteiras dentro do sistema técnico relacionadas com a produção – definição das
atividades incluídas e excluídas do estudo do ciclo de vida; vi) fronteiras dentro do sistema
técnico relacionadas com o ciclo de vida de outros produtos – quando um processo de
produção gera diversos produtos, a carga ambiental deve ser fracionada entre eles.
2.4.1.5 Monitoramento das emissões
As empresas podem sofrer mudanças estruturais significativas, como aquisições,
separações e fusões. Tais alterações alteram o histórico do perfil das emissões da empresa, o
que pode dificultar comparações importantes ao longo do tempo. Para viabilizar
a comparação ao longo do tempo, possivelmente dados históricos de emissão devem ser
recalculados.
34
A escolha do ano base deve ser feita conforme a situação mais relevante no tempo da
empresa, para o qual se tem dados fidedignos. As empresas podem necessitar fazer o
monitoramento das emissões ao longo do tempo, devido à variedade dos objetivos de
negócios, como o estabelecimento de metas de redução de GEE, participação em relatórios
públicos, gestão dos riscos e oportunidades ou para ir ao encontro das necessidades dos
investidores e de outros grupos de interesse.
As empresas devem selecionar e relatar um ano base, levando em consideração a
disponibilidade de dados de emissões que possam ser comprovados e especificar quais as
razões que levaram à escolha de tal ano. Pode ser escolhida uma média anual de emissões,
sobre vários anos consecutivos.
2.4.1.6 Identificação e cálculo das emissões de GEE
Após estabelecidos os limites do inventário, as empresas podem calcular as emissões
de GEE através dos passos esquematizados na figura 5.
Figura 5 - Passos para identificação e cálculo das emissões de GEE (Protocolo GHG, 2003).
A abordagem comumente utilizada para o cálculo de emissões de GEE é através da
utilização de fatores de emissão documentados. Os fatores relacionam as emissões de GEE
com medidas de atividade numa fonte de emissão. As diretrizes do IPCC são relativas a
35
metodologias e técnicas de cálculo, que vão desde a aplicação de fatores de emissão até a
medição direta.
As medições diretas de emissões de GEE não são comuns nem simples, porém
geralmente as emissões podem ser calculadas através de balanços de massa ou cálculos
estequiométricos.
2.4.1.7 Gestão da qualidade dos inventários
As empresas possuem diferentes motivações para a realização do inventário, desde
identificar oportunidades para melhorias, atender à exigência de grupos de interesse, ou
mesmo se antecipar a futuras legislações.
Recomenda-se a elaboração de um quadro de referência prático, para ajudar as
empresas a projetarem um sistema de gestão de qualidade objetivando futuros
melhoramentos. O quadro deve englobar componentes institucionais, administrativos e
técnicos de um inventário. A figura 6 representa o quadro de referência para o Sistema de
Gestão da Qualidade do Inventário.
Figura 6 - Sistema de Gestão da Qualidade do Inventário (Protocolo GHG, 2003, adaptado).
Os métodos são os aspectos técnicos relacionados à preparação de um inventário. A
concepção do programa de inventário e do sistema de gestão da qualidade deve garantir a
36
seleção, aplicação e atualização das metodologias à medida que novas pesquisas passem a ser
consolidadas e disponibilizadas.
Os dados são informações básicas sobre as atividades, fatores de emissão, processos e
operações. A concepção do programa de inventário da empresa deve facilitar o recolhimento
de dados de alta qualidade e a manutenção e melhoramento de procedimentos para obtenção e
registro dos mesmos.
Os sistemas e processos do inventário são os procedimentos institucionais,
administrativos e técnicos para a preparação do inventário de GEE. Incluem a equipe e os
processos que objetivam a produção de um inventário de alta qualidade.
A documentação é o registro dos métodos, dados, processos, hipóteses e estimativas
usadas na preparação de um inventário.
2.4.1.8 Comunicação das reduções e das emissões de GEE
As reduções nas emissões são calculadas através da comparação das mudanças no
inventário das emissões da empresa ao longo do tempo, em relação ao ano base.
Um relatório de emissões de GEE credível deve apresentar informações completas,
consistentes, precisas e transparentes. Recomenda-se que o relatório de GEE seja baseado nos
melhores dados possíveis, mas evidenciando de forma transparente as suas limitações e
relatando qualquer discrepância identificada em materiais de anos anteriores. Deve incluir as
emissões brutas da empresa.
O relatório deve incluir a descrição do limite da empresa e do inventário e as
informações sobre as emissões.
2.4.1.9 Verificação das emissões de GEE
A verificação é uma avaliação objetiva que permite a análise da conformidade, de
acordo com os princípios de comunicação e de registros, das informações relatadas. O
objetivo principal da verificação das informações é de assegurar que os dados relatados
representem um relatório fiel e transparente das emissões de GEE da empresa. A verificação
37
das emissões fará com que haja credibilidade de informação das emissões, aumentando a
confiança dos grupos de interesse, confiança na gestão, melhorias nas práticas do registro,
além de preparar a empresa para futuras exigências em programas obrigatórios de GEE.
ABNT ISO 14064:3 (2007) define o processo de verificação como um processo
sistemático, independente e documentado para a avaliação da declaração de gases de efeito
estufa em relação a critérios de verificação acordados.
No Brasil, as seguintes insituições realizam a verificação independente de inventários
de emissões de gases de efeito estufa: BSI, Bureau Veritas, ICF International,
Pricewaterhouse Coopers, DNV, Fundação Carlos Alberto Vanzolini e Clear Carbon.
2.4.1.10 Estabelecimentos de metas de GEE
O estabelecimento das metas de redução de GEE assegurará que o assunto continue
recebendo atenção dos gestores. Além disso, minimizará a gestão de riscos dos GEE,
estimulará a inovação e preparará a empresa para legislações futuras, demonstrará liderança e
responsabilidade da empresa e permitirá a participação em programas voluntários.
São passos para o estabelecimento de metas de redução de GEE: compromisso da
parte dos gestores; decisão de qual tipo de meta (absoluta ou relativa); decisão de qual é o
limite da meta (quais GEE serão inclusos, abrangência de emissões diretas e/ou indiretas);
escolha da meta em relação ao ano base; definição da data para atingir a meta; definição da
duração/período da obrigação da meta; decisão acerca do uso de compensação ou créditos de
carbono; decisão acerca do nível da meta e comunicação do progresso.
2.4.2 ISO 14064
Da mesma forma que no item 2.4.1, esta seção trata do detalhamento da norma
brasileira ABNT NBR ISO 14064 (2007), que é dividida em partes 1; 2 e 3.
O objetivo das Normas é de beneficiar organizações, governos, proponentes de
projetos e partes interessadas ao dar clareza e consistência para quantificação, monitoramento,
elaboração de relatórios, validação e verificação de inventários ou projetos de GEE. Além
38
disso, os usuários da ABNT ISO 14064 podem vir a se beneficiar das seguintes aplicações:
gestão de risco corporativo, como identificação e gerenciamento de riscos e oportunidades;
crédito por iniciativas voluntárias, como participação em iniciativas voluntárias de elaboração
de relatórios ou registros de GEE; mercados de GEE, ou seja, compra e venda de créditos de
carbono e, ainda, elaboração de relatórios de organismos reguladores/governos, como créditos
por ações antecipadas, acordos negociados ou programas de elaboração de relatórios
nacionais.
A figura 7 apresenta a relação entre as partes da Norma ABNT NBR ISO 14064.
Figura 7 - Relação entre as partes da ABNT NBR ISO 14064 (ABNT NBR ISO 14064:1, 2007).
A Norma ABNT NBR ISO 14064:1 (2007) trata da especificação e orientação a
organizações para quantificação e elaboração de relatórios de emissões e remoções de gases
de efeito estufa. A parte 2 refere-se à especificação e orientação a projetos para a
quantificação, monitoramento e elaboração de relatórios das reduções de emissões ou da
melhoria das remoções de gases de efeito estufa. Finalmente, a parte 3 trata da especificação e
orientação para validação e verificação de declarações relativas a gases de efeito estufa.
39
Assim, em relação ao inventário corporativo de GEE, a parte 1 da Norma é a
especificação a ser utilizada e será descrita no item 2.4.2.1.
2.4.2.1 ISO 14064:1
A Norma ABNT NBR ISO 14064:1 (2007) trata da especificação e orientação a
organizações para quantificação e elaboração de relatórios de emissões e remoções de gases
de efeito estufa.
Após a explicação dos termos e definições, a Norma apresenta os princípios que
devem orientar o emprego dos requisitos da mesma. São eles: relevância, que se refere à
seleção das fontes, sumidouros e reservatórios de GEE, dados e metodologias apropriadas às
necessidades do usuário; integralidade, que é a inclusão de todas as emissões e remoções
pertinentes de GEE; consistência, para possibilitar as comparações significativas de
informações relacionadas aos GEE; precisão refere-se à redução de assimetrias e incertezas
até onde seja viável; transparência, referente à divulgação de informações suficientes e
apropriadas, que permitam a tomada de decisões com razoável confiança.
Seguindo as orientações de ABNT ISO 14064:1 (2007), a organização pode ter uma
ou mais instalações, assim, orienta que a contabilização das emissões de GEE seja feita por
meio da utilização de dois tipos de abordagens: de controle, onde a organização responde por
todas as emissões e/ou remoções de GEE das instalações sobre as quais tenha controle
operacional ou financeiro; e participação acionária, onde a organização responde pela porção
de emissões e/ou remoções de GEE proporcionalmente à sua participação acionária nas
instalações.
Limites operacionais também devem ser estabelecidos, o que inclui identificar
emissões e remoções de GEE que estão associadas às operações da organização,
caracterizando as emissões em diretas, indiretas por uso de energia e outras emissões
indiretas. A norma ainda indica que deverão ser escolhidas quais emissões indiretas deverão
ser quantificadas e relatadas.
É estabelecido que as emissões e remoções diretas de GEE sejam quantificadas e que
as emissões de CO2 com origem na combustão de biomassa sejam quantificadas
separadamente. As emissões indiretas de GEE pelo uso de energia originado fora dos limites
organizacionais também devem ser quantificadas. Emissões indiretas diferentes das do uso de
40
energia também podem ser quantificadas, cabendo à instituição identificar as necessidades, de
acordo com seu interesse.
As etapas de quantificação e exclusões para quantificação das emissões e remoções de
GEE devem ser a identificação de fontes e sumidouros de GEE; seleção de metodologias de
quantificação; seleção e coleta de dados de atividade de GEE; seleção ou desenvolvimento de
fatores de emissão ou remoção de GEE; cálculo de emissões e remoções de GEE. Ainda, a
organização pode, segundo a norma, excluir a quantificação cuja contribuição para as
emissões e remoções não sejam materiais ou cuja quantificação não seja técnica ou
economicamente viável.
É importante apontar que a norma indica que as metodologias são, em muitos casos,
prescritas por programas de GEE, cabendo à organização selecionar e usar as metodologias
que gerem menos resultados imprecisos. Os cálculos podem ser baseados em dados de
atividade de GEE que são multiplicados pelos fatores de emissão ou remoção de GEE,
também podem ser empregados modelos além de correlações específicas das instalações,
abordagem de balanço de massa, medições contínuas ou intermitentes e, ainda, combinação
de medição e cálculo.
Além de quantificar as emissões e remoções de GEE, o inventário deve relatar as
atividades organizacionais para reduzir as emissões de GEE e aumentar as remoções. Além
disso, a empresa deve selecionar o ano-base histórico para a quantificação, com o propósito
de fazer comparações ou para atender a determinações do programa de GEE ou outros fins
pretendidos do inventário de GEE.
A empresa deve manter um gerenciamento da qualidade do inventário de GEE, que
consiste no gerenciamento de informações de GEE e na retenção de documentos e
manutenção de registros. Para a elaboração do relatório de GEE, que visa facilitar a
verificação do inventário ou a participação da organização em um programa de GEE, a
empresa deve realizar o planejamento do relatório de GEE, considerando alguns documentos
especificados na norma, e, da mesma forma, considerar o conteúdo do relatório, de acordo
com as especificações também descritas na ABNT ISO 14064:1 (2007).
A organização também pode utilizar a verificação, que deve analisar criticamente e de
forma imparcial e objetiva o relatório de emissões e remoções de GEE, utilizando das
determinações da ABNT ISO 14064:3.
41
2.5
FATORES DE EMISSÃO
Os fatores de emissão são números que expressam o quão intensiva é uma atividade
em termos de emissão de GEE e são utilizados para os cálculos das emissões de GEE, por
meio da multiplicação do fator de emissão por um dado de atividade (Brasil et al., 2008).
IPCC (1996a) define fator de emissão como um coeficiente que relaciona os dados de uma
atividade com a quantidade de composição química. Ainda, afirma que os fatores de emissão
usualmente são baseados em uma amostra de dados de medição ou média de uma taxa de
emissões para um determinado nível de atividade de um conjunto de operações.
O IPCC disponibiliza em uma página eletrônica fatores de emissão ou parâmetros para
suporte de documentos e referências técnicas a serem utilizados nas estimativas de emissão de
GEE (IPCC, 2010). Já o Protocolo GHG apresenta fatores de emissão para utilização em
inventários corporativos, sendo os fatores provenientes de estudos de outras instituições,
como DEFRA (Department for Environment, Food and Rural Affairs) e AEA Energy and
Environment e o Department for Transport, ambos sediados na Inglaterra, além da americana
EPA (Environmental Protection Agency).
Esta seção apresentará o referencial teórico dos fatores de emissões disponíveis e
usualmente utilizados para realização dos inventários e o item 3.4. exibirá os fatores
efetivamente utilizados na realização do inventário de emissões de GEE da empresa em
estudo.
2.5.1 Consumo de combustível
O dióxido de carbono e outros gases a serem inventariados são produzidos quando há
a queima de combustíveis (IPCC, 1996b). Esses se distinguem entre primários, que
correspondem à maneira em que são encontrados na natureza (carvão, petróleo bruto, gás
natural) e combustíveis secundários, derivados dos primários, como gasolina e lubrificantes.
Conforme IPCC (1996b) há abordagens de trabalho que podem ser adotadas em um
inventário de emissões de gases de efeito estufa, sendo uma delas por meio de uma
abordagem descendente, em que são considerados os dados de produção e consumo de
energia. Nessa abordagem, aqui adotada, não é necessário o conhecimento de como o
42
combustível foi utilizado ou se sofreu alterações intermediárias. A outra abordagem é do tipo
ascendente, sendo necessários o conhecimento dos tipos de equipamentos utilizados e os seus
rendimentos.
O IPCC (1996c) explica que as emissões de CO2 de atividades de energia podem ser
estimadas a partir de dados de fornecimento de energia, com algumas adaptações, como para
o carbono não-oxidado. Já para o inventário nacional de outros GEE, são necessárias
informações mais detalhadas, como condições de combustão, tecnologia e características dos
combustíveis. Ainda, IPCC (1996c) explica que os métodos para estimar as emissões de gases
são divididos em níveis, abrangendo diferentes atividades e detalhes da tecnologia, sendo o
método nível 1 o mais simples, pois requer menos dados e conhecimentos que o método mais
complicado, de nível 3.
Ressalta-se que as metodologias disponibilizadas pelo IPCC são direcionadas para a
realização de inventários de emissões de países. No entanto, os fatores de emissão usualmente
utilizados para a elaboração de inventários corporativos também podem ser definidos
seguindo essa mesma metodologia.
IPCC (1996c) afirma que os fatores de emissão usualmente são expressos pela massa
do poluente por unidade de energia da atividade, como exemplo kg N2O.TJ-1. Ainda, aponta
que a medida de atividade comumente utilizada para emissões relacionadas à energia é a
quantidade de combustível queimado ou, para o caso de emissões fugitivas1, de combustível
produzido e distribuído. Em alguns casos, o autor afirma que outras medidas de atividade são
utilizadas, principalmente no cálculo de emissões do setor de transporte.
A obtenção das emissões de GEE aplicando-se a metodologia de referência do IPCC
para estimativa de emissão de CO2 por consumo de combustível está baseada no cumprimento
de seis passos, sendo eles: (1) Estimativa do consumo de combustíveis, por tipo de
combustíveis; (2) Conversão dos dados de combustível em unidade comum de energia
(Terajoule – TJ), se necessário; (3) Seleção de fatores de emissão de carbono para cada tipo
de combustível e estimativa do conteúdo de carbono total dos combustíveis; (4) Estimativa da
quantidade de carbono armazenado nos produtos por longos períodos de tempo; (5) Cálculo
do carbono não oxidado durante a combustão; (6) Conversão das emissões de carbono em
peso molecular de CO2. O IPCC orienta cada passo, apresentando as fórmulas e parâmetros
1
Podem surgir a partir da produção, processamento, transporte, armazenamento e utilização de combustíveis.
Também incluem as emissões provenientes da combustão apenas quando não é para suporte de uma atividade
produtiva (IPCC, 1996c).
43
que podem ser utilizados quando não se tem informações mais precisas como as do próprio
país que está inventariando as emissões.
Brasil (2006a) apresenta um relatório de referência de emissões de dióxido de carbono
por queima de combustíveis, referente ao inventário nacional brasileiro, cobrindo o período de
1990 a 1994. O relatório utiliza a metodologia com a abordagem de referência do IPCC
(1996) e apresenta a lista de compatibilização de combustíveis do sistema energético
brasileiro e dos apresentados pelo IPCC, além de explicar os passos seguidos da metodologia
para chegar ao valor final do inventário.
A conversão do consumo de cada combustível na sua unidade original para uma
unidade comum de energia, no caso o terajoule (TJ) que é a adotada pelo IPCC, é efetuada
multiplicando-se o consumo aparente do combustível pelo poder calorífico inferior (PCI). É
necessário utilizar o PCI, pois, conforme explica Brasil (2006a), os fatores de emissão de
carbono, em quantidade de carbono por unidade de energia, recomendados pelo IPCC, são
definidos com base na energia realmente aproveitável de cada combustível.
O Balanço Energético Nacional (BEN) utiliza toneladas equivalentes de petróleo (tep)
para expressar as quantidades de combustíveis. Tal unidade representa a energia contida em
uma tonelada de petróleo consumido, sendo a média 10.000 kgcal.kg-1 ou 41,868 x 10-3 TJ,
apresentando os fatores de conversão de unidades com base no poder calorífico inferior
(BEN, 2008). No inventário nacional já publicado, que compreende o período de 1990 a 1994,
o tep apresentado equivalia a 10.800 Mcal ou a 45,217 x 10-3 TJ (BRASIL, 2006a). Assim foi
necessário utilizar um fator de correção para a unidade do tep com base no poder calorífico
superior (PCS), conforme apresenta o BEN, para TJ com base no PCI (BRASIL, 2006a). O
IPCC (1996b) recomenda o uso do fator de correção para conversão de PCS em PCI de 0,95
para combustíveis sólidos e líquidos e 0,90 para combustíveis gasosos. Brasil (2006a) afirma
que tal conversão é um procedimento aproximado, dado que a relação entre poder calorífico
inferior e superior de um combustível é fortemente dependente do seu conteúdo de água e
hidrogênio.
Os fatores de emissão de carbono representam a quantidade de carbono contida no
combustível por unidade de energia. Brasil (2006a) utilizou no inventário nacional, com
algumas exceções, os fatores disponibilizados pelo IPCC.
IPCC (1996c) afirma que os fatores de emissão podem variar consideravelmente,
explicando que para o gás natural o fator de emissão de carbono depende da composição do
gás que, em seu estado de uso, é praticamente metano, podendo incluir pequenas quantidades
de etano, propano, butano e outros hidrocarbonetos mais pesados. O autor aponta que o
44
conteúdo de carbono por unidade de energia normalmente é menor para produtos refinados
leves, como a gasolina, do que os produtos mais pesados, como o óleo cru. Para o carvão, a
emissão de carbono por tonelada depende da composição de carbono, hidrogênio, enxofre,
oxigênio, nitrogênio e partículas presentes no carvão. Ainda, IPCC (1996c) apresenta os
fatores de emissão de carbono, em tC.TJ-1, de alguns estudos. Marland and Rotty (1984) apud
IPCC (1996c) utilizaram amostras de composição do gás natural de 19 países e calcularam a
média da composição do gás, separando-o em metano, etano, propano, dióxido de carbono,
outros hidrocarbonetos e outros gases. A composição do gás determinava tanto o poder
calorífico do gás quando o teor de carbono. O fator de emissão de carbono do gás, em tC.TJ-1,
utilizando o poder calorífico superior, foi expresso de acordo com a equação 1:
Cg = 13.708 + (0.0828 x 10-3) x (Hv – 37.234)
(1)
Onde:
Cg = Fator de emissão de carbono do gás natural [tC.TJ-1];
Hv = Poder calorífico do gás (poder calorífico superior) [kJ.m-3].
Os coeficientes da equação foram estimados utilizando análise de regressão, baseados
nos dados dos 19 países.
O teor de carbono do petróleo foi assumido como uma função da gravidade API2.
Usando uma estimativa média mundial de 32,5º ± 2º, encontrou-se a concentração de 85 ± 1%
de carbono. Convertendo para unidades de carbono por terajoule, chegou-se a uma estimativa
de 21 tC.TJ-1 com base no poder calorífico inferior. O fator de emissão do carbono do carvão
foi estimado em 25,5 tC.TJ-1 (MARLAND; ROTTY, 1984 apud IPCC, 1996).
Grubb (1989) apud IPCC (1996c) fornece os fatores de carbono para o metano, etano,
propano e butano usando dados de Marland e Rotty (1984), estimando um fator de emissão
média do gás natural de 15,4 tC.TJ-1 ± 1%.
O fator de emissão para o carvão, exceto antracito, foi definido pelos autores conforme
a equação 2.
2
Gravidade API é a unidade desenvolvida pelo American Petroleum Institute, para classificação de petróleos
com base na densidade relativa (densidade de um líquido em relação à água) a 15,6ºC ou 50º F. A fórmula é:
Grau API = (141,5/densidade relativa) – 131,5. Petróleos mais leves têm graus API mais elevados. O petróleo
leve é definido pelos graus maiores que 31,1º; o petróleo médio tem o grau entre 22,3º e 31,1º e o pesado tem
grau menor que 22,3º.
45
Cc = 32,15 – (0,234 x Hv)
(2)
Onde:
Cc = Fator de emissão de carbono do carvão [tC.TJ-1];
Hv = poder calorífico superior do carvão quando o valor calorífico está entre 31 a 37
TJ.kt-1 com base na matéria mineral seca. O antracito não se enquadra nesta faixa, sendo
utilizado o valor de 26,9 tC.TJ-1.
O IPCC (1996c) apresenta em suas referências a tabela de fatores de emissão de
carbono por combustível, de diferentes estudos. A tabela 1 apresenta os dados.
Tabela 1 – Fator de emissão de carbono de combustíveis (IPCC, 1996c).
Gás natural
combustível
Óleo
Óleo diesel
Querosene
Gasolina
Petróleo bruto
Turfa
betuminoso
Linhita
Betuminoso
Carvão sub-
Carvão
Estudo
Antracito
Fator de emissão por combustível (tC.TJ-1)
Marland & Rotty (1984)
25,5
21,0
Marland & Pippin (1990)
25,4
21,0
19,4
19,4
19,9
21,1
15,3
20,0
18,9
19,5
20,0
21,1
15,3
Grubb (1989)
OECD (1991)
26,8
25,8
25,8
27,6
28,9
20,0
15,2
15,3
*Valores originalmente baseados no poder calorífico superior, sendo convertidos para poder calorífico inferior,
assumindo uma diferença de 5% do poder calorífico do carvão e petróleo e 10% para o gás natural. Os ajustes
percentuais são pressupostos da IEA (Internacional Energy Agency) sobre como converter poder calorífico
superior em inferior.
Além de apresentar os resultados dos estudos, IPCC (1996b) apresenta fatores padrão
de emissão, a serem utilizados em cálculos de inventários de emissões nacionais, quando não
há informações mais precisas, do próprio país. A tabela 2 apresenta os valores padrão
utilizados por Brasil (2006a) e os do IPCC de acordo com as metodologias de 1996 e de 2006.
46
Tabela 2 - Fatores de emissão de carbono em tC.TJ-1 (BRASIL, 2006a; IPCC, 1996; IPCC 2006).
Fósseis líquidos
Combustível
Petróleo
Líquidos de gás
Gasolina
Querosene de aviação
Querosene iluminante
Óleo diesel
Óleo combustível
GLP
Nafta
Asfalto
Lubrificantes
Coque de petróleo
Gás de refinaria
Outros produtos secundários de
petróleo
Fósseis sólidos
Fósseis gasosos
Outras primárias
Biomassa sólida
Biomassa líquida
Biomassa gasosa
Outros produtos não energéticos de
petróleo
Carvão metalúrgico
Carvão vapor
Alcatrão
Coque
Gás natural (seco)
Outras primárias fósseis
Lenha queima direta
Lenha carvoejamento
Bagaço de cana
Resíduos vegetais
Carvão vegetal
Caldo de cana
Melaço
Álcool anidro
Álcool hidratado
Lixívia
BRASIL
20
17,2
18,9
19,5
19,6
20,2
21,1
17,2
20
22
20
27,5
18,2
IPCC (1996)
20
17,2
18,9
19,5
19,6
20,2
21,1
17,2
20
22
20
27,5
IPCC (2006)
20
17,5
18,9
19,1
19,5
20,2
21,1
17,2
20
22
20
26,6
15,7
20
20
20
20
25,8
25,8
25,8
29,5
15,3
20
29,9
29,9
29,9
29,9
29,9
20
20
14,81
14,81
20
30,6
25,8
25,8
25,8
29,5
15,3
28,9
29,9
29,9
29,9
29,9
29,9
20
20
14,81
14,81
20
30,6
25,8
25,8
26,2
29,2
15,3
28,9
30,5
30,5
27,3
27,3
26,00
21,7
21,7
19,3
19,3
21,7
14,9
A determinação do carbono estocado é feita considerando que nem todo combustível
do país destina-se ao setor energético, e assumindo que parte dele é utilizado como matériaprima na manufatura de produtos não energéticos, passando o carbono a ser fixado, como em
plásticos e asfaltos, e, portanto, tal carbono deve ser subtraído do consumo de combustíveis
(BRASIL, 2006a). Para o cálculo do carbono estocado, ou fixado, é necessária a determinação
das quantidades de combustíveis destinadas ao setor não energético e das frações dessas
quantidades que realmente mantêm-se fixadas aos bens produzidos, sendo tal parâmetro
denominado como fração de carbono estocado (BRASIL, 2006a). Os combustíveis que
47
apresentam consumo não energético são apontados por Brasil (2006a) como gás natural,
nafta, querosene iluminante, álcool anidro e hidratado, gás de refinaria, asfalto, lubrificantes,
alcatrão e outros produtos não energéticos do petróleo e do alcatrão. Brasil (2006a) ainda
informa que nos cálculos do inventário nacional foram utilizadas as frações determinadas pela
metodologia do IPCC de 1996 e, como não constam instruções ou fração padrão para o
querosene iluminante, álcool anidro e hidratado e de outros produtos não energéticos de
petróleo, foi utilizado o valor 1, que assume que a quantidade de combustível é estocada na
sua totalidade. As frações de carbono estocadas são apresentadas na tabela 3.
Tabela 3 – Fração de carbono estocada (BRASIL, 2006a).
Combustível
Fração de carbono estocada
Alcatrão
0,75
Álcool anidro
1
Álcool hidratado
1
Asfalto
1
Gás de refinaria
1
Gás natural seco
0,33
Lubrificantes
0,50
Nafta
0,80
Outros produtos não energéticos de petróleo
1
Outro querosene
1
A correção dos valores para considerar a combustão incompleta é necessária, pois na
prática a combustão não ocorre de forma completa, deixando uma quantidade de carbono nãooxidada contida nas cinzas e outros subprodutos (BRASIL, 2006a). Assim, o IPCC
recomenda que esse fato seja levado em conta no cálculo de emissões reais, pela
multiplicação do carbono disponível para a emissão pela fração de carbono oxidada na
combustão, sendo os valores de 0,98 para carvões, 0,99 para o petróleo e seus derivados e
0,995 para o gás natural, todos recomendados pelo IPCC. No entanto, outros valores também
foram utilizados no inventário nacional, estabelecidos pela equipe executora do trabalho, e
apresentados na tabela 4.
48
Fósseis líquidos
Tabela 4 – Fraçã o de carbono oxidado (BRASIL, 2006a).
Combustível
Fração de carbono oxidado
Petróleo
0,99
Líquidos de gás
0,99
Gasolina
0,99
Querosene de aviação
0,99
Querosene iluminante
0,99
Óleo diesel
0,99
Óleo combustível
0,99
GLP
0,99
Nafta
0,99
Asfalto
0,99
Lubrificantes
0,99
Coque de petróleo
0,99
Gás de refinaria
0,995
Outros produtos secundários de petróleo
Outros produtos não energéticos de petróleo
Carvão metalúrgico
Fósseis sólidos
Carvão vapor
Alcatrão
Coque
Fósseis gasosos
Gás natural (seco)
Outras fontes primárias Outras fontes primárias fósseis
Lenha queima direta
Biomassa sólida
Lenha carvoejamento
Bagaço de cana
Resíduos vegetais
Carvão vegetal
Caldo de cana
Biomassa líquida
Melaço
Álcool anidro
Álcool hidratado
Lixívia
Biomassa gasosa
0,99
0,99
0,98
0,98
0,98
0,98
0,995
0,98
0,87
0,891
0,88
0,88
0,88
0,99
0,99
0,99
0,99
0,99
0,99
Ao final dos cálculos, a conversão do carbono oxidado em dióxido de carbono se dá
pela multiplicação da razão do peso molecular entre CO2 e C, ou seja, 44/12 (IPCC, 1996c).
2.5.1.1 Consumo de combustíveis por fontes móveis
Para estimativas de fontes móveis de energia, há fatores disponibilizados pelo
Protocolo GHG e que são provenientes de estudos realizados por outras instituições, sendo
49
DEFRA (Department for Environment, Food and Rural Affairs), do Reino Unido, o mais
citado. Por sua vez, pesquisando as fontes de estudos para a estimativa dos fatores de emissão
dessa instituição, identificaram-se referências a outros departamentos, como, para o caso de
emissão de transporte de veículos, o AEA Energy and Environment e o Department for
Transport, todos sediados na Inglaterra.
O estudo geral do DEFRA que apresenta a metodologia para os fatores de emissão do
transporte (DEFRA, 2008) aponta que as emissões indiretas, como a da manufatura, produção
e distribuição dos combustíveis, não são contempladas nos estudos. No entanto, afirma que há
intenção de incluí-las nas próximas publicações. Ainda, o documento indica mudanças nas
considerações realizadas de um ano para outro, evidenciando, assim, que os valores e métodos
estão em constante revisão.
 Vôos de passageiros
Defra (2008) afirma que os fatores de emissão da aviação foram calculados utilizando
a metodologia da EMEP/CORINAIR Atmospheric Emissions Inventory Guidebook, de 2006.
O relatório apresenta uma tabela resumo com as principais hipóteses adotadas que
influenciam nos cálculos dos fatores de emissão de viagens aéreas. Tais informações são
apresentadas na tabela 5.
Uma variedade de aeronaves foi utilizada para cálculos dos fatores de emissão para
vôos domésticos, de curta e longa distância. A estimativa de vôo de longa distância é baseada
em uma distância média de deslocamento de vôo de 6.482 km; enquanto que para os vôos de
curtos essa distância é de 1108 km, e 463 km para vôos domésticos. No entanto, Defra
(2008b) informa que os vôos domésticos seriam entre aeroportos do Reino Unido, os de curta
distância seriam referentes a vôos na Europa, com até 3.700 km e os de longa distância
referentes a destinos fora da Europa, ou seja, com mais de 3.700 km. A média da capacidade
de assentos, os fatores de ocupação e a proporção de passageiros x km, que é a distância
percorrida multiplicada pelo número de passageiros transportados, por diferentes tipos de
aeronaves foram obtidos dos dados estatísticos da Civil Aviation Authority (CAA) do Reino
Unido, com base nas informações de 2006 (DEFRA, 2008). O relatório nota que a carga
transportada em serviços de passageiros também foi levada em consideração e que tal
informação influencia significativamente nos fatores de emissão de longo curso. Ainda, o
50
relatório indica que é aplicada uma taxa de 10% para corrigir a subestimação das emissões do
real consumo de combustíveis, em atenção ao que recomenda a metodologia da CORINAIR
(DEFRA, 2008).
Tabela 5 – Valores adotados nos cálculos de fatores de emissão de vôos de passageiros (DEFRA, 2008).
Média de número
Média do fator
Proporção de
de assentos
de ocupação
passageiros x km
Boeing 737- 400
143
59%
22%
Boeing 737-700
151
75%
11%
Airbus A319/320
157
75%
44%
BAE Jestream 41
30
45%
4%
BAE 146
102
51%
7%
Dash 8 Q400
78
49%
12%
135
65%
100%
Boeing 737- 400
143
76%
13%
Boeing 737- 800
188
83%
12%
Airbus A319/320
157
79%
44%
Boeing 757
228
86%
30%
181
81%
100%
Boeing 747- 400
349
78%
47%
Boeing 767
254
81%
17%
Boeing 777
235
75%
18%
Airbus A330
330
84%
7%
Airbus A340
290
71%
10%
304
78%
100%
Vôos domésticos
TOTAL
Vôos de curta distância
TOTAL
Vôos de longa distância
TOTAL
Defra (2008) apresenta algumas considerações em relação à carga transportada nas
viagens aéreas. As cargas, incluindo mercadorias do correio, são transportadas por dois tipos
de aeronaves – aviões de carga que somente transportam mercadorias e aviões de passageiros
que transportam, além dos passageiros e as suas bagagens, outras mercadorias. Ainda, o
documento informa que os dados da CAA mostram que quase todas as mercadorias
transportadas por aviões de passageiros são feitas em vôos de longo curso, e que tal transporte
chega a ser cinco vezes maior do que a quantidade de carga transportada em vôos específicos
para transporte de cargas. A importância do transporte das cargas cria um fator complicador
51
nos cálculos de fatores de emissão, pois, conforme informa o autor, os cálculos não devem
assumir que toda a emissão de CO2 seja atribuída aos passageiros, havendo assim a
necessidade de um método para dividir a responsabilidade da emissão de CO2 entre
passageiros e mercadorias transportadas.
Dados da CAA fornecem uma divisão de tonelada transportada x km para vôos de
transporte de carga e vôos de passageiros (ressaltando que esse refere-se à vôos de
passageiros e de cargas), sendo possível a utilização de tais dados como base para uma
metodologia de atribuição de responsabilidades de emissão (DEFRA, 2008). O documento
aponta que há basicamente três opções:
1) Sem ponderação de transporte: assumindo que todo o CO2 é atribuído aos
passageiros;
2) Ponderação do transporte – Opção 1: Utiliza diretamente os dados da CAA de
tonelada x km (tkm) dividido entre passageiros e mercadorias. No entanto, neste
caso, os fatores de emissão obtidos para o transporte de cargas em vôos de
passageiros seria muito superior do fator de transporte em vôos de carga, somente.
3) Ponderação do transporte – Opção 2: Utiliza os dados da CAA de tkm para tratar
de mercadorias em vôos de passageiros de forma mais equivalente ao transporte
em serviços de carga. Leva em consideração nos cálculos o peso adicional de
equipamentos específicos utilizados em vôos para transporte de passageiro, como
cadeiras, cozinhas, entre outros.
Tabela 6 – Fatores de emissão de CO2 para alternativas de ponderações de transporte em vôos de passageiros
(DEFRA, 2008).
Tipo vôo
Sem ponderação
Opção 1: direta
Opção 2: equivalente
Passageiro
gCO2.pkm-1
tkm (% total)
Passageiro
gCO2.pkm-1
tkm (% total)
Passageiro
gCO2.pkm-1
tkm (% total)
Domésticos
100,0%
175,9
99,7%
175,3
99,7%
175,3
Curta
100,0%
98,9
99,4%
98,3
99,4%
98,3
100,0%
125,5
71,2%
89,3
88,1%
110,6
distância
Longa
distância
A configuração do Boeing 747 de carga é responsável pela maioria dos serviços de
transporte de longa distância, com mais de 90% de todas as tkm dos transportes de serviços de
carga. A aeronave tem capacidade de carga, quando configurada para transporte específico de
mercadorias, de 125 toneladas e, quando preparada para vôos de passageiros, de 20 toneladas
52
(DEFRA, 2008). O relatório afirma que se pode supor que a diferença entre os valores
representa a capacidade de tonelada por transporte de passageiro. As 105 toneladas incluirão o
peso dos passageiros e das bagagens (100 kg por passageiro), mais o peso adicional do
assento, da cozinha e os ajustes de estruturas necessárias para as operações de transporte de
passageiros. Para uma capacidade de assento média de 350 passageiros, o peso médio por
passageiro é de cerca de 300 kg. Trata-se, portanto, de cerca de 3 vezes o peso do passageiro e
sua bagagem sozinhos. Na opção 2 da metodologia, o fator 3 é utilizado nos dados da CAA de
toneladas x km, aumentando a porcentagem total tkm dos passsageiros, conforme consta na
tabela 6. O documento indica a opção 2 como metodologia mais adequada para o cálculo dos
fatores de emissão de vôos.
Defra (2008) afirma que os fatores de emissão são desenvolvidos com base na queima
de combustíveis por aeronaves típicas, em distâncias de viagens constantes no guia de
inventário de emissões do EMEP/CORINAIR. Tal informação é combinada com dados de
2006 da CAA sobre a capacidade média da aeronave, dos fatores de carga e de passageiros
por ano, além de distâncias percorridas pela aeronave. No entanto, é sugerido um aumento
entre 10 e 12% para considerar as variações de consumo de combustível da subida, do
cruzeiro e descida da aeronave, sendo os fatores de correção advindos da abordagem da
CORINAIR. A utilização do fator assegura a coerência com as emissões da aviação do Reino
Unidos, apresentadas à UNFCCC, que abrangem vôos nacionais e internacionais. Ainda, um
aumento de 9% deve ser considerado, também por recomendação da CORINAIR, para levar
em conta o congestionamento e os deslocamentos necessários nos períodos de tráfego intenso,
fator denominado Great Circle Distances (GCD). Este fator de correção não está incluído nos
fatores de emissão apresentados e, portanto, deve ser aplicado nos cálculos de emissões
(DEFRA, 2008).
Defra (2008) apresenta os fatores de emissão médios estimados de 2007 e os revisados
em 2008. Está incluso o aumento de 10% para correção de possível subestimação das
emissões pela metodologia CORINAIR, mas não inclui o aumento dos 9% do GCD. A tabela
7 apresenta os fatores médios.
Tabela 7 – Fatores de emissão médios para vôos de passageiros, de 2007 e revisado de 2008 (DEFRA, 2008).
Fatores previstos em 2007
Fatores revisados em 2008
Tipo vôo
Fator carga %
gCO2.pkm-1
Fator de carga %
gCO2.pkm-1
Domésticos
65,0%
158,0
66,3%
175,3
Curta distância
65,0%
130,4
81,2%
98,3
Longa distância
79,7%
105,6
78,1%
110,6
53
Ainda, Defra (2008) apresenta os fatores de emissão de acordo com a distribuição dos
assentos nas classes de vôos. Os fatores são influenciados não somente pelo desempenho
técnico da frota de aeronaves, mas também pela ocupação no avião sendo fornecidas
diferentes configurações no número total de assentos disponíveis, mesmo em aeronaves
semelhantes mas de diferentes companhias. Lugares dispostos em áreas de serviços
diferenciados, como primeira classe e classe executiva, ocupam um espaço muito maior na
aeronave do que a classe econômica e, portanto, reduzem o número total de passageiros que
podem ser transportados. De acordo com Defra (2008), como não há o estabelecimento
representativo de fatores de dimensionamento adequados, foi feita uma pesquisa das
configurações de assentos com aeronaves selecionadas dos Boeings e Airbus. Vinte e quatro
variantes dessas aeronaves foram consideradas, incluindo as famílias dos Boeings 737, 747,
757, 767 e 777 e dos Airbus A319/320, A330 e A340. Conforme o relatório de Defra (2008),
essas aeronaves representam as principais aeronaves de curto, médio e de longo curso. As
diferentes classes de assentos foram avaliadas com base no espaço ocupado em relação a um
assento na classe econômica, para cada uma das linhas aéreas e para cada configuração das
aeronaves. Tal avaliação foi utilizada para formar uma base para a classe de assentos,
apresentadas na tabela 8.
Defra (2008) explica que para vôos de longa distância o espaço relativo ocupado por
bancos em áreas com serviços diferenciados pode variar significativamente entre companhias
aéreas e tipos de aeronaves. A variação ocorre em forma mais extrema nos assentos de
primeira classe, que chega a representar de 3 a 6 vezes o espaço ocupado na classe
econômica.
Tabela 8 – Fatores de emissão para classe dos assentos para vôos de passageiros (DEFRA, 2008).
Tipo do vôo Classe
gCO2.pkm-1
n. assentos
% média
% total de
classe
gCO2.pkm-1
assentos
econômica
Doméstico
Médio
175,3
1,00
100%
100%
Curta
Médio
98,3
1,05
110%
100%
distância
Econômica
93,7
1,00
95%
90%
Primeira/executiva
140,5
1,50
143%
10%
Longa
Médio
110,6
1,37
100%
100%
distância
Econômica
80,7
1,00
73%
80%
Econômica +
129,1
1,60
117%
5%
Executiva
234,0
2,90
212%
10%
Primeira
322,8
4,00
292%
5%
54
A Federal Aviation Administration (FAA) e o Office of Environment and Energy (AEE),
dos Estados Unidos, desenvolveram um sistema denominado SAGE que modela a queima de
combustíveis das aeronaves e as emissões de todos os vôos civis de um determinado ano,
avaliando as emissões globais da aviação (Kim et al., 2005). De acordo com os dados do
inventário dos anos de 2000 a 2004, utilizando o modelo, o índice de emissão de CO2 é de
3.155 g.kg-1 de combustível queimado. Para as emissões de CH4 e N2O, a EPA (2008)
apresenta os valores de 0,100 g N2O.(kg combustível) -1 e 0,087 g CH4.(kg combustível)
-1
para queima de querosene de aviação e valores de 0,040 g N2O.(kg combustível) -1 e 2,640 g
CH4.(kg combustível) -1 para queima de gasolina de aviação.
 Viagens aéreas de transporte de carga
Após explicar o desenvolvimento dos fatores de emissão para vôos de passageiros,
Defra (2008) apresenta os fatores de emissão revisados em relação aos fatores de 2005,
referentes ao transporte aéreo de cargas. O relatório observa que, em coerência com a
metodologia para aeronaves de passageiros, um fator de correção com aumento de 10%
também é aplicado à base existente.
Tabela 9 – Fatores médio de emissão para transporte aéreo de carga, de 2005 e 2008 (DEFRA, 2008).
Modo
Fatores
de
2005
Fatores revisados em 2008
[kgCO2.tkm-1]
Doméstico
Curta distância
Longa distância
1,58
0,57
Fator de carga %
kgCO2.tkm-1
56,4%
1,85
59,2%
1,32
65,4%
0,60
Defra (2008) afirma que os novos valores foram calculados com base na mesma
metodologia de vôos de passageiros, utilizando o consumo e emissão de aeronaves específicas
do guia de inventário de emissões atmosféricas da EMEP/CORINAIR, de 2006. Um resumo
das aeronaves selecionadas e os principais fatores que influenciam nos cálculos são
apresentados na tabela 10.
O relatório informa que as principais mudanças que ocorreram na metodologia de
cálculo, nos dados e nas hipóteses adotadas foram: a) a produção de um fator independente
para vôos domésticos; b) consideração de variedade mais ampla de aeronaves para cálculos
55
dos fatores de emissão dos vôos domésticos, de curta e longa distância; c) capacidade média
de carga; fator de carga/ocupação e as proporções de tkm por diferentes tipos de aeronaves
foram calculadas com dados da CAA do Reino Unido, com estatísticas registradas das
companhias aéreas para o ano de 2006; d) um aumento de 10% para corrigir uma possível
subestimativa das emissões pela metodologia CORINAIR em relação ao consumo de
combustíveis e reais emissões.
Tabela 10 – Valores assumidos nos cálculos de fatores de emissão de vôos de transporte de carga (DEFRA,
2008).
Média da
Média do fator
Proporção de
capacidade de
de ocupação
passageiros km
carga, em toneladas
Vôos domésticos
Boeing 737- 300
16,0
59%
59,9%
Boeing 757-200
27,5
59%
11,7%
BAE ATP
6,0
51%
2,2%
Lockheed L188
12,0
51%
9,3%
BAE 748
6,0
47%
2,5%
BAE 146-200/QT
10,0
51%
14,4%
15,6
56%
100,0%
Boeing 737- 300
16,0
59%
0,5%
Boeing 757- 200
27,6
60%
83,7%
BAE ATP
6,0
47%
2,3%
Lockheed L188
12,0
52%
8,7%
Boeing 747-200F
114,2
66%
4,8%
29,9
59%
100,0%
Boeing 747- 400F
125,0
65%
60,1%
Boeing 747 - 200F
114,2
66%
18,7%
Boeing 757-200
25,8
65%
21,3%
101,9
65%
100,0%
TOTAL
Vôos de curta distância
TOTAL
Vôos de longa distância
TOTAL
O documento de Defra (2008) apresenta uma descrição de considerações que foram
feitas para calcular primeiramente os fatores de emissão referentes ao transporte de carga em
vôos de passageiros e, posteriormente, apresenta as considerações para os fatores de emissão
de transporte de cargas em vôos específicos de transporte de mercadorias.
56
De acordo com Defra (2008), os dados da CAA fornecem uma análise similar do
transporte de carga em vôos de passageiros, para vôos de serviço de transporte de carga. A
mesma discussão a respeito das estatísticas de tonelada x km por dados de passageiros e de
mercadorias é mantida para calcular os fatores de emissão de transporte de carga em serviços
de passageiros, a tabela 11 apresenta as opções de ponderação de carga, evidenciando a
diferença nos vôos de longa distância.
Tabela 11 – Fatores de emissão de CO2 de transporte aéreo para opções de atribuição de carga em vôos de
passageiros (DEFRA, 2008).
Modo
% total de transporte de
Opção 1: direta
Opção 2: equivalente
carga - tkm
serviço de
passageiro
serviço
de carga
(SP)
transporte de
carga em SP, %
geral
-1
kgCO2.tkm
total
transporte de
geral
carga em SP, %
kgCO2.tkm-1
total
Domésticos
7,0%
93,0%
0,3%
1,90
0,3%
1,90
Curta
18,6%
81,4%
0,6%
1,32
0,6%
1,32
71,9%
28,1%
28,8%
1,48
11,9%
0,61
distância
Longa
distância
Defra (2008) afirma que é útil comparar os fatores de emissão calculados para carga
transportada em vôos de passageiros (tabela 11), com os fatores equivalentes de carga
transportada em vôos para transporte de cargas (tabela 9), pois evidencia-se que, no caso de
vôos domésticos, a emissão de CO2 referente à carga transportada em aviões de passageiros,
que carrega passageiros e cargas, é similar a um transporte em vôo de carga. Já para vôos
internacionais, o fator da tabela 11 é mais do que o dobro do valor comparável na tabela 6
para a opção 1, mas é o mesmo valor para a opção 2. Isso significa que na opção 1,
mercadorias transportadas em um avião de passageiros resultam em uma emissão
significativamente maior do que se o transporte fosse realizado em uma aeronave de carga.
Defra (2008) afirma que tal fato seria um contra-senso, uma vez que o transporte de
mercadorias em vôos de longa distância é usado inclusive como forma de maximizar a
eficiência global do serviço. A opção 2 é considerada por Defra (2008) como a mais correta a
ser adotada.
Após as considerações em vôos de transporte de carga e da participação das emissões
das cargas nos vôos de passageiros, Defra (2008) apresenta a média final dos fatores de
emissão referentes aos transportes de cargas, do ano de 2008. Os valores foram calculados de
57
acordo com os fatores individuais da carga transportada em vôos de passageiros e vôos de
serviços de transporte de cargas, ponderados de acordo com a respectiva proporção do total de
tonelada x km. O fator de correção de 10% da CORINAIR foi aplicado, mas, no entanto, os
valores não incluem o acréscimo de 9% do GCD, que deve ser aplicado separadamente.
Tabela 12 – Média final dos fatores de emissão referentes aos transportes de carga, ano 2008 (DEFRA, 2008).
Tipo vôo
% total transporte aéreo (tkm)
Todos os transportes de carga
kgCO2.tkm-1
Serviço de
Serviço de
passageiro
transporte
Doméstico
7,0%
92,0%
1,90
Curta distância
18,6%
81,4%
1,32
Longa distância
71,9%
28,1%
0,61
 Transporte marítimo
Conforme Defra (2008), os fatores de emissão referentes ao transporte marítimo de
cargas não foram alterados em relação às publicações anteriores. Os fatores são advindos de
informações contidas no manual da EMEP/CORINAIR e em um relatório de quantificação de
emissões de navios associadas aos deslocamentos de navios entre portos da Comunidade
Européia. As informações incluem taxas de consumo de combustível de acordo com a
potência do motor e velocidade de cruzeiro no mar, associados aos diferentes navios. A tabela
13 apresenta os valores de gCO2.tkm-1, de acordo com o porte dos navios.
Tabela 13 – Fatores de emissão de CO2 para o transporte marítimo de cargas (DEFRA, 2008).
Navio
Classe de peso (tonelagem
gCO2.tkm-1
de porte)
Navio-tanque pequeno
844
20,0
Navio-tanque grande
18.371
5,0
Navio-tanque muito grande
100.000
4,0
Graneleiro pequeno
1.720
11,0
Graneleiro grande
14.201
7,0
Graneleiro muito grande
70.000
6,0
Navio de containers pequeno
2.500
15,0
Navio de containers grande
20.000
13,0
58
Tonelagem de porte é o peso da carga que quando adicionada à massa da estrutura do
navio e dos equipamentos, irá levar o navio para baixo da sua linha de água. Dessa forma,
seriam valores de um navio totalmente carregado.
Como os motores dos navios estão
impulsionando o peso do próprio navio, que é uma porção significativa do peso total do navio
e da sua carga, reduzir a carga de tonelagem de porte não levará a uma redução proporcional
na quantidade de combustível necessário para mover o navio por uma determinada distância
(DEFRA, 2008).
Os fatores de carga típicos dos diferentes navios não estão disponíveis ao público,
afirma Defra (2008). Ainda, os fatores de emissão de CO2 serão revistos e atualizados quando
os fatores de carga se tornarem disponíveis para fornecer elementos que sejam mais
representativos dos deslocamentos das embarcações entre os portos do Reino Unido.
Entretanto, os fatores da Tabela 13 devem ser considerados como limite inferior.
Buhaug et al. (2009, apud HOWITT et al., 2010) afirmam que estima-se, de acordo
com dados da organização marítima internacional, que 2,7% das emissões totais de CO2 no
ano de 2007 tenham sido do transporte marítimo. De acordo com Howitt et al. (2010),
algumas fontes apresentam fatores de emissão para o transporte marítimo que variam entre 70
gCO2 por passageiro*km e 520 gCO2 por passageiro*km, explicando que os fatores
dependem da frota de navios pesquisados, ocasiando assim, esta variação significativa de
valores. Os autores apresentaram um estudo de viagens internacionais em navios com destino
e saída da Nova Zelândia e, assim, calcularam fatores de emissão específicos para o local. Os
resultados mostram valores entre 250 e 2.200 gCO2 por passageiro*km, sendo a média
ponderada, obtida considerando-se a quantidade de passageiros transportados por cada navio,
de 390 gCO2 por passageiro*km. Ainda, o estudo avaliou o uso da energia advinda das
acomodações nos navios, afirmando que essas emissões chegam a ser 12 vezes maiores do
que as de um hotel em terrra firme. Os dados, que foram obtidos com base em informações da
Nova Zelândia, foram: i) nomes/ número de identificação de navios de cruzeiros que
visitaram a Nova Zelândia em determinado ano; ii) origem e destino de cada viagem de
cruzeiro e, assim, a distância percorrida; iii) número de passageiros em cada navio; iv)
potência nominal dos motores principais e auxiliares de cada navio; v) velocidade do percurso
de cada navio; vi) carga média dos motores principais e auxiliares; vii) fatores de emissão de
CO2 para cada navio durante a viagem; viii) carga máxima do passageiro de cada navio.
59
 Transporte de carga rodoviário
Para os veículos pesados de transporte de cargas, Defra (2008) afirma que os valores
estabelecidos com base no levantamento do Departamento de Transportes do Reino Unido da
média de milhas por galão e média de fator de carga de diferentes tamanhos de veículos
pesados rígidos e articulados da frota de 2005, combinando com dados de testes do projeto
europeu Artemis, que mostra como a eficiência energética e as emissões de CO2 variam com a
carga do veículo.
Os dados de milhas por galão do Departamento de Transportes foram convertidos em
gCO2.km-1 usando os fatores de conversão de gases de efeito estufa do Defra. O
Departamento de Transporte também apresenta o percentual dos fatores de carga, sendo esses,
em média, próximos dos 50% de ocupação. Dados do projeto ARTEMIS (INRETS, 2010)
mostram que o efeito da carga torna-se proporcionalmente maior nas classes de caminhões
mais pesados. Ou seja, a diferença relativa do consumo de combustível entre um caminhão
completamente vazio em comparação a um veículo com a capacidade total de carga é maior
para os veículos com capacidade de carga maior do que 33t do que para os de menores de
7,5t. A partir da análise de dados do ARTEMIS, Defra (2008) obteve os valores apresentados
na tabela 14, que representam a evolução das emissões de CO2 de um veículo completamente
vazio (0% de carga) ou com a carga máxima (100% carga), com base na comparação do peso
com 50% de carga.
Tabela 14 – Alterações nas emissões de CO2 causadas pela variação de +/- 50 % na carga em relação a um peso
com 50% de carga (ARTEMIS apud DEFRA, 2008).
Peso bruto do veículo % mudança nas emissões de CO2
Rígido
Articulado
< 7,5 t
±8%
7,5 – 17 t
± 12,5 %
> 17 t
± 18 %
< 33 t
± 20 %
> 33 t
± 25 %
Usando os fatores de carga da tabela 14, os fatores de CO2 provenientes dos dados do
Departamento de Transportes de milhas por galão para cada estado de carga média dos
veículos, chegou-se aos valores apresentados na tabela 15.
60
Tabela 15 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para veículos pesados (DEFRA, 2008).
Tipo veículo
Peso bruto veículo
% do peso em carga
gCO2.veículokm-1
Rígido
Rígido
Rígido
< 7,5 t
525
50%
571
100%
617
41% (média Reino Unido)
563
0%
672
50%
768
100%
864
39% (média Reino Unido)
747
0%
778
50%
949
100%
1119
56% (média Reino Unido)
969
7,5 – 17t
> 17t
Todos veículos rígidos
Média Reino Unido
Articulado
< 33t
Articulado
0%
895
0%
672
50%
840
100%
1008
43% (média Reino Unido)
817
0%
667
50%
889
100%
1111
59% (média Reino Unido)
929
> 33 t
Todos os articulados
Média Reino Unido
917
Todos veículos pesados
Média Reino Unido
906
Os fatores de carga da tabela 14 foram utilizados para obter os fatores de CO2
correspondentes a 0% e 100% das cargas da tabela 15. Como o efeito da carga do veículo
sobre as emissões de CO2 é linear (de acordo com os dados ARTEMIS), então, esses fatores
podem ser interpolados linearmente, se um dado mais preciso da carga do veículo for
conhecido. Por exemplo, um veículo pesado se movendo com 75% da carga teria um fator de
emissão entre (na metade) dos valores de 50% e 100% dos fatores de carga.
Defra (2008) explica que o fator de emissão de CO2 de veículos pesados rígidos com
capacidade maior que 17t é maior que aquele para os articulados com capacidade de 33t, pois
os fatores dependem do consumo de combustível, que mostra, em média, menor eficiência
dos caminhões rígidos em relação aos caminhões articulados.
Defra (2008) ressalta que os fatores apresentados na tabela 15 representam as médias
para a frota de veículos pesados do Reino Unido, no ano de 2005. Os fatores, por sua vez, são
61
derivados de valores de milhas por galão para caminhões pesados rígidos e articulados, do
Departamento de Transporte do Reino Unido.
Os fatores de conversão na tabela 15 estão em unidades de distância, ou seja,
permitem o cálculo das emissões de CO2 a partir apenas da distância percorrida em
quilômetros pelo caminhão, multiplicando o dado pelo fator de conversão apropriado para o
tipo de veículo e, se conhecido, fazendo considerações da proporção da carga (DEFRA,
2008).
A tabela 16 fornece os fatores de emissão de cada classe de veículos pesados, rígidos e
articulados, considerando a carga do transporte de mercadorias. Estes são derivadas da média
da frota de veículos de 2005, de fatores de emissão de gCO2.km-1 veículo da tabela 15, além
da média da massa transportada por veículo, de acordo com a capacidade de carga do mesmo.
Tais valores de massa foram obtidos do Departamento de Transportes do Reino Unido. Dessa
forma, obteve-se o valor da carga média para cada classe de veículos pesados (DEFRA,
2008).
Uma tkm é a distância percorrida multiplicada pelo peso da carga transportada pelo
veículo. Por exemplo, o veículo carregando cinco toneladas de carga por 100 km tem um
valor de 500 tkm. As emissões de CO2 são calculadas a partir destes fatores da tabela 16,
multiplicando-os pelo número de tkm (DEFRA, 2008).
Tabela 16 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para transporte de carga rodoviário em veículos pesados
(DEFRA, 2008).
Peso bruto do veículo gCO2.tkm-1
3,5 – 7,5 t
591
> 7,5 – 17 t
336
> 17 t
187
Média Reino Unido
276
3,5 - 33 t
163
> 33 t
82
Todos articulados
Média Reino Unido
86
Todos veículos pesados
Média Reino Unido
132
Rígido
Todos rígidos
Articulado
Para os veículos leves de transporte de cargas (até 3,5 toneladas), Defra (2008)
apresenta fatores de emissão calculados com base nos fatores de emissão dos transportes de
passageiros, com uma ocupação de carga de 0,5 toneladas para caminhonetes a gasolina (até
1,25 toneladas de peso bruto) e 1 tonelada para veículos leves a diesel, GLP ou GNV (até 3,5
toneladas de peso bruto). Os dados são apresentados na tabela 17.
62
Tabela 17 – Fatores de emissão de CO2 de 2008 para transporte de carga rodoviário em veículos leves (DEFRA,
2008).
Combustível veículo Tamanho veículo
gCO2.tkm-1
Gasolina
Até 1,25 toneladas
448,8
Diesel
Até 3,5 toneladas
271,8
GLP ou GNV
Até 2,5 toneladas
271,8
Média
283,3
 Ônibus e demais veículos pesados rodoviários
As emissões dos ônibus por passageiro x km são influenciadas pelo modelo do
veículo, parâmetros da condução (proporção de condução urbana, rural e em rodovias), e a
média de ocupação do veículo, de acordo com Defra (2008).
O fator de emissão apresentado antes de 2008 por Defra era de 89,1 gCO2. km-1 e foi
calculado como média de todos os ônibus do Reino Unido. O cálculo foi baseado nos valores
de gCO2.km-1 médios da frota de todas as classes de ônibus e dados de jornadas do inventário
de GEE do Reino Unido, sendo a taxa de ocupação média calculada utilizando os quilômetros
totais rodados pelos ônibus e dados de passageiros x km advindos de estatísticas de transporte
da Grã-Bretanha, resultando em 9,2 de taxa de ocupação (DEFRA, 2008). O documento
afirma que é desejável maior desagregação dos fatores de emissão por tipos de serviços, como
para uso de ônibus local e de ônibus para longas distâncias. Por isso, fatores têm sido
desenvolvidos com base em informações fornecidas nas páginas de internet e em relatórios
ambientais dos principais operadores de ônibus.
Defra (2008) afirma que os fatores de emissão para ônibus locais foram calculados
com base nas informações de algumas instituições, apresentadas na tabela 18. As médias
foram estimadas considerando a cota de mercado de cada operadora de ônibus.
Tabela 18 – Participação no mercado de ônibus das diferentes operadoras (DEFRA, 2008).
Operadora ônibus
Porcentagem Operadora ônibus Porcentagem
Transport for London
0,90%
Management
2,50%
Overseas
11,80%
Arriva
14,50%
Municipals
5,60%
Independents
14,50%
National Express
5,90%
Stagecoach
14,00%
Go-Ahead
9,80%
First Group
20,60%
63
Os fatores de emissão por diferentes tipos de ônibus e a média de ocupação,
apresentados por Defra (2008), são exibidos na tabela 19.
Tabela 19 – Dados e fatores de emissão para ônibus (DEFRA, 2008).
Tipo ônibus
Média ocupação por
gCO2 .passageirokm-1
passageiro
Ônibus local
8,9
115,8
Ônibus Londres
13,5
81,8
Média ônibus
9,7
107,3
Intemunicipal
17,1
29,0
Média
12,3
68,6
Graham et al. (2008) estudaram uma variedade de veículos pesados e motores que
operam com diferentes tipos de combustíveis, incluindo diesel, biodiesel, gás natural
comprimido, hidrano (20% de hidrogênio, 80% de GNV) e gás natural liquefeito, relatando o
balanço de carbono medido nos testes. Dentre os principais resultados apresentados no estudo
destaca-se que, para veículos pesados a diesel sem tecnologia de pós-tratamento, dominam as
emissões de CO2, as emissões de CH4 representam entre 0% e 0,11% e as de N2O entre 0,16%
e 0,27% das emissões de dióxido de carbono equivalente. Nos veículos com tecnologias de
pós-tratamento, as emissões de CH4 permaneceram inalteradas mas houve um aumento das
emissões de N2O, sendo de 60% o incremento para pós-tratamento com catalisador de
oxidação e, para filtro de particulado, o incremento nas emissões de N2O foi 2,75 vezes maior
quando utilizado o diesel e 1,9 utilizando B20 (20% de biodiesel). Ainda, os autores afirmam
que o uso do gás natural e do hidrano diminuíram as emissões de GEE entre 10 e 20% quando
comparados ao diesel.
EPA (2008) apresenta fatores de emissão de CH4 e N2O obtidos pela utilização de
metodologia semelhante à prevista pelo IPCC, desenvolvidos com base em testes laboratoriais
de diferentes veículos e tecnologias de controle. A EPA e California Air Resource Board
(CARB) projetaram ensaios seguindo o procedimento de teste, que abrange três segmentos
distintos de condução, uma vez que os veículos emitem quantidades variáveis de GEEs,
dependendo do tipo de condução. Os segmentos são: (1) um ciclo de condução transiente que
inclui arranque a frio e as emissões de deslocamento; (2) um ciclo que representa apenas as
emissões de deslocamento; e (3) um ciclo de condução transitória que inclui arranque a
quente e as emissões de deslocamento. Para cada ensaio, uma bolsa foi inserida no tubo de
64
escape dos veículos e o conteúdo recolhido e analisado para determinar as quantidades de
gases presentes.
As tecnologias de controle de emissão dos veículos, de acordo com o estudo
apresentado por EPA (2008), são descritas a seguir:
 Sem catalisador: Estes controles de emissões eram comuns em carros a gasolina de
passageiros e caminhões a gasolina leves durante o ano-modelo (1973 - 1974), mas
depois foram eliminados . Em veículos pesados iniciaram em meados da década de
1980, e em motos a partir de 1996 . Esta tecnologia reduz emissões de hidrocarbonetos
(HC) e monóxido de carbono (CO) por meio de ajustes para o ponto de ignição e
relação de ar/combustível, injeção de ar no coletor de escape e recirculação dos gases
de escape.
 Oxidação catalítica: Esta designação de tecnologia de controle representa a introdução
do catalisador, e foi a tecnologia mais comum em carros de passageiros a gasolina e
caminhões leves a gasolina feitos em carros nos anos 1975-1980 e em caminhões em
1975-1985. Essa tecnologia também foi utilizada em alguns veículos a gasolina
pesados, entre 1982 e 1997. As duas vias do catalisador oxidam hidrocarbonetos e
monóxido de carbono, reduzindo significativamente as emissões em mais de 80 %
além da capacidade do sistema sem catalisador. Os catalisadores não funcionam
corretamente quando a gasolina contém chumbo, assim, em 1975 a gasolina sem
chumbo foi introduzida no mercado americano.
 EPA Nível 0: Esta tecnologia foi usada em carros a gasolina de passageiros e
caminhões leves a gasolina vendidos no início da década de 1980, e permaneceu
comum até 1994. Este sistema mais sofisticado de controle de emissões melhora a
eficiência do catalisador, a conversão de CO e HC em CO2 e H2O, a redução de NOx
em nitrogênio e oxigênio, utilizando um computador de bordo e sensor de diagnóstico
de oxigênio. Além disso, este tipo de catalisador inclui um sistema de medição de
combustível (carburador ou injeção de combustível) com “equilíbrio” eletrônico,
também conhecido como um sistema de circuito fechado.
65
 EPA Nível 1: Este padrão de emissão foi estabelecido em 1990 em alteração à lei dos
Estados Unidos, limitando os veículos de passageiros a emitirem 0,25 g.km-1 de NOx
e 0,16 g.km-1 de HC. Esses limites representaram respectivamente uma redução de
60% e 40% do EPA Nível 0, cujas normas foram estabelecidas em 1981. Para os
caminhões leves também foram alterados valores de emissão, de acordo com o peso
do caminhão. As reduções de emissões foram atendidas através da utilização de
sistemas mais avançados de controle de emissões, sendo aplicado aos veículos leves
de gasolina a partir de 1994.
 EPA Nível 2: O padrão de emissão foi especificado em 1990, e seus limites são mais
rigorosos que os do Nível 1. As emissões de NOx foram limitadas a uma média de
0,035 g.km-1. Esses níveis de emissão de novos representam uma redução de 77-95%
das emissões no padrão EPA Nível 1 definido em 1994. Reduções de emissões foram
atendidas através da utilização de sistemas mais avançados de controle de emissões e
combustíveis com baixo teor de enxofre, introduzidos nos veículos a partir de 2004.
Estes sistemas avançados de controle de emissões incluem combustão melhorada,
catalisadores avançados de três vias, injeção de combustível e de ignição controlada
eletronicamente, entre outras formas.
 Veículos de baixa emissão: Este padrão de emissões requer um nível de controle muito
maior do que o padrão de emissão Nível 1. Aplicado aos veículos leves a gasolina e de
passageiros e caminhões, em meados da década de 1990, os veículos de baixa emissão
incluem a injeção de combustível multiponto, um sistema de computador e
diagnósticos avançados e acoplamento de catalisadores com injeção de ar secundário.
As tecnologias de emissão de controle do diesel são divididas em duas categorias:
 Controle moderado: Melhoria da tecnologia da injeção e projeto de sistemas de
combustão para veículos leves e pesados a diesel (geralmente modelos dos anos de
1983 a 1995). Esses controles foram implementados para atender aos padrões de
emissão da EPA em 1985 para caminhões a diesel e ônibus.
 Controle avançado: recirculação dos gases do escape e moderno controle eletrônico no
sistema de injeção do combustível são designadas como as tecnologias de controle
66
avançado. Essas tecnologias possibilitam o cumprimento das normas em vigor de
1996 a 2005, nos Estados Unidos.
A tabela 20 apresenta os valores de emissão de N2O e CH4 para veículos pesados
apresentados por EPA (2008). Os valores para veículos de passageiros e motocicletas serão
apresentados nos itens seguintes.
Tabela 20 –Fatores de emissão de N2O e CH4 para caminhões (EPA, 2008).
N2O (mg.km-1)
CH4 (mg.km-1)
Caminhões leves a gasolina
veículos baixa emissão
NÍVEL 2
NÍVEL 1
NÍVEL 0
oxidação catalítica
sem catalisador
não controlado
Caminhões pesados a gasolina
veículos baixa emissão
NÍVEL 2
NÍVEL 1
NÍVEL 0
oxidação catalítica
sem catalisador
não controlado
Caminhões leves à diesel
controle avançado
controle moderado
não controlado
Caminhões pesados à diesel
controle avançado
controle moderado
não controlado
9,8
9,2
4,1
10,1
54,1
28,1
65,6
48,2
39,7
94,2
13,5
118,6
37,0
125,8
19,9
18,8
8,3
20,7
108,7
40,7
132,7
163,4
81,8
146,4
29,4
259,8
30,9
286,1
0,9
0,6
0,9
0,6
1,1
0,7
3,0
3,2
3,0
3,2
3,0
3,2
67
 Motocicletas
Defra (2008) explica que decidiu-se, em 2007, dividir os fatores de emissão das
motocicletas em 3 categorias: motocicletas pequenas (ciclomotores/lambretas até 125 cc);
motocicletas médias (125-500cc) e motocicletas grandes (mais de 500cc). Os fatores de
emissão foram desenvolvidos com base em dados da Associação de Manufatura de
Motocicletas Européias (AMME), apresentados na tabela 21.
Tabela 21 – Conjunto de dados de emissões de CO 2 de motocicletas com base na cilindrada do motor (AMME
apud DEFRA, 2008).
Tamanho motocicleta cc gCO2.km-1* Tamanho motocicleta
cc
gCO2.km-1*
Pequeno
100
68,0
Grande
600
146,0
Pequeno
125
55,0
Grande
600
127,0
Pequeno
125
62,0
Grande
600
101,0
Pequeno
125
74,0
Grande
650
115,0
Pequeno
125
78,0
Grande
780
130,0
Pequeno
125
80,0
Grande
800
123,0
Pequeno
125
82,0
Grande
800
127,0
Pequeno
125
86,0
Grande
800
130,0
Pequeno
125
71,0
Grande
905
146,0
72,9
Grande
950
127,0
Média Pequeno
Médio
140
88,0
Grande
950
123,0
Médio
140
82,0
Grande
1000
117,0
Médio
200
80,0
Grande
1000
120,0
Médio
250
93,0
Grande
1070
132,0
Médio
250
82,0
Grande
1130
145,0
Médio
250
76,0
Grande
1150
134,0
Médio
400
79,0
Grande
1170
120,0
Médio
400
94,0
Grande
1170
135,0
Médio
400
112,0
Grande
1200
124,0
Médio
500
117,0
Grande
1300
132,0
Médio
500
104,0
Grande
1800
146,0
Médio
500
120,0
Média Grande
Média Médio
93,9
*Cada dado representa uma motocicleta diferente.
128,6
68
Os fatores de emissão por categoria de motocicleta são apresentados na tabela 22.
Defra (2008) explica que a média foi ponderada com base nos números de registros das
categorias dos diferentes tamanhos do motor das motocicletas.
Tabela 22 – Fatores de emissão de CO2 de motocicletas (DEFRA, 2008).
Tipo veículo
Tamanho motor Tamanho gCO2.km-1 MPG
Motocicleta a gasolina Até 125 cc
Pequeno
72,9
89,2
125 cc – 500 cc Médio
93,9
69,2
Acima 500 cc
Grande
128,6
50,6
Média
105,9
61,8
MPG – milhas por galão.
EPA (2008) apresenta os fatores de emissão de CH4 e N2O para motocicletas
conforme o sistema de controle de emissões descritos no item “Ônibus e demais veículos
pesados rodoviários” . Os dados são apresentados na tabela 23.
Tabela 23 – Fatores de emissão de N2O e CH4 para motocicletas (EPA, 2008).
N2O (mg.km-1)
CH4 (mg.km-1)
Motocicletas
Sem controle de catalisador
4,3
41,8
Não controlado
5,4
55,9
 Veículos de passageiros
Os fatores de emissão de veículos de passageiros foram obtidos de acordo com a frota
de automóveis do Reino Unido (DEFRA, 2008). Tais fatores foram calculados com base em
dados da Sociedade de Fabricantes e Comerciantes de Motor sobre as emissões de CO2 dos
automóveis de 1997-2007, combinados com fatores obtidos em função da velocidade média
dos veículos, derivados de dados de testes de ciclos, adicionados de 15% para considerar
efeitos reais não incluídos nos testes, como uso de acessórios (ar condicionado, luzes,
aquecedores), carga nos veículos, deficiências de manutenção, estilos de condução mais
severos. Defra (2008) afirma que continuará trabalhando para melhorar a modelagem e, se
necessário, revisar os valores no futuro.
Os fatores de carros híbridos são calculados por Defra (2008) com base nos dados das
emissões de CO2 dos automóveis novos, com média dos quatro principais veículos híbridos
atualmente disponíveis no mercado, acrescentados de 15% para representar os efeitos reais do
69
veículo em curso. Ainda, Defra (2008) afirma que o gás liquefeito de petróleo (GLP) e o gás
natural veicular (GNV) resultam em uma redução de 10-15% de CO2 em relação aos veículos
a gasolina e que os fatores de tais combustíveis foram calculados com base em uma redução
média de 12,5% nas emissões de CO2 em relação aos fatores de emissão para veículos a
gasolina. Devido ao tamanho e peso significativo do GLP e tanques de combustível GNV, os
fatores estão disponíveis apenas para veículos de médio e grande porte. As tabelas 24 e 25
apresentam os fatores de emissão para veículos.
Tabela 24 – Fatores de emissão de CO2 para o transporte de veículos (DEFRA, 2008).
Veículo
Tamanho do motor
Porte
Valores 2008
Carro gasolina
Pequeno
180,9
36,2
1.4 – 2.0 L
Médio
213,9
30,6
> 2.0
Grande
295,8
22,1
207,0
31,6
< 1.7 L
Pequeno
151,3
49,1
1,7 – 2,0 L
Médio
188,1
39,5
> 2,0 L
Grande
258,0
28,8
197,9
37,5
Médio
126,2
51,5
Grande
224,0
29,0
-
204,2
32,9
Média carro diesel
Carro
MPG
< 1.4 L
Média carro gasolina
Carro diesel
gCO2.km-1
híbrido
(2)
gasolina/elétrico
(3)
Média
carro
(3)
(combustível
desconhecido)
(2) Média Toyota Prius e Honda Civic
(3) Média Lexus GS450h e RX400h
(4) Estimado a partir da relação dos dados vkm para gasolina (68,9%) e diesel (31,1%).
Tabela 25 – Fatores de emissão de CO2 para GLP e GNV de veículos de passageiros (DEFRA, 2008).
Combustível carro Tamanho carro gCO2.km-1
GLP ou GNV
Médio
189,2
Grande
259,4
Média
224,3
A tabela 26 apresenta os fatores de emissão de N2O e CH4 de EPA (2008) para
veículos de passageiros, de acordo com o sistema de controle descrito anteriormente (item
“ônibus e demais veículos pesados rodoviários”).
70
Tabela 26 – Fatores de emissão de N2O e CH4 para veículos de passageiros (EPA, 2008).
N2O (mg.km-1)
CH4 (mg.km-1)
Veículos de passageiros a
gasolina
veículos baixa emissão
NÍVEL 2
NÍVEL 1
NÍVEL 0
oxidação catalítica
sem catalisador
sem controle
Veículos de passageiros à diesel
controle avançado
controle moderado
sem controle
Veículos leves à metanol
Veículos leves à gás natural
comprimido
Veículos leves à gás natural
liquefeito
Veículos leves à etanol
9,3
6,5
2,2
10,8
26,7
16,8
40,2
43,7
31,3
84,2
12,2
105,4
12,2
110,6
0,6
0,3
0,6
0,3
0,7
42,0
0,4
11,0
31,0
458,0
42,0
42,0
23,0
34,0
As estimativas de emissão de GEE da frota de veículos são apresentadas também por
Álvares Jr. e Linke (2003) em estudo apresentado pela Companhia de Tecnologia de
Saneamento Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB) que mostra métodos alternativos
para a realização dos cálculos com base na metodologia do IPCC. No entanto, levam em
consideração dados nacionais disponíveis e composição dos combustíveis comerciais. Os
autores afirmam que para a emissão veicular com a utilização de gasolina do tipo C (gasool),
que tem uma porcentagem de álcool, ou etanol, anidro adicionado a gasolina, as emissões
podem ser estimadas por dois métodos: o descendente e o ascendente. Pela primeira forma, é
necessário o cálculo dos fatores de gasolina e de álcool anidro e a utilização da proporção dos
combustíveis, de acordo com a determinação da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Já com
a metodologia bottom-up, os autores apresentam fatores de emissão para veículos leves,
obtidos pela CETESB em ensaios de emissão e consumo padronizados conforme ciclo
brasileiro de condução definido pela norma NBR-6601. O método prevê o uso de gasolina
aditivada com 22% de álcool anidro e simula a viagem média dos veículos leves de
passageiros em deslocamentos urbanos, combinando com estradas ou vias expressas.
A NBR 6601 refere-se a determinação de hidrocarbonetos, monóxido de carbono,
óxidos de nitrogênio e dióxido de carbono no gás de escapamento de veículos rodoviários
automotores leves e aponta que o ciclo de condução se define por um gráfico contínuo de
71
velocidade em função do tempo e consiste em seqüências não repetidas dos sistemas de
marcha lenta, acelerações, velocidades de cruzeiro e desacelerações em magnitudes e
combinações variadas (NBR-6601, 2001).
Álvares Jr. e Linke (2003) afirmam que os fatores de emissão de CO2 dos veículos a
gasool são mais baixos que os dos movidos a gasolina pura. Isso porque o álcool anidro
misturado na gasolina é originário de fonte renovável e não deve ser computado para fins de
inventário de emissões de GEE, embora o IPCC recomende que o relato desse tipo de fonte
seja feito separadamente. Os autores explicam a estequiometria da combustão do gasool,
conhecendo-se:
- densidade da gasolina: 0,740 kg.l-1;
- densidade do álcool anidro: 0,791 kg.l-1;
- porcentagem de gasolina em 1 litro de gasool: 78%;
- porcentagem de etanol em 1 litro de gasool: 22%;
- fórmula gasolina: C8H18;
- fórmula álcool anidro: C2H6O.
Assim, para 1 litro de gasool tem-se:
0,78 x densidade gasolina + 0,22 x densidade álcool
0,78 x 0,740 + 0,22 x 0,791 = 0,577 kg C8H18 + 0,174 kg C2H6O
Dadas as massas dos combustíveis presentes em 1 litro de gasool, os autores calculam
em gramas e por relação de massas, primeiramente, a quantidade de CO2 dada pela queima de
1 litro de gasolina pura:
C8H18 + 12,5 O2 → 8 CO2 + 9 H2O
Ainda, sabendo-se que a massa atômica do Carbono (C) é 12; do Hidrogênio (H) é 1;
do Oxigênio (O) é 16, obtêm-se:
1 (12*8 + 1*18) + 12,5 (16*2) → 8 (12+ 16*2) + 9 (1*2 + 16)
Ou seja:
114 g C8H18 + 400 g O2 → 352 g CO2 + 162 g H2O
72
Como em 1 litro de gasool tem-se 577 g de C8H18, para essa quantidade tem-se, por
proporção direta, o valor de 1,782 kg de CO2 de origem.
Para o etanol anidro, a relação de massa é dada por:
C2H6O + 3 O2 → 2 CO2 + 3 H2O
1 (12*2 + 1* 6+ 16) + 3 (16*2) → 2 (12 + 16*2) + 3(2*1 + 16)
Ou seja:
46 g C2H6O + 96 g O2 → 88 g CO2 + 54 g H2O
Como em 1 litro de gasool tem-se a quantidade de 174 g de C2H6O, para essa
quantidade tem-se, por proporção direta, o valor de 0,332 kg de CO2 da porção renovável do
gasool. A massa total de CO2 emitida na queima de 1litro de gasool (E22) é 2,114 kg sendo a
porção fóssil do combustível 78% e 84,3% da emissão total. Já a porção renovável dos 22%
de álcool anidro corresponde a 15,7% do CO2 emitido.
Ainda, os autores apresentam valores médios de fatores de emissão de CO2 em
veículos leves a gasool (22% etanol anidro), medidos no laboratório de emissões veiculares da
CESTESB para fins de certificação do atendimento à legislação ambiental, sendo os dados
apresentados na tabela 27.
Álvares e Linke (2003) informam que os valores das distâncias percorridas são
sugeridos para inventários de frota de veículos leves, quando valores precisos não são
conhecidos. Os autores explicam que os fatores de emissão de origem fóssil apresentam uma
redução de 15,8% em relação os fatores totais, conforme proporção citada anteriormente.
Ainda, afirmam que o aumento dos fatores de emissão dos veículos mais novos se deve à ação
do Programa de controle de poluição do ar por veículos automotores (PROCONVE), que
induziu a implantação de melhorias tecnológicas nos veículos para atendimento a padrões de
emissão de poluentes mais rigorosos. Assim, a melhoria na eficiência dos motores e
catalisadores transforma as emissões de CO e hidrocarbonetos em CO2 e água.
A tabela 28 apresenta os fatores de emissão apresentados por Álvares e Linke (2003)
para o etanol hidratado. De forma semelhante aos dados da tabela 27, os fatores foram obtidos
em ensaios de emissão e consumo padronizados, conforme ciclo de condução da Norma
NBR-6601. Os autores ressaltam que as emissões do etanol são de origem renovável e que,
considerando o balanço de emissões no ciclo de produção, o consumo de álcool é considerado
nulo e, dessa forma, não contribui para o aumento da concentração de GEE da atmosfera.
73
IPCC (1996b) também instruiu que os relatos das emissões de combustões da biomassa não
sejam incluídos nas emissões de CO2 provenientes da queima de combustíveis, por considerar
que a emissão decorrente do consumo da biomassa seria equalizada na remoção com a rebrota
da cana. Ainda, IPCC (1996b) recomenda que, caso haja desvios nessa hipótese, as alterações
devem ser consideradas em inventários de mudança de uso da terra.
Tabela 27 – Fatores de emissão de CO2 para veículos a gasool (ÁLVARES JR.; LINKE, 2003).
Ano-modelo
Fatores de emissão total
(kg CO2.km-1)
Fatores de emissão fóssil
(kg CO2.km-1)
anterior a 1992
0,175
0,147
Distância média
percorrida anualmente
(km)
9.500
1992
0,193
0,163
13.000
1993
0,193
0,163
13.000
1994
0,193
0,163
13.000
1995
0,207
0,174
14.000
1996
0,214
0,180
14.000
1997
0,217
0,183
14.000
1998
0,217
0,183
15.000
1999
0,217
0,183
17.000
2000
0,217
0,183
19.000
2001
0,217
0,183
22.000
Tabela 28 – Fatores de emissão de CO2 para veículos a álcool hidratado (ÁLVARES JR.; LINKE, 2003).
Ano-modelo
Fatores de emissão
(kg CO2.km-1)
anterior a 1992
0,174
Distância média
percorrida anualmente
(km)
9.500
1992
0,166
13.000
1993
0,166
13.000
1994
0,166
13.000
1995
0,165
14.000
1996
0,173
14.000
1997
0,175
14.000
1998
0,175
15.000
1999
0,175
17.000
2000
0,175
19.000
2001
0,175
22.000
74
2.5.2 Consumo de energia elétrica
Para as estimativas de emissão do escopo 2, ou seja, advindas da utilização da energia
adquirida da rede, utiliza-se os fatores apresentados por Brasil (2008), que explica que os
fatores de emissão médios de CO2 para energia elétrica a serem utilizados em inventários são
calculados pela média das emissões da geração e levam em consideração todas as usinas que
estejam gerando energia. Brasil (2008) afirma, ainda, que se todos os consumidores de
energia elétrica do Sistema Interligado Nacional (SIN) calculassem as suas emissões
multiplicando a energia consumida por esse fator de emissão, o somatório corresponderia às
emissões do sistema, ou seja, tais fatores devem ser utilizados quando o objetivo for de
contabilizar as emissões provenientes do uso da energia elétrica que está sendo gerada em
determinado momento, servindo para inventários corporativos. Os critérios detalhados de
obtenção dos fatores não são divulgados por Brasil (2008).
Apesar de não haver detalhamento do cálculo do fator de emissão do sistema elétrico
brasileiro, denominado de SIN – Sistema Interligado Nacional, pesquisou-se a geração de
energia advinda de fontes térmica. ONS (2010) explica que o SIN é o sistema de produção e
transmissão de energia elétrica do Brasil, sendo um sistema hidrotérmico de grande porte,
com predominância de hidrelétricas.
Ainda, ONS (2010) informa que apenas 2,4% da
capacidade de produção de eletricidade do país encontra-se fora do SIN, em pequenos
sistemas isolados, principalmente localizados na região amazônica.
De acordo com a pesquisa realizada na página do Operador Nacional do Sistema
Elétrico, verificou-se que são disponibilizadas informações de cinco tipos de geração de
energia, sendo elas: hidráulica, térmica convencional, térmica emergencial, termo-nuclear e
eólica. Extraindo os dados da energia térmica convencional dos anos de 2007 a 2009 e
comparando-os com os fatores de emissão disponibilizados por MCT de tais anos, verificouse que há relação entre a geração térmica e os fatores apresentados. No entanto, a relação da
proporcionalidade nem sempre coincide, mas evidencia-se que na maioria das vezes os dados
apresentam relação. Ressalta-se, no entanto, que não é possível aprofundar a discussão devido
a falta de dados e de informações da metodologia empregada por MCT.
A tabela 29 apresenta os dados pesquisados e as figuras 8, 9 e 10 as comparações da
energia térmica convencional gerada e os fatores de emissão do uso da energia para os anos
2007, 2008 e 2009, respectivamente.
75
Tabela 29 – Energia térmica convencional gerada (GWh) e fatores de emissão de GEE para o sistema elétrico
(MCT, 2009 e ONS, 2010).
2009
2008
2007
Fator emissão
(kgCO2.MWh-1)
Energia gerada
por termica
convencional
(GWh)
Fator emissão
(kgCO2.MWh-1)
28,1
23,7
24,7
24,5
40,5
36,9
24,1
19,9
16,2
17,9
18,1
19,4
3.494,69
3.922,15
3.803,06
2.976,38
2.943,05
3.116,18
2.685,62
2.847,29
2.647,79
2.964,19
2.229,91
2.858,98
58,4
66,8
59,9
45,3
45,9
52,1
43,7
42,5
41,1
43,8
33,4
47,7
1.202,11
880,06
1.049,45
1.018,80
696,39
1.096,82
1.621,85
1.784,86
1.995,23
2.220,61
2.363,80
2.739,49
22,9
19,5
19,5
19,7
16,1
25,6
31
32,4
35,5
37,7
40,6
49,6
3.000
0,06
2.500
0,05
2.000
0,04
1.500
0,03
1.000
0,02
500
0,01
0
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fatores de emissão [tCO2 .MWh-1]
1.607,92
1.225,51
1.671,03
1.226,48
2.387,94
2.064,57
1.272,92
1.014,61
873,39
984,33
965,82
1.012,93
Fator emissão
(kgCO2.MWh-1)
Energia
gerada por
termica
convencional
(GWh)
Energia térmica convencional [GWh]
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Energia
gerada por
termica
convencional
(GWh)
Energia gerada por termica convencional (GWh)
Fator emissão (tCO2.MWh-1)
Figura 8 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de 2007 (com base em
ONS, 2010 e MCT, 2009).
4.500
4.000
3.500
3.000
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
0,08
0,07
0,06
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Energia gerada por termica convencional (GWh)
Fatores de emissão [tCO2 .MWh-1]
Energia térmica convenvional [GWh]
76
Fator emissão (tCO2.MWh-1)
0,045
0,04
0,035
0,03
0,025
0,02
0,015
0,01
0,005
0
2.500
2.000
1.500
1.000
500
0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Fatores de emissão [tCO2.Mwh-1]
Energia térmica convencional [GWh]
Figura 9 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de 2008 (com base em
ONS, 2010 e MCT, 2009).
Energia gerada por termica convencional (GWh)
Fator emissão (tCO2.MWh-1)
Figura 10 - Relação entre energia térmica convencional gerada e fatores de emissão, dados de 2009 (com base
em ONS, 2010 e MCT, 2009).
Rothschild et al. (2009) apresentam informações sobre o Emissions & Generation
Resource Integrated Database – eGRID, banco de dados da agência de proteção ambiental
americana das informações que incluem os fatores de emissão de gases de efeito estufa da
rede elétrica americana. Os autores informam que o eGRID relata as diferentes taxas de
emissão de CO2, CH4 e N2O e de dois critérios de poluentes – óxido de nitrogênio (NOx),
dióxido de enxofre (SO2) e de um poluente tóxico do ar – mercúrio (Hg). Os dados relativos
às emissões são associados à geração de eletricidade e não ao consumo, dessa forma não
levam em conta as perdas de transmissão e distribuição, importação e exportação entre subregiões dos Estados Unidos e nem das emissões do ciclo de vida nas unidades de geração de
energia, como as emissões advindas da extração, transformação e transporte dos
combustíveis.
77
As informações do eGRID são fornecidas por subregiões do país, de acordo com as
usinas de geração ligadas nos sub-sistemas de energia americano. Dessa forma, os fatores de
emissão de GEE são diferentes entre as subregiões. Conforme os autores, as taxas de emissão
por sub-regiões são os valores padrão recomendados para mensuração das emissões de GEE
referentes à aquisição de energia elétrica (escopo 2).
Os fatores são calculados como a massa das emissões dividida pela energia gerada,
sendo os dados oficiais dos valores de CO2 apresentados em lb.MWh-1 e para CH4 e N2O em
lb.GWh-1 (ROTHSCHILD et al., 2009).
A tabela 30 apresenta os fatores de emissão
divulgados mais recentemente, com dados do ano de 2005. Nota-se que as conversões de
unidades foram feitas para apresentação das taxas em kg.kWh-1.
Tabela 30 – Fatores de emissão de GEE para o sistema elétrico americano, dados de 2005 (com base em
ROTHSCHILD et al., 2009).
eGRID
Taxa emissão CO2 por
Taxa emissão CH4 por
Taxa emissão N2O por
Nome subregião
subregião (kg.kWh-1)
subregião (mg.kWh-1)
subregião (mg.kWh-1)
ASCC Alaska Grid
0,559
11,61
2,95
ASCC Miscellaneous
0,226
9,41
1,85
WECC Southwest
0,595
7,92
8,14
WECC California
0,328
13,72
3,66
ERCOT All
0,601
8,46
6,86
FRCC All
0,598
20,83
7,68
HICC Miscellaneous
0,687
142,74
21,27
HICC Oahu
0,822
49,65
10,71
MRO East
0,832
12,52
13,77
MRO West
0,826
12,7
13,93
NPCC New England
0,421
39,23
7,71
WECC Northwest
0,409
8,68
6,76
NPCC NYC/Westchester
0,370
16,34
2,48
NPCC Long Island
0,697
52,35
8,21
NPCC Upstate NY
0,327
11,26
5,08
RFC East
0,517
13,73
8,49
RFC Michigan
0,709
15,39
12,32
RFC West
0,698
8,27
11,66
WECC Rockies
0,854
10,38
13,04
SPP North
0,889
10,8
14,55
SPP South
0,752
11,33
10,25
SERC Mississippi Valley
0,463
11,03
5,31
SERC Midwest
0,830
9,59
13,84
SERC South
0,676
11,92
11,55
SERC Tennessee Valley
0,685
9,09
11,63
SERC Virginia/Carolina
0,515
10,78
8,98
Defra (2009) apresenta os fatores de emissão da eletricidade do Reino Unido e explica
que esses representam a média das emissões de dióxido de carbono equivalente a partir da
78
rede nacional dada pelo consumo da eletricidade, incluindo as emissões da transmissão e as
perdas de distribuição. Ainda, afirma que os fatores incluem o CO2, CH4 e N2O das usinas de
geração de energia mas não incorporam as resultantes da produção e entrega dos combustíveis
às usinas de geração elétrica. Os fatores mudam de ano para ano, devido a mudanças na
mistura do combustível consumido. Como tais mudanças podem ser significativas devido à
dependência dos preços do carvão e do gás natural, e para auxiliar as empresas a compararem
as suas emissões anuais, o fator recomendado por Defra (2009) para a realização dos
inventários do Reino Unido é uma média dos últimos 5 anos, sendo o fator atualizado
anualmente. A tabela 31 apresenta os fatores de emissão do consumo (referente à emissão da
energia gerada somada a emissão das perdas do sistema) da energia elétrica para o Reino
Unido.
Ano
1990
1991
1992
1993
1994
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
Tabela 31 – Fatores de emissão de GEE para o sistema elétrico do Reino Unido (DEFRA, 2009).
Fator emissão referente ao Fator emissão referente ao Fator emissão referente ao Fator emissão
CO2
CH4
N2O
(kg CO2e.kWh-1)
-1
-1
-1
(kg CO2e.kWh )
(g CO2e.kWh )
(g CO2e.kWh )
0,77000
0,21
6,30
0,77651
0,75000
0,20
6,11
0,75631
0,70000
0,19
5,70
0,70589
0,62000
0,19
4,72
0,62491
0,61000
0,20
4,55
0,61475
0,58000
0,20
4,23
0,58443
0,56845
0,20
3,86
0,57250
0,52448
0,19
3,31
0,52798
0,52592
0,20
3,32
0,52944
0,49345
0,20
2,85
0,49650
0,52368
0,21
3,15
0,52704
0,54110
0,22
3,36
0,54469
0,52306
0,22
3,15
0,52642
0,53859
0,22
3,36
0,54218
0,53945
0,22
3,26
0,54293
0,52665
0,24
3,33
0,53022
0,55502
0,24
3,66
0,55892
0,54303
0,25
3,39
0,54667
Como pode ser verificado pela tabela 29, o maior fator de emissão do uso da energia
elétrica do Brasil do período de 2007 a 2009 é o de fevereiro de 2008 - 0,0668kgCO2.kWh-1
(equivalente a tCO2.MWh) e o menor fator é o de março de 2007 - 0,0161 kgCO2.kWh-1. O
valor médio dos fatores de emissões dos três anos é de 0,0340 kgCO2.kWh-1 e o desvio padrão
é de 0,0030. Para os dados dos Estados Unidos, como mostra a tabela 30, o maior fator é de
da sub-região SPP North - 0,8937 kgCO2e.kWh-1 e o menor fator é da ASCC Miscellaneous 0,2268 kgCO2.kWh-1. O valor médio das emissões do sistema elétrico americano é de 0,6143
79
kgCO2.kWh-1 e o desvio padrão é de 0,1878. Já para o Reino Unido, conforme verifica-se na
tabela 31, os fatores de emissão do início da década de 90 são maiores do que dos demais
anos. Considerando-se os valores dos últimos três anos para os quais se tem dados (2005 a
2007), o fator do ano de 2006 é o mais alto de emissão, sendo o valor de 0,5592 kgCO2.kWh1
. Ainda, a média do fator de emissão do Reino Unido, considerando-se todos os anos
apresentados é de 0,5838 kgCO2.kWh-1, e dos último três anos é de 0,5453 kgCO2.kWh-1,
sendo o desvio padrão de 0,0493.
Assim, verifica-se que a média dos fatores de emissão dos Estados Unidos é cerca de
18 vezes maior que a média do Brasil e a média dos fatores dos últimos três anos do Reino
Unido é cerca de 16 vezes maior que e média brasileira.
2.5.3 Resíduos
Os resíduos sólidos podem ser descartados em aterros, lixões ou, ainda, passar por
reciclagem ou incineração. O processo de tratamento de resíduos libera metano devido à
decomposição da matéria orgânica contida e a ser decomposta por ação de bactérias
metanogênicas (BRASIL, 2006b).
Assim, o IPCC recomenda que tais emissões sejam
contabilizadas nos inventários nacionais.
O inventário do Brasil publicado de emissões decorrentes dos resíduos refere-se ao
período de 1990 a 1994 e foi executado pela Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental – CETESB seguindo a metodologia de 1996 recomendada pelo IPCC
(BRASIL, 2006b). Os autores do trabalho explicam que a metodologia proposta requer o
levantamento de dados estatísticos, sendo necessário o conhecimento da população urbana,
das condições de tratamento, da determinação do volume de resíduos gerados, da
concentração da matéria orgânica e dos recursos de saneamento empregados nos anos
inventariados. Ainda, afirmam que o IPCC sugere que, quando possível, sejam utilizados
dados da literatura nacional e informações locais, mas que muitas das informações não estão
disponíveis ou que possuem elevados graus de incertezas (BRASIL, 2006b).
Brasil (2006b) afirma que a emissão de metano dos locais de disposição de resíduos
sólidos é calculada, de acordo com a metodologia do IPCC por:
Emissão de metano [Gg CH4 / ano] = (Popurb * taxa RSD * RSDF * FCM * COD *
CODF * F * 16/12 – R) * (1 – OX)
80
Sendo:
Popurb = população urbana do país;
taxa RSD = taxa de geração de resíduos sólidos por habitante por ano;
RSDF = fração de resíduos sólidos que é depositada em locais de disposição de
resíduos sólidos;
FCM = fator de correção de metano;
COD = carbono orgânico degradável no resíduo;
CODF = fração de COD que realmente degrada;
F = fração de CH4 no gás de aterro;
16/12 = taxa de conversão de carbono em metano;
R = quantidade de metano recuperado [Gg CH4.ano-1];
OX = fator de oxidação.
Verifica-se que no cálculo é utilizado um valor de geração de resíduo por habitante,
multiplicado pela quantidade de habitantes do país, para estimar a quantidade de resíduo
gerado. No inventário nacional foi utilizada a estimativa de geração de lixo por habitante de
acordo com o número de habitantes do município, obtidos por municípios do estado de São
Paulo, obtendo-se os valores de geração de 0,4 kg.habitante-1.dia-1 para municípios com até
100.000 habitantes; 0,5 kg.habitante-1.dia-1 para municípios de 100.001 a 500.000 habitantes;
0,6 kg.habitante-1.município-1 para municípios de 500.001 a 1.000.000 habitantes e de
0,7 kg.habitante-1.dia-1 para municípios com mais de 1.000.000 de habitantes (CETESB, 1992
apud BRASIL, 2006b). Com os dados da população urbana dos municípios brasileiros como
fator de ponderação, chegou-se ao valor de 0,5 kg.habitante-1.dia-1, utilizado no inventário
nacional (BRASIL, 2006b).
Conforme afirma Brasil (2006b), a fração de resíduos sólidos depositada em aterros
utilizada no inventário nacional é de 85%, com ordem de erro de 10%, e está baseada nos
dados mais recentes da Pesquisa Nacional de Saneamento Básico.
O fator de correção de metano é baseado na profundidade do local de disposição dos
resíduos sólidos. Por não haver dados específicos para o Brasil, no inventário nacional
utilizou-se o valor padrão recomendado pelo IPCC, que é de 60% (BRASIL, 2006b). O
carbono orgânico degradável utilizado no Brasil também foi o mesmo sugerido pelo IPCC, de
12%, não considerando informações dos hábitos brasileiros. O autor explica que os dados de
composição dos resíduos nas cidades são escassos e pouco contribui para o levantamento das
81
emissões. No entanto, é apresentada uma estimativa do COD a partir de alguns dados, embora
não utilizada no inventário nacional, que indica um valor entre 17,8 e 28,4%.
Para a fração de carbono orgânico degradável que realmente degrada também foi
utilizado o valor de recomendação do IPCC, de 77%, pois também não se encontra disponível
no Brasil informação específica. IPCC (1996d) explica que tal fração é baseada em um
modelo teórico que leva em consideração somente a temperatura na zona anaeróbia do aterro,
sendo definido por 0,014 T + 0,28, onde T é a temperatura. Considera-se que essa é de 35º C,
permanecendo constante independente da temperatura do ambiente, assim, gera um fator de
CODF de 0,77, ou seja, 77% (Bingemer; Crutzen, 1981 apud IPCC 1996d).
A fração de metano no gás de aterro recomendada pelo IPCC é de 50% e, de acordo
com Brasil (2006b), o valor é confirmado por uma amostra de dados de composição de gás de
aterro da região metropolitana de São Paulo, cuja média resultou no valor de 49,4%. Já o
metano recuperado é definido por IPCC (1996d) como a quantidade de metano que é
capturado para queima ou utilização, não havendo valores padrões sugeridos pelo IPCC.
Brasil (2006b) afirma que a quantidade de metano recuperado ou queimado é considerada
insignificante, dessa forma, não considera valor para tal parâmetro.
O fator de oxidação representa o metano oxidado nas camadas superiores da massa de
resíduos e da cobertura de material onde o oxigênio está presente. Não há um valor
internacionalmente aceito, embora alguns pesquisadores estejam investigando os efeitos da
oxidação nos aterros. Dessa forma, o valor do fator de oxidação é considerado zero (IPCC,
1996d).
EPA (2006) afirma que a gestão de resíduos sólidos apresenta muitas oportunidades de
redução de emissões de GEE, pela redução de geração, reciclagem e evitando emissões de
CH4 de aterros sanitários. Ainda, informa que uma pesquisa foi realizada para desenvolver
fatores de emissão de GEE específicos para certos materiais que podem ser utilizados na
mitigação das mudanças climáticas pela prática de gestão mais eficiente de resíduos. EPA
(2006) explica que adotou uma convenção que permitiu calcular impactos das emissões tendo
como referência a geração de resíduos, ou seja, a partir do momento em que o material é
descartado. Dessa forma, não é levada em conta a avaliação do ciclo de vida, que considera a
extração da matéria-prima como ponto de referência, além disso, o estudo não contempla as
emissões proveniente da fase de utilização do material, pois o seu uso não tem efeito sobre as
emissões de gestão de resíduos. Dessa forma, os dados apresentados por EPA (2006) referemse a redução de emissão de GEE entre diferentes opções de tratamento.
82
A tabela 32 apresenta os impactos da emissão de GEE na redução, reciclagem,
compostagem, incineração e disposição em aterro sanitário, sendo os impactos calculados por
tonelada americana3 de resíduo. Os fatores devem ser utilizados comparando-os com as
demais opções de gestão. Assim, eles não servem para refletir valores absolutos, mas sim o
impacto na escolha de uma opção de gestão de resíduos em detrimento de outra para um
determinado material.
Tabela 32 – Emissão de GEE conforme gestão de resíduos em tCO2e.tonelada americana de resíduo-1 (EPA,
2006).
Redução na
Aterro
Materiais
Reciclagem Compostagem Incineração
fonte
Sanitário
Latas de alumínio
-2.24
-3.70
NA
0.02
0.01
Latas de aço
-0.87
-0.49
NA
-0.42
0.01
Fio de cobre
-2.00
-1.34
NA
0.01
0.01
Vidro
-0.16
-0.08
NA
0.01
0.01
Polietileno de alta densidade
-0.49
-0.38
NA
0.25
0.01
Polietileno de baixa densidade
-0.62
-0.46
NA
0.25
0.01
PET
-0.57
-0.42
NA
0.30
0.01
Papelão Ondulado
-1.52
-0.85
NA
-0.18
0.11
Revistas / Propaganda por
correspondência
-2.36
-0.84
NA
-0.13
-0.08
Jornal
-1.33
-0.76
NA
-0.20
-0.24
Papel de escritório
-2.18
-0.78
NA
-0.17
0.53
Lista de telefone
-1.72
-0.72
NA
-0.20
-0.24
Livros didáticos
-2.50
-0.85
NA
-0.17
0.53
Madeira serrada
-0.55
-0.67
NA
-0.21
-0.13
Painel de fibra de madeira
-0.60
-0.67
NA
-0.21
-0.13
Comida Descarta
NA
NA
-0.05
-0.05
0.20
Podas de jardim
NA
NA
-0.05
-0.06
-0.06
Mistura de papéis
Resíduos em geral
NA
-0.96
NA
-0.18
0.09
Resíduos residenciais
NA
-0.96
NA
-0.18
0.07
Papel de escritório
NA
-0.93
NA
-0.16
0.13
Mistura de metais
NA
-1.43
NA
-0.29
0.01
Mistura de plásticos
NA
-0.41
NA
0.27
0.01
Mistura de recicláveis
NA
-0.79
NA
-0.17
0.04
Mistura de orgânicos
NA
NA
-0.05
-0.05
0.06
Mistura de RSU quando
descartado
NA
NA
NA
-0.03
0.12
Tapete
-1.09
-1.96
NA
0.11
0.01
Computadores Pessoais
-15.13
-0.62
NA
-0.05
0.01
Tijolos de barro
-0.08
NA
NA
NA
0.01
Concretos
NA
0.00
NA
NA
0.01
Cinzas
NA
-0.24
NA
NA
0.01
Pneus
-1.09
-0.50
NA
0.05
0.01
NA – não aplicável
3
tonelada curta, ou tonelada americana equivale a 2000 libras ou 0,91 toneladas métricas (FPSI, 2010).
83
EPA (2006) ressalta que o estudo realizado leva em conta as considerações médias
americanas. Ainda, afirma que a redução na origem representa uma oportunidade para reduzir
as emissões de forma mais significativa. Em seguida está a reciclagem, para a maioria dos
materiais, que reduz as emissões de CO2 relacionadas ao processo de fabricação.
2.6
INCERTEZAS DOS INVENTÁRIOS DE EMISSÕES DE GEE
De acordo com IPCC (1996e) as incertezas são inevitáveis na realização de um
inventário nacional, pois ocorrem diferentes interpretações nas definições e suposições. O uso
de representações simplificadas, como médias, sobretudo de fatores de emissão, e hipóteses
para representar as características de uma determinada população, também são pontos
apontados por IPCC (1996e) como responsáveis pelas incertezas dos inventários. Ainda, o
autor afirma que as incertezas nos dados de atividades, além da própria incerteza científica
dos processos de transferência de emissões e remoções de gases de efeito estufa, são
importantes pontos que resultam no acúmulo de incertezas de um inventário.
Em casos de inventários de países, IPCC (1996e) informa que não é possível
estabelecer valores gerais de incertezas, para todos os países. Um exemplo de peculiaridades
que ocorrem e que dificultam as definições de incertezas é apresentado quando IPCC (1996e)
afirma que a incerteza relativa aos coeficientes padrões de emissão de carbono para uma
população global de combustíveis fósseis em um processo de combustão pode ser
caracterizada como muito baixa na metodologia do IPCC, no entanto, especialistas do país
que está inventariando as suas emissões podem ter conhecimento de que, no país, os valores
variam muito. Nesse caso, o uso de valores padrão no inventário do país introduzirá uma
maior incerteza. Ainda, o documento afirma que da mesma forma que com as incertezas na
metodologia e nos fatores de emissão, os elaboradores dos inventários devem julgar a
qualidade dos dados de atividade utilizados em seu próprio inventário nacional.
IPCC (1996e) afirma que a expressão da incerteza de forma quantitativa e sistemática,
com intervalos de confiança bem definidos, é mais proveitosa do que a descrição qualitativa
de incertezas, dessa forma, apresenta algumas sugestões para o desenvolvimento das
incertezas quantitativas dos inventários nacionais. Porém, IPCC (1996e) afirma que um
trabalho para estimativa das incertezas de forma mais consistente será foco de trabalho pelo
Painel no futuro.
84
Ainda, IPCC (1996e) fornece uma tabela com avaliações das incertezas relativas à
base científica das estimativas de emissão global de alguns componentes chave da
metodologia, apresentada na tabela 33. Ressalta-se, de acordo com o documento, que os
valores não devem ser utilizados para estimar a incerteza de um determinado inventário
nacional, pois são fornecidas apenas para auxiliar os usuários nas orientações da consideração
da base científica nos diferentes componentes.
Tabela 33 – Avaliações ilustrativas das incertezas da base cientifica das estimativas de emissões (IPCC,1996e).
Gás
Categoria de origem
Fator de
Dados de
emissão UF
atividade UD
Incerteza total UT
CO2
Energia
7%
7%
10%
CO2
Processos industriais
7%
7%
10%
CO2
Mudança no uso da terra e florestas
33%
50%
60%
CH4
Queima de biomassa
50%
50%
100%
CH4
Atividades de petróleo e gás natural
55%
20%
60%
CH4
Mineração de carvão e atividades de
55%
20%
60%
tratamento
CH4
Cultivo de arroz
3/4
1/4
1
CH4
Resíduos
2/3
1/3
1
CH4
Animais
25%
10%
25%
CH4
Resíduos de origem animal
20%
10%
20%
N2O
Processos industriais
35%
35%
50%
N2O
Solos agrícolas
N2O
Queima de biomassa
2 ordens de magnitude
100%
Para estimar a incerteza por categoria e por fonte de gás de um inventário nacional,
é necessário desenvolver as informações como as apresentadas na tabela 26, com valores
específicos do país para a metodologia e fontes de dados utilizadas. Como é necessário obter a
incerteza total decorrente da combinação do fator de emissão e da incerteza dos dados da
atividade, IPCC (1996e) apresenta uma forma para combinação das incertezas, que consiste
em estimar a incerteza das emissões totais pela raiz quadrada da soma dos quadrados das
incertezas percentuais associadas com o fator de emissão. Para as incertezas individuais
superiores a 60%, a soma dos quadrados não é válida. Nesses casos, poderá ser feita uma
combinação de valores de limites para definir uma escala global, levando limites superiores e
inferiores que são assimétricos para uma estimativa central (IPCC, 1996e).
Protocolo GHG (2010b) afirma que as incertezas nos inventários de emissões de GEE
podem ser categorizadas em científicas ou de estimativa. A incerteza científica se dá quando a
85
ciência dos processos de emissões atuais e de remoção não é suficientemente compreendida.
Como exemplo Protocolo GHG (2010b) comenta os fatores do potencial de aquecimento
global (PAG), que são valores utilizados para combinar as estimativas de emissão de
diferentes GEE, e que, de acordo com o autor, envolvem uma incerteza científica
significativa. A análise e quantificação das incertezas científicas são problemáticas e, segundo
Protocolo GHG (2010b), é provável que esteja fora do alcance da empresa que está realizando
o inventário.
Ainda, Protocolo GHG (2010b) afirma que as incertezas de estimativa ocorrem a partir
do momento em que as emissões de GEE são quantificadas. Dessa forma, todos os cálculos de
emissão de GEE ou de remoção desses gases, estão associados às incertezas de estimativas.
Tais incertezas podem ser classificadas em dois tipos: incerteza do modelo e incerteza do
parâmetro (PROTOCOLO GHG, 2010b).
De acordo com o Protocolo GHG (2010b), as incertezas do modelo referem-se aquelas
associadas com as equações matemáticas utilizadas para caracterizar as relações entre os
vários parâmetros e processos das emissões. Tais incertezas podem surgir devido à utilização
de um modelo matemático incorreto ou de parâmetros inadequados. Da mesma forma que as
incertezas científicas, a estimativa da incerteza do modelo também é provável de estar fora do
alcance da empresa, no entanto, as empresas podem querer utilizar suas competências
científicas e de engenharia para avaliar as incertezas dos seus modelos (Protocolo GHG,
2010b).
As incertezas de parâmetros são as associadas à quantificação dos parâmetros
utilizados como dados de entradas (por exemplo, dados de atividade, fatores de emissão). Tais
incertezas podem ser avaliadas por análise estatística, determinação de precisão dos
equipamentos de medição e por parecer de especialistas. A quantificação das incertezas de
parâmetros deve ser o foco principal das empresas que optam por estudar as incertezas de seus
inventários de emissões (PROTOCOLO GHG, 2010b).
Dado que as somente as incertezas de parâmetros são as possíveis de serem avaliadas
pelas empresas, Protocolo GHG (2010) afirma que a incerteza do inventário será imperfeita.
O autor afirma também que não é sempre que os dados completos estarão disponíveis para
avaliar estatisticamente as incertezas dos parâmetros. Em alguns casos, as empresas podem
utilizar a precisão do instrumento ou informação da calibração para informar a sua avaliação
da incerteza estatística. No entanto, para quantificar algumas das incertezas sistemáticas
associadas aos parâmetros e estimativas para completar a incerteza estatística, as empresas
geralmente devem confiar em avaliações de especialistas. O problema com o parecer dos
86
especialistas, porém, é a dificuldade em obter informações de uma base comparável, ou seja,
de forma imparcial (PROTOCOLO GHG, 2010). Dessa forma, o Protocolo GHG (2010b)
informa que além das estimativas de emissões de gases de efeito estufa serem imperfeitas,
haverá sempre uma componente subjetiva quando utilizada as avaliações de especialistas.
Assim, Protocolo GHG (2010) informa que apesar dos esforços mais completos, as
estimativas de incerteza para inventários de GEE podem ser consideradas altamente incertas.
Exceto em casos muito restritos, a incerteza das estimativas não podem ser interpretadas
como medidas objetivas que podem ser usadas como uma medida de qualidade imparcial para
comparar todas as categorias de origem ou diferentes empresas. Uma exceção seria quando
duas instalações funcionalmente similares utilizam metodologias de cálculo idênticas.
Ainda, assumindo que os dados estatísticos ou a precisão do aparelho estão
disponíveis para estimar as incertezas dos parâmetros (ou seja, o julgamento de peritos não é
necessário), estimativas de incertezas quantitativas podem ser tratadas como sendo
comparáveis entre as instalações. No entanto, o grau de comparabilidade depende da
flexibilidade que os participantes têm para estimar as emissões, a homogeneidade em suas
instalações, bem como o nível de execução e revisão das metodologias utilizadas.
Protocolo GHG (2010b) afirma que, mesmo diante de tantas complicações, a busca
pelas avaliações das incertezas pode apoiar os esforços da empresa para compreender as
inseguranças associadas ao inventário, determinar a qualidade do inventário e estabelecer
linhas de comunicação com os fornecedores de dados, dando oportunidades para melhoria na
qualidade dos dados fornecidos e nos métodos utilizados. Outro ponto colocado por Protocolo
GHG (2010b) é de que os resultados da análise das incertezas podem fornecer informações
valiosas para os revisores, verificadores e gestores, que futuramente poderão definir
prioridades de investimentos para melhorar as fontes de dados e metodologias utilizadas no
inventário.
Ainda, Protocolo GHG (2010b) informa que as incertezas de parâmetros podem ser
divididas em incertezas sistemáticas ou estatísticas. As incertezas sistemáticas ocorrem
quando os dados são sistematicamente tendenciosos ou, em outras palavras, quando a medida
do valor estimado é sempre maior ou menor do que o valor real. Como o valor verdadeiro não
é conhecido, os desvios não podem ser quantificados de maneira estatística, no entanto, é
possível identificá-los pela investigação da qualidade e por conhecimento de especialistas. A
fim de evitar os erros associados às análises dos especialistas, Protocolo GHG (2010b)
recomenda o uso de procedimentos pré-definidos para levantamento pelos especialistas.
87
Os dados também estão sujeitos às incertezas estatísticas. Tais tipos de incertezas
resultam de variações naturais, como erros humanos aleatórios de avaliações e flutuações nos
equipamentos de medição. Essas incertezas podem ser calculadas através da repetição de
experimentos e coleta de dados (PROTOCOLO GHG, 2010b).
As medições das incertezas normalmente são apresentadas como faixa de incerteza, ou
seja, um intervalo, expresso em ± % do valor médio relatado, por exemplo, 100t ± 5%. Depois
das informações necessárias sobre as incertezas dos parâmetros serem colhidas, a empresa
deverá combinar as suas informações de incerteza de parâmetro utilizando uma abordagem
totalmente quantitativa, sendo apresentados por Protocolo GHG (2010b) duas opções de
técnicas matemáticas: o método da propagação de erros de primeira ordem, também
conhecido como método gaussiano; ou método baseado em uma simulação de Monte Carlo.
Brasil et al. (2008) afirmam que fontes de erros deverão ser consideradas e
quantificadas quando se deseja calcular a incerteza associada à fonte. Ainda, apontam
incertezas típicas exemplificando, para dados de atividade dados por quilômetros percorridos,
a diversidade da frota (idade, modelo, fabricante), as diferenças nas manutenções dos
motores, relevo de percursos e carga transportada em veículos. No caso de estimativas de
emissões de combustíveis consumidos, apontam a variação da composição do combustível e a
manutenção dos motores como exemplos de incertezas.
2.7
REDUÇÃO DE EMISSÕES DE GEE
Uma das formas de reagir em relação à mudança do clima é reduzir a emissão de GEE
para a atmosfera (BODE, 2004).
Bastianoni et al. (2004) apontam que, a fim de diminuir as emissões de GEE, é
necessário que hajam investigações mais profundas das emissões, sendo importante não
apenas identificar qual a principal fonte de emissão, mas também identificar por que os gases
são emitidos e os setores econômicos envolvidos na emissão. No entanto, os autores afirmam
que sem a atribuição de responsabilidade pelas emissões de GEE, a redução continuará sendo
uma tarefa árdua. Dessa forma, Bastianoni et al. (2004) afirmam que a comunidade científica
deverá chamar mais a atenção para a necessidade de um método de contabilidade justo para a
elaboração de inventário de GEE. As discussões sobre a atribuição de responsabilidades de
emissões começaram com o princípio de responsabilidade territorial, onde o excesso de
88
emissões seria apontado pela diferença entre a emissão e a captura de GEE de determinado
território. Em alternativa ao princípio de responsabilidade territorial, outras abordagens têm
sido consideradas a fim de propor políticas mais eficazes e justas, principalmente pela
distinção entre a responsabilidade do território consumidor e a do produtor. Os autores
indicam que as emissões devido a produção de materiais e transporte de produtos são
consideradas advindas da energia local, sendo atribuídas ao sistema ou país onde os
combustíveis são distribuídos não havendo a consideração do porquê dos combustíveis serem
queimados e de quem se beneficia com o uso do material ou produto. Dessa forma, os autores
defendem o princípio de que aquele que consome também tem responsabilidade nas emissões,
dado que o comércio é uma atividade que envolve as duas partes.
Songs e Lee (2009) apontam que quando aspectos ambientais significativos são
relacionados à emissão de GEE, deve-se focar nos projetos e desenvolvimento de produtos,
com a redução das emissões dos GEEs de um produto levando em consideração o seu ciclo de
vida. Essa estimativa de emissão de GEE de um produto, uma vez que considera todo o seu
ciclo de vida, deve avaliar: extração da matéria prima; manufatura; distribuição; utilização;
final da vida. Ainda, os autores apontam que um conceito de sistema de produtos de baixa
emissão de carbono deve integrar a emissão de GEE na lista de materiais utilizados nos
produtos, definir metas de redução de emissões de GEE e selecionar peças alternativas para o
desenvolvimento de produtos considerando as metas de redução.
Um estudo realizado na Coréia indica que a redução das emissões de GEE em
produtos portáteis, incluindo notebooks, pode chegar de 87% a 97%, substituindo a fonte
tradicional de energia do país por energias renováveis, principalmente eólica e solar (WEE;
CHOI, 2009). No entanto, é importante ressaltar que a base da energia elétrica daquele país é
combustíveis fósseis. Watson et al. (1996, apud HEKKERT et al., 2002), afirma que o uso
eficiente de combustíveis fósseis é a oportunidade principal de alcançar a redução de emissões
de GEE.
A eficiência no uso e gestão de materiais, principalmente no setor industrial, também
tem um papel importante, pois reduz a demanda de energia. Exemplos na gestão de materiais
eficientes estariam no planejamento do produto, na substituição de materiais, no uso de menos
materiais para um mesmo produto, na reutilização de produtos e na reciclagem de materiais
(HEKKERT et al., 2002).
A fabricante de computadores Dell afirma que suas emissões de GEE operacionais são
vinculadas quase exclusivamente à eletricidade gerada a partir de fontes emissoras de
carbono. Assim, Dell (2008) afirma que reduções de GEE não podem ser sustentadas sem
89
aumentar significativamente a disponibilidade de um preço competitivo de energia verde.
Ainda, a empresa afirma que utiliza energias renováveis, quando disponíveis, e que apóia uma
maior disponibilidade das mesmas, visando à redução das emissões de GEE. Dell (2008)
afirma que o uso da energia é uma despesa operacional controlável e que a redução de seu
consumo também aumenta a rentabilidade da empresa. Ainda, a empresa Dell explica que um
dos passos para a redução de suas emissões de GEE é a redução do uso de energia, além da
utilização das fontes renováveis. Como exemplo de redução a empresa coloca a eficiência na
utilização do espaço necessário para suas operações, e afirma que está investigando
alternativas de opções de funcionários trabalharem em suas residências, a fim de diminuir a
quantidade de espaço no escritório necessário para o funcionário (DELL, 2008).
Oportunidades de redução da energia no uso dos produtos, como a disponibilidade de
gerenciamento capaz de fazer o computador acessar modos de baixo consumo de energia
quando não estiver em uso, reduzem drasticamente o consumo e oferecem aos clientes a
oportunidade de redução de energia e de emissões de GEE, afirma Dell (2008).
Melhorar a eficiência energética também é ponto colocado como foco pela Lenovo,
para reduções de emissões de GEE (LENOVO, 2008). As ações objetivando a redução são
relatadas pela empresa como a melhoria na gestão de energia dos servidores, foco contínuo no
gerenciamento da energia de iluminação, redução de consumo de energia com a utilização de
telhados brancos em novos edifícios para reduzir a absorção de calor e, com isso, reduzir a
utilização de equipamentos de refrigeração. A utilização de janelas eficientes, que
possibilitam a diminuição de energia necessária para aquecimento ou para resfriamento
também é ação apontada pela empresa, além da instalação de iluminação programável e de
sensores de luz com detectores de movimentos nas salas de conferências, corredores e
banheiros (LENOVO, 2008).
Ainda, Lenovo (2008) afirma que tomou medidas para
incentivar os funcionários a contribuírem pessoalmente com a redução de emissões de GEE,
com a instalação de um bicicletário, passando a dar a oportunidade e incentivando os
funcionários a irem trabalhar de bicicleta.
A empresa HP também informa que está trabalhando para reduzir o uso de energia e
das emissões de GEE provenientes da fabricação do produto, do transporte e do uso do
mesmo (HP, 2010). As ações apontadas pela empresa focadas em redução de emissões de
GEE são: lançamento de um projeto em que, semelhante ao da Dell, possibilita aos
funcionários trabalharem fora do escritório, reduzindo o espaço ocupado pela empresa e
utilizando os recursos de forma mais eficiente; eficiência energética em novas unidades; uso
de tecnologia que ajuda os clientes a utilizarem menos energia nas impressoras; uso de
90
programa para economia de energia dos equipamentos com a análise do uso da energia, a
identificação de ineficiências e ajustes das deficiências. Além dessas ações, a política de
viagens da empresa e a utilização de teleconferências reduzem as viagens de negócios da
empresa e, conseqüentemente as emissões de GEE, de acordo com HP (2010). A empresa
afirma que trabalha com os fornecedores diretos para que inventariem suas emissões e
reduzam o uso de energia. Ainda, HP (2010) afirma otimizar as redes de distribuição nos
transportes dos produtos, no entanto, informa que não tem controle das operações de navios.
Ainda, além de ações de redução de emissões, algumas empresas envidam esforços em
compensar, ou neutralizar as suas emissões por meio de plantio de árvores ou por compra de
créditos, advindos de projetos que tenham reduzido emissões de GEE (DELL, 2008; ACER,
2008).
Acer (2008) afirma que uma unidade da empresa no Japão comprou, em setembro de
2008, créditos de carbono gerados por um projeto de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
de energia eólica na Índia, com o objetivo de compensar as emissões do consumo de energia
da empresa no ano de 2007.
A empresa Lenovo (2008) concentra esforços na compensação por meio de
investimentos em energias limpas, afirmando que, de acordo com os investimentos realizados
em 2008, a utilização de energia limpa reduzirá suas emissões anuais em cerca de 906 tCO2 .
Dell (2010) informa que criou o programa “Plantar uma árvore”, para tornar mais fácil
aos seus clientes compensarem as emissões de GEE advindas dos usos dos equipamentos e,
além disso, ajudar a contribuir com a sustentabilidade do planeta. A empresa afirma que o
plantio de árvores não somente contribui para fixação de GEE, como também beneficia a
qualidade do ar, a reciclagem da água e a produção de alimentos. Ainda, a empresa afirma que
o programa foi responsável pelo plantio de 258 mil árvores desde 2007, que fixarão cerca de
287.000 tCO2 nos próximos 100 anos, sendo os cálculos desenvolvidos pelo Fundo de
Conservação e Carbonfund.org, ambos parceiros do programa. O objetivo é o plantio de mais
de meio milhão de árvores até 2012. Dell (2010) informa que o programa funciona com o
trabalho constante de seus parceiros, que consiste em identificar áreas que eram florestadas no
passado, mas que agora necessitam de conservação e restauro. Os plantios ocorrem apenas em
áreas protegidas e que não podem ser utilizadas para fornecimento de madeira. Atualmente, o
programa “Plante uma árvore” tem ações nos Estados Unidos, Canadá e na América Central,
havendo intenção de ampliar o alcance de sua atuação. Os clientes da Dell podem participar
do programa fazendo uma doação pelo website da empresa, sendo os valores diferenciados
para a compensação do uso de desktop, servidor, estação de trabalho e notebooks. Os valores
91
variam entre US$ 2,00 e US$ 40,00 dólares, sendo o primeiro referente à compensação de
emissões de notebook e o último à de servidor. Ainda, as doações também podem ser feitas no
momento da compra de novos produtos.
Os dados de Dell (2010), referente ao programa “Plantar uma árvore”, indicam uma
compensação considerando que cada árvore fixa cerca de 1.112,4 kg CO2 ao decorrer de 100
anos. Outras fontes apontam valores diferentes do considerado por Dell, como o citado por
LACERDA (2009) que menciona um estudo realizado pela Universidade de São Paulo que
considera uma estimativa média de 249,60 kg CO2e fixados por árvore ao decorrer de 20 anos.
Lacerda (2009) afirma que a pior amostra do estudo apresentou um valor de fixação de
140 kg CO2e e indica que, assumindo uma atitude mais conservadora, tal valor deve ser
considerado. Ainda, informa que os resultados do estudo mostram que há grande variação no
crescimento das florestas plantadas devidos aos tratos recebidos pelas plantas, pela qualidade
das mudas plantadas e pelos aspectos de clima e solo locais. Lacerda (2009) também afirma
que metodologias e referências distintas para os cálculos de compensação de emissões fazem
com que hajam variações nos fatores de fixação de CO2 por árvores e exemplifica que uma
muda de jequitibá cresce com velocidade e de forma bem distinta do que uma muda de
espécie de clima frio plantada em outro local. Em consulta realizada a especialista da área
florestal (SANQUETTA, 2009), obteve-se o fator de 338 kg CO2e por árvore, considerando
plantio com espécies da Mata Atlântica. Já em consulta realizada ao Instituto Ecoar (2009),
obteve-se a informação de que a emissão de 1 tonelada de CO2e poderia ser compensada pelo
plantio de 6 árvores, o que geraria o fator de 166,67 kg CO2e por árvore, não sendo
especificado o bioma.
Galik e Jackson (2009) apontam um risco para a inclusão de projetos florestais em
programas de redução de emissões - o risco da reversão, ou seja, a liberação intencional ou
acidental do carbono de volta para a atmosfera, que pode ocorrer devido a tempestades,
incêndios, pragas, mudança no uso da terra, entre outros fatores.
92
3
METODOLOGIA
Para a realização do inventário de emissões de GEE da empresa, foi realizada pesquisa
de natureza aplicada sendo a abordagem quanti-qualitativa, com objetivo exploratório e na
forma de um estudo de caso. Fachin (2002) explica que o estudo de caso é caracterizado por
um estudo intensivo cuja principal função é a explicação sistemática dos fatos que ocorrem.
Yin (2005) afirma que o estudo de caso é uma forma de pesquisa empírica onde investiga-se
um fenômeno dentro de seu contexto de vida real.
3.1
EMPRESA EM ESTUDO
A empresa analisada possui filiais localizadas em três cidades do Brasil. O inventário
realizado inclui as emissões das duas unidades na cidade sede, denominadas no presente
trabalho como Unidade, ou Sede, 1 e 2. A Unidade 1 é responsável pela maior parte da
produção da empresa, operando como montadora de computadores, sendo as placas e
periféricos manufaturados por terceiros. A Unidade 2 presta serviços de apoio e assitência
técnica.
A figura 11 apresenta o fluxograma da Unidade 1. A matéria-prima refere-se aos
componentes utilizados na montagem dos notebooks e desktops, cuja origem é a China, em
maior parte, e em menor parte Estados Unidos. Os materiais auxiliares são os demais
utilizados pela empresa, incluindo as embalagens, cuja origem é nacional.
Figura 11 – Fluxograma de entradas e saídas do processo produtivo da empresa em estudo.
93
3.2
INCORPORAÇÃO
DAS
ORIENTAÇÕES
DO
PROTOCOLO
GHG
NO
INVENTÁRIO
Com base nas diretrizes do Protocolo GHG, será realizado o inventário de emissões de
GEE das duas unidades da empresa em estudo situadas na cidade de Curitiba, Paraná.
O ano base definido para o desenvolvimento do inventário é 2008, pois de acordo com
as orientações do Protocolo GHG (2003), a escolha do ano base deve ser feita conforme a
situação mais relevante no tempo da empresa, para o qual se tem dados fidedignos. Dessa
forma, escolheu-se o ano de 2008, uma vez que os dados referentes à tal ano eram os mais
atuais disponíveis ou mais fáceis de serem levantados. Devido ao crescimento nos últimos
anos da produção da empresa, o ano com maior produção até o início da realização do
inventário também foi 2008, assim a escolha desse ano base representará o ano mais
significativo de emissões de GEE da empresa até o início da elaboração do presente estudo.
Considerou-se no inventário de emissões da empresa os gases dióxido de carbono
(CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), hidrofluorcabonos (HFCs), perfluorcarbonos
(PFCs) e hexafluoreto de enxofre (SF6), sendo os resultados apresentados em toneladas de
dióxido de carbono equivalente (tCO2e).
A apresentação do resultado em unidade comum, tCO2e, será feita para possibilitar
somas e comparações ao longo do tempo, por meio da transformação da emissão de cada GEE
em tCO2e empregando-se o potencial de aquecimento global (PAG), que é a capacidade de
absorção da radiação infravermelha de cada GEE, comparada à capacidade da absorção do
CO2 (ROCHA, 2004). A tabela 34 apresenta os PAGs de cada GEE considerado pelo
Protocolo GHG.
Tabela 34 – Potencial de aquecimento global dos gases de efeito estufa (IPCC, 2007).
Gases de Efeito Estufa
Potencial de Aquecimento Global (PAG)
CO2
1
CH4
21
N2O
310
HFCs
140 a 11700
PFCs
6500 a 9200
SF6
23900
94
As fontes de emissão de GEE do processo produtivo da empresa foram identificadas a
partir de visita aos locais e análise do processo produtivo. Dessa forma, já foram definidas as
fontes de emissão da empresa e enquadradas em escopos, conforme orienta o Protocolo GHG
(2003). As fontes de emissão de GEE por escopo são:
ESCOPO 1 - Emissões diretas: foram identificadas como fontes de emissão direta as
emissões provenientes do uso do ar condicionado, do consumo de GLP, consumo de diesel do
gerador de energia, consumo da gasolina na motobomba, uso de gás na empilhadeira e
emissões decorrentes da produção dos calços (espuma de poliuretano).
ESCOPO 2 - Emissões indiretas pelo uso da energia adquirida: identificam-se neste
escopo as emissões provenientes da geração de energia elétrica comprada da rede.
ESCOPO 3 - Emissões indiretas: o escopo 3, embora seja opcional, será considerado
na realização deste trabalho. Foram identificadas como fontes de emissões indiretas:
transporte de matéria prima/insumos; transporte dos produtos; deslocamento dos funcionários;
transporte dos resíduos; viagens de funcionários; energia elétrica consumida pelos utilizadores
dos produtos e resíduos orgânicos gerados.
Ainda, as emissões decorrentes da disposição final do produto também poderiam ser
estimadas, desde que determinado o tratamento final do produto, que pode ser por meio da
disposição em aterros sanitários, reciclagem ou incineração. A falta de tal conhecimento pela
empresa e na literatura é um fator limitante para as estimativas dessas emissões. Também as
estimativas dos resíduos inorgânicos não puderam ser computados por falta de metodologia
que relacione o tratamento desses resíduos com emissões de GEE. Da mesma forma, as
emissões do processo de fabricação das embalagens de papelão adquiridas pela empresa em
estudo também não foram computadas, uma vez que são produzidas com material reciclado.
3.3
COLETA DE DADOS
A coleta de dados para a realização do inventário foi realizada diretamente com a
empresa, por meio de solicitações em meio eletrônico, de reuniões, contato telefônico ou de
visitas a empresa.
A coleta das informações das outras empresas, participantes do programa brasileiro do
Protocolo GHG e dos fabricantes de computadores, utilizadas no comparativo das emissões,
foi feita por meio de consulta a publicações disponibilizadas nas páginas da internet das
95
instituições. Os dados de emissão foram normalizados por receita e por quantidade de
funcionários, sendo tais informações obtidas das páginas de internet de cada empresa. Os
resultados são apresentados em emissão de CO2e.US$ faturado-1 e CO2e.(quantidade
funcionários)-1, referentes ao ano de 2008.
Os dados de quais fontes de emissão das empresas participantes do programa
brasileido do Protocolo GHG são usualmente relatadas foram obtidos dos relatórios de cada
empresa, disponíveis na página de internet do Programa.
3.4
FATORES DE EMISSÃO E CÁLCULOS DE EMISSÕES
O cálculo das emissões de gases de efeito estufa foi realizado através do produto de
um dado de atividade por um fator de emissão, exceto para as estimativas de emissão da
produção dos calços e da extração da matéria prima utilizada na produção dos componentes
das máquinas montadas pela empresa.
O dado de atividade é a medida que expressa a magnitude de uma dada fonte emissora,
como o consumo de combustível, a quilometragem percorrida por um veículo para
deslocamento dos funcionários, a quantidade de resíduos gerados (BRASIL et al, 2008).
Conforme citado, para Brasil et al. (2008) os fatores expressam, em termos de emissão de
GEE, quão intensiva é a atividade, retratando a quantidade de GEE emitida por certa unidade
de atividade e os cálculos de emissão de gases de efeito estufa são feitos pela multiplicação
dos dados de atividade pelo fator de emissão.
Os fatores de emissão a serem utilizados são, em sua maior parte, sugeridos pelo
programa internacional do Protocolo GHG, ou seja, são indicados para uso mundial. No
entanto, foram adotados, quando possível, fatores específicos para a realidade do Brasil.
3.4.1 Fatores e cálculos de emissão para consumo de combustíveis
Para os fatores de emissão pelo consumo de combustíveis, foram utilizados os fatores
recomendados no Guia de Inventário do IPCC, utilizado na realização dos inventários
96
nacionais, e do trabalho de Álvares Jr. e Linke (2003). Detalhes dessa obtenção do fator são
mostrados pelas equações 3 e 4.
Quantidade de carbono = CC x Femiss x 10-3
(3)
Sendo:
CC: conteúdo de carbono;
Femiss: fator de emissão de carbono (tC.TJ-1). Valores apresentados na tabela 35.
10-3: tC.GgC-1.
Tabela 35 – Fatores de emissão de carbono (BRASIL, 2006a).
-1
Fconv (tC.TJ )
gasolina
álcool anidro
álcool hidratado
diesel
GLP
18,9
14,81
14,81
20,2
17,4
O conteúdo de carbono é dado pela equação 4.
CC = CA x Fconv x 45,2 x 10-3 x Fcorr
(4)
Sendo:
CA: consumo de combustível (m3, L, kg)
Fconv: fator de conversão da unidade física de medida da quantidade de combustível
para tonelada equivalente de petróleo – tEP, com base no poder calorífico superior
(PCS) do combustível, de acordo com a publicação anual do Balanço Energético
Nacional (BEN, 2007). Valores apresentados na tabela 36.
Fcorr: fator de correção de PCS para PCI (poder calorífico inferior). Para combustíveis
sólidos e líquidos Fcorr = 0,95 e para combustíveis gasosos Fcorr = 0,90, conforme o
Ministério da Ciência e Tecnologia (2002).
Tabela 36 – Fatores de conversão de medida para combustíveis (BEN, 2007).
-3
Fconv (tEP.m )
gasolina
álcool anidro
álcool hidratado
diesel
GLP
0,771
0,520
0,496
0,848
0,611
Assim, foram utilizados no inventário, quando necessário, os fatores de emissão
apresentados na tabela 37.
97
Tabela 37 – Fatores de emissão de CO2 dos combustíveis.
Fator de emissão (kg CO2.L-1)
gasolina
álcool anidro
álcool hidratado
diesel
2,2943
1,2125
1,1566
2,6970
-1
GLP (kgCO2.kgGLP
)
3,01
Os cálculos de emissão do GLP, diesel utilizado no gerador, gasolina utilizada na
motobomba foram realizados de acordo com a equação 5.
Emissão tCO2e = consumo de combustível * Fator de emissão
(5)
3.4.2 Fatores e cálculos de emissão para consumo de energia da rede
Já para as estimativas de emissão de GEE provenientes do uso da energia da rede,
foram utilizados os dados de Brasil (2008), dos fatores de emissão a serem utilizados na
elaboração de inventários corporativos. Os fatores mensais são apresentados na tabela 38.
Tabela 38 – Fator de emissão mensal de CO2e pela geração de energia elétrica (BRASIL, 2008).
Mês
jan/08 fev/08 mar/08 abr/08 mai/08 jun/08
Fator de emissão mensal
(tCO2.MWh-1)
0,0584 0,0668 0,0599 0,0453 0,0459 0,0521
Mês
Fator de emissão mensal
(tCO2.MWh-1)
jul/08 ago/08 set/08
out/08 nov/08 dez/08
0,0437 0,0425 0,0411 0,0438 0,0334 0,0477
O cálculo de emissões da energia consumida pela empresa foi realizado de acordo com
a equação 6.
Emissão tCO2e = Energia consumida * Fator de emissão
(6)
Para os cálculos das emissões dos usos dos produtos foi utilizada a equação 7.
Emissão tCO2e = Quantidade produto * Energia Consumida * Tempo de consumo
anual * Fator de emissão energia
(7)
98
3.4.3 Fatores e cálculo de emissão para transportes
Nas estimativas do cálculo da emissão referentes aos deslocamentos por veículos,
foram utilizados os dados em kgCO2.km-1, apresentados no estudo de Álvares Jr. e Linke
(2003) e utilizados pela CETESB, além dos fatores recomendados pelo Protocolo GHG. A
tabela 39 relaciona esses valores.
Veículo
carros
motocicletas
ônibus
Tabela 39 - Fatores de emissão para deslocamento de veículos.
Combustível
CO2 (kgCO2.km-1)
CH4
C
N20
(gCH4.km-1)
(gN2O.km-1)
0,0192625 B
0,0198839 B
Gasool (22% álcool anidro)
0,217
Álcool
0,175 C
Gasolina
0,1059 A
0,043496B
0,0043495B
Diesel
0,1073 A
0,0003728B
0,0003107B
Fonte: A – Protocolo GHG, com base em UK Defra Emission Factors (2009)
B – Protocolo GHG, com base em US EPA Climate Leaders (2009)
C – Álvares Jr. e Linke (2003)
Para os cálcuos de estimativa de deslocamento de funcionários, foi considerada a
distância percorrida de acordo com a equação 8.
Distância percorrida em 2008 pelos funcionários = (nfi * distância do bairroi * 2 *
250)
(8)
Onde:
nfi = número de funcionários residentes no bairro i;
distância do bairroi = distância entre o bairro dos funcionários e a empresa. Tal
distância foi obtida pelo Google Maps.
Ainda, assumiu-se que a distância de deslocamento obtido de Google Maps foi
percorrida duas vezes ao dia, considerando ida e volta do trabalho, 250 vezes ao ano, referente
a 270 dias úteis menos 20 dias (mínimo de férias), durante o ano.
Uma vez calculadas as distâncias percorridas pelos funcionários, calculou-se as
emissões de acordo com a equação 9.
99
Emissão tCO2e = Distância percorrida * Fator de emissãoGEE * PAGGEE (9)
Para o cálculo de emissões do transporte interno, entre as unidades da empresa, também
foi utilizada a equação 9.
No que se refere ao transporte de cargas, os fatores são disponibilizados por Protocolo
GHG (2009), no entanto, os fatores de emissão de CO2 são obtidos de Defra e os de CH4 e
N2O de Defra e EPA, sendo a primeira britânica e a segunda americana. Os valores são
apresentados na tabela 40.
Tabela 40 - Fatores de emissão para transporte de carga.
Tipo de transporte
CO2
CH4
N2O
(tCO2.tkm-1)
(gCH4.tkm-1)
(gN2O.tkm-1)
marítimoA
0,000013
0,100040762
0,500328084
aéreo
0,0006649
não disponível
não disponível
rodoviário
0,000132
0,002174799
0,001677702
A = embarcação em navio com grande capacidade de volume
Os cálculos das emissões dos transportes de produtos, de resíduos, e das entradas dos
insumos importados foram realizados conforme a equação 10.
Emissão(trecho, meio de transporte) tCO2e = Distância percorrida * ∑massa transportada *
Fator de emissão * PAGGEE
(10)
As estimativas de emissões das entradas nacionais foram calculadas de acordo com a
equação 11.
Emissão(trecho) tCO2e = Distância percorrida * ∑(massa média item*quantidade item)
* Fator de emissão * PAG
(11)
Para o cálculo das emissões provenientes das viagens aéreas dos funcionários, da
mesma forma que para o transporte de cargas, será utilizado o recomendado pelo Protocolo
GHG (2009) com base em Defra e AEA (2009), que considera os valores apresentados na
tabela 41.
100
Tabela 41 - Fatores de emissão para viagens aéreas.
Tipo de vôo
Doméstico
Internacional
Especificação
CO2
percurso
(kgCO2.passageiro-1.km-1)
-
0,191077
Curta distância
0,107147
Longa distância
0,120554
*Não são informados fatores para emissões de CH4 e N2O de viagens aéreas.
Conforme descrito no item 2.4.1.1, vôos de curta distância seriam apontados por Defra
(2008) como os ocorrendo dentro da Europa, com distância de até 3.700 km , os de longa
distância seriam os referentes à vôos com mais de 3.700 km. No entanto, Protocolo GHG
(2010c) afirma que a média de vôos de curta distância é de 500 km, sendo essa, portanto, a
utilizada neste trabalho. Dessa forma, foram considerados vôos de curta distância os que
possuem distância de até 500 km e de longa distância os superiores a esse valor.
As emissões foram calculadas de acordo com a equação 9.
3.4.4 Fator e cálculo de emissão para resíduos
O fator de emissão dos resíduos orgânicos foram adotados de Brasil (2006b), com base
na metodologia de 1996 do IPCC, que descreve que a emissão do metano da geração de
resíduo sólidos no Brasil é dada pela equação 12.
Fator de emissão metano = (RSDF * FCM * COD * CODF * F * 16/12 - R) *
(1 - OX)
(12)
Sendo:
RSDF: Fração de resíduos sólidos domésticos que é depositada em locais de
disposição de resíduos sólidos. O valor do RSDF considerado foi 1.
FCM: Fator de correção de metano. Valor 60%;
COD: Carbono orgânico degradável no resíduo sólido doméstico. Valor 12%;
CODF: Fração de COD que realmente degrada. Valor 77%;
F: Fração de CH4 no gás de aterro. Valor 50%;
16/12: Taxa de conversão de carbono em metano (fração adimensional);
101
R: Quantidade de metano recuperado (GgCH4.ano-1). Valor 0;
OX: Fator de oxidação (fração adimensional). Valor 0.
Assim, chega-se ao valor de do fator de emissão igual a 0,03696 GgCH4.GgRSU-1,
presente no Relatório Nacional de emissões de metano no tratamento e na disposição de
resíduos (BRASIL, 2006b).
O cálculo das emissões dos resíduos foram realizados de acordo com a equação 13.
Emissão tCO2e = Resíduo gerado * Fator de emissão * PAGGEE
(13)
3.4.5 Emissão da produção da espuma de poliuretano
No cálculo de emissões decorrentes da produção da espuma de poliuretano que é
utilizada como de apoio interno nas embalagens dos equipamentos produzidos pela empresa,
foi utilizado o balanço de massa.
A espuma se forma pela combinação de dois componentes, chamados de “A” e “B”,
sendo A um isocianato polimérico e B uma resina de poliol. A mistura desses componentes,
em máquina denominada Autopac, gera a espuma de poliuretano e libera CO2. Dessa forma, a
quantidade de CO2 emitida pelo processo foi estimada pela diferença entre a massa dos
produtos A e B utilizados e a média da massa dos calços formados, uma vez que não ocorre
formação de outro subproduto além do CO2.
3.4.6 Emissão da extração dos insumos
As emissões provenientes da extração da matéria prima e fabricação dos insumos
utilizados na montagem dos desktops e notebooks foram estimadas através do programa
SimaPro, utilizado para análises de ciclo de vida. O programa fornece, utilizando as médias
das informações do seu banco de dados, as emissões atmosféricas provenientes da extração e
produção dos insumos.
102
4
RESULTADOS
A seguir, são apresentados os resultados das emissões de GEE, discriminadas por
fontes de emissão para cada escopo, de acordo com a metodologia descrita no item 3. Os
resultados são expressos em toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e). As
equações descritas no item 3 são repetidas quando necessário, a fim de facilitar a leitura.
4.1
ESCOPO 1: EMISSÕES DIRETAS
Não há registros de emissões, em 2008, pelo uso do ar condicionado na refrigeração.
A empilhadeira, movida a gás, com consumo de 300 kg por mês foi adquirida em 2009,
assim, não faz parte do ano base deste trabalho, mas deverá ser considerada em inventários
posteriores.
A seguir são apresentadas as estimativas de emissões já calculadas para o escopo 1.
4.1.1 Emissão proveniente do uso de GLP nos refeitórios
Para as emissões provenientes do uso do gás liquefeito de petróleo (GLP), utilizado
nos refeitórios das unidades da empresa, utilizou-se o fator de emissão de 0,00301
tCO2e.kgGLP-1, cuja obtenção está descrita no item 3.4. Também foram utilizados para as
estimativas das emissões, os dados de consumo obtidos com a empresa fornecedora do gás
GLP, apresentados na tabela 42.
O cálculo da emissão foi realizado conforme a equação 5.
Emissão tCO2e = GLP consumido * Fator de emissão
(5)
103
Tabela 42 - Consumo proveniente do GLP, ano 2008 (dados fornecidos pela empresa).
jan
fev
mar
Consumo
GLP
3.351 2.375
Unidade
1 (kg)
Consumo
GLP
731
762
Unidade
2 (kg)
abr
4.183 5.147
729
562
mai
4.957
683
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
TOTAL
5.120 4.324 3.740 4.456 5.150 4.639 5.974 53.416
1.192 1.110
551
702
593
418
774
8.807
Os valores obtidos da emissão de CO2e pelo uso do GLP utilizado nos refeitórios são
apresentados na tabela 43.
Tabela 43 - Emissão de CO2e proveniente do consumo de GLP.
jan
Emissão
12,28
(tCO2e)
fev
9,44
mar
abr
14,78 17,18
mai
16,97
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
TOTAL
18,99 16,35 12,91 15,52 17,28 15,21 20,30 187,19
4.1.2 Emissões provenientes dos combustíveis utilizados na motobomba e gerador
Para as emissões provenientes do uso do gerador, movido a diesel e motobomba, que
utiliza gasolina, utilizou-se os fatores de emissão de 0,0026970 tCO2e.L-1 de diesel e 0,002943
tCO2e.L-1 de gasolina (a obtenção dos fatores está descrita no item 3.4). Também foram
utilizados para as estimativas das emissões, os dados de consumo obtidos diretamente com a
empresa, apresentados na tabela 44.
Tabela 44 - Consumo proveniente da gasolina e diesel, ano 2008 (dados fornecidos pela empresa).
Consumo (L)
Motobomba - gasolina
480
Gerador - diesel
108
O cálculo da emissão foi realizado conforme a equação 5.
Emissão tCO2e = Combustível consumido * Fator de emissão
(5)
104
Os valores obtidos da emissão de CO2e pelo uso do combustíveis no gerador e
motobomba, estão apresentados na tabela 45.
Tabela 45 - Emissão de CO2e proveniente do consumo de gasolina e diesel.
Emissão (tCO2e)
Motobomba - gasolina
1,10
Gerador - diesel
0,29
4.1.3 Emissões provenientes da produção da espuma de poliuretano
As espumas de poliuretano são fabricadas na empresa para serem utilizadas como
calços nas embalagens dos equipamentos produzidos. A espuma se forma pela combinação de
dois componentes, chamados de “A” e “B”, sendo A um isocianato polimérico e B uma resina
de poliol. O produto dessa mistura é a espuma de poliuretano.
O cálculo da emissão foi realizado utilizando balanço de massa. De acordo com a
empresa, são utilizadas para cada calço de espuma de poliuretano fabricado, 146 g do
componente A e 121 g do componente B. A massa média do calço é de 215,75 g, valor
encontrado através da pesagem de vinte calços.
Dessa forma, o valor de emissão de CO2 é dado pela diferença entre a massa do calço
e as massas de componentes, o que resulta em 52,25 g CO2 por calço. A empresa ainda
informa que a produção de calços no ano de 2008 foi de 4.517.752, resultando na emissão
anual de 236,05 tCO2e decorrentes do processo de formação dos calços.
4.2
ESCOPO 2: EMISSÕES INDIRETAS DA AQUISIÇÃO DE ENERGIA
Com base nas informações dos Fatores de Emissão de CO2 pela geração de energia
elétrica do Sistema Nacional, obtidas em Brasil (2008), e nos dados obtidos sobre a energia
elétrica utilizada pelas Unidades da empresa, pôde-se calcular as emissões de GEE, de acordo
com a equação 6.
105
Emissão tCO2e = Energia consumida * Fator de emissão
(6)
As informações do consumo de energia são apresentadas na tabela 46.
Tabela 46 - Consumo de energia elétrica em 2008 pela empresa (dados fornecidos pela empresa).
jan
fev
mar
abr
mai
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
Energia
Unidade 267104 304260 302597 343799 337744 329241 335960 385224 361515 437771 438830 394200
1 (kWh)
Energia
Unidade 63714 63304 66554 67711 56689 63602 63954 66681 66383 69071 63553 63459
2 (kWh)
Os fatores de emissão utilizados são os apresentados na tabela 25, no item 3.4.
Utilizando a Equação 6 com as devidas conversões de unidades, calculou-se as emissões de
CO2e provenientes da aquisição de energia elétrica do Sistema Interligado Nacional do Brasil.
Os resultados são apresentados na tabela 47.
Tabela 47 - Emissão de CO2e em 2008 proveniente do uso de energia elétrica.
jan
fev
Emissão
19,32 24,55
(tCO2e)
4.3
mar
abr
22,12 18,64
mai
18,09
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
TOTAL
20,45 17,48 19,23 17,58 22,18 16,80 21,82 238,26
ESCOPO 3: EMISSÕES INDIRETAS
Esta seção apresenta por tópicos as estimativas de emissões indiretas, referentes ao
escopo 3.
4.3.1 Emissão de GEE proveniente dos resíduos orgânicos gerados
Através do Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (2009), fornecido pela
empresa, verificou-se que os resíduos gerados pela empresa são destinados em sua maior
parte à reciclagem. Para as estimativas de resíduos, foram contabilizadas as emissões de GEE
106
proveniente da disposição dos resíduos orgânicos em aterro sanitário e as sobras dos
refeitórios. A tabela 48 apresenta as massas dos resíduos orgânicos, gerados em 2008.
Tabela 48 - Resíduos orgânicos gerados em 2008 (dadosfornecidos pela empresa).
Resíduos
orgânicos (kg)
Resíduos
orgânicos (kg)
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
11.030
13.135
14.000
19.400
17.111
18.911
jul/08
ago/08
set/08
out/08
nov/08
dez/08
TOTAL
20.060
18.255
18.390
20.360
19.767
17.188
207.607
Utilizando a equação 13, com fator de emissão de 0,03696 GgCH4.GgRSU-1, descrito no
item 3.4, calculou-se a emissão de metano e, na seqüência, a de CO2e.
Emissão tCO2e = Resíduo gerado * Fator de emissão * PAGGEE
(13)
A tabela 49 apresenta os resultados.
Tabela 49 - Emissão de CO2e em 2008 proveniente da disposição de resíduo orgânico.
Emissão
Total (tCO2e)
Emissão
Total (tCO2e)
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08 jun/08
8,56
10,19
10,87
15,06
13,28
jul/08
ago/08
set/08
out/08
nov/08 dez/08 TOTAL
15,57
14,17
14,27
15,80
15,34
14,68
13,34
161,14
4.3.2 Emissão de GEE proveniente dos deslocamentos dos funcionários
As estimativas de emissão de gases de efeito estufa provenientes dos deslocamentos
dos funcionários foram realizadas utilizando as informações fornecidas pela empresa, de
planilhas de solicitação de vale transporte, cadastro com endereço dos funcionários e controle
utilizado na guarita de segurança das entradas de veículos do tipo carro, moto e bicicleta, que
usam o pátio da fábrica como estacionamento.
107
Inicialmente, foi necessário filtrar as informações da planilha de cadastros dos
funcionários, a fim de manter apenas as informações de funcionários de Curitiba e Região
Metropolitana, que trabalharam na empresa durante o ano de 2008, pois a planilha
disponibilizada continha informações de todos os funcionários da empresa, e não apenas os
das Unidades de Curitiba até o ano de 2009, ou seja, vários funcionários da planilha não
fazem parte do escopo deste trabalho.
A primeira eliminação das informações foi feita através do número de matrícula do
funcionário. De acordo com o Departamento de Recursos Humanos da empresa, o último
número de matrícula registrada no ano de 2008 foi 46.171, assim, os 1.399 funcionários
registrados com matrícula superior a esse número foram eliminados da planilha. A segunda
eliminação utilizou como critério o CEP dos registros de endereço, dessa forma, os 367
registros de funcionários cadastrados com CEP não pertencente a Curitiba e Região também
foram eliminados.
Após o refino da planilha, chegou-se a 2.893 registros de funcionários e iniciaram-se os
cruzamentos das informações dos endereços dos funcionários com o tipo de meio de
locomoção que utilizam, podendo ser carro, ônibus, moto ou bicicleta. As informações
compiladas são apresentadas na tabela 50.
Tabela 50 – Quantidade de registro de funcionários da empresa por tipo de transporte.
Curitiba Região Metropolitana
Carros
527
53
Ônibus (destino Accioly Filho)
193
41
Ônibus (destino João Bettega)
1.133
345
Moto
64
6
Bicicleta
38
Sub TOTAL
1.955
445
TOTAL*
2400
*493 funcionários não possuem registro em nenhuma das categorias acima.
Para cada tipo de meio de locomoção foram relacionados os bairros dos funcionários e a
quantidade deles que utiliza o respectivo meio de transporte, exceto bicicleta, pois sua
utilização não implica na emissão de GEE.
Através do mapa de sugestões de rota do Google Maps - http://maps.google.com.br/,
disponível na internet, foram obtidas as distâncias médias percorridas de cada bairro até a
empresa, considerando-se o deslocamento a partir do centro geométrico aproximado do
bairro. No caso dos ônibus, por ter-se a informação de a qual unidade da empresa o
funcionário pertence, as trajetórias foram feitas para o destino específico, Bettega ou Accioly
108
Filho, nas restantes o destino considerado foi a unidade Bettega. Uma vez que o Google Maps
pode apresentar mais de uma rota, utilizou-se como critério de escolha a rota intermediária,
quando a busca apresentava mais de duas opções. Quando a busca apresentava duas opções,
utilizou-se a de menor tempo. Também há o caso em que o Google Maps apresenta uma única
trajetória, que é então a escolhida para definir a distância do bairro em questão até a empresa.
Para a estimativa da emissão de gases de efeito estufa, assumiu-se que a distância obtida
pelo Google Maps é percorrida duas vezes ao dia (ida e volta ao trabalho), 250 vezes ao ano
(270 dias úteis menos 20 dias referentes ao mínimo de férias). O resultado foi obtido de
acordo com a equação 8.
Distância percorrida em 2008 pelos funcionários = (nfi * distância do bairroi * 2 *
250)
(8)
Onde nfi é o número de funcionários residentes no bairro i, e o somatório se aplica a
todos os bairros onde residem os funcionários da empresa.
A equação 8 foi aplicada para cada tipo de locomoção, exceto bicicleta, como já
explicado anteriormente, com o somatório aplicando-se a todos os bairros.
Para o caso dos carros, na ausência de dados, considerou-se a distribuição média
estadual, com base na Agência Nacional do Petróleo no que se refere à distribuição dos
combustíveis gasolina C (22% álcool anidro e 78% gasolina) e álcool, no Estado do Paraná,
no ano de 2008, em que consta que 65,27% do consumo desses combustíveis referem-se a
gasolina C e 34,72% referem-se ao álcool. Assim, essas mesmas proporções foram utilizadas
para estimar qual o combustível utilizado pelos funcionários que se deslocam até a empresa
com carro. Os resultados das distâncias utilizadas nos cálculos das emissões são apresentados
na tabela 51.
Tabela 51 - Distância percorrida em 2008 pelos funcionários da empresa, por tipo de locomoção.
Tipo de locomoção
Carros
65,27% - gasolina C
34,72% - álcool
Ônibus (diesel)
Moto (gasolina)
Distância percorrida em 2008
3.341.500
2.180.997
1.160.503
9.225.200
360.950
Após obtidas as distâncias percorridas em 2008 para cada tipo de locomoção, e, no
caso de carro, para cada combustível, foram iniciados os cálculos da emissão de gases de
109
fatores 0,217 kgCO2.km-1 para carros a gasool; 0,175
efeito estufa, de acordo com os
kgCO2.km-1 para carros a álcool; 0,0192625 gCH4.km-1 e gN2O.km-1 para carros. Para motos,
os fatores foram 0,1059 kgCO2.km-1; 0,043496 gCH4.km-1 e 0,0043495 gN2O.km-1 e para
ônibus 0,1073 kgCO2.km-1; 0,0003728 gCH4.km-1 e 0,0003107 gN2O.km-1.
As emissões foram estimadas para os gases CO2, CH4 e N2O. A equação 9 demonstra
como foram obtidas as estimativas das emissões em tCO2e.
Emissão tCO2e = Distância percorrida * Fator de emissãoGEE * PAGGEE (9)
Dessa forma, foram estimadas as emissões de CO2e, resultando em 1.706,37 tCO2e para
os 2.893 registros trabalhados conforme descrição acima. Os dados estão apresentados na
tabela 52.
Tabela 52 - Emissões de CO2e por tipo de locomoção.
Emissão Emissão tCO2e
Emissão tCO2e Emissão total
tCO2
(devido ao CH4) (devido ao N2O)
tCO2e
Carros a gasolina
Carros a álcool
Ônibus
Moto
451,47
203,09
989,86
38,22
0,82
0,47
0,07
0,33
13,44
7,15
0,89
0,49
465,79
210,72
990,82
39,04
1.706,37
Com base nas informações da quantidade real de funcionários da empresa ao longo de
2008, apresentados na tabela 53, fez-se a média dos funcionários e utilizou-se proporção
direta simples para estimar a quantidade de funcionários.
Tabela 53 - Quantidade de funcionários das Unidades 1 e 2, ao longo de 2008 (dados fornecidos pela empresa).
jan
fev
mar
abr
Qtdade
2.000 2.000 2.500 3.000
funcion.
mai
3.200
jun
jul
ago
set
out
nov
dez
MÉDIA
3.465 3.607 3.705 3.697 3.684 3.677 3.522 3.171,42
Assim, o valor estimado por proporção direta, da emissão proveniente do
deslocamento dos funcionários das Unidades de Curitiba, no ano de 2008, é de 1.870,59tCO2e,
considerando-se a média de 3.171,42 funcionários ao longo de 2008 e o valor de emissão de
1,706,37tCO2e para 2.893 funcionários.
110
4.3.3 Emissões provenientes das viagens dos funcionários
Para o cálculo da emissão proveniente das viagens aéreas dos funcionários da empresa
no ano de 2008, foram compiladas as informações de acordo com o trecho percorrido e o setor
a que pertence o passageiro.
A distância percorrida para cada trecho também foi pesquisada, sendo os vôos
separados em domésticos e internacionais e, para esses, também foi feita a divisão dos vôos
em curtos, com menos de 500 km, ou longos, com mais de 500 km percorridos. Os fatores de
emissão utilizados foram 0,191077 kgCO2.passageiro-1.km-1 para vôos domésticos, 0,107147
kgCO2.passageiro-1.km-1 para vôos internacioansi de curta distância e, para os de longa
distância o fator utilizado foi 0,120554 kgCO2.passageiro-1.km-1 . As informações com os
totais de quilômetros percorridos e a quantidade de vôos compilados, de acordo com a
distância do vôo, estão apresentadas na tabela 54.
Tabela 54 - Distância percorrida e número de vôos compilados, de acordo com a distância do vôo (empresa).
Vôos
Vôos internacionais curtos
Vôos internacionais longos
domésticos
(<500 km)
(>500 km)
Número de vôos compilados
4311
20
100
Distância total percorrida em
2008 (km)
2.452.256
4.028
1.058.955
A separação dos vôos internacionais em curtos ou longos deve-se ao fato do fator de
emissão ser diferente para cada tipo, conforme apontado no item 3.4. O cálculo da emissão de
CO2e é realizado de acordo com a equação 9.
Emissão tCO2e = Distância percorrida * Fator de emissãoGEE * PAGGEE (9)
Utilizando a equação 9 e os dados das distâncias percorridas apresentados na tabela
54, chegou-se ao valor das emissões de GEE provenientes das viagens aéreas dos funcionários
da empresa, apresentado na tabela 55.
Tabela 55 - Emissões de GEE proveniente das viagens dos funcionários.
Emissão (tCO2e)
Vôos domésticos
470,48
Vôos internacionais
128,09
TOTAL
598,57
111
4.3.4 Emissões provenientes da energia consumida pelos usuários dos produtos
Para a continuação da estimativa deste escopo, foram levantadas as informações do
consumo médio de energia dos produtos, apresentados na tabela 56. A quantidade de
máquinas produzidas no período de 2003 a 2007 é apresentada na tabela 57 e a produção
mensal em 2008, na tabela 58. Foi computada a emissão dos itens produzidos desde 2003 por
se considerar uma vida útil de seis anos para os produtos.
Tabela 56 - Consumo de energia de produtos fabricados pela empresa (dados fornecidos pela empresa).
Energia consumida em
modo Idle
Energia consumida em
modo Burn-in
Energia unitária
consumida
Desktop
52 Wh
119 Wh
-
Desktop + Monitor LCD 17´
Notebook - Mobo 3G 2060
Notebook – Mobo White
77 Wh
-
144 Wh
-
11 Wh
12 Wh
Notebook M749 Intel Core 2 Duo
-
-
23 Wh
Notebook M749 Celeron
-
-
31 Wh
Tabela 57 - Produção da empresa no período de 2003 a 2007 (dados fornecidos pela empresa).
2003
2004
2005
2006
2007
Notebooks
0
0
4.744
47.850
245.772
Desktops
22.270
99.358
370.953
808.125
1.183.681
Tabela 58 - Produção da empresa em 2008 (dados fornecidos pela empresa).
jan/08
fev/08
mar/08
abr/08
mai/08
jun/08
Notebooks
21.239
13.434
24.370
35.359
51.460
40.170
Desktops
89.230
78.498
93.969
107.330
88.962
124.710
jul/08
ago/08
set/08
out/08
nov/08
dez/08
TOTAL
Notebooks
55.436
52.046
48.201
61.731
61.221
16.494
481.161
Desktops
108.636
76.597
89.622
93.284
86.887
91.788
1.129.513
Com base nas informações das tabelas 56, 57 e 58 efetuou-se o cálculo de emissões
assumindo-se a hipótese de que 70% dos produtos são utilizados em todos os dias do ano (365
112
dias) durante 3 horas por dia, e os outros 30% utilizam os produtos nos dias úteis do ano (270
dias), durante 8 horas por dia, de acordo com pesquisa de mercado efetuada pela própria
empresa. Com base nessas hipóteses e com o auxílio da equação 7, calculou-se a emissão de
GEE pelo uso dos computadores produzidos no período de 2003 a 2007. Para as emissões de
2008, considerou-se a produção mensal e a utilização proporcional no decorrer do ano, ou
seja, assumiu-se o tempo de uso de 91,25 horas mensais para 70% dos produtos fabricados e
180 horas mensais para 30% dos produtos, a partir do mês de produção do equipamento.
Emissão tCO2e = Quantidade produto * Energia Consumida * Tempo de consumo
anual * Fator de emissão energia
(7)
A tabela 59 apresenta a estimativa de emissão pelo uso dos produtos durante o ano de
2008, com base na estimativa descrita acima e levando em consideração, para os desktops, o
maior consumo do produto, ou seja, utilizou-se o consumo em modo Burn-in e para os
notebooks o consumo médio do modelo M749.
Tabela 59 - Estimativa da emissão de CO2e pelo consumo de energia elétrica dos produtos.
Emissão tCO2e
Desktop 2003 a 2007
Notebooks 2003 a 2007
Desktop 2008
Notebook 2008
TOTAL
20.240,19
551,52
4.999,02
426,26
26.216,98
4.3.5 Emissões provenientes do transporte dos produtos
As estimativas de emissões de gases de efeito estufa provenientes do transporte dos
produtos foram calculadas utilizando as informações fornecidas pela empresa, de saída de
produtos da fábrica.
Primeiramente, foram eliminadas as informações que continham um mesmo número
de nota fiscal e, conseqüentemente, a mesma massa de carga transportada, considerando que
havia repetição de dados e sua utilização superestimaria as emissões de GEE. Após a
eliminação dos dados repetidos, filtrou-se os dados de acordo com o destino dos produtos, se
dentro do país ou para o exterior, considerando-se o transporte nacional como sendo
rodoviário e o transporte internacional como sendo aéreo.
113
Para cada grupo de meio de transporte foram separados os trechos, pesquisadas as
distâncias percorridas de cada trecho e relacionadas às massas transportadas. Os dados sem
registro da massa transportada foram separados e calculados por proporção direta, para cada
agrupamento realizado.
No cálculo do transporte terrestre, os trechos foram agrupados de acordo com o estado
de envio, considerando-se como destino a capital de cada estado, ou seja, nesses casos, a
distância percorrida foi calculada considerando-se a Unidade da fábrica da empresa como
ponto de saída e a capital do estado como destino. Não foram pesquisadas as distâncias por
cidade devido à extensa variedade dessas presentes na planilha entregue pela empresa.
Especificamente para o estado do Paraná, inicialmente separou-se os dados
transportados dentro de Curitiba e os demais foram agrupados de acordo com a região onde se
situam as cidades, sendo a seleção feita através do CEP registrado como destino dos produtos.
Os grupos dos CEPs foram agrupados conforme o início 83; 84; 85; 86 e 87. Dentro de cada
grupo de CEP pesquisou-se as distâncias das cidades com mais registros, sendo que, somando
a quantidade de registros dessas cidades, o valor fosse correspondente a, pelo menos, 85% do
total de registros. Para os demais dados dentro de cada grupo de CEP, utilizou-se como
distância percorrida a média das cidades do grupo de CEP.
Os registros de Curitiba foram separados de acordo com o bairro de destino e foram
pesquisadas as distâncias percorridas da fábrica até tais bairros.
Para cada trecho percorrido, calculou-se a emissão de GEE conforme a equação 10,
utilizando os fatores de emissão, para o transporte rodoviário de 0,000132 tCO2.tkm-1;
0,002174799 gCH4.tkm-1 e 0,001677702 gN2O.tkm-1. Para o transporte aéreo, o fator
utilizado foi de 0,0006649 tCO2.tkm-1.
Emissão(trecho, meio de transporte) tCO2e = Distância percorrida * ∑massa transportada *
Fator de emissão * PAG
(10)
Através do somatório das emissões dos trechos para cada meio de transporte e para
cada agrupamento feito para pesquisa das distâncias, foram obtidas as emissões para os dados
com registros de valores de massa transportada e, através de proporção direta, com base no
número de registros, estimou-se as emissões para os dados sem registro de massa para cada
grupo: aéreo, rodoviários para os estados sem Paraná, rodoviário para Paraná sem Curitiba e
rodoviário para Curitiba.
A tabela 60 apresenta o resultado das emissões.
114
Tabela 60 - Estimativa de emissões pelo transporte dos produtos.
Emissões
(tCO2e)
10,48
Curitiba
Paraná (sem Curitiba)
Demais estados
Aéreos
Emissões estimadas para
Emissão
dados sem massa(tCO2e) total (tCO2e)
2,54
13,02
82,37
12,35
94,72
1.467,30
276,47
1.743,76
142,04
49,71
191,75
2.043,25
4.3.6 Emissões provenientes do transporte dos resíduos
As estimativas de emissões de gases de efeito estufa provenientes do transporte dos
resíduos foram calculadas realizadas utilizando as informações presentes no Plano de
Gerenciamento de Resíduos Sólidos (2009) da empresa, sendo as informações utilizadas a
massa de resíduos gerados pela empresa em 2008 e a distância da empresa até a empresa que
coleta o resíduo.
As emissões, para cada tipo de resíduo, ou seja, para cada trajetória de coleta, foram
calculadas de acordo com a equação 10.
Emissão(trecho, meio de transporte) tCO2e = Distância percorrida * ∑massa transportada *
Fator de emissão * PAG
(10)
Os fatores de emissão utilizados para o cálculo das emissões dos transportes dos
resíduos foram 0,000132 tCO2.tkm-1; 0,002174799 gCH4.tkm-1 e 0,001677702 gN2O.tkm-1.
A tabela 61 apresenta os resultados das emissões do transporte de resíduos da empresa.
Tabela 61 - Estimativa de emissões pelo transporte dos resíduos.
Emissões
Emissões
Resíduos
Resíduos
(tCO2e)
(tCO2e)
papel
0,013
orgânicos
0,122
papelão
3,052
refeitórios
0,079
plástico rígido
0,056
tambores
0,004
plástico flexível
0,435
mídias
0,004
lâmpadas
0,001
isopor
0,005
TOTAL
3,77
115
4.3.7 Emissões provenientes do transporte interno entre as Unidades
As estimativas de emissões de gases de efeito estufa provenientes do transporte da
empresa responsável pelo deslocamento interno dos funcionários, foram realizadas utilizando
as informações do ano de 2009, visto que não há registros para o ano de 2008.
Utilizou-se as informações cedidas para a empresa pela empresa Transtec, que é
responsável pelo transporte interno como os deslocamentos dos funcionários entre as unidades
da empresa, idas ao aeroporto, dentre outros.
Os veículos utilizados são carros movidos a álcool e motos. Os dados percorridos por
tipo de veículo e por meses em que se tem registro da quilometragem estão apresentados na
tabela 62. A quilometragem dos meses em que não se tem registro de quilometragem
percorrida foi estimada através da média da quilometragem dos meses com registro
multiplicado pela quantidade de meses sem registro, que são cinco. O valor calculado também
está apresentado na tabela 62.
Tabela 62 - Quilômetros percorridos por tipo de veículo pela Transtec (dados fornecidos pela empresa)
fev
abr
mai
jun
jul
ago
estimativa p/ 5 meses
sem informação
estimativa
total (km)
5.831
6.036
6.142
7.714
7.126
7.518
31.226,43
74.943,43
carros (km) 15.185 28.476 29.587 31.464 33.141 30.512 33.792
144.397,86
346.554,86
jan
motos (km) 3.350
As emissões foram calculadas de acordo com a equação 9 e os fatores de emissão
utilizados para os carros e motos foram 0,217 kgCO2.km-1 para carros a gasool; 0,175
kgCO2.km-1 para carros a álcool; 0,0192625 gCH4.km-1 e 0,0198839 gN2O.km-1 para carros.
Para motos os fatores foram 0,1059 kgCO2.km-1; 0,043496 gCH4.km-1 e
0,0198839
gN2O.km-1.
Emissão tCO2e = Distância percorrida * Fator de emissão * PAG
Os resultados são apresentados na tabela 63.
(9)
116
Tabela 63 - Emissão proveniente do transporte de resíduos.
Emissão (tCO2e)
Motos
8,11
Carros (álcool)
62,92
TOTAL
71,03
4.3.8 Emissões provenientes do transporte dos insumos importados
As estimativas de emissões de gases de efeito estufa provenientes do transporte de
insumos importados foram realizadas utilizando as informações fornecidas pela empresa. Os
dados entregues referem-se às informações presentes nos Documentos de Importação (DIs)
dos insumos de 2008, constando, para parte dos registros, a massa transportada, local de saída
e local de destino. Foi realizada uma busca pelas informações das DIs que não constavam nas
planilhas fornecidas pela empresa e, assim, os dados foram completados. No entanto,
informações de 10 DIs, dos 1792, não foram localizadas, assim, para esses registros, as
emissões de GEE foram estimadas por proporção direta.
Foram separados na manipulação das DIs os registros referentes a importações
realizadas pela empresa Federal Express (Fedex), que continham as informações de local de
saída e de destino, sem a massa transportada. Nesses casos foi realizada uma estimativa,
quando possível, das massas transportadas de acordo com a descrição e quantidade dos itens.
A massa unitária do item foi utilizada de acordo com a planilha de pesagem fornecida pelo
grupo de trabalho da Avaliação do Ciclo de Vida4 dos produtos da empresa ou por meio do
cálculo da massa por unidade encontrada utilizando os dados de outro registro com
informações de massa transportada e com mesma descrição de item. Para os registros de
importações por Fedex que não puderam ter a massa transportada estimada, que foram 58,
utilizou-se a estimativa de emissão de GEE por proporção direta considerando-se como
referência nesses casos as emissões de GEEs apenas dos dados completos do transporte por
Fedex.
4
O grupo de trabalho da Avaliação do Ciclo de Vida foi formado em 2009 em parceria entre Universidade
Positivo e a empresa em estudo, com o objetivo de capacitar os integrantes no conhecimento de avaliação de
ciclo de vida de equipamentos de informática e, assim, basear a criação da linha de computadores verdes da
empresa. No início de 2010 o projeto foi concluído sendo a continuidade das discussões conduzida pela empresa
em estudo.
117
Os dados foram trabalhados de acordo com o meio de transporte utilizado: marítimo e
aéreo. Para cada grupo de meio de transporte foram separados os trechos, pesquisadas as
distâncias percorridas e relacionadas as massas transportadas.
Para cada trecho percorrido, calculou-se a emissão de GEE conforme a equação 15,
utilizando o fator de emissão de acordo com o meio de transporte. Para os transportes aéreos o
fator de emissão utilizado foi de 0,0006649 tCO2.tkm-1, para o marítimo 0,000013 tCO2.tkm-1;
1,0004 x 10-7 tCH4.tkm-1; 5,0032 x 10-7 tN2O.tkm-1 sendo os fatores recomendados por
Protocolo GHG (2009) com base em Defra (2009). No caso de entreposto, considerou-se o
transporte como sendo aéreo, dada a semelhança entre os trechos desses meios de transporte.
Emissão(trecho, meio de transporte) tCO2e = Distância percorrida * ∑massa transportada *
Fator de emissão * PAG
(15)
Os resultados são apresentados na tabela 64.
Tabela 64 - Estimativa de emissões pelo transporte dos insumos importados.
MARÍTIMO
AÉREO
FEDEX (aéreo)
SEM DI
SEM MASSA-FEDEX
TOTAL
Emissão
(tCO2e) Registros
57.190,46
796
11.423,95
996
28,19
190
382,89
10
8,61
58
69.034,10
%
registros
38,83
48,59
9,27
0,49
2,83
%
emissão
82,84
16,55
0,04
0,55
0,01
Ainda, foi realizada a estimativa da emissão do transporte rodoviário desses insumos
advinda do trajeto percorrido do desembarque da carga importada até a empresa. A estimativa
foi feita agrupando os locais de desembarque e pesquisando a distância desses locais até a
empresa, e também levando-se em consideração a massa transportada. O valor obtido da
emissão de transporte rodoviário dos insumos importados foi de 334,79 tCO2e, assim, o valor
total da emissão do transporte de entradas importadas é de 69.368,89 tCO2e.
118
4.3.9 Emissões provenientes do transporte das entradas nacionais
As estimativas de emissões de gases de efeito estufa provenientes do transporte dos
insumos nacionais foram realizadas utilizando as informações de entradas de materiais,
fornecidas pela empresa.
Conforme os demais itens de transporte de carga apresentados, evidenciou-se a
necessidade da utilização da massa transportada para o cálculo das emissões de GEE. Na
planilha entregue pela empresa não havia tal informação, e, dessa forma, os itens foram
agrupados em famílias de acordo com a descrição do material. As massas foram, então,
estimadas por meio da planilha de pesagem dos componentes dos desktops e notebooks
realizados pelo grupo de Avaliação do Ciclo de Vida dos Produtos da empresa e de planilhas
fornecidas pela empresa com descrição de itens e de massas de componentes.
Para a pesquisa das distâncias, os dados fornecidos foram agrupados de acordo com o
estado de remessa e considerou-se a capital de cada estado como local de saída do material,
exceto para o estado do Paraná. Nesse caso, a distância percorrida utilizada foi a média das
distâncias do estado utilizadas no transporte dos produtos (item 4.3.5). Especificamente para a
cidade de Curitiba, foram separados os trechos percorridos entre as Unidades da empresa e
pesquisadas a localização das empresas de envio e a distância dessas até a fábrica, para as
empresas responsáveis pela maior quantidade de massa transportada em Curitiba. Para as
demais distâncias de Curitiba, foi utilizada a média das distâncias dos bairros dessa cidade,
utilizadas no transporte dos produtos. Os dados não passaram por maior refinamento, pois a
planilha fornecida pela empresa, além de não conter a massa transportada, também não
continha os endereços completos do remetente, apenas as cidades.
As emissões foram calculadas de acordo com a equação 11.
Emissão(trecho) tCO2e = Distância percorrida * ∑(massa média item*quantidade item)
* Fator de emissão * PAG
(11)
Os fatores de emissão utilizados para o cálculo das emissões destes transportes foram
0,000132 tCO2.tkm-1, 2,1748 x 10-9 tCH4.tkm-1 e 1,6777 x 10-9 tN2O.tkm-1, para transporte
rodoviário terrestre, sendo os fatores recomendados por Protocolo GHG (2009) com base em
Defra (2009).
119
O valor calculado das emissões proveniente do transporte de insumos nacionais foi de
2.638,02 tCO2e.
4.3.10 Emissões provenientes da extração dos insumos
As emissões provenientes da extração da matéria prima e fabricação dos insumos
utilizados na montagem dos desktops e notebooks da empresa foram estimadas através do
programa SimaPro, utilizado para avaliar o ciclo de vida dos produtos. O programa fornece,
utilizando as médias das informações do seu banco de dados, as emissões atmosféricas
provenientes da extração e produção dos insumos.
Foram consideradas emissões de notebooks, cujos resultados obtidos foram baseados
em uma máquina típica, conforme descrição: Pentium 3, 600 MHz, 1.0 GB RAM, 128 MB
memória, tela 12,1 polegadas, peso total (incluindo a base de expansão) 3,5 kg.
Para a produção de desktops, os resultados obtidos foram baseados na seguinte
configuração: Pentium 4, 2000 mHz, 4.0 GB RAM, HDD 512 MB, peso total (sem monitor e
caixa) 11.3 kg.
Para o monitor CRT, foi considerado o de 17 polegadas, com tecnologia
representativa da tecnologia dos Estados Unidos em 1990. Para o monitor LCD de 17
polegadas os dados foram obtidos de um projeto Europeu de reuso e reciclagem de monitores
LCD. Os dados representam uma pesquisa com 90 tipos diferentes de monitores LCD e com
dados da internet, portanto, o programa considera que não há especificidade geográfica.
De acordo com o programa, os dados são baseados no maior produtor mundial de
computadores (não especificado), portanto, podendo representar máquinas montadas em
qualquer parte do mundo.
A tabela 65 apresenta os GEE emitidos na extração e produção dos insumos utilizados
no notebook. Os GEEs identificados na planilha fornecida pelo programa foram convertidos
em CO2e, de acordo com o seu potencial de aquecimento global.
120
Tabela 65 – Emissões de GEE na extração e produção de insumos para o notebook.
GEE
CO2
CH4
N2O
SF6
HFC-152a
HFC-134a
Unidade Valor emitido
g
175.743,33
g
372,69281
g
447,8356
g
2,924705
µg
63,741
mg
122,4803
TOTAL
Emissão kg
CO2e
175,7432982
146,6555904
138,8290416
69,9004495
8,92374E-06
0,159224325
392,4585714
A tabela 66 apresenta as emissões obtidas com o programa SimaPro dos GEE
advindos da extração e produção de insumos para desktop, monitores LCD e CRT.
Tabela 66 – Emissões de GEE na extração e produção de insumos para desktop, monitor LCD e CRT.
GEE
CO2
CH4
N2O
SF6
HFC-152a
HFC-134a
Unidade
g
g
g
g
µg
mg
Desktop
LCD 17'
CRT 17'
262.879,375 226.639,328 262.548,805
23,6609209 30,0537155 27,6590363
750,7938
629,5156
664,1614
0,041151 6,87883096 0,01515461
108,95
63,519
84,649
5,681204
1,167948
1,94159
Aplicando-se o potencial de aquecimento global dos gases apresentados na tabela 66,
obteve-se as emissões em CO2e, conforme apresenta a tabela 67.
Tabela 67 – Emissões de CO2e convertidos de GEE emitidos na extração e produção de insumos para desktop,
monitor LCD e CRT.
GEE
CO2
CH4
N2O
SF6
HFC-152a
HFC-134a
TOTAL
Desktop
262,8794
10,14673
232,7461
0,983509
1,53E-05
0,007386
506,76
em kg CO2e
LCD 17'
226,6393
15,06042
195,1498
164,4041
8,89E-06
0,001518
601,26
CRT 17'
262,548805
13,0068265
205,890034
0,36219518
1,1851E-05
0,00252407
481,81
Os resultados encontrados foram: 392,46 tCO2e por notebook, totalizando 190.193,67
tCO2e para a produção de notebooks em 2008; 988,57 tCO2e para desktop com monitor CRT;
1.108,02 tCO2e para desktop com monitor LCD, totalizando 1.232.444,03 tCO2e para a
121
produção de desktops e monitores em 2008. Assim, o valor total das emissões de GEE
advindos da extração dos insumos é de extrações 1.422.637,69 tCO2e.
Conforme os dados apresentados na tabela 68, verifica-se que as maiores emissões
são de responsabilidade do conjunto desktop + monitor, sendo o monitor LCD mais
impactante em termos de emissão de GEE.
A maior emissão do monitor LCD deve-se ao SF6. Tal gás é frequentemente utilizado
em processos industriais como gás de envoltória de proteção como, por exemplo, isolante de
componentes elétricos de instalações de alta tensão. O SF6 também é utilizado na produção de
LCDs como um gás do processo de gravura e, embora certa quantidade do gás seja consumido
no processo, o restante geralmente é liberado para a atmosfera (CDM, 2010).
Sendo o SF6 um GEE com potencial de aquecimento global muito elevado (23.900),
há projetos de redução de emissão desses gases, que consistem tanto na recuperação e
reciclagem do SF6 como em destruição térmica do mesmo. CDM (2010) explica que quando
o SF6 é utilizado como gás de gravura, geralmente a destruição térmica é utilizada para a
redução da emissão. Nesses casos, o mesmo é coletado e destruído a temperaturas de cerca de
1300-1400 º C. Em projetos em que o gás é utilizado como capa de proteção, há duas
abordagens diferentes: quando utilizado como isolamento de componentes elétricos, é
possível recuperar e reciclar o gás. Ainda, esse tipo de projeto, de acordo com CDM (2010),
inclui melhorias no controle de fugas, e, assim, também contribui para a redução das
emissões. Em outros casos, é possível a substituição do SF6 por outras capas de gás. Muitas
vezes o SF6 é substituído pelo HFC134a que, apesar de também ser um GEE, tem potencial de
aquecimento global cerca de “apenas” 1.300 vezes maior do que o CO2 dessa forma, em
termos de emissão de GEE é preferível do que o SF6 que, conforme já mencionado, tem um
PAG de 23.900.
De acordo com os resultados apresentados, o valor calculado de emissões de GEE da
empresa em estudo para o ano de 2008 é de 1.531.346,88 tCO2e, a tabela 68 apresenta as
emissões por fontes, ou seja dos combustíveis do gerador e motobomba, do uso do GLP, da
produção das espumas de poliuretano, da aquisição de energia, da disposição dos resíduos
orgânicos, do deslocamento dos funcionários, das viagens aéreas, da energia consumida pelo
uso dos produtos, dos transportes dos insumos importados, do transporte de entradas
nacionais, do transporte dos produtos, do transporte dos resíduos, do transporte interno e da
extração dos insumos. A média de emissão de GEE por máquina produzida é de 950 kg
CO2e/máquina, para o ano de 2008.
122
Tabela 68 – Emissões de GEE da empresa, ano 2008.
Escopo
1
1
1
1
2
3
3
3
3
3
3
3
3
3
3
Fonte
GLP
Gasolina
Diesel
Formação espumas de poliuretano
Emissões escopo 1
Energia comprada
Emissões escopo 2
Deslocamento dos funcionários
Resíduos
Viagens funcionários
Energia uso do produto
Transporte insumos importados
Transporte produtos
Transporte insumos nacionais
Transporte resíduos
Transporte interno (Transtec)
Extração dos insumos
Emissões escopo 3
TOTAL
4.4
Emissão (tCO2e)
187,19
1,10
0,29
236,05
424,63
238,26
238,26
1.870,59
161,14
598,57
31.291,02
69.368,89
2.043,25
2.638,02
3,77
71,03
1.422.637,69
1.530.683,98
1.531.346,88
DISCUSSÕES
A figura 12 apresenta o participação de cada atividade nas emissões de CO2e.
123
TRANSPORTE
RESÍDUOS
3,77
TRANSPORTE
INTERNO
71,03
GERADOR
0,29
GLP
187,19
TRANSPORTE
PRODUTOS
2.043,25
TRANSPORTE
INSUMOS
(IMPORTADOS)
69.368,89
UTILIZAÇÃO
PRODUTOS
31.291,02
EXTRAÇÃO DOS
INSUMOS
NOTEBOOK
190.193,67
TRANSPORTE
ENTRADAS
(NACIONAIS)
2.638,02
OUTROS
8.049,28
MOTOBOMBA
1,10
ESPUMA DE
POLIURETANO
236,05
RESÍDUO
161,14
ENERGIA
238,26
VIAGENS
598,57
DESLOCAMENTO
FUNC.
1.870,59
EXTRAÇÃO DOS
INSUMOS DESK +
MONITOR
1.232.444,03
Figura 12 - Emissão por fonte de emissões de CO2e em 2008.
A figura 13 apresenta as emissões de acordo com o enquadramento nos escopos 1, 2 e
3.
Emissão por escopo
0,03%
0,02%
99,96%
ESCOPO 1
ESCOPO 2
ESCOPO 3
Figura 13 - Emissão de CO2e por escopo.
124
4.4.1 Possibilidades de reduções de emissões
Verificando que a maior parte das emissões da empresa está enquadrada no escopo 3,
sendo a maior fonte de emissão a extração dos insumos, a empresa em estudo pode exercer
certa pressão em seus fornecedores a fim de exigir que seus processos sejam mais eficientes e
menos emissores. Outros esforços de reduções de emissões deverão ser concentrados,
principalmente, nos transportes em frota terceirizada e no consumo de energia pelos produtos.
Os fatores de emissão do transporte rodoviário apresentados por Defra (2008), tabela 15,
mostram que os as emissões de um caminhão completamente vazio e de outro completamente
carregado, não variam proporcionalmente à carga. Assim, um caminhão parcialmente
carregado emitirá um certo valor de CO2, e quando totalmente carregado a emissão total será
maior, mas a emissão por massa carregada será consideralvemente menor. Logo, uma forma
de reduzir emissões é realizar os transportes rodoviários em veículos totalmente carregados.
Nesse sentido, é recomendado que a empresa monitore a porcentagem de carga, em relação à
capacidade total do veículo, utilizada em cada transporte realizado. Ressalta-se que no
presente trabalho os fatores utilizados foram os médios, pois as informações de fator de carga
não estão disponíveis. Assim, o início de um banco de dados de informações de ocupação de
cargas é recomendado, permitindo a criação de um histórico de emissões mais preciso da
empresa e, assim, tornando possível a quantificação mais precisa das emissões de GEE nos
transportes de cargas. Outra forma de reduzir as emissões é diminuindo o volume das
unidades transportadas pois, quanto menor for a mercadoria maior a quantidade possível de
ser deslocada em um mesmo veículo, desde que respeitada a capacidade de carga. Ainda,
podem ocorrer reduções das emissões do transporte dos insumos importados por meio do
aumento de utilização dos insumos nacionais. Neste caso, cabe um estudo de avaliação da
viabilidade ou mesmo possibilidade do fornecimento dos insumos por indústria nacional.
Ações para redução das emissões de GEE dos deslocamentos dos funcionários podem
ser iniciadas pela empresa, com programas de incentivo ao transporte solidário (caronas), à
utilização de bicicletas e, ainda, à utilização de veículos menos emissores, como motocicletas.
O estudo de Defra (2008) mostra que carros e motocicletas com menor potência de motor
emitem menos GEE, conforme tabelas 21 e 24. Ainda, a utilização do etanol ao invés de
gasolina, ou o acréscimo da porcentagem de etanol no gasool, como, por exemplo de 22%
para 25%, também reduz as emissões.
125
Ressalta-se, ainda , que todas as emissões de transportes podem ser reduzidas através
da otimização da trajetória percorrida, visto que quanto mais distante o percurso, maior a
emissão. Em consonância com as ações apresentadas por outras empresas, o incentivo para
que alguns funcionários trabalhem em suas residências diminui as emissões de sua locomoção
e de consumo de energia na empresa.
No que se refere às emissões provenientes da energia consumida pelos produtos, que
de acordo com os valores apresentados na tabela 68 é a terceira maior fonte de emissão, um
esforço a fim de reduzir o consumo de energia de desktops, monitores e notebooks com a
constante busca pela eficiência energética desses produtos, deve ser desenvolvido visando a
redução de emissões de GEE. Ainda, a otimização de programas de computador que
gerenciem o consumo de energia dos produtos também permite a redução de maneira prática
aos consumidores dos produtos. Ações voltadas à educação do usuário para otimização do
consumo de energia dos aparelhos, como incentivando que desliguem os monitores quando
possível, também contribui para que hajam reduções. Programas que incentivem ações de
consumidores relacionadas ao plantio de árvores para compensação das emissões também
podem ser elaborados, em consonância com a ação da Dell, como a criação do programa
“Plante uma árvore”, descrito no item 2.6.
Modificações na estrutura da empresa, como a inserção de sensores de presença nos
corredores e banheiros para gerenciamento da energia elétrica consumida, também podem
reduzir as emissões. Ainda, ressalta-se que, de acordo com o trabalho apresentado, as
emissões provenientes da aquisição de energia elétrica da empresa são relativamente
pequenas, quando comparada às demais fontes. No entanto, considerando-se o crescimento da
empresa e, assumindo que tal fato seja uma tendência, pode-se considerar que tais
modificações podem vir a representar uma emissão evitada mais significativa ao longo do
tempo.
Dentre as emissões diretas da empresa, a maior delas refere-se à produção da espuma
de poliuretano. A substituição dos calços por outros materiais também é uma forma de
redução de emissões de GEE gerados pela empresa. Ainda, sabe-se que a empresa em estudo
providenciou, no ano de 2010, a substituição da espuma de poliuretano por polietileno. Dessa
forma, as emissões provenientes da formação da espuma de poliuretano não serão mais fontes
de emissão da empresa em seus próximos inventários.
Ações voltadas às outras fontes de emissão também podem ser realizadas, como a
utilização de teleconferências, quando possível, ao invés do deslocamento de funcionários em
viagens aéreas. A redução de resíduos gerados, de consumo de GLP, gasolina, diesel e energia
126
elétrica também acarreta na redução das emissões de GEE. Ainda, podem ser iniciadas a
realização de compensações das emissões de GEE, com plantios de árvores ou pela compra de
créditos de carbono de projetos que tenham reduzido emissões.
A fim de assegurar a continuidade da realização dos inventários de emissões de GEE e
de demonstrar o zelo da empresa em reduzir as suas emissões, sugere-se que sejam
estabelecidas, conforme orienta o Protocolo GHG, metas de redução de emissões de GEE. As
metas devem refletir os compromissos assumidos pelos gestores, sendo necessário definir
qual será a abrangência das reduções (escopos incluídos), se a meta será relativa ou absoluta e
definição do prazo para o cumprimento da redução. Ainda, as metas de redução podem ser
estipuladas em relação ao ano base deste trabalho – 2008.
4.4.2 Incertezas associadas ao inventário realizado
No que se refere às incertezas associadas ao inventário, verifica-se que apenas uma
avaliação qualitativa pode ser efetuada, pois a quantitativa dependeria de dados amostrais,
parecer de especialistas que possam avaliar as incertezas dos dados e dos fatores ou, ainda,
dados de imprecisão de instrumentos de medição. De qualquer forma, pode-se afirmar que as
incertezas no inventário da empresa estão associadas a todos os elementos utilizados na
realização do inventário, como os dados de atividade, com possíveis variações nos dados
fornecidos pela empresa de GLP, gasolina, diesel, resíduos gerados, carga transportada, entre
outros. A utilização de fatores de emissão também adiciona incertezas ao inventário pois, na
maior parte, considera-se os valores médios de estudos que os desenvolvem. Exemplo disso
está nos fatores utilizados no transporte, tanto de passageiros quanto de cargas, pois no
inventário não se considerou o tamanho do motor e nem a variação de emissão de GEE
decorrente da taxa de carga nos veículos, devido à falta de conhecimento dessas informações,
optando-se, assim, pela utilização de fatores médios. De acordo com a tabela 15, as emissões
de um caminhão rígido podem variar 31,64%,entre os veículos de menor e de maior
capacidade, sendo o primeiro mais emissor. Nos caminhões articulados, a variação é maior,
cerca de de 50,31%, também sendo o veículo com menor capacidade o mais emissor. Dessa
forma, verifica-se que a utilização de fatores médios altera o valor de emissão estimada. Se no
inventário realizado fosse utilizado o maior fator de transporte de mercadorias, que seria para
veículo rígido com menor capacidade de carga, o cálculo de emissões de transporte de
127
mercadorias seria aproximadamente 350% maior do que o realizado no trabalho. Ainda, se o
cálculo fosse feito utilizando o menor fator, de veículo articulado com maior capacidade de
carga, o valor que seria obtido seria aproximadamento 62% menor do que o apresentado.
Outro ponto que remete às incertezas dos fatores é o fato de, alguns deles, não serem
desenvolvidos com base em informações nacionais, como é o caso dos fatores de transportes
de cargas e de viagens áreas.
Hipóteses adotadas, como a trajetória percorrida pelos veículos nos deslocamentos de
funcionários e nos tranportes de cargas, inclusive internacionais, também adicionam
incertezas ao inventário. A utilização de combustível nos cálculos dos deslocamentos dos
funcionários com base na distribuição no Estado do Paraná é outra fonte de incertezas, dado
que não se tem conhecimento do real combustível utilizado pelos funcionários em seus
veículos. A consideração do tempo de consumo de energia dos produtos da empresa, os dias
de uso durante o ano e, ainda, a de que o consumo dos equipamentos é contínuo, sem
variações, também é fonte de incerteza no inventário.
4.4.3 Inventários relatados
Esta seção discute os inventários de gases de efeito estufa disponibilizados por
empresas participantes do Programa Brasileiro do Protocolo GHG e por fabricantes de
computadores, incluindo as fontes relatadas por escopo.
Conforme descrito nos itens 2.4.1 e 2.4.2, as diretrizes do Protocolo GHG e ISO
14.064 indicam que as fontes de emissão dos escopos 1 e 2 devem ser obrigatoriamente
relatadas, sendo as fontes do escopo 3 opcionais, cabendo à empresa a decisão da relevância
do relato dessas. No entanto, os participantes do Protocolo GHG estão trabalhando no
lançamento de novos padrões para a contabilidade e relato do escopo 3 corporativo e, em
outro documento, em padrões para contabilidade e relato do ciclo de vida do produto. Ambos
os documentos estão em fase de desenvolvimento, sendo disponibilizada uma versão rascunho
para abertura de opiniões e discussões do desenvolvimento (Protocolo GHG, 2009b).
De acordo com Protocolo GHG (2009b), a iniciativa começou considerando-se que as
contabilizações das emissões estão ficando mais específicas e que tem crescido a constatação
de que as fontes de emissões significativas das atividades empresariais estão muitas vezes fora
dos escopos 1 e 2, ou seja, são emissões do escopo 3, indiretas, e passam a ter uma
128
importância significativa. Ainda, muitas vezes as emissões do escopo 3 são maiores dos que
as dos demais escopos, criando-se, assim, uma oportunidade de redução dessas emissões.
4.4.3.1 Inventários de GEE das empresas no Brasil
A tabela 69 apresenta os valores das emissões, por escopos, das empresas do programa
brasileiro do Protocolo GHG. Pode-se observar a diferença significativa de emissões, dentre
as empresas. Como exemplo Cnec e Petrobras, sendo a última responsável por emissões cerca
de 25.290 vezes maiores que a primeira.
A tabela 70 apresenta a receita líquida das empresas pesquisadas e a quantidade de
funcionários no ano de 2008, período coberto pelos inventários pesquisados. Ressalta-se que
as receitas são apresentadas em reais, dados originais, e em dólares, sendo a conversão de
moedas feita a fim de padronizar com os dados da pesquisa apresentada na tabela 74,
referente à receita e quantidade de funcionários das empresas fabricantes de computadores.
129
Tabela 69 – Emissões dos escopos relatadas pelas empresas no Brasil (dados obtidos do Programa Brasileiro
GHG Protocol, 2009).
Emissões
Escopo 1
(tCO2e)
Emissões
Escopo 2
(tCO2e)
Emissões
Escopo 3
(tCO2e)
Emissões
totais
(tCO2e)
Emissões da
combustão de
biomassa (tCO2e)
Abril
13.028
3.005
47.793
63.826
903
Alcoa
1.349.593,93
303.134,96
59.342,50
1.712.071,39
1.858,97
Ambev
392.643,041
68.457,322
não consta
461.100,36
150.589,95
Anglo
Americano
175.529,04
101.980,88
43.023,85
320.533,77
não consta
Banco do Brasil
4.288,51
33.107,27
12.310,31
49.706,09
não consta
Banco Real
1.570,82
7.167,37
17.105,14
25.843,33
não consta
Bradesco
13.703,31
20.915,29
104.993,59
139.612,19
6.842,24
Cesp
5.761,02
689,90
1.608,98
8.059,90
1.382,76
Cnec
29,18
37,20
1.953,58
2.019,96
713,43
Copel
184.267,11
1.114,60
não consta
185.381,71
2.460,11
Embraer
48.100
6.215
25.406
79.721
448
Enbr
7.013
819
7.468
15.300
1.163
Ford
1.432,51
174,235
não consta
175.667,51
não consta
Furnas
301.423
2.301
não consta
303.724
12,55
Itaú Unibanco
5.845,15
25.963
97.553,06
129.361,21
não consta
Natura
7.097
1.440
175.509
184.046
3 896
O Boticário
1.158
347
4.921,5
6.426,5
404
Petrobras
50.803.983
280.799
não consta
51.084.782
não consta
Polícia Federal
14.614
2.366
4.600
21.580
1800
Quattor
51,7
30.682
não consta
30.733,70
não consta
Suzano
611.495
24.354
279.774
915.623
4.094.563
Votorantim
18.946.361
378.616
não consta
19.324.977
8.277.974
Wal Mart
205.620
38.547
não consta
244.167
não consta
Empresa
130
Tabela 70 – Receita e quantidade de funcionários em 2008 – empresas Programa Brasileiro Protocolo GHG.
Empresa
Receita 2008 (milhões R$)
Receita 2008 (milhões US$)*
Quantidade funcionários
Abril
1.920,00
821,57
4.100
Alcoa
2.528,63
1.082,00
6.536
Ambev
20.899,00
8.942,66
39.301
Anglo Americano
2.409,885
1.031,18
7.605
Banco do Brasil
10.500,00
4.492,94
89.400
Banco Real
11.437,97
4.894,30
53.000
Bradesco
11.215,00
4.798,89
86.622
Cesp
2.479,69
1.061,06
1.321
Cnec
não consta
-
não consta
Copel
5.458,78
2.335,81
8.405
Embraer
11.746,8
5.026,44
16.853
Enbr
4.904,2
2.098,50
2.322
Ford
não consta
-
não consta
Furnas
5.771,65
2.469,68
4.724
Itaú Unibanco
64.819,99
27.736,41
108.000
Natura
3.618,00
1.548,14
4.386
O Boticário
não consta
-
2.000
Petrobras
215.118,00
91.048,78
55.199
Polícia Federal
não consta
-
não consta
Quattor
não consta
-
1.700
Suzano
4.604,00
1.970,05
3.540
Votorantim
35.082,74
15.011,87
39.8156
Wal Mart
não consta
-
80.000
*Conversor
de
moedas
Banco
Central,
data
da
cotação:
01/01/2009.
(http://www4.bcb.gov.br/?TXCONVERSAO). Taxa: 2,337 reais = 1 dólar americano.
A figura 14 apresenta o inventário de emissões de GEE das empresas do Programa
Brasileiro do Protocolo GHG e da empresa em estudo pela receita, durante o ano de 2008.
Lembrando que o escopo 3 é opcional, cabendo às empresas a escolha de quais fontes de
5
6
Não especifica se receita bruta ou líquida.
Valor obtido pela soma dos funcionários dos segmentos.
131
emissão relatar nesse escopo. Apresenta-se, na figura 15, a emissão dos escopos 1 e 2 –
obrigatórios, pela receita da empresa.
Emissão total [kg CO2.mil US$-1]
Emissões totais pela receita
10000
1792,16
1582,32
1000
100
1287,31
561,07 464,77
310,84
122,98 118,88
79,37 77,69
51,56
29,09
15,86
10
11,06 7,60
7,29
5,28 4,66
1
Figura 14 - Emissão total de CO2e pela receita das empresas do programa brasileiro do Protocolo GHG e da
empresa em estudo, em escala logarítmica.
Emissões - escopos 1 e 2 pela receita (US$)
Emissão total [kg CO2.mil US$-1]
10000
1000
100
1527,48
1287,31
561,07
322,76 269,12
122,98
79,37
51,56
19,52
10
10,81 8,32 7,21
6,08
5,51 3,73
1,79
1
1,15 0,78
0
Figura 15 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 pela receita das empresas do programa brasileiro Protocolo GHG
e da empresa em estudo, em escala logarítmica.
A figura 14 sugere que a emissão de GEE da empresa em estudo pela receita é maior
do que de todas as empresas do Programa Brasileiro do Protocolo GHG. No entanto, deve-se
lembrar que as emissões da empresa em estudo incluem diversos itens do escopo 3, o que não
se verifica para as demais empresas, que computam menos fontes de tal escopo. Dessa forma,
as fontes relatadas pela empresa em estudo são mais abrangentes que as demais. Assim,
analisando a emissão apenas dos escopos obrigatórios 1 e 2, que referem-se à emissão direta
132
da empresa, observa-se que a empresa em estudo possui o menor nível de emissões quando
comparada às demais empresas, sendo a Alcoa, Votorantim, Petrobras, Suzano e Anglo
Americano as empresas responsáveis pelos cinco maiores níveis de emissões, considerando-se
apenas as emissões diretas.
A figura 16 apresenta o inventário de emissões de GEE das empresas do Programa
Brasileiro do Protocolo GHG e da empresa em estudo pela quantidade de funcionários no ano
de 2008. Da mesma forma, apresenta-se as emissões dos escopos 1 e 2 por funcionário, na
figura 17.
Emissões totais por funcionário
925,47
485,37
Emissão total [t CO2.funcionário-1]
1000
392,65
261,94 258,65
100
64,29
42,15 41,96
22,06 18,08
15,57
10
11,73
6,59
6,10
4,73
3,21
3,05
1,61
1
1,20
0,56 0,49
0
Figura 16 - Emissão total de CO2e por funcionário das empresas do programa brasileiro do Protocolo GHG e da
empresa em estudo, em escala logarítmica.
Emissão total [t CO2.funcionário-1]
Emissões - escopos 1 e 2 por funcionário
1000
100
925,47
485,37
252,87
179,62
64,29
36,49
22,06 18,08
10
1
11,73
4,88 3,91 3,37
3,22 3,05
1,95
0,75 0,42 0,40 0,29 0,16 0,11
0
Figura 17 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário pelas empresas do programa brasileiro Protocolo
GHG e da empresa em estudo, em escala logarítmica.
133
4.4.3.2 Fontes relatadas pelas empresas no Brasil
Com a finalidade de determinar quais fontes são usualmente relatadas pelas
corporações, foram analisados os relatórios disponibilizados pelas empresas, sendo os
resultados da pesquisa apresentados na tabela 71, onde se pode observar que, dos vinte e três
relatórios das empresas pesquisadas, oito não descrevem nenhuma fonte de emissão do escopo
3, ou seja 34,78% das empresas não fizeram o levantamento das fontes de emissão
classificadas nesse escopo, ou optaram por não as declarar. As demais variam os relatos das
fontes, algumas considerando o transporte de cargas, podendo ser terrestre, marítimo ou
aéreo, ou provenientes do uso de empilhadeiras, veículos locados, resíduos, efluentes, gás
refrigerante, consumo de papel em escritório, emissões de combustão estacionárias, de
primeiros processamentos, do descarte do produto final e de viagens aéreas, sendo essa última
a fonte no escopo 3 relatada com maior freqüência entre as empresas, chegando a 56,52% das
empresas.
As fontes de emissão do escopo 1, de combustão estacionária, referem-se a emissões
de caldeiras, fornos, turbinas, entre outros (CAMPOS, 2009). Já as fontes móveis são
referentes a equipamentos que possuem mobilidade, tais como carros, motos, caminhões,
ônibus, navios e aviões. As emissões de processos, de acordo com Campos (2009), ocorrem
pelo processamento ou fabricação de produtos químicos e de materiais, como cimento,
alumínio, ácido adípico, amoníaco e processamento de resíduos. As fugas de emissões são as
que podem ocorrer com descarga de GEE na ligação dos equipamentos, em tampas,
embalagens, tanques, emissões de HFCs na utilização de equipamentos de refrigeração e de
emissões de metano em minas de carvão além do transporte do gás (CAMPOS, 2009;
PROTOCOLO GHG, 2003).
As fontes do escopo 3 apresentadas na tabela 71 foram separadas de acordo com as
ocorrências das mesmas nas pesquisas dos relatórios de emissão de cada empresa participante
do programa brasileiro do Protocolo GHG. As fontes de equipamentos incluem
empilhadeiras, máquinas utilizadas na lavra e em colheita. As fontes de transportes de carga,
tanto aéreo, marítimo ou rodoviário, são referentes ao transporte de mercadorias, como
matérias-primas ou produtos, realizados em frota que não pertence à empresa. A fonte
veículos refere-se ao transporte de passageiros em veículos locados, como carros, ônibus e
táxis. As viagens aéreas são referentes aos deslocamentos aéreos de funcionários da empresa,
em viagens de negócios. Resíduos e efluentes são fontes de emissões que ocorrem devido ao
134
tratamento dos mesmos. Gás refrigerante são fontes de emissão que ocorrem nos
equipamentos de refrigeração ou ar condicionado. O consumo de papel em escritório é tido
por uma das empresas pesquisadas como responsável por emissões de GEE. A combustão
estacionária refere-se a emissões que ocorrem em fontes fixas, ao contrário das que ocorrem
em veículos e nos transportes de cargas. Os primeiros processamentos foram apontados por
uma das empresas como fonte de emissão, no entanto, não há informações detalhadas, e
possivelmente sejam emissões relacionadas ao uso de matérias-primas na manufatura dos
produtos da empresa. O descarte final do produto também é considerado uma fonte de
emissões, que ocorrem na decomposição do produto, após descarte pelo usuário.
135
Tabela 71 – Fontes dos escopos 1 e 3 relatadas pelas empresas no Brasil (dados obtidos do Programa Brasileiro GHG Protocol, 2009).
x
x
Anglo
Americano
x
x
x
x
Banco Real
x
x
Bradesco
x
x
Banco
Brasil
Cesp
do
x
Cnec
x
x
x
x
Embraer
x
x
x
x
x12
x
x
x
x13
x
x
x
x16
x17
x
x
x
x
15
x
x
x
x
x
x
x
x
Descarte final
produto
x
x
x
x
x
x
x14
x
x
x
Primeiros
processamentos
x
Gás refrigerante
x
x11
Empilhadeiras, máquinas utilizadas na lavra, colheita.
Transporte terrestre de pessoas.
9
Abordagem de participação acionária.
10
Transporte de produtos.
11
Transporte de ferronióbio, ferroníquel, rocha fosfática.
12
Transporte de malotes, valores e cargas gerais.
13
Transporte coletivo.
14
Transporte por táxi e reembolso de quilometragem.
15
Táxis, ônibus e veículos locados.
16
Transporte de materiais, resíduos e parte dos insumos.
17
Transporte de funcionários feitos por empresas terceirizadas e não em veículos próprios.
8
x
Efluentes
Transporte carga
marítimo
x
x
x8
Resíduos
Transporte carga
aéreo
x
10
Transporte de
funcionários
Transporte carga
terrestre
Emissões
fugitivas
x
x
x
Copel
7
x
x
Combustão
estacionária
Ambev
x
x
Consumo de
Papel em
escritório
x
x
Viagens aéreas
x
Emissões
processos
x
Veículos
Alcoa
9
x
Fontes Escopo 3
Equipamentos7
Abril
Combustão
móvel
Fontes Escopo 1
Combustão
estacionária
Empresa
136
Continuação da tabela 71.
x
x
x
Itaú Unibanco
x
x
x20
x
x
21
x
22
x
x
x
x
x
Petrobras
x
x
x
x
Suzano
x
x
Votorantim
x
x
Wal Mart
x
x
18
x
x
x
Combustão
estacionária
Consumo
Papel
Gás refrigerante
Efluentes
x
x
x
x
x
x
x
x
x23
x
x24
x
x
Empilhadeiras, máquinas utilizadas na lavra, colheita.
Frota de empresas contratadas para prestação de serviços de construção e manutenção de redes elétricas.
20
Transporte de cargas e valores.
21
Transporte produto até consumidor final e “outros transportes”.
22
Transporte de embalagem, matéria-prima, produto acabado e de resíduos.
23
Transporte de materiais, resíduos, parte de insumos e produtos.
24
Transporte de funcionários feitos em empresas terceirizadas e não em seus veículos próprios.
19
Resíduos
Viagens aéreas
Veículos
Transporte de
funcionários
Transporte carga
marítimo
x
x
Quattor
x
x
x
x
O Boticário
Polícia Federal
x19
x
Furnas
Natura
Transporte carga
aéreo
Transporte carga
terrestre
Equipamentos18
x
Descarte final
produto
Ford
Emissões
fugitivas
Emissões
processos
x
Fontes Escopo 3
Primeiros
processamentos
Enbr
Combustão
móvel
Fontes Escopo 1
Combustão
estacionária
Empresa
X
x
137
4.4.3.3 Inventários de GEE de fabricantes de computadores
Com a finalidade de caracterizar os principais fabricantes de computadores e, assim
possibilitar as comparações de emissões entre eles, são apresentados os resultados de dados
obtidos pelas pesquisas das empresas: Acer, Amazon, Apple, Asus, CCE, Dell, HP, Itautec,
Lenovo, LG, Samsung, Sony e Toshiba. Tais empresas foram escolhidas por representarem as
principais fornecedoras de computadores no mercado nacional e internacional (WILKINS,
2010). Os dados foram obtidos por consultas a relatórios disponíveis nas páginas de internet
dessas empresas. A tabela 72 apresenta o país de origem das fabricantes de computadores.
Tabela 72 – País de origem – empresas de informática.
Brasil
China
Coréia
Japão
Estados Unidos
Acer
Amazon
X
X
Apple
X
Asus
CCE
X
X
Dell
Empresa em
estudo
X
X
HP
Itautec
Lenovo
X
X
X
LG
X
Samsung
X
Sony
X
Toshiba
X
Foram considerados os inventários de emissões de GEE de 2008, sendo os dados
registrados, quando disponíveis, de acordo com os escopos indicados pelo Protocolo GHG e
sendo apresentado também o valor total das emissões.
A tabela 73 apresenta essas
informações. Já a tabela 74 apresenta o faturamento e a quantidade de funcionários no ano de
2008 das empresas de computadores e a quantidade de funcionários.
138
Tabela 73 - Inventário de emissões de GEE – empresas de informática.
ESCOPO 1
ESCOPO 2
ESCOPO 3
TOTAL
(tCO2e)
(tCO2e)
(tCO2e)
(tCO2e)
1.851
41.922
2.186
45.960
Amazon
não consta
não consta
não consta
não consta
Apple1
não consta
não consta
não consta
não consta
Asus
146
11.982
246
12.374
CCE
não consta
não consta
não consta
não consta
Dell
40.000
390.000
50.000
480.000
Empresa em
424,63
238,26
1.530.683,97
1.531.346,88
HP2
não consta
não consta
não consta
7.167.000
Itautec
não consta
não consta
não consta
não consta
Lenovo
1.639
58.109
13.818
73.566
LG
não consta
não consta
não consta
não consta
Samsung
não consta
não consta
não consta
não consta
Sony3
não consta
não consta
não consta
1.084.000
Toshiba4
não consta
não consta
não consta
11.266.000
Acer
estudo
1
Apple - Apresenta os inventários de emissões de GEE por produto, sem especificar escopos.
HP - Inclui emissões relacionadas às operações da empresa, especificadas como eletricidade, gás natural, de
refrigeração, diesel e emissões da manufatura; viagens de negócios dos funcionários; emissões do uso de
eletricidade dos principais fornecedores; transporte dos produtos; uso dos produtos e emissões evitadas pela
reciclagem dos produtos. Não especifica escopos.
3
Sony - Apresenta as emissões por local, sem especificar escopos.
4
Toshiba - Inclui emissões de processos dos negócios (pesquisa e desenvolvimento; aquisições das entradas
na fábrica, como energia, água, produtos químicos e outros materiais), distribuição dos produtos e uso dos
produtos, sem especificar escopos.
2
139
Tabela 74 – Receita e quantidade de funcionários em 2008 – empresas de informática.
Receita 2008 (milhões US$)
Quantidade funcionários em 2008
Acer
16.650,00
6.000
Amazon
não consta
200
Apple
32.479,00
32.000
Asus
8.132,27
11.151
CCE
não consta
5.800
Dell
61.133,00
88.450
854,47*
3.900
118.400,00
321.000
Itautec
764,48*
não consta
Lenovo
16.352,50
23.111
LG
21.940,55*
82.000
Samsung
96.495,08
39.200
Sony
97.902,11*
180.500
Toshiba
76.680,76
197.718
Empresa em
estudo
HP
*Conversor
de
moedas
Banco
Central,
data
da
cotação:
01/01/2009.
(http://www4.bcb.gov.br/?TXCONVERSAO). Taxa: 2,337 reais = 1 dólar (EUA); 0,0018556 reais = 1
won (Coréia do Sul); 0,0258 reais = 1 iene (Japão); 0,071182 reais = 1 novo dólar (Taiwan)
A figura 18 mostra o inventário de emissões de GEE das fabricantes de computadores
pela receita durante o ano de 2008. Já a figura 19, apresenta a emissão apenas dos escopos 1 e
2 pela receita, incluindo apenas as fabricantes de computadores que apresentam seus
inventários separados por escopo 1, 2 e 3, de acordo com a orientação do Protocolo GHG.
Pode-se observar que, de forma semelhante ao que ocorre com as empresas do
Programa Brasileiro do Protocolo GHG, as emissões da empresa em estudo parecem ser
maiores do que as das demais fabricantes de computadores, principalmente porque os relatos
de escopo 3 das demais empresas não incluem a maioria dos itens relatados no estudo
realizado, e certamente não incluem o principal deles que são as emissões devido à extração
dos insumos. Assim, quando apresenta-se as emissões apenas dos escopos 1 e 2, as emissões
da empresa em estudo diminuem significativamente. Comparando-se as figuras 18 e 19
verifica-se que as posições das fabricantes de computadores Acer, Dell, Lenovo, Asus e a
empresa em estudo são alteradas. De acordo com a figura 18, quando se considera todos os
escopos de emissão, a ordem da maior emissora para a menor entre elas é: empresa em
140
estudo, Dell, Lenovo, Acer e Asus, mas, quando apresenta-se apenas as emissões dos escopos
1 e 2 a ordem passa a ser Dell, Lenovo, Acer, Asus e a empresa em estudo.
Emissões totais pela receita
Emissão total [kgCO2. mil US$-1]
10000
1.792,16
1000
146,92
100
60,53
11,07
10
7,85
4,50
2,76
1,52
1
Empresa Toshiba
em estudo
HP
Sony
Dell
Lenovo
Acer
Asus
Figura 18 - Emissão total de CO2e pela receita das fabricantes de computadores, em escala logarítmica.
Emissões escopo 1 e 2 pela receita
Emissão total [kgCO2. mil US$-1]
8
7,03
6
3,65
4
2,63
2
1,49
0,78
0
Dell
Lenovo
Acer
Asus
Empresa em estudo
Figura 19 - Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 pela receita das fabricantes de computadores.
As figuras 20 e 21 apresentam o inventário de emissões pela quantidade de
funcionários. Observa-se que, da mesma forma apresentada do inventário de emissões de
GEE pela receita, a posição da empresa em estudo é alterada quando consideram-se todas as
emissões e quando apresenta-se apenas as emissões dos escopos 1 e 2. Já a ordem de emissão
das outras fabricantes de computadores que apresentam as suas emissões por escopo, são
141
Acer, Dell e Lenovo e Asus, tanto para apresentação do inventário total quanto para
apresentação apenas dos escopos 1 e 2.
Emissões totais por funcionário
Emissão total [t CO2 .funcionário-1]
1000
392,65
100
56,98
22,33
7,66
10
6,01
5,43
3,18
1,11
1
Empresa Toshiba
em estudo
HP
Acer
Sony
Dell
Lenovo
Asus
Figura 20 – Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário das fabricantes de computadores, em escala
logarítmica.
Emissões escopos 1 e 2 por funcionário
Emissão total [t CO2. funcionário-1]
8
7,30
6
4,86
4
2,59
2
1,09
0,17
0
Acer
Dell
Lenovo
Asus
Empresa em estudo
Figura 21 - Emissão de CO2e dos escopos 1 e 2 por funcionário das fabricantes de computadores.
142
4.4.3.4 Fontes do escopo 3 relatadas por fabricantes de computadores
Dado que um dos benefícios apontados para a realização do inventário de emissões de
GEE é a criação de referencial e identificação de oportunidades de melhorar a
competitividade da empresa a partir de comparações das emissões decorrentes dos processos e
geração de produtos (CAMPOS, 2009), pesquisou-se as fontes de emissões relatadas no
escopo 3 pelas empresas de computadores no inventário de 2008. Apenas quatro dessas
empresas apresentam o inventário de emissões por escopos, sendo as fontes do escopo 3
apresentadas na tabela 75.
Tabela 75 – Fontes dos escopos 1 e 3 relatadas pelas empresas de informática.
Escopo 3
Empresa
Escopo 1
Viagens
Veículos
Gás em cafeteria e
aéreas
(locação)
cantina, incluindo
refrigeração
Acer
combustíveis e refrigeração
Amazon
-
Apple1
-
Asus
CCE
óleo diesel em geradores, gasolina em ônibus,
energia consumida nos escritórios, ar
condicionado e refrigeração nos escritórios
gerador, bomba d´água, aquecedores de água,
equipamentos de cozinha, veículos,
emissões fugitivas de equipamentos de
refrigeração
-
Dell
HP2
Itautec
-
Lenovo
combustíveis (transporte funcionários),
emissões das instalações
-
LG
X
Samsung
-
Sony3
-
Toshiba4
-
X
X
X
X
A figura 22 apresenta as emissões pelo faturamento das empresas que apresentam em
suas páginas de internet o inventário dividido por escopos, de acordo com o Protocolo GHG.
143
A maior emissão relatada é da empresa em estudo, especificamente do escopo 3. No
entanto, é importante ressaltar que as emissões de GEE desse escopo não são referentes às
mesmas atividades para cada empresa. De acordo com o Protocolo GHG, tal escopo é
opcional, podendo incluir as emissões que a empresa considerar cabível relatar. No inventário
da empresa em estudo, foram consideradas nove fontes de emissões no escopo 3: emissões
das viagens dos funcionários, da disposição dos resíduos orgânicos, do deslocamento dos
funcionários, do uso do produto, do transporte dos insumos importados, do transporte dos
produtos, do transporte dos resíduos e do transporte interno. A Dell e a Acer consideram nesse
escopo apenas as emissões das viagens aéreas, e a Lenovo, além das viagens aéreas, também
considera as emissões provenientes dos carros alugados pela empresa. A Asus afirma que tem
intenção de incluir em seus próximos relatórios as informações de viagens aéreas de
funcionários, no entanto, relata no escopo 3 as emissões de gases, natural e de refrigeração,
utilizados em cafeterias e cantinas da empresa. Dessa forma, para finalidade de comparações,
evidencia-se a necessidade de haver discriminação das fontes consideradas no escopo 3, para
quaisquer inventários que utilizem as diretrizes do Protocolo GHG. A figura 22 apresenta as
emissões das empresas Acer, Asus, Dell, Lenovo e empresa em estudo, apresentando os
valores por escopos.
kgCO2e .US$ faturado-1
0,1400
Emissões empresas de informática por escopo
0,1200
0,1000
0,0800
0,0600
0,0400
0,0200
0,0000
ACER
ASUS
DELL
LENOVO
EMPRESA
EM
ESTUDO
Escopo 1
0,00011
0,00002
0,00065
0,00010
0,00050
Escopo 2
0,00252
0,00147
0,00638
0,00355
0,00028
Escopo 3
0,00013
0,00003
0,00082
0,00085
0,12645
Figura 22 - Emissões de GEE por escopo.
A figura 22 mostra que a maior emissão por faturamento das empresas está
relacionada ao uso de energia. No caso da empresa em estudo, as emissões mais significativas
referem-se ao escopo 3. As emissões mais significativas da Acer, Asus, Dell e Lenovo são do
144
escopo 2, ou seja, são devidas ao uso da eletricidade pelas empresas, já as emissões da
organização em estudo no escopo 2 podem ser consideradas pequenas quando comparada às
demais empresas. A matriz elétrica dos países ocupa um papel importante nesse contexto. No
Brasil, a matriz elétrica é considerada baixa emissora de GEE por ser composta em 70% por
hidrelétricas, sendo as fontes fósseis a menor parte, de acordo com ANEEL (2009). Dessa
forma, pode-se estimar que se as demais empresas, além da em estudo, incluíssem em seus
inventários as emissões provenientes da extração dos insumos, do uso dos produtos, entre
outras fontes, as suas emissões aumentariam significativamente.
A figura 23 mostra a emissão por faturamento das mesmas empresas apresentadas na
figura 22, no entanto, considerando como emissão do escopo 3 da empresa em estudo apenas
as emissões de viagens aéreas e do transporte interno como as empresas Acer, Dell e Lenovo.
Dessa forma, a Asus não está incorporada no gráfico pois as suas fontes de emissão do escopo
3 diferem das demais, sendo a intenção do gráfico apresentar as emissões quando assume-se
uma mesma base nos escopos.
kgCO2e .US$ faturado-1
0,0070
Emissões empresas de informática por escopo
0,0060
0,0050
0,0040
0,0030
0,0020
0,0010
0,0000
ACER
DELL
LENOVO
EMPRESA
EM
ESTUDO
Escopo 1
0,00011
0,00065
0,00010
0,00050
Escopo 2
0,00252
0,00638
0,00355
0,00028
Escopo 3
0,00013
0,00082
0,00085
0,00078
Figura 23 - Emissões de GEE por escopo, com mesmas fontes de emissão no escopo 3.
A figura 23 evidencia a importância da discriminação do escopo 3, para efeitos de
comparação. Quando apresenta-se no inventário as mesmas fontes de emissão para o escopo 3
da empresa em estudo, a emissão pelo faturamento passa a ser consideravelmente menos que
as demais empresas. Ainda, a figura também reforça que a emissão das outras empresas do
ramo eletro-eletrônico, exceto a da empresa em estudo, tem como sua maior fonte de emissão
o uso da energia elétrica (escopo 2).
145
5
CONCLUSÃO
O estudo realizado permitiu estimar as emissões de GEE de uma fabricante de
computadores e comparar os resultados obtidos com outros inventários de empresas do setor e
das participantes do programa brasileiro do Protocolo GHG. Algumas limitações foram
identificadas no decorrer do trabalho, como a falta de disponibilidade de dados, a falta de
padronização das informações, a dificuldade da empresa em identificar os responsáveis pelos
dados necessários, como também, a falta de fatores de emissão específicos para a realidade
brasileira. Tais aspectos foram dificultantes no desenvolvimento do trabalho, no entanto, não
impediram a realização do estudo e o desenvolvimento de conclusões dele decorrentes.
Dentre os resultados obtidos está a identificação das maiores fontes de emissão da
empresa, destacando-se aquelas decorrentes dos transportes de carga, especificamente dos
insumos importados deslocados até o Brasil em navios e, em menor quantidade, em aviões.
Outras emissões, como as decorrentes da utilização dos produtos da empresa, também foram
identificadas com participação importante nas emissões contabilizadas. Sobretudo, as
emissões da extração dos insumos necessários para a produção de computadores merecem
especial atenção, pois correspondem a cerca de 93% das emissões do ciclo de vida do
computador. Tais emissões, mais significativas, pertencem ao escopo 3, portanto, são
emissões que ocorrem em fontes não pertencentes ou não controladas pela empresa, sendo
seus relatos opcionais.
Verificou-se, também, a partir do inventário realizado e comparando-o com os de
outras empresas, a relevância dos relatos das fontes enquadradas no escopo 3 e as implicações
decorrentes do relato ser opcional, concluindo-se que as empresas podem ocupar diferentes
posições como emissoras de GEE, dependendo de quais fontes de emissão optarem por relatar
no escopo. Dessa forma, a opção pelo relato parcial das fontes, permite a determinadas
organizações se responsabilizarem em parte por suas emissões, sem abranger outras possíveis
fontes de serem relatadas e, assim, fazendo com que outras empresas que incorporem mais
fontes, sejam, aparentemente, consideradas como maiores emissoras de GEE.
Também com base no relato opcional das fontes do escopo 3, concluiu-se que a
discriminação dessas fontes é de fundamental importância para permitir a comparação entre
inventários de empresas. Assim, na falta de padrões de relato de fontes desse escopo, a
disponibilização de informações das emissões por fontes no escopo torna-se fundamental para
possibilitar comparações mais justas. Ainda, como no caso da empresa estudada, tal escopo
146
pode representar a maior parte das emissões decorrentes do ciclo de vida do produto e, apesar
dessas emissões não serem de responsabilidade direta da empresa em estudo, devido a sua
representatividade, tornam-se foco importante no gerenciamento de reduções de GEE.
Considerando o ciclo de vida dos produtos, com foco nas emissões de GEE, torna-se
necessário o relato das emissões de todas as etapas do ciclo, desde a extração dos insumos,
seu transporte, manufatura, distribuição, uso e destinação final. O trabalho realizado evidencia
que, ao considerar o ciclo de vida do produto, é necessário o relato das fontes de todas as
etapas, independente de estarem enquadradas no escopo 1 ou 3, uma vez que a avaliação do
ciclo de vida fornece ao consumidor e demais interessados uma dimensão do impacto de
determinado produto ao longo da cadeia de produção. Desse ponto de vista, pouco importa se
a fonte pertence ou não à empresa que está inventariando as suas emissões. Assim,
ferramentas e metodologias que permitam a avaliação de emissões de GEE de todas as etapas
do ciclo são necessárias para que a avaliação seja completa. No estudo realizado não foi
possível estimar as emissões decorrentes da destinação final dos produtos da empresa, devido
à falta de conhecimento de como se dá tal destinação, sendo esse um fator limitante. Também
não foi possível estimar as emissões de GEE decorrentes dos resíduos recicláveis, por falta de
metodologia consolidada que permitisse tais estimativas.
Pode-se concluir que o inventário de emissões de GEE relatado por escopos pode
formar a base de uma avaliação de ciclo de vida com foco em emissões de GEE e entende-se
que a divisão em escopos, ou seja, fora da ótica do ciclo de vida, é necessária para a
padronização dos inventários e evitar que empresas contabilizem emissões que são de
responsabilidade direta de outra organização. Dessa forma, o enquadramento em escopos
evita a inclusão múltipla de fontes em inventários mais abrangentes (municipais, estaduais e
nacionais).
Ainda, concluiu-se que a empresa, por estar situada no Brasil, possui um perfil de
emissões diferente das demais fabricantes de computadores, situadas em outros países. Essas
relatam a maior parte de suas emissões alocadas no escopo 2, referente ao uso da energia
adquirida, mas não incluem as emissões de extração de matéria prima e produção de insumos.
Dessa forma, a realização do trabalho evidenciou a influência da matriz elétrica dos países nas
emissões de GEE das organizações. As empresas situadas no Brasil são baixas emissoras no
escopo 2, diferente das situadas em países cujas matrizes elétricas geram a maior parte da
energia a partir de fontes não-renováveis, como por termoelétricas.
A realização do trabalho permitiu constatar que o inventário de emissões de GEE de
uma empresa é, na verdade, uma estimativa de emissões. Pode-se afirmar que os dados não
147
são a quantificação exata de determinada emissão, pois diversos pressupostos devem ser
assumidos para possibilitar a realização dos cálculos, como escolha e uso de fatores de
emissão, coleta e manipulação de dados para preparo de suas utilizações nos cálculos, e
ponderações para considerações de falta de dados. Ainda, a utilização de fatores de emissão
que não estão baseados em dados nacionais aumenta a imprecisão dos valores obtidos.
Uma vez inventariadas as emissões da empresa, uma análise das possibilidades de
reduções deve ser realizada. Aponta-se que medidas para redução das emissões dos
transportes e do uso dos produtos devem ser focos das ações da empresa. Ainda, pode-se optar
por ações que compensem as emissões de GEE, como plantio de árvores e compra de créditos
de carbono de projetos que tenham reduzido emissões e que não aconteceriam caso não
houvessem os incentivos dos créditos. Sugere-se que a empresa elabore seu plano de
gerenciamento e redução de emissões de GEE, com estabelecimento de metas e prazos de
redução.
Ainda, para o aprimoramento do inventário, sugere-se a criação de um sistema ou
banco de dados cujo foco seja a realização de inventário contínuo da empresa, criando, assim,
um histórico de emissões. Tal banco deve compilar as informações necessárias da empresa,
como dados de atividade: quantidade de combustíveis consumidos e resíduos gerados, massas
dos componentes utilizados para a produção das espumas de poliuretano, energia elétrica
adquirida, trechos e distâncias de viagens realizadas por funcionários da empresa, percursos
referentes aos deslocamentos dos funcionários para a empresa, massas das mercadorias
transportadas. Recomenda-se que se inicie um banco de dados com informações de ocupação
e capacidade de transporte dos veículos de mercadorias, dados mais precisos de trajetórias dos
transportes, além da potência dos motores dos veículos inventariados.
Para aprimoramento de inventários corporativos em geral, aponta-se a necessidade do
desenvolvimento de trabalhos futuros que determinem, por meio da criação de um banco de
dados nacional, fatores específicos para o Brasil. Também de bastante importância é que seja
desenvolvida a padronização das fontes a serem relatadas no escopo 3.
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