INICIATIVA Sal Dinamismo e Oportunidades

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INICIATIVA Sal Dinamismo e Oportunidades
Ilha do Sal – Dinamismo e Oportunidades
Por Francisco J. Rodrigues, em nome do Instituto Nacional de Estatística
A ilha do Sal é hoje uma realidade viva e em forte mutação. A evolução dos indicadores de
desenvolvimento económico e social da ilha mostram por um lado, um dinamismo impressionante e, por
outro, uma realidade única em Cabo Verde. Quando comparado com o total nacional, o Sal está numa
situação de relativo conforto, sendo o seu desenvolvimento uma realidade sem paralelo nas ilhas, sendo
provavelmente a única ilha em Cabo Verde que já descobriu inequivocamente e promove as suas
vantagens competitivas.
No entanto, esse desenvolvimento, efeito acentuado da actividade turística e dos transportes, tende a
levar a ilha para uma especialização excessiva que depende de factores não exógenos e, por isso, de
evolução imprevisível. O crescimento acentuado da população é o reflexo dessa realidade que tende a
tornar a ilha dinâmica no seu desenvolvimento mas associado a uma série de riscos, quer sociais quer
económicos, que convém analisar.
População – Atracção e Diversidade
A população no Sal nunca parou de crescer, ao contrário do que aconteceu com todas as ilhas de Cabo
Verde (com excepção de São Vicente). O Sal era, segundo o Censo 2000, a ilha com maior índice de
atracção1. Esta atracção faz com que seja a única em que a maior parte da sua população não é nativa.
Esta razão explica, provavelmente, o facto desta ilha ser, juntamente com São Vicente, as mais urbanas
de Cabo Verde e ser, juntamente com Santo Antão e Boa Vista, as únicas em que havia mais homens do
que mulheres. Por esta razão, enquanto que em Cabo Verde a proporção de chefes de família mulheres
é de 45%, no Sal é de apenas 37,2%2.
Mas quem são os habitantes do Sal? Mais de metade da população do Sal em Junho de 2000 não
morava nesta ilha anteriormente. Isto é, dos 50.6% indivíduos que mudaram residência para o Sal, 5.3%
moravam anteriormente no estrangeiro (5.3%) e os restantes 45.3% em outras ilhas do país, com
especial predominância para São Nicolau (15.3%), São Vicente (11.4%), Santiago (8.8%) e Santo Antão
(5.9%). Pelo contrário, as ilhas em que os residentes actuais apresentam maior peso relativo de
residentes anteriores no Sal, são Boa Vista (3.3%) e São Nicolau (2.1%).
1
2
INE, Migrações no Censo 2000, 2001
INE, QUIBB, 2006
A população na ilha do Sal tem crescido a um ritmo sempre superior ao da população cabo-verdiana.
Apenas na década de 70 a população do Sal cresceu a um ritmo anual inferior em 0,3 pontos percentuais
em relação ao total nacional. Esta evolução mostra que de 1940 a 2010, a densidade populacional
(número de habitantes por Km2) aumentará mais de 13 vezes no Sal contra 2,4 vezes a nível nacional.
Evolução da População Residente
Cabo Verde
Sal
% do Sal em CV
1940
1950
1960
1970
1980
1990
2000
2010
181.740
149.984
199.902
270.999
295.703
341.491
434.625
523.103
1.121
0,6
1.838
1,2
2.608
1,3
5.505
2,0
5.826
2,0
7.715
2,3
14.816
3,4
20.924
4,0
Fonte: INE, Perspectivas Demográficas
A evolução previsível da população cabo-verdiana até 2010 é no sentido de uma maior concentração em
algumas ilhas. Apenas Sal, São Vicente e Santiago verão o seu peso populacional aumentar de forma
sensível nos próximos anos em Cabo Verde3.
Evolução da Tx.Crescimento Média Anual da População 1940-2010 (%)
3,6
5,1
7,8
6,7
2,8
3,1
0,6
2,9
1950-1,9
1960
1970
1980
0,9
Cabo Verde
1,5
1990
2,4
2000
3,5
1,9
2010
Sal
Acresce ainda que o Sal tem uma população activa bastante jovem no contexto nacional. Enquanto que a
proporção de indivíduos potencialmente activos (15-64 anos) em Cabo Verde é de 67%, no Sal esta
proporção é de 64%4.
Necessariamente a questão populacional a ser colocada para o contexto salense é a seguinte: estará a
população a crescer demasiado depressa no Sal? A resposta terá de ser, na nossa modesta opinião, a
seguinte: estará, se o mercado não tiver capacidade de absorver esta procura excessiva de emprego,
habitação, educação, saúde, etc. A análise seguinte dos indicadores mostrará até que ponto a evolução
3
INE, Perspectivas Demográficas, 2002
4
INE, QUIBB 2006
dos indicadores tem sido afectada de forma negativa pela pressão demográfica, com reflexos directos na
qualidade de vida das populações. Vejamos!
Habitação – O Elo Fraco do Desenvolvimento
O forte crescimento da população tem sido acompanhado de uma melhoria substancial dos indicadores
de conforto. À semelhança do que aconteceu com o resto do país, Sal tem melhorado em praticamente
todos os aspectos, apresentando hoje valores que são consideravelmente superiores à média nacional.
No entanto, a pressão dos movimentos migratórios não têm permitido a melhoria dos indicadores de
natureza mais estrutural relacionados com a habitação e a saúde, por exemplo. Nestes aspectos, o Sal
está pior que a média do país. Por exemplo, enquanto que a nível nacional a proporção de caboverdianos que tem casa própria era de 69% em 2006, na ilha do Sal essa proporção é consideravelmente
inferior (48%). A proporção de famílias que habitam casas arrendadas é de 40% no Sal contra 16% a
nível nacional. As melhorias desses indicadores são, no entanto significativos em ambos os casos,
quando comparados com 2000.
Note-se por exemplo que a proporção de barracas no Sal, embora reduzida (4,3%) é quase quatro vezes
superior à média nacional (1,1%) e com tendência para crescer. Igualmente, a proporção de indivíduos
que no Sal habitam em partes de casa é quase o dobro da média nacional.
De facto, a pressão migratória coloca problemas prementes na medida em que a habitação apresenta
uma rigidez acentuada à mudança, sendo um dos aspectos mais difíceis de concretizar ao ritmo do
crescimento populacional que se verifica actualmente. Mesmo tendo em conta a qualidade da construção
da habitação (tipo de pavimento, de cobertura ou de parede), os indicadores do Sal são piores do que
aqueles a nível nacional.
Indicadores de Habitação
Casa Individual (%)
Partes de Casa (%)
Barracas (%)
Casa Própria (%)
Casa Arrendada (%)
Sal
2000
2006
59,4
75,9
31,0
14,4
4,1
4,1
42,3
48,2
45,3
40,3
Cabo Verde
2000
2006
79,7
84,2
13,9
8,2
1,2
1,1
65,1
69,3
21,2
16,4
Fonte: INE, Censo 2000; QUIBB 2006
Note-se que, embora o peso do Sal na população do país era de 3,4% em 2000 e será, provavelmente,
de 4% em 2010, a proporção de licenças (em número, superfície ou valor, em 2002) rondava os 8% do
total das licenças concedidas no país, o que por si só é um indicador que sintetiza a forte dinâmica do
mercado habitacional no Sal5.
Essa dinâmica não é ainda suficiente para cobrir o défice habitacional existente na ilha. Segundo um
estudo encomendado recentemente pelo IFH, o défice habitacional no Sal é de aproximadamente 2.900
casas para 2005 e de 3500 em 20106. Em resumo, o défice habitacional tem em conta a intersecção das
seguintes características: cobertura, parede e pavimento do alojamento não adequados, barracas, partes
de casa, alojamento cedidos ou arrendados, densidade excessiva por domínio e carência de infraestruturas no alojamento.
Défice Habitacional
Ano
2005
2010
Ilha
Sal
Total CV
Sal
Total CV
Défice Habitacional Básico
Urbano
Rural
Total
2.110
291
2.402
25.773
13.083
38.567
2.498
342
2.841
29.957
13.254
42.369
Inadequação dos Domicílios
Urbano
Rural
Total
1.778
162
1.940
30.548
31.687
62.657
2.105
190
2.295
35.508
32.099
68.835
Défice Habitacional Alargado
Urbano
Rural
Total
2.592
341
2.933
41.666
34.269
76.088
3.068
400
3.469
48.431
34.716
83.590
Fonte: IFH
Conforto e Qualidade de Vida
De positivo no Sal são as condições de conforto, particularmente o acesso a meios de informação e de
comunicação. Na verdade, nesse aspecto, o Sal destaca-se pela positiva no contexto nacional,
apresentando valores bastante acima da média. Estes indicadores são o reflexo de se ter já atingido um
nível de conforto bastante avançado na ilha, reflexo também da incidência da pobreza mais baixa do que
no resto do país. No entanto, provavelmente, com o forte afluxo migratório, estes indicadores poderão
começar a apresentar uma tendência de quebra ou de estabilização nos próximos anos.
5
6
INE, Licenças de Construção
IFH, A Problemática da Habitação em Cabo Verde, 2006
Indicadores de Posse de Bens em 2006 (%)
67
Telefone Fixo/Móvel
Automóvel
10
20
39
Vídeo/DVD
59
62
Televisão
Computador
8
Máq. Lavar
9
Arca Cong.
8
81
20
34
19
49
Frigorífico
Micro-Ondas
82
14
70
29
78
Fogão
Sal
90
Cabo Verde
Alguns bens que são uma raridade nas famílias cabo-verdianas têm uma disseminação bastante
importante no Sal, tais como o automóvel, computadores, micro-ondas, arca congeladora (o dobro ou
mais do dobro da média nacional), ou máquinas de lavar roupa, (o triplo da média). Para além disso, o
Sal é a única ilha que tem mais telemóveis do que telefones fixos dentro dos agregados familiares7.
Igualmente, as condições de habitabilidade são bastante melhores do que no contexto nacional. Desde
logo, a recolha de resíduos sólidos é efectuada na sua esmagadora maioria para contentores. Cerca de
98% das famílias salenses evacuam -no dessa forma, contra apenas 43% a nível nacional. Uma diferença
significativa também ocorre ao nível da evacuação de águas residuais para esgotos ou fossas sépticas,
sendo que a proporção no Sal é de 74% contra 30% a nível nacional.
Condições de Habitabilidade em 2006 (%)
77
Fonte de Água a Menos de 15 Minutos
77
Utilização de Água Potável
30
IEFP/INE, Inquérito ao Emprego 2005
97
74
43
98
Sal
7
87
60
Gaz para Preparação de Alimentos
Evacuação de Lixo em Contentores
99
67
Electricidade para Iluminação
Evacuação de Águas Residuais em Fossa/Rede Esgotos
92
Cabo Verde
Face à precariedade da situação de acesso à água potável em Cabo Verde, o Sal destaca-se
francamente, sendo que 99% das famílias têm acesso a uma fonte de água potável e que mais de 9 em
cada 10 famílias têm esse acesso assegurado a menos de 15 minutos de distância. Todas as famílias
gastam no máximo 30 minutos para acederem à água potável. Essa proporção é de 92% a nível nacional.
Educação em Alta e Saúde Periclitante
A apreciação qualitativa dos salenses parece contrariar um pouco a ocorrência quantitativa de alguns
dados. A população salense, pese embora a longa tradição de reclamação dos serviços de saúde,
parecer ter uma apreciação positiva da qualidade desses serviços.
Aparentemente, a pressão migratória tem estado a ter algum impacto negativo ao nível de outros
indicadores. É claramente o caso dos indicadores quantitativos de saúde, que têm também tendência a
ter uma evolução contrária ao que seria de esperar. Por exemplo, o número de médicos por habitante tem
estado a agravar-se de forma bastante mais acentuada no Sal do que ao nível nacional. De 1990 a 2004,
o número de médicos por habitante deteriorou-se, ao nível nacional, em 28%. No Sal essa deterioração
foi de superior a 300%.
Indicadores de Saúde
Ilha do Sal
1990
1975
1995
3358
2000
4930
2004
8558
Variação 1990/2004
(%)
333
Cabo Verde
2118
2770
2603
2714
28
Número de Camas por Habitantes Ilha do Sal
Cabo Verde
392
593
387
466
568
626
658
466
68
-21
Médicos por Habitantes
Fonte: GEP/ Ministério da Saúde
Ao nível das camas por habitante, o padrão foi semelhante. Enquanto que a nível nacional houve uma
melhoria sensível desse indicador (melhorou 21% nesse período), no Sal ocorreu uma deterioração de
68%.
No entanto, a proporção dos indivíduos satisfeitos com os serviços de saúde no Sal aproxima-se dos
91%, ligeiramente acima da média nacional (89%). O preço não é uma das principais razões da
insatisfação de alguns utentes, ao contrário do que se verifica a nível nacional. No entanto, os salenses
reclamam os tempos de espera elevados e a falta de medicamentos.
A taxa de alfabetização (15 anos e mais) era de 90% em 2006, contra 78% a nível nacional, embora para
a população 15-24 anos essa taxa seja muito semelhante em todo o território nacional, reflexo dos fortes
investimentos havidos nos últimos 30 anos neste sector.
A proporção de indivíduos que frequentaram/frequentam um curso médio ou superior em 2006 era 6,1%,
acima dos 3,4% a nível nacional. Essa evolução é bastante positiva e inverte uma tendência verificada
até 2005, o que indicia que a atracção da ilha já não ocorre apenas para o pessoal menos qualificado
mas também para pessoal com níveis de elevada qualificação. Essa tendência merece ser seguida por
resultará num aumento da produtividade na ilha mas também num maior poder reivindicativo.
Ainda, o grau de satisfação com a qualidade da educação no Sal é bastante elevada, atingindo
praticamente a unanimidade. Segundo o QUIBB, o nível de satisfação com os serviços da educação préescolar, básico e secundário varia entre os 90% para o secundário e os 100% para o pré-escolar. Esses
valores são consideravelmente superiores à média nacional. Dos poucos insatisfeitos, as razões dessa
insatisfação prendem -se com o não funcionamento das casas-de-banho, com a falta de água e com a
falta de segurança. Ao contrário do resto do país, apenas 10% criticaram o preço excessivo das propinas
(37% a nível nacional).
Pobreza e Emprego
O nível de vida relativamente elevado para o contexto nacional, associado à oferta de trabalho
remunerado faz com que a ilha do Sal seja aquela com menor incidência de pobreza em Cabo Verde. A
proporção de pobres é de 12,9% contra 36,7% a nível nacional. A proporção de muito pobres é de 6%
contra 19,7% a nível nacional. No Sal residem aproximadamente 2.200 dos 172.000 pobres existentes
em Cabo Verde8.
Aparentemente, essa situação de menor pobreza relativa deve-se à existência de emprego e
oportunidades de trabalho e não à existência de outras fontes de rendimento. Se analisarmos a estrutura
da população salense, podemos confirmar que a maior parte provém de ilhas que são afectadas de forma
acentuada pela pobreza, especialmente Santo Antão. Mas curiosamente, embora os naturais do Sal
sejam minoritários na Ilha, cerca de 59% dos pobres nasceram no Sal, 25% em São Nicolau, 14% em
Santo Antão e 2% no estrangeiro. Ou seja, a pobreza afecta mais os nativos do Sal do que os migrantes
da ilha.
Pode-se confirmar que a contribuição das remessas dos emigrantes para a redução da pobreza na ilha
do Sal não é mais importante que nas restantes ilhas. Embora com tendência para crescer à taxa média
8
INE, IDRF 2002
anual de 5,9% entre 2001 e 2005, o peso das remessas no Sal tem tendência a estabilizar-se,
representando em 2005, 6,4% do total das remessas nacionais, apenas mais uma décima de ponto
percentual que quatro anos antes.
Remessas de Emigrantes
Sal
Ano
Tx.Cresc.
2001/2005
2001
2002
2003
2004
2005
Média
mil
contos
555,4
341,0
439,4
445,7
698,7
Anual
5,9
Total CV
% do Sal
mil contos
6,3
3,7
4,6
5,3
6,4
8.851,8
9.126,8
9.514,0
8.450,8
11.002,0
-
5,6
Fonte: Banco De Cabo Verde
Em 2005, em média cada indivíduo no Sal recebeu cerca de 3.000 escudos mensais provenientes das
remessas do exterior, cerca de 50% acima da média nacional. Não deixa de ser um contributo
relativamente importante no contexto nacional.
Aparentemente, confirma-se que a baixa incidência da pobreza deve-se à existência de emprego
remunerado e a um maior grau de qualificação. Pese embora, apenas 13% da população seja pobre,
segundo os dados do IDRF, cerca de 57% da população salense considera-se pobre. A nível nacional
essa proporção é de 78%. No entanto, embora se considerem pobres, entre 70 e 79% desses
reconhecem que nunca lhes faltou alimentos, água potável, remédios e assistência médica, energia para
cozinhar nem dinheiro para a educação.
Aliás, outros indicadores infirmam de alguma forma essa percepção negativa da pobreza. Cerca de 15%
dos salenses comeram num restaurante 30 dias antes da recolha dos dados do QUIBB (mais 50% do que
a média nacional), cerca de 32% viajaram de férias, 51% compraram roupa nova e 26% foram ao cinema.
Esses valores situam-se muito acima da média nacional. Ainda, 42% pouparam dinheiro nos últimos 12
meses contra 29% a nível nacional.
Muitos dos indicadores favoráveis do Sal devem-se à dinâmica económica que têm resultado em mais
empregos e melhor remunerados. O tipo do emprego mostra exactamente isso. Senão vejamos.
O Sal, juntamente com a Boavista, são as ilhas com menor taxa de desemprego em 2006. A taxa de 9%
é muito inferior aos 21% a nível nacional9. Esta taxa é tradicionalmente mais baixa no Sal, pese embora o
forte crescimento da população na ilha. Os transportes, a construção associada ao turismo e a procura da
ilha como destino de férias, faz desta ilha um pólo de atracção bastante importante em Cabo Verde.
Indicadores Sociais
Taxa de Alfabetização (%)
Técnicos Médios ou Superiores (%)
Número de Pobres
Número de Muito Pobres
Incidência da Pobreza (%)
Incidência da Pobreza Extrema (%)
2000
87,0
2,2
-
Sal
2002
2.179
1.020
12,9
6,0
2006
90,3
6,1
-
2000
74,8
1,6
-
Cabo Verde
2002
172.712
92.828
36,7
19,7
2006
78,9
3,4
-
Fonte: INE, Censo 2000, IDRF 2002; QUIBB 2006
Um indicador bastante relevante do conforto das famílias é dado pelo nível e pela estrutura das despesas
das famílias no Sal. Nesta ilha, cerca de 30% das despesas são realizadas em produtos alimentares e
bebidas não alcoólicas, um valor 7 pontos abaixo da média nacional. Ainda, no Sal, o peso das despesas
em comunicações e em restaurantes, hotéis, cafés e similares é quase o dobro da média nacional, o que
indicia alguma disponibilidade financeira para gastar em bens e serviços que não são de primeira
necessidade.
Repartição das Despesas das Famílias no Sal
Educação
0,1%
Restaurante, Hotéis,
Cafés e Similares
6%
Bens e Serviços
Diversos
10%
Lazer, Recreação e
Cultura
4%
Comunicações
6%
Bebidas Alcoólicas,
Tabaco e Narcóticos
3%
Transportes
6%
Vestuário e Calçado
4%
Saúde
1%
Mobiliário, Art de
Decor, Eq Dom e
Manut Cor da
Habitação
6%
9
QUIBB
Produtos Alimentares
e Bebidas Não
Alcoólicas
30%
Habitação, Água,
Electricidade, Gás e
Outros Combustíveis
24%
As famílias salenses gastaram em 2002 cerca de 2,8 milhões de contos, o equivalente a 6,1% do total
dos 46,5 milhões de contos gastos em Cabo Verde. Significa isso que em média as famílias salenses
gastaram 61 contos mensais, praticamente mais 50% do que a média nacional que se situa em 41 contos
mensais.
Despesas das Famílias em 2002
Despesa Total das Famílias - CV (contos)
Despesa Total das Famílias - Sal (contos)
% das Famílias do Sal em CV
% do Sal em Despesas das Famílias
Repartição das Despesas por Estatuto na Pobreza - CV
Repartição das Despesas por Estatuto na Pobreza - Sal
Despesa Média Mensal das Famílias - CV (contos)
Despesa Média Mensal das Famílias - Sal (contos)
Fonte: IDRF 2002
Muito Pobre
1.890.063
22.973
1,2
4,1
0,8
-
Pobre
2.863.289
44.158
1,5
6,2
1,6
-
Não Pobre
41.712.290
2.751.739
6,6
89,8
97,6
-
Total
46.465.642
2.818.870
6,1
100
100
41
61
Famílias
95.257
3.820
4,0
-
De notar que o peso das famílias do Sal é de apenas 4% do total nacional, pelo que a proporção das
despesas das famílias é quase 50% ao seu peso em termos de número em Cabo Verde, o que confirma o
padrão de vida relativamente mais elevado na ilha no contexto nacional.
De notar pela negativa a forte diferenciação nas despesas. Enquanto que em Cabo Verde, os pobres e
muito pobres representam 10,3% das despesas, no Sal esta proporção é de apenas 2,4%, o que indicia
uma distribuição pouco equitativa do rendimento.
A natureza do emprego no Sal é radicalmente oposta à do país no seu todo. Enquanto que o maior
empregador a nível nacional é o sector agrícola (30,4% dos empregados), no Sal, esta proporção é de
apenas 4,1%. São importantes ainda a nível nacional, o comércio (15,4%), a administração pública
(10,9%) e a construção (8,3%). No Sal, pelo contrário, o alojamento e a restauração empregam mais de 1
em cada 4 trabalhadores (28% contra 3% a nível nacional) e os transportes e comunicações empregam
11,9% dos empregados contra apenas 4,9% a nível nacional.
A administração pública e o comércio têm no Sal um peso quase equivalente ao nível nacional. A
construção é ainda relativamente mais importante no Sal do que a nível nacional. Ou seja, a estrutura do
emprego no Sal mostra uma maior concentração em algumas actividades, todas elas relacionadas de
alguma forma com o turismo, enquanto que a nível nacional existe uma maior dispersão pelas diferentes
actividades. Esse aspecto pode ser um risco para um desenvolvimento sustentado. A especialização não
é, normalmente, compatível com a sustentabilidade.
No Sal, em 2005, o desemprego tem sido gerado sobretudo pelos estabelecimentos hoteleiros (24,3%
dos desempregados que já trabalharam provêm deste sector, contra 5,2% a nível nacional). As famílias
são ainda fortemente responsáveis pelo desemprego no Sal (17,6% dos desempregados, contra 10,9% a
nível nacional), contribuindo desta forma para o desemprego das empregadas domésticas.
Um importante contributo para o desemprego no Sal vem do sector da construção, embora esta
proporção seja bastante inferior à média nacional (16,6% e 24,6%, respectivamente).
No Sal a proporção de trabalhadores que trabalham no sector empresarial privado é mais do dobro da
média nacional, mostrando a força do sector privado nesta ilha. Mais de metade (55,5%) dos
trabalhadores do Sal trabalham no sector empresarial privado contra 22,9% (menos de metade) a nível
nacional. A nível nacional são ainda importantes os trabalhadores por conta própria sem pessoal ao
serviços (muito por força do sector primário), representando cerca de 27% dos trabalhadores (12,8% no
Sal).
Empregados e Desempregados por Situação na Profissão
Activos por Situação na Profissão
Trabalhador da administração Pública
Empregado
Trabalhador do sector empresarial privado
Total CV
#
722
%
12,4
#
23.387
%
18,1
3.240
55,5
29.515
22,9
Trabalhador do sector empresarial do Estado
Trabalhador por conta própria com pessoal ao serviço
391
400
6,7
6,9
2.763
6.594
2,1
5,1
Trabalhador por conta própria sem pessoal ao serviço
749
12,8
34.801
27,0
Trabalhador familiar sem renumeração
Trabalhador em casa de família
58
200
1,0
3,4
22.470
5.575
17,4
4,3
31
0,5
3.550
2,8
Outra Situação
NR
Total
Trabalhador da administração Pública
42
0,7
307
0,2
5.833 100,0 128.962 100,0
4
0,6
2.194
10,3
367
34
57,6
5,3
9.354
419
43,9
2,0
Trabalhador por conta própria com pessoal ao serviço
9
1,4
370
1,7
Trabalhador por conta própria sem pessoal ao serviço
Trabalhador familiar sem renumeração
35
9
5,5
1,4
3.665
1.632
17,2
7,7
114
17,9
2.336
11,0
4
61
0,6
9,6
462
864
2,2
4,1
Trabalhador do sector empresarial privado
Trabalhador do sector empresarial do Estado
Desempregado
Sal
Trabalhador em casa de família
Outra Situação
NR
Total
637 100,0
Fonte: IEFP, Inquérito ao Emprego 2005
Total CV em 2005 inclui Santo Antão, São Vicente, Sal, Santiago e Fogo
Desempregados inclui apenas desempregados que já trabalharam
21.296 100,0
A reduzida influência dos trabalhos públicos no Sal é demonstrada pela proporção reduzida de indivíduos
desempregados que trabalharam pela última vez na administração pública. Essa proporção é de apenas
0,6% contra os 10,3% a nível nacional. Sendo o maior empregador, é também o sector privado
empresarial o maior desempregador no Sal.
Uma característica distintiva do Sal é também a maior qualificação da sua mão-de-obra. A proporção de
indivíduos empregados sem qualquer qualificação é nesta ilha de 18,9% contra 32,2% a nível nacional. A
proporção de indivíduos empregados com nível superior ou médio é também ligeiramente superior à
média nacional. Ainda, é no Sal que se verifica a menor proporção dos desempregados sem qualquer
qualificação (34,1% contra 41,5% a nível nacional), o que é um factor facilitador na promoção de políticas
activas de emprego.
Tecido Empresarial - Gerador de Emprego e Competitivo
Pode-se concluir que a situação social do Sal é reflexo da situação económica relativamente boa da ilha,
no contexto nacional. De facto, inúmeros são os indicadores apontam num único sentido, com melhoria
substancial ao longo dos anos.
O número e a produtividade das empresas tem tendência a aumentar, promovendo assim mais criação
de riqueza e de emprego. Segundo os dados do Recenseamento Empresarial, entre 1997 e 2002, o
número de empresas no Sal aumentou 45% (a nível nacional reduziu-se 8%) e estas empresas geraram
mais 51% de emprego, quando a nível nacional houve uma redução ligeira (0,5%). Mais importante que
essa evolução é o facto dessas empresas terem gerado um volume de negócios de aproximadamente 10
milhões de contos em 2002, mais 120% que cinco anos antes. Essa evolução é bastante mais importante
que a evolução a nível nacional que foi de um crescimento da facturação em 62%.
Sector Empresarial
Sal
Empresas Activas
1997
Número
Número de Empregados
Vol. de Negócios (contos)
Facturação Média por Empresa (contos)
Facturação Média por Trabalhador (contos)
Fonte: INE, Censo Empresarial 2002
Cabo Verde
2002
Variação
1997
2002
Variação
255
369
45
5.950
5.460
-8
2.048
3.091
51
27.221
27.080
-1
120 61.771.570 100.081.274
62
4.519.315 9.936.879
17.723
26.929
52
10.382
18.330
77
2.207
3.215
46
2.269
3.696
63
Vale a pena ter em conta os seguintes aspectos: por um lado, a produtividade das empresas e do
trabalho aumentou de forma significativa. Por outro lado, no Sal essa evolução foi menos importante que
a nível nacional, o que significa que embora a evolução tenha sido positiva, no Sal ela foi relativamente
menos positiva. Provavelmente, a predominância do turismo (ainda uma actividade bastante intensiva em
mão-de-obra) impede que os ganhos de produtividade sejam maiores. Mesmo assim, a produtividade das
empresas aumentou 52% no Sal (contra 77% a nível nacional) e a produtividade dos trabalhadores
aumentou 46% contra 63% a nível nacional.
Estrutura do Sector Empresarial 2002
Ilha do Sal
Cabo Verde
Volume de
Volume de
Número de Número de
Número de Número
de
Negócios
Negócios
Empresas Empregados
Empresas Empregados
(contos)
(contos)
Sector Primário
0,3
1,4
0,4
0,2
0,8
0,9
Indústria e Electricidade
3,8
1,7
0,7
8,7
19,9
13,1
Construção
1,6
10,1
6,6
0,9
5,8
5,8
Comércio
48,5
13,5
13,3
62,3
34,4
50,4
Alojamento e Restauração
29,6
50,3
30,7
16,1
13,0
4,8
Transportes e Comunicações
2,4
17,3
34,3
1,4
14,4
20,6
Actividades Financeiras
0,0
0,0
0,0
0,1
0,1
0,1
Outros Serviços
13,8
5,8
13,9
10,2
11,7
4,3
Total
100
100
100
100
100
100
Sector
Fonte: INE, Censo Empresarial 2002
Das empresas do Sal, em 2002, cerca de 1 em cada 3 eram do sector do alojamento e da restauração,
reflectindo assim a especialização da ilha na actividade que lhe é mais competitiva. Este sector
representava ainda cerca de metade do emprego e quase 1/3 do volume de negócios das empresas
salenses. Apenas os transportes, o comércio e a construção têm algum peso relevante.
O sector industrial é incipiente e o sector primário é residual. O Sal, à semelhança do país, é fortemente
tercearizado, sendo os serviços responsáveis por mais de 80% do volume de negócios das empresas. O
comércio tem um peso extremamente baixo no Sal quando comparado com o peso que tem a nível
nacional.
Esta estrutura irá provavelmente alterar-se profundamente com o arranque das obras previstas nos
investimentos do domínio da imobiliária turística. De facto, nos próximos anos estão previstos
investimentos nessa área que rondam os 2 mil milhões de Euros. Estes investimentos, caso sejam
concretizados, darão não apenas uma cara nova ao Sal como são susc eptíveis de promoverem um
crescimento populacional sem precedentes no Sal, com todas as consequências benéficas e perversas
do processo.
Na verdade, estes investimentos propõem a criação de marinas, hotéis de 5 estrelas, um parque
habitacional moderno e de padrão internacional e mais de 6 mil postos de trabalho directo, o que a
concretizar-se implica praticamente a duplicação da população activa do Sal. Os planificadores terão
fortes dores de cabeça no futuro próximo na Ilha. Considerando todas as críticas que tal processo pode
implicar, não deixa de ser demonstrativo da pujança económica que se pretende para a ilha, parte
significativa dela promovida por empresários nacionais.
Turismo e Transportes de Mãos Dadas
Claramente, a vocação do Sal está no turismo, transportes aéreos e construção civil, em parte associado
ao turismo. Certamente não está na agricultura. A população agrícola no Sal, segundo os dados do
Censo Agrícola do MAA é equivalente a 0,9% da população agrícola cabo-verdiana.
No domínio dos transportes aéreos, o Aeroporto Internacional Amílcar Cabral viu aumentar ligeiramente o
seu peso em termos de movimento de aeronaves e de passageiros, tendo perdido peso em termos de
carga movimentada. Entre 1999 e 2006, o aumento de aeronaves no Sal cresceu à taxa média anual de
4,4% contra 3,7% a nível nacional, tendo passado o AIAC a movimentar 43% das aeronaves em 2006
contra 41% em 1999.
Movimento de Aeronaves nos Aeroportos e Aeródromos
AEROPORTOS
2001
2002
2003
2004
2005
2006
TCMA (%)
1999-2006
16.103
38.072
16.382
35.244
16.295
34.403
17.062
33.192
15.939
33.034
15.632
36.325
4,4
3,7
42
10
46
2
47
-1
51
5
48
-7
43
-2
10
-7
-2
-4
0
10
Nº DE AERONAVES (ATERRAGENS + DESCOLAGENS)
1999
2000
Aer.Int. Amilcar Cabral
11.536
14.692
Total CV
28.173
34.652
Peso do AIAC (%)
41
42
Tx.Cresc. AIAC (%)
27
Tx.Cresc. Total CV (%)
23
Fonte : ASA ; TCMA: Tx. Crescimento Média Anual
O mesmo padrão se verifica ao nível do movimento de passageiros, tendo o AIAC aumentado de forma
ligeira o seu peso a nível nacional, sendo este ainda mais importante do que ao nível do movimento das
aeronaves. De facto este aeroporto representava em 2006, mais de metade do total nacional (55%). Este
peso é semelhante ao peso do total da carga movimentada (54% em 2006). No entanto, a este nível
ocorreu uma redução sensível do peso do AIAC.
Movimento de Passageiros nos Aeroportos e Aeródromos
AEROPORTOS
2002
2003
2004
2005
2006
TCMA (%)
1999-2006
781.539
1.273.983
829.716
1.316.104
1.007.561
1.495.211
877.007
1.380.513
772.600
1.406.601
6,6
6,3
61
10
63
6
67
21
64
-13
55
-12
3
3
14
-8
2
PASSAGEIROS (Embarcados+Desembarcados+Trânsitos)
1999
2000
2001
Aer.Int. Amilcar Cabral
492.804
635.563
708.711
Total CV
917.560
1.137.556
1.240.131
Peso do AIAC (%)
54
56
57
Tx.Cresc. AIAC (%)
29
12
Tx.Cresc. Total CV (%)
24
9
Fonte : ASA ; TCMA: Tx. Crescimento Média Anual
Movimento de Carga nos Aeroportos e Aeródromos
AEROPORTOS
TCMA (%)
1999-2006
CARGA EM Kgs (EMBARCADA/DESEMBARCADA)
1999
2000
2001
Aer.Int. Amilcar Cabral 3.058.585
3.472.736
3.956.694
Total CV
4.877.878
5.602.670
6.243.206
Peso do AIAC (%)
63
62
63
Tx.Cresc. AIAC (%)
14
14
Tx.Cresc. Total CV (%)
15
11
Fonte : ASA ; TCMA: Tx. Crescimento Média Anual
2002
2003
2004
2005
2006
3.204.592
5.201.242
62
3.145.560
4.919.627
64
3.219.209
4.990.133
65
3.185.732
4.879.223
65
2.391.297
4.419.240
54
-19
-2
2
-1
-25
-17
-5
1
-2
-9
-3,5
-1,4
No AIAC movimentou-se, em 2006, 15.632 aeronaves, 772.600 passageiros e 2,4 mil toneladas de carga.
Naturalmente, ao nível dos transportes marítimos, o Sal tem um peso relativamente reduzido no contexto
nacional. Na verdade, em 1996, o Porto da Palmeira representava 7,2% do tráfego de embarcações do
país, tendo em 2004 esse peso reduzido para 6,6%. Ao nível do movimento de mercadorias, a evolução
é contrária, estando o Porto da Palmeira a ganhar protagonismo, tendo passado a representar 11,8% do
total das mercadorias movimentadas no país em 2004, contra 7,9% em 1996. Em 2004 movimentou-se
no porto da Palmeira 47,6 toneladas de carga e 365 embarcações.
Neste momento, a capac idade do Porto da Palmeira é um dos maiores empecilhos ao crescimento
sustentado da ilha, estando previsto a médio prazo a conclusão das obras de aumento da capacidade do
porto.
Movimento nos Portos
Tráfego de Navios
Porto Palmeira
Total Nacional
Peso do Porto Palmeira (%)
Tx. Cresc. Porto Palmeira (%)
Tx. Cresc. Total CV (%)
1996
275
3.840
7,2
-
1997
246
4.230
5,8
-10,5
10,2
1998
310
4.491
6,9
26,0
6,2
1999
310
4.906
6,3
0,0
9,2
2000
318
4.723
6,7
2,6
-3,7
2001
335
4.868
6,9
5,3
3,1
2002
304
4.904
6,2
-9,3
0,7
2003
343
5.276
6,5
12,8
7,6
2004
365
5.547
6,6
6,4
5,1
Fonte: Enapor
Confirma-se por esses dados que a vocação da ilha é para os transportes aéreos, embora o esforço de
investimento na ilha têm proporcionado um crescimento significativo do transporte marítimo, sobretudo ao
nível do movimento de mercadorias. Há fortes indícios para afirmar que essa evolução terá sido nos
últimos dois anos ainda m ais acentuada.
Movimento nos Portos
Tráfego de Mercadorias (Ton)
Porto Palmeira
Total Nacional
Peso do Porto Palmeira (%)
Tx. Cresc. Porto Palmeira (%)
Tx. Cresc. Total CV (%)
1996
23.144
293.480
7,9
-
1997
21.191
301.725
7,0
-8,4
2,8
1998
26.148
289.763
9,0
23,4
-4,0
1999
33.324
355.918
9,4
27,4
22,8
2000
41.513
368.170
11,3
24,6
3,4
2001
72.827
451.566
16,1
75,4
22,7
2002
50.828
435.055
11,7
-30,2
-3,7
2003
47.999
412.648
11,6
-5,6
-5,2
2004
47.593
402.200
11,8
-0,8
-2,5
Fonte: Enapor
No entanto, o motor impulsionador de toda esta actividade no Sal é o turismo, actividade cada vez mais
competitiva na ilha e geradora de efeitos de arrastamento económicos não negligenciáveis. O Turismo,
entenda-se, o movimento nas unidades de alojamento mostram que as 32 unidades de alojamento no
Sal, embora representassem em 2005 apenas 19% do total nacional, eram responsáveis por
praticamente metade do pessoal ao serviço, da capacidade de alojamento, do número de camas, do
número de camas e das entradas, e representavam mais de 60% das dormidas. Acresce ainda que a
taxa média de ocupação no Sal é mais de 30% superior à média nacional.
Peso da Ilha do Sal no Turismo em Cabo Verde (%)
134
Tx de Ocupação (%)
62
Dormidas
76
52
Entradas
70
47
Pessoal ao serviço
54
54
Capacidade de Alojamento
51
56
Nº de Camas
19
2005
2000
56
52
Nº de Quartos
Estabelecimentos
127
53
24
Embora não sendo mais do que uma mera curiosidade, o movimento mensal dos turistas no Sal nos
meses a partir de Julho faz com que em acumulado, o número de turistas no Sal ultrapasse largamente a
população do Sal naqueles meses, especialmente no verão que ultrapassa os 25 mil hóspedes.
Evolução Mensal do Número de Hóspedes nos Estabelecimentos
Hoteleiros do Sal, 2005, INE
30.000
20.000
10.000
População do Sal
0
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
A evolução entre 2000 e 2005 mostra que apesar da evolução dos transportes aéreos e marítimos e a
descoberta de outros destinos em Cabo Verde pelos turistas, o Sal tende a ganhar peso no Turismo
nacional, em termos de dormidas e entradas, mesmo que a oferta de camas, quartos e capacidade
tendam a estabilizar o seu peso.
A dinâmica empresarial está fortemente retratada na evolução da produção de electricidade na ilha do
Sal. De facto, a produção e o consumo de electricidade aumentaram no Sal e em Cabo Verde, entre 2000
e 2005, 105% e 66%, respectivamente. Assim, o aumento no Sal foi praticamente o dobro do aumento a
nível nacional. Mas, os resultados mostram que é nas empresas que o consumo de electricidade mais
aumentou. Este aumento foi, nesse período, de 234% (contra 95% em Cabo Verde), mais do dobro do
consumo do Estado e quase 5 vezes os outros consumos (que inclui o consumo das famílias). Este
indicador confirma assim a forte dinâmica da actividade empresaria na ilha.
Capacidade Instalada, Produção e Consumo de Electricidade (Electra)
Potência
Produção
Consumo
Instalada
Estado
(kWh)
(kWh)
(kWh/dia)
Sal
4.760
16.182.211
16.182.211
190.359
2000
Total CV
41.338
142.326.760 142.326.760 4.038.389
Sal
11.460
33.198.251
33.198.251
385.407
2005
Total CV
79.205
236.057.298 236.057.298 11.264.279
Evolução Sal
141
105
105
102
2000/2005 Total CV
92
66
66
179
Empresas Outros
4.461.495
32.847.329
14.902.192
64.150.749
234
95
11.530.357
105.441.042
17.910.652
160.642.271
55
52
Fonte: Electra
Esses resultados indiciam que apesar de tudo, o crescimento demográfico acentuado tem permitido o
crescimento da economia local, a melhoria do padrão de vida e do conforto das famílias e um maior peso
estratégico da ilha no contexto nacional. No entanto, duplicar a população de 7 mil para 15 mil pessoas é
bastante mais fácil em termos de resposta do que duplicar de 15 para 30 mil. Embora não seja o caso, o
Sal continua a crescer bastante depressa, associando a este crescimento fenómenos perversos típicos.
Caso típico é a criminalidade que, em 2005 e em termos per capita, é três vezes superior à média
nacional. O mal menor é que a maioria desses crimes, à semelhança de Santiago, são cometidos contra
a propriedade, ao contrário das restantes ilhas que são cometidos contra as pessoas, reflexo da situação
de melhor conforto material existente na ilha.
Esclarecimentos para Francisco Rodrigues ([email protected])

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